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Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 10 (supl. 2): 293-300, 1994 293
ARTIGO / ARTICLE
Situação Atual da Filariose Bancroftiana na Cidade de Maceió,Estado de Alagoas, Brasil
Present Status of Bancroftian Filariasis in Maceió, State of Alagoas,Brazil
Gilberto Fontes 1, Ana Cristina Brito1, Cláudia Maria L. Calheiros 1,Carlos Mauricio de F. Antunes 2, Eliana M. M. da Rocha 1
FONTES, G.; BRITO, A. C.; CALHEIROS, C. M. L.; ANTUNES, C. M. F.; ROCHA, E. M. M.
Present Status of Bancroftian Filariasis in Maceió, State of Alagoas, Brazil. Cad. Saúde Públ.,
Rio de Janeiro, 10 (supplement 2): 293-300, 1994.
Epidemiological and entomological surveys were carried out in the human and mosquito
populations in Maceió, Alagoas, in order to assess the present status of bancroftian lymphatic
filariasis. Examination of thick blood smears of 10,450 students from different areas of the city
revealed 0.66% Wuchereria bancrofti microfilaria carriers. The distribution of filariasis is focal
in the city, 80% of the individuals with patent infection living in two neighboring areas with
1.24% and 5.25% prevalence. Parallel studies performed with samples of all age groups in the
human population showed similar microfilaria prevalence rates observed previously in the
student survey. However, thick blood smears taken from members of families with at least one
subject with patent infection gave a prevalence six times greater suggesting, increased
transmission in households. The percentage of carriers was higher in the youngest age group (<
20 years). Culex quinquefasciatus mosquitos caught at the locations where the autochthonous
cases were found presented natural infection rates ranging from 0.28% to 4.62%. The
combination of all these findings indicates occurrence of active transmission of W. bancrofti in
the urban area of Maceió, Alagoas State. Based on these data, measures for the potential
control of filariasis were planned.
Key words:Filariasis; Wuchereria bancrofti; Culicidae; Culex quinquefasciatus; Epidemiology
1 Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal
de Alagoas. Praça Afrânio Jorge, s/n, Maceió, AL,
57010 020, Brasil.2 Instituto de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Minas Gerais. Avenida Antônio Carlos, 6.627,
Belo Horizonte, MG, 31270-901, Brasil.
INTRODUÇÃO
A filariose linfática humana, também con-hecida como elefantíase na sua fase sintomáti-ca mais avançada, é causada por helmintos,parasitas da classe Nematoda das espéciesWuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia
timori. No Brasil, essa parasitose é causadaexclusivamente pela W. bancrofti, provavelmen-te introduzida pelo tráfico de escravos da África(Orihel, 1985).
Os vermes adultos da W. bancrofti vivemnos linfonodos e vasos linfáticos, e as microfi-lárias, formas embrionárias, são encontradas nosangue periférico humano. O parasita é transmi-tido, comumente, por mosquitos do gêneroCulex, nos quais as microfilárias se desenvol-vem e atingem o estágio infectante (larva L
3).
A filariose linfática é endêmica emvárias regiões tropicais, sendo estimados em800 milhões a população que vive em áreasendêmicas e em aproximadamente 73 milhõeso número de indivíduos infectados pela W.
bancrofti (WHO, 1992).Inquéritos hemoscópicos realizados no Brasil
no período de 1950 a 1956, constataram aparasitose autóctone em Manaus (AM), Belém(PA), Recife (PE), Maceió (AL), Salvador(BA), Castro Alves (BA), Florianópolis (SC),
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Fontes, G. et al.
Ponta Grossa (SC), Barra de Laguna (SC),Porto Alegre (RS) e São Luís (MA) (Rachou,1957; Rachou & Deane, 1954). Entre essascidades, as que apresentaram os focos de maiorimportância foram Belém e Recife, cujos índi-ces de indivíduos microfilarêmicos eram, na-quela época, 9,8% e 6,9%, respectivamente(Rachou, 1960). Com relação a Maceió, Deaneet al. (1953) detectaram em 0,3% da populaçãoportadores de W. bancrofti.
Atualmente, no Brasil, a parasitose é con-siderada endêmica, pelos órgãos de SaúdePública, somente em Belém (PA) e na regiãometropolitana de Recife (PE) onde está emfranca expansão, principalmente em Olinda eJaboatão, com índices de microfilarêmicosvariando de 2% a 15% em comunidades debaixo nível sócio-econômico (Sucam, 1985;Dreyer & Medeiros, 1990; WHO, 1992).
