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1 A SOCIOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO: O OLHAR SOCIOLÓGICO SOBRE AS ESTRUTURAS E PROCESSOS ORGANIZACIONAIS Adriana Marques Aidar Introdução Prezado aluno. Neste capítulo, dedicar-nos-emos ao estudo da Sociologia das Organizações, que nada mais é que a vertente da Sociologia que investiga aqueles fenômenos que decorrem da estrutura das organizações na condição de sistemas especiais. Veremos, à frente, o que isso significa exatamente . Este estudo será bastante útil em sua vida profissional, pois auxiliará a compreensão da dinâmica das relações sociais, das mudanças que ocorrem em nossa sociedade e no mundo e, principalmente, possibilita o entendimento de como estes fatos se relacionam e influenciam o ambiente das organizações. Buscaremos, para alcançar nossos objetivos de aprendizado, estabelecer correlações entre diversos conceitos e compreender algumas teorias da área sociológica que são aplicáveis ao ambiente organizacional. Também abordaremos as Ciências Sociais clássicas, analisando algumas contribuições de três de seus maiores expoentes: Émile Durkheim, KarI Marx e Max Weber. Por último, trabalharemos com a questão cultural e suas influências sobre as organizações e ainda o controle nos ambientes social e organizacional. Organização "conjunto das relações entre os membros de um grupo - e entre grupos - conformado com uma estrutura. O grupo organizado compreende valores, padrões, modelos e normas que embasam o comportamento de seus membros". (CASTRO, 2007, p. 49).

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1 A SOCIOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO: O OLHAR SOCIOLÓGICO

SOBRE AS ESTRUTURAS E PROCESSOS

ORGANIZACIONAIS Adriana Marques Aidar

Introdução

Prezado aluno.

Neste capítulo, dedicar-nos-emos ao estudo da Sociologia das Organizações, que nada mais é que a vertente da Sociologia que investiga aqueles fenômenos que decorrem da estrutura das organizações na condição de sistemas especiais. Veremos, à frente, o que isso significa exatamente .

Este estudo será bastante útil em sua vida profissional, pois auxiliará a compreensão da dinâmica das relações sociais, das mudanças que ocorrem em nossa sociedade e no mundo e, principalmente, possibilita o entendimento de como estes fatos se relacionam e influenciam o ambiente das organizações.

Buscaremos, para alcançar nossos objetivos de aprendizado, estabelecer correlações entre diversos conceitos e compreender algumas teorias da área sociológica que são aplicáveis ao ambiente organizacional. Também abordaremos as Ciências Sociais clássicas, analisando algumas contribuições de três de seus maiores expoentes: Émile Durkheim, KarI Marx e Max Weber. Por último, trabalharemos com a questão cultural e suas influências sobre as organizações e ainda o controle nos ambientes social e organizacional.

Organização "conjunto das relações

entre os membros de um grupo - e entre

grupos - conformado com uma estrutura. O grupo organizado

compreende valores, padrões, modelos e

normas que embasam o comportamento

de seus membros". (CASTRO, 2007, p. 49).

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Objetivos

Ao concluir o estudo deste capítulo, esperamos que você esteja apto a:

• inferir a importância do estudo da Sociologia aplicada à Administração; • identificar alguns dos pesquisadores mais importantes para a Sociologia e

suas principais teorias; • compreender as idéias de controle social e organizacional; • analisar aspectos culturais de nosso país e correlacioná-los com a cultura

organizacional como um todo; • relacionar as teorias criadas pelos mais importantes estudiosos da Sociologia

com o estudo das organizações contemporâneas.

Esquema

1. Sociologia aplicada à Administração

2. As ciências sociais clássicas 2.1 Émile Durkheim 2.2 KarI Marx 2.3 Max Weber

3. Aspectos culturais brasileiros e cultura organizacional

4. Controle social e organizacional

1. Sociologia apiicada à Administração

Sabemos que o século XVIII foi particularmente importante para a história não só da Europa, mas de toda a humanidade. A Revolução Industrial se iniciou neste século e os efeitos da Revolução Francesa (que tem seu auge no final do século XVII) também foram sentidos neste período, marcando de forma irreversível a economia e a política das sociedades ocidentais.

Ocorreram diversas e profundas alterações na conjuntura econômica e política, principalmente nos países europeus. Com o surgimento das máquinas, logo se provou serem elas meios mais rentáveis e mais produtivos que os trabalhadores, causando a demissão de milhares deles.

Revolução Industrial Processo iniciado na Inglaterra, em

meados do século XVII, que se caracteriza pela passagem da

manufatura à produção industrial, mecanizada,

impulsionada pelas grandes inovações

tecnológicas, principalmente.

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No início, com as máquinas rudimentares e de fácil manejo, Revolução Francesa não mais se exigem qualificações específicas (contrastando com as habilidades artesãs) e, por essa razão, existia nas ocorrido no finai do fábricas o trabalho de adolescentes e crianças. Entretanto, século xvii, objetivando logo as máquinas tornaram-se cada vez mais complexas, mudanças profundas

" . ,.,. _ . ,. _ . na estrutura da passando a exigir qualificaçao e especializaçao dos sociedade francesa. funcionários. Veja no quadro 1, a seguir, um resumo das Conferiu o poder sucessivas fases da organização industrial desde a Idade poiítico à burguesia,

.. .. quejadetmliapoder Media aos nossos dias. econômico.

Quadro 1: Fases da organização industrial SISTEMA FAMILIAR (princípio da Idade Média)

Produção realizada pelos membros da família, para o seu próprio consumo e não para a venda: o trabalho não se efetuava com o objetivo de atender o mercado.

SISTEMA DE CORPORAÇÕES (maior parte da Idade Média) Produção a cargo de mestres artesãos independentes, com poucos auxiliares (aprendizes, oficiais ou diaristas) para atender a um mercado pequeno e estável. O trabalhador não vendia seu trabalho, e sim o produto de sua atividade: era dono tanto da matéria-prima que usava quanto das ferramentas de trabalho.

SISTEMA DOMÉSTICO (entre os séculos XVI e XVIII) À semelhança dos sistemas de corporações, a produção era realizada pelo mestre-artesão e seus ajudantes, em seu lar-oficina, para um mercado em expansão. A diferença fundamental é a perda da independência dos mestres. Permaneciam como proprietários de seus instrumentos de trabalho, mas em relação à matéria-prima e á venda da produção dependiam, às vezes, de um intermediário.

SISTEMA FABRIL (do século XIX até nossos dias) Produção realizada fora do lar, em estabelecimentos pertencentes ao empregador, sob rigorosa supervisão, para mercado cada vez mais amplo e oscilante. O trabalhador perde totalmente sua independência: não possui mais a matéria prima nem é dono dos instrumentos de trabalho. A habilidade do trabalhador, até certo ponto, perde importância devido ao uso da máquina, mas o capital torna-se cada vez mais importante.

