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O S D ONS D O E SPIRITO S ANTO Ademir Ifanger “A manifestação do espírito é concedida à cada um, visando um fim proveitoso” (1 Co 12.7)

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OS DONS DO

ESPIRITO SANTO

Ademir Ifanger

“A manifestação do espírito é concedida à cada um, visando um fim proveitoso”

(1 Co 12.7)

Página 2 | Os Dons do Espírito Santo

Índice analítico

1 Princípios Bíblicos de Operação dos Dons Espirituais

06

1. Direção do Espírito Santo 07

2. O Senhorio de Jesus Cristo 07

3. Ter um Espírito Serviçal 07

4. É um Trabalho da Trindade 08

5. Finalidade Proveitosa 08

6. A Soberania do Espírito Santo e a Responsabilidade Humana 09

7. O Amor Como Virtude Direcionadora 09

2 Controle e Julgamento dos Dons Espirituais

11

1. A Natureza Espiritual dos Dons Espirituais 12

2. Contrafações, Enganos e Abusos 12

3. Sujeição à Direção e Governo da Igreja 12

4. Julgamento Sadio da Congregação 12

5. Sujeição a Palavra Escrita 13

3 Os Dons Espirituais Catalogados

15

1. Dons de Revelação 16

2. Dons de Poder 17

3. Dons de Inspiração 17

4. Sabedoria, fé e profecia, são gêneros de seus respectivos grupos 17 4 Compreendendo os Dons Espirituais

18

1. A Palavra de Sabedoria 19

2. A Palavra de Conhecimento 22

3. O Discernimento de Espíritos 24

Página 3 | Os Dons do Espírito Santo

4. O Dom de Fé 26

5. O Dons de Curar 27

6. O Dom de Operação de Milagres 29

7. O Dom de Profecia 31

8. O Dom de Variedade de Línguas 36

9. O Dom de Interpretação de Línguas 37

Conclusão 38

Página 4 | Os Dons do Espírito Santo

Introdução O texto básico do presente estudo é o capítulo 12 da 1ª carta aos coríntios, onde Paulo trata do assunto de forma sistematizada, mostrando a relevância dos dons espirituais, como necessários a edificação da igreja. Dividimos o tema geral em quatro subtemas: 1. Princípios bíblicos de operação dos dons espirituais; 2. Controle e julgamento dos dons espirituais; 3. Os dons espirituais catalogados e, 4. Compreendendo os dons espirituais. A palavra chave para nossa compreensão acerca dos dons espirituais é “Edificação” conforme lemos em 1ª Co 14.26:

“Seja tudo feito para edificação.”

Não é nossa intenção ou pretensão, exaurir toda a compreensão ou revelação acerca dos dons espirituais, nem mesmo tentar eliminar as tensões tão conhecidas no âmbito da liturgia ou doutrina das igrejas.

A reflexão teológica séria, se faz necessária para validar a experiência, mas as duas coisas nem sempre são automáticas e por esta razão, o assunto tem sido abordado com parcialidade, quer no campo da teologia ou da experiência. O que entretanto deve ficar muito claro para todos é a validade, o propósito, a eficácia e o “modus operandi” dos dons espirituais, tão claramente ensinados por Paulo nos capítulos 12, 13 e 14 de sua 1ª carta aos Coríntios. Nosso objetivo é dentro desta compreensão paulina, encontrar caminhos para corrigir os abusos e desfazer as contrafações humanas e demoníacas respectivamente.

“A respeito dos dons espirituais, não quero irmãos, que sejais ignorantes.” (1ª Co 12.1).

1

1. Texto em grego de 1 Co 12.1

Página 5 | Os Dons do Espírito Santo

A palavra no original /agnoein, significa: Não conhecer, ignorar, não saber, não consegue compreender, não aceita. A nosso ver, isto pode acontecer sob quatro aspectos:

1. Negando a validade e eficácia dos dons espirituais como necessários a edificação da igreja;

2. Não sabendo nada acerca dos mesmos por falta de revelação ou experiência;

3. Não conhecendo seu “modus operandi” isto é, funcionamento no corpo e,

4. Não tendo revelação do propósito para o qual eles existem e se expressam no corpo de Cristo.

Tendo em mente estes aspectos, vamos tratar do tema conhecendo nossas limitações, porém confiando no Espírito Santo, o maior interessado em elucidar as questões que por ventura duvidosas, possam confundir ou trazer dissensões ao corpo de Cristo.

Princípios Bíblicos de Operação dos Dons Espirituais

1

Página 7 | Princípios Bíblicos de Operação dos Dons Espirituais

1. A DIREÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

“Sabeis que, outrora, quando éreis gentios. deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados...” (1ª Co 12.2).

O Espírito Santo é uma pessoa. Os dons espirituais não podem ser considerados como experiências místicas dissociadas desta verdade. Sendo uma pessoa, quer nos conduzir propositalmente. As experiências não são validas em si mesmas. Paulo apela para a experiência dos coríntios anterior a conversão, quando se deixavam conduzir aos ídolos mudos. Por detrás daquela situação havia uma entidade espiritual, denominada de “príncipe da potestade do ar” em Ef 2.2. Portanto, o princípio não é buscar uma experiência. Isto pode ser perigoso, porquanto sujeita-nos a engano. Precisamos ter comunhão com a pessoa do Espírito Santo e aceitar sua direção (Cf. Jo 16.13 e Rm 8, 14 e 16).

2. O SENHORIO DE JESUS CRISTO

“Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.” (1ª Co 12.3).

A obra do Espírito Santo é glorificar Jesus (Jo 16.14-15). Jesus glorificado, foi o testemunho de Pedro no dia de pentecostes (At 2.31-36). O Espírito Santo foi concedido para o testemunho de Jesus (At 1.8). O testemunho de Jesus é o Espírito da profecia (Ap 19.10). A referência de Paulo: “... ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.” Quer significar a impossibilidade de adorar Jesus, reconhecer Seu senhorio, sem a ação do Espírito Santo.

3. TER UM ESPÍRITO SERVIÇAL

“E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo.” (1ª Co 12.5). Os dons (carismas) do Espírito aqui se expressam como serviços que

realizamos no Senhor. Se estamos sujeitos à Cristo, o Espírito Santos nos

concede dons para o serviço. O amor e fidelidade devem ser a mola

propulsora de nossas ações (1ª Co 13.1-8 e 1ª Pe 4.10).

Página 8 | Princípios Bíblicos de Operação dos Dons Espirituais

4. É UM TRABALHO DA TRINDADE

“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.” (1ª Co 12.4-6).

Comumente, a ênfase do Espírito Santo não vem associada ao Pai e ao filho, na operação dos dons espirituais. Isto pode nos desviar do propósito para o qual os dons são concedidos à igreja. O papel da trindade:

Os dons estão no Espírito Santo (1ª Co 12.4);

Os dons se expressam como serviços no Filho (1ª Co 12.5) e,

Ambos, dons e serviços, são realizações do Pai que opera tudo em todos (1ª Co 12.6, comparar com Ef 4.1-6).

