subvenção ao diesel: o que fazer a partir de 1º de janeiro ......cada 5-6 dias na gasolina),...
TRANSCRIPT
Reunião IBRE-Valor Econômico
Elaborado por Bráulio Borges, Livio Ribeiro,
Manoel Pires e Vilma Pinto
Subvenção ao diesel: o que fazer
a partir de 1º de janeiro de 2019
1
2
Principal mensagem:
“Embora seja factível (e desejável) acabar com a subvenção ao
diesel em 2019, tabela de fretes mínimos poderá trazer mais
problemas à frente”
3
� Fatores que contribuíram para a paralisação => “tempestade perfeita”:
� Alta expressiva do preço do petróleo no mercado global
� Valorização expressiva do US$
� Elevação expressiva da tributação federal sobre o diesel em jul/2017
� Política de reajustes diários da Petrobras (menor previsibilidade dos custos)
� Condições econômicas domésticas desfavoráveis (demanda fraca por fretes)
� Governo muito fraco (cerca de 5% de aprovação em mai/18)
� A solução adotada:
� Praticamente nenhuma sanção para o movimento grevista
� Mudança na frequência dos reajustes da Petrobras
� Medidas fiscais (permanentes e temporárias)
� Tabela de fretes mínimos
� Estratégia de saída
� Fim da subvenção: parece haver espaço, dados R$/US$ e petróleo esperados
� Tabela de frete: judicializada, pode ter efeito colateral negativo caso seja
mantida
Sumário executivo
4
Os fatores:Petróleo internacional, força do US$
� Alta de mais de 60% em US$ desde meados de 2017 (até out/18).
� Combinação incomum de elevação da cotação internacional do petróleo e
fortalecimento do US$ potencializou os impactos inflacionários nos
importadores líquidos de petróleo (exclusive EUA e países com moedas
fixadas ao US$).
5
90.0
95.0
100.0
105.0
110.0
115.0
120.0
125.0
130.0
135.0
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
120.0
140.0
Jan-
00
Aug
-00
Mar
-01
Oct
-01
May
-02
Dec
-02
Jul-0
3
Feb
-04
Sep
-04
Apr
-05
Nov
-05
Jun-
06
Jan-
07
Aug
-07
Mar
-08
Oct
-08
May
-09
Dec
-09
Jul-1
0
Feb
-11
Sep
-11
Apr
-12
Nov
-12
Jun-
13
Jan-
14
Aug
-14
Mar
-15
Oct
-15
May
-16
Dec
-16
Jul-1
7
Feb
-18
Sep
-18
Cotação do petróleo vs Força do US$Média mensal. Fonte: FRED.
Brent, US$/barril (eixo esq.) Índice de força do US$, jan/97 = 100 (eixo dir.)
6
Os fatores:preço do diesel nas bombas
� Após reajuste nominal de 21,6% entre jun/17 e mai/18, preço real do diesel
atingiu, em mai/18, o nível mais elevado desde meados de 2009.
� Dessa alta de 21,6% (R$ 0,64/litro):
� +7,0 p.p. advieram do aumento da tributação federal em jul/17
� +5,8 p.p. da depreciação do R$/US$
� -5,0 p.p. da queda da margem média de comercialização dos postos
(conforme preço da Petrobras foi se alinhando ao internacional)
� +13,8 p.p., da política de preços da Petrobras/petróleo internacional
7
-1.00
-0.50
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
Jan-
03Ju
l-03
Jan-
04Ju
l-04
Jan-
05Ju
l-05
Jan-
06Ju
l-06
Jan-
07Ju
l-07
Jan-
08Ju
l-08
Jan-
09Ju
l-09
Jan-
10Ju
l-10
Jan-
11Ju
l-11
Jan-
12Ju
l-12
Jan-
13Ju
l-13
Jan-
14Ju
l-14
Jan-
15Ju
l-15
Jan-
16Ju
l-16
Jan-
17Ju
l-17
Jan-
18Ju
l-18
Diesel: diferença entre o preço recebido pela Petro brás e o preço internacional em R$/litro
Fontes: ANP, Bloomberg e Petrobrás.