Fonte: Huberman (1986, p. 125)

Outra conseqüência direta do aumento cada vez mais expressivo da industrialização é o fato de que a sociedade, até então essencialmente agrícola, volta-se para as grandes fábricas, causando um grande êxodo rural. Não havia no campo trabalho suficiente para a quantidade de pessoas que lá habitava.

Em virtude disso, há grande aumento populacional nas cidades que não possuíam infraestrutura que comportasse todas aquelas pessoas. Unindo-se este fator estrutural com os muitos desempregados, temos um quadro de miséria, de aumento da criminalidade e da propagação de doenças, pois se não havia sequer onde acomodar as pessoas, certamente as condições de saneamento básico eram precárias também.

As grandes modificações ocorridas durante os séculos XVII e XVIII mantiveram seus efeitos ao longo do século XIX, quando foram estudadas e analisadas por

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grandes pensadores, que possuíam interesse em decifrar os fenômenos sociais pelos quais haviam passado ou que ainda estavam acontecendo.

O surgimento da Sociologia como ciência é reflexo direto dessa série de acontecimentos e de uma conjuntura especialmente favorável, em que se consolidavam as sociedades capitalistas, refletindo as pesquisas de vários intelectuais daqueie tempo.

O século em que vivemos também está repieto de grandes mudanças, e segundo o que nos diz o professor Celso Antônio Pinheiro de Castro (2007, p. 9), "no decorrer do tempo, os vaiores, padrões, modelos e normas vão sendo substituídos em razão dos interesses e necessidades, bem como á insatisfação com o tipo de estrutura vigente" Ou seja, alterações nas reiações sociais são normais e dinâmicas por natureza.

Entre os acontecimentos que influenciam diretamente as organizações e sua conjuntura, estão:

• o fato de as necessidades do mercado ditarem os rumos políticos das nações (em razão de uma política cada vez mais neoiiberal, o Estado reduz bastante a sua função de regulador da economia),

• as inovações tecnológicas e suas influências na configuração do emprego, a questão climática e a globalização e seus efeitos.

Esses acontecimentos não formam uma lista exaustiva, apenas mostram alguns de seus fatores, que resultam de uma série de acontecimentos do século XX. Façamos, neste momento, um pequeno relato para que você possa verificar quais foram estes acontecimentos.

Fenômeno social É produto da interação

que se concretiza numa configuração - ambiente

físico, complexo cultural, momento

liistórico - alicerçado em valores e padrões,

objetivando uma finalidade psicossocial,

econômica, política, cultural, conectada

com os papeis sociais dos participantes,

tendo em vista não só a estabilidade

estrutural, mas também as contínuas

transformações e respectivos fatores

(CASTRO, 2007, p. 28).

Sociologia Segundo o dicionário

Auréiio, Socioiogia é a "ciência dos

fenômenos sociais, que tem por objeto quer a

descrição sistemática de comportamentos sociais

particulares (socioiogia do trabalíio, socioiogia

reiigiosa etc.), quero estudo dos 'fenômenos sociais totais', que visa

a integrar todo fato sociai no grupo em

que se manifesta, e que tem como método a observação (análise

objetiva, sondagens estatísticas etc.) e a constituição de

modelos descritivos de origem matemática".

A crise econômica e sociai iniciada em outubro de 1929 arruinou os Estados Unidos, 659 bancos fecharam suas portas em 1929, 1.352 em 1930, e 2.294 no ano seguinte. Obrigados a abrir falência, os industriais fecharam as fábricas. O desemprego atingiu índices astronômicos: 1,5 milhão de americanos em 1929,13 milhões de homens e mulheres quatro anos mais tarde, ou seja, um quarto da população ativa.

O presidente Roosevelt foi eleito presidente dos Estados Unidos em 4 de março de 1933. De março a junho de 1933, inúmeros projetos invadem o Congresso. Temos, então, o inicio da intervenção estatal na economia, quando órgãos federais vão empregar milhares de pessoas, com o intuito de movera economia. O método não

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se limita aos cem dias do programa. O conjunto de idéias da intervenção estatal foi aumentado com o sistema de seguridade social, que nasceu em 1935, com as leis sobre o aluguel, seguros bancários, impostos e extração do carvão.

Cada medida envolveu a criação de secretarias, comitês e serviços para assegurar a aplicação da lei. É como se os Estados Unidos procurassem compensar seu atraso em relação às pesadas administrações européias. As manobras tiveram sucesso e a economia dos Estados Unidos se recuperou, principalmente depois da segunda guerra mundial.

De acordo com EconomiaNet (2010, p.1) , encontraremos uma definição bem simples para uma teoria que surgiu em 1936, denominada de Keynesianismo.

Keynesianismo é um conjunto de idéias que propunha a intervenção estatal na vida econômica com o objetivo de conduzir a um regime de pleno emprego. As teorias de John Maynard Keynes influenciaram na renovação das teorias clássicas e na reformulação da política de livre mercado. Keynes acreditava que a economia seguiria o caminho do pleno emprego, sendo o desemprego uma situação temporária que desapareceria graças às forças do mercado. O objetivo do keynesianismo era manter o crescimento da demanda em paridade com o aumento da capacidade produtiva da economia, de forma suficiente para garantir o pleno emprego, mas sem excesso, pois isto provocaria um aumento da inflação. Na década de 1970, o keynesianismo sofreu severas críticas por parte de uma nova doutrina econômica: o monetarismo. Em quase todos os países industrializados, o pleno emprego e o nível de vida crescente alcançados nos 25 anos posteriores à II Guerra Mundial foram seguidos pela inflação. Os keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o controle da inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por aumentos salariais. Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento dos salários e preços, mas a partir da década de 1960 os índices de inflação foram acelerados de forma alarmante.

Após a II Guerra Mundial, houve um longo período de crescimento contínuo do capitalismo em virtude da expansão das empresas denominadas na época multinacionais. Hoje, no entanto, considera-se que a palavra transnacional expressa melhor a idéia de que essas empresas não pertencem a várias nações (multinacionais), mas sim que atuam além das fronteiras de seus países de origem.

Na década de 1970, esse crescimento foi abalado pela crise do petróleo. A partir do final da década de 1970, os economistas têm adotado argumentos monetaristas em detrimento daqueles propostos pela doutrina keynesiana; Ou

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seja, a crise foi seguida pela onda inflacionária que surpreendeu os chamados "estados de bem-estar social"; Neoiiberaiismo o neoliberalismo gradativamente entrou em cena. É uma escola de

pensamento econômico CIU6 d6f6nd6 3

A crise do Estado de bem-estar é um tema de difícil intervenção mínima do consenso entre os estudiosos. Nos países industrializados Estado na economia ocidentais, os primeiros sinais da crise estão relacionados merrado tem^ otenci à crise fiscal provocada pela dificuldade cada vez maior '"pa'^ se autorreguíar de liarmonizar os gastos públicos com o crescimento da As privatizações (para economia capitalista. o Estado mais

leve e com condiçoes de cuidar das atividades

Os economistas partiam da idéia de que o governo já básicas) e a iivre não podia mais manter os pesados investimentos que concorrência são liaviam realizado após a II Guerra Mundial, pois agora tipod pensame ^ ^ liavia déficits públicos, balanças comerciais negativas e inflação. Defendiam, dessa forma, uma redução da ação do Estado na economia.

