sobre cpfr

Upload: cristina-santos

Post on 16-Feb-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    1/16

    1

    CPFR Uma Tcnica Colaborativa Aplicada ao Contexto Corporativo Brasileiro

    Autoria: Paulo Tarso Vilela de Resende, Guilherme Dayrell Mendona

    Resumo

    A competitividade da cadeia de suprimentos definida em funo da sua capacidade de

    adaptao e evoluo frente s novas demandas de mercado. A ferramenta colaborativa CPFR

    (Collaborative Planning Forecasting and Replenishment) comprovadamente contribui para a

    manuteno de uma estrutura de otimizao operacional exigida pelo elevado grau de

    competio na dimenso corporativa. No presente trabalho, busca-se analisar a utilizao

    dessa tcnica no contexto brasileiro, com foco principalmente nos aspectos relativos ao

    ambiente estratgico de atuao das empresas, ao estgio de implementao da colaborao e

    realizao de investimentos relacionados com o CPFR. As concluses do estudo apontam

    direes de manuteno das tendncias de utilizao dessa prtica colaborativa no Brasil.

    Introduo

    A integrao da cadeia de suprimentos facilitada pelo uso das ferramentas colaborativas de

    relacionamento, como o CPFR (Collaborative Plannning Forecasting and Replenishment).

    Os princpios inerentes a essa tcnica cria ambientes de parceria e de colaborao nas reas de

    estoques, planejamento e controle de processos. A partir da, geralmente, obtm-se ganhos

    significativos na mitigao do efeito chicote (i.e. acmulo excessivo de estoques no sentido

    inverso da cadeia logstica), na reduo de custos operacionais, no aumento do nvel de

    servio oferecido ao cliente final, entre outras vantagens.

    A motivao desse estudo originou-se justamente da necessidade de caracterizao e anlisedo uso dessa prtica na realidade corporativa brasileira. Inicialmente, partiu-se de uma

    caracterizao geral do ambiente de negcios e relaes empresariais no Brasil para, em

    seguida, analisar o uso do CPFR. Basicamente, seguiu-se esta linha de construo do cenrio

    geral de pesquisa:

    Caracterizao da competitividade de mercado brasileira e cenrio geral decomportamento da demanda. Itens de elevada influncia como motivadores da

    instalao do CPFR.

    Avaliao da adoo da colaborao inter-empresarial com base nesse cenrio. Umcenrio mais competitivo e de maior instabilidade de demanda favorece a adoo da

    colaborao como arma competitiva. O ambiente colaborativo a base para a

    implementao de ferramentas como o CPFR.

    Anlise da adoo da colaborao por regio nacional, comentando-se possveislimitaes de crescimento dessa prtica no Brasil. Inicialmente, sups-se que h

    diferenas entre as regies brasileiras com relao ao desenvolvimento e

    implementao de tcnicas colaborativas influenciando diretamente a aplicao dos

    conceitos CPFR no pas.

    Anlise da atual utilizao das prticas colaborativas CPFR como forma de se lidarcom o cenrio de competio e instabilidade de demanda.

    Anlise dos investimentos realizados na cadeia de suprimentos, verificando se esto

    alinhados ao desenvolvimento e manuteno dos programas de CPFR no Brasil.

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    2/16

    2

    Em outras palavras, o objetivo principal do trabalho avaliar a realidade brasileira a partir de

    um contexto macro em direo ao contexto micro discutindo-se se as empresas esto se

    modernizando e adotando modelos colaborativos bem estruturados gerencialmente, como o

    CPFR. Primeiramente, faz-se uma breve reviso bibliogrfica do assunto.

    Reviso Bibliogrfica

    As estratgias de gesto das cadeias de suprimento modernas tm como objetivo principal a

    obteno de ganhos competitivos em relao s demais cadeias concorrentes. Em outras

    palavras, h a necessidade de que toda a rede de fornecimento esteja alinhada no sentido de

    garantir o mximo de valor ao cliente final ao menor custo de operao. Segundo Harrison et

    al. (2003), existem cinco maneiras de competir por meio da logstica. So elas: qualidade,

    velocidade, tempestividade, flexibilidade e objetivos de custo. Em resumo, a qualidade

    envolve realizar as atividades bem, a velocidade envolve ser rpido, a tempestividade envolve

    agir na hora certa, a flexibilidade envolve ser capaz de mudar o que feito eficientemente e o

    custo envolve incorrer em menos gastos.

    Assim, o gerenciamento moderno das cadeias de suprimentos visa tornar as redes mais

    eficientes na satisfao das exigncias do usurio final e requer um alto nvel de cooperao

    entre as organizaes participantes, alm do reconhecimento da necessidade de tornar os

    relacionamentos entre as empresas mutuamente benficos (CHRISTOPHER, 2000). Chegar

    verdadeira integrao da cadeia de suprimentos (a montante e a jusante) requer, em termos

    ideais, que haja sintonia entre processos e projetos de fornecedores e clientes (PORTER In:

    CHRISTOPHER, 2000).

    Para tal, necessrio que haja um fluxo informativo mais eficiente, alm de uma base de

    fornecimento restrita que esteja sempre em busca da melhoria contnua em eficincia equalidade. Alm disso, para que as cadeias de abastecimento funcionem como processos

    altamente interligados, so necessrias abertura, confiana e disposio para compartilhar

    informaes. O processo de adio de valor cadeia de suprimentos, eventualmente, dever

    incluir os seguintes tpicos de atuao, segundo Poirier (1999):

    Deve-se determinar como se comprimir a organizao e estrutura da cadeia desuprimentos, identificando-se processos que agreguem valor, os quais podem no ser

    notados pelos atores individualmente, mas que poderiam ser realizados por vrias

    empresas. O objetivo eliminar falhas e redundncias, escolhendo-se o parceiro mais

    adequado para realizar os processos considerados como crticos e documentar

    oportunidades correntes de melhoria, particularmente na distribuio e na gesto deestoques.

