situações didáticas e rede social educacional no ensino de matemática

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    SITUAES DIDTICAS E REDE SOCIAL EDUCACIONALNO ENSINO DE MATEMTICA

    Alex Sandro Gomes, UFPE, [email protected]

    Valdneide Pereira Santos de Almeida, UFPE, [email protected]

    Carla Abigail Arajo, UFPE e SENAI-PE, [email protected]

    Jos de Arimathia Santana, EREM Clvis Bevilaqua, [email protected]

    Luma da Rocha Seixas, UFPE, [email protected]

    RESUMO

    Neste captulo relatamos a experincia da adoo de uma plataforma deaprendizagem social nos anos do ensino mdio de uma escola pblica. Oobjetivo do trabalho foi descrever a prtica didtica e as possibilidade devariaes na composio de situaes didticas que variem o tempo e o espaonormal da aula presencial. Como procedimento foram formados professores parao uso de da plataforma Redu no ensino do conceito de funo afim. Foi adotadoparadigma qualitativo de pesquisa com tcnicas que se complementavam paracapturar os episdios didticos envolvendo o ensino deste conceito. Osresultados apontam para uma viabilidade tcnica da adoo dessa plataforma edescrevemos alguns episdios de aprendizado colaborativo desse conceito.

    Palavras-chave: aprendizado flexvel, rede social educativa, aprendizado

    colaborativo, didtica da Matemtica, ensino mdio.

    ABSTRACT

    In this chapter we report an experience of adopting a social learning platform inthe middle school years in a public school. The aim of this study was to describethe teaching practice and the possibility of variations of didactical situations thatvary time and space from normal classroom ones. Teachers were trained to usethe Redu platform in order to teach the concept of affine function. A qualitativeresearch paradigm was adopted. We used complementary techniques to capturethe episodes involving teaching this concept. The results point to a technical

    feasibility of adopting this platform, and describe some episodes of collaborativelearning of the concept.

    Keywords: flexible learning, educational social network, collaborative learning,didactics of mathematics, high school.

    1 INTRODUAO

    Desde o incio do Sculo XX, o discurso industrial acerca de novas

    tecnologias de comunicao preconizava vantagens que o uso dessas poderiam

    promover ao aprendizado. As tecnologias digitais so hoje onipresentes no interior

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    da maior parte das escolas pblicas e privadas no Brasil. Da mesma maneira, as

    novas geraes experimentam facilidades e desenvolvem habilidades relacionadas

    ao uso de novas tecnologias. Apesar da crena excessiva e da grande oferta de

    artefatos tecnolgicos, o impacto das mesmas para promover mudanas nas

    prticas de ensino so questionveis. Seguindo dados oficiais recentes, entendemos

    que o impacto significativo no desempenho dos alunos consequncia da variedade

    de situaes criadas em torno do ensino de contedos especficos.

    Em processos de ensino-aprendizagem da Matemtica observa-se

    dificuldades quando o objeto de estudo aborda tpicos complexos como o caso de

    funo (CONFREY, 1992; CASTRO-FILHO,2001; DUBINSKY & HAREL, 1992;

    GAUDNCIO, 2000; FOSSA, 2000; BARRETO E CASTRO-FILHO; 2008). Os

    obstculos encontrados neste processo so visveis em todos os nveis de ensino:

    Fundamental, Mdio e Superior. Concomitantemente, amplamente aceito que o

    uso de recursos tecnolgicos auxiliam positivamente tanto na construo do

    conhecimento como na apreenso do contedo, em todas as reas e nveis de

    ensino.

    Neste captulo relatamos a experincia da adoo de uma plataforma de

    aprendizagem social nos anos do ensino mdio de uma escola pblica. Na seo 2

    apresentaremos uma fundamentao sobre a aprendizagem do conceito de funo.

    Na seo 3 descreveremos nosso mtodo. Na seo 4 apresentaremos os

    resultados e na seo 5 estes sero discutidos. Na seo 6, relatamos as

    contribuies deste estudo.

