sobre mapas conceituais · mapas conceituais são ferramentas que auxiliam na organização e...
TRANSCRIPT
Sobre mapas conceituais (Ronaldo Barbosa)
Utilizamos mapas conceituais como ferramenta de “design” na
construção deste trabalho, a descrição abaixo recupera algumas ideias sobre esta
ferramenta e busca justificar essa utilização.
Mapas conceituais são ferramentas que auxiliam na organização e
representação de conhecimentos (NOVAK, 1977) e são fundamentados na teoria da
aprendizagem significativa, desenvolvida por AUSUBEL (1968 apud MOREIRA,
2006).
A representação gráfica comum de mapas conceituais ocorre por meio de uma
estrutura hierárquica bidimensional, um diagrama que remete a uma árvore invertida.
A posição de um conceito no diagrama está relacionada à sua
abrangência e integração com outros conceitos, estabelecendo relações de
subordinação ou superordenação.
Ao olharmos para um mapa conceitual perceberemos que, em sua
porção superior, os conceitos tendem a ser mais abrangentes e integradores enquanto
na porção inferior, tendemos a encontrar conceitos pouco inclusivos, como elementos
que exemplifiquem os conceitos mais genéricos ou mesmo exercícios para verificação
da aprendizagem.
De acordo com uma concepção comum sobre mapas conceituais, o
conceito é parte integrante de uma unidade semântica denominada proposição que
corresponde a dois conceitos ligados por uma palavra, texto curto ou, até mesmo, uma
fórmula matemática.
Figura 1: Um modelo para mapeamento conceitual segundo a teoria
de Ausubel. Adaptado de MOREIRA(2006).
No processo de aprendizagem ou representação, pode-se percorrer
ou completar um mapa tanto de baixo para cima quanto de cima para baixo, o que não
significa que, ao escolher o sentido, o interpretante precise percorrer o mapa em sua
totalidade, ao contrário, ele pode, no percurso de subida, descer, ou vice-versa. Esta
movimentação pode modificar a concepção do próprio mapa segundo a representação
do conhecimento do aluno, na visão de AUSUBEL (1968 apud MOREIRA, 2006).
Vamos buscar um exemplo na Geologia, com base no tema da
classificação de minerais.
Figura 2: Mapa conceitual para classificação de minerais Modif. de
http://cmapsinternal.ihmc.us/rid=1114439324882_1704710800_10579/. Acesso em
15.08.2011.
Um material instrucional ou curso poderia se iniciar pela
apresentação deste mapa conceitual. No desenrolar do curso, talvez no início de cada
nova unidade de estudo, o professor poderia revisitar o mapa, aprofundando sua
exposição, destacando os conceitos em foco, suas relações, interdependências e
revisando pontos importantes. A cada nova edição ou apresentação do material, outras
técnicas e elementos podem ser incorporados a esta estrutura, permitindo seu
aperfeiçoamento.
Nas mãos do aluno, a utilização da técnica de mapas conceituais
permitiria representar a estrutura cognitiva em relação a esta classificação,
modificações no mapa traduziriam o desenvolvimento desse aprendizagem e o mapa
final desenvolvido pelo aluno poderia estar correto ainda que não coincidisse com o
mapa pré-concebido pelo professor.
Como, para Ausubel, a aprendizagem novo depende
fundamentalmente do que o sujeito já sabe, o mapa pré-existente deve crescer
segundo novos acoplamentos de conceitos, o que ocorre sob os efeitos de integração
ou diferenciação conceitual, entre outros (MOREIRA, 2006).
Entendemos a ação do pesquisador semelhante a de um estudante
que deva elaborar mapas conceituais. Não há um mapa pronto para ele se basear, ao
contrário, necessita articular suas ações a partir de um ponto inicial, um mapa que não
está em branco mas que exige revisões e novos acoplamentos, ora sob os efeitos de
integração ora de diferenciação conceitual.
Na pesquisa que resultou nesta tese, utilizamos mapas conceituais
em diferentes momentos, para facilitar o encadeamento das ideias, pesar escolhas,
regular as ações e, por último, na arquitetura dos capítulos do texto final.
Acoplamentos foram sendo incorporados o tempo todo resultando em mudanças às
vezes sutis, às vezes radicais.
Apresentamos uma síntese ao final de cada capítulo com um mapa
conceitual bastante livre, resultante dos acoplamentos até ali, o mapa em uma versão
mais estável, conveniente mas não definitiva.
O conjunto de mapas conceituais ao longo do texto se conectam
como um único mapa conceitual que representa o projeto e que procura dar coerência
interna ao trabalho como um todo.