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8 7 8 7 8 7 8 7 8 7 IESUS IESUS IESUS IESUS IESUS Sistema de Informaçıes Hospitalares - Fonte Sistema de Informaçıes Hospitalares - Fonte Sistema de Informaçıes Hospitalares - Fonte Sistema de Informaçıes Hospitalares - Fonte Sistema de Informaçıes Hospitalares - Fonte Complementar na Vigilância e Monitoramento de Complementar na Vigilância e Monitoramento de Complementar na Vigilância e Monitoramento de Complementar na Vigilância e Monitoramento de Complementar na Vigilância e Monitoramento de Doenças Imunopreveníveis Doenças Imunopreveníveis Doenças Imunopreveníveis Doenças Imunopreveníveis Doenças Imunopreveníveis Informe Epidemiológico do SUS 2000; 9(2) : 87-110. Jarbas Barbosa da Silva Junior Jarbas Barbosa da Silva Junior Jarbas Barbosa da Silva Junior Jarbas Barbosa da Silva Junior Jarbas Barbosa da Silva Junior Centro Nacional de Epidemiologia / Fundação Nacional de Saúde Antônio da Cruz Gouveia Mendes Antônio da Cruz Gouveia Mendes Antônio da Cruz Gouveia Mendes Antônio da Cruz Gouveia Mendes Antônio da Cruz Gouveia Mendes Petra Oliveira Duarte Petra Oliveira Duarte Petra Oliveira Duarte Petra Oliveira Duarte Petra Oliveira Duarte Tereza Maciel Lyra Tereza Maciel Lyra Tereza Maciel Lyra Tereza Maciel Lyra Tereza Maciel Lyra Hospital Information System - Complementary Source for Hospital Information System - Complementary Source for Hospital Information System - Complementary Source for Hospital Information System - Complementary Source for Hospital Information System - Complementary Source for Surveillance and Monitoring of Immune-Preventable Diseases Surveillance and Monitoring of Immune-Preventable Diseases Surveillance and Monitoring of Immune-Preventable Diseases Surveillance and Monitoring of Immune-Preventable Diseases Surveillance and Monitoring of Immune-Preventable Diseases Djalma Agripino de Melo Filho Djalma Agripino de Melo Filho Djalma Agripino de Melo Filho Djalma Agripino de Melo Filho Djalma Agripino de Melo Filho Diretoria de Desenvolvimento Social / SUDENE Paulette Cavalcanti de Albuquerque Paulette Cavalcanti de Albuquerque Paulette Cavalcanti de Albuquerque Paulette Cavalcanti de Albuquerque Paulette Cavalcanti de Albuquerque Resumo Descreveram-se as doenças imunopreveníveis que, embora apresentem características epidemiológicas distintas, têm na vacinação seu principal meio de controle. Foram consideradas o sarampo, a poliomielite, a difteria, a coqueluche, o tétano (acidental e neonatal) e a raiva humana, a partir do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) (internações) e de dados fornecidos pelo Centro Nacional de Epidemiologia-CENEPI (notificações). Nas internações, utilizou-se como fonte de informação da morbidade o diagnóstico ou o procedimento realizado, devido às características do banco de dados ou da patologia. Consideraram-se ainda as particularidades para coqueluche (faixa etária do internamento) e para raiva humana (motivo de alta). Entre os resultados encontrados, salientam-se a identificação da epidemia de sarampo, em 1997 e 1998, e a coerência de internamentos por faixa etária para coqueluche, além de sugerir fortemente subnotificação de casos de tétano acidental e baixo número de internações para tétano neonatal. Conclui-se que o SIH/SUS, apesar de algumas limitações, apresentou grande potencialidade como sistema complementar à vigilância e monitoramento das Doenças de Notificação Compulsória (DNC), sendo ágil na identificação de epidemias, além de mostrar coerência com o traçado da série histórica fornecida pelo CENEPI. O estudo gerou sugestões, tanto ao CENEPI como à Secretaria de Assistência à Saúde - SAS/MS na busca de aperfeiçoamento do SIH/SUS como sistema complementar de vigilância epidemiológica. Palavras-chave Doenças Imunopreveníveis; Sistema de Informações Hospitalares; Vigilância Epidemiológica; Monitoramento. Summary This paper describes the immune-preventable diseases, which in spite of presenting different epidemiologic characteristics, have vaccination as their main way of control. Measles, poliomyelitis, diphtheria, whooping cough, tetanus (accidental and neonatal) and human rabies were considered. Information was obtained from the Hospital Information System - SIH (admittances) and from the National Center of Epidemiology - CENEPI (case reports). Information on morbidity was obtained by using the diagnosis or accomplished procedure, due to the characteristics of the database or of the pathology. Some particularities for whooping cough (age group of the admittance) and for human rabies (motive of discharge) were also considered. Among the various results, outstanding findings such as the identification of the measles epidemic in 1997 and 1998; the coherence for admittance data by age group for whooping cough, besides the strong underreporting of accidental tetanus cases and the low number of admittances for neonatal tetanus were detected. It is concluded that SIH/SUS, in spite of some limitations, presents a great potentiality as a complementary system for surveillance and monitoring of Notifiable Diseases, being agile for the identification of epidemics and showing coherence with the historical series pattern provided by CENEPI. This study generated suggestions for the improvement of SIH/SUS and its use as a complementary system for epidemiologic surveillance, useful for CENEPI and the Health Assistance Secretariat of the Ministry of Health - SAS/MS. Key Words Immune-preventable Diseases; Hospital Information System; Epidemiologic Surveillance; Monitoring. Departamento de Saúde Coletiva-NESC/CPqAM/FIOCRUZ Departamento de Saúde Coletiva-NESC/CPqAM/FIOCRUZ Departamento de Saúde Coletiva-NESC/CPqAM/FIOCRUZ Departamento de Saúde Coletiva-NESC/CPqAM/FIOCRUZ Endereço para correspondência: Dept o de Saúde Coletiva-NESC / Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães / FIOCRUZ - Rua dos Coelhos, 450 - 1 o andar - Coelhos - Recife/PE - CEP: 50.070-550 E-mail: [email protected]

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I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

Sistema de Informações Hospitalares - FonteSistema de Informações Hospitalares - FonteSistema de Informações Hospitalares - FonteSistema de Informações Hospitalares - FonteSistema de Informações Hospitalares - FonteComplementar na Vigilância e Monitoramento deComplementar na Vigilância e Monitoramento deComplementar na Vigilância e Monitoramento deComplementar na Vigilância e Monitoramento deComplementar na Vigilância e Monitoramento de

Doenças ImunopreveníveisDoenças ImunopreveníveisDoenças ImunopreveníveisDoenças ImunopreveníveisDoenças Imunopreveníveis

Informe Epidemiológico do SUS 2000; 9(2) : 87-110.

Jarbas Barbosa da Silva JuniorJarbas Barbosa da Silva JuniorJarbas Barbosa da Silva JuniorJarbas Barbosa da Silva JuniorJarbas Barbosa da Silva JuniorCentro Nacional de Epidemiologia / Fundação Nacional de Saúde

Antônio da Cruz Gouveia MendesAntônio da Cruz Gouveia MendesAntônio da Cruz Gouveia MendesAntônio da Cruz Gouveia MendesAntônio da Cruz Gouveia Mendes

Petra Oliveira DuartePetra Oliveira DuartePetra Oliveira DuartePetra Oliveira DuartePetra Oliveira Duarte

Tereza Maciel LyraTereza Maciel LyraTereza Maciel LyraTereza Maciel LyraTereza Maciel Lyra

Hospital Information System - Complementary Source forHospital Information System - Complementary Source forHospital Information System - Complementary Source forHospital Information System - Complementary Source forHospital Information System - Complementary Source forSurveillance and Monitoring of Immune-Preventable DiseasesSurveillance and Monitoring of Immune-Preventable DiseasesSurveillance and Monitoring of Immune-Preventable DiseasesSurveillance and Monitoring of Immune-Preventable DiseasesSurveillance and Monitoring of Immune-Preventable Diseases

Djalma Agripino de Melo FilhoDjalma Agripino de Melo FilhoDjalma Agripino de Melo FilhoDjalma Agripino de Melo FilhoDjalma Agripino de Melo FilhoDiretoria de Desenvolvimento Social / SUDENE

Paulette Cavalcanti de AlbuquerquePaulette Cavalcanti de AlbuquerquePaulette Cavalcanti de AlbuquerquePaulette Cavalcanti de AlbuquerquePaulette Cavalcanti de Albuquerque

ResumoDescreveram-se as doenças imunopreveníveis que, embora apresentem características epidemiológicasdistintas, têm na vacinação seu principal meio de controle. Foram consideradas o sarampo, apoliomielite, a difteria, a coqueluche, o tétano (acidental e neonatal) e a raiva humana, a partir doSistema de Informações Hospitalares (SIH) (internações) e de dados fornecidos pelo Centro Nacionalde Epidemiologia-CENEPI (notificações). Nas internações, utilizou-se como fonte de informação damorbidade o diagnóstico ou o procedimento realizado, devido às características do banco de dados ouda patologia. Consideraram-se ainda as particularidades para coqueluche (faixa etária dointernamento) e para raiva humana (motivo de alta). Entre os resultados encontrados, salientam-sea identificação da epidemia de sarampo, em 1997 e 1998, e a coerência de internamentos por faixaetária para coqueluche, além de sugerir fortemente subnotificação de casos de tétano acidental e baixonúmero de internações para tétano neonatal. Conclui-se que o SIH/SUS, apesar de algumas limitações,apresentou grande potencialidade como sistema complementar à vigilância e monitoramento dasDoenças de Notificação Compulsória (DNC), sendo ágil na identificação de epidemias, além de mostrarcoerência com o traçado da série histórica fornecida pelo CENEPI. O estudo gerou sugestões, tanto aoCENEPI como à Secretaria de Assistência à Saúde - SAS/MS na busca de aperfeiçoamento do SIH/SUScomo sistema complementar de vigilância epidemiológica.

Palavras-chaveDoenças Imunopreveníveis; Sistema de Informações Hospitalares; Vigilância Epidemiológica; Monitoramento.

SummaryThis paper describes the immune-preventable diseases, which in spite of presenting differentepidemiologic characteristics, have vaccination as their main way of control. Measles, poliomyelitis,diphtheria, whooping cough, tetanus (accidental and neonatal) and human rabies were considered.Information was obtained from the Hospital Information System - SIH (admittances) and from theNational Center of Epidemiology - CENEPI (case reports). Information on morbidity was obtained byusing the diagnosis or accomplished procedure, due to the characteristics of the database or of thepathology. Some particularities for whooping cough (age group of the admittance) and for humanrabies (motive of discharge) were also considered. Among the various results, outstanding findingssuch as the identification of the measles epidemic in 1997 and 1998; the coherence for admittance databy age group for whooping cough, besides the strong underreporting of accidental tetanus cases andthe low number of admittances for neonatal tetanus were detected. It is concluded that SIH/SUS, in spiteof some limitations, presents a great potentiality as a complementary system for surveillance andmonitoring of Notifiable Diseases, being agile for the identification of epidemics and showing coherencewith the historical series pattern provided by CENEPI. This study generated suggestions for theimprovement of SIH/SUS and its use as a complementary system for epidemiologic surveillance, usefulfor CENEPI and the Health Assistance Secretariat of the Ministry of Health - SAS/MS.

