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Í N D I C E JULHO 2010 Recursos Espirituais Recursos Espirituais 1. Os 10 Elementos Fundamentais em um Modelo de Igreja Apostólica de Atos 19 ......................................................... George O. Wood A igreja de Éfeso, liderada pelo apóstolo Paulo, nos oferece um checklist muito útil à medida que empregamos nossos próprios esforços. 2. Caminhando para a Colheita ........................................................ J. Don George Como um pastor conduz sua igreja à colheita com um passo de cada vez. 3. A Bíblia ensina sobre segurança eterna? .................................... W.E. Nunnally Se afastar-se de Deus não fosse uma possibilidade nítida, Jesus não teria falado sobre o assunto. 4. Princípios de Liderança Espiritual das Saudações de Paulo ...... James D. Hernando Paulo não considerava seus subordinados como subordinados, mas como colaboradores ou companheiros servos do Senhor. 5. O Batismo no Espírito Santo: A Vida e o Ministério de Jesus ..... Edgard R. Lee O Espírito Santo desceu em Jesus no batismo expressamente para conceder-Lhe poder para começar e completar Sua missão na terra com êxito. 6. Jesus, o Ungido: Nosso Exemplo para um Ministério Sobrenatural ................................................................................. Tim Enloe O ministério de pregação/ensino/profecia de Jesus exemplifica para nós o discurso sobrenatural e com poder do Espírito Santo. 03 10 16 25 28 34 www.enrichmentjournal.ag.org

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JULHO 2010 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 11111

Í N D I C E

JULHO 2010

Recursos EspirituaisRecursos Espirituais

1. Os 10 Elementos Fundamentais em um Modelo deIgreja Apostólica de Atos 19 .........................................................George O. WoodA igreja de Éfeso, liderada pelo apóstolo Paulo, nos ofereceum checklist muito útil à medida que empregamos nossospróprios esforços.

2. Caminhando para a Colheita ........................................................J. Don GeorgeComo um pastor conduz sua igreja à colheita com um passode cada vez.

3. A Bíblia ensina sobre segurança eterna? ....................................W.E. NunnallySe afastar-se de Deus não fosse uma possibilidade nítida, Jesusnão teria falado sobre o assunto.

4. Princípios de Liderança Espiritual das Saudações de Paulo ......James D. HernandoPaulo não considerava seus subordinados comosubordinados, mas como colaboradores ou companheirosservos do Senhor.

5. O Batismo no Espírito Santo: A Vida e o Ministério de Jesus .....Edgard R. LeeO Espírito Santo desceu em Jesus no batismo expressamentepara conceder-Lhe poder para começar e completar Suamissão na terra com êxito.

6. Jesus, o Ungido: Nosso Exemplo para um MinistérioSobrenatural .................................................................................Tim EnloeO ministério de pregação/ensino/profecia de Jesusexemplifica para nós o discurso sobrenatural e com poder doEspírito Santo.

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A VIDA NOS ENSINA LIÇÕES IMPORA VIDA NOS ENSINA LIÇÕES IMPORA VIDA NOS ENSINA LIÇÕES IMPORA VIDA NOS ENSINA LIÇÕES IMPORA VIDA NOS ENSINA LIÇÕES IMPORTTTTTANTESANTESANTESANTESANTES

SemprSemprSemprSemprSempre se lembre se lembre se lembre se lembre se lembre daqueles que te servirame daqueles que te servirame daqueles que te servirame daqueles que te servirame daqueles que te serviram

Numa época em que o sorvete custava bem menos do que hoje, ummenino de 10 anos entrou na lanchonete de um hotel e sentou-se à mesa.

Uma garçonete colocou um copo de água na frente dele.– Quanto custa um sundae? – perguntou o garoto.– 50 centavos. – respondeu a garçonete.O menino puxou as moedinhas do bolso e começou a contá-las.Bem, quanto custa um sorvete simples? – ele perguntou.A essa altura, mais pessoas estavam esperando por uma mesa e a

garçonete, quase perdendo a paciência, disse de forma brusca:– 35 centavos.O menino, mais uma vez, contou as moedinhas e disse:– eu vou querer, então, o sorvete simples.A garçonete trouxe o sorvete simples e a conta, colocou em cima da

mesa e saiu. O menino acabou o sorvete, pagou a conta no caixa e foiembora.

Quando a garçonete voltou, começou a chorar à medida que ialimpando a mesa, pois, ali, ao lado do prato, havia 15 centavos em moe-das, ou seja, o menino não pediu o sundae porque queria que sobrasse agorjeta da garçonete.

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Equipe Editorial / VEquipe Editorial / VEquipe Editorial / VEquipe Editorial / VEquipe Editorial / Versão em Portuguêsersão em Portuguêsersão em Portuguêsersão em Portuguêsersão em PortuguêsTradução: Nadja Matta e Bruno FerrariRevisão de textos: Martha Jalkauskas

Diagramação: ©MMDesignRevisão geral: Neide CarvalhoCoordenação: Márcio Matta

Entre em contato conosco para obter informações adicionais ou fazer perguntas através do [email protected]

Life Publishers InternationalLife Publishers InternationalLife Publishers InternationalLife Publishers InternationalLife Publishers International© Copyright Life Publishers 2010Publicado por Life Publishers, Springfield, Missouri – EUATodos os direitos reservados.

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Os 10 elementos fundamentais emOs 10 elementos fundamentais emOs 10 elementos fundamentais emOs 10 elementos fundamentais emOs 10 elementos fundamentais emum Modelo de Igreja Apostólicaum Modelo de Igreja Apostólicaum Modelo de Igreja Apostólicaum Modelo de Igreja Apostólicaum Modelo de Igreja Apostólica

de Atos 19de Atos 19de Atos 19de Atos 19de Atos 19POR GEORGE O. WOOD

A igreja de Éfeso, liderada pelo apóstolo Paulo,nos oferece um checklist muito útil à medidaque empregamos nossos próprios esforços.

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m Atos 19, Lucas narrou omodelo de igreja de maior sucessona história do Cristianismo. Estemodelo de igreja iniciou-se com12 discípulos espiritualmente

dormentes e dentro de 30 meses cresceu a talponto que mais de 25.000 cidadãos se reuni-ram de forma tumultuosa em um teatro abertopara protestar contra a igreja que acabara deflorescer porque a economia pagã estava en-trando em colapso.

Se tivéssemos uma situação similar hoje,toda a indústria do pecado – a indústria dosexo e da pornografia, os shows imorais da TV,o comércio do álcool e do tabaco (apenas paranomear alguns) – reagiria de igual modo, vee-mentemente, contra o crescimento do Evange-lho dentro da nossa cultura secular.

O modelo de igreja de Éfeso, liderada peloapóstolo Paulo, oferece-nos um checklist muitoútil à medida que empregamos nossos própriosesforços em levar o Evangelho para inúmerascomunidades sem uma igreja evangélica.

Aqui estão 10 elementos fundamentais, deAtos 19, para um modelo de igreja que sacodetoda uma cidade.

TEMPONo início de sua segunda viagem missionária,Paulo queria ir para a província romana daÁsia, mas o Espírito Santo o impediu (At 16.6).A importante cidade da Ásia era Éfeso. É com-preensível porque Paulo queria ir lá. Sua es-tratégia repousava em alcançar e focar as áreasurbanas e, a partir desses centros populacio-nais, ele iria então espalhar novas igrejas paraoutras regiões. Ele parou por pouco tempo emÉfeso quando estava perto do final da segundaviagem missionária e perguntou: “... QuerendoDeus, outra vez voltarei a vós.” (At 18.21). So-mente um retrospecto nos faz entender por-que o Espírito impediu-o de ir mais cedo.

Na primeira viagem missionária, Paulofundou igrejas ao leste de Éfeso; e, na segundaviagem, estabeleceu igrejas no lado oeste.

Quando finalmente veio para Éfeso, na tercei-ra viagem missionária, ele estava a uma distân-cia igual das igrejas do leste e das do oeste.Estava perfeitamente posicionado para enviarcartas para ambas as direções, assim essas con-gregações recém-abertas poderiam ser fortale-cidas e conservarem-se sãs na doutrina e naprática.

Além disso, o Espírito Santo sabia quePaulo necessitava construir os pilares de ummodelo de igreja antes que chegasse a Éfeso.Ele escreveu tendo que lutar contra as bestasem Éfeso (1Co 15.32), cidade que apresentavao maior desafio de então. Era uma cidade ondeo Oriente encontrava o Ocidente, onde a ado-ração pagã cristalizava-se em uma das setemaravilhas do mundo antigo – o Templo deDiana. Conquistar essa cidade não era molezae o Espírito Santo sabia disso. Então, o Espíri-to Santo fez com que Paulo esperasse até omomento oportuno.

Nós, da mesma forma, não devemos sim-plesmente mergulhar em um modelo de igrejasem esperar pelo Espírito Santo e perguntar:“É este o tempo certo? Será que temos umaluz verde do Espírito Santo? É este o momen-to estratégico de oportunidade?”

gABARITOGabarito é um padrão ou um molde utilizadocomo guia para formar uma peça ou produto.Há certamente um gabarito no qual tudo semoldou quando Paulo encontrou doze cristãosnominais de Éfeso.

Aqui está o pano de fundo. O grande prega-dor/orador Apolo antecedeu Paulo em Éfeso;era um judeu aprendiz alexandrino, profundoconhecedor das Escrituras, cheio de grandefervor, e ensinava muito sobre Jesus. Entretan-to, ele sabia somente sobre o batismo de João,tanto que Priscila e Áquila, de forma particu-lar, ensinaram-no mais acuradamente. A defici-ência de Apolo parece ter sido uma falta deconhecimento concernente à pessoa e à obrado Espírito Santo. Essa deficiência é refletida

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Os elementos fundamentais em um Modelo de Igreja Apostólica, de Atos 1910

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– porque a comunidade decrentes na prolífica cidade deÉfeso tinha apenas 12 discí-pulos improdutivos.

Paulo sabia que, seestava para crescer e gerar umpoderoso impacto na cidade,a igreja de Éfeso tinha quecomeçar, como fez a cidadede Jerusalém, com o gabaritode crentes batizados no Espí-rito Santo. Ele precisava deum chumaço em chamas paracomeçar.

Embora não fossepentecostal, G. CampbellMorgan fez este comentárioacerca de Atos: “Apolo, umjudeu, alexandrino, aprendiz,poderoso nas Escrituras, fervorosono Espírito, cuidadoso em seusensinamentos, firme em suasdeclarações, podia levar aspessoas somente até onde ele

chegou, nem um metro além disso, nem um centíme-tro além disso... Paulo chegou, não porque ele fosseum homem melhor que Apolo, mas porque ele tinhaum conhecimento mais completo, uma experiênciamais completa, ele elevou estes mesmos doze ho-mens para um nível alto.”.

Precisamos reconhecer que plantar igrejasenvolve muito mais do que demografia correta,liderança eficaz, conjunto de habilidades,diversidade de dons, finanças e planejamento.Nós necessitamos do Espírito Santo.

Que sejamos como o apóstolo Paulo, quenão tinha medo de perguntar à sua recentecongregação ou ao grupo inicial de sua igreja:“tendo crido, vocês receberam o Espírito Santo?”.Os não pentecostais não fazem esta pergunta.Nós devemos fazer – se quisermos ver resulta-dos apostólicos.

Que, ao iniciarmos novas congregações, pos-samos fazê-lo com o gabarito de crentes cheiosdo Espírito Santo.

Plantar igrejas envolvemuito mais do que

demografia correta,liderança eficaz, conjuntode habilidades, diversida-

de de dons, finanças eplanejamento.

Nós necessitamosdo Espírito Santo.

nos 12 crentes que Pauloencontra em Éfeso, pro-vavelmente convertidos porApolo, uma vez que elestambém somente conheciamo batismo de João.

Paulo perguntou-lhes:“... Recebestes vós já o EspíritoSanto quando (ou depois que)crestes?” (At 19.2).

A pergunta que Paulo fez éfundamental para a teologiapentecostal do batismo e dorecebimento do poder doEspírito Santo. Sua perguntacontém um particípio aorista(tendo crido) e um verbo prin-cipal aorista (recebestes vós?).No grego, quando um particí-pio aorista é apresentado como verbo principal aorista, aação descrita pode ser simul-tânea ou subsequente.

Por exemplo, Judas disse:“... Pequei (verbo principal aorista) tendo traído(particípio aorista) sangue inocente.” (Mt 27.4).Claramente, o pecar e o trair são eventossimultâneos.

Entretanto, olhe em Mateus 22.25: “... tendocasado, (particípio aorista) morreu... (verbo prin-cipal aorista)”. Claramente o casar e o morrersão sequenciais e não simultâneos.

Em Atos, Lucas descreve o batismo doEspírito Santo como sequencial (At 2.4; 8.17;9.17) à conversão e simultâneo à conversão(At 10.44-48).

Claramente, os 12 crentes de Éfeso eramseguidores de Jesus na medida em que eramchamados discípulos. Paulo não os trata comopré-crentes e quer saber uma coisa: eles tam-bém receberam o Espírito Santo quando cre-ram ou depois que creram? A resposta é clara:“Não.” (At 19.2).

Em seu primeiro encontro com eles, Pauloimediatamente soube onde residia o problema

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EEEEEOs elementos fundamentais em um Modelo de Igreja Apostólica, de Atos 1910

ENSINOO método de Paulo de ministrar aos efésiosconsistia em uma apologética baseada emconteúdo para a fé. Ele arguia persuasivamente(At 19.8). Em resumo, ele conhecia as pergun-tas que precisavam ser respondidas e as respon-dia com conhecimento e paixão.

Em alguns círculos hoje não se faz quasenada para alcançar as pessoas, exceto apresentarrespostas para perguntas importantes e funda-mentais. Paulo aconselhou Timóteo, que maistarde segue-o como pastor em Éfeso: “Procure(isto é, estude) apresentar-te a Deus aprovado,como obreiro que não tem de que se envergonhar, quemaneja bem a palavra de verdade.” (2Tm 2.15).Pedro acompanha Paulo: “... estai sempre prepa-rados para responder com mansidão e temor aqualquer que vos pedir a razão da esperança quehá em vós.” (1Pe 3.15).

Se intentamos estabelecer igrejas sólidas,temos que ter conteúdo. Música, fenômenosexternos, amabilidade e publicidade podematrair, mas discipulado tem que estar no centrode nossa abordagem. Temos que evitar operigo de ganharmos um público; buscamostransformar aqueles que foram chamados paraformar a igreja verdadeira e viva de Jesus.

Em Éfeso, Paulo respondia a perguntas.Sabemos que ele ensinou em 3 lugares: trêsmeses na sinagoga (At 19.8); dois anos na escolade Tirano (At 19.10); e continuamente de casaem casa (At 20.20).

Eu estou especialmente interessado na esco-la de Tirano porque creio que aquele detalhepõe em questão algo que nós somos tentados anegligenciar em nossas igrejas hoje – intensida-de no processo de discipulado. Não consegui-mos gerar profunda transformação na vida daspessoas tendo-as somente durante uma ou duashoras no sábado à noite ou no domingo à noite.

Uma determinada versão bíblica chamadaVersão Ocidental – para Atos 19.9 mostra quePaulo ensinava na escola de Tirano das 11:00hàs 16:00h. Este período era utilizado como siestaem Éfeso, mas Paulo usava essa folga cultural

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para treinar crentes.Vamos fazer a conta. Cinco horas por dia

durante 2 anos. Suponhamos que isso ocorresse5 dias por semana, com 4 semanas de férias porano. O total chega a 1.200 horas de treinamen-to/ensino por ano (5 horas diárias x 5 dias x 48semanas = 1.200).

Não é de admirar que o Evangelho tenha sedisseminado a partir de Éfeso para toda a pro-víncia romana da Ásia. Paulo ensinava intensi-vamente e treinava outros para pregar o Evan-gelho. Ele construiu uma igreja participativa,não uma igreja que simplesmente assistia apoucos fazerem o ministério acontecer.

