sol pele

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O SOL E A PELE Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil E.P.E. Rua Professor Lima Basto, 1099-023 Lisboa Tel. geral: 217 229 800 Website: www.ipolisboa.min-saude.pt GAM/esc_001 | Gabinete de Audiovisuais e Multimédia | Imagem baseada em www.gettyimages.com dos casos, o carcinoma espinocelular (CEC) em 18% eo melanoma em 8%. O CBC é um tumor de baixa malignidade e de evolução lenta que raramente metastiza (metastizar significa que o tumor não se confina ao local de aparecimento - pele - e que atinge também orgãos internos do corpo como o pulmão, fígado, cérebro, etc.) e, por conseguinte, habitualmente não põe em risco. Surge em geral na face e pescoço de pessoas com mais de 60anos e o aspecto mais típico é o de uma evolução na pele que ciclicamente faz ferida, podendo sangrar. O CEC é localmente agressivo, tal como o CBC, mas de evolução rápida e pode metastizar. Predomina nas áreas foto-envelhecidas de pessoas idosas que passaram grande parte da sua vida ao sol (trabalhadores rurais, pesca- dores, etc.). Caracteriza-se por um nódulo que vai crescendo de semana para semana e está muitas vezes coberto de uma crosta seca e verrucosa. Também ulcera e sangra com frequência. Embora seja o menos frequen- te, o MELANOMA é o mais preocupante porque, se não for detectado precoce-mente, é muitas vezes mortal. Surge em pessoas mais jovens (em média por volta dos 50 anos), sendo o local mais frequentemente atingido o dorso (costas) no homem e dorso e perna nas mulheres. Por volta dos 50 anos), sendo o local mais frequentemente atingido o dorso (costas) no homem e dorso e perna nas mulheres. No início, muitas vezes não faz procidência em relação à pele, surgindo como uma mancha que vai crescendo, adquirindo um contorno irregular, com diferentes cores sendo que a cor negra é muito suspeita. A regra ABCDE ajuda-nos a distingui-lo de sinais banais (nevos melanocíticos), sendo a mudança progressiva de aspecto (E-evolução) o critério mais Importante (mas apenas válido para a idade adulta porque nas crianças os sinais modificam-se com o cresci- mento das mesmas). Nem o sol existe só na praia nem existe nenhum protector solar completamente eficaz. A medida mais importante é a evicção do sol nas horas de maior intensidade UV: em Portugal, é geralmente entre as 11h e as 16h, no Verão. Em qualquer local do mundo, é útil a aplicação da regra da sombra - é segura a exposição ao sol quando a nossa sombra é maior do que nós; pelo contrário, devemos evitar a exposição quando a nossa sombra for menor. Quando isso não for possível (por exemplo em grupos profissionais que exercem a sua profissão ao ar livre), então a protecção solar deverá ser feita com roupa apropriada sem esquecer um chapéu (de aba larga que proteja toda a face e pescoço) e os óculos de sol. Os protectores solares propriamente ditos, formulados para aplicação tópica na pele, serão o terceiro nível de cuidados e, embora importantes, não devem ser valorizados em relação aos pontos anteriores. Um protector solar deve ter um FPS igual ou acima de 15 e, idealmente nos grupos de risco, pelo menos 30. FPS significa factor de protecção solar e dizer que tem FPS de 15 significa apenas que poderá estar exposto ao sol 15 vezes mais tempo até desenvolver eritema solar. Como já vimos o eritema solar é provocado essencialmente pelos UVB e portanto FPS refere-se única e exclusivamente a UVB. É também importante escolher um protector solar contra os UVA (procurar na embalagem IPD ou PPD). Estes cremes devem ser aplicados generosamente, aproximadamente meia hora antes da exposição solar (não esquecer que a exposição ao sol não é exclusiva da praia) e reaplicados de 2 em 2 horas. Não confiar na indicação “resistente à água” e reaplicar após o banho ou em caso de transpiração ambundante. Nunca usar o protector para prolongar a estadia ao sol. Uso sempre o protector solar Écran total na praia e por isso estou protegido.” Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, E.P.E.

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O SOL E A PELE

Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil E.P.E.Rua Professor Lima Basto, 1099-023 LisboaTel. geral: 217 229 800Website: www.ipolisboa.min-saude.pt G

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dos casos, o carcinoma espinocelular (CEC) em 18% eo melanoma em 8%.

O CBC é um tumor de baixa malignidade e de evolução lenta que raramente metastiza (metastizar significa que o tumor não se confina ao local de aparecimento - pele - e que atinge também orgãos internos do corpo como o pulmão, fígado, cérebro, etc.) e, por conseguinte, habitualmente não põe em risco. Surge em geral na face e pescoço de pessoas com mais de 60anos e o aspecto mais típico é o de uma evolução na pele que ciclicamente faz ferida, podendo sangrar.

