sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC
CURSO: LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
LEIDIANE BASTOS SENNA
SÍTIOS VIRTUAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER: O TERRITÓRIO 18 EM TELA
Alagoinhas 2009
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LEIDIANE BASTOS SENNA
SÍTIOS VIRTUAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER:
O TERRITÓRIO 18 EM TELA
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Campus II, Alagoinhas, como requisito parcial para obtenção de grau de licenciada em Educação Física, sob orientação do Prof. Dr. Augusto César Rios Leiro.
Alagoinhas 2009
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Aos meus pais e a minha irmã que sempre estiveram
presentes na minha jornada, com dedicação e incentivo.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, que sempre esteve ao meu lado, dando força e ajudando a superar os momentos mais difíceis.
A meus pais por estarem sempre presente, me incentivando e torcendo por mim. A minha irmã que sempre me apoiou, se mostrou presente, com sua amizade, carinho e com palavras de incentivo. A todos os meus professores que dispuseram do seu conhecimento e possibilitaram o meu aprendizado. A Larissa, uma amiga que ganhei na universidade, que sempre esteve ao meu lado nessa trajetória tão importante. Obrigada pela dedicação, pelos aprendizados, pela ajuda em que, contribuiu para o nosso crescimento acadêmico. Obrigada pela amizade sincera, pelo carinho e por todos os momentos maravilhosos que vivenciamos juntas. A meu orientador, Augusto Cesar Rios Leiro, por ter acreditado em mim, obrigada pela confiança no meu trabalho. Ao professor, Luiz Rocha, que sempre se mostrou disponível para contribuir com minha formação, obrigada pelo carinho, incentivo, pela confiança, pelas preocupações. As minhas amigas Anne, Elizabete e Suelen pela presença, pelas palavras de apoio, pelos aprendizados e por se fazerem presentes na minha formação. A todos os meus colegas de sala que, de alguma forma, possibilitaram o meu desenvolvimento acadêmico. A todos que de alguma forma contribuíram na execução e na conclusão deste projeto, meus sinceros agradecimentos.
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RESUMO
A presente pesquisa surgiu das reflexões desenvolvidas no Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física Esporte e Lazer (GEPEFEL) da UNEB/Alagoinhas e se potencializou com a minha participação como pesquisadora iniciante e bolsista no projeto intitulado Ordenamento Legal e Políticas Públicas de Esporte e Lazer. Teve como objetivo analisar os sítios virtuais dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte como meio de divulgação oficial dinâmico das políticas Públicas de Esporte e Lazer. Baseia-se no princípio de que todo cidadão tem direto constitucional a informação dos serviços públicos. Esse estudo envolveu os 22 municípios que compõe o território 18 do estado da Bahia. O caminho metodológico percorrido levantou informações nos sítios virtuais oficias das prefeituras envolvidas no estudo e aplicou questionário com os gestores municipais de esporte e lazer. A análise de dados se deu a partir da análise documental das informações divulgadas nos sítios e análise de conteúdos dos questionários. Ficou evidente na investigação que em muitas cidades estudadas ainda não existe sítio virtual como política de divulgação das ações, projetos e programas de gestão e que parte significativa dos gestores há um entendimento limitado e desvinculado da realidade local sobre esporte e lazer como direito do cidadão e dever do poder público.
Palavras chave: Sítios virtuais, Políticas Públicas, Esporte, Lazer.
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ABSTRACT
The present research emerged from the reflections developed in the Group of Study and Research in Physical Education Sport and Leisure (GEPEFEL) of UNEB / Alagoinhas and potentiated with my participation as a newcomer researcher and scholarship holder on the project titled Legal Planning and Public Policy Sports and Recreation. Aimed to analyze the sites of virtual cities Territory Agreste Alagoinhas / North Coast as a means of publicizing official dynamic of Policy Public Sports and Recreation. It is based on the principle that every citizen has a constitutional right to information of public services. This study involved the 22 counties that comprise the territory 18 of the state of Bahia. The methodological path traveled up to research information at the websites virtual officers of municipalities involved in the study and questionnaire applied to the municipal managers the sports and recreation. The analysis of data was from the documentary analysis of information disclosed on the sites and content analysis of the questionnaires. Was evident in research that in many cities studied there not virtual site as policy the dissemination of actions, projects and management programs and of the part the significant of managers there are a limited understanding and divorced from reality on local sport and leisure as a citizen's right and duty of the government.
Key Words: Sites virtual, Policy Public, Sports, Recreation.
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FIGURAS
Figura 1 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Acajutiba 43
Figura 2 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Alagoinhas 45
Figura 3 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Esplanada 46
Figura 4 - Sítio Virtual Da Prefeitura Municipal De Mata De São João 48
Figura 5 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Olindina 49
Figura 6 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Ouriçangas 50
Figura 7 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Pojuca 52
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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS
CBCE Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte
CLT Consolidação das Leis de Trabalho
CONBRACE Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte
CONICE Congresso Internacional de Ciências do Esporte
GEPEFEL Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física Esporte e Lazer
ME Ministério do Esporte
SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
SECEL Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer
SNEL Sistema Nacional de Esporte e Lazer
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
UNEB Universidade do Estado da Bahia
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 09
2 REFLEXÔES TEÒRICAS E DIREITO SOCIAL 12
2.1 INTERNET: REFERENCIAL TEORICO E OFICIAL DE INFORMAÇÃO
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2.2 ESPORTE, LAZER COMO UM DIREITO DE TODOS 19
2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER 31
3 A REDE COMO DESAFIO METODOLOGICO 40
4 ENTRE CLICKS E PALAVRAS 42
4.1 NAVEGANDO PELA REDE 42
4.2 ENTRE GESTORES: ATOS E DISCURSOS 52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SÍTIO VIRTUAL
UNIVERSITÀRIO
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REFERÊNCIA
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
APÊNDICE B – TABELA DE CATEGORIAS
ANEXO A - CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - Título VIII, Capitulo III, Seção III
ANEXO B - LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE MATA DE SÃO JOÃO/BA – Capítulo II
ANEXO C - LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/ BA – Seção VII, Capítulo VI
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1 INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como tema a análise dos sítios virtuais como
documento dinâmico de divulgação oficial das Políticas Públicas de Esporte e Lazer
dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/ Litoral Norte1. O interesse pelo
tema surge, a partir da participação no Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação
Física Esporte e Lazer (GEPEFEL) da UNEB Campus II, e se potencializa com a minha
participação como pesquisadora iniciante no projeto intitulado Ordenamento Legal e
Políticas Públicas de Esporte e Lazer.
Nessa trajetória de pesquisa vivenciamos importantes etapas de formação. Os
estudos temáticos, investigação direta e a participação em eventos científicos locais,
regionais, nacional e internacional. Nessa caminhada, fui fortalecendo minha condição
de pesquisadora, sistematizando minha produção e os trabalhos começaram a ser
aprovados. Nessa rica jornada tivemos a oportunidade de apresentar comunicações e
pôsteres nos seguintes eventos: XV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte/II
Congresso Internacional de Ciências do Esporte – CONBRACE/CONICE, sob o título
―Ordenamento Legal e Políticas Públicas de Esporte e Lazer: o abismo entre gestão
citadina e participação popular‖; na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência - SBPC, com título ―Política e administração pública de esporte e
lazer em Alagoinhas e municípios circunvizinhos‖, XII Jornada de Iniciação Científica,
―Políticas Públicas de Esporte e Lazer em rede‖; Jornada Pedagógica – CBCE/Semana
de Educação Física da UEFS/BA, ―Análise dos repasses e recursos do Ministério do
Esporte para os municípios da Bahia: Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte em
discussão‖ e ―Lazer e Meio Ambiente: um olhar sobre a relação dos cidadãos de
Alagoinhas nos parques e áreas verdes‖.
1 A Secretaria de Cultural do Estado da Bahia desenvolve um projeto de Territórios Culturais, em que cada Território é demarcado a partir das características sócio-econômicas, políticas, culturais e geo-ambientais, resultante do agrupamento de municípios e associado ao sentimento de pertencimento da população. Tendo num total de 26 territórios e tem como objetivo contribuir para a promoção do desenvolvimento sociocultural de cada territórios baiano. Estando Alagoinhas inserido no Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte (Território 18), que é composto por 22 municípios, sendo eles Acajutiba, Alagoinhas, Aporá, Araçás, Aramari, Cardeal da Silva, Catu, Conde, Crisopolis, Entre Rios, Esplanada, Inhambupe, Itanagra, Itapicuru, Jandaíra, Mata de São João, Ouriçangas, Pedrão, Pojuca, Rio Real e Sátira Dias (TERRITÓRIOS CULTURAIS).
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Assim, as políticas públicas vêm sendo uma temática muita discutida entre os
pesquisadores, porém no cenário federal, não se priorizava essas políticas no âmbito
do esporte e lazer, mesmo sendo um direito constitucional. Dessa forma, se percebe
uma carência que estas temáticas têm em relação à definição de suas políticas
públicas. Com a intensificação dessa discussão, durante o Governo Lula, essa
realidade começa a mudar, por conta, da criação do Ministério do Esporte (ME) que
tem como finalidade assegurar o direito de acesso ao esporte e ao lazer, como um
instrumento de emancipação humana.
Apesar de instituir políticas mais afirmativas que assegurem esse direito, ainda
fazem-se necessárias ações efetivas, participavas e de interesse da população, por
parte dos gestores municipais. Até porque, este vem assumindo um caráter utilitarista,
onde o esporte e o lazer são utilizados como meio ou atividade complementar para
outras políticas.
Os meios de comunicação impulsionados pela ampliação e simultaneidade da
informação começam a despertar no cidadão o interesse pelos seus direitos. Nesse
processo, as políticas públicas de esporte e lazer veem ganhando mais
visibilidade social e interesse nas pesquisas acadêmicas, programas e ações federais,
estaduais e municipais nessa área.
Com a modernização dos sistemas de informações, a internet, transforma a
cultura da comunicação e a vida da sociedade e dessa forma, junto as Políticas
Públicas, ela torna espaço para discussões, de intervenções, ajudando a
descentralizar, democratizar e otimizar os serviços públicos, tornado-se uma ferramenta
muito importante para que os indivíduos possam acompanhar as ações de seus
gestores e assim poder estar participando da construção e avaliação das políticas
públicas universais.
Baseado no princípio de que todo cidadão tem direto a informação, mas isto não
tem sido assegurado aos mesmos de forma satisfatória, se faz necessário à difusão
das informações acumuladas nos serviços públicos. Nesse sentido, questiono: os sítios
virtuais oficiais são utilizados como documento (oficial) de divulgação das Políticas
Públicas de Esporte e Lazer dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/ Litoral
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Norte?
A pesquisa parte do pressuposto de que os municípios que compõem esse
território não utilizam os sítios como documento dinâmico de divulgação das políticas
públicas de esporte e lazer, não assegurando o direito à informação aos cidadãos.
Assim, a utilização do ciberespaço, como um ambiente de socialização de informações,
ajuda a dinamizar a reconstituição de laço social, como uma nova possibilidade de
interação da comunidade com os setores públicos.
O foco da pesquisa está na análise dos sítios virtuais dos municípios do
Território em questão, como meio de divulgação oficial das Políticas Públicas de
Esporte e Lazer. Para isso, será necessário mapear e analisar as informações
disponíveis nos sítios; identificar e discutir as políticas públicas municipais de lazer e
esporte; e desenvolver um sítio virtual para divulgar as informações acerca da
legislação e das políticas de esporte e lazer da região.
No capítulo seguinte, Reflexões teóricas e direito social, inicialmente será feito
uma análise dos processos de modernização dos meios de comunicação em massa
até o surgimento das tecnologias de informação contemporânea e sua importância na
divulgação de suas políticas públicas, como a participação cidadã. Após, faremos um
breve histórico do lazer e seus variados entendimentos baseados em diversos autores
e trago também as ocorrências históricas do esporte na sociedade. E no terceiro
momento discutirei a respeito das políticas públicas e a inclusão do esporte e lazer
como direito social e as suas repercussões atuais. No terceiro capítulo, a Rede como
desafio metodológico, trago o caminho percorrido para a concretização dessa pesquisa.
No quarto capítulo, Entre clicks e palavras, apresento e analiso os dados encontrados
tanto nos sítios virtuais, quanto no questionário dos gestores. Para finalizar, trago
minhas considerações finais e a proposta do sítio virtual universitário como referência.
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2. REFLEXÕES TEÓRICAS E DIREITO SOCIAL
O esporte e lazer veem sendo uma temática bastante discutida atualmente,
―como problema social e como objeto de reivindicação, ligada à qualidade de vida nas
cidades‖ (MARCELINO, 1996). Junto ao desenvolvimento de novas tecnologias de
comunicação, possibilita uma maior conhecimento por parte das ações e programas
que são implementados nas cidades, tornando um meio de contato direito com os
gestores, como também uma maior participação da comunidade na definição de suas
prioridades. Assim, nesse capítulo, discutirei sobre a internet como uma referência
oficial na divulgação das políticas públicas, como essas políticas são estabelecidas nos
municípios, tendo como eixo o esporte lazer, visto que estes se constituem como um
direito social.
2.1 INTERNET: REFERENCIAL TEORICO E OFICIAL DE INFORMAÇÃO
Com os progressos dos meios de comunicação a partir do desenvolvimento dos
conhecimentos científicos e técnicos, fazem com que novos meios de vinculação das
formas simbólicas sejam produzidos na sociedade, com o intuito de circulação de
informação, entretenimento e publicidade.
Não se sabe ao certo como os primitivos começaram a se comunicarem, mas a
partir de uma associação do som a um determinado objeto, ou ação, se criam os
signos e a significação. Assim para Diaz Bordenave (2003, p. 24), ―a atribuição de
significados a determinados signos é precisamente a base da comunicação em geral e
da linguagem em particular‖.