    2 APRENDIZAGEM DE MATEMTICA EM REDE SOCIAL

    O processo ensino-aprendizagem vem sendo estudado e aprimorado por

    vrios anos, especialmente no ensino da Matemtica (REGO, 2000). Neste contexto,

    existem tpicos abordados por esta cincia que apresentam uma maior dificuldade

    na construo do conhecimento por parte dos alunos, por serem abstratos, como o

    caso do conceito de funo (MEIRA, 1993; BARRETO, 2009). Diante desta

    dificuldade, o uso de softwares educacionais enquanto alternativas tecnolgicas

    para a melhoria do processo ensino-aprendizagem tem demandado, para os

    cientistas, a construo de modelos psicolgicos que tentem explicar o

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    desenvolvimento, nos aprendentes, de adaptaes progressivas de esquemas

    mentais frente aos novos desafios, notadamente, quando se trata de problemas

    matemticos (GOMES, 2008). Logo, estudos empricos vm sendo executados na

    direo de ambientes virtuais para o ensino da Matemtica como o caso do

    trabalho de Lakazidou e Retalis (2010).

    Portanto, notrio que pesquisas mostram que a resoluo de problemas

    envolvendo o conceito de funo mediado por recursos tecnolgicos, alm de

    identificar os teoremas em ao, favorecem compreenso destes conceitos pelos

    alunos (BARRETO, 2009 ; DAHER, 2009). Assim, para darmos continuidade aos

    estudos referentes compreenso do conceito de funo com a aplicao de

    recursos tecnolgicos, o problema de pesquisa deste trabalho encontrar melhorias

    em recursos tecnolgicos dentro de redes sociais educacionais utilizados no

    processo de construo do conhecimento em Matemtica, especificamente quando

    se trata do conceito de funo. Face ao problema exposto, o objetivo geral deste

    trabalho analisar as dinmicas internas dos esquemas mentais utilizados pelos

    alunos para resolverem problemas matemticos, contendo o conceito de funes,

    por meio de aplicativos interativos.

    3 MTODO

    O trabalho objetiva investigar a efetividade do uso de plataforma social de

    aprendizagem a prtica didtica e as possibilidade de variaes na composio de

    situaes didticas que variem o tempo e o espao normal da aula presencial.

    Espera-se com o trabalho:

    (i) Identificar as estratgias utilizadas por discentes e docentes para resoluo

    de problemas de funo, para que estes possam ser implementados nos aplicativos

    de softwares educacionais;

    (ii) Descrever as dificuldades e facilidades associadas ao aprendizado de

    funo afim em rede social educacional, melhorando o modelo de interao

    oferecido pelas ferramentas;

    (iii) Propor aprimoramentos na utilizao de recursos tecnolgicos no ensino

    de Matemtica.

    3.1 CONTEXTO E PARTICIPANTES

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    Tendo em vista a necessidade de realizao de uma pesquisa de campo com

    objetivo de identificar de que forma ocorre a interao entre os alunos e professores

    do Ensino Mdio, utilizando uma Rede Social Educacional, os pesquisadores foram

    a campo em uma escola pblica de Ensino Mdio localizada na cidade de Recife,

    Pernambuco Brasil.

    A escola foi escolhida devido a disponibilidade da direo da escola em nos

    auxiliar na pesquisa. Inicialmente, os pesquisadores buscaram estabelecer contato

    com a direo da escola. Atravs de algumas reunies no qual foram explanados os

    motivos da realizao da pesquisa, o gestou escolar mostrou-se disponvel. A

    pesquisa, de natureza qualitativa, est sendo realizada com aproximadamente 60

    alunos que esto cursando o 1 ano do Ensino Mdio de ambos os sexos, com faixa

    etria entre 13 e 14 anos de idade.

    3.2 PROCEDIMENTOS

    luz do mtodo de anlise de contedo, foram utilizados os registros das

    interaes dos alunos a partir das mensagens postadas nos fruns da plataforma,

    verificando sua ligao com a base terica e conceitual do estudo em tela. A

    execuo da pesquisa ser composta pelos seguintes passos: (i) Escolha dasEscolas, (ii) Autorizao do estudo na Escola, (iii) Treinamento, (iv) Execuo do

    Estudo, (v) Extrao das Mensagens, (vi) Anlise de Dados.

    Inicialmente, os pesquisadores estabeleceram contato com a direo da

    escola para analisar a possibilidade da realizao da pesquisa de campo na mesma.

    Com isso, organizou-se uma reunio com objetivo de apresentar quais seriam as

    atividades desenvolvidas e de que forma os pesquisadores poderiam contribuir coma escola. Nessa etapa, os pesquisadores foram informados sobre a disponibilidade

    dos professores e a seguir, agendou-se uma apresentao que teve o objetivo de

    sensibilizar os professores para o uso de tecnologia educacional.

