sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional

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CENTRO UNIVERSITRIO SENACEdson Carvalho Rocha Junior

SISTEMA DE GESTO DE SEGURANA E SADE OCUPACIONAL: ESTUDO DE CASO EM UMA INDSTRIA DE FERTILIZANTES

SO PAULO 2007

EDSON CARVALHO ROCHA JUNIOR

SISTEMA DE GESTO DE SEGURANA E SADE OCUPACIONAL: ESTUDO DE CASO EM UMA INDSTRIA DE FERTILIZANTES

Dissertao Apresentada ao Centro Universitrio SENAC Campus Santo Amaro como Requisito Obteno do Ttulo de Mestrado em Gesto Integrada. Orientador Prof. Alcir Vilela Junior.

SO PAULO 2007

Rocha Junior, Edson Carvalho R672s Sistema de gesto de segurana e sade ocupacional: Estudo de caso em uma indstria de fertilizantes/ Edson Carvalho Rocha Junior -- So Paulo, 2007. 103 f. : il. color. ; 31 cm Orientador: Alcir Vilela Junior Dissertao (Mestrado) Centro Universitrio Senac, Campus Santo Amaro. 1. Segurana 2. Sade 3.Sistemas de Gesto I. Alcir Vilela Junior (Orient.) II. Ttulo. CDD 363.7

SISTEMA DE GESTO DE SEGURANA E SADE OCUPACIONAL: ESTUDO DE CASO EM UMA INDSTRIA DE FERTILIZANTES

Dissertao Apresentada ao Centro Universitrio SENAC Campus Santo Amaro como Requisito Obteno do Ttulo de Mestrado em Gesto Integrada. Orientador Prof. Alcir Vilela Junior

A banca examinadora dos Trabalhos de Concluso em sesso pblica realizada em ___/___/______, considerou o(a) candidato(a):

1) Examinador(a)

2) Examinador(a)

3) Presidente

Dedico este estudo aos meus familiares, mestres e amigos....

AGRADECIMENTOS

A Deus por tudo em minha vida, Aos meus familiares pelo apoio e incentivo de sempre, Aos meus amigos pela amizade e companheirismo, Aos mestres pela excelncia no ensino.

RESUMO

Esta dissertao trata de um Sistema de Gesto de Segurana e Sade Ocupacional (SGSSO), e visa abordar a importncia da mudana significativa no comportamento organizacional em busca de uma cultura de segurana total, assim como a preocupao na utilizao por parte da organizao dos indicadores pr-ativos, que com sua evoluo trar reflexos nos indicadores reativos, indicadores esses ainda adotados como base de gesto para as indstrias de fertilizantes. Portanto o sistema proposto tem como premissa a melhoria do desempenho em SSO, atuando nos elementos organizacionais e no foco dos indicadores pr-ativos, considerando como influenciadores e/ou representativos da sade e segurana. Dentre os elementos esto a cultura organizacional, prticas e comportamentos rotineiros, gerenciamento de riscos, procedimentos operacionais e gesto de pessoas. Para a estruturao do SGSSO aplicou-se um questionrio a fim de diagnosticar as necessidades nos diversos elementos organizacionais indicados. Os resultados oriundos do questionrio foram tabulados e estatisticamente tratados. Dos resultados obtidos avaliaram-se as necessidades que foram admitidas como oportunidades de desenvolvimento, que se espera atender com o SGSSO apresentado. Para validao do Sistema de Gesto de Segurana e Sade Ocupacional, este foi implementado na mesma indstria de fertilizantes diagnosticada. Resultados preliminares como a adoo de indicadores pr-ativos (nmero de treinamentos, abordagem direta com os colaboradores, pesquisa sistemtica de avaliao, aplicao de acordo com o planejado, SGSSO. metodologias para estabelecimento de prioridades, grau de comprometimento e participao) so apresentados, indicando a eficcia do

Palavras - Chave: Segurana, Sade, Sistemas de Gesto.

ABSTRACT

This essay describes of a System of Safety Management and Health Occupational (SGSSO), aiming at dealing with the importance of corporation behavior changes, in order to achieve a total safety culture, as well as the concern of the importance of the corporation pro-active indicators usage. As a consequence of these proactive indicators usage, there will be an improvement on the reactive indicators, which are commonly used by the fertilizer industries. Therefore the proposed system has as a premise, an SSO performance improvement, focusing on corporation elements and pro-active indicators based on health and safety representative factors. Amongst the elements, there are the organizational culture, practical and routine behavior, operational management of risks, procedures and management of people. For the development of the SGSSO a questionnaire was applied for the diagnosis of the necessities in the several organization elements indicated. The application as well as the results were statistically planned and treated. From the results, all the necessities admitted as development chances were evaluated and our goal is to achieve this level of development through the SGSSO. For validation of the SGSSO, this was implemented in the same fertilizer industry diagnosed. Preliminary results, as the adoption of pro-active indicators (number of training, direct contact with the collaborators, systematic research of evaluation, application in accordance with the plans, methodologies for establishment of priorities, degree of compromise and participation) are presented, indicating the effectiveness of the SGSSO.

Key -Words: Safety, Health, System of Management.

LISTA DE ANEXOSAnexo 1 Guia de implementao dos procedimentos dos mdulos do SGSSO...............................................................................................................91 Anexo 2 Cronograma para implementao do SGSSO............................. Anexo 3 Carta do Sindicato dos Trabalhadores nas Indstrias Qumicas, Farmacuticas e de Fertilizantes da Baixada Santista....................................103 99

LISTA DE FIGURASFigura 1 - Pirmide da relao dos acidentes............................................... Figura 2 - Princpio do iceberg....................................................................... Figura 4 Melhoria contnua em SSO ......................................................... Figura 5 - A hierarquia das necessidades humanas e os meios de satisfao, Maslow .......................................................................................................... Figura 7 - Atuao comportamental responsvel ........................................ Figura 8 Esquema geral para identificao da causa e tratamento de riscos............................................................................................................ Figura 9 Processo de gesto de risco detalhamento............................ Figura 10 Sistema de gesto de segurana e sade ocupacional........... Figura 12 Probabilidade de acidentes X tempo de experincia ................ Figura 14 Fluxograma de processo de gesto de riscos........................... Figura 15 Condies inseguras correias transportadoras....................... Figura 16 Condies inseguras freios elevadores.................................. Figura 17 Utilizao de cinto de segurana............................................... Figura 18 Anti-quedas para o carregamento de caminhes ...................... Figura 20 Representao grfica do sistema informatizado para registro de incidentes.................................................................................... Figura 22 Evoluo da taxa de freqncia ............................................ Figura 23 Evoluo da taxa de gravidade ................................................. 65 68 68 Figura 21 Evoluo dos indicadores pr-ativos ........................................ 67 41 42 51 53 58 58 59 59 60 35 40 Figura 6 Gesto do conhecimento requer um sistema ............................... 37 22 22 33

Figura 3 - Ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Action) ........................................ 24

Figura 11 Curva de experincia .................................................................. 53 Figura 13 Modelo bsico para anlise das condies inseguras....................55

Figura 19 Carregamento de vages............................................................ 60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Taxa de freqncia e gravidade de indstrias produtoras de fertilizantes.................................................................................................... Tabela 2 - Resultados relevantes obtidos por meio dos dados da pesquisa......................................................................................................... 49 Tabela 3 Critrios de avaliao quantitativa e qualitativa da condio de risco (CAT)............................................................................................................... 56 Tabela 4 Critrios de avaliao quantitativa e qualitativa da probabilidade da ocorrncia (PO)........................................................................................ Tabela 5 - Planos de aes preventivas e corretivas.................................... Tabela 6 - Anlise crtica pela alta administrao......................................... 56 63 64 17

LISTA DE QUADROSQuadro 1 - Lista de indicadores reativos e pr-ativos........................................20 Quadro 2 - Relao entre CAT e PO............................................................... 57

SUMRIO1. INTRODUO .......................................................................................13 1.1. Contexto 1.2. Justificativa 1.3. Objetivo, delimitao e importncia do estudo 1.4. Referencial terico ou conceitual 1.4.1. Indicadores reativos e pr-ativos 1.4.2. A importncia do fator comportamental 1.4.3. Consideraes sobre sistemas de gesto 13 15 15 19 19 21 23

2. REVISO DA LITERATURA ..................................................................26 2.1. A questo da segurana e sade do trabalhador 2.2. Segurana e sade no trabalhador 2.3. Sistema de gesto 2.3.1. Sistemas de gesto de segurana e sade ocupacional 2.4. Cultura organizacional e gesto de pessoas SSO 2.6. Gesto de riscos 2.7. A relao entre aspectos ambientais e SSO 31 34 39 40 43 26 28 31

2.5. Importncia dos fatores pessoais e comportamentais na

3. METODOLOGIA .....................................................................................45 3.1. Descrio do perfil da empresa 3.2. Fundamentao e proposta de pesquisa 3.3. Coleta de dados 45 45 46

4. APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS OBTIDOS NA PESQUISA DE CAMPO E DO SISTEMA DE SEGURANA E SADE OCUPACIONAL (SGSSO)..........................................................................49 4.1. Apresentao dos resultados na pesquisa de campo 50

4.2. Estruturao do modelo de sistema de gesto de segurana e sade ocupacional - SGSSO 4.2.1. Estrutura 4.2.2. Responsabilidades 4.2.3. Implementao 4.2.4. Auditorias 4.2.5. Planos de aes preventivas e corretivas 4.2.6. Anlise crtica pela alta administrao 4.2.7. Disposies gerais 4.3. Sistema informatizado para registro de incidentes 4.4. Grupos de trabalho de colaboradores 4.5. Comunicao direta 50 50 61 62 62 63 64 64 65 66 66

5. CONCLUSES E RECOMENDAES .................................................67

REFERNCIAS..................................................................................................71

APNDICES.......................................................................................................76

ANEXOS.............................................................................................................91

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1. INTRODUO1.1. Contexto O desenvolvimento industrial, desde meados do sculo XIX, abriu caminho ao desenvolvimento tecnolgico e absoro de mo de obra que, apesar de trazer grandes benefcios humanidade, veio acompanhada de novos riscos tecnolgicos, como substncias qumicas, mquinas e outros geradores de perigo, dentre os quais agentes qumicos e fsicos da sade ocupacional. Somam-se aos referidos perigos, novas relaes de trabalho, presses de produtividade devido globalizao, resultando num aumento da quantidade de acidentes, doenas trabalhistas e stress no cotidiano dos trabalhadores. As estatsticas tm um valor importante na apresentao do diagnstico nacional sobre os acidentes de trabalho. Os dados do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) de 2005, refletem a cruel realidade brasileira dos ambientes de trabalho. Mesmo sendo dados oficiais, estes nmeros podem ser ainda maiores, pois muitas doenas e acidentes do trabalho no so notificados, quer seja em conseqncia do trabalho informal ou por desconhecimento da legislao ou at mesmo porque determinados acidentes e doenas profissionais s apresentam seus efeitos na sade muito depois de cessada a atividade profissional. despeito do rigor da lei, das normas tcnicas, das estruturas governamentais e, das organizaes internacionais que doutrinam a sade e segurana no trabalho, o Brasil perde 2,2% do PIB em acidentes do trabalho, que de acordo com a ltima estatstica oficial do MTE de 2005, vitimaram 2.437 trabalhadores ano. O Brasil dotado de um parque industrial moderno, se comparado a outros pases nesta mesma situao, e ainda possui um elevado nmero de acidentes, que o apontam entre os 15 maiores em ocorrncias no trabalho com nove mortes por dia e mais de 16 mil pessoas invlidas por ano. Mudar o cenrio atual relativo s condies de sade e segurana do trabalhador brasileiro no s um desafio de governo, mas da sociedade de uma e afastaram 17.470 por acidente. Estes nmeros tm conseqncias significativas para os cofres pblicos, cerca de R$2 bilhes por