A linguagem oral é a primeira forma de comunicação humana, porém tem
algumas limitações como à falta de permanência e a falta de alcance. Pela
necessidade de estabelecer signos aos objetos, o homem, começou a utilizar os
desenhos e logo depois linguagem escrita.
A comunicação serve para as pessoas relacionarem entre si, transformando-se
mutuamente e a realidade que os rodeia. Para Diaz Bordenave (2003) os elementos
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básicos para haver comunicação são a realidade onde se realiza, os interlocutores que
dela participam, as mensagens que são compartilhadas, os signos que utilizam para
representá-los e os meios como modo de transmissão.
Sendo as formas simbólicas expressões, ações significativas, elas têm como
finalidade entender os outros e a si mesmo, a partir das mensagens que produzem e
recebem. Thompson (1995) compreende as formas simbólicas baseado em um
conceito de cultura. Para isso, o autor desenvolveu uma concepção estrutural de
cultura, onde os fenômenos culturais podem ser entendidos como formas simbólicas
em contextos estruturados e a analise cultural atenta para a constituição significativa e
contextualizada das formas simbólicas.
Pautada nessa concepção, é que se pode entender melhor a urgência no
processo de desenvolvimento da comunicação de massa, sendo que esta se interessa
pela produção e transformação das formas simbólicas e as tecnologias de indústria da
mídia, modificam a maneira em que as formas simbólicas são produzidas, transmitidas
e como circulam na sociedade.
Thompson (1995) conceitua cultura como ―forma simbólica que tem relação a
contextos e processos historicamente específicos e socialmente estruturados dentre os
quais, e por meio dos quais, essas formas simbólicas são produzidas, transmitidas e
recebidas (p. 181)‖. Assim, a interpretação dos significados das formas simbólicas se
faz através de contextos estruturados.
O processo de valorização dos processos simbólicos aconteceu a partir de uma
valorização simbólica, que se dá com a interpretação do sujeito; ou a econômica,
voltada para o processo de mercadorização. Essa segunda vertente, esta direcionada
para o processo de desenvolvimento e expansão dos meios de comunicação. Se
percebendo assim, que os meios de comunicação estão ligados a um projeto histórico
capitalista e tem um papel importante na formação de um senso comum, como forma
de reprodução simbólica da vida social.
A partir dessa valorização econômica das formas simbólicas, que ocorre o
desenvolvimento das instituições de comunicação de massa, caracterizando as
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sociedades como modernas, conhecida por Thompson (1995) como ―processo de
midiação da cultura‖ (p. 212). Esse desenvolvimento ainda continua acontecendo.
Os meios de comunicação geram transformação na interação entre os seres
humanos no que diz respeito a trocas de formas simbólicas entre produtores e
receptores, já que, antes da invenção da escrita, as transmissões culturais davam-se
através de contextos de co-presença. A linguagem escrita surge no século IV antes de
Cristo e anterior a elaboração do alfabeto, a comunicação se dava por pictografias, em
que os signos representavam uma direta relação da imagem gráfica e o objeto
representado. Depois se desenvolveu a ideografia, que se utilizava dos signos para
representar as idéias. A fonografia onde os signos eram representados pelo som.
Porém com o nascimento das letras, e consequentemente, do alfabeto, a linguagem
escrita veio a facilitar a vida das pessoas, pois já não era preciso combinar os sons ou
conhecer a equivalência dos signos gráficos com as idéias e objetos determinados
(DIAZ BORDENAVE, 2003).
Ainda para o mesmo autor, o surgimento da escrita estava atrelado à
necessidade de gravar informações provenientes das atividades de comercio, depois,
foi também usada para gravar idéias religiosas, científicas, jurídicas e literárias.
Primeiramente, as formas de escritas eram feitas em pequenos pedaços de argila, pela
dificuldade de ser transportada, começam a aparecer um novo meio técnico que
facilitou as atividades de administração e comércio, que foi o papiro e pergaminho,
onde era possível uma escrita mais rápida.
O papiro e o pergaminho só foram substituídos a partir do desenvolvimento da
técnica de produção de papel pelos chineses, em seguida, inventou as técnicas de
impressão. Assim, começou a mudar a forma de comunicação presencial e permitiu a
produção de textos em grandes quantidades e sua exploração comercial, com a
reprodução de textos religiosos, literários e depois com os livros. Thompson (1995, p.
231) afirma que ―esse fato se constituiu no alvorecer da era da comunicação de massa.
Coincidiu com o desenvolvimento das primeiras formas de produção capitalista‖.
As técnicas de impressão geraram mudanças, por conta dos numerosos folhetos
de informações de acontecimentos da sociedade, como assuntos oficiais, políticos e
comerciais. Algumas cidades-estado, a veiculação desses folhetos foi reprimida por
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conter informações tidas como subversivas e perigosas. Porém, essa técnica foi
utilizada para o exercício do poder, já que publicavam matérias que justificassem uma
dada hegemonia.
As indústrias de jornais começaram a se desenvolver nos século XIX e XX. Para
Thompson (1995) isso foi possível por conta do crescimento e consolidação da
circulação massiva de jornais e pela internacionalização da coleta de notícias.
Para o mesmo autor, o crescimento da circulação dos jornais aconteceu pelas
inovações técnicas, como da prensa a vapor, que possibilitou um aumento na
capacidade produtiva e como consequência uma adaptação de suas indústrias gerando
mais circulação, venda e renda. Houve também mudanças em seus conteúdos, sendo
que no início era voltado para determinado grupos sociais, os jornais passaram por
uma modificação em seu estilo para poder atender um público leitor mais numeroso.
Os anúncios de publicidade ganharam espaços nos jornais, sendo um importante meio
para as indústrias e lojas divulgarem seus produtos e serviços atingindo inúmeras
pessoas.
A internacionalização de coletas de informação se deu com a criação das
agências de notícias, que eram responsáveis por recolher informações internacionais
para clientes dos jornais. Com o desenvolvimento do telégrafo se intensificou o acesso
a informações, conseguindo, veicular informação políticas e econômicas dos principais
países (THOMPSON, 1995).
Assim, o jornal representou um avanço importante na mídia moderna, por reunir
variados tipos de informações em um formato limitado e de fácil reprodução, como
também pela maneira de transmitir informações com rapidez e abrangência a um
público de massa.
Com a possibilidade de transmissão de sinas por ondas eletromagnéticas, novos
meios de comunicação sem fio desenvolveram rapidamente. A esse respeito, vale
apena fazer um breve recorte histórico. No primeiro momento, essa comunicação era
usada para fins militares e se devolveu nos anos seguintes. O rádio surgiu nos EUA em
1920, tinha como fonte de lucro a venda de aparelhos transmissores e receptores e
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pela locação de programas para redes de estação. Depois, o rádio ganhou o gosto
popular, como um dos principais meio de transmissão de formas simbólicas.
O rádio começou a perder seu espaço a partir de 1940, com a chegada da
televisão. As suas primeiras audiências eram relativamente baixas, mas ganhou
espaço rapidamente na sociedade. Tanto que, em pouco tempo a televisão se tornou
um dos importantes meios de transmissão cultural. Como conseqüência da sua
expansão, Thompson (1995) traz alguns pontos como interferência no desenvolvimento
em outra indústria da mídia, como o cinema; afetou também outras indústrias da mídia
em termos de competição pelo lucro na publicidade, pois antes do crescimento da
televisão os lucros da publicidade eram absorvidos pelos jornais. Assim a televisão
atualmente é o principal veículo de divulgação de informação, que com as novas
tecnologias, pode transmitir as mesmas informações para o todo o mundo em
instantes.
Com o desenvolvimento das tecnologias de informação contemporânea,
causando impacto na sociedade, por transformar a maneira com que, as mensagens
são transmitidas e recebidas. O primeiro impacto acontece com a possibilidade de
gravar imagens, som, como os programas, e assistir matérias gravadas, isso por conta
dos vídeos cassetes e depois com os CD e DVD; com desenvolvimento de cabos para
transmissão de programas para a televisão, com canais fechados; depois com a
possibilidade de transmissão via satélite, o que permitiu aos receptores sintonizar
diretamente sinais transmitidos via satélite; e, os avanços no sistema de transmissão
de satélite e cabo, permitindo o desenvolvimento uma nova modalidade de transmissão
cultural, possibilitando a codificação de informação e comunicação num formato digital,
como a invenção dos computadores e logo depois com surgimento da internet.
Desenvolvimentos recentes nas telecomunicações e nos computadores criaram novas possibilidades para a transmissão, armazenamento e acesso à informação, desenvolvimentos que estão transformando as indústrias da mídia e integrando-as sempre mais num conjunto mais amplo de indústrias relacionadas a difusão e ao controle da informação
e comunicação (THOMPSON, 1995, p. 254).
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Nesse sentido, as tecnologias de informação contemporâneas se expandem na
sociedade, sendo a internet uma delas, que se configura como um meio organizativo
que permite o desenvolvimento de uma serie de novas formas de relações sociais.
Isso também aconteceu, por possibilitar uma conexão que ultrapassa os limites físicos
do cotidiano fazendo como que se criem laços de afinidade.
A internet desenvolveu-se a partir da interação entre ciência, pesquisa
universitária, programas de pesquisa militar no EUA e a contracultura radical libertária.
Ela nasce a partir de programa de pesquisa militar, porém nunca teve aplicação nessa
área, havendo apenas o financiamento militar em estudos da área de informática e que
se agregou a cultura de movimentos libertários buscando um instrumento de liberação
e de autonomia do Estado e das grandes empresas. Esse projeto nunca teve a
intenção de ser lucrativo, mas de se tornar um meio de comunicação livre. (CASTELLS,
2003)
As tecnologias digitais surgiram com uma infra estrutura de ciberespaço, definida
por Levy (1999, p.17) como, ―novo meio de comunicação que surge da interconexão
mundial de computadores‖, espaço de sociabilidade, de transações, de novo mercado
informatizado e de conhecimento. A internet nos permite uma nova forma de
comunicação totalmente diferente das formas clássicas atuais, como também, a
abertura de um novo veículo de comunicação, cabendo-se a nós explorar suas
potencialidades da melhor maneira.
Considerando o ―dilúvio‖ de informações, causada pelo desenvolvimento das
telecomunicações Levy (1999) afirma que a partir do fenômeno da cibercultura, a
internet transforma a cultura da comunicação e a vida da sociedade e assegura ainda
que
As telecomunicações geram esse novo dilúvio por conta da natureza exponencial, explosiva e caótica de seu crescimento. A quantidade bruta de dados disponíveis se multiplica e se acelera. A densidade dos links entre as informações aumentam vigorosamente nos bancos de dados, nos hipertextos e nas redes (LEVY, 1999, p. 13).
A cibercultura é considera como um novo universal, isso por ser diferente das
formas culturais já existentes e que se constrói a indeterminação de um sentido global
18
qualquer (Levy, 1999). Este se diferencia das formas de comunicação oral, pois a
recepção e a produção de mensagens aconteciam no mesmo contexto. Com o
surgimento da escrita essa forma de recepção e produção das formas simbólicas se
amplia, porém geram problemas com a sua recepção e interpretação. Com a
―universalização‖ das mensagens é possível preservar o mesmo sentido de recepção,
como afirma Levy (1999, p. 15) ―a cibercultura eleva a co-presença das mensagens de
volta a seu contexto como ocorria nas sociedades orais‖.
Assim, com a virtualização dos textos e a criação das redes de computadores, o
acesso a diversas informações tornava-se mais fácil, por meio da matriz digital fazendo
com que penetremos num novo universo de criação e leitura de signos. Dessa forma, é
possível trocar arquivos, discutir resultados de pesquisas, acessar informações
disponíveis em banco de dados mundiais, entre outros, o que torna uma ferramenta de
constante interação.
[...]enfim, o suporte digital permite novos tipos de leitura (e de escrita) coletivas. Um continuum variado se estende assim entre a leitura individual de um texto preciso e a navegação em vastas redes digitais no interior das quais um grande número de pessoas anota, aumenta, concentra os textos uns aos outros por meio de ligações hipertextuais. (LEVY, 1996, p.43)
Dessa forma, sabendo da sua vital importância, e junto as Políticas Públicas, ela
torna espaço para discussões, de intervenções, ajudando a descentralizar,
democratizar e otimizar os serviços públicos.
Deste modo, apoiando-se nas potencialidades do ciberespaço encoraja as
dinâmicas de reconstituição de laço social, desburocratizando as administrações,
trazendo em tempo real os recursos e equipamentos da cidade, experimentando novas
práticas democráticas (LEVY, 1999). O mesmo autor afirma ainda que, para que se
torne um espaço de verdadeira democracia é preciso considerar o ciberespaço como
uma possibilidade de comunicação interativa e coletiva, utilizando-o como meio de
expressão e elaboração dos problemas da cidade pelos próprios cidadãos,
autorganização das comunidades locais, participação na deliberação de grupos
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diretamente afetados pelas decisões, transparência das políticas públicas e sua
avaliação pelos cidadãos.
Nesse sentido, a relação entre o ciberespaço e a cidade se torna mais urgente
por ―favorecer uma aproximação social das novas tecnologias de comunicação e
informação e fortalecer a democracia contemporânea com experiência de governo
eletrônico e cibercidadania‖ (LEMOS, 2007 p. 11).
Para o Brasil, o primeiro desafio é a implementação de políticas públicas de
inclusão digital, para que a sociedade civil seja inserida no mundo digital sabendo que
o acesso à informação é fundamental para a construção do conhecimento, para a
participação em sociedade e para a ampliação de oportunidades de trabalho. E dessa
forma, com maior facilidade de navegar pela rede e como de receber informações e
emitir opiniões, o cidadão participa do exercício de democracia com mais intensidade,
tornando se sujeito ativo na construção da sua sociedade.