Cada uma de nossas igrejas deveria conside-rar a si mesma uma escola bíblica que treina oscrentes leigos continuamente para a obra deevangelismo. Cada membro aprendendo, cres-cendo, testemunhando e assumindo liderançadeve se tornar o nosso mantra.

EQUIPEToda a Ásia ouviu a santa Palavra do Senhor(At 19.10). Como? Através dos discípulos.Paulo tinha auxiliares, dois dos quais eramTimóteo e Erasto (At 19.22). Seus mentorea-dos se tornaram anciãos (At 20.17). Seu traba-lho vocacional deu suporte às suas própriasnecessidades e àqueles de sua companhia(At 20.34). Escrevendo de Éfeso aos coríntios,Paulo citou aqueles que ministravam com ele:Sóstenes, Estéfanas, Fortunato, Acaico (1Co1.1; 16.17), Apolo (1Co 16.12; 2Co 8.18,19),Áquila e Priscila (1Co 16.19) e Tito (2Co 8.16,17).

Em outras palavras, Paulo não plantavaigreja sozinho. Ele mentoreava futuros líderes.Sequer tentava fazer algo sozinho.

Ninguém conquista uma cidade ou umacomunidade sem uma equipe.

TRABALHONão permita que alguém brinque com você.Plantar igreja (ou qualquer outro ministério) étarefa árdua.

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Paulo, evidentemente, usava as tardes paraensinar na escola de Tirano, e à noite ensinavade casa em casa. Então, o que ele fazia demanhã? Fazia tendas. Os “lenços e aventais”que levavam do seu corpo (At 19.12) não eramedredons ou lençóis de linho branco maspanos de sentar e aventais de trabalho. Elerepete seu trabalho em Éfeso, dizendo queera um bem sucedido e árduo trabalhadorautônomo (At 20.34,35).

Mais tarde, em uma cidade onde o ganhofinanceiro era a inspiração para todo serviçoreligioso (relíquias de prata da deusa Dianaexportados para todo o mundo), Paulo recusoua prata, o ouro ou qualquer acessório.

Adiante, quando descreve seu ministérioem Éfeso, Paulo não foca nos milagres (queforam muitos), mas no mundano. Ele nuncaconverteu dinheiro em milagres. Investia emoutros não em si mesmo.

Eu imagino um pastor cuja igreja engajou--se em um longo dia de distribuição de alimen-tos e evangelismo aos pobres. Quando per-guntado se o faria novamente, ele respondeu:“Não. Isso é um trabalho muito árduo”. Não éde admirar porque sua igreja não cresce.

Plantar igreja (ou outro ministério) não épara aqueles que querem estar “à vontade emSião”.

LÁGRIMASVocê pode trabalhar de forma tãoárdua no ministério a ponto de perder a sensi-bilidade para com as pessoas. Paulo trabalhoue enfrentou grandes pressões e ainda assimcontinuou “servindo ao Senhor com toda ahumildade e com muitas lágrimas...”. (At 20.19).Não trabalhemos tão arduamente a ponto deperdermos a ternura do coração.

Eu olho para trás no ministério pastoral evejo que a minha maior satisfação reside nãonas estruturas que construímos, nos membrosque ganhamos, no aumento das ofertas missio-nárias que experimentamos. Satisfação advémdas vidas que foram tocadas.

Ao fazer uma saudação final para a liderançada igreja de Éfeso, Lucas registra que: “... le-vantou-se um grande pranto entre todos e, lançan-do-se ao pescoço de Paulo, o beijavam, entristecen-do-se muito, principalmente pela palavra que dis-sera, que não veriam mais o seu rosto.” (At 20.37,38). Você obtém aquele tipo de profundidadeem um relacionamento ecompromisso somen-te quando ama aspessoas terna eprofundamente.

Eu lamento quando minis-tros ficam contentes ao deixaruma igreja ou a igreja fica con-tente quando os minis-tros partem. Isso mediz que algo devitalim-portância seperdeu em umaigreja que deveriaser sadia e cres-cente.Deixemo-

-nos

Plantar igreja (ou outro ministério) não é para aqueles

que querem estar “à vontade em Sião”.

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Os elementos fundamentais em um Modelo de Igreja Apostólica, de Atos 1910

Recai sobreos líderes

piedosos aresponsabilidade

de cuidar do

bem-estar

da Igreja

Mser movidos com compaixão pelas pessoas aoplantarmos novas igrejas.

MECHAMecha é um objeto inflamável adaptado parauso como uma ignição. Seu propósito é atearfogo ou inflamar.

Isso certamente acontecia em Éfeso. As pes-soas pegavam panos e aventais suados da ofici-na de Paulo e colocavam sobre enfermos e

endemoninhados, eeles eram curados.Paulo estivera fazendotodas as coisas certas,trabalhando e evange-lizando. Mas se aigreja intenta ir alémdo crescimento nor-mal, então tem quehaver coisas de Deus.

Pastor Mung pre-gou com meu paimuitos anos atrás nonoroeste da China.Quando a perseguiçãofinalmente se levan-tou, ele recomeçou aigreja em 1983 com 30pessoas idosas. À épo-ca em que morreu, em2004, na idade de 96anos, a igreja contavacom 15.000 membros.Antes de morrer, eu

perguntei a ele “Como isso aconteceu?”.Ele respondeu: “Bem, Jesus Cristo é o mes-

mo ontem, hoje e sempre... e nós oramos bas-tante” e então descreveu os milagres que oSenhor fizera naquela cidade.

Que possamos similarmente descrever nossotrabalho de plantar igreja e revitalizar o cresci-mento em termos não do que temos feito masdo que o Senhor tem feito (At 14.27).

A partida final para a mecha em Éfeso veiono momento crucial dos 7 ocultistas – filhos de

Cevas – que experimentaram o nome de Jesusexplodindo em suas mãos, como uma bombamanuseada de forma errada (At 19.13-20).

Olhe para essa anomalia. Isso foi o milagremais eficaz nos quase 3 anos de Paulo emÉfeso, e ele não tinha nada com o que fazê-lo.Mas o efeito foi tremendo – tanto sobre opúblico geral que foram “tomados com temor”como sobre os crentes que queimaram a para-fernália ocultista que tinham mantido depoisda conversão.

Quando o poder do Espírito Santo atingeuma igreja, descobrimos que muitos crentestêm retido em sua possessão as “obras dastrevas” do inimigo. Se as pessoas em nossasigrejas trouxessem seus vídeos pecaminosos,DVDs, revistas, livros, sites da internet, garrafase drogas ilegais, teríamos uma fogueira com-pleta. Elas guardam isso porque não há nenhu-ma demonstração compelida do poder doEspírito na igreja.

Crescimento exponencial na plantação deigreja ocorre quando há mecha – um evento ouuma série de eventos que somente o EspíritoSanto pode orquestrar, uma ocasião ou ocasi-ões que catapultam a igreja para um novo nívelde crescimento e influência.

ESPINHOESPINHOESPINHOESPINHOESPINHOO espinho é a parte que gostaríamos de ficarsem. Mas toda plantação de igreja o terá.

Escrevendo aos efésios, no final de sua 3ªviagem missionária, Paulo contou à igreja deCorinto sobre o espinho na sua vida e que,mesmo com oração, não havia sido removido.Paulo não diz o que o espinho era, e é bomque nunca tenha dito, pois nenhum de nóstem o mesmo espinho.

Eu não conheço nenhum ministério eficazou igreja que esteja sendo plantada em quenão tenha havido sofrimento de algum modopor parte de liderança.

Eu gostaria de poder aconselhar os planta-dores de igreja que tudo seria um mar de rosas,mas, na verdade, haverá fadiga e dificuldade,

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A

Assim, recai sobre os líderes piedosos aresponsabilidade de cuidar do bem-estar daIgreja que Cristo comprou com Seu própriosangue.

Antes de dizer para os líderes que cuidemdo rebanho, Paulo apela para que “Olhai, pois,por vós...” (At 20.28). A vigilância é pessoal éorientada para o ministério. Devemos cuidarde nós mesmos antes de cuidarmos de outros.Você é um supervisor, não um grande chefe.Somos protetores e defensores do povo deDeus, lembrando do alto custo da possessãoque nós agora guardamos.

ConclusãoPlantação dinâmica de uma igreja e crescimen-to ocorrem quando esses 10 elementos apostó-licos estão presentes:

1. Tempo2. Gabarito3. Ensino4. Equipe5. Trabalho6. Lágrimas7. Mecha8. Espinho9. Transparência10. Ameaça

Observe o resultado quando estes elemen-tos estiverem presentes na plantação de igre-jas. “Assim, a palavra do Senhor crescia poderosa-mente e prevalecia.” (At 19.20).

Que o Senhor possa nos dar esse tipo de re-sultado nas comunidades ainda não alcançadasdo nosso país, à medida que nós possamos vi-gorosamente plantarmos novas igrejas e revita-lizarmos aquelas já existentes.

GEORGE O. WOODDoutor em Teologia PráticaPresidente da Convenção Geral dasAssembleias de Deus dos EUA.Springfield, Missouri (EUA)

independentemente das orações e dos melho-res esforços. Não devemos deixar nosso espi-nho derrotar nossa missão.

Nós podemos ter o mesmo testemunho dePaulo “... A minha graça te basta porque o meupoder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2Co 12.9).

TRANSPARÊNCIAPaulo contou aos anciãos efésios ao se despe-dir: “Vocês sabem como eu vivi o tempo todo em queestive com vocês, desde o primeiro dia que eu vimpara a província da Ásia.” (At 20.18).

Que declaração!Nenhuma brecha na sua vida, nem tempo

livre para pecado, preguiça ou autoindulgên-cia. Ele estava de plantão o tempo todo. Elenunca foi um plantador ou pastor de igrejasomente em tempos bons.

Escrevendo de Éfeso, contou aos coríntiosque ele nunca usara máscara (2Co 3.13-18).Não havia diferença entre sua vida ministeriale sua vida pessoal; ou, como ele diria, entre suaconduta no púlpito e sua conduta particular.

Plantar igreja somente será eficaz à medidaque os plantadores forem autênticos. Nossatarefa é viver continuamente de modo tal quepossamos viver para os outros. Siga-me, assimcomo eu sigo Cristo (ver 2Ts 3.7,9).

AMEAÇAOs plantadores de igreja devem tomar cuidadocom o perigo. Paulo certamente tomava. Eleadvertiu os anciãos de Éfeso sobre duas amea-ças ao bem-estar da igreja:

1. Lobos externos adentrando a igreja; e2. A insurgência daqueles de dentro que

iriam distorcer a verdade para levar as pessoasa segui-los (At 20.28-30).

Lobos trazem o caos. Dilaceram as pessoas.A verdadeira natureza dos lobos e falsos mes-tres é de causar divisão devido à sua fomeinsaciável de autopromoção. Estão mais inte-ressados em construir sua própria igreja, seupróprio ninho, do que em construir a Igreja deCristo.

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Quando cheguei em Irving, Texas (EUA), em1972, eu tinha 17 anos de experiência de mi-nistério – 6 anos como evangelista e 11 anoscomo pastor. Durante minhas viagens evange-lísticas, minha esposa, Gwen, e eu vimos inú-meras igrejas que alcançavam sua comunidadede diversas maneiras. Quando aceitei pasto-rear Irving, questionei a Deus: Como devoalcançar essa cidade? Mais de 80 igrejas estãolocalizadas aqui. Existem milhares de igrejasem toda metrópole das cidades texanas deDallas/Fort Worth. Que estratégia de cresci-mento de igreja o Senhor quer que eu use?

Parecia que as igrejas já estabelecidas comseus grandes corais, lindos prédios e elabora-dos programas tinham vantagem em alcançaressa região com o Evangelho. O que eu deve-ria fazer?

Caminhando paraCaminhando paraCaminhando paraCaminhando paraCaminhando paraComo um pastor conduz sua igreja à colheita com um passo de cada vez. POR J. DON GEORGE

Deus claramente falou ao meu espírito. Reve-lou-me que as igrejas já existentes tinham lugarem Seu plano, mas que havia brechas em suasações sociais. Disse-me para estender a mão parapessoas que ninguém estava alcançando. Desa-fiou meu coração e eu aceitei o desafio pela fé.

Fiz o compromisso de visitar pessoalmente500 lares toda semana. Toda segunda-feira demanhã, eu preparava 500 folhetos e separava-osem montes de 100. Cumpri fielmente meucompromisso de visitar 100 lares por dia.

Durante essas visitas, eu conversava de umamaneira bem pessoal, fazendo com que as pesso-as entendessem que eu me importava com elas.Então, de maneira discreta e descomprometida,eu lhes indicava nossa igreja como um lugaronde poderiam encontrar esperança através deum encontro com Jesus Cristo.

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a Colheitaa Colheitaa Colheitaa Colheitaa ColheitaCaminhadas DiáriasAs caminhadas diárias pela vizinhança de Irvingme colocaram em contato com pessoas queestavam no meio de sua rotina. Dependendo dequantas pessoas se comprometiam em conversarcomigo, essas caminhadas consumiam uma gran-de parte do meu dia. Às vezes, levava o dia todopara visitar 100 casas.

Ao contrário do que muitas pessoas teriamlevado você a pensar, o evangelismo pessoal nãoé um foguete de ciências. Não requer Ph.D. empsicologia, ou faculdade de sociologia ou comu-nicação interpessoal. A maior parte do evangelis-mo pessoal consiste em conversar com as pesso-as. Se conversar com várias, alguma você alcança-rá. Geralmente eu digo: “Sou um pastor novo nacidade. Existe uma igreja nessa cidade que vocêpode não conhecer. Quero te falar sobre essa

igreja. Estamos aqui para ajudá-lo. Receba umfolheto. Adoraríamos vê-lo em nosso culto.”

Às vezes, as pessoas se empenham em con-versar comigo. Quando não há ninguém emcasa, deixo um folheto na porta. Às vezes, aresposta é educada – “Obrigado”. Às vezes,nem tanto – “Não estou interessado”. Mas seconversar com bastante gente, você encontraráa colheita.

Minhas caminhadas se estenderam porsemanas e meses. Os meses se estenderam por3 anos. Nossa igreja viu o fruto dessas cami-nhadas. As pessoas começaram a visitar nossoscultos de domingo. Na semana seguinte euprocuraria mais 500 novos lares para visitar.Nos sábados eu fazia contato com as pessoasque tinham ido à igreja no domingo anterior.

Meu propósito em visitar a vizinhança de

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Irving não era o de impressionaras pessoas com nossa igreja oucomunidade. Enquanto euqueria maximizar o ministérioda nossa igreja, não fazia 500visitas semanais apenas paracolocar nossa igreja num cami-nho artificial de expansão, masporque era minha maneirapessoal de alcançar a cidadepara Deus. Sabia que não pode-ria depender de ninguém parafazê-lo. Era um mandamentode Deus para mim.

Com essa filosofia em men-te, também comecei o ministé-rio em casas de repouso. Desco-bri duas em nossa cidade queme permitiram ir todas as quar-tas-feiras de manhã, onde ia ecantava músicas evangélicas,fazia o devocional e mostrava oamor de Cristo pelas pessoas.

Essas visitas raramente as

colocavam nos bancos da igreja.Os idosos não davam nenhumaoferta. Mas minhas visitas aindacumpriam a lei da colheita: sesemear a semente, você colheráos frutos; se semear a semente,a colheita crescerá. Muitasvezes Deus faz com que plante-mos a semente em uma área ecolhamos os frutos em outra. Oponto de partida é cumprir aGrande Missão através do en-volvimento com a comunidade.

