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Sistema Financeiro Nacional

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Sistema Financeiro Nacional em 12 Lições

Autor: Edinaldo R. de Oliveira de Junior Site: www.juliobattisti.com.br É proibido o uso deste material em sala de aula e para ministrar treinamentos

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AUTOR: EDINALDO R. DE OLIVEIRA JUNIOR

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ÍNDICE DO CURSO: Parte 01 – Sistema Financeiro Nacional ................................................................06

1. Função ..................................................................................................06 2. Estrutura ...............................................................................................06 3. Subsistema Normativo .........................................................................06 4. Conselho Monetário Nacional – CMN ................................................06 5. Banco Central do Brasil – BACEN .....................................................07 6. Comissão de Valores Mobiliários – CVM ...........................................08 7. Demais Instituições Bancárias .............................................................09

Parte 02 – Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado ....11 1. Bolsa de Valores...................................................................................11 2. BM&F ..................................................................................................11 3. Mercado de Balcão ..............................................................................11 4. Mercado de Balcão Organizado ..........................................................12 5. Sociedade Corretora de Títulos Mobiliários.........................................12 6. Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários....................................12 7. Cooperativas de Crédito ......................................................................13 8. Bancos Cooperativas ...........................................................................13 9. SELIC ..................................................................................................13 10. CETIP ..................................................................................................14 11. Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento ........................14 12. Associação de Poupança e Empréstimo ..............................................15 13. Sociedade de Crédito Imobiliário ........................................................15

Parte 03 – Demais Produtos de Investimentos ......................................................16 1. Ações ...................................................................................................16 2. Mercado de Derivativos.......................................................................17 3. Mercado a Termo ................................................................................17 4. Mercado Futuro ...................................................................................17 5. Mercado de Opções .............................................................................19 6. Mercado de SWAP ..............................................................................20 7. Debêntures ...........................................................................................21 8. Letra de Câmbio ..................................................................................22

Parte 04 – Produtos e Serviços Financeiros ..........................................................24 1. Depósito à vista ...................................................................................24 2. CDB e RDB .........................................................................................24 3. Cobrança de Título ..............................................................................24 4. Pagamento de Títulos e Carnês ...........................................................25 5. Transferência Automática de Fundos ..................................................25 6. Arrecadação de Tributos e Tarifas Públicas ........................................25 7. Home/Office Banking .........................................................................26 8. Remote Banking .................................................................................27 9. Dinheiro de Plástico ............................................................................27 10. Cartões Magnéticos .............................................................................27 11. Cartões de Débito ................................................................................27 12. Cartões de Crédito ...............................................................................27 13. Cartões Inteligentes .............................................................................28 14. Cartões Virtuais ...................................................................................28 15. Cartões de Valor Agregado .................................................................28 16. Commercial Papers .............................................................................29

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Parte 05 – Caderneta de Poupança .........................................................................30 1. Conceito................................................................................................30 2. Modalidades .........................................................................................30 3. Tributações ...........................................................................................31 4. Títulos de Capitalização .......................................................................31 5. Fundos de Investimentos ......................................................................32 6. Leasing .................................................................................................34 7. Financiamento de Capital Fixo ............................................................37

Parte 06 – O Mercado de Seguros ..........................................................................40 1. O Seguro ...............................................................................................40 2. O Sistema Nacional de Seguros Privados ............................................41 3. Superintendência de Seguros Privados - SUSEP .................................42 4. Instituto de Resseguros do Brasil .........................................................43 5. Previdência Complementar ..................................................................45 6. Mercado de Previdência Privada ..........................................................45 7. Sociedades Administradoras de Seguros de Saúde ..............................48

Parte 07 – O Mercado de Câmbio ..........................................................................50 1. Introdução .............................................................................................50 2. Operações de Câmbio ...........................................................................53 3. Operações de Arbitragem .....................................................................55 4. Contrato de Câmbio ..............................................................................56 5. Financiamento à Exportação .................................................................60 6. SISCOMEX ..........................................................................................63 7. Financiamento à Importação ................................................................66

Parte 08 – O Mercado de Ouro ..............................................................................67 1. Introdução ............................................................................................67 2. Moedas .................................................................................................68

Parte 09 - Garantias do Sistema Financeiro Nacional ...........................................69 1. Introdução ............................................................................................69 2. Garantias Fidejussórias ou Pessoais ....................................................69 3. Aval .....................................................................................................70 4. Fiança ..................................................................................................71 5. Garantias Reais ....................................................................................72 6. Penhor ..................................................................................................73 7. A Alienação Fiduciária ........................................................................75

Parte 10 – Hipoteca, Fiança e Fundo Garantidor de Crédito (FGC) .....................79 1. Hipoteca ...............................................................................................79 2. Fiança Bancária ...................................................................................80 3. Fundo Garantidor de Crédito ...............................................................83

Parte 11 – Sociedade de Fomento Mercantil .........................................................85 1. Introdução ............................................................................................85 2. Sistema de Pagamentos Brasileiro .......................................................86

Parte 12 – Cheques ................................................................................................89 1. Introdução ............................................................................................89 2. Cheques sem Fundos ...........................................................................92 3. Cheques com Irregularidades ..............................................................92

Referência Bibliográfica .......................................................................................95

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PARTE 01 - SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

O Sistema Financeiro Nacional – SFN - é formado pelo conjunto de instituições

dedicadas a propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores no País.

1. Função O principal objetivo do SFN é valorizar a intermediação entre poupança e investimento, possibilitando ao setor produtivo maior eficiência. 2. Estrutura O Sistema Financeiro Nacional está dividido em dois grandes subsistemas, o normativo e o de intermediação e instituições auxiliares. 2.1. Subsistema Normativo O Subsistema Normativo regulamenta e fiscaliza o mercado financeiro. Fazem parte desse subsistema: O Conselho Monetário Nacional – CMN, o Banco Central – BACEN, Comissão de Valores Mobiliários – CVM, a Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, e Secretaria de Previdência Complementar – SPC. Integram também esse subsistema, na condição de agentes especiais responsáveis por algumas atribuições de interesse do Governo Federal S.A., o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Caixa Econômica Federal – CEF e Banco do Brasil – BB. Como agentes do Governo Federal, essas instituições atuam como instrumentos de política monetária e integram o Subsistema Normativo. Como Bancos comerciais e de desenvolvimento fazem parte do subsistema de intermediação, de caráter operativo (atendimento ao público, atendem normas do CMN, por exemplo), por isso falaremos dessas instituições quando abordarmos o subsistema de intermediação. Agora vamos falar sobre os principais órgãos que compõem o subsistema normativo: CMN, BACEN, SUSEP e SPC. 2.1.1. Conselho Monetário Nacional – CMN É o órgão supremo do SFN, sua finalidade é fixar as diretrizes para as políticas monetárias, creditícias e cambiais do País. Composição

• Ministro da Fazenda (Presidente do Conselho); • Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão; • Presidente do Banco Central.

Competências

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• Adaptar o volume dos meios de pagamentos (Depósito Compulsório, SELIC, Redesconto, Títulos do Governo Federal, etc) às reais necessidades da economia nacional e seu desenvolvimento;

• Regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo surtos inflacionários (quantidade de dinheiro circulando);

• Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos do País; • Zelar pela liquidez e solvência (Capacidade de cumprir os compromissos com os

recursos que constituem seu patrimônio ou seu ativo) das instituições financeiras; • Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras públicas e provadas; • Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros,

tornando mais eficiente o sistema de pagamento e mobilização de recursos; • Coordenar as políticas monetárias, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida

pública interna e externa. Atribuições específicas

• Autorizar as emissões de papel moeda; • Aprovar os orçamentos monetários preparados pelo Bacen; • Fixar diretrizes e normas da política cambial; • Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações creditícias; • Estabelecer limites para remuneração das operações e serviços bancários ou

financeiros (Tarifas bancárias, por exemplo); • Determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras; • Regulamentar as operações de redesconto de liquidez (Banco não pode começar

com “caixa no vermelho”); • Outorgar ao Banco Central o monopólio de operações de câmbio quando o balanço

de pagamento exigir; • Estabelecer normas a serem seguidas pelo Bacen nas transações com títulos

públicos; • Regular a constituição, funcionamento e fiscalização de todas as instituições

financeiras.

Reúne-se ordinariamente uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo Presidente. É permitido, ao presidente do CMN, convidar ministros de Estado e representantes de entidades públicas para participar das reuniões, porém sem direito de voto. 2.1.2. Banco Central do Brasil – Bacen O Bacen é o órgão executivo central do sistema financeiro, funciona como secretaria executiva do CMN, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir as disposições que regulam o funcionamento do SFN e as normas expedidas pelo Conselho, é considerado o “Banco dos Bancos”. Missão e Objetivos Tem como missão institucional assegurar a estabilidade do poder de comércio da moeda, bem como a solidez do Sistema Financeiro Nacional. Seu objetivo subdivide-se em três macroprocessos:

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• Formular e gerir as políticas monetárias e cambial, compatíveis com as diretrizes do Governo Federal (CMN);

• Regular e supervisionar o Sistema Financeiro Nacional; • Administrar o sistema de pagamentos brasileiro – SPB e o meio circulante.

Principais Atribuições

• Emitir papel moeda e moedas metálicas nas condições e limites autorizados pelo CMN;

• Exercer fiscalização das instituições financeiras, punido-as quando necessário (0800 Bacen);

• Autorizar o funcionamento de todas as instituições financeiras; • Controlar o fluxo de capitais estrangeiros, garantindo o correto funcionamento do

mercado cambial, operando, inclusive, via ouro moeda ou operações de crédito no exterior;

• Executar os serviços do meio circulante; • Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os depósitos

voluntários das instituições financeiras e bancárias que operam no País (empréstimo ao BACEN, à juros menores, quando se tem “dinheiro sobrando”);

• Realizar operações de redesconto/empréstimo às instituições financeiras dentro de um enfoque de política econômica do Governo ou como socorro a problemas de liquidez (empréstimo Banco para Banco);

• Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e venda de títulos públicos federais;

• Estabelecer as condições para o exercício de qualquer cargo de direção nas instituições financeiras privadas (responsável pela movimentação do dinheiro);

• Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais, exercer controle de crédito.

2.1.3. Comissão de Valores Mobiliários - CVM A CVM é uma autarquia (uma entidade auxiliar da administração pública, como por exemplo, INSS, ANATEL, ANVISA, Banco Central, etc) vinculada ao Ministério da Fazenda. Tem por finalidade Disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de valores mobiliários, onde são negociados os títulos emitidos pelas empresas, a fim de captar recursos destinados ao financiamento de suas atividades. Ações são exemplos destes títulos. Objetivos

Criada em 07/12/1976, através da Lei nº 6.385, a Comissão de Valores Mobiliários tem os seguintes objetivos:

• Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão, proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias ou administradores de carteira de valores mobiliários (por exemplo, as fraudes contábeis ocorridas recentemente com a DELL, nos Estados Unidos, as quais foram descobertas pela Securities and Exchange Commission, equivalente americano à CVM);

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• Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado;

• Assegurar o acesso do público às informações sobre valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido;

• Assegurar a observância de práticas comerciais eqüitativas (legais) no mercado de valores mobiliários.

Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) Criado pelo Decreto nº 91.152, de 15/03/1985, como órgão integrante do Ministério da Fazenda, para julgar, em segunda e última instância, os recursos e interpostos das decisões relativas à aplicação de penalidades administrativas pelo Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobiliários. É integrado por oito Conselheiros, de reconhecida competência e possuidores de conhecimentos especializados em assuntos relativos aos mercados financeiros de capitais, observada a seguinte composição:

• Um representante do Ministério da Fazenda; • Um representante do Banco Central; • Um representante do SECEX (Secretaria do Comércio Exterior); • Um representante da Comissão de Valores Mobiliários – CVM; • Quatro representantes das entidades de classe dos mercados financeiros e de

capitais, por elas indicados em lista tríplice, por solicitação de Ministro da Fazenda.

Os membros dos Conselhos e seus respectivos suplentes serão designados pelo ministro da fazenda, com mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos uma vez.

Junto ao Conselho trabalha um Procurador da Fazenda Nacional, designado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, com a atribuição de zelar pela fiel observância das leis, decretos, regulamentos e demais atos administrativos.

O Conselho tem como Presidente o representante do Ministério da Fazenda e como Vice-Presidente a pessoa designada pelo Ministro da Fazenda, entre os representantes das entidades de classe.

A principal atribuição é julgar os recursos interpostos das decisões relativas à aplicação de penalidades administrativas do Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobiliários. Demais Instituições Bancárias BANCOS COMERCIAIS (BC)

O seu objetivo principal é proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curtos e médios prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas.

Para atender a esses objetivos, os bancos comerciais podem: descontar títulos, realizar operações de abertura de crédito simples ou em conta-corrente (contas garantidas), realizar operações especiais, inclusive de crédito rural, de câmbio e comércio internacional, captar depósitos à vista e a prazo fixo, obter recursos junto às instituições oficiais para repasse aos clientes, obter recursos externos para repasse, efetuar a prestação de serviços, inclusive mediante convênio com outras instituições.

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É importante frisar que a captação de depósitos à vista, que nada mais são do que as contas correntes livremente movimentáveis, é a atividade básica dos bancos comerciais, configurando-os como instituições financeiras monetárias. Tal captação de recursos junto com a captação via CDB e RDB, via cobrança de título e arrecadação de tributos e tarifas públicas, permite aos bancos repassá-las à empresa, sob forma de empréstimos que vão girar as atividades produtivas (estoques, salários, etc).

Em resumo, são intermediários financeiros que recebem recursos de quem os possui, distribuindo assim, através de crédito seletivo, a quem necessita de recursos.

Entende-se por BANCOS MÚLTIPLOS, os bancos que possuem uma grande gama de serviços, ou seja, possuem vários serviços agregados no mesmo banco, a grande maioria dos bancos são classificados como MÚLTIPLOS, pois possuem serviços agregados ao seu principal objetivo (captação financeira para repasse), ou seja, oferecem seguros diversos, previdências, consórcios, etc. BANCOS DE INVESTIMENTO (BI) Foram criados para canalizar recursos de médios e longos prazos para suprimento de capital fixo e de giro das empresas. Seu objetivo maior é de dilatar o prazo das operações de empréstimos e financiamento, sobretudo para fortalecer o processo da capitalização das empresas, através da compra de máquinas e equipamentos e da subscrição de debêntures e ações (assuntos que serão vistos posteriormente). Não podem manter contas correntes e captam recursos pela emissão de CDB e RDB, através de captação e repasses de recursos de origem interna ou externa, ou pela venda de cotas de fundos de investimentos por eles administrados. Devem orientar periodicamente a aplicação dos seus recursos repassados no fortalecimento do capital social das empresas, via subscrição (aumento de capital) ou aquisição de títulos, na ampliação da capacidade produtiva da economia, via expansão ou relocalização de empreendimentos, no incentivo à melhoria da produtividade, através da reorganização, da racionalização e da modernização das empresas na promoção de uma melhor ordenação da economia e maior eficiência das empresas na promoção de uma melhor ordenação da economia e maior eficiência das empresas, na promoção ao desenvolvimento tecnológico, via treinamento ou assistência técnica, e o principal, tudo isso a um juro menor. BANCOS DE DESENVOLVIMENTO (BD) Como já visto anteriormente, o BNDES é o principal agente do Governo para financiamentos de médio e longo prazo aos setores primário, secundário e terciário. As principais instituições de fomento regional são os Bancos do Nordeste do Brasil (BNB) e o Banco da Amazônia (BASA). Os bancos estaduais de desenvolvimento incluem-se em um conjunto de instituições financeiras controladas pelos Governos Estaduais e destinadas ao fornecimento de crédito de médio e longo prazo às empresas localizadas nos respectivos Estados, normalmente operam com repasses de órgãos financeiros do Governo Federal.

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PARTE 02 – OUTROS INTERMEDIÁRIOS, AUXILIARES FINANCEIROS E PARTICIPANTES DO MERCADO

Bolsa de Valores: A bolsa de valores é uma associação civil sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. É o centro mais importante de negociação de ações, onde se compram e se vendem as ações de companhias de capital aberto. Principais Atribuições

• Manter o local adequado à realização de transações de compras e vendas de títulos e valores mobiliários, em mercado livre, organizados e fiscalizados pelos próprios membros participantes e pela CVM;

• Estabelecer sistema de negociação que propicie a assegura a continuidade das cotações e a plena liquidez (cobrir riscos) dos papéis no mercado;

• Dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão; • Assegurar aos investidores completa garantia de recebimento pelos títulos e valores

negociados; • Auxiliar a CVM na fiscalização do mercado de capitais; • Organizar, administrar, controlar e aperfeiçoar o sistema e o mecanismo de registro

e liquidação das operações realizadas. Bolsa de Mercadorias & Futuro – BM&F

A BM&F é uma associação sem fins lucrativos, de capital aberto e organizado para proporcionar aos seus membros as facilidades necessárias à compra e venda de commodities (produtos básicos, homogêneos e de amplo consumo, que podem ser produzidos por uma ampla gama de empresas, podem ser produtos agropecuários, como boi gordo, soja, café; minerais, como ouro, prata, petróleo e platina; industriais, como tecido 100% algodão, poliéster; e até mesmo financeiros, como moedas mais requisitadas como dólar e euro, ações de grandes empresas, títulos de governos nacionais, etc.) e/ou contratos de liquidações futuras.

O objetivo maior da BM&F é efetuar o registro, a compensação e a liquidação física e financeira, das operações realizadas em pregão. Tem por finalidade, ainda, desenvolver, organizar e operacionalizar mercados livres e transparentes, para negociação de títulos e/ou contratos que possuam como referência ativos financeiros, índices, indicadores, taxas, mercadorias e moedas, nas modalidades à vista e de liquidações futuras.

A BM&F mantém a negociação de contratos no mercado a termo, futuro, opções e swap.

Os mercados da BM&F são regulamentados pelo BACEN e pela CVM, a quem compete disciplinar, fiscalizar e desenvolver esse mercado. Mercado de Balcão Mercado de balcão é onde são fechadas operações de compra e venda de títulos, valores mobiliários, commodities e contratos de liquidação futura, diretamente entre as partes ou com intermediação de uma instituição financeira, mas fora das bolsas. Nessas operações somente os participantes conhecem os termos do contrato, que podem ser completamente adequados às necessidades específicas de cada parte. Tais

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operações são menos sujeitas à fiscalização e regulação, e caso não haja interesse dos contratantes, sem qualquer divulgação para o mercado. As particularidades de cada contrato dificultam uma negociação posterior, sendo comum os participantes manterem essas posições em suas carteiras até o vencimento. Outro problema desse mercado é a liquidez. Como as negociações são realizadas fora da bolsa, será mais difícil revender os papéis. Mercado de Balcão Organizado Tem por objetivo oferecer ao mercado uma maior organização, transparência e possibilidade de formação de preço justo para as transações de títulos, valores mobiliários e demais ativos financeiros.

A Sociedade Operadora de Mercado de Ativos - SOMA é responsável pela administração do único mercado de balcão organizado no Brasil. O ambiente de negociação é totalmente eletrônico. As empresas associadas, proveniente de todo Brasil, estão interligadas por meio de terminais pertencentes à rede de transmissão de dados da SOMA. Dessa forma podem processar suas ordens de compra e venda, fechando os negócios eletronicamente, com ampla transparência. Sociedade Corretora de Títulos e Valores Mobiliários – CTVM É uma instituição auxiliar do SFN que opera no mercado de capitais com títulos e valores mobiliários, em especial ações. Representa os investidores nas transações em Bolsa de Valores e nas negociações de contratos na BM&F. Sua constituição depende de autorização do Bacen e o exercício, de autorização da CVM. Principais Atribuições:

• Operar nos recintos de bolsa de valores e de mercadorias; • Efetuar lançamentos públicos de ações; • Administrar carteira e custodiar valores mobiliários; • Investir, organizar e administrar fundos de investimentos; • Operar no mercado aberto; • Intermediar operações de câmbio.

Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – DTVM É a instituição auxiliar do SFN responsável pela intermediação das operações com títulos mobiliários e commodities. Suas ações são mais restritas do que as das corretoras, já que elas não têm acesso às bolsas de valores e de mercadorias. Para operar nesse mercado, a DTVM utiliza-se das CTVM. A distribuidora pode também:

• Encarregar-se da administração de carteira de títulos e valores mobiliários; • Exercer função de agente fiduciário; • Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimentos; • Operar no mercado aberto, satisfeitas as condições exigidas pelo Bacen;

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• Intermediar a colocação de emissão de capital no mercado.

As DTVM assumem juntamente com as demais instituições de mercado, a responsabilidade de contratar e conduzir as operações, dentro das bases formais aplicadas a todas as operações com títulos e valores mobiliários. Cooperativas de Crédito (CC) As cooperativas de Crédito resultam da associação de funcionários de determinadas empresas, para oferecer crédito aos seus cooperados. Podem operar contas com depósitos à vista e a prazo, por isso assemelha-se a uma instituição financeira. As cooperativas de Crédito atuam basicamente no setor primário da economia, com o objetivo de permitir uma melhor comercialização de produtos rurais e criar facilidades para o escoamento das safras agrícolas. Basicamente elas oferecem possibilidades de crédito junto aos funcionários a partir de uma pequena contribuição mensal, muitas vezes descontada na folha de pagamento, podendo ser na forma de um percentual fixo (entre 1 e 5%). Outra forma de captação permitida pelo Bacen às cooperativas é a de operar com contas de depósitos à vista e a prazo. Uma parte dos recursos depositados é recolhida ao Banco do Brasil como reserva técnica, mas a maior parte é repassada aos associados na forma de empréstimo. Podem oferecer produtos como conta corrente, cheque especial, recebimento de contas de serviços públicos, e processamento da folha de pagamento dos funcionários da empresa. Tudo isso se converte em fonte de captação de fundos para a cooperativa. Bancos Cooperativas (BCo) O Bacen autorizou a constituição de bancos comerciais com a participação exclusiva de cooperativas de crédito, com atuação restrita à Unidade de Federação de sua sede, cujo plano de ação deverá estar enquadrado nas regras do Acordo de Basiléia (O Acordo de Basiléia, também designado por Acordo de Basiléia I, foi um acordo criado em 1988, na cidade de Basiléia (Suíça), por iniciativa do Bank for International Settlement (BIS), e assinado por mais de 100 países. Este acordo teve como objetivo criar exigências mínimas de capital, que devem ser respeitadas por bancos comerciais, como precaução contra Risco de Crédito.), representando 15% dos ativos ponderados pelo risco. Ele deu autorização para que as cooperativas de crédito possam abrir os seus próprios bancos comerciais, fazendo tudo o que qualquer outro banco comercial já faz: ter talão de cheque, emitir cartão de crédito, fazer diretamente a compensação de documentos, e principalmente, passar a administrar a carteira de crédito, antes sob responsabilidade das cooperativas. A constituição do Banco Cooperativa vai permitir também levantar recursos no exterior, atividade vedada às cooperativas de créditos. No Banco Cooperativa a vantagem para o sistema é que o produtor rural é gerador e o controlador do fluxo de dinheiro, ao mesmo tempo que mantém esses recursos. Em síntese isto significa que o dinheiro fica na mesma região onde é gerado para a reaplicação em novas culturas. Sistemas de Câmaras de Liquidação e Custódia Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC

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O Selic, criado em 1980, é um sistema informatizado destinado ao registro, custódia e liquidação de títulos públicos federais, bem como de títulos públicos estaduais e municipais emitidos até 1992.

Somente as instituições credenciadas no mercado financeiro têm acesso ao Selic, o qual opera em tempo real, permitindo que os negócios tenham liquidação imediata. Os operadores das instituições envolvidas em uma transação com esses títulos, após acertarem os negócios, transferem essa operação, via terminal, ao Selic. O sistema automaticamente transfere o registro do título e faz o crédito na conta do vendedor do título. Ambas as partes tem a certeza da validade da operação efetuada.

O sistema processa também a liquidação das operações definitivas (títulos transferidos definitivamente) e compromissadas (títulos como garantia), realizadas em seu ambiente.

Todos os títulos são escriturais, isto é, são emitidos na forma eletrônica. O sistema é gerido pelo Bacen e operado por ele em parceria com a Associação

Nacional das Instituições do Mercado Aberto – Andima. Os centros operacionais do Selic estão localizados no Rio de Janeiro.

Principais Títulos Custodiados no Selic: LFT – Letras Financeiras do Tesouro – papéis com rendimento pós-fixado; LTN – Letras do Tesouro Nacional – papéis com rendimento pré-fixado; NTN-B – Notas do Tesouro Nacional, série B – papéis com rendimento pós-fixado atrelados ao IPCA; NTN-C – Notas do Tesouro Nacional, série C – papéis com rendimento pós-fixado atrelados ao IGP-M; NTN-D – Notas do Tesouro Nacional, série D – papéis com rendimento pós-fixado atrelados ao dólar; NTN-H – Notas do Tesouro Nacional, série H – papéis com rendimento pós-fixado atrelados à TR (Taxa Referencial). Central de Custódia de Liquidação Financeira de Títulos – CETIP

A Cetip constitui-se em um mercado de balcão organizado de títulos e valores mobiliários de renda fixa.

Criada em 1986, a Cetip é uma das maiores empresas de custódia e liquidação financeira da América Latina. Suas atividades são regulamentadas e fiscalizadas pelo Bacen.

Registra, custodia e liquida, também, títulos públicos municipais e estaduais emitidos a partir de 1992, títulos representativos de dívida de responsabilidade do Tesouro Nacional, bem como todos os Créditos Securitizados da União (títulos perdidos, que provavelmente não serão pagos), dos Títulos da Dívida Agrária e dos Certificados Financeiros do Tesouro.

Os títulos são emitidos, geralmente, na forma escritural, isto é, existe apenas sob a forma de registros eletrônicos. Quando emitidos em papel, os títulos são fisicamente custodiados por bancos autorizados. Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento Sua função é financiar bens, serviços e disponibilizar crédito pessoal através do popular crediário e do Crédito Direto ao Consumidor (CDC). São conhecidas como financeiras. Não podem manter contas correntes.

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Seus instrumentos de captação restringem-se à colocação de letras de câmbio de títulos de créditos sacado pelo financiado e aceite para colocação junto ao público.

Por ser uma atividade de alto risco, suas operações passivas (obrigações devidas) não podem ultrapassar o limite de 12 vezes o montante do seu capital realizado mais as reservas. Está também limitada a sua responsabilidade direta por cliente (não pode emprestar somente a um cliente). Obs.: O passivo corresponde ao saldo das obrigações devidas, enquanto no ativo se representam os bens e direitos que pertencem a uma determinada entidade. O passivo é a coluna da direita em um balanço patrimonial. Associação de Poupança e Empréstimo Suas cartas patentes foram emitidas pelo extinto BNH (Banco Nacional de Habitação), com base no dispositivo da Lei nº 4.380/64, que previu a criação no âmbito do SFH (Sistema Financeiro de Habitação), de fundações, cooperativas e outras formas associativas para a aquisição ou construção da casa própria sem finalidade de lucro. Constitui-se obrigatoriamente sob a forma de sociedades civis, restritas a determinadas regiões, sendo de propriedade comum de seus associados. Suas atividades ativas e passivas são fundamentalmente semelhantes às sociedades de crédito imobiliário. As operações ativas são constituídas basicamente por financiamento imobiliário e as operações passivas são constituídas basicamente por caderneta de poupança (ou seja, utiliza-se dos recursos das cadernetas de poupança para poder utilizar na forma de financiamento), que nesse caso remuneram os juros como se dividendos fossem, já que os depositantes adquirem vínculo societário com direito a participação nos resultados operacionais líquidos das APE. Sociedade de Crédito Imobiliário – SCI Estas sociedades foram criadas pela Lei nº 4.380/64, e faz parte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE, criado pelo governo para financiar o mercado imobiliário, utilizando a caderneta de poupança como instrumento de captação. Junto com a APE, como entidades financeiras privadas de apoio ao SFN, foram criadas para serem voltadas para a camada da população de maior renda, em contra ponto com as Caixas Econômicas, que visam ao público de baixa rende. As SCI podem captar depósito a prazo com correção monetária através das letras imobiliárias (LI), e elas podem estabelecer convênios com bancos particulares para funcionarem como agentes do SFN. Suas operações passivas se baseiam na colocação de LI, na captação de depósito de poupança e em repasses da CEF, e suas operações ativas concentram-se em financiamentos imobiliários diretos ao consumidor final ou através da abertura de crédito em favor de empresários para empreendimentos imobiliários.

