sociologias, porto alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p ... · atores político-territoriais –...

36
148 SOCIOLOGIAS Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183 ALDOMAR ARNALDO RÜCKERT* Políticas territoriais, ciência & tecnologia e a ação de atores locais e regionais. O Pólo de Modernização Tecnológica da Serra – Rio Grande do Sul – Brasil 1 Introdução este artigo analisam-se ações estratégicas implementadas pelo Estado (poder público estadual e municipal) e por or- ganizações da sociedade civil, representativas de comuni- dades locais e regionais (na escala regional-local) e no âm- bito das políticas públicas de ciência e tecnologia no Rio Grande do Sul e de programas que contêm características de desenvolvimento endógeno. A análise de tais ações, circunstanciadas ao processo de reforma do Estado na via da descentralização político-adminis- trativa e da relativa inserção da sociedade civil na gestão pública, implica o reconhecimento de uma nova escala de poderes – a regional-local. A socie- dade civil, em sua forma de relativa participação, através dos Conselhos Re- gionais de Desenvolvimento (Coredes) – e entre 1999 e 2002, no governo da Frente Popular, no Orçamento Participativo Estadual –, tenderia a im- plantar novos usos políticos do território, na medida em que esses poderes regionais-locais têm passado a desenvolver alianças com o Estado e a cons- truir projetos de futuro. 1 O artigo sintetiza comunicação realizada no Seminário Agricultura, Meio Ambiente e Sociedade no Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da UFRGS, janeiro de 2003. DOSSIÊ N N N * Doutor em Ciências – Geografia Humana pela Universidade de São Paulo; membro do Programa de Pós-Graduação em Geografia/Análise Territorial da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Upload: buicong

Post on 27-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

148 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

ALDOMAR ARNALDO RÜCKERT*

Políticas territoriais, ciência & tecnologiae a ação de atores locais e regionais.O Pólo de Modernização Tecnológicada Serra – Rio Grande do Sul – Brasil1

Introdução

este artigo analisam-se ações estratégicas implementadaspelo Estado (poder público estadual e municipal) e por or-ganizações da sociedade civil, representativas de comuni-dades locais e regionais (na escala regional-local) e no âm-bito das políticas públicas de ciência e tecnologia no RioGrande do Sul e de programas que contêm características

de desenvolvimento endógeno. A análise de tais ações, circunstanciadas aoprocesso de reforma do Estado na via da descentralização político-adminis-trativa e da relativa inserção da sociedade civil na gestão pública, implica oreconhecimento de uma nova escala de poderes – a regional-local. A socie-dade civil, em sua forma de relativa participação, através dos Conselhos Re-gionais de Desenvolvimento (Coredes) – e entre 1999 e 2002, no governoda Frente Popular, no Orçamento Participativo Estadual –, tenderia a im-plantar novos usos políticos do território, na medida em que esses poderesregionais-locais têm passado a desenvolver alianças com o Estado e a cons-truir projetos de futuro.

1 O artigo sintetiza comunicação realizada no Seminário Agricultura, Meio Ambiente e Sociedade no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da UFRGS, janeiro de 2003.

DOSSIÊ

NNNNN

* Doutor em Ciências – Geografia Humana pela Universidade de São Paulo; membro do Programa de Pós-Graduação emGeografia/Análise Territorial da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

149SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

Políticas territoriais

A questão de investigação está circunstanciada à análise de políticasde ciência e tecnologia enquanto políticas territoriais, um dos núcleos daGeografia Política e Regional. As tendências recentes de análise, principal-mente após a Constituição Federal de 1988, compõem-se de um lequeabrangente e múltiplo de investigação localizado, por exemplo, nas rela-ções entre Estado, mercado e sociedade civil (Becker, 1983, 1984, 1988,1991, 1995; Costa, 1988).

No âmbito das tendências recentes, tem relevância o conceito deflexibilização do Estado em relação ao território (Becker, 1991, p 47-56), oque equivale a reconhecer a emergência de múltiplos poderes e novosusos políticos do território, que imprimem a estes novas formas. Estas po-dem ser apreendidas no sentido que lhes atribui Santos (1985, p. 50-51),relacionadas a função, processo e estrutura.2 Os novos usos políticos doterritório estão associados ao sentido da flexibilização do Estado, na transi-ção do Estado Desenvolvimentista para um Estado de corte comercial(Rosecrance, 1986). Essa flexibilização pode ser apreendida em três gran-des vias da reforma do Estado: a) a descentralização político-administrativa;b) a inserção da sociedade civil na reforma política do Estado e c) a relaçãoEstado-mercado.

A multidimensionalidade do poder (Raffestin, 1993; Becker, 1983,1988) é conceituada no sentido de que diferentes atores produzem o espa-ço, (re)estruturam o território através da prática de poderes/políticas/progra-mas estratégicos, gestão territorial, enfim, ações/programas que tenhamum caráter (re)estruturante, de acordo com os paradigmas dacompetitividade, inserção (subordinada) internacional (Fiori,1995, p.VI) e

2 “Forma é o aspecto visível de uma coisa. Refere-se, ademais, ao arranjo ordenado de objetos, a um padrão. Tomada isolada-mente, temos uma mera descrição de fenômenos ou de um de seus aspectos num dado instante do tempo. (...) A forma pode serimperfeitamente definida como uma estrutura técnica ou objeto responsável pela execução de determinada função. As formassão governadas pelo presente e, conquanto se costume ignorar o seu passado, este continua a ser parte integrante das formas. Estassurgiram dotadas de certos contornos e finalidades-funções. Diante do exposto, torna-se evidente que a função está diretamenterelacionada com sua forma, portanto, a função é a atividade elementar de que a forma se reveste.” (Santos, 1985, p. 50-51).

150 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

com capacidade de alavancagem de desenvolvimento endógeno, impri-mindo, assim, novos usos do território. Interpretar o poder relacionado aoterritório significa relacioná-lo à capacidade dos atores de gerir, de implantarpolíticas econômicas e tecnológicas, com incidência estratégica no território,por parte tanto do Estado como dos múltiplos atores do/no poder, em alian-ças ou conflitos na gestão de políticas por capitais privados e por segmentosda sociedade civil que representam as diferentes regiões do território.

As estratégias de desenvolvimento regional/local projetadas por orga-nizações civis respondem, no plano das regiões de planejamento no estadodo Rio Grane do Sul, à questão geral que se tem tomado de Lefebvre, deque o espaço é um instrumento político e que sua representação está sem-pre a serviço de uma estratégia projetada (1976, p. 25; 31). Um Pólo deModernização Tecnológica pode ser conceituado como uma forma comestrutura técnica com funções estratégicas para a economia e o território, nosentido de que os resultados de suas ações de inovação sejam perceptíveisem determinados raios de alcance local e regional (difusão) no âmbito dosistema produtivo.

O desenvolvimento endógeno com base local

À região, na escala regional-local, ou ao local, o vivido territorial(Raffestin, 1993) associa-se a questão do desenvolvimento endógeno combase local. A literatura sobre política pública, que tem documentado a de-crescente influência do Estado-Nação, tem trazido a questão da iniciativalocal no desenvolvimento econômico. As proposições de desenvolvimentoendógeno (Wilson, 1995; Martin, 1996; Boisier, 1996a, 1997; Mattos, 1997;Braga, 1999; Boisier, 2000; Barquero, 2001) enfatizam os fatores que oterritório contém. Ao mesmo tempo em que reconhece sua incorporaçãoem estruturas mais amplas, as proposições chamam a atenção para o terri-tório onde se dá o agrupamento das relações sociais, o lugar onde se en-

151SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

contram as forças endógenas e exógenas. A nova literatura reconhece anecessária ação recíproca com as forças da globalização e a crescente natu-reza aberta da economia local (Guimarães, 1995; Boisier, 1996a; Ferrão,1995, 1996; Antonelli; Ferrão, 2001).

Descentralização política e desenvolvimento local, aqui tomados en-quanto marcos referenciais das ações examinadas no Pólo de Moderniza-ção Tecnológica da Serra, em Caxias do Sul, encontram-se associados. Boisier,Sabatini et al. (1994, p. 351-389) argumentam que a descentralização, par-ticularmente a descentralização político-territorial, é uma condição neces-sária para a obtenção da transformação produtiva. As questões que se colo-cam à análise na escala local advêm, portanto, das políticas de desenvolvi-mento que contenham determinados recortes de caráter endógeno. Nessesentido, a questão apontaria para uma busca de relações entre as ações dosatores político-territoriais – como sujeitos do desenvolvimento local – epolíticas de inovação .

Nos modelos de crescimento endógeno (Mattos,1997, p.3), o tipo deregulação por parte do Estado é de ordem intermediária, orientado a gerarum ambiente favorável à inversão privada, de forma a estimular a acumula-ção endógena de capital físico e humano, a pesquisa e o desenvolvimentoe aumento da capacidade e da competitividade empresariais. Os critériospara as políticas são, entre outros, a gestão das externalidades, a provisãode bens públicos, a regulação do setor financeiro e as relações econômicasexternas, a eliminação das distorções econômicas e a manutenção de ummarco legal da ordem pública.

