sÍntese e caracterizaÇÃo de Óxido de zinco...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - Unioeste PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS - PPGCA
SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE ÓXIDO DE ZINCO NANOPARTICULADO, PREPARADO VIA MÉTODO SOL-
GEL, APLICADO COMO CATALISADOR NA DEGRADAÇÃO DE CLORIDRATO DE CIPROFLOXACINO
Bruna Loesch Bortolini
Toledo – Paraná – Brasil
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - Unioeste
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS - PPGCA
SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE ÓXIDO DE ZINCO NANOPARTICULADO, PREPARADO VIA MÉTODO SOL-
GEL, APLICADO COMO CATALISADOR NA DEGRADAÇÃO DE CLORIDRATO DE CIPROFLOXACINO
Bruna Loesch Bortolini
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Unioeste/Campus Toledo, como parte dos
requisitos para a obtenção do Título de Mestre em
Ciências Ambientais.
Orientador: Prof. Dr. Mauricio Ferreira da Rosa
Co-orientadora: Profa. Dra. Viviane da Silva Lobo
ABRIL/2017
Toledo – PR
AGRADECIMENTOS
A Deus por iluminar minha caminhada. Aos meus pais Ivo Bortolini (in memoriam) e Ines Loesch pelo apoio, incentivo e amor incondicional. Pai, obrigada por cuidar de mim e abençoar meus passos ai de cima. Sinto que sempre há alguém comigo, me levantando e mostrando como seguir em frente. Mãe, não há palavras que poderiam expressar minha gratidão por tudo que fizeste e faz até hoje por mim, para o meu bem e minha felicidade. Você é luz para meus passos. Ao meu namorado Rodrigo Parodi por me motivar, mostrar que eu tenho capacidade de buscar sempre mais e por me fazer mais feliz a cada dia. Ao meu Sogro Sr. Ricardo e a minha sogra Dona Vera, que me acolheram como pai e mãe. Muito obrigada por existirem na minha vida. Aos meus tios Aldi, Elaine e Ivone por acreditarem no meu potencial e terem me ajudado tanto, de todas as formas possíveis, para que esse sonho pudesse se concretizar. A toda minha família, por ser unida e mostrar que na vida a união faz a diferença. Ao meu orientador Prof. Dr. Maurício Ferreira da Rosa e minha co-orientadora Profa. Dra. Viviane da Silva Lobo, por todos os conhecimentos repassados. Aos professores do programa de pós-graduação em Ciências Ambientais, que continuem dando o melhor de si nessa linda profissão.
Aos amigos da UTFPR: Caroline, Danielle, Rafael, Professor Clayton, por compartilharem comigo toda experiência acadêmica, pelos conselhos e ajudas técnicas. Também a amiga Ana Paula Sone, que não mediu esforços para ajudar na realização deste trabalho. Sem vocês, amigos, esse trabalho não se concretizaria. Agradeço ainda a colaboração do Dr. Ronald Alexander Miranda Acevedo (Lê-se Prati Donaduzzi) que disponibilizou o difratômetro de raios-x, possibilitando a caracterização da amostra sintetizada neste trabalho. A todas as amigas: Rafaela, Fernanda, Renata, Andressa G., Andressa A., Laianne C., Juliana, que estiveram presente durante minha caminhada, me ajudando no que fosse preciso e também alegrando os meus dias. A todos os demais amigos e colegas, não menos importantes, que de forma direta ou indireta contribuíram para este trabalho.
Meus sinceros agradecimentos
...não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu, é sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu... ...não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar, e sim sobre cada momento, sorriso a se compartilhar... ...não é sobre correr contra o tempo pra ter sempre mais, porque quando menos se espera a vida já ficou pra trás... ...segura teu filho no colo, sorria e abrace seus pais enquanto estão aqui, que a vida é trem-bala parceiro, e a gente é só passageiro prestes a partir...
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS VIII
LISTA DE TABELAS IX RESUMO X ABSTRACT XI
1. INTRODUÇÃO 12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 13
2.1 Propriedades do ZnO 13
2.2 Síntese sol-gel no preparo de nanopartículas de ZnO 14
2.3 Fotocatálise heterogênea com ZnO 15
2.4 Fatores que afetam a eficiência da fotocatálise 17
2.5 Componentes do sistema fotocatalítico 19
2.5.1 Fotorreator 19
2.5.2. Catalisador 19
2.5.3 Fonte de irradiação 19
2.6 Fotodegradação do fármaco ciprofloxacino 19
3. EXPERIMENTAL 22
3.1 Reagentes para síntese das nanopartículas de ZnO 22
3.2 Preparo das nanopartículas de ZnO 22
3.3 Caracterização por DRX 23
3.4 Caracterização por MEV 23
3.5 Ensaios de degradação do CIP 24
3.5.1 Reagentes 24
3.5.2 Método Analítico 24
3.5.3 Preparo de amostras 24
3.6 Ensaios de degradação do fármaco em solução aquosa por fotocatálise
heterogênea utilizando ZnO comercial e nanoparticulado 25
3.7 Planejamento experimental 23 26
3.8 Avaliação da eficiência do ZnO nanoparticulado em relação ao ZnO
comercial 27
3.9 Ensaio ecotoxicológico commicro-crustáceos - Artemia salina 28
3.10 Ensaio Microbiológico - Método disco-difusão (Kirby-Bauer) 29
3.11 Demanda Química de Oxigênio 30
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 30
4.1 Caracterização por MEV 30
4.2 Caracterização por DRX 32
4.3 Curva de calibração e escolha da solução de trabalho 33
4.4 Avaliação do processo de fotocatálise heterogênea com ZnO comercial 34
4.5 Avaliação do processo de fotocatálise heterogênea com ZnO
nanoparticulado 40
4.6 Cinética Química 45
4.7 Ensaio ecotoxicológico com micro-crustáceos - Artemia salina 47
4.8 Ensaio Microbiológico - Método disco-difusão (Kirby-Bauer) 48
4.9 Demanda Química de Oxigênio 50
CONCLUSÃO 51
REFERÊNCIAS 53
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Representação das estruturas alotrópicas do ZnO....................................13
Figura 2: Mecanismo de fotoativação de um semicondutor......................................17
Figura 3:Estrutura molecular Cloridrato de Ciprofloxacino........................................21
Figura 4: Esquema do foto-reator de lâmpada de vapor de mercúrio.......................26
Figura 5: MEV de ZnO sintetizado com ampliação de 30000 vezes.........................31
Figura 6: DRX para as amostras de ZnO sintetizada e comercial............................32
Figura 7: Espectro de absorção do CIP....................................................................33
Figura 8: Curva de calibração a 272 nm....................................................................34
Figura9: Valores previstos para o processo de fotodegradação em função dos
valores observados para a redução (%) da absorvância...........................................35
Figura 10 Superfície de resposta dos resultados experimentais da redução da
absorvância em função do pH e da [H2O2].................................................................38
Figura 11: Espectro CIP em pH 4, 7 e 10..................................................................39
Figura 12: Valores previstos para o processo de fotodegradação em função dos
valores observados para %Red. Abs........................................................................41
Figura13: Superfície de resposta dos resultados experimentais para redução da
absorvância em função da concentração de H2O2 e ZnO
nanoparticulado..........................................................................................................44
Figura 14: Imagens do teste de atividade antibacteriana realizado pelo método
disco-difusão (Kirby-Bauer)........................................................................................46
Figura 15: Espectro CIP nos tempos 15, 30, 45 e 60 minutos...................................47
Figura 16: Ajustes lineares dos pontos do gráfico de ln(A0/A) em função do tempo
(minutos) para o experimento 3 do planejamento experimental................................49
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Níveis das variáveis (ZnO, H2O2 e pH) utilizadas no planejamento
experimental...............................................................................................................26
TABELA 2: Variações dos experimentos..................................................................27
TABELA 3: Resumo dos experimentos realizados e seus respectivos valores de
porcentagem de redução da absorvância, para o ZnO comercial.............................34
TABELA 4: Efeito das interações entre as variáveis do processo de fotodegradação
com irradiação artificial para redução da absorvância...............................................36
TABELA 5: Análise de variância (ANOVA) do modelo previsto para o processo de
fotodegradação na redução da absorvância, para ZnO comercial............................37
TABELA 6: Resumo dos experimentos realizados com ZnO nanoparticulado e suas
respectivas %Red Abs...............................................................................................40
TABELA 7: Efeito das interações entre as variáveis do processo de fotodegradação
com irradiação artificial, utilizando ZnO nanoparticulado, para redução da
absorvância................................................................................................................42
TABELA 8: Análise de variância (ANOVA) do modelo previsto para o processo de
fotodegradação com ZnO nanoparticulado na redução da absorvância....................43
TABELA 9: Percentagem de mortalidade nos ensaios toxicológicos........................48
Tabela 10: Resultados da análise de DQO para as amostras A e B, referentes aos
ensaios de degradação com ZnO nanoparticulado....................................................50
RESUMO
BORTOLINI, B. L. Síntese e caracterização de ZnO nanoparticulado, preparado via método sol-gel, aplicado como catalisador na degradação de cloridrato de ciprofloxacino.03 de março de 2017. 52 páginas. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Toledo, 03 de março de 2017.
O processo de fotocatálise heterogênea é uma das opções de tratamento para
poluentes, a qual têm apresentado ótimos resultados. Nesse sentido, o presente
trabalho tem como objetivo sintetizar nanopartículas de óxido de zinco (ZnO) e
aplicá-lo como catalisador na degradação do antibiótico cloridrato de ciprofloxacino
(CIP) em solução aquosa, empregando-se também UV/H2O2/ZnO. Além disso, o
estudo visa comparar a ação de degradação entre o ZnO comercial e o sintetizado.
Os experimentos foram acompanhados por espectrofotometria na região UV-VIS.
Nos ensaios de fotocatálise, as variáveis foram organizadas em um planejamento
experimental 23 para verificar a influência de cada variável no processo de
degradação, e os resultados experimentais foram avaliados empregando-se o
software estatístico Statistica®. Observou-se pela análise dos resultados que as
melhores condições para o processo de fotodegradação foram [H2O2] = 500 mg L-1 e
[ZnO] = 20 mg L-1 em pH 4, após uma hora de irradiação, tanto para o ZnO comercial
quanto para o nanoparticulado.