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PARTE 03 – DEMAIS PRODUTOS DE INVESTIMENTOS

1.1. Ações

Ações são títulos de renda variáveis nominativos e negociáveis, que representam uma fração do capital social de uma empresa.

Uma ação representa a menor parcela em que se divide o capital social de uma empresa. O detentor da ação (acionista) passa a ser co-proprietário da empresa, tornando-se sócio com direito à participação em seus resultados e assumindo os riscos inerentes ao negócio.

Uma ação não tem prazo de resgate, podendo ser negociada a qualquer tempo no mercado – em bolsas de valores ou mercado de balcão organizado. 1.1.1. Tipos de Ações Quanto à forma de emissão, as ações podem ser: - Nominativas (N) – quando são emitidas sob a forma física de cautelas ou certificados que comprovam a existência e a posse de certa quantidade especificada de ações; - Escritural (E) – quando são lançadas sob a forma de registro eletrônico, no qual os valores são lançados a débito ou a crédito dos acionistas, não havendo movimentação física de documentos. Nesse caso, o controle fica a cargo de uma instituição depositária (prática usual no mercado). Quanto à espécie as ações podem ser: - Ordinária (ON) – proporciona participação no resultado da empresa e conferem ao acionista o direito a vota nas assembléias gerais; - Preferenciais – garante aos acionistas prioridade na distribuição de dividendos (geralmente em um percentual mais elevado do que os das ações Ordinárias) e no reembolso de capital (no caso de dissolução da sociedade). A empresa deve distribuir pelo menos 25% dos seus lucros do exercício. É importante acrescentar que de acordo com a Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), alterada pela lei 10.303 de 31/10/2001, o número de ações preferenciais emitidas por uma empresa não pode ultrapassar 50% do total de ações. Sociedades Anônimas - é uma forma de constituição de empresas nas quais o capital social não se encontra atribuído a um nome em específico, mas está dividido em ações que podem ser transacionadas livremente, sem necessidade de escritura pública ou outro ato notarial. Por ser uma sociedade de capital, prevê a obtenção de lucros a serem distribuídos aos acionistas.

Há ainda outro tipo de ação, prevista na lei brasileira, destinada apenas aos fundadores da empresa: é a ação de gozo ou fruição. Ela é definida no estatuto social da empresa e estabelece alguns interesses específicos para seus fundadores. Essas ações não são objetos de negociação em mercados organizados, podendo, entretanto, ser objeto de operações especiais.

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Mercado de Derivativos

Conceito – A palavra derivativo é utilizada para designar um ativo derivado do preço de outro ativo, tido como um ativo de referência. Ou seja, um contrato derivativo não apresenta valor próprio, deriva-se sempre do valor de um bem básico (commodities, ações, etc.). Assim, podemos conceituar derivativo como um contrato ou título cujo valor de mercado e característica de negociação estão vinculados ao preço de outro contrato ou título. Mercados – São quatro mercados principais:

• Mercado a termo; • Mercado futuro; • Mercado de opções; • Swaps.

Mercado a Termo: é o mercado onde se negocia a compra e venda de um ativo para ser entregue numa data futura, a um preço previamente estabelecido. Esta negociação é feita mediante um contrato particular, firmado entre as partes envolvidas, onde são explicitadas as condições de acordo, entre as quais preço e data de vencimento. Por se tratar de um documento particular e não necessariamente negociado em Bolsa, não existe obrigatoriedade de que esse contrato siga padrões impostos pelas bolsas de valores. Para dar credibilidade a esse contrato, utiliza-se a intermediação de uma instituição (BM&F, Bolsa de Valores, Bancos, etc.), onde será depositada uma margem de garantia, em títulos ou em espécie, de valor arbitrado entre as partes. A margem de garantia em espécie não pode ser inferior a 30% do valor da operação (depósito efetuado pelos dois - comprador e vendedor – como garantia). As operações a termo não sofrem reajustes periódicos a valores de mercado, visto que as partes liquidarão a operação pelo preço e na data previamente acordados. Principais Características:

• Inexistência de ajustes diários; • Obrigação de compra e venda entra as partes; • Impossibilidade de recompra e revenda; • Baixa Liquidez (pois são de difícil venda, devido as suas particularidades); • Liquidação física (principalmente, ou seja, entrega de mercadoria física, mediante

título); • Despadronização do prazo de vigência (contrato a qualquer tempo); • Negociação em bolsa de balcão.

Mercado Futuro: é uma evolução do Mercado a Termo. Nas operações a futuro há um compromisso, formalizado em contrato, de comprar ou vender commodities e outros ativos financeiros em certa data futura, a um preço preestabelecido.

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Os contratos negociados no mercado de futuro são obrigatoriamente padronizados pela bolsa. Deve especificar quantidade, unidade de negociação (lotes-padrão), data de vencimento e forma de cotação do ativo objeto da negociação. O contrato padronizado é a principal característica desta modalidade de contrato, o que facilita a formação de preço e implementa a liquidez, facilitando sua negociação. Diferente do Mercado a Termo, no mercado futuro, o ativo tem seu preço diariamente ajustado pela sua cotação na bolsa de valores. Em decorrência e como garantia da operação, as bolsas de valores exigem, dos investidores que sofreram desvalorização em seus contratos, depósito de garantia equivalente ao valor de suas perdas. Os depósitos são também chamados de ajustes diários. Esses ajustes proporcionam uma garantia adicional, pois obriga aqueles que tiveram perdas pela variação de preço do bem contratado em relação ao preço do dia anterior, a depositar o valor dessa variação junto à bolsa, da mesma forma, o investidor que obtiver ganho receberá, em dinheiro, o valor de ganho diário. O saldo de ganhos e perdas será zero. Assim, o que ocorre diariamente, é uma antecipação de ganhos e perdas, diminuindo o risco de crédito devido ao acúmulo de grandes perdas. Resumindo: o valor do ativo negociado será revisto diariamente, e os investidores deverão sempre complementar (em caso de alta) ou retirar (em caso de baixa) dinheiro, afim de que as ações não desvalorizem ou valorizem demais, e quando chegar na data de fechamento do contrato, um dos dois não ter condição de honrar o compromisso, quem controla os recebimento dos valores de baixa e alta é a Bolsa de Valores.

Exemplo:

A ação A está cotada atualmente no mercado a vista a R$ 100,00 por ação, e seu contrato futuro para daqui a três meses está cotado a R$ 104,50. Para comprar a ação no mercado a vista, é necessário pagar os R$ 100,00. Para comprar um contrato futuro, R$ 9,40 precisam ser depositados como garantia. Alguns dias depois, o preço a vista subiu para R$ 110,00 e o contrato futuro, para R$ 114,50. Os retornos são os seguintes:

Mercadoa Vista

Mercado Futuro de Ações

Preço de abertura R$ 100,00 R$ 104,50

Preço de fechamento R$ 110,00 R$ 114,50

Ganho líquido R$ 10,00 R$ 10,00

Investimento inicial R$ 100,00(pagos pela ação)

R$ 9,40 (margem)

Retorno 10,0% 106,4%

O retorno do investimento no Mercado Futuro de Ações é muito maior, uma vez que apenas uma fração do valor das ações é requerida antecipadamente, o que é denominado de alavancagem.

FONTE: BOVESPA

Exemplo:

A ação C está cotada atualmente a R$ 100,00 por ação. Um investidor que possui 1.000 ações C prevê que esse preço cairá. Ele vende contratos futuros por R$ 102,50. Um mês depois, a ação está cotada a R$ 97,00 e o preço no Mercado Futuro de Ações é de R$ 99,20. O investidor encerra sua posição vendedora por meio da compra das ações no

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Mercado Futuro de Ações. As ações tiveram seu preço reduzido em R$ 3,00 e os futuros, em R$ 3,30. Tendo vendido contratos futuros, o investidor ganha com essa queda.

Mercado a Vista Por ação Valor Preço de abertura R$ 100,00 R$ 100.000,00

Preço de fechamento R$ 97,00 R$ 97.000,00

Perda no mercado a vista R$ 3,00 R$ 3.000,00

Mercado Futuro de Ações Por ação Valor Preço de abertura R$ 102,50 R$ 102.500,00

Preço de fechamento R$ 99,20 R$ 99.200,00

Ganho no Mercado Futuro de Ações R$ 3,30 R$ 3.300,00

O ganho da posição no Mercado Futuro de Ações compensou a perda no mercado a vista.

FONTE: BOVESPA

Principais Características:

• Alta liquidez (fácil venda das ações); • Ajustes diários; • Intercambialidade (possibilidade de recompra/revenda); • Liquidação Financeira (apenas 2% das operações são liquidadas fisicamente); • Padronização do prazo de vigência; • Negociação em bolsa.

Mercado de Opções: o mercado de opções é uma evolução dos mercados citados anteriormente, e é uma importante alternativa do mercado de derivativos. Funciona como um seguro de preços, protegendo os investidores. A opção pode ser de venda ou de compra de um ativo financeiro. A opção de compra é chamada de call e a de venda put. Participam desse mercado: - O lançador – entra nesse mercado vendendo uma opção, recebe o prêmio e passa a ter somente a obrigação de vender ou de comprar (dependendo da opção vendida) o ativo-objeto. Isso se o titular decidir usar o seu direito. - O titular – aquele que compra uma opção, seja de compra ou de venda de um ativo. Após pagar o prêmio ao lançador, o titular passa a ter somente o direito de exercer a compra ou a venda (dependendo da opção adquirida). Conforme a opção negociada (se de compra ou de venda de um ativo), temos um tipo de contrato.

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• Contrato de opção de compra (call) – concede ao titular o direito de comprar, no futuro, um determinado ativo por um preço preestabelecido. Para o lançador, ao contrário, há uma obrigação futura de entregar os ativos negociados ao preço estipulado no contrato.

• Contrato de opção de venda (put) – concede ao titular o direito de vender, no futuro, um ativo por um preço preestabelecido. O lançador dessa opção, por seu lado, tem obrigação de compra no futuro, se exigido pelo titular da opção, dos ativos-objetos do contrato de opção, pelo preço fixado.

Mercado de Swap: é um contrato de derivativo, por meio do qual as partes trocam o fluxo financeiro de uma operação sem trocar o principal. Ex.: a operação de swap permite transformar uma dívida pós-fixada em pré-fixada, um ativo de renda variável em fixa, e assim por diante. Os contratos de swap constituem os instrumentos mais eficazes para a proteção contra flutuações indesejadas de taxas ou de índices. A eficácia dos swaps para reduzir riscos, decorre principalmente do fato de ser possível, em um só contrato, hedgear (proteger) duas posições (cada uma com um indexador diferente). Em razão de os negócios serem realizados em mercado de balcão não-organizados (mercado de telefone), as operações de swap permitem grande flexibilidade em suas características, como prazos e os volumes de cada contrato. Portanto, as operações podem ser montadas sob medida pelas partes que as realizam. Os tipos mais comuns de swap são:

• Swap de moeda: é um indicador para empresas que têm necessidade de recursos em uma determinada moeda e facilidade de captar recursos em outra moeda, além da administração do risco cambial;

• Swap de índices: troca de índices de correção de ativos ou passivos, tais como taxa pré por CDI, dólar por TR, TR por IGP-M e outros. Apresenta como vantagem o ajuste das contas a receber e as suas contas a pagar, eliminando os riscos entre taxas e indicadores. Exemplo: no swap dólar pela variação DI;

• Swap de taxa: operações de juros, onde são trocadas as taxas de juros fixas por taxas ou índices variáveis (ou vice-versa) em determinado período de tempo. Permite proteção contra riscos de uma variação acentuada nas taxas ou, para os que querem correr riscos, possibilidade de ganhos especulativos com as variações.

As operações de swap são registradas na CETIP, o que usualmente no mercado financeiro representa mais uma garantia, validando a autenticidade da operação. - Swap PRE x DI (Depósito Interfinanceiro - É um depósito a prazo, sem emissão de certificado, utilizado pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil para transferir recursos excedentes entre si.): nesta modalidade ocorre a troca de uma rentabilidade prefixada pela variação dos depósitos interfinanceiros (DI). A negociação é dirigida no sentido de se fixar um percentual DI. No vencimento/resgate da operação, o cliente sempre irá receber o valor corrigido pelo percentual do CDI (Comprovante de Depósito Interbancário) pactuado. Neste caso, ele trocou, efetivamente, uma taxa prefixada pela variação do DI.

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- Swap PRE x Dólar: nesta modalidade ocorre a troca da rentabilidade prefixada pela variação cambial, apurada no período de vigência do contrato, normalmente acrescido de uma taxa anual (também chamada de CUPOM – taxa de juros, não confundir com COPOM). No vencimento/resgate da operação, o cliente sempre irá receber o valor corrigido pela variação cambial do período. Debêntures: são títulos de dívida de médios e longos prazos, emitidos por S/A privadas, que conferem ao investidor (debenturistas) um direito de crédito contra a mesma, de acordo com as características constantes na escritura de emissão. São negociados em bolsas de valores e no mercado de balcão. Cédulas de debêntures são títulos representativos de fração da debênture (s), emitida (s), através do empenho e bloqueio negocial desta. Os recursos captados com a emissão de debêntures são geralmente utilizados no financiamento de projetos de reestruturação de passivos ou aumento de capital de giro. Cada debênture emitida representa uma fração do total da dívida contraída pela companhia no ato da emissão, e pode ser negociada no mercado secundário. Apesar de serem classificadas como títulos de renda fixa, as debêntures podem ter características de renda variável, como prêmios, participação nos lucros da empresa, ou até mesmo, conversibilidade em ações da companhia. Como vimos acima, quem adquire tais títulos torna-se credor da empresa, recebe juros periódicos pelo “empréstimo” e no vencimento, recebe de volta o valor pago pelo título inicialmente. Apesar de ocorrerem eventualmente lançamentos de debêntures por meio de bolsas de valores, o mais comum é a sua emissão em mercado de balcão. Tal fato decorre de características bastante peculiares desses títulos. As debêntures são registradas num sistema especial – SND – Sistema Nacional de Debêntures – o que faz parte da rede de terminais da CETIP. As debêntures podem ser recompradas pela própria emissora, para cancelamento, manutenção em tesouraria ou recolocação no mercado. Tipos de Debêntures: As debêntures se classificam quanto à posse, quanto à espécie e quanto à garantia. Quanto à posse:

• Nominativas: são aquelas em cujos certificados (emitidos fisicamente) consta expressamente o nome do titular;

• Escriturais: também são nominativas, embora não exista a emissão física do certificado (ambiente eletrônico).

Quanto à espécie:

• Simples (não conversíveis em ação): quando conferem, ao debenturista, um crédito a ser pago com correção monetária e juros;

• Conversíveis em ações: quando conferem aos debenturistas a possibilidade de receber seus créditos, com correção e juros, ou transformá-los em ações da empresa emissora, tornando-se assim seu sócio, ou seja, caso a empresa não pague, quem tiver adquirido a debênture se tornará acionista;

• Permutáveis: são aquelas que permitem aos seus detentores, observados os prazos e condições constantes da escritura de emissão, a troca de seus títulos por ações de

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empresas que não seja a própria emissora das debêntures, ou seja, essa espécie de debêntures dá o direito a ações de outras empresas, geralmente através de convênios com as empresas que eles oferecem ações;

Quanto à garantia:

• Com garantia real: garantidas por bens integrantes do ativo da emissora ou de terceiros, sob a forma de hipoteca, penhor ou anticrese (instituto civil, espécie de direito real de garantia, ao lado do penhor e da hipoteca, no qual o devedor, ou representante deste, entrega um bem imóvel ao credor, para que os frutos deste bem compensem a dívida). Tais bens ficam indisponíveis para negociação, ou seja, os imóveis não podem ser vendidos;

• Com garantia flutuante: assegura privilégios sobre o ativo da emissora, não impedindo, entretanto, a negociação dos bens que compõem esse ativo (os credores têm preferência geral sobre os ativos da empresa);

• Subordinada: asseguram privilégios aos debenturistas somente em relação aos acionistas da emissora no ativo remanescente, em caso de liquidação (os credores só têm preferência sobre os acionistas);

• Quirografária/sem garantia: não oferecem ao debenturista nenhum tipo de garantia ou segurança sobre o ativo da emissora. Ele concorre em igualdade de condições com os demais credores quirografários (É o credor que não possui direito real de garantia, seus créditos estão representados por títulos advindos das relações obrigacionais. Ex: os cheques, as duplicatas, as promissórias.), em caso de liquidação (sem nenhum tipo de preferência aos credores).

Letra de Câmbio (LC) A LC é um instrumento de captação específica das SCFI (Financeiras), emitidos sempre com base numa transação comercial de venda de bens e/ou serviços. A LC é emitida com os seguintes requisitos essenciais de forma:

• Denominação letra de câmbio; • Soma de dinheiro a pagar e a espécie da moeda; • Nome da pessoa que deve pagar a LC; • Assinatura do Sacador ou mandatário com poderes especiais; • Dias de emissão e vencimento, contando o prazo em dias; • Valor de resgate no vencimento.

A letra é sacada pelo financiado pessoalmente ou por procuração, e esse saque é aceito pelas empresas financeiras. Depois disso, a LC é vendida a tomadores através do sistema de títulos e valores mobiliários, conforme o seguinte esquema:

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Características: Prazo – A circular do Bacen 2.905, de 30 de junho de 1999, dispõe acerca de prazos mínimos e da remuneração das operações ativas e passivas realizadas no mercado financeiro. As operações ativas e passivas realizadas no âmbito do mercado financeiro com remuneração contratada com base em taxas prefixadas não está sujeito a prazo mínimo. Acompanhe no quadro abaixo os prazos mínimos para as operações ativas e passivas realizadas no âmbito do mercado financeiro com remuneração contratada com base em índices.

Indexadores Prazo Mínimo Taxa referencial (TR) 1 mês Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) 1 mês Taxa Básica Financeira (TBF) 2 meses Certificado de Depósito Interbancário (CDI) Não exigido Taxa Média SELIC (TMS) Não exigido Remuneração – renda prefixada, flutuante ou pós-fixada em TR, TJLP ou TBF, paga remuneração no final juntamente com o principal ou com o título no valor do resgate, nas letras negociadas com deságio. Pode ser paga mensalmente, em LC com renda mensal. Garantias – dada pelo aceitante, por contrato de abertura de crédito com garantias próprias, ele afirma a existência de fundos na data do resgate. Resgate – só pode ser exigido a partir da data de vencimento. Pode ser negociada antecipadamente no mercado secundário. Emissão – vinculada aos contratos de financiamento que lhe dão origem, limitada a um teto máximo, em função do patrimônio líquido da empresa aceitante.

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PARTE 04 – PRODUTOS E SERVIÇOS FINANCEIROS Depósito à vista

Você pode ter conta de depósito à vista, de depósito a prazo e de poupança. A conta de depósito à vista é o tipo mais usual de conta bancária. Nela, o dinheiro do depositante fica à sua disposição para ser sacado a qualquer momento. A conta de depósito a prazo é o tipo de conta onde o seu dinheiro só pode ser sacado depois de um prazo fixado por ocasião do depósito. A conta de poupança foi criada para estimular a economia popular e permite a aplicação de pequenos valores que passam a gerar rendimentos mensalmente. Nenhum banco opera desoneradamente, por cortesia à clientela: O custo inerente à abertura e movimentação de uma conta corrente é contra balançado pela captação gratuita do dinheiro dos depósitos a vista. Não é sem razão, pois, que os bancos exigem saldo médio em conta corrente, abocanhando a disponibilidade financeira do cliente, para aplicá-la, auferir créditos, com os quais cobrirá tais custos operacionais Certificados de Depósitos Bancários (CDB) e Recibos de Depósitos Bancários (RDB) Os CDB’s juntos com os RDB’s são os mais antigos e os mais utilizados meios de captação de recursos dos bancos comerciais, de desenvolvimento, de investimento e dos bancos múltiplos que detenham uma destas carteiras. São conhecidos oficialmente como depósitos a prazo. Os recursos captados através dos CDB’s e RDB’s são repassados aos clientes através de empréstimos. Algumas características - As taxas praticadas nas contratações de CDB’s e RDB’s podem ser pré-fixadas ou com taxas flutuantes (atreladas ao DI, TR ou TBF). Os títulos pré-fixados e os atrelados ao DI não têm prazo mínimo para o resgate. Já os com rendimentos atrelados à TR têm prazo mínimo de um mês, e os à TBF, dois meses. - Os CDB’s são transferíveis (através de endosso em preto, ou seja, com o nome do destinatário) e resgatáveis antes do vencimento, desde que respeitados os prazos mínimos. O endossante responde pela existência do crédito, mas não pelo seu pagamento. Além disso, não podem ser prorrogados, e sim renovados, de comum acordo, através de novas contratações; - Os RDB’s são intransferíveis, e só podem ser rescindidos em caráter excepcional, desde que conte com a concordância da instituição financeira. Nesse caso, o aplicador só receberá o valor correspondente ao capital investido; - Tanto sobre os CDB’s e os RDB’s, há incidência de 20% de IR sobre os rendimentos. Cobrança de Títulos Foi o produto mais importante para os bancos nos últimos dez anos, um serviço indispensável para qualquer banco comercial, uma vez que:

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• Aumenta a quantidade de recursos transitórios e permite maiores aplicações destes recursos em títulos públicos;

• Permitem ao banco vivenciar o fluxo diário de caixa de seu cliente no seu lado mais sensível, as receitas;

• Reforçam o relacionamento banco-cliente.

A cobrança é feita através de bloquetes (que substituem duplicatas, cheques, recibos, letras de câmbio, etc) e têm o poder de circular nas câmaras de compensação. Os bancos cobram os títulos de seus clientes em qualquer praça (cidade ou região) e, graças ao sistema de compensação, podem ser recebidos em qualquer agência bancária até o dia do seu vencimento. Após esta data só poderá ser liquidado nas agências do banco que os emitiu.

O processo de Cobrança Bancária acontece da seguinte forma: 1. O cedente (vendedor) entrega a mercadoria ao sacado (comprador), que

confirma o recebimento da mercadoria (aceita); 2. O cedente envia ao banco, por meio físico ou eletrônico, os títulos a serem

cobrados por estes; 3. O banco emite os bloquetes e os envia ao sacado (aquele que deve pagar

os títulos); 4. O sacado paga os títulos; 5. O banco credita o valor na conta do cedente (ou sacador) no prazo

previamente acordado entre o banco e o cliente, geralmente D ou D + 1. O prazo entre o pagamento e o crédito na conta do cliente chama-se float. Ao mesmo tempo envia ao cedente a informação do sacado que enviou a liquidação.

Pagamento de Títulos e Carnês Os títulos a pagar de algum cliente têm o mesmo tratamento que os títulos a receber, ou seja, podem ser recebidos através de meios eletrônicos ou físicos. De posse desses dados o banco organiza o fluxo de pagamentos do cliente, que é cumprido através de débito em conta corrente, depósitos na conta do favorecido, DOC’s ou ordem de pagamento, sempre informando ao cliente todos os débitos efetuados e qual a sua origem. Transferência Automática de Fundos Serviço prestado a clientes que, por algum motivo, necessitam ter mais de uma conta corrente em diferentes agências bancárias de uma mesma instituição financeira. O cliente determina qual o saldo mínimo que deseja manter em cada uma de suas contas, e o banco no final do dia encarrega-se de transferir valores, de modo a manter as contas com saldo nos níveis desejados pelos clientes, obviamente o cliente deve ter saldo para tais movimentações. Arrecadação de Tributos e Tarifas Públicas São serviços prestados às instituições públicas, através de acordos e convênios específicos. Os prazos de retenção dos montantes arrecadados, os fixos dos documentos e os prazos de repasse são próprios de cada tributo/tarifa. Vantagens:

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Para o banco:

• Aumento de aplicações, graças aos valores arrecadados; • Receitas com tarifas pelo serviço; • Fidelização e ancoragem do cliente no banco; • Atrativo para a conquista de novos clientes.

Para a instituição pública:

• Segurança e tranqüilidade no manuseio dos valores; • Certeza no rigor e cumprimento das cláusulas contratuais; • Eliminação de custos administrativos.

Para o cliente/contribuinte:

• Comodidade do pagamento do tributo num domicílio bancário; • Financiamento dos recolhimentos; • Segurança dos serviços executados; • Eliminação da perda de tempo e de trabalho pelo pagamento em diferentes órgãos

públicos. Home/Office Banking

É toda e qualquer ligação feita entre o computador de um banco e um computador ou fax de um cliente. Tal ligação pode ser feita através de ligação telefônica, por cabo, fibra ótica e até satélite. Para que a geração se concretize é preciso que haja:

• Compatibilidade entre os computadores; • Um nível de segurança mínimo, que garanta a confiabilidade e a proteção das

informações trocadas entre banco e clientes. Tal segurança pode ser obtida através da implantação de senha de acesso ou através da criptografia das informações transmitidas.

Entre outros serviços, através do home banking o cliente, sem sair de casa ou

escritório, pode: • Solicitar saldos e extratos de contas correntes, poupanças e fundos de investimentos; • Saldo e/ou alterações de carteira de cobrança; • Efetuar aplicações ou resgates em fundos de investimentos; • Efetuar pagamentos de tributos; • Contratar operações de crédito; • Transferir valores para outras contas correntes ou bancos; • Solicitar talões de cheques.

Obs.: Algumas literaturas consideram Home Banking, como sendo o acesso de casa para o

banco, e Office Banking, como sendo o acesso de empresa/escritório para o banco, mas o conceito para ambos é igual.

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Remote Banking Conceito ligado à idéia de banco virtual, ou seja, a idéia do banco ir onde o cliente está, atuando

de forma segura e eficiente, além de cômoda. Tal idéia é de fundamental importância para retirar o cliente das filas e reduzir o custo bancário com pessoal e investimentos no atendimento. Entre as principais alternativas para este tipo de atendimento, citamos:

• Saques em dinheiro fora da agência; • Depósitos em cash dispenser (terminais de auto-atendimento); • Entrega de talonários e cartões de créditos em domicílio; • Débito automático em conta corrente de tarifas de serviços públicos; • Pagamento de títulos diretos nos terminais; • Home/Officer Banking.

Dinheiro de Plástico O termo Dinheiro de plástico representa uma série de alternativas ao papel moeda que tem como objetivos facilitar o dia a dia das pessoas e incentivar o consumo. A seguir, descreveremos os principais tipo de dinheiro de plástico e suas principais características. Cartões magnéticos – são utilizados para saques em cash dispenser. Possuem a vantagem de eliminar a necessidade de ida do cliente a uma agência bancária. Não representam estímulo ao consumo, já que o saque somente é efetuado sobre valores já existentes em conta corrente e podem ser utilizados como moeda em estabelecimentos conveniados com o banco. São utilizados para outros serviços como: obtenção de extratos, saldos, aplicações e resgates em fundos de investimentos ou poupança. São comparados com os cheques, representam uma grande vantagem de redução de custos para os bancos, agregando, ao mesmo tempo, garantia de recebimento pelos estabelecimentos (processamento on-line) e rapidez nas operações de vendas (não há a necessidade de consultas às centrais de restrições cadastrais). Cartões de Débito – são cartões utilizados para a aquisição de bens em lojas de departamentos e outros estabelecimentos comerciais. A vantagem para o vendedor é que o cartão já vem com o crédito pré-aprovado. Para o cliente, é ser tratado com o status de cliente preferencial. Cartões de Crédito – são utilizados para a aquisição de bens ou serviços nos estabelecimentos credenciados; sob a ótica do vendedor, apresenta a vantagem de ser um indutor ao crescimento das vendas e suposta desvantagem de apresentar um rebate no preço à vista pela demora no prazo do repasse dos recursos provenientes das vendas. Para o portador, quando os valores são liquidados no vencimento de suas faturas, a compra representa ganhos frente à inflação, além de enquadrar suas necessidades de consumo às suas disponibilidades de caixa na data do pagamento. Tem a desvantagem de ser um fator que estimula o consumo, nos momentos em que o consumidor deseja poupar. Tipos de Cartões: • Quanto ao usuário: pessoa física ou empresarial (Business Card); • Quanto à utilização: nacional ou internacional.

