sobre a identidade da pedagogia de agostinho reis monteiro

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Revlsl8 de Educ&\,lo, \101, VI, n' 2, 1997 OepartAmento de da FG, da U L SOBRE A IDENTIDADE DA PEDAGOGIA AGOSTINHO DOS REIS MONTEIRO Departamento de EducafBo cia F.e.U.L. INTRODUCAO Pedagogia e a denominatyao tr;;tdicional da ciencia e arte da educafao. 0 campo da complexificou-se, diversificou-se e nasceram as 'Ciencias da Estas significaram um progresso, mas a sua pluralidade agudizou 0 problema da unidade e especificidade do saber relativo a educatyiio. o texto que se segue apresenta uma sumaria 'retrospectiva da constituityiio e does) saber(es) relativo(s) it argumenta a necessidade de uma ciencia pr6pria do campo da e propoe uma da Pedagogia como ciencia da boa .,.. ' --._-._-- RETROSPECTIVA Paidagogos era, como se sabe, 0 escravo gregG que conduzia a junto do mestre e exercia sobre ela uma influencia moral. 0 Paedagogus romano tinha semelhantes. Depois, por extensao, pedagogo tomou-se sin6nimo de professor, A palavra 'Pedagogia' ap'arece e'iilT4M,s'eguiido o diciomirio de Robert, e Littre informa que ela se encontra na Institui.J;ao crista de Calvino (1536), onde se Ie que "0 Senhor conservou-nos nesta pedagogia". No entanto, "a Pedagogia - como realidaile e cO.n.c.eiw - dOsTcUIO XVII" (Groothoff, 1964: 194). Francis Bacon (1561- 1626), filosofo e politico ingles dessa epoca, fala da Pedagogia como um gera] transmitir as ideias" (cit. in Charbonnel, 1988: 100). Essa arte come\!ou a ser designada tambem pelo termo 'Didactic a', cujo uso tera side iniciado por Wolfgang Ratke 0571-1635). Tambem para Comenio 0592-1670) "Didactica significa arte de ensi-nar", mas a sua Didactica Magna e verdadeiramente uma geral da educat;ao. Foi, por isso, cognominado "Bacon da pedagogia" por Gabriel Compayre (1843-HJl3) e ".QaHleu da porJules Michelet (1798-1874). Jean Piaget (1896-1980) considerou-o "0 primeiro a ter concebido, em toda a sua amplitude, uma ciencia da (in Pravot, 1981: 266). Embora se considere geralmente Platiio como ° primeiro. fiMsofo da educat;iio, na opiniao de G. Compayre, historiador frances que foi urn dos primeiros a utilizar a expressao 'filosofia da edu.cal(ao', e Emile ou de Nducation (Emflio ou da de Jean..Jacques Rousseau (1712-1778), que anuncia "0 advento da raziio filos6fica na arte de educar os homens", cabendo sobretudo a ele, portanto, "a honra de ter inaugurado a filosofia da (cit. in Charbonnel, 1988: 169). Claparede (1873-1940), por seu lado, viu no Emile, "pela primeira vez,· a arte da educa\!iio fundada numa concept;ao cientffica da (Claparede,1931: 103). Significativamente, foi no ana da publical(ao de Emile (1762) que a Academia Francesa admitiu 0 termo 'Pedagogia'. Quando, no seculo XVIII, se na Alemanha, que os professores de Filosofia, nas universidades, mj,nistrassem cursos de Pedagogia, Immanuel Kant 'U 724-1804) era professor na Konisgberg. As suas. de Pedagogia foram passadas a escrito por urn dos seus alunos (Rink), com a aproval(ao do mestre, e publicadas em 1803, com 0 titulo Uber Padagogik (Sabre a Pedagogia). Esta pequena obra, embora lhe falte 0 rigor e a dos grandes textos kantianos, tornou-se um locus classicus da Filosofia da Educat;iio. Na opiniao ae 'Emile Planchard, Kant elevou a Pedagogia "a altura de uma filos6fica" (Planchard, 1979: 21), 0 na de li'ri.ec.:!rjchHerbart(l776-1841), pi'y..!lQad!l! d.! Pe<iagogia Distinguia entre educa\!ao, que e arte, e 9

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Page 1: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

Revlsl8 de Educamplo 101 VI n 2 1997

OepartAmento de Educa~80 da FG da U L

SOBRE A IDENTIDADE DA PEDAGOGIA

AGOSTINHO DOS REIS MONTEIRO Departamento de EducafBo cia FeUL

INTRODUCAO

Pedagogia e a denominatyao trtdicional da ciencia e arte da educafao 0 campo da educa~ao complexificou-se diversificou-se e nasceram as Ciencias da Educa~ao Estas significaram um progresso mas a sua pluralidade agudizou 0 problema da unidade e especificidade do saber relativo aeducatyiio

o texto que se segue apresenta uma sumaria retrospectiva da constituityiio e designa~iio does) saber(es) relativo(s) it educa~ao argumenta a necessidade de uma ciencia pr6pria do campo da educa~ao e propoe uma concep~ao da Pedagogiacomo ciencia da boa educa~iio --_-_-shy

RETROSPECTIVA

Paidagogos era como se sabe 0 escravo gregG que conduzia a crian~ junto do mestre e exercia sobre ela uma influencia moral 0 Paedagogus romano tinha fun~oes semelhantes Depois por extensao pedagogo tomou-se sin6nimo de professor

A palavra Pedagogia aparece eiilT4Mseguiido o diciomirio de Robert e Littre informa que ela se encontra na InstituiJao crista de Calvino (1536) onde se Ie que 0 Senhor conservou-nos nesta pedagogia No entanto a Pedagogia - como realidaile e cOnceiw - n~sce apiiiia~iEartir dOsTcUIO XVII (Groothoff 1964 194) Francis Bacon (1561shy1626) filosofo e politico ingles dessa epoca fala da Pedagogia como um apeldi~e_ gera] ~~J~rte_ie transmitir as ideias (cit in Charbonnel 1988 100) Essa arte comeou a ser designada tambem pelo termo Didactic a cujo uso tera side iniciado por Wolfgang Ratke 0571-1635) Tambem para Comenio 0592-1670) Didactica significa arte de ensi-nar mas a sua Didactica Magna e verdadeiramente uma concep~iio geral da educatao

Foi por isso cognominado Bacon da pedagogia por Gabriel Compayre (1843-HJl3) e QaHleu da e4y~~~~o porJules Michelet (1798-1874) Jean Piaget (1896-1980) considerou-o 0 primeiro a ter concebido em toda a sua amplitude uma ciencia da educa~ao (in Pravot 1981 266)

Embora se considere geralmente Platiio como deg primeiro fiMsofo da educatiio na opiniao de G Compayre historiador frances que foi urn dos primeiros a utilizar a expressao filosofia da educal(ao e Emile ou de Nducation (Emflio ou da educa~ao) de JeanJacques Rousseau (1712-1778) que anuncia 0 advento da raziio filos6fica na arte de educar os homens cabendo sobretudo a ele portanto a honra de ter inaugurado a filosofia da educa~iio (cit in Charbonnel 1988 169) Ed(~lUard Claparede (1873-1940) por seu lado viu no Emile pela primeira vezmiddot a arte da educaiio fundada numa conceptao cientffica da crian~a (Claparede1931 103) Significativamente foi no ana da publical(ao de Emile (1762) que a Academia Francesa admitiu 0 termo Pedagogia

Quando no seculo XVIII se decreto~ na Alemanha que os professores de Filosofia nas universidades mjnistrassem cursos de Pedagogia Immanuel Kant U724-1804) era professor na Universidade-middot~ Konisgberg As suas li~oes de Pedagogia foram passadas a escrito por urn dos seus alunos (Rink) com a aproval(ao do mestre e publicadas em 1803 com 0 titulo Uber Padagogik (Sabre a Pedagogia) Esta pequena obra embora lhe falte 0 rigor e a sistematiza~ao dos grandes textos kantianos tornou-se um locus classicus da Filosofia da Educatiio Na opiniao ae Emile Planchard Kant elevou a Pedagogia a altura de uma discipl~na filos6fica (Planchard 1979 21) 0 dis_cJp~tt ~J~cesso_x d~ K~nt na c~tedra de Koni8~_~()hann liriecrjchHerbart(l776-1841) eg~almente_~9-nsilt~Jado piylQadl d Peltiagogia dentf~c~ Distinguia entre educaao que e arte e

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Pedagogia que eciencia pratiea fundada na Etica (ciencia dos fins) e na Psicologia (ciencia dos meios das possibilidades das emo~ijes) A sua obra mais conhecida iniitula-se Allgemeine Padagogik aus dem Zweck der Erziehung abgeleitet (Pedagogia geral deduzida do fim da educa~ao) publicada em 1806

Compayre escreveu no Prefacio da sua Histoire critique des doctrines de leducation en France depuis Ie XVJsiecle (1879)0 objectivo deste livro e exp()r a movimento e 0 progresso da pedagogia francess desde as brilhantes iniciadores do seculo XVI ate aos reformadores contemporaneos C) Ha alguma utilidade em examinar a hist6ria dos sistellJas para nela procurar as verdades duraveis e recolher os elementos de urna teoria definitiva o autor acreditavapois comenta Charbonnelque existe algo como A Pedagogia que do seculo XVI ao secula XIX sairia das brumas da infancia para aeeder A luz da idade adulta (Charbonnel 1988 129) Em fins do seculo no seu artigo Pedagogie na Grande Encyclopedie inuentaire raisonne des sciences des lettres et des arts Compayre eonstatava que a pedagogia teve alguma dificuldade em fazer aceitar 0 seu nome em Fran~a pelo menos pais no estrangeiro ela esta desde ha muito prestigiada ( ) e naquelas das nossas universidades onde a pedagogia e ensinada quer numa cadeira magistral como em Paris quer em cursos e conferencias como em Lyon e Toulouse nao e pedagogiaJt ~cielcia da educa~ao que oi~Jalm~p~fch~1ada E no entanto 0 que a p~ltagogia~t~Q~~__S~ justamente a ciencia -ruiJltRcjo (cit por R Dottiens eG~Mialaret in Debesse e Mialaret 1969 50) De facto f9i como Ciencia da Educacao~a Peda89Kl_ lgttroiL~Qflcrarinen~ no ensino Jzti~r~~~~~~pounds na Sorbonne em 1883 por iniciativa do Ministeno de Jules Ferry na sequencia das suas leis sobre a escola publica elementar gratuita laica e obrigat6ria De 1883 a 1914 cursos semelhantes com 0 titulo de Ciencia da Educa~ao ou de Pedagogia foram criados em praticamente todas as universidades francesas

A expressao Ciencia da Educa~ao tera sido utilizada pela primeira vez par Marc-Antoine Jullien dito de Paris (1775-1848) em Esquisse et vues preliminaires dun ouurage sur leducation comparee (Esbo~o e eonsidera~ijes preliminares de uma obra sobre a educa~ao comparada) pequena obra publicada em 1817 e considerada como fundadora da disciplina de Educa~ao Comparada A ciencia da educa~ao era no entanto bastante indefinida indefini~ao que se reflectia desde logo na incerteza da sua denomina~ao Compayre eserevia sem distin~ao Ciencia da educa~ao

Pedagogia cientlfica Teoria geral da educa~ao Filosofia da educa~ao Henri Marion (1846-1896) na sua Li~ao de abertura do curso sobre a ciencia da educacao naSorbonne em 1883 fabu tambemshyindistintamente de Ciencia da educacao Pedagogia Pedagogia geral Pedagogia filos6fica Filosofia da educacao 0 primado dos problemas de metodo dava prioridade A Psicol~a aplieada A educa~ao nos cursos de CiiiCia ali Educa~ao mas a Filosofia e a sect~ciologa continuaram a disputar a-pnmazia no campo do saber relativo Aeduea~ao

Nas dnaa primeiras decadasoo sectilo XX a Pedagogia tornou-se tambem experimental mas persistiu a sua heteronomia como documenta urn inquerito sabre a fonna~ao do pessoal docente do ensino secund8rio levado a cabo pelo BIE (Gabinete Internacional da Educacaoem 1954 a que responderam 58 pafses Nas respostas 0 ensino da pedagogia aparecia tom as mais variadas denomina~ijes Entre as mais citadas estavam Pedagogia Pedagogia geral Pedagogia te6riea Teoria da educa~ao Principios gerais da educa~o Teoria do ensino Filosofia da educa~ao Hist6ria da educa~ao Historia da Pedagogia Doutrinas pedag6gicas Didactica geral Metodologia Metodologia te6rica Metodos educativos Estudo dos problemas escolares Actividades escolares Pedagogia aplicada Didactica especial Administra~ao escolar e inspec~ao e Direito administracento e legisla~ao escolar

Ciencias da E4u~~poundaoe llm1l ~~pressao utiIizada_pela primeira vez talvez em 1911 no erimei~ ~timo)-_qQ~w~soTntem~sectl~~~de p~dQlogIlLLcQIXlo se deslgnava enta~ a Clncla aa crian~) eD~~~las presltid~ por_O~~~pecroly(1871-1932) Quando em 1958 a Universldade de Genebra homenageou Raymond Buyse - um dos fundadores da Pedagogia experimental - com um doutoramento hJ)J7opi-sCClu-sa em Ciencias da Eduea~ao as Ciencias da Educacao receberam pela primeira vez na Europa a eonsagra~ao academica que lhes faltava como observou A Gille (1979 91)

Em Fran~a a Ciencia da Educacao cujo nascimento se assinalou desapareceu praticamente do ensino universitario depois da primeira guerra mundial e ate aos anos 60 Em 1962 come~aram os contactos entre personalidades do campo da eduea~ao com vista Asua promocao academica Em 1967 rio quadro da Reforma Fouchet e na sequencia demiddotprojectos elaborados sueessivamente por Jean Chateau (da Universidade de Bordeaux) Maurice Debesse (da Sorbonne) e Gaston Mialaret (da Universidade de Caen) foram criados as graus de licenciatura e de doutoramento (Decreto de 2 de

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Fevereiro) conferidos por Departamentos de aprovados em 1943 e se mantiveram inalterados Ciencias da Educa~ao A prop6sito desta designa~ao ate Outubro de 1974 - incluiam uma disciplina de (que prevaleceu contra ~9-~~Pf~~()g~-9_1e Pedagogia e Didactica geral reservada ao Director Ps)ltPRe~~~Kia) M Debesse escreveu A reestrutura~ao de Outubro de 1974 manteve a

Pedagogia A Lei de Bases da Refonna Veiga Simao Se propus e consegui que~e utilizea expressao (Lei n 573 de 25 de Junho) previa a cria~ao de

ciencias da educa~aoao nivel dos ensinos institutos de ciencias da educa~ao nas universitarios de prerer~~~~~~fllar ~~ Iedagog~ Universidades nao e de modo nerilium-por desdem por essa velha Em 1976 0 VI Governo Provis6rio - presidido palavra ou para substitui-Ia numa usurpa~ao pelo Almirante Pinheiro de Azevedo e coin 0 Majorridicula por urn titulo mais sonantEl E porquea Vftor Alves no Ministerio da Educa~ao e palavra pedagoglaselotbou dup1iimEHlte equivoca Investiga~ao Cientifica - cria uma Faculdade de ao mesmo tempo que e demasiado limitativa e Pedagogia na Universidade de Lisboa (Decreto-Leidemasiado vaga Equivoca porque a pedagogia de ndeg 147176 de 19 de Fevereiro) 0 preambulodo texto urn ensino quaIquer ao nivel e1ementar secundario legislativo que a criou merece ser citado e superior designa em frances urn aspecto desse ensino 0 s~u Iado didactico se quisermos C ) laquoDurante anos recaiu quase exclusivamente Demasiado limitativa aMm disso porque porj sobre as Faculdades de Letras e de Ciencias 0

defini~ao etimol6gica a pedagogia diz respeito a +- encargo de formarem os professor-es do ensino infancia Falar de uma pedagogia de adultos e por secundario C) Embora se preveja que continuem isso urn pouco contraditorio C ) Demasiado vaga as Faculdades de Ciencias e de Letras a formar enfim porque as investiga~oes actuais sobre uma professores do ensino preparat6rio e secundario educa~ao em expansao ( ) dizem respeito a reconhece-se que as Universidades portuguesas nao dominios muito variados C )raquo (cit in Marmoz 1988 poderao responder adequadamente a solicita~ao que 30 31) lhes eexigida neste dominio sem ineentivar cursos

de novo tipo e fundar novas escolas Estes novos cursos de forma~ao de professores ja iniciados nas

o EPIS6ol0 PORTUGUES Universidades do Minho e de Aveiro e previstos noutras eseolas do pais incluem nos pIanos de

Em Portugal - e segundo uma comunica~ao estudo uma componente em materias de educa~ao apresentada por Joaquim Ferreira Gomes ao r e conferem 0 grau de bacharel em varias Congresso Luso-Brasileiro de Hist6ria da Educa~ao especialidades Em Lisboa a superpopula~ao e os (Lisboa 23-26 de Janeiro de 1996) - uma disciplina problemas de instala~oes mis Faculdades de Letras de Pedagogia pr~tica e legisla~ao e administra~ao e de Cienciasjustificam desdeja para estes cursos do ensino foi incluida no plano de estudos da Escola a cria~ao de uma nova escola C ) A reuniao numa Normal Primaria para 0 sexo masculino do Distrito mesma eseola de especialidades diversas confereshyde Lisboa em 1860 inaugurada em 1862 mas que lhe 0 caracter de interdisciplinaridade que se fora criada em 1845 na sequencia da institui~ao pretende estimular no ensino secundario Nao e das Escolas Normais em 1844 Uma Escola sacrificada uma unidade intrinseca porque 0 facto semelhante para 0 sexo feminino come~ou a de as diversas materias serem tratadas com um funcionar em 1866 A Pedagogia tout court aparece fim educacional fara sobressair 0 que ha de pela primeira vez nos programas para os exames especifico no proprio fen6meno de ensinar e demiddot de concurso ao Magisterio Primario publicados em aprender A nova eseoh~ tem assim como objectivo 1870 No plano de estudos das tres Escolas Normais especifico 0 ensino e 0 estudo das ciencias da criadas em 1914 nas cidades de Lisboa Coimbra e educa~ao 0 processo de aprendizagem desde 0

Porto constavam nomeadamente as seguintes ensino infantil ate it educa~ao permanente na idade disciplinas Pedagogia Geral e Hist6ria da adulta sera 0 tema de investiga~ao que deve Educa~ao Metodologia Pedologia Em 1930 as congregar os esfor~os de todos os que nela Escolas Normais Primarias foram substituidas trabalhaniraquo pelas Escolas do Magisterio Primario cujos

Sublinhe-se que 0 objectivo da Faculdade deprogramas incluiam as disciplinas de Pedagogia Pedagogia era 0 ensino e 0 estudo das ciencias daGeral e Experimental Pedagogia do Ensino Infantil educa~ao sem prejuizo da unidade intrinseca doDidactica Pedologia Psicologia e Psicologia campo da educarao 0 seu periodo de instala~aoInfantil Estas Escolas foram encerradas em 1936

e reabriram em 1942 Os programas - que foram seria de dois anos

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Em Julho do mesmo ano toma posse 0 I Governo Assembleia da Republica a 11 de Agosto de 1976 0

Constitucional presidido por Mario Soares e com Ministro disse A educa~iio nao chegou em rigor 0

Sottomayor Cardia it frente do Ministeric da 25 de Abril Quase imediatamente ap6s aRevoIUlao Educa~ao e Investiga~ao Cientffica Uma dasmuitas instalou-se urn s6lido e prematuro travejamento do e polemicas medidas do novo Ministerio foi a 11 de M~ Ora 0 p6s-25 de Novembro reconhe~ashyrevoga~ao em 1977 (Decreto-Lei n088n7 de 8 de se mal se reflectiu na escola portuguesa La Mar=o) do Decreto-Lei que criara a Faculdade de chegaremos bull tal e 0 nosso prop6sito Significativas Pedagogia Os seus considerandos merecem do clima politico da epoca sao tambem estas tambem cita~ao para evidenciar a oposi~ao palavras de urn discurso do Ministro Cardia a 28 doutrinaria ao texto revogado de Outubro de 1976 Neste pais travamiddotse dura luta

de classes PeloD~creto-Lei ndeg i47nSdei9 de Fevereiro Jufzo demolidor da ac~ao do Ministerio Cardiafoi criada a Faculdade de Pedagogia na foi pronunciado pelo ultimo Ministro da Educa~aoUniversidade de Lisboa que na pratica funcionaria do Estado Novo (Veiga Simao) numa mesamiddotredonda middotem sobreposi~oas Faculdades de Letras e Ciencias que reuniu em 1978 no Centro Nacional deEntende () Governo que e inc()nveniente criar mais Cultura alguns dos principais responsaveis pelaorganismos que entre si se sobreponham educa~ao em Portugal antes e depois de Abril de Considera-se tambem que as reformas a introduzir 1974 nomeadamente Jose Hermano Saraiva eno ensino superior nao podem ir contra a sua propria Sottomayor Cardia Disse Veiga Simao Eu julgo natureza e que a prepara~ao de professores nao se tern Portugal urnque desenvolvido emdeve afastar-se do desenvolvimento das ciencias e reaccionarismo obscurantista sob a manta dodisciplinas que 0 futuro pedagogo ira criltivar 0 socialismo (Simao 1979 lOG)ensino pre-universitario s6 tera a beneficiar de uma Em 1980 - durante 0 VI Governo Constitucional maior exigencia -cientffica na forma~iio dos (AD) presidido por Sa Carneiro e com Vitor Crespo professores para 0 que setoma indispensavel que no Ministerio da Educa~ao - os Cursos Superiores as Faculdades de Letras e de CHncias se assurnam de Psicologia criados em 1977 (Decreto ndeg 12177 de como estabelecimentos de alto nivel 20 de Janeiro) foram transformados em Faculdadessimultaneamente cientifico e pedag6gico0 de Psicologia e de Ciencias da Educa~ao nas Programa do Governo preveuma reforma dos ramos Universidades de Coimbra Lisboa e Porto Nos educacionais das Faculdades de Ciencias e a cria~ao termos do texto legislativ~ que as criou (Decretoshydos ramos educacionais nas Faculdades de Letras Lei n052980 de5 de Novembro) a justifica~ao da Apesar das dificuldades que conhecem as sua dupla valencia cientffica era tambem duplaFaculdades de Letras e CienciaS 0 indisperisavel e a complementaridade e afinidade dos domfnios da quese proceda a sua reforma nao a sua psicologia com os das ciencias da educa~aoultrapassagem pela insta1a~ao de estabelecimentos equacionada muma perspectiva econ6mica de custos para os quais nem sequer se disporia de suficientes e estruturas institucionais e administrativas recursos humanosraquo Outr~ exemplo entre n6s da perdade terreno

da denomina~aoPedagogia e 0 nome do Instituto Portanto a cria=ao da Faculdade de Pedagogia de Inova~ao Educacional apesar de a expressao

ia contra a natureza do ensino superior era educational research ser frequentemente traduzida considerada uma sobreposi~ao as Faculdades de no espa~o europeu por investiga~ao pedag6gica e Letras e Ciencias que deviam assumir-se como de existirem Institutos de Investiga~ao Pedag6gicaestabelecimentos de alto myel simultaneamente como 0 InstitutNational de Recherche Pedagogique cientifico e pedag6gico 0 centro de gravidade da (INRP) de Paris que publica a Revue fraruaise de exigencia cientifica na forma~ao dos professores pedagogiedeveriam ser as ciencias e disciplinas a ensinar note-se tambern a expressao futuro pedagogo Este retrocesso na concep~ao da Pedagogia e da NECESSIDADE DA PEDAGOGIA competencia e forma~ao profissionais dos professores inscrevia-se numa politica de Em 1988 ana do 2r aniversat0 da ria~ao ddoes normalizafao programada em termos e num primeiros Departamentos umversltanos contexto politicos que a seguir sedocumentam Ciencias da Educarao em Fran~a M Debesse I

o capitulo do Programa do Governo sobre a chamou a aten~ao para 0 ganlt~ggtEleIE~~ educa~ao falava de caos total e de clima de medo _ ~eJ~alis-~ifs c~poundi~lra ~-~Ipoundil e para a e fanatismo ideoI6gico No respectivo debate na imperiosa necessidade de reflecbr naqUIlo que faz

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e deve fazer contra ventos e mares a unidade das ciencias da educacao (in Marmoz 1991 21 23) Na mesma sessao G Mialaret constatava Nao ha actualmente grande teoria pedagogica que faca a sintese de todas as correntes e que integre todos os problemas que a educacao se coloca hoje Por outras palavras uma teoria que permitisse reunir todas as ciencias da educacao e ocupar 0 espaco epistemologico permitindo situar cada uma das disciplinas segundo um esquema claro coerente e dinamico Em sua opiniao a extensaoe a compreensao do co neeito de educacao - a sua polissemia - torna dificil encontrar um denominador comum a todas as ciencias e construir urn a teoria geral universal no sentido forte do termo (in Marmoz1991 32 33)

Nao obstante Louis Not por e~~p~~J~nsa ~e uma ciencia pr6pria-dae4t~tao_~~eC~fs~~a e possiveL KriiI)oramiddotdesde a antiguidade ate ao um doseculo XIX a pratica da educa~ao e 0 conhecimento que dela se tem sejam designados pelo termo unico de pedagogia observa que falar de pedagogia e hoje retrogado na moda estao as ciencias da educacao (Not 1984 17) Reconhecendo que as Ciencias da Educacao significaram uma mudan~a radical quanta as concep~oes da investigacao e do saber em materia de educacao uma verdadeira ruptura epistemologica a pluridisciplinaridade constata no entanto que por detras da diversidade das abordagens escondeshyse a negacao pura e simples da ideia de que possa haver uma ciencia especifica da educacao E considerando que nenhuma das Ciencias da Educacao por si pode evitar a dispersao a centrifugacao que ameaca a investiga~ao educacional L Not considera que 0 modelo cientifico apropriado it investiga~ao em educa~ao s6 pode ser um modelo interdisciplinar centrado sobre UMA ciencia especifica da educacao em relacao com diversas ciencias a que se pode chamar auxiliares utilizando um metodo integrativo das suas diversas abordagens como 0 mais adequado ao problema que colocam as interaccoes convergencias ou conflitos que aparecem entre as duas dimensoes do projecto educativo a dimensao pessoal e a dimensao social E propos que se chamasse Educiencia (p 22 17 36 259)

Tambein Guy Avanzini entre outros considerou Pedagogia um termo inadequado tanto pela sua conota~ao normati~a com~por ~esignar apenas a educa~ao da crianca (in Marmoz 1991 183) 0 estatuto da Pedagogia Bofre tambem da tradicional

desvalorizacao do saber pratico como sublinhou A Prost a que pode acrescentar-se no microcosmo universitario 0 peso da investigacao nas

representacoes e carreiras e a fraca importancia do ensino (Prost 1985 211) Acresce a tradicional carga pejorativa do pedagogo(como nota 0

Dicionario da lingua pedag6gica de Paul Foulquie e cujo eco se pode encontrar na sua definicao por urn vulgar dicionario ingles como pedantic teach~r) Enfim 0 singular Pedagogia como argumentou-Debesse j~ nao ~ria peztinencia num campomiddot ere -estudos tao plural como e hoje a ecIUCa~ao --

-middot~t8s0Qjfil=soesao(lom) nome d~ Pedagogia nao sao irrefutaveis No que respeita it objeccao terminologica tainbem a Psicologia e a Politica por i

exemplo tern etimos restritivos a primeira refereshy sea3l~ri segunda acitjpde E que tern a Musica

hoje-aver com as musas A objeccao normativa toca toda~as ~i~ncia_s que ~~~jJdmge~p~laquoula~ao metafisica Quanto a natureza pratica do saber

-relativo it educacao todos os saberes visam afinal directa ouindirectamente a sua aplicacao E nao se fala cada vez mais de Pedagogia universit8ria De resto assim como ha Politica Teoria politica Ciencia politica e Ciencias politicas Direito Teoria juridica Ciencia juridica e Ciencias juridicas Medicina e CHncias medicas eate Musica e Ciencias musicais tambem ha Pedigogia~ Teoria pedag6gica Ciencia pedag6gica e Ciencias pedag6gicas alem das Ciencias da Educacao Segundo Olivier Reboul por exemplo as Ciencias da Educacao sao disciplinas que tem por objecto urn aspecto da educacao mas tern estatutos epistemolQgicos diferenciados conforme esse obje~to for parcial ou exclusivo No primeiro caso sao apenas ciencias aplicadas it educacao como ramos te6ricos das respectivas ciencias que entram em rela~oes de interdisciplinaridade No segundomiddotcaso estao as ciencias nascidas da pratica da educacao sao as Ciencias pedagogicas Jose Cabanas distingue entre ciencias do facto educacional e cienCias do acto educativo e considera sem sentido que alguem pretencla ser especialista em Ciencias cfilEdupoundacao dada a sua diversidade Pelo contrario ~~wdoo seritido User especialista em Pedagowa (Cabanas 1983 97 104 195) Enfim lIo que re~peita it imagem burlesca do pedagogo nao e uma singularidade nem e irremediavel Os medicos por exemplo continuaram a ser ate nao ha muito-temPQ personagens de Moliere

J Chateau autor do primeiro projecto de criacao ltJemiddotgraus academicos para OB estudos em materia de educacao em Franca como vimos preferia 0 titulo Pedagogia mais CllrfoQoJjanto

mabauissou~l-_~s~e-afietmeamiddotse -aPCiooCJduo-EltJetrnmmiddotmiddot9 0middotdc91rnenfflri0~~aamiddotrumQ~~oorie-a l ~ cu

pane doscasosapenas pa~a melhor fazer passar a

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mercadoria (in Marmoz 1991 13 29) Gilles FerrY--que anunciaraem 1967 a Marteaa PeaaE6gfa~-rectificou~~J~=-tarde~m~u~-(fa pedagQ~a 4o~tica ralsamente saDia (Ferry 1987 19) Frandne Best recofibecendo a neeessidade de um saber globalizante e de urn termo generieo no campo da educa~ao e de opiniao que ele deve User designado pelo termo pedagogia afinal verdadeiramente um termo pan-europeu (Best 1988 165 168) Para Constantin Xypas e missao da pedagogia -cienca_~~~d~_=-~laquoLpor exe~l~ncia - integrar 0 eontributo das outras dlsciplinas num todo coerente (Xypas 1985 29) Tambem Jean Piaget considerou a Pedagogia uma dencia e das mais dificeisdevido it-complexidade dos facto res emjogo ltPiaget 1969 13)

A universalidade da denominacao Pedagogia e do seu campo semantico econfirmada pelo inquerito sobre a natureza e a importiincia do ensina das cit~ncias da educa~iio levado a cabo no ambito da Unesco em 1984-1985 Foi distribuido um questionario a mais de 1500 estabelecimentos de ensino superior em todos os Estados membros da Unesco e responderam 273 instituicoes de 84 pruses de todos os continentes Das respostas ressalta em primeiro lugar uma grande diversidade terminol6giea logo na propria denomina~ao das instituicoes Constata-se que cerca de 50 institui~s se denominam (University Faculty Institute College Department FacuIte Institut Escuela ) de EducaYao cerea de 20 denominam-se (lnstitut Faculte Faculdade ) de Ciencias da Educacao (Sciences de leducation Sciences of Education Erziehungswissenschaften ) outras 20 denominam-se (Universidad Faculty Department Academy Faeulte Institut Institute Hochschule Seminar ) de Pedagogia (Pedagogie Padagogische Pedagogical Ciendas Pedagogicas ) algumas combinam diferentes expressoes (Van Herreweghe 1986)

De resto nenhuma alternativa ao termo Pedagogia vingou ate it data nem Pedotecnica proposta por Decroly em 1906 para designar a tecnica da educaYao da crianca nemAntropagogia proposta por Adam para designar a ciencia da educa~ao permanente de todo 0 ser humano nem Educologia termo utilizado por Elisabeth Steiner Maeda em 1964 numa comunicarao a xxa

Conferencia anual da Sociedadede Filosofia da Eduea~ao e proposto por J Christensen em 1984 no V Congresso Mundia de Educarao Com parada em Paris nem a Educiencia proposta por L Not (ef Cabanas in AAVV 1983) Em todo 0 caso se expulsa pe1a PCrta aPedJgQIiliregr~sectIl_~ pela janela nao e pedag6gico 0 significante comum de

todas as pretensoes de bondade ern materia de educacao Urn termo que da sempre a antender que se sabe do que se esta a falar (Beillerot 1983 7) Enfim ae as Ciencias da Educa~ao nasceram sem 0 pecado original da Pedagogia - filha da crianca e do escravo - a sua imagem tambem nao e gratificante como se Ie no citado inquerito da Unesco segundo 0 qual as Ciencias da EltIuca~ao fazemt ~uj~s ezes figur~ de J~~~~e P9pre no conjunto das disciplinas universitarias e 0 seu enSiiiomiddoteSU- sobieludo HKld9 li formaaodos prore8sores VanHerreweghe 1986 100 104) Hesiite portanto ajJedagogi-l 0_~9~l~ia_da educacao na expressao cIii1iint (1803 48) e sao mwtos osautares quecompartiInam essa heranc~____ Mas outros ha que ou a substituem por uma concep~ao imperialista e passada da Filosofia da Educacao ou a reduzem it Didactica (aos meios cabendo os fins it Filosofia) Olivier Reboul por exemplo propos esta summa divisio it Filosofia da Educa~ao compete a reflexao sobre os fins da educa~ao as Ciencias da Educa~iio estudam 0 seu objeeto particularmente a criama a Pedagogia tem como objecto os seus meios (Reboul 1971) E Gilbert de Landsheere esereveu Sem Filosofia directora a investiga~ao educacional apenas etecnicidade sem alma t )E pois a Filosofia que cabe atribuir um fim a educa~ao e coordenar os meios utilizados (Landsheere 1976 12) Pelo contrario Nanine ~ Charbonnel por exemplo pronuncia-se contra a ideiii-ae i~(QJnQ~~fQ~lsectaria ~ptatiC~ cris outros emv~re[e~~ _e pensaque lie aPecJ~gogia entendida no sentid_lt9liheimiano de teoIja pr~ti~a clue e preCIso reconhecer 0 direito a enunciados i7fiIissoqii-~JEterii~~~ descritivQ~ _e pr~~~rltivos (Charbonnel 1988 125116 cf ainda por exempl6 Hubert 1949 Sciacca 1960 Leif amp Rustin 1967 Leveque amp Best 1969 Santos 1969 Blanes 1972 Planchard 1979) Na introdu~ao ao conhecido Traite des sciences pedagogiques Robert Dottrens e Gaston Mialaret exprimem uma opiniao equilibrada a este respeito A Pedagogia tem com a educa~ao as relac0e19ueJ ClenSla_~ip~om a ~Acrescentemos simplesmente que se -aiguma~~J~9f)Jemlaquoo~~iis eleglige~cent~~do pera clenela nunca O_AflY~Lsect~r~JJL~~gogla(Dottrense MiaIaret 1969 30) - shy

No que respeita Ii Filosofia da Educa~ao ela e a mais antiga das Ciencias da Educarao como disciplina tradicional dOB fins A hist6ria do pensamento pedagogico e principalmente uma histOria filos6fica E par isso urna legftima cieneia da educa~ao sobretudo como hist6ria das filosofias da educatrao Deve mesmo reeonhecer-se que uma forma~ao filos6fica e aquela que melhor habilita

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em prinClplO para a teoriza~ao pedag6gica Na verdade 0 pensamento filos6fico continua a ser 0

pensamento racionalpoIexc~Iencia pela sua visao totalizante no espa~o e no tempoe preocupa~ao com 0 homem como sujeito respons~vel pela sua hist6ria Por isso como escreveu C Bernard deg espirito filos6ico deve reinar nao apenas sobre todas as ciencias mas sobre todos os conhecimentos humanos pois represents a inspira~ao eternada razao humana para 0 conhecimento do

~ -desconhecido (dkin Foulquie 1954 114) A Oganiza~ao das Na~oes Unidas para a Educa~ao a Ciencia e a Cultura (Unesco) pode ate ser considerada como uma institui~o filos6fica (Droit 1995 33)~ Mas a Filosofia nem sequer tem um objecto seu como disse Fran~ois Chatelet e principalmente um metodo que vai buscar os seus objectos Ii uma realidade exterior que para os Gregos era essencialmente a Politica e hoje e a Etica Em sua opiniao eis 0 que a Filosofia tem de insubstituivel e que me parece ser a questao filosofica por excelencia da nossa epoea 0 que e que is so vale - no sentido nietzscheano do termo (Chatelet 1992 56 57 158)

Por conseguinte se a Filosofia da Educasaoe a ciencia da educa~ao malS a1fzil-da concep~secto de pedagQgj5LJJue_ vai ser proposta esta conde com certas concep~oesdaquela adma referidas assim como e irredutivel e indissoluvel na(s) Didactica(s)

