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Srila Prabhupada Uvaca de Prabhu Srutakirti dasa "Confissões de seu servo pessoal, Srutakirti dasa implorando para permanecer Dasa Dasa Anu Dasa vida após vida!" TODAS AS GLÓRIAS A SRI GURU E GAURANGA! Esse livro é dedicado a glorificação de A.C. Bhaktivedanta Swami, nosso querido Guru Maharaja, Srila Prabhupada! Dedicado a ISKCON, o Corpo de Srila Prabhupada, No centenário de Sua Divina Graça, 100 o Aniversário do Seu Dia de Aparecimento! Dedicado a todos os servos de Sua Divina Graça, Dedicado a todos Vaishnavas! Copyright @ 1996, 1978 de Vincent Fiorentino. Todos direitos reservados. Esse material não pode ser reproduzido na integra ou em parte de qualquer maneira, sem a permissão do autor. Traduzido por Giridhari Das Mande-nos e-mail (em inglês), clicando aqui: [email protected] ou (português) [email protected] Conteúdo: Clique na seção de Uvaca para ir direto para aquela parte do livro: Uvacas 1-25 Uvacas 26-50 Uvacas 51-75 Uvacas 76-100 Uvacas 101-125 Uvacas 126-129 Índice

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Néctar de Prabhupada

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  • Srila Prabhupada Uvaca de Prabhu Srutakirti dasa

    "Confisses de seu servo pessoal, Srutakirti dasa implorando para permanecer Dasa Dasa Anu Dasa vida aps vida!"

    TODAS AS GLRIAS A SRI GURU E GAURANGA!

    Esse livro dedicado a glorificao de

    A.C. Bhaktivedanta Swami,

    nosso querido Guru Maharaja, Srila Prabhupada!

    Dedicado a ISKCON, o Corpo de Srila Prabhupada,

    No centenrio de Sua Divina Graa, 100o Aniversrio do Seu Dia de Aparecimento!

    Dedicado a todos os servos de Sua Divina Graa,

    Dedicado a todos Vaishnavas!

    Copyright @ 1996, 1978 de Vincent Fiorentino. Todos direitos reservados. Esse material no pode ser reproduzido na integra ou em parte de qualquer maneira, sem a permisso do autor.

    Traduzido por Giridhari Das

    Mande-nos e-mail (em ingls), clicando aqui: [email protected] ou (portugus) [email protected]

    Contedo:

    Clique na seo de Uvaca para ir direto para aquela parte do livro:

    Uvacas 1-25

    Uvacas 26-50

    Uvacas 51-75

    Uvacas 76-100

    Uvacas 101-125

    Uvacas 126-129

    ndice

  • 1 Palavras verdadeiras aps 12 anos de prtica

    2 Teste da velocidade ao tocar o sino

    3 Montanhas no cu

    4 Devotos no tem ambio

    5 A importncia da distribuio de livros, O poder do livro

    6 Misericrdia para um inseto

    7 Relgio mundial

    8 Os primeiros dias como servo

    9 Mundo de fantasia dos adultos

    10 Jejum

    11 Allen Ginsberg

    12 Damodar Maharaja

    13 Orgulho de ser servo de Krishna

    14 Armas de brinquedo

    15 Controle da mente/ Se os homens esto agitados, que vo para floresta

    16 Sruto- Apelido

    17 Psiclogo

    18 Dormir

    19 Jardins de LA, lugar favorito

    20 Meus ps

    21 Cozinhando rasgullas

    22 Futebol/ cicatriz

    23 Cu azul da efulgncia de Krishna/ Jasmim

    24 Banho no Yamuna

    25 O medo de abrir meu corao

    26 Bhajans no Manor

    27 A boca de Saraswati como os caminhes de lixo de Nova Iorque

  • 28 O devoto simples ou trapaceiro?

    29 Se voc s ler esse livro

    30 Pipoca

    31 Gatinho insistente

    32 Cultura vdica

    33 (Machado) Reverncias, uma atitude

    34 Aposentado por uma hora

    35 Proposta do GBC para se aposentar

    36 O macaco e as bananas

    37 Batatinhas

    38 Banho da perna e dos ps

    39 Economia mundial

    40 Eu quero subir as escadas correndo

    41 St. Moritz/ St. Infernal

    42 Cantando voltas em minhas contas

    43 Manuteno do jardim

    44 Prs e contras do Bengali Kirtan

    45 Banho no aeroporto de Bangkok

    46 Superalma e a aeromoa no vo para o Mxico

    47 Ps de ltus no vo da Transcendental World Airways

    48 Ficar inteligente quando chegar aos 80

    49 Arjuna canta voltas? Ns devemos dar o exemplo

    50 Amanh voc deve servir Yamuna-devi

    51 Abanando/ Chame algum com inteligncia

    52 Desejando o cordo brahmnico de Srila Prabhupada

    53 Carro errado em Bombaim

    54 Prabhupada nos observa comendo

  • 55 Um menino de 12 anos cozinha o almoo de Srila Prabhupada

    56 Lembrando seus sapatos da infncia

    57 Mosquitos/ no fofoquem

    58 Formigas e os doces/ Katchori de coco e as dores

    59 Prabhupada, o maestro, Rathayatra de Londres

    60 Puris quentes de Mayapur/ No esquente a Maha da Deidade

    61 Prabhupada me inspira para cantar minhas voltas

    62 Cantando e seguindo os princpios

    63 Cantando no templo quando as Deidades esto descansando

    64 O Vaso

    65 O domnio do idioma ingls de Srila Prabhupada

    66 Elevador / Raspando cabea / Banho de balde / Datong

    67 Puffed Rice/ Memrias da infncia

    68 No seguiram as instrues, no os ajudar

    69 Gravador come fitas/ Massa de chapati para testar privada

    70 As mquinas de Kali Yuga/ Ugra Karma

    71 Talvez eu tambm tenha ictercia

    72 Msica Indiana clssica / Animal mais bonito

    73 Queda na cozinha de LA/ Retrucando o Guru

    74 Casca de laranja/ Juta vs. Maha Prasad

    75 Qual o problema?

    76 No durma durante o Mangal Arati/ Dormindo & Comendo

    77 Eu s comia puris/ Memrias da juventude

    78 Vestindo Srila Prabhupada

    79 Nadando a ss na praia de Juhu

    80 O gorila Dvivida / Bhagavat como um doce

    81 Duas horas na vida de um servo/ Massagem e preparao de alimentos

  • 82 Mudando o cardpio do almoo

    83 Prabhupada da Devananda sua ltima chance

    84 Exttico lila de aeroporto/ Servio amor

    85 Brincando com sua irm, Pishima

    86 Pishima est dormindo na minha cama

    87 Sintomas de xtase de Srila Prabhupada

    88 Sonhando com a esposa/ Desateno traz queda

    89 Prestes a me tornar servo de Prabhupada

    90 Prabhupada dana, mas para por causa das Deidades

    91 Prabhupada, Siddhaswarup, e os cini puris

    92 Formigas e abanando durante prasadam

    93 Upma e a compaixo de Prabhupada

    94 Prabhupada cai

    95 Febre alta no pode parar sua apreciao

    96 Fazendo crtica das aulas em Vrndavana

    97 Voc salvou minha vida. Sim, recupere sua sade.

    98 Boas notcias, o Sr. Niar morreu

    99 Srutakirti "DASA", memrias da juventude

    100 7-Up, reunio a ss com presidente do templo

    101 Prabhupada vai ver templo em potencial em NYC

    102 Cozinha de L.A., casamento, Misericrdia de Prabhupada

    103 Instalao das Deidades de Paris

    104 De volta ao servio de Prabhupada depois do casamento

    105 Prabhupada satisfaz seus discpulos, doena aps massagem com sndalo

    106 Cobras nos aposentos de Srila Prabhupada

    107 Nosso medo da cobra, que fugiu

    108 Relacionamento entre Guru e discpulo

  • 109 Tomando banho na ndia

    110 O chaddar de l cinza de Srila Prabhupada

    111 Surabhi, o assento do vaso, e a construo do templo

    112 Fantasmas e cantando o Maha Mantra sem medo

    113 Nomeando meu filho, presentes de Prabhupada

    114 Deixando o servio de Srila Prabhupada para recuperar minha sade

    115 Krsna me salva, Prabhupada diz que eu teria morrido

    116 Srila Prabhupada novamente me aceita como seu servo pessoal

    117 A importncia de adorao a Deidade e distribuio de livros

    118 Krsna e Arjuna no carruagem, devemos render tudo!

    119 xtase de Srila Prabhupada em Atlanta

    120 Srila Prabhupada me da seus sapatos

    121 Srila Prabhupada me da sua suter e cobertor

    122 Srila Prabhupada quer que eu v para ndia com ele

    123 Orgulho espiritual

    124 Srila Prabhupada cuida de mim

    125 O desejo de Srila Prabhupada

    126 O sapato de Srila Prabhupada comido por um macaco no Radha Damodar

    127 Cozinha Bengali, leo de mostarda, Pishima, e Shukta

    128 Para satisfazer o Senhor Krishna, s oferecer sandesa & rasagulla

    129 Um tributo ao servo pessoal de Srila Prabhupada, Upendra Prabhu!

    Srila Prabhupada Uvaca 1

    Outubro de 1972, Vrindavan, ndia

    Templo de Radha Damodara

    (Trecho de uma carta)

    So 5:30 da manh e Srila Prabhupada acabou de me chamar no seu quarto, querendo saber por que Shyamasundara e Pradyumna ainda esto dormindo. "No sei", respondi. Ele me pede para cham-los. Quando voltamos Srila Prabhupada nos diz que temos que conquistar o sono.

  • "Acordar cedo e tomar um banho frio no so austeridades, mas apenas bom senso e boa higiene, diz Srila Prabhupada. Ento revelando uma incrvel verdade, Sua Divina Graa diz, "Cantando dezesseis voltas, seguindo os princpios regulativos, acordando cedo, reduzindo o comer e o dormir, obtemos a energia espiritual. Se algum seguir esses princpios durante doze anos, tudo que ele falar ser perfeito!

    Todas as glrias a Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 2

    Oito de setembro de 1972

    ISKCON Pittsburgh

    Esse meu primeiro dia como servo de Srila Prabhupada. A totalidade de meu treinamento para me tornar o seu servo foi composta por ver Sudama Maharaja dando uma massagem em Srila Prabhupada e ser instrudo, "Quando Srila Prabhupada tocar o sino, v imediatamente a seu quarto e veja como voc pode servi-lo.

    So agora 2:00 da tarde. O sino toca. Muito nervoso, vou correndo a seu quarto e presto-lhe reverncias. Sentando pergunto: "Que posso fazer, Srila Prabhupada?". Ele sorri e responde: "Oh! Nada. S queria saber se voc rpido.

    Depois de completar minha primeira misso com sucesso, relaxei e voltei ao meu quarto. Srila Prabhupada estava me deixando a vontade com seu senso de humor, gentileza e carinho.

    Srila Prabhupada Uvaca 3

    Outubro de 1972, Vrindavan, ndia,

    Templo de Radha Damodara

    Brahmacari: "Srila Prabhupada, diz aqui no livro de Krsna, em uma das histrias, que Krsna e Balarama saltaram de uma montanha que tinha 88 milhas de altura. Onde fica essa tal montanha?

    Srila Prabhupada pausou e ento respondeu: "No cu."

    Em outra ocasio:

    Brahmacari: "Srila Prabhupada, eu quero sempre estar a seus ps de ltus!"

    Srila Prabhupada: "Isso vai ser difcil, porque eu estou sempre me mexendo."

    Srila Prabhupada tinha um grande senso de humor.

