subcategoria15609.pdf

21
CURSO EM PDF – ICMS-SP – FINANÇAS PÚBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 1 AULA 00 – DEFINIÇÃO DE FINANÇAS PÚBLICAS. VISÃO CLÁSSICA DAS FUNÇÕES DO ESTADO; EVOLUÇÃO DAS FUNÇÕES DO GOVERNO. ECONOMIA DA TRIBUTAÇÃO: A NECESSIDADE ECONÔMICA DA TRIBUTAÇÃO APRESENTAÇÃO Caros colegas concursandos, Inicialmente, vamos nos apresentar. Meu nome é Mauricio Mariano e minha função aqui será auxiliá-los no estudo das Finanças Públicas com foco no edital do Concurso para Agente Fiscal de Rendas do ICMS de São Paulo. Sou Auditor Fiscal Tributário Municipal - SP, desde 2007, quando fui aprovado no Concurso realizado naquele ano, também pela banca da Fundação Carlos Chagas. Sou graduado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo e possuo especialização em Gestão Pública pela Universidade de Mogi das Cruzes. Leciono em curso de pós-graduação na área de Gestão Pública e em cursos preparatórios para concurso público em São Paulo. Já realizei, pela ESAF, atividade de tutoria à distância em curso de Gestão Orçamentária, Financeira e Contratações Públicas para Municípios. Pela mesma entidade, me tornei disseminador de educação fiscal. Acredito que estas credenciais me dão o suporte mínimo para ajudá-los em mais esta empreitada rumo à aprovação no concurso. Meu nome é Daniel Breuer, sou técnico judiciário do TRE-RJ, desde 2007, quando fui aprovado em concurso realizado pelo CESPE/UNB. Estou no 7º período de Ciências Contábeis na Universidade Veiga de Almeida e já ministrei aulas de matemática e física. Tenho certeza que conseguirei contribuir muito para a sonhada aprovação de vocês nesse concurso. Falando de concurso público, uma coisa podemos garantir a vocês.

Upload: rosinaldo-pantoja

Post on 08-Sep-2015

234 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 1

    AULA 00 DEFINIO DE FINANAS PBLICAS. VISO CLSSICA DAS FUNES DO ESTADO; EVOLUO DAS FUNES

    DO GOVERNO. ECONOMIA DA TRIBUTAO: A NECESSIDADE ECONMICA DA TRIBUTAO

    APRESENTAO

    Caros colegas concursandos,

    Inicialmente, vamos nos apresentar.

    Meu nome Mauricio Mariano e minha funo aqui ser auxili-los no estudo das Finanas Pblicas com foco no edital do Concurso para Agente Fiscal de Rendas do ICMS de So Paulo.

    Sou Auditor Fiscal Tributrio Municipal - SP, desde 2007, quando fui aprovado no Concurso realizado naquele ano, tambm pela banca da Fundao Carlos Chagas.

    Sou graduado em Administrao de Empresas pela Universidade de So Paulo e possuo especializao em Gesto Pblica pela Universidade de Mogi das Cruzes. Leciono em curso de ps-graduao na rea de Gesto Pblica e em cursos preparatrios para concurso pblico em So Paulo. J realizei, pela ESAF, atividade de tutoria distncia em curso de Gesto Oramentria, Financeira e Contrataes Pblicas para Municpios. Pela mesma entidade, me tornei disseminador de educao fiscal. Acredito que estas credenciais me do o suporte mnimo para ajud-los em mais esta empreitada rumo aprovao no concurso.

    Meu nome Daniel Breuer, sou tcnico judicirio do TRE-RJ, desde 2007, quando fui aprovado em concurso realizado pelo CESPE/UNB.

    Estou no 7 perodo de Cincias Contbeis na Universidade Veiga de Almeida e j ministrei aulas de matemtica e fsica. Tenho certeza que conseguirei contribuir muito para a sonhada aprovao de vocs nesse concurso.

    Falando de concurso pblico, uma coisa podemos garantir a vocs.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 2

    A principal diferena entre os candidatos aprovados e aqueles que no obtiveram xito, a perseverana aliada constncia de propsitos. Quanto ao restante, tudo se supera. Evidentemente existem algumas mentes privilegiadas, que, mesmo com pouco estudo obtm aprovao em timas colocaes. Mas estas so a exceo regra. A grande maioria precisa estudar com afinco e dedicao, mantendo a disciplina e a constncia, sem altos e baixos. Seguindo esta receita bsica, mais cedo ou mais tarde, a vitria vir. Ento isso: no desista nunca! Estude at passar!