    Quanto mais autnomos forem os membros da cadeia de suprimentos, mais atransferncia de informaes refletir incompatibilidades culturais individuais das

    empresas.

    O estabelecimento do Planejamento Colaborativo (CPFR) permite aos parceiros dacadeia de suprimentos cooperar na estruturao e execuo dos processos, desde a

    extrao das matrias-primas at a distribuio final dos produtos aos clientes, visando

    otimizao plena. Esse planejamento inicia-se a partir do estabelecimento dos

    critrios de avaliao de desempenho, que so crticos aos olhos dos clientes, paradepois agir coletivamente no atingimento dos mesmos.

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    3/16

    3

    Os produtos devem ser desenvolvidos conjuntamente para maximizar a aceitao domercado.

    Os parceiros devem desenvolver e implementar sistemas de tecnologia que suportem a

    colaborao total entre os parceiros. Entre eles, destacam-se o ERP (EnterpriseResource Planning)

    Para que tais objetivos de integrao da cadeia de suprimentos sejam atingidos, Harrison et al

    (2003) identificam dois nveis de colaborao, a interna e a externa. A interna consistiria na

    colaborao de funes dentro da prpria empresa, entre as diferentes reas administrativas

    (ex. logstica e marketing). J colaborao externa (com fornecedores, clientes, etc.)

    atribudo um potencial de vantagens ainda maior do que a colaborao interna. Entretanto,

    pesquisas logsticas anteriores (Stank, Keller e Daugherty 2001 In: Kefeng e Yan 2004) j

    observaram que a colaborao externa pode nem sempre aumentar a performance da empresa

    a no ser que esteja bem estruturada.

    A primeira iniciativa criada para possibilitar esta integrao externa da cadeia de suprimentos

    foi em 1992, quando 14 associaes de comrcio dos Estados Unidos, entre elas a Grocery

    Manufacturers of America e o Food Marketing Institute, criaram um grupo chamado

    Efficient Consumer Response Movement ou ECR, com o propsito de liderar uma

    transformao nas prticas de negcio existentes na poca (Barrat e Oliveira 2001). O

    movimento ECR publicou um manifesto em que defendia, pela primeira vez, a crescente

    necessidade de desenvolver uma relao de confiana entre fabricantes e varejistas

    (incluindo fornecedores e consumidores em geral), com o compartilhamento de informaes

    estratgicas a fim de se otimizar os resultados globais de toda a cadeia de suprimentos (Kurt

    Salmon Associates 1993In: Barrat e Oliveira 2001).

    A partir da, a cadeia de suprimentos seria gerenciada pela demanda final de consumo

    agregando-se um maior valor ao servio ou produto oferecidos evitando-se o efeito chicote de

    distoro dos dados da demanda real (Barrat e Oliveira 2001). Ou seja, o ECR foi projetado

    para integrar e racionalizar a variedade de produtos, a promoo, o desenvolvimento de novos

    produtos e o reabastecimento em toda a cadeia de suprimento, objetivando com isso aumentar

    a eficcia dos esforos de promoes, fluxo de estoque e administrao da cadeia de

    suprimentos (HARRISONet al, 2003).

    Basicamente, o foco do ECR integrar o gerenciamento da cadeia de suprimentos com o

    gerenciamento da demanda. Moura et al (2003) acrescentam ainda que o elemento mais

    importante do ECR levar ao mercado, no momento certo, os produtos que o clienterealmente deseja, mais rapidamente, numa qualidade mais elevada e com um custo menor.

    Alm disso, o ECR contribui para um maior foco na demanda e em esforos colaborativos

    que aumentam a nfase nas reas de EDI (Eletronic Data Interchange), Cross-Docking [1]e

    reabastecimento contnuo.

    Atualmente, h especulaes de que o ECR s um pretexto de manuteno das polticas de

    transferncia de custos dos grandes varejistas para os pequenos fornecedores, no havendo

    uma real colaborao. Entretanto o estudo de Corsten e Kumar (2005) demonstrou que com o

    ECR, os fornecedores tendem a ter grandes performances econmicas, desde que os

    investimentos em tecnologia sejam bem feitos e os parceiros bem escolhidos segundo critrios

    criados pelos mesmos autores.

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    4/16

    4

    O Surgimento do CPFR

    O grande limite de atuao do ECR que este se baseia somente na demanda real de consumo

    final. Ou seja, no h uma integrao de mtodos de previso de demanda, por exemplo.

    Enquanto os varejistas podem basear suas estratgias de estoque nos dados das prateleiras deseus PDVs (Pontos-de-Venda), os fabricantes se planejam segundo algoritmos de previso de

    demanda em seus armazns diferenciando-se em critrios de reposio (Ireland e Bruce

    2000). Tornou-se necessrio, assim, a criao de uma ferramenta estratgica que promovesse

    a criao de um plano nico e compartilhado de previso e gesto da demanda ao longo de

    toda a cadeia de suprimentos, um plano de manufatura geral estvel, um modelo de produo

    puxada baseado no cliente final, uma gesto pr-ativa de controle de excees e, acima de

    tudo, um alinhamento estratgico de objetivos e processos de toda a cadeia (Ireland e Bruce

    2000).

