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SUBSÍDIOS TÉCNICOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DESTINADAS À INSTALAÇÃO DE PORTOS ORGANIZADOS OU AUTORIZAÇÃO DE TERMINAIS DE USO PRIVATIVO EM APOIO AO PLANO GERAL DE OUTORGAS RELATÓRIO FINAL TOMO 1 MAIO/2009 – REVISÃO 01

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SUBSÍDIOS TÉCNICOS PARA IDENTIFICAÇÃO

DE ÁREAS DESTINADAS À INSTALAÇÃO DE

PORTOS ORGANIZADOS OU AUTORIZAÇÃO

DE TERMINAIS DE USO PRIVATIVO EM APOIO

AO PLANO GERAL DE OUTORGAS

RELATÓRIO FINAL

TOMO 1

MAIO/2009 – REVISÃO 01

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SUBSÍDIOS TÉCNICOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DESTINADAS À

INSTALAÇÃO DE PORTOS ORGANIZADOS OU AUTORIZAÇÃO DE TERMINAIS

DE USO PRIVATIVO EM APOIO AO PLANO GERAL DE OUTORGAS

RELATÓRIO FINAL

TOMO 1

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QUADRO DE REVISÕES

No DA REVISÃO DATA VISTO DO COORDENADOR

Revisão 00 Abril/2009

Revisão 01 Maio/2009

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EQUIPE TÉCNICA

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EQUIPE TÉCNICA DA ANTAQ:

Diretoria:

Fernando Antônio Brito Fialho – Diretor-geral;

Murillo de Moraes Rêgo Corrêa Barbosa – Diretor;

Tiago Pereira Lima – Diretor.

Superintendente de Portos:

Giovanni Cavalcanti Paiva.

Gerente de Regulação Portuária:

Fernando José de Pádua Costa Fonseca.

Gerente de Portos Públicos:

Jair Campos Galvão.

Técnicos:

Andrea Barros dos Santos Oliveira Pedrosa;

Carlos Eduardo Pini Leitão;

Rodrigo de Sá Arrais;

Marcos de Medeiros Dantas;

Paulo Alexandre Vieira Moço;

Herbert Koehne de Castro;

Juciê Oliveira Marciel;

Salvador Pereira da Rocha;

Celso Damião Gonçalves Quintanilha.

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EQUIPE TÉCNICA DO CENTRAN:

Coordenação e Acompanhamento:

Paulo Roberto Dias Morales – Secretário Executivo do CENTRAN/A7;

Saul Germano Rabello Quadros – Engenheiro de Transportes/Coordenador do Projeto;

Maria Beatriz Berti da Costa – Engenheira de Transportes.

Equipe Técnica:

José Leopoldo Cunha e Silva – Engenheiro de Transportes;

Marcos Martins Soares – Engenheiro de Transportes;

Glaydston Mattos Ribeiro – Engenheiro de Transportes;

Karina Peixoto – Engenheira de Transportes;

Wallace de Castro Cunha – Engenheiro de Transportes;

Maxwell Scardini Kaiser – Bacharel em Ciência da Computação – Mestrando em

Engenharia de Transportes;

Elizabeth Maria Feitosa da Rocha de Souza – Geógrafa;

Stella Procópio da Rocha – Geógrafa;

Wanda Fritzsch da Silva e Souza – Estatística.

Consultores:

Newton Rabello de Castro Júnior – Economista de Transportes;

Wagner Colombini Martins – Engenheiro de Transportes;

Rubens Almeida Júnior – Engenheiro de Transportes;

Fabiana Takebayashi – Engenheira de Transportes;

Thiago Affonso Meira – Engenheiro de Transportes;

Fernando Howat Rodrigues – Engenheiro de Transportes;

Lorely Joffe – Engenheiro de Transportes;

Virgílio Rodrigues Lopes de Oliveiras – Engenheiro Especialista em Portos;

Fuad Jorge Alves José – Administrador de Empresas;

Rosângela Ribeiro Melo Peixoto – Advogada;

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Alline Colli Dias – Geógrafa;

Jorge Pereira Santos – Geógrafo;

Luana Santos do Rosário – Geógrafa;

Rafael Andrade Alves – Geólogo;

Verônica Martins Goulart Lepore – Geógrafa;

Victor Barone Garritano do Nascimento – Geógrafo.

Colaboradores:

Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil – DHN;

Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias – INPH;

LOGIT Engenharia Consultiva.

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SUMÁRIO

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 1

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 5

1.1 Objetivo ..................................................................................................................... 7

1.2 Estrutura do Relatório ................................................................................................ 7

2 METODOLOGIA DE TRABALHO ................................................................................ 9

3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANO GERAL DE OUTORGAS PORTUÁRIAS – PGO ................................................................................................................................. 12

3.1 Dinâmica Global da Gestão e Outorga Portuária ....................................................... 20

3.1.1 Sistema Portuário em Outros Países ...................................................................... 21

3.1.2 Estudos para Construção ou Expansão Portuária................................................... 24

3.1.3 Evolução Tecnológica de Navegação ..................................................................... 26

3.2 Dinâmica Portuária Brasileira..................................................................................... 30

3.2.1 Evolução da Navegação Comercial ........................................................................ 33

3.3 Evolução da Legislação Portuária.............................................................................. 35

3.4 Metodologia de Identificação de Novas Áreas de Outorga......................................... 45

3.4.1 Procedimentos Técnico-científicos para Identificação de Novas Áreas de Interesse Portuário ........................................................................................................... 47

3.4.2 Detalhamento das Características Físicas da Costa............................................... 51

3.4.3 Análise da Interferência Ambiental.......................................................................... 52

3.4.4 Definição da Linha de Costa Projetada................................................................... 53

3.4.5 Geração de Áreas de Análise ................................................................................. 54

3.4.6 Avaliação das Características Terrestres Relevantes ............................................. 58

3.5 Áreas de Expansão Associadas aos Portos Existentes ............................................. 59

3.6 Modelagem de Transportes para Definição de Áreas de Implantação de Portos ou Terminais.......................................................................................................................... 63

3.6.1 Modelagem da Demanda........................................................................................ 64

3.6.2 Balanço Oferta-Demanda ....................................................................................... 76

3.6.3 Distribuição com Modelo Gravitacional ................................................................... 81

3.6.4 Alocação de Tráfego............................................................................................... 85

3.6.5 Caracterização dos Produtos Relevantes ............................................................... 92

3.6.6 Projeção da Demanda ............................................................................................ 192

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 209

5 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 212

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Evolução do porte dos navios porta-contêiner............................................... 28

Tabela 2 – Fretes para os diferentes modais (em R$/tonelada) ...................................... 73

Tabela 3 – Lista de produtos relevantes e componentes associados .............................. 93

Tabela 4 – Matriz O/D nacional – soja 2007.................................................................... 99

Tabela 5 – Matriz O/D nacional – farelo de soja 2007 ..................................................... 101

Tabela 6 – Matriz O/D para a soja – ano 2015 ................................................................ 104

Tabela 7 – Matriz O/D para a soja – ano 2023................................................................ 104

Tabela 8 – Matriz O/D para o farelo de soja – ano 2015 ................................................. 108

Tabela 9 – Matriz O/D para o farelo de soja – ano 2023 ................................................. 108

Tabela 10 – Matriz O/D nacional – milho 2007................................................................ 115

Tabela 11 – Matriz O/D para o milho – ano 2015 ............................................................ 119

Tabela 12 – Matriz O/D para o milho – ano 2023 ............................................................ 119

Tabela 13 – Matriz O/D nacional – açúcar 2007.............................................................. 124

Tabela 14 – Matriz O/D para o açúcar – ano 2015.......................................................... 128

Tabela 15 – Matriz O/D para o açúcar – ano 2023.......................................................... 128

Tabela 16 – Movimentação de outros granéis vegetais em 2007.................................... 131

Tabela 17 – Movimentação de outros granéis vegetais nos anos-horizonte 2015 e 2023 ................................................................................................................................ 132

Tabela 18 – Matriz O/D nacional – álcool 2007 ............................................................... 135

Tabela 19 – Matriz O/D para o álcool – ano 2015 ........................................................... 139

Tabela 20 – Matriz O/D para o álcool – ano 2023 ........................................................... 139

Tabela 21 – Matriz O/D nacional – Combustíveis 2007 ................................................... 144

Tabela 22 – Matriz O/D para os combustíveis – ano 2015 .............................................. 148

Tabela 23 – Matriz O/D para os combustíveis – ano 2023 .............................................. 148

Tabela 24 – Movimentação de outros granéis líquidos em 2007..................................... 151

Tabela 25 – Movimentação de outros granéis líquidos nos anos-horizonte 2015 e 2023 ................................................................................................................................ 152

Tabela 26 – Matriz O/D nacional – fertilizantes primários 2007 ....................................... 155

Tabela 27 – Matriz O/D para os fertilizantes primários – ano 2015 ................................. 159

Tabela 28 – Matriz O/D para os fertilizantes primários – ano 2023 ................................. 159

Tabela 29 – Matriz O/D nacional – minério de ferro 2007................................................ 163

Tabela 30 – Matriz O/D para o minério de ferro – ano 2015............................................ 167

Tabela 31 – Matriz O/D para o minério de ferro – ano 2023............................................ 167

Tabela 32 – Matriz O/D nacional – bauxita 2007 ............................................................. 172

Tabela 33 – Matriz O/D para a bauxita – ano 2015 ......................................................... 175

Tabela 34 – Matriz O/D para a bauxita – ano 2023 ......................................................... 175

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Tabela 35 – Movimentação de outros granéis minerais em 2007.................................... 178

Tabela 36 – Movimentação de outros granéis minerais nos anos-horizonte 2015 e 2023 ................................................................................................................................ 179

Tabela 37 – Movimentação de contêineres nos portos em 2007..................................... 182

Tabela 18 – Movimentação nos portos considerados como hub ports ............................ 185

Tabela 39 – Movimentação de contêineres em 2015 e 2023 .......................................... 185

Tabela 40 – Movimentação de carga geral nos portos em 2007 ..................................... 188

Tabela 41 – Volume adicional de exportação de celulose............................................... 190

Tabela 42 – Movimentação de carga geral em 2015 e 2023........................................... 190

Tabela 43 – Movimentação portuária em 2007................................................................ 193

Tabela 44 – Critérios de projeção adotados .................................................................... 195

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Área com vocação logística natural para instalações portuárias, proximidade de 30 km com portos existentes.................................................................. 55

Figura 2 – Linha de costa com áreas classificadas em “SIM” e “NÃO”, conforme características físicas determinadas nos critérios de análise........................................... 56

Figura 3 – Área com impedimentos ................................................................................ 57

Figura 4 – Áreas indicativas selecionadas para análise de implantação de novas instalações portuárias ..................................................................................................... 59

Figura 5 – Áreas com vocação logística para atividades portuárias e novas áreas para instalações portuárias ............................................................................................. 63

Figura 6 – Zoneamento proposto para o estudo ............................................................. 66

Figura 7 – Rede multimodal do estudo ........................................................................... 70

Figura 8 – Principais terminais de carga considerados no estudo .................................. 71

Figura 9 – Gráfico de fretes médios por modal ............................................................... 72

Figura 10 – Expansão de fronteira agrícola .................................................................... 96

Figura 11 – Cadeia produtiva do complexo soja (em mil toneladas) ............................... 97

Figura 12 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior referente à soja em 2007................................................................................................. 97

Figura 13 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior referente ao farelo de soja em 2007................................................................................ 98

Figura 14 – Mapa resumo da matriz de soja de 2007 ..................................................... 99

Figura 15 – Mapa resumo da matriz de farelo de soja de 2007 ...................................... 101

Figura 16 – Evolução da oferta/demanda da soja entre 2015 e 2023 ............................. 102

Figura 17 – Evolução da produção/consumo da soja entre 2015 e 2023........................ 103

Figura 18 – Evolução da oferta/demanda de farelo de soja entre 2015 e 2023 .............. 106

Figura 19 – Evolução da produção/consumo de farelo de soja entre 2015 e 2023 ......... 107

Figura 20 – Carregamento de soja em 2015 e 2023 – Cenário 1 ................................... 109

Figura 21 – Carregamento de farelo de soja em 2015 e 2023 – Cenário 1..................... 110

Figura 22 – Carregamento de soja em 2015 e 2023 – Cenário 2 ................................... 111

Figura 23 – Carregamento de farelo de soja em 2015 e 2023 – Cenário 2..................... 112

Figura 24 – Cadeia produtiva do milho ........................................................................... 113

Figura 25 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior de milho referente a 2007................................................................................................ 114

Figura 26 – Mapa resumo da matriz de milho de 2007 ................................................... 115

Figura 27 – Evolução da oferta/demanda de milho entre 2015 e 2023 ........................... 117

Figura 28 – Evolução da produção/consumo de milho entre 2015 e 2023...................... 118

Figura 29 – Carregamento de milho em 2015 e 2023 – Cenário 1.................................. 120

Figura 30 – Carregamento de milho em 2015 e 2023 – Cenário 2.................................. 121

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Figura 31 – Cadeia produtiva do complexo cana-de-açúcar ........................................... 122

Figura 32 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior referente ao açúcar em 2007........................................................................................... 123

Figura 33 – Mapa resumo da matriz de açúcar de 2007................................................. 124

Figura 34 – Evolução da oferta/demanda de açúcar entre 2015 e 2023 ......................... 126

Figura 35 – Evolução da produção/consumo de açúcar entre 2015 e 2023.................... 127

Figura 36 – Carregamento de açúcar em 2015 e 2023 – Cenário 1 ............................... 129

Figura 37 – Carregamento de açúcar em 2015 e 2023 – Cenário 2 ............................... 130

Figura 38 – Cadeia de distribuição do álcool carburante ................................................ 133

Figura 39 – Evolução da composição das vendas de veículos leves no Brasil ............... 133

Figura 40 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior referente ao álcool em 2007............................................................................................ 134

Figura 41 – Mapa resumo da matriz de álcool de 2007 .................................................. 135

Figura 42 – Evolução da oferta/demanda de álcool entre 2015 e 2023 .......................... 137

Figura 43 – Evolução da produção/consumo de álcool entre 2015 e 2023 ..................... 138

Figura 44 – Carregamento de álcool em 2015 e 2023 – Cenário 1................................. 140

Figura 45 – Carregamento de álcool em 2015 e 2023 – Cenário 2................................. 141

Figura 46 – Cadeia produtiva dos combustíveis ............................................................. 142

Figura 47 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior de combustíveis em 2007................................................................................................ 143

Figura 48 – Mapa resumo da matriz de combustíveis de 2007 ....................................... 144

Figura 49 – Evolução da oferta/demanda dos combustíveis entre 2015 e 2023 ............. 146

Figura 50 – Evolução da produção/consumo dos combustíveis entre 2015 e 2023........ 147

Figura 51 – Carregamento de combustíveis em 2015 e 2023 – Cenário 1 ..................... 149

Figura 52 – Carregamento de combustíveis em 2015 e 2023 – Cenário 2 ..................... 150

Figura 53 – Cadeia produtiva do complexo dos fertilizantes ........................................... 154

Figura 54 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior de fertilizantes primários em 2007................................................................................... 154

Figura 55 – Mapa resumo da matriz de fertilizantes primários de 2007 .......................... 156

Figura 56 – Evolução da oferta/demanda de fertilizantes primários entre 2015 e 2023 .. 157

Figura 57 – Evolução da produção/consumo de fertilizantes entre 2015 e 2023 ............ 158

Figura 58 – Carregamento de fertilizantes em 2015 e 2023 – Cenário 1 ........................ 160

Figura 59 – Carregamento de fertilizantes em 2015 e 2023 – Cenário 2 ........................ 161

Figura 60 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior de minério de ferro em 2007 ........................................................................................... 163

Figura 61 – Mapa resumo da matriz de minério de ferro de 2007................................... 164

Figura 62 – Evolução da oferta/demanda de minério de ferro entre 2015 e 2023........... 165

Figura 63 – Evolução da produção/consumo de minério de ferro entre 2015 e 2023...... 166

Figura 64 – Carregamento de minério de ferro em 2015 e 2023 – Cenário 1 ................. 168

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Figura 65 – Carregamento de minério de ferro em 2015 e 2023 – Cenário 2 ................. 169

Figura 66 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior de bauxita em 2007......................................................................................................... 171

Figura 67 – Mapa resumo da matriz de bauxita de 2007 ................................................ 172

Figura 68 – Evolução da oferta/demanda de bauxita entre 2015 e 2023 ........................ 173

Figura 69 – Evolução da produção/consumo de bauxita entre 2015 e 2023................... 174

Figura 70 – Carregamento de bauxita em 2015 e 2023 – Cenário 1............................... 176

Figura 71 – Carregamento de bauxita em 2015 e 2023 – Cenário 2............................... 177

Figura 72 – Movimentação de exportação e importação de contêineres ........................ 181

Figura 73 – Movimentação de contêineres nos portos em 2007..................................... 183

Figura 74 – Movimentação de contêineres em 2015 e 2023........................................... 186

Figura 75 – Transbordo de contêineres em 2015 e 2023................................................ 187

Figura 76 – Movimentação de carga geral nos portos em 2007...................................... 189

Figura 77 – Movimentação de carga geral em 2015 e 2023 ........................................... 191

Figura 78 – Carregamento de granéis vegetais em 2015 e 2023 – Cenário 1 ................ 196

Figura 79 – Carregamento de granéis líquidos em 2015 e 2023 – Cenário 1 ................. 197

Figura 80 – Carregamento de granéis minerais em 2015 e 2023 – Cenário 1 ................ 198

Figura 81 – Carregamento de granéis vegetais em 2015 e 2023 – Cenário 2 ................ 199

Figura 82 – Carregamento de granéis líquidos em 2015 e 2023 – Cenário 2 ................. 200

Figura 83 – Carregamento de granéis minerais em 2015 e 2023 – Cenário 2 ................ 201

Figura 84 – Localização das minas em projetos e em estudo......................................... 202

Figura 85 – Movimentação de granéis vegetais em 2015 e 2023 – Cenário 1................ 203

Figura 86 – Movimentação de granéis líquidos em 2015 e 2023 – Cenário 1................. 204

Figura 87 – Movimentação de granéis minerais em 2015 e 2023 – Cenário 1................ 205

Figura 88 – Movimentação de granéis vegetais em 2015 e 2023 – Cenário 2................ 206

Figura 89 – Movimentação de granéis líquidos em 2015 e 2023 – Cenário 2................. 207

Figura 90 – Movimentação de granéis minerais em 2015 e 2023 – Cenário 2................ 208

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PREFÁCIO

Estudos apontam que por meio dos portos brasileiros circulam 95% de todo o

comércio exterior. Os expressivos números das movimentações de cargas nos portos

demonstram o quanto este setor influencia diretamente a balança comercial do país e,

principalmente, o crescimento econômico nacional.

Sabe-se, também, que os portos brasileiros durante anos não receberam

investimentos adequados para torná-los competitivos perante uma economia

globalizada. O governo atual inverteu essa situação, ampliando sua cartela de

investimentos em todo o setor de infraestrutura de transportes.

Com essa nova postura, os órgãos subordinados à União, cuja competência

resume-se na área de transporte e logística do país, tiveram de se adequar para

acompanhar e a nova política de governo e gerar resultados para o setor.

A ANTAQ como agência reguladora e fiscalizadora do setor de transportes

aquaviários, vinculada ao Ministério dos Transportes e a Secretaria Especial de Portos,

adotou uma postura dinâmica no exercício de suas funções.

Essa conduta da ANTAQ não é apenas para atender as demandas e o que

determina a legislação, mas também para cumprir um papel de Estado – equilibrando

e fomentando o setor.

Com isso, atuando de forma eficiente e célere no cumprimento de suas metas,

a ANTAQ orgulha-se pela conclusão do Plano Geral de Outorgas – PGO. Este plano

contribuirá substancialmente para o crescimento do setor portuário, para o transporte

aquaviário e, principalmente, para a economia do país.

Pode-se afirmar que o PGO é ferramenta fundamental para o desenvolvimento

do setor portuário. Sua elaboração foi baseada no Plano Nacional de Política de

Transportes (PNLT). O estudo proporcionará novas oportunidades, tanto para o

Estado quanto para a iniciativa privada, de projetar futuros investimentos, além de

viabilizar a melhoria da infraestrutura portuária.

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Cabe ressaltar que este estudo é resultado da união de esforços de um grupo

de técnicos qualificados da ANTAQ e do Centro de Excelência em Engenharia de

Transportes – CENTRAN, parceiro fundamental para a conclusão do PGO.

Resumir o PGO apenas como “identificador” de áreas de exploração é

simplificar um rico e extenso estudo que projeta horizontes de investimentos até 2023

em todo o território nacional. Porém, fazer menção aos dados detectados pelo plano

como - a identificação das 19 áreas subdivididas em 45 microáreas com potencial para

receber novos portos ou ampliar os existentes - é ressaltar a potência natural do país

como fonte geradora de oportunidades.

O Plano Geral de Outorgas contempla informações sobre os fluxos de carga e

as regiões onde há potencial para movimentação, tudo isso relacionado às questões

ambientais. Além disso, o PGO privilegiou a multimodalidade, fator que foi fundamental

para definir as novas áreas com possibilidades para instalação portuária. O Plano

prevê, ainda, a criação do programa de arrendamento das instalações dos portos

públicos existentes, a ser elaborado pelas autoridades portuárias.

Para indicar as áreas prioritárias para a instalação de portos públicos ou áreas

concentradoras de terminais de cargas, foi necessária a conclusão de três etapas

técnicas. A primeira identificou os volumes das principais cargas atuais e projetadas a

serem escoadas por cada vetor logístico.

A segunda etapa apontou, nas cartas náuticas, na costa referente a cada vetor

logístico e na bacia amazônica, as profundidades mínimas de acordo com a carga

esperada. A terceira estabeleceu as malhas rodoviária, ferroviária e hidroviária

implantadas ou projetadas, que atendem ou estão próximas das áreas indicadas para

instalação de portos públicos e concentradoras de terminais de uso privativo de cargas.

Vale destacar que o PGO também tem um caráter orientador em relação ao

planejamento portuário. O estudo funcionará como subsídio para a implantação de uma

política estratégica nacional para os portos marítimos. Com a conclusão do Plano

Geral de Outorgas para o setor portuário, a ANTAQ abre a possibilidade do resgate

constitucional das funções do Estado na prestação dos serviços portuários,

estabelecendo uma plataforma de parceria com a iniciativa privada.

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Além desse fator, o PGO contribuirá, decisivamente, para o país continuar na

retomada do seu planejamento estratégico, fomentando novos investimentos, mediante

o estabelecimento de critérios transparentes e parâmetros metodológicos, que

possibilitarão o desenvolvimento do setor portuário e do Brasil.

Por fim, ainda há um longo caminho a percorrer. Contudo, esperamos, assim,

que o PGO possa atrair os investimentos necessários ao desenvolvimento dos portos.

Para tanto, a ANTAQ continuará intensificando seus atos regulatórios e fiscalizatórios e

investindo no fomento da infraestrutura de transportes.

FERNANDO ANTÔNIO BRITO FIALHO Diretor-Geral Agência Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ

Brasília, junho de 2009.

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APRESENTAÇÃO

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APRESENTAÇÃO

A elaboração de estudos voltados ao planejamento estratégico governamental

para o setor portuário é uma fase necessária para a dinâmica de investimentos no

setor, em atendimento ao aumento da produção nacional e às condições de

crescimento econômico por que passa o País. Surge em um momento em que se

consolida a transformação promovida a partir da Lei dos Portos (Lei no 8.630, de 25 de

fevereiro de 1993), pela promoção da competitividade intra e entreportos, resultante da

privatização das operações portuárias nos portos públicos, mas que carecem de

investimentos governamentais para sua modernização e ampliação de capacidade,

gerando condições de acompanhar as mudanças dos padrões tecnológicos da

navegação internacional e promover reduções dos custos logísticos para o Brasil.

Essas mudanças vêm sendo acompanhadas pelo setor privado com o aumento

significativo dos investimentos em portos e terminais privativos, cujas autorizações

cabem à Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ.

Para que essas autorizações estejam orientadas segundo premissas da política

de transportes, faz-se necessário que sejam elaborados pesquisas e estudos que

possam compor um instrumento técnico que seja utilizado como ferramenta de Estado,

para que os investimentos governamentais e privados outorgados tragam efetiva

transformação para o modal.

Dito isso, o processo regulatório entra nesse contexto como elemento

fundamental para que os novos processos de autorização para investimentos em infra-

estrutura portuária sejam orientados segundo as diretrizes de uma política para o setor.

Para que tais diretrizes sejam implantadas foi editado pela Presidência da República o

Decreto no 6.620, de 29 de outubro de 2008, no qual a ANTAQ vê-se na incumbência

de elaborar e revisar a cada dois anos o Plano Geral de Outorgas para os portos

marítimos.

Esse plano, exigido pela lei de criação do DNIT e das Agências (Lei no 10.233,

de 5 de junho de 2001), por ser elaborado em bases científicas e tecnológicas, tal

como o Plano Nacional de Logística e Transportes – PNLT (do qual toma elementos e

critérios do arcabouço metodológico), surge como inovação quando se apresenta por

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meio de análises de investimentos em novas áreas portuárias, baseado em estudos e

modelagens de transportes que consideram a identificação da oferta, demanda e

custos associados ao mesmo que estejam relacionados às estimativas dos fluxos

futuros de mercadorias geradas pelas produções e consumos que passam pelo

sistema portuário nacional.

Esses critérios, ajustados à identificação de áreas costeiras que possuam

condições potenciais para a navegação e baixa interface com áreas de preservação

ambiental e terras indígenas, ganham caráter de método quando adicionado ao

contexto o critério de minimização da interferência em áreas de alta densidade urbana.

A delimitação de afastamento de 30 km dos portos públicos organizados gera

condições à análise de “otimização” para a determinação de novas áreas com potencial

econômico futuro (fluxos de produção) para exploração de atividades portuárias.

Como elemento combinatório a esse método, as condições de eixos de acesso

(infra-estruturas) e/ou projetos dessa natureza, sejam em implantação ou planejados,

permitem o refinamento da análise a um patamar de aproveitamento e verificação de

capacidade para as vias instaladas que servem como segmentos principais de acessos

a novas áreas.

Com a inclusão da identificação das áreas de expansão associadas aos portos

organizados, nesse contingente de informações e análises matemáticas e geográficas,

se estabelece um procedimento que visa a dar subsídios à indicação de áreas com

potencial para instalação de portos e terminais marítimos. A essas informações foram

ainda acrescentadas as possíveis áreas de expansão dos portos organizados,

determinadas pelos próprios Planos de Desenvolvimento e Zoneamento – PDZ

vigentes. Em atendimento ao artigo 25 do Capítulo III do Decreto no 6.620., foi incluída

ainda a demarcação dos arrendamentos portuários.

Dessa forma, mais que atender às exigências do citado decreto, a formulação

descrita busca a inovação do processo governamental de análise para expansão e/ou

modernização dos portos brasileiros, com possibilidades de uso ainda para as análises

de viabilidades técnicas e econômicas dos investimentos governamentais.

Considerando o exposto, este documento, que é complementado por base de

dados na forma de arquivos (analíticos e georreferenciados), descreve o trabalho

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desenvolvido por meio da montagem de uma plataforma georreferenciada, estudos e

pesquisas que juntos permitiram a proposição de um conjunto de critérios para a

identificação de novas áreas para instalação de portos e terminais marítimos,

contribuindo com subsídios técnicos à elaboração do PGO pela ANTAQ.

As etapas e os processos utilizados para a obtenção desses subsídios estão

baseados nos critérios fundamentais da modelagem de transportes e construção de

base de dados georreferenciada, que são apresentados com detalhes nos capítulos

seguintes, além de outros aspectos.

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1 INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de um Plano Geral de Outorgas – PGO para o setor

portuário passa pelo estabelecimento de metas de políticas de transportes e diretrizes

governamentais de investimento e aprimoramento tecnológico, com visão de um

cenário sistêmico, em que o porto surge como elo de uma cadeia de produção que

proporciona melhoria dos padrões de oferta com reduções de custos, servindo em

certa medida de indutor da evolução econômica nacional.

Estabelece-se, para tanto, um conjunto de critérios científicos e metodológicos

cuja modelagem de transportes voltada para o planejamento estratégico é a principal

diretriz para o desenvolvimento do trabalho.

Conforme proposto e acordado em termos de referência que compõe o projeto

básico do plano de trabalho entre a ANTAQ e o Exército Brasileiro, para que tal

desenvolvimento fosse consolidado em um instrumento da política estratégica nacional,

foi resgatado, em apoio à elaboração dos subsídios ao PGO, o arcabouço

metodológico do Plano Nacional de Logística e Transportes – PNLT, complementando-

o com informações específicas da navegação marítima e tomando-se dessa

complementação a ampliação da oferta de transportes pela identificação de áreas

potenciais para análise de funcionamento de portos e terminais, ligadas à rede

multimodal da oferta de transportes.

Esse resgate pressupõe ajustes e complementações dos valores estimados

para a produção e consumo, tabulada na forma de matrizes de origem e destino por

microrregiões, das quais se podem, por meio do processo de alocação de viagens

(fluxos), identificar suas movimentações até os portos existentes, que por sua vez

estão associados às áreas potenciais definidas.

Para tanto, o trabalho foi estruturado em fases e processos de

desenvolvimento que delineiam procedimentos técnicos para que cada uma dessas

áreas fosse tratada em detalhes e considerações temáticas em uma plataforma

georreferenciada, resultante do PNLT, adaptada para os fins do PGO. Os resultados

guardam em si indicadores físicos, operacionais, socioeconômicos e de custos, que

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permitem uma avaliação indicativa do potencial de cada uma das áreas propostas para

a instalação futura de portos e terminais.

Assim, os resultados aqui apresentados consideram etapas de uma análise

que parte de uma identificação macro, centrada na avaliação de condições mínimas de

navegabilidade na costa brasileira; passando para a identificação de condições

específicas de uma “faixa” litorânea, junto à costa brasileira; essas são fragmentadas e

caracterizadas geograficamente e classificadas, considerando parâmetros

estabelecidos a partir dos conceitos mencionados; e, por fim, permitem que sejam

geradas áreas indicativas, com a identificação de segmentos específicos com melhor

adequação entre o conjunto de possibilidades costeiras existentes. A essas áreas e

segmentos são relacionados indicadores de desempenho que permitem que se avaliem

características relevantes para a avaliação de implantação de instalações portuárias.

1.1 OBJETIVO

Este relatório objetiva o atendimento da Etapa 2 – Indicação das áreas

prioritárias para instalação de portos públicos e concentradores de terminais de uso

privativo, com estimativa de rentabilidade dos investimentos e realização de seminário

de apresentação para discussão do estudo e elaboração da versão final, da Meta 1 do

Plano de Trabalho no 30.136.08.01.65.01, firmado entre a ANTAQ e o Exército

Brasileiro, por meio do Departamento de Engenharia e Construção – DEC, sob a

responsabilidade executiva do Centro de Excelência em Engenharia de Transportes –

CENTRAN.

1.2 ESTRUTURA DO RELATÓRIO

O presente relatório se subdivide em quatro capítulos. O primeiro apresenta a

estrutura do trabalho, apontando os objetivos gerais. A metodologia adotada é descrita

no segundo capítulo.

O terceiro capítulo, por sua vez, concentra o detalhamento dos métodos

científicos adotados no trabalho, bem como os principais resultados. Neste capítulo são

tratados temas que possibilitam o entendimento mais detalhado das questões que

nortearam as definições técnicas apresentadas.

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O capítulo quatro apresenta as considerações finais, seguido da bibliografia

utilizada para o desenvolvimento das atividades aqui descritas.

