sonho de escrever nº 44

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Nº44 Dezembro 2014

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A Sonho de Escrever é uma revista literária que publica textos escritos em português todos os meses. Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Partilha nos termos da mesma licença 4.0 Internacional. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/.

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Page 1: Sonho de Escrever nº 44

Nº44 Dezembro 2014

Page 2: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

2

Índice Pág.

Editorial 3

Informações Culturais 5

Sugestão de Livros – Miguel Almeida 6

Top de vendas em Portugal 7

Top de vendas no Brasil 8

Textos de participantes 9

A Minha Família 10

O Meu coração é uma Manjedoura cheio de Ternura 12

História do Pai Natal 16

Brincando 36

A Lenda do Queijo 38

Luar de Janeiro 41

Lucidez Embriagada 42

Viver a Vida com sabedoria 44

Bolas de Sabão 45

Regras para Textos Enviados 47

Page 3: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

3

Editorial

Estamos no final de 2014. No final de todos os anos,

tiro alguns momentos para meditar sobre o ano que passou e

fazer planos para o próximo ano.

Depois estar a fazer esta revista durante anos, vejo que

ela é precisa em Portugal, e que poderá ser em português e até

noutras línguas. Por este motivo, esta revista merece

investimento, áreas como design e conteúdo de informação e na

visibilidade.Como já referi, durante anos dediquei-me a este

projeto com o carinho de quem adora ler e escrever mas tenho

que admitir que é preciso fazer mais e assumo que não tenho

conhecimentos para fazer tudo o que é necessário para tal.Além

disso, tudo envolve custos.

Por estas razões, vou para de publicar a Sonho de

Escrever até conseguir um financiamento para este projecto.

Assim, deixo aqui informações importantes aos nossos

participante e leitores: todos os números já publicados irão

sofrer alterações e serão uniformizados e após deste processo

serão disponiblizados para download no Website www.issuu.com.

Se quiserem colaborar neste projeto, principalmente no processo

de financiamento voluntariamente (até ser financiado), basta

enviar um email para [email protected]

Page 4: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

4

Agora, um breve parágrafo sobre este último número:

alguns dos textos de Lucília Guimarães são retirados do seu

livro Tradições de Natal e as suas Histórias, informamos que o

livro As Nossas Palavras já foi lançado não deixem de o

procurar nas bancas. Aproveitamos para divulgar os livros de

Miguel Almeida que nos foram enviados por email como sugestão

para o Natal.

Agradeço a participação de todos os participantes e o

interesse de todos os nosso leitores, obrigada por todo o apoio

e carinho.

Bom Natal e um Ano de 2015 cheio de sucesso!

Marta Sousa

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Sonho de Escrever

5

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Sonho de Escrever

6

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Sonho de Escrever

7

Top de vendas de Portugal

Top de vendas retirado do

site Portal da Literatura

(http://www.portaldalitera

tura.com/top10.php?pais=po

rtugal )

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Sonho de Escrever

8

Top de vendas no Brasil

Top de vendas retirado

do site Portal da

Literatura

(http://www.portaldalite

ratura.com/top10.php?pai

s=brasil )

Page 9: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

9

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Sonho de Escrever

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A MINHA FAMÍLIA

É sem dúvida uma família numerosa

E muito tradicional,

E é com graça

Que a um grande centro comercial

Eu a comparo afinal,

Porque nela de tudo se pode encontrar:

Operários,

Escriturários,

Poetas, pintores,

Engenheiros, doutores,

Serralheiros, vendedores,

Cozinheiros, animadores.

Mestres na sua arte e até naquela em que são

amadores.

Por vezes a nossa casa parece o parlamento

Onde todos os parlamentares querem intervir

Sendo os mais velhos já um pouco moderados

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Sonho de Escrever

11

E os mais jovens demasiado agitados.

Mas com muitos bonitos momentos

De verdadeiro debate com a assembleia toda a rir.

Na nossa família contra o governo sempre estamos

E contra a redução dos deputados nós votar vamos.