No cenário contextual contemporâneo, o desenvolvimento endógenoe o desenvolvimento territorial estão associados à sociedade civil (Boisier,1995). O conceito de desenvolvimento territorial (expressão ampla que in-clui o desenvolvimento de microlocalidades, tais como comunas e regiõesem escala intermediária entre o local e o estadual) refere-se agora a proces-sos de mudanças socioeconômicas de caráter estrutural, delimitados geogra-

152 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

ficamente e inseridos num marco configurado por sistemas econômicos demercado, ampla abertura externa e descentralização dos sistemas de decisão.

As escalas geográficas de poder

A adoção das escalas geográficas de poder como recurso metodológicopara a análise de ações regionais e locais é um método de procedimentoessencial para a compreensão do sentido e da visibilidade dos fenômenosnuma perspectiva espacial. A escala, como uma estratégia de representa-ção e apreensão da realidade, define o campo empírico da pesquisa deinvestigação e de análise (Castro, 1995, p. 120), facilita o uso de constru-ções teóricas e interpretações sobre as tendências contemporâneas dastransformações territoriais.

O processo parcial de substituição das macrorregiões nacionais porregiões na escala regional-local – um nível de agregação das comunidadeslocais no interior do Estado-Nação (Becker, 1988, p. 109) – e a multiplicidadede organizações interessadas no fortalecimento da comunidade local põemem relevo as escalas regional-local e local stricto sensu. Tal processo podecorresponder, em termos de ações de desenvolvimento de corte endógeno,no Rio Grande do Sul, a algumas experiências de Conselhos de Desenvol-vimento Regional e às ações de governos locais na perspectiva de apoioinstitucional à implantação de inovações tecnológicas nos territórios munici-pais. Os Conselhos, organizações comunitárias territoriais, instâncias autô-nomas de direito privado não-estatais, com procedimentos de coordenaçãohorizontal e descentralizada, localizadas no eixo comunitário, encontram-se no escopo do conjunto de espaços diferenciados de desenvolvimento.

Algumas das ações dos Conselhos, em cujas regiões estão implanta-dos pólos de modernização tecnológica, tenderiam, hipoteticamente, a pre-parar as regiões tanto para os novos paradigmas produtivos para a competi-ção, seja no mercado interno, seja no externo quanto para a agregação de

153SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

valor às mercadorias e geração de emprego e renda. A ciência e a tecnologia,um dos componentes da construção da competitividade sistêmica comopolítica de caráter nacional e estadual (Becerra, 1994; Coutinho; Ferraz,1995), têm no Rio Grande do Sul, com a intermediação da escala regional-local, a interiorização via Conselhos de Desenvolvimento Regional, a alocaçãodos pólos tecnológicos nas universidades regionais, federais e comunitáriasde caráter fundacional e confessionais.

No âmbito das políticas de construção deliberada da competitividade,o papel da política de ciência e tecnologia e dos pólos tecnológicos, noplano do desenvolvimento local, assume relevância como um componentede uma estratégia de desenvolvimento territorial. Tal estratégia pode impli-car a seletividade de centros urbanos de porte médio e mesmo pequenos,que contenham potencial do fator conhecimento, bem como em regiõescontíguas, ou não, que passam a se articular política e economicamentecom os fluxos de informação e de mercadorias.

A escala regional-local: a região do Corede Serra

A região, tomada como amostra de campo para evidenciar a açãodos atores regionais no processo de desenvolvimento endógeno com baselocal, é representativa da macrorrregião Nordeste, qual seja, a do Conse-lho Regional de Desenvolvimento da Serra. A inserção progressiva dessaregião na dinâmica nacional de crescimento industrial constitui uma carac-terística básica que guarda, contudo, a importância de alguns gênerosindustriais que ainda dependem da base agrária local, como a indústriavinícola, por exemplo. Entre a Região Metropolitana de Porto Alegre e ade Caxias do Sul, a área da encosta da Serra Geral compõe o eixo indus-trial que vem sendo referido como eixo metropolitano, à medida que seuconteúdo urbano-industrial está vinculado ao processo de crescimento dePorto Alegre.

154 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

O Corede Serra, localizado na macrorregião Nordeste do estado, estácontido no extremo meridional do novo polígono industrial do país (Diniz,1994). Conforme Bandeira (1995, p. 232-233), no Rio Grande do Sul, veri-fica-se ao longo das últimas décadas uma desconcentração-concentrada docrescimento industrial, análoga à verificada no conjunto do país. A regiãoNordeste do Rio Grande do Sul, que inclui Porto Alegre e seu entorno,afirma o autor, aumentou sua participação no total estadual, de 55,06% em1959 para mais de 72% em 1988. O crescimento do parque manufatureiroconcentrou-se, portanto, em locais próximos da capital, principalmente emmunicípios situados na própria Região Metropolitana, ou ao longo do eixoPorto Alegre-Caxias do Sul.

A escala local – os municípios de Caxias do Sul e Campestreda Serra

A escala local de análise do desenvolvimento territorial relaciona-se àsmicrolocalidades, os municípios, a menor unidade institucional político-ad-ministrativa. Estes, progressivamente, passam a assumir questões relativas àgestão territorial numa escala que, muitas vezes, transcende as fronteirasmunicipais, na qual diferentes atores passam, progressivamente, aimplementar programas de desenvolvimento de caráter endógeno. Os lu-gares (municípios) tomados como amostra para evidenciar a ação dos atoreslocais em ações de desenvolvimento de corte endógeno são Caxias do Sule Campestre da Serra, nos quais o poder público municipal tem atuado emaliança com a Universidade de Caxias do Sul, o Conselho Regional de De-senvolvimento da Serra e diversas organizações locais, em programas doPólo de Modernização da Serra.

155SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

As alianças estratégicas dos governos locais com organizações civis,em projetos reestruturantes ou inovadores, compõem o cenário da gestãodo desenvolvimento local/regional. O Estado na escala local (o município) éum dos atores, mas não o menos importante, tendo em vista seu papel deordenador jurídico-político-territorial e de representante das coletividades.

A análise de programas e articulações regionais

O exame de programas deu-se através do a) Programa do PólosTecnológicos (programa em escala estadual nas gestões dos governos esta-duais nos períodos 1987-1991; 1992-1994;1995-1998); b) três programasdo Pólo de Modernização Tecnológica da Serra e c) relações e articulaçõesdos atores político-territoriais locais e/ou regionais na implementação deprogramas estratégicos (governos locais nas gestões municipais 1993-1996,principalmente, e estadual 1992-1994;1995-1998) e suas articulações comos atores privados no Pólo de Modernização Tecnológica da Serra.

As organizações representativas dos segmentos produtivos e organiza-ções tomadas nesta variável são o Corede Serra, Universidade de Caxias doSul, Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul e prefeitu-ras municipais de Caxias do Sul e de Campestre da Serra em programas doPólo de Modernização Tecnológica da Serra.

Para a análise do tema examina-se na seqüência: a) o Programa dosPólos Tecnológicos da Secretaria de Ciência e Tecnologia, b) o mapaorganizacional do território na região em exame e c) programas do Pólo deModernização Tecnológica da Serra, como o Pólo Oleoquímico de PlantasAromáticas e Medicinais do Instituto de Biotecnologia da Universidade deCaxias do Sul, o da Escola de Agroindústria em Fazenda Souza e a Socieda-de Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Caxias do Sul.

156 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

O programa dos pólos tecnológicos da Secretaria de Ciênciae Tecnologia do estado do Rio Grande do Sul na décadade 90: uma linha de ação estratégica de desenvolvimentoregional/local

O Programa dos Pólos Tecnológicos da Secretaria de Ciência eTecnologia do Estado do Rio Grande do Sul, vigente a partir do governoSimon (1987-1990), em aliança com o sistema de ensino superior do RioGrande do Sul, está consubstanciado tanto nas concepções descentralizantesda gestão pública estadual como na concepção da construção das vanta-gens competitivas sistêmicas territoriais, e atribui crescente valorização àsvantagens competitivas locais.

O Programa dos Pólos Tecnológicos, uma política pública de caráterestruturante ou estratégica – um vetor de desenvolvimento regional – estáarticulado à construção de visões de futuro das regiões. O número de pólostecnológicos existente atualmente no estado é de dezesseis, estando suasações distribuídas nas áreas metal-mecânica, agropecuária e alimentos eeletroeletrônica/informática. As áreas de atuação do Pólo de Modernizaçãoda Serra são a metal-mecânica, agropecuária e alimentos e eletroeletrônica/informática.

Os pólos tecnológicos – formas com estrutura técnica – são comopontos de inovação difundidos pelo território enquanto fatores sistêmicosinfra-estruturais, as externalidades para as empresas. Os fatores sistêmicossão compostos pelo conjunto de instituições e organizações públicas e pri-vadas, entre elas, principalmente as universidades, os recursos humanos,financeiros e técnicos que configuram o sistema ciência-tecnologia-indús-tria (Coutinho; Ferraz, 1995, 19-21; Ferraz, 1995, p. 25-32; Becerra, 1994,p. 525-544; Feldman; Florida, 1994, p. 210-229; Maillat, 1997, p. 13-30).

