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SOCIEDADE EVANGÉLICA BENEFICENTE DE CURITIBA FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EVANGÉLICO DE CURITIBA INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS CARLOS HESPANHA MARINHO JUNIOR AVALIAÇÃO DOS EFEITOS CICATRICIAIS APÓS REVERSÃO DA CLIPAGEM DO NERVO SIMPÁTICO CERVICAL DE COELHOS CURITIBA 2016

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SOCIEDADE EVANGÉLICA BENEFICENTE DE CURITIBA

FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EVANGÉLICO DE CURITIBA

INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS

CARLOS HESPANHA MARINHO JUNIOR

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS CICATRICIAIS APÓS REVERSÃO DA CLIPAGEM

DO NERVO SIMPÁTICO CERVICAL DE COELHOS

CURITIBA

2016

CARLOS HESPANHA MARINHO JUNIOR

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS CICATRICIAIS APÓS REVERSÃO DA CLIPAGEM

DO NERVO SIMPÁTICO CERVICAL DE COELHOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Princípios da Cirurgia do Instituto de Pesquisas Médicas da Faculdade Evangélica do Paraná / Hospital Universitário Evangélico de Curitiba como requisito parcial para a obtenção do grau acadêmico de Doutor.

Orientador: Prof. Dr. Jurandir Marcondes Ribas Filho

Coordenador: Prof. Dr. Osvaldo Malafaia

CURITIBA

2016

DEDICATÓRIA

À minha esposa Melissa e aos meus filhos Júlia e Bruno.

AGRADECIMENTOS

Meu especial agradecimento a Deus, por suas lições de virtudes. Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho: - ao meu orientador, Prof. Dr. Jurandir Marcondes Ribas Filho, pelo seu verdadeiro papel de Mestre demonstrado no empenho e compromisso a mim destinados; - ao Prof. Dr. Osvaldo Malafaia, pela sua postura exemplar de médico e professor que muito me influenciou; - à equipe do Biotério da Universidade Positivo, especialmente a Profª Drª Thaís Costa Andrade Casagrande e aos técnicos Vanderlei Muller e Cirlei da Silva Pereira; - ao Instituto de Pesquisas Médicas (IPEM), que de forma tão cordial e solícita me acolheu; - à Universidade Positivo, que me disponibilizou seu biotério e centro cirúrgico experimental para que realizasse os procedimentos cirúrgicos; - aos meus amigos cujos laços de amizade nos unem como verdadeiros irmãos, que me ensinaram a fazer uso do malho, do cinzel e da régua, sempre procurando ser justo e buscando a perfeição; - aos meus pais, Carlos e Denize que sempre procuraram me mostrar o caminho mais correto, mesmo sabendo que poderá ser o mais longo; - à minha esposa Melissa, sempre companheira e compreensiva, por seu amor incondicional, por sua tolerância e apoio, que sempre me incentivou a ir em frente nessa jornada, mesmo sabendo que seria necessária minha ausência por muitos momentos; - aos meus filhos Júlia e Bruno, que são a mais viva inspiração e dão o mais belo sentido à minha vida.

Quem quer faz! Quem não quer...

Justifica!

Osvaldo Malafaia

RESUMO

Introdução: O tratamento cirúrgico da hiperidrose pela simpatectomia torácica trouxe, além do alívio sintomático para muitos, também seu principal efeito adverso, o suor compensatório ou reflexo. A técnica de clipagem do nervo simpático no lugar de sua secção deu margem à esperança de reversão do procedimento, porém os resultados positivos mostram-se bastante divergentes, evidenciando a carência acadêmica no que se refere ao estudo deste fenômeno. Objetivo: Observar micro e macroscopicamente a lesão provocada pelo clipe de polímero em nervo simpático de coelhos sete dias após sua clipagem, comparando-a com os achados após três semanas da retirada do clipe. Material e método: Estudo experimental, com amostra formada por 20 coelhos, divididos em dois grupos de 10, sendo o grupo 1 chamado clipagem e o 2, desclipagem. Todos foram submetidos à clipagem do nervo simpático cervical direito com clipe polimérico, e no grupo 2 realizou-se a desclipagem do nervo 7 dias após. Os coelhos do grupo 1 foram induzidos à morte no 7º dia de pós-operatório, e os do grupo 2 no 21º dia após a remoção do clipe de polímero. Observou-se à macroscopia: aspecto do clipe, presença de lesão de descontinuidade, infecção e aderências ao redor do nervo. Para estudo microscópico utilizou-se a coloração de hematoxilina-eosina na avaliação das fases e grau do processo inflamatório e presença de necrose, e a de Picrosirius red F3BA para quantificação de colágeno. Foi empregado o teste t nas comparações dos colágenos tipo I e tipo III entre os grupos e o teste de Fisher para se comparar as variáveis macroscópicas, o grau do processo inflamatório e presença de necrose. Fixou-se em 0,05 ou 5% o índice para significância estatística. Resultados: O nervo simpático cervical foi identificado íntegro, sem necrose ou infecção em todos os animais do experimento; havia aderências em ambos os grupos, sendo mínimas em 8 animais de cada grupo e moderadas ou intensas em 2; em toda a amostra o clipe encontrava-se completamente fechado no 7º dia de pós-operatório; o processo inflamatório presente foi do tipo crônico, com predomínio monomorfonuclear, não se observando diferença significativa em relação ao grau do processo inflamatório entre os grupos (p 0,5), porém a quantidade de colágeno tanto do tipo I quanto do tipo III em micrômetro quadrado foi significativamente maior no grupo 2 (p< 0,0001). Conclusões: a clipagem do nervo simpático cervical com clipe de polímero foi associada à presença de aderências predominantemente classificadas como mínimas e inalteradas após a retirada do clipe; processo inflamatório, do tipo crônico em discreta intensidade manteve-se presente mesmo após a remoção do clipe polimérico, porém as quantidades de fibras colágenas tanto do tipo I como do tipo III mostraram-se significativamente maiores nos nervos dos animais do grupo 2. Palavras-chave: nervo simpático; clipagem; lesão nervosa; bloqueio simpático; clipe de polímero; reversão de simpatectomia; coelhos.

ABSTRACT

Introduction: The surgical treatment of hyperhidrosis by thoracic sympathectomy has brought, in addition to symptomatic relief for many, its main adverse effect: compensatory or reflex sweating. The clipping technique in place of the sympathetic nerve section gave rise to the hope of reversibility, but the positive results show to be quite divergent, evidencing the academic deficiency regarding the study of this phenomenon. Objective: To observe micro and macroscopic damage caused by the polymer clip on sympathetic nerve of rabbits seven days after their clipping and the findings after three weeks of clip removal. Material and method: In this experimental study, 20 rabbits were divided into two groups of 10, group 1 (clipping) and group 2 (de-clipping). The right cervical sympathetic nerve of all animals was clamped with polymeric clip, and in group 2 the nerve was unclipped 7 days later. Group 1 rabbits were induced to death on the 7th postoperative day, and group 2 rabbits on the 21st day after removal of the polymer clip. Macroscopic variables were: clip appearance, presence of discontinuity lesion, infection and adhesions around the nerve. Hematoxylin-eosin staining was used in the evaluation of the phases and degree of the inflammatory process and presence of necrosis, and Picrosirius red F3BA for quantification of collagen. The t-test was used in the comparisons of type I and type III collagens between the groups and the Fisher's test to compare the macroscopic variables, the degree of the inflammatory process and the presence of necrosis. The index for statistical significance was set at 0.05 or 5%. Results: The cervical sympathetic nerve was intact, without necrosis or infection in all animals of the experiment; there were adhesions in both groups, being minimal in 8 animals of each group and moderate or intense in 2; the clip was completely closed in all animals at the 7th postoperative day; the inflammatory process shown was chronic, with monomorphonuclear predominance. There was no significant difference between groups regarding the intensity the inflammatory process (p 0.5), but the amount of collagen type I and type III in micrometer Square was significantly higher in group 2 (p <0.0001). Conclusions: clipping of the cervical sympathetic nerve with polymer clip was linked to the presence of adhesions predominantly classified as minimal and unchanged after the clip was removed; low intensity of chronic inflammatory process remained present even after removal of the polymeric clip, but the amounts of type I and type III collagen fibers were significantly higher in the nerves of the animals in the group 2. Keywords: sympathetic nerve; clipping; nerve damage; sympathetic block; polymer clip; sympathectomy reversal; rabbits.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - BUSTO DE ANDREA VESALIO ............................................................ 17

FIGURA 2 - IDENTIFICAÇÃO DOS ANIMAIS ........................................................... 31

FIGURA 3 - MECANISMO DE FECHAMENTO DO CLIPE DE POLÍMERO ............. 32

FIGURA 4 - ANESTÉSICOS DE USO INTRAMUSCULAR ....................................... 33

FIGURA 5 - COELHO ANESTESIADO, APÓS TRICOTOMIA .................................. 33

FIGURA 6 - COELHO ANESTESIADO, APÓS ANTISSEPSIA DA REGIÃO

CERVICAL ................................................................................................................ 34

FIGURA 7 - INCISÃO LONGITUDINAL DE 1,5 CM NA REGIÇÃO CERVICAL ........ 34

FIGURA 8 - IDENTIFICAÇÃO DA TRAQUÉIA CERVICAL ....................................... 35

FIGURA 9 -: FEIXE VÁSCULO-NERVOSO CERVICAL ........................................... 35

FIGURA 10 - INDIVIDUALIZAÇÃO DO NERVO SIMPÁTICO CERVICAL DIREITO 36

FIGURA 11 - CLIPAGEM DO NERVO ...................................................................... 36

FIGURA 12 - INCISÃO SUTURADA ......................................................................... 37

FIGURA 13 - DEMARCAÇÃO DO LOCAL DA CLIPAGEM....................................... 38

FIGURA 14 - TIOPENTAL SÓDICO .......................................................................... 39

FIGURA 15 - CÂMERA DE CAPTURA DE IMAGENS OLYMPUS DP71 ACOPLADA

AO MICROSCÓPIO ÓPTICO OLYMPUS BX40 ....................................................... 43

FIGURA 16 - FOTOMICROGRAFIA EM COLORAÇÃO DE PSR EM LUZ

POLARIZADA ............................................................................................................ 44

