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Página 1 Boletim 554/14 – Ano VI – 02/07/2014 STF analisa competência sobre trabalho escravo Por Bárbara Mengardo | De Brasília O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou ontem a análise do recurso que definirá se cabe à Justiça Federal ou Estadual julgar casos que envolvam trabalho escravo. O julgamento foi retomado com o voto do ministro Joaquim Barbosa, favorável à instância Federal. A análise, porém, foi suspensa mais uma vez por um pedido de vista. Joaquim Barbosa divergiu do relator do processo, ministro Cezar Peluso (atualmente aposentado). Para o presidente do STF, a própria Constituição Federal, em seu artigo 109, delimitou o tema, já que determina que compete aos juízes federais julgar "os crimes contra a organização do trabalho". O ministro afirmou ainda que a Corte já analisou o assunto antes, decidindo pela competência da Justiça Federal. "A existência amplamente comprovada de trabalho em situação de quase escravidão afronta princípios constitucionais e toda a sociedade em seu aspecto moral e ético", afirmou. O julgamento foi suspenso pelo pedido de vista do ministro Dias Toffoli e o placar ficou com dois votos à favor da Justiça Federal e um contra. A ação chegou ao Supremo após um recurso contra decisão de segunda instância que concedeu habeas corpus a favor de cinco pessoas acusadas de exploração do trabalho análogo ao de escravo. De acordo com a decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, eles foram acusados após o Ministério Público (MP) flagrar 53 trabalhadores nessa situação em uma fazenda no Mato Grosso. Segundo a decisão do TRF, o MP apresentou denúncia após constatar que os trabalhadores rurais, que atuavam no plantio de soja, viviam em alojamentos sem condições de higiene ou iluminação. Também não eram disponibilizados água potável ou equipamentos de segurança. Entretanto, o TRF não julgou a ação penal. Entendeu que a análise de casos relacionados às condições análogas à escravidão não deve ser feita pela Justiça Federal. A decisão determina o encaminhamento do processo para a Justiça Estadual. (Fonte: Valor Econômico dia 02-07-2014).

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Page 1: STF analisa competência sobre trabalho escravoaz545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/07/informe-desin-554-ano-vi-02... · Joaquim Barbosa divergiu do relator do processo, ministro Cezar

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Boletim 554/14 – Ano VI – 02/07/2014

STF analisa competência sobre trabalho escravo Por Bárbara Mengardo | De Brasília O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou ontem a análise do recurso que definirá se cabe à Justiça Federal ou Estadual julgar casos que envolvam trabalho escravo. O julgamento foi retomado com o voto do ministro Joaquim Barbosa, favorável à instância Federal. A análise, porém, foi suspensa mais uma vez por um pedido de vista.

Joaquim Barbosa divergiu do relator do processo, ministro Cezar Peluso (atualmente aposentado). Para o presidente do STF, a própria Constituição Federal, em seu artigo 109, delimitou o tema, já que determina que compete aos juízes federais julgar "os crimes contra a organização do trabalho".

O ministro afirmou ainda que a Corte já analisou o assunto antes, decidindo pela competência da Justiça Federal. "A existência amplamente comprovada de trabalho em situação de quase escravidão afronta princípios constitucionais e toda a sociedade em seu aspecto moral e ético", afirmou.

O julgamento foi suspenso pelo pedido de vista do ministro Dias Toffoli e o placar ficou com dois votos à favor da Justiça Federal e um contra.

A ação chegou ao Supremo após um recurso contra decisão de segunda instância que concedeu habeas corpus a favor de cinco pessoas acusadas de exploração do trabalho análogo ao de escravo. De acordo com a decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, eles foram acusados após o Ministério Público (MP) flagrar 53 trabalhadores nessa situação em uma fazenda no Mato Grosso.

Segundo a decisão do TRF, o MP apresentou denúncia após constatar que os trabalhadores rurais, que atuavam no plantio de soja, viviam em alojamentos sem condições de higiene ou iluminação. Também não eram disponibilizados água potável ou equipamentos de segurança.

Entretanto, o TRF não julgou a ação penal. Entendeu que a análise de casos relacionados às condições análogas à escravidão não deve ser feita pela Justiça Federal. A decisão determina o encaminhamento do processo para a Justiça Estadual.

(Fonte: Valor Econômico dia 02-07-2014).

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Contratação de temporário pode durar até nove meses Fabiana Barreto Nunes / SÃO PAULO O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ampliou o prazo da contratação de funcionários temporários para até nove meses.

Com a nova regra, prevista na Portaria 789 de junho deste ano, em vigor desde ontem (1), as empresas contratantes de todo o Brasil ganham ao ficarem desobrigadas do pagamento de 40% de multa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Atualmente, os contratos de trabalho temporário - tanto para substituição de empregado regular e permanente, quanto por acréscimo extraordinário de serviços - só podem ser prorrogados em mais três meses, limitados, portanto, ao prazo máximo de até seis meses.