5. FINALIDADE PROVEITOSA

“A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.” (1ª Co 12.7). Finalidade se refere ao propósito da operação dos dons espirituais, enquanto que proveito faz alusão a eficácia, isto é, o resultado benéfico da operação. A finalidade é a edificação da igreja. O proveito é a realização desta edificação pela manifestação dos dons espirituais. Exemplos:

Todos os membros são valorizados, inclusive aqueles que parecem de menor importância, como necessários ao corpo. Desta maneira, os dons são concedidos à igreja para trabalho cooperativo interdependente, para que não haja divisão no corpo (1ª Co 12.25);

O fim proveitoso é a edificação, exortação e consolo produzidos pela profecia (1ª Co 14.3-5);

Edificação pessoal como eficácia do falar em línguas (1ª Co 14.4);

Edificação da igreja como resultado da profecia e do dom de falar em outras línguas com interpretação (1ª Co 14.5);

Os dons espirituais para edificação da igreja (1ª Co 14.12);

Os dons manifestados para edificação (1ª Co 14.26);

Consolo e aprendizado como resultados da profecia (1ª Co 14.31).

Página 9 | Princípios Bíblicos de Operação dos Dons Espirituais

6. A SOBERANIA DO ESPIRITO SANTO E A RESPONSABILIDADE HUMANA

“Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.” (1ª Co 12.11).

Como lhe apraz, indica soberania do Espírito Santo. Este aprendizado, entretanto, não é unilateral. Está estreitamente ligado a nossa consagração (Cf. 1ª Co 14.1 e 14.12). Quando temos zelo, espírito de serviço e finalidade de ajudar na edificação da igreja, nos colocamos como instrumentos de escolha do Espírito Santo.

7. O AMOR COMO VIRTUDE DIRECIONADORA DA OPERAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

“... E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente.” (1ª Co 12.31).

O caminho sobremodo excelente é o amor como virtude direcionadora da operação dos dons espirituais (1ª Co 13.1-8). Os dons são manifestações do Espírito Santo. O canal, porém, se não for impulsionado pelo amor nada é (1ª Co 13.1-3). “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.” (2ª Tm 1.7). Esta seqüência vemos também na carta a Coríntios:

Capítulo 12: Manifestação dos dons espirituais, equivalem a poder; Capítulo 13: O amor como virtude direcionadora e, Capítulo 14: Ordem e decência para edificação, se refere a edificação.

As qualificações do amor, como fruto do Espírito (Gl 5.22-23), tornam as manifestações do Espírito Santo em ministérios (serviços). Trazem o equilíbrio necessário, para que os mesmos se expressem para edificação da igreja. Em todo o capítulo 14 da 1ª carta aos Coríntios, Paulo apela para a necessidade de ordem e decência no culto público:

1. Para edificação da igreja (1ª Co 14.4);

2. Para não escandalizar os incrédulos (1ª Co 14.23);

3. Para compreensão inteligente (1ª Co 14.2, 6-11) e,

4. Desenvolver sensibilidade à operação do Espírito Santo (1º Co 14.26-33).

Página 10 | Princípios Bíblicos de Operação dos Dons Espirituais

Ordem e decência todavia, não se refere a liturgia planificada pelo homem. O assunto diz respeito à finalidade da operação dos dons espirituais, não na negação dos mesmos, como pretendem alguns, inclusive na própria igreja de Corinto no que se refere ao dom de falar em línguas (“Portanto, meus irmãos, procurai com zelo o dom de profetizar e não proibais o falar em outras línguas.” 1ª Co 14.39) como também em Tessalônica com respeito a profecias (Cf. 1ª Ts 5.19-21). As qualidades inerentes ao amor tais como: Paciência; Benignidade; Desprendimento servil; Singeleza; Simplicidade; Humildade; Mansidão; Retidão; Credulidade; e, Esperança Que vê possibilidade nos outros (1ª Co 13.4-7), dignificam os instrumentos de

operação dos dons, porquanto são reconhecidos por Deus (1ª Co 13.1-3). De

nada adianta religiosidade, quer na sua forma espetacular mística (1ª Co 13.1-

2) ou em obras (1ª Co 13.3), se em nosso coração agasalhamos ciúmes,

ufanismo, orgulho, egoísmo, ira, ressentimento e injustiça (1ª Co 13.4-6). O

capítulo 14 da Carta aos Coríntios só pode ser realidade na vida da igreja

quando houver perfeita interação entre os capítulos 12 e 13 da mesma carta.

Não é mera coincidência que o capítulo 15 discorre sobre a ressurreição, cujo

poder Paulo almejava conhecer em plenitude (Fp 3.9-11).

Concluindo, o alvo é a edificação da igreja. O amor é a chave para esta edificação. Os dons são as ferramentas, o equipamento que Deus nos concede para realização do alvo pretendido.

Controle e Julgamento dos Dons Espirituais

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Página 12 | Controle e Julgamento dos Dons Espirituais

1. A NATUREZA ESPIRITUAL DOS DONS ESPIRITUAIS

A palavra grega para manifestação é φανέρωσις / phanerōsis. Traz uma idéia de fantasma, o que indica a natureza espiritual, não intelectual ou psíquica dos dons do Espírito Santo. Neste caso, o coração, a mente, os sentidos e órgãos do corpo são carnais através dos quais os dons se tornam audíveis, se mostram, isto é, se manifestam. É errôneo portanto, pensar que os dons possam ser adquiridos mediante esforço ou atividade humana, tais como estudos, pesquisas, treinamento, premonição natural, etc. Os dons são capacitações espirituais que se encontram na pessoa do Espírito Santo e se expressam como dons à igreja para sua edificação. Precisamos, pois, estar alertas quanto à metodologias humanas querendo canalizar os dons do Espírito Santo. Neste campo nos sujeitamos às contrafações, enganos e abusos, que serão objetos de estudo do ponto seguinte.

2. CONTRAFAÇÕES, ENGANOS E ABUSOS

O Espírito Santo se manifesta através de vasos imperfeitos (1ª Co 13.9-12). Precisamos ser humildes para reconhecer nossas limitações. Os abusos precisam ser evitados (1ª Co 14.23-39 e 1ª Ts 5.19-22). As contrafações existem:

Através do espírito humano (Jr 23.16-17, 26 e Ez 13.2, 17). Através de espíritos malignos (1ª Sm 18.8-10; 1ª Rs 22.21-24; At 16.16-18;

1ª Tm 4.1 e 1ª Jo 4.1-6).

3. SUJEIÇÃO À DIREÇÃO E GOVERNO DA IGREJA

Os ministérios foram dotados para a edificação da igreja (Ef 4.11-15). A obediência aos guias, é uma referencia a totalidade da vida cristã engajada na obra de Deus, incluindo os dons espirituais (Hb 13.7, 9 e 17). Os dons de direção e governo da igreja estão sendo guiados pelo mesmo Espírito que concede dons para a edificação do corpo como um todo (Ef 4.11-16 e Cl 2.19).

4. JULGAMENTO SADIO DA CONGREGAÇÃO

Não obstante, os dons espirituais não se manifestarem exclusivamente nas

Página 13 | Controle e Julgamento dos Dons Espirituais

reuniões, o capítulo 14 de 1ª Coríntios trata do assunto dentro deste contexto (1ª Co 14.1).

“No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete. Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus.” (1 Co 14.27-28). Este texto traz a idéia de origem, a qual implica necessariamente em sujeição, tendo em vista a edificação.

“Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus.” (1 Co 14.7-28). A profecia sujeita a julgamento.

“Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro.” (1 Co 14.30). Neste texto temos o principio de sujeição a direção do Espírito Santo.