    A pesquisa utilizou a tcnica da observao no participante do

    comportamento dos alunos no uso de trs applets1, disponveis numa plataforma

    1 De acordo com o Journal of On Line Mathematics and its Applications (JOMA), applets soprogramas independentes e interativos que podem servir aprendizagem de conceitos matemticos.

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    social educacional, a partir dos registros das suas interaes:

    Mquina das Funes 2

    Funo afim 3

    Encontre a funo 4

    Foram realizadas 3 (trs) atividades relacionadas ao estudo de funo afim

    com os alunos do 1 ano do Ensino Mdio. Tais atividades compreenderam a

    realizao de tarefas nos applets abaixo descritos. O objetivo era que ao realizar as

    atividades, os alunos pudessem debater entre si e solucion-las.

    4.4.1. Atividade 01

    Objetivo: Identificar os valores das imagens da funo, ou seja, dado x pretendemos

    obter o valor y = f(x) (Figura 1).

    Figura 1 Applet Mquina de Funo.

    Nessa atividade o appletsimula uma mquina de funo, na qual, ao inserir

    um determinado valor, que representa o valor de x e pressionar o boto Ligar, a

    mquina apresenta o valor de f(x). possvel ainda, clicar na opo mostrar grfico

    e visualizar o grfico da funo. O professor solicitou aos alunos que considerassem

    os valores de x=1, x=2 e x=3. Feito isso, deveriam descrever o processo executado

    2

    Disponvel em : http://aplicativos.redu.com.br/aplicativos/643.3 Disponvel em : http://aplicativos.redu.com.br/aplicativos/644.4 Disponvel em : http://aplicativos.redu.com.br/aplicativos/645.

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    pela mquina.

    4.4.2. Atividade 02

    Objetivo: Identificar os valores que caracteriza o grfico da funo afim, a medida

    que se muda os coeficientes angular m e linear b.

    Figura 2. Applet Grfico da Funo.

    Nessa atividade apresentado um appletque representa uma equao linear

    no sistema de coordenadas cartesianas retangulares (Figura 2). Neste, a varivel m

    representa o coeficiente angular e a varivel b representa o coeficiente linear, estes

    so valores que pode ser alterados pelos alunos. O professor solicitou aos mesmos

    que, escolhessem valores para os coeficientes angular e linear e encontrassem a

    equao da reta.

    4.4.3. Atividade 03

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    Figura 3. Applet Encontre a Funo.

    Objetivo: A partir do grfico identificar os valores do coeficiente angularm e linearb

    e em seguida escrever a lei de formao da funo.

    Nessa atividade o appletapresenta um grfico e o aluno deve encontrar qual

    a funo que est representada (Figura 3). H 2 (dois) nveis de problema e uma

    pontuao; alm disso, so 10 (dez) problemas que podem ser escolhidos

    aleatoriamente pelos alunos. O professor, solicitou aos alunos que escolhessem 2

    (dois) problemas e identificassem a funo que os representava.

    3.3 OBSERVAO PARTICIPANTE E OBSERVAO ONLINE

    Observamos professores que optaram por utilizar o Redu como ferramenta

    para mediar suas aulas. Realizamos o acompanhamento dos mesmos em sala de

    aula e no Redu. Nesse perodo, iniciou-se o processo de observao das interaes

    dos alunos na plataforma.As formaes aconteciam individualmente, durante o intervalo de aulas dos

    professore. Um dos pesquisadores presentes na escola o auxiliava na criao de um

    perfil na rede social e apresentava as funcionalidades do ambiente. Devido a

    qualidade da internet e para uma maior comodidade dos participantes na formao,

    foram utilizados 2 notebooks, trazidos pelos pesquisadores, com modens prprios.

    Alm disso, utilizou-se o software Camtasia5 para a captura da tela das aes do

    professor. Ressaltamos que alguns professores no autorizaram que as suas aes

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    fossem gravadas, estes apenas realizaram o treinamento. Durante a formao foi

    possvel observar que alguns professores possuam muita facilidade no manuseio do

    computador e outros no se sentiam muito a vontade ao utiliz-lo. Ao final da

    formao, chegamos a um nmero de 8 professores que se cadastraram no

    ambiente e desejaram criar uma disciplina para interagir com seus alunos.

