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RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR ATORES-CHAVE INOV EMPREENDE

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RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL

DE APOIO AO EMPREENDEDOR

ATORES-CHAVE

INOVEMPREENDE

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

2

É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer forma ou meio, esta obra, considerando-se apenas permitido o download para consulta. As transgressões serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.

FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO

Associação Industrial Portuguesa – Câmara de Comércio e Indústria Direção de Competitividade Empresarial Departamento de Cooperação Empresarial e Empreendedorismo Praça das Indústrias 1300-307 Lisboa Tel.: 213 601 136 / 688

E-mail: [email protected] Sites de referência: www.aip.pt | www.empreender.aip.pt | www.inovempreende-aip.pt

TÍTULO

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

EQUIPA TÉCNICA AIP-CCI

Helena Caiado Maria Vieira Paula Mónica Alves Carla Homem de Matos

EQUIPA LOCAL AIP-CCI:

Paula Paulino • Apoio Local Gina Esteves • Apoio Local Sónia Azevedo • Apoio Local Rui Perestrelo • Apoio Local Conceição Carvalho • Apoio Local

CONSULTOR

Frederico Carvalho Pinto José Veiga Simão

FINANCIAMENTO

COMPETE – Programa Operacional Fatores de Competitividade Ano de Edição 2014

Copyright Associação Industrial Portuguesa – Câmara de Comércio e Indústria

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INOVEMPREENDE

1. SUMÁRIO EXECUTIVO 5

2. INTRODUÇÃO 8

2.1. Objetivos 8

2.2. Estrutura do Relatório 8

2.3. Abordagem 9

2.4. Guia de leitura 9

3. EMPREENDEDORISMO EM PORTUGAL; A ATIVIDADE E AS CONDIÇÕES ESTRUTURAIS 11

3.1. Intenções de empreender 12

3.2. Atividade empreendedora 13

3.2.1.Característicasdemográficas 14

3.2.2. Cessação da atividade 14

3.3. As condições estruturais 15

3.3.1. Apoio Financeiro 15

3.3.2. Políticas Governamentais 18

3.3.3. Programas Governamentais 19

3.3.4. Educação e Formação 19

3.3.5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento 21

3.3.5.1. O sistema de investigação e inovação das regiões 24

3.3.6.InfraestruturaComercialeProfissional 33

3.3.7. Abertura do Mercado e Barreiras à Entrada 33

3.3.8. Normas Culturais e Sociais 34

3.3.9. Desemprego 34

3.3.10. Apoio Regional ao empreendedorismo 35

4. OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO 37

4.1. O que são 37

4.2. As oportunidades de negócio na perspetiva regional 41

5. INOVAÇÃO E TENDÊNCIAS E SUA EXPRESSÃO REGIONAL 46

5.1. Inovação e tendências 46

5.1.1. O que é Inovação? 46

5.1.2. O que são Tendências e como obter insights para o empreendedorismo através delas? 47

5.2. As tendências ao nível regional; os projetos “INOVEMPREENDE” 48

5.2.1. Tendências dos projetos INOVEMPREENDE - Alentejo Central 50

5.2.2. Tendências dos projetos INOVEMPREENDE - Alto Alentejo 52

5.2.3. Tendências dos projetos INOVEMPREENDE - Beira Interior 53

ÍNDICE

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

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FIGURAS E TABELAS

Figura 1 O processo empreendedor. GEM Global Report 2013 12

Figura 2 Os empreendedores que falham merecem segunda hipótese. OCDE 13

Figura 3 Taxa TEA por faixa etária. GEM Portugal 2012 14

Figura 4 Razões para a desistência do negócio. GEM Portugal 2012 14

Figura 5 Rácio de sociedades constituídas por sociedades dissolvidas, por setor. PORDATA 15

Figura6Adequaçãodasfontesdefinanciamentosegundomaturidadedaempresa.APBA 16

Figura 7 Licenciaturas e mestrados em empreendedorismo, Beira e Alentejo. DGES 20

Figura 8 Áreas temáticas das UC do ensino superior em Portugal, 2011. Anabela Pimpão 21

Figura 9 Desempenho da Inovação em Portugal. Comissão Europeia 22

Figura 10 Desempenho regional da inovação na Europa. Comissão Europeia 23

Figura 11 Despesa em I&D por localização (NUTS2 e INOVEMPREENDE) e sector de execução. INE 24

Figura 12 Desempregados inscritos, regiões de intervenção INOVEMPREENDE. PORDATA 35

Figura 13 Condições para a existência de oportunidades de negócio 37

Figura 14 Pormenor da página “Oportunidades de Negócio” da AICEP 3*9

Tabela 1 Dados relativos à constituição de empresas. Banco Mundial 18

Tabela 2 Frequência da seleção de atividades da cadeia de valor, em 46 questionários 42

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INOVEMPREENDE

A relevância do tema ‘empreendedorismo’ na sociedade é evidenciada pela existên-cia de inúmeros programas de apoio a empreendedores, concursos de ideias de planos de negócio, oferta de cursos, seminários e workshops, programas na televisão e noutros media, e pela generalização da utilização da palavra e do conceito em inúmeras cir-cunstânciasdavidaprofissionalesocial.

Esta relevância não se restringe a Portugal, como é demonstrado pela inclusão do em-preendedorismo na conceção e operacionalização de políticas públicas, não só a nível nacional mas também a nível comunitário, de que é bastante exemplo a formulação pela Comissão Europeia do plano estratégico ‘Europa 2020’. Neste plano, o empre-endedorismo e a criação do próprio emprego surgem como peças fundamentais do esforço de desenvolvimento económico da Europa e da promoção do emprego dos cidadãos europeus.

Em consonância com a relevância do tema, existem diversos estudos comparativos sobre a atividade empreendedora a nível internacional. De um conjunto desses estudos e dos seus relatórios ou bases de dados, extraíram-se as principais conclusões para ca-racterizar o nível da atividade empreendedora em Portugal e nas regiões do Alentejo interior e da Beira Interior.

A literatura estabelece um relacionamento positivo entre empreendedorismo e desen-volvimento económico, com dependência de outros fatores, variáveis de país para país. Contudo, para países com economias em fase semelhante de desenvolvimento, a comparação das condições que estimulam e facilitam o fenómeno empreendedor pode sugerir caminhos para a promoção e fomento do empreendedorismo.

Em Portugal, 20% dos indivíduos entre os 18 e os 64 anos considera existirem condições para iniciar um negócio por conta própria, valor inferior à média europeia. Destes, 40% tem medo de falhar, principalmente pelas consequências de falir, perder a casa e não assegurarem rendimento regular. Do ponto de vista cultural, ser empreendedor não é uma carreira reputada nem alternativa ambicionada; em Portugal, 74% dos respon-dentes num estudo do Eurobarómetro considera que os empresários se aproveitam do trabalho dos outros, bastante acima da média europeia de 57%. As normas sociais e culturais dos países do Norte da Europa são as mais facilitadoras do empreendedorismo.

Quanto às empresas nascentes ou jovens com menos de 3,5 anos, em 2013 a taxa de empreendedores tinha subido para 8,2% dos adultos, em linha com a média eu-ropeia de 8%. Cerca de metade deles iniciaram atividade exclusivamente por terem identificadoaoportunidadedeaumentaremrendimentoouindependênciapessoal.Somente 21% alegaram não terem outras alternativas para exercer uma atividade profissional,oquenoslevaarefletirquantoaosfatoresdadecisãodeavançarparaempreendimentos por conta própria, perante a elevada taxa de desemprego em Portugal e na Europa.

1. SUMÁRIO EXECUTIVO

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Para cada mulher empreendedora em 2012 existiam em Portugal 1,5 homens, situação de maior equilíbrio do que a demonstrada pela média europeia de 1,8.

Outrofactoquerequer reflexãodiz respeitoàs razõesalegadasparaacessaçãodaatividade; a ausência de lucro é a razão principal em 44,5% dos casos em Portugal, mas somente em 28,6% dos casos, em média, na Europa.

No que respeita às designadas condições estruturais do empreendedorismo, também designadas por drivers e enablers, Portugal compara-se favoravelmente com a média europeia em muitas dessas condições. Na facilidade de constituir empresas, Portugal surgemuitobemclassificadofaceàmédiadaOCDE.

Por outro lado, em alguns fatores Portugal compara-se negativamente, como por exemplonacapacidadedeacederafinanciamentobancáriocombasenoméritodeum Plano de Negócios. No caso da despesa pública e privada em I&D, Portugal não constitui exemplo, mas pior é o cenário das regiões do Alentejo e Beira relativamente ao continente. Apesar disso, salienta-se o esforço desta despesa pelo Ensino Superior no Alentejo Central e Cova da Beira.

Em Portugal, a perceção de que as empresas nascentes são injustamente bloqueadas por outras já estabelecidas é maior do que na média dos países europeus.

Noutra abordagem, este relatório debruça-se sobre o conceito da “oportunidade de negócio”, sugerindo que, para facilitar e promover a sua descoberta, os empreen-dedores deverão melhorar as suas competências de pesquisa e análise e também aumentarotempodecontactoeinteraçãocomredessociaiseprofissionais.Quantoàs opiniões recolhidas de uma pequena amostra de empresários, existem oportuni-dades de negócios na cadeia de valor das empresas, com especial incidência na especialização de determinadas atividades industriais e comerciais e de marketing, nas parcerias e serviços para a exportação e no fornecimento de mão-de-obra es-pecializada,manutençãoecertificaçãodeequipamentos. Tambémcomespecialrelevância foram referidas oportunidades de aproveitamento de recursos endógenos para o turismo e a produção agrícola.

O relatório termina com a abordagem ao tema da inovação e das tendências de consumo. Da amostra proporcionada pelos projetos candidatos a apoio de mentoria noâmbitodoINOVEMPREENDE,épossível identificaraspetosespecíficosdasgrandestendências de consumo nesses projetos, incluindo os de menor dimensão e de âmbito mais local. Assim se evidencia que a obtenção de informação atualizada, a pesquisa e análise das grandes tendências tem relevância para o processo empreendedor e parti-cularmenteparaaidentificaçãodeoportunidades.

Genericamente, e perante a informação coligida e aqui apresentada, este relatório permite concluir que as condições estruturais para o empreendedorismo em Portugal e nas regiões consideradas – sempre que foi possível extrapolar ou aceder a informação específica– são,dopontodevistados fatores facilitadoreseextrínsecosaoempre-endedor, favoráveis na sua globalidade, por comparação com a média dos países

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INOVEMPREENDE

da União Europeia. Quanto aos fatores intrínsecos ao empreendedor, onde se inclui a intençãoedecisãodeempreendereoutrosfatorescomooprocessodeidentificaçãode oportunidades, existem áreas em que os programas de apoio, públicos e privados, podem aumentar o seu impacto junto dos empreendedores. Neste particular, este rela-tório aborda alguns aspetos relativos à operacionalização de outros formatos de apoio, sugerindoafacilitaçãoda interaçãocomredessociaiseprofissionaiseodesenvolvi-mentodecompetênciasempesquisaeanálisededadosrelevantesparaaidentifica-ção de oportunidades de negócio.

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2.1. OBJETIVOS

Este documento tem por objetivo caracterizar a atividade empreendedora em Portugal e nas regiões do Alentejo e Centro interior, comparando-a com a situação que se veri-ficanaUniãoEuropeia.

Pretende também elencar quais os atores-chave daquelas regiões envolvidos no apoio e fomento do empreendedorismo, essenciais – numa perspetiva de apoio institucional – à descoberta e desenvolvimento de oportunidades de negócio por parte dos empre-endedores regionais.

Ainda, é um objetivo deste Relatório apresentar as opiniões recolhidas junto da comu-nidade empresarial regional quanto às oportunidades de negócio aí existentes. Estas opiniões,numaóticapersonalizada,nãoconstituemmatériasuficienteparatratamentoestatístico, nem sequer se pretende fazê-lo. Pretende-se, sim, proporcionar aos leitores a perspetiva de empreendedores, empresários e dirigentes regionais sobre o quanto ao potencial de oportunidades de negócio, tanto nos setores de atuação das suas empre-sas, como noutros setores.

Por último, este Relatório apresenta o tema “inovação e tendências” como fonte de inspiração para as fases iniciais do processo empreendedor. Relacionando este tema com a prática empresarial e dos negócios, apresentam-se os projetos que participaram nasaçõesdementoriaeapoioàconstruçãodeumModelodeNegócios,identificandoneles as tendências atuais do consumo.

2.2. ESTRUTURA DO RELATÓRIO

O Relatório divide-se em três partes, do capítulo 3 ao capítulo 5. No capítulo 3 apresenta-se a caraterização da atividade empreendedora em Portugal, desde a intenção de empreender, até às condições estruturais para o empreendedo-rismo. Para tal, utilizam-se fontes de informação secundária consensualmente conside-radas de grande relevância para o empreendedorismo internacional e nacional, como sejam os relatórios e documentos relativos à atividade empreendedora do Global Entre-preneurship Monitor, da OCDE1, da Comissão Europeia, do World Economic Forum e do Banco Mundial. Outras fontes e bases de dados foram utilizadas, como o INE, a PORDA-TA, documentação de investigação académica e informação diversa disponibilizada pela Administração Central e Regional.

Ocapítulo4contextualizao tema“oportunidadesdenegócio”,epropõeumadefi-niçãoquepoderásugerirviasparaoperacionalizarofomentodasuaidentificaçãoedescoberta pelos empreendedores. Ainda, ambicionando inspirar os leitores sobre este tema e a sua relevância regional, este capítulo apresenta o resultado de um inquérito e entrevistas realizadas junto da comunidade empresarial regional. Para tal, através de questionário por correio eletrónico e de entrevistas telefónicas recolheram-se opiniões

2. INTRODUÇÃO

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personalizadas sobre as necessidades das empresas, na perspetiva da sua cadeia de valor, e sobre a existência de oportunidades de negócio nas regiões em causa.

No capítulo 5 introduz-se o tema da inovação e das tendências do consumo, realçando a sua importância e relevância para o processo empreendedor e o desenvolvimento de projetos empresariais. Nesse contexto, apresentam-se os projetos de empreendedo-res que se candidataram ao apoio de mentoria do programa ‘INOVEMPREENDE – Pú-blicoQualificado’eidentificam-senelesastendênciasanteriormentereferidas,comointuito de realçar a relevância atual do tema.

2.3. ABORDAGEM

Os dados e informações apresentados no capítulo 3 deste relatório são obtidos a partir de relatórios e outros documentos das entidades já referidas, expurgando a informação mais relevante para cada assunto de entre várias fontes, e tentando assim completar o panorama sobre este tema da forma mais abrangente possível. Sempre que oportuno apresentam-se comentários à informação apresentada.

Em todo o relatório, e para além das fontes primárias e secundárias referidas em 2.2, utili-zam-sedefiniçõeseconceitosconsensualmenteutilizadosnaliteraturasobre‘empreen-dedorismo’ e ‘oportunidades de negócio’, devidamente referidas em local adequado.

2.4. GUIA DE LEITURA

O capítulo 3 apresenta uma caracterização da atividade empreendedora em Portugal, e quando possível, das regiões em causa. A informação apresentada é comparada com a situação geral da UE, e é uma síntese da informação disponível nas várias fontes mencionadas, relativamente às características da atividade empreendedora e às con-dições estruturais – enquanto estimuladoras e facilitadoras – do empreendedorismo que ocorrem em Portugal e nas regiões.

Ocapítulo4abordaotemadasoportunidadesdenegócio.Propõeumadefiniçãodoconceito, e aborda algumas características distintivas, sugerindo algumas pistas para aoperacionalizaçãodeaçõesdeapoioefomentodadescobertaeidentificaçãodeoportunidades de negócio por empreendedores. De seguida, apresenta-se o resultado de um questionário, por correio eletrónico e por entrevistas telefónicas, realizado junto de empreendedores e dirigentes de empresas e outras entidades envolvidas no fenó-meno do empreendedorismo.

