sonho de escrever nº 44
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A Sonho de Escrever é uma revista literária que publica textos escritos em português todos os meses. Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Partilha nos termos da mesma licença 4.0 Internacional. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/.TRANSCRIPT
Nº44 Dezembro 2014
Sonho de Escrever
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Índice Pág.
Editorial 3
Informações Culturais 5
Sugestão de Livros – Miguel Almeida 6
Top de vendas em Portugal 7
Top de vendas no Brasil 8
Textos de participantes 9
A Minha Família 10
O Meu coração é uma Manjedoura cheio de Ternura 12
História do Pai Natal 16
Brincando 36
A Lenda do Queijo 38
Luar de Janeiro 41
Lucidez Embriagada 42
Viver a Vida com sabedoria 44
Bolas de Sabão 45
Regras para Textos Enviados 47
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Editorial
Estamos no final de 2014. No final de todos os anos,
tiro alguns momentos para meditar sobre o ano que passou e
fazer planos para o próximo ano.
Depois estar a fazer esta revista durante anos, vejo que
ela é precisa em Portugal, e que poderá ser em português e até
noutras línguas. Por este motivo, esta revista merece
investimento, áreas como design e conteúdo de informação e na
visibilidade.Como já referi, durante anos dediquei-me a este
projeto com o carinho de quem adora ler e escrever mas tenho
que admitir que é preciso fazer mais e assumo que não tenho
conhecimentos para fazer tudo o que é necessário para tal.Além
disso, tudo envolve custos.
Por estas razões, vou para de publicar a Sonho de
Escrever até conseguir um financiamento para este projecto.
Assim, deixo aqui informações importantes aos nossos
participante e leitores: todos os números já publicados irão
sofrer alterações e serão uniformizados e após deste processo
serão disponiblizados para download no Website www.issuu.com.
Se quiserem colaborar neste projeto, principalmente no processo
de financiamento voluntariamente (até ser financiado), basta
enviar um email para [email protected]
Sonho de Escrever
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Agora, um breve parágrafo sobre este último número:
alguns dos textos de Lucília Guimarães são retirados do seu
livro Tradições de Natal e as suas Histórias, informamos que o
livro As Nossas Palavras já foi lançado não deixem de o
procurar nas bancas. Aproveitamos para divulgar os livros de
Miguel Almeida que nos foram enviados por email como sugestão
para o Natal.
Agradeço a participação de todos os participantes e o
interesse de todos os nosso leitores, obrigada por todo o apoio
e carinho.
Bom Natal e um Ano de 2015 cheio de sucesso!
Marta Sousa
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Top de vendas de Portugal
Top de vendas retirado do
site Portal da Literatura
(http://www.portaldalitera
tura.com/top10.php?pais=po
rtugal )
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Top de vendas no Brasil
Top de vendas retirado
do site Portal da
Literatura
(http://www.portaldalite
ratura.com/top10.php?pai
s=brasil )
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A MINHA FAMÍLIA
É sem dúvida uma família numerosa
E muito tradicional,
E é com graça
Que a um grande centro comercial
Eu a comparo afinal,
Porque nela de tudo se pode encontrar:
Operários,
Escriturários,
Poetas, pintores,
Engenheiros, doutores,
Serralheiros, vendedores,
Cozinheiros, animadores.
Mestres na sua arte e até naquela em que são
amadores.
Por vezes a nossa casa parece o parlamento
Onde todos os parlamentares querem intervir
Sendo os mais velhos já um pouco moderados
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E os mais jovens demasiado agitados.
Mas com muitos bonitos momentos
De verdadeiro debate com a assembleia toda a rir.
Na nossa família contra o governo sempre estamos
E contra a redução dos deputados nós votar vamos.
Como deputada, para escrever discursos sempre tive
habilidade
Mas nunca fui boa a matemática
Por isso esta noite com os meus colegas de partido
fiz vigília
E debatemos noite dentro esta temática
Fazendo e refazendo a nossa contabilidade
Para concluir que nesta família
Até ontem um mais um igual a trinta e nove era
Mas hoje um mais um já é igual a quarenta
E começa uma nova era.
