souza; mariana gomes de fragmentos de imagens na cultura digital

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO CURSO DE ARTES VISUAIS FRAGMENTOS DE IMAGENS NA CULTURA DIGITAL MARIANA GOMES DE SOUZA Campo Grande MS 2009

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Page 1: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO

CURSO DE ARTES VISUAIS

FRAGMENTOS DE IMAGENS NA CULTURA DIGITAL

MARIANA GOMES DE SOUZA

Campo Grande – MS 2009

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MARIANA GOMES DE SOUZA

FRAGMENTOS DE IMAGENS NA CULTURA DIGITAL

Relatório apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Artes Visuais à Banca Examinadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob orientação da Profª. Ma. Venise Paschoal Melo. Campo Grande – MS

2009

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Dedico esta Monografia aos meus pais que proporcionaram e sempre incentivaram meus estudos, ao meu irmão, ao Jean, aos meus amigos, aos meus familiares e aos Prof. Darwin, Venise e Jonas pela força dada durante o decorrer deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por estar presente em todos os momentos

de minha vida, abençoando e iluminando meu caminho.

Manifesto minha gratidão à minha família, à minha mãe que tanto me apoiou,

proporcionou meus estudos e me encorajou a concluir esta etapa da minha vida. Ao

meu pai por confiar em mim. Ao meu irmão pelo apoio e pela colaboração. E a

minha prima Graziela que me ajudou em algumas partes do trabalho tanto prático

quanto no teórico me emprestando alguns materiais.

A todos os professores que contribuíram decisivamente para a minha

formação acadêmica e profissional, principalmente o Profº. Darwin Longo.

Cabe, aqui, também um agradecimento ao meu companheiro e amigo Jean

Robert que me apoiou e me ajudou sempre que eu precisei.

Obrigado a todos.

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―Antes de tudo, a fotografia é uma atividade divertida. É feita para registrar lembranças e comunicar nossas idéias e pensamentos, e é a única em sua capacidade de congelar para sempre um determinado instante do tempo. É isso, talvez, que lhe confere um encanto universal‖. John Hedgecoe

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RESUMO

Este relatório apresenta uma abordagem básica sobre macrofotografia, com a possibilidade de manipulação digital através de software específico de tratamento de imagem. A linguagem utilizada é da captação de expressões faciais, evidenciando texturas e interferências, além da aplicação de cores e grafismos com o objetivo de gerar experimentações como proposta de uma aproximação com o movimento da Arte Pop. Palavras - chave: Arte Pop, Fotografia, Manipulação Digital

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................................08 INTRODUÇÃO.....................................................................................................14 CAPÍTULO I. A FOTOGRAFIA

1.1 BREVE HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA................................................15 1.2 FOTOGRAFIA DIGITAL......................................................................19 1.2.1 A FOTOGRAFIA E A MANIPULAÇÃO DIGITAL...................21

CAPÍTULO II. AS IMAGENS E A ARTE

2.1 FOTOGRAFIA COMO ARTE...............................................................23 2.2 FRAGMENTOS E A MACROFOTOGRAFIA.......................................31

2.3 O CORPO NA ESTÉTICA DA ARTE POP..........................................34 2.4 A FOTOGRAFIA E O CORPO.............................................................38 2.5 A ARTE POP E A FOTOGRAFIA........................................................40 CAPÍTULO III. PROCEDIMENTOS E ANÁLISES DAS OBRAS........................42 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...................................................................52

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LISTA DE FIGURAS

IMAGEM

DESCRIÇÃO DA IMAGEM

PÁGINA

Fig. 01

Ilustração feita para o texto da fotografia (câmara escura). www.waltermagalhaes.com/imagens

16

Fig. 02

Primeira câmera Kodak www.moraisvinna.blogspot.com

17

Fig. 03

Cartaz da propaganda da Kodak Fonte: www.kodak.com/BR/imagens

18

Fig. 04

CCD Fonte: www.ceticismoaberto.com

19

Fig. 05

Autor: José d’Almeida & Maria Flores Título: O 7º Dia do Relojoeiro Fonte: www.olhares.com

20

Page 9: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Fig. 06

Autor: Man Ray Título: Larmes (1932) Fonte: www.bbc.co.lk/photography

25

Fig. 07

Autor: Raoul Hausmann Título: ABCD (1923-1924) Fonte: http://geometricasnet.wordpress.com

25

Fig. 08

Autor: Hai Bo Título: Três Irmãs (2000) Fonte: www.vvork.com

27

Fig. 09

Autor: Ma Liuming Fonte: www.nhuhuy.com

27

Fig. 10

Autor: Joel-Peter Witkin Título: Las Meninas (1987) Fonte: http://silencio.weblog.com.pt

28

Fig. 11

Autor: Yinka Shonibare Título: O Sono da Razão Produz Monstros (2008) Fonte: www.re-title.com/public

28

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Fig. 12

Autor: Nan Goldin Título: Rise e Monty na cadeira do salão (1988) http://artintelligence.files.wordpress.com

29

Fig. 13

Autor: Alexander de Cadenet,

Título: Retrato do Crânio de Edward Lucie-Smith, 1998 Fonte: www.mfanow.org/iblog

29

Fig. 14

Imagem macrofotográfica Fonte: www.olhares.com

32

Fig. 15

Autor: Andy Warhol Título: Torsos, 1977 Fonte: www.amazon.com

34

Fig. 16

Autor: Richard Hamilton Título: She [Ela], 1958-61 Fonte: www.tate.org.uk

35

Fig. 17

Autor: Gil Elvgren Fonte: www.olavosaldanha.wordpress.com

36

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Fig. 18

Autor: David Hockney Título: Homem no chuveiro em Beverly Hills, 1964 Fonte: www.risconotempo.blogger.com.br

37

Fig. 19

Autor: Andy Warhol Título: Elvis I e II, 1964 Fonte: www.dothefrug.wordpress.com

38

Fig. 20

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

43

Fig. 21

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

43

Fig. 22

Autor: Mariana Gomes Difusor de papel vegetal

43

Fig.23

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

45

Fig. 24

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

45

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Fig. 25

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

46

Fig. 26

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

46

Fig. 27

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

46

Fig. 28

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

46

Fig. 29

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

46

Fig. 30

Autor: Mariana Gomes Foto Teste

47

Fig. 31

Autor: Mariana Gomes Obra 1

48

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Fig. 32

Autor: Mariana Gomes Obra 2

49

Fig. 33

Autor: Mariana Gomes Obra 3

49

Fig. 34

Autor: Mariana Gomes Obra 4

50

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INTRODUÇÃO

A fotografia é uma linguagem artística que serve para registrar instantes da

realidade e se comunicar com o observador através destas imagens capturadas. O

mundo da fotografia é um mundo de certa forma pessoal, é uma forma de expressão

mais íntima do olhar do fotógrafo sobre o que ele vê. Tiramos fotos para exprimir

nossos sentimentos sobre as pessoas, a natureza e o mundo que nos cerca.

Na busca da nossa linguagem na fotografia, escolhi a técnica da

macrofotografia, uma espécie de ―close‖, ou seja, a captura de um objeto visto bem

de perto, onde detalhes do rosto são apresentados de uma maneira diferente, onde

as texturas, as cores e as expressões ficam em evidência, ou seja, elementos vistos

sob outro olhar, transformando a cena em fragmentos estéticos, descolados do

contexto do tempo e do espaço presente.