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forma geral, exigindo o envolvimento dos trabalhadores e empresrios. Intrinsecamente ligada preveno de acidentes e doenas do trabalho est a m qualidade de vida do brasileiro. A melhoria nas condies do ambiente e do exerccio do trabalho, diminuie o custo social com os acidentes de trabalho, valoriza a auto-estima e proporciona a melhoria contnua da qualidade de vida dos trabalhadores. (OLIVEIRA, 2003a) Com a evoluo dos nveis motivacionais dos trabalhadores, juntamente com o fortalecimento dos sindicatos, nota-se que o tema segurana e sade ocupacional (SSO), apesar de todo contexto negativo, vem desenvolvendo ao longo dos anos, uma importncia significativa nas organizaes, pois est havendo uma obrigatoriedade de atendimento a requisitos legais. O tema SSO cada vez mais incorporado como uma parte importante na estratgia de negcio. Em alguns este tema (SSO) vem sendo incorporado como ponto de vulnerabilidade e de preocupaes das organizaes. Se bem trabalhadas essas questes podem transformar-se em oportunidades dentro de um planejamento estratgico, uma vez que esto em jogo, parmetros essenciais de uma avaliao da sustentabilidade empresarial que so: imagem (credibilidade e reputao); credibilidade junto s partes interessadas os stakeholders ; custos relacionados a perdas, inclusive decorrentes de acidentes, capital humano, principalmente.

Nesse momento, o papel do gestor do negcio, que possui um comando hierrquico, deve demonstrar uma liderana e comprometimento ao se estabelecer, deixando claras as responsabilidades de cada funo para o sucesso na implementao de um sistema voltado SSO. Os princpios que fundamentam a gesto em SSO devem ser incorporados aos diversos setores e nveis hierrquicos, sob a coordenao dos gestores, de modo que estes princpios se incorporem cultura organizacional da empresa, podendo inclusive extrapolar os limites da organizao, chegando cultura da sociedade da vizinhana.

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1.2. Justificativa O desafio do trabalho tema desta dissertao nasceu da experincia e vivncia em se gerenciar indstrias de fertilizantes. Indstrias estas caracterizadas por uma fraca incorporao de SSO sua gesto de negcios, atualmente muito reativa. A falta de uma abordagem preventiva de gesto quanto SSO nessas industriais, vem despertando preocupaes em relao sustentabilidade do negcio, juntamente com as questes ambientais. As empresas do setor de fertilizantes, apesar da grande projeo no cenrio nacional, tipicamente atuam apenas nos indicadores reativos como taxa de freqncia (TF) e taxa de gravidade (TG), e poucas aes preventivas so encontradas. A prpria Associao Nacional de Difuso de Adubos (ANDA) possui somente estatsticas de TF e TG, o que dificulta a realizao ou estabelecimento de um benchmarking com grandes empresas multinacionais, que atuam em atividades similares. Outra questo importante e de difcil compreenso que essas empresas ainda apresentam acidentes de extrema gravidade como bitos e perdas de membros, contexto inadmissvel para os dias de hoje. Visando entender o porqu do insucesso das iniciativas adotadas pelas empresas do setor, fez-se necessria a adoo de coletas sistemticas de informao, a fim de se obter novas frentes de pesquisa. Desta forma, refora-se que se deve desenvolver um modelo de Sistema de Gesto Segurana e Sade Ocupacional (SGSSO) que possa estabelecer novas prticas para a busca de uma excelncia nesse ramo de atividade industrial, que se constitui num desafio que motivou a escolha deste tema. 1.3. Objetivo, delimitao e importncia do estudo O presente estudo parte do pressuposto de que a gesto de segurana e sade ocupacional de uma organizao depende fortemente da dimenso comportamental/ cultural e de que esta dimenso s pode ser adequadamente considerada e gerida a partir de diagnstico especifico que deve orientar a adoo do programas e indicadores compatveis.

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Nesse contexto, a adoo dos indicadores reativos tradicionalmente utilizados pelas empresas insuficiente, devendo ser completados pela adoo de indicadores pr-ativos (ARAJO, 2004& LIMA, 2003). Este trabalho analisa o caso de um sistema de gesto de segurana e sade ocupacional (SGSSO) de uma indstria de fertilizantes, no qual se aplicou um mtodo focado nos aspectos comportamentais associados a indicadores prativos. A partir dessa experincia especifica e dos resultados obtidos, se discute a relevncia para a eficcia global do desempenho de segurana e sade ocupacional (SSO) da organizao. Pra o desenvolvimento do caso em questo realizou-se um diagnstico inicial, em uma indstria localizada na baixada santista, com o objetivo de identificar fatores organizacionais e culturais, que afetam a segurana do trabalhador. A partir desses resultados, buscaram-se as melhores prticas que pudessem ser adotadas para se solucionar os problemas identificados. O diagnstico inicial da organizao baseou-se em dados e informaes obtidas a partir de diferentes instrumentos e abordagens, quais sejam: identificao junto empresa dos principais problemas de acidentes e eventos ocorridos no passado; levantamento junto ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indstrias Qumicas, Farmacuticas e de Fertilizantes informaes dos reais problemas ocorridos no passado, por se tratar de uma fonte importante pelo conhecimento dos problemas freqentes da regio e do setor de fertilizantes ; diagnstico as principais preocupaes dos funcionrios da empresa estudada, por meio de um questionrio sobre o tema da gesto de segurana e sade ocupacional; anlise dos resultados estatisticamente apontados da aplicao do questionrio acima citado, e que serviu como base para o desenvolvimento dos mdulos do SGSSO apresentado. Cabe ressaltar, que em indstrias de fertilizantes h uma importante interface entre aspectos e impactos ambientais associados aos principais poluentes e efeitos adversos sade humana (Apndice A e B) que tm a sua relevncia sobre o tema da segurana e sade ocupacional.

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Neste estudo, no entanto, no foram considerados os problemas ambientais, haja visto que os objetivos so analisar e demonstrar a importncia da utilizao dos indicadores pr-ativos e da mudana organizacional, voltada para um modelo prevencionista no planejamento e implementao de um sistema de gesto e segurana ocupacional (SGSSO). A partir da implementao das aes baseadas no diagnstico inicial, essencialmente, focadas em aspectos organizacionais e comportamentais, foram levantadas evidncias de melhoria do desempenho da organizao em segurana e sade ocupacional por meio de indicadores reativos, comparando-se com o histrico existente da empresa estudada. Dessa maneira, avaliaram-se os resultados com as novas prticas que sero adotadas e comparando com as informaes disponveis na ANDA (Associao Nacional de Difuso de Adubos) a qual s possui dados histricos dos indicadores reativos indicados na tabela 1.

Tabela 1 Taxa de Freqncia e Gravidade de Indstrias Produtoras de FertilizantesN de Empregados Horas de Exposio N de Acidentes (com afastamento) N de Acidentes (sem afastamento) N de Dias Perdidos Taxa de Freqncia* Taxa de Gravidade* Fechamento 2004 8.634 18.999.404 222 305 38.700 11,7 2.036.9

Fonte: ANDA Associao Nacional de Difuso de Adubos 2005a * Calculado a partir do nmero de acidentes por milho de horas-homem de exposio ao risco, em determinado perodo.

Um estudo dessa natureza configura-se como mais um elemento para que as organizaes direcionem suas preocupaes em esforos para a segurana e sade ocupacional (SSO). No s pela responsabilidade social, mas tambm para ajudar a alcanar seus objetivos em sua busca da competitividade; combinando assim o exerccio da responsabilidade social e a contribuio para diminuio de seus custos, relacionados com os acidentes de trabalho (ZADEK 2001 apud BARREIROS 2002).

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BRAUER (1994) salienta ainda que em relao aos custos decorrentes de acidentes de trabalho questiona-se que as organizaes devem refletir sobre o nus social causados aos trabalhadores, ressaltando que a reparao insuficiente sob o ponto de vista social e que devem ser considerados os custos com danos propriedade e suas instalaes. Ao quantificarem esses custos, percebero claramente a importncia de se trabalhar de um modo prevencionista em relao segurana e sade ocupacional.

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1.4. Referencial terico ou conceitual 1.4.1. Indicadores reativos e pr-ativos Os indicadores so expresses quantitativas ou qualitativas que revelam informaes sobre determinadas variveis e suas inter-relaes (KRAUSE, 1995). HOPKINS (1994) denomina que indicadores pr-ativos so capazes de detectar ou medir resultados ou impactos negativos em fases suficientemente precoces a fim de gerar informaes que levem a aes que permitam ou possibilitem interromper o curso evolutivo, reverter o processo, e evitar o fato ou a sua ocorrncia. Segundo esse autor, denominam-se indicadores reativos aqueles que so capazes de detectar ou medir resultados ou impactos aps a ocorrncia de eventos, cuja anlise ainda que post factum avaliem com informaes para realimentar o processo de melhoria contnua. REASON (1997) apud Barreiros (2002) recomenda que o SGSSO contemple entre seus elementos mecanismos adequados para se obter e processar informaes que sejam capazes de proporcionar no somente interpretaes adequadas sobre os eventos passados (medidas reativas), mas assegurar a compreenso dos processos organizacionais (medidas pr-ativas), a fim de que essas informaes possam ser incorporadas ao ciclo de melhoria contnua. Segundo HOPKINS (1994), a avaliao do desempenho do SSO tradicionalmente realizada e restrita s medidas de freqncia e gravidade dos acidentes, embora tenham sua importncia, no satisfazem os preceitos que vm sendo preconizados pelos mtodos atuais de SGSSO, que requerem uma avaliao sistemtica que priorize indicadores pr-ativos, proporcionando informaes para que os tomadores de deciso possam agir preventivamente sobre os perigos e riscos existentes no ambiente de trabalho. Dessa forma, quando os indicadores reativos e os pr-ativos so usados concomitantemente, os mesmos possibilitam ao SGSSO uma interveno de forma mais precisa do que isoladamente. Em conseqncia disso, a utilizao do(s) indicador(es) reativo(s) geram informaes para a criao de um acompanhamento dos indicadores pr-ativos.

