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Você sabia que o simples ato de brincar com a bola de futebol, tentando equilibrá-la o maior tem- po possível, pode ser considerado um esporte? É o FreeStyle. Fôlego Página 1 ANO 9 N° 29 DEZEMBRO DE 2011 JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA A Igreja é, por muitos, considerada um ambiente sa- grado, no entanto isto não impede que furtos sejam re- alizados dentro do local. Alguns ladrões têm se passado por funcionários dos templos para conseguir dinheiro dos fiéis Sobpressão Página 10 FOTO: ARQUIVO PESSOAL Eles chamam atenção. Geralmente, os identificamos por serem aquelas pes- soas que possuem a pele e os cabelos totalmente brancos. São os chamados albinos. Do latim albus, que significa branco. A cor destas pessoas não é re- sultado de uma doença. Na realidade, os albinos são portadores de um dis- túrbio genético ocasionado pela ausên- cia de pigmentação na pele, cabelos e, em determinados casos, até nos olhos. Conheça mais sobre essas pessoas que poeticamente são chamadas de filhos da lua e veja sua beleza revelada por meio das lentes fotográficas de Jota Pê Correia. Sobpressão Páginas 3, 4 e 5 Fotógrafos revelam a beleza dos albinos No Brasil há 12 anos, o simu- lador de dança Pump it up chegou aos shoppings cen- ters, hoje, já existem campeo- natos mundiais da prática. Durante a música, que é ele- trônico, sequências de setas começam a aparecer numa tela e guiam os praticantes. Para os jogadores mais expe- rientes, apenas uma ficha não basta. Para os iniciantes tam- bém não. Fôlego Página 4 Dançando com máquinas Descaso Não só de Lei Seca são feitas as blitzes. Órgãos de trânsi- to e ambientais podem che- car, além da documentação e postura do condutor, as con- dições do automóvel. Dentre elas, o índice de emissão de fumaça negra. Saiba como manter o carro regulado, e conheça também os princi- pais danos que os poluentes dos carros causam à saúde. Sobpressão Páginas 13 Saiba como passar sem multas por uma blitz contra a fumaça negra Poluição FOTO: PATRÍCIA MENDES A aquisição inconsciente de animais domésticos pode gerar um grave pro- blema urbano. Muitos desses animais são pos- teriormente descartados pelos donos, sem lar aca- bam parando em abrigos. Associações protetoras alegam que sofrem de superlotação. O trabalho destas instituições. Sobpressão Página 8 e 9 Animais sofrem com abandono Fôlego

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Jornal laboratorial de jornalismo da Universidade de Fortaleza

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Você sabia que o simples ato de brincar com a bola de futebol, tentando equilibrá-la o maior tem-po possível, pode ser considerado um esporte? É o FreeStyle. Fôlego Página 1

ANO 9 N° 29DEZEMBRO DE 2011JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

A Igreja é, por muitos, considerada um ambiente sa-grado, no entanto isto não impede que furtos sejam re-alizados dentro do local. Alguns ladrões têm se passado por funcionários dos templos para conseguir dinheiro dos fiéis Sobpressão Página 10

Foto

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Eles chamam atenção. Geralmente, os identifi camos por serem aquelas pes-soas que possuem a pele e os cabelos totalmente brancos. São os chamados

albinos. Do latim albus, que signifi ca branco. A cor destas pessoas não é re-sultado de uma doença. Na realidade, os albinos são portadores de um dis-

túrbio genético ocasionado pela ausên-cia de pigmentação na pele, cabelos e, em determinados casos, até nos olhos. Conheça mais sobre essas pessoas que

poeticamente são chamadas de fi lhos da lua e veja sua beleza revelada por meio das lentes fotográfi cas de Jota Pê Correia. Sobpressão Páginas 3, 4 e 5

Fotógrafos revelama beleza dos albinos

No Brasil há 12 anos, o simu-lador de dança Pump it up chegou aos shoppings cen-ters, hoje, já existem campeo-natos mundiais da prática. Durante a música, que é ele-trônico, sequências de setas começam a aparecer numa tela e guiam os praticantes. Para os jogadores mais expe-rientes, apenas uma ficha não basta. Para os iniciantes tam-bém não. Fôlego Página 4

Dançando com máquinas

Descaso

Não só de Lei Seca são feitas as blitzes. Órgãos de trânsi-to e ambientais podem che-car, além da documentação e postura do condutor, as con-dições do automóvel. Dentre elas, o índice de emissão de fumaça negra. Saiba como manter o carro regulado, e conheça também os princi-pais danos que os poluentes dos carros causam à saúde. Sobpressão Páginas 13

Saiba como passar sem multas por uma blitz contra a fumaça negra

Poluição

Foto: PatríCia Mendes

A aquisição inconsciente de animais domésticos pode gerar um grave pro-blema urbano. Muitos desses animais são pos-teriormente descartados pelos donos, sem lar aca-bam parando em abrigos. Associações protetoras alegam que sofrem de superlotação. O trabalho destas instituições.Sobpressão Página 8 e 9

Animais sofrem com abandono

Fôlego

Você sabia que o simples ato de brincar com a bola de futebol, tentando equilibrá-la o maior tem-po possível, pode ser considerado um

Página 1

Foto

: arq

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Sugestões, comentários e críticas: [email protected]

Açúcar em nuvensA arte de transformar açúcar em nuvens não é para qual-quer um. Não falo da simples atitude de misturar pequenos cristais, um pouco de corante e ar aquecido numa máquina. Desse processo surge o poético e lúdico algodão-doce.

Falo de outro conjunto de manipulações que duram mais ou menos seis meses. A receita é complexa.

Precisamos de um caldeirão com computadores. Três ou quatro câmeras digitais de fo-tografi a, uma colagem residu-al de uma ofi cina de fanzine.

Em seguida, reúne-se, num turno, 25 seres humanos curio-sos, engraçados, talentosos. No outro turno, mais uns 10, também seres humanos inven-cíveis e incasáveis.

Durante a manhã, os pri-meios saem às ruas para colher itens, imagens, fatos, histórias, inquietações, acontecimentos e transformações sociais.

Realiza-se uma ou duas reuniões. Nesta hora, deixar ferver. No período da tarde, o segundo grupo mexe-mexe-mexe-mexe o caldeirão, até o açúcar apurar. Apurar bas-

tante. Dois meses depois, já é possível sentir o aroma e ver a cor. O sabor? fi ca para depois. Fica para vocês. Que já devem ter começado a sentí-lo desde a primeira página.

Depois de prontas, num pa-pel suave, as nuvens desfi lam, formam imagens para serem interpretadas, respostas adi-vinhadas, conforme queira o degustador.

A arte de transformar açú-car em nuvens requer sensibi-lidade e inspiração. Para escre-ver sobre a aplicação de tintas em telas;

Para enxergar a suavidade das nuvens no cabelo dos albi-nos; A maciez do algodão no pêlo dos cachorros e gatinhos que se perdem e procriam pe-las ruas e praças;

Para questionar, nestas mesmas praças onde mora a tranquilidade? Nem mesmo nas capelinhas?

Sensibilidade para sentir a doçura dos albergues e o pra-zer do colecionador.

Aproveite, passe os dedos pelas nuvens e depois nos diga qual o sabor!

[email protected]

Editorial Registro fotográf ico

SURREALISMO: É com um guarda chuva mágico que Mary Poppins encantava crianças dos agora distantes anos de 1964. O fi lme produzido pela Walt Disney de gênero musical/fantástico mostra uma “babá voadora” interpretada pela atriz Julie Andrews. De lá para cá muitas releituras foram produzidas em teatros e fotos, uma delas fez grande sucesso na Broadway, em Nova Iorque, em 2006. Na Unifor é muito comum encontrar meninos voadores, não são perigosos, fazem parte da paisagem da universidade. Foto: daMinhão soares.

Érika ZaituniColagem e Poesia

Teste seu conhecimento sobre música

Respostas: 1. d) 2. a) 3. c) 4.d) 5. e) 6. c) 7. c) 8. e)

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) Fundação Edson Queiroz - Diretora do Centro de Ciências Humanas: Profª Erotilde Honório - Coordenador do Curso de

Jornalismo: Prof. Wagner Borges - Disciplina: Projeto Experimental em Jornalismo Impresso (semestre 2011.2) - Reportagem: Áquila Leite , Camila Coelho, Cláudio Ângelo, Gabriel Macedo, Indira Arruda,

João Romero, Jota Pê Correia, Karolina Pinto, Larissa Oliveira, Lia Girão, Lucas Leitão, Luiza Dantas, Márcia Pessoa, Patrícia Mendes, Raynna Benevides, Rebeca Marinho, Thiago Rocha- Projeto gráfi co:

Prof. Eduardo Freire - Arte f inal: Aldeci Tomaz - Professor orientador: Janayde Gonçalves - Coordenação de Fotograf ia - Júlio Alcântara - As fotografi as da matéria Igrejas do Centro foram gentilmente cedidas

pelo fotojornalista Natinho Rodrigues. Revisão: Prof. Celiomar de Lima - Supervisão gráf ica: Francisco Roberto - Impressão: Gráf ica Unifor - Tiragem: 750 exemplares - Equipe do Laboratório de Jornalismo

(Labjor) - Estagiários de Fotograf ia: Damião Soares, Jonhally Gurgel, Melyssi Peres, Mahamed Prata- Estagiário de Produção Gráfi ca: Fernanda Carneiro - Edição: Renata Frota - Estagiários de Redação: Giselle

Nuaz, Marília Pedroza, Renata Frota. Errata: No Sobpressão nº 28 , também estagiaram na redação Hamlet Victor Ribeiro, Luiz Bonfi m, Daniel Cavalcante.

Aqui você encontra um pequeno questionário com cinco alternativas, por meio do qual você pode avaliar seus conhecimentos sobre música. As perguntas foram elaboradas a partir de sugestões da redação do Labjor. Pronto para começar?

Samba1. O samba tradicional surgiu em qual cidade do Brasil?a) São Paulob) Salvadorc) Recifed) Rio de Janeiroe) Brasília

2. Qual o verdadeiro nome de Zeca Pagodinho?a) Jessé Gomes da Silva Filhpb) José Gomes da Silva Filhoc) Jessé da Silva Gomesd) José da Silva Gomese) José Alves Filho

Rock3. Qual desses grupos é consi-derada a banda de rock mais antiga em atividade?a) Deep Purpleb) Motörheadc) The Rolling Stonesd) Kisse) U2

4. Roberto Carlos e Caetano Velo-so fi zeram juntos um tributo a um compositor brasileiro. Quem era o homenageado?a) Cazuzab) Tom Jobimc) Tim Maiad) Vinicuis de Moraese) Renato Russo

Pop5. Quais eram os companheiros de Britney Spears no programa Mickey Mouse Club?a) Miley Cirus e Justin Bieberb) Hilary Duff e Selena Gomezc) Pink e Justin Timberlaked) Madonna e Lady Gagae) Christina Aguilera e Justin Tim-berlake

6. Qual música Madonna inter-pretou vestida de noiva durante premiação em 1984?a) Like a prayerb) Papa don’t preach

c) Like a virgind) Holywoode) American Life

Reggae7. O que é Dancehall?a) Uma bandab) Um cantorc) Um estilo variante do reggaed) Um instrumento e) Uma música de Bob Marley

8. Em que ano foi lançado o disco The Wailing Wailers da banda, conhecida pelo integrante Bob Marley, The Wailers ?a) 1945b) 1950c) 1955d) 1960e) 1965

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O filtro solar deve ser de fator alto, a partir de 50, e reaplicado a cada 2 horas. Seu uso regular previne o câncer, envelhecimento precoce, manchas e rugas Foto: Jota Pê Correia

Além do uso de óculos escuros com proteção contra os raios ultravioletas, dependendo do caso, também são aconselháveis lentes de contato Foto: Jota Pê Correia

Albinos têm o brilho da lua

Jota Pê Correia

O albinismo (do latim albus, que significa branco) é um dis-túrbio genético caracterizado pela ausência completa ou par-cial de pigmento na pele, olhos e/ou cabelos. Isso ocorre devi-do à falta ou defeito de uma en-zima envolvida na produção da melanina,que além de dar cor, protege da radiação ultraviole-ta (RUV) tanto do Sol quanto de câmaras de bronzeamento. Além de termos como hipopig-mentação, acromia, acromasia ou acromatose, o mais comum usado para alguém afetado pelo albinismo é albino.

O albinismo é hereditário. Quando um dos pais possui o gene recessivo (que não se ma-nifesta em todas as gerações) do albinismo, a probabilidade de transmissão é de 25% em cada gravidez. Ou seja, de cada

A despigmentação da pele é irreversível, mas a evolução genética é uma promessa de que os albinos recebam no organismo os genes pigmentadores Foto: Jota Pê Correia

Cabelos, sobrancelhas e pestanas totalmente brancos ou de um amarelo muito pálido. Pele extremamente clara e olhos que variam de tons azuis ou rosados. Prazer, somos albinos

quatro filhos, um pode apre-sentar a doença. No caso do nascimento de filho saudável, há 50% de possibilidade de ele ser portador do gene e, futura-mente, gerar filhos com albi-nismo. A incidência é de um a cada 17 a 20 mil habitantes.