Este trabalho foi organizado em três capítulos: o primeiro capítulo refere-se a

uma breve historia da fotografia, que vai dos aspectos históricos até as diversidades

das tecnologias digitais. O segundo capítulo trata-se de uma abordagem a respeito

da temática conceitual aplicada nas imagens, da historia da macrofotografia, a

estética do corpo na arte pop e a sua relação com a fotografia e o último capítulo

refere-se à descrição e análise das obras desenvolvidas.

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CAPÍTULO I

A FOTOGRAFIA

O suporte escolhido para nossa proposta de produção é a fotografia, para

isso realizamos uma pesquisa teórica que pudesse fundamentar nosso

conhecimento e aprendizagem a respeito desta linguagem, tanto no sentido de seu

contexto histórico como na sua aplicação na pratica artística como ferramenta

técnica.

O presente capítulo refere-se aos aspectos históricos e técnicos da

fotografia, desde a sua invenção, sua utilização como forma artística e a sua

aprimoração.

1.1 BREVE HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA

A fotografia não tem um único inventor, ela é uma síntese de várias

observações e inventos em momentos distintos. É muito difícil saber exatamente as

datas e etapas dos processos que levaram à criação da Fotografia, pois muitas

delas são experiências conhecidas pelo homem na Antiguidade, e acrescenta-se a

isso um conjunto de cientistas em diversas épocas e lugares que aos poucos foram

descobrindo as partes deste confuso quebra-cabeça, que somente no final do século

XIX foi inteiramente montado.

Os fundamentos daquilo que veio a se chamar de fotografia vieram de dois

princípios básicos que são: a câmara escura e a existência de materiais

fotossensíveis.

A câmara escura (Fig. 01) é uma caixa escura e lacrada que possui um

orifício por onde passam raios de luz, que projetam imagens externas invertidas na

parede interna oposta ao furo. Se, na parede oposta, ao invés de uma superfície

opaca, for colocada uma superfície translúcida, como um vidro despolido, a imagem

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formada será visível do lado de fora da câmara, ainda que invertida (Salles: 2008). E

o outro fator diz respeito aos materiais fotossensíveis.

Fig. 01. Câmara Escura

Conforme Salles (2008), ―fotossensibilidade é um fenômeno que quer dizer,

sensibilidade à luz‖. Na verdade, toda matéria que existe é fotossensível, ou seja,

toda ela se modifica com a luz, como um tecido que desbota no sol, ou mesmo a

tinta de uma parede que vai aos poucos perdendo a sua cor, porém algumas

demoram milhares de anos para se alterar, enquanto outros apenas alguns

segundos. Para a reprodução de uma imagem, de nada adiantaria um material de

pouca fotossensibilidade, de modo que todos os cientistas ou curiosos que

procuraram de alguma forma a imagem fotográfica, começaram pesquisando sobre

o material que já há muito era conhecido e considerado o mais propício para tal: os

sais de prata.

Depois de alguns anos esse método foi se aprimorando e consistia em

sensibilizar as folhas de papel com nitrato de prata, e logo em seguida com iodeto

de potássio, formando o iodeto de prata. O iodeto de prata era sensível à luz, o que

diminuía drasticamente o tempo de exposição, e possibilitavam a revelação da

imagem para o outro suporte através de uma solução de acido gálico e nitrato de

prata. Esse processo permitiu que a fotografia em papel, lentamente, tomasse bom

lugar na busca pela melhor imagem.

Segundo Salles (2008), a imagem só veio a melhorar quando usaram um

pouco de nitrato de prata em gelatina de secagem rápida. A gelatina, de origem

animal, não só conservava a emulsão fotográfica para após a secagem como

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também aumentava de maneira drástica a sensibilidade dos haletos de prata,

tornando finalmente, a fotografia instantânea.

A primeira fotografia foi tirada no verão de 1826, da janela da casa do francês

Joseph-Nicéphore Nièpce (1765 – 1833). Esta descoberta se deu quando o francês

pesquisava um método automático para copiar desenhos e traços nas pedras de

litografia. O processo permitia que a imagem revelada pudesse ser usada para

reprodução de outras copias.

Em 1829, Nièpce junto com Louis-Jacques Mandé Daguerre firmaram

sociedade, que tinha por objetivo o aprimoramento das técnicas até então

desenvolvidas, mas ambos trabalhavam em sentidos opostos: enquanto Nièpce

trabalhava para conseguir fazer cópias Daguerre só se importava se a imagem teria

um resultado satisfatório, ou seja, imagens nítidas e permanentes sobre suporte.

Daguerre, dez anos mais tarde lançou o processo chamado Daguerreótipo,

que era bastante simples: uma chapa metálica era tratada com vapores de iodo, que

se tornavam iodeto de prata, tornando-a sensível a luz, porém o tempo de exposição

era menor. Esse processo não permitia copias, apesar disso, o sistema de Daguerre

se difundiu no mundo todo.

Este processo do daguerreótipo permitiu uma rápida proliferação de

fotógrafos pelo mundo, não demorou muito para chegar aos Estados Unidos, teve

uma expansão extraordinária, atravessando o Atlântico.

No ano de 1888, a Kodak lançava a câmera Kodak número 1 (fig. 02), tipo

caixa, era vendida por 25 dólares e já era carregada com um filme fotográfico para

100 fotos. No cartaz de propaganda (fig. 03) vinha escrito como slogan ―Você aperta

o botão, nós fazemos o resto‖, porque após o fotógrafo expor o filme era somente

devolver ao fabricante, recebendo depois as fotos e a câmera novamente carregada

com um novo filme.

Fig. 02 – Câmera Kodak

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Fig. 03 – Cartaz de propaganda da Kodak

Apesar de a fotografia ser uma criação do século XIX, foi a tecnologia que

permitiu o rápido aprimoramento da câmera e do filme no século XX. Uns dos

principais avanços foi de ordem mecânica, na construção de lentes cada vez mais

nítidas e precisas, e câmeras portáteis de diversos tamanhos e formatos. Com o

passar dos anos muita coisa veio a ser acrescida e mudada, com a tecnologia mais

avançada, os processos se tornam mais baratos e mais eficientes, as câmeras

aderem aos processos digitais facilitando ainda mais o processo de produção de

imagens.

Segundo Bussele (1980) para um fotógrafo, o visor de uma câmera

representa o mesmo que uma tela vazia para um pintor. Essa linguagem exerce um

papel tão amplo, tão presente no nosso dia-a-dia que os diversos meios de

comunicação e informação jornalística, publicitária, artística, e culturais que

envolvem e que nos encantam, são essencialmente fotográficos, o mundo hoje

assim, também se torna essencialmente visual.

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1.2 FOTOGRAFIA DIGITAL

Como vimos anteriormente, inicialmente o ato de fotografar consistia em

expor, por uns breves instantes, um filme recoberto de substâncias quimicas

fotossensíveis à luz. Nos dias de hoje com a evolução tecnológica decorrente dos

avanços obtidos no mundo, ela nos trouxe, entre outras maravilhas, a fotografia

digital.

Em princípio, a fotografia digital funciona mais ou menos como a fotografia

tradicional com película: a luz atravessa uma lente e incide sobre um material

sensível à luz, que absorve e amplifica de modo a torná-la visível. Nos ―velhos

tempos‖ esse material era uma pelicula, e na fotografia digital é substituido por um

fotossensor digital eletronico, chamado de CCD (Fig. 04). Esse sensor é o principal

responsável pela captura da imagem. Segundo Ramalho (2006), a tecnologia usada

pelo sensor influência a qualidade da captura.