    A partir da, surgiu o movimento CPFR em 1995, por iniciativa de cinco empresas: Wal-Mart,

    Warner-Lambert, Benchmarking Partners, SAP e Manugistcs. A meta era desenvolvernegcios para prever e reabastecer estoques de maneira colaborativa (HARRISON et al,

    2003). Em 1998, a Voluntary Inter-industry Commerce Standards Comitee (VICS) [2]

    envolveu-se no movimento, levando-o a progredir [3]. A VICS aponta o seguinte modelo

    para o CPFR na Fig. 1 abaixo:

    Figura 1 Modelo CPFR (VICS)

    Extrado de www.cpfr.org. Acessado em: 16/08/2004.

    A implementao do CPFR requer grandes esforos. A seguir so apresentados nove passos

    para implementao do programa (HARRISON et al, 2003:271).

    1. Desenvolver acordos na linha de frente.

    2. Criar planos de negcios conjuntos.

    3. Criar previses de vendas individuais.

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    5/16

    5

    4. Identificar excees na previso de vendas.

    5. Solucionar/colaborar na soluo de itens de exceo.

    6. Criar previso de pedidos.

    7. Identificar excees na lista de pedidos.

    8. Solucionar/colaborar na soluo de itens de exceo.

    9. Gerar pedidos.

    Segundo Mccrea (2003), quanto maior a dinmica da demanda, maior a agregao de valor

    a partir da colaborao. Com o advento do CPFR, inmeras questes de gesto da cadeia de

    suprimentos puderam ser resolvidas ou aprimoradas, tais como (Barrat e Oliveira 2001):

    A influncia de promoes na criao da previso de vendas e nas polticas degesto de estoque.

    A influncia de mudanas nos padres de demanda na previso de vendas e naspolticas de estoque utilizadas

    A diminuio dos nveis de estoque devido menor incerteza operacional eestratgica da cadeia de suprimentos

    O aumento do nvel de servio e diminuio dos tempos de entrega.

    Em estudo realizado na Nestl nos Estados Unidos, as seguintes vantagens foram levantadascom a implementao do CPFR: melhor atendimento ao consumidor, maior disponibilidade

    de produtos para o consumidor, processos que englobam duas ou mais empresas, que se

    tornam-se muito mais integrados, entre outras vantagens (HARRISON et al, 2003). Em

    outras palavras, aumenta-se a competitividade da cadeia de suprimentos da empresa em

    relao s demais.

    Em resumo, o CPFR focaliza-se no processo de prever o suprimento e a demanda por

    intermdio da sincronizao de vrios planos de negcios e projees, tanto do fornecedor

    quanto do cliente. Jim MaLaughlin In Mccrea (2003), ento presidente do Comit VICS

    CPFR, defende que possvel praticar os conceitos do CPFR sem o uso de tecnologia

    avanada j que a mudana principal na cultura de trabalho da empresa com seus clientes oufornecedores. Entretanto, para operaes em larga escala necessrio o uso da tecnologia da

    informao voltado para o CPFR.

    McCarthy e Golicic (2002), por outro lado, identificam que as principais barreiras para

    implementao bem sucedida do CPFR so a ausncia de tecnologia eficiente, dificuldades de

    troca de informao em tempo real, considervel investimento em pessoal e ativos para

    preparao estrutural do programa, a necessidade intensa de manuteno do programa ao

    longo de toda a cada de suprimentos e a falta de sincronia nas mudanas culturais requeridas

    entre as empresas envolvidas no projeto.

    Apesar dessas dificuldades, acredita-se que o CPFR representa a mais larga oportunidade parao gerenciamento de inventrio nos prximos anos, constituindo-se em um novo meio de

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    6/16

    6

    gesto de relaes colaborativas entre fornecedores e clientes, prometendo ser o carro-chefe

    da nova era nas relaes comprador-vendedor.

    A utilizao das tcnicas do CPFR no contexto brasileiro de competitividade o foco de

    discusso deste trabalho. A escolha desta tcnica deveu-se ao fato de ela ter a sua importnciae utilidade amplamente discutida pelas empresas nacionais. Ainda que no tenha havido um

    movimento slido de adoo das mesmas, identificou-se a necessidade de se obter uma

    avaliao mais aprofundada da realidade de ao empresarial com relao a essas prticas

    colaborativas atravs de uma pesquisa de campo. O detalhamento dos procedimentos de

    pesquisa adotados e da amostra obtida encontram-se dispostos na prxima seo.

    Metodologia

    A pesquisa descritiva quantitativa do tipo survey foi concebida por possibilitar: 1. a descrio

    de facetas quantificveis do universo em estudo; 2. o emprego de tcnicas padronizadas de

    coleta de dados primrios originados com a finalidade de comprovar a premissa; 3. o examede relaes entre as variveis; 4. a generalizao de resultados da amostra para o conjunto

    tpico; 5. a recomendao de cursos de ao (GIL, 1996, MALHOTRA, 2001). O instrumento

    de sondagem empregado foi o questionrio padronizado, formulado com questes fechadas

    acompanhadas de escala semntica de notas de desempenho ou graus de percepo.

    A estruturao do questionrio de pesquisa visou incluir os principais elementos da gesto

    colaborativa moderna. O envio dos questionrios baseou-se em estudos classificatrios

    relativos ao ranking das maiores empresas brasileiras quanto ao faturamento obtido no ano de

    2003. Foram somente consideradas empresas com faturamento acima de 10 milhes de

    dlares. Quanto representatividade da amostra, foram enviados ao todo 1700 questionrios

    havendo 149 respondentes. Para uma pesquisa do tipo survey considera-se uma amostrabastante significativa. O percentual vlido foi representado por 48,8% de empresas com

    faturamento superior a 500 milhes de dlares anuais. Dessas empresas, mais da metade

    correspondia a organizaes que faturavam acima de 1 bilho de dlares ao ano. Alm disso,

    das empresas com faturamento inferior a 500 milhes de dlares, mais de 60,0% apresentaram

    faturamento entre 100 e 500 milhes de dlares anuais. Ou seja, com base nos padres

    brasileiros de faturamento, teve-se uma significativa amostra do grupo das 1000 maiores

    empresas instaladas no Brasil.