Com este questionário, e de forma exploratória, pretendeu-se obter opinião em primeira mão sobre a existência, ou o potencial, de oportunidades de negócio nas suas regiões, em dois níveis de análise; por um lado, relativamente às necessidades das próprias em-presas ao nível das atividades da sua cadeia de valor, e do grau de satisfação com a oferta no mercado para suprir essas necessidades. Por outro, relativamente à iden-tificaçãogenéricadeoportunidadesdenegócioemoutros setoresdeatividade,nasua perspetiva de empreendedores e relativamente à satisfação de necessidades de mercado efetivas ou potenciais.1Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

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Nocapítulo5oleitorencontradefiniçõesdosconceitosde‘inovação’ede‘tendênciasde consumo’. Tendo por pano de fundo os projetos candidatos a apoio de mentoria peloINOVEMPREENDE,identificam-senessesprojetosaocorrênciadealgumastendên-cias de consumo referidas anteriormente, com o intuito de inspirar e sensibilizar os em-preendedores para a relevância da análise de tendências, e bem assim para eviden-ciar que as tendências de consumo, apesar de serem geralmente apresentadas em contextointernacional,ocorremanívelregionalelocal,justificandoasuaimportânciae relevância.

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INOVEMPREENDE

3. EMPREENDEDORISMO EM PORTUGAL; A ATIVIDADE E AS CONDIÇÕES ESTRUTURAIS

2GEM Global Report 2013; 3 OECD “Entrepreneurship at a glance”; 4Eurobarómetro e diversas fontes da literatura sobre empreendedorismo;

Para caraterizarmos o nível de atividade empreendedora em Portugal, socorremo-nos de várias fontes, e de entre elas uma que alcança crescente notoriedade, reputação e abrangência global. Trata-se do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Este projeto, que anualmente estuda a atividade empreendedora no mundo – abrangendo, em 2013, 75% da população e 89% do PIB mundial – tem por objetivo medir diferenças na atividade empreendedora entre países, desvendando características nacionais que distinguem a atividade empreendedora de cada nação, mesmo entre aquelas com semelhante nível de desenvolvimento económico.

O empreendedorismo contribui para o desenvolvimento económico – apesar de se verificarquetaxassuperioresdeatividadeempreendedoranemsempreestãopositi-vamente relacionadas com superior desenvolvimento económico – porque os empre-endedores criam novos negócios, os novos negócios criam empregos e oferecem ao mercadoumconjuntodeprodutoseserviços.Intensificamaconcorrência,aumentama produtividade através da inovação tecnológica e têm impacto positivo na vida indivi-dual e coletiva, em múltiplos níveis2. Essa contribuição do empreendedorismo depende do contexto de cada país e região, e não somente do nível de desenvolvimento. Daí a relevância de encontrar informação sobre os comportamentos empreendedores em cada país, relativamente à criação e gestão de empresas e negócios. A abordagem do estudo GEM permite a recolha desse tipo de informação.

Outras fontes, de natureza estatística, ajudam-nos a compreender o fenómeno e as particularidades da atividade empreendedora. Este Relatório recorre também aos dados fornecidos por entidades internacionais e nacionais, plataformas agregadoras de informação estatística e empresarial e bases de dados. Entre estas distinguem-se o World Economic Forum (WEF), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o inquérito Eurobarómetro da UE e a plataforma PORDATA da Fun-dação Francisco Manuel dos Santos. Ainda, outras fontes concorrem para a angaria-ção de dados e informação relevante, como por exemplo dissertações académicas, as Cartas Regionais de Competitividade da AIP e os planos estratégicos das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regionais.

Para caraterizar a atividade empreendedora em Portugal vamos utilizar um conjunto de dados relativos aos fatores que estimulam, condicionam e facilitam essa ativida-de.Estesfatoressãoidentificadosdeformasdistintaspelasváriasfontesreferidas;sãodeterminantes do empreendedorismo3, drivers e enablers4 do empreendedorismo ou ainda, segundo o GEM, condições estruturais do empreendedorismo. Apesar da forma, todos estes fatores mencionados pelas diversas fontes se referem ao mesmo tipo de informação, isto é, os fatores de natureza intrínseca ao empreendedor e os de natureza extrínseca, da sua envolvente. Para a caraterização que aqui faremos, vamos utilizar esta última designação de condições estruturais do empreendedorismo, em linha com a abordagem e resultados do GEM mas incluindo fatores de outras fontes, quando rele-vante para a caracterização pretendida.

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Noutra perspetiva, e como enquadramento da caracterização que aqui se propõe, de-vemos referir que a atividade empreendedora engloba um conjunto de atividades mas também de comportamentos, atitudes e perceções que acontecem antes da criação deempresas.Assim,paramelhorenquadramentodotema,apresentamosnafigurase-guinte o processo empreendedor tal como é referido pelo GEM5, e que nos permite apre-ciar o alcance da recolha de dados feita por esta entidade, que abarca mais do que a fase de atividade das empresas já constituídas. A recolha de dados GEM incide sobre os indivíduos e também as empresas. Em complemento, utilizaremos outros dados de outras fontes, o que permitirá obter um retrato que se pretende mais relevante e informativo.

Figura 1 O processo empreendedor. GEM Global Report 2013

Orealcequeafiguraanteriorfazdasfases“NegóciosNascentes”e“NovosNegócios”resultado facto de o indicador central da atividade empreendedora utilizado pelo GEM se referir à taxa TEA, que mede a proporção de adultos, com idade entre os 18 e os 64 anos, envolvidos em negócios nascentes e em novos negócios. Os negócios nascentes equivalem ao con-ceito muito difundido de startup, e incluem as empresas constituídas há menos de 3 meses; os novos negócios são aqueles com mais de 3 meses e menos de 3 anos e meio. Mas outros motivos de atenção, neste processo, são as fases precedentes ao início das startup, referen-tes à descoberta de oportunidades e à intenção de empreender. A respeito do processo de descoberta de oportunidades, dedicaremos um capítulo deste Relatório a esse tópico.

3.1. Intenções de empreender

Dos inquéritos conduzidos pelo estudo GEM estima-se que em Portugal 20% dos indivídu-os adultos6 considera existirem oportunidades para iniciar um negócio na região em que vivem.AmédianaUEéde29%,eovalormáximoverificou-senaSuéciaatingindo65%.Por outro lado, 48 em cada 100 indivíduos adultos consideram possuir as necessárias competências, conhecimentos e experiência para iniciar um negócio. Na EU são 42 e na Polónia7 são 52 indivíduos.

De entre aqueles que consideram existir oportunidades, 40% têm medo de falhar, em linha com a média comunitária. Na Grécia são 49%.

Dos portugueses adultos não envolvidos em startup ou empresas estabelecidas, estima-se que 13 em cada 100 esperam iniciar um negócio nos próximos 3 anos, em linha com a média da EU, mas superior aos 8 da Espanha. Na Roménia são 24. 5GEM Portugal 2012; 6Para este efeito, ‘adulto’ refere-se ao indivíduo entre os 18 e os 64 anos de idade; 7A Polónia e a Roménia sãoconsideradaseconomiasorientadasparaaeficiência,eaeconomiaportuguesaéorientadaparaainovação.Paraosignificado,verGEMPortugal2012p.6

TOTAL EARLY-STAGE ENTREPRENEURIAL ACTIVITY (TEA)

Conception Firm Birth Persistence

Potential Entrepreneur: Opportunities, Knowledge and Skills

Nascent Entrepreneur: Involved in Setting Up a Business

Owner-Maneger of a New Business(up 3.5 years old)

Owner-Maneger of an Established Business(more than 3.5 years old)

Discontinuation of Business

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INOVEMPREENDE

No que respeita à perceção do fenómeno, segundo o Eurobarómetro8, a maioria dos portugueses concorda que o empreendedorismo resulta em benefícios económicos, embora muitos creem que os empreendedores têm motivações egoístas. Cerca de 74% de respondentes ao inquérito concorda que os empreendedores se aproveitam do tra-balho de outros, enquanto que a média europeia se situa bem abaixo, nos 57%

Segundo a OCDE9, os principais riscos que os respondentes dizem recear se começas-sem hoje um negócio são, em Portugal, “a possibilidade de falência”, “perder a sua casa” e “rendimento irregular ou não garantido”, nesta ordem. Outros riscos foram con-siderados, pela maioria, menos importantes, como “insegurança do trabalho”, “a possi-bilidade de falhanço pessoal” e “requerer demasiada energia e tempo”.Ainda segundo este estudo da OCDE, os portugueses concordam na sua maioria (82%) queosempreendedoresquefalhammerecemumasegundahipótese.Afiguraseguin-te mostra como outros europeus se comparam com Portugal, nesta questão.

Figura 2 Os empreendedores que falham merecem segunda hipótese. OCDE

3.2. Atividade empreendedora

De acordo com o relatório GEM Global Report 2013, a taxa TEA (negócios nascentes e novos negócios) em Portugal foi de 8,2% (7,7% em 201210),oquesignificaqueexistiamcerca de 8 empreendedores por cada 100 indivíduos adultos com startups ou empresas com menos de 3,5 anos, empresas a que no seu conjunto chamaremos early stage. O valor médio da UE foi de 8%, o mais baixo da UE foi o da Alemanha (5%) e o mais alto o da Letónia (13,3%).

Destes empreendedores early stage cerca de 21% (aprox. 2 indivíduos em cada 100) começaram os seus negócios porque não tinham outras alternativas para exercer umaatividadeprofissional,emlinhacomamédiadaUEde23%,ecomvalormaisaltona Polónia, com 47%.

Noutra perspetiva, cerca de 51% (aprox. 4 em 100) dos empreendedores early stage ini-ciaramaatividadeporqueidentificaramumaoportunidadedeaumentarorendimentopessoal ou porque pretenderam aumentar a sua independência. A média europeia foi de 47% e na Holanda de 67%.8Flash Eurobarometer 354 Entrepreneurship - Country Report Portugal 2012; 9OECD “Entrepreneurship at a Glance 2013 - Culture: Attitude toward failure”; 10GEM Portugal 2012

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Eslovenia

UE média

Portugal

Grécia

Concorda

Discorda

NS/NR

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Os restantes 28% (pouco mais de 2 em 100) alegaram mistura de motivações (necessi-dade, rendimento ou independência) como razão de início dos seus negócios.

Quanto aos negócios estabelecidos, i.e. empresas com mais de 3 anos e meio, 7,7% dos adultos portugueses possuía negócios, o que demonstra algum equilíbrio com o número de adultos envolvidos em negócios novos e nascentes (taxa TEA). NA UE a média é de 6,4%, atingindo valor mais elevado na Grécia com 12,6%.

3.2.1.Característicasdemográficas

A atividade de empreendedores early stage distribuiu-se, entre sexo feminino e mas-culino,em9,2%TEAdehomense6,2%TEAdemulheres,significandoque,paracadamulher empreendedora early stage, existem 1,5 homens. A média dos países com que Portugal se compara11 é de 1,8 homens para cada mulher.

Comparando com 2011, o aumento do número de mulheres empreendedoras em Por-tugal foi muito relevante, pois em 2011 a taxa feminina de TEA era de 4,7%.

Quanto à estrutura etária dos empreendedores early stage podemos observar, na se-guintefigura,aevoluçãoemPortugalentre2011e2012.

Figura 3 Taxa TEA % por faixa etária. GEM Portugal 2012

3.2.2. Cessação da atividade

No que respeita à cessação da atividade empreendedora, em 201212 2,1% da popula-ção adulta portuguesa interrompeu a atividade e o negócio, enquanto 0,9% desistiu de ser empresário mas o seu negócio continuou em outras mãos.

As razões para a cessação da atividade (com ou sem continuação do negócio) são apresentadasnográficoseguinte:

Figura 4 Razões para a desistência do negócio. GEM Portugal 201211Economias orientadas para a inovação participantes do estudo GEM; 12GEM Portugal 2012

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Vender negócio Não lucrativo Acesso ao crédito Razões pessoais Outras

Faixa Etária 2011 2012

18 a 24 6,1 6,425 a 34 10,9 10,635 a 44 7,9 8,145 a 54 6,4 4,655 a 64 5,0 4,6

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INOVEMPREENDE

Como facto notável podemos referir que o peso da razão ‘ausência de lucro’ para a cessação do negócio é mais acentuada em Portugal no que na média das economias comparáveis, sendo em Portugal de 44,5% e esta média de 28,6%.

Outro indicador interessante, recolhido de bases de dados em Portugal, mostra como se compara o número de sociedades criadas com o número de sociedades dissolvidas13. Para este indicador é possível apresentar dados comparativos para as diversas regiões envolvidas no projeto INOVEMPREENDE.

Figura 5 Rácio de sociedades constituídas por sociedades dissolvidas, por setor. PORDATA

O setor da ‘indústria, construção e energia’ – em parte devido à construção – demons-tra genericamente que houve perda líquida no número de sociedades, mas em 2013 assistiu-se a uma recuperação sensível. Outro aspeto relevante prende-se com a análise comparativa entre a situação de 2001 e de 2013.

Genericamente, e dos dados que caraterizam a atividade empreendedora, conclui-se que a situação portuguesa está em linha com a média dos países da UE. Existem contu-do diferenças assinaláveis, como a que se refere à principal razão para a cessação da atividade,queemPortugaltemsignificativamentemaiorpesodoquenamédiadaUE.

Como referimos anteriormente, a atividade empreendedora está relacionada com um conjuntodefatoresestruturais,queainfluenciam,fomentamouconstrangem.Vamos,de seguida, analisar como esses fatores ocorrem em Portugal.

3.3. As condições estruturais

Recorrendo à opinião de especialistas nacionais, o GEM obtém dados sobre a evolução das condições estruturais do empreendedorismo. Estas condições constituem o “oxigé-nio de recursos, incentivos, mercados e instituições de suporte para o crescimento de novas empresas”14 . A importância destes fatores reside na relação que foi estabelecida entre eles e a atividade empreendedora e os seus antecedentes.

3.3.1. Apoio Financeiro

A opinião de peritos portugueses15relativamenteaoapoiofinanceirodisponívelem2012para apoiar o empreendedorismo é de que a situação piorou face a 2011. Contudo, e relativamenteaofinanciamentoporentidadesdecapitalde risco, indicamquea13Relativos aos atos jurídicos de Constituição e Dissolução de Pessoas Colectivas. Exclui empresários individuais Fonte INE 14GEM Global Report 2013, p.44; 15GEM Portugal 2012

Territórios Indústria, construção e energia Serviços

Âmbitogeográfico Anos 2001 2010 2011 2012 2013 2001 2010 2011 2012 2013 PORTUGAL 11,3 1,0 0,7 0,8 1,6 5,3 1,1 1,4 1,2 1,9NUTS III Beira Interior Norte 20,3 1,4 1,2 1,8 2,4 8,1 1,7 1,2 1,5 2,6NUTS III Beira Interior Sul 4,5 1,4 1,1 1,3 2,5 8,9 2,7 2,0 1,3 1,8NUTS III Cova da Beira 5,1 0,9 0,8 0,4 0,6 5,4 1,3 1,2 0,9 1,5NUTS III Alto Alentejo 5,4 0,7 0,4 0,8 3,4 6,5 2,0 1,2 1,5 3,1NUTS III Alentejo Central 6,3 1,2 0,8 1,1 3,4 6,2 2,1 1,3 1,5 2,0NUTS III Baixo Alentejo 5,2 0,8 0,8 1,0 1,3 7,6 1,1 1,0 1,1 2,1

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

16

situação é positiva, sendo negativa relativamente à “disponibilidade de capital para empréstimo e capital para ofertas públicas iniciais”16.

No entanto, é importante salientar que este tipo de apoio financeiro é dirigido a fases posteriores da vida das startups, e em casos de negócios não considerados como sendo high-tech e high growth17 essas fontes de financiamento não estarão disponíveis, com a eventual exceção do financiamento bancário. Como vemos na figura seguinte, para cada fase da maturidade das empresas, haverá fontes de financiamento mais adequadas do que outras, ou, pelo menos, deverá ser essa a expectativa dos empreendedores.

Figura 6 Adequaçãodasfontesdefinanciamentosegundomaturidadedaempresa.APBA

Outrosapoiosdenaturezafinanceiraexistem,tantonavertenteprivadacomopública.Dopontodevistadoapoiopúblico,existemprogramasquepermitemofinanciamentodas startups, desde a sua constituição até fases mais avançadas da vida das empresas. Estes são operacionalizados em diversos contextos; desde o apoio à criação do próprio emprego,disponibilizandodeumasóvezototaldoapoiofinanceirodevidoporsitua-ção de desemprego, até aos sistemas de incentivo ao investimento e passando pela fa-cilitaçãodeacessoaomicrocrédito,emparceriacominstituiçõesfinanceirasprivadas,existemdiversasalternativasdefinanciamento,denaturezapública,disponíveisparaasfasesiniciaisdavidadasempresas.EstesprogramassãocofinanciadospelosFundosEstruturais e de Coesão da EU, cujo ciclo plurianual 2007-2013 está a terminar.