FIGURA 17 - INTEGRIDADE MACROSCÓPICA DO NERVO .................................. 47

FIGURA 18 - ASPECTO DO NERVO CLIPADO NO 7º PO ...................................... 48

FIGURA 19 - ADERÊNCIAS CLASSIFICADAS COMO MÍNIMAS ............................ 49

FIGURA 20 - ADERÊNCIAS CLASSIFICADAS COMO MODERADAS OU

INTENSAS ................................................................................................................ 49

FIGURA 21 - PROCESSO INFLAMATÓRIO CRÔNICO À COLORAÇÃO DE H-E .. 50

FIGURA 22 - FOTOMICROGRAFIA EM COLORAÇÃO DE PSR EM LUZ

POLARIZADA ............................................................................................................ 52

FIGURA 23 - FOTOMICROGRAFIA EM COLORAÇÃO DE PSR EM LUZ

POLARIZADA ............................................................................................................ 53

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PRESENÇA DE ADERÊNCIA PERI-NEURAL ENTRE OS GRUPOS

CLIPAGEM E DESCLIPAGEM ............................................................... 48

TABELA 2 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DO TIPO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO

CRÔNICO ENTRE OS GRUPOS CLIPAGEM E DESCLIPAGEM ......... 51

TABELA 3 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS MÉDIAS DO COLÁGENO TIPO I ENTRE

OS GRUPOS CLIPAGEM E DESCLIPAGEM ........................................ 51

TABELA 4 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS MÉDIAS DO COLÁGENO TIPO III

ENTRE OS GRUPOS CLIPAGEM E DESCLIPAGEM ........................... 52

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - CRITÉRIOS ESTABELECIDOS PARA AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA

NO 7º DIA DE PÓS-OPERATÓRIO ..................................................... 40

QUADRO 2 - CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO AGUDO

BASEADO NAS CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS ........... 41

QUADRO 3 - CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO CRÔNICO

BASEADO NAS CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS ........... 42

QUADRO 4 – PRESENÇA DE PROCESSO INFLAMATÓRIO E NECROSE ENTRE

OS GRUPOS CLIPAGEM E DESCLIPAGEM ...................................... 51

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 16

2.1 ANATOMIA DO NERVO SIMPÁTICO .................................................................... 17

2.2 FISIOLOGIA DO NERVO SIMPÁTICO .................................................................. 18

2.3 REPARAÇÃO TECIDUAL ...................................................................................... 19

2.3.1 Fase Inflamatória ou Inicial .................................................................................. 19

2.3.2 Fase de Fibroplasia ou Proliferativa .................................................................... 20

2.3.3 Fase de Maturação ou Remodelação ................................................................. 21

2.4 ESTRUTURA E ANÁLISE DO COLÁGENO .......................................................... 21

2.5 REGENERAÇÃO NEURAL .................................................................................... 23

2.5.1 Degeneração Walleriana ..................................................................................... 24

2.5.2 Efeito Retrógrado da Lesão Axonal ..................................................................... 25

2.5.3 Processo de Regeneração .................................................................................. 25

2.6 BLOQUEIO SIMPÁTICO TORÁCICO SUPERIOR POR CLIPAGEM .................... 26

2.7 RETIRADA DO CLIPE DO NERVO SIMPÁTICO ................................................... 27

3 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................................ 29

3.1 AMOSTRA .............................................................................................................. 30

3.2 CONSIDERAÇÕES AMBIENTAIS .......................................................................... 30

3.3 DIVISÃO DOS GRUPOS ........................................................................................ 31

3.4 ANESTESIA ........................................................................................................... 32

3.5 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ............................................................................. 33

3.5.1 Controle da Dor Pós-Operatória .......................................................................... 38

3.5.2 Morte dos Animais ............................................................................................... 38

3.6 COLETA DE AMOSTRAS ...................................................................................... 39

3.7 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA ............................................................................. 39

3.8 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA .............................................................................. 40

3.8.1 Coloração pela Hematoxilina-Eosina .................................................................. 41

3.8.1.1 Análise do processo inflamatório ...................................................................... 42

3.8.2 Coloração de Picrosirius Red F3BA (PSR) .......................................................... 42

3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................ 45

4 RESULTADOS .......................................................................................................... 46

4.1 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA ............................................................................. 47

4.1.1 Presença de Lesão de Descontinuidade do Nervo Simpático Cervical ............... 47

4.1.2 Aspecto do Clipe no Nervo Simpático Cervical Direito ........................................ 47

4.1.3 Presença de Infecção ao Redor do Nervo Simpático Cervical Direito ................. 48

4.1.4 Presença de Aderências ao Redor do Nervo Simpático Cervical Direito ............ 48

4.2 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA .............................................................................. 50

4.2.1 Presença de Necrose e Avaliação do Processo Inflamatório .............................. 50

4.2.2 Avaliação do Colágeno ........................................................................................ 51

5 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 54

5.1 ANIMAL DE EXPERIMENTAÇÃO .......................................................................... 55

5.2 PROCEDIMENTO ANESTÉSICO .......................................................................... 55

5.3 PROCESSO INFLAMATÓRIO E CICATRIZAÇÃO APÓS LESÃO DO NERVO

SIMPÁTICO ........................................................................................................... 56

5.4 AVALIAÇÃO DO COLÁGENO ............................................................................... 57

5.5 PERSPECTIVAS .................................................................................................... 58

6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 62

ANEXO ......................................................................................................................... 69

1 INTRODUÇÃO

14

Passaram-se mais de dezessete séculos, entre as primeiras referências

anatômicas sobre o tronco simpático realizadas por Claudius Galeno, nos meados

do século II, até a primeira cirurgia sobre o sistema nervoso simpático realizada por

Alexander de Liverpool em 1889 (ROYLE, 1999).

Baseada em observações obscuras para os pioneiros cirurgiões do século

XVIII, a secção do tronco simpático já foi indicada para o tratamento de diversas

doenças como epilepsia, bócio exoftálmico, desordens vasoespásticas e até mesmo

glaucoma. Somente na segunda década do século XX é que foi empregada para

amenizar ou evitar os sintomas da hiperidrose (HASHMONAI et al., 2003).

A partir da década de noventa, com o advento da vídeo-toracoscopia, a

intervenção sobre a cadeia simpática passou a ganhar destaque e maior divulgação,

havendo, então, uma maior preocupação com seus efeitos colaterais. Diversas

séries clínicas relacionadas ao bloqueio do estímulo nervoso simpático para o

tratamento de hiperidrose dos membros superiores foram publicadas (LIN et al.,

1998; LIN et al., 2001; DROTT et al., 2003; DOOLABH et al., 2004; REISFELD et al.,

2006; WHITSON et al., 2007; SUGIMURA, et al., 2009; FIBLA et al., 2009; COELHO

et al., 2009), demonstrando resultados muito satisfatórios quanto à hiperidrose

primária ou essencial, entretanto já relatando incidência elevada de suor

compensatório.

Cirurgiões passaram a utilizar meios reversíveis para bloquear o impulso

nervoso pelo nervo simpático com o uso de materiais potencialmente removíveis –

clipes - sugerindo sua remoção quando da presença de efeitos colaterais

indesejáveis, dentre os quais o mais prevalente é o suor reflexo ou compensatório

(KOCHER et al., 2015).

Um dos problemas encontrados em todas as técnicas operatórias é que cada

cirurgião tem sua individualidade, tendo tendência de se justificar através da

afirmação: “isso parece funcionar em minhas mãos” (RENNIE et al., 2003). As

inúmeras séries de métodos utilizados para bloqueio do impulso nervoso simpático

demonstraram que experientes cirurgiões realizam técnicas diferentes, acreditando

sempre que a operação por ele empregada é a mais apropriada. Infelizmente não é

possível concluir qual é a melhor sem padronizá-las.

A ausência de respostas concretas e a escassez de trabalhos na literatura

após busca intensiva de publicações relacionadas à reversão da lesão provocada

pela clipagem após a remoção de clipes cirúrgicos do sistema nervoso simpático, em

15

seres humanos e animais de experimentação, foi o propósito e desafio deste estudo

experimental, no intuito de contribuir com mais conhecimento para a ciência.

Este estudo tem por objetivos avaliar a macroscopia e a microscopia da lesão

do nervo simpático cervical de coelhos no 7º dia de pós-operatório, provocado pelo

bloqueio com clipe de polímero e compará-la com a lesão remanescente 3 semanas

após a remoção do clipe, a qual foi realizada no 7º dia pós-clipagem.

Do ponto de vista macroscópico visa-se avaliar:

- presença de integridade macroscópica do nervo,

- aspecto do clipe em relação ao nervo,

- presença de infecção junto ao nervo,

- apresentação de aderências ao redor do nervo.

Microscopicamente busca-se estudar:

- presença de necrose a avaliar o processo inflamatório,

- depósito de colágeno no nervo simpático lesionado.

2 REVISÃO DA LITERATURA

17

2.1 ANATOMIA DO NERVO SIMPÁTICO

A mais remota referência sobre o sistema nervoso autônomo foi feita por

Galeno, no século II, em uma errônea descrição anatômica de um tronco vago-

simpático comum que se originava do tronco cerebral. Vesalio (FIGURA 1), ilustre

professor de Anatomia e Cirurgia do século XVI, estando convencido que os livros

de Galeno apresentavam grosseiras deficiências, escreveu o primeiro compêndio de

anatomia humana. A primeira edição de Vesalius’s Anatomy foi publicada em 1543 e

a segunda em 1555. Infelizmente essas edições ainda traziam a equivocada

descrição de Galeno. Em 1563, Eustachius, professor de Anatomia em Roma, em

sua publicação Opuscula Anatomica demonstrou que os nervos vago e simpático

eram separados (ROYLE, 1999).