Fig. 04 – Sensor que substitui o filme nas câmeras digitais (CCD)

As fotos digitais são convenientes porque permitem ver os resultados

instantaneamente, não requerem os custos de filme e revelação e são adequadas

para manipulação em programas de computador como por exemplo o Adobe

Photoshop.

Com toda essa tecnologia digital a fotografia e a arte sofreram grandes

mudanças na produção de imagens, fazendo com que a arte digital possibilite criar,

interferir sobre o que já foi produzido (Fig. 05). Facilitando a experimentação e

ampliando a capacidade das pessoas se expressarem.

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Fig. 05 – Arte Digital de José d’Almeida & Maria Flores

Conforme Freeman (2007, p. 118) fotografia digital agora dá um enorme grau

de controle sobre aparência da cor em fotografia, bem como a tonalidade, saturação,

e luminosidade são todos ajustáveis.

Com o avanço da tecnologia digital os fotógrafos conseguiram através dos

computadores novas maneiras de processar digitalmente as imagens, de retocá-las

e de manipulá-las de modo geral, sem precisar recorrer a processos do passado

como a câmara escura e processos químicos, facilitando assim o seu trabalho de

produção final.

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1.2.1 A FOTOGRAFIA E A MANIPULAÇÃO DIGITAL

Com a chegada da fotografia digital e conseqüentemente dos programas de

edição de imagem, ficou muito mais fácil trabalhar uma imagem. Agora, além das

técnicas disponíveis nos laboratórios convencionais, podemos suprimir ou alterar

elementos de uma fotografia com muito mais facilidade.

A manipulação digital permite fazer trabalhos de fotografia, chamados

convencionais, com acrescimos ou ajustes no contraste e na cor de forma mais

direta e rápida do que qualquer câmara escura.

No tempo da manipulação digital das imagens, a fotografia não pode atestar

mais a existência de coisa alguma. A manipulação de imagens para alguns adquiriu

um conceito negativo, com a intenção de apresentar uma tradução falsa da imagem,

distorcida ou parcial da mesma. Lembremos, ainda, que o termo manipulação,

aplica-se no sentido de forjar, perverter, inventar, imaginar, formar, gerar, produzir.

Segundo Samain (2005, p. 312):

―Qualquer imagem fotográfica pode ser profundamente alterada, alguns de seus elementos podem ser importados de outras imagens, o nariz de um modelo pode ser alongado ou reduzido e até mesmo trocado com o de outra figura, rugas ou excesso de gorduras podem ser eliminados dos corpos fotografados, as posições dos objetos podem ser alterado, até mesmo erros de foco, de mensuração de luz ou de velocidade de obturação podem ser corrigidos na tela do computador.‖

Por outro lado, positivamente a manipulação, realizada a partir de softwares

gráficos, tem o intuito de melhorar a qualidade da imagem e ou de aplicar detalhes e

sobreposições. Com softwares simples, intuitivos até, é possível reconstruir toda a

imagen, transformá-la e recriar o ―real‖ por ela registrada.

Com esses afiados bisturis de software, ao contrário, todos os defeitos e outros detalhes demasiadamente orgânicos são eliminados dos corpos fotografados, que se retocam e corrigem na tela do computador. (GARCIA, 2006, p. 105)

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Indubitavelmente já se manipulava a foto em outros tempos, e a história da

fotografia está cheia de exemplos de alteração da informação luminosa impressa no

negativo para fins publicitários, políticos ou até mesmo estéticos. (MUNARI, 1997)

Antigamente a manipulação fotográfica, segundo Diana Domingues (2003),

era grosseira e podia ser facilmente descoberta com um simples exame de

microscópio. Hoje em dia já é muito difícil (quase impossível) saber se houve algum

tipo de manipulação numa foto.

Nos dias de hoje a manipulação de imagem é realizada por meio de softwares

específicos, tais como: Photoplus, The Gimp, Gimpshop, Photo Filter, Paint.net,

Paint Shop Pro, Corel Photo Paint e o mais conhecido e mais utilizado por

fotógrafos, designers gráficos e web designers, o Adobe Photoshop.

Não é por acaso que programas de edição gráfica como o Photoshop desempenham um papel cada vez mais primordial na construção das fotografias mediáticas que expõem corpos belos, e que constituem uma poderosa fonte de imagens corporais no mundo contemporâneo. Tais técnicas oferecem às imagens corporais tudo o que a ingrata Natureza costuma escamotear aos organismos vivos, e aquilo que as duras práticas bio-ascéticas ainda insistem em lhes negar – com seus métodos tão analógicos, ainda tão grosseiros na sua forma de operar sobre a materialidade carnal. (GARCIA, 2006, p. 105)

O Adobe Photoshop tem uma interface fácil, ferramentas de edição

extraordinárias, assim diminuindo o tempo gasto e dinamizando o trabalho. Permite

mesclagem de imagem, a utilização de máscaras, camadas e efeitos que imitam

técnicas de pinturas proporcionando agilidade na hora da manipulação.

Com a manipulação digital podemos a todo momento modificar as imagens,

acrescentando grafismo, cores, filtros que contem nas ferramentas dos softwares

permitindo assim explorar inumeras possibilidades em torno da criação e da

produção visual.

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CAPÍTULO II

AS IMAGENS E A ARTE

Assim como a fotografia possui grande peso nas mídias e nos meios de

comunicação, no campo das artes visuais ela também se apresenta com muita força

e ainda com os aspectos digitais hoje existe a facilidade da expressão.

Este capítulo trata-se de uma abordagem a respeito da temática conceitual

aplicada nas imagens, uma breve história da macrofotografia, a estética do corpo na

arte pop e a sua relação com a fotografia.

2.1 FOTOGRAFIA COMO ARTE.

A arte é um produto do homem, que através de valores estéticos e

expressivos sintetiza conceitos históricos e culturais. Se apresenta como um

conjunto de conhecimentos, procedimentos e técnicas que geram as mais diversas

características, resultando em experimentações e processos que dão origem ao que

definimos por música, teatro, cinema, dança, arquitetura, escultura e

pintura.(CARAMELLA, 1998).

A fotografia nasceu com sua linguagem atrelada à função social que a pintura

desempenhava no século XIX, a produção de retratos com registro de uma época e

cultura.

A palavra fotografia vem do grego [fós] (―luz‖), e [grafis] (―estilo‖, ―pincel‖) ou

grafê, e significa ―desenhar com luz‖.

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Pierre (2007) afirma que a fotografia e a pintura sempre tiveram destinos

paralelos, conflituosos e complementares. Na tentativa de colocar a fotografia como

produto resultante de estudo e inteligência, os fotógrafos passaram a se preocupar

com conhecimentos sobre ponto, massa, linha, tom, contraste, profundidade e

iluminação, ou seja, passaram a imitar as pinturas utilizando seus aspectos para

composição da imagem.

O movimento chamado pictorialismo é um exemplo da ligação da fotografia

com a pintura. Por meio de várias formas de manipulação da imagem fotográfica, o

fotógrafo procurava inserir a fotografia no universo das artes plásticas, ao mesmo

tempo distanciando da então compreensão do que seria uma imagem fotográfica

com registro e, aproximando-a da linguagem pictórica utilizando da expressão como

recurso.