Caminhando como ExemploUm pastor não pode levar nin-guém para onde ele mesmoainda não tenha ido. Uma outrapessoa pode tentar, mas o cha-mado do pastor não é conduzirpessoas. Pastores são chamadospara liderar o rebanho de Deus.Devemos andar por onde espe-ramos que as pessoas nos sigam.

O pastorque não estádisposto a secomprome-ter com oevangelismoserá incapazde levaroutros para averdade. Sequisermospessoas en-volvidas emevangelismopessoal,então nós,como líde-res, deve-mos tam-

bém nos envolver. Se espera-mos pessoas comprometidascom uma causa – evangelismo,ações sociais amplamentevoltadas para a comunidade, ouum ministério dentro da igreja –então devemos estar compro-metidos primeiro. Devemos daro exemplo de envolvimentoque as pessoas possam seguir.

O exemplo do pastor nãodeve evaporar quando a igrejacomeça a crescer. Alguns pasto-res descem para as trincheirasna dianteira do desenvolvimen-to de suas igrejas. Então, quan-do levantam uma congregaçãode 1.000 membros e deram vidaa uma dúzia de ministérios,perdem o desejo pelo envolvi-mento de base com as pessoas.Alguns se imaginam executivose trocam de cargo, ficando ape-nas no administrativo.

Quando minhas responsabili-dades evoluíram ao longo dosanos, determinei não perderminha conexão com os ministé-rios dentro de nossa igreja.Viajava-se para pregar em umaconferência numa quinta ousexta-feira, voava de volta paracasa na sexta à noite para podercomparecer ao café do discipu-lado nos sábados de manhã. Euqueria estar presente todo finalde semana para nossas açõessociais feitas pelo ministério deônibus aos sábados porque estaé linha de contato de nossaigreja com a comunidade. Acre-dito em estar envolvido com aigreja no nível da fundação.

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Não se consegue liderarpessoas até que se ganhe seucoração. As pessoas não segui-rão um pastor pela força de seucurriculum. Você deve ganhar ocoração das pessoas antes quevenham a seguir você e ajudar aganhar a cidade para Deus.Ganhar o amor e a fidelidadedas pessoas requer tempo eação. A fidelidade é intransferí-vel. Não importa quão amado erespeitado seja um pastor emuma cidade; quando ele mudapara uma igreja ou um cidadediferente, o processo devecomeçar de novo.

As pessoas observam o pastore o que ele faz. Quando ele diz“Faremos isso”, as pessoas ava-liam seu envolvimento. Se forcomprometido com o ministérioque está pedindo que sejam,uma ligação espiritual acontece.As pessoas desenvolvem com-placência para seguí-lo. Umgrupo de crentes é moldado e oEvangelho chacoalha a comuni-dade.

Caminhando com o EspíritoSe a vida e o ministério do pas-tor devem ser inspiração para acongregação e para a comunida-de, então sua caminhada com oEspírito deve ser próxima econsistente. O Espírito caminhaconosco na rotina mundana davida e então, repentinamente,apresenta-nos oportunidadesque surgem para que Deus tra-balhe em proporções miraculo-sas.

Pense no tempo em quePedro e João caminharam até otemplo de Jerusalém. Eles eramhomens cheios do Espírito, ali-mentados fielmente pelos ensi-namentos de Cristo e moldadoscontinuamente pela confiançaem Deus. Isso era um processo.

Jesus sabia do futuro minis-tério de Pedro e trabalhou comele para ajudá-lo a crescer alémde sua natureza impulsiva eimpetuosa, de sua pressa emcriticar, de sua relutância em searrepender e de suas explosõesde raiva. Embora não seja clas-sificado da mesma maneira quePedro, João estava entre os dis-cípulos o tempo todo argumen-tando sobre quem era o melhore tentava se posicionar como ofavorito de Jesus. João precisavade maturidade também.

Após o Espírito Santo tertransformado dramaticamentePedro e João no Cenáculo e tê--los revestido com o poder doalto, Pedro se tornou o porta-voz da Igreja nas ruas de Jerusa-lém. João ministrou à IgrejaPrimitiva através de suas epísto-las e do Livro de Apocalipse.

Pedro e João caminharampara o templo muitas vezesdurante todo processo de trans-formação. Passavam por umhomem coxo todos os diasquando iam para o templo orar.Nunca tinham parado para curá--lo até o dia em que receberamo revestimento – o poder deDeus – durante o derramamen-to no Cenáculo. Foram transfor-

mados naquele dia. Mais adian-te, quando visitavam o templo,encontraram o coxo, pegaram--no pela mão, ministraram acura, levantaram-no e o liberta-ram (Atos 3.1-10).

O poder do Pentecostesequipa os cristãos para o evan-gelismo, concede paixão aoscrentes e dá ordens para mar-char à igreja. É tolice pensarque um crente possa ser eficazno evangelismo sem que o po-der do Espírito de Deus habiteem todas as áreas de sua vida.

Caminhar com o Espírito faza diferença entre apenas outrodia no gabinete escrevendo umsermão e um encontro pessoal epoderoso com Deus que vivifi-que sua mensagem. Caminharcom o Espírito faz a diferençaentre trabalhar sobre uma listade visitações e um encontropessoal com Deus que confereenergia divina para alcançar aspessoas em suas casas, noshospitais e nos supermercados.

O pastor que caminha com oEspírito não precisa correr oupular obstáculos. Não precisaprogramas grandiosos ou orça-mentos de 6 dígitos. Apenasprecisa ouvir a calma voz deDeus que o guia.

Caminhando com o MentorO pastor que estiver caminhan-do para uma grande colheitaandará com pessoas que estãona jornada há mais tempo –pessoas cuja sabedoria divinaele acalenta. Muitos homens de

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Deus têm beneficiado minhavida e meu ministério.

Aprendi uma grande coisacom meu pai. Quando meaconselhava, eu sentia como seestivesse numa escola bíblica.Servia na igreja de meu paiporque ele era um pastor mara-vilhoso. Por 6 anos servi comoevangelista e aprendi grandescoisas com os pastores de ondeeu pregava. Sempre tenteiaprender com os pastores maisbem sucedidos.

Enquanto observava, euaprendia a fazer várias coisas.Também aprendi a não fazermuitas. Muitas igrejas quepermanecem estagnadas nãocrescem porque o pastor estáfazendo as coisas erradas, comodirigindo mal as pessoas.O pastor pode ser voltado para oconflito, com um espírito depugilista, ao invés de mostraramor, perdão e aceitação. Commuita frequência, a ideia do

pastor é: É do meu jeito ou rua; sevocê não aguenta, pegue sua mala esuma; ou ainda, É do meu jeito oua porta da rua é a serventia dacasa.

Se o pastores pelo menosconfiassem no poder do Evan-gelho e parassem de contar coma iniciativa dos homens... OEvangelho produz resultados. Alei da colheita é: quando semeiaa semente, você sega a colheita.

Fiz algumas coisas em meuprimeiro pastorado que não de-veria. Usei a motivação erradaem um ano, enquanto encoraja-va as pessoas a pagarem osdízimos. Dificultei a situaçãopara aqueles que não estavampagando. O resultado foi quealgumas pessoas deixaram aigreja. Aprendi logo a não fazerisso novamente. Aprendi adizer, como Tommy Barnett:“Você tem que ampliar seu círculo deamor”. Precisa continuar alcan-çando pessoas em amor e acei-

tação.Durante 10 anos de

pastorado em Plainview,nossa média anual decomparecimento não foisuperior a 150 pessoas.Entendi o que os pasto-res passam quandopastoreiam em cidadespequenas. Entendi adificuldade de ter visi-tantes em sua porta e adureza de ter que corri-gir suposições imprópri-as em relação à igrejaem uma comunidade.

Existem várias razões porqueigrejas não crescem. Muitos sãoos pastores que trabalham emcampos difíceis. Contudo,aprendi muito através dessasexperiências.

Por mais que eu tenha valori-zado tudo que aprendi commeus mentores, nunca imitei oministério deles. É um erro co-piar outro pastor, ou mesmo du-plicar a metodologia de alguém.É um erro porque Deus nãoconcede os mesmos talentos atodas as pessoas. Na verdade,Deus nos criou diferentemente.Ele tem um plano único paracada pastor, cada pregador ecada homem. Copiar algo quealguém tem feito pode ser umfracasso.

Quando você considera ofato de que toda igreja, cidade ecultura é diferente, percebeque seu ministério deve serdiferente para que se cumpra aGrande Comissão em seu cam-po de colheita.

O pastor precisa observar oque pastores bem sucedidosfazem e então utilizar os princí-pios que eles usam, ao invés deutilizarem exatamente os mes-mos métodos. Os bem sucedi-dos utilizam princípios. Porexemplo, o princípio de umpastor é andar onde ele esperaque as pessoas andem. Outroprincípio é de que o preenchi-mento do Espírito Santo provêpoder para o ministério. Reves-timento de poder capacita oscrentes a um evangelismo

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©2010 Dik LaPine

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eficiente. Pastores precisamaplicar os princípios, mas preci-sam também orar e escolhercuidadosamente seus métodos.

Caminhando com osDiscípulosUm grande princípio que temmodelado meu ministério éeste: o pastor deve desenvolveros discípulos através da associa-ção com eles. Foi o que Jesusfez. Este princípio é o inversodo princípio de mentoreamentoque segui. Porque Deus temtrazido pessoas para minha vidapara que compartilhem suasabedoria e experiência, etambém abençoem minhajornada no ministério. Devo istoa outros para oferecer o mesmoencorajamento e orientação soba liderança de Deus.

A maior parte de minha res-ponsabilidade espiritual é a dediscipular jovens para saírem denossa igreja e fazerem umagrande obra para o Reino.

Um de meus objetivos édiscipular pelo menos 10 indiví-duos que levantarão igrejasmaiores e farão uma obra aindamaior do que a que estamosfazendo para Deus aqui e agora.Deus já estendeu esse cresci-mento para mais de 10 pessoasque eu tinha vislumbrado.Existe talvez uma dúzia dejovens no ministério agora emcrescimento que eu acreditoque expandirão além das di-mensões do meu ministério.

Não posso apontar exata-

mente quando o discipuladocomeçou a impactar meu minis-tério. Estava em minha CalvaryChurch há mais ou menos 10anos quando nasceu em mimque aquele discipulado era oque eu precisava estar fazendo.

Desde que empreguei esseprincípio, ele tem tocado tudo oque faço. Investi em mim paratreinar jovens, mandando-os aocampo e motivando-os a teremvisão e paixão. Enquanto osajudei a entenderem como faze-mos o ministério na Calvary,também forcei-os a descobrir oplano de ação social que Deustem para cada um deles nocampo da colheita.

Caminhando sem CansarCompartilho minha históriacom pastores que procurammaneiras de maximizar a açãosocial de sua igreja – de acordocom o tamanho de cada uma.

Diversos pastores dasAssembleias de Deus servemem igrejas pequenas. Eles seperguntam: Como posso fazerisso? Como nossa igreja pode,com recursos limitados, ter umimpacto mensurável em nossacomunidade? Nunca esquecereique perguntei a Deus as mes-mas coisas quando cheguei nacidade texana de Irving.

A lei da colheita afirma quese você plantar o que tem,colherá de acordo com a gene-rosidade de Deus.

Hoje, nossa igreja se associacom ministérios como Convoy

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of Hope. Nossos ônibus trazemjovens e crianças do outro ladoda cidade. Nossos grupos deevangelismo levam o Evange-lho à comunidade. Estamos ani-mados com projetos que nospermitem doar bicicletas, bone-cas e bolas enquanto impacta-mos milhares de jovens e crian-ças com o Evangelho.

Embora não estivéssemosfazendo nada disso em 1972,Deus já tinha tudo em foco. Eletem grandes planos para cadaigreja que levanta. Um pastorpode dizer, “Não podemosfazer o ministério ‘A’ porquenão temos dinheiro o suficien-te”. Tudo bem. Descubra oministério ‘B’ ou o ‘C’. Encon-tre a ação social que Deus tempara sua comunidade. Sempreexiste uma maneira de alcançarpessoas com o amor de Deusmesmo quando os recursos sãolimitados. Toda igreja grandecomeçou como igreja pequena.

Deus está abençoando a Cal-vary Church, mas Sua bençãoveio quando encontramos umamaneira de alcançar a cidadeatravés do compromisso pesso-al. Caminhamos para nossacolheita um passo de cada vez.Continuamos a caminhar firme-mente comprometidos em ouvira voz do Espírito. E você? Estápreparado para sua jornada?

J. DON GEORGEDoutor em DivindadePastor-Presidente daCalvary Church, emIrving, Texas (EUA)

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Podem oscristãos

perderem suasalvação ao

recusarem osenhorio de

Cristo?

W.E. NUNNALLY, Ph.D.Professor de Judaísmo Primitivo e Origens Cristãs naUniversidade EvangelSpringfield, Missouri (EUA)

Enriquecimento Teológico / W.E. NUNNALLY

IntroduçãoEm um artigo anterior, eu discutibrevemente a posição doutrinária daperseverança dos santos, segurançaeterna, ou, uma vez salvo, salvo parasempre. Aqui, porém, discutirei deforma mais completa.

A doutrina da segurança eternaensina que uma vez que a pessoaexperimenta a salvação, nada podefazê-la perder esse status. Millard J.Erickson afirma: “A posição Calvinista éclara e decisiva neste assunto: ‘Eles, a

A Bíblia Ensinasobre SegurançaEterna?

quem Deus tem aceitado, que foram cha-mados, e santificados pelo Seu Espírito,não podem perder nem totalmente nemdefinitivamente o estado da graça, masdeve perseverar até o fim, e serem eterna-mente salvos’”. (WESTMINTER CONFES-SION OF FAITH, 17.1).

Henry C. Thiessen adiante afirma:“De acordo com a afirmação de que eles‘não podem perder nem totalmente nemdefinitivamente o estado da graça’. Isso nãoé equivalente a dizer que eles nunca pode-rão ter uma recaída, nunca pecarão, ou

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nunca deixarão de louvar a Aquele que oschamou das trevas para Sua maravilhosaluz. Apenas significa que eles nunca per-derão totalmente o estado da graça e retor-narão ao lugar de onde eles foram tirados.”

Assim como a expiação limitada,Agostinho popularizou no século Va.C. a doutrina da perseverança dossantos. A Igreja Católica Romanafinalmente adotou seus ensinos sobreesse assunto como doutrina oficial.Foi a posição comumente aceita notempo da Reforma Protestante. Líde-res da Reforma, como João Calvino,também a aceitou e promoveu junta-mente com uma série de outras dou-trinas e práticas católico-romanas pré-reforma. Dessa maneira, a segurançaeterna adentrou nos sistemas doutri-nários de diversas denominaçõesprotestantes modernas de hoje.

A tradição arminiana-wesleyana desantidade e as Assembleias de Deusque cresceram fora disso têm histori-camente rejeitado a crença da segu-rança eterna. O website oficial das ADafirma: “As Assembleias de Deus tomaramuma posição contrária ao ensinamento deque a soberania de Deus substituirá com-pletamente o livre arbítrio do homem paraque este O aceite e O sirva. Em virtudedisto nós acreditamos que é possível queuma pessoa uma vez salva se afaste deDeus e esteja perdida novamente”.

Muito embora as Assembleias deDeus tenham tomado uma posiçãoforte e inequívoca, as pessoas a quemministramos podem não entenderessa doutrina ou nossa posição emrelação a este assunto.

As pessoas em nossas congrega-ções geralmente trabalham comoutras que acreditam em segurançaeterna. Elas precisam saber comorefutar as crenças de seus colegas detrabalho. Por isso, é importante queos pastores ensinem os argumentosusados pelos proponentes da perse-

verança dos santos/segurança eterna,as respostas apropriadas para suasafirmações e a base bíblica da nossaposição: crentes podem voluntaria-mente perder sua salvação se se afas-tarem do senhorio de Cristo.

