site
TRANSCRIPT
1) João dos santos trabalhou para o Frigorífico Carnes LTDA, em Maruim, de 16.02.98 a
05.10.06, como vendedor externo, quando foi dispensado sem justa causa, com aviso prévio
indenizado. Recebeu as rescisórias em 14.10.06, mas a rescisão só foi homologada em 14.12.06.
Em 17.12.07 formulou reclamação trabalhista, que foi distribuída para a 6ª Vara do Trabalho de
Aracaju. Nesta reclamação, pleiteou: reintegração no emprego, em razão de ter sofrido acidente de
trabalho e ficado afastado do serviço de 05.09.06 a 15.09.06, horas extras e reflexos, em razão de
trabalhar das 08 às 19 h sem intervalo e multa do art. 477 da CLT.
Você é advogado do Frigorífico, devendo redigir a(s) peça (s) necessárias à defesa da Empresa,
devendo pautar seu trabalho atento aos princípios éticos que regem a atividade da advocacia.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 6ª VARA DO TRABALHO
DE ARACAJU-SE
Processo nº...
FRIGORÍFICOS CARNES LTDA, qualificação, vêm muito respeitosamente à presente de
vossa Excelência, através do seu advogado com procuração nos autos e endereço profissional
(endereço), pelos fatos e fundamento a seguir demonstrados, apresentar:
EXCESSÃO DE INCOMPETÊNCIA
em face de JOÃO DOS SANTOS, domiciliado em (endereço) conforme art. 651, caput, art. 799 e
art. 800 da CLT.
1. DOS FATOS E FUNDAMENTOS
Observa-se que o reclamante prestou serviço na cidade de Maruim Portanto a Vara de
maruim é a competente para a apreciação dos pleitos e não Aracaju, onde foi ajuizada a Reclamação
Trabalhista, tendo em vista que a competência territorial é determinada pelo local da prestação do
serviço.
Dessa forma, os autos devem ser remetidos ao juízo competente, nos termos dos arts. 651 e
799 da CLT e arts. 112, 297, 304 e 307 do CPC.
2. DOS PEDIDOS
Pelo exposto requer que sejam os autos do processo remetidos à Vara de Maruim.
Nestes Termos, dede e espera deferimento.
Local e data
Advogado/OAB
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 6ª VARA DO TRABALHO
DE ARACAJU-SE
Processo nº...
FRIGORÍFICO CARNES LTDA, já qualificado nos autos do processo em que contende
com, JOÃO DOS SANTOS também qualificado, vem à presença de Vossa Excelência, através de
seu advogado com procuração em anexo e endereço (endereço), oferecer defesa através de
CONTESTAÇÃO, conforme art. 847 da CLT, art.300 do CPC e art. 769 da CLT, fazendo-a através
dos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1. DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL
Requer que seja acolhida a prejudicial para pronunciar prescritas as pretensões exigíveis por
via acionária anterior a 17/12/2002, com fulcro no art. 7º, XXIX, da Carta Maior, declarando o
processo extinto com resolução do mérito, quanto à parte da postulação atingida, nos termos do art.
269, do CPC, com aplicação autorizada pelo art. 769, da CLT.
2. DA COMPENSAÇÃO
Requer, subsidiariamente, a compensação dos valores já pagos, nos termos do art. 767 da
CLT, súmula 18 e 48 do TST.
3. DA REINTEGRAÇÃO
O reclamado alega que é detentor de estabilidade provisória, por ter ficado afastado do
trabalho entre 05/09/2006 a 15/09/2006 em razão de um acidente de trabalho, devendo ser
reintegrado.
Pois bem, o objeto em contenda nos autos, refere-se à estabilidade do acidentado do trabalho
prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, sendo uma estabilidade provisória, que tem como causa,
uma situação física específica do empregado, que, em determinado momento de sua vida, foi
atingido pelo fato infortunístico em situação inserida no âmbito das relações laborais. Este é o
entendimento da doutrina mais abalizada sobre a matéria.
A lei 8.213/91 trouxe em seu bojo uma disposição previdenciária influente sobre o Direito
do Trabalho, vez que prevê expressamente que o segurado que sofreu acidente de trabalho tem
garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa,
após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-
acidente.
Vejamos os requisitos necessários para que o trabalhador adquira o direito ora pleiteado:
O primeiro requisito que sobressai da análise do artigo 118 da Lei nº 8.213/91 é a existência
de acidente de trabalho sofrido pelo trabalhador, entendendo-se como acidente de trabalho o
acidente propriamente dito, previsto no artigo 19 desta lei, supra transcrito, as doenças profissionais
ou do trabalho elencadas no artigo 20 da mesma Lei e, ainda, os eventos equiparados ao acidente de
trabalho, previstos no artigo 21 do mesmo diploma.
O segundo requisito é o de que a estabilidade provisória só inicia após a cessação do
benefício previdenciário, pois, no período de percepção do benefício, o contrato de trabalho fica
suspenso.
Neste diapasão, depreende-se que só há estabilidade provisória se o trabalhador ficar mais
de quinze dias afastado, com percepção do auxílio-doença acidentário.
Porém o próprio reclamante confessou que ficou afastado por menos de quinze dias em
decorrência da doença ocupacional adquirida. Dessa forma, o reclamante não recebeu o auxílio
doença acidentário perante a previdência social, adquirindo qualquer estabilidade no emprego, já
que a percepção do mesmo junto ao Órgão Securitário é pressuposto necessário para a existência da
estabilidade, nos termos da súmula 378, II, do TST.
4. DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS
Alega o reclamante que possuía jornada das 8 às 19h sem intervalo e por conseguinte faz jus
ao pagamento de horas extraordinárias.
Contudo o reclamante por ser vendedor externo nos termos do art. 62, I, da CLT, não estás
sujeito a jornada legal, conforme se vê in literis:
“os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de
horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e
Previdência Social e no registro de empregados”.
Dessa forma, deve ser julgado improcedente o pleito de horas extraordinárias e seus reflexos.
5. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT
O reclamante pugna pelo pagamento da multa prevista no artigo 477 da CLT.
Porém as verbas rescisórias foram quitadas dentro do prazo estipulado pelo §6º, do art. 477,
da CLT, sendo descabida a multa perseguida. Desta forma, o pedido deve ser julgado improcedente.
6. DOS REQUERIMENTOS
Pelo Exposto requer:
a) que seja acolhida a prejudicial de mérito de prescrição quinquenal, extinguindo o
processo com resolução quanto as parcelas anteriores a data de 17/12/2002, conforme
fundamentação supra; e
b) que sejam julgados improcedentes os pedidos formulados na inicial;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o
testemunhal e documental, além do depoimento pessoal do autor, sob pena de confissão.
Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.
Local e Data
Advogado/OAB
2) Lauro, representante legal da empresa Rápido Distribuidora de Alimentos Ltda., procurou
auxílio de profissional de advocacia, ao qual relatou ter sido citado para manifestar-se a respeito de
reclamação trabalhista ajuizada por ex-empregado que desenvolvia a função de vendedor externo da
empresa. Disse que o vínculo empregatício em questão ocorrera entre 17/3/2000 e 15/12/2009.
A contrafé apresentada por seu interlocutor demonstra, além da data de propositura da demanda
(12/3/2010), a elaboração de pedido de pagamento de horas extraordinárias por todo o liame
empregatício, dada a alegação de prestação de serviços das 8 h às 20 h, de segunda-feira a sexta-
feira. Também estão relatados descontos efetuados no salário do empregado, relativos a multas de
trânsito a ele atribuídas quando em uso de veículo da empresa na realização de seu mister. Em face
disso, o empregado requereu a devolução dos valores deduzidos do salário, alegando que tais
penalidades são ínsitas ao risco da atividade econômica a cargo do empregador.