FIGURA 1 – BUSTO DE ANDREA VESALIO.

Fonte: O AUTOR.

18

Os troncos simpáticos paraverterbrais são constituídos por uma cadeia

ganglionar bilateral, situada ao longo de toda a extensão da coluna vertebral,

mantendo conexões com a medula espinhal torácica e lombar alta por meio dos

ramos comunicantes brancos. Cada cadeia é constituída por três gânglios cervicais,

doze torácicos, dois a cinco lombares, quatro ou cinco sacrais e um coccígeo,

também denominado de gânglio ímpar, para o qual convergem e onde terminam as

cadeias simpáticas (GRAY H., 2000).

No final do século XVIII a anatomia do nervo simpático humano já estava bem

definida, entretanto suas funções ainda eram desconhecidas (HASHMONAI e

KOPELMAN, 2003).

2.2 FISIOLOGIA DO NERVO SIMPÁTICO

O primeiro estudo sobre fisiologia do sistema nervoso autônomo foi realizado

em 1852 por Claude Bernard, que ao seccionar o tronco simpático cervical do

coelho, observou uma notável hiper-reatividade circulatória, acompanhada de

aumento de temperatura na metade da cabeça ipsilateral ao nervo seccionado. No

mesmo ano Brown-Séquard relatou que o estímulo do nervo simpático resultava em

vasoconstrição. Foram mais sessenta anos para que a anatomia e fisiologia do

sistema nervoso “involuntário” autônomo fossem mapeadas e melhor esclarecidas

por Gaskell (KAUFFMAN, 1994; ROYLE, 1999; HASHMONAI e KOPELMAN, 2003).

Com a evolução tecnológica de eletrofisiologia e farmacologia, identificou-se a

acetilcolina como principal neurotransmissor utilizado pelos neurônios pré-

ganglionares na via aferente, enquanto os neurônios pós-ganglionares utilizam para

transmissão do impulso nervoso principalmente a noradrenalina, com exceção das

fibras sudomotoras, que liberam principalmente a acetilcolina.

As fibras simpáticas pós-ganglionares que se dirigem em para os membros

realizam inervação pilomotora, sudomotora e vasoconstritora, e sua ação conjunta é

um dos principais mecanismos de termorregulação corporal, destacando-se a ação

sobre as glândulas sudoríparas (CLARK, 2006).

19

2.3 REPARAÇÃO TECIDUAL

Define-se ferida como sendo uma solução de continuidade produzida em um

tecido, pelos mais diversos agentes, dando lugar: a um espaço anormal, à

interrupção do fluxo sanguíneo, à perturbação da sensibilidade, ao acúmulo de

elementos celulares mortos e a um grau maior ou menor de contaminação com ou

sem infecção (BIONDO SIMÕES, 1998).

A reparação tecidual é um processo de substituição de um tecido por um novo

após uma lesão ou ferida. Quando na reparação tecidual ocorre substituição do

tecido lesado por tecido idêntico ao anterior do ponto de vista morfológico e

funcional, dá-se o nome de regeneração, enquanto que no processo denominado

cicatrização essa substituição se dá por tecido conjuntivo fibroso. Geralmente existe

uma sinergia destes dois processos na reparação tecidual (COLTRAN, KUMAR e

COLLINS, 2000; BALBINO, PEREIRA e CURI, 2005).

JUNQUEIRA (1995) identifica três fases consecutivas no processo de

cicatrização: fase inflamatória ou inicial; fase de fibroplasia ou proliferativa e a fase

de maturação ou remodelação.

2.3.1 Fase Inflamatória ou Inicial

Inicia logo após a lesão e se caracteriza por vasodilatação e diminuição do

fluxo sanguíneo. Independe do tecido agredido e sua intensidade correlaciona-se

com o tipo e grau de agressão. A ferida é inicialmente hipóxica, hiperglicêmica,

acidótica, hipercalêmica e hiperláctica. Sua duração é de aproximadamente 48 a 72

horas. Mediadores químicos provocam vasodilatação, aumentam a permeabilidade

dos vasos e favorecem a quimiotaxia dos leucócitos. Os neutrófilos combatem os

agentes invasores e os macrófagos realizam a fagocitose (CLARK, 1985).

Duas populações celulares são importantes na fase inflamatória: os

polimorfonucleares neutrófilos e os monócitos. A cicatrização reflete os efeitos

integrados de um grande número de fatores de crescimento e mediadores da

inflamação, presentes num ambiente tipicamente hipotóxico e acidótico (WAHL e

WAHL, 1992).

20

2.3.2 Fase de Fibroplasia ou Proliferativa

Na reparação do tecido conjuntivo ocorre a formação do chamado tecido de

granulação e sua principal característica é a presença de fibroblastos por volta do

segundo ou terceiro dia após o trauma. Essas células produzem matriz extracelular,

colágeno e glicosaminoglicanos, participando na remodelação do tecido normal e no

processo de reparação e, também, estão relacionados com o mecanismo de

reabsorção do colágeno (BANDA, KNIGHTON, HUNT e WEBER, 1982).

Um dos primeiros eventos da cicatrização é a produção de fibroconectinas,

que são glicoproteínas de dois tipos: as plasmáticas, produzidas e secretadas pelo

hepatócitos e as celulares, sintetizadas por fibroblastos, células endoteliais,

ceratinócitos e macrófagos. Parecem ser essenciais para a cicatrização; aparecem

precocemente na lesão, aderem simultaneamente na fibrina, colágeno,

glicosaminoglicanos e outras moléculas de fibronectina, formando a cicatriz que

serve para adesão e imigração celular, sendo essencial para o depósito de

colágeno, facilitando o crescimento dos fibroblastos.

Considerados estes fatos, a fibroplasia ocorre de forma ímpar e, portanto

fundamental. Assim, o fibrinogênio presente no exsudato inflamatório converte-se

em fibrina, que forma uma rede em cujas malhas depositam-se os fibroblastos.

Como a fibroplasia é sempre acompanhada de proliferação vascular, naquela

situação, as células endoteliais produzem um fator ativante do plasminogênio que

reduz a quantidade de fibrina, permitindo assim, a deposição dos fibroblastos, que

se multiplicam e passam a secretar os componentes proteicos do tecido cicatricial

(JULIANO e HASKILL, 1993).

A neoformação vascular é necessária para a oxigenação e nutrição da ferida.

Desta maneira, formam-se brotos endoteliais, cujas células se multiplicam com

grande velocidade, constituindo cordões que se entremeiam com os fibroblastos e

seus produtos. Estes cordões canalizam-se permitindo o fluxo sanguíneo, formando,

assim, um substrato tecidual de aspecto peculiar, granuloso e avermelhado,

classicamente denominado tecido de granulação. Neste tecido se diferencia uma

célula denominada miofibroblasto, a qual confere a este tecido uma capacidade

contrátil, facilitando a epitelização. Os miofibroblastos também estão envolvidos na

contração da ferida, na adesão celular e podem participar da reabsorção da matriz

extracelular (JUNQUEIRA, 1995).

21

2.3.3 Fase de Maturação ou Remodelação

Nesta fase, o leito da ferida encontra-se preenchido pelo tecido de granulação

e atravessado por uma rede capilar, com a rede linfática se regenerando. Isto ocorre

por volta do décimo dia após a lesão. Os linfócitos produzem fatores de crescimento

e são atraídos para a região da ferida em igual número ao dos monócitos, porém,

após alguns dias, são os leucócitos que predominam na região.

Gradativamente aumenta a deposição de colágeno e a maioria das células

desaparecem por apoptose de fibroblastos e células endoteliais, formando,

finalmente, a cicatriz. É consenso que a resolução de uma ferida só pode ser

considerada completa quando a maturação e a remodelagem da matriz extracelular

estiverem concluídas. Este processo ocorre lentamente levando meses ou anos e,

mesmo assim, uma cicatriz cutânea completamente madura, por exemplo, possui

apenas 70% da resistência da pele normal.

Nota-se também que fatores sistêmicos ou locais podem interferir

negativamente no processo de maturação tecidual. (HUPP, 2000; PICCINATO,

NETTO e CHERRI, 2003; BALBINO, PEREIRA e CURI, 2005).

2.4 ESTRUTURA E ANÁLISE DO COLÁGENO

O tecido conjuntivo é caracterizado por apresentar células separadas por

abundante matriz extracelular, células próprias e outras migratórias, provenientes do

tecido sanguíneo. As células próprias do tecido conjuntivo são os fibroblastos, os

macrófagos, os mastócitos e os plasmócitos. Dentre as células advindas do sangue,

destacam-se os vários tipos de leucócitos, que penetram no tecido conjuntivo para

exercerem funções específicas.

O fibroblasto é a principal célula do tecido conjuntivo, sendo responsável pela

produção e manutenção da matriz extracelular, que por sua vez separa as células do

conjuntivo e é formada por fibras e substância intercelular amorfa. Existem três tipos

principais de fibras no conjuntivo: fibras colágenas, fibras reticulares e fibras

elásticas. A proteína do colágeno é uma das mais abundantes do corpo, e faz parte

da constituição das fibras colágenas e reticulares.

22

As fibras colágenas são formadas por fibrilas de colágeno com um padrão de

estriações típico. Os colágenos constituem uma família de proteínas separadas em

tipos diferentes (JUNQUEIRA, 1995):

- Tipo I - Forma fibras e feixes resistentes, encontrados nos ligamentos,

tendões, cápsulas e derme; constitui o colágeno mais importante do ponto de vista

estrutural, correspondendo a 90% do colágeno do organismo.

- Tipo II - Encontrado nas cartilagens, tanto hialina como elástica, assim como

nos discos intervertebrais. São fibras muito finas, vistas com dificuldade ao

microscópio óptico, porém se vêem com facilidade no microscópio eletrônico.