A política científica e tecnológica pode afetar de modo significativo acompetitividade dos lugares, ao contar, de um lado, com a infra-estrutura

157SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

necessária (universidades, centros de pesquisa, serviços tecnológicos, etc.)e, de outro, oferecer estímulos (em particular crédito em condições favorá-veis) à modernização contínua da indústria local (Ferraz, 1995, p. 25-32).Isso traz o conhecimento para o centro da análise da reestruturação produ-tiva e territorial através das políticas de inovação e dos pólos tecnológicos.Estar-se-ia, assim, engrenando as quatro esferas do capital, na medida emque um quarto fator de produção, o novo insumo informação, inaugura novaconotação de capital: o capital conhecimento (Costa Filho,1996, p. 7-8).

Guardadas as devidas especificidades no que tange às formas como asnovas estratégias territoriais de desenvolvimento estão sendo implantadasnos países do Primeiro Mundo e nos países periféricos, concorda-se comBenko (1996) em que se, naqueles, ao Estado keynesiano corresponde ophysical planning, no Brasil, ao Estado Desenvolvimentista correspondem,da mesma forma, os investimentos de vulto, a infra-estrutura estratégica(portos, aeroportos, estradas, eletricidade, telecomunicações) e zonas in-dustriais. As novas tendências de planejamento, que rompem com os anti-gos métodos que requerem investimentos de vulto, direcionam-se para novosfatores: treinamento geral da população, qualificação profissional, dinamis-mo das empresas regionais, qualidade e quantidade dos serviços prestadosàs empresas, presença de centros de pesquisa, universidades, etc.

Os pólos tecnológicos – formas com funções estratégicas de conheci-mento e programas de inovação em caráter de reconhecida importância es-tratégica para o desenvolvimento regional e local – encontram-se em faseembrionária no Rio Grande do Sul, não contendo produção industrial dealta tecnologia, ao menos na forma dos tecnopólos. No entanto, sua impor-tância reside na difusão territorial nas diferentes regiões do estado, enquan-to novas formas territoriais no âmbito da ciência e tecnologia, de formadispersa pelo território e de forma diversa da clássica concentração na Re-gião Metropolitana. Tal dispersão pelo território emerge através de um pro-cesso de geração endógena em escala local, de construção das infra-estru-

158 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

turas através das próprias organizações locais, com apoio financeiro parcialpor parte do Estado.3

O mapa organizacional do território

Boisier (1997, p. 12-18) sugere a confecção de um mapa organizacional4

do território. Esse mapa responderia a: a) quais são os atores; b) quais osprocedimentos utilizados pelas diferentes organizações e instituições do lugare c) quais os recursos (materiais, naturais, financeiros, humanos, conheci-mento, etc.) com que conta o mesmo. Em sua proposta, Boisier une institui-ções e organizações que são essencialmente diferentes.

As instituições, numa abordagem genérica, significam um conjunto deregras e poderes de origem do Estado principalmente, ou mesmo civil, quese tornam referências para grandes parcelas da sociedade. Neste sentido, oEstado, em suas múltiplas faces e escalas, é a maior das instituições. Já asorganizações, por sua vez, localizam-se no âmbito da sociedade civil princi-palmente, mas também do Estado. São constituídas pelo empresariado, pe-los trabalhadores, pelas diversas formas de representação de interesses e denecessidades, pelos movimentos sociais, etc. Neste sentido, a organizaçãorepresenta um poder legítimo da sociedade, mas que não representa neces-sariamente uma referência institucional para amplos conjuntos da sociedade.

As organizações presentes no território, tanto públicas como privadas,podem ser indicadas sob uma determinada densidade organizacional atra-

3 O número de investigações que têm procurado examinar as repercussões do Programa dos Pólos de Modernização Tecnológicado Estado do Rio Grande do Sul no território estadual é crescente. Diferentes ângulos de análise podem ser encontrados emSchneider, 1997; Campis, 1997; Hanefeld, 2002. São significativas as pesquisas em andamento no programa de pós-graduaçãodo Núcleo de Gestão da Inovação Tecnológica NITEC PPGEA – Programa de Pós Graduação em Administração da UFRGS, comoCesaro, 2000; Lima; Fracasso, 2002.4 O conceito de mapa organizacional merece algumas considerações. Em primeiro lugar, Boisier (1997, p. 12-18) refere-se amapa institucional, o que não é aqui tomado ipsis litteris, mas no sentido de organizacional, no sentido do conceito apontado porNorth (1990). Conforme Boisier, na prática, trata-se, em primeiro lugar, de confeccionar um cadastro organizacional (e institucional)tanto público como privado. Da mesma forma, ao conceituarem como densidade institucional, Amin, Thrift (apud Kirat; Lung,1999) o fazem no sentido genérico, que engloba o Estado (instituição) e as organizações. Em segundo lugar, Boiser adota oconceito de mapa não no sentido cartográfico, mas no sentido de uma radiografia, uma visão de conjunto, uma determinadarepresentação qualitativa ou quantitativa das instituições e organizações presentes no território.

159SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

vés das articulações entre organizações e instituições. A densidadeorganizacional é conceituada como “a combinação de fatores, incluindosuas interações interinstitucionais e sinergia, uma representação coletiva pormuitos corpos, um objetivo industrial comum e normas culturais e valorescompartilhados” (Amin; Thrift apud Kirat; Lung, 1999, p. 31).

A densidade organizacional corresponde, portanto, às articulações en-tre as instituições e as organizações: as secretarias de governo estadual elocal, as universidades e centros científicos, os serviços públicos, as empresaspúblicas, as organizações de caráter associativo. A freqüência de convêniosentre as instituições e organizações indica o estágio de construção e/ou deconsolidação de ações de implementação de vantagens competitivas locais.

A mensuração da densidade no mapa organizacional diz respeito àsrelações e articulações regionais (Franco, 1997, 1998) dos atores político-territoriais na implementação de programas estratégicos de caráterreestruturante e aos recursos com que conta o território, como aquelesreferentes aos pesquisadores, aos investimentos financeiros em infra-estru-tura de conhecimento, etc.

O cenário que associaria a descentralização de atribuições e funçõesem programas do pólo tecnológico com iniciativas do governo local emprojetos reestruturantes de caráter endógeno, de forma mais completa secaracterizaria quando o Estado tem participação efetiva intermediária, emconjunto com o Corede e com as demais organizações locais e regionaisprivadas. As articulações do Estado com o poder local, numa forma deregulação intermediária, compõem o cenário de instituições públicas e or-ganizações privadas que tendem a qualificar a densidade organizacional nasações de caráter reestruturante.

Os principais atores político-territoriais locais/regionais envolvidos emprogramas do Pólo de Modernização Tecnológica da Serra são o empresariado,representado pelo poder hegemônico da Câmara de Indústria, Comércio eServiços, aglutinadora das organizações corporativas dos segmentos produ-

160 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

tivos; a Universidade de Caxias do Sul; os governos locais; organismos pú-blicos e organizações civis atuantes em programas estratégicos/reestruturantesnas ações do Pólo, ou em outras ações inovadoras.

Os governos locais compõem apenas um elemento do conjunto deatores nos processos de reestruturação econômica e territorial. Em quepese um tradicional pequeno envolvimento com questões relativas ao de-senvolvimento devidos, em parte à crise fiscal, os governos locais da regiãodo Corede Serra, em suas relações institucionais com a universidade regio-nal de Caxias do Sul (em cuja fundação são membros) e com o Corede (nosquais também são membros), têm passado a assumir maiores responsabilida-des de organização e gerência em assuntos referentes aos seus territórios.

As responsabilidades dos governos locais na região do Corede Serraevidenciam-se não apenas na gestão de diversos serviços públicos assumi-dos no processo de descentralização de funções e atribuições. Tais respon-sabilidades localizam-se, por exemplo, na gestão de infra-estrutura básicade serviços no âmbito do processo de organização da Aglomeração Urbanado Nordeste do Rio Grande do Sul (Aune); em programas de fomentotecnológico – participação no Pólo de Modernização Tecnológico da Serra –e na participação no projeto Tecnópole da Serra.

A presença de universidades e centros científicos – um dos fatores dodesenvolvimento endógeno a que se refere Boisier (1997, p.12-18) – rela-ciona-se a políticas de inovação e reestruturação territorial no âmbito daescala local. Há relações entre os atores político-territoriais como sujeitosorganizados do desenvolvimento endógeno e políticas de inovaçãodirecionadas à construção da competitividade e das reestruturações produ-tivas dos locais e das regiões.

Entre os procedimentos – as relações e articulações locais e/ou regio-nais construídas pelos atores – utilizados pelas diferentes instituições e or-ganizações da região, ressaltam-se aqueles que sustentam a gestão do de-senvolvimento, isto é, o conjunto de formas de atuação do governo territorial

161SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

e das organizações vinculadas precisamente à obtenção e ao seu estímulodo desenvolvimento.

Entre os recursos com que conta o território, apontam-se os investi-mentos públicos; os das organizações de ensino superior (formação de qua-dro de pesquisadores e infra-estrutura para geração e difusão de inovações)nos diversos segmentos do setor produtivo da região no entorno do Pólo deModernização Tecnológica e, por fim, os dos atores corporativos empresariaise demais organizações associativas relacionadas à capacitação tecnológica.