Será que o parlamento aguenta?
Chegaremos nós aos cinquenta?
Ana Maria Teixeira
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Meu coração é uma manjedoura, cheio de
ternura duradoura !
Eu sinto dentro de mim, bem
dentro do meu coração...
um não sei quê de novo e
estranho, não sei se perco se
ganho,
nunca senti coisa assim, não
sei o que é isso, não !
Sei que é doce e suave, enfim... é toda a ternura
da união,
de uma família assim... da família da Filha de Sião
...
Sinto o olhar da mãe, com toda a ternura do
mundo...
olhando O Menino que tem, com amor tão profundo!
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Sinto o pai com seu ar sorridente, e sua mão
calejada providente,
cantarolando ao Deus Menino, uma canção popular em
forma de hino!
E sua mãe descansando, embala a manjedoura ... a
seu lado,
amando Aquela Cabeça loura, que só para Ela tem
olhado !
O anjo da guarda, ajoelha adorando, lisonjeado por
tão ilustre personagem.
Ao longe os anjos cantando, são para os pastores a
nova paisagem !
Também eles vêm adorar... O Deus Menino que nos
ensinou a amar...
e a ovelha é o presente, que traz para O Menino a
lã tão quente!
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Chegam os reis magos agora, porque é chegada a
hora...
do Deus Menino também ser Rei, e tudo submeter à
Sua Lei!
À Sua Lei de Amor, pois Ele é O Salvador ...
que vem trazer A Luz, do rosto de Deus... em Jesus!
Obrigada Deus Menino, porque trocaste o trono
celeste,
por um estábulo pequenino, cheio de frio agreste...
E agora nasceis em meu coração, para me dar na vida
a mão...
O meu coração é uma manjedoura, cheio de ternura
duradoura!
Quero aquecer-Te como os animais, e dar-Te muito,
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muito mais...
Quero ser o olhar de Maria, e embalar-Te com
alegria!
Quero cantarolar-Te como José, pronto a enfrentar o
que a vida é...
com serenidade, força e trabalho; em silêncio, com
amor e sem ralho !
Quero dar-Te de presente todo o meu coração,
que está bem quente... à Tua disposição ...
O meu coração é uma manjedoura, cheio de ternura
duradoura.
Menino Deus sorri para mim, e ensina-me a amar como
Tu, até ao fim !
Lucília Guimarães
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A HISTÓRIA DO PAI NATAL
Era uma vez um velho homem
pobre e só…
Ele não tinha mulher, nem
filhos, nem netos…
Vivia só, com os seus míseros cêntimos…
Era um homem que como Abraão sonhava com uma vasta
descendência, tão numerosa quanto as areias do
deserto, tão imensa quanto a imensidão do céu
estrelado em noite de lua cheia.
Esse homem vivia amargurado com a sua solidão, e o
seu pequeno tesouro de ouro que ele tinha em grande
estimação, embora fosse apenas constituído por uns
míseros cêntimos que juntara das esmolas que fora
recebendo; até que um dia resolveu pôr o seu
dinheiro a render juros de felicidade no banco da
sua terra. Depositou a sua quantia e pediu
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conselhos para saber o que tinha a fazer para
conseguir o maior rendimento possível…O gerente do
banco assegurou-lhe que colheria de rendimento o
juro de uma felicidade sem fim, mas que teria de
investir o capital e transformá-lo pelo trabalho em
bem-estar ao serviço de todos! O trabalho, sendo o
amor em movimento, tinha o poder de transformar as
coisas em felicidade… pelo poder poder mágico do
amor; explicou o gerente do banco. A felicidade e
bem-estar, por sua vez, transformar-se-ia em
riqueza, que uma vez investida e enriquecida com
mais trabalho, resultaria em juros de felicidade
nunca vistos. O gerente do banco do velho homem
pobre e só, como todos os gerentes dos bancos o
são, era especialista a fazer cálculos, pelo que
instruiu na perfeição o velho homem pobre e só...