Como deputada, para escrever discursos sempre tive

habilidade

Mas nunca fui boa a matemática

Por isso esta noite com os meus colegas de partido

fiz vigília

E debatemos noite dentro esta temática

Fazendo e refazendo a nossa contabilidade

Para concluir que nesta família

Até ontem um mais um igual a trinta e nove era

Mas hoje um mais um já é igual a quarenta

E começa uma nova era.

Será que o parlamento aguenta?

Chegaremos nós aos cinquenta?

Ana Maria Teixeira

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Sonho de Escrever

12

Meu coração é uma manjedoura, cheio de

ternura duradoura !

Eu sinto dentro de mim, bem

dentro do meu coração...

um não sei quê de novo e

estranho, não sei se perco se

ganho,

nunca senti coisa assim, não

sei o que é isso, não !

Sei que é doce e suave, enfim... é toda a ternura

da união,

de uma família assim... da família da Filha de Sião

...

Sinto o olhar da mãe, com toda a ternura do

mundo...

olhando O Menino que tem, com amor tão profundo!

Page 13: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

13

Sinto o pai com seu ar sorridente, e sua mão

calejada providente,

cantarolando ao Deus Menino, uma canção popular em

forma de hino!

E sua mãe descansando, embala a manjedoura ... a

seu lado,

amando Aquela Cabeça loura, que só para Ela tem

olhado !

O anjo da guarda, ajoelha adorando, lisonjeado por

tão ilustre personagem.

Ao longe os anjos cantando, são para os pastores a

nova paisagem !

Também eles vêm adorar... O Deus Menino que nos

ensinou a amar...

e a ovelha é o presente, que traz para O Menino a

lã tão quente!

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Sonho de Escrever

14

Chegam os reis magos agora, porque é chegada a

hora...

do Deus Menino também ser Rei, e tudo submeter à

Sua Lei!

À Sua Lei de Amor, pois Ele é O Salvador ...

que vem trazer A Luz, do rosto de Deus... em Jesus!

Obrigada Deus Menino, porque trocaste o trono

celeste,

por um estábulo pequenino, cheio de frio agreste...

E agora nasceis em meu coração, para me dar na vida

a mão...

O meu coração é uma manjedoura, cheio de ternura

duradoura!

Quero aquecer-Te como os animais, e dar-Te muito,

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Sonho de Escrever

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muito mais...

Quero ser o olhar de Maria, e embalar-Te com

alegria!

Quero cantarolar-Te como José, pronto a enfrentar o

que a vida é...

com serenidade, força e trabalho; em silêncio, com

amor e sem ralho !

Quero dar-Te de presente todo o meu coração,

que está bem quente... à Tua disposição ...

O meu coração é uma manjedoura, cheio de ternura

duradoura.

Menino Deus sorri para mim, e ensina-me a amar como

Tu, até ao fim !

Lucília Guimarães

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Sonho de Escrever

16

A HISTÓRIA DO PAI NATAL

Era uma vez um velho homem

pobre e só…

Ele não tinha mulher, nem

filhos, nem netos…

Vivia só, com os seus míseros cêntimos…

Era um homem que como Abraão sonhava com uma vasta

descendência, tão numerosa quanto as areias do

deserto, tão imensa quanto a imensidão do céu

estrelado em noite de lua cheia.

Esse homem vivia amargurado com a sua solidão, e o

seu pequeno tesouro de ouro que ele tinha em grande

estimação, embora fosse apenas constituído por uns

míseros cêntimos que juntara das esmolas que fora

recebendo; até que um dia resolveu pôr o seu

dinheiro a render juros de felicidade no banco da

sua terra. Depositou a sua quantia e pediu

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Sonho de Escrever

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conselhos para saber o que tinha a fazer para

conseguir o maior rendimento possível…O gerente do

banco assegurou-lhe que colheria de rendimento o

juro de uma felicidade sem fim, mas que teria de

investir o capital e transformá-lo pelo trabalho em

bem-estar ao serviço de todos! O trabalho, sendo o

amor em movimento, tinha o poder de transformar as

coisas em felicidade… pelo poder poder mágico do

amor; explicou o gerente do banco. A felicidade e

bem-estar, por sua vez, transformar-se-ia em

riqueza, que uma vez investida e enriquecida com

mais trabalho, resultaria em juros de felicidade

nunca vistos. O gerente do banco do velho homem

pobre e só, como todos os gerentes dos bancos o

são, era especialista a fazer cálculos, pelo que

instruiu na perfeição o velho homem pobre e só...