Essas teorias ganharam força depois que os conservadores foram vitoriosos nas eleições de 1979 no Reino Unido e, de 1980, nos Estados Unidos. A partir daí, o Estado inglês e o americano passaram a preservar a ordem política e econômica, deixando as empresas privadas livres para investirem como quisessem.

Além disso, os Estados passaram a desreguiamentar e a privatizar inúmeras atividades econômicas antes controladas por eles, com o intuito de tornar mais leve a administração, diminuindo os encargos das empresas com o fim de uma retomada do crescimento.

Se a Sociologia estuda e procura compreender fenômenos e relações sociais existentes em dado ambiente, pode-se imaginar que a Sociologia aplicada às Organizações é a vertente que possui as ferramentas necessárias para compreendê-los dentro do ambiente empresarial. E é natural imaginar que há extremo interesse, por parte dessa ciência, em investigar o referido ambiente, pois como já foi dito, a economia e seus elementos é que têm ditado os rumos do mundo, dispondo de poder de pressão suficiente para direcionar as políticas públicas dos países. As empresas deixam afinal de possuir um papel meramente econômico e passam a ser vistas como elementos de garantia da estabilidade social.

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Saiba mais

Pare por um momento e reflita sobre o impacto da última crise econômica, que teve seu início em setembro de 2008, sobre 08 principais países industrializados, especificamente Estados Unidos, Aiemaniia, Inglaterra e Japão. Verifique como o papel das organizações neste processo foi crucial. Com a quebra de tantas empresas, miiliões de pessoas perderam seus empregos. Sem emprego, essas pessoas deixaram de consumir e de movimentar a economia de seus países, agravando problemas sociais. Escreva suas conclusões e compartilhe-as com seus coiegas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

Por definição, a Sociologia aplicada à Administração seria, segundo Castro (2007, p. 36), o ramo que "estuda as organizações e os papeis que as integram, considerando o sistema social em suas manifestações morfológicas e significações funcionais" Os temas que a compõem:

podem ser analisados tomando a organização como elemento polarizador e, proceder, então, ao estudo dos elementos e funções que a integram. Podemos trabalhar também a partir das relações capital-trabalho, administração-execução, produção-consumo, técnica-qualificação, para atingir a organização e suas relações com o ambiente. Não cabe à Sociologia justificar idéias, propostas, intenções preestabelecidas, dada sua natureza científica. Quando se fala de intervenção sociológica, o trabalho consiste em estudar metódica e sistematicamente a realidade, procurando descobrir as tendências de manutenção estrutural e de mudanças, inserindo-as no contexto que lhe é próprio. (CASTRO, 2007, p. 36).

Veremos a seguir que os trabalhos desenvolvidos por alguns dos maiores estudiosos da Sociologia exercem influência e impacto no domínio de estudo da Sociologia aplicada à Administração. Veremos também mais detidamente duas aplicações práticas, a questão cultural dentro e fora das organizações e a questão do controle social e organizacional.

Segundo Oliveira (2006, p.213),

para um bom administrador é preciso estudar sempre a empresa onde trabalha, sob o ponto de vista sociológico e psicológico, conhecendoosgruposformaiseinformaisdentro da organização. Isso não pode ser um estudo único na história da empresa, porque todos os dias existem outras formações, com novos funcionários, novos conflitos e novos comportamentos.

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Vale ressaltar que o emprego da Sociologia não dará soluções prontas aos problemas organizacionais. Trata-se de um estudo científico e metódico que busca a comprovação de liipóteses e que, no máximo, irá apontar tendências. A decisão acerca do caminlio a ser tomado será sempre do administrador.

2. As ciências sociais clássicas

Nesta seção, estudaremos o pensamento sociológico e aigumas das grandes contribuições de Émile Duri<heim, KarI Marx e Max Weber. Nosso objetivo é fornecer a você um apanhado dessas contribuições, aproximando-as da realidade dos estudos de Sociologia Aplicada sem, entretanto, esgotar o assunto.

2.1 Emile Durkheim

Émile Durkiieim (1858-1917) é considerado como um dos pioneiros do estudo da Sociologia como ciência independente e dedicou-se a estudar os fenômenos mais marcantes do século XIX, seus processos e conseqüências para a organização dos grupos sociais da época. Para tanto, desenvolveu um método científico que garantia a ele as condições necessárias para a investigação dos fenômenos sociais.

Duri<heim analisava com seu método os fatos sociais e sua força coercitiva, ou seja, a influência que possuem sobre nós. Por fato social ele define Figura 1: Émile Durkheim.

Fonte: Disponível em: <http://upload. wikimedia. org/wikipedia/ connnnons/2/24/ Emile_Durkheim.jpg>. Acesso em: jan. 2010.

Parada obrigatória

Leia com atenção essa definição de fato social e reflita sobre como isso acontece. Divida suas conclusões com seus colegas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)!

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Vivendo em sociedade, somos submetidos às suas normas, que, mesmo imperceptivelmente, determinam como devemos agir, ou seja, podemos, por exemplo, vestirmo-nos, portarmo-nos, falarmos de modo diferente de todos na nossa comunidade, mas estamos sujeitos a causar estranheza ou mesmo ser banidos do convívio da sociedade. Se não queremos estudar, não queremos tomar banho, enfim, desobedecer as regras, precisaremos lutar contra elas, e podemos vencê-las ou não.

Perceba que os fatos sociais apresentam características que são exteriores ao indivíduo, são impostos, têm poder coercitivo. Algumas instituições determinam modos de conduta em sociedade, como a escola, a Igreja, a família.

Da definição de Durl<heim, podemos concluir que o fato social tem características específicas de:

• exteríorídade - os fatos sociais precedem a existência do indivíduo e a ele sobrevivem;

• coercividade - impõem-se ao indivíduo, mesmo contra a sua vontade; • generalidade -os fatos sociais são características gerais de determinada

sociedade ou grupo e a eles dão uma feição particular.

Agora fica mais fácil compreender o interesse de Durkheim no estudo destas instituições; afinal, elas norteiam vários aspectos de nossas vidas e são diretamente responsáveis por nossa socialização, por nosso enquadramento no conjunto de normas e valores que regem a sociedade em que vivemos.

Os fatos sociais são gerais (aplicam-se à grande parte da sociedade), anteriores e exteriores a todos os indivíduos e ditam como devemos nos comportar para permanecermos adequados a tais códigos de conduta. Recebemos, por exemplo, orientações da família, da escola e também das organizações nas quais trabalhamos.