    Os setores de atuao das empresas na pesquisa foram definidos objetivando-se incluir as

    principais atividades de produo da indstria brasileira. Todos os 19 setores pesquisados

    obtiveram a participao de respondentes, fazendo com que se enriquecessem aspossibilidades de anlises das cadeias de suprimento sobre grande parte da atividade

    produtiva nacional. Entre eles, destacam-se: Qumica e Petroqumica (11%), Siderurgia e

    Metalurgia (11%), Alimentos, Bebidas e Fumo (9%), Automotivo(9%), Papel e Celulose

    (5%), Eletroeletrnico(4%), Farmacutica e Cosmticos(3%); Plsticos e Borrachas (3%),

    Mecnica(3%) e Confeces e Txteis(1%), assim como Servios Diversos (7,3%),

    Telecomunicaes (6,7%), Servios de Transporte (4,7%), Comrcio Varejista (2,6%),

    Tecnologia e Computao (2,6%), Atacado e Comrcio Exterior (2%) e Servios Pblicos

    (2%).

    Os dados foram tratados estatisticamente pelos softwares SPSS e Excel. Utilizou-se aestatstica do Chi-quadrado (2) para testar a significncia estatstica da associao observada

    entre pares de variveis, ajudando a determinar a existncia ou no de associao entre elas.

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    7/16

    7

    Em outras palavras, a associao seria a prova estatstica de que h relao de comportamento

    entre dois elementos distintos, quais sejam, como exemplo: nvel de implementao do CPFR

    com outro elemento de anlise.

    Considerou-se o nvel de significncia de 1%, o qual oferece uma pequena margem de erro doteste de Chi-Quadrado realizado. A significncia estatstica de um resultado uma medida

    estimada do grau em que esse resultado "verdadeiro" (no sentido de que seja realmente o

    que ocorre na populao, ou seja, no sentido de "representatividade da amostra"). Mais

    tecnicamente, o valor do nvel-p representa um ndice decrescente da confiabilidade de um

    resultado. Quanto mais alto o nvel-p, menos se pode acreditar que a relao observada entre

    as variveis na amostra um indicador confivel da relao entre as respectivas variveis na

    populao. Especificamente, o nvel-p representa a probabilidade de erro envolvida em aceitar

    o resultado observado como vlido, isto , como "representativo da populao". O nvel de

    significncia de 1% considerado, no meio cientfico, como sendo de elevado rigor devido

    baixa margem de erro permitida com relao aos resultados obtidos pelo Chi-Quadrado.

    Como regra geral, no se deve fazer anlise do Chi-Quadrado quando as freqncias tericas,

    ou esperadas, em quaisquer clulas das tabelas forem inferiores a cinco. Alm disso, no mais

    do que 20% das clulas (ou caselas) devem ter freqncia esperada abaixo desse valor

    mnimo. Nota-se que, no clculo da estatstica Chi-Quadrado, as variveis so tratadas como

    se fossem medidas em uma escala nominal (no numrica). Entretanto, nesse estudo, no

    ocorreu nenhuma vez de mais de 20% das clulas cruzadas terem menos de cinco

    respondentes.

    Por fim, utilizou-se tambm a representao grfica do Box-plot, a qual foi bastante rica no

    sentido de informar, entre outros elementos, a variabilidade e a simetria dos dados. Grficos

    de Box-Plot tambm foram teis para detectar, descritivamente, diferenas noscomportamentos de grupos de variveis. Os grficos foram definidos em funo dos quartis,

    os quais so a quarta parte de uma populao qualquer. O segundo quartil ou mediana, por

    exemplo, representa a informao de que metade dos respondentes encontravam-se dispostos

    abaixo daquele ponto de corte.

    Tendo-se clareados os procedimentos estatsticos utilizados, a prxima seo inicia a

    discusso do contexto de atuao competitiva das empresas. A anlise de utilizao das

    tcnicas de CPFR necessita de uma ambientao quanto ao comportamento da demanda e ao

    nvel de competio enfrentado pelas indstrias pesquisadas. Historicamente, a adoo de

    ambas as prticas colaborativas tem sido influenciada diretamente por esses dois elementos,

    os quais so discutidos na seqncia.

    Um Breve Contexto Brasileiro de Competitividade

    Numa viso dinmica, a competitividade entendida como a capacidade das cadeias de

    suprimento de formularem e implementarem estratgias concorrenciais que lhes permitam

    conservar, de forma duradoura, uma posio sustentvel no mercado. O objetivo inicial das

    anlises descritivas o de caracterizar o contexto de atuao das empresas brasileiras quanto

    aos temas de competio e comportamento da demanda, os quais so bsicos para a deciso

    de implementao do CPFR. Nessa dimenso, o estudo questionou, inicialmente, os seguintes

    aspectos:

    i) H um alto grau de competio no mercado?

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    8/16

    8

    ii) O mercado em que a empresa atua instvel e h muita variao de demanda ?

    A Tabela 1, a seguir, apresenta a anlise dos dados referentes s questes propostas. As

    respostas foram dadas em uma escala de 1 a 10, em que o nmero um representa baixa

    concordncia e o nmero dez representa elevada concordncia com a afirmao proposta. Amaior mdia geral (8,44) obtida foi para o item H um alto grau de competio no mercado,

    o qual comprovou a percepo de competio elevada pelos respondentes nos mercados em

    que atuam.