Lauro apresentou contrato de trabalho firmado entre as partes, no qual constam a data de
contratação, a função que deveria ser exercida, o valor salarial pactuado e a forma de
responsabilização do empregado quanto aos danos que viessem a ser praticados, por culpa ou dolo
deste, no uso do veículo da empresa. Apôs a fotocópia da CTPS e a folha de registro do empregado
reclamante, na qual constam as informações do contrato, excetuando-se a informação concernente
ao uso de veículo da empresa. Apresentou, ainda, multas de trânsito que demonstram ter sido o
empregado flagrado, por três vezes, conduzindo veículo a 100 km/h em vias em que a velocidade
máxima permitida era de 60 km/h.
Considerando essa situação hipotética, redija, na condição de advogado(a) contratado(a) pelo
empregador, a peça processual adequada aos interesses de seu cliente. (EXAME OAB 2010.1)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO TRABALHO DE
CIDADE-UF
Processo: ...
RÁPIDO DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS LTDA, já qualificado nos autos do
processo em que contende com JOÃO DA SILVA, também qualificado, vem à presença de Vossa
Excelência, através de seu advogado com procuração em anexo e endereço (endereço), oferecer
defesa através de CONTESTAÇÃO, fazendo-a através dos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1. DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL
Requer que seja acolhida a prejudicial para pronunciar prescritas as pretensões exigíveis por
via acionária anterior aos cinco anos anteriores a propositura da ação, com fulcro no art. 7º, XXIX,
da Carta Maior, declarando o processo extinto com resolução do mérito, quanto à parte da
postulação atingida, nos termos do art. 269, do CPC, com aplicação autorizada pelo art. 769, da
CLT.
2. DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS
Alega o reclamante que possuía jornada das 8h às 20h de segunda-feira a sexta-feira,
requerendo, portanto, o pagamento de horas extraordinárias durante todo o pacto.
Contudo o reclamante por ser vendedor externo nos termos do art. 62, I, da CLT, não estás
sujeito a jornada legal, conforme se vê in literis:
“os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de
horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e
Previdência Social e no registro de empregados”.
Dessa forma, deve ser julgado improcedente o pleito de horas extraordinárias e seus reflexos.
3. DOS DESCONTOS SALARIAIS
O requerente requer a devolução dos valores deduzidos do salário, alegando que tais
penalidades são ínsitas ao risco da atividade econômica do Reclamado.
Percebe-se, no entanto, que os descontos efetuados pela reclamada no salário foram lícitos
tendo em vista que na contratação fora pactuado a responsabilização do empregado quanto aos
danos que viessem a ser praticados. Há ainda a possibilidade de descontos no caso de dolo do
empregado, conforme disciplina o art. 462, § 1º da CLT.
Dessa forma, os descontos realizados no seu salário não feriram qualquer direito do
empregado, visto que foram todos válidos, consoante preconiza a súmula 160 do TST:
4. DOS REQUERIMENTOS
Pelo Exposto requer:
a) que seja acolhida a prejudicial de mérito de prescrição quinquenal, extinguindo o
processo com resolução quanto as parcelas anteriores aos cinco anos anteriores ao
ajuizamento da ação, conforme fundamentação supra; e
b) que sejam julgados improcedentes os pedidos formulados na inicial;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o
testemunhal e documental, além do depoimento pessoal do autor, sob pena de confissão.
Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.
Local e Data
Advogado/OAB
3) EXAME DE ORDEM 2009.3 - Aldair procurou assistência de profissional da advocacia,
relatando que fora contratado, em 1.o/10/2008, para trabalhar como frentista no Posto Régis e
Irmãos, em Camboriú – SC, e imotivadamente demitido, em 26/2/2010, sem prévio aviso. Afirmou
estar desempregado desde então. Relatou que recebia remuneração mensal no valor de R$ 650,00,
equivalente ao piso da categoria, acrescido do adicional de periculosidade, legalmente previsto.
Afirmou ter usufruído férias pelo primeiro período aquisitivo e acusou recebimento de décimos
terceiros salários relativos a 2008 e 2009. Salientou o empregado que laborava de segunda a sexta-
feira, das 22 h 00 min às 7 h 00 min, com uma hora de intervalo intrajornada. Informou, ainda, o
trabalhador que, no dia de seu desligamento, o representante legal da empresa chamara-o, aos
berros, de "moleque", sem qualquer motivo, na presença de diversos colegas de trabalho e clientes.
Relatou Aldair que tal conduta patronal o constrangera sobremaneira, alegando que, até então,
nunca havia passado por tamanha vergonha e humilhação. Pontuou também que as verbas
rescisórias não foram pagas, apesar de a CTPS ter sido devidamente anotada no ato de sua admissão
e demissão. Informou que o posto fora fechado em 1.o/3/2010, estando seus proprietários em local
incerto e não sabido.
Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) constituído(a) por Aldair, redija a
peça processual cabível à defesa dos interesses de seu cliente, apresentando toda a matéria de fato e
de direito pertinente ao caso.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO TRABALHO DE
DE CAMBORIÚ-SC
ALDAIR, qualificação, vêm muito respeitosamente à presente de vossa Excelência, através
do seu advogado com procuração nos autos e endereço profissional (endereço), pelos fatos e
fundamento a seguir demonstrados, propor:
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA C/C PEDIDO DE DANO MORAL
em face de POSTO RÉGIS E IRMÃOS, CNPJ..., (endereço)
1. DA JORNADA
O Reclamante laborava na empresa de segunda a sexta feira, das 22:00 às 7:00 horas, com
uma hora de intervalo intrajornada.
Percebe-se, assim, que o reclamante faz jus ao pagamento de horas extras pelo labor além da
oitava hora diária e da quadragésima quarta hora semanal, conforme estabelecidos na Constituição
Federal segundo art. 7º, XIII, da CF.
Em virtude do labor aos domingos é devido o respectivo pagamento na forma dobrada, conforme
art. 7º XV da CF.
Por serem habituais, requer que sejam integrados ao salário para efeito de cálculo das verbas
devidas ao Reclamante, conforme art. 7º XIII, XVI da CF e art. 58 da CLT.
3. DAS VERBAS RESILITÓRIAS
O Reclamante foi despedido sem justa causa em 26/02/2010, sem perceber quaisquer das
verbas rescisórias.
Dessa forma requer o pagamento de aviso prévio indenizado e incorporado ao tempo de
serviço, saldo de salário de 01 dia referente ao mês de julho de 2011, décimo terceiro salário
proporcional depósitos e liberação dos depósitos do FGTS acrescidos da multa de 40%, por ter sido
demitido sem justa causa e liberação das guias para requerimento do seguro-desemprego ou
indenização equivalente.
4. DAS MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT
Em virtude do não pagamento das verbas rescisórias até a presente data, em confronto com o
§ 6º alínea “b” do art. 477 da CLT, requer mais um salário de acordo com a multa prevista no art.
477 §8º da CLT.
Requer, ainda, o pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT, tendo em vista o não
pagamento das verbas incontroversas na audiência inaugural.
5. DO DANO MORAL
Não bastasse o desrespeito as normas legais, a reclamada, no dia da dispensa, do Reclamante
o representante legal da empresa o chamou de “moleque” na presença de diversos colegas de
trabalho e clientes.
O atos praticado pela empregadora gerou grave afronta à dignidade do trabalhador.
O dano moral, em sentido estrito, corresponde à dor e ao sofrimento da vítima pela lesão em
si, não necessitando de demonstração de efetivo prejuízo porque decorre diretamente do ato ilícito
praticado pelo agressor.