    Srila Prabhupada Uvaca 4

    Jardim de Srila Prabhupada

    ISKCON, Nova Dwarka

    Srila Prabhupada estava em seu jardim com os pais de um jovem devoto. Sendo responsvel pelo paisagismo eles tiveram a boa sorte de agradar Sua Divina Graa.

  • Kirtanananda Maharaja e eu estvamos presentes. "Um devoto tem muito orgulho de ser um servo de Krsna," disse Srila Prabhupada. "Um devoto tem esse orgulho. Ns no temos vergonha de ser um servo de Krsna." Srila Prabhupada falou ento diretamente ao pais, "Seu filho um bom rapaz e um bom devoto." Eles ficaram muito satisfeitos pelas doces palavras de Sua Divina Graa. Agora mais vontade, eles comentam: "Os devotos no parecem ser muito ambiciosos."

    " isso mesmo," Srila Prabhupada falou. "Um devoto no tem qualquer ambio. Ele simplesmente quer fazer algum humilde servio para Krishna. Ele no tenta fazer nada grandioso. Um devoto no tem ambio. Ns no temos ambio alguma."

    Vendo o desconforto dos pais, Kirtanananda Maharaja interveio: "O que Prabhupada quer dizer que os devotos no tm ambio material." Srila Prabhupada respondeu enfaticamente: "No! Ns no temos ambio. O devoto no nada ambicioso. Ns s queremos servir Krsna."

    Srila Prabhupada sabia sempre o ponto que ele queria estabelecer. s vezes seus discpulos interrompiam Srila Prabhupada para interpretar suas declaraes, achando que Srila Prabhupada no entendia as pessoas devido a diferenas culturais.

    Conhecendo a elevada posio de nosso querido Srila Prabhupada, podemos compreender que Sua Divina Graa sabia com quem ele estava lidando, o que eles queriam dizer e exatamente o que ele queria que eles entendessem. Srila Prabhupada no compromete a filosofia para agradar ningum. Ele fala a verdade absoluta!

    Jai Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 5

    Sete de outubro de 1972

    San Francisco, ISKCON

    (Trecho de uma carta)

    Em vista da maratona de 1000 000 de livros, ns gostaramos de compartilhar esse nctar de lila para o prazer de Srila Prabhupada e todos os seus discpulos e netos espirituais.

    Recentemente Srila Prabhupada disse que nossa verdadeira pregao a distribuio de livros. Ele diz: "O que voc pode falar a uma pessoa em trs minutos? Mas se essa pessoa l uma pgina de um livro, isso pode salv-la. Da maneira que tiver que ser feito est bom, mas se voc deixar a pessoa com raiva e ela no levar um livro, ento isso foi tolice sua."

    As declaraes de Srila Prabhupada mostram a diferena entre nossas palavras e as suas. O poder vem da pureza. Srila Prabhupada um devoto puro, ns somos seus humildes servos. Somos afortunados de distribuir suas palavras na forma de livros.

    Srila Prabhupada disse: "Meu Guru Maharaja diariamente produzia um pequeno jornal. O jornal custava alguns centavos e sempre que um brahmacari voltava das ruas falando que tinha vendido um exemplar, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati ficava muito feliz e dizia:"Oh! Isso que voc fez muito bom!. Voc um bom rapaz."

    Srila Prabhupada Uvaca 6

  • ISKCON, Nova Dwarka, LA., Califrnia

    Hoje minha esposa, Kusa devi, meu filho, Mayapuracandra, e eu pegamos um pequeno passarinho que estava no nosso quintal e o botamos numa gaiola com comida e gua. Ele parece doente e prestes a morrer, mas no poderamos deixar isso acontecer sem lhe dar uma ateno especial. Ao seu lado botamos um CD Hare Krishna tocando continuamente, caso ele esteja prestes a partir de seu corpo. Veremos se ele vai melhorar ao ficar vivo ou ao morrer.

    s vezes, ns devotos no agimos dessa maneira. Eu sempre ouvia que era melhor no nos enredar nos assuntos de outras entidades vivas. Afinal de contas no somos nosso corpo. Somos almas espirituais, constitucionalmente parte e parcela de Krishna, e Seu servo. Se ns servimos o pssaro talvez tenhamos que nascer de novo para receber os benefcios piedosos desta ao. A histria abaixo talvez explique a razo pela qual ns agimos desta maneira:

    Era primavera de 1973 em Nova Dwarka. Srila Prabhupada tocou seu sino. Imediatamente fui ao seu quarto e prestei-lhe reverncias. Quando sentei, seus olhos ficaram arregalados. Olhando-me com grande preocupao ele apontou ao cho, prximo de minhas pernas, e perguntou: "Voc est vendo esse inseto?" Olhando em volta durante alguns momentos finalmente vi o pequeno inseto.Indiquei que sim, no tendo idia do que estava para acontecer.

    Num tom muito srio, Sua Divina Graa disse: "Tenho visto esse inseto j h algum tempo e ele no se moveu. Acredito que ele esteja com fome. Pegue uma flor prasadam e leve-o para fora. Coloque-o numa planta para que ele possa se nutrir." Imediatamente fiz o que meu mais misericordioso Guru Maharaja pediu e voltei aos aposentos dos servos.

    Nenhum de ns mencionou o inseto de novo. Foi apenas mais uma maravilhosa ocasio onde ele me mostrou o quanto indiscriminadamente misericordioso um devoto puro. Sua Divina Graa no achava que era um desperdcio de tempo mitigar transcendentalmente o sofrimento de at a menor entidade viva. Agora, s por ver o menor dos insetos, sou forado a me lembrar de meu querido Srila Prabhupada. No importa o quanto somos insignificantes, se fomos afortunados o suficiente para conseguir o olhar de um nitya-siddha, nossas vidas sero enormemente beneficiadas.

    Srila Prabhupada Uvaca 7

    26 de abril de 1973

    Los Angeles, Califrnia

    ISKCON, Nova Dwarka

    (Trecho de uma carta)

    Desde que voltamos a Los Angeles, Srila Prabhupada tem vindo aos meus aposentos para me mostrar como preparar alguns pratos novos. A maneira com a qual ele entra, senta-se no cho e comanda as atividades realmente encantadora.

    Outro dia Jayatirtha deu a Srila Prabhupada um relgio de mesa que mostra o horrio de qualquer cidade no mundo, com o girar de um mostrador. Prabhupada ficou bastante satisfeito com o relgio e disse que o homem que o inventou merecia os US$300 que custou por ter esforado tanto seu crebro.

    No andar de cima est agora um famoso alfaiate. Ele elabora roupas para milionrios, mundo afora e quer preparar todo um conjunto de roupas para Prabhupada. No consigo imaginar o que ele pode fazer com uma kurta e um dhoti para ficar diferente e ainda sim conseguir que Prabhupada os use.

  • Srila Prabhupada Uvaca 8

    12 de setembro de 1972

    Dallas, Texas

    Os ltimos dias tm sido os mais maravilhosos que j tive em Conscincia de Krsna, apesar do fato de no saber o que estou fazendo. J dei a Srila Prabhupada trs massagens. Tendo recebido seu nico comentrio: "Muito obrigado." Ontem ele entrou na cozinha e me mostrou como preparar seu almoo na sua panela de trs compartimentos. Ele fez dahl e verduras usando o mesmo chaunce e me mostrou como enrolar chapatis sem usar o rolo. Ele falou que eles ficam melhores assim se voc consegue faz-los. Hoje ele novamente cozinhou seu almoo para meu benefcio. Ele fez trs verduras, dahl, e arroz na panela, e eu fiz os chapatis. Para suas outras refeies ele falou que ele queria um pouco de fruta com leite de manh e fruta no final da tarde nada mais. Ele enfatizou que s queria pequenas pores em seu prato.

    Srila Prabhupada Uvaca 9

    Trecho de uma carta datada de Sete de outubro de 1972

    Essa manh, enquanto andava no Merit Park, no centro de Oakland, ns passamos por um pequeno zoolgico com um grande cartaz na entrada. L estava escrito: "Mundo de Fantasia das Crianas". Prabhupada leu em voz alta e ento, apontando os arranha cus, falou: "Mundo de Fantasia dos Adultos".

    Srila Prabhupada Uvaca 10

    Vyasa-Puja de Srila Prabhupada 1973

    Bhaktivedanta Manor, Inglaterra

    Faz dois anos e meio que sou um brahmacari e estou ficando inquieto. Meus sentidos esto me atraindo. Srila Prabhupada explicou inmeras vezes que temos que reduzir a quantidade de sono e comida para avanar espiritualmente. Assim, decidi aproveitar esses dois dias de jejum para reduzir na alimentao. Quando quebrei o jejum a meia-noite de Janmastami, eu comi bem pouco. Na tarde seguinte, depois das comemoraes do Vyasa-Puja de Srila Prabhupada, novamente comi bem pouco. No sentia fome. Suponho que meu estmago tivesse encolhido. No dia seguinte, depois de novamente comer um pequeno almoo, Srila Prabhupada me chamou em seu quarto. Depois de reduzir minha alimentao em apenas algumas poucas refeies, Srila Prabhupada comentou observando-me: "Sua cara est parecendo muita magra. Voc no est se sentindo bem?". "No, Srila Prabhupada, estou bem. Estava tentando reduzir na minha alimentao. "O que isso!?" Srila Prabhupada questionou, "Voc tem servios a serem prestados. Voc no deve reduzir sua alimentao. Isso tolice. Voc tem que me dar massagens e fazer tantas outras coisas. No reduza. Voc deve comer tudo que conseguir digerir. isso que voc deve comer."

    Incrivelmente, em nossos primeiros dezesseis meses juntos, essa a segunda conversa que Srila Prabhupada teve comigo a respeito do consumo de prasadam. Finalmente, decidi no me preocupar com a quantidade de prasadam que comia em minhas refeies.

    Veja s como Srila Prabhupada misericordioso! Sua Divina Graa tem um perspicaz poder de observao, e esta sempre atento ao nosso bem estar. s vezes, ns ficamos muito ocupados planejando maneiras de avanar, mas Srila Prabhupada nos guia e cuida de ns h todos instantes.

    Jai Srila Prabhupada!

  • Srila Prabhupada Uvaca 11

    Vero 1973- Bhaktivedanta Manor, Inglaterra

    Allen Ginsberg acaba de chegar da ndia. Quando ele vem ter seu darsana com Srila Prabhupada ele traz consigo um rgo. "Voc est cantando Hare Krishna?", pergunta Srila Prabhupada. "Sim, eu ainda canto Hare Krishna e outras coisas. Posso tocar o rgo para voc e cantar?", diz Allen. Srila Prabhupada diz: "Sim, voc pode."

    Allen Ginsberg comea tocar seu rgo, cantando "Ooooommm." Cada vez que ele cantava "Om" sua voz ficava mais e mais grave. Enquanto isso, Srila Prabhupada reclinava-se confortavelmente atrs de sua mesa. Quando Allen Ginsberg acabou, Srila Prabhupada falou: "Voc pode cantar o que voc quiser, mas continue cantando Hare Krishna. Enquanto voc cantar Hare Krishna estar tudo bem. Voc pode cantar o que quiser, mas no pare de cantar Hare Krishna."

    Agora j tinham muitos devotos no quarto. Srila Prabhupada falou: "Ento, teremos kirtan." Allen Ginsberg comeou liderando, tocando o rgo e cantando o maha-mantra. Depois de alguns minutos Srila Prabhupada olhou para Hamsadutta e disse: "Sua vez de liderar."Ento, virando para Allen Ginsberg, falou: "Ele vai liderar, ele vai cantar." Pela graa de Srila Prabhupada todo ns estvamos participando de um kirtan exttico.

