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EXPEDITO PEREIRA DE FIGUEIREDO Sobrepeso e sua relação com o desempenho dos alunos do Ensino fundamental nas aulas práticas de Educação Física. Brasília/DF – 2007

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EXPEDITO PEREIRA DE FIGUEIREDO

Sobrepeso e sua relação com o desempenho dos alunos do Ensino fundamental nas aulas práticas de Educação Física.

Brasília/DF – 2007

ii

EXPEDITO PEREIRA DE FIGUEIREDO

Sobrepeso e sua relação com o desempenho dos alunos do Ensino fundamental nas aulas práticas de Educação Física.

Monografia realizada como requisito

parcial para obtenção do título de

Especialista em Esporte Escolar, pelo

Centro de Ensino a Distância, da

Universidade de Brasília.

Orientador

Edmur Carmona

Brasília/DF – 2007

iiiii

EXPEDITO PEREIRA DE FIGUEIREDO

Sobrepeso e sua relação com o desempenho dos alunos do Ensino fundamental nas aulas práticas de Educação Física.

Monografia aprovada como requisito parcial

para obtenção do título de Especialista em

Esporte Escolar, pelo Centro de Ensino a

Distância, da Universidade de Brasília, pela

Comissão formada pelos professores:

Orientador: Profº MS: Edmur Carmona

Universidade Federal do Mato Grosso

Leitor: Profº Dr. Acir Braga Sanches

Universidade de Brasília

Brasília (DF), Março de 2007.

iiiv

DEDICATÓRIA

À minha mulher, Sebastiana Rodrigues de Oliveira Figueiredo, junto no trajeto desse

caminho de estudo, da qual sempre encontrei e recebi apoio, compreensão, tolerância.....

Aos meus filhos, Tatiane, Eliane, Emerson e Caroline do qual sempre busquei força

para ajudar a seguir nesse caminho de estudo com muita dedicação e responsabilidade, pois,

toda vez que olhava para eles sentia que poderia fazer cada vez mais...

iiv

AGRADECIMENTOS

Com muito carinho, quero agradecer aos meus companheiros de trabalho, Escola

Municipal Carlos Masson Netto: professor Aldemir Fernandes; aos orientadores pedagógicos

Suely Pereira Leal e Ester Julia do Nascimento Lopes, que em momento algum me recusaram

sua ajuda para construir o meu conhecimento teórico através de muita conversa e discussão

sobre os temas de cada módulo da capacitação.

Agradeço em especial a todas as pessoas que fizeram parte da conquista de mais este

título. A professora Rita de Cássia pela paciência e dedicação, ao professor Daniel Catanhede,

Professora Lucila Souto, e ao meu Orientador Professor Ms. Edmur Carmona pelo

profissionalismo e atenção. Agradeço a todos os amigos que acreditaram no meu potencial e

de uma forma ou de outra contribuíram para a realização desta pesquisa.

Finalmente, agradeço à Prefeitura Municipal de Curvelândia, através da Gerencia

Municipal de Esportes na pessoa de Elias Mendes Leal Filho e Edílson Bergamo, que me

permitiram estar à frente desse grande programa como coordenador de planejamento das

atividades.

iivi

RESUMO

O caráter socializador da Educação Física Escolar vem sendo reconhecido pelas várias

ciências humanas. Apesar disso, há adolescentes que se demonstram inibidos às práticas

Físicas por inúmeros motivos, um destes, a obesidade. Identificando a quantidade média de

alunos com sobrepeso cursando o Ensino Fundamental na Escola Carlos Masson Neto de

Curvelândia Mato Grosso no ano de 2006 e analisando o nível de desempenho destes em

relação aos demais, pode-se perceber que ao propor atividades leves com exercícios

moderados para toda a turma, os alunos com sobrepeso não se inibem a participar das aulas e

conseqüentemente, ficam aptos a aceitar possíveis desafios, como exercícios concentrados

posteriormente. Respeitando as limitações físicas do aluno e mostrando-lhe que ele é capaz,

todos participam mais das aulas e contribuem para a construção de uma vida adulta salutar.

Palavras-chave: Sobrepeso, Educação Física Escolar, Ensino Fundamental.

iivii

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Gráfico 1 – Nível percentual para o IMC dos Alunos do Ensino Fundamental da Escola

Carlos Masson Neto.