Mas que tipo de trabalho faria? O nosso velho homem
pobre e só, que sonhava com uma grande
descendência, e via em todos os meninos e meninas
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os seus netos e bisnetos, consultou o seu coração,
e deixou-se guiar por ele. Desse modo ele ensinava
todos os jovens, a escolher o tipo de trabalho em
que se querem especializar. Bastava ir aonde os
levava o coração, deixando-se guiar pelo poder
mágico do amor, porque o trabalho não é nunca outra
coisa senão, amor em movimento.
Desse modo ele logo se lembrou de fazer as delícias
da criançada, fabricando engraçados brinquedos!
Para tanto precisava apenas de algum material e de
um banquito para trabalhar à porta da sua modesta
casa, na Lapónia, que ficava ao norte da Finlândia,
na região do Árctico. A casa era o seu porto de
abrigo, nas noites invernosas daquelas gélidas
serranias.
Apresentou então a ideia ao gerente do banco.
___ Bravo! Com a distribuição do produto irá
colhendo juros de felicidade, quando os pequeninos
se lembrarem de si, e finalmente terá uma grande
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descendência, porque os meninos e meninas para quem
se fizeram os brinquedos, serão os herdeiros da sua
fortuna! Não restam dúvidas, se investirmos o seu
capital deste modo, teremos êxito retumbante!
Poder-se-à distribuir brinquedos aos meninos pobres
que de outro modo não os poderiam conseguir, e que
irá fazer disparar em flecha a multiplicação dos
juros de felicidade! Mãos à obra !
O capital do velho homem pobre e só, chegou
unicamente para o gerente do banco lhe comprar um
banquito e como estava muito frio, e ele queria
trabalhar à porta de casa, foi-lhe emprestado mais
algum dinheiro com o qual o gerente do banco lhe
comprou algum material para começar o trabalho; e
um fato vermelho, debruado com a alva pele do urso
polar, muito quentinha, para não ter frio enquanto
trabalhava.
Na Lapónia a natureza era agreste e maravilhosa! Os
vales, as colinas, e os picos do cume das serras
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ofereciam aos olhos deste pobre homem só, um
espectáculo sempre surpreendente, que ele
contemplava com contínuo amor e sempre renovado e
agradecido louvor ao seu criador.
Ele, com o seu banquito e o seu material, à porta
de casa, vestido de vermelho e branco, sob o sol
pálido do norte finlandês, fazia parte do magnífico
cenário criado por aquelas serras…!...
O gerente do banco orientava o trabalho e
determinou:
___ É preciso fazer uma lista de meninos a quem se
destinam os nossos brinquedos. Para que renda
maiores juros de felicidade faremos uma lista de
meninos bem comportados, começando pelos mais
pobrezinhos.
___ Eu encarregar-me-ei disso, pois conheço todos
os meninos pobres das redondezas, e vou procurar
referências a respeito do seu comportamento! Vou
já elaborar uma lista, começando pelos mais
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carenciados, para render mais juros de felicidade,
mas terão de ser todos bem comportados. Retorquiu o
velho homem pobre e só.
Em breve os pobrezinhos das redondezas estavam
entretidos com brinquedos pequenos, rústicos e
engraçados, era um cavalinho de madeira, uma boneca
de trapos, e muito mais…!...
Todos os meninos da Lapónia ao fim de alguns anos,
conheciam todos os caminhos que iam ter à casita
daquele pobre homem, que já não era só ! Na
verdade, ele vivia rodeado de meninos e meninas,
que brincavam no relvado em frente à sua casita,…
enquanto o pobre homem só que já não era só ia
fazendo brinquedos.