O CEC é localmente agressivo, tal como o CBC, mas de evolução rápida e pode metastizar. Predomina nas áreas foto-envelhecidas de pessoas idosas que passaram grande parte da sua vida ao sol (trabalhadores rurais, pesca-dores, etc.). Caracteriza-se por um nódulo que vai crescendo de semana para semana e está muitas vezes coberto de uma crosta seca e verrucosa. Também ulcera e sangra com frequência.

Embora seja o menos frequen-te, o MELANOMA é o mais preocupante porque, se não for detectado precoce-mente, é muitas vezes mortal. Surge em pessoas mais jovens (em média por volta dos 50 anos), sendo o local mais frequentemente atingido o dorso (costas) no homem e dorso e perna nas mulheres. Por volta dos 50 anos), sendo o local mais frequentemente atingido o dorso (costas) no homem e dorso e perna nas mulheres. No início, muitas vezes não faz procidência em relação à pele, surgindo como uma mancha que vai crescendo, adquirindo um contorno irregular, com diferentes cores sendo que a cor negra é muito suspeita.

A regra ABCDE ajuda-nos a distingui-lo de sinais banais (nevos melanocíticos), sendo a mudança progressiva de aspecto (E-evolução) o critério mais Importante (mas apenas válido para a idade adulta porque nas crianças os sinais modificam-se com o cresci-mento das mesmas).

Nem o sol existe só na praia nem existe nenhum protector solar completamente eficaz. A medida mais importante é a evicção do sol nas horas de maior intensidade UV: em Portugal, é geralmente entre as 11h e as 16h, no Verão. Em qualquer local do mundo, é útil a aplicação da regra da sombra - é segura a exposição ao sol quando a nossa sombra é maior do que nós; pelo contrário, devemos evitar a exposição quando a nossa sombra for menor. Quando isso não for possível (por exemplo em grupos profissionais que exercem a sua profissão ao ar livre), então a protecção solar deverá ser feita com roupa apropriada sem esquecer um chapéu (de aba larga que proteja toda a face e pescoço) e os óculos de sol. Os protectores solares propriamente ditos, formulados para aplicação tópica na pele, serão o terceiro nível de cuidados e, embora importantes, não devem ser valorizados em relação aos pontos anteriores. Um protector solar deve ter um FPS igual ou acima de 15 e, idealmente nos grupos de risco, pelo menos 30. FPS significa factor de protecção solar e dizer que tem FPS de 15 significa apenas que poderá estar exposto ao sol 15 vezes mais tempo até desenvolver eritema solar.

Como já vimos o eritema solar é provocado essencialmente pelos UVB e portanto FPS refere-se única e exclusivamente a UVB.

É também importante escolher um protector solar contra os UVA (procurar na embalagem IPD ou PPD). Estes cremes devem ser aplicados generosamente, aproximadamente meia hora antes da exposição solar (não esquecer que a exposição ao sol não é exclusiva da praia) e reaplicados de 2 em 2 horas. Não confiar na indicação “resistente à água” e reaplicar após o banho ou em caso de transpiração ambundante. Nunca usar o protector para prolongar a estadia ao sol.

Uso sempre o protector solar Écran total na praia e por isso estou protegido.”

Instituto Português de Oncologiade Lisboa Francisco Gentil, E.P.E.

A exposição à radiação solar é prejudicial?

A rarefacção da camada do ozono é responsável pelo aumento da frequência dos malefícios provocados pelo sol?

Não. O sol é essencial e, sem a radiação solar, não existiria vida na Terra. No entanto,como tantos outros exemplos, deve ser usado com “conta, peso e medida”. A exposição solar excessiva pode ter efeitos nefastos.

Apenas em parte e não é o factor preponderante. A radiação solar é composta por diferentes tipos de radiação electro-magnética, com diferentes comprimentos de onda. A camada do ozono é responsável pela absorção de radiação com menor comprimento de onda que é altamente energética (e cancerígena) como a radiação gama, X e ultra-violeta (UV). Em relação aos UV, a camada do ozono filtra completamente os UVC, mas só parte dos UVB e em menor grau os UVA. A capacidade carcinogénica (de provocar cancro) desta radiação diminui à medida que aumenta o comprimento de onda, sendo que os UVC e UVB induzem directamente mutações no DNA (que induzem cancros) enquanto que os UVA só lesam indirectamente o DNA. No entanto, 98% da radiação UV que chega à Terra é do tipo UVA, de forma que não podemos desprezar o papel desta radiação nos malefícios causados pelo sol.

O aumento da frequência do cancro da pele está mais ligada a factores sócio-culturais que fazem com que nos exponhamos mais tempo ao sol sem nos protegermos devidamente.

Não. Simplesmente na praia temos tendência a usar menos roupa ficando menos protegidos. Na verdade na montanha é maior a intensidade da radiação ultra-violeta porque estes são menso filtrados pela atmosfera que é de menor espessura a este nível.

