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www.pe.sebrae.com.br ano 42 nº 1 JANEIRO 2016 SOL E BONS VENTOS PARA NEGÓCIOS Entrevista Consumo hedônico em pauta Empreendedorismo Sebrae cria projeto SERtão Criativo

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www.pe.sebrae.com.brano 42 • nº 1 • JANEIRO 2016

ano 42 • nº 1 • JANEIRO

2016

SOL E BONS VENTOS PARANEGÓCIOS

EntrevistaConsumo hedônico em pauta

EmpreendedorismoSebrae cria projeto SERtão Criativo

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NOSSOS ESPECIALISTAS ESTÃO PRONTOS PARA ORIENTÁ-LO E INCENTIVÁ-LO A CRESCER CADA VEZ MAIS

PARA VOCÊ SE TORNAR UM EMPRESÁRIO DE SUCESSO.PROCURE O SEBRAE E FAÇA O SEU NEGÓCIO DAR CERTO.

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Unidade RMR e Mata Norte - Recife | Unidade Mata Sul Cabo de Santo AgostinhoUnidade Agreste Central e Setentrional - Caruaru | Unidade Agreste Meridional - Garanhuns

Unidade Sertão Central, Moxotó, Pajeú e Itaparica - Serra Talhada | Unidade Sertão do Araripe - Araripina | Unidade Sertão do São Francisco - Petrolina

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Carta aoLeitor

Conselho Deliberativo | Pernambuco 2015-2018Associação Nordestina da Agricultura e Pecuária – AnapBanco do Brasil S/A – BBBanco do Nordeste do Brasil – BNBCaixa Econômica Federal – CAIXAFederação da Agricultura do Estado de Pernambuco – FaepeFederação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Pernambuco – FacepFederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco – FecomércioFederação das Indústrias do Estado do Estado de Pernambuco – FiepeInstituto Euvaldo Lodi – Núcleo Regional de Pernambuco – IELServiço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SebraeSecretaria da Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação de Pernambuco – SEMPETQServiço Nacional de Aprendizagem Comercial do Estado de Pernambuco- Senac/PEServiço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado de Pernambuco- Senai/PEServiço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado de Pernambuco- Senar/PEFundação Universidade de Pernambuco – UPE

PresidenteJosias Silva de Albuquerque

Diretor-superintendenteJosé Oswaldo de Barros Lima Ramos

Diretora técnicaAna Cláudia Dias Rocha

Diretora administrativo-financeiraAdriana Côrte Real Kruppa

Comitê de Editoração Sebrae Pernambuco Angela Miki SaitoCarla Andréa AlmeidaEduardo Jorge de Carvalho MacielFábio Lucas Pimentel de OliveiraJanete Evangelista LopesJussara Siqueira LeiteRoberta de Melo Aguiar Correia

Jornalista responsávelJanete Lopes | DRT – 2232

RevisãoBetânia Jerônimo

CapaZ.diZain Comunicação | www.zdizain.com.br

Foto de capaFlávio Costa | Z.diZain Comunicação

Projeto gráfico originalFelipe Gabriele | Z.diZain Comunicação

DiagramaçãoZ.diZain Comunicação

Tiragem3.000 exemplares

PeriodicidadeTrimestral

ImpressãoCCS Gráfica

Josias AlbuquerquePresidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae

O verão é uma estação identificada com a Região Nordeste, que potencializa vantagens para empreender. Nesse período, não somente turistas desfrutam das

belezas naturais e serviços inerentes a essa estação, mas é tempo de muitas oportunidades que aquecem os negócios. Este é o tema de capa desta edição, que apresenta vários pequenos negócios em Pernambuco que aproveitam as possibilidades, com oferta de produtos e serviços permanentes ou sazonais nos seus empreendimentos.

Apoiado na estratégia de levar oportunidades para todo o Pernambuco, o projeto SERtão Criativo é tema de matéria e revela a riqueza da cultura interiorana que também move a economia criativa local. Trabalho inédito do Sebrae realizou diagnóstico e propõe ações para o setor, a partir do mapeamento de 12 municípios pernambucanos.

Também abordamos a tendência do consumo hedônico, que é assunto da entrevista com o professor do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE André Leão, que contribui com o seu conhecimento nas áreas de marcas e cultura do consumo, para que o empreendedor possa compreender a importância dessa abordagem no mundo dos negócios. Como uma característica marcante do segmento das MPE, a importância do planejamento nas empresas de sucessão familiar é outro destaque desta edição que trata da estruturação do negócio e da abertura para o diálogo como pontos-chave nessa discussão.

A nova dinâmica do estado, a partir dos grandes empreendimentos, torna a qualificação como um insumo fundamental para a competitividade e sobrevivência das empresas. Também é elemento indispensável na hora de começar a fornecer para os grandes empreendimentos. Este é um dos enfoques da reportagem sobre o Projeto de Relacionamento entre Pequenos Negócios e Grandes Empreendimentos da Mata Norte, que o Sebrae Pernambuco elaborou para o segmento de micro e pequenas empresas.

Bons negócios em 2016!Até a próxima edição.

EDITORIAL

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Revista DireçãoJaneiro 2016Rua Tabaiares 360Ilha do Retiro – Recife/PE

0800 570 0800

www.pe.sebrae.com.br

/SebraePE

@sebraepe

www.pe.agenciasebrae.com.br

Sol, suor e bons negócios

André Leão fala sobre consumo hedônico

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Capa

Artigos

Entrevista

Acessibilidade: cidadania e impulso nos negócios

Empreendendo no colégio e para a vida

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Microfranquias crescem mesmo com crise econômica

Para ser fornecedor, comece pela qualificação

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NegóciosGestão

Educação

No Recife, empresas apostam no conceito store in store

SERtão Criativo dá luz à produção cultural no interior pernambucano

30 42Tendências Empreendedorismo

PlanejamentoEmpreendedorismo na educação

Sustentabilidade nas organizações38 40

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Sol, suor e bons negócios

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érias da garotada, praias-pra-que-te-quero, calor, feriadinhos e feriadões a perder de vista (natal, réveillon, carnaval). Para quem vai se divertir, o verão é um ótimo convite. E para quem quer

trabalhar e empreender, o momento também é quente para arregaçar as mangas, ganhar um dinheirinho a mais e dar aquela injeção de ânimo nos negócios. Apesar dos números desafiadores da economia, para o bom empreendedor crises acontecem e o veraneio pode ser um período altamente favorável para conseguir novas e atraentes oportunidades.

Segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada no

Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), o número de empreendedores saltou de 23%, em 2004, para 34,5%, no ano passado. Os índices comprovam a vocação que o brasileiro tem para o empreendedorismo: caminho tomado inclusive como uma alternativa ao desemprego crescente no país. Se as vagas de empregos formais caem, uma boa saída é empreender e o verão desponta como uma das mais promissoras épocas do ano em setores como moda, alimentação, fitness e turismo.

As oportunidades estão em todo lugar. A questão é saber encontrá-las. Para ajudar nesta tarefa, a Direção buscou histórias de pessoas que estão dando um chega pra lá no pé-frio da

porFAUSTO MUNIZ

A alta temporada do verão chega com oportunidades para os mais variados segmentos e em todas as regiões do estado. Confira as histórias de empresários que conseguiram surfar na onda positiva da estação e fique por dentro das dicas para aproveitar o melhor do calor, faturar alto nos próximos meses e, quem sabe, no ano inteiro

CAPA

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crise e aproveitando a estação mais quente do ano para realizar investimentos e fazer bons negócios. Uma dessas pessoas é Miraci Ianino, da grife Beijo de Lua, instalada no Shopping Plaza, no Recife. O principal produto da sua empresa tem o sol como maior combustível das vendas: a moda praia, uma das maiores paixões de Miraci, que completa 25 anos em 2015 na arte da modelagem – corte e costura – dos mais variados tipos de tecidos.

Para agradar a clientela e se diferenciar junto à concorrência, ainda que conte com produtos de fornecedores de confiança e possua um escritório à parte apenas para administrar seus negócios, a empresária mantém viva dentro de si a costureira que deu início à sua jornada

no universo do empreendedorismo, quando inaugurou o seu estabelecimento em 1998.

Para isso, ela faz questão de ouvir a opinião dos clientes a cada peça vendida e de estar todos os dias na loja, lado a lado com sua equipe, com o olho bem vivo em cada pessoa que entra e sai, dando um “pitaco” ou outro nas peças. Inclusive a maioria dos modelos foi criada a partir dessas indicações informais. Muitos looks são elaborados sob medida, com tamanhos maiores para proporções de corpo diferenciadas, além da customização de acordo com o gosto do público. Ela também aceita pedidos via WhatsApp.

Para o veraneio, Miraci, que trabalha com alta costura, aposta na febre dos casamentos

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na praia. “Podem sair com o preço até mais em conta, sem perder a elegância e o charme. Estão sendo muito procurados por casais jovens, que querem uma cerimônia mais descontraída e que misture a emoção da data com mais divertimento e alegria”, aponta.

Nessa época, ela promete estimular ainda mais as promoções através de sorteios mensais de prêmios para os clientes que preencherem o formulário de feedback da experiência na loja; em outubro, peças infantis saíram pela metade do preço, com pagamento em espécie. Além disso, a empreendedora investe na coleção de saídas de banho longas, com preços camaradas.

Para ela, que já fez o seminário Empretec, do Sebrae, no qual são trabalhadas as 10 características empreendedoras mais importantes para o sucesso no mundo empresarial (veja final da matéria), embora os consumidores estejam mais cautelosos, em função do cenário econômico adverso, o desejo de vestir roupas de qualidade permanece e

MODA COM PROTEÇÃO DO SOL

Nem todo mundo gosta de ficar passando protetor solar de quatro em quatro horas na pele, especialmente os homens. O cheiro do produto e o aspecto grudento acabam levando muita gente a pensar duas vezes na hora de usá-lo, além do fator preço. Assim, a indústria de olho nesse comportamento do público pensou e acertou com as roupas que já vêm

pode ser estimulado – e facilitado – com um bom empurrãozinho.

“Estamos buscando manter o máximo de ânimo possível para fazer o nosso melhor. Sem essa de pessimismo, o negócio é conquistar o cliente negociando abatimentos para quem comprar à vista, parcelando as compras, sendo amigo de cada um que chega. Minhas funcionárias também estão capacitadas para trabalhar com esta postura, pois têm liberdade para fisgar o cliente com simpatia e um precinho bom”, relata.

Miraci Ianino usa seu talento para criar, mas não se descuida do cliente e de buscar capacitação.

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está adquirindo produtos legítimos, a marca espera aumentar 50% suas vendas até o final de fevereiro.

LIDANDO COM A SAZONALIDADE

Carlos Maurício alega, no entanto, que durante períodos mais chuvosos como o meio do ano, o movimento cai cerca de 40%, mas os clientes pontuais não deixam de comprar em outras estações. “É um movimento já esperado. Realizamos um planejamento desses e de outros cenários para nos prepararmos melhor e calcularmos o impacto em nossas finanças”, comenta. Para ajudar a levantar as vendas, ele incentiva as compras à vista e investe em inovação.

“Preço não é tudo. É importante, mas outros fatores também pesam muito e ajudam a convencer o consumidor na hora de levar o produto. É preciso oferecer sempre boa qualidade, ainda mais porque estamos oferecendo uma peça que tem uma

com proteção solar. Cada vez mais, elas vão se incorporando aos hábitos dos adeptos das altas temperaturas e ganham versões para diferentes ocasiões, não somente a praia. Os empresários recifenses Carlos Maurício e Fernando Andrade sabem muito bem disso.

Os dois são donos da Capolavoro, com foco no público adulto, e da Open Sun, voltada para os pequenos, ambas criadas em 2013 e após muita pesquisa de mercado e dos componentes mais indicados para a composição das peças. Durante um tempo, a empresa esteve focada em fornecer roupas deste tipo no atacado e varejo para lojas no Recife e no interior, além de outras cidades do Nordeste como Maceió, João Pessoa, Natal e Fortaleza.

Com o sucesso, os sócios abriram uma loja física no bairro de Boa Viagem, com itens de todos os tipos e utilidades: calças, camisas UV com ou sem capuz, camisa de manga curta, vestimentas para ginástica, entre outros. Com as principais certificações necessárias para dar confiança ao cliente, no sentido de que

Apesar dos números desafiadores da economia, para o bom empreendedor crises acontecem e o veraneio pode ser um período altamente favorável para conseguir novas e atraentes oportunidades

1. Ouça seu cliente: incentive sua

clientela a dar opiniões sobre as peças e aproveite essas informações na criação dos produtos.

2. Faça promoções: todo mundo gosta de um descontinho básico. Então, vale ser generoso na hora da compra e dar um alívio principalmente para quem pagar à vista. Sorteios incentivam o cliente a estar sempre de olho na marca.

3. Bom atendimento sempre: fuja do clima de “uruca” da economia e estimule a simpatia cotidiana entre os seus colaboradores. É bom que eles também tenham autonomia e confiança para negociar descontos.

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funcionalidade a mais, que é a proteção. Ela deve realmente estar presente e nem todas as empresas se preocupam em garantir a sua eficácia. Muitas delas simplesmente aplicam um spray no tecido, cujo efeito sai depois de poucas lavagens. Fazemos questão de mostrar que nossos produtos têm boa duração e isto estimula a adesão”, Carlos relata.

1. Calcule as finanças: faça uma planilha de custos e receitas e controle seus gastos, para que não faltem produtos ou dinheiro para pagar as contas.

2. Fique atento às preferências dos clientes: perceba o que está sendo mais pedido para fazer mais investimentos.

1. Planejamento é a ordem da vez: antecipe cenários pessimistas e preveja como lidar com eles, seja com futuras promoções ou com uma reserva de caixa suficiente.

2. Mostre que tem qualidade: roupas UV e outros produtos semelhantes podem conquistar a preferência do público se a qualidade for destacada, o que inclusive ajuda a justificar preços mais elevados.

3. Ter diversidade de produtos: diversificar a oferta de produtos ajuda a atrair clientes.

PAUSA NO QUIOSQUE

O bom e velho quiosque de praia também é uma boa pedida na hora de abocanhar a preferência dos veranistas. Há dois anos, Maria Estela possui um quiosque na orla de Boa Viagem, próximo ao parque Dona Lindu. Ela alega que, embora calcule um aumento de 20% a 30% de clientes nos próximos meses, a nova conjuntura econômica impactou nos hábitos dos praieiros na hora de dar um pulinho no quiosque na praia: em vez de bebidas, os clientes estão optando mais pela alimentação – petiscos, lanches, água de coco, peixes e outras variedades.

Ao contrário dos outros empresários da reportagem, Estela não fará ações promocionais específicas, principalmente por conta do aumento do preço dos alimentos. A solução encontrada para evitar a perda de público, que está mais seleto, foi congelar os valores do cardápio, não repassando a inflação. “Fiz um curso do Sebrae sobre Administração Financeira e foi o que me ajudou a equilibrar a balança e ter mais sustentabilidade no negócio. Hoje também racionalizo o uso dos alimentos, até porque o pouco espaço do quiosque não dá para armazenar uma quantidade muito grande de comida”, pontua.