Finalmente, sob a sujeição e direção do Espírito Santo, os dons espirituais não devem trazer confusão face a própria natureza de Deus (1 Co 14.33).

5. SUJEIÇÃO À PALAVRA ESCRITA

Um dos maiores problemas relativamente aos dons espirituais é a mistificação. O Espírito Santo nunca opera em desacordo com a palavra escrita. Ele não pode contrariar os princípios e o propósito eterno de Deus nela contidos (Cf. Is 8.20). A lei representa a palavra, enquanto que o testemunho representa o Espírito Santo. Paulo faz uma reivindicação desta natureza quanto à validade de seu ensino (1 Co 14.37). O profeta que tem o testemunho interior, deve reconhecer a palavra de Deus. “Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom.” (1 Ts 5.19-21). Neste texto Paulo recomenda aos tessalonicenses que mantivessem acesas as chamas do Espírito Santo. As profecias não deveriam ser desprezadas por causa dos abusos ou acréscimos. Eles deveriam reter aquilo que era bom, que concordava com a palavra, com a revelação que tinham da pessoa de Jesus Cristo e do propósito eterno de Deus. “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos

Página 14 | Controle e Julgamento dos Dons Espirituais

escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro.” (Ap 22.18-19). A estratégia de satanás não consiste propriamente em negar a verdade, embora também ele o faça. Entretanto sua arma mais eficaz, notadamente na sua luta contra os crentes é tirar ou acrescentar ao conteúdo da palavra de Deus. Quando consegue isto, tira-lhe a pureza e eficácia, abre caminho para enganos que terminam por invalidar a palavra de Deus. Esta artimanha ele utiliza com muita astúcia e propriedade, por exemplo, quando quer diminuir a ênfase sobre a verdade, quando quer aumentá-la pela super ênfase, ou aplicá-la em contextos errados. Deus quer falar de maneira viva ao Seu povo. Os extremos somente conduzem ao legalismo, a libertinagem, ao racionalismo, ao misticismo, ao asceticismo, a religiosidade e tudo mais, que impregnado o coração humano, desviam-no do Senhor e de Sua graça (Cl 2.6-23; Gl 3.1-5; Jd 3-4; 2 Co 10.4-5; Cl 2.8; 2 Co 11.3-4 e 1 Tm 4.1-5). Sujeição à palavra escrita não significa literalismo doentio, senão aos princípios por ela enunciados de acordo com o eterno propósito de Deus. Por exemplo: “No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete.” (1 Co 14.27). O princípio subjacente é a ordem e decência para edificação.

Os Dons Espirituais Catalogados

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Página 16 | Os Dons Espirituais Catalogados

1. OS DONS DE REVELAÇÃO Compreende a capacitação pelo Espírito Santo de saber, conhecer e discernir. As faculdades humanas usadas são:

Intuição → Espírito

Mente → Alma

Cérebro → Corpo

Os dons de revelação são os seguintes:

Palavra de sabedoria;

Palavra de conhecimento e,

Discernimento de espíritos.

A palavra de sabedoria é o maior dom de seu grupo. É necessária a operação de todos os dons espirituais.

DONS DE REVELAÇÃO Sabedoria Conhecimento Discernimento

DONS DE PODER Fé Cura Operação de Milagres

DONS DE INSPIRAÇÃO Profecias Falar em Línguas Interpretação de Línguas

Página 17 | Os Dons Espirituais Catalogados

2. OS DONS DE PODER Compreende a capacitação pelo Espírito Santo de fazer, realizar e agir. As mãos são os instrumentos mais utilizados (At 5.12). Os dons de poder são os seguintes:

Dom de fé;

Dom de operação de milagres e,

Dom de curar.

O dom de fé é o maior de seu grupo.

3. OS DONS DE INSPIRAÇÃO

Compreende a capacitação pelo Espírito Santo de dizer, declarar e falar. As faculdades humanas usadas são a voz, a fala e a boca. Os dons de inspiração são os seguintes:

Dom de profecia;

Dom de variedades de línguas e,

Dom de interpretação de línguas.

O dom de profecia é o maior de seu grupo.

4. SABEDORIA, FÉ E PROFECIA SÃO GENEROS DE SEUS RECEPECTIVOS GRUPOS

A sabedoria pressupõe o conhecimento e percepção. O dom de fé é necessário a operação de milagres e curas.

O dom de profecia se expressa pelo falar, dizer e declarar por inspiração. Neste sentido falar em línguas é uma continuidade da profecia. A interpretação tem efeito de profecia (1 Co 14.5). Exemplo disto, podemos ver em 1 Co 14.27-28, dois ou quando muito três, são autorizados a falar em línguas. A interpretação é uma possibilidade, não uma certeza. Porém, o falar em línguas abre espaço para a profecia e revelação:

“Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem. Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro.

Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados.” (1 Co 14.29-31).

Compreendendo os Dons Espirituais

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Página 19 | Compreendendo os Dons Espirituais

Duas coisas são necessárias a compreensão dos dons do Espírito Santo: Conhecer a palavra de Deus Experiência Esta foi, conforme já foi dito, a reivindicação paulina sobre seu ensino aos coríntios acerca dos dons espirituais: “Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo. E, se alguém o ignorar, será ignorado.” (1 Co 14.37-38). A palavra de Deus é necessária para nortear a experiência. Esta última é necessária para confirmar a palavra (Cf. Mc 16.20 e Hb 2.1-4).

1. A PALAVRA DE SABEDORIA

“Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria...” (1 Co 12.8).

/ logos = palavra

/ sofia = sabedoria

Os intelectuais da antiga Grécia, denominada berço da filosofia (ί/philosofia = + = apego ao saber), buscavam sabedoria (1 Co 1.22). Queriam eles saber a natureza das coisas, as causas determinantes dos fatos, dos acontecimentos, a origem da vida, os princípios e valores que regem a sociedade, etc... Esta sabedoria, entretanto, esta oculta a este mundo (1 Co 1.21 e 1 Co 2.8). A verdadeira sabedoria personificada em Provérbios no capítulo 8, se encarnou na pessoa de Jesus Cristo o logos divino (1 Jo 1.14 e 1 Co 1.30), a resposta de Deus tanto para judeus como para gentios (1 Co 22-24). Deus estabeleceu que pela igreja, Sua multiforme sabedoria se tornasse conhecida aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo Seu eterno propósito na pessoa de Jesus Cristo (Ef 3.10-11). Por isso, se refere ao evangelho como algo que os profetas inquiriram, e que os anjos anelam perscrutar (1 Pe 1.10-12).