Em volume anexo são apresentadas as fichas de caracterização das áreas

destinadas às instalações portuárias, acompanhadas do mapeamento das novas áreas

indicativas e da expansão dos portos existentes.

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2 METODOLOGIA DE TRABALHO

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2 METODOLOGIA DE TRABALHO

A definição dos subsídios técnicos ao desenvolvimento do Plano Geral de

Outorgas – PGO considerou a elaboração de uma metodologia de análise e proposição

de áreas com potencial para instalação de novos portos baseada na identificação

geográfica e na modelagem de transporte.

Os procedimentos de ajustes da base de dados georreferenciada foram

apresentados em relatório específico. Os dados referentes à complementação da base

são tratados neste volume, por estarem associados aos procedimentos de análise

propostos. Esses procedimentos englobam ações de edição de arquivos, uso de

imagens de satélite para ajuste de dados e digitalização de cartas náuticas com

informações sobre a batimetria e o relevo marítimo.

Todas as informações coletadas, analisadas, revisadas e ajustadas, foram

inseridas na base georreferenciada e farão parte do conjunto de dados a ser

encaminhado em versão final, junto com o relatório, à ANTAQ. A base de dados

referente à costa marítima foi ponto de partida para a análise dos trabalhos

desenvolvidos e descritos neste relatório.

A proposição de critérios para definição de áreas com potencial para instalação

de novas instalações portuárias considera os resultados da modelagem de demanda e

incorpora indicadores de análise, apresentados em fichas de projetos que apontam a

localização das áreas com respectivas informações.

Por outro lado, tem-se a análise dos portos existentes, visando à determinação

das áreas potenciais associadas à área de influência direta dos portos organizados. Os

resultados consideram, para a expansão dos portos organizados, os Planos de

Desenvolvimento e Zoneamento – PDZ vigentes e informações técnicas disponíveis,

sempre dentro dos limites do porto organizado. Ainda em relação ao porto organizado,

foi incluída a demarcação dos arrendamentos portuários, em atendimento ao artigo 25

do Capítulo III do Decreto no 6.620.

Novas instalações portuárias dentro da área de influência direta dos portos,

para fins deste estudo, considerado um raio de 30 km a partir dos portos, são

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consideradas com grande viabilidade por se tratar de regiões com vocação portuária

consolidada.

Em linhas gerais, o trabalho considerou as seguintes fases:

• Revisão da base de dados georreferenciada do PNLT e complementação com

dados específicos da costa marítima;

• Definição de procedimentos técnico-científicos para indicação das áreas

potenciais para outorga de novas instalações portuárias;

• Proposição indicativa das áreas de expansão dos portos existentes;

• Caracterização das áreas indicativas para implantação e expansão portuária.

Além das definições técnicas, o trabalho discorre sobre as principais questões

relacionadas à regulamentação e operação portuária que geram impacto significativo

na elaboração de um Plano Geral de Outorgas.

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3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANO GERAL DE

OUTORGAS PORTUÁRIAS – PGO

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3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANO GERAL DE OUTORGAS

PORTUÁRIAS – PGO

Um Plano Geral de Outorgas – PGO é formalizado e oficializado por uma

resolução normativa em atendimento a uma lei ou decreto que o estabelece, no

presente caso à Lei no 10.233/2001 e Decreto no 6.620/2008, baseado em termos

técnicos, cujo conjunto de parâmetros e critérios orienta os investimentos

governamentais e a outorga para projetos portuários, de forma tal que sejam garantidas

as condições definidas nas diretrizes da política de transportes do setor.

O estabelecimento desse conjunto de critérios, parâmetros e indicadores que

forma tecnicamente as regras de um PGO deve possuir caráter indicativo, de

planejamento estratégico, e, portanto, para a sua efetiva implantação, carece de

estudos mais detalhados de viabilidade técnica, econômica e ambiental, e de questões

do uso e ocupação do solo nos Municípios onde se inserem suas potenciais áreas de

investimentos.

Portanto, têm-se como entraves principais questões ligadas à dinâmica

socioeconômica de cada Município inserido no contexto, e interesses locais, de posse

do solo e uso potencial das terras de interesse do PGO.

A solução, quando os investimentos são do Governo, é o uso de instrumento

de utilidade pública que declara para a sociedade que determinada gleba deve ser

destinada a interesses de desenvolvimento e segurança nacional. Quando o assunto

passa pelos interesses privados, o Poder Público pode tanto ser a favor quanto contra

a instalação de infra-estrutura portuária, e nesse caso os poderes municipais acabam

por possuir elevada capacidade de embargos.

Para elaboração de um PGO é relevante o estudo tanto das questões legais

quanto das embasadas em critérios técnicos. Nesse sentido tornou-se necessária a

obtenção de um conjunto de dados, informações e parâmetros, os quais no presente

caso foram resgatados do Plano Nacional de Logística e Transportes – PNLT.

A adequação e o levantamento de novos dados, principalmente do setor

portuário e de navegação, são fundamentais para o uso da base de dados

georreferenciada do PNLT no planejamento das áreas para outorgas de novas

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instalações portuárias na costa brasileira. Considerando a base de dados

georreferenciada do PNLT, destacam-se três grandes temas: oferta de transporte,

demanda por transporte e custos (de investimentos e operação).

O primeiro desses temas, a oferta de transportes, se traduz em um conjunto de

entidades geográficas, na forma de linhas e pontos, que caracterizam a rede de

transporte multimodal e os seus pontos logísticos. Essa rede tem características que

dependem dos seus atributos, como condições físicas, operacionais e financeiras

(custos), que permitem identificar a capacidade de atendimento à demanda dos arcos

(que representam as vias), para os diferentes modais existentes no território nacional.

Sendo esses arcos entidades que possuem atributos, tais registros permitem

verificar, em análise de rede, qual o comportamento quando da composição de

caminhos de menor custo (tempo ou distância) no processo de alocação de viagens ou

fluxos de produtos entre os pares de origem e destino, definidos nos nós dessa rede.

Estando essa base de oferta e demanda com seus respectivos custos relacionados, é

possível caracterizar, para os produtos relevantes, os principais movimentos entre os

portos brasileiros e as regiões de produção e consumo.

Assim, a base de dados é instrumento de apoio à indicação dos

comportamentos dos fluxos de produção relacionados aos portos e, indicativamente,

das projeções de sua movimentação em um horizonte até 2023. Essas projeções

consideram alterações da oferta de transportes, pela inserção de projetos que resultam

no aumento de capacidade de vias existentes, além da inserção de elos faltantes. Têm-

se, então, nesses elementos, indicativos do desenvolvimento nacional, que deve estar

associado ao objetivo do projeto, ou seja, à indicação das áreas costeiras com

potencial para novas instalações portuárias que irão subsidiar o Plano Geral de

Outorgas elaborado pela ANTAQ.

Têm-se como tema relacional todos os dados georreferenciados da

socioeconomia, cujos recortes geográficos são representados em sua maioria por

áreas, tendo-se desde dados censitários internos às áreas municipais até detalhes

específicos das composições de Municípios que integram micro e mesorregiões.

Essas informações, no entanto, para fins do subsídio ao Plano Geral de

Outorgas, devem ser revisadas e complementadas com dados referentes às áreas de

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produção, consumo interno, externo, perdas e outros detalhes que demandam da

proposição das cadeias logísticas utilizadas no PNLT.

Em paralelo, dados geográficos, físicos e especificamente destinados ao

subsídio da análise das condições naturais de navegabilidade, ao serem incorporados

como atributos de um tema classificado como uma entidade de linha, representam as

condições marítimas costeiras do Brasil.

Esses atributos devem convergir para que se tenha informação suficiente para

que se atendam aos critérios estipulados na avaliação da capacidade de implantação

de instalações portuárias adequadas a seus usos, e de acordo com o tipo de

embarcação que atende, preferencialmente, aos produtos estudados.

De forma semelhante, para a costa brasileira, foram caracterizados na base de

dados todos os elementos físicos, de ocupação e de proteção ambiental que compõem

o espaço que pode servir potencialmente na delimitação das áreas de outorga. Nos

elementos físicos enquadra-se a caracterização da infra-estrutura existente, dos

projetos previstos e da necessidade de investimentos.

Essas caracterizações foram realizadas de maneira que, quando necessário,

possam ser realizadas com imagens de satélite, com alta definição cartográfica,

ampliando o detalhamento dos temas desenvolvidos, em que foram inseridos os novos

atributos da base de dados. Nessa etapa, a caracterização dos portos marítimos foi

ampliada, elevando-se a quantidade de atributos já existentes no PNLT, que também

sofreram o processo de revisão.

Todo esse conjunto de dados, revisados e complementados, foi associado de

forma a possibilitar a análise da área de influência de cada área delimitada, para a

infra-estrutura portuária e terrestre já instalada, quando da sua abrangência territorial

(hinterlândia), cujos elementos socioeconômicos norteiem se a região recebe ou induz

desenvolvimento.

Os elementos fundamentais para nortear a delimitação das novas áreas foram

os registros associados às microrregiões brasileiras sobre a produção e consumo, suas

projeções e as quantidades relacionadas à navegação de longo curso, como de

cabotagem.

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Considerando o exposto, foram desenvolvidas as seguintes etapas:

• Construção de base de dados georreferenciada, a partir do PNLT, para fins do

planejamento das áreas de outorga, pela caracterização da situação atual e

prevista até 2023 da oferta de transporte, da demanda de produção e

consumo, do aumento da movimentação das exportações e importações, dos

projetos e proposições de investimentos, com a ampliação dessas informações

pela identificação das áreas agrícolas, industriais e de serviços que formam a

região de influência de cada uma das áreas de outorga a serem definidas;

• Ampliação da base de dados existente pela inclusão dos atributos sobre a

costa brasileira, para os elementos de navegação e de instalação portuária;

• Aprimoramento das informações que subsidiam o estudo e a identificação das

áreas de outorga como pólos induzidos ou indutores do desenvolvimento

regional, considerando a reutilização do estudo de macroeconomia

(megatendências regionais e setoriais) desenvolvida pela FIPE para o PNLT.

Essas três atividades caracterizaram a revisão e adequação da base de dados

georreferenciada do PNLT para fins de apoio ao plano de outorgas. Sua execução foi

antecessora às demais atividades do projeto.

Considerando os dados de produção e consumo da base de dados do PNLT,

utilizaram-se as matrizes de origem e destino por produto, considerando como

zoneamento as microrregiões homogêneas do IBGE, o que permitiu a identificação das

linhas de desejo, sejam elas para a produção atual ou estimada.

Os produtos relevantes ao desenvolvimento do trabalho foram os eleitos no

PNLT como fundamentais para o uso da multimodalidade de transporte. Esses

produtos possuem projeções de crescimento pelo mesmo padrão de matriz origem e

destino da produção e do consumo, sendo necessária reavaliação dos resultados reais

ocorridos em 2007 e ajustes na base de dados.

Para tanto, fez-se uma revisão das matrizes de produção e consumo do PNLT,

ajustes, quando necessário (sempre obedecendo às lógicas estipuladas para as

cadeias logísticas), e com isso podem ser traçadas “linhas de desejo” da parcela de

cada produto destinado à exportação e daqueles que são importados.

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Essas linhas de desejo são traçadas para os volumes de produtos atuais e

projetados, cujo cruzamento dessa informação com os dados do IBGE permite verificar

quais microrregiões estão próximas ou possuem interface com esses fluxos, criando-

se, assim, o primeiro filtro de análise para a definição mais abrangente das potenciais

áreas de outorga.

Para complementar esses dados, foram mapeadas, por atividade produtiva, as

áreas dos produtos que potencialmente estariam demandando cada nova área de

outorga, para cada um dos períodos de planejamento adotados no PNLT.

Assim, a identificação, nas microrregiões litorâneas e em áreas fluviais, da

produção e do consumo envolvidos no processo de exportação e importação, a cada

período de planejamento, foi determinante para a definição do “zoneamento” costeiro

das áreas mais adequadas para o plano de outorgas. Para tanto, foram executadas as

seguintes atividades:

• Análise e definição dos volumes de produtos por ano, considerando as

respectivas cadeias logísticas, para a percentagem que está relacionada à

navegação de longo curso e/ou de cabotagem;

• Estudo e análise das estimativas de produção e consumo dos setores do

agronegócio, de mineração e industriais, e seus interesses no transporte

marítimo;

• Definição dos fluxos de produtos e suas estimativas (linhas de desejo) para as

microrregiões costeiras, considerando a influência dos portos atuais na matriz

de origem e destino.

As linhas de desejo são, então, representadas para a região litorânea,

considerando, principalmente, a distribuição modal dos produtos que chegam a cada

porto marítimo, detalhando-se as toneladas por tipo de via (rodoviária, ferroviária,

hidroviária) e seus respectivos acessos e/ou transferências (rodo-porto, rodo-cabo,

ferro-porto, etc.).

Para tanto, são utilizados os dados sobre a oferta de transporte que caracteriza

a infra-estrutura existente e a planejada.

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A oferta de transporte citada caracteriza-se pela identificação da infra-estrutura

existente e os projetos planejados e propostos para cada PPA. Essa base é

vetorialmente rebatida sobre os temas geográficos socioeconômicos e ambientais

consolidados.

Essa demarcação territorial parte, para a sua definição, de sucessivas

aproximações, considerando primeiramente o critério de “isocusto”, ou seja, o caminho

multimodal de menor custo de transporte para escoamento da produção pelos portos,

visando ao comércio exterior.

Configura-se, também, pela união das microrregiões que apresentam

semelhanças quanto à predominância econômica. Resgata a questão ambiental, pela

própria relação entre essas microrregiões e as demarcações nelas existentes de terras

indígenas e unidades de conservação.

Todas essas considerações estão também relacionadas à matriz de produção

e consumo, que está definida em seu zoneamento com o mesmo recorte geográfico.

Dessa forma, os fluxos alocados em rede a partir dessa matriz que demanda a

oferta de infra-estrutura de transporte existente e planejada se originam e destinam-se

ao próprio território brasileiro, e os que são importados ou exportados, e esses fluxos

identificados em rede compõem a parcela da demanda que interessa para subsidiar a

demarcação de áreas a serem propostas no plano de outorgas.

Para tanto, os atributos da infra-estrutura existente são fundamentais para se

verificar a capacidade das vias instaladas, como dos elos faltantes, que estará

envolvidas com as áreas propostas.

Assim, para as regiões de cada vetor logístico que se apresentam consolidadas

quanto à oferta de transporte, serão observadas condições diferenciadas de suporte

para a utilização das áreas de outorga, em relação às áreas onde o desenvolvimento

econômico é classificado como deprimido e carece de investimentos para expansão da

rede existente.

Dessa forma, os custos da infra-estrutura de acesso às áreas outorgadas

tendem a ser menos onerosos quando essas áreas se localizam em regiões

economicamente consolidadas, tal qual a sua oferta de transporte, onde os

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investimentos se destinam à melhoria dos níveis de serviço e das classes das vias,

enquanto nas outras regiões os investimentos se apresentam para sanar deficits da

oferta de transporte.

Nesse contexto, entende-se que é relevante o desenvolvimento das seguintes

atividades destinadas à identificação de áreas costeiras para outorga:

• Identificação da oferta de transporte nas microrregiões costeiras, destacando-

se, para cada porto existente, os acessos e pontos de transferência modal;

• Identificação dos fluxos de produtos que demandam esses acessos e pontos

de transferência modal, tanto para o ano-base quanto para cada período de

planejamento adotado no PNLT;

• Estimativa das capacidades das vias e seus níveis de serviços, destacando

esses critérios tanto para a rede existente quanto para os projetos propostos

em cada período de planejamento;

• Inserção na base de dados da oferta de transporte dos recentes planos de

expansão da infra-estrutura de transportes, principalmente do modal ferroviário,

para que sejam traduzidas as mesmas condicionantes do PNLT, quanto ao

equilíbrio da matriz de transportes;

• Identificação dos elos faltantes que sejam necessários à utilização das áreas

de outorga propostas, caracterizando seus atributos físicos, de integração,

operacionais e de custos;

• Proposição de ajustes para a infra-estrutura se adequar, por período de

planejamento, às áreas de outorga;

• Caracterização detalhada dessas áreas em termos de sua infra-estrutura de

acesso e suas interfaces com áreas urbanas (sua infra-estrutura) e de proteção

ambiental;

• Definição dos projetos que devem ser considerados no PNLT para que o plano

de outorgas esteja integrado ao planejamento nacional de investimentos na

infra-estrutura de transporte.

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Essas atividades devem atender à meta de se configurar a base de dados do

PNLT para que sua adequação permita subsidiar a tomada de decisão quanto à

definição das áreas que serão propostas para o plano de outorgas do Governo Federal.

Permitem que, para cada uma dessas áreas, sejam identificadas as vias

existentes possíveis de servirem de acessos, quais projetos que podem responder a

essa questão e caso não haja possibilidades, que sejam definidos geograficamente

novos projetos que atendam a essas áreas.

Para tanto, todo o arcabouço metodológico e os resultados do PNLT foram

utilizados e remodelados a fim de se elaborar uma base de dados geográfica adequada

aos estudos e análises que demandam na elaboração do plano de outorgas para

instalação de portos públicos ou terminais de uso privativo na costa brasileira.

Para a adequação das etapas descritas, foi realizada revisão da base de dados

existente e sua complementação, por meio da inserção dos dados físicos e

operacionais sobre navegação marítima na base do PNLT, considerando a

caracterização territorial litorânea e a modelagem de transporte com o objetivo de

avaliar quais as potenciais áreas que podem ser utilizadas pelo Governo Federal para

novas instalações portuárias.

Assim, foi realizada pesquisa detalhada sobre as informações da costa

brasileira, e a caracterização dessas informações como atributos de entidades

geográficos e desenvolvidos na base de dados do PNLT.

3.1 DINÂMICA GLOBAL DA GESTÃO E OUTORGA PORTUÁRIA

Para o entendimento dos conceitos utilizados no desenvolvimento do trabalho

descrito neste relatório e complementado por outros volumes, foi executado estudo

sobre a dinâmica dos sistemas de outorga portuária no mundo e no Brasil, além de

uma caracterização da evolução da navegação.

Esse estudo visa a orientar a diretriz adotada na metodologia de identificação

geográfica e de modelagem de transporte pela identificação de critérios e proposições

tecnicamente consideradas relevantes para que os resultados sejam adequados à

dinâmica do sistema brasileiro.

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Além disso, tais considerações subsidiam, em certa medida, a análise do

decreto que é o foco do estudo desenvolvido.

Nesse contexto, busca-se verificar, pela diversidade dos sistemas portuários,

quais as características das diretrizes políticas e regulatórias envolvidas em seu

funcionamento. Dito isso, ressalta-se que a elaboração em desenvolvimento pela

ANTAQ do Plano Geral de Outorgas – PGO para o subsetor portuário surge em um

momento em que existem indefinições e necessidades que remetem à estruturação de

uma política de transporte declarada para o setor.

Isso se deve pela conjuntura estruturada da dinâmica portuária brasileira, que

possui suas operações privatizadas em portos públicos, além de operações em

terminais privativos, apresentando-se o Governo Federal em termos de investimento

com uma pauta de recursos voltada à modernização do sistema portuário nacional.

Assim, na seqüência, são descritos os principais aspectos que nortearam o

desenvolvimento deste trabalho.

3.1.1 Sistema Portuário em Outros Países

Os modelos de gestão dos portos no mundo seguem diferentes formas,

passando por ações totalmente voltadas à estatização e por sistemas com total

competitividade e investimentos privados com baixo nível de regulação. Essas

diferenças não estão relacionadas somente com questões políticas, mas também com

fatores específicos das produções, consumos e comércios internacionais, que possuem

diferentes aspectos por países e por continentes.

As relações de produção e consumo, por sua vez, dependem de fatores

socioeconômicos e das riquezas e características de produtividade de cada região.

Essa diversidade de fatores acaba por trazer complexidades à formulação dos

sistemas de governo voltados para o setor portuário, e envolvem ainda questões de

segurança nacional.

Na evolução recente do setor, ressalta-se, ainda, além do exposto, que todos

os sistemas portuários tendem, para projeções de investimentos futuros, a considerar

ampliações físicas e operacionais, e também para modernização, por recursos de

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automação e informatização que resultam em maior capacidade de integração à

navegação mundial.

Nesse contexto, observa-se que na Inglaterra, desde 1991, os principais portos

são totalmente privatizados, configurando uma forte ocorrência do denominado modelo

“private service port” entre os portos britânicos, alcançando-se variados resultados com

a venda e transferência das funções para o setor privado, situação fortemente

determinada por fatores locais e únicos na experiência inglesa, inclusive pela

valorização imobiliária dos portos localizados em áreas nobres ou escassas.

Os investimentos e lucros nos portos privatizados têm sido melhores do que

nos portos ainda não privatizados. Em uma ilha onde uma cidade importante está

sempre a menos de 100 milhas de pelo menos dois portos, a concorrência entre eles é

muito forte.

Já no norte da Europa, na região que compreende a Holanda, a Bélgica e a

Alemanha, a responsabilidade pela política portuária é dos governos locais. É seguido

um modelo de autofinanciamento portuário, em que os recursos para investimentos têm

origem em empresas privadas ou nas tarifas portuárias arrecadadas. Por exemplo, em

Hamburgo, o porto é exclusivamente gestor do patrimônio, enquanto as empresas

privadas prestam todos os serviços portuários.

A cessão de áreas e berços é efetuada mediante negociações, diretamente

com os interessados, sem a obrigatoriedade de procedimentos licitatórios. As

instalações operacionais, resultantes de arrendamentos, são exploradas 24 horas por

dia, exclusivamente pelos operadores dos respectivos terminais, os quais concorrem

entre si.

Na China, o sistema é caracterizados pelo maior envolvimento dos governos

locais, que se tornaram, ao mesmo tempo, landlords e reguladores. As autoridades

portuárias foram transferidas aos Municípios e obtiveram autonomia financeira. O

Código Marítimo permitiu a entrada de empresas estrangeiras na construção e

operação de portos em joint ventures com empresas chinesas, e o capital dos

investidores locais devia ser de pelo menos 50% do empreendimento. As autoridades

portuárias assumiram funções de regulação local, sob delegação dos governos

municipais.

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O Governo central se afastou do financiamento de projetos portuários, em favor

de outras fontes de recursos, como recursos privados domésticos e internacionais,

recuperados por meio de tarifas cobradas dos usuários. As autoridades portuárias não

são mais responsáveis pela administração dos portos, que deve ser realizada por

novas entidades estabelecidas pelos Municípios, com responsabilidades reguladoras

sobre os mercados portuários, a fim de garantir a competição entre operadores,

fiscalização das leis portuárias e manutenção da segurança dos portos.

Por outro lado, nos Estados Unidos, não existe uma autoridade portuária

nacional. As responsabilidades públicas sobre os portos são dispersas pelos três níveis

de Governo, com diferentes gradações de autonomia e independência. As autoridades

portuárias nos Estados Unidos são estabelecidas ou delegadas pelos legislativos

estaduais, e nem o Congresso Federal, nem qualquer agência pública federal têm o

poder ou o direito de indicar ou demitir os diretores ou empregados das autoridades

portuárias, ou alterar as suas responsabilidades.

Há uma grande variedade de sistemas operacionais, ficando a critério de cada

Estado deliberar pelo que for mais adequado às suas necessidades. Em Nova

Iorque/Nova Jersey, Filadélfia e Baltimore, os principais terminais são propriedades dos

governos e administrados pelo “Port Authority”, que os arrendam às entidades

operadoras. Em Norfolk e Jacksonville, essas entidades operam somente os navios,

enquanto os “Port Authorities” administram e operam os terminais. Em Houston, o “Port

Authority” arrenda os terminais para as entidades operadoras que controlam parte das

cargas, dividindo o restante com operadoras de instalações fora dos cais, em razão de

insuficiência de áreas. Em Nova Orleans, os terminais sob controle do “Port Authority”

são arrendados para empresas privadas.

Já no Canadá observa-se que o sistema portuário é sujeito à jurisdição do

parlamento nacional. Os maiores portos são administrados por autoridades portuárias

federais. As decisões finais relativas à exploração e gestão dos portos canadenses

permanecem constitucionalmente com o parlamento.

Em Cingapura, por sua vez, o sistema dispõe de empresa estatal que atua na

construção de terminais de contêineres ao redor do mundo e na operação de terminais

em outros países asiáticos.

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O porto de Salalah, em Oman, na Arábia Saudita, ao longo de 30 anos, é

controlado por uma joint venture que divide investimentos do Governo e entidades

públicas/privadas de Oman (70%) e de empresas estrangeiras (30%) para equipar e

operar terminais de contêineres e cargas convencionais; entretanto, foi o Governo

quem construiu a infra-estrutura.

Na Índia, para o novo porto de Vallarpadam, a empresa estatal Dubai Ports

International – DPI celebrou contrato para construção e operação do terminal de

contêineres para concorrer, inicialmente, no tráfego marítimo regional.

No México, na mesma época em que o Brasil iniciou a implementação da nova

lei dos portos (Lei no 8.630/1993), o Governo mexicano promoveu a descentralização

da gestão dos seus portos e permitiu a abertura para a privatização das operações

portuárias (movimentação e estocagem de cargas).

E na Argentina, na mesma época, o porto de Bahia Blanca tornou-se um ente

não estatal. Sendo o primeiro porto autônomo a ser administrado por um consórcio,

configurou-se no marco inicial do processo de privatização ou transferência de todo o

sistema portuário argentino, após décadas sob o comando do Estado.

Dez anos mais tarde, em 2003, no Chile, iniciou-se o processo de concessão

do porto de Arica, fato consolidado em 2004, visando a sua exploração, gestão,

desenvolvimento e conservação, com incentivos para investimentos privados, através

da formação de um consórcio para sua exploração durante 20 anos.

Assim, é possível verificar que, apesar das diferentes formas de gestão,

existem tendências de mercado que acabam norteando a maioria dos processos de

mudança.

3.1.2 Estudos para Construção ou Expansão Portuária

Levando em consideração o fato de que os portos marítimos representam o elo

de ligação do mercado interno nacional com o mercado externo, a realização de

estudos para a construção ou expansão de um porto precisa considerar os

condicionantes socioeconômicos capazes de influenciar o fluxo de mercadorias entre

as regiões produtivas e o mercado externo.

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Inicialmente, deve ser estudada a zona de influência do porto, atual ou

potencial, em sua vocação econômica, em termos de produção, de seus meios de

comunicação, de suas vias de transporte, seus recursos minerais, seus planos de

desenvolvimento, etc.

Ao se qualificarem e quantificarem os fluxos de mercadorias que terão como

ponto de passagem o porto, é possível estabelecer quais os tipos de instalações

portuárias serão necessários. Se a zona de influência, ou hinterlândia do porto, contar

com uma economia diversificada, com equilíbrio entre as atividades agropecuárias e

industriais, conseqüentemente o porto necessitará de instalações complexas,

abrangendo carga geral, granéis, derivados de petróleo, contêineres, etc.

Por outro lado, se a zona de influência do porto em estudo for subdesenvolvida,

com atividades incipientes, mas com jazidas de recursos minerais, instalações

portuárias, como terminais especializados para manuseio de minérios, poderão ser

viabilizadas.

Assim, a decisão de construção de um porto é função, do lado de terra, do

desenvolvimento e da potencialidade da região a que ele atende. Isso é de

fundamental importância, uma vez que os recursos a serem aplicados na construção

do porto, geralmente de grande vulto, oriundos do setor público ou privado,

normalmente sob a forma de empréstimos, precisam ter a garantia de uma taxa de

retorno que permita amortizá-los ao fim de determinado tempo, além de trazer

benefícios de natureza econômica e social para a região e para o País.

Segundo Borgo Filho (2008), essa não é uma regra geral. É necessário que se

considerem, a exemplo de diversas regiões do mundo, portos de grande porte

desenvolvidos como centros de processamento e transbordo de cargas, constituindo

plataformas logísticas, mesmo sem existirem cargas suficientes em sua hinterlândia.

Como exemplo, pode-se citar o porto de Cingapura, que concorre com o porto de Hong

Kong na movimentação de contêineres e tem sua operação baseada em operações de

transbordo, ou seja, é um porto concentrador de cargas, também denominado hub port.

A definição do tipo de instalação portuária fornece os elementos indispensáveis

para o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento, propiciando a

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comparação entre o custo das obras e a capacidade de amortizá-las e/ou produzir

benefícios de natureza econômica e social.

Já para o estudo de viabilidade técnica, é necessário entender os portos como

elo entre o transporte marítimo e os modais rodoviário, ferroviário, dutoviário e fluvial.

Assim, pelo lado marítimo são considerados os fluxos de navios com mercadorias, e

pelo lado terrestre, as mercadorias a serem distribuídas por rodovias, ferrovias ou

barcaças, ou transportadas por um desses modos e que serão embarcadas no navio.

3.1.3 Evolução Tecnológica de Navegação

No planejamento de construção ou expansão de portos, é necessário que se

conheçam as dimensões e tendências de evolução tecnológica, assim como do

crescimento da frota de navios no mercado mundial. A combinação dessas

características com a avaliação de condições físicas e hidrográficas do porto propicia a

avaliação dos limites de capacidade de atendimento às demandas do comércio

internacional no horizonte de sua vida útil, e também o perfil das novas instalações

propostas.

Na matriz de cargas de exportação, observa-se a predominância de granéis

sólidos vegetais (grãos, farelos, etc.), granéis sólidos minerais (minérios, ferro gusas,

etc.), granéis líquidos (sucos, óleos vegetais), carga geral conteinerizada, carga geral

solta (madeiras serradas, açúcar) e carga geral especializada (produtos siderúrgicos,

celulose, rochas ornamentais, etc.).

No sentido de importação, desembarque, os produtos predominantes na matriz

de cargas são granéis líquidos (combustíveis, petróleo, etanol), granéis sólidos

vegetais (trigo, malte, etc.), granéis sólidos minerais (carvão, fertilizantes), carga geral

especializada (veículos) e cargas conteinerizadas.

A tendência de conteinerização dos fluxos de carga pode ser observada pelo

crescimento da movimentação de contêineres no mundo, que aumentou 130% entre

1996 e 1999, atingindo 201.348.000 TEU neste último ano. Na América do Sul, o

aumento foi de 261%, o dobro do crescimento médio mundial, chegando a 6.293.000

TEU. Assim, a participação de contêineres no mercado de carga geral em 2000 chegou

a 53,7%, tendendo ao patamar de 60% em 2005. Esse crescimento foi acompanhado

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pela evolução no porte dos navios. Observa-se que o Brasil, seguindo tendências do

mercado mundial, está gradualmente substituindo a carga geral solta pela carga

conteinerizada.

Assim, para o planejamento de projetos portuários é necessário conhecer a

tendência de evolução dos navios em cada um dos fluxos especializados que serão

movimentados nos portos, a saber: granéis sólidos vegetais e minerais, granéis

líquidos, contêineres, carga geral especializada e passageiros.

As primeiras gerações de navios porta-contêiner foram projetadas para atender

à rota de navegação entre os Oceanos Pacífico e Atlântico e foram evoluindo com o

tempo, de forma a manter suas dimensões de boca e calado, devido às restrições das

eclusas do Canal do Panamá, aumentando a capacidade de carga, com novos projetos

e comprimentos maiores.

A primeira geração de navios porta-contêineres nasceu nos anos 1960, a partir

da transformação de navios de carga geral e de petroleiros. Esses navios tinham no

máximo 200 m de comprimento, 25 m de largura e calado de 10,3 m, podendo chegar a

1.000 TEU.

A segunda geração constituiu-se nos primeiros navios celulares, especialmente

construídos para o transporte de contêineres. Os maiores tinham 215 m de

comprimento, 25 m de largura, 11 m de calado e podiam transportar 2.000 TEU.