Nocontextodosinstrumentosfinanceirosdefinanciamentocomunitário,estáainiciar-seo ciclo plurianual de 2014 a 2020. Para além dos Fundos Estruturais, cuja programação seaguarda,existeuminstrumentofinanceiroparafinanciamentodetodaaatividadede investigação e inovação, denominado “Horizonte 2020”, que dispõe de um total de77milmilhõesdeeurosparaseteanos.Oapoiofinanceiroéconcedidonabasedeconcursos em competição e mediante um processo independente de avaliação das propostas apresentadas18.

Relativamente às entidades privadas, e para além das fontes informais de capital que provêm do entorno social do empreendedor – genericamente referidas como family, fools and friends – existem fontes formais como por exemplo os business angels. De acordo com a Associação Portuguesa dos Business Angels (APBA), um 16Idem p.33; 17Características preferidas pelos investidores de capital de risco e business angels; 18http://www.gppq.fct.pt/h2020/h2020.php

Família e Amigos

BusinessAngels

Venture Capital

IPO

Seed Start-up EarlyGrowth

SustainedGrowth

Crescimento

17

INOVEMPREENDE

business angel “…é um investidor que realiza investimentos em oportunidades nascentes (tipo startup ou early stage). Participa em projetos com smart money, isto é, para além de aportar capacidade financeira, também contribui com a sua expe-riência e network de negócios. Os Business Angels possuem uma série de ca-racterísticas em comum, como sejam, a realização de investimentos que nor-malmente variam entre os 25.000 e 500.000 euros; gostam de exercer a sua capacidade de mentoring dos projetos; buscam, não só um elevado retorno nos projetos em que investem, mas também novos desafios de preferência no seu país ou região.”

Existe em Portugal um número crescente de associações regionais de Business Angels, o que demonstra o interesse que a atividade suscita e, em relação direta com o fenóme-no do empreendedorismo, a perceção de oportunidades de investimento existentes no segmento das startup.

Existem também programas públicos de apoio ao investimento públicos com enfoque específiconapesquisaecomercializaçãodetecnologia,dequesãoexemploo“Siste-ma de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico” do COMPETE e o pro-grama europeu “Horizonte 2020”. Como já referimos este é um programa de pesquisa e inovação que prevê contribuir com perto de €77 mil milhões ao longo de 7 anos (2014 a 2020), em toda a Europa. Este programa estará já em execução em 2014.

Aindanoutraperspetiva,existemoutrosapoiosdenaturezafinanceiracomosejaopro-grama SIFIDE19,queconcedeincentivosfiscaisàsatividadesdeInvestigaçãoeDesen-volvimento das empresas. Permite às empresas recuperarem até 82,5% do custo total anualdo investimentoematividadesde I&Datravésdebenefíciosfiscais,nomeada-mente dedução direta à coleta de IRC.

Numa outra perspetiva, o World Economic Forum no seu relatório “The Global Competiti-veness Report 2013/2014” apresenta uma série de indicadores de competitividade entre 148 nações, que permite compará-las e posicioná-las relativamente entre si20. De entre os vários indicadores utilizados, agrupados em 12 pilares, podemos referir três deles, re-lativamenteao tema”financiamento”daatividadeempresarialpelo setorfinanceiroportuguês.

Relativamente à questão:“In your country, to what extent does the financial sector provide a wide range of financial products and services to businesses? [1 = not at all; 7 = provides a wide va-riety]”21, Portugalaparececlassificadoem48º,comumapontuaçãode5,0,acimada média de 4,5.

Quanto à questão:“In your country, to what extent are financial services affordable for businesses? [1 = not affordable at all; 7 = affordable]”22,onossopaíssurgeclassificadoem77º,com4,1 pontos, abaixo da média de 4,2.

19Sistemade IncentivosFiscaisà InvestigaçãoeDesenvolvimentoEmpresarial,https://sifide.adi.pt; 20Em 2013/2014 Portugal baixou a classificaçãode49ºpara51º,em148países;21Traduçãolivre:Noseupaís,qualavariedadedeprodutoseserviçosfinanceirosdispo-nibilizadosàsempresaspelosetorfinanceiro?[1=nada;7=grandevariedade];22Tradução livre: No seu país, até que ponto os serviços financeirossãoacessíveis(dopontodevistafinanceiro)pelasempresas?[1=nãoacessíveis;7=acessíveis]

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

18

Ainda relativamente à questão:“In your country, how easy is it to obtain a bank loan with only a good business plan and no collateral? [1 = extremely difficult; 7 = extremely easy]”23, a situação portuguesa surge em121ºlugar(em148),compontuaçãode2,1abaixodamédiade2,8.

3.3.2. Políticas Governamentais

Neste aspeto, que se relaciona com o apoio que as políticas públicas prestam ao em-preendedorismo, e até que ponto estas são neutrais quanto à dimensão e idade das empresas, os peritos portugueses do “GEM Portugal 2012” consideram existir uma situ-ação desfavorável. Já no “GEM Global Report 2013”, a situação portuguesa surge na média da União Europeia, no que se refere à relevância do empreendedorismo nas po-líticas públicas, mas abaixo da média da UE relativamente à não-discriminação positiva das empresas jovens e das PME face às restantes.

Na questão do apoio ao empreendedorismo, existem evidências da relevância que o fenó-meno assume nos vários níveis do governo – nacional, regional e local – e que se traduzem na implementação de diversos programas de apoio a que se refere o capítulo seguinte.

O Banco Mundial, na sua base de dados económicos de cobertura mundial24,classificaas diversas economias quanto a um conjunto relevante de indicadores. Um deles refere-seaosdesafioseobstáculosencontradospelosempreendedoresnacriaçãodosseusnegócios, e os dados respetivos são apresentados na tabela seguinte.

Tabela 1 Dados relativos à constituição de empresas. Banco Mundial

Como se pode observar, os dados do Banco Mundial a respeito de Portugal relatam uma situação favorável nos procedimentos burocráticos de registo de novas empresas, comparando com a média da OCDE.

No âmbito da União Europeia, a formulação da estratégia para a década de 2010 a 2020, que se consubstancia na estratégia “Europa 2020”, tem como um dos seus objeti-vos a promoção do emprego da população ativa. A estratégia europeia de emprego identifica“oempreendedorismoeacriaçãodeatividadeporcontaprópriacomoumelemento fundamental para garantir um crescimento inteligente, sustentável e inclusi-vo”25. Neste enquadramento, aguarda-se a operacionalização de programas de apoio financiamentoporFundosEstruturaisedeCoesão,anteriormentereferidos,paraope-ríodo 2014-2020.

Ajudandoaoenquadramentonecessárioparaaformulaçãodosinstrumentosfinancei-ros referidos, e em linha com a mencionada estratégia “Europa 2020”, a UE concebeu em 2013 um “Plano de Ação Empreendedorismo 2020”26 . Este plano pretende fomentar 23Tradução livre: No seu país, quão fácil é obter um empréstimo bancário somente com um bom Plano de Negócios e sem nenhumagarantiareal?[1=extremamentedifícil;7=extremamentefácil];24World Bank, http://www.doingbusiness.org/25http://ec.europa.eu/social/; 26http://ec.europa.eu/enterprise/policies/sme/entrepreneurship-2020/index_en.htm

Indicador Portugal OCDENº.totaldeprocedimentosnecessáriospararegistarempresa 3.0 4.8Nº-totaldediasnecessáriopararegistarempresa 2.5 9.2Custo de registo (% do rendimento per capita) 2.3 3.4

19

INOVEMPREENDE

o potencial empreendedor da Europa, remover obstáculos e revolucionar a cultura do empreendedorismo. Prevê 3 eixos de ação, a saber:

• Desenvolver o ensino e a formação no domínio do empreendedorismo; • Criar um ambiente propício à prosperidade e ao crescimento dos empresários; •Desenvolvermodelostípicosdeempreendedorismoealcançargruposespecíficos com potencial empreendedor, atualmente fora do alcance dos mecanismos tradicionais de apoio.

Ainda no capítulo das políticas europeias de apoio ao empreendedorismo, deveremos referir o lançamento em 2008 de um conjunto de medidas de apoio à atividade das PME, conhecido como “Small Business Act”. Estas medidas de facilitação da ativida-de das empresas e dos empresários vieram reconhecer a relevância para as políticas europeias do crescimento e emprego das PME europeias, cujo efetivo de 23 milhões representa 98% das empresas existentes, 2/3 do emprego privado total e, em 2011, tinha gerado 80% dos empregos criados nos 5 anos precedentes.

3.3.3. Programas Governamentais

Esta condição estrutural refere-se à existência e à qualidade de programas públicos de apoio a PME, nos vários domínios de governo, nacional, regional e local. De novo recor-rendoao“GEMGlobalReport2013”,verificamosquePortugalseclassificaligeiramenteacimadamédiadaUE,sendooLuxemburgoopaísmelhorclassificado.

Assiste-se em Portugal a uma evolução rápida de programas públicos e em parceria com o setor privado, dedicados ao fenómeno do empreendedorismo nas suas várias fases. Diversos programas estratégicos foram implementados, do que constitui particular evidência o “Programa Estratégico para o Empreendedorismo e a Inovação (+e+i)”, sob coordenação do Ministério da Economia e do Emprego.

Também a nível regional, diversos programas estratégicos e operacionais foram produ-zidos e levados a cabo, como sejam os programas de apoio das Comunidades Intermu-nicipais (CIM), de que são exemplo o “Plano de Ação para a Promoção do Empreen-dedorismo na Beira Interior Sul 2012-2015 e Iniciativas Piloto” da CIM Beira Baixa e o “Alto Alentejo empreendedor” da CIM Alto Alentejo.

Ao nível local assiste-se também a diversos programas de apoio, como por exemplo a iniciativa “Em Idanha há lugar para ti; não emigres, migra!” do município de Idanha-a-Nova,queapoiaepromoveafixaçãodeempreendedoresnaregião.

3.3.4. Educação e Formação

A “educação e formação sobre empreendedorismo” foi considerada pelos peritos portuguesesdoGEMPortugal 2012como insuficientenonívelbásicoe secundário,mas como ‘favorável’ no ensino superior, no que se refere ao ensino da gestão de negócios. Na comparação com os restantes países da UE, o GEM Global Report 2013 conclui que Portugal está ligeiramente acima da média europeia nestes dois níveis de

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

20

educação,estandoaHolandaeaLetónianotopodaclassificação.

Quanto ao inquérito da Comissão Europeia sobre o empreendedorismo na Europa27, este revela-nos que 25% dos respondentes em Portugal participou num programa de empreendedorismo, em linha com a média europeia.

Ainda, 34% dos respondentes europeus que consideram o autoemprego exequível num prazo de 5 anos participaram num curso de empreendedorismo; em contraponto so-mente18%dosquenãoveemviabilidadenoautoempregoofizeram.

Quantoàafirmação“Aeducaçãoescolaraumentouomeuinteresseemserempre-endedor”28, 70% dos respondentes europeus ‘discordou completamente’, apesar desse indicador ter melhorado desde o inquérito anterior em 2009, com 72% dos respondentes.

No que respeita à inclusão do empreendedorismo nos curricula escolares, e em linha com o desenvolvimento das políticas e programas públicos de fomento e apoio ao empreen-dedorismo, surge em 2012 legislação que consubstancia a educação para a cidadania, prevendo-se para 2014/2015 a criação de um ‘referencial de educação para o empre-endedorismo’, ao dispor das instituições de ensino pré-escolar, básico e secundário.

Nestes níveis de ensino, existem diversos programas de promoção do empreendedo-rismo,emváriosmodelos,noensinobásicoesecundárioenoscursosprofissionais.

Neste enquadramento, a AIP-CCI desenvolveu dois programas de fomento do empreen-dedorismo, um deles destinado ao ensino básico, denominado “Ateliers Empreender Crian-ça”29eooutrodestinadoaoensinosecundárioeprofissional,denominado“AcademiaEm-preender Jovem”30 . No capítulo do treino e formação, a AIP-CCI desenvolveu um portal de conteúdos temáticos do empreendedorismo31, onde é possível aceder a ferramentas e outros conteúdos que, em autoestudo, permitem aos empreendedores o desenvolvimento das suas competências e reforço de comportamentos e atitudes empreendedoras.

No que respeita ao ensino superior, existem 20 cursos32 de empreendedorismo que conferem grau académico, entre licenciaturas e mestrados integrados, mestrados e doutoramentos. Desses, os seguintes ocorrem nas regiões onde decorreu o programa INOVEMPREENDE33:

Figura 7 Licenciaturas e mestrados em empreendedorismo, Beira e Alentejo. DGES27Flash Eurobarometer 354 Entrepreneurship - Country Report 2012; 28Idem, p.120M; 29http://www.empreender.aip.pt/?lang=PT&pa-ge=educacao/emp_crianca.jsp;30http://www.empreender.aip.pt/?lang=PT&page=educacao/emp_jovem.jsp;31 http://www.empreender.aip.pt/; 32Direção Geral do Ensino Superior; 33Excluem-se os cursos que não referem “empreendedoris-mo” na sua denominação

Entidade Nome do Curso Grau NotasInstituto Politécnico Desenvolvimento e Licenciatura Em conjunto com ESdeBeja Empreendedorismo 1ºCiclo deTecnologiae Social Gestão e de Educação

Instituto Politécnico Desenvolvimento MestradodeBeja Comunitárioe 2ºCiclo Empreendedorismo

Universidade da Beira Empreendedorismo Mestrado Interior eCriaçãodeEmpresas 2ºCiclo

Universidade da Beira Empreendedorismo MestradoInterior eServiçoSocial 2ºCiclo

21

INOVEMPREENDE

Em 201134, as instituições de ensino superior em Portugal lecionavam, em todos os seus cursos, 338 unidades curriculares relativas ao empreendedorismo, em 7 áreas temáticas queserepresentamnaseguintefigura:

Figura 8 Áreas temáticas das UC do ensino superior em Portugal, 2011. Anabela Pimpão

Nas regiões onde decorreu o INOVEMPREENDE existem cursos superiores onde o em-preendedorismo e a inovação estão incluídos nos respetivos planos de estudos, como é o caso, por exemplo, da Universidade de Évora e dos seus mestrados em Gestão e Engenharia de Biossistemas, ou ainda o mestrado em Gestão de Empresas do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Noutro nível de ensino, existem também cursos de especialização tecnológica em em-preendedorismo, como o que é oferecido pelo Instituto Politécnico da Guarda.

Para além dos cursos mencionados, existe uma larga oferta de cursos de pós gradua-ção e mastersexecutivosemempreendedorismo,havendoumadiversificadaofertanomercado por instituições de ensino superior e outras entidades privadas e de natureza associativa.

3.3.5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento

Esta condição estrutural para o fenómeno empreendedor refere-se ao grau em que a Investigação e Desenvolvimento (I&D) conduz a novas oportunidades comerciais, assim como o nível de acesso à I&D por parte dos negócios pequenos, novos ou em cresci-mento. A opinião dos peritos tal como reportada no “GEM Portugal 2012” menciona uma situação genericamente pouco favorável, e pior do que em 2011. É ali referido, na página 35: “A facilidade de acesso de empresas novas e em crescimento à tecnologia e os subsídios governamentais à I&D são avaliados menos negativamente que o preço dasnovastecnologiaseacapacidadedabasecientíficaetecnológicadoPaísapoiareficientementeacriaçãodenovosnegócios tecnológicosdenívelmundialempelomenos uma área.”

Noutra perspetiva, o “GEM Global Report 2013” compara Portugal positivamente com a média europeia, sendo que o país dos 28 que mais se destaca nos benefícios económi-cos e no acesso à I&D é a Finlândia.

34Anabela Pimpão, “A Formação Superior em Empreendedorismo em Portugal”, 201

Áreas temáticas das Unidades Curriculares de Empreendedorismo

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

22

Para uma outra perspetiva sobre esta condição estrutural, socorremo-nos do estudo comparativo elaborado pelo “Painel de Avaliação da União da Inovação 2014”35. Nes-te estudo, os Estados-Membros são classificados em quatro grupos de desempenhocom base no respetivo desempenho médio em matéria de inovação.