2. Texto em Grego de 1Co 12.8

Página 20 | Compreendendo os Dons Espirituais

Desta maneira, quando pensamos na palavra de sabedoria, devemos ter em mente todo o sistema filosófico de Deus centralizado na pessoa de Cristo, repartida entre os membros de seu corpo: a igreja (Ef 1.10; Ef 3.8; Rm 11.33-36; Cl 1.15-17 e Cl 2.1-3). Por este ângulo, a palavra de sabedoria não pode ser obtida através de estudo ou experiência, nem tampouco é um substituto para eles. É uma porção da sabedoria divina comunicada sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. A sabedoria esta relacionada a capacidade se de comunicar pelo procedimento, a natureza e o caráter de Deus (Mt 11.19 e Tg 3.13, 17-18). Consiste no entendimento de princípios, fatos e influências, possibilidades e probabilidades (Pv 1.5; Pv 5.1-2; Pv 8.12 e Ef 1.8, 17). É a aplicação sobrenatural do conhecimento natural dado por Deus. O conhecimento é informação. A sabedoria diz como aplicá-lo em situações concretas. Abrange conhecimento sistemático do passado (Dn 2.7 e 1 Co 11.23), presente (At 10.34) e futuro (Gn 41.16 e 1 Co 15.51). Finalmente, compreende a capacidade espiritual (Cf. Pv 2.1-10) de assimilar, discernir e aplicar o sistema filosófico de Deus, Seu plano, Sua dimensão, Seu propósito, Sua natureza e caráter.

a) Como se manifesta a Palavra de Sabedoria

Intuição espiritual: Ouvir com os ouvidos espirituais a voz do Espírito Santo (At 16.6-8; At 20.22-24 e Gl 2.1-2);

Através de sonhos, visões ou arrebatamentos dos sentidos (At 18.9-10; At 10.1-6, 9-16; At 22.17-21; At 16.9-10 e 2 Co 12.1-4);

Através de voz ou de anjos (1 Rs 19.12-19; At 8.26-29; At 9.10-27 e At 27.21-24) e,

Pela unanimidade do Espírito entre os lideres (At 6.1-6 a escolha dos diáconos). At 15.2, 4, 6, 22, 28 a crise entre judeus e gentios foi resolvida:

→ Através da visão apostólica de Pedro;

→ Pelos resultados do ministério de Paulo;

→ Pela vivificação de uma palavra de sabedoria do V. T. dada a Tiago e,

→ Através da unidade do Espírito entre os apóstolos e presbíteros.

Página 21 | Compreendendo os Dons Espirituais

b) Utilidades da Palavra de Sabedoria

Na operação dos dons espirituais (At 9.34; At 13.8-12; At 14.9; At 16.16-18; Dn 2.30; 2 Sm 5.19, 23, 24; Pv 11.30; At 6.3, 10; 1 Rs 10.1 e Gn 41.33-36);

Para a regência civil de um povo (1 Rs 3.9 e Ec 10.10);

Para resolver problemas doutrinários (1 Co 12.1; At 10.28 e At 15.1-29);

Para pastorear, dar conselhos e direção (1 Rs 12.7-13; 1 Rs 16.6-8 e 1 Rs 19.12-18);

Para percepção profética (At 18.10-11; 2 Rs 8.1-6; At 18.9-10; At 16.25-31 e At 10.9-48);

Para lidar com situações complexas (1 Rs 3.16-28; 2 Sm 12.1-14; Mt 4.1-11; Mt 17.22-27; Mt 22.15-33 e At 23.6-10);

Orar conforme a vontade de Deus (Ef 1.17-19 comparar com Ef 3.20 e 1 Jo 5.13-15);

Discernir dons e ministérios;

Operar milagres (Js 10.12-15);

Orar pelos enfermos e discernir as causas da enfermidade ou antes infundir fé na pessoa enferma (Lc 13.10-13 e At 9.34);

Para aplicar o conhecimento natural e sobrenatural (At 23.6-10, Paulo lidando com os fariseus e saduceus e em 2 Sm 12.1-14, para o conhecimento sobrenatural sobre o pecado de Davi, Natã teve uma palavra de sabedoria para aplicar aquele conhecimento);

Para governar de acordo com a vontade de Deus (1 Rs 3.9; Ef 4.11-16 e Pv 24.3-6) e,

Para testemunhar em situações especiais (Lc 21.15).

Página 22 | Compreendendo os Dons Espirituais

2. A PALAVRA DE CONHECIMENTO

“...e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento...” (1 Co 12.8).

/ logos = palavra

/ gnosis = conhecimento

Palavra de conhecimento, atua mais na área da percepção, ciência e intuição de fatos e informações objetivas, porém fora do alcance da mente humana. É conhecida sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. Não pode ser confundida com habilidade, cultura, erudição humana ou adivinhação, nem algo a ser desenvolvido, porém, manifestado. É comunicação de porção informativa do conhecimento de Deus, acerca de fatos, informações e intenções de forma sobrenatural. É o conhecimento acerca de pessoas, suas vidas, maneiras, problemas, etc... É conhecimento acerca de doenças ou enfermidades ou emocionais, onde fica, o que está fazendo no corpo ou nas almas, quem é e o que está por detrás delas. É a revelação de fatos e informações baseados no perfeito conhecimento de Deus. É a revelação da ciência divina ou percepção nos seus planos, vontade e pensamentos divinos, também nos planos de outros, que o homem não pode conhecer por si mesmo. Se expressa na capacidade sobrenatural dada pelo Espírito Santo e ensinar o povo a aplicar: “o que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça entre vós. Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça.” (2 Co 8.6-7).

a) Como se manifesta a Palavra de Conhecimento

Visão ou sonho (At 10.9-20; Os 12.10; Am 1.11 e Ob 1.1);

3. Texto em grego de 1Co 12.8

Página 23 | Compreendendo os Dons Espirituais

Impressão ou voz do Espírito no íntimo (Rm 8.16; Jo 14.26; At 10.19 e Jo 16.13-14);

Voz audível ou de anjos (Ez 43.6; At 10.13-20; At 27.22-26; At 8.26 e At 10.1-6);

Verificação nas escrituras (Sl 119.18; At 1.15-23 e At 15.13-21) e,

Através de experiências ao falar, aconselhar, escrever ou orar uns pelos outros.

Nota: O dom de palavra de conhecimento embora não seja primeiramente para interpretar as escrituras, também funciona nesta área. Em 1 Co 13.6, Paulo parece ligar o dom da palavra de conhecimento e a profecia com o entendimento dos mistérios divinos (Cf. Ef 1.19 e Ef 3.3-4).

b) Exemplos Bíblicos da Palavra de Conhecimento

Jo 11.11-14 - Jesus sabia da morte de Lázaro, seu amigo;

Jo 4.17-18 - Jesus revela a vida íntima da mulher samaritana;

Jo 1.48 - Jesus viu Natanael debaixo de uma figueira antes mesmo de ser seu discípulo;

Gn 40.5-19 - José revela os sonhos do copeiro e do padeiro chefe;

Gn 41.1-36 - José revela o sonho de Faraó: A fome que durante sete anos viria sobre a terra e a solução para o problema (conhecimento e sabedoria funcionando juntos);

1 Sm 3.11-14 - O julgamento iminente do sacerdote Eli e seus filhos;

1 Sm 8.6-18 - Deus revela acerca da conduta do rei vindouro;

1 Rs 19.18 - Elias fica sabendo sobre os 7.000 homens que não dobraram seus joelhos a Baal;

1 Sm 13.14 - A remoção da dinastia de Saul;

1 Rs 6.8 - Eliseu conheceu as palavras do rei quando ainda proferidas na câmara;

2 Sm 12.1-7 - Natã conhecia acerca do pecado de Davi;

2 Rs 6.8-12 - Eliseu sabia onde se encontrava o exército sírio e assim informou ao rei de Israel;

Página 24 | Compreendendo os Dons Espirituais

2 Rs 5.26 - Eliseu soube do pecado de Geazi;

Dn 2.19-45 - O sonho de Nabucodonosor foi interpretado por Daniel;

At 5.1-11 - Pedro recebeu o conhecimento do acordo entre Ananias e Safira;

At 10.19-20 - Pedro sabia que dois homens o esperavam a porta para falar

At 20.29-31 - Paulo sabia acerca dos falsos profetas de Efeso;

At 27.23-24 - Paulo recebe conhecimento na viagem para Roma;

At 18.9-10 - Paulo e seu ministério em Corinto.

