sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC CURSO: LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA LEIDIANE BASTOS SENNA SÍTIOS VIRTUAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER: O TERRITÓRIO 18 EM TELA Alagoinhas 2009

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Page 1: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC

CURSO: LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

LEIDIANE BASTOS SENNA

SÍTIOS VIRTUAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER: O TERRITÓRIO 18 EM TELA

Alagoinhas 2009

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LEIDIANE BASTOS SENNA

SÍTIOS VIRTUAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER:

O TERRITÓRIO 18 EM TELA

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Campus II, Alagoinhas, como requisito parcial para obtenção de grau de licenciada em Educação Física, sob orientação do Prof. Dr. Augusto César Rios Leiro.

Alagoinhas 2009

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Aos meus pais e a minha irmã que sempre estiveram

presentes na minha jornada, com dedicação e incentivo.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que sempre esteve ao meu lado, dando força e ajudando a superar os momentos mais difíceis.

A meus pais por estarem sempre presente, me incentivando e torcendo por mim. A minha irmã que sempre me apoiou, se mostrou presente, com sua amizade, carinho e com palavras de incentivo. A todos os meus professores que dispuseram do seu conhecimento e possibilitaram o meu aprendizado. A Larissa, uma amiga que ganhei na universidade, que sempre esteve ao meu lado nessa trajetória tão importante. Obrigada pela dedicação, pelos aprendizados, pela ajuda em que, contribuiu para o nosso crescimento acadêmico. Obrigada pela amizade sincera, pelo carinho e por todos os momentos maravilhosos que vivenciamos juntas. A meu orientador, Augusto Cesar Rios Leiro, por ter acreditado em mim, obrigada pela confiança no meu trabalho. Ao professor, Luiz Rocha, que sempre se mostrou disponível para contribuir com minha formação, obrigada pelo carinho, incentivo, pela confiança, pelas preocupações. As minhas amigas Anne, Elizabete e Suelen pela presença, pelas palavras de apoio, pelos aprendizados e por se fazerem presentes na minha formação. A todos os meus colegas de sala que, de alguma forma, possibilitaram o meu desenvolvimento acadêmico. A todos que de alguma forma contribuíram na execução e na conclusão deste projeto, meus sinceros agradecimentos.

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RESUMO

A presente pesquisa surgiu das reflexões desenvolvidas no Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física Esporte e Lazer (GEPEFEL) da UNEB/Alagoinhas e se potencializou com a minha participação como pesquisadora iniciante e bolsista no projeto intitulado Ordenamento Legal e Políticas Públicas de Esporte e Lazer. Teve como objetivo analisar os sítios virtuais dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte como meio de divulgação oficial dinâmico das políticas Públicas de Esporte e Lazer. Baseia-se no princípio de que todo cidadão tem direto constitucional a informação dos serviços públicos. Esse estudo envolveu os 22 municípios que compõe o território 18 do estado da Bahia. O caminho metodológico percorrido levantou informações nos sítios virtuais oficias das prefeituras envolvidas no estudo e aplicou questionário com os gestores municipais de esporte e lazer. A análise de dados se deu a partir da análise documental das informações divulgadas nos sítios e análise de conteúdos dos questionários. Ficou evidente na investigação que em muitas cidades estudadas ainda não existe sítio virtual como política de divulgação das ações, projetos e programas de gestão e que parte significativa dos gestores há um entendimento limitado e desvinculado da realidade local sobre esporte e lazer como direito do cidadão e dever do poder público.

Palavras chave: Sítios virtuais, Políticas Públicas, Esporte, Lazer.

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ABSTRACT

The present research emerged from the reflections developed in the Group of Study and Research in Physical Education Sport and Leisure (GEPEFEL) of UNEB / Alagoinhas and potentiated with my participation as a newcomer researcher and scholarship holder on the project titled Legal Planning and Public Policy Sports and Recreation. Aimed to analyze the sites of virtual cities Territory Agreste Alagoinhas / North Coast as a means of publicizing official dynamic of Policy Public Sports and Recreation. It is based on the principle that every citizen has a constitutional right to information of public services. This study involved the 22 counties that comprise the territory 18 of the state of Bahia. The methodological path traveled up to research information at the websites virtual officers of municipalities involved in the study and questionnaire applied to the municipal managers the sports and recreation. The analysis of data was from the documentary analysis of information disclosed on the sites and content analysis of the questionnaires. Was evident in research that in many cities studied there not virtual site as policy the dissemination of actions, projects and management programs and of the part the significant of managers there are a limited understanding and divorced from reality on local sport and leisure as a citizen's right and duty of the government.

Key Words: Sites virtual, Policy Public, Sports, Recreation.

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FIGURAS

Figura 1 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Acajutiba 43

Figura 2 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Alagoinhas 45

Figura 3 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Esplanada 46

Figura 4 - Sítio Virtual Da Prefeitura Municipal De Mata De São João 48

Figura 5 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Olindina 49

Figura 6 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Ouriçangas 50

Figura 7 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Pojuca 52

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

CBCE Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte

CLT Consolidação das Leis de Trabalho

CONBRACE Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte

CONICE Congresso Internacional de Ciências do Esporte

GEPEFEL Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física Esporte e Lazer

ME Ministério do Esporte

SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

SECEL Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer

SNEL Sistema Nacional de Esporte e Lazer

UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana

UNEB Universidade do Estado da Bahia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 09

2 REFLEXÔES TEÒRICAS E DIREITO SOCIAL 12

2.1 INTERNET: REFERENCIAL TEORICO E OFICIAL DE INFORMAÇÃO

12

2.2 ESPORTE, LAZER COMO UM DIREITO DE TODOS 19

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER 31

3 A REDE COMO DESAFIO METODOLOGICO 40

4 ENTRE CLICKS E PALAVRAS 42

4.1 NAVEGANDO PELA REDE 42

4.2 ENTRE GESTORES: ATOS E DISCURSOS 52

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SÍTIO VIRTUAL

UNIVERSITÀRIO

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REFERÊNCIA

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO

APÊNDICE B – TABELA DE CATEGORIAS

ANEXO A - CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - Título VIII, Capitulo III, Seção III

ANEXO B - LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE MATA DE SÃO JOÃO/BA – Capítulo II

ANEXO C - LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/ BA – Seção VII, Capítulo VI

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como tema a análise dos sítios virtuais como

documento dinâmico de divulgação oficial das Políticas Públicas de Esporte e Lazer

dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/ Litoral Norte1. O interesse pelo

tema surge, a partir da participação no Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação

Física Esporte e Lazer (GEPEFEL) da UNEB Campus II, e se potencializa com a minha

participação como pesquisadora iniciante no projeto intitulado Ordenamento Legal e

Políticas Públicas de Esporte e Lazer.

Nessa trajetória de pesquisa vivenciamos importantes etapas de formação. Os

estudos temáticos, investigação direta e a participação em eventos científicos locais,

regionais, nacional e internacional. Nessa caminhada, fui fortalecendo minha condição

de pesquisadora, sistematizando minha produção e os trabalhos começaram a ser

aprovados. Nessa rica jornada tivemos a oportunidade de apresentar comunicações e

pôsteres nos seguintes eventos: XV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte/II

Congresso Internacional de Ciências do Esporte – CONBRACE/CONICE, sob o título

―Ordenamento Legal e Políticas Públicas de Esporte e Lazer: o abismo entre gestão

citadina e participação popular‖; na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o

Progresso da Ciência - SBPC, com título ―Política e administração pública de esporte e

lazer em Alagoinhas e municípios circunvizinhos‖, XII Jornada de Iniciação Científica,

―Políticas Públicas de Esporte e Lazer em rede‖; Jornada Pedagógica – CBCE/Semana

de Educação Física da UEFS/BA, ―Análise dos repasses e recursos do Ministério do

Esporte para os municípios da Bahia: Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte em

discussão‖ e ―Lazer e Meio Ambiente: um olhar sobre a relação dos cidadãos de

Alagoinhas nos parques e áreas verdes‖.

1 A Secretaria de Cultural do Estado da Bahia desenvolve um projeto de Territórios Culturais, em que cada Território é demarcado a partir das características sócio-econômicas, políticas, culturais e geo-ambientais, resultante do agrupamento de municípios e associado ao sentimento de pertencimento da população. Tendo num total de 26 territórios e tem como objetivo contribuir para a promoção do desenvolvimento sociocultural de cada territórios baiano. Estando Alagoinhas inserido no Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte (Território 18), que é composto por 22 municípios, sendo eles Acajutiba, Alagoinhas, Aporá, Araçás, Aramari, Cardeal da Silva, Catu, Conde, Crisopolis, Entre Rios, Esplanada, Inhambupe, Itanagra, Itapicuru, Jandaíra, Mata de São João, Ouriçangas, Pedrão, Pojuca, Rio Real e Sátira Dias (TERRITÓRIOS CULTURAIS).

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Assim, as políticas públicas vêm sendo uma temática muita discutida entre os

pesquisadores, porém no cenário federal, não se priorizava essas políticas no âmbito

do esporte e lazer, mesmo sendo um direito constitucional. Dessa forma, se percebe

uma carência que estas temáticas têm em relação à definição de suas políticas

públicas. Com a intensificação dessa discussão, durante o Governo Lula, essa

realidade começa a mudar, por conta, da criação do Ministério do Esporte (ME) que

tem como finalidade assegurar o direito de acesso ao esporte e ao lazer, como um

instrumento de emancipação humana.

Apesar de instituir políticas mais afirmativas que assegurem esse direito, ainda

fazem-se necessárias ações efetivas, participavas e de interesse da população, por

parte dos gestores municipais. Até porque, este vem assumindo um caráter utilitarista,

onde o esporte e o lazer são utilizados como meio ou atividade complementar para

outras políticas.

Os meios de comunicação impulsionados pela ampliação e simultaneidade da

informação começam a despertar no cidadão o interesse pelos seus direitos. Nesse

processo, as políticas públicas de esporte e lazer veem ganhando mais

visibilidade social e interesse nas pesquisas acadêmicas, programas e ações federais,

estaduais e municipais nessa área.

Com a modernização dos sistemas de informações, a internet, transforma a

cultura da comunicação e a vida da sociedade e dessa forma, junto as Políticas

Públicas, ela torna espaço para discussões, de intervenções, ajudando a

descentralizar, democratizar e otimizar os serviços públicos, tornado-se uma ferramenta

muito importante para que os indivíduos possam acompanhar as ações de seus

gestores e assim poder estar participando da construção e avaliação das políticas

públicas universais.

Baseado no princípio de que todo cidadão tem direto a informação, mas isto não

tem sido assegurado aos mesmos de forma satisfatória, se faz necessário à difusão

das informações acumuladas nos serviços públicos. Nesse sentido, questiono: os sítios

virtuais oficiais são utilizados como documento (oficial) de divulgação das Políticas

Públicas de Esporte e Lazer dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/ Litoral

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Norte?

A pesquisa parte do pressuposto de que os municípios que compõem esse

território não utilizam os sítios como documento dinâmico de divulgação das políticas

públicas de esporte e lazer, não assegurando o direito à informação aos cidadãos.

Assim, a utilização do ciberespaço, como um ambiente de socialização de informações,

ajuda a dinamizar a reconstituição de laço social, como uma nova possibilidade de

interação da comunidade com os setores públicos.

O foco da pesquisa está na análise dos sítios virtuais dos municípios do

Território em questão, como meio de divulgação oficial das Políticas Públicas de

Esporte e Lazer. Para isso, será necessário mapear e analisar as informações

disponíveis nos sítios; identificar e discutir as políticas públicas municipais de lazer e

esporte; e desenvolver um sítio virtual para divulgar as informações acerca da

legislação e das políticas de esporte e lazer da região.

No capítulo seguinte, Reflexões teóricas e direito social, inicialmente será feito

uma análise dos processos de modernização dos meios de comunicação em massa

até o surgimento das tecnologias de informação contemporânea e sua importância na

divulgação de suas políticas públicas, como a participação cidadã. Após, faremos um

breve histórico do lazer e seus variados entendimentos baseados em diversos autores

e trago também as ocorrências históricas do esporte na sociedade. E no terceiro

momento discutirei a respeito das políticas públicas e a inclusão do esporte e lazer

como direito social e as suas repercussões atuais. No terceiro capítulo, a Rede como

desafio metodológico, trago o caminho percorrido para a concretização dessa pesquisa.

No quarto capítulo, Entre clicks e palavras, apresento e analiso os dados encontrados

tanto nos sítios virtuais, quanto no questionário dos gestores. Para finalizar, trago

minhas considerações finais e a proposta do sítio virtual universitário como referência.

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2. REFLEXÕES TEÓRICAS E DIREITO SOCIAL

O esporte e lazer veem sendo uma temática bastante discutida atualmente,

―como problema social e como objeto de reivindicação, ligada à qualidade de vida nas

cidades‖ (MARCELINO, 1996). Junto ao desenvolvimento de novas tecnologias de

comunicação, possibilita uma maior conhecimento por parte das ações e programas

que são implementados nas cidades, tornando um meio de contato direito com os

gestores, como também uma maior participação da comunidade na definição de suas

prioridades. Assim, nesse capítulo, discutirei sobre a internet como uma referência

oficial na divulgação das políticas públicas, como essas políticas são estabelecidas nos

municípios, tendo como eixo o esporte lazer, visto que estes se constituem como um

direito social.

2.1 INTERNET: REFERENCIAL TEORICO E OFICIAL DE INFORMAÇÃO

Com os progressos dos meios de comunicação a partir do desenvolvimento dos

conhecimentos científicos e técnicos, fazem com que novos meios de vinculação das

formas simbólicas sejam produzidos na sociedade, com o intuito de circulação de

informação, entretenimento e publicidade.

Não se sabe ao certo como os primitivos começaram a se comunicarem, mas a

partir de uma associação do som a um determinado objeto, ou ação, se criam os

signos e a significação. Assim para Diaz Bordenave (2003, p. 24), ―a atribuição de

significados a determinados signos é precisamente a base da comunicação em geral e

da linguagem em particular‖.