UMA CONCEPCAO DA PEDAGOGIA

- A educayao e talvez 0 mais complexo fen6meno da vida sobre a Terra E por isso 0 saber mais diffcil mas tambem 0 mais importante como sempre se reconheceu Citarei apenas a conhecida opiniao de Kant que considerou a educa~ao 0

maior e mais arduo problema que nos pode ser proposto e uma das duas coisas cuja descoberta pode ser considerada como a maie dificil para a humanidade a arte de governar as homens e a de educa~]os (Kant 1803 39 40) Tao diffcil que Freud escreveu em 1925 no prefacio a um livro de August Aichorn (Juventude abandonada) Ja ha muito tempo que fiz minha a gra~a que diz que he tres oficios impossiveis educar curar governar Opiniao que retoma reformulada com mais for~a em 1937 no artigo Die endliche und die unendliche Analyse (Analise com fim e sem fim) Quase parece que analisar e0 terceiro desses oficios imposslveis nos qua~s se tem apartida a certeza de urn sucesso insuficiente Os dois outrosmiddot conhecidos desde ha muito mais tempo sao educar e governar (cit in Cifali 1987 114 115 116)

Este parado~o da eF~_s~g(2d~_i_11J-rs~ibl~dade _dl educapoundao eem_~~u el~E~e0EoOl~mamaior a~llE1_~den~j3ltqpri_~ d_~ e~gpound~~g tta ongem de todos os paradoxos que 0 Dictionnaire de Pedagogie de F Buisson defildu como sendo as proposi~oes aparentemente incompatfveis a que a teoria da educa~ao de Iugar (Buisson 1882 807) Tendo 0

fen6meno educacional um conteudo bio~cultural e multidimensional os seus paradoxos emergem ds rela~ao entre cultura e natureza sociedade e individuo autoridadee liberdade Se~middotua multidimensionalidade proibe a absolutiza~ao de qualquer aspecto ou qualquer monop6lio metodo16gico a sua multidisciplinaridade suscita a questao da comunica~ao entre as dencias de que e objecto Eis todo 0 problema de uma cienda da educa~ao independente (Scheuerl Reitz cit in Van Herreweghe 1986 27 29) Mas que ciencia e que independencia

Aextensao e diversidade do campo ds educayfto tornam ~Eensavel tanto uma unica super-ciencia daeduca~_~Enomiddot i( Pt~~ij_~~~_de qualquer das Q~nltt~ILcl_~Educa~~o de sati~flJ~er a sua r~conh~~4~ ~~~ndi_~f9llEdade Nem uma possIve] Didactica geraf tendo por -Cibjecto os aspectos comuns a todOs os processos de aprendizagem os invariantes das didacticas ou pedagogias especiais pode dar conta da globalidade do campo da educa~ao Mas se a ciencia que falta ao campo da educaao nao pode conceber-se como a Ciencia da Educa~ao nem como Interdidactica tambem nao deve ser concebida como mais uma entre as Ciencias da Educa~ao Mas podeedeve ter como objecto s6 e +

todaj a educafdo~-isto e apenasfmas tudo 0 que ~rta ~ eaucajaoe tornai~sea1egltima fnsbncia de tEloriza~~o e operacionaliza~ao das suas abordagens diversas a partir de umalreblematica nuclear constituinte da sua valiaade e sucesso especfficos~ Esta concep~ao c2rresPQIldeem grande medida aiaeia-aePedagogia geral ou te6ricacomo

-CiinCia daeduca9ao em geral quer dizer das questoesoasiciui que se suscitam na educa~ao

como rafit~tronco da arvore das suas dencias auxilfare (Cabanas 1983 103~T04)middot

ara que a Pedagogia possa ser esta cienda de que 0 ca~2~_d~~ducl~~oJiecisa- jtilgo que e necessaria come~ar por dialecttzar 0 seu conceito a maneira de Gaston Bachelard Para este influente fil6sofo da ciencia urn conceito nao dialectizado e um conceito diminufdo por sobrecarga do seu contudo que 0 impede de user delicadamente sensfvel a todas as varia~oes das condi~oes em que ele assume as slIas justas funcoes (Bachelard 1940 187) Por isso parece-me que a dialectiza~ao da Pedagogia deve come~ar por duas distin~oes

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i -J1

Em primeiro lugar di~-ingiL~ntre teo1~ e pratica da educa~ao e concljr~Qmo H_M3PID no Dictionnaire de Jiilagogie (1887) de F Buisson

A ped~gQgi3 e C) I rtentjl~ I~ Q~ educ~~lt ao mesmo tempo Mas como e pr~ciso ~fl~QlheI-PniB ii nossa lIriK1_ar~poundl~a elBeral 9~uma mesma palavra delilime ao mEitsmo tempo uma arte e a cienCilicO~~JRO~~ente nat hesitarei em definir a pedagogia si~PIesiiieite ~ ciencia da educa~o Porqu~ant~~ ciencia qy~-EotIDe ( ) a substaDmamiddotdap~dagltuQa~Ets~D11Jito I~~Qs ~s procedimentoa que ela P~D pratica d~ qye nas razoes te6rica pelas 9Y~j~ala encontra eases procedime~tos os julga e os co()r~~naraquo t

- Depois distinguir entremiddot instru~a9~edllca9J no sentido ap-o-nt8dopor J ltThtau por-exenfpJo que gostaria qle se distinguisse mel~or do ~ le faz muitas vezes entre edtiea~ao ~ il1stru~Jio porque gtfa e(fu_c~~~qc2n~uz Rarao ~1Q C) hurnaniza ( ) Pelo eontnirio a instrui~o aEU~ -_dpta t )

I da lugar numa fifaW-~~~trtlpounda() ~s~_~~tfu~El a educa~ao~ urns questao de ~ent~~o (in Marmoz 1991 14)

A dialectiza~o ~a Pedagogiarleve tQ~~larpela busea da sua dif~ren~a ~sped_fi~ll Je~I_H~~

$~tuou a espe~n~~~de laquoaR~elag~(aiieltr ~gt lDidactica e as Cl~t~la~g~~At~a~ao AOTido daquele que sabe do saber a trarismitir ao lado daquele que sabe do saber sobre a educa~ao h8 aquele que sabe do pedag6gico que s6 pode serlun te6rico-pratico da educa~ao 0 escravo-pedagogo (entre os gregos e os roIilanos) julgou Iibertar-se

tornando-se sabio por renlincia a sua especificidade disciplinas e ciencias da educarao sao as suas duas

tenta~oes permanentes (in Marmoz 1991 39 46) Penso tambem que 0 objecto da Pedagogia deve

situar-se na fissura existente entre a teoria e a pratica mas como valor-acrescentado a uma e outra Com efeito 0 sentido da teoria e a pnltica e se grande numero de professores sofrem de alergia a teoria eporque dela tiveram experiencias sobretudo negativas Nao obstante se toda a pratica (e instrumento) subentende uma teoria boa ou mashya melhor pratica e aquela que e esclarecida pela melhor teoria Mas uma teoria nao e um m~saico de conhecimentos Quando um(a)professor(a) diz que durante a sua forma~ao aprendeu umas coisas disto e daquilo quer dizer que nao sabe que fazer com 0 que supostamente aprendeu porque os saberes plurais e parcelares que Ihe foram proporcionados nae middotfomiddotram transformados na unidade de uma cultura pedag6gicg e no sentido da correspondente conscienciaprof[ssionaZ Esta e em

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minha opiniao a insubstitufvel e exigente missao da Pedagogia relativamente as Ciencias da Eduea~ao e na formarao dos educadores

Vern a prop6sito chamar a aten~ao para 0 mals recente e importante documento comunitario sobre a educacento 0 Livro Branco sobre a Educafdo e a Formafoo Ensinar e Aprender Rumo d Sociedade Cognitiva (Comunidades Europeias 1995) Nele se considera nomeadamente que uma cultura vasta shyliteraria e filos6fica cientffica tecnica e pratica shyeurn imperativo tanto da forma~ao inieial como d-s ac~5es de reconversao de trabalhadores Por iSBo assiste-se a um regresso em fortri da cultura geraZ porque uma base s6lida de cultura geral confere ao cidadao meios para se orientar na sociedade de informarao isto e para ser capaz de situar e compreender de forma critica as imagens e os dados que Ihe chegam de multiplas fontes (p15) Componente fundamental de uma cultura geral e indispensavel a cidadania democratiea e obviamente uma cultura cientifica suficiente - a nao reduzir it cultura matematica Por isso a fun~ao principal da escola deve consistir no desenvolvimento da capacidade de compreensao do mundo isto e da capacidade para captar 0

significado das coisas compreender e formular jufzos que e tanto 0 alicerce da conseiencia e da cidadania europeia como 0 primeiro factor de adapta~ao a evolurao da economia e do emprego I

(p14 13) EsUVevolufdfpoundCl~1Eic~ana vi~~ ~a illEortancia da educ~x(UL~~~lO europeu~ um insuspeito e inesperado argumento a 1iiVoraa coneep~ao e missao da Pedagogia que esta a ser proposta

A concePrao da Pedag()gia C9ITo discipJi~a fundamental dacuTtura consci~IlcJ e lt()mp~tecla aOEjeajicaaQJeli~~Y~ em mlnha oJi~iQsatisfaz~r tr~L~~futcias Jlcipai~ cQreSIoJq~LtQg4mo Prqp(~Cd~ ~dyqlri-o estar a altura dos valores cQitli~ciment91u~ nflcessidades do j3ell tempo e ~r uma validade de principio universal

o primeiro passo para a descooerta da fonte do genio da educarao sera a identificarao - atraves ~e uma especie de redufoo eidetica - da quintamiddotessencta de que fala Van Herrenweghe no seu RelatOrio do citado inquerito mundial

-~

laquoE pois surpreendente que a propria quin~ashyessencia do fen6meno da educa~ao ou da pedagogla a que ninguem pode ficar insensivel seja ta~ I0uco objecto de estudo cientifico ou mesmo metafonco a nivel universit3rio nos paises do novo mundo e que mesmo quanto aos do velho mundo tenhamos de constatar que nas llitimas decadas houve urn quase total abandono do problema para dar lugar ao

estudo da tecnologia da didactica e da metodologia Sao apenas alguns investigadores-individuos que por uma c0f1pe~~~~o9~se intuitiva e ditadapelo desenvolvlmento qJase a8ls~e aOmundo moaelt1l5Constatam a necessiaade de-S~~ar

~ solmfeste problema fund _ nta que se chama _ed~c~pound~(Lcig~rDia~~ -no mana r que] nao se 1 a algum 0 pro lema da transmissao dos coJihecimentos e da cultura ou de uma rentabilidade a curto ou longo prazo mas que descuidaria au igI)oraria a globalidad~ (ias dimensoes do ser humano C )raquo (Van Herreweghe 1986 34)

Como escreveu Gaston Bachelard antes de maismiddot importa saber colocar problemas E diga-se 0 que se disser na vida cientifica os problemas nao se colocam por si pr6prios Eprecisamente esse sentido do problema que e a marea do verdadeiro espfrito cientifico que e0 nervo do progresso (Bachelard 1938 14 29) Qual 0 sentido do problema pedag6gico

Todas as pedagogias se presumem concep~oes

fen6meno educacional Qual a metodologia de acesso a-racioriiiIiaaaiiaeste objecto

_ A nossa modernidadedescobriu 0 sujeito e a cienciaexperimental mas menosprezou a intersubjectividade e a racionalidade comunicacional A recente rehabilita~ao da Ret6rica -a antiga arte do discurso persuasivo - mostrou as condi~oes de possibilidade de uma racionalidade argumentativa como logica do razoavel do preferivel Sendo 0 homem essencialmente um animal mor~lporque vive fundamentalmente de

valores a RetOrica pode mesmo ser considerada como 0 novo discurso do metodo dos diferentes usos da razao de uma razao inscrita na sensibilidade e envolvida em emo~oes E sendo a razaoretOrica uma razao dial6gica etica e tolerante na medida em que tem considerafao pelo outro a Ret6rica aparece tambem como a metodologia propria de uma racio~dade democratica pluralistaAssiD da crise do sujeito epis~mic9 (~)n~ce lttsljeito etico e a possiJiiTiaacIetaate-diumaetica racional-com(j de uma racionalidade etica que na opiniao de Emannuel Uvinas e a racionalidade primeira ou

(YLJ~9a e4H~poundomiddot ltKant lnspfiiiCIoem ROuifstmr- filosofia primeira (Uvinas in AAVV 1989 199~) certamente que admirava pensava que 0 grande segredo da perfei~ao da natureza humana esta numa boa educa~ao (Kant 1803 37 38) E como se Ie num lexica pedag6gico alemao so se pode falar de Pedagogia quando a questiio da melbor educa~ao se torna a mola de estudos e ac~oes diversos (Groothoff 1964 214) Temosentao~a

Como concluiu Chlltelet a razao ainda nao chegou a idade da razao Alguma vez l8 chegara Isso depende dohomem e s6 dele (Chatelet 1992 163)

Eis um quadro epistemo16gico em que 0 objecto proposto para a Pedagogia e vaIidamente pensavel e indispensavel para a maioridade da raziio e a cientificidade pr6pria da educa~ao E se a

glaquonerica ejulgo ~nsensual ~~~ode P~daH0giaepistemologia de uma ciencia ea teoria do metodo 1i a cienci dl boaeducafao Qual 0 seu objecto

a objectOe metO$ que distinguem uma ciencia consistemria constrU~o de uma problematica isto e um conjunto de questoes (articuladas sobre uma questao central) num espa~ te6rico (definido por conceitos fundamentais e problemas te6ricos) como observa Bernard Charlot Um conceito eo resultado de um trabalho de abstrac~o e de generaliza~ao das caracterfsticas essenciais de um objecto

de constru~o da validade do seu conhecimento cujo i criterio e a verificabilidade e a comunicabilidade entiio 0 metoda mais adequado a especificidade do objectodJ1Pedagogla consfstira em reuIiir fut_eiplaquoE~~r_e~onfr9lt~X ~a90S obTectivos e suojectivoscom vista ao consenso sobre princfpios

de var[cf~~a2 _~ Jla~oiii~isi~os seu~ alares E um ritftQqo que pode ser caracterizado como

I ~er~lIDltko-arKu~entativo ~as e tambem Consiste num conjunto de rela~oes das rela~oesmiddot e~erimental na medlda em que argumentar euma que 0 constituem e das rela~oes com outros conceitos E 0 trabalho de conceptualiza(ao que confere estatuto cientffico a um saber ou seja que o qualifica como instrumento de inteligibilidade (Charlot1995 31) Se assim e parece que 0 objecto formal da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao podera resumlr~se nestes tennos-(fescreverocampo e formular 08 problein_asda-e~~~ra~nifCar e responder asu~ qyestiio llrus Fijiclame~al ~quela que esta sufiJacente-ELsobredewrmirfa as outras deduzir da ~~~PQsect~ encontradap1lcfpios de_~_cyao deViaamente arIDlglentados (re)pensar it luz da problematiza~ao e com os conceitos ehiborados 0

--eJqierlncia intersubjectiva de (con)validafao de opinioes-hipoteses fundadas em dados (observa~oes experiencias conhecimentos) obtidos par diferentes metodos Como escreveu Jacques Ardoino dizer que 0 que eespecmcamente humano e sempre tambem naturalmente opaco e releva par conseguinte tanto senao mais de uma hermeneutica como do esfor~o e~pli~ativo e~nsi~tir -o caracter simultaneamente bJectlvo 7subJectIvo lmplicado e sobretudo polemreo do umverso a que pertence e reconhecer a necessidade de uma analise multireferencial como uma leitura plural sob diferentes angulos em fumao de sistemas de

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referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

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0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

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utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

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Page 2: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

Pedagogia que eciencia pratiea fundada na Etica (ciencia dos fins) e na Psicologia (ciencia dos meios das possibilidades das emo~ijes) A sua obra mais conhecida iniitula-se Allgemeine Padagogik aus dem Zweck der Erziehung abgeleitet (Pedagogia geral deduzida do fim da educa~ao) publicada em 1806

Compayre escreveu no Prefacio da sua Histoire critique des doctrines de leducation en France depuis Ie XVJsiecle (1879)0 objectivo deste livro e exp()r a movimento e 0 progresso da pedagogia francess desde as brilhantes iniciadores do seculo XVI ate aos reformadores contemporaneos C) Ha alguma utilidade em examinar a hist6ria dos sistellJas para nela procurar as verdades duraveis e recolher os elementos de urna teoria definitiva o autor acreditavapois comenta Charbonnelque existe algo como A Pedagogia que do seculo XVI ao secula XIX sairia das brumas da infancia para aeeder A luz da idade adulta (Charbonnel 1988 129) Em fins do seculo no seu artigo Pedagogie na Grande Encyclopedie inuentaire raisonne des sciences des lettres et des arts Compayre eonstatava que a pedagogia teve alguma dificuldade em fazer aceitar 0 seu nome em Fran~a pelo menos pais no estrangeiro ela esta desde ha muito prestigiada ( ) e naquelas das nossas universidades onde a pedagogia e ensinada quer numa cadeira magistral como em Paris quer em cursos e conferencias como em Lyon e Toulouse nao e pedagogiaJt ~cielcia da educa~ao que oi~Jalm~p~fch~1ada E no entanto 0 que a p~ltagogia~t~Q~~__S~ justamente a ciencia -ruiJltRcjo (cit por R Dottiens eG~Mialaret in Debesse e Mialaret 1969 50) De facto f9i como Ciencia da Educacao~a Peda89Kl_ lgttroiL~Qflcrarinen~ no ensino Jzti~r~~~~~~pounds na Sorbonne em 1883 por iniciativa do Ministeno de Jules Ferry na sequencia das suas leis sobre a escola publica elementar gratuita laica e obrigat6ria De 1883 a 1914 cursos semelhantes com 0 titulo de Ciencia da Educa~ao ou de Pedagogia foram criados em praticamente todas as universidades francesas

A expressao Ciencia da Educa~ao tera sido utilizada pela primeira vez par Marc-Antoine Jullien dito de Paris (1775-1848) em Esquisse et vues preliminaires dun ouurage sur leducation comparee (Esbo~o e eonsidera~ijes preliminares de uma obra sobre a educa~ao comparada) pequena obra publicada em 1817 e considerada como fundadora da disciplina de Educa~ao Comparada A ciencia da educa~ao era no entanto bastante indefinida indefini~ao que se reflectia desde logo na incerteza da sua denomina~ao Compayre eserevia sem distin~ao Ciencia da educa~ao

Pedagogia cientlfica Teoria geral da educa~ao Filosofia da educa~ao Henri Marion (1846-1896) na sua Li~ao de abertura do curso sobre a ciencia da educacao naSorbonne em 1883 fabu tambemshyindistintamente de Ciencia da educacao Pedagogia Pedagogia geral Pedagogia filos6fica Filosofia da educacao 0 primado dos problemas de metodo dava prioridade A Psicol~a aplieada A educa~ao nos cursos de CiiiCia ali Educa~ao mas a Filosofia e a sect~ciologa continuaram a disputar a-pnmazia no campo do saber relativo Aeduea~ao

Nas dnaa primeiras decadasoo sectilo XX a Pedagogia tornou-se tambem experimental mas persistiu a sua heteronomia como documenta urn inquerito sabre a fonna~ao do pessoal docente do ensino secund8rio levado a cabo pelo BIE (Gabinete Internacional da Educacaoem 1954 a que responderam 58 pafses Nas respostas 0 ensino da pedagogia aparecia tom as mais variadas denomina~ijes Entre as mais citadas estavam Pedagogia Pedagogia geral Pedagogia te6riea Teoria da educa~ao Principios gerais da educa~o Teoria do ensino Filosofia da educa~ao Hist6ria da educa~ao Historia da Pedagogia Doutrinas pedag6gicas Didactica geral Metodologia Metodologia te6rica Metodos educativos Estudo dos problemas escolares Actividades escolares Pedagogia aplicada Didactica especial Administra~ao escolar e inspec~ao e Direito administracento e legisla~ao escolar

Ciencias da E4u~~poundaoe llm1l ~~pressao utiIizada_pela primeira vez talvez em 1911 no erimei~ ~timo)-_qQ~w~soTntem~sectl~~~de p~dQlogIlLLcQIXlo se deslgnava enta~ a Clncla aa crian~) eD~~~las presltid~ por_O~~~pecroly(1871-1932) Quando em 1958 a Universldade de Genebra homenageou Raymond Buyse - um dos fundadores da Pedagogia experimental - com um doutoramento hJ)J7opi-sCClu-sa em Ciencias da Eduea~ao as Ciencias da Educacao receberam pela primeira vez na Europa a eonsagra~ao academica que lhes faltava como observou A Gille (1979 91)

Em Fran~a a Ciencia da Educacao cujo nascimento se assinalou desapareceu praticamente do ensino universitario depois da primeira guerra mundial e ate aos anos 60 Em 1962 come~aram os contactos entre personalidades do campo da eduea~ao com vista Asua promocao academica Em 1967 rio quadro da Reforma Fouchet e na sequencia demiddotprojectos elaborados sueessivamente por Jean Chateau (da Universidade de Bordeaux) Maurice Debesse (da Sorbonne) e Gaston Mialaret (da Universidade de Caen) foram criados as graus de licenciatura e de doutoramento (Decreto de 2 de

2

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Fevereiro) conferidos por Departamentos de aprovados em 1943 e se mantiveram inalterados Ciencias da Educa~ao A prop6sito desta designa~ao ate Outubro de 1974 - incluiam uma disciplina de (que prevaleceu contra ~9-~~Pf~~()g~-9_1e Pedagogia e Didactica geral reservada ao Director Ps)ltPRe~~~Kia) M Debesse escreveu A reestrutura~ao de Outubro de 1974 manteve a

Pedagogia A Lei de Bases da Refonna Veiga Simao Se propus e consegui que~e utilizea expressao (Lei n 573 de 25 de Junho) previa a cria~ao de

ciencias da educa~aoao nivel dos ensinos institutos de ciencias da educa~ao nas universitarios de prerer~~~~~~fllar ~~ Iedagog~ Universidades nao e de modo nerilium-por desdem por essa velha Em 1976 0 VI Governo Provis6rio - presidido palavra ou para substitui-Ia numa usurpa~ao pelo Almirante Pinheiro de Azevedo e coin 0 Majorridicula por urn titulo mais sonantEl E porquea Vftor Alves no Ministerio da Educa~ao e palavra pedagoglaselotbou dup1iimEHlte equivoca Investiga~ao Cientifica - cria uma Faculdade de ao mesmo tempo que e demasiado limitativa e Pedagogia na Universidade de Lisboa (Decreto-Leidemasiado vaga Equivoca porque a pedagogia de ndeg 147176 de 19 de Fevereiro) 0 preambulodo texto urn ensino quaIquer ao nivel e1ementar secundario legislativo que a criou merece ser citado e superior designa em frances urn aspecto desse ensino 0 s~u Iado didactico se quisermos C ) laquoDurante anos recaiu quase exclusivamente Demasiado limitativa aMm disso porque porj sobre as Faculdades de Letras e de Ciencias 0

defini~ao etimol6gica a pedagogia diz respeito a +- encargo de formarem os professor-es do ensino infancia Falar de uma pedagogia de adultos e por secundario C) Embora se preveja que continuem isso urn pouco contraditorio C ) Demasiado vaga as Faculdades de Ciencias e de Letras a formar enfim porque as investiga~oes actuais sobre uma professores do ensino preparat6rio e secundario educa~ao em expansao ( ) dizem respeito a reconhece-se que as Universidades portuguesas nao dominios muito variados C )raquo (cit in Marmoz 1988 poderao responder adequadamente a solicita~ao que 30 31) lhes eexigida neste dominio sem ineentivar cursos

de novo tipo e fundar novas escolas Estes novos cursos de forma~ao de professores ja iniciados nas

o EPIS6ol0 PORTUGUES Universidades do Minho e de Aveiro e previstos noutras eseolas do pais incluem nos pIanos de

Em Portugal - e segundo uma comunica~ao estudo uma componente em materias de educa~ao apresentada por Joaquim Ferreira Gomes ao r e conferem 0 grau de bacharel em varias Congresso Luso-Brasileiro de Hist6ria da Educa~ao especialidades Em Lisboa a superpopula~ao e os (Lisboa 23-26 de Janeiro de 1996) - uma disciplina problemas de instala~oes mis Faculdades de Letras de Pedagogia pr~tica e legisla~ao e administra~ao e de Cienciasjustificam desdeja para estes cursos do ensino foi incluida no plano de estudos da Escola a cria~ao de uma nova escola C ) A reuniao numa Normal Primaria para 0 sexo masculino do Distrito mesma eseola de especialidades diversas confereshyde Lisboa em 1860 inaugurada em 1862 mas que lhe 0 caracter de interdisciplinaridade que se fora criada em 1845 na sequencia da institui~ao pretende estimular no ensino secundario Nao e das Escolas Normais em 1844 Uma Escola sacrificada uma unidade intrinseca porque 0 facto semelhante para 0 sexo feminino come~ou a de as diversas materias serem tratadas com um funcionar em 1866 A Pedagogia tout court aparece fim educacional fara sobressair 0 que ha de pela primeira vez nos programas para os exames especifico no proprio fen6meno de ensinar e demiddot de concurso ao Magisterio Primario publicados em aprender A nova eseoh~ tem assim como objectivo 1870 No plano de estudos das tres Escolas Normais especifico 0 ensino e 0 estudo das ciencias da criadas em 1914 nas cidades de Lisboa Coimbra e educa~ao 0 processo de aprendizagem desde 0

Porto constavam nomeadamente as seguintes ensino infantil ate it educa~ao permanente na idade disciplinas Pedagogia Geral e Hist6ria da adulta sera 0 tema de investiga~ao que deve Educa~ao Metodologia Pedologia Em 1930 as congregar os esfor~os de todos os que nela Escolas Normais Primarias foram substituidas trabalhaniraquo pelas Escolas do Magisterio Primario cujos

Sublinhe-se que 0 objectivo da Faculdade deprogramas incluiam as disciplinas de Pedagogia Pedagogia era 0 ensino e 0 estudo das ciencias daGeral e Experimental Pedagogia do Ensino Infantil educa~ao sem prejuizo da unidade intrinseca doDidactica Pedologia Psicologia e Psicologia campo da educarao 0 seu periodo de instala~aoInfantil Estas Escolas foram encerradas em 1936

e reabriram em 1942 Os programas - que foram seria de dois anos

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Em Julho do mesmo ano toma posse 0 I Governo Assembleia da Republica a 11 de Agosto de 1976 0

Constitucional presidido por Mario Soares e com Ministro disse A educa~iio nao chegou em rigor 0

Sottomayor Cardia it frente do Ministeric da 25 de Abril Quase imediatamente ap6s aRevoIUlao Educa~ao e Investiga~ao Cientffica Uma dasmuitas instalou-se urn s6lido e prematuro travejamento do e polemicas medidas do novo Ministerio foi a 11 de M~ Ora 0 p6s-25 de Novembro reconhe~ashyrevoga~ao em 1977 (Decreto-Lei n088n7 de 8 de se mal se reflectiu na escola portuguesa La Mar=o) do Decreto-Lei que criara a Faculdade de chegaremos bull tal e 0 nosso prop6sito Significativas Pedagogia Os seus considerandos merecem do clima politico da epoca sao tambem estas tambem cita~ao para evidenciar a oposi~ao palavras de urn discurso do Ministro Cardia a 28 doutrinaria ao texto revogado de Outubro de 1976 Neste pais travamiddotse dura luta

de classes PeloD~creto-Lei ndeg i47nSdei9 de Fevereiro Jufzo demolidor da ac~ao do Ministerio Cardiafoi criada a Faculdade de Pedagogia na foi pronunciado pelo ultimo Ministro da Educa~aoUniversidade de Lisboa que na pratica funcionaria do Estado Novo (Veiga Simao) numa mesamiddotredonda middotem sobreposi~oas Faculdades de Letras e Ciencias que reuniu em 1978 no Centro Nacional deEntende () Governo que e inc()nveniente criar mais Cultura alguns dos principais responsaveis pelaorganismos que entre si se sobreponham educa~ao em Portugal antes e depois de Abril de Considera-se tambem que as reformas a introduzir 1974 nomeadamente Jose Hermano Saraiva eno ensino superior nao podem ir contra a sua propria Sottomayor Cardia Disse Veiga Simao Eu julgo natureza e que a prepara~ao de professores nao se tern Portugal urnque desenvolvido emdeve afastar-se do desenvolvimento das ciencias e reaccionarismo obscurantista sob a manta dodisciplinas que 0 futuro pedagogo ira criltivar 0 socialismo (Simao 1979 lOG)ensino pre-universitario s6 tera a beneficiar de uma Em 1980 - durante 0 VI Governo Constitucional maior exigencia -cientffica na forma~iio dos (AD) presidido por Sa Carneiro e com Vitor Crespo professores para 0 que setoma indispensavel que no Ministerio da Educa~ao - os Cursos Superiores as Faculdades de Letras e de CHncias se assurnam de Psicologia criados em 1977 (Decreto ndeg 12177 de como estabelecimentos de alto nivel 20 de Janeiro) foram transformados em Faculdadessimultaneamente cientifico e pedag6gico0 de Psicologia e de Ciencias da Educa~ao nas Programa do Governo preveuma reforma dos ramos Universidades de Coimbra Lisboa e Porto Nos educacionais das Faculdades de Ciencias e a cria~ao termos do texto legislativ~ que as criou (Decretoshydos ramos educacionais nas Faculdades de Letras Lei n052980 de5 de Novembro) a justifica~ao da Apesar das dificuldades que conhecem as sua dupla valencia cientffica era tambem duplaFaculdades de Letras e CienciaS 0 indisperisavel e a complementaridade e afinidade dos domfnios da quese proceda a sua reforma nao a sua psicologia com os das ciencias da educa~aoultrapassagem pela insta1a~ao de estabelecimentos equacionada muma perspectiva econ6mica de custos para os quais nem sequer se disporia de suficientes e estruturas institucionais e administrativas recursos humanosraquo Outr~ exemplo entre n6s da perdade terreno

da denomina~aoPedagogia e 0 nome do Instituto Portanto a cria=ao da Faculdade de Pedagogia de Inova~ao Educacional apesar de a expressao

ia contra a natureza do ensino superior era educational research ser frequentemente traduzida considerada uma sobreposi~ao as Faculdades de no espa~o europeu por investiga~ao pedag6gica e Letras e Ciencias que deviam assumir-se como de existirem Institutos de Investiga~ao Pedag6gicaestabelecimentos de alto myel simultaneamente como 0 InstitutNational de Recherche Pedagogique cientifico e pedag6gico 0 centro de gravidade da (INRP) de Paris que publica a Revue fraruaise de exigencia cientifica na forma~ao dos professores pedagogiedeveriam ser as ciencias e disciplinas a ensinar note-se tambern a expressao futuro pedagogo Este retrocesso na concep~ao da Pedagogia e da NECESSIDADE DA PEDAGOGIA competencia e forma~ao profissionais dos professores inscrevia-se numa politica de Em 1988 ana do 2r aniversat0 da ria~ao ddoes normalizafao programada em termos e num primeiros Departamentos umversltanos contexto politicos que a seguir sedocumentam Ciencias da Educarao em Fran~a M Debesse I

o capitulo do Programa do Governo sobre a chamou a aten~ao para 0 ganlt~ggtEleIE~~ educa~ao falava de caos total e de clima de medo _ ~eJ~alis-~ifs c~poundi~lra ~-~Ipoundil e para a e fanatismo ideoI6gico No respectivo debate na imperiosa necessidade de reflecbr naqUIlo que faz

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e deve fazer contra ventos e mares a unidade das ciencias da educacao (in Marmoz 1991 21 23) Na mesma sessao G Mialaret constatava Nao ha actualmente grande teoria pedagogica que faca a sintese de todas as correntes e que integre todos os problemas que a educacao se coloca hoje Por outras palavras uma teoria que permitisse reunir todas as ciencias da educacao e ocupar 0 espaco epistemologico permitindo situar cada uma das disciplinas segundo um esquema claro coerente e dinamico Em sua opiniao a extensaoe a compreensao do co neeito de educacao - a sua polissemia - torna dificil encontrar um denominador comum a todas as ciencias e construir urn a teoria geral universal no sentido forte do termo (in Marmoz1991 32 33)

Nao obstante Louis Not por e~~p~~J~nsa ~e uma ciencia pr6pria-dae4t~tao_~~eC~fs~~a e possiveL KriiI)oramiddotdesde a antiguidade ate ao um doseculo XIX a pratica da educa~ao e 0 conhecimento que dela se tem sejam designados pelo termo unico de pedagogia observa que falar de pedagogia e hoje retrogado na moda estao as ciencias da educacao (Not 1984 17) Reconhecendo que as Ciencias da Educacao significaram uma mudan~a radical quanta as concep~oes da investigacao e do saber em materia de educacao uma verdadeira ruptura epistemologica a pluridisciplinaridade constata no entanto que por detras da diversidade das abordagens escondeshyse a negacao pura e simples da ideia de que possa haver uma ciencia especifica da educacao E considerando que nenhuma das Ciencias da Educacao por si pode evitar a dispersao a centrifugacao que ameaca a investiga~ao educacional L Not considera que 0 modelo cientifico apropriado it investiga~ao em educa~ao s6 pode ser um modelo interdisciplinar centrado sobre UMA ciencia especifica da educacao em relacao com diversas ciencias a que se pode chamar auxiliares utilizando um metodo integrativo das suas diversas abordagens como 0 mais adequado ao problema que colocam as interaccoes convergencias ou conflitos que aparecem entre as duas dimensoes do projecto educativo a dimensao pessoal e a dimensao social E propos que se chamasse Educiencia (p 22 17 36 259)

Tambein Guy Avanzini entre outros considerou Pedagogia um termo inadequado tanto pela sua conota~ao normati~a com~por ~esignar apenas a educa~ao da crianca (in Marmoz 1991 183) 0 estatuto da Pedagogia Bofre tambem da tradicional

desvalorizacao do saber pratico como sublinhou A Prost a que pode acrescentar-se no microcosmo universitario 0 peso da investigacao nas

representacoes e carreiras e a fraca importancia do ensino (Prost 1985 211) Acresce a tradicional carga pejorativa do pedagogo(como nota 0

Dicionario da lingua pedag6gica de Paul Foulquie e cujo eco se pode encontrar na sua definicao por urn vulgar dicionario ingles como pedantic teach~r) Enfim 0 singular Pedagogia como argumentou-Debesse j~ nao ~ria peztinencia num campomiddot ere -estudos tao plural como e hoje a ecIUCa~ao --

-middot~t8s0Qjfil=soesao(lom) nome d~ Pedagogia nao sao irrefutaveis No que respeita it objeccao terminologica tainbem a Psicologia e a Politica por i

exemplo tern etimos restritivos a primeira refereshy sea3l~ri segunda acitjpde E que tern a Musica

hoje-aver com as musas A objeccao normativa toca toda~as ~i~ncia_s que ~~~jJdmge~p~laquoula~ao metafisica Quanto a natureza pratica do saber

-relativo it educacao todos os saberes visam afinal directa ouindirectamente a sua aplicacao E nao se fala cada vez mais de Pedagogia universit8ria De resto assim como ha Politica Teoria politica Ciencia politica e Ciencias politicas Direito Teoria juridica Ciencia juridica e Ciencias juridicas Medicina e CHncias medicas eate Musica e Ciencias musicais tambem ha Pedigogia~ Teoria pedag6gica Ciencia pedag6gica e Ciencias pedag6gicas alem das Ciencias da Educacao Segundo Olivier Reboul por exemplo as Ciencias da Educacao sao disciplinas que tem por objecto urn aspecto da educacao mas tern estatutos epistemolQgicos diferenciados conforme esse obje~to for parcial ou exclusivo No primeiro caso sao apenas ciencias aplicadas it educacao como ramos te6ricos das respectivas ciencias que entram em rela~oes de interdisciplinaridade No segundomiddotcaso estao as ciencias nascidas da pratica da educacao sao as Ciencias pedagogicas Jose Cabanas distingue entre ciencias do facto educacional e cienCias do acto educativo e considera sem sentido que alguem pretencla ser especialista em Ciencias cfilEdupoundacao dada a sua diversidade Pelo contrario ~~wdoo seritido User especialista em Pedagowa (Cabanas 1983 97 104 195) Enfim lIo que re~peita it imagem burlesca do pedagogo nao e uma singularidade nem e irremediavel Os medicos por exemplo continuaram a ser ate nao ha muito-temPQ personagens de Moliere

J Chateau autor do primeiro projecto de criacao ltJemiddotgraus academicos para OB estudos em materia de educacao em Franca como vimos preferia 0 titulo Pedagogia mais CllrfoQoJjanto

mabauissou~l-_~s~e-afietmeamiddotse -aPCiooCJduo-EltJetrnmmiddotmiddot9 0middotdc91rnenfflri0~~aamiddotrumQ~~oorie-a l ~ cu

pane doscasosapenas pa~a melhor fazer passar a

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mercadoria (in Marmoz 1991 13 29) Gilles FerrY--que anunciaraem 1967 a Marteaa PeaaE6gfa~-rectificou~~J~=-tarde~m~u~-(fa pedagQ~a 4o~tica ralsamente saDia (Ferry 1987 19) Frandne Best recofibecendo a neeessidade de um saber globalizante e de urn termo generieo no campo da educa~ao e de opiniao que ele deve User designado pelo termo pedagogia afinal verdadeiramente um termo pan-europeu (Best 1988 165 168) Para Constantin Xypas e missao da pedagogia -cienca_~~~d~_=-~laquoLpor exe~l~ncia - integrar 0 eontributo das outras dlsciplinas num todo coerente (Xypas 1985 29) Tambem Jean Piaget considerou a Pedagogia uma dencia e das mais dificeisdevido it-complexidade dos facto res emjogo ltPiaget 1969 13)