    Tabela 1 : Nvel de Concordncia para as Trs Afirmaes

    Na representao de Box-plot abaixo (Fig. 2) apresenta-se em destaque a variabilidade e a

    simetria da amostra. Os blocos distribuem os dados entre o extremo superior do terceiro

    quartil e o primeiro quartil. A mediana representada pela linha horizontal dentro dos blocos.

    J os segmentos de reta que se estendem em seus extremos definem os valores mximos e

    mnimos verificados.

    Figura 2 Box Plot

    H um alto grau de

    competio no

    mercado

    O mercado que a empresa atua

    instvel e h muita variao de

    demanda

    N Vlidos 149 149

    Mdia 8,44 6,34Desvio Padro 1,98 2,83

    Mnimo 2,00 1,00

    Mximo 10,00 10,00

    Quartis 25 7,00 4,00

    50 (Mediana) 9,00 7,00

    75 10,00 9,00

    149149N =ii) Instabilidade do Mercado eComportamento da Demanda

    i) Grau de Competio

    Nvel de Concordncia

    10

    9

    8

    7

    6

    5

    4

    3

    2

    1

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    9/16

    9

    Reafirmando o consenso existente quanto ao grau de competio presente no mercado

    brasileiro, o bloco que representa esse critrio o mais deslocado superiormente. Alm disso,

    sua linha mediana indica que 50% da amostra superior nota 9 de concordncia. Entre os

    dois aspectos analisados nessa fase, este apresentou a maior mdia e o menor desvio padro

    (1,98), reafirmando, assim, a percepo da alta competitividade existente no mercado. Emoutras palavras, um desvio padro menor indica que h maior consenso entre os respondentes,

    os quais se concentram principalmente nos nveis superiores da escala.

    Com relao ao outro item de anlise, ainda que a mediana seja 7 (Fig. 2), a amostra

    apresentou alta disperso dos dados ao longo da escala de nveis de concordncia (desvio

    padro igual a 2,83), no garantindo assim um consenso dos respondentes quanto

    instabilidade e variao de demanda no mercado de atuao (Fig. 3). Atribui-se

    heterogeneidade dos resultados o amplo universo desta pesquisa, que incluiu os mais diversos

    setores e mercados das maiores empresas instaladas no Brasil. Ou seja, cada mercado tem

    suas caractersticas peculiares quanto ao comportamento da demanda, por exemplo.

    Figura 3 Histograma para instabilidade do mercado e comportamento da demanda

    A ttulo de recapitulao dos resultados encontrados at este ponto do artigo, observou-se a

    percepo das empresas quanto existncia de uma concorrncia alta, uma tendncia de

    instabilidade de mercado e de uma variao de demanda elevada. A contextualizao do

    ambiente de atuao das mesmas fundamental para a compreenso da adoo de modelos

    colaborativos como o CPFR.

    A base para a implementao desses modelos a adoo prvia de um programa de

    relacionamento colaborativo, o qual pode ser definido como sendo o conjunto de iniciativas

    que tm como objetivo maior iniciar a transio entre um modelo simplesmente transacional

    para o de parceria total entre fornecedores e clientes. Partiu-se do pressuposto de que o

    cenrio anteriormente detectado de competio e comportamento da demanda prevalece no

    sentido de impulsionar a adoo de tal postura estratgica, o que foi confirmado.

    As prticas colaborativas de relacionamento constituem a atual tendncia de posicionamento

    estratgico com 34% dos respondentes j as tendo estabelecido. Somente a minoria no est

    planejando trabalhar nos moldes colaborativos (25%) (Fig. 4).

    O mercado que a empresa atua instvel e

    h muita variao de demanda

    Nvel de concordncia

    10987654321

    Nm

    eroderespondentes

    30

    20

    10

    0

    24

    16

    25

    1514

    11

    10

    16

    108

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    10/16

    10

    Figura 4 Implementao de um programa colaborativo

    As empresas que esto considerando implementar (38%) formam o maior grupo amostral e

    representam a tendncia futura de crescimento colaborativo das configuraes das grandes

    cadeias de suprimento pesquisadas. A formao desse grupo de transio pode estar

    evidenciando a recente constatao de que se ineficaz, estrategicamente, manter relaes

    somente de carter transacional com a cadeia de fornecimento no ambiente atual de elevada

    competitividade empresarial.

    Vale ressaltar que a percepo desse elevado nvel de competio refere-se principalmente

    realidade brasileira, j que a grande parcela das empresas pesquisadas tem como principal

    mercado o Nacional, com 86,2% de porcentagem vlida de resposta. Empresas que tm como

    atividade principal a exportao de seus produtos respondem por somente 13,8% da amostra.

    Pode-se dizer, assim, que a competitividade elevada definitivamente a realidade de atuao

    das empresas brasileiras, inclusive para o mercado domstico, justificando amplamente a

    adoo de modelos colaborativos. Obteve-se, ento, um cenrio inicial de anlise: alta

    competitividade, tendncia a uma instabilidade de mercado com variao de demanda, alm

    de uma forte perspectiva de adoo de modelos colaborativos na gesto das cadeias de

    suprimento. Ou seja, as bases para adoo do CPFR j estariam presentes.

    A colaborao empresarial nos estados brasileiros

    Em seguida, pretendeu-se tambm avaliar a predisposio de adoo de um modelo

    colaborativo para cada regio em que as empresas esto localizadas. Atravs de um teste de

    Chi Quadrado, provou-se que h associao significativa entre as variveis (p=0,006) para

    um nvel de significncia de 1% (desconsiderando a categoria outros). Em outras palavras,

    houve uma incongruncia de comportamento entre os dois principais extratos pesquisados

    (MG/RJ e SP), que influenciaram na significncia do resultado acima.