Há, com certeza, crenças diversascom relação à segurança eterna den-tro do Calvinismo. Por exemplo, umavisão extrema argumenta que Deuslevará um crente para casa porque elenão endireita sua vida e tornou-se umestorvo para Ele. Outros que acredi-tam em segurança eterna, mas nãoacreditam que esta dê licença parapecar: “Por outro lado, porém, nossoentendimento da doutrina da perseverançanão permite a indolência nem a negligência.É questionável se uma pessoa que raciona-liza, ‘Agora que eu sou um cristão, possoviver como eu quiser’, foi realmente conver-tida e regenerada. A fé genuína surge, aocontrário, no fruto do Espírito.”

Textos usados para sustentar Seg.Eterna e suas próprias interpretaçõesAqueles que apoiam a visão da salva-ção de Segurança Eterna (SE) geral-mente se referem a João 5,24 parasustentar sua posição, “Na verdade, naverdade vos digo que quem ouve a minhapalavra e crê naquele que me enviou tema vida eterna e não entrará em condena-ção, mas passou da morte para a vida.”Proponentes acreditam que esteversículo signifique que, uma vezque passou da morte para a vida, vocêeternamente terá vida. O contextogramatical desse versículo, porém,esclarece que a palavra eterna não éum advérbio que modifica o verbo,como quando se diz eternamente terávida. Ao contrário, é parte do substan-tivo composto. Assim, a vida é eterna,não a posse dela. Também, as pala-vras ouvindo e crendo estão no gerún-dio, o que significa ação contínua.

Proponentes também argumentam

Crentes podemvoluntariamenteperder suasalvação sese afastaremdo senhorio deCristo.

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que, uma vez que a pessoa e Deus seunem, esse laço nunca pode ser des-feito; apelam para João 6.37, “Tudo oque o Pai me dá virá a mim; e o que vema mim de maneira nenhuma o lançareifora.” Não podemos dizer, porém,que este texto exclua a possibilidadede que alguém possa escolher ir em-bora (compare com João 17.12).

João 10.27,28 também é usado parasustentar a doutrina da SE: “As minhasovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vidaeterna, e nunca hão de perecer, e ninguémas arrebatará das minhas mãos.”

A estes versículos podemos tam-bém acrescentar Romanos 8.35,39:“Quem nos separará do amor de Cristo?... Nem a altura, nem a profundidade,nem alguma outra criatura nos poderáseparar do amor de Deus, que está emCristo Jesus, nosso Senhor!”

Deve-se observar também que otempo presente no grego denota açãocontínua. Esse versículo é traduzidoliteralmente como “As minhas ovelhascontinuam ouvindo a minha voz, e eucontinuo conhecendo-as, e elas continuamme seguindo; e continuo dando-lhes a vi-da eterna.” Significa que o fato de nãoperecermos depende da nossa açãocontínua de ouvir e de seguir a Jesus,tema que ecoa em toda a Bíblia. Aocontrário de sustentar a SE, este textosustenta a possibilidade de um crentese afastar de Deus se rejeitar a conti-nuar a obediência a Cristo.

Usando João 15.1-11, proponentesafirmam “Se os crentes se fizeram um emCristo e Sua vida flui neles (Jo 15.1-11),nada pode anular essa conexão.” Mas ocapítulo 15 inteiro mostra a possibili-dade de essa conexão ser quebrada.

A palavra traduzida como perma-necer em todo o capítulo 15 é meno,que significa ficar, continuar. Portanto,Jesus diz, “Toda vara em mim que nãodá fruto, a tira...Se alguém não permane-

ce [fica, continua] em mim, será lançadofora, como a vara, e secará; e os colhem elançam no fogo, e ardem.” (Jo 15.2,6).A próxima seção começa com Jesusdeclarando, “Tenho-vos dito essas coi-sas para que vos não escandalizeis.”(Jo 16.1). Se afastar-se de Deus nãofosse uma possibilidade nítida, Jesusnão teria falado sobre o assunto.

Alguns adeptos da SE apontampara as palavras de Paulo em Filipen-ses 1.6 para apoio, “Tendo por certo istomesmo: que aquele que em vós começou aboa obra a aperfeiçoará até ao Dia deJesus Cristo.”

Lendo os versículos 1-11, porém,torna-se claro que o que Paulo estavaseguro era o fato do desejo dosfilipenses de forçarem a maturidade –a única segurança real do crente. Istoé sustentado pela advertência aosfilipenses para “operar a vossa salva-ção com temor e tremor.” (2.12). Alémdisso, após notar que mesmo seupróprio destino eterno ainda nãoestava escrito nas pedras (3.12,13), epara ter certeza de sua vida eterna,Paulo se esforçou para uma maiormaturidade e obediência (3.14). Eleexortou os filipenses a seguirem seuexemplo e evitarem seguir o exemplodaqueles cujo fim é a destruição(3.17-19).

As pessoas, às vezes, apelam paraHebreus 7.25, “Portanto, pode tambémsalvar perfeitamente os que por ele sechegam a Deus, vivendo sempre parainterceder por eles.” Defensores enten-dem que a palavra sempre se refiraàqueles que se aproximam de Deuspara salvação. O contexto imediato,porém, e a mensagem do livro deHebreus requerem a frase para sereferir a Jesus e a duração de tempoem que Ele, como Sumo Sacerdote, écapaz de prover a expiação a qual fazcom que a salvação seja possível nãopara a segurança eterna do crente

A Bíblia ensina sobre Segurança Eterna? (Cont. da p. 17)

Se afastar-sede Deus não

fosse umapossibilidadenítida, Jesus

não teriafalado sobre

o assunto.

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(compare também os vv. 3,17,21,25;5.6; 6.20).

Mas o texto favorito daqueles queadotam a SE é 1 João 2.19, “Saíramde nós, mas não eram de nós; porque, sefossem de nós, ficariam conosco; mas istoé para que se manifestasse que não sãotodos de nós.” Adeptos usam essapassagem para afirmar que aquelesque pararam de seguir a Cristo nuncatinham experimentado a salvação.Existem várias coisas que devemosexaminar neste versículo.

Primeiro, o texto não afirma expli-citamente o que os proponentes deSE asseveram que afirme (que sepa-ração significa que a salvação delesnão era real). João estava escrevendodepois de sua deserção e observandoque o abandono era prova de que elesnão pertenciam mais à comunidadedos remidos. João os estava compa-rando àqueles que tinham resistidoaos falsos ensinamentos, continuado aadotar a verdade e persistido empermanecer em Cristo (v. 24).

Segundo, o contraste entre as res-postas de ir embora e permanecer/ficarrelembram os próprios ensinamentosde Jesus em João 15, onde Ele des-creveu membros do corpo de Cristoque falham em permanecer, não conti-nuam a produzir frutos, secam e sãofinalmente lançados fora.

Terceiro, ambos os AT/NT estãorepletos de exemplos de pessoas egrupos que estavam, em algum pon-to, claramente ao lado de Deus masque depois repudiaram Seu senhorio(Gn 4.3-16 [comp. Jd v. 11]; Êx 32.32,33; Nm 3.2-4; 4.15-20; 16.1-33; 22.8,12,19,20,32-35; 24.1,2,13; 31.7,8; 1Sm10.1-7,9-11; 13.8-15; 16.14,31; Jo 6.66[comp. v. 67]; 1Co 5.1-13; 1Tm 1.19,20; 2Tm 1.15; 2.17,18; 4.10; Tt 1.12-16; Hb 12.15-17; 2Pe 2.1; Ap 2.6,15[comp. At 6.5; HISTÓRIA ECLESIÁSTICA

– Eusébio 3.29, 20]).

Argumentos que Advertem osCrentes sobre a Possibilidade daApostasiaÀs vezes, os adeptos do Arminianis-mo não têm articulado claramente suaposição doutrinária. Temos usado aexpressão perder sua salvação, como seesse ato pudesse ser acidental, nãointencional e o resultado de um des-lize momentâneo. Os detratores têmjustamente atacado essa frase comouma reflexão imprecisa das Escritu-ras. Por isso, devemos nos refamilia-rizar com passagens que sustentemnossa doutrina e então articularmosde uma maneira que reflita apropria-damente o ensinamento da Palavra deDeus.

Os ensinamentos arminianos-wesleyanos sobre santidade e Pente-costes sustentam que os crentes man-

Devemos nosrefamiliarizarcom passagensque sustentemnossa doutrina.

Passos que Levam à Apostasia1. O crente, por sua falta de fé, deixa de levar

plenamente a sério as verdades, exortações, ad-vertências, promessas e ensinos da Palavra deDeus (Mc 1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46).

2. Quando as realidades do mundo chegam aser maiores do que as do Reino celestial de Deus,o crente deixa paulatinamente de aproximar-se deDeus através de Cristo (4.16; 7.19,25; 11.6).

3. Por causa da aparência enganosa do peca-do, a pessoa se torna cada vez mais tolerante aopecado na sua própria vida (1Co 6.9,10; Ef 5.5;Hb 3.13). Já não ama a retidão nem odeia ainiquidade.

4. Por causa da dureza do seu coração (3.8,13)e da sua rejeição dos caminhos de Deus (3.10),não faz caso da repetida voz e repreensão do Es-pírito Santo (Ef 4.30; 1Ts 5.19-22).

5. O Espírito Santo se entristece (Ef 4.30, cf.Hb 3.7,8); seu fogo se extingue (1Ts 5.19) e seutemplo é profanado (1Co 3.16). Finalmente, Eleafasta-se daquele que antes era crente (Jz 16.20;Sl 51.11; Rm 8.13; 1Co 3.16,17; Hb 3.14).

Donald Stamps, Editor Geral da Bíblia de EstudoPentecostal (CPAD).

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têm seu livre arbítrio mesmo após asalvação. As Escrituras ensinam queaqueles que confiam e obedecem aJesus são ainda mais livres após asalvação do que antes (Jo 8.36;Gl 5.1,13), não menos. Nossa doutri-na pode ser descrita pelas frasesbíblicas “da graça tendes caído”(Gl 5.4), “apartar do Deus vivo”(Hb 3.12) e “recaíram.” (Hb 6.6).

J. Rodman Williams afirma: “Mas,por causa do fato de que a salvação deDeus opera através da fé – a fé viva – oabandono dessa fé pode levar à apostasia.Ao falhar em permanecer em Cristo, emcontinuar nEle e em Sua palavra, perseve-rar em meio a julgamentos mundanos etentação, fazer com que a fé se firme e

fortaleça – desse modo permitindo que aincredulidade entre – os crentes podem seafastar de Deus. Assim poderão tragica-mente perder sua salvação . (Ver quadro,Passos que Levam à Apostasia).

A palavra apostasia é a translitera-ção da palavra grega apostasia do NT.Referências observam que essapalavra e sua forma verbal incluemessas nuanças: tomar uma posição,cometer deserção ou traição política,separar de, afastar-se de , induzir arevolta, retirar, desviar, desaparecer,cessar toda interação com, desertar, pôrde lado (como em divórcio). Nenhumdesses itens sugere uma perda depacto como resultado de uma brechaacidental ou temporária de padrõesestabelecidos de santidade. Ao con-trário, todos eles implicam a previsão,intenção e estado persistente derebelião contra a autoridade de Jesussobre a vida de alguém (ver quadroApostasia).

Livre ArbítrioDeus criou o homem à Sua imagem esemelhança (Gn 1.26). Em parte, istosignifica que da mesma forma queDeus pensa, planeja, raciocina edecide, o homem também o faz.

Embora a queda tenha parcial-mente apagado a imagem de Deusestampada sobre a humanidade nacriação, esses outros atributos certa-mente não o foram. Além disso, Deusnão invadirá ou violará o livre arbítrioque Ele propositalmente criou nohomem de aceitar ou não a Cristo.

No AT, Deus tratou com osisraelitas quase que exclusivamenteatravés de pactos condicionais. Deuscontinuou a adverti-los para quecumprissem suas obrigações no pactoou o relacionamento com Ele poderiaser anulado (compare Êx 32.33; Lv22.3; Nm 15.27-31; Dt 29.18-21; 1Re9.6,7; 2Re 17.22, 23; 24.20; 1Cr 28.9;

A Bíblia ensina sobre Segurança Eterna? (Cont. da p. 19)

Deus nãoinvadirá ou

violará o livrearbítrio que Ele

propositalmentecriou no homem.

ApostasiaApostatar significa cortar o relacionamento salvífico com Cristo, ou

apartar-se da união vital com Ele e da verdadeira fé nEle. Sendoassim, apostasia individual é possível somente para quem já experi-mentou a salvação, a regeneração e a renovação do Espírito Santo(cf. Lc 8.13; Hb 6.4,5); não é simples negação das doutrinas do NT pelosinconversos dentro da igreja visível. A apostasia pode envolver doisaspectos distintos, embora relacionados entre si: (a) a apostasia teológi-ca, i.e., a rejeição de todos os ensinos orginais de Cristo e dos apóstolos(1Tm 4.1; 2Tm 4.3); e (b) apostasia moral, i.e., aquele que era crentedeixa de permanecer em Cristo e volta a ser escravo do pecado e daimoralidade (Is 29.13; Mt 23.25-28; Rm 6.15-23; 8.6-13).

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2Cr 7.19-22; 15.2; 24.20; Sl 69.28;Is 1.2-4; 59.2; Jr 2.19; 5.3,6,7; 8.5,12;15.1,6,7; 16.5; Ez 3.20; 18.12,13;33.12). A graça estava disponível noAT (Êx 34.6, Nm 6.25; Jr 3.12), mascomo no NT, a graça nunca foi umadesculpa para se continuar em peca-do e nunca diminui as exigências deum pacto (compare Jo 1.16,17; Rm6.1,2; 8.7-11; Lc 12.48; compare tam-bém Rm 1.31, “incrédulos” ou “pérfi-dos”).

Os EvangelhosJoão, o Batista, audaciosamente pro-clamou, “E também já está posto o ma-chado à raiz das árvores; toda árvore,pois, que não dá bom fruto é cortada elançada ao fogo.” (Mt 3.10; Lc 3.9).De fato, Jesus começou Seu ministé-rio reiterando esta mesma mensagem(Mt 7.19).

Jesus também ensinou que se nãoestivermos predispostos a perdoar,removemos a possibilidade de rece-bermos o perdão de Deus (Mt 6.15).No contexto histórico original deJesus e no contexto canônico deMateus, a nova comunidade emaliança – composta por crentes –Jesus disse que apenas aquelesque resistirem até o fim serão salvos(Mt 10.22; 24.13), e que se O negar--mos diante dos homens, Ele nosnegará diante do Seu Pai (Mt 10.33).Quando disse, “todo pecado e blasfê-mia se perdoará aos homens, mas ablasfêmia contra o Espírito Santo nãoserá perdoada aos homens.” (Mateus12.31), Ele não fez distinção entreos salvos e os não salvos.

Na parábola do Semeador, a se-mente caía na terra e começava aproduzir frutos, mas várias circuns-tâncias finalmente a destruíram (Mt13.3-23). Em Mateus 18.15-17, Jesusordenou que os membros da comuni-dade da aliança que persistiam em

falta de não se arrepender fossemcolocados para fora da igreja e trata-dos como excluídos da aliança. Jesustambém advertiu que, nos últimosdias, falsos messias “enganarão mui-tos” (Mt 24.5) e, durante a persegui-ção, “muitos seriam escandalizados”(Mt 24.10). O versículo 24 recorda osensinamentos de Jesus em que falsosmessias e falsos profetas “desviariam,se possível, até os escolhidos.”

Defensores da SE acham que afrase “se possível” aponta para umasituação hipotética e mostra que nãoé possível que alguém perca a fé.Este argumento, porém, não conside-ra o contexto maior (Mt 24.5,10) ououtros textos (1Ts 4.1,2) que clara-mente afirmam que alguns crentesnos últimos dias se desviariam da fépor diversas razões.