Observe um exemplo de Durkheim da influência dos fatos sociais sobre o quotidiano das pessoas:

(...) se, ao me vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu país e na minha classe, o riso que provoco, o afastamento em que os outros me conservam, produzem, embora de maneira atenuada, os mesmos efeitos que uma pena propriamente dita (DURKHEIM, 1990, p. 2).

O que nos é mostrado com clareza neste trecho é que um fato social não é coercitível apenas porque está previsto em uma lei que possua uma pena aplicável ao seu descumprimento.

Os fatos sociais estão intrinsecamente ligados aos costumes morais e usos da sociedade, que em sua maioria são tidos como obrigatórios, mesmo que não o sejam. Entretanto,

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isso não significa que a única alternativa para o indivíduo seja prostrar-se impotente diante das regras sociais ou viver permanentemente consciente da pressão dos fatos sociais. Apesar da existência de dificuldades impostas por um poder contrário de origem social, apresentam-se comportamentos inovadores, e as instituições são passíveis de mudança desde que vários indivíduos tenham, pelo menos, combinado a sua ação e que desta combinação se tenha depreendido um produto novo que vem a constituir um fato social. Assim, por exemplo, uma proposta pedagógica que esteja em conflito com a concepção de educação de seu tempo por conter "tendências do futuro, aspirações de um novo ideal", pode vencer os obstáculos e impor-se, tomando o lugar das idéias aceitas. A ação transformadora é tanto mais difícil quanto maior o peso ou a centralidade que a regra, a crença ou a prática social que se quer modificar possuam para a coesão social. Enquanto nas sociedades modernas, até mesmo os valores relativos à vida - o aborto, a clonagem humana, a pena de morte ou a eutanásia - podem ser postos em questão, em sociedades tradicionais, os inovadores enfrentam maiores e às vezes insuperáveis resistências. Por isso é que até mesmo 'os atos qualificados de crime não são os mesmos em toda parte". (BARBOSA; OLIVEIIRA; QUINTANEIRO, 2007, p. 72).

Em Lakatos; Marconi (1995, p. 65), vamos encontrar um exemplo que se enquadra bem em nosso estudo: "as sanções podem ser também indiretas. No mundo dos negócios, se não usarmos as modernas técnicas para vencer nossos concorrentes, a lei não nos punirá, mas provavelmente iremos à falência".

Pode-se inferir, portanto, que a compreensão dos fatos sociais pode em muito auxiliar a analisar os comportamentos, valores, códigos de conduta e as relações sociais internas às organizações.

Durkheim via as organizações como participantes de um processo de evolução continuado, adaptando-se (inovando - novas tecnologias e processos de gestão, desenvolvendo novos valores) conforme a necessidade de se adaptarem às mudanças que acontecem no ambiente onde estão inseridas, impondo, consequentemente, a seus colaboradores novas condutas e valores a serem seguidos.

Observe a idéia de responsabilidade social coorporativa, por exemplo. Se até alguns anos atrás esse era um conceito distante, hoje já faz parte dos objetivos a serem alcançados pelas empresas, refletindo-se, inclusive, em novos códigos de conduta para os empregados, que passaram a ser exigidos e avaliados em suas posturas, que devem ser éticas e alinhadas com os valores da empresa.

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2.2 KarIMarx

KarI Marx (1818 - 1883), um filósofo social e economista alemão, contribuiu para o desenvolvimento da Sociologia por meio de suas investigações acerca das grandes modificações que estavam ocorrendo em toda a sociedade capitalista da época.

A contribuição dada por Marx para as ciências sociais é de extrema importância, pois ele apresentou uma nova forma de analisar os acontecimentos, partindo do estudo dos conflitos entre a classe burguesa, detentora do capital e dos meios de produção (maquinário, ferramentas, matérias primas e ainda o espaço físico) e a classe dos proletários, detentores da força de trabalho, para compreender as alterações pelas quais a sociedade historicamente já havia passado.

Figura 2: KarI Marx Fonte: Disponível em: <http://upload. wikimedia.org/wikipedia/ commons/5/50/Marx_ color2.jpg>. Acesso em: jan. 2010.

Para Marx, a sociedade divide-se em infra-estrutura e supra-estrutura. A infra-estrutura é a estrutura ecxsnômica, formada das relações de produção e de forças produtivas. A supra-estrutura divide-se em dois níveis: o primeiro, a estrutura jurídico-política, é formado pelas normas e leis que correspondem à sistematização das relações já existentes; o segundo, a estrutura ideológica (filosofia, arte, religião, etc.), justificativa do real, é formado por um conjunto de idéias de determinada classe social que, através de sua ideologia, defende seus interesses. Sendo a infra-estrutura determinante, toda mudança social se origina de modificações nas forças produtivas e relações de produção (LAKATOS, 1995, p. 45).

Independentemente da sociedade a ser considerada, existem nela lutas entre grupos com pontos de vista diferentes no intuito de se imporem uns sobre os outros.

Parada obrigatória Faça uma pausa e procure lembrar, ao longo da história, de antagonismos como estes. Quantos antagonismos você consegue lembrar? Discuta-os com seu professor e seus colegas no AVA.

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Perceba que nem sempre o grupo que figura em dado conflito como polo mais fraco ou como o grupo revolucionário estará sempre nesta condição. É o caso da própria burguesia, que, ao tempo das lutas contra os senhores feudais foi caracterizada como o grupo que almejava o poder para desenvolver uma nova sociedade na qual os homens teriam condições de enriquecer em razão de seu trabalho e esforço — na época feudal a divisão de classes era estanque, ou seja, não havia mobilidade social e se caso o homem nascesse na condição de servo, seria servo para o resto de sua vida.

Tempos mais tarde, após a burguesia tomar o poder, uma nova classe ocupará a posição de dominada e dará origem a mais uma relação de conflito.

Em suas análises, Marx enfatiza que estas rupturas, estas status alterações no status de um grupo ou classe social ®rn "lugar ou posição detrimento de outro, não configuram um processo fácil. que a pessoa ocupa

na estrutura social,

As relações de dominação costumam perdurar no tempo e juigarnerito coietKra ^ isso ocorre em razão de uma série de fatores conjunturais, consenso de opinião do Além disso, a classe dominante estrutura a vida da grupo. Portanto, o status

. . . . . . . x j - x S a posição e m função sociedade de modo que seus discursos e pontos de vista ^os valores correntes da não sejam questionados; ao contrário, a idéia é que aqueles sociedade" (LAKATOS;

valores sejam incorporados pelas pessoas, que passam a MARCONI, 1995, p. 91). tê-los como seus. Veja que, para que isso aconteça, não é preciso o uso de violência como meio de imposição; na maioria esmagadora das vezes, isso acontece de forma imperceptível.