A universalidade da denominacao Pedagogia e do seu campo semantico econfirmada pelo inquerito sobre a natureza e a importiincia do ensina das cit~ncias da educa~iio levado a cabo no ambito da Unesco em 1984-1985 Foi distribuido um questionario a mais de 1500 estabelecimentos de ensino superior em todos os Estados membros da Unesco e responderam 273 instituicoes de 84 pruses de todos os continentes Das respostas ressalta em primeiro lugar uma grande diversidade terminol6giea logo na propria denomina~ao das instituicoes Constata-se que cerca de 50 institui~s se denominam (University Faculty Institute College Department FacuIte Institut Escuela ) de EducaYao cerea de 20 denominam-se (lnstitut Faculte Faculdade ) de Ciencias da Educacao (Sciences de leducation Sciences of Education Erziehungswissenschaften ) outras 20 denominam-se (Universidad Faculty Department Academy Faeulte Institut Institute Hochschule Seminar ) de Pedagogia (Pedagogie Padagogische Pedagogical Ciendas Pedagogicas ) algumas combinam diferentes expressoes (Van Herreweghe 1986)

De resto nenhuma alternativa ao termo Pedagogia vingou ate it data nem Pedotecnica proposta por Decroly em 1906 para designar a tecnica da educaYao da crianca nemAntropagogia proposta por Adam para designar a ciencia da educa~ao permanente de todo 0 ser humano nem Educologia termo utilizado por Elisabeth Steiner Maeda em 1964 numa comunicarao a xxa

Conferencia anual da Sociedadede Filosofia da Eduea~ao e proposto por J Christensen em 1984 no V Congresso Mundia de Educarao Com parada em Paris nem a Educiencia proposta por L Not (ef Cabanas in AAVV 1983) Em todo 0 caso se expulsa pe1a PCrta aPedJgQIiliregr~sectIl_~ pela janela nao e pedag6gico 0 significante comum de

todas as pretensoes de bondade ern materia de educacao Urn termo que da sempre a antender que se sabe do que se esta a falar (Beillerot 1983 7) Enfim ae as Ciencias da Educa~ao nasceram sem 0 pecado original da Pedagogia - filha da crianca e do escravo - a sua imagem tambem nao e gratificante como se Ie no citado inquerito da Unesco segundo 0 qual as Ciencias da EltIuca~ao fazemt ~uj~s ezes figur~ de J~~~~e P9pre no conjunto das disciplinas universitarias e 0 seu enSiiiomiddoteSU- sobieludo HKld9 li formaaodos prore8sores VanHerreweghe 1986 100 104) Hesiite portanto ajJedagogi-l 0_~9~l~ia_da educacao na expressao cIii1iint (1803 48) e sao mwtos osautares quecompartiInam essa heranc~____ Mas outros ha que ou a substituem por uma concep~ao imperialista e passada da Filosofia da Educacao ou a reduzem it Didactica (aos meios cabendo os fins it Filosofia) Olivier Reboul por exemplo propos esta summa divisio it Filosofia da Educa~ao compete a reflexao sobre os fins da educa~ao as Ciencias da Educa~iio estudam 0 seu objeeto particularmente a criama a Pedagogia tem como objecto os seus meios (Reboul 1971) E Gilbert de Landsheere esereveu Sem Filosofia directora a investiga~ao educacional apenas etecnicidade sem alma t )E pois a Filosofia que cabe atribuir um fim a educa~ao e coordenar os meios utilizados (Landsheere 1976 12) Pelo contrario Nanine ~ Charbonnel por exemplo pronuncia-se contra a ideiii-ae i~(QJnQ~~fQ~lsectaria ~ptatiC~ cris outros emv~re[e~~ _e pensaque lie aPecJ~gogia entendida no sentid_lt9liheimiano de teoIja pr~ti~a clue e preCIso reconhecer 0 direito a enunciados i7fiIissoqii-~JEterii~~~ descritivQ~ _e pr~~~rltivos (Charbonnel 1988 125116 cf ainda por exempl6 Hubert 1949 Sciacca 1960 Leif amp Rustin 1967 Leveque amp Best 1969 Santos 1969 Blanes 1972 Planchard 1979) Na introdu~ao ao conhecido Traite des sciences pedagogiques Robert Dottrens e Gaston Mialaret exprimem uma opiniao equilibrada a este respeito A Pedagogia tem com a educa~ao as relac0e19ueJ ClenSla_~ip~om a ~Acrescentemos simplesmente que se -aiguma~~J~9f)Jemlaquoo~~iis eleglige~cent~~do pera clenela nunca O_AflY~Lsect~r~JJL~~gogla(Dottrense MiaIaret 1969 30) - shy

No que respeita Ii Filosofia da Educa~ao ela e a mais antiga das Ciencias da Educarao como disciplina tradicional dOB fins A hist6ria do pensamento pedagogico e principalmente uma histOria filos6fica E par isso urna legftima cieneia da educa~ao sobretudo como hist6ria das filosofias da educatrao Deve mesmo reeonhecer-se que uma forma~ao filos6fica e aquela que melhor habilita

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em prinClplO para a teoriza~ao pedag6gica Na verdade 0 pensamento filos6fico continua a ser 0

pensamento racionalpoIexc~Iencia pela sua visao totalizante no espa~o e no tempoe preocupa~ao com 0 homem como sujeito respons~vel pela sua hist6ria Por isso como escreveu C Bernard deg espirito filos6ico deve reinar nao apenas sobre todas as ciencias mas sobre todos os conhecimentos humanos pois represents a inspira~ao eternada razao humana para 0 conhecimento do

~ -desconhecido (dkin Foulquie 1954 114) A Oganiza~ao das Na~oes Unidas para a Educa~ao a Ciencia e a Cultura (Unesco) pode ate ser considerada como uma institui~o filos6fica (Droit 1995 33)~ Mas a Filosofia nem sequer tem um objecto seu como disse Fran~ois Chatelet e principalmente um metodo que vai buscar os seus objectos Ii uma realidade exterior que para os Gregos era essencialmente a Politica e hoje e a Etica Em sua opiniao eis 0 que a Filosofia tem de insubstituivel e que me parece ser a questao filosofica por excelencia da nossa epoea 0 que e que is so vale - no sentido nietzscheano do termo (Chatelet 1992 56 57 158)

Por conseguinte se a Filosofia da Educasaoe a ciencia da educa~ao malS a1fzil-da concep~secto de pedagQgj5LJJue_ vai ser proposta esta conde com certas concep~oesdaquela adma referidas assim como e irredutivel e indissoluvel na(s) Didactica(s)

UMA CONCEPCAO DA PEDAGOGIA

- A educayao e talvez 0 mais complexo fen6meno da vida sobre a Terra E por isso 0 saber mais diffcil mas tambem 0 mais importante como sempre se reconheceu Citarei apenas a conhecida opiniao de Kant que considerou a educa~ao 0

maior e mais arduo problema que nos pode ser proposto e uma das duas coisas cuja descoberta pode ser considerada como a maie dificil para a humanidade a arte de governar as homens e a de educa~]os (Kant 1803 39 40) Tao diffcil que Freud escreveu em 1925 no prefacio a um livro de August Aichorn (Juventude abandonada) Ja ha muito tempo que fiz minha a gra~a que diz que he tres oficios impossiveis educar curar governar Opiniao que retoma reformulada com mais for~a em 1937 no artigo Die endliche und die unendliche Analyse (Analise com fim e sem fim) Quase parece que analisar e0 terceiro desses oficios imposslveis nos qua~s se tem apartida a certeza de urn sucesso insuficiente Os dois outrosmiddot conhecidos desde ha muito mais tempo sao educar e governar (cit in Cifali 1987 114 115 116)

Este parado~o da eF~_s~g(2d~_i_11J-rs~ibl~dade _dl educapoundao eem_~~u el~E~e0EoOl~mamaior a~llE1_~den~j3ltqpri_~ d_~ e~gpound~~g tta ongem de todos os paradoxos que 0 Dictionnaire de Pedagogie de F Buisson defildu como sendo as proposi~oes aparentemente incompatfveis a que a teoria da educa~ao de Iugar (Buisson 1882 807) Tendo 0

fen6meno educacional um conteudo bio~cultural e multidimensional os seus paradoxos emergem ds rela~ao entre cultura e natureza sociedade e individuo autoridadee liberdade Se~middotua multidimensionalidade proibe a absolutiza~ao de qualquer aspecto ou qualquer monop6lio metodo16gico a sua multidisciplinaridade suscita a questao da comunica~ao entre as dencias de que e objecto Eis todo 0 problema de uma cienda da educa~ao independente (Scheuerl Reitz cit in Van Herreweghe 1986 27 29) Mas que ciencia e que independencia

Aextensao e diversidade do campo ds educayfto tornam ~Eensavel tanto uma unica super-ciencia daeduca~_~Enomiddot i( Pt~~ij_~~~_de qualquer das Q~nltt~ILcl_~Educa~~o de sati~flJ~er a sua r~conh~~4~ ~~~ndi_~f9llEdade Nem uma possIve] Didactica geraf tendo por -Cibjecto os aspectos comuns a todOs os processos de aprendizagem os invariantes das didacticas ou pedagogias especiais pode dar conta da globalidade do campo da educa~ao Mas se a ciencia que falta ao campo da educaao nao pode conceber-se como a Ciencia da Educa~ao nem como Interdidactica tambem nao deve ser concebida como mais uma entre as Ciencias da Educa~ao Mas podeedeve ter como objecto s6 e +

todaj a educafdo~-isto e apenasfmas tudo 0 que ~rta ~ eaucajaoe tornai~sea1egltima fnsbncia de tEloriza~~o e operacionaliza~ao das suas abordagens diversas a partir de umalreblematica nuclear constituinte da sua valiaade e sucesso especfficos~ Esta concep~ao c2rresPQIldeem grande medida aiaeia-aePedagogia geral ou te6ricacomo

-CiinCia daeduca9ao em geral quer dizer das questoesoasiciui que se suscitam na educa~ao

como rafit~tronco da arvore das suas dencias auxilfare (Cabanas 1983 103~T04)middot

ara que a Pedagogia possa ser esta cienda de que 0 ca~2~_d~~ducl~~oJiecisa- jtilgo que e necessaria come~ar por dialecttzar 0 seu conceito a maneira de Gaston Bachelard Para este influente fil6sofo da ciencia urn conceito nao dialectizado e um conceito diminufdo por sobrecarga do seu contudo que 0 impede de user delicadamente sensfvel a todas as varia~oes das condi~oes em que ele assume as slIas justas funcoes (Bachelard 1940 187) Por isso parece-me que a dialectiza~ao da Pedagogia deve come~ar por duas distin~oes

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i -J1

Em primeiro lugar di~-ingiL~ntre teo1~ e pratica da educa~ao e concljr~Qmo H_M3PID no Dictionnaire de Jiilagogie (1887) de F Buisson

A ped~gQgi3 e C) I rtentjl~ I~ Q~ educ~~lt ao mesmo tempo Mas como e pr~ciso ~fl~QlheI-PniB ii nossa lIriK1_ar~poundl~a elBeral 9~uma mesma palavra delilime ao mEitsmo tempo uma arte e a cienCilicO~~JRO~~ente nat hesitarei em definir a pedagogia si~PIesiiieite ~ ciencia da educa~o Porqu~ant~~ ciencia qy~-EotIDe ( ) a substaDmamiddotdap~dagltuQa~Ets~D11Jito I~~Qs ~s procedimentoa que ela P~D pratica d~ qye nas razoes te6rica pelas 9Y~j~ala encontra eases procedime~tos os julga e os co()r~~naraquo t

- Depois distinguir entremiddot instru~a9~edllca9J no sentido ap-o-nt8dopor J ltThtau por-exenfpJo que gostaria qle se distinguisse mel~or do ~ le faz muitas vezes entre edtiea~ao ~ il1stru~Jio porque gtfa e(fu_c~~~qc2n~uz Rarao ~1Q C) hurnaniza ( ) Pelo eontnirio a instrui~o aEU~ -_dpta t )

I da lugar numa fifaW-~~~trtlpounda() ~s~_~~tfu~El a educa~ao~ urns questao de ~ent~~o (in Marmoz 1991 14)

A dialectiza~o ~a Pedagogiarleve tQ~~larpela busea da sua dif~ren~a ~sped_fi~ll Je~I_H~~

$~tuou a espe~n~~~de laquoaR~elag~(aiieltr ~gt lDidactica e as Cl~t~la~g~~At~a~ao AOTido daquele que sabe do saber a trarismitir ao lado daquele que sabe do saber sobre a educa~ao h8 aquele que sabe do pedag6gico que s6 pode serlun te6rico-pratico da educa~ao 0 escravo-pedagogo (entre os gregos e os roIilanos) julgou Iibertar-se

tornando-se sabio por renlincia a sua especificidade disciplinas e ciencias da educarao sao as suas duas

tenta~oes permanentes (in Marmoz 1991 39 46) Penso tambem que 0 objecto da Pedagogia deve

situar-se na fissura existente entre a teoria e a pratica mas como valor-acrescentado a uma e outra Com efeito 0 sentido da teoria e a pnltica e se grande numero de professores sofrem de alergia a teoria eporque dela tiveram experiencias sobretudo negativas Nao obstante se toda a pratica (e instrumento) subentende uma teoria boa ou mashya melhor pratica e aquela que e esclarecida pela melhor teoria Mas uma teoria nao e um m~saico de conhecimentos Quando um(a)professor(a) diz que durante a sua forma~ao aprendeu umas coisas disto e daquilo quer dizer que nao sabe que fazer com 0 que supostamente aprendeu porque os saberes plurais e parcelares que Ihe foram proporcionados nae middotfomiddotram transformados na unidade de uma cultura pedag6gicg e no sentido da correspondente conscienciaprof[ssionaZ Esta e em

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minha opiniao a insubstitufvel e exigente missao da Pedagogia relativamente as Ciencias da Eduea~ao e na formarao dos educadores

Vern a prop6sito chamar a aten~ao para 0 mals recente e importante documento comunitario sobre a educacento 0 Livro Branco sobre a Educafdo e a Formafoo Ensinar e Aprender Rumo d Sociedade Cognitiva (Comunidades Europeias 1995) Nele se considera nomeadamente que uma cultura vasta shyliteraria e filos6fica cientffica tecnica e pratica shyeurn imperativo tanto da forma~ao inieial como d-s ac~5es de reconversao de trabalhadores Por iSBo assiste-se a um regresso em fortri da cultura geraZ porque uma base s6lida de cultura geral confere ao cidadao meios para se orientar na sociedade de informarao isto e para ser capaz de situar e compreender de forma critica as imagens e os dados que Ihe chegam de multiplas fontes (p15) Componente fundamental de uma cultura geral e indispensavel a cidadania democratiea e obviamente uma cultura cientifica suficiente - a nao reduzir it cultura matematica Por isso a fun~ao principal da escola deve consistir no desenvolvimento da capacidade de compreensao do mundo isto e da capacidade para captar 0

significado das coisas compreender e formular jufzos que e tanto 0 alicerce da conseiencia e da cidadania europeia como 0 primeiro factor de adapta~ao a evolurao da economia e do emprego I

(p14 13) EsUVevolufdfpoundCl~1Eic~ana vi~~ ~a illEortancia da educ~x(UL~~~lO europeu~ um insuspeito e inesperado argumento a 1iiVoraa coneep~ao e missao da Pedagogia que esta a ser proposta

A concePrao da Pedag()gia C9ITo discipJi~a fundamental dacuTtura consci~IlcJ e lt()mp~tecla aOEjeajicaaQJeli~~Y~ em mlnha oJi~iQsatisfaz~r tr~L~~futcias Jlcipai~ cQreSIoJq~LtQg4mo Prqp(~Cd~ ~dyqlri-o estar a altura dos valores cQitli~ciment91u~ nflcessidades do j3ell tempo e ~r uma validade de principio universal

o primeiro passo para a descooerta da fonte do genio da educarao sera a identificarao - atraves ~e uma especie de redufoo eidetica - da quintamiddotessencta de que fala Van Herrenweghe no seu RelatOrio do citado inquerito mundial

-~

laquoE pois surpreendente que a propria quin~ashyessencia do fen6meno da educa~ao ou da pedagogla a que ninguem pode ficar insensivel seja ta~ I0uco objecto de estudo cientifico ou mesmo metafonco a nivel universit3rio nos paises do novo mundo e que mesmo quanto aos do velho mundo tenhamos de constatar que nas llitimas decadas houve urn quase total abandono do problema para dar lugar ao

estudo da tecnologia da didactica e da metodologia Sao apenas alguns investigadores-individuos que por uma c0f1pe~~~~o9~se intuitiva e ditadapelo desenvolvlmento qJase a8ls~e aOmundo moaelt1l5Constatam a necessiaade de-S~~ar

~ solmfeste problema fund _ nta que se chama _ed~c~pound~(Lcig~rDia~~ -no mana r que] nao se 1 a algum 0 pro lema da transmissao dos coJihecimentos e da cultura ou de uma rentabilidade a curto ou longo prazo mas que descuidaria au igI)oraria a globalidad~ (ias dimensoes do ser humano C )raquo (Van Herreweghe 1986 34)

Como escreveu Gaston Bachelard antes de maismiddot importa saber colocar problemas E diga-se 0 que se disser na vida cientifica os problemas nao se colocam por si pr6prios Eprecisamente esse sentido do problema que e a marea do verdadeiro espfrito cientifico que e0 nervo do progresso (Bachelard 1938 14 29) Qual 0 sentido do problema pedag6gico

Todas as pedagogias se presumem concep~oes

fen6meno educacional Qual a metodologia de acesso a-racioriiiIiaaaiiaeste objecto

_ A nossa modernidadedescobriu 0 sujeito e a cienciaexperimental mas menosprezou a intersubjectividade e a racionalidade comunicacional A recente rehabilita~ao da Ret6rica -a antiga arte do discurso persuasivo - mostrou as condi~oes de possibilidade de uma racionalidade argumentativa como logica do razoavel do preferivel Sendo 0 homem essencialmente um animal mor~lporque vive fundamentalmente de

valores a RetOrica pode mesmo ser considerada como 0 novo discurso do metodo dos diferentes usos da razao de uma razao inscrita na sensibilidade e envolvida em emo~oes E sendo a razaoretOrica uma razao dial6gica etica e tolerante na medida em que tem considerafao pelo outro a Ret6rica aparece tambem como a metodologia propria de uma racio~dade democratica pluralistaAssiD da crise do sujeito epis~mic9 (~)n~ce lttsljeito etico e a possiJiiTiaacIetaate-diumaetica racional-com(j de uma racionalidade etica que na opiniao de Emannuel Uvinas e a racionalidade primeira ou

(YLJ~9a e4H~poundomiddot ltKant lnspfiiiCIoem ROuifstmr- filosofia primeira (Uvinas in AAVV 1989 199~) certamente que admirava pensava que 0 grande segredo da perfei~ao da natureza humana esta numa boa educa~ao (Kant 1803 37 38) E como se Ie num lexica pedag6gico alemao so se pode falar de Pedagogia quando a questiio da melbor educa~ao se torna a mola de estudos e ac~oes diversos (Groothoff 1964 214) Temosentao~a

Como concluiu Chlltelet a razao ainda nao chegou a idade da razao Alguma vez l8 chegara Isso depende dohomem e s6 dele (Chatelet 1992 163)

Eis um quadro epistemo16gico em que 0 objecto proposto para a Pedagogia e vaIidamente pensavel e indispensavel para a maioridade da raziio e a cientificidade pr6pria da educa~ao E se a

glaquonerica ejulgo ~nsensual ~~~ode P~daH0giaepistemologia de uma ciencia ea teoria do metodo 1i a cienci dl boaeducafao Qual 0 seu objecto

a objectOe metO$ que distinguem uma ciencia consistemria constrU~o de uma problematica isto e um conjunto de questoes (articuladas sobre uma questao central) num espa~ te6rico (definido por conceitos fundamentais e problemas te6ricos) como observa Bernard Charlot Um conceito eo resultado de um trabalho de abstrac~o e de generaliza~ao das caracterfsticas essenciais de um objecto

de constru~o da validade do seu conhecimento cujo i criterio e a verificabilidade e a comunicabilidade entiio 0 metoda mais adequado a especificidade do objectodJ1Pedagogla consfstira em reuIiir fut_eiplaquoE~~r_e~onfr9lt~X ~a90S obTectivos e suojectivoscom vista ao consenso sobre princfpios

de var[cf~~a2 _~ Jla~oiii~isi~os seu~ alares E um ritftQqo que pode ser caracterizado como

I ~er~lIDltko-arKu~entativo ~as e tambem Consiste num conjunto de rela~oes das rela~oesmiddot e~erimental na medlda em que argumentar euma que 0 constituem e das rela~oes com outros conceitos E 0 trabalho de conceptualiza(ao que confere estatuto cientffico a um saber ou seja que o qualifica como instrumento de inteligibilidade (Charlot1995 31) Se assim e parece que 0 objecto formal da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao podera resumlr~se nestes tennos-(fescreverocampo e formular 08 problein_asda-e~~~ra~nifCar e responder asu~ qyestiio llrus Fijiclame~al ~quela que esta sufiJacente-ELsobredewrmirfa as outras deduzir da ~~~PQsect~ encontradap1lcfpios de_~_cyao deViaamente arIDlglentados (re)pensar it luz da problematiza~ao e com os conceitos ehiborados 0

--eJqierlncia intersubjectiva de (con)validafao de opinioes-hipoteses fundadas em dados (observa~oes experiencias conhecimentos) obtidos par diferentes metodos Como escreveu Jacques Ardoino dizer que 0 que eespecmcamente humano e sempre tambem naturalmente opaco e releva par conseguinte tanto senao mais de uma hermeneutica como do esfor~o e~pli~ativo e~nsi~tir -o caracter simultaneamente bJectlvo 7subJectIvo lmplicado e sobretudo polemreo do umverso a que pertence e reconhecer a necessidade de uma analise multireferencial como uma leitura plural sob diferentes angulos em fumao de sistemas de

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referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

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0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

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utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

somos e da necessidade de Dutra educa~ao que nos I s~alve~ n6S-proiffos pa~ ~erII1s 0 ~~bullIlodeElOs

ser

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

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Page 3: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

Fevereiro) conferidos por Departamentos de aprovados em 1943 e se mantiveram inalterados Ciencias da Educa~ao A prop6sito desta designa~ao ate Outubro de 1974 - incluiam uma disciplina de (que prevaleceu contra ~9-~~Pf~~()g~-9_1e Pedagogia e Didactica geral reservada ao Director Ps)ltPRe~~~Kia) M Debesse escreveu A reestrutura~ao de Outubro de 1974 manteve a

Pedagogia A Lei de Bases da Refonna Veiga Simao Se propus e consegui que~e utilizea expressao (Lei n 573 de 25 de Junho) previa a cria~ao de

ciencias da educa~aoao nivel dos ensinos institutos de ciencias da educa~ao nas universitarios de prerer~~~~~~fllar ~~ Iedagog~ Universidades nao e de modo nerilium-por desdem por essa velha Em 1976 0 VI Governo Provis6rio - presidido palavra ou para substitui-Ia numa usurpa~ao pelo Almirante Pinheiro de Azevedo e coin 0 Majorridicula por urn titulo mais sonantEl E porquea Vftor Alves no Ministerio da Educa~ao e palavra pedagoglaselotbou dup1iimEHlte equivoca Investiga~ao Cientifica - cria uma Faculdade de ao mesmo tempo que e demasiado limitativa e Pedagogia na Universidade de Lisboa (Decreto-Leidemasiado vaga Equivoca porque a pedagogia de ndeg 147176 de 19 de Fevereiro) 0 preambulodo texto urn ensino quaIquer ao nivel e1ementar secundario legislativo que a criou merece ser citado e superior designa em frances urn aspecto desse ensino 0 s~u Iado didactico se quisermos C ) laquoDurante anos recaiu quase exclusivamente Demasiado limitativa aMm disso porque porj sobre as Faculdades de Letras e de Ciencias 0

defini~ao etimol6gica a pedagogia diz respeito a +- encargo de formarem os professor-es do ensino infancia Falar de uma pedagogia de adultos e por secundario C) Embora se preveja que continuem isso urn pouco contraditorio C ) Demasiado vaga as Faculdades de Ciencias e de Letras a formar enfim porque as investiga~oes actuais sobre uma professores do ensino preparat6rio e secundario educa~ao em expansao ( ) dizem respeito a reconhece-se que as Universidades portuguesas nao dominios muito variados C )raquo (cit in Marmoz 1988 poderao responder adequadamente a solicita~ao que 30 31) lhes eexigida neste dominio sem ineentivar cursos

de novo tipo e fundar novas escolas Estes novos cursos de forma~ao de professores ja iniciados nas

o EPIS6ol0 PORTUGUES Universidades do Minho e de Aveiro e previstos noutras eseolas do pais incluem nos pIanos de

Em Portugal - e segundo uma comunica~ao estudo uma componente em materias de educa~ao apresentada por Joaquim Ferreira Gomes ao r e conferem 0 grau de bacharel em varias Congresso Luso-Brasileiro de Hist6ria da Educa~ao especialidades Em Lisboa a superpopula~ao e os (Lisboa 23-26 de Janeiro de 1996) - uma disciplina problemas de instala~oes mis Faculdades de Letras de Pedagogia pr~tica e legisla~ao e administra~ao e de Cienciasjustificam desdeja para estes cursos do ensino foi incluida no plano de estudos da Escola a cria~ao de uma nova escola C ) A reuniao numa Normal Primaria para 0 sexo masculino do Distrito mesma eseola de especialidades diversas confereshyde Lisboa em 1860 inaugurada em 1862 mas que lhe 0 caracter de interdisciplinaridade que se fora criada em 1845 na sequencia da institui~ao pretende estimular no ensino secundario Nao e das Escolas Normais em 1844 Uma Escola sacrificada uma unidade intrinseca porque 0 facto semelhante para 0 sexo feminino come~ou a de as diversas materias serem tratadas com um funcionar em 1866 A Pedagogia tout court aparece fim educacional fara sobressair 0 que ha de pela primeira vez nos programas para os exames especifico no proprio fen6meno de ensinar e demiddot de concurso ao Magisterio Primario publicados em aprender A nova eseoh~ tem assim como objectivo 1870 No plano de estudos das tres Escolas Normais especifico 0 ensino e 0 estudo das ciencias da criadas em 1914 nas cidades de Lisboa Coimbra e educa~ao 0 processo de aprendizagem desde 0

Porto constavam nomeadamente as seguintes ensino infantil ate it educa~ao permanente na idade disciplinas Pedagogia Geral e Hist6ria da adulta sera 0 tema de investiga~ao que deve Educa~ao Metodologia Pedologia Em 1930 as congregar os esfor~os de todos os que nela Escolas Normais Primarias foram substituidas trabalhaniraquo pelas Escolas do Magisterio Primario cujos

Sublinhe-se que 0 objectivo da Faculdade deprogramas incluiam as disciplinas de Pedagogia Pedagogia era 0 ensino e 0 estudo das ciencias daGeral e Experimental Pedagogia do Ensino Infantil educa~ao sem prejuizo da unidade intrinseca doDidactica Pedologia Psicologia e Psicologia campo da educarao 0 seu periodo de instala~aoInfantil Estas Escolas foram encerradas em 1936

e reabriram em 1942 Os programas - que foram seria de dois anos

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Em Julho do mesmo ano toma posse 0 I Governo Assembleia da Republica a 11 de Agosto de 1976 0

Constitucional presidido por Mario Soares e com Ministro disse A educa~iio nao chegou em rigor 0

Sottomayor Cardia it frente do Ministeric da 25 de Abril Quase imediatamente ap6s aRevoIUlao Educa~ao e Investiga~ao Cientffica Uma dasmuitas instalou-se urn s6lido e prematuro travejamento do e polemicas medidas do novo Ministerio foi a 11 de M~ Ora 0 p6s-25 de Novembro reconhe~ashyrevoga~ao em 1977 (Decreto-Lei n088n7 de 8 de se mal se reflectiu na escola portuguesa La Mar=o) do Decreto-Lei que criara a Faculdade de chegaremos bull tal e 0 nosso prop6sito Significativas Pedagogia Os seus considerandos merecem do clima politico da epoca sao tambem estas tambem cita~ao para evidenciar a oposi~ao palavras de urn discurso do Ministro Cardia a 28 doutrinaria ao texto revogado de Outubro de 1976 Neste pais travamiddotse dura luta

de classes PeloD~creto-Lei ndeg i47nSdei9 de Fevereiro Jufzo demolidor da ac~ao do Ministerio Cardiafoi criada a Faculdade de Pedagogia na foi pronunciado pelo ultimo Ministro da Educa~aoUniversidade de Lisboa que na pratica funcionaria do Estado Novo (Veiga Simao) numa mesamiddotredonda middotem sobreposi~oas Faculdades de Letras e Ciencias que reuniu em 1978 no Centro Nacional deEntende () Governo que e inc()nveniente criar mais Cultura alguns dos principais responsaveis pelaorganismos que entre si se sobreponham educa~ao em Portugal antes e depois de Abril de Considera-se tambem que as reformas a introduzir 1974 nomeadamente Jose Hermano Saraiva eno ensino superior nao podem ir contra a sua propria Sottomayor Cardia Disse Veiga Simao Eu julgo natureza e que a prepara~ao de professores nao se tern Portugal urnque desenvolvido emdeve afastar-se do desenvolvimento das ciencias e reaccionarismo obscurantista sob a manta dodisciplinas que 0 futuro pedagogo ira criltivar 0 socialismo (Simao 1979 lOG)ensino pre-universitario s6 tera a beneficiar de uma Em 1980 - durante 0 VI Governo Constitucional maior exigencia -cientffica na forma~iio dos (AD) presidido por Sa Carneiro e com Vitor Crespo professores para 0 que setoma indispensavel que no Ministerio da Educa~ao - os Cursos Superiores as Faculdades de Letras e de CHncias se assurnam de Psicologia criados em 1977 (Decreto ndeg 12177 de como estabelecimentos de alto nivel 20 de Janeiro) foram transformados em Faculdadessimultaneamente cientifico e pedag6gico0 de Psicologia e de Ciencias da Educa~ao nas Programa do Governo preveuma reforma dos ramos Universidades de Coimbra Lisboa e Porto Nos educacionais das Faculdades de Ciencias e a cria~ao termos do texto legislativ~ que as criou (Decretoshydos ramos educacionais nas Faculdades de Letras Lei n052980 de5 de Novembro) a justifica~ao da Apesar das dificuldades que conhecem as sua dupla valencia cientffica era tambem duplaFaculdades de Letras e CienciaS 0 indisperisavel e a complementaridade e afinidade dos domfnios da quese proceda a sua reforma nao a sua psicologia com os das ciencias da educa~aoultrapassagem pela insta1a~ao de estabelecimentos equacionada muma perspectiva econ6mica de custos para os quais nem sequer se disporia de suficientes e estruturas institucionais e administrativas recursos humanosraquo Outr~ exemplo entre n6s da perdade terreno

da denomina~aoPedagogia e 0 nome do Instituto Portanto a cria=ao da Faculdade de Pedagogia de Inova~ao Educacional apesar de a expressao

ia contra a natureza do ensino superior era educational research ser frequentemente traduzida considerada uma sobreposi~ao as Faculdades de no espa~o europeu por investiga~ao pedag6gica e Letras e Ciencias que deviam assumir-se como de existirem Institutos de Investiga~ao Pedag6gicaestabelecimentos de alto myel simultaneamente como 0 InstitutNational de Recherche Pedagogique cientifico e pedag6gico 0 centro de gravidade da (INRP) de Paris que publica a Revue fraruaise de exigencia cientifica na forma~ao dos professores pedagogiedeveriam ser as ciencias e disciplinas a ensinar note-se tambern a expressao futuro pedagogo Este retrocesso na concep~ao da Pedagogia e da NECESSIDADE DA PEDAGOGIA competencia e forma~ao profissionais dos professores inscrevia-se numa politica de Em 1988 ana do 2r aniversat0 da ria~ao ddoes normalizafao programada em termos e num primeiros Departamentos umversltanos contexto politicos que a seguir sedocumentam Ciencias da Educarao em Fran~a M Debesse I

o capitulo do Programa do Governo sobre a chamou a aten~ao para 0 ganlt~ggtEleIE~~ educa~ao falava de caos total e de clima de medo _ ~eJ~alis-~ifs c~poundi~lra ~-~Ipoundil e para a e fanatismo ideoI6gico No respectivo debate na imperiosa necessidade de reflecbr naqUIlo que faz

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e deve fazer contra ventos e mares a unidade das ciencias da educacao (in Marmoz 1991 21 23) Na mesma sessao G Mialaret constatava Nao ha actualmente grande teoria pedagogica que faca a sintese de todas as correntes e que integre todos os problemas que a educacao se coloca hoje Por outras palavras uma teoria que permitisse reunir todas as ciencias da educacao e ocupar 0 espaco epistemologico permitindo situar cada uma das disciplinas segundo um esquema claro coerente e dinamico Em sua opiniao a extensaoe a compreensao do co neeito de educacao - a sua polissemia - torna dificil encontrar um denominador comum a todas as ciencias e construir urn a teoria geral universal no sentido forte do termo (in Marmoz1991 32 33)

Nao obstante Louis Not por e~~p~~J~nsa ~e uma ciencia pr6pria-dae4t~tao_~~eC~fs~~a e possiveL KriiI)oramiddotdesde a antiguidade ate ao um doseculo XIX a pratica da educa~ao e 0 conhecimento que dela se tem sejam designados pelo termo unico de pedagogia observa que falar de pedagogia e hoje retrogado na moda estao as ciencias da educacao (Not 1984 17) Reconhecendo que as Ciencias da Educacao significaram uma mudan~a radical quanta as concep~oes da investigacao e do saber em materia de educacao uma verdadeira ruptura epistemologica a pluridisciplinaridade constata no entanto que por detras da diversidade das abordagens escondeshyse a negacao pura e simples da ideia de que possa haver uma ciencia especifica da educacao E considerando que nenhuma das Ciencias da Educacao por si pode evitar a dispersao a centrifugacao que ameaca a investiga~ao educacional L Not considera que 0 modelo cientifico apropriado it investiga~ao em educa~ao s6 pode ser um modelo interdisciplinar centrado sobre UMA ciencia especifica da educacao em relacao com diversas ciencias a que se pode chamar auxiliares utilizando um metodo integrativo das suas diversas abordagens como 0 mais adequado ao problema que colocam as interaccoes convergencias ou conflitos que aparecem entre as duas dimensoes do projecto educativo a dimensao pessoal e a dimensao social E propos que se chamasse Educiencia (p 22 17 36 259)

Tambein Guy Avanzini entre outros considerou Pedagogia um termo inadequado tanto pela sua conota~ao normati~a com~por ~esignar apenas a educa~ao da crianca (in Marmoz 1991 183) 0 estatuto da Pedagogia Bofre tambem da tradicional

desvalorizacao do saber pratico como sublinhou A Prost a que pode acrescentar-se no microcosmo universitario 0 peso da investigacao nas

representacoes e carreiras e a fraca importancia do ensino (Prost 1985 211) Acresce a tradicional carga pejorativa do pedagogo(como nota 0

Dicionario da lingua pedag6gica de Paul Foulquie e cujo eco se pode encontrar na sua definicao por urn vulgar dicionario ingles como pedantic teach~r) Enfim 0 singular Pedagogia como argumentou-Debesse j~ nao ~ria peztinencia num campomiddot ere -estudos tao plural como e hoje a ecIUCa~ao --

-middot~t8s0Qjfil=soesao(lom) nome d~ Pedagogia nao sao irrefutaveis No que respeita it objeccao terminologica tainbem a Psicologia e a Politica por i

exemplo tern etimos restritivos a primeira refereshy sea3l~ri segunda acitjpde E que tern a Musica

hoje-aver com as musas A objeccao normativa toca toda~as ~i~ncia_s que ~~~jJdmge~p~laquoula~ao metafisica Quanto a natureza pratica do saber

-relativo it educacao todos os saberes visam afinal directa ouindirectamente a sua aplicacao E nao se fala cada vez mais de Pedagogia universit8ria De resto assim como ha Politica Teoria politica Ciencia politica e Ciencias politicas Direito Teoria juridica Ciencia juridica e Ciencias juridicas Medicina e CHncias medicas eate Musica e Ciencias musicais tambem ha Pedigogia~ Teoria pedag6gica Ciencia pedag6gica e Ciencias pedag6gicas alem das Ciencias da Educacao Segundo Olivier Reboul por exemplo as Ciencias da Educacao sao disciplinas que tem por objecto urn aspecto da educacao mas tern estatutos epistemolQgicos diferenciados conforme esse obje~to for parcial ou exclusivo No primeiro caso sao apenas ciencias aplicadas it educacao como ramos te6ricos das respectivas ciencias que entram em rela~oes de interdisciplinaridade No segundomiddotcaso estao as ciencias nascidas da pratica da educacao sao as Ciencias pedagogicas Jose Cabanas distingue entre ciencias do facto educacional e cienCias do acto educativo e considera sem sentido que alguem pretencla ser especialista em Ciencias cfilEdupoundacao dada a sua diversidade Pelo contrario ~~wdoo seritido User especialista em Pedagowa (Cabanas 1983 97 104 195) Enfim lIo que re~peita it imagem burlesca do pedagogo nao e uma singularidade nem e irremediavel Os medicos por exemplo continuaram a ser ate nao ha muito-temPQ personagens de Moliere