A indenização do dano moral deve ser fixada segundo o prudente arbítrio do Juiz,
ponderando-se pelos princípios tutelares e a regra de equidade (CLT, art. 8º). As condenações
sofridas pela Reclamada não foram suficientes para fazê-la modificar o seu comportamento na
despedida dos funcionários, o que exige do Poder Judiciário Trabalhista uma majoração nas
indenizações arbitradas.
No caso em tela, devem ser observados os elementos: culpabilidade dos envolvidos,
extensão do dano, condição das partes e reincidência da Empregadora, para se arbitrar o valor do
dano.
5. DOS PEDIDOS
Pelo acima exposto requer:
a) horas extras pelo labor além da oitava hora diária e extrapolação da quadragésima
quarta hora semanal, conforme estabelecidos na Constituição Federal segundo art.
7º, XIII, da CF e reflexo nas verbas devidas ao Reclamante, conforme art. 7º XIII,
XVI da CF e art. 58 da CLT;
b) pagamento de horas extras e do adicional noturno em todo o pacto laborado;
c) incidência do adicional de periculosidade no adicional noturno e nas horas extras;
d) Aviso Prévio indenizado e incorporado ao tempo de serviço;
e) saldo de salário de 26 dias;
f) Décimo terceiro proporcional (3/12);
g) Férias proporcionais mais 1/3 (6/12);
h) Liberação dos depósitos do FGTS acrescidos da multa de 40%;
i) Liberação das guias para requerimento do seguro-desemprego ou indenização
equivalente;
j) Multa do art. 477 §8º da CLT;
k) Danos morais a ser arbitrados por Vossa excelência;
Pugna pela notificação do Reclamado para comparecer a audiência e, querendo, apresentar
defesa sob pena de revelia.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o
documental e testemunhal, além do depoimento pessoal da reclamada, sob pena de confissão.
O Reclamante não tem condições de pagar as despesas processuais sem prejuízo do próprio
sustento ou de sua família, conforme a Lei 1.060/50 art. 4º, art. 790 §3º da CLT e Lei 5.584 art 14
§1º.
Valor da causa acima de 40 salários mínimos.
Nestes Termos, dede e espera deferimento.
Local e data
Advogado/OAB
4) (EXAME OAB 2010.3Em face da sentença abaixo, você, na qualidade de advogado do
reclamante, deverá interpor o recurso cabível para a instância superior, informando acerca de
preparo porventura efetuado.
VARA DO TRABALHO DE SÃO JOÃO DE PÁDUA Processo no 644-44.2011.5.03.0015 –
procedimento sumaríssimo AUTOR: RILDO JAIME RÉS: 1) SOLUÇÕES EMPRESARIAIS
LTDA. e 2) METALÚRGICA CRISTINA LTDA.
Aos 17 dias do mês de fevereiro de 2011, às 10 horas, na sala de audiências desta Vara do Trabalho,
o Meritíssimo Juiz proferiu, observadas as formalidades legais, a seguinte
S E NTE NÇ A Dispensado o relatório, a teor do disposto no artigo 852, I, in fine da CLT.
FUNDAMENTAÇÃO
DA REVELIA E CONFISSÃO – Malgrado a segunda ré (tomadora dos serviços) não ter
comparecido em juízo, mesmo citada por oficial de justiça (mandado a fls. 10), entendo que não há
espaço para revelia nem confissão quanto à matéria de fato porque a primeira reclamada, prestadora
dos serviços e ex- empregadora, contestou a demanda. Assim, utilidade alguma haveria na aplicação
da pena em tela, requerida pelo autor na última audiência. Rejeito.
DA INÉPCIA – O autor denuncia ter sido admitido dois meses antes de ter a CTPS assinada,
pretendendo assim a retificação no particular e pagamento dos direitos atinentes ao período
oficioso. Apesar de a ex- empregadora silenciar neste tópico, a técnica processual não foi respeitada
pelo autor. É que ele postulou apenas a retificação da CTPS e pagamento dos direitos, deixando de
requerer a declaração do vínculo empregatício desse período, fator indispensável para o sucesso da
pretensão deduzida. Extingo o feito sem resolução do mérito em face deste pedido.
DA PRESCRIÇÃO PARCIAL – Apesar de não ter sido suscitada pela primeira ré, conheço de
ofício da prescrição parcial, conforme recente alteração legislativa, declarando inexigíveis os
direitos anteriores a cinco anos do ajuizamento da ação. DAS HORAS EXTRAS – O autor afirma
que trabalhava de 2a a 6a feira das 8h às 16h com intervalo de 15 minutos para refeição, postulando
exclusivamente hora extra pela ausência da pausa de 1 hora. A instrução revelou que efetivamente a
pausa alimentar era de 15 minutos, não só pelos depoimentos das testemunhas do autor, mas
também porque os controles não exibem a marcação da pausa alimentar, nem mesmo de forma pré-
assinalada. Contudo, uma vez que confessadamente houve fruição de 15 minutos, defiro 45 minutos
de horas extras por dia de trabalho, com adição de 40%, conforme previsto na convenção coletiva
da categoria juntada os autos, mas sem qualquer reflexo diante da natureza indenizatória da verba
em questão.
DA INSALUBRIDADE – Este pedido fracassa porque o autor postulou o seu pagamento em grau
máximo, conforme exposto na peça inicial, mas a perícia realizada comprovou que o grau presente
na unidade em que o reclamante trabalhava era mínimo e, mais que isso, que o agente agressor
detectado (iluminação) era diverso daquele indicado na petição inicial (ruído). Estando o juiz
vinculado ao agente agressor apontado pela parte e ao grau por ela estipulado, o deferimento da
verba desejada implicaria julgamento extra petita, o que não é possível. Não procede.
EXAME DE ORDEM UNIFICADO 2010.3 – PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL – DIREITO
DO TRABALHO Página 2DA MULTA ARTIGO 477 da CLT – O reclamante persegue a verba em
exame ao argumento de que a homologação da ruptura contratual sucedeu 25 dias após a concessão
do aviso prévio indenizado. Sem razão, todavia. A ré comprovou documentalmente que realizou o
depósito das verbas resilitórias na conta do autor oito dias após a concessão do aviso, de modo que
a demora na homologação da ruptura – fato incontestado – não causou qualquer prejuízo ao
trabalhador. Não procede.
ANOTAÇÃO DE DISPENSA NA CTPS – O acionante deseja a retificação de sua CTPS no tocante
à data da dispensa, para incluir o período do aviso prévio. O pedido está fadado ao insucesso,
porquanto no caso em exame o aviso prévio foi indenizado, ou seja, não houve prestação de serviço
no seu lapso. Logo, tal período não pode ser considerado na anotação da carteira profissional. Não
procede.
DO DANO MORAL – O pedido de dano moral tem por suporte a revista que o autor sofria. A
primeira ré explicou que a revista se limitava ao fato de os trabalhadores, na saída do expediente,
levantarem coletivamente a camisa até a altura do peito, o que não trazia qualquer constrangimento,
mesmo porque fiscalizados por pessoa do mesmo sexo. A empresa tem razão, pois, se os homens
frequentam a praia ou mesmo saem à rua sem camisa, certamente não será o fato de a levantarem
um pouco na saída do serviço que lhes ferirá a dignidade ou decoro. Ademais, a proibição de revista
aplica-se apenas às mulheres, na forma do artigo 373-A, VI, da CLT. Não houve violação a qualquer
aspecto da personalidade do autor. Não procede.
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – São indevidos os honorários porque, em que pese o
reclamante estar assistido pelo sindicato de classe e encontrar-se atualmente desempregado, o
volume dos pedidos ora deferidos superará dois salários mínimos, pelo que não se cogita pagamento
da verba honorária almejada pelo sindicato.