A despigmentação com que os albinos nascem não se modifica com a idade. No en-tanto, com a evolução gené-tica, estes pacientes poderão receber os genes que faltam à suas células pigmentadoras. Deste modo, estas poderão adquirir a capacidade de sin-tetizar a melanina.

Dos tipos de albinismo, os três principais são: o ocular, quando somente os olhos so-frem a despigmentação, o par-cial, em que o organismo pro-duz melanina na maior parte do corpo e o oculocutâneo ou tiroxinase-negativo, conside-rado como o mais grave. Nesse caso, o corpo todo é afetado. Esses indivíduos sofrem com fotofobia (incômodo com a luz), nistagmo (movimentos oscilatórios do globo ocular), capacidade visual reduzida, po-dendo chegar à cegueira, além

de serem propícios a queima-duras e câncer de pele.

Além do cuidado quanto ao surgimento do câncer de pele, os albinos, em segundo plano, apresentam envelhecimento precoce (rugas e manchas). “O que determina o uso regular do protetor solar (de duas em duas horas, que deve ser apli-cado mesmo em pessoas sem albinismo) e hidratantes fa-ciais e corporais, o que permi-tirão ter uma pele de aspecto saudável”, esclarece a derma-tologista Priscilla Rodrigues.

Outras especialialidades médicas, além dos dermato-logistas, acompanham os al-binos explica Priscilla. “Eles possuem assistência multidis-ciplinar e permanente como oftalmologistas e psicólogos. Até cirurgiões oncológicos são necessários, em caso de remo-ção de cânceres de pele mais graves. Em nossa região, onde praticamente temos sol o ano inteiro, os cuidados exigidos devem se tornar um hábito diário e contínuo, para que os albinos tenham qualidade de vida igual a de qualquer outra pessoa”, complementa.

Saiba mais

Albinos em outras espécies

O albinismo não se restringe apenas à humanos. Também existe em animais como cobras, macacos, jacarés, dentre outros. No reino vege-tal também é possível ser identificado. Saiba como o albinismo se manifesta em cada um:

AnimaisMais comum nos coelhos, ratos, tigres e tubarões, os animais albinos não sobre-vivem por muito tempo em seu ambiente natural devido a fragilidade que possuem perante os raios ultra-violetas. E, curiosamen-te, a despigmentação os torna mais visíveis diante os predadores e presas.

PlantasNos vegetais, é caracterizado pela ausência total ou parcial de uma substância chamada cloroteno. É a responsável por dar o tom verde à clorofi-la. Por serem bastante exóti-cas, esses tipos de plantas são usadas de modo ornamental.

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Registro fotográfico

Lucas tem albinismo oculo-cutâneo, considerado den-tre os três principais tipos do distúrbio, o mais grave.

Quando interrogado so-

“Sei que a cor não quer dizer nada”

Albinos oculocultâneos, considerados “albinos completos“, possuem pele e pêlos brancos, olhos em tons rosados e sensibilidade extrema ao sol. Foto: Jota Pê Correia

bre os devidos cuidados que deve tomar, o garoto se mos-tra ciente, porém assume que não os faz.

O ensaio fotográfico acon-

teceu no decorrer de algumas tardes de 2008, quando dis-pensava seus horários livres com os times de botão e ou-tras brincadeiras. Atualmen-

te, cursa o 2º ano do ensino médio e estuda para cursar turismo. “Nunca sofri pre-conceito, mas noto que as pessoas olham porque ficam

impressionadas por cau-sa da minha cor. Mas não me sinto diferente porque sei que a cor não quer dizer nada”, revela.

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O mergulho de Gustavo Lacerda na sensibilidadeO mineiro Gustavo Lacerda, ra-dicado há dez anos em São Pau-lo, é um dos destaques da foto-grafia publicitária. Nascido na Belo Horizonte de 1970, mais tarde ingressou na faculdade de Comunicação da UFMG e, em 1991, realizou seu primeiro en-saio, em um hospital psiquiátri-co. Seu talento despontaria no New York Festival e no D&AD Global Awards de Londres, em 2002 e 2004, respectivamente.

Desde 2009, Gustavo mer-gulhou num mundo de sensibi-lidade, pesquisando e clicando portadores de albinismo, o que lhe rendeu o ensaio Albinos. Desprendido da preocupação da fotografia documental, o fo-tógrafo escolheu esquadrinhar a delicadeza, beleza e suavidade inerentes àqueles de pele e ca-belos brancos, olhos azuis e ro-sados. “Já há alguns anos pes-soas albinas despertam minha atenção. Um interesse peculiar, que vai além da questão do ‘ser diferente’, do inusitado. Eles trazem traços singelos de uma beleza envolta em tons pastéis de pele, lábios, olhos, pelos”, re-

velou em entrevista ao site pho-tojournal.com.br.

Algo curioso e contraditório é que a base da fotografia é a luz, justamente a luz que incomoda os albinos. Mas isso foi bastante testado e o fotógrafo conseguiu uma luz difusa, suave e com bri-lho suficiente para realçar a pele

e os tons das cenas. A ilumina-ção cumpriu bem a tarefa de imprimir no papel as sensações estéticas que despertaram em Gustavo.

A construção de cada sessão do ensaio partiu da valorização dada ao processo de produção, desde cabelo, maquiagem, ce-

nários etc. Os albinos foram co-locados na posição de destaque, deixando-se aí brotar a essência do trabalho: captando as belezas únicas e sutilezas.

O título de cada foto traz o nome, sem sobrenome, de cada personagem, o que gera uma proximidade, semelhança deles

entre os que não são albinos e até mesmo sugere um tom intimista.

Mais do que um excelente tra-balho, foi construída uma relação com os retratados, tanto que Gus-tavo é referência e passou a ser procurado por outros albinos. Ele se deu conta, então, da delicade-za gestual e de movimentos que, possivelmente, seja do próprio instinto de autoproteção ocasio-nado pelas dificuldades visuais e sensibilidade à luz daquelas pes-soas. Ainda mais, percebeu como todo esse processo tocou a auto-estima dos retratados.

Andrezas, Robertos, Patrí-cias... foram colocados assumi-damente na posição de destaque. Desde 2010, eles compõem a mostra da Coleção Pirelli/MASP e Prêmio Porto Seguro de Foto-grafia. A ideia de Gustavo é fazer uma grande exposição e publicar um livro, mas devido a proximi-dade que estabeleceu com os al-binos, acredita que o trabalho não tenha um fim datado. Tanto que pretende continuar fotogra-fando o crescimento dos irmãos Ítalo e Renan, além de outros que conheceu nos últimos anos.

Marcos, Andreza e André, cada um é protagonista de si mesmo. Os nomes sem sobrenome denotam intimismo. Foto: Gustavo LaCerda

New York, Paris e outros lugaresCuriosidade

O Sobpressão conversou com a Dra. Priscilla Rodrigues, dermatolo-gista, para esclarecer algumas dúvidas quanto aos cuidados que os portadores de albinismo precisam ter. Confira:

Sobpressão - Quais os focos de acompanhamento do albino?

Dra. Priscilla - São os cuidados com a pele, olhos e cabelos. Os cabe-los variam a pigmentação de acordo com a quantidade de melanina produzida (nenhuma ou pouca), afetando diretamente na proteção dos fios. Quanto mais claro o fio, menor a proteção contra os raios ultravioletas (RUVs), que o desidratam, ressecam e agridem. Portan-to, o uso de cremes sem enxague, leavings com filtro de proteção solar ou mesmo protetores solares na forma de spray para cabelos já existem no mercado para o uso de qualquer pessoa, não só dos albinos. Muitos pacientes optam também por pintar os fios, propor-cionando o efeito cosmético e fortalecendo-os diante do sol. Como os fios dos albinos são considerados mais finos e frágeis, como um cabelo descolorido artificialmente, orienta-se o reforço na hidrata-ção regular.

Sobpressão - A pele do albino é branca, frágil e muito sensível aos RUVs, quais cuidados devem ter?

Dra. Priscilla - A pele não deve ser exposta à radiação solar sem pro-teção física (através de roupas de manga comprida, jaquetas, calças, chapéus, guarda-chuva) e química (protetores solares). Existe, no mercado, roupas apropriadas que contêm filtro solar no tecido, mui-to usadas por esportistas e pessoas com doenças de pele que neces-sitam de reforço na proteção. Os albinos costumam apresentar quei-maduras de graus variados se expostos ao sol sem protetor, o que ao longo da vida, os tornam mais suscetíveis ao desenvolvimento precoce de câncer de pele, alguns tipos prontamente solucionados com a cirurgia e cuidados com o sol posteriormente, mas também favorece ao tipo de câncer de pele (melanoma) que pode ser fatal.

Sobpressão - Qual a proteção que podem ter para os olhos?

Dra. Priscilla - Como os albinos são muito sensíveis à luz, os cui-dados permanecem iguais aos dermatológicos: preventivos, consul-tando regularmente o oftalmologista para auxílio e tratamento de problemas que surgirem. É recomendado o uso constante de óculos de sol prescritos com proteção contra os RUVs e até lentes de conta-to, dependendo do caso.

Eles devem ter cuidados com pele, cabelos e olhos

Priscilla RodriguesEntrevista

O protetor solar ainda não é visto pelas autoridades como um remédio (e sim cosméti-co). Em muitas doenças de pele o protetor é a base do tratamento para evitar se-quelas mais graves como o câncer. O albinismo, como é uma doença fotossensível, o filtro solar deve ser de fator elevado (a partir de 50) e seu uso regular, a cada 2 horas, ainda com ampla proteção tanto para RUV A e B. Quan-to maior a proteção, maior o custo do protetor, e mesmo

Projeto de Lei prevê gratuidade na distribuição de protetor solar

Para o recebimento mensal do protetor, será feito cadas-tramento dos albinos, que ain-da terão atendimento oftalmo-lógico especializado.

“Precisamos sensibilizar o poder público para os proble-mas enfrentados pelos albinos, assim como estabelecer políti-cas públicas de atenção a eles, com ênfase para o atendimento dermatológico e oftalmológico, já que o organismo sem mela-nina, uma barreira natural con-tra a radiação solar, é de gran-de suscetibilidade ao câncer de pele e à deficiência visual”, de-clarou Manoel Junior.

Ainda de acordo com o de-putado, o cotidiano dessas pes-soas é marcado pelos riscos e medos da cegueira e do câncer. Por ser considerado portador de uma necessidade especial, o albino precisa de apoio para que seja assegurado o exercício dos seus direitos básicos.

“A distribuição gratuita de protetor solar, neste caso, além de representar a redução do nú-mero de câncer de pele e a me-lhoria da qualidade de vida dos portadores do albinismo, sim-boliza o início do processo de resgate à cidadania deste grupo de pessoas, já que muitos deles não têm condições financeiras para comprar o produto”, afir-ma o parlamentar.

Desde abril deste ano o pro-jeto encontra-se encerrado para a apresentação de novas emendas, aguardando votação na câmara dos deputados.

tendo grande variedade e am-pla faixa de preços no mer-cado, ainda deixa de ser con-sumido por grande parte da população.

Visando melhorias para os portadores do albinismo, o De-putado Manoel Junior (PMDN/PB) lançou o Projeto de Lei 7.337/2010 que prevê a obriga-toriedade da distribuição gra-tuita de protetor pelo SUS. Se-gundo a proposta, os albinos de baixa renda que comprovarem a necessidade do produto serão contemplados.

O nova-iorquino Stephen Thompson é destaque no mundo da moda e neste ano estampou a campanha de verão da grife francesa Givenchy.

Seu primeiro trabalho data do final dos anos 1990, um editorial clicado por Steven Klein para a revista W. Desde então, posou para editoriais da L’Uomo Vogue, City e Paper, Karen Walker Eyewear. Mas o modelo não se contenta apenas com as passarelas, nas horas vagas compõe letras de hip-hop e assinou a trilha sonora de The Aggressives, documen-tário indie sobre lésbicas que se travestem de ho-mens, dirigido por Daniel Peddle em 2005.

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Luciana Bezerra e Pedro Guedes

No dicionário, a palavra cole-ção vem do latim collectione, que significa “reunião de ob-jetos da mesma natureza ou compilação”. A verdade é que, para muitos jovens, o ato de colecionar objetos é uma ati-vidade tão natural, que mui-tas vezes é ignorada pelos pró-prios colecionadores, que nem se consideram como tal.