    Srila Prabhupada sabe como estimular a todos, no importa qual sua orientao ou passado. Sua Divina Graa nos inspira a seguir o caminho de volta para o lar, de volta ao Supremo.

    Jai Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 12

    Junho de 1973

    Mayapura Candrodaya Mandir

    Esse ms, o irmo espiritual de Srila Prabhupada, Damodara Maharaja, veio visitar Sua Divina Graa. Srila Prabhupada no estava muito interessado em v-lo. Uma vez ele me falou: "Se Damodara Maharaja vier, eu no quero v-lo. Ele simplesmente vem e fala: "essa math, eles esto fazendo isso, e aquela math eles esto fazendo aquilo, e meus discpulos esto fazendo isso." Srila Prabhupada ento falou: "No estou interessado nessas coisas. Eu adoraria se ele viesse e falasse sobre Krsna ou falasse sobre filosofia, mas ele fala sobre todas essas tolices. Eu no estou muito interessado em ouvi-las."

    Falei para Srila Prabhupada que tentaria impedir Damodara Maharaja de entrar em seu quarto. A prxima vez que ele veio, eu lhe falei que Sua Divina Graa estava descansando e no poderia ser incomodado. Damodara Maharaja no ficou satisfeito com meu argumento. "Prabhupada falou que eu poderia vir sempre que quisesse. Por que voc no me deixa v-lo?", ele perguntou. De novo, lhe expliquei: "No posso incomod-lo enquanto ele est descansando." Damodara Maharaja ficou furiosamente andando para um lado e para outro, determinado a fazer as coisas de sua maneira. Eu j estava suando.

    Milagrosamente, Srila Prabhupada saiu de seu quarto, atravs da varanda, a caminho do banheiro do outro lado do prdio. Imediatamente Damodara Maharaja chamou-o, "Prabhupada! Swamiji!" Srila Prabhupada respondeu: "Oh! Entre, entre. Eu j estarei com voc." Quando Srila Prabhupada voltou ao seu quarto, Damodara Maharaja falou: "Seus discpulos esto me criando muitas dificuldades. Eles no me deixam entrar para v-lo."

    Srila Prabhupada virou-se para mim, dizendo: "Por que voc est criando tantos problemas para ele? Eu te disse que sempre que ele vier, voc deixe-o entrar. Ele meu irmo espiritual. Ele deve ter permisso de entrar imediatamente." Respondi: "Tudo bem, Srila Prabhupada."

  • Eu estava vibrando por ter tido a oportunidade de servir Srila Prabhupada assim to intimamente e me senti abenoado por ter acesso a seus pensamentos mais ntimos. Sua Divina Graa foi capaz de agradar seu irmo espiritual e eu recebi a oportunidade de ajudar. Srila Prabhupada nos mostrou como devemos tratar um irmo espiritual, no importa o que sentimos. Ele era um diplomata transcendental e eu tive o deleite de ser o seu confidente.

    Srila Prabhupada Uvaca 13

    Setembro de 1972

    Essa tarde, no jardim, Srila Prabhupada sentou-se com a coluna bem reta e com seus olhos abertos cantou, "Govindam adi purusam tam aham bhajami. Esse o nosso orgulho. Ns somos servos da pessoa mais grandiosa Krsna. Todos so servos, mas nosso orgulho que somos servos de Krsna. Govindam adi purusam tam aham bhajami."

    Srila Prabhupada Uvaca 14

    Uma Massagem Matinal de Srila Prabhupada

    Quando era ainda um pequeno menino andando com sua Mataji, Srila Prabhupada viu algumas armas de brinquedo. "Quando eu vi as armas imediatamente tinha que t-las," ele falou. Como sua me no queria lhe comprar uma, ele comeou a chorar. Finalmente sua me falou: "Est bem, est bem, vou lhe comprar uma arma. Srila Prabhupada olhou para a arma em sua mo e ento olhou para sua outra mo vazia:"Eu no tenho um arma para essa mo. Eu tenho que ter uma para cada mo"ele disse. "No", disse sua me. Mas mesmo nesta tenra idade, a determinao de Prabhupada era inabalvel e ele conseguiu o que queria. "Naquele instante", disse ele, "eu me deitava na rua e comeava a espernear, batendo meus ps, punhos e cabea no cho." Ele chamava isso de um ataque. Mostrando-me um marca em sua testa, ele falou: "essa cicatriz dessa poca. Eu tinha plena certeza que deveria ter as duas armas. Ento, ela me comprou a outra arma."

    Ele continuou: "Quando eu queria alguma coisa, tinha que t-la e minha me tinha que consegui-la. Caso contrrio, eu falava para meu pai e ele ficava muito chateado com minha me e ento ela tinha que fazer. Eu no sei" disse ele, "talvez meu pai soubesse."

    Srila Prabhupada fez esse mui sutil comentrio sobre seu pai "saber" a posio de seu querido filho. Prabhupada no entrou em maiores detalhes, dando-nos a oportunidade de chegar s nossas prprias concluses. Aqui, novamente, ns podemos ver a grande humildade que tem o devoto puro do Senhor Supremo.

    Jai Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 15

    Devoto: Minha mente vagueia o tempo todo enquanto canto. No consigo control-la.

    Srila Prabhupada: "Que histria essa de controlar a mente? Voc tem que cantar e ouvir. S isso. Voc tem que cantar com a sua lngua, e o som voc escuta, s. O que isso tem a ver com a mente?"

    31de novembro de 1972

    ISKCON Bombaim

    (Trecho de uma carta)

  • Recebi sua carta e fico feliz de saber das notcias atuais do mundo ocidental. Nenhum dos itens era do conhecimento de Srila Prabhupada. Um item foi especialmente interessante. Era a respeito da separao de homens e mulheres no templo de Nova Iorque. Srila Prabhupada recebeu a carta a respeito deste assunto no mesmo tempo que a sua chegou. Quando ele ficou sabendo que as mulheres s eram permitidas no templo em horrios estritos, por agitar os brahmacaris, ele falou que os brahmacaris poderiam ir para as montanhas, pois no era possvel ter tais regras em nossos templos.

    Em sua carta a Ekayani, Srila Prabhupada disse: "Eu no sei porque essas coisas esto sendo inventadas. Ns j temos o nosso padro Vaisnava. suficiente para todos grandes, grandes santos e acharyas em nossa linha por que deveria ser inadequado para meus discpulos para eles ento criarem algo? Isso no possvel. Quem introduziu essas coisas que mulheres no podem cantar japa no templo, que elas no podem realizar arati e tantas outras coisas? Se eles ficam agitados, ento deixe os brahmacaris irem para a floresta, eu nunca introduzi essas coisas. Se os brahmacaris no podem ficar na presena de mulheres no templo, ento eles podem ir para floresta, no ficar em Nova Iorque, por que em Nova Iorque tem tantas mulheres, como eles podero evitar v-las? Melhor coisa irem para a floresta para no verem qualquer mulher, se eles ficam agitados to facilmente, mas ento ningum ir v-los tambm, e como nosso trabalho de pregao continuar?"

    Srila Prabhupada Uvaca 16

    12 de setembro de 1972,

    ISKCON, Dallas

    (Trecho de uma carta)

    Outro dia Srila Prabhupada tocou seu sino para me chamar. Entrei em seu quarto e prestei-lhe reverncias. Quando sentei ele sorriu e me disse: "Srutakirti, seu nome longo demais. Eu vou cham-lo de Sruto." Durante os prximos dias Sua Divina Graa calorosamente me chamou de "Sruto". Meu carinho por ele aumentou imensamente. Ter Srila Prabhupada personalizando meu nome foi muito prazeroso.

    Na noite passada Srila Prabhupada ficou at as 11:30 da noite esclarecendo filosoficamente um pequeno grupo de devotos, no qual eu estava incluso. Eu me sentia cansado, mas era incapaz de me retirar de conversas to nectreas

    Todas as glrias a Srila Prabhupada!!!

    Srila Prabhupada Uvaca 17

    Trecho de uma carta datada 7 de outubro de 1972

    Um dia em seu quarto em Los Angeles um psiquiatra estava criticando os devotos porque eles foravam o pblico a aceitar seus servios. Srila Prabhupada rapidamente indicou que isso nos fazia melhor que ele. Ele disse que ns dvamos nossos servios para todos de graa indo at eles, enquanto ele fazia as pessoas irem at ele e ainda lhes cobrava. O psiquiatra silenciou-se rapidamente.

    Srila Prabhupada Uvaca 18

    Carta a um devoto a respeito de Srila Prabhupada e Dormir

    Srila Prabhupada falava sobre dormir em certas ocasies. Quando eu me tornei seu servo, ele me chamou a seu quarto depois de tirar um cochilo rpido aps o almoo. Isso foi no templo de Dallas quando Srila

  • Prabhupada foi ver as instalaes do gurukula. Ele me perguntou se eu cochilava depois do almoo. Disse-lhe que no. Isso no era algo que era feito nesta poca. Ento ele falou: "Eu sou um homem velho e no consigo dormir muito tempo de uma s vez, portanto tiro um cochilo depois do almoo."

    Eu s estava com ele h poucos dias nessa poca. Mas sua humildade j tinha conquistado meu corao. Em uma outra ocasio quando ele estava preparando-se para descansar tarde, falou para mim: "Sempre que vou descansar, penso: Acredito que agora vou desperdiar meu tempo."

    Srila Prabhupada era incrvel. Depois de estar dois anos com ele uma coisa que eu sabia com toda certeza era que ele nunca, mas nunca, desperdiava seu tempo. Com vinte anos de idade, eu tinha dificuldade em acompanhar seu ritmo em suas voltas ao mundo para esclarecer seus discpulos. Ele tinha setenta e cinco anos nessa poca. s vezes durante sua caminhada matinal, alguns de seus discpulos sacudiam a cabea, olhando um ao outro, querendo saber quando ele comearia a voltar, pois j estavam ficando cansados de andar.

    Uma vez Srila Prabhupada estava num vo curto saindo do JFK (Nova Iorque). Como era um avio largo aquele avio tinha uns 10 assentos lado a lado muitos devotos compraram bilhetes que lhes colocavam na mesma fileira que Srila Prabhupada. Quem no gostaria da oportunidade de sentar-se perto de seu guru? Eu estava ao lado de Srila Prabhupada meu mais afortunado dever como seu servo. Com o passar do tempo, infelizmente, alguns discpulos comearam a apagar. Era um espetculo e tanto cabeas raspadas balanando para cima e para baixo ao longo da fileira, como aquelas pequenas bonecas com as cabeas em molas que as pessoas botam no vidro traseiro de seus carros. Prabhupada no estava nada satisfeito com o a apresentao tamsica e deixou que eu soubesse. "Veja s", disse ele, "todo mundo est inteiramente acordado exceto os devotos. Eles esto em maya, dormindo. Todo mundo est acordado. Por que eles no podem ficar acordados?" Normalmente quando Srila Prabhupada falava comigo desta maneira eu ficava quieto. Com medo de dizer a coisa errada, algo que pudesse incomod-lo mais ainda, eu s ficava sentado l e esperava ele parar, sem dizer sequer uma palavra. Esse era um desses momentos. Durante meu tempo com Srila Prabhupada, aprendi que no existia tal coisa como uma boa razo. No existia nenhum argumento que voc pudesse usar que Prabhupada no derrotava, e eu no era suficientemente avanado para t-lo me corrigindo regularmente. Portanto, nem tentei argumentar que, ao contrrio dos karmis, os devotos s dormiam algumas poucas horas. Prabhupada passou mais alguns minutos mostrando como mesmo os karmis estavam acordados, mas os devotos no conseguiam ficar acordados. Uma coisa era certa: eu no cochilei naquele vo.

