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INSTITUTO PENTECOSTAL DE EDUCAÇÃO CRISTÃ “Integrando Vida e Serviço Através das Escrituras” CNPJ n°. 15.154.731/0001-69 – Decreto nº 5.154/04 SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO EBD – Revista de Adultos Pesquisa e produção: Pr. Isaque C. Soeiro 1 Revisão orto-gramatical: Pr. Mário Saraiva 2 RESUMO O presente texto serve de apoio aos Educadores da Escola Bíblica Dominical, especialmente aos que ministram a Revista de Adultos do 1º Trimestre de 2021, intitulado: “O Verdadeiro Pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo”, cujo conteúdo foi desenvolvido pelo pastor-teólogo Esequias Soares. Este breve subsídio da Lição 10, O Senhor Jesus Cura Hoje”, trata sobre a atualidade dos milagres e curas pelo poder divino. Assim, busca-se: explicar os milagres e curas no ministério público de Jesus Cristo; explicar o lugar dos milagres e curas no ministério da Igreja; e, refletir sobre a importância dos milagres e curas como expressão do cuidado redentor de Deus em Cristo em favor do mundo. 1. INTRODUÇÃO. O estudo bíblico sobre os milagres e curas é extremamente necessário no cenário dos últimos dias. De um lado, porque existem muitos abusos e erros nessa área. Muitos pastores e pregadores reduziram o Evangelho a milagres e transformaram os cultos em espetáculo de libertações e milagres para atender à procura de muitos que estão interessados somente no bem-estar físico, social e econômico. Por outro lado, porque tem aumentado a ocorrência das enfermidades. Enfermidades antigas e novas campeiam entre as sociedades atuais, como a pandemia do covid-19 e as síndromes, transtornos e distúrbios físico- psíquicos. Nesse cenário, é importante voltar às Escrituras para observar a legitimidade dos milagres e curas no plano de Deus. 2. OS MILAGRES NO MINISTÉRIO DO SENHOR JESUS CRISTO. Os quatro Evangelhos relatam inúmeros milagres realizados pelo Senhor Jesus Cristo. Essas narrativas sobre o ministério público de Jesus Cristo e os milagres chamam a atenção para dois fatos. 1 Pr. Isaque C. Soeiro, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus na cidade de Satubinha, MA. Graduado em Administração (UNITINS-TO), Bacharel em Teologia (FATEH-MA), Especialização em Gestão Educacional (UNISEB-COC), Especialização em Ciência das Religiões (ILUSES/FATEH-MA) e Mestrando em Ciência das Religiões (ILUSES/LUSÓFONA). Diretor do Instituto Pentecostal de Educação Cristã – IPEC. Membro do conselho de doutrina da CEADEMA. E-mail: [email protected]. 2 Pr. Mário Saraiva, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Buriticupu, MA. Graduado em Letras, com habilitação em Português, Inglês e suas respectivas literaturas (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA); Especialista em Teologia (Universidade Estácio de Sá – UNESA); Pós-Graduando em Exegese Bíblica (Centro de Estudos Bet-Hakam); Mestrando em Ciências Teológicas (Universidade de Desenvolvimento Sustentável UDS, Assunção, Paraguai). E-mail: [email protected].

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Page 1: SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO EBD Revista de Adultos · SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO EBD ... Eliezer de Lira e. A enfermidade na vida do crente, Lições Bíblicas Mestre CPAD,

INSTITUTO PENTECOSTAL DE EDUCAÇÃO CRISTÃ “Integrando Vida e Serviço Através das Escrituras”

CNPJ n°. 15.154.731/0001-69 – Decreto nº 5.154/04

SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO EBD – Revista de Adultos

Pesquisa e produção: Pr. Isaque C. Soeiro 1 Revisão orto-gramatical: Pr. Mário Saraiva 2

RESUMO O presente texto serve de apoio aos Educadores da Escola Bíblica Dominical, especialmente aos que ministram a Revista de Adultos do 1º Trimestre de 2021, intitulado: “O Verdadeiro Pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo”, cujo conteúdo foi desenvolvido pelo pastor-teólogo Esequias Soares.

Este breve subsídio da Lição 10, “O Senhor Jesus Cura Hoje”, trata sobre a atualidade dos milagres e curas pelo poder divino. Assim, busca-se: explicar os milagres e curas no ministério público de Jesus Cristo; explicar o lugar dos milagres e curas no ministério da Igreja; e, refletir sobre a importância dos milagres e curas como expressão do cuidado redentor de Deus em Cristo em favor do mundo.