Key WordsImmune-preventable Diseases; Hospital Information System; Epidemiologic Surveillance; Monitoring.

Departamento de Saúde Coletiva-NESC/CPqAM/FIOCRUZ

Departamento de Saúde Coletiva-NESC/CPqAM/FIOCRUZ

Departamento de Saúde Coletiva-NESC/CPqAM/FIOCRUZ

Departamento de Saúde Coletiva-NESC/CPqAM/FIOCRUZ

Endereço para correspondência: Depto de Saúde Coletiva-NESC / Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães /FIOCRUZ - Rua dos Coelhos, 450 - 1o andar - Coelhos - Recife/PE - CEP: 50.070-550

E-mail: [email protected]

I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

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SIH/SUS como Fonte de Informações para Vigilância das Doenças Imunopreveníveis

Informe Epidemiológico

do SUS

IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

Nas últimas décadas, o Brasil vemassist indo a um declínio tanto damortalidade como da morbidade pordoenças infecciosas e parasitárias emtodo território nacional, embora comintensidades diferentes em função decaracterísticas regionais ou locais.1

Apesar dos avanços conseguidos, asdoenças infecciosas continuam sendoimportante problema de saúde pública eo estudo do seu comportamento ainda éfundamental para o seu controle eeliminação no país.

A vacinação de crianças menores deum ano é considerada fundamental paraa prevenção de várias doenças. Diantedesta constatação, o Ministério da Saúdecriou em 1973 o Programa Nacional deImunizações - PNI, com o intuito dediminuir a magnitude da morbimortalidadepor doenças evitáveis por vacinação.2,3

Apesar do impacto obtido, Silva ecolaboradores3 referiram que, em 1996,a Pesquisa Nacional sobre Demografia noBrasil apontou coberturas vacinais deapenas 72,5% para as crianças de um aquatro anos, em relação a todas asvacinas incluídas no PNI. Essaproporção, embora superior à encontradapela PNAD 81 (38,3%), é aindainsuficiente para o controle e eliminaçãodas doenças imunopreveníveis,3

reforçando a necessidade de monitorá-las, através de um sistema de vigilânciaepidemiológica eficaz, além demecanismos complementares.

No presente estudo, buscou-sedescrever a situação das doençasimunopreveníveis a partir do Sistema deInformações Hospitalares - SIH/SUS e dasnotificações registradas pelo CentroNacional de Epidemiologia - CENEPI,identificando-se similitudes entre eles a fimde avaliar a potencialidade do SIH/SUScomo sistema complementar na vigilânciaepidemiológica dessas doenças. Éimportante ressaltar, ao comparar os dadosdo CENEPI e SIH/SUS, que os dados doCENEPI referem-se à consolidação devárias fontes de dados, onde se incluem o

SINAN (Sistema de Informações deAgravos Notificáveis) e outras fontes denotificação.

Procurou-se, então, conhecer ocomportamento epidemiológico dessasdoenças, bem como suas principaiscaracterísticas clínico-evolutivas, nointuito de captar os aspectos onde o SIH/SUS poderá cumprir esse propósito. Asdoenças imunopreveníveis descritasforam: o sarampo, a poliomielite, adifteria, o tétano, a coqueluche e a raiva.

O sarampo é uma doença infecciosaexantemática, transmissível, viral, agudae extremamente contagiosa.4,5 Em funçãodesta característica e de sua gravidade,é considerada, em termos mundiais, adoença imunoprevenível de maiorimportância em saúde pública.1 No Brasil,o sarampo passou a ser doença denotificação compulsória em 1968.6 Em1992, é implantado o Plano de Controle eEliminação do Sarampo,4,6 através deestratégias combinadas de campanha devacinação e vigilância epidemiológica.Mesmo tendo causado impacto, comredução do número de casos, suaeliminação ou mesmo o controle dadoença ainda não ocorreram, comodemonstra a epidemia ocorrida, em 1997,em São Paulo, atingindo posteriormenteoutros Estados.6

A poliomiel i te é uma doençainfecciosa aguda, viral (enterovírus), queapresenta quadro clássico de paralisiaflácida e início súbito.4,7 Dentre asdoenças imunopreveníveis, é aquela paraa qual as ações de controle obtiveram,sem dúvida nenhuma, os melhoresresultados.1,8 Com início em 1980, ascampanhas nacionais de vacinaçãocausaram impacto tão significativo que,em 1989, registrou-se o último casoconfirmado de poliomielite causado pelopoliovírus selvagem no país.1 Ascampanhas nacionais foram tão eficazesque serviram de subsídio para aelaboração da estratégia do programaglobal de erradicação do poliovírusselvagem promovido pela OrganizaçãoMundial da Saúde, a partir de 1987.1

A vacinação deA vacinação deA vacinação deA vacinação deA vacinação decrianças menorescrianças menorescrianças menorescrianças menorescrianças menores

de um ano éde um ano éde um ano éde um ano éde um ano éconsideradaconsideradaconsideradaconsideradaconsiderada

fundamental parafundamental parafundamental parafundamental parafundamental paraa prevenção dea prevenção dea prevenção dea prevenção dea prevenção devárias doenças.várias doenças.várias doenças.várias doenças.várias doenças.

Diante destaDiante destaDiante destaDiante destaDiante destaconstatação, oconstatação, oconstatação, oconstatação, oconstatação, o

Ministério daMinistério daMinistério daMinistério daMinistério daSaúde criou emSaúde criou emSaúde criou emSaúde criou emSaúde criou em

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Imunizações -Imunizações -Imunizações -Imunizações -Imunizações -PNI, com oPNI, com oPNI, com oPNI, com oPNI, com ointuito deintuito deintuito deintuito deintuito dediminuir adiminuir adiminuir adiminuir adiminuir a

magnitude damagnitude damagnitude damagnitude damagnitude damorbimortalidademorbimortalidademorbimortalidademorbimortalidademorbimortalidade

por doençaspor doençaspor doençaspor doençaspor doençasevitáveis porevitáveis porevitáveis porevitáveis porevitáveis porvacinação.vacinação.vacinação.vacinação.vacinação. 2,32,32,32,32,3

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I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U STereza Maciel Lira e cols.

volume 9, nº 2abril/junho 2000

Entretanto, para a manutenção daeliminação do vírus selvagem e da doença,é necessário o monitoramento sistemáticoe permanente, o que é feito pelo CENEPIatravés da investigação de todo caso dedeficiência motora flácida de iníciosúbito.4 Neste sentido, o SIH/SUS podecontribuir informando agilmente, emfunção de suas próprias característicasde sistema de pagamento, os casosinternados de paralisias flácidas. Noentanto, para que isso ocorra com aeficácia desejada, serão necessáriosalguns ajustes no sistema, como serádiscutido posteriormente.

São três as doenças imuno-preveníveis que podem ser controladasatravés da vacina tríplice: difteria,coqueluche e tétano.

A difteria é uma doençatoxiinfecciosa aguda, causada peloCorynebacterium diphtheriae, que atingemais freqüentemente crianças de até 10anos de idade (embora a suscetibilidadeseja geral), sendo considerada umadoença grave, de letalidade elevada e que,conseqüentemente, deve ser tratada emambiente hospitalar especializado.4,9 Oideal para controle epidemiológico dadoença é uma cobertura vacinal superiora 85%. Ações eficazes de vigilânciaepidemiológica são também essenciais naidentificação de casos e desencadeamentode medidas de controle.

A coque luche é uma doençainfecciosa aguda do trato respiratório,causada pe la bactér ia Bordete l laper tuss is , com t ransmissãoprincipalmente pelo contato diretoentre pessoas. De suscet ib i l idadeuniversal, a doença é mais freqüenteem crianças menores de cinco anos emais grave em crianças menores de umano, quando a letal idade pode sera l t a e o t ra tamento hosp i ta la rf reqüentemente necessár io .4,10 Éimportante sal ientar que a vacinacontra coqueluche só deve ser aplicadaaté os seis anos de idade, pelo riscopotenc ia l de compl icações pós-vacinais em indivíduos maiores.

O tétano é considerado doençarelacionada a risco ambiental, não seapresentando de forma epidêmica nacomunidade.1 Tanto o tétano neonatalcomo o acidental são importantes causasde morbi-mortalidade, tendo por agenteetiológico o Clostyridium tetani, bacilogram-negativo, estritamente anaeróbio,com grande capacidade de resistência nomeio ambiente.4,11 A letalidade do tétanoé elevada, estando relacionada tanto àforma clínica como à faixa etária, sendomais grave nos extremos da vida. O tétanoneonatal é ainda responsável por umnúmero elevado de óbitos em países emdesenvolvimento, exigindo para seutratamento a hospitalização do recém-nato.4 A principal ação de controle dotétano é a vacinação de rotina para criançase gestantes, além da vacinação de outrosgrupos de risco. A assistência médicaespecializada é também fundamentalpara redução das mortes, quando doaparecimento da doença.1,4,11

A raiva humana, cujo processo deimunização passiva e ativa é a única formade prevenir a manifestação da doença, életal em 100% dos casos.12

A r a i v a h u m a n a é u m aantropozoonose, transmitida ao homempor inoculação do vírus rábico contido nasaliva de animal infectado.4,13 As principaisformas de controle da doença são avacinação dos animais domésticos, asações de vacinação e a aplicação de soroem pacientes agredidos, além da captura,observação e eliminação de animais.

Questões metodológicas específicasQuestões metodológicas específicasQuestões metodológicas específicasQuestões metodológicas específicasQuestões metodológicas específicas

Na descrição das doenças incluídasneste grupo, consideraram-se ascaracterísticas do banco de dados e asespecif icidades próprias de cadapatologia.

Os bancos de dados utilizados foramo Sistema de Informações Hospitalares -SIH/SUS, para as informações sobreinternações hospitalares e, para os dadosepidemiológicos, os registros denotificações provenientes do CENEPI,conforme discriminado anteriormente. Os

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Informe Epidemiológico

do SUS

dados das internações foram obtidos, deforma geral, a partir do diagnósticoconstante na Autorização de InternaçãoHospitalar - AIH, em virtude destainformação estar disponível para todo operíodo estudado. Assim, seguiu-se essecritério para poliomielite, sarampo,coqueluche e tétano. Para difteria e raivahumana, os dados, a partir de 1993,foram obtidos através do procedimentorealizado, por serem bem mais precisosdo ponto de vista epidemiológico do queaqueles referidos no diagnóstico, sendoque estes procedimentos só estavamdisponíveis a partir daquele ano.

Outras considerações metodo-lógicas sobre a base de dados fazem-senecessárias para uma melhorcompreensão dos resultados. Em relaçãoao sarampo, ressalta-se que no SIH nãoexiste o “procedimento sarampo” parapacientes não pediátricos e, como essadoença pode acometer adultos, a ausênciade procedimentos não pediátricos podelevar a um sub-registro. Essa limitaçãogerou a necessidade de que os dados doSIH para o sarampo fossem obtidos apartir do diagnóstico da internação.