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Cartões Inteligentes – Contêm um chip embutido. Praticamente isentos da possibilidade de falsificação, podem ser configurados como cartões pré-pagos, podendo ainda assumir configurações mistas; podem ser descartáveis ou recarregáveis; permitem atualizações automáticas de valores e suportam aplicações não-bancárias como agenda eletrônica, ficha médica, carteira de identidade, currículo, quadro alérgico, etc. Cartão Virtual – Utilizado única e exclusivamente nas compras feitas na Internet. Vantagens: segurança (os dados são criptografados) e o constante monitoramento de suas transações. Cartão afinidade é, na realidade, um cartão de crédito em que grupos organizados beneficentes, associações, clubes e afins exibem sua marcas ou logotipos. O produto tem todas as características de um cartão de crédito comum, porém, com as vantagens de oferecer privilégios ou serviços extras que o grupo social ao qual o cliente pertença quiser. Seus associados passam a receber um percentual do faturamento da operadora pelas vendas efetuadas com os seus cartões. Para a operadora representa mais uma maneira de aumentar a sua base de clientes. Cartão de Valor Agregado – É o dinheiro de plástico em sua essência. São os cartões pré-pagos adquiridos pelos clientes para serem utilizados como pagamento de despesas em máquinas específicas no comércio e/ou em prestadores de serviços. Podem ser descartáveis ou recarregáveis. Um exemplo muito comum de cartão de valor agregado são os cartões de telefones pré-pagos.

Ainda sobre cartões de crédito, convém falar das Sociedades Administradoras de Cartão de Crédito. Não são empresas financeiras e sim empresas prestadoras de serviços, que fazem a interligação entre os portadores de cartões, os estabelecimentos afiliados, as bandeiras (VISA, MasterCard, etc.) e as instituições financeiras. Os principais termos técnicos utilizados neste segmento são: • Portador – é a pessoa física ou jurídica usuária do cartão; • Bandeira – é a instituição que autoriza a gerar cartões com a sua marca e que coloca estabelecimentos no mundo inteiro à disposição do portador para utilização deste cartão; • Emissor – é a administradora vinculada à uma instituição financeira autorizada pela bandeira a emitir cartões de crédito com o seu nome, com o nome de terceiros (Cobranded) ou cartões de afinidade; • Acquirer – é a administradora que pode afiliar estabelecimentos ao sistema de cartões de crédito da bandeira da qual é associada. Este tipo de administradora chamada de Acquirer, tem a função de gerenciar, pagar e dar manutenção aos estabelecimentos afiliados da bandeira, exemplos: VISANET, HIPER, etc; • Estabelecimento – é a loja ou prestadora de serviços que aceita os cartões de crédito de uma determinada bandeira, para pagamento de bens ou serviços; • Instituição Financeira – são os bancos autorizados pelas bandeiras a emitir o cartão. As receitas da Administradora, por sua vez, podem ser classificadas como: • Anuidade – é a taxa que a administradora cobra por portador para se associar ao sistema de cartão de crédito; • Comissão – é a comissão paga pelo estabelecimento à instituição que a afiliou pela utilização por parte do usuário. Esta comissão varia de acordo com algumas variáveis, tais como: total movimentação via cartão, valor de venda média por operação, risco do negócio, tradição do ramo e tempo de mercado.

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• Remuneração de Garantia – trata-se de uma receita que a administradora cobra do portador do cartão quando as compras são financiadas; • Taxa de Administração – toda vez que há um financiamento por parte do portador, algumas administradoras cobram também uma taxa mensal.

Obs.: RETAILER CARDS – São cartões de loja, emitidos por lojas e que só podem ser usados na própria rede da loja que o emitiu, exemplos: MARISA CARD, RIACHUELO CARD, etc.

Commercial Papers

São títulos de curto prazo que as empresas por sociedades anônimas (S.A.) emitem, visando captar recursos no mercado interno para financiar suas necessidades de capital de giro. É uma alternativa às operações de empréstimos bancários convencionais, permitindo geralmente uma redução nas taxas de juros pela eliminação da intermediação financeira bancária (spread). Os commercial papers imprimem ainda maior agilidade às captações das empresas, determinada pela possibilidade de os tomadores negociarem diretamente com os investidores de mercado (bancos, fundos de pensão, etc.). As instituições financeiras, as sociedades corretoras e distribuidoras de valores mobiliários e sociedades de arrendamento mercantil (empresas de leasing), não podem emitir esses títulos. Os custos de emissão destes títulos são, em geral, formados pelos juros pagos aos aplicadores, comissões e despesas diversas (publicações, taxas de registro na CVM, etc.). Os commercial papers negociados em Bolsas de Valores previstos na Instrução CVM nº 217, de 02-08-1994, não estão sujeitos à tabela de corretagem adotada pelos membros das Bolsas de Valores Os commercial papers costumam ser negociados com descontos, sendo seu valor de face pago por ocasião do resgate. Os títulos podem ser adquiridos no mercado ou por meio de fundos de investimentos. Eles podem ser transferidos de titularidade mediante endosso em preto e o IE (índice de endividamento) da empresa emissora não poderá exceder a 1,2. A empresa emissora deverá possuir registro atualizado junto à CVM. Resumindo: é semelhante à Letra de Câmbio e Debêntures, porém são de curto prazo, para que se possa rapidamente adquirir dinheiro.

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PARTE 05 – CADERNETA DE POUPANÇA A caderneta de poupança é uma aplicação de renda fixa que paga juro de 0,5% ao mês, mais a variação da Taxa Referencial (TR), regra atual. A poupança costuma oferecer menor rendimento que outras aplicações de renda fixa. Os rendimentos incidem sobre os saldos que permanecerem aplicados por um mês, entre dois “aniversários” da conta. Apesar do menor rendimento, é a aplicação mais procurada pelo pequeno investidor, pela segurança oferecida e também porque costuma ter um menor limite mínimo de depósito. O rendimento da caderneta de poupança costuma ser igual em todos os bancos, embora alguns ofereçam atrativos, como facilidades na tomada de crédito, incluindo juros mais baixos, e/ou prêmios para quem obtiver um bom saldo médio mensal. A poupança não paga Imposto de Renda. Desde a sua criação, a caderneta de poupança era calculada para o trimestre; de agosto de 1983 a fevereiro de 1986 a poupança era mensal; de março de 1986 a novembro de 1986, a poupança volta a ser trimestral; de dezembro de 1986 a janeiro de 1991, ela volta a ser mensal; e a partir de fevereiro de 1991, a poupança passa a ter um índice diário, sempre com crédito na data de aniversário da conta. Modalidades: Tradicional: Depósito remunerado, sem data de vencimento, com rendimentos pós-fixados (TR+0,5% ao mês) para pessoa física e jurídica imunes e sem fins lucrativos, ou trimestral (TR+1,5% ao trimestre) para pessoas jurídicas com fins lucrativos. A abertura da poupança tradicional pode ser feita a qualquer dia do mês, sendo que as contas abertas nos dias 29, 30 e 31 começam a contar rendimentos a partir do dia primeiro do mês seguinte. Assim a poupança é um ativo que rende de acordo com a quantidade de dias úteis no mês e a variação do período. A TR utilizada é aquela utilizada do dia do depósito, chamamos também de data de aniversário, sendo que os valores depositados e mantidos por menos de um mês não recebem nenhuma remuneração. Programada: Nesta modalidade o depositante assume, através de contrato, o compromisso de depositar quantias fixas e determinadas por prazos que variam entre 12, 18 e 24 meses, as contas possuem taxas de remuneração progressivas: 6,14% a.a. no primeiro e no segundo semestre; 6,40% a.a. no terceiro e no quarto semestre; 6,80% a.a. no quinto e no sexto semestre; 7,20% a.a. a partir do sétimo semestre. Os rendimentos são creditados trimestralmente e possuem carência inicial de seis meses para o saque. Possuem ainda um seguro de vida que garante a efetivação dos depósitos programados restantes no caso de morte do titular. De rendimentos crescentes: Poupanças desta modalidade recebem apenas um único depósito. Os rendimentos são creditados trimestralmente e as taxas de juros são crescentes: 6,14% a.a. do primeiro ao terceiro trimestre; 7,00% a.a. do quarto ao oitavo trimestre; 8,00% a.a. do nono ao décimo trimestre e 9,00% a.a. do décimo segundo trimestre em diante. Não são permitidos saques parcelados; os depósitos são efetuados em múltiplos de R$ 10,00 e o rendimento é retroativo a cada mudança de taxa. Variada: O Bacen fixou o prazo mínimo para esta poupança em 36 meses com a correção dos depósitos sendo feita pela TR mais 6,00% a.a. sem incidência de impostos. Destina-se à aquisição de imóveis residenciais ou comerciais novos ou usados, terrenos, bem como a ampliação, reforma ou construção. Nos contratos entre bancos e poupadores são afixados os

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valores dos depósitos, a forma de correção, a periodicidade e as condições de financiamento (geralmente essa poupança tem a finalidade de comprar imóvel). Rural ou Caderneta Verde: É idêntica a poupança tradicional. A única diferença é que os recursos captados são destinados ao financiamento de operações rurais. Tributação: Imposto de Renda: Pessoas físicas e jurídicas imunes não são tributadas. Pessoas jurídicas com fins lucrativos são tributadas à alíquota de 22,5%, sobre os rendimentos auferidos após 01/01/2005 é de 20% sobre os rendimentos auferidos até 31/12/2004. IOF: As contas de poupança não sofrem a tributação do IOF (Imposto sobre Operação Financeira). Direcionamento dos Recursos: A resolução do Bacen 3.188, de 29/03/2004, alterou o percentual dos valores captados. Veja, a seguir, como ficou a destinação dos recursos. Cadernetas com recursos destinados ao crédito rural: 50% para crédito rural (a partir de setembro de 2004); 30% recolhimento compulsório ao Bacen; 20% aplicações livres (títulos públicos, capitais de giro, crédito rural e outros empréstimos). Poupança com recursos destinados ao financiamento imobiliário: 65% financiamento imobiliário, 30% compulsório do Bacen e 5% livre aplicação. Esses percentuais alteram de acordo com as estratégias de políticas adotadas pelo governo. A caderneta de poupança tem a garantia do FGC. Títulos de Capitalização Os títulos de capitalização é um investimento com característica de um jogo, onde se pode recuperar parte do valor gasto na aposta caso não ganhe. Sem a ajuda da sorte o rendimento do montante aplicado será inferior ao de um fundo ou o de uma caderneta de poupança. Caracteriza-se, portanto, como uma forma de poupança de longo prazo, onde o pagamento de prêmios, mediante sorteio, serve de incentivo ao investidor. É um produto típico de uma economia estabilizada. Características:

• Capital Nominal: é o valor que o investidor vai resgatar no final do plano, sobre ele incide correção de juros; • Sorteios: podem ser semanais, mensais, trimestrais, etc. e geralmente se baseiam em resultados de loterias como a Mega-Sena. Podem também se valer de sorteios próprios; • Prêmio: é quanto o investidor paga pelo título. Pode ser de uma única vez (pagamento único), ou parcelado (pagamento mensal, por exemplo). Neste caso as prestações são geralmente reajustadas pela TR; • Prazo: sempre maior ou igual a 01 ano; • Provisão para o Sorteio: é a parcela da prestação que irá compor o prêmio dos sorteados. Por determinação da SUSEP este valor tem que ser menor que 25% do prêmio pago pelo investidor;

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• Taxa de Carregamento: é a parte das parcelas que irá cobrir as despesas, e propiciará o lucro da instituição financeira; • Provisão Matemática: é a parte da prestação que irá compor a poupança do investidor. Este não pode ser inferior a 50% do valor da prestação no caso de pagamento único, ou de 70% no caso de pagamentos parcelados. Existem instituições que nos primeiros cinco meses não colocam nenhuma quantia nesta reserva. • Carência: é o prazo mínimo pelo qual o investidor não poderá solicitar o resgate da sua provisão matemática.

Vale salientar que, quando o investidor solicita resgate antecipado do seu título, ele

não receberá 100% da sua provisão matemática corrigida, o percentual será proporcional à quantidade de parcelas pagas pelo investidor, comparadas ao total de parcelas do plano. Finalmente, os rendimentos são sujeitos à incidência de Imposto de Renda nas seguintes alíquotas: 25% nos casos de amortizações antecipadas ou nos prêmios obtidos mediante sorteios; 20% nos demais casos. Fundos de Investimentos

Esta forma de aplicação se caracteriza pela aquisição de cotas de aplicações abertas e solidárias, representativas do patrimônio do Fundo que tem o benefício da valorização diária.

O segredo dos Fundos de Investimento é a idéia do condomínio, ou seja, embora os aplicadores tenham o direito de resgatar suas cotas a qualquer momento, nem todos o fazem ao mesmo tempo, isto é, sempre fica uma grande quantidade de dinheiro que pode ser aplicada em títulos mais rentáveis, como ações, CDB’s, debêntures, etc. Os resultados obtidos são divididos proporcionalmente à participação de cada um dos cotistas.

Eles possibilitam aos investidores acesso a mercados aos quais, individualmente, teriam pouco ou nenhum acesso, e conferem aos investidores melhores condições de remuneração no mercado, devido à administração profissional e por operarem com volumes de recursos expressivos. Os papéis que compõem a carteira ficam em nome do Fundo. O cliente contabiliza apenas as cotas dos Fundos. Cada Fundo tem o seu próprio regulamento, onde constam as regras a serem seguidas na sua administração. Principais Vantagens:

a. Poder de Barganha; b. Consolidação do fluxo de caixa c. Terceirização

Cota É a menor fração do patrimônio do Fundo. Seu valor é atualizado diariamente, com base em avaliação patrimonial dos ativos financeiros integrantes da carteira do Fundo. Cotista É o investidor que adquire as cotas do Fundo. Seus recursos são aplicados pelo administrador na compra dos ativos que compõem o patrimônio do Fundo.

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Administrador O administrador é o responsável pela gestão, supervisão, acompanhamento e prestação de informações relativas aos Fundos de Investimentos. Sua principal atribuição é o gerenciamento das carteiras de ativos, buscando obter a melhor rentabilidade com o menor risco. É ele quem decide onde investir os recursos dos condôminos, através da análise das melhores oportunidades de investimento. Ele também é o responsável pelo estabelecimento benchmark (O Benchmarking é um processo sistemático e contínuo de avaliação dos produtos, serviços e processos de trabalho de organizações que são reconhecidas como representantes das melhores práticas, com a finalidade de introduzir melhorias na organização).

Ou seja, ser o melhor entre os melhores. Em outras palavras é olhar para a concorrência e "copiar o que está dando certo" - adotar as melhores práticas.) a ser alcançado por cada um dos fundos. Podem ser administradores: os bancos múltiplos, os bancos comerciais, caixas econômicas, bancos de investimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento (as financeiras) e sociedades corretoras ou distribuidoras de títulos e valores mobiliários. Porém, em todas instituições que atuam como administradoras, obrigatoriamente deve existir, de forma bastante consolidada o conceito de CHINESE WALL, que é a separação clara entre a administração dos recursos da tesouraria dessas instituições financeiras e a administração dos recursos de terceiros. Fundos Abertos e Fundos Fechados De acordo com a possibilidade ou não de livre ingresso de novos cotistas no Fundo, eles também são classificados como fundos abertos e fundos fechados. Fundos Abertos: são aqueles que admitem, a qualquer momento, o ingresso e a saída de cotistas. Fundos Fechados: caracteriza-se pela quantidade limitada de cotas que são oferecidas aos potenciais investidores durante um período pré-determinado. Após a venda de todas as cotas só podem ser negociadas em bolsas de valores, ou entre os próprios cotistas, conforme determinado no seu regulamento. Tributação dos Fundos de Investimentos IOF – apenas nos fundos de renda fixa, é cobrada sobre os rendimentos brutos nos resgates efetuados até 30 dias após a data da aplicação. A alíquota é de 1% ao dia sobre o valor do resgate, limitado ao rendimento da operação, conforme tabela regressiva, valendo o que for menor. Imposto de Renda – é cobrada a alíquota de 20% sobre os rendimentos, sendo que: para Fundos de renda variável, somente é cobrado quando o cliente efetuar resgate com rendimentos; para Fundos de renda fixa é cobrado mensalmente (no último dia do mês), sobre os rendimentos da aplicação. Principais Fundos de Investimentos Fundos de Renda Fixa: Fundos de Investimento Financeiro (FIF); Fundo de Aplicação em Cota de FIF (FAC-FIF); Fundo de Renda Fixa – Capital Estrangeiro;

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Fundos DI; Fundos Cambiais; Fundos Multicarteira; Fundos de Investimentos no Exterior (FIEX). Fundos de Renda Variável: Fundos Mútuos de Investimentos em Ações; Fundos Mútuos de Investimentos em Ações-Carteira Livre; Carteiras Administradas (ou Fundos Exclusivos); Fundos de Investimento em Empresas Emergentes; Fundos de Privatização; Fundos de Investimento Orientados à Aposentadoria; Fundo de Aposentadoria Programada Individual; Previdência Privada Aberta; Previdência Privada Fechada (Fundo de Pensão). Leasing O princípio básico que norteia uma operação de leasing é que o lucro na produção de bens e serviços não se origina do fato de que quem os produz tenha a propriedade das máquinas e equipamentos necessários para produzi-los, mas sim, da forma como elas são utilizadas na sua produção. O leasing é, por tanto, uma forma de ter sem comprar, seguindo o princípio de que o lucro provém da utilização do bem e não da sua propriedade. Em seu sentido mais amplo, o leasing, ou em bom português, o arrendamento mercantil, é uma operação realizada mediante contrato, na qual o dono do bem, o arrendador, concede a outrem, o arrendatário, o direito de utilização do mesmo, por um prazo previamente determinado. Trata-se de financiamento de médio a longo prazo, podendo o contrato incluir cláusula de renovação, ou compra do bem pelo arrendatário (opção de compra), ao final do seu prazo de vigência. Essa compra se dá por um valor mínimo previamente estabelecido, denominado VRG – Valor Residual Garantido, que nada mais é do que um percentual sobre o valor de mercado do bem. O VRG é função do prazo da operação e da vida útil do bem. Tanto as pessoas físicas, quanto as pessoas jurídicas sediadas no Brasil podem contratar operações de leasing. As Principais Vantagens do leasing são: - Possibilidade do financiamento total do bem; - Liberação de capital de giro; - Possibilidade de atualização dos equipamentos durante a vigência dos contratos; - Flexibilidade nos prazos de vencimento; - Prazo de operação compatível com a amortização econômica do bem; - Dupla economia de imposto de renda (dedução de aluguéis e não imobilizações); - Simplificação contábil; - Melhoria dos índices financeiros, ou conservação de linha de crédito; - Aceleração da depreciação, gerando a eficiência fiscal; - Não incidência de IOF. Tipos de Operações Disponíveis no Leasing:

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Leasing Operacional: É a operação regida, por contrato, praticada diretamente entre o produtor dos bens (arrendador) e seus usuários, podendo o arrendador ficar responsável pela manutenção do bem arrendado ou por qualquer tipo de assistência técnica que seja necessária para o perfeito funcionamento do bem. Características: - É um contrato feito por um período inferior à vida útil do bem, no máximo 75%, e no

mínimo 90 dias; - Geralmente encontrado no ramo de equipamentos de alta tecnologia, como computadores,

aviões, copiadoras, etc. com o equipamento e/ou arrendadora satisfazendo as seguintes condições:

- O equipamento possui alto valor de revenda no mercado secundário de ativos; - A empresa arrendadora presta serviços adicionais aos seus clientes; - A empresa arrendadora é quem fabrica o equipamento - São contratos sem opção de compra no final (VRG). Se o arrendatário quiser

adquirir o bem no final, terá que compra-lo a preço de mercado. Como conseqüência da impossibilidade da opção de compra, as prestações são menores (redução de custos);

- Não pode haver previsão de pagamento do VRG; - O arrendatário pode rescindir o contrato quando quiser, mediante aviso prévio

especificado no contrato; - Na prática as operações de leasing operacional funcionam quase como um

aluguel; - O valor presente das contraprestações não deve ultrapassar 90% do valor do

bem arrendado. Leasing Financeiro Uma operação sob a forma de locação de bens móveis ou imóveis de médio e de longo prazo, onde existe as figuras da leasing (arrendadora), a produtora do bem (fornecedor) e a que precisa utiliza-lo (arrendatário). Esta operação se aproxima, no sentido financeiro, de um empréstimo que utilize o bem como garantia que pode ser amortizado num determinado número de aluguéis periódicos, geralmente corresponde ao período de vida útil do bem. Assim, do ponto de vista estritamente financeiro, trata-se basicamente de um financiamento de médio a longo prazo que, ao final do prazo de vigência do contrato, dá ao arrendatário o direito de, estabelecido no inicio da vigência do contrato, de escolher entre uma das três alternativas:

- Comprar o bem em questão; - Renovar o contrato; - Devolver o bem à arrendadora.

Portanto, ao final do contrato, o arrendatário tem a opção de compra do bem por um valor previamente estabelecido, que pode ser o valor de mercado ou um valor mínimo denominado Valor Residual Garantido – VRG, normalmente representado como um percentual do valor do bem arrendado. A empresa de leasing chega ao VRG com base no

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prazo de duração do contrato e no período de depreciação do bem arrendado, que lhe é concedido pela legislação que regulamenta as operações de arrendamento mercantil. O prazo mínimo de arrendamento é de 24 meses para bens com vida útil de até 5 anos e de 36 meses para demais bens com vida útil superior a 5 anos. Veículos, equipamento de informática e de telecomunicação têm prazo mínimo de 24 meses e demais equipamentos e imóveis têm prazo mínimo de 36 meses (bens de vida útil superior a 5 anos). Pode existir no contrato a previsão de o arrendamento pagar a VRG em qualquer momento durante a vigência do contrato, o que não caracteriza o exercício da opção de compra do bem. Se a opção for exercida, a operação passa a se caracterizar como uma operação de compra e venda à prestação, descaracterizando, assim, a operação de leasing. Sale and Leasing Back É uma operação variante no leasing financeiro, pela qual uma pessoa jurídica vende bens do seu imobilizado a uma empresa de leasing e, simultaneamente, os arrenda de volta com opção de compra exercitável após o término do prazo contratual. Trata-se de alternativa adequada para empresas cujo imobilizado excessivo impede a otimização dos recursos disponíveis, ou como forma de obtenção de recursos para capital de giro. Leasing Imobiliário Aqui o arrendatário é sempre uma Pessoa Jurídica, pois o bem deve destinar-se obrigatoriamente a atividade econômica da empresa. Normal: Compra de imóvel inteiro e acabado; Pagamento principal + taxa de compromisso (juros); Prazo: em média 08 anos; VRG = Final, de 01 a 30% do valor do bem; No final do contrato, as opções são idênticas ao do leasing financeiro. Construção de Edifício Durante a construção, a operação fica sob regime de pré-leasing; A taxa de compromisso é cumulativa; O leasing propriamente dito é pelo valor da obra concluída. Leasing Back Imobiliário Utilizados por empresas que desejam mudar o perfil do seu passivo através de uma ação saneadora. As principais vantagens do Leasing Imobiliário são: Permite a aquisição do imóvel usado pela variação cambial; A reintegração de posse é rápida, se comparada a ação de execução. Operações sindicalizadas

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Utilizadas para viabilizar grandes projetos. Nesse caso, várias empresas de leasing se reúnem para trocar o empreendimento, que poderá incluir desde a compra de um terreno, até a aquisição/instalação de todas as máquinas e equipamentos. Estas operações podem envolver companhias nacionais e estrangeiras. Tipos de Leasing (ponto de vista geográfico) Nacional: Arrendador e arrendatário sediados no Brasil, o bem arrendado pode ser nacional ou importado; Internacional: Arrendadora estrangeira e arrendatário brasileiro. O prazo mínimo dessa operação é de 02 anos e o valor do contrato é o valor FOB do bem (valor do bem sem as despesas de importação e transporte); Importação: Arrendamento de produtos importados, onde arrendador e arrendatário são sediados no Brasil. O bem, porém, já foi fruto de arrendamento entre a leasing brasileira e uma leasing estrangeira. Caracteriza-se pelo subarrendamento de um bem. A operação tem que ser aprovada pelo BACEN. A propriedade do bem neste caso é da arrendadora nacional, que é a responsável por sua importação; Exportação: Neste caso, um vendedor ou fabricante no Brasil, vende seu produto a uma arrendadora nacional. A operação é monitorada pelo BACEN e os contratos podem ser firmados em moeda estrangeira. Encargos do Leasing

- Taxa de abertura de crédito: corresponde a uma entrada oferecida pelo arrendatário com o objetivo de diminuir o valor arrendado (VRG antecipado); - Taxa de compromisso: valor cobrado ao arrendatário pelo prazo correspondente ao período de carência do leasing; - Contraprestação: taxa de arrendamento ou aluguel; - Contraprestação com cobrança: geralmente mensal, podendo ser fixa, reajustadas pelo dólar ou por outro índice autorizado pelo BACEN. Tais valores são dedutíveis do lucro tributável, uma vez que são lançados como despesas da empresa.

Financiamento de Capital Fixo Em termo de contabilidade de uma empresa, é aquele utilizado para aquisição de imóveis, máquinas e equipamentos, que serão utilizados na produção ou na geração de receitas para a empresa. Nesse tipo de financiamento geralmente está atrelado ao repasse de recursos do Governo Federal, quer através de programas oficiais, como PROGER – Programa de Geração de Emprego e Renda, quer através do BNDES, anãs linhas do BNDES Automático, FINAME e FINEM (financiamento e empreendimento). PROGER – Financia a abertura ou expansão de negócios formais ou informais que geram emprego e renda para o País, utilizando recursos do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador. O programa é implementado pelo Ministério do Trabalho em parceria com os seguintes órgãos, entidades e instituições:

a. Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT);

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b. Comissões Estaduais/Municipais de Emprego; c. Entidades qualificadas para a elaboração de projetos; d. Bancos Oficiais: funcionam como agentes financeiros do projeto.

Nesse projeto, as linhas de crédito financiam os investimentos necessários à

execução do empreendimento e o capital de giro necessário para o início de suas atividades. Não são objetos de financiamento o pagamento de dívidas, a recuperação de capitais já investidos, encargos financeiros, gastos gerais de administração (materiais de expediente), veículo passeio e benfeitoria em imóvel de terceiro.

O BNDES tem como objetivo prestar colaboração às empresas sediadas no país, cujos projetos sejam considerados prioritários no âmbito das “Políticas Operacionais do Sistema BNDES” que estabelecem as linhas gerais de ação e os seus critérios de atuação.

O BNDES atua direta ou indiretamente, neste caso através da rede de agentes financeiros públicos e privados credenciados, que compreendem: Banco de Desenvolvimento, Bancos de Investimento, Bancos Comerciais, Financeiras e Bancos Múltiplos.

As principais linhas de crédito disponibilizadas pelo BNDES e operacionalizadas pelo Banco do Nordeste, são o Financiamento e Empreendimento (FINNEN), o BNDES automático e o FINAME. As principais características dessas linhas de crédito são:

FINEN

a. Valor do financiamento acima de 7 milhões de reais; b. Destinação: aquisição de máquinas e equipamentos nacionais; c. Prazo total: dependendo da capacidade de pagamento; d. Nível de participação: até 90% para micro e pequenas empresas e empreendimentos

localizados na área de abragência dos programas regionais (máquinas e equipamentos), e até 80% para demais investimentos em áreas de abragências dos programas regionais;

e. Possibilidade de financiamento direto com o BNDES ou através de instituições financeiras;

f. Encargos: custo financeiro (JLP, variação do dólar ou UMBNDES) + spread básico (2,5% a.a.) + spread do agente financeiro + spread de risco.

BNDES Automático

a. Valor do financiamento até 7 milhões; b. Destinação: aquisição de máquinas e equipamentos nacionais e importados; c. Prazo total: dependendo da capacidade de pagamento; d. Nível de participação: até 90% para micro e pequenas empresas e empreendimentos

localizados nas áreas de abrangência dos programas regionais, e até 80% para máquinas e equipamentos para as demais empresas;

e. Possibilidade de financiamento direto com o BNDES ou através de instituições financeiras;

f. Encargos: custo financeiro (TJLP, variação do dólar ou UMBNDES) + spread básico (2,5% a.a.) + spread do agente financeiro.