O Programa do Pólo Oleoquímico de Plantas Aromáticase Medicinais do Instituto de Biotecnologia da Universidadede Caxias do Sul

As ações que envolvem articulações regionais no Programa do PóloOleoquímico de Plantas Aromáticas e Medicinais-RS apontam para asinterações da universidade com o setor produtivo e governos locais. Ogoverno local do município de Campestre da Serra – localidade onde estáinstalado o Centro de Transferência de Tecnologia e Treinamento de Produ-tores Rurais de Campestre da Serra – é um dos casos inseridos nas articula-ções regionais no âmbito deste programa.

Em Campestre da Serra, 80% dos produtores rurais são classificadoscomo minifundiários, localizados em relevo irregular de difícil mecaniza-ção. Na concepção dos formuladores do Programa do Pólo Oleoquímico dePlantas Aromáticas e Medicinais-RS (do Instituto de Biotecnologia, Univer-sidade de Caxias do Sul), esses pequenos agricultores, vocacionados parapequenas culturas, seriam potencialmente ideais para a produção de plan-tas aromáticas.

A formulação do programa aborda a necessidade de resolver a defasa-gem do setor agrícola, o êxodo rural, prevendo, para tanto, ações dereconversão agrícola, visando ao aumento de produtividade e de qualidade

162 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

do produto final (Rio Grande do Sul, 1995). O processo de transformaçãonos padrões produtivos na pequena produção familiar na zona minifundiáriado município principalmente é composto por duas etapas. Na primeira – ada diversificação –, o governo local incentiva a passagem da tradicionalviticultura para a fruticultura, hortigranjeiros e flores com os objetivos deincrementar a geração de novos ganhos do trabalho familiar (agregação devalor), reduzir o êxodo rural e, mesmo, atrair o retorno de jovens à peque-na agricultura familiar.

Na segunda etapa das transformações nos padrões produtivos, segue-se o cultivo experimental de plantas aromáticas. Essa etapa se insere noprocesso de reestruturação produtiva via inovação tecnológica gerada noâmbito do Programa do Pólo Oleoquímico de Plantas Aromáticas e Medici-nais-RS, em aliança estratégica do governo local com a Universidade deCaxias do Sul.

No projeto de plantas aromáticas, a segunda etapa de incentivos a trans-formações de padrões produtivos agrícolas – a reestruturação produtiva –, aação do governo local é ampliada a partir da articulação regional no âmbito doConselho Regional de Desenvolvimento e da inserção conveniada em pro-gramas previamente existentes na Universidade de Caxias do Sul na área debiotecnologia. O processo de regionalização da universidade (Pozenato, 1992,p. 9-12; Universidade de Caxias do Sul, 1992, 30 p.) implica o aprofundamentode suas relações com os governos locais, o que resulta, no caso de Campes-tre da Serra, na implantação do Centro de Transferência de Tecnologia eTreinamento de Produtores Rurais de Campestre da Serra.

A reestruturação parcial – em caráter experimental – da pequena agri-cultura familiar e pequena pecuária em terras de campo passa a dar-se coma introdução do cultivo de plantas aromáticas em áreas cujas característicasatendam ao critério da necessidade da inserção de pequenos agricultoresem processo de empobrecimento, em função tanto da monocultura (uva,soja) como da pequena pecuária e do êxodo rural no programa.

163SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

Os recursos humanos e de conhecimento (entre os elencados porBoisier, 1997) com que conta o território local de Campestre da Serra evi-denciam-se principalmente à medida que a gestão do governo local empre-ende ações que buscam implementar ações de diversificação e dereestruturação produtiva a partir da articulação do local com os grandescentros inovadores de padrões produtivos no Exterior (Estados Unidos, Itá-lia, Israel, Uruguai, Argentina).

Os recursos do território apontam, da mesma forma, para a experiên-cia acumulada da pequena agricultura familiar, para a capacidade produtivado pequeno estabelecimento, além das condições naturais, como omicroclima apropriado para o cultivo de frutas. Os investimentos do gover-no local são de pequenos montantes, porém inovadores no sentido deimplementar no lugar pequeno – na microlocalidade –, distante dos centrosde poder de Estado, ações inovadoras que passam a diferenciar o local dosdemais.

Os investimentos financeiros do governo local em tecnologia, especi-ficamente no Centro de Transferência de Tecnologia e Treinamento deProdutores Rurais de Campestre da Serra, perfazem o perfil de pequenoprojeto.5 Tal dimensão de pequenos investimentos, porém de significadosnovos, localiza-se no escopo das concepções assumidas nas teses do Fórumdos Conselhos Regionais de Desenvolvimento. Para essas teses, os lugaresinserem-se numa crescente participação nas microdecisões, nasmicropolíticas e nos pequenos projetos, que levam à definição e à consti-tuição de múltiplos modelos e múltiplas formas de inserção de cada con-junto no processo global de desenvolvimento (Conselhos, 1999, p. 33).

As organizações civis locais, de caráter associativo, em Campestre daSerra, atuantes no município e envolvidas com a diversificação da pequenaprodução frutícola e com o Programa Oleoquímico, são, respectivamente,

5 O maior valor investido pela Prefeitura Municipal foi o de R$ 50.000,00 em 1994 para a aquisição de terreno, trator e esteira.Em 1998 o valor foi de apenas R$ 1.694,70 para aquisição de equipamentos e serviços diversos (Fonte: Prefeitura Municipal deCampestre da Serra).

164 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

o Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Campestre da Serra e aAssociação dos Produtores de Plantas Aromáticas – Appam.

O Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Campestre da Ser-ra é uma organização associativa de caráter civil, fundada em 14 de marçode 1991. Sua fundação com trinta integrantes (e a partir de 1994 com maisde duzentos e cinqüenta sócios, a maioria pequenos agricultores) tem comoobjetivo a instituição de apoio e desenvolvimento ao município. Citadocomo um projeto ao qual se vincula a emancipação do distrito em 1991, oConselho é fundado como exigência do Fundo de Desenvolvimento Co-munitário – Fundec – do Banco do Brasil, para a obtenção de financiamentode infra-estrutura de apoio aos agricultores, frigorificação e comercializaçãoda produção frutífera do município. Esse Conselho é uma das formasassociativas existentes no município, porém diretamente vinculado à ex-pansão e melhoria da fruticultura.

A Associação dos Produtores de Plantas Aromáticas, uma entidadeautônoma, pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, considera,em meados da década de 90, que aquele seria o momento para incentivaros produtores de plantas aromáticas e medicinais. As justificativas pren-dem-se, então, aos fatos da inexistência no mundo, tampouco no Brasil, dequantidades suficientes para a demanda da extração do óleo de plantasaromáticas e medicinais (Appam, s.d., p. 1).

Essa associação, no entanto, além de aglutinar um pequeno númerode cultivadores, ao contrário das expectativas iniciais do programa, não éconstituída por agricultores minifundiários, mas por pequenos pecuaristascom uma tradição agrícola muito diferenciada daquela dos agricultoresminifundiários. Os pequenos fazendeiros que iniciam as atividades no pro-jeto são proprietários de áreas que variam entre 48 a 400 hectares. O Sítioda Amizade, na localidade de Guacho, por exemplo, é a primeira pequenafazenda a adotar o cultivo de alecrim. Este estabelecimento em terras decampo, na zona de transição campo-colônia, caracteriza-se tanto pela pe-

165SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

quena agropecuária familiar como pelo alto êxodo rural familiar e pelainviabilidade da pequena agricultura.

As articulações no âmbito das ações do Programa Oleoquímico nolugar, através do governo local do município de Campestre da Serra aoCorede Serra, Pólo de Modernização Tecnológica e Universidade de Caxiasdo Sul, apontam para as relações político-institucionais locais com as instân-cias intermediárias regional-locais. Tais articulações a essas instâncias re-presentativas do poder hegemônico regional e suas respectivas capacidadestécnico-científicas localizadas em Caxias do Sul apontam para a escala regio-nal-local como a instância política e tecnicamente viabilizadora de açõesinovadoras em tecnologia, como as do governo local de Campestre da Ser-ra, além dos recursos repassados pela Secretaria de Ciência e Tecnologiapara os laboratórios da universidade.

O Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul busca,através de suas pesquisas, resolver problemas regionais e transferirtecnologias. Valendo-se da experiência adquirida com o grupo deFarmacognosia e Produtos Naturais da Facultad de Química da Universidadde La Republica Oriental del Uruguay, na área de óleos essenciais, o insti-tuto tem desenvolvido várias linhas de trabalho relacionadas com as plantasaromáticas. Em particular, uma linha de pesquisa encontra-se focalizada nodesenvolvimento de tecnologias de produção, avaliação e transferência parao setor produtivo-industrial de produtos e processos de interesse econômi-co no setor oleoquímico de plantas aromáticas e medicinais (Universidadede Caxias do Sul, 1999, p. 3).