Beatriz Guedes, 24 anos, é estudante de moda e não es-conde sua paixão: gatos. A jo-vem blogueira ama tanto seus bichos de estimação (um total de cinco morando com ela em seu apartamento de dois quar-tos), que possui duas tatuagens dedicadas aos bichanos. Ela diz gostar de gatos desde crian-ça, quando ouvia histórias so-bre o Egito e sobre a mitologia ocidental. “Tenho verdadeiro fascínio por esses animais, e na verdade, não sei explicar o

Gatos por todos os lados: Beatriz Guedes mostra sua coleção Foto: Pedro Guedes

Um é pouco,dois é bom,três é coleção

Jovens colecionadores apre-sentam suas modestas coleções e revelam as histórias por trás dos objetos guardados que, apesar de poucos, são valiosos

Mais que uma colecionadora de fotos 3x4, ela se considera uma cole-cionadora de momentos. A estudante de Jornalismo Bárbara Guerra, 21 anos, começou sua coleção aos 15 anos, imitando um tio que pos-suia o mesm hábito. Hoje sua ela tem cerca de 30 fotos de amigos e familiares.

Pergunta - As suas fotos são todas de pessoas que você conhece ou você também coleciona fotos de desconhecidos?Resposta - São todas de pessoas conhecidas e queridas. Tanto que quando me magoo com alguém de quem tenho 3x4, eu me livro daquela foto. Dou para alguém que também colecione.

Pergunta - Alguma foto preferida na sua coleção?Resposta - Sim, as mais antigas. As dos meus pais antes de casarem, que tem mais de 23 anos, a do meu irmãozinho de três aninhos, que teve medo da máquina fotográfica e saiu chorando na foto, uma das minhas lembranças mais antigas e uma que um amigo me deu, que era da mãe dele. A mãe dele faleceu e ele achou na carteira dela e depois de muito tempo deu a foto pra mim. Ele diz que sou como uma irmã pra ele e que a mãe dele ia gostar disso. Guardo com mui-to carinho essas quatro fotos.

Pergunta - Por que você se considera uma colecionadora? O que é co-lecionar para você?Resposta - Colecionar é guardar com carinho algo tenha significado pra você. Eu me considero uma colecionadora não só de fotos 3x4, mas de momentos também. Existem fotos de pessoas com as quais eu nem convivo mais. Mas, aquela pessoa um dia foi especial o sufi-ciente pra eu ter uma foto dela.

Colecionando memórias em formato 3x4

Bárbara Guerra

A internet e as novas tecno-logias também têm auxiliado os colecionadores assumidos. Na rede é possível encontrar sites especializados na com-pra e venda de brinquedos, moedas, selos, gibis e até ar-tigos mais caros como jóias e objetos de pessoas famo-sas, voltados exclusivamente para o público colecionador.

O site Koleções (www.kole-coes.com.br) é uma rede social focada em colecionadores. No endereço eletrônico é possível se registrar e manter um perfil com interesses e coleções pes-soais, além da possibilidade de contato com outros coleciona-dores para possíveis trocas de artigos ou até mesmo compra e venda de objetos por meio de fóruns de discussão.

O site também oferece es-paço para divulgação de even-tos direcionado ao público que coleciona, além de notícias e fotos variadas de membros da rede social.

Conectados: colecionadores modernos se encontram na web

A coleção de Rebeca Noleto reune cerca de 50 marcadores de livro Foto: arquivo PessoaL

que me cativa neles. Talvez sua natureza, que me passa um ar de mistério e beleza ao mesmo tempo”, revela.

Um olhar mais atento em sua residência e identificamos uma colecionadora em poten-cial: são dezenas de enfeites, desenhos nas paredes, bichos de pelúcia, utensílios domésti-cos, cadernos, livros e bonecos infantis. Tudo com motivos de gatos. No entanto Beatriz não se considera uma colecionado-ra. “Apenas guardo as coisas que fazem meu estilo. E sim, tenho uma preferência por ga-tinhos, mas não corro pra com-prar tudo que é de gato. Até que gostaria, mas me controlo”.

Rebeca Noleto, 23 anos, estudante de Jornalismo, co-leciona marcadores de livros. Ela confessa que nunca aten-tou para o fato de colecionar, até possuir um número signi-ficante de marcadores. Hoje, sua coleção tem cerca de 50 peças. “Se eu conseguisse um marcador na livraria ou em al-gum evento, era lucro. Hoje, não. Sempre que vou na livra-ria eu pergunto se tem algum marcador legal”, conta.

Para Rebeca, ser coleciona-dora é: “ir atrás, fazer o que

for preciso para conseguir aquela peça”, diz. E embora confesse que a sua coleção de marcadores seja apenas um prazer sem custos maiores, ela buscam, sempre que possível, acrescentar mais um marca-dor a coleção. “Não importa se é de propaganda da livraria ou da universidade”, completa. Afinal, às vezes alguns artigos passam despercebidos ou são até menosprezados por não se destacarem esteticamen-

te, contudo, para um colecio-nador isso não é motivo para descartar os objetos.

Coleção de bolsoO grande problema dos chama-dos “colecionadores tradicio-nais”, é, quase sempre, o espa-ço para armazenar os preciosos objetos. Coleções físicas, espe-cialmente as maiores, perdem lugar para coleções virtuais.

Filmes, séries de tv, álbuns musicais e até novelas são ca-

talogados em HDs por colecio-nadores um pouco mais am-biciosos e menos “criteriosos” com suas coleções.

Glauver Sousa, 23 anos, é ator, diretor, e tem como principal objeto de adoração os musicais de Broadway. Di-retor de espetáculos consa-grados em Fortaleza, o jovem afirma que sua maior coleção está no seu computador. São inúmeros arquivos de peças e espetáculos americanos grava-dos de forma amadora, cópias de DVDs originais de shows teatrais, além de uma série de fotos, canções, partituras e até programações de teatros da Broadway. “Nem sei quantos musicais tenho salvos no com-putador. Da última vez que contei, eram mais de 200 ar-quivos”, afirma.

Glauver acredita que a in-ternet o ajuda a manter sua paixão pelos musicais. “Nunca estive em Nova York, então se não fosse pela internet, nunca poderia conhecer esses espetá-culos. Minha coleção vale ouro! Além de tudo, trabalho com ela, por isso é muito importante”.

Significâncias mínimasEmbora existam opiniões di-vergentes sobre o que é ser um colecionador, perceber-se que está sendo abolido o estereó-tipo de que só é, de fato, co-lecionador aquele que possui um acervo maior e mais elabo-rado de determinado objeto. Mesmo que possua uma cole-tânea um pouco mais humil-de, é possível considerar-se colecionadores. Afinal, mais que quantidade, o valor sen-timental dos objetos é aspecto de maior importância.

O Site possibilita a venda e troca de objetos entre colecionadores Foto: divuLGação

Entrevista

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SOBPRESSÃODEZEMBRO DE 2011 7

Lia Girão e Ranata Pimentel

Já quis viajar, mas o dinheiro estava curto para pagar a hos-pedagem? Também chamados de hostels, os albergues ofere-cem estadia barata e hospitali-dade calorosa para quem está de passagem. Com acomoda-ções caracterizadas pela simpli-cidade e pela socialização entre os hóspedes, os locais oferecem um serviço irreverente em que o convidado aluga uma cama ou um beliche num dormitó-rio compartilhado com outros hóspedes, ao invés de um quar-to inteiro, como acontece nos hotéis e pousadas.

Em Fortaleza, cinco estabe-lecimentos deste tipo estão dis-poníveis para os mochileiros: a Albergaria Hostel, o Backpa-ckers Hostel, o At Home Hostel & Pub, o Fortaleza Hostel e o Hostel Terra da Luz. A ordem desses lugares é socializar e o serviço oferecido por cada um varia de acordo com preço e com o estilo de cada albergue.Além do quarto, os hostels ofe-recem café da manhã básico e armários para que o visitan-te possa guardar seus perten-ces. Outros dispõem também de uma geladeira coletiva para conservação das comidas.

O At Home Hostel & Pub, al-bergue e restaurante inaugura-do em junho do ano passado na Varjota, dispõe de uma estrutu-ra um pouco diferenciada. Por R$50,00, além do aluguel da cama, o hóspede tem direito à to-alhas e roupas de cama limpas de dois em dois dias e pode, ainda, alugar uma bicicleta por R$10,00 para visitar novos lugares.

Régis Ponte, sócio-proprietá-rio e chef do At Home comenta que, apesar de hospedar como uma pousada, o ritmo do local é bem diferente. “A diferença do albergue para um hotel ou pou-sada é a convivência entre os

Casa, comida e, se quiser, roupa lavada Albergues oferecem

hospedagem, alimentação e uma excelente oportunidade de conhecer pessoas de vários lugares do mundo por um preço baixo

turistas. Aqui não tem cerimô-nia, a intenção é congregar as pessoas, e por isso, essa estru-tura de casa”, explica. No local os hóspedes contam com uma sala com sofás, mesinhas e com-putador. Além de internet wi-fi gratuita em todo o estabeleci-mento. Ponte também aponta o lugar mais importante do alber-gue: “a área social é o compar-timento de maior importância daqui. É na sala que acontecem as interatividades, onde quem viaja sozinho encontra compa-nhia para os passeios, onde as culturas, línguas e costumes são compartilhados”.

Mochileiro de carteirinha, Ponte e seu sócio, Marcos Lou-

Régis, ao centro, com dois mochileiros alemães na sala do albergue Foto: arquivo PessoaL

Marli Ripardo

Saiba o que as pessoas que já ficaram lá têm a dizer e descubra se ele é cadastrado nas redes internacionais de hospedagem em albergues, porque é lá que se sabe um pouco mais do estabelecimento.

Proprietária do Fortaleza Hostel

Se você deseja viajar para o exterior e procura por um alber-gue estes sites possuem hostels cadastrados de todo o mundo:

Hostel Word www.hostelworld.com Hostels www.hostels.com

Serviço

reiro, sempre sonharam em ter o próprio negócio. Depois de conhecerem vários países - Ponte morou por seis anos na Europa e Marcos passou cin-co anos nos Estados Unidos - onde a hospedagem em al-bergues é comum, quando che-garam à Fortaleza os amigos perceberam que a cidade não tinha muitas opções de hostel. “Eu sempre tive vontade de ter um bistrô ou restaurante, daí resolvi unir as ideias e monta-mos um bistrô e um albergue no mesmo espaço. Tem dado super certo”, conclui.

Marli Ripardo, proprietária do Fortaleza Hostels alerta que é necessário ter alguns cuida-dos no momento de escolher qual albergue ficar. “É preciso saber para onde se está indo. Verifique se há selo de quali-dadade no atendimento, sai-ba o que as pessoas que já se hospedaram lá têm a dizer e, principalmente, descubra se ele é cadastrado nas redes in-ternacionais de hospadagem em albergues, porque é lá que se descobre um pouco mais do estabelecimento”.

A micro-empresária con-ta que no Fortaleza Hostels, a maioria dos clientes preferem o local por desejarem conhe-cer pessoas novas, diferentes. “O preço é só um benefício a mais diante de tudo o que eles

Os hóspedes deixam mensagens na parede do corredor no hostel Foto: Lia Girão

Saiba onde encontrar

Albergue Hostel Terra da LuzR. Rodrigues Júnior, 278 - Centro Fortaleza-CE(85) 8768-4807www.hostelterradaluz.com

Backpackers Ceara Hostel Av. Dom Manoel, 89 - CentroFortaleza - CE, 60060-090 (85) 3091-8997 www.backpackersce.com.br

At Home Hostel & Pub R. Canuto de Aguiar, 1424 - MeirelesFortaleza - CE, 60160-120 (85) 3077-2233 www.athomehostel.com

Albergaria Hostel R. Antônio Augusto, 111 - Meireles Fortaleza - CE, 60110-370 (85) 3032-9005 www.albergariahostel.com.br

Fortaleza HostelR. Dona Leopoldina, 323 - AldeotaFortaleza-CE(85) 3253 3284www.fortalezahostel.com.br

usufruem nos hostels”, destaca Marli.

O Fortaleza Hostels compor-ta cerca de 50 pessoas, dividi-das em quartos duplos, triplos e quádruplos, com uma média de R$ 35,00 a diária, que inclui café da manhã, armário com cadeado, roupa de cama, inter-net wi-fi sem custo adicional, sala com tv e acesso aos servi-ços de lavanderia.

No At Home Hostel & Pub, oito quartos oferecem estadia para mais de 40 pessoas, e os hóspedes têm a opção de pedir a comida do Pub para almoçar ou jantar na sala do albergue.

A maioria dos hostels e al-bergues do Brasil e do mundo

estão cadastrados em sites es-pecializados em busca de al-bergues.

No Brasil, o site mais famoso é o www.hostel.org.br, onde o internauta pode fazer a sua car-teirinha de mochileiro, ver fotos de albergues, e conferir os co-mentários dos visistantes.

