sistema de gerenciamento da seguranÇa operacional

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALEXANDRE VIEIRA SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL Palhoça 2020

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Page 1: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ALEXANDRE VIEIRA

SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

Palhoça

2020

Page 2: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

ALEXANDRE VIEIRA

SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

Monografia apresentada ao Curso de

graduação em Ciências Aeronáuticas, da

Universidade do Sul de Santa Catarina, como

requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel.

Orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

Palhoça

2020

Page 3: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

ALEXANDRE VIEIRA

SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

Esta monografia foi julgada adequada à

obtenção do título de Bacharel em Ciências

Aeronáuticas e aprovada em sua forma final

pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da

Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 05 de Junho de 2020

__________________________________________

Orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

__________________________________________

Prof. Cléo Marcus Garcia, MSc.

Page 4: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

Dedico este trabalho a minha esposa e filhas,

pelo incentivo da volta aos estudos mesmo

após ter finalizado o ensino médio a mais de

20 anos, pela paciência e apoio para manter

foco nos estudos e não desistir e, por fim, aos

meus pais que sempre me apoiaram do início

da minha carreira até hoje.

Page 5: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pela oportunidade de, pela

capacidade cognitiva e saúde, realizar este trabalho. A minha esposa e filhas pelo apoio

incondicional dado até o presente momento, pois sem apoio delas, possivelmente, não tivesse

iniciado o curso de Ciências Aeronáuticas, aos meus estimados professores desde o primário

se esforçam para passar o seus conhecimentos aos seus alunos, muitas vezes sem a

remuneração merecida, e, muitos deles, ensinando muito mais do que lhe fora exigido. Ao

meu orientador, Prof. Orientador Joel Irineu Lohn, MSc, pelas orientações oferecidas e, por

fim, aos meus amigos e colegas de universidade, pelas várias orientações em disciplinas que

tive dificuldades no decorrer desta graduação.

Page 6: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

Há um grande desejo em mim de sempre melhorar. Melhorar. É o que me

faz feliz. E sempre que sinto que estou aprendendo menos, que a curva de

aprendizado está nivelando, ou seja o que for, então não fico muito contente.

E isso se aplica não só profissionalmente, como piloto, mas como pessoa.

(SILVA, Ayrton Senna, [1960-1994]).

Page 7: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

RESUMO

A presente pesquisa tem por objetivo analisar os aspectos históricos, a forma de atuação e a

importância no cenário da aviação do tema Sistema de Gerenciamento da Segurança

Operacional (SGSO). A metodologia utilizada empregará uma pesquisa descritiva, com

procedimento bibliográfico e documental, e abordagem qualitativa. Com a pesquisa foi

possível atingir os resultados planejados e expor de forma sintetizada as principais

características do sistema. O SGSO é um sistema que envolve toda organização na busca de

uma constante evolução da segurança operacional. Seu desenvolvimento começou com

verificação de que os acidentes ocorriam também por fatores organizacionais e não apenas

humanos e materiais. Com essa constatação a OACI deu inicio a concepção do sistema que

foi finalmente sintetizado no Anexo 19. Para que todo o sistema seja seguido, o mesmo é

baseado em uma série de regulamentos e manuais que guiam as organizações ao alcance dos

seus objetivos. O sistema é composto por quatro componentes interligados que, com seus

respectivos elementos, proporcionam às organizações os meios para realizar o planejamento,

implantação e operação do sistema, sendo estes detalhados nesta pesquisa. Com a pesquisa é

possível concluir que o SGSO é um sistema composto por componentes e processos que

dependem, principalmente, da atitude positiva do Estado e das organizações para sua

implantação e operação, além de trazer uma abordagem preditiva e proativa para prevenção

de acidentes, elevando assim os índices de segurança.

Palavras-chave: Aviação. Prevenção de acidentes. Segurança Operacional. SGSO.

Page 8: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

ABSTRACT

The present research aims to analyze the historical aspects, the way of acting and the

importance in the aviation scenario of the theme of Operational Safety Management System.

The methodology used will employ a descriptive research, with bibliographic and

documentary procedure, and a qualitative approach. With the research it was possible to

achieve the planned results and expose in a synthesized way the main characteristics of the

system. SGSO is a system that involves every organization in the search for a constant

evolution of operational safety. Its development began with the verification that accidents also

occurred due to organizational factors and not only human and material. With this

observation, ICAO initiated the conception of the system, which was finally summarized in

Annex 19. In order for the entire system to be followed, it is based on a series of regulations

and manuals that guide organizations in achieving their objectives. The system consists of

four interconnected components that, with their respective elements, provide organizations

with the means to carry out the planning, implementation and operation of the system, which

are detailed in this research. With the research, it is possible to conclude that the SGSO is a

system composed of components and processes that depend, mainly, on the positive attitude

of the State and the organizations for its implantation and operation, besides bringing a

predictive and proactive approach for accident prevention, raising thus the safety indexes.

Keywords: Accidents prevention. Aviation. Operational Security. SGSO.

Page 9: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LISTA DE SIGLAS

ALARP

ANAC

CENIPA

CEO

CIAC

COMAER

CRM

CSO

ESO

FAA

GASO

GR

GRSO

GSO

IS

ISO

MCA

MGSO

NADSO

OACI

PRE

PSAC

PSO-BR

PSOE

RBAC

SGQ

SGSO

SMM

SSP

SSSO

As Low As Reasonably Practicable

Agência Nacional de Aviação Civil

Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

Chief Executive Officer

Centro de Instrução de Aviação Civil

Comando da Aeronáutica

Crew Resource Management

Comissão de Segurança Operacional

Eventos de Segurança Operacional

Federal Aviation Administration

Grupo de Ação de Segurança Operacional

Gestor Responsável

Gerenciamento de Risco a Segurança Operacional

Garantia da Segurança Operacional

Instrução Suplementar

International Organization for Standartdization

Manual do Comando da Aeronáutica

Manual de Gerenciamento de Segurança Operacional

Nível Aceitável de Desempenho da Segurança Operacional

Organização da Aviação Civil Internacional

Plano de Resposta a Emergências

Prestador de Serviço de Aviação Civil

Programa Brasileiro para a segurança operacional da aviação civil

Programa de Segurança Operacional Específico

Regulamento Brasileiro da Aviação Civil

Sistema de Gestão de Qualidade

Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional

Safety Management Manual

State Safety Program

Sistema de Supervisão da Segurança Operacional

Page 10: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................. 13

1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 13

1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 13

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 14

1.4 METODOLOGIA .............................................................................................. 14

1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo da pesquisa .................................................................. 14

1.4.2 População amostra ou Sujeitos da pesquisa ou Materiais e métodos .................... 15

1.4.3 Procedimentos De Coleta De Dados ......................................................................... 15

1.4.4 Procedimentos De Análise Dos Dados ...................................................................... 15

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................................... 15

2 SURGIMENTO DO SGSO ................................................................................... 17

3 O QUE É O SGSO? .............................................................................................. 20

3.1 RELAÇÃO ENTRE SGSO E SGQ ...................................................................... 21

3.2 O QUE NÃO É O SGSO ..................................................................................... 22

3.3 PROCESSOS CHAVE DO SGSO........................................................................ 23

4 REGULAÇÃO VOLTADA AO SGSO .................................................................. 25

4.1 REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA ................................................................. 27

4.1.1 Regulamentação voltada aos PSAC .......................................................................... 28

4.1.1.1 Oficinas de manutenção ................................................................................ 28

4.1.1.2 Operador de Aeródromo ................................................................................ 28

4.1.1.3 Operador Aeroagrícola .................................................................................. 29

4.1.1.4 Centros de Instrução de Aviação Civil ............................................................ 29

4.1.1.5 Operadores 135 ............................................................................................ 30

4.1.1.6 Operadores 121 ............................................................................................ 30

4.1.1.7 Pequenos provedores de serviço da aviação civil .............................................. 31

5 COMPONENTES E ELEMENTOS DO SGSO ..................................................... 32

5.1 POLÍTICA E OBJETIVOS DA SEGURANÇA OPERACIONAL ........................... 33

5.1.1 Política da segurança operacional ............................................................................ 33

5.1.2 Objetivos de segurança operacional ......................................................................... 35

5.1.3 Elemento 1.1 – Responsabilidade e comprometimento da alta direção ................ 36

5.1.4 Elemento 1.2 – Responsabilidade primária sobre a segurança operacional......... 36

5.1.5 Elemento 1.3 – Designação do pessoal-chave de segurança operacional .............. 37

5.1.6 Elemento 1.4 – Coordenação do plano de resposta à emergência ......................... 39

5.1.7 Elemento 1.5 – Documentação do SGSO ................................................................. 40

5.2 GERENCIAMENTO DE RISCO À SEGURANÇA OPERACIONAL ..................... 41

5.2.1 Elemento 2.1 – Processo de identificação de perigos .............................................. 42

Page 11: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

5.2.2 Elemento 2.2 – Processo de avaliação e controle de riscos ..................................... 44

5.2.2.1 Probabilidade de ocorrência ........................................................................... 44

5.2.2.2 Severidade da ocorrência ............................................................................... 45

5.2.2.3 Matriz de risco ............................................................................................. 45

5.2.2.4 Eliminar ou mitigar o risco ............................................................................ 46

5.3 GARANTIA DA SEGURANÇA OPERACIONAL ................................................ 48

5.3.1 Elemento 3.1 – Processo de monitoramento e medição do desempenho da

segurança operacional ......................................................................................................... 49

5.3.2 Elemento 3.2 – Processo de gerenciamento de mudanças ...................................... 49

5.3.3 Elemento 3.3 – Processo de melhora contínua do SGSO ........................................ 50

5.3.4 Relação entre GRSO e GSO ...................................................................................... 52

5.4 PROMOÇÃO DA SEGURANÇA OPERACIONAL .............................................. 52

5.4.1 Elemento 4.1 – Treinamento e qualificação ............................................................. 53

5.4.2 Elemento 4.2 – Divulgação do SGSO e da comunicação acerca da segurança

operacional. .......................................................................................................................... 54

6 FASES DE IMPLANTAÇÃO DO SGSO ............................................................... 56

6.1 FASE I – PLANEJAMENTO .............................................................................. 56

6.2 FASE II – PROCESSOS REATIVOS ................................................................... 58

6.3 FASE III – GESTÃO DE PROCESSOS PREDITIVOS E PROATIVOS DE

SEGURANÇA ......................................................................................................... 59

6.4 FASE IV – GARANTIA DA SEGURANÇA OPERACIONAL ............................... 60

6.5 PLANEJAMENTO ............................................................................................ 61

6.6 OPERAÇÃO ..................................................................................................... 62

7 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 66

Page 12: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

11

1 INTRODUÇÃO

A aviação é popularmente conhecida como um dos meios de transporte mais seguros

do mundo devido ao seu baixo índice de acidentes e elevado nível técnico de todos os seus

participantes. Tanto a equipe que carrega a aeronave com bagagens quanto os pilotos, que

ficam na ponta de toda operação, recebem treinamento prévio específico. De acordo com a

ANAC (2018) no seu Relatório Anual de Segurança Operacional (RASO), a aviação de

transporte aéreo regular no Brasil mantém o incrível número de zero acidente com fatalidades

desde 2012, algo extraordinário para aviação brasileira, trazendo tranquilidade para

tripulações e passageiros. Esse elevado nível de segurança é possível graças a sistemas que

estão presentes em toda a aviação, conectando a maioria dos elementos em busca de um maior

nível de segurança.

A aviação, conforme o professor LEMOS (2012), foi desenvolvida de forma mais

veloz durante os nossos dois maiores conflitos mundiais, tanto em número quanto em

desempenho. Após estes períodos, muitas aeronaves e tecnologias desenvolvidas foram

empregadas na aviação civil e uma das consequências deste desenvolvimento fora a redução

de distâncias, trazendo facilidades e uma agilidade enorme para romper fronteiras,

principalmente devido aos avanços alcançados na navegação aérea, comunicações, sistema de

radares e pressurização. Agora, com tais avanços, uma viagem do Brasil aos Estados Unidos

se resume em um dia e não mais em um mês. Toda essa nova realidade trouxe muitas

implicações e, de acordo com o professor SANTOS (2014), uma delas foi um

desenvolvimento desordenado, havendo assim a necessidade de um esforço mundial para

padronização de sistemas e procedimentos para que todas as pessoas, na maior parte do

mundo, falassem a mesma “língua” no campo da aviação, buscando maior segurança e

facilidades quando se pretendia realizar um voo internacional. Diante de tais fatos, o governo

dos EUA promoveu, em 1944, na cidade de Chicago, a convenção de Chicago que levou ao

surgimento da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), um órgão internacional

que trouxe uma infinidade de padrões e, de acordo com a ANAC ([2020]), para atingir maior

padronização sobre os vários assuntos na aviação civil internacional, esta emitiu documentos

conhecidos como anexos, sendo esses anexos respeitados em muitos países signatários ao

redor do globo.

Dente os anexos existentes, de acordo com a ANAC (2018), existe o anexo 13 que

fornece diretrizes para atuação dos órgãos responsáveis pela investigação e prevenção de

acidentes aeronáuticos, ficando como principal responsável pela segurança na aviação até o

Page 13: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

12

ano de 2013, quando a OACI instituiu o anexo 19, que compilou as alterações existentes em

outros anexos que fundamentavam o Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional

(SGSO) em único documento, servindo de base para a elaboração de um sistema de gestão de

segurança para vários países.

A aviação possui um rigoroso sistema de investigação de acidentes aeronáuticos,

principalmente, porque estes fornecem informações importantes para a prevenção de novos

acidentes, porém esta lógica exige, como se pode imaginar, que o sistema rompa e haja perda

de vidas e de bens materiais. De acordo com SANTOS (2014), ao se analisar os documentos

que mostram o histórico de prevenção de acidentes no Brasil, observa-se que existe com

frequência a palavra investigação, algo que era fruto de uma cultura reativa. O Brasil teve o

mérito de ter evoluído e um sistema reativo para um sistema preventivo, onde a investigação é

apenas mais uma forma de prevenir acidentes.