Mas que tipo de trabalho faria? O nosso velho homem

pobre e só, que sonhava com uma grande

descendência, e via em todos os meninos e meninas

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Sonho de Escrever

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os seus netos e bisnetos, consultou o seu coração,

e deixou-se guiar por ele. Desse modo ele ensinava

todos os jovens, a escolher o tipo de trabalho em

que se querem especializar. Bastava ir aonde os

levava o coração, deixando-se guiar pelo poder

mágico do amor, porque o trabalho não é nunca outra

coisa senão, amor em movimento.

Desse modo ele logo se lembrou de fazer as delícias

da criançada, fabricando engraçados brinquedos!

Para tanto precisava apenas de algum material e de

um banquito para trabalhar à porta da sua modesta

casa, na Lapónia, que ficava ao norte da Finlândia,

na região do Árctico. A casa era o seu porto de

abrigo, nas noites invernosas daquelas gélidas

serranias.

Apresentou então a ideia ao gerente do banco.

___ Bravo! Com a distribuição do produto irá

colhendo juros de felicidade, quando os pequeninos

se lembrarem de si, e finalmente terá uma grande

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Sonho de Escrever

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descendência, porque os meninos e meninas para quem

se fizeram os brinquedos, serão os herdeiros da sua

fortuna! Não restam dúvidas, se investirmos o seu

capital deste modo, teremos êxito retumbante!

Poder-se-à distribuir brinquedos aos meninos pobres

que de outro modo não os poderiam conseguir, e que

irá fazer disparar em flecha a multiplicação dos

juros de felicidade! Mãos à obra !

O capital do velho homem pobre e só, chegou

unicamente para o gerente do banco lhe comprar um

banquito e como estava muito frio, e ele queria

trabalhar à porta de casa, foi-lhe emprestado mais

algum dinheiro com o qual o gerente do banco lhe

comprou algum material para começar o trabalho; e

um fato vermelho, debruado com a alva pele do urso

polar, muito quentinha, para não ter frio enquanto

trabalhava.

Na Lapónia a natureza era agreste e maravilhosa! Os

vales, as colinas, e os picos do cume das serras

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Sonho de Escrever

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ofereciam aos olhos deste pobre homem só, um

espectáculo sempre surpreendente, que ele

contemplava com contínuo amor e sempre renovado e

agradecido louvor ao seu criador.

Ele, com o seu banquito e o seu material, à porta

de casa, vestido de vermelho e branco, sob o sol

pálido do norte finlandês, fazia parte do magnífico

cenário criado por aquelas serras…!...

O gerente do banco orientava o trabalho e

determinou:

___ É preciso fazer uma lista de meninos a quem se

destinam os nossos brinquedos. Para que renda

maiores juros de felicidade faremos uma lista de

meninos bem comportados, começando pelos mais

pobrezinhos.

___ Eu encarregar-me-ei disso, pois conheço todos

os meninos pobres das redondezas, e vou procurar

referências a respeito do seu comportamento! Vou

já elaborar uma lista, começando pelos mais

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Sonho de Escrever

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carenciados, para render mais juros de felicidade,

mas terão de ser todos bem comportados. Retorquiu o

velho homem pobre e só.

Em breve os pobrezinhos das redondezas estavam

entretidos com brinquedos pequenos, rústicos e

engraçados, era um cavalinho de madeira, uma boneca

de trapos, e muito mais…!...