As novas tecnologias de comunicação junto com a inclusão digital contribuem de
forma significativa para transparência das ações do poder público como para fortalecer
a cidadania. Pensando nisso o Brasil, desenvolve um projeto de ―Governo Eletrônico‖
que a partir de Lemos e Rocha (2007) tem como principais benefícios o fortalecimento
do processo de democratização dos governos; melhoria na prestação de serviços e
consulta dos cidadãos; maior transparência da administração pública; e maior eficiência
da administração pública e dos gastos públicos. Tornando a internet um meio de
comunicação direta com o cidadão e deixando a par de todas as ações do governo,
aproximando-o das atividades públicas.
Nesse sentido, a internet contribui junto ao poder municipal, para divulgação de
informações a respeito do esporte e lazer, possibilitando uma aproximação do cidadão
com as ações que são desenvolvidas em sua comunidade.
2.2 ESPORTE, LAZER COMO UM DIREITO DE TODOS
O esporte e lazer são fenômenos culturais em que se relacionam, guardando
proximidades políticas, contudo com definições conceituais diferentes. O Esporte gera
variadas dinâmicas sociais e diversas formas de sociabilidade. Ganhou o mundo,
20
estando inserido em suas diferentes maneiras na sociedade, como no alto rendimento,
o esporte competitivo, espetacularização, ligado a mídia, e ao lazer voltado para o
divertimento e prazer. O lazer é considerado um direito social, oriundo das conquistas
dos trabalhadores por um tempo legalmente regulamentado e também uma
possibilidade de produção de cultura, que a partir de vivências lúdicas mobiliza o
desejo e os sentimentos de liberdade, autonomia, criatividade e prazer, que são
construídos coletivamente (WERNECK, 2000).
Sobre sua origem do esporte, existem duas hipóteses, a partir de Thomas (1991
apud Stigger, 2005), uma que tem a idéia de ―continuidade‖, outra com a idéia de
―ruptura‖. A primeira aponta para a existência do esporte desde civilizações antigas,
como o esporte-grego, romano, entre outros. Acredita-se que o esporte já existia no
mundo desde os tempos da civilização, justifica pela similaridade dos movimentos, pela
estrutura que esta atividade era realizada, como também pela presença do vocábulo,
acreditando assim na existência de antecedentes do esporte moderno.
A continuidade do vocábulo ou a semelhança dos gestores, efetivamente, não devem confundir: entre o esporte moderno e os jogos tradicionais, as diferenças não são mais fortes que as continuidades. A uma concepção universalista que reconhece a existência de ―esporte‖ em todas as culturas, antigas ou contemporâneas, européias ou exóticas, se opõe a constatação de uma descontinuidade que define o esporte a partir das características que o distinguem de outras formas de lazer e de afrontamento, sejam anteriores, sejam concorrentes. (CHARTIER, 1994, p. 13 apud STIGGER, 2005, p.18)
A segunda afirmação acredita que o esporte moderno tem origem na Inglaterra,
no século XVIII, após a Revolução Industrial, sendo uma fase marcada por
transformação na sociedade, como o processo de industrialização, desenvolvimento
tecnológico e com as novas organizações. Com uma nova visão de sociedade,
possibilitou novas condições de vida, novos valores baseado na expansão econômica,
alguns princípios da sociedade capitalista industrial foram incorporados no esporte, e
assim este elemento da cultura corporal surge com um ―caráter competitivo‖ como
afirma Bracht (1997). Como os jogos populares não se enquadravam no novo modelo
de sociedade, entram em declínio.
Sendo a Inglaterra nesse momento, uma referencia mundial, o esporte se
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expandiu na busca pela qualificação, especialização e recorde, considerando assim o
esporte praticado por outras civilizações como uma forma de lazer e o esporte
propriamente dito surge na cidade inglesa, onde se tem uma universalização de suas
regras.
Contudo, é dentro das escolas públicas que essa transformação acontece
Parece indiscutível que a passagem do jogo ao esporte [...] tenha se realizado nas grandes escolas reservadas às ―elites‖ da sociedade burguesa, nas public schools inglesa onde os filhos das famílias da aristocracia ou de grande burguesia retomaram alguns jogos populares, isto é, vulgares, impondo-lhes uma mudança de significado e de função muito parecida àquela que o campo da música erudita impôs às danças populares [...] para fazê-las assumir formas eruditas como a suíte (BOURDIEU, 1983, p. 139 apud STIGGER, 2005, p. 32)
Como os jogos populares eram repreendidos pelo poder público, porém ele se
desenvolve nas escolas públicas por não ser percebido como uma ameaça a ordem
pública. O esporte aparece a partir da efetivação de um sistema educacional nacional
rígido, já que essas escolas eram tidas como um lugar de desordem visto também nos
jogos populares, onde se tinha o objetivo de controle da violência e a utilização dos
jogos, como instrumento disciplinador. Assim ―na busca pela disciplina resultaram as
primeiras regras escritas (1840), o que permitiu o encontro entre diferentes escolas‖
(Stigger, 2005, p.34).
A institucionalização das atividades esportivas se inicia, quando um corpo de
dirigente se reúne com órgãos específicos e define regras universais, o que possibilita
trocas esportivas primeiramente nas escolas e regiões e depois se expandem. Logo
depois, como os ex alunos dos colégios públicos, em que pelas mudanças de
comportamento e pela necessidade de se estabelecer novas relações sociais, criam
clubes e ligas esportivas na Inglaterra.
Com as transformações na sociedade por conta dos avanços tecnológicos, onde
se exigia novas formas de coesão social e reestruturação das relações sociais, foram
criados novos hábitos e a necessidade de estabelecer grupos mais específicos. Para o
estabelecimento desses grupos sociais, foram criados varias estratégias como o
acesso a educação e ao esporte amador, em que, quem tivesse acesso a esses
22
―benefícios‖ eram considerados a elite da sociedade. Isso se intensificou com a criação
dos clubes, onde o público em que freqüentava era selecionado.
A democratização do esporte teve início com a democratização funcional que
para Stigger (2005) é entendido como uma transformação para o aumento equilibrado
do poder entre grupos e facções sociais e pela crise entre o esporte amador (o
praticado pela elite) e o profissionalismo (o esporte praticado pelas classes populares).
Se a democratização funcional levou a classe média inglesa a investir na prática do esporte e do associativismo esportivo, vendo-os como possibilidade de identificação enquanto classe social, para as classes populares o acesso a essa mesma prática representou ―‗apropriação‘ do processo de civilização por parte dos grupos sociais situados de forma subordinada no espaço social‖(LOPES, 1995, p. 154 apud STIGGER, 2005, p.40).
Com a apropriação do esporte pelas classes populares, essa prática acaba
sofrendo modificações significativas, baseada na sociedade industrial, a prática torna-
se institucionalizada, com a existência de regras comuns, o que possibilitou interações
esportivas, perdendo assim seu caráter de divertimento, passando a ter certa
seriedade.
Sobre o conflito entre amadores e profissionais, por exemplo, no futebol, foi
resolvido com a unificação a favor do profissionalismo o que permitiu que essa prática
se democratizasse, tornando uma possibilidade para as classes populares de ascensão
social (SITIGGER, 2005).
O esporte difundiu entre a classe operária, sendo praticada em seu tempo livre,
e estimulada pelos patrões por interesses políticos - ideológicos. Atrelado a essa
intensa aceitação do esporte na sociedade, começou a surgir os mercados esportivos,
interessados em conquistar o público consumidor na venda de variados produtos como
revista, jornais, materiais esportivos de modo geral, como, a sua vinculação na
televisão sendo um meio de acesso de inúmeras pessoas.
Dessa forma, o esporte moderno é marcado pela sua secularização e
racionalização que segundo Helal (1990) essas são as principais características que o
diferencia o esporte das outras épocas. A idéia de secularização esta pautada numa
prática secular, em que esta desvinculada do domínio sagrado, pois esta substitui uma
23
representação religiosa, por conta das explicações racionais e científicas.
Para o mesmo autor, a racionalização acontece na medida em que, o raciocínio
científico predomina sobre o pensamento mítico religioso, tendo assim avanços em
pesquisa e na técnica possibilitando um domino no meio físico e social. Essa
racionalização perpassa pela busca da quantificação dos efeitos dos atletas, dando
possibilidade de tabular todo o seu desempenho e com isso melhorá-la, criando assim
o conceito de recorde; a busca pela maior especialização dos papéis, nesse momento
o indivíduo era treinado dentro das suas melhores habilidades, não possibilitando um
desenvolvimento harmonioso de suas habilidades, começando a receber incentivos da
ciência; e, o desenvolvimento de estratégias e técnicas de jogo, caracterizado pela sua
formalização e rigidez.
Contudo, o esporte tem seu lado antagônico, já que, por conta de interesses
lucrativos, pela sua qualificação e espetacularização, perde seu encanto tanto para os
atletas tanto quando para nós torcedores, porém ele em si mesmo, resiste ao mesmo
tempo, por possibilitar momentos fascinante, empolgante, lúdico, com certa dose de
criatividade e ainda é capaz de reunir multidões em seu redor.
No Brasil, o esporte institucionalizado tem início na metade do século XX. O
papel do estado era incentivar políticas militares, como o objetivo de recrutar de jovens
para guerra, nesse momento essa política foi demarcada por um caráter
antidemocrático, com finalidade de formação e de prepara para a guerra.
Assim o esporte condicionou-se ao apelo militar que o contexto político, social e econômico demandava cujo viés institucional se conformava à concepção funcionalista das políticas públicas de Estado para o esporte. O interesse institucional do Estado em preparar homens para o enfrentamento bélico era o fio condutor da política desportiva desta época (LOURINDO, 2007, p. 48-49)
Além disso, a ação do estado voltada para o esporte, também assume um
caráter corporativista, pois estava pautada numa integração nacional, numa educação
cívica, na melhoria da qualidade de vida. Contudo, o estado estava interessado em
lucros em que o esporte poderia oferecer, já que, este tem uma função de reprodução
do capital.
24
Por conta disso o esporte de alto rendimento e o esporte espetáculo são os mais
beneficiados, já que, torna-se um atrativo ao olhares do estado por diversas razões
como apresenta Bracht (1997), por ser uma atividade de fácil compreensão e que se
adéqua as características da comunicação de massa e da indústria de entretenimento;
por ter uma identificação coletiva; uma possibilidade de tirar a atenção aos problemas
sociais e ―criar um mundo dentro do mundo‖ (p.70).
A intervenção do estado no setor esportivo se dá pela idéia do esporte ser um
instrumento de afirmação política no plano internacional e um fator importante para o
bem estar da população, pelo alto custo financeiro de doenças hipocinéticas e afecções
psicológicas. E é a partir desses ideais que a prática esportiva vai ser considerada
como um direito do cidadão e um dever do estado, junto ao lazer (Bracht, 1997).
Contudo, o esporte esteve vinculado ao ideal de institucionalização com a
privatização de seus serviços, enquanto que o Estado estava mais preocupado em
incentivar políticas de caráter funcionalista, seguindo um modelo de legitimação da
hegemonia das potências econômicas e políticas mundiais, reproduzindo valores de
competitividade e superioridade.
Com a criação do ME no Governo Lula, as políticas de esporte ganham força,
não só voltada para o alto rendimento, mas também como uma política social, e que
segundo Helal (1990) encarar o esporte como fato social, é considerá-lo como algo
construído, que existe fora das consequências individuais de cada um, mas que se
impõe como uma força imperativa capaz de penetrar intensamente no cotidiano de
nossas vidas, influenciado os nossos hábitos e cotidianos.
Atualmente, o esporte é considerado com um dos direitos sociais junto ao lazer.
Contudo, o lazer nem sempre teve esse destaque na sociedade. Podendo ser
percebido em um breve levantamento histórico. Na Grécia Antiga, este estava apenas
vinculado a uma pequena parcela da população, os chamados ―homens livre‖2, que não
tinham obrigações servis e utilizavam seu tempo para contemplação e reflexão, porém
2 A sociedade ateniense, no século V antes de Cristo, estava dividida em três grupos entre eles: homens livres, necessariamente gregos, só uma minoria participa do poder político, são os cidadãos, os adultos do sexo masculino, filhos de pais já cidadãos, as esposas e filhos desses cidadãos pertencem ao corpo cívico, mas não ao corpo político da cidade; os metecos, estrangeiros que viviam em Atenas; e, os escravos, prisioneiros da guerra e filho de escravos.
25
nesse período histórico não se tinha nenhuma ligação do lazer com o trabalho.
Foi em Roma que o lazer começou a se vincular ao trabalho, já que este povo
não via o trabalho como algo negativo e, como afirma Melo e Alves Junior (2003, p. 4) o
―tempo de não trabalho passou a ser compreendido não como oportunidade de
contemplação, mas de recuperação e preparação do corpo e do espírito para volta ao
trabalho‖. Segundo o mesmo autor, as atividades ligadas à diversão nesse momento
não estavam apenas restritas a elite, porém está e a camada popular, não
compartilhavam das mesmas possibilidades de acesso ao lazer, enquanto a primeira
estava voltada para prática de reflexão, a plebe eram oferecidos atividades de distração
e alienação. Nesse sentido, o lazer era tido como uma atividade qualquer, para entreter
a população, não sendo vista como um espaço de produção cultural 3.
Na Idade Média, o lazer e o trabalho ganharam novos sentidos que estão
diretamente relacionados à presença de Deus, no sentido de se afastar dos prazeres
da vida mundana. O lazer só deveria ser vivenciado e estimulado se buscasse elevar a
alma à Deus. Portanto, como todos os aspectos da vida social, o lazer estava
impregnado de valores morais, e relacionado ao mundo do trabalho, a estruturação da
família e a Igreja como corporação universal, possibilitando, assim, a utilização do lazer
e do trabalho como eficientes mecanismos de controle moral e social (ROCHA; SILVA,
2002).
