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SISTEMA DE FÔRMAS DE ALUMÍNIO PARA A INDÚSTRIA DE FORMAS DE CONCRETO: CRITÉRIOS COMPETITIVOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Marcela Marques Vendramini (CESUPA) [email protected] Gregory De Costa (CESUPA) [email protected] Henrique Augusto Galvao Pinheiro (CESUPA) [email protected] Felipe Alves da Costa (CESUPA) [email protected] Gisele Seabra Abrahim (CESUPA) [email protected] Esse artigo tem como objetivo demonstrar as vantagens do modelo de produção na construção civil por meio do sistema de fôrmas de alumínio para a indústria de fôrmas de concreto por meio da análise dos critérios competitivos. A partir dessa análise demonstra as conseqüências refletidas nos resultados do setor a partir das vantagens que uma fabricante dessas fôrmas pode oferecer. Os procedimentos de análise incluem: pesquisas bibliográficas; visita locus, quando se fez pesquisa de campo na Western Forms, empresa localizada na cidade de Kansas City, Missouri, EUA; e entrevistas com os gestores da referida empresa e com profissionais da área. A análise sustenta que o modelo de produção apresenta vantagens significativas e que os critérios competitivos dos fabricantes das fôrmas influenciam diretamente nos resultados do setor. Palavras-chaves: critérios competitivos, construção civil, fôrmas de alumínio XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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SISTEMA DE FÔRMAS DE ALUMÍNIO

PARA A INDÚSTRIA DE FORMAS DE

CONCRETO: CRITÉRIOS

COMPETITIVOS NA CONSTRUÇÃO

CIVIL

Marcela Marques Vendramini (CESUPA)

[email protected]

Gregory De Costa (CESUPA)

[email protected]

Henrique Augusto Galvao Pinheiro (CESUPA)

[email protected]

Felipe Alves da Costa (CESUPA)

[email protected]

Gisele Seabra Abrahim (CESUPA)

[email protected]

Esse artigo tem como objetivo demonstrar as vantagens do modelo de

produção na construção civil por meio do sistema de fôrmas de

alumínio para a indústria de fôrmas de concreto por meio da análise

dos critérios competitivos. A partir dessa análise demonstra as

conseqüências refletidas nos resultados do setor a partir das vantagens

que uma fabricante dessas fôrmas pode oferecer. Os procedimentos de

análise incluem: pesquisas bibliográficas; visita locus, quando se fez

pesquisa de campo na Western Forms, empresa localizada na cidade

de Kansas City, Missouri, EUA; e entrevistas com os gestores da

referida empresa e com profissionais da área. A análise sustenta que o

modelo de produção apresenta vantagens significativas e que os

critérios competitivos dos fabricantes das fôrmas influenciam

diretamente nos resultados do setor.

Palavras-chaves: critérios competitivos, construção civil, fôrmas de

alumínio

XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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1. Introdução

O impacto causado pela concorrência internacional que implica na sobrevivência das

empresas vem fazendo diversos conceitos terem maior grau de importância na visão das

organizações. Desse modo, a adaptação das empresas, visada no conceito de melhoria

contínua, vem sendo atingido, dentre várias maneiras, através da análise e priorização de

critérios competitivos e adoção das práticas da produção enxuta, sendo seus recursos

utilizados de forma mais eficaz e eficiente para a produção de produtos competitivos para o

mercado (BERNARDES; MOREIRA, 2003).

Apesar dessa busca por melhorias, no setor da construção civil há diversos problemas, como

altos índices de desperdícios. O acréscimo dos custos em percentual é considerável e impacta

diretamente no valor final do empreendimento. Pode-se perceber isso através dos seguintes

dados: na Bélgica, 17%, na França 12% e no Brasil 30% são os percentuais de desperdício.

Sendo mais específico, para exemplificar a justificativa dessas perdas: 100% da argamassa e

30% dos tijolos são perdidos. Além dos desperdícios, pode-se observar altas taxas de

retrabalho que podem ser justificadas através da baixa qualificação da mão-de-obra, dentre

outros diversos aspectos que podem interferir negativamente nesse setor (KOSKELA;

SCARDOELLI, 1997; PINTO, 1995).

