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JANEIRO 2015 VIAGEM E TURISMO SP 8 VIAGEM E TURISMO SP JANEIRO 2015 9 VTSP | BOTUCATU S e um carioca como eu pergunta a um paulista sobre os picos do esta- do para amantes dos es- portes radicais, a resposta não falha: Brotas e Socorro. A pri- meira é tida como a verdadei- ra Meca; a segunda, como a grande alternativa – ainda mais porque democratiza suas atra- ções, como tirolesas e raſtings, para quem tem dificuldade de locomoção. Mas, se você não sa- be, Botucatu está aí para desa- fiar essa supremacia nos desti- nos para aventureiros. Reza uma lenda que, em tempos de Império Inca (!), pas- sava por Botucatu o Caminho do Peabiru, rota que ligava o li- toral atlântico a terras peruanas. Daria pra fazer um trekking épico. Mas opção boa – e mais realista – é o que não falta ho- je em dia, a ponto de haver ali campeonato, o Circuito Pró- Cuesta de Trekking. Se cami- nhadas e trilhas forem demais para os seus pés, a boa notícia é que a cidade vem investindo em modalidades sobre rodas: ciclo- turismo e mountain bike; pas- seios em motos, caminhonetes 4x4 e em quadriciclos aluga- dos. Sem falar que dá pra tri- pular um carro em um rally e que, para concorrer com Socor- ro, a Botucatur Turismo vende o serviço de guias a deficientes visuais. E tem mais: caiaque, ra- pel, escalada, cavalgadas, canio- nismo, voos de paraglider, asa- delta, balão, diversões náuticas, como o kitesurf, rolês extremos com skate e scooter elétricos. De quebra, Botucatu ain- da conta com um agitinho no- turno de cidade universitária – ali fica um campus da Unesp, com cursos de medicina e en- fermagem. A três horas de car- ro da capital, com preços bem em conta, é um destino perfei- to para uma escapada de fim de semana – ainda que seja melhor um pouco mais de tempo para aproveitá-lo. Em três dias, diga- mos, dá pra cumprir o essencial de aventura, gastronômico e de agito – como se vê no pequeno diário deste repórter. DIA 1: O PRIMEIRO RAPEL E O REMO NO TIETê A jornada começou tranquila, com uma visita contemplativa ao Mirante da Pedra do Índio, tida como a vista mais bonita da cidade. E é. Em primeiro plano, a Pedra do Índio, rota de escala- da e rapel que recebe também quem quer apenas se sentar e curtir o visual; ao fundo, a grande Cuesta de Botucatu, que marca o ponto de transição en- tre o Cerrado e a Mata Atlântica. Parênteses: cuesta é uma forma- ção geológica que tem, de um lado, um relevo escarpado e, do outro, um suave declive, for- mando uma espécie de degraus – os socalcos. Compondo es- se cenário exuberante, vemos as Três Pedras, que é a imagem de cartão-postal botucatuense. É pra lá que eu vou. Pa- ra conquistar o topo das Três Pedras, além de Márcio Augus- to e Guto Tecchio, guias da agên- cia Ecocuesta, estava comigo um bravo grupo. Incluía a professo- ra de design Cris Aoki, a mú- sica Mônica Maffei, o fotógra- fo Walter Contessotti e Lisete Florenzano, montanhista que ostenta o título de ser a quar- ta brasileira na história a esca- lar uma montanha com mais de 8 mil metros de altura. Há três opções de trajeto até o cume: a) um trekking de 10 quilôme- tros saindo da Pedra do Índio; b) ir de carro ao sítio do seu Dore Prado, o popular Sítio das Três Pedras, e continuar a pé por 4 quilômetros; e c) para os que não andam com o fôlego em dia, como eu, é aconselhável estacio- nar o veículo próximo à base das Três Pedras e fazer a escalami- nhada até o topo (1 200 metros). Engana-se quem pensa que a última opção é moleza. A me- tade final do caminho é bem íngreme, mas meu reino por um clichê: cada gota de suor vale a pena quando aquele ceuzão te abraça no topo. LADO B COM 30 CACHOEIRAS E ESPORTES RADICAIS, BOTUCATU DESAFIA AS CIDADES DE BROTAS E SOCORRO PELO POSTO DE TERRA DA AVENTURA Texto e Fotos FELLIPE ABREU A Cachoeira da Marta II revigora após uma pedalada na Estrada do Milho. Na página oposta, a Pedra do Índio, com as Três Pedras ao fundo SP