Na MCA 3-3/2012, que trabalha a metodologia e os procedimentos para prevenção

de ocorrências, encontram-se alguns princípios do SIPAER, podem-se extrair os que se

destacam para o presente trabalho de conclusão de curso e estes são os de que todo acidente

deve ser evitado, que todo acidente resulta de uma sequência de eventos e nunca de uma causa

isolada e que todo acidente tem um precedente. Diante destes princípios percebe-se que é

possível ser aplicado uma visão sistêmica para romper a sequência de eventos e precedentes

para que, desta forma, ocorra à quebra dos elos de eventos que levam a acidentes

aeronáuticos.

De acordo ANAC ([2015]) a OACI implantou efetivamente o Safety Management

System (SMS) em 2009, traduzido para Brasil como sistema de gerenciamento de segurança

operacional, elevando o conceito de segurança de voo para uma abordagem mais ampla e

sistêmica que busca encontrar falhas em todos os aspectos que envolvem a segurança nas

operações, gerando uma melhoria contínua nos níveis de segurança.

O SGSO é notoriamente reconhecido por integrar toda a organização e em todos os

seus aspectos na árdua tarefa de elevação da segurança operacional, esta afirmativa pode ser

observada na fala de William R. Voss, ex-presidente da Flight Safety Foundation, a

executivos de companhias aéreas sobre a importância do SGSO em uma organização:

Page 14: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

13

Cada passo que sua organização dê nesse sentido a tornará mais segura e mais

competitiva. É possível que o sistema de gerenciamento da segurança operacional

identifique algum problema que, se não fosse corrigido, poderia acabar com a sua

empresa, mas esse não é seu verdadeiro fruto. Esse mesmo SGSO identificará,

constantemente, os milhares de pequenos problemas que atravancam suas operações,

destroem sua eficiência e impactam de forma prejudicial o equilíbrio dos negócios.

(VOSS, William R., 2012)

A missão deste trabalho é apresentar os aspectos históricos do SGSO, como está

regulamentado para as empresas do Brasil, como se da sua estruturação, implantação e, de

maneira geral, observar qual a sua essência.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

O problema da pesquisa se baseia na seguinte questão:

Qual a importância e como funciona o Sistema de Gerenciamento da Segurança

Operacional (SGSO) no cenário da aviação civil?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar os aspectos históricos do SGSO, a forma de atuação e a sua importância

no cenário da aviação.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Conhecer a história do SGSO

b) Analisar como é a forma de atuação do sistema

c) Conhecer em que setores da aviação está inserido

d) Analisar os componentes do sistema

e) Conhecer a regulamentação existente sobre o tema

f) Analisar a fases de implantação

Page 15: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

14

1.3 JUSTIFICATIVA

O SGSO é um tema relativamente recente, se comparado com o tempo de vida da

aviação, e por isso há muita coisa a ser desenvolvida e, por muitos, até descoberta. Estudar e

conhecer o funcionamento do sistema, seus princípios e componentes, é um passo

importantíssimo para elevação da segurança operacional e uma forma de se ter um maior e

mais acelerado desenvolvimento de suas varias peças.

O presente trabalho de conclusão de curso pretende expor sobre o sistema em um

espectro geral, com destaque para o seu histórico, desenvolvimento, características e

implantação, sendo que há uma variedade enorme de informação fragmentada sobre o tema.

Destinado a pessoas ligadas à aviação em geral, o presente trabalho tem a função

de estudar o sistema, tentar sintetiza-lo e levar esse conhecimento à frente, procurando atingir

um público um pouco maior que necessita saber sobre.

A ideia deste trabalho nasceu devido à função de piloto executivo que exerço,

onde, por se tratar de uma estrutura que envolve um número menor de pessoas, faz-se

necessário ter conhecimento deste sistema para manter um nível adequado de segurança nas

operações executadas.

A base de informações está principalmente em sites de agências reguladoras e

operacionais da aviação, além de páginas voltadas para aviação que possuem notória

confiabilidade de informação.

1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo da pesquisa

A presente pesquisa caracteriza-se como descritiva, com procedimento

bibliográfico e documental e com abordagem qualitativa.

O presente modelo de pesquisa pretende descrever os aspectos mais relevantes a

cerca do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional, quais seus componentes,

princípios e objetivos. O tema será explorado através de uma pesquisa bibliográfica e

documental com a qual se fará uma análise qualitativa para encontrar as repostas dos

problemas deste trabalho de conclusão de curso.

Page 16: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

15

1.4.2 População amostra ou Sujeitos da pesquisa ou Materiais e métodos

Para realização da presente pesquisa serão utilizados materiais bibliográficos e

documentais, entre estes materiais, podemos destacar manuais e regulamentos da ANAC,

CENIPA, OACI e FAA, além de páginas temáticas disponíveis na internet dos mesmos

órgãos citados. Com a leitura dos respectivos materiais serão extraídas as informações

necessárias para concepção deste trabalho.

1.4.3 Procedimentos De Coleta De Dados

Os materiais analisados serão coletados através da internet, onde há uma

quantidade expressiva de conteúdos sobre o SGSO, principalmente em portais de agências

reguladoras e órgãos de aviação civil como a ANAC, CENIPA, FAA e OACI.

1.4.4 Procedimentos De Análise Dos Dados

Após a coleta dos dados será realizada uma abordagem qualitativa dos conteúdos

e posteriormente será feita a exposição com as devidas referências.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho de conclusão de curso foi organizado de modo a descrever as

características do SGSO, sendo que, para isso, fora dividido nos seguintes capítulos:

Capítulo um: apresenta a introdução do trabalho, inserido aqui o problema da

pesquisa, o objetivo geral e específico, a justificativa, a metodologia e a organização;

Capítulo dois: apresenta o surgimento do SGSO e o histórico da segurança

operacional na aviação civil;

Capítulo três: apresenta as características do SGSO;

Capítulo quatro: apresenta a regulamentação em do SGSO e a sua relação com as

organizações credenciadas ou autorizadas;

Page 17: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

16

Capítulo cinco: apresenta os componentes e elementos do SGSO e suas

características;

Capítulo seis: apresenta a implantação em fases do SGSO;

Capítulo sete: apresenta a conclusão.

Page 18: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

17

2 SURGIMENTO DO SGSO

A aviação é um meio de transporte em que a segurança operacional está presente

desde o seu surgimento, recebendo atualizações e revisões resultando em uma constante

evolução. O sistema de gerenciamento da segurança operacional é fruto desses anos de

evolução na segurança operacional, sendo que, de acordo com a ANAC ([2020?]), os

primeiros passos eram focados nos fatores tecnológicos, de forma pontual os equipamentos,

sendo definido pelo CENIPA ([2020?]) como o fator material, o qual engloba a aeronave e o

complexo de engenharia aeronáutica. Posterior a esta fase, foi verificado que outro fator era

importante, os fatores humanos e operacionais, que focava no desempenho da tripulação e,

conforme o CENIPA ([2020?]), compreendendo o homem sob o ponto de vista biológico em

seus aspectos fisiológicos e psicológicos. Da análise dos fatores humanos na operação de

aeronaves tem-se o desenvolvimento do Crew Resource Management (CRM), que, conforme

a FAA (2018), gerência todos os recursos humanos presentes na operação da aeronave,

pilotos, comissários de voo, mecânicos, despachantes de voo, entre outros colaboradores

envolvidos com o voo. Com a evolução das duas abordagens citadas anteriormente, foi

verificado que não bastava uma abordagem apenas do homem e da máquina, necessitando

também de uma abordagem organizacional, onde todas as partes do sistema são responsáveis

pela segurança operacional. Esta responsabilidade parte do presidente da empresa para o

piloto, mecânico até ao recepcionista, todos são agentes responsáveis pela elevação dos níveis

de segurança operacional.

O sistema exige que a própria organização faça uma análise das suas operações e

decisões, permitindo a adaptação das mudanças de acordo com a complexidade do sistema e a

limitação de recursos disponíveis. Diante de tais fatos, a ANAC ([2020?]) reforça ainda que,

diante de tal evolução, foi criado o conceito de acidente organizacional, pois a maioria dos

acidentes aeronáuticos mostrou que muitos dos elos da corrente que leva aos acidentes

envolvem mais do que meramente o homem e a maquina, envolvem, também, vários aspectos

organizacionais.

Com o histórico de investigação de acidentes mencionado no paragrafo anterior

aliado ao crescimento significativo da aviação global gerou, de acordo com a ANAC (2015)

no PSOE-ANAC, a necessidade de que os Estados e as organizações respondessem de forma

proativa aos emergentes riscos a segurança operacional. Essa resposta veio com a iniciativa da

OACI, em 2006, de publicar um Anexo à Convenção de Aviação Civil Internacional contendo

Page 19: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

18

normas e recomendações para o gerenciamento da segurança operacional por parte dos

estados signatários e seus Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC), sendo que, o

anexo em questão deveria ser capaz de absorver a evolução contínua de estratégias proativas

voltadas à melhoria da segurança. Este anexo hoje é o conhecido Anexo 19, que consolida

normas e recomendações da OACI e é intitulado “Safety Management”.

O conjunto de estratégias, conforme ANAC (2015), foi denominado State Safety

Programme (SSP), traduzido para o Brasil como Programa de Segurança Operacional (PSO),

que tem por missão o tratamento sistemático dos riscos inerentes à atuação do Estado perante

a indústria da aviação civil por ele regulada e fiscalizada.

O SGSO, conforme ANAC (2015), parte da necessidade de cada Estado, como

parte integrante do PSO, requerer que os PSAC sobre a sua supervisão implantem um sistema

de gerenciamento de segurança operacional. O sistema foi, conforme ANAC ([2015]),

efetivamente implantado, inicialmente, em 2009 pela OACI com o Safety Management

System – SMS da ICAO e posteriormente implantado no Brasil com o nome de Sistema de

Gerenciamento da Segurança Operacional – SGSO. Embora a segurança na aviação sempre

fora algo de constante estudo e muitos Estados já possuíssem regulação em torno da

segurança operacional, o SGSO se tornou um marco na evolução da segurança, trazendo a

responsabilidade sobre segurança operacional a todos os níveis organizacionais e, conforme o

CENIPA (2015), numa abordagem mais proativa e preditiva.

No Brasil, conforme a ANAC ([2020?]), o SGSO trouxe à segurança de voo uma

abordagem sistêmica que considera todos os aspectos que envolvem a operação de uma

aeronave, promovendo uma elevação contínua na segurança e é considerado, conforme o

CENIPA (2015), um conjunto de ferramentas gerenciais e métodos para apoiar decisões a

serem tomadas por um PSAC em relação aos riscos de suas atividades. Neste parágrafo pode-

se inferir que o SGSO é um sistema de gestão onde há a existência de uma equipe de gestores

responsáveis por tomar estas decisões e que estas decisões envolvem todas as atividades que

fazem parte da rotina operacional da organização, variando o nível de complexidade conforme

o tipo de operação. Fica visível, novamente, o caráter sistêmico do SGSO e como ele faz parte

de toda organização, partindo da alta diretoria, que toma as principais decisões de gestão, aos

setores operacionais, que refletem políticas e objetivos extraídos destas decisões e as

transformando em ações concretas.

De acordo com a ANAC ([2020?]), o SGSO está sendo implantado pelo Programa

Brasileiro de Segurança Operacional (PSO-BR), que estabelece a elaboração e implantação de

Page 20: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

19

programas específicos para a ANAC e COMAER, sendo o PSOE-ANAC o programa

regulado pela ANAC, programa este que trabalha detalhes, diretrizes e requisitos para

implantação e desenvolvimento do SGSO por parte dos regulados.

De acordo com a ANAC ([2020?]), o SGSO auxilia as organizações a cumprir

regulamentos existentes, podendo definir ações futuras, além disso, tem a missão de reforçar

as atitudes de segurança na organização, mudando a cultura de segurança em diretores,

gerentes e funcionários, levando a organização de uma atitude reativa para uma preditiva,

desta forma, agindo e trabalhando antes da ocorrência de incidentes ou acidentes.

Para a operacionalidade do sistema são necessários, de acordo com CENIPA

(2015), alguns processos-chave e quatro componentes que o integram e o fazem funcionar,

sendo estes quatro componentes: A política e objetivos da segurança operacional;

Gerenciamento do risco à segurança operacional; garantia da segurança operacional; e

Promoção da segurança operacional.

Atualmente, conforme a ANAC (2018), o SGSO fornece as organizações um

conhecimento mais amplo sobre seu ambiente organizacional, gerando ganhos de eficiência

nos processos e evitando o desperdício de recursos. Muitas dessas vantagens já aparecendo

nas fases iniciais de implantação.

Page 21: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

20

3 O QUE É O SGSO?

O Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional trouxe um significativo

avanço no cenário da prevenção de acidentes ao redor do globo e, segundo a ANAC (2018),

tem recebido grande apoio da comunidade aeronáutica por ser um método eficaz que oferece

segurança sem comprometer os benefícios financeiros. O sistema trouxe novos padrões de

segurança para as operações das empresas aéreas dos diversos segmentos da aviação e, de

acordo com a ANAC (2018), reforça as atitudes de segurança da organização, colocando a

prevenção de acidentes na mão de todos os integrantes, além disso altera a percepção da

segurança organizacional, saindo do pensamento reativo, que responde apenas a

acontecimentos passados, para um pensamento preditivo, que coloca a organização um passo

a frente das ocorrências. Os seus benefícios são vários e seu funcionamento tem se mostrado

bastante eficaz, mas como pode ser definido o que é o SGSO?

Pode-se, no primeiro momento, analisar as palavras contidas na sua nomenclatura e

no dicionário Michaelis ([2020?]) encontram-se as seguintes definições:

a) Sistema é a inter-relação de unidades, partes etc., responsáveis pelo

funcionamento de uma estrutura organizada;

b) Gerenciamento é o ato ou efeito de gerenciar ou administrar uma organização

ou uma empresa;

c) Segurança é o estado do que se acha seguro ou firme; estabilidade, solidez;

d) Operacional é relativo à operação.

Conforme se pode extrair dos significados encontrados no dicionário, o SGSO, de

forma elementar, é uma série de unidades integradas que tem por missão gerenciar ou

administrar empresas de aviação civil para que se mantenham num estado seguro, firme e

estável em suas operações.

Saindo da definição básica, e de certa forma incompleta, do que é o SGSO, devem-se

analisar definições dos órgãos oficiais da aviação. Conforme o DECEA ([2020?]), o SGSO é

um sistema que fornece um método sistemático para o gerenciamento da segurança

operacional, incluindo uma estrutura orgânica, linhas de responsabilidade, políticas e

procedimentos necessários para manter as operações dentro de um nível aceitável.

