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Escola Secundária de Cascais Ano Letivo: 2013/2014 Disciplina de Sociologia Professora M. Margarida Rufino Catarina Duarte Alves 12ºH Nº7 Cascais, 27 de Fevereiro de 2014 Socialização e Cultura Bruxaria e Rituais

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Escola Secundária de Cascais

Ano Letivo: 2013/2014

Disciplina de Sociologia

Professora M. Margarida Rufino

Catarina Duarte Alves 12ºH Nº7

Cascais, 27 de Fevereiro de 2014

Socialização e Cultura

Bruxaria e Rituais

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Índice

Introdução…………………………………………………………………….3

1. Bruxaria e Rituais…………………………………………………………4

2. Wicca Tradicional…………………………………………………………5

3. Vodu………………………………………………………………………..7

4. As Bruxas de Salém………………………………………………………9

5.Harry Potter e a Bruxaria adaptada à Modernidade…………………..10

Conclusão……………………………………………………………………11

Referências Bibliográficas………………………………………………….12

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Introdução

Estra trabalho, cujo tema é “Bruxaria e Rituais”, enquadra-se na Unidade

Letiva 3: Socialização e Cultura, tendo sido solicitado pela Professora de

Sociologia M. Margarida Rufino.

Inicialmente, foram dados a escolher aos alunos quatro temas para a

realização de um Trabalho Individual Escrito. Contudo, a Professora Margarida

Rufino sugeriu que fosse feita uma adaptação dos temas: a partir do tema

primeiramente escolhido, neste caso “Os rituais como expressões

multiculturais”, os alunos poderiam escolher um assunto que considerassem

interessante para desenvolver. Deste modo, escolhi um tema pelo qual sempre

senti grande interesse e curiosidade – Bruxaria e Rituais.

Estas são práticas que revelam bastante sobre uma cultura, sociedade

ou comunidade, nomeadamente a forma de pensamento e comportamento dos

indivíduos, nomeadamente na forma como comunicam e interagem.

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1. Bruxaria e Rituais

O conceito de

bruxaria e a noção de ritual

não podem ser

considerados sinónimos,

uma vez que têm

significados diferentes.

A palavra bruxaria,

de acordo com o seu uso

corrente, designa a

execução de rituais de

origem sobrenatural com a

intenção de ver realizados

benefícios pessoais.

No entanto, é também utilizada como sinónimo de cura espiritual, prática

oracular e feitiçaria.

Porém, tal definição não retrata o que realmente é bruxaria. Para melhor

compreensão do significado desta prática, poderemos partir da utilização de

alguns exemplos: uma oração cristã é um ritual de cunho sobrenatural, isto é,

não científico, com a intenção de se obterem benefícios de cariz pessoal. Do

mesmo modo que as práticas de cura espiritual também se encontram em

diversas formas de religiosidade.

Por outro lado, um ritual é um conjunto de gestos, palavras e regras,

geralmente com um valor simbólico, cujo ato é definido e estipulado por uma

religião ou pelas tradições da comunidade que a pratica.

Esta prática não está apenas ligada a formas de expressão religiosas.

Um ritual acontece tendo em conta certos indivíduos, o tempo e o espaço em

que decorre. Necessita, também, de um certo tipo de objetos, técnicas e

procedimentos, bem como objetivos definidos.

Alguns estudos revelam que a música, a dança, a roupa, os alimentos,

entre outros, são também características a ter em conta na realização de um

ritual, dependendo da organização social, política e cultural.

Fig. 1: Concretização de um Ritual

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2. Wicca Tradicional

Existem diversos tipos de bruxaria e tradições. No

entanto, concentrarei parte do meu trabalho na bruxaria

Wicca Tradicional.

Sendo mãe de diversas tradições modernas

de bruxaria, a Wicca Tradicional foi fundada por

Gerald Gardner, em meados do século XX.

A Wicca é uma religião neopagã influenciada

por crenças pré-cristãs e práticas da Europa Ocidental,

que acredita na existência do poder sobrenatural e nos

princípios físicos e espirituais femininos e masculinos. Tais princípios são

integrantes da natureza, celebrando-se, assim, os ciclos da vida.

Na década de 1930, surgiu em Inglaterra a primeira certeza da

existência desta prática, tendo sido transportada para Austrália e Estados

Unidos da América, na década de 60. Nestes países, esta prática adotou, para

além da sua estrutura básica, novas tradições baseadas nos seus mitos e

lendas regionais.

Em meados de 1990, a bruxaria Wicca chega ao Brasil que se mantém

em contacto com as comunidades europeias.

Praticamente em todas as tradições Wicca, existe a crença nos Quatro

Elementos. Porém, em oposição à filosofia da Grécia Antiga, os Quatro

Elementos são vistos de uma forma simbólica, sendo evocados durante os

rituais mágicos e nomeados ao se consagrar um círculo mágico.

Estes elementos são os seguintes: Ar, Fogo, Água e Terra. Existe um

quinto elemento, o Espírito, que tem a função de unir todos os outros.