- Tipo III - Colágeno que forma as fibras reticulares aparecendo com muita

frequência vinculado ao músculo liso. É fundamentalmente o colágeno das vísceras.

Também está presente na pele, endoneuro e vasos sanguíneos. Propicia

sustentação e elasticidade.

- Tipo IV - Encontrado nas lâminas basais das células epiteliais e endoteliais,

glomérulos renais e cristalino.

- Tipo V - Faz parte especificamente da membrana basal da placenta,

exemplificando como a proteína se adapta a distintas funções biológicas que vão

aparecendo com a evolução das espécies.

A concentração de colágeno em área de cicatriz apresenta sua concentração

mínima entre 48 e 72 horas após ferimento, alcançando níveis normais ou próximos

do normal entre o sétimo e o décimo dia. O colágeno tipo III é depositado cedo nos

tecidos e caracteriza um colágeno imaturo, enquanto o do tipo I é maduro,

aparecendo mais tardiamente.

Procurando por um material que corasse permanentemente o colágeno,

SWEAT, PUCHTLER e ROSENTHAL, em 1964, introduziram na técnica histológica,

o corante Vermelho Sírio associado ao ácido pícrico (solução de Picrosirius Red ou

Sirius Red), que substituiu a fucsina ácida no método tricrômico de Van Gieson.

Quatro anos depois, em 1968, CONSTANTINE e MOWRY observaram que o

vermelho sírio aumentava a birrefringência das fibras colágenas quando avaliadas

em microscópio com lente de polarização.

O uso de solução de Sirius Red associado à microscopia polarizada é

considerado um método simples, com grande sensibilidade e especificidade para

localizar fibras colágenas em vertebrados, além de possibilitar diferenciação de

colágeno do tipo I, II e III por meio da birrefringência (JUNQUEIRA, BIGNOLAS e

23

BRENTANI, 1979; SZENDRÕI, VAJTA, KOVÁCS, SCHAFF e LAPIS, 1984; RABAU

e DAYAN, 1994; HIRSHBERG, SHERMANN, BUCHNER e DAYAN, 1999).

Como o colágeno é uma proteína básica, é provável que os grupos sulfônicos

do corante Vermelho Sírio a 0,1% possam interagir em pH baixo com os grupos

amino da lisina e da hidroxilisina, e os grupos guanidina da arginina. O papel do

ácido pícrico na coloração do colágeno é desconhecido; parece prevenir a coloração

indiscriminada de estruturas não colágenas pelo vermelho sírio sendo que, quando

omitido da solução corante, todos os componentes teciduais ficam vermelhos.

Porém, observa-se que mesmo quando o ácido pícrico não é usado, apenas o

colágeno mostra intensificação na birrefringência (JUNQUEIRA, BIGNOLAS e

BRENTANI,1979).

Com a microscopia polarizada observa-se o aumento da birrefringência das

fibras colágenas quando coradas pela solução de Picrosirius Red. Verifica-se,

também, que devido à diferença no diâmetro e no arranjo estrutural das fibras,

podem-se distinguir em padrões de cores, os diferentes tipos de colágeno: tipo I

(fibras espessas amarelas brilhantes, laranjas ou vermelhas), tipo II (cores variadas

distintas das observadas no colágeno I) e tipo III (fibras finas esverdeadas, amarelo-

esverdeadas).

A quantificação computadorizada da coloração de Sirius-Red após

polarização é um método bem estabelecido na literatura para avaliação da

quantidade de deposição de colágeno em estudos que visam à avaliação da

cicatrização (SZENDRÕI, VAJTA, KOVÁCS, SCHAFF e LAPIS, 1984; RABAU e

DAYAN, 1994; RIBEIRO, GUARALDO, BORGES, ZACCHI e ECKLEY, 2004;

HIRSHBERG, SHERMANN, BUCHNER e DAYAN, 1999).

2.5 REGENERAÇÃO NEURAL

Os neurônios diferenciam-se das células do corpo humano pelo número e

variedade dos seus processos axonal e dendríticos. Deve-se ter considerável

atenção às relações tróficas entre o corpo celular, também denominado de pericário

e seu axônio, assim como às consequências da lesão neuronal. Sabe-se que ao

seccionar-se o axônio, o seu segmento distal evolui com um processo degenerativo.

Todavia, não é apenas nesta parte do axônio que ocorrem processos degenerativos.

Alterações comparativamente graves podem ser observadas no pericário de muitos

24

neurônios, visto ser observado em vários sistemas neuronais uma atrofia e até

mesmo degeneração em neurônios relacionados sinapticamente aos neurônios

lesados (JONES e COWAN, 1981).

Este paralelismo suporta a hipótese que um suprimento retrógrado de fatores

tróficos do órgão alvo ou das células gliais ao longo do axônio seja fundamental para

assegurar a manutenção metabólica do neurônio (SCHWAB e BARTHOLDI, 1996).

Assim, após uma axoniotomia, desencadeia-se um processo simultâneo de

degeneração distal à lesão e um processo de regeneração neural proximal à lesão,

podendo, muitas vezes, lograr sucesso.

2.5.1 Degeneração Walleriana

Quando se divide um axônio num segmento proximal, em continuidade com o

pericário e num segmento distal, cria-se um espaço intersegmentar e se promove

uma reação inflamatória local, reparadora, assim como ocorre em qualquer tecido

lesado. Existe um extravasamento de plasma sanguíneo e de axoplasma, levando à

formação de uma matriz composta por fibrina e fibronectina entre os segmentos

axonais. Também ocorre migração de macrófagos, fibroblastos, células endoteliais e

células de Schwann. A primeira alteração morfológica a acontecer nos segmentos

axonais proximal e distal à lesão é a retração da mielina até os nódulos de Ranvier,

que são constrições na bainha de mielina que permitem um salto do impulso

nervoso durante a despolarização axonal (SCHWAB e BARTHOLDI, 1996).

No segmento axonal distal à lesão ocorre uma fragmentação da mielina e do

cilindro axonal, sendo o produto dessa fragmentação fagocitado tanto por

macrófagos como por células de Schwann. Assim sendo, a invasão dos macrófagos

no coto distal contribui para um processo regenerativo, uma vez que removem

substâncias inibitórias e indiretamente liberarem fatores que estimulam o reparo

celular, como mitógenos para as células de Schwann (MARTINS, SIQUEIRA, SILVA

e PLESE, 2005).

As células de Schwann multiplicam-se e chegam a atingir um número de até

dez vezes a sua população original, formando um cordão, denominado bandas de

Büngner, dentro da lâmina basal. Elas mudam seu fenótipo de mielínica para

amielínica por meio de mecanismos de regulação de várias proteínas, com destaque

25

para fatores neurotróficos, componentes de membrana basal e colágeno

(SULAIMAN e KLINE, 2006).

2.5.2 Efeito Retrógrado da Lesão Axonal

A neurotomia provoca inicialmente uma retração do coto proximal do axônio

por uma pequena distância, dando a ele uma configuração em espiral.

Associadamente há uma fragmentação da bainha do internódulo próximo à lesão e

uma diminuição do diâmetro deste segmento axonal. Ativa-se um mecanismo de

transporte retrógrado, do coto proximal em direção ao corpo celular, observando-se

um aumento de volume nuclear, com deslocamento do mesmo para a periferia do

pericário. O coto proximal passa agora a se dilatar devido ao acúmulo de estruturas

como o retículo endoplasmático liso, mitocôndrias e microtúbulos, formando o cone

de crescimento, originado junto ao nódulo de Ranvier mais próximo do sítio da lesão,

no espaço formado pela retração parcial das células de Schwann (GOLDBERG,

2003).

2.5.3 Processo de Regeneração

Poucas horas após a injúria já se inicia o processo regenerativo. Numerosos

prolongamentos finos chamados de brotamentos ou neuritos são formados no cone

de crescimento, os quais se estendem por seus próprios túneis de lâmina basal no

segmento proximal, atravessam o estreito caminho de tecido conectivo entre o coto

proximal e distal através das bandas de Büngner e finalmente entram no segmento

distal. Todos os brotos se estendem através do espaço entre a lâmina basal e a

membrana plasmática da célula de Schwann ou da bainha de mielina no coto

proximal. A bainha de mielina que permanece como um túnel vazio após os axônios

terem se degenerado não serve como conduto para o crescimento dos axônios em

regeneração, pois ela repele a adesão dos axônios. Assim, eles se aderem à

superfície interna da lâmina basal ou na membrana da célula de Schwann

(SULAIMAN e KLINE, 2006).

Caso algum axônio em regeneração contornar as bandas de Büngner e

penetrar no compartimento de tecido conectivo, ele interromperá o crescimento após

percorrer poucos milímetros. Assim sendo, a coluna formada pelas células de

26

Schwann ou bandas de Büngner exerce um papel relevante no processo de

regeneração neural, uma vez que propicia um ambiente favorável ao crescimento

axonal, além de manter sua capacidade de remielinizar os axônios na fase recente

da cicatrização (IDE, 1996).

A adequada recuperação funcional neural depende da correta conexão com

os órgãos alvo; isto é, nos casos de secção do axônio, os vários brotamentos

originados no coto proximal devem se conectar em tubos apropriados do coto distal.

Essa acerácea depende da proximidade dos cotos, do tempo da lesão, dos

mecanismos de orientação e da região do corpo inervada (FU e GORDON, 1997).

2.6 BLOQUEIO SIMPÁTICO TORÁCICO SUPERIOR POR CLIPAGEM

Atualmente, a maior indicação cirúrgica sobre o sistema nervoso autônomo

é o tratamento da hiperidrose através de bloqueio nervoso simpático, por acesso

vídeo-toracoscópico (DROTT, GÖTHBERG e CLAES, 1993).

São métodos usados para interromper o estímulo nervoso simpático:

secção, ressecção, ablação diatérmica, ablação por radiofrequência e a clipagem

(DAY, 2008).