A linguagem oral é a primeira forma de comunicação humana, porém tem

algumas limitações como à falta de permanência e a falta de alcance. Pela

necessidade de estabelecer signos aos objetos, o homem, começou a utilizar os

desenhos e logo depois linguagem escrita.

A comunicação serve para as pessoas relacionarem entre si, transformando-se

mutuamente e a realidade que os rodeia. Para Diaz Bordenave (2003) os elementos

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básicos para haver comunicação são a realidade onde se realiza, os interlocutores que

dela participam, as mensagens que são compartilhadas, os signos que utilizam para

representá-los e os meios como modo de transmissão.

Sendo as formas simbólicas expressões, ações significativas, elas têm como

finalidade entender os outros e a si mesmo, a partir das mensagens que produzem e

recebem. Thompson (1995) compreende as formas simbólicas baseado em um

conceito de cultura. Para isso, o autor desenvolveu uma concepção estrutural de

cultura, onde os fenômenos culturais podem ser entendidos como formas simbólicas

em contextos estruturados e a analise cultural atenta para a constituição significativa e

contextualizada das formas simbólicas.

Pautada nessa concepção, é que se pode entender melhor a urgência no

processo de desenvolvimento da comunicação de massa, sendo que esta se interessa

pela produção e transformação das formas simbólicas e as tecnologias de indústria da

mídia, modificam a maneira em que as formas simbólicas são produzidas, transmitidas

e como circulam na sociedade.

Thompson (1995) conceitua cultura como ―forma simbólica que tem relação a

contextos e processos historicamente específicos e socialmente estruturados dentre os

quais, e por meio dos quais, essas formas simbólicas são produzidas, transmitidas e

recebidas (p. 181)‖. Assim, a interpretação dos significados das formas simbólicas se

faz através de contextos estruturados.

O processo de valorização dos processos simbólicos aconteceu a partir de uma

valorização simbólica, que se dá com a interpretação do sujeito; ou a econômica,

voltada para o processo de mercadorização. Essa segunda vertente, esta direcionada

para o processo de desenvolvimento e expansão dos meios de comunicação. Se

percebendo assim, que os meios de comunicação estão ligados a um projeto histórico

capitalista e tem um papel importante na formação de um senso comum, como forma

de reprodução simbólica da vida social.

A partir dessa valorização econômica das formas simbólicas, que ocorre o

desenvolvimento das instituições de comunicação de massa, caracterizando as

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sociedades como modernas, conhecida por Thompson (1995) como ―processo de

midiação da cultura‖ (p. 212). Esse desenvolvimento ainda continua acontecendo.

Os meios de comunicação geram transformação na interação entre os seres

humanos no que diz respeito a trocas de formas simbólicas entre produtores e

receptores, já que, antes da invenção da escrita, as transmissões culturais davam-se

através de contextos de co-presença. A linguagem escrita surge no século IV antes de

Cristo e anterior a elaboração do alfabeto, a comunicação se dava por pictografias, em

que os signos representavam uma direta relação da imagem gráfica e o objeto

representado. Depois se desenvolveu a ideografia, que se utilizava dos signos para

representar as idéias. A fonografia onde os signos eram representados pelo som.

Porém com o nascimento das letras, e consequentemente, do alfabeto, a linguagem

escrita veio a facilitar a vida das pessoas, pois já não era preciso combinar os sons ou

conhecer a equivalência dos signos gráficos com as idéias e objetos determinados

(DIAZ BORDENAVE, 2003).

Ainda para o mesmo autor, o surgimento da escrita estava atrelado à

necessidade de gravar informações provenientes das atividades de comercio, depois,

foi também usada para gravar idéias religiosas, científicas, jurídicas e literárias.

Primeiramente, as formas de escritas eram feitas em pequenos pedaços de argila, pela

dificuldade de ser transportada, começam a aparecer um novo meio técnico que

facilitou as atividades de administração e comércio, que foi o papiro e pergaminho,

onde era possível uma escrita mais rápida.

O papiro e o pergaminho só foram substituídos a partir do desenvolvimento da

técnica de produção de papel pelos chineses, em seguida, inventou as técnicas de

impressão. Assim, começou a mudar a forma de comunicação presencial e permitiu a

produção de textos em grandes quantidades e sua exploração comercial, com a

reprodução de textos religiosos, literários e depois com os livros. Thompson (1995, p.

231) afirma que ―esse fato se constituiu no alvorecer da era da comunicação de massa.

Coincidiu com o desenvolvimento das primeiras formas de produção capitalista‖.

As técnicas de impressão geraram mudanças, por conta dos numerosos folhetos

de informações de acontecimentos da sociedade, como assuntos oficiais, políticos e

comerciais. Algumas cidades-estado, a veiculação desses folhetos foi reprimida por

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conter informações tidas como subversivas e perigosas. Porém, essa técnica foi

utilizada para o exercício do poder, já que publicavam matérias que justificassem uma

dada hegemonia.

As indústrias de jornais começaram a se desenvolver nos século XIX e XX. Para

Thompson (1995) isso foi possível por conta do crescimento e consolidação da

circulação massiva de jornais e pela internacionalização da coleta de notícias.

Para o mesmo autor, o crescimento da circulação dos jornais aconteceu pelas

inovações técnicas, como da prensa a vapor, que possibilitou um aumento na

capacidade produtiva e como consequência uma adaptação de suas indústrias gerando

mais circulação, venda e renda. Houve também mudanças em seus conteúdos, sendo

que no início era voltado para determinado grupos sociais, os jornais passaram por

uma modificação em seu estilo para poder atender um público leitor mais numeroso.

Os anúncios de publicidade ganharam espaços nos jornais, sendo um importante meio

para as indústrias e lojas divulgarem seus produtos e serviços atingindo inúmeras

pessoas.

A internacionalização de coletas de informação se deu com a criação das

agências de notícias, que eram responsáveis por recolher informações internacionais

para clientes dos jornais. Com o desenvolvimento do telégrafo se intensificou o acesso

a informações, conseguindo, veicular informação políticas e econômicas dos principais

países (THOMPSON, 1995).

Assim, o jornal representou um avanço importante na mídia moderna, por reunir

variados tipos de informações em um formato limitado e de fácil reprodução, como

também pela maneira de transmitir informações com rapidez e abrangência a um

público de massa.

Com a possibilidade de transmissão de sinas por ondas eletromagnéticas, novos

meios de comunicação sem fio desenvolveram rapidamente. A esse respeito, vale

apena fazer um breve recorte histórico. No primeiro momento, essa comunicação era

usada para fins militares e se devolveu nos anos seguintes. O rádio surgiu nos EUA em

1920, tinha como fonte de lucro a venda de aparelhos transmissores e receptores e

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pela locação de programas para redes de estação. Depois, o rádio ganhou o gosto

popular, como um dos principais meio de transmissão de formas simbólicas.

O rádio começou a perder seu espaço a partir de 1940, com a chegada da

televisão. As suas primeiras audiências eram relativamente baixas, mas ganhou

espaço rapidamente na sociedade. Tanto que, em pouco tempo a televisão se tornou

um dos importantes meios de transmissão cultural. Como conseqüência da sua

expansão, Thompson (1995) traz alguns pontos como interferência no desenvolvimento

em outra indústria da mídia, como o cinema; afetou também outras indústrias da mídia

em termos de competição pelo lucro na publicidade, pois antes do crescimento da

televisão os lucros da publicidade eram absorvidos pelos jornais. Assim a televisão

atualmente é o principal veículo de divulgação de informação, que com as novas

tecnologias, pode transmitir as mesmas informações para o todo o mundo em

instantes.

Com o desenvolvimento das tecnologias de informação contemporânea,

causando impacto na sociedade, por transformar a maneira com que, as mensagens

são transmitidas e recebidas. O primeiro impacto acontece com a possibilidade de

gravar imagens, som, como os programas, e assistir matérias gravadas, isso por conta

dos vídeos cassetes e depois com os CD e DVD; com desenvolvimento de cabos para

transmissão de programas para a televisão, com canais fechados; depois com a

possibilidade de transmissão via satélite, o que permitiu aos receptores sintonizar

diretamente sinais transmitidos via satélite; e, os avanços no sistema de transmissão

de satélite e cabo, permitindo o desenvolvimento uma nova modalidade de transmissão

cultural, possibilitando a codificação de informação e comunicação num formato digital,

como a invenção dos computadores e logo depois com surgimento da internet.

Desenvolvimentos recentes nas telecomunicações e nos computadores criaram novas possibilidades para a transmissão, armazenamento e acesso à informação, desenvolvimentos que estão transformando as indústrias da mídia e integrando-as sempre mais num conjunto mais amplo de indústrias relacionadas a difusão e ao controle da informação

e comunicação (THOMPSON, 1995, p. 254).

Page 18: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

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Nesse sentido, as tecnologias de informação contemporâneas se expandem na

sociedade, sendo a internet uma delas, que se configura como um meio organizativo

que permite o desenvolvimento de uma serie de novas formas de relações sociais.

Isso também aconteceu, por possibilitar uma conexão que ultrapassa os limites físicos

do cotidiano fazendo como que se criem laços de afinidade.

A internet desenvolveu-se a partir da interação entre ciência, pesquisa

universitária, programas de pesquisa militar no EUA e a contracultura radical libertária.

Ela nasce a partir de programa de pesquisa militar, porém nunca teve aplicação nessa

área, havendo apenas o financiamento militar em estudos da área de informática e que

se agregou a cultura de movimentos libertários buscando um instrumento de liberação

e de autonomia do Estado e das grandes empresas. Esse projeto nunca teve a

intenção de ser lucrativo, mas de se tornar um meio de comunicação livre. (CASTELLS,

2003)

As tecnologias digitais surgiram com uma infra estrutura de ciberespaço, definida

por Levy (1999, p.17) como, ―novo meio de comunicação que surge da interconexão

mundial de computadores‖, espaço de sociabilidade, de transações, de novo mercado

informatizado e de conhecimento. A internet nos permite uma nova forma de

comunicação totalmente diferente das formas clássicas atuais, como também, a

abertura de um novo veículo de comunicação, cabendo-se a nós explorar suas

potencialidades da melhor maneira.

Considerando o ―dilúvio‖ de informações, causada pelo desenvolvimento das

telecomunicações Levy (1999) afirma que a partir do fenômeno da cibercultura, a

internet transforma a cultura da comunicação e a vida da sociedade e assegura ainda

que

As telecomunicações geram esse novo dilúvio por conta da natureza exponencial, explosiva e caótica de seu crescimento. A quantidade bruta de dados disponíveis se multiplica e se acelera. A densidade dos links entre as informações aumentam vigorosamente nos bancos de dados, nos hipertextos e nas redes (LEVY, 1999, p. 13).

A cibercultura é considera como um novo universal, isso por ser diferente das

formas culturais já existentes e que se constrói a indeterminação de um sentido global

Page 19: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

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qualquer (Levy, 1999). Este se diferencia das formas de comunicação oral, pois a

recepção e a produção de mensagens aconteciam no mesmo contexto. Com o

surgimento da escrita essa forma de recepção e produção das formas simbólicas se

amplia, porém geram problemas com a sua recepção e interpretação. Com a

―universalização‖ das mensagens é possível preservar o mesmo sentido de recepção,

como afirma Levy (1999, p. 15) ―a cibercultura eleva a co-presença das mensagens de

volta a seu contexto como ocorria nas sociedades orais‖.

Assim, com a virtualização dos textos e a criação das redes de computadores, o

acesso a diversas informações tornava-se mais fácil, por meio da matriz digital fazendo

com que penetremos num novo universo de criação e leitura de signos. Dessa forma, é

possível trocar arquivos, discutir resultados de pesquisas, acessar informações

disponíveis em banco de dados mundiais, entre outros, o que torna uma ferramenta de

constante interação.

[...]enfim, o suporte digital permite novos tipos de leitura (e de escrita) coletivas. Um continuum variado se estende assim entre a leitura individual de um texto preciso e a navegação em vastas redes digitais no interior das quais um grande número de pessoas anota, aumenta, concentra os textos uns aos outros por meio de ligações hipertextuais. (LEVY, 1996, p.43)

Dessa forma, sabendo da sua vital importância, e junto as Políticas Públicas, ela

torna espaço para discussões, de intervenções, ajudando a descentralizar,

democratizar e otimizar os serviços públicos.

Deste modo, apoiando-se nas potencialidades do ciberespaço encoraja as

dinâmicas de reconstituição de laço social, desburocratizando as administrações,

trazendo em tempo real os recursos e equipamentos da cidade, experimentando novas

práticas democráticas (LEVY, 1999). O mesmo autor afirma ainda que, para que se

torne um espaço de verdadeira democracia é preciso considerar o ciberespaço como

uma possibilidade de comunicação interativa e coletiva, utilizando-o como meio de

expressão e elaboração dos problemas da cidade pelos próprios cidadãos,

autorganização das comunidades locais, participação na deliberação de grupos

Page 20: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

19

diretamente afetados pelas decisões, transparência das políticas públicas e sua

avaliação pelos cidadãos.

Nesse sentido, a relação entre o ciberespaço e a cidade se torna mais urgente

por ―favorecer uma aproximação social das novas tecnologias de comunicação e

informação e fortalecer a democracia contemporânea com experiência de governo

eletrônico e cibercidadania‖ (LEMOS, 2007 p. 11).

Para o Brasil, o primeiro desafio é a implementação de políticas públicas de

inclusão digital, para que a sociedade civil seja inserida no mundo digital sabendo que

o acesso à informação é fundamental para a construção do conhecimento, para a

participação em sociedade e para a ampliação de oportunidades de trabalho. E dessa

forma, com maior facilidade de navegar pela rede e como de receber informações e

emitir opiniões, o cidadão participa do exercício de democracia com mais intensidade,

tornando se sujeito ativo na construção da sua sociedade.