Os seus cêntimos tinham rendido enorme juros de
felicidade. Já tinha netos e bisnetos, que não o
largavam durante todo o dia, fazendo a sua alegria.
Mas a surpresa maior foi quando surgiram as
primeiras cartas de meninos de fora da terra,
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pedindo brinquedos àquele velho e pobre homem só,
que já não era só !
Eram precisos mais trabalhadores, e não faltavam
interessados, mas era preciso pagar-lhes o salário!
Como fazer? O gerente do banco achou que valia a
pena fazer o investimento, e principiaram a
trabalhar junto à casita do velho e pobre homem só,
que já não era só, alguns trabalhadores!
Começaram a fabricar brinquedos sofisticados, como
carros e comboios eléctricos, que muitos meninos
pediam nas suas cartas. Os pais mais abastados
pagavam avultadas somas por esses brinquedos, o que
permitia pagar aos trabalhadores e ir juntando
algum capital.
Um belo dia, começaram a chegar cartas do
estrangeiro, a tal ponto que o velho homem, que já
não era pobre, e que já não era só, resolveu por
bem que daria a cada menino bem comportado apenas
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um brinquedo por ano, para desse modo poder
contemplar o maior número possível de meninos.
O seu coração de pai de todos os meninos e meninas
gostaria de contemplar todas as crianças do mundo.
Mas quando faria a distribuição anual dos
brinquedos?
Foi de novo conversar com o gerente do banco.
___ Normalmente os presentes dão-se pelos
aniversários… comentou o gerente, mas é muito
difícil saber quando cada menino faz anos, e levar-
lhe o presente nesse dia. De mais a mais isso
obrigava-te a andar de lado para lado durante todo
o ano. Não terias descanso, nem tempo para fabricar
os brinquedos!
___ Já sei ! disse o velho homem, que já não era
pobre, e que já não era só. Vou distribuir as
prendas na noite do aniversário do Menino Jesus.
Ao baterem as doze badaladas dessa noite bendita,
os meus empregados agasalhados com um fato vermelho
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e branco igual ao meu, descerão pelas chaminés das
casas dos meninos bem comportados de todo o mundo,
e colocarão os brinquedos nos seus sapatinhos! Foi
meu dito meu feito.
O gerente do banco viu o negócio tão rendoso, que
se empenhou em arranjar fatos vermelhos e brancos,
quentinhos, para os empregados fazerem a
distribuição.
Ao velho homem, que já não era pobre e também já
não era só, chegava correspondência de todos os
recantos do planeta, com pedidos de brinquedos e
com as referências pedidas sobre o comportamento
dos meninos.
Todos os professores das escolas, e catequistas das
paróquias, davam informações ao velho homem, cada
vez menos pobre e cada vez menos só. E sobre os que
eram mais pequeninos eram pedidas informações ao
papá e à mamã!
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O velho homem, era cada vez mais rico e afamado!
Porque ele tinha um coração de pai para todos os
meninos e meninas, e porque fazia a sua
distribuição de brinquedos pela altura do Natal…
começou a ser conhecido por Pai Natal.
A sua casa tinha-se transformado numa fábrica de
brinquedos, mas mostrava-se pequena e exígua.
Com o dinheiro que juntara, e que lhe mandavam os
pais dos meninos de todo o mundo, o Pai Natal
lançou mãos à ideia de construir uma grande
fábrica.
E seria mesmo ali, no vale junto à colina, onde
ficava a sua modesta casinha…
Seria mesmo ali, que começaria por realizar o seu
grande sonho! Criar uma rede de fábricas de
brinquedos através de todo o mundo!
O trabalho, amor em movimento, tinha sido a regra
mágica que dera asas a todos os seus sonhos, e o
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transformara de velho homem pobre e só no mais rico
e afamado empresário de brinquedos!
O gerente do banco, muito animado emprestou o que
faltava para a primeira fábrica de brinquedos, e em
breve a obra surgiu! Estava montada a primeira
fábrica de brinquedos do Pai Natal, que não tardou
a ser alargada e estendida a todo o vale, porque os
empregados que entravam eram cada vez em maior
número, e os brinquedos não paravam de sair, cada
vez em maior quantidade!