FINAME

a. Valor do financiamento: sem limite de valor;

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b. Destinação: aquisição de máquinas e equipamentos nacionais novos, de fabricação nacional, e leasing de equipamentos nacionais (FINAME Leasing);

c. Prazo total: dependendo da capacidade de pagamento; d. Nível de participação: até 90% para micro e pequenas empresas em qualquer região

do país, empreendimentos localizados nas áreas de abrangência dos programas regionais, transportadoras, autônomos de cargas, aquisição de ônibus (se enquadrados no Sistema Integrado e Transporte Urbano), e até 80% para médias e grandes empresas localizadas nas regiões Sul e Sudeste do País;

e. Possibilidade de financiamento direto pelo BNDES ou através de instituições financeiras;

f. Encargos: custo financeiro (TJLP, variação do dólar ou UMBNDES) + spread básico (2,5% a.a.) + spread do agente financeiro.

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PARTE 06 – O MERCADO DE SEGUROS O MERCADO DE SEGUROS O Seguro

Seguro é um contrato pelo qual uma das partes se obriga para com a outra, mediante o recebimento de uma quantia (chamada de prêmio), a indenizá-la de riscos futuros previstos no contrato. O objeto do seguro é o risco. Para que o risco seja passível de seguro, deverá satisfazer obrigatoriamente as seguintes condições:

a. Ser possível; b. Ser futuro: por lei, seguro de risco já ocorrido é nulo. Exceção: risco

putativo de seguro marítimo; c. Ser incerto: característica imprescindível à contratação de seguros; d. Ser independente da vontade dos contratantes; e. Sua ocorrência resultar em prejuízo econômico para o segurado; f. Individualização do risco: o risco deve está perfeitamente descrito

na apólice do (individualizado e com a maior precisão possível). As principais características do contrato de seguros são:

1. Consensual: fruto do acordo entre as partes; 2. Oneroso; 3. Aleatório: pode ou não ocorrer; 4. Formal (ou solene): prescrição em lei; 5. Bilateral; 6. De adesão: a seguradora apresenta uma proposta, pré-impressa, que o

segurado tem que aceitar. Instrumentos dos Contratos de Seguros:

• Proposta: registro de intenção/vontade de alguém segurar um bem

contra perdas; • Apólice: é a proposta formalmente aceita pela seguradora. Trata-se

de um contrato bilateral (que gera direitos e obrigações de ambos os lados) e define o bem coberto do seguro, a importância segurada, a localização do bem segurado e os riscos assumidos pela seguradora;

• Endosso: alteração da apólice durante o seu período de vigência. É necessária a concordância de ambas as partes. (Ex.: Seguro de Carro: troca de carro, transferência, etc.)

Elementos do contrato de seguros:

• Prêmio: valor pago periodicamente pelo segurado, com o objetivo de resguardar o bem objeto do seguro;

• Sinistro: danificação ou perda de um bem ou uma vida, motivada

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por um dos riscos cobertos pelo seguro; (danos ao patrimônio, exemplo: fogo na casa segurada)

• Indenização (ou importância segurada): é a importância que o segurado recebe em caso de sinistro;

• Franquia: valor do prejuízo que fica a cargo do segurado. Sua finalidade é excluir da cobertura os sinistros de pequeno valor. Podem ser obrigatórias ou facultativas.

Medidas de Garantia dos Seguros:

As principais medidas de segurança dos envolvidos nos contratos de seguros são: o cosseguro, o resseguro, e a retrocessão. O Instituto de Resseguros do Brasil ( IRB Brasil Re) define cada uma delas. O cosseguro é o seguro que é distribuído entre outras seguradoras, dividindo entre elas o riscos do seguro. Nesse caso, podem ser emitidas tantas apólices quantas forem as seguradoras envolvidas, ou apenas uma, emitida por uma das seguradoras que, nesse caso, é denominada seguradora líder.

O Resseguro É a operação pela qual a seguradora diminui o risco de um seguro através da contratação é o seguro do seguro. Quando uma companhia assume um contrato de seguro superior à sua capacidade financeira, ela necessita repassar parte do risco a uma companhia resseguradora.

O resseguro é uma pratica comum, feita em todo o mundo como uma forma de garantir a liquidação do sinistro em favor do segurado e, ao mesmo tempo, preservar a estabilidade das seguradoras, contudo, muitas vezes os valores envolvidos nos contratos de seguro são tão altos que mesmo o resseguro necessita de cobertura. Nesse caso, a pulverização de risco é feita entre resseguradoras internacionais recebendo o nome de retrocessão. Quanto maior o valor do contrato, maior a necessidade de envolvimento de um grupo maior de empresas.

A retrocessão seria o cosseguro das resseguradoras. Com a lei complementar número 126 de janeiro de 2007, o resseguro deixou de ser monopólio do IRB-Brasil.

Pagamento de Importâncias Seguradas: Para poder honrar com o pagamento das indenizações, as seguradoras são obrigadas a remunerar o montante depositado pelos segurados a título de prêmio. Por esta razão, as seguradoras são grandes investidores institucionais no mercado financeiro, porém, nem todo o valor arrecadado é aplicado no mercado, parte dele comporá as chamadas Reservas Técnicas obrigatórias das seguradoras. O Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP): O SNSP foi instituído em 21/11/1966 pelo Decreto-Lei n° 73. De acordo com o artigo 8 o SNSP é composto pelo Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP, a Superintendência de Seguros Privados - SUSEP, o IRB Brasil Resseguros S.A. - IRB Brasil Re, as sociedades autorizadas a operar em seguros privados e capitalização, as entidades de previdência privada aberta e aos corretores habilitados.

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Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP): O CNSP é o órgão normativo das atividades securitícias do país, e foi criado pelo Decreto- Lei n° 73, de 21/11/1966. Vinculado ao Ministério da Fazenda, é ele quem fiscaliza e regula o funcionamento das seguradoras e corretoras de seguros, sociedades de capitalização e sociedades de previdência privada aberta. De acordo com o artigo 33 do Decreto-Lei 73/66, o CNSP é composto por seis membros, assim distribuídos:

- Ministro de Estado da Fazenda ou seu representante (Presidente); - Superintendente da SUSEP (Vice-Presidente); - Um representante do Ministério da Justiça; - Um representante do Bacen; - Um representante do Ministério da Previdência e Assistência Social

(MPAS); - Um representante da CVM.

Principais Atribuições do CNSP:

• Fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados; • Regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos

que exercem atividades subordinadas ao SNSP, bem com, a aplicação das penalidades previstas;

• Fixar as características gerais dos contratos de seguros, previdência privadas abertas e capitalização;

• Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguros; • Prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras de

Previdências Privadas Abertas e de Capitalização, com fixação dos limites legais e técnicos das respectivas operações;

• Conhecer dos recursos de decisão da SUSEP e do IRB; • Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão de corretor.

Comparando com o sistema financeiro, pode-se afirmar que o CNSP é o CMN do SNSP.

Superintendência de Seguros Privados (SUSEP):

É o órgão executivo, responsável pelo controle e fiscalização do funcionamento do mercado de seguros, previdência privada aberta, de títulos de capitalização e resseguro. Foi criada peio Decreto-Lei n° 73, em seu artigo n° 35. É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. Principais Atribuições da SUSEP:

• Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedade Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradoras, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP;

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• Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de seguro, previdência privada aberta, de capitalização e resseguro;

• Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados;

• Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a eles vinculados, com vista à maior eficiência do SNSP e do Sistema Nacional de Capitalização;

• Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operem; - Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado;

• Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas;

• Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as atividades que por este forem Delegadas;

• Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. Da mesma forma que com o CNSP, comparando com o sistema financeiro a SUSEP seria o Bacen do SNSP. Instituto de Resseguros do Brasil (IRE Brasil Re):

O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado em 1939, na forma de sociedade de economia mista, jurisdicionada ao Ministério do Trabalho Indústria e Comércio, com o objetivo de regular o cosseguro, o resseguro e a retrocessão, alem de promover o desenvolvimento das operações de seguros no País. Essa situação perdurou até agosto de 1996, quando o Congresso Nacional aprovou a quebra de monopólio para a atividade de resseguro no Brasil.

Em 1997, o Instituto de Resseguros do Brasil foi transformado em IRB-Brasil Resseguros, sob a forma de sociedade por ações, permanecendo como empresa de economia mista, com controle acionário da União. A mesma proporção de participação par as empresas seguradoras nacionais foi mantida. O capital social do IRB é representado por ações escriturais, ordinárias e preferenciais, todas sem valor nominal. As ações ordinárias representam no mínimo 50% do capital social. Atualmente, o IRB-Brasil Re está vinculado ao Ministério da Fazenda e suas atribuições são de regular e fiscalizar o mercado ressegurador, além de emitir autorizações de funcionamento para atuação no setor. Sociedades Seguradoras:

São empresas constituídas sob a forma de Sociedade Anônima, que, mediante de recebimento de uma Importância, garantem indenizar o segurado, ou seus beneficiados, de perdas relativas ao seu patrimônio ou à sua vida. Após a reforma do SFN, em dez/64, as seguradoras foram enquadradas como instituições financeiras. Da mesma forma que o IRB-Brasil Re, as ações ordinárias das seguradoras devem representar no mínimo 50% do seu capital nacional, e de acordo com artigo 73 do Decreto- Lei 73/66, não podem exercer qualquer outro ramo de comércio e indústria. Para que possam funcionar, as sociedades necessitam de carta patente emitida peio Ministério da Industria e Comercio. Para tanto, devem enviar

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requerimento para o CNSP, via SUSEP, solicitando autorização para operar em determinado ramo de seguro. As seguradoras não podem operar em ramos de seguros para os quais não tenham autorização. Da mesma forma, as alterações nos seus estatutos dependem de autorização do Ministério da Indústria e Comercio, que se manifestará após ouvir o CNSP e a SUSEP.

Também chamadas de Seguradoras ou Companhia de Seguros, elas atuam basicamente nos seguintes segmentos de mercado:

• Seguros (Ramos Elementares, Vida ou Saúde); • Previdência Privada Complementar; • Capitalização.

Corretoras de Seguros:

São instituições que intermedeiam o relacionamento entre os segurados e as seguradoras. Nem um seguro pode ser contratado sem o envolvimento de uma corretora. Estas, para funcionar, dependem de autorização da SUSEP. Por corretagem entenda-se como a intermediação entre o adquirinte do seguro e o tomador do capital, que recebe uma comissão pela aproximação das partes. O Decreto-Lei n° 73, em seu Artigo 1227 defini o corretor de seguros, pessoa física ou jurídica, como "o intermediário, legalmente autorizado a promover contratos de seguro entre as Sociedades Seguradoras e $ pessoas físicas ou jurídicas de Direito Privado". Quer pessoa física ou jurídica, o corretor só pode operar mediante autorização da SUSEP, responsável por seu registro e habilitação. Apenas corretores habilitados podem cobrar suas respectivas comissões sobre as corretagens de seguros.

A lei também proíbe que os corretores estabeleçam vínculos de subordinação ou dependência económica, tanto como pessoa física ou jurídica de Direito Privado, como com as Sociedades Seguradoras (proibição que se estende aos sócios e diretores de empresas de corretagem). Os corretores também são proibidos de aceitar ou exercer emprego em pessoas jurídicas de Direito Público. Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados (CRSNSP):

O Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta, e de Capitalização, criado em 27/10/1998 pelo Decreto n° 2.824, é um órgão colegiado integrante do Ministério da Fazenda, cuja finalidade é a analise , em última instância_administrativa dos recursos de decisões da SUSEP e do IRB-Brasil Resseguros S.A. O CRSNSP possui seis membros em seu conselho que representam os seguintes órgãos:

I. Ministério da Fazenda (Presidente); II. SUSEP (Vice-Presidente);

III. Secretaria de Direito Económico do Ministério da Justiça; IV. Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de

Capitalização FENASEG ; V. Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de

Capitalização FENACOR;

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VI. Associação Nacional das Entidades abertas de Previdência Privadas ANAPP.

A indicação de cada um dos membros é de competência do titular do

órgão que representa. O mandato é de dois anos, admitindo-se a renovação por igual período.

O colegiado é assessorado por um Procurador da Fazenda Nacional, cuja atribuição é zelar pela fiel observância das leis, dos decretos, dos regulamentos e dos demais atos normativos. A Secretaria Executiva do Conselho de Recursos será exercida pela SUSEP. Previdência Complementar:

Conselho de Gestão de Previdência Complementar (CGPC) - É o órgão responsável pela regulação das atividades das entidades fechadas de previdência complementar funcionando ainda como órgão (recursal) responsável pela apreciação (em última instância de recursos interpostos contra decisões da Secretaria de Previdência Complementar-SPC - versando sobre penalidades administrativas. O CGPC é composto pelo Governo (Ministérios da Previdência, Fazenda e Planejamento), pelos fundos de pensão, pelos participantes e assistidos e pelos patrocinadores e instituidores de planos de previdência.

O CGPC é integrado por oito membros: I. Pelo Ministro da Previdência Social, que o presidirá;

II. Pelo Secretario de Previdência Complementar do Ministério da Previdência Social;

III. Por um representante da Secretaria de Previdência Social do Ministério da Previdência Social;

IV. Por um representante do Ministério da Fazenda; V. Por um representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão; VI. Por um representante dos patrocinadores e instituidores de entidades

fechadas de previdência complementar; VII. Por um representante das entidades fechadas de previdência

complementar; VIII. Por um representante dos participantes e assistidos das entidades

fechadas de previdência complementar. Estão entre as atribuições do CGPC:

I. Estabelecer as normas gerais complementares à legislação e regulamentação aplicável às entidades fechadas de previdência complementar, em consonância com os objetivos da ação do Estado discriminados no art. 3o da Lei Complementar n° 109, de 2001;

II. Estabelecer regras para a constituição e o funcionamento da

entidade fechada III. reorganização da entidade e retirada de patrocinador;

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IV. Normatizar a transferência de patrocínio, de grupo de participante, de planos e de reservas entre entidades fechadas;

V. Determinar padrões para a instituição e operação de planos e

benefícios, de modo a assegurar sua transparência, solvência, liquidez e equilíbrio financeiro;

VI. Normatizar novas modalidades de planos de benefícios;

VII. Estabelecer normas complementares para os institutos da portabilidade, do benefício proporcional diferido, do resgate e do autopatrocínio, garantidos aos participantes;

VIII. Estabelecer normas especiais para a organização de planos instituídos; IX. Determinar a metodologia a ser empregada nas avaliações atuariais;

X. Fixar limites para as despesas administrativas dos planos de benefícios e das entidades fechadas de previdência complementar;

XI. Estabelecer regras para o numero mínimo de participantes ou

associados de planos de benefícios; XII. Estabelecer as normas gerais de contabilidade, de atuaria, econômico-

financeira e de estatística;

XIII. Conhecer e julgar os recursos interpostos contra decisões da Secretaria de Previdência Complementar relativas à aplicação de penalidades administrativas;

XIV. Apreciar recursos de oficio, interpostos pela Secretaria de Previdência

Complementar, das decisões que concluírem peia não aplicação de penalidade prevista na legislação própria ou que reduzirem a penalidade aplicada.

Secretaria da Previdência Complementar (SPC):

É um órgão executivo do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), responsável pelo controle e fiscalização dos planos e benefícios e das atividades das entidades de previdência privadas fechadas, A SPC se relaciona com os órgãos normativos do sistema financeiro na observação das exigências legais para a aplicação das reservas técnicas, fundos especiais e provisões que as entidades sob sua jurisdição são obrigadas a constituir, seguindo as diretrizes estabelecidas pelo CMN. As principais atribuições da SPC são:

I. Propor as Diretrizes básicas para Sistema de Previdência

Complementar; II. Harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência

fechada com as políticas de desenvolvimento social e econômico-financeiro do Governo;

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III. Supervisionar, coordenar, orientar e controlar as atividades relacionadas com a previdência complementar fechada;

IV. Analisar os pedidos de autorização para constituição, funcionamento, fusão, incorporação, grupamento, transferência de controle e reforma dos estatutos das entidades fechadas de previdência privadas, submetendo a parecer técnico do Ministro de Estado;

V. Fiscalizar as atividades das entidades fechadas de previdência fechadas, quanto ao cumprimento da legislação e normas em vigor e aplicar as penalidades cabíveis. Se for o caso, propor ao Ministro da Previdência a decretação da intervenção ou liquidação das entidades;

VI. Proceder à liquidação das entidades fechadas de previdência privada que tiverem cassada a autorização de funcionamento ou das que deixam de ter condição para funcionar.

Mercado de Previdência Privada Entidades Abertas de Previdência Privada:

São instituições com o objetivo de valorização do seu patrimônio para garantir a complementação da aposentadoria dos seus contribuintes e, por esta razão, são orientadas a aplicar parte de suas reservas no mercado financeiro (em fundos de investimentos e títulos públicos), e no mercado de capitais (negociação envolvendo ações e outros título e valores mobiliários). A idéia é que o lucro obtido pela entidade na aplicação dos recursos dos segurados seja passado (integral ou parcialmente) para eles. As empresas de previdência privadas abertas são constituídas unicamente na forma de Sociedade Anônima, têm fins lucrativos e são fiscalizadas pela SUSEP. Entidades Fechadas de Previdência Privada:

São instituições restritas a determinado grupo de trabalhadores, São organizadas sob a forma de Fundação ou Sociedade Civil. É uma opção de complemento à aposentadoria (concedida pela previdência social) que é oferecido pelas empresas aos seus empregados. Funcionam da seguinte forma: a empresa constitui um fundo de pensão para o qual contribui a própria empresa e seus funcionários. Cabe à empresa (instituidora do fundo de pensão) a decisão sobre qual será o percentual de contribuição de cada uma das partes. Esse tipo de previdência não permite a participação de pessoas estranhas às empresas. Alem disso, os fundos de pensão assumem características distintas de uma empresa para outra em função de suas características de longo prazo de suas aplicações, e por movimentar elevados quantidades de recursos, estas entidades são extremamente cobiçadas pelo mercado acionário (Ex.: aquisição de ações e controle acionário das empresas), e pelo mercado imobiliário, dentro de percentuais estabelecidos em lei. O principal representante deste segmento é a PREVI - Fundo de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil. Outro importante representante deste segmento é a PETROS - Fundos de Previdência dos Funcionários da Petrobrás.

Finalmente, as entidades de previdência privada fechada são consideradas complementares do sistema oficial de previdência e assistência social, enquadrando-

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se suas atividades na área de competência do Ministério da Previdência e Assistência Social. São fiscalizadas pela SPC e não podem ter fins lucrativo.

Sociedades Administradoras de Seguros Saúde

Atualmente a exploração do seguro saúde é regulada pelo Lei n° 9.656/98.Vale destacar que embora a medida provisória n° 2,177/4, de 21/08/2001, tenha alterado alguns artigos dessa lei, ela ainda guarda algumas definições que são relevantes para o disciplinamento das empresas de seguros-saúde. As principais são: Plano de Assistência à Saúde - É a prestação de serviços continuada ou coberturas de custos assistenciais a preço pré ou pós-estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de rede credenciada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a operadora, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador por conta e ordem do consumidor; Operadoras de Planos de Assistência à Saúde - Pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de auto gestão, que opera produto, serviço ou contrato de que trata o Plano de Assistência à Saúde; Carteira - conjunto de contratos de cobertura de custos assistenciais ou de serviços de assistências à saúde em qualquer das modalidades de planos de assistência à saúde. Ainda de acordo com a medida provisória citada anteriormente, a Agencia Nacional de Saúde Suplementar(ANS),é responsável pela normatização e fiscalização de qualquer modalidade e produto, serviço e contrato que apresenta garantia de cobertura financeira de riscos de assistências medica, ambulatorial, hospitalar ou odontológica, e outras que diferencie de atividade exclusivamente financeira, tais como custeio de despesas oferecimento de rede credenciada ou referenciada, entre outras. Além das condições impostas pela ANS, as sociedades administradoras de seguro-saúde precisam satisfazer os seguintes pré-requisitos impostos no art. 8o da Lei n° 9.656/98: I Registro nos Conselhos Regionais de Medicina e Odontologia, conforme o caso, em cumprimento ao disposto no art. N° 1 da Lei n° 6.839, de 30/11/1980; II Descrição pormenorizada dos serviços de saúde próprios oferecidos e daqueles a serem prestados por terceiro; III especificação dos recursos humanos qualificados e habilitados com responsabilidade técnica de acordo com as leis que regem a matéria; IV Demonstração da capacidade de atendimento em razão dos serviços prestados; V Demonstração da Viabilidade econômico-financeira dos planos privados de assistência à saúde oferecida, respeitadas as particularidades operacionais de cada uma das respectivas operadoras;

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VI Especificação da área geográfica coberta pelo plano privado de assistência à saúde. Os planos ou seguros de assistência à saúde comercializados pelas operadoras são classificados em: a) Contratação Individual ou Familiar: são aqueles oferecidos no mercado para a livre adesão de consumidores, pessoas físicas, com ou sem adesão de seu grupo familiar. Caracteriza-se o plano como familiar quando facultada ao contratante, pessoa física, a inclusão de seus dependentes ou grupo familiar. b) Contratação Coletiva Empresarial: são aqueles planos ou seguros de assistência à saúde que oferecem cobertura completa da atenção prestada à população delimitada e vinculada à pessoa jurídica. Esse vinculo poderá ser de caráter empregatício, associativo ou sindical, e a adesão deverá ser automática, na data da contratação do plano ou no ato da vinculação do usuário à empresa que contratou o serviço. O contrato poderá prever a inclusão dos dependentes legais da massa populacional vinculada de que trata o parágrafo anterior. c) Contratação Coletiva Por Adesão: é aquele que, embora oferecido por pessoa jurídica para a massa delimitada de beneficiários, tem adesão apenas espontânea e opcional de funcionários, associados ou sindicalizados, com ou sem a opção de inclusão do grupo familiar ou de dependentes. De acordo com a ANS, os planos de contratações coletivas também podem ser classificados em planos patrocinados e não patrocinados. São ditos patrocinados aqueles em que a pessoa jurídica contratando paga, integral ou parcialmente, o valor correspondente ao seguro saúde. Os não patrocinados têm suas mensalidades pagas integralmente pelos beneficiários do plano.

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PARTE 07 – O MERCADO DE CÂMBIO MERCADO DE CÂMBIO Introdução O que é câmbio?

Câmbio é toda operação em que há troca de moeda nacional por moeda estrangeira ou vice-versa. Por exemplo: o banco vende a você moeda estrangeira (recebe moeda nacional e lhe entrega moeda estrangeira) quando você vai viajar para o exterior e precisa de dinheiro para sua estada, suas compras, etc.; o banco compra de você moeda estrangeira (recebe a moeda estrangeira e lhe entrega moeda nacional) quando você retoma da viagem ao exterior e ainda possui algum dinheiro do país que você visitou, dinheiro que não será usado no Brasil. O que é mercado de câmbio?

Chama-se mercado de câmbio o ambiente, abstrato, onde se realizam as operações de câmbio, entre os agentes autorizados pelo Banco Central do Brasil (bancos, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e meios de hospedagem) e entre estes e seus clientes. No Brasil, o mercado de câmbio é dividido em dois segmentos, livre e flutuante, que são regulamentados e fiscalizados pelo Banco Central. O mercado livre é também conhecido como "comercial" e o mercado flutuante, como "turismo". A margem da lei funciona um segmento denominado mercado paralelo, mercado negro, ou câmbio negro. Todos os negócios realizados nesse mercado, bem como a posse de moeda estrangeira, sem origem justificada são ilegais e sujeitam o cidadão ou a empresa às penas da lei. Qualquer pessoa pode comprar e vender moeda estrangeira?

Qualquer pessoa física ou jurídica pode ir a uma instituição autorizada a operar em câmbio para comprar ou vender moeda estrangeira. Como regra geral, para a realização das operações de câmbio, é necessário respaldo documental. Visto que nas operações de câmbio são negociados direitos sobre a moeda estrangeira, na grande maioria dos casos os clientes não têm acesso à moeda estrangeira em espécie. Na importação, por exemplo, você entrega real (R$) ao banco em troca do direito sobre o equivalente em moeda estrangeira, que é entregue ao exportador estrangeiro ou a um terceiro interessado (normalmente um banco) no exterior. Excetuam-se as operações relativas a viagens internacionais, que podem ter a moeda estrangeira entregue em espécie no País. O que é SISBACEN? Qual a sua função no mercado de câmbio?

O SISBACEN - Sistema de Informações Banco Central é um sistema eletrônico de coleta, armazenagem e troca de informações que liga o Banco Central aos agentes do sistema financeiro nacional. Implementado em 1985, o SISBACEN é hoje o principal elemento de que dispõe o Banco Central para acompanhamento da atuação dos bancos instalados no País. Via SISBACEN, todas as operações de câmbio realizadas no País s

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registradas imediatamente, em tempo real, o que permite ao Banco Central atuar tanto no monitoramento quanto na fiscalização do mercado. Quais são as instituições que podem operar no mercado de câmbio?

Podem operar no mercado de câmbio apenas as instituições autorizadas pelo Banco Central. O segmento é restrito aos bancos e ao Banco Central. No segmento flutuante, além desses dois, podem ter permissão para operar as agências de turismo, os meios de hospedagem de turismo e as corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários. A transação PCAM 830, do SISBACEN, disponível ao público em geral, lista todas as instituições autorizadas nos dois segmentos do mercado de câmbio. Em dúvida, o cliente deve solicitar documentação comprobatória da aprovação do Banco Central e/ou contatar a representação do Departamento de Câmbio na praça ou região ou ainda ligar para as Centrais de Atendimento do Banco Central. Que tipos de operações posso realizar no mercado de câmbio?

Como regra geral, quaisquer pagamentos ou recebimentos em moeda estrangeira podem ser realizados r mercado de câmbio. Grande parte dessas operações não necessita de autorização prévia do Banco Central pai sua realização, pois já se encontram descritas e especificadas nos regulamentos e normas vigente (Consolidação das Normas Cambiais - CNC), bastando procurar uma instituição autorizada a contratar câmbio As operações não regulamentadas dependem de manifestação prévia do Bacen. Quais as operações que posso fazer no mercado de câmbio livre ou comercial?

No mercado livre você pode realizar as operações decorrentes de comércio exterior, ou seja, de exportação e importação. Nesse mercado, também são realizadas as operações dos governos, nas esferas federais, estadual municipal. Também têm curso no mercado de câmbio de taxas livres outras operações, tais como aquelas relativas a investimentos estrangeiros no País e empréstimos a residentes sujeitos à registro no Banco Cento bem como pagamentos e recebimentos de serviços. E no mercado flutuante, o que posso fazer? Só existem operações de turismo?

Inicialmente, esclarecemos que o termo "turismo" é utilizado de forma inadequada, visto que nesse mercado além das operações relativas à compra e venda de moeda estrangeira para o turismo internacional, podem s realizadas diversas transferências não relacionadas ao turismo, tais como, contribuições a entidades associativas, doações, heranças, aposentadorias e pensões, manutenção de residentes e tratamento de saúde, importante ressaltar que, como regra geral, não há limite de valor para as operações previstas no regulamento do mercado flutuante (capítulo 2 da CNC), tais como compras a título de turismo, transferências unilaterais pagamentos de serviços. A unificação cambial feita pelo Banco Central significou a união do segmento livre com o segmento flutuante?

Não. Houve somente a unificação das posições de câmbio existentes nos dois segmentos, prevalecendo os demais procedimentos operacionais relativos a cada um dos

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mercados. Embora a taxa média divulgada pelo Banco Central seja uma só, as operações de câmbio de cada segmento devem continuar a ser efetuadas em mercado.

Por exemplo, se alguém for comprar dólares para viajar, a operação deve ser efetuada pelo mercado flutuante, mas se uma empresa for exportar automóveis, a operação de câmbio deve ser efetuada pelo mercado livre. BACEN

Nesse mercado, a função do BACEN é executar a política cambial definida pelo Conselho Monetária Nacional, influenciando o comportamento do mercado de câmbio e das taxas de câmbio. Para tanto regulamenta o mercado de câmbio e autoriza as instituições que nele operam, uma vez que as operações de câmbio não podem ser praticadas livremente em nosso País, devendo, portanto, ser conduzidas através de uma instituição financeira autorizada pelo BACEN.