Palavras-chaves
Fotodegradação, ciprofloxacino, nanopartículas, óxido de zinco, fármacos no meio
ambiente.
ABSTRACT
BORTOLINI, B. L. Synthesis and characterization of nanoparticulate ZnO, prepared by sol-gel method, applied as a catalyst in the degradation of ciprofloxacin hydrochloride. March 03, 2017. X pages. Dissertation (Master’s Degree Program in Environmental Sciences) – State University of West of Paraná, Toledo, March 03, 2017.
The heterogeneous photocatalysis process is one of the treatment options for
pollutants, which has presented excellent results. In this sense, the present work
aims to synthesize zinc oxide (ZnO) nanoparticles and to apply it as a catalyst in the
degradation of the antibiotic ciprofloxacin hydrochloride (CIP) in aqueous solution,
also using UV/H2O2/ZnO. In addition, the study aims to compare the degradation
action between commercial and synthesized ZnO. The experiments were followed by
spectrophotometry in the UV-VIS region. In photocatalysis tests, the variables were
organized in an experimental design 23 to verify the influence of each variable in the
degradation process, and the experimental results were evaluated using the
statistical software Statistica®. It was observed from the analysis of the results that
the best conditions for the degradations process were [H2O2] = 500 mg L-1 and [ZnO]
= 20 mg L-1 at pH 4, after one hour of irradiation, both for commercial ZnO and
nanoparticulate.
Keywords
Photodegradation, ciprofloxacin, nanoparticles, zinc oxide, pharmaceuticals in the
environment.
12
1. INTRODUÇÃO
Os fármacos são substâncias químicas consumidas por humanos e animais,
para o tratamento de doenças. Essas substâncias são metabolizadas e podem não
ser completamente degradadas, sendo excretadas pela urina, fezes ou outros. Uma
vez excretados, esses metabólitos são lançados diretamente à natureza ou através
de estações de tratamento de esgoto, podendo levar a danos ambientes e aos seres
humanos, causando diversos problemas como bioacumulação, genotoxicidade, etc.
(PERINI, 2013).
Estudos vêm sendo feitos a fim de eliminar o problema dos resíduos. O
tratamento dos efluentes de qualquer processo produtivo é uma etapa fundamental
para a preservação dos recursos hídricos e proteção ambiental em geral. O
processo de fotocatálise heterogênea é uma ferramenta para degradação de
poluentes.
O processo da fotocatálise tem auxílio de um catalisador (um semicondutor),
que possua a capacidade de conversão da luz em outra forma de energia, gerando
pares de elétrons, os quais irão produzir radicais hidroxila (radicais reativos) que
oxidam e mineralizam compostos orgânicos (LIMA et al., 2014). Os materiais
semicondutores, como é o caso do óxido de zinco (ZnO), têm suas propriedades
ópticas e eletrônicas modificadas quando transformados em nanopartículas, e
também têm maior reatividade devido ao fato de terem maior área superficial.
Sendo o fotocatalisador elemento essencial no processo de fotocatálise, esse
estudo se fundamenta na tentativa de sintetizar ZnO nanoparticulado via método sol-
gel, a fim de melhorar suas propriedades e torná-lo mais eficiente no processo de
fotodegradação do fármaco cloridrato de ciprofloxacino.
13
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Propriedades do ZnO
O ZnO é um material semicondutor, que possui três distintas estruturas
cristalinas: sal-gema, esfarelita e wurtzita (Figura 1).
Figura 1: Representação das estruturas alotrópicas do ZnO (OZGUR et al,
2005)
A forma mais estável termodinamicamente é a wurtzita, estrutura na qual o
oxigênio forma um empilhamento hexagonal compacto, e o zinco ocupa metade dos
sítios tetraédricos, resultando em uma estrutura pouco compacta e de fácil
incorporação de impurezas ou dopantes em sua rede cristalina (WANG, 2009).
O ZnO apresenta características anfóteras, com ponto de carga zero (PCZ)
em pH próximo de 8. Assim, em pH > 8 a superfície do catalisador tende a ficar
positivamente carregada, o que pode favorecer a adsorção de substratos como o
CIP e, consequentemente, a sua degradação fotocatalítica (CRUZ et. al., 2010).
O ZnO é um exemplo de material semicondutor, o qual possui uma energia de
band gap alta, de 3,37 eV, a temperatura ambiente, muito similar ao TiO2 que possui
band gap de 3,2 eV (OLIVEIRA e PINEDA, 2009). Além disso, é um importante
material fotocondutor, piezoelétrico, com propriedades químicas, acústicas, ópticas e
elétricas interessantes. Apresenta elevada condutividade térmica e boa estabilidade
térmica e química. Sua energia de band gap pode ser modificada através de
14
mudanças no tamanho de partícula, estado de agregação, forma e propriedades de
superfície, permitindo a otimização de suas propriedades (OLIVEIRA e PINEDA,
2009). Esse material pode ser utilizado amplamente como sensor de gases
(HASSAN et al, 2014), varistores, antifúngico (LIEWHIRAN et al., 2006), em tintas e
pigmentos, catalisadores, entre outros (OLIVEIRA e PINEDA, 2009; MUSIC et al.,
2002; HAMEDANI e FARZANEH, 2006).
2.2 Síntese sol-gel no preparo de nanopartículas de ZnO
Átomos ou moléculas que apresentam tamanho reduzido, entre 1 a 20 nm,
são considerados nanopartículas. O estudo desses materiais é complexo devido à
dificuldade de sua caracterização através de técnicas convencionais (CAETANO,
2010).
Uma das formas de obtenção é por métodos químicos, ou ―bottom-up‖, que
são simples e permitem maior controle sobre o processo. Baseiam-se em reações
químicas de precursores moleculares ou atômicos. Uma rota de destaque, por sua
fácil manipulação e controle, é a técnica sol-gel. Quimicamente o processo baseia-
se na polimerização inorgânica, e os precursores empregados são soluções
aquosas de sais inorgânicos ou alcóxidos dissolvidos em solventes orgânicos,
envolvendo reações de hidrólise e condensação (CAETANO, 2010).
Nesse método o sol se apresenta como um meio homogêneo de partículas
coloidais (com tamanho de partícula entre 1 - 103 nm) ou cadeias poliméricas que
imobilizam a fase líquida em seus interstícios, formando partículas ou nanopartículas
(gel) (MOURÃO et al., 2009).
O processo sol-gel permite boa homogeneidade, porém alguns fatores podem
afetar o processo: tipo de precursor metálico, pH da solução, relação água-
precursor, temperatura, natureza do solvente e estabilidade. Variando esses
parâmetros pode-se sintetizar partículas com tamanho controlado, morfologia e
estado de aglomeração (MOURÃO et al., 2009). Por outro lado, dependendo do
modo de secagem empregado, o gel pode rachar e consequentemente diminuir seus
poros, tornando difícil a obtenção de nanopartículas no tamanho desejado
(OLIVEIRA, 2009).
15
O ZnO nanoparticulado preparado via método-sol gel tem suas propriedades
melhoradas, tendendo a tornar o processo de tratamento/degradação do poluente
mais eficiente.
2.3 Fotocatálise heterogênea com ZnO
A fotocatálise é uma variável dos Processos Oxidativos Avançados (POAs).
Esse método utiliza oxidantes fortes, como o peróxido de hidrogênio e
semicondutores, e luz UV para gerar radicais hidroxila (OH), que são oxidantes
fortes. Esses radicais reagem com o poluente e seus subprodutos, transformando
em dióxido de carbono, água e íons inorgânicos (Equação 1). A espécie química
hidroxila possui alto potencial de redução (2,8 V), ela é gerada nos POAs que
utilizam radiação UV, em meios heterogêneos pela absorção de luz por um
semicondutor (LEGRINI et al., 1993).
Poluente + O2
CO2 + H2O + minerais (Equação 1);(FELTRIN, 2010).
Os fotocatalisadores mais empregados são: TiO2, ZnO, CdS, WO3, BiO3 e
Fe2O3. Embora o TiO2 seja o semicondutor mais empregado na fotocatálise, o ZnO
recentemente vem recebendo destaque devido ao seu baixo custo e elevada
atividade nos variados processos fotoquímicos, por apresentar energia de band gap
similar ao do TiO2 (PARIDA et al., 2006; HARIHARAN, 2006). Além do fato que
alguns trabalhos publicados apresentaram maior eficiência do ZnO em relação ao
TiO2 na degradação de alguns contaminantes (KHODJA et al., 2001; DANESHVAR
et al., 2004; apud MACHADO, 2011).
Estudo realizado em 2008 por Chatzitakis e colaboradores, compararam a
eficiência de degradação fotocatalítica do cloranfenicol utilizando ZnO e TiO2. Tal
estudo mostrou que o ZnO degradou totalmente o fármaco após 90 minutos,
enquanto o TiO2 precisou de 4 horas para obter o mesmo resultado. Em 2005,
Kaniou e colaboradores estudaram a degradação da sulfametazina utilizando ZnO e
TiO2 e os resultados mostraram que com o ZnO removeu 95% em 60 minutos, ao
contrário do TiO2 que precisou de 120 minutos para atingir o mesmo resultado.
16
O processo de fotocatálise heterogênea se inicia com a ativação do
semicondutor. O que ocorre quimicamente é a excitação do semicondutor por uma
fonte de luz, fazendo com que ocorra a geração de radicais hidroxila, os quais são
responsáveis pelas reações de fotodegradação (FELTRIN, 2010).
Na estrutura eletrônica dos semicondutores há uma banda de valência (BV)
preenchida por elétrons e uma banda de condução (BC) que não possui elétrons. A
diferença entre a BV e a BC é chamada de energia de gap (Eg), a qual pode variar
de 0,2 a 4 eV para os semicondutores (FELTRIN, 2010).