No caso da poliomielite, mereceatenção a incorporação, a partir de 1990,da paralisia flácida aguda no Sistema deVigilância Epidemiológica, o que tornoupossível estabelecer uma comparaçãocom os dados de poliomielite registradosno SIH e no CENEPI, embora esseprocedimento seja limitado devido àsdiferentes formas de registro da doença.O Centro Nacional de Epidemiologiamonitora o evento “paralisia flácidaaguda”, enquanto, no SIH/SUS, odiagnóstico de “poliomielite” pode serutilizado para os casos de suspeita depoliomielite ou para pacientes comseqüelas, embora a doença, a rigor, nãoocorra no país desde 1989, fato que podeter causado algumas imprecisões nacomparação dos dados.

Para o estudo da difteria, optou-sepor descrever, a partir de 1993, os dadosdo SIH por registro dos procedimentosrealizados, pois esta forma de análise dos

dados se mostrou mais coerente com osdados epidemiológicos. Por ser umapatologia extremamente grave, é provávelque os diagnóst icos de admissão(suspeita clínica) estejam superestimadose, poster iormente, em função derecursos diagnósticos complementares,os procedimentos tornem-se maisespecíficos.

Quanto à coqueluche, doença quepor suas características clínicas demandainternação com relativa raridade, decidiu-se descrever de forma complementar osdados em função da faixa etária dospacientes internados, buscando-se aexistência de coerência com as faixasetárias que potencialmente apresentammaior número de complicações e,conseqüentemente, de internamentos.

No caso do tétano, foram descritosseparadamente os casos neonatais eacidentais. Embora a notif icaçãodesagregada de tétano neonatal eacidental pelo CENEPI ocorra desde1982, o banco de dados do SIH/SUS sódispõe dos mesmos desagregados a partirde 1991, trazendo algumas limitações naavaliação da série histórica.

A raiva humana foi descrita segundoos mesmos critérios usados para difteria,ou seja, utilizaram-se os procedimentosrea l i zados , po r ap resen ta r umamelhor qualidade. Na avaliação docomportamento das internações por raiva,também se levou em conta o motivo dealta, pois sendo esta uma doença 100%letal, esperava-se encontrar como motivode alta sempre o óbito, o que nãocorrespondeu à realidade.

Os dados de raiva humana foramdescritos apenas para o país, optando-sepor não especificar por Estados, pois,devido ao pequeno número de casos destapatologia, qualquer variabilidade no totalde ocorrências influenciaria os dados,limitando a descrição.

ResultadosResultadosResultadosResultadosResultados

Os resultados discutidos a seguirreforçam o potencial de uso do SIH/SUSno monitoramento das doenças de

SIH/SUS como Fonte de Informações para Vigilância das Doenças Imunopreveníveis

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volume 9, nº 2abril/junho 2000

notificação compulsória. Preferiu-sedestacar as particularidades de cadapatologia no que se refere à evoluçãoclínica, complicações ou letalidade.Quando considerados globalmente,o s resultados se mostraram úteis,necessitando apenas de alguns ajustespara que seu uso seja otimizado na suavigilância e monitoramento.

A descrição dos dados denotificação e internamento referentes àsdoenças imunopreveníveis mostra umcomportamento bastante coerente com arealização das campanhas de vacinaçãoiniciadas na década de 1980, para apoliomielite, e na década de 1990, para atríplice.

O número de casos notificados e deinternações de difteria e coqueluche, porexemplo, apresenta queda significativapraticamente no mesmo período (entre1990 e 1991, para coqueluche, e entre1991 e 1992, para difteria). O tétano,embora sendo prevenido pela vacinatríplice, mostra um comportamentodiferente, com queda suave ao longoda década de 1990. Isto ocorreprovavelmente devido ao fato de o tétanoacidental ocorrer com freqüência emfaixas etárias não atingidas pela campanha

nacional (acidentes de trabalho, porexemplo), e o tétano neonatal serprevenido através de ações específicaspara gestantes, também não inclusas nascampanhas de vacinação.

O declínio dos casos de poliomielitefoi mais expressivo, principalmente como controle da doença a partir de 1990.

Sarampo

No país, a comparação dos dadosde sarampo, produzidos pelo SIH eCENEPI, aponta para uma tendênciadecrescente no período de 1984 a 1996,embora se assinale, em ambos ossistemas, o aumento das freqüências nosanos de 1986, 1990/91 e 1997. Chamaatenção a simetria encontrada entre ostraçados dos dados provenientes do SIH/SUS e do CENEPI (Figura 1).

Confrontando-se os registros doscasos de sarampo, SIH e CENEPI, antes daimplantação do Programa de Eliminação doSarampo, em 1991, verifica-se a variaçãocíclica da doença, com incidências máximasa cada quatro ou seis anos. A implantaçãodo Programa interfere positivamente nonúmero de casos, observando-se, entre osanos de 1991 e 1992, uma redução de79,0% no número de internações e de 81,3%

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log f

Internações (SIH/SUS)

Notificações (CENEPI)

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

Figura 1 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Sarampo.Brasil, 1980-1998.

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Informe Epidemiológico

do SUS

no número de detecções de casosregistrados pelo CENEPI.

Contudo, a partir de 1997, detecta-se emambos os sistemas de informações, umaelevação do número de casos e deinternamentos em relação ao ano anterior:de 3.818 para 53.355 no CENEPI, e de131 para 769, no SIH, caracterizando umanova epidemia no país. Este fato revelaproblemas na cobertura vacinal ecompromete as estratégias do Ministérioda Saúde para eliminação da doença no ano2000 (Tabela 1).

A detecção da epidemia, citada,reforça o potencial de uso do SIH para

vigilância e monitorização do sarampo,mesmo diante da limitação do SIH/SUSde não registrar procedimentosespecíficos quando se trata de caso desarampo em adulto, faixa prioritariamenteacometida na epidemia de 1997.

Os dados de notificação e internação porsarampo por Regiões e Estados mostram que aRegião Sudeste foi a mais atingida na epidemiade 1997, em particular o Estado de São Paulo.Dos 53.355 casos notificados no país, 46.125deles foram notificados no Sudeste, 42.076 emSão Paulo. Das 769 internações por sarampono país, 539 ocorreram na Região Sudeste e455 em São Paulo.

Tabela 1 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Sarampo, por Estados eRegiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

436 63 10 7 6 - 31 5 4 113 53 1 6 2 5 11 3 4 28 110 43 13 23 31 91 20 11 60 59 13 10 29 7

6.814 727 104 36 150 23 319 76 19 1.239 50 24 306 126 38 25 48 102 520 2.293 689 116 713 775 1.791 1.085 124 582 764 123 286 87 268

327 41 1 3 3 3 28 - 3 70 22 3 8 4 4 4 4 4 17 104 28 7 25 44 82 11 16 55 30 1 11 16 2

4.951 727 82 17 289 53 158 103 25 1.052 215 15 202 91 16 35 24 77 377 1.071 402 53 332 284 1.835 1.231 249 355 266 139 56 23 48

192 28 3 4 3 - 14 - 4 44 13 - 4 2 2 11 1 3 8 59 19 1 10 29 46 5 15 26 15 - 4 8 3

4.720 416 31 14 76 21 115 118 41 959 65 17 94 68 50 92 65 57 451 819 227 107 208 277 2.341 1.546 236 559 185 75 33 25 52

131 14 2 - 2 - 7 - 3 30 6 2 - 1 2 7 2 2 8 48 15 2 14 17 30 7 6 17 9 3 1 4 1

3.818 392 16 21 62 14 126 43 110 1.037 60 71 239 62 42 35 35 38 455 694 241 40 206 207 1.517 930 267 320 178 51 40 51 36

769 28 3 - 1 - 13 - 11 94 5 - 26 1 13 9 2 1 37 539 38 9 37 455 56 14 22 20 52 4 7 8 33

53.355 234 17 13 60 10 52 22 60 4.082 48 139 661 77 194 290 30 98 2.545 46.125 799 39 3.211 42.076 1.559 544 367 648 1.355 88 54 335 878

298 34 1 2 3 - 15 13 - 59 2 - 5 - - 40 3 1 8 98 8 5 5 80 59 24 23 12 48 1 3 2 42

SIH/SUS como Fonte de Informações para Vigilância das Doenças Imunopreveníveis

9 39 39 39 39 3

I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

volume 9, nº 2abril/junho 2000

A epidemia atingiu também outrasRegiões do país, principalmente oNordeste, onde houve, entre 1996 e1997, um crescimento do número decasos detectados e de internações quepassou, respectivamente, de 1.037 para4.082 e de 30 para 94.

Na Tabela 2, observa-se, em 1997,uma elevação nos coeficientes deinternação hospitalar por 100.000habitantes, quando as Regiões Sudeste eNordeste apresentaram, respectivamente,o maior (0,79) e o menor (0,21) deles.Salienta-se que o Distrito Federal (1,76)e o Estado de São Paulo (1,31)apresentaram os maiores coeficientes.

Os coeficientes de notificações por100.000 habitantes para 1997 apresentamo mesmo comportamento já observadopara as internações, com o aumento docoeficiente nacional e por regiões, comexceção das Regiões Norte (que teve umaqueda no coeficiente de notificação de3,47 para 2,02) e a Sul, que se mantevecom coeficientes estáveis. Em função daepidemia em 1997, os Estados de SãoPaulo (121,07), Distrito Federal (46,78),Rio de Janeiro (23,69) e Bahia (20,02)apresentaram destaque no cenárionacional.

A razão entre o número deinternações/notificações, no período de

Tereza Maciel Lira e cols.