Diferença Petrobrás menos InternacionalPreço recebido pela PetrobrásPreço internacional, em R$
� Entre jun/17 e mai/18, preço recebido pela Petrobrás foi reajustado em 39%, menos do que os
73% de alta do diesel “internacional em R$”, já que preço no mercado interno estava acima do
internacional desde 2015.
� Com isso, defasagem negativa (preço doméstico > internacional) foi zerada em mai/18.
8
2.9
3
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
3.6
3.7
3.8
3.9
Jan-
03
Jul-0
3
Jan-
04
Jul-0
4
Jan-
05
Jul-0
5
Jan-
06
Jul-0
6
Jan-
07
Jul-0
7
Jan-
08
Jul-0
8
Jan-
09
Jul-0
9
Jan-
10
Jul-1
0
Jan-
11
Jul-1
1
Jan-
12
Jul-1
2
Jan-
13
Jul-1
3
Jan-
14
Jul-1
4
Jan-
15
Jul-1
5
Jan-
16
Jul-1
6
Jan-
17
Jul-1
7
Jan-
18
Jul-1
8
Preço do diesel na bomba, R$/litro (S500)Em R$ constantes de set/18 (IPCA). IPCA out e nov: projeções consenso.
Preço do diesel em nov/18: proj. a partir de reajuste anunciado peloa Petrobras no final de out/18. Fontes: ANP e IBGE.
Média jun-nov
� Preço do diesel em set/18 se aproximou do nível de mai/18, mas sem gerar
desconforto nos caminhoneiros, sinalizando que reajustes menos frequentes e
tabela de frete mínimo são mais relevantes para a categoria
9
Os fatores:menor espaço para repassar custos para os fretes
10
A solução:custo total das medidas estimado em R$ 13,5 bilhões
� Reajustes menos frequentes dos preços (mensal no caso do diesel; a
cada 5-6 dias na gasolina), aumentando a previsibilidade e facilitando
o planejamento dos caminhoneiros (sobretudo autônomos).
� Redução permanente das alíquotas de CIDE e PIS/COFINS sobre o
diesel, em R$ 0,16 / litro (custo fiscal de R$ 8,8 bi/ano, compensado
com o fim da desoneração da folha e outras medidas).
� Criação de subvenção de até R$ 0,30 / litro para o diesel até
31/12/2018, para a qual foi reservada uma verba de R$ 9,5 bilhões
(despesa extraordinária, não afeta despesa sujeita ao teto).
� Criação de uma tabela de fretes mínimos (judicializada pelos
demandantes de frete, no STF). Valores atuais valerão até jan/19.
11
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
Jan-
03
Aug
-03
Mar
-04
Oct
-04
May
-05
Dec
-05
Jul-0
6
Feb
-07
Sep
-07
Apr
-08
Nov
-08
Jun-
09
Jan-
10
Aug
-10
Mar
-11
Oct
-11
May
-12
Dec
-12
Jul-1
3
Feb
-14
Sep
-14
Apr
-15
Nov
-15
Jun-
16
Jan-
17
Aug
-17
Mar
-18
CIDE+PIS/Cofins sobre dieselEm R$/litro. Fonte: Receita Federal.
Estratégia de saída
� Extinguir subvenção: parece ser possível, dados cenários mais prováveis para o petróleo e o R$/US$ (ver
slide seguinte). Vale notar que eventual prorrogação dessa política para 2019 não seria mais enquadrada
como despesa extraordinária (ou seja: faria parte das despesas sujeitas ao teto). Aprovação inicial do novo
governo (projetada em algo entre 40% e 50%) altera bastante correlação de forças na barganha com os
caminhoneiros, assim como situação esperada para o mercado total de fretes (elasticidade maior do que 1
com relação ao PIB, que deve acelerar de +1,5% para +2% a +3%).
� Implementar uma sistemática de suavização do preço do diesel (exemplo: média móvel de 1 a 3 meses,
como vários países têm feito desde 2008/09). CIDE + PIS/Cofins podem ser utilizados para viabilizar isso sem
gerar prejuízo para a Petrobras (mas é preciso definir uma perda máxima de arrecadação; Apêndice IV).