Outro ponto que Marx defendia era o fato de que, para ele, a burguesia, ao dignificar o trabalho como único meio de alçar degraus na escala social, deixa os proletários sem escolha, pois a não ser que ele trabalhe, nunca conseguirá melhorar de vida. Considerando que, na época, esse era o grande desejo dos proletários, fica fácil imaginar que não houve grande resistência por parte deles em aceitar seu novo destino: usar sua força de trabalho em troca de sustento para si e para sua família, mas logo se percebeu que ainda que muito trabalhassem, os meios de produção continuariam nas mãos dos burgueses.

Veja que, se antes os servos ou camponeses estavam presos às terras de um senhor feudal e a ele deviam sua lealdade, agora os proletários se viam livres para oferecer seu trabalho a qualquer patrão e podiam vender sua força de trabalho como achassem conveniente. Para Marx, isso não significava uma evolução e sim a transformação dos proletários em mais um tipo de mercadoria, que estava à venda. Os proletários trabalhavam em troca de um salário que, segundo ele, era sempre menor em relação ao quanto era trabalhado e á quantidade de riquezas geradas por eles.

Segundo o pensador, assim como aconteceu com a burguesia em relação ao feudalismo, também os proletários possuiriam condições de destruir o capitalismo como estava posto, desde que adquirissem consciência de classe, que

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defendessem seus interesses e estivessem cientes de seus direitos. A partir do momento que os proletários conseguissem estabelecer o valor de seu trabalho não mais estariam sujeitos à dominação.

Ao estabelecer que as relações que compõem as sociedades são relações desiguais, em que há sempre um antagonismo entre grupos dominantes e grupos dominados, Marx abre a possibilidade de investigarmos outros tipos de relações de acordo com esse ponto de vista, como por exemplo, aquelas que se estabelecem no interior das organizações ou externamente, como as referentes às organizações e seus parceiros, como seus fornecedores ou o governo. A idéia é reunir condições para analisar, por exemplo, as relações de conflito dentro das empresas, investigar quais os fatores que o alimentam e desenvolver formas de alcançar um equilíbrio harmônico entre as forças envolvidas.

2.3 Max Weber

Max Weber(1864 -1920) nasceu na Alemanha, foi jurista, economista e se dedicou ao estudo da Sociologia. Weber, como Durl<heim e Marx, também procurou interpretar e compreender os fenômenos da época em que viveu (final do século XIX), mas veremos que a vertente escolhida por ele é diferente daquela escolhida pelos outros dois.

Interessava a ele entender como era possível que os indivíduos estabelecessem relações entre si, mantendo a estrutura da sociedade, mesmo sendo extremamente diferentes entre si e possuindo objetivos de vida díspares. O que afinal mantinha o equilíbrio da sociedade? O que ou quem era responsável por legitimar a ordem que estava posta e a forma como estava colocada? Retomaremos este pensamento um pouco mais à frente.

Figura 3: Max Weber. Fonte: Disponível em http://upload. wikimedia.oro/wikipedia/ connmons/1/16/ Max Weber 1894.jpq. Acesso em: jan. 2010.

O autortambém se preocupou em verificaros tipos de ações sociaisque compunham uma sociedade, que seriam as condutas humanas, às quais os sujeitos, como agentes destas ações, atribuem significado. Segundo Castro (2007, p. 67), Weber "considera que a ação humana é social à medida que, em função do significado subjetivo dado pelo(s) indivíduo(s), cada um leva em conta o comportamento dos outros, ocorrendo influências recíprocas".

A Sociologia, na interpretação de Weber, é uma ciência que tem por objeto compreender claramente a conduta humana e fornecer explicação causai de sua origem e resultados. Se são as atitudes que explicam a conduta social, faz-se necessário pesquisar a natureza e a operação desses fatores, levando-se em consideração, principalmente, serem estas atitudes afetadas ou modificadas por motivos e ações de outros indivíduos. Padrões

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e categorias de validade sociológica revelar-se-iam através da atividade do indivíduo em suas relações com outras pessoas. (LAKATOS; MARCONI, 1995, p. 69-70).

Weber dividiu as ações humanas em quatro tipos ideais, que auxiliariam a compreensão da realidade social:

• racional com relação a valores - relacionado com a moral, por exemplo, uma conduta ligada à manifestação religiosa;

• racional com relação aos objetivos - possui uma finalidade prévia, por exemplo ação política;

• afetiva - ditada pelo humor ou estado de consciência do indivíduo, caracterizando uma ação impulsiva, exemplificando o ciúme entre os membros de um casal;

• tradicional-guiada por valores culturais que são absorvidos pelos indivíduos e considerados como naturais e inerentes ao comportamento; quem dita o comportamento é o grupo social no qual o indivíduo está inserido.

Ao estabelecer estes quatro tipos de ações sociais, ele quis determinar tipos ideais que pudessem auxiliar a análise dos fenômenos sociais, visto que estas ações não são encontradas em sociedade nesta divisão tipológica pura, mas de forma combinada, relacionada. Weber acreditava que "com base em qualquer tipo social, podemos analisar a sociedade como um todo" (CASTRO, 2007, p. 68).

Considerando o que mostramos até agora acerca da tipologia das ações sociais, vale retornar á questão da legitimidade sob o seguinte aspecto: como legitimar as ações de dominação estabelecidas por homens sobre outros homens? Weber busca aproximar o estudo da dominação e das ações sociais investigando relações econômicas e políticas que os indivíduos estabelecem entre si cotidianamente.

Para tratar de legitimidade, precisamos falar brevemente acerca de poder e de dominação, pois ambos os conceitos figuram no cerne da questão. A dominação foi definida por Weber como a possibilidade de encontrar obediência a uma ordem determinada.

Poder seria a capacidade que o indivíduo ou grupos de indivíduos têm de provocar a aceitação e o cumprimento de uma ordem; a legitimidade implica a aceitação do exercício do poder, pois este corresponde aos valores citados por todos os subordinados (LAKATOS; MARCONI, 1995, p. 214).

Pode-se acatar o poder por diferentes razões, até mesmo as religiosas, as motivadas pelo hábito e as afetivas. Assim, o poder refletiria "toda oportunidade de impor sua própria vontade, no interior de uma relação social, até mesmo contra resistências, pouco importando em que repouse tal oportunidade" (WEBER, 1971, p.219).

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o conceito de dominação weberiano implica, necessariamente, na existência de dois polos, um referente aos dominantes e outro aos dominados que sofrem a imposição do poder, ainda que contra a vontade. Weber ainda estabeiece aiguns tipos de dominação para a meliior compreensão do tema, quais sejam:

• dominação legal - relacionada à obediência de estatuto, regulamentação ou normas;

• dominação carismática - em razão de devoção efetiva à pessoa a quem se obedece e ao seu poder intelectual, por exemplo;

• dominação tradicional - aquela estabelecida em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais anteriores ao indivíduo.