A fim de conhecer, no presente, a ocorrênciada filariose linfática em Maceió, foi realizado,em 1990, pelo Centro de Pesquisas AggeuMagalhães da Fundação Oswaldo Cruz (Recife-PE) em conjunto com a Universidade Federalde Alagoas e a Superintendência de Campanhasde Saúde Pública (Sucam) de Alagoas, inquéritohemoscópico em população de 731 soldados do59º Batalhão de Infantaria do Exército. Desses,dois soldados apresentavam alta densidade demicrofilárias no sangue, ambos autóctones deMaceió (Dreyer et al., 1991). Esse fato, somadoà existência do vetor em potencial (Culex),mostrou a necessidade de reavaliação epidemio-lógica da área.
O objetivo deste trabalho é determinar aprevalência e distribuição da filariose linfáticabancroftiana na área urbana de Maceió e iden-tificar os insetos vetores na região com seusíndices de infecção natural.
METODOLOGIA
População-Alvo
Escolares de 1º e 2º Graus
Foi estudada uma amostra de 10.450 es-tudantes de escolas situadas em diferentesregiões de Maceió. Palestras explicativas foramministradas a fim de ensinar aos escolares
aspectos da biologia do parasita, modo detransmissão, bem como medidas de controle ecombate à parasitose. Durante as coletas, foramaplicados questionários com o objetivo deconhecer idade, sexo, naturalidade e endereçodas pessoas examinadas.
População em Geral de Maceió
Foram examinadas amostras variando de2.124 a 4.596 indivíduos de diferentes faixasetárias, selecionadas aleatoriamente entre popu-lação geral de três bairros a partir do estudorealizado previamente entre os escolares deMaceió. Foi utilizada a mesma metodologiaempregada no inquérito com escolares quanto àconscientização em relação à parasitose eaplicação de questionários.
Familiares de Portadores do Parasita
Amostras variando de 440 a 606 familiaresde portadores do parasita foram analisadas paraverificar a prevalência da parasitose em níveldomiciliar.
Os tamanhos das diferentes amostras foramcalculados usando- se estudos-piloto de preva-lência em cada extrato populacional e o taman-ho estimado das diferentes populações analisa-das, com erro máximo tolerável de 15% e comintervalo de confiança de 95% (Dean et al.,1990).
Todos os indivíduos positivos detectadosnesse estudo foram investigados para obtençãode informações sobre sua mobilidade e residên-cia anterior. Só foram considerados autóctonesaqueles indivíduos que nasceram na área emestudo e que nunca viveram em áreas conside-radas endêmicas.
Pesquisa de MicrofiláriasCirculantes/Processamento das Lâminas
As coletas sangüíneas foram realizadas entre22h e 1h, horário compatível com a maior con-centração de microfilárias no sangue perifé-rico dos portadores da parasitose na região(periodicidade noturna) (Rocha et al., 1991).
O sangue foi obtido por punção digital paraconfecção de gotas espessas com volume apro-ximado de 60Fl de sangue. As gotas espessas
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Filariose Linfática
eram desemoglobinizadas, fixadas com metanole coradas em Eosina-Giemsa. A leitura daslâminas foi feita em microscópio óptico, e,como controle de qualidade dos exames, foramrevisadas 33,3% das lâminas analisadas.
Contagem de Microfilárias Circulantes
Foi coletado sangue dos indivíduos parasita-dos por meio de punção venosa para quan-tificação da microfilaremia pela técnica defiltração em membrana de policarbonato (Chu-larerk & Desowitz, 1970). Para isso, 1ml desangue venoso era filtrado em membrana depolicarbonato (Nucleopore Corporation, Plea-santon, CA, USA) com poros de 3F de diâme-tro. Posteriormente, as membranas eram dispos-tas sobre lâminas de microscopia, fixadas emmetanol e coradas em Eosina-Giemsa. A conta-gem do número de microfilárias (mf) nasmembranas era feita em microscópio óptico, eo resultado, expresso em número de mf/ml desangue.
Identificação de Transmissores/Índicede Infecção Natural
Captura dos Insetos/Classificação Entomológica
Foram capturados mosquitos nos dois bairrosmais endêmicos para a parasitose em Maceió eem um bairro onde não foram detectadosindivíduos microfilarêmicos (estudo entreescolares e população geral). Os insetos foramcoletados vivos no intradomicílio, entre 7h e 9h,levados ao laboratório, separados por sexo eidentificados usando-se chaves de classificaçãoentomológica.