As atividades de pesquisa são conduzidas no Instituto de Biotecnologia,num conjunto de laboratórios, por um quadro de pesquisadores responsá-veis pelo Programa Oleoquímico e pela coordenação do programa de pós-graduação (Mestrado) próprio da Universidade de Caxias do Sul, no total denove pesquisadores. Os investimentos financeiros e disponibilização da infra-estrutura no programa demonstram que a Universidade de Caxias do Sul

166 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

tem participação majoritária nos investimentos diretos e indiretos, em com-paração aos efetuados pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado doRio Grande do Sul.6

Para Wanderley M. da Costa, ex-diretor geral da organização socialBioamazônia e criador do Probem – Programa Brasileiro de Ecologia Molecularpara o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia –, o ProgramaOleoquímico do Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias doSul é a única experiência do gênero no país, já que não existe nenhum pólode biotecnologia com tais características. Para Costa:

O Bio-Minas e o Bio-Rio, por exemplo, concentram-sena área farmacêutica, enquanto o do Ceará, emfitoterápicos. Os demais, liderados pela Embrapa, estãona área dos alimentos convencionais. O que está sendoconstruído em Manaus (pela Bioamazônia) é o únicoplanejado para atuar em todas as áreas, isto é, dos far-macêuticos, fitoterápicos, aromatizantes, flavorizantes,insumos para cosméticos, etc. Até o momento, entre-tanto, o de Caxias é o mais avançado projeto no setor(depoimento; 21 nov. 2001).

Os convênios de cooperação técnico-científica – indicadores da densi-dade organizacional – entre o Instituto de Biotecnologia, universidades, em-presas privadas e órgãos públicos representam a articulação extra-regionalpara qualificar e viabilizar procedimentos técnico-científicos e comerciais. Asatribuições da “Universidad de la República – Montevidéo”, no programa,são de disponibilizar tecnologias de análises laboratoriais.

As atribuições da Unicamp consistem na caracterização dos óleos es-senciais de espécies de plantas já cultivadas e/ou a serem introduzidas naSerra gaúcha, através da identificação e quantificação dos seus principaiscomponentes, além de estudos de mercado (Unicamp, 25 jun. 1997). As

6 Entre 1996 e 1999, os investimentos no Programa Pólo Oleoquímico foram nos montantes de R$ 802.991,00 pela Universidadede Caxias do Sul e de R$ 449.275,00 pela Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. (Fonte: Processos da Secretaria de Ciênciae Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul, de 1995 a 1998).

167SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

atribuições da PUCRS (Porto Alegre) são de capacitação e desenvolvimentode processos de extração de óleos essenciais a partir de plantas aromáticase/ou matérias-primas de natureza vegetal (PUC/UCS, 4 jun. 1999). Asempresas privadas que passam a atuar no programa perfazem tanto o uni-verso de fornecedores de sementes como o de capitais locais entrantes noramo de óleos essenciais. O Estado, nas escalas estadual e federal, tem-semostrado presente nesse programa com recursos de incentivo à pesquisacientífica.

Apesar de a experiência em Campestre da Serra com pequenospecuaristas dissociar-se das asserções originais do programa, de ser adequa-do para minifúndios, o mesmo se encontra em expansão em áreasminifundiárias no município de Morro Reuter (região do Corede Paranhana),70km ao sul de Caxias do Sul. Neste sentido, o governo local tem incenti-vado o cultivo de lavanda junto a um grupo de mais de sessenta pequenosagricultores, com a distribuição de mais de trinta mil mudas vindas da Fran-ça, como uma alternativa ao cultivo da batata-inglesa, produto de baixoganho para o pequeno agricultor.

Os projetos do governo local de Morro Reuter são a extração de óleose essências e a instalação de uma minidestilaria e atração turística. O gover-no local paga a metade do valor das mudas. O prefeito municipal busca omodelo no sul da França onde a lavanda e seus derivados são grandes atra-ções turísticas, e em Bariloche, na Argentina. “Estamos numa rota turística,entre Caxias e Porto Alegre e próximos de Gramado e Canela. Vamos ingressarnela” (Pólo, 27 out. 1999, p. 4).7 O cultivo de plantas essencieiras e a suaextração encontram-se em processo de expansão, envolvendo vários go-vernos locais, o que aponta para a importância dos governos locais na difu-são de inovações tecnológicas. Conforme a imprensa, está ocorrendo aformação de núcleos identificados com determinadas espécies – o carro

7 “As esperanças dos agricultores são de abastecer o mercado nacional. O quilo do óleo da planta híbrida é vendido no mercadomundial a US$ 44,21. O preço da lavanda pura, que já floresce em Morro Reuter, salta para US$ 122,23. Diante dos custos de cultivo,a previsão é de que somente em 2001 seja ampliada a área de cultivo e se iniciem as vendas” (Cardoso, 13 fev. 2000, p. 31).

168 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

chefe de Campestre da Serra será o alecrim; de Morro Reuter, lavanda; deLagoa Vermelha, camomila; de Três Passos, citronela; de Caxias do Sul,sálvia e menta (Pólo, 27 out. 1999, p. 4).

O Programa Escola de Agroindústria Fazenda Souza

O Programa Escola de Agroindústria tem como principal finalidade adifusão de tecnologias de produção, industrialização, administração egerenciamento de pequenas e médias agroindústrias, promovendo e pro-porcionando a profissionalização do agricultor, na concepção de seusformuladores. Seu objetivo é proporcionar maior número de opções deganhos ao pequeno agricultor (agregação de valor à produção), permitindotambém o aproveitamento industrial dos excessos e resíduos da produção,sem acarretar impactos negativos ao ambiente.

As estruturas existentes nas pequenas propriedades para a fabricaçãode vinho poderiam, na concepção original do projeto, com algumas modifi-cações e treinamento de pessoal, adaptar-se ao fabrico de doces caseiros,como geléias ou doces em pasta, sucos, molhos e picles e até desidratados.“Na região da Serra, que sempre serviu de modelo de desenvolvimento paraa pequena propriedade, é de vital importância a sua industrialização, seja deforma individual ou através dos condomínios rurais” (Conselho Regional deDesenvolvimento, 1993, p.94-96).

O Programa Escola de Agroindústria em Fazenda Souza, ao promovera agregação de valor ao trabalho na pequena propriedade, não se caracteri-za, no entanto, como de inovação tecnológica, mas como de inovação detécnicas de agroindustrialização. O programa contém grande número deatores institucionais presentes, o que reforça a tese das articulações regio-nais e de escalas de poderes, em alianças estratégicas entre organizaçõescivis e instituições públicas em escalas diferentes, locais, regional-locais enacional, nos pequenos projetos de desenvolvimento.

169SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

Para a implementação desse programa, forma-se um grupo de traba-lho multi-institucional de técnicos e pesquisadores da Universidade de Caxiasdo Sul; Universidade Federal de Pelotas; Centro de Pesquisa de Fruticulturade Clima Temperado da Embrapa – Pelotas; Emater – setor de agroindústria;Secretaria Municipal de Caxias do Sul e Estação Experimental de Caxias doSul, para promover a pesquisa e transferência de tecnologia da agroindústriaaos agricultores da região Nordeste do estado.

As atribuições do governo local de Caxias do Sul (na gestão Vanin &Spiandorello, 1993-1996)8 em apoio ao programa de agroindústria compro-metem-se com a construção de instalações neste centro. Além dos investi-mentos em obras de infra-estrutura, as atribuições do governo local de Caxiasdo Sul, entre outras, são de caráter didático dos cursos e seleção, no municí-pio e região, de agricultores, com participação como membro do Colegiadodo Conselho Técnico-Administrativo (Rio Grande do Sul, 11 out. 1998). AEmater, em conjunto com a Prefeitura Municipal, assume as atribuições deexecução das obras de implantação da agroindústria e da organização dosgrupos de técnicos extensionistas e produtores rurais a serem treinados.

Já na escala do governo estadual, à Emater e à Ascar cabe, em conjun-to com a Estação Experimental de Caxias do Sul/Fepagro, a promoção decursos para os agricultores selecionados. As atribuições da Secretaria deCiência e Tecnologia são de prestar apoio institucional para execução doscursos, visando maximizar o processo de aprendizagem no Centro de Trei-namento de Agricultores em Fazenda Souza e colaborar com os demaispartícipes na articulação com instituições públicas e privadas, nacionais e/ou internacionais, objetivando a obtenção de recursos financeiros, materi-ais e humanos, que possam contribuir para a execução do objeto do convê-nio (Rio Grande do Sul, 11 out. 1998j).

A atual administração da Frente Popular no município de Caxias do Sul(1997/2000; 2000-2003) desenvolve o Projeto Copas para a promoção da8 A gestão 1993-1996, tendo à frente o prefeito Mário Vanin e o vice-prefeito, Francisco de Assis Spiandorello, é eleita atravésda coligação da UDC - União Democrática por Caxias, composta pelos partidos PL, PTB, PSDB e PFL.

170 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

agroindustrialização. A ação baseia-se no estímulo ao surgimento daagroindústria de pequeno porte com inspeção municipal, aproveitando oconhecimento dos agricultores na produção de produtos coloniais. O obje-tivo é, da mesma forma que o Programa Escola de Agroindústria FazendaSouza, agregar valor aos produtos agrícolas, garantindo maior renda aos agri-cultores, gerar emprego e, conseqüentemente, melhorar a qualidade devida dos produtores.