Gráfico 2 – Níveis de desempenho dos Grupos Peso Normal, Sobrepeso e Abaixo do Peso

durante as aulas práticas.

Tabela 1 - Níveis de Índice de massa corporal em alunos do Ensino Fundamental da Escola

Carlos Masson Neto.

Tabela 2 – Níveis de desempenho e participação nas aulas dos alunos do Ensino Fundamental

da Escola Municipal Carlos Masson Neto.

Tabela 3 – Nível percentual de Alunos que demonstram conhecer as causas e prevenção da

obesidade.

Tabela 4 – Nível Percentual de Alunos que demonstram simpatia às atividades físicas.

Tabela 5 – Nível de satisfação com o corpo dos alunos da Escola Municipal Carlos Masson

Neto.

iiviii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10

2. OBESIDADE: DEFINIÇÕES E CAUSAS ................................................... 12

2.1 AS RAÍZES DA OBESIDADE ..................................................................... 12

3. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL .......... 13

3.1 EDUCAÇÃO E INCLUSÃO ........................................................................ 14

4. METODOLOGIA .......................................................................................... 15

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO ............................................................................ 17

6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 23

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 25

8. ANEXOS ....................................................................................................... 26

ii

1. INTRODUÇÃO

Tendo em vista a necessidade de capacitação dos professores de Educação Física

que atuam na Rede Pública de Ensino, o Centro de Educação a Distância da Universidade de

Brasília, em parceria com o Ministério do Esporte, ministra através do Programa Segundo

Tempo o Curso de Capacitação Continuada em Esporte Escolar.

No decorrer dos estudos salienta-se a importância da prática esportiva na escola

com ênfase na ludicidade, no prazer, no ser parte de um grupo que coopera, interage, “joga”

simplesmente por “jogar”, sem compromisso com as regras, pois o esporte não é somente

feito de regras.

A atividade física como se sabe, é essencial para uma vida salutar. A Educação

Física Escolar então, torna-se o portal para toda uma vida, visto que é nesta disciplina, durante

os primeiros anos de colégio que a criança ou adolescente passa a ter contato com as

atividades físicas. É preciso que se sintam bem e desejem praticar a Educação Física por toda

a sua existência.

O “Esporte para todos”, em minha opinião, deve ser a meta de qualquer

planejamento escolar da disciplina Educação Física. Meta esta em que o profissional acaba

encontrando barreiras.

Podemos estar falando de um caso coletivo como a falta de material esportivo ou,

de casos específicos como, alunos inibidos à prática esportiva. Estamos falando de

adolescentes que ainda adentrando na carreira escolar se deparam com dificuldades de

praticar Educação Física em razão do sobrepeso.

O motivo impulsionador da pesquisa gira em torno da necessidade de que as

pessoas consideradas pré-obesas percebam o quanto é importante à prática da Educação Física

ii

em suas vidas. Tanto os colegas quanto nós professores precisamos aprender a lhe dar com as

limitações de adolescentes com sobrepeso.

Na maioria das vezes pode ocorrer uma repulsa dos próprios colegas em relação a

estes, ou até mesmo o professor não receba capacitação para promover uma aula inclusiva.

Neste trabalho, tem-se por escopo, de forma geral, estudar a integração de alunos

com sobrepeso no Ensino Fundamental, analisando a freqüência, participação e

desenvolvimento nas aulas de Educação Física.

Procurou-se identificar a quantidade média de alunos com sobrepeso cursando o

Ensino Fundamental; descrever o desempenho dos alunos que apresentam sobrepeso e, propor

aulas mais inclusivas, acessíveis e interativas para as turmas com alunos acima do nível

normal de peso, situação comum hoje no Ensino Fundamental e que precisa de soluções, à

qual deixo uma pequena parcela de contribuição.

ii

2. OBESIDADE: DEFINIÇÃO E CAUSAS.

A obesidade segundo Domingues FILHO (2000), é o acúmulo excessivo de gordura

corporal, não podendo ser confundido com o excesso de peso, que é o peso da pessoa em

relação à média nacional para idade, sexo, altura, etc.

Costuma-se dizer que a obesidade se dá em parte por razões internas ao organismo,

por interferência da genética, mas, estudos comprovam cientificamente que os fatores

genéticos concorrem quase que insignificantemente para a construção de obesidade do

individuo. De acordo com este pensamento, a principal causa geradora da obesidade seria o

desequilibro calórico do organismo.