Também compete ao Banco Central fiscalizar o referido mercado, podendo punir dirigentes e instituições mediante multas, suspensões e outras sanções previstas em lei. Além disso, o Banco Central pode atuar diretamente no mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, com objetivo de conter movimentos desordenados da taxa de câmbio. A fiscalização e o controle do mercado de câmbio são feitos, no BACEN, através de um sistema SISBACEN.

Os agentes que atuam nesse mercado podem realizar as seguintes operações:

a. Bancos, exceto de desenvolvimentos: todas as operações previstas para o mercado de câmbio;

b. Bancos de desenvolvimento e caixas econômicas: operações especificas autorizadas;

c. Sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades corretoras de câmbio ou de títulos e valores mobiliários ,e sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários: compra ou venda a clientes de moedas estrangeiras, em espécie, cheques e cheques de viagem, operações no mercado internacional arbitragens no país e, por meio de banco autorizado a operar no mercado de Câmbio, arbitragens com o exterior;

d. Agências de turismo: compra ou venda de moeda estrangeira em espécie, cheques e cheques de viagens relativas a viagens internacionais;

e. Meios de hospedagem de turismo: exclusivamente compra de moeda estrangeira em espécie, cheques e cheques de viagem de seus clientes.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, também e autorizada pelo

Banco Central a realizar operações com vales postais internacionais, emissivos e receptivos, para atender manutenção de pessoas físicas no exterior; contribuições a entidades associativas e previdenciárias; aquisição de programas de computador para uso próprio; aposentadorias e pensões; aquisição de medicamentos no exterior, nos destinados a comercialização; compromissos diversos, tais como aluguel de veículos, multas de transito, reservas em estabelecimentos hoteleiros, despesas com comunicações, assinatura de jornais e revistas, outros gastos de natureza eventual, e pagamento de livros, jornais, revistas e publicações similares, quando a importação não estiver sujeita a registro no SISCOMEX: pagamento de serviços de reparos, consertos e recondicionamento de maquinas e pecas; doações. Também o pagamento de

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exportações brasileiras ate US$ 10 mil por operação pode se dar por meio de vale postal internacional. Operações de Câmbio

São, basicamente, a troca (conversão) da moeda de um País pela de outro. Em relação ao estabelecimento operador, elas se classificam como:

• Compra: recebimento de moeda estrangeira contra entrega de moeda

nacional; • Venda: entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de moeda

nacional; • Arbitragem: entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de

outra moeda estrangeira. A necessidade destas conversões pode surgir em função de:

• Exportação: venda ao exterior, mercadorias ou serviços com preços ajustado para recebimento em moeda nacional.

• Importação: compra de mercadorias ou serviços com preço ajustado com pagamento em moeda estrangeira;

• Transferências: movimentação financeira de capitais de entrada ou saída do País. No que concerne à forma como as trocas são feitas as operações podem ser classificadas em:

• Câmbio Manual: Refere-se as operações que envolvem a compra e a venda de moedas estrangeiras em espécie, isto é, quando a troca se efetua utilizando moedas de outros países. Como exemplo, é o caso do brasileiro que vai a Europa e decide comprar Trailer Checks (cheques de viagem) no banco onde mantém conta, ou que decide vender o restante da moeda estrangeira quando do seu retorno para o Brasil.

• Câmbio Sacado: Ocorre quando, na troca, existem documentos ou títulos representativos da moeda, ou seja, sem a utilização física da moeda estrangeira.

Neste tipo de operações, as trocas se processam pela movimentação de uma conta bancaria em moeda estrangeira. Portanto, o câmbio sacado pode ser entendido como as operações que se processam através de saques, ou seja, as letras de câmbio ou cambiais, as cartas de crédito ou créditos documentares, as ordens de pagamento e os cheques. Como exemplo cita-se o pagamento da fatura de cartão de crédito, em dólares, proveniente das compras do usuário no exterior. Nossa legislação proíbe o uso de moedas estrangeiras nas transações internas, bem como seu depósito em contas correntes junto aos bancos do País. Por este motivo, os pagamentos e recebimentos relativos operações cambiais são efetuadas entre estabelecimentos bancários, sem que ocorra transferência física da moeda. Essas transferências são meramente contábeis, valendo-se os bancos do sistema de compensação mutua de débitos e créditos no exterior. Para o funcionamento deste sistema, os bancos nacionais que operam câmbio são obrigados a manter contas correntes em moedas estrangeiras no exterior e estabelecer relações para proteção mutua no exterior.

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Posição de Câmbio

A posição de câmbio representa o resultado entre as operações de compra e de venda de moeda estrangeira, acrescida ou diminuída da posição do dia anterior, realizadas pelos estabelecimentos que podem operar em câmbio, com exceção das agências de turismo e dos hotéis. Esse resultado é referenciado diariamente pelo seu equivalente em dólares dos Estados Unidos e de forma centralizada para cada instituição. A posição de câmbio de uma instituição pode assumir os seguintes resultados:

• Nivelada: quando o total de compras é igual ao total de vendas; • Comprada: quando o total de compras é maior que o total de vendas; • Vendida: quando o total de compras é menor que o total de vendas.

As instituições devem depositar no Banco Central os valores excedentes a certo

montante de posição comprada. As posições dos segmentos livres e flutuantes são unificadas. Dessa forma, na hipótese de um determinado banco ter "US$ 3 milhões de posição $ comprada" no segmento livre e "US$ 7 milhões de posição comprada" no flutuante, a posição daquele banco é de US$ 10 milhões de posição comprada (livre + flutuante). Com isso, não há mais diferença entre os dois segmentos na formação da taxa de câmbio, pois o custo de oportunidade para celebração das operações de câmbio passou a ser o mesmo para ambos os segmentos.

Formação de Taxas Cambiais

Numa feira livre, o preço de venda de um produto esta sujeito a uma lei de

mercado básica, a da oferta e da procura. Do mesmo jeito acontece com o dinheiro. No sistema financeiro, o dinheiro é visto como uma mercadoria que pode ficar mais ou menos cara dependendo da oferta e da procura. No mercado de câmbio não e diferente, o preço da moeda estrangeira varia com a maior ou menor procura, e com a disponibilidade da moeda no mercado. Isso significa dizer que, no Brasil, as taxas são livremente pactuadas, sem a interferência do Estado nas suas cotações.

Com isso, conforme foi dito anteriormente, a taxa de câmbio pode ser uma taxa livre (comercial) ou uma taxa flutuante, e dependendo do tipo de câmbio (manual ou sacado) pode sofrer variação.

Apesar de trabalhar com taxas de câmbio livres, sem teoricamente sofrer intervenção do Estado, em situações extremas, que podem colocar em risco a política cambial, o BACEN ou seus parceiros (chamados dealers) podem interferir no mercado para restaurar a ordem, colocando o mercado dentro dos padrões desejados pelo Governo, equilibrando as forcas de mercado. De acordo com Fortuna (2002, p 313 e 314) a intervenção desses personagens pode ser das seguintes formas:

1. Quando a taxa de câmbio cai, ficando muito abaixo do nível desejado

pelo Governo, o que indica que a oferta de moeda estrangeira é maior do que a procura, o Banco Central pode entrar no mercado comprando o excesso de divisas, o que implica gradual elevação de taxa pela redução da oferta. A intervenção continua até que a taxa retome ao nível desejado;

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2. Quando a taxa de câmbio sobe, ficando acima das expectativas oficiais, sinalizando que a oferta de moeda estrangeira é menor do que a procura, o BACEN pode lançar mão de seus estoques de divisas vendendo um determinado montante, e inundando o mercado com as divisas que, em função da grande quantidade, terão suas taxas diminuídas. Um dos principais dealers do mercado de câmbio é o Banco do Brasil. Conforme afirma Fortuna (2002, p. 314), existe uma série de taxas de câmbio que regulam as operações de diferentes segmentos do mercado de câmbio, com cotações de compra e venda oscilando ao longo do dia. Algumas delas são:

• Comercial (Dólar nas operações de Taxa de Câmbio Comercial): utilizada compra e venda da moeda envolvendo o comércio de mercadorias. Por exemplo, o dólar comercial, no dia 29/03/2006, fechou cotado a R$ 2,212 para venda;

• Taxa de Câmbio Flutuante (Dólar flutuante): utilizada cooperações de compra e venda de moeda estrangeira para satisfazer necessidades diversas do comércio internacional, por exemplo, o dólar flutuante, no dia 24/01/2008, fechou cotado à R$ 1,786 para venda;

• Taxa de Câmbio Inter-Bancária Pronta (Dólar Pronto): apresenta a cotação utilizada como parâmetro para as operações de compra e venda de moeda estrangeira, a vista, entre instituições financeiras.

• Taxa de Câmbio de Mercado Paralelo (Dólar Paralelo): estabelece o parâmetro de compra e venda de moeda estrangeira adquirida fora dos meios oficiais, através dos doleiros. Tanto as operações no mercado paralelo, quanto as aquisições de moedas através de atividade ilícitas são consideradas ilegais, sujeitando os agentes as penas da lei.

• PTAX: representa a taxa média praticada pelo mercado financeiro. É fornecida diariamente pelo Banco Central com base nas negociações com a moeda estrangeira ao longo do dia. Essa taxa serve como parâmetro de preço para o inicio das do dólar, no dia 21/01/2008, fechou a R$ 1,785 para compra. Vale salientar que todas as taxas apresentadas pelos diversos veículos de comunicação são taxas liquidas, ou seja, quaisquer tarifas cobradas pelos bancos (despesas de corretagem taxa de abertura de crédito, etc.), são cobradas a parte, não influindo na cotação. Geralmente, essas taxas são cobradas também em moeda estrangeira. Por exemplo, o pacote de serviços do Banco Itaú, divulgado em 23/03/2008, a cobrança de 6,12% do valor correspondente em moeda estrangeira vendida e entregue ao cliente.

Operações de Arbitragem

A arbitragem consiste na entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de outra moeda estrangeira. Nas operações de arbitragem no mercado de câmbio ocorrem:

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a) a compra de moeda estrangeira; b) o envio dessa moeda para outra praça; c) a venda dessa moeda, mediante a compra de outra moeda estrangeira; d) a venda da segunda moeda no mercado local, recebendo em contrapartida, recursos em moeda nacional. O objetivo das operações de arbitragem e conseguir lucro com as diferenças de pregos das moedas em diferentes lugares (chamados de praças). Os tipos de arbitragem são:

• Arbitragem Direta: é a transação efetuada por dois operadores localizados em praças (Países) diferentes;

• Arbitragem Indireta: é a transação realizada por um operador em praças diferentes simultaneamente. Em função da possibilidade de se fazer arbitragem numa mesma praça;

Outra classificação para as operações de arbitragem é:

• Arbitragem Externa: remessa de divisas de uma praça para outra com o objetivo de ganho financeiro em função de diferença de preço entre as moedas,

• Arbitragem Interna (Operações Simbólicas): são operações simbólicas de compra e venda simultânea de câmbio com a finalidade de regularizar urgências de ordem cambial.

Contrato de Câmbio

É o instrumento pelo qual se efetua a operação de câmbio. Seu objetivo principal é a compra e venda de moeda estrangeira, cuja entrega da moeda corresponde à liquidação do contrato. Nele devem constar, entre outras coisas: a moeda estrangeira que esta sendo comprada ou vendida, a taxa contratada, o valor correspondente em moeda nacional, os nomes do comprador e do vendedor, e a data da liquidação, que pode ser presente ou futura. O contrato de câmbio ligado a uma operação comercial visa a prestação de um serviço por um banco ao seu cliente. Se o cliente é um exportador, quando do fechamento do contrato de câmbio, ele encarrega o banco de cobrar do importador o valor correspondente a transação comercial. Se o cliente é um importador, quando do fechamento do contrato de câmbio, ele encarrega o banco de enviar ao exportador no exterior, o valor correspondente a mercadoria importada. Naturalmente, os bancos cobrarão de seus clientes pela prestação dos serviços.

Por ser formalizado através de contrato é um ato bilateral (mediante acordo entre duas partes), onde a instituição financeira compra moeda estrangeira. Se um exportador, entregando a ele o valor correspondente em real, ou vende a moeda entregue, recebendo o correspondente em reais. Mais ainda, a entrega respectivas divisas poderá ser a vista ou no futuro. Formas de Liquidação dos Contratos de Câmbio

A modalidade de pagamento é influenciada pelas condições de mercado e pelo grau de confiança entre as partes - não só empresas, mas também bancos e países envolvidos.

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Em casos de acirrada competitividade do mercado, com excesso de oferta, os exportadores são obrigados a melhorar suas condições de venda, optando pelo recebimento a prazo. Se a procura é maior, os exportadores melhoram suas propostas negociais, aproximando-se de uma situação ideal, ou seja, a de receber o pagamento antecipadamente.

Quando o importador é desconhecido ou encontra-se num país sem estabilidade político-econômica, as condições para o exportador não serão favoráveis, ao contrário do que ocorreria com empresas tradicionais, obrigando o exportador a exigir o pagamento antecipado. Outros fatores que interferem nas condições de vendas são a margem de lucro desejada, a possibilidade de financiamento e os controles do governo.

As modalidades de pagamento são estabelecidas nos contratos de compra e venda internacional, determinam a maneira pela qual o exportador recebera o pagamento por sua venda ao cliente no exterior. As mais utilizadas no comércio internacional são:

• Pagamento antecipado; • Remessa direta ou sem saque; • Cobrança documentária; • Carta de crédito (crédito documentário).

Pagamento Antecipado - ocorre quando o comprador paga pela mercadoria

adquirida antes do seu embarque. Esse pagamento antecipado caracteriza o financiamento da produção do exportador por parte do importador. Por implicar altos riscos para o comprador, é pouco freqüente, sendo utilizado geralmente por empresas interligadas. Costuma ocorrer também na venda de produtos de alta tecnologia, fabricados sob encomenda, visto representar uma garantia contra o cancelamento do pedido. São mais freqüentes os casos de pagamento antecipado parcial. Outras razões para escolha dessa modalidade podem ser:

• Financiar o exportador para produção de mercadoria, principalmente na venda de máquinas e equipamentos feitos sob encomenda;

• Mercadorias de valor reduzido, tais como: livros, assinaturas de publicações, medicamentos etc.;

• Transações com países importadores de elevado risco, sem estabilidade política, econômica ou financeira;

O pagamento antecipado acontece da seguinte forma:

• Contrato Mercantil entre o vendedor e o comprador; • Pagamento pelo importador ao seu banco; • Remessa da moeda estrangeira, do banco do importador para o banco do

exportador; • Pagamento ao exportador (liquidação do contrato de câmbio); • Embarque da mercadoria e remessa dos documentos; • Liberação da mercadoria pelo importador.

Essa modalidade de contratação de câmbio representa a opção de menor risco

para o exportador (ou, em outras palavras, para o exportador o risco é ZERO).

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Remessa sem Saque (ou Remessa Direta) - Aqui a situação é oposta ao pagamento antecipado. Nessa modalidade, o exportador embarca a mercadoria e envia diretamente ao importador todos os documentos da operação. O importador, ao receber os documentos, promove o desembarque da mercadoria na alfândega e posteriormente, providencia a remessa das divisas para pagamento das operações.

É a modalidade de pagamento que representa maior risco para o exportador, pois as vantagens são todas do importador, que recebe os documentos de embarque, encaminhados diretamente pelo exportador junto com a mercadoria, e desembarca a mercadoria, antes de paga-la ou de aceitar seu pagamento. O risco para o importador e nulo, pois o pagamento somente é efetuado depois de recebida a mercadoria.

Outra característica importante dessa modalidade de crédito é o fato do exportador não ficar com nenhum documento que dê direito a uma eventual cobrança judicial ao importador, em caso de não pagamento da obrigação oriunda da transação comercial. Como se baseia na confiança do exportador no importador, essa modalidade e utilizada mais freqüentemente entre clientes tradicionais ou entre empresas interligadas (filiais e suas matrizes, coligadas ou controladas). A remessa sem saque acontece da seguinte forma:

• Contrato Mercantil entre o vendedor e o comprador; • Embarque da Mercadoria e remessa de documentos; • Liberação da mercadoria pelo importador; • Pagamento pelo importador ao seu banco; • Remessa da moeda estrangeira, do banco do importador para o banco do

exportador; • Pagamento ao exportador (liquidação do contrato de câmbio).

Cobrança Documentária - Nessa modalidade, o exportador, após o embarque

da mercadoria, emite uma letra de câmbio que será enviada a um banco no país do importador, juntamente com os documentos de embarque.

O pagamento pode ser a vista ou a prazo. Conforme tiver sido convencionado, e o exportador só terá direito a receber o valor referente a sua venda após a comprovação do pagamento; e a transferência das divisas para o crédito na conta do banco com qual ele fez o contrato de câmbio.

No caso de cobrança a vista, o importador só poderá retirar do banco os documentos para o desembargo das mercadorias após a quitação do câmbio.

No caso da cobrança a prazo, o importador só poderá retirar do banco os documentos para desembargo da mercadoria se "aceitar" (assinar manifestando concordância) a cambial que será apresentada para pagamento na época oportuna.

O banco age como prestador do serviço de cobrança, cumprindo rigorosamente as instruções do exportador: cobrança a vista ou no vencimento; cobrar juros de mora por atraso; protestar o importador, quer por falta de pagamento, quer por falta de aceite, etc. Além disso o banco pode também fechar o câmbio da operação, recebendo uma receita por mais esse serviço.

Nessa modalidade, o exportador tem a garantia de que a mercadoria somente será entregue ao importador após o cumprimento de suas instruções.

A cobrança Documentária ocorre da seguinte forma:

1. Contrato mercantil entre o vendedor e o comprador; 2. Embarque da mercadoria; 3. Entrega de documentos (ao banco do exportador) para a cobrança;

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4. Remessa de documentos para um banco no exterior (banco do importador);

5. Representação e cobrança de documentos; 6. O importador efetua o pagamento (ou o aceite) e recebe os documentos

para o desembargo aduaneiro; 7. Liberação da mercadoria pelo importador; 8. Remessa da moeda estrangeira, do banco do importador para o banco

do exportador; 9. Pagamento final ao exportador (liquidação do contrato de

câmbio). Carta de Crédito (Letter of Credit -L/C)

A carta de crédito, também conhecida por "crédito documentário", é uma

modalidade de pagamento bastante usual, porque oferece melhores garantias, tanto para o exportador quanta para o importador. Diferentemente das demais formas de pagamento, a carta de crédito é iniciada pelo importador e não pelo exportador. Vista sob outra ótica, é uma ordem de pagamento condicional, emitida por um banco, a pedido de seu cliente importador, em favor de um exportador, que somente faz jus ao recebimento se cumprir todas as exigências por ela estipuladas. O exportador tem a garantia de pagamento de um ou mais bancos, e o importador, a certeza de que só haverá pagamento se suas exigências forem cumpridas. A carta de crédito é uma alternativa para o exportador que não quer assumir os riscos comerciais de uma operação, pois ela confere ao banco a responsabilidade pelo pagamento, mediante o cumprimento dos termos e condições do crédito. Os riscos políticos também podem ser minimizados com a utilização de uma carta descrédito confirmada. Nesse tipo de crédito, outro banco, geralmente fora do País do importador, confirma a garantia dada pelo banqueiro emissor do crédito. Na prática, se o banqueiro emissor não puder pagar por qualquer motivo, inclusive políticos (moratória), o banqueiro confirmador pagará em seu nome. Além dos riscos políticos, outro fato a se considerar está relacionado com o banco emissor da carta de crédito. Algumas instituições são consideradas de pequeno porte, e por essa razão, para terem sua carta de crédito aceita pelo banco do exportador, necessitam, também, de confirmação de um banco de maior porte: (chamado de banco de primeira linha).

Conforme afirma Fortuna (2002, p.330), quando uma instituição financeira Aceita uma carta de crédito, ela não se compromete a receber diretamente do importador, mas sim, do banco que a emitiu. Em caso de não pagamento do importador, o problema passa a ser do banco que lhe deu carta de crédito. A Carta de Crédito também pode ser emitida por pagamento a vista ou a prazo.

A carta de crédito pode sofrer alterações, chamadas de "emendas", que somente terá validade se forem aceitas por todas as partes intervenientes no contrato, ou seja, banqueiro emissor, banqueiro confirmador, o tomador do crédito e o beneficiário. A carta de crédito ocorre da seguinte forma: 1. Contrato mercantil entre o vendedor e o comprador; 2. O importador apresenta uma proposta para abertura de crédito junto ao banco da praça do importador (banco emissor/reembolsador); 3. Informação por parte do emissor da existência de crédito em favor do exportador solicitando a confirmação do banco “avisador/confirmador”;

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4. O banco confirmador informa ao exportador da existência de crédito e das condições para o recebimento. 4.1. Exportador embarca a mercadoria; 5. O exportador apresenta os documentos e necessários para a liquidação do câmbio, e negocia com o banco a liquidação do contrato de câmbio; 6. O banco confirmador efetua o pagamento ao exportador (liquidação do contrato de câmbio); 7. O banco confirmador efetua o débito na conta do banco do importador e envia para ele os documentos; 8. O banco emissor entrega os documentos ao importador mediante a liquidação da carta de crédito; 9. Importador paga ao banco; 10. Importador vai à alfândega e pega a mercadoria. Financiamentos à Exportação

Dependendo da forma de pagamento negociada com o importador, o vendedor pode precisar receber, antecipadamente, os valores correspondentes em moeda nacional, das divisas que receberá provenientes daquele negócio. Por exemplo, um exportador que esteja com dificuldade de caixa para comprar matéria-prima para a fabricarão de calcados que serão exportados para a África, e que, no contrato de venda, aceitou o recebimento através de cobrança documentaria a prazo, necessitará antecipar o recebimento dos recursos para poder fabricar e, efetivamente, entregar as mercadorias acertadas no contrato de compra e venda. Dependendo da forma e do prazo concedidos na exportação, podem ser utilizadas opções diferentes de financiamento. Uma forma de classificação, apresentada por Fortuna (2002, p. 332) seria:

Operações de adiantamento de recursos antes ou após o embarque das mercadorias:

• Antes do embarque: Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC), Câmbio Travado, Finamex Pré-Embarque, Pré-Pagamento (pagamento Antecipado), e Pró-Commodities.

• Após o embarque: Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE), Finamex Pós-Embarque e PROEX;

- Operações de desconto de cambiais já aceitas pelo importador: Supplier's Credit,

Buyer's Credit, Forfaiting e Factoring; - Operações de financiamento com títulos de emissão do exportador: Export Notes,

Debentures Cambiais, Descontos de Warrants e Securitizarão de Exportações. O exportador, em geral, dispõe de um prazo máximo de antecipação para obtenção

de adiantamentos de 540 dias, isto é, até 360 dias para contratação do ACC (prévio ao embarque), e mais 180 dias posteriores ao embarque da mercadoria ao exterior para fechamento do ACE.

Os prazos fixados pelo BACEN são cumpridos pelo banco conforme suas disponibilidades de recursos.

ACC (Antecipação sobre Contrato de Câmbio) e ACE (Antecipação sobre Cambiais Entregues)-

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São considerados os principais contratos de venda de moedas estrangeiras para entrega futura. As duas operações tendem a reduzir os custos financeiros para o exportador brasileiro uma vez que o adiantamento, em reais, das divisas que entrarão no País, possibilita competitividade negocial (Junto ao importador estrangeiro), na medida em que permite ao exportador brasileiro conceder melhores prazos aos seus compradores, além de reduzir seus custos, trazendo para patamares compatíveis com os praticados no mercado internacional, já que os encargos cobrados se baseiam em patamares internacionais, que são menores que os juros cobrados no mercado interno.

Essas duas operações representam o maior volume de negócios no mercado de câmbio brasileiro. O financiamento concedido no período anterior ao embarque é chamado de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC). Nesta fase só existe o contrato de câmbio com lastro da operação, sendo desnecessária a apresentação de qualquer outro documento por parte do exportador. A partir da saída da mercadoria para o exterior, surgem os documentos representativos da venda, entre os quais a Letra de Câmbio ou Saque, mencionada anteriormente.

Merece destaque o fato de que a antecipação, baseada em documentos representativos de uma venda futura, pode ser parcial ou total. O contrato de câmbio só será liquidado quando do efetivo ingresso das divisas ao País.

O financiamento concedido pós-embarque, mediante a apresentação dos documentos que comprovam a venda, é chamado de Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) Nada impede que os dois tipos de financiamentos sejam efetuados em uma mesma cooperação, através da transformação de um ACC em ACE.

O ACE pode ser comparado a um desconto de duplicata mercantil no mercado interno, e o ACC ao desconto de pedido de venda em carteira.

A grande vantagem para o exportador que utiliza o ACC e o ACE como mecanismos de incentivo financeiro para a exportação é o baixo custo financeiro, principalmente, se comparado com os custos do mercado nacional. O principal risco para o exportador nesse tipo de operação é numa eventual desvalorização dos reais frente à moeda estrangeira. Como ele recebeu antecipadamente os valores correspondentes em reais, ele receberá uma quantia menor em conseqüência do recebimento antecipado. Câmbio Travado (VALOR FUTURO + BÔNUS)

Semelhante ao ACC, nessa modalidade de financiamento o exportador tem a

opção de contratar o câmbio por antecipação, isto é antes de embarcar a mercadoria, fixando a taxa cambial que vai prevalecer para a operação. Entretanto, ele não recebe o valor correspondente em reais. Funciona da seguinte forma: o exportador fecha o câmbio com o banco antes de embarcar a mercadoria, mas não recebe em troca o valor equivalente em reais. Em vez disso, venderá ao banco para liquidação futura as divisas oriundas da exportação.

Com as divisas internalizadas, o banco poderá negociá-las com importadores e pessoas ou empresas que necessitem enviar recursos para o exterior, repassando, através de prêmios, parte desses recursos para a empresa que contratou o câmbio travado. Para a empresa que contratou o câmbio travado, essa modalidade só é interessante financeiramente se os prêmios recebidos por ela forem superiores aos rendimentos que ela teria se aplicasse os respectivos reais no mercado financeiro, somados a uma eventual desvalorização da moeda estrangeira no período.

Da mesma forma que no ACC e ACE, o contrato de câmbio só e liquidado quando do efetivo ingresso das divisas oriundas da transação comercial do exportador.

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PROEX - Programa de Financiamento das Exportações

É um programa de financiamento voltado à venda de bens e serviços nacionais ao exterior a custos compatíveis com os praticados no mercado internacional.

O Programa oferece duas modalidades de apoio as exportações: PROEX/Financiamento e PROEX/Equalização. PROEX/Financiamento

É a modalidade de crédito ao exportador de bens e/ou serviços, realizada exclusiva e diretamente pelo Banco do Brasil, com recursos do Tesouro Nacional. São aceitos tanto o supplier's credit (refinanciamento ao exportador, que consiste em desconto ou negociação de títulos representativos da exportação a prazo, pelo exportador, junto à instituição financeira) quanto o buyer's credit (negociação direta entre importador e agente financeiro). Trata-se de financiamento com juros compatíveis com os praticados no mercado internacional. Para ter acesso a essa modalidade, o interessado deve dirigir-se ao Banco do Brasil S.A., agente do Tesouro Nacional para o PROEX.

PROEX/Equalização

Consiste no pagamento, por parte do Tesouro Nacional, da diferença a maior entre os cargos pactuados com o financiador e os custos de operação semelhante no mercado internacional. Os pagamentos são efetuados por meio de títulos públicos federais. O Banco do Brasil S.A. efetua os pagamentos de equalização aos Bancos Financiadores, mediante o recebimento do referido título.

O financiamento obtido junto a qualquer instituição financeira para a fase pós-embarque de exportações brasileiras terá seu pedido de equalização analisado pelo Banco do Brasil S.A., agente do Tesouro Nacional para o Programa. Exportação Direta

A forma direta de comercializar é aquela em que o exportador conduz todo o processo de exportação, desde os primeiros contatos com o importador até a conclusão da operação de venda.

Nesse caso, o exportador cuida de todos os detalhes, desde a negociação e entrega do produto até a cobrança. Isto exige da empresa o conhecimento do processo de exportação em toda a sua extensão, o que quer dizer: mais atenção administrativa, empenho de recursos humanos e de tempo.

Embora mais ambiciosa, essa modalidade onde ser a mais lucrativa e propiciar um maior crescimento no mercado internacional. Exportação Indireta

Nesta modalidade a empresa utiliza os serviços de uma outra, cuja função é encontrar compradores para seus produtos em outros mercados. Esta modalidade requer a participação de uma empresa mercantil, que adquire mercadorias no mercado interno para posterior exportação.