Com o advento da Revolução Industrial e a mudança no modelo de produção,
a relação do lazer e do trabalho se tornou tensa por conta das investidas dos
empresários em busca do acúmulo de capital e da extensa jornada de trabalho, que
chegava a dezesseis e/ou dezoito horas/dia. Dessa forma, não sobrava tempo para que
os trabalhadores pudessem desfrutar de momentos de descanso e divertimento. Assim,
Marcelino (2002) afirma que o tempo estava condicionado a um sistema mercantil,
justificando-se pela arrecadação financeira na qual se considera que ―tempo é
dinheiro‖, enfatizando a necessidade de compreensão do tempo de lazer que, por sua
vez, se conceitua como tempo conquistado, entendendo que o tempo em que se vive o
3 Remoto a Políticas de Pão e Circo em que, era oferecida a população atividades para distração, com o objetivo de entreter a população carente, o que acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de manifestações.
26
lazer é livre de qualquer obrigação.
No Brasil, foi na década de 1970 que se acirraram as lutas pela
democratização, de modo que os movimentos sociais opuseram-se ao modelo de
produção em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Foi nesse momento,
que a classe operária começou a se organizar e reivindicar seus direitos, que por conta
do alto grau de exploração e de alienação a que eram submetidos, impossibilitavam o
estabelecimento de relações livres no trabalho. Com isso, cresceu a demanda em
torno do lazer como direito social, já que este ―era tido como um dos poucos momentos
de realização e prazer devendo ‗compensar‘ a frustração gerada no seio do processo
produtivo‖ (WERNECK, 2000, p. 50). Marcelino (1996) afirma, ainda, que o lazer como
possibilidade da ‗humanização da vida‘ e como canal privilegiado de democratização do
acesso à cultura, não pode ser mais encarado como atividade de sobremesa ou moda
passageira no dia-dia de uma cidade.
O lazer também era o momento em que os trabalhadores se reuniam e
tomavam consciência de sua situação de opressão e criavam estratégias de luta e
resistência. Percebendo isso, a classe dominante ofereceu as camadas populares
possibilidades controladas de divertimento como espetáculo, cinema, teatro, entre
outros. E, dessa forma, a elite se beneficiava tanto no controle e desarticulação da
população quanto nos lucros advindos dos espetáculos (MELO; ALVES JUNIOR 2003).
Contudo, com a resistência da classe trabalhadora, estes conseguem
lentamente conquistar seus direitos, dentre os quais o direito ao lazer, tendo como
conseqüência a redução da carga horária de trabalho, o repouso mínimo semanal,
feriados, férias, objetivando a diversão e o descanso.
Assim, não é possível pensar o lazer como um fenômeno pacífico, ingênuo ou desassociado de outros momentos da vida. O moderno fenômeno de lazer foi gerado de uma clara tensão entre as classes sociais e da ocorrência contínua e complexa do controle/resistência,
adequação/subversão (MELO; ALVES JUNIOR, 2003, p. 10).
Com os avanços nas pesquisas sobre lazer, percebe-se, ainda, contradições em
torno dessa temática, existindo incoerência com atividades que são pensadas para o
lazer, já que estas devem estar voltadas para as necessidades da comunidade e,
27
também, devem estar em consonância com as condições de vida dos cidadãos e com
a dinâmica social das comunidades. Pensando nisso, Marcelino (2006), concebe dois
conceitos básicos para o entendimento sobre o lazer, o tempo e atitude.
Apesar da conquista do ―tempo livre‖ ou ―tempo disponível‖ para o lazer, ainda
existe barreiras para a prática dessas atividades lúdicas. Primeiro, pelo próprio modelo
vigente onde esse tempo passa ser utilizado para outras atividades remuneradas, a fim
de completar seu orçamento familiar. Além disso, há obstáculos entre classes sociais,
sendo o fator econômico um dos motivos que inibem e dificultam a prática do lazer, já
que existe uma crescente tendência pela privatização de bens e serviços de lazer,
fazendo com que ele se constitua como um privilégio, de modo que o direito ao lazer é
negado a uma grande parte da população. Outra barreira é a falta de equipamentos
públicos de lazer, fazendo com que restrinjam quantitativa e qualitativamente o acesso
à produção cultural (MARCELINO,2006).
Em conjunto com este tempo, partimos para o aspecto da atitude, o qual se
configura como parte imprescindível para o entendimento no âmbito do lazer. O lazer
considerado como atitude é caracterizado pelo tipo de relação verificada entre os
sujeitos e a experiência vivida, basicamente a satisfação provocada pela atividade
(MARCELINO, 2006).
Tendo em mente alguns aspectos básicos para o entendimento sobre o lazer,
trarei alguns autores que discutem essa temática com o intuito de resgatar conceitos
básicos para um melhor entendimento. Para isso, perpasso por conceitos históricos até
as concepções atuais sobre o lazer.
Para iniciar, trago o francês Joffre Dumazedier (2000, p.34) que tem sido
referência para outros autores, ao conceituar
[...]o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
Nesse sentido, o mesmo autor, considera o lazer como prática de atividades
diversas, quando o considera como ―conjunto de ocupações‖. O outro ponto
28
significativo da obra do autor, é que este considera o lazer oposto às atividades
obrigatórias do cotidiano. No entanto, outro ponto de vista a ser observado é que o
trabalho e o lazer fazem parte da mesma dinâmica social havendo uma relação
dialética entre ambas, de modo que, apesar de possuírem características distintas, não
são consideradas opostas, já que nem sempre há barreiras entre o lazer e o trabalho,
como também para as atividades familiares, profissionais e sociais (MELO; ALVES
JUNIOR, 2003).
Para BRAMANTE (1988, p.9) o
―lazer se traduz por uma dimensão privilegiada da expressão humana dentro de um tempo conquistado, materializada através de uma experiência pessoal criativa, de prazer e que não se repete no tempo/espaço, cujo eixo principal é a ludicidade. [...]‖.
Já no olhar de Sussekind (2005), o lazer é o período entre duas jornadas
consecutivas de trabalho e os repousos obrigatórios, isto é, o descanso semanal e as
férias. Em contraposição a idéia de Bramante (1988), ficou evidenciado em Sussekind
(2005), entendendo que todo tempo livre fora do horário de trabalho pode ser
considerado como tempo de lazer, o que vai de encontro também com o pensamento
de Marcellino (2006), quando este afirma que o lazer ligado ao aspecto tempo
considera as atividades desenvolvidas no tempo liberado do trabalho ou no ‗tempo
livre‘, não só das obrigações profissionais, mas também das familiares, sociais e
religiosas.
Trazendo outros conceitos de lazer, Camargo (apud AZEVEDO; SUASSUNA,
2007) afirma que:
Lazer é como qualquer atividade que não seja profissional ou doméstico é um conjunto de atividade gratuitas, prazerosas, voluntárias e liberatórias, centradas em interesses culturais, físicos, manuais, intelectuais, artísticos e associativos, realizados num tempo livre, roubado ou conquistado, e que interferem no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos.
Fica claro um pensamento generalizado de lazer, pois envolve diversas
atividades e destitui apenas as atividades domésticas e as que dizem respeito ao
29
trabalho, incluindo também, os interesses que regem essas atividades. Diferentemente,
Mascarenhas (2001, p.92) diz que ―o lazer se constitui como um fenômeno tipicamente
moderno, resultante das tensões entre capital e trabalho, que se materializa como um
tempo e espaço de vivências lúdicas, lugar de organização das culturas, perpassado
por relações de hegemonia‖.
Para Requixa (1980, p, 35, apud, GOMES, 2004, p. 121-122) o lazer é uma
―ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive e cujos valores
proporcionam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal
e social‖. Para Gomes (2004), o lazer tem outro significado quando considera como
uma dimensão da cultura construída socialmente a partir de vivências lúdicas de
manifestações culturais em um tempo (espaço conquistado pelo sujeito ou grupo
social) estabelecendo relações dialéticas com as necessidades, os deveres e as
obrigações, especialmente com o trabalho produtivo.
Outro autor que tem contribuído para os estudos do lazer nos últimos tempos,
Marcellino (2003, p.31) entende-o como:
Cultura entendida nos seu sentido mais amplo, vivenciada, consumida ou conhecida no tempo disponível que requer determinadas característica como a livre adesão e o prazer, propiciando condições de descanso divertimento e desenvolvimento tanto pessoal quanto social.
Apesar de variados estudos sobre a temática do lazer, ainda este é utilizado
como um instrumento de alienação e de manutenção da ordem social. Concebendo o
lazer numa dimensão educativa, este é capaz de promover crítica ao sistema e
contribuir na superação da ordem do capital. Nesse sentido, Marcelino (2003) nos
chama a atenção para o duplo aspecto do lazer: a educação pelo/para lazer.
Sendo a escola um espaço de socialização, de construção e busca de
conhecimento, ela deve oportunizar aos educandos viver, conviver e trabalhar.
Contudo, não se pode pensar na educação apenas no espaço da escola, mas também
em seu tempo livre. Portanto, para que possamos ter cidadãos críticos e cientes dos
seus direitos, não podemos simplesmente educá-los para o trabalho, mas também para
o lazer.
Assim a educação em espaços formais e não-formais é importante para o
30
desenvolvimento das potencialidades do indivíduo e o lazer em seu aspecto educativo,
um excelente e suave instrumento para impulsionar o indivíduo a desenvolver-se, a
aperfeiçoar-se e expandir os seus interesses, contribuindo para um melhor
entendimento do lazer e assim poder refletir sobre a realidade que os cerca.
Tendo o lazer como veículo de educação, torna-se necessário considerar suas
capacidades para o desenvolvimento pessoal e social, contribuindo também para a
compreensão da realidade. Para Marcelino (apud, MARCASSA, 2004) o lazer e sua
relação com a educação, aposta no engajamento da sociedade em mudanças culturais,
capazes de fazer com que a experiência do lazer se torne mais rica e promotora do ser
humano em si.
Marcelino contribui ainda afirmando que:
Só tem sentido falar em aspectos educativos do lazer, se este for considerado como um dos possíveis canais de atuação no plano cultural, tendo em vista contribuir para uma nova ordem moral e intelectual, favorecedora de mudanças no plano social. (MARCELINO, 2004, p. 63-64)
O lazer como objeto de educação, é entendido como aprendizado para o tempo
livre, abordando aspectos que enfatizem a necessidade de demonstrar a importância
do lazer e o aprendizado como estímulo na diversificação de atividades práticas
(REQUIXA, 1980 apoud MARCELINO, 2004, p.77-78). A educação para o lazer se
mostra como uma possibilidade para que os indivíduos possam vivenciar seu tempo
livre de forma positiva, contribuindo para compreensão da realidade, ampliando seus
conhecimentos sobre o próprio lazer e suas relações com a vida e com a sociedade.
Nesse sentido, Leiro (2006) afirma que a educação para e pelo lazer deve ser
entendida como espaço de aprendizado, de estímulo, de iniciação que possibilita a
passagem de níveis menos elaborados, simples, para níveis mais elaborados,
complexos, com o enriquecimento do espírito crítico, na prática ou na observação da
cultura corporal.
Um fator importante para que o lazer possa ser vivenciado como cultura no seu
sentido mais amplo, e que possa ser um instrumento de educação para/pelo lazer é a
necessidade de elaboração de políticas públicas que deem sentido e significado dentro
31
da sociedade, sendo pensadas ações que coloquem o lazer e o esporte como uma
necessidade específica e não com subsídio para outras necessidades.
Assim, como prevista na Constituição Federal 1988, em que, é dever do
Estado em seu Artigo 217 ―fomentar práticas desportivas formais e não formais, como
direito de cada um‖ (ANEXO A), como também ―O poder público incentivará o lazer,
como forma de promoção social‖.
2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER
No Brasil, as políticas públicas de esporte e lazer que veem sendo
implementadas ainda possui um caráter funcionalista, voltada para divertimento,
descanso e desenvolvimento, não dando a sua devida importância como função social.
Para isso, são necessários profundos debates para que possamos compreender o
esporte e lazer como um direito essencial. Assim, durante o governo Lula, começam a
se pensar em políticas públicas em que coloque o esporte e lazer em lugar de destaque
na sociedade.
Contudo, antes de entrar na discussão das políticas públicas é necessário
entender o real sentido da política, já que esta é entendida como uma forma de poder
que possui variadas conseqüências. Ribeiro (1998), afirma que o poder tem haver com
a política, contudo esta nem sempre é bem entendido, pois o ―poder só pode ser visto,
sentido e avaliado, ao exercer-se‖. Dessa forma, o poder irá ter a capacidade de
influenciar as pessoas e tornando a política ―um jogo de interesse que são
transformados em objetivos e os objetivos são conduzidos à formulação e tomada de
decisões efetivas, decisões que ―vigem‘‖ (Ribeiro, 1998 p. 10).
Para Souza e Maia (2007, p.97), a política pode ser entendida como um
processo pelo qual um grupo de pessoas, cujas opiniões e interesses são a princípio
divergentes, toma decisões coletivas que se tornam regras obrigatórias para o grupo
que executam de comum acordo. Já Bramante (2004) afirma que a política deve ser
entendida a partir de quatro aspectos: que toda tomada de decisão é tida de forma
conflituosa por existir diversas opiniões; a maneira como as decisões são tomadas, se
é por persuasão, negociação ou imposição; toda decisão tomada tem que ser
legitimada; e, a necessidade de impor regras para o cumprimento da política.
32
Para que o exercício do poder e o estabelecimento de políticas possam
acontecer, a autoridade capaz é o Estado. A política é uma ação do Estado, e Políticas
Públicas são uma ação do Estado voltada para a sociedade. Políticas Públicas são
entendidas como respostas do Estado ao surgimento das demandas sociais que vão
surgindo na sociedade e que devem pressupor compromisso e seriedade (SOUZA;
MAIA, 2007).
Sobre as políticas públicas de lazer no Brasil, Pinto (2008) traz algumas
contribuições históricas, pontuando quatro importantes momentos. Na década de 1940,
onde o lazer começou a ganhar espaço nas ações públicas com a Consolidação das
Leis de Trabalho (CLT), onde foram estabelecidos direitos aos trabalhadores como a
intervalos de repouso/alimentação no trabalho; remuneração para repouso semanal,
feriado e férias. Com isso foi possível o ―reconhecimento legal do ‗tempo social‘ que
abriu espaços para experiências que foram sendo ressignificadas como lazer‖ (p. 81).