Sob um ângulo mais complexo, eu diria, Domingues FILHO relata que não se sabe por

enquanto a causa básica da obesidade “pois ela envolve fatores genéticos, nutricionais,

endócrinos, epitalâmicos, farmacológicos e sedentarismo. O resultado de tudo isso é a

obesidade”, completa.

2.1 As raízes da obesidade

A modernidade traz cada vez mais o comodismo para as nossas vidas. Vivemos em

um país de grandeza; a nossa cultura alimentar é de fartura, quantidade. Em detrimento disto,

temos um ideal corporal de magreza ligado à beleza, pregado pela mídia, pelo comércio de

produtos e serviços. É criado um modelo, o qual somos instigados a seguir. O próprio aluno

com sobrepeso se preconceitua, criando para si e transmitindo para outrem uma imagem de

pessoa gorda.

ii

Conforme Cláudia DAVIS (1981, pág 80), versando sobre a aprendizagem social “É

na aprendizagem anterior que está a chave para se descobrir como se formam as expectativas

e valores”.

Se aplicarmos a Educação Física enquanto atividade acessível a todo e qualquer corpo,

independentemente da condição física, essa aprendizagem tornar-se-á um modelo.

Este modelo de igualdade seria o primeiro passo para eliminar a obesidade a partir de

sua raiz: a pré-obesidade, a saber, mudanças no estilo de vida proporcionadas pela atividade

física são benefícios relevantes para a prevenção ou cura da obesidade.

3. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL

A Educação Fundamental, 3° e 4° Ciclos (5ª a 8ª séries), marca uma fase de

desenvolvimento na vida do aluno, uma transição para a vida adulta. Os valores adquiridos

por eles permanecerão para toda a vida. Ao participar dessa fase de inserção de valores, a

disciplina Educação Física não poderia se isentar de contribuições para a cultura corporal dos

alunos.

Provavelmente em função disso, os objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs) deixam claras as idéias de respeito e reconhecimento das limitações físicas das

pessoas.

Participar de atividades corporais estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais; [...] Conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho que existem nos diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção dentro da cultura com que são produzidos, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia e evitando o consumismo e o preconceito. (PCNs, 1998 pág. 63 – grifo nosso).

ii

3.1 Educação e Inclusão

Em toda a sua trajetória histórica, desde a sua implantação aos dias atuais, a Educação

Física Escolar vem ganhando valores cada vez menos tecnicistas. Prova disso é que, dentre as

três propostas dos PCNs: as dimensões dos conteúdos (atitudinais, conceituais e

procedimentais) e os temas transversais, esteja o princípio da inclusão. Princípio que norteia

hipoteticamente a pesquisa.

Versando sobre esta dimensão dos PCNs na Educação Física, afirma Suraya DARIDO

(2000, pág. 127):

Desenvolver um ensino inclusivo pode ajudar a superar o já referido histórico da disciplina que, em muitos momentos, pautou-se por selecionar indivíduos aptos e inaptos. Deve-se levar em conta também que, mesmo alertados para a exclusão de grande parte dos alunos, muitos professores apresentam dificuldade em refletir e modificar procedimentos e atividades excludentes, em razão do enraizamento de tais práticas. Quando o professor desenvolve efetivamente uma atividade inclusiva? Quando apóia, estimula, incentiva, valoriza, promove e acolhe o estudante.

Dissertando sobre o processo de inclusão nas aulas de Educação Física,

MOREIRA (2004, pág. 22 a 24), cita vários exemplos de falta de inclusão com alunos do 4°

ano. “Há aqueles que não participam por se achar fora do peso ideal”. Afirma ainda que os

alunos com sobrepeso são “rebaixados” após serem desafiados, pois, não confiam em si

próprios, desistem antes mesmo de tentar.

Narrando uma das aulas com propostas de inclusão à qual os alunos foram

submetidos ao esporte denominado rapel (escalada com cordas e equipamentos de segurança)

o professor MOREIRA (2004) cita um fato muito comum, com um resultado extraordinário.

Um dos alunos considerado “gordinho” pelos colegas de sala começou a ser assediado pelos alunos. Os mesmos começaram a dizer “se fulano subir, a árvore cai!” duvido que ele consiga subir!”. Uma vez desafiado, a reação do aluno foi se sentir inferior em relação aos colegas de turma [...] iniciaram um processo de convencimento com o aluno e este decidiu executar a atividade [...] Ao final, sua felicidade era tamanha que

ii

este agradeceu ao grupo e disse que a aula que ele mais gostava era a de Educação Física.