A terceira geração constituiu-se nos navios panamax, projetados com

dimensão máxima para trafegar pelo Canal do Panamá, limitado pela largura de 32 m

de largura e calado de 12 m, com comprimento variável podendo chegar a 290 m. Os

maiores navios dessa classe podem transportar até 4.000 TEU, sendo mais comum o

de 3.000 TEU.

A quarta geração constituiu-se nos primeiros navios post-panamax ou over-

panamax, uma vez que suas dimensões são superiores às do Canal do Panamá, ou

seja, largura de 42 m, calado de 14 m e comprimento de 335 m, podendo transportar

de 4.000 a 5.000 TEU.

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A partir de então, os novos navios pós-panamax cresceram sem restrições, de

forma a atender às novas rotas de comércio entre a Costa Oeste dos Estados Unidos e

a Ásia.

A quinta geração dos navios porta-contêineres inicia-se no ano 2000, com

navios maiores que 5.000 TEU. Em 2005 foi lançado o navio MSC PAMELA, de 9.200

TEU, com 336,7 m de comprimento, 45,6 m de largura e 15 m de calado, e em 2006 o

EMMA MAESRK, considerado um meganavio, com capacidade para transportar

13.000-15.000 TEU, comprimento de 397 m, largura de 56,4 m e calado de 15,5 m.

A Tabela 1 mostra a evolução do porte dos navios porta-contêiner.

Tabela 1 – Evolução do porte dos navios porta-contêiner

GERAÇÃO PERÍODO CAPACIDADE COMPRIMENTO ×

LARGURA × CALADO TIPO DE NAVIO

1a Geração 1956-1970 1.000 TEU 135-200 m x 25 m x 10,3

m

Navios de carga geral e petroleiros

convertidos

2a Geração 1970-1980 2.000 TEU 215 m x 25 m x 11 m Navios de contêiner

tipo celular

3a Geração 1985 4.000 TEU 215-290 m x 32 m x 12 m Navios de contêiner

tipo panamax

4a Geração 1986-2000 4.000-5.000

TEU 275-305 m x 42 m x 14 m Navios de contêiner tipo post-panamax

5a Geração 2000-2006 5.000-9.000

TEU 335 m x 45,6 m x 15 m Navios de contêiner tipo post-panamax

plus

6a Geração 2007-hoje 9.000-18.000

TEU 397 m x 56,4 m x 15,5 m Navios de contêiner tipo Malacca-max

Fonte: Borgo Filho (2008).

Em termos de projeto portuário, Borgo Filho (2008) afirma que é importante o

conhecimento das características dos principais tipos de navios para fins de projeto

portuário. É necessário se conhecer a evolução do porte dos navios para que as

instalações projetadas não se tornem obsoletas ao longo de sua vida útil, que, a

princípio, não deve ser inferior a 30 anos.

O crescimento dos navios porta-contêineres nos últimos anos tem exigido a

adaptação em vários terminais de contêineres. A capacidade de (des)carregar esses

navios em um cais convencional é limitada pelo número de guindastes e pela

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capacidade de cada guindaste. Os cais mais modernos estão utilizando até cinco

guindastes, com produtividade individual de 25 movimentos por hora (mph),

alcançando uma capacidade de 125 mph em cada berço.

Segundo Góes (2002), os grandes transportadores pretendem aumentar essa

capacidade, com o objetivo de limitar o tempo de permanência dos navios atracados

em 24 horas. Nos novos projetos é necessário se ter uma visão mais global do

problema. Os guindastes de pórtico, os cais e os pátios deverão ser analisados como

um todo. Quanto ao layout dos novos terminais, sua concepção é normalmente definida

pelas áreas de estocagem disponíveis, além dos aspectos financeiros mais

importantes.

Alguns projetos de layout apresentam inovações em relação aos projetos

utilizados até então, como o Terminal Ceres – Paragon (Amsterdã). Esse terminal faz

parte do porto de Amsterdã e possui três berços, sendo dois deles construídos em uma

doca, com acostagem dos dois lados do navio, permitindo movimentar contêineres de

embarcações de grande porte, em uma média de 300 mph. Os cais têm 1.050 metros

totais, com capacidade anual de 950.000 TEU, tornando o (des)carregamento 50%

mais rápido do que em outros terminais.

Os berços endentados na doca permitem que o navio seja (des)carregado

pelos dois lados ao mesmo tempo, contendo áreas de estocagem também disponíveis

dos dois lados próximas aos guindastes, o que facilita o plano logístico. O transporte

entre os cais e o empilhamento é feito por straddle-carriers, assim como o remanejo

dos contêineres nas áreas de estocagem e a transferência entre a conexões com a

hinterlândia. Uma outra vantagem do berço endentado é a condição tranqüila para a

realização das operações, com ausência de ondas e correntes, permitindo um

(des)carregamento sem problemas.

Assim, as dimensões dos diferentes tipos de navios são utilizadas para o

dimensionamento das diversas instalações portuárias. Para dimensionamento da infra-

estrutura de acesso marítimo e bacia de evolução, são necessárias as dimensões:

comprimento, largura e calado, e, em alguns casos, quando houver pontes cruzando o

canal, o chamado calado aéreo (air draft), ou seja, a altura do navio acima da linha

d’água. Já para o dimensionamento das instalações de acostagem é necessária, além

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das dimensões anteriores, a tonelagem de deslocamento do navio (peso real do navio

ou peso da água por ele deslocada, podendo ser carregado ou vazio).

3.2 DINÂMICA PORTUÁRIA BRASILEIRA

A relação de todas as cidades litorâneas brasileiras com o mar, onde existem

terminais portuários, está intimamente ligada ao papel histórico da economia brasileira

com os portos, cuja origem é de aproximadamente 1800, e vem sendo considerado até

hoje como um setor que gera riqueza para o País.

A partir da década de 1990, os portos de praticamente todos os países

passaram por profundas reformas, a fim de compatibilizá-los com a nova ordem

econômica e política internacional. Isso também ocorreu nos portos brasileiros, por

estarem diretamente correlacionados ao desempenho portuário mundial, ao acelerado

incremento do comércio internacional e à demanda por ganhos contínuos e

exponenciais na eficiência produtiva.

Os portos brasileiros sofreram uma completa reestruturação por meio da “Lei

de Modernização dos Portos” (Lei no 8.630/1993), visando a torná-los mais ágeis e

competitivos em face do mercado internacional, visto que os custos operacionais são

ainda muito superiores aos praticados no exterior. Mediante essa lei, praticamente

todos os serviços e estruturas até então operados pelo Governo (fosse ele federal,

estadual ou municipal) foram privatizados através de contratos ou arrendamentos,

ficando o Governo apenas com a administração em si e com papel de Autoridade

Portuária.

A responsabilidade de qualquer administração é manter plenamente eficaz a

atividade fim de sua empresa. No caso específico das administrações portuárias, essa

é uma missão também legal, pois a Lei no 8.630, em relação à área do porto

organizado, conceitua ser ela compreendida “pelas instalações portuárias, quais sejam,

ancoradouros, docas, cais, pontes e piers de atracação e acostagem, terrenos,

armazéns, edificações e vias de circulação interna, bem como pela infra-estrutura de

proteção e acesso aquaviário ao porto tais como guias-correntes, quebra-mares,

eclusas, canais, bacias de evolução e áreas de fundeio que devam ser mantidas pela

Administração do Porto”.

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Neste ponto, com vistas a entender melhor a estrutura portuária nacional,

destacam-se algumas definições da Lei de Modernização dos Portos, Lei no

8.630/1993, revisada pela Lei no 11.314, de 2006, e pela Lei no 11.518, de 2007, onde

se entende como:

A. Porto Organizado: o construído e aparelhado para atender às necessidades da

navegação, da movimentação de passageiros ou da movimentação e

armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo

tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade

portuária;

B. Operação Portuária: a de movimentação de passageiros ou a de movimentação

ou armazenagem de mercadorias, destinados ou provenientes de transporte

aquaviário, realizada no porto organizado por operadores portuários;

C. Operador Portuário: a pessoa jurídica pré-qualificada para a execução de

operação portuária na área do porto organizado;

D. Área do Porto Organizado: a compreendida pelas instalações portuárias, quais

sejam, ancoradouros, docas, cais, pontes e píeres de atracação e acostagem,

terrenos, armazéns, edificações e vias de circulação interna, bem como pela

infra-estrutura de proteção e acesso aquaviário ao porto, tais como guias-

correntes, quebra-mares, eclusas, canais, bacias de evolução e áreas de

fundeio que devam ser mantidas pela Administração do Porto;

E. Instalação Portuária de Uso Privativo: a explorada por pessoa jurídica de direito

público ou privado, dentro ou fora da área do porto, utilizada na movimentação

de passageiros ou na movimentação ou armazenagem de mercadorias,

destinados ou provenientes de transporte aquaviário;

F. Estação de Transbordo de Cargas: a situada fora da área do porto, utilizada

exclusivamente para operação de transbordo de cargas, destinadas ou

provenientes da navegação interior;

G. Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte: a destinada às operações

portuárias de movimentação de passageiros, de mercadorias ou ambos,

destinados ou provenientes do transporte de navegação interior.

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No Brasil, a exploração das instalações portuárias pode ocorrer de três formas:

diretamente pela União, Estados ou Municípios; por terceiros mediante arrendamento;

ou por terceiros mediante autorização da ANTAQ.

Resumidamente, podemos considerar que os terminais públicos são aqueles

administrados por Governos estaduais, municipais ou por órgão vinculado ao Ministério

dos Transportes. Já os terminais privativos são instalações portuárias exploradas por

empresas privadas, dentro ou fora da área do porto organizado, utilizadas na

movimentação e/ou armazenagem de cargas destinadas ou provenientes do transporte

marítimo. Estes podem ser de uso misto, para a movimentação de cargas próprias ou

de terceiros (desde que em caráter eventual e de forma subsidiária), ou de uso

exclusivo, para movimentação somente de carga própria, localizados em área privadas,

desta forma, também denominados Terminais de Uso Privativo – TUP.

Em relação à gestão dos portos, destaca-se que o atual sistema portuário

brasileiro é composto por oito Companhias Docas (sete públicas e uma privada).

Entretanto, a atuação das Companhias Docas se caracteriza pela politização

da administração portuária perpetuando características do setor, comum de resto às

demais estatais. Há no momento uma grande esperança no setor empresarial, de que

a criação da Secretária de Portos venha minimizar a danosa influência política nas

administrações portuárias, que não tem sido positiva em termos de administração.

Os terminais portuários representam peça fundamental na logística das

operações de comércio exterior. Sua operação deve ser ágil, segura e com fluxo

contínuo de informações para garantir o desempenho e a competitividade do comércio

internacional do País. Como o transporte marítimo concentra mais de 90% do volume

da movimentação de cargas internacionais do País, os portos acumularam nos últimos

anos grandes investimentos efetuados principalmente pela iniciativa privada.

Reflexo da Lei de Modernização dos Portos, que permitiu maior participação

privada na operação portuária, os investimentos realizados em equipamentos e demais

melhorias de infra-estrutura aumentaram a produtividade dos terminais. Além disso, a

concorrência entre e intraportos, prevista na lei, pressiona a redução dos preços.

Apesar de já ter avançado muito nos últimos anos, o sistema portuário marítimo

brasileiro ainda sofre com custos altos, burocracia e filas.

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O crescimento das exportações, que pode ser muitas vezes festejado, agrava

ainda mais as deficiências existentes e ressalta a importância de investimentos no

setor e políticas administrativas compatíveis.

É importante considerar, ainda, que as atividades portuárias, além de serem

cruciais para o equilíbrio da balança comercial do Brasil (exportação/importação), são o

principal indutor de desenvolvimento dos Municípios portuários, gerando emprego e

renda, e também poderão impulsionar o desenvolvimento da pesca, do ecoturismo e

das atividades dos pequenos produtores rurais, desde que as ações mitigadoras e

compensatórias sejam planejadas nessa perspectiva.

3.2.1 Evolução da Navegação Comercial

Por definição, o transporte marítimo comercial divide-se em dois segmentos

principais: a navegação de longo curso e a navegação de cabotagem. O segmento de

navegação de longo curso diz respeito a rotas internacionais normalmente de longa

distância, assim como os serviços de alimentação de suas linhas, conhecidos como

Feeder Service. Já a navegação de cabotagem, segundo a Lei no 9.432 é aquela

realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou esta

e as vias navegáveis interiores. Os portos marítimos são os terminais correspondentes,

onde ocorre a maioria dos processos administrativos, operacionais e de fiscalização

dessas atividades.

A produção nacional está crescendo em todos os setores: mineração,

agricultura, siderúrgica. Dados da Secretaria Especial de Portos mostram que, nos

últimos seis anos, a taxa de crescimento da atividade portuária brasileira tem ficado em

torno de 6% ao ano. O volume importado e exportado pelos portos do Brasil atingiu

cerca de 760 milhões de toneladas em 2008. Em 2013, esse número deve ultrapassar

1 bilhão de toneladas.

Por conta desse crescimento, desde 2002 o índice de conteinerização tem

subido sistematicamente. Em cinco anos, esse índice variou nove pontos percentuais.

A previsão é de que a carga conteinerizada continue crescendo num ritmo anual de

15% nos próximos anos. O Brasil passou recentemente da 42a para a 39a posição

mundial em movimentação de cargas em TEU (unidade equivalente a contentores de

20 pés).

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O transporte de cabotagem é definido como navegação marítima realizada com

origem e destino no próprio país, isto é, ligando os portos nacionais, podendo abranger

os rios e lagos. Existe ainda o termo “cabotagem internacional”, o qual é utilizado

freqüentemente para designar a navegação costeira envolvendo dois ou mais países.

Não há praticamente restrições ao transporte de cabotagem quanto às

mercadorias transportadas por esse modal. E a grande extensão do litoral brasileiro e a

concentração da atividade econômica próxima à costa favorecem o transporte de

cargas pela navegação de cabotagem.

A navegação de cabotagem é também favorecida pelas escassas alternativas

dos modais dutoviário e ferroviário entre os Estados ao longo da costa brasileira. Existe

apenas uma linha ferroviária entre o Nordeste e o Sudeste, não havendo ligação

ferroviária entre o Norte e o restante do País. As malhas ferroviárias do Sul e do

Sudeste são operadas por diferentes concessionárias e o tráfego entre elas é reduzido.

Segundo Campos (2007), em 1951, a navegação de cabotagem era

responsável por 27,5% da produção de transporte no Brasil. Ao longo das décadas

seguintes, porém, sofreu grande diminuição de sua importância na matriz de

transportes, atingindo seu ponto mínimo em 1994, quando respondeu por apenas 10%

da produção de transportes do País.

Desde 1997, o transporte de carga geral na cabotagem tem apresentado

crescimento de 29% ao ano, e entre as causas dessa tendência estão os aumentos

dos custos do transporte rodoviário, devido aos roubos de cargas, ao estado precário

das rodovias e aos custos de pedágios.

Por outro lado, as melhorias nos portos e a redução de custos de embarque e

desembarque de contêineres têm contribuído para a retomada do transporte de carga

geral na cabotagem. Entretanto, existem dois elementos conflitantes nas políticas para

o setor que atualmente estão em vigor. A legislação busca promover a modicidade

tarifária, isto é, a oferta de serviços de navegação de cabotagem a preços acessíveis,

assim como criar demanda para a construção naval, pelo direcionamento, aos

estaleiros nacionais, da demanda por navios para a cabotagem.

No entanto, a aquisição de navios nos estaleiros nacionais impõe custos aos

usuários dos serviços de navegação de cabotagem, como, por exemplo, na forma de

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um adicional de 10% sobre o valor do frete. O operador de transporte é responsável

por realizar o pagamento de adicional, mas é o usuário do transporte que acaba por

pagar os custos dos adicionais, incorporados ao valor do frete.

As perspectivas são de que o crescimento nos próximos anos ocorra de forma

intensa. Dessa maneira, a organização dos serviços portuários, bem como a infra-

estrutura disponível passam a ser peças fundamentais na capacidade de atendimento

e nos custos desse serviço.

Para que a cabotagem venha a ter êxito, devem existir portos eficientes,

segurança de carga, custos competitivos, tempo de espera menores nos portos e rotas

adequadas. Dessa forma, será possível a transferência da carga do modal rodoviário

para o modal aquaviário. Com a melhoria dos serviços portuários, a cabotagem deverá

passar a ser um nicho de mercado para o transporte marítimo no Brasil.

3.3 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO PORTUÁRIA

Em 25 de fevereiro de 1993 foi promulgada a Lei no 8.630, a qual dispõe sobre

o regime jurídico da exploração dos portos organizados e das instalações portuárias,

permitindo e promovendo a modernização do sistema portuário, com a

descentralização e a privatização dos serviços desse setor no Brasil, onde foram

criadas condições excepcionais para o desenvolvimento da sua exploração, merecendo

destaque os seguintes pontos:

• Tratamento da organização do porto e da operação portuária;

• Instituição e atuação do Operador Portuário;

• Orientação para delimitação da área do porto organizado;

• Definição de instalação portuária de uso privativo;

• Procedimentos para exploração de instalações portuárias;

• Celebração de contratos de arrendamento e de autorização para construção de

terminais de uso privativo;

• Gestão da mão-de-obra do trabalho portuário avulso;

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• Competências da Administração do Porto Organizado – “Autoridade Portuária”; e

• Criação do Conselho de Autoridade Portuária – CAP.

Este último configura-se como o mais importante fórum colegiado já criado e

atuante nos portos de uso público no Brasil, contando com a participação de toda a

comunidade portuária, representada pelos prestadores de serviços (Operadores

Portuários), usuários (importadores e exportadores), trabalhadores portuários (avulsos

e com vínculo empregatício) e pelo Poder Público (Governos Federal, Estaduais e

Municipais).

Os procedimento para a exploração de instalações portuárias preconiza, em

seu Capitulo I, art. 1o, § 1o, inciso I, que a exploração do porto organizado cabe à

União, diretamente ou mediante concessão, e, para a atuação da iniciativa privada, § 2o

desse artigo, a concessão do porto organizado será sempre precedida de licitação

realizada de acordo com a lei que regulamenta o regime de concessão e permissão de

serviços públicos no Brasil.

Essa colocação está consoante a Constituição brasileira, pois, no seu art. 21

descreve: “Compete à União: (...) XII – explorar, direta ou mediante autorização,

concessão ou permissão: (...) f) os portos marítimos, fluviais e lacustres.” Completando

no seu art. 22: “Compete privativamente à União legislar sobre: (...) X – regime dos

portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial.”

Em seguida, no Capítulo II, que trata das instalações portuárias, indica as

modalidades de exploração. Assim, no art. 4o: “Fica assegurado ao interessado o

direito de construir, reformar, ampliar, melhorar, arrendar e explorar instalação

portuária, dependendo:

I – de contrato de arrendamento, celebrado com a União no caso de

exploração direta, ou com sua concessionária, sempre através de licitação, quando

localizada dentro dos limites da área do porto organizado;

II – de autorização do ministério competente, quando se tratar de terminal de

uso privativo, desde que fora da área do porto organizado, ou quando o interessado for

titular de domínio útil do terreno, mesmo que situado dentro da área do porto

organizado.

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§ 2o A exploração da instalação portuária de que trata este artigo far-se-á sob

uma das seguintes modalidades:

I – uso público

II – uso privativo

a) exclusivo, para movimentação de carga própria;

b) misto, para movimentação de carga própria e de terceiros;

c) turismo; (Instituída pela Lei no 11.314/2006.)

d) Estação de Transbordo de Cargas. (Incluído pela Lei no 11.518/2007.)

§ 3o A exploração de instalação portuária de uso público fica restrita à área do

porto organizado.

§ 4o São cláusulas essenciais no contrato a que se refere o inciso I do caput

deste artigo, os relativos:

(...)

XI – ao início, término e, se for o caso, às condições de prorrogação do

contrato, que poderá ser feita uma única vez, por prazo igual ao originalmente

contratado, desde que prevista no edital de licitação e que o prazo total, incluído o da

prorrogação, não exceda a cinqüenta anos; (...)”

Em 1996, a lei de delegações, Lei no 9.277, de 10 de maio 1996, que “Autoriza

a União a delegar aos municípios, estados da Federação e ao Distrito Federal a

administração e exploração de rodovias e portos federais”, ampliou as modalidades de

exploração de portos públicos, permitindo sua transferência para Estados e Municípios.

Em resumo, a exploração de portos no Brasil pode ocorrer nas seguintes formas:

• Exploração direta da União

- através de autarquias federais

- através de empresas públicas e/ou sociedades de economia mista

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• Exploração indireta da União

- concessão de portos públicos a entidades públicas e privadas

(licitação)

- delegação de portos públicos a Estados e Municípios (convênio)

- autorização de terminais de uso privativo a entidades públicas e

privadas

Nesse contexto, o fundamento da exploração portuária considera:

• Como um dos objetivos dos portos o desenvolvimento econômico e social da

região de influência;

• Outorga para exploração de portos mediante compromissos de investir em

infra-estrutura;

• Investimentos portuários com recursos da União serão exclusivamente em

construção, ampliação, melhoramento e restauração de instalações;

• Manutenção de instalações portuárias, inclusive dragagem, será sempre de

responsabilidade da entidade exploradora do porto;

• Arrecadação tarifária de modo a garantir recursos para reposição dos recursos

operacionais utilizados;

• Ampliação e capacitação da oferta serão promovidas primeiramente pela

melhoria das instalações operacionais e do aparelhamento portuário;

• Capacitação da oferta deverá ter sempre a contribuição dos terminais

especializados em áreas arrendadas e dos terminais de uso privativo;

• Operação portuária será efetuada, exclusivamente, através dos Operadores

Portuários privados;

• Prática de livre mercado na prestação de serviços portuários;

• Planejamento portuário permanente e participativo;

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• Elaboração e adoção de logística e marketing da exploração portuária;

• Atração e estímulo à iniciativa privada para investimentos portuários.

Ressalta-se que, dado o antagonismo da necessidade de preservação do

equilíbrio econômico-financeiro do negócio explorado, e, da parte do usuário do serviço

prestado, a observação da modicidade da tarifa cobrada nessa exploração, é

importante o contrato regulatório como instrumento que irá reger, por todo o período de

outorga, as relações entre o poder outorgante e a entidade outorgada, constituindo o

marco de transição entre a prestação de um serviço de interesse público e, como tal,

regido por instituições de direito público e a respectiva exploração, no caso viabilizado

sob a ótica do direito privado.

Com relação aos terminais de uso privativo, se operado nas dependências do

porto organizado, seu funcionamento fica sujeito aos artigos da Lei no 8.630. Quando

da instalação de novos terminais, cabe o atendimento à Resolução no 517 de 2005, da

ANTAQ, que estabelece a “Norma para outorga de autorização para a construção, a

exploração e a ampliação de terminal portuário de uso privativo”.

Contudo, essa resolução passa a depender, para a sua condição normativa,

dos resultados a serem alcançados pela publicação do Plano Geral de Outorgas. O

Decreto no 6.620, de 2008, no seu Capítulo V (Do Plano Geral de Outorgas),

estabelece: “Art. 44. O plano geral de outorgas será elaborado pela ANTAQ e aprovado

pela Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, obedecendo às

seguintes diretrizes e políticas:

I – otimização da estrutura portuária nacional, com vistas à viabilização de

políticas de desenvolvimento, especialmente as de comércio exterior e industriais;

II – expansão da oferta de serviços portuários, baseada na eficiência de escala

da exploração das atividades e redução dos custos unitários;

III – atendimento à demanda por serviços portuários, inclusive a futura, em

conformidade com estudos econômicos que integrarão o plano geral de outorgas;

IV – adequada prestação dos serviços portuários, segundo os parâmetros

normativos e regulatórios;

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V – integração entre os distintos modais, priorizando o transporte marítimo,

quando possível; e

VI – expansão e ampliação das instalações portuárias existentes e a

localização dos novos portos, tendo em vista a eficiência econômica.

Art. 45. O plano geral de outorgas será revisto a cada dois anos.”

A obrigação de elaboração e publicação desse PGO havia sido definida no art.

27, inciso III, alíneas a e b, da Lei no 10.233, de 5 de junho de 2001, segundo o qual

cabe à ANTAQ: “propor ao Ministério dos Transportes o plano geral de outorgas de

exploração da infra-estrutura aquaviária e portuária fluvial e lacustre, excluídos os

portos outorgados às companhias docas, e de prestação de serviços de transporte

aquaviário; à Secretaria Especial de Portos da Presidência da República o plano geral

de outorgas de exploração da infra-estrutura e da superestrutura dos portos e terminais

portuários marítimos, bem como dos outorgados às companhias docas; (Incluído pela

Lei no 11.518, de 2007)”, que foi também considerado no Decreto no 4.391, de 26 de

setembro de 2002, quando define no seu art. 2o, § 1o: “O Programa Nacional de

Arrendamento de Áreas e Instalações Portuárias (instituído por esse Decreto) integrará

o Plano de Outorgas de Exploração de Infra-estrutura Aquaviária e Portuária e de

Prestação e Serviços de Transporte Aquaviário, a ser apresentado ao Ministério dos

Transportes pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ.” E no seu §

2o fica definido que: “A autoridade portuária elaborará a proposta de Programa de

Arrendamento do porto organizado respectivo e o submeterá à Agência Nacional de

Transportes Aquaviários – ANTAQ, para análise, consolidação e integração ao Plano

Geral de Outorgas de que trata o § 1o deste artigo.”

O Decreto no 6.620, de 2008, definiu, como descrito anteriormente, que o PGO

determinasse as novas áreas marítimas para instalações portuárias, considerando

atendimento à demanda por serviços portuários, inclusive a futura, em conformidade

com estudos econômicos.

O arcabouço metodológico do PNLT, utilizado para tal tarefa, considerando

suas bases de dados georreferenciadas, atende, em certa medida, à definição da

demanda futura a ser considerada na identificação de potenciais áreas marítimas

(prioritárias) que busque a otimização e racionalização, dos meios de infra-estrutura

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existentes (oferta de transportes), demanda potencial (produção e consumo) e

condições naturais favoráveis existentes à navegação e conseqüente instalação

portuária.

Essa identificação considera como produtos agregados os seguintes:

• Granéis Sólidos Vegetais;

• Granéis Sólidos Minerais;

• Granéis Líquidos;

• Carga Geral Conteinerizada;

• Carga Geral Solta.

Desses, os graneis sólidos selecionados na análise são aqueles envolvidos

diretamente no comércio exterior.

Esse estudo, ao atender às questões descritas, tem como precedente uma

formulação de condicionantes que na prática remete a uma revisão da Resolução no

517, que depende, como premissa, das definições de diretrizes e metas para o sistema

portuário, sendo essas, na prática, a descrição de uma Política de Transportes para o

Setor. Segundo a ANTAQ, esta norma já se encontra em revisão para propiciar a

facilitação nos trâmites dos processos de outorga no âmbito da agência.

Assim, a interpretação dessa política passa tanto pela leitura do compêndio de

leis existentes e tratadas aqui em parte como pela proposição de “cenários” possíveis a

serem adotados para o sistema portuário brasileiro (público e privado, atual e futuro),

destacando-se a conseqüente necessidade dessa análise da composição de um novo

instrumento legal a ser publicado pela ANTAQ ou entidade governamental competente.

Para composição dessa minuta de “lei” nos moldes das considerações citadas,

cabe descrever as considerações de configuração do sistema portuário atual e as

reflexões para um sistema futuro.

Encerrados os momentos de descompassos com a promulgação da nova lei

dos portos em 1993, a presença do Estado nas operações portuárias foi

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paulatinamente sendo reduzida, após manifestação do Ministério dos Transportes1

quando determinou às suas entidades exploradoras o total afastamento da prestação

de serviços, transferindo-os à responsabilidade da iniciativa privada. Entretanto, o

Governo Federal permaneceu atuante na formulação da política, na jurisprudência e no

provimento da infra-estrutura portuária. Hoje, essa atuação é incumbência da recém-

criada Secretaria Especial de Portos, à qual compete “assessorar direta e

indiretamente a Presidência da República na formulação de políticas e diretrizes para o

desenvolvimento e o fomento do setor de portos marítimos e, especialmente, promover

a execução e a avaliação de medidas, programas e projetos de apoio ao

desenvolvimento da infra-estrutura portuária marítima e dos portos outorgados às

companhias docas”.2

A nova fase é representada por uma retomada dos espaços perdidos na época

anterior à nova lei dos portos nas atividades de movimentação de cargas,

configurando-se em uma ampliação da participação dos portos públicos em relação aos

terminais de uso privativo, os denominados TUP. Certamente, a principal razão desse

aumento deve-se à transferência da prestação dos serviços portuários nos cais

públicos para os operadores privados (Operadores Portuários) e aos arrendamentos de

áreas e instalações portuárias à iniciativa privada (Arrendatários), para o exercício das

atividades operacionais dentro da área dos portos organizados.

Promovidas e consolidadas as principais alterações legais no ambiente

portuário que permitiram novas incursões da iniciativa privada na exploração dos

serviços portuários, maior autonomia das Administrações Portuárias, respaldada na

atuação participativa e solidária dos Conselhos de Autoridade Portuária, imagina-se

que, futuramente, pelo menos por meio século, os instrumentos legais deverão

preservar e assegurar esse cenário.

Assim, para os próximos anos, considera-se que o “cenário institucional”

deverá continuar bastante favorável às ações legais de gerenciamento colegiado e

participativo, com ampliação dos serviços privados. Não se vislumbra, portanto,

qualquer expectativa de retrocesso na jurisprudência dos portos, por um longo período.

1 Portaria MT no 430 (28.7.1994) e no 497 (30.8.1994). 2 MP no 369 (7.5.2007) – Lei no 11.518 (5.9.2007).

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De acordo com os resultados apresentados, como a ampliação da participação

dos Portos de Uso Público e dos Terminais de Uso Privativo na movimentação de

cargas em todo o País, entre 1985 e 2005, pode-ver uma tendência de continuidade da

atuação dos Operadores Portuários privados e do sucesso dos Programas de

Arrendamento de áreas e instalações portuárias.

O cenário operacional, dentro do atual quadro institucional, certamente

ampliará a eficiência dos portos brasileiros, sempre calcada na flexibilidade das

atividades portuárias exercidas pelo setor privado nos portos públicos e nos Terminais

de Uso Privativo.

De acordo com estudos do BNDES, o cenário de mercado para o setor é de

expansão nos próximos anos, devido principalmente:

• Ao crescimento do setor agropecuário;

• Ao crescimento do setor de extrativismo;

• Ao crescimento do setor de petróleo e derivados;

• Ao crescimento das exportações (conquista de novos mercados);

• À redução ou eliminação das restrições às importações;

• Ao crescimento moderado das importações;

• Ao crescimento do setor de serviços e de armazenamento;

• Ao aumento dos níveis de investimentos produtivos;

• À ampliação do uso de novas tecnologias de transportes e comunicações;

• À estabilização da globalização do comércio e dos negócios.

Como resultado dessas tendências, espera-se que surja no setor dos

transportes, especialmente no aquaviário, um planejamento com nova visão para a

exploração e gestão dos portos, naturalmente consolidada dentro daquele cenário de

comportamento expansivo nos próximos anos. Caso se concretize esse cenário

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desejado para a economia como um todo e também mantida a atual política do

Governo Federal, admitem-se:

• Crescimento dos transportes aquaviários a taxas próximas às do PIB;

• Conquista de novos mercados com ampliação do comércio exterior através dos

portos marítimos;

• Movimentação crescente dos insumos e produtos regionais;

• Ampliação dos negócios e das redes de distribuição;

• Movimentação crescente dos produtos energéticos renováveis, em face das

expectativas de expansão da produção de álcool e de biodiesel;

• Movimentação crescente de grãos agrícolas para o abastecimento interno e

para o mercado externo;

• Modernização do mercado de automotores para o transporte e da unitização de

cargas, preferencialmente em contêineres;

• Manutenção da prestação dos serviços portuários a cargo dos operadores

privados;

• Ampliação do programa de arrendamento de áreas e instalações nos portos;

• Ampliação do atendimento às manifestações de construção de terminais de uso

privativo.