Outro avanço foi a inclusão do lazer na pauta da Declaração Universal dos Direitos do
Homem, considerado-o como direito de todo indivíduo tratado como um tempo
diferente do tempo de repouso.
Nessa época, as políticas vinculadas ao ―tempo social‖ estavam voltadas para
atividades recreativas com caráter assistencialista e corporativista, nesse momento só
era permitido para trabalhadores assalariados, pois era promovido pela CLT. Dessa
forma, acentuava-se as diferenças no direito ao lazer, tendo essa política apenas o
objetivo de promover o descanso, a distração e a reposição da força de trabalho.
O segundo momento aconteceu nas décadas de 1960 e 1970, quando as
políticas de lazer começaram a se difundir com a ―obrigatoriedade da educação física
escolar como prática de atividades esportivo-recreativas do país‖. Assim, o lazer aliado
à educação física tem como estratégia ―promover a educação corporal pactuada com a
educação para o lazer e orientada pelas necessidades do desenvolvimento capitalista‖
(PINTO, 2008, p. 84).
Somente na década de 1980 que o lazer conquistou o espaço social, quando
uma extensão dos direitos sociais na Constituição de 1988, incluiu o lazer como direito.
Foi nesse momento que o lazer deixou de ser exclusivo para os trabalhadores
assalariados e passou a ser tratado como um conjunto de melhorias da qualidade de
33
vida para todos os cidadãos.
Na década de 1990, com a redefinição do papel do Estado, enfatizou-se os
instrumentos de cidadania, dando uma maior participação cidadã na administração
pública. Essa proposta está vinculada ao novo modelo econômico adotado, o
neoliberalismo, como parte de uma política de descentralização, que minimiza a ação
do Estado dando maior autonomia ao poder local.
Autores como Hamblenton (apud Rodrigues, 2008, p. 175) afirma que a
―descentralização favorece o governo local, não somente como um bom meio para
promover os serviços (públicos) necessários, o que de fato é, mas, sobretudo, porque
ele capacita os cidadãos a participar das decisões que afetam suas vidas e suas
comunidades‖.
Pela Reforma do Estado, era necessário racionalizar recurso (diminuição das políticas sociais existentes) e esvaziar o poder das instituições governamentais (o mercado era mais eficiente). Nesse sentido, nada era considerado mais justo que transferir a responsabilidade pela execução e o financiamento das políticas sociais diretamente para o mercado (privatização da estrutura estatal). No caso de serem mantidos esses setores no âmbito do Estado, deveria ser introduzida a lógica mercantil em seu funcionamento (RODRIGUES, 2008, p. 176).
Assim, com a descentralização das ações do poder público, as gestões
municipais tiveram suas ações bastante ampliadas, tendo como competência a
organização e a prestação de serviços de interesse local, como também a gestão de
políticas sociais. Dessa forma, para garantir o funcionamento dessa nova forma de
gestão das políticas sociais, Meniccuci (2006) traz novas tendências de gestão visando
superar formas consolidadas de intervenção. Essa nova tendência de gerenciar as
ações do poder municipal está voltada para integração da intersetorialidade,
transversalidade e participação popular.
Para o autor, a intersetorialidade é entendida como maneira de abordar os
problemas sociais, enxergando o cidadão em sua totalidade e superando a forma
fragmentada e desarticulada que são utilizadas para a elaboração e implementação de
políticas públicas. Essa proposta traz implicação na organização do trabalho e do
planejamento, já que visa uma atuação sobre populações específicas, possibilitando a
34
identificação de problemas que lhe são próprios como também em uma maior
potencialidade em suas resoluções.
A transversalidade, ainda para Meniccuci (2006) implica na ampliação da
capacidade de atuação em determinados temas e na construção de propostas que
penetrem nas ações de todas as estruturas verticais buscando uma política de
igualdade.
Por último, a participação popular se torna importante para garantir a
legitimidade e a sustentabilidade das políticas e maior eficácia de sua ação. Isso se
justifica na medida em que as políticas sociais afetam a vida das pessoas e acabam
mudando alguns comportamentos do público alvo. Assim, o papel ativo da população é
importante na identificação dos problemas e soluções a partir das necessidades
específicas, tornando a população coadjuvante das ações políticas e na construção de
objetivos coletivos (MENICUCCI, 2006).
No Brasil, as discussões envolvendo as políticas públicas de esporte e lazer são
relativamente novas e se intensificam na medida em que há um crescimento na
reivindicação setorial na sociedade brasileira. O que se percebe é que esse vocábulo
tem sido muito utilizado atualmente como meio de reivindicação de direitos. Porém,
muitos ainda não sabem o real sentindo das políticas públicas que garantem o lazer
como direito social. Marcellino (1996 b, p.1), ao se referir ao lazer, considera que:
A importância que o lazer vem ganhando nas últimas décadas, como problema social e como objeto de reivindicação, ligada à qualidade de vida nas cidades, não vem sendo acompanhada pela ação do poder público, com o estabelecimento de políticas setoriais, na área, articuladas com outras esferas de atuação, vinculadas com as iniciativas espontâneas da população e com parcerias junto à iniciativa privada.
Desde a implementação da Constituição Brasileira, que reconhece o lazer como
um direito social, assim como, a educação, a saúde e a segurança, que deve ser
assegurado pelo Estado, porém não vem sendo acompanhada pela ação do poder
público governamental. Influenciada pelo neoliberalismo, esta vem sendo utilizada com
um viés assistencialista, sendo responsável pela aparente diminuição das
desigualdades sociais, provocada pelo ideal do Estado Mínimo.
Para Linhales e Pereira Filho (1999), o poder público no Brasil, ao elaborar as
35
políticas públicas de esporte e lazer, protagonizou, e ainda protagoniza, políticas
setoriais cuja prática tem sido populista, clientelista, baseada na barganha eleitoral e,
ainda, em algumas gestões públicas personalistas, centralizadoras e autoritárias,
inviabilizando os projetos que visam à construção de uma sociedade mais democrática.
Para os autores, algumas gestões chegam a ser extremamente tecnocráticas,
distanciadas da realidade social e, por conseqüência, estruturadas a partir de princípios
seletivos de exclusão/inclusão. Muitos deles são centrados nos projetos de privatização
dos espaços, bens e recursos públicos, bastante comuns nas esferas de governo.
Essa postura contribui para dificultar o entendimento do lazer como objeto de
estudo, campo de atuação profissional e de ação do poder público, já que este é
associado a atividades vivenciadas, implicando uma visão parcial, restrita aos
conteúdos de uma determinada atividade. Para Marcelino (2007), esse entendimento
do lazer acaba caracterizando-o como instância de consumo alienado ou ‗válvula de
escape‘, que pode ajudar a manter o quadro social in justo.
Pensando numa atuação de Políticas de Lazer, em que este pese no sentido
mais amplo e que também possibilite a qualificação de profissionais que dêem sentido
e significado a sua atuação, faz-se necessário uma reflexão atual dessas políticas já
que,
Pensar em políticas públicas, efetivamente democráticas e participativas pressupõe questionar as políticas que são geradas nos guetos dos gabinetes das secretárias estaduais e/ou municipais, geralmente alicerçadas no lazer como binômio de descanso e divertimento, na lógica antiga, porém atualíssima, filosofia de pão e circo. Por isso, a mobilização de entidades representativas, dos movimentos sociais, dos sindicatos, são princípios norteadores de uma formulação que os sindicatos, são princípios norteadores de que a formulação que procura expressar os interesses e as necessidades dos segmentos sociais diretamente interessadas em alcançar uma efetiva atuação do poder público em consonância com as expectativas sociais (SOUZA; MAIA, apud MAIA 2007 p.98-99)
Assim, o que se tem visto nas ações do poder público é a utilização do lazer com
fins externos a ele, estando sempre ligado a uma questão social, ou seja, lazer e
violência, lazer e segurança, lazer e saúde. Nesse sentido, faz-se necessário e urgente
a construção de políticas que deem sentido e significado ao lazer na sociedade, em
36
que pese uma maior definição do mesmo enquanto direito social. É preciso, também,
ações governamentais que tenham o lazer nele mesmo, não estando subordinadas a
outras ações já que o lazer é uma necessidade social e específica. Percebe-se,
também, a redução das vivências de lazer a prática de esporte, embora este seja uma
manifestação do lazer.
Outra questão que impede a prática de vivências de lazer é a falta de
equipamentos específicos, pois tendo o lazer características urbanas, como o
crescimento das cidades, houve uma diminuição dos espaços e por consequência, uma
centralização desses espaços onde a camada mais pobre da população não tem
acesso, assim essa parte da população, vai sendo expulsa para a periferia afastando-
se desses equipamentos.
Contudo, os espaços públicos veem perdendo seu sentido multifuncional na
sociedade como espaço de encontros, de prazer, de festa, passando para apenas um
espaço de circulação. Isso acontece porque quando há a construção de equipamentos
de lazer não há uma política de preservação e animação cultural, o que também pode
ser visto como um lugar abandonado, sem segurança e sem nenhum atrativo para a
comunidade.
Quando se questiona a falta de dessas políticas, muitos gestores alegam que
isso acontece por conta da poucas verbas destinadas a esse setor, sendo que, na
maioria das cidades, não existe uma secretaria específica. O lazer está sempre ligado a
outras secretarias, como um setor ou departamento, como a de educação, cultura,
turismo e esporte; e, quando colocado numa hierarquia, o lazer é uma das últimas
necessidades.
Souza e Maia (2007, p. 99) afirmam que um dos impasses comuns é a
diferenciação entre a setorização de políticas públicas de lazer e o seu isolamento puro
e simples. Tratando de forma isolada, o lazer é trabalhado à parte da totalidade de
relações sociais, de onde ele nunca pode se desvincular. Os autores ainda afirmam
que diante desse conflito, ―as políticas de lazer ficam restritas a elaboração de
documentos, muitos deles até com ‗boas intenções‘ na fixação de princípios, mas que
acabam se transformando em um discurso vazio‖.
Por conta disso, os programas e espaços para as vivências de lazer vão se
37
reduzindo nas cidades e dando espaço para que os investidores vejam o lazer como
uma possibilidade de consumo. Nesse sentido, é preciso que o poder público entenda
a importância dos espaços urbanos nas cidades antes que as empresas os
transformem em produtos acessíveis somente para as classes sociais mais altas
(MARCELINO; BARBOSA; MARINO, 2008). Com o aumento do mercolazer e a
utilização do entretenimento como lazer não sendo visto como um dos seus
componentes, relacionado com o descanso e desenvolvimento pessoal e social, mas
sim com o próprio lazer aumenta-se consideravelmente os espaços privados, voltados
para ―esse lazer‖, como teatro, cinema e outros, tornando-se empreendimentos
lucrativos em que a maior parte da população não tem acesso.
Outro ponto visto é a não continuidade das ações municipais, isso por conta da
mudança de gestão, sendo apenas ações da administração pública e não como uma
política do Estado. E nesse sentindo, as políticas públicas de esporte e lazer vão sendo
substituídas por ―‗calendários de eventos‘ ou pacotes baixados dos gabinetes
‗técnicos‘‖ (MARCELINO, 2007, p. 12).
As políticas de investimento devem estar voltadas para a qualidade dos espaços
e equipamentos de lazer, onde se vise a necessidade da comunidade, como também
haja uma manutenção e animação desses espaços de lazer num processo que pode
ser um instrumento importante na ressignificação do espaço urbano. ―Dessa maneira, a
democratização da cultura do lazer será efetivamente alcançada‖ (MARCELINO;
BARBOSA; MARINO, 2008, p.142)
Para Zingoni (2003) é necessária uma grande articulação entre sociedade e
Estado para concretizar políticas conscientizadoras, autônomas e solidárias que
coloquem o cidadão no centro e na razão das suas atividades, contanto que os novos
sistemas de informações se tornem uma ferramenta importante para que os indivíduos
possam acompanhar as ações de seus gestores e, assim, participarem da construção e
avaliação de políticas públicas universais.
Dessa forma, a prática do lazer pode ser um importante instrumento de
intervenção social para gerar mudanças com o objetivo de considerar o processo
educativo conscientizador, a valorização e o fortalecimento das iniciativas comunitárias
e a formação de mobilizadores sociais (SOUZA; MAIA, 2007, p.93).
38
No entanto, o lazer como palco de atuação política deve fazer emergir valores
questionadores, e em meio às políticas de lazer, a participação cidadã na formulação e
no controle de programas referentes a estas deve ser legitimadas, buscando a
conscientização e o respeito aos direitos sociais, o que contribui para uma nova ordem
social. Além disso, as ações governamentais devem estar fundamentadas na
formulação de textos legislativos e de iniciativas setoriais que reafirmam o lazer como
direito constitucional, contrastando-se com a realidade hegemônica das políticas
municipais.
Porém, foi a partir do Governo Lula que houve avanços nas políticas de esporte
e lazer, como a criação do ME, que tem o intuito de formular e implementar políticas
públicas inclusivas de afirmação do esporte e lazer como direitos sociais dos cidadãos,
colaborando para o desenvolvimento nacional e humano. Com isso, eles preveem uma
ampliação nos debates sobre essas temáticas para garantir sua legitimidade de ação
junto à comunidade.
Desde a criação do ME foram realizadas duas Conferências Nacionais de
Esporte e Lazer4, em que contaram com a participação de diversos atores sociais, para
definir as Políticas Nacionais de Lazer. Como resultado dessas conferências, houve a
criação do Sistema Nacional de Esporte e Lazer (SNEL) que busca promover a
inclusão social, garantir a universalização do acesso ao esporte e lazer como direito de
todos os cidadãos e dever do Estado, com o apoio de toda a sociedade, e promover a
democratização do acesso a gestão e participação no esporte e lazer (BRASIL, 2006).