� Idealmente, CIDE poderia também ser convertida em um carbon tax (com seu valor absoluto e relativo aos
demais combustíveis refletindo o coeficiente de emissão de CO2 e o preço do carbono).
� Tabela de frete mínimo (que não faz sentido em um mercado bastante concorrencial): caso seja mantida,
pode estimular verticalização adicional de frotas (ineficiência?) e perda ainda maior de market share dos
autônomos, que parecem ter sido os principais responsáveis pela paralisação (ver Apêndices IV e V).
Cenários fiscais para a manutenção da subvenção
� Levando em conta projeções de consenso mais recentes (Brent em torno de US$ 75/barril
– Apêndice III – e R$/US$ em torno de 3,80 em 2019), subsídio anual custaria cerca de R$
7,4 bilhões para manter preço do diesel nas bombas em torno de R$ 3,50 / litro (= média
jun-nov/18). Equivale a R$ 0,13 / litro.
60 65 70 75 80 85 90
3.40 -29.5 -21.8 -14.1 -6.3 1.4 9.2 16.9
3.50 -26.8 -18.8 -10.9 -2.9 5.1 13.1 21.0
3.60 -24.1 -15.9 -7.7 0.5 8.7 16.9 25.1
3.70 -21.3 -12.9 -4.5 3.9 12.4 20.8 29.2
3.80 -18.6 -10.0 -1.3 7.4 16.0 24.7 33.3
3.90 -15.9 -7.0 1.9 10.8 19.7 28.6 37.4
4.00 -13.1 -4.0 5.1 14.2 23.3 32.4 41.5
* Simulações levam em conta crescimento das vendas de 1,5% em 2018 (= YTD jan-ago) e de 2,5% em 2019
R$/
US
$ (m
édia
201
9)
Preço do Brent (US$ / barril, média 2019)
Custo, em R$ bilhões/ano, da uma política de subven ção federal ao diesel para manter o preço nas bombas em torno de R$ 3,50 / litro (= méd ia jun-nov/18) *
14
Subsídio efetivo: abaixo do sinalizado
� Na média jun/18-out/18, subsídio médio efetivo estimado foi de cerca de R$ 0,12/litro,
bem abaixo do teto de R$ 0,30/litro sinalizado pelo governo.
� Gasto deveria estar em R$ 1,5 bi/mês, mas só chegou nesse nível em set/18.
� Estoques? Caixa vs competência? Burocracia? Empresas não aderindo?
15
Apêndice I: Datação dos principais eventos que
afetaram o preço médio do diesel
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
4,000
4,500
30/12/2012 30/12/2013 30/12/2014 30/12/2015 30/12/2016 30/12/2017
Reajuste
de 6% em
setembro
Aumento da
CIDE e
PIS/COFINS
Aumento da
CIDE e
PIS/COFINS e
aplicação de
reajustes
diários
Alteração da
política de
preços, sem
periodicidade
Crise,
introdução da
subvenção,
redução do
imposto e
mudança da
Reajuste
de 5% em
novembro
Reajuste de
8% em
novembro
16
Apêndice II: Preço diesel Brasil vs resto do mundo
0
0.13
0.270.31
0.450.52 0.54
0.660.72
0.79 0.80.87
0.91 0.93 0.95 0.96 0.98 1.01 1.02 1.03 1.06 1.06 1.07 1.091.14 1.16 1.16 1.18
1.231.3
1.36
1.48 1.48 1.51 1.52
1.62 1.65
1.77 1.78 1.78 1.821.87
1.97
Ven
ezue
la
Ará
bia
Sau
dita
Equ
ador
Egi
to
Ang
ola
Mal
ásia
Bol
ívia
Rús
sia
Col
ômbi
a
Indo
nési
a
Vie
tnã
EU
A
Tai
lând
ia
Arg
entin
a
Chi
le
Per
u
Bra
sil (
com
des
cont
o)
Can
adá
Chi
na
Índi
a
Tur
quia
Mar
roco
s
Méx
ico
Bra
sil (
sem
des
cont
o)
Aus
trál
ia
Nov
a Z
elân
dia
Japã
o
Áfr
ica
do S
ul
Uru
guai
Cor
éia
do S
ul
Pol
ônia
Rom
ênia
Esp
anha
Ale
man
ha
Hun
gria
Hol
anda
Por
tuga
l
Itália
Fra
nça
Rei
no U
nido
Hon
g K
ong
Sué
cia
Nor
uega
Preço do diesel nas bombas, em US$/litroNa primeira semana de outubro. Fonte: GlobalPetrolPrices.com.