    Neste curso, faremos uma abordagem simples e objetiva dos tpicos referentes ao edital do ICMS-SP na disciplina de Finanas Pblicas, de acordo com o que a banca FCC costuma cobrar. Para isto, sempre teremos uma abordagem terica sobre o assunto da aula e, posteriormente, resolveremos questes, preferencialmente, da banca FCC.

    Na aula demonstrativa, comearemos com uma apresentao de Finanas Pblicas, bem como a viso das funes do Estado. Essas definies sero importantes para entrarmos no edital do ICMS-SP.

    A seguir temos o cronograma do curso, mas, se possvel, adiantaremos a data da disponibilizao das aulas:

    Aula Demo

    1. Definio de Finanas Pblicas. 2. Viso clssica das funes do Estado; evoluo das funes do Governo. 3.Economia da Tributao: a necessidade econmica da tributao.

    Aula 01 (17/01)

    4. Formas de Tributao: Impostos, taxas e contribuies de melhoria. 5. Classificao dos impostos: impostos indiretos, impostos Ad Valorem e impostos especficos, impostos sobre valor adicionado, impostos nicos (excise tax).

    Aula 02 (24/01)

    6. Tributao e eficincia. 7. Conceituao econmica de eficincia: eficincia de Pareto. 8. O peso morto da tributao. 9. Determinantes do Peso Morto: elasticidade de oferta e demanda.

    Aula 03 (31/01)

    10. Tributao tima sobre mercadorias: a regra de Ramsey. 11. Curva de Laffer. 12. Tributao e equidade: o trade-off entre eficincia e equidade. 13. Implicaes da regra de Ramsey sobre a equidade. 14. Critrios de equidade: capacidade contributiva e critrio do benefcio.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 3

    Aula 04 (07/02)

    15. Efeitos distributivos dos impostos: incidncia econmica dos tributos. 16. Tributao e estruturas de mercado: incidncia de impostos em concorrncia perfeita e monoplio. 17. Poltica tributria: como os impostos influem nas decises de consumo, poupana e gasto.

    Aula 05 (14/02)

    18. A funo estabilizadora do sistema tributrio: a poltica fiscal e estabilizadores automticos. 19. Incidncia econmica e efeitos distributivos dos impostos sobre a riqueza e o patrimnio. 20. Incidncia e efeitos distributivos dos impostos sobre a propriedade.

    Aula 06 (21/02)

    21. Finanas Pblicas e o sistema Federativo: O modelo de Tiebout. 22. Federalismo timo: Vantagens e Desvantagens de um sistema descentralizado.

    Aula 07 (28/02)

    23. Impostos sobre valor Adicionado X impostos sobre vendas, impostos regressivos, proporcionais e progressivos. 24. Impostos cumulativos X impostos no cumulativos.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 4

    Sumrio da Aula:

    1. Definio de Finanas Pblicas.

    2. Viso clssica das funes do Estado; evoluo das funes do Governo.

    3. Economia da Tributao: a necessidade econmica da tributao.

    4. Lista de exerccios.

    5. Resoluo / comentrios aos exerccios.

    Voc est preparado? Espero que sim, pois agora a bola vai rolar e, ao apito do juiz, o jogo vai comear !!!

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 5

    1. Definio de Finanas Pblicas.

    As finanas pblicas so um ramo da cincia econmica cujo objeto de estudo a poltica fiscal ou poltica oramentria em um Estado de Economia Mista. Trata-se de um ramo da economia que estuda as polticas pblicas, especificamente as polticas de natureza fiscal. Assim, abrangem a captao de recursos pelo Estado, a gesto e o gasto destes recursos para fazer frente s necessidades da sociedade e, inclusive, s do prprio Estado. Importante destacar que, no campo das Finanas Pblicas, ateno especial dispensada tributao e aos oramentos. Em suma, podemos dizer tambm que as Finanas Pblicas estudam a dvida pblica, a receita pblica, as despesas pblicas, dentre outros objetos.