Todos os meninos da Lapónia ao fim de alguns anos,

conheciam todos os caminhos que iam ter à casita

daquele pobre homem, que já não era só ! Na

verdade, ele vivia rodeado de meninos e meninas,

que brincavam no relvado em frente à sua casita,…

enquanto o pobre homem só que já não era só ia

fazendo brinquedos.

Os seus cêntimos tinham rendido enorme juros de

felicidade. Já tinha netos e bisnetos, que não o

largavam durante todo o dia, fazendo a sua alegria.

Mas a surpresa maior foi quando surgiram as

primeiras cartas de meninos de fora da terra,

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Sonho de Escrever

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pedindo brinquedos àquele velho e pobre homem só,

que já não era só !

Eram precisos mais trabalhadores, e não faltavam

interessados, mas era preciso pagar-lhes o salário!

Como fazer? O gerente do banco achou que valia a

pena fazer o investimento, e principiaram a

trabalhar junto à casita do velho e pobre homem só,

que já não era só, alguns trabalhadores!

Começaram a fabricar brinquedos sofisticados, como

carros e comboios eléctricos, que muitos meninos

pediam nas suas cartas. Os pais mais abastados

pagavam avultadas somas por esses brinquedos, o que

permitia pagar aos trabalhadores e ir juntando

algum capital.

Um belo dia, começaram a chegar cartas do

estrangeiro, a tal ponto que o velho homem, que já

não era pobre, e que já não era só, resolveu por

bem que daria a cada menino bem comportado apenas

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Sonho de Escrever

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um brinquedo por ano, para desse modo poder

contemplar o maior número possível de meninos.

O seu coração de pai de todos os meninos e meninas

gostaria de contemplar todas as crianças do mundo.

Mas quando faria a distribuição anual dos

brinquedos?

Foi de novo conversar com o gerente do banco.

___ Normalmente os presentes dão-se pelos

aniversários… comentou o gerente, mas é muito

difícil saber quando cada menino faz anos, e levar-

lhe o presente nesse dia. De mais a mais isso

obrigava-te a andar de lado para lado durante todo

o ano. Não terias descanso, nem tempo para fabricar

os brinquedos!

___ Já sei ! disse o velho homem, que já não era

pobre, e que já não era só. Vou distribuir as

prendas na noite do aniversário do Menino Jesus.

Ao baterem as doze badaladas dessa noite bendita,

os meus empregados agasalhados com um fato vermelho

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Sonho de Escrever

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e branco igual ao meu, descerão pelas chaminés das

casas dos meninos bem comportados de todo o mundo,

e colocarão os brinquedos nos seus sapatinhos! Foi

meu dito meu feito.

O gerente do banco viu o negócio tão rendoso, que

se empenhou em arranjar fatos vermelhos e brancos,

quentinhos, para os empregados fazerem a

distribuição.

Ao velho homem, que já não era pobre e também já

não era só, chegava correspondência de todos os

recantos do planeta, com pedidos de brinquedos e

com as referências pedidas sobre o comportamento

dos meninos.

Todos os professores das escolas, e catequistas das

paróquias, davam informações ao velho homem, cada

vez menos pobre e cada vez menos só. E sobre os que

eram mais pequeninos eram pedidas informações ao

papá e à mamã!

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Sonho de Escrever

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O velho homem, era cada vez mais rico e afamado!

Porque ele tinha um coração de pai para todos os

meninos e meninas, e porque fazia a sua

distribuição de brinquedos pela altura do Natal…

começou a ser conhecido por Pai Natal.

A sua casa tinha-se transformado numa fábrica de

brinquedos, mas mostrava-se pequena e exígua.

Com o dinheiro que juntara, e que lhe mandavam os

pais dos meninos de todo o mundo, o Pai Natal

lançou mãos à ideia de construir uma grande

fábrica.

E seria mesmo ali, no vale junto à colina, onde

ficava a sua modesta casinha…

Seria mesmo ali, que começaria por realizar o seu

grande sonho! Criar uma rede de fábricas de

brinquedos através de todo o mundo!