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Page 1: SP lado b - Fellipe Abreu · Sem falar que dá pra tri-pular um carro em um rally e que, para concorrer com Socor-ro, a Botucatur Turismo vende ... paga R$ 25 e come à vontade. Havia

janeiro 2015 viagem e turismo sp8 viagem e turismo sp janeiro 2015 9

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Se um carioca como eu pergunta a um paulista sobre os picos do esta-do para amantes dos es-

portes radicais, a resposta não falha: Brotas e Socorro. A pri-meira é tida como a verdadei-ra Meca; a segunda, como a grande alternativa – ainda mais porque democratiza suas atra-ções, como tirolesas e raftings, para quem tem dificuldade de locomoção. Mas, se você não sa-be, Botucatu está aí para desa-fiar essa supremacia nos desti-nos para aventureiros.

Reza uma lenda que, em tempos de Império Inca (!), pas-sava por Botucatu o Caminho do Peabiru, rota que ligava o li-toral atlântico a terras peruanas. Daria pra fazer um trekking épico. Mas opção boa – e mais realista – é o que não falta ho-je em dia, a ponto de haver ali campeonato, o Circuito Pró-Cuesta de Trekking. Se cami-nhadas e trilhas forem demais para os seus pés, a boa notícia é que a cidade vem investindo em modalidades sobre rodas: ciclo-turismo e mountain bike; pas-seios em motos, caminhonetes 4x4 e em quadriciclos aluga-

dos. Sem falar que dá pra tri-pular um carro em um rally e que, para concorrer com Socor-ro, a Botucatur Turismo vende o serviço de guias a deficientes visuais. E tem mais: caiaque, ra-pel, escalada, cavalgadas, canio-nismo, voos de paraglider, asa-delta, balão, diversões náuticas, como o kitesurf, rolês extremos com skate e scooter elétricos.

De quebra, Botucatu ain-da conta com um agitinho no-turno de cidade universitária – ali fica um campus da Unesp, com cursos de medicina e en-fermagem. A três horas de car-ro da capital, com preços bem em conta, é um destino perfei-to para uma escapada de fim de semana – ainda que seja melhor um pouco mais de tempo para aproveitá-lo. Em três dias, diga-mos, dá pra cumprir o essencial de aventura, gastronômico e de agito – como se vê no pequeno diário deste repórter.

dia 1: o primeiro rapel e o remo no tietêA jornada começou tranquila, com uma visita contemplativa ao Mirante da Pedra do Índio,

tida como a vista mais bonita da cidade. E é. Em primeiro plano, a Pedra do Índio, rota de escala-da e rapel que recebe também quem quer apenas se sentar e curtir o visual; ao fundo, a grande Cuesta de Botucatu, que marca o ponto de transição en-tre o Cerrado e a Mata Atlântica. Parênteses: cuesta é uma forma-ção geológica que tem, de um lado, um relevo escarpado e, do outro, um suave declive, for-mando uma espécie de degraus – os socalcos. Compondo es-se cenário exuberante, vemos as Três Pedras, que é a imagem

de cartão-postal botucatuense.É pra lá que eu vou. Pa-

ra conquistar o topo das Três Pedras, além de Márcio Augus-to e Guto Tecchio, guias da agên-cia Ecocuesta, estava comigo um bravo grupo. Incluía a professo-ra de design Cris Aoki, a mú-sica Mônica Maffei, o fotógra-fo Walter Contessotti e Lisete Florenzano, montanhista que ostenta o título de ser a quar-ta brasileira na história a esca-lar uma montanha com mais de 8 mil metros de altura. Há três opções de trajeto até o cume: a) um trekking de 10 quilôme-

tros saindo da Pedra do Índio; b) ir de carro ao sítio do seu Dore Prado, o popular Sítio das Três Pedras, e continuar a pé por 4 quilômetros; e c) para os que não andam com o fôlego em dia, como eu, é aconselhável estacio-nar o veículo próximo à base das Três Pedras e fazer a escalami-nhada até o topo (1 200 metros).