Quando um fóton de energia hʋ incide sobre a superfície de um
semicondutor, com energia igual ou superior à sua energia gap (Eg), absorve
energia e elétrons da banda de valência (BV) são promovidos para a banda de
condução (BC), formando uma lacuna (h+) na BV e elétrons na BC. Na fotocatálise o
radical hidroxila é gerado pela reação entre a lacuna na BV e a molécula de água
adsorvida na superfície do semicondutor, oxidando a molécula orgânica (FELTRIN,
2010). A reação de oxidação acontece entre a lacuna na BV e a água ou íons
hidroxila; ambos geram radicais hidroxilas (Equação 2 e 3) (SANTOS, 2010).
h+BV + H2O H+ + •OH (Equação 2)
h+BV + OH-
•OH (Equação 3)
A reação de redução ocorre entre o elétron da BC e o oxigênio molecular,
reduzindo-o a ânion superóxido (Equação 4).
e-BC + O2
•O2- (Equação 4)
Esse ânion desencadeará uma série de reações com a formação de peróxido
de hidrogênio e posterior quebra formando radicais hidroxila (Equação 5 a 10)
(RABINDRANATHAN et al., 2003).
•O2- + H+
HO2• (Equação 5)
HO2• + HO2
• H2O2 + O2 (Equação 6)
•O2- + HO2
• HO2
• + O2 (Equação 7)
HO2• + H+
H2O2 (Equação 8)
H2O2 + e-BC •OH + OH- (Equação 9)
17
H2O2 + •O2- •OH + OH- + O2 (Equação10)
A Figura 2, a seguir, esquematiza o processo de fotoativação de um
semicondutor.
Figura2: Mecanismo de fotoativação de um semicondutor (TEIXEIRA e
JARDIM, 2004).
2.4 Fatores que afetam a eficiência da fotocatálise
Durante a fotocatálise alguns fatores podem interferir na eficiência do
processo. Por exemplo: a concentração do catalisador. Acima de certa massa de
catalisador as taxas de degradação diminuem, isso pode ser explicado porque acima
de um limite de concentração o semicondutor pode deixar o meio turvo, bloqueando
a passagem da luz pela solução (ALMEIDA, 2011; NOGUEIRA e JARDIM, 1998).
Os radicais hidroxila são as espécies oxidantes dominantes nos processos de
fotocatálise heterogênea. Eles são produzidos na superfície do catalisador e,
portanto, espera-se que o aumento de sua área superficial leve a uma maior
produção desses radicais, resultando em taxas de degradação maiores (VOHRA e
DAVIS, 1993).
A concentração do contaminante é outro fator que interfere na degradação.
Inicialmente a taxa de degradação aumenta com o aumento da concentração do
contaminante, após certo valor crítico essa taxa não é mais alterada pela
concentração. A concentração de contaminante na qual não se observa mudança na
18
taxa de oxidação fotocatalítica depende do tipo de substância presente e dos
parâmetros operacionais (VOHRA e DAVIS, 1993).
O uso de H2O2 também é importante. Esse oxidante apresenta algumas
vantagens, como a capacidade de oxidar diretamente alguns compostos, é solúvel
em água, gera dois radicais hidroxila para cada molécula de peróxido de hidrogênio
fotolisada, tem boa estabilidade térmica e é capaz de gerar radicais hidroxila tanto
com as lacunas quanto com os elétrons. Por outro lado, sua taxa de oxidação é
limitada pela formação dos radicais hidroxila e é dependente da matéria orgânica
presente e da quantidade de oxidante adicionado ao sistema (LEGRINI et al., 1993).
Se o peróxido de hidrogênio estiver em excesso no meio reacional, irá
interagir com os radicais hidroxila livres, resultando na formação de radicais
hidroperoxila, os quais são menos reativos que os radicais hidroxila e não contribui
para a degradação dos compostos orgânicos (PARK et al., 2006), conforme
apresentado na Equação 11:
H2O2 + •OH HO2• + H2O (Equação 11)
O processo oxidativo pode ser afetado ainda pelo pH, causando alterações na
interface catalisador/líquido, modificando o potencial redox e as propriedades de
adsorção e dessorção do semicondutor. Em muitos casos, o pH é o fator
determinante sobre a taxa de degradação de um processo, interferindo também na
tendência de floculação do catalisador (HOFSTADLER et al., 1994).
A intensidade da fonte luminosa é o fator que determina a formação do par
elétron-lacuna, pois, o aumento da intensidade luminosa pode aumentar rápida ou
lentamente a velocidade da reação, ou ainda não aumentá-la, casos em que o
substrato não pode mais gerar pares elétron-lacuna (GÁLVEZ et al., 2001).
Para reações de fotodegradação, a temperatura não influencia
significativamente no processo. A temperatura ideal para a fotocatálise está entre 20
e 80ºC, sendo esse o motivo que torna o processo economicamente atraente.
Porém, o processo deve ser rigorosamente controlado, uma vez que a
recombinação dos pares e-/h+, libera calor, assim como as reações de oxidação
envolvidas na degradação do efluente (MOLINARI et al., 2006).
19
2.5 Componentes do sistema fotocatalítico
2.5.1 Fotorreator
O fotorreator deve ser bem configurado para garantir a distribuição da luz em
toda sua área. Os fatores que determinam a distribuição da irradiação da luz são:
tipo de lâmpada, geometria do fotorreator e posicionamento reator-lâmpada
(TEIXEIRA e JARDIM, 2004).
2.5.2. Catalisador
Para ser aplicado a fotocatálise, o catalisador deve ser do tipo semicondutor,
ou seja, apresentar capacidade de promover elétrons através da energia fornecida
por um fóton para a ativação do catalisador. É importante que o catalisador
apresente elevada área superficial, distribuição uniforme dos poros, geometria
esférica e ausência de porosidade externa (NOGUEIRA e JARDIM, 1998).
2.5.3 Fonte de irradiação
A fonte de radiação ultravioleta artificial pode ser emitida por lâmpadas do tipo
incandescentes ou fluorescentes. A escolha deve ser baseada conforme o
catalisador, pois é ele que vai absorver o fóton com energia igual ou superior ao
band gap, resultando na promoção do elétron da BV para BC (TEIXEIRA e JARDIM,
2004).
2.6 Fotodegradação do fármaco ciprofloxacino
A degradação química via fotocatálise heterogênea vem ganhando destaque
para o tratamento de contaminantes emergentes. Nesse contexto entram os
fármacos. Eles são considerados poluentes emergentes, podendo ser de origem
natural, sintética ou sintetizada por microrganismos. Outros compostos que se
enquadram como contaminantes emergentes são as drogas ilícitas, hormônios,
detergentes, entre outros (BARCELÓ, 2003).
20
O monitoramento e controle de fármacos residuais no meio ambiente vêm
despertando interesse, uma vez que muitas substâncias farmacêuticas são
encontradas em efluentes de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e águas
naturais (BILA e DEZOTTI, 2003).
Existem muitas rotas de entrada dos resíduos de fármacos no ambiente. Uma
das rotas é a natural, onde alguns antibióticos são sintetizados por fungos e
bactérias do solo. Outra rota é a industrial, a partir das plantas de produção em larga
escala. Existe ainda a rota da medicina humana, veterinária e agricultura, onde estes
compostos não são metabolizados por completo, sendo excretados via urina e fezes.
Uma vez excretados, esses resíduos são lançados no ambiente (fossas) ou passam
pelas estações de tratamento de efluentes (ETE), as quais muitas vezes não foram
projetadas para sua remoção. A ineficiência das etapas de tratamentos nas ETE faz
com que a presença do fármaco seja observada ainda no efluente das ETE. Quando
não degradadas por completo, essas substâncias voltam para o ambiente, causando
efeitos adversos, como a resistência bacteriana, genotoxicidade, desregulações no
sistema endócrino, além do efeito cumulativo no ecossistema (PERINI, 2013).
Pesquisas mundiais demonstraram a presença de fármacos (antibióticos,
hormônios, contraste de raio-x, etc.) em esgoto doméstico, águas superficiais e no
subsolo (CASTIGLIONI et al., 2006; STUMPF et al., 1999; TERNES e DAUGHTON,
1999). O uso desenfreado e muitas vezes inconsciente de antibióticos, por exemplo,
leva a contaminação dos recursos hídricos e alguns microrganismos criam
resistência a esses fármacos (BILA e DEZOTTI, 2003).
O fármaco em estudo, cloridrato de ciprofloxacino (Figura 3), é um antibiótico
da classe das fluoroquinolonas, capaz de combater tanto bactérias gram-positivas
quanto negativas, em doenças humanas e animais. O ciprofloxacino atua sobre a
enzima bacteriana ácido desoxirribonucleicogirase (DNA girase) que catalisa a dupla
hélice dos cromossomos em suas estrutura terciária, inibindo assim a replicação e a
transcrição, fazendo com que o código genético bacteriano permaneça não lido
(SISSI et al., 2010). Esse fármaco não é biodegradável e tem sido detectado em
ETE em concentrações que variam de ng L-1 até µg L-1 (BATT; BRUCE; AGA, 2006
apud PERINI, 2013).
Trata-se de um composto anfolítico com pKa de 6,09 para o grupo carboxílico
e 8,74 para o nitrogênio no anel piperazinico. Seu ponto isoelétrico é em pH 7,4.
Esse antibiótico parece ser mais sensível à fotodegradação em pH ligeiramente
21
básico. Já sua estabilidade máxima foi observada em soluções a pH 4,0, onde o
grupo COOH não é ionizado e o nitrogênio básico está completamente protonado.
Do ponto de vista farmacêutico, a estabilidade do CIP em meios ácidos é importante
porque o pH das formulações farmacêuticas líquidas varia entre 3,5 e 5,5 (USP-NF,
1995).
Figura 3: Estrutura molecular cloridrato de ciprofloxacino (PERINI, 2013).
A primeira quinolona sintetizada foi o ácido nalidíxico, no ano de 1962. Desde
então, alterações no núcleo da quinolona, através de adição de diferentes
substituintes, deram origem aos demais agentes antimicrobianos. Isso viabilizou o
desenvolvimento de fármacos mais potentes e capazes de agir contra um grupo
maior de microrganismos. Esses compostos são comumente classificados entre os
compostos com flúor (fluoroquinolonas), e sem flúor (quinolona) (SILVA et al, 2014).
Segundo Regitano e Leal (2010) as fluoroquinolonas apresentam uma taxa de
metabolização maior que 20%, sendo classificadas como de moderada
metabolização. Assim, podem ser excretadas in natura por meio das fezes e/ou
urina. Esses compostos são resistentes a alterações de temperatura ou hidrólise,
porém são sensíveis à radiação ultravioleta.