As novas tecnologias de comunicação junto com a inclusão digital contribuem de

forma significativa para transparência das ações do poder público como para fortalecer

a cidadania. Pensando nisso o Brasil, desenvolve um projeto de ―Governo Eletrônico‖

que a partir de Lemos e Rocha (2007) tem como principais benefícios o fortalecimento

do processo de democratização dos governos; melhoria na prestação de serviços e

consulta dos cidadãos; maior transparência da administração pública; e maior eficiência

da administração pública e dos gastos públicos. Tornando a internet um meio de

comunicação direta com o cidadão e deixando a par de todas as ações do governo,

aproximando-o das atividades públicas.

Nesse sentido, a internet contribui junto ao poder municipal, para divulgação de

informações a respeito do esporte e lazer, possibilitando uma aproximação do cidadão

com as ações que são desenvolvidas em sua comunidade.

2.2 ESPORTE, LAZER COMO UM DIREITO DE TODOS

O esporte e lazer são fenômenos culturais em que se relacionam, guardando

proximidades políticas, contudo com definições conceituais diferentes. O Esporte gera

variadas dinâmicas sociais e diversas formas de sociabilidade. Ganhou o mundo,

Page 21: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

20

estando inserido em suas diferentes maneiras na sociedade, como no alto rendimento,

o esporte competitivo, espetacularização, ligado a mídia, e ao lazer voltado para o

divertimento e prazer. O lazer é considerado um direito social, oriundo das conquistas

dos trabalhadores por um tempo legalmente regulamentado e também uma

possibilidade de produção de cultura, que a partir de vivências lúdicas mobiliza o

desejo e os sentimentos de liberdade, autonomia, criatividade e prazer, que são

construídos coletivamente (WERNECK, 2000).

Sobre sua origem do esporte, existem duas hipóteses, a partir de Thomas (1991

apud Stigger, 2005), uma que tem a idéia de ―continuidade‖, outra com a idéia de

―ruptura‖. A primeira aponta para a existência do esporte desde civilizações antigas,

como o esporte-grego, romano, entre outros. Acredita-se que o esporte já existia no

mundo desde os tempos da civilização, justifica pela similaridade dos movimentos, pela

estrutura que esta atividade era realizada, como também pela presença do vocábulo,

acreditando assim na existência de antecedentes do esporte moderno.

A continuidade do vocábulo ou a semelhança dos gestores, efetivamente, não devem confundir: entre o esporte moderno e os jogos tradicionais, as diferenças não são mais fortes que as continuidades. A uma concepção universalista que reconhece a existência de ―esporte‖ em todas as culturas, antigas ou contemporâneas, européias ou exóticas, se opõe a constatação de uma descontinuidade que define o esporte a partir das características que o distinguem de outras formas de lazer e de afrontamento, sejam anteriores, sejam concorrentes. (CHARTIER, 1994, p. 13 apud STIGGER, 2005, p.18)

A segunda afirmação acredita que o esporte moderno tem origem na Inglaterra,

no século XVIII, após a Revolução Industrial, sendo uma fase marcada por

transformação na sociedade, como o processo de industrialização, desenvolvimento

tecnológico e com as novas organizações. Com uma nova visão de sociedade,

possibilitou novas condições de vida, novos valores baseado na expansão econômica,

alguns princípios da sociedade capitalista industrial foram incorporados no esporte, e

assim este elemento da cultura corporal surge com um ―caráter competitivo‖ como

afirma Bracht (1997). Como os jogos populares não se enquadravam no novo modelo

de sociedade, entram em declínio.

Sendo a Inglaterra nesse momento, uma referencia mundial, o esporte se

Page 22: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

21

expandiu na busca pela qualificação, especialização e recorde, considerando assim o

esporte praticado por outras civilizações como uma forma de lazer e o esporte

propriamente dito surge na cidade inglesa, onde se tem uma universalização de suas

regras.

Contudo, é dentro das escolas públicas que essa transformação acontece

Parece indiscutível que a passagem do jogo ao esporte [...] tenha se realizado nas grandes escolas reservadas às ―elites‖ da sociedade burguesa, nas public schools inglesa onde os filhos das famílias da aristocracia ou de grande burguesia retomaram alguns jogos populares, isto é, vulgares, impondo-lhes uma mudança de significado e de função muito parecida àquela que o campo da música erudita impôs às danças populares [...] para fazê-las assumir formas eruditas como a suíte (BOURDIEU, 1983, p. 139 apud STIGGER, 2005, p. 32)

Como os jogos populares eram repreendidos pelo poder público, porém ele se

desenvolve nas escolas públicas por não ser percebido como uma ameaça a ordem

pública. O esporte aparece a partir da efetivação de um sistema educacional nacional

rígido, já que essas escolas eram tidas como um lugar de desordem visto também nos

jogos populares, onde se tinha o objetivo de controle da violência e a utilização dos

jogos, como instrumento disciplinador. Assim ―na busca pela disciplina resultaram as

primeiras regras escritas (1840), o que permitiu o encontro entre diferentes escolas‖

(Stigger, 2005, p.34).

A institucionalização das atividades esportivas se inicia, quando um corpo de

dirigente se reúne com órgãos específicos e define regras universais, o que possibilita

trocas esportivas primeiramente nas escolas e regiões e depois se expandem. Logo

depois, como os ex alunos dos colégios públicos, em que pelas mudanças de

comportamento e pela necessidade de se estabelecer novas relações sociais, criam

clubes e ligas esportivas na Inglaterra.

Com as transformações na sociedade por conta dos avanços tecnológicos, onde

se exigia novas formas de coesão social e reestruturação das relações sociais, foram

criados novos hábitos e a necessidade de estabelecer grupos mais específicos. Para o

estabelecimento desses grupos sociais, foram criados varias estratégias como o

acesso a educação e ao esporte amador, em que, quem tivesse acesso a esses

Page 23: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

22

―benefícios‖ eram considerados a elite da sociedade. Isso se intensificou com a criação

dos clubes, onde o público em que freqüentava era selecionado.

A democratização do esporte teve início com a democratização funcional que

para Stigger (2005) é entendido como uma transformação para o aumento equilibrado

do poder entre grupos e facções sociais e pela crise entre o esporte amador (o

praticado pela elite) e o profissionalismo (o esporte praticado pelas classes populares).

Se a democratização funcional levou a classe média inglesa a investir na prática do esporte e do associativismo esportivo, vendo-os como possibilidade de identificação enquanto classe social, para as classes populares o acesso a essa mesma prática representou ―‗apropriação‘ do processo de civilização por parte dos grupos sociais situados de forma subordinada no espaço social‖(LOPES, 1995, p. 154 apud STIGGER, 2005, p.40).

Com a apropriação do esporte pelas classes populares, essa prática acaba

sofrendo modificações significativas, baseada na sociedade industrial, a prática torna-

se institucionalizada, com a existência de regras comuns, o que possibilitou interações

esportivas, perdendo assim seu caráter de divertimento, passando a ter certa

seriedade.

Sobre o conflito entre amadores e profissionais, por exemplo, no futebol, foi

resolvido com a unificação a favor do profissionalismo o que permitiu que essa prática

se democratizasse, tornando uma possibilidade para as classes populares de ascensão

social (SITIGGER, 2005).

O esporte difundiu entre a classe operária, sendo praticada em seu tempo livre,

e estimulada pelos patrões por interesses políticos - ideológicos. Atrelado a essa

intensa aceitação do esporte na sociedade, começou a surgir os mercados esportivos,

interessados em conquistar o público consumidor na venda de variados produtos como

revista, jornais, materiais esportivos de modo geral, como, a sua vinculação na

televisão sendo um meio de acesso de inúmeras pessoas.

Dessa forma, o esporte moderno é marcado pela sua secularização e

racionalização que segundo Helal (1990) essas são as principais características que o

diferencia o esporte das outras épocas. A idéia de secularização esta pautada numa

prática secular, em que esta desvinculada do domínio sagrado, pois esta substitui uma

Page 24: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

23

representação religiosa, por conta das explicações racionais e científicas.

Para o mesmo autor, a racionalização acontece na medida em que, o raciocínio

científico predomina sobre o pensamento mítico religioso, tendo assim avanços em

pesquisa e na técnica possibilitando um domino no meio físico e social. Essa

racionalização perpassa pela busca da quantificação dos efeitos dos atletas, dando

possibilidade de tabular todo o seu desempenho e com isso melhorá-la, criando assim

o conceito de recorde; a busca pela maior especialização dos papéis, nesse momento

o indivíduo era treinado dentro das suas melhores habilidades, não possibilitando um

desenvolvimento harmonioso de suas habilidades, começando a receber incentivos da

ciência; e, o desenvolvimento de estratégias e técnicas de jogo, caracterizado pela sua

formalização e rigidez.

Contudo, o esporte tem seu lado antagônico, já que, por conta de interesses

lucrativos, pela sua qualificação e espetacularização, perde seu encanto tanto para os

atletas tanto quando para nós torcedores, porém ele em si mesmo, resiste ao mesmo

tempo, por possibilitar momentos fascinante, empolgante, lúdico, com certa dose de

criatividade e ainda é capaz de reunir multidões em seu redor.

No Brasil, o esporte institucionalizado tem início na metade do século XX. O

papel do estado era incentivar políticas militares, como o objetivo de recrutar de jovens

para guerra, nesse momento essa política foi demarcada por um caráter

antidemocrático, com finalidade de formação e de prepara para a guerra.

Assim o esporte condicionou-se ao apelo militar que o contexto político, social e econômico demandava cujo viés institucional se conformava à concepção funcionalista das políticas públicas de Estado para o esporte. O interesse institucional do Estado em preparar homens para o enfrentamento bélico era o fio condutor da política desportiva desta época (LOURINDO, 2007, p. 48-49)

Além disso, a ação do estado voltada para o esporte, também assume um

caráter corporativista, pois estava pautada numa integração nacional, numa educação

cívica, na melhoria da qualidade de vida. Contudo, o estado estava interessado em

lucros em que o esporte poderia oferecer, já que, este tem uma função de reprodução

do capital.

Page 25: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

24

Por conta disso o esporte de alto rendimento e o esporte espetáculo são os mais

beneficiados, já que, torna-se um atrativo ao olhares do estado por diversas razões

como apresenta Bracht (1997), por ser uma atividade de fácil compreensão e que se

adéqua as características da comunicação de massa e da indústria de entretenimento;

por ter uma identificação coletiva; uma possibilidade de tirar a atenção aos problemas

sociais e ―criar um mundo dentro do mundo‖ (p.70).

A intervenção do estado no setor esportivo se dá pela idéia do esporte ser um

instrumento de afirmação política no plano internacional e um fator importante para o

bem estar da população, pelo alto custo financeiro de doenças hipocinéticas e afecções

psicológicas. E é a partir desses ideais que a prática esportiva vai ser considerada

como um direito do cidadão e um dever do estado, junto ao lazer (Bracht, 1997).

Contudo, o esporte esteve vinculado ao ideal de institucionalização com a

privatização de seus serviços, enquanto que o Estado estava mais preocupado em

incentivar políticas de caráter funcionalista, seguindo um modelo de legitimação da

hegemonia das potências econômicas e políticas mundiais, reproduzindo valores de

competitividade e superioridade.

Com a criação do ME no Governo Lula, as políticas de esporte ganham força,

não só voltada para o alto rendimento, mas também como uma política social, e que

segundo Helal (1990) encarar o esporte como fato social, é considerá-lo como algo

construído, que existe fora das consequências individuais de cada um, mas que se

impõe como uma força imperativa capaz de penetrar intensamente no cotidiano de

nossas vidas, influenciado os nossos hábitos e cotidianos.

Atualmente, o esporte é considerado com um dos direitos sociais junto ao lazer.

Contudo, o lazer nem sempre teve esse destaque na sociedade. Podendo ser

percebido em um breve levantamento histórico. Na Grécia Antiga, este estava apenas

vinculado a uma pequena parcela da população, os chamados ―homens livre‖2, que não

tinham obrigações servis e utilizavam seu tempo para contemplação e reflexão, porém

2 A sociedade ateniense, no século V antes de Cristo, estava dividida em três grupos entre eles: homens livres, necessariamente gregos, só uma minoria participa do poder político, são os cidadãos, os adultos do sexo masculino, filhos de pais já cidadãos, as esposas e filhos desses cidadãos pertencem ao corpo cívico, mas não ao corpo político da cidade; os metecos, estrangeiros que viviam em Atenas; e, os escravos, prisioneiros da guerra e filho de escravos.

Page 26: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

25

nesse período histórico não se tinha nenhuma ligação do lazer com o trabalho.

Foi em Roma que o lazer começou a se vincular ao trabalho, já que este povo

não via o trabalho como algo negativo e, como afirma Melo e Alves Junior (2003, p. 4) o

―tempo de não trabalho passou a ser compreendido não como oportunidade de

contemplação, mas de recuperação e preparação do corpo e do espírito para volta ao

trabalho‖. Segundo o mesmo autor, as atividades ligadas à diversão nesse momento

não estavam apenas restritas a elite, porém está e a camada popular, não

compartilhavam das mesmas possibilidades de acesso ao lazer, enquanto a primeira

estava voltada para prática de reflexão, a plebe eram oferecidos atividades de distração

e alienação. Nesse sentido, o lazer era tido como uma atividade qualquer, para entreter

a população, não sendo vista como um espaço de produção cultural 3.

Na Idade Média, o lazer e o trabalho ganharam novos sentidos que estão

diretamente relacionados à presença de Deus, no sentido de se afastar dos prazeres

da vida mundana. O lazer só deveria ser vivenciado e estimulado se buscasse elevar a

alma à Deus. Portanto, como todos os aspectos da vida social, o lazer estava

impregnado de valores morais, e relacionado ao mundo do trabalho, a estruturação da

família e a Igreja como corporação universal, possibilitando, assim, a utilização do lazer

e do trabalho como eficientes mecanismos de controle moral e social (ROCHA; SILVA,

2002).