Segundo Pierre no seu inicio na segunda metade do século XIX, ―os

propósitos da pintura e da fotografia são idênticos: copiar a realidade o melhor

possível‖ (2007, p. 70). Por um lado muitos artistas de retrato se renderam a câmera

fotográfica e por outro criou-se uma certa resistência, fazendo com que os artistas

acabassem criando uma nova concepção artística para produção de sua obra, uma

concepção não sujeita à realidade.

Na verdade ainda por muito tempo a fotografia continuou a repetir as poses,

os gestos dos retratos pictóricos, somente aos poucos passou a se descobrir as

possibilidades de uma ―linguagem fotográfica‖, como organização estética surgindo

então as escolas pictóricas como o cubismo, o construtivismo e outras

manifestações não figurativas.

Com os movimentos Surrealismo e Dadaísmo houveram contribuições no

direcionamento da fotografia como linguagem artística, como foi usado pelo artista

Man Ray, que em obras, o disparo do botão da câmera traz à tona elementos que

remetem ao mundo inconsciente (fig. 06). Já no dadaísmo, as fotomontagens eram

bem representadas por Raoul Hausmann, onde criava suas obras a partir de

imagens fotográficas retiradas de recortes de revistas e jornais (Fig. 07).

Page 25: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Fig. 06 – Man Ray, Larmes, 1932

Fig. 07 – Raoul Hausmann, ABCD (fotomontagem), 1923-1924

Page 26: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Com o desenvolvimento da tecnologia, os equipamentos tornaram-se mais

leves e as emulsões mais rápidas, permitindo uma maior mobilidade do fotógrafo,

facilitando assim, a busca por ângulos inusitados e recortes que fugissem da

intenção de representação fiel da realidade.

De acordo com Sontag (2004, p. 18) recentemente, a fotografia tornou-se um

passatempo quase tão difundido quanto o sexo e a dança. Ou seja, a fotografia nos

dias de hoje não é praticada pela maioria das pessoas como uma arte. É, sobretudo,

um instrumento de poder que para algumas pessoas é um ato prazeroso de registrar

momentos, de estar figurando ou imitando algo que existe.

Hoje em dia tudo é fotografado, além de ser um meio de passar informações

em revistas, jornais, cartazes, sites de relacionamentos, como o ORKUT, as pessoas

fotografam por prazer.

Para Sontag, ―as fotos são apreciadas porque dão informações. Dizem o que

existe; fazem inventário (2004, p. 32). A fotografia pode ser utilizada no processo de

investigação do cotidiano das pessoas, a fim de que mediante as imagens obtidas

da família, da vizinhança, da cidade e das coisas que as cercam.

Por meio de fotos, o mundo se torna uma série de partículas independentes, avulsas; e a história, passada e presente, se tornam um conjunto de anedotas e de faits divers. (SONTAG, 2004, p. 33)

Para algumas pessoas, fotografar é um ato necessário, de estar podendo

capturar algo ou alguém que existe, ou existiu. Já para outras, é a necessidade de

prolongar o contato, a proximidade, o desejo de que o vínculo persista.

Sontag (1977) afirma que fotos fornecem um testemunho. Algo de que

ouvimos falar, mas de que duvidamos parece comprovado quando nos mostram

uma foto.

Com a ajuda da tecnologia digital os recursos para fotografar estão cada vez

melhores, Freeman (2007), afirma que a fotografia digital criou, mais do que

qualquer coisa, uma cultura de pós-produção.

Nos dias de hoje a linguagem estética da fotografia contemporânea tem muitas

variações de estilos e composições como: trabalhos voltados para temas sociais,

como as obras de Hai Bo (Fig. 08); autobiográfico, no qual o artista é o ator em sua

própria peça, como Ma Liuming (Fig. 09); trabalhos digitais como os de Joel – Peter

Page 27: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Witkin (Fig. 10); trabalhos com seqüência narrativa como Yinka Shonibare (Fig.11); a

informalidade nas obras de Nan Goldin (Fig. 12) e até a utilização de raios-x como

as obras de Alexander de Cadenet (fig. 13) que retrata celebridades mostrando não

a carne, mas a estrutura do crânio, não o corpo externo, mas o interno.

Fig. 08 – Hai Bo, Três Irmãs, 2000

Fig. 09 – Ma Liuming

Page 28: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Fig. 10 – Joel-Peter Witkin, Las Meninas, 1987

Fig. 11 – Yinka Shonibare, O Sono da Razão Produz Monstros, 2008

Page 29: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Fig. 12 – Nan Goldin, Rise e Monty na cadeira do salão, 1988

Fig. 13 – Alexander de Cadenet, Retrato do Crânio de Edward Lucie-Smith, 1998

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De acordo com Busselle (1979), a fotografia, assim como a música, é uma

arte universal que transmite suas mensagens com maior força e de modo mais direto

que as palavras. Como em qualquer forma de expressão artística, procuramos expor

o que sentimos através de diferentes técnicas e maneiras, que são especificas para

cada proposta, sem, entretanto, deixar que as mesmas prevaleçam e ofusquem a

mensagem da obra.

Segundo Shüüer (1976) aqueles que encontram na fotografia apenas o

resultado do desenvolvimento tecnológico dos equipamentos eletrônicos, óticos e

químicos utilizados para a produção da fotografia, estão muito longe de entender o

verdadeiro significado da arte fotográfica. Fotografia é a utilização de determinadas

técnicas para codificar em imagem o mundo pessoal daquele que fotografa. E a

fotografia como arte exprime justamente isto, o sentimento do fotógrafo sobre as

pessoas, a natureza e o mundo que o cerca.

Fazer fotografia não é apenas apertar o disparador. Tem de haver

sensibilidade, registrando um momento único, singular. O fotógrafo recria o mundo

externo através da sua realidade estética. De acordo com Barthes (1982), muitos

não consideram a fotografia como arte, por ser facilmente produzida e reproduzida,

mas a sua verdadeira alma está em interpretar a realidade, não apenas copiá-la.

No processo da fotografia artística, você está criando uma nova imagem a

partir de algo concreto, e não apenas duplicando o que já existe. As imagens são

aparentemente silenciosas. Sempre, no entanto, provocam e conduzem a uma

infinidade de discursos e significados em torno delas.

Como já dizia Sontag (2004, p. 21):

―Uma foto não é apenas o resultado de um encontro entre um evento e um fotógrafo; tirar fotos é um evento em si mesmo, e dotado dos direitos mais categóricos.‖

Ou seja, interferir, invadir ou ignorar, não importa o que estiver acontecendo

fotografar é uma arte. Não há dúvida de que fotografia é considerada uma arte visual

como qualquer outro tipo de arte, que exige imaginação e intuição, o que significa

que não há nenhuma limitação em tirar fotografias, desde que sejam criativas e que

possuam um sentido estético, composicional e conceitual.

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2.2 FRAGMENTOS E A MACROFOTOGRAFIA

Os fragmentos fotográficos deram origem através de aparições inesperadas

de cortes, partes e pedaços, de figuras fotografadas que de repente numa falha de

enquadramento se tornava algo fragmentado

A fotografia e a técnica dos raios-x são considerados excelentes instrumentos

de fragmentação da imagem, na qual pedaços do corpo e da carne humana podem

ser objetivados, quantificados, codificados, racionalizados e dissociados de qualquer

conjunto, como o do corpo inteiro, ao qual pertençam (CZEGLEDY, 2003)

A fotografia carrega consigo além da possibilidade de contemplação estética

do corpo em todos os seus ângulos, a possibilidade de reprodutibilidade das

imagens. Deve-se considerar também a variedade de aparências, faces, tipos e a

multiplicidade de superfícies que o olhar fotográfico pode produzir (SANTAELLA,

2004).