A diferença entre os direitos do trabalhador temporário e do empregado permanente se dá basicamente na rescisão do contrato. "O empregado temporário não terá direito ao aviso prévio e ao recebimento da multa de 40% sobre o saldo do FGTS, mas, em contrapartida, receberá uma indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12 (um doze avos) de todo o pagamento recebido", explica o advogado trabalhista do Gonini Paço e Maximo Patricio Advogados, Eduardo Maximo Patricio.

O secretário de Relações do Trabalho, Messias Melo, ressalta que a Portaria 789 teve como objetivo "imprimir mais consistência aos contratos de trabalho temporário e assegurar uma relação de trabalho condizente com a finalidade da Lei 6.019/74, que rege a modalidade de contratação".

Segundo Melo, a nova regra leva em conta a realidade vivenciada pelas empresas que muitas vezes precisam substituir, provisoriamente um empregado regular e permanente em virtude de longos afastamentos motivados por licença para tratamento de saúde ou por maternidade.

De acordo com o juiz do Trabalho Guilherme Feliciano, diretor de prerrogativas e assuntos jurídicos da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) o artigo 2º da Lei 6.019/74 estabelece que trabalho temporário é aquele para atender à necessidade

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transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou à acréscimo extraordinário de serviços.

"Se os motivos determinantes para a alteração da portaria são longos afastamentos ela poderia especificar que extensão se dá para casos específicos. Todavia, ela não traz razões para a solicitação da prorrogação do trabalho temporário. Com isso, as empresas alegando a necessidade transitória e excepcional poderão, na prática, manter trabalhadores por até nove meses em situação precária, independentemente da causa, desde que se alegue a necessidade de substituição, que inclusive se consegue de forma fácil", ressalta Feliciano.

O magistrado defende que o trabalho temporário por força da Lei deve ser excepcional e para atender uma necessidade transitória da empresa. "Com regulamentação em 2014 que estabelece nove meses, logo virá uma Portaria estabelecendo prazo para contratação temporário de um ano. Será que podemos falar em necessidade transitória numa relação trabalhista de um ano?", questiona o juiz do Trabalho.

A Portaria delegou ao chefe da Seção de Relações do Trabalho, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) do estado em que o trabalhador vai prestar o serviço, a competência para analisar os requerimentos de autorização da prorrogação do contrato de trabalho superior a três meses.

O artigo 4º da Portaria estabelece que a empresa de trabalho temporário deverá solicitar as autorizações por meio site do órgão. Foi estabelecido ainda que as empresas de trabalho temporário deverão informar, até o dia sete de cada mês, os dados relativos aos contratos do mês anterior.

Os dados serão prestados no Sistema de Registro de Empresas de Trabalho Temporário, por meio de preenchimento do formulário eletrônico ou pela transmissão de arquivo digital com formato padronizado.

A facilidade em pedir a prorrogação deve ser vista pelo empresariado com ponto observante, defende Patricio. "O mais importante para as empresas que estão contratando esse serviço é observar que toda prorrogação tem de ser bem justificada junto ao Ministério do Trabalho e Emprego", enfatiza o especialista.

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A justificativa para contratação de novos profissionais para substituir licença-maternidade ou mesmo licença-médica não causam problemas. "Essas situações em si já são explicações, mas nos casos de contratação em razão de aumento de serviço, em períodos festivos, tem de ser bem justificados, porque essas empresas são objetos constantes de fiscalização pelo Ministério do Trabalho, diz Patricio.

- TST - anula julgamento que impediu sustentação or al BRASÍLIA - A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho acolheu recurso da Montesiro

Empreendimentos Imobiliários Ltda. e anulou julgamento do Tribunal Regional do Trabalho da

12ª Região (SC) no qual a empresa foi impedida de fazer a sustentação oral por não ter se

inscrito para isso antes do começo da audiência de julgamento. Para a Turma, a situação

caracterizou cerceamento do direito de defesa e a inscrição "é um mero procedimento inserido

nos Regimentos Internos dos Tribunais, como condição para que o advogado tenha preferência

no julgamento".

- TRT - condena operador de consórcio sem aval do B acen

BELO HORIZONTE - A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3),

Minas Gerais, negou, por unanimidade, provimento à apelação de um réu condenado por

operar um grupo de consórcio imobiliário sem a autorização do Banco Central do Brasil

(Bacen), praticando crimes contra o Sistema Financeiro. O réu era um dos proprietários e

administradores da Hiper-Coop, que, entre setembro de 2002 e janeiro de 2003, realizou a

captação antecipada de poupança destinada à formação de um fundo mútuo para a aquisição

de imóveis por "associados", de forma semelhante a grupos de consórcio.

(Fonte: DCI dia 02-07-2014).

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(Fonte: Estado de SP dia 02-07-2014).

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Caso não haja interesse em continuar recebendo esse boletim, favor enviar e-mail para [email protected] , solicitando exclusão.