Para Weber, as ordens estatais das sociedades ocidentais modernas eram desdobramentos da "dominação legal" e a legitimidade dessas ordens depende da fé na legalidade do exercício do poder, das ordens prescritas e na competência dos que foram cliamados a exercer aquele poder. Interessa, particularmente ao nosso estudo, um desdobramento da dominação legal, chamado de dominação burocrática.

Segundo Weber, a burocracia devia configurar um sistema no qual o grupo dos funcionários públicos (grupo constituído de pessoal especializado, especialmente selecionado para a função) deveria seguir uma rígida divisão e distribuição de funções de acordo com os regulamentos e a hierarquia estabelecida. Tal configuração representaria, segundo ele, um modo de administrar extremamente eficiente, podendo ser aplicado, com as devidas adaptações, a empresas capitalistas, no que o estudo da proposta weberiana é atual.

É a forma mais racional de exercício de dominação, porque nela se alcança tecnicamente o máximo de rendimento em virtude de precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiabilidade, intensidade e extensibilidade dos serviços, e aplicabilidade formalmente universal a todas espécies de tarefas(...)Toda nossa vida cotidiana está encaixada nesse quadro (WEBER, 1999, p. 145).

Weber, viaoprocessodeburocratizaçãocomoindispensávelparaodesenvolvimento de uma nação, ou ainda de organizações de natureza privada, cuja eficiência era inquestionável no alcance dos fins pretendidos pela administração. Citando-o:

onde quer que a burocratização da administração tenha sido levada consequentemente a cabo, cria-se uma forma praticamente inquebrantável das relações de dominação. O funcionário individual não pode desprender-se do aparato do qual faz parte (...) está encadeado á sua atividade com toda sua existência material e ideal (...). E por tudo isto está, sobretudo, aferrado á comunidade de interesses de todos os funcionários integrados neste mecanismo que querem a continuidade de seu funcionamento e que persista a dominação exercida na forma de relações associativas.

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Os dominados, por sua vez, não podem nem prescindir de um aparato de dominação burocrático, uma vez existente, nem substituí-lo, porque este se baseia numa síntese bem-pianejada de instrução específica, especialização técnica com divisão do trabalho e firme preparo para exercer determinadas funções habituais e dominadas com destreza. Se este aparato suspende o trabalho ou é forçado a fazê-lo, a conseqüência é um caos, sendo difícil a tarefa de improvisar uma instituição substitutiva, a partir dos dominados, para vencê-lo (WEBER, 1999, p.222).

Este autor parte de todos esses elementos para conceber uma idéia que é essencial na compreensão deste modelo administrativo proposto por ele, que é o conceito de nivelamento social. Ao adotar o sistema burocrático, os homens seriam levados a um estado de igualdade de condições, podendo ascender socialmente sem depender da preferência pessoal de superiores ou de possuírem ascendência aristocrática.

Aburocracia haveria de nivelar os indivíduos, pois o acesso a seus aparatos deveria ser igualitário e as normas deveriam também valer para todos, indistintamente e os indivíduos deveriam pautar suas ações por esta estrutura, no intuito de mantê-la já que a eles interessaria a existência de um mecanismo racional de regulação comum.

Importante!

É importante saber que o termo "burocracia" não possuiu sempre uma conotação ruim. Termo surgido no século XVIII servia para dar nome à estrutura da administração do Estado, composta pelos funcionários públicos responsáveis por salvaguardar os interesses públicos. "Forma de organização, caracterizada pela centralização, hierarquia, autoridade, disciplina, regras, carreira, divisão do trabalho, estabilidade" (CASTRO, 2007, p. 123).

Mais tarde, já no século XX, o termo ganhou ares de Burocracia crítica, tanto ao aparelho do Estado quanto aos políticos ®® Au?éiio díungSa e seus partidos. A conotação pejorativa, que se refere Portuguesa, burocracia como ruim a tudo que é burocrático, é recente e nada tem a ver com o sentido original. no andamento dos

serviços públicos. /A classe dos fiinclonárlos

. . . . públicos. /PeiotBtIvo: Veja que, como foi exposto no inicio deste topico, os Morosidade e exigências assuntos aqui tratados não se esgotam no que foi no desempenho

^ ^ ^ dos serviços apresentado. Cada um destes pensadores representa púbiicos"(i986, p.295).

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uma vertente diferente do estudo da sociologia, possuem grande diversidade de traballios, teorias, e todos eles foram extremamente importantes em seu tempo e continuam sendo. Espero que você possa ter avaliado o quanto estes estudos estavam à frente de seu tempo e o quão podem ser considerados atuais e aplicáveis ao nosso cotidiano.

3. Aspectos culturais brasileiros e cultura organizacional

Cultura Eva Lakatos nos mostra que, desde o final do século XIX, maneira de antropólogos têm elaborado inúmeros conceitos de cultura cultivar a terra ou e, apesar disso, até os dias de hoje não se chegou a um plantas; cuitivo:

. - • r - j J . J1 j a cu tura das f lores, consenso sobre o significado exato do termo, que pode ser /Desenvolvimento analisado sob vários enfoques. de certas espécies

microblanas: caldo de cultura. /Terreno

cultivado: a extensão das culturas. /Categoria

Se o significado principal do termo cultura é relacionado a cie vegetais cultivados: cuitivo, e como se sabe que é preciso esperar para colher, Art^de^u^a^ podemos dizer que a cultura de um povo é um conjunto certas produções de valores, hábitos e crenças que são adquiridos ao longo naturais: a cultura do tempo e que recebem o sentido que os homens dão a (S?cbnário°Auréiií°da s iss. Língua Portuguesa

1986, p. 508) Segundo José Luiz dos Santos (2007), não se pode considerar nada do que é cultural como imutável, pois a cultura é parte integrante de uma realidade na qual a mudança é um aspecto inerente e fundamental. Observem que mesmo o conceito de cultura é amplíssimo.

Como se sabe, as últimas décadas foram marcadas por inúmeras alterações de cunho econômico, político, social e cultural e as organizações foram, como toda a sociedade, diretamente afetadas por estas mudanças. Há muito mais critérios para direcionar a gestão dos negócios do que meramente a obtenção de lucro. Hoje é, por exemplo, preciso ser ético e sustentável.

Outro fator que determinou grandes guinadas foi o das inovações tecnológicas, sempre constantes e que exigem respostas rápidas tanto de empregadores quanto de empregados. Veja aqui um exemplo interessante: a invenção da máquina a vapor desencadeou a Revolução Industrial e, junto com ela, uma série de acontecimentos que possuem efeitos até os dias de hoje!

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o perfil do trabalhador também não é o mesmo, pois para acompanhar as grandes exigências do mercado, o trabalhador precisa de aperfeiçoamento e aprendizado contínuos.