A variação da intensidade dos UV depende de muitos factores:

Hora do dia - a radiação é máxima ao meio dia solar (30% do total da radiação);Época do ano - estando o solmais perto da Terra no Verão;Latitude - perto do equador, a radiação é mais intensa porque incide de forma mais vertical pelo que a absorção atmosférica é mais fraca;Altitude - aumento de 4% de UVB a cada 300m;Nuvens e poluição - têm pouco efeito sobre os UV, mas trava os infra-vermelhos (radiação responsável pelo calor) dando uma sensação de falsa segurança;Reflexão de superfície - aumento da exposição aos UV com superfícies mais reflectivas: neve 50 a 80%, areia 15 a 25%, água em movimento 20%, água estagnada 10%.

Podemos encontrar nos sites metereológicos portugueses mapas de previsão do Índice UV, actualizados diariamente.

O sol na praia queima mais que o da montanha?

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“Apanhei um escaldão (queimadura solar) este ano na praia. Devo ir ao médico para despistar um cancro de pele?”

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Os efeitos deletérios do sol na pele dividem-se em:

IMEDIATOS OU AGUDOSA radiação UV, em particular a UVB, tem a capacidade de induzir vermelhidão (eritema) da pele em 15-20 min, se for recebida ao meio-dia, no verão, numa praia do sul, por um indivíduo de pele c la ra. E s te e r i tema so la r corresponde a uma queimadura solar (de grau 1) e induz no organismo uma série de respostas cujo objectivo é proteger a pele de agressão solar. Um dos mecanismos mais importantes é o da produção da melanina que através da pigmentação da pele (bronzeado) actua como filtro solar. Dependendo da intensidade da radiação recebida, duração da exposição e tipo de pele individual, a queimadura solar poderá ser mais mais grave - grau 2 ou 3 - recomendando-se a ida a um serviço de urgência se existência de dor severa, bolhas, cefaleias (dor de cabeça), confusão mental, náuseas ou vómitos, ou síncope (perda dos sentidos).

TARDIOS OU CRÓNICOSUma queimadura solar só por si não é capaz de induzir um cancro de pele mas os efeitos deletérios ficam gravados na nossa pele e vão sendo somados ao longo da nossa vida. Na maioria das vezes, os cancros de pele aparecem anos depois da exposição solar excessiva, em particular da recebida durante a infância ou adolescência, que sabemos hoje ser um período crítico.Por outro lado, a exposição solar repetida (mesmo que não conduza a queimadura solar) é responsável pelo envelhecimento da pele nas áreas expostas ao sol (foto-envelhecimento) tornando a pele mais seca, pouco elástica com aumento do reticulado normal e com aparecimento de rugas, discromias (áreas mmais claras alternado com áreas mais escuras), aparecimento de sardas do sol, queramatoses actínicas e seborreicas e mais tarde cancro da pele.

“O Sol quando nasce é igual para todos”, verdadeiro?

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“Tive um amigo que morreu de um cancro da pele. Agora a minha mãe foi tratada a um cancro da pele, mas o médico disse que estava tudo bem e não havia razão para preocupações. Será verdade?”

Falso. Já vimos atrás que a intensidade dos UV depende de muitos factores, nomeadamente o local onde vivemos ou passamos férias mas, para além disso os efeitos do sol na nossa pele dependem bastante de cada tipo de pele. Pessoas de pele clara, olhos claros, cabelo louro ou ruivo sofrem mais frequentemente queimadura solar (e consequentemente o risco de sofrer queimadura solar ou desenvolver um cancro da pele) define os fototipos cutâneos, que se classificam de 1 a 6.

Para além do fototipo existem outros factores que aumentam a probabilidade de vir a ter um cancro da pele, designados factores de risco:

Fototipo I/II; presença de sardas;Múltiplos sinais (>50 no tronco);Sinais atípicos (com mais de 6 mm, irregulares na forma, bordo e cor);Queimaduras solares (em particular na infância/adolescência) ou exposição solar repetida ao longo da vida (por ex. Em pessoas com profissões ao ar livre como trabalhadores rurais, pescadores, etc.);História pessoal ou familiar de cancro da pele;Imunossupressão (defesas diminuídas, por ex. Transplantados, doentes com SIDA).

Na verdade existem vários tipos de cancro da pele, com diferentes prognósticos. São três os tipos mais frequentes: o carcinoma basocelular (CBC) em 70%

Efeitosbenéficos

Efeitosnefastos

Calor

Efeitos terapêuticos

Acção anti-raquítica(vit. A)

MelanogéneseCongestionamento

Insolação

Fotodermatose

Fotoenvelhecimento

Fotossensibilização

Indução de Cancros

Efeitopsico-estimulante

Ozono

220-290 nm

RADIAÇÃO SOLAR

Cósmicos

GamaX

UVC

290-320nmUVB 320-400nm

UVA800-5000nm

IV

>5000nm

Ondas Rádio

http://www.meteo.pt/pt/ambiente/uv/

Apenas 10 % dos UV atingem a Terra

400-800nm

Vísiveis

Núvens

Tipo I Tipo II Tipo III

Tipo IV Tipo V Tipo VI