DOS HONORÁRIOS PERICIAIS – Em relação à perícia realizada, cujos honorários foram
adiantados pelo autor, já constatei que, no mérito, razão não assistia ao demandante, mas, por outro
lado, que havia efetivamente um agente que agredia a saúde do laborista. Desse modo, declaro que
a sucumbência pericial foi recíproca e determino que cada parte arque com metade dos honorários.
A metade devida ao reclamante deverá a ele ser devolvida, sem correção, adicionando-se seu valor
na liquidação.
JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA – Na petição inicial o autor não requereu ambos os títulos,
pelo que não deverão ser adicionados aos cálculos de liquidação, já que a inicial fixa os contornos
da lide e da eventual condenação. RESPONSABILIDADE SEGUNDA RÉ – Na condição de
tomadora dos serviços do autor durante todo o contrato de trabalho, e considerando que não houve
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais da prestadora, condeno a segunda ré de
forma subsidiária pelas obrigações de dar, com arrimo na Súmula 331 do TST. Contudo, fixo que a
execução da segunda reclamada somente terá início após esgotamento da tentativa de execução da
devedora principal (a primeira ré) e de seus sócios. Somente após a desconsideração da
personalidade jurídica, sem êxito na captura de patrimônio, é que a execução poderá ser direcionada
contra a segunda demandada.
Diante do exposto, julgo procedentes em parte os pedidos, na forma da fundamentação, que integra
este decisum.
Custas de R$ 100,00 sobre R$ 5.000,00, pelas rés. Intimem-se.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO TRABALHO DE
DE SÃO JOÃO DE PÁDUA
Processo nº 644-44.2011.5.03.0015
RILDO JAIME RÉS, já qualificado nos autos do processo em que contende com
RODRIGO DA SILVA, também qualificado, vem à presença de Vossa Excelência, através de seu
advogado com procuração em anexo e endereço (endereço), com fulcro no art. 895 I da CLT,
interpor RECURSO ORDINÁRIO, cujas razões seguem em anexo, para posterior apreciação pelo
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da … Região, requerendo o seu regular processamento nos
termos da lei. Ressalta-se que o depósito recursal e as custas processuais foram devidamente
efetuados, e por fim requer a intimação do recorrido para apresentar contrarrazões com fulcro no
art. 900 da CLT .
Nestes Termos,
Pede e espera deferimento
Local e Data
Advogado/OAB
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA … REGIÃO
Processo nº 644-44.2011.5.03.0015
RILDO JAIME RÉS, já qualificado nos autos do processo em que contende com
RODRIGO DA SILVA, também qualificado, vem à presença de Vossa Excelência, através de seu
advogado com procuração em anexo e endereço (endereço), com fulcro no art. 895 I da CLT,
interpor
RECURSO ORDINÁRIO.
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO
1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
O presente Recurso foi interposto tempestivamente no prazo legal de 08 dias, conforme reza
o art. 895 I da CLT, Lei 5584/70 art. 6º. É adequado e feito por parte legítima, capaz e interesse,
através de seu advogado com mandato nos autos.
Custas dispensadas tendo em vista a procedência parcial dos pedidos.
2. DA REVELIA E CONFISSÃO
Observa-se que a segunda ré, tomadora do serviço, embora regularmente notificada, não
compareceu em juízo, devendo ser aplicada a pena de revelia e conseqüente condição ficta dos
fatos, conforme o art. 844 da CLT, in literis:
“O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da
reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de
confissão quanto à matéria de fato
Dessa forma, não deverá ser aproveitada a defesa de uma das Reclamadas em favor da outra.
3. DA INÉPCIA
No processo do Trabalho prevalecem os princípios da informalidade e simplicidade. O art.
840 da CLT em seu § 1º é claro no sentido de que a reclamação deverá conter apenas uma breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio e o pedido.
Ora, analisando os fatos narrados na inicial, percebe-se que não apresenta qualquer vício, em
nada prejudicando a defesa da empresa reclamada, tampouco a apreciação da pretensão obreira por
parte desse juízo
Requer, portanto, o afastamento da inépcia e o julgamento imediato do pedido.
4. DA PRESCRIÇÃO
De acordo com a jurisprudência e a doutrina majoritária, a prescrição parcial, por ser matéria
de defesa, não pode ser aplicada de sem a o pedido das partes dessa forma, não dever ser aplicado o
art. 219, § 5º, do CPC.
5. DAS HORAS EXTRAS
Apesar do juiz de piso ter reconhecido o gozo parcial do intervalo intrajornada, 15 min
diários, deferiu apenas 45 minutos de horas extras decorrente da supressão com o adicional de
apenas 40%.
A decisão merece ser reformada, pois de acordo com os art. 7º, XVI, da CF , art. 59, §1º da
CLT, art. 71 da CLT e OJ 307, da SDI-1 do TST, a não-concessão integral do intervalo intrajornada,
implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de no mínimo 50%.
Ademias, requer que seja reconhecida a natureza salarial, devendo refletir nas demais
verbas, conforme OJ 354 TST.
6. INSALUBRIDADE
Mais uma vez a sentença merece ser reformada, pois segundo entendimento da Súmula 293,
do TST, quando na perícia o agente insalubre for diverso do apontado na inicial, o pedido de
adicional de insalubridade não é prejudicado, não havendo, portanto, vinculação ao agente e nem ao
grau indicado pela parte e, consequentemente, julgamento extra petita.
7. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT
Embora o reclamado tenha depositado as verbas rescisórias no prazo legal. A homologação
do ocorreu posteriormente, fato que causou enorme prejuízo ao reclamante como se verá em
seguida. Primeiro, pois não conseguiu sacar o FGTS e a multa 40%. Segundo, já que não obteve as
guias para requerimento do seguro-desemprego.
Dessa forma, não resta dúvida ser aplicável à multa do art. 477 §8º da CLT.
8. DA ANOTAÇÃO DA CTPS
Conforme OJ 82, da SDI-I, do TST e art. 487, §1º, da CLT, deve ser considerado o período
do aviso prévio como data final do pacto celetista, mesmo que o aviso tenha sido indenizado.
9. DO DANO MORAL
A sentença merece ser reformada, pois o pedido de dano moral foi indevida demente
indeferido, já que o reclamante foi submetido grave humilhação e constrangimento, fatos quês
violaram sua personalidade, na medida em que foi obrigado a expôs parte do seu corpo sem
autorização. Dessa forma, é irrelevante que a fiscalização seja feita por pessoa do mesmo sexo de
conforme entendimento dos art. 186, 187, 927, do CC e art. 5º X da CF.
Some-se ainda, que a revista íntima, proibida para mulheres, deve ser aplicada
analogicamente e de forma extensiva aos homens, conforme, art. 5º da CF.
Vê-se que os atos praticados pela empregadora configuram, sim, abuso do poder diretivo,
sem qualquer justificativa plausível fato que gerou grave afronta à dignidade do trabalhador.
O dano moral, em sentido estrito, corresponde à dor e ao sofrimento da vítima pela lesão em
si, não necessitando de demonstração de efetivo prejuízo porque decorre diretamente do ato ilícito
praticado pelo agressor.
A indenização do dano moral deve ser fixada segundo o prudente arbítrio do Juiz,
ponderando-se pelos princípios tutelares e a regra de equidade (CLT, art. 8º). As condenações
sofridas pela Reclamada não foram suficientes para fazê-la modificar o seu comportamento na
despedida dos funcionários, o que exige do Poder Judiciário Trabalhista uma majoração nas
indenizações arbitradas.
No caso em tela, devem ser observados os elementos: culpabilidade dos envolvidos,
extensão do dano, condição das partes e reincidência da Empregadora, para se arbitrar o valor do
dano.
10. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
De acordo com os enunciados das súmulas 219 e 329 do C. TST, as quais traduzem razoável
interpretação da Lei 5.584/70, somente se confere o direito a honorários advocatícios em caso de
sucumbência e assistência judiciária gratuita, em prol de Sindicato representante de empregado.