Dissecção dos Insetos
Após identificação, as fêmeas dos mosquitoseram dissecadas para a pesquisa de larvas deW. bancrofti. Cada inseto era examinado aomicroscópio óptico para verificação e avaliaçãoda infecção.
Determinação dos Índices de Infecçãoe Infectividade
As larvas encontradas nos mosquitos foramclassificadas de acordo com o estádio de desen-
volvimento em larvas L1, L
2 ou L
3 (infectan-
tes). As taxas de infecção e de infectividade fo-ram calculadas segundo estas fórmulas:
Taxa número de mosquitos infectados
de = X 100
Infecção número de mosquitos dissecados
Taxa número de mosquitos com L3
de = X 100
Infectividade número de mosquitos dissecados
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estudo entre Escolares
Foram visitadas 43 escolas em 23 diferentesregiões da cidade de Maceió (Figura 1), sendoexaminados 10.450 estudantes. Desses, 69(0,66%) apresentavam microfilaremia por W.
bancrofti, sendo 36 do sexo masculino e 33 dosexo feminino, com idade variando entre 13 e45 anos. Aproximadamente 80% dos parasita-dos detectados entre os escolares estavamconcentrados em duas regiões vizinhas, Feitosae Jacintinho, com prevalências de 5,25% e1,24%, respectivamente (Tabela 1, Figura 1).Nas outras áreas da cidade onde se detectou aparasitose, os escolares microfilarêmicos erammoradores de ruas divisórias de Feitosa ouJacintinho, ou já haviam passado parte de suasvidas em um desses dois locais. Considerandoque a bancroftose tem distribuição focal emMaceió e que os mosquitos vetores são en-contrados em toda a cidade, as migraçõesdentro do município podem facilitar a expansãoda parasitose. Com exceção de um escolar,encontrado na região do Prado, que já haviamorado em Recife, todos os outros estudan-tes parasitados eram comprovadamente autócto-nes. Os indivíduos microfilarêmicos pela W.
bancrofti encontrados têm baixo nível sócio-econômico, e a maioria jamais se ausentou dacidade.
Atualmente acreditava-se que a transmissãoautóctone dessa parasitose ocorria no Brasilsomente nas cidades de Belém (PA) e Recife(PE) (Sucam, 1985). No entanto, os resultadosobtidos com este trabalho comprovam a ocor-rência da bancroftose também em Maceió (AL).Apesar de nossos resultados referirem-se a um
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FIGURA 1. Regiões de Maceió, Alagoas, onde foi Feito o Inquérito Hemoscópico (Escolares) com asPrevalências nos Locais Onde Foram Detectados Portadores de Microfilárias de Wuchereria
bancrofti
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Filariose Linfática
TABELA 1. Número de Estudantes Examinados e Casos Positivos para Wuchereria bancrofti em DiferentesRegiões de Maceió, Alagoas
Bairro
Nº de Estudantes Examinados
Nº de Casos Positivos
% de Casos Positivos
Feitosa Jacintinho Farol B. Duro Eustáquio Gomes Mangabeiras Cruz das Almas Benedito Bentes Prado Poço Ponta Grossa Vergel Bom Parto Trapiche Santo Eduardo Tabuleiro Bebedouro Chã de Bebedouro Serraria Mocambo Fernão Velho Pajuçara Chã Jaqueira
438 2500 343 176 120 589 207 532 377 322 525 573 128 422 119 642 366 263 186 232 600 157 633
23 31 4 2 1 4 1 2 1* 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5,25 1,24 1,16 1,13 0,83 0,86 0,48 0,38 0,26
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 10450 69 0,66
* Caso não comprovadamente autóctone.
extrato populacional restrito (escolares), obser-vamos, hoje, prevalência da parasitose superioràquela encontrada por Deane et al. (1953). Coma finalidade de estudar a distribuição da filari-ose linfática entre a população geral, passamosa analisar, nas duas regiões de maior prevalên-cia e em uma região onde não encontramosinfecção patente entre os escolares, amostras deindivíduos de todas as faixas etárias.