Conforme a ANAC ([2018]) no Guia PSOE-ANAC & SGSO/SAR- Conheça mais a

respeito, o SGSO é uma abordagem sistemática ao gerenciamento de segurança, incluindo as

Page 22: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

21

estruturas organizacionais necessárias, definição de responsabilidades, políticas e

procedimentos, ou ainda, de maneira mais sintetizada, é um conjunto de regras e atividades

(ferramentas) estruturadas de modo a aumentar a segurança operacional e reduzir os riscos

através de um sistema gestão.

O SMS, formulado pela OACI, foi definido pela FAA ([2020?]) como uma

abordagem formal de toda organização, de cima para baixo, para gerenciar riscos de

segurança e assegurar a efetividade dos sistemas de controle de risco, incluindo

procedimentos, práticas e políticas de forma sistêmica para gerenciamento de risco. Pela

definição da FAA já se pode inferir que uma das características do SMS é estar presente nas

organizações como um todo, num sentido da alta diretoria para a área operacional, atuando de

forma sistemática na segurança operacional.

Conforme se pode extrair das definições dos principais órgãos reguladores, o SGSO

é um sistema composto por elementos que estão espalhados por toda a organização, tanto na

alta diretoria quanto nos setores operacionais, que buscam o melhor gerenciamento das

operações da empresa aérea com a finalidade elevar os índices de segurança a um nível

superior.

Reforçando tudo o que foi exposto até então, o CENIPA (2015) apresenta

algumas informações sintetizadas sobre alguns aspectos do SGSO, entre estas se destaca a de

que a alta direção é responsável e deve prestar contas em relação ao estabelecimento e

alocação de recursos para suporte e manutenção do SGSO, a gerência é responsável pela

implantação, manutenção e adesão em suas áreas de atuação e todos os empregados são

responsáveis pela identificação e reportes dos perigos, atém de darem contribuições para

elevação da segurança operacional. Aqui se observa mais uma vez como o SGSO atua de

maneira sistêmica em toda a organização.

3.1 RELAÇÃO ENTRE SGSO E SGQ

No presente momento já se tem um breve conhecimento a cerca do que é o SGSO,

conforme a ANAC ([2018]) no Guia PSOE-ANAC & SGSO/SAR- Conheça mais a respeito,

um dos componentes do SGSO, especificamente o componente 3 – Garantia da segurança

operacional, encontra fundamentos em alguns conceitos da NBR ISO 9001, que estabelece

requisitos de um sistema de garantia de qualidade. De acordo com a ANAC (2016) esses

fundamentos devem prover uma abordagem estruturada para que os processos e

Page 23: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

22

procedimentos de identificação de perigos, controle e mitigação dos riscos funcionem de

forma planejada e, caso sejam ineficazes, revisados e melhorados, gerando uma melhoria

contínua do sistema.

Segundo a ANAC (2016) a diferença entre os sistemas está no foco. Enquanto o

SGSO se concentra em aspectos humanos e organizacionais de um prestador de serviço aéreo

mantendo o foco na segurança operacional, o SGQ se concentra na qualidade dos produtos ou

serviços da empresa buscando uma maior satisfação do cliente. Interessante expor que os

sistemas não são concorrentes, mas sim, complementares trabalhando em conjunto para

alcançar os objetivos da organização em quesitos do SGSO ou da satisfação de seus clientes.

Reforçando o que foi dito, de acordo com o CENIPA (2015), o SGQ é focado na

conformidade dos produtos, já o SGSO é focado nos perigos existentes nas operações, tanto

um quanto o outro trazem impactos na segurança operacional, sendo que são ferramentas

complementares. Não é possível ter um SGSO eficiente sem aplicar os princípios do SGQ,

que controlarão os processos e procedimentos de identificação de perigos e controle do risco,

garantindo seu funcionamento e melhoria contínua.

3.2 O QUE NÃO É O SGSO

Observados alguns conceitos do que é o SGSO, pode-se perceber que o principal

responsável e ator dentro da empresa é a alta direção e esta deve seguir diretrizes do órgão

regulador, pois este normatiza e fiscaliza a operacionalidade do sistema. Na página de

perguntas e respostas do CENIPA há um tópico que vale a pena explorar: O que o SGSO não

é.

De acordo com o CENIPA (2015), o SGSO não é autorregularão ou desregulação.

Esse é um ponto simples de concordar, haja vista a quantidade de regulamentos que se

encontra sobre o SGSO, onde cada prestador de serviço da aviação civil tem sua

regulamentação específica e trabalhada em cima dos riscos que cada uma de suas operações

possui, conforme será visto mais adiante neste trabalho. Ligado a esta presença do estado no

SGSO, de acordo com o CENIPA (2015), o SGSO não é substituto ao programa de vigilância

operacional do estado, sendo que conforme a ANAC (2013) no PSOE-ANAC, este mesmo

programa deve orientar a atuação da ANAC no sentido que assegure que o estado brasileiro

possua um sistema de supervisão da segurança operacional adequado ao contexto da indústria

da aviação brasileira e, dentro de suas competências, deve, também, apoiar uma ação

Page 24: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

23

coordenada entre a ANAC e o COMAER em suas funções de gerenciamento de risco e de

melhoria contínua da segurança operacional.

Entre outros itens que não fazem parte da essência do SGSO, de acordo com o

CENIPA (2015), está à responsabilidade ou compromisso de um só departamento, isto pode

ser constatado na maioria das publicações envolvendo o SGSO, embora, conforme a ANAC

(2018) no seu manual SGSO na Prática - Política e objetivos de segurança operacional, a

primeira atividade para implantação de um SGSO efetivo é o compromisso da alta direção do

prestador de serviço aeronáutico com a segurança das operações, reconhecendo a segurança

operacional como um valor e uma prioridade da empresa. Este compromisso deve ser

amplamente difundido e internalizado, sendo que os gestores devem fazer com que todos os

funcionários entendam e trabalhem de acordo com essa política. Percebe-se nesta ultima

afirmação que a política que surge a partir da alta direção deve chegar a todos os

colaboradores e em todos os departamentos da empresa.

Por fim, é interessante observar que, conforme o CENIPA (2015), o SGSO não é um

simples conjunto de requisitos a serem cumpridos e que, continuamente, buscam melhorias,

neste aspecto que se encontra o desafio do SGSO, cada organização deve fazer uma análise de

suas operações para realizar a implantação de um SGSO eficaz, esta afirmação pode se

extrair, também, da declaração de William R. Voss, ex-presidente da Flight Safety

Foundation:

Há quem se amedronte de iniciar o SGSO porque ele não é um pacote pronto, um

dispositivo que é só importar, adotar, girar uma chave e sair usando. Para ser

realmente efetivo, ele tem de ser um fruto da própria cultura de sua empresa, se

beneficiando dos pontos positivos já existentes, e vá além deles, empurrando a

própria personalidade operacional da firma para um nível mais elevado, com esses

elementos positivos mais profundamente enraizados. Esse é o modo pelo qual o

SGSO se torna efetivo e duradouro. (VOSS, William R., 2012)

3.3 PROCESSOS CHAVE DO SGSO

Como todo sistema, o funcionamento do SGSO, de acordo com a ANAC (2018), é

composto por uma série de processos interligados, sendo de importante conhecimento por

todos os PSAC e devendo ser implantados de maneira satisfatória. Os processos chaves do

SGSO são definidos a seguir:

Page 25: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

24

a) Reporte de Eventos de Segurança Operacional (ESO) é o processo no qual são

adquiridos dados e informações envolvendo a segurança operacional;

b) Identificação de Perigos é a série de atividades focadas na identificação dos

perigos existentes nas operações da organização;

c) Gerenciamento de riscos é o processo realizado após se obter a identificação

dos perigos e tem a finalidade de avaliar e controlar estes perigos;

d) Medição de desempenho é o processo que avalia se os objetivos de segurança

operacional estão sendo alcançados;

e) Garantia da segurança operacional é a série de atividades realizadas para

padronizar a prestação de serviços conforme critérios de desempenho pré-

estabelecidos, sendo este um dos componentes do SGSO.

Pode-se notar que há uma conexão entre estes processos, onde cada um serve de base

para o outro, funcionando como alicerces que mantem o sistema operando de maneira

funcional e eficaz. Além desses processos-chaves, o SGSO possui seus quatro componentes,

que são extremamente importantes para seu funcionamento, sendo que, devido a essa

importância, dedicar-se-á um capítulo apenas para explanar sobre eles.

Page 26: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

25

4 REGULAÇÃO VOLTADA AO SGSO

Conforme exposto no inicio deste trabalho de conclusão de curso, o SGSO foi

incorporado no Brasil com base no SMS criado pela OACI, sendo este criado, conforme a

ANAC ([2020?]), em 2009, foi do SMS que surgiu o embasamento para criação do SGSO, ai

incluídos os aspectos Legais.

Com o elevado crescimento da aviação mundial a OACI se viu obrigada a unificar

o SMS, pois, conforme a OACI (2013), o sistema estava dividido em até seis anexos

diferentes, algo que, como é possível de se imaginar, dificulta o trabalho de pesquisa e

análise. Com a compilação dos dados presentes a OACI (2013) criou o atual Anexo 19, o qual

possui a transcrição harmônica das informações e padrões existentes em outros anexos, além

de buscar o desenvolvimento de requisitos aprimorados.

Antes da criação do Anexo 19, já fora criado pela OACI o Doc. 9859, intitulado

Safety Management Manual (SMM), em tradução direta, manual de gerenciamento de

segurança, este manual, conforme OACI (2009), tem por missão fornecer orientação aos

Estados no desenvolvimento da sua estrutura regulatória, deve-se destacar que há a orientação

para o desenvolvimento do “State safety programme” (SSP), que no Brasil, conforme ANAC

(2019), é o PSO e, além das orientações voltadas aos Estados, este manual fornece aos PSAC

orientação para a implantação do SGSO.

Outro documento importante na regulação do SGSO é o DOC 9734 da OACI

(2006) intitulado Safety Oversight Manual, em tradução direta significa Manual de supervisão

da segurança, que, conforme a ANAC (2015), fornece ao estado elementos chave para sua

estruturação no desenvolvimento de funções de supervisão da segurança operacional. No

âmbito da ANAC este sistema é denominado Sistema de Supervisão da Segurança

Operacional (SSSO).

Nos três parágrafos anteriores houve o foco, de forma básica, na regulamentação

internacional que auxilia o embasamento do sistema aplicado ao Brasil, com esse

embasamento foram criados documentos no Brasil que auxiliam na regulação, funcionamento

e fiscalização do SGSO. De maneira abrangente, entre os principais documentos que guiam o

SGSO estão o PSOE-ANAC e o PSO-BR.

O PSO-BR, conforme ANAC (2015), é o conjunto de estratégias proativas

voltadas à melhoria da segurança operacional e tem por foco o tratamento sistemático dos

riscos inerentes à atuação do Estado perante os seus regulados e fiscalizados, consistindo de

Page 27: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

26

um sistema de gerenciamento voltado ao aprimoramento da capacidade de atuação regulatória

e administrativa do Estado sobre a segurança operacional. O PSO-BR traz apenas diretrizes

gerais sobre o suporte à implantação do SGSO, sendo que os detalhes específicos de cada

PSAC devem ser observados em regulamentos próprios. O PSO-BR traz também parâmetros

do nível aceitável de desempenho de segurança operacional (NADSO), sendo que estes

parâmetros, expressos em termos de indicadores e metas, são acordados pelas autoridades do

Estado e devem ser alcançados pelo sistema de aviação civil.

O outro documento de grande importância para aviação civil é o Programa de

Segurança Operacional Específico da ANAC, documento este de concepção, conforme

ANAC (2015), por parte da ANAC. O PSOE-ANAC, parte integrante do PSO-BR, estabelece

as políticas e as diretrizes de segurança operacional da agência, orientando o planejamento e a

execução de suas atribuições, além disso, estabelece diretrizes de segurança operacional para

a indústria da aviação civil brasileira.

Há uma importante imagem que mostra a ponte existente entre o Estado e os entes

regulados, sendo conforme a OACI (2009), esta ponte composta no lado esquerdo com o

estado com o PSO (SSP) e o NADSO (ALos) e do lado direito tem-se os PSAC com o SGSO

e a performance da segurança, conforme se observa a seguir:

Figura 1 – Ponte de ligação entre o estado e o PSAC

Fonte: OACI (2009)

Page 28: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

27

4.1 REGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA

Conforme citado anteriormente, para cada PSAC deve haver uma regulamentação

específica, inferindo do exposto, que há um espectro de atividades que possuem

peculiaridades que diversificam as características operacionais e, por consequência, os riscos

de cada um.

O SGSO, de acordo com a ANAC (2015) no PSOE-ANAC, traz a obrigação de

implantar o sistema aos seguintes prestadores de serviço:

a) Aeroclubes, escolas de aviação civil e centros de treinamento de aviação

civil que estejam expostos a riscos à segurança operacional durante a

prestação de seus serviços;

b) Operadores regidos pelos RBAC 121 e RBAC 135 detentores de

Certificado de Empresa de Transporte Aéreo segundo o RBAC 119;

c) Operadores aeroagrícolas;

d) Detentores de Certificado de Manutenção de Produtos Aeronáuticos

emitidos segundo o RBAC 145 que prestem serviços aos PSAC

apresentados;

e) Organizações responsáveis pelo projeto ou fabricação de aeronaves,

certificadas segundo o RBAC 21;

f) Aeródromos civis públicos sujeitos à aplicabilidade do RBAC 139;

g) Outros PSAC cuja aplicabilidade do SGSO seja definida como necessária

pela Diretoria.

Importante destacar-se que, de acordo com a ANAC (2018) no guia Perguntas e

respostas sobre SGSO, os aeródromos civis públicos que processem um número superior a de

200.000 passageiros devem implantar de forma obrigatória o sistema.

Além da observância de quais PSAC são obrigados a implantar o SGSO, é

importante expor quais as regulamentações específicas, pois é onde se encontram as

adequações do sistema a realidade de cada operação e, embora existam diferenças em cada

tipo, a filosofia e princípios se mantêm, principalmente no que diz respeito aos componentes

do sistema.