1. INTRODUÇÃO. O estudo bíblico sobre os milagres e curas é extremamente necessário no cenário dos últimos dias.

De um lado, porque existem muitos abusos e erros nessa área. Muitos pastores e pregadores reduziram o Evangelho a milagres e transformaram os cultos em espetáculo de libertações e milagres para atender à procura de muitos que estão interessados somente no bem-estar físico, social e econômico. Por outro lado, porque tem aumentado a ocorrência das enfermidades. Enfermidades antigas e novas campeiam entre as sociedades atuais, como a pandemia do covid-19 e as síndromes, transtornos e distúrbios físico-psíquicos.

Nesse cenário, é importante voltar às Escrituras para observar a legitimidade dos milagres e curas no plano de Deus.

2. OS MILAGRES NO MINISTÉRIO DO SENHOR JESUS CRISTO.

Os quatro Evangelhos relatam inúmeros milagres realizados pelo Senhor Jesus Cristo. Essas narrativas sobre o ministério público de Jesus Cristo e os milagres chamam a atenção para dois fatos.

1 Pr. Isaque C. Soeiro, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus na cidade de Satubinha, MA. Graduado em Administração (UNITINS-TO), Bacharel em Teologia (FATEH-MA), Especialização em Gestão Educacional (UNISEB-COC), Especialização em Ciência das Religiões (ILUSES/FATEH-MA) e Mestrando em Ciência das Religiões (ILUSES/LUSÓFONA). Diretor do Instituto Pentecostal de Educação Cristã – IPEC. Membro do conselho de doutrina da CEADEMA. E-mail: [email protected]. 2 Pr. Mário Saraiva, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Buriticupu, MA. Graduado em Letras, com habilitação em Português, Inglês e suas respectivas literaturas (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA); Especialista em Teologia (Universidade Estácio de Sá – UNESA); Pós-Graduando em Exegese Bíblica (Centro de Estudos Bet-Hakam); Mestrando em Ciências Teológicas (Universidade de Desenvolvimento Sustentável – UDS, Assunção, Paraguai). E-mail: [email protected].

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Em primeiro lugar, fica em evidência a diversidade das enfermidades e sofrimentos. A sociedade israelita e adjacentes eram afetados por muitos tipos de problemas de enfermidades físicas e espirituais. Por exemplo, o homem com hidropisia (Lc 14.1-4), a mulher com uma hemorragia que durava doze anos (Mc 5.25-34), os homens leprosos (Lc 17.11-19) e o endemoninhado gadareno (Mc 5.1-20). E, em segundo lugar, sobrai a suficiência do poder de Jesus Cristo. Jesus demonstrou poder curador suficiente diante de toda sorte de enfermidades, possessões e opressões espirituais. Por exemplo, como demonstra a narrativa de João, Jesus Cristo operou milagrosamente desde a transformação de água em vinho (Jo 2.1-11) até a ressureição de Lázaro (Jo 11.1-44).

Os milagres perpassam todo o ministério de Jesus Cristo; tinham relação com a necessidade premente da humanidade (o pecado) e o poder divino manifestado em Jesus para a redenção.

2.1 - Os Milagres de Jesus Correspondiam ao Problema do Pecado.

As doenças, enfermidades e sofrimentos seguem o rastro da morte que veio pela Queda do homem

no pecado. Assim sendo, a origem3 primária das doenças e enfermidades é o pecado. Deus não criou o ser humano para enfermar, sofrer e morrer. Deus criou o homem (macho e fêmea)

com uma estrutura corporal, psíquica e espiritual totalmente boa, isenta de qualquer dor ou enfermidade (Gn 1.27-31; 2.7-25). Contudo, após a Queda, seguiu-se o surgimento das consequências funestas na existência humana e terrena (Gn 3.16-24).

A relação entre a Queda no pecado e as enfermidades inclui duas verdades:

2.1.1 - O pecado enfermou o homem no corpo, na alma e no espírito. O pecado afetou a totalidade do ser humano, toda sua constituição física, moral, espiritual. De modo geral, as doenças-enfermidades surgem por causa da fragilidade humana, sob as consequências do pecado, neste mundo corrompido. Nesse sentido, Maurício Zágari observa que “enquanto estamos neste mundo, habitaremos corpos frágeis, aglomerados de tecidos e líquidos sujeitos a degradação”4. O tempo decorrido entre o nascimento e a degradação física até a morte é marcada por todo tipo de doenças, enfermidades e sofrimentos (2 Co 4.16 – 5.4).