Tabela 2 - Coeficientes de Internação (SIH/SUS) e de Notificação (CENEPI) de Casos de Sarampo por100.000 habitantes, por Estados e Regiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI e IBGE

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

0,29 0,59 0,81 1,60 0,27 - 0,59 1,62 0,41 0,26 1,04 0,04 0,09 0,08 0,15 0,15 0,12 0,26 0,23 0,17 0,27 0,48 0,18 0,09 0,40 0,23 0,23 0,64 0,60 0,70 0,46 0,70 0,42

4,50 6,84 8,38 8,23 6,76 9,54 6,12 24,61 1,96 2,83 0,98 0,90 4,67 5,03 1,16 0,34 1,84 6,57 4,24 3,55 4,27 4,30 5,46 2,37 7,91 12,63 2,64 6,21 7,75 6,65 13,22 2,09 16,02

0,21 0,38 0,08 0,67 0,13 1,19 0,53 - 0,30 0,16 0,43 0,11 0,12 0,16 0,12 0,05 0,15 0,25 0,14 0,16 0,17 0,26 0,19 0,13 0,36 0,13 0,34 0,58 0,30 0,05 0,49 0,38 0,12

3,22 6,67 6,35 3,81 12,73 21,05 2,96 32,43 2,52 2,37 4,17 0,56 3,05 3,58 0,48 0,47 0,91 4,88 3,02 1,64 2,46 1,93 2,52 0,86 8,01 14,23 5,22 3,75 2,64 7,39 2,49 0,54 2,81

0,12 0,25 0,22 0,88 0,13 - 0,26 - 0,40 0,10 0,25 - 0,06 0,08 0,06 0,15 0,04 0,19 0,06 0,09 0,12 0,04 0,08 0,09 0,20 0,06 0,31 0,27 0,15 - 0,17 0,19 0,17

3,03 3,73 2,31 3,08 3,28 8,01 2,11 36,18 4,07 2,13 1,24 0,62 1,40 2,63 1,50 1,24 2,42 3,55 3,57 1,24 1,38 3,84 1,56 0,82 10,12 17,74 4,88 5,84 1,80 3,92 1,43 0,58 2,99

0,08 0,12 0,16 - 0,08 - 0,13 - 0,29 0,07 0,11 0,07 - 0,04 0,06 0,09 0,08 0,12 0,06 0,07 0,09 0,07 0,10 0,05 0,13 0,08 0,12 0,18 0,09 0,16 0,04 0,09 0,05

2,43 3,47 1,30 4,34 2,59 5,67 2,29 11,33 10,49 2,32 1,15 2,66 3,51 2,42 1,27 0,47 1,33 2,34 3,63 1,04 1,45 1,43 1,54 0,61 6,45 10,33 5,48 3,32 1,70 2,65 1,79 1,13 1,98

0,48 0,24 0,24 - 0,04 - 0,23 - 1,02 0,21 0,09 - 0,38 0,04 0,39 0,12 0,08 0,06 0,29 0,79 0,22 0,32 0,27 1,31 0,23 0,15 0,44 0,20 0,48 0,20 0,31 0,17 1,76

33,42 2,02

1,35 2,60 2,44 3,93 0,92 5,47 5,55 9,00

0,91 5,16 9,55 2,97 5,82 3,88 1,13 5,91 20,02

67,77 4,73 1,37 23,69 121,07 6,53

5,95 7,40 6,64

12,58 4,48 2,36 7,22 46,78

0,18 0,29 0,08 0,39 0,12 - 0,26 3,09 - 0,13 0,04 - 0,07 - - 0,53 0,11 0,06 0,06 0,14 0,05 0,17 0,04 0,23 0,24 0,26 0,46 0,12 0,44 0,05 0,13 0,04 2,18

I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

9 49 49 49 49 4

Informe Epidemiológico

do SUS

1993 a 1996, apresenta resultados comum nível constante próximo à média de0,05. Na epidemia de 1997, há umaalteração desse padrão, que passou paravalores em torno de 0,01.

Poliomielite

Com a implantação da CampanhaNacional de Vacinação, a partir de 1980,a poliomielite apresentou uma acentuadaredução no número de casos. Naqueleano foram registrados 1.042 casos noCENEPI e, a partir de 1984, em funçãoda queda das coberturas vacinais nascampanhas, voltaram a se elevar, havendouma epidemia com incidência máxima em1986. Após este ano, houve uma reduçãodo número de casos até 1990, a partir doque não se registraram casos depoliomielite (Figura 2).

Na descrição do comportamentodas internações no Brasil, percebe-se, noperíodo de 1984 a 1997, uma redução de458 para 75 casos, voltando a aumentarem 1998, ano em que se observa umincremento de 170 internações (75 em1997 e 245 em 1998). Os achadossugerem que os registros de internaçõespor poliomielite aguda representam casossuspeitos, devendo ser na verdadeparalisias flácidas agudas. Este fato pode

ser explicado em função da estratégiaimplantada pela Organização Pan-americana de Saúde, a partir de 1985,para garantir a investigação de todos oscasos de paralisia flácida aguda, comorecurso para alcançar a erradicação dacirculação autóctone dos poliovírusselvagens nas Américas.

Na comparação entre os registros doCENEPI para a paralisia flácida com asinternações por poliomielite, percebe-seuma razão entre as internações enotificações que, no período de 1990 a1998, varia de 0,45 (1993) a 0,18 (1997).A menor ocorrência de registros no SIHdecorre da exclusão de outrosdiagnósticos que podem apresentarparalisia f lácida, que não apenas apoliomielite. Sugere-se desta forma que acomparação da paralisia flácida, registradapelo CENEPI, deva ocorrer com todosos diagnósticos de internações do SIH queapresentarem esta manifestação clínica.Com a adoção da CID 10, a partir de 1998,tornou-se possível esta sistemática, o quepermitirá a comparação entre casos deparalisias f lácidas notif icadas e osinternados, oferecendo, sem dúvidas,dados mais confiáveis para a vigilânciaepidemiológica da poliomielite (Tabela 3).

-

200

400

600

800

1 .000

1 .200

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

A N O S

f

P o liomie lite (C EN EP I)

P o liomie lite (S IH /S U S )

P aralisia F lác ida (C EN EP I)

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

Figura 2 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos dePoliomielite e deNotificações (CENEPI) de Casos de Paralisia Flácida Aguda Brasil, 1980-1998.

SIH/SUS como Fonte de Informações para Vigilância das Doenças Imunopreveníveis

9 59 59 59 59 5

I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

volume 9, nº 2abril/junho 2000

Os coeficientes de internaçõeshospitalares por 100.000 habitantes parapoliomielite demonstraram uma reduçãoentre 1993 e 1997, voltando a subir em1998. Neste ano, a Região Nordesteapresentou maior coeficiente (0,31),destacando-se os Estados do Maranhão(1,33) e do Rio Grande do Norte (1,07)(Tabela 4).

O coeficiente de notificação de paralisiaflácida aguda tem uma média, no períodode 1993 a 1997, de 0,30 notificações por100.000 habitantes distribuindo-se com certahomogeneidade entre as regiões do país, masse sobressaindo a Região Norte comcoeficientes que variam de 0,39 a 0,69 noperíodo (Tabela 4).

A discreta redução das internaçõeshospitalares por poliomielite agudasugere que o SIH atua como uma fontede in formação importante para osistema de vigilância epidemiológica.Se, por um lado, apresenta problemasde especificidade, por outro, sugereu m a b o a s e n s i b i l i d a d e p a r ai d e n t i f i c a r casos suspei tos depoliomieli te aguda, embora não sejustifique a manutenção do diagnósticode poliomielite no momento da altahospitalar.

Como resultado da vigilânciaepidemiológica ativa e das altas coberturasvacinais, a poliomielite foi consideradaerradicada das Américas. No Brasil, o

Tereza Maciel Lira e cols.

Tabela 3 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Poliomielite e deNotificações (CENEPI) de Casos de Paralisia Flácida Aguda, por Estados e Regiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

231 11 1 - 5 - 3 - 2 51 5 - - 5 1 4 4 2 30 114 46 3 27 38 34 11 9 14 21 - 10 6 5

517 41 10 2 6

- 18 1 4 185 15 10 23 11 14 31 7 6 68 172 52 13 30 77 80 37 17 26 39 5 7 18 9

183 19 6 - 6 1 5 - 1 42 5 3 4 8 - 3 5 - 14 87 27 1 23 36 23 10 6 7 12 - 7 3 2

554 75 14 4 16 4 31 3 3 153 12 12 25 11 11 14 5 7 56 200 67 8 42 83 80 36 13 31 46 9 5 19 13

125 12 1 1 2 1 6 - 1 22 5 - 3 1 - 6 2 - 5 61 14 1 28 18 22 13 4 5 8 1 3 2 2

419 54 7 1 18

- 27 1

- 119 10 11 19 10 7 12 6 4 40 136 44 13 32 47 75 32 15 28 35 8 8 13 6

104 6 - 1 4 - 1 - - 27 10 - 2 3 - 3 2 1 6 39 14 2 14 9 23 12 7 4 9 2 6 1 -

454 57 5 4 15 1 23 3 6 145 8 9 21 8 10 24 13 7 45 140 31 14 34 61 74 34 10 30 38 6 4 9 19

75 5 1 1 - - 2 - 1 18 7 - 1 - 1 3 1 2 3 27 15 1 6 5 19 9 6 4 6 - - 5 1

421 47 5 2 15

- 18 2 5 140 10 11 25 10 12 24 4 7 37 129 35 9 44 41 71 30 14 27 34 6 3 15 10

250 15 6 4 1 1 3 - - 142 71 11 3 28 2 2 12 - 13 63 29 2 9 23 23 11 10 2 7 - 3 2 2

I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

9 69 69 69 69 6

Informe Epidemiológico

do SUS

último caso confirmado foi registrado em19 março de 1989.

DifteriaA difteria vem apresentando

números decrescentes, seja nanotificação de casos, seja no número deinternações realizadas, coerente com aimplantação do Programa Nacional deImunização e com a introdução da vacinatríplice nas campanhas nacionais, quereduziram a incidência da difteria no país.

Na Figura 3, observa-se que onúmero de casos notificados peloCENEPI, entre 1984 e 1990, era superioràs internações registradas no SIH. A partir

de 1991, houve uma redução progressivada razão entre internações/notificações,mostrando uma grande coerência entre asinformações do SIH e CENEPI. Com aincorporação da rede hospitalar pública noSIH, em 1991, os internamentos passarama ser discretamente superiores aos casosnotificados, ocorrendo uma nova inversãoem 1996. O comportamento semelhantena distribuição dos casos de difteria nosdois sistemas, é coerente com a evoluçãoclínica da doença, que exige suportehospitalar. Desse modo, o SIH secaracteriza como um sistemaextremamente importante para a vigilânciae monitoramento desta patologia.

Tabela 4 - Coeficientes de Internação (SIH/SUS) e de Notificação (CENEPI) de Casos de Poliomielite e deNotificações (CENEPI) de Casos de Paralisia Flácida Aguda por 100.000 habitantes, por Estados e Regiões.

Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI e IBGE

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

0,15 0,10 0,08 - 0,23 - 0,06 - 0,21 0,12 0,10 - - 0,20 0,03 0,05 0,15 0,13 0,24 0,18 0,28 0,11 0,21 0,12 0,15 0,13 0,19 0,15 0,21 - 0,46 0,14 0,30

0,34 0,39 0,81 0,46 0,27 - 0,35 0,32 0,41 0,42 0,29 0,38 0,35 0,44 0,43 0,42 0,27 0,39 0,55 0,27 0,32 0,48 0,23 0,24 0,35 0,43 0,36 0,28 0,40 0,27 0,32 0,43 0,54

0,12 0,17 0,46 - 0,26 0,40 0,09 - 0,10 0,09 0,10 0,11 0,06 0,31 - 0,04 0,19 - 0,11 0,13 0,17 0,04 0,17 0,11 0,10 0,12 0,13 0,07 0,12 - 0,31 0,07 0,12

0,36 0,69 1,08 0,90 0,70 1,59 0,58 0,94 0,30 0,34 0,23 0,45 0,38 0,43 0,33 0,19 0,19 0,44 0,45 0,31 0,41 0,29 0,32 0,25 0,35 0,42 0,27 0,33 0,46 0,48 0,22 0,45 0,76

0,08 0,11

0,07 0,22 0,09 0,38 0,11 - 0,10 0,05 0,10 - 0,04 0,04 - 0,08 0,07 - 0,04 0,09 0,08 0,04 0,21 0,05 0,10 0,15 0,08 0,05 0,08 0,05 0,13 0,05 0,12

0,27 0,48 0,52 0,22 0,78 - 0,50 0,31 - 0,26 0,19 0,40 0,28 0,39 0,21 0,16 0,22 0,25 0,32 0,21 0,27 0,47 0,24 0,14 0,32 0,37 0,31 0,29 0,34 0,42 0,35 0,30 0,35

0,07 0,05 - 0,21 0,17 - 0,02 - - 0,06 0,19 - 0,03 0,12 - 0,04 0,08 0,06 0,05 0,06 0,08 0,07 0,10 0,03 0,10 0,13 0,14 0,04 0,09 0,10 0,27 0,02 -

0,29 0,50 0,41 0,83 0,63 0,40 0,42 0,79 0,57 0,32 0,15 0,34 0,31 0,31 0,30 0,32 0,49 0,43 0,36 0,21 0,19 0,50 0,25 0,18 0,31 0,38 0,21 0,31 0,36 0,31 0,18 0,20 1,04

0,05 0,04 0,08 0,20 - - 0,04 - 0,09 0,04 0,13 - 0,01 - 0,03 0,04 0,04 0,12 0,02 0,04 0,09 0,04 0,04 0,01 0,08 0,10 0,12 0,04 0,06 - - 0,11 0,05

0,26 0,41 0,40 0,40 0,61 - 0,32 0,50 0,46 0,31 0,19 0,41 0,36 0,39 0,36 0,32 0,15 0,42 0,29 0,19 0,21 0,32 0,32 0,12 0,30 0,33 0,28 0,28 0,32 0,31 0,13 0,32 0,53

0,15 0,13 0,47 0,78 0,04 0,38 0,05 - - 0,31 1,33 0,41 0,04 1,07 0,06 0,03 0,45 - 0,10 0,09 0,17 0,07 0,07 0,07 0,10 0,12 0,20 0,02 0,06 - 0,13 0,04 0,10

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I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

volume 9, nº 2abril/junho 2000

Tereza Maciel Lira e cols.

Tabela 5 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Difteria, por Estados eRegiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

312 15 3 1 7 - 3 - 1 109 6 1 15 15 5 19 16 8 24 76 44 1 21 10 86 23 33 30 26 9 10 4 3

252 10 1

- 8

- 1

- -

93 1

- 6

- 6 15 17 14 34 54 27 1 19 7 72 3 47 22 23 10 7 5 1

293 31 4 1 20 - 5 - 1 106 16 - 9 3 9 13 15 5 36 88 48 2 24 14 61 10 21 30 7 3 1 2 1

245 27 1 1 22

- 1

- 2 85

- 1 6 1 8 13 12 4 40 73 23 2 43 5 51 5 22 24 9 1 6 2

-

221 49 18 1 9 - 2 17 2 74 9 - 7 2 3 13 11 3 26 48 19 4 12 13 42 15 9 18 8 - 2 6 -

171 11

- -

10 -

1 - -

84 1 1

- -

3 12 18 7 42 35 7 2 14 12 38 8 8 22 3

- 1 1 1

157 22 - 1 11 1 1 6 2 55 11 - 10 2 4 4 10 1 13 46 18 3 9 16 30 7 7 16 4 - 3 - 1

181 8

- -

6 - -

1 1 63

- -

2 2 4 34 18

- 3 54 2 2 16 34 41 19 5 17 15 1 9

- 5

140 12

- - 10 - 1 1 - 63 - 1 2 1 6 4 18 5 26 44 20 - 4 20 18

5 6 7 3 3 - - -

179 -

- - - - - - -

86 ... - - -

4 5 29 15 33 44 14 1 16 13 44 13 1 30 5 3 2

... -

112 10 - - 5 - 4 - 1 45 - 2 - - 3 3 7 4 26 29 15 - 1 13 23 10 7 6 5 2 2 - 1

Figura 3 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Difteria.Brasil, 1980-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

-

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

5.000

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

ANOS

f

Notificações (CENEPI)

Internações (SIH/SUS)

050

100150200250300350

1993

1994

1995

1996

1997

I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

9 89 89 89 89 8

Informe Epidemiológico

do SUS

De forma geral, a difteria apresentauma tendência decrescente no Brasil, sejana notificação de casos, seja no númerode internações realizadas. A redução daincidência da difteria no país, éconseqüência da implantação doPrograma Nacional de Imunização, coma introdução da vacina tríplice nascampanhas nacionais.

Na descrição dos dados por estadose regiões do país (Tabela 5), também épossível observar a semelhança entreinternações e notificações. No período1993 - 1997, a maior concentração deregistros de difteria encontrou-se naRegião Nordeste com uma média de36,24% internações e 39,98% dos casosconfirmados pelo CENEPI no país. Asregiões Sudeste e Sul também sãoimportantes quanto a magnitude dadoença, ambas representaram médiassuperiores a 20% do total de casosocorridos no mesmo período. Entre osestados, os maiores destaques nacionaisquanto a magnitude são: Bahia e Alagoas(NE); Minas Gerais, São Paulo e Rio deJaneiro (SE); e Rio Grande do Sul e SantaCatarina, na Região Sul. Vale ressaltar,que os dados de 1998 no SIH, revelam amanutenção das tendências e docomportamento da doença com relaçãoaos anos anteriores.

Quanto ao risco de transmissão dadoença, a Região Sul foi a que apresentouos maiores coeficientes de notificação noperíodo de 1993 a 1997. Entre osestados, destacaram-se neste período:Alagoas (todo o período), Sergipe (93,95 e 97), Amazonas (94 e 95), SantaCatarina (93 e 94) e Rio Grande do Sul(todo o período). Em relação asinternações, os maiores coeficientesestão na Região Norte: Amapá (95 a 96),Amazonas (94 a 96) e Rondônia (95).Outros estados com destaque nacionalsão: Alagoas (todo o período), SantaCatarina (93 e 94) e Sergipe (93 e 94),Rio Grande do Sul (93 e 94). Note-seque a diferença na composição dosprincipais estados, nas duas fontes deinformações (SIH e CENEPI), deve-se,

apenas, ao maior registro de internaçõesno Amapá e Rondônia em 1995, tendocomo conseqüência a elevação dos valoresmédios da Região Norte (Tabela 6).

Coqueluche

A coqueluche, como outras doençasimunopreveníveis, vem apresentandouma expressiva redução em função daintrodução da vacina trípl ice nascampanhas de vacinação e na rotina,estabelecidas pelo Programa Nacional deImunizações.

Mesmo com a variação cíclica dadoença, percebe-se uma redução damagnitude da curva, mantendo umatendência à redução do número de casos.O comportamento cícl ico pode serpercebido na Figura 4, onde se observamfreqüências máximas nos anos de 1982,1986 e 1990. Em 1997, observa-se umaumento de casos e internações,interrompendo a l inha contínua dedecréscimo estabelecida na década de1990, como aconteceu com outrasdoenças imunopreveníveis.

Na distribuição das internações porcoqueluche nos Estados e Regiões(Tabela 7), destacam-se as RegiõesSudeste, Sul e Nordeste com médias de35,9%; 26,7% e 21,7% das internaçõesdo país, respectivamente, no período1993-1997. Os estados do Rio Grande doSul, São Paulo, Minas Gerais ePernambuco foram os que apresentaramrelevância nacional, neste período.Quanto aos casos notif icados peloCENEPI, houve uma distr ibuiçãorelativamente equilibrada entre as regiões,sendo a Região Nordeste o principaldestaque com 34,6% dos casos nacionais.

Na comparação entre os dados doSIH e CENEPI, observa-se uma grandeproporcionalidade no número de casosnotificados e no número de internações.Embora ainda possam ser encontradasalgumas inconsistências internas. Em1997, por exemplo, ano de aumento decasos detectados pelo CENEPI, observa-se que a Região Norte foi responsável por45,04% das notificações e 4,06% das

SIH/SUS como Fonte de Informações para Vigilância das Doenças Imunopreveníveis

9 99 99 99 99 9

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volume 9, nº 2abril/junho 2000

Tereza Maciel Lira e cols.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI-SES

Figura 4 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Coqueluche.Brasil, 1980-1998.

1

10

100

1000

10000

100000

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

ANOS

log f

Internações (SIH/SUS)

Notificações (CENEPI)

Tabela 6 - Coeficientes de Internação (SIH/SUS) e de Notificação (CENEPI) de Casos de Difteria por 100.000habitantes, por Estados e Regiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI e IBGE

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

0,21 0,14 0,24 0,23 0,32 - 0,06 - 0,10 0,25 0,12 0,04 0,23 0,60 0,15 0,26 0,61 0,52 0,20 0,12 0,27 0,04 0,16 0,03 0,38 0,27 0,70 0,32 0,26 0,49 0,46 0,10 0,18

0,17 0,09 0,08 - 0,36 - 0,02 - - 0,21 0,02 - 0,09 - 0,18 0,21 0,65 0,90 0,28 0,08 0,17 0,04 0,15 0,02 0,32 0,03 1,00 0,23 0,23 0,54 0,32 0,12 0,06

0,19 0,28

0,31 0,22 0,88 - 0,09 - 0,10 0,24

0,31 - 0,14 0,12 0,27 0,18 0,57 0,32 0,29 0,13

0,29 0,07 0,18 0,04 0,27

0,12 0,44 0,32 0,07

0,16 0,04 0,05 0,06

0,16 0,25

0,08 0,22 0,97 - 0,02 - 0,20 0,19

- 0,04 0,09 0,04 0,24 0,18 0,45 0,25 0,32

0,11 0,14 0,07 0,33 0,02 0,22

0,06 0,46 0,25 0,09

0,05 0,27 0,05 -

0,14 0,44 1,34 0,22 0,39 - 0,04 5,21 0,20 0,16 0,17 - 0,10 0,08 0,09 0,17 0,41 0,19 0,21 0,07 0,12 0,14 0,09 0,04 0,18 0,17 0,19 0,19 0,08 - 0,09 0,14

0,11 0,10

- - 0,43 - 0,02 - - 0,19

0,02 0,04 - - 0,09 0,16 0,67 0,44 0,33 0,05

0,04 0,07 0,11 0,04 0,16

0,09 0,17 0,23 0,03

- 0,04 0,02 0,06

0,10 0,19 - 0,21 0,46 0,40 0,02 1,58 0,19 0,12 0,21 - 0,15 0,08 0,12 0,05 0,38 0,06 0,10 0,07 0,11 0,11 0,07 0,05 0,13 0,08 0,14 0,17 0,04 - 0,13 - 0,05

0,12 0,07 - - 0,25 - - 0,26 0,10 0,14 - - 0,03 0,08 0,12 0,46 0,68 - 0,02 0,08 0,01 0,07 0,12 0,10 0,17 0,21 0,10 0,18 0,14 0,05 0,40 - 0,27

0,09 0,10 - - 0,41 - 0,02 0,25 - 0,14 - 0,04 0,03 0,04 0,18 0,05 0,68 0,30 0,20 0,06 0,12 - 0,03 0,06 0,08 0,05 0,12 0,07 0,03 0,15 - - -

0,11 -

- - - - - - - 0,19

... - - - 0,12 0,07 1,09 0,91 0,26 0,06 0,08 0,04 0,12 0,04 0,18 0,14 0,02 0,31 0,05 0,15 0,09

... -

0,07 0,08 - - 0,20 - 0,07 - 0,09 0,10 - 0,07 - - 0,09 0,04 0,26 0,24 0,20 0,04 0,09 - 0,01 0,04 0,10 0,11 0,14 0,06 0,05 0,10 0,09 - 0,05

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Informe Epidemiológico

do SUS

internações, enquanto a Região Sudesteapresentou 19,74% de casos e 48,64%das internações do país.