Esses cenários permitem que se proponham para o setor algumas medidas

com caráter de Política de Transportes. A política do Governo Federal tem como ponto

fundamental a exploração e a gestão dos portos, subordinadas ao sucesso de sua

permanente atuação nas seguintes atividades desenvolvidas nos portos públicos:

• Elaboração dos regulamentos de exploração dos portos, da estrutura

organizacional, dos planos de desenvolvimento portuário, do planejamento

gerencial e operacional, da administração do patrimônio público, dos

programas de investimentos e das alternativas de financiamento;

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• Ampliação dos investimentos portuários privados, através dos terminais de uso

privativo e das parcerias nos arrendamentos de áreas e instalações, inclusive

para revitalização de áreas portuárias não operacionais;

• Avaliação do desempenho gerencial e operacional dos portos, da atuação dos

prestadores de serviços portuários, da propriedade das tarifas, dos serviços de

dragagem, da defesa da concorrência, do uso e treinamento da mão-de-obra e

da atuação dos agentes de autoridade pública;

• Proteção e segurança nos portos públicos e do meio ambiente na área dos

portos organizados.

3.4 METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO DE NOVAS ÁREAS DE OUTORGA

Segundo Borgo Filho (2008), a escolha de um bom local é o ponto de partida

para garantir o bom funcionamento de uma instalação portuária. Salvo necessidades

específicas que comandem a determinação de uma localização, devem ser

apresentadas várias alternativas a fim de se determinar o local mais adequado.

As principais condições e fatores que devem ser considerados na escolha de

um local para um porto são:

a) Acesso – não deve apresentar obstáculos à navegação, quaisquer que sejam

as condições atmosféricas, e deve também estar ligado à sua área de

influência por rodovias, ferrovias, dutovias ou hidrovias que permitam o

escoamento fácil das mercadorias de ou para o porto;

b) Abrigo – pode ser natural ou construído artificialmente por obras de engenharia,

sendo capaz de impedir a propagação das ondas para o interior do

ancoradouro, permitindo as manobras dos navios e embarcações auxiliares,

bem como dando proteção para as embarcações atracadas e em operação;

c) Profundidade e amplidão – devem ser compatíveis com a evolução do tamanho

dos navios e com o número de navios previstos para a operação;

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d) Retroárea – deve ser suficiente para garantir as facilidades portuárias

adequadas a uma operação eficiente e sem pontos de estrangulamento, além

de permitir a expansão futura do complexo portuário;

e) Condições de fundo – que garantam fundações econômicas e seguras para as

diversas obras e não gerem empecilhos para as dragagens necessárias ao

aprofundamento do canal de acesso e da bacia de evolução.

Essas condições nem sempre poderão ser atendidas em sua plenitude,

devendo-se optar pelo local em que predominem uma ou mais condições mais

favoráveis a cada caso. No caso de as condições se igualarem em importância,

normalmente a profundidade será o fator determinante, mas é necessário estudar cada

caso em particular, pois existe uma infinidade de combinações de situações possíveis.

Após realizada a escolha dos pontos de costa mais prováveis para a

localização do porto, é necessário levantamento dos dados técnicos disponíveis e a

realização de estudos preliminares, como levantamento aerofotogramétrico, cartas

náuticas, dados metereológicos, dados sobre ondas e marés, levantamentos

topográficos, sondagens preliminares, levantamento batimétrico e diagnóstico

ambiental.

Com os dados e levantamentos preliminares, é possível determinar os layouts

possíveis e então estimar o custo para as alternativas. Examinados os anteprojetos,

devem ser realizados estudos aprofundados das condições da(s) alternativa(s)

escolhida(s) para que se possa determinar a viabilidade técnica, econômica e

ambiental do projeto. Esses estudos devem abranger: levantamentos hidrográfico e

topográfico, estudos geotécnicos, das correntes e marés, de propagação de ondas,

modelagem matemática, impacto ambiental e, se necessário, em laboratório, modelos

de simulação em maquetes reduzidas.

Durante ou após a realização desses estudos, algumas alternativas podem ser

inviabilizadas e outras viabilizadas. Ressalta-se que a capacidade e experiência do

especialista são de grande importância na escolha da alternativa, visto que os estudos

necessários para o desenvolvimento do projeto definitivo são de alto custo e

demandam tempo para sua execução.

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Baseado nas condições mínimas necessárias para determinação da área de

instalação de um novo porto ou da expansão de um porto existente, foram elencados

critérios técnico-científicos para orientar a identificação de áreas com potencial para

desenvolvimento de atividade portuária.

As áreas definidas constituem subsídios para a formulação de um

planejamento estratégico indicativo e, portanto, não devem ser consideradas como

áreas únicas e definitivas, devendo ser objeto de análises mais aprofundadas quando

da necessidade efetiva de instalação de uma nova unidade portuária.

3.4.1 Procedimentos Técnico-científicos para Identificação de Novas Áreas de

Interesse Portuário

Sabendo-se que a escolha de uma área para instalação de um novo porto

precede de uma série de estudos detalhados, principalmente sobre as condicionantes

marítimas e terrestres, além das considerações legais, o presente estudo apresenta

critérios mínimos para identificação de áreas indicativas destinadas a instalações

portuárias.

1. Critérios básicos para a definição de áreas prioritárias

Para a definição das áreas prioritárias de implantação de infra-estrutura

portuária serão considerados, em uma primeira fase, critérios técnicos de natureza

física e geográfica, configurando-se como um primeiro filtro para a listagem final. São

eles:

a) Profundidades mínimas

Sabe-se que instalações portuárias de movimentação de contêineres e carga

geral devem ter profundidade mínima de 15 m próxima à linha da costa. Já em

instalações para movimentação de granéis, sejam eles minérios, grãos agrícolas ou

granéis líquidos, a profundidade requerida é de pelo menos 18 m, podendo, nesses

casos, ser admitidas estruturas off-shore, caso essa profundidade seja encontrada

longe da costa.

A partir do conhecimento das diferenças que surgem em função dos distintos

projetos, deve ser definida uma profundidade mínima para a indicação de áreas, de

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forma a minimizar custos de aprofundamento para construção de infra-estrutura

portuária. Assim, serão consideradas áreas que, embora não tenham as profundidades

mínimas estabelecidas para projetos específicos, tenham condições favoráveis para a

execução de dragagem de aprofundamento.

b) Infra-estrutura de acessos terrestres/hidroviária adequada (existente ou

projetada)

A área indicada deverá ser acessada ou estar próxima de uma malha

rodoviária, ferroviária e hidroviária já implantada ou projetada com as condições

suficientes para o escoamento das cargas a serem movimentadas nas instalações

portuárias a serem implantadas.

2. Localização em áreas sem interferência urbana

As áreas indicadas deverão estar livres de interferência urbana, tanto no que

se refere à retroárea futura como a seus acessos, ou onde essa interferência, caso

exista, possa ser minimizada.

3. Localização fora de áreas protegidas pela legislação ambiental

Não poderá ser implantada infra-estrutura portuária em áreas protegidas pela

legislação ambiental, tais como unidades de conservação, unidades de preservação,

terras indígenas, quilombolas, etc.

4. Localização fora de área de interesse para expansão dos portos públicos

existentes

Novas instalações portuárias não deverão ser estabelecidas em áreas

reservadas para expansão dos portos públicos atuais.

5. Critérios secundários para definição de áreas prioritárias

Após a primeira fase, em que, por meio da aplicação dos critérios básicos, é

elaborada a lista de áreas prioritárias para implantação de infra-estrutura portuária,

deve-se iniciar, em uma segunda fase, a aplicação dos critérios secundários. São eles:

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a) Disponibilidade de retroárea

As áreas indicadas deverão possuir as condições topográficas necessárias

para garantir em sua retroárea disponibilidade de espaço suficiente para as atividades

de armazenagem, movimentação de carga e outras necessárias à sua destinação.

Caso haja restrições, poderão ser consideradas as áreas em que, aparentemente, os

entraves possam ser facilmente minimizados. Essa disponibilidade está associada ao

uso comercial do solo estabelecido nos planos municipais.

b) Condições hidrológicas e climáticas adequadas (correntes, ventos,

assoreamento)

Os locais indicados poderão ter a profundidade mínima desejada, mas poderão

apresentar problemas de correntes, ventos e assoreamento que inviabilizem sua

escolha, a não ser que essas condições adversas possam ser minimizadas.

c) Possibilidade de implantação de plataforma logística na área indicada

Será considerada a possibilidade de a área indicada se localizar ou propiciar a

futura localização de uma plataforma logística agregada à atividade portuária, levando

em conta a malha viária existente ou projetada e a proximidade ou fácil acesso a

centros de produção e consumo.

Neste estudo foram tratados os critérios básicos para definição de áreas

prioritárias. Os critérios secundários, devido ao escopo limitado pelo tempo de

execução, devem ser objeto de novos estudos, mais específicos e detalhados, que

permitam verificar quais as áreas mais propícias dentre aquelas indicadas.

A partir do estudo dos critérios básicos, foi possível estabelecer um

procedimento para a indicação das áreas prioritárias. A primeira etapa busca a

identificação nas cartas náuticas, na costa referente a cada vetor logístico e na bacia

amazônica, dos locais que atendem ao primeiro critério básico (profundidades mínimas

de acordo com a carga esperada).

Com as informações coletadas, serão pesquisadas nas cartas náuticas, na

costa correspondente a cada vetor logístico e na bacia amazônica as localidades que

possuam profundidade mínima compatível com a destinação das instalações.

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Na segunda etapa são verificadas as áreas protegidas pela legislação

ambiental federal, estadual e municipal (unidades de conservação, unidades de

preservação, terras indígenas, quilombolas, etc.).

Na terceira etapa são preliminarmente estabelecidas áreas com vocação

logística natural para implantação de portos ou expansão dos portos públicos

existentes, em que estará vedada a localização de novas áreas prioritárias para infra-

estruturas portuárias.

A quarta etapa é a identificação e volumes das principais cargas atuais e

projetadas a serem escoadas por cada vetor logístico. Nessa etapa são identificadas as

principais cargas escoadas (atuais e projetadas), reunidas em contêineres, granéis

agrícolas, minérios, carga geral (neogranéis) e granéis líquidos, com os respectivos

volumes e projeções. Assim, determinam-se os tipos de instalações portuárias

necessárias em cada vetor logístico.

A identificação da malha de transporte terrestre/hidroviária (atual e projetada)

que atende aos locais listados se constitui em uma quinta etapa, na qual é identificada

a malha rodoviária, ferroviária e hidroviária já implantada ou projetada, que atende ou

está próxima das áreas já indicadas na etapa anterior, detalhando suas características,

como número de vias, capacidade, nível de serviço, etc., para verificação das

condições de acesso, atuais e futuras, que viabilizem a sua indicação.

Será verificado, na sexta etapa, se as áreas selecionadas sofrem interferência

urbana, tanto em seus acessos como na retroárea correspondente. Nos casos em que

a interferência urbana seja detectada, será levada em conta a possibilidade de

minimizar seus efeitos, através de desapropriações ou outro procedimento, viabilizando

a área para a implantação de infra-estrutura portuária.

A partir da sétima etapa são realizados os ajustes finais, o mapeamento e a

listagem das áreas prioritárias identificadas, discriminando suas características físicas,

geográficas, tipo, destinação e acessos existentes e a avaliação dos ganhos

socioeconômicos da implantação de instalações portuárias nas áreas indicadas.

Essas áreas devem ser avaliadas em conjunto com as áreas portuárias

existentes quando da avaliação de necessidades de expansão ou atendimento a

demandas específicas.

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O próximo passo seria um estudo mais aprofundado das áreas para o

atendimento dos critérios secundários. Após, definidas as áreas de maior interesse,

recomenda-se a indicação de reserva de áreas de expansão dos portos públicos

atuais. A indicação e a demarcação dessas áreas de expansão serão feitas caso a

caso, levando em conta a importância estratégica do porto, as condições de sua

localização em termos de disponibilidade de espaço e de necessidades de preservação

ambiental de seu entorno, além das condições de infra-estrutura de acessos.

3.4.2 Detalhamento das Características Físicas da Costa

A base de dados portuária foi criada a partir das informações do Ministério dos

Transportes, Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, Diretoria de

Hidrografia e Navegação – DHN e Instituto Nacional de Pesquisas Hidráulicas – INPH.

Sabe-se que, para o estudo de obras portuárias, são necessários, dentre

outros, dados de batimetria, que revelam as variações de profundidade existentes na

costa marítima.

Para a instalação iminente de um porto, devem ser seguidas normas técnicas

que definam a profundidade compatível com o calado máximo do navio, para cada tipo

de produto, de acordo com a função do porto (ABNT, 1993). Um navio porta-

contêineres, por exemplo, com capacidade de 6 mil TEUS, demanda uma profundidade

de aproximadamente 14 m.

Os portos brasileiros, em sua maioria, possuem profundidade entre 6 m, para

carga geral, e 15 m, para contêiner e minérios. De forma a reduzir o custo inicial de

dragagem para a instalação de um novo porto, foi adotada a profundidade de 7 m como

a mínima aceitável para a seleção das áreas de outorga, podendo ser dragada

conforme sua finalidade.

Outro fator importante diz respeito à distância que um píer pode se estender

pelo mar. Em sua maioria, os portos brasileiros possuem píer de aproximadamente 1

km, com exceção para o Terminal Portuário de Pecém, com 2 km a partir da costa.

Nesse contexto, adotou-se como distância mínima para a seleção de profundidades

ideais o limite de afastamento da costa de 1 km.

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O levantamento das cotas batimétricas, realizado a partir de cartas náuticas de

toda a costa brasileira e da bacia amazônica, necessário para a primeira etapa da

seleção das áreas indicativas para a instalação de novos portos, foi obtido junto à

Divisão de Hidrografia da Marinha – DHN e ao Instituto Nacional de Pesquisas

Hidroviárias – INPH.

As cartas obtidas, em papel, foram digitalizadas e vetorizadas, tornando

possível a análise de informações de profundidade nas escalas referentes a cada carta.

Destaca-se que as cartas náuticas não apresentam uma padronização na estruturação

dos mapeamentos e respectivas escalas adotadas. Isso porque elas são elaboradas de

acordo com a necessidade do mapeamento.

O arquivo digital gerado, que reúne a batimetria disponível de toda a costa

marítima brasileira e da bacia amazônica, totalizou cerca de 60.000 pontos. Esta

informação possibilita uma primeira seleção das regiões da costa mais propícias para a

instalação de um porto com base na profundidade mínima.

Dessa forma, a base de dados georreferenciada gerada referente à batimetria

da costa é composta por: linhas batimétricas com espaçamento de 60 m a 100 m

originária do IBGE, e pontos batimétricos divididos em: profundidade de parte da bacia

amazônica, profundidade da costa brasileira – pontos próximos à costa, profundidade

da costa brasileira – pontos afastados da costa.

3.4.3 Análise da Interferência Ambiental

O segundo critério de análise trata da observação de áreas costeiras

selecionadas pelos critérios de batimetria, em face das áreas de proteção, ou Unidades

de Conservação – UC, de forma a evitar conflitos ambientais. Nesse sentido, foram

atualizadas as bases de UC federais e estaduais junto aos órgãos responsáveis para

inclusão neste trabalho.

As Unidades de Conservação estão divididas em duas categorias, as de Uso

Sustentável e as de Proteção Integral. Para este trabalho foram consideradas as duas

categorias, destacando-se que as áreas de uso sustentável, apesar de evitadas em

uma primeira análise, podem ser passíveis de reconsideração, visto que a própria

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categoria de unidade de conservação explicita a possibilidade de utilização, desde que

de forma sustentável.

As bases foram atualizadas com informações obtidas no Instituto Brasileiro de

Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, que disponibiliza

periodicamente em sua página na Internet novas áreas de Unidades de Conservação.

Além das UCs também foram consideradas e atualizadas as áreas de Terras Indígenas

a partir de informações da Fundação Nacional do Índio – FUNAI. Além destas, as áreas

onde existem recifes na costa marítima foram identificadas por informações do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Segundo a Resolução CONAMA no 013/1990, nas áreas que circundam as

Unidades de Conservação, dentro de um raio de 10 quilômetros, qualquer atividade

que possa afetar a biota deverá ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental

competente (MMA, 1990). Nesse sentido, para análise foi gerada uma zona de

amortecimento para cada Unidade de Conservação contida na base georreferenciada,

para evitar que haja conflito ambiental também nessas áreas.

3.4.4 Definição da Linha de Costa Projetada

A linha de costa projetada é uma linha imaginária traçada para análise das

possibilidades de áreas com navegação facilitada junto à costa brasileira.

Para definição da linha de costa, que orienta a determinação das áreas com

maior potencial para estudo de implantação de novos portos, foram utilizados os

critérios de profundidade, de não-sobreposição com unidades de conservação, de não

proximidade de recifes e de não-proximidade de portos existentes.

Assim, foi definida uma “linha de costa”, que liga todos os pontos de

profundidade mais próximos à costa brasileira, segundo as cartas náuticas vetorizadas,

onde, para cada segmento, foi criada uma codificação seguindo os padrões do Plano

Nacional de Viação – PNV do Departamento Nacional de Infra-estrutura de

Transportes, e identificados os parâmetros específicos relacionados aos critérios de

avaliação.

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Cada segmento da linha de costa proposta, com aproximadamente 2 km de

extensão, foi identificado de acordo com profundidade, localização e características

físicas específicas.

3.4.5 Geração de Áreas de Análise

Após a criação da linha de costa e caracterização de seus atributos, foram

identificados os conjuntos de segmento seqüenciais com características semelhantes e

que atendiam ou não aos critérios preestabelecidos. Os critérios de análise foram:

profundidade ideal mínima de 7 m, a pelo menos 1 km da costa; exclusão dos

segmentos em áreas de Unidades de Conservação; exclusão dos segmentos próximos

a recifes; exclusão, para fins de análise, de áreas com proximidade de 30 km a um

porto público; e distância mínima de 1 km da costa.

Primeiramente foi necessário criar uma zona de proximidade de 30 km para os

portos públicos, áreas com vocação logística para atividades portuárias, conforme

apresenta a Figura 1.

A partir das especificações e da geração das zonas de proximidade, foram

realizadas análises dos cruzamentos entre as informações da linha de costa projetada

e as bases de informações das unidades de conservação ambiental e recifes com as

zonas com vocação logística para atividade portuária.

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Figura 1 – Área com vocação logística natural para instalações portuárias, proximidade de 30 km com portos existentes.

A linha de costa final tem 2.833 segmentos na costa que representam áreas

impedidas ou não pelos critérios estabelecidos. Desses segmentos, 665 foram

considerados sem impedimentos, classificados como segmentos “sim”, e o restante,

em que pelo menos um dos critérios técnicos impeditivos foram observados,

classificado como “não”. A Figura 2 apresenta a linha de costa com segmentos

considerados viáveis (sim) e com impedimentos (não).

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Figura 2 – Linha de costa com áreas classificadas em “SIM” e “NÃO”, conforme características

físicas determinadas nos critérios de análise.

A Figura 3 apresenta um exemplo de uma área com impedimentos ambientais

e restrições de marítimas.

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Figura 3 – Área com impedimentos.

Para geração de polígonos de análise, foi estabelecido que os segmentos

selecionados como indicativos positivos fossem agrupados em áreas semelhantes e

visualizados como polígonos. Dessa forma, os 665 segmentos foram transformados em

19 áreas possíveis para futuras outorgas.

O procedimento de criação de polígonos de análise não evita que haja

segmentos de linha vermelha (indicativo de menor viabilidade de implantação portuária)

internos às áreas. Entretanto, quando essa ocorrência for eventual e com reduzida

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significância, não interfere na indicação daquele polígono como área potencial para

implantação de novas estruturas portuárias.

3.4.6 Avaliação das Características Terrestres Relevantes

Após a determinação das áreas com potencial para instalação de novos portos,

baseada nos critérios geográficos, as áreas selecionadas foram avaliadas quanto aos

acessos terrestres. Para tanto, foi utilizada a base georreferenciada da rede multimodal

do PNLT. Nessa rede é possível localizar as principais ofertas de infra-estrutura

existentes e projetadas.

Nessa análise, foi ainda considerada a existência de áreas urbanas com

grande densidade habitacional inseridas nos polígonos de análise. Após as análises

das informações de costa e continente relacionadas a cada um dos polígonos gerados,

foi gerado um mapa com as áreas selecionadas. A Figura 4 apresenta o mapa das

áreas selecionadas pelos critérios técnicos.

Algumas áreas geradas em uma primeira delimitação geográfica foram

excluídas da análise essencialmente por serem áreas com baixa ou nenhuma demanda

potencial para transporte de cargas, concorrentes a instalações atuais de portos

públicos, terem pouca ou nenhuma acessibilidade terrestre ou estarem inseridas em

contexto de forte interferência urbana, ou com risco de impacto ambiental significativo.

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Figura 4 – Áreas indicativas selecionadas para análise de implantação de novas instalações

portuárias.

3.5 ÁREAS DE EXPANSÃO ASSOCIADAS AOS PORTOS EXISTENTES

Nas áreas geográficas dos Municípios onde os portos públicos são localizados

(bem como nos Municípios limítrofes a esses, que possuem condições para instalação

de novos portos), encontram-se as áreas naturalmente candidatas à expansão de

novas instalações portuárias públicas ou privadas.

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Nessas regiões, a infra-estrutura terrestre de transportes, como os serviços

associados à navegação marítima, usualmente está relacionada à dinâmica de

movimentação dos portos e terminais existentes, sendo fator facilitador quando

considerado para os investimentos no setor.

Em outros termos, as áreas localizadas próximo aos portos existentes podem

ser classificadas como “porta de entrada” ou “gateway” logísticos que naturalmente são

tidos como as opções mais favoráveis para se aproveitar em todos os recursos físicos

e operacionais já implantados.

Nessas regiões, contudo, podem tornar-se mais rentáveis para os

investimentos quando ocorrem ora em áreas fora do porto organizado, que pela

proximidade utilizam-se de parte de suas instalações e/ou logística, ora nas áreas de

arrendamento desses, e que dependem, para a tomada de decisão, de questões e

variáveis que passam tanto pelo produto a ser transportado como pela permissão dos

planos diretores municipais e zoneamentos ecológicos existentes, além de outros.

De qualquer forma, são áreas de altíssimo potencial tanto para a expansão dos

portos existentes como para a instalação de novos portos e terminais, públicos ou

privados.

Qualquer tentativa de demarcação dos limites dessa região torna-se difícil de

ser definida, até porque varia de acordo com o porto e o tipo de região onde se localiza.

Fatores como adensamento urbano em torno da área do porto e do uso do solo

definido pelas legislações municipais são complexos, porque já possuem em sua

estrutura conceitual uma dinâmica histórica com a função do porto existente, sendo

preteridos em relação a novas questões sociais, podendo também ser prioritários para

a economia local.

As áreas dos portos públicos nem sempre se apresentam para arrendamentos

voltados aos interesses da navegação, podendo em alguns casos auferir-se lucro mais

rentável para a autoridade portuária pela diversificação do comércio do uso dessas

áreas ou pela sua utilização para atendimento às questões urbanísticas definidas pelos

Municípios. Contudo, outras áreas que estejam na influência dos eixos de acessos

terrestres ao porto existente, em alguns casos pelo uso dos canais marítimos desse

porto, além dos serviços portuários instalados, no entorno dos atuais portos públicos,

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são inevitavelmente consideradas áreas de expansão ou de instalação de novos

portos.

Nesse contexto, e pela análise geográfica de todos os portos existentes,

verificou-se que em torno de 30 km ao redor destes (área circular com o centro

localizado no porto existente) está a localização dos principais entroncamentos das

vias de transportes que servem de acesso ao porto e que também podem ser utilizadas

para novas instalações portuárias, além de outros fatores citados anteriormente.

Assim, foram consideradas como áreas para investimento em novos portos e

terminais as inseridas nesse perímetro. Para essas áreas, devido a um conjunto

complexo de variáveis determinantes consideradas pelos investidores do setor e pelas

atuais decisões de investimentos públicos nos portos, qualquer ponto da costa é

considerado como possível de ser outorgado, sendo, conseqüentemente, nas áreas do

porto organizado, aquelas definidas como expansão ou arrentadamentos segundo os

PDZs publicados.

O principal fator para essa definição é que em torno da extensão definida pode

ser garantida a aplicação do art. 44 do Capítulo V do Decreto no 6.620, de 29 de

outubro de 2008, onde se expressa: “I – otimização da estrutura portuária nacional,

com vistas à viabilização de políticas de desenvolvimento, especialmente as de

comércio exterior e industriais; II – expansão da oferta de serviços portuários, baseada

na eficiência de escala da exploração das atividades e redução dos custos unitários”.

Como fatores negativos, têm-se as questões da municipalidade, que legisla

sobre a própria atividade portuária e considera critérios tanto para a sua expansão

como para o surgimento de novas instalações: questões ambientais locais, e que

também estão relacionadas à legislação municipal; questões determinadas pelos

representantes da sociedade diretamente interessada no desenvolvimento do porto

instalado e em sua expansão ou na instalação de novos portos e/ou terminais.

Para a aprovação de outorga a terminais privativos, nesse caso, devem ser

seguidas todas as premissas da Resolução no 517, de 18 de outubro de 2005, da

ANTAQ (“Aprova a norma para outorga de autorização para a construção, a exploração

e a ampliação de terminal portuário de uso privativo”), incluindo-se, como exigências

adicionais, a definição de estudos sobre o impacto do projeto no nível de serviço das

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vias de acesso (rodovias, ferrovias e hidrovias), além da caracterização do mercado

(de produtos) a que está atendendo.

Fica estabelecido que nesse contexto a ANTAQ poderá solicitar, ainda, a

definição de projeto para solução de acesso ao porto e/ou terminal, caso considere que

a demanda do projeto venha a influenciar negativamente a vida social da população

afetada pelo movimento de mercadorias associado ao projeto portuário como o Nível

de Serviço da via, principalmente no caso de rodovias e vias locais em que a circulação

de veículos de passeio seja predominante.

Assim, para todos os portos essas áreas estão à disposição para estudos mais

aprofundados e que devem ser executados pelos interessados, tanto público quanto

privado, sendo o investimento privado obrigado a ser submetido para análise da

ANTAQ e da SEP.

Na Figura 5 podem-se observar as áreas com vocação logística para atividades

portuárias e as novas áreas indicativas para instalações portuárias.

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Figura 5 – Áreas com vocação logística para atividades portuárias e novas áreas para instalações

portuárias.

3.6 MODELAGEM DE TRANSPORTES PARA DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE

IMPLANTAÇÃO DE PORTOS OU TERMINAIS

Este subcapítulo trata da estimativa de demandas potenciais para portos com

possibilidades de implantação em áreas pré-selecionadas. O zoneamento das áreas

potenciais para a autorização de implantação dos portos foi estabelecido com base nos

critérios técnicos e ambientais já descritos.

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Para o dimensionamento da demanda potencial, foi utilizado modelo de

planejamento de transporte regional, também conhecido como modelo de quatro

etapas.

3.6.1 Modelagem da Demanda

Ao longo dos últimos 40 anos desenvolveu-se e consolidou-se uma

metodologia para realizar a modelagem da demanda por transportes, bem como da

oferta representada por sistemas de transportes. Naturalmente, durante esse período,

melhoramentos conceituais foram introduzidos em diversas etapas desse processo

metodológico. No entanto, a estrutura básica adotada no tratamento do problema foi

mantida, incorporando os aprimoramentos que se disseminaram através de aplicações

práticas.

O processo de modelagem da demanda, em geral, é tratado em quatro etapas

distintas:

• Geração de viagens ou da demanda;

• Distribuição de viagens ou da demanda;

• Divisão ou escolha modal;

• Alocação das viagens às redes de transportes.

Anteriormente a essas quatro etapas, devem ser definidos a área de influência

de estudo, seu zoneamento e a preparação da rede de transportes, que representa a

infra-estrutura existente e os projetos em desenvolvimento.

Essa etapa de preparação da modelagem é descrita nos itens a seguir.

Posteriormente, são descritos os métodos utilizados em cada uma das quatro etapas

convencionais do modelo aplicado ao estudo de transporte regional de carga.

3.6.1.1 Definição da Área de Influência do Estudo e Seu Zoneamento

A quantidade de pontos individuais de geração de demanda por transportes na

área de estudo é imensa, o que torna necessário agregar essa demanda em zonas de

transporte, de modo a garantir uma representatividade nos fluxos de mercadorias. Essa

divisão da área de estudo deve ser feita em zonas geográficas “homogêneas”.

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Essas zonas representam agregações espaciais das múltiplas origens e

destinos individuais de cada deslocamento realizado no sistema de transportes.

Em função da precisão necessária ao representar adequadamente as

interações importantes e para se obterem resultados com a qualidade pretendida, em

cada parte do estudo, algumas regiões sofrem uma agregação maior ou menor.

As zonas de transporte constituem as menores unidades espaciais para fins de

planejamento regional de transportes. Em função dessas zonas, são feitas as

simulações dos carregamentos dos fluxos de cargas nos diversos segmentos do

sistema de transportes em análise.

Cabe mencionar que a representação da demanda é feita através de matrizes

que contêm alguma medida da intensidade da demanda por deslocamentos entre

zonas de transporte, as quais são representadas individualmente nos modelos de

simulação por pontos denominados centróides.

Em se tratando de planejamento regional – como é o caso do presente estudo

–, admite-se como suficiente considerar que as menores unidades de divisão da área

de estudo para fins de levantamentos estatísticos sejam os Municípios, uma vez que os

dados socioeconômicos, em nível regional, são consolidados utilizando-se essa

unidade espacial.

Devido à abrangência nacional do estudo, as mínimas unidades de

zoneamento de transporte adotadas foram as microrregiões homogêneas do IBGE,

mantendo-se os critérios utilizados no Plano Nacional de Logística de Transportes –

PNLT.

É também considerado como zona de transporte cada um dos portos que

possuem importância como pólos geradores de viagens de produtos relevantes.

O detalhamento do zoneamento proposto pode ser visto na Figura 6.

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Figura 6 – Zoneamento proposto para o estudo.

3.6.1.2 Representação da Oferta de Transporte

A oferta de transporte é caracterizada quanto à sua localização, aspectos

físicos, funcionais, de regulamentação e de transporte. Os diferentes sistemas de

transporte são representados por meio de redes matemáticas de simulação.

Essas redes constituem conjuntos de ligações e nós, que incorporam

características dos sistemas de transporte. Cada ligação corresponde a um trecho da

rede de transportes existente, projetada ou concebida. Assim, para descrever uma

malha viária urbana, uma ligação pode corresponder a um trecho de via entre

interseções importantes, as quais representarão nós da rede viária. No caso de uma

rede rodoviária regional, os nós serão os principais pontos de acesso a cada rodovia

representada na rede, com ligações conectando esses nós.

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Na montagem de uma rede que represente um sistema de transporte regional

ferroviário ou hidroviário, cada ligação (link) conecta estações ferroviárias ou portos

importantes. Na verdade, as próprias estações, portos ou eclusas podem ser

representados como ligações da rede, uma vez que “utilizá-las” implica dispêndio de

tempo e/ou dinheiro.

Para descrever a rede de transportes, cada ligação contém informações como

tipo da infra-estrutura, comprimento, velocidade ou tempo de percurso, custos,

capacidade, tipo de terreno, qualidade do pavimento, etc.