Nessa perspectiva, foi criada uma Secretaria Nacional de Desenvolvimento do
Esporte e Lazer, com a finalidade de redimensionar o papel do esporte e lazer,
tentando superar seu caráter funcional, pautado numa política de intersetorialidade.
Apesar dos avanços durante o governo, o que se percebe é carência no programas
governamentais que sigam essa direção. Tendo em vista, dois programas do governo
federal, como o projeto do Segundo Tempo e o Esporte e Lazer na cidade.
Porém esses projetos têm um caráter ainda que temporários, onde só beneficia
4 As Conferências Nacionais de Esporte e Lazer tem como objetivo democratizar a elaboração da Política Nacional, assim como definir diretrizes da Política Nacional de Esporte e Lazer. Tendo diversos atores sociais envolvidos.
39
uma parcela da população, o que não caracteriza como uma política que garanta um
direito social da população, pois esses programas tentam compensar a insuficiência de
políticas públicas de esporte e lazer, que estão desvinculadas de um projeto mais
amplo de Estado e de transformação social.
40
3 A REDE COMO DESAFIO METODOLOGICO
A presente pesquisa tem como objetivo analisar os sítios virtuais como
documento dinâmico de divulgação oficial das Políticas Públicas de Esporte e Lazer
dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte. O universo
investigativo compreende os sites oficiais das prefeituras municipais que compõem o
território em estudo. Entende-se os referidos sites como documentos dinâmicos, que
pode estar em constante interação com o público alvo, nesse caso a população, serve
como um instrumento de divulgação das ações das prefeituras municipais.
Trata-se de um estudo de inspiração do materialismo histórico dialético, que
pressupõe um estudo aprofundado na relação entre o indivíduo e a sociedade que a
partir da dialética, a vida social deve ser compreendida como um processo dinâmico,
resultante das relações contínuas entre o indivíduo e a sociedade, fazendo com que
esses pólos se influenciem e se modifiquem. Sabendo que a interação do homem com
a sociedade esta condicionada a uma estrutura social, e que é a partir dessa estrutura
que o homem recria-a pela sua própria ação (SELL, 2002).
O levantamento de informações implicou primeiramente, em pesquisa via
internet, através de sites de busca, dos sítios virtuais oficiais das prefeituras municipais
dos 22 municípios que compõe o território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte. Esses
sites foram submetidos à Análise Documental, que segundo MOREIRA (2005, p. 276)
―[...] é uma forma de investigação que consiste em um conjunto de operações
intelectuais que têm como objetivo descrever e representar os documentos de maneira
unificada e sistemática para facilitar a sua recuperação‖
A pesquisa via internet aconteceu de fevereiro a agosto, sendo que nessas
pesquisas foram encontrados apenas 8 sites virtuais referentes as prefeituras
municipais, sendo eles: Acajutiba, Alagoinhas, Esplanada, Jandaíra, Mata de São
João, Olindina, Ouriçangas e Pojuca. Foi com este corpus documental que realizamos
a nossa pesquisa.
O segundo momento foi concretizado pela a aplicação de um questionário
aberto que segundo Hayman (apud MOLINA NETO; TRIVIÑOS, 1999, p.80) o
questionário se constitui ―como uma lista de perguntas mediante a qual se obtém
41
informações de um sujeito ou grupo de sujeitos por meio de uma resposta escrita‖.
Sabendo que o questionário foi aplicado via email, a partir de um contato
anterior por telefone com sujeitos pesquisados, para confirmar sua disponibilidade em
colaborar com a pesquisa, como também, para a confirmação do email. No período de
26 de maio a 16 de junho do ano em curso, conseguimos entrar em contato como 16
gestores, sendo que, após 20 dias do contato começamos a receber os questionários
respondidos. Mesmo assim, apenas 5 responderam, o que demonstra pouco interesse
por parte dos gestores, pelas pesquisas que são desenvolvidas com esta temática.
Para efeito da analise de dados, foi utilizada Análise de Conteúdo, que se
constitui como
―Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objectivos de descrição de conteúdo das mensagens, indicadores (qualitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens‖ (BARDIN, 1977, p. 42).
Para Triviños (1987), a utilização desse método faz-se por etapas:
• pré-análise, essa fase se configura na organização do material e uma
leitura geral, como afirma Bardin(1977) uma leitura flutuante, que permita formular
hipóteses provenientes de seus dados;
• descrição analítica, onde o material é submetido a um estudo
aprofundado e é nesse momento também que se analisa os procedimentos de
codificação, classificação e categorização;
• interpretação inferencial, que objetiva tornar os dados válidos e
significativos.
42
4 ENTRE CLICKS E PALAVRAS
Esse é momento em que trago os dados encontrados e analisados,
lembrando que, se constitui a partir dos sítios oficias das prefeituras municipais
encontrados sendo eles Acajutiba, Alagoinhas, Esplanada, Jandaíra, Mata de São
João, Olindina, Ouriçangas e Pojuca. E a partir dos questionários respondidos pelos
gestores responsáveis pelas pastas do esporte e lazer dos municípios de Alagoinhas,
Aramarí, Entre Rios, Olindina e Ouriçangas.
4.1 NAVEGANDO PELA REDE
Como dissemos anteriormente, esta pesquisa implica em uma mostra de 22
municípios que compõe o Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte. A pesquisa via
internet aconteceu de fevereiro a agosto do ano em curso, sendo que nessas
pesquisas foram encontrados apenas 8 sites virtuais referentes as prefeituras
municipais, sendo eles: Acajutiba, Alagoinhas, Esplanada, Jandaíra, Mata de São
João, Olindina, Ouriçangas e Pojuca. Compreendo nosso universo investigativo.
No site de Acajutiba (http://acajutiba.com/), as sessões HOME existe uma
enquete sobre o novo portal da cidade e links de notícias recentes; ACAJUTIBA em
tem informações sobre A cidade, a origem do nome, ano de fundação da cidade e
dados demográficos, Histórico um breve histórico da cidade, Hino de Acajutiba e Fale
Conosco; CRÔNICAS, não há itens; CULTURA, tem informações sobre Lazer e
Turismo, em que apenas apresenta as características culturais da cidade; POLÍTICA,
não há informações; e SERVIÇOS, possui Álbum de Fotos, onde não há fotos
adicionada e Mural de Recados que se constitui como um espaço em que a
comunidade deixam mensagens de modo geral.
43
Figura 1 – Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Acajutiba.
A página oficial da Prefeitura Municipal de Alagoinhas
(http://www.alagoinhasbahia.com.br) encontra-se atualizada e modernizada, como
informações de diversos setores da prefeitura. Na sua página PRINCIPAL, existem
links para todos os Órgãos da Prefeitura, como também suas finalidades e objetivos e
os principais destaques. Em Serviços ao Cidadão, possui Dados do município, Nossas
campanhas, Contas públicas, Diário Oficial do Município, Licitações e contratações, o
perfil do prefeito e do vice-prefeito, todos com informações disponíveis. Nesta pagina
ainda possui, Enquetes, Notícias e Eventos, os Destaques, Newsletter - email para
cadastros de recebimento das novidades que acontece na cidade, Ouvidoria Municipal
- canal de comunicação entre o cidadão e a administração pública, link para o Jornal
Oficial e Multimídia, contendo fotos, vídeos e programa da prefeitura.
Em O MUNICÍPIO, existe um histórico, principais pontos turísticos, os
44
principais acontecimentos históricos e o hino da cidade. Em SECRETARIAS, links para
as secretarias. Sendo que, possui uma Secretaria de Cultura Esporte e Lazer (SECEL),
onde sua apresentação contempla as ―ações sócio-culturais e esportivas do Município.
Valoriza, incentiva, defende e preserva as manifestações culturais de Alagoinhas. Além
de coordenar, dirigir, otimizar e proteger os espaços públicos destinados às
manifestações e pesquisas culturais.‖ Entre suas funções está a ―mobilização da
sociedade para definir prioridades e assumir co-responsabilidades pelo
desenvolvimento e sustentação das manifestações e projetos culturais. Cuida da
construção e manutenção dos equipamentos públicos de esporte e lazer‖.
Isso deixa claro que, quando o esporte e lazer estão vinculados a outra
secretaria, como a de cultura, as ações voltadas para essas temáticas são deixadas
para segundo plano, podendo ser afirmadas no item destaques em que as ações da
secretaria está voltada para ―festejos municipais, como Santo Antônio e a emancipação
política de 2 de Julho, e espetáculo teatral‖. E as ações voltada para o Esporte e Lazer
se resumem a ―melhoria de equipamentos, promoção de campeonatos de futebol entre
os bairros‖. Nesta página ainda contém informações a respeito do Secretário, como
email para contato direto como a secretaria.
Em PUBLICAÇÕES, se encontra dados sobre Contas Públicas, Editais,
Licitações, Publicações Legais e Diário Oficial. Em SERVIÇOS AO CIDADÃO, links de
interesse do cidadão, como OUVIDORIA, FALE CONOSCO, prestação de contas,
telefones úteis, lista de emails.
45
Figura 2 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Alagoinhas.
Os Sites de Esplanada (http://www.pmesplanada.com.br/) e Jandaíra
(www.pmjandaira.com.br) não possuem informações de sua gestão, estes encontram
desatualizados, com alguns dados a respeito de Lei Orçamentárias. Sobre o Esporte e
Lazer em nenhum desses sites foram encontrados notícias.
46
Figura 3 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Esplanada.
No site da Prefeitura Municipal de Mata de São João
(http://www.matadesaojoao.ba.gov.br/), acredito que por este município possuir cidades
turísticas como Praia do Forte, Sauipe e Imbassaí, em sua pagina oficial contém
notícias atualizadas, guia turístico e eventos em destaque. Em A CIDADE, possui
informações sobre sua História, Distritos, Hino da Cidade, Dados do Município,
Espaços Culturais e Esportivos, sendo o Estádio Cândido Soares o único espaço
esportivo da cidade, Localidades e Mapa da Cidade.
Em ADMINISTRAÇÃO, contem dados sobre o Poder Legislativo, Poder
Executivo, onde há informações sobre as secretarias e os respectivos secretários,
sendo que Mata de São João, conta com uma Secretaria de Cultura e Turismo, que
tem entre outras funções ―coordenar e executas as atividades de cultura e lazer‖.
Apresenta um perfil do secretario. E quanto as atribuições voltadas para esporte e lazer
47
apenas cita: ―Coordenação, execução e fomento da atividade e lazer‖.
Nesta página ainda possui dados sobre o Poder Jurídico, Plano Geral do
Governo, que entre as ações voltadas para área de esporte e lazer destaca:
• Promover apresentações culturais móveis em cada distrito ou localidade de
grupos de teatro, danças folclóricas e regionais, orquestra filarmônica e outros.
• Inscrever atletas e equipes representantes do município em todos os
eventos esportivos promovidos pelo Estado, nas principais modalidades esportivas.
• Realizar exibições cinematográficas em praças públicas do município com o
objetivo de proporcionar uma jornada lúdica de entretenimento ao público, com acesso
a filmes nacionais ou estrangeiros que foram sucesso de bilheteria.
• Programar e realizar torneios esportivos intermunicipais.
• Programar e realizar campeonatos de futebol amador adulto entre as
equipes das diversas localidades do município.
Em Lei Municipal, contém a Lei Orgânica Municipal (ANEXO B), que cita o
Esporte e Lazer no capitulo II, Das Associação , em que deve promover e desenvolver
atividades voltada para a cultura, as artes, o esporte e o lazer. Dessa forma não
garantem o pleno direito do acesso ao esporte e lazer, pois suas políticas estão
distanciadas da realidade local, não incentivam programas de esporte e lazer
nas/para/com as comunidades. Além disso, a cidade não oferece aos seus moradores
espaços de interlocução entre os moradores e os gestores, como os Conselhos e
Fóruns de Esporte e Lazer, para que a população participe das decisões das políticas
públicas, como também da sua elaboração, acompanhamento e avaliação, coma está
prevista em lei.
Em ADMINISTRAÇÃO ainda possui: Projetos, a cidade conta com 3 projetos,
Filarmônica 8 de Dezembro, Projeto Conviver e Projeto Criança Cidadã; Guia do
Cidadão, onde apresenta os serviços oferecidos pelos órgãos da administração;
Endereço e Telefones úteis; Editais; e Relação de Escolas, tanto Municipais, quanto
Estaduais.
Em REALIZAÇÕES, apresenta um breve resumo das realizações da
prefeitura municipal, contudo não há nenhuma ação voltada para o Esporte e Lazer.
Apenas no item Obras existe informação sobre a construção da Praça de Malhadas -
48
Ednaldo Rodrigues dos Santos (litoral) e da Praça de Curralinho - Paulo Francisco dos
Santos (litoral), como do parque da cidade. Nesse item há dados sobre a Cidade,
Administração, Turismo e Entretenimento, Notícias, Programe-se, Pólo Industrial de
Mata de São João
Em TURISMO E ENTRETENIMENTO, contém informações de sua
localização, hospedagem e alimentação. Como também, dados turísticos das cidades
litorâneas. Calendário de eventos e características sobre sua Culinária, Arte e Cultura.
Em NOTÍCIAS, há os principais destaques da cidade e fotos. Tem também o FALE
CONOSCO, em que é o canal de comunicação entre a Prefeitura de Mata de São João
e sua comunidade, visitantes, turistas e qualquer um que queira saber mais sobre
nosso município. Demonstrando uma preocupação com interatividade com o cidadão.
Figura 4 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Mata de São João.