Page 29: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

28

4.1.1 Regulamentação voltada aos PSAC

Conforme mencionado anteriormente, algumas organizações da aviação civil são

obrigadas a implantar o SGSO para realizar a suas operações, sendo que cada uma delas

possui suas peculiaridades e por isso estas devem observar qual regulamento normatiza as

regras e procedimentos a serem seguidos para uma implantação adequada em relação ao seu

tipo de operação. Nesta parte ver-se-á qual legislação é aplicável a cada tipo de operador.

4.1.1.1 Oficinas de manutenção

Conforme a ANAC (2018) no guia Perguntas e respostas sobre SGSO – Oficinas

de Manutenção, toda organização de manutenção certificada deve estabelecer um SGSO e

devem seguir o RBAC n° 145 e a IS 145.214-001.

Conforme consta no RBAC 145 da ANAC (2019), este tem por aplicabilidade

descrever como obter a certificação de organização de manutenção de produto aeronáutico,

contendo regras sobre o desempenho na manutenção geral e preventiva. Na subparte E do

regulamento encontra-se o RBAC 145.214-I, onde há a especificação de que toda organização

de manutenção certificada deve submeter à aceitação da ANAC um plano de implantação de

SGSO, devendo a organização observar a IS n°145.214-001 onde, de acordo com a ANAC

(2018), encontram-se critérios e recomendações a serem utilizados como métodos para

cumprimento dos requisitos exigidos pela RBAC 145, neste mesmo documento também se

encontram todas as fases de implantação do SGSO entre outros detalhes técnicos.

4.1.1.2 Operador de Aeródromo

Conforme a ANAC (2018) no guia Perguntas e respostas sobre SGSO – Operador

de aeródromo, todo aeródromo civil público é obrigado a implantar o SGSO, com exceção

dos aeródromos da classe I-A, que conforme o RBAC 153 da ANAC (2019), são aeródromos

que processaram em media menos do que 200.000 passageiros nos últimos três anos, sendo

esta média aritmética obtida da movimentação anual de passageiros processados de cada ano,

além do número de passageiros, o aeródromo não pode possuir voos regulares. Conforme o

Page 30: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

29

mesmo guia, a regulamentação na qual os operadores de aeródromos devem se basear é a

RBAC 153.

Conforme consta no RBAC 153 da ANAC (2019), este tem por aplicabilidade

estabelecer os requisitos e parâmetros de segurança operacional nas etapas de planejamento,

execução, monitoramento e melhoria nas operações aeroportuárias, manutenção e resposta a

emergências. Na subparte C encontram-se as informações sobre SGSO, consta nesta subparte

que há a obrigação dos operadores de aeródromos de desenvolver, implantar, manter e

garantir a melhoria de um SGSO adequado a suas operações, devendo ainda submeter à

ANAC um planejamento formal para sua implantação.

4.1.1.3 Operador Aeroagrícola

Conforme o RBAC 137 da ANAC (2019), que regulamenta a operação aeroagrícola,

na seção 137.101(b) (5), para obtenção de um certificado de operador aéreo é necessário um

SGSO em operação ou em implantação conforme os moldes contidos na subparte E do

mesmo regulamento.

Na subparte E deste RBAC, conforme ANAC (2019), encontra-se a obrigatoriedade

do gestor responsável do requerente ou detentor de certificado de operação aérea de

desenvolver, implantar e manter um SGSO aprovado por um gestor responsável, além desta

obrigatoriedade, há neste regulamento o processo de planejamento e implantação do SGSO

para este operador com todas as suas etapas.

4.1.1.4 Centros de Instrução de Aviação Civil

Conforme a ANAC (2018) no guia Perguntas e respostas sobre SGSO – Centros

de instrução de aviação civil (CIAC), todo CIAC que desenvolva exclusivamente instrução

prática de voo (tipo 2), incluindo treinamento em solo complementar e todo CIAC que

desenvolva instrução teórica e prática (tipo 3) devem implementar o SGSO.

Neste tipo de operação a regulamentação de suas atividades está disposta no

RBAC 141, o qual estabelece, conforme ANAC (2020), requisitos de certificação e regras de

operação de um CIAC, e na subparte B, seção 141.27, encontram-se informações sobre o

SGSO.

Page 31: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

30

De acordo com o RBAC 141 da ANAC (2020), os CIAC tipos dois e três são

obrigados a estabelecer, implantar e manter um SGSO que seja aceitável pela ANAC e que

garanta um nível de segurança adequado a instrução.

Para guiar a implantação do SGSO em conformidade com o RBAC 141, a ANAC

(2019) emitiu a IS n° 141-005 que tem por objetivo apresentar orientações para

implementação e manutenção do seu SGSO, indicando os meios aceitáveis pela ANAC para o

cumprimento dos requisitos previstos nos regulamentos.

4.1.1.5 Operadores 135

Operações de transporte aéreo público (segundo RBAC 119) com aviões com

capacidade máxima de 19 passageiros e capacidade máxima de 3400kg, de acordo com o

RBAC 135 da ANAC (2019), são obrigados a implantar e manter um SGSO aceitável.

4.1.1.6 Operadores 121

As operações de transporte aéreo público com aviões com capacidade máxima

superior a de dezenove passageiros e a três mil e quatrocentos quilogramas de carga, de

acordo com o RBAC 121 da ANAC (2020), são obrigados a desenvolver, implantar e manter

um SGSO que atenda aos requisitos na subparte BB do mesmo RBAC, sendo esta subparte

mais detalhada do que a dos outros operadores, além desta subparte, este tipo de operador, por

se tratar de um serviço aéreo público, deve observar as regras previstas também no RBAC

119. Para facilitar o cumprimento do previsto nestes regulamentos, conforme a ANAC (2018)

no guia perguntas e resposta sobre SGSO – Operadores 121, foi emitida a IS n° 119-002D,

que tem por objetivo oferecer ao detentor ou requerente do certificado de empresa de

transporte aéreo público, orientações para implantação de um SGSO.

Importante destacar aqui que os operadores 135 também devem seguir as

orientações da IS n°119-002, haja vista que nos objetivos deste, conforme a ANAC (2012), há

o destaque de que suas orientações são para empresas que operem segundo o RBAC 119, ai

incluindo as operações previstas no RBAC 135.

Page 32: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

31

4.1.1.7 Pequenos provedores de serviço da aviação civil

Os pequenos provedores de serviço da aviação civil, aqui definidos, conforme

resolução n° 106 da ANAC (2009), como os operadores que executem serviços aéreos

especializados (SAE) e operadores aéreos de Segurança Pública e/ou Defesa Civil, devem,

caso seu processo de certificação exija, implantar um SGSO nos moldes impostos pela

Resolução da ANAC n°106 de 30 de Junho de 2009.

Esta resolução estabelece os requisitos específicos para que os pequenos

provedores consigam seguir, de forma satisfatória, os itens de segurança operacional impostos

pelo PSOE-ANAC, prevendo suas peculiaridades e limitações.

Page 33: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

32

5 COMPONENTES E ELEMENTOS DO SGSO

Conforme mencionado anteriormente, para seu funcionamento o SGSO é composto

por processos-chave e componentes, sendo estes componentes de grande importância, pois

fazem parte da essência do que é o SGSO e demonstram seu caráter sistemático que abrange

toda a organização partindo da alta diretoria indo até os setores operacionais. Conforme a

ANAC (2018) o SGSO possui quatro componentes, sendo estes expostos na imagem a seguir:

Figura 2 – Quebra-cabeça com os componentes do SGSO

Fonte: ANAC (2018)

Conforme se observa na imagem acima, os quatro componentes do SGSO estão

dispostos como um quebra-cabeça, levando a inferência de que na ausência de um seus

elementos, o quebra-cabeça SGSO fica incompleto e, desta forma, perde a sua funcionalidade.

Nos próximos tópicos trabalhar-se-á de forma mais detalhada cada um destes componentes.

Page 34: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

33

5.1 POLÍTICA E OBJETIVOS DA SEGURANÇA OPERACIONAL

Dentro deste componente é importante notar que há duas palavras que o norteia, e

estas são, a política e os objetivos, sendo que na política, conforme a ANAC (2017) no Guia

PSOE-ANAC & SGSO/SAR- Conheça mais a respeito, definem-se as intenções e diretrizes

globais formalmente expressas pela direção e cria-se, então, um comprometimento da própria

organização e de todos que estão a sua volta. Os objetivos são provenientes das políticas que

foram definidas, gerando, por sua vez, indicadores para avaliação da eficácia da política e dos

objetivos.

Fluxograma 1 – Sequência de evolução do componente

Fonte: ANAC (2017, p.14)

Na composição deste componente, conforme a ANAC (2015) no PSOE-ANAC,

há uma série de elementos, sendo estes os seguintes:

a) Elemento 1.1 – Responsabilidade e comprometimento da Alta Direção;

b) Elemento 1.2 – Responsabilidade primária acerca da segurança

operacional;

c) Elemento 1.3 – Designação do pessoal-chave de segurança operacional;

d) Elemento 1.4 – Coordenação do Plano de Resposta à Emergência;

e) Elemento 1.5 – Documentação do SGSO.

Antes de se trabalhar os elementos deste componente, faz-se interessante que sejam

exploradas de forma independentes as duas dimensões dos termos presentes em sua

nomenclatura: a política e os objetivos.

5.1.1 Política da segurança operacional

Conforme se pode encontrar no material de orientação SGSO na Prática - Política

e objetivos de segurança operacional da ANAC (2018), um dos primeiros passos para a

Page 35: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

34

implantação do sistema é o compromisso da alta direção do PSAC com a segurança das

operações e a manifestação deste compromisso é feita através da política de segurança

operacional. Neste ponto fica reconhecida a importância da segurança operacional como um

valor e uma prioridade. É interessante que a Alta Direção, durante o processo de elaboração

das políticas, consulte os membros da equipe que são encarregados de áreas operacionais da

organização, demonstrando a importância de suas participações e opiniões. Ao concluir o

desenvolvimento da política, esta deve ser amplamente divulgada, pois será o norte que

definirá os comportamentos esperados de todos os colaboradores em relação à segurança

operacional e a implantação do SGSO.

A política de segurança operacional pode ter muitas formas, conforme a ANAC

(2018), normalmente esta é formalizada por um documento escrito, o Manual de

Gerenciamento da Segurança Operacional (MGSO) do provedor, sendo que uma boa política

deve possuir as seguintes características:

a) Refletir o comprometimento do PSAC com a segurança, incluindo a

promoção e o desenvolvimento de uma cultura positiva de segurança

operacional;

b) Incluir o compromisso de melhorar continuamente o SGSO de forma a

alcançar os mais elevados níveis de desempenho de segurança operacional;

c) Incluir uma declaração clara sobre a disponibilização de recursos para a

implantação da política de segurança operacional e para a entrega de

produtos e serviços seguros;

d) Indicar claramente quais são os padrões de comportamento considerados

inaceitáveis pelo PSAC, inclusive com as circunstâncias em que ações

disciplinares serão aplicadas;

e) Ser aprovada e assinada pelo Gestor Responsável;

f) Ser comunicada de maneira efetiva a todos os funcionários e

colaboradores do PSAC;

g) Ser periodicamente revisada para assegurar que ela continue relevante e

adequada ao PSAC.

Para estabelecer os rumos da política do PSAC, conforme a ANAC (2018), é

importante para alta direção expor sua visão, definindo resultados, etapas para conquista dos

objetivos e documentando todo o processo.

Page 36: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

35

Desenvolvida a política de segurança operacional, é a hora de definir os objetivos

que, de acordo a ANAC (2018), devem estar relacionados com o nível de desempenho da

segurança operacional almejado e indicar a direção do PSAC para o alcance da política

estabelecida, aqui se pode perceber a conexão entre a política e os objetivos, sendo que um

não existe um sem o outro.

5.1.2 Objetivos de segurança operacional

Os objetivos devem ser criados, conforme a ANAC (2018) no material de

orientação SGSO na prática - Política e objetivos de segurança operacional, de modo que

representem compromissos com ações concretas e factíveis que servirão de referência para

priorização de recursos e desenvolvimento de métricas de desempenho do sistema, além

disso, estes devem ser descritos de forma que permitam a realização de planos de ação com

tarefas, prazos, indicadores, metas e responsáveis, sendo compatíveis com a complexidade da

operação do prestador de serviço.

Para definir os objetivos o provedor deve, conforme ANAC (2018), avaliar se os

elementos, sistemas e processos necessários ao gerenciamento da segurança operacional estão

presentes, deve, também, observar quais são as maiores fraquezas e vulnerabilidades de suas

operações e reconhecer quais os perigos que estão presentes. Diante de tais informações o

PSAC deve procurar implantar programas específicos à segurança operacional, reduzir a taxa

de alguns erros e ocorrências e adquirir novos equipamentos, ferramentas ou sistemas de

suporte as atividades da segurança operacional.

Um ponto importante colocado no referido manual da ANAC (2018) é que o

PSAC deve evitar estabelecer objetivos de segurança operacional observando apenas o índice

de incidentes ou acidentes, ou na manutenção desses números. Objetivos trabalhados com esta

ótica geram a falsa impressão de que as operações estão seguras por não ocorrerem acidentes

e acabam por ter uma natureza reativa, só se tornando eficazes quando ocorrem acidentes,

indo na contra mão do que o SGSO preconiza. Os objetivos devem ser trabalhados de forma

proativa com o foco em eliminar deficiências sistêmicas ou condições latentes que podem

levar a ocorrência de acidentes ou incidentes.

Definidos os objetivos, estes são associados a prazos que geram metas e estas

metas precisam ser medidas, para esta verificação são utilizados indicadores. Conforme a

Page 37: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

36

ANAC (2017) no Guia PSOE-ANAC & SGSO/SAR- Conheça mais a respeito, os indicadores

são o meio para que o PSAC verifique se está no caminho correto e, caso não esteja, possa

corrigir determinados pontos para que os objetivos sejam atingidos de forma satisfatória.

5.1.3 Elemento 1.1 – Responsabilidade e comprometimento da alta direção

O SGSO, conforme a ANAC (2017), depende de um real e efetivo

comprometimento tanto do Estado quanto dos provedores de serviço aéreo, por isso deve

haver meios de demonstrar que a alta direção está engajada nos processos, conquistando-se

isto com ações para que o sistema seja efetivamente funcional. Importante mencionar que

todos os colaboradores são responsáveis pelo sistema, porem existem diferentes níveis de

responsabilidade e estes níveis devem estar claramente definidos, oficializados e

documentados, devendo toda equipe ter o conhecimento do seu papel na operação do sistema.