Centróides são nós com características especiais que designam as diferentes

zonas de transporte da área de estudo. Toda a demanda por transporte de cada zona

(por tipo de fluxo, modo, período, etc.) é considerada como originada ou destinada ao

centróide que a representa. Através de ligações de acesso, cada centróide conecta-se

à rede de transportes, por onde flui a demanda.

O modelo utilizado adota uma estrutura não convencional para representar a

oferta de transporte. Os procedimentos tradicionais adotam estruturas rígidas,

separadas por modos, em que a integração entre eles não pode ser tratada de forma

simples.

A rede de transportes do modelo é única e verdadeiramente multimodal. Este é

um aspecto particularmente importante tanto no transporte urbano, à medida que os

sistemas crescem e se integram, quanto no transporte regional, em que a combinação

entre modos é essencial.

Para representar a oferta de transporte de forma flexível, compatível com a

idéia de uma rede multimodal, o MANTRA utiliza três conceitos:

• Tipo de ligação;

• Modo físico;

• Modo de usuário.

Cada ligação correspondente a um trecho da rede de transportes é

caracterizada pelo seu tipo, que a relaciona com os possíveis modos de transporte que

podem utilizá-la. Em uma rede urbana, podem ser consideradas, por exemplo: ligações

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rodoviárias com ônibus em tráfego misto, rodoviárias com faixa exclusiva para ônibus,

rodoviárias só para ônibus, ferroviárias, hidroviárias, portuárias, etc. Em uma rede

regional, podem-se distinguir rodovias de diferentes padrões (projeto, qualidade do

pavimento – bom/regular/ruim, tipo de terreno onde está implantada –

plano/ondulado/montanhoso) ou trechos ferroviários com operação distinta (bitolas

diferentes, tráfego pesado).

O modelo permite a consideração de diversos modos físicos de transporte.

Cada modo físico utiliza um determinado tipo de infra-estrutura (correspondente a um

subconjunto de tipos de ligações), um determinado tipo de veículo de transporte e

apresenta uma determinada estrutura de custos e tarifas. O desempenho e outras

características de um mesmo modo físico podem ser diferentes, dependendo do tipo de

ligação. Assim, por exemplo, um ônibus trafega em maior velocidade em uma via com

faixa exclusiva do que em outra de tráfego misto.

Para cada tipo de fluxo que pode utilizar um dado modo físico é possível definir

uma estrutura tarifária. Por exemplo, o transporte de minérios pode ter tarifa

diferenciada dos granéis leves na ferrovia, ou ainda, os passageiros de baixa renda

podem pagar menos pelo serviço de ônibus que os de maior renda. É evidente que tal

diferenciação exige que a projeção da demanda seja feita com esse tipo de

desagregação no que se refere aos tipos de fluxo.

Os custos operacionais de transporte relativos a um modo físico são calculados

de acordo com um procedimento indicado nos arquivos de dados do modelo. Deve-se

salientar que a cada modo físico de transporte está, em princípio, associado um

operador do sistema de transportes, cujos resultados podem ser individualizados no

procedimento de avaliação.

Uma vez definidos, os modos físicos podem ser combinados de tal forma a

representar as diversas alternativas modais que podem ser escolhidas pelo usuário. Os

modos de usuário devem indicar as reais possibilidades de intermodalidade existentes

na área de estudo. As combinações de modos físicos consideradas são denominadas

modos de usuário. Estes são usados como base para o procedimento de divisão modal

do MANTRA.

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No transporte regional, os modos de usuário permitem combinar a ferrovia com

acesso rodoviário ou a hidrovia com acesso rodoviário, ferroviário, ou outra

combinação possível.

Essa atividade é desenvolvida a partir da coleta e tabulação de dados

secundários sobre o sistema de transportes, seja ele estadual ou federal.

As principais fontes de dados são os órgãos governamentais e empresas

concessionárias, tais como:

• Ministério dos Transportes;

• DNIT;

• Secretarias Estaduais de Transportes;

• Departamentos de Estradas de Rodagens;

• Desenvolvimento Rodoviário S.A. – DERSA;

• Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT;

• Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ;

• Concessionárias Rodoviárias e Ferroviárias.

Na montagem da rede de simulação para este estudo foram também utilizados

dados de fontes não responsáveis pela oferta de transporte, tais como:

• Associação Brasileira de Concessionárias Rodoviárias – ABCR;

• Confederação Nacional do Transporte – CNT;

• Sindicato dos Transportadores Rodoviários;

• Sistema de Fretes Agrícolas – SIFRECA.

A Figura 7 apresenta a rede multimodal de transportes preparada para as

simulações de fluxos de transportes.

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Figura 7 – Rede multimodal do estudo.

A Figura 8 mostra os principais terminais de carga incluídos na rede de

simulação.

A cada ligação da rede de simulação são associados os atributos que permitem

sua caracterização, tais como extensões, tempos ou velocidades, custos e

capacidades.

No caso do sistema rodoviário, as capacidades são definidas em função do

número de faixas. Os custos operacionais são calculados utilizando-se a ferramenta

VOC – “Vehicle Operation Costs” –, que permite a determinação das componentes

fixas e variáveis dos custos operacionais em função das características médias dos

veículos e das características físicas e operacionais das rodovias (como o relevo, a

condição do pavimento e o número de faixas na via). As velocidades são determinadas

para cada ligação rodoviária em função dos limites permitidos, os quais são ajustados

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pelo próprio modelo de simulação, à medida que os fluxos observados aumentam,

gerando impactos sobre a circulação rodoviária.

Figura 8 – Principais terminais de carga considerados no estudo.

No que se refere ao transporte ferroviário, os dados operacionais utilizados

como atributos dos sistemas foram obtidos de forma secundária. Para fins de análise

global, foram adotadas velocidades médias, considerando-se ambos os sentidos de

deslocamento das linhas, enquanto as tarifas foram obtidas a partir das estatísticas

disponibilizadas pela ANTT.

A determinação dos fretes referentes a cada um dos outros modos de

transporte se baseou em dados obtidos de diversas fontes, sendo estas:

• Fretes Rodoviários: banco de dados do SIFRECA (Sistema de Fretes

Agrícolas);

• Fretes Ferroviários: curva de fretes disponibilizada pela ANTT, considerando

taxas de desconto obtidas mediante pesquisa de mercado;

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• Fretes Hidroviários: obtidos mediante pesquisa de mercado;

• Fretes Cabotagem (combustíveis): divulgados pela Transpetro.

O levantamento dos fretes é feito para cada produto relevante nos diferentes

modais, e a partir dos dados obtidos foi realizada uma modelagem da variação do frete

por tonelada em função da distância, por modalidade de transporte, obtendo-se uma

curva tarifária.

A Figura 9 ilustra as curvas de tendência obtidas a partir das tabelas de fretes

médios de cada um dos modos de transporte.

Figura 9 – Gráfico de fretes médios por modal.

A Tabela 2 apresenta os fretes para os diferentes modais, para cada produto

relevante.

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Tabela 2 – Fretes para os diferentes modais (em R$/tonelada)

Distância Percorrida (km) Modo Categoria de Produtos

100 200 400 500

Álcool e combustíveis 16,3 27,7 47,1 55,9

Granéis vegetais 13,1 21,8 36,3 42,7

Outros produtos 14,1 23,1 37,7 44,2

Outros granéis 11,3 17,8 28,1 32,6

Ferrovia

Bauxita 12,0 19,0 30,2 35,0

Álcool e combustíveis 20,1 36,3 65,6 79,3

Granéis vegetais 18,4 31,5 53,7 63,8

Outros produtos 25,6 41,0 65,6 76,4

Outros granéis 19,7 30,6 47,6 54,8

Rodovia

Bauxita 40,9 65,5 105,0 122,2

Hidrovia Granéis vegetais e líquidos 11,0 18,3 30,3 35,7

Dutovia Álcool e combustíveis 14,4 23,9 39,7 46,7

Cabotagem Todos os produtos 107,4 110,7 114,2 115,3

3.6.1.3 Levantamento e Análise dos Projetos de Desenvolvimento

Este item tem como objetivo apresentar os projetos que vêm sendo

desenvolvidos, ou pelo menos estudados, com o intuito de aumentar a capacidade de

transporte e de produção na área de influência do estudo, e que foram incorporados à

rede de simulação, uma vez que apresentam capacidade de influir no potencial de

captação de demanda dos segmentos ferroviários considerados no presente estudo:

• Implantação da Ferrovia Norte-Sul entre Palmas (TO) e Aparecida do Taboado

(MS), ligando a malha da ALL;

• Implantação da ligação entre a Ferrovia Norte-Sul e o Município de Porto Velho;

• Implantação da ferrovia Nova Transnordestina;

• Implantação do trecho ferroviário entre Alto Araguaia e Rondonópolis;

• Implantação da Ferrovia Bahia Oeste entre o Município de Figueirópolis (TO) e

o porto a ser implantado no litoral baiano;

• Pavimentação da BR-158;

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• Pavimentação da BR-163;

• Recuperação da hidrovia do Rio São Francisco;

• Construção da eclusa de Tucuruí, no rio Tocantins, possibilitando a navegação

da hidrovia do Tocantins entre Marabá (PA) e Belém (PA);

• Implantação de um alcoolduto no Estado de São Paulo, interligando a região

produtora do norte do Estado à região de consumo (RMSP) e ao porto de

Santos ou de São Sebastião;

• Implantação de refinarias de Petróleo em Fortaleza/CE e no Rio de Janeiro/RJ.

3.6.1.4 Geração de Demanda por Transportes

A análise da geração da demanda ou de viagens é de importância

fundamental, uma vez que nessa etapa da modelagem de transportes define-se a

demanda global a ser atendida nos diversos anos-horizonte de um estudo. O objetivo

da aplicação de modelos de geração da demanda é permitir a estimativa, para cada

ano-horizonte considerado, das demandas totais produzidas e atraídas por cada zona

de transporte da área de estudo e seu entorno, em um dado período de tempo (o total

de extremos de viagens de cada zona de transporte no período).

Os modelos de geração de demanda relacionam as variáveis que descrevem a

população ou a atividade econômica de cada zona e as que caracterizam o seu padrão

de uso e ocupação do solo, com o potencial da zona como unidade produtora e

consumidora/atratora de viagens.

Por ser a demanda por transportes derivada da demanda por outras atividades,

os modelos de geração de viagens devem ser desenvolvidos independentemente para

cada tipo de fluxo. Para o transporte de passageiros, tal procedimento procura levar em

consideração o fato de que diferentes funções de demanda estão associadas a

diferentes categorias socioeconômicas, como no caso do transporte de passageiros por

auto ou ônibus. Para o transporte de cargas, o procedimento consiste em caracterizar a

demanda específica de cada produto relevante. A capacidade de análise e a

disponibilidade de dados impõem limitações práticas a tal tipo de desagregação.

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O modelo permite a estimativa da geração de demanda por transporte por meio

do uso de modelos de regressão linear ou de análise de categoria, que são os mais

utilizados para o transporte urbano. Em ambos os casos, os coeficientes obtidos para o

modelo são utilizados para estimar a geração de viagens a partir de variáveis

socioeconômicas projetadas exogenamente.

No caso do planejamento em nível regional, as técnicas de geração de viagens

muitas vezes diferem das empregadas no meio urbano. Isso se deve à importância dos

fluxos de mercadorias, que têm uma dinâmica intrinsecamente ligada à dinâmica da

atividade econômica da região, do País e do exterior.

Em vista disso, os procedimentos para a estimativa da demanda futura

assemelham-se aos métodos de projeção de variáveis econômicas. Envolvem uma

série muito grande de informações quantitativas e qualitativas, geralmente ligadas a

aspectos de localização (como a proximidade aos mercados de matérias-primas ou de

consumidores, a complementaridade entre os processos produtivos, a posição

estratégica em relação ao sistema de transportes) ou conjunturais (evolução dos

mercados atingidos, situação dos competidores diretos).

Assim, apenas para alguns produtos é possível ou recomendável recorrer aos

modelos tradicionais de estimativa de geração de demanda por transporte. A

alternativa passa a ser a projeção exógena do potencial de produção e

atração/consumo de cada zona para cada ano-horizonte, para os demais produtos

considerados.

A projeção, tanto da geração exógena da demanda por transporte como das

variáveis sociais, econômicas e outras utilizadas nos modelos, é feita em função dos

cenários de evolução definidos para o estudo.

O modelo permite a fácil incorporação de estimativas exógenas da geração de

demanda. Estas podem ser então utilizadas nas demais etapas de modelagem,

juntamente com as projeções realizadas diretamente com o uso do modelo.

A estimativa da geração de demanda por transporte envolve a previsão de dois

termos: a produção, que consiste na demanda originada ou produzida em cada zona

de transporte, e a atração, que consiste na demanda destinada ou consumida em cada

zona.

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Os modelos de geração baseados em análise de regressão linear múltipla

procuram estabelecer uma relação linear entre um conjunto de variáveis explicativas

(denominadas independentes) e uma variável que se pretende explicar (denominada

dependente), no caso a produção ou a atração de demanda por zona.

É importante destacar que, no presente estudo, em função das características

específicas dos produtos considerados, o estudo de geração de demanda foi realizado

de forma direta, analisando-se, para cada produto considerado, os locais de produção

e atração, a partir de dados setoriais.

3.6.1.5 Caracterização das Cadeias Produtivas

Para facilitar a compreensão dos estágios de produção e dos volumes

envolvidos no processo produtivo de cada um dos produtos selecionados para análise,

foram caracterizadas suas respectivas cadeias produtivas.

A caracterização da cadeia produtiva é feita por meio de análises setoriais,

considerando-se o processo produtivo, em que são definidos os insumos necessários

para a produção e os coeficientes técnicos contendo a quantidade necessária de

insumo para cada tonelada produzida, elaborada com base em consultas a fontes

oficiais de informações, associações, estudos setoriais e entrevistas com agentes

relevantes.

Portanto, para cada um dos produtos foi levantada a respectiva cadeia

produtiva, envolvendo as principais etapas do processo e tendo como referência básica

a geração de volumes de transporte.

As cadeias produtivas referentes a cada um dos produtos relevantes,

destacando-se as produções líquidas, importações, exportações e consumo, serão

apresentadas no capítulo sobre caracterização dos produtos.

3.6.2 Balanço Oferta-Demanda

O balanço de oferta e demanda foi realizado para cada um dos produtos

considerados na análise, levando em consideração produção, consumo, importação e

exportação para o país, região, Estado e para a zona de transporte. O envio do produto

para um Estado ou o recebimento de outros Estados foram estimados de forma a

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garantir o equilíbrio entre oferta e demanda por Estado/Unidade Federativa. Essa

análise foi elaborada com base em informações e consultas a fontes oficiais, em

informações de associações e com base em estudos setoriais.

O objetivo principal da montagem dos balanços oferta-demanda para cada um

dos produtos de análise consiste na necessidade do entendimento dos fluxos de cada

um dos produtos considerados em nível de Estado. Para cada produto foram

quantificados, em nível de Estado, as produções líquidas, as importações, os volumes

recebidos de outros Estados, o consumo interno, as exportações, os volumes

expedidos para outros Estados e as diferenças geradas pelos estoques.

Tomando como base os granéis agrícolas, a oferta desse tipo de produto é

dada por:

Oferta = P – S + I + R

Sendo:

P: Produção por Estado/zona

S: sementes e perdas (somente no caso de produtos agrícolas)

I: importação do produto por Estado

R: recebimento de outros Estados (comércio interestadual)

A demanda por granéis agrícolas, por sua vez, é calculada mediante a seguinte

equação:

Demanda = C + X + E

Sendo:

C: Consumo por Estado/zona

X: exportação do produto por Estado

E: enviado para outros Estados (comércio interestadual)

Deve ainda ser observada a condição de balanço entre oferta e demanda, ou

seja:

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Oferta = Demanda

No item 3.6.2 é apresentado um mapeamento dos principais pólos de geração

e atração de cargas.

A interpretação dos mapas apresentados é bastante simples: os pontos

vermelhos representam produções equivalentes a 10 mil toneladas/ano. Assim, quando

não há nenhum ponto vermelho, pode-se concluir que as produções são inferiores a

esse limite; por outro lado, áreas produtoras apresentam grande densidade de pontos

vermelhos. O mesmo vale para o consumo, com os pontos verdes representando

níveis equivalentes a 10 mil toneladas/ano.

Vale ressaltar que a localização dos pontos nesses mapas se baseia na

unidade espacial do zoneamento adotado. Desse modo, um valor concentrado em um

único Município pode aparecer diluído em toda a microrregião à qual pertence o

Município.

Nessas figuras, as exportações e importações realizadas por cada Estado são

representadas mediante barras em cada um dos portos, sendo os volumes expressos

em milhares de toneladas.

3.6.2.1 Distribuição da Demanda por Transportes

A distribuição da demanda ou distribuição de viagens é o segundo estágio do

processo de projeção de demanda, sendo o seu objetivo estimar os intercâmbios de

viagens entre as zonas de transporte na área de estudo e no seu entorno.

Os modelos adotados nesta etapa utilizam as estimativas de produção e

atração por zona de transporte e algum tipo de informação sobre a estrutura da

distribuição de demanda. O resultado da aplicação de um modelo de distribuição é uma

matriz de demanda, em que cada célula contém uma medida da intensidade do

intercâmbio entre um dado par de zonas.

A idéia básica dos procedimentos incorporados nesses modelos é a de que a

demanda produzida em cada zona seja “distribuída” entre as zonas atratoras. Essa

etapa pode ser associada à escolha do destino, realizada em função do potencial

atrator de cada possível zona de destino.

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O potencial atrator de cada zona depende de dois fatores, ou seja, a estimativa

de atração de demanda associada à zona e a competição com as demais zonas da

área de estudo. Essa competição com as outras zonas, por sua vez, está relacionada

com a capacidade de atração de cada uma e com a informação sobre a estrutura da

interação entre as zonas.

Existem duas classes mais utilizadas de modelos de distribuição, diferenciadas

em função do tipo de informação sobre a estrutura da interação entre as zonas:

modelos de fator de crescimento e modelos gravitacionais.

Os modelos de fator de crescimento usam uma matriz atual (ou de um período

anterior) como base para realizar a projeção da distribuição da demanda. Essa matriz é

“fatorada” (sucessivamente corrigida), utilizando-se fatores de crescimento baseados

na evolução estimada das produções e atrações em cada zona, da situação base para

o ano-horizonte. Nesses casos, a estrutura da matriz base influencia decisivamente na

solução final.

A principal vantagem desses métodos é a sua relativa simplicidade

computacional, além da quantidade reduzida de informações. Sua maior desvantagem

refere-se ao fato de serem insensíveis a alterações na oferta de transporte. Pares de

zonas que apresentem um nível reduzido de intercâmbio na matriz base terão essa

situação replicada no futuro, mesmo que venham a ter condições de acessibilidade

melhoradas.

Os modelos gravitacionais, por sua vez, baseiam a estrutura da matriz de

distribuição de demanda projetada em informações sobre a oferta de transportes

prevista. Esta é descrita, em geral, em termos dos tempos ou custos associados ao

deslocamento entre cada par de zonas. É comum adotar uma combinação desses

fatores, denominada genericamente impedância ou custo generalizado.

Uma das principais vantagens dos modelos gravitacionais para distribuição de

demanda é a sua estrutura flexível e sua sensibilidade a alterações localizadas do

sistema de transportes. Mudanças que afetem a acessibilidade relativa de uma zona

em face das demais alteram o potencial atrator dessa zona, beneficiando-a na

competição com o restante da área de estudo.

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A maior desvantagem desse tipo de modelo é a necessidade de um

procedimento de calibração, além de exigir informações que descrevam a oferta de

transportes, tanto para seu desenvolvimento quanto para sua aplicação.

Assim, como os modelos de geração de demanda, os modelos de distribuição

também devem ser aplicados para cada tipo de fluxo. O objetivo é, como antes,

procurar representar as diferentes funções de demanda associadas a cada categoria

socioeconômica, motivo de viagem ou produto.

A escolha do tipo de modelo a ser utilizado está relacionada às características

da demanda por cada tipo de fluxo. No transporte urbano, duas características

prevalecem: as matrizes são densas e difusas, com produções e atrações espalhadas

em praticamente todas as zonas, e a escolha de destino é mais sensível aos custos e

tempos associados aos deslocamentos. Tal tipo de situação é mais bem representado

por modelos gravitacionais.

No transporte regional, situações semelhantes àquela descrita anteriormente

podem ocorrer. Porém, em função do nível de desagregação com que são analisados

certos produtos individuais, é comum encontrar tipos de fluxo mais esparsos, em que

as localizações das zonas de produção e atração, bem como a estrutura da matriz de

distribuição existente, são fatores determinantes. Nesses casos, a opção por modelos

de fator de crescimento pode ser adequada, suplementada por informações exógenas

sobre alterações no padrão inicial de interação.

No extremo, há situações em que a estimativa da distribuição da demanda

totalmente exógena é possível e mesmo apropriada. Esses casos surgem quando a

matriz de demanda é esparsa e podem ser obtidas informações detalhadas sobre

fluxos futuros. Deve-se, então, fazer máximo uso da informação acessível, estimando-

se exogenamente a matriz de distribuição de demanda.

O modelo permite que projeções exógenas da distribuição da demanda sejam

incorporadas ao processo de simulação, em conjunto com as informações estimadas

pelos modelos para outros tipos de fluxo.

Em todos os casos, os procedimentos de distribuição devem manter a

consistência com os dados estimados de produção e atração de demanda por

transporte, obtidos no estágio anterior.

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Finalmente, é importante notar que o modelo oferece a possibilidade de ajustes

ou atualização de matrizes de viagens de veículos a partir de contagens de tráfego em

trechos selecionados da rede de transporte. Esse procedimento não é propriamente um

modelo de distribuição da demanda. Sua aplicação em conjunto com os métodos dos

fatores de crescimento permite, no entanto, obter dados de contagens existentes.

3.6.2.2 Distribuição por Fator de Crescimento

Entre os métodos de fator de crescimento que garantem a consistência da

matriz de distribuição estimada com a produção e atração de demanda por transporte

em cada zona de transporte, os mais conhecidos são o método de Fratar e o de

Furness. Entre estes, o método de Furness é o mais recente e eficiente do ponto de

vista computacional, apesar de ambos produzirem resultados essencialmente

equivalentes em termos de estimativas de fluxo.

Uma vez que os métodos de fator de crescimento tendem a preservar tanto

quanto o possível a estrutura da matriz original, pode haver a necessidade de introduzir

ajustes exógenos em algumas células, em particular no caso de novos fluxos, que são

nulos na matriz original.

3.6.3 Distribuição com Modelo Gravitacional

Os modelos gravitacionais incorporam na distribuição de demanda uma função

de impedância entre cada par de zonas de transporte. Esse tipo de modelo

corresponde à transposição da teoria gravitacional da física na tentativa de explicar a

interação existente de viagens entre pares origem-destino.

Assim sendo, estima-se que o número de viagens entre duas zonas é

diretamente proporcional ao número de viagens produzido na zona de origem e o

número de viagens atraído na zona de destino, e inversamente proporcional à

impedância ou ao custo generalizado de deslocamento do usuário, entre as duas

zonas.

Uma das funções de impedância mais utilizadas é aquela que corresponde ao

inverso do custo generalizado elevado a uma potência calibrada.

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3.6.3.1 Modelo de Distribuição Adotado no Estudo

Em função das características específicas do presente estudo, adotou-se como

base o modelo gravitacional de distribuição.

Por outro lado, incorporaram-se ajustes específicos para produtos em que os

locais de produção e atração são definidos. Dessa forma, no caso do minério de ferro e

da bauxita, por exemplo, em que os fluxos são específicos e não apresentam

concorrência entre zonas de destino, foram adotados modelos de distribuição

baseados na teoria gravitacional, com ajustes exógenos de modo a garantir a

representação da situação real.

O crescimento da produção causado por fatores externos (por exemplo,

implantação de uma nova unidade industrial ou expansão de unidades existentes)

também foi ajustado exogenamente.

Para as situações em que o crescimento da produção é gerado por fatores

macroeconômicos (expansão de fronteira agrícola, aumento de produtividade, elevação

do PIB), foram realizadas análises setoriais específicas para subsidiar a projeção das

variáveis explicativas da demanda por transportes.

3.6.3.2 Modelagem da Divisão Modal

A divisão ou escolha modal é o estágio final do processo de projeção da

demanda por transporte. Seu objetivo é estimar os fluxos de cargas ou passageiros

entre os pares de zonas de transporte, para cada modo de transporte analisado. Uma

vez conhecida a demanda, representada nas matrizes de fluxos por modo de

transporte, procede-se à interação com a oferta, por meio do carregamento da rede

multimodal de transportes, cujos princípios são apresentados no próximo item.

Para realizar as estimativas, os modelos de divisão (ou escolha) modal utilizam

informações sobre a distribuição da demanda e as características da demanda e da

oferta de transportes. É como se as matrizes de distribuição da demanda, para cada

tipo de fluxo, fossem “divididas” em diversas outras matrizes, uma para cada modo de

usuário disponível para o tipo de fluxo considerado. Para cada célula da matriz, o fluxo

entre o par de zonas correspondente é atribuído aos diversos modos em função de

seus atributos com relação a esse deslocamento específico.

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A etapa de divisão modal tem papel central no processo de simulação da

demanda, uma vez que boa parte das políticas de transporte está relacionada à

utilização da opção modal ou intermodal alternativa à prevalecente na situação atual.

3.6.3.3 Fluxos Cativos

Um fluxo é denominado cativo de um dado modo de transporte quando a sua

realização se dá exclusivamente (ou quase) através desse modo. Motivos diversos

podem levar um determinado tipo de fluxo a ser considerado como cativo de um modo

de transporte. No caso do transporte regional, em vista das características específicas

dos diversos produtos e modos considerados, muitas vezes existe uma vantagem

comparativa pronunciada de algum tipo de fluxo por certo modo de transporte.

Nesse caso, a tentativa de considerar a competição entre os modos no

atendimento à demanda por transporte não só é um procedimento desnecessário, mas

também tende a produzir resultados enganosos pela extrapolação do tratamento dado

a outros produtos.

No caso dos fluxos cativos, a análise da escolha modal é suprimida. Para cada

tipo de fluxo considerado cativo, basta informar ao modelo a qual modo de usuário

deve ser alocada a matriz correspondente. Posteriormente, na etapa de alocação de

viagens, pode ser feita, se necessário, uma correspondência entre o veículo

representativo do modo de usuário e aqueles associados a cada modo físico que

compõe esse modo de usuário.

3.6.3.4 Fatores que Influenciam a Escolha Modal

A escolha do modo de transporte depende dos conjuntos de atributos sobre:

• Deslocamento;

• Usuário;

• Sistema de transporte.

Os atributos relevantes podem variar, dependendo de se os fluxos analisados

são de mercadorias ou de passageiros. Os atributos do deslocamento referem-se a

características como as exemplificadas a seguir, para o transporte de mercadorias:

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• Tipo de produto (ex.: valor, perecibilidade, manuseio);

• Período de realização da viagem (ex.: safra versus entressafra);

• Tamanho e freqüência dos despachos;

• Distância da viagem.

Com relação aos atributos dos usuários para o transporte de mercadorias,

alguns dos mais importantes são os seguintes:

• Estrutura logística;

• Capacidade de armazenagem;

• Extensão geográfica do mercado;

• Condição de acesso ao modo (terminais ferroviários, portos, serviços de coleta

e distribuição).

Finalmente, quanto às características da oferta de transporte disponível, estas

podem ser classificadas em quantitativas e qualitativas. Entre as qualitativas,

distinguem-se ainda atributos com diferentes graus de dificuldade de mensuração. A

título de ilustração, podem ser listadas as seguintes variáveis:

• Custo de viagem (frete ou custo operacional dos veículos);

• Custos de carga, descarga e transbordo;

• Custos de seguro, armazenagem, juros;

• Tempo no veículo;

• Tempo de carga e descarga, transbordo, espera;

• Segurança da carga (roubo, acidentes, efeitos climáticos);

• Regularidade e confiabilidade.

No caso do presente estudo, foram considerados basicamente o frete pago, os

custos de transbordo e o tempo total de viagem, englobando todas as etapas de uma

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viagem, envolvendo a alimentação no terminal, transbordo, deslocamento no trecho

tronco e transbordo no destino. Esses elementos permitem a quantificação do chamado

custo generalizado.

3.6.4 Alocação de Tráfego

A alocação do tráfego, ou carregamento da rede, finaliza o processo de

simulação do sistema de transportes. Nesta etapa é realizada a interação entre a

demanda, representada nas matrizes de fluxos resultantes da divisão modal, e a oferta,

descrita pela rede multimodal de transportes do modelo de simulação.

O objetivo principal da alocação de tráfego é obter as estimativas de fluxo de

veículos, associadas à condição de desempenho, em cada ligação da rede de

transportes. Além do uso para análise do sistema de transportes, do ponto de vista de

desempenho global e atendimento à demanda, tais informações são úteis para realizar

a avaliação econômica. Estimativas de tempos e custos de viagem para cada tipo de

fluxo, bem como receitas e custos operacionais de cada modo físico, baseiam-se nos

indicadores fornecidos pela alocação de tráfego.

A rede de transporte do modelo tem um caráter multimodal. Essa

intermodalidade é introduzida a partir da identificação do tipo de cada ligação da rede e

da definição de cada modo de transporte a partir dos tipos de ligação nos quais ele

pode operar. Isso inclui a complementaridade com outros modos no acesso e egresso

ao modo principal (por exemplo, ferrovia com acesso por rodovia).

A determinação de caminhos através da rede, entre pares de zonas, é um pré-

requisito para o procedimento de alocação de tráfego. Os caminhos mínimos, ou

outros, definem as ligações que receberão o volume de tráfego existente entre as

zonas. Além disso, é ao longo do caminho mínimo para cada modo de usuário que se

determina a desutilidade associada a cada par de zonas, informação utilizada na etapa

de divisão modal.

Os métodos de alocação de tráfego às redes de transporte variam quanto à

sua aplicabilidade e complexidade. A importância dos efeitos de congestionamentos é

determinante na definição do método de alocação adequado. Nas situações em que a

demanda se aproxima da capacidade dos sistemas de transporte, os tempos de

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viagem em cada ligação passam a sofrer a influência significativa dos volumes de

tráfego.

Em geral, a distinção se dá em função da aplicação no meio urbano ou

regional. Os sistemas de transporte urbano estão normalmente sujeitos a uma

solicitação elevada, particularmente nos horários de pico. Para representar a alocação

de tráfego nessa situação são necessários procedimentos que reflitam de forma mais

realista a saturação dos sistemas.

No transporte regional, a ocorrência de saturação das redes de transporte é

menos freqüente. Além disso, a estimativa de fluxos não é geralmente feita para uma

hora de pico, sendo muitas vezes representada a demanda para um dia inteiro. Dessa

forma, é comum se utilizarem, na análise de sistemas de transporte regional,

procedimentos para alocação de tráfego mais simples do que os adotados para o

transporte urbano.

O modelo oferece três métodos de alocação de viagens: tudo-ou-nada,

incremental e por equilíbrio de usuários. O primeiro é o mais simples dos

procedimentos de alocação, embora seja bastante utilizado na simulação de sistemas

não saturados e como componente elementar das soluções mais complexas.

O método de alocação incremental leva em consideração as restrições de

capacidade impostas pela rede de transportes. Utilizando funções que relacionam o

tempo gasto para “atravessar” uma ligação com o volume a ela alocado, o método

incremental procura estabelecer caminhos alternativos entre pares de zonas, que

levem em consideração a saturação dos sistemas. Esse procedimento busca simular

uma situação de equilíbrio entre a oferta e a demanda por transportes, atualizando as

condições de tráfego após o carregamento de cada incremento da demanda.