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Eximbank: Export-Import Bank of the USA

O Eximbank é uma agência governamental americana independente, com a função de facilitar o financiamento de exportações de produtos e serviços americanos por meio do programas de financiamento das exportações para os respectivos compradores ou concessão de garantias, exigidas por banqueiros internacionais. Os custos cobrados pelo Eximbank baseiam-se nas taxas praticadas pelo Tesouro Americano. O Tesouro Americano garante a honra das obrigações assumidas pelo Eximbank.

SISCOMEX

Conforme o Banco do Brasil (2001), o Sistema Integrado de Comercio Exterior - SISCOMEX - é um sistema que tem como função administrar o comércio exterior brasileiro, atuando como instrumento de integração entre setores da Secretaria de Comercio Exterior (SECEX), da Secretaria da Receita Federal (SRF), e do Banco Central (BACEN), ficando responsável pelo registro, acompanhamento e controle das diferentes etapas das operações de exportação e importação, através de um fluxo informatizado de informações que são processadas exclusivamente através desse sistema.

Seu objetivo é proporcionar uma maior agilidade nas operações e melhor qualidade nos níveis de controle dos órgãos envolvidos. Na verdade é um instrumento informatizado que permite as empresas exportadoras, importadoras e aos demais usuários, o registro, acompanhamento e o controle das operações de exportação e importação.

De acordo com o Banco do Brasil (2001), as principais vantagens do sistema são: • Harmonização: (uniformidade) dos concertos utilizados pelos diferentes órgãos governamentais envolvidos nos processes de compra e venda com o exterior; • Ampliação: através do recurso da informática, da quantidade de pontos de atendimento no País; • Redução de custos administrativos para os envolvidos; • Diminuição do volume de documentos, reduzindo a burocracia; • Padronização de procedimentos utilizados nas operações de comercio exterior; • Acesso mais rápido e de melhor qualidade as informações estatísticas sobre as exportações e importações brasileiras.

A ligação dos equipamentos dos usuários e intervenientes ao SISCOMEX se faz pela rede do SISBACEN, para os bancos e corretoras de câmbio, e pela rede SERPRO (SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS), nos demais casos. De acordo com Fortuna (2002, p 353) o acesso ao SISCOMEX, por usuário devidamente habilitado, poderá ser feito de uma das seguintes formas: • Agências do Banco do Brasil que operem em comércio exterior; • Agências de bancos que operem com câmbio; • Corretoras de câmbio; • Despachantes aduaneiros; • No próprio estabelecimento do exportador ou importador utilizando terminal próprio desde que sejam observados os critérios específicos para ligação. Para ter acesso ao SISCOMEX através de terminal próprio, a empresa deve se habilitar junto a Embratel para uso de linha de comunicação, enquanto cada um dos seus usuários

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deve se credenciar junto a Secretaria da Receita Federal para obter uma senha pessoal, individual e intransferível. Os principais usuários do SISCOMEX são os seguintes: • Empresas exportadoras e importadoras, e seus representantes legais; • Despachantes aduaneiros; • Instituições financeiras autorizadas a operar no mercado de câmbio (utilizam apenas o acesso através do SISBACEN); • Instituições financeiras autorizadas pela SECEX a conceder licenças de importação; • Corretoras de câmbio; • Órgãos da administração direta e indireta, intervenientes no comércio exterior. Programa BNDES-EXIM

O BNDES, enquanto banco de desenvolvimento, também atua no estímulo as exportações, como estratégia de fortalecimento e desenvolvimento de nossa economia através do BNDES-Exim. Por conta própria, ou através de instituições credenciadas, o BNDES financia a exportação de produtos manufaturados, bens de capital e serviços associados aos bens exportados nas seguintes modalidades:

Pré-embarque: financia a produção de bens a serem exportados em embarques específicos. Nesse caso, o BNDES oferece capital de giro ao exportador. O prazo de financiamento é de 8 meses, não podendo o ultimo embarque ultrapassar o prazo de 12 meses e a liquidação da operação, 6 meses. A critério do BNDES, dependendo dos bens objeto da exportação, os prazos poderão se estendidos a 30 e 24 respectivamente. O BNDES financia até 100% do preço FOB (Free on Board), excluídos, além do frete e os seguros internacionais, as comissões de agentes comerciais e eventuais pré-pagamentos.

Pré-embarque de Curto Prazo: financia a produção de bens a serem exportados, com prazo de pagamento Até 6 meses para embarque e liquidação. O BNDES financia ate 100 % do valor FOB.

Pré-embarque Especial: financia a produção nacional de bens exportados, sem vinculação com embarques específicos, mas com período pré-determinado para a sua efetivação. Na verdade, o BNDES financia o valor correspondente a expectativa de crescimento das exportações, em comparação com os valores exportados nos 12 meses anteriores. O prazo de pagamento 6 de ate 12 meses, podendo ser estendido para 30 meses, relativamente a parcela financiada do incremento previsto, comprovadamente realizada. O nível de participação do BNDES no incremento das exportações previsto para um período de 12 (doze) meses (período de incremento), tomando-se por base o total das exportações realizadas nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores (período base), será de ate 100% (cem por cento), independentemente do porte e dos bens elegíveis. Além do incremento e da meta de exportação, poderão ser estabelecidos pelo BNDES índices de produtividade e/ou financeiros a serem alcançados no período de incremento, e, ainda, obrigações sociais a serem cumpridas (âncora). De acordo com o BNDES, são classificadas como empresas âncoras as: trading companies, comerciais exportadoras ou demais empresas exportadoras que participem da cadeia produtiva e que adquiram a produção de determinado conjunto significativo de micro, pequenas ou medias empresas visando a sua exportação. O prazo total para pagamento é de ate 18 meses, não podendo o último embarque ultrapassar o prazo de 12 meses e a liquidação da operação, 6 meses. Nessa modalidade de financiamento, o BNDES pode participar com até 100% do valor FOB.

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Pós-embarque: financia a comercialização de bens e serviços no exterior, através de refinanciamento ao exportador, ou através da modalidade buyer's credit.

Nessa modalidade, o prazo total de financiamento será de ate 12 anos, com possibilidade de financiamento de até 100% do valor da exportação. Os principais instrumentos de garantia utilizados pelos empréstimos na modalidade BNDES-Emix se assemelham aos praticados pelas maiores agencias de crédito a exportação do mundo. Para facilitar ainda mais o acesso ao crédito à exportação, outras modalidades de garantia aceitas pelo BNDES são:

• Fundo de Garantia "Para a Promoção Competitividade (FGPC): é um fundo de Aval destinado a facilitar o acesso ao crédito para micro, pequenas e medias empresas;

• Seguro de Crédito à Exportação: possibilita a cobertura dos riscos comerciais

e políticos do não recebimento dos valores referentes aos bens e serviços exportados. No Brasil, este instrumento é operado pela Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação (SBCE).

Supplier's Credit

Essa modalidade de financiamento das exportações nada mais é do que um desconto de duplicatas; nesse caso as duplicatas mercantis são oriundas de vendas para o exterior.

Da mesma forma que no desconto de duplicatas tradicional, o banco financiador detém o direito de regresso contra o exportador. Por isso, ele também é co-responsável pelo pagamento da cambial de exportação, junto com o importador.

Entretanto, nesse caso, o financiador poderá dispensar o direito de regresso contra o exportador, mediante o pagamento, por parte dele, de uma comissão de risco ao financiador.

Conforme afirma Fortuna (2002 p. 343), essas operações têm, normalmente, um prazo mínimo de 30 dias e máximo de 5 anos. Predominando as operações com vencimento entre seis meses e 1 ano. Buyer's Credit

Nessa modalidade o financiamento é concedido diretamente ao importador por um banco no exterior. Para o exportador a operação é a vista e as divisas ingressam no país de imediato. Não há a figura do direito de regresso contra o importador brasileiro. Financiamento à Importação

Uma importação é dita financiada se a saída das divisas oriundas da compra de bens e serviços no exterior acontecer a prazo.

O importador pode conseguir financiamento direto com o fornecedor no exterior. Nos financiamentos direto com o fornecedor, a contratação do câmbio pode se dar através de cobrança documentária, que dependendo do nível de confiança do fornecedor com relação ao importador, pode ser nas modalidades simples sem garantias adicionais ou com a co-obrigação de bancos. Outra possibilidade é a contratação de uma carta de crédito a prazo.

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No caso de financiamento ao importador por uma instituição financeira externa, geralmente é exigida uma carta de crédito a prazo (com aval de um banco), com clausulas de pagamento à vista ao exportador. Contrato de Câmbio de Importação

A contratação de câmbio de importação podem ser duas modalidades: câmbio pronto e câmbio futuro.

No caso de câmbio futuro a liquidação se dará no prazo máximo de 360 dias. Em se tratando de pagamento antecipado, prazo máximo é de 180 dias da data do embarque da mercadoria. Esse prazo pode se estender quando se trata de máquinas e equipamentos que tenham ciclo de fabricação longo, ou que sejam feitos por encomenda. De todo modo, o pagamento antecipado só pode ser feito mediante a comprovação de da contratação para a aquisição de equipamento no exterior.

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PARTE 08 – O MERCADO DE OURO O mercado de Ouro

Da mesma forma que no mercado de ações, o de ouro também e um mercado de risco.

Além de variáveis externas, a cotação do ouro também varia de acordo com a oferta e a procura. Por variáveis externas que influenciam na cotação do ouro entendam-se as guerras, as crises mundiais, altas repentinas do preço do petróleo, etc. Nos tempos de situação difícil, é comum os investidores buscarem refúgio (hedge) no ouro.

Sua função de hedge fica bem evidenciada quando se verifica que o ouro é uma reserva de valor em momentos de incerteza econômica, financeira ou política em nível mundial. Essa reserva de valor pode ser facilmente transportada pelo seu possuidor em momentos de incerteza.

No mercado internacional, o ouro é negociado principalmente em Londres e Zurique, onde é negociado no mercado de balcão, através de bancos e corretoras e através da Bolsa de Mercadorias de Nova York (Comex), operando exclusivamente no mercado futuro. Para negociações envolvendo ouro físico, existe um mercado de balcão funcionando nessa praça. No Brasil, o maior volume de comercialização de ouro se faz através da Bolsa de Mercadorias e Futuro de São Paulo (BM&F), que e a única bolsa do mundo que comercializa ouro no mercado físico.

As cotações do ouro no exterior são feitas em relação a onça troy, unidade de peso que equivalente a 31,104 g. No Brasil cotação é feita em reais por grama de ouro puro.

O preço do ouro no Brasil sofre influencia de três variáveis: a cotação do metal no mercado internacional (Londres e Nova York), a cotação do dólar no mercado flutuante e as perspectivas para o mercado interno.

Em função da influência do preço do dólar na cotação do ouro, ele pode ser utilizado como um meio para ganhos de arbitragem. Sobre isso, Fortuna (2002, p.492) afirma que: "Quando cresce a diferença de preço (ágio) entre o dólar flutuante e o paralelo, o investidor procura tirar proveito da situação. Ele compra o ouro na BM&F, pede para receber o metal, vende-o na fronteira do País, recebe os dólares e, em seguida, vende esses dólares no paralelo, ganhando a diferença entre o dólar de venda do flutuante e de compra do paralelo."

Existem, basicamente, dois tipos de investidores no mercado de ouro físico: o investidor tradicional, que utiliza o ouro como instrumento de hedge, e o especulador, que está a procura de ganhos imediatos, sempre de olho na relação ouro/dólar/ações, procurando a melhor alternativa do momento.

A compra e a venda de ouro em barras podem ser efetivadas no chamado mercado de balcão, através das agencias das instituições financeiras especializadas (bancos, corretoras, distribuidoras), nas fundadoras, empresas de mineração ou então, na bolsa mercadorias e futuros do país (BM&F). O mercado da BM&F é chamado de mercado Spot.

As operações via balcão, na maioria das vezes, são fechadas por telefone. Depois de concretizada a liquidação do pagamento, o comprador terá duas opções: ou deixar o ouro custodiado em uma instituição bancaria de sua preferência, credenciada a prestar este tipo de serviço, ou retirar a quantidade adquirida, levando consigo o metal.

Na primeira opção, o investidor leva consigo apenas um certificado de custódia. Ela tem como vantagens a liquidez, a segurança e a facilidade das negociações

futuras. Na segunda opção, caso o investidor decida revender o ouro adquirido,

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necessitara'' refundir o metal para que as partes se certifiquem sobre o grau de pureza do ouro. A fundição só pode ser feita por uma fundidora credenciada. Por isso, além da desvantagem quanto à segurança, essa opção agrega mais custos e possui menos liquidez.

Hoje, os dois mercados, o de balcão e o spot nas bolsas, são complementares e se auto-regulam em termos de cotações dos preços do grama. As principais diferenças entre os mercados são: balcão não há necessidade de intermediação para se comprar ou vender ouro, enquanto na bolsa os investidores têm de procurar uma corretora conveniada, o que significa custos na forma de um percentual do valor negociado, a título de comissão, além de uma taxa de custódia que o cliente paga ao banco depositário onde o metal fica guardado.

No balcão, o cliente pode ter o ouro no mesmo dia do negócio, enquanto que no spot das bolsas a transferência efetiva só ocorre no dia seguinte a operação.

A retirada física de ouro no mercado spot, em caso de interesse do cliente, só pode ser feita em barras de 250-g, 100 onças e 400 onças.

Como o dólar, o ouro também tem seu mercado paralelo. Aqui algumas empresas negociam a compra de ouro a prestação, em parcelas mensais. Nesse caso, o ouro não € vendido como um ativo real e sim, como uma commodity. Esse tipo de venda, exclusiva do Brasil, permite que pequenos investidores tenham acesso ao mercado de ouro Fortuna (2002, p. 495 e 496) apresenta um glossário com os principais termos usados no mercado de ouro, listados parcialmente a seguir:

Moedas oficiais - corresponde às moedas de ouro mais importantes como forma de investimento. Diversos países produtores de ouro têm suas próprias moedas oficiais, também chamadas bullion (uma exceção é o Brasil). Essas moedas, compostas de uma liga a base de ouro e outros metais, têm a vantagem de combinar um baixo prêmio e o reconhecimento de uma moeda legal. As moedas bullion mais importantes são a Eagle, dos EUA; a Maple Leaf, do Canadá; a Nugget, da Austrália; e o Krugerrond, da África do Sul.

Ouro branco - Liga de ouro na qual entram 12% de paládio (um metal do grupo da platina, de cor semelhante a esta), mais 15% de níquel ou 20 a 25% de platina.

Quilate - termo que pode apresentar:

• Medida de peso para pedras preciosas (um quilate vale: 0,2 grama; um grama tem cinco quilates);

• Medida de quantidade (não de peso) de ouro numa liga, jóia, barra, etc., Uma barra de ouro puro tem 24 quilates de ouro: uma jóia ou barra de 14 quilates tem 14 partes de ouro c o restante de outros metais (cobre, paládio, prata, etc.), assim, o ouro 18 quilates tem 18/24 partes de ouro.

Ouro de aluvião - O ouro contido em cascalhos, areia e argila que se forma nas margens e foz dos rios, em conseqüência da erosão.

Sino - Sistema Nacional do Ouro, operado pela Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP), apoiada pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (ANDIMA), pelo qual uma rede de teleprocessamento centraliza todas as formas de negociação de ouro. Do sistema, fazem parte bancos depositários e intermediários (bancos, corretores).

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PARTE 09 – GARANTIAS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Após analisar a possibilidade da contratação de um empréstimo para um cliente,

e concluído pela viabilidade, as instituições financeiras devem fixar as condições em que ele será realizado. E uma dessas condições diz respeito às garantias.

O interesse do banco centra-se no recebimento do capital emprestado na moeda, data e condições acordadas. Nesse contexto, a constituição de garantias visa agregar comprometimento pessoal e patrimonial do tomador, e aumentar, caso o cliente se torne insolvente, a possibilidade de retorno do capital emprestado.

A escolha das garantias deve sempre acontecer após a decisão do banco em conceder empréstimo ao seu cliente Por isso, diz-se que a garantia assume um papel acessório a decisão de conceder crédito. O contrário, ou seja, a decisão de emprestar dinheiro não pode acontecer em função das garantias apresentadas.

A escolha das garantias é decorrência do fato de que não existe operação de crédito 100% livre de risco de não pagamento. Após a decisão de emprestar, e em função do nível de risco da operação, o banco deve escolher quais as garantias mais convenientes para o negocio, sempre levando em conta todos os custos que ele teria caso precisasse cobrar judicialmente a divida e as garantias apresentadas.

O passo seguinte a decisão de conceder crédito será definir o tipo de garantia a ser constituída (real ou pessoal), de forma que se vincule a que seja mais apropriada à operação.

Apesar da decisão de emprestar, deve-se ressaltar que uma grande quantidade de garantias pode ser um indicador de que o risco da operação é bem elevado. Nesse caso, provavelmente a melhor opção seria não emprestar o dinheiro.

Uma visão distorcida quanto às garantias é aquela dos que acreditam que uma garantia (bens moveis ou imóveis, traduz na certeza de pagamento de um empréstimo. Na verdade, ela representa uma alta probabilidade de sucesso em uma cobrança judicial, caso seja inevitável.

Contudo, aquele que recebe um bem em garantia real deve ter em mente que, para a liquidação da divida, será necessário ingresso em juízo, e a posterior venda desse bem. Esses processos são geralmente muito demorados e com elevados custos. Por isso, quando do recebimento de bens em garantia real, o banco credor precisa analisar se o valor real do bem é superior ao valor da dívida acrescida dos encargos de atraso e de eventuais custas judiciais. Outros aspectos que devem se considerados pelos bancos tem a ver com a localização, conservação e facilidade de resgate do bem dado em garantia, alem da sua liquidez.

Outro aspecto que pesa na hora de decidir por uma garantia real são às custas de registro da garantia. Dependendo do valor, podem até inviabilizar o negócio. Por tudo isso, em operações de pequeno valor ou de baixíssimo risco, é conveniente que o banco opte pelo acolhimento de garantias pessoais (aval ou fiança), sempre cuidando para que esses garantidores sejam pessoas idôneas e com situação econômico-financeira suficiente para honra o pagamento da divida, caso o devedor não o faça. Garantias Fidejussórias (Confiança) ou Pessoais

Esse tipo de garantia está embasada na fidelidade do garantidor em cumprir a obrigação, caso o devedor não o faça e, ainda na confiança do credor quanto ao retorno do crédito, seja por parte do devedor, seja por parte do garantidor. Nela, os bens pessoais do garantidor respondem pelo cumprimento da divida do devedor.

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Nesse grupo, encontram-se o aval e a fiança. Preliminarmente à descrição de aval e fiança, é importante ressaltar os seguintes

aspectos relativos a esse tipo de garantia. Quando prestada por sociedade, depende de inexistência de clausula proibitiva

nos Estatutos ou no Contrato Social. Se esses documentos forem omissos, faz-se necessária: no caso das sociedades anônimas a aprovação pela assembléia geral de acionistas ou pelo conselho de administração. Nos outros tipos de sociedade, exige-se a concordância por escrito de todos os sócios.

• Não tem qualquer sentido o aval ou fiança prestado por pessoa física a

firma individual de que é titular, uma vez que juridicamente são uma única pessoa (os patrimônios se confundem);

• As dívidas garantidas apenas por aval ou fiança são consideradas quirografárias, ou seja, não gozam de qualquer preferência na hipótese de falência, liquidação judicial ou insolvência civil do devedor;

• Para que produza resultados práticos, é indispensável que o avalista ou fiador detenha idoneidade moral e capacidade econômico-financeira compatível com a obrigação garantida

Aval Aval é a garantia pessoal prestada por alguém para o pagamento de um título de

crédito (cheques, duplicatas, notas promissórias, cédulas e notas de crédito, entre outros). No aval, o garantidor promete pagar a divida, caso o devedor não o faça.

O aval é garantia tipicamente dos títulos de crédito. Por esse motivo, o aval não é válido em contratos.

As principais características do aval são a autonomia e a solidariedade. Em função disso independentemente da data em que for concedido o aval, o coobrigado se torna co-responsável pelo pagamento da obrigação, podendo, inclusive, ser concedido o aval em títulos vencidos, produzindo os mesmos efeitos legais.

A autonomia confere outra característica ao aval: a obrigação do avalista existe independentemente da existência da obrigação que deu origem ao surgimento do título de crédito.

Por ser de natureza solidária, uma vez vencida a divida, o credor pode cobrar indistintamente o devedor ou o avalista. Se o título tiver varies avalistas, o credor pode cobrar, indistintamente, o devedor, alguns avalistas ou todos os coobrigados.

Outra característica do aval é o chamado direito de regresso. Uma vez que o avalistas pagou a divida objeto da garantia ele fica sub-rogado nos direitos de credor e por isso, poderá cobrar o devedor ou os demais avalistas.

De acordo com o Código Civil (Lei 10.406/2002 em seu art. 1.647), quando, o avalista for pessoa casada é necessária a assinatura do cônjuge, exceção dos casamentos: processados sob regime de separação absoluta de bens.

O aval pode ser:

1. Em branco: quando feito mediante simples assinatura do avalista no verso ou no anverso do documento, sem especificar a quem é dado.

2. Em preto: quando declarado o nome da pessoa por ele favorecida. Por exemplo: avalizo esta letra em favor de Fulano de Tal data - assinatura do avalista.

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3. Pode o aval ser dado ao avalista. Ter-se-á então aval de aval ou aval sucessivo.

Vale ressaltar que o Código Civil, em seu art. 897, parágrafo único, proíbe o aval parcial em títulos de crédito.

Fiança Esse tipo de garantia esta disciplinado nos arts. 818 a 839 do Código Civil. A fiança é uma obrigação escrita, não se admitindo interpretações não escritas. É

um contrato por meio do qual alguém, chamado fiador garante o cumprimento da obrigação do devedor. O fiador responde não só pelo valor da divida, mas também pelo pagamento de uma indenização ou multa, além de custas e juros de mora pelo atraso no pagamento.

A fiança é um contrato acessório, logo, a sua existência esta condicionada à existência de uma obrigação principal, e só pode ser prestada até o limite do valor da obrigação que lhe deu origem, e se o devedor principal não honrar o compromisso.

Os personagens existentes na fiança são: o fiador (pessoa que assume o compromisso de pagar a obrigação caso o devedor não o faça), o afiançado (o devedor principal da obrigação que deu origem a fiança), e beneficiário (o credor, aquele a favor do qual a obrigação deve ser cumprida).

A fiança pode ser concedida no próprio instrumento de contrato (através da inserção de clausula específica) ou em instrumento a parte (chamado de carta de fiança ou contrato de fiança). De acordo com o art. 828 do Código Civil, quando mais de uma pessoa prestar fiança em garantia de um único débito, os fiadores são considerados solidários, a não ser que na fiança seja estipulada textualmente, a parte da fiança que cabe a cada um deles no pagamento da divida.

Conforme o art. 1.647 do Código Civil, quando o fiador for pessoa física casada, é obrigatório a participação de ambos os cônjuges, exceto se o regime for de separação absoluta de bens.

Conforme a origem da divida garantida, a fiança classifica-se em civil e comercial.

Quando a dívida garantida for de natureza civil, a fiança é denominada fiança civil. As fianças prestadas em empréstimos bancários são exemplos de fianças civis.

Na fiança civil, assiste ao fiador o chamado beneficio de ordem - pode-se executar primeiro o financiado - (art. 827 do Código Civil). O beneficio de ordem consiste na prerrogativa conferida ao fiador de exigir que, primeiramente, sejam executados os bens do devedor principal e, para depois, lhes ser exigida a honra do restante da obrigação.

No entanto, o mercado bancário se utiliza do artifício da prestação da fiança com a expressa renuncia do beneficio de ordem e a declaração de solidariedade (para que o fiador possa ser executado junto ou primeiro que o afiançado) por parte do fiador. Com isso, o fiador passa a ser solidariamente responsável pelo pagamento da divida e o banco pode, em caso de atraso, cobrar indistintamente do devedor ou fiador, ou de ambos.

A fiança é dita comercial ou mercantil quando se destinar a garantir dividas oriundas de atos de comercio. Contudo, não é necessário que o fiador seja comerciante. Garantias Reais

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As garantias reais ocorrem quando, além da promessa de pagamento do devedor, ele ou um terceiro, oferecem ao credor o direito de garantia sobre um bem ou uma serie de bens que possui.

Diferentemente da garantia pessoal, onde o coobrigado assegura o pagamento da divida com todos os bens que possui, quando, alguém oferece um bem em garantia real, esse bem especifico servirá de garantia para a liquidação da obrigação. Após o vencimento, caso não ocorra o pagamento da divida, o credor pode, em juízo, requerer a posse do bem para vendê-lo, em hasta publica ou leilão, e utilizar o preço obtido para pagamento da dívida.

Havendo sobra, o valor será devolvido ao devedor. Caso o valor obtido com a venda não seja suficiente para a liquidação da divida, o devedor continua obrigado ao pagamento da dívida.

Para a validade da garantia é necessário que a instrumento de crédito especifique claramente o valor da dívida e os encargos incidentes, o prazo de pagamento das parcelas, se houver. Além disso, o instrumento deve identificar claramente o bem garantidor da operação.

Pela lei, para que o direito sobre o bem dado em garantia tenha validade contra terceiros, e necessário o registro do instrumento de crédito no cartório competente. Só assim o credor poderá perseguir o bem nas mãos de quem quer que o detenha, ou seja, deve-se efetuar o registro imediato do bem, caso contrário, o mesmo poderá ser usado para várias dívidas.

Ressalvadas as dividas fiscais, trabalhistas e previdenciárias, consideradas prioritárias, o credor da garantias reais tem o direito de preferência no recebimento das dividas do devedor em caso da falência, liquidação ou insolvência civil deste.

Depois que o bem objeto de garantia real for vendido e que os débitos, considerados legais (com o Governo e com os credores com garantia real) forem satisfeitos a sobra será utilizada para a honra das obrigações com os credores quirografários (últimos a receberem). Do contrário, se o valor da venda não for; suficiente para liquidação da divida objeto da garantia, o credor precisara habilitar-se no processo de falência pelo valor que resta receber, figurando, nesse caso, como credor quirografário.

Por esse motivo, o credor deve analisar criteriosamente o bem oferecido em garantia, avaliando-o por um preço que realmente seria obtido por ele no caso de uma venda para a liquidação de uma divida e o respectivo pagamento de honorários e custas envolvidas no processo.

No grupo das garantias reais, enquadram-se, entre outras, o penhor, a hipoteca, a alienação fiduciária e a fiança bancária.

FIANÇA AVAL Garantia Contratual Garantia Cambial Obrigação Acessória Obrigação Autônoma (Existe por si só) Caso não haja a renúncia do direito da ordem, o fiador só poderá ser executado após a cobrança do devedor

No vencimento, o credor poderá executar indistintivamente o devedor ou seu avalista

No caso de insolvência do fiador, o credor poderá exigir do devedor a sua substituição

Na hipótese de insolvência do avalista, o credor não poderá exigir do devedor a sua substituição

Sempre que estipulado previamente, o fiador também responde pelos encargos da dívida

Só será cobrado o valor do título

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Penhor Penhor é a submissão de um bem móvel, direitos ou títulos de crédito em

garantia do cumprimento uma obrigação (Um exemplo bem conhecido são os empréstimos feitos pela Caixa Econômica Federal, onde se deixa uma jóia em garantia do empréstimo). Esse tipo de garantia encontra amparo legal no Código Civil, arts. 1.431 a 1.472.

Atenção: Bens empenhados (ou apenhados) não é a mesma coisa de Bens Penhorados, nem tampouco penhor com penhora. Enquanto o penhor é um direito de garantia, a penhor é um ato judicial pelo qual os bens do devedor são vinculados a uma ação de execução. Bens apenhados ou empenhados são aqueles objeto de penhor, enquanto que bens penhorados são aqueles que foram objeto de penhora judicial.

Como regra geral, de acordo com o art. 1.431 do Código Civil, os bens empenhados devem ter sua posse transferida para o credor, a exceção de bens objeto de penhor rural, mercantil ou de veículos, os quais permanecem na posse do devedor. Como o bem geralmente fica na posse do credor não é obrigatório o registro do penhor no cartório, apesar de ser recomendado.