O aluno deve ser estimulado, sentir-se competente e evitar que nele se instale o

sentimento de inferioridade. Conforme Célia BARROS (2004, pág 93), tomando a teoria de

Eric Erikson: “ao aprender habilidades, ao agir no mundo que a cerca, a criança desenvolve

um sentimento de domínio. Porém, se não for bem sucedida em suas tentativas de

participação, esse sentimento de domínio, de industriosidade, de saber fazer as coisas, será

substituído por um sentimento de inferioridade”.

Apresentando regras quanto ao elogio de educadores para com os educandos, o Dr.

GINOTT (1973, apud Célia BARROS, 2004 pág 69) ressalta a importância da apreciação dos

atos específicos da criança/adolescente, evitando julgar o caráter e avaliar a personalidade

desta, deixando-a segura para errar sem medo e recuperar-se sem ansiedade.

4. METODOLOGIA

Os estudos foram realizados através do método da observação participativa

individual em campo.

Delimitou-se o estudo às turmas de 5ª a 8ª série (Ensino Fundamental) da Escola

Municipal Carlos Masson Neto de Curvelândia Mato Grosso, durante o ano de 2006. Trata-se

de alunos com idade entre 11 e 15 anos em sua maioria distribuídos pelo terceiro e quarto

ciclos. Importante ressaltar que entre as turmas citadas existem cerca de 10 alunos com idade

entre 26 e 51 anos, no total, temos 24 alunos, componentes do nosso plano de amostragem

cuja seleção é conglomerada.

ii

Junto à escola, apresentei meu trabalho à direção para requerer cópias dos dados

dos alunos na secretaria tais como boletins, diários presenciais, fichas avaliativas etc, que são

arquivados ao final de cada bimestre.

Para a obtenção de dados utilizou-se a observação dos alunos nas aulas práticas,

bem como a anotação dos resultados e comparação com o diário presencial e trabalho com

questões sobre o tema.

A princípio foi aplicado o exame biométrico o qual nos permitiu identificar os

alunos com o Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, considerado sobrepeso (anexo A). O

cálculo do IMC se dá pela divisão do peso pela altura ao quadrado:

IMC = P ____

As aulas de educação Física das turmas do Ensino Fundamental são duplas e

semanais, com duração de 40 min. cada. Temos então, uma aula por semana com 1 h e 20

min. de duração. Durante as aulas, cujos conteúdos estiveram entre iniciação esportiva e

esportes propriamente ditos. Foram revezadas atividades mais leves e mais pesadas para a

observação do desempenho de todos os alunos com o peso normal e com sobrepeso, diante do

grau de dificuldade dos exercícios. Todos os alunos responderam ainda a um questionário

(anexo B) com 4 questões sobre o assunto obesidade e sobrepeso, trabalhado durante uma

aula teórica e, uma questão pessoal.

Com este material foi possível identificar o percentual médio dos alunos atingidos

pela pré-obesidade e focar a atenção em cada um destes durante as aulas fazendo anotação de

seu desempenho, e comparação com os outros colegas (conforme fichas avaliativas de aulas

práticas (anexo C)).

Após um trabalho de conscientização com aplicação de questionários voltados

para conhecimento teórico da doença obesidade e questão pessoal com respeito ao nível de

ii

satisfação sobre a própria condição física, foram possíveis diagnosticar: o percentual de

alunos que demonstram conhecer as causas da obesidade, as que demonstram simpatia às

atividades físicas e satisfação com o seu corpo.

Os dados percentuais de desempenho, satisfação, participação e presença nas aulas

foram relacionados entre si para chegar-se as considerações de que a participação e interação

entre os colegas podem ou não estarem relacionadas com o sobrepeso.

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO

Para estudar o desempenho dos alunos do Ensino Fundamental, afetados pelo

sobrepeso durante as aulas de Educação Física, procurou-se identificar matematicamente

quais destes são os afetados. Todos foram submetidos ao exame biométrico na primeira aula

prática do ano. Anotou-se em uma ficha para cada turma: o número da chamada, nome, data

de nascimento, se pratica ou não Educação Física (opção para aqueles que possuem atestado

médico para isentar-se das aulas práticas em razão de algum problema de saúde), altura e

peso, e uma coluna para o cálculo do IMC (aceito como padrão de medida internacional para

a obesidade – SICHIERI, 1996, apud MASCARENHAS, 2002).