O método de alocação por equilíbrio de usuários é disponível somente para a

simulação de transporte urbano, visando a representar os efeitos decorrentes do

congestionamento, com base no princípio de Wardrop: “A escolha de rotas pelos

usuários está em equilíbrio quando nenhum dos viajantes pode melhorar seu custo

generalizado de viagem mudando de rota unilateralmente.”

Todos os métodos dependem, portanto, de algoritmos para construção de

caminhos mínimos para sua execução.

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3.6.4.1 Construção de Caminhos Mínimos

No modelo, a determinação dos caminhos mínimos entre pares de zonas é

executada separadamente para cada modo de usuário, considerando os modos físicos

principais e complementares que o compõem. Todos os tipos de ligação pertencentes a

esses modos físicos são utilizados na construção dos caminhos entre todos os pares

de zonas da área de estudo e seu entorno, sendo possível especificar condições

detalhadas de transferência entre modos (proibição, inclusive), válidos para toda a rede

e diferenciados em pontos específicos, chamados de terminais de transferência.

O algoritmo de caminhos mínimos constrói, a cada passo, a árvore de

caminhos para uma dada zona. Uma árvore contém os caminhos de uma determinada

zona de origem para todas as demais zonas de destino, com um dado modo de

usuário. As árvores de cada zona de origem são construídas sucessivamente pelo

algoritmo, até determinar os caminhos de ligação entre todos os pares de zonas.

Para selecionar os caminhos, o critério adotado é o de menor custo

generalizado para o usuário. O custo generalizado de cada ligação é função da

distância e tempo de viagem a ela associados, podendo incluir ainda um custo

(monetário) específico da ligação (por exemplo, para representar uma taxa de pedágio,

ou uma tarifa de acesso a um modo).

Para expressar o custo generalizado em termos monetários, é necessário

associar à distância um fator multiplicativo, correspondente a uma tarifa ou custo médio

por quilômetro, apropriado para o modo físico e tipo de ligação. Quanto ao tempo de

viagem, este é transformado em valores monetários através da especificação de um

valor do tempo, que deve refletir um tipo de fluxo representativo, em geral obtido com

base nos resultados da calibração do modelo de divisão modal.

Os custos generalizados de viagem são aditivos e lineares, no sentido de que o

custo generalizado de percorrer um caminho é igual à soma dos custos generalizados

nas ligações utilizadas ao longo desse caminho. A esses custos relativos ao percurso

de cada ligação são adicionados os custos de transferência entre modos na viagem

(ponderando o desconforto, custos e tempos de espera eventuais).

Na construção de alternativas de caminhos na rede de ligações de cada modo,

além de selecionar suas ligações específicas, o modelo permite que sejam impostas

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penalidades adicionais (multiplicativas) no cálculo do custo generalizado das ligações,

especialmente para os que não pertencem aos modos principais. Esse é um artifício

heurístico para guiar o caminho mínimo a utilizar o modo de usuário (principal) que está

sendo analisado, de forma adequada.

Dadas essas informações, as árvores de caminhos de custo generalizado

mínimo são calculadas usando o algoritmo de Dijkstra, largamente utilizado em

problemas desse tipo devido à sua eficiência computacional, generalizado para tratar

penalidades e condições especiais de transbordo definidos como transferências

modais.

Uma vez estabelecidos os caminhos mínimos entre todos os pares de zonas,

para todos os modos de usuário, é possível determinar as matrizes de custo

generalizado ou desutilidade por modo de usuário, utilizadas no modelo de divisão

modal.

Para a divisão modal, também devem ser considerados eventuais custos e

tempos terminais de viagem nas zonas de origem e destino. Estes, no entanto, são

irrelevantes do ponto de vista de determinação do caminho de custo mínimo entre as

zonas, visto que são comuns a qualquer alternativa que liga duas zonas, e podem ser

adicionados posteriormente.

Antes, no entanto, de passar as informações para a divisão modal, o modelo

oferece a possibilidade de substituir a estimativa de custo monetário feita ao longo do

caminho mínimo por funções tarifárias. O objetivo, nesse caso, é procurar representar o

fato de que certos modos podem ter uma vantagem comparativa muito acentuada no

transporte a longa distância (como ocorre com o transporte ferroviário ou hidroviário).

Caso essa vantagem seja refletida na estrutura tarifária adotada pelo modo, a

tarifa paga pelo usuário não é proporcional à distância, divergindo daquela estimada na

construção dos caminhos mínimos, no caso de grandes distâncias. Podem-se, então,

especificar funções de tarifa não lineares para cada modo físico, que serão aplicadas

em cada segmento de viagem realizado em um dado modo físico. Essas tarifas

passam então a representar a parcela de custo monetário do custo generalizado de

viagem. Essa abordagem foi adotada no presente estudo.

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3.6.4.2 Alocação Tudo-ou-nada

A lógica do método de alocação tudo-ou-nada se baseia, como o próprio nome

indica, em carregar todos os fluxos entre um dado par de zonas nas ligações que

fazem parte do caminho mínimo entre essas zonas, e nada em qualquer outro possível

caminho entre elas.

A principal característica do método tudo-ou-nada está em ignorar os efeitos

que o congestionamento dos sistemas pode ter sobre os tempos de viagem. Assim, ele

admite que o caminho mínimo entre um par de zonas não será afetado pela elevada

concentração de fluxos que atrairá, desconsiderando que determinadas ligações

poderão receber volumes superiores à sua capacidade.

Sua aplicabilidade, portanto, limita-se aos casos em que seja razoável a

hipótese de que os tempos de viagem não variem significativamente com a demanda

em cada ligação. O transporte regional, a menos de casos excepcionais, adapta-se

bem a essa caracterização. Além disso, as redes regionais são menos densas,

tornando a possibilidade de caminhos alternativos mais restrita.

Também é possível utilizar a alocação tudo-ou-nada quando o objetivo é

detectar possíveis estrangulamentos futuros na rede de transportes. Nesse caso,

admite-se que os eventuais problemas com relação à capacidade representam locais

potenciais para ampliação do sistema visando à eliminação dos gargalos.

O método tudo-ou-nada necessita, além da informação sobre os caminhos

mínimos entre todos os pares de zonas para cada modo de usuário, das matrizes

resultantes da divisão modal, contendo os fluxos para cada modo de usuário, para

todos os tipos de fluxo.

O método consiste em simplesmente adicionar os fluxos modais, para todos os

tipos de fluxo, nas ligações que fazem parte dos caminhos mínimos entre todos os

pares de zonas.

Utilizando um exemplo do transporte regional para fins de ilustração, pode-se

concluir que, em uma ligação qualquer, correspondendo a uma rodovia, por exemplo,

podem estar trafegando, simultaneamente, caminhões transportando diferentes

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produtos, mais automóveis e ônibus com passageiros, todos vindo das mais diversas

origens, dirigindo-se a destinos iguais ou diferentes.

Para transformar os fluxos de demanda, expressos em toneladas, viagens de

pessoas ou outras unidades, em fluxos de veículos na rede de transportes, define-se,

para cada modo físico, um veículo representativo. A esse veículo é associada uma

capacidade de carga média, que permite converter os fluxos de transporte em fluxos de

tráfego. Cada veículo pode ter, ainda, um fator de equivalência diferente, dependendo

do tipo de ligação em que está trafegando, que indica seu grau de utilização da

capacidade viária.

O volume alocado é utilizado para atualizar o tempo de percurso das ligações

(com funções de desempenho como as apresentadas a seguir). O tempo atualizado é

utilizado na avaliação econômica, porém não é considerado quanto ao seu possível

efeito sobre a redistribuição dos fluxos em caminhos alternativos.

3.6.4.3 Restrição de Capacidade

Quando o fluxo em um trecho da rede de transporte se aproxima da

capacidade, o tempo de viagem nesse trecho tende a crescer devido ao efeito do

congestionamento. Para representar essa relação entre o grau de congestionamento e

o tempo de viagem em uma ligação, utilizam-se funções matemáticas que representam

o desempenho de diferentes tipos de infra-estrutura de transporte.

O modelo dispõe de um conjunto de funções que são adequadas para

representar diversas categorias de infra-estrutura de transportes, como, por exemplo:

para o transporte urbano, vias urbanas com semáforo, vias urbanas expressas, linhas

de metrô ou de trem de subúrbio; para o transporte regional, rodovias, ferrovias,

terminais, etc.

Deve-se notar que as funções utilizadas no caso do transporte regional

incorporam um termo que permite o escoamento de filas quando o volume de tráfego é

maior do que a capacidade. Tal tipo de situação só pode ocorrer em regime transitório,

ou seja, com o volume retornando a níveis inferiores à capacidade após algum tempo.

Esse é um tipo de situação comum em estudos de planejamento regional, em

que a alocação normalmente utiliza fluxos diários, ao invés de alocar fluxos horários,

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como nos estudos urbanos. No caso de fluxos diários, o conceito de capacidade não é

bem definido, em função da flutuação do carregamento ao longo do dia.

3.6.4.4 Alocação Incremental

Os procedimentos de alocação incremental pertencem à classe dos algoritmos

de alocação com restrição de capacidade. Esses procedimentos caracterizam-se por

considerar a limitação da capacidade dos sistemas de transporte (e seus efeitos em

termos de congestionamentos) sobre a escolha de caminhos. O método de alocação

incremental é uma forma aproximada de se atingir uma situação de equilíbrio na rede

de transportes.

O método de alocação com restrição de capacidade se constitui, em geral, em

procedimentos iterativos, em que, a cada passo, os tempos de viagem em cada ligação

da rede são atualizados em função do volume a cada ligação. Uma vez estabelecidos

os novos tempos, novos caminhos mínimos são construídos, e uma nova alocação das

matrizes de fluxos é realizada. Esse procedimento iterativo prossegue até que algum

critério de convergência tenha sido satisfeito.

Um problema comum aos métodos de alocação “tudo ou nada” com restrição

de capacidade é a ocorrência de oscilações significativas nos caminhos mínimos entre

iterações sucessivas, em virtude das mudanças de tempos de viagem nas ligações. Os

procedimentos de alocação incremental tentam superar esse problema alocando

parcialmente a matriz de viagens a cada iteração. Dessa forma, a alteração dos tempos

de viagem de uma iteração para outra pode ser parcialmente controlada.

O procedimento de alocação incremental incorporado ao MANTRA representa

um aprimoramento em relação aos métodos convencionais. Estes permitem que uma

porcentagem predefinida da matriz seja alocada a cada iteração (10% ou 25%, por

exemplo). No modelo, a alocação incremental é utilizada para detectar as ligações

saturadas (com volume alocado próximo à capacidade) que limitam a proporção da

matriz de viagens que pode ser alocada em uma certa iteração.

Essas ligações saturadas são então retiradas da rede, enquanto os tempos de

percurso das demais são recalculados utilizando as funções de restrição de capacidade

apropriadas a cada tipo de ligação. Podem-se, então, recalcular os caminhos mínimos

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na rede de transportes reduzida, obtida após a eliminação das ligações saturadas, com

os tempos de viagem atualizados em função dos fluxos previamente alocados.

A proporção da matriz de viagens que pode ser alocada a cada iteração é

calculada endogenamente em função da capacidade crítica das ligações saturadas. O

procedimento é repetido até que 100% dos fluxos da matriz sejam alocados.

3.6.5 Caracterização dos Produtos Relevantes

A definição do conjunto de produtos relevantes tem como objetivo identificar os

itens de demanda por transporte que representam relevância para o sistema de

transporte de carga, seja pelo porte dessa demanda, seja pelos requisitos logísticos

indispensáveis às exigências do mercado.

Com base na análise da pauta de comércio exterior brasileiro pelo SECEX,

levantamento de dados junto à ANTAQ e nos dados estatísticos fornecidos pelos

portos, identificou-se a vocação dos portos existentes e, então, foi elaborada uma

listagem preliminar de produtos relevantes a serem considerados no estudo.

Os produtos elencados preliminarmente poderão ser descartados no

aprofundamento das análises, e outros poderão ser incluídos, dependendo das

avaliações que estão sendo realizadas no atual estágio de desenvolvimento do estudo.

Os produtos foram agregados em cinco grupos para facilitar a análise:

• Granéis vegetais;

• Granéis líquidos;

• Granéis minerais;

• Carga geral;

• Contêineres.

Esses produtos, os respectivos componentes associados a cada um deles e

agrupamentos são apresentados na Tabela 3.

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Tabela 3 – Lista de produtos relevantes e componentes associados

PRODUTOS RELEVANTES

COMPLEXO PRODUTO COMPONENTES AGRUPAMENTO

Soja em grãos Soja em grãos Granéis vegetais Complexo soja

Farelo de soja Farelo de soja Granéis vegetais

Milho Milho Milho Granéis vegetais

Açúcar Açúcar Granéis vegetais Cana-de-açúcar

Álcool Álcool Granéis líquidos

Gasolina Granéis líquidos

Óleo diesel Granéis líquidos

Óleo combustível Granéis líquidos Derivados de petróleo Combustíveis

Outros Granéis líquidos

Complexos Granéis minerais

Superfosfato simples Granéis minerais

Uréia Granéis minerais

Sulfato de amônio Granéis minerais

Superfosfato triplo Granéis minerais

Map/Dap Granéis minerais

Cloreto de potássio Granéis minerais

Fertilizantes Fertilizantes primários

Nitrato de amônio Granéis minerais

Minério de ferro Granéis minerais Minério de ferro Minério de ferro

Minério de ferro em Pelotas Granéis minerais

Bauxita Bauxita Bauxita Granéis minerais

Contêineres Contêineres Contêineres Contêineres

Carga geral Carga geral Carga geral Carga geral

3.6.5.1 Levantamento de Dados Complementares

Os levantamentos de dados complementares tiveram como objetivo possibilitar

a montagem do banco de dados do projeto e envolveram informações secundárias a

respeito dos setores de atividades econômicas dos produtos de análise e

levantamentos de contagens volumétricas e classificadas existentes para as rodovias

brasileiras.

Foram realizados levantamentos a respeito dos dados de produção, consumo,

importação e exportação, junto aos órgãos oficiais, associações, concessionárias e

demais entidades públicas e privadas que dispõem de dados de fluxos para os

produtos considerados na análise. Entre as fontes consultadas podem ser citados:

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• IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística);

• MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento);

• DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral);

• ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis);

• UNICA (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo);

• SECEX (Secretaria de Comércio Exterior);

• ABIMILHO (Associação Brasileira das Indústrias do Milho);

• ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais);

• ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos).

Nos itens a seguir, são apresentadas as características relevantes dos

produtos considerados na análise, suas respectivas cadeias produtivas, bem como a

identificação das localizações e volumes de produção, consumo e comércio exterior

relativos a cada produto.

Além dessas informações, são apresentadas as matrizes, que representam, em

milhares de toneladas, as movimentações interestaduais e os totais de produção,

consumo, importação e exportação referentes a cada Estado ou região do País,

relativos ao ano-base 2007 e suas projeções para os horizontes de 2015 e 2023.

Ressalta-se que as matrizes são apresentadas tomando como referência um nível de

unidade espacial, utilizando os limites regionais.

No presente estudo foram realizados dois cenários de alocação de demanda,

para os anos-horizonte 2015 e 2023, sendo eles:

• Cenário 1: considera a malha rodoviária, ferroviária, hidroviária e dutoviária

atualmente instalada e os projetos levantados que devem ser implantados no

período em análise, descritos no item Levantamento e análise dos projetos de

desenvolvimento.

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• Cenário 2: considera a mesma infra-estrutura de transportes do Cenário 1, além

de projetos de melhorias da navegação interior:

- Implantação da hidrovia Teles Pires-Tapajós de Sinop (MT) a Santarém

(PA);

- Implantação da hidrovia Tocantins-Araguaia, do rio Tocantins do

Município de Peixe (TO) até Belém (PA), do rio Araguaia do Município

de Barra do Garças (MT) até a foz do rio Tocantins e do rio das Mortes

do Município de Nova Xavantina (MT) até a foz do rio Araguaia.

3.6.5.2 Granéis Vegetais

I) Complexo Soja

Nos últimos cinco anos, o crescimento médio da produção nacional de grãos

de soja foi de aproximadamente 4% ao ano, atingindo uma produção de cerca de 58

milhões de toneladas em 2007, com destaque para a região Centro-Oeste, principal

produtora do País.

Nesse ano, a produção de soja destinou-se tanto à exportação (em torno de

42%) quanto à moagem, resultando no farelo de soja, utilizado principalmente como

ração animal, e no óleo de soja, destinado ao consumo humano.

A soja brasileira é competitiva no mercado internacional. As demandas

internacionais vêm crescendo principalmente devido ao aumento do consumo devido à

inserção da China no mercado, sendo também beneficiado pela diminuição da

produção nos Estados Unidos por incremento da produção de milho para etanol.

A expectativa de crescimento na produção brasileira de grãos é da ordem de 5

a 7% ao ano nos próximos anos, o que só poderá acontecer com expansão da área

plantada, que deverá ocorrer na região norte de Goiás, nordeste do Mato Grosso, oeste

da Bahia, sul do Piauí e no Tocantins, onde existem grandes áreas para expansão,

enquanto nas regiões Sul e Sudeste o crescimento da produção depende do aumento

de produtividade ou substituição de culturas.

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A Figura 10 mostra as principais áreas de expansão de fronteira agrícola; a

intensidade maior de coloração indica inserção da agricultura na região em um

horizonte de tempo mais curto.

Figura 10 – Expansão de fronteira agrícola.

A produção brasileira de farelo de soja em 2007 foi em torno de 24 milhões,

com 52% destinados à exportação. O cenário internacional é favorável, já que o

crescimento econômico, principalmente de países orientais, levou ao aumento de

consumo de proteínas de origem animal. Outro fator importante foi a substituição da

ração animal por vegetal nos países europeus.

Existe a expectativa da instalação de esmagadoras nas áreas de expansão de

produção de soja, devido à ocorrência de isenção de ICMS na exportação do farelo e

tributação da soja nas operações interestaduais.

A Figura 11 apresenta a cadeia produtiva da soja, cujos principais players

nacionais são as grandes tradings Cargill, Grupo Bunge, ADM, Coimbra e Caramuru.

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Brasil 12.474 Brasil 101

Brasil 23.734Brasil 24.111 Brasil 11.740

Brasil 58.557 Brasil 34.921 Brasil

Brasil 6.491 Brasil 4.391Brasil 98

Brasil 2.150 Brasil 50

Exportação de SojaProdução de Farelo

Importação de Soja

Produção de Óleo

Produção de Soja Esmagamento Perdas no processo

Exportação de Farelo Importação de farelo

Consumo

Exportação de Óleo Importação de Óleo

Consumo

Figura 11 – Cadeia produtiva do complexo soja (em mil toneladas).

Fonte: ABIOVE/CONAB/IBGE/SECEX.

A Figura 12 ilustra os níveis de produção, consumo e movimentações de

comércio exterior da soja em grãos referente ao ano-base 2007, enquanto a Figura 13

ilustra os mesmos elementos relativos ao farelo de soja.

Figura 12 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior referente à soja em 2007.

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Figura 13 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior referente ao farelo de soja em 2007.

A Tabela 4 apresenta a matriz origem/destino nacional referente à soja,

enquanto a Figura 14 mostra os níveis de produção, consumo e movimentações de

mercados externo e interno referentes ao ano 2007.

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Tabela 4 – Matriz O/D nacional – soja 2007

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 35 273 0 0 81 672 1.061

Nordeste 0 2.734 1 0 207 885 3.826

Sudeste 0 0 2.533 34 240 1.183 3.988

Sul 0 0 4 13.516 0 10.154 23.673

Centro-Oeste 499 0 621 2.371 12.143 10.370 26.005

Importação 0 0 0 86 3 89

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

07

Consumo Total 534 3.007 3.158 16.007 12.673 23.262 58.642

Figura 14 – Mapa resumo da matriz de soja de 2007.

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100

A Tabela 5 apresenta a matriz origem/destino nacional referente ao farelo de

soja, enquanto a Figura 15 mostra os níveis de produção, consumo e movimentações

de mercados externo e interno referentes ao ano 2007.

Para a projeção da produção de soja em grão, foi considerado um cenário

tendencial baseado em expectativas de crescimento dos mercados externo e interno,

considerando a expansão da fronteira agrícola atual e o aumento de produtividade. O

crescimento do consumo da soja acompanha o aumento da produção de farelo e óleo,

ocorrendo a manutenção da participação desses produtos no esmagamento de soja e a

instalação de novas esmagadoras nas fronteiras agrícolas. Já o consumo do farelo

acompanha principalmente o crescimento da produção de carnes avícola e suína.

A produção de soja apresenta crescimento praticamente constante a uma taxa

média de cerca de 4,5% ao ano entre 2007 e 2023.

Entre 2007 e 2023, a taxa de crescimento do consumo apresenta valores

médios de cerca de 4,5%. No período até 2015, a taxa média de crescimento é de

aproximadamente 4% ao ano. Já no período seguinte, entre 2015 e 2023, passa para

cerca de 5% ao ano.

A Figura 16 mostra a evolução da oferta/demanda da soja, ilustrando os níveis

de produção, consumo e movimentações de mercados externo e interno desse produto

de 2015 a 2023, enquanto a Figura 17 mostra a evolução da produção e do consumo

da soja para esse mesmo período.

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101

Tabela 5 – Matriz O/D nacional – farelo de soja 2007

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 105 0 0 0 0 271 376

Nordeste 98 884 169 0 85 859 2.095

Sudeste 0 56 1.134 25 24 956 2.194

Sul 0 0 396 4.217 0 5.988 10.602

Centro-Oeste 126 116 1.825 1.081 1.290 4.398 8.835

Importação 0 0 0 101 0 101

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

07

Consumo Total 329 1.056 3.524 5.424 1.399 12.472 24.203

Figura 15 – Mapa resumo da matriz de farelo de soja de 2007.

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102

Figura 16 – Evolução da oferta/demanda da soja entre 2015 e 2023

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103

Figura 17 – Evolução da produção/consumo da soja entre 2015 e 2023.

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104

A Tabela 6 e a Tabela 7 apresentam as matrizes origem/destino para a soja.

Tabela 6 – Matriz O/D para a soja – ano 2015

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 25 133 0 0 11 4.541 4.710

Nordeste 100 3.152 33 0 599 4.714 8.598

Sudeste 0 0 3.267 3 122 1.298 4.690

Sul 0 0 680 18.916 0 7.218 26.814

Centro-Oeste 514 0 1.922 1.439 18.033 15.170 37.078

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

15

Consumo Total 639 3.284 5.902 20.358 18.765 32.941 81.889

Tabela 7 – Matriz O/D para a soja – ano 2023

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção Total

Norte 54 138 0 0 56 8.836 9.084

Nordeste 91 3.887 65 0 1.251 8.517 13.810

Sudeste 0 0 4.025 5 215 1.391 5.635

Sul 0 0 656 25.359 0 6.158 32.172

Centro-Oeste

707 0 2.763 2.195 29.388 21.355 56.407

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

23

Consumo Total

851 4.025 7.508 27.559 30.909 46.256 117.108

No período entre 2007 e 2015, a taxa média de crescimento da produção de

farelo de soja é de cerca de 6% ao ano. Já no período entre 2015 e 2023 ela cai para

cerca de 5% ao ano. Considerando todo o período, entre 2007 e 2023, as taxas são de

aproximadamente 5,5% ao ano.

O consumo desse produto apresenta crescimento a uma taxa média de cerca

de 2% ao ano até 2015 e de 3% no período seguinte. Considerando todo o período,

essa taxa é de cerca de 2,5% ao ano.

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105

Até 2015, a exportação de farelo de soja é crescente, com taxa da ordem de

8,5% ao ano. No período seguinte, a taxa média de crescimento cai para cerca de

5,5%. Considerando todo o período, entre 2007 e 2023, a taxa é de cerca de 7% ao

ano.

A Figura 18 mostra a evolução da oferta/demanda do farelo de soja, ilustrando

os níveis de produção, consumo e movimentações de mercados externo e interno

desse produto no período de 2015 a 2023, enquanto a Figura 19 mostra a evolução da

produção e do consumo do farelo de soja para esse mesmo período.

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106

Figura 18 – Evolução da oferta/demanda de farelo de soja entre 2015 e 2023.

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107

Figura 19 – Evolução da produção/consumo de farelo de soja entre 2015 e 2023.

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108

A Tabela 8 e a Tabela 9 mostram as matrizes de farelo de soja.

Tabela 8 – Matriz O/D para o farelo de soja – ano 2015

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 143 63 0 0 0 288 493

Nordeste 50 936 140 0 54 1.357 2.536

Sudeste 0 41 1.019 53 10 3.418 4.540

Sul 0 0 689 4.876 0 10.103 15.669

Centro-Oeste 224 247 2.499 1.409 1.581 8.412 14.372

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

15

Consumo Total 417 1.287 4.347 6.338 1.644 23.577 37.610

Tabela 9 – Matriz O/D para o farelo de soja – ano 2023

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 182 74 0 0 0 402 657

Nordeste 58 1.162 154 0 50 1.682 3.106

Sudeste 0 43 1.122 54 10 4.535 5.763

Sul 0 0 787 5.940 0 14.465 21.192

Centro-Oeste 302 364 3.400 1.888 2.044 15.738 23.737

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

23

Consumo Total 542 1.644 5.463 7.882 2.104 36.821 54.456

A Figura 20 e a Figura 21 mostram os carregamentos de soja e farelo de soja

para o Cenário 1, respectivamente, para os anos 2015 e 2023.

A Figura 22 e a Figura 23 mostram os carregamentos de soja e farelo de soja,

respectivamente, para os anos 2015 e 2023, no cenário com a implantação dos

projetos de melhoria de navegação interna (Cenário 2).

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109

Figura 20 – Carregamento de soja em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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110

Figura 21 – Carregamento de farelo de soja em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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111

Figura 22 – Carregamento de soja em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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112

Figura 23 – Carregamento de farelo de soja em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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113

II) Milho

O milho é produzido em praticamente todo o País, ocorrendo convivência de

culturas de alta produtividade com as de subsistência. Normalmente, as culturas de

maior produtividade são desenvolvidas por plantadores de soja, que necessitam efetuar

rotação de culturas em suas áreas agrícolas, o que indica que a expansão da área

plantada de soja tende a gerar uma expansão da área para cultivo do milho.

O consumo interno de milho vem crescendo devido ao aumento de produção

de frangos e suínos para consumo interno e exportação. Já as exportações vêm

subindo principalmente em virtude de os Estados Unidos destinarem um volume maior

de milho para sua produção interna de álcool e do crescimento do mercado chinês, que

terá menos excedentes para exportação.

A Figura 24 ilustra a cadeia produtiva do milho.

Brasil 10.907

Brasil 51.377 Brasil 41.565 Brasil 1.095

Brasil 36.475

Brasil 707

Brasil 4.382

Exportação de Milho

Consumo Humano

Consumo Industrial

Produção Líquida de Milho Consumo Importação

Consumo Animal

Figura 24 – Cadeia produtiva do milho. Fonte: ABIMILHO/SECEX/CONAB/UBA/ABIPEX/IBGE.

A Figura 25 mostra os níveis de produção e consumo do milho, assim como os

volumes de movimentações de mercado externo.

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114

Figura 25 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio

exterior de milho referente a 2007.

A Tabela 10 apresenta a matriz origem/destino nacional referente ao milho,

enquanto a Figura 26 mostra os níveis de produção, consumo e movimentações de

mercados externo e interno referentes ao ano 2007.

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115

Tabela 10 – Matriz O/D nacional – milho 2007

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção Total

Norte 925 122 84 0 10 98 1.239

Nordeste 56 2.560 157 0 0 322 3.095

Sudeste 0 225 9.078 10 0 1.022 10.335

Sul 0 0 1.582 16.934 18 5.129 23.663

Centro-Oeste 201 816 1.873 1.218 4.538 4.326 12.972

Importação 0 5 1 1.083 5 1.094

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

07

Consumo Total 1.183 3.729 12.775 19.246 4.571 10.896 52.398

Figura 26 – Mapa resumo da matriz de milho de 2007.

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116

A projeção da produção de milho segue um cenário tendencial referenciado à

produção de soja, considerando a rotação de culturas e a entrada de novas áreas,

além do aumento de produtividade. Já o aumento do consumo é vinculado

principalmente ao crescimento da produção de carnes avícola e suína e ao crescimento

populacional.

Com base nesses critérios, a taxa de crescimento da produção de milho no

período de 2007 a 2015 é de aproximadamente 2,5% ao ano. Já no período seguinte

ela cai para cerca de 1,5% ao ano. Considerando todo o período, de 2007 a 2023,

essas taxas sobem para cerca de 2% ao ano.

O consumo desse produto apresenta crescimento praticamente constante, de

cerca de 2,8% ao ano, ao longo de todo o período.

A exportação de milho, entre 2007 e 2015, sobe a uma taxa média de cerca de

1% ao ano. Já entre 2015 e 2023, a exportação passa a decrescer cerca de 4,5% ao

ano. Em todo o período considerado, a exportação decresce a uma taxa média de

aproximadamente 2% ao ano. Isso se deve ao fato de o crescimento da produção não

acompanhar o forte crescimento do consumo.

A Figura 27 mostra a evolução da oferta/demanda do milho, ilustrando os

níveis de produção, consumo e movimentações de mercados externo e interno desse

produto no período de 2015 a 2023, enquanto a Figura 28 mostra a evolução da

produção e do consumo do milho para esse mesmo período.

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117

Figura 27 – Evolução da oferta/demanda de milho entre 2015 e 2023.

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118

Figura 28 – Evolução da produção/consumo de milho entre 2015 e 2023.

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119

A Tabela 11 e a Tabela 12 apresentam as matrizes origem/destino para o

milho, respectivamente para os anos 2015 e 2023.

Tabela 11 – Matriz O/D para o milho – ano 2015

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 996 213 47 0 4 957 2.217

Nordeste 44 2.409 128 0 0 1.478 4.059

Sudeste 0 221 9.083 13 0 2.218 11.536

Sul 0 0 2.824 20.638 11 3.355 26.828

Centro-Oeste 490 1.868 3.860 2.618 6.019 3.765 18.621

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

15

Consumo Total 1.531 4.711 15.941 23.269 6.035 11.774 63.261

Tabela 12 – Matriz O/D para o milho – ano 2023

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 1.326 420 134 0 5 1.055 2.940

Nordeste 64 2.991 271 0 0 1.202 4.528

Sudeste 0 166 10.206 19 0 1.524 11.914

Sul 0 0 2.971 23.450 6 1.563 27.990

Centro-Oeste 598 2.443 6.458 5.466 7.710 2.918 25.592

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

23

Consumo Total 1.988 6.019 20.040 28.934 7.721 8.261 72.963

A Figura 29 mostra o carregamento de milho para os anos 2015 e 2023.

A Figura 30 mostra o carregamento de milho para os anos 2015 e 2023, no

cenário com a implantação dos projetos de melhoria de navegação interna (Cenário 2).

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120

Figura 29 – Carregamento de milho em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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121

Figura 30 – Carregamento de milho em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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122

III) Açúcar

A cana-de-açúcar é um produto característico de consumo interno, e a partir de

seu esmagamento obtêm-se o açúcar e o álcool.

A escassez de novas áreas para expansão da produção de cana-de-açúcar

nos Estados produtores tradicionais proporciona seu deslocamento em direção ao

Norte e ao Nordeste.

O Brasil produziu cerca de 31 milhões de toneladas de açúcar em 2007, dos

quais 65% foram destinados ao mercado externo, sendo o País o maior exportador

mundial desse produto. Há uma expectativa de aumento do volume exportado por

diminuição de subsídios concedidos pela União Européia aos seus produtores.

A cadeia produtiva da cana-de-açúcar é ilustrada na Figura 31.