J Chateau autor do primeiro projecto de criacao ltJemiddotgraus academicos para OB estudos em materia de educacao em Franca como vimos preferia 0 titulo Pedagogia mais CllrfoQoJjanto

mabauissou~l-_~s~e-afietmeamiddotse -aPCiooCJduo-EltJetrnmmiddotmiddot9 0middotdc91rnenfflri0~~aamiddotrumQ~~oorie-a l ~ cu

pane doscasosapenas pa~a melhor fazer passar a

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mercadoria (in Marmoz 1991 13 29) Gilles FerrY--que anunciaraem 1967 a Marteaa PeaaE6gfa~-rectificou~~J~=-tarde~m~u~-(fa pedagQ~a 4o~tica ralsamente saDia (Ferry 1987 19) Frandne Best recofibecendo a neeessidade de um saber globalizante e de urn termo generieo no campo da educa~ao e de opiniao que ele deve User designado pelo termo pedagogia afinal verdadeiramente um termo pan-europeu (Best 1988 165 168) Para Constantin Xypas e missao da pedagogia -cienca_~~~d~_=-~laquoLpor exe~l~ncia - integrar 0 eontributo das outras dlsciplinas num todo coerente (Xypas 1985 29) Tambem Jean Piaget considerou a Pedagogia uma dencia e das mais dificeisdevido it-complexidade dos facto res emjogo ltPiaget 1969 13)

A universalidade da denominacao Pedagogia e do seu campo semantico econfirmada pelo inquerito sobre a natureza e a importiincia do ensina das cit~ncias da educa~iio levado a cabo no ambito da Unesco em 1984-1985 Foi distribuido um questionario a mais de 1500 estabelecimentos de ensino superior em todos os Estados membros da Unesco e responderam 273 instituicoes de 84 pruses de todos os continentes Das respostas ressalta em primeiro lugar uma grande diversidade terminol6giea logo na propria denomina~ao das instituicoes Constata-se que cerca de 50 institui~s se denominam (University Faculty Institute College Department FacuIte Institut Escuela ) de EducaYao cerea de 20 denominam-se (lnstitut Faculte Faculdade ) de Ciencias da Educacao (Sciences de leducation Sciences of Education Erziehungswissenschaften ) outras 20 denominam-se (Universidad Faculty Department Academy Faeulte Institut Institute Hochschule Seminar ) de Pedagogia (Pedagogie Padagogische Pedagogical Ciendas Pedagogicas ) algumas combinam diferentes expressoes (Van Herreweghe 1986)

De resto nenhuma alternativa ao termo Pedagogia vingou ate it data nem Pedotecnica proposta por Decroly em 1906 para designar a tecnica da educaYao da crianca nemAntropagogia proposta por Adam para designar a ciencia da educa~ao permanente de todo 0 ser humano nem Educologia termo utilizado por Elisabeth Steiner Maeda em 1964 numa comunicarao a xxa

Conferencia anual da Sociedadede Filosofia da Eduea~ao e proposto por J Christensen em 1984 no V Congresso Mundia de Educarao Com parada em Paris nem a Educiencia proposta por L Not (ef Cabanas in AAVV 1983) Em todo 0 caso se expulsa pe1a PCrta aPedJgQIiliregr~sectIl_~ pela janela nao e pedag6gico 0 significante comum de

todas as pretensoes de bondade ern materia de educacao Urn termo que da sempre a antender que se sabe do que se esta a falar (Beillerot 1983 7) Enfim ae as Ciencias da Educa~ao nasceram sem 0 pecado original da Pedagogia - filha da crianca e do escravo - a sua imagem tambem nao e gratificante como se Ie no citado inquerito da Unesco segundo 0 qual as Ciencias da EltIuca~ao fazemt ~uj~s ezes figur~ de J~~~~e P9pre no conjunto das disciplinas universitarias e 0 seu enSiiiomiddoteSU- sobieludo HKld9 li formaaodos prore8sores VanHerreweghe 1986 100 104) Hesiite portanto ajJedagogi-l 0_~9~l~ia_da educacao na expressao cIii1iint (1803 48) e sao mwtos osautares quecompartiInam essa heranc~____ Mas outros ha que ou a substituem por uma concep~ao imperialista e passada da Filosofia da Educacao ou a reduzem it Didactica (aos meios cabendo os fins it Filosofia) Olivier Reboul por exemplo propos esta summa divisio it Filosofia da Educa~ao compete a reflexao sobre os fins da educa~ao as Ciencias da Educa~iio estudam 0 seu objeeto particularmente a criama a Pedagogia tem como objecto os seus meios (Reboul 1971) E Gilbert de Landsheere esereveu Sem Filosofia directora a investiga~ao educacional apenas etecnicidade sem alma t )E pois a Filosofia que cabe atribuir um fim a educa~ao e coordenar os meios utilizados (Landsheere 1976 12) Pelo contrario Nanine ~ Charbonnel por exemplo pronuncia-se contra a ideiii-ae i~(QJnQ~~fQ~lsectaria ~ptatiC~ cris outros emv~re[e~~ _e pensaque lie aPecJ~gogia entendida no sentid_lt9liheimiano de teoIja pr~ti~a clue e preCIso reconhecer 0 direito a enunciados i7fiIissoqii-~JEterii~~~ descritivQ~ _e pr~~~rltivos (Charbonnel 1988 125116 cf ainda por exempl6 Hubert 1949 Sciacca 1960 Leif amp Rustin 1967 Leveque amp Best 1969 Santos 1969 Blanes 1972 Planchard 1979) Na introdu~ao ao conhecido Traite des sciences pedagogiques Robert Dottrens e Gaston Mialaret exprimem uma opiniao equilibrada a este respeito A Pedagogia tem com a educa~ao as relac0e19ueJ ClenSla_~ip~om a ~Acrescentemos simplesmente que se -aiguma~~J~9f)Jemlaquoo~~iis eleglige~cent~~do pera clenela nunca O_AflY~Lsect~r~JJL~~gogla(Dottrense MiaIaret 1969 30) - shy

No que respeita Ii Filosofia da Educa~ao ela e a mais antiga das Ciencias da Educarao como disciplina tradicional dOB fins A hist6ria do pensamento pedagogico e principalmente uma histOria filos6fica E par isso urna legftima cieneia da educa~ao sobretudo como hist6ria das filosofias da educatrao Deve mesmo reeonhecer-se que uma forma~ao filos6fica e aquela que melhor habilita

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em prinClplO para a teoriza~ao pedag6gica Na verdade 0 pensamento filos6fico continua a ser 0

pensamento racionalpoIexc~Iencia pela sua visao totalizante no espa~o e no tempoe preocupa~ao com 0 homem como sujeito respons~vel pela sua hist6ria Por isso como escreveu C Bernard deg espirito filos6ico deve reinar nao apenas sobre todas as ciencias mas sobre todos os conhecimentos humanos pois represents a inspira~ao eternada razao humana para 0 conhecimento do

~ -desconhecido (dkin Foulquie 1954 114) A Oganiza~ao das Na~oes Unidas para a Educa~ao a Ciencia e a Cultura (Unesco) pode ate ser considerada como uma institui~o filos6fica (Droit 1995 33)~ Mas a Filosofia nem sequer tem um objecto seu como disse Fran~ois Chatelet e principalmente um metodo que vai buscar os seus objectos Ii uma realidade exterior que para os Gregos era essencialmente a Politica e hoje e a Etica Em sua opiniao eis 0 que a Filosofia tem de insubstituivel e que me parece ser a questao filosofica por excelencia da nossa epoea 0 que e que is so vale - no sentido nietzscheano do termo (Chatelet 1992 56 57 158)

Por conseguinte se a Filosofia da Educasaoe a ciencia da educa~ao malS a1fzil-da concep~secto de pedagQgj5LJJue_ vai ser proposta esta conde com certas concep~oesdaquela adma referidas assim como e irredutivel e indissoluvel na(s) Didactica(s)

UMA CONCEPCAO DA PEDAGOGIA

- A educayao e talvez 0 mais complexo fen6meno da vida sobre a Terra E por isso 0 saber mais diffcil mas tambem 0 mais importante como sempre se reconheceu Citarei apenas a conhecida opiniao de Kant que considerou a educa~ao 0

maior e mais arduo problema que nos pode ser proposto e uma das duas coisas cuja descoberta pode ser considerada como a maie dificil para a humanidade a arte de governar as homens e a de educa~]os (Kant 1803 39 40) Tao diffcil que Freud escreveu em 1925 no prefacio a um livro de August Aichorn (Juventude abandonada) Ja ha muito tempo que fiz minha a gra~a que diz que he tres oficios impossiveis educar curar governar Opiniao que retoma reformulada com mais for~a em 1937 no artigo Die endliche und die unendliche Analyse (Analise com fim e sem fim) Quase parece que analisar e0 terceiro desses oficios imposslveis nos qua~s se tem apartida a certeza de urn sucesso insuficiente Os dois outrosmiddot conhecidos desde ha muito mais tempo sao educar e governar (cit in Cifali 1987 114 115 116)

Este parado~o da eF~_s~g(2d~_i_11J-rs~ibl~dade _dl educapoundao eem_~~u el~E~e0EoOl~mamaior a~llE1_~den~j3ltqpri_~ d_~ e~gpound~~g tta ongem de todos os paradoxos que 0 Dictionnaire de Pedagogie de F Buisson defildu como sendo as proposi~oes aparentemente incompatfveis a que a teoria da educa~ao de Iugar (Buisson 1882 807) Tendo 0

fen6meno educacional um conteudo bio~cultural e multidimensional os seus paradoxos emergem ds rela~ao entre cultura e natureza sociedade e individuo autoridadee liberdade Se~middotua multidimensionalidade proibe a absolutiza~ao de qualquer aspecto ou qualquer monop6lio metodo16gico a sua multidisciplinaridade suscita a questao da comunica~ao entre as dencias de que e objecto Eis todo 0 problema de uma cienda da educa~ao independente (Scheuerl Reitz cit in Van Herreweghe 1986 27 29) Mas que ciencia e que independencia

Aextensao e diversidade do campo ds educayfto tornam ~Eensavel tanto uma unica super-ciencia daeduca~_~Enomiddot i( Pt~~ij_~~~_de qualquer das Q~nltt~ILcl_~Educa~~o de sati~flJ~er a sua r~conh~~4~ ~~~ndi_~f9llEdade Nem uma possIve] Didactica geraf tendo por -Cibjecto os aspectos comuns a todOs os processos de aprendizagem os invariantes das didacticas ou pedagogias especiais pode dar conta da globalidade do campo da educa~ao Mas se a ciencia que falta ao campo da educaao nao pode conceber-se como a Ciencia da Educa~ao nem como Interdidactica tambem nao deve ser concebida como mais uma entre as Ciencias da Educa~ao Mas podeedeve ter como objecto s6 e +

todaj a educafdo~-isto e apenasfmas tudo 0 que ~rta ~ eaucajaoe tornai~sea1egltima fnsbncia de tEloriza~~o e operacionaliza~ao das suas abordagens diversas a partir de umalreblematica nuclear constituinte da sua valiaade e sucesso especfficos~ Esta concep~ao c2rresPQIldeem grande medida aiaeia-aePedagogia geral ou te6ricacomo

-CiinCia daeduca9ao em geral quer dizer das questoesoasiciui que se suscitam na educa~ao

como rafit~tronco da arvore das suas dencias auxilfare (Cabanas 1983 103~T04)middot

ara que a Pedagogia possa ser esta cienda de que 0 ca~2~_d~~ducl~~oJiecisa- jtilgo que e necessaria come~ar por dialecttzar 0 seu conceito a maneira de Gaston Bachelard Para este influente fil6sofo da ciencia urn conceito nao dialectizado e um conceito diminufdo por sobrecarga do seu contudo que 0 impede de user delicadamente sensfvel a todas as varia~oes das condi~oes em que ele assume as slIas justas funcoes (Bachelard 1940 187) Por isso parece-me que a dialectiza~ao da Pedagogia deve come~ar por duas distin~oes

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i -J1

Em primeiro lugar di~-ingiL~ntre teo1~ e pratica da educa~ao e concljr~Qmo H_M3PID no Dictionnaire de Jiilagogie (1887) de F Buisson

A ped~gQgi3 e C) I rtentjl~ I~ Q~ educ~~lt ao mesmo tempo Mas como e pr~ciso ~fl~QlheI-PniB ii nossa lIriK1_ar~poundl~a elBeral 9~uma mesma palavra delilime ao mEitsmo tempo uma arte e a cienCilicO~~JRO~~ente nat hesitarei em definir a pedagogia si~PIesiiieite ~ ciencia da educa~o Porqu~ant~~ ciencia qy~-EotIDe ( ) a substaDmamiddotdap~dagltuQa~Ets~D11Jito I~~Qs ~s procedimentoa que ela P~D pratica d~ qye nas razoes te6rica pelas 9Y~j~ala encontra eases procedime~tos os julga e os co()r~~naraquo t

- Depois distinguir entremiddot instru~a9~edllca9J no sentido ap-o-nt8dopor J ltThtau por-exenfpJo que gostaria qle se distinguisse mel~or do ~ le faz muitas vezes entre edtiea~ao ~ il1stru~Jio porque gtfa e(fu_c~~~qc2n~uz Rarao ~1Q C) hurnaniza ( ) Pelo eontnirio a instrui~o aEU~ -_dpta t )

I da lugar numa fifaW-~~~trtlpounda() ~s~_~~tfu~El a educa~ao~ urns questao de ~ent~~o (in Marmoz 1991 14)

A dialectiza~o ~a Pedagogiarleve tQ~~larpela busea da sua dif~ren~a ~sped_fi~ll Je~I_H~~

$~tuou a espe~n~~~de laquoaR~elag~(aiieltr ~gt lDidactica e as Cl~t~la~g~~At~a~ao AOTido daquele que sabe do saber a trarismitir ao lado daquele que sabe do saber sobre a educa~ao h8 aquele que sabe do pedag6gico que s6 pode serlun te6rico-pratico da educa~ao 0 escravo-pedagogo (entre os gregos e os roIilanos) julgou Iibertar-se

tornando-se sabio por renlincia a sua especificidade disciplinas e ciencias da educarao sao as suas duas

tenta~oes permanentes (in Marmoz 1991 39 46) Penso tambem que 0 objecto da Pedagogia deve

situar-se na fissura existente entre a teoria e a pratica mas como valor-acrescentado a uma e outra Com efeito 0 sentido da teoria e a pnltica e se grande numero de professores sofrem de alergia a teoria eporque dela tiveram experiencias sobretudo negativas Nao obstante se toda a pratica (e instrumento) subentende uma teoria boa ou mashya melhor pratica e aquela que e esclarecida pela melhor teoria Mas uma teoria nao e um m~saico de conhecimentos Quando um(a)professor(a) diz que durante a sua forma~ao aprendeu umas coisas disto e daquilo quer dizer que nao sabe que fazer com 0 que supostamente aprendeu porque os saberes plurais e parcelares que Ihe foram proporcionados nae middotfomiddotram transformados na unidade de uma cultura pedag6gicg e no sentido da correspondente conscienciaprof[ssionaZ Esta e em

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minha opiniao a insubstitufvel e exigente missao da Pedagogia relativamente as Ciencias da Eduea~ao e na formarao dos educadores

Vern a prop6sito chamar a aten~ao para 0 mals recente e importante documento comunitario sobre a educacento 0 Livro Branco sobre a Educafdo e a Formafoo Ensinar e Aprender Rumo d Sociedade Cognitiva (Comunidades Europeias 1995) Nele se considera nomeadamente que uma cultura vasta shyliteraria e filos6fica cientffica tecnica e pratica shyeurn imperativo tanto da forma~ao inieial como d-s ac~5es de reconversao de trabalhadores Por iSBo assiste-se a um regresso em fortri da cultura geraZ porque uma base s6lida de cultura geral confere ao cidadao meios para se orientar na sociedade de informarao isto e para ser capaz de situar e compreender de forma critica as imagens e os dados que Ihe chegam de multiplas fontes (p15) Componente fundamental de uma cultura geral e indispensavel a cidadania democratiea e obviamente uma cultura cientifica suficiente - a nao reduzir it cultura matematica Por isso a fun~ao principal da escola deve consistir no desenvolvimento da capacidade de compreensao do mundo isto e da capacidade para captar 0

significado das coisas compreender e formular jufzos que e tanto 0 alicerce da conseiencia e da cidadania europeia como 0 primeiro factor de adapta~ao a evolurao da economia e do emprego I

(p14 13) EsUVevolufdfpoundCl~1Eic~ana vi~~ ~a illEortancia da educ~x(UL~~~lO europeu~ um insuspeito e inesperado argumento a 1iiVoraa coneep~ao e missao da Pedagogia que esta a ser proposta

A concePrao da Pedag()gia C9ITo discipJi~a fundamental dacuTtura consci~IlcJ e lt()mp~tecla aOEjeajicaaQJeli~~Y~ em mlnha oJi~iQsatisfaz~r tr~L~~futcias Jlcipai~ cQreSIoJq~LtQg4mo Prqp(~Cd~ ~dyqlri-o estar a altura dos valores cQitli~ciment91u~ nflcessidades do j3ell tempo e ~r uma validade de principio universal

o primeiro passo para a descooerta da fonte do genio da educarao sera a identificarao - atraves ~e uma especie de redufoo eidetica - da quintamiddotessencta de que fala Van Herrenweghe no seu RelatOrio do citado inquerito mundial

-~

laquoE pois surpreendente que a propria quin~ashyessencia do fen6meno da educa~ao ou da pedagogla a que ninguem pode ficar insensivel seja ta~ I0uco objecto de estudo cientifico ou mesmo metafonco a nivel universit3rio nos paises do novo mundo e que mesmo quanto aos do velho mundo tenhamos de constatar que nas llitimas decadas houve urn quase total abandono do problema para dar lugar ao

estudo da tecnologia da didactica e da metodologia Sao apenas alguns investigadores-individuos que por uma c0f1pe~~~~o9~se intuitiva e ditadapelo desenvolvlmento qJase a8ls~e aOmundo moaelt1l5Constatam a necessiaade de-S~~ar

~ solmfeste problema fund _ nta que se chama _ed~c~pound~(Lcig~rDia~~ -no mana r que] nao se 1 a algum 0 pro lema da transmissao dos coJihecimentos e da cultura ou de uma rentabilidade a curto ou longo prazo mas que descuidaria au igI)oraria a globalidad~ (ias dimensoes do ser humano C )raquo (Van Herreweghe 1986 34)

Como escreveu Gaston Bachelard antes de maismiddot importa saber colocar problemas E diga-se 0 que se disser na vida cientifica os problemas nao se colocam por si pr6prios Eprecisamente esse sentido do problema que e a marea do verdadeiro espfrito cientifico que e0 nervo do progresso (Bachelard 1938 14 29) Qual 0 sentido do problema pedag6gico

Todas as pedagogias se presumem concep~oes

fen6meno educacional Qual a metodologia de acesso a-racioriiiIiaaaiiaeste objecto

_ A nossa modernidadedescobriu 0 sujeito e a cienciaexperimental mas menosprezou a intersubjectividade e a racionalidade comunicacional A recente rehabilita~ao da Ret6rica -a antiga arte do discurso persuasivo - mostrou as condi~oes de possibilidade de uma racionalidade argumentativa como logica do razoavel do preferivel Sendo 0 homem essencialmente um animal mor~lporque vive fundamentalmente de

valores a RetOrica pode mesmo ser considerada como 0 novo discurso do metodo dos diferentes usos da razao de uma razao inscrita na sensibilidade e envolvida em emo~oes E sendo a razaoretOrica uma razao dial6gica etica e tolerante na medida em que tem considerafao pelo outro a Ret6rica aparece tambem como a metodologia propria de uma racio~dade democratica pluralistaAssiD da crise do sujeito epis~mic9 (~)n~ce lttsljeito etico e a possiJiiTiaacIetaate-diumaetica racional-com(j de uma racionalidade etica que na opiniao de Emannuel Uvinas e a racionalidade primeira ou

(YLJ~9a e4H~poundomiddot ltKant lnspfiiiCIoem ROuifstmr- filosofia primeira (Uvinas in AAVV 1989 199~) certamente que admirava pensava que 0 grande segredo da perfei~ao da natureza humana esta numa boa educa~ao (Kant 1803 37 38) E como se Ie num lexica pedag6gico alemao so se pode falar de Pedagogia quando a questiio da melbor educa~ao se torna a mola de estudos e ac~oes diversos (Groothoff 1964 214) Temosentao~a

Como concluiu Chlltelet a razao ainda nao chegou a idade da razao Alguma vez l8 chegara Isso depende dohomem e s6 dele (Chatelet 1992 163)

Eis um quadro epistemo16gico em que 0 objecto proposto para a Pedagogia e vaIidamente pensavel e indispensavel para a maioridade da raziio e a cientificidade pr6pria da educa~ao E se a

glaquonerica ejulgo ~nsensual ~~~ode P~daH0giaepistemologia de uma ciencia ea teoria do metodo 1i a cienci dl boaeducafao Qual 0 seu objecto

a objectOe metO$ que distinguem uma ciencia consistemria constrU~o de uma problematica isto e um conjunto de questoes (articuladas sobre uma questao central) num espa~ te6rico (definido por conceitos fundamentais e problemas te6ricos) como observa Bernard Charlot Um conceito eo resultado de um trabalho de abstrac~o e de generaliza~ao das caracterfsticas essenciais de um objecto

de constru~o da validade do seu conhecimento cujo i criterio e a verificabilidade e a comunicabilidade entiio 0 metoda mais adequado a especificidade do objectodJ1Pedagogla consfstira em reuIiir fut_eiplaquoE~~r_e~onfr9lt~X ~a90S obTectivos e suojectivoscom vista ao consenso sobre princfpios

de var[cf~~a2 _~ Jla~oiii~isi~os seu~ alares E um ritftQqo que pode ser caracterizado como

I ~er~lIDltko-arKu~entativo ~as e tambem Consiste num conjunto de rela~oes das rela~oesmiddot e~erimental na medlda em que argumentar euma que 0 constituem e das rela~oes com outros conceitos E 0 trabalho de conceptualiza(ao que confere estatuto cientffico a um saber ou seja que o qualifica como instrumento de inteligibilidade (Charlot1995 31) Se assim e parece que 0 objecto formal da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao podera resumlr~se nestes tennos-(fescreverocampo e formular 08 problein_asda-e~~~ra~nifCar e responder asu~ qyestiio llrus Fijiclame~al ~quela que esta sufiJacente-ELsobredewrmirfa as outras deduzir da ~~~PQsect~ encontradap1lcfpios de_~_cyao deViaamente arIDlglentados (re)pensar it luz da problematiza~ao e com os conceitos ehiborados 0

--eJqierlncia intersubjectiva de (con)validafao de opinioes-hipoteses fundadas em dados (observa~oes experiencias conhecimentos) obtidos par diferentes metodos Como escreveu Jacques Ardoino dizer que 0 que eespecmcamente humano e sempre tambem naturalmente opaco e releva par conseguinte tanto senao mais de uma hermeneutica como do esfor~o e~pli~ativo e~nsi~tir -o caracter simultaneamente bJectlvo 7subJectIvo lmplicado e sobretudo polemreo do umverso a que pertence e reconhecer a necessidade de uma analise multireferencial como uma leitura plural sob diferentes angulos em fumao de sistemas de

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referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

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0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

20

utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

somos e da necessidade de Dutra educa~ao que nos I s~alve~ n6S-proiffos pa~ ~erII1s 0 ~~bullIlodeElOs

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

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Page 4: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

Em Julho do mesmo ano toma posse 0 I Governo Assembleia da Republica a 11 de Agosto de 1976 0

Constitucional presidido por Mario Soares e com Ministro disse A educa~iio nao chegou em rigor 0

Sottomayor Cardia it frente do Ministeric da 25 de Abril Quase imediatamente ap6s aRevoIUlao Educa~ao e Investiga~ao Cientffica Uma dasmuitas instalou-se urn s6lido e prematuro travejamento do e polemicas medidas do novo Ministerio foi a 11 de M~ Ora 0 p6s-25 de Novembro reconhe~ashyrevoga~ao em 1977 (Decreto-Lei n088n7 de 8 de se mal se reflectiu na escola portuguesa La Mar=o) do Decreto-Lei que criara a Faculdade de chegaremos bull tal e 0 nosso prop6sito Significativas Pedagogia Os seus considerandos merecem do clima politico da epoca sao tambem estas tambem cita~ao para evidenciar a oposi~ao palavras de urn discurso do Ministro Cardia a 28 doutrinaria ao texto revogado de Outubro de 1976 Neste pais travamiddotse dura luta

de classes PeloD~creto-Lei ndeg i47nSdei9 de Fevereiro Jufzo demolidor da ac~ao do Ministerio Cardiafoi criada a Faculdade de Pedagogia na foi pronunciado pelo ultimo Ministro da Educa~aoUniversidade de Lisboa que na pratica funcionaria do Estado Novo (Veiga Simao) numa mesamiddotredonda middotem sobreposi~oas Faculdades de Letras e Ciencias que reuniu em 1978 no Centro Nacional deEntende () Governo que e inc()nveniente criar mais Cultura alguns dos principais responsaveis pelaorganismos que entre si se sobreponham educa~ao em Portugal antes e depois de Abril de Considera-se tambem que as reformas a introduzir 1974 nomeadamente Jose Hermano Saraiva eno ensino superior nao podem ir contra a sua propria Sottomayor Cardia Disse Veiga Simao Eu julgo natureza e que a prepara~ao de professores nao se tern Portugal urnque desenvolvido emdeve afastar-se do desenvolvimento das ciencias e reaccionarismo obscurantista sob a manta dodisciplinas que 0 futuro pedagogo ira criltivar 0 socialismo (Simao 1979 lOG)ensino pre-universitario s6 tera a beneficiar de uma Em 1980 - durante 0 VI Governo Constitucional maior exigencia -cientffica na forma~iio dos (AD) presidido por Sa Carneiro e com Vitor Crespo professores para 0 que setoma indispensavel que no Ministerio da Educa~ao - os Cursos Superiores as Faculdades de Letras e de CHncias se assurnam de Psicologia criados em 1977 (Decreto ndeg 12177 de como estabelecimentos de alto nivel 20 de Janeiro) foram transformados em Faculdadessimultaneamente cientifico e pedag6gico0 de Psicologia e de Ciencias da Educa~ao nas Programa do Governo preveuma reforma dos ramos Universidades de Coimbra Lisboa e Porto Nos educacionais das Faculdades de Ciencias e a cria~ao termos do texto legislativ~ que as criou (Decretoshydos ramos educacionais nas Faculdades de Letras Lei n052980 de5 de Novembro) a justifica~ao da Apesar das dificuldades que conhecem as sua dupla valencia cientffica era tambem duplaFaculdades de Letras e CienciaS 0 indisperisavel e a complementaridade e afinidade dos domfnios da quese proceda a sua reforma nao a sua psicologia com os das ciencias da educa~aoultrapassagem pela insta1a~ao de estabelecimentos equacionada muma perspectiva econ6mica de custos para os quais nem sequer se disporia de suficientes e estruturas institucionais e administrativas recursos humanosraquo Outr~ exemplo entre n6s da perdade terreno

da denomina~aoPedagogia e 0 nome do Instituto Portanto a cria=ao da Faculdade de Pedagogia de Inova~ao Educacional apesar de a expressao

ia contra a natureza do ensino superior era educational research ser frequentemente traduzida considerada uma sobreposi~ao as Faculdades de no espa~o europeu por investiga~ao pedag6gica e Letras e Ciencias que deviam assumir-se como de existirem Institutos de Investiga~ao Pedag6gicaestabelecimentos de alto myel simultaneamente como 0 InstitutNational de Recherche Pedagogique cientifico e pedag6gico 0 centro de gravidade da (INRP) de Paris que publica a Revue fraruaise de exigencia cientifica na forma~ao dos professores pedagogiedeveriam ser as ciencias e disciplinas a ensinar note-se tambern a expressao futuro pedagogo Este retrocesso na concep~ao da Pedagogia e da NECESSIDADE DA PEDAGOGIA competencia e forma~ao profissionais dos professores inscrevia-se numa politica de Em 1988 ana do 2r aniversat0 da ria~ao ddoes normalizafao programada em termos e num primeiros Departamentos umversltanos contexto politicos que a seguir sedocumentam Ciencias da Educarao em Fran~a M Debesse I

o capitulo do Programa do Governo sobre a chamou a aten~ao para 0 ganlt~ggtEleIE~~ educa~ao falava de caos total e de clima de medo _ ~eJ~alis-~ifs c~poundi~lra ~-~Ipoundil e para a e fanatismo ideoI6gico No respectivo debate na imperiosa necessidade de reflecbr naqUIlo que faz

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e deve fazer contra ventos e mares a unidade das ciencias da educacao (in Marmoz 1991 21 23) Na mesma sessao G Mialaret constatava Nao ha actualmente grande teoria pedagogica que faca a sintese de todas as correntes e que integre todos os problemas que a educacao se coloca hoje Por outras palavras uma teoria que permitisse reunir todas as ciencias da educacao e ocupar 0 espaco epistemologico permitindo situar cada uma das disciplinas segundo um esquema claro coerente e dinamico Em sua opiniao a extensaoe a compreensao do co neeito de educacao - a sua polissemia - torna dificil encontrar um denominador comum a todas as ciencias e construir urn a teoria geral universal no sentido forte do termo (in Marmoz1991 32 33)

Nao obstante Louis Not por e~~p~~J~nsa ~e uma ciencia pr6pria-dae4t~tao_~~eC~fs~~a e possiveL KriiI)oramiddotdesde a antiguidade ate ao um doseculo XIX a pratica da educa~ao e 0 conhecimento que dela se tem sejam designados pelo termo unico de pedagogia observa que falar de pedagogia e hoje retrogado na moda estao as ciencias da educacao (Not 1984 17) Reconhecendo que as Ciencias da Educacao significaram uma mudan~a radical quanta as concep~oes da investigacao e do saber em materia de educacao uma verdadeira ruptura epistemologica a pluridisciplinaridade constata no entanto que por detras da diversidade das abordagens escondeshyse a negacao pura e simples da ideia de que possa haver uma ciencia especifica da educacao E considerando que nenhuma das Ciencias da Educacao por si pode evitar a dispersao a centrifugacao que ameaca a investiga~ao educacional L Not considera que 0 modelo cientifico apropriado it investiga~ao em educa~ao s6 pode ser um modelo interdisciplinar centrado sobre UMA ciencia especifica da educacao em relacao com diversas ciencias a que se pode chamar auxiliares utilizando um metodo integrativo das suas diversas abordagens como 0 mais adequado ao problema que colocam as interaccoes convergencias ou conflitos que aparecem entre as duas dimensoes do projecto educativo a dimensao pessoal e a dimensao social E propos que se chamasse Educiencia (p 22 17 36 259)

Tambein Guy Avanzini entre outros considerou Pedagogia um termo inadequado tanto pela sua conota~ao normati~a com~por ~esignar apenas a educa~ao da crianca (in Marmoz 1991 183) 0 estatuto da Pedagogia Bofre tambem da tradicional

desvalorizacao do saber pratico como sublinhou A Prost a que pode acrescentar-se no microcosmo universitario 0 peso da investigacao nas

representacoes e carreiras e a fraca importancia do ensino (Prost 1985 211) Acresce a tradicional carga pejorativa do pedagogo(como nota 0

Dicionario da lingua pedag6gica de Paul Foulquie e cujo eco se pode encontrar na sua definicao por urn vulgar dicionario ingles como pedantic teach~r) Enfim 0 singular Pedagogia como argumentou-Debesse j~ nao ~ria peztinencia num campomiddot ere -estudos tao plural como e hoje a ecIUCa~ao --

-middot~t8s0Qjfil=soesao(lom) nome d~ Pedagogia nao sao irrefutaveis No que respeita it objeccao terminologica tainbem a Psicologia e a Politica por i

exemplo tern etimos restritivos a primeira refereshy sea3l~ri segunda acitjpde E que tern a Musica

hoje-aver com as musas A objeccao normativa toca toda~as ~i~ncia_s que ~~~jJdmge~p~laquoula~ao metafisica Quanto a natureza pratica do saber

-relativo it educacao todos os saberes visam afinal directa ouindirectamente a sua aplicacao E nao se fala cada vez mais de Pedagogia universit8ria De resto assim como ha Politica Teoria politica Ciencia politica e Ciencias politicas Direito Teoria juridica Ciencia juridica e Ciencias juridicas Medicina e CHncias medicas eate Musica e Ciencias musicais tambem ha Pedigogia~ Teoria pedag6gica Ciencia pedag6gica e Ciencias pedag6gicas alem das Ciencias da Educacao Segundo Olivier Reboul por exemplo as Ciencias da Educacao sao disciplinas que tem por objecto urn aspecto da educacao mas tern estatutos epistemolQgicos diferenciados conforme esse obje~to for parcial ou exclusivo No primeiro caso sao apenas ciencias aplicadas it educacao como ramos te6ricos das respectivas ciencias que entram em rela~oes de interdisciplinaridade No segundomiddotcaso estao as ciencias nascidas da pratica da educacao sao as Ciencias pedagogicas Jose Cabanas distingue entre ciencias do facto educacional e cienCias do acto educativo e considera sem sentido que alguem pretencla ser especialista em Ciencias cfilEdupoundacao dada a sua diversidade Pelo contrario ~~wdoo seritido User especialista em Pedagowa (Cabanas 1983 97 104 195) Enfim lIo que re~peita it imagem burlesca do pedagogo nao e uma singularidade nem e irremediavel Os medicos por exemplo continuaram a ser ate nao ha muito-temPQ personagens de Moliere

J Chateau autor do primeiro projecto de criacao ltJemiddotgraus academicos para OB estudos em materia de educacao em Franca como vimos preferia 0 titulo Pedagogia mais CllrfoQoJjanto

mabauissou~l-_~s~e-afietmeamiddotse -aPCiooCJduo-EltJetrnmmiddotmiddot9 0middotdc91rnenfflri0~~aamiddotrumQ~~oorie-a l ~ cu

pane doscasosapenas pa~a melhor fazer passar a

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mercadoria (in Marmoz 1991 13 29) Gilles FerrY--que anunciaraem 1967 a Marteaa PeaaE6gfa~-rectificou~~J~=-tarde~m~u~-(fa pedagQ~a 4o~tica ralsamente saDia (Ferry 1987 19) Frandne Best recofibecendo a neeessidade de um saber globalizante e de urn termo generieo no campo da educa~ao e de opiniao que ele deve User designado pelo termo pedagogia afinal verdadeiramente um termo pan-europeu (Best 1988 165 168) Para Constantin Xypas e missao da pedagogia -cienca_~~~d~_=-~laquoLpor exe~l~ncia - integrar 0 eontributo das outras dlsciplinas num todo coerente (Xypas 1985 29) Tambem Jean Piaget considerou a Pedagogia uma dencia e das mais dificeisdevido it-complexidade dos facto res emjogo ltPiaget 1969 13)

A universalidade da denominacao Pedagogia e do seu campo semantico econfirmada pelo inquerito sobre a natureza e a importiincia do ensina das cit~ncias da educa~iio levado a cabo no ambito da Unesco em 1984-1985 Foi distribuido um questionario a mais de 1500 estabelecimentos de ensino superior em todos os Estados membros da Unesco e responderam 273 instituicoes de 84 pruses de todos os continentes Das respostas ressalta em primeiro lugar uma grande diversidade terminol6giea logo na propria denomina~ao das instituicoes Constata-se que cerca de 50 institui~s se denominam (University Faculty Institute College Department FacuIte Institut Escuela ) de EducaYao cerea de 20 denominam-se (lnstitut Faculte Faculdade ) de Ciencias da Educacao (Sciences de leducation Sciences of Education Erziehungswissenschaften ) outras 20 denominam-se (Universidad Faculty Department Academy Faeulte Institut Institute Hochschule Seminar ) de Pedagogia (Pedagogie Padagogische Pedagogical Ciendas Pedagogicas ) algumas combinam diferentes expressoes (Van Herreweghe 1986)

De resto nenhuma alternativa ao termo Pedagogia vingou ate it data nem Pedotecnica proposta por Decroly em 1906 para designar a tecnica da educaYao da crianca nemAntropagogia proposta por Adam para designar a ciencia da educa~ao permanente de todo 0 ser humano nem Educologia termo utilizado por Elisabeth Steiner Maeda em 1964 numa comunicarao a xxa