    Em concursos pblicos, a disciplina Finanas Pblicas a prpria sntese das atribuies do Estado no plano econmico, sendo o resultado da combinao das fontes de arrecadao de recursos e dos conseqentes usos, aplicados em despesas pblicas.

    Dessa forma, assim como voc faz na sua casa mantendo o equilbrio entre as suas receitas e as suas despesas (o que algumas

    Envolve a captao de recursos, sendo a Tributao, as Tarifas e o Endividamento Pblico as principais formas.

    Envolve o gasto com as Funes do Estado e as Polticas Pblicas.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 6

    pessoas no conseguem, diga-se de passagem), as Finanas Pblicas tm por objetivo manter o equilbrio entre as receitas e os gastos pblicos, ou seja, gerir a atividade financeira do Estado (pegando o gancho do comentrio anterior, alguns Estados tambm incorrem em erros/falhas nesta gesto, provocando as conhecidas crises fiscais).

    No captulo das Finanas Pblicas do texto Constitucional, extramos da seo dos Oramentos que o Plano Plurianual deve estabelecer, dentre outros, diretrizes, objetivos e metas da administrao pblica.

    Por diretrizes podemos depreender como as orientaes e/ou princpios que norteiam a captao, a gesto e o gasto dos recursos pblicos. Caberia aqui estabelecer, por exemplo, as linhas gerais da poltica fiscal que poderia ser reduzir o dficit pblico, aumentar a arrecadao sem aumentar a carga tributria, diminuir o nvel de endividamento, etc.

    Por objetivos temos as aes desejadas ou esperadas dos programas do governo. Assim, um objetivo poderia ser diminuir a desigualdade na distribuio de renda, atravs de programas assistenciais ou melhorar o nvel da educao bsica.

    J por metas entendemos como a expresso quantitativa dos resultados almejados para alcance dos objetivos traados. Com relao aos exemplos anteriores, as metas poderiam ser expandir o alcance do bolsa-famlia para mais 1 milho de brasileiros e atingir o conceito mnimo de X nas avaliaes oficiais realizadas, respectivamente.

    Como exemplos de algumas questes abordadas pelas finanas pblicas, temos:

    Quais as justificativas econmicas da existncia do Estado? Por que o Estado se envolve em determinadas atividades econmicas e deixa outras para o setor privado?

    O Estado organiza a vida em sociedade buscando que ela transcorra da melhor forma possvel e, sempre que possvel, procura no interferir no seu andamento; entretanto, as atividades essenciais (ex: segurana pblica, defesa nacional, etc.) devem ser reguladas para que seja mantido o bom andamento. (Trataremos deste assunto com maior profundidade no Captulo 2 desta aula).

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 7

    Quais os efeitos da incidncia de um determinado tributo sobre os preos?

    Em um primeiro momento voc pensa que o tributo aumenta o preo sempre. Mas isso est errado, pois esse aumento pode no acontecer caso o produto j esteja com um preo muito elevado e o fato de repassar o tributo para o preo poder acarretar uma queda brusca no seu consumo. Ou seja, cada caso um caso. Sobre quem recai o efeitos da incidncia tributria?

    Basicamente temos trs possibilidades: o produtor, o consumidor e o Estado.

    Quais as caractersticas desejveis de um Sistema Tributrio?

    Podemos citar trs caractersticas:

    - a distribuio do nus tributrio deve ser equitativo, ou seja, cada um deve pagar uma contribuio justa;

    - a cobrana dos impostos deve ser conduzida no sentido de onerar mais aquelas pessoas com maior capacidade de pagamento; e

    - o sistema tributrio deve ser estruturado de modo a interferir o mnimo possvel na alocao de recursos da economia.

    Enfim, tivemos respostas simples para as perguntas colocadas, entretanto, ao longo do nosso curso, estes assuntos sero mais bem detalhados.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 8

    2. Viso Clssica das Funes do Estado; Evoluo das Funes do Governo. 2.1 Viso Clssica das Funes do Estado

    Historicamente, duas correntes antagnicas de pensamento econmico tentam se impor: uma prega que o mercado deve ser livre e soberano para que a sociedade alcance o bem-estar comum; a outra afirma que o mercado imperfeito e que isso impede o bem-estar comum sem a interferncia do governo. A primeira se refere viso clssica (liberal) das funes do Estado.