Com o advento da Revolução Industrial e a mudança no modelo de produção,

a relação do lazer e do trabalho se tornou tensa por conta das investidas dos

empresários em busca do acúmulo de capital e da extensa jornada de trabalho, que

chegava a dezesseis e/ou dezoito horas/dia. Dessa forma, não sobrava tempo para que

os trabalhadores pudessem desfrutar de momentos de descanso e divertimento. Assim,

Marcelino (2002) afirma que o tempo estava condicionado a um sistema mercantil,

justificando-se pela arrecadação financeira na qual se considera que ―tempo é

dinheiro‖, enfatizando a necessidade de compreensão do tempo de lazer que, por sua

vez, se conceitua como tempo conquistado, entendendo que o tempo em que se vive o

3 Remoto a Políticas de Pão e Circo em que, era oferecida a população atividades para distração, com o objetivo de entreter a população carente, o que acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de manifestações.

Page 27: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

26

lazer é livre de qualquer obrigação.

No Brasil, foi na década de 1970 que se acirraram as lutas pela

democratização, de modo que os movimentos sociais opuseram-se ao modelo de

produção em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Foi nesse momento,

que a classe operária começou a se organizar e reivindicar seus direitos, que por conta

do alto grau de exploração e de alienação a que eram submetidos, impossibilitavam o

estabelecimento de relações livres no trabalho. Com isso, cresceu a demanda em

torno do lazer como direito social, já que este ―era tido como um dos poucos momentos

de realização e prazer devendo ‗compensar‘ a frustração gerada no seio do processo

produtivo‖ (WERNECK, 2000, p. 50). Marcelino (1996) afirma, ainda, que o lazer como

possibilidade da ‗humanização da vida‘ e como canal privilegiado de democratização do

acesso à cultura, não pode ser mais encarado como atividade de sobremesa ou moda

passageira no dia-dia de uma cidade.

O lazer também era o momento em que os trabalhadores se reuniam e

tomavam consciência de sua situação de opressão e criavam estratégias de luta e

resistência. Percebendo isso, a classe dominante ofereceu as camadas populares

possibilidades controladas de divertimento como espetáculo, cinema, teatro, entre

outros. E, dessa forma, a elite se beneficiava tanto no controle e desarticulação da

população quanto nos lucros advindos dos espetáculos (MELO; ALVES JUNIOR 2003).

Contudo, com a resistência da classe trabalhadora, estes conseguem

lentamente conquistar seus direitos, dentre os quais o direito ao lazer, tendo como

conseqüência a redução da carga horária de trabalho, o repouso mínimo semanal,

feriados, férias, objetivando a diversão e o descanso.

Assim, não é possível pensar o lazer como um fenômeno pacífico, ingênuo ou desassociado de outros momentos da vida. O moderno fenômeno de lazer foi gerado de uma clara tensão entre as classes sociais e da ocorrência contínua e complexa do controle/resistência,

adequação/subversão (MELO; ALVES JUNIOR, 2003, p. 10).

Com os avanços nas pesquisas sobre lazer, percebe-se, ainda, contradições em

torno dessa temática, existindo incoerência com atividades que são pensadas para o

lazer, já que estas devem estar voltadas para as necessidades da comunidade e,

Page 28: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

27

também, devem estar em consonância com as condições de vida dos cidadãos e com

a dinâmica social das comunidades. Pensando nisso, Marcelino (2006), concebe dois

conceitos básicos para o entendimento sobre o lazer, o tempo e atitude.

Apesar da conquista do ―tempo livre‖ ou ―tempo disponível‖ para o lazer, ainda

existe barreiras para a prática dessas atividades lúdicas. Primeiro, pelo próprio modelo

vigente onde esse tempo passa ser utilizado para outras atividades remuneradas, a fim

de completar seu orçamento familiar. Além disso, há obstáculos entre classes sociais,

sendo o fator econômico um dos motivos que inibem e dificultam a prática do lazer, já

que existe uma crescente tendência pela privatização de bens e serviços de lazer,

fazendo com que ele se constitua como um privilégio, de modo que o direito ao lazer é

negado a uma grande parte da população. Outra barreira é a falta de equipamentos

públicos de lazer, fazendo com que restrinjam quantitativa e qualitativamente o acesso

à produção cultural (MARCELINO,2006).

Em conjunto com este tempo, partimos para o aspecto da atitude, o qual se

configura como parte imprescindível para o entendimento no âmbito do lazer. O lazer

considerado como atitude é caracterizado pelo tipo de relação verificada entre os

sujeitos e a experiência vivida, basicamente a satisfação provocada pela atividade

(MARCELINO, 2006).

Tendo em mente alguns aspectos básicos para o entendimento sobre o lazer,

trarei alguns autores que discutem essa temática com o intuito de resgatar conceitos

básicos para um melhor entendimento. Para isso, perpasso por conceitos históricos até

as concepções atuais sobre o lazer.

Para iniciar, trago o francês Joffre Dumazedier (2000, p.34) que tem sido

referência para outros autores, ao conceituar

[...]o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

Nesse sentido, o mesmo autor, considera o lazer como prática de atividades

diversas, quando o considera como ―conjunto de ocupações‖. O outro ponto

Page 29: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

28

significativo da obra do autor, é que este considera o lazer oposto às atividades

obrigatórias do cotidiano. No entanto, outro ponto de vista a ser observado é que o

trabalho e o lazer fazem parte da mesma dinâmica social havendo uma relação

dialética entre ambas, de modo que, apesar de possuírem características distintas, não

são consideradas opostas, já que nem sempre há barreiras entre o lazer e o trabalho,

como também para as atividades familiares, profissionais e sociais (MELO; ALVES

JUNIOR, 2003).

Para BRAMANTE (1988, p.9) o

―lazer se traduz por uma dimensão privilegiada da expressão humana dentro de um tempo conquistado, materializada através de uma experiência pessoal criativa, de prazer e que não se repete no tempo/espaço, cujo eixo principal é a ludicidade. [...]‖.

Já no olhar de Sussekind (2005), o lazer é o período entre duas jornadas

consecutivas de trabalho e os repousos obrigatórios, isto é, o descanso semanal e as

férias. Em contraposição a idéia de Bramante (1988), ficou evidenciado em Sussekind

(2005), entendendo que todo tempo livre fora do horário de trabalho pode ser

considerado como tempo de lazer, o que vai de encontro também com o pensamento

de Marcellino (2006), quando este afirma que o lazer ligado ao aspecto tempo

considera as atividades desenvolvidas no tempo liberado do trabalho ou no ‗tempo

livre‘, não só das obrigações profissionais, mas também das familiares, sociais e

religiosas.

Trazendo outros conceitos de lazer, Camargo (apud AZEVEDO; SUASSUNA,

2007) afirma que:

Lazer é como qualquer atividade que não seja profissional ou doméstico é um conjunto de atividade gratuitas, prazerosas, voluntárias e liberatórias, centradas em interesses culturais, físicos, manuais, intelectuais, artísticos e associativos, realizados num tempo livre, roubado ou conquistado, e que interferem no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos.

Fica claro um pensamento generalizado de lazer, pois envolve diversas

atividades e destitui apenas as atividades domésticas e as que dizem respeito ao

Page 30: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

29

trabalho, incluindo também, os interesses que regem essas atividades. Diferentemente,

Mascarenhas (2001, p.92) diz que ―o lazer se constitui como um fenômeno tipicamente

moderno, resultante das tensões entre capital e trabalho, que se materializa como um

tempo e espaço de vivências lúdicas, lugar de organização das culturas, perpassado

por relações de hegemonia‖.

Para Requixa (1980, p, 35, apud, GOMES, 2004, p. 121-122) o lazer é uma

―ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive e cujos valores

proporcionam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal

e social‖. Para Gomes (2004), o lazer tem outro significado quando considera como

uma dimensão da cultura construída socialmente a partir de vivências lúdicas de

manifestações culturais em um tempo (espaço conquistado pelo sujeito ou grupo

social) estabelecendo relações dialéticas com as necessidades, os deveres e as

obrigações, especialmente com o trabalho produtivo.

Outro autor que tem contribuído para os estudos do lazer nos últimos tempos,

Marcellino (2003, p.31) entende-o como:

Cultura entendida nos seu sentido mais amplo, vivenciada, consumida ou conhecida no tempo disponível que requer determinadas característica como a livre adesão e o prazer, propiciando condições de descanso divertimento e desenvolvimento tanto pessoal quanto social.

Apesar de variados estudos sobre a temática do lazer, ainda este é utilizado

como um instrumento de alienação e de manutenção da ordem social. Concebendo o

lazer numa dimensão educativa, este é capaz de promover crítica ao sistema e

contribuir na superação da ordem do capital. Nesse sentido, Marcelino (2003) nos

chama a atenção para o duplo aspecto do lazer: a educação pelo/para lazer.

Sendo a escola um espaço de socialização, de construção e busca de

conhecimento, ela deve oportunizar aos educandos viver, conviver e trabalhar.

Contudo, não se pode pensar na educação apenas no espaço da escola, mas também

em seu tempo livre. Portanto, para que possamos ter cidadãos críticos e cientes dos

seus direitos, não podemos simplesmente educá-los para o trabalho, mas também para

o lazer.

Assim a educação em espaços formais e não-formais é importante para o

Page 31: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

30

desenvolvimento das potencialidades do indivíduo e o lazer em seu aspecto educativo,

um excelente e suave instrumento para impulsionar o indivíduo a desenvolver-se, a

aperfeiçoar-se e expandir os seus interesses, contribuindo para um melhor

entendimento do lazer e assim poder refletir sobre a realidade que os cerca.

Tendo o lazer como veículo de educação, torna-se necessário considerar suas

capacidades para o desenvolvimento pessoal e social, contribuindo também para a

compreensão da realidade. Para Marcelino (apud, MARCASSA, 2004) o lazer e sua

relação com a educação, aposta no engajamento da sociedade em mudanças culturais,

capazes de fazer com que a experiência do lazer se torne mais rica e promotora do ser

humano em si.

Marcelino contribui ainda afirmando que:

Só tem sentido falar em aspectos educativos do lazer, se este for considerado como um dos possíveis canais de atuação no plano cultural, tendo em vista contribuir para uma nova ordem moral e intelectual, favorecedora de mudanças no plano social. (MARCELINO, 2004, p. 63-64)

O lazer como objeto de educação, é entendido como aprendizado para o tempo

livre, abordando aspectos que enfatizem a necessidade de demonstrar a importância

do lazer e o aprendizado como estímulo na diversificação de atividades práticas

(REQUIXA, 1980 apoud MARCELINO, 2004, p.77-78). A educação para o lazer se

mostra como uma possibilidade para que os indivíduos possam vivenciar seu tempo

livre de forma positiva, contribuindo para compreensão da realidade, ampliando seus

conhecimentos sobre o próprio lazer e suas relações com a vida e com a sociedade.

Nesse sentido, Leiro (2006) afirma que a educação para e pelo lazer deve ser

entendida como espaço de aprendizado, de estímulo, de iniciação que possibilita a

passagem de níveis menos elaborados, simples, para níveis mais elaborados,

complexos, com o enriquecimento do espírito crítico, na prática ou na observação da

cultura corporal.

Um fator importante para que o lazer possa ser vivenciado como cultura no seu

sentido mais amplo, e que possa ser um instrumento de educação para/pelo lazer é a

necessidade de elaboração de políticas públicas que deem sentido e significado dentro

Page 32: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

31

da sociedade, sendo pensadas ações que coloquem o lazer e o esporte como uma

necessidade específica e não com subsídio para outras necessidades.

Assim, como prevista na Constituição Federal 1988, em que, é dever do

Estado em seu Artigo 217 ―fomentar práticas desportivas formais e não formais, como

direito de cada um‖ (ANEXO A), como também ―O poder público incentivará o lazer,

como forma de promoção social‖.

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER

No Brasil, as políticas públicas de esporte e lazer que veem sendo

implementadas ainda possui um caráter funcionalista, voltada para divertimento,

descanso e desenvolvimento, não dando a sua devida importância como função social.

Para isso, são necessários profundos debates para que possamos compreender o

esporte e lazer como um direito essencial. Assim, durante o governo Lula, começam a

se pensar em políticas públicas em que coloque o esporte e lazer em lugar de destaque

na sociedade.

Contudo, antes de entrar na discussão das políticas públicas é necessário

entender o real sentido da política, já que esta é entendida como uma forma de poder

que possui variadas conseqüências. Ribeiro (1998), afirma que o poder tem haver com

a política, contudo esta nem sempre é bem entendido, pois o ―poder só pode ser visto,

sentido e avaliado, ao exercer-se‖. Dessa forma, o poder irá ter a capacidade de

influenciar as pessoas e tornando a política ―um jogo de interesse que são

transformados em objetivos e os objetivos são conduzidos à formulação e tomada de

decisões efetivas, decisões que ―vigem‘‖ (Ribeiro, 1998 p. 10).

Para Souza e Maia (2007, p.97), a política pode ser entendida como um

processo pelo qual um grupo de pessoas, cujas opiniões e interesses são a princípio

divergentes, toma decisões coletivas que se tornam regras obrigatórias para o grupo

que executam de comum acordo. Já Bramante (2004) afirma que a política deve ser

entendida a partir de quatro aspectos: que toda tomada de decisão é tida de forma

conflituosa por existir diversas opiniões; a maneira como as decisões são tomadas, se

é por persuasão, negociação ou imposição; toda decisão tomada tem que ser

legitimada; e, a necessidade de impor regras para o cumprimento da política.

Page 33: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

32

Para que o exercício do poder e o estabelecimento de políticas possam

acontecer, a autoridade capaz é o Estado. A política é uma ação do Estado, e Políticas

Públicas são uma ação do Estado voltada para a sociedade. Políticas Públicas são

entendidas como respostas do Estado ao surgimento das demandas sociais que vão

surgindo na sociedade e que devem pressupor compromisso e seriedade (SOUZA;

MAIA, 2007).

Sobre as políticas públicas de lazer no Brasil, Pinto (2008) traz algumas

contribuições históricas, pontuando quatro importantes momentos. Na década de 1940,

onde o lazer começou a ganhar espaço nas ações públicas com a Consolidação das

Leis de Trabalho (CLT), onde foram estabelecidos direitos aos trabalhadores como a

intervalos de repouso/alimentação no trabalho; remuneração para repouso semanal,

feriado e férias. Com isso foi possível o ―reconhecimento legal do ‗tempo social‘ que

abriu espaços para experiências que foram sendo ressignificadas como lazer‖ (p. 81).