    Essa prova estatstica sustentada pela anlise da Fig. 5 abaixo. Nota-se uma evidente

    inverso de distribuio entre as empresas de MG/RJ e SP. Por serem os maiores grupos

    Implemetao de um

    programa colaborativo

    OutrosNotem

    planejado

    Estconsiderando

    Jtemestabelecido

    Porcentagemd

    erespondentes

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    26

    38

    34

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    11/16

    11

    (maior concentrao de respondentes), essa diferena prevalece, apesar da categoria Sul

    haver tido um comportamento semelhante ao de SP.

    Figura 5 Posicionamento de cada regio na adoo de um sistema colaborativo

    Regio

    OutrosSPMG \ RJSul

    %

    30

    20

    10

    0

    A empresa est

    considerando

    A empresa j tem

    estabelecido

    A empresa no tem

    planejamento

    Obviamente, a tradio de produo industrial est intrinsecamente relacionada ao resultado,

    tendo como maior exemplo o Estado de So Paulo, com a maior proporo de considerao

    colaborativa. Entretanto, os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, apesar de serem fortes

    plos industriais da Regio Sudeste, apresentam, proporcionalmente, um elevado nmero deempresas que no possuem qualquer tipo de planejamento estratgico dessa natureza (Fig. 5).

    Duas questes devem ser especialmente ressaltadas diante do resultado obtido:

    Qual o potencial de crescimento da capacidade competitiva dos Estados de MG e RJ,j que h relativamente um baixo nmero de empresas que esto considerando

    implementar a colaborao (Ainda mais diante tambm do alto nmero de empresas

    que no possuem qualquer tipo de planejamento estratgico nesse sentido)?

    Apesar de MG/RJ terem obtido um nmero praticamente igual ao de SP no quesito decolaborao j implementada, o ltimo foi, ao lado do Sul, o nico a apresentar um

    forte movimento de adoo futura da colaborao (Ver na Fig. 5 o item A empresaest considerando para o Estado de SP). O futuro de adoo de prticas colaborativas

    no Brasil estaria restrito em grande parte ao Estado mais desenvolvido da nao?

    Os dados indicam claramente uma resposta positiva para a questo anterior. Ou seja, a cultura

    colaborativa estaria exageradamente concentrada em SP em relao ao restante do Pas. Um

    no desenvolvimento significativo de relacionamentos colaborativos nos demais estados

    poderia, inclusive, prejudicar o crescimento da competitividade do Estado Paulista. Dessa

    forma, o Pas seria o maior prejudicado. Polticas pblicas de promoo de encadeamentos

    colaborativos nas principais cadeias de suprimentos brasileiras poderiam ser uma boa soluo

    para o impasse acima identificado.

    Por fim, conclui-se que a colaborao encontra-se em diferentes estgios de implementao e

    desenvolvimento nas regies pesquisadas. Ainda assim, as empresas brasileiras esto se

    Nmero deRespondentes

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    12/16

    12

    modernizando nesse sentido estratgico de forma gradual. Entretanto, cabe outra questo: atque ponto tem-se conhecimento das tcnicas do CPFR na soluo dos problemas relacionados

    gesto da demanda e ao aumento da competitividade da cadeia de suprimentos anteriormente

    identificados? Um primeiro passo, obviamente, foi obter um panorama geral da utilizao CPFR.

    O atual estgio de utilizao do CPFR pode ser visualizados na Tab. 2:

    Tabela 2- Situao CPFR

    Percebe-se que a ocorrncia de utilizao plena baixa para o CPFR (12,08%). Apesar de a

    representatividade do grupo anterior ser pequena, constata-se que as empresas (em torno de 65%

    dos respondentes) esto em processo de implementao ou j utilizam alguns princpios. Por fim,

    o CPFR possui uma taxa de no utilizao de 3%.

    Dessa forma, o panorama geral identificado para o CPFR no Brasil ainda o de utilizao

    plena baixa. De forma inequvoca, no est havendo um crescimento da utilizao dessa

    tcnica em conjunto com o aumento da adoo da colaborao anteriormente identificado. A

    grande maioria das empresas adota somente alguns princpios. Quanto aos ganhoscompetitivos desejados, visualiza-se um grande potencial de crescimento da competitividade

    da indstria brasileira, caso aumente a taxa de utilizao dessas tcnicas colaborativas. Para

    que tal movimento geral ocorra, seriam necessrios investimentos para sustentao

    tecnolgica e organizacional da integrao proposta pelo CPFR. Analisou-se, em seguida,

    essa ltima perspectiva de estudo.

    Investimentos na Transformao ou Modernizao da Cadeia de Suprimentos CPFR

    Os investimentos em mdia e grande escala so realizados pela maioria das empresas (50%).

    Os pequenos investimentos somam 25% da amostragem vlida (Tab. 3).

    Tabela 3 Investimentos na Transformao e Modernizao da Cadeia de Suprimentos

    A empresa est investindo na transformao/modernizao da cadeia de suprimentos

    nrespondentes

    %%

    VlidoSim, est realizando investimento de mdia escala. 48 32,21 34,04

    Sim, est realizando investimento de pequena escala. 36 24,16 25,53

    Sim, est realizando investimento de grande escala. 23 15,44 16,31

    No, mas est considerando a realizao de investimentos. 18 12,08 12,77

    No. 16 10,74 11,35Total 141 94,63 100,00

    Sem informao 8 5,37

    CPFR N RESPONDENTES % % VLIDONo utilizado 42 28,19 28,77

    Em processo de implementao 21 14,09 14,38

    Utiliza alguns princpios 65 43,62 44,52

    Utilizao plena 18 12,08 12,33

    Total 146 97,99 100,00Sem Informao 3 2,01

    Total 149 100,00

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    13/16

    13

    Total149

    100,0

    0

    Aqueles que no realizam esse tipo de estratgia da cadeia de suprimentostotalizam, por fim,

    aproximadamente 24%. Vale ressaltar que esse valor foi idntico ao dos investimentos em

    pequena escala. Somados, totalizaram 50% da amostra. Percebe-se uma polarizao datendncia de investimento entre os respondentes: 50% a partir de investimentos em mdia

    escala e 50% para investimentos abaixo do montante considerado como de pequena escala.