ÁGUA DE COCO PARA TODO MUNDO

Direto do Sertão, da metrópole regional de Petrolina, Francisco Nunes já possui mais de 15 anos de trabalho com a venda de água de coco. O início foi em quiosques que vendiam

a bebida. Em seguida, mudou a estratégia e passou a vender em carrinhos, chegando a trabalhar com 11. No entanto, a concorrência forte e a presença de atravessadores o levaram novamente a rever sua posição no mercado. Hoje ele produz, envasa e distribui diretamente o produto para lojas, supermercados, padarias e outros estabelecimentos.

“Tenho uma ponte direta com meu cliente, ao contrário de antes, e a marca Água de Coco do Vale está mais forte do que antes. Temos também a meta diária de conquistar dois clientes a mais e isto estimula o nosso trabalho”,

CAPA

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comenta. Apesar do Sertão não possuir propriamente um inverno, a baixa estação acaba influenciando as vendas e diminuindo o preço dos insumos. Consequentemente, os produtos ficam mais baratos e a clientela se mantém. Chico do Coco, como ele é chamado, assinala que na alta estação o consumo aumenta de 30% a 35% e ele pensa em aproveitar o movimento maior para ampliar os canais de distribuição com novos parceiros.

Para Domingos Sávio, analista do Sebrae na Unidade de Negócios Sertão do São Francisco, os empreendedores da região sertaneja podem ficar de olho em boas oportunidades como o turismo náutico, com a visita a balneários, e o enoturismo, que explora a abundante produção de vinhos local, com a chegada de turistas do mundo inteiro, e promove o comércio de bebidas. Vinícolas como Rio Sol, Garviera e Boticelli estão bastante receptivas a passeios de ônibus.

“Toda essa movimentação gera um comércio ao redor e ajuda a aquecer a economia local. Mas é importante ressaltar que o segundo semestre é o melhor período do Vale do São Francisco. O empreendedor precisa desenvolver uma cultura de inovação constante durante o ano inteiro, aproveitando outras datas como São João, e se adaptar a cada estação com produtos diferentes, que correspondam às respectivas demandas”, analisa Domingos.

1. Analise o mercado: observe quais demandas aumentam ou diminuem, de acordo com cada estação, e pense em produtos ou serviços que se encaixariam melhor nesse período.

2. Adapte-se à realidade: verão, primavera, inverno... cada estação tem seus altos e baixos. Prepare-se para todos, de forma a diminuir possíveis prejuízos e incrementar lucros.

AUTOESTIMA LÁ EM CIMA? DINHEIRO NO BOLSO TAMBÉM

Fabiano Barbosa e Hugo Nunes são sócios-proprietários da Gym Box Academia, na cidade de Caruaru, no Agreste pernambucano. Os empreendedores trouxeram para a capital do forró um conceito avançado na área de fitness, com uma série de serviços adicionais ao universo da musculação, concentrados em

Inovação é palavra-chave para incrementar negócio e mantê-lo competitivo.

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um único lugar, embora não façam parte de nenhuma franquia. Apesar de ambos não terem formação na área de Educação Física, eles contam com profissionais que dão a orientação necessária para uma gestão mais adequada do empreendimento.

Embora o verão seja por si só altamente convidativo para dar um “up” no “shape”, eles não deixam de investir em ações para faturar ainda mais durante a temporada. “Aulas de verão com ritmos e atividades variadas, eventos com parceiros de outras empresas, reforço no nosso marketing em redes sociais. Mantemos nossa comunicação de janeiro a janeiro e isto contribui para fidelizar nossos clientes, trazer de volta aqueles que esfriam em algum momento e ampliar a clientela”, indica Fabiano. Assim como outros empreendimentos do setor, a estratégia para segurar os alunos, independentemente do período, é fazer campanhas oferecendo planos anuais com valores atrativos e ainda um horário estendido para facilitar a vida dos praticantes das atividades: das 5h30 às 23h.

COMER, BEBER, FATURAR

A praia de Porto de Galinhas, no litoral sul, segundo pesquisa realizada pela Secretaria de Turismo de Pernambuco, em 2012, foi avaliada por 98,71% de seus visitantes como dona de ótimos atrativos naturais. Mas e depois do lazer na praia, como é que fica a barriga? A resposta para fome pode ser dar um pulinho no João Restaurante, que especializou seu cardápio com frutos do mar e culinária regional. O proprietário, João Adauto Silva, relata que através de diversas práticas de gestão conseguiu dar um salto da 84ª posição, em 2014, no ranking do TripAdvisor, considerado o maior site de viagens do mundo, para a 16ª, em 2015. A nova meta é chegar entre os 10 melhores restaurantes. Para alcançá-la, o trabalho é continuar investindo de forma perene em qualidade.

Com a chegada da temporada de maior movimento na praia pernambucana, João permanece investindo em um tripé que considera essencial para o crescimento da sua empresa: o marketing digital com ações

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Observar preferências dos clientes ajuda no planejamento da oferta de produtos e serviços de cada estação.

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permanentes nas principais redes sociais da atualidade; a renovação constante do cardápio; e o fator humano, com atendimento diferenciado e profissionais qualificados para receber bem qualquer pessoa. “Temos funcionários que falam várias línguas, mas às vezes isso não chega nem a ser tão importante. O nosso menu é bilíngue. O que importa é ter um bom atendimento. Isto vai fazer a diferença e muita gente não dá tanta importância e se acomoda”, conta.

A alta do dólar pode ter gerado consequências negativas para alguns setores da economia, mas para o turismo interno este é um momento altamente propício para a viagem de brasileiros pelo próprio país, bem como para a vinda de estrangeiros que aproveitam o Real barato para desbravar as terras tupiniquins. “O eixo Sudeste, Sul, Centro-Oeste segue explorando bem a Região Nordeste, em função das nossas belezas naturais e do bom acolhimento dos habitantes. As pessoas não deixaram de gastar com a crise. Foi o cenário que mudou. Ainda assim, estamos cautelosos: não esperamos um volume de vendas maior do que os outros anos, e sim parecido com o do ano passado”, relata.

NOVO TURISMO

Segundo Kátia Georgina, analista de Turismo e Artesanato da Mata Sul do Sebrae, o turismo realizado pelas pequenas agências da região tem se transformado para oferecer aos visitantes novos roteiros para além do litoral. “O turista contemporâneo quer vivenciar a comunidade; conhecer um pouco mais as tradições locais; entender a cultura, a arte e a gastronomia da região. Isto abre portas para que diversos empreendedores rastreiem novas oportunidades, ou até mesmo criem novas rotas e experiências turísticas. Ainda há muito a ser explorado e é preciso ser criativo e se profissionalizar para gerar negócios de longo prazo”, indica.

Ela acrescenta que, depois que passa o verão, as atividades turísticas precisam ganhar novos elementos e os turistas como os da Região Sudeste procuram Pernambuco durante o ano inteiro. Eles valorizam a vegetação nativa, igrejas, conventos e outros pontos importantes do estado. “Para o empreendedor que já está com um negócio na área, ou pretende investir, o ano inteiro é repleto de possiblidades, mas é preciso se informar corretamente. O Sebrae oferece durante todos os meses cursos que são ferramentas aliadas para a profissionalização da atividade empreendedora, tais como Gestão de Estoque, Finanças, Atendimento ao Cliente, Atividades Hoteleiras e muitos outros”, finaliza.

Amadurecendo como empreendedor

Quais as características essenciais do comportamento empreendedor? No Empretec, você vai estudar a fundo o tema através de uma metodologia especialmente desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU), aplicada em cerca de 34 países. No Brasil, apenas o Sebrae pode realizar esta capacitação, com seis dias de imersão e 60 horas de atividades práticas. Confira!

1. Busca de oportunidade e iniciativa2. Persistência3. Correr riscos calculados4. Exigência de qualidade e eficiência5. Comprometimento6. Busca de informações7. Estabelecimento de metas8. Planejamento e monitoramento

sistemáticos9. Persuasão e rede de contatos10. Independência e autoconfiança

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porISABELA SALES

Consultoria do Sebrae para empreendimentos destaca a importância dos projetos voltados para pessoas com deficiência. Cartilha também trata sobre o tema

Acessibilidade: cidadania   e  impulso nos  negócios

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uem não gosta de visitar restaurantes, apreciar novas comidas, locais e sabores? Mas, e se o restaurante não estivesse disponível para você? Imagine que você

acorda desejando aquela comida, oferecida por um único restaurante, e marca com todos para visitá-lo. Escolhe a roupa, planeja o horário, desfaz eventos, sai mais cedo do trabalho, faz de tudo para conseguir ir ao restaurante. Mas, quando chega ao local percebe que o serviço oferecido não serve para você, um cliente como qualquer outro. É a realidade para pessoas com deficiência que enfrentam problemas iguais a este todos os dias. Hoje em dia grande parte dos restaurantes não oferece serviços como rampas, cardápios e banheiros acessíveis.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui cerca de 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Como grande parte dos deficientes, a consultora credenciada do Sebrae Mosana Cavalcanti é cadeirante e já visitou locais em que não conseguiu ser atendida. “Tinha locais com escadas enormes que eu não poderia passar e a solução dada pelos funcionários foi que alguém me carregasse. Preferi ir embora do restaurante”, disse.

Quando se pensa em acessibilidade, a primeira coisa que vem à cabeça é uma rampa de entrada para cadeirantes. Mas o que é acessibilidade? O dicionário apresenta a seguinte definição: “qualidade ou caráter do que é acessível; facilidade na aproximação, no tratamento ou na aquisição”. A lei ainda acrescenta: segundo o Decreto 5.296, de 2 de dezembro de 2004, acessibilidade é a “condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade”.

Em outros termos, acessibilidade é uma mulher grávida conseguir embarcar no ônibus (e passar pela roleta) sem nenhuma dificuldade; é uma pessoa obesa poder sentar-se confortavelmente na poltrona do avião; é um anão que encontra um balcão de bilheteria da sua altura, na hora de ir ao teatro. Acessibilidade é um cego que cruza a rua sozinho, porque o semáforo emite um sinal sonoro, avisando que ele pode atravessá-la; é uma criança surda ter à disposição intérpretes de Libras na escola pública; é um cadeirante que pode se locomover por conta própria, numa cidade sem buracos nem obstáculos. Enfim, acessibilidade é a garantia plena do direito de ir e vir – e permanecer.

Nos restaurantes, existem cardápios em Braille? Bem, provavelmente não. Mas, você sabia que essa regra básica está presente na norma brasileira de acessibilidade para restaurantes e bares? E aí você deve estar se perguntando por que se preocupar com isso.

Se um cliente visita um restaurante e, logo de cara, observa que o local oferece um serviço acessível a todos, com um ambiente preparado e interessante, a impressão dele será, possivelmente, positiva. Um espaço acessível facilita o deslocamento das pessoas e, consequentemente, auxilia nos fluxos de funcionários e mercadorias. Também beneficia a visualização do cliente sobre determinado produto ou serviço, o que pode acarretar em aumento de vendas. E mais. A empresa, além de ter uma atitude cidadã, demonstra a preocupação do estabelecimento com todo tipo de cliente.

ACESSIBILIDADE NOS NEGÓCIOS

Com elevadores para cadeirantes, banheiros acessíveis, mesas rebaixadas, rampas para entrada, piso nivelado, o grupo Entre Amigos, que está há 21 anos no ramo da gastronomia em Recife, adaptou os seus três estabelecimentos de acordo com as

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normas de acessibilidade. “Resolvemos aderir às mudanças pelo mercado, pelas questões sociais mesmo. A gente tem clientes cadeirantes, deficientes visuais. Então, assim como a gente tem uma demanda de público grande – mais de 15 mil pessoas por mês, também temos que atender o público que precisa de meios mais acessíveis. Portanto, vimos a necessidade de mudar”, destaca uma das diretoras do grupo Entre Amigos, Suellen Farias.

“Acho que, em relação à conscientização social, tem que ter para tudo. A gente pretende melhorar a calçada ainda. Eu acho que se todo mundo pensasse um pouco na parte social, acho que seria tudo mais fácil. Todos deveriam ter esse espaço, essa conscientização. Eu acho que todos conseguem fazer adaptações, só basta querer”, acrescenta.

Para a arquiteta e professora de Acessibilidade e Ergonomia, Bárbara Cereja, os restaurantes devem garantir os seus serviços para todas as pessoas, com deficiência ou não. “Os restaurantes precisam pensar no mobiliário, pois não adianta ter a rampa de acesso e um banheiro acessível e não ter uma mesa que tenha área de aproximação para um cadeirante. Não adianta também o espaço físico estar preparado para a acessibilidade e a gente se deparar com uma barreira atitudinal, que é o atendimento. Um garçom que não sabe receber uma pessoa com deficiência, por exemplo. Isso ai é um trabalho em conjunto, acessibilidade é multidisciplinar”, destaca.

A arquiteta também orienta: “A criação de um selo para os restaurantes acessíveis e um catálogo para organizar o material e distribuir seriam úteis, porque as pessoas com acessibilidade iriam descobrir mais possibilidades de acesso e não iam se restringir a poucas opções como o fazem atualmente”, sugere.

Ao oferecer um serviço para todos, os estabelecimentos que investem no programa de acessibilidade colhem muitos frutos

positivos. “Os clientes se sentem aconchegados com o local, conseguem ter autonomia, uma vez que podem se locomover, ler o cardápio e muito mais. Além disso, os meus amigos, por exemplo, só frequentam restaurantes que sejam acessíveis para mim. Com isso, o lucro desses estabelecimentos só cresce”, afirma Mosana Cavalcanti.

Você sabia?Em dezembro de 2004, as atualizações previstas no Decreto Federal 5.296 tornaram obrigatória a utilização das Normas Técnicas de Acessibilidade em todas as construções e reformas de uso público ou coletivo. Todos esses estabelecimentos devem possibilitar a entrada de pessoas com deficiência. A lei prevê sanções para quem não cumpri-las.

Itens da Norma Brasileira de Acessibilidade (restaurantes, bares e similares)1. É necessário que pelo menos

5% do total das mesas, com no mínimo uma, sejam acessíveis à pessoa cadeirante. Esta porcentagem também é válida para buffet e caixa. As mesas devem ser integradas às demais, para que sejam oferecidas todas as habituais comodidades e serviços disponíveis no local.

2. O estabelecimento deve oferecer exemplares do cardápio em Braille.

3. Atente-se para as medidas, principalmente em relação às alturas. Nos balcões de autosserviço, a altura máxima é de 85cm. Também é necessária uma área de aproximação de 90cm.

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Há dois anos, empresários de Fernando de Noronha atentaram para um novo nicho de mercado: o da acessibilidade. Sempre ligado nas demandas do mercado, o Sebrae resolveu oferecer consultorias para empresários/colaboradores de pousadas e restaurantes da ilha sobre o tema. O Recife, que não queria ficar de fora desta ação que é, antes de tudo, cidadã, também se alinhou ao programa há um ano. “No Recife, demos carga total; além da consultoria empresarial, realizamos oficinas para colaboradores, produzimos os primeiros cardápios em Braille e a primeira cartilha de acessibilidade para o segmento da alimentação”, afirma a gestora de projetos de gastronomia, Valéria Rocha.