Segundo Calabrese (1988, p.89), as características mais marcantes do

fragmento são: 1) quanto ao ato de quebrar; nele o inteiro está in absentia; 2) os

confins do fragmento não são definidos e sim interrompidos; 3) é o recorte de uma

coisa; a geometria de um fragmento é a de uma ruptura; 4) a análise da linha

irregular da fronteira permite uma obra de re-construção/ re-constituição do todo pela

via de hipóteses do sistema de pertença; 5) o fragmento não é explicado, ele explica

de um jeito novo o mesmo sistema; 6) o fragmento torna-se ele próprio o sistema de

renúncia à pressuposição da sua pertença a um sistema.

Para conseguir chegar a esses fragmentos utilizamos a técnica de

macrofotografia é a técnica de realizar fotografias de aproximação, de tamanho

maior que o natural, mostrando a beleza de pequenos detalhes que muitas vezes a

olho nu seria impossível de perceber, sendo provavelmente este um dos motivos de

seu encanto. (Fig. 14).

Não existe uma definição técnica fixa para o termo Close-up (macro), mas em geral refere-se a situações onde se está a trabalhar mais perto do sujeito do que é habitual. (WESTON, 2005, p. 59).

Page 32: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Existem fotógrafos que não se contentam em fotografar o que normalmente

todo mundo vê. Vão mais além, procurando detalhes, compondo, com formas e

cores, imagens que escapam da maneira convencional de observação e

interpretação. Conforme Filho (2008), a macrofotografia é uma prática ideal para

desvendar esse maravilhoso mundo que é a fotografia de aproximação.

Fig. 14 – Imagem macrofotográfica

A macrofotografia é, portanto, a técnica de fotografar à curta distância,

podendo assim ampliar o assunto com o auxilio de acessórios destinados a este tipo

de fotografia, como lentes close-up, tubos e foles de extensão e as famosas

objetivas ―macro‖, cujo poder de aproximação alcança em certos casos, a taxa de

1:1, o que significa dizer que obteríamos no negativo ou cromo uma imagem de

tamanho igual ao do objeto fotografado (THALES, 2003).

Segundo Weston (2005) a câmera recomendada para se fazer macrofotos é

uma reflex — é uma câmara que permite com que a cena seja vista através da

objetiva, que funciona como objetiva do visor. Nela há um espelho que reflete a

imagem, através de um prisma para o visor, ao nível dos olhos. Oferecem melhores

resultados do que as câmaras simples —, pois este tipo de máquina permite trocar

Page 33: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

lentes e usar a objetiva macro ou uma lente close-up. As lentes macro são objetivas

específicas para esse trabalho, pois permite grandes ampliações e possuem uma

excelente qualidade óptica.

Outro acessório muito utilizado na fotografia macro, conforme Weston (2005)

é o uso de flash, que é uma solução boa e simples, mas muitas vezes produz uma

iluminação, sem muita qualidade direcional. Mas ele tem suas vantagens que é

permitir o uso de menores aberturas de diafragma, proporciona uma maior

profundidade de campo e também permite o uso de velocidade mais alta do que o

necessário no caso de objetos em movimento ou se a câmera estiver sendo usada

na mão.

Em macrofotografia, a profundidade de campo é muito importante e depende

da objetiva e do grau de ampliação do objeto a ser fotografado. Segundo Freeman

(2005), quanto maior a aproximação, menor a profundidade de campo. Um dos

―macetes‖ é utilizar diafragmas bem fechados (f/16, f/22 ou f/32).

Weston (2005), fala que a fotografia é capaz de revelar coisas que

normalmente não veríamos. Isto se passa, sobretudo com a fotografia de close-up e

macro nas quais, numa fração de segundo, a câmera consegue registrar um mundo

freqüentemente invisível ao olho leigo.

A visão do fotógrafo tende a ser diferente, deve ser mais complexa, mais rica,

mais atenta, mais penetrante do que a do homem em geral, que não tem o hábito de

observar a realidade senão nos seus aspectos exteriores mais evidentes, na sua

aparência de cores e de formas mais explicitas.

Imagens fotografadas não parecem manifestações a respeito do mundo, mas sim pedaços dele, miniaturas da realidade que qualquer um pode fazer ou adquirir. (SONTAG, 1977, p. 14-15).

Utilizamos então a macrofotografia para representar fragmentos do rosto

como algo que podemos manipular com a intenção de mostrar a captação de

expressões faciais, evidenciando texturas e interferências, além da aplicação de

cores e grafismos com o objetivo de gerar experimentações como proposta de uma

aproximação com o movimento da Arte Pop.

Page 34: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

2.3 O CORPO NA ESTÉTICA DA ARTE POP

Nos anos 1960, o corpo fragmentado é amplamente explorado por Wandy

Warhol (1930-1987), grande idealizador da Pop Arte americana (1960). Seus torsos

impressos em silkscreen (Fig. 15) são considerados um conjunto singular do corpo

representado, do corpo-imagem na pintura contemporânea.

Fig. 15 – Andy Warhol - Torsos, 1977

Ainda nos anos 60 o pop nas artes plásticas denunciava a presença das

imagens que povoavam o cotidiano das pessoas comuns nos contextos urbanos,

seja pela força de veiculação do cinema, da propaganda, da televisão, das histórias

em quadrinhos, das revistas, seja pela abundância excessiva dos produtos

industriais em série que enchiam as prateleiras dos supermercados que se

espalhavam pelas sociedades capitalistas, altamente consumistas.

Na arte pop o corpo era representado de várias maneiras, o que pode se

observar na escultura, nas fotografias com interferências, na pintura, etc. O artista

Page 35: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Richard Hamilton mostra isso em suas obras, em ―She‖ [Ela] (Fig.16), é apresentada

uma torradeira e um tubo de aspirador de pó formando um corpo feminino, com uma

porta de geladeira aberta que revela uma garrafa de Pepsi - Cola e outros produtos

enlatados. A arte pop visava a representação do mundo consumista. Corpos feitos

com produtos com uma comparação ao homem consumista vazio de valores morais

e repletos de bens de consumo.

Fig. 16 – Richard Hamilton, She [Ela], 1958-61

Alguns artistas desse período retratavam em algumas obras o prazer do

consumo.

Ao crescente tempo de lazer para o desfrute de literatura e de música popular juntava-se uma nova permissividade em relação ao corpo, sua representação e seu consumo. (MACCARTHY, 2002, p. 46)

Naquela época objetos sexualmente explícitos estavam cada vez mais

disponíveis e era presença obrigatória na arte, na ficção, na propaganda, na música

pop e no cinema, que trazia com destaques corpos comercializados e sexualizados

que eram percebidos como um produto aos consumidores.

Page 36: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Pensar o corpo humano como produto de consumo é uma prática que vem se concretizando através de sua incisiva representação por meios cada vez mais obsessivos de valorização da imagem na história ocidental. (GARCIA, 2006, p. 86)

Maccarthy (2002), afirmava que dos dois lados do Atlântico o corpo feminino

figurava em várias pinturas pop, o que já era evidente nas colagens de alguns

artistas. Na arte pop o corpo era muito valorizado, e às vezes ele era representado

por uma modelo ou uma atriz cujas imagens sensuais produzidas em grande escala

exerciam um forte apelo ao consumo, essas mulheres erão chamadas de Pin-Ups

(Fig. 17), tipo de mulher mítica, extremamente sexy, dos anos 30 e 40, impressas

em pôsteres e penduradas ("pin up") nas paredes, em poses às vezes inocentes,

inseridas em cenas do cotidiano íntimo feminino ou em situações embaraçosas, mas

sempre com uma altíssima voltagem de erotismo sutil (VARGAS, 2006, p.21).