    Srila Prabhupada Uvaca 19

    7 de outubro de 1972,

    ISKCON, Los Angeles

    Em Nova Dwarka, toda tarde at o anoitecer, Srila Prabhupada ia para o jardim durante umas duas ou trs horas. C estvamos, no meio da poluda Los Angeles, mas quando entrvamos no jardim estvamos em outro mundo. A luz filtrava gentilmente pelas rvores, dando as folhas um brilho surrealista. s vezes estvamos sozinhos. Em outras ocasies um ou outro devoto se juntava a ns. Quando estvamos ss, Srila Prabhupada passava boa parte do tempo cantando japa enquanto ficava sentado em seu pequeno elevado asana. O jardim era aconchegante, ricamente decorado com um arco, bordado com trepadeiras floridas, e um chafariz borbulhando.

    Muitas vezes Sua Divina Graa comentava como ele gostava do jardim. Ele falou que depois de viajar em volta ao mundo tantas vezes ele chegou a concluso que esse era seu lugar favorito. Eu acho que isso devido as mais de trinta plantas de Tulasi suntuosamente crescendo em seu jardim. Srila Prabhupada falou: "Onde quer que esteja Tulasi, l Vrindavan."

    Srila Prabhupada Uvaca 20

  • Krishna Balarama Mandir: Vrindaban, ndia

    Hoje estou sozinho nos aposentos de Srila Prabhupada, dando-lhe uma massagem e me sinto sem jeito. Ele est sentado de pernas cruzadas e eu estou sentado em frente dele, massageando sua cabea com leo de sndalo. Estou embaraado porque est muito aparente que ele est olhando para os meus ps j h um bom tempo. Acredito que nunca me senti to consciente na presena de meu mestre espiritual.

    Para minha surpresa Sua Divina Graa falou: "Ento, sua me muito bonita?" Agora, num estado de choque, respondo: "Bem, ele j tem quase cinqenta anos de idade agora, mas, sim, ela foi uma mulher muito atraente." Ele diz: "Sim, eu sabia. Eu estava reparando seus ps. Seus ps so muito simpticos. Eles dizem que isso significa que sua me bonita. Eu estava s checando. Eu queria ver se isso era verdade."

    Srila Prabhupada era muito pessoal com seus discpulos. Ele cuida de ns, se preocupa com ns, e est interessado em ns. Jai Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 21

    Julho de 1974, Nova Vrindaban

    Acabei de juntar-me novamente a Srila Prabhupada depois de deixar seu servio pessoal por seis meses. Hoje, os devotos esto falando da maneira correta de se preparar rasgulla. Srila Prabhupada disse: "Vou mostrar a vocs como fazer rasgulla. Prepare tudo hoje." Todos devotos ficaram excitados. A maioria teria sua nica oportunidade de ver Prabhupada trabalhando na cozinha. Srila Prabhupada explicou como preparar a coalhada e fazer a gua aucarada. Quando tudo estava pronto Srila Prabhupada entrou a cozinha e comeou a cozinhar a rasgulla. Todos olhos estavam em Srila Prabhupada enquanto que ele habilmente induzia as bolas a rolarem no xarope. Todos exceto os de um sannyasi que estava olhando para a rasgulla. Srila Prabhupada o corrigiu dizendo: "Voc j comeu metade desses."

    Passando-se um tempo, Srila Prabhupada virou para Kirtananda Maharaja e disse: "Agora voc pode assumir." No momento em que Srila Prabhupada tirou suas mos da colher as rasgullas desmontaram, encolhendo pela metade. Kirtananda Maharaja tentou salvar a oferenda, mas j era intil. Elas j estavam estragadas. Alguns, de ns provaram-nas, s para ter certeza, mas, infelizmente, o gosto estava pssimo.

    Pela misericrdia sem causa do Mestre Espiritual tudo possvel.

    Srila Prabhupada Uvaca 22

    setembro de 1975, Calcut

    Srila Prabhupada est sendo transportado em um carro. Parahamsa Swami e eu estamos com ele. Ao passar por um pequeno parque Srila Prabhupada sorri e disse: "Eu jogava futebol aqui quando era jovem. Adorava ser o goleiro porque era preguioso, no gostava de ficar correndo. Essa era a posio que eu gostava."

    Tempo e local desconhecido.

    Hoje, enquanto massageava Srila Prabhupada ele me mostra uma cicatriz em sua perna e diz: "Est vendo essa cicatriz? Isso aconteceu quando eu era jovem. Estava em frente minha casa e tinha fsforos. De alguma forma eu comecei um fogo e minhas roupas imediatamente ficaram em chamas. Foi muito ruim. Eu no sei o que teria acontecido comigo, mas, de repente, no sei da onde, apareceu um homem, apagou o fogo e depois sumiu."

  • Srila Prabhupada no entrou em maiores detalhes sobre esse cavalheiro que veio do nada. Ele definitivamente deu a entender que a pessoa tinha vindo diretamente do mundo espiritual. Eu sei que no posso pedir para ser mais especfico. Depois de estar tanto tempo com Srila Prabhupada sabia que ele j tinha falado o tanto que queria. No passar dos dois anos que fiquei com ele, Srila Prabhupada nunca fez qualquer comentrio na minha presena declarando que ele tinha vindo do mundo espiritual. Ele to piedoso e misericordioso que ele nos estimula dizendo que podemos nos tornar Conscientes de Krsna nessa vida mesmo.

    Ele o acarya, ensinando pelo exemplo. Ele nunca nos pediu para fazer algo que ele mesmo no fazia. Ele comia, dormia, cantava suas voltas, acordava cedo, lia o Srimad Bhagavatam. Ele nunca agia de forma superior a seus discpulos. s vezes ele dizia, " meu dever corrigi-lo porque voc meu discpulo." Ns somos suas crianas e seu dever nos ensinar.

    Ns sabemos que Srila Prabhupada nos foi enviado do mundo espiritual por Sri Caintanya Mahaprabhu, mas uma razo pela qual eu sou to apegado a ele porque ele nos deixou ficar a vontade consigo, agindo como se ele estivesse "praticando" Conscincia de Krsna, ao invs de ser a encarnao do mesmo.

    Pessoalmente, eu sempre achei que aquela pessoa que apagou o fogo foi Krsna, a Suprema Personalidade de Deus.

    Srila Prabhupada Uvaca 23

    7 de outubro de 1972

    ISKCON, Los Angeles

    (Trecho de uma carta)

    Certa tarde no jardim de Nova Dwarka, Srila Prabhupada olhava para o cu e falou: "Ento, o cu a cor de Krsna?" Um discpulo respondeu: "No livro de Krsna diz que Krsna azul escuro como uma nuvem de chuva." Srila Prabhupada disse: "O cu a cor de Krsna. a luz da efulgncia do corpo de Krsna que faz o cu ficar azul."

    s vezes depois de deixar o jardim, ele voltava ao seu quarto e escutava gravaes da aula de Srimad Bhagavatam daquela manh. Ento ele me pedia para escolher um jasmim estrelado que florescia a noite nos arbustos do seu jardim. O perfume da flor era especialmente fragrante noite. Uma noite, enquanto segurava um ramo prximo a seu nariz por vrios minutos, ele disse: "Ah, isso Krsna!".

    Vrias vezes eu as levava a seu quarto logo antes da massagem da tarde. Durante sua massagem ele freqentemente as cheirava. Ele ento as deixava em seu travesseiro, prximo ao seu nariz, toda noite. Na manh seguinte eu encontrava as flores delicadamente sobre seu travesseiro, exatamente onde estavam na noite anterior. As flores pareciam to frescas e perfumadas como se tivessem sido apanhadas naquele instante. Sua Divina Graa est sempre nos mostrando como Krishna est por toda parte da criao material.

    Srila Prabhupada Uvaca 24

    25 de outubro de 1972, Vrindavan, ndia

    Templo de Radha Damodara

    (Trecho de uma carta)

  • Enquanto caminhvamos ao longo do Yamuna, Srila Prabhupada pediu a um de ns para pegar um pouco de gua. Shyamasundara Prabhu trouxe um pouco em sua mo. Srila Prabhupada jogou um pouco em sua cabea e nos pediu para fazer o mesmo. Ento ele disse: "Isso to bom quanto tomar um banho no Yamuna."

    Enquanto estvamos no palcio no Keshi-ghata, Srila Prabhupada advertiu os devotos a no mergulharem no Yamuna porque tinham muitas tartarugas grandes na gua e podamos nos machucar. Srila Prabhupada est sempre preocupado com nosso bem-estar, sob todos aspectos.

    Srila Prabhupada Uvaca 25

    Uma Mensagem Em Resposta Ao Passatempo De Brigas Entre As Faces.

    Medos de Revelar Meu Corao

    Acabei de colocar algumas gotas de nctar de Prabhupada, porm eu estou realizando a minha falta de qualificaes e as limitaes de meu esforo. Quem pode realmente glorificar o Senhor e Seu devoto puro? Lendo algumas crticas feitas por respeitveis devotos, fiquei com medo. Enquanto escrevia diariamente, j estava me preocupando com a possibilidade de algum achar minhas memrias ofensivas ou blasfemas. Obviamente, sou cheio de defeitos. Minhas intenes so de glorificar Sua Divina Graa e distribuir aos meus irmos e irms espirituais um pouco do nctar de Prabhupada. Meu desejo poder compartilhar o glorioso desejo de Srila Prabhupada de servir o Senhor, para que todos possamos nos inspirar e continuar o processo de servio devocional, desejando pessoalmente servir nosso querido Srila Prabhupada e dar continuidade a sua misso.

    Eu sinto que meu dever contar minhas memrias de Sua Divina Graa. Nunca fui muito filosfico mas sempre amei a maneira como Srila Prabhupada conduzia cada minuto de sua vida. Ele foi, literalmente, meu pai. Meu prprio pai morreu quando eu tinha trs anos de idade e at completar meus dezenove anos, quando encontrei Srila Prabhupada, nunca tive uma grande influncia masculina na minha vida. Acredito que isso uma razo pela qual minhas histrias tm a tendncia de mostrar mais seu lado carinhoso. Existem tantas facetas da personalidade de Srila Prabhupada, mas s lembro-me de sua doura, compaixo, misericrdia e sua simples inocncia e bondade. Tendo dado aulas ao longo dos anos tem me ficado aparente que os devotos esto ansiosos para ouvirem a respeito dessas qualidades.

    Algumas das histrias favoritas so aquelas onde eu descrevo como ele me corrigia me chamando de nomes pitorescos como "mlechha", "homem morto", "bandido", etc. So histrias extticas porque quando as conto, espero poder transmitir o amor que Srila Prabhupada tinha por mim. Sei que ele me amava e, portanto ele podia me xingar assim, para tentar penetrar minha cabea dura. Se eu fosse escrever essas mesmas histrias, tenho certeza que algum iria ficar ofendido, achando que eu estava vendo Srila Prabhupada como um pessoa normal.

    Em 1978 eu me sentei com Satsvarupa Maharaja e ele gravou minhas memrias durante um perodo de cinco dias. Agora vejo esses manuscritos e posso ver tantas coisas que seriam ofensivas para alguns devotos. Porm, essas atividades aconteceram. Por favor, perdoem-me pelas recordaes imperfeitas. Compreendo que minha habilidade de compartilhar cheia de imperfeies, mas se eu esperar at me purificar, temo que vocs nunca as ouam. Srila Prabhupada falou tantas coisas. Ele gerenciou uma sociedade transcendental mundial com um bando de ocidentais desqualificados. Ele era a "Conscincia de Krishna" dentro da ISKCON.