O trabalho, amor em movimento, tinha sido a regra

mágica que dera asas a todos os seus sonhos, e o

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Sonho de Escrever

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transformara de velho homem pobre e só no mais rico

e afamado empresário de brinquedos!

O gerente do banco, muito animado emprestou o que

faltava para a primeira fábrica de brinquedos, e em

breve a obra surgiu! Estava montada a primeira

fábrica de brinquedos do Pai Natal, que não tardou

a ser alargada e estendida a todo o vale, porque os

empregados que entravam eram cada vez em maior

número, e os brinquedos não paravam de sair, cada

vez em maior quantidade!

Mas o velho homem cada vez mais rico e afamado não

dormiu sobre os louros alcançados, continuou a

trabalhar com dedicação e amor, dando o exemplo a

todos os seus empregados.

Em breve, uma só fábrica no planeta revelou-se

muito pouco, para satisfazer a todos os pedidos dos

meninos e meninas de todo o mundo.

O velho homem, cada vez mais rico e afamado,

sentia-se enfraquecer, faltavam-lhe as forças, o

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Sonho de Escrever

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tempo fugia-lhe por entre os dedos, e a vida

parecia escapar-se-lhe …

Começara a envelhecer pelas pernas, por isso para

fazer a distribuição dos brinquedos na Lapónia,

servia-se de um trenó puxado por seis renas fortes

e corpulentas.

Mas o que mais o atormentava não era o

envelhecimento, mas a perspectiva de deixar as

crianças, e de entregar a distribuição dos

brinquedos apenas aos seus empregados. Ele sabia

que podia confiar a continuidade da sua missão aos

seus empregados, mas a saudade das crianças já o

atormentava.

Todavia, não se deixou abater.

E o seu negócio crescia… crescia…

Sentiu necessidade de fundar uma fábrica de

brinquedos em cada país, e depois uma em cada

província …

E o seu negócio não parava de crescer… crescer…

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Sonho de Escrever

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Mas ele sabia que também os grandes homens como os

reis, os imperadores, e os chefes religiosos,

terminam reduzidos a um punhado de cinza, por isso

e apesar de todo o seu sucesso, ele vivia

amargurado. Teria de deixar tudo. Mas de tudo, o

que mais lhe custava deixar, eram as crianças…

O velho homem, cada vez mais rico e afamado,

mantinha correspondência com muitas crianças.

O seu dia começava cedo, pelas cinco da manhã, a

escrever cartas aos meninos e meninas de todo o

mundo. E a noite prolongava-se por vezes até às

duas da manhã, também a escrever cartas. Dizem que

os velhos dormem pouco, na ansiedade de viver muito

em pouco tempo, e de facto o nosso velho homem

pobre e só cada vez mais rico e afamado, repousava

a maior parte das noites apenas três exíguas horas,

de um sono sobressaltado e agitado, que por isso

mais lhe pareciam três séculos.

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Sonho de Escrever

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Numa carta que escreveu ao Rodrigo, já com doze

anos bem vividos e bem desenvolvidos, referiu-se ao

de leve à sua amargura.

Ele temia impressionar as crianças, mas um

adolescente já sabe muita coisa sobre a vida, e já

pode opinar sobre os grandes mistérios da

existência.

Logo Rodrigo entrou em contacto com muitas

crianças, e juntos escreveram ao velho homem pobre

e só, cada vez mais rico e afamado.

Na carta diziam:

___ “ Nós vamos fazer uma cruzada de oração por

si,

Escute O Menino Jesus que lhe sorri . .

.”

Agora o velho homem cada vez mais rico e afamado já

sabia o que fazer. Tinha decidido seguir o conselho

das crianças.

Page 30: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

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Uma tarde, em que se sentia particularmente cansado

e encurvado para o chão, dirigiu-se ao altar do

Menino Jesus, e enfeitou-o enquanto falava com Ele.

Era Primavera, a natureza ressuscitava, e aquelas

margaridas do campo, ficavam ainda mais belas e

luminosas junto do Menino Jesus. Pareciam pequenos

sois de amor a consumir-se por cada criança,

alimentados pelo grande sol divino presente naquele

Menino.

