slide livro sociologia ensino médio capitulo 21 do tomazi

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Unidade 7 Mudança e transformação social Não existem sociedades sem mudanças. Há transformações maiores, que atingem toda a humanidade, e menores, que acontecem no cotidiano das pessoas. Normalmente elas estão interligadas. Duas grandes transformações a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial não foram percebidas de imediato pelas pessoas, pois aconteceram lentamente.

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Slide do capítulo 21 do livro "Sociologia para o Ensino Médio" de Nelson Dácio Tomazi. Material de apoio para ser utilizado na sala de aula. Créditos by Tiago Lacerda.

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  • 1. Unidade 7 Mudana e transformao social No existem sociedades sem mudanas. H transformaes maiores, que atingem toda a humanidade, e menores, que acontecem no cotidiano das pessoas. Normalmente elas esto interligadas. Duas grandes transformaes a Revoluo Agrcola e a Revoluo Industrial no foram percebidas de imediato pelas pessoas, pois aconteceram lentamente.

2. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Hoje, muitas mudanas so provocadas pelo desenvolvimento acelerado das tecnologias, mas no conseguimos enxergar todos os seus efeitos em nossa vida. Existem transformaes mais evidentes, como as relacionadas s revolues polticas e sociais dos sculos XVIII e XIX, na Europa. 3. Mudana social e Sociologia Captulo 21 No sculo XVIII, com o Iluminismo, e no XIX, a ideia de progresso ocupou lugar destacado e permeou o pensamento de muitos autores. A mudana social para os clssicos da Sociologia As transformaes e crises nas diversas sociedades constituem um dos principais objetos da Sociologia. A Sociologia nasceu da crise provocada pela desagregao do sistema feudal e pelo surgimento do capitalismo. 4. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Sua obra est permeada pelos acontecimentos da Frana ps-revolucionria. Defendendo o esprito da Revoluo Francesa de 1789, esse autor se preocupou com a organizao da nova sociedade. Auguste Comte Comte acreditava que a mudana social estava na mente, na qualidade e na quantidade de conhecimentos sobre as sociedades. Com base nisso, afirmou que a humanidade percorreu trs estgios na evoluo do conhecimento: 5. Mudana social e Sociologia Captulo 21 3 estgio positivo corresponde era da cincia e da indstria, na qual se invocam leis com base na observao emprica, na comparao e na experincia. Seria o momento da Sociologia. 1 estgio teolgico o mundo seria regido por entidades e foras sobrenaturais, fossem elas espritos, deuses ou um deus nico. 2 estgio metafsico o sobrenatural deu lugar a ideias e causas abstratas e, portanto, racionais. Seria o momento da Filosofia. 6. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Obras de diferentes artistas e pocas evocam o esprito dominante em cada estgio da evoluo do conhecimento, de acordo com a classificao de Auguste Comte. Da esquerda para a direita, os estgios teolgico, metafsico e positivo, representados, respectivamente, pelas telas de Giotto (Crucifixo, 1320-1325), Rafael (A escola de Atenas, 1511) e Daumier (O encontro dos advogados, 1880). Museu de Belas Artes, Houston, Estados Unidos/ The Bridgeman Art Library/KeystoneMuseus e Galerias do Vaticano, ItliaAlte Pinakothek, Munique, Alemanha 7. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Em termos sociolgicos, Auguste Comte dividiu seu sistema em dois campos, o esttico e o dinmico, expressos nas palavras ordem e progresso. A opo de Comte era conservadora a mudana (progresso) era admissvel desde que no alterasse profundamente a situao vigente (ordem). 8. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Karl Marx Tambm analisou a Revoluo Francesa, que considerava parcial, pois, realizada por uma minoria, no emancipou a sociedade toda. Para ele, s uma classe capaz de representar os interesses de libertao de todos pode liderar uma transformao, que resultado dos conflitos entre as classes fundamentais da sociedade. No capitalismo essas classes so a burguesia e o proletariado. Este tem o papel transformador. 9. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Para Marx, os participantes de uma revoluo utilizam a cultura e as tecnologias transmitidas pelas geraes anteriores para criar novas formas de organizao produtiva e poltica. MuseudoLouvre,Paris,Frana Invaso do Palcio das Tulherias, em Paris, pela multido insurgente no dia 10 de agosto de 1792. Representao de Gerard Franois, sculo XVIII. 10. Mudana social e Sociologia Captulo 21 A parte do passado que incorporada e a maneira como isso acontece muitas vezes condicionam o resultado das mudanas futuras. Isso depende das foras sociais em conflito. StefanoBianchetti/Corbis/LatinStock Guarda Nacional reprime revoltosos em Paris, em 1848. Tela do sculo XIX, de autor desconhecido. De acordo com Marx, as revolues s seriam possveis por meio da violncia, pois os que detinham o poder jamais abririam mo dele pacificamente. 11. Mudana social e Sociologia Captulo 21 O movimento operrio realizava a sntese dessas trs condies. De acordo com o socilogo francs Robert Castel, no livro As metamorfoses da questo social, a teoria marxista atribua ao proletariado o poder revolucionrio porque a constituio de uma fora de contestao e de transformao social supe a reunio de pelo menos trs condies: uma organizao estruturada em torno de uma condio comum, a posse de um projeto alternativo de sociedade, o sentimento de ser indispensvel para o funcionamento da mquina social. 12. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Em sua anlise sobre as mudanas sociais, Durkheim observou que na histria das sociedades houve uma evoluo da solidariedade mecnica para a orgnica por causa da crescente diviso do trabalho. mile Durkheim Isso se deveu a fatores demogrficos: o aumento da populao ocasionou intensidade de interaes, complexidade de relaes sociais e aumento da qualidade desses vnculos. 13. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Weber analisou a mudana social relacionada ao nascimento da sociedade capitalista. Alm das condies econmicas, procurou centrar sua anlise no plano das ideias, das crenas e dos valores que permitiram a mudana. Max Weber O socilogo desenvolveu a ideia de que a tica protestante foi fundamental para a existncia do capitalismo. 14. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Segundo Weber, a tica protestante estimulou maior acumulao de capital ao valorizar o trabalho e um modo de vida disciplinado, responsvel e racional, sem gastos ostentatrios. MuseuRealdeBelasArtes,Anturpia,Blgica Representao de autor desconhecido (s.d.) da feira da Anturpia, importante centro porturio e comercial da Europa no sculo XVI. Compatvel com o esprito do capitalismo, a tica protestante valoriza o trabalho e as atividades da vida secular. 15. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Weber tambm declarou que a burocratizao da sociedade crescente, sendo um entrave a qualquer processo de mudana social. Os trabalhadores passaram a ver o trabalho como um valor em si mesmo. Assim, alm das condies econmicas, determinadas ideias e valores explicariam por que o capitalismo s se desenvolveu no Ocidente. 16. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Progresso e desenvolvimento talvez sejam as palavras que melhor expressam uma possvel mudana social. Modernizao e desenvolvimento Algumas grandes vertentes tericas tentaram explicar por que determinadas sociedades eram desenvolvidas e outras, subdesenvolvidas. Aps a Segunda Guerra Mundial percebeu-se que as desigualdades entre as sociedades eram gritantes. 17. Mudana social e Sociologia Captulo 21 A viso evolucionista da histria ganhou novo alento com as teorias da modernizao, de acordo com as quais as mudanas movem as sociedades de um estgio inicial (tradicional) para um estgio superior (moderno), numa escala de aperfeioamento contnuo. Essas teorias utilizam os padres de anlise de mile Durkheim e de Max Weber, mas com nova roupagem. Teorias da modernizao 18. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Para se transformar, passando do estgio atual para o superior, as sociedades tradicionais (atrasadas e subdesenvolvidas) devem seguir o exemplo e os mesmos passos histricos das sociedades modernas (industrializadas e desenvolvidas). De acordo com essas teorias, as sociedades so tradicionais ou modernas conforme as caractersticas que adotam. So, portanto, responsveis pela prpria situao. 