5.1.4 Elemento 1.2 – Responsabilidade primária sobre a segurança operacional

A responsabilidade primária sobre a segurança operacional, de acordo com a

ANAC (2018) no SGSO na prática - Política e objetivos de segurança operacional, refere-se

às obrigações que não podem ser delegadas, sendo que o gestor responsável é quem deverá

prestar contas, em nome do PSAC, pela implantação e a manutenção do SGSO.

Conforme a ANAC (2018) no SGSO na prática - Política e objetivos de segurança

operacional, o Gestor responsável pode ser:

a) O presidente ou chief executive officer (CEO);

b) O presidente do conselho de administração;

c) O administrador do PSAC;

d) Um dos sócios do provedor;

e) O próprio proprietário.

O Gestor responsável, conforme ANAC (2018), tem a obrigação e o dever de:

a) Fornecer e alocar recursos humanos, técnicos, financeiros e outros

necessários para o desempenho efetivo do SGSO;

b) Ter responsabilidade direta pela condução dos assuntos da organização;

Page 38: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

37

c) Ter Autoridade final sobre as operações;

d) Estabelecer e promover a política de segurança operacional;

e) Estabelecer e promover os objetivos de segurança operacional;

f) Atuar como o grande promotor da segurança operacional na organização;

g) Ter Responsabilidade final pela solução de todas as questões se segurança

operacional.

O provedor deve, ainda, conforme ANAC (2018), identificar a responsabilidade

de prestação de contas de todos os membros da equipe de gestão e estas responsabilidades

devem ser documentadas e comunicadas em todo provedor. Importante destacar que o

provedor é responsável pelo desempenho da segurança operacional dos produtos ou serviços

fornecidos por empresas subcontratadas ou terceirizadas e deve procurar garantir que seus

próprios requisitos de segurança operacional sejam cumpridos.

Cada gestor de departamento ou pessoa responsável por uma área ou unidade

funcional deve, conforme ANAC (2018), ter envolvimento com o SGSO, participando na

tomada de decisões e avaliação da tolerância dos riscos que estão presentes nas operações da

empresa, tendo os gestores das áreas operacionais mais participação neste quesito do que

outros setores não ligados diretamente às operações.

5.1.5 Elemento 1.3 – Designação do pessoal-chave de segurança operacional

Para o efetivo funcionamento e implantação do SGSO é necessário, conforme a

ANAC (2018) SGSO na prática - Política e objetivos de segurança operacional, a designação

de uma pessoa encarregada da operação rotineira do SGSO, sendo que, normalmente, o nome

dado a esta função dentro do SGSO é de gestor de segurança operacional.

As principais responsabilidades do gestor de segurança operacional, de acordo

com a ANAC (2018), são as seguintes:

a) Gerenciamento da implantação do SGSO em nome do Gestor

Responsável;

b) Condução e facilitação da identificação de perigos e da avaliação de riscos

à segurança operacional;

Page 39: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

38

c) Monitoramento das ações corretivas e avaliação de seus resultados;

d) Fornecimento de relatórios periódicos sobre o desempenho da segurança

operacional do PSAC;

e) Gerenciamento dos registros e da documentação de segurança operacional;

f) Planejamento e facilitação do treinamento de segurança operacional;

g) Monitoramento das questões e preocupações de segurança operacional na

indústria de aviação e o respectivo impacto nas operações do PSAC;

h) Coordenação e comunicação (em nome do Gestor Responsável) com as

autoridades de aviação civil no Brasil e com os demais órgãos

governamentais, se necessário, sobre questões relacionadas à segurança

operacional;

i) Coordenação e comunicação (em nome do Gestor Responsável) com

organizações internacionais sobre questões relacionadas à segurança

operacional.

O gestor de segurança operacional, conforme ANAC (2018), pode trabalhar

sozinho ou em equipe, dependendo da complexidade ou tamanho da empresa, devendo

sempre ter acesso ao Gestor Responsável para assessorá-lo em assuntos de segurança

operacional.

A discussão de temas ligados ao SGSO, conforme a ANAC (2018), pode ser feita

em grupos formais, como as Comissões de Segurança Operacional (CSO) ou fóruns,

dependendo da regulamentação aplicada ao PSAC. As CSO devem ser um comitê de alto

nível, composto por membros da equipe de gestão e dirigido pelo Gestor Responsável, sendo

que, nesta comissão o gestor de segurança operacional desempenha uma função consultiva.

O CSO, conforme ANAC (2018), tem a função de lidar com questões estratégicas

ligadas às políticas, à alocação de recursos e ao monitoramento do desempenho da segurança

operacional do PSAC. Com a definição das estratégias, a implantação deve ocorrer em toda

organização, podendo ser feita por intermédio de um Grupo de Ação de Segurança

Operacional (GASO).

Page 40: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

39

5.1.6 Elemento 1.4 – Coordenação do plano de resposta à emergência

A coordenação do plano de resposta à emergência, de acordo a ANAC (2018)

com o SGSO na prática - Política e objetivos de segurança operacional, é o planejamento de

atividades a serem executadas no caso de alguma emergência, devendo ser definidos neste

plano os procedimentos adequados a serem adotados nessas situações. Para fins de

conhecimento, é considerada emergência toda situação não planejada ou um evento que

requer uma ação imediata.

As obrigações de elaboração do plano estão contidas em regulamentos próprios,

onde cada PSAC deve observar os requisitos específicos para sua operação. O plano de

emergência, conforme a ANAC (2017) no seu Guia PSOE-ANAC & SGSO/SAR- Conheça

mais a respeito, sempre foi exigido para empresas de grande porte, as quais se aplica o RBAC

121.

O plano de resposta à emergência (PRE) deve, de acordo a ANAC (2018),

fornecer a base para uma abordagem sistemática ao gerenciamento de emergências, devendo o

PRE garantir os seguintes itens:

a) Delegação de autoridade de emergência;

b) Atribuição de responsabilidades de emergência;

c) Documentação dos processos e procedimentos de emergência;

d) Coordenação dos esforços de emergência interna e externamente à

organização;

e) Continuação segura das operações, enquanto a crise é gerenciada;

f) Identificação proativa de todos os possíveis eventos ou cenários de

emergência e suas ações mitigadoras correspondentes;

g) Identificação das condições que deflagram a desativação da situação de

emergência e o consequente retorno às operações normais.

O PRE é um item extremamente importante, conforme se pode inferir do exposto,

este se trata de ações e procedimentos reativos, pois, conforme ANAC (2018), por mais

eficiente que seja o SGSO, falhas e acidentes acontecem e são imprevisíveis, devendo a

organização estar pronta para reagir e tratar de forma adequada tais situações adversas.

Page 41: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

40

5.1.7 Elemento 1.5 – Documentação do SGSO

O SGSO, para sua devida implantação, necessita que todos os seus processos,

padrões, requisitos e sistemas sejam documentados, conforme a ANAC (2017) no Guia

PSOE-ANAC & SGSO/SAR – Conheça mais a respeito, entendem-se como documentação os

manuais de procedimentos e registros.

O PSAC deve criar, conforme a ANAC (2018) no SGSO na prática - Política e

objetivos de segurança operacional, um Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional

(MGSO) para facilitar a operação do sistema. Este manual precisa descrever a política e

objetivos do PSAC, os processos adotados para gerenciar riscos e garantir a segurança de suas

operações e, deve ainda, apresentar os processos ligados às iniciativas de promoção de

segurança operacional, descrevendo, desta forma, a atual situação do provedor em relação ao

SGSO. Importante destacar aqui que o MGSO é um pré-requisito para obtenção da

certificação ou autorização para operações do PSAC, devendo este ser apresentado para

análise da ANAC quando solicitado e eventuais atualizações comunicadas.

Além do MGSO, o provedor deve manter a compilação de registros que

comprovem o funcionamento do SGSO, conforme a ANAC (2018), estes registros devem

incluir:

a) Relatos de perigos e ocorrências;

b) Avaliações de risco concluídas ou em andamento;

c) Relatórios das auditorias e investigações internas;

d) Evidências da promoção da segurança operacional;

e) Certificados dos treinamentos de segurança operacional;

f) Atas ou memórias das reuniões do CSO e GASO, quando aplicável;

g) Indicadores de desempenho de segurança operacional e gráficos

associados.

A documentação, além do exposto anteriormente, deve definir também critérios

de arquivamento, onde devem estar descritos, conforme a ANAC (2018), os critérios de

identificação, armazenamento, proteção, retenção e descarte dos registros realizados.

Page 42: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

41

5.2 GERENCIAMENTO DE RISCO À SEGURANÇA OPERACIONAL

De acordo com ANAC ([2018]), o componente gerenciamento de risco à

segurança operacional (GRSO) tem por objetivo desenvolver e implantar processos

organizacionais e procedimentos para identificar perigos e controlar os riscos decorrentes da

operação aérea.

De acordo com a ANAC (2018) no guia para Gerenciamento de riscos da aviação,

o gerenciamento de risco da aviação é composto pelas seguintes fases:

a) Identificação do perigo;

b) Avaliação da consequência;

c) Avaliação dos riscos;

d) Eliminação do perigo ou mitigação;

e) Avaliação das estratégias implantadas;

f) Identificação de novos perigos

Pode-se verificar, pela sequência de atividades sugeridas pela ANAC (2018), que,

inicialmente, são identificados os perigos existentes na organização, depois são avaliadas as

consequências e os riscos associados aos perigos, que serão, dependendo do seu grau e

necessidade, mitigados ou eliminados, sendo esta última atividade avaliada para verificação

de eficácia das estratégias.

Conforme a ANAC (2015) no PSOE-ANAC o GRSO é basicamente composto

por dois elementos, sendo eles:

• Elemento 2.1 – Processo de identificação de perigos;

• Elemento 2.2 – Processo de avaliação e controle de riscos.

Este componente do sistema, conforme a ANAC (2017) no Guia PSOE-ANAC &

SGSO/SAR- Conheça mais a respeito, é a parte do sistema que efetivamente melhora a

segurança operacional, pois é nesta parte onde são identificados os perigos e esses perigos são

relatados ao responsável pelo GRSO. A identificação deste perigo pode ser realizada por

colaboradores do PSAC ou por algum agente externo da organização e uma vez que o

responsável pela gestão de risco esteja ciente do perigo, este fica responsável pelo tratamento,

sendo este tratamento considerado a avaliação e mitigação dos riscos presentes.

Na figura Abaixo há um diagrama onde são exibidas as principais formas de se

detectar um perigo numa organização:

Page 43: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

42

Fluxograma 2 – Detecção de perigos

Fonte: ANAC (2017, p.18)

Do ponto de vista do Estado Brasileiro no seu Programa de Segurança

Operacional (PSO), este componente trata de definir, de acordo com a ANAC (2017), os

requisitos, diretrizes, métodos aceitáveis de cumprimento e material de orientação a respeito

do gerenciamento de risco. Deve definir, também, a metodologia e formalização dos acordos

entre a Autoridade e cada PSAC a cerca dos objetivos da segurança operacional no curto,

médio e longo prazo.

Pode-se compreender do exposto que as empresas são focadas em gerenciar os

riscos de suas operações obedecendo a critérios das autoridades regulatórias, enquanto as

autoridades gerenciam a normatização, padronização e fiscalização da gestão dos riscos

presentes nos PSAC regulados por ela.

5.2.1 Elemento 2.1 – Processo de identificação de perigos

O processo de identificação de perigos, conforme ANAC (2018), é um dos

principais elementos do GRSO, sendo, este elemento, o que fornece informações dos perigos

para posterior avaliação e mitigação. Conforme citado anteriormente, estes perigos podem ser

detectados tanto por um colaborador quanto por um agente externo e, independentemente do

perigo ser detectado de forma reativa ou de forma proativa, deve ser tratados.

Page 44: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

43

Há muitas maneiras de identificação, porém, conforme a ANAC (2018) no guia

para Gerenciamento de riscos da aviação, para obter sucesso é necessária uma visão ampla

para encontrar tudo aquilo que acontece de perigoso na organização, sendo que se deve ter

cuidado, pois o ser humano, conforme vai se adaptando a realidade e as operações existentes

na organização, pode ficar insensível aos perigos, suas consequências e riscos. O uso de

ferramentas adequadas às características e capacidades da organização durante este processo

são o diferencial para um resultado mais imparcial da referida busca.

O sistema de relatos é uma ferramenta que se destaca na identificação de perigos,

conforme a ANAC (2018), o sistema de relato voluntário deve ser incentivado dentro da

organização, pois permite que qualquer pessoa, de forma anônima ou com identificação da

fonte, reporte as situações de perigo, seja ele real ou potencial, facilitando a identificação

reativa e proativa dos perigos, permitindo que os responsáveis possam adotar ações corretivas

de forma breve e assertiva. Conforme o nome sugere, estes reportes devem ser voluntários,

além disso, são confidenciais e não punitivos em relação a erros não premeditados ou

cometidos de maneira inadvertida, havendo punição a erros que envolvam violação ou

negligência. Por fim, todas as ações resultantes devem ser divulgadas e, caso identificado o

autor do relato, este deve ser comunicado em relação às medidas tomadas.

O processo de identificação do perigo não precisa detectar perigos

necessariamente dentro da organização, de acordo com a ANAC (2017) no Guia PSOE-

ANAC & SGSO/SAR- Conheça mais a respeito, é interessante que se observe acidentes ou

incidentes de outros PSAC que possuam processos, equipamentos e ambientes operacionais

similares e através da análise destes dados, possa ser revisado o seu GRSO. Com o exposto,

pode-se inferir que o GRSO é dinâmico, em constante aprimoramento, por isso, conforme

ANAC (2017), é sempre importante fazer uma análise do GRSO presente para verificar de

que nada precisa ser feito e que nenhuma barreira nova precisa ser incorporada, devendo

sempre buscar registrar estas análises. Supor que está tudo correto e que a ocorrência do

concorrente não irá acontecer dentro da própria organização é um equivoco perigoso.

Durante este processo também é importante a identificação das causas dos

perigos, conforme a ANAC (2018), esta investigação pode levar a identificação de outros

perigos relacionados ou eliminar a condição que o gera.