Assim, ante o preenchimento dos requisitos, a sentença de piso merece ser reformada para
condenar o reclamado ao pagamento dos honorários advocatícios.
11. DA RESPONSABILIDADE DA SEGUNDA RÉ
Quanto ao benefício da ordem, a responsabilidade dos sócios da empresa é subsidiária.
Portanto, em caso de insolvência da empresa, inexiste benefício de ordem da Segunda
Reclamada, para que a execução atinja inicialmente os bens dos sócios da Primeira Reclamada, pois
somente cabe ao credor decidir sobre o redirecionamento da execução, tendo em vista que as
garantias estão no mesmo nível. Sendo assim, restará à empresa que adimpliu o débito a
possibilidade de ação regressiva contra a devedora principal, onde poderá requerer a
desconsideração da pessoa jurídica e, então, executar os bens dos sócios.
Dessa forma, requer a reforma da sentença proferida quanto a prioridade dada para execução
dos sócios da primeira Reclamada.
12. DOS PEDIDOS
Pelo exposto requer o conhecimento e provimento do presente Recurso Ordinário, para
reformar a sentença a quo, conforme anteriormente explanado.
Nestes Termos,
Pede e espera deferimento
Local e Data
Advogado/OAB
5) Em petição protocolada em 30/07/2003, Pedro Santos Silva e Joana Souza Silva reclamaram
contra Granja Nova Esperança Ltda e Joaquim de Albuquerque, dizendo que: a) foram admitidos
em 10/01/1995, como domésticos, do Sítio Paraíso, residência do Segundo Reclamado, no qual
trabalharam no horário de 7:00h às 18:00h, sem intervalo para refeições, de segundas às sextas-
feiras, e das 7:00h às 20:00h, aos sábados e domingos; b) jamais gozaram férias remuneradas; c) em
24/08/2000, o Segundo Reclamado constituiu juntamente com familiares a empresa Granja Nova
Esperança Ltda, estabelecida no próprio Sítio Paraíso, residência do Segundo Reclamado, tendo por
fim a criação e comercialização de frangos e derivados, e por sócio gerente o Segundo Reclamado;
d) com a constituição da empresa, Primeira Reclamada, o Primeiro Reclamante foi dispensado em
23/08/2000, do emprego de doméstico, sendo admitido pela Primeira Reclamada em 24/08/2000, no
emprego de vigia; e) a Segunda Reclamante continuou trabalhando como cozinheira da família até
10/10/2002, data em que foi dispensada pelo Segundo Reclamado, para, no dia seguinte, ser
admitida como cozinheira da Primeira Reclamada; f) ambos os reclamantes foram despedidos pela
Primeira Reclamada em 24/04/2003, sem justa causa, nem recebimento das parcelas resilitivas. Em
face disso, postularam: a) o reconhecimento do vínculo empregatício com a Primeira Reclamada,
por todo o período de trabalho, fundamentando-se no princípio da continuidade da empresa, e
conseqüentemente, sua condenação em todas as parcelas da pretensão deduzida; b) eventualmente,
em caso de não reconhecimento da continuidade da empresa, a condenação de cada reclamado, no
pagamento das parcelas correspondentes ao contrato de emprego que celebrou.
Os pedidos foram: a) o pagamento de aviso prévio de 30 dias; b) férias remuneradas de 30 dias, sob
as formas dobrada, simples e proporcional, abrangendo todo o tempo trabalhado para os
reclamados; c) gratificação natalina proporcional; d) liberação dos depósitos de FGTS efetuados
pela Primeira Reclamada, acrescidos da multa de 40% por despedida imotivada; e) depósitos do
FGTS, nunca efetuados pelo Segundo Reclamado, e respectiva liberação com multa de 40%; f)
horas extraordinárias com adicional de 50% e dobras do repouso semanal remunerado, com
integração dos respectivos valores à remuneração dos reclamantes para efeito de cálculo de
diferenças das demais parcelas; g) honorários advocatícios no percentual de 20% do valor da
condenação; h) juros e correção monetária.
Os reclamados compareceram à audiência representados pelo preposto Manuel de Albuquerque,
irmão do Segundo Reclamado e sem vínculo de qualquer natureza com a Primeira Reclamada. Em
vista disso, os reclamantes arguíram a inexistência de preposição da Primeira Reclamada na forma
do art. 843, § 1º da CLT, tendo dito o MM. Juiz que se reservava para resolver este incidente na
decisão final. Dada a palavra ao preposto, este respondeu à reclamação com os seguintes
fundamentos: a) ilegitimidade passiva ad causam da Primeira Reclamada, quanto à relação de
emprego doméstico, da qual não foi sujeito; b) prescrição do exercício do direito de ação, quanto ao
vínculo de emprego doméstico referente ao Primeiro Reclamante; c) prescrição qüinqüenal
aplicável a todas as parcelas do pedido, no que couber; d) negativa do trabalho extraordinário de
segunda a sexta-feira, quando a jornada cumprida, por ambos os reclamantes, se estendia das 8:00h
às 12:00h e das 14:00h às 18:00h, bem como do trabalho extraordinário aos sábados, quando a
jornada se estendia das 8:00h às 12:00h; e) negativa de trabalho em todos os domingos, feriados e
dias santificados; f) pagamento das férias remuneradas de todo o tempo de prestação de trabalho
doméstico, à razão legal de 20 dias úteis por período; g) pagamento da gratificação natalina, na
forma da lei, por todo o tempo de relação de emprego; h) justa causa resilitória de embriaguez
habitual dada pelo Primeiro Reclamante, que se entregou a esse vício logo depois de contratado pela
Primeira Reclamada; i) falta de amparo legal para o pedido de depósito e liberação de FGTS
concernente à relação de emprego doméstico; j) negativa de direito a honorários de advogado por
falta de amparo legal.
Com esses fundamentos os reclamados contestaram, explicitamente, os pedidos de aviso prévio,
férias dobradas, simples e proporcionais, gratificação natalina proporcional, horas extraordinárias,
dobra de repousos trabalhados e respectiva integração remuneratória para efeito de diferenças,
depósitos de FGTS e sua liberação pelo Segundo Reclamado, liberação de depósitos de FGTS com
multa de 40% pela Primeira Reclamada, gratificação natalina proporcional e honorários de
advogado, além de requererem absolvição de instância da Primeira Reclamada, quanto à relação de
emprego doméstico.
Os reclamantes, em interrogatório, declararam cumprir jornada de 8:00h às 17:00h sem intervalo, de
segundas às sextas-feiras, e só trabalharem dois domingos por mês e três feriados no último ano
trabalhado, declaração confirmada no interrogatório do preposto. Declararam também os
reclamantes que as parcelas rescisivas do período de trabalho doméstico foram regularmente pagas.
Em perícia médica, determinada de ofício pelo MM. Juiz, o laudo concluiu pela configuração de
embriaguez habitual do Primeiro Reclamante desde aproximadamente um ano. Não foram juntados
documentos e foi dispensada a prova testemunhal. As razões finais foram reiterativas, não tendo
sido aceitas as propostas de reconciliação.
É o relatório
Ata de Audiência - Processo n°: (nº)
Aos data nesta Cidade de (cidade/UF), às 15h00min, estando aberta a Audiência
na (nº) Vara do Trabalho, no (Endereço), na presença do Exm. Sr. Juiz do Trabalho, (nome), foram
apregoados os litigantes:
Reclamantes: PEDRO SANTOS SILVA E JOANA SOUZA SILVA
Reclamado: GRANJA NOVA ESPERANÇA LTDA E JOAQUIM DE
ALBUQUERQUE
Ausentes as partes.
O M.M. Juiz prolatou a seguinte decisão.