Lucas relatou que Jesus ensinavaque “Ninguém que lança mão do arado eolha [continuamente] para trás é aptopara o Reino de Deus” (Lc 9.62).O contexto esclarece o significado dametáfora. O mesmo pode ser ditoacerca de Lucas 14.34,35, “Bom é osal, mas se ele degenerar, com que se adu-bará? Nem presta para a terra, nempara o monturo; lança-os fora. Quem temouvidos, que ouça” (sobre os ensina-mentos de Jesus, ver mais em Mt7.16,17,21,24,26; 10.38; 18.23-35;Lc 9.23ss; 14.25-33).

Ensinamento PaulinoNo campo missionário, após terem“feito muitos discípulos”, Paulo eBarnabé retornaram às igrejas quehaviam levantado anteriormente,fortaleceram os discípulos e os enco-rajaram a continuarem na fé (At 14.21,22). Poderia ter sido um desperdí-cio de tempo e energia se apostasianão fosse uma opção. Mais tarde,Paulo advertiu os líderes da igreja emÉfeso que “...entrarão no meio de vós

Jesus ordenouque os membrosda comunidadeda aliança quepersistiam nafalta de não searrependerfossemcolocados parafora da igreja etratados comoexcluídos daaliança.

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lobos cruéis, que não perdoarão o reba-nho. E que, dentre de vós mesmos, selevantarão homens que falarão coisasperversas, para atraírem os discípulosapós si.” (At 20.29,30.)

Nas cartas de Paulo, seu ensina-mento não era diferente de suaspregações em Atos. Ele advertiu asigrejas em Roma, “Porque, se Deus nãopoupou os ramos naturais, [Israel], quete não poupe a ti também [cristãos emRoma]. Considera, pois, a bondade e aseveridade de Deus: para com os quecaíram, severidade; mas, para contigo, abenignidade de Deus, se permaneceres nasua benignidade; de outra maneira,também tu serás cortado.” (11.21,22).Ele também os desafiou, “Mas, se porcausa da comida se contrista teu irmão,já não andas conforme o amor. Não des-truas por causa da tua comida aquelepor quem Cristo morreu.” (14.15; com-pare também 1Co 8.11, onde osmesmos termos aparecem).

Em 1 Coríntios 5. 1-13 (comparetambém 2Ts 3.6,14). Paulo desafiouos coríntios a excomungarem as pes-soas que vivessem em pecado (com-pare Mt 18.15-17). Ele repreendeuos libertinos na igreja de Corinto pordeixarem com que sua liberdadecausasse destruição do “irmão fraco,pelo qual Cristo morreu” (1Co 8.11).“Irmão” indica que todos envolvidossão membros de uma mesma comuni-dade de aliança. Acreditava que exis-tia a possibilidade de que mesmo elepudesse ser um náufrago na fé (1Co9.27).

Paulo, mais adiante, advertiu oscristãos em Corinto de que este po-deria ser o destino deles também eque poderiam acabar como os israeli-tas que morreram no deserto (1Co10.1-13). “Aquele, pois, que cuida estarem pé, olhe que não caia.” (v. 12).

Paulo também advertiu os corín-tios que acreditar em uma versão

errada das boas-novas poderia pôr emperigo sua salvação: “Também vosnotifico, irmãos, o evangelho que já vostenho anunciado, o qual também recebes-tes e no qual também permaneceis; peloqual também sois salvos, se o retiverdestal como vo-lo tenho anunciado, se não éque crestes em vão.” (1Co 15.1,2).

Mais adiante, desafiou-os nova-mente, “Examinai-vos a vós mesmos sepermaneceis na fé; provai-vos a vósmesmos. Ou não sabeis, quanto a vósmesmo, que Jesus Cristo está em vós?Se não é que já estais reprovados.”(2Co 13.5). Este desafio é similaràquele que fez à igreja dos colos-senses: Jesus os apresentaria incul-páveis perante Deus, mas apenas se[eles] “permanecerdes fundados e firmesna fé.” (Cl 1.21-23).

Às igrejas de Gálatas Paulo excla-mou: “Maravilho-me de que tão depres-sa passásseis daquele que vos chamou àgraça de Cristo para outro evangelho.”(Gl 1.6). Em Gálatas 4.1-11, ele des-creveu a progressão em que os cris-tãos gálatas passaram de escravos parafilhos e então para escravos novamen-te. Na conclusão dessa seção, Paulodisse, “Eu temo por vocês, que talvez, eutenha trabalhado com vocês em vão.”

Àqueles que haviam sido salvospelo sangue de Jesus mas aceitado oEvangelho “plus” dos judaizantesque acrescentaram circuncisão aosOrdo Salutis (caminho da salvação),Paulo proclamou, “Separados estais[kataergo: rompido, esvaziado, anuladode, cancelado de, trazido ao fim, destru-ído, aniquilado] de Cristo, vós os que vosjustificais pela lei; da graça tendes caído[ekpipto: cair de, confiscar, perder, cau-sar o fim] .” (Gl 5.4).

À igreja dos filipenses, Paulo afir-mou ter sofrido a perda de todas ascoisas “para conhecê-lo, e a virtude dasua ressurreição, e a comunicação de suasaflições, sendo feito conforme a sua morte;

A Bíblia ensina sobre Segurança Eterna? (Cont. da p. 21)

Paulo advertiuos coríntios que

acreditar emuma versãoerrada das

boas-novaspoderia pôr em

perigo suasalvação

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para ver se, de alguma maneira, eu possachegar à ressurreição dos mortos.” (Fp3.10,11). Se a salvação de Paulo fossedecisiva e nada pudesse mudar seustatus com Deus, ele não estaria cien-te disso. Paulo levou a sério a ruínaespiritual na vida de alguns de seuscompanheiros mais próximos porque,no mesmo contexto, ele falou à igrejade Filipos sobre as pessoas que ha-viam sido crentes muito conhecidas,mas que lamentava agora por “sereminimigos da cruz de Cristo.” (Fp 3.18).

Quando Paulo instruiu pastores, amensagem foi a mesma: “Mas o Espí-rito expressamente diz que, nos últimostempos, apostatarão alguns da fé, dandoouvidos a espíritos enganadores e a dou-trinas de demônios.” (1Tm 4.1; com-pare 2Tm 4.3,4).

As Epístolas Gerais e o ApocalipseA advertência do NT também é clarasobre o fato de o crente poder volun-tariamente perder sua salvação. O Li-vro de Hebreus contém algumas dasadvertências mais claras contra aapostasia e também exortações urgen-tes para se permanecer firme até ofim – todas direcionadas a cristãos.

Por causa da revelação maior queveio com a encarnação de Cristo, oautor de Hebreus disse aos cristãos,“Portanto, convém-nos atentar, com maisdiligência, para as coisas que já temosouvido, para que, em tempo algum, nosdesviemos delas” (2.1). Neste texto, oescritor incluiu a si próprio em umaadvertência contra se deixar o cami-nho da salvação. No mesmo contexto,levantou uma questão retórica, “Comoescaparemos nós [julgamento, comparev. 2), se descuidarmos de uma tão grandesalvação?” (v. 3). Novamente, o autorse incluiu em seu público cristão.

Devemos notar que o verbo édescuidar, não rejeitar. Seus leitoreseram cristãos descuidados, e não des-

crentes rejeitadores. Em 3.6, ele lan-çou o mesmo desafio feito por Jesus ePaulo: E nós somos Sua “própriacasa... se tão somente conservarmos firmea confiança e a glória da esperança até ofim.” Ele reiterou além disso, “Porquenos tornamos participantes de Cristo, seretivermos firmemente o princípio danossa confiança até o fim.” (v. 14).Advertiu aos crentes, “Vede, irmãos,que nunca haja em qualquer de vós umcoração mau e infiel, para se apartar[apostaenai, apostasia] do Deus vivo.”(3.12, ênfase adicionada).

Os crentes precisam “temer, pois,que, porventura, deixada a promessa deentrar no seu repouso, pareça que algumde vós fique para trás” (4.1), porqueaté crentes podem “cair no mesmoexemplo de desobediência [que os daaliança de Israel demonstravam]”(4.11).

Em 6.4-6, o autor declara: “Porqueé impossível que os que uma vez foramiluminados, e provaram o dom celestial,e se fizeram participantes do EspíritoSanto, e provaram a boa palavra deDeus e as virtudes do século futuro erecaíram sejam outra vez renovadospara arrependimento; pois assim,quanto a eles, de novo crucificam oFilho de Deus e o expõe ao vitupério.”.

Reminiscente de Números15.30,31, Hebreus afirma: “Porque, sepecarmos voluntariamente, depois de ter-mos recebido o conhecimento da verdade,já não resta mais sacrifício pelos pecados,mas uma certa expectação horrível dejuízo” (10.26,27, ênfase adicionada).E continua, “Quebrantando alguém alei de Moisés, morre sem misericórdia, sópela palavra de duas ou três testemu-nhas. De quanto maior castigo cuidaisvós será julgado merecedor aquele quepisar o Filho de Deus, e tiver por profa-no o sangue do testamento, com que foisantificado, e fizer agravo ao Espírito dagraça?” (10.28,29, ênfase adicionada).

O Livro deHebreuscontémalgumas dasadvertênciasmais clarascontra aapostasia etambémexortaçõesurgentes parase permanecerfirme até o fim.

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A parte em negrito desses versículosfornece uma evidência incontestávelde que o público é cristão. Essescrentes são advertidos a não “rejeita-rem” (em oposição a “perder acidental-mente”) sua salvação (10.35).

O escritor de Hebreus deixou aoseu público cristão esta exortação:“Tendo cuidado de que ninguém se priveda graça de Deus, e de que nenhuma raizde amargura [compare com Dt 29.18-21], brotando, vos perturbe, e por elamuitos se contaminem. E ninguém sejafornicador ou profano, como Esaú, que,por um manjar, vendeu seu direito deprimogenitura. Porque bem sabeis que,querendo ele ainda depois herdar a bên-ção, foi rejeitado, porque não achou lugarde arrependimento, ainda que, comlágrima, o buscou.” (Hb 12.15-17).

Tiago nos diz: “se algum de entrevós se tem desviado da verdade, e alguémo converter, saiba que aquele que fizerconverter do erro do seu caminho umpecador salvará da morte uma alma.”(Tg 5.19,20).

Pedro escreve: “E também houveentre o povo falsos profetas, como entrevós haverá também falsos doutores, queintroduzirão encobertamente heresias deperdição e negarão o Senhor que os res-gatou, trazendo sobre si mesmos repentinaperdição.” (2Pe 2.1). No mesmo con-texto, continua: “Portanto se, depois deterem escapado das corrupções do mundopelo conhecimento do Senhor e SalvadorJesus Cristo, forem outra vez envolvidosnelas e vencidos, tornou-se lhes o últimoestado pior que o primeiro. Porque me-lhor lhes fora não conhecerem o caminhoda justiça do que, conhecendo-o, desvia-rem-se do santo mandamento que lhesfora dado. O cão voltou ao seu própriovômito; a porca lavada, ao espojadourode lama.” (2Pe 2.20-22, ênfase acres-centada para demonstrar o fato deque o autor está descrevendo pessoasque haviam sido contadas entre os

redimidos).João descreveu um pecado que é

“para a morte” e não pode ser perdo-ado (1Jo 5.16).

O contexto na primeira metade doversículo, assim como o uso da mes-ma terminologia em outros lugaresnessa carta (1Jo 3.13,14) deixa claro ofato de que se trata de morte espiri-tual e não física. Essa mensagem nãoé diferente da de Apocalipse. Lá, eleprometeu vida eterna apenas àquelesque vencerem e perseverarem fiéisaté o fim (Ap 2.10,25, 26). Por outrolado, ele garantiu rejeição e perda davida para aqueles que não o fizerem(Ap 2.5; 3.11,16). Até o final do livro(e, portanto, o NT), ele continuou aalertar sobre a possibilidade de seperder a salvação (Ap 22.19).

ConclusãoÉ evidente que a Bíblia alerta contraa possibilidade de perda do statuscom Deus. As Escrituras são claras noque diz respeito a que a única segu-rança do crente está atrelada à firmeobediência à vontade do Mestre.

Essa realidade se encaixa perfeita-mente na definição bíblica de salva-ção, que não é um evento único quesela um crente por toda a eternidade,mas um processo que tem estágiopassado (Rm 10.9,10; 2Co 5.17),presente (Lc 9.23; 1Co 1.18; 2Co2.15; 3.18; Fp 2.12; 3.8-16) e futuro(Rm 8.19-24; 1Co 15.24-28; 1Pe 1.3-7; Ap 12.10; 20.1-10; 21.1 – 22.14).

Os crentes detêm a opção deescolher uma vida de obediência esubmissão à vontade de Deus ou dese desviar do relacionamento comDeus e sofrer a separação eterna deDeus como resultado.

Ao ensinar esta verdade às pesso-as, você pode encorajá-las a uma vidadivina e a responderem aqueles quecreem na segurança eterna.

A Bíblia ensina sobre Segurança Eterna? (Cont. da p. 23)

A únicasegurança do

crente estáatrelada à firme

obediência àvontade do

Mestre.

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Enriquecimento Teológico

Sam1 sentou-se para tomar sua xícara de café. A ex-pressão em seu rosto me dizia que sua experiênciaministerial tinha se mostrado dolorosa. Sua dor fora cau-

sada por um promissor pastorado de jovens que havia se tor-nado amargo. No início, nem suas 60 ou 70 horas de trabalhopor semana eram suficientes para refrear seu entusiasmo. Elemal podia acreditar que estava fazendo o trabalho do minis-tério e sendo pago para isso. Embora sua responsabilidadeinicial fosse com o ministério de jovens, o pastor sênior gra-dualmente foi colocando mais e mais responsabilidades so-bre seus ombros. Ele mergulhou de cabeça em cada umadas tarefas com alegre diligência.

Paulo... sai do seu caminho para afirmar aslouváveis contribuições e reconhecimento deseus subordinados.

Sam especialmente gostava das poucas vezes em que pre-gava aos domingos à noite quando o pastor estava em com-promissos ministeriais fora da igreja. As pessoas pareciamgostar de sua pregação e eram na maioria positivas.

Depois de um ano, Sam sentia frieza e rigidez em suasconversas com o pastor sênior, que havia se tornado críticocom relação aos menores detalhes no desempenho do mi-nistério de Sam. Este intensificou seus esforços para agradaro pastor, mas sem resultado.

Menos de 2 anos depois, o pastor informou a Sam que,

devido a uma reestruturação na equipe ea restrições orçamentárias, ele estava sen-do dispensado. A entonação de suas pa-lavras deixou dúvidas a respeito de suasverdadeiras razões. Com os olhos rasosd'água Sam deixou o gabinete do pastor.

Eu não consigo contar quantas vezeseu ouvi histórias similares a essa duranteos meus 20 anos de ensino na faculdadee no seminário. A história de Sam obvia-mente apresenta apenas um lado. Noentanto, ela levanta o sério problema dasrelações da equipe do pastor e sua dinâ-mica incrivelmente complexa.

Há poucos anos atrás eu comecei a es-tudar os princípios da liderança espiritu-al no NT e fui levado ao exemplo e aosescritos de Paulo. Em particular, meu in-teresse primeiro pairou sobre o tratamen-to dispensado por Paulo a seus compa-nheiros de trabalho. O impulso para essemeu estudo surgiu de um trecho muitoimprovável das Escrituras – as saudaçõesde encerramento em Romanos.

Estranhamente, no livro de Romanos,Paulo está escrevendo para uma igrejaque ele não havia fundado, tampouco vi-

Tratamento aos membros subordinados da equipe:

Princípios de Liderança Espiritualdas Saudações de Paulo

P O R J A M E S D . H E R N A N D O

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sitado. Em Romanos 16.1-16, no entan-to, ele saúda ou menciona 27 indivídu-os pelo nome. É provável que Paulotivesse encontrado essas pessoas emsuas viagens missionárias, e depois elastivessem se mudado para Roma.