Outro avanço foi a inclusão do lazer na pauta da Declaração Universal dos Direitos do

Homem, considerado-o como direito de todo indivíduo tratado como um tempo

diferente do tempo de repouso.

Nessa época, as políticas vinculadas ao ―tempo social‖ estavam voltadas para

atividades recreativas com caráter assistencialista e corporativista, nesse momento só

era permitido para trabalhadores assalariados, pois era promovido pela CLT. Dessa

forma, acentuava-se as diferenças no direito ao lazer, tendo essa política apenas o

objetivo de promover o descanso, a distração e a reposição da força de trabalho.

O segundo momento aconteceu nas décadas de 1960 e 1970, quando as

políticas de lazer começaram a se difundir com a ―obrigatoriedade da educação física

escolar como prática de atividades esportivo-recreativas do país‖. Assim, o lazer aliado

à educação física tem como estratégia ―promover a educação corporal pactuada com a

educação para o lazer e orientada pelas necessidades do desenvolvimento capitalista‖

(PINTO, 2008, p. 84).

Somente na década de 1980 que o lazer conquistou o espaço social, quando

uma extensão dos direitos sociais na Constituição de 1988, incluiu o lazer como direito.

Foi nesse momento que o lazer deixou de ser exclusivo para os trabalhadores

assalariados e passou a ser tratado como um conjunto de melhorias da qualidade de

Page 34: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

33

vida para todos os cidadãos.

Na década de 1990, com a redefinição do papel do Estado, enfatizou-se os

instrumentos de cidadania, dando uma maior participação cidadã na administração

pública. Essa proposta está vinculada ao novo modelo econômico adotado, o

neoliberalismo, como parte de uma política de descentralização, que minimiza a ação

do Estado dando maior autonomia ao poder local.

Autores como Hamblenton (apud Rodrigues, 2008, p. 175) afirma que a

―descentralização favorece o governo local, não somente como um bom meio para

promover os serviços (públicos) necessários, o que de fato é, mas, sobretudo, porque

ele capacita os cidadãos a participar das decisões que afetam suas vidas e suas

comunidades‖.

Pela Reforma do Estado, era necessário racionalizar recurso (diminuição das políticas sociais existentes) e esvaziar o poder das instituições governamentais (o mercado era mais eficiente). Nesse sentido, nada era considerado mais justo que transferir a responsabilidade pela execução e o financiamento das políticas sociais diretamente para o mercado (privatização da estrutura estatal). No caso de serem mantidos esses setores no âmbito do Estado, deveria ser introduzida a lógica mercantil em seu funcionamento (RODRIGUES, 2008, p. 176).

Assim, com a descentralização das ações do poder público, as gestões

municipais tiveram suas ações bastante ampliadas, tendo como competência a

organização e a prestação de serviços de interesse local, como também a gestão de

políticas sociais. Dessa forma, para garantir o funcionamento dessa nova forma de

gestão das políticas sociais, Meniccuci (2006) traz novas tendências de gestão visando

superar formas consolidadas de intervenção. Essa nova tendência de gerenciar as

ações do poder municipal está voltada para integração da intersetorialidade,

transversalidade e participação popular.

Para o autor, a intersetorialidade é entendida como maneira de abordar os

problemas sociais, enxergando o cidadão em sua totalidade e superando a forma

fragmentada e desarticulada que são utilizadas para a elaboração e implementação de

políticas públicas. Essa proposta traz implicação na organização do trabalho e do

planejamento, já que visa uma atuação sobre populações específicas, possibilitando a

Page 35: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

34

identificação de problemas que lhe são próprios como também em uma maior

potencialidade em suas resoluções.

A transversalidade, ainda para Meniccuci (2006) implica na ampliação da

capacidade de atuação em determinados temas e na construção de propostas que

penetrem nas ações de todas as estruturas verticais buscando uma política de

igualdade.

Por último, a participação popular se torna importante para garantir a

legitimidade e a sustentabilidade das políticas e maior eficácia de sua ação. Isso se

justifica na medida em que as políticas sociais afetam a vida das pessoas e acabam

mudando alguns comportamentos do público alvo. Assim, o papel ativo da população é

importante na identificação dos problemas e soluções a partir das necessidades

específicas, tornando a população coadjuvante das ações políticas e na construção de

objetivos coletivos (MENICUCCI, 2006).

No Brasil, as discussões envolvendo as políticas públicas de esporte e lazer são

relativamente novas e se intensificam na medida em que há um crescimento na

reivindicação setorial na sociedade brasileira. O que se percebe é que esse vocábulo

tem sido muito utilizado atualmente como meio de reivindicação de direitos. Porém,

muitos ainda não sabem o real sentindo das políticas públicas que garantem o lazer

como direito social. Marcellino (1996 b, p.1), ao se referir ao lazer, considera que:

A importância que o lazer vem ganhando nas últimas décadas, como problema social e como objeto de reivindicação, ligada à qualidade de vida nas cidades, não vem sendo acompanhada pela ação do poder público, com o estabelecimento de políticas setoriais, na área, articuladas com outras esferas de atuação, vinculadas com as iniciativas espontâneas da população e com parcerias junto à iniciativa privada.

Desde a implementação da Constituição Brasileira, que reconhece o lazer como

um direito social, assim como, a educação, a saúde e a segurança, que deve ser

assegurado pelo Estado, porém não vem sendo acompanhada pela ação do poder

público governamental. Influenciada pelo neoliberalismo, esta vem sendo utilizada com

um viés assistencialista, sendo responsável pela aparente diminuição das

desigualdades sociais, provocada pelo ideal do Estado Mínimo.

Para Linhales e Pereira Filho (1999), o poder público no Brasil, ao elaborar as

Page 36: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

35

políticas públicas de esporte e lazer, protagonizou, e ainda protagoniza, políticas

setoriais cuja prática tem sido populista, clientelista, baseada na barganha eleitoral e,

ainda, em algumas gestões públicas personalistas, centralizadoras e autoritárias,

inviabilizando os projetos que visam à construção de uma sociedade mais democrática.

Para os autores, algumas gestões chegam a ser extremamente tecnocráticas,

distanciadas da realidade social e, por conseqüência, estruturadas a partir de princípios

seletivos de exclusão/inclusão. Muitos deles são centrados nos projetos de privatização

dos espaços, bens e recursos públicos, bastante comuns nas esferas de governo.

Essa postura contribui para dificultar o entendimento do lazer como objeto de

estudo, campo de atuação profissional e de ação do poder público, já que este é

associado a atividades vivenciadas, implicando uma visão parcial, restrita aos

conteúdos de uma determinada atividade. Para Marcelino (2007), esse entendimento

do lazer acaba caracterizando-o como instância de consumo alienado ou ‗válvula de

escape‘, que pode ajudar a manter o quadro social in justo.

Pensando numa atuação de Políticas de Lazer, em que este pese no sentido

mais amplo e que também possibilite a qualificação de profissionais que dêem sentido

e significado a sua atuação, faz-se necessário uma reflexão atual dessas políticas já

que,

Pensar em políticas públicas, efetivamente democráticas e participativas pressupõe questionar as políticas que são geradas nos guetos dos gabinetes das secretárias estaduais e/ou municipais, geralmente alicerçadas no lazer como binômio de descanso e divertimento, na lógica antiga, porém atualíssima, filosofia de pão e circo. Por isso, a mobilização de entidades representativas, dos movimentos sociais, dos sindicatos, são princípios norteadores de uma formulação que os sindicatos, são princípios norteadores de que a formulação que procura expressar os interesses e as necessidades dos segmentos sociais diretamente interessadas em alcançar uma efetiva atuação do poder público em consonância com as expectativas sociais (SOUZA; MAIA, apud MAIA 2007 p.98-99)

Assim, o que se tem visto nas ações do poder público é a utilização do lazer com

fins externos a ele, estando sempre ligado a uma questão social, ou seja, lazer e

violência, lazer e segurança, lazer e saúde. Nesse sentido, faz-se necessário e urgente

a construção de políticas que deem sentido e significado ao lazer na sociedade, em

Page 37: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

36

que pese uma maior definição do mesmo enquanto direito social. É preciso, também,

ações governamentais que tenham o lazer nele mesmo, não estando subordinadas a

outras ações já que o lazer é uma necessidade social e específica. Percebe-se,

também, a redução das vivências de lazer a prática de esporte, embora este seja uma

manifestação do lazer.

Outra questão que impede a prática de vivências de lazer é a falta de

equipamentos específicos, pois tendo o lazer características urbanas, como o

crescimento das cidades, houve uma diminuição dos espaços e por consequência, uma

centralização desses espaços onde a camada mais pobre da população não tem

acesso, assim essa parte da população, vai sendo expulsa para a periferia afastando-

se desses equipamentos.

Contudo, os espaços públicos veem perdendo seu sentido multifuncional na

sociedade como espaço de encontros, de prazer, de festa, passando para apenas um

espaço de circulação. Isso acontece porque quando há a construção de equipamentos

de lazer não há uma política de preservação e animação cultural, o que também pode

ser visto como um lugar abandonado, sem segurança e sem nenhum atrativo para a

comunidade.

Quando se questiona a falta de dessas políticas, muitos gestores alegam que

isso acontece por conta da poucas verbas destinadas a esse setor, sendo que, na

maioria das cidades, não existe uma secretaria específica. O lazer está sempre ligado a

outras secretarias, como um setor ou departamento, como a de educação, cultura,

turismo e esporte; e, quando colocado numa hierarquia, o lazer é uma das últimas

necessidades.

Souza e Maia (2007, p. 99) afirmam que um dos impasses comuns é a

diferenciação entre a setorização de políticas públicas de lazer e o seu isolamento puro

e simples. Tratando de forma isolada, o lazer é trabalhado à parte da totalidade de

relações sociais, de onde ele nunca pode se desvincular. Os autores ainda afirmam

que diante desse conflito, ―as políticas de lazer ficam restritas a elaboração de

documentos, muitos deles até com ‗boas intenções‘ na fixação de princípios, mas que

acabam se transformando em um discurso vazio‖.

Por conta disso, os programas e espaços para as vivências de lazer vão se

Page 38: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

37

reduzindo nas cidades e dando espaço para que os investidores vejam o lazer como

uma possibilidade de consumo. Nesse sentido, é preciso que o poder público entenda

a importância dos espaços urbanos nas cidades antes que as empresas os

transformem em produtos acessíveis somente para as classes sociais mais altas

(MARCELINO; BARBOSA; MARINO, 2008). Com o aumento do mercolazer e a

utilização do entretenimento como lazer não sendo visto como um dos seus

componentes, relacionado com o descanso e desenvolvimento pessoal e social, mas

sim com o próprio lazer aumenta-se consideravelmente os espaços privados, voltados

para ―esse lazer‖, como teatro, cinema e outros, tornando-se empreendimentos

lucrativos em que a maior parte da população não tem acesso.

Outro ponto visto é a não continuidade das ações municipais, isso por conta da

mudança de gestão, sendo apenas ações da administração pública e não como uma

política do Estado. E nesse sentindo, as políticas públicas de esporte e lazer vão sendo

substituídas por ―‗calendários de eventos‘ ou pacotes baixados dos gabinetes

‗técnicos‘‖ (MARCELINO, 2007, p. 12).

As políticas de investimento devem estar voltadas para a qualidade dos espaços

e equipamentos de lazer, onde se vise a necessidade da comunidade, como também

haja uma manutenção e animação desses espaços de lazer num processo que pode

ser um instrumento importante na ressignificação do espaço urbano. ―Dessa maneira, a

democratização da cultura do lazer será efetivamente alcançada‖ (MARCELINO;

BARBOSA; MARINO, 2008, p.142)

Para Zingoni (2003) é necessária uma grande articulação entre sociedade e

Estado para concretizar políticas conscientizadoras, autônomas e solidárias que

coloquem o cidadão no centro e na razão das suas atividades, contanto que os novos

sistemas de informações se tornem uma ferramenta importante para que os indivíduos

possam acompanhar as ações de seus gestores e, assim, participarem da construção e

avaliação de políticas públicas universais.

Dessa forma, a prática do lazer pode ser um importante instrumento de

intervenção social para gerar mudanças com o objetivo de considerar o processo

educativo conscientizador, a valorização e o fortalecimento das iniciativas comunitárias

e a formação de mobilizadores sociais (SOUZA; MAIA, 2007, p.93).

Page 39: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

38

No entanto, o lazer como palco de atuação política deve fazer emergir valores

questionadores, e em meio às políticas de lazer, a participação cidadã na formulação e

no controle de programas referentes a estas deve ser legitimadas, buscando a

conscientização e o respeito aos direitos sociais, o que contribui para uma nova ordem

social. Além disso, as ações governamentais devem estar fundamentadas na

formulação de textos legislativos e de iniciativas setoriais que reafirmam o lazer como

direito constitucional, contrastando-se com a realidade hegemônica das políticas

municipais.

Porém, foi a partir do Governo Lula que houve avanços nas políticas de esporte

e lazer, como a criação do ME, que tem o intuito de formular e implementar políticas

públicas inclusivas de afirmação do esporte e lazer como direitos sociais dos cidadãos,

colaborando para o desenvolvimento nacional e humano. Com isso, eles preveem uma

ampliação nos debates sobre essas temáticas para garantir sua legitimidade de ação

junto à comunidade.

Desde a criação do ME foram realizadas duas Conferências Nacionais de

Esporte e Lazer4, em que contaram com a participação de diversos atores sociais, para

definir as Políticas Nacionais de Lazer. Como resultado dessas conferências, houve a

criação do Sistema Nacional de Esporte e Lazer (SNEL) que busca promover a

inclusão social, garantir a universalização do acesso ao esporte e lazer como direito de

todos os cidadãos e dever do Estado, com o apoio de toda a sociedade, e promover a

democratização do acesso a gestão e participação no esporte e lazer (BRASIL, 2006).