3. O DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

“...a outro, discernimento de espíritos...” (1 Co 12.10).

/ diakrisis = Discernimento

/ pneumatos = Espírito

O dom de discernimento de espíritos, não é:

Julgamento natural; Julgamento do procedimento e ações humanas; Produto de introspecção natural e, Criticar as ações de outros.

A palavra grega usada por Paulo para discernimento (/diakrisis), significa julgamento do bem e do mal. Aparece mais duas vezes no Novo Testamento (Rm 14.4 e Hb 5.14), traz a idéia de julgamento intuitivo de natureza moral ou espiritual, concedido sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. Trata-se de revelação sobrenatural do Espírito e percepção no mundo dos espíritos para descobrir, nomear e reconhecer a presença de espíritos, seus planos e discernir os pensamentos dos homens. Distingue a identidade, personalidade e a condição dos espíritos que estão por detrás de diferentes manifestações e atividades; opera na esfera da intuição ou impressões, sentido a presença dos espíritos nas pessoas ou de outra forma dentro delas, ou saindo das pessoas, ou separando-as. Opera para sabermos quais são os

4. Texto em grego de 1 Co 12.10

Página 25 | Compreendendo os Dons Espirituais

dons ou espíritos em atuação (humanos, de satanás, de demônios ou do Espírito Santo).

a) Propósito do Dom de Discernimento de Espíritos

Proteger, guardar, guiar e alimentar adequadamente o rebanho de Deus (1 Jo 4.1 e Mt 7.16-20);

Discernir a ação de satanás e seus comandados (2 Co 11.13-15);

Discernir e impedir a ação de espíritos enganadores (At 5.1-11);

Discernir espíritos errados (At 8.18-24; Lc 9.54-55 e Mt 16.15-23);

Expulsar demônios e detectar a presença de espíritos dominadores (At 13.4-11 e At 16.16-18);

Para cumprir a grande comissão de Jesus a igreja. Este dom deve acompanhar a pregação do evangelho, a cura de enfermos e a expulsão de demônios (Lc 9.1-2; Lc 10.2 comparar com At 14.13-18);

Discernir as manifestações em reuniões públicas, espíritos humanos, de demônios ou do Espírito Santo (1 Co 14.29) e,

Exercer o ministério de misericórdia e intercessão, especialmente com relações que envolvem condições do espírito humano. Neste sentido a Bíblia, dá muitas e diferentes condições do espírito humano (Pv 11.13; Pv 14.29; Pv 15.4, 13; Pv 16.18-19; Pv 17.27; Pv 18.24; Pv 25.28, etc...).

b) O Dom de Discernimento de Espíritos ilustrado

Na vida de Jesus Cristo (Mt 9.4; Mt 12.25; Lc 5.22; Lc 6.8; Lc 11.17; Lc

24.28; Lc 9.42; Lc 18.31-37; Mt 16.15-17; Mt 16.22-23 e Mc 5.5-13).

Na vida dos profetas do Velho Testamento:

→ Profeta Micaías (1 Rs 22.19-23), Ele viu o quadro inteiro, desde a

visão celestial até ao espírito que estava motivando os falsos profetas e

→ Profeta Eliseu (2 Rs 6.16-17), a visão do profeta Eliseu.

Na vida dos líderes da igreja no Novo Testamento (At 5.7-10 e 12.9-12).

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4. O DOM DE FÉ

“a outro, no mesmo Espírito, a fé...” (1 Co 12.9).

/ pistis = Fé

Existem três níveis de fé que opera no sobrenatural:

A fé salvadora (Hb 11.6; Rm 10.17 e Ef 2.8): A fé salvadora é nossa resposta inicial a pregação do evangelho, que nos introduz no reino de Deus;

A fé fruto do Espírito Santo (Gl 5.22): Fé como fruto do Espírito Santo, requer crescimento e amadurecimento espiritual gradativo e progressivo. É um atributo da natureza moral de Deus impresso no crente e,

A fé como dom do Espírito Santo (1 Co 12.9): A fé como dom do Espírito Santo, é uma fé que crê sem vacilar. Não é produzida por ações ou métodos. Ela opera e age em Deus, com uma certeza intuitiva de receber e operar os milagres de Deus. Jesus ensinou sobre este nível de fé em Marcos 11.22-24.

a) Utilidades do Dom de Fé

Para provisão de necessidades; Para proteção em circunstâncias perigosas; Para controlar a natureza;

Para efetuar curas e operar milagres e,

Para entregar qualquer coisa ou pessoa a satanás crendo que vai resultar em punição (1 Co 5.4-8).

b) Exemplos Bíblicos de Operação do Dom de Fé

Mt 8.1-3 - Na cura do leproso. Nas palavras: “quero, sê limpo” Cristo manifestou uma fé absoluta;

5. Texto em grego de 1 Co 12.9

Página 27 | Compreendendo os Dons Espirituais

Jo 11 - A fé de Jesus na ressurreição de Lázaro;

Mc 1.31 - A fé na cura da sogra de Pedro;

At 3.1-7 - A fé resoluta de Pedro na cura de um coxo;

At 13.8-11 - A fé de Paulo no caso de Elimas, o mágico;

At 20.7-12 - A fé de Paulo na ressurreição do jovem Eutico;

At 27.21-25 - Paulo dá uma palavra de fé a tribulação de um navio sacudindo pela tormenta;

2 Rs 2.23-24 - A maldição de Eliseu sobre uns rapazinhos irreverentes e,

2 Rs 4.16 - A promessa de Eliseu na cura de Naamã.

5. O DOM DE CURAR

“...e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar...” (1 Co 12.9).

/ iama = Cura, capacidade de curar

O dom de cura é um ministério do corpo. Está sempre na sua forma plural (1 Co 12.9; 1 Co 12.28 e 1 Co 12.30). Jesus tinha poder sobre toda sorte de doenças e enfermidades. Mais tarde, Ele conferiu aos doze discípulos coletivamente este poder (Mt 10.1).

As enfermidades podem ser de natureza espiritual, ou física. Dons de curar é um poder sobrenatural de curar lesões, incapacidades físicas, doenças e enfermidades sem ajuda de meios naturais ou socorros humanos (Mt 16.18). Quando exercido regularmente torna-se um ministério (1 Co 12.28).

a) As Diversas Maneiras de Operação dos Dons de Curar

A cura pode ser: Instantânea (Mt 8.3; Mt 9.28-30 e Mt 20.31-34) e, Gradativa (Mc 8.22-26 e Lc 17.11-14).

A cura pode ocorrer:

Na comunhão dos santos (1 Co 11.27-34); Através da imposição de mãos (Mc 16.16-18; Lc 4.40 e Lc 13.10-13);

6. Texto em grego de 1 Co 12.9

Página 28 | Compreendendo os Dons Espirituais

Através de ordem em nome de Jesus (At 3.6-8 e At 9.33-34);

Através da palavra falada com autoridade (At 14.8-10; Lc 7.1-10; 2 Rs 5.10-14; Mt 8.16 e Mt 12.13);

Pela unção com óleo (Mc 6.13 e Tg 5.14-15);

Através de ponto de contato de incentivo a fé:

→ A orla da veste de Jesus (Mt 6.56; Lc 8.43-44 e Cf. Mc 5.28).