Vistos etc.
I - Relatório
Em petição protocolada em 30/07/2003, Pedro Santos Silva e Joana Souza Silva
reclamaram contra Granja Nova Esperança Ltda e Joaquim de Albuquerque, dizendo que: a) foram
admitidos em 10/01/1995, como domésticos, do Sítio Paraíso, residência do Segundo Reclamado,
no qual trabalharam no horário de 7:00h às 18:00h, sem intervalo para refeições, de segundas às
sextas-feiras, e das 7:00h às 20:00h, aos sábados e domingos; b) jamais gozaram férias
remuneradas; c) em 24/08/2000, o Segundo Reclamado constituiu juntamente com familiares a
empresa Granja Nova Esperança Ltda, estabelecida no próprio Sítio Paraíso, residência do Segundo
Reclamado, tendo por fim a criação e comercialização de frangos e derivados, e por sócio gerente o
Segundo Reclamado; d) com a constituição da empresa, Primeira Reclamada, o Primeiro
Reclamante foi dispensado em 23/08/2000, do emprego de doméstico, sendo admitido pela Primeira
Reclamada em 24/08/2000, no emprego de vigia; e) a Segunda Reclamante continuou trabalhando
como cozinheira da família até 10/10/2002, data em que foi dispensada pelo Segundo Reclamado,
para, no dia seguinte, ser admitida como cozinheira da Primeira Reclamada; f) ambos os
reclamantes foram despedidos pela Primeira Reclamada em 24/04/2003, sem justa causa, nem
recebimento das parcelas resilitivas. Em face disso, postularam: a) o reconhecimento do vínculo
empregatício com a Primeira Reclamada, por todo o período de trabalho, fundamentando-se no
princípio da continuidade da empresa, e conseqüentemente, sua condenação em todas as parcelas da
pretensão deduzida; b) eventualmente, em caso de não reconhecimento da continuidade da empresa,
a condenação de cada reclamado, no pagamento das parcelas correspondentes ao contrato de
emprego que celebrou.
Os pedidos foram: a) o pagamento de aviso prévio de 30 dias; b) férias
remuneradas de 30 dias, sob as formas dobrada, simples e proporcional, abrangendo todo o tempo
trabalhado para os reclamados; c) gratificação natalina proporcional; d) liberação dos depósitos de
FGTS efetuados pela Primeira Reclamada, acrescidos da multa de 40% por despedida imotivada; e)
depósitos do FGTS, nunca efetuados pelo Segundo Reclamado, e respectiva liberação com multa de
40%; f) horas extraordinárias com adicional de 50% e dobras do repouso semanal remunerado, com
integração dos respectivos valores à remuneração dos reclamantes para efeito de cálculo de
diferenças das demais parcelas; g) honorários advocatícios no percentual de 20% do valor da
condenação; h) juros e correção monetária.
Os reclamados compareceram à audiência representados pelo preposto Manuel de
Albuquerque, irmão do Segundo Reclamado e sem vínculo de qualquer natureza com a Primeira
Reclamada. Em vista disso, os reclamantes arguíram a inexistência de preposição da Primeira
Reclamada na forma do art. 843, § 1º da CLT, tendo dito o MM. Juiz que se reservava para resolver
este incidente na decisão final. Dada a palavra ao preposto, este respondeu à reclamação com os
seguintes fundamentos: a) ilegitimidade passiva ad causam da Primeira Reclamada, quanto à
relação de emprego doméstico, da qual não foi sujeito; b) prescrição do exercício do direito de ação,
quanto ao vínculo de emprego doméstico referente ao Primeiro Reclamante; c) prescrição
qüinqüenal aplicável a todas as parcelas do pedido, no que couber; d) negativa do trabalho
extraordinário de segunda a sexta-feira, quando a jornada cumprida, por ambos os reclamantes, se
estendia das 8:00h às 12:00h e das 14:00h às 18:00h, bem como do trabalho extraordinário aos
sábados, quando a jornada se estendia das 8:00h às 12:00h; e) negativa de trabalho em todos os
domingos, feriados e dias santificados; f) pagamento das férias remuneradas de todo o tempo de
prestação de trabalho doméstico, à razão legal de 20 dias úteis por período; g) pagamento da
gratificação natalina, na forma da lei, por todo o tempo de relação de emprego; h) justa causa
resilitória de embriaguez habitual dada pelo Primeiro Reclamante, que se entregou a esse vício logo
depois de contratado pela Primeira Reclamada; i) falta de amparo legal para o pedido de depósito e
liberação de FGTS concernente à relação de emprego doméstico; j) negativa de direito a honorários
de advogado por falta de amparo legal.
Com esses fundamentos os reclamados contestaram, explicitamente, os pedidos de
aviso prévio, férias dobradas, simples e proporcionais, gratificação natalina proporcional, horas
extraordinárias, dobra de repousos trabalhados e respectiva integração remuneratória para efeito de
diferenças, depósitos de FGTS e sua liberação pelo Segundo Reclamado, liberação de depósitos de
FGTS com multa de 40% pela Primeira Reclamada, gratificação natalina proporcional e honorários
de advogado, além de requererem absolvição de instância da Primeira Reclamada, quanto à relação
de emprego doméstico.
Os reclamantes, em interrogatório, declararam cumprir jornada de 8:00h às 17:00h
sem intervalo, de segundas às sextas-feiras, e só trabalharem dois domingos por mês e três feriados
no último ano trabalhado, declaração confirmada no interrogatório do preposto. Declararam
também os reclamantes que as parcelas rescisivas do período de trabalho doméstico foram
regularmente pagas. Em perícia médica, determinada de ofício pelo MM. Juiz, o laudo concluiu
pela configuração de embriaguez habitual do Primeiro Reclamante desde aproximadamente um ano.
Não foram juntados documentos e foi dispensada a prova testemunhal. As razões finais foram
reiterativas, não tendo sido aceitas as propostas de reconciliação.
É o relatório. Decide-se.
II – Fundamentação
DA PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO
A primeira reclamadas suscita a preliminar de carência de ação, por ilegitimidade
ad causam.
Sem razão.
No campo processual, a legitimidade ad causam deve ser analisada apenas com
base na pertinência subjetiva da demanda; basta, portanto, que aquele indicado como réu na relação
processual seja o mesmo apontado como devedor da relação jurídica de direito material. É a
chamada teoria da asserção. A questão da responsabilidade da primeira reclamada é matéria de
mérito, e como tal será examinada.
Dessa forma, rejeita-se a preliminar.
DA PRESCRIÇÃO
Considerando o período de vínculo de emprego alegado pelo Reclamante, de
10/01/1995 a 24/04/2002, e a data de propositura da presente reclamação trabalhista em 30/07/2003,
a teor do que dispõe o art. 7º, XXIX, da Constituição Federal de 1988, não há prescrição bienal a ser
declarada.
Quanto à prescrição quinquenal, acolhe-se para pronunciar prescritas as pretensões
a 30/07/1998, com fulcro no art. 7º, XXIX, da Carta Maior, declarando o processo extinto com
resolução do mérito, quanto à parte da postulação atingida, nos termos do art. 269, do CPC, com
aplicação autorizada pelo art. 769, da CLT.
DA REVELIA
Apesar de ciente o representante da primeira reclamada não compareceu à
audiência designada, incorrendo em revelia e confissão em relação à matéria fática deduzida nos
autos, nos termos que disciplina o art. 844 da CLT.
Todavia, ante a existência de litisconsórcio passivo unitário e tendo a segunda
reclamada apresentado defesa, esta aproveita à primeira, pelo que devemos apreciá-la, nos termos
do que dispõe o artigo 320, I, do CPC.
DO VÍNCULO
Alegam os reclamantes que foram admitidos em 10/01/1995, como domésticos.