    Nesse perodo, foi realizado um acompanhamento nas teras e quintas-feiras

    de 9h s 15h. Tal horrio foi escolhido, tendo em vista a disponibilidade dos

    professores que aceitaram utilizar o Redu em suas turmas.

    A partir dessa data, realizado visita escola com objetivo de identificar

    quaisquer dificuldades pelos professores. Aps esse perodo, mais um professor

    aceitou utilizar a plataforma em suas turmas. No momento da escrita deste captulo,

    6 professores haviam criado espaos e esto utilizando a plataforma com seus

    alunos.

    3.4 QUESTIONRIO

    O objetivo foi identificar inicialmente qual a experincia dos professores com o

    uso de tecnologia educacional, quais as prticas utilizadas por eles na sala de aula e

    de que forma a tecnologia estava includa. Para isso, foi aplicado um questionriocom questes discursivas, tais entrevistas foram gravadas. Depois dessa etapa,

    buscou-se realizar uma formao com o professores, apresentando a plataforma

    Redu e tirando suas dvidas sobre questes tcnicas.

    3.5 ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADA

    Este instrumento teve o objetivo de identificar o perfil acadmico e

    experincias com tecnologia educacional dos professores da escola em estudo. Asentrevistas aconteciam no perodo em que os professores estavam com horrios

    vagos, todas elas foram gravadas para serem posteriormente analisadas. Foram

    questionadas, a sua formao, tempo de trabalho, qual foi seu primeiro contato com

    tecnologia educacional e em quais situaes ele utiliza a tecnologia educacional na

    sala de aula, atentando para experincias negativas e positivas. Alm disso,

    buscamos identificar como ele v a relao professor x aluno mediada por

    tecnologias educacionais bem como tomar conhecimento das principais dificuldades5 Camtasia: Disponvel em: http://www.techsmith.com/camtasia.html

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    enfrentadas por eles ao utilizar tecnologias educacionais. Foram coletadas 18

    entrevistas.

    4. RESULTADOS

    A seguir descrevemos resumidamente o relato de experincia. Adotaremos

    uma apresentao das etapas que foram seguidas e os resultados preliminares.

    4.1 ACOLHIDA INICIAL

    Logo aps a palestra aos docentes, observou-se que os mesmos ficaram

    muito entusiasmados durante a apresentao da plataforma, onde buscou-se

    promover uma reflexo sobre o uso de tecnologias educacionais na prtica docente.

    A palestra teve a durao de 1 h e foi ministrada pelo coordenador da pesquisa.

    Estavam presentes 26 professores e o gestor da escola. Apenas 2 professores

    estavam ausentes. Ao final da palestra foram levantadas algumas questes pelos

    presentes. Uma professora apontou que a principal dificuldade enfrentada na sala de

    aula com relao ao interesse do aluno em estudar. E que mesmo tendo o Redu

    uma boa proposta, seria necessrio que os prprios alunos se empenhassem no

    ambiente. Outro professor citou a questo da linguagem utilizada nas redes sociais,que muitas vezes no segue a norma culta. Houve relatos que apontaram para a

    falta de uma internet de qualidade e de computadores que pudessem atender a

    todos os alunos de uma turma. Mesmo com o levantamento de tais questes, muitos

    professores se mostraram interessados em utilizar o ambiente com suas turmas.

    Concluiu-se a palestra, informando aos presentes que na semana seguinte iria ser

    dado incio a um perodo de formao.

    4.2 ADESO DOS PROFESSORES

    Um dos professores de Matemtica inicialmente comeou a cadastrar os

    alunos do 2 ano. Ele pediu aos alunos que se cadastrassem no ambiente e, para

    estimul-los, combinou que seria atribudo 1 ponto para aquela(e) que se

    cadastrasse no ambiente e realizasse as atividades solicitadas. Contudo, poucos

    alunos realizaram cadastro.

    Observamos que a principal dificuldade foi o fato de a maioria dos alunos no

    terem acesso internet em casa. O professor chamou nossa ateno tambm para

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    que, como a escola no perodo integral, muitos alunos, ao chegarem em casa, no

    desejassem buscar realizar atividades da escola. Alm disso, a prpria escola no

    oferecia um acesso adequado internet que pudesse satisfazer as necessidades

    dos alunos.