Nessa perspectiva, foi criada uma Secretaria Nacional de Desenvolvimento do

Esporte e Lazer, com a finalidade de redimensionar o papel do esporte e lazer,

tentando superar seu caráter funcional, pautado numa política de intersetorialidade.

Apesar dos avanços durante o governo, o que se percebe é carência no programas

governamentais que sigam essa direção. Tendo em vista, dois programas do governo

federal, como o projeto do Segundo Tempo e o Esporte e Lazer na cidade.

Porém esses projetos têm um caráter ainda que temporários, onde só beneficia

4 As Conferências Nacionais de Esporte e Lazer tem como objetivo democratizar a elaboração da Política Nacional, assim como definir diretrizes da Política Nacional de Esporte e Lazer. Tendo diversos atores sociais envolvidos.

Page 40: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

39

uma parcela da população, o que não caracteriza como uma política que garanta um

direito social da população, pois esses programas tentam compensar a insuficiência de

políticas públicas de esporte e lazer, que estão desvinculadas de um projeto mais

amplo de Estado e de transformação social.

Page 41: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

40

3 A REDE COMO DESAFIO METODOLOGICO

A presente pesquisa tem como objetivo analisar os sítios virtuais como

documento dinâmico de divulgação oficial das Políticas Públicas de Esporte e Lazer

dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte. O universo

investigativo compreende os sites oficiais das prefeituras municipais que compõem o

território em estudo. Entende-se os referidos sites como documentos dinâmicos, que

pode estar em constante interação com o público alvo, nesse caso a população, serve

como um instrumento de divulgação das ações das prefeituras municipais.

Trata-se de um estudo de inspiração do materialismo histórico dialético, que

pressupõe um estudo aprofundado na relação entre o indivíduo e a sociedade que a

partir da dialética, a vida social deve ser compreendida como um processo dinâmico,

resultante das relações contínuas entre o indivíduo e a sociedade, fazendo com que

esses pólos se influenciem e se modifiquem. Sabendo que a interação do homem com

a sociedade esta condicionada a uma estrutura social, e que é a partir dessa estrutura

que o homem recria-a pela sua própria ação (SELL, 2002).

O levantamento de informações implicou primeiramente, em pesquisa via

internet, através de sites de busca, dos sítios virtuais oficiais das prefeituras municipais

dos 22 municípios que compõe o território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte. Esses

sites foram submetidos à Análise Documental, que segundo MOREIRA (2005, p. 276)

―[...] é uma forma de investigação que consiste em um conjunto de operações

intelectuais que têm como objetivo descrever e representar os documentos de maneira

unificada e sistemática para facilitar a sua recuperação‖

A pesquisa via internet aconteceu de fevereiro a agosto, sendo que nessas

pesquisas foram encontrados apenas 8 sites virtuais referentes as prefeituras

municipais, sendo eles: Acajutiba, Alagoinhas, Esplanada, Jandaíra, Mata de São

João, Olindina, Ouriçangas e Pojuca. Foi com este corpus documental que realizamos

a nossa pesquisa.

O segundo momento foi concretizado pela a aplicação de um questionário

aberto que segundo Hayman (apud MOLINA NETO; TRIVIÑOS, 1999, p.80) o

questionário se constitui ―como uma lista de perguntas mediante a qual se obtém

Page 42: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

41

informações de um sujeito ou grupo de sujeitos por meio de uma resposta escrita‖.

Sabendo que o questionário foi aplicado via email, a partir de um contato

anterior por telefone com sujeitos pesquisados, para confirmar sua disponibilidade em

colaborar com a pesquisa, como também, para a confirmação do email. No período de

26 de maio a 16 de junho do ano em curso, conseguimos entrar em contato como 16

gestores, sendo que, após 20 dias do contato começamos a receber os questionários

respondidos. Mesmo assim, apenas 5 responderam, o que demonstra pouco interesse

por parte dos gestores, pelas pesquisas que são desenvolvidas com esta temática.

Para efeito da analise de dados, foi utilizada Análise de Conteúdo, que se

constitui como

―Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objectivos de descrição de conteúdo das mensagens, indicadores (qualitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens‖ (BARDIN, 1977, p. 42).

Para Triviños (1987), a utilização desse método faz-se por etapas:

• pré-análise, essa fase se configura na organização do material e uma

leitura geral, como afirma Bardin(1977) uma leitura flutuante, que permita formular

hipóteses provenientes de seus dados;

• descrição analítica, onde o material é submetido a um estudo

aprofundado e é nesse momento também que se analisa os procedimentos de

codificação, classificação e categorização;

• interpretação inferencial, que objetiva tornar os dados válidos e

significativos.

Page 43: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

42

4 ENTRE CLICKS E PALAVRAS

Esse é momento em que trago os dados encontrados e analisados,

lembrando que, se constitui a partir dos sítios oficias das prefeituras municipais

encontrados sendo eles Acajutiba, Alagoinhas, Esplanada, Jandaíra, Mata de São

João, Olindina, Ouriçangas e Pojuca. E a partir dos questionários respondidos pelos

gestores responsáveis pelas pastas do esporte e lazer dos municípios de Alagoinhas,

Aramarí, Entre Rios, Olindina e Ouriçangas.

4.1 NAVEGANDO PELA REDE

Como dissemos anteriormente, esta pesquisa implica em uma mostra de 22

municípios que compõe o Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte. A pesquisa via

internet aconteceu de fevereiro a agosto do ano em curso, sendo que nessas

pesquisas foram encontrados apenas 8 sites virtuais referentes as prefeituras

municipais, sendo eles: Acajutiba, Alagoinhas, Esplanada, Jandaíra, Mata de São

João, Olindina, Ouriçangas e Pojuca. Compreendo nosso universo investigativo.

No site de Acajutiba (http://acajutiba.com/), as sessões HOME existe uma

enquete sobre o novo portal da cidade e links de notícias recentes; ACAJUTIBA em

tem informações sobre A cidade, a origem do nome, ano de fundação da cidade e

dados demográficos, Histórico um breve histórico da cidade, Hino de Acajutiba e Fale

Conosco; CRÔNICAS, não há itens; CULTURA, tem informações sobre Lazer e

Turismo, em que apenas apresenta as características culturais da cidade; POLÍTICA,

não há informações; e SERVIÇOS, possui Álbum de Fotos, onde não há fotos

adicionada e Mural de Recados que se constitui como um espaço em que a

comunidade deixam mensagens de modo geral.

Page 44: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

43

Figura 1 – Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Acajutiba.

A página oficial da Prefeitura Municipal de Alagoinhas

(http://www.alagoinhasbahia.com.br) encontra-se atualizada e modernizada, como

informações de diversos setores da prefeitura. Na sua página PRINCIPAL, existem

links para todos os Órgãos da Prefeitura, como também suas finalidades e objetivos e

os principais destaques. Em Serviços ao Cidadão, possui Dados do município, Nossas

campanhas, Contas públicas, Diário Oficial do Município, Licitações e contratações, o

perfil do prefeito e do vice-prefeito, todos com informações disponíveis. Nesta pagina

ainda possui, Enquetes, Notícias e Eventos, os Destaques, Newsletter - email para

cadastros de recebimento das novidades que acontece na cidade, Ouvidoria Municipal

- canal de comunicação entre o cidadão e a administração pública, link para o Jornal

Oficial e Multimídia, contendo fotos, vídeos e programa da prefeitura.

Em O MUNICÍPIO, existe um histórico, principais pontos turísticos, os

Page 45: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

44

principais acontecimentos históricos e o hino da cidade. Em SECRETARIAS, links para

as secretarias. Sendo que, possui uma Secretaria de Cultura Esporte e Lazer (SECEL),

onde sua apresentação contempla as ―ações sócio-culturais e esportivas do Município.

Valoriza, incentiva, defende e preserva as manifestações culturais de Alagoinhas. Além

de coordenar, dirigir, otimizar e proteger os espaços públicos destinados às

manifestações e pesquisas culturais.‖ Entre suas funções está a ―mobilização da

sociedade para definir prioridades e assumir co-responsabilidades pelo

desenvolvimento e sustentação das manifestações e projetos culturais. Cuida da

construção e manutenção dos equipamentos públicos de esporte e lazer‖.

Isso deixa claro que, quando o esporte e lazer estão vinculados a outra

secretaria, como a de cultura, as ações voltadas para essas temáticas são deixadas

para segundo plano, podendo ser afirmadas no item destaques em que as ações da

secretaria está voltada para ―festejos municipais, como Santo Antônio e a emancipação

política de 2 de Julho, e espetáculo teatral‖. E as ações voltada para o Esporte e Lazer

se resumem a ―melhoria de equipamentos, promoção de campeonatos de futebol entre

os bairros‖. Nesta página ainda contém informações a respeito do Secretário, como

email para contato direto como a secretaria.

Em PUBLICAÇÕES, se encontra dados sobre Contas Públicas, Editais,

Licitações, Publicações Legais e Diário Oficial. Em SERVIÇOS AO CIDADÃO, links de

interesse do cidadão, como OUVIDORIA, FALE CONOSCO, prestação de contas,

telefones úteis, lista de emails.

Page 46: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

45

Figura 2 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Alagoinhas.

Os Sites de Esplanada (http://www.pmesplanada.com.br/) e Jandaíra

(www.pmjandaira.com.br) não possuem informações de sua gestão, estes encontram

desatualizados, com alguns dados a respeito de Lei Orçamentárias. Sobre o Esporte e

Lazer em nenhum desses sites foram encontrados notícias.

Page 47: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

46

Figura 3 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Esplanada.

No site da Prefeitura Municipal de Mata de São João

(http://www.matadesaojoao.ba.gov.br/), acredito que por este município possuir cidades

turísticas como Praia do Forte, Sauipe e Imbassaí, em sua pagina oficial contém

notícias atualizadas, guia turístico e eventos em destaque. Em A CIDADE, possui

informações sobre sua História, Distritos, Hino da Cidade, Dados do Município,

Espaços Culturais e Esportivos, sendo o Estádio Cândido Soares o único espaço

esportivo da cidade, Localidades e Mapa da Cidade.

Em ADMINISTRAÇÃO, contem dados sobre o Poder Legislativo, Poder

Executivo, onde há informações sobre as secretarias e os respectivos secretários,

sendo que Mata de São João, conta com uma Secretaria de Cultura e Turismo, que

tem entre outras funções ―coordenar e executas as atividades de cultura e lazer‖.

Apresenta um perfil do secretario. E quanto as atribuições voltadas para esporte e lazer

Page 48: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

47

apenas cita: ―Coordenação, execução e fomento da atividade e lazer‖.

Nesta página ainda possui dados sobre o Poder Jurídico, Plano Geral do

Governo, que entre as ações voltadas para área de esporte e lazer destaca:

• Promover apresentações culturais móveis em cada distrito ou localidade de

grupos de teatro, danças folclóricas e regionais, orquestra filarmônica e outros.

• Inscrever atletas e equipes representantes do município em todos os

eventos esportivos promovidos pelo Estado, nas principais modalidades esportivas.

• Realizar exibições cinematográficas em praças públicas do município com o

objetivo de proporcionar uma jornada lúdica de entretenimento ao público, com acesso

a filmes nacionais ou estrangeiros que foram sucesso de bilheteria.

• Programar e realizar torneios esportivos intermunicipais.

• Programar e realizar campeonatos de futebol amador adulto entre as

equipes das diversas localidades do município.

Em Lei Municipal, contém a Lei Orgânica Municipal (ANEXO B), que cita o

Esporte e Lazer no capitulo II, Das Associação , em que deve promover e desenvolver

atividades voltada para a cultura, as artes, o esporte e o lazer. Dessa forma não

garantem o pleno direito do acesso ao esporte e lazer, pois suas políticas estão

distanciadas da realidade local, não incentivam programas de esporte e lazer

nas/para/com as comunidades. Além disso, a cidade não oferece aos seus moradores

espaços de interlocução entre os moradores e os gestores, como os Conselhos e

Fóruns de Esporte e Lazer, para que a população participe das decisões das políticas

públicas, como também da sua elaboração, acompanhamento e avaliação, coma está

prevista em lei.

Em ADMINISTRAÇÃO ainda possui: Projetos, a cidade conta com 3 projetos,

Filarmônica 8 de Dezembro, Projeto Conviver e Projeto Criança Cidadã; Guia do

Cidadão, onde apresenta os serviços oferecidos pelos órgãos da administração;

Endereço e Telefones úteis; Editais; e Relação de Escolas, tanto Municipais, quanto

Estaduais.

Em REALIZAÇÕES, apresenta um breve resumo das realizações da

prefeitura municipal, contudo não há nenhuma ação voltada para o Esporte e Lazer.

Apenas no item Obras existe informação sobre a construção da Praça de Malhadas -

Page 49: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

48

Ednaldo Rodrigues dos Santos (litoral) e da Praça de Curralinho - Paulo Francisco dos

Santos (litoral), como do parque da cidade. Nesse item há dados sobre a Cidade,

Administração, Turismo e Entretenimento, Notícias, Programe-se, Pólo Industrial de

Mata de São João

Em TURISMO E ENTRETENIMENTO, contém informações de sua

localização, hospedagem e alimentação. Como também, dados turísticos das cidades

litorâneas. Calendário de eventos e características sobre sua Culinária, Arte e Cultura.

Em NOTÍCIAS, há os principais destaques da cidade e fotos. Tem também o FALE

CONOSCO, em que é o canal de comunicação entre a Prefeitura de Mata de São João

e sua comunidade, visitantes, turistas e qualquer um que queira saber mais sobre

nosso município. Demonstrando uma preocupação com interatividade com o cidadão.

Figura 4 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Mata de São João.