Mas o velho homem cada vez mais rico e afamado não
dormiu sobre os louros alcançados, continuou a
trabalhar com dedicação e amor, dando o exemplo a
todos os seus empregados.
Em breve, uma só fábrica no planeta revelou-se
muito pouco, para satisfazer a todos os pedidos dos
meninos e meninas de todo o mundo.
O velho homem, cada vez mais rico e afamado,
sentia-se enfraquecer, faltavam-lhe as forças, o
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tempo fugia-lhe por entre os dedos, e a vida
parecia escapar-se-lhe …
Começara a envelhecer pelas pernas, por isso para
fazer a distribuição dos brinquedos na Lapónia,
servia-se de um trenó puxado por seis renas fortes
e corpulentas.
Mas o que mais o atormentava não era o
envelhecimento, mas a perspectiva de deixar as
crianças, e de entregar a distribuição dos
brinquedos apenas aos seus empregados. Ele sabia
que podia confiar a continuidade da sua missão aos
seus empregados, mas a saudade das crianças já o
atormentava.
Todavia, não se deixou abater.
E o seu negócio crescia… crescia…
Sentiu necessidade de fundar uma fábrica de
brinquedos em cada país, e depois uma em cada
província …
E o seu negócio não parava de crescer… crescer…
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28
Mas ele sabia que também os grandes homens como os
reis, os imperadores, e os chefes religiosos,
terminam reduzidos a um punhado de cinza, por isso
e apesar de todo o seu sucesso, ele vivia
amargurado. Teria de deixar tudo. Mas de tudo, o
que mais lhe custava deixar, eram as crianças…
O velho homem, cada vez mais rico e afamado,
mantinha correspondência com muitas crianças.
O seu dia começava cedo, pelas cinco da manhã, a
escrever cartas aos meninos e meninas de todo o
mundo. E a noite prolongava-se por vezes até às
duas da manhã, também a escrever cartas. Dizem que
os velhos dormem pouco, na ansiedade de viver muito
em pouco tempo, e de facto o nosso velho homem
pobre e só cada vez mais rico e afamado, repousava
a maior parte das noites apenas três exíguas horas,
de um sono sobressaltado e agitado, que por isso
mais lhe pareciam três séculos.
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Numa carta que escreveu ao Rodrigo, já com doze
anos bem vividos e bem desenvolvidos, referiu-se ao
de leve à sua amargura.
Ele temia impressionar as crianças, mas um
adolescente já sabe muita coisa sobre a vida, e já
pode opinar sobre os grandes mistérios da
existência.
Logo Rodrigo entrou em contacto com muitas
crianças, e juntos escreveram ao velho homem pobre
e só, cada vez mais rico e afamado.
Na carta diziam:
___ “ Nós vamos fazer uma cruzada de oração por
si,
Escute O Menino Jesus que lhe sorri . .
.”
Agora o velho homem cada vez mais rico e afamado já
sabia o que fazer. Tinha decidido seguir o conselho
das crianças.
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Uma tarde, em que se sentia particularmente cansado
e encurvado para o chão, dirigiu-se ao altar do
Menino Jesus, e enfeitou-o enquanto falava com Ele.
Era Primavera, a natureza ressuscitava, e aquelas
margaridas do campo, ficavam ainda mais belas e
luminosas junto do Menino Jesus. Pareciam pequenos
sois de amor a consumir-se por cada criança,
alimentados pelo grande sol divino presente naquele
Menino.
E oh maravilha! Eis que O Menino se anima, as faces
tornam-se rosadas e os olhos com vida. Fala então
ao nosso velho homem, cada vez mais rico e afamado,
nestes termos:
“ Nada receies, porque trabalhaste com amor.
Eu submeti a morte ao poder mágico do amor.