A consultoria funciona da seguinte maneira: a consultora credenciada do Sebrae e cadeirante Mosana Cavalcanti visita os restaurantes com vendas, cadeiras de rodas e cardápios em Braille. No local, a orientadora realiza palestras, sempre mostrando aos funcionários e empresários as barreiras que ainda existem. A mesa, principal objeto de qualquer restaurante, nem sempre está na altura correta para que o cadeirante possa entrar e se acomodar com tranquilidade. E as pessoas com deficiência visual, será que podem andar pelo estabelecimento com facilidade? E o cardápio em Braille? Depois das palestras e orientações, os próprios funcionários e empresários percebem como este tipo de trabalho é importante e buscam, na medida do possível, investir no programa, afinal o restaurante deve atender todo tipo de cliente.

Empreendimentos já estão adaptando suas instalações para o acesso de pessoas com deficiências.

Conscientização e inovação

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Pensada recentemente pelo Sebrae/PE, a cartilha “Acessibilidade nas empresas de alimentação” chega para auxiliar micro e pequenas empresas no processo de adaptação dos seus espaços. O objetivo principal da cartilha é orientar os empresários na preparação e adequação dos empreendimentos nos meios de alimentação, baseado nas Normas Técnicas de Acessibilidade da NBR 9050, para que seus estabelecimentos tornem-se acessíveis, em outras palavras, sem obstáculos e barreiras que impeçam a livre circulação de seus clientes e fornecedores, gerando aumento da sua clientela. A cartilha é, portanto, um novo instrumento para auxiliar pequenos negócios na promoção da acessibilidade.

A cartilha fornece informações sobre os ambientes acessíveis, os métodos que devem ser utilizados, as leis vigentes. Dentre os assuntos abordados:

Libras – A cartilha discute cardápios em Braille no Estado de Pernambuco, conforme direito garantido através da Lei Estadual 13.401, de 4 de março de 2008. “Torna obrigatório o oferecimento de cardápios em Braille em

Sebrae elabora cartilha de acessibilidade para empresas de alimentação

bares e restaurantes no Estado de Pernambuco”. A Língua Brasileira de Sinais constitui-se na principal forma de comunicação e expressão utilizada pelas pessoas surdas. É a língua natural das comunidades surdas para a transmissão de ideias e fatos oriundos das pessoas com deficiência auditiva no Brasil.

Vagas acessíveis – As vagas reservadas para deficientes devem ter uma área livre de circulação com largura mínima de 1,20m, devidamente sinalizadas horizontal e

verticalmente; ser vinculadas

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ao acesso principal e livres da circulação de veículos; ter uma faixa adicional para a circulação de cadeiras de roda; ter piso regular, nivelado, firme e estável.

Sanitários – Os sanitários acessíveis devem estar localizados em rotas acessíveis e próximos à circulação principal; possuir piso antiderrapante; possuir barras de apoio, acessórios e peças sanitárias dentro das normas de acessibilidade; possuir portas de, no mínimo, 0,80m de largura, que abram para fora, com maçanetas do tipo alavanca e/ou puxador com altura entre 0,80m e 1,00m; possuir lavatório suspenso (sem coluna).

Por fim, a cartilha aponta o que estabelecimentos como restaurantes devem fazer para serem plenamente acessíveis:

• dispor de, pelo menos, uma rota acessível, da calçada à porta de entrada;

• ter desníveis no piso ou tapetes e capachos de até 5mm de altura, pois

quando são maiores de 5mm de

altura devem dispor de rampa, mesmo que móvel;

• ter piso antiderrapante;

• ter portas de acesso com largura mínima de 0,80m e maçanetas do tipo alavanca;

• ter piso tátil de alerta e direcional, onde for necessário;

• ter funcionário capacitado para atender pessoas com deficiência;

• dispor de cardápio em Braille;

• ter balcão de atendimento para self-service com dimensões adequadas para atender pessoas de baixa estatura ou usuárias de cadeiras de roda;

• ter bandejas, talheres, pratos, copos, temperos, alimentos e bebidas dispostos dentro da faixa de alcance manual;

• estar com alimentos e bebidas dispostos de forma a permitir o seu alcance visual;

• possuir mesas ou superfícies com altura livre inferior mínima de 0,73m e 0,85m do piso;

• ter área livre para circulação entre as mesas e largura mínima de 0,90m.

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porSUZANA VALENÇA

Receita para empresas de sucessão familiarPode até não ser fácil, mas também não é complicado. Empresas familiares têm conseguido passar o comando entre gerações com sucesso, combinando uma sólida estrutura corporativa com ambiente famíliar transparente e justo

O s processos de sucessão em uma empresa familiar sempre vão envolver comando, dinheiro e relações interpessoais. Juntos, estes elementos

parecem uma receita para muitas dificuldades. A consultora Conceição Moraes resume com firmeza: “Conflitos sempre vão existir”. Mas a boa notícia é que, realizada corretamente, a passagem de bastão em um negócio de família garante que o empreendimento não só se mantenha, mas se fortaleça, permanecendo relevante por décadas.

A consultora explica que o sucesso da transição de comando em uma empresa familiar vai acontecer na medida em que dois elementos estiverem sólidos e em interseção: a cultura organizacional e a cultura da família. Do ponto de vista corporativo, é preciso ter estrutura hierárquica determinada, fluxo de

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produção funcionando bem, entendimento claro do que é o negócio e quais as metas da empresa para o futuro. Já no ambiente familiar, é essencial contar com uma atmosfera justa e transparente, que permita a solução de conflitos com abertura para o diálogo aberto e saudável.

Esse é o caso da rede de lojas AMS Jeans, de Caruaru, a 137 quilômetros do Recife. São cinco unidades, sendo duas de atacado e três de varejo, distribuidas entre Pernambuco e Alagoas, com 80 funcionários. O empreendimento, fundado pelo casal Arthur e Kátia Moreira, há 25 anos, tem garantido o sucesso das operações com a chegada da nova geração, que trouxe os três filhos dos empresários para dentro do negócio da família.

Thiago, Thaís e Arthur têm entre 20 e 25 anos e diferentes formações acadêmicas. O mais velho conta que a loja sempre foi parte da rotina familiar, mesmo quando ele e os irmãos eram pequenos, e que a história empreendedora

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ter paciência, não dá para ir com muita sede ao pote e querer colocar em prática tudo aquilo que se aprendeu na faculdade. Com calma, os resultados saem com mais facilidade. Eu achava que estava certo em tudo, mas eles [os pais que fundaram o negócio] têm muita experiência e muito a ensinar. Eu posso trazer algo também. Então é uma troca interessante”, conclui Moreira.

Isso não quer dizer, entretanto, que a nova geração não possa ou deva trazer novidades para o negócio. É exatamente essa nova dose de oxigênio que fortalece as empresas familiares depois de uma transição bem-sucedida. “É preciso manter um olho dentro da empresa e outro fora. Entendendo o passado para direcionar ações no futuro, trazendo novas ideias para não repetir práticas viciadas”, diz Conceição.

Um bom balanço entre a tradição e a inovação foi alcançado na Diamantinho, loja de joias também fundada em Caruaru. Depois de 31 anos à frente do empreendimento, a empresária Maria do Carmo Costa aposentou-se e seus filhos assumiram o negócio. Maria Carolina Monteiro, filha da empresária que hoje gerencia a loja, conta que a nova geração

dos pais é motivo de muito orgulho. Hoje Thiago Moreira, de 25 anos, é formado em Administração, especializado em Gestão de Marketing e atua como coordenador comercial da AMS Jeans. A participação da segunda geração foi acontecendo naturalmente, mas a família sentiu necessidade de organizar o processo quando os filhos passaram a assumir mais atribuições. “Com a ajuda do Sebrae, organizamos o organograma da empresa, os cargos e a responsabilidade de cada um”, explica o jovem empresário.

Os conflitos sobre os quais a consultora alertou de fato acontecem. Thiago conta que discute com o pai sobre decisões para os negócios, mas classifica os embates como “atritos sadios”. Ele brinca que quem olhar de fora pode até achar que eles estão brigando, mas não é o caso. O jovem ressalta que a transição ainda está em andamento. Por isso, mesmo procurando se posicionar e trazendo contribuições valiosas, ele explica que no momento o casal fundador ainda tem a última palavra nas decisões importantes. Ele e os irmãos sabem respeitar isso.

DESAFIOS DA NOVA GERAÇÃO

Humildade, aliás, é essencial na passagem de bastão dentro de uma empresa familiar. Para a analista do Sebrae em Pernambuco Conceição Moraes, a nova geração que se prepara para assumir um negócio não pode focar apenas nas possíveis inovações e novidades que ela pode trazer para a empresa. Um empreendimento estabelecido, muitas vezes há décadas, tem uma filosofia e uma história que devem ser respeitadas, sob o risco de se quebrar aquilo que torna a marca conhecida pelos consumidores dentro do mercado.

Para Thiago Moreira, um jovem empreendedor que ingressa nos negócios da família deve manter uma postura tranquila e aberta ao aprendizado. “No começo, tem que

É preciso manter um olho dentro da empresa e outro fora. Entendendo o passado para direcionar ações no futuro, trazendo novas ideias para não repetir práticas viciadas

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conseguiu aumentar “significativamente” as vendas do estabelecimento, fortalecendo a presença da marca online.

“Somos muito ativos nas redes sociais. Isso foi uma inovação não só para nós, mas para todo o segmento, que não costuma expor os produtos. Quebramos essa barreira e isso foi um marco para a Diamantinho”, explica a empresária. Mas ela lembra que os padrões de venda com os quais os clientes mais antigos estavam acostumados não mudaram. Atualmente a loja até realiza vendas pelo WhatsApp, mas ainda usa aquele caderninho no qual os consumidores mais fiéis anotam as compras para pagar no final do mês.

COMO NÃO SER APENAS O “FILHO DO DONO”

Um dos desafios mais importantes enfrentados pela segunda geração de empreendedores ao ingressar nos negócios da família é a síndrome do “filho do dono”. É o problema de não ter seus posicionamentos, decisões e liderança respeitados pelos funcionários, que julgam que o jovem só está onde está pelo parentesco com os fundadores. É o famoso peixe ou sangue azul. É preciso angariar a confiança da equipe e a melhor forma de conquistar isto é trabalhando em todas as áreas da empresa, galgando os degraus aos poucos. Ser filho ou filha do dono não quer dizer poder pular as etapas normais de desenvolvimento de qualquer carreira.

Ter o mesmo sobrenome que batiza a empresa não impediu André de trabalhar no estoque da SC Tech no início da sua vida profissional. O jovem administrador começou aos 15 anos e, entre pausas para estudar e estudar nos Estados Unidos, sempre esteve presente nos três negócios da família, em diferentes áreas e localidades. Seu pai, Salvino Camarotti, é fundador da SC Tech e da Agroseiva, ambas especializadas em insumos agrícolas, além da Campo Total, que tem

foco na pecuária, e do Grupo Camarotti, que realiza atividades não comerciais das demais empresas. Juntos, os empreendimentos contam com unidades em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

O Camarotti mais experiente não esconde o orgulho quando conta a trajetória do filho. Depois de descarregar caminhões no estoque, André Camarotti trabalhou no setor comercial, de onde saiu para ir para a faculdade. Depois de formado, o jovem foi de novo para os EUA. Lá trabalhou na Disney e estudou Economia na Universidade de Harvard. Na volta, um ano de muito trabalho nas unidades da empresa da família no Recife e mais outro no Ceará. Hoje, aos 25, o administrador é gerente comercial da Campo Total. Que ele chegue ao topo é a vontade do pai: “Meu sonho é entregar tudo para ele um dia”, diz Salvino. Mas o caminho é feito com um passo de cada vez: “Foi tudo planejado e reflete a formação dele e dos irmãos. Ele se preocupava sobre como iriam vê-lo dentro da empresa. O fato dele ter começado de baixo e todo o estudo fora do país legitimam o trabalho dele”.

DESAFIOS DA PRIMEIRA GERAÇÃO

No processo de sucessão, os fundadores das empresas são figuras norteadoras. São pontos de referência que vão determinar os caminhos que o processo irá tomar. Essa posição, por mais confortável que pareça, pode ser bastante difícil também. O empresário Vicente Lopes fundou a Vicente Autopeças em Olinda, há 28 anos. Algumas décadas depois, viu-se à frente de um empreendimento que envolve toda a sua família imediata. A transição se mostrou bem- sucedida, mas adicionou doses de responsabilidade e preocupação na rotina do empresário.

A Vicente Autopeças conta com 90 funcionários atuando na matriz olindense e mais três unidades no Recife. “Sempre fomos uma empresa familiar desde o início, pois

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meu irmão é meu sócio”, explica. A partir da abertura da segunda oficina, em 1995, a família estendida começou a participar da empresa e, há alguns anos, os filhos do empresário também ingressaram no negócio. Atualmente a esposa, dois irmãos, os dois filhos, a nora e o genro de Lopes trabalham na autopeças.

Para o empresário, a maior dificuldade não é administrar tantos parentes envolvidos no negócio. O mais difícil é o estresse de saber que os resultados da empresa têm impacto também na vida profissional e pessoal dos filhos. “Qualquer desequilíbrio atinge todos eles”, conta Lopes. Mas parece que ele não teria muita escolha mesmo. O sangue empreendedor corre nas veias da família. Ao contrário do que acontece em muitas empresas familiares, a segunda geração dos Lopes não começou a vivenciar os negócios casualmente já na infância. Mesmo assim, eles optaram por empreender com os pais depois de concluírem os estudos. “Tiveram toda liberdade para escolher o que queriam e eu não os influenciei”,

diz o pai. A filha mais velha é formada em Marketing e atua no departamento financeiro da Vicente Autopeças; já o mais novo tem diploma de Administração e trabalha como gerente de vendas da empresa.

A analista Conceição Moraes alerta que, em alguns casos, o fundador do negócio pode ter dificuldade de passar funções para os mais jovens que estão chegando. A ligação emocional com a empresa é inevitável para quem está lá desde o início. “O empresário é um ser humano inteiro, com sentimentos, emoções e motivações. É um ser humano dentro de um negócio”, comenta Conceição. Olhando em retrospecto, Lopes acha que poderia ter agido diferente neste sentido. “A gente não acerta em tudo. Eu deveria ter delegado mais, não deixando eles em ações paralelas”, admite.

O empresário, entretanto, acertou ao entender as aptidões do filho. “Para trabalhar com vendas, tem que gostar de gente. Eu sou assim. Acho que esta foi a diferença entre meu filho e meu sobrinho [que não optou por

Fundadores de empresas são referências na sucessão, como Vicente Lopes, da Vicente Autopeças, de Olinda.

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trabalhar na empresa da família]. Um é mais comunicativo; o outro, mais reservado”. E ele sabe o quanto é importante ter afinidade com aquilo que se faz.