E oh maravilha! Eis que O Menino se anima, as faces

tornam-se rosadas e os olhos com vida. Fala então

ao nosso velho homem, cada vez mais rico e afamado,

nestes termos:

“ Nada receies, porque trabalhaste com amor.

Eu submeti a morte ao poder mágico do amor.

A morte nenhum poder tem,

para quem luta pelo bem.

O Amor traz não só sucesso, mas também a

eternidade.

Page 31: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

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Basta fazeres agora e sempre a minha vontade.

Que em cada uma das tuas fábricas, pelo natal,

Se construa um presépio em tamanho real …

Confia em Mim, e não tenhas medo …

É apenas este o segredo !”

O velho homem, cheio de riqueza e de fama, estava

agora confortado. Tinha entregue a sua vida ao

Menino Jesus. Apressou-se a escrever às crianças

através do Rodrigo, dando a boa notícia.

Na véspera de Natal seguinte nomeou uma comissão em

cada cidade, que seria encarregada de construir o

presépio em tamanho real, à porta de cada fábrica.

Ele próprio se encarregou do presépio na Lapónia,

que ficava no Árctico, onde tudo tinha começado!

No Natal, os presépios estavam lindos, enormes, em

tamanho real. Mas o mais lindo era o da Lapónia,

pois lá não faltava a tradicional neve em

abundância.

Page 32: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

32

O velho homem, cheio de riqueza e de fama, estava

cada vez mais cansado e encurvado.

Na noite de Natal desse ano, a fábrica estava

fechada pois os empregados andavam a fazer a

distribuição dos brinquedos.

O velho homem, cheio de riqueza e de fama, já não

tinha forças para ir no seu trenó puxado por seis

corpulentas renas, fazer a distribuição na

Lapónia. Em vez disso foi rezar, junto ao presépio

à porta da sua primeira fábrica. Rezou ajoelhado,

e por fim gelado, adormeceu,

Caía a neve branca e fria, e ele em

paz faleceu!

Será que tudo tinha acabado para ele

?

Eis senão quando no meio da grande

dor,

surge o poder mágico do amor.

A Virgem da Lapinha de Belém,

Page 33: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

33

Segurando O Seu Menino O leva a

beijar no rosto, o falecido.

E as nuvens e as estrelas aos

milhares caem do céu . . .

Vêm vestir de luz e magia o Pai

Natal,

Que volta à vida, como ser

espiritual !

A realidade espiritual era diferente e maravilhosa.

Agora, as suas seis corpulentas renas atravessavam

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Sonho de Escrever

34

o luar, e ele podia descer em todas as chaminés do

mundo, ao mesmo tempo, na noite de Natal.

Havia apenas um pequeno problema. Ele agora era

invisível. Ou melhor, só se tornava visível por

especial favor do Menino Jesus, mas a criançada

sabia que ele não faltava junto ao seu sapatinho na

noite de Natal.

“ Amor que não falha, é do Pai Natal a malha.

Porque o Pai Natal, agora espiritual,

vive com O Menino Jesus . . .

e brilha com A Sua Luz. “ cantava a criançada.

Havia alguns meninos bem comportados, que todavia

não encontravam “nada” no seu sapatinho na noite

de Natal !

Esses eram os mais afortunados, e eles sabiam-no !

É que O Pai Natal tinha enchido o seu sapatinho de

valentia, saúde, força de vontade, audácia,

inteligência e sabedoria.

Page 35: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

35

Esses meninos mostravam vir a ser na vida, os mais

fortes e sábios.

Eles sabiam que deviam tudo isso ao Pai Natal, a

quem O Menino Jesus dera vida como ser espiritual.

O Pai Natal na vanguarda do mundo espiritual,

sustentava o mundo material.

Afinal ele vinha continuar O Amor de Jesus, que

tudo banhava de Luz...!...

Lucília Guimarães

Page 36: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

36

BRINCANDO . . .