Page 50: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

49

A Prefeitura Municipal de Olindina (http://prefeituradeolindina.ba.gov.br/portal),

possui uma site atualizado contendo em seu Menu Principal há um HISTÓRICO da

Cidade; EVENTOS, tanto regionais quanto municipais; NOTÍCIAS, em destaque;

ESCOLAS MUNICIPAIS; GABINETE do PREFEITO (perfil); SI INFORME AQUI, onde

se encontra sua localização e telefones úteis; SECRETARIAS links para as secretarias

do município, sabendo que não existe uma Secretaria voltada para Esporte e Lazer;

UNIDADE DE SAÚDE; VÍDEOS; ENQUETES; CONTATOS. Porém, as informações a

respeito das escolas, o perfil do gabinete e sobre as secretarias ainda não se encontra

disponibilizadas. Em sua página Principal ainda possui lista de Links Úteis e destaques

das principais notícias.

Figura 5 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Olindina.

O sítios da Prefeitura de Ouriçangas (http://www.ouricangas.ba.gov.br/) possui

uma estrutura diferenciada dos outros sites, contendo informações genéricas. Em O

Page 51: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

50

MUNICÍPIO existe informações sobre Histórico da cidade ; Perfil do Prefeito;

Característica, há informações geográficas sobre seu clima, vegetação, solo, relevo;

Região; Legislação, cita apenas a Lei de Criação e o seu municípios de origem;

Localização, existe uma mapa de como chegar ao município; Secretarias, especifica os

nome das secretarias, como seu representantes e localização; Símbolo, da bandeira da

cidade e o slogan de campanha; e Contatos. Traz alguns dados sobre PROGRAMAS E

PROJETOS do setor agrícola, como o Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar – PRONAF, Programa PRODUZIR, Projeto Feira Verde, Projeto Viveiro de

Mudas, onde se encontra a descrição de cada projeto. Em CONTAS PÚBLICAS não há

nenhuma informação.

Em sua página principal, ainda existe um link para festa e eventos, como

Festa do Bumba-meu-boi, Capoeira, a Chegança e Festas Juninas. Porém todos os

dados disponibilizados estão datados de 2006.

Figura 6 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Ouriçangas

O sítio virtual da Prefeitura Municipal de Pojuca (http://www.pojuca.ba.gov.br),

Page 52: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

51

após 6 meses em construção, encontra-se atualizado e modernizado. Em sua página

principal, HOME, existe links das principais notícias, galeria de fotos, e enquetes. Em A

CIDADE, há informação sobre a História, uma breve história da formação e

emancipação de Pojuca; Informações, dados sobre a geografia do município e suas

fronteiras; e Mapas, em que não há dados.

Em DEPARTAMENTOS, há uma lista dos departamentos da prefeitura,

inclusive de Esporte e Lazer, contudo, só existe informação sobre as ações do

departamento de esporte. Tem como finalidade ―planejar, coordenar, fomentar,

executar, supervisionar e controlar programas e projetos orientados para a iniciação e o

desenvolvimento de atividades esportivas, físicas e de lazer.‖ Além disso, é de

competência: ―estabelecer o Calendário Anual de Desporto de Pojuca, promovendo a

criação de equipes representativas em articulação com entidades do município;

Incentivar e promover o desporto amador, destinado a realização de campeonatos,

torneios e competições; planejar e coordenar atividades de lazer e recreativas em ruas,

praças e equipamentos existentes nos bairros da cidade; incentivar e apoiar a prática

de atividades físicas e esportivas como forma de inclusão social, promoção da saúde e

combate à violência; atuar na área de iniciação esportiva, visando criar meios para a

implantação de escolinhas das diversas modalidades; planejar, executar e apoiar

programas, projetos e eventos orientados para o desenvolvimento do lazer e do

entretenimento esportivo nas comunidades do município, priorizando atividades

voltadas à promoção e prevenção da saúde de pessoas de todas as idades, sexos,

etnias, com ênfase na população menos favorecida; propor capacitação e atualização

profissional dos servidores, técnicos e parceiros como forma de garantir serviços de

qualidade e desenvolvimento do desporto e lazer‖.

O que se nota é uma forte presença do esporte de alto rendimento nas ações

do poder local, tornando-se restrito a sua prática a uma determinada parte da

população. Promove as atividades esportivas voltadas para outros fins, como promoção

de saúde, inclusão social, diminuição da violência. Não considerando como uma

manifestação cultural de grande influência, que envolve emocionalmente um grande

número de pessoas e capaz de mexer nos seus sonhos, comportamentos e atitudes.

Em SERVIÇOS, além de telefones úteis, há informações sobre hotéis e

Page 53: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

52

pousadas, restaurantes, horário do ônibus intermunicipal, como também links para

pagamento de conta de água, luz e telefone. Em LICITAÇÕES, existem dados sobre

alguns Pregões. TRIBUTAÇÃO, não há dados. Já em CONTA PÚBLICAS, contém

informações sobre prestação de contas do 1º,2º e 3º Bimestre, além de Relatórios de

Gestão e Lei de Diretrizes Orçamentária de 2010. E por ultimo, FALE CONOSCO.

Figura 7 - Sítio Virtual da Prefeitura Municipal de Pojuca.

4.2 ENTRE GESTORES

A segunda etapa do levantamento de dados aconteceu por contato com os

gestores municipais responsáveis pelas pastas de Esporte e Lazer. A busca por esses

dados se deu no período entre 29 de maio a 16 de junho de 2009, por telefone, onde

conseguimos entrar em contato com 16 municípios dos 22 estudados, sendo eles,

Acajutiba, Alagoinhas, Araçás, Aramarí, Catu, Crisópolis, Entre Rios, Inhambupe,

Page 54: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

53

Itanagra, Itapecurú, Jandaíra, Mata de São João, Olindina, Ouriçangas, Pojuca e Rio

Real.

Nesse contato, foi explicado sobre a proposta da pesquisa, como também a

confirmação da colaboração dos gestores. Em seguida foi confirmado o endereço

eletrônico, no qual foi enviado uma breve apresentação da pesquisa e o questionário

(APÊNDICE A).

No total foram respondidos 5 questionários, entre eles, Alagoinhas, Aramarí,

Entre Rios, Olindina e Ouriçangas. Sabendo-se que o questionário contém 8 questões

desde a formação do gestor, entendimento sobre o Esporte e Lazer, Lei Municipal,

ações e projetos, suas políticas de financiamento e o meio de divulgação dessas

ações. Para efeito de análise dos dados, trabalhamos por categorias (APENDICE B).

A primeira categoria de análise é sobre o entendimento dos gestores sobre o

esporte e lazer. Sobre o lazer, consideram como forma de ―entretenimento‖, ―atividade

exercida para prazer e diversão‖. O que demonstra um conceito ainda limitado sobre o

lazer, pois não contemplam como direito conquistado pela sociedade que pode

propiciar a formação e desenvolvimento pessoal e social. Assim muitas as vivências

dos indivíduos acabam se tornando limitadas, restritas a conteúdos de determinadas

atividades. Isso por conta de um caráter parcial e limitado dos gestores sobre o seu

entendimento, dificultando o estabelecimento de ações específicas. Assim, de acordo

com Marcelino (2003, p.31) o lazer deve ser entendido como ―cultura entendida nos seu

sentido mais amplo, vivenciada, consumida ou conhecida no tempo disponível que

requer determinadas característica como a livre adesão e o prazer, propiciando

condições de descanso divertimento e desenvolvimento tanto pessoal quanto social‖.

No que diz respeito sobre o Esporte, o que prevaleceu foi o seu caráter

competitivo, entre as falas dos gestores ―disputa‖, ―competição‖. Estabeleceu conceitos

com base no esporte institucionalizado com a presença de ―regras‖ e o ―envolvimento

de habilidades e capacidades motoras‖ voltada para a ―promoção da saúde‖ e

―qualidade de vida‖. Reforçando um caráter funcionalista, em que afirmam as culturas

de massa, veiculadas pela mídia, como o esporte espetáculo e institucionalizado.

Porém, entre esse entendimento do esporte voltado para a perspectiva do

alto-rendimento, este foi também contemplado como um ―fenômeno - sócio cultural‖,

Page 55: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

54

―expressão da cultura de um povo‖. Nesse sentido, o esporte é tido como um elemento

cultural, que pode estar presente em seus diversas perspectiva como atividades

formativas, de lazer, performance ou rendimento. Assim o esporte se constitui como um

direito individual, voltada para uma compreensão de bem de serviço, que deve ser

prestada pela sociedade e garantida pelo Estado.

Sobre as diretrizes municipais que norteiam suas ações, as descrições que

suas políticas estão voltadas para as ―atividades esportivas‖, ―usufruto das quadras e

do estádio municipal‖, ―recuperação, conservação e construção de praças de esporte‖,

―formação de equipe‖. Para Requixa (1980), as diretrizes de uma política municipal de

lazer não podem se restringir apenas a uma política de atividades, mas contemplar

também questões relativas à formação e desenvolvimento de quadros para atuação,

aos espaços e equipamentos, e critérios de reordenação do tempo.

Outra categoria, diz respeito à existência de Lei Municipal, dois municípios,

afirmam não terem leis que guiem suas ações municipais. Na cidade de Olindina,

considera-se como legislação, um estatuto da ―liga de futebol‖. Limitando as

possibilidades de atuação das políticas públicas de esporte e lazer a campeonatos de

futebol.

Já em Alagoinhas e Entre Rios, afirmam tem Lei Orgânica, porém na primeira

cidade consta apenas a ―Lei que cria o Conselho Municipal de Cultura, Esporte e Lazer‖

(ANEXO C) e na outra cidade, nos traz apenas capítulos e seus respectivos artigos,

sem nenhum aprofundamento sobre eles.

Em contato como a Lei Orgânica Municipal da cidade de Alagoinhas, pode se

notar que o gestor limita-se na lei de estabelecimento do Conselho Municipal. No

entanto, esta possui um capítulo, em que fala sobre as diretrizes no campo da cultura,

esporte e lazer (ANEXO C) que prevê, no seu artigo 202 ―a dinamização dos espaços

culturais já existentes como as praças esportivas e criação de outras, especialmente

nos bairros, para possibilitar a prática do esporte e do lazer‖. E em seu artigo 203 ainda

contempla ―o esporte educacional e o esporte comunitário, o lazer popular, como

também, a construção e manutenção de espaços devidamente equipados para as

práticas esportivas e o lazer, promoção, estímulo e orientação à prática e difusão da

educação física‖.

Page 56: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

55

Sobre a elaboração de projetos, o que se pode assegurar é que são

delineados a partir da ―necessidade dos municípios e recursos públicos disponíveis‖.

Alguns municípios, afirmam que são elaborados sob a orientação de ―profissionais de

Educação Física‖, e outros, com o ―envolvendo a comunidade‖, porém não explicam

como se dá esse processo.

Como prioridades das ações municipais estão a ―construção e manutenção de

quadras‖, como a ―recuperação e manutenção de espaços esportivos‖, envolvendo os

campos de várzeas dos bairros e o Estádio, como em Alagoinhas e Entre Rios. Mas

uma vez o lazer vem sendo definido como a simples construção e manutenção de

equipamentos, sem alguma política de animação sociocultural, o que muitos desses

espaços acabam perdendo seu uso multifuncional, como local de encontro, prazer, de

lazer, festas e passando para um espaço de fluxo contínuo de pedestre. Para isso, é

necessário políticas de re-significação do espaço urbano, como também mais

investimentos na área.

Um projeto do governo Federal que está em andamento entre esses

municípios é o Programa Segundo Tempo, que no município de Ouriçangas, se

constitui como o único projeto em funcionamento no âmbito do Esporte e Lazer.

O que também se tem visto é a prática de projetos voltados para a realização

apenas de campeonatos e eventos como Aramarí, que entre seus projetos estão o

―Aramarí Fest‖, ―Copa da Mandioca‖ e o ―Campeonato Municipal e futebol‖, se

caracterizando como políticas pontuais que não tem continuidade durante o ano. Como

afirma Marcelino (2007, p.12) que ―à formulação de Políticas Públicas de Lazer, e que

vem se manifestando, na grande maioria das nossas cidades, pela ausência de

explicitação, ou falta de identidade, sendo substituídas pelos ‗Calendários de eventos‘,

ou ‗pacotes‘ baixados pelos gabinetes ‗técnicos‘‖. Assim, essas ações não se

constituem como uma política que garanta um direito social da população, pois esses

programas tentam compensar a insuficiência de políticas públicas de esporte e lazer,

que estão desvinculadas de um projeto mais amplo de Estado e de transformação

social.

As políticas de financiamento permanente não existem nos municípios,

segundo os gestores, o que existe é a ―dotação orçamentária‖ para a Secretaria onde

Page 57: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

56

as pastas de esporte e lazer estão vinculadas, porém a verba destinada para esse

setor é mínima, pois como o esporte e lazer não possuem secretaria própria, estão

sempre vinculadas a outras secretarias como de Educação e Cultura, como no caso

destes municípios, acabam ―perdendo de vista a dimensão de mudança da qualidade

de vida que as ações de esporte e lazer podem provocar‖ (ZINGONI, 2003, p. 220)

Com relação aos sítios virtuais, como meio de divulgação oficial das políticas

públicas de esporte e lazer, os gestores dos municípios de Aramari, Ouriçangas,

Olindina afirmam não existir. Porém como já pesquisado e dito anteriormente,

Ouriçangas e Olindina, possuem uma página ainda on-line, estando o primeiro

desatualizado, com informações datadas de 2006 e o segundo com dados referentes à

nova gestão.

Em Entre Rios, também não possui uma página oficial da prefeitura, contudo,

possui um programa de rádio regional em que são divulgadas as ações da prefeitura,

segundo gestor. Dessas cidades apenas Alagoinhas consta com um site inovado, com

todos os dados atualizados como visto anteriormente.

Isso fica evidente, que não há um compromisso institucional com as

transparências das informações. Como previsto na Página de Transparência Pública,

em que as instituições públicas devem divulgar dadas e informações dos órgãos e suas

entidades por meio da rede mundial de computadores – Internet –, visto no Decreto nº

5.482, de 30 de junho de 2005 e na Portaria Interministerial nº 140, de 16 de março de

2006. Tornando assim, um canal pelo qual o cidadão pode acompanhar a execução

financeira dos programas de governo. Com isso a Bahia, cria também um portal de

comunicação com a população baiana: o Transparência Bahia. Um instrumento de

consulta e acompanhamento da aplicação dos recursos do Estado.