Page 45: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

44

5.2.2 Elemento 2.2 – Processo de avaliação e controle de riscos

Identificados os perigos existentes na operação do PSAC está na hora de fazer

uma avaliação destes perigos, conforme a ANAC (2017) no Guia PSOE-ANAC &

SGSO/SAR- Conheça mais a respeito, após a análise do perigo existente em determinadas

operações, são trabalhados os riscos presentes nestas situações.

Com o extraído do referido guia da ANAC (2017), pode-se usar o exemplo de um

pouso com vento transversal ao eixo da pista, esta é uma situação perigosa que traz algumas

consequências e riscos, como, respectivamente, a perda de reta no momento do toque e o

toque da ponta de asa na pista gerando danos na aeronave, logo se tem uma condição perigosa

que tem consequências e riscos e estes possuem suas respectivas gravidades.

Neste elemento que se encontram as demais fases do gerenciamento de riscos da

segurança operacional, conforme a ANAC (2018) no guia para Gerenciamento de riscos da

aviação, a próxima fase é avaliação das consequências do perigo.

Deve-se ter, conforme ANAC (2018), muita cautela durante a avaliação das

consequências para que estas não sejam confundidas com perigos, mascarando assim a origem

destes.

Com a devida avaliação das consequências, deve-se dar inicio a avaliação dos

riscos e seu gerenciamento. Conforme a ANAC (2018), risco é a chance de alguém ser

prejudicado por vários perigos, junto com a indicação da seriedade de seus danos.

Basicamente no risco, avalia-se a probabilidade e a severidade das consequências existentes

nos perigos. Com esta avaliação é possível verificar quais são os maiores riscos e, por

consequência, dar prioridade de tratamento.

5.2.2.1 Probabilidade de ocorrência

A probabilidade, conforme a ANAC (2018), é a forma de avaliar o risco de acordo

com as chances de um evento ocorrer com base na exposição do perigo. Uma das maneiras de

determinar esta métrica é classificando o risco com base em sua frequência potencial de

ocorrência através de uma escala de cinco pontos, que vai de frequente a extremamente

improvável, sendo que cada ponto deve ser referenciado a um valor numérico.

Page 46: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

45

Importante destacar que, conforme ANAC (2018), cada operador deve usar a

referência que mais convém as suas operações e, independente de qual modelo aplicado à

tabela, esta deve ser registrada no MGSO.

5.2.2.2 Severidade da ocorrência

A outra métrica é a severidade, sendo esta, conforme ANAC (2018), a estimativa

do impacto das consequências de um perigo, usando como base o pior cenário possível,

podendo ser estimada em termos de pessoal, materiais, financeiros, responsabilidade legal,

impactos no meio ambiente, imagem da empresa, entre outros.

A severidade pode, conforme ANAC (2018), ser avaliada em escalas que podem

partir do “impacto insignificante” a “consequências catastróficas”, podendo cada operador

usar a referência que melhor se adequar as suas operações. Uma observação importante é que

na escala utilizada na definição da severidade, ao invés de usar números, como nas escalas de

probabilidade, aqui se utilizam letras para indicar cada escala, partindo da letra A como a que

possui maior severidade.

Conforme ANAC (2018), com os números obtidos pela probabilidade de uma

ocorrência e as letras obtidas pela severidade, pode-se obter uma ferramenta importante que é

a matriz de risco.

5.2.2.3 Matriz de risco

A matriz de risco é a ferramenta utilizada para categorizar os riscos presentes em

situações perigosas, com esta ferramenta, conforme a ANAC (2017) no Guia PSOE-ANAC &

SGSO/SAR- Conheça mais a respeito, podem-se classificar as consequências de uma

condição perigosa com relação à probabilidade de determinada consequência ocorrer e a sua

severidade, caso venha a ocorrer.

A matriz de risco é, conforme a ANAC (2017), de livre escolha pelo PSAC,

devendo refletir as condições operacionais de cada empresa. Conforme orientação do referido

guia, uma matriz muito pequena (3x3) eleva a chance de se tomar uma decisão equivocada, se

a matriz for muito grande, torna o enquadramento do risco, que já é um processo subjetivo,

Page 47: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

46

ainda mais complexo, dificultando a análise. Uma matriz de 5x5 ou 4x5 já é suficiente para

uma análise adequada, ficando a cargo o PSAC a escolha da matriz que achar conveniente.

Matriz 1 – Exemplo de matriz de risco

Fonte: ANAC (2018, p.19)

Com a análise da matriz de risco, conforme a ANAC (2018), o PSAC vai verificar

o quão tolerável é o risco e dependendo do resultado, verificar a possibilidade de se conviver

com o risco, realizar ações mitigadoras ou, até mesmo, se deve ser necessário o cancelamento

da operação.

5.2.2.4 Eliminar ou mitigar o risco

Analisando-se as situações perigosas e quais as consequências e riscos destes

eventos imprevistos, deve-se, conforme ANAC (2018), tomar ações e criar barreiras para

mitigar os riscos de determinadas situações perigosas. Mitigar significa suavizar, diminuir,

atenuar, abrandar e aliviar, conforme as definições, observa-se que basicamente há um cenário

de redução de riscos até que eles se tornem aceitáveis para operação.

Eliminar todos os riscos presentes em qualquer que seja a atividade é uma tarefa,

praticamente, impossível, na aviação não é diferente, conforme a ANAC (2018), na aviação

não existe segurança absoluta, todos os esforços devem ser feitos par reduzir os riscos ao

nível mais baixo possível até chegar num ponto que se torna economicamente inviável, um

Page 48: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

47

risco só pode ser tolerado se for demonstrado que há um benefício claro que justifique a

operação.

Para verificar o nível de aceitabilidade do risco é comumente empregado o

conceito de ALARP, do inglês “As Low As Reasonably Practicable”, traduzido como tão

baixo quanto razoavelmente praticável. Este conceito identifica três categorias de risco, sendo

estas descritas a seguir:

a) Riscos inaceitáveis são os que, independente de seus benefícios, não

podem ser tolerados, devendo ser eliminados ou reduzidos para a

realização da operação, salvo se houver razões excepcionais justificáveis;

b) Riscos toleráveis são riscos que, geralmente, se está disposto a tolerar para

obter determinado benefício das operações, estes riscos devem ser

devidamente avaliados e controlados, devendo ser revistos periodicamente

para garantir que mantem o seus status de tolerável;

c) Riscos aceitáveis são considerados baixos e bem controlados, sãos riscos

que são considerados insignificantes ou necessários à vida diária.

Abaixo há a figura que representa o esquema em forma de triangulo invertido que

facilita o entendimento de tal conceito:

Figura 3 – Triângulo ALARP

Fonte: ANAC (2018, p.21)

Page 49: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

48

Para determinar a aceitabilidade dos riscos se faz necessário, conforme a ANAC

(2018), o uso de uma série de critérios, sendo importante, para fornecer evidências de que o

risco é aceitável ou que ações mitigadoras são praticáveis, uma avaliação especializada, caso

não seja possível encontrar estas evidências, é necessária uma análise do custo-benefício.

Caso o controle de risco proposto seja eficiente e eficaz, pode se concluir que o risco é

razoavelmente praticável.

Com todas essas ações tomadas é importante, conforme ANAC (2018), que seja

feita uma avaliação da efetividade das defesas para garantir o funcionamento do processo de

gerenciamento de risco, da validade das decisões e da efetividade das medidas mitigadoras

implantadas, sendo este requisito necessário para validar a conclusão do processo de

gerenciamento de segurança operacional.

Por fim, são importantes que sejam identificados novos perigos, pois, conforme

ANAC (2018), a aviação é setor dinâmico e como tal, mudanças podem ocorrer e seus riscos

devem ser gerenciados, mantendo o gerenciamento de riscos sempre atualizado e funcionando

de acordo com as necessidades da segurança das operações da organização.

5.3 GARANTIA DA SEGURANÇA OPERACIONAL

De acordo com a ANAC (2016), este componente verifica o desempenho da

segurança operacional fazendo uma comparação com as políticas e objetivos de segurança

operacional, além de validar a eficiência dos controles de riscos implantados.

Com o GSO, conforme ANAC (2016,) a organização possui os meios necessários

para assegurar que dispõe dos elementos necessários para que os procedimentos sejam

executados de maneira consistente e com requisitos aplicáveis, fazendo com que os problemas

sejam identificados e resolvidos, trazendo para organização uma evolução de maneira

contínua de seus procedimentos.

De acordo com a ANAC (2015) no PSOE-ANAC este componente possui três

elementos, sendo estes os seguintes:

a) Elemento 3.1 – Processo de monitoramento e medição do desempenho da

segurança operacional;

b) Elemento 3.2 – Processo de gerenciamento de mudanças;

c) Elemento 3.3 – Processo de melhora contínua do SGSO.

Page 50: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

49

5.3.1 Elemento 3.1 – Processo de monitoramento e medição do desempenho da

segurança operacional

Neste elemento encontram-se dois processos, o de monitoramento e medição.

Dois processos importantes no processo de gestão onde verificamos que, conforme a ANAC

(2017), não é possível gerir o que não se consegue medir.

Conforme a ANAC (2018) no seu material SGSO na prática - Garantia da

segurança operacional, o ato de monitorar o desempenho da segurança operacional tem a

finalidade verificar os resultados ou efeitos de segurança operacional relacionados com a

atividade de gerenciamento da segurança da organização.

Medir envolve métricas e essas métricas, conforme ANAC (2018), são expressas

através de indicadores de desempenho, que permitem mensurar determinadas características

dos processos organizacionais.

Os indicadores de desempenho devem ser adequados para demonstrar para

organização de que está, ou não, no caminho para alcançar os objetivos de segurança

operacional. Segundo a ANAC (2018), é necessário considerar quais são as maiores questões

e os maiores riscos enfrentados pela organização no âmbito da segurança operacional e, a

partir dai, escolher os indicadores que tem maior sensibilidade.

Para a eficácia do indicador é necessário, também, que a organização verifique se

há dados disponíveis e se esses dados são confiáveis, pois dados incompletos e subjetivos

perdem sua confiabilidade. Caso a organização tenha poucos dados disponíveis, esta pode

solicitar apoio a associações do setor para obter fontes adicionais.

Para obter sucesso nesse elemento, conforme ANAC (2018), o PSAC deve estar

munido de bons indicadores, indicadores estes que sejam validos, confiáveis e sensíveis a

mudanças quanto ao que se está medindo e não sendo suscetível a interpretações com vieses,

além de ser viável em relação a custos para obtenção de dados.

5.3.2 Elemento 3.2 – Processo de gerenciamento de mudanças

A aviação, conforme a ANAC (2018) no seu material SGSO na prática - Garantia

da segurança operacional, é um setor bastante dinâmico, passando por mudanças de forma

constante, sejam estas mudanças no ambiente ao redor da organização ou adaptações a

Page 51: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

50

situações internas. Independente de onde ocorram as mudanças, estas sempre estão presentes

e é necessário que ocorram da maneira mais segura possível.

O processo de gerenciamento de mudança, conforme ANAC (2018), busca

identificar, através de processos de identificação de perigos e de gerenciamento de riscos já

existentes na organização, as mudanças que tem potencial de afetar os processos, os

procedimentos e a prestação de serviços na área da segurança operacional. É importante para

empresa fazer uma análise de quais fatores podem afetar a segurança operacional e a partir

dai, através de uma serie de processos documentados, definir como se realizará esta mudança

e quais procedimentos deverão ser adotados. Para esta missão, a organização deve envolver

todas as pessoas que possam ser afetadas ou que possam agregar valor à identificação do risco

potencial.

Uma mudança bem planejada, conforme a ANAC (2018), será importante para

organização realizar estas com impactos sobre a segurança controlados e ajudará a manter um

nível de segurança operacional aceitável.

5.3.3 Elemento 3.3 – Processo de melhora contínua do SGSO

Conforme a ANAC (2017) no Guia PSOE-ANAC & SGSO/SAR- Conheça mais a

respeito, o processo de melhoria contínua é uma característica dos sistemas de garantia de

qualidade, sendo esta um requisito para manutenção da qualidade e, se tratando de segurança

operacional, do próprio SGSO.

Neste elemento o interesse, conforme a ANAC (2018) no material SGSO na

prática - Garantia da segurança operacional, é reunir esforços em busca de um aumento na

eficácia e do desempenho do sistema de segurança da organização.

Nas pequenas organizações é interessante que se faça contato com outras

organizações similares para compartilhar informações e ideias sobre segurança operacional,

buscando garantir que o desempenho de segurança seja monitorado, que os riscos

identificados sejam abordados de maneira apropriada e o SGSO continue a atender os

objetivos de segurança na organização.

As grandes organizações devem fazer revisões periódicas de maneira mais formal,

conduzindo estas revisões em comitês ou comissões de segurança.

Page 52: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

51

Conforme a ANAC (2018), alguns processos podem ser utilizados como fontes

para melhoria contínua, são eles:

a) Auditorias:

– tanto as auditorias internas quanto as auditorias realizadas por outras

organizações;

b) Avaliações:

– considera as avaliações da cultura de segurança operacional e a de

eficácia do SGSO;

c) Monitoramento de ocorrências:

– monitora a recorrência de eventos que afetam a segurança

operacional;

d) Pesquisas de segurança operacional:

– inclui as pesquisas de cultura que fornecem uma retroalimentação

valiosa a respeito do comprometimento do pessoal com o SGSO. Pode

também resultar em um indicador sobre a cultura de segurança

operacional da organização;

e) Análises críticas da gestão:

– examina se os objetivos de segurança operacional estão sendo

alcançados pela organização, sendo ainda uma oportunidade de analisar

todas as informações de desempenho de segurança operacional

disponíveis para identificar as tendências globais;

f) Avaliação dos indicadores de segurança operacional e das metas de

segurança operacional:

– essa avaliação considera tendências permitindo uma comparação com

outros provedores de serviços de aviação civil, ou dados do Estado ou

mundiais;

g) Coleta de lições aprendidas:

– as lições aprendidas levam à implantação de melhorias de segurança

operacional.

Page 53: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

52

Dentro deste componente, é importante destacar-se que, de acordo com a ANAC

(2016), o cumprimento dos requisitos SGSO é garantido através de aquisição de informações,

auditorias e avaliações, relatos voluntários, análise de dados e sistemas de avaliação,

mantendo a melhoria contínua do sistema.