População Geral de Maceió
Foram feitas 92 coletas em nove comunida-des pertencentes a três diferentes regiões dacidade, tendo sido examinados 9.037 indivíduosentre três e 78 anos de idade. Entre 4.596moradores da região do Jacintinho examina-dos, 51 (1,11%) estavam parasitados pela W.
bancrofti. Na região do Feitosa, de 2.317 mora-dores investigados, 132 (5,70%) estavam infec-tados. Foram encontrados microfilarêmicos comidade variando de cinco a 76 anos, e, em ambasas localidades, aproximadamente 70% dosinfectados encontrados possuíam menos de 20anos de idade, indicando transmissão recente daparasitose na cidade. Todos os casos, apóscuidadosa investigação, foram consideradosautóctones. Na região do Chã da Jaqueira, ondenão foram detectados escolares parasitados,examinados 2.124 indivíduos de diferentesfaixas etárias, não foi encontrado nenhumportador de microfilárias. Esse achado é curio-so, uma vez que essa região tem característicasambientais semelhantes às das duas onde aparasitose foi mais prevalente. Além disso, astrês regiões analisadas equiparam-se quanto ao
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tipo de habitação, carência em saneamentobásico e presença de grande quantidade devetores. Não encontramos diferenças estatis-ticamente significativas entre as prevalênciasdetectadas no estudo de amostras populacionaise no inquérito entre escolares nas regiõesanalisadas. Portanto, com relação à bancroftose,a população de escolares pode ser consideradarepresentativa da população geral de Maceió.
Familiares de Portadores do Parasita
Foram examinados 440 familiares de parasi-tados por W. bancrofti na região do Jacintinhoe 606 no Feitosa, sendo detectados 88 (20%) e170 (28,1%) novos portadores, respectivamente.As prevalências foram muito superiores àquelasencontradas nos inquéritos hemoscópicos descri-tos dessas duas regiões nos itens anteriores.Esses índices de prevalência mais elevadosestão relacionados, provavelmente, com a maiortaxa de transmissão da parasitose no intradomi-cílio. Os moradores ficam juntos principalmenteà noite, horário que coincide com a maioratividade hematofágica dos vetores, encontradosem grande quantidade nos domicílios, e com opico de microfilaremia sangüínea na cidade(Rocha et al., 1991).
Contagem de Microfilárias (mf) Circulantes
Foram quantificadas as parasitemias de 94microfilarêmicos pela técnica de filtraçãosangüínea em membrana de policarbonato, comsangue venoso coletado entre 22h e 23h. Ospacientes apresentaram densidade de parasitascirculantes entre 1—4130mf/ml. Com microfila-remia entre 1—100mf/ml, encontramos 23pacientes (24,5%); com parasitemia variandoentre 101—500mf/ml foram detectados 40indivíduos (42,5%); com 501—1000mf/ml,encontramos 12 pacientes (12,8%); e, apre-sentando densidade de parasitas acima de1000mf/ml, detectamos 19 microfilarêmicos(20,2%). A observação de que 33% dos por-tadores tinham taxas de microfilaremia relati-vamente elevadas (> 500mf/ml), aliada ao fatode a maioria ser ainda jovem (< 20 anos),reforça a idéia de transmissão ativa e recente daparasitose na cidade.
A determinação da densidade de microfilare-
mia é fundamental em estudos de transmis-sibilidade, porque permite, juntamente com osdados relativos à densidade de vetores na áreae seus índices de infecção natural, o planeja-mento de programas adequados de controle paraas características da parasitose em cada região.
Captura e Classificação de Vetores
Foram capturados mosquitos nas mesmasáreas onde foram feitos os inquéritos hemos-cópicos de amostras da população geral. Naregião do Feitosa foram capturados 2.224insetos (1.455 fêmeas e 789 machos), sendo2.180 Culex quinquefasciatus e 64 Aedes
aegypti. No Jacintinho, foram capturados 1.026insetos (572 fêmeas e 454 machos), sendo1.003 C. quinquefasciatus e 23 A. aegypti. NoChã da Jaqueira, onde não foram encontradosindivíduos microfilarêmicos, foram capturados714 exemplares de mosquitos (441 fêmeas e273 machos), sendo 696 C. quinquefasciatus e18 A. aegypti.