2.1.2 - As enfermidades prevalecem de modo universal. A universalidade do pecado provoca a presença de enfermidades e degradação física sobre todas as pessoas do mundo. Todo ser humano, independente das circunstâncias, está sujeito a doenças físicas, psíquicas e espirituais. Ninguém escapa dessa situação.

Uma observação importantíssima: “A enfermidade é consequência direta desse rompimento da

relação entre Deus e a humanidade, e não deve ser confundida com a vontade do Todo-Poderoso. Todavia, isso não significa que toda vez que uma pessoa adoece é porque está em pecado”5, pois muitos servos de Deus na Bíblia sofreram os agravos de doenças e enfermidades (cf. 1 Rs 19.3-5; 2 Co 12.1-10).

2.2 - Os Milagres de Jesus Atestavam sua Identidade e sua Missão.

Jesus Cristo é Deus encarnado (Jo 1.1-14) e tinha plena consciência da sua missão redentora nesse

mundo (Mc 1.38; 10.45). Essencialmente, Jesus revelou a chegada do reino de Deus segundo a vontade do Pai e sob o domínio do Espírito Santo.

3 OBS.: Certamente a origem primária das doenças e enfermidade foi a entrada do pecado pela desobediência de Adão e Eva, conforme Gênesis cap. 3. No entanto, depois da entrada do pecado no mundo, também passam a existir outras causas para as doenças e enfermidades: pecado pessoal, ação maligna, permissão direta de Deus para produzir o bem e revelar seu poder. 4 ZÁGARI, Maurício. O fim do sofrimento. São Paulo: Mundo Cristão, 2015, p. 63. 5 SILVA, Eliezer de Lira e. A enfermidade na vida do crente, Lições Bíblicas Mestre CPAD, 3º Tri, 2012, p. 12.

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A humanidade caiu em profunda corrupção e miséria; passou para o domínio destruidor do reino das trevas e do mundo corrompido. Foi nesse cenário que o Senhor Jesus Cristo manifestou o reino de Deus por palavras e obras, culminando na sua morte vicária.

No texto de Mateus 12.22-30, tem-se mais um embate entre Jesus e os fariseus, que acusaram ser o poder libertador de Jesus resultado de possessão maligna. Segundo eles, Jesus expulsava demônios pelo poder do maioral dos demônios; dessa forma, eles não somente injuriaram Jesus, mas também atacaram a própria “raiz da ação restauradora de Jesus”6. Diante disso, Jesus declarou o juízo sobre eles (v.31-32) e apontou a real fonte de poder sobre Ele: “Se, porém, eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o Reino de Deus sobre vocês” (Mt 12.28/NAA). Nesse sentido, Vagner Barbosa comentou:

Os milagres de Jesus eram demonstrações de que as forças salvadoras do reino de Deus estavam em ação (Mt 12.28). Eles revelam o domínio completo de Jesus sobre todos os seres e poderes do universo, visíveis e invisíveis, físicos e espirituais. Os elementos da natureza, os demônios, a enfermidades e a morte se curvam diante da palavra de Jesus.7

O Senhor Jesus revelou o Reino de Deus por palavras e obras de poder, segundo a vontade de Deus Pai e pelo poder do Espírito Santo. Além disso, os milagres foram uma constante, porque estavam relacionados à sua identidade e missão.

2.2.1 - Os milagres atestavam a natureza divina de Jesus. A plena e perfeita natureza divina de Jesus Cristo foi demonstrada, entre outros fatores, pelos milagres. Os milagres mostravam a autoridade e poder singulares de Cristo que operavam em ordens diferentes. Por exemplo, Mateus 8.23-27 mostra a autoridade de Jesus sobre os elementos da natureza, ao converter uma tempestade em bonança; ou, segundo o registro de Mateus 9.2-8, quando Jesus associou sua autoridade para perdoar pecados, relacionou-a ao poder para curar o paralítico. Ou seja, os milagres de curas e libertações indicavam sua divindade, que agia com plena autoridade e poder sobre a natureza e a vida humana, sobre o âmbito físico e o âmbito espiritual. Como comenta Simon Kistemaker8:

Ele colocou os doutos professores da Lei num dilema ao obrigá-los a escolher o mais fácil entre dois atos que só Deus podia fazer: perdoar o pecado ou curar um paralítico. Quando Jesus mandou que o homem ficasse em pé e caminhasse, ele provou a sua divindade. Quando Jesus expulsava demônios, estes gritavam para que todos ouvissem que ele era o Filho do Deus Altíssimo. Os demônios temiam que ele tivesse vindo para atormentá-los antes do tempo de serem punidos. Embora os líderes religiosos dos dias de Jesus não o aceitassem como Filho de Deus, os demônios tremiam em submissão a ele.

2.2.2 - Os milagres faziam parte da missão redentora de Jesus. O ministério profético de Cristo envolvia a manifestação de poder autenticador do Evangelho do Reino. Por isso, recorrentemente os milagres ocorriam no contexto de ensino da Palavra (cf. Mc 1.39; Lc 4.16-21, 31-37; 5.1-8; 6.8; 7.18-22). E, o ministério sacerdotal de Cristo abrangia a compaixão e misericórdia com as misérias físicas, psíquicas, espirituais e sociais dos homens, como indicam as nuances da ressurreição de Lázaro (Jo 11.1-44). A obra redentora consumada por Jesus Cristo abrange a restauração de todos os efeitos danosos do pecado. No Antigo Testamento, foi profetizado que Ele, na sua obra sacrificial, tomaria sobre si as

6 RIENECKER, Fritz. Comentário esperança: Evangelho de Mateus. 1ª ed. Curitiba, PR: Editora Esperança, 1998, p. 7 BARBOSA, Vagner. Os milagres de Jesus. Artigo publicado em: https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/os-milagres-de-jesus/. Acesso em 01/03/2021. 8 KISTEMAKER, Simon J. Os milagres de Jesus. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2008, p.8.

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doenças e enfermidades da humanidade (Is 53.4), e, no seu ministério público, exerceu o poder restaurador e libertador em situações as mais diversas, como um indicativo do grande poder salvador de Deus por meio Dele (At 2.22). Ali, naquele período, Jesus começou a manifestar o poder redentor que liberta o homem de todas as suas mazelas e, no futuro eterno, será plenamente revelado nos salvos, quando toda a morte, tristeza, choro e dor desaparecerão (Ap 21.4). Esse aspecto redentor foi ressaltado por Jesus Cristo, quando respondeu à dúvida de João Batista. Como o verdadeiro Messias, que reuniu os ofícios de profeta e sacerdote, Jesus falou de si mesmo:

Os dois discípulos de João encontraram Jesus e lhe disseram: “João Batista nos enviou para lhe perguntar: ‘O senhor é aquele que haveria de vir, ou devemos esperar algum outro?’”. Naquela mesma hora, Jesus curou muitas pessoas de suas doenças, enfermidades e espíritos impuros, e restaurou a visão a muitos cegos. Em seguida, disse aos discípulos de João: “Voltem a João e contém a ele o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas-novas são anunciadas aos pobres” (Lc 7.18-22/NAA).

Jesus, o Cristo, “foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de

nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados” (Is 53.5/NVI).

3. OS MILAGRES NO MINISTÉRIO DA IGREJA. A obra redentora de Jesus Cristo foi plenamente consumada e seu poder restaurador abrange todos

os aspectos da natureza humana. Assim sendo, o Evangelho anuncia o poder de Cristo como o Salvador que livra de todos os males; “a salvação inclui sanear todos os aspectos de nossa vida, e tudo ‘provém da expiação’. Todo dom perfeito que provém do céu é resultado da cruz de Cristo”9.

A Igreja é o povo redimido em Cristo e comissionado para a proclamação do “Evangelho inteiro para a pessoa inteira”10. A nova natureza dos salvos e seu comissionamento para o testemunho do Evangelho inclui o testemunho do poder de Deus para curar e operar maravilhas (At 9.17-18; Tg 5.14-15).