Denny-Brown e Brenner, em 1944, demonstraram em experimento animal

que uma compressão de nervo periférico com uma força superior a 44 gramas-força

causa falência na condução do impulso nervoso (APUD: BELTRAN, FOREMAN,

RODEHEAVER, 1994; LIN, MO, LEE, NG e HWANG, 1998; LIN, HUANG, WANG e

LAI, 2001; FIBLA, MOLINS, MIER e VIDAL, 2009).

Extrapolando o trabalho de Denny-Brown e Brenner para o sistema nervoso

autônomo, LIN, MO, LEE, NG e HWANG, 1998 passaram a utilizar o método de

clipagem visando interrupção de seu impulso nervoso para tratamento de

hiperidrose palmar, obtendo excelente resultados. Esse mesmo autor “especula” a

hipótese de que os nervos simpáticos são compostos por fibras eferentes (motoras)

e aferentes (sensoriais), ambas que compõe um nervo periférico. As eferentes,

consideradas motoras, controlam a sudorese e são mais vulneráveis à compressão

do que as sensoriais. Propõe, ainda, que quando a força dos clipes é ajustada para

um grau que apenas as fibras eferentes tenham seu impulso bloqueado ou

diminuído, sem causar destruição da bainha de mielina, o procedimento passaria a

ser reversível.

27

O efeito adverso das simpatectomias para o tratamento da hiperidrose de

maior frequência é o suor reflexo ou compensatório, cuja incidência encontrada na

literatura varia de 47 a 99% (LIN, HUANG, WANG e LAI, 2001), surgindo entre o 1º e

5º dia após a cirurgia (MILLER e FORCE, 2008).

A partir de então, múltiplos grupos passaram a adotar a técnica de clipagem

fundamentando-se no princípio da reversibilidade quando diante de um suor

compensatório intolerável.

2.7 RETIRADA DO CLIPE DO NERVO SIMPÁTICO

Com o objetivo de tratar o indesejado suor compensatório, diversos relatos de

desclipagem passaram a ser apresentados, com índices de sucesso bastante

divergentes, variando de 15% a 100% (MILLER e FORCE, 2008).

Diferentes técnicas para remover clipes também passaram a ser descritas,

havendo remoção do clipe por tração direta por vídeo-toracoscopia, uso de clipes de

polímero que possibilitam remoção por uso de extrator próprio e até mesmo uso de

fio inabsorvível amarrado no vértice do clipe e com sua extremidade distal deixada

no tecido celular subcutâneo, permitindo mobilização do mesmo com simples

anestesia local e controle radiofluoroscópico para confirmar o deslocamento do clipe

(JO, MOON, KIM, SIM, CHO, JIN, YOON e WANG, 2007).

Buscando embasamento científico, estudos experimentais passaram a ser

realizados. Estes são escassos e de resultados bastante divergentes.

Estudo experimental em porcos demonstrou degeneração Walleriana e perda

axonal 10 dias após a clipagem. A ausência quase total de fibras mielínicas e

amielínicas após remoção do clipe sugere impossibilidade de haver regeneração

nervosa e, portanto, a clipagem não poderia ser considerada uma técnica reversível

(LOSCERTALES, CONGREGADO, JIMENEZ-MERCHAN, GALLARDO, TRIVINO,

MORENO, LOSCERTALES, GALERA-RUIZ, 2012).

Trabalho realizado em coelhos demonstrou que a clipagem já havia causado

degeneração da estrutura neural com 48 horas de pós-operatório, quando se fez sua

remoção. No 45º dia após a remoção do clipe foi observada progressão das

alterações degenerativas nos axônios das células simpáticas, sem haver qualquer

sinal de regeneração (CANDAS, GORUR, HAHOLU, YIYIT, YILDIZHAN, GEZER,

SEN, ISITMANGIL, 2012).

28

Experimento em ovelhas procedeu à clipagem do nervo simpático por

toracoscopia e pela mesma via realizou-se extração do clipe no 7º dia de pós-

operatório. Segmento após 4 semanas demonstrou importantes sinais de dano

neural. Entretanto, após 12 semanas estes sinais haviam diminuído acentuadamente

e análise histológica convencional tinha quase normalizado. Isto corrobora com a

teoria de que a aplicação de clipes na cadeia simpática é um procedimento

reversível num período de observação prolongada. É sugerido que mais estudos

com períodos mais longos entre aplicação e remoção, bem como investigações de

condução nervosa deve ser incentivada, porque não se sabe se a reversibilidade

histológica em nível celular se traduz em reversibilidade fisiológica (THOMSEN,

MIKKELSEN, DEREJKO, SCHRØDER, LICHT, 2014).

Ensaio realizado em bodes com bloqueio simpático através de clipagem, com

remoção dos clipes no 30º dia de pós-operatório e mais 30 dias de observação

demonstrou presença de inflamação, degeneração significativa e infiltração de

células inflamatórias nas fibras nervosas em cortes histológicos do segmento onde o

clipe foi aplicado. Por outro lado, células de Schwann foram observadas ao redor

das terminações nervosas periféricas no segmento nervoso de onde o clipe foi

removido, o que pode indicar reconstituição da mielina com consequente facilitação

da transmissão do impulso nervoso, sugerindo ser possível haver regeneração

histológica do nervo após remoção do clipe (EROL, SALCI, MELEK, İLHAN,

ÖZFILIZ, BAYRAM, GEBITEKIN, 2015).

3 MATERIAL E MÉTODO

30

Este estudo foi realizado no Instituto de Pesquisas Médicas (IPEM) do

Programa em Princípios da Cirurgia da Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR) e

no Biotério da Universidade Positivo. Foram adotadas as Normas para Apresentação

de Documentos Científicos da Universidade Federal do Paraná (2007) adaptadas às

resoluções do IPEM e utilizou-se a Nomina Anatômica Veterinária (1983). A

execução da pesquisa só foi realizada após ser submetida à apreciação do Comitê

de Ética em Pesquisa Animal da Faculdade Evangélica do Paraná (ANEXO 1).

O trabalho foi estruturado nos princípios da experimentação animal,

respeitando-se os princípios éticos preconizados pela Sociedade Brasileira de

Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL), pelas normas da legislação brasileira

de animais de experimentação prevista na Lei Sérgio Arouca, Lei Federal número

11.794 (08/10/2008).

Esta pesquisa não apresenta conflito de interesses.

3.1 AMOSTRA

Foram utilizados 20 coelhos (Oryctolagus cuniculus) machos, com peso

corpóreo entre 1850g e 2000g. Os coelhos receberam ração comercial (Nuvital®,

Quimtia Brasil S.A.). Os animais foram mantidos em salas climatizadas com controle

digital, com temperatura variando de 18°C a 22°C, umidade relativa do ar de 65% e

em foto período de 12 horas de escuro.

3.2 CONSIDERAÇÕES AMBIENTAIS

Os animais foram encaminhados para a sala de experimentação quinze dias

antes do início das cirurgias. Após o período de aclimatação, os animais foram

pesados, identificados e mantidos em gaiolas individuais. A identificação foi

realizada conforme o padrão adotado no biotério, utilizando numeração nas orelhas,

conforme mostra a FIGURA 2. Durante todo o período experimental, as condições

ambientais de luz, temperatura e umidade das salas foram as mesmas, com controle

pré-programado em painel digital.

31

FIGURA 2 – IDENTIFICAÇÃO DOS ANIMAIS.

Fonte: O AUTOR.

3.3 DIVISÃO DOS GRUPOS

Os 20 coelhos foram divididos em dois grupos: grupo 1 ou grupo clipagem,

onde se realizou a clipagem do nervo simpático cervical direito com clipe de

polímero de 5 mm (Hem-o-lok®, Teleflex Medical), sendo os animais numerados de

1 a 10 e grupo 2 ou grupo desclipagem, onde se realizou a mesma clipagem do

nervo simpático cervical direito dos animais do grupo 1, porém no 7º dia de pós-

operatório os animais foram submetidos a um segundo procedimento, no qual se

removeu o clipe. Os coelhos desse grupo foram numerados de 11 a 20. Utilizou-se

um único clipe por animal em ambos os grupos. As FIGURAS 3 A e B ilustram o

mecanismo de fechamento do clipe de polímero hem-o-lok®.

32

FIGURA 3 A e B– MECANISMO DE FECHAMENTO DO CLIPE DE POLÍMERO.

LEGENDA: A- Clipe de polímero aberto; B – Clipe de polímero fechado.

Fonte: O AUTOR.

3.4 ANESTESIA

Como medicação pré-anestésica foi aplicado 1 mg/Kg de Midazolam

(Dormonid®, Roche) por via intramuscular. Após a sedação, o animal recebeu uma

associação de 35 mg/Kg de Cloridrato de Quetamina a 10% (Ketamin-S®, Cristália)

com 5 mg/Kg de Cloridrato de Xilazina a 2% (Xilazin®, Syntec) por via intramuscular,

drogas essas demonstradas na FIGURA 4. Após obtenção do plano anestésico,

procedeu-se ao acesso venoso em veia superficial da orelha com cateter venoso

periférico poliuretano 22G (Insyte®, Becton Dickson) e o coelho foi posicionado na

mesa cirúrgica onde recebeu Isoflurano (Sevocris®, Cristália) por máscara facial

para manutenção do plano anestésico (MASSONE, 2008). Durante o período trans-

operatório foram controladas a frequência cardíaca e saturação de oxigênio em

oxímetro de pulso.

33

FIGURA 4 – ANESTÉSICOS DE USO INTRAMUSCULAR.

Fonte: O AUTOR.

3.5 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO

Uma vez posicionado em decúbito dorsal, com leve extensão cervical,

realizou-se depilação da região cervical por arrancamento dos pelos após aplicação

de creme depilante (Veet®, Reckiite Benckiser) (FIGURA 5). Procedeu-se à

antissepsia da pele com solução de iodo polivinil-pirrolidona iodo 1% (Povidine®,

Johnson Diversey), conforme a FIGURA 6.

FIGURA 5 – COELHO ANESTESIADO, APÓS TRICOTOMIA.