A partir dessa rápida demonstração de alguns dos problemas enfrentados pelo setor, esse

artigo tem como objetivo analisar os processos produtivos na construção civil mostrando as

vantagens que o sistema de fôrmas de alumínio apresentam se comparados com o modelo de

processo produtivo tradicional brasileiro. Com base nos critérios competitivos, se pretende

mostrar não somente vantagens qualitativas, mas também quantitativas.

Nesse sentido, uma das possíveis contribuições dessa pesquisa consiste na divulgação dos

benefícios da adoção dessas formas de alumínio para indústria de formas de concreto no

Brasil, permitindo que essa indústria acumule vantagens, sobretudo de custos e qualidade.

Assim, esta pesquisa pode funcionar como um alicerce para a tomada de decisões dos

empreendedores dentro dessa área.

Além da análise do modelo de produção, serão analisados os critérios competitivos da

empresa visitada, mostrando a influência deles na própria organização e nos resultados dos

processos dos canteiros de obra e nos resultados finais das empreiteiras e/ou clientes diretos,

mostrando os motivos do ganho de mercado e sucesso da Western Forms e do crescimento da

utilização desse modelo de produção no mundo.

2. Metodologia

A visita na empresa se deu a partir da participação no Projeto Sócrates Internacional, um

programa desenvolvido por alunos do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) que

consiste em um programa de visitas técnicas com o objetivo de conhecer a vanguarda de

gestão e processos produtivos e os setores econômicos das regiões visitadas. Essa versão do

projeto foi realizada nos Estados Unidos, no estado do Missouri.

Sendo assim, para elaboração desse artigo, foi realizada uma visita in locus, onde se conheceu

a empresa que também foi apresentada através de palestras. Após esta pesquisa de campo, foi

mantido contato com seus dirigentes, dentre eles o dono da empresa, o qual recebeu os

pesquisadores pessoalmente na empresa, e Ward, diretor de crédito da Western Forms, que

concedeu entrevistas via e-mail, conforme a necessidade durante a fase de coleta e análise dos

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dados. Foram, também, procurados profissionais da área, com experiência nos dois modelos

de processos produtivos e fabricantes de fôrmas, com o objetivo de se comparar dados e

conhecer a realidade do setor nos respectivos locais.

Além disso, foram feitas pesquisas bibliográficas em livros e artigos, sobretudo sobre os

custos na construção civil.

3. Referencial Teórico

Os sistemas de produção constituem-se da fusão, de maneira eficiente, entre processos e

operações, onde o processo é o fluxo de materiais e serviços no tempo e no espaço; as

operações são a análise da ativação das pessoas e dos equipamentos disponíveis no tempo e

no espaço. Dessa maneira, processo de produção é a transformação de inputs (entradas) em

outputs (saídas). Esse processo é subdividido em sub-processos denominados operações

(BERNARDES; MOREIRA, 2003; SHINGO, 2008).

O processo consiste em quatro componentes: processamento, inspeção, transporte e espera,

porém apenas o processamento agrega valor, sendo as outras consideradas perdas, elevando

os custos e devendo ser eliminados (SHINGO, 2008).

O foco mais importante em relação aos processos produtivos é o de se eliminar desperdícios,

ou seja, atividades que não adicionam valor no produto final, sendo esse valor observado no

fato de o consumidor querer adquirir o produto em seu estado final. Quanto maior o valor

agregado, maior a eficiência da operação (NAKAGAWA, 2000; SHINGO, 2008).

O conceito de melhoria contínua implica que aspectos como, por exemplo: qualidade,

produtividade, serviços ao consumidor, flexibilidade devem melhorar continuamente, sendo

que sempre pode haver melhorias posteriores, mostrando esse processo de melhorias como

um ciclo (NAKAGAWA, 2000).

Critérios competitivos são os aspectos que uma empresa escolhe como prioridade com o

objetivo de ganhar mercado. De acordo com sua área de atuação, a partir da análise de, por

exemplo: concorrência, necessidade dos clientes, seus produtos e recursos, a empresa define o

conjunto de critérios que vai definir suas vantagens competitivas. Dessa maneira, a

organização de processos e estruturação de operações, alinhadas com sua missão, devem fazer

com que o desempenho, nesses critérios seja o melhor possível.