Mudança é qualquer alteração na cultura, sejam traços, complexos, padrões ou toda uma cultura, o que é mais raro. Pode ocorrer com maior ou menor facilidade, dependendo do grau de resistência ou aceitação. O aumento ou diminuição das populações, as migrações, os contatos com povos de culturas diferentes, as inovações científicas e tecnológicas, as catástrofes (perdas de safras, epidemias, guerras), as depressões econômicas, as descobertas fortuitas, a mudança violenta de governo, etc., podem exercer especial influência, levando a alterações significativas na cultura de uma sociedade (LAKATOS; MARCONI, 1995, p. 140).

Acultura, assim como as organizações, é constituída de manifestações individuais e de grupo, e, como esta, também está sujeita a sofrer com mudanças conjunturais e precisa ser levada em conta no planejamento estratégico das empresas.

O Brasil possui uma variedade imensa de características culturais regionais que estão integradas em uma base única que é chamada de cultura brasileira. Tais variações são o que chamamos de subculturas, não porque sejam superiores ou inferiores umas às outras, mas porque constituem variações da cultura total. Essa variedade é decorrente, em parte, de sua dimensão geográfica, das variações climáticas, de ecossistema e de desenvolvimento social que configuram cada região de nosso país. São fatores como estes que podem proporcionar os elementos para o desenvolvimento de práticas culturais totalmente diversas umas das outras.

Dizemos em parte, porque uma subcultura não estará necessariamente ligada a um determinado espaço geográfico, por exemplo, pois "uma área cultural pode corresponder a uma subcultura, mas dificilmente ocorre o inverso, isto é, uma subcultura identificar-se com determinada área cultural" (LAKATOS; MARCONI, 1995, p. 137).

Sabemos, por exemplo, que a cultura nordestina é totalmente diferente da cultura sulista, e mesmo dentro de uma região comum a vários estados, experimentamos várias manifestações culturais díspares e extremamente particulares, como no caso da região Sudeste (veja São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo). Até em Minas Gerais, um dos maiores estados do Brasil, é possível verificar que as práticas culturais variam bastante do sul para o norte do estado, ou do Triângulo Mineiro para a Zona da Mata. Trata-se de:

um meio peculiar de vida de um grupo menor dentro de uma sociedade maior. Entretanto, embora os padrões da subcultura apresentem algumas divergências em relação à cultura central

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ou à outra subcultura, mantêm-se coesos entre si. (LAKATOS; MARCONI, 1995, p. 137).

Da mesma forma que a cultura de uma sociedade é configurada por um conjunto de valores, de costumes, de atividades, hábitos que Ifies são peculiares, também as organizações possuem culturas que Ifies são inerentes. Chama-se cultura organizacional aquela que se desenvolve no interior das organizações e orienta o comportamento dos indivíduos que dela fazem parte, estabelecendo uma identidade à qual eles se identificam, gera ainda um sentimento de pertencimento a algo maior que eles singularmente considerados. Atualmente a maioria das empresas já conta com códigos de conduta próprios e sistemas de valores adotados pela organização que refletem de certa maneira as práticas culturais da mesma.

Assim como existem culturas diferentes em países, regiões ou cidades diferentes, também a cultura de uma organização será diferente daquela verificada em uma organização diversa, podendo se assemelharem alguns aspectos, principalmente no tocante ao direcionamento da empresa. A cultura organizacional também é dinâmica e está sujeita a alterações mediante mudanças na sociedade em que estão inseridas, em virtude de questões de apelo mundial, ou seja, a cultura de uma empresa é ainda uma forma de estratégia que se altera segundo as necessidades do mercado e da concorrência. É mecanismo de controle ajustável por meio do qual é possível aumentar enormemente o desempenho da empresa, mantendo a organização flexível e mais facilmente adaptável a alterações no ambiente em que estão inseridas.

4. Controle social e organizacional

Para compreendermos o que é controle social é preciso, primeiramente, conceituarmos o processo de socialização, que é, segundo Lakatos; Marconi, "a aprendizagem e a interiorização dos elementos sócio-culturais, normas e valores do grupo social que se integram na estrutura da personalidade do indivíduo" (1995, p. 221). Mas por que este conceito é especialmente importante? Porque ele nos auxiliará a entender o que significam as noções de conformidade e de desvio, que serão imprescindíveis para analisar controle social e organizacional.

Ainda segundo Lakatos; Marconi, "conformidade seria a ação orientada para uma norma (ou normas) especial, compreendida dentro dos limites de comportamento por ela permitido ou delineado" (1995, p. 221). Ou seja, há conformidade quando um sujeito age conforme uma orientação ou norma que podem ser explícitas ou

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não e, por conseqüência, há desvio quando o indivíduo, motivadamente, infringe determinada norma. Veja que, em sociedade, somos guiados por expectativas de comportamento. O grupo espera que seus componentes ajam de acordo com um sistema de normas e quando um indivíduo possui um comportamento disfuncionai frustra o sentimento daquele grupo, podendo sofrer sanções que visem "punir a infração, impedir futuros desvios e/ou aiterar as condições que originam o comportamento desviado" (LAKATOS; IVIARCONI, 1995, p. 222). É exatamente este processo que configura o controle social.

Controle social envolverá, segundo Castro (2007, p. 47), "valor, norma, vontade, ação, operacionalizando-se em usos, costumes, leis, instituições e sistema social. Definido o valor, estabeiecem-se os dispositivos para preservá-lo". Configura-se pelo conjunto de dispositivos de cuniio social que possuem como objetivo o estabelecimento da estrutura e a ordem da sociedade que se expressam na "vontade dos líderes, da classe dominante ou do consenso grupai". E para que o controle social seja exercido, é preciso que haja um responsável ou um grupo de responsáveis pelo exercício deste poder, assegurando que os objetivos propostos sejam atingidos. De acordo com Oliveira (2006, p. 224):

constitui o controle social o mecanismo de retificação, por parte da sociedade, daquilo que foi esquecido, não adquirido ou mesmo desrespeitado pelo grupo ou pelo indivíduo. Atua o controle social para a preservação do que foi considerado essencial para o equilíbrio do sistema social.

Não se pode deixar de dizer que o controle social não possui natureza apenas externa. Também poderá ser interno, emanando da personalidade do sujeito, pois "através da socialização, ele interioriza normas e valores de seu grupo, e convencido de sua validade, orienta sua ação de acordo com eles. Assim, o controle interno é o autocontrole exercido pela vontade consciente do indivíduo" (LAKATOS; MARCONI, 1995, p. 233).

Diversas são as correntes do pensamento sociológico que buscaram e buscam compreender como funciona o controle social e quem são aqueles que detêm poder de conseguir que outros façam o que eles desejam, mas não caberá a análise destes pensamentos neste capítulo.