Engana-se quem pensa que a última opção é moleza. A me-tade final do caminho é bem íngreme, mas meu reino por um clichê: cada gota de suor vale a pena quando aquele ceuzão te abraça no topo.

lado bcom 30 cachoeiras e esportes radicais, botucatu desafia as cidades de brotas e socorro peLo posto de terra da aventura Texto e Fotos Fellipe abreu

A Cachoeira da Marta II revigora após uma pedalada na Estrada do Milho. Na página oposta, a Pedra do Índio, com as Três Pedras ao fundo

SP

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abor asitaque laccust otatia voluptTur adis restem nim qui

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O rapel nas Três Pedras e, no sentido horário, o terreirão de café da Fazenda Lajeado, no campus da Unesp, e o enduro motoqueiro

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A descida reservava o pri-meiro rapel da minha vida, 55 metros abaixo até o pé da pe-dra. A primeira a ir foi a Cris. Ou melhor, seria, pois ela ama-relou quando se deu conta da altura. Como eu estava em mis-são de trabalho, não podia re-fugar. A pior parte é o início, quando é preciso encarar o precipício – e acreditar que a corda não vai se soltar. Mas a sensação de estar suspenso no ar, rodeado por um cenário tão bonito, dissipa o medo. Mesmo assim, é ótimo botar o pé no chão outra vez. Dica importan-te: sempre use luvas nesse rapel – a agência fornece, sem custo adicional. Eu quis descer sem e esfolei a mão.

Mas dava, pelo menos, pa-ra segurar garfo e faca. Hora de almoçar. Pertinho das Três Pedras está o restaurante Da Figueira, caseiro, com fogão a lenha, doses de pinga liberadas para diluir um pouco o sangue e atendimento especial da sim-paticíssima dona Neuza. Você paga R$ 25 e come à vontade. Havia arroz, feijão, salada fres-

quinha colhida da horta da fa-mília, aipim frito, galinha caipi-ra, bife de panela e linguiça. De sobremesa, doce de leite e quei-jo minas preparados pela doce anfitriã. Neuza bota seu estabe-lecimento para funcionar nor-malmente em todos os fins de semana, e pede que a gente li-gue e reserve previamente nos dias de feira.

O último passeio do dia foi o de caiaque em uma área re-presada (e limpa) do Rio Tietê. A ideia era esperar pelo pôr do sol mais bonito da região. Também é verdade. Remamos e mergu-lhamos com o apoio logísti-co do Dom Peixito, o pitoresco barco do seu Rui – um perso-nagem da cidade, sujeito gente boa nascido, criado e apaixona-do por essas águas. Marinhei-ro e ótimo anfitrião, seu Rui foi também responsável pela trilha sonora poente, irradian-do a todo vapor nos alto-falan-tes do velho Dom Peixito clás-sicos da década de 1980 – que iam de Tina Turner a The Police – e por servir pipoca aos maru-jos de tempos em tempos.

dia 2: cachoeiras e botecosDepois de um dia cheio de emo-ções, talvez você queira simples-mente desacelerar. Bons pontos para relaxar são as 30 cachoei-ras abertas à visitação. De acor-do com os locais, uma das mais gostosas é a da Marta, bem na região central da cidade. Na ver-dade, trata-se de um complexo com duas quedas. É preciso ir de carro, deixá-lo em uma rua nas imediações e caminhar mais uns dez minutos mato adentro. Tenha cuidado com os degraus de madeira, que, em alguns tre-chos, estão soltos. Logo chega-mos à da Marta I, cuja queda tem 48 metros. Como a mata é bem fechada, um truque é ir à cachoeira entre 11 da manhã e 2 da tarde, momento do dia em que o sol consegue penetrar a pequena clareira.