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PICCHI (1993) menciona que devem ser criados relatrios com o objetivo de monitorar adequadamente cada usurio, caso contrrio tm-se diversos dados e poucas informaes objetivas. ARAJO (2004) e LIMA (2003) mencionam que os indicadores reativos no devem ser utilizados isoladamente, mas sim, concomitantemente com os indicadores pr-ativos conforme indicado abaixo no Quadro 1. Quadro 1 Lista de Indicadores Reativos e Pr-ativos Indicadores Reativos Taxa de Freqncia (TF) Taxa de Gravidade (TG) Nmero Absoluto de Acidentes Taxa de Absentesmo Indicadores Pr-ativos Nmero de Treinamentos Abordagem Direta com os Colaboradores Pesquisa Sistemtica de Avaliao Aplicao de acordo com o planejado Metodologias para estabelecimento de prioridades Grau de comprometimento e participao

Fonte: Arajo, 2004; Lima 2003

Somente

dessa

forma,

ter-se-

uma

correta

avaliao

da

cultura

organizacional, da evoluo e maturidade do sistema de gesto e ferramentas para determinar a melhoria contnua do sistema. A seguir exploram-se melhor os indicadores reativos em SSO: Taxa de Freqncia (TF) o indicador reativo que revela o nmero de acidentes com ou sem afastamento por horas-homem trabalhada de exposio ao risco, sendo calculada pela equao (1); TF = N x 1.000.000 HHT Onde: N = nmero de acidentes com e sem afastamento HHT = Horas-homem trabalhada de exposio ao risco (1)

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Taxa de Gravidade (TG): outro indicador reativo que revela o nmero de dias perdidos por afastamento por horas-homem trabalhada de exposio ao risco, sendo calculada pela equao (2); TG = DP x 1.000.000 HHT Onde: DP = nmero de dias perdidos por afastamento HHT = Horas-homem trabalhada de exposio ao risco Entretanto, nos dias atuais as organizaes do setor de fertilizantes entendem que as redues da taxa de freqncia e de gravidade so suficientes para se verificar a eficcia de seus sistemas de gesto. 1.4.2. A importncia do fator comportamental Os sistemas do de fator gestes em SSO tais objetivam como: cada vez mais a (2)

reduo/diminuio das ocorrncias dos acidentes, mostrando ao trabalhador a importncia comportamental atitude, conhecimento, conscientizao, preveno. De acordo com a norma BSI-OHSAS-18001:1999 (Occupational Health and Safety Assessment Series), acidente definido como: evento indesejvel que resulta em morte, doena, leso, danos ou outro tipo de perda e o incidente como: evento que d origem a um acidente ou que tem potencial para tal. importante frisar tambm que um incidente em que no ocorra doena, leso, dano ou outro tipo de perda tambm chamado de quase-acidente. O termo incidente inclui o quase-acidentes. Para as organizaes, o conhecimento do termo quase-acidentes, mais conhecidos como incidentes, muito importante, pois identificam as deficincias e estabelecem as devidas medidas de controle, permitindo-se eliminar ou reduzir a probabilidade de que se tornem acidentes reais em situaes futuras. ALBERTON (1996) menciona que as organizaes devem dar mais destaque aos incidentes como um dos sinais de que algo no vai bem dentro das organizaes.

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A Pirmide da Relao dos Acidentes mostra essa importncia (figura 1).

1 10

Leses graves ou incapacitantes

Sem leses incapacitantes (leses leves)

30

Danos propriedade

600

Incidentes

Figura 1 - Pirmide da Relao dos Acidentes adaptado de Alberton (1996)

ARAUJO (2004) destaca tambm os incidentes, mas principalmente a falta de relato dos mesmos, da identificao de riscos potenciais e a falta de treinamentos adequados demonstrado na figura 2 pelo autor e denominado pelo mesmo como o princpio do iceberg.

Mortes Acidentes com leso com perda de tempo Acidentes com perdas materiais Incidentes

Fatores Ambientais Fatores Pessoais / Falta de Treinamentos Fatores Comportamentais/ Identificao de riscos

Figura 2 - Princpio do Iceberg. Os fatores ambientais e comportamentais devem ser considerados pelos sistemas de gesto(Arajo, 2004, p. 304)

A norma OHSAS 18001:1999 define risco como: combinao da probabilidade e conseqncia da ocorrncia de um evento perigoso. BENITE (2004) deixa claro que os quase-acidentes ocorrem em quantidades significativamente maiores, mas deve considerar tambm os nmeros que

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efetivamente deixam de ser relatados por parte dos envolvidos. Assim, os quaseacidentes ou incidentes, devem ser entendidos como um alerta para possveis ocorrncias de acidentes potenciais, caso a organizao continue a ignorar a existncias dos mesmos, sem uma ao para trat-los adequadamente. De acordo com essas consideraes, viu-se a importncia de se utilizar os indicadores pr-ativos dentro do sistema de gesto de SSO. Um dos grandes paradigmas a ser superado, que contribue negativamente para a maioria dos problemas de SSO, o estabelecimento do nexo causal dos acidentes, tomandose como base o comportamento dos trabalhadores. (OLIVEIRA, 2003a, p. 5). 1.4.3. Consideraes sobre sistemas de gesto Uma das melhores formas de se praticar o gerenciamentos dos riscos e questes comportamentais, por meio da adoo de um sistema de gesto. O modelo aplicado no gerenciamento de riscos por meio de um Sistema de Gesto de Segurana e Sade Ocupacional est baseado no ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action), garantindo assim a busca da melhoria contnua.

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Figura 3 Ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Action) de autoria do prprio autor.

Outros termos apresentados no ciclo PDCA acima so definidos na norma OHSAS 18001:1999 como: Sistema de gesto de SSO: parte do sistema geral de gesto, propicia o gerenciamento dos riscos de SSO associados aos negcios da organizao. Isto inclui a estrutura organizacional, as atividades de planejamento, responsabilidades, prticas, procedimentos, processos e recursos para o desenvolvimento, implementao, realizao, reviso e manuteno da Poltica de SSO da organizao. Auditoria: exame sistemtico para determinar se as atividades e resultados relacionados esto de acordo com o planejado e se as atividades esto efetivamente implementadas de maneira a atender poltica e aos objetivos da organizao. Objetivos: metas, em termos de desempenho de SSO, que uma organizao se prope a alcanar.

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Como normas/guias de referncia para sistemas de gesto de segurana e sade ocupacional destacam-se a BS (British Standard) 8800:1996 e OHSAS 18001:1999. A OHSAS 18001:1999 (Occupational Health and Safety Assessment Series) uma norma de referncia para sistemas de gesto de segurana e sade ocupacional. A certificao, por essa norma, garante o compromisso e comprometimento da empresa, com a reduo dos riscos e melhoria contnua de seu desempenho em sade ocupacional e segurana de seus colaboradores. A OHSAS 18001 entrou em vigor em 1999, aps estudos de um grupo de organismos certificadores e de entidades de normatizao da Irlanda, frica do Sul, Austrlia, Espanha e Malsia. A criao dessa norma considerou normas j existentes como a BS 8800 na Inglaterra. A norma se baseia no conceito de que as organizaes devem periodicamente analisar e avaliar seu sistema de gesto de SSO, e buscar a maneira de identificar oportunidades de melhorias e implement-las. Por isso ela no estabelece requisitos absolutos para desempenho de SSO, mas exige que s empresas atendam integralmente legislao e regulamentos aplicveis e se comprometam com o aperfeioamento contnuo dos processos. CICCO (1999) apud MEDEIROS (2003) refere-se aos benefcios que as organizaes podem desfrutar oriundos da implantao de um sistema de gesto em SSO, em conformidade com a OHSAS 18001, como: fortalecer sua imagem junto ao mercado; assegurar aos clientes o compromisso e comprometimento com uma gesto voltada a SSO; demonstrar e manter um bom relacionamento junto aos sindicatos, trabalhadores e outras partes interessadas; prevenir e reduzir acidentes que impliquem em responsabilidade cvel, tendo como conseqncia melhorar o ambiente de trabalho e a produtividade; agilizar a obteno de licenas e autorizaes; fortalecer as relaes entre rgos governamentais e a organizao.

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2. REVISO DA LITERATURA

2.1. A questo da segurana e sade do trabalhador O novo cenrio global envolve diversas foras inter-relacionadas que afetam atualmente o relacionamento entre organizaes e sociedade e define novas questes de gesto para as empresas conhecidas como temas emergentes, que podem ser resumidas em ecologia e meio ambiente, sade e bem-estar, diversidade, direitos humanos e comunidades (GRAYSON, 2002). Em todos estes temas, existem componentes diferentes que podem ter efeitos prprios como cumulativos, influenciando nas decises de negcios e responsabilidades das empresas. A importncia dos mesmos funo de uma srie de fatores que dependem de variveis interdependentes, como lugar de atuao da empresa, os hbitos culturais do local e setor em que a empresa atua, legislaes locais, atuao de grupos do terceiro setor, etc. Decises tomadas por executivos das organizaes no conectadas com este contexto podem ocasionar srios prejuzos imagem e conseqentemente aos negcios das empresas. Por esta razo, os planos estratgicos das empresas cada vez mais consideram os temas emergentes e suas provveis conseqncias para diversos cenrios. Para Grayson ( 2002, p.32):[..] a tecnologia atual permite aos executivos empresariais definirinstrumentos para monitorar com preciso os poluentes oriundos dos processos industriais e tambm aprimorar os processos de produo para a reduo destas emisses ao meio ambiente. Aspectos relacionados com o desenvolvimento industrial em pases do terceiro mundo, aumento pela demanda dos recursos naturais e conseqentemente o nvel de rejeitos dos processos industriais, criao de leis severas em relao ao controle das emisses, progressos tornaram mais acessveis regies remotas para o turismo e conseqentemente uma ameaa para o meio ambiente, o aquecimento do planeta em razo devido emisso em excesso do dixido de carbono, a utilizao da engenharia gentica e suas conseqncias ao meio ambiente, fazem com que as empresas tenham que planejar suas aes cuidadosamente para atender as expectativas de seus clientes e

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sociedade com um todo para garantir a sustentabilidade de seus negcios.