Ressalta-se, entretanto, que osestados de São Paulo (durante todo operíodo) e Rio de Janeiro (1994 e 1996),não apresentaram suas notificações aoCENEPI, prejudicando assim a análiseespacial desses dados (Tabela 7).

A razão do número de internações/notificações aponta para um númeroelevado de internações em relação aonúmero de notificações, ou seja, 28 % doscasos de coqueluche estariam internando-se. Este comportamento não condiz coma evolução clínica da doença, pois, há

necessidade de internação em poucoscasos, que ocorre apenas diante decomplicações. Acredita-se, neste sentido,que possivelmente existe uma elevadasubnotificação de casos da doença.

Por esse motivo, investigou-se acoerência dessas internações através dadistribuição dos casos por faixa etária.

Observando-se as faixas etárias dosinternados por coqueluche (Tabela 8),constata-se que, a partir de 1996, maisde 80% das internações ocorrem emmenores de um ano de idade. Em todoo período, mais de 68% das internaçõesocorrem em menores de um ano,percentual que apresenta tendência

Tabela 7 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Coqueluche, porEstados e Regiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI e SES

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

1.187 115 21 8 29 1 23 8 25 180 29 11 13 7 4 52 4 - 60 439 152 32 70 185 345 57 76 212 108 19 11 37 41

5.388 760 93 13 284 17 238 63 52 1.500 9 56 202 130 47 65 55 23 913 1.344 745 174 425

... 1.193

438 242 513 591 90 131 32 338

1.254 81 9 3 48 - 13 2 6 322 49 2 17 5 15 176 12 3 43 339 140 34 67 98 425 78 84 263 87 21 9 17 40

4.098 459

29 -

208 2 204 15 1

1.411 20 59 107 58 31 154 105 92 785 702

552 150

... ...

1.065 275 139 651

461 82 76 26 277

1.040 55 6 6 10 - 20 2 11 313

20 10 25 6 22 157 22 11 40 364 135 44 47 138 194

49 23 122

114 29 4 19 62

3.798 252 24 2 115

- 94 1 16

1.951 46 149 16 48 129 188 383 51 941 693 388 280 25

... 424 148 29 247 478 127 64 32 255

438 40 1 4 4 - 15 3 13 96 7 2 10 5 5 39 4 5 19 181 50 11 18 102 81 20 18 43 40 7 9 10 14

1.245 95

- 3 12 11

- 36 33 645 9 36 45 20 8 317 32 4 174 206 189 17

... ...

136 40 20 76 163 19 68 17 59

664 27 2 1 2 - 12 6 4 83 8 1 9 5 5 37 - - 18 323 80 9 70 164 178 23 50 105 53 6 17 14 16

2.107 949

... 101 559 236 32

- 21

244 ...

14 37 35 13 33 27 15 70

416 215 10 191

... 388

4 180 204

110 28 47

... 35

911 49 1 8 13 2 18 6 1 75 6 - 2 2 2 49 2 2 10 387 115 40 52 180 336 48 44 244 64 13 9 16 26

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volume 9, nº 2abril/junho 2000

Tereza Maciel Lira e cols.

Tabela 8 - Número de Internações de Casos de Coqueluche por Faixa Etária.Brasil, 1993-1998.

< 1

1 - 4

5 - 14

15 - 49

50 e mais

Ignorado

Total

Fontes: SIH/SUS

Faixa Etária 1993 1994 1995 1996 1997 1998

827

210

138

6

5

1

1.187

860

207

166

10

8

3

1.254

792

140

99

4

1

4

1.040

353

51

30

3

1

-

438

577

48

37

1

1

-

664

815

57

32

5

2

-

911

crescente , chegando a 89 ,5% em98, sendo es ta a fa ixa e tá r ia emq u e ocorrem mais freqüentementecomplicações.

Esses dados fortalecem o uso doSIH/SUS no monitoramento destapatologia, alertando, inclusive, o CENEPIsobre a provável perda de casosocorridos da doença. Reforça ainda o fatode que a observação de modificaçõesneste padrão de faixa etária ou no númerocrescente de internações podem significarsurtos da doença.

Tétano

Os dados de tétano foram descritosseparadamente: tétano neonatal eacidental.

A notificação de casos de tétanopelo CENEPI desagrega os dois tipos,desde 1982. As bases de dados deinternações hospitalares não dispõem dedados de tétano neonatal, no período de1984 a 1990, apresentando apenas dadosde tétano no geral.

Observa-se para ambos umatendência importante de redução nonúmero de casos, tanto nos registros noSIH como do CENEPI, devidoprincipalmente ao Programa Nacional deImunização, mas, também, ao Programade Eliminação do Tétano Neonatal com avacinação de mulheres em idade fértil egestantes, em aproximadamente 600municípios de risco, segundo o número

de casos notificados. Além destaestratégia, em 1992 incrementa-se avigilância epidemiológica ativa dos casosde tétano neonatal com ações conjuntasentre a Coordenação de Saúde Materno-Infantil do Ministério da Saúde,especialmente com vistas ao treinamentode parteiras e curiosas.

Tétano NeonatalA comparação dos dados produzidos

pelo SIH e CENEPI para tétano neonatalaponta para uma tendência decrescentedas internações, no período de 1991 a1996, e das notificações, no período de1983 a 1997 (Figura 5). Chama a atençãoo aumento das internações no ano de 1998,quando passou de 17 para 77. Ainexistência até o momento de dadosconfirmados de notificação da doença nãopermite inferir se houve tendência acrescimento do número de casos, ou sehouve uma melhor detecção pela rede deatenção à saúde.

Comparando-se as internações comos casos notificados por tétano neonatalsegundo Regiões e Estados no períodode 1993 a 1997 (Tabela 9), verificam-segrandes diferenças na magnitude edistribuição entre os dois sistemas,sempre com um número de internaçõesmuito baixo em relação aos casosnotificados, o que não era esperadodiante da gravidade da doença e daconseqüente necessidade de suportehospitalar durante seu curso.

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Informe Epidemiológico

do SUS

Tabela 9 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Tétano Neonatal, porEstados e Regiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS MS/FUNASA/CENEPI

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

19 7 - - 2 - 4 1 - 4 - - - - - 2 2 - - 6 3 - 3 - 1 - 1 - 1 - 1 - -

216 49 12 2 16 2 12 4 1 113 9 1 22 2 1 8 12 8 50 28 18 3 5 2 10 3 1 6 16 6 7 3

-

22 2 - - - - 2 - - 12 - - - 1 - 11 - - - 7 3 - 4 - -

- - - 1 - - 1 -

165 30 2 3 7

- 17

- 1 88 8 3 11 4

- 14 17 2 29 17 8 2 7

- 13 8 1 4 17 6 8 3

-

19 7 2 - 1 - 4 - - 7 - - - - - 7 - - - 3 1 - 2 - 1 - - 1 1 - 1 - -

128 28 2

- 9

- 10 1 6 65 6 4 11 1 1 9 14 2 17 23 18 1 3 1 5 2

- 3 7 5 1 1

-

7 4 - - - - 4 - - 1 - - 1 - - - - - - 1 1 - - - - - - - 1 - - - 1

90 11

- -

4 -

2 -

5 54 3 2 11 3 3 6 7 2 17 15 11 1 2 1 4 2

- 2 6 2 3 1

-

17 13 - - - - 13 - - 1 - - - - - - 1 - - 2 1 - - 1 - - - - 1 - - - 1

97 13 3 1 3

... 4 2

- 53 3 5 11 1 2 8 12

- 11 13 10 1 1 1 7 3 1 3 11 7 2 2

-

77 25 12 - 8 - 5 - - 42 7 3 8 1 6 - 6 2 9 3 2 - 1 - 5 1 3 1 2 2 - - -

SIH/SUS como Fonte de Informações para Vigilância das Doenças Imunopreveníveis

0

1 00

2 00

3 00

4 00

5 00

6 00

7 00

8 00

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

A N O S

f

N o tific a ç õ e s (C E N E P I)Inte rna ç õ e s (S IH /S U S )

Figura 5 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Tétano Neonatal.Brasil, 1982-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

1 0 31 0 31 0 31 0 31 0 3

I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

volume 9, nº 2abril/junho 2000

A Região Nordeste é a que apresentamaior número de notificações, embora venhaapresentando a mesma tendência decrescenteobservada no país como um todo. No anode 1993, o Nordeste foi responsável por52,8% do total, tendo notificado 113 casosde tétano neonatal, enquanto em 1997 foiresponsável por 54,6% do total nacional, com53 casos notificados.

A observação dos dados mostra umamédia extremamente baixa de internações emtodas as Regiões. O Nordeste, por exemplo,internou apenas um caso em 1997, enquantoa Região Norte foi naquele ano responsávelpor 13 dos 17 internamentos por tétanoneonatal ocorridos no país.

Quanto aos coeficientes (Tabela 10),no período de 1993-1998, a Região Norteapresentou maior coeficiente médio deinternações por 100.000 habitantes (0,09),chamando a atenção os Estados de Rondônia(0,18) e Pará (0,10). Sobressai-se tambéma Região Nordeste (0,02), especialmente porconta dos Estados de Alagoas (0,06) ePernambuco (0,04). Ressalta-se o fato detrabalharmos neste caso, com pequenosnúmeros. Já os coeficientes de casosnotificados por 100.000 habitantes, noperíodo analisado, o Norte apresentou taxasque variaram de 0,10 (1996) a 0,46 (1993),enquanto o Nordeste, taxas que variaramde 0,12 (1996) a 0,26 (1993).

Tereza Maciel Lira e cols.