Algumas provavelmente eram con-vertidas por aqueles a quem Paulo ha-via discipulado e treinado para o mi-nistério. Como apóstolo, Paulo era umlíder espiritual para as igrejas que elefundava e para as pessoas a quem trei-nava. Após o mais fino escrutínio, a pas-sagem nos dá um insight acerca do tra-tamento e do relacionamento de Paulocom seus subordinados – crentes quenão eram seus companheiros apostóli-cos.

O USO QUE PAULO FAZ DO ENALTECIMENTO EDO RECONHECIMENTOPaulo era rápido em elogiar e livre emseus enaltecimentos. Veja a frequênciadisso neste caso. Febe havia sido umaajudante ou “serva”2 não somente paraPaulo, mas também para muitos naigreja (Rm 16.2)3. Priscila e Áquila “ar-riscaram suas próprias vidas” por Paulo(Rm 16.3,4). Trifena e Trifosa foramchamadas de “trabalhadoras do Senhor”(Rm 16.12). Maria e Pérside foram sin-gularizadas como trabalhadoras árduas(Rm 16.6,12). Paulo, ao que parece, saido seu caminho para afirmar as louvá-veis contribuições e reconhecimentode seus subordinados4.

PAULO COLOCA ÊNFASE NAIGUALDADEPaulo com frequência considerava seussubordinados como sendo iguais. Elefez isso ao anexar a preposição gregasun (junto com) a um substantivo. Eleseram cooperadores em Cristo (Rm16.3,9; compare com o v. 21).

Andrônico e Júnia eram para Paulo“companheiros de prisão” por causa doEvangelho (Rm 16.7). O que nós ob-servamos aqui é a perspectiva que Pau-lo conservou ao longo de seus escritos.Tito é companheiro de Paulo (koinonos,

significando parceiro ou participante) no trabalho do Evangelho(2Co 8.23). Epafrodito não era somente “irmão” de Paulo, mas“cooperador e companheiro de lutas” (Fp 2.25). Ao mesmo tempoem que Timóteo era um “filho [espiritual] na fé” (1Tm 1.2) e“filho amado” (2Tm 1.2) de Paulo, o apóstolo o consideravacontudo igual e um “irmão e cooperador no evangelho de Cristo”(1Ts 3.2).

Paulo não considerava seus subordinados comosubordinados, mas como colaboradores...

Analisando cuidadosamente, as epístolas paulinas rendemuma memorável descoberta. Paulo não considerava seus su-bordinados como subordinados. Eles eram colaboradores oucompanheiros servos do Senhor. Paulo não enfatizava seu cha-mado apostólico, posição ou autoridade ao se relacionar comaqueles a quem servia como apóstolo5. Paulo entendia sua au-toridade como um apóstolo, mas ele não o mencionava a nãoser quando tratava com igrejas ou grupos que estavam se opon-do ou ameaçando a obra do Senhor6. Paulo estava ainda relu-tante em usar sua autoridade apostólica para propósitos de dis-ciplina. Mesmo quando repreendia os problemáticos coríntios7,Paulo os lembrava: “... estando presente eu não use de rigor, segun-do a autoridade me dada pelo Senhor para edificação e não destrui-ção.” (2Co 13.10).

PAULO CONHECIA OS SEUS SUBORDINADOSAs saudações de Romanos 16 indicam claramente que Pauloconhecia essas pessoas pessoalmente. Como diz o antigo dita-do: “Não há nada que soe mais doce aos ouvidos de alguém doque o som de seu próprio nome”. Paulo não somente os cha-mava pelo nome, mas muitos eram também conhecidos ínti-mos. Paulo podia chamar Epêneto, Ampliato e Pérside de “meusamados”8 (Rm 16.5,8,12). Ele também os conhecia a ponto deenaltecê-los individualmente.

Em nenhum outro lugar Paulo podia dizer que alguém man-tivesse o mesmo espírito de preocupação com os filipenses comoTimóteo (Fp 2.20). Tíquico foi chamado de “irmão amado e fielministro no Senhor” (Ef 6.21). Ele notou a constante vida deoração de Epafras (Cl 4.12) e que Tito fora “dedicado” (2Co8.17) , “provado” e “achado diligente em muitas coisas” (2Co 8.22).Paulo havia testemunhado a fidelidade deles na obra e capazde tecer seus elogios para destacar suas forças e contribuiçõespara a obra do Senhor.

PRINCÍPIOS DE LIDERANÇA ESPIRITUALA análise acima não nos revela uma teologia inovadora, somen-te alguns conselhos práticos relacionados ao tratamento dosmembros de uma equipe de subordinados a partir dos princí-pios paulinos de liderança espiritual – princípios normalmenteperdidos e que necessitam ser trazidos à lembrança.

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O líder espiritual sábio nutre seus subordinados e traba-lha para construir com eles um relacionamento próximoA liderança é mais eficaz quando feita em um relacionamentode amor e confiança. Quando reconheceu o direito de usar suaautoridade apostólica para exortar os Tessalonicenses, Paulopreferiu lembrá-los de seu amor e preocupação paternais paracom eles como crianças espirituais (1Ts 2.7,8 conf. 1Co 4.15).O pastor sênior é chamado para liderar, mas se ele não conhe-cer individualmente as pessoas, sua liderança estará prejudi-cada. A liderança paulina exige um comprometimento profun-do com construir relacionamentos e mentoreamento pessoal.

O líder espiritual sábio afirma e publicamente enalteceseus subordinados.Enaltecimento público e afirmação pessoal feitos com sinceri-dade9 promovem boa vontade, edificação e motivação dos mem-bros da equipe de subordinados. Não só edifica a confiançados subordinados, mas também os ajuda a construircredibilidade junto à congregação.

Além disso, o enaltecimento público comunica um valor im-portante para a igreja – que os membros do Corpo são necessá-rios e apreciados dentro do Corpo por seus dons para o Corpo.

O líder espiritual sábio promove um conceito de lideran-ça que enfatiza a igualdade entre os membros da equipe.A perspectiva de Paulo de autoridade espiritual e da igreja comoo corpo de Cristo formou seu entendimento acerca de lideran-ça espiritual. A percepção de Paulo de autoridade espiritualremete a um dos ensinamentos de Jesus de que autoridade noReino era concedida com o propósito de servir aos outros (Mc10.42-45). Grande responsabilidade requer maior autoridade.Autoridade não provém do gabinete, mas da responsabilidadefuncional entregue aos cuidados do gabinete.

A perspectiva de Paulo sobre a igreja como o corpo de Cris-to foi desenvolvida a partir de seus próprios ensinamentos so-bre a unidade e interdependência de membros dentro do cor-po de Cristo (1Co 12.12-27). O projeto de Deus faz cada mem-bro no Corpo importante e necessário para o propósito e a fun-ção geral do Corpo. Assim, não há lugar para atitudes de inferi-oridade ou superioridade (1Co 12.15-25). Isto explica porquePaulo discorda da exaltação dos coríntios aos líderes apostóli-cos, tais como ele próprio, Apolo e Cefas (1Co 1.12; 3.4-6,22.4.6). Tais distinções e tentativas de elevar uma pessoa sobreuma outra não levam em conta o fato de que os membros po-dem exercer diferentes funções, mas cada pessoa tem um pro-pósito singular e é cooperador de Deus àquele fim (1Co 3.8,9).

Uma dialética inerente existe entre estruturas autoritárias eo projeto igualitário do Corpo que Paulo ensina. Hierarquiadeixada ao léu diminui o colegiado.

A estrutura ou regime eclesiástico que comunica uma hie-rarquia de status, posição e autoridade trabalha contra a cons-

trução de uma equipe ministerial deiguais, de colaboradores em Cristo.Aqueles que herdaram essa estruturaspodem querer considerar alterá-la oumudá-la através da implementação depolíticas, procedimentos e práticas quemitiguem as tensões hierárquicas e pro-movam um espírito de equipe coope-rativo e colegiado.

Esses são princípios de liderança es-piritual dignos de nota extraídos doapóstolo Paulo. Como exatamente de-vem ser implementados é melhor dei-xar para os praticantes pastorais deci-direm. Contudo, para aqueles que bus-cam responder à instrução das Escritu-ras, são princípios que não devem serignorados.

NOTAS1. Esta situação ministerial baseia-se em uma história verídi-

ca. Nomes e detalhes foram mudados para proteger as pesso-as envolvidas.

2. A palavra grega usada é diakonon. Significa servo ou mi-nistro, também pode se referir ao diácono na igreja. Paulo a usaneste sentido por 5 vezes (Fp 1.1; 1Tm 3.8,10,12,13).

3. Na tradução da New American Standard Version.4. Esta é uma prática comum de Paulo, como suas epístolas

amplamente atestam (e.g.: 2Co 8.16-23: Tito; Fp 2.19-21: Timó-teo; Fp 2.25: Epafrodito; Ef 6.21: Tíquico; Cl 4.9: Onésimo; Cl4.10: Aristarco; Cl 4.12: Epafras; e Cl 4.14: Lucas).

5. Paulo absorveu a grandeza do espírito do Reino ensinadapelo próprio Senhor: “Então Jesus, chamando-os para junto desi, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estesdominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles.Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vósfazer-se grande seja vosso serviçal; E, qualquer que entre vósquiser ser o primeiro, seja vosso servo; Bem como o Filho dohomem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar asua vida em resgate de muitos.” (Mt 20.25-28).

6. Veja 1 Coríntios 4.15; 2 Coríntios 10.8; 1 Tessalonicenses2.6; 4.1; Tito 2.15.

7. Veja 2 Coríntios 2.3,4,9; 7.12. Esta tão conhecida carta"escrita entre muitas lágrimas" não é 1 Coríntios, mas uma dascartas "ausentes" de Paulo escrita aos Coríntios. Veja também1 Coríntios 5.9. Paulo apelaria muito mais para eles como umaama ou pai espiritual (1Co 4.15; 1Ts 2.7,8).

8. Uma outra tradução poderia ser "amado de (ou ‘por’) mim”.9. Alguns pastores sentimentalmente enaltecem a equipe e

os membros da igreja de uma forma que é fora de proporçãoquanto à realidade. Quando isso ocorre, o enaltecimento pare-ce insincero e perde credibilidade e seu efeito positivo. Observeque Paulo em suas saudações menciona diversas pessoas semcomentário ou elogio (Rm 16.15,16; compare Demas em Cl 4.17).Paulo não se sente compelido a enaltecer todo mundo, apenasaqueles que ele conhece bem o suficiente para verdadeiramen-te elogiar ou enaltecer.

JAMES D. HERNANDO,Ph.D.Professor de NT noSeminário Teológico dasAssembleias de Deus - AGTSSpringfield, Missouri (EUA)

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Nossa intenção nestes artigos é mostrar que recebe-mos a doutrina pentecostal do batismo no EspíritoSanto de todas as Escrituras canônicas, não apenas

de algumas passagens do Livro de Atos. O AT relata o mi-nistério do Espírito em Seu trabalho carismático de con-ceder poder a líderes escolhidos para funções específicas.

Ele frequentemente mostra que os fenômenos sobre-naturais são a evidência da vinda do Espírito. Mas o ATtambém promete que o Espírito trará vida espiritual etransformação moral. Podemos dizer que o Espírito, noAT, tem um ministério duplo: carismático e conversivo.

Esses dois aspectos do ministério do Espírito vivida-mente profetizados no AT correspondem ao cumprimen-to único na vida e no ministério de Jesus, que é ministrocheio do Espírito por excelência e que, desde o início dosEvangelhos, é o ungido batizador no Espírito.

O Espírito no Nascimento e na Infância de JesusA jovem Maria, surpreendida pelo anjo Gabriel com oanúncio de que daria luz ao Messias, respondeu comconsternação: “Como se fará isso, visto que não conheço va-rão?” Gabriel respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você,e o poder do Altíssimo irá ofuscá-la. Então o santo que vainascer será chamado de Filho de Deus.” (Lc 1.34,35). Entãoseguiu-se a concepção virginal miraculosa, sem o auxíliode paternidade humana, realizado pelo Espírit o de Deus,que fora ativo na criação do mundo (Gn 1.1). Aqueleassim concebido só pode ser “o santo”, “o Filho de Deus”.

O Batismo no Espírito Santo:

A Vida e oMinistério

de JesusPOR EDGARD R. LEE

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Enriquecimento Teológico

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Apesar do nascimento miracu-loso, em sua infância Jesus fezpouco para demonstrar Sua ori-gem incomum. Mas daí então,um breve rasgo das profeciasinspiradas pelo Espírito aponta-ram para Sua verdadeira identi-dade. O Espírito que capacitaraMaria a milagrosamente conce-ber é também o Espírito deprofecia que preencheu algunspoucos pios profetas para procla-mar a vinda de Jesus, a começarpor Isabel (Lc 1.42-45). Simão,“movido pelo espírito”, encontrouo pequeno Messias com Seuspais no templo e o identificoucomo “salvação” de Deus (Lc2.25-32). Então veio a profetisaAna, presumivelmente tambémmovida pelo Espírito, que reco-nheceu a criança (Lc 2.36-38).

Além dos breves relatos deMateus e Lucas, conhecemospouco sobre a infância de Jesus.Lucas descreve por alto seusprimeiros 12 anos dizendo ape-nas: “a criança cresceu e se fortifi-cou; ele foi cheio de sabedoria e agraça de Deus estava sobre ele.”(Lc 2.40). Certamente não o mi-lagreiro que alguns dos Evange-lhos apócrifos retratam que asabedoria precoce e consciênciadivina do jovem Jesus o distin-guiam de outras crianças. O pri-meiro sinal da autoconsciência deJesus advém quando Seus pais,encontraram-nO com os ensina-dores no templo. “Não sabeis queme convém tratar dos negócios demeu pai?”, Ele perguntou (Lc2.49). Então Jesus retornou à Suaidentidade de criança obedientee Lucas descreve rapidamente epor alto Sua natureza humana,“E crescia Jesus em sabedoria, e emestatura, e em graça para com Deuse os homens.” (Lc 2.52).

Concebido e habitado peloEspírito Santo, Jesus, desde o

começo, era uma criança extraor-dinariamente devota, que apa-rentemente avançava de formanormal para um jovem extraordi-nariamente devoto. João Batistareconheceu a natureza e o caráterextraordinário de Jesus ao hesitarem batizá-lO (Mt 3.14). A IgrejaPrimitiva iria mais tarde dar tes-temunho de que Ele não possuíapecado (2Co 5.21; Hb 4.15; 1Pe2.22).

O Espírito na Unção e noBatismo de JesusO batismo de Jesus avulta nosEvangelhos, particularmente naluz que acompanhava a descidado Espírito. Como descrevem osEvangelhos, repentinamente, aos30 anos de idade, Jesus emergiuda obscuridade de Seu trabalhomanual em Nazaré e apareceu noJordão pedindo ao seu primoJoão que O batizasse. Constran-gido com o pedido e, sem dúvi-da, iluminado pelo Espírito deprofecia, João recusou. “Eu careçode ser batizado por Ti e vens Tu amim.” (Mt 3.14). Somente quan-do Jesus reafirmou que o Seubatismo era para “cumprir toda ajustiça” (3.15) foi que João defato cedeu.

Mas, particularmente signifi-cativo na descrição batismal é oque aconteceu após o batismo,quando Jesus estava orando: “oEspírito Santo de Deus descendocomo uma pomba e vindo sobre Ele.E eis que uma voz do céu dizia: Esteé o meu Filho Amado em quem mecomprazo.” (Mt 3.17), “...o qual euamo e me comprazo.” (Lc 3.22). OsEvangelhos nos contam queJesus viu o céu abrindo e umapomba descendo. João Batistadisse: “Eu vi o Espírito descer docéu como uma pomba e repousarsobre Ele.” (Jo 1.32). Pode ser,baseado no uso da terceira pessoa

por Mateus, que alguns da multi-dão tenham visto esses fenôme-nos também.