Page 58: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

57

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SÍTIO VIRTUAL UNIVERSITÁRIO

Com o desenvolvimento dos meios de comunicação e ampliação da

capacidade individual, coletiva e institucional de difusão de informação de modo

instantâneo e qualitativo, vivemos a oportunidade histórica de informar e ser informado

a todo tempo. Não poderia ser diferente com as políticas públicas de esporte e lazer.

Tal política vem ganhando visibilidade social e fazendo com que os cidadãos tenham

um acesso mais rápido sobre as ações dos gestores e sobre as políticas públicas

implementadas.

Esse processo inspirou a presente pesquisa no que se refere a analise dos

sítios virtuais como documento dinâmico de divulgação de Políticas Públicas de

Esporte e Lazer dos municípios do Território Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte.

Nessa perspectiva, é que se edifica a problemática interessada em entender o que os

sítios virtuais oficiais disponibilizam como documento (oficial) de divulgação das

Políticas Públicas de Esporte e Lazer nos municípios do Território Agreste de

Alagoinhas/ Litoral Norte.

Nesse sentido, busquei mapear e analisar as informações disponíveis nos

sítios virtuais; identificar e discutir as políticas públicas municipais de esporte e lazer e

desenvolver um sítio virtual universitário para socializar as informações acerca da

legislação e das políticas de esporte e lazer da região

Assim, pude notar que em muitas cidades estudadas ainda não existe sítio

virtual como possibilidade de divulgação das ações, projetos e programas de gestão.

Ou quando se tem, as informações que são divulgadas são genéricas e não

apresentam espaços de interatividade com o cidadão, o que impossibilita um acesso

direto das ações dos gestores, por parte da população. A esse respeito algumas

cidades do interior da Bahia já disponibiliza. Rede sem fio em lugares público.

Tendo em vista que o esporte e lazer são direitos constitucionais e como tal

precisam dialogar com o poder público para assegurar ao cidadão o seu direito, faz-se

necessário reconhecer ações de gestores e legislações especificas nas cidades

estudas.

Ficou evidente ainda que as ações que privilegiam a construção, manutenção

Page 59: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

58

e reforma de espaços e equipamentos de lazer e a promoção de campeonatos, tem

grande apelo o que torna a política setorial restrita, temporária e desvinculada da

realidade local.

Faz-se necessário que o esporte e o lazer ganhem sentido e significado nas

cidades e que haja promoção de fóruns, debates sobre essas temáticas, para entrar na

agenda pública e então ganhar qualitativo na construção e implementação das políticas

públicas. Outro ponto relevante é o envolvimento da população no processo decisório e

na gestão dessas políticas, como forma de garantir legitimidade e sustentabilidade as

mesmas.

Por fim, importa registrar a necessidade de aprofundar as investigações em

torno do tema e ampliar o entendimento sobre a questão em foco com vistas a uma

gestão democrática, participativa e cidadã.

Ao lado desse estudo monográfico surge como referência para divulgação dos

dados investigados, do ordenamento legal, dos programas e ações setoriais. Foi com

esse intento que a presente pesquisa edificou um sitio virtual universitário como uma

referencia interessada em divulgar a realidade encontrada e socializar textos críticos e

imagens dos espaços e equipamentos públicos do território em tela.

Page 60: Sítios virtuais e políticas públicas de esporte e lazer

59

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63

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO

1 No seu entendimento o que significa esporte e lazer? 2. Qual a política pública de esporte e lazer para a cidade? 3. Existe alguma lei municipal específica sobre o Esporte e Lazer? 4 Como os projetos de esporte e lazer são elaborados? 5. Quais são os programas e ações (municipais, estaduais e federal)em desenvolvimento no município? 6. Como se dá a política de financiamento para o esporte e o lazer? 7. As políticas, Programas e ações de esporte e lazer da cidade estão disponíveis na página oficial da prefeitura? Em caso negativo, quais as razões?

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APÊNDICE B

TABELA DE CATEGORIAS

Categorias Núcleo de Sentido Quant.

Entendimento sobre Esporte e Lazer

―entretenimento‖ 1

―atividade exercida para prazer e diversão‖ 2

―expressão da cultura de um povo‖ 2

―disputa‖, ―competição‖ 4

―envolvimento de habilidades e capacidades motoras‖

2

―fenômeno - sócio cultural‖ / ―expressão da cultura de um povo‖

2

―qualidade de vida‖ 1

Diretrizes das Políticas Públicas de Esporte e

Lazer

―atividades esportivas‖

―usufruto das quadras e estádio municipal‖ 1

―recuperação, conservação e construção e praças de esporte‖

3

―formação de equipe‖ 1

Lei Municipal

Não existe 2

― liga de futebol‖ 1

― Lei que cria o Conselho Municipal de Cultura, Esporte e Lazer‖

1

―Capitulo V, artigos 166, 167 e 168‖ 1

Elaboração de Projetos

―necessidade dos municípios e recursos públicos disponíveis‖

1

―profissionais de Educação Física‖ 1

―envolvendo a comunidade‖ 1

―diretoria de esporte e lazer‖ 1

Ações

―construção, recuperação e manutenção dos espaços esportivos‖

3

―apoio a atletas‖ 1

―campeonatos esportivos‖ 1

―Segundo Tempo‖ 2

Políticas de financiamento

Não existe 4

Dotação Orçamentária 1

Sítios Virtuais Sim 1

Não 4

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ANEXO A

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Título VIII Da Ordem Social

Capítulo III Da Educação, da Cultura e do Desporto

Seção III Do Desporto

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.

§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.

§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.

§ 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social.

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66

ANEXO B

LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE MATA DE SÃO JOÃO/BA

CAPÍTULO II DAS ASSOCIAÇÕES

Art. 158 - A população do Município poderá organizar-se em associações, observadas as disposições da Constituição Federal e do Estado, desta Lei orgânica, da legislação aplicável e de estatuto próprio, o qual, além de fixar o objetivo da atividade associativa, estabeleça, entre outras vedações: a - Atividades político-partidárias; b - Participação de pessoas residentes ou domiciliadas fora do Município, ou ocupantes de cargo de confiança da Administração Municipal; c - Discriminação a qualquer título. § 1º - Nos termos deste artigo, poderão ser criadas associações com os seguintes objetivos, entre outros: I - proteção e assistência à criança, ao adolescente aos desempregados, de deficiência, aos pobres, aos idosos, à mulher, à gestante, aos doentes e ao presidiário; II - Representação dos interesses de moradores de bairros e distritos, de consumidores, de donas-de-casa, de pais de alunos, de professores e de contribuintes; III - Colaboração com a educação e a saúde; IV - Proteção e conservação da natureza e do meio ambiente; V - Promoção e desenvolvimento da cultura, das artes, do esporte e do lazer. 69 § 2º - O Poder Público incentivará a organização de associações com objetivos diversos dos previstos no parágrafo anterior, sempre que o interesse social e o da administração convergirem para a colaboração comunitária e a participação popular na formulação e execução de políticas públicas.

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67

ANEXO C

LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS/ BA

SEÇÃO VII DOS CONSELHOS MUNICIPAIS

Art. 75 - O Município terá os seguintes Conselhos Municipais que são órgãos consultivos colegiados, deliberativos e de superior supervisão, têm por finalidade assessorar ao Chefe do Executivo Municipal, bem como ao Secretário Municipal quando diretamente vinculados à pasta específica no estabelecimento de políticas e diretrizes, ficando suas atribuições definidas em normas e regulamentos próprios, observada a legislação específica vigente:

a) Conselho Municipal de Saúde; b) Conselho Municipal de Educação; c) Conselho Municipal de Alimentação Escolar; d) Conselho Municipal de Cultura, Esporte e Lazer; e) Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; f) Conselho Municipal de Assistência Social; g) Conselho Municipal da Fazenda; h) Conselhos Tutelares; i) Conselho Municipal de Política de Administração e Remuneração de

Pessoal; j) Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente; k) Conselho Municipal de Transporte Coletivo e Trânsito; l) Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério;

m) Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional; n) Conselho Municipal de Defesa da Mulher; o) Conselho Municipal Antidrogas; p) Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social; q) Conselho Municipal de Desenvolvimento da Comunidade Negra Afro-

descendente; r) Conselho Municipal de Defesa Civil; s) Conselho Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor; t) Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável.

§ 1º. Os conselhos de que trata este artigo poderão ser de caráter deliberativo, quando lei superior competente ou lei complementar assim determinar, ficando suas deliberações sujeitas à homologação do Chefe do Executivo Municipal.

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68

§ 2º. Lei complementar poderá criar outros conselhos Municipais desde que sejam de relevante interesse do Município.

§ 3º. Compete ao Prefeito Municipal aprovar e publicar os regimentos, bem como nomear os membros para a composição e constituição dos Conselhos Municipais definidos por esta Lei.

§ 4º. Ao Conselho Municipal de Política de Administração e Remuneração de Pessoal, órgão consultivo, deliberativo e de superior supervisão, que tem por finalidade estabelecer diretrizes e normas relativas à política de recursos humanos do Município, compete:

I. estabelecer diretrizes e normas que orientem e disciplinem a política de administração e desenvolvimento dos recursos humanos da Administração Pública Municipal direta, autárquica e fundacional;

II. estabelecer critérios para definição da política de remuneração dos servidores públicos municipais;

III. viabilizar políticas que assegurem o processo continuado de capacitação, profissionalização e valorização do servidor público municipal;

IV. examinar propostas de alteração do estatuto do servidor e do estatuto do magistério, seus direitos, deveres e vantagens;

V. apreciar pleitos relativos a concessão, revisão e majoração da remuneração de pessoal.

§ 5º. Os atos resolutivos do Conselho Municipal de Política de Administração de Pessoal somente terão eficácia quando homologados por ato do Prefeito.

CAPÍTULO VI DA CULTURA, DO ESPORTE E LAZER

Art. 202 – Todo cidadão é um agente cultural e o poder público o incentivará, por meio da política de ação cultural do Município, democraticamente elaborada, a qual deverá proteger as manifestações das culturas populares, garantindo à população o acesso, produção, distribuição e consumo de bens culturais, viabilizando:

I. a criação e manutenção de órgãos específicos voltados para a área de cultura e preservação do patrimônio;

II. o funcionamento de entidades ligadas à cultura do Município com o estudo da

memória do Município na área de bens culturais e patrimoniais;

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69

III. a divulgação da produção artística na programação de empresas de rádio e televisão sediadas na cidade;

IV. a dinamização dos espaços culturais já existentes como as praças esportivas e

criação de outras, especialmente nos bairros, para possibilitar a prática do esporte e do lazer pela comunidade mais carente, bem como as manifestações culturais populares, tradicionais e contemporâneas dessas mesmas comunidades;

V. apoio e incentivo prioritário à produção artística local;

VI. a prioridade de participação artística locais nas promoções do Município;

VII. fomentar atividades que tenham por objetivo a busca da autosustentabilidade no

setor de cultura; VIII. captação de recursos em todos os seguimentos nacionais e estrangeiros para

proporcionar a expansão das atividades produtoras de bens culturais do município.

IX. participação do Município em eventos de porte promovidos na esfera municipal,

estadual e federal, em áreas literais, esportivas, religiosas, musicais, culturais, sempre no interesse de engrandecimento do Município.

Art. 203 – As ações do Poder Público na destinação de recursos orçamentários para o esporte e o lazer, darão prioridade:

I. ao esporte educacional e ao esporte comunitário, na forma da lei;

II. ao lazer popular; III. à construção e manutenção de espaços devidamente equipados para as práticas

esportivas e o lazer;

IV. à promoção, estímulo e orientação à prática e difusão da educação física.

I. promoção de intercâmbio sócio-cultural desportivo com outros Municípios;

II. prioridade às organizações amadorísticas e colegiais no uso de estádios, praças, ginásios de esporte e instalações de propriedades do Município;

Art. 204– Fica assegurado o pagamento de metade do valor cobrado, ainda que em caráter promocional, para ingresso em casa de diversões, cinemas, espetáculos, praças esportivas e similares, ao estudante regularmente matriculado em estabelecimento de ensino público ou particular, municipal, estadual ou federal, na forma da Lei.

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Art. 205- Para usufruir o benefício, o estudante deverá comprovar a condição referida, através de carteira de estudante expedida pelo Diretório Acadêmico dos Estudantes ou União Nacional dos Estudantes, para estudantes do 3º grau e pela Entidade Municipal para estudantes do ensino fundamental e médio. Art. 206– Cabe ao Executivo Municipal, subvencionar entidades desportivas amadoras ou não, de acordo com as suas disponibilidades financeiras, promovendo a destinação de recursos públicos, para a prática do desporto, educação e lazer. Art. 207 – O Município deve garantir o funcionamento da Biblioteca Pública sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, providenciando:

I. corpo técnico-administrativo especializado;

II. composição do acervo necessário e indispensável;

III. aquisição de materiais permanentes exigidos para o funcionamento dos setores.

Art. 208 – É dever do Município preservar os valores da cultura afro-brasileira, cabendo-lhe: Parágrafo único – Inventariar, restaurar e proteger documentos, obras e quaisquer outros bens de valor artístico da cultura afro-brasileira. Art. 209 – O Município deve promover eventos que contribuam para a prática de esporte pelas crianças e jovens a partir dos bairros periféricos, considerando a educação física como meio de trabalhar o homem concreto e integralmente, através de:

I. organização de um calendário de eventos;

II. promoção de cursos de aperfeiçoamento e orientação para monitores profissionais responsáveis pela aplicação dos exercícios;

III. participação de entidades civis e filantrópica que cuidem de atividades esportivas

com crianças, adolescentes, jovens e adultos.

IV. a organização de atividades festivas, apoiando ou estimulando o que for programado por entidades locais;

Parágrafo único - Cabe exclusivamente à Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, após ouvidas as entidades interessadas, coordenar este trabalho.