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SOBPRESSÃODEZEMBRO DE 20118

Gabriel Macedo e Patrícia Mendes

A voluntária da União Pro-tetora dos Animais Carentes (Upac), Raphaele Pinheiro é bem clara: “há cerca de 50 mil cães e gatos vivendo nas ruas de Fortaleza”. De acor-do com a Secretaria Municipal de Saúde, são nos bairros que compõem a área da Secretaria Executiva Regional V (Bom Jardim, Canindezinho e Gran-ja Portugal) que o número de animais sem teto é maior. E não é coincidência que esses bairros possuam área mais populosa e o maior número de famílias de baixa renda.

Sendo assim, associações civis como São Lázaro e a Upac trabalham visando mini-mizar o número de bichos nas ruas de Fortaleza. Estimula-dos pelo amor, respeito à vida e baseados nos princípios de controle de natalidade, ado-ção e equilíbrio ambiental, essas organizações não gover-namentais mantêm a missão de resgatar os cães e gatos de rua da cidade. Esses projetos desconhecem o preconceito de raça, cor, tamanho e idade, e oferecem aos companheiros de quatro patas os cuidados e sobretudo a proteção que ne-cessitam.

No entanto, devido a su-perlotação, essas ONGs se encontram, atualmente, im-possibilitadas de acolher mais animais.

Mais de cento e cinquenta cachorros se encontram hoje sob os cuidados e refúgio do abrigo São Lázaro prontos para a adoção Foto: PatríCia Mendes

Abrigos de animais estão superlotados Existem vários fatores que pri-

vam animais domésticos de ter um lar. Dentre eles, estão a crescente e incontrolável procriação e o descar-te irreponsável das espécies

Fundada em 2000, a São Lázaro abriga em sua sede aproximadamente 180 ca-chorros e 50 gatos, enquanto que a Upac ajuda em torno de 150 cães e 110 gatos.

No entanto, essa última defende que nem sempre o melhor destino para os ani-mais abandonados sejam os abrigos.

Esforço humanoAdotar um animal não é uma tarefa fácil. Os criadores ge-ralmente comparam os cuida-dos com os bixinhos à ativida-

de de educar e sustentar uma criança e concluem que criar um animal trata-se de um en-cargo que exige muitos cuida-dos especiais.

No entanto, as pessoas pa-recem estar mais preocupa-das com sua própria rotina. Preenchem o calendário já apertado de oito horas diá-rias de trabalho com idas à academia, às várias formas de terapia, cursos e aulas extras e saídas destinadas ao lazer. Chegando a casa, podem até optar pela criação de animais menores, como pássaros, pei-

xes de aquário e hamsters. A verticalização das cidades é outro agravante que contribui para que cada vez menos ga-tos e cachorros ocupem esses espaços. Na medida em que a população se move para os prédios, comprometem a li-berdade dos bichinhos. Todo animal de estimação precisa de água, comida e um lugar para brincar, correr e dormir. De tratamentos clínicos e psi-cológicos a treinamentos e ati-vidades físicas, os bichinhos exigem, especialmente, tem-po e dedicação de uma pessoa

que possa estar presente du-rante toda a vida.

Adotar um animal requer dos criadores compromisso e responsabilidade, além de de-dicação e bom senso. Por isso, quem está disposto a dividir sua rotina e seu espaço com um gato ou cachorro, é muito importante lembrar da castra-ção, caso não seja considera-da cabível a criação de fi lhotes no ambiente domiciliar.

É válido lembrar também que para cada cão ou gato ado-tado de um abrigo, é aberta uma vaga para outro animal.

Encontrei um animal na rua.E agora?

Ao encontrar um animal na rua, lembre-se de que você pode fazer muito mais do que levá-lo a um abrigo, pois a maioria já alcançou o limite de sua capacidade, seja ela fí-sica ou fi nanceira.

Existem algumas medidas e procedimentos que já podem ser adiantados por quem tem disposição. O animal deve ser tratado com total responsabi-lidade por quem o encontrou até o momento em que esteja pronto para adoção, que tam-bém pode ser providenciada independentemente do traba-lho dos abrigos.

Agindo assim, a ajuda será bem mais efi caz. Confi ra a se-guir algumas sugestões.

Primeiro passo

Comida, banho e cuidados

Além de suprir as necessida-des básicas de alimentação e higiene, é muito importante que o animal seja encaminha-do o mais rapido possível a uma clínica veterinária onde possa ser vermifugado e va-cinado e, no caso de alguma doença, receber o tratamento adequado. A castração tam-bém torna-se fundamental e deve ser feita imediatamente para evitar que o número de animais necessitados cresça e a situação perdure.

Segundo passo

Divulgação

Para identifi car o animal que você encontrou, tire algumas fotos e produza materiais de divulgação, como cartazes e anúncios. Des-sa forma você pode distribui-los para familiares, amigos, pet shops, clínicas veterinárias e outros lu-gares à sua escolha. A Internet é uma ótima opção, já que o al-cance é maior e existem sites pró-prios para isso. Escreva também a história desse animal a partir do momento em que você o encon-trou. Isso ajuda a sensibilizar pes-soas interessadas.

Terceiro passo

Escolha de um novo dono

Entre em contato com pessoas e associações que organizam feiras de adoção para que você possa levar o animal. Lembre-se que o processo de adoção requer al-guns cuidados. Recomenda-se entrevistar o interessado, solici-tando dados como: nome, ende-reço, telefone e comprovante de residência. É também indispen-sável procurar conscientizá-lo a respeito da nova responsabi-lidade, do compromisso o qual irá se envolver, além dos custos e necessidades do animal.

Quarto passo

Sempre à disposição

Assinado o termo de respon-sabilidade, que representa uma espécie de garantia de que o adotante cuidará do animal, mostre que você tam-bém estará sempre disponível. Atenda qualquer necessidade que haja, inclusive para o caso de devolução, que é bastante comum quando a seleção e a análise prévia do adotante não é bem feita. Após passar por todas essas etapas, o pro-cesso está concluído. Para-béns pela iniciativa!

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Saiba mais

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SOBPRESSÃODEZEMBRO DE 2011 9

Se você gosta muito de ani-mais, mas por alguma razão não pode adotar um, existem várias outras formas de ajudar os abrigos e os responsáveis por eles.

A contribuição pode ser por meio de algum tipo de doação (seja de qualquer quantia em dinheiro ou de notas fiscais), rações para cães e gatos, ma-teriais para banho e limpeza, remédios e outros procedi-mentos cirúrgicos como a es-terelização, que representa um dos principais gastos das ONGs.

Outra maneira de colabo-rar é, sempre que puder, par-ticipar das atividades sociais que os abrigos promovem. Na ONG São Lázaro, por exem-plo, de 15 em 15 dias, ocor-rem os mutirões para banhos, onde voluntários se reúnem a fim de higienizar todos os ani-mais. Para os bichinhos é uma verdadeira festa, pois eles ado-ram os cuidados que recebem durante o dia.

Há também feiras de ado-ção que acontecem sempre nos últimos sábados do mês no petshop Vira-Lata, na Cida-de dos Funcionários. Para aju-dar na organização do evento, basta chegar com uma hora de antecedência no local.A cola-boração também pode ser feita por pessoas que têm a disponi-bilidade de divulgar o trabalho e atrair mais potenciais volun-tários, como jornalistas, publi-citários e fotógrafos.

VoluntariadoA voluntária Ângela Moreira Silva colabora com a ONG des-de o início de 2011 participan-do das atividades e atualizando as redes sociais, como o Orkut, Facebook e Twitter. Ela conta que conhecer o abrigo se tor-nou uma grande descoberta. “Foi muito gratificante para mim, pois esse trabalho me preenche em todos os sentidos e é algo que levarei para o resto da minha vida.”

O designer gráfico Cristó-vão Jackson conheceu a ONG

Não pode adotar? Conheça outras maneiras de colaborar

O abandono é uma das maiores dores que se pode sofrer.Ele pode provocar sequelas físicas e emocionais no abandonado, principal-mente se for uma criança ou um animal – para quem a explicação racional das possíveis causas do abandono – surte pouco ou nenhum efeito. Um animal, por se manter mental e emocionalmente “infantil” durante toda a sua existência, será eternamente dependente do seu dono. Ele se afeiçoa à pessoa que cuida dele, desenvolve naturalmen-te forte sentimento de gratidão e passa a lhe dedicar a sua vida; se for abandonado por quem ele ama, poderá desenvolver várias doenças relacionadas à tristeza, à depressão e à baixa autoestima, chegando à automutilação.

Você não abandonaria o seu filho, ou seu animal de estimação. Porém, você pode estar contribuindo indiretamente para o abando-no de seres sob sua responsabilidade, sem ter consciência disso, se você tem um animal de estimação mas não lhe dedica atenção, afe-to, tempo, amor, ele estará vivendo uma forma de abandono. Assim como a criança, o animal necessita sentir-se acolhido, aceito, amado e precisa que alguém brinque com ele. Se você tem um único animal e ele fica sozinho a maior parte do dia, pense em oferecer-lhe um companheiro para interagir.

Pode ser da mesma ou de outra espécie. Cães e gatos podem conviver em harmonia, quando a adaptação é feita amorosamente pelo humano. É bom lembrar que animais castrados são mais dóceis e adaptáveis. E nesse caso, podem ser da mesma espécie e de sexos diferentes ou não; a escolha é sua.

Se você pensou num “abrigo” como solução para animais sem dono, esqueça! A maioria dos abrigos são verdadeiros depósitos, su-perlotados de animais tristes, sem perspectiva de atingir o que mais desejam: ter alguém para se dedicar; alguém que receba o muito amor que têm para dar, alguém que lhes dê atenção. Como se fos-sem criminosos, são trancados para sempre em celas. São muitos.

Nina Rosa Jacob é ativista pela defesa dos direitos dos animais e fundadora do Insti-tuto Nina Rosa, organização independente que trabalha pela valorização da vida do

animal por meio da educação humanitária.

Abandono: como evitar

Nina Rosa Jacob

Desde o ano de 1998, foi pu-blicado o Artigo 32, da Lei Federal nº9.605, que se en-contra na Seção I do capítulo que dispõe dos crimes con-tra o meio ambiente. O ato é classificado como crime con-tra a fauna e prevê uma pena de multa e detenção que va-ria de três meses a um ano.

No caso de serem presen-ciadas situações de maus tra-tos ou abandono, a denún-cia pode ser feita por meio do telefone do Comando da Polícia Militar Ambiental de Fortaleza. Ela atende a Capi-tal, Região Metropolitana e outras cidades do interior do Estado. É importante relatar o tipo de infração observada e fornecer o endereço com-pleto com ponto de referên-cia, se possível.

No entanto, quando o Co-mando da Polícia é acionado, a denúncia é transferida para

Denuncie maus tratos

Art. 32: a lei está em vigor desde 1998 Foto: PatríCia Mendes

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesti-cados, nativos ou exóticos; Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.

(Fonte: www.planalto.gov.br)

Procure o Comando da Polícia Militar Ambiental de Fortaleza (CPMA): (85) 3101-3577 Ligue para o Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza (CCZ): (85) 290-1499

Lei nº 9.605/98

o Centro de Controle de Zoo-noses de Fortaleza (CCZ), que prossegue com o recolhimen-to do animal doméstico.

O destino dos animais que sofrem maus tratos ainda é problemático. O CCZ não é mais responsável pela apre-ensão de animais abandona-dos, mas sim daqueles que estão aparentemente doentes. O órgão recolhe, em média, 1.500 animais mensalmente, sendo que a maioria deles é sacrificado.

Dessa forma, o local não representa uma opção para quem deseja realizar adoção. Os animais apreendidos são capturados pelas carrocinhas e levados para o canil mu-nicipal. Lá, eles passam por exames e por uma triagem, mas não vivem mais do que três dias.

Rosane Dantas

A maior dificuldade é com os recursos financeiros para comprar comida, pagar transporte, castração, contas de água e luz, material para banho, limpeza e construção e dívidas no petshop, que já chegam a R$6 mil.

Responsável pela ONG São Lázaro

Mutirões: de 15 em 15 dias o abrigo São Lázaro recebe voluntários para dar ba-nho nos animais Foto: PatríCia Mendes

Outras informações, telefones e e-mails para contato estão disponíveis nas páginas virtuais das respectivas ONGs.

São Lázaro: http://www.saolazaro.comUpac: http://upacfortaleza.wordpress.com

Serviço

Saiba mais

Opinião

Mais de cento e cinquenta cães se encontram hoje sob os cuidados e refúgio do abrigo São Lázaro prontos para a adoção Foto: PatríCia Mendes

São Lázaro em 2008 e dedica a maior parte do seu tempo livre ao trabalho voluntário. “Aqui é minha vida. O meu amor por esses animais vem desde a in-fância. Tenho seis gatos ado-tados e considero todos eles como meus filhos”, confessa. Ele utiliza seus conhecimentos em artes gráficas para produzir

materiais de divulgação.Para se tornar um voluntá-

rio da Upac é necessário pre-encher uma ficha de recruta-mento, disponível na página da Internet. Você deve esco-lher um dos sete setores que a associação oferece, escrever uma pequena carta de apre-sentação, bem como definir a disponibilidade de horário.