O registro do penhor faz com que ele tenha eficácia contra terceiros, e permite que o banco persiga o bem onde quer que ele esteja.

Uma primeira classificação quanto aos tipos de penhor é: penhor convencional, quando acordado entre as partes, e penhor legal quando determinado por lei.

PENHOR PENHORA

Negociação Bilateral Decisão Judicial Empenhados ou apenhados Penhorado

O penhor classifica-se ainda em: 1. Quanto ao Instrumento: a) Penhor Cedular: é o penhor de bens móveis ou mobilizáveis

formalizado através de cédulas de crédito (rural, industrial, comercial, de crédito a exportação etc.). Seu registro é feito no Cartório de Registro de Imóveis;

b) Penhor Contratual: é o penhor de bens moveis ou mobilizáveis formalizado através de contratos. Seu registro se da no Cartório de Registro de Títulos e Documentos.

2. Quanto às espécies: de acordo com o Código Civil, o penhor pode ser classificado como:

a) Penhor Comum: é o tipo de penhor onde o devedor ou um terceiro, entrega ao credor o bem móvel em garantia. Os bens ofertados em penhores da espécie são jóias, títulos de créditos sobre bens móveis. O registro dessa operação se dará no Cartório de Registro de Títulos e Documentos.

b) Penhor Rural: está relacionado com garantias de operações de crédito ligados ao crédito rural. O penhor rural subdivide-se em penhor agrícola e penhor pecuário, de acordo com o art. 1.442 do Código Civil, são objeto de penhor agrícola as colheitas (pendentes ou em via de formação), os frutos extraídos de produção espontânea do solo, as máquinas e equipamentos agrícolas e os animais utilizados no serviço diário da atividade agrícola. São objetos de penhor pecuário os animais ligados a atividade pastoril, de laticínios ou agrícola, com a finalidade econômica.

c) Penhor Mercantil ou Industrial: esse tipo de penhor está disciplinado nos artigos 1.447 a 1.450 do Código Civil, e ocorre quando o proprietário de um bem móvel

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(ligado a sua atividade comercial) devedor ou terceiro, o dá em garantia de obrigação mercantil ou comercial;

Sobre o penhor rural, merecem destaque: a) A posse do bem empenhado continua na posse do devedor, que tem a

obrigação de guardar e cuidar; b) A obrigatoriedade de registro no Cartório de Registro de Imóveis da

circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas. Para tanto, o instrumento utilizado é a Cédula Rural Pignoratícia – derivado de penhor - (art. 1.438 do Código Civil);

c) Quando se tratar de penhor cedular de safra, alem do registro, é importante que o banco notifique a existência de penhor a eventuais compradores, do produto, indicando o nome e os produtos que foram oferecidos em penhor. Essa notificação deve ser feita antes da colheita, o mais rapidamente possível;

d) Os prazos máximos para o penhor agrícola e o penhor agropecuário são de três a quatro anos respectivamente, prorrogáveis, uma só vez ate o limite de igual tempo (art. 1.439 de Código Civil);

e) A legislação confere ao credor o direito de verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por pessoa que credenciar (art. 1.441 do Código Civil);

f) O penhor agrícola que recai sobre colheita pendente, ou em via de formação, abrange a colheita imediatamente seguinte, no caso de frustrar-se ou ser insuficiente a colheita dada em garantia. Entretanto, se o credor não financiar a nova safra, poderá o devedor constituir com outrem novo penhor, em quantia máxima equivalente a do primeiro, o segundo penhor terá preferência sobre o primeiro, abrangendo este apenas o excesso apurado na colheita seguinte (art. 1.443 do Código Civil).

As principais características do penhor mercantil são:

• O bem apenhado é transferido real ou simbolicamente pelo devedor (se o devedor não puder sair do local);

• Podem ser recebidos em penhor mercantil: máquinas, aparelhos, materiais instrumentos, instalados e em funcionamento, com os acessórios ou sem eles; animais utilizados na indústria; sal e bens destinados a exploração das salinas; produtos da suinocultura, animais destinados a industrialização de carnes e derivados; matérias-primas e produtos industrializados (art. 1.447 do Código Civil).

• A formalização de penhor industrial ou mercantil e feita através de Cédulas de Crédito públicas ou particulares, as quais serão registradas o Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição onde estiverem situadas as coisas empenhadas (art. 1.448 do Código Civil);

• No caso de penhor de matéria-prima ou estoque o devedor, industrial ou comercial, deve manter em estoque quantidade desse produto ou de bens suficiente para a honra da garantia das obrigações assumidas. Assim, deve ser mantido constante controle sobre a quantidade dos bens apenhados. A critério do banco, a garantia sobre matéria prima ou estoque pode ser substituída, mediante endosso pleno, por títulos representativos da sua comercialização (duplicata mercantil).

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Da mesma forma que no penhor rural, o credor tem o direito de verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se acharem por si ou por pessoa que credenciar (art. 1451 do Código Civil).

Segundo o Código Civil, também podem ser objeto de penhor veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou condução. A constituição do penhor se dará mediante instrumento (público ou particular), registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor e anotado no certificado de propriedade. O prazo máximo do penhor de veículos é de dois anos prorrogável por até mais dois. Apesar do registro no Cartório lide Títulos e Documentos, o instrumento de formalização é uma Cédula de Crédito. Ainda de acordo com o Código, os veículos oferecidos em penhor devem estar previamente segurados contra furto (credor como beneficiado), avaria, perecimento danos causados a terceiros. Aqui também, a posse do bem fica com o devedor. Por isso, o credor, tem o direito de verificar o estado do veiculo empenhado, inspecionando-o onde se achar, por si ou por pessoa que credenciar.

O Código Civil também faz menção ao Penhor de Direitos e Títulos de Crédito, nos arts. 1.461 a 1.461 Podem ser objeto de penhor os direitos, suscetíveis de cessão, sobre coisas móveis. A constituição se dá através de instrumento publico ou particular, registrado no Registro de Títulos e Documentos, e o titular do direito empenhado deverá entregar ao credor pignoratício os documentos comprobatório desse direito, salvo se tiver interesse legitimo em conservá-los.

Cabe ao credor pignoratício de Direitos e Títulos de Crédito a prática de todos os atos necessários a conservação e defesa do direito empenhado, e a cobrança de juros, encargos e prestações acessórias compreendidas na garantia. Nesses atos inclui-se a obrigação de cobrar o crédito empenhado, assim que se torne exigível. Uma vez recebido o crédito pignoratício vencido, o credor tem o direito a reter, da quantia recebida, o que lhe é devido, restituindo o restante ao devedor; ou a excutir a coisa a ele entregue (Excutir: venda judicial do bem dado em garantia).

Ainda segundo o Código Civil (art. 1436), o penhor se extingue nas seguintes situações:

I. Extinguindo-se a obrigação; II. Perecendo a coisa;

III. Renunciando o credor; IV. Confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e dono da coisa; V. Dando-se a adjudiação* judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada,

feita pelo credor ou por ele autorizada. * Ato judicial em que o credor recebe a coisa penhorada em pagamento de seu crédito. Só cabe se na praça ou leilão não houve nenhum licitante. FONTE: http://www.aba.adv.br/index.php?action=verpaed&idartigo=50

A Alienação Fiduciária

A alienação fiduciária em garantia foi criada no direito brasileiro, pelo Artigo 66 da Lei n° 4.728, 14/7/65 conhecida como "Lei do Mercado de Capitais".

A alienação fiduciária ou alienação em garantia baseia-se na transferência da propriedade de um bem ao credor, como forma de garantia do cumprimento de determinada obrigação por parte do devedor. Além da propriedade, o credor fiduciário passa a ter a posse indireta do bem, enquanto que o devedor permanece com sua posse direta, na qualidade de fiel depositário.

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Por exemplo: O comprador de um bem para pagamento a prazo (automóvel, por exemplo), desde que gravado com clausula de alienação fiduciária, tem a posse direta e o uso do objeto, sendo também seu depositário legal, mas não possui a propriedade e a posse indireta, que pertencem fiduciariamente ao credor. Logo, o possuidor de coisa gravada com alienação fiduciária não pode aliená-la, enquanto não quitar a divida e der baixa no respectivo contrato.

A alienação fiduciária gera a transferência da propriedade ao credor. Mas ocorrem duas declarações de vontade geminadas: a) Uma de alienação, pela qual a coisa passa ao domínio do adquirente; b) Outra, exprimindo o seu retorno ao devedor, condicionado ao pagamento da divida.

A propriedade fiduciária cessa para o credor, assim que a divida é paga. Logo, o devedor readquire a propriedade da coisa pelo simples pagamento da divida.

O devedor, embora tenha transferido fiduciariamente a coisa ao credor, conserva-a em seu poder na condição de depositário, sujeitando-se a sua conservação, sob as penas da lei civil penal.

O objeto da alienação fiduciária em garantia é um bem móvel. Além dos bens móveis, podem objeto de alienação fiduciária em garantia:

• Bens presos ao solo, desde que possam ser destacados sem sofrer destruição, modificação, fratura ou dano;

• Bens fungíveis, isto é, aqueles substituíveis por outros do mesmo gênero, qualidade e quantidade, desde que o instrumento seja cédulas de crédito crédito (comercial, industrial ou de crédito a exportação) e comprovada a não preexistência de ônus sobre bens semelhantes a favor de outro credor.

Não é admissível o acolhimento em alienação fiduciária de matéria-prima destinada

a transformarão em produto acabado, assim como de produtos que, por sua natureza e destinação não devam ou não possam permanecer em poder do devedor por largo tempo e sem sofrer transformação. Igualmente ressalvada a hipótese de cédula de crédito comercial, não poderão ser recebidos em alienação fiduciária bens consumíveis ou destinados a pronta comercialização.

Ao contrário do que ocorre com a hipoteca e com o penhor cedular, a alienação fiduciária não admite novas vinculações em graus subseqüentes, mesmo que seja em favor de um mesmo credor.

Para valer contra terceiros, a alienação fiduciária deve ser registrada no Cartório de Registro de Títulos e Documentos ou, no caso de cédulas, no Cartório de Registro de Imóveis, A alienação fiduciária de veículos automotores deve constar ainda, no Certificado de Registro e Licenciamento do Veiculo e, no caso de navios e aeronaves, nos registros próprios (Capitania dos Portos e DAC -Departamento de Aviação Civil). O instrumento de alienação conterá, além de outros dados, os seguintes: a) O total da divida ou sua estimativa; b) O local e a data de pagamento; c) A taxa de juros, as comissões e, eventualmente, a clausula penal e a estipulação de correção monetária, com indicação dos índices aplicáveis; d) A descrição do bem, objeto da alienação fiduciária, e os elementos indispensáveis à sua completa identificação;

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Ainda com relação ao registro da alienação fiduciária de aviões e navios, devem ser observados os seguintes condicionantes: e) Em se tratando de aeronave, o registro se dará exclusivamente através de cédulas de crédito (comercial, exportação ou industrial); f) No caso de embarcação (marítima, fluvial ou lacustre), admite-se o registro através cédulas de crédito (comercial, a exportação, ou industrial), ou através de contrato por instrumento público (comercial, a exportação, ou industrial).

Uma das grandes vantagens da alienação fiduciária é a facilidade de execução através da ação de busca e apreensão. Por essa razão, afirma-se que ela e uma das formas mais seguras de garantia, ou seja, maior garantia para o credor.

Para que o banco ingresse com uma ação de busca e apreensão é necessário que o devedor seja constituído em mora, através de notificação extrajudicial, entregue a ele através de Cartório de Títulos e Documentos.

Vale salientar que a busca e apreensão pode não ser a melhor alternativa, Nas situações onde o valor do bem alienado não é suficiente para a honra da obrigação vencida, ou quando existem outros bens de maior valor tenha sido dados em garantia ou passíveis de penhora, o banco pode optar tanto pela busca e apreensão, quanta pela ação de execução ou outra ação que julgar mais conveniente.

Portanto, caso o devedor não liquide a obrigação no vencimento, o credor poderá recorrer a uma das seguintes alternativas:

1. Venda extrajudicial, independentemente de o bem estar em sua posse

direta. Salvo convenção em contrário; 2. Ação de busca e apreensão, com o objetivo de obter a posse direta do

bem para vendê-lo; 3. Ação de execução, para penhora e alienação judicial de bens do devedor,

não incluído nestes o bem dado em garantia fiduciária, por pertencer ao credor;

4. Ação de depósito, para obter a restituição do bem, sob pena de prisão do depositário, caso não seja entregue a coisa ou seu valor equivalente em dinheiro.

De posse do bem alienado, o credor deverá vendê-lo e utilizar o valor obtido na

venda, no pagamento de seu crédito, ou seja, o credor não pode ficar com o bem se a divida correspondente não for paga no vencimento. Se o valor de venda ultrapassar o da divida, o saldo será restituído ao devedor. Caso contrário, o credor poderá executar o devedor pelo saldo restante, exigindo-o inclusive dos coobrigados, se houver. Ou seja, o devedor e coobrigados continuam responsáveis pela parte da divida que não foi liquidada com a venda do bem alienado.

Além dos bens relacionados anteriormente, recentemente, os imóveis também passaram a integrar a relação de itens passiveis de alienação fiduciária (através da Lei 9.514, de 20/11/1997) De acordo com essa lei, na aquisição de um bem imóvel através de financiamento, esse bem pode ser dado em alienação fiduciária em garantia em contratos. Contudo, para que ela tenha valor contra terceiro, faz-se necessária a averbação do contrato no Registro de Imóveis competente. Esse contrato pode ser através de instrumento publico ou particular.

Da mesma forma que nos demais tipos de alienação fiduciária, o instrumento de crédito deve conter as seguintes informações:

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I. O total da divida, ou sua estimativa; II. O prazo, ou a época do pagamento; III. A taxa de juros, se houver; IV. A descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos

indispensáveis a sua identificação.

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PARTE 10 – HIPOTECA, FIANÇA E FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO (FGC)

Hipoteca

A hipoteca é a operação do domínio sobre bens imóveis, navio ou avião, em garantia do cumprimento de uma obrigação dê ordem econômica, sem que haja transferência da posse do bem gravado para o credor hipotecário, conferindo a este um duplo direito:

1. O de preferência, que consiste em fazer vender judicialmente, a coisa dada em

garantia, para ser pago o que lhe é devido, com preferência a qualquer outro credor:

2. O de seqüela, ou seja, o de procurar perseguir a coisa onde quer que se encontre ou em poder de quem quer esteja, penhorando-se.

A hipoteca é, pois, um contrato acessório, pressupondo a existência de um

contrato ou uma obrigação principal, por ela garantida. Constitui-se em um direito real sobre a coisa dada em garantia. E esta coisa deve ser imóvel ou bem de raiz. Neste particular esta a principal diferença para o penhor, cuja garantia recai em coisa móvel e que se tradicional (transfere) para a posse do credor.

Na hipoteca não há, nem é da sua natureza a tradição (entrega da coisa). A hipoteca pode recair em imóvel pertencente ao devedor, isto e, de propriedade dele, ou de imóvel alheio, desde que o proprietário venha pessoalmente (ou por procurador) oferecer a garantia dele a obrigação de outrem. Podem ser objeto de hipoteca:

• Estradas de ferro, minas e pedreiras, independentemente do solo onde se acharem;

• Embarcações de grande porte e aeronaves; • Imóveis rurais e urbanos, exceto quando:

1. O imóvel estiver registrado como bem de família; 2. O imóvel estiver registrado com cláusulas de impenhorabilidade

ou inalienabilidade; 3. O imóvel rural com área inferior a um módulo (terreno mínimo

para subsistência), que seja a única propriedade do devedor ou, embora não sendo a única, seja trabalhada exclusivamente pela família.

A hipoteca abrange construções, maquinaria fixa ou presa ao solo, instalações e

benfeitorias que não podem ser retiradas, alteradas ou destruídas sem o consentimento por escrito do credor.

A hipoteca poderá ser formalizada por cédulas de crédito (comercial, industrial ou a exportação) ou contrato por escritura pública. Em qualquer situação, ela devera ser obrigatoriamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis da localidade do bem, ou no órgão competente do Ministério da Aeronáutica ou da Marinha, conforme o caso. Em se tratando de linhas férreas, de acordo com art. 1.502 do Código civil, o registro se

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dará no município da estação inicial da respectiva linha. Só após o registro, o bem dado em garantia pode ser cobrado em ação de execução.

De acordo com o Código Civil (art. 1.476), o proprietário do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou de outro credor.

Quanto ao prazo, de acordo com o Código Civil (art. 1.485) o prazo da hipoteca, incluindo suas possíveis prorrogações, não poderá ser superior a 20 anos. Caso ultrapasse esse prazo, a hipoteca só poderá subsistir mediante a constituição de novo título e, por conseqüência, de novo registro, mantendo-se, contudo, a precedência original.

Quando o imóvel for de propriedade de pessoa física casada, é obrigatória a assinatura de ambos os cônjuges na prestação da garantia hipotecária, exceto se o casamento se der sob o regime de separação de bens.

A hipoteca pode ser convencional, legal e judicial. Decorre a primeira de contrato entre as partes; a legal, da própria lei e a judicial, de sentença condenatória.

Não são aceitos em hipoteca imóveis gravados com clausula de inalienabilidade, impenhorabilidade ou usufruto.

De acordo com o art. 1.499 do Código Civil, a hipoteca extingue-se: a) pelo desaparecimento da obrigação principal; b) pela destruição da coisa ou resolução do domínio; c) pela renúncia do credor; d) pela remição: e) pela sentença passada em julgado; f) pela prescrição; g) pela arrematação ou adjudicação. -Adjudicar: é o ato judicial pelo qual se transfere a propriedade de um bem

penhorado ao exeqüente em uma ação de execução por conta de uma dívida, ou de uma parte dela. O valor do imóvel e determinado pelo preço da avaliação judicial;

-Remição: pagamento do valor do bem dado em garantia real, para liberação do ônus existente.

Fiança Bancaria

É uma garantia semelhante a fiança tradicional, a não ser pelo fato de que o fiador (pessoa responsável pelo pagamento da obrigação, caso o titular não o faça) é um banco. Como toda fiança, a bancária é uma obrigação acessória, que só existe em função de uma obrigação principal.

Por ser uma garantia prestada pelo banco, esse compromisso só vai ser assumido pela instituição em favor dos clientes mais tradicionais, classificados como de baixíssimo risco pelo banco. Essa decisão e tão importante que, geralmente, é de responsabilidade da diretoria ou do comitê central de análise de crédito da instituição, já que, o não cumprimento de uma fiança por parte do banco, em função do serio dano a sua imagem e ao sistema financeiro como um todo, pode significar o fechamento de suas portas.

Por isso, mesmo para os clientes que julgue merecedores, os bancos são bastante rigorosos quanto às garantias que o seu cliente deverá apresentar para que eles possam figurar como fiadores.

As garantias exigidas pelo banco são reais, e vai desde a internalização do valor correspondente a fiança, em reais, aplicados em investimentos no banco, ate a caução de

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títulos de crédito em favor do afiançado. Naturalmente, o valor total desses títulos deve ser suficiente para a cobertura do valor da fiança.

Por isso que, para o credor, quando ele recebe uma fiança de uma instituição financeira, isso significa que, com quase toda certeza, ele receberá o serviço ou o produto contratados, ou receberá o correspondente em dinheiro, já que existe uma instituição financeira co-responsável pelo pagamento daquela obrigação.

Além dos custos de registro da fiança, os bancos cobram tarifas de seus clientes, cujos valores são negociados caso a caso.

As fianças bancárias são exigidas principalmente como instrumento obrigatório para participação em grandes licitações, como instrumento de garantia do pagamento de multas e despesas inerentes ao processo, cobradas do concorrente vencedor caso ele não cumpra todas as condições exigidas no processo licitatório. Também podem ser exigidas dos clientes que necessitam de crédito em outras instituições financeiras, ou para as indústrias que estejam demandando recursos oficiais para o financiamento de suas exportações, ou ainda, em algumas negociações na BM&F (em operações no mercado de derivativos).

Uma característica importante da fiança bancaria e que ela não é uma operação de crédito. Por isso, o afiançado não está sujeito ao pagamento do IOF. Porem, caso o banco seja obrigado a honrar a fiança por seu cliente, a operação passa a se configurar como um crédito concedido pelo banco a um cliente, e ele, alem do IOF, estará sujeito ao pagamento de encargos de atraso (juros e multa) pactuados com o banco na época da contratação da carta de fiança,

Com referência ao prazo da fiança, Fortuna (2002, p.243) afirma que o prazo da fiança não deve exceder 12 meses e, que, em se tratando de concorrência publicada, prazo máximo cai para seis meses. Ele afirma ainda, que o limite máximo de fianças não pode ser superior a cinco vezes o patrimônio de referenda do banco.

Ainda de acordo com Fortuna, as principais situações onde o Banco Central autoriza um banco a outorgar uma carta de fiança são as seguintes:

• participação em concorrências públicas ou particulares, licitações,

tomadas de preços; • contratos de construção civil; • contratos de execução de obras; • contratos de prestação de serviços; • contratos de execução de obras adjudicadas por meio de concorrências

públicas ou particulares; • contratos de prestação de serviços em empreitadas; • contratos de fornecimento de mercadorias, máquinas, materiais, matérias-

primas, etc.; • aquisição ou compra de mercadorias, produtos, matérias-primas, (no País

ou no exterior), até determinado valor, garantindo praticamente um limite de crédito para compras, em um determinado valor e num determinado período;

• compra especifica de mercadorias, produtos, máquinas, equipamentos, matérias-primas (no País ou no exterior), comprovada através de copias de pedidos, ordens de compras, contratos, faturas pro forma, guias de importação;

• liberação de veículos e outros bens móveis, vinculados a contratos por alienação fiduciária, convenio, caução, penhor mercantil ou hipoteca;

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• obtenção de liminar resultante de mandado de segurança destinado a sustar cobrança de impostos e taxas (prazo indeterminado, sujeito a multa, juros e correção monetária);

• interposição de recursos em processo administrativos judiciais (prazo indeterminado sujeito à correção monetária);

• pagamento de débitos fiscais previdenciários, trabalhistas ou seu parcelamento (prazo indeterminado sujeito à correção monetária);

• operações ligadas ao comercio exterior. Por outro lado, segundo ele, o Banco Central, nas suas atribuições, veta

concessão de Carta de Fiança: a) que possam, direta ou indiretamente, ensejar aos favorecidos a obtenção

de empréstimos em geral, ou o levantamento de recursos junto ao público, ou que assegurem o pagamento de obrigações decorrentes da aquisição de bens e serviços;

b) em moeda estrangeira ou que envolva risco de variação de taxas de câmbio, exceto quando se tratar de operações ligadas ao comercio exterior;

c) vinculadas, por qualquer forma, a aquisição de terrenos que não se destinem a uso próprio ou que se destinem a execução de empreendimentos ou unidades habitacionais;

d) à diretoria do banco e membros do conselhos consultivos ou administrativos, fiscais e semelhantes, bem como ao respectivos cônjuges, e seus parentes, até 2o grau;

e) às pessoas jurídicas de cujo capital participem com mais de 10% quaisquer diretores ou administradores da própria instituição financeira bem como cônjuges e respectivos parentes, ate o 2o grau.

Segundo Fortuna (2002, p.245), os principais tipos de fianças bancárias

existentes são: a) BID BOND: fiança bancaria cuja finalidade é habilitar o afiançado a

participar de concorrências intencionais. Ela garante a venda dos bens ou a prestação dos serviços no preço, prazo e demais condições acordadas no contrato.

b) PERFORMANCE BOND: fiança prestada por um banco a um cliente que tenha-assumido um contrato de execução longa (ciclo de produção longo). Ela tem a finalidade de proteger o fabricante de perdas resultantes da eventual, não conclusão do contrato na forma como foi contratada. Está muito ligada a obras públicas (construção de estradas ou ferrovias), ou fabricação de navios, aviões ou bens de capital. Um exemplo de uma possível utilização desse tipo de carta de fiança seria nos contratos de fornecimento de aviões da EMBRAER. Para o comprador externo de produtos nacionais, essa carta representa a garantia de entrega do produto no exterior, na forma, preço, qualidade e prazo contratados:

c) ADVANCED PAYMENT BOND: é uma garantia de pagamento antecipado emitido em moeda estrangeira pelo banco ao seu beneficiário no exterior, como forma de lhe assegurar o adiantamento previsto nos contratos comerciais de fornecimento de bens ou prestação de serviços pela empresa brasileira;

d) REFUNDMENT BOND: carta de fiança que garante o recebimento do valor pago antecipadamente pelo importador no caso do não-cumprimento da exportação contratada. Ela assegura ao importador a devolução do montante antecipado ao exportador.

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Fundo Garantidor de Créditos (FGC) O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é uma associação civil sem fins lucrativos

com personalidade jurídica de direito privado. Sua sede situa-se na cidade de São Paulo. Foi regulamentado pela Resolução n° 2.211 do BACEN em 16/11/95 e pela

Circular n° 2.928, de 09/09/99, que define a base de calculo para a determinação do recolhimento na forma dos saldos de final do mês de certos títulos e subtítulos do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional. Atualmente, seu regulamento e estatutos estão consolidados na Resolução CMN no. 3.251 de 16/12/2004.

O FGC tem por objeto prestar garantia de créditos contra instituições dele participantes, nas hipóteses de:

• Decretação da intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de

instituição; ou, • Reconhecimento, pelo Banco Central do Brasil, do estado de insolvência

de instituição; ou, • Ocorrência de situações especiais, não enquadráveis nas possibilidades

anteriores, desde que ocorra um prévio entendimento entre o BACEN e o FGC.

O prazo de duração do FGC é indeterminado. São participantes do FGC os

bancos comerciais, os bancos de investimento, os bancos de desenvolvimento, a Caixa Econômica Federal, as Sociedades de Crédito Financiamento e Investimento, as Sociedades de Crédito Imobiliário, as Companhias Hipotecárias e as Associações de Poupança e Empréstimo, em funcionamento no País, e que:

• recebem depósitos a vista, a prazo ou em contas de poupança; • efetuam aceite em letras de câmbio; • captam recursos através da colocação de letras imobiliárias, letras

hipotecarias e letras de crédito imobiliário. Percebe-se que, das instituições que administram fundos de investimentos não

fazem parte do grupo participante do FGC. Por isso, os recursos investidos nessa modalidade não são garantidos pelo FGC.

De acordo com o regulamento do fundo, em seu art. 2º, são objetos da garantia proporcionada pelo FGC os seguintes créditos:

• depósitos a vista ou sacáveis mediante aviso prévio; • depósitos em contas-correntes de depósitos para investimento; • depósitos de poupança; • depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado; • depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheques destinadas

ao registro e controle do fluxo de recursos referentes a prestação de serviços de pagamento de salários, vencimentos;

• aposentadorias, pensões e similares; • letras de câmbio; • letras imobiliárias; • letras hipotecárias, e • Letras de Crédito Imobiliário.

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CDB e RDB não são garantidos pelo FGC Mesmo para as instituições integrantes do fundo, de acordo com o seu

regulamento, não são objeto de garantia: os depósitos, empréstimos ou quaisquer outros recursos captados ou levantados no exterior; as operações relacionadas a programas de interesse governamental instituídos por lei e os depósitos judiciais.

De acordo com a Resolução CMN N° 3.400, de 06/09/2006, o total de créditos de cada pessoa contra a mesma instituição, ou contra todas as instituições do mesmo conglomerado financeiro, será garantido até o valor máximo de RS 60.000,00 (sessenta mil reais). Devem ser somados os créditos de cada credor identificado pelo respectivo CPF ou CNPJ contra todas as instituições do mesmo conglomerado financeiro.

No caso de contas conjuntas tituladas por cônjuges e seus dependentes, o valor da garantia é limitado a R$ 60.000,00 para cada um respeitando o saldo da conta.

Entretanto, no caso de contas conjuntas não tituladas por cônjuges e dependentes, o limite da garantia e de R$ 60.000,00, ou o saldo da conta, dos dois o menor. Esse valor será dividido pelo numero de titulares, sendo o crédito do valor garantido feito de forma individual.