Quando degradadas, as estruturas possíveis de serem formadas são
propostas baseando-se na composição elementar dos fármacos e mecanismos de
reações orgânicas apresentados na literatura. No entanto, de acordo com Albini e
Monti (2003), não é esperado que as fluoroquinolonas sofram rearranjo em sua
estrutura química durante a exposição à radiação UV. A principal modificação que
deve ocorrer em sua estrutura é a perda do átomo de flúor (F), seguida da
eliminação do grupo carboxila (COOH). Entretanto, a oxidação incompleta pode
resultar na formação de intermediários de degradação mais tóxicos do que o
22
composto original. Por esse motivo, ensaios para o monitoramento da toxicidade são
desejáveis, principalmente quando a total mineralização dos contaminantes não é
atingida.
É possível que a atividade antimicrobiana seja suspensa, mesmo quando não
seja alcançada a total mineralização do composto na solução. Paul et al. (2010),
demonstraram que a atividade antimicrobiana da solução de ciprofloxacino foi
reduzida após a mesma ser submetida ao processo de fotocatálise, mesmo quando
o núcleo da quinolona permaneceu intacto. Dessa forma, podem ser considerados
eficientes os tratamentos que desativem a atividade biológica ou que modifiquem a
estrutura dos antimicrobianos.
Em trabalho semelhante El-Kemarye colaboradores (2010) avaliaram a
degradação de cloridrato de ciprofloxacino (CIP) a uma concentração inicial de 5mg
L-1, utilizando 20 mg L-1 de ZnO nanoparticulado. Os resultados obtidos
demonstraram que em pH 4 houve 18% de degradação da solução de
ciprofloxacino, 42% em pH 7 e 50% em pH 10.
3. EXPERIMENTAL
3.1 Reagentes para síntese das nanopartículas de ZnO
Os reagentes utilizados para a síntese do ZnO nanoparticulado foram o álcool
polivinilíco (PVA), adquirido da marca Sigma Aldrich, e nitrato de zinco
[Zn(NO3)2.6H2O] da Biotec.
3.2 Preparo das nanopartículas de ZnO
Seguiu-se metodologia proposta por Fernandes e colaboradores (2011). Uma
solução aquosa de álcool polivinílico (PVA) a 10% foi misturada, na proporção 1:1, a
uma solução aquosa de nitrato de zinco saturada. Essa mistura permaneceu sob
agitação à temperatura ambiente por 2 horas e, em seguida, foi aquecida sob
agitação até a evaporação total da água. O pó obtido foi denominado "pó precursor".
O ZnO nanoparticulado foi obtido após calcinação do pó precursor sob atmosfera de
ar (mufla) a 400 oC.
23
3.3 Caracterização por DRX
A fim de investigar se a síntese do ZnO nanoparticulado foi bem sucedida fez-
se uma análise de Difração de Raio-X (DRX). Esta é uma técnica de caracterização
simples, que fornece informações sobre a estrutura cristalina dos sólidos, tais como
parâmetros de rede, tamanho e orientação dos cristais (PADILHA e FILHO, 2004).
Submetendo uma amostra cristalina a raios-x de um determinado
comprimento de onda e traçando um difratograma com a intensidade da radiação
difratada em função do ângulo de incidência, obtém-se, através dos máximos de
difração, um conjunto de distâncias entre planos cristalinos, que é característico da
substância cristalina que lhe deu origem. Por comparação destes valores com dados
tabelados conhecidos (padrões) é possível identificar as fases cristalinas presentes
na amostra (CULLITY, 1978).
A estrutura das amostras é determinada por comparação entre os
difratogramas experimentais e os dados cristalográficos catalogados em Inorganic
Crystal Structure Database para o ZnO. Os dados de DRX são usados também para
verificar a presença de impurezas no material sintetizado e pode-se calcular o
tamanho médio do cristalito das amostras pela equação de Scherrer, a partir da
largura a meia altura dos picos de difração (CULLITY, 1978).
As análises de DRX foram realizadas no Laboratório de Análises Diferenciais
da empresa farmacêutica Prati-Donaduzzi. O difratômetro utilizado foi um
RigakuMiniFlex 300/600, equipado com lâmpada de cobre (Cu), de 40 KV de
potencial e 15 mA de corrente.
3.4 Caracterização por MEV
O ZnO nanoparticulado foi avaliado morfologicamente por Microscopia
Eletrônica de Varredura (MEV), através de auxílio prestado pela Universidade
Estadual de Londrina UEL. Utilizou-se para tal análise equipamento marca Philips,
modelo FEI Quanta 200.
A razão da escolha deste método é devido a sua alta resolução, podendo ser
observadas partículas de 2 a 5 nanômetros (nm), no caso de instrumentos
comerciais, e abaixo de 1 nm para instrumentos de pesquisa avançada (DEDAVID et
al., 2007).
24
3.5 Ensaios de degradação do CIP
3.5.1 Reagentes
O ZnO comercial foi obtido da Labsynth. O hidróxido de sódio (NaOH) da
FMAIA, o ácido clorídrico (HCl) Synth e o peróxido de hidrogênio (H2O2) Anidrol,
todos grau P.A., utilizados sem purificação adicional. O fármaco cloridrato de
ciprofloxacino foi obtido da Aarti Drugs Limited (Indústria Indiana), cujo teor é de
100%.
3.5.2 Método Analítico
Os ensaios foram acompanhados por espectrofotometria de UV-VIS, obtendo-
se os espectros de absorção no intervalo de uma hora. Fez-se varredura na região
de 220 a 400 nm. Utilizou-se para tal espectrofotômetro Shimadzu UV-1601PV.
O peróxido de hidrogênio foi dosado antecipadamente a cada adição,
utilizando a técnica de permanganometria, conforme literatura (VOGEL, 1992).
3.5.3 Preparo de amostras
A solução estoque de CIP foi preparada dissolvendo-se 0,2 g do fármaco em
100 mL de água destilada (concentração equivalente a 2,0 g L-1). Por meio de uma
curva de calibração, foi determinada a concentração da solução de trabalho a ser
irradiada. Prepararam-se diluições a partir da solução estoque de CIP, obtendo-se
pontos distintos: 5, 6, 7, 8, 9 e 10 mg L-1.
Para cada ensaio utilizou-se um volume de solução de 200 mL, que foi
irradiado por 60 minutos em fotorreator, sendo coletadas alíquotas de 3,0 mL antes
da irradiação (tempo 0) e após os 60 minutos (tempo 60), para a realização das
leituras espectrais.
Os gráficos foram plotados com auxílio da planilha eletrônica Microsoft Excel®
e para o tratamento estatístico utilizou-se o software Statistica®.
25
3.6 Ensaios de degradação do fármaco em solução aquosa por fotocatálise
heterogênea utilizando ZnO comercial e nanoparticulado
Os ensaios de degradação foram feitos utilizando-se uma solução aquosa de
CIP na concentração 5 mg L-1, da mesma forma tanto para o ZnO comercial quanto
para o ZnO nanoparticulado, a fim de verificar a eficiência de cada um deles no
processo de fotodegradação.
O pH foi uma das variáveis investigadas. O mesmo foi ajustado, conforme
planejamento experimental, em 4, 7 ou 10, utilizando-se soluções de HCl 0,1 mol L-1
e NaOH 0,1 mol L-1. Empregou-se para as leituras de pH um eletrodo de vidro
combinado universal (BNC Eltex) e um pHmetro (Quimis/Q.400.A). Após o pH ser
ajustado a mistura foi mantida ao abrigo da luz sob agitação constante, durante 30
minutos, até atingir o equilíbrio de adsorção.
Posteriormente, adicionou-se o volume de H2O2 necessário, conforme
planejamento experimental, onde as concentrações foram: 100 mg L-1, 300 mg L-1 e
500 mg L-1. Uma alíquota de 3,0 mL foi coletada antes da irradiação a fim de obter o
espectro no tempo zero, filtrada em filtro-seringa com poros de 0,2µm (Chromafil
PVDF-20/15 MS), transferida para um cubeta de quartzo de caminho óptico 10 mm.
Em seguida, a amostra foi submetida à irradiação UV, em fotorreator
representado na Figura 4, equipado com uma lâmpada de vapor de mercúrio de 125
W de potência, instalada a uma distância de 11 cm da amostra e um agitador
magnético para auxiliar na homogeneização da solução teste. A lâmpada utilizada
emite luz em todo o espectro ultravioleta-visível. Após 60 minutos de irradiação
retirou-se nova alíquota de 3,0 mL, filtrou-se e realizaram-se as leituras espectrais.
26
Figura 4: Esquema do foto-reator de lâmpada de vapor de mercúrio
(Adaptado de SCHNEIDER e colaboradores, 2014).
3.7 Planejamento experimental 23
No teste estatístico foi avaliada a importância dos parâmetros no processo de
fotodegradação, de modo que, as concentrações dos catalisadores e do peróxido de
hidrogênio e o pH inicial, bem como a interação entre estes, puderam ser melhor
avaliados no planejamento experimental 23. Os parâmetros estudados ([ZnO], [H2O2]
e pH) são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Níveis das variáveis (ZnO, H2O2 e pH) utilizadas no planejamento
experimental.
Variável Níveis
-1 0 1
ZnO (mg L-1
) 20 30 40
H2O2 (mg L-1
) 100 300 500
pH 4 7 10
Os parâmetros ZnO, H2O2 e pH variaram em dois níveis (-1 e 1), gerando 8
experimentos, denominados E1 a E8. Com objetivo de aumentar o grau de liberdade
do modelo foi realizada uma triplicata no ponto central, (E9, E10 e E11). Essas
variações podem ser vistas na Tabela 2.
27
Tabela 2: Variações dos experimentos.
Experimentos Condições experimentais
pH H2O2 ZnO
E1 -1 -1 -1
E2 -1 -1 1
E3 -1 1 -1
E4 -1 1 1
E5 1 -1 -1
E6 1 -1 1
E7 1 1 -1
E8 1 1 1
E9 0 0 0
E10 0 0 0
E11 0 0 0
Os resultados dos experimentos obtidos no planejamento experimental foram
avaliados por meio do software estatístico Statistica® (Statsoft, Inc), no modo
―experimental design‖, sendo realizadas análises dos efeitos, interações, superfície
de resposta e análise de variância (ANOVA).