49
A Prefeitura Municipal de Olindina (http://prefeituradeolindina.ba.gov.br/portal),
possui uma site atualizado contendo em seu Menu Principal há um HISTÓRICO da
Cidade; EVENTOS, tanto regionais quanto municipais; NOTÍCIAS, em destaque;
ESCOLAS MUNICIPAIS; GABINETE do PREFEITO (perfil); SI INFORME AQUI, onde
se encontra sua localização e telefones úteis; SECRETARIAS links para as secretarias
do município, sabendo que não existe uma Secretaria voltada para Esporte e Lazer;
UNIDADE DE SAÚDE; VÍDEOS; ENQUETES; CONTATOS. Porém, as informações a
respeito das escolas, o perfil do gabinete e sobre as secretarias ainda não se encontra
disponibilizadas. Em sua página Principal ainda possui lista de Links Úteis e destaques
das principais notícias.
Figura 5 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Olindina.
O sítios da Prefeitura de Ouriçangas (http://www.ouricangas.ba.gov.br/) possui
uma estrutura diferenciada dos outros sites, contendo informações genéricas. Em O
50
MUNICÍPIO existe informações sobre Histórico da cidade ; Perfil do Prefeito;
Característica, há informações geográficas sobre seu clima, vegetação, solo, relevo;
Região; Legislação, cita apenas a Lei de Criação e o seu municípios de origem;
Localização, existe uma mapa de como chegar ao município; Secretarias, especifica os
nome das secretarias, como seu representantes e localização; Símbolo, da bandeira da
cidade e o slogan de campanha; e Contatos. Traz alguns dados sobre PROGRAMAS E
PROJETOS do setor agrícola, como o Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar – PRONAF, Programa PRODUZIR, Projeto Feira Verde, Projeto Viveiro de
Mudas, onde se encontra a descrição de cada projeto. Em CONTAS PÚBLICAS não há
nenhuma informação.
Em sua página principal, ainda existe um link para festa e eventos, como
Festa do Bumba-meu-boi, Capoeira, a Chegança e Festas Juninas. Porém todos os
dados disponibilizados estão datados de 2006.
Figura 6 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Ouriçangas
O sítio virtual da Prefeitura Municipal de Pojuca (http://www.pojuca.ba.gov.br),
51
após 6 meses em construção, encontra-se atualizado e modernizado. Em sua página
principal, HOME, existe links das principais notícias, galeria de fotos, e enquetes. Em A
CIDADE, há informação sobre a História, uma breve história da formação e
emancipação de Pojuca; Informações, dados sobre a geografia do município e suas
fronteiras; e Mapas, em que não há dados.
Em DEPARTAMENTOS, há uma lista dos departamentos da prefeitura,
inclusive de Esporte e Lazer, contudo, só existe informação sobre as ações do
departamento de esporte. Tem como finalidade ―planejar, coordenar, fomentar,
executar, supervisionar e controlar programas e projetos orientados para a iniciação e o
desenvolvimento de atividades esportivas, físicas e de lazer.‖ Além disso, é de
competência: ―estabelecer o Calendário Anual de Desporto de Pojuca, promovendo a
criação de equipes representativas em articulação com entidades do município;
Incentivar e promover o desporto amador, destinado a realização de campeonatos,
torneios e competições; planejar e coordenar atividades de lazer e recreativas em ruas,
praças e equipamentos existentes nos bairros da cidade; incentivar e apoiar a prática
de atividades físicas e esportivas como forma de inclusão social, promoção da saúde e
combate à violência; atuar na área de iniciação esportiva, visando criar meios para a
implantação de escolinhas das diversas modalidades; planejar, executar e apoiar
programas, projetos e eventos orientados para o desenvolvimento do lazer e do
entretenimento esportivo nas comunidades do município, priorizando atividades
voltadas à promoção e prevenção da saúde de pessoas de todas as idades, sexos,
etnias, com ênfase na população menos favorecida; propor capacitação e atualização
profissional dos servidores, técnicos e parceiros como forma de garantir serviços de
qualidade e desenvolvimento do desporto e lazer‖.
O que se nota é uma forte presença do esporte de alto rendimento nas ações
do poder local, tornando-se restrito a sua prática a uma determinada parte da
população. Promove as atividades esportivas voltadas para outros fins, como promoção
de saúde, inclusão social, diminuição da violência. Não considerando como uma
manifestação cultural de grande influência, que envolve emocionalmente um grande
número de pessoas e capaz de mexer nos seus sonhos, comportamentos e atitudes.
Em SERVIÇOS, além de telefones úteis, há informações sobre hotéis e
52
pousadas, restaurantes, horário do ônibus intermunicipal, como também links para
pagamento de conta de água, luz e telefone. Em LICITAÇÕES, existem dados sobre
alguns Pregões. TRIBUTAÇÃO, não há dados. Já em CONTA PÚBLICAS, contém
informações sobre prestação de contas do 1º,2º e 3º Bimestre, além de Relatórios de
Gestão e Lei de Diretrizes Orçamentária de 2010. E por ultimo, FALE CONOSCO.
Figura 7 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Pojuca.
4.2 ENTRE GESTORES
A segunda etapa do levantamento de dados aconteceu por contato com os
gestores municipais responsáveis pelas pastas de Esporte e Lazer. A busca por esses
dados se deu no período entre 29 de maio a 16 de junho de 2009, por telefone, onde
conseguimos entrar em contato com 16 municípios dos 22 estudados, sendo eles,
Acajutiba, Alagoinhas, Araçás, Aramarí, Catu, Crisópolis, Entre Rios, Inhambupe,
53
Itanagra, Itapecurú, Jandaíra, Mata de São João, Olindina, Ouriçangas, Pojuca e Rio
Real.
Nesse contato, foi explicado sobre a proposta da pesquisa, como também a
confirmação da colaboração dos gestores. Em seguida foi confirmado o endereço
eletrônico, no qual foi enviado uma breve apresentação da pesquisa e o questionário
(APÊNDICE A).
No total foram respondidos 5 questionários, entre eles, Alagoinhas, Aramarí,
Entre Rios, Olindina e Ouriçangas. Sabendo-se que o questionário contém 8 questões
desde a formação do gestor, entendimento sobre o Esporte e Lazer, Lei Municipal,
ações e projetos, suas políticas de financiamento e o meio de divulgação dessas
ações. Para efeito de análise dos dados, trabalhamos por categorias (APENDICE B).
A primeira categoria de análise é sobre o entendimento dos gestores sobre o
esporte e lazer. Sobre o lazer, consideram como forma de ―entretenimento‖, ―atividade
exercida para prazer e diversão‖. O que demonstra um conceito ainda limitado sobre o
lazer, pois não contemplam como direito conquistado pela sociedade que pode
propiciar a formação e desenvolvimento pessoal e social. Assim muitas as vivências
dos indivíduos acabam se tornando limitadas, restritas a conteúdos de determinadas
atividades. Isso por conta de um caráter parcial e limitado dos gestores sobre o seu
entendimento, dificultando o estabelecimento de ações específicas. Assim, de acordo
com Marcelino (2003, p.31) o lazer deve ser entendido como ―cultura entendida nos seu
sentido mais amplo, vivenciada, consumida ou conhecida no tempo disponível que
requer determinadas característica como a livre adesão e o prazer, propiciando
condições de descanso divertimento e desenvolvimento tanto pessoal quanto social‖.
No que diz respeito sobre o Esporte, o que prevaleceu foi o seu caráter
competitivo, entre as falas dos gestores ―disputa‖, ―competição‖. Estabeleceu conceitos
com base no esporte institucionalizado com a presença de ―regras‖ e o ―envolvimento
de habilidades e capacidades motoras‖ voltada para a ―promoção da saúde‖ e
―qualidade de vida‖. Reforçando um caráter funcionalista, em que afirmam as culturas
de massa, veiculadas pela mídia, como o esporte espetáculo e institucionalizado.
Porém, entre esse entendimento do esporte voltado para a perspectiva do
alto-rendimento, este foi também contemplado como um ―fenômeno - sócio cultural‖,
54
―expressão da cultura de um povo‖. Nesse sentido, o esporte é tido como um elemento
cultural, que pode estar presente em seus diversas perspectiva como atividades
formativas, de lazer, performance ou rendimento. Assim o esporte se constitui como um
direito individual, voltada para uma compreensão de bem de serviço, que deve ser
prestada pela sociedade e garantida pelo Estado.
Sobre as diretrizes municipais que norteiam suas ações, as descrições que
suas políticas estão voltadas para as ―atividades esportivas‖, ―usufruto das quadras e
do estádio municipal‖, ―recuperação, conservação e construção de praças de esporte‖,
―formação de equipe‖. Para Requixa (1980), as diretrizes de uma política municipal de
lazer não podem se restringir apenas a uma política de atividades, mas contemplar
também questões relativas à formação e desenvolvimento de quadros para atuação,
aos espaços e equipamentos, e critérios de reordenação do tempo.
Outra categoria, diz respeito à existência de Lei Municipal, dois municípios,
afirmam não terem leis que guiem suas ações municipais. Na cidade de Olindina,
considera-se como legislação, um estatuto da ―liga de futebol‖. Limitando as
possibilidades de atuação das políticas públicas de esporte e lazer a campeonatos de
futebol.
Já em Alagoinhas e Entre Rios, afirmam tem Lei Orgânica, porém na primeira
cidade consta apenas a ―Lei que cria o Conselho Municipal de Cultura, Esporte e Lazer‖
(ANEXO C) e na outra cidade, nos traz apenas capítulos e seus respectivos artigos,
sem nenhum aprofundamento sobre eles.
Em contato como a Lei Orgânica Municipal da cidade de Alagoinhas, pode se
notar que o gestor limita-se na lei de estabelecimento do Conselho Municipal. No
entanto, esta possui um capítulo, em que fala sobre as diretrizes no campo da cultura,
esporte e lazer (ANEXO C) que prevê, no seu artigo 202 ―a dinamização dos espaços
culturais já existentes como as praças esportivas e criação de outras, especialmente
nos bairros, para possibilitar a prática do esporte e do lazer‖. E em seu artigo 203 ainda
contempla ―o esporte educacional e o esporte comunitário, o lazer popular, como
também, a construção e manutenção de espaços devidamente equipados para as
práticas esportivas e o lazer, promoção, estímulo e orientação à prática e difusão da
educação física‖.
55
Sobre a elaboração de projetos, o que se pode assegurar é que são
delineados a partir da ―necessidade dos municípios e recursos públicos disponíveis‖.
Alguns municípios, afirmam que são elaborados sob a orientação de ―profissionais de
Educação Física‖, e outros, com o ―envolvendo a comunidade‖, porém não explicam
como se dá esse processo.
Como prioridades das ações municipais estão a ―construção e manutenção de
quadras‖, como a ―recuperação e manutenção de espaços esportivos‖, envolvendo os
campos de várzeas dos bairros e o Estádio, como em Alagoinhas e Entre Rios. Mas
uma vez o lazer vem sendo definido como a simples construção e manutenção de
equipamentos, sem alguma política de animação sociocultural, o que muitos desses
espaços acabam perdendo seu uso multifuncional, como local de encontro, prazer, de
lazer, festas e passando para um espaço de fluxo contínuo de pedestre. Para isso, é
necessário políticas de re-significação do espaço urbano, como também mais
investimentos na área.
Um projeto do governo Federal que está em andamento entre esses
municípios é o Programa Segundo Tempo, que no município de Ouriçangas, se
constitui como o único projeto em funcionamento no âmbito do Esporte e Lazer.
O que também se tem visto é a prática de projetos voltados para a realização
apenas de campeonatos e eventos como Aramarí, que entre seus projetos estão o
―Aramarí Fest‖, ―Copa da Mandioca‖ e o ―Campeonato Municipal e futebol‖, se
caracterizando como políticas pontuais que não tem continuidade durante o ano. Como
afirma Marcelino (2007, p.12) que ―à formulação de Políticas Públicas de Lazer, e que
vem se manifestando, na grande maioria das nossas cidades, pela ausência de
explicitação, ou falta de identidade, sendo substituídas pelos ‗Calendários de eventos‘,
ou ‗pacotes‘ baixados pelos gabinetes ‗técnicos‘‖. Assim, essas ações não se
constituem como uma política que garanta um direito social da população, pois esses
programas tentam compensar a insuficiência de políticas públicas de esporte e lazer,
que estão desvinculadas de um projeto mais amplo de Estado e de transformação
social.
As políticas de financiamento permanente não existem nos municípios,
segundo os gestores, o que existe é a ―dotação orçamentária‖ para a Secretaria onde
56
as pastas de esporte e lazer estão vinculadas, porém a verba destinada para esse
setor é mínima, pois como o esporte e lazer não possuem secretaria própria, estão
sempre vinculadas a outras secretarias como de Educação e Cultura, como no caso
destes municípios, acabam ―perdendo de vista a dimensão de mudança da qualidade
de vida que as ações de esporte e lazer podem provocar‖ (ZINGONI, 2003, p. 220)
Com relação aos sítios virtuais, como meio de divulgação oficial das políticas
públicas de esporte e lazer, os gestores dos municípios de Aramari, Ouriçangas,
Olindina afirmam não existir. Porém como já pesquisado e dito anteriormente,
Ouriçangas e Olindina, possuem uma página ainda on-line, estando o primeiro
desatualizado, com informações datadas de 2006 e o segundo com dados referentes à
nova gestão.
Em Entre Rios, também não possui uma página oficial da prefeitura, contudo,
possui um programa de rádio regional em que são divulgadas as ações da prefeitura,
segundo gestor. Dessas cidades apenas Alagoinhas consta com um site inovado, com
todos os dados atualizados como visto anteriormente.
Isso fica evidente, que não há um compromisso institucional com as
transparências das informações. Como previsto na Página de Transparência Pública,
em que as instituições públicas devem divulgar dadas e informações dos órgãos e suas
entidades por meio da rede mundial de computadores – Internet –, visto no Decreto nº
5.482, de 30 de junho de 2005 e na Portaria Interministerial nº 140, de 16 de março de
2006. Tornando assim, um canal pelo qual o cidadão pode acompanhar a execução
financeira dos programas de governo. Com isso a Bahia, cria também um portal de
comunicação com a população baiana: o Transparência Bahia. Um instrumento de
consulta e acompanhamento da aplicação dos recursos do Estado.