Tradicionalmente, cada elemento é associado a um ponto cardeal, sendo o ar o

Fig. 2: Símbolo Wicca

Fig. 3: Mapa de regiões onde existem indivíduos praticantes de Wicca

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ponto mais oriental, o fogo o sul, a água o oeste, a terra desempenhando o

papel do norte e, por fim, o espírito como o centro.

Todos os rituais Wicca devem incluir “ferramentas mágicas”, tais como:

uma faca – athame -, uma varinha, um pentagrama, um cálice, velas e

incensos, uma lâmina conhecida como bolline, entre outros. Em certos rituais é

obrigatório existir um altar dentro do círculo, onde os objetos acima referidos

são colocados, tendo uma Deusa ou um Deus (adorado pelo praticante do

ritual) a completar o altar.

A Wicca Tradicional não possui um texto

sagrado, embora existam algumas escrituras que

diversas tradições se apoiam para as suas crenças

e práticas.

Gerald Gardner utilizada um livro chamado

de Livro das Sombras. Neste livro existem vários

textos e excertos retirados de outras fontes, por

exemplo, o Evangelho das Bruxas (1899), de

Charles G. Laland.

O Livro contém instruções de como realizar

rituais, bem como poesia religiosa e cantos para serem utilizados durantes os

rituais.

Diversos símbolos são utilizados

na linguagem Wicca. Um dos símbolos é

o da Mãe Tríplice, que representa as três

fases da Deusa: A Donzela/Virgem, a

Mãe e a Anciã. A Donzela simboliza

encantamento, criação, a promessa de

novos começos, nascimento e

juventude, estando representada por

uma lua de quarto crescente. Representa a maturidade, fertilidade,

sexualidade, respeito, estabilidade e vida estão figurados na Mãe, reproduzida

pela lua cheia. Por sua vez, a Anciã significa sabedoria, repouso e morte,

sendo retratada por uma lua quarto minguante.

Para concluir, o pentagrama é mais um entre

os variados símbolos. De forma geral, a “estrela de

cinco pontas” é uma indicação de vida e inteligência,

representando, ainda, para os praticantes deste tipo

de bruxaria, os Quatro Elementos e o Espírito.

Fig. 4: Exemplar do Livro das

Sombras

Fig. 5: Símbolo Mãe Tríplice

Fig. 6: Símbolo Pentagrama

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3. Vodu

Esta prática de religião

monoteísta tradicional teve origem

no Benin, África Ocidental, Nigéria e

Gana, sendo distinta de outras

religiões deste tipo (como o Vudu

praticado na República Dominicana,

Brasil Cuba, entre outros).

É importante esclarecer o significado da palavra. Quando esta se

encontra escrita com letra maiúscula, Vodu, denota para a designação da

religião. Contudo, se nos depararmos com a palavra escrita através de letra

minúscula – vodu -, então, remete-nos para os espíritos centrais desta religião.

Em Benin, dos 60% da população cerca de 4 milhões e meio praticam

Vodu. Já no Togo, existem à volta de 2 milhões e meio de seguidores. Na

região do Gana, 13% de uma população de 20 milhões são adeptos do Vodu e

38% praticam religiões tradicionais que não se afastam muito desta prática.

Existem diversos espíritos, conhecidos como voduns, que são adorados

pelos praticantes desta religião.

Alguns deles são: Loko é o primogénito dos voduns, representado por

uma árvore sagrada; Gu, sendo o espírito dos metais, da guerra, fogo e

tecnologia; Heviossô comanda os raios e os relâmpagos; Dan, sendo o vodun

da riqueza, tendo como símbolo o arco-íris; Agué, espírito da caça e protetor

das florestas; Agbé, o dono dos mares; Ayizan, a vodun da crosta terrestre e

dos mercados; Fa, figurando a adivinhação e o destino; entre outros espíritos.

Fig. 7: Exemplo de boneco utilizado esta prática

Fig. 8: Mapa dos locais onde nasceu o Vodu

8

Em África, os voduns são agrupados em

“famílias”, cujo vodun principal a chefia

representando um elemento ou fenómeno da

natureza ou da cultura. Existem quatro famílias

principais: os Ji-vodun, também conhecidos por

“voduns do alto”, chefiados por Sô – forma

elementar de Heyiossô -; os Ayi-vodun, voduns da

terra, liderados por Sakpatá; os Tô-vodun, que

variam de acordo com a localidade em que se

pratica o Vodu; e, por fim, os Henu-vodun, também

variados pois prestam-lhes culto clãs que se

considerem seus descendentes.

Os rituais não obrigam a um uso de vestes próprias, sendo as danças

realizadas ao longo dos rituais de ritmo mais pesado.

Os praticantes raramente conversam, contudo, quando

o fazem utilizam um dialeto próprio.

Já nos Estados Unidos da América, a palavra

mais comum para esta prática é Voodoo. No entanto, é

considerada ofensiva para as comunidades africanas

praticantes.

Neste país, esta prática foi desenvolvida a partir

do Vodu africano, sendo, muitas vezes, utilizada a

língua francesa e o crioulo, essencialmente pela

população praticante afro-americana.