Tabela 10 - Coeficientes de Internação (SIH/SUS) e de Notificação (CENEPI) de Casos de Tétano Neonatalpor 100.000 habitantes, por Estados e Regiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI e IBGE

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

0,01 0,07 - - 0,09 - 0,08 0,32 - 0,01 - - - - - 0,03 0,08 - - 0,01 0,02 - 0,02 - 0,00 - 0,02 - 0,01 - 0,05 - -

0,14 0,46 0,97 0,46 0,72 0,83 0,23 1,30 0,10 0,26 0,18 0,04 0,34 0,08 0,03 0,11 0,46 0,52 0,41 0,04 0,11 0,11 0,04 0,01 0,04 0,03 0,02 0,06 0,16 0,32 0,32 0,07 -

0,01 0,02 - - - - 0,04 - - 0,03 - - - 0,04 - 0,15 - - - 0,01 0,02 - 0,03 - - - - - 0,01 - - 0,02 -

0,11 0,28 0,15 0,67 0,31 - 0,32 - 0,10 0,20 0,16 0,11 0,17 0,16 - 0,19 0,64 0,13 0,23 0,03 0,05 0,07 0,05 - 0,06 0,09 0,02 0,04 0,17 0,32 0,36 0,07 -

0,01 0,06 0,15 - 0,04 - 0,07 - - 0,02 - - - - - 0,09 - - - 0,00 0,01 - 0,02 - 0,00 - - 0,01 0,01 - 0,04 - -

0,08 0,25 0,15 - 0,39 - 0,18 0,31 0,60 0,14 0,11 0,15 0,16 0,04 0,03 0,12 0,52 0,12 0,13 0,03 0,11 0,04 0,02 0,00 0,02 0,02 - 0,03 0,07 0,26 0,04 0,02 -

0,00 0,04 - - - - 0,07 - - 0,00 - - 0,01 - - - - - - 0,00 0,01 - - - -

- - - 0,01 - - - 0,05

0,06 0,10

- - 0,17 - 0,04 - 0,48 0,12

0,06 0,07 0,16 0,12 0,09 0,08 0,27 0,12 0,14 0,02

0,07 0,04 0,01 0,00 0,02

0,02 - 0,02 0,06

0,10 0,13 0,02 -

0,01 0,11

- - - - 0,23 - -

0,00 - - - - - - 0,04 - -

0,00 0,01 - - 0,00

- - - -

0,01 - - - 0,05

0,06 0,11

0,24 0,20 0,12

... 0,07 0,50 -

0,12 0,06 0,19 0,16 0,04 0,06 0,11 0,45 - 0,09

0,02 0,06 0,04 0,01 0,00

0,03 0,03 0,02 0,03

0,10 0,36 0,09 0,04 -

0,05 0,21 0,94 - 0,32 - 0,09 - - 0,09 0,13 0,11 0,11 0,04 0,18 - 0,22 0,12 0,07 0,00 0,01 - - - 0,02 0,01 0,06 0,01 0,02 0,10 - - -

I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

1 0 41 0 41 0 41 0 41 0 4

Informe Epidemiológico

do SUS

A razão internação/notificação paratétano neonatal evidencia que apenas12%, em média, dos casos 1993/97levaram à internação dos pacientes, o queé muito baixo, tratando-se de umapatologia em que neste grupo etário éextremamente letal.

As hipóteses para estes achadossão: o número ainda grande de partosdomicil iares no interior do país; aconcepção da “naturalidade” da morte deneonatos por parcelas da população; amelhoria do sistema de vigi lânciaepidemiológica com a descentralizaçãopara os municípios que, associados aoscritérios clínicos para confirmação decasos de tétano neonatal, leva a umanotificação de casos bem superior aonúmero de crianças assist idas noshospitais; ou, que as crianças, aochegarem à rede hospitalar, já seencontram em estado extremamentegrave, ocorrendo o óbito antes degera r a internação; ou ainda emconsequência dos internamentos semuma especificação do tipo de tétano(neonatal ou acidental), ou mesmo comdiagnóstico de outras patologias.

Os dados acima destacam o papelpotencial que o SIH/SUS podedesempenhar como adjuvante nomonitoramento do comportamento dotétano neonatal , pois os rarosinternamentos, em contraposição àsnotificações, chama a atenção para anecessidade de melhoria de acesso à redede atenção e qualificação profissionalpara o diagnóstico precoce da doença,com uma correta especificação doscasos.

Tétano Acidental

Em relação ao tétano acidental, onúmero de internações foi crescente de1984 a 1991, provavelmente devido àincorporação de rede ao SIH. A partir de1992, no entanto, inicia uma curvadecrescente e constante. A tendência àredução também foi observada peloCENEPI em todo o período, influenciadatambém, certamente, pelo incremento davacinação (Figura 6).

A descrição das notificações porRegiões e Estados (Tabela 11) aponta aRegião Nordeste como a responsável pelomaior número de casos, embora venhatambém apresentando tendência àredução de notificações no período de1993 a 1997 (531 casos dos 1.282 dopaís em 1993, e 366 dos 811 casos nopaís em 1997). Quanto aos Estados,Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul ePernambuco, foram os que apresentarammaiores números de notificações de casosde tétano acidental no período analisado.

A Região Nordeste também é a querepresenta os maiores registros do país(39,8% em média), seguida pela RegiãoSudeste (20,9%) no mesmo período. Omaior número de internações seconcentra nos estados da Bahia, RioGrande do Sul, Minas Gerais, Ceará e SãoPaulo (Tabela 11).

Para observar os estados e regiõescom maiores riscos são apresentados oscoeficientes de internações e denotificações de casos (Tabela 12). Oscoeficientes de internações, de modogeral, apresentam tendência de reduçãono período de 1993 a 1997. A médianacional neste período foi de 0,87internações por 100.000 habitantes. Asregiões Norte e Nordeste com médias de1,66 e 1,21 respectivamente, representamos coeficientes de internações entre 1993e 1997, destacando-se os estados doAcre, Rondônia, Amazonas Alagoas,Piauí. Quanto às notificações, observou-se mesma tendência do SIH, apresentandotambém uma distr ibuição espacialbastante equivalente. O coeficiente médiodo país foi de 0,63 notificações por100.000 habitantes no período analisado.

Na comparação dos registrosnacionais entre SIH e CENEPI, observou-se uma razão de internação/notificação de1,4 como média do período de 1993 a1997, representando uma subnotificaçãopelo CENEPI de 40%. Entretanto, estaconstatação parece não correspondercom a realidade epidemiológica da doençano país, caracterizando um sobreregistrono SIH. Este fato, reforça a hipótese da

SIH/SUS ccmo Fonte de Informações para Vigilância das Doenças Imunopreveníveis

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I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

volume 9, nº 2abril/junho 2000

Tereza Maciel Lira e cols.

Tabela 11 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Tétano Acidental, porEstados e Regiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

1.833 250 46 18 57 2 100 8 19 744 104 48 134 35 47 108 62 21 185 368 145 29 84 110 326 97 64 165 145 28 47 66 4

1.282 144 33 12 26 4 57 3 9 531 53 19 84 31 24 100 44 16 160 277 81 15 72 109 231 73 45 113 99 18 37 43 1

1.543 202 30 15 54 2 81 4 16 596 105 49 91 18 39 80 49 16 149 337 128 24 56 129 297 78 64 155

111 25 35 42 9

1.049 132 22 9 33 1 51 1 15 388 33 23 60 13 30 89 3 16 121 239 88 21 57 73 218 57 41 120 72 15 22 33 2

1.284 160

22 15 37 1 69 3 13 524 59 42 106 25 35 77 44 16 120 294 119 14 61 100 213

72 42 99 93 27 29 26 11

913 116 23 10 21

... 46 4 12 325 37 16 5 25 24 63 37 11 107 226 84 8 52 82 181 56 23 102 65 21 17 25 2

1.136 186 23 12 67 1 67 3 13 444 62 44 85 26 43 38 30 16 100 219 106 14 31 68 206 50 51 105 81 20 27 28 6

815 85

- 4 24

- 47 2 8 315 37 32 22 22 5 104 38 2 53 214 61 4 37 112 143 44 30 69 58 14 21 13 10

1.006 127

22 5 27 - 52 5 16 399 35 38 81 28 35 29 44 11 98 206 80 14 37 75 198

47 42 109 76 24 27 20 5

811 112

16 5 35 1 34 4 17 366 45 21 69 29 20 48 48 1 85 180

53 7 23 97 95 11 44 40 58 14 11 28 5

718 96 11 8 20 - 47 4 6 300 25 20 73 15 22 35 33 14 63 172 87 13 24 48 98 34 26 38 52 7 22 20 3

-

4 00

8 00

1 .2 0 0

1 .6 0 0

2 .0 0 0

2 .4 0 0

2 .8 0 0

3 .2 0 0

3 .6 0 019

80

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

A N O S

f

In te rna ç õ e s (S IH /S U S )

N o tific a ç õ e s (C E N E P I)

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI/SINAN

Figura 6 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Tétano Acidental.Brasil, 1980-1998.

I E S U SI E S U SI E S U SI E S U SI E S U S

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Informe Epidemiológico

do SUS

má especificação dos diagnósticos detétano (neonatal ou acidental), podendoparte dos registros de tétano acidental serna verdade tétano neonatal, o que ajudariaa explicar às poucas internações destaúltima forma da doença.

Apesar das diferenças nos registrosde tétano entre SIH e CENEPI, éimportante destacar a semelhança dadistribuição dos casos nos dois sistemas,percebe-se também uma tendência deaproximação entre as fontes deinformações durante o período estudado.Estas observações, indicam melhorias daqualidade dos registros no SIH, podendoo mesmo ser util izado como fontecomplementar para a vigilância e omonitoramento destas patologias.

Raiva HumanaNos dados referentes a raiva

humana provenientes do CENEPI,percebe-se uma redução constante donúmero de casos. Esta tendência éinterrompida em 1987 até 1991, voltandoa decrescer nos anos seguintes. Quantoàs internações registradas no SIH/SUS,observa-se um comportamento inverso,aumento de internações até 1992. Esteincremento, é em conseqüência daincorporação de rede hospitalar pelosistema naquele período. A partir de1993, começa a haver uma certacoerência entre as duas fontes deinformações (Figura 7).