Fonte: O AUTOR.

34

FIGURA 6 – COELHO ANESTESIADO, APÓS ANTISSEPSIA DA REGIÃO CERVICAL.

Fonte: O AUTOR.

A técnica cirúrgica utilizada constituiu-se de:

a) Incisão cervical longitudinal mediana de aproximadamente 1,5cm, com

cabo de bisturi número 3 e lâmina nº15 (FIGURA 7).

b) Dissecação romba com tesoura entre músculo platisma e musculatura

pré-traqueal.

c) Abertura da musculatura pré-traqueal longitudinalmente por divulsão em

sua linha mediana. Identificação da traquéia (FIGURA 8).

d) Identificação do feixe vásculo-nervoso cervical direito em topografia para-

traqueal direita (FIGURA 9).

FIGURA 7 – INCISÃO LONGITUDINAL DE 1,5 CM NA REGIÇÃO CERVICAL.

Fonte: O AUTOR.

35

FIGURA 8 – IDENTIFICAÇÃO DA TRAQUÉIA CERVICAL (SETA).

Fonte: O AUTOR.

FIGURA 9 – FEIXE VÁSCULO-NERVOSO CERVICAL (ENTRE AS SETAS).

Fonte: O AUTOR.

e) Individualização do nervo simpático direito (FIGURA 10). O nervo foi

submetido à clipagem entre seu 1/3 caudal e 2/3 cranial em ambos os grupos. A

FIGURA 11 demonstra num coelho do grupo 2 a clipagem do nervo no nível

padronizado, usando-se um endoclipe hem-o-lok®.

36

FIGURA 10 – INDIVIDUALIZAÇÃO DO NERVO SIMPÁTICO CERVICAL DIREITO (SETA).

Fonte: O AUTOR.

FIGURA 11 – CLIPAGEM DO NERVO (SETA).

Fonte: O AUTOR.

f) Fechamento da incisão cirúrgica com pontos simples de fio Nylon

monofilamentar preto agulhado 3/0 (Mononylon®, Johnson & Johnson), conforme

FIGURA 12.

37

FIGURA 12 – INCISÃO SUTURADA.

Fonte: O AUTOR.

Todos os coelhos que compuseram o experimento foram submetidos à

mesma técnica cirúrgica preconizada para cada grupo, sendo executada pelo

mesmo operador, o autor do estudo.

Os animais do grupo 2 ou desclipagem foram submetidos no 7º dia de pós-

operatório à cervicotomia seguindo a mesma técnica empregada no primeiro

procedimento; identificou-se o clipe de polímero e liberou-se o mesmo do nervo com

uso de tesoura. Demarcou-se o local da clipagem com fio de Nylon monofilamentar

preto (Mononylon®, Johnson & Johnson), conforme FIGURA 13. Precedeu-se à

síntese da incisão cirúrgica com a mesma técnica utilizada na primeira operação.

38

FIGURA 13: DEMARCAÇÃO DO LOCAL DA CLIPAGEM.

Fonte: O AUTOR.

3.5.1 Controle da Dor Pós-Operatória

Ao final do procedimento cirúrgico cada coelho recebeu 0,8 mg/Kg de

Tartarato de Butorfanol (Torbugesic®, Fort Dodge) por via subcutânea a cada 8

horas durante dois dias e dose única de 0,5 ml de Pentabiótico Veterinário

(Pentabiótico Veterinário®, Fort Dodge) de amplo-espectro. Durante o pós-

operatório foram controladas as quantidades de água e alimento ingeridas pelos

coelhos a fim de se determinar o nível de bem-estar (MASSONE, 2008).

3.5.2 Morte dos Animais

Os coelhos do grupo 1 foram mortos no 7º dia de pós-operatório pela

aplicação endovenosa rápida de 10 mg/Kg de Tiopental Sódico (Thiopentax®,

Cristália) a 2,5% (FIGURA 14), respeitando-se as normas nacionais e internacionais

de bem-estar animal.

Já os animais do grupo 2 foram mortos no 28º dia de pós-operatório da

primeira cirurgia, isto é, no 21º dia pós-desclipagem.

39

FIGURA 14: TIOPENTAL SÓDICO.

Fonte: O AUTOR.

3.6 COLETA DE AMOSTRAS

Uma vez cumprido o tempo do experimento, os animais foram submetidos à

morte, sendo as cadeias simpáticas cervicais direitas dissecadas com uso de

material cirúrgico. Após, marcou-se sua extremidade cranial e caudal com fio de

algodão 3/0 (Polycot®, Johnson & Johnson), sendo deixado na extremidade caudal

à área a ser estudada microscopicamente, um coto mais curto de fio e na cranial um

coto mais longo. As peças foram colocadas em frascos contendo solução de formol

a 10%, identificados com o número do animal e data. Foram, então, encaminhadas

ao laboratório de Anatomia Patológica do Hospital Universitário Evangélico de

Curitiba da Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR).

3.7 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA

Para avaliação dos nervos simpáticos fez-se uma análise clínica ao natural, e

as mesmas foram fotografadas com Câmera digital COOLPIX 4500 NIKON.

O autor estabeleceu critérios com a finalidade de uma avaliação objetiva e

criteriosa do processo desencadeado pelas lesões no 7º dia de pós-operatório,

conforme o QUADRO 1.

40

Identificação do nervo simpático cervical grau 0 = ausente

grau 1 = presente

Descontinuidade macroscópica do nervo grau 0 = ausente

grau 1 = presente

Aspecto do clipe no nervo (aplicável somente no

grupo clipagem)

grau 0 = hermeticamente fechado

grau 1 = parcialmente aberto

grau 2 = totalmente aberto

Presença de infecção ao redor do nervo grau 0 = ausente

grau 1 = infecção leve

grau 2 = abscesso

QUADRO 1 – CRITÉRIOS ESTABELECIDOS PARA AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA NO 7º DIA DE

PÓS-OPERATÓRIO.

FONTE: MARINHO JUNIOR (2012).

Para avaliação de aderências, adotou-se a metodologia proposta por Jenkis

(1983):

grau 0 = ausente

grau 1 = mínimas aderências

grau 2 = moderadas aderências

grau 3 = intensas aderências

3.8 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA

O processamento para microscopia óptica do material coletado foi realizado

nos bordos nervosos do local em que foi realizado sua clipagem (grupo 1) e no local

da desclipagem (grupo 2).

Depois de fixados, os espécimes foram desidratados com passagens

sucessivas em soluções de álcool etílico em concentrações crescentes de 70%,

80%, 90% e absoluto. Após foram diafanizados em xilol, incluídos em parafina e

blocados. Foram feitos cortes de 5µm de espessura em micrótomo e posterior

montagem em lâminas de 75x25mm, as quais foram devidamente identificadas com

o número do animal e coradas pela Hematoxilina-Eosina (HE) e Picrosirius Red

F3BA (PSR).

41

3.8.1 Coloração pela Hematoxilina-Eosina

As secções histológicas coradas pela técnica histoquímica de HE foram

analisadas em microscópio óptico binocular, marca Nova Optical Systems®, modelo

L1100, com lentes planas apocromáticas. Este método teve o objetivo de avaliar o

tipo e quantidade das células predominantes na reação inflamatória (infiltrado

polimorfonuclear e monomorfonuclear) e presença de necrose. A presença de

edema, congestão, hemorragia e células neutrofílicas são indicativas de processo

inflamatório agudo, enquanto infiltrado inflamatório mononuclear é indicativo de

processo inflamatório crônico. A necrose caracteriza ausência de regeneração,

sendo o resultado final de um processo degenerativo.

Os dados obtidos pela técnica de HE foram classificados baseados nas

características histopatológicas, de acordo com a intensidade em que foram

encontrados, conforme o QUADRO 2 (SOUSA, SOARES e APRILLI, 1991) em caso

de processo inflamatório agudo e de acordo com o QUADRO 3 (LUZ-VERONEZ,

1999) quando na presença de processo inflamatório crônico. Através da atribuição

de índice aos achados histológicos, os mesmos se transformaram em variáveis

quantitativas.

Características histopatológicas

Intensidade dos Achados

Abundante Moderado Discreto Ausente

Neutrófilos 3 2 1 0

Edema 3 2 1 0

Congestão 3 2 1 0

QUADRO 2 - CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO AGUDO BASEADO NAS

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS.

FONTE: SOUSA, SOARES e APRILLI (1991).

42

Características histopatológicas Classificação da intensidade

1. Degeneração Walleriana discreta

2. Infiltrado inflamatório

monomorfonuclear discreto

3. Tumefação axonal mínima

discreto/mínimo = 1

1. Degeneração Walleriana moderada

2. Infiltrado inflamatório

monomorfonuclear moderado

3. Tumefação axonal média

moderado/médio = 2

1. Degeneração Walleriana acentuada

2. Infiltrado inflamatório

monomorfonuclear acentuado

3. Tumefação axonal máxima

acentuado/máximo = 3

Necrose do nervo Necrose do nervo = 4

QUADRO 3- CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO CRÔNICO BASEADO NAS

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS.

FONTE: LUZ-VERONEZ (1999).

3.8.1.1 Análise do processo inflamatório

A análise histopatológica e a atribuição dos índices foram realizadas pelo

mesmo patologista, que não sabia a qual grupo pertencia o animal.

3.8.2 Coloração de Picrosirius Red F3BA (PSR)

Os cortes histológicos submetidos à coloração de PSR visavam à

identificação e quantificação de colágeno, tanto maduro quanto imaturo, por técnica

de microscopia com luz polarizada e análise morfométrica computadorizada.