    Por esta viso, o Estado no deve intervir na economia, deixando que o mercado promova sua prpria regulao de eventuais desequilbrios, atravs de uma mo invisvel. O Estado neutro e visa, principalmente, o bem comum. Considera-se que h igualdade de oportunidades para todos. Os direitos individuais tambm so bastante valorizados.

    Esse modelo de Estado surge a partir da ascenso do modo de produo capitalista, colocando em xeque a legitimidade da lei divina, que imperou por toda a Idade Mdia. Adam Smith, considerado pai do liberalismo econmico, defende a livre concorrncia e a lei da oferta e da procura, pois assim, a mo invisvel do livre mercado se constituiria no instrumento mais eficiente de regulamentao social. Ao Estado caberia apenas promover as funes de segurana contra as ameaas externas e manter a ordem interna, garantindo a propriedade privada e a liberdade individual, atravs da mediao da justia.

    2.2 As Falhas de Mercado

    Tendo apresentado a viso clssica das funes do Estado e antes de abordarmos a evoluo das funes do Governo, precisamos abordar, brevemente, as falhas de mercado. Estas seriam as responsveis por impedir que a livre concorrncia produza situaes de mxima eficincia, inclusive no mbito social, sem a figura de um planejador central (Governo). So elas:

    A existncia de bens pblicos aqueles em que o uso ou consumo indivisvel ou no-rival, ou seja, o consumo por parte de um no prejudica o consumo do mesmo bem por outro, atendendo ao princpio

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 9

    da no-excluso. Exemplos: ruas, iluminao pblica, justia, segurana pblica, etc. A questo que se coloca como ratear os custos de produo destes bens? Algumas pessoas poderiam se negar a pagar por eles, alegando que no necessitam dos mesmos, e acabar usufruindo como carona. O sistema de mercado funciona bem quando se aplica o princpio da excluso, ou seja, o consumo de um alimento por uma pessoa impede que outra consuma o mesmo alimento. No caso em pauta, no h como impedir que algum transite por uma rua ou se beneficie da segurana pblica. Assim, como o sistema de mercado ineficiente para garantir a produo necessria de bens pblicos, esta responsabilidade recai sobre o governo, que financia sua produo atravs da cobrana de impostos.

    Monoplios naturais h determinados setores da economia que apresentam fortes ganhos de escala, reduzindo os custos unitrios de produo, caso uma nica empresa produza determinado bem, constituindo assim os monoplios naturais, caso contrrio uma grande quantidade de concorrentes implicaria custos mais elevados. Ex.: distribuio de energia eltrica. Neste caso, o governo precisa assumir sua produo ou regular o setor, para que no sejam praticados preos abusivos.

    Externalidades ocorrem quando as aes de um determinado agente econmico (indivduo, empresa, etc.) afetam outros agentes. Podem ser positivas ou negativas. Exemplos: a desratizao de uma fbrica pode ajudar a eliminar os roedores e doenas na vizinhana (externalidade positiva) enquanto que a poluio do ar promovida pela mesma fbrica prejudica sua vizinhana (externalidade negativa). A existncia de externalidades tambm justifica a ao do governo que pode ser para:

    regulamentar; aplicar multas ou impostos, para desestimular externalidades

    negativas; produzir diretamente ou conceder subsdios, para gerar

    externalidades positivas.

    Mercados incompletos ocorrem quando um bem ou servio no ofertado, mesmo que o preo que os potenciais compradores estejam dispostos a pagar seja maior que o custo de produo. Acontece porque nem sempre o setor privado est disposto a assumir riscos.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 10

    Falhas de informao quando o mercado por si s no fornece dados suficientes para que os consumidores tomem suas decises de forma racional. Neste caso a ao do Estado pode ser a introduo de leis que obriguem maior transparncia, como a publicao dos balanos contbeis das empresas de capital aberto, por exemplo.

    Desemprego e inflao podem provocar grandes desequilbrios econmicos e sociais, justificando a ao do governo para minimiz-los.