Os “Líderes de inovação”, com desempenhos bastante acima da média da UE, in-cluem a Dinamarca, Finlândia, Alemanha e Suécia (este país em primeiro lugar). Por exemplo 36, na Suécia, o número médio de pedidos de patentes em 2009/2010, por milhão de habitantes, foi de 303. Em Portugal, esse número, por milhão de habitan-tes, foi de 13. A Suécia tem, aproximadamente, 9,5 milhões de habitantes.

Os “Seguidores da inovação”, com desempenhos em inovação superiores ou seme-lhantes à média da EU, incluem a Áustria, Bélgica, Chipre, Estónia, França, Irlanda, Lu-xemburgo, Holanda, Eslovénia e o Reino Unido.

Com resultados inferiores à média europeia, integrando o grupo de países “Inovadores moderados”, encontramos Portugal e ainda a Croácia, República Checa, Grécia, Hun-gria, Itália, Lituânia, Malta, Polónia, Eslováquia e Espanha.

Com desempenhos em inovação bastante abaixo da média da EU, integrando o grupo de países “Inovadores modestos”, encontramos a Bulgária, Letónia e a Roménia.

Relativamente a Portugal, e para complementar a perspetiva relativa à apreciação do “GEM”,reproduz-senafiguraseguinteasíntesedosindicadoresdeinovação,compa-rando-os com a média europeia e mostrando também a sua evolução.

Figura 9 Desempenho da Inovação em Portugal. Comissão Europeia

35Comissão Europeia “Painel de avaliação do desempenho da União da Inovação em matéria de Investigação e Inovação”36World Economic Forum, “The Global Competitiveness Report 2013-2014, PCT patent applications”

23

INOVEMPREENDE

O desempenho de Portugal é inferior ao da média europeia em quase todos os indica-dores, particularmente no que respeita ao registo de patentes e suas consequências na economia. Os indicadores com desempenho superior à média europeia são a publica-çãocientífica,eonúmerorelativodePME(incluindomicroempresas)cominovaçãoem processos, produtos ou marketing.

De referir que a maioria dos indicadores tem crescimento positivo, com destaque para a despesa em “pesquisa e desenvolvimento” do setor empresarial.

Naturalmente, em cada um dos países considerados, incluindo Portugal, haverá regiões com diferentes níveis de desempenho em inovação. Um outro estudo sobre inovação da UE, de natureza regional37,apresentaessepanoramaporregiões,queafigurase-guinte retrata.EmPortugala informação refere-seàdivisãogeográficaNUTS2,epo-demos observar que a região de Lisboa é considerada “seguidores da inovação”, en-quanto que as restantes regiões do continente são “inovadores moderados”.

Figura 10 Desempenho regional da inovação na Europa. Comissão Europeia

Este Painel Regional refere algumas fontes de estímulo à inovação nas regiões, cuja relação comoimpactopositivonainovaçãofoiidentificado.Asregiõesondeaspopulaçõestêmuma atitude mais positiva relativamente às ideias e coisas novas são mais favoráveis à ino-vaçãoeempreendedorismo.Asregiõesondeexisteumsistemadefinanciamentopúblicoàinovaçãobeneficiandoasempresasinovadoras,sãoregiõesmaisinovadoras.Sendoaausênciadefinanciamentoumadasmais importantesbarreirasà inovação,ofinancia-mentopúblico(nomeadamenteatravésdeinstrumentosfinanceirosjáreferidos,comoosprevistos no “Horizonte 2020”) apresenta resultados positivos na promoção da inovação.37Painel de Avaliação da Inovação Regional 2014, Comissão Europeia

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

24

Subjacente à inovação empresarial está a pesquisa e desenvolvimento, nomeadamente a queresultadaatividadedeinvestigaçãocientífica.EstaatividadeocorrenosetorEstado,EnsinoSuperioreempresaseinstituiçõesprivadassemfinslucrativos,eafiguraseguintemos-tra-nos a despesa em inovação e desenvolvimento nas regiões NUTS2 em causa. Apesar de osdadosmaisrecentessereportarema2011,cujosvaloresrefletemoperíododecrisefinan-ceira, a comparação entre as regiões é reveladora desta atividade em cada uma delas38.

Figura 11 Despesa em I&D por localização (NUTS2 e INOVEMPREENDE) e sector de execução. INE

3.3.5.1. O sistema de investigação e inovação das regiões

Segundo a Fundação para a Ciência e Tecnologia39, a composição do sistema de in-vestigação e inovação nacional resulta da interação de 5 tipos de organização; a cir-culaçãodoconhecimentodebasecientífica,desdeaproduçãoeexploraçãodoco-nhecimento até à sua transformação em soluções de mercado, assenta numa estrutura que inclui:

•Oficinas,gabinetesouunidadesdetransferênciadeconhecimento: GAAPI Gabinete de Apoio a Projetos de Investigação, U. da Beira Interior; Fundação Luís de Molina, Universidade de Évora; Centro de Transferência do Conhecimento, I.P. Beja; C3i - Coord. Interdisciplinar para a Investigação e Inovação, I.P. Portalegre.

• Instituições de interface com I&D incorporado: INESC - Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (abrangência nacional); IT - Instituto de Telecomunicações, delegação da Covilhã (UBI);

• Centros tecnológicos; CATAA - Centro de Apoio Tecnológico Alimentar, Castelo Branco; CEVALOR - Centro Tecnológico da Pedra Natural de Portugal, Borba.38Dadosapresentadosnãoincluemosetor“Instituiçõesprivadassemfinslucrativos”39“DiagnósticodoSistemadeInvestigaçãoeInovação:Desafios,ForçaseFraquezasrumoa2020”2013

Despesa em investigação e desenvolvimento (€ milhares)2010 2011

Estado Empresas E. Superior Estado Empresas E. Superior

Portugal 196.288 1.266.296 1.016.624 189.330 1.216.346 933.812

Continente 186.612 1.263.052 1.001.102 182.320 1.213.224 919.869

Norte 49.942 338.118 285.643 44.237 327.359 295.754

Centro 14.126 150.680 217.422 15.849 176.511 193.181

Beira Interior Norte 1.981 5.080 188 3.189 2.201Beira Interior Sul 35 4.239 6.468 1.439 3.936

Cova da Beira 524 3.106 15.119 646 3.321 13.171Lisboa 120.076 752.125 438.604 120.436 683.623 380.198

Alentejo 1.478 17.916 31.598 828 21.775 25.784

Alto Alentejo 464 2.488 3.860 41 1.657 2.441Alentejo Central 140 2.133 21.413 410 3.988 19.423

Baixo Alentejo 529 2.102 2.151 2 5.418 1.750Algarve 991 4.213 27.834 971 3.957 24.953

25

INOVEMPREENDE

• Clusters e polos de competitividade e tecnologia; Polo de Competitividade da Saúde www.healthportugal.com Polo de Competitividade da Moda www.polodamoda.pt Polo de Competitividade e Tecnologia Agroindustrial www.portugalfoods.org Polo de Competitividade e Tecnologia da Energia www.energyin.com.pt Polo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica Polo de Competitividade e Tecnologia das Indústrias de Base Florestal - TICE.PT www.aiff.org.pt Polo de Competitividade e Tecnologia Engineering & Tooling www.toolingportugal.com PolodeCompetitividadeeTecnologiadasIndústriasdeRefinação,Petroquímica e Química Industrial www.aipqr.pt Polo de Competitividade e Tecnologia das Indústrias da Mobilidade – Mobi 2015 www.ceiia.com Polo das Tecnologias de Produção- PRODUTECH www.produtech.org Polo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica www.tice.pt Polo de Competitividade e Tecnologia Turismo 2015 www.turismo2015.pt Cluster Habitat Sustentável www.centrohabitat.net Cluster Agroindustrial do Centro www.inovcluster.com Cluster da Pedra Natural www.valorpedra.pt Cluster das Indústrias Criativas na Região do Norte www.addict.pt Cluster Agroindustrial do Ribatejo www.agrocluster.com Cluster Vinhos da Região Demarcada do Douro www.advid.pt

• Parques tecnológicos Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo, Évora (polos previstos para Beja e Portalegre; Parkurbis - Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã;

Os clusters e polos de Competitividade e Tecnologia referidos são instrumentos de in-centivo à criação de redes de inovação, em parcerias entre empresas líderes nos seus setores de atividade e instituições de suporte relevantes, nomeadamente instituições de I&DT40,deensinosuperioredeformaçãoprofissional.

Estas parcerias têm como objetivo o desenvolvimento de projetos de elevada intensida-de tecnológica e com projeção internacional. De base setorial ou regional, estes polos eclustersdefinemestratégiaseidentificamprojetosestruturantes,denaturezatecnoló-gica e inovadora, com impacto nas regiões onde se aplicam e nos setores respetivos.

AindanoquerespeitaàsentidadesdeensinoeformaçãodoSistemaCientíficoeTec-nológico Nacional, a oferta nas regiões da Beira Interior e do Alentejo Interior está or-ganizada nos seguintes polos de conhecimento41, devendo notar-se que, em alguns casos, haverá duplicação da informação relativamente a organizações envolvidas na circulaçãodoconhecimentodebasecientífica,conformereferidosupra:

• POLOS DE CONHECIMENTO BEIRA INTERIOR: Instituto Politécnico da Guarda (IPG) que integra:40Investigação e Desenvolvimento Tecnológico 41AIP-CCI “Cartas Regionais De Competitividade”

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

26

• Unidade de Investigação para o Desenvolvimento do Interior (UDI) com os seguintes Grupos de Investigação: Comunicação e Expressão; Saúde; Economia, Gestão e Métodos; Inovação Educacional e Formação de Professores; Desenvolvimento de Produtos e Tecnologia.

• Universidade da Beira Interior (UBI) que integra as Unidades de investigação:

• Materiais Têxteis e Papeleiros • Centro de Matemática • Unidade de Deteção Remota • Centre for Aerospace Science and Technologies • Núcleo de Estudos em Ciências Empresariais •InstitutodeFilosofiaPrática • Laboratório de Comunicação e Conteúdos Online • Laboratório de Comunicações e Multimédia • Centro de Investigação em Ciências da Saúde • Centre of Materials and Building technologies • Grupo de Investigação de Aeronáutica e Astronáutica • Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano • Centre for Advanced Studies in Management and Economics • Centre for Research and Studies in Sociology • Centro de Estudos Sociais • Centro de Estudos Judaicos • Centro de Tecnologia da Linguagem Humana e Bioinformática • Soft Computing and Image Analysis Laboratory

• Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) que integra:

• Centro de Estudos em Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade (CERNAS) • Centro de Estudos de Desenvolvimento Regional • Laboratório de Robótica e Equipamentos Inteligentes (LREI) • LABET - Laboratório de Ensaios Termodinâmicos – Castelo Branco

• POLOS DE CONHECIMENTO ALENTEJO INTERIOR

• Instituto Politécnico de Portalegre, que integra: • Centro de Investigação (C3I): Núcleo BIOENERGIA –Sistemas Sustentáveis de Energia, Agricultura e Ambiente Núcleo NEISES -Núcleo de Estudo para a Intervenção Social, Educação e Saúde Observatório Regional do Turismo do Alentejo ProjetoInovEnergy–EficiênciaEnergéticanoSectorAgroindustrial Projeto Desenvolvimento de Biocombustíveis de 2ª geração Projeto Colheita, conservação e valorização de germoplasma de poejos e coentros no Alentejo

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INOVEMPREENDE

• Universidade de Évora, que integra as seguintes unidades de investigação:

• Escola de Ciências e Tecnologia: CEM - Centro de Engenharia Mecatrónica CITIUE - Centro de Inovação em Tecnologias de Informação LIRIO - Laboratório de Investigação de Rochas Industriais e Ornamentais LH - Laboratório HERCULES - Herança Cultural, Estudos e Salvaguarda • Escola de Ciências Sociais CIEP - Centro de Investigação em Educação e Psicologia CISAAS - Centro Investigação em Sociologia e Antropologia Augusto da Silva • Escola Superior de Enfermagem de S. João de Deus CICTS - Centro de Investigação em Ciências e Tecnologias da Saúde

• Instituto de Investigação e Formação Avançada CEHFCI-CentrodeEstudosdeHistóriaeFilosofiadaCiência CEFAGE - Centro de Estudos e Formação Avançada em Gestão e Economia CEL - Centro de Estudos em Letras CGE - Centro de Geofísica de Évora CHAIA - Centro de História da Arte e Investigação Artística CIBIO-UE - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos CIMA - Centro de Investigação em Matemática e Aplicações CQE - Centro de Química de Évora CIDEHUS - Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades ICAAM - Instituto Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas IFP-InstitutodeFilosofiaPrática NICPRI.UÉ - Núcleo Investigação em Ciência Política e Relações Internacionais UNIMEM - Unidade de Investigação em Música e Musicologia

• Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), que integra:

• Centro de Transferência de Conhecimento • Museu Botânico • Centro de Ciência e Tecnologia dos Alimentos • Centro de Experimentação Agrícola • Centro de Investigação e Apoio ao Envelhecimento Ativo • Centro de Investigação em Economia e Gestão • Centro de Línguas e Culturas • Centro Hortofrutícola • Laboratório de Análise de Sementes e Matérias Primas Vegetais • Laboratório de Análise de Terras • Laboratório de Animação Territorial • Laboratório de Apoio à Atividade Física e Saúde • Laboratório de Arte e Comunicação Multimédia • Laboratório de Biologia • Lab. de Controle de Qualidade de Águas de Consumo e de Águas de Rega

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

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• Laboratório de Controle de Qualidade de Águas Residuais • Laboratório de Ecologia • Laboratório de Ensino de Ciências da Terra e Atmosfera • Laboratório de Materiais • Laboratório de Nutrição Animal • Laboratório de Proteção Civil e Segurança • Laboratório de Reabilitação • Laboratório de Sanidade Vegetal • Laboratório de Sistemas Eletrónicos, Processamento de Sinal e Instrumentação • Laboratório de Solos • Laboratório de Tecnologias de Regadio • Laboratórios de Ensino e Investigação de Indústrias Alimentares • Laboratórios de Ensino e Investigação de Proteção do Ambiente • LabSI2 - Laboratório de Sistemas de Informação e Interatividade • UbiNET - Segurança Informática e Cibercrime

Neste contexto, devemos referir ainda os seguintes polos de conhecimento:

ALTO ALENTEJO: Instituto Nacional De Recursos Biológicos- Unid. de Investigação de Recursos Genéticos, EcofisiologiaeMelhoramentodePlantas,Elvas; Centro de Experimentação do Alto Alentejo (Agricultura, Floresta e Pescas); Hospital de Santa Luzia de Elvas; Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Elvas

ALENTEJO CENTRAL: Centro de Experimentação do Centro Alentejo (Agricultura, Florestas e Pescas); Museu de Évora (História, Arqueologia, Arte); Núcleo de Experimentação dos Lameirões; Estação Biológica do Garducho (EBG) – Centro de Estudos da Avifauna Ibérica (CEAI)

BAIXO ALENTEJO Centro de Experimentação do Baixo Alentejo; Centro Hospitalar do Baixo Alentejo; Campo Arqueológico de Mértola; Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Baixo Alentejo e Litoral (CEBAL).

No que respeita às entidades de ensinotécnicoeprofissional, a oferta nas regiões em causa é a seguinte42:

EscolasProfissionaisBeiraInterior EPT-EscolaProfissionaldeTrancoso-http://www.ept.pt/ • Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade • Comércio • Turismo • Instalações Elétricas • Gestão de Equipamentos Informáticos42“AnuáriodasEscolasProfissionais”http://www.anuarioescolasprofissionais.com/

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INOVEMPREENDE

• Manutenção Industrial (Mecatrónica Automóvel) • Energias Renováveis (Sistemas Solares).