Para análise da qualidade do modelo matemático é importante avaliar o
coeficiente de determinação R2, o qual fornece uma medida da proporção da
variação explicada pela equação de regressão em relação à variação total das
respostas. Além disso, para que o modelo seja considerado estatisticamente
significativo e possa ser utilizado para fins preditivos, o valor de F calculado deve ser
maior que o F tabelado para verificar a significância da regressão. Em contrapartida
o teste F calculado para verificar a falta de ajuste do modelo deve apresentar um
valor menor que o valor de F tabelado. Se essas duas condições forem satisfeitas, o
modelo é considerado satisfatório.
3.8 Avaliação da eficiência do ZnO nanoparticulado em relação ao ZnO comercial
Através de estudos comparativos entre os perfis de degradação estudados foi
feita a avaliação estatística do fotocatalisador mais eficiente, em termos de
percentagem de redução da absorvância (%Red. Abs.).
Para o cálculo da porcentagem de redução do máximo de absorvância (%
Red. Abs.), em cada pH utilizado, empregou-se a seguinte fórmula:
28
3.9 Ensaio ecotoxicológico commicro-crustáceos - Artemia salina
A utilização de Artemias para testes de toxicidade é pelo fato delas
responderem aos compostos testes sem serem influenciadas pela concentração
salina do meio, além da capacidade de sobrevivência em ambientes com baixos
níveis de oxigênio (MEYER et al.,1982).
Sua obtenção é muito fácil e de baixo custo, uma vez que tem capacidade de
formar cistos dormentes, fornecendo material biológico que pode ser armazenado
durante longos períodos de tempo, sem perda de viabilidade e sem necessidade de
manutenção de cultura contínua de organismos teste (BAROSA et al., 2003).
Para a eclosão dos cistos de Artemia salina é necessário o preparo de uma
solução de cultivo, descrita por Meyer e colaboradores (1982), que consiste na
mistura de 23,0 g de NaCl; 11,0 ± 0,1 g de MgCl2.6H2O; 4,0 ± 0,1 g deNa2SO4; 1,3 ±
0,1 g de CaCl2.2H2O e 0,7 ± 0,1 g de KCl. Completa-se o volume para 1,0 L com
água destilada e ajusta-se o pH para 9,0 usando uma solução deNa2CO3, em
seguida adiciona-se 50 mg de cistos de A. salina. Os reagentes utilizados foram
todos de pureza analítica.
O recipiente utilizado para eclosão consiste de um béquer de 1000 mL,
dividido ao meio por uma placa de plástico perfurada, contendo a solução de Meyer.
Os cistos são colocados em um dos lados do béquer e do outro lado é colocada uma
lâmpada. O aquário deve ser mantido em temperatura ambiente e após 48 h
observa-se a migração dos náuplios mais resistentes para o lado da luz, as quais
são utilizadas para o ensaio de toxicidade.
Os organismos-testes foram expostos a uma solução aquosa de CIP na
concentração de 5 mg L-1 sem tratamento, denominada controle positivo, e outra
solução de CIP obtida após o tratamento que apresentou as melhores taxas de
degradação do antibiótico, portanto, uma solução aquosa de CIP de 5 mg L-1 na
presença de 20 mg L-1 de ZnO e 500 mg L-1 de H2O2 em pH 4, por 24 horas,
utilizando-se tubos de ensaio, cada um contendo 10 náuplios de A. salina,
previamente selecionados. Os testes foram feitos em triplicata. Para o controle
negativo utilizou-se apenas água destilada, também em triplicata, assim como os
% Red Abs = [1 – (Absfinal/Absinicial)] x 100 (Equação 12)
29
demais tratamentos: solução de H2O2 na concentração 500 mg L-1 e amostra da
solução aquosa de CIP tratada, na qual foi eliminado o H2O2 com uso de dióxido de
manganês (MnO2).
Após 24 horas de exposição, foi feita a contagem de náuplios vivos e mortos,
sendo considerados vivos todos aqueles que apresentassem qualquer tipo de
movimento quando observados próximos a uma fonte luminosa.
3.10 Ensaio Microbiológico - Método disco-difusão (Kirby-Bauer)
O procedimento baseia-se na inoculação de uma suspensão de
microrganismo na superfície de uma placa contendo ágar Mueller Hinton, seguida da
adição dos discos de papel impregnados com agentes antimicrobianos. Após a
incubação em estufa, é analisado o padrão de crescimento ou halo de inibição ao
redor de cada disco, sendo então medido o tamanho de cada halo. As bactérias
testadas foram a Escherichia coli (ATCC 10536) e Staphylococcus aureus (ATCC
14458). A metodologia utilizada para o ensaio de sensibilidade por disco-difusão é
descrita por Performance Standards for Antimicrobial Disk Susceptibility Tests
(NCCLS, 2003).
As etapas são as seguintes: suspender as colônias em solução salina estéril
(NaCl 0,85%) até obter-se uma turvação compatível com o grau 0,5 da escala Mac
Farland (1x106 UFC/mL). Embeber um swab estéril na suspensão bacteriana e
semear em seguida, de forma suave, em todas as direções da placa, procurando
abranger toda a superfície; aguardar a superfície do ágar secar e com auxílio de
uma pinça flambada e resfriada, colocar os discos estéreis, previamente embebidos
nas soluções testes, sobre a superfície do meio inoculado, exercendo uma leve
pressão com a ponta da pinça para uma boa adesão dos discos; incubar a placa
com os discos em estufa bacteriológica a 36 0C por 24 horas. O resultado foi obtido
medindo-se, com auxílio de um paquímetro, o diâmetro dos halos inibitórios de cada
disco.
Para o ensaio microbiológico utilizou-se ágar Mueller Hinton HiMedia, cloreto
de sódio P.A. Alphatec e padrão de turvação Laborclin. Os materiais foram
previamente esterilizados em autoclave vertical modelo CS, marca Prismatec e
manipulados em fluxo laminar modelo CFLV 09 Veco, posteriormente incubados em
estufa bacteriológica modelo BOD TE-371 Tecnal.
30
3.11 Demanda Química de Oxigênio
Conforme nota técnica de Aquino e colaboradores (2006), a demanda química
de oxigênio (DQO) é um parâmetro indicador do conteúdo de material orgânico
presente em uma solução ou efluente. Tal parâmetro mede, indiretamente, os
elementos redutores presentes na amostra, ou seja, a amostra que contiver
substâncias orgânicas e/ou inorgânicas passíveis de sofrer oxidação pelo dicromato
de potássio em meio ácido, causará DQO (AQUINO; SILVA; CHERNLCHARD,
2006).
O ensaio de DQO foi realizado pelo laboratório de Limnologia do Gerpel –
Unioeste. A metodologia seguiu conforme Standard Methods for the Examination of
Water and Wastewater (APHA, 2005).
4. Resultados e discussão
4.1 Caracterização por MEV
As imagens (Figura 5) obtidas com ampliação de 30000 vezes mostram que o
material sintetizado é constituído de partículas de tamanho heterogêneo. Apesar
disso, verifica-se que há partículas muito pequenas, o que indica a presença de
nanopartículas. O aumento da área superficial favorece o processo de fotocatálise,
devido ao aumento da área de adsorção do composto a ser oxidado na superfície do
catalisador.
31
Figura 5: MEV de ZnO sintetizado com ampliação de 30000 vezes.
32
4.2 Caracterização por DRX
O difratograma mostra picos localizados a 2θ = 31.9◦, 34.5◦, 36.3◦, 47.6◦,
56.7◦, 62.9◦ e 68.1◦, que correspondem ao plano de reflexões da estrutura de ZnO
hexagonal. Observa-se que os picos identificados para o ZnO sintetizado
correspondem 100% ao ZnO, conforme a base de dados. A intensidade e largura
dos picos na amostra sintetizada mudou em comparação ao ZnO comercial, isto
pode ser um indício da diminuição do tamanho do cristal (formação de nanocristais).
Sendo assim, há evidências de que a síntese foi bem sucedida, com formação de
estruturas cristalinas menores, quando comparadas ao ZnO comercial. Para
certificar-se de que estão em escala nanométrica deve-se realizar análise de
Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET).
Os resultados da análise por DRX são apresentados na Figura 6, a seguir.
Figura 6: DRX para as amostras de ZnO sintetizada e comercial.
Meas. data:ZnO comercial - Bruna
Meas. data:ZnO sintetizado - Bruna
Zinc Oxide, O1 Zn1, 10
2-theta (deg)
Inte
nsity (
cp
s)
20 40 60 80
0.0e+000
2.0e+005
4.0e+005
6.0e+005
8.0e+005
33
4.3 Curva de calibração e escolha da solução de trabalho
A fim de conhecer o espectro de absorvância do fármaco em estudo e
determinar o comprimento de onda de absorção máxima, preparou-se soluções nas
concentrações de 5 a 10 mgL-1 e fez-se varreduras de 220 a 400 nm, conforme
Figura 7, abaixo.
Figura 7: Espectro de absorção do CIP em função da concentração.
Verificou-se que no comprimento de onda 272 nm o fármaco em estudo
apresenta um pico de absorção máximo. Portanto, determinou-se o coeficiente de
absortividade a partir dos dados de absorvância nesse comprimento de onda.
O coeficiente angular da reta equivale ao coeficiente de absortividade (Ɛ)
multiplicado pelo caminho óptico da cubeta, que neste caso é igual a 1 cm, portanto
o Ɛ do CIP é igual a 0,092 L mg-1 cm-1, resultado esse que pode ser aceito devido ao
ótimo ajuste linear dos dados obtidos (R2=0,997), conforme mostrado na Figura 8.
Sendo assim, a solução de trabalho escolhida foi a de concentração 5 mg L-1.
0,0000
0,2000
0,4000
0,6000
0,8000
1,0000
190 240 290 340 390
Ab
so
rvân
cia
Comprimento de onda (nm)
5 mg.L-1
6 mg.L-1
7 mg.L-1
8 mg.L-1
9 mg.L-1
10 mg.L-1
34
Figura 8: Curva de calibração a 272 nm.
4.4 Avaliação do processo de fotocatálise heterogênea com ZnO comercial
Os experimentos seguiram conforme planejamento experimental proposto.
Para avaliar a eficiência do processo de fotodegradação com irradiação artificial foi
avaliada a % Red. Abs. Os resultados obtidos apresentaram variações de 42% a
76%, conforme apresentados na Tabela 3.