DESAFIOS PARA AS DUAS GERAÇÕES

Os números sobre empresas familiares no Brasil são confusos. Há muitos casos de negócios que pertencem a parentes em contrato, mas não na prática. São aquelas situações onde a mãe assina como sócia porque emprestou dinheiro para o filho abrir a empresa, por exemplo, mas não atua no dia a dia. Há também o contrário: no papel, o empreendimento não é familiar, mas o empresário conta com a ajuda eventual de uma filha ou de um irmão, por exemplo.

É importante que os envovidos identifiquem claramente qual é a participação da família no negócio e atuem com esse conhecimento em mãos. Conceição explica que algumas decisões são mais complexas nas empresas familiares do que em outras. Os parentes devem organizar de forma transparente as regras para a retirada de dinheiro de cada um, quais são os benefícios que cada integrante terá dentro da empresa e como será feita a entrada e a saída de sócios, entre outros itens. A consultora lembra que, à medida que os filhos entram na empresa, suas respectivas famílias também estão envolvidas, mesmo que não trabalhem também nos negócios. Por isso, é preciso também determinar questões de herança, partilha de bens e o papel dos cônjuges.

Por conta das diferenças nos modelos de operação, é difícil determinar regras fixas de como fazer um processo de sucessão em uma empresa familiar. “Não tem receita de bolo”, diz Conceição Moraes. “Envolve a maturidade da empresa, a dinâmica do setor, a idade da nova geração. É importante que as empresas não sigam padrões e procurem formas que façam sentido para a realidade do negócio, da família e do mercado”.

Orientações para quem está passando o bastão

• Identificar e abrir o diálogo com os possíveis interessados da família em assumir a empresa

• Apresentar a empresa e capacitar todos os interessados, mesmo que eles tenham experiência e/ou formação em outras áreas

• Mostrar a história da empresa para a próxima geração e contar qual é a filosofia do negócio. Qual é o histórico do negócio? O que trouxe sucesso e insucesso ao longo dos anos?

• Habilitar a nova geração com cursos de gestão

• Inserir os sucessores em todos os processos do negócio, fazendo a próxima geração entender como funcionam todas as áreas da empresa, sejam elas de baixa ou de alta complexidade

Orientações para quem está recebendo o bastão

• Ter humildade durante o processo de sucessão e saber escutar a sabedoria da geração anterior

• Não promover uma ruptura e não desmontar a personalidade da empresa para não criar um distanciamento com clientes e mercado

• Ter um olhar atento para dentro e para fora da empresa

• Mantar o diálogo aberto para trazer inovações para o negócio

• Participar gradualmente de todas as áreas da empresa, sejam elas de alta ou de baixa complexidade

Fonte: Conceição Moraes, analista do Sebrae em Pernambuco.

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Microfranquias: crescimento mesmo em um ambiente de crise econômicaPara os empreendedores, as franquias sempre representaram uma opção mais segura de investimento. Dentro deste mercado, o segmento de microfranquias tem apresentado crescimento relevante e se destaca como uma alternativa interessante para driblar a crise

PorSUZANA VALENÇA

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s números são claros: o setor de franchising, ou franquias, está aquecido em todo o país e registra aumento tanto em quantidade de novas unidades abertas, quanto

em volume de negócios gerados. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor de franquias é um dos que mais crescem no Brasil. No ano passado, o faturamento deste segmento foi de R$ 127 bilhões, uma receita gerada nas mais de 125 mil unidades franqueadas distribuídas em todo o país.

O que torna esses números ainda mais interessantes é que os bons resultados foram conquistados mesmo em meio a um cenário de crise econômica, no qual os empresários buscam alternativas para aquecer as vendas e aumentar a prestação de serviços. No primeiro semestre de 2015, período considerado

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Crescimento das microfranquias

De 2011 para 2012 9,5%

De 2013 para 2014 12,8%

de retração para a economia brasileira, o franchising apresentou crescimento de 11,2% e o faturamento ultrapassou os R$ 63 bilhões, segundo a ABF. A Pesquisa Trimestral de Desempenho do Franchising aponta também uma alta de 2,5% no número de unidades franqueadas abertas no primeiro trimestre deste ano, e de 3,1% no segundo trimestre.

Para Leonardo Lamartine, diretor regional da ABF Nordeste, dois fatores contribuem para o aumento no número de franquias iniciadas durante o período de recessão: primeiro, empreendedores que há algum tempo pensavam em abrir negócios únicos, acabaram optando pela franquia por ser um modelo mais seguro; segundo, profissionais que perderam o emprego nos últimos meses decidiram aplicar os valores da rescisão em um empreendimento próprio. Assim, os números positivos do setor refletem, de certa forma, como os trabalhadores e empresários brasileiros estão se movimentando para aquecer a economia e que alternativas estão encontrando.

“Pode haver, sim, boas oportunidades, mesmo em momentos de crise no mercado”, explica Alexandre Alves, gerente da Unidade de Setores Econômicos do Sebrae. O consultor aconselha os interessados em abrir uma franquia a estudaram o mercado no qual pretendem atuar, a marca, o perfil e a imagem do franqueador, a viabilidade financeira e econômica da franquia, os aspectos legais envolvidos e a afinidade do franqueado com o tipo de negócio.

Foi o caso de Naldo Silva. No início deste ano, o administrador resolveu empreender pela primeira vez na carreira e optou por investir no segmento de seguros depois de se aprofundar no tema e analisar o cenário atual. “As franquias estão crescendo mesmo com a crise. E a área de seguros tem apresentado bons resultados nos últimos anos neste cenário”, diz Silva. O empreendedor saiu da empresa onde atuava e aplicou R$ 34 mil iniciais para abrir uma unidade da Seguralta em Paulista.

REPRESENTATIVIDADE DO NORDESTE

A Região Nordeste é uma das mais promissoras no setor e tem apresentado bons resultados tanto no número de franquias abertas, quanto em rentabilidade e aderência do público consumidor. A ABF registrou que, somadas, as regiões Norte e Nordeste são a segunda maior área em representatividade neste mercado, nacionalmente, com 18% da receita gerada na indústria de franchising no Brasil. A Região Sudeste respondeu por 59%, a Região Sul por 16% e a Região Centro-Oeste por 8%. Os setores de comunicação (que engloba áreas como informática e eletrônicos), acessórios pessoais, calçados, construção e alimentação são os mais aquecidos para as franquias no Nordeste.

Segundo Alexandre Alves, o consumidor nordestino responde bem aos produtos e serviços oferecidos por esse modelo de negócio. “A região tem aderido ao sistema, basta observar o crescente número de negócios desta natureza presente nos shoppings e também em lojas de rua, além do segmento de serviços espalhados na principais capitais nordestinas e também em médias cidades do interior do Nordeste”, afirma.

VANTAGENS DO INVESTIMENTO EM FRANQUIA

As vantagens de se optar por um modelo de franchising na hora de abrir o próprio negócio

Fonte: ABF.

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Alexandre Valença, franqueador da Dry Jet, estima crescimento de 50% no número de pontos para 2016.

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passam pela segurança e pela capacitação que este sistema oferece ao empreendedor. “A taxa de negócios únicos que fecham depois de cinco anos chega a 85%; no caso das franquias, esse número é de 3,6%”, explica Lamartine. Um franqueado conta, por exemplo, com apoio na hora de escolher o ponto comercial, treinamento sobre o produto ou serviço a ser oferecido e ferramentas (como softwares) necessárias para a gestão do negócio.

Depois de aberto e em funcionamento, o empreendimento é acompanhado de perto pelo franqueador, que realiza visitas, avaliações e consultorias periódicas para ajudar o franqueado a buscar melhores resultados. À frente de uma franquia, o empresário terá ainda acompanhamento para a divulgação da marca, produto ou serviço, receberá informações constantes sobre o mercado no qual está inserido e terá auxílio na negociação com fornecedores para fechar melhores preços e condições de pagamento.

O MERCADO DAS MICROFRANQUIAS

Dentro desse modelo de negócio, a novidade são as microfranquias, que apresentaram um aumento de 12,8% no número de novos

empreendimentos abertos em 2014. A principal diferença entre uma franquia e uma microfranquia é o tamanho do investimento feito para iniciar as operações do negócio que, no caso das micro, fica em, no máximo, R$ 80 mil reais. Este valor engloba os aportes necessários para a instalação do empreendimento, as taxas de franquia e o capital de giro.

Alexandre Valença, franqueador da Dry Jet, rede de limpeza ecológica de carros, oferece unidades com investimento inicial a partir de R$ 20 mil reais. O modelo está tão aquecido que o empresário estima um crescimento de 50% no número de pontos e no faturamento, na comparação entre 2014 e 2015. A empresa foi fundada em 2009 e atualmente tem 14 lojas distribuídas em cinco cidades do Estado de Pernambuco.

Adriano Trajano foi um empreendedor que optou por iniciar uma microfranquia da lavadora de carros este ano. Depois de ouvir vários amigos dizendo que ele tinha tino para tocar o próprio negócio, o jovem resolveu pedir

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Vantagens da opção por franquia ou microfranquia

• Apoio para a busca e seleção de pontos comerciais (para os negócios que exigem um ponto comercial para suas operações).

• Capacitação sobre produtos e serviços da microfranquia e processos de operação do negócio.

• Softwares e outras ferramentas de apoio para operação e gestão do negócio.

• Consultoria de campo (visitas periódicas ao empreendimento para ajudar o empresário a avaliar o desempenho do negócio e orientá-lo sobre como melhorar os resultados).

• Apoio na divulgação da marca e dos produtos e serviços.

• Desenvolvimento e atualização de conhecimentos e técnicas de operação e gestão do negócio.

• Negociação com fornecedores frequentes de produtos e serviços, que seja necessária para a operação da franquia, buscando desconto nos preços e condições especiais de pagamento.

• Pesquisa, monitoramento e atualização de informações sobre o mercado de atuação da franquia que sejam importantes para o seu contínuo desenvolvimento e a manutenção de suas vantagens competitivas.

Fonte: Alexandre Alves, gerente da Unidade de Setores Econômicos do Sebrae/PE.

Adriano Trajano investiu em uma microfranquia depois de pesquisar esse mercado.

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NEGÓCIOS

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naweb

29JANEIRO 2016

ABFwww.portaldofranchising.com.brGuia Sebrae / ABF sobre microfranquiashttp://buff.ly/1XBB7aDDry Jethttp://www.dryjet.com.br/Seguraltahttp://seguralta.com.br/Docecletahttps://www.facebook.com/docecleta/

demissão e trilhar esse caminho, quando a multinacional na qual trabalhava ofereceu uma transferência, indesejada, para São Paulo. “A vida me deu a oportunidade de escolher”. Trajano fez o que os especialistas aconselham antes de fechar com um franqueador: leu muito, pesquisou, participou de eventos sobre o tema e conversou com outros franqueados da marca.

Há seis meses, a decisão foi tomada e o empresário investiu R$ 36 mil reais de economias e valores recebidos na saída do emprego para abrir o negócio. Trajano optou pelo modelo mais enxuto das alternativas de franquia da Dry Jet, que não requer grandes aportes para montagem da estrutura física. A unidade dele funciona no empresárial JCPM, no Recife, e tem dois funcionários.

Deu tudo certo, mas não foi fácil. “O primeiro mês foi muito difícil para mim. Muito mesmo, ninguém me preparou para aquilo”, conta Trajano. O gestor de um pequeno negócio é responsável por praticamente tudo que acontece na empresa. “Eu sou o Departamento de Compras, sou o vendedor, sou o Financeiro, sou pai e mãe dos funcionários”, diz Trajano, meio brincando, meio falando a mais pura verdade. “Hoje estou mais tranquilo, mais ‘dono’ da situação”, conta. Essa estabilidade foi conquistada com muitas horas de trabalho duro e com a prática, que trouxe mais conhecimento sobre as particularidades do negócio. Valeu a pena. Do primeiro ao quarto mês de funcionamento, o jovem viu seu faturamento subir 64%.

COMO MINIMIZAR OS RISCOS

O exemplo de Trajano pode servir de lição para futuros franqueados. Lamartine alerta que, de fato, não é simples sair de um emprego e encarar os desafios de comandar o próprio pequeno negócio. Uma das principais dificuldades é o fato de que não é possível contar com uma renda fixa rapidamente. “Cada franquia tem seu tempo de retorno e este vai

depender do pró-labore que o franqueado quer ter e do tempo de maturação do negócio”, diz Lamartine.

A velocidade da aceitação do produto no mercado também tem influência na resposta que o empreendedor terá com a franquia. O empresário precisa identificar um negócio que consiga oferecer serviços ou produtos compatíveis com as expectativas dos clientes e levar em consideração seus costumes e hábitos de consumo. Rodrigo Ferreira diz ter conquistado a clientela rapidamente e que, depois de um mês e meio, sua microfranquia já estava dando resultados melhores do que ele esperava. Jutiça seja feita, o produto de Ferreira é muito fácil de se gostar. Ele está à frente da Doceleta, um negócio de venda de brownies e doces em bicicleta. O investimento inicial foi de R$ 38 mil reais, havendo um faturamento de R$ 5 mil mensais. Para o próximo ano, os jovens empresários têm boas expectativas. Ferreira planeja aumentar o faturamento mensal da Docecleta instalando mais bikes. Trajano quer abrir mais um negócio e está estudando se investe em mais uma unidade da Dry Jet, ou se opta por outro setor. Mas não tem dúvidas quanto ao formato: “Será uma franquia, lógico”.

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Kaline Alcântara buscou orientação do Sebrae antes de apostar no store in store.

Empresas apostam no conceito store in store no RecifeEmpreendedora inova ao transformar uma loja em duas e agrega valor trazendo novo segmento

PorMAYARA PAREJA

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abe aquela loja de conveniência dentro do posto? Ou aquele espaço para tomar um café dentro de uma livraria? Chama-se store in store, ou seja, loja dentro

de loja. Há tempo este conceito vem sendo implantado em estabelecimentos para agregar valor para o lugar e satisfazer ainda mais o cliente com a oferta de produtos ou serviços que se complementem.

Segundo Vítor Abreu, analista do Sebrae em Pernambuco, esse modelo já é explorado há mais de 15 anos em economias mais avançadas como Europa e EUA. No país, isso vem ganhando força desde 2012, surgindo com a intenção do empresário reduzir custos. Porque ele passa a ter duas empresas em uma única estrutura, passando a agregar ainda mais eficiência e rentabilidade para o seu negócio.

Um exemplo de store in store é o da empresária Kaline Alcântara, dona da franquia Tyrol, localizada no Shopping Recife. Ela era empregada de uma instituição privada e

conciliou por seis meses trabalhar em um local e administrar o próprio negócio. Após a demanda da franquia crescer, a empresária abandonou o emprego e decidiu trabalhar apenas com roupas e acessórios no segmento infantil. “Faz dois anos que eu adquiri a loja e, já nos primeiros dois meses, identifiquei que ela tinha espaço ocioso. Então comecei a batalhar e trabalhar para pensar em algo que viesse agregar”, revela a empreendedora.