A leitura das lâminas foi realizada através do programa Pro-image-plus 4.5®

para Windows em um computador Pentium IV® acoplado ao microscópio óptico

modelo BX40® (Olympus, Tóquio, Japão), calibrado previamente em pixels com

objetiva de 40 vezes. Com câmera de captura DP71® (Olympus, Tóquio, Japão)

(FIGURA 15), as imagens foram enviadas a um monitor Sony Trinitron® colorido

(Sony, Tóquio, Japão), congeladas e digitalizadas por uma placa processadora de

imagens digitais Oculus TCX® (Coreco, St. Laurent, Canadá). Foram realizadas 3

medidas de colágeno em cada campo longitudinal e 3 medidas em cada campo

43

transversal. As medidas foram transferidas para o programa Excel Windows, como

descrito a seguir.

FIGURA 15 – CÂMERA DE CAPTURA DE IMAGENS OLYMPUS DP71 ACOPLADA AO

MICROSCÓPIO ÓPTICO OLYMPUS BX40.

Fonte: O AUTOR.

Após a observação do campo na área da lâmina corada pelo PSR foi

realizada a polarização. Toda a substância não-colágeno foi corada em preto. O

colágeno maduro ou tipo I foi corado em amarelo, vermelho-alaranjado e vermelho,

enquanto o colágeno do tipo III ou imaturo foi corado em verde, características essas

observadas na FIGURA 16. Estas cores foram selecionadas através do programa

para quantificação e somatória da área selecionada em micrômetro quadrado. As

seis medidas realizadas foram somadas para após calcular-se uma média simples.

Os dados foram então transportados para o programa Excel Windows e colocados

em tabela para análise estatística.

44

FIGURA 16 – FOTOMICROGRAFIA EM COLORAÇÃO DE PSR EM LUZ POLARIZADA.

LEGENDA - Corte transversal do nervo simpático cervical do coelho 10, em aumento de 20x.

NOTA: setas brancas apontam para fibras colágenas do tipo I, enquanto as azuis demonstram as do

tipo III.

Fonte: O AUTOR.

Com o mesmo aplicativo Pro-Image Plus, analisaram-se área total (em

micrômetro quadrado), as porcentagens de colágeno do tipo I e do tipo III. As fibras

colágenas mais espessas e fortemente birrefringentes tingiram-se com alaranjado e

vermelho (tipo I), e as fibras mais finas e fracamente birrefringentes com verde (tipo

III). Obteve-se uma média dessas porcentagens em cada corte histológico.

Todas as lâminas foram avaliadas sob as mesmas condições de regulagem,

dentro dos parâmetros exigidos pelo referido aplicativo.

45

3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Procedeu-se ao tratamento estatístico adequado conforme a natureza dos

dados analisados e o tamanho dos grupos clipagem e desclipagem. Utilizou-se o

teste t nas comparações dos colágenos tipos I e III entre grupos. Foi utilizado o teste

de Fisher para se comparar entre grupos a classificação das aderências peri-neurais

e o tipo do processo inflamatório crônico. A análise foi descritiva para presença de

processo inflamatório e necrose devido às frequências apresentadas nos grupos.

Fixou-se em 0,05 ou 5% o índice para significância estatística.

4 RESULTADOS

47

4.1 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA

Às reoperações e às necropsias, o nervo simpático cervical foi facilmente

identificado em todos os animais do experimento.

4.1.1 Presença de Lesão de Descontinuidade do Nervo Simpático Cervical

Em todos os animais de ambos os grupos não foi observada lesão de

descontinuidade do nervo, o que é facilmente observado na FIGURA 17.

FIGURA 17 – INTEGRIDADE MACROSCÓPICA DO NERVO

LEGENDA – Cirurgia para remoção do clipe do coelho 17.

NOTA: setas brancas apontam para o nervo acima e abaixo do clipe, o qual está sinalizado com seta preta. Fonte: O AUTOR.

4.1.2 Aspecto do Clipe no Nervo Simpático Cervical Direito

Em todos os animais do experimento o clipe encontrava-se totalmente

fechado no 7º dia de pós-operatório, como é visto na FIGURA 18.

48

FIGURA 18 – ASPECTO DO NERVO CLIPADO (SETA) NO 7º PO.

LEGENDA – Cirurgia para remoção do clipe do coelho 17.

Fonte: O AUTOR.

4.1.3 Presença de Infecção ao Redor do Nervo Simpático Cervical Direito

Não foi observado nenhum caso de infecção ou abscesso ao redor do nervo.

4.1.4 Presença de Aderências ao Redor do Nervo Simpático Cervical Direito

Tanto no grupo clipagem como no grupo desclipagem houve formação de aderências, sendo essas classificadas como mínimas (FIGURA 19) em 8 animais de cada grupo e moderadas ou intensas (FIGURA 20) em 2 animais de cada grupo (TABELA 1).

TABELA 1 – PRESENÇA DE ADERÊNCIA PERI-NEURAL ENTRE OS GRUPOS CLIPAGEM E DESCLIPAGEM - TESTE DE FISHER GRUPOS CLASSIFICAÇÃO DAS ADERÊNCIAS TOTAL p mínimas moderadas/intensas

Clipado 8 2 10 1 Desclipado 8 2 10

TOTAL 16 4 20

Nota: p – valor da probabilidade

49

FIGURA 19 – ADERÊNCIAS (SETAS) CLASSIFICADAS COMO MÍNIMAS.

Fonte: O AUTOR.

FIGURA 20 – ADERÊNCIAS (SETAS) CLASSIFICADAS COMO MODERADAS OU INTENSAS.

Fonte: O AUTOR

50

4.2 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA

4.2.1 Presença de Necrose e Avaliação do Processo Inflamatório

Foi observado em todos os animais presença de processo inflamatório

crônico, com predomínio de infiltrado monomorfonuclear, ilustrado na FIGURA 21.

Conforme demonstra o QUADRO 4, em nenhum animal do experimento foi

constatada a presença de necrose.

FIGURA 21 – PROCESSO INFLAMATÓRIO CRÔNICO À COLORAÇÃO DE H-E.

LEGENDA – Corte longitudinal do nervo simpático cervical do coelho 5, em aumento de 100x.

NOTA – As setas brancas e vermelhas delimitam o perineuro, no qual se observa proliferação

das células de Schwann (setas pretas). À direita das setas vermelhas está o endoneuro, onde

é observado acentuado infiltrado inflamatório mononuclear.

Fonte: O AUTOR.

51

QUADRO 4 - PRESENÇA DE PROCESSO INFLAMATÓRIO E NECROSE ENTRE OS GRUPOS CLIPAGEM E DESCLIPAGEM

GRUPOS PRESENÇA TOTAL

processo inflamatório necrose

Clipagem 10 0 10 Desclipagem 10 0 10

TOTAL 20 0 20

Fonte: O AUTOR.

Em relação ao grau do processo inflamatório, em um animal do grupo

clipagem ele foi classificado como moderado e nos demais nove animais ele foi

classificado como discreto. Em todos os animais do grupo desclipagem o processo

inflamatório foi classificado como discreto. Não se observou diferença significativa

em relação ao grau do processo inflamatório entre os grupos (p 0,5) (TABELA 2).

TABELA 2 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DO TIPO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO CRÔNICO ENTRE OS GRUPOS CLIPAGEM E DESCLIPAGEM: TESTE DE FISHER

GRUPOS PROCESSO INFLAMATÓRIO CRÔNICO TOTAL p discreto moderado

Clipado 9 1 10 0,50 Desclipado 10 0 10

TOTAL 19 1 20

Nota: p – valor da probabilidade

4.2.2 Avaliação do Colágeno

As TABELAS 3 e 4 demonstram as médias em micrômetro quadrado do

colágeno tipo I e tipo III, respectivamente e comparando-as entre os grupos.

TABELA 3 – ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS MÉDIAS DO COLÁGENO TIPO I ENTRE OS GRUPOS CLIPAGEM E DESCLIPAGEM - TESTE t

GRUPOS n COLÁGENO TIPO I p min – max média ± dp Clipado 10 3,16 – 24,26 10,83 ± 6,85 < 0,0001 Desclipado 10 15,78 – 42,79 32,29 ± 7,95 Nota: n – tamanho do grupo; min – max - valores mínimo e máximo; dp – desvio-padrão; p – valor da probabilidade

52

TABELA 4 - – ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS MÉDIAS DO COLÁGENO TIPO III ENTRE OS GRUPOS CLIPAGEM E DESCLIPAGEM - TESTE t

GRUPOS n COLÁGENO TIPO III p min – max média ± dp Clipado 10 14,50 – 39,76 24,79 ± 7,69 < 0,0001 Desclipado 10 30,67 – 51,59 45,12 ± 6,40 Nota: n – tamanho do grupo; min – max - valores mínimo e máximo; dp – desvio-padrão; p – valor da probabilidade

Observou-se diferença significativa entre as áreas de colágeno tipo I, em

micrômetro quadrado, entre os grupos (p< 0,0001), assim como entre as áreas de

colágeno do tipo III (p< 0,0001). As FIGURAS 22 e 23 demonstram apresentação de

colágeno à coloração PSR.

FIGURA 22 – FOTOMICROGRAFIA EM COLORAÇÃO DE PSR EM LUZ POLARIZADA.

LEGENDA – Corte longitudinal do nervo simpático cervical do coelho 4, em aumento de 20x.

Fonte: O AUTOR.

53

FIGURA 23 – FOTOMICROGRAFIA EM COLORAÇÃO DE PSR EM LUZ POLARIZADA.

LEGENDA - Corte transversal do nervo simpático cervical do coelho 14, em aumento de 20x.

Fonte: O AUTOR.

5 DISCUSSÃO

55

5.1 ANIMAL DE EXPERIMENTAÇÃO

Trabalhos comparando a anatomia da cadeia simpática cervical em animais

de experimentação são escassos na literatura. KALSEY et al. (2000) compararam a

cadeia simpática cervical de cão, coelho, porquinho da índia, rato albino, galinha e

lagarto. Em todos os animais, com exceção do cão, o nervo simpático atravessa a

metade caudal da região cervical isoladamente do nervo vago; também constataram

que nessa topografia o nervo simpático não apresenta subdivisões no rato, no

porquinho da índia e no coelho. Devido à facilidade de obtenção, assim como

padronização de peso e idade, condições de alojamento e disponibilidade de ração,

calibre de seu nervo, permitindo fácil identificação do mesmo, optou-se pelo coelho

no presente experimento.