Ainda de acordo com a Resolução mencionada acima, a garantia proporcionada pelo FGC deve ser custeada por contribuições ordinárias das instituições participantes. As contribuições ordinárias são devidas e recolhidas mensalmente, e resultam da aplicação da alíquota de 0,0125% sobre a média de saldos diários das contas correspondentes as obrigações objeto de garantia, devendo ser utilizados, para fins de cálculo do seu valor, os dados constantes do balancete do mês imediatamente anterior. Alem disso, de acordo com o estatuto do FGC, também contribuem, para a composição do seu saldo as taxas de serviços decorrentes da emissão de cheques sem provisão de fundos.

Ainda sobre o FGC, ressalte-se que seu regulamento também prevê que, quando as disponibilidades de recursos atingirem 2% (dois por cento) do total dos saldos de todas as contas cobertas pela garantia, no conjunto das instituições associadas, o conselho de administração, por proposta da diretoria executiva, devidamente fundamentada, apresentada ao Banco Central do Brasil, para exame e submissão a previa autorização do Conselho Monetário Nacional, pode deliberar a suspensão temporária das contribuições das instituições associadas para o fundo.

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PARTE 11 – SOCIEDADE DE FOMENTO MERCANTIL

A operação de factoring (ou fomento mercantil) consiste, basicamente, em um sacador (pessoa que vende seus ativos) e uma casa compradora (factor), que fornecerá o dinheiro ao sacador, mediante um deságio sobre o valor de face deste ativo. Esse ativo é, normalmente, uma duplicata.

É, portanto, uma atividade de prestação de serviço associada a compra de direitos de um contrato de venda mercantil, desenvolvido por uma empresa de caráter comercial. Por essa razão, as empresas de factoring precisam se registrar na Junta Comercial.

Existe um custo implícito nesta operação, por isso o deságio varia de acordo com as taxas de mercado para o custo do dinheiro, que pode ser balizado em CDB ou no CDI mais um spread obtido através da soma dos custos administrativos, dos impostos, do risco e da margem de lucro praticada pela empresa de factoring. O nome atribuído ao deságio cobrado pelas factoring é fator.

Nessa atividade, os principais riscos existentes se concentram na idoneidade dos ativos adquiridos. As casas de fomento comercial têm de ser extremamente eficientes na analise do risco representado pela qualidade dos sacados.

Esta modalidade de fomento mercantil é direcionada principalmente às pequenas e medias empresas que, por algum motivo, encontram dificuldades de, obter recursos junto bancos. Alguns bancos, inclusive, já criaram suas casas de factoring.

Assim, para as pequenas e médias empresas que não dispõem de suporte para acompanhamento de suas aplicações de crédito e financiamento, ou que não tem condições para cumprir as exigências dos bancos quanto a reciprocidade na concessão dos créditos, recomenda-se que avaliem a possibilidade de utilizar uma factoring para as suas necessidade de capital de giro. Essa analise deve considerar a relação custo/beneficio.

Fortuna (2002, p. 609) classifica os serviços oferecidos pelas factoring em quatro tipos: transação com duplicatas, maturity, over-advanced e trust. Segundo ele, a transação com duplicatas envolve principalmente a compra de duplicatas a vencer da empresa, com deságio. O custo desse deságio é proveniente da remuneração dos CDB/CDI oferecida pelos bancos, e de um spread capaz de cobrir os custos, os riscos operacionais fixos e os riscos do não-recebimento da duplicata, no caso de antecipação dos recursos a vista.

O Maturity implica a total assunção de qualquer crédito da empresa pela casa de factoring, ou seja, em caso de calote do devedor, a empresa que contratou os serviços do factoring não sofrera qualquer prejuízo.

O Over-Advanced é um adiantamento de recursos para a empresa comprar insumos ou efetuar investimentos de pequeno porte.

O Trust é a transferência, para a casa de factoring, da administração dos negócios da empresa, envolvendo desde as operações financeiras, o monitoramento do fluxo de caixa, até as atividades necessárias para levar a frente a produção, ou seja a factoring é responsável pela prestação de serviços financeiros da empresa.

Atualmente, no Brasil, só a primeira destas quatro modalidades está sendo trabalhada. Os custos de cada uma dessas operações ira sempre depender d quantia envolvida e dos riscos assumidos pelo factor. Esses riscos são sempre avaliados através da cuidadosa analise da empresa candidata e de seus parceiros comerciais.

Desde setembro de 1988, as factoring deixaram de ser fiscalizadas pelo mercado financeiro. Hoje, o factoring é uma atividade essencialmente mercantil, em que o pré-

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requisito é o registro na Junta Comercial, não sendo fiscalizada nem regulamentada pela CVM ou BACEN.

Assim, a operação de factoring não se caracteriza como atividade financeira, porque a empresa de factoring não pode devolver o contrato para o vendedor original da mercadoria, já que não tem o direito de regresso e não pode parcelar os pagamentos.

Além de operar com recursos de conta própria, uma factoring pode captar recursos através da emissão debêntures, commercial papers, ou através da contratação de empréstimos junto aos bancos, oferecendo como garantia a cessão de crédito de sua carteira de títulos.

É comum em diversos lugares do mundo um banco emprestar dinheiro a uma empresa de factoring. É uma das atividades bancárias mais rentáveis e disputadas no mercado. Nesse caso, a factoring trabalha como uma intermediadora financeira, tomado recursos junto aos bancos e repassando aos clientes de sua carteira. Além do crédito, a factoring pode oferecer aos seus clientes acessoria financeira ou a prestação de determinados serviços.

É da eficiência da empresa em operar junto ao banco, na obtenção de recursos, que vai depender o fator (deságio) pelo qual ela estará adquirindo os contratos mercantis junto a seus clientes.

Vale ressaltar que a compra de uma duplicata por empresa de factoring não é a mesma coisa operação de desconto de duplicatas por um banco. No caso do desconto, o banco não compra o título, apenas adianta um recurso ao seu cliente, tendo como garantia a cessão do direito creditório sobre aquele. Entretanto, caso o título não seja pago pelo sacado, o banco tem o direito de exigir de seu cliente a liquidação daquela obrigação.

Apesar da diferença, as taxas praticadas pelos nos descontos de duplicatas também como um abalizador para as taxas pelas factoring em suas transações.

No Brasil a atividade tem um órgão de classe, a ANFAC que divulga todos os dias uma taxa representativa do fator de compra dos créditos, como orientação para os associados. Ela também procura disciplinar a atividade, publicando um código de ética e uma relação com os princípios e deveres do agente de fomento mercantil.

Fortuna (2002, p. 610) apresenta uma comparação entre as atividades de um banco e de uma empresa de factoring. O quadro mostra a complementaridade dessas atividades. Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

Um sistema de pagamentos corresponde a um conjunto de regras, procedimentos

e sistemas integrados, atuando em conjunto para permitir que seus usuários possam transferir recursos efetuar pagamentos. Assim também funciona o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Através dele, os bancos e os seus clientes podem transferir recursos entre si ou efetuar pagamentos em favor do Governo ou de uma empresa.

Todas as vezes que ura cliente utiliza o cartão de crédito ou o cartão de débito farão o pagamento e uma compra, mesmo sem saber, ele está utilizando o SPB. Da mesma forma, quando uma empresa paga um imposto, que via Internet, ou através do caixa da instituição financeira, também está utilizando o SPB. Da mesma forma, quando um banco transfere recursos para outro, também utiliza o SPB.

Até abril de 2002, os clientes utilizavam o sistema, através da Câmara de Compensação (COMPE). A COMPE tem uma característica que deixava o sistema extremamente venerável: a liquidação financeira (transferência do dinheiro) só

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acontecia no dia útil seguinte à transferência das informações. Como exemplo, imagine que um cliente resolveu transferir para outro, em outro banco, a importância de R$ 1 milhão. Essa informação era passada de um banco para outro e no final de um dia. O banco recebedor imediatamente liberava o recurso para seu cliente, porém o dinheiro só entrava no seu caixa no final do dia seguinte. Basicamente, era assim o passo a passo por trás de um DOC. Imagine se no final do dia seguinte, o banco que recebeu a informação, descobre-se que o banco que enviaria os recursos fechou as portas.

Até então, as transferências tinham o mesmo tratamento, independentemente dos valores envolvidos. Considerando que todos os bancos, diariamente, efetuam transferências entre si, essa situação contribuía decisivamente para o alto risco sistêmico do nosso sistema de pagamentos. Caso uma instituição financeira quebrasse, se o Governo não interviesse, poderia causar um efeito domino, levando a falência outras, instituições financeiras. Mesmo aquelas não ligadas ao banco causador do problema inicial poderiam sofrer as conseqüências dessa reação, em cadeia.

Em resumo, a situação de nosso sistema era a seguinte: se um banco deixasse de pagar qualquer conta ou transferir qualquer recurso para outro, ele estaria quebrando a cadeia de pagamentos entre todos os bancos e gerando o risco sistêmico. Quando isso acontecia, o Governo, através do BACEN, era obrigado a intervir, socorrendo aquela instituição financeira causadora do problema, e evitando uma crise generalizada em nosso sistema financeiro.

Diante disso, a partir de abril/2002, o BACEN implantou uma série de reformulação no Sistema de Pagamentos Brasileiro, com o intuito de livrar o Governo da necessidade de socorrer os bancos em situação de dificuldade, passando para a iniciativa privada, o controle e os riscos da atividade bancária. Com isso, deu origem ao chamado Novo Sistema de Pagamentos Brasileiro, ou Novo SPB.

Com o novo sistema, o BACEN assumiu o controle (on-line) das contas de reservas dos bancos, com a implantação do Sistema de Transferência de Reservas - STR. Com isso, caso uma instituição financeira necessite transferir recursos para outro, só o fará se efetivamente, tiver dinheiro em caixa. Além disso, essas transferências deixaram de ser liquidadas no dia seguintes, e passaram a se processar no mesmo dia, de forma on-line.

Outra medida do BACEN foi a criação de outras câmaras de compensação (chamadas clearing), que ficaram encarregadas de efetuar as liquidações das posições financeiras, por diferença entre créditos e débitos, sem a necessidade de utilização dos saldos das reservas dos bancos junto ao BACEN. Foram criadas clearings para a liquidação de posições no mercado de capitais (a vista e de futuros), no mercado de câmbio e no mercado pagamentos.

A parte mais visível (aos clientes) da reformulação do SPB está relacionada com clearing ligada ao mercado de pagamentos chamado de: CIP — Câmara Interbancária de Pagamentos. Ela é formada por todos os bancos e tem por finalidade liquidar os pagamentos e as transferências entre eles no mesmo dia. Ao contrário do que acontece no STR, que tem o processamento on-line, na CIP a liquidação pode se dar a qualquer momento, até o final do dia.

Com a criação da CIP, como estratégia para a redução do risco sistêmico, as grandes transferências de recursos entre clientes, que aconteciam através da COMPE, foram fortemente desestimuladas. Com o novo SPB, os bancos passaram a ser obrigados a depositar no BACEN, sem nenhuma remuneração, a média diária de transferidos por seus clientes através, da COMPE.

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Como contrapartida, permitiu que os bancos cobrassem dos clientes que desejassem transferir recursos através da COMPE uma tarifa, correspondente a 0,11% do valor do documento, cujo valor seja igual ou superior a R$ 5 mil.

Como alternativa foi criada a Transferência Eletrônica Disponível - TED. Esse tipo de ferramenta pode ser de dois tipos:

• TED até o final do dia, processado na CIP, com liquidação financeira e disponibilizarão dos recursos até o final do dia;

• TED com hora marcada, processado no STR, com liquidação financeira e disponibilização dos recursos na hora marcada, através de transferência de recursos das reservas dos bancos.

Com a criação das TED's, os DOC's de valores iguais ou superiores a R$ 5 mil

ficaram proibidos. Com isso, caso o cliente deseje transferir recursos de um banco para outro, ele passou a ter as seguintes opções:

• DOC's para valores até R$4.999,99; • TED'S (até o final do dia e com hora marcada) para valores iguais ou

superiores a RS 5 mil; • Cheques: sem valor limite. -Vale salientar que os cheques de valores

iguais ou superiores a R$ 5 mil passaram a ser tarifados em 0,11% do valor, conforme determinação do BACEN, uma vez que os bancos devem manter depositados nos cofres daquela instituição valor correspondente a média diária dos cheques de valores iguais ou superiores a RS 5 mil que transitam pela COMPE.

Finalmente, vale salientar que, da mesma forma que os DOC's, as TED'S podem

ser emitidas eletronicamente (através da Internet ou terminais de auto-atendimento).

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PARTE 12 – CHEQUES O Cheque é uma ordem de pagamento à vista, emitida contra uma instituição

financeira, por alguém que tiver fundos disponíveis em poder dessa instituição, e detenha poderes para emitir essa ordem. A infração desses preceitos, contudo, não prejudica a validade do título como cheque. De acordo cofia Lei 7.357/85, art. 4, (conhecida como Lei do Cheque) são considerados fundos disponíveis:

• a importância constante de conta-corrente bancária não sujeita a termo; • o saldo exigível de conta-corrente contratual; • a soma proveniente de abertura de crédito. Quando da emissão do cheque, passam a existir 03 personagens: • Sacador é o emitente dos cheques: • Sacado: é a instituição financeira, que deve pagar o cheque; • Beneficiário: é o favorecido, a quem o banco deve fazer o pagamento. São requisitos essenciais do cheque, de acordo com a Lei n° 7.357, em seu art.

1º: I. a denominação "cheque" inscrita no contexto do título expressa na

língua em que este é redigido; II. a ordem incondicional de pagar quantia determinada (em cifra e por

extenso); III. o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); IV. a indicação do lugar do pagamento; V. a indicação da data (dia, mês e ano) e do lugar de emissão; VI. a assinatura do emitente (sacador), ou a de seu mandatário com

poderes especiais. A assinatura do emitente (sacador) ou seu representante pode também ser feita

por chancela mecânica ou processo equivalente. Os cheques, de modo usual, podem ser nominativos ou ao portador. São cheques nominativos aqueles em que consta o nome do favorecido no título.

Se contiver, em seu contexto, a cláusula "a ordem", o direito de recebimento do valor pelo qual foi emitido o cheque poderá ser transferido, por endosso, a um terceiro, mediante simples assinatura do primeiro favorecido no verso do documento. Caso o primeiro favorecido não indique, no verso do cheque, o nome do novo beneficiário (endosso em branco), o cheque se transforma, mesmo que momentaneamente, em cheque "ao portador" Caso o beneficiário informe o nome do favorecido no verso do cheque, tem-se o endosso em preto.

Normalmente, os cheques nominativos não têm limites quanto a quantidade de endossos, entretanto, através da Lei 9.311/96, durante a vigência da CPMF (o que não é mais o caso, pois a CPMF foi extinta no final de 2007) só é permitido um único endosso. Após esse endosso, o cheque deverá ser, obrigatoriamente, depositado.

Se, por outro lado, o cheque nominativo contiver a clausula "não a ordem", ou outra equivalente. Só poderá ser pago ao beneficiário cujo nome ver expresso no cheque, não podendo o beneficiário endossar o cheque para outro favorecido.

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Desde fevereiro de 1991, todos os cheques de valor acima de R$ 100,00 são obrigatoriamente nominativos, mesmo que o beneficiário seja o próprio emitente do cheque.

Os cheques são ditos ao portador quando não possuem a indicação do nome do favorecido, ou quando é emitido em favor de pessoa nomeada, acompanhada da clausula "ao portador, podendo ser pago ao portador do cheque”. A transferência do direito do recebimento do valor do cheque ao portador ocorre peia simples tradição (entrega do cheque) ao novo favorecido Desde fevereiro de 1991, o cheque ao portador não pode ter valor superior a R$ 100,00.

De acordo com o BACEN, os prazos para a apresentação do cheque ao sacado são os seguintes, a contar da data de sua emissão:

• 30 dias, quando emitido na mesma praça em que tiver que ser pago; • 60 dias, quando emitido em urna praça (no Brasil ou no exterior) para ser

pago em outra. Os cheques apresentados fora dos prazos acima devem ser pagos, respeitando se

o prazo de prescrição (06 meses após o termino do prazo de apresentação), desde que o sacador disponha de fundos suficientes e não haja impedimento (contra-ordem por escrito) contra o seu pagamento. “Após o término de prazo de prescrição, os cheques perdem a sua validade (nesse caso, são chamados de cheques prescritos)”;

De acordo com o art. 47 da lei do Cheque, caso seja apresentado para pagamento após o prazo de apresentação, e não contenham fundos, o favorecido perde o direito de acionar os endossantes e seus avalistas, podendo apenas ingressar com ação contra o emitente (e seus avalistas).

O pagamento dos cheques será feito na medida em que forem apresentados. No caso de não haver fundos suficientes para a liquidação de dois ou mais cheques apresentados ao mesmo tempo, dar-se-á preferência ao mais antigo. Se da mesma data, terá preferência o de numero inferior.

Havendo divergência entre a quantia indicada e a quantia escrita por extenso, valerá está se colhendo do emitente, sempre que a confirmação do valor. Nesses casos, é passível de devolução o cheque compensado pelo valor em algarismo.

Os artigos 44 e 45 da Lei do Cheque versam sobre o cheque cruzado. O cruzamento do cheque se dá através da colocação de dois traços paralelos no anverso (na frente) do documento, por cima do seu contexto. O cruzamento pode ser em branco (ou geral), conforme definido anteriormente, indicando que o cheque não pode ser sacado pelo favorecido, necessitando com isso, ser depositado em um banco. O cruzamento também pode ser em preto (ou especial), se dentro das linhas paralelas estiver escrito o nome do Banco. Nesse caso, o pagamento do cheque só pode ser feito aquela instituição financeira. Esta modalidade de utilização do cheque é muito usada pelos próprios estabelecimentos bancários.

A legislação não reconhece a inutilizarão do cruzamento do cheques. Outro tipo de cheque é o cheque visado. Apesar de estar em franco desuso

emitente de um cheque nominativo podia solicitar ao banco sacado para que este ateste, desde logo, a existência de fundos disponíveis em seu poder obrigando-se a pagar o cheque no momento da sua apresentação pelo favorecido. O "visto" no cheque, que consiste numa declaração feita pelo sacado no verso do documento, da ao cheque maior segurança, afastando qualquer impugnação no ato do recebimento. O banco, ao visar o cheque, debita o seu valor da conta do emitente de seu cliente, reservando-o para pagamento do favorecido, quando da sua apresentação.

O cheque é um título de crédito que não comporta aceite, mas admite endosso e aval. O endosso, entretanto, só será possível se o cheque contiver a clausula "a ordem"

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São nulos o endosso parcial e o endosso do sacado O endosso no cheque nominativo, pago pelo banco contra a qual foi sacado, prova o recebimento da respectiva importância pela pessoa a favor da qual foi emitido e pelos endossantes subseqüentes Se o cheque indica a nota, fatura, conta cambial, imposto, etc., a cujo pagamento se destina, o endosso do cheque pela pessoa a favor do qual foi emitido e a sua liquidação pelo Banco sacado provam o pagamento da obrigação indicada no cheque.

O depósito de cheque nominativo em conta do próprio favorecido dispensa o respectivo endosso Algumas outras informações sobre os cheques, julgadas importantes, são:

a) A ação de qualquer coobrigado contra os demais coobrigados prescreve em 6 meses, contados do dia em que o cheque tenha sido pago ou do dia em que o coobrigado for acionado;

b) A morte do emitente do cheque ou sua eventual incapacidade após a emissão do cheque não invalida os efeitos do cheque As pessoas, lojas, empresas, etc., não estão obrigadas a receber cheques;

c) Apenas as cédulas e as moedas do Real têm curso forçado. Na verdade, os pagamentos em cheque estabelecem uma relação de confiança entre o emitente e o beneficiário, que não pode ser forçada;

d) O banco e obrigado a fornecer, a critério do cliente, talão de cheques ou cartão magnético para movimentação da conta. Se sua opção for talão de cheques, o banco deverá fornecer um talão (ou talonário) de cheques por mês, com no mínimo 10 folhas, gratuitamente, desde que o cliente não tenha o nome incluído no CGF e atenda as condições estipuladas na ficha-proposta de abertura da conte;

e) O emitente ou o favorecido do cheque podem se opor ao seu pagamento. Isso pode acontecer de duas maneiras: através da oposição ao seu pagamento (ou sustação), ou através da revogação (ou contra-ordem). As diferenças entre elas são:

A sustação pode ser determinada tanto pelo emitente quanto pelo beneficiário e suspende, de imediato, o pagamento do cheque.

A contra-ordem só vale para cheques já emitidos só pode ser solicitada pelo emitente do cheque, e só passa a vigorar após o encerramento do prazo de apresentação.

Ao contrário do que possa parecer, o cheque especial não é um cheque diferente dos demais. Na verdade é um contrato de abertura de crédito feito entre o cliente e o banco, sujeito a condição de limite, vencimento e taxa, e que se destina a funcionar como reforço na conta de depósito do cliente para que ele possa utilizar quando não depuser de saldo suficiente.

O Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis O Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis (SCCOP ou COMPE)

são regulados pelo Bacen e executado pelo BB. Tal serviço, realizado na Câmara de Compensação do BB, permite não só a troca de cheques, como também a transferência de fundos (DOC's), o pagamento de títulos e outras obrigações. Os prazos para compensação dos cheques depositados em contas correntes são sempre contados a partir do dia útil seguinte ao deposito. Conforme determina o BACEN, de acordo com o local e o valor do cheques depositados, seus prazos são os seguintes:

a) Cheque depositado na mesma praça ou entre praças que pertençam à mesma regional do sistema de compensação:

- Valor inferior a R$ 300,00: dois dias úteis; - Valor igual ou superior a R$ 300,00: um dia útil; b) Cheque depositado em praças diferentes, que não pertençam à mesma

regional do sistema de compensação;

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c) Prazo de bloqueio de deposito em cheque envolvendo praça de difícil acesso: de vinte dias úteis.

Ainda conforme determinação do BACEN, os prazos de bloqueio podem ser acrescidos, em um ou mais dias, em função das seguintes ocorrências:

I) se ocorrer feriado local na praça sacada, durante o período normal de bloqueio: 01 dia útil;

II) no caso de depósito envolvendo praça de acesso normal não integrada ao Sistema Integrado Regional de Compensação (SIRC): 02 dias úteis;

III) Em caso de inoperância de transporte de documentos da compensação: o número de dias úteis que durar a inoperância de transporte, desde que comunicada tempestivamente pelo Executante do Serviço de Compensação (Banco do Brasil S.A.). Ainda sobre compensação de cheques, o BACEN alerta que:

a) Os valores depositados que sofrerem bloqueio por prazos superiores aos observados anteriormente devem ser remunerado pela

b) Os depósitos em cheques de outra agência do mesmo banco observam os mesmos prazos máximos de bloqueio e de entrega previstos anteriormente para os cheques de outro banco, podendo ser reduzidos, de acordo com os critérios próprios de cada banco.

Com relação à devolução de cheques apresentados na COMPE, o BACEN apresenta os principais motivos que podem levai um banco a devolver um cheque são: Cheque sem fundos

Motivo 11 - cheque sem fundos na primeira apresentação Motivo 12 - cheque sem fundos na segunda apresentação; Motivo 13 - conta encerrada Motivo 14 - prática espúria- Impedimento ao pagamento Motivo 20 - folha de cheque cancelada por solicitação do correntista; Motivo 21 - contra-ordem (ou revogação) ou oposição (ou sustação) ao

pagamento solicitado pelo emitente ou pelo beneficiário; Motivo 22 - divergência ou insuficiência de assinatura; Motivo 23 - cheques emitidos por entidades e órgãos da administração pública

federal direta e indireta, em desacordo com os requisites constantes do artigo 74, 2º, do decreto-lei n° 200, de 25.2.67;

Motivo 24 - bloqueio judicial ou determinação do Banco Central; Motivo 25 - cancelamento de talonário pelo banco sacado; Motivo 26 - inoperância temporária de transporte: Motivo 27 - feriado municipal não previsto, Motivo 28 - contra-ordem (ou revogação) ou oposição (ou sustação), motivada

por furto ou roubo, com apresentação do registro da ocorrência policiai; Motivo 29 - cheque bloqueado por falta de confirmação do recebimento do talão

de cheques pelo correntista; Motivo 30 - furto ou roubo de malotes.

Cheques com irregularidades

Motivo 31 - erro formal (sem data de sem assinatura, sem valor por extenso); Motivo 32 - ausência ou irregularidade na aplicação do carimbo de

compensação; Motivo 33 - divergência de endosso;

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Motivo 34 - cheque apresentado por estabelecimento bancário que não o indicado no cruzamento em preto, sem o endosso-mandato;

Motivo 35 - cheque falsificado, emitido sem controle ou responsabilidade do banco, ou ainda com adulteração da praça sacada;

Motivo 38 - cheque emitido com mais de um endosso; Motivo 37- registro inconsistente - compensação eletrônica. Motive 40 - moeda

invalida; Motivo 41 - cheque apresentado a banco que não o sacado; Motivo 42 - cheque não compensável na sessão ou sistema de compensação em

que apresentado; Motivo 43 – cheque devolvido anteriormente pelos motivos 21, 22, 23, 24, 31 e

34, não passível de reapresentação em virtude de persistir o motivo da devolução; Motivo 44 - cheque prescrito (fora do prazo); Motivo 45 - cheque emitido por entidade obrigada a realizar movimentação e

utilização de recursos financeiros do tesouro nacional mediante ordem bancaria; Motivo 46 - CR Comunicação de Remessa, quando o cheque correspondente não

for entregue ao banco sacado nos prazos estabelecidos; Motivo 47 - CR – Comunicação de Remessa com ausência ou inconsistência de

dados obrigatórios referentes ao cheque correspondente; Motivo 48 - cheque de valor superior a R$ 100,00 (cem reais), emitido sem a

identificação do beneficiário, acaso encaminhado ao SCCOP, devendo ser devolvido a qualquer tempo;

Motivo 49 - remessa nula, caracterizada pela reapresentação de cheque devolvido pelos motivos 12, 13, 14, 20, 25, 28, 30, 35, 43, 44 e 45, podendo a sua devolução ocorrer a qualquer tempo.

Caso algum cheque seja devolvido pelos motives 12, 13 ou 14, o emitente terá seu nome incluído no Cadastre de Emitentes de Cheques Sem Fundos (CCF). Se a conta corrente for conjunto (solidária ou não), serão incluídos no CCF todos os titulares.

A partir do momento em que o nome do emitente é incluído no CCF, o cliente não poderá mais receber talonário de cheques. Nesse caso, a movimentação de sua conta corrente ser feita mediante o uso de recibos de saque ou com, cartões magnéticos.

As ocorrências constantes do CCF serão excluídas: • automaticamente, após o prazo de cinco anos; • por determinação do Banco-Central do Brasil; • a pedido do correntista, mediante o pagamento de uma tarifa, instituição

financeira (conforme valor afixado na tabela de tarifas da instituição), e uma taxa, no valor de R$ 6,82, em favor do FGC Fundo Garantidor de Créditos).

Contudo para que o banco efetue a exclusão do cheque do CCF; é necessário que o emitente comprove o pagamento do cheque que deu origem à ocorrência. Segundo o BACEN a comprovação do pagamento pode ser feita através da entrega do próprio cheque ao banco sacado, ou através do extrato da conte Corrente do cliente em que figure o debito relativo ao cheque.

Caso o cliente não possa comprovar a liquidação pelos meios acima mencionados, ele deverá apresentar uma declaração do beneficiário do cheque, com firma reconhecida em cartório ou pelo banco, acompanhada das certidões negativas dos cartórios de protesto relativas ao cheque, em nome do emitente, e de uma copia do cheque.

Uma vez solicitada a exclusão, o prazo máximo para que o nome do emitente saia do CCF 6 de 10 dias úteis, sendo cinco dias úteis o prazo para analise, por parte do

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banco sacado, da solicitação, e os outros cinco dias úteis para que o Banco do Brasil consolide a exclusão da ocorrência na COMPE.

Finalmente, dependendo do motivo de devolução do cheque, alem da inclusão no CCF e nos cadastres de devedores mantidos pelas instituições financeiras e entidades comerciais, o beneficiário do cheque poderá protestar o emitente. Mais ainda, a emissão deliberada de cheque sem provisão de fundos e considerada crime de estelionato.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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• www.bcb.gov.br

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• http://www.bcb.gov.br/?SFN

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• http://www.andima.com.br/

• www.caixa.gov.br

• www.bb.com.br