DoaçõesA maioria das ONGs não con-tam com ajuda de doadores fi-xos. A São Lázaro recebe ape-nas colaborações de empresas que vendem rações, mas a quantidade não é suficiente para suprir o número de cães e gatos que lá habitam.

A responsável pelo abrigo e auxiliar de veterinário, Rosane Dantas, conta que toda ajuda é bem vinda e que o trabalho dos voluntários é fundamen-tal para que a ONG São Lázaro continue suas atividades.

Já a Upac ainda não pos-sui uma sede própria, como a ONG São Lázaro. Por já terem os dois abrigos que alugam su-perlotados, eles contam com a ajuda de vonluntários para receber esses animais em suas casas, oferecendo um lar tem-porário até que eles estejam aptos à adoção.

Para manter o trabalho vo-luntário de grupo, a associação ainda vende itens e acessórios como camisetas, chaveiros e adesivos de carros.

Os preços são bastante aces-síveis e você pode encontrar os produtos no petshop Alfhaville Dog, na Aldeota, e na acade-mia MAC Fitness, no Antônio Bezerra.

Os endereços dos abrigos não são divulgados para evitar o despejo de animais em suas portas. Para se informar, você pode acessar os sites abaixo.

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SOBPRESSÃODEZEMBRO DE 201110

João Romero e Thiago Rocha

A Igreja é um local sagrado em que as pessoas vão para orar e entrar em contato com Deus. Contudo, para alguns, o espaço religioso tem se tor-nado ponto de realização de furtos. Para tentar reverter as ações, algumas soluções encontradas foram: constru-ção de grades, instalação de alarmes e câmeras. Para o secretário da Catedral Metro-politana de Fortaleza, Clau-demir Holanda, a situação da segurança do local é precária. “Esse é um dos principais pon-tos turístico da cidade. Mas, infelizmente, não oferece se-gurança”, frisou.

Holanda também acrescenta que muitos moradores de rua dormem embaixo das escadas da Catedral. Por isso, todas as manhãs os funcionários preci- Fiéis temem a ação de criminosos na Catedral Metropolitana de Fortaleza Foto: natinho rodriGues

Igrejas do Centro sofrem com assalto e insegurança

Em algumas situações os crimi-nosos se passam por funcionários da igreja com o intuito de ludibriar os fieis e assim conseguir alguma quantia em dinheiro

sam acordar os pedintes para retirá-los da entrada. Além disso, também é preciso lim-par o local, uma vez que gran-de parte dos moradores de rua fazem suas necessidades fisio-lógicas em frente a Igreja.

“Os moradores de rua co-nhecem quem trabalha na Ca-tedral e sabem a nossa rotina. Com isso eles percebem a opor-tunidade perfeita para realizar algum delito. Foi assim que a nossa cripta foi arrombada em julho”, explicou o secretário.

Segundo Holanda, devido ao alto custo de manutenção, infe-lizmente não é possível contra-tar uma empresa de segurança. “O padre sempre conversa com as autoridades pedindo mais segurança. Mas, nem sempre isso é o suficiente”.

A audácia dos ladrões é tama-nha que alguns se passam por funcionários do Santuário e pe-dem dinheiro aos fieis. “Quan-do as pessoas reclamam, nós procuramos o falso funcionário. Temos dificuldade para encon-trá-los pois a Catedral é muito grande e tem várias saídas”.

Nos arredores da Igreja Sa-grado Coração de Jesus, no Centro, é possível observar

vários moradores de rua cir-culando pelo local. Apesar de nenhum problema ter sido re-gistrado, já está sendo estu-dado um projeto para colocar grades ao redor do local. “O nosso objetivo é dar uma maior proteção ao Sagrado Coração de Jesus. Dessa forma todos poderemos trabalhar tranqui-lamente”, afirmou o frei José Nilto Pereira.

O frei explica que a decisão de instalar grades se deve ao crescimento da população de rua, que assume os espaços do local. “Nossa praça é referência na Cidade e por isso ela acaba sendo tomada. Isso acontece porque a cidade tem seus pro-blemas”, disse.Pereira comenta que o local já tem segurança particular, câ-meras e alarmes. Além disso, a Policia Militar (PM) também sempre se encontra disponí-vel para ajudar. “Queremos um pouco mais de tranquili-dade. Por isso queremos colo-car as grandes no entorno do santuário”, ressalta.

Embora os registros de as-salto ocorram com frequencia nas igrejas do Centro, a sensa-ção de insegurança ronda de-mais locais, como a Igreja de Nossa Senhora de Fátima.

Há quase quatro anos, foram contratados serviços terceiriza-dos de segurança, além da ins-talação de câmeras de seguran-ça por toda a Igreja. O problema maior é o furto dos carros esta-cionados no entorno do lugar.

O medo está afastando os fi-éis da Igreja. Receosos em ir à missa e correr perigo, vá-rias pessoas reclamam e aca-bam deixando de frequentar os templos. Igrejas como a do Rosário, da Nossa Senhora do Carmo, Sagrado Coração de Jesus e do Pequeno Grande es-tão sofrendo com essa onda de assaltos. A população se sente intimidada com a situação.

Centenária, a igreja do Sagra-do Coração de Jesus, localizada na avenida Duque de Caxias, centro da Cidade, situa-se em uma praça e acaba dividindo o espaço com vendedores e pedin-tes. “Frequento a missa da Igre-ja do Sagrado Coração de Jesus há mais de dez anos e é muito perigoso. Vejo várias pessoas pedindo dinheiro e eu sempre ando na praça com medo de ser assaltada”, diz a dona de casa de 54 anos Maria Assunção.

Ela tenta encontrar uma so-lução para evitar o receio de ser furtada ou correr algum risco. “Por mim eu iria de car-ro, mas como moro perto da Igreja acabo indo a pé e cor-rendo esse perigo”, relata.

A praça que abriga a Igreja tem policiamento, mas não o suficiente para dar uma prote-

Populares estão com medo de serem vítimas dos assaltos

Frequentadores da Igreja Sagrado Coração de Jesus estão temerosos. Foto: João roMero

Saiba mais

O Centro de Fortaleza é co-nhecido como uma das áreas de maior circulação de toda a Cidade. Por isso, a Policia Militar (PM) sente dificuldades em combater o crime na região. Sendo assim, novas estrategias estão sendo criadas para que os agentes possam manter a lei.

Segundo o comandante da 5ª Companhia do 5º Batalhão da Policia Militar (BPM), major Teófilo Gomes, o trânsito com-plicado do Centro e as ruas estreitas, dificultam as ações dos policiais. Para solucionar o problema foi realizado o refor-ço com moto-patrulhas para dar mais agilidade aos PMs.

Além disso, ele destacou que o fluxo de pessoas é muito grande. Dessa forma é mais di-fícil observar quando alguem está prestes a cometer um crime. “Mas sempre que um PM percebe alguma movimen-tação suspeita ele vai agir para proteger a população”, ressalta.

De acordo com Gomes a PM não tem condições de manter um policial em cada Igreja do Centro de Fortaleza. Mas, sem-pre existem agentes atuando nas proximidades.

Major Teófilo trabalha para manter a paz no Centro. . Foto: divuLGação

Polícia Militar trabalha para manter a segurança

ção adequada para todos que estão no local , o que condicio-na o lugar a ser um ambiente arriscado de se visitar.

A Igreja do Pequeno Gran-de, inaugurada em 1903, não é tão famosa quando a Sagra-do Coração, mas também pas-sa por problemas. Uma das frequentadoras, Lívia Moura, de 23 anos, sente-se receosa. “Quase todo domingo eu vou a missa da Igreja do Pequeno Grande. Antigamente, eu ia a pé e sozinha. Hoje em dia vou com minha mãe de carro”, ex-plica a jovem. No entanto ela destaca que o perigo não é ape-nas do Santuário. “Não só os

arredores da Igreja são perigo-sos, o caminho para chegar ao Santuário e a cidade de Forta-leza são perigosos. Por isso, a exclusividade do perigo não é só da igreja”.

Já na Igreja de Nossa Se-nhora do Carmo não é diferen-te. Também localizada em uma praça de grande movimenta-ção, com a presença de de pas-sageiros de ônibus, estudantes, vendedores, pedintes e ambu-lantes, o perigo é constante. No entanto, o grande fluxo de pes-soas e a presença de políciais e guardas da escola, localizada no lagradouro, oferecem maior segurança para quem vai orar.

“As praças, onde muitas Igre-jas estão localizadas, sempre tem PMs atuando para manter a segurança. Mas dentro ou ao lado dos Santuários, durante todo o dia, não é possível man-ter os nosso agentes devido ao número de policiais que temos disponíveis, assim como outras áreas do Centro que necessitam de mais atenção”, explica Gomes.

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SOBPRESSÃODEZEMBRO DE 2011 11

Áquila Leite e Filipe Dias

Imagine você saber com exati-dão que horas seu ônibus vai chegar na parada mais próxima e ter acesso a essa informação por meio de painéis dispostos nas paradas ou na internet? Esta é a proposta do sistema Bem na Hora adotado desde 2004 em Fortaleza. Mas, no ano passado, os usuários de transporte coletivo não conta-vam com o serviço. Os totens continham horários desatuali-zados e o site fora do ar.

Embora o órgão responsável pelo gerenciamento do trans-porte urbano da Capital seja a Empresa de Transporte Urba-no de Fortaleza (Etufor), o ser-viço atualmente é comandado do pela Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC) por meio da Divisão de Contro-le de Tráfego por Área de For-taleza (CTAFOR). Segundo a assessoria da AMC a justifica-tiva para o não funcionamento do Bem na Hora é o fim de con-trato com a empresa que fazia a manutenção dos relógios loca-lizados nas paradas das aveni- Paineis indicativos estão há mais de seis meses fora de funcionamento Foto: FiLiPe dias

O serviço falha bem na hora O serviço Bem na Hora, adota-

do pela Prefeitura de Fortaleza em 2004 para auxiliar os usuários de transporte coletivo, está há mais de seis meses sem funcionar

das Pontes Vieira, Desembar-gador Moreira, Dedé Brasil e Perimetral e nos sete terminais de integração da cidade.

O Sobpressão entrou em contato com a empresa respon-sável pelo desenvolvimento do Sistema, mas de acordo com a coorporação, o Bem na Hora foi apenas desenvolvido por eles. A responsabilidade é da AMC.

Totem de lamentaçõesElaine Quinderé, 21, utiliza os ônibus que passam pela aveni-da Pontes Vieira, via abrangi-da pelo serviço Bem na Hora. Ela sente-se prejudicada pela ausência do horário. “Toda vida que eu passo por um lugar que tem um totem, ou ele está desligado ou com horários fora do normal. No terminal do Pa-picu, onde eu ando, a situação é ainda pior. O painel que in-forma os horários está quebra-do”, reclama. Elaine considera o serviço bastante útil, mas la-menta o descaso que o Servi-ço sofre. “Assim como todas as demais coisas que tentam im-plementar aqui em Fortaleza, o Sistema acaba não favore-cendo população inteira”, diz.

Muitos usuários de trans-porte coletivo lamentam que o Bem na Hora não esteja dis-ponível em todos os bairros. Wagner Portela, 25, morador do José Walter, gostaria que as linhas que ele precisa usar diariamente contassem com o auxílio do Sistema. “Eu só vejo

Com a escolha de Fortaleza como uma das principais se-des da Copa do Mundo FIFA 2014, o Governo do Estado viu-se na obrigação de inves-tir em infraestrutura. Obras que há muito tempo são alvo de críticas da população.

Gustavo Barroso, engenhei-ro do Departamento Estadual de Rodovias (DER) e especia-lista em obras urbanas, garan-te que a expectativa é que em menos de dois anos 80% das principais avenidas da Capi-tal já estejam revitalizadas e prontas para receber tráfego em grande volume. “As obras já estão em andamento e, di-ferente do que muitos pen-sam, não estão atrasadas. Os grandes problemas são com os recursos. Às vezes fecha-mos com uma construtora que acaba desistindo do projeto e, desta forma, nos prejudican-do. O Governo do Estado vem tentando minimizar eventuais atrasos e transtorno, mas nem sempre consegue”, justifica.

Barroso ainda ressalta que

Fortaleza vai mudar durante a Copa 2014, diz especialista

Você sente falta do Sistema Bem na Hora?