    Especificamente, os investimentos realizados na transformao ou modernizao da cadeia de

    suprimentos no apresentam relao significativa com a utilizao da ferramenta CPFR. A

    Tab. 4 para a situao CPFR apresenta o coeficiente do Chi-Quadrado de 0,294, para um

    nvel de significncia de 1%.

    Tabela 4 Situao CPFR

    SITUAO CPFREm processo deimplementao

    Noutilizado

    Utiliza algunsprincpios

    Utilizaoplena

    TOTAL

    No, mas est

    considerando a

    realizao de

    investimentos

    0 9 7 2 18

    No. 2 6 6 1 15

    Sim, est realizando

    investimento de

    grande escala.

    6 6 6 5 23

    Sim, est realizandoinvestimento de

    mdia escala.

    7 12 25 4 48

    A

    empresa

    estinvestindona

    transformao

    oumodernizaoda

    suacadeiadesuprimentos

    Sim, est realizando

    investimento de

    pequena escala.

    5 9 15 6 35

    Total 20 42 59 18 139

    No existe associao entre as variveis, pois o Valor P do teste Chi-Quadrado igual a

    0,294.

    Os investimentos mencionados no necessariamente referem-se ao CPFR. Entretanto, aaplicao deles poderia estar gerando uma padronizao entre o nvel de investimento

    aplicado na melhoria da cadeia de suprimentos e o estgio de implementao dos mesmos, o

    que no ocorreu na comprovao estatstica. Coube, dessa forma, uma anlise mais

    aprofundada, no intuito de esclarecer qual a real direo dos investimentos que esto sendo

    realizados. A partir da, ter-se-iam as bases de identificao de um potencial movimento de

    fortalecimento das prticas colaborativas de CPFR.

    Identificou-se, em um primeiro momento, uma tendncia em se investir mais na troca de

    informaes, da qual pode-se inferir o uso da tecnologia da informao (Tab. 5). Os efeitos

    positivos da utilizao intensa de um fluxo informativo mais amplo so, principalmente,

    notados na gesto de inventrio das empresas envolvidas. Os estoques tendem a diminuir, jque se podem ter disponveis dados relativos demanda real de consumo dos clientes finais.

    No haveria, a partir da, distores (efeito chicote) relativas a compras visando a economias

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    14/16

    14

    de escala, como exemplo, que influem no baixo desempenho e na alta especulao da gesto

    de materiais interempresariais. A base tecnolgica do CPFR estaria, assim, sendo consolidada.

    Tabela 5 reas em que Esto Sendo Realizados Investimentos

    reas em que esto sendo realizadosinvestimentos

    % citaes% de

    respondentesEm maior troca de informaes 26,90 67,46

    Na seleo de fornecedores com mais

    capacidade tecnolgica20,25 50,79

    Formalizao de um processo de seleo 18,67 46,83

    Seleo de fornecedores dando preferncias

    aos locais14,56 36,51

    Na capacitao dos fornecedores 12,66 31,75

    Criao de linhas de crdito para fornecedores 1,27 3,17

    Outros 5,70 14,29

    Total 100,00 Base: 126

    Para que tal estratgia seja bem-sucedida, seria necessrio que o fornecedor dispusesse de

    tecnologia compatvel (representou, em segundo lugar, 20,25% dos investimentos realizados

    na Tab. 5). Corroborou-se, assim, a crescente importncia dada gesto da informao na

    formao e estruturao das cadeias de suprimentos das grandes empresas nacionais. Outros

    elementos analisados indicaram, tambm, a tendncia de se investir na formalizao do

    processo de insero de fornecedores locais (18,67%) e na seleo e capacitao dos

    fornecedores (27%). Entre 30% a 40% dos respondentes citaram esses dois elementos comoobjetos de investimento de suas empresas, o que representou uma parcela significativa da

    amostragem.

    Basicamente, ainstalao da estrutura para o CPFR exige uma compatibilizao de softwares.

    Contudo, o grande investimento em relacionamento, o que difcil de ser quantificado pela

    empresa que os utiliza. Como exemplo, para o caso especfico do CPFR, a capacitao e a

    formalizao de um processo de seleo mais eficiente do banco de fornecimento representam

    um importante passo inicial para o sucesso do programa, apesar de ser difcil de quantific-lo

    em termos financeiros.

    Em suma, apesar de o teste estatstico no haver apontado alguma tendncia de aplicaofinanceira na cadeia de suprimentos em funo do CPFR, identificou-se uma modernizao

    logstica voltada para o aprimoramento do ambiente de relacionamento nesses moldes

    colaborativos. Comprova-se, assim, a hiptese cogitada no final da seo anterior: os

    investimentos esto alinhados estrategicamente ao potencial aumento da utilizao do CPFR.

    7. Discusso dos Resultados e Concluso

    O movimento brasileiro de adoo de prticas colaborativas alinha-se estrategicamente aos

    conceitos do CPFR. Os diversos investimentos realizados contribuem para a formao de uma

    base slida que eventualmente ir permitir o total funcionamento dessas ferramentas

    colaborativas na gesto da demanda e no aumento da competitividade das empresas.