    Em meus manuscritos muitas vezes digo que Srila Prabhupada estava ansioso ou que ele cantava em voz alta quando estava chateado. Ele instruiu os outros a fazerem o mesmo. Uma vez ele me disse: "quando voc estiver com sono e tem voltas para completar, voc pode andar pelo quarto e cantar, como eu fao." Eu sei que Srila Prabhupada nunca estava com sono, no da maneira como que fico com sono. Eu estou dormindo, mesmo quando estou acordado. De fato, os nicos momentos onde eu estou acordado so quando eu me lembro dele. Em seu sono ele estava com Krsna da mesma forma que estava quando acordado.

  • Eu vi Srila Prabhupada aflito, ansioso, chateado, com raiva e furioso. Freqentemente isso era devido nossa imaturidade ou nossas tentativas de mudar a filosofia, etc., mas no importa qual era seu humor, ele estava sempre absorto em Conscincia de Krsna.

    Rezo para que todos vocs continuem escrevendo sobre os passatempos transcendentais de Sua Divina Graa. Sei que sou cado e que muito provvel que no consiga apresent-lo corretamente. Dependo da minha esposa, Kusa devi, para editar todas minhas escritas, ela muito mais avanada do que eu e pode cancelar a maioria das minhas ofensas antes de chegarem ao pblico. Fui o servo de Srila Prabhupada durante dois anos e eu sei que cometi mais ofensas que vocs possam imaginar, mas sua misericrdia to grande que ele me permite continuar fazendo algum servio.

    TODAS AS GLRIAS A SRILA PRABHUPADA!

    Eu j falei, "Todas as glrias a Srila Prabhupada" milhares e milhares de vezes, inconscientemente repetindo essas gloriosas palavras sem total compreenso, ateno ou conscincia. Eu as repito como um rob. Eu preciso celebrar o real significado deste mantra.

    TODAS AS GLRIAS A SRILA PRABHUPADA!

    Relendo as histrias nesta pasta a frase "Todas As Glrias a Srila Prabhupada!" Significa mais para mim agora do que jamais foi possvel no passado. No estou interessado em apresentar meus pontos de vista pessoais sobre iniciao no ramo da ISKCON do Brahma Madhava Sampradaya atravs desse trabalho.

    Srila Prabhupada dizia muitas vezes que a verdade absoluta imutvel. Ele nos deu o presente inigualvel da "Verdade Absoluta". Minha compreenso no vai ser mudada por pontos de vista filosficos apresentados por diferentes grupos dentro ou fora da ISKCON.

    obvio que isso valido para muitos devotos sinceros, que escreveram volumes de ensaios, cartas, panfletos, etc. Eles tm sido afortunados por terem sido expostos ao processo de servio devocional pelo nosso glorioso mestre espiritual Srila Prabhupada.

    TODAS AS GLRIAS A SRILA PRABHUPADA!

    Essas lindas palavras significam tanto para mim agora. So 3:00 da manh. Acabei de acordar de um sonho com meu amado Mestre Espiritual onde ele ocupava alguns de seus discpulos. Estou muito feliz de ter atividades como essas que ocorrem na minha vida e assim tenho que compartilhar essa beno com outros.

    Se no fosse atravs de Srila Prabhupada, quais seriam as causas de nossas disputas na vida? Alguns de ns estaramos discutindo quem ganharia a copa. Outros estariam mais dispostos a discutir o preo de aes na bolsa, etc. Os mais piedosos estariam tendo debates sobre como melhor apresentar os ensinamentos de Jesus de uma maneira mais pura.

    Ns somos to afortunados. Ns podemos discutir e debater sobre a melhor maneira de dedicar nosso corpo, a mente e inteligncia no processo de servio devocional ao Senhor Krishna. Srila Prabhupada pegou esse bando briguento e nos tornou um grupo muito afortunado.

    TODAS AS GLRIAS A SRILA PRABHUPADA!

    Existem devotos que querem ser iniciados diretamente por Srila Prabhupada, cantar suas dezesseis voltas e seguir os princpios regulativos. Existem outros que querem ser iniciados por um dos discpulos de Srila Prabhupada, cantar dezesseis voltas e seguir os princpios regulativos. E por a vai.

    Eu posso ver Srila Prabhupada sorrindo agora. um sorriso lindo, que eu j vi muitas vezes antes e rezo para continuar a ver. Ele certamente vai rir por ltimo. Ele pegou um grupo de ocidentais irreligiosos, peritos em brigar, e nos fez brigar sobre ele. O que poderia ser melhor?

  • Trabalhar juntos para ele? Isso seria bom. Obviamente, a nica maneira de fazer isso servi-lo e, se preciso, brigar um pouco tambm.

    TODAS AS GLRIAS A SRILA PRABHUPADA!

    Parece que isso que esta acontecendo aqui, porm ns estamos todos dedicados a glorificar Srila Prabhupada.

    Tenho que confessar que gosto de uma boa briga. Isso , gosto de ver a ao de longe, de um lugar seguro. Meu ego raramente me permite lutar diretamente, a no ser que eu saiba que posso vencer. Perder seria demais para meu falso ego, mas como um apreciador de esportes, gosto de assistir a uma boa briga. Isso natural. Mas esse assunto de longe grande demais para minha pequena mente. necessrio apresentar uma tese para apresentar um pequeno argumento. No sou nem um pouco qualificado para tal tarefa. Na escola, no tinha nenhuma vontade de me juntar ao clube de debates. A nica coisa a que estava disposto discutir era de quem era o carro mais veloz, qual era a menina mais bonita, e, claro, quem iria ganhar o campeonato.

    No quero criticar vaishnavas aqui, nem quero minimizar o assunto sendo discutido por uma assemblia de devotos. Eu permaneo humilde na frente de todos aqueles que buscaram abrigo aos ps de ltus de Sua Divina Graa A.C. Bhaktivedanta Swami, Prabhupada. Espero que eu possa obter a misericrdia de todos devotos reunidos para ser to passional em meu amor por ele.

    So trs da manh e Srila Prabhupada me acordou de um sonho maravilhoso. sua misericrdia sem causa, e ele est estaticamente em minha mente. Durante os dois anos que passei no servio pessoal de Srila Prabhupada, era extremamente claro que ele queria que ns trabalhssemos juntos. Divergncias sempre existiram e sempre existiro. Apesar de nossos problemas, possvel trabalharmos juntos.

    Srila Prabhupada s vezes contava a histria dos filhos que estavam massageando o pai. Eles tinham suas divergncias. Um filho dava uma cutucada onde o outro estava massageando, esse outro ento fazia o mesmo onde seu irmo estava massageando. Obviamente, isso no era nada bom para ningum.

    Durante nossos debates e discusses importante lembrarmos que estamos todos massageando o corpo de nosso pai, Srila Prabhupada. Se ns, mantermos isso em mente, as diferenas existiro, mas respeitando um ao outro como amadas crianas de Srila Prabhupada, ns poderemos dar ao nosso pai uma excelente massagem. ISKCON o corpo de Srila Prabhupada. Srila Prabhupada falou que sua caminhada matinal e sua massagem o mantinham em boa sade. Vamos todos contribuir para a sade, nosso amado, Guru Maharaja dando-lhe uma boa massagem enquanto honramos nossos Irmos e Irms Espirituais. Vamos concentrar nossos motivos e aes nas:

    GLRIAS DE SRILA PRABHUPADA!

    Quase toda manh Srila Prabhupada acordava as duas ou trs da manh e comea seu trabalho de traduo para que seus discpulos pudessem ter xtases transcendentais escritos para lerem sempre. Algumas manhs, eu era afortunado o suficiente para acordar ao som de sua voz no quarto ao lado. s vezes ele estava fazendo a traduo das palavras, as vezes lentamente falando um significado no Dictaphone. Mesmo eu estando enfurnado no modo da ignorncia, ainda assim me sentia afortunado de poder ouvir a histria transcendental sendo gravada. Agora, vinte e cinco anos depois, finalmente acordei cedo de manh para escrever a nica xtase transcendental que tive pela misericrdia de todos devotos e meu Mestre Espiritual, e isso :

    TODAS AS GLRIAS A SRILA PRABHUPADA!

    Implorando para ser sempre o servo de Srila Prabhupada,

    Srutakirti dasa

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    Srila Prabhupada Uvaca 26

    Agosto de 1973, Bhaktivedanta Manor

    Faz um ano que estou com Srila Prabhupada e j me acostumei com o seu ritmo transcendental. s vezes, sentado em meu quarto, ouvia os doce sons de seu rgo vindo de seu quarto.Sabia que eu podia convidar quaisquer devotos que tivessem por perto do quarto de Prabhupada enquanto Sua Divina Graa cantava, mas hoje no tinha ningum por perto. Ento, fui a seu quarto e prestei-lhe minhas humildes reverncias. Ao sentar fui coberto pelo nctar do melodioso bhajan de Srila Prabhupada. Todos entravam em xtase s por ouvi-lo tocar o rgo que, junto com o som de sua voz, amolecia meu corao de pedra. Sentei-me em silncio, escutando-o, sem me mexer. No queria criar qualquer tipo de distrao enquanto ele estava nesse humor. Para mim era um espanto como ele podia ter tantas responsabilidades, mas era sempre capaz de sentar-se em seu quarto e cantar japa, fazer bhajanas, e ler seus livros.

    Depois de um minuto, tirando seus olhos do rgo, ele olhou para mim e fez um sinal com a cabea, eu j sabia que era para eu pegar seus karatals e comear a acompanh-lo. Quando ele terminou, eu disse: "Srila Prabhupada, seu kirtan e bhajans so sempre diferentes de todos outros que j escutei." Ele comeou a rir e respondeu: "Sim, eu tenho meu prprio estilo de cantar."

    claro que o estilo de Srila Prabhupada era s vezes imitado, mas nunca era igual. Afinal de contas, quem mais poderia montar uma sociedade internacional cantando debaixo de uma rvore?

    Srila Prabhupada Uvaca 27

    Inverno de 1972, ndia

    No meu primeiro tour pela ndia, outono e inverno de 1972, Malati devi cozinhou para Srila Prabhupada. Ela era a esposa de Shyamasundar dasa, o secretrio de Srila Prabhupada. Eles tinham uma filha, Sarasvati, que tinha uns trs anos de idade naquela poca. Ela era a menininha mais afortunada. Ela era a nica pessoa que eu conheo que podia entrar e sair do quarto de Srila Prabhupada sem ser anunciada.

    Era como se ela aparecesse do nada, como uma pequena Narada Muni, em diferentes templos, mundo afora. Ela sempre acabava aparecendo no quarto de Prabhupada durante alguns momentos, e ento, da mesma forma que vinha, ela desaparecia. Ele gostava de sua companhia. s vezes ela sentava em seu colo. Outras vezes ele criava dificuldades para ela, carinhosamente provocando-a como um av faria. Agora uma coisa a respeito dela era certo, ela sempre tinha prasadam em suas mos e boca. Srila Prabhupada observava isso e s vezes ele dava-lhe doces que ficavam em sua mesa.

    Um dia ela entrou no quarto enquanto eu estava massageando Srila Prabhupada. Como sempre ela estava comendo. Ele falou: "Voc est sempre comendo. Sabe do que voc me lembra, Sarasvati?" Ela olhou para ele com sua boca cheia de comida, e, balanando a cabea, indicou que ela no tinha idia. "Voc me lembra da cidade de Nova Iorque os caminhes de lixo! "Voc conhece os caminhes de lixo de Nova Iorque?" Com a cabea ela indicou que sim. Prabhupada continuou: "Em Nova Iorque eles tm esses enormes caminhes de lixo. Eles descem a rua e os trabalhadores botam o lixo dentro dele." Aqui, Srila Prabhupada abriu seus braos, um sobre sua cabea e o outro prximo ao cho. "Ele descem a rua e botam o lixo no caminho, na grande boca do caminho e a o caminho vai zzzzzzzzuuuuummmmmmmmmmm e fecha e come tudo. Ento faz iiiimmmmmmm e abre de novo. Assim."