Ao contrário de outra ca-choei r a bem f amosa em Botucatu, a do Véu de Noiva, a da Marta não costuma encher tanto de gente. Quem gosta de privacidade total, no entanto, deve caminhar até a Marta II,

mais profunda. Atenção: o ca-minho que leva até ela é uma descida bem íngreme por um barranco, no qual é preciso ir se agarrando às raízes e às pe-dras para dar conta do declive – logo, não é aconselhável àqueles que possuem limitações de lo-comoção ou medo de altura. Na dúvida, vá sozinho apenas até a da Marta I e contrate um guia para o segundo trecho. Tem quem combine os serviços dele com um rapel na Cachoeira da Pavuna, 50 metros de descida, ou na Canela III, de 40 metros. Se você é um(a) mateiro(a) expe-

riente ou tem um dia só, a boa é pegar a caminhada a partir da Marta I, passando pela Marta II e pela Canela I, II e III.

Água assim dá moleza e fo-me. Hora de explorar a gastrono-mia da região central, onde ferve a feijoada no Tempero Mineiro, a R$ 18,90 por pessoa. Como o es-quema é “comer até não aguen-tar mais”, não é ideal para quem quer se mexer depois. Especia-lidade da casa, o suco de limão com couve conforta. Mais light é o self-service Mandacaru, me-nos pela comida, mais pelo doce de leite com batata-doce.

No quesito vida noturna, Botucatu não decepciona. Não existe point específico onde a moçada da faculdade se en-contra (o jeito é ficar ligado nas festas que o pessoal da Unesp organiza), mas há lugares ba-canas para conhecer. No Cen-tro, um deles, o Villa Blues, com bandas ao vivo tributan-do o estilo musical de Nova Orleans nas noites de sexta e sábado. Se a ideia é flertar, vá ao Bar do Português, que bom-ba. Opção um pouco menos po-pular (e um pouco mais cara) é a choperia Mão na Roda.

A Represa da Cachoeira do Véu de Noiva, que é a mais lotada, e o restaurante Celeiro, ao som de jazz e rockabilly

SP

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Botucatu > 14 Ficara s hospedagens dei-xam um pouco a desejar. as melhores e mais bem localizadas são o Hotel Botucatu (Rua Siqueira Campos, 95, hotelbotuca tu.com.br; diárias desde R$ 95) e o Chaillot Plaza (Avenida Vi ta l Brasi l , 1051, hotelchaillot.com.br; diárias desde R$ 165). Quem quer se refugiar no demétria encontra a Pou-sada Somé (Rodovia Gas-tão Dal Farra, km 4, 3882-0008; diárias desde R$ 60), simples e aconchegante.

comer depois do trekking até as Três pedras, não deixe

de provar os temperos da dona Neuza no restauran-te Da Figueira (Estrada das Três Pedras, 99612-0150). Na meiuca da cidade, aos sábados, o Tempero Mi-neiro (Avenida Camilo Ma-zoni, 378, 3813-6282) ser-ve uma feijoada da boa, a r$ 18,90 por pessoa e à vontade, e o Mandacaru (Rua Tenente João Fran-cisco, 404, 3882-2073) é um self-service com custo/benefício. No char-moso bairro demétria, as gulodices se concentram na rodovia gastão dal Farra. ali, ótimo negócio é curtir a comida alemã do Empório Stammtisch (Km 4, 3813-8484), os petiscos e as carnes do Celeiro (Km 4, celeirorestaurante.com.br) e a engajada Pizza Bel (Km 4, 3815-1707), que ga-rantiu a fama de mais sa-

borosa da cidade e que bota ingredientes orgâni-cos nas receitas.

Passearvale conhecer o Museu do Café (Rua José Barbo-sa de Barros, 1780, 3811-7240; grátis), instalado em uma antiga fazenda pro-dutora, a lageado, hoje sede da unesp. além de lindo, o Sítio Bahia (Rodo-via Gastão Dal Farra, km 4, 3882-2753; grátis) tam-bém tem uma lojinha de quitutes biodinâmicos – às vezes, eles organizam um brunch natureba.

agitar O bicho pega no Centro, no Villa Blues Pub (Rua Velho Cardoso, 120, villa blues.com.br), com mú-sica ao vivo, que também rola na vizinha avenida

doutor vital brasil, on-de residem os flertes no Bar do Português (Nº 739, 3354-4005) e na chope-ria e pizzaria Mão na Ro-da (Nº 898, maonarodapiz zaria.com.br).