A Igreja está vitalmente vinculada à vida e poder de Jesus Cristo por meio do Espírito Santo; essa realidade faz com que a vida e o ministério da Igreja seja um ambiente/canal onde o poder divino opera grandes milagres, curas e libertações. Werner de Boor comenta essa relação intrínseca da Igreja com o Senhor Jesus e o poder do Evangelho:

Aquele que proclama um Senhor tão maravilhoso, um Redentor poderoso, um vencedor sobre todos os poderes da morte, pode e deve contar com um anúncio que não se limita pura e simplesmente a “palavras”, mas com o poder e a vitória de Jesus se manifestando

em feitos e ajuda maravilhosa.11

O quadro abaixo relaciona dois aspectos das manifestações do poder de Deus, no nome de Jesus

Cristo e por meio do Espírito Santo na Igreja e por meio da Igreja.

9 COELHO, Alexandre. O vento sopra onde quer: o ensino bíblico do Espírito Santo e sua operação na vida da Igreja. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2018, p.113. 10 COELHO, Alexandre. Ibidem, p.113. 11 BOOR, Werner de. Cartas aos Coríntios: comentário esperança. Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 2004.

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No Testemunho do Evangelho Na Experiência Cristã

Referências Bíblicas Mateus 10.1-8; Marcos 16.15-20;

Atos 2.43; 3.6-26; 5.12-16; 6.8; 14.9-10; Romanos 15.19; Hebreus 2.1-3.

João 14.10-13; Atos 9.32-42; 10.44-46; 12.3-17; 20.9-10; 1 Coríntios 12.9-10,29-30; Tiago 5.14-15

(cf. 2 Rs 20.1-10; 2 Cr 32.24; Sl 30.2).

Propósito Principal

Auxiliam no testemunho do Evangelho, demonstrando o poder glorioso de Deus no Evangelho e esclarecendo acerca de

aspectos essenciais da obra redentora de Jesus Cristo. O propósito dos milagres é a

exaltação e a fé no Senhor Jesus.

Demonstram o cuidado compassivo do Senhor Jesus Cristo sobre seus discípulos, auxiliando na trajetória de fé e serviço. As

diversas manifestações milagrosas ocorrem pela graça de Deus por seus

servos por meio do Espírito Santo.

Princípio Geral

Os milagres e curas são associados ao ministério da Palavra de Deus, pois são a

ação do Senhor Jesus (em nome de Jesus) de confirmação indicativa da verdade e poder do Evangelho (At 4.29-30; 19.10-12). Desse modo, os milagres/curas são “sinais”, ou seja, são oriundos do poder

de Deus em favor do homem que confirmam a sua Palavra.

Os milagres e curas acompanham a fé genuína dos salvos em Cristo e

demonstram o ambiente congregacional marcado pela presença do Espírito Santo, que opera os dons espirituais; entre eles

“dons de cura” e “operações de milagres” (1 Co 12.9-10; 2 Co 12.12). Desse modo, Deus socorre seus servos, individual ou

coletivamente, diante de muitas circunstâncias difíceis (e até impossíveis).

Advertências: Abusos e Desvios

Nesse aspecto, é preciso evitar o grave perigo de fazer dos milagres/curas um

meio egoísta de exaltar o próprio nome ou o nome da denominação para galgar

influência e adquirir riquezas. Por isso, deve ser observado que “os

milagres realizados por Jesus não tinham o objetivo de satisfazer o desejo

especulativo das pessoas, nem criar uma onda de popularidade [...] O propósito

final dos milagres não é entreter os seres humanos, como se Jesus fosse um mágico, mas confrontá-los com a

realidade do reino de Deus e levá-los a uma decisão de fé. No milagre, aparece

tanto o dedo de Deus, que realiza o milagre, quanto o dedo de quem é

utilizado para que o milagre seja realizado, que aponta para Deus e o

glorifica.”12.

Nesse aspecto, é preciso evitar o grave perigo de reduzir a fé em Cristo às operações de milagres e curas. E, também, evitar tornar os cultos

congregacionais em sessões de “curas e libertações”, em lugar da exposição da

Palavra de Deus. Por isso, deve ser observado que “nosso crescimento

espiritual deve vir de uma relação com o Senhor baseada na leitura da Palavra, da oração e de uma mudança de caráter, na

submissão à vontade dEle. Milagres sempre serão bem-vindos e farão com que pessoas sejam abençoadas; mas

nossa fé deve ser madura para que não percamos o ânimo ou a confiança no

Eterno, diante das adversidades, caso Ele, porventura, não opere sinais poderosos

através de nossas vidas um dia”13.