Destinadas à exibição informal, as Pin-Ups constituíam num tipo leve de erotismo.

Muitas eram fotografias de celebridades consideradas sex symbols, mas elas

também podiam se referir a desenhos, pinturas e outras ilustrações feitas por

imitação às essas fotos.

Fig. 17 – Gil Elvgren, Pin-Up

Page 37: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Essas Pin-Ups estavam ligadas ao mercado na medida em que atraiam a

atenção do consumidor e eram produtos de intensa fantasia masculina. Elas foram

reconhecidas como importância para a fantasia sexual adolescente.

Hugh Hefner, criador da PlayBoy, transformou a Pin-Up em uma fonte de

inspiração corrente para pintores das décadas seguintes à gerra que desejavam

abordar a figura feminina, incluindo-se o nu. (MCCARTHY, 2002)

O nu era bastante representado na pop art também e junto dele era incluso

vários bens de consumo como embalagens de refrigerantes, garrafas de bebidas,

bolos instantâneos, etc. O artista Tom Wesselmann fazia nus colocados em

ambientes domésticos que incorporavam cortinas de chuveiro, telefones e gabinetes

de banheiro de verdade. (MCCARTHY, 2002)

Como proclamara o artista Hamilton, a arte pop era ―jovem e sexy‖, então

certamente ela tinha seus temas correntes a disposição.

Ao longo da década vários artistas pop deram atenção ao corpo de Marilyn

Monroe, Warhol dizia que ela parecia ser tanto a corporificação do prazer carnal

quanto a imagem da perfeita etéra e santa.

Porém não era somente o corpo feminino o único representante nesse

périodo, na arte pop o público era bem diversificado, embora o tratamento pop da

evolução sexual fosse basicamente masculino e heterossexual, havia outras vozes

de desejo no movimento, ou seja, ela abrigava também gays e feministas.

Uma prova disso vem das obras do artista David Hockney, que com pinturas

como Homem no chuveiro (Fig. 18) celebrava abertamente a sedução erótica do

corpo masculino.

Fig. 18 – David Hockney, Homem no chuveiro de Beverly Hills, 1964

Page 38: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Elvis Presley também foi uma das celebridades a serem representadas na

pop art. Andy Warhol, transformou um conhecido fotograma do cantor, numa

performance de sua forma perfeita, como ele era considerado (Fig. 19).

Fig. 19 – Andy Warhol, Elvis I e II, 1964

O corpo era um meio de comunicação da revolução sexual podendo assim,

transmitir seus desejos através das obras. Na estética da arte pop, era como um

alvo de desejo tanto para os artistas quanto para os observadores, transformava

preocupações momentâneas em material das belas artes.

2.4 A FOTOGRAFIA E O CORPO

Se pensarmos na arte pop e a cultura do corpo percebemos que a fotografia

traz em si o código da condição pós-moderna; da contaminação como estatuto, onde

tudo se formula e se constrói. Com isso o corpo acaba sendo um dos principais

componentes a ser capturados pelo fotografo.

Page 39: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Segundo Weil (2009, p. 07):

Pela linguagem do corpo, você diz muitas coisas aos outros e eles têm muitas coisas a dizer para você. Também nosso corpo é antes de tudo um centro de informações para nós mesmos.

Ou seja, o corpo faz parte de uma narrativa visual, dentre tantas formas de

comunicação e expressão e tem um importante lugar na fotografia, devido a sua

forte apelação e também por demonstrar mais expressão – seja lá qual este for –

quando uma imagem é captada.

A alternativa do corpo como apelação visual, nem sempre é bem utilizada,

pois dependendo da técnica utilizada para isso é necessário que o contexto se auto-

explique com a ―atuação‖ do corpo na imagem.

Quaisquer que sejam as reivindicações morais a favor da fotografia, seu

principal efeito é converter o mundo numa loja de departamentos, ou num museu

sem paredes em que todo o tema é degradado na forma de artigo de consumo e

promovido a um objeto de apreciação estética (AUMONT, 1993). Por meio da

câmera, as pessoas se tornam clientes ou turistas da realidade, realidade aquela

que não é que captada a olho nu, a realidade singular do momento, pois a realidade

é plural, fascinante e à disposição de quem vier pegar. Ao trazer o exótico para

perto, ao tornar exóticos o familiar e o doméstico, as fotos tornam disponível o

mundo inteiro como um objeto de apreciação.

É bom lembrar que a fotografia, desde que surgiu, teve um importante

desempenho nas pesquisas médicas e antropológicas, que visavam entender o

comportamento e a herança genética do corpo humano por meio do registro dos

movimentos voluntários e involuntários, e do panorama de diversas etnias,

ressaltando suas diferenças e destacando suas semelhanças (AUMONT, 1993). É

graças à fotografia que hoje podemos visualizar e comparar a trajetória percorrida

pelo corpo, independentemente da cultura a que pertençamos.

Assim como o mundo, o corpo também virou um objeto de apreciação, não

sendo mais chocante ou incomodo, como por exemplo, quando se vê uma imagem

de partes do corpo ou mesmo de corpos sem partes, assim como se a moldura

Page 40: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

fotográfica fosse uma guilhotina, que ao cortar revela a anatomia visual do outro,

outro esse que na verdade somos nós. (GARCIA, 2005)

E fica a pergunta no ar: ―Como assim somos nós?‖ Simples, quando vemos

esse outro é o exercício de estar nos auto-espelhando para enxergá-lo, ou de outra

forma estudando-o para encontrar de alguma forma algo que nos simpatize por

aquela imagem eterna.

Conforme Barthes disse (1982): ―A fotografia é uma forma de matar o outro‖.

Matar? Ou eternizar no momento da imagem; enfim de qualquer forma quando o

apelo visual se trata do corpo humano, sendo ele nu, vestido, inteiro ou em partes, o

resultado sempre terá alguém que se ache naquele ―espelho‖.

2.5 A ARTE POP E A FOTOGRAFIA

A pop art aparece no cenário artístico para abandonar todo tipo de

profundidade ou de camada e passa a incorporar a fina espessura da película

fotográfica. A arte pop foi uma das várias correntes de criação artística que tiveram

relações privilegiadas com a fotografia.

O pop parece buscar na fotografia seu próprio padrão, transpondo os dados

fotográficos para toda a sua produção. As aparências, a duplicidade do universo da

fotografia, estão introduzidas na estética da arte pop como concubinato natural, que

não se pode mais distinguir o termino de uma e o início de outra.

Não é de se estranhar o fato de a arte pop incorporar a fotografia

como um sucker, pois tanto uma quanto a outra formulam o artifício

da substituição, do objeto escolhido na qual a realidade passa a ser

sempre deja-vu.

(FIGUEIREDO, 2007, p. 45).

Page 41: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

O que se chamou de pop art nos anos 60 também assinalou uma evolução

certa na utilização da fotografia pela arte contemporânea (DUBOIS, 1993, p. 273). A

produção pop usa os procedimentos apropriados para confiscar objetos e fotografias

de ícones da sociedade industrial, transformando esses dejetos em imagens

serializadas.