Aduzem que em 24/08/2000, o Segundo Reclamado constituiu a empresa Granja Nova Esperança
Ltda e em razão da empresa - Primeira Reclamada - o Primeiro Reclamante foi dispensado em
23/08/2000, sendo admitido pela Primeira Reclamada em 24/08/2000, no emprego de vigia. Já a
segunda Reclamante foi dispensada em 10/10/2002, sendo admitida no dia 11/10/2002 como
cozinheira da Primeira Reclamada. Aduzem que foram despedidos sem justa causa pela Primeira
Reclamada em 24/04/2003.
Dessa forma pugnam pelo reconhecimento do vínculo empregatício com a
Primeira Reclamada, por todo o período de trabalho. Subsidiariamente pugna pela a condenação de
cada reclamado, no pagamento das parcelas correspondentes ao contrato de emprego que celebrou.
Os reclamados embora tenham alegado a ilegitimidade passiva da Primeira
Reclamada, não contestaram o pleito obreiro.
Há, neste caso, que se adotar o princípio da primazia da realidade, com base no
qual a verdade material deve prevalecer sobre a formal. Não é demais lembrar que o contrato de
trabalho é contrato realidade, não havendo como prosperar a disposição contida no art. 442,
parágrafo único, da CLT, a qual somente pode prevalecer quando configurada a existência de
verdadeiro trabalho cooperativado, o que não ocorreu no caso sub oculo.
Some-se que restou incontroverso o labor de ambos os artífices com os
reclamados, sedo que inicialmente tratava-se de uma relação de emprego doméstico entre os
reclamantes e o segundo reclamado e posteriormente um contrato empregatício entre primeiro
reclamado o primeiro reclamante em 23/08/2000 e o segundo em 11/10/2002.
O simples fato da admissão dos reclamantes na primeira reclamada ter ocorrido no
dia seguinte ao da rescisão do contrato não permite presumir a existência de fraude no contrato de
trabalho.
No caso em tela observa-se que os atos das partes evidenciam a vontade de
continuidade do vínculo de emprego com a alteração dos elementos subjetivos e objetivo do
contrato de emprego.
Nota-se ainda, a coincidência do local de trabalho nas reclamadas (Sítio Paraíso),
onde habita o Segundo reclamado e toda sua família, pessoas que posteriormente comporão a
primeira reclamada.
Portanto, percebe-se a existência de uma verdadeira confusão entre os limites dos
ambientes do trabalho doméstico e empresarial, mormente diante da função exercida pelos autores
na primeira ré, visto que não existe como diferenciar a relação.
Conclui-se que não há que se falar em rescisão do contrato, mas uma simples
alteração contratual objetiva e subjetiva.
O reconhecimento da continuidade do contrato de trabalho é assegurado pelo
princípio da continuidade da relação de emprego pelo valor social do trabalho e – previsto na CF -,
pela primazia da realidade. Não existindo havendo impedimento para a alteração subjetiva
concernente na mudança da figura do empregador por não haver pessoalidade na relação de
emprego em relação a ele e, ainda, possível a alteração objetiva por mais benéfico o enquadramento
que passaram a auferir os reclamantes com a constituição da empresa rural.
Em virtude dessa confusão entre os contratos de trabalhos deverão prevalecer os
direitos característicos dos empregados rurais para ambos os autores a partir de 24/08/2000, já que
tal qualidade confere uma gama de direitos superior a dos empregados domésticos. Essa conclusão
se chaga, pois no conflito entre as normas aplicáveis deverá ser utilizada a mais favorável.
Quanto ao pagamento das verbas rescisórias no pelo suposto fim do contrato de
doméstico, esse fato não impede o reconhecimento da unicidade do vínculo, pois tais parcelas não
configuram quitação geral quanto ao período laborado além de não impedir o reconhecimento do
contrato único.
Pelo exposto defere-se o reconhecimento do vínculo de emprego com a 1ª
reclamada, declarando-se o vínculo único, mas com alteração subjetiva quanto ao empregador em
24/08/2000, ou seja, apenas um vínculo de emprego: com o 2º reclamado até 23/08/2000 e na
qualidade de domésticos e, a partir de 24/08/2000, a manutenção do vínculo pela 1ª reclamada,
passando os reclamantes a empregados rurais, sendo a responsabilidade do período doméstico
restrita ao 2º reclamado e, a partir de então, da 1ª reclamada, não havendo que se falar em
solidariedade por inexistir previsão legal e contratual nesse sentido.
DA JORNADA DE TRABALHO
Os reclamantes alegam que trabalhavam das 8h às 17h sem intervalo, de segunda a
sexta-feira, bem como 2 domingos ao mês e 3 feriados no último ano de trabalho.
O preposto confessou os fatos alegados na inicial.
Em relação ao período de labor doméstico, até 23/08/2000 não se pode falar em
pagamento de horas extras, pois a Constituição Federal, em seu artigo 7º, parágrafo único, não
prevê para os domésticos a jornada limite de oito horas diárias.
Dessa forma, indefere-se o pleito de pagamento de horas extras para o período em
questão.
Indefere-se, também, o pedido de repousos e feriados para o período trabalhado
como domésticos, pois os reclamantes confessaram que laboram nessas condições apenas no ultimo
ano e não no período de domésticos.
No período em que os reclamantes laboraram como rurais, diante da prática de
labor extraordinário de uma hora diária de segunda a sexta-feira, e, no último ano, por dois
domingos ao mês e três feriados, ficando ultrapassados os limites diários e semanal previstos no
citado artigo 7º, XIII, da Constituição Federal.
Desse modo, deferem-se horas extras considerando como tal a que ultrapassar a
44h hora semanal diária já computadas na apuração pelo módulo diário, a fim de se evitar
pagamento dobrado, com base na jornada supracitada, mas apenas para o período a partir de
24/08/2000 devendo ser integradas para refletirem em repousos semanais e, com estes, em décimos
terceiros salários, férias acrescidas de 1/3, aviso prévio e FGTS com indenização de 40%.
Defere-se a indenização por ausência de gozo de intervalo intrajornada no valor de
uma hora diária acrescida de 50%. Indefere-se sua integração em outras parcelas ante sua natureza
meramente indenizatória.
Parâmetros para liquidação das horas extras:
a) obedecer a evolução salarial do autor;
b) adicional de 50%;
c) divisor de 220;
d) computo nos dias efetivamente trabalhados;
e) o pagamento apenas do adicional para as horas extras já compensadas pela
folga aos sábados a fim de se evitar enriquecimento sem causa do obreiro, conforme Súmula 85 do
TST, ante o acordo tácito de compensação pelos sábados, salvo no último ano de contrato nas
semanas em que havia labor aos domingos, onde o sábado servia para compensação do repouso
semanal.
Indefere-se o pedido de repousos semanais remunerados em dobro ante o gozo de
folga compensatória aos sábados quanto ao último ano trabalhado.
Quanto aos feriados em dobro, não há pleito nesse sentido, devendo tal labor ser
levado em conta apenas para a apuração das horas extras acima deferidas, quanto ao último ano
trabalhado.
DAS FÉRIAS
Na distribuição do ônus da prova, cabia ao reclamado demonstrar a veracidade de
suas alegações quantos o pagamento de férias relativas aos períodos 1997/1998, 1998/1999,
1999/2000, 2000/2001, 2001/2002 e 2002/2003 por ser fato obstrutivo dos reclamantes, a teor do
que dispõem os art. 818, da CLT e 333, do CPC, de aplicação autorizada pelo art. 769, da CLT.
Entretanto, de tal ônus não se desvencilhou.