Segundo Paiva (2009), esses critérios podem ser classificados como: qualificadores ou

ganhadores de pedido. O primeiro definido como sendo o desempenho mínimo exigido pelo

mercado; e o segundo, como tendo um desempenho superior em relação a concorrência. Pode-

se citar como critérios competitivos: flexibilidade, confiabilidade, velocidade, qualidade,

custos e inovação.

É importante ressaltar que as empresas não conseguirão ter o desempenho esperado em todos

os critérios, já que a priorização de um, pode influenciar negativamente no resultado de outro,

ou seja, há, em muitos casos, uma incompatibilidade. Essa incompatibilidade é conceituada

como trade-offs.

3.1 Qualidade

O conceito de qualidade subdivide-se em oito dimensões:

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- Desempenho: são as principais características e funções operacionais do produto, podendo

ser estas mensuráveis ou não. No segundo caso, sua análise se dá a partir de resultados de

pesquisas.

- Características complementares: são características secundárias, ou seja, não necessárias

para o produto realizar suas funções. Características que personalizam o produto, trazendo

maior satisfação ao cliente.

- Confiabilidade: é a probabilidade de falha de um produto.

- Conformidade: grau de adequação de acordo com o seguimento de um padrão previamente

definido em um projeto de produto.

- Durabilidade: tempo de vida de um produto que pode ser avaliado por dois critérios:

econômico e técnico. O primeiro é em relação ao custo de manter o produto e o segundo, o

tempo em que o mesmo começa um processo de deteriorização.

- Serviços agregados: visando evitar a insatisfação dos clientes no pós-venda, empresas

oferecem serviços, que são avaliados de acordo com: competência, pronto atendimento e

cortesia.

- Estética: dependendo do produto, pode ser definido como não só como aparência, mas

também, como, por exemplo: som, gosto e aroma. Essa dimensão apresenta uma certa

dificuldade para as empresas, por não conseguirem agradar a todos os seus consumidores.

- Qualidade percebida: imagem que a empresa, marca ou nome do produto transmitem.

3.2 Flexibilidade

Flexibilidade é a capacidade que um determinado sistema, processo ou produto pode

responder a variáveis externas e internas. A flexibilidade apresenta: duas dimensões, faixa

(grau de variedade) e tempo de resposta (tempo de adaptação); três níveis de recursos

(tecnologia, mão-de-obra e infra-estrutura flexíveis), que contribuem com os quatro tipos de

flexibilidade: de volume, de entrega, de mix e de novos produtos.

De novos produtos: capacidade de introduzir ou modificar produtos. A faixa é definida pela

quantidade e o tempo de resposta, por tempo para inclusão do novo produto no processo

produtivo.

De mix de produtos: capacidade de mudar a variedade de produtos. Sua faixa: quantidade de

produtos diferentes que a empresa produz e seu tempo de resposta: tempo de adequação do

processo para a troca de um produto para outro do mix. Esse tipo de flexibilidade pode ser

vista também nos recursos de suprimentos e nos sistemas de controle.

De volume: capacidade de alteração, para mais ou menos, da capacidade produtiva. A faixa é

a quantidade ou percentual que pode ser mudado; o tempo de resposta é o tempo para a

mudança da capacidade produtiva.

De entrega: capacidade na mudança da data, planejada ou assumida, da entrega. A faixa é o

tempo em que as datas podem ser antecipadas e o tempo de resposta é o tempo de adaptação

do processo produtivo para atender as datas restabelecidas.

3.3 Velocidade

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O critério velocidade tem duas dimensões: capacidade de produzir e vender, e entrega em

prazos, o que gera confiabilidade na entrega.

3.4 Inovação

Inovação em manufatura é a geração, avaliação e implantação de novas idéias, métodos,

tecnologia e abordagens para atingir objetivos da organização. É importante diferenciar dois

conceitos: invenção é a criação de idéias, inovação é a aplicação dessas idéias, sendo assim,

inovação representa um processo contínuo de acúmulo de conhecimento.