A qualidade de relacionamento entre as empresas e as comunidades nos dias atuais definem mais um tema emergente conhecido como Comunidades. Este tema basicamente est relacionado com as foras inter-relacionadas do mundo contemporneo, que interfaceiam as empresas e comunidades organizadas, com mais voz ativa e poder que influenciam as empresas positivamente e negativamente. Algumas aes consideradas opcionais no passado em relao as comunidades, passaram a ser obrigatrias para o sucesso das empresas. Os tipos de aes esto relacionados diretamente aos pases em que a empresa atua, pois em alguns deles o grau de interveno do Estado na economia maior, sendo ele provedor dos servios sociais e do bem-estar social. Neste cenrio, as empresas podem optar por suplementar esses servios em razo de uma maior ou menor eficincia do Estado para benefcio das comunidades. Isto tem sido uma constante em razo da grande competio mundial para atrair investimentos privados atravs da reduo de impostos, que indiretamente reduzem as fontes de recursos do Estado para investimentos nas reas sociais, degradando por conseqncia o nvel de servio para a sociedade. Tambm crescente por parte das comunidades que as empresas dem algo em troca localidade onde atuam e produzem lucros para seus acionistas. Desta forma, as grandes empresas tm procurado corresponder a estas expectativas da comunidade ajudando a satisfazer suas necessidades por meio de provimento direto: assistncia mdica a seus funcionrios e apoio a grupos comunitrios, pressionando as autoridades pblicas para melhorarem seus servios sociais, como tambm desenvolverem processos de parcerias ajudando com recursos e idias para projetos em benefcio da regio onde esto inseridas. (OLIVEIRA, 2003b). Outro tema emergente de suma importncia para as empresas est relacionado questo de sade e bem-estar dos funcionrios, consumidores e comunidade onde atuam. Em razo das atuais foras globais de mudana e os seus efeitos nocivos a sociedade nos dias de hoje, pelas atividades ou produtos das empresas, passa a existir uma preocupao muito maior com os aspectos de

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proteo das pessoas. Sade e bem-estar passam a ter um conceito muito mais abrangente, no somente em relao sade fsica e preocupaes com a proteo, como tambm com influncias externas a saber: presses diversas, assistncia dos dependentes, necessidade de aprendizado contnuo e aquisio de novas habilidades e equilbrio entre o trabalho e lazer(GRAYSON, 2002). 2.2. Segurana e sade do trabalhador Sade e segurana dos trabalhadores, objeto maior de anlise deste trabalho, est inserido dentro do tema emergente sade e bem-estar e tem sido fator de destaque das empresas na definio de suas aes estratgicas, pelas conseqncias para sua imagem no ambiente interno da empresa, como tambm externo no que diz respeito aos seus clientes, fornecedores, acionistas e sociedade. A razo para uma maior importncia na Sade e Segurana dos trabalhadores est relacionada diretamente ao reconhecimento que a sade engloba no somente o aspecto fsico como tambm o mental, o que faz entender que a presso do trabalho um problema da empresa e pode influenciar no rendimento do funcionrio (GRAYSON, 2002). Da mesma forma, importante salientar que a evoluo tecnolgica dos processos industriais introduziu novos riscos que podem afetar diretamente as pessoas que trabalham nestes processos. A diminuio da assistncia mdica pelo Estado acaba gerando uma expectativa nas empresas que passam a ocupar este espao, em benefcio da sade de seus empregados; as empresas que propiciam benefcios com pacotes assistenciais aos seus funcionrios, conseguem por parte destes mais lealdade, maior produtividade, flexibilidade e receptividade a mudanas. Existe hoje tambm um interesse crescente por sade pessoal e boa forma fsica, especialmente nos pases desenvolvidos, gerando uma expectativa para que as empresas contribuam com aes neste sentido. No Brasil, lugar de tem decorrncia das altas taxas de acidentes no trabalho, a opinio pblica acompanhado com maior ateno as empresas como tambm os rgos fiscalizadores tm dedicado especial ateno em razo das perdas fsicas e financeiras para o pas.

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Passa a ser imperativo para as empresas e tambm um fator de vantagem competitiva perante suas concorrentes, que ela tenha uma postura ativamente positiva em relao s questes de Sade e Segurana no trabalho. Estes aspectos passam a ter uma importncia muito grande para a imagem da empresa perante seus funcionrios, acionistas, fornecedores, clientes e sociedade. A falncia de empresas como conseqncia de uma falncia moral tem levado estas a repensarem seus valores e, entre eles, destaca-se a responsabilidade social corporativa. A norma Social Accountability 8000 (SA 8000), criada em 1997, uma norma de Sistema de Gesto de Responsabilidade Social que verifica a produo das empresas dentro de certos parmetros ticos, norteados pelos princpios estabelecidos nas convenes da Organizao Internacional do Trabalho (OIT) e na Declarao Universal do Direitos Humanos e dos Direitos da Criana propostos pela Organizao das Naes Unidas (ONU) e vem ocupando um papel significativo dentro deste novo contexto. A SA 8000 promove uma revoluo na forma das empresas tratarem seus funcionrios e colaboradores externos, centradas na tica e na responsabilidade social, e desde sua criao tem se tornado um objeto de desejo das empresas obterem o selo, sendo que 162 empresas em 27 pases j se qualificaram para receber o certificado SA 8000. (BRUCKER, 2002) No Brasil, a carncia de servios sociais bsicos afeta uma grande parte da populao, entre elas: desigualdade de renda, baixa qualidade da educao bsica, trabalho infantil, analfabetismo persistente e uma das mais altas taxas de acidentes do trabalho do mundo. Portanto h muito espao para o desenvolvimento da Responsabilidade Social Corporativa. Os valores para as pessoas tm mudado rapidamente em todo o mundo. A confiana nas instituies privadas, governamentais e nos processos polticos diminuiu sensivelmente nos ltimos anos, agravada principalmente pelos ltimos escndalos de corrupo e falta de responsabilidade, levando os cidados a questionarem diversos comportamentos e conceitos adotados no passado. A iniciativa privada, pelo seu atual poder e em razo da diminuio do poder do Estado na sociedade, passa a ser um foco de atenes, com a necessidade de uma postura de maior responsabilidade perante s expectativas da sociedade em geral. As preocupaes com a responsabilidade das empresas aparecem em

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paralelo ao questionamento de seus objetivos e seu papel no mundo atual. Hoje, h uma grande expectativa em relao s empresas como grande fator de desenvolvimento, crescimento e gerao de riquezas, exigindo que as mesmas tenham um papel mais participativo de liderana. Adotar um espectro mais amplo dentro da sociedade, do que um simples papel de produtor de bens e servios significa agir como produtor de riqueza coletiva, composta pela somatria de suas externalidades (GRAYSON, 2002). As aes das empresas tm provocado certo efeito de expectativa nas pessoas que so partes interessadas nas suas aes. Para as empresas, estas pessoas podem influenciar o sucesso dos negcios e dentro destes grupos de pessoas pode-se citar os clientes, fornecedores, empregados, governos, rgo fiscalizadores e reguladores, parceiros, acionistas, e grupos que tenham interesses especiais como os ambientalistas, religiosos e organizaes do terceiro setor. Em razo das constantes mudanas que esto correndo em uma velocidade jamais observada, estas expectativas tm mudado, e o sucesso do negcio passa a ser tambm saber como agir diante destas expectativas. Este novo ambiente traz impactos significativos na estratgia empresarial das corporaes. As empresas em um mercado mundial repleto e competitivo tm a necessidade de ampliar a participao de sua marca e diferenciar seus produtos da oferta dos concorrentes. Hoje, pela exigncia de consumidores e outros grupos com novas expectativas, a empresa s atingir seus objetivos se tiver uma postura socialmente correta. As marcas que se tornaro importantes so as que se associarem s mudanas sociais que esto ocorrendo, (ROBBINS,2005). ROBBINS (2005) menciona ainda que os executivos das empresas necessitam estar preparado para responder aos riscos que crescem em uma sociedade globalizada, pois estes podem causar impacto em todos os setores, prejudicando a lucratividade dos negcios. Para isto importante que estes executivos tenham plena viso das ansiedades da sociedade onde esto inseridos e tambm ter preocupaes com as questes sociais das comunidades que proporcionam lucros para os negcios. Desta forma, imperativo para a sustentabilidade das empresas que as mesmas tenham compromisso social na gesto empresarial de seus negcios.

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2.3. Sistemas de gesto H vrias definies sobre sistemas de gesto que so formas organizadas e sistematizadas de se buscar a melhoria de resultados por meio da combinao de processos, procedimentos e prticas adotadas por uma organizao, podendo-se atingir dessa forma, mais eficincia nos objetivos indispensveis atual sociedade globalizada. As organizaes podem decidir pelo sistema que mais convm, em funo de diferentes critrios como: cultura organizacional, tempo de resposta dos resultados, pas de origem, afinidade com a metodologia, entre outras (GARCIA, 2004). Na norma NBR ISO 9000:2000 ( Associao Brasileira de Normas Tcnicas) o termo sistema de gesto caracteriza-se por: identificar, entender e gerir processos inter-relacionados como um sistema fazendo que a organizao atinja seus objetivos de maneira eficaz e eficiente. ZILBOVICIUS (1997), diz que Modelos de Gesto podem ser definidos como idias de gerenciamento, sugestes e proposies para garantir a continuidade de atividades. Diz ainda que: so aqueles que se referem ao modo de pensar os problemas organizacionais, constitudos por princpios interligados segundo uma lgica na qual se baseiam decises de escolha organizacionais. FEIGENBAUM (1986), menciona que sistemas de gesto devem: incorporar a melhoria contnua nas organizaes, buscar o comprometimento da alta direo, prover uma maior nfase pr-atividade e permitir a integrao com outros sistemas de gesto que a organizao possa ter. Concluindo, percebe-se que sistemas de gesto podem ser compreendidos como um conjunto de fatores dinamicamente relacionados e que interagem, objetivando controlar e dirigir uma organizao com propsito determinado. 2.3.1 Sistemas de gesto de segurana e sade ocupacional BRAUER (1994) cita um princpio que estabelece que as aes de preveno dos acidentes deveriam focar mais na investigao, devendo ocorrer um posicionamento da forma de atuao das organizaes, modificando sua cultura organizacional de uma ao exclusivamente reativa, e que depende da ocorrncia

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de acidentes para uma atuao proativa, antecipando-se desta maneira na identificao dos perigos antes que os acidentes ocorram. A OIT(1998),Organizao Internacional do Trabalho, define sistema de gesto para segurana e sade ocupacional como sendo o conjunto de elementos interrelacionados ou interativos que tm por objetivo estabelecer uma poltica de SSO com o propsito de alcanar estes objetivos conceitua tambm o SGSSO como sendo uma estrutura gerencial suportada nos pilares do princpio da melhoria contnua e na atuao pr-ativa, que possibilite atingir limite e metas aceitveis pelas partes interessadas (organizaes, colaboradores, etc.), que no venham a se tornar causas de acidentes. De acordo com APAU (1992), h diversos fatores que justificam a implantao de um sistema de gesto de segurana e sade ocupacional nas empresas que so: reduo dos acidentes de trabalho e das doenas profissionais; reduo de custos com acidentes e doenas profissionais; maior rigor no cumprimento da legislao de segurana e sade; melhoria das condies nos ambientes de trabalho; melhoria das relaes trabalhistas; melhoria da qualidade e produtividade; melhoria da imagem publica da empresa. investigao de acidentes e incidentes de forma detalhada; auditoria eficaz de segurana e sade. de um SGSSO necessrio uma

APAU (1992) destaca ainda as limitaes de um SGSSO por falta de:

Para a implantao efetiva e eficaz

transformao e/ou mudana na cultura organizacional e de seus colaboradores, com enfoque em uma cultura de segurana em busca de aes continuadas a fim de estabelecer o equilibrio entre a gesto de produo e o trabalhador. medida que se tem um maior desempenho em SSO ao longo do tempo, solucionando os problemas por meio do ciclo PDCA, certamente ter-se- uma melhoria continua da segurana e sade do trabalhador. Essa sistematica exemplificada a seguir de acordo com a figura 4.