Para a criança a brincadeira,

é necessidade verdadeira.

Fonte de vida e formação da personalidade,

na infância, em qualquer idade …

Mas há crianças que nunca brincaram,

abriram os olhos e choraram

e todas as lágrimas secaram …

porque nasceram num país em guerra,

não saborearam a beleza da terra.

São as crianças soldado,

de pobre e triste fado,

que em vez de aprender a amar,

aprendem a matar …

Que em vez de com a vida conviver

convivem com a morte,

que em vez de para a vida nascer

Page 37: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

37

encontram pobre e triste má sorte!

Lucília Guimarães

Page 38: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

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A LENDA DO QUEIJO

Segundo a lenda, o queijo teria

sido descoberto por um dos filhos

de Apolo, Aristeu, Rei da

Arcádia, que ao sair para

cavalgar, em direção ao inimigo, com seu exército,

debaixo do sol escaldante, levara sua bolsa e a dos

seus companheiros cheias de leite de cabra para

matar a sede, que lhes entregara o pai Apolo,

dizendo:

______ Levem este líquido conVosco. Ele tem o

poder de vos saciar não só a sede, mas também a

fome. Com ele estarão preparados para a guerra.

Teriam de cavalgar dois dias, até encontrar o

inimigo, nas fronteiras da Arcádia, mas após um dia

inteiro a galope, numa região montanhosa, Aristeu,

Page 39: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

39

e os seus companheiros, mortos de sede, pegaram no

seus cantis e depararam-se com uma grande surpresa.

O leite encontrava-se separado em duas partes: um

líquido fino e esbranquiçado (o soro), que os

saciou de sua sede; e uma porção sólida (o queijo),

que os saciou de sua fome.

A transformação dera-se devido ao calor intenso do

sol, ao galope do cavalo e ao material dos cantis

(bolsas feitas de estômago de carneiro) que ainda

continham o coalho (substância que coagula o

leite).

Conta-se que Aristeu, e o seu exército, assim

alimentados, venceram a guerra, defenderam a

independência da sua nação, a Arcádia, e honraram o

pai, Apolo, Deus da guerra.

O processo de produção do queijo hoje em dia segue

o mesmo princípio e é feito através da coagulação

Page 40: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

40

do leite pela ação do composto enzimático extraído

de um dos estômago dos bovinos.

Lucília Guimarães

Page 41: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

41

Page 42: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

42

Lucidez embriagada

O que sinto é, quiçá, ilusório

Eu não sinto

Nada sinto.

Tento, à força, libertar-me de ti

Arrancar-te dos meus pensamentos…

Corrompo as artérias do meu coração

Grito-lhes ao ouvido

Rebento-lhes os tímpanos.

Rasgo todas as veias do meu ser,

Só para deixar de sentir.

Sinto.

(Nego-o a mim mesmo).

A saudade é cada vez maior.

A minha alma teima em procurar a tua…

Sinto. Quero. Desespero.

Não quero sentir.

Que apetência! Que lucidez!

Esta lucidez embriagada que me faz querer

Ir a teu encontro.

Ando cego de te ver.

Page 43: Sonho de Escrever nº 44

Sonho de Escrever

43

Corto os pulsos à razão

Entrego-me à eternidade da emoção…

Abraço o meu espirito que falecera horas atrás

De tanto beber do teu olhar, do teu sorriso.

Descurei de sentir.

Desisti de te procurar

Não vale a pena…

Oh, lucidez embriagada!

Barnabé Sousa

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Ficha Técnica:Mês de Dezembro 2014 n.º44 via Internet Editora: Marta

SousaRedacção: Marta Sousa, Lucilia Guimarães, Ana Maria Texteira, Barnabé Sousa.Grafismo: Paula Salgado (logótipo e contracapa). As imagens dos

textos na secção de textos dos participantes foram enviadas pelos

respetivos autores. A imagem de capa foi retirada

de:https://www.flickr.com/photos/puzzler4879/4187193883/in/photolist-

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