Conferencia anual da Sociedadede Filosofia da Eduea~ao e proposto por J Christensen em 1984 no V Congresso Mundia de Educarao Com parada em Paris nem a Educiencia proposta por L Not (ef Cabanas in AAVV 1983) Em todo 0 caso se expulsa pe1a PCrta aPedJgQIiliregr~sectIl_~ pela janela nao e pedag6gico 0 significante comum de

todas as pretensoes de bondade ern materia de educacao Urn termo que da sempre a antender que se sabe do que se esta a falar (Beillerot 1983 7) Enfim ae as Ciencias da Educa~ao nasceram sem 0 pecado original da Pedagogia - filha da crianca e do escravo - a sua imagem tambem nao e gratificante como se Ie no citado inquerito da Unesco segundo 0 qual as Ciencias da EltIuca~ao fazemt ~uj~s ezes figur~ de J~~~~e P9pre no conjunto das disciplinas universitarias e 0 seu enSiiiomiddoteSU- sobieludo HKld9 li formaaodos prore8sores VanHerreweghe 1986 100 104) Hesiite portanto ajJedagogi-l 0_~9~l~ia_da educacao na expressao cIii1iint (1803 48) e sao mwtos osautares quecompartiInam essa heranc~____ Mas outros ha que ou a substituem por uma concep~ao imperialista e passada da Filosofia da Educacao ou a reduzem it Didactica (aos meios cabendo os fins it Filosofia) Olivier Reboul por exemplo propos esta summa divisio it Filosofia da Educa~ao compete a reflexao sobre os fins da educa~ao as Ciencias da Educa~iio estudam 0 seu objeeto particularmente a criama a Pedagogia tem como objecto os seus meios (Reboul 1971) E Gilbert de Landsheere esereveu Sem Filosofia directora a investiga~ao educacional apenas etecnicidade sem alma t )E pois a Filosofia que cabe atribuir um fim a educa~ao e coordenar os meios utilizados (Landsheere 1976 12) Pelo contrario Nanine ~ Charbonnel por exemplo pronuncia-se contra a ideiii-ae i~(QJnQ~~fQ~lsectaria ~ptatiC~ cris outros emv~re[e~~ _e pensaque lie aPecJ~gogia entendida no sentid_lt9liheimiano de teoIja pr~ti~a clue e preCIso reconhecer 0 direito a enunciados i7fiIissoqii-~JEterii~~~ descritivQ~ _e pr~~~rltivos (Charbonnel 1988 125116 cf ainda por exempl6 Hubert 1949 Sciacca 1960 Leif amp Rustin 1967 Leveque amp Best 1969 Santos 1969 Blanes 1972 Planchard 1979) Na introdu~ao ao conhecido Traite des sciences pedagogiques Robert Dottrens e Gaston Mialaret exprimem uma opiniao equilibrada a este respeito A Pedagogia tem com a educa~ao as relac0e19ueJ ClenSla_~ip~om a ~Acrescentemos simplesmente que se -aiguma~~J~9f)Jemlaquoo~~iis eleglige~cent~~do pera clenela nunca O_AflY~Lsect~r~JJL~~gogla(Dottrense MiaIaret 1969 30) - shy

No que respeita Ii Filosofia da Educa~ao ela e a mais antiga das Ciencias da Educarao como disciplina tradicional dOB fins A hist6ria do pensamento pedagogico e principalmente uma histOria filos6fica E par isso urna legftima cieneia da educa~ao sobretudo como hist6ria das filosofias da educatrao Deve mesmo reeonhecer-se que uma forma~ao filos6fica e aquela que melhor habilita

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em prinClplO para a teoriza~ao pedag6gica Na verdade 0 pensamento filos6fico continua a ser 0

pensamento racionalpoIexc~Iencia pela sua visao totalizante no espa~o e no tempoe preocupa~ao com 0 homem como sujeito respons~vel pela sua hist6ria Por isso como escreveu C Bernard deg espirito filos6ico deve reinar nao apenas sobre todas as ciencias mas sobre todos os conhecimentos humanos pois represents a inspira~ao eternada razao humana para 0 conhecimento do

~ -desconhecido (dkin Foulquie 1954 114) A Oganiza~ao das Na~oes Unidas para a Educa~ao a Ciencia e a Cultura (Unesco) pode ate ser considerada como uma institui~o filos6fica (Droit 1995 33)~ Mas a Filosofia nem sequer tem um objecto seu como disse Fran~ois Chatelet e principalmente um metodo que vai buscar os seus objectos Ii uma realidade exterior que para os Gregos era essencialmente a Politica e hoje e a Etica Em sua opiniao eis 0 que a Filosofia tem de insubstituivel e que me parece ser a questao filosofica por excelencia da nossa epoea 0 que e que is so vale - no sentido nietzscheano do termo (Chatelet 1992 56 57 158)

Por conseguinte se a Filosofia da Educasaoe a ciencia da educa~ao malS a1fzil-da concep~secto de pedagQgj5LJJue_ vai ser proposta esta conde com certas concep~oesdaquela adma referidas assim como e irredutivel e indissoluvel na(s) Didactica(s)

UMA CONCEPCAO DA PEDAGOGIA

- A educayao e talvez 0 mais complexo fen6meno da vida sobre a Terra E por isso 0 saber mais diffcil mas tambem 0 mais importante como sempre se reconheceu Citarei apenas a conhecida opiniao de Kant que considerou a educa~ao 0

maior e mais arduo problema que nos pode ser proposto e uma das duas coisas cuja descoberta pode ser considerada como a maie dificil para a humanidade a arte de governar as homens e a de educa~]os (Kant 1803 39 40) Tao diffcil que Freud escreveu em 1925 no prefacio a um livro de August Aichorn (Juventude abandonada) Ja ha muito tempo que fiz minha a gra~a que diz que he tres oficios impossiveis educar curar governar Opiniao que retoma reformulada com mais for~a em 1937 no artigo Die endliche und die unendliche Analyse (Analise com fim e sem fim) Quase parece que analisar e0 terceiro desses oficios imposslveis nos qua~s se tem apartida a certeza de urn sucesso insuficiente Os dois outrosmiddot conhecidos desde ha muito mais tempo sao educar e governar (cit in Cifali 1987 114 115 116)

Este parado~o da eF~_s~g(2d~_i_11J-rs~ibl~dade _dl educapoundao eem_~~u el~E~e0EoOl~mamaior a~llE1_~den~j3ltqpri_~ d_~ e~gpound~~g tta ongem de todos os paradoxos que 0 Dictionnaire de Pedagogie de F Buisson defildu como sendo as proposi~oes aparentemente incompatfveis a que a teoria da educa~ao de Iugar (Buisson 1882 807) Tendo 0

fen6meno educacional um conteudo bio~cultural e multidimensional os seus paradoxos emergem ds rela~ao entre cultura e natureza sociedade e individuo autoridadee liberdade Se~middotua multidimensionalidade proibe a absolutiza~ao de qualquer aspecto ou qualquer monop6lio metodo16gico a sua multidisciplinaridade suscita a questao da comunica~ao entre as dencias de que e objecto Eis todo 0 problema de uma cienda da educa~ao independente (Scheuerl Reitz cit in Van Herreweghe 1986 27 29) Mas que ciencia e que independencia

Aextensao e diversidade do campo ds educayfto tornam ~Eensavel tanto uma unica super-ciencia daeduca~_~Enomiddot i( Pt~~ij_~~~_de qualquer das Q~nltt~ILcl_~Educa~~o de sati~flJ~er a sua r~conh~~4~ ~~~ndi_~f9llEdade Nem uma possIve] Didactica geraf tendo por -Cibjecto os aspectos comuns a todOs os processos de aprendizagem os invariantes das didacticas ou pedagogias especiais pode dar conta da globalidade do campo da educa~ao Mas se a ciencia que falta ao campo da educaao nao pode conceber-se como a Ciencia da Educa~ao nem como Interdidactica tambem nao deve ser concebida como mais uma entre as Ciencias da Educa~ao Mas podeedeve ter como objecto s6 e +

todaj a educafdo~-isto e apenasfmas tudo 0 que ~rta ~ eaucajaoe tornai~sea1egltima fnsbncia de tEloriza~~o e operacionaliza~ao das suas abordagens diversas a partir de umalreblematica nuclear constituinte da sua valiaade e sucesso especfficos~ Esta concep~ao c2rresPQIldeem grande medida aiaeia-aePedagogia geral ou te6ricacomo

-CiinCia daeduca9ao em geral quer dizer das questoesoasiciui que se suscitam na educa~ao

como rafit~tronco da arvore das suas dencias auxilfare (Cabanas 1983 103~T04)middot

ara que a Pedagogia possa ser esta cienda de que 0 ca~2~_d~~ducl~~oJiecisa- jtilgo que e necessaria come~ar por dialecttzar 0 seu conceito a maneira de Gaston Bachelard Para este influente fil6sofo da ciencia urn conceito nao dialectizado e um conceito diminufdo por sobrecarga do seu contudo que 0 impede de user delicadamente sensfvel a todas as varia~oes das condi~oes em que ele assume as slIas justas funcoes (Bachelard 1940 187) Por isso parece-me que a dialectiza~ao da Pedagogia deve come~ar por duas distin~oes

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i -J1

Em primeiro lugar di~-ingiL~ntre teo1~ e pratica da educa~ao e concljr~Qmo H_M3PID no Dictionnaire de Jiilagogie (1887) de F Buisson

A ped~gQgi3 e C) I rtentjl~ I~ Q~ educ~~lt ao mesmo tempo Mas como e pr~ciso ~fl~QlheI-PniB ii nossa lIriK1_ar~poundl~a elBeral 9~uma mesma palavra delilime ao mEitsmo tempo uma arte e a cienCilicO~~JRO~~ente nat hesitarei em definir a pedagogia si~PIesiiieite ~ ciencia da educa~o Porqu~ant~~ ciencia qy~-EotIDe ( ) a substaDmamiddotdap~dagltuQa~Ets~D11Jito I~~Qs ~s procedimentoa que ela P~D pratica d~ qye nas razoes te6rica pelas 9Y~j~ala encontra eases procedime~tos os julga e os co()r~~naraquo t

- Depois distinguir entremiddot instru~a9~edllca9J no sentido ap-o-nt8dopor J ltThtau por-exenfpJo que gostaria qle se distinguisse mel~or do ~ le faz muitas vezes entre edtiea~ao ~ il1stru~Jio porque gtfa e(fu_c~~~qc2n~uz Rarao ~1Q C) hurnaniza ( ) Pelo eontnirio a instrui~o aEU~ -_dpta t )

I da lugar numa fifaW-~~~trtlpounda() ~s~_~~tfu~El a educa~ao~ urns questao de ~ent~~o (in Marmoz 1991 14)

A dialectiza~o ~a Pedagogiarleve tQ~~larpela busea da sua dif~ren~a ~sped_fi~ll Je~I_H~~

$~tuou a espe~n~~~de laquoaR~elag~(aiieltr ~gt lDidactica e as Cl~t~la~g~~At~a~ao AOTido daquele que sabe do saber a trarismitir ao lado daquele que sabe do saber sobre a educa~ao h8 aquele que sabe do pedag6gico que s6 pode serlun te6rico-pratico da educa~ao 0 escravo-pedagogo (entre os gregos e os roIilanos) julgou Iibertar-se

tornando-se sabio por renlincia a sua especificidade disciplinas e ciencias da educarao sao as suas duas

tenta~oes permanentes (in Marmoz 1991 39 46) Penso tambem que 0 objecto da Pedagogia deve

situar-se na fissura existente entre a teoria e a pratica mas como valor-acrescentado a uma e outra Com efeito 0 sentido da teoria e a pnltica e se grande numero de professores sofrem de alergia a teoria eporque dela tiveram experiencias sobretudo negativas Nao obstante se toda a pratica (e instrumento) subentende uma teoria boa ou mashya melhor pratica e aquela que e esclarecida pela melhor teoria Mas uma teoria nao e um m~saico de conhecimentos Quando um(a)professor(a) diz que durante a sua forma~ao aprendeu umas coisas disto e daquilo quer dizer que nao sabe que fazer com 0 que supostamente aprendeu porque os saberes plurais e parcelares que Ihe foram proporcionados nae middotfomiddotram transformados na unidade de uma cultura pedag6gicg e no sentido da correspondente conscienciaprof[ssionaZ Esta e em

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minha opiniao a insubstitufvel e exigente missao da Pedagogia relativamente as Ciencias da Eduea~ao e na formarao dos educadores

Vern a prop6sito chamar a aten~ao para 0 mals recente e importante documento comunitario sobre a educacento 0 Livro Branco sobre a Educafdo e a Formafoo Ensinar e Aprender Rumo d Sociedade Cognitiva (Comunidades Europeias 1995) Nele se considera nomeadamente que uma cultura vasta shyliteraria e filos6fica cientffica tecnica e pratica shyeurn imperativo tanto da forma~ao inieial como d-s ac~5es de reconversao de trabalhadores Por iSBo assiste-se a um regresso em fortri da cultura geraZ porque uma base s6lida de cultura geral confere ao cidadao meios para se orientar na sociedade de informarao isto e para ser capaz de situar e compreender de forma critica as imagens e os dados que Ihe chegam de multiplas fontes (p15) Componente fundamental de uma cultura geral e indispensavel a cidadania democratiea e obviamente uma cultura cientifica suficiente - a nao reduzir it cultura matematica Por isso a fun~ao principal da escola deve consistir no desenvolvimento da capacidade de compreensao do mundo isto e da capacidade para captar 0

significado das coisas compreender e formular jufzos que e tanto 0 alicerce da conseiencia e da cidadania europeia como 0 primeiro factor de adapta~ao a evolurao da economia e do emprego I

(p14 13) EsUVevolufdfpoundCl~1Eic~ana vi~~ ~a illEortancia da educ~x(UL~~~lO europeu~ um insuspeito e inesperado argumento a 1iiVoraa coneep~ao e missao da Pedagogia que esta a ser proposta

A concePrao da Pedag()gia C9ITo discipJi~a fundamental dacuTtura consci~IlcJ e lt()mp~tecla aOEjeajicaaQJeli~~Y~ em mlnha oJi~iQsatisfaz~r tr~L~~futcias Jlcipai~ cQreSIoJq~LtQg4mo Prqp(~Cd~ ~dyqlri-o estar a altura dos valores cQitli~ciment91u~ nflcessidades do j3ell tempo e ~r uma validade de principio universal

o primeiro passo para a descooerta da fonte do genio da educarao sera a identificarao - atraves ~e uma especie de redufoo eidetica - da quintamiddotessencta de que fala Van Herrenweghe no seu RelatOrio do citado inquerito mundial

-~

laquoE pois surpreendente que a propria quin~ashyessencia do fen6meno da educa~ao ou da pedagogla a que ninguem pode ficar insensivel seja ta~ I0uco objecto de estudo cientifico ou mesmo metafonco a nivel universit3rio nos paises do novo mundo e que mesmo quanto aos do velho mundo tenhamos de constatar que nas llitimas decadas houve urn quase total abandono do problema para dar lugar ao

estudo da tecnologia da didactica e da metodologia Sao apenas alguns investigadores-individuos que por uma c0f1pe~~~~o9~se intuitiva e ditadapelo desenvolvlmento qJase a8ls~e aOmundo moaelt1l5Constatam a necessiaade de-S~~ar

~ solmfeste problema fund _ nta que se chama _ed~c~pound~(Lcig~rDia~~ -no mana r que] nao se 1 a algum 0 pro lema da transmissao dos coJihecimentos e da cultura ou de uma rentabilidade a curto ou longo prazo mas que descuidaria au igI)oraria a globalidad~ (ias dimensoes do ser humano C )raquo (Van Herreweghe 1986 34)

Como escreveu Gaston Bachelard antes de maismiddot importa saber colocar problemas E diga-se 0 que se disser na vida cientifica os problemas nao se colocam por si pr6prios Eprecisamente esse sentido do problema que e a marea do verdadeiro espfrito cientifico que e0 nervo do progresso (Bachelard 1938 14 29) Qual 0 sentido do problema pedag6gico

Todas as pedagogias se presumem concep~oes

fen6meno educacional Qual a metodologia de acesso a-racioriiiIiaaaiiaeste objecto

_ A nossa modernidadedescobriu 0 sujeito e a cienciaexperimental mas menosprezou a intersubjectividade e a racionalidade comunicacional A recente rehabilita~ao da Ret6rica -a antiga arte do discurso persuasivo - mostrou as condi~oes de possibilidade de uma racionalidade argumentativa como logica do razoavel do preferivel Sendo 0 homem essencialmente um animal mor~lporque vive fundamentalmente de

valores a RetOrica pode mesmo ser considerada como 0 novo discurso do metodo dos diferentes usos da razao de uma razao inscrita na sensibilidade e envolvida em emo~oes E sendo a razaoretOrica uma razao dial6gica etica e tolerante na medida em que tem considerafao pelo outro a Ret6rica aparece tambem como a metodologia propria de uma racio~dade democratica pluralistaAssiD da crise do sujeito epis~mic9 (~)n~ce lttsljeito etico e a possiJiiTiaacIetaate-diumaetica racional-com(j de uma racionalidade etica que na opiniao de Emannuel Uvinas e a racionalidade primeira ou

(YLJ~9a e4H~poundomiddot ltKant lnspfiiiCIoem ROuifstmr- filosofia primeira (Uvinas in AAVV 1989 199~) certamente que admirava pensava que 0 grande segredo da perfei~ao da natureza humana esta numa boa educa~ao (Kant 1803 37 38) E como se Ie num lexica pedag6gico alemao so se pode falar de Pedagogia quando a questiio da melbor educa~ao se torna a mola de estudos e ac~oes diversos (Groothoff 1964 214) Temosentao~a

Como concluiu Chlltelet a razao ainda nao chegou a idade da razao Alguma vez l8 chegara Isso depende dohomem e s6 dele (Chatelet 1992 163)

Eis um quadro epistemo16gico em que 0 objecto proposto para a Pedagogia e vaIidamente pensavel e indispensavel para a maioridade da raziio e a cientificidade pr6pria da educa~ao E se a

glaquonerica ejulgo ~nsensual ~~~ode P~daH0giaepistemologia de uma ciencia ea teoria do metodo 1i a cienci dl boaeducafao Qual 0 seu objecto

a objectOe metO$ que distinguem uma ciencia consistemria constrU~o de uma problematica isto e um conjunto de questoes (articuladas sobre uma questao central) num espa~ te6rico (definido por conceitos fundamentais e problemas te6ricos) como observa Bernard Charlot Um conceito eo resultado de um trabalho de abstrac~o e de generaliza~ao das caracterfsticas essenciais de um objecto

de constru~o da validade do seu conhecimento cujo i criterio e a verificabilidade e a comunicabilidade entiio 0 metoda mais adequado a especificidade do objectodJ1Pedagogla consfstira em reuIiir fut_eiplaquoE~~r_e~onfr9lt~X ~a90S obTectivos e suojectivoscom vista ao consenso sobre princfpios

de var[cf~~a2 _~ Jla~oiii~isi~os seu~ alares E um ritftQqo que pode ser caracterizado como

I ~er~lIDltko-arKu~entativo ~as e tambem Consiste num conjunto de rela~oes das rela~oesmiddot e~erimental na medlda em que argumentar euma que 0 constituem e das rela~oes com outros conceitos E 0 trabalho de conceptualiza(ao que confere estatuto cientffico a um saber ou seja que o qualifica como instrumento de inteligibilidade (Charlot1995 31) Se assim e parece que 0 objecto formal da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao podera resumlr~se nestes tennos-(fescreverocampo e formular 08 problein_asda-e~~~ra~nifCar e responder asu~ qyestiio llrus Fijiclame~al ~quela que esta sufiJacente-ELsobredewrmirfa as outras deduzir da ~~~PQsect~ encontradap1lcfpios de_~_cyao deViaamente arIDlglentados (re)pensar it luz da problematiza~ao e com os conceitos ehiborados 0

--eJqierlncia intersubjectiva de (con)validafao de opinioes-hipoteses fundadas em dados (observa~oes experiencias conhecimentos) obtidos par diferentes metodos Como escreveu Jacques Ardoino dizer que 0 que eespecmcamente humano e sempre tambem naturalmente opaco e releva par conseguinte tanto senao mais de uma hermeneutica como do esfor~o e~pli~ativo e~nsi~tir -o caracter simultaneamente bJectlvo 7subJectIvo lmplicado e sobretudo polemreo do umverso a que pertence e reconhecer a necessidade de uma analise multireferencial como uma leitura plural sob diferentes angulos em fumao de sistemas de

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referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

19

0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

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utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

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Page 5: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

e deve fazer contra ventos e mares a unidade das ciencias da educacao (in Marmoz 1991 21 23) Na mesma sessao G Mialaret constatava Nao ha actualmente grande teoria pedagogica que faca a sintese de todas as correntes e que integre todos os problemas que a educacao se coloca hoje Por outras palavras uma teoria que permitisse reunir todas as ciencias da educacao e ocupar 0 espaco epistemologico permitindo situar cada uma das disciplinas segundo um esquema claro coerente e dinamico Em sua opiniao a extensaoe a compreensao do co neeito de educacao - a sua polissemia - torna dificil encontrar um denominador comum a todas as ciencias e construir urn a teoria geral universal no sentido forte do termo (in Marmoz1991 32 33)

Nao obstante Louis Not por e~~p~~J~nsa ~e uma ciencia pr6pria-dae4t~tao_~~eC~fs~~a e possiveL KriiI)oramiddotdesde a antiguidade ate ao um doseculo XIX a pratica da educa~ao e 0 conhecimento que dela se tem sejam designados pelo termo unico de pedagogia observa que falar de pedagogia e hoje retrogado na moda estao as ciencias da educacao (Not 1984 17) Reconhecendo que as Ciencias da Educacao significaram uma mudan~a radical quanta as concep~oes da investigacao e do saber em materia de educacao uma verdadeira ruptura epistemologica a pluridisciplinaridade constata no entanto que por detras da diversidade das abordagens escondeshyse a negacao pura e simples da ideia de que possa haver uma ciencia especifica da educacao E considerando que nenhuma das Ciencias da Educacao por si pode evitar a dispersao a centrifugacao que ameaca a investiga~ao educacional L Not considera que 0 modelo cientifico apropriado it investiga~ao em educa~ao s6 pode ser um modelo interdisciplinar centrado sobre UMA ciencia especifica da educacao em relacao com diversas ciencias a que se pode chamar auxiliares utilizando um metodo integrativo das suas diversas abordagens como 0 mais adequado ao problema que colocam as interaccoes convergencias ou conflitos que aparecem entre as duas dimensoes do projecto educativo a dimensao pessoal e a dimensao social E propos que se chamasse Educiencia (p 22 17 36 259)

Tambein Guy Avanzini entre outros considerou Pedagogia um termo inadequado tanto pela sua conota~ao normati~a com~por ~esignar apenas a educa~ao da crianca (in Marmoz 1991 183) 0 estatuto da Pedagogia Bofre tambem da tradicional

desvalorizacao do saber pratico como sublinhou A Prost a que pode acrescentar-se no microcosmo universitario 0 peso da investigacao nas

representacoes e carreiras e a fraca importancia do ensino (Prost 1985 211) Acresce a tradicional carga pejorativa do pedagogo(como nota 0

Dicionario da lingua pedag6gica de Paul Foulquie e cujo eco se pode encontrar na sua definicao por urn vulgar dicionario ingles como pedantic teach~r) Enfim 0 singular Pedagogia como argumentou-Debesse j~ nao ~ria peztinencia num campomiddot ere -estudos tao plural como e hoje a ecIUCa~ao --

-middot~t8s0Qjfil=soesao(lom) nome d~ Pedagogia nao sao irrefutaveis No que respeita it objeccao terminologica tainbem a Psicologia e a Politica por i

exemplo tern etimos restritivos a primeira refereshy sea3l~ri segunda acitjpde E que tern a Musica

hoje-aver com as musas A objeccao normativa toca toda~as ~i~ncia_s que ~~~jJdmge~p~laquoula~ao metafisica Quanto a natureza pratica do saber

-relativo it educacao todos os saberes visam afinal directa ouindirectamente a sua aplicacao E nao se fala cada vez mais de Pedagogia universit8ria De resto assim como ha Politica Teoria politica Ciencia politica e Ciencias politicas Direito Teoria juridica Ciencia juridica e Ciencias juridicas Medicina e CHncias medicas eate Musica e Ciencias musicais tambem ha Pedigogia~ Teoria pedag6gica Ciencia pedag6gica e Ciencias pedag6gicas alem das Ciencias da Educacao Segundo Olivier Reboul por exemplo as Ciencias da Educacao sao disciplinas que tem por objecto urn aspecto da educacao mas tern estatutos epistemolQgicos diferenciados conforme esse obje~to for parcial ou exclusivo No primeiro caso sao apenas ciencias aplicadas it educacao como ramos te6ricos das respectivas ciencias que entram em rela~oes de interdisciplinaridade No segundomiddotcaso estao as ciencias nascidas da pratica da educacao sao as Ciencias pedagogicas Jose Cabanas distingue entre ciencias do facto educacional e cienCias do acto educativo e considera sem sentido que alguem pretencla ser especialista em Ciencias cfilEdupoundacao dada a sua diversidade Pelo contrario ~~wdoo seritido User especialista em Pedagowa (Cabanas 1983 97 104 195) Enfim lIo que re~peita it imagem burlesca do pedagogo nao e uma singularidade nem e irremediavel Os medicos por exemplo continuaram a ser ate nao ha muito-temPQ personagens de Moliere

J Chateau autor do primeiro projecto de criacao ltJemiddotgraus academicos para OB estudos em materia de educacao em Franca como vimos preferia 0 titulo Pedagogia mais CllrfoQoJjanto

mabauissou~l-_~s~e-afietmeamiddotse -aPCiooCJduo-EltJetrnmmiddotmiddot9 0middotdc91rnenfflri0~~aamiddotrumQ~~oorie-a l ~ cu

pane doscasosapenas pa~a melhor fazer passar a

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mercadoria (in Marmoz 1991 13 29) Gilles FerrY--que anunciaraem 1967 a Marteaa PeaaE6gfa~-rectificou~~J~=-tarde~m~u~-(fa pedagQ~a 4o~tica ralsamente saDia (Ferry 1987 19) Frandne Best recofibecendo a neeessidade de um saber globalizante e de urn termo generieo no campo da educa~ao e de opiniao que ele deve User designado pelo termo pedagogia afinal verdadeiramente um termo pan-europeu (Best 1988 165 168) Para Constantin Xypas e missao da pedagogia -cienca_~~~d~_=-~laquoLpor exe~l~ncia - integrar 0 eontributo das outras dlsciplinas num todo coerente (Xypas 1985 29) Tambem Jean Piaget considerou a Pedagogia uma dencia e das mais dificeisdevido it-complexidade dos facto res emjogo ltPiaget 1969 13)

A universalidade da denominacao Pedagogia e do seu campo semantico econfirmada pelo inquerito sobre a natureza e a importiincia do ensina das cit~ncias da educa~iio levado a cabo no ambito da Unesco em 1984-1985 Foi distribuido um questionario a mais de 1500 estabelecimentos de ensino superior em todos os Estados membros da Unesco e responderam 273 instituicoes de 84 pruses de todos os continentes Das respostas ressalta em primeiro lugar uma grande diversidade terminol6giea logo na propria denomina~ao das instituicoes Constata-se que cerca de 50 institui~s se denominam (University Faculty Institute College Department FacuIte Institut Escuela ) de EducaYao cerea de 20 denominam-se (lnstitut Faculte Faculdade ) de Ciencias da Educacao (Sciences de leducation Sciences of Education Erziehungswissenschaften ) outras 20 denominam-se (Universidad Faculty Department Academy Faeulte Institut Institute Hochschule Seminar ) de Pedagogia (Pedagogie Padagogische Pedagogical Ciendas Pedagogicas ) algumas combinam diferentes expressoes (Van Herreweghe 1986)

De resto nenhuma alternativa ao termo Pedagogia vingou ate it data nem Pedotecnica proposta por Decroly em 1906 para designar a tecnica da educaYao da crianca nemAntropagogia proposta por Adam para designar a ciencia da educa~ao permanente de todo 0 ser humano nem Educologia termo utilizado por Elisabeth Steiner Maeda em 1964 numa comunicarao a xxa

Conferencia anual da Sociedadede Filosofia da Eduea~ao e proposto por J Christensen em 1984 no V Congresso Mundia de Educarao Com parada em Paris nem a Educiencia proposta por L Not (ef Cabanas in AAVV 1983) Em todo 0 caso se expulsa pe1a PCrta aPedJgQIiliregr~sectIl_~ pela janela nao e pedag6gico 0 significante comum de

todas as pretensoes de bondade ern materia de educacao Urn termo que da sempre a antender que se sabe do que se esta a falar (Beillerot 1983 7) Enfim ae as Ciencias da Educa~ao nasceram sem 0 pecado original da Pedagogia - filha da crianca e do escravo - a sua imagem tambem nao e gratificante como se Ie no citado inquerito da Unesco segundo 0 qual as Ciencias da EltIuca~ao fazemt ~uj~s ezes figur~ de J~~~~e P9pre no conjunto das disciplinas universitarias e 0 seu enSiiiomiddoteSU- sobieludo HKld9 li formaaodos prore8sores VanHerreweghe 1986 100 104) Hesiite portanto ajJedagogi-l 0_~9~l~ia_da educacao na expressao cIii1iint (1803 48) e sao mwtos osautares quecompartiInam essa heranc~____ Mas outros ha que ou a substituem por uma concep~ao imperialista e passada da Filosofia da Educacao ou a reduzem it Didactica (aos meios cabendo os fins it Filosofia) Olivier Reboul por exemplo propos esta summa divisio it Filosofia da Educa~ao compete a reflexao sobre os fins da educa~ao as Ciencias da Educa~iio estudam 0 seu objeeto particularmente a criama a Pedagogia tem como objecto os seus meios (Reboul 1971) E Gilbert de Landsheere esereveu Sem Filosofia directora a investiga~ao educacional apenas etecnicidade sem alma t )E pois a Filosofia que cabe atribuir um fim a educa~ao e coordenar os meios utilizados (Landsheere 1976 12) Pelo contrario Nanine ~ Charbonnel por exemplo pronuncia-se contra a ideiii-ae i~(QJnQ~~fQ~lsectaria ~ptatiC~ cris outros emv~re[e~~ _e pensaque lie aPecJ~gogia entendida no sentid_lt9liheimiano de teoIja pr~ti~a clue e preCIso reconhecer 0 direito a enunciados i7fiIissoqii-~JEterii~~~ descritivQ~ _e pr~~~rltivos (Charbonnel 1988 125116 cf ainda por exempl6 Hubert 1949 Sciacca 1960 Leif amp Rustin 1967 Leveque amp Best 1969 Santos 1969 Blanes 1972 Planchard 1979) Na introdu~ao ao conhecido Traite des sciences pedagogiques Robert Dottrens e Gaston Mialaret exprimem uma opiniao equilibrada a este respeito A Pedagogia tem com a educa~ao as relac0e19ueJ ClenSla_~ip~om a ~Acrescentemos simplesmente que se -aiguma~~J~9f)Jemlaquoo~~iis eleglige~cent~~do pera clenela nunca O_AflY~Lsect~r~JJL~~gogla(Dottrense MiaIaret 1969 30) - shy

No que respeita Ii Filosofia da Educa~ao ela e a mais antiga das Ciencias da Educarao como disciplina tradicional dOB fins A hist6ria do pensamento pedagogico e principalmente uma histOria filos6fica E par isso urna legftima cieneia da educa~ao sobretudo como hist6ria das filosofias da educatrao Deve mesmo reeonhecer-se que uma forma~ao filos6fica e aquela que melhor habilita

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em prinClplO para a teoriza~ao pedag6gica Na verdade 0 pensamento filos6fico continua a ser 0

pensamento racionalpoIexc~Iencia pela sua visao totalizante no espa~o e no tempoe preocupa~ao com 0 homem como sujeito respons~vel pela sua hist6ria Por isso como escreveu C Bernard deg espirito filos6ico deve reinar nao apenas sobre todas as ciencias mas sobre todos os conhecimentos humanos pois represents a inspira~ao eternada razao humana para 0 conhecimento do

~ -desconhecido (dkin Foulquie 1954 114) A Oganiza~ao das Na~oes Unidas para a Educa~ao a Ciencia e a Cultura (Unesco) pode ate ser considerada como uma institui~o filos6fica (Droit 1995 33)~ Mas a Filosofia nem sequer tem um objecto seu como disse Fran~ois Chatelet e principalmente um metodo que vai buscar os seus objectos Ii uma realidade exterior que para os Gregos era essencialmente a Politica e hoje e a Etica Em sua opiniao eis 0 que a Filosofia tem de insubstituivel e que me parece ser a questao filosofica por excelencia da nossa epoea 0 que e que is so vale - no sentido nietzscheano do termo (Chatelet 1992 56 57 158)

Por conseguinte se a Filosofia da Educasaoe a ciencia da educa~ao malS a1fzil-da concep~secto de pedagQgj5LJJue_ vai ser proposta esta conde com certas concep~oesdaquela adma referidas assim como e irredutivel e indissoluvel na(s) Didactica(s)

UMA CONCEPCAO DA PEDAGOGIA

- A educayao e talvez 0 mais complexo fen6meno da vida sobre a Terra E por isso 0 saber mais diffcil mas tambem 0 mais importante como sempre se reconheceu Citarei apenas a conhecida opiniao de Kant que considerou a educa~ao 0

maior e mais arduo problema que nos pode ser proposto e uma das duas coisas cuja descoberta pode ser considerada como a maie dificil para a humanidade a arte de governar as homens e a de educa~]os (Kant 1803 39 40) Tao diffcil que Freud escreveu em 1925 no prefacio a um livro de August Aichorn (Juventude abandonada) Ja ha muito tempo que fiz minha a gra~a que diz que he tres oficios impossiveis educar curar governar Opiniao que retoma reformulada com mais for~a em 1937 no artigo Die endliche und die unendliche Analyse (Analise com fim e sem fim) Quase parece que analisar e0 terceiro desses oficios imposslveis nos qua~s se tem apartida a certeza de urn sucesso insuficiente Os dois outrosmiddot conhecidos desde ha muito mais tempo sao educar e governar (cit in Cifali 1987 114 115 116)

Este parado~o da eF~_s~g(2d~_i_11J-rs~ibl~dade _dl educapoundao eem_~~u el~E~e0EoOl~mamaior a~llE1_~den~j3ltqpri_~ d_~ e~gpound~~g tta ongem de todos os paradoxos que 0 Dictionnaire de Pedagogie de F Buisson defildu como sendo as proposi~oes aparentemente incompatfveis a que a teoria da educa~ao de Iugar (Buisson 1882 807) Tendo 0

fen6meno educacional um conteudo bio~cultural e multidimensional os seus paradoxos emergem ds rela~ao entre cultura e natureza sociedade e individuo autoridadee liberdade Se~middotua multidimensionalidade proibe a absolutiza~ao de qualquer aspecto ou qualquer monop6lio metodo16gico a sua multidisciplinaridade suscita a questao da comunica~ao entre as dencias de que e objecto Eis todo 0 problema de uma cienda da educa~ao independente (Scheuerl Reitz cit in Van Herreweghe 1986 27 29) Mas que ciencia e que independencia

Aextensao e diversidade do campo ds educayfto tornam ~Eensavel tanto uma unica super-ciencia daeduca~_~Enomiddot i( Pt~~ij_~~~_de qualquer das Q~nltt~ILcl_~Educa~~o de sati~flJ~er a sua r~conh~~4~ ~~~ndi_~f9llEdade Nem uma possIve] Didactica geraf tendo por -Cibjecto os aspectos comuns a todOs os processos de aprendizagem os invariantes das didacticas ou pedagogias especiais pode dar conta da globalidade do campo da educa~ao Mas se a ciencia que falta ao campo da educaao nao pode conceber-se como a Ciencia da Educa~ao nem como Interdidactica tambem nao deve ser concebida como mais uma entre as Ciencias da Educa~ao Mas podeedeve ter como objecto s6 e +

todaj a educafdo~-isto e apenasfmas tudo 0 que ~rta ~ eaucajaoe tornai~sea1egltima fnsbncia de tEloriza~~o e operacionaliza~ao das suas abordagens diversas a partir de umalreblematica nuclear constituinte da sua valiaade e sucesso especfficos~ Esta concep~ao c2rresPQIldeem grande medida aiaeia-aePedagogia geral ou te6ricacomo

-CiinCia daeduca9ao em geral quer dizer das questoesoasiciui que se suscitam na educa~ao

como rafit~tronco da arvore das suas dencias auxilfare (Cabanas 1983 103~T04)middot

ara que a Pedagogia possa ser esta cienda de que 0 ca~2~_d~~ducl~~oJiecisa- jtilgo que e necessaria come~ar por dialecttzar 0 seu conceito a maneira de Gaston Bachelard Para este influente fil6sofo da ciencia urn conceito nao dialectizado e um conceito diminufdo por sobrecarga do seu contudo que 0 impede de user delicadamente sensfvel a todas as varia~oes das condi~oes em que ele assume as slIas justas funcoes (Bachelard 1940 187) Por isso parece-me que a dialectiza~ao da Pedagogia deve come~ar por duas distin~oes

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i -J1

Em primeiro lugar di~-ingiL~ntre teo1~ e pratica da educa~ao e concljr~Qmo H_M3PID no Dictionnaire de Jiilagogie (1887) de F Buisson

A ped~gQgi3 e C) I rtentjl~ I~ Q~ educ~~lt ao mesmo tempo Mas como e pr~ciso ~fl~QlheI-PniB ii nossa lIriK1_ar~poundl~a elBeral 9~uma mesma palavra delilime ao mEitsmo tempo uma arte e a cienCilicO~~JRO~~ente nat hesitarei em definir a pedagogia si~PIesiiieite ~ ciencia da educa~o Porqu~ant~~ ciencia qy~-EotIDe ( ) a substaDmamiddotdap~dagltuQa~Ets~D11Jito I~~Qs ~s procedimentoa que ela P~D pratica d~ qye nas razoes te6rica pelas 9Y~j~ala encontra eases procedime~tos os julga e os co()r~~naraquo t

- Depois distinguir entremiddot instru~a9~edllca9J no sentido ap-o-nt8dopor J ltThtau por-exenfpJo que gostaria qle se distinguisse mel~or do ~ le faz muitas vezes entre edtiea~ao ~ il1stru~Jio porque gtfa e(fu_c~~~qc2n~uz Rarao ~1Q C) hurnaniza ( ) Pelo eontnirio a instrui~o aEU~ -_dpta t )