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Desempenho em SSO

ME

LH

I OR

O A C

NT

A NU

EM

SS

T

Tem po

Figura 4 Melhoria Contnua em SSO adaptado de BARREIROS (2002)

importante conhecer para a implantao do SGSSO os nveis de desempenho em relao SSO, que as organizaes podem apresentar; sendo que o propsito bsico do sistema atuar sobre esse desempenho. Para KRAUSE (1995), as organizaes em geral encontram-se em um dos trs nveis de desempenho: ciclo dos acidentes (sem esforos contnuos e sem melhoria continua); patamar de desempenho (com esforos contnuos e sem melhorias contnuas); melhoria contnua do desempenho (com esforos contnuos e com melhoria contnua). FATURETO (1998) destaca ainda:[..]Convm frisar que no se pode esperar retorno rpido de investimentos realizados na preveno, como que num toque de mgica, levando em conta as necessidades de treinamento e a prpria mudana de comportamento das pessoas envolvidas. Os projetos desenvolvidos com sucesso, necessitam de capital, tempo e administrao, e levam anos para dar resultados efetivos. Vale destacar que se uma empresa quer sobreviver no mercado, no ser s custas da atuao do tipo "apagar incndio" que ter sucesso, mas sim com aes efetivas e duradouras. O trabalho de melhoria da segurana e do controle de perdas depende da dedicao intensiva de todos os envolvidos na organizao, incluindo apoio dos participantes, trabalho de motivao e conscientizao das pessoas. No se pode esquecer, no entanto, que fazer segurana no apenas buscar retorno financeiro, outros motivos podem ser destacados para realar a importncia dos investimentos alocados na preveno de acidentes.

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Com isso, fica notrio que os Sistemas de Gesto de Sade e Segurana Ocupacional contribuem fortemente para que as organizaes obtenham o nvel de melhoria contnua de desempenho apresentando formas sistmicas de melhoria fundamentadas em aes pr-ativas. Parece simples estabelecer uma cultura de segurana, mas passa a ser difcil se todas as partes no estiverem completamente envolvidas e comprometidas com a segurana. 2.4. Cultura organizacional e gesto de pessoas Atualmente as organizaes so indiscutivelmente os tipos de sistema social predominante das sociedades industriais. Antes a sociedade era constituda de inmeros pequenos sistemas sociais desorganizados, hoje so as organizaes que esto cada vez maiores e melhor estruturadas, dominando o panorama social contemporneo. A sociedade moderna se caracteriza pelas organizaes. Entre as caractersticas da poca atual, temos um grande nmero de organizaes e a predominncia desse tipo de sistema social em relao aos demais. O princpio fundamental que rege a vida das organizaes o princpio da eficincia. Um sistema social qualquer no necessita ser eficiente, produtivo. J nas organizaes, a eficincia ou pelo menos a procura da eficincia uma condio primordial para a sua existncia. A sociedade moderna caracterizada pela competitividade do contexto global, e para acompanhar a conjuntura econmica fundamental um gerenciamento dinmico, engajado com todas as necessidades da sociedade moderna. O fenmeno mundial. mais amplo e rpido do que se supe. Esto ocorrendo mudanas rpidas e intensas no mundo das empresas. As mudanas mais profundas e marcantes, no so percebidas pelo grande pblico, que somente consegue perceber o que ocorre na ponta do iceberg. Essas mudanas so definitivas e irreversveis, de tal modo que as empresas nunca mais sero as mesmas. (CHIAVENATO, 1997) O mesmo autor afirma que para se compreender a motivao humana, o primeiro passo o conhecimento do que a provoca e dinamiza. A motivao existe dentro das pessoas e se dinamiza atravs das necessidades humanas.

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Todas as pessoas tm suas necessidades prprias que podem ser chamadas de desejos, aspiraes, objetivos individuais ou motivos. As necessidades humanas ou motivos so foras internas que impulsionam e influenciam cada pessoa determinando seus pensamentos.

Auto realizao Estima

-

Trabalho criativo e desafiante Diversidade e autonomia Participao nas decises Responsabilidade por resultados Orgulho e reconhecimento

Sociais

-

PromoesAmizade dos colegas Interao com Clientes Gerente Amigvel Condies seguras de trabalho Remunerao e benefcios

Segurana

-

Necessidades Fisiolgicas

-

Estabilidade no empregoIntervalos de descanso Conforto fsico Horrio de trabalho razovel

-

Figura 5 - A hierarquia das necessidades humanas e os meios de satisfao- Maslow, ALBERTON (1996).

Conforme as afirmaes CHIAVENATO (1997), acima, e pelo que podemos ver na Figura 5 (hierarquia das necessidades humanas e os meios de satisfao), pode-se notar a importncia da segurana e sentimento junto aos colaboradores dentro de uma empresa, facilitando assim, os processos de motivao e conseqente aumento de produtividade. O outro ponto relevante para o estudo citado pelo autor que o clima organizacional influencia a motivao, o desempenho e a satisfao no trabalho. O desempenho do trabalhador est relacionado a uma complexidade de fatores que atuam e interagem entre si de forma dinmica. Em situaes onde objetivos e metas foram explicitados, a tarefa foi estabelecida de forma clara para o colaborador, e se ele est motivado para executar e atingir esses objetivos e metas propostos, seguramente o trabalhador esforar-se- proporcionalmente a sua motivao. Como buscar ento a plena motivao a fim de proporcionar a satisfao para o trabalho, tendo como conseqncia o sucesso no desempenho das tarefas desenvolvidas, que o grande desafio o qual pode ser alcanado, se a

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organizao estabelecer e acompanhar todos os passos da equipe e de cada membro que a integra. Para MINTZBERG (2003), essa satisfao para o trabalho pode ocorrer por meio da multifuncionalidade que quando um trabalhador engaja-se em ampla variedade de tarefas no as executando para cumprir apenas o determinado, mas para obter um maior controle sobre elas. Menciona ainda que esse envolvimento por intermdio da ampliao de seu trabalho, desperta nos trabalhadores uma maior motivao no desenvolvimento de suas tarefas, compensando as perdas com a especializao tcnica dos trabalhos repetitivos. O autor ainda estabelece as vantagens e os problemas com as possveis estruturas que as empresas podem adotar, porm como mencionado no pargrafo anterior o fato de termos trabalhadores mais motivados e engajados significativo, ao se estabelecer o modelo de sistema voltado para o aspecto da segurana e sade do trabalhador. Segundo RODRIGUEZ (2002), as organizaes aprendizes e junto com elas o conceito do auto-aprendizado, proporcionam aos funcionrios organizados em equipes de trabalho desenvolver teorias e a sua imediata aplicao, com o uso das mais diversas formas de aprendizado: como o treinamento durante o trabalho (on the job) e outras formas de capacitao, tambm contribuindo para que os trabalhadores cada vez mais sejam conscientes e engajados no tema. De acordo com o autor, uma empresa que seja considerada aprendiz deve estar atenta a diversas questes e, principalmente, ter uma cultura de aprender com os erros e de estabelecer formas onde os trabalhadores possam participar do seu permanente desenvolvimento. Freitas (2000) afirma quea flexibilidade no se restringe s aos processos tcnicos, nos produtos e nos mercados, mas tambm no saber e nas qualificaes dos trabalhadores da fbrica, porque no se pode confiar equipamentos to caros a mo-de-obra no especializada. Da a necessidade de cada vez mais aliar o trabalho e tarefas baseado no conhecimento e treinamento aos trabalhadores, a fim de produzir para uma sociedade baseada no conhecimento e na informao intensiva. Para a autora o especialista d lugar ao polivalente, ainda que seja para apertar botes de diferentes mquinas.Estando comprometidas apenas com o aumento da

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produtividade, segundo a autora, muitas empresas trocariam de bom grado todos os seus colaboradores por mquinas, se isso fosse possvel, a fim de se verem livres das exigncias legais e complicaes que a presena humana implica.

A autora menciona que as novas estruturas organizacionais exercem um controle diferente nas relaes de autoridade, dando nfase nos grupos, equipes e comits formados por membros que possuem o conhecimento. O poder funcional manifestado pelas ordens por intermdio das linhas hierrquicas cada vez mais substitudo por uma relao mais aberta e participativa, em outras palavras: o que antes se baseava na obedincia se transformou em relaes cujo mundo fechado dos especialistas substitudo pelos profissionais de perfil generalista e polivalente em que a educao deve ser constante.

Figura 6 Gesto do conhecimento requer um sistema FREITAS (2.000)

Sob a tica da SSO, um dos aspectos fundamentais que podem facilitar a melhoria do desempenho da gesto de uma organizao a forma como ela lida com suas experincias, como ela mantm ou altera suas diretrizes e como ela explicita e operacionaliza sua viso de SSO para o seu negcio. HPFL (1994) chama a ateno para a ligao entre cultura organizacional e cultura de segurana. Segundo este autor, as duas ltimas dcadas caracterizamse por mudanas organizacionais relevantes e por vrios acidentes maiores,

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afetando diversas reas de tecnologia. A partir da, a ateno dada a fatores, tais como a complexidade das causas contribuidoras e intervenientes para a ocorrncia de um acidente; a multiplicidade de formas pela qual um sistema pode falhar; a predominncia das contribuies do fator humano para essas falhas; as dificuldades de informao e comunicao e, sobretudo, a apreciao da dimenso histrica que os desastres possuem, contriburam para uma nova forma de viso empresarial. A preocupao de HPFL (1994) era a de examinar a abrangncia e o grau de influncia que as mudanas ou as manipulaes da cultura organizacional tm ou possam ter sobre as questes de segurana e sade, no sentido de reduzir a inquietao e a preocupao com SSO a um exerccio cosmtico ou simplesmente retrico. A existncia de um modelo de gesto de SSO essencial, mas apesar de sua existncia os resultados podem no ser alcanados se a cultura e a aprendizagem organizacional no forem suportadas, influenciadas e decorrentes de uma viso genuna de SSO, devidamente contextualizada e incorporada pela estratgia do negcio. Assim sendo, o grande desafio para uma organizao o de definir, explicitar e pr em prtica uma cultura genuna e autntica de SSO. Para isso necessrio entender o significado de cultura de segurana, o que significa compreender os pressupostos bsicos de uma organizao, os seus aspectos intrnsecos, o modelo dinmico adotado para orientar sua aprendizagem, sua transmisso e renovao dos valores relativos segurana e sade em todos os seus nveis, bem como os motivos que determinam e explica o porqu de se praticar a gesto da SSO no contexto organizacional. A cultura de segurana torna-se uma idia atrativa, pois apresenta um caminho para superar as limitaes dos modelos existentes para a gesto da SSO desde que cuidados especiais e ateno sejam sempre dispensados cultura e aprendizagem organizacional na sua integra. O reconhecimento e a compreenso da relao e das interfaces entre cultura, aprendizagem organizacional e a dinmica de um sistema de gesto so essenciais para que uma organizao consiga concretizar aes para a melhoraria de seu desempenho de SSO.