    Com isso, o professor solicitou nossa ajuda para que fssemos nas salas de

    aulas cadastrar os alunos. Utilizamos 2 notebooks e 2 modens. Enquanto

    cadastrvamos os alunos o professor realizava a moderao dos mesmos nas

    turmas, utilizando seu smartphone. Utilizando essa estratgia, foi possvel cadastrar

    todos os alunos do 2 ano nas suas respectivas turmas.

    Em seguida, outro professor de Matemtica, mas das turmas do 1 ano,

    aceitou utilizar a Rede social como apoio s suas aulas.

    4.3 VARIAES DE TEMPO E ESPAO

    A partir do cadastro dos alunos do 2o ano, iniciou-se o processo de cadastro

    dos alunos do 1 ano. Para isso, o professor criava uma disciplina no ambiente e

    ento disponibilizava o endereo da turma na Rede social, para que os alunos

    acessassem e ele pudesse realizar a moderao dos mesmos. Para estimular a

    participao dos alunos, alguns professores atribuam pontos, outros estimulavamcolocando revises para a prova e acompanhavam a interao dos alunos no

    ambiente.

    Os professores buscaram criar exerccios prticos. Exemplificando, um dos

    professores de Matemtica utilizou questes da OBMEP (Olimpada Brasileira de

    Matemtica) para avaliar o conhecimento dos alunos. O professor do 1 ano optou

    por utilizarapplets. Os applets utilizados na disciplina so applets java interativos e

    que podem ser executados dentro de uma pgina HTML. Assim, utilizando-se dequalquer navegador com seus alunos para que estes pudessem compreender o

    conceito de Funo do 1 grau. Os alunos tentavam resolver os problemas

    apresentados na plataforma e compartilhavam com os demais suas dvidas e

    sugestes na resoluo das questes.

    Em todas as atividades observou-se um alto ndice de trocas entre os alunos

    e professor pelo mural do Redu. Neste trabalho, so apresentados as interaes

    resultantes da realizao da atividade 01, descrita acima. A partir da realizao dasatividades pelos alunos, estas foram classificadas em 3 (trs) tipos de interao. Na

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    primeira, os alunos questionavam os professores sobre a realizao das atividades.

    Na segunda, os alunos realizavam as atividades e na terceira os alunos que j

    haviam realizado as atividades, faziam comentrios para tentar auxiliar os demais

    que estavam com dvidas.

    Os resultados obtidos so apresentados resumidamente a seguir, partindo

    dessas perspectivas. Para preservar a identidade dos alunos, estes so identificados

    com a notao AFX, representando um aluno fictcio.

    4.4 QUESTIONAMENTOS SOBRE A REALIZAO DAS ATIVIDADES

    Observou-se que a plataforma facilita essa comunicao entre aluno e

    professor. No entanto, identificamos um grande apelo, nas postagens dos alunos,

    para que o professor respondesse s suas dvidas. Nota-se com isso, que

    imprescindvel a presena do professor no ambiente. Essa viso dos alunos fica

    explcita nas seguintes respostas6:

    professor eu +ou- que entendi mas preciso de mais uma explicaocomplementar! AF1Eu Ainda Entendi. =/ AF2

    Tendo em vista que ao visualizar que o aluno postou alguma dvida, oprofessor, imediatamente, envia um retorno ao aluno, podemos iniciar a reflexo

    dessa prtica. Fazendo um paralelo com a sala de aula presencial, o aluno apenas

    tendo a sala de aula fsica como espao para comunicao com o professor, muitas

    vezes fica vrios dias com uma dvida, at o dia em que encontre com o professor.

    Com a mediao das aulas presenciais pela plataforma online, esse contato pode

    acontecer diariamente e favorecer a comunicao entre aluno e professor.

    Essas respostas demonstram o quo importante a ao de interao doprofessor com o aluno. E como significativa, para o aluno, a assistncia na

    realizao das atividades, como se pode notar a partir da resposta a seguir:

    Muito fcil fazer as funes do primeiro grau e do segundo , a doprimeiro grau sempre vai formar uma reta, e a do segundo umaparbola , sempre a funo do segundo grau vem ao quadrado , mascom a explicao do professor tudo fica mas fcil :)AF3