A morte nenhum poder tem,
para quem luta pelo bem.
O Amor traz não só sucesso, mas também a
eternidade.
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Basta fazeres agora e sempre a minha vontade.
Que em cada uma das tuas fábricas, pelo natal,
Se construa um presépio em tamanho real …
Confia em Mim, e não tenhas medo …
É apenas este o segredo !”
O velho homem, cheio de riqueza e de fama, estava
agora confortado. Tinha entregue a sua vida ao
Menino Jesus. Apressou-se a escrever às crianças
através do Rodrigo, dando a boa notícia.
Na véspera de Natal seguinte nomeou uma comissão em
cada cidade, que seria encarregada de construir o
presépio em tamanho real, à porta de cada fábrica.
Ele próprio se encarregou do presépio na Lapónia,
que ficava no Árctico, onde tudo tinha começado!
No Natal, os presépios estavam lindos, enormes, em
tamanho real. Mas o mais lindo era o da Lapónia,
pois lá não faltava a tradicional neve em
abundância.
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O velho homem, cheio de riqueza e de fama, estava
cada vez mais cansado e encurvado.
Na noite de Natal desse ano, a fábrica estava
fechada pois os empregados andavam a fazer a
distribuição dos brinquedos.
O velho homem, cheio de riqueza e de fama, já não
tinha forças para ir no seu trenó puxado por seis
corpulentas renas, fazer a distribuição na
Lapónia. Em vez disso foi rezar, junto ao presépio
à porta da sua primeira fábrica. Rezou ajoelhado,
e por fim gelado, adormeceu,
Caía a neve branca e fria, e ele em
paz faleceu!
Será que tudo tinha acabado para ele
?
Eis senão quando no meio da grande
dor,
surge o poder mágico do amor.
A Virgem da Lapinha de Belém,
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Segurando O Seu Menino O leva a
beijar no rosto, o falecido.
E as nuvens e as estrelas aos
milhares caem do céu . . .
Vêm vestir de luz e magia o Pai
Natal,
Que volta à vida, como ser
espiritual !
A realidade espiritual era diferente e maravilhosa.
Agora, as suas seis corpulentas renas atravessavam
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o luar, e ele podia descer em todas as chaminés do
mundo, ao mesmo tempo, na noite de Natal.
Havia apenas um pequeno problema. Ele agora era
invisível. Ou melhor, só se tornava visível por
especial favor do Menino Jesus, mas a criançada
sabia que ele não faltava junto ao seu sapatinho na
noite de Natal.
“ Amor que não falha, é do Pai Natal a malha.
Porque o Pai Natal, agora espiritual,
vive com O Menino Jesus . . .
e brilha com A Sua Luz. “ cantava a criançada.
Havia alguns meninos bem comportados, que todavia
não encontravam “nada” no seu sapatinho na noite
de Natal !
Esses eram os mais afortunados, e eles sabiam-no !
É que O Pai Natal tinha enchido o seu sapatinho de
valentia, saúde, força de vontade, audácia,
inteligência e sabedoria.
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Esses meninos mostravam vir a ser na vida, os mais
fortes e sábios.
Eles sabiam que deviam tudo isso ao Pai Natal, a
quem O Menino Jesus dera vida como ser espiritual.
O Pai Natal na vanguarda do mundo espiritual,
sustentava o mundo material.
Afinal ele vinha continuar O Amor de Jesus, que
tudo banhava de Luz...!...
Lucília Guimarães
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BRINCANDO . . .
Para a criança a brincadeira,
é necessidade verdadeira.
Fonte de vida e formação da personalidade,
na infância, em qualquer idade …
Mas há crianças que nunca brincaram,
abriram os olhos e choraram
e todas as lágrimas secaram …
porque nasceram num país em guerra,
não saborearam a beleza da terra.
São as crianças soldado,
de pobre e triste fado,
que em vez de aprender a amar,
aprendem a matar …
Que em vez de com a vida conviver
convivem com a morte,
que em vez de para a vida nascer
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encontram pobre e triste má sorte!