4. CONCLUSÃO: Advertências e Oportunidades. As Escrituras relatam e ensinam a atualidade das operações milagrosas de Deus no nome de Jesus

Cristo. O mesmo propósito e poder revelado por meio de Jesus Cristo e na Igreja primitiva continua

12 BARBOSA, Vagner. Ibidem. 13 COELHO, Alexandre. Ibidem, p.133.

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disponível para sarar e livrar de circunstâncias físicas, sociais, psíquicas e espirituais, em tudo testemunhando a graça divina, no Evangelho, e a glória de Deus.

Na atualidade, a pandemia do Covid-19 já ceifou a vida de mais de dois milhões e meio de pessoas (2.538.681 até 02/03/2021). Além destas lamentosas mortes, a pandemia tem provocado o aumento da miséria socioeconômica e o aumento de enfermidades físicas e psíquicas em todo o mundo e em todas as faixas etárias.

Diante desse cenário, a Igreja é o povo redimido que pode testemunhar o favor redentor de Deus que confirma a palavra do Evangelho com poder, milagres e curas.

O exercício desse ministério deve considerar os seguintes pontos:

1. A consciência do desafio atual. A pandemia, além das próprias complicações do vírus, trouxe o agravamento de muitas outras enfermidades e o colapso dos sistemas de saúde. Quantos agravamentos e sobrecargas foram gerados por essa pandemia nos sistemas de saúde, econômicos, sociais e no convívio familiar?! Nesse esteio, cresceu o número das enfermidades psíquicas (e algumas com influência espiritual), como estresse, paranoias, transtornos de ansiedade, depressão, síndrome do pânico, ideação e consumação de suicídio, entre outras.

Apesar dos bons avanços medicinais e tecnológicos, o homem continua tão distante de Deus e suscetível às misérias e sofrimentos sob a condição mortal do pecado. O pecado é o problema essencial e a perdição eterna continua sendo a consequência última do pecado. Diante desse quadro, é preciso que a Igreja intensifique a oração e a dependência do poder de Deus. Orar mais, depender mais e se disponibilizar como instrumento de Deus é essencial, pois somente Ele sabe onde, quando, quem e para qual propósito operar milagres e curas.

2. A relação harmoniosa entre a fé e a medicina. Deus dotou o corpo humano com elementos naturais de autorregeneração e defesa imunológica. Além disso, dotou o homem de capacidades intelectuais de investigação e produção de conhecimentos a partir dos elementos e substâncias naturais, o que tem feito com que a humanidade avance nos tratamentos eficazes para doenças físicas e psíquicas. Deus tem providenciado meios naturais para a prevenção, cura total e/ou amenização de sofrimento.

Grande parte das doenças, enfermidades e transtornos físicos e psíquicos podem ser eficazmente prevenidos, totalmente tratados ou amenizados por meio de hábitos, substâncias e tratamentos medicinais. Todo esse acúmulo de conhecimentos e práticas medicinais deve ser acatado pelo crente, pois é dádiva de Deus! Assim, é imprudência quando o cristão nega a contribuição da medicina em nome da fé e da cura sobrenatural. O cristão trata levianamente o dom da vida ao desrespeitar regras sanitárias, hábitos saudáveis e tratamentos que curam ou amenizam o sofrimento. Quantas vezes Deus tem usado os meios naturais para promover a cura e o bem-estar?!

3. A relação harmoniosa entre a fé e a soberania de Deus. A Bíblia ensina a confiar e orar, buscando milagres e curas. Muitas vezes, Deus responde com milagres e curas. Mas, outras vezes, Deus decide não curar. Deus sempre age com sabedoria e soberania, e, para cada caso, Ele decide com propriedade. Por exemplo, o Senhor Jesus permitiu que seu discípulo Tiago fosse morto, mas decidiu libertar Pedro da prisão de modo sobrenatural (At 12). E, o apóstolo Paulo foi usado por Deus para a realização de milagres e curas, mas, quando estava sofrendo pelo que ele chamou de “um espinho na carne” e orou pedindo livramento, Deus decidiu não livrar daquela situação específica (2 Co 12.1-10). Portanto, é preciso crer e orar, mas sempre descansar na resposta de Deus, crendo na sua soberania e sabedoria. Seja no meio das enfermidades, seja testemunhando a cura, em tudo é preciso permanecer fiel.

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APOIO:

Comissão de Educação da CEADEMA

Conduzindo a Educação Através do Reino

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