→ A sombra de Pedro (At 5.15-16) e,

→ Os lenços e aventais de Paulo (At 19.11-12);

Através da ação soberana do Espírito e na distribuição de dons a igreja e aconselhamento espiritual (palavra de sabedoria, fé, discernimento de espíritos, etc...) e,

Através da confissão de pecados (Sl 32.1-7 e Sl 5.16).

b) Origem e Causas de Doenças e Enfermidades

Satanás e seus demônios (At 10.38; Lc 13.11-16; At 5.16 e At 8.7);

O pecado (Dt 28.58-61; Mt 9.6 e Tg 5.16);

A criação sob maldição por causa da queda do homem (Gn 3.17 e Rm 8.21);

A falta de responsabilidade humana para com a limitações do corpo e da alma;

O amor ao dinheiro (1 Tm 6.10) e,

A falta de discernimento do corpo de Cristo (1 Co 11.28-30).

c) O Propósito dos Dons de Curar

Manifestar as obras de Deus (Jo 9.1-4; Mt 15.30-31 e Mc 7.31-37);

Manifestar o amor e a misericórdia de Deus revelada em Cristo (Jo 3.16;

Mt 8.1-3; Mc 9.27-31; Mt 12.9-13; Mt 20.29-34; At 3.1-16 e At 9.33-34);

Destruir as obras do diabo (1 Jo 3.8) e,

Confirmar a palavra do reino (Mc 16.16-20; Mt 4.23; Mt 10.7-8; At 4.29-

30 e At 8.4-8).

Página 29 | Compreendendo os Dons Espirituais

d) Fundamento Bíblico Para a Cura

A saúde mental e eterna antes da queda (Gn 1.26-31);

A cura faz parte da redenção profetizada em Gn 3.15 (Cf. Is 53.4-7; Mt 8.16-17; Is 61.1-2; 1 Pe 2.24 e Sl 103.3);

No grego a palavra /sōzō é utilizada intercambiavelmente com o sentido de salvar e curar (Rm 10.9; Mc 6.56; Mc 5.23; Mc 16.16; Lc 8.36; At 2.21; At 14.9; Ef 2.8; Lc 18.42; Tg 5.15; Mc 5.34; Mc 5.28; Lc 17.19; At 4.9 e At 4.12);

A relação entre a serpente levantada no deserto com a morte de Jesus na cruz (Nm 21.4-9 comparar com Jo 3.14-15);

Deus fez um pacto de curar o seu povo (Ex 15.26; Ex 23.25; Mt 8.17; Tg 5.14-15 e 1 Pe 2.24);

A cura demonstra que Deus cumpre suas promessas (Sl 105.37; Sl 107.20 e At 10.38);

A cura é pão dos filhos de Deus (Mt 7.7-11; Jo 15.22-28; Mc 9.23; Mc 11.24; Jo 10.10; Lc 13.10-16; 1 Jo 3.8, 20, 22; Ex 15.25-26; Sl 105.37 e 1 Jo 3.2);

A cura é um dos sinais que seguem aqueles que crêem (Mc 16.15-20) e,

Entre os nomes redentores no Novo Testamento, temos Jeová Rafá (Ex 15.26), que significa: “Eu Sou o Senhor que te sara.”

6. O DOM DE OPERAÇÃO DE MILAGRES E MARAVILHAS

“...a outro, operações de milagres...” (1 Co 12.10).

/energēma = Operação, atividade, poder, realização

/dynamis = Obras de potencia, milagres, prodígios

Milagre é um acontecimento ou evento que contraria ou se interpõe ao curso ou leis da natureza. A palavra usada por Paulo é /dynamis, que retrata o poder ou energia de Deus, sua habilidade ou força.

7. Texto em grego de 1 Co 12.10

Página 30 | Compreendendo os Dons Espirituais

O dom de operação de milagres e maravilhas é portanto, o poder concedido por Deus de interpor-se ou contrariar o curso ou leis da natureza, com propósito e necessidades especificas.

a) A Importância, Propósito e Utilidades

Como parte integrante do evangelho (1 Ts 1.5); Sem o miraculoso, a palavra de Deus não pode ser cumprida plenamente

(2 Tm 3.5);

Como testemunho da veracidade do evangelho (Mc 16.17-20; Hb 2.4; At 2.42-48; At 4.29-30 e At 2.22);

Como evidência antecipada da vinda do reino de Deus em seu estágio consumado (Mt 10.5-8);

Para fortalecer a fé dos discípulos (Jo 2.11 e Jo 2.30-31) e,

Para expulsar demônios, realizar curas, imposição de mãos para conferir o batismo com o Espírito Santo e repartir os dons espirituais.

b) Exemplos Bíblicos dos Dons de Operação de Milagres e Maravilhas

A vara de Moisés se transforma numa cobra e vice-versa (Ex 4.2-4);

As pragas do Egito (Ex 7, 8, 9, 10, 11 e 12);

A passagem do povo de Israel pelo mar vermelho (Ex 14);

O maná do céu e as cordonizes enviadas por Deus ao povo de Israel no deserto (Ex 16; Nm 11.31-35);

A água que saiu da rocha (Ex 17.1-6);

O castigo de Coré, Datã e Abirão (Nm 16.20-33);

A vara de Arão (Nm 17.1-13);

A travessia do Jordão (Js 4);

A destruição de Jericó (Js 6);

O sol e a lua são detidos por Josué (Js 10.12-13);

A ressurreição do filho da mulher sunamita (1 Rs 4.32-35);

Eliseu faz flutuar o machado (2 Rs 6.1-7);

O sol retrocedeu 10 graus no relógio de Acaz, como sinal a Ezequias do comprimento da palavra do Senhor através do profeta Isaias (Is 38.8);

Página 31 | Compreendendo os Dons Espirituais

Jesus e Pedro andam sobre o mar (Mt 14.25-29);

O milagre da multiplicação de pães e peixes (Mt 14.31-21 e Mt 15.32-38);

Jesus acalma a tempestade (Mc 4.35-41);

A ressurreição da filha de Jairo (Lc 8.49-56);

Jesus transforma a água em vinho (Jo 2.1-12);

A ressurreição de Lázaro (Jo 11.14 e Jo 11.43-44);

A figueira sem frutos (Mt 21.18-19);

A ressurreição da filha da viúva de Naim (Lc 7.11-15);

O chão treme após a oração dos discípulos em Jerusalém (At 4.31);

Pedro é liberto da prisão (At 5.17-19);

Ananias e Safira morrem pela palavra de Pedro (At 5.1-10);

O terremoto sacode os alicerces da prisão em Filipos, enquanto Paulo e Silas oravam e cantavam louvores (At 16.25-26);

Elimas o mágico fica cego por ordem de Paulo (At 13.10-11);

Paulo sobrevive à mordida de uma cobra venenosa (At 28.3-6) e,

Expulsão de demônios (Mc 1.34; Mc 9.17-27; At 8.7 e At 16.18).

7. O DOM DE PROFECIA

“...e a outro, profecia...” (1 Co 12.10).