O Projeto Copas ocorre através do financiamento do fundo rotativo mu-nicipal, assistência técnica e de comercialização, cursos de agroindustrialização,inspeção municipal e a redução da burocracia e custos na implementação daagroindústria (Caxias do Sul, s.d.). O projeto visa retirar os pequenos produto-res da ilegalidade e proporcionar a manutenção do trabalho e incremento darenda.

O Programa Escola de Agroindústria em Fazenda Souza, ao promovera difusão de técnicas de agroindustrialização entre pequenos agricultores,faz isso de forma a incorporar um conjunto de atores representativos deinstituições públicas e organizações civis. Ao mesmo tempo, incorpora, nasações, investimentos e recursos da universidade comunitária privada, dogoverno local e estadual e recursos de conhecimentos de universidades ecentros de pesquisa públicos federais. As ações do Projeto Copas dão-sepela iniciativa do governo local, que, assim, dá prosseguimento à mesmalinha de ação – a agregação de valor à pequena produção agrícola –, res-guardada a dimensão da gestão que se restringe a ações do Estado na escalalocal, apoiado pelo Orçamento Participativo do Município de Caxias do Sul.

O programa Sociedade Incubadora de empresas de basetecnológica de Caxias do Sul

A criação e implementação do Programa Sociedade Incubadora deEmpresas de Base Tecnológica de Caxias do Sul – uma sociedade civil, de

171SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

direito privado, sem fins lucrativos – acontece no âmbito de uma estratégiade desenvolvimento que privilegia a inovação de processos, ao mesmotempo em que cria as condições para favorecer o aparecimento de novasempresas e de novos produtos com maior densidade tecnológica. Tal estra-tégia é implementada pela organização local Câmara da Indústria, Comér-cio e Serviços de Caxias do Sul, governo local, organização regional Funda-ção Universidade de Caxias do Sul e governo do Estado. Trata-se de umprograma com alta densidade organizacional, que procura desenvolver açõesno sentido da modernização da região da Serra para competir em igualdadede condições com outras regiões. Os projetos preferenciais localizam-senas áreas de eletroeletrônica, informática, metal-mecânica, biotecnologia enovos materiais.

Na concepção do programa da Sociedade, consubstanciam-se os ob-jetivos regionais do Pólo de Modernização Tecnológica da Serra, os quaisprivilegiam a inovação de processos, articulando os setores privado, públicoe técnico-científico no desenvolvimento de pesquisa de interesse regionale de processos de transferência de tecnologia. Um dos objetivos do PMT-Serra é incentivar a inovação do tecido industrial, tanto pela transferênciade tecnologia às empresas já existentes quanto pela criação de novas em-presas de base tecnológica (Pólo de Modernização Tecnológica da Serra/Universidade de Caxias do Sul, 1997, p. 7).

Para Cabral (1998, p.303-311), o modelo de gestão da SociedadeIncubadora não é comum. De forma diferente dos convênios, a responsa-bilidade de cada parceiro é assumida por tempo indeterminado e definitiva-mente solidária. A aliança estratégica entre a Fundação Universidade deCaxias do Sul, o governo local de Caxias do Sul e a Câmara de Indústria,Comércio e Serviços envolve comprometimentos mútuos. Estes visam pro-piciar condições que favoreçam a criação e consolidação de micro e peque-nas empresas, a promoção do desenvolvimento socioeconômico da cidadee região, o aumento da renda e a criação de novas oportunidades de traba-

172 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

lho, por meio da implantação de atividades que aproveitem os recursos epotencialidades locais.

Para a consecução de tais objetivos, a Fundação da Universidade, oMunicípio e a CIC comprometem-se, em meados da década de 90, a bus-car fontes de financiamento e a realizar ações que visam materializar ainovação das empresas nascentes e das já existentes que necessitem atingirnível tecnológico e gerencial mais moderno e competitivo (Universidadede Caxias do Sul, 1996). As competências das organizações e do governolocal de Caxias do Sul consistem em contribuir com recursos para a Socie-dade Incubadora Tecnológica.

O governo local apóia as iniciativas de implantar-se a Sociedade Incu-badora Tecnológica desde 1992, com base no exame da experiência dastecnópoles francesas. A partir de então, o governo local assume a responsa-bilidade de tornar-se um dos atores empreendedores do projeto, apostan-do na mudança de enfoque do poder público sobre a necessidade de apoioa empreendimento dessa natureza.

Os recursos financeiros, diretos e indiretos, investidos na Sociedadeprovêm majoritariamente da Fundação Universidade de Caxias do Sul e doPrograma dos Pólos Tecnológicos da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Aparticipação do governo local é minoritária, limitada ao estipulado pela leianual do Orçamento do Município de Caxias do Sul.

Os três programas examinados no âmbito do Pólo de ModernizaçãoTecnológica da Serra demonstram a multiplicidade de poderes locais, arti-culados à escala regional-local, principalmente no sentido de implementarprogramas de caráter reestruturante. Tais programas, no âmbito do Pólo deModernização Tecnológica, da Universidade de Caxias do Sul e do CoredeSerra, não compõem, todavia, todo o universo de ações inovadoras. Taisações ou estratégias de bloco (Borba, 1999) compõem-se de uma gamamaior, implementadas pelas organizações privadas empresariais, com arti-culações diversas com vários atores e escalas de poder. Em tais ações inova-

173SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

doras, o governo local e a universidade encontram-se invariavelmente pre-sentes. Entre esta ampla gama, tem relevância o Pólo de Mecatrônica eAutotrônica.

O Pólo de Mecatrônica e Autotrônica em Caxias do Sul, por exemplo,é resultado de ações das organizações privadas – CIC, em alianças estraté-gicas com o Senai/Fiergs, Fundação Universidade de Caxias do Sul e gover-no local. Este assume basicamente as ações de apoio político e de forneci-mento de obras de infra-estrutura física, o que se evidencia em pequenaparticipação em termos de valores-investimento. No entanto, a alegação éde que o governo local tem “(...) uma participação muito importante. Mes-mo porque o poder local, o município e outras entidades da sociedade, nocaso específico aqui a Câmara da Indústria e Comércio, sempre fizeram umtrabalho muito entrosados, permanentes” (Vanin, ex-prefeito de Caxias doSul, entrevista, mar. 2000).

Para Borba, o empresariado caxiense tem investido no que conceituade estratégias de bloco, isto é,

(...) aquelas que visam ao desenvolvimento de todo oparque industrial e de suas empresas como um conjun-to articulado: o Centro Tecnológico de Mecatrônica (eCentro de Autotrônica), a Escola Técnica de Moda (naUCS) e Centro Tecnológico da Indústria Moveleira(Cetemo) em Bento Gonçalves (1999, p. 48).

As estratégias de bloco são aquelas que se relacionam por similarida-de e pela origem comum nas ações no empresariado e na ação conjuntaentre estes e a universidade. Esse conjunto de ações pode ser classificadocomo reestruturantes por incidir sobre a criação de infra-estruturas estraté-gicas na perspectiva de construção de ambientes competitivos. Nesse sen-tido, as estratégias de bloco aproximam-se das ações do Pólo de Moderni-zação Tecnológica da Serra com ações imbricadas entre si, tendo, porém,especificidades distintas de atuação.

174 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

Considerações finais

Ao se analisarem algumas ações estratégicas implementadas pelo Es-tado (poder público estadual e municipal) e por organizações da sociedadecivil, especificamente no que tange às políticas públicas de Ciência eTecnologia no estado do Rio Grande do Sul enquanto políticas territoriais,evidencia-se um conjunto de atores hegemônicos na região e nos locais depesquisa envolvidos com ações de inovação tecnológica – o empresariado.Um dos dados novos revelado na análise é o Estado na escala local: osgovernos locais, que passam a assumir tais ações enquanto política públicaassociada a organizações civis.

Descentralização política e desenvolvimento local, aqui tomados comoações do Pólo de Modernização Tecnológica da Serra, encontram-se efeti-vamente associados. O caso examinado confirma as asserções de Boisier eSabatini et al. (1994, p. 351-389), de que a descentralização, particularmen-te a descentralização territorial, é uma condição necessária para a obtençãoda transformação produtiva.

Entretanto, há que se considerar que os lugares refletem com toda aintensidade as assimetrias do poder local, as idiossincrasias e as disputas emtorno de projetos hegemônicos. O empresariado da região compõe umconjunto de atores capaz de articular uma vasta região em seu entorno,demonstrando articulações políticas, capacidade de atração de investimen-tos oriundos de processos políticos descentralizantes, como é o caso doPrograma dos Pólos Tecnológicos da Secretaria de Ciência & Tecnologiapara seus territórios.

A descentralização político-administrativa e a redemocratização noBrasil, ao promoverem a reforma do Estado no sentido de transferir funçõese recursos – apontados agora como insuficientes pelos governos locais –, aomesmo tempo em que trazem estes governos para a atenção das popula-ções como o gestor mais próximo, expõem-nos aos cenários da abertura

175SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

econômica. Tradicionalmente envolvidos com os serviços urbanos, os go-vernos locais examinados têm tratado efetivamente de incorporar-se a açõesde caráter reestruturante, a partir de formas estratégicas como o Pólo deModernização Tecnológica da Serra, ou a agregar-se em projetos de altatecnologia do empresariado.