Enquete

“Sentiria mais fal-ta se ele estives-se disponível em todos os pontos da cidade. No início da implan-tação até que o Bem na Hora era eficaz, mas agora que o Sistema não tem mais manutenção, nin-guém dá credibildade”

Danienne MagalhãesAtendente

“Embora das ve-zes que eu pres-tei atenção ele não estava fun-cionando, acho que o sistema Bem na Hora é útil por dar uma boa noção do horário do ônibus que queremos pegar”

Jordana Freitas Educadora

“A ideia de im-plantação é ex-celente. Saber o horário que o ônibus passa ajudara as pes-soas a cumprirem os compro-missos. Não sei por que o sis-tema não deu certo, tendo em vista que a tecnologia usada por ele é muito simples e total-mente viável”

Wolney Batista Estudante

“Na época em que eu estava nas paradas, ge-ralmente a pre-visão não era mesma da hora que o ônibus efetivamente chegava. Pelo menos a única contribuição é oferecer uma orientação na espera dos pas-sageiros, para eles optarem por outro meio, ou não”

Suiani Sales Estudante

Enquanto alguns não sabem que o Sistema deixou de funcionar, outros lamentam o seu não-funcionamento

Saiba mais

Bem na Hora foi criado em 2004, pela empresa paulista NovaKo-asin, a pedido da Prefeitura de Fortaleza. Ele é composto por um sistema de geolocali-zação de veículos e por “sinais inteligentes” controlados pela CTAFOR para favorecer o deslo-camento do ônibus.

O Sistema foi implantado ini-cialmente, como fase de testes, na linha:

075 - Campus do Pici/Unifor 031/032 - Borges de Melo 1 e 2029 - Parangaba/Náutico030 - Siq/Papicu via 13 de Maio 315 - Messejana/Parangaba.

Totens luminosos que informa-vam os horários dos ônibus fo-ram instalados em algumas pa-radas das linhas citadas acima, e, nos terminais de Messejana, Parangaba, Siqueira e Papicu.

O sistema disponibilizava na in-ternet um site por onde o usuá-rio poderia verificar onde estava o veículo da linha desejada, e adequar seus horários de acor-do com a posição do ônibus.

os totens na Aldeota e, pelo que percebo, o Sistema é bem eficiente. Dá para a gente ter uma boa noção dos horários. Queria que tivesse um negócio desses no ‘Zé’ Walter”.

muita coisa vai mudar na Ci-dade e que, mesmo depois do mundial de futebol, o DER continuará trabalhando com afinco para manter a qualida-de das ruas e avenidas de For-taleza. “Pretendemos alargar diversas avenidas para reduzir esse trânsito caótico. Além dis-so, o principal objetivo é aca-bar com a fama que a cidade leva de ‘esburacada’. Fortaleza vai mudar para melhor e não queremos que essas melhorias só durem até a Copa, mas que funcionem como uma alavanca para culminar no crescimento da Capital do Ceará”. No en-tanto, o grande problema cau-sado pelas obras da prefeitura são exatamente os congestio-namentos que o serviço pre-tende evitar.

Avenidas como Washing-ton Soares e Pontes Vieira estão interditadas em diver-sos locais, causando tumulto e constrangimento entre os motoristas. Daniel Mesquita, estudante de Direito acredita que a soluçãoseja a realização

dos serviços de forma grada-tiva. “No fundo, as pessoas sabem que as obras são para trazer melhorias, mas é um absurdo o que eles fazem em alguns pontos da cidade. Já vi avenidas de três faixas com apenas uma liberada. Não tem como ser assim. Por que não fazer as obras de forma gra-dual? Para mim, isso prova que as coisas estão atrasadas e que o Governo é desorgani-zado”, argumenta.

Intervenções do Governo do Estado como o Acquário, o Centro de Feiras e Even-tos, a duplicação da CE- 025, a construção da barragem do Rio Maranguapinho e a refor-ma do Instituto Médico Legal de Fortaleza são alguns exem-plos de serviços problemáti-cos. Para o taxista João Lucas, “não se pode confiar nos pra-zos divulgados pela gestão”.

João Lucas não é o único que pensa assim, já que uma das reclamações mais corri-queiras na cidade envolvem prazos e obras inacabadas.

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Raynna Benevides

Morar em uma casa onde não há desperdício de água ou em que toda a luz utilizada é fon-te de uma energia 100% limpa e renovável, provavelmente se encontra um pouco distante do cotidiano de muitos fortalezen-ces. No entanto, já é possível encontar pessoas que adotam algumas dessas práticas em suas rotinas.

A bancária Herbene Gomes garante: “este hábito não é difícil aderir”. Há quinze anos ela rea-liza a coleta seletiva dos resíduos produzidos em sua residência. “Encaminho tudo para uma as-sociação de catadores. Tiro lixo da rua e transformo em material de qualidade”, relata.

Herbene também faz coleta do óleo de cozinha e o reapro-veitamento da água. “Disse-mino a idéia entre meus vizi-nhos. Nem todos aderem, mas já é possível sentir a diferença. Dá para ver que, aos poucos, as pessoas sentem a necessi-

Herbene Gomes faz coleta seletiva de resíduos e do óleo de cozinha, além do reúso da água para algumas atividades domésticas, como regar as plantas. Foto: raynna Benevides

Sustentabilidade vem de casa São poucos os exemplos em

Fortaleza de residências com boas práticas sustentáveis. Mas, o que é possível fazer para aumen-tar esse tipo de atitude?

dade de tomar esses cuidados, participar dessas iniciativas”, explica.

Assim como a bancária, al-guns moradores de um condo-mínio no Bairro Edson Quei-roz, em Fortaleza, também resolveram, sozinhos, adotar medidas para reduzir o consu-mo de água e energia. “Fize-mos uma tabela de metas para cada morador que comprome-teu-se a reduzir o consumo de água, por exemplo. No total, já conseguimos reduzir cerca de 7% de nosso consumo”, ex-plica Rafaela Gurjão, uma das moradoras.

Atualmente, o conceito eco-logicamente correto tem sido incorpordado pelo setor de habitação, desde as constru-toras até as lojas de materiais de construção. Estas fornecem, por exemplo, madeira produ-zida em florestas plantadas exclusivamente para fins in-dustriais, assim como material reaproveitado, geralmente de demolição, além de tijolos crus, moldados em processos artesa-nais e não levados ao forno, evitando, consequentemente, a geração de fumaça poluidora.

Apollo Sherer, presidente do Conselho Regional de Cor-retores de Imóveis (Creci-CE) destaca que esses novos con-ceitos de habitação, os quais

Quem conhece um pouco sobre sustentabilidade sabe muito bem que qualquer pessoa pode desenvolver métodos que be-neficiem o meio ambiente.

Um meio simples e eficaz é o reaproveitamento do lixo, como adubo, por exemplo. Por meio de uma compostei-ra orgânica é possível realizar essa atividade.Os resíduos or-gânicos produzidos em uma casa podem ser depositados na composteira e misturados com camadas de terra, folhas e minhocas. Deste modo, o lixo começa a se transformar em adubo, em um processo que leva alguns meses.

Cláudia Monteiro há dois anos, montou sua e concluí: “é uma ótima solução para evitar o desperdício de resíduos e ga-rantir um bom suprimento de adubo para o meu jardim, mi-nhas horta e meus vasos”.

Como funcionaA composteira de Cláudia é formada por três caixas de plástico empilhadas e interli-gadas por pequenos furos fei-tos ao fundo.

A caixa inferior serve para escoamento e armazenamento de chorume, líquido formado durante o processo de decom-posição do material orgânico. As minhocas utilizam os furos

Cláudia Monteiro usa adubo produzido na composteira em sua horta. Foto: raynna Benevides

Lixo por aduboMedidas simples que fazem muita diferença

Saiba mais

O Ministério do Meio Ambien-te disponibiliza, em seu site, algumas dicas sustentáveis, que podem facilmente ser adotadas em nossa casa. Confira.

AerossoisEvite aerossois com CFCCFC é o gás responsável pelo buraco na camada de ozônio. Prefira aromatizantes e produ-tos de limpeza biodegradáveis.

PapelEconomize papelEstima-se que para cada 100 quilos de papel reciclado são poupadas sessenta árvores. An-tes de usar, pense em seu com-promisso com o meio ambiente.

BanhoMenos tempo no chuveiroBanhos que duram quinze mi-nutos são ecologicamente in-corretos: gastam em média 243 litros de água. A ONU diz que cada pessoa necessita de cer-ca de 110 litros de água por dia para atender às necessidades de consumo e higiene.

Resíduos eletrônicosPilhas, baterias e lâmpadas Não devem ser colocadas junto a outros resíduos, pois contêm subs-tâncias que podem contaminar a terra e o lençol de águas subter-

râneas. O correto é direcioná-las a pontos de coleta específicos, espe-cializadas em separar e reciclar me-tais tóxicos.

SacolasLeve sua sacola durável para as comprasUma sacola plástica leva mais 100 anos para se decompor. Substituí-las por duráveis significa reduzir o volume de lixo produzido.

Resíduos sólidosSepare o material reciclávelResíduos que se encontram sepa-rados e limpos facilitam a recicla-gem. Além disso, alguns materiais caem em desuso quando caso en-tem em contato direto com lixo não-reciclável.

Máquina de lavarSó use quando estiver cheiaCom poucas peças e lavagens freqüentes, gasta-se mais água e energia. A Ligando a máquina dia sim, dia não, a economia é de 9 quilowatts-hora por mês na conta de luz. AlimentosNão desperdiceNão compre nem cozinhe mais alimentos do que vai consumir, isso significa gerar mais lixo.

EletrodomésticosGeladeira e freezerPodem responder por 30% do consumo de luz. Compre os que têm o selo Procel e evite deixar a porta da geladeira aberta por muito tempo.

projetam a construção a fim de que ela funcione de modo sus-tentável, são tendência mun-dial e certamente se difundirão no mercado cearense. “Entre as tecnologias já encontradas em nossos empreendimen-tos, destacam-se a produção de energias renováveis, como eólica e solar, além de senso-res de movimento, que contro-lam a quantidade de energia em um ambiente e o reapro-veitamento da água da chuva. No entanto, de acordo com a corretora de imóveis Karla Colares, em Fortaleza é quase mínimo o número de residên-cias que adotam algum sistema que privilegie a preservação do meio ambiente.

Segundo Karla, ainda é um desafio para a Capital tornar a construção civil uma atividade menos impactante ambiental-mente, assim como desenvol-ver projetos que usem recur-sos naturais de modo racional. “É pequena a quantidade de imóveis que adotam medidas como a coleta seletiva de lixo ou dispositivos economizado-res de água e energia elétri-ca. Fortaleza quase não tem exemplos e os que existem são de luxo, pouco acessíveis para a população em geral. Vários deles chegam a custar mais de um milhão”, destaca.

Terreiro da Tradição, da artista Mana Cellani em óleo sobre tela Foto: divuLGação

para migrar para a caixa de cima, quando o processamen-to de todo o material chega ao fim. Isso significa que o com-posto já está pronto pra ser utilizado.

Ao contrário do que prega o senso comum o chorume for-mado na composteira caseira não é contaminante. De acor-do com Cláudia ele também pode ser usado como bioferti-lizante. “Uma ótima maneira de contribuir com a preserva-ção do meio ambiente”.

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Faça sua parte. Denuncie casos de emissão de fumaça negra. Ligue para:

Disque Natureza : 800.275.2233

Márcia Pessoa e Camila Montenegro

A fumaça negra é um dos gran-des vilões do efeito estufa. Isso acontece porque em sua com-posição são encontradas partí-culas poluentes de alta toxici-dade. Os maiores responsáveis por emitir esses gases são os veículos automotores, os quais vêm se multiplicando substan-cialmente.

Um bom exemplo desse fato é o próprio estado do Ceará. Somente nos últimos dez anos, a Capital teve sua frota de au-tomóveis quase quadruplicada. A quantidade de carros cresceu de 633.871 para 1.706.361.

Segundo dados divulgados pelo coordenador do Progra-ma de Combate à Fumaça Ne-gra do Ceará, Francisco Oli-veira da Silva, em Fortaleza, os trabalhos conduzidos pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), tem produzido resultados significa-tivos na redução da fumaça ne-gra emitida pelos veículos.

Desregularização: veículos a diesel são os transportes que mais poluem o meio ambiente Foto: MárCia Pessoa

Fumaça Negra: inimiga do planeta A emissão de gases tóxicos é

uma das grandes causadoras da poluição ambiental e do aumen-to no consumo de combustível. Será possível, então, evitá-la?

O resultado obtido pela Su-perintendência em conjun-to com os órgãos de trânsito, ocorreu por meio da realização de blitz semanais para fiscalizar os automotores nas principais áreas de tráfego da cidade.

Durante as fiscalizações, os proprietários dos veículos, autuados como irregulares na emissão de gases poluentes, recebem uma multa no valor

De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE) somente no Esta-do são mais 1, 7 milhões de veí-culos em circulação que emitem gases no meio ambiente. Por isso, é necessário a fiscalização.