Brasil 31.030 Brasil 11.671

Brasil 19.359

Brasil 475.074

Brasil 2.824

Brasil 18.040 Brasil 15.215

Cana-de-açúcar

Exportação

Produção de Álcool Consumo Interno

Produção de Açúcar Consumo

Exportação

Figura 31 – Cadeia produtiva do complexo cana-de-açúcar.

Fonte: UNICA/CONAB/IBGE/SECEX.

A Figura 32 apresenta os volumes de produção, consumo e movimentações do

mercado externo do açúcar em 2007.

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123

Figura 32 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio

exterior referente ao açúcar em 2007.

A Tabela 13 apresenta a matriz origem/destino nacional referente ao açúcar,

enquanto a Figura 33 mostra os níveis de produção, consumo e movimentações de

mercados externo e interno referentes ao ano 2007.

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124

Tabela 13 – Matriz O/D nacional – açúcar 2007

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção Total

Norte 24 1 0 0 0 0 25

Nordeste 1 2.654 1 0 0 2.173 4.828

Sudeste 504 602 3.764 1.093 236 15.333 21.532

Sul 0 0 475 495 8 1.528 2.507

Centro-Oeste 396 0 688 102 591 323 2.100

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

07

Consumo Total 924 3.257 4.928 1.690 835 19.358 30.992

Figura 33 – Mapa resumo da matriz de açúcar de 2007.

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125

O crescimento do consumo interno de açúcar está diretamente ligado ao

crescimento da população. A produção, além de atender ao mercado interno, deve

atender às expectativas de crescimento de mercado externo, ocorrendo

descentralização da produção.

As taxas de crescimento da produção de açúcar apresentam tendência de

crescimento praticamente constantes ao longo de todo o período com taxa média de

cerca de 3,5% ao ano.

Entre 2007 e 2023, a taxa média de crescimento do consumo se mantém

constante, com valores da ordem de 1% ao ano.

No período até 2015, a taxa média de crescimento da exportação do açúcar é

de aproximadamente 5% ao ano. No período seguinte, ela cai para cerca de 4% ao

ano. Entre 2007 e 2023, a exportação do açúcar cresce cerca de 4,5% ao ano.

A Figura 34 mostra a evolução da oferta/demanda do açúcar, ilustrando os

níveis de produção, consumo e movimentações de mercados externo e interno desse

produto no período de 2015 a 2023, enquanto a Figura 35 mostra a evolução da

produção e do consumo do açúcar para esse mesmo período.

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126

Figura 34 – Evolução da oferta/demanda de açúcar entre 2015 e 2023.

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127

Figura 35 – Evolução da produção/consumo de açúcar entre 2015 e 2023.

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128

A Tabela 14 e a Tabela 15 apresentam as matrizes origem/destino para o

açúcar para os anos 2015 e 2023.

Tabela 14 – Matriz O/D para o açúcar – ano 2015

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 168 145 40 26 17 73 468

Nordeste 7 1.615 0 3 0 4.580 6.205

Sudeste 517 1.853 4.134 1.170 277 19.211 27.164

Sul 0 0 641 512 11 1.781 2.945

Centro-Oeste 335 0 662 167 622 2.498 4.283

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

15

Consumo Total 1.027 3.614 5.477 1.878 928 28.142 41.066

Tabela 15 – Matriz O/D para o açúcar – ano 2023

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 339 363 144 68 46 665 1.624

Nordeste 16 1.791 1 13 0 6.039 7.860

Sudeste 403 1.761 4.217 1.131 195 23.375 31.082

Sul 0 0 600 509 12 2.271 3.392

Centro-Oeste 354 0 971 312 752 6.651 9.040

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

23

Consumo Total 1.112 3.915 5.932 2.034 1.005 39.001 52.998

A Figura 36 mostra o carregamento de açúcar para os anos 2015 e 2023.

A Figura 37 mostra o carregamento de açúcar para os anos 2015 e 2023, no

cenário com a implantação dos projetos de melhoria de navegação interna (Cenário 2).

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129

Figura 36 – Carregamento de açúcar em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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130

Figura 37 – Carregamento de açúcar em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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131

IV) Outros Granéis Vegetais

No processo de identificação das vocações dos portos, foram verificadas

também movimentações de outros granéis vegetais que, devido à sua composição

diversificada, não permitem uma análise setorial. A Tabela 16 mostra os volumes

desses produtos no ano 2007.

Tabela 16 – Movimentação de outros granéis vegetais em 2007

MOVIMENTAÇÃO DE OUTROS GRANÉIS VEGETAIS (MIL T) – 2007

PORTO DESEMBARQUE EMBARQUE

Porto de Belém 165 –

Porto de Itaqui 71 –

Porto de Fortaleza 788 –

Porto de Natal 76 –

Porto de Cabedelo 62 –

Porto de Recife 505 –

Porto de Maceió 76 –

Porto de Salvador 413 –

Porto de Aratu 253 –

Porto de Vitória 404 –

Porto do Rio de Janeiro 796 –

Porto de Santos 1.615 –

Porto de Paranaguá 207 –

Porto de São Francisco do Sul 285 –

Porto de Imbituba 107 -–

Porto de Porto Alegre 80 –

Porto de Rio Grande 342 1.420

Term. Inácio Barbosa 97 –

Brasil 6.344 1.420

Fonte: ANTAQ/SECEX/Análise LOGIT.

Para a projeção do crescimento dos produtos desembarcados nos portos, foi

adotado um cenário tendencial com taxa média de crescimento de cerca de 1% ao ano

para o período de 2007 e 2023, enquanto, para os produtos embarcados, a taxa média

de crescimento adotada foi de aproximadamente 3,5% ao ano.

A movimentação de outros granéis vegetais para os anos-horizonte 2015 e

2023 é mostrada na Tabela 17.

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132

Tabela 17 – Movimentação de outros granéis vegetais nos anos-horizonte 2015 e 2023

MOVIMENTAÇÃO DE OUTROS GRANÉIS VEGETAIS (MIL T) – 2015 e 2023

2015 2023 PORTO

DESEMBARQUE EMBARQUE DESEMBARQUE EMBARQUE

Porto de Belém 191 206

Porto de Itaqui 83 89

Porto de Fortaleza 916 984

Porto de Natal 88 95

Porto de Cabedelo 73 78

Porto de Recife 586 631

Porto de Maceió 88 95

Porto de Salvador 480 516

Porto de Aratu 294 316

Porto de Vitória 469 504

Porto do Rio de Janeiro 925 994

Porto de Santos 1.876 2.017

Porto de Paranaguá 241 259

Porto de São Francisco do Sul 331 356

Porto de Imbituba 125 134

Porto de Porto Alegre 92 99

Porto de Rio Grande 397 1.868 427 2.485

Term. Inácio Barbosa 112 121

Brasil 7.366 1.868 7.920 2.485

Fonte: Análise LOGIT.

3.6.5.3 Granéis Líquidos

I) Álcool

Devido às restrições legais, o álcool não pode ser distribuído diretamente da

destilaria para o consumidor final, utilizando bases de distribuição em seu percurso. A

Figura 38 ilustra a cadeia de distribuição do álcool carburante.

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133

Usinas/ Destilarias

Base de Distribuição

Terminal Multimodal

Base de Distribuiçãomultimodal

rodovia

rodovia

Mercado Consumidor

rodovia

multimodal rodovia

Portorodovia

multimodal

Figura 38 – Cadeia de distribuição do álcool carburante.

O consumo interno de álcool carburante está em processo de expansão em

função do preço do petróleo e da introdução dos veículos flex fuel, cujas vendas no

mercado interno vêm crescendo de maneira expressiva, passando de 4% para 85% no

período entre 2003 e 2007, como mostrado na Figura 39.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2003 2004 2005 2006 2007

Flex Fuel Álcool Gasolina Diesel

Figura 39 – Evolução da composição das vendas de veículos leves no Brasil.

Fonte: MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Há ainda uma expectativa de crescimento do mercado externo devido às

políticas de diminuição de emissão de gás carbônico e aumento do preço dos

derivados de petróleo, como, por exemplo, nos Estados Unidos, onde houve alterações

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134

na legislação a partir do estabelecimento de metas de consumo de etanol nos próximos

anos.

Assim como para o caso do açúcar, o Brasil é o maior exportador de etanol

atualmente, e dos 18 milhões de toneladas produzidos aproximadamente 16% foram

destinados ao mercado externo em 2007.

A Figura 40 apresenta os volumes de produção, consumo e movimentações do

mercado externo do álcool em 2007.

Figura 40 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior referente ao álcool em 2007.

A Tabela 18 apresenta a matriz origem/destino nacional referente ao álcool,

enquanto a Figura 41 mostra os níveis de produção, consumo e movimentações de

mercados externo e interno referentes ao ano 2007.

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135

Tabela 18 – Matriz O/D nacional – álcool 2007

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção Total

Norte 46 9 0 0 0 0 55

Nordeste 166 1.196 0 0 0 351 1.712

Sudeste 126 270 8.351 892 698 2.033 12.370

Sul 0 0 0 1.081 0 410 1.492

Centro-Oeste 99 88 1.153 363 647 29 2.380

Importação 0 0 0 0 3 3

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

07

Consumo Total 436 1.563 9.505 2.336 1.347 2.823 18.011

Figura 41 – Mapa resumo da matriz de álcool de 2007.

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136

Para projeção do consumo interno de álcool combustível, foi considerado o

cenário tendencial baseado no aumento da frota flex fuel. Na projeção da produção,

foram consideradas, além do aumento do consumo interno, a expectativa de

crescimento de mercado interno e a ocorrência da descentralização da produção.

O Governo determinou duas mudanças no teor do álcool anidro na mistura com

a gasolina nos últimos dois anos. A primeira ocorreu em novembro de 2006, quando o

percentual de álcool passou a ser de 23% (contra os 20% vigentes até essa data). A

segunda mudança ocorreu em julho de 2007, quando o teor de álcool aumentou para

25%, elevando, assim, a produção e o consumo desse produto.

As taxas de crescimento da produção de álcool são da ordem de 8% ao ano,

entre 2007 e 2023. No período entre 2007 e 2015, o crescimento da produção é de

cerca de 10% ao ano, caindo para cerca de 6,5% ao ano no período seguinte.

O consumo desse produto apresenta uma taxa de crescimento relativamente

constante de cerca de 7,5% ao ano até 2023.

Em função da perspectiva de crescimento de consumo de álcool em nível

internacional, as taxas de crescimento das exportações são bastante significativas, de

cerca de 11% ao ano, entre 2007 e 2023, sendo a taxa média de crescimento de cerca

de 19% até 2015, e de apenas 3%, aproximadamente, no período entre 2015 e 2023.

A Figura 42 mostra a evolução da oferta/demanda do álcool, ilustrando os

níveis de produção, consumo e movimentações de mercados externo e interno desse

produto no período de 2007 a 2023, enquanto a Figura 43 mostra a evolução da

produção e do consumo do álcool para esse mesmo período.

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137

Figura 42 – Evolução da oferta/demanda de álcool entre 2015 e 2023.

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138

Figura 43 – Evolução da produção/consumo de álcool entre 2015 e 2023

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139

A Tabela 19 e a Tabela 20 apresentam as matrizes origem/destino para o

álcool, para os anos 2015 e 2023.

Tabela 19 – Matriz O/D para o álcool – ano 2015

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 472 452 0 0 0 501 1.425

Nordeste 31 1.590 0 0 0 1.767 3.389

Sudeste 37 197 15.545 1.490 15 6.041 23.325

Sul 0 0 0 1.125 0 958 2.082

Centro-Oeste 638 1.225 0 2.320 2.511 1.905 8.599

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

15

Consumo Total 1.178 3.465 15.545 4.934 2.526 11.173 38.821

Tabela 20 – Matriz O/D para o álcool – ano 2023

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 1.148 1.606 0 0 0 1.670 4.424

Nordeste 170 3.101 0 0 0 3.441 6.712

Sudeste 0 0 23.850 0 0 5.163 29.013

Sul 0 0 1 1.971 0 975 2.947

Centro-Oeste 784 1.478 3.806 6.816 4.496 3.216 20.595

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

23

Consumo Total 2.101 6.185 27.657 8.787 4.496 14.465 63.691

A Figura 44 mostra os carregamentos de álcool para os anos 2015 e 2023.

A Figura 45 mostra o carregamento de álcool para os anos 2015 e 2023, no

cenário com a implantação dos projetos de melhoria de navegação interna (Cenário 2).

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140

Figura 44 – Carregamento de álcool em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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141

Figura 45 – Carregamento de álcool em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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142

II) Combustíveis Derivados de Petróleo

Os principais derivados de petróleo considerados foram gasolina, óleo diesel,

óleo combustível e querosene de aviação. Os locais de refino estão, em geral,

localizados próximos ao local de extração e/ou aos portos de importação de petróleo, o

que acarreta ausência de locais de refino na região central do País.

As refinarias do Sudeste respondem por aproximadamente 65% da produção, e

a Bahia atualmente é o centro de refino do Nordeste. Para o abastecimento da região

Norte do Brasil, está disponível a refinaria de Manaus (REMAN), com capacidade de

2,5 milhões de m³ por ano.

O Brasil produziu 70 milhões de toneladas de derivados de petróleo em 2007,

tendo exportado 11 milhões de toneladas, sendo representado em quase sua totalidade

por gasolina e óleo combustível. Os volumes de importação alcançaram cerca de 1

milhão de toneladas, com destaque para o diesel, com aproximadamente 80% desse

volume.

Os volumes envolvidos na cadeia produtiva dos combustíveis derivados de

petróleo referentes ao ano 2007, podem ser visualizados na Figura 46.

Óleo Diesel 0Gasolina 1,198Óleo Combustível 9,587Outros combustíveis 0

Óleo Diesel 34,921 Óleo Diesel 35,797Gasolina 15,159 Gasolina 13,961Óleo Combustível 15,296 Óleo Combustível 5,709Outros combustíveis 3,552 Outros combustíveis 3,796

Óleo Diesel 875Gasolina 0Óleo Combustível 0Outros combustíveis 245

Importação - Brasil (toneladas) 1,120

Exportação - Brasil (toneladas) 10,784

Produção Líquida - Brasil

(toneladas)68,928

Consumo Interno - Brasil

(toneladas)59,264

Figura 46 – Cadeia produtiva dos combustíveis Fonte: ANP/IBGE/SECEX.

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143

A localização da produção, consumo e movimentações de mercado externo

dos combustíveis derivados de petróleo pode ser verificada na Figura 47.

Figura 47 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio

exterior de combustíveis em 2007.

A Tabela 21 apresenta a matriz origem/destino nacional referente aos

combustíveis derivados do petróleo, enquanto a Figura 48 mostra os níveis de

produção, consumo e movimentações de mercados externo e interno referentes ao ano

2007.

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144

Tabela 21 – Matriz O/D nacional – combustíveis 2007

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção Total

Norte 1.232 0 0 0 0 0 1.232

Nordeste 620 6.360 0 0 0 3.022 10.002

Sudeste 3.305 1.277 27.863 338 5.833 6.521 45.137

Sul 286 64 0 10.607 359 1.241 12.556

Centro-Oeste 0 0 0 0 0 0 0

Importação 46 786 281 8 0 1.120

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

07

Consumo Total 5.488 8.487 28.144 10.953 6.192 10.784 70.048

Figura 48 – Mapa resumo da matriz de combustíveis de 2007.

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145

A projeção do consumo de combustíveis cede em função do aumento do PIB,

mas a produção deverá crescer para atender a esse consumo. Está prevista a

instalação de novas refinarias no CE e RJ.

O crescimento estimado médio da produção de combustíveis apresenta taxas

praticamente constantes, da ordem de 4% ao ano, entre 2007 e 2023.

O consumo desse produto apresenta comportamento semelhante à produção,

com crescimento médio da ordem de 3,5% no mesmo período.

A exportação de combustíveis apresenta crescimento médio de

aproximadamente 4,5% ao ano. Até 2015, a taxa é de cerca de 4% ao ano, passando

para cerca de 5% ao ano nos anos seguintes.

Há previsão de início de operação de duas refinarias no período analisado,

sendo uma no Ceará e outra com localização no Estado do Rio de Janeiro.

A Figura 49 mostra a evolução da oferta/demanda de combustíveis derivados

de petróleo, ilustrando os níveis de produção, consumo e movimentações de mercados

externo e interno desse produto no período de 2015 a 2023, enquanto a Figura 50

mostra a evolução da produção e do consumo desses combustíveis para esse mesmo

período.

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146

Figura 49 – Evolução da oferta/demanda dos combustíveis entre 2015 e 2023.

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147

Figura 50 – Evolução da produção/consumo de combustíveis entre 2015 e 2023.

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148

A Tabela 22 e a Tabela 23 apresentam as matrizes origem/destino para os

combustíveis derivados de petróleo, respectivamente para os anos 2015 e 2023.

Tabela 22 – Matriz O/D para os combustíveis – ano 2015

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 1.233 0 0 0 0 0 1.233

Nordeste 977 9.153 0 0 0 4.243 14.372

Sudeste 4.909 1.683 37.678 854 8.093 9.341 62.557

Sul 251 40 0 13.668 207 1.436 15.602

Centro-Oeste 0 0 0 0 0 0 0

Importação 45 368 70 21 0 504

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

15

Consumo Total 7.414 11.244 37.748 14.543 8.300 15.020 94.268

Tabela 23 – Matriz O/D para os combustíveis – ano 2023

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 1.472 0 0 0 0 0 1.472

Nordeste 3.614 13.544 3 67 105 8.644 25.977

Sudeste 4.705 789 50.311 1.676 10.861 11.959 80.300

Sul 318 36 0 17.092 170 1.594 19.209

Centro-Oeste 0 0 0 0 0 0 0

Importação 29 139 23 12 0 202

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

23

Consumo Total 10.137 14.508 50.337 18.847 11.135 22.196 127.161

A Figura 51 mostra os carregamentos de combustíveis derivados de petróleo

para os anos 2015 e 2023.

A Figura 52 mostra o carregamento de combustíveis para os anos 2015 e

2023, no cenário com a implantação dos projetos de melhoria de navegação interna

(Cenário 2).

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149

Figura 51 – Carregamento de combustíveis em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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150

Figura 52 – Carregamento de combustíveis em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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151

III) Outros Granéis Líquidos

No processo de identificação das vocações dos portos, foram verificadas

também as movimentações de outros granéis líquidos que, devido à sua composição

diversificada, não permitem uma análise setorial. A Tabela 24 mostra os volumes

desses produtos no ano 2007.

Tabela 24 – Movimentação de outros granéis líquidos em 2007

MOVIMENTAÇÃO DE OUTROS GRANÉIS LÍQUIDOS (MIL T) – 2007

PORTO DESEMBARQUE EMBARQUE

Porto de Manaus 979 1.051

Porto de Vila do Conde 876 609

Porto de Belém 354 –

Porto de Itaqui – 197

Porto de Fortaleza 233 38

Porto de Natal 29 –

Porto de Suape 466 27

Porto de Maceió – 1.021

Porto de Aratu 3.968 2.830

Porto de Vitória 113 52

Porto do Rio de Janeiro 766 0

Porto de Angra dos Reis – 448

Porto de São Sebastião 891 1.354

Porto de Santos 3.761 3.359

Porto de Paranaguá 406 1.384

Porto de São Francisco do Sul 10 191

Porto de Itajaí 67 –

Porto de Imbituba 110 –

Porto de Porto Alegre 2.964 162

Porto de Rio Grande 1.008 1.370

Brasil 17.001 14.093

Fonte: ANTAQ/SECEX/Análise LOGIT.

Além desses produtos, há movimentações de petróleo que não foram descritas

neste estudo por serem feitas em portos específicos, com menor impacto ambiental, e

compõem sistema produtivo em conjunto com a extração e refino. Estes portos são

terminais de uso privativo e podem se constituir, por exemplo, em somente uma bóia

para atracação e um duto para adentrar o continente.

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152

Para a projeção do crescimento dos outros granéis líquidos, foi adotado um

cenário tendencial de taxa média de crescimento de aproximadamente 3,5% ao ano

para o período entre 2007 e 2023.

A movimentação de outros granéis líquidos para os anos-horizonte 2015 e

2023 é mostrada na Tabela 25.

Tabela 25 – Movimentação de outros granéis líquidos nos anos-horizonte 2015 e 2023

MOVIMENTAÇÃO DE OUTROS GRANÉIS LÍQUIDOS (MIL T) – 2015 e 2023

2015 2023 PORTO

DESEMBARQUE EMBARQUE DESEMBARQUE EMBARQUE

Porto de Manaus 1.288 1.382 1.713 1.838

Porto de Vila do Conde 1.152 801 1.533 1.065

Porto de Belém 465 – 619 –

Porto de Itaqui – 259 – 345

Porto de Fortaleza 306 50 407 66

Porto de Natal 39 – 51 –

Porto de Suape 613 36 815 47

Porto de Maceió – 1.343 – 1.786

Porto de Aratu 5.220 3.722 6.942 4.950

Porto de Vitória 149 69 198 91

Porto do Rio de Janeiro 1.007 0 1.340 0

Porto de Angra dos Reis – 590 – 784

Porto de São Sebastião 1.172 1.781 1.558 2.369

Porto de Santos 4.947 4.418 6.580 5.876

Porto de Paranaguá 534 1.821 710 2.421

Porto de São Francisco do Sul 13 252 17 335

Porto de Itajaí 88 – 117 –

Porto de Imbituba 145 – 193 –

Porto de Porto Alegre 3.899 213 5.185 284

Porto de Rio Grande 1.326 1.802 1.764 2.397

Brasil 22.363 18.538 29.744 24.656

Fonte: Análise LOGIT.

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153

3.6.5.4 Granéis Minerais

I) Complexo dos Fertilizantes

O complexo dos fertilizantes pode ser subdividido em dois subgrupos, sendo

um formado pelo adubo misturado, que possui baixa movimentação de/para mercado

externo, e outro composto por um diverso leque de produtos, chamados de fertilizantes

primários, dos quais os principais são:

• Cloreto de potássio (KCl);

• Superfosfato simples (SSP);

• Superfosfato triplo (TSP);

• Mono e diamônio fosfato (MAP/DAP);

• Nitrato de amônia;

• Sulfato de amônia;

• Uréia;

• Fertilizantes complexos.

No ano 2007, em torno de 65% dos fertilizantes primários foram importados

para consumo nas misturas de adubo, mas este não apresenta movimentações

significativas de mercado externo.

A tendência do setor é de implantação de misturadoras em locais próximos às

áreas de consumo de adubo, sendo as culturas de soja, milho, cana-de-açúcar,

algodão e café responsáveis por cerca de 4/5 desse consumo.

A cadeia produtiva do complexo dos fertilizantes é mostrada na Figura 53.

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154

Brasil 17.454Brasil 7.275

Brasil 667

Brasil 1.641 Brasil 26.913 Brasil 25.175 Brasil 24.609

Brasil 101Brasil 671 Brasil 128

Fertilizantes primários

Potássicos

Importação de Adubo

Importação de Fertilizantes

primáriosFertilizantes primários

FosfatadosExportação de Adubo

Consumo de Fertilizantes

primários para a produção de

Adubo

Fertilizantes primários

Nitrogenados Produção de Adubo Consumo de Adubo

Exportação de fertilizantes

primários

Figura 53 – Cadeia produtiva do complexo dos fertilizantes. Fonte: ANDA/SECEX/IBGE.

A localização da produção, consumo e os volumes de mercado externo de

fertilizantes primários pode ser observada na Figura 54.

Figura 54 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior de fertilizantes

primários em 2007.

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155

A Tabela 26 apresenta a matriz origem/destino nacional referente aos

fertilizantes primários, enquanto a Figura 55 mostra os níveis de produção, consumo e

movimentações de mercados externo e interno referentes ao ano 2007.

Tabela 26 – Matriz O/D nacional – fertilizantes primários 2007

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 0 0 0 0 0 0 0

Nordeste 5 1.285 550 68 38 11 1.957

Sudeste 33 303 2.996 822 984 14 5.151

Sul 1 30 105 1.375 34 55 1.600

Centro-Oeste 1 25 92 108 643 3 873

Importação 52 1.651 4.976 6.955 3.780 17.413

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

07

Consumo Total 92 3.294 8.718 9.328 5.478 84 26.993

A projeção do consumo de fertilizantes acompanha o crescimento da produção

e consumo de adubo. Para atender a esse consumo, foi considerado o crescimento da

produção, mantendo as mesmas proporções entre importação e produção nacional

verificadas atualmente.

As taxas de crescimento da produção de fertilizantes primários são

praticamente constantes e são da ordem de cerca de 3,5% ao ano, entre 2007 e 2023.

O consumo desse produto apresenta comportamento semelhante àquele

esperado para a produção. As taxas de crescimento giram em torno de 3% ao ano até

2023, sendo de cerca de 2,5% ao ano no período inicial e de cerca de 3,5% ao ano no

período seguinte.

As importações seguem as tendências observadas tanto para a produção

quanto para o consumo com taxas de crescimento da ordem de 3% ao ano até 2023,

sendo de cerca de 2% ao ano até 2015 e de aproximadamente 3,5% ao ano entre 2015

e 2013.

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156

Figura 55 – Mapa resumo da matriz de fertilizantes primários de 2007.

A Figura 56 mostra a evolução da oferta/demanda de fertilizantes primários,

ilustrando os níveis de produção, consumo e movimentações de mercados externo e

interno desse produto no período de 2015 a 2023, enquanto a Figura 57 mostra a

evolução da produção e do consumo de fertilizantes primários para esse mesmo

período.

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157

Figura 56 – Evolução da oferta/demanda de fertilizantes primários entre 2015 e 2023.

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158

Figura 57 – Evolução da produção/consumo de fertilizantes primários entre 2015 e 2023.

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159

A Tabela 27 e a Tabela 28 apresentam as matrizes origem/destino para os

fertilizantes primários para os anos 2015 e 2023.

Tabela 27 – Matriz O/D para os fertilizantes primários – ano 2015

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 0 0 0 0 0 0 0

Nordeste 0 1.315 914 199 188 0 2.616

Sudeste 45 560 3.223 1.074 2.014 0 6.915

Sul 1 40 107 1.952 80 0 2.179

Centro-Oeste 1 16 142 143 862 0 1.164

Importação 76 2.002 5.747 8.620 4.051 20.495

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

15

Consumo Total 122 3.933 10.132 11.988 7.195 0 33.370

Tabela 28 – Matriz O/D para os fertilizantes primários – ano 2023

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 0 0 0 0 0 0 0

Nordeste 0 1.742 1.211 264 249 0 3.466

Sudeste 59 742 4.269 1.423 2.668 0 9.161

Sul 1 52 141 2.586 106 0 2.886

Centro-Oeste 2 21 188 189 1.142 0 1.542

Importação 100 2.652 7.613 11.418 5.366 27.149

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

23

Consumo Total 161 5.210 13.422 15.880 9.530 0 44.203

A Figura 58 mostra o carregamento de fertilizantes primários para os anos

2015 e 2023.

A Figura 59 mostra o carregamento de fertilizantes para os anos 2015 e 2023,

no cenário com a implantação dos projetos de melhoria de navegação interna (Cenário

2).

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160

Figura 58 – Carregamento de fertilizantes em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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161

Figura 59 – Carregamento de fertilizantes em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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162

II) Minério de Ferro

A produção de minério de ferro concentra-se principalmente nos estados de

Minas Gerais e Pará.

Em 2007, a produção de minério de ferro foi de aproximadamente 345 milhões

de toneladas, sendo 70% em Minas Gerais.

A produção de minério de ferro em Pelotas concentra-se nos Estados de

Maranhão e Espírito Santo e é totalmente voltada para exportação. O volume

produzido no ano-base foi de cerca de 47 milhões de toneladas, sendo o Estado de

Espírito Santo responsável por 90% do total.

A localização da produção, consumo e os volumes de mercado externo de

minério de ferro podem ser observados na Figura 60.

A Tabela 29 apresenta a matriz origem/destino nacional referente ao minério de

ferro, enquanto a Figura 61 mostra os níveis de produção, consumo e movimentações

de mercados externo e interno referentes ao ano 2007.

A projeção da produção de minério de ferro ocorre de forma a atender ao

cenário tendencial de consumos externo e interno que acompanha o crescimento da

produção do setor siderúrgico.

As taxas de crescimento de produção de minério de ferro são de

aproximadamente 2% ao ano no período entre 2007 e 2015 e de 4% ao ano no período

de 2015 a 2023.

O consumo desse produto apresenta crescimento de aproximadamente 3,3%

ao ano no primeiro período, enquanto no segundo período de 2,2% ao ano.

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163

Figura 60 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior de minério de ferro em 2007.

Tabela 29 – Matriz O/D nacional – minério de ferro 2007

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 2.696 12.062 2 0 0 85.241 100.000

Nordeste 0 0 0 0 0 5.715 5.715

Sudeste 0 326 94.043 0 0 188.379 282.748

Sul 0 0 0 0 0 0 0

Centro-Oeste 0 0 0 0 296 3.804 4.100

Importação 0 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

07

Consumo Total 2.696 12.388 94.045 0 296 283.139 392.564

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164

A Figura 62 mostra a evolução da oferta/demanda de minério de ferro,

ilustrando os níveis de produção, consumo e movimentações de mercados externo e

interno desse produto no período de 2015 a 2023, enquanto a Figura 63 mostra a

evolução da produção e do consumo do minério de ferro para esse mesmo período.

Figura 61 – Mapa resumo da matriz de minério de ferro de 2007.

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165

Figura 62 – Evolução da oferta/demanda de minério de ferro entre 2015 e 2023.

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166

Figura 63 – Evolução da produção/consumo de minério de ferro entre 2015 e 2023.

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167

A Tabela 30 e a Tabela 31 apresentam as matrizes origem/destino para minério

de ferro para os anos 2015 e 2023.

Tabela 30 – Matriz O/D para o minério de ferro – ano 2015

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 6.896 17.924 1 0 – 75.179 100.000

Nordeste 0 0 0 0 – 5.715 5.716

Sudeste 0 379 116.874 0 – 222.808 340.061

Sul 0 0 0 0 – 0 0

Centro-Oeste 0 0 0 0 296 8.704 9.000

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

15

Consumo Total 6.896 18.303 116.875 0 296 312.407 454.777

Tabela 31 – Matriz O/D para o minério de ferro – ano 2023

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Exportação

Produção Total

Norte 8.314 21.485 1 0 0 115.082 144.883

Nordeste 0 0 0 0 0 5.715 5.715

Sudeste 0 513 139.308 0 0 322.383 462.204

Sul 0 0 0 0 0 0 0

Centro-Oeste 0 0 0 0 296 14.430 14.726

Importação 0 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

23

Consumo Total 8.314 21.998 139.310 0 296 457.610 627.528

A Figura 64 mostra o carregamento minério de ferro para os anos 2015 e 2023.

A Figura 65 mostra o carregamento de minério de ferro para os anos 2015 e

2023, no cenário com a implantação dos projetos de melhoria de navegação interna

(Cenário 2).

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168

Figura 64 – Carregamento de minério de ferro em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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169

Figura 65 – Carregamento de minério de ferro em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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170

Além dos volumes de minério existentes nas matrizes do PNLT, será

considerado também, a partir de 2015, o volume referente aos estudos desenvolvidos

em reservas na Bahia, para extração de cerca de 45 milhões de toneladas do produto,

que serão exportadas pelo porto a ser implantado na costa do Estado.

III) Bauxita

A produção de bauxita concentra-se principalmente no Estado do Pará e Minas

Gerais. A produção de Minas Gerais é voltada para o mercado interno e a do Pará

atende à produção de Alumina, no próprio Estado, e de São Luís (MA), exportando os

excedentes.

Em 2007, foram produzidas cerca de 23 milhões de toneladas.

A exportação foi de aproximadamente 9 milhões de toneladas, sendo

movimentada em quase sua totalidade pelo porto de Trombetas, no Município de

Oriximiná, onde se encontra a Mineração Rio do Norte (MRN).