Segundo Figueiredo (1899) Pop Art fratura a noção entre passado e futuro,

entre repertório imagético da Historia da Arte e as imagens da mídia, sem tecer

diferenças entre uma e outra.

A estética pop aponta para o objeto artístico e sua capacidade de reprodutibilidade e acessibilidade, equivalentes aos produtos oferecidos em vitrines e supermercados. (FIGUEIREDO, 2007, p. 47)

A arte pop trabalha com o paradoxo entre o evidente e o estilhaço, sendo que

o isolamento de cada objeto-sujeito é apresentado de modo serial.

Mundialmente, a arte pop, além das várias individualidades e modalidades

pelas quais exprime, caracteriza-se por toda uma rede de marcas complicadas e

bem conhecidas.

Compreende-se, portanto, que a relação entre Pop art e fotografia é

privilegiada: não é nem simplesmente utilitária, nem estético-formal,

é quase ontológica: essa última quase exprime a ―filosofia‖ da

primeira. A Pop art é um pouco a polaróide da pintura.

(DUBOIS, 1993, p. 279).

A onda da Pop Arte visava, basicamente, criar uma forma de arte que fosse

assimilada pelos novos rumos da cultura de massa que enchiam as casas das

pessoas, onde quadros e diversos tipos de obras, sempre eram muito coloridos e até

mesmo exagerados para a época.

Page 42: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

CAPÍTULO III

PROCEDIMENTOS E ANÁLISES DAS OBRAS

Essa linguagem escolhida, a fotografia é como a pintura, a escultura ou a

gravura, que carrega a marca do seu autor, é possível que um observador atento

identifique a autoria de uma foto considerando características da imagem, como: a

temática, a luz, o ponto de vista, a composição, etc.

E nessa busca de criar um estilo pessoal, escolhemos a técnica de

macrofotografia buscando uma linguagem da estética do fragmento, trabalhando

com a captação de expressões faciais, deixando assim evidentes as texturas e

interferências no rosto.

O uso de um ambiente adequado para fotografar algo é fundamental para a

essencial obtenção de um bom resultado. Por isso, para o resultado final sair como

esperado foi utilizado lente macro, flash e um tripé.

A iluminação na macrofotografia é importante e fundamental, é um

componente que está estreitamente ligada à composição, ela funciona como um

elemento de condução do olhar. Mas o maior desafio é fazer com que haja

iluminação suficiente para definir o foco e, no mesmo tempo, distribuir a luz

igualmente para evitar sombras, fizemos vários testes (Fig. 20 e 21) para obter o

resultado esperado. O uso dos flashes atenua esses problemas citados desde que

essa luz chegue difusa ao objeto, usando papeis, papelão ou isopor.

Page 43: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Fig. 20 – Falta de Luz Fig. 21 – Excesso de luz

Para a luz chegar difusa e evitar sombras na fotografia fizemos um difusor de

papel vegetal para o flash (Fig. 22).

Fig. 22 – Difusor de papel vegetal

Na macrofotografia a profundidade de campo é diretamente afetada pela

abertura da lente: uma abertura grande torna nítido apenas o objeto focalizado, já

uma abertura muito pequena coloca em foco tudo o que está no primeiro plano e no

Page 44: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

plano de fundo. Quanto mais fechado estiver o diafragma (f16, f22, etc.) maior será a

qualidade, a definição e a nitidez da imagem.

Conseqüentemente o obturador terá que ficar o máximo de tempo aberto para

captar a luz, pois o obturador e a abertura funcionam em conjunto. A velocidade do

obturador é o tempo em que ele permanece aberto; ela controla por quanto o tempo

a luz deverá atingir o filme. A velocidade do obturador é medida em frações de

segundo. No caso de close-up, como a abertura vai estar muito fechada, a entrada

de luz vai ser menor, compensa-se a falta de luz com a diminuição da velocidade do

obturador.

Entretanto, quanto menor a velocidade, maiores as possibilidades de a

fotografia sair tremida, isso ocorre pela movimentação da câmera enquanto o

obturador está aberto. Para que isso não aconteça, a câmera deve estar imóvel. Isso

pode ser conseguido apoiando a câmera numa superfície sólida ou utilizando um

tripé. É preciso muito esforço e paciência, mas o resultado final pode ser

surpreendente.

Para chegar a nossa poética fizemos varias experimentações: primeiro

tentamos fazer fotos abstratas (Fig. 23), depois trabalhamos com objetos tentando

criar composições diferentes (Fig. 24), mais para frente decidimos mexer com olhos

de gato (Fig. 25 e 26) e finalmente resolvemos trabalhar com partes do corpo

humano (Fig. 27 e 28), mas percebemos que ficaria mais interessante a nossa

poética se somente trabalhássemos com uma parte do corpo, então decidimos

capturar imagem do rosto, mais especificamente trabalhar com a boca que querendo

ou não nos transmite muita expressão e assim conseguimos chegar aos fragmentos

desejados. Trabalhamos com fotografias coloridas e preto e branco, então como

queríamos que se aproximasse do movimento pop trabalhamos com a fotografia

preto e branco e nela aplicamos primeiramente algumas cores (Fig. 29) acabamos

percebendo que precisava de mais alguma coisa então acrescentemos o grafismo

que foram feitos através de uma ferramenta do software Adobe Photoshop chamada

Brushes. (Fig. 30).

Com os Brushes podemos ajustar os grafismos para que as formas e volumes

que a fotografia contém não sumam quando eles são aplicados, sendo assim

ficando naturais como se fizessem parte do corpo-imagem fragmentado.

Page 45: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Fig. 23 – Macrofotografia abstrata

Fig. 24 – Composição de objetos

Page 46: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Fig. 25 – Olho I Fig. 26 – Olho II

Fig. 27 – Parte do corpo I Fig. 28 – Parte do corpo II

Fig. 29 – Experimentação P&B com aplicação de cor

Page 47: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Fig. 30 – Experimentação P&B com aplicação de cor e grafismo

Antes de chegarmos ao produto final primeiramente tiramos as fotografias no

formato RAW com uma câmera semi profissional, as imagens eram coloridas,

Depois eram passadas para o computador e seu formato era modificado para um

formato mais conhecido como TIFF que era um pouco mais leve que o anterior para

assim não poder perder muito de sua qualidade.

Em seguida abríamos as fotografias no Adobe Photoshop para começarmos a

manipulá-las. O processo começava criando se uma camada da imagem para

podermos alterarmos a cor para preto e branco, depois criavam se outras camadas

para aplicarmos as cores desejadas e os grafismos através da ferramenta brush.

Para que os grafismos ficassem naturais era preciso mexer na angulação deles

ajustando a imagem e também era mexido na opacidade para poder parecer como

se fossem tatuagens para que a imagem não perdesse suas texturas e volumes. E

por ultimo para finalizar a obra duplicamos a imagem e usamos um filtro chamado

Overlay para a imagem ficar com o brilho e o contraste desejado. Para dar uma

sensação de leveza e suavidade o suporte utilizado foi o acrílico. O processo feito

era o de adesivagem no acrílico e para ficar fixo na parede foi feito uma caixa atrás

para dar uma distância da parede.