Dessa forma, deferem-se as férias mencionadas acrescidas do terço constitucional,
sendo em dobro as vencidas de 1997/1998 até 2001/2002, e simples as de 2002/2003, sendo que as
férias de 1997/1998, 1998/1999 e 1999/2000 são devidas à razão de 20 dias úteis, pois se referem
ao período doméstico, sendo, portanto, de responsabilidade somente do 2º reclamado, e as férias de
2000/2001 e 2001/2002 no importe de 30 dias corridos e de responsabilidade do 1º reclamado.
Mesmo no período laborado como doméstico cabe a indenização dobrada das
férias não gozadas, seja porque o dano sofrido pelos autores deve ser objeto de reparação, mesmo
que não previsto especificamente na lei dos domésticos, por força da aplicação supletiva da
responsabilidade civil prevista no Código Civil, nos termos do artigo 8º, parágrafo único, da CLT,
seja porque a Constituição da República, ao garantir aos domésticos o mesmo direito de férias dos
demais trabalhadores, claramente quis estender o benefício de forma idêntica, não sendo possível
tratamento diferenciado que existia em lei anterior, operando a eficácia revogatória do direito
fundamental de gozar as férias, a fim de se obter sua máxima aplicação.
EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
A segunda reclamada foi dispensada sem justa causa em 24/04/2003 sem
pagamento das verbas resilitórias, vez que a ré não provou a quitação das verbas pleiteadas.
O primeiro reclamante, conforme laudo pericial, há aproximadamente um ano o
apresenta embriaguez habitual.
No que concerne à embriaguez, há que se distinguir entre a habitual e a eventual,
verificada em serviço, já que a ocorrida fora do local de trabalho, via de regra, não tem o condão de
afetar a relação de emprego. A embriaguez habitual ou crônica, de há muito, desde o seu
reconhecimento como doença – o alcoolismo - pela Organização Mundial de Saúde – OMS, deixou
de ser considerada falta grave, que ensejasse a despedida motivada, pela doutrina e jurisprudência
mais abalizada, à guisa de que o trabalhador acometido de tal enfermidade necessita de tratamento e
não de punição.
Já a embriaguez eventual, em serviço, denota falta de compromisso do empregado
com a diligência a que se obrigou através do contrato de trabalho. O trabalhador que faz uso da
bebida alcoólica, quando em serviço, demonstra ser negligente e imprudente em seus afazeres, e,
neste caso, é flagrante a falta grave que permitirá a resilição contratual pelo empregador, de forma
unilateral e motivada.
Sendo assim, reconhece-se que a extinção do contrato do primeiro reclamante
ocorreu sem motivo em 24/04/2003.
Pelo exposto defere-se:
a) aviso prévio de 30 dias;
b) férias proporcionais acrescidas do terço constitucional;
c) décimo terceiro proporcional;
d) liberação dos depósitos de FGTS mais multa de 40% do período laborado como
empregados rurais acrescidos e depósitos de FGTS quanto à 2ª reclamante no período de
24/08/2000 a 10/10/2000.
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
De acordo com os enunciados das súmulas 219 e 329 do C. TST, as quais
traduzem razoável interpretação da Lei 5.584/70, somente se confere o direito a honorários
advocatícios em caso de sucumbência e assistência judiciária gratuita, em prol de Sindicato
representante de empregado. Assim, ante o não-preenchimento dos requisitos, indefere-se o pleito .
DA MULTA DO ART. 475-J, DO CPC
O sentido de existir do Direito material e processual do Trabalho especial é tornar o
direito protegido por esses mais célere e eficaz do que o Direito Comum. As regras do processo
laboral podem ser mais favoráveis sem ferir a igualdade. E, é nesse prisma que se invoca a gênese
constitucional para reconhecer que se hoje o processo civil encontra-se mais avançado e eficaz, deve
o mesmo se aplicado ao processo do trabalho, resguardando, assim, a isonomia.
Não há que se falar em ausência de omissão, pois a doutrina de muito já vem
reconhecendo a omissão axiológica e a ontológica, o que se aplica integralmente ao caso em análise.
Por fim, traz-se à baila a lição do mestre Carlos Henrique Bezerra Leite no sentido
de que:
“ É preciso, portanto, romper com o formalismo jurídico e estabelecer o
diálogo das fontes normativas infraconstitucionais do CPC e da CLT, visando
à concretização do princípio da máxima efetividade das normas (princípios e
regras) constitucionais de direito processual, especialmente o novel princípio
da ‘duração razoável do processo com os meios que garantam a celeridade de
sua tramitação’”.
...
“Afinal, o nosso ordenamento jurídico guarda em seu patamar mais alto,
como verdadeiras cláusulas de direito fundamental, o princípio do direito
(norma) mais favorável à pessoa humana, em geral, (CF, art. 5º, § 2º) e o
princípio do direito (norma) mais favorável ao cidadão-trabalhador, em
particular (CF, art. 7º, caput), não havendo distinção constitucional entre
normas de direito material e de direito processual”. (in Revista LTr., vol. 70,
nº 9, de setembro de 2006, p. 1042)
Por tais, entende-se ser aplicável a multa do art. 475-J do CPC.
DAS DEMAIS PROVIDÊNCIAS
Quanto aos recolhimentos previdenciários e fiscais, observa-se o que estatui a lei, e
a Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho.
Juros e correção monetária, na forma da lei e da súmula 381, do C. TST e da OJ
300, da SDI-I.
O recolhimento da contribuição previdenciária será efetuado pelas partes,
conforme demonstrativo anexo e nos termos da Lei nº 8.212/91.
DA DEDUÇÃO
Autoriza-se a dedução das parcelas pagas a idêntico título.
III – DISPOSITIVO
Ante o exposto, e considerando todo o mais que dos autos consta, decide-se:
a) rejeitar a preliminar de carência de ação;
b) rejeitar a prescrição bienal;
c) declarar prescritas as verbas anteriores 30/07/1998, extinto com resolução do
mérito, quanto à parte da postulação atingida;
d) julgar PROCEDENTES EM PARTE os pedidos formulado na presente ação
proposta por PEDRO SANTOS SILVA E JOANA SOUZA SILVA em face de GRANJA NOVA
ESPERANÇA LTDA E JOAQUIM DE ALBUQUERQUE para declarar a unicidade do vínculo
de emprego de ambos os reclamantes, condenando ambos na obrigação de pagar, no prazo de 15
dias após o trânsito em julgado, sob pena de multa no percentual de 10% (art. 475-J, caput,
do CPC, e 1ª reclamada ao pagamento de aviso prévio, férias vencidas em dobro, simples e
proporcionais com 1/3, décimo terceiro proporcional, liberação dos depósitos de FGTS acrescidos
da indenização de 40%, depósitos de FGTS quanto à 2ª reclamante do período de 24/08/2000 a
10/10/2002 acrescidos da indenização de 40%, horas extras e sua integração, intervalos intrajornada
indenizados, tudo relativo ao período trabalhado a partir de 24/08/2000 e, também, condenando o 2º
reclamado ao pagamento das férias vencidas em dobro com 1/3 do período de 1995/1996 até
1998/1999.
Tudo em fiel observância à Fundamentação supra, que passa a integrar o presente dispositivo
como se nele transcrita, bem como da planilha de cálculo em anexo.
Incidência de juros e correção monetária na forma da lei e nos termos da súmula 381 e OJ
300, da SDI-1, do C. TST.
O recolhimento da contribuição previdenciária será efetuado pelas partes nos termos da Lei
nº 8.212/91.
Custas de R$ 400,00 pela reclamada, calculadas sobre o valor da condenação arbitrada em
R$20.000,00.
Contribuições fiscais, no termos da lei e a Consolidação dos Provimentos da
Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho.
Notifiquem-se as partes e a União (Procuradoria da Fazenda Nacional).
Cidade, data.
Nome do Juiz
Juiz do Trabalho