TENDÊNCIAS

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No país, isso vem ganhando força desde 2012, e surge com a intenção de o empresário reduzir custos. Porque ele passa a ter duas empresas em uma única estrutura

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Tiro certeiro – Segundo Kaline, o foco não ficou apenas no problema e sim na solução. Após ter feito MBA na área, ela já vinha com muitas ideias em mente, mas achou necessário consultar um especialista. “A busca pelo Sebrae foi justamente para saber se eu não estaria dando um tiro no escuro. Eu não queria fazer isso sozinha e me basear apenas no ‘achismo’. Precisava ter uma fundamentação, então o Sebrae me ajudou muito neste sentido”, comenta.

Em julho deste ano, ela resolveu ampliar o seu negócio. Apostou no conceito store in store (loja dentro de loja) e criou então a Bitsy. A nova parte é um espaço voltado também para o segmento infantil, mas que, diferentemente da Tyrol, trabalha apenas com sapatos. A real necessidade de montar essa nova área foi por conta do espaço físico e do custo fixo que era muito alto. A empresária buscou algo que pudesse dividir os custos. Também pesquisou o que o público do shopping sentia necessidade, sentia carência. “Foquei em algo que tivesse sinergia com o que eu já vendia, que era justamente o segmento de sapatos infantis”.

De acordo com Vítor Abreu, é importante apostar na estrutura da loja. “Se eu tenho uma loja dentro de outra, essa loja tem que ser bonita, organizada e atraente. Porque ela também tem que ter a sua vida própria, não pode ser totalmente dependente da outra. E aí entra a importância do novo produto complementar o outro que já estava sendo vendido. O cliente vai ao estabelecimento procurando uma coisa, mas ao chegar lá ele vai ter a conveniência de encontrar outra coisa, que também está junto do perfil de consumo dele, de segmento, no mesmo espaço. Então o consumidor acaba ganhando – e muito – com isso”, comenta.

Enfrentando gigantes – A principal dificuldade pela qual a empresária teve que passar, no final das contas, foi conseguir convencer a franquia e o shopping a autorizá-la para fazer essa implementação.

TENDÊNCIAS

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Sinergia entre os produtos é elemento fundamental para que uma loja complemente a outra.

33JANEIRO 2016

Store in store: algumas

vantagens e desvantagens

• O cliente fica mais tempo na loja

• Aumenta o fluxo de pessoas, já

que são “dois atrativos”

• Os produtos geram sinergia,

beneficiando-se

• Divisão (e redução) dos custos

operacionais

• Compartilhamento de estrutura

(estacionamento)

• Uma marca mais forte

alavanca a outra

• Se um dos produtos/marca

estiver “queimado” no mercado,

pode prejudicar a loja

• Caso não exista alinhamento

adequado entre os sócios,

pode haver desgaste/conflito

• Funcionários dispersos ou

pouco informados podem

atrapalhar as operações

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O público deseja ter mais praticidade ao comprar e a ideia de ter várias opções em um só lugar, como é o objetivo central do conceito store in store, faz com que a procura por estabelecimentos com várias opções em um só lugar seja cada vez maior.

O empresário Gabriel Lages Biondi é atualmente dono de três postos e algumas franquias. Trabalhou como consultor de franquias numa empresa de vistoria para veículos e, após rodar todo o Brasil, resolveu ter o próprio negócio. Iniciou sua carreira empreendedora ao fazer parte de uma sociedade de um posto de gasolina recém-aberto, que estava sem administração. “Atuo no mercado de postos de gasolina há dez anos, de onde passei a trabalhar no conceito de franquia há três anos com a BR Mania. Há dois anos, fechamos parceria com a rede Subway e há pouco mais de um ano com FriSabor e Domino’s Pizza”, comenta.

Apesar de ser uma das franquias mais recentes, a FriSabor, localizada na Estrada de

Belém, no Recife, vem fazendo sucesso com sua forma diferenciada de estruturação. O conceito store in store foi implantado nesta loja a partir do olhar empreendedor de Gabriel, quando trouxe dos Estados Unidos novas ideias, oportunidades e conceitos para negócios.

Sua loja é conjugada com a Subway e essa parceria faz com que as duas pareçam uma só. “A ideia de juntar duas operações em uma gera primeiramente uma grande economia e, em seguida, observa-se a satisfação do público por ter mais de uma opção no mesmo local. Quando os produtos são complementares, aí o sucesso é maior ainda, pois eles não concorrem entre si, pelo contrário chamam um para o outro. No nosso caso, às vezes a pessoa só quer tomar sorvete e acaba comendo o sanduíche, ou como na maioria das vezes foi ali comer um sanduíche e quando viu o sorvete, já aproveitou. Se não estivesse lá, provavelmente o cliente iria para casa consumindo só um produto, ou iria à loja concorrente mais próxima para consumir”.

O empresário afirma que, na parte financeira, foi possível economizar com aluguel, energia, seguros, funcionários e manutenção. “Na parte de visibilidade, uma marca acaba chamando a outra, e com isso soma-se o poder de duas marcas. Já para o cliente, o melhor é poder desfrutar de dois tipos de produto no mesmo local, evitando assim deslocamento, trânsito, perda de tempo e dificuldade de escolha”, ressalta.

“Apesar do ponto ser meu, tive que ter autorização do shopping e convencê-lo de que seria algo que iria agregar; também tive que convencer a franquia. Com certeza estes foram os dois principais desafios”.

Atualmente a parte de sapatos é a que tem mais fluxo. A conversão em venda é em torno de 70%. “Muitos clientes entram para conhecer, mas depois voltam com a criança para provar os sapatos. Todos estão elogiando e as pessoas não percebem que as lojas são conjugadas. O projeto ficou realmente

bem bacana, arrojado e chama atenção. As crianças estão adorando os puffs, a decoração, os sapatos... Tem mesinha onde elas podem brincar, pintar e, nos finais de semana, realizamos ações com recreação (pintura, balão mágico e maquiagem)”, comenta Kaline.

ServiçoPostos Vip 1, 2 e 3 – Vip Lanches e SubwayContato: (81) 3372.1450Tyrol – Moda para CriançasContato: (81) 3465.1111

Recife tem iniciativas diversificadas

TENDÊNCIAS

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35JANEIRO 2016

Para crescer, mantenha-se atualizado!Estudar o mercado, manter a criatividade e definir estratégias são soluções para se sobressair, mesmo em um cenário econômico desfavorável. Três consultores dão dicas sobre e-commerce, criatividade e inovação para o varejo

PorAMANDA GALVÃO

T oda empresa precisa trabalhar bem seu conteúdo, gestão, pagamentos, segurança, planejamento, marketing, operação e logística etc. Seja na plataforma física

ou online, é preciso estar atento às novidades e nunca parar de estudar o mercado. Como gestor, também é preciso se preparar, buscar orientação, conhecimento e melhorar seus comportamentos para que o seu negócio prospere.

Existem muitos tipos de negócio que crescem em tempos de crise e, se você estiver preparado, um ambiente econômico que pode parecer desfavorável, pode acabar lhe proporcionando ótimas opções de investimento. Um bom exemplo é o comércio eletrônico brasileiro, que apresentou crescimento mesmo em um ano de dificuldades para a economia. O último relatório da Webshoppers* mostra que o

crescimento nominal do e-commerce no Brasil foi de 24%.

Mas não pense que apenas o comércio eletrônico cresceu durante este ano. Outros segmentos também conseguiram se manter aquecidos mesmo no período de crise econômica. É o caso de empresas que trabalham com reparos e consertos de roupas e calçados, revendas de carros usados, oficinas mecânicas, food trucks e food bikes, lojas de bicicleta etc.

As táticas utilizadas por micro e pequenas empresas e MEIs devem incluir renegociar preços com seus fornecedores, diversificar produtos e investir em marketing, num movimento contrário ao da maioria do mercado.

Abaixo, especialistas renomados dão dicas de varejo para quem já está ou deseja iniciar um negócio, e falam sobre novas tecnologias de consumo, oportunidades e desafios para o sucesso do seu negócio.

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O comércio online é hoje uma grande oportunidade, mas é uma oportunidade que exige muito conhecimento. Definitivamente não é um lugar para amadores

E-COMMERCE

O comércio eletrônico cresce a cada ano e pode ser um ótimo canal para os pequenos negócios que desejam aumentar o faturamento e conquistar mais público com a presença digital. Porém, o comércio virtual exige dedicação e atenção em todas as suas etapas. É preciso estudar muito e entender sobre o assunto antes de se aventurar no mercado online.

Viviane Vilela, diretora executiva do E-Commerce Brasil: “O comércio online é hoje uma grande oportunidade, mas é uma oportunidade que exige muito conhecimento. Definitivamente não é um lugar para amadores; não é barato; e também não é fácil. Antes de começar uma operação online, mesmo que você já tenha um varejo físico, é preciso entender a lógica do negócio virtual, o que demanda bastante informação. O e-commerce é uma oportunidade porque é o segmento que mais cresce na economia brasileira nos últimos 20 anos, mas é um setor que não permite amadores. Então estude muito, leia, pesquise, procure entender o que é esse negócio de vendas online e aí você vai conseguir trabalhar bem e ganhar dinheiro. Quem tem um pequeno

negócio pode ter um grande faturamento ela internet”, explica.

CRIATIVIDADE

A vida de um empreendedor é cercada de desafios e, muitas vezes, o empresário pode ficar um bom tempo buscando solução para um problema que poderia ser resolvido de forma simples com um pouco de criatividade. Também é importante dar espaço para a criatividade dos funcionários, criando um ambiente de trabalho leve e inspirador.

Fred Alecrim, graduado em Administração de Empresas, especialista em Marketing e Gestão Empresarial, com pós em Pedagogia Empresarial Estratégica, certificado em Social Media Marketing e Content Marketing: “O uso da criatividade é essencial para estimular o empreendedorismo, o crescimento. Em minhas palestras, eu defendo três pontos: o primeiro é que a criatividade surge de um ambiente que proporcione essa criatividade, ou seja, os líderes e donos de empresas têm que cuidar do seu ambiente para que ele seja menos tóxico, menos abrasivo, que não inflame as pessoas. É preciso criar um ambiente onde as pessoas sintam prazer em ir trabalhar. Isto acaba ajudando na criatividade. O segundo ponto são as ferramentas para ajudar a desenvolver a criatividade. O microlearning – que é um tipo de conteúdo em pedaços – oferece processos de aprendizagem em doses menores, mais facilmente assimiláveis e planejados. Também se deve levar capacitação para os smartphones; usar as redes sociais, que é onde as pessoas estão hoje etc. É permitir o uso dessas ferramentas, mas de maneira estratégica para que o conteúdo seja melhor assimilado. E a terceira e última parte é sobre as vitaminas que ajudam na criatividade e na gestão de talentos. São os 5C (causa, crença, comunicação, comportamento e companheirismo). Associando esses três pontos, é possível aumentar e melhorar

TENDÊNCIAS

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37JANEIRO 2016

Entender como funciona o comércio online é fundamental para não investir sem conhecimento desse ambiente.

o ambiente de trabalho, a relação com os funcionários e também os lucros”, finaliza.

INOVAÇÃO

Um dos termos mais utilizados atualmente no mundo dos negócios é inovar. Todos os empreendedores buscam este diferencial para garantir seu espaço no mercado e se destacar da concorrência. Na era do conhecimento, o maior capital está na sua capacidade de inovar, seja no relacionamento com o cliente, com os funcionários, na apresentação dos produtos, na comunicação, na forma de utilizar todos os recursos para alcançar os objetivos a que a empresa se propõe.

Edmour Saiani estudou Engenharia Mecânica no ITA e pós-graduação em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas: “Não

adianta a gente olhar a crise e ficar parado, esperando as coisas melhorarem sem tomar nenhuma atitude. É preciso arregaçar as mangas e observar todos os pontos que uma empresa tem que ter para vencer os obstáculos e aproveitar as oportunidades. É preciso analisar as estratégias, manter uma boa equipe e sempre pensar em como fazer diferente. Hoje em dia já não basta ser apenas competente, isto não é suficiente. É preciso ser diferente, se sobressair, ir além”.

*Webshoppers é o relatório mais sólido e respeitado sobre o comércio eletrônico, no qual é analisada a evolução do e-commerce, suas tendências, estimativas, as mudanças de comportamento e preferências dos e-consumidores, indicando assim para onde o mercado caminha e contribuindo para o entendimento e desenvolvimento do setor. Com edições semestrais, o relatório serve como guia para os profissionais e interessados no comércio eletrônico.

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porANA CLÁUDIA DIAS*

Empreendedorismo na Educação

Segundo a pesquisa GEM de 2014, a disseminação da cultura empreendedora e a aceitação do empreendedorismo pela população contribuíram para as avaliações positivas do fator “capacidade empreendedora”, à medida que aproxima o empreendedorismo do cotidiano da população. Por outro lado, a falta de foco no empreendedorismo como alternativa de carreira profissional, a falta de planejamento e a deficiência na gestão dos empreendimentos foram evidenciados como fatores limitantes ao desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil.

O Brasil é um país empreendedor, no qual uma em cada três pessoas da população está à frente de empreendimentos. Ainda na pesquisa GEM, essa vocação empreendedora está demonstrada na escolha de “ter o próprio negócio” em terceiro lugar no item desejos e expectativas, depois de “compra da casa própria” e “viajar pelo Brasil”, mas bem acima de “fazer carreira em uma empresa”, que ficou em oitavo lugar.

A educação empreendedora tem papel relevante para ampliar as possibilidades dos brasileiros na concretização do sonho de ter o seu próprio negócio com êxito. Porém, não podemos cair na armadilha de entender o empreendedor apenas sob a ótica de ter um empreendimento. O mundo do trabalho exige profissionais que pensem “fora da caixa”, inovadores, comprometidos com os objetivos das empresas, que sonhem e busquem instrumentos para concretizá-los. Pessoas focadas em resultados e em transformar crises em oportunidades, criativas, disseminadoras de conhecimento e que convergem para objetivos.

Nessa perspectiva, a educação empreendedora considera o contexto de uma sociedade do conhecimento, que demanda um ambiente de conectividade, flexibilidade, compartilhamento, inovação e abertura para mudança com autonomia, iniciativa e protagonismo.

O Sebrae apoia os brasileiros na abertura de seus negócios com programas que disponibilizam uma gama de ações voltadas para desenvolver o perfil empreendedor e fornecer instrumentos e conhecimentos para a criação de modelos e Planos de Negócio em ambientes virtuais e presenciais, com as mais variadas formas como cursos, palestras, cartilhas, jogos, seminários etc.

A experiência no apoio à abertura de negócios e no desenvolvimento dos pequenos negócios trouxe para o Sebrae o desafio de disseminar a cultura empreendedora no ensino formal, introduzindo o tema no cotidiano de crianças e jovens brasileiros.

O Programa Nacional de Educação Empreendedora do Sebrae tem o objetivo de ampliar, promover e disseminar a educação empreendedora nas instituições de ensino por meio da oferta de conteúdos de empreendedorismo nos currículos, com o propósito de consolidar a cultura empreendedora na educação, envolvendo os alunos, os professores e a diretoria das escolas e universidades.