Page 48: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Na primeira obra (Fig. 31) está presente a sensação de que a idéia de fazer

fragmentos de caras tinham haver com o pensamento sobre o corpo como algo que

você pode manipular, ou seja, da maneira como a boca esta sendo apertada e

exprimida acaba criando-se uma expressão diferente que não conseguiríamos fazer

sem a ajuda das mãos. E se observarmos as cores da bandeira americana que era

algo bem marcante no movimento artístico pop e com a aplicação das estrelas nas

unhas a sensação fica ainda maior. Sendo assim, dando a entender que a bandeira

americana esta sendo representada através desse fragmento.

Fig. 31 – Obra 1

Dimensões: 32 x 100 cm

A obra seguinte (Fig. 32) transmite uma idéia de como se ela estivesse

deixando as linhas saírem de sua boca e assim dando a sensação de vidro

quebrado com os cruzamentos das linhas. A cor utilizada na boca passa a sensação

de desejo e a cor utilizada nas unhas é muito semelhante à de um chiclete de Tutti

Frutti passando assim a vontade de mastigar um chiclete.

Page 49: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Fig. 32 – Obra 2

Dimensões: 40 x 100 cm

Já essa obra (Fig. 33) ela passa a sensação de que estivesse quebrando e

rachando sua pele no momento em que sua face é comprimida com as mãos. A

composição das cores está bem relacionada ao movimento Pop arte, pois são cores

vibrantes que acabam passando a sensação de poder sobre algo.

Fig. 33 – Obra 3

Dimensões: 55 x 100 cm

Page 50: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

A última obra (Fig. 34) segue quase a mesma linha da primeira obra, dizemos isso

porque novamente precisou do auxilio das mãos para fazer uma expressão

diferente. Ela também esta bem ligada a Arte pop sendo bem representada pelas

cores, principalmente a cor vermelha aplicada nos lábios. Essa obra passa a

sensação de que realmente as bolhas estivessem sendo produzidas de dentro da

pessoa e sendo soltas pela boca.

Fig. 34 – Obra 4

Dimensões: 55 x 100 cm

Page 51: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo dessa pesquisa foi apresentar a possibilidade que a

macrofotografia tem de fornecer uma imagem de aproximação gerando a

possibilidade da utilização da linguagem de fragmentos, com aplicação de cores e

de grafismos feitos através da manipulação digital para chegarmos o mais

semelhante possível da arte; as fotos são admiráveis e bem compostas, não são

somente restritas à documentação e pesquisas biológicas.

Ao longo do tempo cada fotógrafo cria a sua maneira própria de ver o mundo

que o rodeia. Procura formas de comunicar visualmente. Com o tempo, vai

adquirindo sensibilidade na arte de comunicar visualmente.

Neste projeto segui uma linha de estudos que caracteriza a minha forma de

fotografar. A macrofotografia possibilita imagens do cotidiano, mostrando aos nossos

olhos coisas que geralmente não prestamos muita atenção, coisas comuns que

acabam ficam maravilhosas depois de uma bela composição.

Para esse trabalho sair como esperado, fiz um estudo sobre tipo e direção de

luz, velocidade do obturador, abertura do diafragma, profundidade de campo,

fragmentos, movimento arte pop e sobre o corpo, pois tudo precisa estar

devidamente avaliado e ajustado.

Assim, esse trabalho reside no fato do espectador poder ―ler‖ detalhes

fotograficamente da cultura digital, em condições de livre interpretação, no tempo e

espaço que desejar.

Page 52: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

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Page 55: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

Portifólio

Mariana Gomes de Souza

Page 56: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

FRAGMENTOS DE IMAGENS NA CULTURA DIGITAL

Esta apresentação é o resultado de uma produção plástica na modalidade de

fotografia, que teve como tema ―Fragmentos de imagens na cultura digital, para

defesa do trabalho final de bacharelado em Artes Visuais.

Para a minha proposta de produção realizamos uma pesquisa teórica que

pudesse fundamentar nosso conhecimento e aprendizagem a respeito desta

linguagem, tanto no sentido do seu contexto histórico, como na sua aplicação na

prática artística como ferramenta técnica

O processo de criação de cada imagem passa pelo estudo detalhado da

técnica da macrofotografia, buscando captar expressões faciais evidenciando

texturas e interferências além da aplicação de cores e grafismos com o objetivo de

gerar experimentação como proposta de uma aproximação com o movimento da

Arte Pop.

Foram realizados quatro trabalhos em fotografia sendo que cada uma foi

manipulada digitalmente no software Adobe Photoshop, as imagens foram

adesivadas em placas de acrílico dando um ar de suavidade, leveza e delicadeza a

obra.

As obras apresentadas ressaltam os aspectos estético do movimento da arte

pop sendo representados através dos fragmentos de imagens realizados,

transformando tudo isso na poética de uma artista que buscou na fotografia uma

liberdade de expressão e que lhe proporcionasse um desejo de continuar criando e

desenvolver assim, seu próprio estilo.

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CURRICULUM

Nome: Mariana Gomes de Souza

Local de Nascimento: Araraquara – SP 05/05/1988

Filiação: Osmar Dorico de Souza

Ana Lucia Gomes Silva de Souza

RG.: 001.565.534 SSP/MS

CPF.: 020.926.191-95

Endereço: Rua Bacaba, s/n, Quadra 01 Lote 01, Coophatrabalho

Telefone: (67) 3042-9953 / (67) 9258-7927 / (67) 84091906

Campo Grande – MS

FORMAÇÃO

Ensino Fundamental: ―Colégio Estadual Rui Barbosa‖;

Ensino Médio: ―Colégio Latino Decisivo‖;

Ensino Superior: Artes Visuais – Bacharelado UFMS.

ATIVIDADES EXTRACURRICULARES

Curso Profissionalizante (Cenaem–Centro Nacional de Aprendizagem Empresarial) - 2003: Técnicas Administrativas, Departamento Pessoal, Secretariado, Redação Comercial, Marketing Pessoal e Relações Interpessoais.

Informática (Cenaem–Centro Nacional de Aprendizagem Empresarial) - 2003: Windows 98, Word 2000, Excel 2000, Power Point 2000, Internet, Antivírus, Compactador de Arquivos.

Oficina Criando Cores (Centro Cultural José Octávio Guizzo) – 07/07 a 16/07 de 2009.

EXPOSIÇÕES COLETIVAS

2006 – TRIDIMENSIONAL

Friso

2007 – 22/05 a 09/06 – ESCULTURA

Cabeças

Page 58: Souza; mariana gomes de   fragmentos de imagens na cultura digital

2007 – 31/07 a 18/08 – ESCULTURA

Luz e Sombra

2007 – 16/10 a 03/11 – ESCULTURA

Produção Seriada

2077 – 20/11 a 01/12 – ESCULTURA

Assemblage

2007 – FUNDAMENTO DO DESENHO

Mandala

2008 – OFICINA DE DESIGN GRÁFICO

Cartaz

2008 – FUNDAMENTO DA CULTURA BRASILEIRA

Instalação Folclore

2008 – PESQUISA EM ARTE

Fotografia Macro

2008 – 06/11- DESENHO III

Maquete de Perspectiva

2009 – 28/11 a 29/11 – Apresentação de Dança (Performance)

―A Branca de Neve e os Sete Anões‖

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Obra 1

Técnica: Fotografia Digital

32 x 100 cm

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Obra 2

Técnica: Fotografia Digital

40 x 100 cm

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Obra 3

Técnica: Fotografia digital

55 x 100 cm

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Obra 4

Técnica: Fotografia digital

55 x 100 cm