ENSIGUARDA-EscolaProfissionaldaGuarda http://www.ensiguarda.pt/ • Manutenção Industrial (Eletromecânica) • Gestão de Equipamentos Informáticos • Multimédia • Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade • Saúde

EPF-EscolaProfissionaldoFundão http://www.epfundao.edu.pt/ • Comércio • Construção Civil • Restauração; Cozinha – Pastelaria e Restaurante – Bar • Gestão do Ambiente • Gás

INETESE - Instituto de Educação Técnica de Seguros (Pólo) Castelo Branco http://www.inetese.pt/ • Banca e Seguros • Vendas

ETEPA-EscolaTecnológicaeProfissionalAlbicastrense http://www.etepa.pt/ • Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade •ArtesGráficas • Animador Sociocultural • Serviços Jurídicos • Comércio

EPRIN-EscolaProfissionaldaRaiaIdanha-a-Nova|http://www.eprin.pt/ • Auxiliar de Saúde • Artes do Espetáculo • Produção Agrária • Gestão Equina

AAR-EscolaProfissionalAgostinhoRoseta(Pólo)CasteloBranco http://www.aar.edu.pt/ • Restauração: Cozinha – Pastelaria e Restaurante – Bar

EscolasProfissionaisAlentejo AAR-EscolaProfissionalAgostinhoRoseta(Pólo)Crato|http://www.aar.edu.pt/ • Auxiliar de Saúde • Turismo

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

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EPRAL-EscolaProfissionaldaRegiãoAlentejo(Sede)Évora http://www.fundacao-alentejo.pt/ • Restauração: Cozinha – Pastelaria e Restaurante – Bar • Hotelaria (Receção) • Turismo • Construção Civil • Multimédia •SistemasdeInformaçãoGeográfica • Apoio à Infância • Auxiliar de Saúde • Processamento e Controlo de Qualidade Alimentar • Vendas

EPRAL-EscolaProfissionaldaRegiãoAlentejo(Pólo)Estremoz http://www.fundacao-alentejo.pt/ • Coordenação e Produção de Moda • Design de Moda • Multimédia

INETESE - Instituto de Educação Técnica de Seguros (Pólo) Évora http://www.inetese.pt/ • Banca e Seguros • Contabilidade

EPA-EscolaProfissionaldeAlvito https://www.epalvito.com/ • Gestão de Equipamentos Informáticos • Restauração: Cozinha – Pastelaria e Restaurante – Bar • Comércio • Receção • Banca e Seguros • Informática de Gestão

EscolaProfissionaldeMoura|http://www.comoiprel.pt/ • Design de Moda • Restauração: Cozinha – Pastelaria e Restaurante – Bar • Gestão Cinegética • Instalações Elétricas

EPBJC-EscolaProfissionalBentodeJesusCaraça(Pólo)Bejahttp://www.epbjc.pt/ • Animador Sociocultural • Apoio Psicossocial • Comércio • Gestão do Ambiente • Higiene e Segurança do Trabalho e Ambiente

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INOVEMPREENDE

EscolaProfissionalALSUDMértola|http://www.alsud.pt/ • Assistente Arqueólogo •RecuperaçãodoPatrimónioEdificado • Gestão Cinegética • Animador Sociocultural • Apoio Infância • Gestão do Ambiente

EPFA-EscolaProfissionalFialhodeAlmeidaVidigueira http://www.epfavidigueira.pt/ • Animador Sociocultural • Auxiliar de Saúde • Apoio Psicossocial • Viticultura e Enologia • Produção Agrária • Processamento e Controlo da Qualidade Alimentar • Multimédia • Audiovisuais

EscolaProfissionaldeCuba http://epcuba.com/ • Multimédia • Audiovisuais • Instalações Elétricas • Eletrónica e Telecomunicações • Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade

Noutra perspetiva, e em complemento ao sistema de investigação e inovação, deve-remos referir o contributo de outro tipo de entidades para a programação estratégica eimplementaçãodeaçõespromotorasdadifusãodoconhecimentocientíficoesuatransferência para o setor empresarial.

Referimo-nos a entidades na dependência da Administração Central, com atuação regional, nomeadamente as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR). A missão destas é a de executar as políticas de ambiente, de ordenamento do território e cidades e de desenvolvimento regional, ao nível das suas respetivas áreas geográficasdeatuação,eapoiartecnicamenteasautarquiaslocaiseasassociações43. No contexto da Política de Coesão da União Europeia para 2014-2020, as CCDR elaboram programas e iniciativas com vista a mobilizar os agentes locais e regionais. Atualmente,eperanteonovociclodeprogramaçãofinanceirada referidaPolíti-ca de Coesão, a CCDR do Centro44 e do Alentejo45 submeteram já à apreciação da Comissão Europeia os seus Programas Operacionais Regionais para 2014/2020. Estes programas, ainda em fase de apreciação, dedicam particular atenção às ne-cessidades de promoção da transferência de conhecimento do SCTN para o setor empresarial, e assim constituem referência importante para todos quantos estão en-volvidos do desenvolvimento empresarial.43Decreto-Lein.º228/2012de25deoutubro;44http://www.centro.portugal2020.pt/index.php/programa45http://webb.ccdr-a.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=338&Itemid=309

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

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A título de exemplo, observamos que a CCDR do Alentejo, no referido Plano de Ação Regional produzido no âmbito da preparação regional para o novo ciclo de fundos comunitários do período 2014/2020, apresenta como uma das suas priorida-des de intervenção a “Consolidação do Sistema Regional de Inovação e Compe-tências”. Para promover a intermediação entre os centros de conhecimento e I&D e as empresas da região, esta intervenção prioritária prevê as seguintes tipologias de ação46:

• Consolidação do Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo (PCTA), com oferta de espaços e serviços para empresas e empreendedores, cooperação estratégica nos domínios científicos do PCTA, revitalização urbana [previstos polosemPortalegreeBeja];

•RequalificaçãoedesenvolvimentodeinfraestruturasdeInvestigaçãoedeEnsino Superior (IES);

• Apoio à criação e funcionamento de estruturas de interface IES - empresa e de proteção da propriedade intelectual;

• Apoios ao lançamento de “spin-offs” e “start-ups”, envolvendo capital de risco para a inovação empresarial;

• Bolsas para realização de Mestrados e Doutoramentos em contexto empresarial;

• Atribuição de “prémios para inovação no Alentejo” englobando prémios a projetos de I&D, prémios a novas empresas de base tecnológica formadas na Região;

• Sistema de bolsas de formação avançada para estudantes e investigadores de elevado potencial;

• Criação de patentes de base tecnológica;

•Criaçãodeumfundodeapoioàexcelênciacientífica;

Já a versão de trabalho do Programa Operacional Regional do Centro47 da CCDR do Centro prevê, de entre 9 eixos prioritários, o “Eixo 2: Investigação, desenvolvimento e inovação”,perspetivandodiversosobjetivosespecíficos,asaber:

•Aumentaraproduçãocientíficadequalidadereconhecidainternacionalmente;

• Reforçar a inserção das infraestruturas de investigação nas redes internacionais de I&D;

•Reforçaratransferênciadeconhecimentocientíficoetecnológicoparaosetor empresarial;

• Aumentar o investimento empresarial em I&D;46CCDRA “Alentejo 2020 - Plano de ação regional”[email protected]

33

INOVEMPREENDE

• Reforçar as redes e outras formas de parceria e cooperação;

• Aumentar o investimento empresarial em atividades inovadoras;

3.3.6.InfraestruturaComercialeProfissional

Esta condição estrutural analisa o grau de maturidade do mercado relativamente à existênciaedisponibilidadedeserviçosprofissionaisdeapoioesuporteàsempresas,denatureza jurídica, comercial, contabilística, entre outros. Segundo os peritos nacionais do “GEM Portugal 2012”, “a disponibilidade de serviços de consultoria, contabilidade, assessoriajurídicaefinançassãoapontadascomopontosfavoráveis,aopassoqueoseu custo é visto negativamente”48.

Já no universo dos 28 países da União Europeia, a Holanda surge destacada como o paíscommelhorclassificaçãoaesterespeito.Osperitosdo“GEMGlobalReport2013”classificamPortugalacimadamédiaeuropeia,alcançandoumapontuação ligeira-mente superior a outros países com a Alemanha e o Reino Unido, por exemplo.

3.3.7. Abertura do Mercado e Barreiras à Entrada

Em contraponto, nesta outra condição estrutural para o empreendedorismo, e segun-do a opinião dos peritos, Portugal alcança resultados inferiores à média europeia. Re-lativamente à abertura do mercado, ou seja, à facilidade com que novas empresas entram em mercados existentes, os peritos nacionais do “GEM Portugal 2012” referem que, apesar de os custos de entrada no mercado por parte de empresas novas e em crescimento serem desvantajosos, a facilidade com que estas empresas “podem entrar no mercado sem serem injustamente bloqueadas por outras já estabelecidas é vista com uma luz menos negativa”49.

Nesta perspetiva de ‘abertura do mercado’, o “GEM Global Report 2012” é também penalizadorparaPortugal,ficandoclassificado ligeiramenteabaixodamédiados28países,ondenovamenteaHolandaatingeamelhorclassificação.

Mas neste relatório é ainda considerada outra perspetiva desta condição estrutural, que é a dinâmica do mercado, relativa ao nível de mudança dos mercados que se verificadeanoparaano.Nestaperspetiva,Portugalsurgetambémabaixodamédiaeuropeia dos “28”, e a Polónia é o país que se destaca positivamente pela dinâmica do seu mercado.

Relativamente ao tema “mercados”, é interessante recolher a perspetiva fornecida pelo “The Global Competitiveness Report 2013–2014” do World Economic Forum. No que respeitaàeficiênciadomercadodeprodutos,esterelatórioclassificaPortugalacimada média dos 148 países relativamente à “orientação para o cliente” por parte das empresas,em49ºlugar.

Jánoquerespeitaà“sofisticaçãodoscompradores”,istoé,seestesdecidemsimples-mentecombasenomenorpreço,numextremo,ouemanálisesmaissofisticadasde48GEM Portugal 2012 p.3549Idem, p.36

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

34

desempenho e atributos, no outro, Portugal surge abaixo da média para os 148 países considerados, em 83ª lugar.

3.3.8. Normas Culturais e Sociais

Em 2012, os peritos portugueses do “GEM Portugal” consideraram que, em Portugal, as normas culturais e sociais deixaram de ser o principal fator impeditivo da atividade empreendedora. Se, por um lado, a abordagem cultural relativa à tomada de risco na atividade empreendedora é “especialmente negativa”50, por outro, o fomento da cria-tividadeeinovaçãoéclassificadomenosnegativamente.

O“GEMGlobalReport2013”apresenta-nosumpanoramaqueconfirmaasperceçõesvigentes de que a Europa, neste aspeto estrutural de apoio e fomento ao empre-endedorismo, apresenta uma situação geralmente menos favorável do que outras geografiastidaspormaisfacilitadorasdatomadadoriscoondeexistemenorestigmapelaeventualidadedefalhar.Nesterelatório,PortugalsurgeclassificadonamédiadaUE28, e a Estónia surge como o país cujas normas sociais e culturais mais facilitam o empreendedorismo.OspaísesdoNorteeuropeusurgemcommelhoresclassificações,mas os do Sul, incluindo a França, a Espanha, a Itália e a Grécia surgem todos com classificaçõesinferioresàdePortugaleàmédiados“28”.Emcontraponto,aclassifi-cação dos EUA é a mais elevada de todos os países “ocidentais”.

3.3.9. Desemprego

Nas seções anteriores analisámos um conjunto de condições estruturais do empreen-dedorismo, que facilitam ou estimulam o fenómeno empreendedor. Analisamos agora qual a situação portuguesa face a um outro fator considerado estimulador, ou driver, do empreendedorismo, o “desemprego”.

A necessidade de criação do próprio emprego surge como a motivação para a criação do negócio de 23% dos empreendedores portugueses early stage51 , o que evidencia a importância deste fator como driver da atividade empreendedora. A inexistência de alternativas profissionais por conta de outrem constitui, assim, um aspeto muito relevante em toda esta temática, e a relação entre o desemprego e a atividade empreendedora fica estabelecida, para além de outros fatores es-timuladores, como sejam as normas culturais e sociais, a dinâmica e abertura dos mercados, já analisados.

A situação portuguesa relativamente à taxa de desemprego da população ativa tem sido muito discutida durante o período de crise económica e financeira que o país atravessa.

Podemos observar a evolução deste fator nas regiões-alvo deste relatório, conforme nos indica a seguinte tabela. Nas colunas com cabeçalho de cor amarela, podemos observar a evolução em 3 anos para cada uma das regiões em apreço. Nas colunas com cabeçalho de cor laranja, podemos observar a distribuição etária dos desempre-gados inscritos para o ano de 2013.50GEM Portugal 2012 p.3651Vide “3.2 Atividade empreendedora”, supra

35

INOVEMPREENDE

Figura 12 Desempregados inscritos, regiões de intervenção INOVEMPREENDE. PORDATA

Como se observa, existem diferenças apreciáveis entre cada uma das regiões conside-radas, não só nos totais de inscritos nos Centros de Emprego mas também na distribui-ção etária destes indivíduos. Devemos chamar a atenção para o facto de a compara-ção entre as regiões carecer de números relativos à população ativa de cada uma, e não somente de números absolutos como aqui são divulgados.

3.3.10. Apoio Regional ao empreendedorismo

A nível regional e local existem diversas entidades que promovem ações de apoio ao empreendedor e ao empreendedorismo. Relativamente às entidades associadas da AIP-CCI,deveremosantesdemaismencionaraamplacoberturageográficaproporcio-nada pelas seguintes entidades:

• NERGA - Núcleo Empresarial da Região da Guarda, Associação Empresarial. Delegações em Seia e Gouveia • NERCAB - AEBB - Associação Empresarial da Beira Baixa. Delegações na Covilhã e Proença-a-Nova. • NERPOR– Núcleo Empresarial da Região de Portalegre, Associação Empresarial. • NERE - Núcleo Empresarial da Região de Évora, Associação Empresarial • NERBE/AEBAL - Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral

Outras entidades fomentam e apoiam ativamente o empreendedorismo, como por exemplo:

• ACG - Associação do Comércio e Serviços do Distrito da Guarda • ADRACES - Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro Sul, Vila Velha de Rodão. Polos em Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Penamacor. • ACICB - Associação Empresarial da Beira Baixa, Castelo Branco • ADER-AL – Associação para o Desenvolvimento Rural do Norte Alentejo, Portalegre • ACDE - Associação Comercial do Distrito de Évora • ADRAL S.A. - Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo, Évora

Intensidade da cor em coluna indica valores mais elevados

Intensidade da cor em linha indica valores mais elevados

Grupos etáriosTotal <25 25-34 35-44 45-54 55+

NUTS III 2011 2012 2013 2013Beira Interior Norte 4.192 5.130 5.345 745 1.279 1.174 1.247 900Beira Interior Sul 3.258 4.237 4.627 551 1.159 1.085 970 863Cova da Beira 5.266 5.891 5.980 700 1.361 1.227 1.435 1.258Alto Alentejo 6.249 7.100 7.642 1.317 1.885 1.704 1.639 1.097Alentejo Central 7.008 9.406 10.240 1.561 2.654 2.545 2.125 1.355Baixo Alentejo 6.365 7.969 8.589 1.320 2.079 1.961 1.812 1.417

Desempregados inscritos nos Centros de Emprego e de Formação Profissional(médiaanual):total e por grupo etário (nº indivíduos)

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

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• MONTE ACE Desenvolvimento Alentejo Central, Arraiolos

No âmbito do associativismo autárquico, as Comunidades Intermunicipais (CIM) assu-mem um papel de grande relevância, consignado na lei, relativamente à promoção do planeamento e da gestão da estratégia de desenvolvimento económico, social e am-biental dos territórios, e também na participação na gestão dos programas de apoio. As CIM existentes nas regiões-alvo deste relatório são:

• CIMBSE - Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela Municípios: Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Fundão, Gouveia, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal, Seia, Trancoso. • CIMBB - Comunidade Intermunicipal da Beira Interior Sul Municípios: Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão. • CIMAA - Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo Municípios: Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Elvas, Fronteira, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor, Portalegre e Sousel. • CIMAC - Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central Municípios: Alandroal, Arraiolos, Borba, Estremoz, Évora, Montemor-o-Novo, Mora, Mourão, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas, Viana do Alentejo e Vila Viçosa. • CIMBAL - Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo: Municípios: Alcácer do Sal, Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Grândola, Mértola, Moura, Odemira, Ourique, Santiago do Cacém, Serpa, Sines, Vidigueira.