O que nos interessa é verificar como aplicar a noção de controle ao ambiente organizacional, como os mecanismos de controle se concretizam no interior das organizações, pois em virtude de configurar um ambiente institucionalizado e formal, a organização se configura como um dos maiores centros irradiadores de formas de conduta e de pensamento. Por exemplo, o estabelecimento de elementos culturais aos membros de uma organização configura uma forma de controlar a performance de seus membros e de direcionar seus resultados para a obtenção dos objetivos almejados pela gestão.

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Ao estabelecer um conjunto de valores e normas que devem ser interiorizados pelos funcionários, a empresa detém o poder de definir quais são os limites aceitáveis de comportamento, assim como estabelece punições para aqueles que forem considerados desviantes. Em contrapartida, é preciso que estas propostas também estejam alinliadas com as expectativas dos indivíduos que dela lazem parte, que chegam à empresa com personalidades já formadas, valores e preconceitos já estabelecidos. Para Oliveira (2006, p. 225), "a socialização condiciona os objetivos pessoais, que levam o indivíduo a buscar as organizações com o fim de nelas conseguir a satisfação, seja entrando como empregado, seja criando sua própria empresa".

Há o desafio por parte das organizações de conseguir, ao mesmo tempo estar em equilíbrio em relação à comunidade em que está inserida e em relação aos indivíduos e grupos que a compõem. Há uma influência recíproca entre empresa e sociedade, tanto de forma intencional quanto não intencional. Possíveis conflitos gerados em razão das diferenças entre suas culturas precisam ser mantidos em níveis mínimos, pois assim como as sociedades dependem economicamente das organizações, também as empresas não existem de forma isolada e precisam das comunidades. Ainda de acordo com Oliveira:

se um dos grandes desafios lançados às organizações foi o da cxsnciliação dos objetivos do negócio com os objetivos sociais, o desafio, hoje, é o da simultânea conciliação desse par de objetivos com os dos indivíduos que as integram. (OLIVEIRA, 2006, p. 226).

Se cada indivíduo que compõe uma organização possui uma história de vida diferente de cada um dos demais funcionários, se eles são originários de regiões e culturas diferentes e estão em fases diversas da carreira, é preciso que o gestor desenvolva estratégias que levem em conta essas especificidades.

Sabemos que é preciso que o funcionário se ajuste às políticas da empresa em que está trabalhando, entretanto, se a imposição desses sistemas de normas e de valores não levar em conta as características dos grupos e indivíduos corre-se o risco de ser um movimento pouco eficiente e de não fornecer os resultados esperados pela organização. É neste momento que a Sociologia se torna uma ferramenta fundamental e extremamente útil aos que comandam as organizações. Ao compreender as relações humanas e pautar-se, também, pelo que se obtém do estudo delas, o gestor pode gerar resultados muito eficazes, inclusive e principalmente financeiros.

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Saiba mais Como complemento a esta seção, sugerimos a leitura de um artigo da Revista de Administração de Empresas, publicado originalmente em 1979 e revisitado em 1993, chamado Controle Social nas Organizações, de autoria do professor Fernando Prestes Motta. O link para você acessá-lo é:

<http://www16.fgv.br/rae/artigos/651 .pd^

Relacione o que você leu a fatos atuais. Lembre-se, no entanto, que se trata de um assunto dinâmico e suas formas de exercício dentro das organizações estão sempre mudando. Anote as principais idéias do texto. Se necessário, imprima-o. Discuta suas conclusões e dúvidas no AVA, recorrendo ao auxílio de seus colegas e preceptores.

Parada obrigatória

Vamos fazer uma pausa para um cineminha?

Dica de filme: A Revolução dos Bichos. Título original: Animal Farm. 89 minutos. Ano de Lançamento: 1999. Assista ao filme e procure relacioná-lo com o que foi estudado neste capítulo! Escreva suas observações e discuta-as com seu professor e colegas no AVA.

Resumo

Neste capítulo, tivemos oportunidade de aprender sobre uma das vertentes do estudo sociológico, a Sociologia Aplicada às Organizações.

Verificamos que as teorias dos pensadores clássicos continuam atuais e podem nos auxiliar a compreender melhor os grupos em que estamos inseridos. E dedicamo-nos, por fim, a compreender a questão da cultura e o processo de controle social, bem como as aplicações destes conceitos ao ambiente organizacional.

Comprovamos que a Sociologia pode contribuir significativamente para compreendermos uma série de processos dentro de uma empresa, além de apontar caminhos e possibilidades para a resolução de eventuais problemas.

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Concluímos nossos estudos deste capítulo com o pensamento de Émile Durkheim: "As dificuldades práticas só podem ser definitivamente resolvidas através da prática e da experiência cotidianas. Não será o conselho de um sociólogo, mas as próprias sociedades que encontrarão a solução".

Não esgotamos, neste capítulo, todos os conhecimentos que abrangem o quesito "o olhar sociológico sobre as estruturas e processos organizacionais", pois, sem sombra de dúvidas é um universo vasto de informações que permeiam este tema.

Com o intuito de ajudar você na constante busca pelo conhecimento e aprendizado, sugerimos a leitura do capítulo customizado apresentado a seguir para reforçar e aprofundar os conceitos abordados.

Todo conhecimento adquirido ao longo de nossa vida se toma muitas vezes obsoleto frente às grandes adversidades corporativas que enfrentamos em um mercado globalizado e altamente competitivo. Justificando assim a importância pela busca contínua do conhecimento.

É importante destacar que você não deve limitar seus estudos apenas ao contexto que propomos. Para a formação do saber, é necessário contextualizar realidade versus prática, navegar em outras ferramentas de estudo com visões de outros autores e principalmente despertar e acreditar no novo.

Boa leitura!

Atividades As atividades propostas neste capítulo visam precisar seus conhecimentos com relação ao estudo concretizado até o presente momento; por isso é importante que se dedique com afinco na realização dos mesmos.

Caso tenha dúvidas na realização dessas atividades, releia os temas discutidos acima e refaça os exercícios, só assim construirá em bases sólidas o seu conhecimento.

Atividade 1 Em um texto, com no mínimo 10 linhas, explique com suas palavras o que você entende por mudança social.

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Atividade 2 A partir de seus estudos neste capítulo e utilizando-se dos textos disponíveis em anexo, faça um texto dissertativo, com no mínimo 10 linlias, a respeito da importância do estudo da Sociologia aplicada à Administração.

Atividade 3 Pesquise sobre o que é cultura e sobre práticas culturais características da cidade ou região em que você mora. Elabore uma síntese, de no mínimo 10 liniias, sobre o que você encontrou.

Referências ARAGÃO, Ailton de Souza. A Sociologia e o mundo moderno: a interpretação clássica das transformações sociais e seus desdobramentos no novo mundo do traballio. In: SANTOS, l\/laria Aparecida Reis França dos (Org.). Administração/ Universidade de Uberaba. Uberaba: Universidade de Uberaba, 2009. Série Administração; etapa I, voi. 3.

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