Através dos cálculos foi possível identificar o grau de risco de cada aluno,

conforme tabela abaixo.

ii

Tabela 1 - Níveis de Índice de massa corporal em alunos do Ensino Fundamental da

Escola Carlos Masson Neto.

SÉRIE IMC baixo IMC Normal IMC Alto Total

5ª 01 26 02 29 6ª 01 32 03 36 7ª 01 26 01 28 8ª - 28 03 31

Total 03 2,42% 112 90,32% 09 7,26% 124

Os resultados demonstraram que dos 124 alunos 2,42% apresentam peso abaixo do

normal, com IMC entre 15 e 17,58. A grande maioria se encontra com peso normal, IMC

entre 18 e 24,9, representando a fatia 90,32% da amostra e, finalmente os 7,26% restantes

encontram-se com o peso elevado, IMC acima de 24,9, como podemos observar no gráfico:

Gráfico 1 – Nível percentual para o IMC dos Alunos do Ensino Fundamental da

Escola Carlos Masson Neto.

2% 7%

91%

IM C B a ixo

IM C A lto

IM C N orm a l

Importante ressaltar que estão ainda em risco de obesidade, pois, apesar de seu peso

estar elevado, a média do IMC não ultrapassa a 26,25 (o maior índice), sendo que o grau de

obesidade é IMC acima de 29,9.

ii

Sabendo-se especificamente quantos, quais eram e quais as turmas dos alunos que

apresentam sobrepeso, foram criadas fichas avaliativas para cada turma. Analisou-se o

desempenho dos alunos durante aulas práticas em conteúdos moderados e concentrados,

revezados a cada aula. Por exemplo: em determinada aula, ginástica de solo (concentrado); na

próxima, pequenos jogos (moderado); futebol de salão; atividades rítmicas e expressivas;

iniciação ao voleibol, e assim sucessivamente durante seis aulas.

Cada turma foi dividida teoricamente em três grupos (a divisão existe somente

tecnicamente). Na prática todos os alunos permanecem fazendo as atividades em conjunto

(inclusive não sabiam estar sendo avaliados separadamente de acordo com o peso): alunos

com sobrepeso, abaixo do peso e peso normal, assim, ao término de cada aula foi atribuída

uma nota a cada grupo. As notas foram atribuídas de acordo com desempenho de grupo de

alunos com as atividades desenvolvidas no momento em que se realizava a pesquisa. Ao final

das seis aulas cada grupo possuía uma nota para atividades físicas concentradas e atividades

físicas moderadas conforme Tabela abaixo.

Tabela 2 – Níveis de desempenho e participação nas aulas dos alunos do Ensino

Fundamental da Escola Municipal Carlos Masson Neto.

Atividades Concentradas Atividades Moderadas

Grupos N° de alunos Aulas Aulas

02 04 06 01 03 05 Sobrepeso 9 6,0 5,0 5,5 7,0 6,5 8,0

Normal 112 8,0 7,5 9,0 8,0 7,5 8,0 Baixo Peso 03 8,0 7,0 8,5 8,0 8,0 8,0

Nas atividades físicas moderadas o grupo sobrepeso atingiu nota média 7,0,

enquanto os outros dois grupos fecharam em 8,0 pontos, o desempenho foi razoável e apesar

do grupo sobrepeso não acompanhar 100% o ritmo, todos estiveram juntos, integrados

durante as aulas moderadas.

ii

Nas atividades concentradas os grupos peso normal e abaixo do peso com notas

8,0 e 7,5 respectivamente, mantiveram a média com relação aos exercícios moderados, já o

grupo de 9 alunos com sobrepeso tingiram nota média de 5,5 para os exercícios concentrados.

Não acompanharam o ritmo e permaneceram à margem durante as três aulas. Podemos

comparar o desempenho dos grupos no gráfico abaixo:

Gráfico 2 – Níveis de desempenho dos Grupos Peso Normal, Sobrepeso e Abaixo do

Peso durante as aulas práticas.