    2.3 Evoluo das Funes do Governo.

    No final do sculo retrasado e incio do sculo passado comearam a ocorrer grandes monoplios no mercado, limitando a oferta de bens e aumentando seus preos. Comea ento a ruir o conceito de mo invisvel, que atrelado quebra da Bolsa de Valores de NY em 1929 e grande depresso que a esta se seguiu, acabaram forando a mudana de paradigmas.

    O Estado ento reestrutura suas dimenses econmica e social. A primeira passa a se respaldar no modelo keynesiano, caracterizado pela interveno estatal na economia, com vistas a procurar garantir o pleno emprego e atuar em setores estratgicos para o desenvolvimento nacional. A segunda, ancorada na primeira, resume-se no Estado de Bem-Estar Social (Welfare State), cujo objetivo principal garantir o suprimento das necessidades bsicas da populao, como sade, educao, moradia, previdncia social, etc. Nesse modelo, as polticas pblicas tm carter preventivo, ou seja, so planejadas e desenvolvidas para evitar conseqncias sociais indesejveis.

    Tendo em vista a aceitao destes preceitos por praticamente todos os pases capitalistas, ocorreu forte expanso da atuao estatal para diversos setores alm dos setores da justia e da segurana, e com isso os gastos pblicos aumentaram consideravelmente da segunda metade do sculo passado at os dias de hoje. Dessa forma, podem ser destacadas as funes do governo para corrigir ou agir sobre as falhas de mercado apresentadas com vistas a amenizar as distores de cunho scio-econmico. Estas funes podem ser divididas em trs tipos: alocativa, distributiva e estabilizadora.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 11

    A) FUNO ALOCATIVA fornecimento de bens pblicos populao

    Como vimos, os bens pblicos no podem ser fornecidos de acordo com as necessidades da sociedade pelo sistema de mercado. Assim, a funo alocativa se refere s aes (medidas de poltica, regulamentos e programas) que os governos praticam com o objetivo de propiciar uma eficiente utilizao dos recursos produtivos disponveis na economia.

    Como exemplo de utilizao da funo alocativa, podemos citar a construo de uma estrada que acarretar desenvolvimento econmico para a regio por onde ela passa.

    B) FUNO DISTRIBUTIVA ajustes na distribuio de renda

    A funo distributiva est relacionada com o fato de tornar a sociedade mais homognea, no que tange aos estoques de riqueza e distribuio da renda nacional.

    Os principais instrumentos utilizados nesta funo so as transferncias, os impostos e os subsdios, que se relacionam estreitamente, possibilitando vrias formas de promover distribuio de renda.

    Como exemplo, podemos citar a cobrana de impostos mais altos sobre artigos de luxo, enquanto que artigos de primeira necessidade possuem carga tributria mais baixa ou so at mesmo subsidiados.

    C) FUNO ESTABILIZADORA uso da poltica econmica visando um alto nvel de emprego, estabilidade nos preos e crescimento econmico

    A funo estabilizadora refere-se ao conjunto de aes implementadas com o objetivo de atenuar os nveis de preos, controlar os juros, assegurar um bom nvel de emprego, controlar a demanda, etc. Para isso os principais instrumentos macroeconmicos disposio do governo so as polticas fiscal e monetria.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 12

    Como exemplo de utilizao da funo estabilizadora, temos a variao da taxa SELIC pelo COPOM (Comit de Poltica Monetria).

    H ainda quem diga que nos ltimos anos surgiu uma quarta funo denominada funo reguladora que busca regular a atividade econmica por meio de legislao (ex: proteo aos consumidores), normas administrativas e com a criao de agncias reguladoras (ANATEL, ANEEL, ANAC, etc).

    Entretanto, no se trata de uma funo amplamente aceita, pois h aqueles que mencionam apenas as trs funes anteriores.

    Todavia, sabe-se que o auge da interveno do Estado na economia, com vistas promoo do bem-estar social j ficou para trs. Atualmente, tem sido maior a preocupao dos governos em promover esta funo reguladora, em decorrncia, principalmente, dos novos desafios impostos pelo avano das privatizaes. Outros fatores como globalizao financeira, abertura comercial e formao de blocos regionais tem exigido profunda reviso do papel a ser desempenhado pelo Estado.

    3- Economia da Tributao: a necessidade econmica da tributao

    Futuros servidores do ICMS/SP, as finalidades da tributao podem ser originria, poltica, econmica e social.