Esse programa incentiva o protagonismo de crianças e jovens que estão nas escolas e universidades, estimulando a criatividade, o pensamento crítico e a capacidade de sonhar

ARTIGO

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39JANEIRO 2016

*Diretora técnica do Sebrae/PE

como elementos essenciais para desenvolver uma postura empreendedora diante da vida. São quatro metodologias que compõem o programa: Jovens Empreendedores Primeiros Passos (Jepp), Despertar, Crescendo e Empreendendo, e Desafio Universitário Empreendedor. As metodologias são transferidas para os professores, que as aplicam nas turmas de alunos.

Nas escolas de Ensino Fundamental, o Jepp, por meio de atividades práticas, possibilita aos alunos exercitarem o planejamento, o estabelecimento de metas, o trabalho em equipe, a análise de riscos, com conteúdos e atividades lúdicas alinhadas com a idade escolar, fazendo do processo de aprendizagem algo divertido. Eles ainda aprendem a analisar as necessidades dos clientes, identificar os concorrentes, avaliar uma oportunidade de negócio e os preços de produtos e serviços, alicerçados por atitudes responsáveis com a sociedade e o meio ambiente.

Para os alunos dos ensinos médio e técnico, o programa possibilita o despertar no jovem para a importância da atividade empreendedora como uma opção de carreira e da sua contribuição para o desenvolvimento da sociedade, proporcionando-lhe uma preparação para os desafios e oportunidades do mundo do trabalho, no qual eles desenvolvem características empreendedoras e aprendem a construir o Plano de Negócio com atividades lúdicas. As metodologias Despertar e Crescendo e Empreendendo são aplicadas para os alunos desta etapa do ensino formal.

No Ensino Superior, o Desafio Universitário Empreendedor oportuniza aos alunos a participação em jogos, cursos e palestras em ambientes virtuais para o desenvolvimento do comportamento empreendedor. Os classificados participam de uma competição presencial na etapa estadual e os vencedores vão para a etapa nacional. Os quatro melhores classificados participam da etapa internacional.

Para atender jovens e adultos oriundos do Ensino Médio, o Sebrae e o Instituto Fecomércio

criaram o Forme (Formação Empreendedora) com o propósito de capacitar, visando à qualificação para o mercado de trabalho e para o empreendedorismo. Através de parcerias estratégicas com prefeituras, institutos sociais e outros parceiros, o Forme já realizou oito turmas em 2015, capacitando um total de cerca de 240 jovens.

Em 2015, o Sebrae em Pernambuco implantou o programa em 48 escolas de Ensino Fundamental de 10 municípios através de relevantes parcerias com prefeituras, escolas privadas e Sesc/PE. Nos ensinos médio e técnico, está implantando o programa com a Secretaria de Educação de Pernambuco e o Senai/PE em 11 escolas técnicas e profissionalizantes, com a realização de 25 turmas e a participação de aproximadamente 700 alunos até o final de dezembro. No Ensino Superior, atuou com estudantes de mais de 17 faculdades e universidades.

A disseminação da cultura empreendedora no ensino formal tem demonstrado a força de transformação quando se atua com crianças e jovens. O tema extrapola os limites da escola e envolve os pais e outros agentes de fomento ao empreendedorismo. São essas crianças e jovens que, de fato, podem mudar o cenário empreendedor no Brasil, não só a partir de uma postura protagonista, inovadora e profissional, mas pelo fato de serem os futuros parlamentares, empresários, políticos, dirigentes e profissionais, quando terão a oportunidade de exercer um papel relevante na construção de um ambiente favorável aos pequenos negócios.

Agir em sinergia com os diversos parceiros e atuar com metodologias práticas e alinhadas com as características de crianças e jovens são desafios que devem ser buscados para expandir os resultados do Programa Nacional de Educação Empreendedora em Pernambuco.

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A temática da sustentabilidade está sendo amplamente discutida na sociedade contemporânea. Ainda muito vinculada ao verde, à natureza e ao meio ambiente, a sustentabilidade é composta por três dimensões: social, ambiental e econômica, que devem interagir para satisfazer ao seu pleno conceito.

A sustentabilidade é a capacidade do ser humano de interagir com o mundo em plena consonância com o meio ambiente, respeitando as dimensões social, ambiental e econômica que a compõem.

No âmbito da empresa, a dimensão social refere-se às pessoas, focando no bem-estar dos seus funcionários, no impacto da atividade empresarial e nas comunidades do entorno da organização. A dimensão ambiental refere-se ao capital natural e aos impactos que a organização pode causar ao meio ambiente. E, a dimensão econômica, é a capacidade que a organização tem de produzir e utilizar as riquezas geradas por ela, preservando o meio ambiente.

Um dos grandes desafios é fazer os empresários entenderem que, investindo em atitudes e atividades sustentáveis, as empresas podem reduzir custo, maximizar lucro e ter um diferencial competitivo, até porque hoje nossa sociedade tem uma consciência ambiental que

Sustentabilidade nas organizaçõesporADRIANA CÔRTE REAL*

garante atitudes diferentes diante do tripé da sustentabilidade.

O Sebrae como instituição de fomento aos pequenos negócios define a sustentabilidade como um valor estratégico de respeito ao meio ambiente e à utilização racional dos recursos disponíveis, e já começou a ter suas práticas sustentáveis, instituindo um programa de gestão interna focado em ações para a promoção da sustentabilidade.

O programa está estruturado para atuar nas suas três dimensões e iniciou sua execução com a criação de um comitê para discutir suas ações estratégicas e prioritárias. Para 2015, foi definido o foco prioritário na gestão ambiental: conformidade legal; eficiência energética; coleta seletiva e eficiência hídrica, que permitem também a redução de custos e ações de responsabilidade social.

Com o estudo dos aspectos ambientais para mapear como as atividades da instituição impactam no meio ambiente, foi possível definir de forma mais assertiva as ações de controle, exclusão ou mitigação dos impactos identificados. Também o Plano de Eficiência Energética indicou oportunidades para redução de 37% nos custos anuais da conta de energia e maior eficiência dos equipamentos.

O Sebrae/PE instalou bicicletário nas dependências da sua sede e mantém na

ARTIGO

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Ambiente

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intranet incentivo à Carona Solidária, para estimular a integração entre os empregados e a menor utilização dos veículos automotores. Foi firmado convênio com a cooperativa de catadores de resíduos com a doação de materiais recicláveis que permitirão a reutilização e geração de renda para os catadores. Apenas os resíduos orgânicos não são doados, pois são reaproveitados no processo de compostagem nas dependências do Sebrae.

Mais recentemente, foi firmado contrato com empresa para monitoramento contínuo de toda legislação aplicável ao Sebrae para ações de atendimento legal nos aspectos de meio ambiente, segurança e saúde ocupacional, e responsabilidade social.

As ações seguirão com a conscientização dos empregados através de campanhas de endomarketing, promovendo atitudes e práticas que possam ser levadas para os lares *Diretora administrativo-financeira do Sebrae/PE

e transbordando também para o

ambiente em que se convive. Esta será a primeira

grande ruptura, mudança de cultura, e apenas conseguiremos bons resultados se esta etapa for internalizada por todos.

A coleta seletiva dos resíduos sólidos está sendo trabalhada, inicialmente, com a conscientização dos funcionários na triagem desses resíduos. As políticas de compras sustentáveis já estão sendo praticadas, com a especificação de produtos que agridam menos o meio ambiente. As etapas seguintes terão foco na gestão de responsabilidade social e econômica.

Esse é um exemplo que é possível: as organizações investirem em ações sustentáveis para termos um ambiente melhor para trabalhar e viver, pensando na sustentabilidade da empresa e do meio ambiente.

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porAMANDA GALVÃO

12 cidades pernambucanas fazem parte do projeto desenvolvido pelo Sebrae e pelo Sesc

Sebrae promove seminário SERtão Criativo

EMPREENDEDORISMO

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Oficinas, palestras e reuniões reuniram agentes, produtores e grupos culturais do sertão.

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odo mundo sabe que o Sertão pernambucano é dono de uma riqueza cultural ímpar, diversificada e abrangente, que enriquece o cenário nacional. A literatura de

cordel, os cantadores de repentes e emboladas; a dança; a culinária; o artesanato de barro, madeira, couro e palha; as bordadeiras; o teatro popular de bonecos ou apenas os mamulengos são alguns exemplos da arte característica dos sertanejos.

O sertanejo faz uma arte que fala do meio em que vive, da paisagem que vê de sua janela, que vai muito além do céu vasto e da terra seca com a vegetação castigada pelo sol. Uma arte que é a celebração da própria vida que resiste em meio a situações, muitas vezes, adversas.

Pensando nisso, os consultores credenciados Sebrae André Lira e Leonardo Salazar saíram pelo Sertão pernambucano

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adentro, entrevistando gestores municipais e agentes culturais. Eles visitaram 12 cidades, entrevistaram 13 gestores municipais de Cultura, 49 grupos culturais formalizados e 277 agentes culturais independentes, para entender a real necessidade deles em continuar exercendo suas atividades de produção artística e cultural. Essa devolutiva apresentou dados econômicos (a partir de amostragem),* demonstrando a importância da economia criativa no território, as fragilidades do setor e as oportunidades identificadas para fomentar, desenvolver e estabelecer atividades culturais e criativas como negócios viáveis e sustentáveis.

Assim surgiu o projeto SERtão Criativo, que tem como objetivo fomentar a cultura como negócio, gerando renda e trabalho para os agentes culturais, potencializando o

Temos uma cultura rica no Sertão pernambucano, ampla e diversificada. Trata-se de um mercado cultural vasto que deve ser visto como uma oportunidade de negócio

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Desde que os seminários tiveram início e começaram a aportar nas cidades escolhidas, novos pontos já puderam ser diagnosticados.

Oportunidades identificadas:

• atividades de assessoria e consultoria em projetos culturais;

• atividades de empresariamento e agenciamento artístico;

• atividades de captação de recursos para projetos culturais;

• atividades de produção artística e cultural.Soluções Sebrae sugeridas:

• empreendedor cultural, elaboração de projeto para captação de recursos;

• consultorias voltadas para formalização, modelagem de negócios, elaboração de projetos, gestão dos empreendimentos;

• promoção de rodadas de negócios e crédito;

• mobilização de empresários para investir e empreender no setor criativo local;

• promoção de visitas técnicas;

• apoio para ações produzidas por agentes locais voltadas ao fomento e realização de negócios da economia criativa do território;

• mobilização de parceiros para atender às demandas técnicas, artísticas e comerciais.

desenvolvimento local por meio da economia criativa.

A economia criativa consegue, através da reunião de traços de outros conceitos, um toque próprio e inovador. Da economia da experiência, reconhece o valor da originalidade, dos processos colaborativos e da prevalência de aspectos intangíveis na geração de valor, sobretudo na cultura. E, da economia da cultura, propõe a valorização da autenticidade e do intangível cultural único e inimitável. Na era do conhecimento, o talento e a criatividade constituem ativos intangíveis cada vez mais importantes no âmbito das empresas.

É preciso desenvolver competências para conduzir o negócio de um modo que gere um fluxo de receitas constante e autônomo, visando à sustentação a médio e a longo prazo. É preciso transformar a habilidade criativa

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natural em ativo econômico e recurso para o desenvolvimento de negócios duradouros. Por isso, a necessidade de estimular modelos inovadores para o desenvolvimento da economia criativa no Sertão pernambucano.

Leonardo Salazar, consultor credenciado do projeto, explica que o SERtão Criativo nasceu a partir desse olhar: “Podemos afirmar que temos uma cultura rica no Sertão pernambucano, ampla e diversificada. Trata-se de um mercado cultural vasto que deve ser visto como uma oportunidade de negócio. Por isso, criamos um programa para atender sistematicamente qualquer pessoa que queira empreender no segmento”, explica.

“Este projeto, o SERtão Criativo, vem iluminar um território do Estado de Pernambuco que se encontra desprovido em muitos aspectos. A oportunidade de realizar uma ação voltada para o empreendedorismo cultural, visando à valorização, fomento, difusão e comercialização de serviços e produtos criativos produzidos no Sertão pernambucano, implica a possibilidade

de desenvolver economicamente a região com base na sua maior riqueza: o capital simbólico”, define André Lira.

A iniciativa pretende alcançar artistas, autores, técnicos, produtores e empresários sertanejos, levando até as cidades de Arcoverde, Serra Talhada, Triunfo, Carnaíba, Afogados da Ingazeira, Tabira, Tuparetama, São José do Egito, São José do Belmonte, Serrita, Salgueiro e Exu o seminário. Ele consiste em duas vertentes: a apresentação do projeto e uma dinâmica conduzida por André Lira e Leonardo Salazar, onde os participantes debatem as dificuldades locais e propõem soluções para o desenvolvimento do mercado cultural e dos seus empreendimentos. Esse documento pautará a atuação do Sebrae nas cidades para apoiar tais empreendedores.

*Na amostragem inicial, no universo de 141 pessoas e 49 empreendimentos formais entrevistados, foram levantadas informações econômicas que demonstram que, no ano de 2015, foi arrecadado com atividades culturais o montante de mais de R$ 2 milhões.

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Enfrentando desafios

No projeto SERtão Criativo existem dois grandes desafios a serem superados para o desenvolvimento do mercado cultural sertanejo: o primeiro, e mais abrangente, é a informalidade generalizada. Essa informalidade repercute negativamente de várias maneiras, a saber:

• baixo nível de educação técnica e profissional;

• ausência de personalidade jurídica das empresas;

• ausência de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da economia criativa;

• ausência de linhas de crédito para o investimento na cadeia produtiva da cultura.Outro desafio enfrentado pelo mercado

cultural sertanejo é a baixa qualificação gerencial das pessoas que se aventuram em empreender. Vejamos alguns aspectos negativos da baixa qualificação gerencial desses empreendedores criativos:

• baixo nível de inovação nos modelos de negócio;

• alta dependência de contratos com a administração pública;

• ausência de controles internos e sistemas de informações gerenciais;

• ausência de ferramentas administrativas eficientes de marketing e finanças.“O SERtão Criativo tem tido êxito em todas

as suas frentes até agora. Isto devido ao fato de não ter sido encontrada nenhuma outra ação comparada, nenhum dado similar levantado. Partimos do zero para uma realidade inicial que nos apresenta um terreno fértil, um horizonte amplo e pessoas dispostas a transformar suas realidades”. observa André.

Para ajudar a divulgar a ideia, o Sebrae contou com a ajuda de peso de alguns artistas

sertanejos como o cantor e compositor Josildo Sá, o produtor cultural e poeta Jorge Filó, e o compositor e poeta Paulo Matricó.

Paulo Matricó é natural de Tabira e conhece os obstáculos que a população local enfrenta para continuar produzindo: “Venho observando, há alguns anos, as dificuldades que os artistas enfrentam para viver de sua arte e levá-la adiante. Vejo com alegria o surgimento de um projeto como este. A ideia de juntar as pessoas e as ideias – e buscar apoio e formas de desenvolver o trabalho artístico que já é realizado – é fantástica”, diz o poeta.