Com a melhoria contínua a organização poderá, conforme ANAC (2016), alterar

seus objetivos e metas de segurança operacional, assim como rever os processos do SGSO

que não estão atingindo a eficácia planejada.

5.3.4 Relação entre GRSO e GSO

A OACI (2009) no DOC 9859 traz um questionamento interessante a cerca destes

dois componentes, pois há uma frequente confusão entre os dois. A estruturação inadequada

dos dois pode trazer um número significativo de perigos e riscos a segurança, pois geram uma

inadequada compreensão dos riscos presentes e, por consequência, um inadequado controle.

A função do gerenciamento de riscos da segurança operacional, conforme a OACI

(2009), é a de fornecer a identificação inicial dos perigos e posterior avaliação dos riscos e

consequências. Com estas ações são desenvolvidos controles organizacionais de risco que

apoiam as operações, bem como se desenvolve mecanismos de controle de segurança que

procuram trazer os riscos para dentro de níveis aceitáveis, neste caso, conforme citado

anteriormente, dentro do ALARP. A garantia de segurança operacional tem a missão de

garantir que os controles de riscos adotados pela organização estejam sendo praticados

conforme o planejado, atingindo o os objetivos pretendidos, além de fornecer a identificação

da necessidade de algum novo controle de risco em uma eventual mudança nas operações.

5.4 PROMOÇÃO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

Este componente tem a missão de dar suporte à implantação e manutenção de

todo o SGSO. Conforme a ANAC (2017) no Guia PSOE-ANAC & SGSO/SAR – Conheça

mais a respeito, o foco deste componente não é simplesmente o treinamento, e sim a

promoção, envolvendo a disseminação e sensibilização sobre o SGSO.

O objetivo é criar e manter, conforme a ANAC (2018) no material SGSO na

prática – Promoção da segurança operacional, uma cultura positiva de segurança, sendo esta

Page 54: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

53

cultura caracterizada por valores, atitudes e comportamentos comprometidos com os esforços

de segurança de todos os envolvidos nas operações do PSAC, resultando em um sistema de

valores organizacionais que fundamentará todas as ações que envolvem a segurança.

A promoção da segurança tem por objetivo, também, conforme a ANAC (2018), a

missão de garantir que a equipe entenda os porquês da implantação das medidas mitigadoras e

a importância do processo de gerenciamento de segurança operacional, além disso, oferece

ferramentas para difundir para todo o pessoal envolvido e, quando necessário, para outras

organizações as lições aprendidas com as ocorrências e atividades relacionadas coma a

segurança operacional.

Um programa de promoção, para obter sucesso, deve ser construído utilizando

várias ferramentas de comunicação, como, conforme a ANAC (2018), a comunicação oral,

materiais impressos, peças digitais, vídeos, estandes e workshops ou simpósios para as

transmissões de informações que se façam necessárias.

Conforme a ANAC (2015) no PSOE-ANAC, este componente possui dois

componentes e são eles:

• Elemento 4.1 – Treinamento e qualificação;

• Elemento 4.2 – Divulgação do SGSO e da comunicação acerca da

segurança operacional.

5.4.1 Elemento 4.1 – Treinamento e qualificação

Conforme a ANAC (2018) no material SGSO na prática – Promoção da segurança

operacional, este elemento é essencial no âmbito do SGSO para assegurar que as atividades

do PSAC sejam realizadas com um nível de segurança aceitável, além de ser uma das

principais estratégias de defesa e mitigação dos riscos no contexto do gerenciamento da

segurança.

Diante desta necessidade, conforme a ANAC (2018), os funcionários devem receber

treinamento adequado e desenvolver conhecimentos e habilidades necessárias à execução de

suas funções, reduzindo a possibilidade de erros, além disso, este elemento promove uma

cultura de segurança operacional, disseminando a política, princípios e requisitos de

segurança presentes na organização.

Page 55: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

54

As necessidades de treinamento do PSAC devem, conforme a ANAC (2018), ser

realizadas verificando uma série de informações para identificar qual capacitação os

colaboradores devem obter. Informações como o contexto operacional e novas configurações

do PSAC são exemplos de situações que exigem treinamento para manutenção da segurança

operacional. Todo tipo de treinamento deve levar em consideração as peculiaridades do

PSAC, sendo os conteúdos, técnicas de didática e estratégias de capacitação compatíveis com

essas peculiaridades.

Neste espectro, dos treinamentos necessários, é importante, conforme a ANAC

(2018), que o responsável pela segurança procure avaliar os requisitos de treinamento em

segurança operacional exigidos nos regulamentos específicos de sua atividade e, ciente disto,

estabelecer a melhor maneira de integrar esta exigência ao programa de treinamento da

organização.

Conforme a ANAC (2017), todo treinamento e tudo que estiver relacionado, deve ser

registrado e arquivado, pois tais registros podem ser solicitados e devem ser apresentados

caso ocorram inspeções realizadas pela ANAC.

Por fim, conforme a ANAC (2018), a avaliação é essencial para garantir a

efetividade do treinamento como instrumento de mitigação de riscos. A avaliação de

efetividade pode incluir avaliação de aprendizagem, de reação e de impacto, podendo ser

realizada através de testes periódicos que levem em consideração o nível de qualificação dos

profissionais avaliados e o histórico de ocorrências do PSAC.

5.4.2 Elemento 4.2 – Divulgação do SGSO e da comunicação acerca da segurança

operacional.

A promoção da segurança operacional, conforme mencionado anteriormente, não se

limita a treinamentos, envolve a promoção, sensibilização e disseminação de informações

sobre o tema, conforme a ANAC (2017) no Guia PSOE-ANAC & SGSO/SAR- Conheça mais

a respeito, estas atividades ocorrem paralelamente aos treinamentos, requerendo ações

complementares que utilizam diversas ferramentas para a formação de uma cultura de

segurança operacional.

O gestor responsável, conforme a ANAC (2018) no material SGSO na prática –

Promoção da segurança operacional, é o responsável por selecionar as mensagens mais

Page 56: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

55

relevantes para divulgação, devendo este avaliar o caráter da mensagem, se é urgente (antes

do voo), se é instrutiva, se são sazonais, entre outras características.

Conforme a ANAC (2017), a missão deste elemento é comunicar, promover ou

disseminar as políticas, objetivos, ideias, metas, conceitos, resultados dos indicadores e tudo

mais que consolide o sistema e espalhe essa cultura de segurança operacional.

Algumas ferramentas podem ajudar a organização a fazer a devida divulgação do

SGSO, entre elas pode-se citar o uso de quadros fixados em pontos estratégicos da

organização, banners móveis que podem ser utilizados no dia a dia ou em eventos, a intranet

da organização, e-mail, além de poder criar um jornal interno divulgado de maneira periódica.

Todo esse material, conforme a ANAC (2018), dever ser elaborado com habilidade e

experiência para serem eficazes. A divulgação mal realizada pode ser pior do que não fazer

qualquer divulgação, sendo, por isso, recomendável utilizar uma abordagem profissional ao

divulgar informações.

A comunicação escrita, conforme a ANAC (2018), também é uma ferramenta

importante para apresentar uma argumentação necessária para a mudança, reduzindo a chance

de mal-entendidos. Formular recomendações de segurança e promover a segurança

operacional em todo PSAC exigem comunicações escritas diretas e assertivas.

As mensagens de segurança operacional precisam, conforme a ANAC (2018),

motivar positivamente o seu destinatário, caso contrário pode ter sido um esforço em vão. A

propaganda que só estimula a evitar erros, sem demonstrar a utilidade e sem contextualizar o

ambiente operacional, provavelmente será ineficaz. A organização deve sempre divulgar

questões que consigam resultar em melhorias dos níveis de segurança operacional.

Page 57: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

56

6 FASES DE IMPLANTAÇÃO DO SGSO

A OACI criou, para correta e padronizada implantação do SGSO, um programa

dividido em quatro fases que norteiam este processo. Cada fase está conectada aos

componentes específicos do SGSO, servindo estes de base para concepção de cada fase.

Conforme a OACI (2009), o programa de implantação em fases tem por objetivo prover uma

série de passos gerenciáveis a serem seguidos e permitir um gerenciamento efetivo da carga

de trabalho existente, buscando eficiência, eficácia e alcance do objetivo principal.

6.1 FASE I – PLANEJAMENTO

A fase de planejamento, conforme a OACI (2009), fornece a empresa um plano

que demonstra como os requisitos do SGSO serão atendidos e integrados as atividades da

empresa, além de fornecer uma estrutura de prestação de contas que será utilizado durante o

processo de implantação do SGSO.

Conforme citato anteriormente, cada fase está conectada aos componentes do

SGSO e, por sua vez, cada componente tem uma série de elementos. A fase de planejamento,

conforme a OACI (2009), tem por base o componente política e objetivos do SGSO,

buscando introduzir os principais elementos deste componente, embora façam parte, também,

outros elementos de outros componentes.

Para a primeira fase ser considerada como finalizada, conforme a OACI (2009), é

necessário que uma série de atividades relacionadas a elementos do SGSO sejam realizadas,

sendo estas atividades expostas nos próximos parágrafos.

A primeira atividade desta fase consiste, conforme a OACI (2009), na

identificação do executivo responsável e do Gestor Responsável, identificando o elemento 1.1

e elemento 1.2, os dois primeiros elementos da política e objetivos do SGSO. Conforme a

ANAC (2017), o elemento 1.1 indica o comprometimento e responsabilidade da Alta direção,

sendo de grande importância que seja demonstrado, através de ações, que há o devido

engajamento na causa da segurança operacional. O elemento 1.2 trabalha a responsabilidade

primária acerca da segurança operacional e, conforme a ANAC (2018), o GR possui

responsabilidades não delegáveis, devendo prestar contas da implantação e manutenção do

SGSO.

Page 58: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

57

A segunda atividade, conforme a OACI (2009), é a identificação da pessoa ou

grupo de pessoas responsável pela implantação do SGSO, representando o elemento 1.3,

sendo que, conforme a ANAC (2018), esta identificação é importante para implantação e

funcionamento do sistema, pois esta pessoa será encarregada pela operação rotineira do

sistema, na maioria das organizações esta é a missão do gestor de segurança operacional.

A terceira atividade, conforme a OACI (2009), é a descrição do sistema de

operação da empresa, aqui se entende as atividades que o PSAC executa, se é operador de

aeródromo, empresa de transporte aéreo regular, escola de aviação, entre outras, buscando

conhecer as peculiaridades de suas atividades.

A quarta atividade, conforme a OACI (2009), é a condução do Gap Analysis, que

em tradução literal, significa análise de lacunas e que, segundo a ANAC (2018), é traduzido

com o termo Análise do Faltante, sendo este último o termo técnico a ser trabalhado. A

análise do faltante é a busca de lacunas entre o sistema presente na organização e o que seria o

sistema ideal ou completo, conforme a ANAC (2018), este é um item que deve preceder a

implantação do SGSO, pois proporciona ao Gestor Responsável uma visão dos requisitos a

serem desenvolvidos e implantados levando em consideração as estruturas já existentes na

organização, basicamente, são questões desenvolvidas com base nos requisitos legais sobre

SGSO e respondidas com “sim” ou “não” em relação ao nível de implantação verificado.

A quinta atividade, conforme a OACI (2009), é o desenvolvimento de um plano

de implantação do SGSO que explique como a organização irá proceder à implantação do

SGSO com base em requisitos legais, além de conter a descrição do sistema e os resultados da

Análise do faltante. Conforme a ANAC (2012) na IS 119-002D, com a avaliação dos

resultados da Análise do faltante o Gestor Responsável poderá elaborar um plano de

implantação consistente, sendo que este plano, parte integrante do MGSO, deve refletir a

implantação dos componentes do SGSO e deve, também, ser representado graficamente por

meio de um cronograma.

A sexta atividade, conforme a OACI (2009), é o desenvolvimento de

documentação relativa à política e objetivos, sendo este o elemento 1.5 dos manuais da

ANAC. Conforme ANAC (2018), esta documentação está baseada no Manual de

Gerenciamento da Segurança Operacional (MGSO). O MGSO é um dos manuais que o PSAC

deve apresentar a ANAC para fins de certificação e contém, resumidamente, a política e

objetivos de segurança operacional, os processos de gerenciamento de risco e garantia da

Page 59: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

58

segurança na realização das operações diárias da organização, descrevendo a situação atual da

organização e não ações futuras.

A sétima e ultima atividade desta fase é, conforme a OACI (2009), a de

desenvolver e estabelecer meios de comunicação da segurança operacional, utilizando um

elemento do quarto componente, o 4.2, que conforme se encontra no PSOE ANAC (2015), é a

divulgação do SGSO e da comunicação a cerca da segurança operacional, e neste elemento

encontram-se várias ferramentas para promoção da segurança operacional.

6.2 FASE II – PROCESSOS REATIVOS

Assim como primeira fase está conectada principalmente ao primeiro

componente, política e objetivos da segurança operacional, a segunda fase faz conexão com o

segundo componente, Gerenciamento de Risco a Segurança Operacional (GRSO), tendo por

objetivo, conforme a OACI (2009), implantar processos essenciais de gerenciamento de

segurança, enquanto corrige possíveis falhas dos processos de gerenciamento de segurança

existentes na organização, incluindo nessas atividades relatórios de inspeções e auditorias,

análise de informações presentes em relatórios de investigações de acidentes e incidentes e

relatos de funcionários. Desta forma a fase II acaba solidificando as atividades existentes e

desenvolvendo aquelas que não existem.

Observação importante deve ser feita em relação a esta fase, e é a de que,

conforme a OACI (2009), os sistemas proativos ainda estão em fase de desenvolvimento e por

isso a fase dois é considerada como reativa.

Durante a fase II, conforme OACI (2009), devem ser realizadas algumas

atividades conectadas a elementos do SGSO para que esta seja considerada concluída, sendo

estas atividades expostas nos próximos parágrafos.

A primeira atividade, conforme a OACI (2009), indica que é a hora de por em

prática os elementos do plano de implantação do SGSO no que diz respeito aos processos

reativos de gerenciamento de risco e, conforme a ANAC (2012) na IS 119-002, estes

processos estão relacionados com a identificação e a avaliação e mitigação de riscos. Neste

ponto é possível identificar os elementos 2.1 – processo de identificação de perigos e o

elemento 2.2 – processo de avaliação e controle dos riscos, todos os dois elementos do

referido segundo componente.