Na sua diversidade, estas CIM propõem-se fomentar o apoio ao empreendedorismo, para o que desenvolvem e implementam ações de apoio à capacitação de recursos humanos, à criação de empresas e ao apoio aos empreendedores.

37

INOVEMPREENDE

No capítulo 3.2 relativo à atividade empreendedora, abordamos as motivações dos empreendedores que os levaram a iniciar a atividade. De entre estas, mencionámos a necessidade, perante a inexistência de alternativas de subsistência, e a deteção de oportunidades de aumentar rendimento ou alcançar maior independência da ativida-deprofissional.Sejaporumadestasrazões,ouporváriasemsimultâneo,osempreende-dores iniciam os seus negócios em determinado setor de atividade, acreditando existi-rem oportunidades de “fazer negócio”, isto é, de colocar os seus produtos ou serviços no mercado. Esta crença no potencial de “fazer negócio” assenta em diversos fatores, passando pela intuição baseada na experiência, na opinião de terceiros e até ao estu-do apurado das necessidades do mercado.

4.1. O que são

Naturalmente, as oportunidades de “fazer negócio” não existem somente porque o em-preendedor acredita que existem. As oportunidades de negócio surgem porque, num determinado mercado, existe ou existirá uma necessidade, ou um problema, para os quais poderá haver solução nova ou melhor do que as existentes, e pela qual o con-sumidor está disposto a pagar determinado valor que, para um dado volume de ne-gócios, viabiliza a exploração comercial dessa mesma oportunidade por um qualquer empreendedor.

Nestaperspetiva,verifica-sequeasoportunidadesdenegócionãosãooriginadaspelareflexãooucrençadoempreendedor;oqueé,defacto,distintivoeintrínsecoaoem-preendedor é a descoberta das oportunidades. A descoberta de uma oportunidade denegócio,naperspetivaempreendedora,consistenaidentificaçãodeumanecessi-dade (ou problema) e de uma solução que resolve essa necessidade. Isto é, para além daidentificaçãodanecessidade,énecessárioencontrarsoluçãoexequívelparaqueexista “oportunidade” de fazer negócio. Por outro lado, quando estamos em presença deumainvenção–istoé,algonovofaceaoquejáexiste–sópoderemosafirmar,nestecontexto, que essa invenção é uma oportunidade se podermos articular uma qualquer necessidade que ela vem resolver ou suprir. Assim, sempre que o empreendedor iden-tificaumparconstituídoporumanecessidadeeumasolução,estaráempresençadeuma oportunidade de negócio.

Figura 13 Condições para a existência de oportunidades de negócio

Esta oportunidade terá maior ou menor potencial em função de múltiplos fatores. Entre eles estão os de natureza intrínseca relativos à adequação da solução e à gestão da

4. OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO

IDEIA E SOLUÇÃO

OPORTUNIDADE

NECESSIDADE

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

38

sua introdução no mercado, entre outros, e os de natureza extrínseca, como por exem-plo quanto ao mérito e valor da solução que o mercado lhe atribui, quanto à quantida-de e tipo de potenciais clientes, entre muitos outros.

Aolongodoprocessodeidentificaçãodaoportunidadedenegóciopoderáacontecerqueoempreendedoridentificaprimeiroumanecessidadeparaaqualtentaencontrarsolução, ou alternativamente descobre um produto, serviço ou tecnologia para cujas funcionalidadestentaidentificarumanecessidadequedelasbeneficie.

Frequentemente,esteprocessoéiterativo,refinandoanaturezadanecessidade(quema sente, qual a sua importância, etc.) e a adequação de determinada solução (como resolve a necessidade, como se distingue de outras soluções, etc.) à medida que apro-funda a análise e inicia a construção do seu modelo de negócio.

Numa outra abordagem, devemos referir que as oportunidades de negócio não se res-tringem a novas necessidades e novas soluções. Por um lado, referimo-nos ao facto de queasnecessidades jásatisfeitasemdeterminadomercadogeográficopodemma-nifestar-se num outro, e a solução já encontrada para o primeiro poderá adequar-se a este. Estaremos em presença de uma oportunidade de negócio de natureza não tecnológica (não resulta de nenhum tipo de desenvolvimento tecnológico) mas que requer,emprimeirolugar,anecessáriaidentificação,edepoisaimitaçãoouadapta-ção de um modelo de exploração já existente, e a necessária antecipação na entrada nesse mercado. Para tal, será essencial utilizar uma abordagem empreendedora e pro-cessos de gestão adequados.

Ainda, as oportunidades de negócio tampouco se restringem a necessidades já ex-plícitas na consciência dos consumidores. Quando um empreendedor aposta numa solução para uma necessidade que prevê (por intuição?) vir a emergir, não está em presença de uma necessidade de mercado objetiva, mas que adivinha estar implícita, e que será tornada explícita através do processo de validação da solução no mercado.

Consideramosassimumadefiniçãoabrangentede“oportunidadedenegócio”,quenos diz que:

Oportunidade de negócio [na perspetiva empreendedora] é um empreendi-mento potencial, exequível, que procura o lucro, e que oferece um produto ou serviço inovador no mercado, melhora um produto ou serviço existente, ou imita um produto/serviço lucrativo num mercado ainda não saturado52.

Resumidamente, poderemos considerar que as oportunidades empreendedoras abran-gem um espectro de inovação em que, num extremo, encontramos a inovação ra-dical, com produtos ou serviços tecnológicos que servem novas necessidades novos mercados, provocando situações de desequilíbrio nos mercados53 . No outro extremo, encontramos a inovação incremental, em que os produtos ou serviços são melhorados face ao que já existe, se introduzem melhorias em processos produtivos, comerciais e outros, e se introduzem soluções já existentes em novos mercados ou segmentos, isto é, promovendo o equilíbrio no mercado.

52Robert Singh, “A Comment on Developing the Field of Entrepreneurship Through the Study of Opportunity Recognition and Exploitation”, 2001; 53A que se refere a “destruição criativa” nos mercados, segundo o economista Joseph Schumpeter54http://een.ec.europa.eu/

39

INOVEMPREENDE

É conveniente, ao abordarmos o tópico do apoio e fomento da atividade empreende-dora, referirmos o que distingue estes diferentes tipos de oportunidades de negócio na perspetiva empreendedora.

Para além dos aspetos intrínsecos do empreendedor que facilitam o processo de des-coberta de oportunidades, estas distinguem-se, entre outros, num fator essencial, que é o da informação que se encontra disponível sobre as necessidades do mercado. Isto é, até que ponto é possível obter informação sobre determinada necessidade? Está dispo-nível, bem articulada e documentada? Ou existe pouca ou nenhuma informação, nem mesmo dados que possam ser convertidos em informação, e o empreendedor aborda essa necessidade de uma forma intuitiva?

Quando existe informação disponível relativamente a determinada necessidade do mercado, de forma articulada e explícita, dizemos que a informação é codificada e passíveldeseridentificadaporprocessosdepesquisaeanálise.Nesteextremo,encon-tramos a divulgação de “oportunidades de negócio” por determinadas organizações, emquesedivulgainformaçãoespecíficaeconcisasobrenecessidadesdomercado.Entre outros exemplos, mencionamos a divulgação deste tipo de oportunidades pela Enterprise Europe Network54, designadas “Partnering Opportunities”. Através da seleção dealgunsfiltros,épossívelencontraroudivulgarnecessidadesespecíficasdeparceriasou fornecimentos, na perspetiva Business to Business.

Outroexemplodenecessidadescodificadas,numaperspetivanacional,é-nosdadopela AICEP55 que, na secção “Negócios”, apresenta diversas “oportunidades de negó-cio” que se referem a concursos internacionais, cooperação empresarial, divulgação setorial, oportunidades comerciais e projetos internacionais.

Figura 14 Pormenor da página “Oportunidades de Negócio” da AICEP

No outro extremo, em que a informação disponível não está articulada, ou nem se-quer existe, o empreendedor recorre a outras abordagens, como a intuição e a expe-riência prévia, para caracterizar as necessidades do mercado. Neste extremo encon-tramos novas necessidades servidas por inovação de natureza radical, constituindo oportunidades de negócio somente “aos olhos” do empreendedor. Um exemplo clás-sicoé-nosdadopelaintroduçãomassificadadoautomóvelnomercadonorte-ameri-cano56, destinado à classe média cujo rendimento disponível aumentava e lhe permi-tia o acesso a esse tipo de bens. Podemos perguntar, que garantias existiam sobre a 54http://een.ec.europa.eu/ 55Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, http://www.portugalglobal.pt/56Henry Ford e a Ford Motor Company do início do século XX

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adoção pelos consumidores dessa, ou de outras soluções radicais? Contudo, apesar de a informação disponível sobre a necessidade do mercado em possuir veículos au-tomóveisfossesomentetácitaepoucoarticulada,HenryFordeosseusfinanciadoresapostaram, de forma empreendedora, nessa solução, apesar do risco e da incerteza que caracterizava o setor automóvel no seu surgimento. Muitos outros setores de ativi-dade apresentam histórias e narrativas semelhantes, como o exemplo, nosso contem-porâneo, do setor das comunicações móveis.

Noutra perspetiva, encontramos a expressão “oportunidades de negócio” associa-daàexistênciadeoportunidadesdeacessoarecursosfinanceirosemateriais.Porexemplo, ouve-se referir que a barragem do Alqueva, ou a infraestrutura de regadio da Beira “constituem boas oportunidades de negócio”. Ou ainda que determina-dosprogramasdeapoioe financiamento “sãoboasoportunidadesdenegócio”.Na perspetiva aqui utilizada, o acesso a esses recursos pode viabilizar determinadas oportunidades de negócio, mas de facto as oportunidades de negócio existirão so-mente se existir uma necessidade no mercado e uma solução que lhe seja adequa-da. Contudo, a pesquisa e análise dos recursos disponíveis e dos aspetos estruturais e conjunturais favoráveis e indutores de novas necessidades nos consumidores e nas empresas (de que é exemplo a barragem do Alqueva) deve ser alvo da maior atenção por parte dos empreendedores, no seu processo de descoberta de oportu-nidades de negócio.

No panorama do apoio ao empreendedorismo, poderão desenhar-se novas solu-ções ao nível do apoio individual, no que se refere ao processo de descoberta e identificação de oportunidades de negócio. Essas soluções deverão centrar-se na facilitação do convívio do empreendedor com determinadas redes sociais e profis-sionais, estimulando a deteção de necessidades e de soluções. Ainda, poderá ser muito relevante apoiar os empreendedores no desenvolvimento das suas compe-tências de pesquisa de informação e respetiva análise quantitativa e qualitativa, necessário à construção de referenciais e à compreensão do potencial das suas oportunidades de negócio.

A título de resumo daquilo que se entende por oportunidade de negócio, transcrevemos umaafirmaçãodeJohnMullins,autoreempreendedor,sobreoportunidadesdenegócio:

“It’s not about you. It’s not about your revolutionary products or services.Successful entrepreneurial ventures are about serving customers and their needs and resolving their pain. Not just any customers. Target customers.It’s about providing differentiated benefits that are so compelling that customersabandon their allegiance to former providers and give their business to you57”. Em tradução livre para Português:“Não se trata de si. Não se trata dos seus revolucionários produtos ou serviços. Os pro-jetos empreendedores de sucesso tratam de servir os clientes e as suas necessidades, e resolvendo a sua ‘dor’. E não são quaisquer clientes. São os clientes-alvo. Trata-se de providenciar benefícios diferenciados que são tão convincentes que levam estes clientes a abandonarem a sua lealdade para com anteriores fornecedores e realiza-rem esses negócios consigo.”

57John Mullins, “The New Business Road Test. What entrepreneurs and executives should do before writing a business plan” 3ª ed., p.27

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INOVEMPREENDE

4.2. As oportunidades de negócio na perspetiva regional

No âmbito do projeto INOVEMPREENDE, julgou-se muito relevante obter opiniões, em primei-ra mão, de empreendedores e de outros agentes envolvidos no fenómeno do empreen-dedorismoregionalsobreasoportunidadesdenegócioqueocorremnaquelasgeografias.

Para tal, enviaram-se questionários por correio eletrónico a empresários e dirigentes de em-presas, e também a quadros de instituições relacionadas com o empreendedorismo, como sejam universidades e associações empresariais. Noutra abordagem, selecionaram-se os se-tores mais representativos da atividade económica das regiões-alvo, e escolheram-se, com o apoio dos Núcleos Empresariais Regionais de Évora, da Guarda e de Castelo Branco, algu-mas empresas mais representativas do tecido empresarial. Foi solicitado aos seus empresários ou dirigentes que respondessem às questões do questionário através de entrevista telefónica, permitindoassimacolocaçãodequestõesmaisabertaseadiscussãodeaspetosespecíficoscom o entrevistador. Estas conversas telefónicas tiveram a duração típica de 30 minutos.Relativamente aos questionários enviados, obtiveram-se 46 respostas, embora nem sempre com os questionários integralmente respondidos. Das respostas obtidas, a maior parte pertenceu a empresas prestadoras de serviços de consultadoria (13) e de presta-ção de outros serviços corporativos (7). Outros setores representados incluíram empresas de animação turística, alimentação e bebidas, agroindústria e produção agrícola, pro-dutosindustriais,comérciotradicionaleumaempresado3ºsetor58.

Quanto às entrevistas telefónicas, realizaram-se entrevistas com 8 empresas e 3 institui-ções de apoio ao empreendedorismo. As empresas pertencem aos setores da hotelaria, da animação turística, da silvicultura, da metalomecânica de frio industrial, de produtos alimentares e da agroindústria de produção de sementes. As instituições de apoio ao empreendedorismo incluíram uma associação de empresários, um parque de ciência e tecnologia e uma comissão de coordenação e desenvolvimento regional.

As questões dirigidas às empresas e empresários centravam-se nas necessidades que as empresas sentem ao nível das atividades e recursos requeridos pelas respetivas cadeias de valor, e às alternativas existentes no mercado, quer a nível de fornecimentos e serviços externos, quer a nível de externalização de atividades da cadeia de valor e também de eventuais parcerias. Assim, numa perspetiva de business to business, pretendia-se conhe-cerecodificaralgumasnecessidadessentidaspelasempresasnaquelasregiões.Nofinaldo questionário perguntava-se, de forma genérica, que tipo de oportunidades de negó-cioorespondenteidentificavanasuaregião,querfossenasuaáreadenegócioouemoutras.

Quanto ao questionário para as instituições, perguntava-se aos respondentes se identi-ficavamnecessidadesespecíficasougenéricas,não-satisfeitasouinsatisfeitas,nasca-deiasdevalordasempresasdasprincipaisfileirasdeatividadeeconómicaouclusters das respetivas regiões.Perguntava-se tambémse identificavamtendênciasexplícitasaoníveldaprocuradebenseserviçosdeconsumo,eaindase identificavamalgumtipo de oportunidades de negócio de natureza regional.

Das respostas obtidas por correio eletrónico, as necessidades manifestadas ao nível da 58Iniciativa privada de utilidade pública. Não confundir com ‘setor terciário’59Os questionários permitiam variada escolha de atividades da cadeia de valor, genericamente aplicáveis a qualquer tipo de empresa. Algumas atividades não foram selecionadas.

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cadeia de valor das empresas59, e que constituem eventuais oportunidades de negócio para fornecedores de produtos e serviços e também para oportunidades de parceria, para as quais não existe oferta ou é insatisfatória, são as seguintes:

Tabela 2 Frequência da seleção de atividades da cadeia de valor, em 46 questionários

Verifica-sequetrêsáreasconstituemaprincipalpreocupaçãodestasempresasnoquerespeitaà identificaçãodefornecedoresouparceriasadequadas.Quantoà‘Investi-gação e Desenvolvimento de Novos Produtos e Serviços’ foi referida a necessidade de maior grau de investigação aplicada em produtos como a cortiça. A segunda área, de ‘Gestão Comercial, Marketing e Vendas’, evidencia a necessidade de especialização. A par desta, existe frequentemente a preocupação de internacionalizar ou exportar, comosurgeevidenciadopelas11respostasreferindoanecessidadedeidentificar‘Par-cerias para Novos Negócios e Internacionalização’.