/prophēteuō = Profetizar, prenunciar, predizer

É o falar sobre influência direta e sobrenatural pelo Espírito Santo. É declarar os pensamentos, propósitos, conselhos e direção de Deus. Seja em relação ao passado, presente e futuro. É um milagre de expressão não concebido pelo pensamento ou raciocínio humano (At 3.21; At 11.28; At 21.11; 1 Co 14.23-33 e 1 Pe 1.21).

a) Compreendendo a Visão Profética

Em nossos dias existe muita especulação acerca das coisas do fim. Nada errado quanto a expectação em si.

8. Texto em grego de 1 Co 12.10

Página 32 | Compreendendo os Dons Espirituais

Paulo falava da vinda de Cristo como uma possibilidade para sua época (Cf. 1 Co 15.51-52 e 1 Ts 4.1-5). O que não é bíblico, é marcar datas ou épocas específicas (Mt 24.36 e At 1.6). Visão profética não é especulação acerca dos acontecimentos finais, nem é desvendamento humano de um futuro determinista cronologicamente estabelecido à revelia do entendimento e participação ativa do povo de Deus. Profecia é a revelação de Deus acerca de Seu propósito, Sua vontade, para e através de Seu povo, na história e durante ela, até a consumação (Cf. Mt 28.20). Como bem define Apocalipse 1.1, profecia se refere ao que deve ocorrer por imperativo do propósito e vontade de Deus. São componentes da visão profética:

O Espírito Santo (Jo 16.13);

O testemunho de Jesus (Jo 16.14-15 e Ap 19.10) e a igreja, o vaso profético (Jo 16.13; Ap 2.7; Ap 3.13; Ap 3.22 e 2 Pe 1.19-21).

Em Daniel 11.14, temos um exemplo de pessoas que tentaram apressar o cumprimento da profecia sem ação do Espírito Santo. Tentaram pela violência, como os zelotes nos tempos de Jesus, quebrar o jugo de Antioco “O grande” e estabelecer a teocracia messiânica. Na compreensão da visão profética precisamos fazer uma diferenciação necessária entre:

Cenário profético

Evento profético

O primeiro revela as condições do cumprimento (Cf. Mt 24.4-13), o segundo revela o propósito e a vontade de Deus dentro do cenário predito (Mt 24.14). Aqui podemos tirar uma lição importante: A profecia será cumprida da maneira e nas condições reveladas ao profeta. O tempo especifico, não obstante é incerto, pois depende do ouvir responsivo do povo de Deus (Cf. Is 48.16-19; Lc 19.41-44 e 2 Pe 3.12).

b) Visão Profética e Sua Estratégia

A visão de Deus conforme revelada nas escrituras é ter um povo profético:

Nm 11.29 - Moisés expressa o desejo do coração de Deus;

Jl 2.28-29 - Joel profetiza o desejo do coração de Deus e,

At 2.1-4 - O propósito de Deus se cumpre na igreja.

Página 33 | Compreendendo os Dons Espirituais

Desta forma, a igreja composta de judeus e gentios, cumpre as expectativas do Velho Testamento (Ex 19.4-5 comparar com 1 Pe 2.9):

O evangelho foi preanunciado à Abraão (Gl 3.8);

Abraão foi chamado para abençoar todas as da terra (Gn 12.1-3). Seu novo nome Abraão, incluía o pacto de Deus de abençoar as nações (Gn 17.1-8);

Deus revela à Abraão o povo profético que abençoaria todas as nações da terra (Gn 18.17-18) e,

Gl 3.14 nos diz que a benção de Abraão é concedida aos gentios na pessoa de Jesus Cristo, o descendente prometido.

Portanto, por todo o Velho Testamento, a nação de Israel preanunciou a igreja, a qual cumpre o propósito de Deus expresso em Nm 11.29 e profetizado em Jl 2.28-29. a estratégia divina (Cf. Am 3.7), consiste em revelar primeiro aos seus servos profetas o que pretende fazer. As coisas que em breve deveriam acontecer foram notificadas ao servo João (Ap 1.1). Este, na condição de profeta comunicou à igreja, o vaso profético (Ap 1.4-20; Ap 2.7, 19, 29 e Ap 3.6, 13, 22). Assim, muito embora, ter expectação das coisas do fim é uma coisa natural e saudável dentro da esperança que deve caracterizar a vida do povo de Deus. Precisamos tomar cuidado com as especulações. Devemos estar tranquilos, o Espírito Santo nada fará, sem primeiro nos revelar.

c) Utilidades e Propósito da Profecia

Edificação (1 Co 14.3-4), que significa construir sobre fundamento (Cf. 1 Co 3.10-15 e Ef 3.20-21)

Exortação (1 Co 14.4), que significa encorajar, aconselhar, chamar para perto, prevenir, incitar e despertar (Os 6.1-3 e 1 Tm 4), ilustra este tipo de declaração profética;

Consolação (1 Co 14.4). Significa um falar íntimo que traz conforto e ânimo;

Sentenciar e convencer os indoutos e incrédulos (1 Co 14.23-25);

Instrução e aprendizagem (1 Co 14.5) e,

Vaticínio (Jo 16.13).

Página 34 | Compreendendo os Dons Espirituais

d) Como se Manifesta o Dom de Profecia

Através de declaração espontânea, impressões ou pensamentos que jorram do espírito humano e enchem a mente (1 Co 14.30);

Através de visões e êxtases (At 9.10-16 e Ap 1.10-11); Através de sonhos e visões noturnas (Jl 2.28; At 16.9-10; Gn 37.5-9 e Dn

7.1-28) e, Através de anjos (Ap 1.1; At 10.22 e At 27.23-26).

e) Maneiras de Expressão e Transmissão Profética

Faladas ou verbalizadas sob unção do Espírito Santo (1 Co 14.4, 6, 9); Ações demonstrativas, representadas numa forma parabólica ou

figurativa (1 Sm 15.26-28 e At 21.10-11); Através da escrita (Ap 1.1 e Jr 36.18) e, Através de cânticos espirituais, canções ou acompanhamento musical (2

Rs 3.15; 1 Cr 25.3 e Ef 5.19).

f) Julgamento das Profecias

“Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem.” (1 Co 14.29).

“Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom.” (1 Ts 5.20-21).

As profecias precisam ser julgadas pelas seguintes razões:

Fabilidade humana (1 Co 13.9); Possibilidade de falsas profecias (1 Jo 4.1); Diferentes espíritos que atuam nas áreas espirituais além do Espírito

Santo (espírito humano: Jr 23.16, 17, 26; Is 44.20; Ez 13.2-17; Hb 3.10 e espíritos malignos: 1 Sm 18.8-10; 1 Rs 22.21-24; At 16.16-18; 1 Tm 4.1-2; 2 Tm 2.25 e Ef 2.1-3) e,

Discernimento falso (At 20.23 comparar com At 21.10-14).

g) Critério de Julgamento das Profecias

A palavra escrita (Hb 4.12; Ap 22.18-19; 1 Co 14.37; Is 18.19-20; 1 Sm 8.19-20; 1 Tm 6.3-5; 2 Tm 3.16-17 e 2 Jo 7.11). A profecia nunca poderá estar em desacordo com a palavra escrita e com os princípios dela emanados. A razão simples, é que, o Espírito Santo não pode contradizer à si mesmo (Cf. 2 Pe 1.20-21);

Página 35 | Compreendendo os Dons Espirituais

Através da palavra de sabedoria, conhecimento e discernimento de espíritos:

1) At 20.23 - Paulo tinha uma palavra de sabedoria para seguir à Jerusalém. Portanto, rejeitou o conselho dos que queriam impedi-lo (At 21.4, 14);

2) At 10.19-22 - Através da palavra de conhecimento, Pedro aceitou direção dos homens que estavam à sua porta, para conduzi-lo a casa de Cornélio e,

3) At 16.16-18 - Pelo discernimento, Paulo rejeitou a profecia da jovem adivinhadora de Filipos pelo espírito falso.