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    15/16

    15

    Entretanto, deve-se evoluir mais. Em estudo realizado por Vieira et al. (2003) na rede

    varejista brasileira, concluiu-se de que os resultados prticos de aplicao do CPFR no Brasil

    ainda so incipientes e que as iniciativas de colaborao esto focadas no plano ttico e

    operacional dos sistemas logsticos. Ou seja, as mudanas estratgicas da corporao so

    induzidas por esses sistemas de inovao tecnolgica nas operaes cotidianas, e no ocontrrio.

    A presente pesquisa no detalhou se as empresas realmente adotam um procedimento padro

    de utilizao ou estruturao dessas ferramentas. A operacionalizao fundamental para que

    os ganhos obtidos sejam internalizados na cultura de ao e aprendizado da organizao. O

    CPFR, por si s, somente ter valia caso se crie um ambiente sustentvel para as prticas

    colaborativas. Relacionamentos puramente transacionais so opostos aos conceitos propostos

    pelas parcerias e somente contribuem para a desestabilizao da confiana. Assim, paradoxos

    como o investimento em troca de informaes e a manuteno de relacionamentos

    oportunistas de comercializao dos produtos devem ser eliminados. A partir da, tem-se

    grande chance de que o potencial crescimento da colaborao identificado ao longo dotrabalho realmente torne-se uma realidade, na medida em que h uma clara mudana

    estratgica das empresas de uma forma geral.

    Por fim, deve-se tambm evoluir colaborativamente no desenvolvimento de novos produtos,

    no projeto inicial das cadeias de suprimentos e na criao de ambientes de relacionamento de

    confiana no Brasil. Somente assim, as empresas podero competir de forma eficiente no

    mercado internacional, compensando as limitaes macrologsticas impostas pela precria

    infra-estrutura logstica brasileira.

    Como possvel tema de futuras pesquisas, pode-se avaliar a implementao operacional do

    CPFR no Brasil, identificando-se possveis falhas estratgicas que prejudiquem o sucesso detal programa. Alm disso, investigaes no sentido de avaliar quantitativa ou qualitativamente

    as atuais redes de colaborao na cadeia de suprimentos com base nos ideais estratgicos do

    ECR ou CPFR podem render resultados interessantes.

    Referncias Bibliogrficas

    1. BARRAT, M; OLIVEIRA, A, Exploring the experiences of collaborative planninginiciatives. International Journal of Physical Distribution and Logistics Management,

    Vol. 31, N4, 2001.pp266-289

    2. CHRISTOPHER M. A Logstica do Marketing Otimizando processos paraaproximar fornecedores e clientes. 2. ed. So Paulo: Editora Futura, 2000. cap. 3 e 4.

    3. CORSTEN, Daniel; KUMAR, Nirmalya,. Do Suppliers Benefit from CollaborativeRelationships with Large Retailers? An Empirical Investigation of EfficientConsumer Response Adoption.. Journal of Marketing, Jul2005, Vol. 69 n 3, p80-94

    4. HARRISON, Alan; van HOEK, Remko. Estratgia e gerenciamento de logstica.So Paulo: Editora Futura, 2003. p. 52; 255-272.

    5. GIL, Antnio C. Como elaborar projetos de pesquisa. So Paulo: Atlas, 1996

    6. IRELAND, Ron; BRUCE, Robert. CPFR Only the Beginning of Collaboration.Supply Chain Management Review, Sep/Oct2000, Vol. 4 n 4, p80-88

  • 7/23/2019 Sobre CPFR

    16/16

    16

    7. KEFENG Xu; YAN Dong. Information Gaming in Demand Collaboration andSupply Chain Performance. Journal of Business Logistics, 2004, Vol. 25 n 1, p121-144,

    8. MOURA, Reinaldo; REZENDE, Antonio Carlos; GASNIER, Daniel Georges;CARILLO JUNIOR, Edson; BANZANATO, Eduardo. Atualidades na logstica. SoPaulo: IMAM, 2003.

    9. MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientao aplicada. PortoAlegre: Bookman, 2001.

    10.MCARTHY, T; GOLICIC, S. Implementing Collaborative Forecasting to ImproveSupply Chain Performance. International Journal of Physical Distribution andLogistics Management, Vol 32, N 6, 2002, pp 431-454.

    11.MCCREA, Bridget. CPFR Comes of Age. Supply Chain Management Review,Mar/Apr2003, Vol. 7 Edio 2, p65-68.

    12.POIRIER, C. Advanced Cadeia de suprimentos Management How to Build aSustained Competitive Advantage. San Francisco: Berret-Koehler Publishers, 1999. p.

    153-155.

    13.SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de SuprimentosProjeto e Gesto: Conceitos, Estratgias e Estudos de Caso: Traduo de Marcelo

    Klippel. Porto Alegre: Bookman, 2003. p. 131.

    14.VICS. Collaborative Planning Forecasting and Replenishment. Disponvel em:www.cpfr.org. Acesso em: 16 de ago. de 2004.

    15.VIEIRA, J., JUNIOR, S, YOSHISAKI, H. Collaborative Planning, Forecastingand Replenishment: State of Art in Brazil. Departamento de Engenharia deProduo, Universidade Federal de So Paulo, 2003.

    Notas

    [1]De acordo com Simchi-Levi et al.(2003) um sistema no qual os depsitosfuncionam como pontos de coordenao de estoques, em vez de pontos de

    armazenamento de estoques.

    [2]Instituio responsvel pela padronizao de processos no setor de comrcio eindstria.

    [3]Essa organizao elaborou um manual de implementao do CPFR disponvel em

    www.cpfr.org