“Essa é uma ação do Sebrae em Pernambuco que chega no momento certo, em que a produção cultural do Sertão vem crescendo. Sempre existiu uma demanda desses produtos, mas hoje, com a internet e outras tantas tecnologias, despertou-se esse mercado voltado para a cultura sertaneja. Então, este é o momento ideal para fomentar o segmento. Acredito que o projeto SERtão Criativo é o pontapé inicial para valorizar nossa arte”, afirma o cantor Josildo Sá.

“Sobre a conclusão do projeto, num primeiro momento desejamos que se efetivem as ações propostas, atendendo às demandas levantadas localmente, e que os criativos acionados deem sequências aos seus trabalhos movidos por esse espírito empreendedor. Em seguida, no que se refere a uma atuação voltada para o fomento dos empreendimentos criativos, devido à peculiaridade na forma como esses negócios são operacionalizados, da concepção à gestão, da exposição à venda de produtos e serviços – que na grande maioria das vezes é intangível, será necessária uma mudança no modus operandi do Sebrae, a fim de viabilizar ações para auxiliar os empreendedores dos segmentos criativos na nova jornada”, finaliza André.

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EDUCAÇÃO

Empreendendo no colégio, na família e na vidaPorISABELA SALES

S abe aquela menina de 12 que você conhece e já diz que no futuro ela será empreendedora? Ao acessar a internet, a garota descobre uma nova moda: uma pulseira

feita com elásticos. Ao criar as pulseiras personalizadas inicialmente para ela, a menina percebe que pode comercializar as suas peças. A jovem, ainda estudante, leva as suas pulseiras para o colégio e as vende com muita facilidade. Mesmo sem saber, a adolescente já é uma empreendedora. Já se organiza, planeja, produz e, como muitos empreendedores famosos dizem, quanto mais cedo começar, melhor.

Ter um negócio, ou seja, empreender no Brasil, já é difícil. Existem por trás de qualquer negócio grandes barreiras burocráticas e, se isto funciona assim para adultos, imagina para adolescentes e jovens. Imagine: uma menina tem uma ideia e deseja colocar em prática, mas como? A resposta para esta pergunta está na educação empreendedora. Ao oferecer educação, bem como orientação e conhecimentos, aquela ideia (ou aquele sonho) torna-se um empreendimento.

Por ser longa e complicada, a palavra empreendedorismo causa, logo de cara, espanto nos adolescentes e jovens. Mas, com o programa Jovens Empreendedores Pequenos Passos (Jepp), promovido pelo Sebrae, a

palavra empreendedorismo torna-se mais fácil. Para Lívia Mesquita, aluna do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Conhecer, um dos participantes do programa Jepp no Recife, empreender é: “Eu vi que empreender é investir em você, investir nos seus sonhos, no que você quer para o seu futuro, e eu comecei a ver que posso aplicar isso em várias áreas da minha vida, tanto na escola quanto na minha família, com meus amigos, no meio social”.

Já para Ana Beatriz, aluna do 9º ano do Ensino Fundamental, o conceito de empreendedorismo muda. “Eu entendo como ter um sonho e investir nesse sonho, correr atrás dele. Eu acho que para realizar esse sonho, ou seja, ser empreendedor, a pessoa precisa ter planejamento; você precisa se planejar sempre, em tudo na sua vida, e precisa ter responsabilidade para correr atrás desse sonho”, destaca Ana Beatriz.

EDUCANDO E EMPREENDENDO

O curso Jovens Empreendedores Primeiros Passos (Jepp) é uma das alternativas pensadas pelo Sebrae para fomentar a educação e a cultura empreendedora. Existe, para cada ano do Ensino Fundamental, uma proposta pedagógica. Por meio de atividades lúdicas, o ambiente de aprendizagem sensibiliza os estudantes a assumirem riscos calculados,

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Professores e alunos do Colégio Conhecer, no Recife, já têm o tema empreendedorismo integrado às aulas.

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a tomarem decisões e a terem um olhar observador para que possam identificar, ao seu redor, oportunidades de inovações, mesmo em situações desafiadoras.

“O projeto de educação empreendedora propõe ações de empreendedorismo para essas metodologias fazerem a disseminação da cultura empreendedora no ambiente escolar. O projeto tem a preocupação de trabalhar a metodologia direcionada para crianças e jovens de seis a 14 anos. Então, é toda trabalhada com a parte conceitual e a parte lúdica. Os alunos vivenciam oficinas, todas elas abordando temas de empreendedorismo, mas têm na prática a vivência de planejamento, de formação de preço, não focados para o negócio em si, mas para empreender para a vida. Para ser um empreendedor na escola, na família, na sala de aula e não com foco de abrir um negócio”, destaca Claúdia Azevedo, gestora do projeto Educação Empreendedora, do Sebrae.

O programa incentiva não só o empreendedorismo, mas o autoconhecimento e

o espírito de coletividade. Com isso, a educação empreendedora do Sebrae para o Ensino Fundamental ajuda a transformar, quebrando paradigmas e incentivando o desenvolvimento das habilidades empreendedoras. A estratégia do Sebrae é trabalhar o empreendedorismo, inicialmente com o professor, transferindo a metodologia por meio de uma formação com os professores. Eles são capacitados para trabalhar o empreendedorismo dentro da sala de aula. Vivenciam cada etapa daquela metodologia para depois aplicar para os alunos. Então o professor funciona, sobretudo, como um agente de transformação na escola.

O Jepp começou a ser aplicado em Pernambuco há cinco meses. Atualmente o Sebrae tem parcerias com nove instituições de ensino, sendo duas privadas (colégios Conhecer e Construir, ambos na capital pernambucana) e sete públicas. Até o momento, segundo a gestora Claúdia Azevedo, a média é de 300 alunos beneficiados com as aulas e 30 professores capacitados em cada escola.

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COLÉGIO CONHECER

“O Colégio Conhecer é o lugar onde você vem aprender para a vida. É um lugar onde só tem gente feliz. O colégio tem 35 anos de história e nós estamos desenvolvendo da educação infantil ao Ensino Médio”, afirma a sua diretora, Magnólia Wanderley.

Há 35 anos no mercado, o Colégio Conhecer, que fica no bairro da Várzea, no Recife, despertou para a necessidade da educação empreendedora. Ao entrar em contato com o programa Jepp, a diretora e os professores se uniram e, juntos, procuraram o Sebrae para a capacitação. Os professores do colégio tiveram acesso às aulas e capacitações para se preparar para a abordagem com os alunos na sala de aula. .Os professores vestiram a camisa, chegando a ir para a Av. Caxangá vender docinhos.

“As impressões sobre as capacitações foram as melhores possíveis. Sabíamos mais ou menos o que seria empreendedorismo, mas tivemos um grande apoio do Sebrae, que mostrou de forma mais dinâmica como nós poderíamos trabalhar isso com nossos alunos. A experiência foi única. Tivemos várias etapas e tínhamos que criar materiais, produzir tudo. Depois da capacitação, tornei-me mais empreendedor”, destaca o professor Leandro Araújo.

No Colégio Conhecer, o programa Jepp funciona da seguinte maneira: “Existe um horário de empreendedorismo na grade dos alunos. Mas a gente faz tudo contextualizado. O professor dá um horário, a gente tá tendo uma aula de Ciências e pode trabalhar com empreendedorismo. Então eles fazem sempre essa contextualização. Desde o início do ano, o programa começou e tem sido muito importante. Quando a gente chega na sala de aula e o professor diz: “Vamos trabalhar com empreendedorismo”, os alunos gritam e todos participam e tornam-se conscientes do que estão fazendo”, explica Magnólia Wanderley.

Quando se fala em educação empreendedora, muitos pensam que o ensino servirá apenas para o mercado de trabalho, para os negócios. Mas, como os alunos do Colégio Conhecer já perceberam, você empreende para a vida. Ao entrar em contato com conceitos como empreendedorismo, gestão e planejamento, abre-se um leque de oportunidades e possibilidades.

Prestes a fazer vestibular e decidir o que vai fazer no futuro, a aluna do 2º ano Lívia Mesquita conseguiu, por meio do Jepp, enxergar novas possibilidades para o seu futuro. “Eu abri a mente para áreas e desenvolvi aspectos como criatividade, inovação, espírito de liderança. Então tudo isto me fez ver outras áreas que ainda não tinham chamado a minha atenção. Com essas aulas e as discussões sobre o empreendedorismo, consegui ver coisas que eu não tinha enxergado antes e também desenvolvi habilidades diferentes – criatividade e inovação são algumas delas”, afirma.

QUEM PODE PARTICIPAR?

O projeto é para instituições de ensino formal, até o Ensino Superior e técnico. As Secretarias de Educação municipal e estadual estão sendo procuradas para trabalhar essa metodologia nas escolas públicas. Mas um trabalho também está sendo feito nas escolas privadas, que despertaram interesse pelo projeto e pela implantação do empreendedorismo como diferencial.

O programa incentiva não só o empreendedorismo, mas o autoconhecimento e o espírito de coletividade

EDUCAÇÃO

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Saiba mais sobre a educação empreendedora

Além do Jepp, que é destinado a alunos do Ensino Fundamental, o Programa de Educação Empreendedora do Sebrae também possui diretrizes no Ensino Médio e Superior, além do ensino técnico.

Ensino Médio – Para o Ensino Médio, existem três soluções educacionais no portfólio do Programa Nacional de Educação Empreendedora do Sebrae: a formação de jovens empreendedores, estimulando nos participantes o desenvolvimento das características do comportamento empreendedor; o Despertar, que tem como objetivo estimular o empreendedorismo entre jovens estudantes do Ensino Médio, transmitindo-lhes uma visão de mundo abrangente, para que possam identificar suas potencialidades e descobrir novas oportunidades; e o Crescendo e Empreendendo, o qual tem como objetivo provocar uma discussão com jovens sobre trabalho, negócio e empreendedorismo. Pretende-se que eles conheçam esse universo e se predisponham a identificar oportunidades por meio da adoção de atitudes empreendedoras.

Ensino técnico – Para os estudantes do ensino técnico, o Pronatec Empreendedor debate conteúdos sobre empreendedorismo em diferentes cursos da educação profissional oferecidos pelo Pronatec. Esses conteúdos buscam desenvolver a construção de ações empreendedoras planejadas e tecnicamente embasadas para a transformação da

realidade. A proposta é gerar uma reflexão sobre o projeto de vida e a carreira, desenvolvendo competências empreendedoras para que o estudante faça parte de um negócio ou abra o seu próprio empreendimento.

Ensino Superior – O Desafio Universitário Empreendedor é uma competição nacional de caráter educacional, que trabalha por uma plataforma digital e integra diversas ações do Sebrae para o público universitário. A plataforma do Desafio Universitário Empreendedor agrega iniciativas educacionais para universitários, tais como cursos presenciais e online oferecidos pelo Sebrae, jogos, Papo de Negócio, além do estímulo aos estudantes para cursarem disciplinas de empreendedorismo ofertadas pelas instituições de Ensino Superior ou pelo Sebrae. Os participantes são pontuados pela participação nas diversas modalidades, havendo premiação para os melhores colocados.

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Quer ser fornecedor? Bora se qualificar

porFAUSTO MUNIZ

O sonho de muitos empreendedores é fazer da sua empresa uma fornecedora para outros empreendimentos, sejam eles pequenos, médios

ou grandes. No entanto, as dúvidas dos empresários são muitas, principalmente no que se refere às qualificações necessárias para atender às exigências estabelecidas. De fato, para conseguir bons contratos de fornecimento de produtos e serviços, é preciso se qualificar. Mas sem pânico. O caminho pode ser trilhado e o Sebrae acaba de lançar mais uma ferramenta que promete ser uma valiosa aliada no alcance deste objetivo.

Através do Projeto de Relacionamento entre Pequenos Negócios e Grandes Empreendimentos da Mata Norte de Pernambuco, as micro e pequenas empresas poderão ficar por dentro de todas as etapas

e processos, e com isto facilitar a integração entre elas e seus prováveis clientes. A iniciativa, lançada em novembro deste ano e com conclusão prevista para julho de 2017, tem como foco a participação de segmentos nas áreas da indústria, comércio e serviços, reunindo diversas capacitações, consultorias, entre outras ações, e será dividida em etapas.

A primeira etapa consiste na adesão das empresas interessadas em participar; em seguida, será realizado um Diagnóstico Empresarial (mais informações no final da matéria); logo após, será implantado um Plano de Desenvolvimento Empresarial. E ainda, fornecedores e compradores poderão participar de encontros especialmente promovidos para impulsionar sua aproximação. Também será feira uma análise dos indicadores resultantes.

Para Ana Dias, diretora técnica do Sebrae em Pernambuco, um dos pontos fortes

Projeto de Relacionamento entre Pequenos Negócios e Grandes Empreendimentos da Mata Norte de Pernambuco foi lançado pelo Sebrae com o objetivo de melhorar a competitividade e os padrões de qualidade e ajudar a abrir caminhos para que empreendedores possam ser fornecedores de empresas de diversos portes, entre elas a Fiat

PLANEJAMENTO

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do projeto é a possibilidade de qualificar o empreendedor para ter melhores condições de se tornar um fornecedor para toda uma cadeia de empresas que vêm junto com os grandes empreendimentos, a exemplo da fábrica da Fiat. “Existe uma gama enorme de oportunidades que o empresário pode aproveitar, seja fornecendo diretamente para a montadora, seja indiretamente, isto é, para as demais empresas que se instalam no local em função dela. Não é apenas a grande empresa que precisa de parceiros, as pequenas e médias também necessitam de fornecedores, os quais devem se aprimorar do mesmo modo para atender às suas especificidades”, destaca.

MATA NORTE

Um dos focos do projeto é atender à demanda de empreendedores, assim como da população, da Zona da Mata Norte do estado, onde está instalada a fábrica da Fiat Chrysler (FCA), no município de Goiana. Para melhor compreender a realidade local, o Sebrae, em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio/PE), foi pesquisar

como funciona a dinâmica econômico-social da região. O diagnóstico buscou estudar quais as empresas que mais se encaixariam no perfil da qualificação, assim como as principais lacunas a serem preenchidas.

Segundo Ana, o resultado desse trabalho foi a constatação de um nicho diferenciado de carências que poderiam ser atendidas pelos empreendedores. “Os empresários podem fornecer insumos como transporte, alimentação, material de escritório e até serviços de tradução, e não somente produtos para o processo automotivo em si. Existe uma vasta cadeia de empreendimentos que estabelecem requisitos de qualidade e outras exigências técnicas”, relata.

CONSTRUINDO CONEXÕES

Quais os canais que podem servir de ligação entre uma empresa e outra? Qual o produto, serviço e/ou bem que um empreendimento pode fornecer para outro e os requisitos necessários? Para a gestora do projeto e analista técnica do Sebrae em Pernambuco, Cândida Moreira, o empresário que decidir aderir poderá conseguir a resposta para essas

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e outras perguntas estratégicas. O resultado esperado? Bons negócios à vista!