    Finalidade originria: a tributao tem como finalidade financiar o Estado. Embora existam outras fontes de financiamento, a tributao a mais adequada em termos de sustentabilidade a longo prazo.

    Finalidades da tributao

    Originria

    Poltica

    Econmica

    Social

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 13

    Finalidade poltica: a tributao tem como finalidade reforar os laos que unem governantes e governados. Esses laos nem sempre so democrticos. Geralmente h ampla noo de contribuinte e estreita noo de cidado.

    Finalidade social: a tributao permite aos indivduos, na medida de suas capacidades econmicas, participarem do custeio das atividades estatais de realizao do bem comum. Alm disso, a tributao tem uma funo distributiva, repassando recursos dos mais ricos para os mais pobres.

    Finalidade econmica: a tributao utilizada como um instrumento da poltica econmica, maximizando o bem-estar social, interligando as 3 funes clssicas do Estado (alocativa, distributiva e estabilizadora).

    Ou seja, a tributao necessria para que o Estado promova satisfatoriamente as funes alocativa, distributiva e estabilizadora, que ele exerce na economia.

    Em outras palavras: como os mercados no geram resultados eficientes (devido s falhas de mercado), necessrio que o Estado interfira na economia, visando ao bem estar social. Para isso, o Estado usa a tributao.

    Necessidade econmica da

    tributao

    Promover a funo alocativa

    Promover a funo distributiva

    Promover a funo estabilizadora

    A tributao no a nica maneira de o Estado interferir na economia, ele possui outros mecanismos para isso, como, por exemplo, a expanso da base monetria em pocas de recesso, ou o aumento da taxa de juros em pocas de inflao.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 14

    4. Lista de Exerccios

    1. (FCC/ISS-SP/Auditor-Fiscal/2007) Atualmente o Estado intervm em quase todas as atividades humanas em razo das necessidades pblicas. Dentre outras atribuies, incumbe ao Estado regular a atividade econmica, prestar servios pblicos, explorar a atividade econmica e exercer poder de polcia. Nesse contexto, possvel afirmar que as finanas pblicas (A) tm papel secundrio na interveno do Estado na economia, diante da poltica liberal vigente.

    (B) as finanas pblicas podem tornar-se poderoso instrumento de atuao estatal no domnio econmico, visando a um oramento equilibrado e conteno de gastos pblicos.

    (C) pertencem ao universo normativo, regulando a interveno estatal no domnio econmico, compondo a poltica financeira estatal e consubstanciada nas leis oramentrias.

    (D) caracterizam-se por ser uma disciplina jurdica que tem como objeto de seu estudo toda a atividade do Estado no tocante forma de realizao da receita e da despesa.

    (E) dizem respeito ao universo do ser, do plano real e dispensam uma realidade normativa, ficando adstritas apenas ao campo econmico, desvinculado de interveno estatal.

    2. (FCC/SAEB/Especialista em Polticas Pblicas/2004) O programa bolsa-escola consiste em destinar temporariamente - em dinheiro, um salrio mnimo mensal s famlias em situao de carncia material e precariedade social. Um dos requisitos que todos os filhos da famlia entre 07 (sete) e 14 (quatorze) anos estejam matriculados em escolas pblicas. O bolsa-escola uma ao governamental de tipo

    (A) regulatria.

    (B) auto-regulatria.

    (C) libertria.

    (D) distributiva.

    (E))redistributiva.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 15

    3. (ESAF/AFTN/Auditor-Fiscal/1998) A funo alocativa do Governo est associada a

    (A) controle da demanda agregada visando minimizar os efeitos sobre o bem-estar social e crises de inflao ou recesso

    (B) interveno do Estado na economia, para alterar o comportamento dos nveis de preos e emprego

    (C) fornecimento de bens e servios no oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado

    (D) utilizao de instrumentos de poltica fiscal, monetria, cambial, comercial e de rendas

    (E) implementao de uma estrutura tarifria progressiva

    4. (FCC/SAEB/Especialista em Polticas Pblicas/2004) Ressalvados os casos previstos na Constituio brasileira de 1988, a explorao da atividade econmica diretamente pelo Estado s ser permitida quando necessria ao

    I. imperativo da segurana nacional II. fortalecimento da empresa nacional

    III. relevante interesse coletivo IV. desenvolvimento de novos produtos

    SOMENTE correto o que se afirma em

    (A) I e II.