Lucília Guimarães
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A LENDA DO QUEIJO
Segundo a lenda, o queijo teria
sido descoberto por um dos filhos
de Apolo, Aristeu, Rei da
Arcádia, que ao sair para
cavalgar, em direção ao inimigo, com seu exército,
debaixo do sol escaldante, levara sua bolsa e a dos
seus companheiros cheias de leite de cabra para
matar a sede, que lhes entregara o pai Apolo,
dizendo:
______ Levem este líquido conVosco. Ele tem o
poder de vos saciar não só a sede, mas também a
fome. Com ele estarão preparados para a guerra.
Teriam de cavalgar dois dias, até encontrar o
inimigo, nas fronteiras da Arcádia, mas após um dia
inteiro a galope, numa região montanhosa, Aristeu,
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e os seus companheiros, mortos de sede, pegaram no
seus cantis e depararam-se com uma grande surpresa.
O leite encontrava-se separado em duas partes: um
líquido fino e esbranquiçado (o soro), que os
saciou de sua sede; e uma porção sólida (o queijo),
que os saciou de sua fome.
A transformação dera-se devido ao calor intenso do
sol, ao galope do cavalo e ao material dos cantis
(bolsas feitas de estômago de carneiro) que ainda
continham o coalho (substância que coagula o
leite).
Conta-se que Aristeu, e o seu exército, assim
alimentados, venceram a guerra, defenderam a
independência da sua nação, a Arcádia, e honraram o
pai, Apolo, Deus da guerra.
O processo de produção do queijo hoje em dia segue
o mesmo princípio e é feito através da coagulação
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do leite pela ação do composto enzimático extraído
de um dos estômago dos bovinos.
Lucília Guimarães
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Lucidez embriagada
O que sinto é, quiçá, ilusório
Eu não sinto
Nada sinto.
Tento, à força, libertar-me de ti
Arrancar-te dos meus pensamentos…
Corrompo as artérias do meu coração
Grito-lhes ao ouvido
Rebento-lhes os tímpanos.
Rasgo todas as veias do meu ser,
Só para deixar de sentir.
Sinto.
(Nego-o a mim mesmo).
A saudade é cada vez maior.
A minha alma teima em procurar a tua…
Sinto. Quero. Desespero.
Não quero sentir.
Que apetência! Que lucidez!
Esta lucidez embriagada que me faz querer
Ir a teu encontro.
Ando cego de te ver.
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Corto os pulsos à razão
Entrego-me à eternidade da emoção…
Abraço o meu espirito que falecera horas atrás
De tanto beber do teu olhar, do teu sorriso.
Descurei de sentir.
Desisti de te procurar
Não vale a pena…
Oh, lucidez embriagada!
Barnabé Sousa
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- A Sonho de Escrever não se responsabiliza pelo
conteúdo que é publicado, a responsabilidade é única e
exclusivamente dos seus autores.
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demasiados trabalhos enviados alguns poderão não ser
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cada número, podendo haver exceções por falta de
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forem recebidos pelo menos 5 textos de autores
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diferentes, senão será publicada apenas quando tiver o
número de participações suficientes.
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faz alterações às obras enviadas, se for enviado algum
trabalho poderá não ser aceite.
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esteja incluída poderão não ser aceites.
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Escrever.
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autorizados pelos autores.
Ficha Técnica:Mês de Dezembro 2014 n.º44 via Internet Editora: Marta
SousaRedacção: Marta Sousa, Lucilia Guimarães, Ana Maria Texteira, Barnabé Sousa.Grafismo: Paula Salgado (logótipo e contracapa). As imagens dos
textos na secção de textos dos participantes foram enviadas pelos
respetivos autores. A imagem de capa foi retirada
de:https://www.flickr.com/photos/puzzler4879/4187193883/in/photolist-
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Sonho de Escrever
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