I da lugar numa fifaW-~~~trtlpounda() ~s~_~~tfu~El a educa~ao~ urns questao de ~ent~~o (in Marmoz 1991 14)

A dialectiza~o ~a Pedagogiarleve tQ~~larpela busea da sua dif~ren~a ~sped_fi~ll Je~I_H~~

$~tuou a espe~n~~~de laquoaR~elag~(aiieltr ~gt lDidactica e as Cl~t~la~g~~At~a~ao AOTido daquele que sabe do saber a trarismitir ao lado daquele que sabe do saber sobre a educa~ao h8 aquele que sabe do pedag6gico que s6 pode serlun te6rico-pratico da educa~ao 0 escravo-pedagogo (entre os gregos e os roIilanos) julgou Iibertar-se

tornando-se sabio por renlincia a sua especificidade disciplinas e ciencias da educarao sao as suas duas

tenta~oes permanentes (in Marmoz 1991 39 46) Penso tambem que 0 objecto da Pedagogia deve

situar-se na fissura existente entre a teoria e a pratica mas como valor-acrescentado a uma e outra Com efeito 0 sentido da teoria e a pnltica e se grande numero de professores sofrem de alergia a teoria eporque dela tiveram experiencias sobretudo negativas Nao obstante se toda a pratica (e instrumento) subentende uma teoria boa ou mashya melhor pratica e aquela que e esclarecida pela melhor teoria Mas uma teoria nao e um m~saico de conhecimentos Quando um(a)professor(a) diz que durante a sua forma~ao aprendeu umas coisas disto e daquilo quer dizer que nao sabe que fazer com 0 que supostamente aprendeu porque os saberes plurais e parcelares que Ihe foram proporcionados nae middotfomiddotram transformados na unidade de uma cultura pedag6gicg e no sentido da correspondente conscienciaprof[ssionaZ Esta e em

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minha opiniao a insubstitufvel e exigente missao da Pedagogia relativamente as Ciencias da Eduea~ao e na formarao dos educadores

Vern a prop6sito chamar a aten~ao para 0 mals recente e importante documento comunitario sobre a educacento 0 Livro Branco sobre a Educafdo e a Formafoo Ensinar e Aprender Rumo d Sociedade Cognitiva (Comunidades Europeias 1995) Nele se considera nomeadamente que uma cultura vasta shyliteraria e filos6fica cientffica tecnica e pratica shyeurn imperativo tanto da forma~ao inieial como d-s ac~5es de reconversao de trabalhadores Por iSBo assiste-se a um regresso em fortri da cultura geraZ porque uma base s6lida de cultura geral confere ao cidadao meios para se orientar na sociedade de informarao isto e para ser capaz de situar e compreender de forma critica as imagens e os dados que Ihe chegam de multiplas fontes (p15) Componente fundamental de uma cultura geral e indispensavel a cidadania democratiea e obviamente uma cultura cientifica suficiente - a nao reduzir it cultura matematica Por isso a fun~ao principal da escola deve consistir no desenvolvimento da capacidade de compreensao do mundo isto e da capacidade para captar 0

significado das coisas compreender e formular jufzos que e tanto 0 alicerce da conseiencia e da cidadania europeia como 0 primeiro factor de adapta~ao a evolurao da economia e do emprego I

(p14 13) EsUVevolufdfpoundCl~1Eic~ana vi~~ ~a illEortancia da educ~x(UL~~~lO europeu~ um insuspeito e inesperado argumento a 1iiVoraa coneep~ao e missao da Pedagogia que esta a ser proposta

A concePrao da Pedag()gia C9ITo discipJi~a fundamental dacuTtura consci~IlcJ e lt()mp~tecla aOEjeajicaaQJeli~~Y~ em mlnha oJi~iQsatisfaz~r tr~L~~futcias Jlcipai~ cQreSIoJq~LtQg4mo Prqp(~Cd~ ~dyqlri-o estar a altura dos valores cQitli~ciment91u~ nflcessidades do j3ell tempo e ~r uma validade de principio universal

o primeiro passo para a descooerta da fonte do genio da educarao sera a identificarao - atraves ~e uma especie de redufoo eidetica - da quintamiddotessencta de que fala Van Herrenweghe no seu RelatOrio do citado inquerito mundial

-~

laquoE pois surpreendente que a propria quin~ashyessencia do fen6meno da educa~ao ou da pedagogla a que ninguem pode ficar insensivel seja ta~ I0uco objecto de estudo cientifico ou mesmo metafonco a nivel universit3rio nos paises do novo mundo e que mesmo quanto aos do velho mundo tenhamos de constatar que nas llitimas decadas houve urn quase total abandono do problema para dar lugar ao

estudo da tecnologia da didactica e da metodologia Sao apenas alguns investigadores-individuos que por uma c0f1pe~~~~o9~se intuitiva e ditadapelo desenvolvlmento qJase a8ls~e aOmundo moaelt1l5Constatam a necessiaade de-S~~ar

~ solmfeste problema fund _ nta que se chama _ed~c~pound~(Lcig~rDia~~ -no mana r que] nao se 1 a algum 0 pro lema da transmissao dos coJihecimentos e da cultura ou de uma rentabilidade a curto ou longo prazo mas que descuidaria au igI)oraria a globalidad~ (ias dimensoes do ser humano C )raquo (Van Herreweghe 1986 34)

Como escreveu Gaston Bachelard antes de maismiddot importa saber colocar problemas E diga-se 0 que se disser na vida cientifica os problemas nao se colocam por si pr6prios Eprecisamente esse sentido do problema que e a marea do verdadeiro espfrito cientifico que e0 nervo do progresso (Bachelard 1938 14 29) Qual 0 sentido do problema pedag6gico

Todas as pedagogias se presumem concep~oes

fen6meno educacional Qual a metodologia de acesso a-racioriiiIiaaaiiaeste objecto

_ A nossa modernidadedescobriu 0 sujeito e a cienciaexperimental mas menosprezou a intersubjectividade e a racionalidade comunicacional A recente rehabilita~ao da Ret6rica -a antiga arte do discurso persuasivo - mostrou as condi~oes de possibilidade de uma racionalidade argumentativa como logica do razoavel do preferivel Sendo 0 homem essencialmente um animal mor~lporque vive fundamentalmente de

valores a RetOrica pode mesmo ser considerada como 0 novo discurso do metodo dos diferentes usos da razao de uma razao inscrita na sensibilidade e envolvida em emo~oes E sendo a razaoretOrica uma razao dial6gica etica e tolerante na medida em que tem considerafao pelo outro a Ret6rica aparece tambem como a metodologia propria de uma racio~dade democratica pluralistaAssiD da crise do sujeito epis~mic9 (~)n~ce lttsljeito etico e a possiJiiTiaacIetaate-diumaetica racional-com(j de uma racionalidade etica que na opiniao de Emannuel Uvinas e a racionalidade primeira ou

(YLJ~9a e4H~poundomiddot ltKant lnspfiiiCIoem ROuifstmr- filosofia primeira (Uvinas in AAVV 1989 199~) certamente que admirava pensava que 0 grande segredo da perfei~ao da natureza humana esta numa boa educa~ao (Kant 1803 37 38) E como se Ie num lexica pedag6gico alemao so se pode falar de Pedagogia quando a questiio da melbor educa~ao se torna a mola de estudos e ac~oes diversos (Groothoff 1964 214) Temosentao~a

Como concluiu Chlltelet a razao ainda nao chegou a idade da razao Alguma vez l8 chegara Isso depende dohomem e s6 dele (Chatelet 1992 163)

Eis um quadro epistemo16gico em que 0 objecto proposto para a Pedagogia e vaIidamente pensavel e indispensavel para a maioridade da raziio e a cientificidade pr6pria da educa~ao E se a

glaquonerica ejulgo ~nsensual ~~~ode P~daH0giaepistemologia de uma ciencia ea teoria do metodo 1i a cienci dl boaeducafao Qual 0 seu objecto

a objectOe metO$ que distinguem uma ciencia consistemria constrU~o de uma problematica isto e um conjunto de questoes (articuladas sobre uma questao central) num espa~ te6rico (definido por conceitos fundamentais e problemas te6ricos) como observa Bernard Charlot Um conceito eo resultado de um trabalho de abstrac~o e de generaliza~ao das caracterfsticas essenciais de um objecto

de constru~o da validade do seu conhecimento cujo i criterio e a verificabilidade e a comunicabilidade entiio 0 metoda mais adequado a especificidade do objectodJ1Pedagogla consfstira em reuIiir fut_eiplaquoE~~r_e~onfr9lt~X ~a90S obTectivos e suojectivoscom vista ao consenso sobre princfpios

de var[cf~~a2 _~ Jla~oiii~isi~os seu~ alares E um ritftQqo que pode ser caracterizado como

I ~er~lIDltko-arKu~entativo ~as e tambem Consiste num conjunto de rela~oes das rela~oesmiddot e~erimental na medlda em que argumentar euma que 0 constituem e das rela~oes com outros conceitos E 0 trabalho de conceptualiza(ao que confere estatuto cientffico a um saber ou seja que o qualifica como instrumento de inteligibilidade (Charlot1995 31) Se assim e parece que 0 objecto formal da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao podera resumlr~se nestes tennos-(fescreverocampo e formular 08 problein_asda-e~~~ra~nifCar e responder asu~ qyestiio llrus Fijiclame~al ~quela que esta sufiJacente-ELsobredewrmirfa as outras deduzir da ~~~PQsect~ encontradap1lcfpios de_~_cyao deViaamente arIDlglentados (re)pensar it luz da problematiza~ao e com os conceitos ehiborados 0

--eJqierlncia intersubjectiva de (con)validafao de opinioes-hipoteses fundadas em dados (observa~oes experiencias conhecimentos) obtidos par diferentes metodos Como escreveu Jacques Ardoino dizer que 0 que eespecmcamente humano e sempre tambem naturalmente opaco e releva par conseguinte tanto senao mais de uma hermeneutica como do esfor~o e~pli~ativo e~nsi~tir -o caracter simultaneamente bJectlvo 7subJectIvo lmplicado e sobretudo polemreo do umverso a que pertence e reconhecer a necessidade de uma analise multireferencial como uma leitura plural sob diferentes angulos em fumao de sistemas de

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referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

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0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

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utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

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Page 6: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

mercadoria (in Marmoz 1991 13 29) Gilles FerrY--que anunciaraem 1967 a Marteaa PeaaE6gfa~-rectificou~~J~=-tarde~m~u~-(fa pedagQ~a 4o~tica ralsamente saDia (Ferry 1987 19) Frandne Best recofibecendo a neeessidade de um saber globalizante e de urn termo generieo no campo da educa~ao e de opiniao que ele deve User designado pelo termo pedagogia afinal verdadeiramente um termo pan-europeu (Best 1988 165 168) Para Constantin Xypas e missao da pedagogia -cienca_~~~d~_=-~laquoLpor exe~l~ncia - integrar 0 eontributo das outras dlsciplinas num todo coerente (Xypas 1985 29) Tambem Jean Piaget considerou a Pedagogia uma dencia e das mais dificeisdevido it-complexidade dos facto res emjogo ltPiaget 1969 13)

A universalidade da denominacao Pedagogia e do seu campo semantico econfirmada pelo inquerito sobre a natureza e a importiincia do ensina das cit~ncias da educa~iio levado a cabo no ambito da Unesco em 1984-1985 Foi distribuido um questionario a mais de 1500 estabelecimentos de ensino superior em todos os Estados membros da Unesco e responderam 273 instituicoes de 84 pruses de todos os continentes Das respostas ressalta em primeiro lugar uma grande diversidade terminol6giea logo na propria denomina~ao das instituicoes Constata-se que cerca de 50 institui~s se denominam (University Faculty Institute College Department FacuIte Institut Escuela ) de EducaYao cerea de 20 denominam-se (lnstitut Faculte Faculdade ) de Ciencias da Educacao (Sciences de leducation Sciences of Education Erziehungswissenschaften ) outras 20 denominam-se (Universidad Faculty Department Academy Faeulte Institut Institute Hochschule Seminar ) de Pedagogia (Pedagogie Padagogische Pedagogical Ciendas Pedagogicas ) algumas combinam diferentes expressoes (Van Herreweghe 1986)

De resto nenhuma alternativa ao termo Pedagogia vingou ate it data nem Pedotecnica proposta por Decroly em 1906 para designar a tecnica da educaYao da crianca nemAntropagogia proposta por Adam para designar a ciencia da educa~ao permanente de todo 0 ser humano nem Educologia termo utilizado por Elisabeth Steiner Maeda em 1964 numa comunicarao a xxa

Conferencia anual da Sociedadede Filosofia da Eduea~ao e proposto por J Christensen em 1984 no V Congresso Mundia de Educarao Com parada em Paris nem a Educiencia proposta por L Not (ef Cabanas in AAVV 1983) Em todo 0 caso se expulsa pe1a PCrta aPedJgQIiliregr~sectIl_~ pela janela nao e pedag6gico 0 significante comum de

todas as pretensoes de bondade ern materia de educacao Urn termo que da sempre a antender que se sabe do que se esta a falar (Beillerot 1983 7) Enfim ae as Ciencias da Educa~ao nasceram sem 0 pecado original da Pedagogia - filha da crianca e do escravo - a sua imagem tambem nao e gratificante como se Ie no citado inquerito da Unesco segundo 0 qual as Ciencias da EltIuca~ao fazemt ~uj~s ezes figur~ de J~~~~e P9pre no conjunto das disciplinas universitarias e 0 seu enSiiiomiddoteSU- sobieludo HKld9 li formaaodos prore8sores VanHerreweghe 1986 100 104) Hesiite portanto ajJedagogi-l 0_~9~l~ia_da educacao na expressao cIii1iint (1803 48) e sao mwtos osautares quecompartiInam essa heranc~____ Mas outros ha que ou a substituem por uma concep~ao imperialista e passada da Filosofia da Educacao ou a reduzem it Didactica (aos meios cabendo os fins it Filosofia) Olivier Reboul por exemplo propos esta summa divisio it Filosofia da Educa~ao compete a reflexao sobre os fins da educa~ao as Ciencias da Educa~iio estudam 0 seu objeeto particularmente a criama a Pedagogia tem como objecto os seus meios (Reboul 1971) E Gilbert de Landsheere esereveu Sem Filosofia directora a investiga~ao educacional apenas etecnicidade sem alma t )E pois a Filosofia que cabe atribuir um fim a educa~ao e coordenar os meios utilizados (Landsheere 1976 12) Pelo contrario Nanine ~ Charbonnel por exemplo pronuncia-se contra a ideiii-ae i~(QJnQ~~fQ~lsectaria ~ptatiC~ cris outros emv~re[e~~ _e pensaque lie aPecJ~gogia entendida no sentid_lt9liheimiano de teoIja pr~ti~a clue e preCIso reconhecer 0 direito a enunciados i7fiIissoqii-~JEterii~~~ descritivQ~ _e pr~~~rltivos (Charbonnel 1988 125116 cf ainda por exempl6 Hubert 1949 Sciacca 1960 Leif amp Rustin 1967 Leveque amp Best 1969 Santos 1969 Blanes 1972 Planchard 1979) Na introdu~ao ao conhecido Traite des sciences pedagogiques Robert Dottrens e Gaston Mialaret exprimem uma opiniao equilibrada a este respeito A Pedagogia tem com a educa~ao as relac0e19ueJ ClenSla_~ip~om a ~Acrescentemos simplesmente que se -aiguma~~J~9f)Jemlaquoo~~iis eleglige~cent~~do pera clenela nunca O_AflY~Lsect~r~JJL~~gogla(Dottrense MiaIaret 1969 30) - shy

No que respeita Ii Filosofia da Educa~ao ela e a mais antiga das Ciencias da Educarao como disciplina tradicional dOB fins A hist6ria do pensamento pedagogico e principalmente uma histOria filos6fica E par isso urna legftima cieneia da educa~ao sobretudo como hist6ria das filosofias da educatrao Deve mesmo reeonhecer-se que uma forma~ao filos6fica e aquela que melhor habilita

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em prinClplO para a teoriza~ao pedag6gica Na verdade 0 pensamento filos6fico continua a ser 0

pensamento racionalpoIexc~Iencia pela sua visao totalizante no espa~o e no tempoe preocupa~ao com 0 homem como sujeito respons~vel pela sua hist6ria Por isso como escreveu C Bernard deg espirito filos6ico deve reinar nao apenas sobre todas as ciencias mas sobre todos os conhecimentos humanos pois represents a inspira~ao eternada razao humana para 0 conhecimento do

~ -desconhecido (dkin Foulquie 1954 114) A Oganiza~ao das Na~oes Unidas para a Educa~ao a Ciencia e a Cultura (Unesco) pode ate ser considerada como uma institui~o filos6fica (Droit 1995 33)~ Mas a Filosofia nem sequer tem um objecto seu como disse Fran~ois Chatelet e principalmente um metodo que vai buscar os seus objectos Ii uma realidade exterior que para os Gregos era essencialmente a Politica e hoje e a Etica Em sua opiniao eis 0 que a Filosofia tem de insubstituivel e que me parece ser a questao filosofica por excelencia da nossa epoea 0 que e que is so vale - no sentido nietzscheano do termo (Chatelet 1992 56 57 158)

Por conseguinte se a Filosofia da Educasaoe a ciencia da educa~ao malS a1fzil-da concep~secto de pedagQgj5LJJue_ vai ser proposta esta conde com certas concep~oesdaquela adma referidas assim como e irredutivel e indissoluvel na(s) Didactica(s)

UMA CONCEPCAO DA PEDAGOGIA

- A educayao e talvez 0 mais complexo fen6meno da vida sobre a Terra E por isso 0 saber mais diffcil mas tambem 0 mais importante como sempre se reconheceu Citarei apenas a conhecida opiniao de Kant que considerou a educa~ao 0

maior e mais arduo problema que nos pode ser proposto e uma das duas coisas cuja descoberta pode ser considerada como a maie dificil para a humanidade a arte de governar as homens e a de educa~]os (Kant 1803 39 40) Tao diffcil que Freud escreveu em 1925 no prefacio a um livro de August Aichorn (Juventude abandonada) Ja ha muito tempo que fiz minha a gra~a que diz que he tres oficios impossiveis educar curar governar Opiniao que retoma reformulada com mais for~a em 1937 no artigo Die endliche und die unendliche Analyse (Analise com fim e sem fim) Quase parece que analisar e0 terceiro desses oficios imposslveis nos qua~s se tem apartida a certeza de urn sucesso insuficiente Os dois outrosmiddot conhecidos desde ha muito mais tempo sao educar e governar (cit in Cifali 1987 114 115 116)

Este parado~o da eF~_s~g(2d~_i_11J-rs~ibl~dade _dl educapoundao eem_~~u el~E~e0EoOl~mamaior a~llE1_~den~j3ltqpri_~ d_~ e~gpound~~g tta ongem de todos os paradoxos que 0 Dictionnaire de Pedagogie de F Buisson defildu como sendo as proposi~oes aparentemente incompatfveis a que a teoria da educa~ao de Iugar (Buisson 1882 807) Tendo 0

fen6meno educacional um conteudo bio~cultural e multidimensional os seus paradoxos emergem ds rela~ao entre cultura e natureza sociedade e individuo autoridadee liberdade Se~middotua multidimensionalidade proibe a absolutiza~ao de qualquer aspecto ou qualquer monop6lio metodo16gico a sua multidisciplinaridade suscita a questao da comunica~ao entre as dencias de que e objecto Eis todo 0 problema de uma cienda da educa~ao independente (Scheuerl Reitz cit in Van Herreweghe 1986 27 29) Mas que ciencia e que independencia

Aextensao e diversidade do campo ds educayfto tornam ~Eensavel tanto uma unica super-ciencia daeduca~_~Enomiddot i( Pt~~ij_~~~_de qualquer das Q~nltt~ILcl_~Educa~~o de sati~flJ~er a sua r~conh~~4~ ~~~ndi_~f9llEdade Nem uma possIve] Didactica geraf tendo por -Cibjecto os aspectos comuns a todOs os processos de aprendizagem os invariantes das didacticas ou pedagogias especiais pode dar conta da globalidade do campo da educa~ao Mas se a ciencia que falta ao campo da educaao nao pode conceber-se como a Ciencia da Educa~ao nem como Interdidactica tambem nao deve ser concebida como mais uma entre as Ciencias da Educa~ao Mas podeedeve ter como objecto s6 e +

todaj a educafdo~-isto e apenasfmas tudo 0 que ~rta ~ eaucajaoe tornai~sea1egltima fnsbncia de tEloriza~~o e operacionaliza~ao das suas abordagens diversas a partir de umalreblematica nuclear constituinte da sua valiaade e sucesso especfficos~ Esta concep~ao c2rresPQIldeem grande medida aiaeia-aePedagogia geral ou te6ricacomo

-CiinCia daeduca9ao em geral quer dizer das questoesoasiciui que se suscitam na educa~ao

como rafit~tronco da arvore das suas dencias auxilfare (Cabanas 1983 103~T04)middot

ara que a Pedagogia possa ser esta cienda de que 0 ca~2~_d~~ducl~~oJiecisa- jtilgo que e necessaria come~ar por dialecttzar 0 seu conceito a maneira de Gaston Bachelard Para este influente fil6sofo da ciencia urn conceito nao dialectizado e um conceito diminufdo por sobrecarga do seu contudo que 0 impede de user delicadamente sensfvel a todas as varia~oes das condi~oes em que ele assume as slIas justas funcoes (Bachelard 1940 187) Por isso parece-me que a dialectiza~ao da Pedagogia deve come~ar por duas distin~oes

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i -J1

Em primeiro lugar di~-ingiL~ntre teo1~ e pratica da educa~ao e concljr~Qmo H_M3PID no Dictionnaire de Jiilagogie (1887) de F Buisson

A ped~gQgi3 e C) I rtentjl~ I~ Q~ educ~~lt ao mesmo tempo Mas como e pr~ciso ~fl~QlheI-PniB ii nossa lIriK1_ar~poundl~a elBeral 9~uma mesma palavra delilime ao mEitsmo tempo uma arte e a cienCilicO~~JRO~~ente nat hesitarei em definir a pedagogia si~PIesiiieite ~ ciencia da educa~o Porqu~ant~~ ciencia qy~-EotIDe ( ) a substaDmamiddotdap~dagltuQa~Ets~D11Jito I~~Qs ~s procedimentoa que ela P~D pratica d~ qye nas razoes te6rica pelas 9Y~j~ala encontra eases procedime~tos os julga e os co()r~~naraquo t

- Depois distinguir entremiddot instru~a9~edllca9J no sentido ap-o-nt8dopor J ltThtau por-exenfpJo que gostaria qle se distinguisse mel~or do ~ le faz muitas vezes entre edtiea~ao ~ il1stru~Jio porque gtfa e(fu_c~~~qc2n~uz Rarao ~1Q C) hurnaniza ( ) Pelo eontnirio a instrui~o aEU~ -_dpta t )

I da lugar numa fifaW-~~~trtlpounda() ~s~_~~tfu~El a educa~ao~ urns questao de ~ent~~o (in Marmoz 1991 14)

A dialectiza~o ~a Pedagogiarleve tQ~~larpela busea da sua dif~ren~a ~sped_fi~ll Je~I_H~~

$~tuou a espe~n~~~de laquoaR~elag~(aiieltr ~gt lDidactica e as Cl~t~la~g~~At~a~ao AOTido daquele que sabe do saber a trarismitir ao lado daquele que sabe do saber sobre a educa~ao h8 aquele que sabe do pedag6gico que s6 pode serlun te6rico-pratico da educa~ao 0 escravo-pedagogo (entre os gregos e os roIilanos) julgou Iibertar-se

tornando-se sabio por renlincia a sua especificidade disciplinas e ciencias da educarao sao as suas duas

tenta~oes permanentes (in Marmoz 1991 39 46) Penso tambem que 0 objecto da Pedagogia deve

situar-se na fissura existente entre a teoria e a pratica mas como valor-acrescentado a uma e outra Com efeito 0 sentido da teoria e a pnltica e se grande numero de professores sofrem de alergia a teoria eporque dela tiveram experiencias sobretudo negativas Nao obstante se toda a pratica (e instrumento) subentende uma teoria boa ou mashya melhor pratica e aquela que e esclarecida pela melhor teoria Mas uma teoria nao e um m~saico de conhecimentos Quando um(a)professor(a) diz que durante a sua forma~ao aprendeu umas coisas disto e daquilo quer dizer que nao sabe que fazer com 0 que supostamente aprendeu porque os saberes plurais e parcelares que Ihe foram proporcionados nae middotfomiddotram transformados na unidade de uma cultura pedag6gicg e no sentido da correspondente conscienciaprof[ssionaZ Esta e em

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minha opiniao a insubstitufvel e exigente missao da Pedagogia relativamente as Ciencias da Eduea~ao e na formarao dos educadores

Vern a prop6sito chamar a aten~ao para 0 mals recente e importante documento comunitario sobre a educacento 0 Livro Branco sobre a Educafdo e a Formafoo Ensinar e Aprender Rumo d Sociedade Cognitiva (Comunidades Europeias 1995) Nele se considera nomeadamente que uma cultura vasta shyliteraria e filos6fica cientffica tecnica e pratica shyeurn imperativo tanto da forma~ao inieial como d-s ac~5es de reconversao de trabalhadores Por iSBo assiste-se a um regresso em fortri da cultura geraZ porque uma base s6lida de cultura geral confere ao cidadao meios para se orientar na sociedade de informarao isto e para ser capaz de situar e compreender de forma critica as imagens e os dados que Ihe chegam de multiplas fontes (p15) Componente fundamental de uma cultura geral e indispensavel a cidadania democratiea e obviamente uma cultura cientifica suficiente - a nao reduzir it cultura matematica Por isso a fun~ao principal da escola deve consistir no desenvolvimento da capacidade de compreensao do mundo isto e da capacidade para captar 0

significado das coisas compreender e formular jufzos que e tanto 0 alicerce da conseiencia e da cidadania europeia como 0 primeiro factor de adapta~ao a evolurao da economia e do emprego I

(p14 13) EsUVevolufdfpoundCl~1Eic~ana vi~~ ~a illEortancia da educ~x(UL~~~lO europeu~ um insuspeito e inesperado argumento a 1iiVoraa coneep~ao e missao da Pedagogia que esta a ser proposta

A concePrao da Pedag()gia C9ITo discipJi~a fundamental dacuTtura consci~IlcJ e lt()mp~tecla aOEjeajicaaQJeli~~Y~ em mlnha oJi~iQsatisfaz~r tr~L~~futcias Jlcipai~ cQreSIoJq~LtQg4mo Prqp(~Cd~ ~dyqlri-o estar a altura dos valores cQitli~ciment91u~ nflcessidades do j3ell tempo e ~r uma validade de principio universal

o primeiro passo para a descooerta da fonte do genio da educarao sera a identificarao - atraves ~e uma especie de redufoo eidetica - da quintamiddotessencta de que fala Van Herrenweghe no seu RelatOrio do citado inquerito mundial

-~

laquoE pois surpreendente que a propria quin~ashyessencia do fen6meno da educa~ao ou da pedagogla a que ninguem pode ficar insensivel seja ta~ I0uco objecto de estudo cientifico ou mesmo metafonco a nivel universit3rio nos paises do novo mundo e que mesmo quanto aos do velho mundo tenhamos de constatar que nas llitimas decadas houve urn quase total abandono do problema para dar lugar ao

estudo da tecnologia da didactica e da metodologia Sao apenas alguns investigadores-individuos que por uma c0f1pe~~~~o9~se intuitiva e ditadapelo desenvolvlmento qJase a8ls~e aOmundo moaelt1l5Constatam a necessiaade de-S~~ar

~ solmfeste problema fund _ nta que se chama _ed~c~pound~(Lcig~rDia~~ -no mana r que] nao se 1 a algum 0 pro lema da transmissao dos coJihecimentos e da cultura ou de uma rentabilidade a curto ou longo prazo mas que descuidaria au igI)oraria a globalidad~ (ias dimensoes do ser humano C )raquo (Van Herreweghe 1986 34)

Como escreveu Gaston Bachelard antes de maismiddot importa saber colocar problemas E diga-se 0 que se disser na vida cientifica os problemas nao se colocam por si pr6prios Eprecisamente esse sentido do problema que e a marea do verdadeiro espfrito cientifico que e0 nervo do progresso (Bachelard 1938 14 29) Qual 0 sentido do problema pedag6gico

Todas as pedagogias se presumem concep~oes

fen6meno educacional Qual a metodologia de acesso a-racioriiiIiaaaiiaeste objecto

_ A nossa modernidadedescobriu 0 sujeito e a cienciaexperimental mas menosprezou a intersubjectividade e a racionalidade comunicacional A recente rehabilita~ao da Ret6rica -a antiga arte do discurso persuasivo - mostrou as condi~oes de possibilidade de uma racionalidade argumentativa como logica do razoavel do preferivel Sendo 0 homem essencialmente um animal mor~lporque vive fundamentalmente de

valores a RetOrica pode mesmo ser considerada como 0 novo discurso do metodo dos diferentes usos da razao de uma razao inscrita na sensibilidade e envolvida em emo~oes E sendo a razaoretOrica uma razao dial6gica etica e tolerante na medida em que tem considerafao pelo outro a Ret6rica aparece tambem como a metodologia propria de uma racio~dade democratica pluralistaAssiD da crise do sujeito epis~mic9 (~)n~ce lttsljeito etico e a possiJiiTiaacIetaate-diumaetica racional-com(j de uma racionalidade etica que na opiniao de Emannuel Uvinas e a racionalidade primeira ou

(YLJ~9a e4H~poundomiddot ltKant lnspfiiiCIoem ROuifstmr- filosofia primeira (Uvinas in AAVV 1989 199~) certamente que admirava pensava que 0 grande segredo da perfei~ao da natureza humana esta numa boa educa~ao (Kant 1803 37 38) E como se Ie num lexica pedag6gico alemao so se pode falar de Pedagogia quando a questiio da melbor educa~ao se torna a mola de estudos e ac~oes diversos (Groothoff 1964 214) Temosentao~a

Como concluiu Chlltelet a razao ainda nao chegou a idade da razao Alguma vez l8 chegara Isso depende dohomem e s6 dele (Chatelet 1992 163)

Eis um quadro epistemo16gico em que 0 objecto proposto para a Pedagogia e vaIidamente pensavel e indispensavel para a maioridade da raziio e a cientificidade pr6pria da educa~ao E se a

glaquonerica ejulgo ~nsensual ~~~ode P~daH0giaepistemologia de uma ciencia ea teoria do metodo 1i a cienci dl boaeducafao Qual 0 seu objecto

a objectOe metO$ que distinguem uma ciencia consistemria constrU~o de uma problematica isto e um conjunto de questoes (articuladas sobre uma questao central) num espa~ te6rico (definido por conceitos fundamentais e problemas te6ricos) como observa Bernard Charlot Um conceito eo resultado de um trabalho de abstrac~o e de generaliza~ao das caracterfsticas essenciais de um objecto

de constru~o da validade do seu conhecimento cujo i criterio e a verificabilidade e a comunicabilidade entiio 0 metoda mais adequado a especificidade do objectodJ1Pedagogla consfstira em reuIiir fut_eiplaquoE~~r_e~onfr9lt~X ~a90S obTectivos e suojectivoscom vista ao consenso sobre princfpios

de var[cf~~a2 _~ Jla~oiii~isi~os seu~ alares E um ritftQqo que pode ser caracterizado como

I ~er~lIDltko-arKu~entativo ~as e tambem Consiste num conjunto de rela~oes das rela~oesmiddot e~erimental na medlda em que argumentar euma que 0 constituem e das rela~oes com outros conceitos E 0 trabalho de conceptualiza(ao que confere estatuto cientffico a um saber ou seja que o qualifica como instrumento de inteligibilidade (Charlot1995 31) Se assim e parece que 0 objecto formal da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao podera resumlr~se nestes tennos-(fescreverocampo e formular 08 problein_asda-e~~~ra~nifCar e responder asu~ qyestiio llrus Fijiclame~al ~quela que esta sufiJacente-ELsobredewrmirfa as outras deduzir da ~~~PQsect~ encontradap1lcfpios de_~_cyao deViaamente arIDlglentados (re)pensar it luz da problematiza~ao e com os conceitos ehiborados 0

--eJqierlncia intersubjectiva de (con)validafao de opinioes-hipoteses fundadas em dados (observa~oes experiencias conhecimentos) obtidos par diferentes metodos Como escreveu Jacques Ardoino dizer que 0 que eespecmcamente humano e sempre tambem naturalmente opaco e releva par conseguinte tanto senao mais de uma hermeneutica como do esfor~o e~pli~ativo e~nsi~tir -o caracter simultaneamente bJectlvo 7subJectIvo lmplicado e sobretudo polemreo do umverso a que pertence e reconhecer a necessidade de uma analise multireferencial como uma leitura plural sob diferentes angulos em fumao de sistemas de

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referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

19

0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

20

utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

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Page 7: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

em prinClplO para a teoriza~ao pedag6gica Na verdade 0 pensamento filos6fico continua a ser 0

pensamento racionalpoIexc~Iencia pela sua visao totalizante no espa~o e no tempoe preocupa~ao com 0 homem como sujeito respons~vel pela sua hist6ria Por isso como escreveu C Bernard deg espirito filos6ico deve reinar nao apenas sobre todas as ciencias mas sobre todos os conhecimentos humanos pois represents a inspira~ao eternada razao humana para 0 conhecimento do

~ -desconhecido (dkin Foulquie 1954 114) A Oganiza~ao das Na~oes Unidas para a Educa~ao a Ciencia e a Cultura (Unesco) pode ate ser considerada como uma institui~o filos6fica (Droit 1995 33)~ Mas a Filosofia nem sequer tem um objecto seu como disse Fran~ois Chatelet e principalmente um metodo que vai buscar os seus objectos Ii uma realidade exterior que para os Gregos era essencialmente a Politica e hoje e a Etica Em sua opiniao eis 0 que a Filosofia tem de insubstituivel e que me parece ser a questao filosofica por excelencia da nossa epoea 0 que e que is so vale - no sentido nietzscheano do termo (Chatelet 1992 56 57 158)

Por conseguinte se a Filosofia da Educasaoe a ciencia da educa~ao malS a1fzil-da concep~secto de pedagQgj5LJJue_ vai ser proposta esta conde com certas concep~oesdaquela adma referidas assim como e irredutivel e indissoluvel na(s) Didactica(s)

UMA CONCEPCAO DA PEDAGOGIA

- A educayao e talvez 0 mais complexo fen6meno da vida sobre a Terra E por isso 0 saber mais diffcil mas tambem 0 mais importante como sempre se reconheceu Citarei apenas a conhecida opiniao de Kant que considerou a educa~ao 0

maior e mais arduo problema que nos pode ser proposto e uma das duas coisas cuja descoberta pode ser considerada como a maie dificil para a humanidade a arte de governar as homens e a de educa~]os (Kant 1803 39 40) Tao diffcil que Freud escreveu em 1925 no prefacio a um livro de August Aichorn (Juventude abandonada) Ja ha muito tempo que fiz minha a gra~a que diz que he tres oficios impossiveis educar curar governar Opiniao que retoma reformulada com mais for~a em 1937 no artigo Die endliche und die unendliche Analyse (Analise com fim e sem fim) Quase parece que analisar e0 terceiro desses oficios imposslveis nos qua~s se tem apartida a certeza de urn sucesso insuficiente Os dois outrosmiddot conhecidos desde ha muito mais tempo sao educar e governar (cit in Cifali 1987 114 115 116)

Este parado~o da eF~_s~g(2d~_i_11J-rs~ibl~dade _dl educapoundao eem_~~u el~E~e0EoOl~mamaior a~llE1_~den~j3ltqpri_~ d_~ e~gpound~~g tta ongem de todos os paradoxos que 0 Dictionnaire de Pedagogie de F Buisson defildu como sendo as proposi~oes aparentemente incompatfveis a que a teoria da educa~ao de Iugar (Buisson 1882 807) Tendo 0

fen6meno educacional um conteudo bio~cultural e multidimensional os seus paradoxos emergem ds rela~ao entre cultura e natureza sociedade e individuo autoridadee liberdade Se~middotua multidimensionalidade proibe a absolutiza~ao de qualquer aspecto ou qualquer monop6lio metodo16gico a sua multidisciplinaridade suscita a questao da comunica~ao entre as dencias de que e objecto Eis todo 0 problema de uma cienda da educa~ao independente (Scheuerl Reitz cit in Van Herreweghe 1986 27 29) Mas que ciencia e que independencia

Aextensao e diversidade do campo ds educayfto tornam ~Eensavel tanto uma unica super-ciencia daeduca~_~Enomiddot i( Pt~~ij_~~~_de qualquer das Q~nltt~ILcl_~Educa~~o de sati~flJ~er a sua r~conh~~4~ ~~~ndi_~f9llEdade Nem uma possIve] Didactica geraf tendo por -Cibjecto os aspectos comuns a todOs os processos de aprendizagem os invariantes das didacticas ou pedagogias especiais pode dar conta da globalidade do campo da educa~ao Mas se a ciencia que falta ao campo da educaao nao pode conceber-se como a Ciencia da Educa~ao nem como Interdidactica tambem nao deve ser concebida como mais uma entre as Ciencias da Educa~ao Mas podeedeve ter como objecto s6 e +

todaj a educafdo~-isto e apenasfmas tudo 0 que ~rta ~ eaucajaoe tornai~sea1egltima fnsbncia de tEloriza~~o e operacionaliza~ao das suas abordagens diversas a partir de umalreblematica nuclear constituinte da sua valiaade e sucesso especfficos~ Esta concep~ao c2rresPQIldeem grande medida aiaeia-aePedagogia geral ou te6ricacomo