A peça central do evento dobatismo é sem dúvida a descidado Espírito Santo sobre Jesuspara qual Ele mesmo logo forne-ceu explicação. Na sinagoga deNazaré, Jesus leu as palavras doprofeta Isaías, “O Espírito doSenhor é sobre mim, pois que meungiu para evangelizar os pobres,enviou-me a curar os quebrantadosde coração, a apregoar a liberdadeaos cativos, a dar vista aos cegos, apor em liberdade os oprimidos, aanunciar o ano aceitável doSenhor.” (Lc 4.18-19).

O Espírito Santo desceuem Jesus no batismoexpressamente para

conceder-Lhe poder paracomeçar e completar Sua

missão na terra com êxito.

Depois de volver o rolo aoassistente da sinagoga, Jesusdisse “Hoje, se cumpriu esta Escri-tura em vossos ouvidos.” (Lc 4.21).Lucas cuidadosamente colocouessa cena no início do ministériode Jesus na Galileia para mostrarque o Espírito, conforme o ATpromete, tinha agora ungidoJesus para Sua missão. E “o Un-gido” é por definição o Messias,o Cristo.

Pedro bem mais tarde reper-cutiria esse entendimento daunção de Jesus. Pregando na casade Cornélio, disse, “Deus ungiuJesus de Nazaré com o EspíritoSanto e poder o qual andou fazendoo bem e curando a todos os oprimi-dos pelo diabo, porque Deus era comele.” (At 10.38). O Espírito Santonão veio para regenerar ou purifi-car Jesus. Como o sem pecado,filho de Deus encarnado, Ele não

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precisou nascer de novo ou serespiritualmente purificado. Tam-bém não veio o Espírito mera-mente para habitação ou coopera-ção com Deus, com a qual Jesusjá havia Se deleitado. O EspíritoSanto desceu em Jesus no batis-mo expressamente para conce-der-Lhe poder para começar ecompletar Sua missão na terracom êxito.

Imediatamente após Seu ba-tismo e unção, no entanto, Jesusenfrentou um desafio. Marcosescreve, “E logo o espírito o impe-liu para o deserto. E ali esteve nodeserto quarenta dias, tentado porSatanás.” (Mc 1.12,13). Marcosusou um verbo forte, ekballo,(atirar ou jogar) para retratar onovo e repentino ímpeto doEspírito em Jesus.

Nós frequentemente observa-mos que durante seus 40 dias depermanência no deserto, Jesussuperou o Diabo pela Palavra deDeus. Mas nós também precisa-mos lembrar que agora é Jesusungido pelo Espírito que manejatão habilmente a Palavra contra

Seu poderoso adversário.

Jesus – O Batizadorno Espírito

Enquanto Jesusainda trabalhava

como carpinteiroem Nazaré,

João Batistasurgia do

deserto ecomeçava

a pregar e a batizar junto ao RioJordão. Fundamental ao chamadode João Batista ao arrependimen-to era o anúncio de que alguémmais poderoso do que ele estavaa caminho. Como o Senhor haviafalado através de Malaquias mui-tas centenas de anos antes, “Eisque eu envio o meu Anjo, que prepa-rará o caminho diante de mim; e derepente, virá ao seu templo o Senhor,a quem vos buscais.” (Mq 3.1).

Cumprindo as profecias doAT, João Batista proclamou avinda do Messias: “E eu em ver-dade, vos batizo com água para oarrependimento; mas aquele que vemapós mim é mais poderoso do que eu;Ele vos batizará com o EspíritoSanto e com fogo.” (Mt 3.11).

A profecia do batismo doMessias no Espírito é tão impor-tante que os quatro evangelistasa colocam no princípio de seuEvangelho, dando “primazia àlição sobre pneumatologia”.O palavreado dos Sinóticos équase idêntico (Mt 3.11; Mc 1.8;Lc 3.16). No Evangelho queescreveu, João Batista relembrarefletidamente e testifica, “aqueleque me enviou para batizar comágua me disse, O homem a quemvocê ver o Espírito descer e repousaré aquele que irá vos batizar com oEspírito Santo.” (Jo 1.32).

É importante perceber que aprática do batismo em água em-pregada por João em seus compa-nheiros judeus era radical e ultra-jante. Embora tivessem muitoscerimoniais de purificação, os ju-deus não eram batizados. Somen-te os gentios que se convertiam àfé judaica eram batizados e mes-mo assim não totalmente nessepadrão. Profeticamente, os líde-res judeus recusaram o batismode João. Mas tão radical quanto obatismo de João Batista, a ativi-dade de Jesus de batizar no

Espírito é para ser ainda maisradical e significativa.

O poder da metáfora batismalé convincente. O verbo batizar ébaptizo, derivado do verbo bapto,que denota uma imersão comple-ta como de um pedaço de panoem um tanque de tinta ou deuma pessoa em água. O batismode João indicava uma total reori-entação de vida, em que a pessoaconfessava e abandonava seuspecados na expectativa do Messi-as vindouro. Mas rispidamentecontrastado com o batismo emágua de João, o batismo do Mes-sias no Espírito era para ser aindamais definitivo e transformador.

Com essa introdução de talmaneira forçada do batismo noEspírito prometido em Jesus,especialmente dentro do contex-to mais amplo da profecia do ATe cumprimento do NT, pareceque a teologia cristã histórica fezpouco caso disso e emula a lin-guagem para fazer o batismo noEspírito Santo falar somente daconversão ou, em alguns casos,da experiência de santificaçãodos crentes.

O Espírito no Ministério de JesusA vinda do espírito provocouuma diferença dramática na vidade Jesus. Lucas vividamente sa-lientou a mudança. “Jesus voltoua Galileia no poder do Espírito, e asnotícias sobre Ele se espalhavam portodo o campo.” (Lc 4.14). Em con-sequência disso, Jesus começouum estarrecedor ministério deensino, pregação, cura e expulsãode demônios. Seus antigos vizi-nhos em Nazaré ficaram aturdi-dos com a mudança em seu “faz-tudo” de antes. As pessoas esta-vam tão maravilhadas que per-guntavam, “O que é isso?” Umnovo ensinamento – e com auto-ridade! Ele ordena e os espíritos

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Batismo no Espírito Santo: A Vida e o Ministério de Jesus (Cont. da p. 29)

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malignos os obedecem (Mc 1.27).Incidentalmente, com relação aosexorcismos, não há indícios deque espíritos malignos reconhe-cessem Jesus antes da Sua Unçãono Espírito ou de que Ele osexpulsasse. Depois disso, tornou-se uma ocorrência comum.

Às vezes é erroneamente assu-mido que Jesus desempenhouSeu ministério no poder de Suadivindade. Para sermos exatos,nós não podemos esquadrinhar ainteração entre a natureza huma-na e a divina de Jesus. Sua divin-dade parece de fato resplandecerna Transfiguração, por exemplo,e está certamente envolvida emSua remissão dos pecados.

Alguns veriam sua divindadeem operação também em seusmilagres na natureza, como oacalmar o mar. Mas ao longo dosEvangelhos, nós também temoso testemunho de Paulo, “sendoem forma de Deus , não teve [Jesus]por usurpação ser igual a Deus, masa si mesmo se [kenoo] esvaziou[tornando-Se nada], tomandoforma de servo... fazendo-se seme-lhante aos homens.” (Fp 2.6,7).“Esvaziou-se” é a tradução literaldo verbo grego kenoo. Mas nãodevemos assumir que o Filho deDeus ao encanar, “esvaziou-se” deSua divindade, como alguns an-tigos eruditos erroneamente en-sinavam. Deus não pode deixarde ser Deus. O que Paulo parecequerer dizer é que o Filho deDeus, ao assumir a carne huma-na, voluntária e propositadamen-te limitou o uso de Seus atributosdivinos para viver e servir comoum ser humano.

A estrutura narrativa dosEvangelhos, assim como as pró-prias palavras de Jesus, atesta Suadependência do poder do Espíri-to. Lembremos que não há mi-nistério messiânico da parte de

Jesus antes da vinda do Espíritoem Seu batismo.

Em meio aos conflitos deJesus com os fariseus, Mateusinseriu uma outra profecia deIsaías, “Aqui esta meu servo, queescolhi, o meu amado, e quem aminha alma se compraz. Porei sobreele o meu Espírito, e anunciarájuízo aos gentios.” (Mt 12.18,citando Is 42.1-4). Como nãopodiam negar o poder de Jesusde curar e expulsar demônios, osfariseus alegavam que Seu poderprovinha de Belzebu, o príncipedos demônios. Em uma respostacontundente, Jesus indicou oEspírito de Deus como a fontede Seu poder (Mt 12.28).

Tão radical quanto obatismo de João Batista,a atividade de Jesus de

batizar no Espírito é paraser ainda mais radical e

significativa.

Lucas indica em sua narrativasobre a volta dos 72 discípulosque Jesus vivenciava intimidadepessoal com o Espírito. Quandoouviu seus relatos, “Senhor, peloteu nome até os demônios se nos sub-metem” (Lc 10.17), Jesus parecequase triunfante. “Naquela mesmahora alegrou-se Jesus no EspíritoSanto e disse: Graças te dou ó Pai,Senhor do céu e da terra, que escon-deste estas coisas aos sábios e inteli-gentes, e as revelaste às criancinhas.Assim é, ó Pai, porque assim teaprouve.” (Lc 10.21).

Os Ensinamentos de Jesussobre o Espírito, nos SinóticosOs escritores sinóticos, depois dedramaticamente colocarem suapneumatologia do batismo noEspírito no início de seus Evan-gelhos, relatam muito poucosobre os ensinamentos de Jesus a

respeito do Espírito. Lucas regis-tra que, enquanto ensinava sobrecomo orar, Jesus disse que assimcomo os humanos dão bonspresentes para seus filhos, o Paique está no céu dará o EspíritoSanto àqueles que a Ele pedirem(Lc 11.13). Lucas então reiterouisso com seu relato do exorcismoonde as críticas dos judeus insis-tiam que Jesus expulsava demô-nios pelo poder de Belzebu. (vv.14-25; compare Mt 12.22-37).Jesus combatia dizendo que Eleo fazia pelo “dedo de Deus” (v. 20;“Espírito de Deus”, Mt 12.28) eque, assim, o Reino de Deushavia chegado (Lc 11.14-26). Odesenvolvimento de Lucas dessapassagem em seu contexto pare-ce indicar que o “bom presente”do Espírito pode bem vir após aconversão e com as obras depoder carismático.

Há também outras duas passa-gens de Lucas onde Jesus pro-mete sabedoria e discurso caris-mático. Em Lucas 12.12, Ele falaaos discípulos que, sob ameaçadas cortes, que eles não devemestar ansiosos pois “o EspíritoSanto irá vos ensinar na hora certao que deverão dizer.”. E, seme-lhantemente em Lucas 21.15,Jesus promete mais uma vez quequando os discípulos estiveremdiante dos magistrados: “Eu vosdarei boca e sabedoria (suposta-mente pelo Espírito, assim comoem 12.12) a que não poderãoresistir nem contradizer todos os quese vos opuserem.”.

As narrativas de Lucas após aressurreição são particularmentesignificativas. “Envio sobre vos apromessa de meu Pai; mas ficai nacidade, até que do alto sejais revesti-dos de poder.” (Lc 24.49). Qual-quer dúvida sobre a natureza dapromessa do Pai é rapidamentesolucionada na introdução de

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Lucasa Atos, onde ele

novamente cita Jesus, “Não vosausenteis de Jerusalém, mas esperaia promessa do Pai, a qual, disse ele,de mim ouvistes. Pois João batizoucom água, mas vós sereis batizadoscom o Espírito Santo.” (At 1.4,5).Lucas estruturou sua narrativacuidadosamente para mostrarque Jesus encerrou Seu ministé-rio terreno reiterando a promessade João sobre o batismo noEspírito Santo.

Jesus, como batizador noEspírito, estava agora preparadopara dramaticamente imergirSeus seguidores no mesmo Espí-rito que o dera poder ao Seu pró-prio ministério. A natureza caris-mática da promessa do Pai é ine-quívoca. Quando a promessa forcumprida, os discípulos serão “doalto revestidos de poder [dynamis].”

Em Atos 1.8 Jesus disse, “Masrecebereis poder [dynamis], ao des-cer sobre vós o Espírito Santo, esereis minhas testemunhas.”

Pode haver algum questiona-mento de que o batismo no Espí-rito profetizado por João no iníciodo Evangelho de Lucas pretendaretratar uma poderosa visitaçãodo Espírito, que prepare os discí-pulos para um serviço dinâmicocomo testemunha de Cristo. Parainterpretar o batismo no Espírito

como re-generação

(conversão-iniciação) e

assim privá-lode poder caris-

mático é quaseconforme o desen-

volvimento das nar-rativas do Evangelho.

O Ensinamento de Jesus sobreo Espírito no Evangelho de JoãoDe todos os Evangelhos, Joãoapresenta o ensinamento maisabrangente acerca do Espírito.Começando pelo testemunho deJoão, este Evangelho reflete umapneumatologia um pouco maiscompleta e lança luz sobre osensinamentos de Jesus comrelação à obra maior do Espírito.

Geralmente a ênfase de Joãotende a ser mais soteriológica doque carismática e revela nuançasdos ensinamentos de Jesus queos Sinóticos não apresentam. Osdestaques da pneumatologia deJoão brevemente citados são:

• João testificou que, no batis-mo de Jesus, o Espírito desceudo céu sobre Jesus – e permane-ceu sobre Ele (1.32-33).

• Esse evento certifica queJesus é O que batiza com oEspírito Santo (1.33)

• Em Seu diálogo comNicodemos, Jesus indicou queSeus seguidores devem sernascidos do Espírito (3.6,8).

• Deus concede o Espírito aJesus sem limite (3.34).

• É o Espírito quem concedevida (6.63).

• O Espírito não estaria uni-versalmente à disposição dos dis-cípulos e outros seguidores atéque Jesus fosse glorificado (7.39).

• Na glorificação de Jesus edepois, os crentes receberão oEspírito como “fonte de água” que

“jorrarão do interior” deles (7.38)• João revela o Espírito como

o Paracleto que virá para os discí-pulos depois da partida de Jesus,para estar com eles como Confor-tador, Amigo e Advogado parasempre (14.16,26; 15.26; 16.7).

• João revela o Espírito comoEspírito da Verdade que ensinaráos discípulos e os lembrará detudo o que Jesus havia dito(14.17,26; 15.26; 16.13).

• O Espírito provém de am-bos, Pai e Filho (14.26; 15.26).

• O Espírito vem, não comouma autoridade autônoma ouindependente, mas para tornarconhecidas as coisas de Cristo(16.15).

Conferindo grande importân-cia à obra soteriológica do Espíri-to que segue à partida de Jesus, anarrativa de João indica umaculminação dramática. Diferentedos demais Evangelhos, Joãodescreve a repentina aparição doSenhor ressuscitado para dezapóstolos ansiosos que aindaestavam para vê-lO (20.19-22).

Jesus os acalmou com umasaudação de paz e lhes assegurouSua identidade e a realidade deSua ressurreição. “Assim como oPai me enviou eu vos envio”, Eledisse (v. 21). Mas particularmen-te impressionantes são as pala-vras a seguir, “E dizendo issosoprou sobre eles e disse: Recebei oEspírito Santo.” (v. 22). Com essadeclaração, João parece trazer osensinamentos de Jesus sobre oEspírito para um dramáticocumprimento.