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2.5. Importncia dos fatores pessoais e comportamentais na SSO Fatores comportamentais e pessoais representam a dinmica humana da segurana ocupacional. Essa discusso examina 10 princpios bsicos que sustentam os procedimentos humanos para se alcanar uma cultura de segurana total. Os dez princpios da cultura de segurana total, segundo Geller (1994) so: 1. A cultura deve direcionar o procedimento de segurana; 2. Os fatores relacionados ao pessoal e ao comportamento determinam o sucesso; 3. A focalizao no processo e no nos resultados; 4. O comportamento direcionado por ativadores (atos que precedem comportamentos e direcionam outros) e motivado por conseqncias (seguem comportamentos e determinam que comportamentos devem ocorrer); 5. A focalizao em alcanar o sucesso e no em evitar o fracasso; 6. A observao e feedback levam a comportamentos seguros; 7. O feedback eficaz acontece por treinamento relativo a comportamento e a fatores pessoais. 8. A observao e treinamento so processos bsicos da atuao comportamental responsvel. Segundo ainda Geller (1994), a cultura de segurana requer ateno contnua sobre os trs processos ilustrados na figura abaixo. Isto porque eles so dinmicos e mudanas de um processo podem, no final, causar impacto nos outros dois. Para exemplificar melhor quando os funcionrios decidem incorporar e praticar a segurana buscando a reduo de acidentes de trabalho muitas vezes pode envolver mudanas ambientais;

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Pessoal Tentativa de fazer outra pessoa se sentir feliz.

Ambiental Reorganizao ou redistribuio de recursos na inteno de beneficiar outros

Comportamental Tentativa de influenciar o comportamento de outros em direes desejadas.

Figura 7 - Atuao Comportamental Responsvel - adaptado de GELLER (1994).

9. A auto-estima e participao aumentam a atuao comportamental responsvel para a segurana; 10. considerao segurana como um valor e no apenas uma prioridade. Quando os empregados compreendem esses princpios, qualquer processo baseado neles no visto como a onda do ms, mas como um plano de ao que exemplifica um ou mais desses princpios. Quando os empregados aceitam esses princpios, eles podem ajudar a identificar, desenvolver e implementar planos de aes relevantes. Na realidade, o envolvimento dos empregados essencial para o desenvolvimento da cultura de segurana total (GELLER, 1994). 2.6. Gesto de riscos A gesto de riscos tem como finalidade a busca do equilbrio apropriado entre o reconhecimento de oportunidades de ganhos e a reduo de perdas. Ela integrante das boas prticas de gesto e tambm um elemento essencial da boa governana corporativa. Para que seja mais eficaz, a gesto de riscos deve passar a fazer parte da cultura da organizao e deve estar inserida na filosofia, nas prticas e nos processos de negcio da organizao, em vez de ser vista ou praticada como

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uma atividade em separado. Embora o conceito de risco seja freqentemente interpretado em termos de perigo ou impacto negativo, a gesto de riscos define os riscos como a exposio s conseqncias da incerteza ou como potenciais desvios do que foi planejado ou do que esperado. As organizaes que gerenciam seus riscos de maneira eficaz e eficiente tm maior probabilidade de atingir seus objetivos a um custo total menor. (DE CICCO, 2004) DE CICCO (2004) aborda ainda que o tratamento de riscos deve procurar entender como estes riscos surgem. Isso inclui a compreenso no somente das causas imediatas de um evento, mas tambm dos fatores chamados de causasraiz e elas tm origem nas necessidades, crenas e circunstncias implcitas.

C a u sa s R a iz

F o n te d e r is c o

C o n s e q n c ia s p o te n c ia is

C a u sa s R a iz C o n se q n c ia s p r - e v e n toM o d ific a o d a p ro b a b ilid a d e e d a s c o n se q n c ia s

E v e n to

C o n s e q n c ia s

T r a ta m e n to p s-e v e n toM o d ific a o d a s c o n se q n c ia s

Figura 8 - Esquema Geral para identificao da causa e tratamento de riscos (DE CICCO, 2004, p.56)

As causas-raiz podem incluir facetas da cultura organizacional, tais como prticas e processos que precisam mudar para que o risco no se materialize ou ocorra novamente. As abordagens utilizadas para identificar os riscos incluem: listas de verificao (checklists), fluxogramas, brainstorming, anlise de sistemas, anlise de cenrios e tcnicas de engenharia de sistemas, sendo que a abordagem depender da natureza das atividades que esto sendo analisadas criticamente, dos tipos de riscos, do contexto organizacional e da finalidade do estudo de gesto de riscos.

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Os detalhes do processo de gesto de riscos so mostrados conforme a figura abaixoE stab elecim en to d os con textosC ontexto intern o C ontexto ex terno C ontexto da gesto de risco s D esenv olv im en to de critrios D efin io da estrutu ra

Id en tificao d e riscoO q ue po de aco ntecer? Q u an do e o nde? C om o e po r qu?

Comunicao e consulta junto s partes interessadas

A n lise de riscos Identificar os controles existentes Monitoramento e anlise crtica D eterm inar as conseqncias D eterm inar a probabilidade

D eterm inar o nvel de risco A valiao d e riscos C om parar com critrios E stabelecer prioridades

T ratar os riscos?

Sim T ratam ento d e riscosIdentificar as o pes A n alisar e avaliar as opes P repara e im plem entar os plan os de tratam ento A n alisar e avaliar os riscos residuais

.Figura 9 - Processo de Gesto de Risco Detalhamento (DE CICCO, 2005, p.17)

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2.7. A Relao entre Aspectos Ambientais e SSO Outro importante aspecto a ser considerado a importncia da gesto responsvel pela questo ambiental, uma vez que o assunto est intimamente ligado Segurana e Sade Ocupacional nas empresas de fertilizantes. Disputas ideolgicas sobre o uso de fertilizantes minerais no deveriam ser permitidas para se tirar a ateno do principal problema, que o uso ineficiente de fertilizantes minerais que representam um desperdcio de recursos, uma grande perda econmica e que contribui para significativos problemas ambientais e, consequentemente, para a sade do trabalhador. Uma maior eficincia no uso de fertilizantes pode tambm reduzir o impacto ambiental. (ANDA, 2005b, p. 54). Silva (2006), destaca em seus estudos as principais fontes poluidoras encontradas na atmosfera, no solo e na gua. Evidenciou as substncias perigosas encontradas e seus efeitos nocivos sade humana como: Deposio Atmosfrica: observa o pesquisador que o fluxo de vento e, conseqentemente, as condies de difcil disperso dos poluentes dentro da rea de Cubato influenciadas pela topografia local uma grande preocupao. H um grande volume de emisses poluentes com altas concentraes de partculas inalveis. Em seu estudo, identificou-se 260 fontes, consideradas de importncia quanto ao seu impacto. So provenientes de indstrias qumicas, de fertilizantes, petroqumicas, celulose etc. Substncias perigosas como metais pesados, micronutrientes, rocha fosftica, enxofre, etc, provocam transtornos gastrintestinais, irritao da mucosa estomacal, vmitos, diarrias; o chumbo que em altas concentraes prejudica o sangue, os ossos e tecidos moles; o cromo, cuja exposio por via oral leva ao acmulo desse metal nos rins, fgado, pulmo, corao e pncreas. Solos Contaminados: Silva aponta, entre outros, a disposio de metais pesados; os depsitos irregulares de resduos slidos industriais que por sua proximidade ao rio Cubato, a montante da principal fonte de captao de gua da baixada santista, aumenta de modo significativo seu potencial de risco sade para a regio.

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Outra substncia de grande preocupao a amnia, que se inalado pode levar morte.

Apesar de no ser objeto dessa dissertao, como mencionado na seo secundria 1.3, importante mencionar os efeitos de fontes poluidoras em detrimento sade do trabalhador. Conclui-se com isso que ao implementar o SGSSO, deve-se buscar uma forma de integr-lo a outros sistemas, j existentes ou no, como o da qualidade e do meio ambiente.

19/01/200619619/01/2006

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3. METODOLOGIAEste captulo trata sobre a fundamentao e estrutura da proposta de pesquisa, apresenta a descrio do perfil da empresa, objeto do estudo de caso, onde foi aplicada a pesquisa de campo por meio de um questionrio, coleta dos dados, tratamento e anlise dos mesmos. 3.1. Descrio do perfil da empresa A empresa XYZ apresenta as seguintes caractersticas: Organizao privada; Sociedade annima de capital aberto; Localizada na Baixada Santista Estado de So Paulo Atua na produo de fertilizantes (cidos, fosfatados, nitrogenados e mistura NPK); Devido sazonalidade de produo trabalha com funcionrios no processo produtivo contratados por prazo determinados, denominados safristas; Jornada de trabalho em 3 turnos de oito horas todos os dias da semana; Certificada pelas normas NBR ISO 9000:2000 e 14000:96; Quadro de 650 funcionrios (prprios e terceiros); No incio da proposta do modelo de SGSSO a empresa possua somente indicadores reativos (TG e TF) e no havia uma cultura de segurana; Em relao ainda a SSO no possua nada organizado e seu histrico de acidentes era de muitos acidentes graves, com mutilaes e bitos. 3.2. Fundamentao e proposta de pesquisa Por ser um estudo de caso com coleta de dados, buscou-se uma reviso bibliogrfica adequada a metodologia a ser seguida. A metodologia baseia-se em algumas recomendaes das citaes bibliogrficas abaixo:

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BASTOS (2004) destaca que uma boa metodologia consiste na importncia da anlise e interpretao de dados de um levantamento de campo que por meio de questionrio tm-se como pontos relevantes: a elaborao adequada do questionrio, a correta tabulao dos dados obtidos, como foi definida a populao (universo da pesquisa) e a escolha da amostra calculada por meio de frmulas estatsticas apropriadas. Para GIL (1991), os fatores importantes e que devem ser considerados na anlise e interpretao dos dados so: estabelecer um planejamento da anlise dos dados coletados e trat-los de forma correta para ter-se uma base precisa dos resultados obtidos. SALOMON (2001) e KCHE (2003) salientam que alguns fatores so importantes como: em estudos de casos, o diagnstico do problema a ser estudado leva personalizao do problema e por isso pode facilitar a interao dos fatos que produzem mudana, porm o processo de investigao que se interessa em descobrir a relao existente entre os aspectos, fatos, situaes e acontecimentos devem ser cuidadosamente extrados dos dados levantados durante a pesquisa cientfica realizada. Os autores acima ressaltam a importncia da anlise, interpretao de dados obtidos, a correta definio da populao, tamanho da amostra e o diagnstico de caso que leva a personalizao do problema. 3.3. Coleta de dados A coleta de dados uma etapa do trabalho que por se tratar de pesquisa de campo tem-se que ter alguns cuidados. MOREIRA (2000) apud MAFFEI (2001), destaca que as entrevistas utilizando questionrios podem ser padronizadas ou no, destaca ainda que a elaborao do questionrio depende de dois aspectos: a forma das questes ( perguntas ou afirmativas, questes abertas ou fechadas). Menciona ainda que os fatores que compem um questionrio so os seguintes: dados de identificao do respondente; instrues/orientaes de preenchimento;

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pedido de cooperao; informaes a serem pesquisadas.