Durante a blitz o veículo é parado com ajuda dos agentes de trânsito da Autarquia Mu-niciapal de Trânsito (AMC), Comando de Policiamento Ro-doviário (CPRV), Polícia Rodo-viaria Federal (PRF) e Detran. Os passageiros recebem um planfleto informativo que além de esclarecê-los sobre o traba-lho de fiscalização, convoca-os a denunciar para a Semace quan-do um veículo em circulação es-tiver emitindo fumaça negra.

A fiscalização é realizada me-dindo-se a intensidade de cor da fumaça emitida pelo veículo por meio da Escala de Rengelmann Reduzida (veja foto ao lado). Um painel branco medindo aproximadamente 0,40 x 0,50 cm colocado atrás do cano de escape do veículo. Em seguida, acelera-se o automóvel confor-me orientação do técnico fiscal. A leitura é realizada com a esca-la a 30m de distância da fonte de emissão. Os veículos que apresentarem densidade colori-

Procedimentos utilizados em fiscalizações contra a poluição

A escala Rengelmann reduzida é usada para medir o indice de poluição. Foto: divuLGação

Reduza a emissão de poluentesSaiba mais

de 15 dias para nova vistoria, sob pena de serem multados de acordo com a legislação am-biental vigente.

Quando é constatada uma densidade colorimétrica de 80% a 100% (padrões quatro e cinco), o veículo infrator re-cebe o auto de infração, é reco-lhido e fica proibido de circular até que o motor esteja devida-mente regulado.

métrica (menor quantidade de particulas poluentes indicado pela cor) de 20 a 40% (padrões um e dois) são liberados para o tráfego depois de receberem no párabrisa o adesivo vistoriado.

Aqueles que apresentarem densindade colorimétrica de 60% (padrão três), recebem auto de infração e devem apre-sentar o veículo à Semace, de-vidamente regulado, no prazo

de R$ 1,174,00, de acordo com a portaria Nº 136, de 23 de ju-lho de 2007 da Semace.

Prejuízos à saúdeDe acordo com a professora de química da Universidade Fede-ral do Ceará (UFC), Rozane Va-lente, quanto mais fina a partí-cula maior a sua capacidade de viajar por meio da atmosfera e atingir locais distantes, in-

cluindo ecossistemas naturais importantes como a caatinga, aquífero, vegetação de dunas, dentre outros. “Esse processo provoca efeitos destrutivos ao meio ambiente, prejudicando, por exemplo, o crescimento saudável das plantas.”

Quanto à saúde humana, se-gundo o médico especializado em otorrinolaringoligia, Fran-cisco Galvão, os gases podem

causar danos em vários locais do corpo, como sintomas de irrita-ção aguda em regiões como pele e olhos, prejuízos que afetam a capacidade de oxigenação da he-moglobina no aparelho cardio-vascular, além de, no aparelho respiratório, desenvolver doen-ças infecciosas agudas e doenças crônicas tais como bronquite, asma, infecção pulmonares e enfisema.

Anezilda Maria Lima, 73, que sofre de asma há 15 anos. Devido à localização de sua residência numa avenida de grande flúxo de veículo, sua enfermidade foi se agravando devido a quantidade poluentes pre-sentes no ar. “A poluicão era visível, bastava passar o dedo nos móveis uma horas depois de limpos e o dedo ficava preto”, relata Anezilda.

Aconselhada pelos seu médi-co pneumologista, José Eneias, a morar mais distante da circulação de veículos, Anezilda resolveu mu-dar para uma área verde da Cida-de, uma vez que não suporta mais as crises constantes de asma. A melhora, segundo Anezilda “foi notória”.

VeículoLeia o manual do carro- É importante manter o veícu-lo regularizado de acordo com as especificações do fabricante. Desta forma, além de reduzir a emissão de gases poluentes, prolonga-se a duração do motor e economiza-se combustível.

TrânsitoFuja do engarrafamento- Evite vias congestionadas e procure caminhos alternati-vos. Um trânsito congestiona-do pode aumentar o consumo de combustível, assim como a emissão de poluentes.

ÔnibusMude de opção- Existem outras alternativas para locomoção. Por isso, sem-pre que possível, procure utili-zar outro meios de transporte como: ônibus, bicicleta e, caso exista em sua cidade, metrô.

DieselCuidados especiais- Caso o veículo utilize diesel,

mantenha o sistema de injeção de combustível regulado, confor-me especificação do fabricante.- Evite acelerar seu veículo des-necessariamente, principalmen-te quando parado no tráfego. Acelerando, aumenta-se a emis-são dos poluentes.

OficinaFaça sempre revisão- Fique alerta para o período de troca do filtro de ar. Sujo, ele au-menta o consumo de combustí-vel e o veículo polui mais. CombustívelPrefira os mais limpos- Um motor a diesel é mais efi-ciente que o motor à gasolina, mas a gasolina emite menos substâncias prejudiciais à saú-de humana. O gás natural, em relação à gasolina e ao óleo diesel, emite menos dióxido de carbono. O biodisel é a so-lução para evitar esse desatre mundial, e o Brasil sai na fren-te nesse importante aliado no combate aos problemas am-bientais.

Serviço

A fumaça negra decorre devido a problemas operacionais e de manutenção dos veículos. Saiba como evitar esta situação e também escolher o tipo de combustível menos .

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Na contramão do que os coleciona-dores de carros clássicos pregam, Jonathan Possebon também se rendeu aos veículos modificados. A personalização e otimização dos automóveis recebe o nome de tu-ning. Uma das vertentes desta prá-tica é a Hot Rod - que consiste na modificação de carros mais antigos - outra paixão do empresário.

Dos clássicos à adrenalina dos personalizados

Tudo começou quando o pai do jornalista Guto Castro Neto re-solveu se desfazer de um Del Rey, 1988. O filho, apaixonado pelo veículo que costumava passear na infância, resolveu investir e assumir o volante do automóvel, que ele afirma: “em nenhum mo-mento me deixou na mão”.

Sobpressão - O que o Del Rey significa para você? Guto Castro - Tenho uma re-lação de carinho, pois andava no banco de trás dele há 20 anos e hoje ainda estou com o carro. A maciez da suspensão e o conforto dos bancos são os mesmos. Sem falar na potência do motor 1.6, movido a álcool.

Sobpressão - Quais as vanta-gens de mantê-lo rodando? Guto - Um carro com mais de 15 anos de fabricação não paga IPVA e as seguradoras do mercado não têm apólices para carros antigos. Assim, tenho menos despesas anuais. Mensalmente pago apenas o combustível - cerca de R$ 200,00 por mês - e uma lava-gem por semana - R$ 60,00 por mês. É um carro que dá pouca oficina. Recentemen-te fiz um gasto grande numa recuperação do motor e da embreagem, mas havia dois anos e meio que ele não ia para a oficina.

Sobpressão - As peças antigas são muito caras? Guto - Não. O problema é achá-las. Há uns três anos pre-cisei trocar um retrovisor e não encontrei original novo. Vi al-guns usados na internet, mas o frete era mais caro que a peça. Tive que optar por uma réplica do original, nova, que não é a mesma coisa, mas funciona.

Sobpressão - Já te deixou “na mão” alguma vez? Guto - Nestes seis anos, a única vez em que ele parou de funcionar foi quando a bateria descarregou. Ele nem precisou de oficina. Eu liguei para uma loja e comprei outra. O moto-queiro chegou ao local onde eu estava, trocou a bateria e deu tudo certo.

Sobpressão- Já pensou em trocar o antigo Del Rey por um carro atual? Guto - Estamos falando de um Del Rey 1988 que deve custar R$ 4,500,00. Nenhum outro veículo, até quatro ou cinco vezes mais caro do que ele, vai me dar o conforto e a potên-cia dele com um custo de R$ 260,00 por mês. Já pensei em aposentá-lo, mas seria um investimento maior e eu ainda considero que não é vantajoso.

Del Rey: parte da família há 23 anos

Guto Castro Neto

Entrevista

Fabricado em apenas 49 dias, o Jeep Willys 1942 mudou os rumos da II Guerra Mundial e faz parte da frota do colecionador Jonathan Possebon Foto: arquivo PessoaL

Relíquias de quatro rodas Caros e apaixonantes, os auto-

móveis são itens de coleção para gente grande. E o maior desafio está em manter a originalidade dos veículos

Luis Domingues e Eduardo Buchholz

Conhecido por ser um País amante do automobilismo, a população do Brasil expres-sa com sentimento de apego todo o carinho que sente por seus veículos pessoais. Essa adoração por automóveis foi o que fez o empresário cearense Jonathan Possebon começar uma coleção deles. Não dife-rente de muitos outros casos, ele começou sua paixão ainda na infância.

“Meu pai era admirador e me levava para encontros, ofi-cinas e museus. Assim, acredi-to que despertou meu interesse também”, relembra.

O laço familiar gerou em Jonathan seu primeiro sonho de consumo: um Jeep Willys 1951, como o de sua família. “Lembro de brincar muito em cima do jeep e passear com mi-nha família. Cresci e sempre quis ter um igual. Aos 23 anos, comprei meu primeiro carro antigo, justamente um Jeep Willys 51. A vontade era tanta que, mais tarde, comprei ou-tro”, salientou. O veículo tam-bém é conhecido por ser pare-cido com os usados nos filmes de Indiana Jones.

HobbyHoje, o empresário soma em sua coleção sete automóveis e garan-te que busca informações sobre a história de cada um deles.

“Não acho a prática uma contradição. Um Hot Rod sig-nifica a liberdade e a possibili-dade de passear com tranqui-lidade, sem preocupações com possíveis quebras, que nos an-tigos podem acontecer por li-mitações da própria idade. Sou fã de um motor ‘apimentado’ e o estilo vintage”, ressalta.

A personalização custa caro. Transformar modelos clássicos em Hot Rod não é diferente. En-tretanto, Jonathan admite que no momento de investir nos ve-ículos, a emoção fala mais alto que a razão.

“Já gastei mais de R$ 100,000 em um carro. Tudo depende do seu objetivo com

o automóvel. A personalização é um investimento e, como ou-tro qualquer, tem seus riscos. Existem vários motivos que fa-zem as pessoas procurarem um veiculo diferente, isto está mais associado com a emoção do que com a razão”, conclui.

Dentro da leiA modificação, porém, não é tão simples. Além de alterar a estética do carro, há também a adaptação mecânica, que al-tera o documento. Isso obriga o proprietário a buscar auto-rização do Departamento Es-tadual de Trânsito (Detran) para continuar circulando le-galmente com o veículo.

O órgão regulador deve ser informado em casos como: mudanças de potência, com-bustível, cor e alterações físi-cas mais bruscas, como tornar um carro fechado em conver-sível. Sendo assim para esqui-var-se da multa, é necessário adaptar-se às leis de trânsito.

“A pesquisa começa antes da aquisição do veículo. Quando tenho interesse ou curiosidade sobre um modelo de carro, au-tomaticamente começo a bus-car informações”, afirmou.

Segundo ele, essa ligação só faz aumentar quando tem o carro em mãos. “Depois da aquisição, começa o aprofun-damento especifico sobre o modelo. Fazer esta pesquisa reforça, ainda mais, o prazer de ter um carro assim”, com-pleta.

Foi investigando sobre o passado dos seus carros que Jonathan definiu um Fusca, em meio aos veículos da II Guerra Mundial, como o de maior re-levância histórica.

“Quem possui um Fusca, por si só, tem em suas mãos

um carro histórico. Mas o mo-delo 1984 ,que eu tenho, foi o da Arquidiocese de Fortaleza, era o carro de uso de Dom Alo-ísio Lorscheider”, ressalta.

Apesar de ter veículos fan-tásticos, Jonathan ainda busca pelo carro dos seus sonhos, um Ford F1 1951.

“Ainda falta esse. Gosto muito de pick-up, adoro moto-res V8 e, para completar, car-ros de duas cores, os chamados ‘Saia e Blusa’. O Ford F1 1951 reúne estas três característi-cas”, explica.

DificuldadesComo é de se imaginar, não é fácil manter uma coleção de carros, principalmente man-tendo a originalidade e as ca-racterísticas de cada veículo.

A problemática vai desde a aquisição de peças até mão de obra qualificada.

“A maior dificuldade está na mão de obra especializada para a manutenção ou res-tauração. Estas pessoas estão ficando raras e muitas vezes o conhecimento não é passa-do para novas gerações”, la-menta.

Para quem possui um veí-culo antigo, e utiliza no coti-diano, o empresário dá a dica para encontrar peças raras e originais em um novo merca-do: a Internet.

“O mercado virtual globa-lizado tem ajudado muito. Já encontrei até peças para um carro de 1930. Essa é uma al-ternativa rápida e não muito difícil”, pontuou Jonathan.

Quase que uma contradição, o empresário cearense também tem verdadeira paixão por carros modifi-cados, como é o caso deste Hot Rod, que, para Jonathan, traduz liberdade e tranquilidade enquanto nas pistas Foto: arquivo PessoaL

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Ricardo Garcia

A febre dos feirões de veículos tomou conta da cidade. Um re-trato disto pode ser a imagem visualizada ao lado, que se re-pete todos os finais de semana em locais como o estaciona-mento do shopping Iguatemi, que se veem lotados de carros em busca de compradores.