Page 60: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

59

A segunda atividade, conforme a OACI (2009), já sai um pouco fora da alçada do

segundo componente e parte para o primeiro elemento do quarto componente, treinamento e

qualificação, sendo que, o treinamento deve ser referente aos processos reativos dos planos de

implantação do SGSO e do componente de gerenciamento de risco.

Saindo novamente fora do segundo componente e indo para o elemento 1.5,

documentação do SGSO, a OACI (2009) coloca como terceira atividade o desenvolvimento

da documentação dos componentes relevantes do plano de implantação do SGSO e do

gerenciamento dos riscos baseados nos processos reativos.

Por fim, deve-se, conforme a OACI (2009), desenvolver e manter meios formais

para comunicação acerca da segurança operacional, atividade esta baseada no elemento 4.2 -

divulgação do SGSO.

Nesta fase há de se destacar, novamente, a questão do seu caráter reativo, pois,

conforme fora exposto anteriormente, o SGSO é caracterizado por ser um sistema preditivo e

proativo, porém, conforme a ANAC (2017), independente do fato do perigo ter sido detectado

de forma reativa ou proativa, ele deve ser tratado da mesma forma para que seja mitigado ou

esteja em níveis aceitáveis. Além de que, conforme se observa no componente gerenciamento

de riscos, por mais que se tenha cautela e uma mentalidade preditiva, imprevistos acontecem e

a organização precisa estar preparada para responder e tratar tais situações.

6.3 FASE III – GESTÃO DE PROCESSOS PREDITIVOS E PROATIVOS DE

SEGURANÇA

Tanto na fase II quanto na fase III de implantação há um enfoque no segundo

componente do SGSO, porém a fase II, conforme a OACI (2009), o foco está na estruturação

dos processos reativos na prevenção de acidentes, agora, na fase III, o objetivo é estruturar

processos de gerenciamento proativos de segurança, sendo refinados os processos analíticos e

de gerenciamento de informação de segurança e, ao final desta fase, a organização estará

preparada para analisar informações de segurança coletadas por métodos reativos, proativos e

preditivos.

Para completa implantação da fase III, conforme a OACI (2009), algumas

atividades devem ser concluídas, sendo estas expostas nos próximos parágrafos.

A primeira atividade a ser executada, conforme a OACI (2009), é a implantação

dos aspectos do plano do SGSO que se referem ao gerenciamento de riscos baseados em

Page 61: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

60

processos preditivos e proativos, sendo baseada nos elementos 2.1 e 2.2, conforme

mencionado na primeira atividade da fase II.

A segunda atividade a ser executada, conforme a OACI (2009), é o

desenvolvimento do treinamento dos componentes do plano de implantação do SGSO

baseados em processos preditivos e proativos. Novamente, como na segunda atividade da fase

II, tem-se o elemento 4.1 do quarto componente do SGSO.

A terceira atividade a ser executada, conforme a OACI (2009), é o

desenvolvimento da documentação do plano de implantação do SGSO e da gestão de riscos

baseados em processos proativos e preditivos. Atividade está baseada no elemento 1.5 do

primeiro elemento do SGSO.

Na quarta atividade deve-se, conforme a OACI (2009), desenvolver e manter

meios formais para comunicação de segurança, sendo esta atividade baseada no elemento 4.2

– divulgação do SGSO.

Pode-se observar que a segunda e a terceira fase de implantação do SGSO são

bastante semelhantes, diferenciando-se pela questão da primeira ter um caráter reativo e a

segunda um caráter preditivo e proativo, este que é uma das principais essências do SGSO e o

que o torna tão importante no cenário atual da aviação.

6.4 FASE IV – GARANTIA DA SEGURANÇA OPERACIONAL

Esta é a última fase de implantação do SGSO, composta, conforme OACI (2009),

pela avaliação da garantia de segurança operacional através da implantação de monitoramento

periódico, feedbacks e ações corretivas contínuas que buscam manter a eficácia do sistema,

além do controle de riscos existentes em mudanças operacionais.

No final desta fase, o gerenciamento de informações de segurança e os processos

analíticos garantem, conforme OACI (2009), a manutenção de processos organizacionais

seguros ao longo do tempo e durante períodos de mudança, para tanto, a organização deve

cumprir uma série de atividades expostas nos próximos parágrafos.

A primeira atividade, conforme a OACI (2009), é a de desenvolver e combinar

indicadores de desempenho de segurança, metas de segurança e desenvolvimento contínuo do

SGSO. Aqui se percebe elementos do terceiro componente, Garantia da Segurança

Operacional, e os seus elementos 3.1, 3.2 e 3.3, sendo que estes três elementos figuram os

Page 62: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

61

principais objetivos desta fase, conforme mencionado anteriormente. Vale destacar que neste

momento encontra-se um aspecto importante do sistema, que é a melhoria contínua do SGSO,

pois por mais próximo do ideal que o sistema se encontre, sempre há margem para melhorias.

A segunda atividade, conforme a OACI (2009), é similar ao exposto nas fases

anteriores, desenvolver um treinamento relevante para manutenção da segurança operacional.

Por fim, a terceira atividade menciona, conforme a OACI (2009), que se deve

desenvolver e manter um meio formal de comunicação de segurança, baseando esta atividade

no elemento 4.2 do quarto componente, sendo este, especificamente, conforme PSOE-ANAC

(2015), a divulgação do SGSO e da comunicação acerca da segurança operacional, podendo

ser usado para tal, conforme citado anteriormente, uma série de ferramentas para estas ações,

variando a sua função e demanda.

6.5 PLANEJAMENTO

O planejamento baseia-se, conforme a OACI (2009), nos requisitos existentes no

primeiro componente, política e objetivos da segurança operacional e seus elementos, já

trabalhados de forma relativamente completa nos capítulos passados anteriores, sendo estes

baseados em manuais fornecidos pela ANAC e adaptados a realidade brasileira.

No SMM da OACI (2009) pode-se destacar um tópico que pode ser discutido um

pouco mais: o plano de implantação do SGSO. Este plano de implantação define qual

abordagem a organização irá utilizar para gerenciar a segurança operacional, definindo uma

estratégia para a implantação do sistema que atenda a política e os objetivos previamente

definidos, oferecendo apoio a um funcionamento eficaz e eficiente, além disso, deve

descrever como a organização alcançará seus objetivos de segurança corporativa e atenderá

requisitos de segurança em novas operações, regulamentos, entre outras mudanças. Este plano

pode consistir de um documento ou mais, detalhando as ações a serem realizadas por quem e

em qual tempo.

Um plano padrão de implantação do SGSO contém, conforme a OACI (2009), os

seguintes tópicos:

a) Políticas e objetivos de segurança;

b) Descrição do sistema;

c) Análise do faltante;

Page 63: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

62

d) Componentes do SGSO;

e) Funções e responsabilidades de segurança;

f) Política de notificação de perigos;

g) Meios de envolvimento dos funcionários;

h) Medição do desempenho da segurança;

i) Comunicação de segurança;

j) Treinamento de segurança;

k) Revisão do desempenho da segurança.

Após a conclusão do plano, a gerência deve o endossar, sendo que, conforme a

OACI (2009), uma implantação completa do sistema, normalmente, consome de um a quatro

anos.

6.6 OPERAÇÃO

No planejamento do SGSO, conforme a OACI (2009), é trabalhado o primeiro

componente do sistema, já na parte da operação do SGSO encontram-se os demais elementos,

sendo trabalhados e desenvolvidos dentro dos moldes em que foram discutidos anteriormente.

Na operação, o operador irá, conforme a OACI (2009), por em prática o que fora

definido no planejamento e a execução é feita pela sequência lógica dos componentes,

inicialmente, há o gerenciamento dos riscos, identificação dos perigos e a avaliação e

mitigação dos riscos, com esses elementos trabalhados, há o desenvolvimento da garantia da

segurança com o monitoramento e medição do desempenho da segurança, gerenciamento de

mudanças e desenvolvimento contínuo do SGSO, por fim, encontra-se o quarto componente

que trabalha o treinamento e a promoção do sistema.

Page 64: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

63

7 CONCLUSÃO

Com toda a pesquisa realizada para analisar os aspectos históricos do SGSO, a

forma de atuação e a sua importância no cenário da aviação, foi possível concluir que o

sistema surgiu com uma base que o antecedesse, verificando-se que o sistema é resultado de

anos de desenvolvimento da segurança operacional na aviação. Pode-se inferir, dessa forma,

que o embrião do SGSO começou a ser concebido, mesmo que de forma involuntária, logo

após o nascimento da aviação como é conhecida hoje, sendo desenvolvido a cada investigação

de acidentes e incidentes e seus, respectivos, relatórios e recomendações até, finalmente,

surgir como um sistema completo e documentado que serve de base, através de seus

componentes, para a operação de gerenciamento da segurança operacional das mais variadas

atividades que hoje são executadas na aviação, proporcionando maior segurança na atividade

aérea.

Os objetivos dessa pesquisa foram conquistados através de uma pesquisa

descritiva, utilizando procedimento bibliográfico e documental com uma abordagem

qualitativa, sendo esta baseada em manuais, guias, regulamentos e páginas temáticas da

ANAC, além de documentos da OACI e FAA, principalmente o Anexo 19 e o DOC 9859.

A história demonstra que o SGSO surgiu devido a muitos anos de

desenvolvimento de segurança na aviação que, conforme a ANAC ([2020?]), inicialmente

possuía uma abordagem nos fatores técnicos, posteriormente nos fatores humanos e, por fim,

entendeu que a segurança na aviação dependia, também, de fatores organizacionais. Com todo

esse desenvolvimento a OACI tomou a iniciativa de montar um sistema que pudesse gerenciar

todos esses aspectos, dando vida ao SMS que posteriormente foi trazido ao Brasil como

SGSO.

Ao conhecer a regulamentação existente sobre o sistema, foi constatado que para

seu correto e integral funcionamento é necessária uma regulação própria que permite,

também, a fiscalização conforme parâmetros pré-estabelecidos. Para isso, conforme a ANAC

(2015), a OACI criou uma série de padrões e sistemas, inicialmente espalhados em alguns

Anexos e posteriormente unificados no ANEXO 19, o qual atribui ao Estado à necessidade de

criar o seu PSO, sendo este um programa que busca orientar os caminhos a serem seguidos

para elevação da segurança operacional, surgindo, a partir desse programa, outros

documentos, como o, muito útil, PSOE-ANAC, que é focado nas ações da própria ANAC e

de seus regulados.

Page 65: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

64

A aviação possui certa variedade de operações, que, por sua vez, possuem riscos e

realidades diferentes uma das outras, portanto é necessário que o Estado crie regulamentações

específicas para cada setor e cada PSAC deve buscar se orientar para saber qual

regulamentação deve se basear. Com a exposição das regulamentações específicas, é possível

o processo de análise de como o SGSO está inserido e faz parte das organizações.

Ao analisar como é a forma de atuação do sistema, chega-se a conclusão que este

tem sua atuação baseada em quatro componentes, sendo estes complementares, funcionando

como um quebra cabeça, completo apenas quando todas as peças estão conectadas, ficando

nítido a sua interdependência. Conectado a análise da forma de atuação esta a análise dos

componentes do sistema, que serão expostos nos próximos parágrafos.

O primeiro componente é a política e os objetivos da segurança operacional,

sendo estes determinados pela alta diretoria amparada por gestores, com a política definida

são traçados os objetivos da segurança operacional, o qual possui métricas para sua

verificação.

O segundo componente é o gerenciamento da segurança operacional, trabalhando-

se neste componente o gerenciamento dos riscos propriamente ditos, analisando as operações

da organização a procura de perigos com suas consequências e riscos, para então, definir

quais ações devem ser tomadas no tocante a mitigação dos riscos ou suspensão das operações.

O terceiro componente é a garantia da segurança operacional, neste componente

há a análise de como está o funcionamento do SGSO através de parâmetros e metas, além

disso, há o gerenciamento de mudanças, que busca manter a segurança independente do

cenário atual da empresa. Com a união destas informações é possível observar um processo de

melhoria contínua no sistema.

O quarto componente é a Promoção da Segurança Operacional, neste componente

há a implantação e manutenção de treinamentos que tem reflexos na segurança operacional,

além do treinamento, também há a promoção SGSO, assim como se promove produtos,

disseminando a filosofia e princípios do sistema para o conhecimento de todos os

colaboradores.

Por fim, a implantação do SGSO que, conforme a OACI (2009), é composta por

quatro fases que fazem conexão com os componentes anteriormente citados, trazendo para o

Estado e os regulados um programa padronizado de implantação.

Com a análise dos componentes e das fases de implantação do sistema é possível

observar como se da o seu planejamento e sua operação dentro do contexto organizacional,

Page 66: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

65

onde cada membro da equipe tem sua responsabilidade e cada ação que seja exigida pelo

sistema deve ser documentada e arquivada.

Assim, com todas essas informações, é possível observar as características do

sistema e concluir que este é composto por uma série de componentes e processos que o

fazem funcionar e dependem, principalmente, da atitude positiva do Estado e das

organizações para sua implantação, manutenção e operação de maneira funcional,

proporcionando que as várias ferramentas do sistema tragam os benefícios planejados para

todos.

O SGSO é um tema importante de se pesquisar, com elevada utilidade no cenário

da aviação. Há muito que se pesquisar e explanar sobre o tema, porém há uma elevada

fragmentação das fontes de informação, o que dificulta bastante o processo pesquisa, pois, por

muitas vezes, a mesma informação precisou ser consultada em mais de uma fonte para a

adequada interpretação e fidelidade, havendo inclusive a complementação de informações em

documentos diferentes, dificultando a transcrição nos parágrafos deste trabalho. Esta

fragmentação fora encontrada principalmente em documentos do Brasil, a OACI traz alguns

manuais específicos, além do anexo 19. O Brasil ainda está caminhando para o alcance desta

desfragmentação e, consequente, condensação das informações relevantes para o SGSO, neste

aspecto, há qualidade nos materiais mais recentes divulgados pela ANAC, que possuem

linguagem clara e objetiva, além de usar elementos gráficos atraentes para o leitor. Por fim, a

sugestão para outras pesquisas é que se procure, antes de escrever sobre o tema, traçar linhas

de pesquisa, desfragmentar as informações, excluir documentos com informações

desatualizadas e, após estas atividades, escrever de forma fluída sobre o tema.

Page 67: SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

66

REFERÊNCIAS

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