Relativamenteàidentificaçãogenéricadeoportunidadesdenegócionasregiões-alvo,8dos46respondentesafirmamnãoexistiremoportunidades.Dosrestantes,referem-segenericamente os setores do turismo, da agricultura, da silvicultura, da agroindústria, da reabilitação urbana, enoturismo e gastronomia, ambiente e fornecimento de energia.Maisespecificamente,sãoreferidascomooportunidadesdenegócioacriaçãodepla-taformas com conteúdos digitais regionais, criação de bases de dados de entidades do setor de comércio e prestação de serviços, consultadoria em internacionalização e exportação. Uma empresa de comércio de têxteis e vestuário sugere a especialização defornecedoresemaspetosespecíficosdosetortêxtil.Umaoutraempresadaindústriada transformação de cortiça indica como oportunidades de negócio a especialização emetapasespecíficasdasuacadeiadevalor,naáreadeprodução.

Verifica-se,destasrespostas,asugestãodeáreasdenegócioemlinhacomatendêncianacional, como sejam a utilização dos recursos endógenos para o turismo, a produção agrí-cola,eaindaareabilitaçãourbana,oambienteeenergia.Osexemplosmaisespecíficosretratam a necessidade de encontrar fornecedores especializados em determinadas áreas da cadeia de valor de empresas de diferentes setores, e a prestação de serviços de apoio à exportação e internacionalização, em linha com a tendência das empresas portuguesas.

As entrevistas realizadas por telefone produziram, como se esperaria, informação mais específica,quantoanecessidadesdasempresaseaoportunidadesdenegócio.Das8

Atividades da cadeia de valor com oferta insatisfatória Menções

Investigação e Desenvolvimento de novos produtos/serviços 17Gestão Comercial e de Marketing, Vendas 16Parcerias para Novos Negócios e Internacionalização 11Sistemas de Informação 5Gestão de RH, Formação e Treino 3Operações (logística de entrada/saída) 2Manutençãointerna(processosfabrisecertificação) 2Produção de bens 1

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INOVEMPREENDE

empresas respondentes, 6 apresentam uma média de volume de negócios da ordem dos 3, 5 M€, uma outra inferior a 1M€ e a oitava de 260M€.

Duas das empresas operam no setor do turismo. Uma, de animação turística de ativi-dadesaquáticaseobservaçãodanaturezadaBeiraBaixa,refereterdificuldadesemencontrarmão-de-obraqualificadaemáreasdemarketingecomunicação,guiaseanimadores turísticos, apesar da oferta do Instituto Politécnico da região. Esta empre-saoperaemambientedenatureza,noespaçorural,eoempresárioidentificacomooportunidades de negócio as áreas de restauração, produtos regionais, turismo rural e ecoturismo. Refere também como necessária a constituição de uma rede entre micro-empresas que potencie a oferta no setor, e também o associativismo empresarial da fileiradoturismo.Paraalémdosetordoturismo,oempresárioreferequeaincubaçãode empresas e as energias alternativas (como a utilização de biomassa) seriam negó-cios com interesse

A outra empresa do setor, que opera na Cova da Beira em hotelaria e organização de eventos,referequeamão-de-obraqualificadaéumanecessidadeconstante,quevaisendoservidapeloensinoprofissional local.Contudo,aofertademão-de-obra tendeadeslocar-separaolitoral,pararealizaçãodeestágios,easnecessidadeslocaisficampor satisfazer. Quanto às oportunidades de desenvolvimento de negócios do turismo, o empresário aponta como essencial a especialização da oferta, proporcionando experi-ências, na hotelaria tradicional e no turismo de habitação. Para tal é também necessário promover a interação entre empresas do setor, como por exemplo entre a hotelaria e a animação turística. Outro exemplo está na promoção de atividades locais e tradicionais, e proporcionando aos turistas a participação nessas atividades. Na gastronomia e restau-raçãoconsideraqueaprocuralocalaindanãorecuperouosníveispré-crisefinanceira,e não antevê grande potencial de inovação. Interrogado sobre a oferta de peixe de rio na gastronomia, considera que existe alguma oferta mas que a procura é muito reduzida.

Dosetordaagroindústria,especificamentedaproduçãodesementesnoNorteAlente-jano,outraempresarefereternecessidadesespecíficasaoníveldesoluçõesdelogís-tica de saída da sua produção regional, e também necessidades sazonais de recursos humanos. Quanto a oportunidades de negócio, o empresário refere o potencial da produção de queijo regional (por exemplo, queijo de Nisa), mas com uma dimensão in-dustrial relevante. Refere ainda a complementaridade entre o enoturismo e a pecuária e produção de queijo e ainda o turismo rural.

Outra empresa do setor da silvicultura da Beira Baixa refere que as necessidades em mão-de-obraqualificadanãosãosupridaspelaofertaregional,particularmenteparaatividades industriais. Apesar de se localizar no interior, o empresário refere como opor-tunidadesdenegóciona suafileiraodesenvolvimentode soluçõesdeproteçãodaorla costeira, recorrendo a técnicas tradicionais e ambientalmente corretas, e utilizando produtos naturais como o vime. Ainda, refere a manutenção rodoviária, na perspetiva das espécies vegetais utilizadas em separadores e barrancos. Relativamente a opor-tunidades noutros setores, o empresário refere vários exemplos, no turismo, menciona as atividades de caça e pesca na região e na zona da raia. No setor da energia e da biomassa, refere que, após os grandes incêndios dos últimos anos, na zona de pinhal

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bravo, a transformação de madeiras e a produção de resíduos para biomassa, bem como a reutilização da recolha de resina em pinhais saudáveis, seriam atividades com potencial de negócio. Na produção de resíduos de biomassa, para além da produção de pellets para aquecimento, refere a produção de óleos essenciais para a indústria da cosmética. Na agricultura, e aproveitando o recurso do regadio, e em substituição da anterior cultura do tabaco, propõe a cultura de melancia, algodão e sisal como opor-tunidades de negócio.

Do setor do frio industrial, duas empresas de Castelo Branco participaram nestas en-trevistas. Umadelas, filial de umgrupoalemãodecompressores, referedificuldadesespecíficasnoaprovisionamentodematérias-primas,noqueserefereàsquantidadesnecessárias e que por vezes, pela reduzida dimensão das encomendas, não encontra solução de fornecedores portugueses (que só aceitam encomendas de maior dimen-são). Na logística de saída refere que são necessárias alternativas à rodovia, como a ferrovia. O transporte rodoviário não apresenta alternativas distintas entre os vários for-necedores que operam regionalmente.

Quanto aos recursos disponíveis, o dirigente entrevistado menciona que o parque in-dustrial de Castelo Branco proporciona boas oportunidades de apoio ao investimen-to e localização da produção industrial. Contudo, refere que a diversidade do tecido empresarial localébaixa,eaofertade serviçosà indústriaé insuficiente.Quantoàmão-de-obra, indica que a oferta regional de quadros provenientes do Politécnico é insatisfatória por apresentar níveis de preparação muito teóricos, particularmente em manutenção, sistemas e programação. Em linha com esta necessidade, aponta como oportunidadedenegócioaofertademão-de-obraqualificadaeespecializadaparaaindústria regional. Também referiu o potencial da oferta de serviços de manutenção e certificaçãodeequipamentos.

Nasuafileira, identificaoportunidadesdeexportaçãodeequipamentosportuguesesparaÁfrica,MédioOrienteeÁsia,beneficiandodaqualidadeepreçodaproduçãoindustrial portuguesa.

Noutraempresadomesmosetor,oempresárioreafirmaadificuldadedeaprovisiona-mento de matérias-primas. Outra necessidade evidente (e também apontado como oportunidade de negócio) é a escassez de mão-de-obra especializada para a indús-tria. As áreas de desenvolvimento e de descoberta de oportunidades no setor passam pela inovação de processos e produtos, pelo que a interação com o SCTN60 no âmbito da I&D se revela fundamental. Passam também pela promoção comercial em feiras e eventos relacionados.

Quanto a outras oportunidades de negócio, o empresário aponta a utilização do re-gadio do Ladoeiro, em Idanha-a-Nova, para produção agrícola, embora sem especi-ficaremqueculturas.61

Ainda na Beira Baixa, uma empresa de transformação e produção de presuntos aponta como principais necessidades da sua cadeia de valor o fornecimento de suínos, pois tem de recorrer a Espanha e Holanda. Noutras áreas da cadeia de valor, refere neces-60SistemaCientíficoeTecnológicoNacional;61Conforme referido em 4.1, por vezes os recursos são referidos como oportunida-desdenegócio,quandoafinalsãorecursosqueviabilizammodelosdenegóciooususcitamnovasnecessidades.

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INOVEMPREENDE

sidades ao nível de sistemas de informação dedicados e ao design e comunicação. Comooportunidadesdedesenvolvimentodaatividadedasuafileira,mencionaasca-racterísticas climáticas da região adequadas para a produção de presunto. Ainda, na exportação, menciona o potencial do mercado europeu, para além do “mercado da saudade” dos emigrantes portugueses.

Para tal é necessária maior especialização e aumento da dimensão. Ao nível de parcerias, refere a procura de parcerias para utilização da capacidade instalada produtiva excedentária na empresa. Quanto a oportunidades noutros setores, su-gere a atividade agrícola para reconversão da cultura do tabaco na Beira Baixa, e utilização dos recursos existentes.

O Alto Alentejo foi representado nestas entrevistas por uma grande empresa do setor industrial alimentar. Um seu dirigente refere que existem necessidades ao nível da ca-deiadevalorrelativamenteàsáreasdemanutençãoindustrialecertificação.Noutraperspetiva, identificaoportunidadesdenegóciono setorprimárioaoníveldaservasaromáticas e produtos naturais. Enquanto fatores de facilitação do empreendedoris-monestaárea, referequeasassociaçõesempresariaisdeveriam sermais flexíveis,etambém que se deveria fomentar a convivência entre empresários e a discussão dos planos estratégicos para o Alentejo. Em outros setores, salienta as atividades de turismo de “experiência” e gastronómico.

Três outras entidades não empresariais participaram nas entrevistas, representando o Alentejo, ligadas ao empreendedorismo e à administração regional. Todas apontaram o Alentejo e as infraestruturas e recursos disponíveis (como sejam as acessibilidades, os centros de saber, o ensino superior e a investigação, a diversidade e complementari-dade crescente de empresas, os serviços de apoio a empresas e incubadoras, a qua-lidade de vida relativamente ao litoral) como fator favorável à localização de novas empresas.Mencionamdificuldadesnaqualificaçãoderecursoshumanosenecessida-des ao nível de investigação e desenvolvimento de design, embalagens, comércio e exportação, entre outros.

No que respeita a oportunidades de negócio, referem diversas áreas. Por exemplo, nos serviços, um dirigente refere a necessidade de a restauração se adaptar às necessi-dades dos consumidores locais e de turistas, como seja a adaptação dos horários às necessidades daqueles, e a integração dos serviços e horários dos vários operadores. Em consequência do recurso “Alqueva”, apontam-se oportunidades na indústria agroa-limentar, produtos endógenos e na biotecnologia, como por exemplo no segmento de “babyfoods”eervasaromáticas.Tambémserefereaofertaculturalcomodeficitáriaecom potencial de negócio na região. No enquadramento institucional da operacionali-zação dos Fundos de Coesão, estima-se que os setores da agricultura, turismo, minério e rochas ornamentais poderão proporcionar boas oportunidades de negócio. Quanto às empresas existentes, e mercê da crise, tentam reconverter os seus modelos de negócio para a exportação para mercado internacionais além do europeu.

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Neste capítulo62 abordamos o importante tema da inovação e das tendências, contri-buindocomumconjuntodedefiniçõeseconceitosqueilustramarelevânciadotemapara o contexto do empreendedorismo. Após uma abordagem genérica aos concei-tos, apresentamos evidências da sua manifestação ao nível das regionais retratadas neste Relatório, para o que utilizamos os projetos candidatos ao Programa INOVEMPRE-ENDE. Esses projetos tipificamumconjuntode tendências que têmcorrespondênciacom os conceitos apresentados de seguida.

5.1. Inovação e tendências

Muito se fala e debate sobre o que é inovação e o que são tendências, e, ainda mais, sobre o papel das Tendências na geração de inovação para ajudar a impul-sionar o empreendedorismo. Pelo que não poderíamos deixar de iniciar este capí-tulo sem enquadrar ambos os temas através de definições que utilizamos na nossa prática e, sobretudo, como utilizar as Tendências como elemento impulsionador da inovação.

5.1.1.O que é Inovação?

A palavra “Inovação” é sempre muito utilizada mas nem sempre bem entendida. Qua-se não se encontra missão de uma Companhia que não a contenha algures na sua expressão e já não há artigo, seja de marketeer ou de gestor(a), que não a incorpore como uma necessidade básica.

MaspoucasvezesconseguimosdefiniroqueéInovação,eistocausaumaperceçãomuito genérica e, na maioria dos casos, equivocada de que Inovação envolve grandes orçamentos e, invariavelmente, grande peso tecnológico e largos ciclos de desenvolvi-mento e aplicação. Mas isto não é verdade, na medida em que: 1 - Praveen Gupta demole este mito ao dizer que “A inovação depende de se conseguir ser criativo no momento certo”;

2 - Inovar deriva do Latim in+novare, «fazer novo», renovar, alterar. Portanto, a Inovação, objetivamente,significaterumanovaideiaimplementadacomsucesso;

3-E,segundoadefinimosnaAYRConsulting:

4 - Inovação é também um estado de espírito que pode e deve ser de todos, centrado no desenvolvimento de processos, produtos, serviços ou soluções que

5. INOVAÇÃO E TENDÊNCIAS E A SUA EXPRESSÃO REGIONAL

I NOV AÇÃOideias novas (em) ação

62Capítulodeautoriade“AYR-Trends,Consulting& Innovation”,emparceriacomaAIP-CCI.Estaempresadisponibilizouoacesso gratuito durante um ano, pelos participantes do Inovempreende 2014, à plataforma “ayr-insights.com”. Trata-se de “uma plataforma de conteúdos que dá uma resposta inovadora e acessível à sempre crescente necessidade de conhecimento nas

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INOVEMPREENDE

áreas de Tendências & Coolhunting, Inovação, Empreendedorismo, Estratégia, Gestão, Economia, Marketing & Vendas, Bran-ding&Comunicação.Destina-seaprofissionais,professoreseestudantesquenoâmbitodasuaatividadenecessitamrecorreraconhecimento em tempo real, para tomar decisões.” (in http://www.ayr-insights.com)

acrescentem valor, para quem a oferece e para quem a aceita e/ou compra e representado pela seguinte fórmula:

Valor = ∑(BenefíciosEmocionais+BenefíciosRacionais)Custo

Dentro disto, podemos dizer que existem apenas 3 tipos de inovação, nomeadamente:

1 - RADICAL Assente em pesquisas e descobertas que geram novas bases para mercados e aplicações. É a base para o surgimento de novas empresas no mercado ou paraaredefiniçãodeindústriasproblemáticas.

2 - ARQUITETURAL Assente na alavancagem de competências e capacidades sobre uma base já existente. É suficientemente significativa para criar novas oportunidades de negócio ou vantagens competitivas em mercados, produtos e serviços existentes. 3 - INCREMENTAL Assente em alterações relativamente menores em produtos ou serviços já existentes, sendo, ainda, a mais frequentemente praticada e a mais rápida e menos custosa de todas.

5.1.2.O que são Tendências e como obter insights para o empreendedorismo através delas?

Para as mais de 30 empresas, Universidades e Centros de estudos de tendências existentes no mundo, tendências são manifestações de comportamentos dos consumidores baseadas em mentalidades emergentes ou assentes: um espelho de como a sociedade está a se com-portar hoje e, principalmente, para onde vai no futuro. E algumas têm uma “vida útil” de mais de 20 anos, pelo que não podem, segundo este prisma, ser confundidas com modas. O seu conhecimento e o seu estudo por si sós já são temas de alto interesse, mas a sua prin-cipal utilidade para os empreendedores e marketeers é a sua capacidade de dar-nos insights sobre o que desenvolver e fazer, agora e para o futuro.