Idealizado em Fortaleza há dez anos pelo empresário Colombo Cialdini, os feirões já se incorporaram à cultura de consumo do fortalezense. As concessionárias enxergam neste estilo de comércio uma grande oportunidade de ala-vancar as suas vendas.

O gerente de vendas da concessionária Eurovia Re-nault, Willen Neto, destaca que as negociações em um fim de semana de feirão (sexta, sábado e domingo), chegam a representar um acréscimo de 40% em comparação com as vendas da semana no próprio espaço da concessionária.

“No último feirão que rea-lizamos, no começo do mês de outubro, foram vendidos por volta de 150 carros, todos ve-ículos novos. E no final de um mês, as vendas de veículos em

Cena Comum, nos finais de semana o estacionamento do Iguatemi lotado de carros expostos é a prova de sucesso da indústria dos feirões Foto: riiCardo GarCia

Concessionárias da Cida-de buscam investem forte nos eventos para “queimar” estoque e atrair multidões nons fins de semana em Fortaleza

feirões chegam a representar de 30 a 35% do nosso lucro total de vendas durante o pe-ríodo”, enfatiza.

Já o gerente de vendas da concessionária Dafonte Veí-culos, Augusto Jokaf, registra um aumento menos expressivo nas vendas em feirões realiza-dos pela revendedora, se com-parados com as negociações na própria concessionária nos últimos meses. “As vendas em um feirão representam um acréscimo de 20% do lucro ar-recadado pela concessionária em um mês de vendas”, apon-ta o representante.

Ambos compartilham da opinião de que não existe um período específico no ano em que estas vendas sejam mais aquecidas, pois o mercado é muito sazonal e com variações quanto ao seu poder aquisiti-vo e de compra.

Também é consenso, para os que atuam no ramo automo-bílistico, que os feirões, atrai um público mais diversificado e variado, que está disposto a comprar os veículos, indepen-dente da época do ano.

O presidente do Sindicato das Concessionárias do Estado do Ceará (Sindcon-CE), Luiz Gonzaga Neto, destacou que o principal papel do sindicato no, que se refere aos feirões, acon-tece-se na regulamentação des-tes eventos por meio de acordos realizados com os funcionários das concessionárias em convê-nios coletivos da categoria.

De acordo com Gonzaga,

são 123 concessionárias aten-didas pelo sindicato no estado do Ceará e mais de 500 reven-das de automóveis.

Venda de Veículos aquecidaBaseado no último balanço da Federação Nacional da Distri-buição de Veículos Automoto-res (Fenabrave-CE), realizado no mês de setembro, a venda de veículos no País teve um crescimento de 5,6% em com-

parativo com o ano de 2010. Somente nos dez primeiros

meses de 2011 foram vendidos 2.963 055 carros em todo o território nacional.

O mercado automobilístico brasileiro projetava um cres-cimento de 5% nas vendas de veículos para este ano, porém com a escassez de crédito dis-ponível no mercado e a con-corrência asiática, as conces-sionárias se viram obrigadas a buscarem formas de diminuir os seus estoques.

O presidente nacional da Fe-nabrave, Sérgio Reze, alertou em setembro que a tendência do momento seria uma redu-ção nos estoques de veículos para evitar uma possível pres-são financeira sobre o caixa das concessionárias. “Não estamos com a corda no pescoço, mes-mo assim, as promoções e van-tagens para atrair os consumi-dores são importantes para que as concessionárias não arquem com os juros das montadoras”, afirmou Reze na ocasião.

O consultor do Centro de Estudos Automotivos (CEA) e ex-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfa-vea), Luis Carlos Mello, res-saltou, em recente entrevista, que os feirões são uma pecu-liaridade brasileira e atuam como “agentes reguladores” do mercado.

Para ele, as montadoras e concessionárias costumam destinar de 1% a 2% do fatu-ramento total às ações pu-blicitárias, número que pode aumentar no final de ano para impulsionar as vendas”, esti-ma o especialista.

Luis Carlos Mello afirma ainda, que “as marcas recém-chegadas ao país conquistam espaços e pressionam as in-dústrias aqui instaladas”.

Segundo ele, se há 20 anos, existiam quatro empresas bri-gando pelo mercado, hoje elas são mais de 35.

Para economistas da área automobílistica, uma das justi-

Luis Carlos Mello

Os feirões são uma peculiaridade brasileira e atuam como ‘agentes reguladores’ do mercado.

Consultor do Centro de Estudos Automotivos (CEA)

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Dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE) mostram que houve aumento de 7% no total de veículos novos na Capital.

De acordo com as informa-ções do órgão, somente até o mês de setembro de 2011 foram contabilizados 30.823 novos automóveis na cidade. No total são 442.465 automó-veis circulando em Fortaleza.

Além disso, em comparação ao ano passado, houve um crescimento de 7,49% na frota de veículos na Cidade, ou seja, de 62.397 (2010) veí-culos para 66.958 (2011).

Fonte: portal Detran-CE

Cresce o número de automóveis

ficativas para os altos estoques disponibilizados pelas conces-sionárias, pode ser explicada pelo fato de que as montadoras trabalham com uma progra-mação de crescimento do mer-cado em cerca de 12%.

“A previsão oficial nacional trabalha com a marca de 5% para garantir a disponibili-dade imediata de produtos e não perder participação nas comercializações”, completa o consultor do CEA.

Feirões impulsionam vendas de automóveis na capital

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SOBPRESSÃODEZEMBRO DE 201116

confessa. A técnica consiste em utilizar somente um campo do cérebro para raciocinar as for-mas da pintura, e outro para executá-la. O artista afirma que se inspirou a partir da lei-tura do livro “Desenhando com o lado direito do cérebro” da

autora Betty Edwards (Ediou-ro). O que ocorre é a falta de aptidão do hemisfério esquer-do do cérebro em reconhecer uma obra de cabeça para baixo e isso acaba permitindo que o lado direito assuma o seu co-mando durante certo período.

Karolina Pinto e Lucas Leitão

Há mais de 40 anos como pintor, fotógrafo e escultor, Clayton Pontes é um artista cearense internacionalmente conhecido. Nascido em Ma-ranguape, mas residente em Fortaleza, Pontes dava os pri-meiros sinais de arte logo na infância quando desenhava com carvão na calçada de sua casa. O artista, que também é cirurgião dentista, cursou três anos de Direito, mas foi na odontologia que a arte de es-culpir tomou forma. “Sempre que eu ia fazer uma prótese, nunca deixava os dentes todos alinhados. Tentava diferenciar para dá um toque mais pareci-do com os dentes humanos”, relata o artista.

No Ceará, Pontes foi o pre-cursor da técnica conhecida como Fauvismo - tinta fresca em bisnaga – ao apresentar o quadro “Casinha Branca”, que doi segundo lugar no Campe-onato Mundial de Pintura em São Paulo.

O artista também desen-volveu técnicas como a pin-tura em algodão, lona, pano comum e o cânimo (algodão cru), a qual considera o últi-mo degrau que o artista pode chegar. “Quem consegue pin-tar em cânimo atinge o auge como artista, pois se trata de um material que absorve a tin-ta imediatamente ao entrar em contato com o algodão e é irre-versível. Qualquer erro e você perde a tela”, destaca.

A arte é traduzida como cria-ção humana de valores estéticos que sintetizam as emoções do

Ponta-cabeça: Artista exibe a obra finalizada que fez utilizando a técnica em apenas 18 minutos. Foto: aCervo PessoaL

Cearense de múltiplos estilos e inovações, o artista Clayton Pontes nos apresenta suas mais variadas formas de pintura em tela e escultura

artista, a história, os sentimen-tos e a cultura. É a partir desses valores que Clayton Pontes, 62, dá vida às suas obras. Apesar de se definir como pintor clás-sico-acadêmico e escultor mo-derno-regional, Pontes inicia na escultura o que ele chama de “desconstrução” – aparên-cia inacabada. Alguns grandes artistas internacionais e locais são sua fonte de inspiração: o pintor italiano Caravaggio, fa-moso poelo estilo barroco, o inglês William Turner, impres-sionista-romântico e o escultor romano Michelangelo, conside-rado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente. Além dos pintores cearenses Afonso Lopes, Zé Fernandes e Vlamir de Sousa, e o escultor Altair Alves.

InovadorO estilo mais marcante de Pon-tes é a pintura em “ponta-cabe-ça”. “Eu queria desenhar uma grande queda d’água com um rio embaixo, mas cometi um erro: fiz o caule da árvore gros-so em cima e fino embaixo”,

Por meio do reconhecimento realizado pelo livro anual Art Gallery in Brazil, a Galeria Spazio Surreale, representan-te oficial da “Biennale d’Arte Internazionale di Roma”, se-lecionou, dentre alguns artis-tas brasileiros, 16 artistas da Unifor para apresentar suas obras na exposição coleti-va de arte “Art Brasilis” que acontece na Galeria Zanon, em Roma no dia 19 de janeiro deste ano.

A “Art Brasilis” trata-se de uma exposição que, por meio de grandes artistas nacionais,

Exposições em Roma recebem artistas da Unifor

Clayton Pontes

Quem consegue pintar em Cânimo atinge o auge como artista, (...) Qualquer erro e você perde a tela.

Pintor, escultor e fotógrafo

O Remo - óleo sobre tela. Obra da artista Aurélia Alencar Foto: divuLGação

Terreiro da Tradição - óleo sobre tela. Obra da artista Mana Cellani Foto: divuLGação

Um aspecto interessante da pintura é que toda e qual-quer tinta, tem como base um pó. Inicialmente, eram ex-traídos da natureza, mas hoje, podem ser feitos a partir de materiais sintéticos. Confira as curiosidades enumeradas pelo professor Pablo Manyé.

1. A óleoSurgiu há 600 anos, nos Pa-íses Baixos. Revolucionou a pintura ao permitir variações em contornos e nuances.

2. AquarelaUsada principalmente na pintura em papel. Sua maior divulgação aconteceu com os primeiros turistas europeus que visitavam Veneza e que-riam levar um souvenier da cidade, por ser uma pintura mais leve, feita em papel, ela se popularizou por ser mais fácil de ser transportada.

3. Acrílica Permite mais camadas de cores, mas com menos nuan-ces. Seca mais rápido. Ideal paraquando se faz pinturas mais gráficas.

4. AfrescoTécnica de pintura mais an-tiga; usada pelos egípcios e ainda até hoje. Aplicada em gesso úmido.

5. GuacheVem da palavra italiana “gua-zzo” quer dizer tinta de água. Não chega a ser tão brilhosa quanto à quarela e também não penetra na superfície.

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Técnicas de pintura

A arte pintada e esculpida pelo artista Clayton Pontes

Em 2009, Pontes gravou em 18 minutos sua performance utilizando esta técnica e pos-tou no site de vídeos youtu-be. Ao final da exibição, como num passe de mágica, ele nos remete a visualizar um lago envolto de altas árvores, sendo uma bela e agradável surpresa. Este feito lhe rendeu tamanha notoriedade que recebeu prê-mios na Argentina para artista latino-americano, França, Es-panha e Bélgica. Em São Paulo, seu vídeo foi exibido para mais de mil pessoas.

Atualmente, Pontes é aluno do curso de Belas Artes da Uni-for e expôs a obra “O Banho”, esculpida em terracota – ar-gila cozida no forno – na XVI Unifor Plástica. Segundo o ar-tista, as costas da escultura foi imaginada a partir da pintura de Portinari, “Os Retirantes”, de 1944. “Eu usei a técnica de pressionar os dois polegares para baixo, fazendo com que elas ficassem parecidas com as do quadro. Há dois anos Pon-tes expôs no mesmo evento, mas desta vez, como pintor.

deverá homenagear o Brasil.Dentre os 16 artistas sele-

cionados para expor, sete estão cursando Belas Artes na Unifor e o restante faz parte do curso de Desenho e Pintura ofereci-do pela Educação Continuada, ministrada pelo professor e orientador Eduardo Oliveira.

A Bienal de Roma aconte-ce no dia 21 de janeiro e con-ta com a presença de três alu-nos da Universidade, além do próprio Eduardo que também incentivou os dois projetos de exposição. Que segundo ele, é uma excelente oportunidade.

“É uma ótima chance por ser uma exposição de grande por-te, ainda mais sendo na Itália que é o país berço da arte. Isto é importantíssimo para o alu-no no seu crescimento humano e intelectual”.

As obras expostas foram produzidas utilizando as téc-nicas de óleo sobre tela, carvão sobre papel, pirografia e óleo sobre couro.

Na primeira exposição, os ar-tistas mostram duas obras de sua autoria, já durante a Bienal, apre-sentada-se apenas uma obra de no máximo um metro por um.