    (B)) I e III.

    (C) I e IV.

    (D) II e III.

    (E) II e IV.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 16

    5. (FCC/SAEB/Especialista em Polticas Pblicas/2004) A respeito dos bens pblicos e externalidades INCORRETO afirmar:

    (A) A oferta de bens pblicos requerida pela sociedade pode ser determinada de forma eficiente pelo sistema de mercado atravs do mecanismo de oferta e demanda.

    (B) Os bens pblicos (segurana pblica, justia e defesa nacional, por exemplo) so aqueles bens cujo consumo indivisvel ou no-rival.

    (C) Justifica-se a oferta pblica de sade e educao pelo fato de gerarem externalidades positivas, apesar destes servios poderem ser submetidos ao princpio de excluso e, desta forma, serem passveis de explorao pelo setor privado.

    (D) A responsabilidade pela proviso de bens pblicos recai sobre o governo, que financia a produo desses bens atravs da cobrana compulsria de impostos.

    (E) A existncia das chamadas externalidades negativas (poluio, por exemplo) justifica a interveno do governo (atravs de multas e impostos, por exemplo) no sentido de coibir essas aes.

    6. (FCC / SEFAZ-SP / ANALISTA EM PLANEJAMENTO ORAMENTO E FINANAS PBLICAS/2010). Em 2009, o Governo Federal promoveu a reestruturao da tabela de faixas de rendimentos e alquotas do imposto de renda das pessoas fsicas, em resposta crise financeira internacional. Em relao a essa medida de poltica tributria, correto afirmar que

    a) o governo utilizou um instrumento de poltica econmica visando cumprir sua funo estabilizadora.

    b) o princpio da progressividade foi temporariamente deixado em segundo plano, em favor da recuperao da atividade econmica.

    c) a medida no foi eficaz, pois como se destinou s pessoas fsicas, no conseguiu estimular a expanso ou manuteno do nvel de emprego.

    d) a medida no produziu efeitos anticclicos porque a renda pessoal disponvel da economia permaneceu a mesma.

    e) o governo utilizou um instrumento visando cumprir sua funo alocativa, induzindo as empresas a produzirem mais bens de consumo no durveis.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 17

    7. (ESAF/STN/ ANALISTA DE FINANAS E CONTROLE/2005) Analisando historicamente, o setor pblico tem, ao longo do ltimo sculo, dilatado sobremaneira suas funes, tanto no plano econmico como no social. Uma srie de razes bsicas responsvel pela expanso da atividade do Setor Pblico. No que diz respeito a essas razes, indique a opo falsa.

    a) Crises econmicas de mbito mundial.

    b) Reduo da taxa de crescimento populacional.

    c)Necessidade de estruturao e afirmao do processo de industrializao, no caso de pases subdesenvolvidos.

    d) Crescente militarizao das naes.

    e) Necessidade de modernizao da infra-estrutura de transportes.

    8. (ESAF/SFC/ ANALISTA DE FINANAS E CONTROLE/2005)- No tocante ao papel do Estado na atividade econmica, diz-se que o setor pblico deve cumprir, fundamentalmente, as trs seguintes funes:

    a) distributiva, fiscalizadora e alocativa.

    b) distributiva, fiscalizadora e estabilizadora.

    c) distributiva, alocativa e estabilizadora.

    d) fiscalizadora, alocativa e estabilizadora

    e) fiscalizadora, normativa e estabilizadora

    GABARITO

    01 - B 02 - D 03 - C 04 - B 05 - A

    06 - A 07 - B 08 - C

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 18

    5. Resoluo / Comentrios aos Exerccios

    Questo 01

    Anlise das alternativas:

    (A) ERRADA. As finanas pblicas tm papel PRINCIPAL na interveno do Estado na economia.

    (B) CORRETA. As finanas pblicas visam o equilbrio entre as receitas pblicas e os gastos pblicos.

    (C) ERRADA. A funo regulatria no amplamente aceita como uma funo estatal relacionada com as finanas pblicas.

    (D) ERRADA. As finanas pblicas so uma cincia econmica.

