sobre a galinha do vizinho... ser mais gorda ou mais gostosa, freud explica

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Sobre a galinha do vizinho...

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Sobre a galinha do vizinho...

ser mais gorda

ou mais gostosa,

Freud explica...

mas ele torna

a galinha tão abstrata,

quando fala sobre ela

através

do consciente e do inconsciente,

do primário e do secundário,

que,

para os apreciadores,

a galinha

deixa de ser do vizinho

e se eleva tanto,

que some dos olhos.

Assim,

é melhor buscar alternativa a Freud.

Talvez junto aos nutricionistas...

Afinal,

mais gorda

ou mais gostosa,

é questão de sabor,

de caloria,

de paladar...

Quem estiver fazendo alguma dieta,

para engordar ou emagrecer

e só quiser esclarecimento,

palavras breves,

sintéticas, nada abstratas,

poderá encontrá-los com os eletricitários

Esses técnicos

da companhia de energia,

que costumam ficar

juntos aos postes e fios,

consertando,

cada vez mais,

os defeitos na rede elétrica...

Pelo menos

foi o que se viu

no último domingo de Páscoa,

quando aconteceu

mais uma queda de eletricidade

naquela rua,

daquele bairro,

entre o final da tarde

e duas horas adentro da noite.

Acreditou-se...

que

aquele horário esteve perfeito

para tornar visíveis

as galinhas dos vizinhos,

mesmo na cidade grande,

com os asfalto, cimento,

altos postes com lâmpadas

de descarga a vapor metálico,

barulho de motores

de avião, carro, moto...

Além do que,

galinha é parecida,

tanto no interior como na capital

e quando

gorda ou gostosa,

pode ser lá ou aqui

e tanto mais perto

ou mais longe,

de quem for vizinho

da casa do vizinho.

Variável,

é a pronúncia,

mais carregada

ou menos carregada

nos erre, cê, vê, uai...

E a alternância,

entre prédios de apartamentos

e casas térreas,

também residenciais,

colaborou para a efetivação

do deguste das galinhas.

Enquanto os técnicos

da companhia de energia

trabalhavam nos fios,

a escuridão aumentava.

Houve exatas duas horas

do início da falta de força,

quando

alguns pontos de luz

começavam a aparecer

naquela treva urbana.

Todos

os moradores dos apartamentos,

na escuridão

de seus quartos,

salas,

cozinhas...

auxiliados por eficientes

luzes de velas

e incomodados por inoperantes

aparelhos de tv, rádio,

computador, chuveiro...

sentiram o sabor da galinha.

Mais ou menos,

conforme a localização

de seus apartamentos.

Quem precisou urgente,

tomar um banho,

viu,

na distante luz da casa da esquina,

que se acendeu,

uma saborosa e gorda galinha.

Aquele morador,

que não deixou o carro estacionado

na frente do prédio,

para não tê-lo

batido ou roubado,

por falta de energia elétrica

levantou o portão,

da garagem,

no braço

e viu depois,

através da sua janela,

na luz da casa

alguns metros distantes,

a mais gorda

e mais gostosa galinha

a satisfazer sua raiva.

Sem contar

a senhora de cabelos enrolados

que,

da sua cozinha se lembrou,

através da luz mais clara, de tv,

a indicação

de que sua novela começou

e isto lhe bastou, para admirar

a mais gorda galinha

daquele vizinho

do apartamento da pracinha.

Os moradores,

em suas casas e apartamentos,

lambuzavam-se,

mais ou menos,

com suas galinhas,

mais gordas ou mais gostosas,

à medida que

suas disposições e necessidades

aumentavam,

com a volta da energia

nas casas e apartamentos vizinhos...

Fisiológica e psicologicamente.

O certo é que,

se os olhos não buscam

as galinhas dos vizinhos,

o coração não quer saber

se são mais gordas

ou mais gostosas...

Simplesmente se contenta

com arroz, feijão e farofa.

Ou só farofa.

A Galinha do Vizinho

Música: Nino Rota

Texto e formatação: Fujiyama Shiroaoi

[email protected]