Nas informações levantadas junto à ANTAQ, esse volume de exportação

consta como granéis minerais movimentados no porto de Belém. Como o porto de

Trombetas não está dentro da área do porto organizado de Belém, o volume de bauxita

movimentado pela MRN foi subtraído dos granéis minerais de Belém.

A localização da produção, consumo e os volumes de mercado externo de

bauxita podem ser observados na Figura 66.

A Tabela 32 apresenta a matriz origem/destino nacional referente à bauxita,

enquanto a Figura 67 mostra os níveis de produção, consumo e movimentações de

mercados externo e interno referentes ao ano 2007.

A projeção da produção de bauxita ocorre de forma a atender ao cenário

tendencial de consumos externo e interno que acompanha o crescimento da produção

do setor metalúrgico.

O crescimento médio da produção de bauxita é de aproximadamente 4,5% ao

ano no período entre 2007 e 2023.

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171

Figura 66 – Localização da produção, consumo e movimentação de comércio exterior de bauxita em 2007.

O consumo apresenta taxa de crescimento praticamente constante durante o

período de análise de 1,2% ao ano.

A Figura 68 mostra a evolução da oferta/demanda de bauxita, ilustrando os

níveis de produção, consumo e movimentações de mercados externo e interno desse

produto no período de 2015 a 2023, enquanto a Figura 69 mostra a evolução da

produção e do consumo do minério de ferro para esse mesmo período.

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172

Tabela 32 – Matriz O/D nacional – Bauxita 2007

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 7.050 3.851 0 0 0 8.745 19.645

Nordeste 0 0 0 0 0 0 0

Sudeste 0 0 3.632 0 0 99 3.731

Sul 0 0 0 0 0 0 0

Centro-Oeste 0 0 0 0 0 0 0

Importação 0 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

07

Consumo Total 7.050 3.851 3.632 0 0 8.844 23.376

Figura 67 – Mapa resumo da matriz de bauxita de 2007.

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173

Figura 68 – Evolução da oferta/demanda de bauxita entre 2015 e 2023.

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174

Figura 69 – Evolução da produção/consumo de bauxita entre 2015 e 2023.

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175

A Tabela 33 e a Tabela 34 apresentam as matrizes origem/destino para bauxita

para os anos 2015 e 2023.

Tabela 33 – Matriz O/D para a bauxita – ano 2015

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 7.583 4.087 0 0 0 16.178 27.849

Nordeste 0 0 0 0 0 0 0

Sudeste 0 0 4.349 0 0 787 5.136

Sul 0 0 0 0 0 0 0

Centro-Oeste 0 0 0 0 0 0 0

Importação 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

15

Consumo Total 7.583 4.087 4.349 0 0 16.966 32.985

Tabela 34 – Matriz O/D para a bauxita – ano 2023

(mil t) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Exportação Produção

Total

Norte 8.120 4.292 0 0 0 27.936 40.348

Nordeste 0 0 0 0 0 0 0

Sudeste 0 0 5.096 0 0 2.141 7.237

Sul 0 0 0 0 0 0 0

Centro-Oeste 0 0 0 0 0 0 0

Importação 0 0 0 0 0 0 0

Mat

riz

de

pro

du

ção

– c

on

sum

o p

ara

o a

no

20

23

Consumo Total 8.120 4.292 5.096 0 0 30.077 47.585

A Figura 70 mostra o carregamento de bauxita para os anos 2015 e 2023.

A Figura 71 mostra o carregamento de bauxita para os anos 2015 e 2023, no

cenário com a implantação dos projetos de melhoria de navegação interna (Cenário 2).

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176

Figura 70 – Carregamento de bauxita em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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177

Figura 71 – Carregamento de bauxita em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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178

Além dos volumes de bauxita existentes nas matrizes do PNLT, será

considerado também, a partir de 2015, o volume referente à mina Juruti da Alcoa,

localizada no Município de mesmo nome, no oeste paraense, para extração de cerca

de 2,6 milhões de toneladas do produto por ano, que serão movimentadas em um

terminal portuário a ser implantado a dois quilômetros do centro do Município, na

margem do rio Amazonas. Esse volume tem como destino a refinaria Alumar, em São

Luís (MA).

IV) Outros Granéis Minerais

No processo de identificação das vocações dos portos, foram verificadas

também as movimentações de outros granéis minerais que, devido à sua composição

diversificada, não permitem uma análise setorial. A Tabela 35 mostra os volumes

desses produtos no ano 2007.

Tabela 35 – Movimentação de outros granéis minerais em 2007

MOVIMENTAÇÃO DE OUTROS GRANÉIS MINERAIS (MIL T) – 2007

PORTO DESEMBARQUE EMBARQUE

Porto de Santana – 124

Porto de Santarém – 84

Porto de Manaus 48 –

Porto de Vila do Conde 637 4.625

Porto de Belém 99 –

Porto de Itaqui 829 5.197

Porto de Fortaleza 151 –

Porto de Natal 25 –

Porto de Cabedelo 196 18

Porto de Recife 683 –

Porto de Suape 182 –

Porto de Maceió 88 –

Porto de Salvador 9 –

Porto de Aratu 1.936 684

Porto de Ilhéus – 11

Porto de Vitória 11.827 1.635

Porto do Rio de Janeiro 28 1.052

Porto de Itaguaí 4.350 –

Porto de São Sebastião 462 –

Porto de Santos 6.291 –

Porto de Antonina 12 1

Porto de Paranaguá 170 –

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179

MOVIMENTAÇÃO DE OUTROS GRANÉIS MINERAIS (MIL T) – 2007

PORTO DESEMBARQUE EMBARQUE

Porto de São Francisco do Sul 143 –

Porto de Imbituba 585 –

Porto de Porto Alegre 14 –

Porto de Rio Grande 502 –

Term. Inácio Barbosa/Term. Petrobras – SE 344 573

Brasil 29.612 14.003

Fonte: ANTAQ/SECEX/Análise LOGIT.

Para a projeção do crescimento desses produtos, foi adotado um cenário

tendencial de crescimento com taxa média de aproximadamente 3,5% para o período

em análise de 2007 e 2023.

A movimentação de outros granéis minerais para os anos-horizonte 2015 e

2023 é mostrada na Tabela 36.

Tabela 36 – Movimentação de outros granéis minerais nos anos-horizonte 2015 e 2023

MOVIMENTAÇÃO DE OUTROS GRANÉIS MINERAIS (MIL T) – 2015 e 2023

2015 2023 PORTO

DESEMBARQUE EMBARQUE DESEMBARQUE EMBARQUE

Porto de Santana – 163 – 217

Porto de Santarém – 111 – 148

Porto de Manaus 63 – 83 –

Porto de Vila do Conde 838 6.083 1.114 8.091

Porto de Belém 130 – 173 –

Porto de Itaqui 1.090 6.836 1.449 9.092

Porto de Fortaleza 199 – 265 –

Porto de Natal 32 – 43 –

Porto de Cabedelo 258 23 343 31

Porto de Recife 898 – 1.194 –

Porto de Suape 240 – 319 –

Porto de Maceió 116 – 154 –

Porto de Salvador 12 – 16 –

Porto de Aratu 2.546 899 3.386 1.196

Porto de Ilhéus – 14 – 19

Porto de Vitória 15.557 2.151 20.691 2.861

Porto do Rio de Janeiro 37 1.384 50 1.840

Porto de Itaguaí 5.722 – 7.610 –

Porto de São Sebastião 608 – 808 –

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180

MOVIMENTAÇÃO DE OUTROS GRANÉIS MINERAIS (MIL T) – 2015 e 2023

2015 2023 PORTO

DESEMBARQUE EMBARQUE DESEMBARQUE EMBARQUE

Porto de Santos 8.275 – 11.006 –

Porto de Antonina 16 1 22 2

Porto de Paranaguá 224 – 298 –

Porto de São Francisco do Sul 188 – 250 –

Porto de Imbituba 770 – 1.024 –

Porto de Porto Alegre 19 – 25 –

Porto de Rio Grande 660 – 878 –

Term. Inácio Barbosa/Term. Petrobras – SE 452 753 602 1.002

Brasil 38.951 18.420 51.806 24.499

Fonte: Análise LOGIT.

3.6.5.5 Contêineres

Os contêineres servem de meio de transporte para diversos tipos de produtos e

representam, cheios ou vazios, elementos importantes para o processo de

planejamento regional de transportes, tanto na exportação quanto na importação.

A principal característica dos produtos movimentados em contêiner é a

pulverização das origens e/ou destinos no exterior.

A Figura 72 mostra as movimentações dos contêineres na exportação e

importação, respectivamente, envolvendo as diversas etapas do processo.

Como visto na Figura 72, por exigência legal os produtos comercializados com

o exterior, tanto na importação como na exportação, passam obrigatoriamente por

locais alfandegados. Para os produtos movimentados a granel, normalmente a

liberação alfandegária é realizada no porto, evitando custos adicionais de transbordos e

fretes nas regiões do interior.

A partir dos dados divulgados pelo Datamar, foram identificados os volumes

movimentados de contêineres cheios e vazios de 20 e 40 pés nos portos brasileiros em

2007, como mostram a Tabela 37 e a Figura 73.

Com a análise do banco de dados da Datamar referentes às movimentações

do porto de Santos, estima-se que cerca de 8 mil diferentes produtos utilizem

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181

contêineres para o comércio exterior. Tendo em vista essa diversidade, não é possível

desenvolver um cenário tendencial de crescimento baseando-se nos produtos.

Terminal Portuário

Área de armazenagem

(alfandegada)Contêiner

Vazio

ContêinerCarregado

ContêinerVazio

ContêinerCarregado

ContêinerCarregado

ContêinerVazio

Caís

Carga

Estufagem

Estufagem

Armazenagem

Estufagem

Embarque

Navio

Local alfandegado

Exportador

Depósito de contêineres do armador

Armazenagem

Navio

Terminal Portuário

Área de armazenagem

(alfandegada)Contêiner

Vazio

ContêinerCarregado

ContêinerVazio

ContêinerCarregado

ContêinerCarregado

ContêinerVazio

Caís

Carga

Descarga

Descarga

Descarga

Desembarque

Local alfandegado

Importador

Depósito de contêineres do armador

Armazenagem

Figura 72 – Movimentação de exportação e importação de contêineres.

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182

Tabela 37 – Movimentação de contêineres nos portos em 2007

MOVIMENTAÇÃO DE CONTÊINERES 2007 (MIL TEUs)

PORTO CABOTAGEM LONGO CURSO TOTAL

Porto de Belém – 70 70

Porto de Fortaleza 31 33 64

Porto de Imbituba 0,5 15 15

Porto de Itajaí 29 653 682

Porto de Maceió 6 – 6

Porto de Manaus 125 51 176

Porto de Natal – 8 8

Porto de Paranaguá – 595 595

Porto de Pecém 35 109 144

Porto de Porto Alegre 16 – 16

Porto do Rio de Janeiro 34 356 390

Porto de Rio Grande 59 516 575

Porto de Salvador 71 159 230

Porto de Santos 267 2.258 2.525

Porto de São Francisco do Sul 11 233 244

Porto de Itaguaí 81 146 227

Porto de Suape 98 97 195

Porto de Vila do Conde 15 16 31

Porto de Vitória 52 214 266

Porto de Santarém – – –

Porto de Itaqui – – –

Brasil 930 5.530 6.460

Fonte: Datamar, 2008.

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183

Figura 73 – Movimentação de contêineres nos portos em 2007.

A taxa de crescimento da movimentação de contêineres no período entre 2007

e 2023 é da ordem de 7,1% para longo curso e 8,6% para cabotagem, já considerando

volumes de transbordo nessas movimentações.

Através de pesquisas junto ao mercado, obteve-se a estimativa de que as

movimentações de transbordo passariam dos atuais 6% para 22% no ano 2023. Esta

mesma pesquisa indicou possibilidade de quatro portos como hub ports, sendo um na

região Sul, um na região Sudeste e dois no Nordeste.

Assim, até o ano 2015, foi considerada a implantação dos quatro hub ports, e

para efeito de alocação desses volumes foram considerados os portos de Rio Grande,

Santos, Suape e Itaqui, e podem ser vistos na Tabela 38.

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184

Tabela 28 – Movimentação nos portos considerados como hub ports

2015 2023

Cabotagem 100 180

Longo Curso 810 1.270

Transbordo 120 360

Total 1.030 1.810

Cabotagem 470 820

Longo Curso 3.540 5.550

Transbordo 830 2.490

Total 4.840 8.870

Cabotagem 170 300

Longo Curso 150 240

Transbordo 180 530

Total 500 1.070

Cabotagem - -

Longo Curso - -

Transbordo 60 180

Total 60 180

Tipo de

Movimentação

Volume (mil TEUs)

Região

Nordeste

(Suape)

Região Sul

(Rio Grande)

Região

Sudeste

(Santos)

Região

Nordeste

(Itaqui)

Porto

Fonte: Análise LOGIT

A Tabela 39 e a Figura 74 apresentam a expectativa de movimentação total de

contêineres para 2015 e 2023. Os volumes movimentados de contêineres no

transbordo são apresentados ilustrados na Figura 75.

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185

Tabela 39 – Movimentação de contêineres em 2015 e 2023

MOVIMENTAÇÃO DE CONTÊINERES (MIL TEUS)

ANO 2015 2023

PORTO CABOTAGEM LONGO CURSO TOTAL CABOTAGEM

LONGO CURSO TOTAL

Porto de Belém – 110 110 – 170 170 Porto de Fortaleza 50 50 110 100 80 180 Porto de Imbituba – 20 20 – 40 40 Porto de Itajaí 50 1.020 1.070 90 1.610 1.700 Porto de Maceió 10 – 10 20 – 20 Porto de Manaus 220 80 300 380 130 510 Porto de Natal – 10 10 – 20 20 Porto de Paranaguá – 930 930 – 1.460 1.460 Porto de Pecém 60 170 230 110 270 380 Porto de Porto Alegre 30 – 30 50 – 50 Porto do Rio de Janeiro 60 560 620 100 880 980 Porto de Rio Grande 120 910 1.030 240 1.560 1.810 Porto de Salvador 120 250 370 220 390 610 Porto de Santos 600 4.240 4.840 1.250 7.620 8.870 Porto de São Francisco do Sul 20 370 390 30 570 610 Porto de Itaguaí 140 230 370 250 360 610 Porto de Suape 200 300 500 390 680 1.070 Porto de Vila do Conde 30 30 50 50 40 90 Porto de Vitória 90 340 430 160 530 690 Porto de Santarém – 10 10 – 10 10 Porto de Itaqui 10 50 50 30 150 200 Brasil 1.810 9.680 11.490 3.470 16.570 20.040

Fonte: Análise LOGIT.

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186

Figura 74 – Movimentação de contêineres em 2015 e 2023.

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187

Figura 75 – Transbordo de contêineres em 2015 e 2023.

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188

3.6.5.6 Carga Geral

Os produtos que não são movimentados em contêineres ou a granel foram

agrupados como carga geral.

Para identificação desses produtos foram levantados junto ao SECEX os

volumes dos produtos movimentados nos portos em 2007, subtraindo os volumes dos

granéis vegetais, minerais e líquidos e os produtos conteinerizáveis.

A movimentação de carga geral em 2007 é apresentada na Tabela 40 e na

Figura 76.

Tabela 40 – Movimentação de carga geral nos portos em 2007

MOVIMENTAÇÃO DE CARGA GERAL – 2007

PORTO VOLUME (MIL T)

Santana – AP 519 Manaus – AM 206 Belém – PA 107 Itaqui – MA 4.124 Fortaleza – CE 409 Natal – RN 6 Cabedelo – PB 75 Recife – PE 285 Suape – PE 148 Maceió – AL 404 Salvador – BA 128 Aratu – BA 175 Vitória – ES 11.958 Rio de Janeiro – RJ 3.398 Itaguaí – RJ 1.431 São Sebastião – SP 25 Santos – SP 6.206 Paranaguá – PR 669 São Francisco do Sul – SC 117 Itajaí – SC 133 Imbituba – SC 38 Porto Alegre – RS 26 Rio Grande – RS 1.630 Terminal Inácio Barbosa – SE 1.174

Total 33.392

Fonte: ANTAQ/Análise LOGIT.

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189

Figura 76 – Movimentação de carga geral nos portos em 2007.

Para a projeção da movimentação de carga geral nos portos, foi utilizado

cenário tendencial de crescimento com taxa média de crescimento de 3,5% entre os

períodos de 2007 e 2023.

Adicionalmente, foram levantados os projetos de indústrias de celulose

voltados à exportação, que serão implantados no período em análise. A estimativa de

exportação de celulose pode ser vista na Tabela 41.

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190

Tabela 41 – Volume adicional de exportação de celulose

VOLUME ADICIONAL DA MOVIMENTAÇÃO DE CELULOSE (MIL T)

PORTO 2015 2023

Porto de Santos 1.000 3.000

Porto de Rio Grande 2.000 1.000

Total 3.000 4.000

Fonte: Pesquisa LOGIT.

A movimentação de carga geral nos portos para 2015 e 2023 é mostrada na

Tabela 42 e ilustrada na Figura 77.

Tabela 42 – Movimentação de carga geral em 2015 e 2023

MOVIMENTAÇÃO DE CARGA GERAL (MIL T)

PORTO 2015 2023

Santana – AP 700 900

Manaus – AM 250 350

Belém – PA 150 200

Itaqui – MA 5.400 7.200

Fortaleza – CE 550 700

Natal – RN 10 10

Cabedelo – PB 100 150

Recife – PE 400 500

Suape – PE 200 250

Maceió – AL 550 700

Salvador – BA 150 200

Aratu – BA 250 300

Vitória – ES 15.750 20.900

Rio de Janeiro – RJ 4.450 5.950

Itaguaí – RJ 1.900 2.500

São Sebastião – SP 50 50

Santos – SP 8.700 13.900

Paranaguá – PR 900 1.150

São Francisco do Sul – SC 150 200

Itajaí – SC 200 250

Imbituba – SC 50 50

Porto Alegre – RS 50 50

Rio Grande – RS 4.050 5.600

Terminal Inácio Barbosa – SE 1.550 2.050

Total 46.350 64.200

Fonte: Análise LOGIT.

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191

Figura 77 – Movimentação de carga geral em 2015 e 2023.

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192

3.6.6 Projeção da Demanda

Para a análise de demanda portuária, foi identificada a vocação dos portos

brasileiros com base na pauta de comércio exterior nos dados do SECEX, ANTAQ e

juntos aos portos. Além dos produtos descritos, há movimentação de outros granéis

vegetais, minerais e líquidos.

A Tabela 43 mostra a movimentação portuária total dos produtos em 2007.

A partir do cenário macroeconômico global e da interpretação do impacto das

tendências de crescimento nacional sobre a atividade econômica da área de influência

do projeto, foi possível estabelecer as premissas e hipóteses que serviram de

referência para a estimativa de crescimento dos níveis de produção, consumo e

comércio exterior referente a cada um dos produtos considerados, em nível nacional.

A Tabela 44 resume os critérios específicos adotados para a projeção dos

níveis de produção e consumo de cada um dos produtos considerados, para os

horizontes de 2015 e 2023.

Observa-se que, em função das características específicas dos diversos

produtos considerados, foram adotados critérios capazes de representar, de forma

consistente, a evolução dos níveis de produção, consumo e movimentação de

comércio exterior de cada produto, todos eles tendo como referência básica o cenário

macroeconômico esperado.

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193

Tabela 43 – Movimentação portuária em 2007

ANO 2007 (MIL T) GRANÉIS VEGETAIS GRANÉIS MINERAIS GRANÉIS LÍQUIDOS CARGA GERAL

CONT.

PORTO DESEMB. EMBARQUE DESEMB. EMBARQUE DESEMB. EMBARQUE TOTAL TOTAL

Santana – AP – – – 197 239 – 519 –

Santarém – PA – 836 – 84 – – 0 –

Manaus – AM – 2.192 113 – 2.088 1.080 206 176

Vila do Conde – PA – – 9.205 4.625 1.688 609 – 31

Belém – PA 165 0 99 – 1.536 – 107 70

Itaqui – MA 71 1.570 4.908 85.618 4.695 1.783 4.124 –

Fortaleza – CE 788 – 165 35 2.125 133 409 208

Areia Branca – RN – – – 1.706 – – – –

Natal – RN 76 53 25 – 29 – 6 8

Cabedelo – PB 62 – 196 18 508 41 75 –

Recife – PE 505 522 945 – 74 – 285 –

Suape – PE – 148 187 265 2.492 113 148 195

Maceió – AL 76 1.472 294 – 336 1.235 404 6

Salvador – BA 413 630 9 – – – 128 230

Aratu – BA 253 – 2.607 805 4.173 8.943 175 –

Ilhéus – BA – 650 – 11 – – – –

VIitória – ES 404 4.746 13.372 113.664 1.382 52 11.958 266

Forno – RJ – – 149 – – – – –

Rio de Janeiro – RJ 796 1 84 1.052 1.775 5.845 3.398 390

Itaguaí – RJ – – 4.353 74.183 – – 1.431 227

Angra dos Reis – RJ – – – – 315 533 – –

São Sebastião – SP – – 462 – 2.495 4.550 25 –

Santos – SP 1.615 24.091 10.310 9 3.979 11.216 6.206 2.525

Antonina – PR – – 202 1 – – – –

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194

ANO 2007 (MIL T) GRANÉIS VEGETAIS GRANÉIS MINERAIS GRANÉIS LÍQUIDOS CARGA GERAL

CONT.

PORTO DESEMB. EMBARQUE DESEMB. EMBARQUE DESEMB. EMBARQUE TOTAL TOTAL

Paranaguá – PR 207 17.334 7.893 – 1.241 2.655 669 595

São Francisco do Sul – SC 285 4.084 273 – 10 191 117 244

Itajaí – SC – 111 – – 67 – 133 682

Imbituba – SC 107 86 797 – 110 – 38 15

Porto Alegre – RS 80 – 498 – 2.964 995 26 16

Rio Grande – RS 342 9.087 3.139 – 1.504 1.641 1.630 575

Term. Inácio Barbosa/Term. Petrobrás – SE 97 – 425 573 – – 1.174 –

Total 6.344 67.612 60.711 282.845 35.824 41.614 33.393 6.460

Fonte: ANTAQ/SECEX/Datamar/Análise LOGIT.

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Tabela 44 – Critérios de projeção adotados

CRITÉRIOS DE PROJEÇÃO PRODUTOS RELEVANTES PRODUÇÃO CONSUMO

Soja em grãos Cenário tendencial baseado em expectativas de crescimento de mercado externo e expansão de fronteira agrícola

Crescimento do consumo devido ao aumento da produção de farelo e óleo de soja

Farelo de soja Manutenção da participação do esmagamento de soja e instalação de esmagadoras nas fronteiras agrícolas

Cenário tendencial de crescimento da produção de carnes avícola e suína; crescimento populacional

Milho Cenário tendencial referenciado à produção de soja (rotação de culturas)

Cenário tendencial de crescimento da produção de carnes avícola e suína; crescimento populacional

Açúcar Cenário tendencial baseado em expectativas de crescimento de mercado externo e descentralização de produção

Crescimento em função do aumento da população

Álcool

Cenário tendencial baseado em expectativas de crescimento de mercados externo e interno com descentralização de produção

Cenário tendencial baseado no aumento da frota flex fuel

Combustíveis A produção deverá crescer para atender ao consumo – prevista instalação de novas refinarias em CE e RJ

Crescimento em função do aumento do PIB

Fertilizantes primários

Crescimento proporcional ao consumo (mantém proporção entre importação e produção)

Crescimento para atendimento da produção de adubo

Minério de ferro Cenário tendencial de produção interna e exportação

Projetado de forma a atender ao crescimento da produção do setor siderúrgico e à exportação dos excedentes

Bauxita Baseada em cenário tendencial de produção interna e exportação

Projetado de forma a atender ao crescimento da produção do setor metalúrgico

A partir desses critérios foram projetadas as matrizes de produção e consumo,

em nível de zoneamento de transportes, para cada produto considerado e horizonte de

análise. O confronto das matrizes futuras com a rede de transporte permitiu a obtenção

dos carregamentos para os dois cenários. Os carregamentos obtidos no Cenário 1,

sem a capacitação hidroviária, para granéis vegetais, líquidos e minerais, estão

apresentados na Figura 78, Figura 79 e Figura 80, respectivamente.

Os carregamentos de granéis vegetais, líquidos e minerais, obtidos para o

Cenário 2, com a capacitação hidroviária, estão apresentados na Figura 81, Figura 82 e

Figura 83, respectivamente.

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Figura 78 – Carregamento de granéis vegetais em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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Figura 79 – Carregamento de granéis líquidos em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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Figura 80 – Carregamento de granéis minerais em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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Figura 81 – Carregamento de granéis vegetais em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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Figura 82 – Carregamento de granéis líquidos em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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Figura 83 – Carregamento de granéis minerais em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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Foram também levantados projetos e estudos de exploração de novas minas

de cobre, ferro, manganês, bauxita, carvão e potássio junto ao DNPM (Departamento

Nacional de Produção Mineral). A extração desses minérios pode gerar demanda para

movimentação nos portos.

A localização dessas novas minas pode ser visualizada na Figura 84.

Figura 84 – Localização das minas em projetos e em estudo.

A movimentação portuária de granéis vegetais, líquidos e minerais nos anos

2015 e 2023, obtida com base nos resultados das simulações do Cenário 1, está

ilustrada na Figura 85, Figura 86 e Figura 87, respectivamente.

A movimentação portuária de granéis vegetais, líquidos e minerais nos anos

2015 e 2023, obtida com base nos resultados das simulações do Cenário 2, está

ilustrada na Figura 88, Figura 89 e Figura 90, respectivamente.

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Figura 85 – Movimentação de granéis vegetais em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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Figura 86 – Movimentação de granéis líquidos em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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Figura 87 – Movimentação de granéis minerais em 2015 e 2023 – Cenário 1.

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Figura 88 – Movimentação de granéis vegetais em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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Figura 89 – Movimentação de granéis líquidos em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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Figura 90 – Movimentação de granéis minerais em 2015 e 2023 – Cenário 2.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foram adotados sete critérios, de caráter eliminatório, que

tratam de análises básicas preliminares sobre as condições marítimas e terrestres

existentes, além da análise de atendimento da demanda atual e futura. Assim, os

critérios técnicos utilizados neste estudo para a indicação das áreas do PGO foram:

a) Análise das profundidades (batimetria) da costa brasileira e da bacia amazônica

Seleção de áreas com profundidade natural igual ou superior a 7 m como

preliminarmente viáveis à instalação de infra-estrutura portuária, considerando

a batimetria disponível mais próxima da costa;

b) Análise das interfaces ambientais

Em um primeiro momento, considerando as Unidades de Conservação

Federais e Terras Indígenas, foram selecionados pontos que não deveriam ser

potencialmente adotados como locais para instalação de novos portos ou

terminais, considerando a amplitude da interface entre esses potenciais e o

meio ambiente existente;

c) Análise de ausência de infra-estrutura

Avaliação da exclusão de potenciais áreas pela inexistência de eixo de acesso

de transporte terrestre existente ou planejado, pela consideração de não se

poder otimizar o uso da oferta de transportes existente e, conseqüentemente,

exigir elevados valores de investimentos governamentais para gerar tais

condições;

d) Análise da interface urbana

Determina a exclusão de áreas potenciais que se encontram com densidade

ocupacional consolidada (comercial, residencial, industrial) e que, além de

demandarem inúmeros problemas relativos às questões municipais, também

elevariam demasiadamente os custos de implantação pelo processo de

desapropriação ou compra de terrenos e imóveis por interessados da iniciativa

privada;

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e) Análise da demanda potencial presente (que passa pelos portos atuais) e futura

A estimativa de crescimento e do que podem surgir, principalmente no setor de

graneis sólidos vegetais e minerais, que utilizaria esses mesmos portos,

partindo-se do princípio de que toda a demanda de um porto/terminal existente

pode ser atendida pela instalação portuária em sua área de expansão ou pela

construção de novos portos, nas áreas eleitas como potencialmente

“ofertantes” à navegação, e que estejam na área de mercado (influência) do

porto analisado;

f) Análise da oferta de transporte existente

Verificação da infra-estrutura de transporte associada aos eixos de escoamento

das mercadorias movimentadas nos portos instalados que podem também

servir às novas áreas para a navegação;

g) Análise da oferta de transporte futura (planejada e em obras)

Levantamento da oferta de transporte planejada e em implantação que induz

investimentos nos portos existentes e também serve às novas áreas para a

instalação de infra-estrutura portuária. Identificação da infra-estrutura

necessária especificamente às novas áreas.

Para a execução das análises citadas, destaca-se a importância das etapas de

refinamento da base georreferenciada em temas específicos, como características

físicas da costa e áreas de conservação e preservação ambiental.

Ao final, com a identificação das manchas litorâneas, tem-se um detalhamento

geográfico que permite ampliar a escala e identificar as áreas mais favoráveis para a

instalação de novos portos.

Para os portos existentes, foi executada uma caracterização das áreas de

expansão, baseando-se principalmente nos PDZs existentes e fornecidos pela ANTAQ.

Essas identificações são as novas áreas para os portos e suas demandas potenciais,

como seus investimentos associados. São análises que seguem nas fichas de

caracterização e apresentam-se por indicadores.

Assim, têm-se os subsídios apresentados para a elaboração do PGO.

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5 BIBLIOGRAFIA

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213

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______. Lei no 9.277, de 10 de maio de 1996. Autoriza a União a delegar aos municípios, estados da Federação e ao Distrito Federal a administração e exploração de rodovias e portos federais, D.O.U. de 13.5.1996.

______. Lei no 9.432, de 8 de janeiro de 1997. Dispõe sobre a ordenação do transporte aquaviário e dá outras providências, D.O.U. de 9.1.1997.

______. Lei no 10.233, de 5 de junho de 2001. Dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e terrestre, cria o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte, a Agência Nacional de Transportes Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, e dá outras providências, D.O.U. de 6.6.2001.

______. Lei no 11.314, de 3 de julho de 2006. Altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, a Lei no 10.233, de 5 de junho de 2001, que dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e

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terrestre, cria o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte, a Agência Nacional de Transportes Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, a Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, a Lei no 11.171, de 2 de setembro de 2005, que dispõe sobre a criação de carreiras e do Plano Especial de Cargos do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT, a Lei no 11.233, de 22 de dezembro de 2005, que institui o Plano Especial de Cargos da Cultura e a Gratificação Específica de Atividade Cultural -

GEAC, cria e extingue cargos em comissão no âmbito do Poder Executivo, dispõe sobre servidores da extinta Legião Brasileira de Assistência, sobre a cessão de servidores para o DNIT e sobre controvérsia concernente à remuneração de servidores do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS, a Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998, que dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União, o Decreto-Lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, que dispõe sobre os bens imóveis da União, a Lei no 11.182, de 27 de setembro de 2005, a Lei no 11.046, de 27 de dezembro de 2004; a Lei no 5.917, de 10 de setembro de 1973, e a Lei no 8.630, de 25 de fevereiro de 1993; revoga dispositivos da Medida Provisória no 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, da Lei no 10.871, de 20 de maio de 2004, e da Medida Provisória no 280, de 15 de fevereiro de 2006; e autoriza prorrogação de contratos temporários em atividades que serão assumidas pela Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC., D.O.U. de 4.7.2006.

______. Lei no 11.518, de 5 de setembro de 2007 Acresce e altera dispositivos das Leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003, 10.233, de 5 de junho de 2001, 10.893, de 13 de julho de 2004, 5.917, de 10 de setembro de 1973, 11.457, de 16 de março de 2007, e 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, para criar a Secretaria Especial de Portos, e dá outras providências, DOU DE 6/9/2007.

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