    Falando assim, ele imitou o abrir e fechar da boca do caminho de lixo com suas mos. "Sua boca exatamente assim. Voc est sempre botando coisas nela. Igual aos caminhes de lixo de Nova Iorque."

  • Ele conseguia diverti-la, mas com a mesma rapidez com qual ela aparecia, logo sumia. Talvez ela ia pegar mais prasadam de sua mataji. Continuei fazendo a massagem em Srila Prabhupada, impressionado por sua grandeza e tentei imaginar que aes piedosas ela deve ter realizado para poder brincar com Sua Divina Graa to intimamente. A oportunidade que eu tive de presenciar o lila de Srila Prabhupada era claramente um sinal de sua misericrdia sem causa. O jeito carinhoso e brincalho de Srila Prabhupada continua a amolecer meu corao de pedra.

    Srila Prabhupada Uvaca 28

    Caminhada Matinal, Perth, Austrlia

    Andar de manh com Srila Prabhupada nunca era chato. s vezes Sua Divina Graa no falava nada, e s cantava japa durante toda caminhada. Isso podia ser decepcionante para alguns devotos que no tinham essa rara oportunidade normalmente. s vezes eles faziam perguntas, na esperana de conseguir com que Srila Prabhupada comeasse um debate ou conversa, mas isso era um negcio arriscado. Srila Prabhupada no era sujeito s nossas vontades. s vezes ele dava uma resposta rpida a essas perguntas e continuava a andar em silncio.

    Hoje, porm, Srila Prabhupada estava falante, bem humorado. Sorrindo ele perguntou aos devotos: "O devoto correto ou trapaceiro?" Um devoto respondeu: "Ele correto, Srila Prabhupada." Com um brilho malandro em seus olhos ele perguntou: "Tem certeza? Ele correto ou trapaceiro?" Seus discpulos, sem compreenderem que tinham cado numa armadilha, novamente responderam com entusiasmo: "Sim, o devoto correto!"

    Srila Prabhupada ento lhes deu a resposta inesperada: "De fato, o devoto trapaceiro!" Todos ficaram fixos em suas posies, boquiabertos. Srila Prabhupada explicou: "Veja eu, por exemplo, vim a seu pas e estavam todos comendo carne, se intoxicando, fazendo todo tipo de tolice. Enganei a todos. Enganei vocs a se tornarem Conscientes de Krishna. Ento, nesse sentido, o devoto tem que ser trapaceiro, porque ele tem que poder enganar, como eu enganei a todos. Ningum queria ser Consciente de Krishna, mas eu os enganei.

    Srila Prabhupada era o Acarya. Ele nos ensina pelo exemplo. Ele nos mostrou sua arte nos enganando novamente durante a caminhada matinal.

    Srila Prabhupada Uvaca 29

    Entrar no quarto de Srila Prabhupada era sempre uma experincia esclarecedora. s vezes Srila Prabhupada sentava e lia seus livros. Quando ele os lia parecia que tinham sido escritos por outra pessoa, pois ele no os lia com a mente de um autor procurando erros de edio ou gramtica. Ele os lia com o prazer de um devoto puro, lendo os passatempos do Supremo Senhor a Quem ele estava inteiramente apegado.

    Um dia em Los Angeles entrei em seu quarto para realizar minhas tarefas e ele estava sentado lendo o "Bhagavad Gita Como Ele ". Depois que eu prestei-lhe reverncias, ele olhou-me e disse: "Se voc ler somente esse livro e compreend-lo, voc se torna Consciente de Krishna ainda nesta vida." Alguns meses depois, quando entrei em seu quarto, ele estava lendo o "Nctar da Devoo". Ele olhou-mee disse: "Esse livro to bom. S por ler esse nico livro voc pode se tornar Consciente de Krishna."

    Srila Prabhupada nos ensinava atravs de seus exemplos. Ele fazia tudo que ele nos pedia para fazer. Ele pedia para lermos seus livros e ele os lia tambm.

    Srila Prabhupada Uvaca 30

    Sete de outubro de 1972, Berkeley, Califrnia

  • Essa noite Srila Prabhupada falou na Universidade da Califrnia, em Berkeley, penetrando o corao da capital neo-intelectual hippie. Os devotos de So Francisco receberam sua palestra com entusiasmo e prazer. Eles prepararam barris de pipoca e as distriburam depois da palestra de Srila Prabhupada.

    Srila Prabhupada perguntou: "O que isso?" Jayananda, que foi um personagem chave na preparao e distribuio de pipoca prasadam nos sankirtans da rua de Berkeley j algum tempo, respondeu: "Pipoca, Srila Prabhupada, voc quer um pouco?" Srila Prabhupada respondeu curioso: "Sim, me d um pouco."

    Os devotos distribuam a pipoca num pequeno saquinho onde estava escrito o mantra "Hare Krsna". Srila Prabhupada comeu a pipoca com grande deleite e disse: "Oh, isso bom!" Todos devotos, especialmente aqueles que tinham preparado e distribudo a prasadam, sentiram enorme prazer. Agora eles tinham certeza que sua oferta tinha sido aceita e suas vidas eram bem sucedidas. Quando Srila Prabhupada acabou de comer a pipoca no saquinho, aumentou ainda mais o carinho que todos Vaisnavas presentes sentiam por ele, pois deixou sua mo dentro do saquinho, alegremente. Foi muito doce. Todos devotos atentamente acompanhavam cada movimento de Srila Prabhupada. A atitude brincalhona de Sua Divina Graa sempre entusiasmava o corao dos devotos.

    Cheios de alegria os devotos realizaram um exttico Hare Nama Sankirtan na Av. Telegraph, um lugar famoso por seus habitantes hippies. A caminho de casa, Srila Prabhupada continuou a entusiasmar os devotos dirigindo lentamente ao longo do grupo de sankirtan. Todos devotos cantavam em bem-aventurana e danavam eufricos, motivados pela presena e superviso de Srila Prabhupada.

    Na noite seguinte Srila Prabhupada teve outro programa de pregao. Desta vez os devotos trouxeram pipoca para Srila Prabhupada e a ofereceram. Srila Prabhupada falou: "No, eu sou velho e no posso fazer esse tipo de coisa com muita freqncia. muito bom, mas para mim difcil de digerir. Ele recusou dizendo: " muito bom. Eu gosto."

    Jai Srila Prabhupada!

    Seu servo,

    Srutakirti dasa e Kusa devi dasi (sim, eu tambm estava presente)

    Srila Prabhupada Uvaca 31

    Abril de 1973, Los Angeles, Califrnia

    Templo de Nova Dwarka

    Sempre que h privacidade e o tempo est agradvel Srila Prabhupada toma sua massagem ao ar livre, com suas costas para o sol matinal, no importa o local. Muitas vezes Sua Divina Graa falou: "O sol matinal lhe d energia e o sol da tarde lhe tira." Hoje um lindo dia ensolarado e Srila Prabhupada decidiu tomar sua massagem em "seu lugar favorito", o jardim. Tendo eu colocado o colchonete na grama com o leo de sndalo e mostarda ao lado, Srila Prabhupada veio e sentou-se de pernas cruzadas.

    Hoje algo fora do comum aconteceu. Enquanto massageava as costas de Srila Prabhupada um gatinho, ainda filhote, passou por baixo da cerca. Talvez o gatinho quisesse associao com um devoto puro. A coisinha peluda comeou a lamber as costas de Srila Prabhupada e carinhosamente esfregar seu pelo na Sua Divina Graa. Para minha grande surpresa, Srila Prabhupada permitiu que isso continuasse durante alguns minutos.

    Finalmente, Srila Prabhupada falou: "Agora chega, leve-o para fora.". Rapidamente, peguei o gato e coloquei-o do outro lado da cerca. Por ser muito pequeno e extremamente determinado a conseguir mais associao o gatinho imediatamente voltou por baixo da cerca, e voltou.,.voltou... voltou.... Trs vezes ele entrou e trs vezes eu o coloquei para fora.

  • Finalmente achei uns blocos de cimento e coloquei-os ao longo da base da cerca. O gato no conseguia mais entrar e nem conseguir mais um carinho de Sua Divina Graa. Agora com seu caminho bloqueado, o gato ficou chorando fortemente do outro lado da cerca enquanto durou a massagem de Srila Prabhupada. Miando, ele lamentava sua desgraa. Aprendi algo com aquele gatinho: eu deveria ter esse mesmo forte desejo de me associar com um devoto puro.

    Vejam s como mesmo um momento de associao com um devoto puro pode mudar a vida de at um pequeno animal. O gato deve ter sido atrado pela natureza transcendental de Srila Prabhupada. Ele queria se banhar no nctar de Prabhupada no importava quais os obstculos sua frente. Rezo para que um dia eu possa ser to determinado quanto aquele gatinho e ter a associao de meu Guru Maharaja em servio devocional amoroso.

    Srila Prabhupada Uvaca 32

    Primavera de 1973, Los Angeles, Califrnia

    ISKCON, Nova Dwarka

    Hoje Srila Prabhupada descreveu algumas das diferenas entre a civilizao vdica e a civilizao ocidental. "Meninos e meninas." "Agora um homem, ele quer fazer algo. Ele v uma mulher e diz: Vou conseguir aquela mulher. Ele chega at ela e diz: O que voc est fazendo? Por que ns no samos?"

    "Quando ramos jovens," ele continua, "os mesmos desejos existiam. Os desejos no mudaram nada. Ns tambm tnhamos desejos como esse. Voc v uma mulher, voc fica atrado. Mas a cultura existia. A cultura era to rgida que voc no podia nem olhar para ela, o que dizer de falar com ela e fazer alguma proposta. Era tudo igual, exceto a cultura. Agora, no h cultura. Voc chega e diz o que quiser. Ns tnhamos todos esses desejos, conversando como colegas de escola, mas voc nunca podia se aproximar de uma mulher. Isso no existia. Voc nem pensava sobre isso."

    Srila Prabhupada deixou Vrindaban Dhama e a cultura Vdica para nos salvar da nossa assim chamada civilizao avanada. Todas as glrias a Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 33

    Massagem matinal, 1975

    Por volta de 11 da manh Srila Prabhupada comea sua massagem matinal, que durava cerca de uma hora e meia. No existem regras fixas em relao durao da massagem de Srila Prabhupada. s vezes durante a massagem Srila Prabhupada ficava bastante ocupado. Seu secretrio lia a correspondncia e anotava as respostas. Tambm acontecia de seu editor de snscrito entrar com dvidas a respeito do trabalho de Srila Prabhupada daquela manh.

    Um dia, durante a massagem, o editor de snscrito entrou e saiu do quarto de Srila Prabhupada vrias vezes. A primeira vez que ele entrou prestou-lhe reverncias cuidadosamente. Nas prximas vezes que entrou ele se ajoelhou rapidamente, tocando brevemente a cabea ao cho, e, rapidamente, sentou-se e fez suas perguntas. De novo saiu do quarto. Quando voltou, fez a mesma coisa. Srila Prabhupada o corrigiu, dizendo: "O que essa machadada? Preste suas reverncias. Essa machadada no nada bom."

    Srila Prabhupada sempre cuidava de seus discpulos. Ele nos impedia de cometer ofensas devido ao nosso descuido. Esse incidente aconteceu vinte e dois anos atrs, e nunca entendi direito o que Srila Prabhupada quis dizer com a palavra "machadada". S sei que parte do significado era referente ao movimento rpido que associamos a essa ferramenta.