Os pentecostais primitivosacreditavam que esse eventofosse o ponto em que os primei-ros discípulos haviam nascido denovo pelo Espírito. Enquantoisso permanece sendo ponto dedebate entre pentecostais e não-pentecostais, parece que nós

Batismo no Espírito Santo: A Vida e o Ministério de Jesus (Cont. da p. 31)

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podemos justificar esta visão.Primeiro, como observado aci-

ma, o Evangelho de João cuida-dosamente dispôs os ensinamen-tos de Jesus acerca do Espíritopara indicar um encontro defini-tivo, culminante e de doação devida com o Santo Espírito após aRessurreição e no final do Evan-gelho. Essa passagem parece sero clímax de tudo que o viera an-tes. Segundo, a linguagem utili-zada é impressionante. O verbogrego para sopro é emphysao, quetem um significado teológicopoderoso na teologia bíblica. Natradução grega do AT (a Septu-aginta) amplamente usada nosdias de Jesus, este verbo é en-contrado em Gênesis 2.7, onde“Deus... soprou-lhe nas narinas (deAdão) o fôlego da vida.”; em 1 Reis17.21, onde Elias se “estendeu”sobre o menino morto e esseretornou a vida; e em Ezequiel37.9, onde Deus ordenou, “Vem...assopra [pneuma] sobre estes mor-tos para que vivam.”

A Morte e Ressurreição deJesus no EspíritoEnquanto os Evangelhos nãodizem nada diretamente sobre aobra do Espírito na morte e naressurreição de Jesus, o maiortestemunho no NT nos ajuda areconhecer que Jesus viveu,morreu e ressuscitou, experimen-tando o poder do Espírito Santo.De acordo com o escritor deHebreus, “Cristo... que pelo Espí-rito eterno se ofereceu a si mesmoimaculado a Deus.” (Hb 9.14).

O NT nunca diz que Cristo selevantou da morte. Normalmen-te, é o Pai (Deus) quem ressusci-tou Jesus da morte. A naturezaprecisa do papel do Espírito naressurreição é incerta e o signifi-cado exato em alguns textos équestionável. Mas a própria natu-

reza da fé trinitariana demanda apresença e a atividade do Espíri-to e muitos textos parecem res-paldar.

O maior testemunho noNT nos ajuda a

reconhecer que Jesusviveu, morreu e

ressuscitou,experimentando o poder

do Espírito Santo.

Em Romanos 1.4, Paulo es-creveu, “(Jesus) foi declaradoFilho de Deus com poder, segundo oEspírito de santidade, pela ressur-reição dos mortos.” Em Romanos8.11, o Santo Espírito é “o Espíri-to que dentre os mortos ressuscitouJesus” e o agente através do qualnossos corpos mortais experi-mentam a ressurreição. Em 1Pe3.18, Cristo “foi morto na carne,mas vivificado pelo Espírito.”

As Implicações da Experiên-cia e dos Ensinos de Jesussobre o Espírito SantoNosso propósito nessa série deartigos é mostrar que a doutrinapentecostal clássica do batismono Espírito está profundamentearraigada no circuito completo dahistória redentora tanto no decor-rer do AT quanto do NT. As nar-rativas do Evangelho contribuemcom um número de insights rele-vantes para o nosso entendimen-to sobre o batismo no Espírito.

• Jesus obviamente teve umaexperiência de habitação doEspírito Santo desde o momentode sua concepção.

• A descida do Espírito sobreJesus após Seu batismo em águas

propiciou uma nova experiênciado Espírito, uma dotação caris-mática, que conferiu-Lhe poderpara o Seu ministério.

• Foi o Espírito que capacitouJesus a cumprir Seu ministériode pregação, ensino e obras mila-grosas. O texto bíblico não res-palda a crença de que Jesus ope-rava Sua obra através do poder deSua divindade.

• Em Seus ensinamentos,Jesus certamente associou oEspírito Santo ao novo nasci-mento, embora nunca Se refiraao novo nascimento como um“batismo no Espírito Santo”.

• Nós podemos considerar deextrema importância o fato deque o sopro de Jesus sobre osapóstolos após a ressurreição po-de muito bem ser a experiênciadeles de novo nascimento queseria então anterior ou separadade seu batismo no Espírito no diade Pentecostes (embora a doutri-na pentecostal do batismo noEspírito Santo não resida somen-te nesta conclusão).

• A única referência de Jesusao batismo no Espírito Santo aidentifica como batismo de poderque irá capacitar os discípulos aserem Suas testemunhas eficazes.Jesus nunca identificou o batis-mo no Espírito com o novo nas-cimento que advém do Espírito.

A experiência de Jesus com oEspírito, assim como Seus ensi-namentos sobre a pessoa e obrado Espírito fornece dados cru-ciais que se somam às do AT ede Atos, como também as Epís-tolas, à medida que formulamosuma doutrina bíblica do batismono Espírito Santo.

EDGARD R. LEE, S.T.DDeão Acadêmico Emérito e Professor Sênior deFormação Espiritual e Teologia Pastoral doSeminário Teológico das Assembleias de Deus – AGTSSpringfield, Missouri (EUA)

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TIM ENLOEDe Wichita, KS (EUA) é um evangelista itinerante que viajapor todos os EUA e exterior, pregando e ensinando sobre oEspírito Santo.

Enriquecimento Teológico

Eu jamais vou esquecer aque-le entardecer perfumado deAgosto, quando encontrei

Jesus como meu batizador no Es-pírito Santo. Embora não estives-se completamente consciente dopor quê queria aquele apodera-mento, eu tinha um desejo que meimpulsionava a experimentá-lo.Assim que comecei a pronunciarmeu discurso em Sua direção, umanova era em minha jovem vida es-piritual teve início. E os vários diasque se seguiram revelaram as pos-sibilidades agora disponíveis paramim – assim como as novas res-ponsabilidades que agora se espe-ravam de mim – uma vez que eulevava alguém para o Senhor etestemunhava a cura enquanto ora-va por outrem. A porta para o mi-

nistério sobrenatural estava aber-ta.

O ministério sobrenatural esti-mula a expansão do Reino no NT.Eu não consigo imaginar um mi-nistério que não deseje experi-mentar e realizar aspectos sobre-naturais deste chamado feito porDeus. Talvez até mesmo pastoresradicais, de colarinho rijo, adorari-am uma visitação de poder da par-te do Santo Espírito – mesmo queisso flexibilizasse sua estrutura te-ológica.

Como você pode ler os Evan-gelhos e o Livro de Atos sem sen-

tir a barriga roncar de fome de umministério sobrenatural? Andarpelas estradas empoeiradas com osouvidos ao alcance dos ensinos eos olhos ao alcance dos milagres deCristo arruinaria até mesmo o cren-te mais preguiçoso.

O conceito de Jesus como nos-so Modelo para um ministério como poder do Espírito Santo precisaser reexaminado. Se Ele operou osobrenatural e nos disse para seguí--lO operando também, por que nósnão o estamos fazendo? Dentrodesta pergunta há outras pergun-tas.

Jesus, o Ungido:Nosso Exemplo para um Ministério SobrenaturalPOR TIM ENLOE

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1. Comopodemos

seguir Jesuscomo Modelo se Ele é

divino e nós não?Jesus operou milagres puramentefora de Sua divindade (como o Fi-lho eterno) ou havia algum outrofator em questão? A Escritura éclara. Como o messiânico homemde Deus, Ele nunca estaria desti-tuído de Sua divindade (Cl 2.9),mas operaria sob os auspícios daunção do Espírito.

Lucas 4 registra o cumprimen-to da profecia de Isaías: “O Espíri-to do Senhor é sobre mim, pois que meungiu” (Lc 4.18ss; Is 61.1). O após-tolo Pedro revelava a pneumato-logia cristológica de Jesus quandoensinava os cesarianos que “Deusungiu Jesus de Nazaré com o EspíritoSanto e poder, e em como ele fez o beme curou a todos aqueles que estavamsobre o domínio maligno, porque Deusestava com Ele.” (At 10.38).

Jesus operou sob os auspícios dacapacitação do Espírito – não por-que Sua divindade fosse insufici-ente, mas porque, como nossoExemplo, Ele precisaria nos con-duzir por caminhos que consegui-ríamos trilhar. Sua promessa de po-der advindo com o batismo no Es-pírito Santo (At 1.8) nos permiti-ria operar em reinos não acessíveisa um mero ser humano.

A promessa de “operar coisasmaiores” (Jo 14.12, VKJ) mantevemuitos ministros até tarde da noi-te em introspecção. Jesus falou-nossobre “coisas maiores”, mas comopodem principiantes terrenos es-perar que isso aconteça? Falemossobre ser subqualificado. No con-

texto das palavras deCristo, Ele falou sobre o emi-

nente envio do Espírito Santo – omesmo Espírito que descera sobreele em Seu batismo no Rio Jordão– para conceder poder aos crentes.

Mais que uma oportunidadepara foto trinitariana, o batismo deJesus e a subsequente descida doEspírito Santo – juntamente coma expressão audível da aprovaçãodo Pai – deveria falar muito sobreo processo de nossa busca pessoalpelo ministério sobrenatural.

Jesus não precisava de perdãopara pecados pessoais nem do po-der do Espírito Santo para capaci-tar à fraqueza pessoal, mas sim paranos servir de exemplo. Ele aten-deu à vontade do Pai passo a pas-so, preparando o caminho que nós– que desesperadamente precisa-mos de perdão e poder – podería-mos trilhar.

A descida do Espírito Santo so-bre Jesus em Seu batismo estabe-leceu uma outra faceta do padrãoque devemos seguir, pois, imedi-atamente depois, Lucas registraque Jesus estava “cheio” do Espíri-to (Lc 4.1).

A confiança de Cristo no poderdo Espírito Santo fala sobre nossadesesperada necessidade de ser-mos batizados no Espírito e “chei-os” de poder sobrenatural queadvém com ele.

Nós podemos seguir o exemplode Cristo como nosso Modelo deministério porque, como Ele, nóspodemos experimentar e confiarno poder do Espírito Santo.

2. De quemaneiras podemos seguirJesus, o Ungido, como nossomaior Exemplo?No comissionamento do ministé-rio messiânico de Jesus em Lucas4, encontramos duas áreas genera-lizadas de expectativa sobrenatu-ral: o poder do Espírito nos discur-sos e nas ações. O ministério depregação/ensino/profecia de Jesusexemplifica para nós o discursosobrenatural e com poder do Es-pírito. Os sinóticos revelam a ad-

miração da multidão à medida quese maravilhava com a autoridade eo poder das palavras faladas deCristo (Mt 7.29; Mc 1.22; Lc 4.32).Do mesmo modo, o Espírito San-to mostrou Seu poder nas ações so-brenaturais de cura, exorcismo emilagres (Mt 9.8; 15.31; Mc 1.27;Lc 4.36). Esses atos chamavam aatenção para a pessoa e para a men-sagem de Jesus.

A continuidade desse padrão seestende a nós. Embora Jesus, oModelo divino, tenha o Espírito“sem medida” (Jo 3.34), vemos otrabalhar do nosso batismo no Es-pírito abrindo as mesmas portaspara nós. Atos 1.8 delineia o pro-cedimento: primeiro, recebendopoder, e, segundo, sendo testemu-nhas; uma experiência profetica-mente de comissionamento e po-der trilhada por um ministério pro-fético e com poder.

Observemos que imediatamen-te depois do derramamento inicialno Pentecostes, Pedro declara queJesus é o Cristo com tamanho po-

O ministério de pregação/ensino/profecia de Jesusexemplifica para nós o discurso sobrenatural e

com poder do Espírito.

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der queas pessoas são

“compungidas pelo co-ração” (At 2.37). Compa-

re com a reação anterior daspessoas às palavras de Cristo. En-

tão o capítulo 3 mostra Pedro eJoão demonstrando não um discur-so com poder do Espírito, mas tam-bém atos cheios de poder, como ocoxo publicamente restaurado pró-ximo à Porta Formosa. Lucas querque seus leitores vejam que os se-guidores de Cristo cum-priram o padrão do mi-nistério de Cristo: dis-curso cheio do espíritoe fatos cheios do Espí-rito após o batismo noEspírito. Receber e darsão os selos da experiência de ba-tismo no Espírito.

3. Como os ministros podem ter asegurança de que o sobrenaturalirá acontecer através de nós?Podemos ter recebido o batismo noEspírito anos atrás e resultado emum evento ministerial sobrenatu-ral ocasional ao longo do caminho.Mas como podemos seguramentesubir ao nível de uma experiência,dependência e obediência maioreshoje? Nós geralmente baseamos asrespostas para essa pergunta emnossos medos e na consciência denossas fraquezas. Simplesmente,em geral conseguimos testificarque a Pomba desceu sobre nós nobatismo do Espírito, mas o medoainda espreita em algum lugar den-tro de nós. Podemos facilmente serparalisados pelos nossos medos.

Então quais os maiores medosque minam nossa segurança? Pro-vavelmente os dois mais consisten-

tes que enfrentamos no mi-nistério sobrenatural são o medo deque nada irá acontecer e o medo deque iremos, de algum modo, estragaro processo devido à nossa inexpe-riência ou inaptidão.

Devemos superar esses medospelo Espírito, pela Palavra e pelaoração. Nenhum tipo de torcida ouagito pode nos fazer despertar des-sa prisão de medo. Somente des-pendendo um tempo extra mergu-lhado na voz (particularmente deEvangelhos e Atos) e a presençade Deus podem restabelecer o

conceito do que a vida sobrenatu-ral normal de fato se parece. Nãoexiste nenhum curso, centro mi-nisterial ou doação para uma casade oração que possa garantir umcrescimento verdadeiro da nossa fée do nível de unção; no entanto,uma simples imersão na Palavra ea presença de Deus podem reno-var nossas expectativas. As Escri-turas testificam que “a fé vem pelapregação, e a pregação, pela palavrade Cristo.” (Rm 10.17, ARA) . Nóspodemos construir nossa fé atravésdo “orando no Espírito Santo.” (Jdv. 20).

Quando nós amenizamos estemedo com as Escrituras, oração epresença de Deus, um constrangi-mento santo pode nos consumir aoponto da obediência – não impor-ta que resultados possam parecerque sejam. Eu não estou defen-dendo uma abordagem impruden-te ou cavalheiresca, mas viver naspalavras e na presença de Jesus, o

Ungido, enche--nos de segurança. Muitostêm, presunçosamente, tentadotrilhar no sobrenatural sem umcompromisso forte com a Palavra,com a oração e com a presença deDeus; e, como os 7 filhos de Ceva,seus ministérios estão sendo des-viados pela busca de ataduras efolhas de figo. Certamente dor ehumilhação são produtos garanti-dos da presunção dissociada.

Se nós estivermos verdadeira-mente focados em nosso Exemplodivino, Jesus, o Ungido, e estiver-

mos comprometidosem cumprir Sua missãodelegada, as ferramen-tas do poder sobrenatu-ral do discurso e dos fa-tos com poder do Espí-rito irão da mesma for-

ma mexer com a nossa vida. Essefoco sobre Jesus e a linha da vidade oração, a presença de Deus e aPalavra nos protegerão da impetu-osidade natural, da presunção e doorgulho.

Minha experiência do batismono Espírito Santo seguido de ação– receber e ser – mudou minha tra-jetória espiritual, alinhando minhavida de forma mais próxima aoexemplo de Cristo. Mas, talvezvocê, assim como eu, tenha nota-do que nossas experiências histó-ricas podem gerar memórias ma-ravilhosas que causem menos im-pacto à medida que o relógio gira.

Por que não se juntar a mim emuma nova busca por Jesus, o Ungi-do, em oração, estudo da Palavra,e tempo na presença do Espírito?

As Escrituras são claras. O mo-tivo de o Espírito Santo descer so-bre nós é nos ungir para o ministé-rio sobrenatural, recebendo podere sendo testemunhas (At 1.8).

Não existe nenhum curso, centro ministerialou doação para uma casa de oração que

possa garantir um crescimento verdadeiroda nossa fé e do nível de unção.

Jesus, o Ungido: nosso Exemplo para um Ministério Sobrenatural (Cont. da pág. 35)