8 8 8

7

88,5

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Aula 1 Aula 2 Aula 3 Aula 4 Aula 5 Aula 6

SobrepesoNormalBaixo Peso

Para avaliar o desempenho dos alunos foram feitas atividades diferenciadas através da

modalidade esportiva, voleibol de quadra e voleibol de areia, assim podemos perceber que os

alunos com índice de massa corporal elevado, obtiveram um resultado diferenciado nas duas

formas de avaliação.

Perceba-se que nas aulas 1, 3 e 5, a Grupo Sobrepeso, se manteve próximo ao nível do

restante dos alunos, o que indica uma aceitação das atividades propostas nas aulas moderadas.

Para descobrirmos a opinião dos alunos da amostragem sobre o tema proposto neste

trabalho, utilizamos as respostas de um questionário. O questionário aplicado aos alunos

(ANEXO C) foi inserido como trabalho avaliativo bimestral. Os alunos adquiriram uma

ii

apostila com 30 páginas de matérias, resenhas, e dados selecionados sobre o assunto. Após

uma aula-palestra sobre o tema “obesidade” reunindo todas as turmas do Ensino Fundamental

do colégio, responderam com suas próprias palavras a 5 questões.

Através dos trabalhos pôde-se verificar que 80,64% deles demonstram conhecer as

causas e prevenção da obesidade, percentual correspondente a 100 alunos. Destes 100, 4,84%

com sobrepeso, ou seja, dos 9 alunos com risco de obesidade, 55,5% estão cientes do

problema.

Tabela 3 – Nível percentual de Alunos que demonstram conhecer as causas e prevenção da obesidade.

SIM

80,64% NÃO

19,36% 100 pessoas

Com sobrepeso Peso Normal 5 alunos 95 alunos

24 pessoas

As respostas da questão 3 do trabalho (ver ANEXO – A) nos permitiu calcular o

percentual de simpatizantes aos exercícios físicos.

Tabela 4 – Nível percentual de Alunos que demonstram simpatia às atividades físicas:

N° (%) Obesos (%) Não Obesos (%) Por prazer 108 87,1 05 4,62 103 95,37 Por Necessidade 16 12,9 04 25 12 75

Os resultados apontam que 87,1% praticam atividades físicas porque realmente

gostam. Destes 87,1%, 5 alunos com sobrepeso e 103 com peso normal. Por necessidade,

temos um percentual de 25% com sobrepeso e 75% com peso normal, totalizando 16 alunos

praticantes de exercícios por necessidade, conforme podemos ver no quadro acima.

Sabemos que a atividade física exige harmonia entre mente e corpo. A opinião pessoal

sobre o próprio corpo indica o estado de espírito do individuo para com sua pessoa pois o

corpo é a manifestação material do espírito, conforme afirma FREIRE (1991, pág. 52) “venho

ii

da Educação Física, a qual se puder ainda fazer algo de útil como prática pedagógica, será

fazer com que as pessoas se percebam como corpos”.

Vejamos então como os adolescentes têm se percebido enquanto corpos.

Tabela 5 – Nível de satisfação com o corpo dos alunos da Escola Municipal Carlos

Masson Neto.

Pré-obeso Peso Normal Ou Baixo Peso

TOTAL %

SIM 04 100 104 83,87 NÃO 05 15 20 16,13 TOTAL 09 115 124 100

Dos 124 alunos, 83,87% estão satisfeitos com o corpo.

Dos 9 alunos com sobrepeso, 5 não estão satisfeitos com o próprio corpo. Numero

bem maior, proporcionalmente relacionado aos 15 alunos com peso normal que afirmavam

estar insatisfeitos com o físico.

Estudos anteriores demonstram que meninos geralmente mostram-se mais satisfeitos

com o peso corporal enquanto meninas tentam modificar o peso com maior freqüência

(MASCARENHAS, 1999).

Entra aqui a velha discussão de estética onde é criado um modelo e inconscientemente

somos induzidos a segui-lo. Os adolescentes “ganham” a opinião de que existe um modelo de

corpo, por isso, no caso dos pré-obesos, às vezes se deixam levar pelo desanimo e fica à

margem, começam a crer que estão fora do grupo, deixam de praticar Educação Física por

prazer e perdem a oportunidade de ganhar saúde, condicionamento físico, o prazer de jogar e

a satisfação de estar jogando.

ii

6. CONCLUSÃO

Considerando o presente estudo, podemos compreender a Educação Física Escolar

como terapia para o corpo, para o bem estar e para a própria saúde do aluno praticante. Esta

certeza se apresenta toda vez que percebemos o entusiasmo de um aluno diante de uma

atividade nova, ou mesmo, de atividades corriqueiras aplicadas de maneira diversa.