19. Mudana social e Sociologia Captulo 21 As teorias da modernizao so criticadas por seu carter etnocntrico, pois a maioria das naes no seguiu as mesmas trajetrias histricas que as sociedades ocidentais. Ademais, tais teorias definem a trajetria de todas as sociedades como linear, ou seja, presumem que as sociedades modernas, antes tradicionais, modernizaram-se porque mudaram sua mentalidade e sua maneira de ver o mundo. 20. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Na dcada de 1960, a crtica s teorias da modernizao levaram vrios autores a procurar novas respostas para a questo: por que os pases da Amrica Latina eram subdesenvolvidos e os da Europa e os Estados Unidos eram desenvolvidos? Esses autores partiram de uma viso que foi elaborada pela Comisso Econmica para a Amrica Latina (Cepal), da Organizao das Naes Unidas. Subdesenvolvimento e dependncia 21. Mudana social e Sociologia Captulo 21 De acordo com a Cepal, nas relaes econmicas entre pases desenvolvidos e subdesenvolvidos havia uma troca desigual e uma deteriorao dos termos de intercmbio. Historicamente, cabia aos pases perifricos (dominados) vender aos pases centrais (dominantes) produtos primrios (agrcolas, basicamente) e matrias-primas (sobretudo minrios), e comprar produtos industrializados. Thinkstock/GettyImages Thinkstock/GettyImages 22. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Com essa diviso do trabalho, ao longo dos anos, os pases perifricos tiveram de vender volumes maiores de matrias-primas e mercadorias agrcolas para pagar a mesma quantidade de produtos industrializados. Ou seja, produziam e vendiam mais para receber o mesmo e assim enriquecer aqueles que j eram ricos. Thinkstock/GettyImages 23. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Thinkstock/GettyImages O socilogo alemo Andrew Gunder Frank afirmava que na Amrica Latina havia apenas o desenvolvimento do subdesenvolvimento, pois os pases centrais exploravam economicamente os pases perifricos e os dominavam politicamente, impedindo qualquer possibilidade de desenvolvimento autnomo. Essa relao, vigente desde o perodo colonial, explicava por que alguns pases se desenvolveram e outros no. 24. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Os latino-americanos continuaram a produzir os mesmos bens primrios para exportao at a dcada de 1960, quando houve uma mudana causada pela internacionalizao da produo industrial dos pases perifricos. Para um grupo de socilogos, do qual participou Fernando Henrique Cardoso, a dependncia dos pases da Amrica Latina se aprofundou aps a Segunda Guerra Mundial. 25. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Os produtos industriais comearam a ser fabricados nos pases subdesenvolvidos porque era mais barato as matrias-primas estavam prximas, a fora de trabalho era mais barata e o Estado, alm de dar incentivos fiscais, construa a infraestrutura necessria instalao e ao funcionamento das indstrias. A industrializao dependente configurou-se mediante a aliana entre empresrios estrangeiros e nacionais e o Estado nacional. 26. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Em pases onde havia essas condies, as grandes indstrias estrangeiras se instalaram e geraram um processo de industrializao dependente, sobretudo da tecnologia que traziam. JonasOliveira/Folhapress Linha de montagem da empresa francesa Renault no Paran, em fotografia de 2004. Produzir localmente mais lucrativo que exportar produtos industriais para os pases perifricos. Com isso, alm de manter a explorao anterior, os pases centrais exploravam diretamente a fora de trabalho das naes subdesenvolvidas. 27. Mudana social e Sociologia Captulo 21 Junte-se a um colega e observem as imagens. Escrevam as principais ideias e concluses para a seguinte questo: Aragem de terra no Mali, em 2004. W.WayneLockwood,M.D./Corbis/LatinStock Colheita mecanizada de trigo nos Estados Unidos, em 1986. Exerccio Para passar de uma situao a outra, do tradicional ao moderno, basta mudar atitudes e comportamentos? KarenKasmauski/Corbis/LatinStock