57
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SÍTIO VIRTUAL UNIVERSITÁRIO
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação e ampliação da
capacidade individual, coletiva e institucional de difusão de informação de modo
instantâneo e qualitativo, vivemos a oportunidade histórica de informar e ser informado
a todo tempo. Não poderia ser diferente com as políticas públicas de esporte e lazer.
Tal política vem ganhando visibilidade social e fazendo com que os cidadãos tenham
um acesso mais rápido sobre as ações dos gestores e sobre as políticas públicas
implementadas.
Esse processo inspirou a presente pesquisa no que se refere a analise dos
sítios virtuais como documento dinâmico de divulgação de Políticas Públicas de
Esporte e Lazer dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte.
Nessa perspectiva, é que se edifica a problemática interessada em entender o que os
sítios virtuais oficiais disponibilizam como documento (oficial) de divulgação das
Políticas Públicas de Esporte e Lazer nos municípios do Território Agreste de
Alagoinhas/ Litoral Norte.
Nesse sentido, busquei mapear e analisar as informações disponíveis nos
sítios virtuais; identificar e discutir as políticas públicas municipais de esporte e lazer e
desenvolver um sítio virtual universitário para socializar as informações acerca da
legislação e das políticas de esporte e lazer da região
Assim, pude notar que em muitas cidades estudadas ainda não existe sítio
virtual como possibilidade de divulgação das ações, projetos e programas de gestão.
Ou quando se tem, as informações que são divulgadas são genéricas e não
apresentam espaços de interatividade com o cidadão, o que impossibilita um acesso
direto das ações dos gestores, por parte da população. A esse respeito algumas
cidades do interior da Bahia já disponibiliza. Rede sem fio em lugares público.
Tendo em vista que o esporte e lazer são direitos constitucionais e como tal
precisam dialogar com o poder público para assegurar ao cidadão o seu direito, faz-se
necessário reconhecer ações de gestores e legislações especificas nas cidades
estudas.
Ficou evidente ainda que as ações que privilegiam a construção, manutenção
58
e reforma de espaços e equipamentos de lazer e a promoção de campeonatos, tem
grande apelo o que torna a política setorial restrita, temporária e desvinculada da
realidade local.
Faz-se necessário que o esporte e o lazer ganhem sentido e significado nas
cidades e que haja promoção de fóruns, debates sobre essas temáticas, para entrar na
agenda pública e então ganhar qualitativo na construção e implementação das políticas
públicas. Outro ponto relevante é o envolvimento da população no processo decisório e
na gestão dessas políticas, como forma de garantir legitimidade e sustentabilidade as
mesmas.
Por fim, importa registrar a necessidade de aprofundar as investigações em
torno do tema e ampliar o entendimento sobre a questão em foco com vistas a uma
gestão democrática, participativa e cidadã.
Ao lado desse estudo monográfico surge como referência para divulgação dos
dados investigados, do ordenamento legal, dos programas e ações setoriais. Foi com
esse intento que a presente pesquisa edificou um sitio virtual universitário como uma
referencia interessada em divulgar a realidade encontrada e socializar textos críticos e
imagens dos espaços e equipamentos públicos do território em tela.
59
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WERNECK, Christianne. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte: Ed. UFMG; CELAR-DEF/UFMG, 2000.
63
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO
1 No seu entendimento o que significa esporte e lazer? 2. Qual a política pública de esporte e lazer para a cidade? 3. Existe alguma lei municipal específica sobre o Esporte e Lazer? 4 Como os projetos de esporte e lazer são elaborados? 5. Quais são os programas e ações (municipais, estaduais e federal)em desenvolvimento no município? 6. Como se dá a política de financiamento para o esporte e o lazer? 7. As políticas, Programas e ações de esporte e lazer da cidade estão disponíveis na página oficial da prefeitura? Em caso negativo, quais as razões?
64
APÊNDICE B
TABELA DE CATEGORIAS
Categorias Núcleo de Sentido Quant.
Entendimento sobre Esporte e Lazer
―entretenimento‖ 1
―atividade exercida para prazer e diversão‖ 2
―expressão da cultura de um povo‖ 2
―disputa‖, ―competição‖ 4
―envolvimento de habilidades e capacidades motoras‖
2
―fenômeno - sócio cultural‖ / ―expressão da cultura de um povo‖
2
―qualidade de vida‖ 1
Diretrizes das Políticas Públicas de Esporte e
Lazer
―atividades esportivas‖
―usufruto das quadras e estádio municipal‖ 1
―recuperação, conservação e construção e praças de esporte‖
3
―formação de equipe‖ 1
Lei Municipal
Não existe 2
― liga de futebol‖ 1
― Lei que cria o Conselho Municipal de Cultura, Esporte e Lazer‖
1
―Capitulo V, artigos 166, 167 e 168‖ 1
Elaboração de Projetos
―necessidade dos municípios e recursos públicos disponíveis‖
1
―profissionais de Educação Física‖ 1
―envolvendo a comunidade‖ 1
―diretoria de esporte e lazer‖ 1
Ações
―construção, recuperação e manutenção dos espaços esportivos‖
3
―apoio a atletas‖ 1
―campeonatos esportivos‖ 1
―Segundo Tempo‖ 2
Políticas de financiamento
Não existe 4
Dotação Orçamentária 1
Sítios Virtuais Sim 1
Não 4
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ANEXO A
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Título VIII Da Ordem Social
Capítulo III Da Educação, da Cultura e do Desporto
Seção III Do Desporto
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.
§ 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social.
66
ANEXO B
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE MATA DE SÃO JOÃO/BA
CAPÍTULO II DAS ASSOCIAÇÕES
Art. 158 - A população do Município poderá organizar-se em associações, observadas as disposições da Constituição Federal e do Estado, desta Lei orgânica, da legislação aplicável e de estatuto próprio, o qual, além de fixar o objetivo da atividade associativa, estabeleça, entre outras vedações: a - Atividades político-partidárias; b - Participação de pessoas residentes ou domiciliadas fora do Município, ou ocupantes de cargo de confiança da Administração Municipal; c - Discriminação a qualquer título. § 1º - Nos termos deste artigo, poderão ser criadas associações com os seguintes objetivos, entre outros: I - proteção e assistência à criança, ao adolescente aos desempregados, de deficiência, aos pobres, aos idosos, à mulher, à gestante, aos doentes e ao presidiário; II - Representação dos interesses de moradores de bairros e distritos, de consumidores, de donas-de-casa, de pais de alunos, de professores e de contribuintes; III - Colaboração com a educação e a saúde; IV - Proteção e conservação da natureza e do meio ambiente; V - Promoção e desenvolvimento da cultura, das artes, do esporte e do lazer. 69 § 2º - O Poder Público incentivará a organização de associações com objetivos diversos dos previstos no parágrafo anterior, sempre que o interesse social e o da administração convergirem para a colaboração comunitária e a participação popular na formulação e execução de políticas públicas.
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ANEXO C
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/ BA
SEÇÃO VII DOS CONSELHOS MUNICIPAIS
Art. 75 - O Município terá os seguintes Conselhos Municipais que são órgãos consultivos colegiados, deliberativos e de superior supervisão, têm por finalidade assessorar ao Chefe do Executivo Municipal, bem como ao Secretário Municipal quando diretamente vinculados à pasta específica no estabelecimento de políticas e diretrizes, ficando suas atribuições definidas em normas e regulamentos próprios, observada a legislação específica vigente:
a) Conselho Municipal de Saúde; b) Conselho Municipal de Educação; c) Conselho Municipal de Alimentação Escolar; d) Conselho Municipal de Cultura, Esporte e Lazer; e) Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; f) Conselho Municipal de Assistência Social; g) Conselho Municipal da Fazenda; h) Conselhos Tutelares; i) Conselho Municipal de Política de Administração e Remuneração de
Pessoal; j) Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente; k) Conselho Municipal de Transporte Coletivo e Trânsito; l) Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério;
m) Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional; n) Conselho Municipal de Defesa da Mulher; o) Conselho Municipal Antidrogas; p) Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social; q) Conselho Municipal de Desenvolvimento da Comunidade Negra Afro-
descendente; r) Conselho Municipal de Defesa Civil; s) Conselho Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor; t) Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável.
§ 1º. Os conselhos de que trata este artigo poderão ser de caráter deliberativo, quando lei superior competente ou lei complementar assim determinar, ficando suas deliberações sujeitas à homologação do Chefe do Executivo Municipal.
68
§ 2º. Lei complementar poderá criar outros conselhos Municipais desde que sejam de relevante interesse do Município.
§ 3º. Compete ao Prefeito Municipal aprovar e publicar os regimentos, bem como nomear os membros para a composição e constituição dos Conselhos Municipais definidos por esta Lei.
§ 4º. Ao Conselho Municipal de Política de Administração e Remuneração de Pessoal, órgão consultivo, deliberativo e de superior supervisão, que tem por finalidade estabelecer diretrizes e normas relativas à política de recursos humanos do Município, compete:
I. estabelecer diretrizes e normas que orientem e disciplinem a política de administração e desenvolvimento dos recursos humanos da Administração Pública Municipal direta, autárquica e fundacional;
II. estabelecer critérios para definição da política de remuneração dos servidores públicos municipais;
III. viabilizar políticas que assegurem o processo continuado de capacitação, profissionalização e valorização do servidor público municipal;
IV. examinar propostas de alteração do estatuto do servidor e do estatuto do magistério, seus direitos, deveres e vantagens;
V. apreciar pleitos relativos a concessão, revisão e majoração da remuneração de pessoal.
§ 5º. Os atos resolutivos do Conselho Municipal de Política de Administração de Pessoal somente terão eficácia quando homologados por ato do Prefeito.
CAPÍTULO VI DA CULTURA, DO ESPORTE E LAZER
Art. 202 – Todo cidadão é um agente cultural e o poder público o incentivará, por meio da política de ação cultural do Município, democraticamente elaborada, a qual deverá proteger as manifestações das culturas populares, garantindo à população o acesso, produção, distribuição e consumo de bens culturais, viabilizando:
I. a criação e manutenção de órgãos específicos voltados para a área de cultura e preservação do patrimônio;
II. o funcionamento de entidades ligadas à cultura do Município com o estudo da
memória do Município na área de bens culturais e patrimoniais;
69
III. a divulgação da produção artística na programação de empresas de rádio e televisão sediadas na cidade;
IV. a dinamização dos espaços culturais já existentes como as praças esportivas e
criação de outras, especialmente nos bairros, para possibilitar a prática do esporte e do lazer pela comunidade mais carente, bem como as manifestações culturais populares, tradicionais e contemporâneas dessas mesmas comunidades;
V. apoio e incentivo prioritário à produção artística local;
VI. a prioridade de participação artística locais nas promoções do Município;
VII. fomentar atividades que tenham por objetivo a busca da autosustentabilidade no
setor de cultura; VIII. captação de recursos em todos os seguimentos nacionais e estrangeiros para
proporcionar a expansão das atividades produtoras de bens culturais do município.
IX. participação do Município em eventos de porte promovidos na esfera municipal,
estadual e federal, em áreas literais, esportivas, religiosas, musicais, culturais, sempre no interesse de engrandecimento do Município.
Art. 203 – As ações do Poder Público na destinação de recursos orçamentários para o esporte e o lazer, darão prioridade:
I. ao esporte educacional e ao esporte comunitário, na forma da lei;
II. ao lazer popular; III. à construção e manutenção de espaços devidamente equipados para as práticas
esportivas e o lazer;
IV. à promoção, estímulo e orientação à prática e difusão da educação física.
I. promoção de intercâmbio sócio-cultural desportivo com outros Municípios;
II. prioridade às organizações amadorísticas e colegiais no uso de estádios, praças, ginásios de esporte e instalações de propriedades do Município;
Art. 204– Fica assegurado o pagamento de metade do valor cobrado, ainda que em caráter promocional, para ingresso em casa de diversões, cinemas, espetáculos, praças esportivas e similares, ao estudante regularmente matriculado em estabelecimento de ensino público ou particular, municipal, estadual ou federal, na forma da Lei.
70
Art. 205- Para usufruir o benefício, o estudante deverá comprovar a condição referida, através de carteira de estudante expedida pelo Diretório Acadêmico dos Estudantes ou União Nacional dos Estudantes, para estudantes do 3º grau e pela Entidade Municipal para estudantes do ensino fundamental e médio. Art. 206– Cabe ao Executivo Municipal, subvencionar entidades desportivas amadoras ou não, de acordo com as suas disponibilidades financeiras, promovendo a destinação de recursos públicos, para a prática do desporto, educação e lazer. Art. 207 – O Município deve garantir o funcionamento da Biblioteca Pública sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, providenciando:
I. corpo técnico-administrativo especializado;
II. composição do acervo necessário e indispensável;
III. aquisição de materiais permanentes exigidos para o funcionamento dos setores.
Art. 208 – É dever do Município preservar os valores da cultura afro-brasileira, cabendo-lhe: Parágrafo único – Inventariar, restaurar e proteger documentos, obras e quaisquer outros bens de valor artístico da cultura afro-brasileira. Art. 209 – O Município deve promover eventos que contribuam para a prática de esporte pelas crianças e jovens a partir dos bairros periféricos, considerando a educação física como meio de trabalhar o homem concreto e integralmente, através de:
I. organização de um calendário de eventos;
II. promoção de cursos de aperfeiçoamento e orientação para monitores profissionais responsáveis pela aplicação dos exercícios;
III. participação de entidades civis e filantrópica que cuidem de atividades esportivas
com crianças, adolescentes, jovens e adultos.
IV. a organização de atividades festivas, apoiando ou estimulando o que for programado por entidades locais;
Parágrafo único - Cabe exclusivamente à Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, após ouvidas as entidades interessadas, coordenar este trabalho.