Pelo testemunho do espírito (1 Jo 2.27 e 1 Co 2.15). O espírito Santo não

somente concorda com a letra da palavra, mas também com o espírito da

palavra (Cf. Jo 10.10-16 e 1 Jo 4.6);

Pelos testes de 1 Jo 4.1-3 e 1 Co 12.3;

Pela direção profética. Sendo a profecia um dom de edificação, exortação

e consolo (1 Co 14.3, 31) e vaticínio (Jo 16.13), deverá estar também em

conformidade com a direção que o Espírito Santo está dando através dos

ministério de governo (Ef 4.11-13);

Pelo cumprimento no caso de profecia preditiva (Dt 18.21-22);

Por estar em conformidade com o propósito eterno de Deus revelado na pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. Uma profecia jamais poderá contradizer o amor de Deus revelado em sua obra salvífica (Jo 10.9-10; Jo 3.16-17; Gl 1.6-9 e Lc 19.100;

Por estar em conformidade com a natureza e caráter de Deus revelado

nas escrituras e na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Sua imutabilidade,

infabilidade e fidelidade (Hb 6.13-18) e,

Os frutos (Mt 7.15-16). Nem sempre as profecias devem ser julgadas pela

vida pessoal de quem está profetizando. Porém, quando elas não

produzem vida e liberdade, é sábio atentar para este fato.

Página 36 | Compreendendo os Dons Espirituais

8. O DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS

“...a um, variedade de línguas...” (1 Co 12.10).

/glōssa = Língua, linguagem, idioma.

A palavra grega /glōssais significa uma capacidade de falar em diversas línguas. Não é habilidade humana desenvolvida por treinamento, estudo ou pesquisa. É habilidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo (At 2.4 e 1 Co 12.7). Podem ser idiomáticas ou estranhas (At 2.4-11; 1 Co 13.1 e 1 Co 14.2).

a) Os Três Tipos de Línguas nas Escrituras

Línguas faladas no momento do recebimento do Espírito Santo (At 2.4-6;

At 10.45-47 e At 19.6);

Línguas para a comunhão com Deus de maneira contínua (1 Co 14.1-4;

Rm 8.26-27; Ef 6.18 e Jd 20)

Línguas faladas na assembléia para edificação da igreja (1 Co 12.10 e 1 Co

14.5).

b) Utilidades e Propósito do Dom de Variedades de Línguas

Orar magnificando à Deus (At 2.11);

Louvor através de cânticos espirituais (1 Co 14.5; Cl 3.16 e Ef 5.19);

Estímulo à profecia (At 19.6);

Edificação pessoal e da igreja (1 Co 14.2-5 e Jd 20);

Intercessão (Rm 8.26-27);

Luta espiritual (Ef 6.12, 18 e Mt 16.18) e,

Como sinal para os incrédulos (1 Co 14.21-22).

9. Texto em grego de 1 Co 12.10

Página 37 | Compreendendo os Dons Espirituais

9. O DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS

“...e a outro, capacidade para interpretá-las...” (1 Co 12.10).

/hermēneia = Interpretação, explicação

Não é tradução, isto é, converter de uma língua para a outra. Interpretar significa explicar, expor, elucidar, expandir, dar o sentido da mensagem em línguas. É habilidade sobrenatural e espontânea concedida pelo Espírito Santo de interpretar uma comunicação em línguas.

a) O que Pode Ser Interpretado

A interpretação pode ser dada acerca de uma oração, adoração, como também de exortação ou consolo, tudo para edificar a igreja seguindo o estilo e propósito da profecia (1 Co 14.3-5);

Línguas com propósito de comunicação aos homens (1 Co 14.5);

Não estão sujeitas à interpretação:

Línguas faladas como evidência do batismo do Espírito Santo (At 2.4-6; At 10.45-47 e At 19.6) e,

Línguas usadas para oração e adoração pessoal (1 Co 14.2, 14, 18; Rm 8.26-27 e Jd 20).

b) Quem Deve Interpretar as Línguas

Quem tenha recebido o dom (1 Co 14.16);

A pessoa que fala em línguas (1 Co 14.3).

10. Texto em grego de 1 Co 12.10

Página 38 | Os Dons do Espírito Santo

CONCLUSÃO

Dissemos no prefácio deste estudo não ser nossa intenção ou pretensão exaurir toda compreensão ou revelação acerca dos dons espirituais e suas manifestações. Certamente, existem muitas tensões entre a teologia e a experiência não totalmente identificadas e neste caso, precisamos de cautela e amadurecimento. Não obstante, dentro da cosmovisão e experiência de Paulo, os dons espirituais são relevantes e necessários para edificação da igreja (1 Co 12.1 e 1 Co 14.26). Devem portanto, ser incentivados, porém não sem o devido controle e correção com reflexão séria, sem preconceitos. Dentro da nossa ótica, a ênfase sobre as experiências em si, até revestindo-as de doutrinas estranhas à Bíblia, têm sido um dos empecilhos à nossa melhor compreensão dos dons espirituais. Os teólogos não se satisfazem, como não poderia deixar de ser, com a experiência correta, mas também com a base bíblica que lhe dá sustentação. Um dos problemas é que os místicos, aqueles legitimamente dotados, fazem postulações incorretas e dai muitos rejeitam a experiência por contrariar e até contradizer a ortodoxia. Daí, a compreensão dos princípios fundamentais de operação são necessários. Neste ponto queremos sintetizar nossa conclusão, limitando-se à obra essencial do Espírito Santo sob quatro aspectos:

1. O senhorio de Jesus Cristo (1 Co 12.3). A obra do Espírito Santo não consiste em exaltar o ego humano, à si mesmo, os dons e as experiências decorrentes, sim, a pessoa do Senhor Jesus;

2. A unidade do corpo de Cristo (1 Co 12.12-38). Cristo é o cabeça da igreja. Os dons espirituais devem contribuir para a unidade da igreja, para que o senhorio de Jesus Cristo seja manifesto ao mundo (Cf. Jo 17.21-23);

3. Amor sacrificial (1 Co 13). Sem amor, os dons espirituais acabam por ser usados pelo orgulho humano e aquilo que nos é dado para contribuir à unidade, acaba por provocar divisões e,

4.Edificação da igreja (1 Co 14.3-5, 12, 19, 26). Dissemos que a palavra chave para nossa compreensão acerca dos dons espirituais é edificação.

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Neste sentido quatro perguntas podem ser levantadas:

Jesus Cristo está sendo exaltado como Senhor e cabeça da igreja?

A manifestação dos dons estão contribuindo para a unidade da igreja?

Os dons estão sendo exercidos com amor sacrificial, resultante de nossa entrega ao senhorio de Jesus Cristo?

Todos estão sendo edificados com mutualidade e diversidade?

Precisamos responder corretamente a estas questões para que os abusos, as contrafações sejam evitados, corrigidos e desfeitos.

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