    (E) ERRADA. A realidade normativa deve existir para o Estado poder regular a sua atuao.

    Gabarito: B

    Questo 02

    Tendo em vista que o enunciado descreve uma forma de ajuste na distribuio da renda, temos aqui um clssico exemplo de funo distributiva.

    Gabarito: D

    Questo 03

    Anlise das alternativas:

    (A) ERRADA. Trata-se da funo estabilizadora.

    (B) ERRADA. Trata-se da funo estabilizadora.

    (C) CORRETA. Conforme comentrios da aula.

    (D) ERRADA. Trata-se da funo estabilizadora.

    (E) ERRADA. Trata-se da funo distributiva.

    Gabarito: C

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 19

    Questo 04

    Conforme estudamos na aula, o Estado, em regra, costuma intervir nas atividades de interesse pblico, mas sem promover a explorao direta de uma atividade econmica, pois tal ao fica a cargo de terceiros.

    Entretanto, nos termos do art. 173 da CF, a explorao direta de atividade econmica pelo Estado permitida em dois casos:

    - quando necessria aos imperativos da segurana nacional;

    - quando houver relevante interesse coletivo.

    Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituio, a explorao direta de atividade econmica pelo Estado s ser permitida quando necessria aos imperativos da segurana nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

    Gabarito: B

    Questo 05

    Anlise das alternativas:

    (A) INCORRETA. Como vimos, a oferta de bens pblicos no feita de forma eficiente pelo sistema de mercado. Como o enunciado pede a incorreta, esta alternativa se constitui no gabarito.

    (B) CORRETA. Conforme exemplo e descrio da aula.

    (C) CORRETA. Como vimos, o governo pode produzir diretamente com a inteno de gerar externalidades positivas e se encaixa perfeitamente no exemplo da alternativa.

    (D) CORRETA. Conforme exemplo e descrio da aula.

    (E) CORRETA. Conforme exemplo e descrio da aula.

    Gabarito: A

    Questo 06

    (A) CORRETA. Com a crise financeira internacional, a taxa de crescimento e o nvel de emprego diminuram. Para corrigir isso, o Governo teve de aumentar a demanda agregada, para isso ele diminuiu

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 20

    impostos e diminuiu a taxa de juros, fazendo com que mais dinheiro circulasse pela economia. Trata-se de um tpico exemplo da funo estabilizadora.

    (B) ERRADA. Pessoal, veremos o item impostos progressivos na ltima aula, mas adiantamos que nesses impostos a alquota aumenta conforme a renda aumenta. Mesmo com a reestruturao da tabela do IR, essa caracterstica do IR foi mantida.

    (C) ERRADA. Com a medida de reestruturao da tabela do IR, aumentou a quantidade de dinheiro que circulava pela economia (a reestruturao ocasionou um pagamento menor de imposto, sobrando mais dinheiro no bolso dos contribuintes), conseqentemente houve um aquecimento da economia, aumentando o nvel de emprego.

    (D) ERRADA. Renda Pessoal Disponvel a parcela da Renda Nacional que efetivamente fica com as pessoas. Antes das aes do Governo, a economia estava desaquecida, as pessoas tinham menos dinheiro. Com a reestruturao da tabela do IR, aumentou a renda pessoal disponvel (pois elas passaram a pagar menos IR) e isso foi uma medida anticclica.

    (E) ERRADA. Conforme explicado na letra A, a funo utilizada foi a estabilizadora.

    Gabarito: A

    Questo 7

    Pessoal, crises econmicas, estruturao e afirmao de processos de industrializao, militarizao e modernizao de infra-estrutura geram a necessidade de expanso da atividade do Setor Pblico.

    De maneira oposta, reduo da taxa de crescimento populacional no gera necessidade de expanso da atividade do Setor Pblico.

    Gabarito: B

    Questo 8

    As 3 funes que o Estado exerce na atividade econmica so: distributiva, alocativa e estabilizadora.

  • CURSO EM PDF ICMS-SP FINANAS PBLICAS Professores: Mauricio Mariano e Daniel Breuer

    www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 21

    Gabarito: C

    Bibliografia

    Livros utilizados:

    Leis utilizadas:

    - Constituio Federal;

    Site da Receita Federal: www.receita.fazenda.gov.br