Na distr ibuição dos casos porestados e regiões do país (Tabela 13),

Tabela 12 - Coeficientes de Internação (SIH/SUS) e de Notificação (CENEPI) de Casos de Tétano Acidentalpor 100.000 habitantes, por Estados e Regiões. Brasil, 1993-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI e IBGE

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

1,21 2,35 3,70 4,11 2,57 0,83 1,92 2,59 1,96 1,70 2,04 1,81 2,05 1,40 1,44 1,48 2,38 1,35 1,51 0,57 0,90 1,07 0,64 0,34 1,44 1,13 1,36 1,76 1,47 1,51 2,17 1,58 0,24

0,85 1,35 2,66 2,74 1,17 1,66 1,09 0,97 0,93 1,21 1,04 0,71 1,28 1,24 0,73 1,37 1,69 1,03 1,30 0,43 0,50 0,56 0,55 0,33 1,02 0,85 0,96 1,21 1,00 0,97 1,71 1,03 0,06

1,00 1,85 2,32 3,36 2,38 0,79 1,52 1,26 1,61 1,34 2,03 1,82 1,37 0,71 1,18 1,09 1,85 1,01 1,20 0,51 0,78 0,87 0,42 0,39 1,30 0,90 1,34 1,64 1,10 1,33 1,56 0,99 0,53

0,68 1,21

1,70 2,02 1,45 0,40 0,96 0,31 1,51 0,87 0,64 0,85 0,90 0,51 0,91 1,21 0,11 1,01 0,97 0,37 0,54 0,77 0,43 0,22 0,95 0,66 0,86 1,27 0,71 0,80 0,98 0,78 0,12

0,82 1,43 1,64 3,29 1,59 0,38 1,27 0,92 1,29 1,17

1,13 1,54 1,58 0,97 1,05 1,03 1,64 1,00 0,95 0,44 0,72 0,50 0,46 0,30 0,92 0,83 0,87 1,03 0,91 1,41 1,25 0,60 0,63

0,59 1,04 1,72 2,20 0,91

... 0,84 1,23 1,19 0,72 0,71 0,59 0,07 0,97 0,72 0,85 1,38 0,69 0,85 0,34 0,51 0,29 0,39 0,24 0,78 0,64 0,48 1,06 0,63 1,10 0,73 0,58 0,12

0,72 1,65 1,87 2,48 2,80 0,40 1,22 0,79 1,24 0,99 1,19 1,65 1,25 1,02 1,30 0,51 1,14 0,99 0,80 0,33 0,64 0,50 0,23 0,20 0,88 0,56 1,05 1,09 0,77 1,04 1,21 0,62 0,33

0,52 0,75 - 0,83 1,00 - 0,85 0,53 0,76 0,70 0,71 1,20 0,32 0,86 0,15 1,41 1,44 0,12 0,42 0,32 0,37 0,14 0,28 0,33 0,61 0,49 0,62 0,72 0,55 0,73 0,94 0,29 0,55

0,63 1,09

1,75 1,00 1,10 - 0,92 1,24 1,48 0,88

0,66 1,41 1,17 1,08 1,05 0,39 1,65 0,66 0,77 0,30

0,47 0,49 0,27 0,22 0,83

0,51 0,85 1,12 0,71

1,22 1,18 0,43 0,27

0,51 0,97 1,27 1,00 1,42 0,39 0,60 1,00 1,57 0,81 0,85 0,78 1,00 1,12 0,60 0,64 1,80 0,06 0,67 0,26 0,31 0,25 0,17 0,28 0,40 0,12 0,89 0,41 0,54 0,71 0,48 0,60 0,27

0,44 0,81 0,86 1,56 0,79 - 0,81 0,95 0,54 0,65 0,47 0,74 1,04 0,57 0,66 0,47 1,23 0,83 0,49 0,25 0,51 0,45 0,18 0,14 0,41 0,37 0,52 0,39 0,47 0,35 0,94 0,42 0,16

SIH/SUS como Fonte de Informações para Vigilância das Doenças Imunopreveníveis

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A N O S

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In te rna ç õ e s (S IH /S U S )

N o tific a ç õ e s (C E N E P I)

Figura 7 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Raiva Humana.Brasil, 1980-1998.

Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

no período entre 1993 e 1997, em relaçãoa magnitude, destaca-se a Região Nordestecom média superior a 40% dos registrosdo país, nas duas fontes de dados. Aregião Sudeste (com tendênciadecrescente) e o Norte (crescente) sealternam na segunda e terceira posições.Os estados mais atingidos neste períodoforam: Minas Gerais, Bahia, Pará, Goiás eCeará. Quanto a diferença entre os dadosdo SIH e CENEPI, ressalta-se a RegiãoSul que, embora não tenha registros decasos de raiva na década de 90, apresentoucinco internações entre 1993 e 1997.

Embora, no período de 1993 a 1997,tenha ocorrido uma aproximação entre oscasos notificados ao CENEPI com asinternações do SIH, percebe-se um maiorregistro das internações em 1993 e 1994(respectivamente, seis e oito internaçõesa mais do total de casos confirmados).Para estes achados existem duashipóteses, a primeira seria a ocorrênciade subnotificação de casos (CENEPI),dev ido a p rob lemas dos s is temasd e informações e de vigi lânciaepidemiológica. A segunda possibilidade,é a uti l ização dos procedimentosespecíficos de raiva (SIH) para o registrodas internações de paciente com outrodiagnóstico, por exemplo: reações aotratamento profilático da raiva (aplicaçãode soro e/ou vacina). Ressalta-se,

entretanto, que uma hipóteses não excluia outra, podendo ambas ocorreremsimultaneamente.

Diante dessas hipóteses, procurou-se explorar mais profundamente os dadosdo SIH, buscando verificar a qualidadedas informações hospitalares. Nestesentido, sendo a raiva uma patologia com100% de letalidade, esperava-se quetodas as internações fossem encerradas('motivo da alta') pela ocorrência do óbito.

Na observação das internações porraiva humana segundo o motivo da altahospitalar (Tabela 14), constatou-se umagrande incoerência com a evoluçãoclínica da doença, haja visto que foiencontrado um número considerável dealtas sem óbito (média de 35,16% noperíodo 1993-1998). Este achado reforçaa segunda hipótese, ou seja registro deinternamentos que na realidade não eramraiva. Entretanto, também pode havermau preenchimento do campo queespecifica o tipo de alta, mesmo para oscasos de raiva, pois, para a realização dopagamento da internação, o sistema nãoexige qualquer coerência do motivo daalta com o diagnóstico. Desse modo, oque fica comprometida é a qualidade doregistro de óbito no SIH, sendonecessário ajustes no sistema.

Apesar dos problemas expostos, apartir de 1995 ocorre uma grande coerência

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Informe Epidemiológico

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entre os dois sistemas. Esta observação,reforça a utilidade do SIH/SUS comosistema complementar para a vigilância emonitoramento da raiva humana, sendo deextrema importância para a melhoria daqualidade dos registros de notificações/

Tabela 14 - Número de Internações de Casos de Raiva Humana segundo Motivo de Alta.Brasil, 1993-1998.

Com óbito

Sem óbito

Total

Fontes: SIH/SUS

Alta 1993 1994 1995 1996 1997 1998

42

14

56

17

13

30

17

14

31

13

11

24

17

6

23

12

6

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Fontes: SIH/SUS e MS/FUNASA/CENEPI

Tabela 13 - Número de Internações (SIH/SUS) e de Notificações (CENEPI) de Casos de Raiva Humana, porEstados e Regiões. Brasil, 1993-1998.

1993SIH CENEPI

Região/UF SIH CENEPI SIH CENEPI

1994 1995SIH CENEPI

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

1996SIH CENEPI SIH CENEPI

1997 1998

BRNOROACAMRRPAAPTONEMAPICERNPBPEALSEBASEMGESRJSPSULPRSCRSCOMSM TGODF

56 3 - 1 1 - 1 - - 32 4 1 6 2 4 5 1 2 7 15 9 4 - 2 3 2 - 1 3 - - 3 -

50 9 2 1 1

- 5

- -

25 2

- 4 2 2 6

- 2 7 13 8 4

- 1 -

- - -

3 - -

3 -

30 6

1 - - - 4 - 1

10 1 1 1 - 1 - - - 6 8

6 - - 2

1 1 - - 5

1 1 3 -

22 4 1

- - -

3 - -

7 2

- - - -

1 1

- 3 9 8 1

- -

- - - -

2 -

1 1

-

31 6 1 - - - 5 - - 11 2 - 5 - - 2 - - 2 10 6 1 - 3

- - - - 4 - - 4 -

31 9 1

- - -

8 - -

12 3

- 3

- -

3 - -

3 7 4 2

- 1 -

- - -

3 - -

3 -

24 8 - 6 - - - - 2 12 1 2 2 - 1 2 2 - 2 1 - - - 1 -

- - - 3 - - 3 -

25 9

- 8

- -

1 - -

11 4

- 1

- 1 2 2

- 1

- - - - -

- - - -

5 1

- 4

-

23 4 1 1 - - 1 - 1 13

- 3 4 - 3 1 - - 2 3 2 - - 1 1

- 1 - 2 - 1 1 -

25 6 2 2

- -

1 -

1 12 4

- 4

- 2 1

- -

1 4 3

- -

1 -

- - -

3 -

2 1

-

18 7 3 - - - 3 - 1 5 1 3 1 - - - - - - 2 1 - - 1 - - - - 4 - 3 1 -

óbitos e, consequentemente, para ocontrole desta enfermidade no país.

Comentários FinaisComentários FinaisComentários FinaisComentários FinaisComentários Finais

Os dados descritos mostraram agrande potencialidade do Sistema de

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Informações Hospitalares do SUS comoadjuvante no monitoramento das doençasimunopreveníveis. Embora algumasressalvas devam ser feitas, conclui-se queé recomendável o uso sistemático dessesistema de informações em saúde de formacomplementar, pelos serviços de vigilânciaepidemiológica. Ressalta-se, ainda, que todaa avaliação foi feita em relação ao territórionacional, Regiões e Estados, porém todosos dados provenientes do SIH/SUS podemser desagregados, permitindo a análise dedados até por unidades hospitalares, casoseja este considerado um aspecto relevante.

Alguns aspectos específicos porpatologias devem ser salientados:

• A simetria dos achados emmomentos de epidemia, mostrandoum crescimento de internações àmedida que aumentam os casosnotificados, evidencia o SIH comoinstrumento de alerta, como bemexemplifica o caso do sarampo;

• A análise dos dados docomportamento do sarampo nomomento da recente epidemia chamaa atenção para a necessidade deprevisão de procedimentos paraadultos dentro do SIH/SUS;

• O SIH, corrigindo os erros dediagnósticos e passando a ter apossibilidade do preenchimento dacausa de internação pelo quadroclínico de paralisia flácida aguda,além dos diagnósticos da síndromede Guillan-Barré, síndrome de Rey emielite transversa, poderá constituirum bom sistema de informaçãocomplementar para a vigilânciaepidemiológica da poliomielite, poisseus achados podem servir comocasos suspeitos para a investigaçãoepidemiológica, atuando como eventosentinela;

• O SIH/SUS mostrou-se bastantefidedigno quanto às notificações dedifteria e, sendo esta uma doençade tratamento eminentementehospitalar, um aumento do númeroesperado de internações gerará umalerta ao Sistema de Vigilância

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Epidemiológica no que diz respeito apossível ocorrência de surtos;

• O SIH constitui um bom sistema deinformação complementar para acoqueluche graças à grande simetriaentre as internações e notificações,além da compatibilidade das faixasetár ias de in ternamento quesugerem a identificação dos casoscomplicados da doença, embora seinfira uma importante subnotificaçãode casos;

• Os registros de tétano, caracterizaramuma pequena hospitalização dos casosde tétano neonatal e um elevado númerode internações por tétano acidental, emrelação aos casos confirmados peloCENEPI. Entretanto, observou-se umatendência de aproximação entre osregistros nos dois sistemas, quepodem representar uma qualificaçãodo SIH para a vigi lância e omonitoramento destas patologias,como fonte complementar doCENEPI.

• Para o aprimoramento do SIH,sugere-se que todo caso de internaçãopor raiva humana, deveráobrigatoriamente constar comomotivo de alta, o óbito.

Referências bibliográficasReferências bibliográficasReferências bibliográficasReferências bibliográficasReferências bibliográficas

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