Portanto, nós mesmos reconhecemos que elas de pouco ou nada servem se não forem postas ao serviço do empreendedorismo e dos negócios, como geradoras de insights, pelo que, para além de serem estudadas, devem ser aplicadas à geração de inovação com base em metodologias como a que descrevemos a seguir, e que tem 2 passos:

1 - O inicial, designado TrendsLator, tem na sua base:

a - Definirobjetivosdenegócio: Não há sentido desenvolver um projeto sem um objetivo claro a montante para orientar os nossos passos e servir de elemento de medição de resultados.

b - Determinar as necessidades decorrentes dos objetivos: o que cada projeto tem que entregar para alcançar os objetivos de negócio; e

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

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c - Segundo os 2 pontos acima, fazer uma primeira seleção para uma Matriz de Tendências orientadoras do projeto.

2-Ofinal,échamadoinnovAyr,eque,combinadocomaAyr ibox,foca,filtrae refina o processo de geraçãode Insights de Inovaçãopara a sua fase final, atuando segundo o modelo abaixo:

A partir das ideias iniciais geradas pelo Trendslator (representado no modelo anterior pelos passos 1 e 2), passa-se a uma avaliação das bases de inovação necessárias para determinar onde se deverá atuar no processo: Produto ou Serviço, Organização ou Mar-ca e Processo, seja de forma isolada ou pela combinação de 2 ou 3 bases:

As tendências ao nível regional; os projetos “INOVEMPREENDE”

Relativamente à expressão regional de tendências, vamos analisar como estas se ma-nifestam nas tipologias dos projetos que se candidataram, em Dezembro de 2013, ao programa INOVEMPREENDE, nas regiões da Beira Interior, Alto Alentejo e Alentejo Cen-tral. Da análise da atividade e objetivos pretendidos em algumas dessas candidaturas, podemos extrair as tendências que mais se manifestam nestes projetos de âmbito regio-nal, como segue:

RelaçãodasTendênciasidentificadaseoseusignificado,segundooWorldTrendReport2014, do Trends Research Center

a - EMPOWERMENT - criar consumidores é criar Mercado • Com um crescente número de manifestações associadas ao empowerment do indivíduo e da promoção das suas capacidades individuais de crescimento e com o desenvolvimento das expressões de uma educação que se quer melhor e com novos rumos, esta tendência permanece no alto do eixo aspiracional-ação.

PRODUTO OU SERVIÇO

ORGANIZAÇÃO OU MARCA

PROCESSO

Novos produtos ou serviços e novas características de velhos produtos ou serviços

Novas formas de estruturar e organizar os recursos humanos da organização o produto ou serviço assim como processo poder ser o mesmo mas a forma estrutural da organização pode mudar

O produto ou serviço pode ser o mesmo mas o processo de produ-ção/distribuição/ /comunicação… pode ser novo ou tornar-se maiseficiente

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INOVEMPREENDE

• Movida por um desejo de progresso e de atualização de uma realidade sempre em fuga para o futuro, não existe aqui um carácter revolucionário ou de reação, mas sim uma procura ativa e aspiracional por um mundo melhor.

b - EXPERIENCEECONOMY - de “escapadas” a “liberações” • As experiências passaram de “escapadas” – reais ou virtuais – a verdadeiras necessidades para muitos, como verdadeiros “agentes anti-stress”.

• E o preço mais caro não é necessariamente um fator impeditivo para a sua realização, desde que sejam autênticas e o Consumidor saiba exatamente o que vai receber.

c - IDENTITIES NARRATED – o resgate do passado para ajudar a criar o futuro • A importância de nos rodearmos de símbolos, imagens e histórias que contem umahistóriaquegereidentificaçãoeenvolvimentocomosnossosconsumidores.

• Para criar ligações pessoais, promover soluções inovadoras para problemas e gerar um entendimento comum sobre ambições e soluções futuras.

d - ECOSUSTAINABILITY-Eficáciaparagerardesenvolvimentosustentado • Uma necessidade para o crescimento social, económico, cultural e ambiental eparaevitarosconflitosresultantesdaescassezdecomidaerecursosbásicos.

• Mas que necessita, na sua aplicação, que se possa demonstrar além de qualquer dúvida, os benefícios racionais e também emocionais que traz.

e - DESIGN=WOWGOOD? - Forma, função e experiência à vista • Numa época de cada vez maior congestionamento de mensagens e busca deeconomiaseeficiêncianosinvestimentosdeMarketing,odesigndevese orientar para a criação de verdadeiras “peças-anúncio”;

• Onde a experiência da Marca seja antecipada só pelo olhar para poder-se sobressair, interessar e gerar lembrança e consideração adicionais de marca. f - COOL PERSONALISATION – o toque pessoal que valoriza o processo industrial • Não há quem possa negar os benefícios da cada vez acessibilidade de bens e serviços, graças à industrialização;

• Mas é cada vez mais necessário permitir agregar ao que é industrial o toque e a valorização pessoal de cada um, mesmo em pequenos detalhes. g - RIDING THE RECESSION - a revalorização do que é essencial • A crise já é um “estado de espírito”, e o Consumidor reaprende a viver o melhor possível dentro disso;

• Com cada vez mais reaproveitamento, criatividade e exigência.

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

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h - MEANINGFUL COMPASSION - fazer o bem é fazer por ele • Passar do sentimento de pena à ação e mudar as coisas para melhor.

•Paraproveito,aofimeaocabo,detodos,econtandocadavezmaisparatal com o poder da Web.

i - WELLTHY- A preservação do patrimônio mais importante • As fontes do stress diário são muitas e é prioritário ter formas e meios de o combater

• A promoção e a monitoração permanente de práticas e estilos de vida mais são fortemente disseminadas, com recurso às tecnologias de informação e a um mundo cada vez mais interligado.

j - LIVETHECITY – o conhecimento para viver melhor (n)as megalópoles e tirar o melhor delas • Com mais de 50% da população mundial a vivendo nas cidades, a necessidade que as pessoas têm em dar um cunho pessoal a algo que antes não tinha rosto é cada vez maior.

k - The Beautiful People - o prescrever já não proscreve • Representa a mentalidade de quem quer “subir na escala social” e ser visto como, uma referência do sucesso e do bem vestir e estar.

• Mas a sociedade está mudando, e já se começam a sentir movimentos: . De“libertação”dosprescritorestradicionais,pelainclusãodefiguras“dopovo”; . De“condenação”dequalquerMarcaquerechaceouexcluaqualquerperfil de consumidor.

Relativamente aos diversos projetos candidatos, vejamos qual a sua expressão regional.

5.2.1 Tendências dos projetos INOVEMPREENDE - Alentejo Central

NOME ATIVIDADE ESTADO ATUAL

Bioskinhealth Sabão natural, creme e óleos Produção em pequenas naturais para cosmética quantidades

Alganti Vestuário e calçado com design Em fase de desenvolvimento epadrõesinovadores depadrõeseprodutosfinais+Família Serviçosdepsicologiae Emfasededefinalizaçãode apoio familiar conceito, serviços e segmentos

Redelocalde Estabelecimentoturísticodealdeiapara Fasefinaldeturismo de aldeia usufruto de recursos endógenos conceção de oferta

FloresdeEsperança Nonprofitdepromoçãoerevitalização Emarranque de bairro social em Beja

Sigramar Comércio de mármores com cortes Em estudo de específicosparasegmentoalto potencialcomercial

Lande Oferta de estabelecimento Em fase de estudo turístico para grupos/famílias de viabilidade

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INOVEMPREENDE

a - Nos casos da Bioskinhealth, Rede Local de Turismo de Aldeia e Lande, notam-se claramente 3 Tendências interligadas:

i. Experience Economy, na vertente da Autenticidade Experiencial ii. Identities Narrated iii. Ecosustainability

• O caso da Bioskinhealth tem a ver com a revalorização do que é natural e autêntico, porém explorado de forma comercial que lhe permita um retorno e, por conseguinte, uma sustentabilidade assente num interesse de longo prazo. Um exemplo relacionadorecentementenotadonumCoolhuntfeitopelaAYRéoda“Raízes do Sabão” (www.raizesdosabao.com), empresa sedeada em Coruche e especializada na produção de sabões e sabonetes de alto nível à base de ingredientes 100% locais como o azeite, rosmaninho e, até mesmo, a cortiça, empregue numa variante com propriedades exfoliantes.

• Os casos da Lande e da Rede local de turismo de aldeia, têm a ver, no caso da Experience Economy, com uma cada vez maior necessidade de segmentação da oferta turística – dentro de um Mercado que só tem a crescer em volume e valor, no sentido de oferecer opções que: . Sejam efetivamente genuínas – Experience Economy/Authenticity . Apresentem a oportunidade de vivência de experiências reais, suportadas e pela vivência das histórias de cada localidade visitada – Identities Narrated; e . Contribuam, ainda, para o potenciamento e gestão sustentada dos recursos locais – Ecosustainability.

No que toca a ambas estas ofertas, é lícito adiantar aqui, mesmo sem conhecimento detalhadodecadauma,quepodem ser bastanteatrativas para umperfil de consumidores identificado pela AYR no relatório “Tourism Consumer Profiles”, e que são os “For life”, cujas características fundamentais enumeram-se como:

• Procuram o desenvolvimento de produtos e serviços que fomentem a responsabilidade social, propiciem uma identidade sustentável e resultem numa correta utilização de matérias-primas e recursos.

• Evidenciam o despertar da consciência dos consumidores para produtos eticamente responsáveis e para estratégias de produção onde são visíveis uma inteligência e planeamento ao nível dos benefícios e da responsabilidade ambiental.

• Valorizam a criação de estratégias para o futuro e o ambiente, onde as suas concretizações assumem uma nova identidade e são considerados eticamente programados.

b - Nos casos da Alganti e da Sigramar, nota-se a presença da Design = Wow Good e da The Beautiful People: • No caso da Alganti, observa-se a atenção ao facto de que, com uma cada vez

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

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maior industrialização e padronização de estilos, é importante buscar uma diferenciação relevante através de um Design que não somente rompa mas que,ainda,transmitaqualidadeejustifiqueopreçoqueporelesepede.Um exemplo observado pela Ayr é o da Baggys Fitness (www.facebook.com/Bag gysFitness), que leva o conceito do vestuário de Fitness um passo adiante e o transforma em verdadeiras “roupas de bem-estar”, usáveis a qualquer hora.

c - E, nos casos da Flores de Esperança e da +Família, o que se nota é a presença da Meaningful Compassion, assente na cada vez maior necessidade de agir concretaeeficazmente,paraaresoluçãosustentáveldeproblemassociais–seja a nível macro ou a nível micro/familiar – que tanto a crise presente quanto, a níveis mais permanentes, as dinâmicas e stresses da vida moderna têm agudizado.

5.2.2. Tendências dos projetos INOVEMPREENDE - Alto Alentejo

a - Nos casos da Local Friend, Turismo de Natureza e, ainda, da IF Cork, nota-se uma similaridade muito grande com o Cluster Évora, na medida em que: • A Local Friend e o Turismo de Natureza apoiam-se principalmente na Experience Economy aliada à Autenticidade Experiencial e à Identities Narrated, com a Ecosustainability como 4ª Tendência associada, que, como no Cluster de Évora, parecemdirigidasaomesmoperfil“ForLife”,jáqueevocamexperiênciasque: . Sejam efetivamente genuínas – Experience Economy/Authenticity

NOME ATIVIDADE ESTADO ATUAL

IFCork Produção de peças de Início de atividade, vestuário em cortiça desenvolvimento de produtos

Consultoria agrícola Finalização do modelo e apoio técnico de negócio

Dancestudio Escola local de DJ Finalização do modelo e produção musical de negócio

Local friend App de apoio ao turista, pontos Em implementação em Sintra, de interesse, agenda de eventos, etc em estudo para Portalegre

Consultoria informática Em implementação local em zona rural

Turismo de Natureza Finalização do modelo de negócio fornecedores, percursos, etc.

Hamburgueria Construção do modelo em Portalegre de negócio

Plataforma de suporte Conceção do modelo de microinformática de negócio

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INOVEMPREENDE

. Apresentem a oportunidade de vivência de experiências reais, suportadas e pela vivência das histórias de cada localidade visitada – Identities Narrated; e Contribuam, ainda, para o potenciamento e gestão sustentada dos recursos locais – Ecosustainability. • A IF Cork combina a Design Wow Good com a Identities Narrated e a Ecosustainability pela junção de um design que ou rompa com os conceitos presentes de estilo e moda ou a eles agregue pela adaptação da matéria-prima fundamental, juntamente com todo o poder evocativo e de sustentabilidade que o montado de sobro tem e pode ter ainda mais. b - A Consultoria agrícola e de apoio técnico mostra a presença da Ecosustainability, na medida em que a ideia quase que certamente assenta em dotar pequenos agricultores de conhecimentos e ferramentas que lhes permitam uma melhor gestão dos seus recursos. c - E a Hamburgueria apresenta pontos de contacto com a Live the City, na medida em que busca aportar um elemento muito forte da experiência da “cidade grande” à vida local.

5.2.3. Tendências dos projetos INOVEMPREENDE - Beira Interior

NOME ATIVIDADE ESTADO ATUALAtelier Retalho de pronto a vestir com prestação A partir da loja existente com serviçosde costura e de serviços de costura para customização de costureira, pretende desenvolver novamoda pronta de roupa nova e antiga imagem e layout de loja, alterando posicionamento em loja. Em curso.

Job2Me Apoio na procura de emprego Empreendedora está desempregada mas e candidatura online não tem disponibilidade para implementar projeto, está a frequentar formação etc.

Ginásio Com base em oferta existente pouco Em desenvolvimento, procura FitnessBiBi diferenciada,pretendeoferecerserviços financiamento em novo ginásio, abrangentes e de maior qualidade

GPellets Produçãoecomérciodepellets Produtofinalemestudocomparativo para combustão de biomassa doméstica com outros do mercado (aquecimento) com matéria-prima local, que não produz resíduos e com adição de odor

VA Opuntia Produtos de valor acrescentado com origem Abertura de loja e conceção nafigueira-da-índia.Pasteldenatacertificado, deembalagensemcurso farinha e óleos já produzidos.

Electronic Comercialização de soluções eletrónicas para Em fase de contactos comAcessible estabelecimentos turísticos, para facilitação de potenciais clientes e fornecedoresHospitality acessoeutilizaçãopordeficientes motores condicionados e outros turistas

Inovcasei Produção e comércio de queijos de leites Em fase de desenvolvimentos de não tradicionais, para mercados de luxo contactoscomerciaisedeprodutofinal

RELATÓRIO DO SISTEMA REGIONAL DE APOIO AO EMPREENDEDOR – ATORES-CHAVE

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a - Nos casos da Inovcasei e da VA Opuntia nota-se a presença da Identities Narrated combinada com a Autenticidade Original, na medida em que buscam claramente uma oferta alicerçada nas raízes e na produção genuinamente locais, provavelmente comcertificaçõesqueatestemagenuinidadedeorigemeprocessosejustifiquemo preço premium que tais produtos normalmente comandam, a exemplo do que já ocorre no site www.deliportugal.com.

b - No caso da GPellets é claramente o caso da Ecosustainability, na sua vertente principalmente ecológica. c - O caso da Electronic Accessible Hospitality manifesta a presença da Experience Economy, na medida em que o seu conceito é justamente o de permitir uma maioremelhorexperiênciadeviagemeturismoapessoascomdeficiências.

d - O caso do Ginásio Fitness-BiBi evidencia a Wellthy, na medida em que a necessidade do exercício para uma qualidade de vida melhor é cada vez mais imperativa. E a descrição do que pretendem atingir evidencia, ainda, o conhecimento de que “quase tudo é ginásio” hoje em dia, e que há que buscar alternativas verdadeiramente diferenciadoras – inclusive a nível corporativo, como o exemplo seguinte, de promoção por uma vida mais saudável feita pelo Metro de Moscovo nos mostra.

e - O Atelier de Costura e Moda Pronta mostra uma combinação da Identities Narrated, Design =Wow Good e Cool Personalisation bastante em linha com o exemplo abaixo, recolhido durante um projeto para a indústria da moda e joalharia, e que mostra uma cada vez maior necessidade de peças básicas, de qualidade e que possam ser alteradas e ajustadas ao longo de vários anos.

f-E,finalmenteaJob2MeevidenciaacombinaçãodaEmpowerment e da Riding the Recession, no seu quadrante Status (que nada tem a ver com posição social ou prestígio, mas sim com a (re)valorização pessoal e como consumidor) necessária para fazer frente a uma crise.

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