Determinação dos Índices de Infecçãoe Infectividade
No Feitosa, das 1.455 fêmeas de insetoscapturadas e classificadas, 1.321 foram dis-secadas, tendo sido encontradas 61 infectadas,28 delas albergando larvas infectantes (L
3) de
W. bancrofti, obtendo-se, assim, índice deinfecção de 4,62% e índice de infectividade de2,12%. No Jacintinho, das 572 fêmeas cap-turadas, foram examinadas 529, sendo encon-tradas duas infectadas com larvas L
3. Assim, o
índice de infecção foi igual ao índice de infec-tividade, ou seja, 0,38%. Todos os insetosencontrados parasitados eram da espécie C.
quinquefasciatus. No Chã da Jaqueira, de 441fêmeas de insetos coletadas, foram examinadas436, não sendo encontrada nenhuma albergandolarvas de W. bancrofti. Portanto, o encontro devetores naturalmente infectados está de acordocom a distribuição da parasitose humana naárea. No trabalho realizado por Deane et al.(1953) em Maceió, foram dissecados 4.975mosquitos C. quinquefasciatus, sendo encon-trados cinco parasitados por larvas de W.
bancrofti (0,1%), e, deles, somente um eraportador de L
3, resultando índice de infectivi-
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Filariose Linfática
dade de 0,02%. Assim, os índices de infecçãoe infectividade atuais nas regiões do Jacintinhoe, principalmente, Feitosa são superiores aosencontrados na década de 1950 (Deane et. al.,1953).
O conhecimento da situação atual da parasi-tose em nosso meio, que tem distribuiçãorestrita principalmente a duas regiões próximasao Centro da cidade (Figura 1), aliado à exis-tência de vetores naturalmente infectados,conduziu ao planejamento de condutas profiláti-cas em nível individual e de saúde pública paraconter sua expansão. Assim, foi criado umprograma de controle da parasitose no municí-pio, que já foi implementado e está sendorealizado por orgãos de Saúde Pública. Acredi-tamos que o sucesso desse programa diminuiráos níveis de transmissão da parasitose emMaceió, evitando problemas futuros, como oaparecimento de casos crônicos normalmenteirreversíveis.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (CNPq), pelo auxíliofinanceiro. À Fundação Nacional de Saúde deAlagoas, pelo apoio logístico. Aos bolsistas eestagiários do Departamento de Patologia doCentro de Ciências Biológicas da UniversidadeFederal de Alagoas, pela dedicada participaçãono trabalho. Ao Prof. Geraldo Vergetti, à Dra.Gerusa Dreyer e a Zulma Medeiros, pelo apoioe colaboração.
RESUMO
FONTES, G.; BRITO, A. C.; CALHEIROS,C. M. L.; ANTUNES, C. M. F.; ROCHA, E.M. M. Situação Atual da Filariose
Bancroftiana na Cidade de Maceió, Estado
de Alagoas, Brasil. Cad. Saúde Públ., Rio deJaneiro, 10 (suplemento 2): 293-300, 1994.
Com o objetivo de determinar a prevalência ea distribuição da filariose linfáticabancroftiana na área urbana de Maceió, estadode Alagoas, assim como identificar os insetosvetores na região, foram realizados inquéritos
hemoscópicos e entomológicos. Foramexaminadas, pelo método da gota espessa,amostras de sangue de 10.450 escolaresoriundos de diferentes regiões da cidade,sendo detectado 0,66% de indivíduosmicrofilarêmicos por Wuchereria bancrofti. Aparasitose tem distribuição focal com 80%dos indivíduos com infecção patentedetectados em duas regiões vizinhas, cujasprevalências atingiram 1,24% e 5,25%.Estudos paralelos feitos em amostraspopulacionais com indivíduos de diferentesfaixas etárias mostraram prevalênciassemelhantes às detectadas entre os escolares.No entanto, o exame dos familiares deindivíduos infectados pela W. bancrofti
mostrou prevalência seis vezes mais alta,sugerindo maior transmissão nointradomicílio. A percentagem de parasitadosfoi maior no grupo etário mais jovem (< 20anos). Mosquitos Culex quinquefasciatus
capturados nos bairros onde a parasitose foidetectada apresentavam taxas de infecçãonatural de 0,28% até 4,62%. Esses dadosdescrevem a ocorrência da transmissão naturalda filariose bancroftiana na área urbana deMaceió, Alagoas. Baseadas nesses dados,medidas de controle da filariose foramplanejadas para conter sua expansão na regiãoanalisada.
Palavras-Chave: Filariose; Wuchereria
bancrofti; Culicidae; Culex quinquefasciatus;Epidemiologia
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