“O projeto está ligado aos grandes representantes de áreas como serviços, hotelaria, supermercados e muitas outras. Independentemente da modalidade da empresa, todas precisam de fornecedores preparados e é no intuito de facilitar essa conexão que desenvolvemos a metodologia, indicada até para quem já tenha realizado uma consultoria há pouco tempo. O cenário muda muito e é recomendado estar sempre de olho”, ela declara. Se muitos falam de crise, antes é preciso saber que, na economia, tudo tem um ciclo. Ou seja, a crise, cedo ou tarde, vai acabar. Mas é preciso antes se preparar para a retomada do crescimento. “Mesmo durante cenários mais adversos, é preciso continuar se preparando, em uma permanente qualificação,

Minientrevista

Antônio Damião, da Fiat Chrysler Automobiles (FCA)

“Empreendedores devem estar preparados para trabalhar em longo prazo”

Nove mil trabalhadores empregados, sendo 3.300 na linha de produção da Jeep, 4.900 no parque de fornecedores e 850 em serviços gerais. Da composição da mão de obra, 78% são pernambucanos. Mais de sete bilhões de reais em investimentos. Com números tão grandiosos, conseguir um contrato de fornecimento de produtos ou serviços para a Fiat tornou-se uma meta atraente para muita gente. E o diretor de Gestão de Projetos Estratégicos da Fiat Chrysler Automobiles, Antônio Damião, falou sobre este tema e sobre o que o empreendedor deve saber para ter mais chances na disputa.

O Projeto de Relacionamento entre Pequenos Negócios e Grandes Empreendimentos da

Mata Norte de Pernambuco, lançado pelo Sebrae, foi especialmente desenvolvido para ajudar as micro e pequenas empresas a serem fornecedoras de outros empreendimentos na região da Mata Norte, em especial a Fiat. Para a multinacional, qual a importância de uma iniciativa como esta?

O polo automotivo Jeep é uma âncora que atrai novos investimentos para a Zona da Mata (norte) de Pernambuco, os quais geram grandes oportunidades principalmente no âmbito das pequenas e médias empresas. Então, iniciativas como esta do Sebrae ajudam a incentivar novos serviços e negócios, que também vão contribuir para o desenvolvimento regional. É um ciclo virtuoso que só está no começo e não tem prazo para acabar.

De forma simples e resumida, o que o empreendedor pode fazer para ser fornecedor da Fiat? Quais as principais exigências da

porque senão, quando o pessimismo passar, o empresário corre o risco de estar de mãos vazias”, Cândida acrescenta.

Gutembergue Tavares foi um dos primeiros a confirmar a adesão ao projeto. Proprietário da AG Cargas e Terceirização de Serviços, ele já trabalha com multinacionais há 10 anos e agora pretende investir seus esforços para conseguir ser um dos fornecedores da Fiat. Embora sua empresa esteja instalada em Goiana, a participação no mercado local ainda é muito pequena, o que o motivou a mover esforços para ampliar a presença na região. “Há uma concorrência muito forte, mas queremos entrar e competir, até porque existem empresas locais com bons produtos e serviços. É preciso valorizar essa mão de obra, que ajuda as cidades da região a crescerem”, aponta.

PLANEJAMENTO

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outros. E não apenas as empresas, mas também a própria população, que passa a ter cada vez mais uma renda qualificada, aumentando a demanda pelos serviços e pelo comércio.

Quais as estratégias que a Fiat vem utilizando para conseguir manter investimentos no cenário adverso pelo qual o país passa? Você poderia dar dicas para que outros empreendedores possam também superar esse cenário de forma sustentável?

Os produtos e serviços desenvolvidos para uma empresa de grande porte não podem ser vistos como algo pontual, uma vez que requerem uma relação de médio e de longo prazo. É importante que as empresas que participam desse processo possam atuar com essa mesma visão. Por isso, os empreendedores têm que estar sempre preparados, conhecer bem seu próprio negócio e possuir uma estratégia clara e bem definida para poderem responder a uma retomada do mercado.

empresa na hora de fazer contratos com outras organizações?

A cadeia de serviços é muito grande e existem novas oportunidades para esses empreendedores. Por isso, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) incentiva que as empresas ofertantes e demandantes interajam mais, desenvolvam uma relação comercial entre si e se aperfeiçoem para atuar no mercado de maneira competitiva.

Quais as principais demandas de serviços e produtos que a Fiat, assim como a cadeia de empresas que se instalaram em Goiana e na região em função dela, precisa suprir atualmente?

Tanto o polo automotivo Jeep quanto outras empresas instaladas no Estado de Pernambuco demandam uma gama muito grande de serviços, tais como manutenção, limpeza, transporte, entre

PALAVRA DA EXPERIÊNCIA

Quem já participou de um programa com esse perfil, mais longo e detalhado, sabe a diferença que faz para a melhoria da gestão. Sydnei Valente é um deles. Dono da Plus Etiquetas, especializada na fabricação de autoadesivos, ele já integrou o Programa de Capacitação de Fornecedores para o Polo Automotivo, realizado pelo Sebrae em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e outras entidades, e garante que a empresa obteve um crescimento de 20% após o projeto. “Percebi uma melhora na qualidade em diversos processos”, assinala, ao afirmar que 25% da sua clientela é composta por hospitais, clínicas e laboratórios: instituições responsáveis por cuidar da saúde das pessoas, justificando o alto grau de exigência na seleção dos fornecedores.Sydnei Valente: estima crescimento de 20% depois de participar

do Programa de capacitação para o polo automotivo.

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PLANEJAMENTO

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“Implantamos uma nova cultura, marcada por uma gestão empresarial abrangente, que provocou boas mudanças em todos os setores e nos levou a aprimorar processos, pós-venda, técnicas de gestão. O mercado percebeu nossa transformação e muitas portas se abriram, até mesmo de segmentos diversos. Tudo resultou da qualificação conquistada”, complementa. Já o bom e pernambucaníssimo bolo de rolo foi a receita de sucesso para Armínio Souza, da Dom Alimentos, empresa voltada para a produção do doce em suas variadas facetas. Ele destaca que seminários como o Empretec ajudaram a implantar uma cultura de melhoria, essencial para alavancar o empreendimento: com pouco mais de um ano e meio de existência, são fabricados 250 quilos por dia, competindo de frente com a já tradicional concorrência do segmento.

Ele relata que a trajetória ascendente da empresa deve-se à versatilidade do produto, com bolos no sabor de goiabada, chocolate, doce de leite e bem-casado, além da oferta de tamanhos variados e do formato mini. A participação em feiras também ajudou a dar visibilidade. Outra estratégia fundamental para o sucesso da marca foi mirar nas pequenas lojas e investir em preços mais baixos. “Fomos para o mercado mantendo a qualidade de sempre e buscando segmentos mais acessíveis e baratos. Nada de shopping. Passamos a fornecer para os pequenos e conseguimos uma ótima recepção do mercado”, ele destaca.

Além da parte mercadológica, o ambiente interno da empresa foi reestruturado depois de ter passado por uma boa qualificação. “Investimos em tudo: networking, relacionamentos e atendimento ao público. A gestão de pessoas foi um caso à parte, porque passamos a compreender melhor os sonhos daqueles que trabalham com a gente. Hoje queremos que essas pessoas continuem com seus sonhos e suas vontades, sem preconceitos. Somos adeptos de uma política aberta à entrada de reeducandos do sistema

prisional. Acolhemos esse público, que tem vontade de crescer e aprender, e estimulamos a cultura da tolerância. Cerca de ¼ do quadro de nossos funcionários é composto por reeducandos”, comenta.

Não é apenas a grande empresa que precisa de parceiros, as pequenas e médias também necessitam de fornecedores, os quais devem se aprimorar do mesmo modo para atender às suas especificidades

Armínio Souza, da Dom Alimentos, destaca participação no Empretec como melhoria para a sua empresa.

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Equipe de produção da Dom Alimentos fabrica 250 quilos de bolo de rolo por dia, tornando-se competitiva no mercado.

É hora de fazer um Diagnóstico Empresarial (grátis!)

Ter uma visão ampla e, ao mesmo tempo, detalhada dos mais variados setores e departamentos de uma empresa para evitar crises e melhorar processos. Em poucas palavras, é este o objetivo de um Diagnóstico Empresarial. O Sebrae oferece a ferramenta, que possui quatro etapas e, no final, o empreendedor recebe uma análise com soluções adequadas para a melhoria da gestão do negócio. No site da instituição, qualquer um pode fazer isso gratuitamente. Basta efetuar um cadastro na página e pronto. A ferramenta é disponibilizada. Acesse: www.sebrae.com.br.

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A política do prazerNa era do consumo hedônico, produtos e marcas precisam ofertar muito mais que a utilidade. Quem sai para comprar está em busca de uma experiência prazerosa

Um dia, vender um creme dental já foi tarefa relativamente fácil. Nas propagandas e nas prateleiras do supermercado, suas funções de branqueamento e prevenção de cáries convenciam o consumidor. Apelava-se para a utilidade. “Agora, apelos hedônicos passam a fazer parte desse discurso. Ou mesmo são apresentados como principais qualidades. Se antes uma pasta era vendida como uma questão de higiene bucal, hoje vemos cada vez mais aqueles que vendem belos sorrisos. A mesma lógica se aplica a carros e alimentos”, argumenta André Leão. Doutor em Administração pela Universidade

Como podemos definir, de forma bem simples, o consumo hedônico?

Originalmente o hedonismo é uma noção filosófica que afirma que o prazer é o bem maior da vida humana. O termo chegou aos nossos dias relacionado com as práticas prazerosas. Assim, o “consumo hedônico” foi criado para se referir ao consumo orientado pelo prazer.

Essa experiência de consumo tem afetado de que maneira, no nosso dia a dia, a forma de nos relacionarmos com produtos e marcas?

É comum estabelecer uma dicotomia entre as noções de consumo utilitário e consumo hedônico, o que acho um reducionismo do

entendimento do consumo, que se tornou uma atividade social e econômica primária a partir da segunda metade do século passado. A partir dali, passamos a vivenciar uma sociedade de consumo que cada vez mais se estabelece em um plano global. A forma como o capitalismo se desenvolveu neste período estabeleceu o consumo como uma necessidade da produção, e não mais o contrário. Em outras palavras, não produzimos para satisfazer às necessidades de consumo; consumimos para satisfazer à necessidade produtiva do sistema econômico em que estamos inseridos. Isto leva à decorrência natural de que consumir apenas para satisfazer às necessidades não seja o bastante; precisamos consumir mais, consumir por prazer. Com isto, mesmo marcas e produtos

Federal de Pernambuco, onde é professor adjunto do Departamento de Ciências Administrativas (DCA/UFPE) e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Administração (Propad/UFPE), ele pesquisa como todos nós interagimos com produtos e serviços ofertados nas mais diversas categorias. Sua produção acadêmica é principalmente sobre marcas e a cultura do consumo. Na entrevista a seguir, explica tudo sobre o consumo hedônico e a importância deste conceito para quem já está no mercado ou para quem deseja virar empreendedor. Boa leitura.

ENTREVISTA

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de alguma marca que não evoque o prazer no consumo de seus produtos, pelo menos em alguma instância. Mas é claro que alguns tipos de produtos são talhados de forma mais clara para isto. As indústrias do entretenimento, do turismo e da moda me parecem exemplos emblemáticos disto.

A moda e o mercado de luxo sempre injetaram um grau a mais de imaginação e fantasia para criar outro tipo de experiência na hora da compra. Estes dois campos seriam o ponto inicial para o desenvolvimento do consumo hedônico?

que antes apelavam pura ou primordialmente para a sua utilidade passaram a usar apelos hedônicos ou mesmo transformá-los. Se antes um creme dental era vendido como uma questão de higiene bucal e prevenção de cáries, hoje vemos cada vez mais os que vendem belos sorrisos. A mesma lógica se aplica a carros, alimentação etc.

Existe um segmento de mercado que tem se apropriado da melhor forma desse conceito de consumo hedônico?

Eu vejo o fenômeno se alastrar pelas mais diversas áreas. Tenho dificuldade de lembrar

André Leão: “Tenho dificuldade de lembrar de alguma marca que não evoque o prazer no consumo de seus produtos...”

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É importante aqui separarmos as noções de consumo hedônico e consumo conspícuo, que se refere ao consumo ostentatório, que se presta à demonstração de riqueza, de demarcação de status social. Tanto a moda quanto o mercado de luxo estão muito relacionados ao consumo conspícuo. A indústria da moda, nas últimas décadas, tem se aproximado do apelo ao prazer, ainda que sem deixar o apelo ao status, o que varia de acordo com a estratégia de cada marca. Não vejo o mesmo ocorrer em relação ao mercado de luxo. O que mudou talvez tenha sido a noção do que seja luxo nos dias de hoje, mas isto não equipara esta noção à sensação de prazer.

Em relação a outros mercados, sobretudo o asiático, que investe pesado na criação de sonhos e na expansão dos sentidos na hora da compra, como o Brasil poderia ser avaliado?

Eu vejo o brasileiro como sendo, de forma geral, um consumidor muito hedônico. Tenho o sentimento de que isto, associado ao fato de termos adentrado tardiamente, se comparado a países economicamente mais desenvolvidos, no mundo do consumo, nos fez extremamente receptivos às novidades. Por outro lado, o brasileiro também é, grosso modo, um povo dos relacionamentos próximos, da calorosidade, do toque. Tudo isto faz do Brasil um mercado altamente propício ao consumo experiencial, que está muito relacionado ao prazer não apenas do que se consome, mas ao prazer do próprio ato de consumir.

Qual a importância do conhecimento do consumo hedônico para quem decide investir num negócio hoje? Seria fundamental em qualquer área?

Como cheguei a argumentar, não vejo negócio que não possa se beneficiar, pelo menos em alguma instância, do apelo ao consumo hedônico. Mas, evidentemente, algumas áreas

estão diretamente associadas ao prazer. É importante que se diga, contudo – e aqui volto a argumentar pela distinção entre consumo hedônico e consumo conspícuo, que o prazer pode ser encontrado nas mais diversas opções – das férias na Disney a um dia ensolarado na praia; de um restaurante fino a uma comida regional.

A relação entre consumo utilitário e consumo hedônico parece ter mudado com o crédito facilitado e a ascensão da classe C, nos últimos anos. Esse cenário tende a se ampliar? Ou existe outro panorama de agora em diante por conta da crise econômica?

Brasileiro não poupa se isto significar deixar de aproveitar o dia de hoje. Mas é evidente que uma situação econômica favorável propicia aumento de consumo por prazer. Mas o brasileiro também é muito criativo e termina dando um jeito de adaptar esse consumo: se não dá para ir ao bar mais badalado, vai-se ao espetinho da esquina; se a roupa da marca da moda está inacessível, compra-se uma similar.

Movimentos como slow food e slow fashion pregam uma forma de consumir mais consciente e, como o próprio nome sugere, menos acelerada. O conceito de consumo hedônico também pode ser observado nesse novo cenário?

Tenho muitas ressalvas à noção de consumo consciente, pois ainda não fui convencido de que não se trate, na maioria dos casos, de modismo. Ademais, mesmo o considerando, devemos ter em mente que ele está assentado num argumento utilitarista. Por outro lado, vejo a desaceleração do consumo menos como uma questão de consciência e mais como uma maior valorização das coisas, das pessoas e do nosso tempo. De certa forma, isto é descobrir novos prazeres na forma como consumimos.

ENTREVISTA

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