-CiinCia daeduca9ao em geral quer dizer das questoesoasiciui que se suscitam na educa~ao

como rafit~tronco da arvore das suas dencias auxilfare (Cabanas 1983 103~T04)middot

ara que a Pedagogia possa ser esta cienda de que 0 ca~2~_d~~ducl~~oJiecisa- jtilgo que e necessaria come~ar por dialecttzar 0 seu conceito a maneira de Gaston Bachelard Para este influente fil6sofo da ciencia urn conceito nao dialectizado e um conceito diminufdo por sobrecarga do seu contudo que 0 impede de user delicadamente sensfvel a todas as varia~oes das condi~oes em que ele assume as slIas justas funcoes (Bachelard 1940 187) Por isso parece-me que a dialectiza~ao da Pedagogia deve come~ar por duas distin~oes

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i -J1

Em primeiro lugar di~-ingiL~ntre teo1~ e pratica da educa~ao e concljr~Qmo H_M3PID no Dictionnaire de Jiilagogie (1887) de F Buisson

A ped~gQgi3 e C) I rtentjl~ I~ Q~ educ~~lt ao mesmo tempo Mas como e pr~ciso ~fl~QlheI-PniB ii nossa lIriK1_ar~poundl~a elBeral 9~uma mesma palavra delilime ao mEitsmo tempo uma arte e a cienCilicO~~JRO~~ente nat hesitarei em definir a pedagogia si~PIesiiieite ~ ciencia da educa~o Porqu~ant~~ ciencia qy~-EotIDe ( ) a substaDmamiddotdap~dagltuQa~Ets~D11Jito I~~Qs ~s procedimentoa que ela P~D pratica d~ qye nas razoes te6rica pelas 9Y~j~ala encontra eases procedime~tos os julga e os co()r~~naraquo t

- Depois distinguir entremiddot instru~a9~edllca9J no sentido ap-o-nt8dopor J ltThtau por-exenfpJo que gostaria qle se distinguisse mel~or do ~ le faz muitas vezes entre edtiea~ao ~ il1stru~Jio porque gtfa e(fu_c~~~qc2n~uz Rarao ~1Q C) hurnaniza ( ) Pelo eontnirio a instrui~o aEU~ -_dpta t )

I da lugar numa fifaW-~~~trtlpounda() ~s~_~~tfu~El a educa~ao~ urns questao de ~ent~~o (in Marmoz 1991 14)

A dialectiza~o ~a Pedagogiarleve tQ~~larpela busea da sua dif~ren~a ~sped_fi~ll Je~I_H~~

$~tuou a espe~n~~~de laquoaR~elag~(aiieltr ~gt lDidactica e as Cl~t~la~g~~At~a~ao AOTido daquele que sabe do saber a trarismitir ao lado daquele que sabe do saber sobre a educa~ao h8 aquele que sabe do pedag6gico que s6 pode serlun te6rico-pratico da educa~ao 0 escravo-pedagogo (entre os gregos e os roIilanos) julgou Iibertar-se

tornando-se sabio por renlincia a sua especificidade disciplinas e ciencias da educarao sao as suas duas

tenta~oes permanentes (in Marmoz 1991 39 46) Penso tambem que 0 objecto da Pedagogia deve

situar-se na fissura existente entre a teoria e a pratica mas como valor-acrescentado a uma e outra Com efeito 0 sentido da teoria e a pnltica e se grande numero de professores sofrem de alergia a teoria eporque dela tiveram experiencias sobretudo negativas Nao obstante se toda a pratica (e instrumento) subentende uma teoria boa ou mashya melhor pratica e aquela que e esclarecida pela melhor teoria Mas uma teoria nao e um m~saico de conhecimentos Quando um(a)professor(a) diz que durante a sua forma~ao aprendeu umas coisas disto e daquilo quer dizer que nao sabe que fazer com 0 que supostamente aprendeu porque os saberes plurais e parcelares que Ihe foram proporcionados nae middotfomiddotram transformados na unidade de uma cultura pedag6gicg e no sentido da correspondente conscienciaprof[ssionaZ Esta e em

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minha opiniao a insubstitufvel e exigente missao da Pedagogia relativamente as Ciencias da Eduea~ao e na formarao dos educadores

Vern a prop6sito chamar a aten~ao para 0 mals recente e importante documento comunitario sobre a educacento 0 Livro Branco sobre a Educafdo e a Formafoo Ensinar e Aprender Rumo d Sociedade Cognitiva (Comunidades Europeias 1995) Nele se considera nomeadamente que uma cultura vasta shyliteraria e filos6fica cientffica tecnica e pratica shyeurn imperativo tanto da forma~ao inieial como d-s ac~5es de reconversao de trabalhadores Por iSBo assiste-se a um regresso em fortri da cultura geraZ porque uma base s6lida de cultura geral confere ao cidadao meios para se orientar na sociedade de informarao isto e para ser capaz de situar e compreender de forma critica as imagens e os dados que Ihe chegam de multiplas fontes (p15) Componente fundamental de uma cultura geral e indispensavel a cidadania democratiea e obviamente uma cultura cientifica suficiente - a nao reduzir it cultura matematica Por isso a fun~ao principal da escola deve consistir no desenvolvimento da capacidade de compreensao do mundo isto e da capacidade para captar 0

significado das coisas compreender e formular jufzos que e tanto 0 alicerce da conseiencia e da cidadania europeia como 0 primeiro factor de adapta~ao a evolurao da economia e do emprego I

(p14 13) EsUVevolufdfpoundCl~1Eic~ana vi~~ ~a illEortancia da educ~x(UL~~~lO europeu~ um insuspeito e inesperado argumento a 1iiVoraa coneep~ao e missao da Pedagogia que esta a ser proposta

A concePrao da Pedag()gia C9ITo discipJi~a fundamental dacuTtura consci~IlcJ e lt()mp~tecla aOEjeajicaaQJeli~~Y~ em mlnha oJi~iQsatisfaz~r tr~L~~futcias Jlcipai~ cQreSIoJq~LtQg4mo Prqp(~Cd~ ~dyqlri-o estar a altura dos valores cQitli~ciment91u~ nflcessidades do j3ell tempo e ~r uma validade de principio universal

o primeiro passo para a descooerta da fonte do genio da educarao sera a identificarao - atraves ~e uma especie de redufoo eidetica - da quintamiddotessencta de que fala Van Herrenweghe no seu RelatOrio do citado inquerito mundial

-~

laquoE pois surpreendente que a propria quin~ashyessencia do fen6meno da educa~ao ou da pedagogla a que ninguem pode ficar insensivel seja ta~ I0uco objecto de estudo cientifico ou mesmo metafonco a nivel universit3rio nos paises do novo mundo e que mesmo quanto aos do velho mundo tenhamos de constatar que nas llitimas decadas houve urn quase total abandono do problema para dar lugar ao

estudo da tecnologia da didactica e da metodologia Sao apenas alguns investigadores-individuos que por uma c0f1pe~~~~o9~se intuitiva e ditadapelo desenvolvlmento qJase a8ls~e aOmundo moaelt1l5Constatam a necessiaade de-S~~ar

~ solmfeste problema fund _ nta que se chama _ed~c~pound~(Lcig~rDia~~ -no mana r que] nao se 1 a algum 0 pro lema da transmissao dos coJihecimentos e da cultura ou de uma rentabilidade a curto ou longo prazo mas que descuidaria au igI)oraria a globalidad~ (ias dimensoes do ser humano C )raquo (Van Herreweghe 1986 34)

Como escreveu Gaston Bachelard antes de maismiddot importa saber colocar problemas E diga-se 0 que se disser na vida cientifica os problemas nao se colocam por si pr6prios Eprecisamente esse sentido do problema que e a marea do verdadeiro espfrito cientifico que e0 nervo do progresso (Bachelard 1938 14 29) Qual 0 sentido do problema pedag6gico

Todas as pedagogias se presumem concep~oes

fen6meno educacional Qual a metodologia de acesso a-racioriiiIiaaaiiaeste objecto

_ A nossa modernidadedescobriu 0 sujeito e a cienciaexperimental mas menosprezou a intersubjectividade e a racionalidade comunicacional A recente rehabilita~ao da Ret6rica -a antiga arte do discurso persuasivo - mostrou as condi~oes de possibilidade de uma racionalidade argumentativa como logica do razoavel do preferivel Sendo 0 homem essencialmente um animal mor~lporque vive fundamentalmente de

valores a RetOrica pode mesmo ser considerada como 0 novo discurso do metodo dos diferentes usos da razao de uma razao inscrita na sensibilidade e envolvida em emo~oes E sendo a razaoretOrica uma razao dial6gica etica e tolerante na medida em que tem considerafao pelo outro a Ret6rica aparece tambem como a metodologia propria de uma racio~dade democratica pluralistaAssiD da crise do sujeito epis~mic9 (~)n~ce lttsljeito etico e a possiJiiTiaacIetaate-diumaetica racional-com(j de uma racionalidade etica que na opiniao de Emannuel Uvinas e a racionalidade primeira ou

(YLJ~9a e4H~poundomiddot ltKant lnspfiiiCIoem ROuifstmr- filosofia primeira (Uvinas in AAVV 1989 199~) certamente que admirava pensava que 0 grande segredo da perfei~ao da natureza humana esta numa boa educa~ao (Kant 1803 37 38) E como se Ie num lexica pedag6gico alemao so se pode falar de Pedagogia quando a questiio da melbor educa~ao se torna a mola de estudos e ac~oes diversos (Groothoff 1964 214) Temosentao~a

Como concluiu Chlltelet a razao ainda nao chegou a idade da razao Alguma vez l8 chegara Isso depende dohomem e s6 dele (Chatelet 1992 163)

Eis um quadro epistemo16gico em que 0 objecto proposto para a Pedagogia e vaIidamente pensavel e indispensavel para a maioridade da raziio e a cientificidade pr6pria da educa~ao E se a

glaquonerica ejulgo ~nsensual ~~~ode P~daH0giaepistemologia de uma ciencia ea teoria do metodo 1i a cienci dl boaeducafao Qual 0 seu objecto

a objectOe metO$ que distinguem uma ciencia consistemria constrU~o de uma problematica isto e um conjunto de questoes (articuladas sobre uma questao central) num espa~ te6rico (definido por conceitos fundamentais e problemas te6ricos) como observa Bernard Charlot Um conceito eo resultado de um trabalho de abstrac~o e de generaliza~ao das caracterfsticas essenciais de um objecto

de constru~o da validade do seu conhecimento cujo i criterio e a verificabilidade e a comunicabilidade entiio 0 metoda mais adequado a especificidade do objectodJ1Pedagogla consfstira em reuIiir fut_eiplaquoE~~r_e~onfr9lt~X ~a90S obTectivos e suojectivoscom vista ao consenso sobre princfpios

de var[cf~~a2 _~ Jla~oiii~isi~os seu~ alares E um ritftQqo que pode ser caracterizado como

I ~er~lIDltko-arKu~entativo ~as e tambem Consiste num conjunto de rela~oes das rela~oesmiddot e~erimental na medlda em que argumentar euma que 0 constituem e das rela~oes com outros conceitos E 0 trabalho de conceptualiza(ao que confere estatuto cientffico a um saber ou seja que o qualifica como instrumento de inteligibilidade (Charlot1995 31) Se assim e parece que 0 objecto formal da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao podera resumlr~se nestes tennos-(fescreverocampo e formular 08 problein_asda-e~~~ra~nifCar e responder asu~ qyestiio llrus Fijiclame~al ~quela que esta sufiJacente-ELsobredewrmirfa as outras deduzir da ~~~PQsect~ encontradap1lcfpios de_~_cyao deViaamente arIDlglentados (re)pensar it luz da problematiza~ao e com os conceitos ehiborados 0

--eJqierlncia intersubjectiva de (con)validafao de opinioes-hipoteses fundadas em dados (observa~oes experiencias conhecimentos) obtidos par diferentes metodos Como escreveu Jacques Ardoino dizer que 0 que eespecmcamente humano e sempre tambem naturalmente opaco e releva par conseguinte tanto senao mais de uma hermeneutica como do esfor~o e~pli~ativo e~nsi~tir -o caracter simultaneamente bJectlvo 7subJectIvo lmplicado e sobretudo polemreo do umverso a que pertence e reconhecer a necessidade de uma analise multireferencial como uma leitura plural sob diferentes angulos em fumao de sistemas de

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referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

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0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

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utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

somos e da necessidade de Dutra educa~ao que nos I s~alve~ n6S-proiffos pa~ ~erII1s 0 ~~bullIlodeElOs

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

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Page 8: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

i -J1

Em primeiro lugar di~-ingiL~ntre teo1~ e pratica da educa~ao e concljr~Qmo H_M3PID no Dictionnaire de Jiilagogie (1887) de F Buisson

A ped~gQgi3 e C) I rtentjl~ I~ Q~ educ~~lt ao mesmo tempo Mas como e pr~ciso ~fl~QlheI-PniB ii nossa lIriK1_ar~poundl~a elBeral 9~uma mesma palavra delilime ao mEitsmo tempo uma arte e a cienCilicO~~JRO~~ente nat hesitarei em definir a pedagogia si~PIesiiieite ~ ciencia da educa~o Porqu~ant~~ ciencia qy~-EotIDe ( ) a substaDmamiddotdap~dagltuQa~Ets~D11Jito I~~Qs ~s procedimentoa que ela P~D pratica d~ qye nas razoes te6rica pelas 9Y~j~ala encontra eases procedime~tos os julga e os co()r~~naraquo t

- Depois distinguir entremiddot instru~a9~edllca9J no sentido ap-o-nt8dopor J ltThtau por-exenfpJo que gostaria qle se distinguisse mel~or do ~ le faz muitas vezes entre edtiea~ao ~ il1stru~Jio porque gtfa e(fu_c~~~qc2n~uz Rarao ~1Q C) hurnaniza ( ) Pelo eontnirio a instrui~o aEU~ -_dpta t )

I da lugar numa fifaW-~~~trtlpounda() ~s~_~~tfu~El a educa~ao~ urns questao de ~ent~~o (in Marmoz 1991 14)

A dialectiza~o ~a Pedagogiarleve tQ~~larpela busea da sua dif~ren~a ~sped_fi~ll Je~I_H~~

$~tuou a espe~n~~~de laquoaR~elag~(aiieltr ~gt lDidactica e as Cl~t~la~g~~At~a~ao AOTido daquele que sabe do saber a trarismitir ao lado daquele que sabe do saber sobre a educa~ao h8 aquele que sabe do pedag6gico que s6 pode serlun te6rico-pratico da educa~ao 0 escravo-pedagogo (entre os gregos e os roIilanos) julgou Iibertar-se

tornando-se sabio por renlincia a sua especificidade disciplinas e ciencias da educarao sao as suas duas

tenta~oes permanentes (in Marmoz 1991 39 46) Penso tambem que 0 objecto da Pedagogia deve

situar-se na fissura existente entre a teoria e a pratica mas como valor-acrescentado a uma e outra Com efeito 0 sentido da teoria e a pnltica e se grande numero de professores sofrem de alergia a teoria eporque dela tiveram experiencias sobretudo negativas Nao obstante se toda a pratica (e instrumento) subentende uma teoria boa ou mashya melhor pratica e aquela que e esclarecida pela melhor teoria Mas uma teoria nao e um m~saico de conhecimentos Quando um(a)professor(a) diz que durante a sua forma~ao aprendeu umas coisas disto e daquilo quer dizer que nao sabe que fazer com 0 que supostamente aprendeu porque os saberes plurais e parcelares que Ihe foram proporcionados nae middotfomiddotram transformados na unidade de uma cultura pedag6gicg e no sentido da correspondente conscienciaprof[ssionaZ Esta e em

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minha opiniao a insubstitufvel e exigente missao da Pedagogia relativamente as Ciencias da Eduea~ao e na formarao dos educadores

Vern a prop6sito chamar a aten~ao para 0 mals recente e importante documento comunitario sobre a educacento 0 Livro Branco sobre a Educafdo e a Formafoo Ensinar e Aprender Rumo d Sociedade Cognitiva (Comunidades Europeias 1995) Nele se considera nomeadamente que uma cultura vasta shyliteraria e filos6fica cientffica tecnica e pratica shyeurn imperativo tanto da forma~ao inieial como d-s ac~5es de reconversao de trabalhadores Por iSBo assiste-se a um regresso em fortri da cultura geraZ porque uma base s6lida de cultura geral confere ao cidadao meios para se orientar na sociedade de informarao isto e para ser capaz de situar e compreender de forma critica as imagens e os dados que Ihe chegam de multiplas fontes (p15) Componente fundamental de uma cultura geral e indispensavel a cidadania democratiea e obviamente uma cultura cientifica suficiente - a nao reduzir it cultura matematica Por isso a fun~ao principal da escola deve consistir no desenvolvimento da capacidade de compreensao do mundo isto e da capacidade para captar 0

significado das coisas compreender e formular jufzos que e tanto 0 alicerce da conseiencia e da cidadania europeia como 0 primeiro factor de adapta~ao a evolurao da economia e do emprego I

(p14 13) EsUVevolufdfpoundCl~1Eic~ana vi~~ ~a illEortancia da educ~x(UL~~~lO europeu~ um insuspeito e inesperado argumento a 1iiVoraa coneep~ao e missao da Pedagogia que esta a ser proposta

A concePrao da Pedag()gia C9ITo discipJi~a fundamental dacuTtura consci~IlcJ e lt()mp~tecla aOEjeajicaaQJeli~~Y~ em mlnha oJi~iQsatisfaz~r tr~L~~futcias Jlcipai~ cQreSIoJq~LtQg4mo Prqp(~Cd~ ~dyqlri-o estar a altura dos valores cQitli~ciment91u~ nflcessidades do j3ell tempo e ~r uma validade de principio universal

o primeiro passo para a descooerta da fonte do genio da educarao sera a identificarao - atraves ~e uma especie de redufoo eidetica - da quintamiddotessencta de que fala Van Herrenweghe no seu RelatOrio do citado inquerito mundial

-~

laquoE pois surpreendente que a propria quin~ashyessencia do fen6meno da educa~ao ou da pedagogla a que ninguem pode ficar insensivel seja ta~ I0uco objecto de estudo cientifico ou mesmo metafonco a nivel universit3rio nos paises do novo mundo e que mesmo quanto aos do velho mundo tenhamos de constatar que nas llitimas decadas houve urn quase total abandono do problema para dar lugar ao

estudo da tecnologia da didactica e da metodologia Sao apenas alguns investigadores-individuos que por uma c0f1pe~~~~o9~se intuitiva e ditadapelo desenvolvlmento qJase a8ls~e aOmundo moaelt1l5Constatam a necessiaade de-S~~ar

~ solmfeste problema fund _ nta que se chama _ed~c~pound~(Lcig~rDia~~ -no mana r que] nao se 1 a algum 0 pro lema da transmissao dos coJihecimentos e da cultura ou de uma rentabilidade a curto ou longo prazo mas que descuidaria au igI)oraria a globalidad~ (ias dimensoes do ser humano C )raquo (Van Herreweghe 1986 34)

Como escreveu Gaston Bachelard antes de maismiddot importa saber colocar problemas E diga-se 0 que se disser na vida cientifica os problemas nao se colocam por si pr6prios Eprecisamente esse sentido do problema que e a marea do verdadeiro espfrito cientifico que e0 nervo do progresso (Bachelard 1938 14 29) Qual 0 sentido do problema pedag6gico

Todas as pedagogias se presumem concep~oes

fen6meno educacional Qual a metodologia de acesso a-racioriiiIiaaaiiaeste objecto

_ A nossa modernidadedescobriu 0 sujeito e a cienciaexperimental mas menosprezou a intersubjectividade e a racionalidade comunicacional A recente rehabilita~ao da Ret6rica -a antiga arte do discurso persuasivo - mostrou as condi~oes de possibilidade de uma racionalidade argumentativa como logica do razoavel do preferivel Sendo 0 homem essencialmente um animal mor~lporque vive fundamentalmente de

valores a RetOrica pode mesmo ser considerada como 0 novo discurso do metodo dos diferentes usos da razao de uma razao inscrita na sensibilidade e envolvida em emo~oes E sendo a razaoretOrica uma razao dial6gica etica e tolerante na medida em que tem considerafao pelo outro a Ret6rica aparece tambem como a metodologia propria de uma racio~dade democratica pluralistaAssiD da crise do sujeito epis~mic9 (~)n~ce lttsljeito etico e a possiJiiTiaacIetaate-diumaetica racional-com(j de uma racionalidade etica que na opiniao de Emannuel Uvinas e a racionalidade primeira ou

(YLJ~9a e4H~poundomiddot ltKant lnspfiiiCIoem ROuifstmr- filosofia primeira (Uvinas in AAVV 1989 199~) certamente que admirava pensava que 0 grande segredo da perfei~ao da natureza humana esta numa boa educa~ao (Kant 1803 37 38) E como se Ie num lexica pedag6gico alemao so se pode falar de Pedagogia quando a questiio da melbor educa~ao se torna a mola de estudos e ac~oes diversos (Groothoff 1964 214) Temosentao~a

Como concluiu Chlltelet a razao ainda nao chegou a idade da razao Alguma vez l8 chegara Isso depende dohomem e s6 dele (Chatelet 1992 163)

Eis um quadro epistemo16gico em que 0 objecto proposto para a Pedagogia e vaIidamente pensavel e indispensavel para a maioridade da raziio e a cientificidade pr6pria da educa~ao E se a

glaquonerica ejulgo ~nsensual ~~~ode P~daH0giaepistemologia de uma ciencia ea teoria do metodo 1i a cienci dl boaeducafao Qual 0 seu objecto

a objectOe metO$ que distinguem uma ciencia consistemria constrU~o de uma problematica isto e um conjunto de questoes (articuladas sobre uma questao central) num espa~ te6rico (definido por conceitos fundamentais e problemas te6ricos) como observa Bernard Charlot Um conceito eo resultado de um trabalho de abstrac~o e de generaliza~ao das caracterfsticas essenciais de um objecto

de constru~o da validade do seu conhecimento cujo i criterio e a verificabilidade e a comunicabilidade entiio 0 metoda mais adequado a especificidade do objectodJ1Pedagogla consfstira em reuIiir fut_eiplaquoE~~r_e~onfr9lt~X ~a90S obTectivos e suojectivoscom vista ao consenso sobre princfpios

de var[cf~~a2 _~ Jla~oiii~isi~os seu~ alares E um ritftQqo que pode ser caracterizado como

I ~er~lIDltko-arKu~entativo ~as e tambem Consiste num conjunto de rela~oes das rela~oesmiddot e~erimental na medlda em que argumentar euma que 0 constituem e das rela~oes com outros conceitos E 0 trabalho de conceptualiza(ao que confere estatuto cientffico a um saber ou seja que o qualifica como instrumento de inteligibilidade (Charlot1995 31) Se assim e parece que 0 objecto formal da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao podera resumlr~se nestes tennos-(fescreverocampo e formular 08 problein_asda-e~~~ra~nifCar e responder asu~ qyestiio llrus Fijiclame~al ~quela que esta sufiJacente-ELsobredewrmirfa as outras deduzir da ~~~PQsect~ encontradap1lcfpios de_~_cyao deViaamente arIDlglentados (re)pensar it luz da problematiza~ao e com os conceitos ehiborados 0

--eJqierlncia intersubjectiva de (con)validafao de opinioes-hipoteses fundadas em dados (observa~oes experiencias conhecimentos) obtidos par diferentes metodos Como escreveu Jacques Ardoino dizer que 0 que eespecmcamente humano e sempre tambem naturalmente opaco e releva par conseguinte tanto senao mais de uma hermeneutica como do esfor~o e~pli~ativo e~nsi~tir -o caracter simultaneamente bJectlvo 7subJectIvo lmplicado e sobretudo polemreo do umverso a que pertence e reconhecer a necessidade de uma analise multireferencial como uma leitura plural sob diferentes angulos em fumao de sistemas de

17

referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

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0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

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utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

somos e da necessidade de Dutra educa~ao que nos I s~alve~ n6S-proiffos pa~ ~erII1s 0 ~~bullIlodeElOs

ser

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

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Page 9: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

estudo da tecnologia da didactica e da metodologia Sao apenas alguns investigadores-individuos que por uma c0f1pe~~~~o9~se intuitiva e ditadapelo desenvolvlmento qJase a8ls~e aOmundo moaelt1l5Constatam a necessiaade de-S~~ar

~ solmfeste problema fund _ nta que se chama _ed~c~pound~(Lcig~rDia~~ -no mana r que] nao se 1 a algum 0 pro lema da transmissao dos coJihecimentos e da cultura ou de uma rentabilidade a curto ou longo prazo mas que descuidaria au igI)oraria a globalidad~ (ias dimensoes do ser humano C )raquo (Van Herreweghe 1986 34)

Como escreveu Gaston Bachelard antes de maismiddot importa saber colocar problemas E diga-se 0 que se disser na vida cientifica os problemas nao se colocam por si pr6prios Eprecisamente esse sentido do problema que e a marea do verdadeiro espfrito cientifico que e0 nervo do progresso (Bachelard 1938 14 29) Qual 0 sentido do problema pedag6gico

Todas as pedagogias se presumem concep~oes

fen6meno educacional Qual a metodologia de acesso a-racioriiiIiaaaiiaeste objecto

_ A nossa modernidadedescobriu 0 sujeito e a cienciaexperimental mas menosprezou a intersubjectividade e a racionalidade comunicacional A recente rehabilita~ao da Ret6rica -a antiga arte do discurso persuasivo - mostrou as condi~oes de possibilidade de uma racionalidade argumentativa como logica do razoavel do preferivel Sendo 0 homem essencialmente um animal mor~lporque vive fundamentalmente de

valores a RetOrica pode mesmo ser considerada como 0 novo discurso do metodo dos diferentes usos da razao de uma razao inscrita na sensibilidade e envolvida em emo~oes E sendo a razaoretOrica uma razao dial6gica etica e tolerante na medida em que tem considerafao pelo outro a Ret6rica aparece tambem como a metodologia propria de uma racio~dade democratica pluralistaAssiD da crise do sujeito epis~mic9 (~)n~ce lttsljeito etico e a possiJiiTiaacIetaate-diumaetica racional-com(j de uma racionalidade etica que na opiniao de Emannuel Uvinas e a racionalidade primeira ou

(YLJ~9a e4H~poundomiddot ltKant lnspfiiiCIoem ROuifstmr- filosofia primeira (Uvinas in AAVV 1989 199~) certamente que admirava pensava que 0 grande segredo da perfei~ao da natureza humana esta numa boa educa~ao (Kant 1803 37 38) E como se Ie num lexica pedag6gico alemao so se pode falar de Pedagogia quando a questiio da melbor educa~ao se torna a mola de estudos e ac~oes diversos (Groothoff 1964 214) Temosentao~a

Como concluiu Chlltelet a razao ainda nao chegou a idade da razao Alguma vez l8 chegara Isso depende dohomem e s6 dele (Chatelet 1992 163)

Eis um quadro epistemo16gico em que 0 objecto proposto para a Pedagogia e vaIidamente pensavel e indispensavel para a maioridade da raziio e a cientificidade pr6pria da educa~ao E se a

glaquonerica ejulgo ~nsensual ~~~ode P~daH0giaepistemologia de uma ciencia ea teoria do metodo 1i a cienci dl boaeducafao Qual 0 seu objecto

a objectOe metO$ que distinguem uma ciencia consistemria constrU~o de uma problematica isto e um conjunto de questoes (articuladas sobre uma questao central) num espa~ te6rico (definido por conceitos fundamentais e problemas te6ricos) como observa Bernard Charlot Um conceito eo resultado de um trabalho de abstrac~o e de generaliza~ao das caracterfsticas essenciais de um objecto

de constru~o da validade do seu conhecimento cujo i criterio e a verificabilidade e a comunicabilidade entiio 0 metoda mais adequado a especificidade do objectodJ1Pedagogla consfstira em reuIiir fut_eiplaquoE~~r_e~onfr9lt~X ~a90S obTectivos e suojectivoscom vista ao consenso sobre princfpios

de var[cf~~a2 _~ Jla~oiii~isi~os seu~ alares E um ritftQqo que pode ser caracterizado como

I ~er~lIDltko-arKu~entativo ~as e tambem Consiste num conjunto de rela~oes das rela~oesmiddot e~erimental na medlda em que argumentar euma que 0 constituem e das rela~oes com outros conceitos E 0 trabalho de conceptualiza(ao que confere estatuto cientffico a um saber ou seja que o qualifica como instrumento de inteligibilidade (Charlot1995 31) Se assim e parece que 0 objecto formal da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao podera resumlr~se nestes tennos-(fescreverocampo e formular 08 problein_asda-e~~~ra~nifCar e responder asu~ qyestiio llrus Fijiclame~al ~quela que esta sufiJacente-ELsobredewrmirfa as outras deduzir da ~~~PQsect~ encontradap1lcfpios de_~_cyao deViaamente arIDlglentados (re)pensar it luz da problematiza~ao e com os conceitos ehiborados 0

--eJqierlncia intersubjectiva de (con)validafao de opinioes-hipoteses fundadas em dados (observa~oes experiencias conhecimentos) obtidos par diferentes metodos Como escreveu Jacques Ardoino dizer que 0 que eespecmcamente humano e sempre tambem naturalmente opaco e releva par conseguinte tanto senao mais de uma hermeneutica como do esfor~o e~pli~ativo e~nsi~tir -o caracter simultaneamente bJectlvo 7subJectIvo lmplicado e sobretudo polemreo do umverso a que pertence e reconhecer a necessidade de uma analise multireferencial como uma leitura plural sob diferentes angulos em fumao de sistemas de

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referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

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0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

20

utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

somos e da necessidade de Dutra educa~ao que nos I s~alve~ n6S-proiffos pa~ ~erII1s 0 ~~bullIlodeElOs

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

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Page 10: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

referencias distintos nao supostos redutiveis uns assim um animal simballeo que 0 h2mempjld~sectlilr aos outros (in Marmoz 1991 176 173) A fortiori definido t~mbem eomo g-~rLLpedagogico Na a educa~ao eomo fen6meno de humaniza~ao e realidadea humanidade au~o-produz--se e $ubjectiva~ao 0 recurso frequentea cltii~6es rio reproduz-sehistoricamente como cultura Cada ser aesenvolvimento deste texto (e alguma hurnano nasee no ber~o de urna cultura particular redundancia porventura) releva desta metodologia e humaniza-se e uniuersaliza-se na medid a em que

Este objecto da Ped~ogia~arece ser portanto pode apropriar-se da sua cultura e do patrim6nio indissollivelnas Ciencias dB Educa~Ao Viiiii6s universal das culturas A educa~aoe a via real de perspeCtiva-Io-middot -- -- _ bull_ acesso ao sentido dos conteudos materiais e nao

As preocupa~Oesimediatas4Qsectle9ca9-~r~s sao materiais da eultura da humanidade Mas seha empreensi~ermel~ as r~la-t~va~ a~_lto~ll~~fiaf consenso qu~~a_educabilidade ele acaba quando recente reeentrasa~ eogmtl~U gItCQlIgtJAalaquojicli(s)middotmiddot Sepassa Ii avalia~ao da sua amphtude no sujeito e]J~tem~oJ~ urn progresso inegavel Mas 0 segundo nivel de problematiza~ao e 0 da sera ellteilJe continuar prisio~_e~r~c~od~lla finalidade da edllcas~o Educar para que Esta e ilusao da et1Hc~~Q~lmo f~sectricygoce ~IIl objecto- geralmente considerada a questiio mais importante sujeito-util ignorando como escreveu Iranfiah De facto nao ha educa~ao nem ac~ao humana em Arendt laquoa unica _qu~~io__a qllal_~~nhum geral que nao seja orientada por valores pela ideia pensamento utilitario podeJamais r~~pp-aerTE de um resultado a alcan~ar que inspira a escolha

qual e a utiIfcIaiIe aa utilida~ como Lessing ados meios metodos e comportamentos mais I formulou urndia sucintamamprrlelt (Arendt 1972 adequados aos fins em vista Hoje os fins da

~1106 107)0 que significa que ~~nti4qd~gue~tao educa~ao sao objecto de um amplo consenso do como educar nao pode fazer a economia da universal Mas no plano nacional raramente sao ques~odo porQu~da ed~ca~oComo esereveram problematizados pelos educadores que se acom~dam

IJ Leite G Rustin urn prolessorquese contentaase a fun~o de meros agentes de urna concep(ao da com ensinar as materias do programa porque lhe ~duca~ao gue re~1-z~ocializatiio a _a~Pfis~~ e sao impostas na~ seria urn verdadeiro educador sutijectivacio a normaliza~ao E podem ate nao ser ainda que se atormentasse infinitamente com os discutfveis Por exemjiro ern Portugal 0 Decreto metodos e os procedimentos Aqui 0 como esta n032629 de 16 de Fevereiro de 1943 prescrevia que subordinado ao Jgtorque (Leif amp Rustin 1970 129) nao deve nas eseolas do magisterio primario darshyEste~lm meu eritender compreende tres ruveis de se guarida a qualquer discussao aeerea dos fins pr661ematiza~ao Ultimos que intenta 0 processo de forma~o dos seres lty OpnIleiro e_~9-~pecessf~M~a educa~ ~()r hurnanos na fase de crescimento Nao possuem Pr que e que a educa~ao e necessaria A respostae um Iado os alunos a forma~ao culturalnecessaria 6bvia e porque 0 ser humano ~ naturalmente para se embrenharem em tao intrincados educduel Eeducavel porque nasee im-perfeito mas problemas nao se encontra por outro lado 0 nosso perfecttuel e a sua perfectibilidade reside na sua pais em estado crftieo de indecisao acerea dOB necessidade e aptidao para a comunica(ao conceitos de vida e de fins da sociedade orientamoshysimb6lica que faz dele um animal simb6lieo nos hoje por urn quadro de valores perfeitamente (Cassirer 1945) ou animal semi6tico (Eco 1973) definido Esse quadro de valores pereceu com 0

isto e produtor (e produto) de signos De facto a regime derrubado pela Revolu~ao de Abril de 1974 educa(ao e um processo - e 0 resultado - de que como se Ie no Preambulo - intocavel ate agora comunicatao transgeracional semelhante a urna - da Constitui~ao de Abril de 1976 restituiu aos transfusao cultural e a um jogo de espelhos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais reprodutor de uma identidade colectiva As e criou as conditoes para a constru~ao de um aprendizagens consistem em comunicatoes - de Estado de Direito democratico aberto a todos os sentimentos de valores de conhecimentos de horizontes de liberdade justita e solidariedade capacidades de atitudes de comportamentos etc E6bvio que uma mudan~ do quadro de valores - atraves das rela~oes interpessoais e sociais de sociais - que sao a fonte imediata dos fins da modo formal e informal consciente e inconsciente educatao - tem consequencias no conteudo e forma permanente internacional na familia na escola da eduea~o como comunicatao Contudo para alem na sociedade e nomeadamente hoje pela TV da variatao ou hierarquizacao dos seus fins Educa~ao e portanto essencialmente comunica~ao constata-se urna grande semelhan~a de program as E mesmo a forma de comunica~ao mais profunda e metodos entre os sistemas escolares por toda a vital e duravel porque geradora das emotoes e parte val ores que estruturam a personalidade E por ser No que diz respeito aos programas imperam os

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saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

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0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

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utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

somos e da necessidade de Dutra educa~ao que nos I s~alve~ n6S-proiffos pa~ ~erII1s 0 ~~bullIlodeElOs

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

24

Page 11: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

saberes de que os sistemas produtivos necessitam e a que as escolas obrigam de urn modo mais ou menos uniforme e coercivo Segundo um estudo feito no quadro da Uniao Europeia as palavras-chave mais frequentemente utilizadas para enunciar os objectivos dos sistemas educativos sao par esta ordem pessoa saberes valores sociedade produtiva e vida social Mas ecomo se ap~sSQafQI~e 0 sOf[Tado pelo qual ritulllm~nte s~J~ra~~tes_deJ~aS~l~L~ boa consciencia~ ~Y~l~~~la~ao Coin efeito COIlle se l~ no Relat6rio desectse est~do 0 pricipio de reahdade e nomeadamente de realdmiddotade economiCa impoe-se muito amplamente em toda a parte (Andrieu 1992) Es~ li~i~~pound~() utiIitarija

de liberdade de cada um nesta hist6ria comum dos ~aIOres Mas oprimado da socializa~~o-sObre a individualiza~aoapEmasse]ustiIica se tamoem se puaer (fizer 0 inverso (Ricoeur 1990 6564) Nesta ciausuladeiecfprocidade emerge um terceiro nivel de problematiza~ao mais profundo que 0 da educabilidade e 0 da finalidade da educalr8o