    Alm da interao do aluno com o professor, observamos que eles estavam

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    frequentemente interagindo entre si. Esse tipo de interao essencial para que os

    participantes aprendam colaborativamente (VYGOTSKY, 2007) e, assim, no s

    exponham seu ponto de vista, mas tambm desenvolvam um olhar mediante a

    perspectiva do outro. Isso pode ser evidenciado nas postagens a seguir:

    se vc [sic] trocar o x por qualquer valor ele vai multiplicar por 2 esomar a um..ex: y=2x+12.2+1=5muito fcil. :)AF4

    e assim, se tu colocar qualquer valor no lugar do x elee [sic]

    multiplica por 2 e soma com 1.AF

    Os alunos buscavam no apenas colocar as respostas, mas explicar de maneira

    mais detalhada como resolveram, conforme relatos a seguir:

    aula finalizada eu achei o valor de y, multiplicando por dois esomando por um, foi assim que eu achei o valor!!! \./AF6

    Muito fcil fazer as funes do primeiro grau e do segundo , a doprimeiro grau sempre vai formar uma reta, e a do segundo umaparbola , sempre a funo do segundo grau vem ao quadrado , mas

    com a explicao do professor tudo fica mas fcil :)AF7Entendi que o valor de x que eu descubro, multiplica pelo 2 e depoissoma com o 1.AF8o processo realizado pela funo que, pra termos o valor de ytemos que multiplica o valor de x por 2 e em seguida soma por um.

    AF9

    Sobre os questionamentos levantados pelos alunos, observou-se que h uma

    dificuldade em entender o que estes deveriam realizar. Sobre essa questo, o

    professor estava sempre disponvel e no deixava as dvidas dos alunos ficarem

    muito tempo sem resposta no ambiente. Observou-se ainda que, os prprios alunos,

    ao perceberem a dvida de um colega tentavam ajud-lo postando alguma

    recomendao ou como resolver.

    Foi possvel observar que ao proporcionar aos alunos um ambiente mais

    interativo, por meio da utilizao da rede social Redu, as atividades foram

    desenvolvidas de forma mais espontnea, sem apresentar muitas dvidas ou receio

    em resolv-las. Favorecendo, dessa forma, a troca de experincias e permitindo

    uma maior interao entre os alunos.

    6 Os protocolos a seguir so reproduzidos a partir da troca de mensagem pelo Redu.

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    Podemos verificar com isso que o processo de aprendizagem, numa

    modalidade mista, para beneficiar-se de uma plataforma como o Redu, deveria

    iniciar na sala de aula, e se estender para outros espaos. Para isso, deve-se contar

    com uma tecnologia que facilite esse processo de conexo. No caso dessa pesquisa

    foi muito relevante a utilizao de uma rede social que permitisse ao professor

    colocar aos alunos suas atividades e interagir com os mesmos, tanto na sala de

    aula, quanto quando estes estivessem em outros ambientes.

    4.5 ESFORO DO PROFESSOR

    Os professores que aceitaram utilizar o Redu em suas aulas demonstraram

    interesse durante todo o processo. Os mesmos incentivavam os alunos a utilizar aplataforma, e no deixavam suas dvidas por serem respondidas no ambiente.

    Observou-se ainda que os professores que estavam utilizando eram muito ativos,

    sempre questionando os pesquisadores sobre questes tcnicas e de que forma

    poderiam organizar seus materiais no ambiente.

    Percebeu-se que as interaes que ocorreram na rede social educacional

    reproduziam o padro encontrado na sala de aula convencional, no qual o professor

    perguntava, o aluno respondia, e caso fosse necessrio, o professor fazia algumainterveno. Notou-se, com isso, que ainda h uma certa dificuldade em romper com

    o paradigma da sala de aula presencial.

    Alm disso, o professor procurava colocar-se no papel de mediador de

    contedos e atividades, ao invs de continuar apenas com a funo de emissor do

    conhecimento. Este buscava estimular a postura crtica, cooperativa e a autonomia

    nos alunos.

    No que diz respeito s atividades da disciplina observou-se que o professor,

    ao proferir um retorno positivo aos alunos, utilizava a opo de comentar para que

    todos os demais pudessem acompanhar. Porm, caso o retorno fosse negativo, este

    enviava mensagens individuais aos alunos identificando a questo e onde o aluno

    havia cometido algum equvoco.

    4.6 ACEITAO DO PROFESSOR

    Mesmo com a participao de alguns professores, levando-se em considerao a

    maioria que esteve presente, desde o incio da formao, a porcentagem de

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    participantes ainda foi muito pequena. Dentre as principais dificuldades relatadas

    pelos professores est o fato do professor ter muitas atividades extraclasse, como:

    preencher dirios de classe, corrigir provas e trabalhos; alm disso, h alguns

    professores que possuem mais de uma disciplina e muitas turmas.