A produção deste trabalho esteve voltada para a necessidade do aprofundamento de

estudos na área de integração escolar para alunos pré-obesos em aulas de Educação Física.

Como se pode comprovar, ao se depararem com atividades que exigem maior esforço físico

os alunos se retraem à prática de determinados esportes. Isso pode ser dito pelo modo

avaliativo fixado na participação dos alunos durante a aplicação das aulas. Um jogo de Vôlei

em quadra, por exemplo, em substituição ao vôlei de areia, traz todos os alunos ao meio,

fazendo com que estes, dentro de suas limitações possam praticar a Educação Física Escolar

independentemente de sua condição física, no caso abordado, o sobrepeso.

Para estudos futuros, sugere-se amostragem com alunos de maior idade, do Ensino

Médio, por exemplo, para verificar se a dificuldade de acompanhar o ritmo nas aulas de

Educação Física, se dá realmente pelo sobrepeso ou pode estar comprometida com a fase da

adolescência onde o aluno ainda não desenvolveu completamente o seu senso de capacidade e

domínio, bem como a integração social.

As atividades propostas nas aulas serão sempre bem vindas quando confeccionadas

dentro das limitações dos alunos. Trabalhar alunos com caracteres específicos dentro de uma

turma é um desafio constante que deve ser encarado da maneira mais comum possível, pois,

os alunos com dificuldade não querem mais do que poder acompanhar toda a turma. E o fato

de o conseguirem, tornar-se-á um incentivo para a quebra de todas as barreiras, sejam em

outras atividades físicas, outras disciplinas e até mesmo no dia-a-dia.

ii

Espero que outros assuntos sejam abordados na óptica da Educação Física Escolar, de

maneira especial, a ministrada em Escolas Públicas, visando melhorias na condição de

aprendizado e participação dos alunos, estimulando-se a formação de um cidadão interativo e

presente na sociedade.

ii

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de Psicologia de Desenvolvimento. 12.ed. São Paulo: Ática, 2004. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1998. DARIDO, Suraya Cristina. Concepções da Educação Física Escolar. In: dimensões Pedagógicas do Esporte. BRASÌLIA: Universidade de Brasília/CEAD, 2004. Disponível em: <http:gballone.sites.uol.com.br/alimen> FILHO, Luiz Antonio Domingues. Obesidade & Atividade Física. Jundiaí, SP: Fontoura, 2000. FREIRE, João Batista. De corpo e alma: o discurso da motricidade. 2 ed. São Paulo: Summus, 1991. MASCARENHAS, Mônica Cristina Karl. Avaliação nutricional e seu auto conceito em adolescentes estudantes do DF. Aceso em: 18 dez 2006. MOREIRA, Evandro Carlos. Educação Física Escolar: desafios e propostas. Jundiaí, São Paulo: Fontoura, 2004.

ii

8. ANEXOS

ANEXO A – Ficha de Exame Biométrico Anual.

Exame Biométrico Série:___________ Turma: __________ Período: _______________

N° Nome Data de Nascimento

Pratica Ed. Física

(S/N) Altura Peso IMC

01 02 03 04 05 06 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

ii

ANEXO B – Ficha avaliativa de Aulas Práticas

Ficha Avaliativa

VOLEIBOL DE AREIA VOLEIBOL DE QUADRA DATA

NOME

Desempenho: B=Bom M=Médio R=Regular

DATA NOME

Desempenho: B=Bom M=Médio R=Regular

ii

ANEXO C - Trabalho de Educação Física

Obesidade

Nome: Série: Turma: Data: Com base na apostila “Obesidade” estudada na aula anterior, responda as questões abaixo. 1 – Quais os fatores que provocam a obesidade? 2 – Para tornar-se um indivíduo fisicamente ativo o que recomendam os especialistas? 3 – Quais os benefícios da atividade física para a saúde? Para você, a prática é recomendável ou necessária? 4 – Comente sobre atividade física regular e controle de peso. 5 – Na sua opinião, o seu corpo está fisicamente preparado para atividades físicas mais complexas? Quais as dificuldades encontradas?