O empreendedorismo das gestões dos governos locais examinadosemerge como a capacidade de articular-se com os atores econômica epoliticamente hegemônicos do lugar. Tais ações tendem a imprimir novosusos aos territórios dos lugares, considerando-se que aquelas são dotadasde capacidades de difusão de inovações a partir de infra-estruturas estraté-gicas dotadas de conhecimento.

A alta densidade organizacional representada pelos programas analisa-dos demonstra, em boa medida, que os governos locais, muito emboraintegrados às ações de inovação, não são os principais atores enquanto in-vestidores. Tais investimentos têm sido oriundos da universidade comunitá-ria privada examinada e do Estado. Neste segundo caso, os aportes de fun-dos provindos de políticas públicas, examinadas entre 1991 e 1998, repre-sentam, no âmbito do Programa dos Pólos Tecnológicos, compatibilidadescom a capacidade de negociação dos atores locais/regionais e de fazer-serepresentar nos mecanismos de democracia participativa com projetos signi-ficativos no cenário das tendências das reestruturações produtivas e territoriais

Da mesma forma, os lugares examinados evidenciam também que setorna progressivamente sem sentido tomar-se o caso isolado do local – nocaso examinado, equivalente a municípios – considerando-se que a capaci-dade de aglutinação dos governos locais e das organizações sobre territóriosmais amplos confere-lhes capacidades competitivas, tendendo a diferenciá-los dos demais lugares. Nesse sentido, o aprofundamento dos investimen-tos industriais e dos recursos estratégicos (como as infra-estruturas físicas einformacionais) tende a agravar o cenário das desigualdades inter-regionaisno Rio Grande do Sul. Assim, as teses das descentralizações de poder não

176 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

correspondem às desconcentrações produtivas, pois aos arranjos político-territoriais não se seguem, nos tempos desejados, os arranjos econômico-espaciais. A territorialização da dinâmica política é mais lenta que a dinâmi-ca econômica.

Por fim, reconhece-se que a implementação das diversas capacidadesinovadoras nos lugares examinados enquanto uma das múltiplas dimensõesdas reestruturações econômicas e territoriais, exerce capacidades efetivasde mudanças de formas nos territórios. Tais dimensões reestruturadoras,concentradas no eixo Porto Alegre–Caxias do Sul apontam, no entanto,para a necessidade de geração de políticas públicas de aprofundamento dosprocessos políticos, de desconcentração de ciência e tecnologia nos diver-sos lugares do território estadual.

Referências

ANTONELLI, Cristiano; FERRÃO, João (coords.). Comunicação, conhecimentocolectivo e inovação. As vantagens da aglomeração geográfica. Lisboa: Instituto deCiências Sociais da Universidade de Lisboa, 2001.227 p.

ASSOCIAÇÃO dos Produtores de Plantas Aromáticas e Medicinais de Campestreda Serra (Appam). Estatuto. Campestre da Serra, 1997. 9 p.

BANDEIRA, Pedro Silveira. A economia da região Sul. In: AFFONSO, Rui de BrittoÁlvares; SILVA, Pedro Luis. (Orgs.). Federalismo no Brasil. Desigualdades regionaise desenvolvimento. São Paulo: Fundap/Unesp. 1995. p.225-251.

BARQUERO, Antonio Vázquez. Desenvolvimento endógeno em tempos deglobalização. Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística; UFRGS Editora,2001. 278 p.

BECERRA, José Luis Moreno. Innovación tecnológica y desarrollo regional: haciauna más eficaz interrelación universidad-sociedad. In: Territorios entransformación: análisis y propuestas. Madrid: Fondo Europeo de Desarrollo

177SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

Regional/Consejo Nacional de Investigaciones Científicas, 1994. p 523-544.

BECKER, Bertha K.. O uso político do território: questões a partir de uma visão doterceiro mundo. In: BECKER, Bertha K.; COSTA, Rogério H. da.; SILVEIRA, Carmen B..(Orgs). Abordagens políticas da espacialidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 1983. p. 1-8.

BECKER, Bertha K.. A crise do Estado e a região – a estratégia da descentralizaçãoem questão. In: BECKER, Bertha K. (Org). Ordenação do território: uma questãopolítica? Exemplos da América Latina. Rio de Janeiro: UFRJ, 1984. p. 1-36.

BECKER, Bertha K.. A geografia e o resgate da geopolítica. Revista Brasileira deGeografia, Rio de Janeiro, v. 50, t.2, p. 99-125,1988. Número especial.

BECKER, Bertha K.. Modernidade e gestão do território no Brasil: da integraçãonacional à integração competitiva. Espaço e Debates. São Paulo, nº 31, p. 47-56,1991.

BECKER, Bertha K.. A geopolítica na virada do milênio: logística e desenvolvimentosustentável. In: CASTRO, Iná E. de et al. (Orgs). Geografia: conceitos e temas. Riode Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 271-307.

BENKO, Georges. Economia, espaço e globalização na aurora do século XXI.São Paulo: Hucitec, 1996. 266 p.

BOISIER, Sérgio; SABATINI, Francisco et al. La descentralización: el eslabón perdidode la cadena; transformación productiva con equidad y sustentabilidade. In: Territoriosen transformación. Análisis y propuestas. Madrid: Fondo Europeo de DesarrolloRegional/Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1994. P. 351-389.

BOISIER, Sérgio; LIRA, Luis et al. Sociedad civil, actores sociales y desarrolloregional. Santiago de Chile: Ilpes/Cepal, 1995. 59 p.

BOISIER, Sérgio. Em busca do esquivo desenvolvimento regional: entre a caixa-preta e o projeto político. Planejamento e políticas públicas. Rio de Janeiro, nº13, p. 111-145, jun. 1996.

BOISIER, Sérgio. El vuelo de una cometa. Una metafora para una teoría deldesarrollo territorial. Santiago do Chile: Ilpes/Cepal, 1997. 34 p.

178 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

BOISIER, Sérgio. Desarrollo (local): de qué estamos hablando. In: BECKER, Dinizar;BANDEIRA, Pedro S. Desenvolvimento local-regional. Determinantes e desafioscontemporâneos. Vol 1. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000. p. 151-185.

BORBA, Sheila V. Impactos sociais e territoriais da reestruturação econômicano Rio Grande do Sul. Impacto urbano das transformações da economia industri-al na Região Nordeste do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: FEE, 1999.108 p.

BRAGA, Tania Moreira. “Desenvolvimento local endógeno” e suas aplicações naformulação de políticas municipais. In: Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, 8, maio 1999,Porto Alegre. Anais. Porto Alegre: Propur/UFRGS, 1999. 1 CD.

BREITBACH, Aurea C. O desenvolvimento da região de Caxias do Sul. In: Anais.ENCONTRO ESTADUAL DE GEOGRAFIA. Os novos contextos urbano-industriaise turísticos, 21, Caxias do Sul, junho 2001. Caxias do Sul: EDUCS / AGB, 2001,p.113-125.

CABRAL, Rosângela I. Incubadora Tecnológica de Caxias do Sul: uma experiênciamultiinstitucional de implantação. In: Anais. SEMINÁRIO NACIONAL DE PAR-QUES TECNOLÓGICOS E INCUBADORAS DE EMPRESAS, 8, Belo Horizonte, set.1998. Belo Horizonte: Anprotec, 1998, p. 303-311.

CAMPIS, Luiz Augusto Costa. O Pólo de Modernização Tecnológica do Vale do RioPardo. Uma análise crítica. Redes, Santa Cruz do Sul, v. 2, nº 1, p. 9-36, jul. 1997.

CARDOSO, Fabrício. Morro Reuter cobre os campos de lavanda. Zero Hora,Porto Alegre, 13 fev. 2000, p. 31.

CASTRO, Iná E. de. O problema da escala. In: Geografia: conceitos e temas. Riode Janeiro: Bertrand-Brasil, 1995. p.117-140.

CAXIAS DO SUL. Cadastro rural do município de Caxias do Sul. Caxias do Sul:Prefeitura Municipal, 1996, 18 p.

CESARO, Nestor Henrique de. Avaliação de impactos do projeto de pisciculturado Pólo de Modernização Tecnológica do Médio Alto Uruguai. 2000. Disserta-ção (Mestrado em Administração). Programa de Pós Graduação em Administra-

179SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

ção, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

CONSELHO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA SERRA. Projeto desenvolvi-mento da agroindústria da região Nordeste do Estado. Caxias do Sul, 1993. 29 p.

CONSELHO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA SERRA. Uma trajetória departicipação de 1991-1998. Caxias do Sul: Gráfica da UCS, 1998. 160 p.

CONSELHOS REGIONAIS DE DESENVOLVIMENTO DO RIO GRANDE DO SUL.Pró-RS: estratégias regionais pró-desenvolvimento do RS. Lajeado: Fates Editora,1999. 92 p.

COSTA, Wanderley M. O Estado e as políticas territoriais no Brasil. São Paulo:Edusp/Contexto, 1988.83 p.

COUTINHO, Luciano; FERRAZ, João Carlos. Estudo da competitividade da in-dústria brasileira. 3ª ed., Campinas: Papirus/Editora da Unicamp. 1995. 510 p.