Média 41 países (ex Brasil)
Apêndice III: Projeções para a cotação do petróleo
� Projeções (IEA, FMI, consenso) apontam para algo em torno de US$ 75 / barril na média de 2019.
� Mas o track record dessas projeções é muito ruim e há tensões geopolíticas latentes (Irã, Arábia
Saudita, Rússia) podendo afetar um mercado com um equilíbrio de curto prazo relativamente apertado
(estoques baixos, baixa capacidade ociosa na OPEP, problemas de escoamento nos EUA etc.).
Apêndice IV: Suavização de preços
� Regra de suavização (média móvel de 3 meses do somatório do preço na refinaria com os tributos
federais) teria levado a “picos” menores nos preços do diesel nos últimos meses.
� FMI 2012: análise do trade-off entre volatilidade dos preços e da arrecadação tributária sugere que
média móvel é superior ao repasse integral e a tetos de reajustes (“Automatic Fuel Pricing Mechanisms
with Price Smoothing: Design, Implementation and Fiscal Implications”).
2,50
2,70
2,90
3,10
3,30
3,50
3,70
jan
/15
ma
r/15
ma
i/15
jul/1
5
set/1
5
nov/
15
jan
/16
ma
r/16
ma
i/16
jul/1
6
set/1
6
nov/
16
jan
/17
ma
r/17
ma
i/17
jul/1
7
set/1
7
nov/
17
jan
/18
ma
r/18
ma
i/18
jul/1
8
set/1
8
Preço do diesel nas bombasEm R$ / litro. Fonte: ANP.
Observado
MM3M (preço na refinaria +PIS/Cofins e CIDE)
Apêndice V: Frota e lucratividade média por caminhão
� Lucratividade média por caminhão recuou fortemente em 2015/16, mas ainda estava, em 2016,
em nível real superior à média 2012-2013 (dados englobam tanto empresas como autônomos);
� Frota está crescendo desde meados de 2017, sem nenhum tipo de estímulo governamental (o que
sugere a inexistência de um excesso generalizado e expressivo de oferta de caminhões)
24.727.4
32.4
36.238.0
48.851.7
69.9
59.0
55.4
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Lucratividade média por caminhão (anual)VA do setor de transporte rodoviário de cargas dividido pela frota estimada pelo Sindipeças.
Em R$ mil constantes de 2017 (IPCA). Fontes: PAS/IBGE e Sindipeças.
Apêndice VI: Rendimento autônomos vs empregados
� Autônomos, que perderam market share para transportadoras nos últimos anos (de 45% do mercado
em 2013 para 39% em 2016), viram seu rendimento médio real (“lucro”) encolher expressivamente
nos últimos anos, com queda relevante do diferencial sobre os motoristas empregados (com salários
reais relativamente estáveis, além de contar vários outros benefícios, como 13º, adicional férias etc.).
2000205021002150220022502300235024002450250025502600265027002750
4T12
1T13
2T13
3T13
4T13
1T14
2T14
3T14
4T14
1T15
2T15
3T15
4T15
1T16
2T16
3T16
4T16
1T17
2T17
3T17
4T17
1T18
Rendimento habitual médio real - Transporte rodoviár io de cargaCNAE 49040. Em R$ de set/18 pelo INPC.
Média móvel de 4 trimestres. Fonte: PNAD-C/IBGE.
Conta própria
Empregado no setor privado com carteira assinada
4T13: 677 mil
empregados e 490 mil
conta própria
1T18: 790 mil
empregados e 550 mil
conta própria
21