Fig. 9: Boneco Vodu

Fig. 10: Boneco Vodu

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4. As Bruxas de Salém

Um dos episódios mais marcantes da história foi o que ficou conhecido

como As Bruxas de Salém.

Numa noite de

Outubro de 1692,

decorreram os últimos

julgamentos por bruxaria

na pequena povoação de

Salém, Massachusetts

(América do Norte).

O medo da prática

de bruxaria teve início

aquando de uma escrava

negra de nome Tibuta ter

relatado certas histórias da religião Vodu. As raparigas a quem contou as

histórias tiveram pesadelos horrendos nessa mesma noite.

Devido às jovens terem passado tão mal a noite, um médico foi

chamado com o objetivo de as examinar e descobrir-se a causa dos

pesadelos. Após a sua avaliação, o médico declara que as jovens deveriam

estar “embruxadas”, isto é, teriam sido vítimas de bruxaria.

Os julgamentos de Tituba e de outras mulheres, nomeadamente Sarah

Good e Sarah Osborne, foram realizados perante o juiz Samuel Sewall (1652-

1730), tendo, anos mais tarde, lamentado publicamente o seu papel nos

julgamentos. Um pregador colonial que acreditava em bruxaria, Cotton Mather

(1663-1728), encarregou-se das acusações.

Nesta zona, o receio sentido pela bruxaria durou cerca de um ano, no

qual vinte pessoas, na sua maioria mulheres, foram declaradas culpadas de

praticar este tipo de atos e depois executadas.

As principais testemunhas de acusação, que diziam praticar bruxaria,

foram as seguintes: Ann Putnam, Jr; Elizabeth “Betty” Parris, Maria Jordão e

Abigail Williams.

Fig. 11: Ilustração de 1876 da sala de audiências

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5. Harry Potter e a Bruxaria Adaptada à Modernidade

Nos dias de hoje, existem

várias adaptações destas práticas a

todos nas diversas categorias

existentes – literatura, cinema,

música, entre outros – tanto para

adultos como para os mais jovens.

Existe um exemplo que retrata

excecionalmente esta ideia, por ser a

adaptação mais conhecida e adorada

em todo o mundo:

Harry Potter é uma série de aventuras fantásticas criada pela escritora

britânica J. K. Rowling. Esta saga é constituída por sete livros, tendo sido o

primeiro lançado em 1997. Desde o seu lançamento, que esta série literária

sofreu adaptações principalmente para filmes e jogos de vídeo, devido à sua

popularidade por todo o mundo.

Grande parte da narrativa tem lugar na Escola de Magia e Feitiçaria de

Hogwarts, focando

diversos conflitos entre

o jovem Harry Potter e

o bruxo das trevas Lord

Voldmort, cujo jovem

feiticeiro conta com a

ajuda dos seus

melhores amigos:

Hermione Granger e

Ron Weasley.

Os livros desta

talentosa escritora,

bem como os filmes passam mensagens e ensinamentos como o valor da

amizade e do amor, escolhas e decisões, preconceito, coragem e, até, as

complexidades da vida e da morte. Tudo isto é transmitido de uma forma

divertida e envolvente, utilizando como meio um universo repleto de magia

onde se vivem aventuras fantásticas e situações desesperantes, porém, o

importante é que a amizade e o amor tudo vencem e superam.

Fig. 12: Livros da Série Harry Potter

Fig. 13: Cartazes dos filmes Harry Potter

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Conclusão

Ao longo da realização deste Trabalho Individual Escrito, procurei

esclarecer os conceitos de bruxaria e rituais recorrendo a um exemplo de cada

prática, para assim conseguir uma melhor abordagem do tema.

Foi também meu objetivo perceber como estas práticas socio-religiosas

caracterizam e moldam culturas.

Ao longo do trabalho, é possível compreender-se que a Wicca

Tradicional (tipo de bruxaria mais praticado) é executada essencialmente na

Europa e nos Estados Unidos da América. Já o Vodu é praticado através de

rituais que dão origem a uma religião e existe principalmente em África e

igualmente nos Estados Unidos da América.

Ambas as práticas escolhidas caracterizam as culturas lhes deram

origem e demostram que, neste caso, os Estados Unidos contêm uma grande

diversidade cultural dentro desta categoria cultural e mesmo religiosa.

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Referências Bibliográficas

MATOS, Joel A. – Naturália, Raças e Povos, Sociedade e Cultura, Volume

9. Lisboa: Oceano Grupo Editorial.S/data

MATOS, Joel A. – Naturália, Raças e Povos, Ásia e Europa, Volume 11.

Lisboa: Oceano Grupo Editorial.S/data

MATOS, Joel A. – Naturália, Raças e Povos, Europa e América, Volume 12.

Lisboa: Oceano Grupo Editorial.S/data

Bruxaria. Acesso em 25 de Fevereiro de 2014. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bruxaria

Ritual. Acesso em 25 de Fevereiro de 2014. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ritual

Wicca. Acesso em 25 de Fevereiro de 2014. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Wicca#Livro_das_Sombras

Vodu. Acesso em 25 de Fevereiro de 2014. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vodu