Tabela 3: Resumo dos experimentos realizados e seus respectivos valores de
porcentagem de redução da absorvância, para o ZnO comercial.
Experimentos
Condições experimentais
pH H2O2 (mg L-1
) ZnO (mg L-1
) %Red. Abs.
E1 4 (-1) 100 (-1) 20 (-1) 42%
E2 4 (-1) 100 (-1) 40 (1) 57%
E3 4 (-1) 500 (1) 20 (-1) 76%
E4 4 (-1) 500 (1) 40 (1) 68%
E5 10 (1) 100 (-1) 20 (-1) 58%
E6 10 (1) 100 (-1) 40 (1) 64%
E7 10 (1) 500 (1) 20 (-1) 73%
E8 10 (1) 500 (1) 40 (1) 72%
E9 7 (0) 300 (0) 30 (0) 61%
E10 7 (0) 300 (0) 30 (0) 58%
E11 7 (0) 300 (0) 30 (0) 59%
y = 0,092x + 0,009 R² = 0,997
0,0000
0,1000
0,2000
0,3000
0,4000
0,5000
0,6000
0,7000
0,8000
0,9000
1,0000
5 6 7 8 9 10
Ab
so
rvân
cia
Concentração (mg L-1)
35
O modelo estatístico linear apresentou boa correlação entre valores previstos
pelo modelo em função dos valores observados, para a redução absorvância,
conforme apresentados pela Figura 9.
Figura 9: Valores previstos para o processo de fotodegradação em função dos
valores observados para a % Red. Abs.
As respostas experimentais baseadas nos valores de redução da absorvância
no planejamento experimental permitiram o desenvolvimento de um modelo
estatístico, com ajuste linear, dos efeitos das interações entre os coeficientes
associados às variáveis utilizados no processo de degradação, conforme
apresentados na Tabela 4.
Observando os dados expressos nessa Tabela, é possível concluir que, ao
nível de significância de 95% (p-valor < 0,05), os parâmetros pH e H2O2, assim como
a interação entre os parâmetros pH e H2O2 e H2O2 e ZnO são significativos para o
processo. Ainda, é possível verificar que as variáveis pH e H2O2 apresentam grau de
influência no mesmo sentido.
Para a variável pH, o acréscimo do nível -1 (pH 4) para o nível 1 (pH 10)
provoca o aumento do percentual de redução da absorvância em 6%. O fator que
36
teve maior influência na percentagem de redução da absorvância foi a concentração
de H2O2. Nesse sentido, o aumento na concentração de H2O2 de 100 mg L-1 para
500 mg L-1, aumentou a resposta em 17%.
Avaliando a interação entre fatores pH e H2O2, observa-se que o aumento da
interação provoca a diminuição do valor de resposta em 5,5%, da mesma forma que
a interação entre os fatores H2O2 e ZnO diminui em 7,5% a resposta.
Observa-se que para a porcentagem de redução da absorvância a variável
ZnO e a interação pH + ZnO não foram significativos ao nível de 5% de significância.
O valor de R2 de 0,91395 indica que cerca de 91% da variabilidade na
resposta pode ser explicada por meio do modelo calculado.
Tabela 4: Efeito das interações entre as variáveis do processo de fotodegradação
com irradiação artificial para redução da absorvância.
Fatores Efeitos Coeficiente Erro texp (2) p-valor
Intercepto 62,54545 62,54545 0,46057 135,80120 0,00005
X1 6,00000 3,00000 0,54000 5,55490 0,03091
X2 17,00000 8,50000 0,54000 15,73890 0,00401
X3 3,00000 1,50000 0,54000 2,77750 0,10887
X1.X2 -5,50000 -2,75000 0,54000 -5,09200 0,03647
X1.X3 -0,50000 -0,25000 0,54000 -0,46290 0,68892
X2.X3 -7,50000 -3,75000 0,54000 -6,94370 0,02012
A variável X1 é o valor codificado para pH, X2 é o valor codificado para H2O2,
X3 o valor codificado para ZnO; a interação pH + H2O2 é codificada pela variável
X1.X2, a interação pH + ZnO é codificada pela variável X1.X3 e a interação H2O2+
ZnO é codificada pela variável X2.X3.
A análise de variância (ANOVA) que evidencia a validade do modelo adotado
através do teste F e o erro experimental pelo resíduo com 95% de confiança é
apresentada na Tabela 5.
37
Tabela 5: Análise de variância (ANOVA) do modelo linear previsto para o processo
de fotodegradação na redução da absorvância, para ZnO comercial.
Fonte Soma
Quadrática
Graus de
Liberdade
Média
Quadrática Fcal Ftab
Regressão 841,5000 6 140,2500 7,0809 6,163
Resíduo 79,2273 4 19,8068
Falta de Ajuste 74,5606 2 37,2803 15,9773 19,00
Erro Puro 4,6667 2 2,3333
Total 920,7273 10
As variáveis significativas para o processo (pH, H2O2, bem como as
interações pH e H2O2 e H2O2 e ZnO) apresentaram F calculado (7,0809) maior que F
tabelado (6,163), e para a falta de ajuste o F tabelado (19,00) foi maior que o F
calculado (15,9773), indicando a validade deste modelo experimental para estas
variáveis estudadas.
Assim, o modelo linear que descreve a percentagem de redução da
absorvância (% Red Abs) pode ser descrito pela Equação 13.
% Red Abs = 62,54545 + 3,00X1 + 8,50X2– 2,75X1.X2 – 3,750X2.X3 (Equação 13)
Sendo que: X1 é o valor codificado para pH, X2 é o valor codificado para H2O2,
X1.X2 o valor codificado para a interação pH + H2O2 e X2.X3 o valor codificado para a
interação H2O2 + ZnO.
Para melhor visualização dos resultados da análise estatística foram
construídas superfícies de resposta a partir do modelo proposto em função da
%Red. Abs., conforme apresentado na Figura 10. Os gráficos foram construídos
considerando apenas os efeitos estatisticamente significativos ao nível de confiança
de 95%, conforme exposto anteriormente.
38
Figura 10: Superfície de resposta dos resultados experimentais da redução da
absorvância em função do pH e da [H2O2].
Na Figura 10 foi analisado os efeitos das duas variáveis significativas (pH e
H2O2) do processo. Observa-se que em pH alcalino (10,0) obtém-se uma melhor
eficiência do processo de fotodegradação. O resultado tende a ser ainda melhor
quando aproximamos a variável H2O2 do nível 1, onde foi utilizada a concentração
de 500 mg L-1.
Os pressupostos foram checados por meio de verificações gráficas dos
resíduos, seguidas do teste de Shapiro-Wilk para normalidade (p-valor = 0,43).
Assim, pode-se afirmar que todos os pressupostos foram alcançados ao nível de
significância de 5%, confirmando a validade do modelo, e que as amostras
aleatórias provêm de uma população normal.
Comparando com o trabalho realizado por El-Kemary e colaboradores
(2010), o mesmo obteve uma melhor eficiência dos resultados em pH 10 (50%)
corroborando com os resultado deste trabalho, no qual as %Red. Abs. em pH
alcalino ficaram entre 42 e 76%, dando indícios de que a molécula foi degradada.
A influência do pH sobre a eficiência catalítica do ZnO foi investigada pelo
ajuste do pH da mistura em 4 , 7 e 10. O pH pode alterar as propriedades de carga
de superfície do fotocatalisador e, provavelmente, a estrutura química do fármaco,
portanto a reação de fotocatálise é dependente do pH (EL-KEMARY et al., 2010).
Com relação à fotocatálise, os resultados mostram que a degradação máxima
39
foi obtida a valores de pH de 7 e 10 sob luz UV. Nessas condições o que ocorre é
que os íons hidroxila disponíveis reagem com as lacunas (h+) para formar radicais
hidroxila, que têm a capacidade de oxidação elevada, aumentando
consequentemente, a taxa de fotodegradação do CIP. Em valores de pH baixos (pH
4) a fotodegradação do CIP foi menos eficiente, pois há uma elevada concentração
de prótons, que possuem elevada afinidade para o anions hidroxila, impedindo a
formação dos radicais hidroxila. Como não existem ions hidroxilas livres, a formação
dos radicais oxidantes não é possível. Sendo assim, a fotodegradação diminuiu
empH baixo ou a diminuição da fotodegradação pode também ser devido à
dissolução de ZnO em condições altamente ácidas (EL-KEMARY et al., 2010).
A Figura 11, representa o deslocamento do pico de absorvância máxima
ocasionado pela mudança de pH na solução de CIP.
Figura 11: Espectros CIP no pH 4, 7 e 10.
Com relação ao efeito do pH no espectro do CIP, observa-se que quando a
solução apresenta caráter básico (pH 10), a molécula de CIP tem sua função amina
protonada, e o grupamento carboxílico desprotonado, fazendo com que a molécula
em solução possua carga zero (caráter anfolítico). Por outro lado, em pH ácido, a
molécula em solução possui suas funções amina e ácido carboxílico protonados,
predominando sua forma catiônica (SOUZA, 2016).
O fato da molécula de CIP sofrer uma protonação/desprotonação, conforme o
pH da solução, faz com que ocorra um deslocamento do comprimento de onda de
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
220 270 320 370
Ab
sorv
ânci
a
Comprimento de onda (nm)
pH 4
pH 7
pH 10
40
máxima absorção. Contudo, a variação do pH, mesmo deslocando o pico de máxima
absorção, não influencia na proporção de redução do CIP, pois a molécula não sofre
nenhuma alteração, há apenas um incremento ou diminuição em relação ao
comprimento de onda relativos as transições eletrônicas moleculares (SOUZA,
2016). Assim, o deslocamento dos picos por efeito do pH não influenciaram os
resultados desse trabalho.
4.5 Avaliação do processo de fotocatálise heterogênea com ZnO nanoparticulado
Os experimentos seguiram conforme planejamento experimental proposto. A
eficiência do processo de fotodegradação com irradiação artificial foi avaliada pela
redução da absorvância. Os resultados obtidos apresentaram variações de 55% a
78% na % Red. Abs., conforme apresentados na Tabela 6.
Tabela6: Resumo dos experimentos realizados com ZnO nanoparticulado e suas
respectivas %Red Abs.