Aps a anlise e interpretao das recomendaes dos autores anteriormente estudados, decidiu-se aplicar um questionrio com questes de mltipla escolha para identificar os anseios e problemas que efetivamente ocorriam na empresa XYZ ( vide Apndice C Questionrio sobre Segurana) Esse levantamento da pesquisa de campo ocorreu em maio de 2005, pela rea de treinamento da empresa XYZ de fertilizantes, onde aplicou-se o questionrio acima citado. Para determinar-se o tamanho da amostra a ser estudada, os seguintes dados foram utilizados: populao finita, intervalo de confiana de 99%, varivel nominal e erro amostral de 3%. Com base nessas variveis, aplicou-se o modelo estatstico estabelecido por MARTINS (2002, p.187), de acordo com a equao abaixo:

n=

Z2 x p x q x N d2 x (N 1) + (Z2 x p x q)

Em que: Z = intervalo de confiana; _ _ p e q = so valores adotados; N = tamanho da amostra; d = erro amostral Logo temos: Z = 99 %; _ _ p e q = 0,50; N = 650 funcionrios (prprios e terceiros); d = 3%

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n=

[(0,99) 2 x(0,5) x(0,5) x(650)] {[(0,03) 2 x(650 1)] + [(0,99) 2 x(0,5) x(0,5)]}n = 192 funcionrios

As respostas do questionrio aplicado foram tabuladas para explicitar o resultado da pesquisa e quais os pontos mais importantes dentro de uma cultura pr-ativa, voltada para a segurana, devem ser trabalhados. Os resultados relevantes so apresentados na tabela 2 e a anlise da tabulao das respostas do questionrio encontram-se no Apndice D. Com relao ao Apndice D, as respostas em negrito foram consideradas de maior relevncia pelos colaboradores que participaram da amostragem. De acordo com esses resultados, foi possvel determinar quais os pontos importantes para nortear o SGSSO e que abordado no captulo a seguir.

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4. APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS OBTIDOS NA PESQUISA DE CAMPO E DO SISTEMA DE GESTO DE SEGURANA E SADE OCUPACIONAL (SGSSO)Esse captulo trata da apresentao dos resultados obtidos e da apresentao do Sistema de Gesto de Segurana e Sade Ocupacional. Alm do Sistema de Gesto, indica-se adicionalmente um sistema informatizado para registro de incidentes, grupos de trabalho de colaboradores e comunicao direta, visando uma maior integrao entre a empresa e seus colaboradores. Outro ponto relevante foi a exposio do SGSSO ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indstrias Qumicas, Farmacuticas e de Fertilizantes da Baixada Santista, entidade que avaliou positivamente o modelo de gesto proposto vide anexo 3. 4.1. Apresentao dos resultados na pesquisa de campo Elaborou-se a tabela 2 com os resultados relevantes extrados da pesquisa de campo. Com esses pontos relevantes temos um Sistema de Gesto de Segurana e Sade Ocupacional, que alm de atender a todos os pr-requisitos legais, tambm apresentasse um enfoque nas melhorias organizacionais e na utilizao de um comportamento pr-ativo.Tabela 2 Resultados relevantes obtidos por meio dos Dados da Pesquisa Questo 01 02 03 04 05 Pontos Relevantes Dar maior enfoque nos procedimentos de tarefas e treinamento. Anlises de tarefas que precisam ser refeitas e re-treinadas, com base na experincia dos operadores. Discrepncia entre a viso das reais necessidades dos operadores e chefia. Indicando falha na comunicao operador x chefia. Apesar de existir um comprometimento da chefia com a segurana, nem todos conhecem os procedimentos corretos. Necessidade de alinhamento entre as normas de segurana da empresa com os prestadores de servio. H uma boa comunicao entre operadores, independentemente das turmas.

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06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17

Apesar de demonstrar melhorias com as certificaes, quando se implanta o sistema de segurana, precisa ser adequado a nossa realidade. Falta efetiva de informao e participao na CIPA. conhecida a necessidade dos EPIs, mas sem a presena de postura pr-ativa com os colegas. Apesar de investimentos em segurana, h falha na definio de prioridades em relao proteo dos equipamentos. Necessidade de reforar o treinamento quanto s normas de segurana. Os safristas so treinados, mas sem foco na segurana. Foco excessivo na produo em detrimento da segurana. Falta de comprometimento com a segurana, por parte dos prestadores de servio motivado pelas diferenas dos benefcios. Falha na comunicao e no aproveitamento das idias oriundas dos operadores. Insegurana em opinar frente chefia. A metodologia da multifuncionalidade um estmulo ao desenvolvimento do trabalhador. conhecida a necessidade dos EPIs, mas as opinies dos operadores no so levadas em conta.

4.2. Estruturao do sistema de gesto de segurana e sade ocupacional SGSSO A estruturao do SGSSO composto por onze mdulos conforme figura 10. O detalhe de cada mdulo explicado na seqncia. 4.2.1. Estrutura O Sistema de Gesto de Segurana e Sade Ocupacional (SGSSO) estruturado no modelo de gesto do P.D.C.A. (Plan, Do, Check, Action). Este sistema formado por um conjunto de procedimentos divididos em onze mdulos, demonstrado na figura 10, e de acordo com o Anexo 1 - Guia de Implantao dos Procedimentos dos Mdulos do SGSSO.

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Figura 10 Sistema de Gesto de Segurana e Sade Ocupacional

Estes mdulos so: 1. Inspeo de Equipamentos: tem a finalidade de estabelecer procedimentos para o gerenciamento da adequao de no conformidades em SSO, por meio de rotinas de inspees dos equipamentos, classificao s prioridades e aes de melhorias. A priorizao das no conformidades encontradas, seguir o estabelecido no mdulo 9, descrito a seguir, levando-se em considerao a gravidade ou severidade X probabilidade de ocorrncia. 2. Controle de Processos: tem a finalidade de estabelecer procedimentos visando reduo de riscos de acidentes ao trabalhador e s instalaes industriais, procurando identificar as fontes de risco e atuando na preveno desses possveis problemas, principalmente relacionados a incndios, exploses, liberaes acidentais de produtos qumicos, e uma anlise criteriosa quando houver modificaes ou introdues de novos processos produtivos. 3. Comunicao e Anlise de Acidentes: tm a finalidade de estabelecer procedimentos para a efetiva comunicao de acidentes ocorridos s partes interessadas, assim como a sua anlise de modo a identificar as reais causas e providenciar as aes corretivas e preventivas que se fizerem necessrias.

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4. Atendimento Emergncia: busca o estabelecimento de requisitos mnimos para a garantia de um adequado preparo e atendimento s emergncias, primeiros socorros e atendimento fiscalizao de rgos governamentais. 5. Gerenciamento de Rotina: estabelece procedimentos para a melhoria contnua das melhores condies de trabalho nas unidades, visando manter em suas instalaes um ambiente adequado, que no crie problemas sade e segurana dos que l trabalham, sejam eles funcionrios prprios ou prestadores de servio. 6. Treinamentos: estabelece as diretrizes para o atendimento aos treinamentos com foco em SSO, assegurando o atendimento legislao vigente e os requisitos do SGSSO. O SGSSO estabelece como 1 etapa, o treinamento especfico dos colaboradores recm contratados por um perodo de 15 (quinze) dias, capacitando e mostrando-lhes a organizao como um todo. Neste mdulo o colaborador conhece a poltica e a cultura organizacional da empresa, bem como o conhecimento terico do processo produtivo, os perigos e as precaues do setor de trabalho o qual ele ser destinado durante sua jornada de trabalho. Em uma 2 etapa do treinamento, o colaborador dever passar por treinamentos especficos j em seu local de trabalho, possibilitando ao colaborador um maior conhecimento da rea (ARTs Anlise de Risco da Tarefa e ITs Instrues de Trabalho) e uma melhor integrao com os seus futuros colegas de trabalhos. Os objetivos primordiais desses treinamentos so o de proporcionar ao colaborador uma maior capacidade de interao com seu meio de trabalho e um melhor conhecimento do SGSSO, dos riscos, perigos e procedimentos das reas fabris. ROBBINS (2005) refora a importncia dos novos colaboradores estarem familiarizados com a cultura da nova organizao, seus valores, suas crenas e costumes. Cita a importncia de se propiciar a ambientao desses novos colaboradores e que as organizaes devem procurar modos para sua integrao, vindo assim reforar ainda mais o estabelecido nesse mdulo.

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Como se observa na Figura 11, o grau de experincia de cada colaborador tem uma relao direta ao tempo de experincia, ou seja, quanto maior o tempo do funcionrio em uma determinada funo, maior o seu conhecimento.

Grau de experincia

Tempo de experincia

Figura 11 Curva de Experincia adaptado de MACDO (2006).

Contudo, um ponto importante que dever ser analisado a relao do grau de conhecimento obtido com o tempo de servio do colaborador e a probabilidade de ocorrncia de acidente. Como se verifica na Figura 12, o ponto de inflexo da curva mostra o perodo ideal para a aplicao de treinamentos que visam reciclagem dos mtodos e procedimentos do setor de trabalho, bem como a poltica e os conceitos e culturais da instituio. A inflexo da curva e conseqentemente o possvel aumento da probabilidade de acidentes so frutos da alta confiana obtida pelo colaborador ao longo do tempo, sua atitude e o seu fator comportamental.Probabilidade de Acidentes

Ponto de equilbrio

Tempo de experincia

Figura 12 Probabilidade de Acidentes x Tempo de Experincia - adaptado de MACDO (2006).