    Enquanto escrevo, porm, vejo um outro sentido da palavra. Nosso servio devocional uma trepadeira muito frgil. Quando rendemos servio pessoal ao mestre espiritual, ns podemos facilmente danificar

  • nossa trepadeira devocional com nossos egos, que nesse sentido so como machados. Conscincia de Krishna significa ser consciente de nossas atividades a todo instante, e nunca querer minimizar ao oferecer respeito ao nosso Guru Maharaja.

    Todas as glrias a Srila Prabhupada, o jardineiro mais hbil que to amavelmente cuida da nossa trepadeira devocional. Jai Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 34

    ISKCON, Nova Dwarka- Los Angeles

    Durante os dois anos que pessoalmente servi Sua Divina Graa, ele falou muitas vezes sobre aposentar-se dos deveres administrativos para se concentrar na traduo das escrituras para a humanidade como um todo. Minha primeira experincia foi assim:

    Eram umas nove da manh e Srila Prabhupada me chamou ao seu quarto e disse para eu chamar Karandhara. Isso acontecia freqentemente quando estvamos em Nova Dwarka. Srila Prabhupada parecia ter grande f nas habilidades de Karandhara. Lembro-me de Srila Prabhupada elogiar Karandhara ao mostrar os degraus de concreto que Karandhara tinha feito, "Karandhara pode fazer qualquer coisa." Se estivssemos em L.A., e surgisse qualquer tipo de problema, Srila Prabhupada chamava Karandhara, tendo certeza que ele poderia trazer a soluo.

    Quando Karandhara entrou, Srila Prabhupada o deixou chocado, dizendo: "No quero mais me envolver tanto na administrao. Quero traduzir livros." Karandhara respondeu com entusiasmo: "Sim, posso fazer todo seu trabalho de secretaria daqui e voc pode ficar aqui e traduzir. Ns cuidaremos de tudo muito bem." Srila Prabhupada respondeu: "Sim! Faremos isso imediatamente, no quero saber de nenhum negcio. Nada de negcios. Voc cuida de todos meus afazeres para mim."

    Karandhara deixou o quarto, pronto para gerenciar a ISKCON de seu escritrio na Av. Watseka. Pensei: "Isso incrvel. Prabhupada vai deixar o GBC cuidar da sociedade. Nova Dwarka era perfeita. Tinha todos os recursos para Srila Prabhupada. Ele poderia ficar aqui durante anos traduzindo o dia inteiro se ele quisesse. Srila Prabhupada j tinha falado que seu jardim aqui era seu lugar favorito."

    Eram agora dez da manh quando Srila Prabhupada tocou seu sino. Prestei-lhe minhas reverncias ao entrar no quarto, mas antes mesmo que levantasse a cabea do cho ele falou: "Chame Karandhara." Quando Karandhara entrou em seu quarto e prestou-lhe reverncias, Srila Prabhupada viu a ponta de uma carta no bolso da kurta de Karandhara. Srila Prabhupada arregalou os olhos e perguntou: "O que isso?" "Oh! uma carta para o senhor, Srila Prabhupada.", respondeu Karandhara. "Abra-a", disse Srila Prabhupada.

    Karandhara abriu a carta e a leu para Srila Prabhupada. Era uma tpica carta de um discpulo mais antigo, administrando algum templo em algum lugar do mundo. Srila Prabhupada escutou atentamente e em seguida ditou a resposta.

    A aposentadoria de Srila Prabhupada tinha durado pouco mais de uma hora. Essa foi a primeira aposentadoria que eu presenciei, mas no a ltima. Srila Prabhupada tinha enorme prazer em traduzir o Srimad Bhagavatam para ns. Ele tambm tinha enorme prazer em ensinar suas crianas, mostrando-as como seguir o caminho espiritual. Sua pacincia era sem fim. Diariamente ele nos levantava quando tropevamos, nos estimulando a tentar andar de novo. No importava o quanto ele sonhava em se aposentar, ele no nos deixava at que pudssemos andar a ss. Chegou a hora de andarmos ss.

    Jai Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 35

  • Setembro de 1974, Vrindavan, ndia

    ISKCON- Krishna Balarama Mandir

    H vrias semanas que Srila Prabhupada est doente. Tem sido um perodo muito difcil. Ele praticamente no est comendo e precisa de ajuda para andar. Depois de muito tempo, agora est melhorando, para o alvio de todos seus discpulos.

    Alguns membros do GBC tm se reunido. O enfoque de suas discusses aliviar Srila Prabhupada de todas suas responsabilidades administrativas. Eles acreditam que se pudessem gerenciar eficientemente, ento Srila Prabhupada ficaria mais aliviado. Eles imaginam que sua sade melhorar se ele no tiver mais que se preocupar com a administrao diria da ISKCON.

    Eles solicitaram uma reunio na presena de Srila Prabhupada. Comearam dizendo: "Srila Prabhupada, ns decidimos que podemos cuidar de toda administrao, e voc pode ficar livre para fazer seu trabalho de traduo. Voc no precisar se preocupar com a administrao da sociedade. Ns temos a competncia para fazer isso." Srila Prabhupada ficou com muita raiva e disse: "Quando eu quiser que vocs administrem, quando eu quiser parar de administrar, eu lhes digo. No diga a seu mestre espiritual quando ele deve abandonar a administrao. Quem vocs pensam que so, dizendo ao mestre espiritual que ele no precisa mais administrar? Sou perfeitamente capaz de saber quando no quero mais administrar. Quando eu decidir que no quero mais, ento paro de administrar. Isso minha deciso. No a de vocs." Encerrou-se a reunio!

    Srila Prabhupada Uvaca 36

    Outubro de 1972, Vrindaban, ndia

    Radha Damodara Temple

    Essa tarde Srila Prabhupada est falando em sua ante-sala. Ele tem feito isso regularmente desde que chegou. Alguns dos moradores locais trazem oferendas de frutas e flores e as colocam a seus ps de ltus. De repente, no meio da palestra, um macaco entrou no quarto como um foguete em direo as bananas. No que ele corria para fora, Visaka rapidamente joga seu chaddar em cima do macaco e tenta recuperar as bananas. Ela conseguiu pegar a maioria das bananas, mas dentro de poucos segundos o macaco j tinha desaparecido com uma bela banana em sua mo.

    Srila Prabhupada falou: "Vejam s como o macaco inteligente. Isso mostra que, relativamente, todas entidades vivas so inteligentes. Quanto tempo voc acha que teria levado para voc fazer isso, entrar e sair correndo e conseguir as bananas? Esse macaco muito inteligente no que refere sua alimentao. Ele consegue fazer isso em poucos segundos. Praticamente ningum o viu. Ele simplesmente pegou as bananas e saiu. assim no mundo material. Todos so muito peritos em suas esferas de atividade. Ento, ns temos quer ser devotos espertos, no espertos como os macacos."

    O incidente durou apenas uns segundos. Mesmo estando Srila Prabhupada no meio de uma palestra ele estava sempre atento a tudo que acontecia sua volta. Srila Prabhupada estava sempre ciente das atividades a seu redor. Srila Prabhupada era perito em fazer mais de uma coisa de cada vez.

    Srila Prabhupada Uvaca 37

    Sete de outubro de 1972, ISKCON, San Francisco

    Berkeley

  • J sou servo de Srila Prabhupada h um ms. Estou comeando a me sentir vontade e sentir que sei o que estou fazendo. Porm pouco sabia que isso me qualificava para o seguinte retrocesso, assim que acreditava j estar sabendo das coisas, oh oh!

    Essa noite Srila Prabhupada pediu para eu preparar puris, batata frita (potato chips*) e leite quente. Ns no estamos ficando no templo. Ns estamos na casa de um jovem casal. Eles so amigos dos devotos. Os devotos locais passaram horas arrumando a casa para prepar-la antes da chegada de Srila Prabhupada.

    A cozinha no muito boa. Felizmente, tinha ghi no fogo, portanto dava para preparar uma refeio. Srila Prabhupada tinha pedido batata frita (potato chips) e eu estava ansioso para faz-las, mas no tinha experincia. Fazer os puris era bem fcil, mas demorado. Estava ficando tarde e eu no queria que Srila Prabhupada esperasse.Descasquei uma batata e a fatiei o mais fino possvel com o descascador de batata, e coloquei-a para fritar no ghi bem quente. Elas ficaram com uma aparncia razoavelmente similar a batatinhas fritas (potato chips), mas nada igual ao que eu j tinha visto.

    Sentia-me muito abenoado de poder servir diretamente o representante de Krsna. Srila Prabhupada era minha deidade viva, com a misericrdia especial de poder lidar com ele diretamente. Com carinho corri para Sua Divina Graa com o prato com as batatas fritas, um puri quente e um copo de leite quente. Srila Prabhupada apontou para a batata frita e firmemente perguntou: "O que isso?" Confuso, respondi: "Batata frita (potato chips), Srila Prabhupada." "Isso no batata frita!", ele exclamou, j irado. "No era isso que eu queria."

    Vendo meu sofrimento, ele disse: "Tudo bem, pode deixar." Senti-me pssimo. Essa foi a primeira vez que tinha cometido um erro srio no meu servio a meu Guru Maharaja. Eu queria morrer. A oferenda tinha sido inaceitvel. Voltei para cozinha e preparei o prximo puri. De volta ao quarto de Srila Prabhupada coloquei o puri em seu prato e prestei-lhe reverncias. Quando sentei, ele olhou para mim com um grande sorriso. Com nfase disse: "Isso aqui est muito bom. Tudo bem. Est bem bom." Respirei aliviado e respondi: "Oh, que bom! Muito obrigado, Srila Prabhupada."

    Eu estava nas nuvens. No sabia se ele realmente tinha gostado das batatas ou se estava falando isso s para me fazer sentir melhor. De qualquer forma, era maravilhoso. Senti-me timo ao ter algum se preocupando tanto comigo. Ffiz outro puri, levei para ele e o esperei terminar. Pegando seus pratos, fiquei exttico de ver que ele tinha comido todas as minhas assim chamadas batatas fritas. Srila Prabhupada com misericrdia aceitou meus esforos desastrados.

    Meses depois, na ndia, finalmente entendi que "potato chips" so o equivalente britnico das "french fries" americanas. Tendo pouca experincia eu desconhecia isso. Agora compreendo que Srila Prabhupada queria aquilo que conheo como sendo "french fries".

    Mais tarde, fiz as batatas fritas de Srila Prabhupada de acordo com suas instrues, "finas e croscantes**". Repare a ortografia. No est errado. Srila Prabhupada freqentemente usava essas palavras divertidas. Eu preferia seu uso da palavra, "croscante" invs de "crocante". Parece que fica mais gostoso.

    *Nota do tradutor 1: esse passatempo envolve uma distino que feita no ingls americano entre batata frita palito (french fries) e em fatias (potato chips). Essa distino no existe no ingls britnico.

    **Nota do tradutor 2: aqui Srila Prabhupada falava "cripsy", invs de "crispy".

    Srila Prabhupada Uvaca 38

    Seis de outubro de 1972, ISKCON, Berkeley

    Srila Prabhupada chegou hoje e ficou na casa de um de seus bem querentes. Seus discpulos lhe mostraram a casa. Srila Prabhupada sentou e perguntou: "Tem alguma prasadam?" No tinha nada disponvel. Ele disse: "Ento me traga um pouco de fruta ealgo para lavar meus ps. Traga uma toalha e

  • um pouco de gua. Isso o procedimento normal. Voc deve lavar os ps da pessoa que est chegando." Srila Prabhupada no precisa de nada da nossa parte, mas por sua misericrdia, ele nos ensina a receber convidados, o que dizer do mestre espiritual.