Experimentos
Condições experimentais
pH H2O2 (mg L-1
) ZnO (mg L-1
) %Red. Abs.
E1 4 (-1) 100 (-1) 20 (-1) 55%
E2 4 (-1) 100 (-1) 40 (1) 71%
E3 4 (-1) 500 (1) 20 (-1) 78%
E4 4 (-1) 500 (1) 40 (1) 72%
E5 10 (1) 100 (-1) 20 (-1) 62%
E6 10 (1) 100 (-1) 40 (1) 70%
E7 10 (1) 500 (1) 20 (-1) 74%
E8 10 (1) 500 (1) 40 (1) 72%
E9 7 (0) 300 (0) 30 (0) 67%
E10 7 (0) 300 (0) 30 (0) 66%
E11 7 (0) 300 (0) 30 (0) 68%
Ao analisarmos os experimentos E1 e E2, observa-se que houve um aumento
em 16% na resposta, apenas com a mudança da variável ZnO, a qual passou de 20
mg L-1 para 40 mg L-1. Porém, quando aumentamos a concentração de H2O2 para
500 mg L-1, essa variação da concentração de ZnO faz com que a resposta diminua
em 6% (E3 e E4). Ao compararmos os experimentos E1 e E2, com E5 e E6, apenas
a variável pH sofre alteração de 4 para 10, e o que ocorre é que a resposta aumenta
41
apenas 8% do experimento E5 para o E6, ou seja, quando passamos para um pH
mais básico, a degradação não foi tão eficiente.
Uma comparação simples pode ser feita com relação aos resultados obtidos
no experimento com ZnO comercial e nanoparticulado. O ZnO comercial obteve em
média 62,5% de redução na absorvância, já o nanoparticulado essa média foi de
68,6%, ou seja, um aumento de 6% de eficiência.
O modelo estatístico apresentou boa correlação entre valores previstos pelo
modelo em função dos valores observados, para a redução da absorvância,
conforme apresentados pela Figura 12.
Figura 12: Valores previstos para o processo de fotodegradação em função dos
valores observados para %Red. Abs.
As respostas experimentais, baseadas nos valores de redução da
absorvância, permitiram o desenvolvimento de um modelo estatístico, com ajuste
linear, dos efeitos das interações entre os coeficientes associados às variáveis
utilizados no processo de degradação, conforme apresentados na Tabela 7.
Observando os dados expressos nessa Tabela 7, é possível concluir que, ao
nível de significância de 95% (p-valor < 0,05), os parâmetros H2O2e ZnO, assim
como a interação entre esses dois parâmetros são significativos para o processo.
42
Ainda, é possível verificar que as variáveis H2O2e ZnO apresentam grau de
influência num mesmo sentido.
O fator que teve maior influência para o processo de degradação foi o H2O2.
Com relação a essa variável, o aumento na concentração de 100 mg L-1 para 500
mg L-1, aumentou a resposta em 9,5%. Assim como a variável ZnO, onde o
acréscimo do nível -1 (20 mg L-1) para o nível 1 (40 mg L-1) causa o aumento de 4%
na redução da absorvância.
Avaliando a interação entre fatores H2O2 e ZnO observa-se que o aumento da
interação provoca a diminuição de 8,0% no valor de resposta. Observa-se que para
a porcentagem de redução da absorvância a variável pH, bem como as interações
pH + H2O2e pH + ZnO não foram significativos ao nível de 5% de significância.
O valor de R2 de 0,91968 indica que cerca de 92% da variabilidade na
resposta pode ser explicada por meio do modelo calculado.
Tabela7: Efeito das interações entre as variáveis do processo de fotodegradação
com irradiação artificial, utilizando ZnO nanoparticulado, para redução da
absorvância.
Fatores Efeitos Coeficiente Erro texp (2) p-valor
Intercepto 68,63636 68,63636 0,301511 227,6411 0,000019
X1 0,50000 0,25000 0,707107 0,7071 0,552786
X2 9,50000 4,75000 0,707107 13,4350 0,005495
X3 4,00000 2,00000 0,707107 5,6569 0,029857
X1 + X2 -2,25000 -1,25000 0,707107 -3,5355 0,071523
X1 + X3 -1,00000 -0,50000 0,707107 -1,4142 0,292893
X2 + X3 -8,00000 -4,00000 0,707107 -11,3137 0,007722
A variável X1 é o valor codificado para pH, X2 é o valor codificado para H2O2,
X3 o valor codificado para ZnO; a interação pH + H2O2 é codificada pela variável
X1.X2, a interação pH + ZnO é codificada pela variável X1.X3 e a interação H2O2+
ZnO é codificada pela variável X2.X3.
A análise de variância (ANOVA) que evidencia a validade do modelo adotado
através do teste F e o erro experimental pelo resíduo com 95% de confiança é
apresentada na Tabela 8.
43
Tabela8: Análise de variância (ANOVA) do modelo previsto para o processo de
fotodegradação com ZnO nanoparticulado na redução da absorvância.
Fonte Soma
Quadrática
Graus de
Liberdade
Média
Quadrática Fcal Ftab
Regressão 355,5000 6 59,2500 7,6340 6,163
Resíduo 31,0455 4 7,7613
Falta de Ajuste 29,0455 2 14,5227 14,5227 19,00
Erro Puro 2,0000 2 1,0000
Total 386,5455 10
As variáveis significativas para o processo (H2O2, ZnO, bem como a interação
entre essas duas variáveis) apresentaram F calculado (7,6340) maior que F tabelado
(6,163), e para a falta de ajuste o F tabelado (19,00) foi maior que o F calculado
(14,5227), indicando a validade deste modelo experimental para estas variáveis
estudadas.
Assim, o modelo linear que descreve a %Red Abs pode ser descrito pela
Equação 15.
% Red Abs = 68,63636 + 4,75X1 + 2,0X2 – 4,0X2.X3 (Equação 14)
Sendo que: X1 é o valor codificado para H2O2, X2 é valor codificado para ZnO
e X2.X3 o valor codificado para a interação H2O2 + ZnO.
Para melhor visualização dos resultados da análise estatística foi construído o
gráfico de superfície de resposta, a partir do modelo proposto em função da %Red.
Abs., conforme apresentado na Figura 13. O gráfico foi construído considerando
apenas os efeitos estatisticamente significativos ao nível de confiança de 95%,
conforme exposto anteriormente.
44
Figura 13: Superfície de resposta dos resultados experimentais para redução da
absorvância em função da concentração de H2O2 e ZnO nanoparticulado.
Na Figura 12 foi analisado os efeitos das duas variáveis significativas (H2O2 +
ZnO) do processo. Observa-se que os melhores resultados encontram-se nas
regiões de nível 1, ou seja, ZnO 40 mg L-1 e H2O2 500 mg L-1.
Os pressupostos foram checados por meio de verificações gráficas dos
resíduos, seguidas do teste de Shapiro-Wilk para normalidade (p-valor = 0,61).
Assim, pode-se afirmar que todos os pressupostos foram alcançados ao nível de
significância de 5%, confirmando a validade do modelo, e que as amostras
aleatórias provêm de uma população normal.
El Kemary e colaboradores (2010), em estudo semelhante sobre a
degradação do CIP com o uso de ZnO nanoparticulado, realizaram o ensaio de
fotólise direta para garantir que a degradação de CIP pelo ZnO foi o mecanismo
dominante. Nesse teste irradiou-se 4 mg L-1 de CIP sem ZnO durante 60 min, com
lâmpada de 365 nm, e o que se demonstrou foi que não houve alteração na
concentração de CIP por esse processo. Dessa forma, ficou evidente que a
degradação ocorre pela ação do ZnO. No presente trabalho também realizou-se o
ensaio de fotólise direta, onde irradiou-se CIP 5 mg L-1 em pH 4 durante 60 min,
com lâmpada ultravioleta, porém nada ocorreu à amostra, ficando evidente, assim
como no trabalho anteriormente mencionado, que a degradação ocorre pela ação do
ZnO.
45
O experimento denominado ―E3‖, o qual obteve melhor resultado de
degradação, foi realizado também na ausência de ZnO, ou seja, fez-se o ensaio de
degradação utilizando apenas luz ultravioleta, H2O2 500 mg L-1 e pH 4, a fim de
verificar a influência da falta de ZnO no processo de fotodegradação. O que ocorreu
foi uma redução de 50% da absorvância, ou seja, 28% a menos do que quando
utilizamos tal catalisador, porcentagem essa considerada relevante ao processo.
Com isso, pode-se concluir que o maior responsável pela degradação do CIP é o
H2O2, porém, ao utilizamos ZnO, o mesmo contribui significativamente ao processo,
conclusões estas que corroboram com a análise estatística.
4.6 Cinética Química
Para a determinação da constante de velocidade (k), segundo uma cinética
de primeira ordem (ou pseudo primeira ordem), foi traçado o gráfico de ln(A0/A) em
função do tempo para o experimento que apresentou melhor resposta,
acompanhando-se o comportamento da banda em 272 nm. As condições que
obtiveram a melhor resposta foram: pH 4, H2O2 500 mg L-1 e ZnO 20 mg L-1. A
cinética de primeira ordem (pseudo primeira ordem) é representado pela equação
16:
- ln(A/A0) = k t (Equação 16)
Na Figura 14 está representado o gráfico de ln(A0/A) em função do tempo
para o experimento que apresentou melhor resultado (E3).
46
Figura 14: Ajustes lineares dos pontos do gráfico de ln(A0/A) em função do tempo
(minutos) para o experimento 3 do planejamento experimental.
Através do gráfico de ln(A0/A) em função do tempo, obteve-se o valor de k (k
= 2,4 10-2 min-1) e o coeficiente de correlação (R2), o qual apresentou bom ajuste
linear de 0,9941, sendo possível afirmar que as relações lineares entre ln(A0/A) em
função do tempo seguem uma cinética de primeira ordem (pseudo primeira ordem)
até 60 minutos de reação, a qual é geralmente esperada para um sistema
fotocatalítico utilizando ZnO (LEYVA et al., 2008; AMISHA et al., 2008).
Na Figura 15, observa-se o espectro do CIP nos tempos 15, 30, 45 e 60
minutos, conforme seguiu o ensaio de cinética da reação, onde nesses tempos a
%Red. Abs. foi, respectivamente, 36,6, 56,6, 68,6 e 78,1%.
y = 0,024x + 0,053 R² = 0,994
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
0 10 20 30 40 50 60
ln (
A0/A
)
Tempo (min)
47
Figura 15: Espectros de absorção do CIP 5 mg L-1 em função dos tempos de
irradiação.