    Dentre os que utilizaram o Redu como apoio as suas aulas foi possvel

    observar que estes buscavam sempre explorar os aspectos positivos nas respostas

    dos alunos, usando expresses como ISSO AI e MUITO BEM!, CONTINUE

    ASSIM, os quais indicam reconhecimento e elogio as praticas dos alunos,

    caractersticas demasiadamente importantes para o processo de ensino-

    aprendizagem. Tais retornos foram importante pois exaltaram os alunos que haviam

    feito tais atividades e estimularam os demais que ainda no haviam realizado.

    Alm disso, nesses tipos de retorno, o professor buscava estabelecer um link

    com as aulas ou os temas nelas trabalhados. O objetivo era levar o aluno solucionar

    os problemas apresentados na plataforma online, a partir de discusses iniciadas na

    sala de aula.

    5.3 ACEITAO DOS ALUNOS

    Apesar de algumas dificuldades tcnicas enfrentadas no incio do curso, taiscomo: a ausncia de uma internet que pudesse atender todos, e o fato do

    laboratrio de informtica na escola no possuir computadores suficientes para

    todos. Com o andamento das atividades, os alunos revelaram-se bastante satisfeitos

    com seus desempenhos na plataforma.

    Observou-se que os alunos, inicialmente, no se sentiam vontade para

    acessar a plataforma. Mas com o passar dos dias, estes passaram a interagir com

    os demais. O fato de ter uma atividade em que o professor sugeria que elesparticipassem e tentassem ajudar uns aos outros, fez com que estes acessassem

    mais a plataforma e se comunicassem com os colegas. Observou-se, ao longo da

    atividade, que os alunos no estavam postando suas atividades no ambiente apenas

    para receberem uma nota, mas comearam a interagir e participar, discutir e

    colaborar entre si (VYGOTSKY, 2007).

    Quanto a utilizao dos applets, os resultados foram tambm bastante

    positivos, o que demonstra aceitao pelos alunos no que tange a utilizao dessesaplicativos. Essa atividade foi avaliada pelos alunos como adequada e satisfatria

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    para orientar as atividades propostas, agilizando o retorno e a correo das tarefas.

    6. CONSIDERAES FINAIS

    Este trabalho pretendeu apontar indcios de benefcios ou de desvantagens do uso

    de uma plataforma social de aprendizagem no ensino mdio para colaborao em

    torno de conceitos matemticos.

    Os resultados preliminares evidenciam que a efetividade do uso de tais

    ambientes exigem, do ponto de vista da didtica do conceito, um cuidado em

    detalhar o planejamento; e, no acompanhamento misto - presencial e distncia - a

    ser realizado pelo professor, ao menos nos perodos iniciais. Alm disso, o fato de a

    escola no possuir uma infraestrutura adequada por exemplo, Internet com uma

    velocidade adequada compromete as atividades, que foram contornadas utilizando

    modens prprios.

    Do ponto de vista da prtica de sala de aula, os resultados deste estudo

    apontam para uma viabilidade de expanso do conjunto de situaes didticas que

    so empregadas hoje em sala de aula quando experimenta-se de comunicao

    mediada por rede social educativa.

    7. REFERNCIAS

    Barreto, A. L. O. e Castro-filho, J. (2008). O estudo de funes mediado por umobjeto de aprendizagem. In II Simpsio Internacional de Pesquisa Em EducaoMatemtica, p 112. Recife PE.

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    Dubinsky, E. & Harel, G. (1992). The nature of the process conception offunction, in "The concept of function - aspects of epistemology and pedagogy",Dubinsky & Harel (Ed.), M.A.A. Notes, v.25, p.85-106

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    Fossa, J. A., Fossa, M. da G. Funes, equaes e regras. Ensaios sobre aeducao Matemtica. Belm, PA EDUEPA, 2000.

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    Journal of Online Mathematics and its Applications (JOMA): http://www.joma.orgacesso em 10 de novembro de 2012.

    Meira, L. L. Aprendizagem e ensino de funo. In: Estudos em Psicologia daEducao Matemtica. Recife: Editora da UFPE, 1993.

    Vygotsky. L.S.A formao social da mente. Martins Fontes. So Paulo. 2007.