N a verdade 0 primado dos valores explica 0

primadoda educa~ao moral desde sempre reconhecido e reafirmado e este implica 0 primado damo~alidadEl d~ educa~ ~s~m a razap bt9~6gica da educabllidade e a razao cUltural da finahdade

s9brem-seJ razao etica da I~taqlfe8tiip da legitimidadj dg educafiio que esta subjacente e

do deseI-yClvimento ~as Eessoas nao pode deixar middotsoampreae1iffiiifna todas as outras Eis portanto l de recorrer ametodos autoritarios fortes ou suaves Por isso continua pertinente infelizmente a questao que Piaget colocava ha quase meio saculo e possivel formar personalidades aut6nomas por meio de tecnicas que implicam em graus diversos uma COaClrao intelectual e moral E acrescentava Convem examinar este problema em pormenor porque esta ai 0 problema principal de toda a educa~ao (Piaget 1949 31)

Mas onde a que esta verdadeiramente 0

problema Ou seja qual a questao mais fundamental da educa~ao aquela de que as outras sao a varia~ao e nao apenas a variedade a que se )imita 0 pensamento pre-cientifico como escreveu tambEim Bachelard (1938 30)

A educalrao consiste em aprendizagens Aprender tern uma predominante conota~ao intelectuaI que levas assjmilar frequentemente educalrao e instru~ao 0 conhecimento e urn valor central mas instrumental isto e serve para realizar outros valores No topo da hierarquia dos valores estao os valores morais ou eticos aqueles que dao sentido it vida e regulam as relalroes humanas E por isso que 0 homem mais do que como animal racional pode ser definidocomo animal moral como disse Aranguren (1990 99)

N a realidade a motiva~ao fun~amental do agir humano sao valores Um valor consiste numa rela~iio euma escolha A inscri~ao dos valores numa hist6ria cultural confere-lhe diz Paul Ricoeur essa estranha quase-objectividade que foi sempre a cruz dos filosofos sao eternos ou criados Seja como for cada projecto etico 0 projecto de liberdade de cada um de entre nos surge no meio de uma situa~ao que ja esta eticamente marcada ja tiveram Iugar escolhas preferencias valoriza~oes que se cristalizaram em ualores que cada urn encontra ao despertar para a vida conscienteA e~ll~Mao e justamente Ulll processo de socializa~ao que consiste em grande pa~em iliscrever oprojecto

pais radical das questOes da educa~ao Tao radical que raramente a colocada E quando 0 a rapidamente e desradicalizada por dissolu~ao da

1egitimidade na necessidade e liquidada nas aguas tradicionais

Porque e em quetennos deve colocar-se hoje a metaquestao da legitimidade da educa~ao

PEDAGOGIA DO DIREITO A EDUCAAO

Se 0 poder politico a 0 vertice da piramide do poder social na base esta 0 poder pedag6gico Por isso como escreveram Raphael Levequee Francine Best a filosofia da educalrao tem em comum com a filosofia politica 0 tema do poder 0 seu fundamento e os sellS limites (Leveque e Best 1969 116) Na realidade a educa~ao realiza-se atraves de rela~oes interpessoais e sociais de poder e comunica~ao que resultam numa configuralrao por socializa~ao e subjectiva~ao do homem com e pelo homem Consiste na impressiio de um cardcter que informa conforma e eventualmente deforma Sendo uma modalidade de poder a eduea~ao deve ser tambem problematizada como direito Como esereveu Rousseau no inicio do Capitulo III do Livro primeiro do Contrato social nunea 0 forte a bastante forte para se manter sempre como senhor se nao converter a sua for~a em direito e a obediencia em dever mas eonvenhamos que a forlra nao faz 0

direito e que nao se e obrigado a obedecer senao aos poderes legitimos Portanto na medida em que 0 poder pedag6gico a 0 mais natural e por isso o mais incontrolavel e arbitrario dos poderes como doeumenta a Historia da Educa~ao a metaquestao dil legitimidade da educa~aopode e deve hoje ser formullida nestes termos Comque direito educar

A educa~ao foi sempre consiaeJaaa urn direito Ate aos tempos modemos era apenas um direito (natural) da familia (e por reflexo dos filhos)

19

0

apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

20

utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

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1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

somos e da necessidade de Dutra educa~ao que nos I s~alve~ n6S-proiffos pa~ ~erII1s 0 ~~bullIlodeElOs

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RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

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Page 12: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

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apoiado (e partilhado) pelas religioes A partir do seculo XVI comelaquoou a ser reivindicada como direito (politico) dOB EstadoB culminando no principio constitucional da obriga~ao escolar no seculo XIX Depois da segunda guerra mundial foi elevada a categoria etico-jurfdica de direito do homem Assim ocampo da educalaquoao e hoje cruzado por interesses e direitos diversos - da familia dos filhos e do Estado principalmente - que tornam ainda maie legftima a metaquestao da legitimidade da edueatao Com que direito educar Isto eA educa~ao e urn direito prima facie de quem dos pais do Eetado do educando das tres partes Que direito deve prevaleeer em caso de eonflito

principal e hoje a Convenlaquoao relativa aos direitos da crian~a cuja arquitectura jurldica tern como ab6bada 0 principio do_ interesse superior da crianfa Ora considerando que a criamae-o educando por antonomasia 0 principio estruturante do paradigma do direito a educasao d~ye~E Q interessesupenordoedu~an([oIo~o pnamiddotncfPio antropo16fPEo~~~2d91itic~l_~_~odo16gico e eontoI6g1co - Comoprfncipio antropo16gico implica

reconhecimento do primado doilireito it educ~S~2 eomo direito it vida humana Oque significa nomeadamente que direito a educalaquoao 8 direito aos limites eticoe constitutintes da diferen~a da

Trata-se afinal de problematizaro eonceito demiddot middotespecie e dOB seus membros e nao obrigatao as pedagogico como significante tradicional de todas as pretensoes de legitimidade em materia de edueatao mas que funciona como uma espeeie de caixa negra com que nos preocupamos apenas em caso de desastre 0 que e pedag6gico afinal E 0

que e eficaz Mas para qut 0 que e uti Mas para quem eporqu 0 que pensam dizem e mandam (e impoem) os pais os professores 0 Ministerio da Educaao Mas com que direito Com que direito podem os adultos pretender moldar as criantas a

sua imagem e semelhan~a Com que legitimidade equeunssereshumanosfazemoquefazemaoutros sereshumanos a titulo de educacao

Sendo a educataoum direito fundamental do Romem vineulado aos principios de uma etica universalmente reconhecida - a Etica dos Direitos do homem- 0 primado deve caber ao direito a educatao do educando A elevatiio da educa~iio a categoria de direito do homem e a formatiio e evolmiio do direito it educatao mais do que um capitulo novo na Rist6ria da Educatao configuram uma nova ciencia da educa~iio 0 Direito internacional da educatiio Na verdade 0 Direito internacional da educa~iio constitui umquadro normativo superior cuja superioridade reside na mais-valia da sua universalidade etica e da sua forta jurfdica Como escreveu Rene Maheu no principia dos anos 70 quando era Director geraI da Unesco 0 direito e a dialectica pela quai 0 homem se forta a urn melhor que ele inventa e a pr6pria notiio de direito do homem introduz no coralYiio da hist6ria 0

principio de uma supera~ao indefinida do homem pelo homem (in Unesco 1972 317)

Ser ou nao ser direito do homem - eis portanto hoje a alternativa da metaquestao (l~J~ritlida_C1e da educatao Reconstituindoa legitimidade e deg sentiao (iii educa~ao a abordagem direito do homem da educatao gera urn novo paradigma pedagogico onde velhos problemas se esvaziam outros se resolvem e novos se coloeam 0 seu instrumento

limita~oes morais de uma cultura e dos sellS agentes naedueatao

Como principio etico impliea a (re)recentratao da educa~iio na sua qualidade de dire ito do homem 0 que signifiea nomeadamente que toda a educa~iio estS vinculada ao respeito dos principios da dignidade liberdade e igualdade de todo 0 ser humano mesma que seja ainda uma crian~a e deve cultivar como valor pr6prio 0 desenvolvimento shypleno halIDOnioso e livre - da personalidade do educando

Como principio politico implica a (re)organizatiio da educatiio no respeito pela integridade e unidade do direito d educa(ao 0 que signifiea nomeadamente que 0 coneeito de educalaquoao fundamental deve ser (re)pensado de modo a respeitar a fundamental dimensao etica democratica e internacional do direito it educa~iio e que uma politiea do direito it educalYao e indissociavel de outras politieas dos direitos do homem

Como principio metodol6gico impliea a satisfatiio do direito a educatao como direito it comunicalYao isto e como direito tanto ao conhecimento como ao reconhecimento 0 que significa nomeadamente que uma Pedagogia do direita a educatiio deve ser uma Pedagogia dialogica

Como principio deontol6gico implica que os educadores sobretudo os profissionais da educaciio (re)considerem a sua responsabilidade profissional it luz da Etica do Direito it Educaao 0 que signifiea nomeadamente que uma Deontologia pedag6gica nela fundada eessential para uma nova distinao profissional dos educadores designadamente os professores

Assim_conce1gtid~ a_Pedag~ga clistingue-~e p~la sua-raoIcalidade te6riea e dialecticidade ut6pica

II Mas quando 0pensamento normal se torna cWGulaPshynesteriI e ate perverso pensa radicalment~ e

20

utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

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e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

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DOTTRENS Robert amp MIALARET Gaston (1969) - Le developpement des sciences pedagogiques et leur etat actuelln Maurice Debease amp Gaston Mialaret (Sous la direction de) Traite des sciences pedagogiques - 1 Introduction Paris Presses Universitaires de Franca 206 p 19-79

I~

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MARMOZ Louis (1988) - Les sciences de Ieducation en Francemiddot Histoire et nalites Isay-Les-Moulineaux Editions EAP 115 p

~ bull - ~If- - -t ~~

- MARMOZ1ouis(Edites pIfrXI99l)- Sciences de Zeducation sciences majeures Actes des Journies detude tenues a loccasion des 21 ans des sciences de leducation Issy-Les-Moulineaux

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MIALARET Gaston (1969) - Theorie pratique et recherche en pedagogie In Maurice Debesse amp Gaston Mialaret (Sous la dishyrection de) Troiti des sciences pidogogiques 1 Introduction Paris PUF 206 p 121middot204

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RICOEUR Paul (1990) bull Avant Is loi morale Iethique In Encyclopaedia Uniuersalismiddot Symposium Les enjeux Paris 62shy66

I~

23

ROUSSEAU Jean-Jacques (1762) - Emile ou de leducation Paris Garnier-Flammarion (1966) 633 p

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SIMAO Veiga (1979) - Revista Ralz e Uropia Ntlmero-especial

EducaremPortugal 9-10 Prima no Centro Nacional de Cutura a 2

UNESCO (1972) - Dans lesprit des homl Paris 352 p

UNESCO (1981) - Finalitis de leducation Pill et enquetes deducstion comparee 240 p

VAN HERREWEGHE M L (1986) - Etude prelimi nature et Zimportance de lenseignement relatl aux sc~ leducation dans les etablissements denseignement sup P8nS Unesco ll-C8hlers sur lenseigriement superieur 1

XYPAS Constantin (1985) - Pedagogie et sciences de leducstion statut epistemologique et definition Reuue de lenseignement philosophique Paris 51-29

RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

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Page 13: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

utopicamente ~ a linka alternativa racional e util --~ando julgo queto(Ios os problemas da educa~ao antigos e recentes podem caber num programadePedagogia assim estruturadoporexenipTo----- - ---------------

bull A Pedagogia como ciencia da boa educa~ao bull A edue~o comop~d~~-~-di-~it~-- shy

que ja nao e possivel considerar aqui porque e tempo de concluir

Vim os qu~ a ec~$ltgtgia_e 0 t~t1~_o classico e D ~rlye dQ~apoundi-= ~~~iY9_A~(ycfl~io mas que 0 campo da educa~ao se encontra hoje fragmentado em multiplas disciplinas Contudo se e urn campo abertp e hospitaleiro para todos os saberes quemiddot possam contribuir para a sua compreensao e aperfeiyoamento nao-pode ser terra de ninguem

~u~~a~Cd~l~~ndo ~ia~~r-~~fie~~aaili~~I~~fa~~A complexidade densidade e eticidade do ienonieno

i bull Afamiliae a escola como instituitoes do direitoj t

If aeducayao

bull Os professores como profissionais do direito a educacao e da comunica~ao pedag6gica

GBachelard falava ude uma especie de lei dos tres estados da formarao individual de urn espfrito cientffico estado concreto estado concretoshyabstracto estado abstracto Neste 0 espfrito entra em polemics aberta com a realidade primeira E acrescentavs

Fazer a psicologia da paciencia cientffica significara acrescentar a lei dos tres estad08 do espirito cientifico uma especie de lei dos tres estados de alma caracterizados por interesses

Alma pueril ou mundana animada pela curiosidade ingenua( )

Alma professoral toda orgulhosa do seu dogmatismo ()

Enfim alma que sotre para abstrair e descobrir a quinta-essencia consciencia cientffica dolorosa entregue aos interesses indutivos sempre imperfeitos jogando 0 jogo perigoso do pensamento sern suporte experimental estavel C )raquo (Bachelard 1938 8 9)

Considerando ainda que as duas rontes do pensamento sao as coisas por urn lado as pessoas por outro como tambem disse Bachelard (in Buber 1923 10) sera presun~ao inscrever neste quadro a concep~ao proposta da Pedagogia como ciencia da boa educa~ao

CONClUINDO

A concep~ao da Pedagogia que este texto procurou argumentar alem das naturais divergencias que certamente nao deixara de suscitar podera encontrar resistencias de natureza politica institucional epistemo16gica e psicol6gica

eaucacional tornim necessaria uma cIampiCfit- que iespona pe~ especificidade e gar~l~ a _~d_~de 4iiMctlca do campo da educapounda~

Argumentou-se que 0 nome dessa IJecessaria j I ciencia da educayao deve continuar a ser Pedagogial nao no conceito fraco de re~o residuahm-Sim8ri6 I de capitulos de outras ciemiasmasnoconceito fortei t de uc1eo continental e capital do arquiEelago de todl~M cie~poundi~mplicadas na eaiica~ao---

A PedagOgla aparece mesmo como a ciencia do homem por excelencia na medida em que e a ciencia da humanizayao e subjectivayao de cada filho da especie Por isso no baile das Ciencias da

~ Educayao ha um sapatinho de cristal que s6 a Pedagogia serve mas nao a uma qualquer Assim como 0 pecado original das Ciencias da Educa~ao fei ~ tentltiy~de~q~cidigi[~Pe-~gQgi~middotge~~ado ~rtqLdaPedagogia ~~~~~a ~ntas~o cientista Como disse Einstein Iluma Dorboleta nao e uma II toupeira mas nenhuma borboleta 0 deve lamentar (cit in Lochak 1982 25 26) M Debesse (urn dos fundadores das Ciencias daEducaao em Frantya como vimos) preveniu nomeadamente contra 0

risco de a obsessao dOB sinais exteriores de cientiicidflenosfazeresquecerIireflexao -e a -Vlrtuc1edo silencio daquele silencio que como diz o verso de Goethe (por ele citado) paira sobre todos os cumes (in Marmoz 1991 18 19 24)

Considerando que a essencia moral do homem e 0 poder verdadeiramente de vida ou de morte da educarao fazem da sua legitimidade a metaquestao pedag6gica que a natureza simb6lica do ser humano faz com que 0 poder da educayao seja urn poder de comunicarao interpessoal e social que consiste ns escrita do homem com 0 awa1io das ciencias da leitura do homem (do seu reconhecimento e conhecimento) que por consequencia cada personalidade e Signo de uma hist6ria de comunicatyao feliz ou infeliz e que a educatyao tern hoje qualidade de direito do homem a Pedagogia - como ciencia da boa educa~ao - poderaseraeffnIda como _~~ Cr~E~-~~~PFI~s--(fe r~gHiIIidade conteudo forma sentid )desejo e suceS50 da

- - -- 21

3

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

somos e da necessidade de Dutra educa~ao que nos I s~alve~ n6S-proiffos pa~ ~erII1s 0 ~~bullIlodeElOs

ser

BIBLIOGRAFIA

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FOULQUIE Paul (1954) bull Claude Bernard Paris Les Editions de lEcole 175 p

GILLE Arthur (1979) - Raymond Buyse promotor da pedagogia experimental Reuista Portuguesa de Pedogogia Coimbra

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LEVINAS Emanuel (1993) - Diachronie et representation In Jean Greisch amp Jacques Rolland (Sous la direction de) Emmanuel Liuinas Lethique comme philosophie premiere (Actes du colloque de CemymiddotLa-Salle so us 23 aout 2 septembre

1986) Paris Les Editions du Cen La nuit surveillee 470 p 447middot468

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MARMOZ Louis (1988) - Les sciences de Ieducation en Francemiddot Histoire et nalites Isay-Les-Moulineaux Editions EAP 115 p

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- MARMOZ1ouis(Edites pIfrXI99l)- Sciences de Zeducation sciences majeures Actes des Journies detude tenues a loccasion des 21 ans des sciences de leducation Issy-Les-Moulineaux

Editions EAP 191 p

MIALARET Gaston (1969) - Theorie pratique et recherche en pedagogie In Maurice Debesse amp Gaston Mialaret (Sous la dishyrection de) Troiti des sciences pidogogiques 1 Introduction Paris PUF 206 p 121middot204

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MIALARET Gaston (sous la direction de) (1~79) Yocabulaire de ZEducation Education et sciences de leducation Paris PUF

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PIAGET Jean (1969) bull Psicologia e pedogogia a res posta do grande psic6Iogo aos problemas do ensino (Psychologie et pedagogie Trad de Dirceu Accicly Lindoso amp Rosa Maria Ribeiro da Silva) Rio de JaneirolSao Paulo Companhia Editors Forense (1972 2 ed) 182 p

PLANCHARD Emile (1979) -lntrodUfiio Ii pedogogia Coifubra Coimbra Editora 3 ed rev 319 p

PREVOT Jacques (1981)middot Lutopie educatiue - Comenius (Post face de Jean Piagel) Paris Editions Belin Fondateurs de l-Education 287 p

PROST Antoine (1985) - Eloge des pedogogues Paris Seuil

REBOUL Olivier (1971) - La philosophie de leducation Paris PUF 3e ed (1981) 143 p

RICOEUR Paul (1990) bull Avant Is loi morale Iethique In Encyclopaedia Uniuersalismiddot Symposium Les enjeux Paris 62shy66

I~

23

ROUSSEAU Jean-Jacques (1762) - Emile ou de leducation Paris Garnier-Flammarion (1966) 633 p

ROUSSEAU JeanJacques (1762) - Du contrat social (Edition etablie par Pierre Burgelin) Paris GF - Flammarion 187 p

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SCIACCA Michele Federico (1960) - 0 problema da educClfdo na histOria 00 pensamenro filos6ico e petltw6gico bull Vol 1ell (D problema-dellEducazione nella stona del pensiero filosofico- e pedagogico Trad de AntOnio Pinto de Carvalho) Sio Paulo Editora Herder (1966) 548+371 p

SIMAO Veiga (1979) - Revista Ralz e Uropia Ntlmero-especial

EducaremPortugal 9-10 Prima no Centro Nacional de Cutura a 2

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VAN HERREWEGHE M L (1986) - Etude prelimi nature et Zimportance de lenseignement relatl aux sc~ leducation dans les etablissements denseignement sup P8nS Unesco ll-C8hlers sur lenseigriement superieur 1

XYPAS Constantin (1985) - Pedagogie et sciences de leducstion statut epistemologique et definition Reuue de lenseignement philosophique Paris 51-29

RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

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Page 14: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

e~uc~-a~~Qto_ JodeEdesQmlnipounda~~Q~9tr~i~ do tt2l~ Por outras palavras a Pedagogia deveser

1sabedoria das dimensoes visfveis e invjsfveis da JedliFarrao que nao abdica da sua complexidade nem

oenega a sua diferen~a mas antes procura merecer a sua superioridade comoArs Magna de amar e ler sonhar e escrever degtexto humano

A catedral epistemo16gica da Pedagogia pode ser uma heresia para uma certa communis doctorum opinio mas e nas alturas da penumbra da Sua interioridade que brilha a)uz da cH~ncia da impossibilidade da educa~aoquehos fez coino~iil(la

somos e da necessidade de Dutra educa~ao que nos I s~alve~ n6S-proiffos pa~ ~erII1s 0 ~~bullIlodeElOs

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BLANES Francisco Guil (1969) - Filosofia e Sociologia da Educacento (Filosofia e Sociologia de la Edu~ci6n Trad de Elisa

22

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I~

DROIT Roger-Pol (1995) - Philosophie et democratie dons Ie monde Une enquete de [Unesco Paris Editions Unesco I Le Livre de Poche 220 p

DUPUIS Pierre-Andre (1990) - Eduquer une longue histoire -Recherches sur lespace et le temps de leducation Strasbourg Presses Universitaires de Strasbourg 198 p

ECO Umberto (1973)middot0 signa (Segno Trad Maria de Fatima Marinho Rev Wanda Ramos) Lisboa Editorial Presen~a1977 247 p

ESTRELA Albano (1992) bull Pedogogia cienciado edUc(Jfdo Porto Porto Editora CHncias da Educa~iio 60 p

FERRY Gilles (1987) bull Le trajet de la formation Paris Dunodbull 112p

FOULQUIE Paul (1954) bull Claude Bernard Paris Les Editions de lEcole 175 p

GILLE Arthur (1979) - Raymond Buyse promotor da pedagogia experimental Reuista Portuguesa de Pedogogia Coimbra

GILLET Pierre (1987) - Pour une pedogogiquemiddot ou lenseignantmiddot praticien Paris PUF Pedagogie aujourdhui 286 p

GROOTHOFF Hana-Hermann (Herausgegeben von) (1964)shyPiidogogik Frankfurt am Main Fischer Taschenbuch Verlag Das Fischer Lexikon Neuausgabe (1973) 395 p

HEGEL G W F (1821) - Principios do filosofia do direito (Grundlinien der Philosophie des Rechtes Trad de Orlando Vitorino) Lisboa Guimariies Editores Filosofia e Ensaios 2middot ed (1976) 315 p

HUBERT R (1949) - Traite de pidogogie generale Paris PUF

KANT Immanuel (1803) - TraUe de pedagogie (Tr de J Barni revue et actualisee Introduction et notes par PierreJose About) Paris Hachette (1981) Oeuvres et opuscules philosophiques 107 p

LEIF J amp RUSTIN G (1970) - Philosophie de leducationmiddot Tome 1 Pedogogie Generale Paris Librairie Delagrave 359 p

LANDSHEERE Gilbert (1982) - A inuestigafiio experimental em pedagogia (La recherche experimentale en pedagogie Trad de Maria Isabel Fernandes) Lisboa Publica~ies Dam Quixote Universidade Moderna (1986) 180 p

LEVEQUE Raphael amp BEST Francine (1969) bull Pour une philosophie de leducation in Maurice Debesse Gaston Mialaret (SOllS la direction del Troiti des sciences pedogogiques 1 Inshytroduction Paris PUF 206 p 81-120

LEVINAS Emanuel (1993) - Diachronie et representation In Jean Greisch amp Jacques Rolland (Sous la direction de) Emmanuel Liuinas Lethique comme philosophie premiere (Actes du colloque de CemymiddotLa-Salle so us 23 aout 2 septembre

1986) Paris Les Editions du Cen La nuit surveillee 470 p 447middot468

LOCHAK Georges (l982) - La science et lhumanisme (Allocumiddot tion douverture) In Simon Diner (edite par) La pensee phymiddot sique contemporaine bull Ii Nicolas Claude Fabri de Peiresc 1580middot 1637 amoureux de uerite et de beaute Paris Augustin Fresnel 636p 23middot28

MARMOZ Louis (1988) - Les sciences de Ieducation en Francemiddot Histoire et nalites Isay-Les-Moulineaux Editions EAP 115 p

~ bull - ~If- - -t ~~

- MARMOZ1ouis(Edites pIfrXI99l)- Sciences de Zeducation sciences majeures Actes des Journies detude tenues a loccasion des 21 ans des sciences de leducation Issy-Les-Moulineaux

Editions EAP 191 p

MIALARET Gaston (1969) - Theorie pratique et recherche en pedagogie In Maurice Debesse amp Gaston Mialaret (Sous la dishyrection de) Troiti des sciences pidogogiques 1 Introduction Paris PUF 206 p 121middot204

MIALARET Gaston (1976) - As ciencias da educllfiio (Les scimiddot encesde Ieducation Trad de Ana Maria Raba~a) Lisboa Moraes Editores (1976) 132 p

MIALARET Gaston (sous la direction de) (1~79) Yocabulaire de ZEducation Education et sciences de leducation Paris PUF

NOT Louis (1984) bull Sciences ou science de leducation In Louis Not (SOllS la direction de) Une science spicifique pour Ieducation Toulouse Universite Toulouse-Le Mirail

PIAGET Jean (1949)middot Le droit Ii Ieducation dons le monde actuel -Ndeg1 Collection Droitamp de IHomme- (Publiee par [Organisation des Nations Unies pour lEducation la Science et Ia Culture (UNESCO) Liege (Sciences et Lettres) I Paris (Librairie du Recueil Sirey 57 p

PIAGET Jean (1969) bull Psicologia e pedogogia a res posta do grande psic6Iogo aos problemas do ensino (Psychologie et pedagogie Trad de Dirceu Accicly Lindoso amp Rosa Maria Ribeiro da Silva) Rio de JaneirolSao Paulo Companhia Editors Forense (1972 2 ed) 182 p

PLANCHARD Emile (1979) -lntrodUfiio Ii pedogogia Coifubra Coimbra Editora 3 ed rev 319 p

PREVOT Jacques (1981)middot Lutopie educatiue - Comenius (Post face de Jean Piagel) Paris Editions Belin Fondateurs de l-Education 287 p

PROST Antoine (1985) - Eloge des pedogogues Paris Seuil

REBOUL Olivier (1971) - La philosophie de leducation Paris PUF 3e ed (1981) 143 p

RICOEUR Paul (1990) bull Avant Is loi morale Iethique In Encyclopaedia Uniuersalismiddot Symposium Les enjeux Paris 62shy66

I~

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ROUSSEAU Jean-Jacques (1762) - Emile ou de leducation Paris Garnier-Flammarion (1966) 633 p

ROUSSEAU JeanJacques (1762) - Du contrat social (Edition etablie par Pierre Burgelin) Paris GF - Flammarion 187 p

SANTOS Theobaldo Miranda (l969) - Nocentes de Filoso(ia da EducClfdo Sio Paulo Companrua Editora Nacional 12 ed 253 p

SCIACCA Michele Federico (1960) - 0 problema da educClfdo na histOria 00 pensamenro filos6ico e petltw6gico bull Vol 1ell (D problema-dellEducazione nella stona del pensiero filosofico- e pedagogico Trad de AntOnio Pinto de Carvalho) Sio Paulo Editora Herder (1966) 548+371 p

SIMAO Veiga (1979) - Revista Ralz e Uropia Ntlmero-especial

EducaremPortugal 9-10 Prima no Centro Nacional de Cutura a 2

UNESCO (1972) - Dans lesprit des homl Paris 352 p

UNESCO (1981) - Finalitis de leducation Pill et enquetes deducstion comparee 240 p

VAN HERREWEGHE M L (1986) - Etude prelimi nature et Zimportance de lenseignement relatl aux sc~ leducation dans les etablissements denseignement sup P8nS Unesco ll-C8hlers sur lenseigriement superieur 1

XYPAS Constantin (1985) - Pedagogie et sciences de leducstion statut epistemologique et definition Reuue de lenseignement philosophique Paris 51-29

RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

I~

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Page 15: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

DROIT Roger-Pol (1995) - Philosophie et democratie dons Ie monde Une enquete de [Unesco Paris Editions Unesco I Le Livre de Poche 220 p

DUPUIS Pierre-Andre (1990) - Eduquer une longue histoire -Recherches sur lespace et le temps de leducation Strasbourg Presses Universitaires de Strasbourg 198 p

ECO Umberto (1973)middot0 signa (Segno Trad Maria de Fatima Marinho Rev Wanda Ramos) Lisboa Editorial Presen~a1977 247 p

ESTRELA Albano (1992) bull Pedogogia cienciado edUc(Jfdo Porto Porto Editora CHncias da Educa~iio 60 p

FERRY Gilles (1987) bull Le trajet de la formation Paris Dunodbull 112p

FOULQUIE Paul (1954) bull Claude Bernard Paris Les Editions de lEcole 175 p

GILLE Arthur (1979) - Raymond Buyse promotor da pedagogia experimental Reuista Portuguesa de Pedogogia Coimbra

GILLET Pierre (1987) - Pour une pedogogiquemiddot ou lenseignantmiddot praticien Paris PUF Pedagogie aujourdhui 286 p

GROOTHOFF Hana-Hermann (Herausgegeben von) (1964)shyPiidogogik Frankfurt am Main Fischer Taschenbuch Verlag Das Fischer Lexikon Neuausgabe (1973) 395 p

HEGEL G W F (1821) - Principios do filosofia do direito (Grundlinien der Philosophie des Rechtes Trad de Orlando Vitorino) Lisboa Guimariies Editores Filosofia e Ensaios 2middot ed (1976) 315 p

HUBERT R (1949) - Traite de pidogogie generale Paris PUF

KANT Immanuel (1803) - TraUe de pedagogie (Tr de J Barni revue et actualisee Introduction et notes par PierreJose About) Paris Hachette (1981) Oeuvres et opuscules philosophiques 107 p

LEIF J amp RUSTIN G (1970) - Philosophie de leducationmiddot Tome 1 Pedogogie Generale Paris Librairie Delagrave 359 p

LANDSHEERE Gilbert (1982) - A inuestigafiio experimental em pedagogia (La recherche experimentale en pedagogie Trad de Maria Isabel Fernandes) Lisboa Publica~ies Dam Quixote Universidade Moderna (1986) 180 p

LEVEQUE Raphael amp BEST Francine (1969) bull Pour une philosophie de leducation in Maurice Debesse Gaston Mialaret (SOllS la direction del Troiti des sciences pedogogiques 1 Inshytroduction Paris PUF 206 p 81-120

LEVINAS Emanuel (1993) - Diachronie et representation In Jean Greisch amp Jacques Rolland (Sous la direction de) Emmanuel Liuinas Lethique comme philosophie premiere (Actes du colloque de CemymiddotLa-Salle so us 23 aout 2 septembre

1986) Paris Les Editions du Cen La nuit surveillee 470 p 447middot468

LOCHAK Georges (l982) - La science et lhumanisme (Allocumiddot tion douverture) In Simon Diner (edite par) La pensee phymiddot sique contemporaine bull Ii Nicolas Claude Fabri de Peiresc 1580middot 1637 amoureux de uerite et de beaute Paris Augustin Fresnel 636p 23middot28

MARMOZ Louis (1988) - Les sciences de Ieducation en Francemiddot Histoire et nalites Isay-Les-Moulineaux Editions EAP 115 p

~ bull - ~If- - -t ~~

- MARMOZ1ouis(Edites pIfrXI99l)- Sciences de Zeducation sciences majeures Actes des Journies detude tenues a loccasion des 21 ans des sciences de leducation Issy-Les-Moulineaux

Editions EAP 191 p

MIALARET Gaston (1969) - Theorie pratique et recherche en pedagogie In Maurice Debesse amp Gaston Mialaret (Sous la dishyrection de) Troiti des sciences pidogogiques 1 Introduction Paris PUF 206 p 121middot204

MIALARET Gaston (1976) - As ciencias da educllfiio (Les scimiddot encesde Ieducation Trad de Ana Maria Raba~a) Lisboa Moraes Editores (1976) 132 p

MIALARET Gaston (sous la direction de) (1~79) Yocabulaire de ZEducation Education et sciences de leducation Paris PUF

NOT Louis (1984) bull Sciences ou science de leducation In Louis Not (SOllS la direction de) Une science spicifique pour Ieducation Toulouse Universite Toulouse-Le Mirail

PIAGET Jean (1949)middot Le droit Ii Ieducation dons le monde actuel -Ndeg1 Collection Droitamp de IHomme- (Publiee par [Organisation des Nations Unies pour lEducation la Science et Ia Culture (UNESCO) Liege (Sciences et Lettres) I Paris (Librairie du Recueil Sirey 57 p

PIAGET Jean (1969) bull Psicologia e pedogogia a res posta do grande psic6Iogo aos problemas do ensino (Psychologie et pedagogie Trad de Dirceu Accicly Lindoso amp Rosa Maria Ribeiro da Silva) Rio de JaneirolSao Paulo Companhia Editors Forense (1972 2 ed) 182 p

PLANCHARD Emile (1979) -lntrodUfiio Ii pedogogia Coifubra Coimbra Editora 3 ed rev 319 p

PREVOT Jacques (1981)middot Lutopie educatiue - Comenius (Post face de Jean Piagel) Paris Editions Belin Fondateurs de l-Education 287 p

PROST Antoine (1985) - Eloge des pedogogues Paris Seuil

REBOUL Olivier (1971) - La philosophie de leducation Paris PUF 3e ed (1981) 143 p

RICOEUR Paul (1990) bull Avant Is loi morale Iethique In Encyclopaedia Uniuersalismiddot Symposium Les enjeux Paris 62shy66

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ROUSSEAU Jean-Jacques (1762) - Emile ou de leducation Paris Garnier-Flammarion (1966) 633 p

ROUSSEAU JeanJacques (1762) - Du contrat social (Edition etablie par Pierre Burgelin) Paris GF - Flammarion 187 p

SANTOS Theobaldo Miranda (l969) - Nocentes de Filoso(ia da EducClfdo Sio Paulo Companrua Editora Nacional 12 ed 253 p

SCIACCA Michele Federico (1960) - 0 problema da educClfdo na histOria 00 pensamenro filos6ico e petltw6gico bull Vol 1ell (D problema-dellEducazione nella stona del pensiero filosofico- e pedagogico Trad de AntOnio Pinto de Carvalho) Sio Paulo Editora Herder (1966) 548+371 p

SIMAO Veiga (1979) - Revista Ralz e Uropia Ntlmero-especial

EducaremPortugal 9-10 Prima no Centro Nacional de Cutura a 2

UNESCO (1972) - Dans lesprit des homl Paris 352 p

UNESCO (1981) - Finalitis de leducation Pill et enquetes deducstion comparee 240 p

VAN HERREWEGHE M L (1986) - Etude prelimi nature et Zimportance de lenseignement relatl aux sc~ leducation dans les etablissements denseignement sup P8nS Unesco ll-C8hlers sur lenseigriement superieur 1

XYPAS Constantin (1985) - Pedagogie et sciences de leducstion statut epistemologique et definition Reuue de lenseignement philosophique Paris 51-29

RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

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Page 16: Sobre a Identidade Da Pedagogia de Agostinho Reis Monteiro

ROUSSEAU Jean-Jacques (1762) - Emile ou de leducation Paris Garnier-Flammarion (1966) 633 p

ROUSSEAU JeanJacques (1762) - Du contrat social (Edition etablie par Pierre Burgelin) Paris GF - Flammarion 187 p

SANTOS Theobaldo Miranda (l969) - Nocentes de Filoso(ia da EducClfdo Sio Paulo Companrua Editora Nacional 12 ed 253 p

SCIACCA Michele Federico (1960) - 0 problema da educClfdo na histOria 00 pensamenro filos6ico e petltw6gico bull Vol 1ell (D problema-dellEducazione nella stona del pensiero filosofico- e pedagogico Trad de AntOnio Pinto de Carvalho) Sio Paulo Editora Herder (1966) 548+371 p

SIMAO Veiga (1979) - Revista Ralz e Uropia Ntlmero-especial

EducaremPortugal 9-10 Prima no Centro Nacional de Cutura a 2

UNESCO (1972) - Dans lesprit des homl Paris 352 p

UNESCO (1981) - Finalitis de leducation Pill et enquetes deducstion comparee 240 p

VAN HERREWEGHE M L (1986) - Etude prelimi nature et Zimportance de lenseignement relatl aux sc~ leducation dans les etablissements denseignement sup P8nS Unesco ll-C8hlers sur lenseigriement superieur 1

XYPAS Constantin (1985) - Pedagogie et sciences de leducstion statut epistemologique et definition Reuue de lenseignement philosophique Paris 51-29

RESUMO

Pedagogia e 0 titulo classico do saber relativo aeducattiio que se fragmentou em ciencias da educa~ao Mas estas nao dispensam antes tomam msis indispensavel uma cienda espedfica ds educattio Este texto argumenta que Pedagogia continua a ser a denominattio sem a1ternativa para urns ciencis propria do campo da educattio concebida como ciancia da boa educattao isto e dos princlpios de legitimidade conteudo formasentido desejo e SuceS80 da educattlio como poder de comunicattio e direito do homem

RESUME

Pedagogie est Ie titre classique du savoir concernant leducation qui sest fragmente en sciences de Ieducation Celles-ci ne dispensent pourtant pas mais rendent plutat indispensableune science specifique de Ieducation Ce texte soutient que Pedagogie est touJours )a denomination sans alternative pour une science propre du champ de leducation con~ue comme la science de Is bonne education cest-A-dire des principes de la legitimite du contenu de la forme du sens du deBir et du succes de Ieducation en tant que pouvoir de communication et droit de lhomme

ABSTRACT

Pedagogy is the classic name of the know-how concerning education that became fragmented in sciences ofeducation These do not avoid a specific science of education rather they make it more essential This paper explains the viewpoint that Pedagogy continues to be the name without it alternative for a peculiar science of the field of education conceived as the science of good education that is to say of legitimacy content form sense desire and success of education as power of communication and a human right

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