    Os devotos correram para preparar tudo. Quando os seus discpulos comearam a lavar seus ps, Srila Prabhupada falou: "Lave at meus joelhos. Esse tipo de banho dos ps refresca todo corpo depois de uma viagem."

    Novamente em Vrindavan, num dia muito quente, Srila Prabhupada mencionou, outra vez, esse fato depois de voltar de um compromisso. Voltando a seus aposentos, ele foi diretamente ao banheiro e lavou seus ps e pernas com gua fria. Ele falou: "Fazendo isso, rejuvenescemos todo o corpo.

    Ele nos ensinou o padro antigo de etiqueta Vdica, incluindo suas aplicaes prticas. Ele nos revigora com seu conhecimento. Jai Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 39

    Quinze de setembro at Vinte e oito de outubro de 1972

    ISKCON, Juhu, Bombaim

    Srila Prabhupada tinha o maior prazer em falar sobre Krishna a Seus associados, vinte e quatro horas por dia. Ele adorava toda oportunidade que tinha de falar sobre a filosofia de Conscincia de Krishna. Em grande contraste, ele usava pouqussimas palavras quando se tratava de suas necessidades corpreas. A dicotomia era exttica.

    Diariamente Srila Prabhupada tirava um rpido cochilo depois de seu almoo prasadam. Depois de acordar, Sua Divina Graa passava pelo local onde eu ficava, a caminho do banheiro. Muitas vezes eu descansava tambm. To logo ouvia o doce som de seus passos, levantava-me e lhe prestava reverncias. Srila Prabhupada passava por mim, dizendo: "Dab", em voz grave. Antes que ele voltasse a seu quarto, era meu dever ir para cozinha, abrir um coco verde, botar um canudo dourado no buraco e colocar essa gua doce em sua mesa. Isso era um ritual dirio. Toda vez que eu ouvia a palavra "dab" a mesma oportunidade exttica se apresentava.

    Especialmente em Vrindavan, Srila Prabhupada freqentemente se gabava aos convidados como seu servo conseguia preparar o almoo rpido. Ele dizia: "Srutakirti, consegue preparar meu almoo todo, arroz, dahl, chapatis, e trs ou quatro subjis, em apenas 45 minutos." Ento ele olhava para mim e dizia: "No ?" Balanando a cabea eu disse: "Sim, Srila Prabhupada, e lhe dou uma massagem enquanto est tudo cozinhando. Agora arregalando seus olhos, ele disse: "Veja s, 45 minutos e todo esse negcio de necessidades corpreas...acabadas. Isso Conscincia de Krishna. Ns minimizamos as necessidades corpreas ao mximo possvel para assim ter mais tempo para servio devocional."

    Outro exemplo, que demonstrava a eficincia, com um mnimo de esforo de Srila Prabhupada, acontecia na privacidade de seus aposentos. Srila Prabhupada me instrua sem sequer usar uma palavra. Quando estvamos sentados em sua ante-sala ele olhava para o ventilador de teto. Se estivessem ligados, significava que eu deveria deslig-los. Caso contrrio, se desligados, deveria lig-los. Outras vezes, ele olhava para as cortinas. Se as cortinas estivessem abertas, era para fech-las. Se estivessem fechadas, eu as abria. Srila Prabhupada disse: "O servo de primeira classe, faz seu servio sem ser solicitado. Ao servo de segunda classe, voc pede e ele faz e ao servo de terceira classe, voc pede e ele faz de m vontade, ou nem mesmo faz."

    Eu rezo para ouvir seus passos, ver seus olhares, ouvir suas palavras e ter a oportunidade de servi-lo vida aps vida. Srila Prabhupada o Acarya.

    Jai Srila Prabhupada!

  • Srila Prabhupada Uvaca 40

    Junho de 1972, Los Angeles, Califrnia

    Nova Dwarka

    Hoje, depois da caminhada matinal um grupo, de cinco ou seis devotos, ficou nos ps da escada, vendo Srila Prabhupada subi-la com sua bengala at seu quarto. Enquanto ele andava, todos estavam alegremente cantando, "Jai Srila Prabhupada".

    Ele virou e nos olhou com um sorriso encantador. "Eu estava pensando: quando jovem, corria escada acima. Agora o mesmo desejo ainda existe. Ainda quero correr escada acima, mas devido a esse corpo agora no posso. Ainda quero fazer essas coisas, como se eu fosse jovem. Quero ficar ativo, mas o corpo limita muito." Ele continuou a subir a escada e nos prestamos nossas profundas reverncias.

    Uma luz se acendeu em minha mente, e compreendi, momentaneamente, como Srila Prabhupada aceitou voluntariamente tantas inconvenincias para nos salvar dessa concepo de vida corporal grosseira.

    Testemunhei a majestade da lila de Prabhupada enquanto o servia pessoalmente, mas tambm presenciei muitos perodos dolorosos.

    Meu corao partia ao testemunhar o sofrimento de Sua Divina Graa, por aceitar voluntariamente as reaes pecaminosas de almas cadas como eu. O fato de Srila Prabhupada experimentar esses desconfortos no diminua sua grandeza, mas sim ampliava. Essa a misericrdia sem fim de um devoto puro. Quem pode ser to magnnimo? Ele o nosso eterno bem querente, aceitando a insuportvel responsabilidade de nos salvar de nossa condio cada.

    Durante os prximos dias vou tentar descrever alguns passatempos de Srila Prabhupada que so simultaneamente doces e s vezes tristes tambm, na esperana que eu possa meditar em sua grandeza.Imploro o perdo de todos que ofendo ao compartilhar minhas percepes. Se eu esperar at me tornar perfeito para ento tentar glorificar meu amado guru, receio que todas essas memrias possam se perder. Reconheo que Sua Divina Graa era um nitya-siddha, e, portanto no era susceptvel a qualquer doena material, mas ainda assim ele nos abenoou com sua misericordiosa associao andando conosco nesse lugar de misrias. Essa sua misericrdia sem causa.

    Jai Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 41

    Dois a quatro de abril de 1973

    Saint Moritz- Zurique, Sua

    Quando estvamos em Bombaim, um discpulo antigo mostrou a Srila Prabhupada um atraente carto postal de Saint Moritz, repleto de flores silvestres e montanhas a perder de vista. Era lindo. Em considerao, o devoto de Srila Prabhupada lhe disse que seria bom descansar um pouco na longa viagem entre Bombaim e Nova Iorque. Srila Prabhupada poderia descansar um pouco em Saint Moritz. Quem j viajou entre, a ndia e os EUA, sabe que a viagem extremamente cansativa. Srila Prabhupada estava viajando muito, nunca passando mais do que seis a sete dias em cada local. Portanto, a idia de parar em Saint Moritz parecia ser realmente tima.

    Porm o outro motivo para desembarcar em Saint Moritz era especulao com ouro. Alguns homens mais antigos estavam pensando em fortalecer as reservas da ISKCON investindo em ouro antes da desregulamentao de preos. Zurique era o local para investimentos em ouro. Porm Srila Prabhupada cortou a idia pela raiz.

  • Saint Moritz uma estao de esqui e nessa poca do ano a neve cobre tudo at perder de vista. O hotel onde ficamos tinha uma recepo central com um elevador. Ao sair do elevador e entrar no quarto do hotel, havia um espaoso apartamento de trs quartos com cozinha. A grande sala de estar tinha portas de vidro deslizantes que davam na varanda, com uma maravilhosa vista das montanhas cobertas de neve. Para muitos era uma vista de tirar o flego, mas no para Srila Prabhupada.

    Srila Prabhupada era muito meticuloso. No importa onde ns estivssemos, sua vida continuava como se nada tivesse mudado. Sua programao diria permanecia a mesma. Essa manh no foi diferente. Srila Prabhupada vestiu seu casaco aafroado e se preparou para sair na sua caminhada matinal, dizendo: "Ns vamos sair para andar? Vamos ver o quanto est frio?"

    Como estvamos no andar trreo, Sua Divina Graa abriu as janelas deslizantes para sair, passando pela varanda. De repente uma rajada de vento glido entrou em todo apartamento. Parecia uma tempestade. Srila Prabhupada arregalou seus olhos e disse: "Ooohhhh, isso frio demais!"

    Sempre que eu via essas suas reaes brincalhonas, meu corao derretia de alegria. Srila Prabhupada exibia a inocncia de uma criana. Enquanto que a maioria dos devotos via sua determinada e poderosa pregao, eu me sentia afortunado de ver a cara de Srila Prabhupada iluminada com expresses ntimas e cativantes. Sua Divina Graa sentiu o frio. Ele no gostou, ento ele disse: "Vamos andar no corredor, dentro do prdio."

    No era uma mera rajada de vento glido que iria impedir Srila Prabhupada de realizar sua caminhada matinal. Ento Sua Divina Graa, Pradyumna e eu fomos para o corredor. Bom, isso criou uma srie de problemas diferentes. Levando em considerao que estvamos em 1973, o hotel era muito high tech. Tinha sido criado para operar com um mnimo de desperdcio de energia. O sistema era que as luzes do corredor ficavam acesas somente durante um tempo fixo, provavelmente suficiente para a pessoa ir do quarto at o elevador. Ento, enquanto andvamos, subindo e descendo o corredor, tnhamos que ficar apertando os vrios botes que tinham ao longo do corredor para que as luzes no se apagassem. Caso contrrio estaramos andando no escuro.

    Pradyumna decidiu voltar ao apartamento. Srila Prabhupada e eu andvamos pelo corredor, para cima e para baixo. Eu corria de um boto para o outro, apertando e cantando, apertando e cantando. Isso continuou durante uma meia hora, quando Srila Prabhupada falou: "Esse tempo frio abriu meu apetite. Voc pode ir me fazer um pouco de halavah."Respondi: "Tudo bem Srila Prabhupada, o senhor quer que eu espere o senhor acabar de andar ou quer que eu v agora?" As luzes ficavam acesas uns trinta segundos, portanto eu estava preocupado com o apertar dos botes. Srila Prabhupada respondeu rindo: "No, eu vou andar. Voc vai fazer a halavah."

    Ns sempre adorvamos quando Srila Prabhupada tinha apetite. Era um grande prazer cozinhar para ele. Quando entrei, falei para os outros: "Srila Prabhupada ainda est andando no corredor. Algum deveria ir apertar os botes, para manter as luzes acesas para ele." Ns demos uma espiada pela porta e vimos Srila Prabhupada cantando, andando e apertando os botes para manter as luzes acesas. Foi muito engraado. Jai Srila Prabhupada!

    Srila Prabhupada Uvaca 42

    Quatro de abril de 1972, Zurique, Sua

    Depois de sair de Saint Moritz ns passamos um dia num hotel exclusivo com vista para o Reine em Zurique. Srila Prabhupada tinha um quarto e sua comitiva ficou no quarto ao lado. Os quartos no eram interligados. Quando chegou a hora de fazer sua massagem eu tinha que ir at o quarto dele, e l colocar minha gumpsa, para no andar de gumpsa no corredor. Quando terminei a massagem, esqueci meu saco de contas em seu quarto.

    As contas de japa no eram as mesmas na qual Srila Prabhupada tinha cantado durante minha iniciao dois anos antes, infelizmente as tinha perdido em Nova Vrindaban. Eu tinha pensado em pedir a Srila Prabhupada para cantar em minhas novas contas, mas no queria admitir o meu descuido. Meu saco de

  • contas era prasadam, dado por Sua Divina Graa. Para meu enorme prazer quando voltei ao quarto de Srila Prabhupada vi sua mo em meu saco de contas. Durante a prxima meia-hora