KALSEY et al. (2000) citam em seu estudo que a presença de gânglio

simpático cervical inferior nos coelhos é bastante frequente, dado discordante desta

tese, uma vez não se tenha identificado o referido gânglio em nenhum dos animais

do estudo.

5.2 PROCEDIMENTO ANESTÉSICO

A técnica anestésica realizada na pesquisa obedeceu à sistematização do

centro cirúrgico experimental do biotério.

Em conceituado tratado de farmacologia, MARSHALL et al. (1996) afirmam

que a quetamina é considerada um bom agente anestésico por produzir estado de

sedação, imobilidade, amnésia e analgesia acentuada, provocando inconsciência

cerca de 30 segundos após a sua aplicação. Além disto, tem a vantagem de não

causar estímulo hipóxico ou hiperbarbitúrico. Estas vantagens também são descritas

em estudos específicos de farmacologia e anestesiologia veterinária por MASSONE,

(2003) onde se relata que em coelhos a associação de quetamina e xilazina é de

fácil administração por via intramuscular, tem duração de 30 a 50 minutos e que a

repetição de metade da dose-mãe permite a continuidade do ato cirúrgico. RIVERA

(2002) em seu trabalho sobre animais de laboratório sugere as mesmas doses

empregadas no presente trabalho: quetamina 35 mg/kg + xilazina 5 mg/kg para uma

sedação e hipnose por cerca de 20 a 70 minutos.

56

Com relação a outros estudos experimentais, sempre houve uma

concordância em associar um sedativo com um analgésico, entretanto constata-se

uma grande variação das doses e das drogas. BELLÓN et al. (2002) e BELLÓN et

al., (2005) fizeram uso de quetamina 70 mg/kg + diazepam 1,5 mg/kg +

clorpromazina 1,5 mg/kg por via intramuscular; AYDOS et al. (1999) empregaram

midazolan 0,07 mg/kg + clorpromazina 0,1 mg/kg + quetamina 25 mg/kg + xilazina

10 mg/kg por via intramuscular. MATHEWS et al. (2003) preferiram injetar quetamina

20 mg/kg + acetilpromazina 0,5 mg/kg por via intramuscular e manutenção com

anestesia inalatória de isofluorane.

Durante o experimento, o coelho demonstrou ser um animal dócil e de fácil

manejo e embora seja citado como extremamente suscetível a procedimentos

cirúrgicos e anestésicos, não se observou nenhuma intercorrência pré, trans e pós-

operatória e nenhum animal foi a óbito por complicações anestésicas ou cirúrgicas.

5.3 PROCESSO INFLAMATÓRIO E CICATRIZAÇÃO APÓS LESÃO DO NERVO

SIMPÁTICO

Os clássicos trabalhos de GUTH (1956), FAWCET (1990) e ALDINI (2000),

demonstram que a atividade inflamatória após lesão nervosa é intensa, associada a

processo de degeneração Walleriana.

Estudos quantitativos de indicadores de cicatrização em nervo simpático são

escassos na literatura, sendo encontrado no Brasil um estudo de OLIVEIRA et al.

(2009), no qual se desenvolveu um modelo experimental em suínos objetivando

identificar a regeneração anatômica de ramos comunicantes do tronco simpático

torácico após secção dos mesmos – ramicotomia, sendo sua conclusão de que até o

15º dia de pós-operatório a reação inflamatória é intensa e não há regeneração

neural anatômica, entretanto a partir do 45º dia de pós-operatório passou-se a

observar regeneração neural anatômica.

MARINHO JR. et al. (2012), comparando processo inflamatório após secção e

clipagem utilizando clipe de titânio no nervo simpático, também observou reação

inflamatória intensa nos animais no 7º dia de pós-operatório.

ARANTES-MARINHO (2015), pela primeira vez descreve uso experimental de

Hem-o-lok® para o bloqueio nervoso simpático, comparando-o com o clipe de

titânio. Observou-se predomínio de processo inflamatório intenso ao se utilizar clipe

57

de titânio, entretanto em todos os animais onde se empregou o Hem-o-lok® o

processo inflamatório foi discreto ou moderado.

O presente trabalho vem ao encontro de ARANTES-MARINHO (2015), haja

vista observar-se processo inflamatório de predomínio discreto nos animais do

estudo.

Estudos observacionais sobre o efeito da clipagem da cadeia simpática

torácica, como os de LIN et al. (1998), LIN et al. (2001), REISFELD et al. (2006),

FIBLA et al. (2009) e COELHO et al. (2009), comprovam seu efeito sobre o bloqueio

da condução de seu estímulo nervoso, entretanto sem haver demonstração

histológica da lesão provocada.

MARINHO JR. et al. (2012) não identificaram diferenças significativas no que

tange ao processo inflamatório provocado pela clipagem do nervo simpático

comparando-se com o provocado por sua secção. Entretanto, devido à ausência de

lesão de continuidade observada pela lesão por clipagem, sugeriram que a

realização de estudos comparando-se o processo inflamatório em diferentes

períodos após a retirada do efeito compressivo da clipagem possa demonstrar uma

possível involução do processo inflamatório associado ou não à regeneração

anátomo-funcional.

ARANTES-MARINHO (2015) constatou que a formação de aderências ao

redor do nervo simpático cervical foi significativamente menor ao se utilizar o Hem-o-

lok® comparativamente ao clipe convencional de titânio, o que sugere maior

facilidade técnica em casos onde seja necessária uma nova intervenção. O presente

trabalho vai ao encontro deste, uma vez que predominaram formações de

aderências mínimas peri-neurais.

5.4 AVALIAÇÃO DO COLÁGENO

Quanto ao estudo do colágeno, OLIVEIRA et al. (2009) observaram haver

elevação dos níveis de fibras colágenas tanto do tipo I quanto do tipo III, sendo esta

elevação constante até o 90º dia de pós-operatório. A partir de então se observou

aumento progressivo da quantidade de fibras colágenas, sendo seu maior pico de

ocupação de área neural no 135º dia de pós-operatório.

MARINHO JR. et al. (2012) e ARANTES-MARINHO (2015) também

demonstraram depósito de colágeno na área da lesão provocada no nervo

58

simpático, havendo predomínio do colágeno do tipo I em relação ao do tipo III,

mesmo em fase precoce.

Esta pesquisa, portanto, corrobora com os estudos realizados por OLIVEIRA

et al. (2009), MARINHO JR. et al. (2012) e ARANTES-MARINHO (2015)

demonstrando haver deposição de colágeno na área da lesão provocada no nervo

simpático, sendo, já em fase precoce, maior a presença de colágeno do tipo I do que

do tipo III.

O menor depósito de colágeno tipo III ou imaturo em relação ao tipo I ou

maduro, num curto período da lesão nervosa, vai ao encontro do trabalho de

JUNQUEIRA (1979), que demonstrou numa fase inicial da degeneração Walleriana,

após injúria de nervo periférico, ocorrência de uma absorção de parte do endoneuro,

o qual é constituído por fibras reticulares, cuja composição principal é de colágeno

do tipo III.

5.5 PERSPECTIVAS

São poucos na literatura os relatos de caso assim como as séries clínicas

avaliando a retirada de clipe após bloqueio simpático para o tratamento da

hiperidrose. Não se consegue explicar o motivo pelo qual os resultados clínicos são

tão discrepantes. SUGIMURA et al. (2009), relataram a maior série de casos, com

maior tempo de seguimento dos pacientes, o qual foi superior a cinco anos.

Observaram redução do suor compensatório em aproximadamente metade dos

pacientes; entretanto não encontraram explicação para o fato de que em 40% dos

pacientes que experimentaram redução do suor compensatório não houve

recorrência da hiperidrose original. Por não haver nenhum modelo animal

reprodutível visando avaliar o mecanismo da hiperidrose e validar o conceito de

bloqueio simpático e reversibilidade do mesmo, sugeriram a necessidade de

trabalhos experimentais para tal.

O presente estudo desenvolveu um modelo experimental com potencial de

validar o conceito de reversibilidade do bloqueio simpático e sugere-se a realização

de pesquisas comparando-se o processo inflamatório e a quantificação de

colágenos em diferentes períodos após a retirada do efeito compressivo do clipe,

visando demonstrar a possibilidade de uma cicatrização ou regeneração anatômica

parcial ou total do nervo, assim como sua associação ou não a um maior ou menor

59

depósito de fibras colágenas. Também possibilita uma avaliação da existência ou

não de uma relação entre os tipos de colágeno no processo de cicatrização do nervo

simpático.

Demonstra-se ainda a necessidade de avaliar novos materiais e tecnologias,

pois o uso de materiais mais inertes ao organismo pode cursar com menor formação

de aderências, facilitando reabordagens e gerando, portanto, menores traumas

operatórios.

6 CONCLUSÕES

61

Baseado nos dados obtidos nesta pesquisa pode-se concluir que:

1- A clipagem do nervo simpático cervical com uso de clipe de polímero não

causa lesão de descontinuidade.

2- Não houve abertura do clipe em nenhum dos animais.

3- Em nenhum dos animais do experimento houve desenvolvimento de

infecção ao redor do nervo simpático.

4- A clipagem do nervo simpático cervical foi associada à presença de

aderências, as quais se mantiveram inalteradas após a retirada do clipe.

5- Não houve diferença significativa no tipo nem na intensidade do processo

inflamatório que acometeu o nervo simpático cervical pela clipagem e após remoção

do clipe, sendo predominante a presença de processo inflamatório crônico e

discreto.

6- Não houve desenvolvimento de processo de necrose associado à clipagem

do nervo simpático cervical com clipe de polietileno.

7- Houve predomínio de depósito de colágeno tipo III em relação ao tipo I no

sítio das lesões nervosas, em ambos os grupos.

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63

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ANEXO

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