atiViDaDesa agência Ecocuest a (3354-6001, ecocuesta. com) centraliza a organi-zação das principais. en-tre as mais legais estão o trekking da Pedra do Índio até as Três Pedras (R$ 85 ou R$ 115 com rapel). Mais de boa é o trekking Cami-nho das Águas (R$ 85), que dura cinco horas e pas-sa por cinco cachoeiras (Canela i, ii e iii e da Marta i e ii). por r$ 95, os amantes do pedal podem passar um dia curtindo um cicloturis-mo pelos mais belos pon-tos da região, com parada

para almoço (não embu-tido no preço). Mais adre-nalina se tem nos passeios de quadriciclo (desde R$ 120) e voos de paraglider (R$ 180) e balão (R$ 350). a Jows (jows.com.br) alu-ga skate off-road (R$ 30, 15 minutos) e tem pista coberta (R$ 20, meia hora). para um guia para defi-cientes visuais, ligue para a Botucatur (3882-5001).

como cHegarda capital, você roda 225 quilômetros pelas rodo-vias Castelo branco e Ma-rechal rondon. de ôni-bus, a Vale do Tietê (vale dotiete.com.br; R$ 56) e a Rápido Fénix (rapido fenix.com.br; R$ 53,40) le-vam a partir do Terminal barra Funda. de carro, vo-cê gasta r$ 82,60 de pe-dágio (ida e volta).

O salto de paraglider no Morro da Indiana, o joelho de porco pururucado do Empório Stammtisch e o Museu do CaféO passeio de caiaque ao sol poente na represa com águas do Rio Tietê

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VTSP | boTucaTu

dia 3: meta é demétriaNa terra de Felipe Massa, a ra-dicalidade também vem a cava-lo, nos trotes por rincões rurais, e, claro, vem sobre rodas. Como nos rolês em skates elétricos off-road no bairro Jardim Tropical, coisa do Rodrigo Jow, que tam-bém tem uma pista indoor, a Jows. Mais eletrizantes são os passeios de quadriciclo. Dá para pilotar ou ir na garupa. Nada de asfalto: é chão virgem, grama, lama e cascalho até o cume da Pedra do Índio (lembra da vis-ta das Três Pedras?), com térmi-no na Serra do Calvário. Prefe-re um sonho de Ícaro? Há voos de paraglider, que decolam do Morro da Indiana, e de balão. Os dois pairam por uma hora sobre esses vales (dependendo do ven-to, sobrevoam até Bauru), onde

se esconde o bairro Demétria.Os amantes da boa comi-

da têm de conhecer o solo de-metriano, região alternativa e mais charmosa do que o Cen-tro, que está a 10 quilômetros. Se for à noite, tome umas no Celeiro, perito em carnes e em música ao vivo, que vai do ja-zz ao rockabilly. Acabei dei-xando o Celeiro pelo Empório Stammtisch, onde rolam shows de MPB. Após um mix de salsi-chas de entrada, surge a estre-la dessa cervejaria germânica: um prato com joelho de por-co pururucado, kassler, chucru-te, salsichões, batatas coradas e salada. Alimenta até quatro por R$ 85. Se tiver dúvida, pergunte aos chefs Davi e Vado, que irão sugerir o croquete de joelho de porco besuntado em um creme

de alho com leite. Se tem sota-que alemão, reserva 150 rótulos de breja. Após tanto porco no bucho, é difícil provar as redon-das orgânicas da Pizza Bel.

Por falar em meio ambien-te, o Demétria também é re-duto da agricultura biodinâ-mica, com produção de frutas, legumes e laticínios, sem agro-tóxico ou fertilizante quími-co. Além da feira de produtos orgânicos, que é realizada toda terça pela manhã, resiste, den-tro do Sítio Bahia, a Bioloja da Demétria, onde se compra cho-colate, pão, sorvete etc., tudo fei-to sem interferir no futuro do planeta. Algo que orna com a etimologia da cidade: Botucatu vem do tupi-guarani ybytu-katu, que significa bons ares, algo que a gente espera do futuro.

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