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7. Segurana

do

Produto:

estabelece

procedimentos

em

relao

preservao da sade e segurana em todas as fases do desenvolvimento, produo, armazenagem, manuseio, utilizao e descarte de produtos qumicos. Alm disso, tem a finalidade de estabelecer procedimentos de manuseio, movimentao e armazenagem de produtos perigosos tais como: cido sulfrico, nitratos, cloretos, amnia, etc. 8. Prestadores de Servio: estabelece procedimentos para assegurar que todos os terceiros estejam executando servios nas instalaes da empresa, atendendo a poltica de segurana estabelecida pelo SGSSO e requisitos legais. 9. Na contratao dos prestadores de servios deve se exigir o real conhecimento dos perigos e a rigorosa obedincia das anlises de riscos de tarefas e das instrues de trabalhos, conforme anexo 2. 10. Outro ponto a ser observado deixar claro que como prestadores de servios, eles tm as mesmas obrigaes e direitos dos funcionrios da empresa. Portanto, em sua integrao estabelece as mesmas rotinas e alertas que so realizados quando de um novo colaborador. 11. Gesto de Riscos: de acordo com DE CICCO (2003) a gesto de risco refere-se identidade de variaes potenciais em relao ao que se planeja ou se espera, e gesto dessas variaes para que seja possvel maximizar oportunidades, minimizar perdas e melhorar as decises e os resultados. Gerenciar riscos significa identificar oportunidades e utiliz-las para, melhorar o desempenho, bem como implementar aes para evitar ou reduzir as possibilidades de que algo saia errado. Sistemas de gesto de riscos so fundamentadas de acordo com os seguintes parmetros: viso futura e profunda dos acontecimentos, comunicao, raciocnio equilibrado e responsabilidade na tomada de decises. Com isso alguns benefcios, segundo DE CICCO (2003), so alcanados como a reduo das surpresas (imprevistos), aproveitamento das oportunidades, melhoria do planejamento, desempenho e eficcia, economia e eficincia, melhoria das relaes das partes envolvidas e das informaes para a tomada de deciso, melhoria da reputao e/ou imagem da organizao, proteo de diretores e gerentes, responsabilidade, garantia e bem estar pessoal.

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Para a anlise preliminar dos possveis riscos, ou seja, as verificaes e aes preventivas e/ou corretivas que devero ser tomadas pelos responsveis, o SGSSO segue o seguinte modelo para identificao das condies inseguras: por meio da figura 13, verifica-se que h a alimentao de dados das condies inseguras por todas as partes envolvidas (DDS Dilogo Dirio de Segurana, CIPA Comit Interno de Preveno de Acidentes, comunicao direta dos funcionrios ou prestadores de servios etc.) na organizao da empresa de fertilizante XYZ, que ser avaliada e priorizada de acordo com a gravidade ou severidade e a probabilidade da ocorrncia conforme explicado na seqncia, para a posterior anlise de risco da tarefa em questo.

COLABORADORES (administrao, produo, terceiros, etc.) CIPA

DDS

Condies Inseguras

PRIORIDADE

COMUNICAO DIRETA PARTES DIRETAS

ANLISE DE RISCO DA TAREFA

Figura 13: Modelo Bsico para Anlise das Condies Inseguras - de prpria autoria.

As priorizaes das condies inseguras propostas pelo SGSSO foram baseadas e adaptadas de SALIM (2002), que relaciona a condio de risco, gravidade ou severidade e a probabilidade da ocorrncia. A condio de risco (CAT) definida como os danos provocados pela condio insegura e resultada em acidente, sendo que a probabilidade da ocorrncia (PO) a possibilidade da ocorrncia de acidente.

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A CAT entendida e quantificada e qualificada conforme a Tabela 3.Tabela 3 Critrio de avaliao quantitativa e qualitativa da condio de risco (CAT)Gravidade da Leso Critrio So aqueles que provacam pequenos danos ao trabalhador (pequenas leses, contuses, gripes, cortes, virose,etc.) e que afastam o trabalhador no mximo 15 dias de sua funo. So aqueles que provocam danos ao trabalhador tais como: queimaduras, fraturas, cortes profundos, etc, e afastam o colaborador por mais de 15 dias mas com previso de retorno So aqueles que provocam grandes danos ao trabalhador tais como: fraturas graves , contaminaes e intoxicaes graves , amputaes, mortes, etc, e afastam o colaborador por mais tempo indeterminado ou definitivo, podendo provocar invalidez parcial ou total. Pontuao

BAIXA

1

MDIA

2

ALTA

3

Adaptado: SALIM (2002)

E PO tambm quantificado e qualificado de acordo com a Tabela 4,Tabela 4 Critrio de avaliao quantitativa e qualitativa da probabilidade da ocorrncia (PO)Probabilidade Critrio Acidentes improvveis de ocorrer, ou seja, as medidas de controle existentes so consideradas eficientes. Acidentes provveis de ocorrer, ou seja, j houve relatos de acidentes e as medidas de controle existentes no so consideradas totalmente eficientes. Pontuao

BAIXA

1

MDIA

2

ALTA

So acidentes com grande possibilidade de ocorrer, ou seja, j houve relatos de acidentes e as medidas de controle existentes no do garantias nenhuma de eficincia.

3

Adaptado: SALIM (2002)

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Com isso, a relao entre CAT e PO define a importncia da condio insegura encontrada e que estabelecida de acordo com o Quadro 2.

Quadro 2 - Relao entre CAT e PO.

Adaptado SALIM (2002).

Por fim, a condio insegura encontrada analisada e caracterizada por meio do fluxograma de processo de gesto de riscos, em que os responsveis pelo SGSSO, juntamente com a direo da organizao devero estabelecer metas e procedimento para a minimizao e/ou excluso da condio insegura em questo.

58Elabora a Anlise De Risco de Tarefa

Revisa a Anlise De Risco De Tarefa

Revisa a Anlise De Risco De Tarefa

No

Sim

OK

Aprova a Anlise De Risco De Tarefa

No OK?

Sim

Treina os funcionrios na Anlise de Risco

Envia para Secretaria NormativaAnlise de Risco no SIG

Disponibiliza a

Houve alterao no Processo, Riscos, Medidas de Controle

Solicita as assinaturas e disponibiliza as ARTs nas pastas

RESPONSABILIDADESSUPERVISOR DE REA / OPERADOR / TEC. SEGURANA

ENG SEGURANASim No

OK

Fim

GERNCIA INDUSTRIAL SECRETARIA NORMATIVA

Figura 14: Fluxograma de Processo de Gesto de Riscos - adaptado de Barreiros (2002)

Outro ponto importante seria catalogar todas as condies inseguras identificadas para que todos possam acompanhar as melhorias que esto sendo introduzidas. Esse catlogo deve estar acessvel por meio eletrnico e sempre ter em seu registro a condio identificada antes e depois de sua melhoria, criando assim, um banco de dados para futuras consultas ou mesmo troca de experincias com outras empresas. Antes Depois

Figura 15 - Condies inseguras - Correias Transportadoras

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Antes

Depois

Figura 16 - Condies inseguras - Freio Elevadores.

12. Trabalho em Altura: tem a finalidade de identificar as necessidades e buscar alternativas para tornar a tarefa mais segura, estabelecendo procedimentos de padronizao do trabalho em altura, tanto com relao a recursos materiais, como na gesto de pessoas, envolvendo todos os colaboradores da instituio. Para esse propsito, este mdulo foi divido em trs etapas de implementao: identificar as principais carncias de informao sobre trabalho em altura; realizar uma avaliao crtica em todas as instrues internas sobre trabalho em altura; elaborao e implantao atualizada dos procedimentos e requisitos legais relacionados ao sobre trabalho em altura com todos os colaboradores que realizam tal atividade.

Figura 17 Utilizao do cinto de segurana

13. Expedio Carregamento e Recebimento de Matrias Primas: tem a finalidade de estabelecer a padronizao dos procedimentos de

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carregamento

e

recebimento

de

matrias-prima,

verificando-se

a

adequao dos locais e sua correta armazenagem, principalmente quando se tratam de produtos qumicos, capacitar os colaboradores envolvidos; estabelecer os epis necessrios para a execuo das tarefas; condio dos locais de trabalho, etc. Como citado no mdulo 7, os manuseios destes produtos devero seguir os procedimentos legais estabelecidos pelas organizaes federais, estaduais e municipais. Alm disso, todos os meios de transporte de matrias-primas sejam eles por meio de tubovias, caminhes, trens, avies entre outros devero seguir normas e regimentos estabelecidos pelo SGSSO. 14. Como primeiro passo para a implantao do SGSSO, algumas aes preventivas foram tomadas no setor de expedio pelo comit de implementao do SGSSO, com o intuito de conscientizar os colaboradores da empresa XYZ de fertilizantes, focando a importncia das aes preventivas e do fator comportamental responsvel dos colaboradores como mostram as Figuras 18 e 19.

Figura 18 Anti-quedas para o carregamento de caminhes

Figura 19 Carregamento de vages

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Com isso, buscou-se encontrar uma maneira prevencionista de se eliminar ou minimizar as condies inseguras para os trabalhadores daqueles setores. A Poltica de Segurana e Sade Ocupacional deve ser autorizada pela alta Administrao, declarando claramente os objetivos globais de sade e segurana e o compromisso da melhoria contnua do seu desempenho nessa rea, devendo ser compatvel com as polticas gerais da empresa e com os seus sistemas de gesto ambiental e da qualidade. A Poltica de Segurana e Sade Ocupacional deve ser divulgada a todos os funcionrios e prestadores de servio, visando conscientiz-los de suas obrigaes pessoais com relao sade e segurana no trabalho, e estar disponvel s partes interessadas. Alm disso, a poltica deve ser revisada periodicamente para assegurar que permanea relevante e adequada organizao. 4.2.2. Responsabilidades Para que o SGSSO tenha xito faz-se necessrio o claro estabelecimento das responsabilidades nos diversos nveis hierrquicos. Direo: tem a responsabilidade de estabelecer a Poltica de Segurana e Sade Ocupacional, declarando claramente os objetivos globais em relao sade e segurana e o seu compromisso em busca de melhoria contnua. Ela deve garantir o cumprimento das polticas e diretrizes do SGSSO e revisar periodicamente a poltica estabelecida, para garantir que permanea relevante e adequada organizao. Gerentes Industriais: responsveis pela implantao do SGSSO nas unidades sob sua responsabilidade, coordenando o comit de implantao. Eles devem cumprir e disseminar as polticas e as diretrizes do sistema de gesto, acompanhar o andamento de implantao do programa, conforme os resultados das auditorias internas. Comit de Implantao e Coordenao nas Unidades: implantar e coordenar os mdulos estabelecidos no SGSSO na unidade em que trabalha, elaborar os planos de ao necessrios de acordo com as diretrizes dos responsveis, envolver e motivar os funcionrios, incentivando uma postura proativa e a troca de experincias, visando a mudana da cultura de segurana da organizao.

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Auditores Internos: realizam as auditorias internas peridicas do programa, de forma a evidenciar o cumprimento dos objetivos estabelecidos. Comit de Segurana e Sade Ocupacional: auxilia no suporte tcnico na implementao do SGSSO