É possível observar no espectro do CIP (Figura 15) a existência de um ponto
isosbéstico centrado em aproximadamente 345 nm, indicando que há a conversão
de uma estrutura em outra.
4.7 Ensaio ecotoxicológico com micro-crustáceos - Artemia salina
Na Tabela 9 estão representados os resultados obtidos no ensaio de
toxicidade realizados nas condições experimentais que apresentaram melhores
taxas de degradação do CIP, ou seja, pH 4, 500 mg L-1 de H2O2 e 20 mg L-1 de ZnO.
Como controle negativo foi utilizado água destilada e como controle positivo
uma solução aquosa contendo CIP na concentração de 5 mg L-1. O ensaio
denominado ―tratamento‖ se trata da degradação que obteve o melhor resultado, ou
seja, o experimento 3 (E3), assim como o ―tratamento sem H2O2" consiste na mesma
solução, porém neste caso adicionou-se MnO2 para que o H2O2pudesse ser
eliminado e não causando resultados falso positivo. Todo ensaio foi realizado em
triplicata.
48
Tabela 9: Percentagem de mortalidade nos ensaios toxicológicos.
Ensaio toxicológico Mortalidade (%)
Controle Positivo 100
Controle Negativo 0
Tratamento 100
Tratamento (sem H2O2) 43,3
H2O2 500 mg L-1 100
O percentual de mortalidade obtido no controle positivo foi de 100%,
indicando que a solução de CIP é letal para a totalidade dos organismos teste. Na
solução do antibiótico submetida ao processo de fotodegradação, o resultado
também foi o mesmo, ou seja, a morte de todos os náuplios de A. salina. Porém, ao
adicionarmos MnO2, fazendo com o que o H2O2 presente no meio fosse consumido,
houve a morte de apenas 43,3%. Outra contra prova realizada foi um teste de
toxicidade com uma solução de H2O2 500 mg L-1, para a qual houve a mortandade
de todos os organismos teste. Portanto, conclui-se que, em parte, a toxicidade é
oriunda do peróxido de hidrogênio, e que o tratamento realizado diminuiu a
toxicidade para A. salina.
4.8 Ensaio Microbiológico - Método disco-difusão (Kirby-Bauer)
A avaliação da atividade antimicrobiana é muito importante para soluções
submetidas a um POA, porque mesmo as taxas de degradações sendo altas, os
intermediários formados podem apresentar atividade microbiana. Estudos realizados
por Dodd et al. (2009), Paul et al. (2010) e Rodrigues-Silva et al. (2013),avaliaram a
atividade antimicrobiana residual de soluções de ciprofloxacino, enrofloxacina e
flumequina em água ultrapura, submetidas aos POA por ensaios de inibição do
crescimento da bactéria Escherichia coli. Nesses estudos, os autores concluíram
que a atividade antimicrobiana da solução diminuiu conforme a quinolona foi
degradada.
Portanto, é possível que a desativação da atividade antimicrobiana ocorra
mesmo quando não seja alcançada a total mineralização do composto alvo presente
na solução. Portanto, podem ser considerados eficientes os tratamentos que
49
desativem a atividade biológica ou que modifiquem a estrutura dos antimicrobianos
(PAUL, 2010).
A medida da toxicidade das substâncias é de suma importância, e no caso de
estudo com antibióticos não é diferente. Para tal estudo, foram utilizadas quatro
solução, sendo elas denominadas A, B, C e D, as quais são, respectivamente,
solução de CIP 5 mg L-1, H2O2500 mg L-1, degradação (E3) e degradação (E3) sem
H2O2 (o qual foi eliminado com MnO2).
Os resultados da análise de atividade antibacteriana são mostrados na Figura
16, a seguir.
Figura 16: Imagens do teste de atividade antibacteriana realizado pelo método disco-difusão (Kirby-Bauer). Amostras denominadas A, B, C e D são, respectivamente, solução de CIP 5 mg L-1, H2O2 500 mg L-1, degradação (E3) e degradação (E3) sem H2O2.
50
Conforme pode-se observar nas imagens anteriores (Figura 16), o que
ocorreu foi a inibição de crescimento microbiano apenas para o antibiótico em
estudo, na concentração 5 mg L-1, o qual apresentou halo inibitório médio de 15,5
mm para a bactéria E. coli e 16,5 mm para a bactéria S. aureus, as demais soluções
teste não apresentaram atividade antimicrobiana, dessa forma pode-se afirmar que a
amostra submetida ao tratamento por fotocatálise heterogênea com ZnO
nanoparticulado perdeu sua atividade antimicrobiana.
4.9 Demanda Química de Oxigênio
O ensaio de DQO foi realizado apenas para o melhor resultado da
degradação (E3) utilizando ZnO nanoparticulado, nas condições: 20 mg L-1de ZnO,
500 mg L-1de H2O2 e em pH 4, o qual obteve um percentual de redução da
absorvância de 78%. O teste seguiu em duplicata e as amostras foram: solução de
CIP 5 mg L-1 com adição de 500 mg L-1 de H2O2 (denominada Amostra A) e amostra
degrada, após 60 minutos de reação (denominada Amostra B).Os resultados obtidos
são apresentados da Tabela 10, abaixo.
Tabela 10: Resultados da análise de DQO para as amostras A e B, referentes aos
ensaios de degradação com ZnO nanoparticulado.
Amostras DQO (mg L-1)
Amostra A 42,171 mg L-1
Amostra B 35,271 mg L-1
Da amostra A, para a amostra B houve a redução da DQO em
aproximadamente 7 mg L-1, ou 16,4% de eficiência na remoção. Ou seja, 78% da
amostra foi degradada ou convertida, 6mas apenas 16,4% dos compostos orgânicos
foram oxidados. Pode-se dizer que, apesar da solução de CIP ter sido degradada, a
maior parte da molécula não sofreu oxidação, sendo possivelmente convertida em
outra estrutura.
51
CONCLUSÃO
No estudo de fotocatálise heterogênea com ZnO comercial observou-se que o
antibiótico CIP apresentou percentual de degradação entre 42 e 76%, sendo a
melhor condição na presença de 20 mg L-1de ZnO, 500 mg L-1de H2O2e em pH 4. Ao
ponto que as degradações com ZnO nanoparticulado apresentaram percentual de
degradação entre 55% e 78%, sendo a melhor condição na presença de 20 mg L-1,
500 mg L-1 de H2O2 e em pH 4, seguindo uma cinética de pseudo-primeira ordem.
Assim sendo, o ZnO nanoparticulado apresentou-se em média 6% mais eficiente
que o ZnO comercial, valor este considerado não muito expressivo em comparação
com o comercial, mas que nos dá indícios de que o estudo das nanopartículas é
importante, pois se for bem equacionado, pode aumentar ainda mais a eficiência dos
processos fotodegradação.
O tratamento estatístico do processo que utilizou o ZnO comercial como
catalisador, demonstrou que as variáveis pH e H2O2, bem como as interações H2O2
e ZnO e H2O2 e pH apresentaram significância sobre o processo de fotodegradação.
Já para o ZnO sintetizado, as variáveis estatisticamente significativas foram ZnO,
H2O2 e a interação entre essas duas variáveis.
Com as análises de DRX e MEV pode-se concluir que, apesar do material
sintetizado obtido ser constituído de partículas de tamanho heterogêneo, há sim
partículas em escala nano, evidenciando que a síntese foi bem sucedida. Não foi
possível realizar análise de Microscopia Eletrônica de Transmitância (MET), pois só
assim poderia ser estimado o tamanho real da partícula sintetizada.
Os ensaios de toxicidade com Artemia salina e também de atividade
antimicrobiana, realizados para o ZnO nanoparticulado, mostraram que o produto de
degradação do CIP não foi tóxico para os organismos teste e não apresentou
atividade antimicrobiana para os microorganismos E. colie S. aureus, o que é
positivo, pois assim pode-se afirmar que durante a degradação não foram formados
produtos tóxicos. Já o ensaio de DQO para ZnO nanoparticulado evidenciou que,
apesar de 78% da amostra ter sido degradada, apenas 16,4% dos compostos
orgânicos foram oxidados.
Na natureza, os analitos farmacêuticos são encontrados na ordem de µg L-1a
ng L-1, porém, o presente trabalho utilizou a concentração na ordem de mg L-1
motivados pelas técnicas de quantificação disponíveis no laboratório de estudo, uma
52
vez que quanto menor a concentração maior pode ser o erro analítico. Apesar de ser
considerada uma alta concentração se comparado as concentrações encontradas no
meio ambiente, os resultados foram satisfatórios.
Devido à crescente problemática dos resíduos frente ao lançamento de
efluentes espera-se ter contribuir para a degradação do fármaco cloridrato de
ciprofloxacino, já que o mesmo vem sendo encontrado em ETE em baixas
concentrações. Ficando evidente que o estudo de nanopartículas é de fundamental
importância, uma vez que a tendência é tornar mais eficiente o processo de
fotocatálise, devido à diminuição do tamanho da partícula e consequente aumento
da energia de band gap.
A identificação dos produtos formados durante os processos de degradação é
uma etapa bastante trabalhosa devido às baixas concentrações em que esses
intermediários se encontram. Para comprovar a identidade dos intermediários
formados é necessária a aquisição de padrões analíticos desses intermediários, os
quais nem sempre se encontram disponíveis. Entretanto, conforme Albini e Monti
(2003),não é comum que as fluoroquinolonas sofram rearranjo em sua estrutura
química durante a exposição à radiação UV. A principal modificação que pode
ocorrer em sua estrutura é a perda do átomo de flúor (F), seguida da eliminação do
grupo carboxila (COOH) (ALBINI; MONTI, 2003).
Sugere-se, a fim de obter resultados mais expressivos para a fotodegradação,
que a síntese do ZnO seja melhor equacionada, a fim de se obter partículas de
tamanho homogêneo. Por fim, considera-se positivo os resultados apresentados,
visto que comprovou-se, com a fotodegradação, a diminuição da toxicidade do
antibiótico para os organismos teste.
53
REFERÊNCIAS
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