DINIZ, Clélio Campolina Reversión de la polarización y reconcentración regionalen Brasil. In: Territorios en transformación. Madrid: Fondo Europeo de DesarrolloRegional/Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1994. p. 239-265.

FELDMAN, Maryann P.; FLORIDA, Richard. The geographical sources ofinnovation: technological infrastructure and product innovation in the UnitedStates. Annals of the Association of American Geographers, v. 84, nº2, p. 210-229, 1994.

FERRÃO, João. Colectividades territoriais e globalização: contributos para umanova acção estratégica de emancipações. Inforgeo. Lisboa: nº9-10, p. 65-75,1995.

FERRÃO, João. Educação, sociedade cognitiva e regiões inteligentes: uma articula-ção promissora. Inforgeo. Lisboa, p. 97-104, 11 dez. 1996.

FERRAZ, João Carlos et al. Made in Brazil. Desafios competitivos para a indústria.Rio de Janeiro: Campus. 1995.386 p.

FIORI, José Luis. Em busca do dissenso perdido. Ensaios críticos sobre a festejadacrise do Estado. Rio de Janeiro: Insight Editorial, 1995. 245 p.

180 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

FRANCO, Maria Estela dal Pai. A produção de pesquisa no Rio Grande do Sul.Uma questão político-educacional In: FRANCO, Maria Estela Dal Pai (org). Uni-versidade, pesquisa e inovação: o Rio Grande do Sul em perspectiva. PassoFundo: Ediupf, Porto Alegre: Edipucrs, 1997. p. 19- 46.

FRANCO, Maria Estela dal Pai (Coord.). Condições de produção de pesquisa:quadro das universidades do Rio Grande do Sul. Ijuí: Ed Unijuí, 1998. 253 p.

GUIMARÃES NETO, Leonardo. Estudo sobre a questão regional: pequeno ba-lanço da segunda metade dos anos 80 e da primeira metade dos anos 90. Curitiba:Ilpes/Ipardes, 1995. 13 p.

HANEFELD, Alexandro Oto. Pólos de modernização tecnológica e desenvolvi-mento regional: o caso do Pólo de Modernização do Vale do Rio Pardo, RioGrande do Sul, Brasil. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002. 105 p. (Série conheci-mento. Teses e dissertações; 11)

HERÉDIA, Vânia. Novos contextos urbano-industriais. In: ENCONTRO ESTADUALDE GEOGRAFIA. Anais. Os novos contextos urbano-industriais e turísticos, 21,Caxias do Sul, junho 2001.Caxias do Sul: EDUCS / AGB, 2001, p.327-335.

KIRAT, Thierry; LUNG, Yannick. Innovation and proximity. Territories as loci ofcollective learning processes. European Urban and Regional Studies, London, v.6, nº1, p. 27-38, 1999.

LAHORGUE, Maria Alice. Economia Regional. UFRGS, 1999. Notas de curso.

LEFEBVRE, Henri. Espacio y política. Barcelona: Ediciones Península, 1976. 159 p.

LIMA, M. A. Barbosa; FRACASSO, E. M. Impacto de Programa Público de Inova-ção Tecnológica no Desenvolvimento Sustentável Regional. In: XXII SIMPÓSIODE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Salvador, 6 a 8 de Novembro 2002.1 CD Rom.

MAILLAT, Denis. Milieux innovateurs et nouvelles genérations de politiquesregionales. In: Políticas de inovação e desenvolvimento regional e local. Lisboa:Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 1997. p. 13-30.

MARTIN, José Carpio. El desarrollo local. Claves para la promoción del desarrollo.

181SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

São Paulo: USP/FFLCH, 1996. 23 p.

MATTOS, Carlos. La crisis de la enseñanza urbano-regional y la evolución de lasteorías del crecimiento económico. In: ENCUENTRO DE POSGRADOS SOBREDESARROLLO Y POLÍTICAS TERRITORIALES Y URBANAS DE LOS PAÍSES DELCONO SUR. Anais. 2 Montevidéu, 1997. Secção Uruguaya de la RedIberoamericana de Investigadores sobre Globalizacion y Territorio. Montevidéu,21-22 ago.1997. 14 p.

NORTH, Douglas. Institutions, institutional change and economic performance.Cambridge Universtiy Press, 1990. 152 p.

POZENATO, José Clemente. Sobre o conceito de Universidade Regional. In: Uni-versidade de Caxias do Sul. A regionalização da Universidade: Conceitos e pers-pectivas. Caxias do Sul, 1992, p. 9-12.

PÓLO DE MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGICA DA SERRA/UNIVERSIDADE DE CAXIASDO SUL. Centro de Transferência de Tecnologia e Treinamento de ProdutoresRurais (fase I). Relatório final. Caxias do Sul: Corede Serra/UCS/IB, 1996. 25 p.

PÓLO DE MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGICA DA SERRA/UNIVERSIDADE DECAXIAS DO SUL. Projeto de implantação da Incubadora de Empresas de BaseTecnológica de Caxias do Sul. Caxias do Sul, jun. 1997. 24 p.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA/UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL.Termo aditivo nº 03 ao convênio de cooperação entre a Pontifícia Universida-de Católica do Rio Grande do Sul e a Universidade de Caxias do Sul. PortoAlegre, 4 jun. 1999. 5 p.

PÓLO oleoquímico se espalha por municípios gaúchos. Correio Riograndense.Caxias do Sul, 27 out. 1999. p. 4

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993. 269 p.

RIO GRANDE DO SUL. Convênio que entre si celebram, de um lado, o Estadodo Rio Grande do Sul, com interveniência da Secretaria de Ciência e Tecnologiae da Secretaria da Coordenação e Planejamento e, de outro lado, a FundaçãoUniversidade de Caxias do Sul, visando à conjugação de esforços e recursos

182 SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

para continuidade de programas do Pólo de Modernização Industrial da Re-gião da Serra. Porto Alegre: Secretaria de Ciência e Tecnologia, 28 nov. 1995. 6 p.

RIO GRANDE DO SUL. Termo de Cooperação Interinstitucional que entre sicelebram a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, a Associ-ação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e ExtensãoRural - Emater/RS, juntamente com a Associação Sulina de Crédito e AssistênciaRural - Ascar, o Município de Caxias do Sul-Rs, a Universidade de Caxias do Sul,a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - Fepagro, visando ao funciona-mento de um Centro de Treinamento para Agricultores em Fazenda Souza,Município de Caxias do Sul. Porto Alegre: Secretaria de Ciência e Tecnologia,1998. 6 p.

ROSECRANCE, Richar. La expansión del Estado comercial. Comércio y conquis-ta en el mundo moderno. Madrid: Alianza Editorial, 1986. 261 p.

RÜCKERT, Aldomar A. Reforma do Estado e tendências de reestruturaçãoterritorial. Cenários contemporâneos no Rio Grande do Sul. 2001. 662 f. Tese(Doutorado) – FFLCH, Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana, Uni-versidade de São Paulo. São Paulo.

SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985. 88 p.

SCHNEIDER, Hermes. Pólos de modernização tecnológica: o caso do ProgramaRegional de Cooperação Científica e Tecnológica da região Noroeste do Estadodo Rio Grande do Sul. 1997. 158 f. Dissertação (Mestrado em Administração),Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal do RioGrande do Sul, Porto Alegre.

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL. A regionalização da Universidade: concei-tos e perspectivas. Caxias do Sul, 1992. 30 p.

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL. Protocolo de Intenções que entre si cele-bram a Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS), o Município de Caxiasdo Sul e a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC),visando a constituição de uma Incubadora de Empresas de Base Tecnológica.Caxias do Sul, 1996.

183SOCIOLOGIAS

Sociologias, Porto Alegre, ano 6, nº 11, jan/jun 2004, p. 148-183

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL. Pólo oleoquímico de plantas aromáticas emedicinais do Rio Grande do Sul. Caxias do Sul, 1999. 19 p.

UNICAMP. Termo aditivo nº 1 que entre si celebram a Universidade de Caxias doSul e a Universidade Estadual de Campinas com a interveniência administrativada Fundação de Desenvolvimento da Unicamp. Campinas, 25 jun. 1997. 10 p.

WILSON, Patricia A. Reconociendo la localidad en el desarrollo económico local.Revista Interamericana de Planificación, v. 28, nº 110, abr./jun. 1995. p. 9-15.

Resumo

O artigo analisa políticas territoriais, especificamente aquelas direcionadaspara o desenvolvimento endógeno com base local. O Programa dos Pólos deModernização Tecnológica da Serra da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Esta-do do Rio Grande do Sul tem sido implantado por Universidades comunitárias,principalmente, na década de 90. As ações dos atores coletivos civis, no sentido deimplantação de políticas de inovação no Pólo de Modernização Tecnológica daSerra na Universidade de Caxias do Sul, região de planejamento do ConselhoRegional de Desenvolvimento da Serra são analisadas especificamente nos muni-cípios de Caxias do Sul e Campestre da Serra.

Palavras-chave: políticas territoriais, desenvolvimento endógeno com base local,Pólo de Modernização Tecnológica da Serra, Caxias do Sul (RS), Campestre daSerra (RS).

Recebido: 05/01/2004Revisado: 20/01/2004

Aceite final: 13/03/2004