Esse critério tem duas orientações, uma de acordo com o processo e outra em relação aos

produtos. O primeiro caso é identificado quando a inovação influencia nos demais critérios. O

segundo caso é verificado em empresas onde o “inovatividade” é o tema central.

3.5 Custo

Uma empresa que prioriza o custo, tenta reduzi-lo ao máximo, o que resulta em produtos com

menores preços.

A melhoria de desempenho em custos pode ser buscada por: melhoria de processos;

melhoria na qualificação do quadro funcional; integração com fornecedores e

distribuidores; e avanços tecnológicos em gestão de equipamentos. (PAIVA;

CARVALHO; FENSTERSEIFER, 2009, p. 46).

Outra maneira em que o cliente pode ver o custo como vantagem competitiva é quando as

empresas oferecem uma flexibilidade ou parcelamento no momento da efetuação do

pagamento de determinada compra.

Vale frisar que nem sempre as empresas diminuem o preço de venda de seus produtos quando

reduzem seus custos.

Uma das maneiras de se diminuir o custo a partir do aumento de produtividade, representada

pelo quociente entre saída e entrada. No século XX, priorizava-se o aumento da saída, ou seja,

o aumento de escala. Com o conceito de mentalidade enxuta, passou-se a priorizar a redução

do denominador, a partir da racionalização dos recursos, como por exemplo: eliminação de

desperdícios, foco da qualidade e diminuição de estoques.

4. Análise dos Resultados

A Western Forms, empresa localizada na cidade de Kansas City, Missouri, EUA, foi fundada

em 1955 por E. B. Ward. Comprometida em fornecer produtos e serviços com sistemas em

formas para construção para os clientes que buscam o melhor, em produtos de qualidade e

com baixos custos.

Em 1962 inventou as formas de alumínio. Depois de mais de 50 anos é a líder de mercado na

formas para a construção residencial, acessórios e suporte técnico. Hoje a empresa atua em 48

estados americanos e mais de 40 locais ao redor do mundo.

Segundo Fajersztajn (1992, p. 33) “Sistemas de formas é um conjunto das formas utilizadas

para moldar a estrutura de concreto armado da edificação.” Ou então:

De maneira sucinta, podemos dizer que a fôrma é um molde provisório que serve

para dar ao concreto fresco a geometria e textura desejada, e de cimbramento,

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todos os elementos que servem para sustentá-lo até que atinja resistência suficiente

para auto suportar os esforços que lhe são submetidos (ASSAHI, 2011)

Assim, as formas podem ser divididas em: madeira, metálicas, mistas e híbridas. O material

utilizado pelas formas da empresa Western Forms é o metal alumínio. Esse material é

normalmente empregado em construções industrializadas e repetitivas, por isso o baixo custo

unitário de construção. Como observado pelo autor, a qualidade das formas é essencial para

não haver problemas durante a execução da obra:

O sistema de formas deve possuir resistência suficiente para suportar os esforços

provenientes do seu próprio peso acrescido do peso do concreto e do aço e do

tráfego de pessoal e equipamentos para lançamento e adensamento

(FAJERSZTAJN, 1992, p. 23)

A economia proveniente da utilização dos sistemas de formas adequadas a cada obra é

primordial para os financiadores do projeto. Porém observamos que isso não irá significar o

custo mínimo da execução. O essencial é que o projeto da utilização das formas seja bem

feito, pois diminuirá os custos de adquirir novas formas e desperdícios das antigas

(FAJERSZTAJN, 1992).

Podemos observar nos produtos da empresa Western Forms, critérios competitivos que são de

fácil percepção. Fica claro que clientes que buscam formas de alumínio para a construção

civil, necessitam de rapidez e baixos custos. Esse é apenas um exemplo de como a empresa

desenvolve seus critérios competitivos. Na missão da empresa podemos observar a busca por

outros critérios que também podem influenciar os consumidores finais dos produtos dessa

organização, como a inovação e qualidade:

A Western Forms está comprometida em fornecer produtos e serviços em sistemas

de formas de alumínio para aqueles clientes que precisam do melhor. Nós

prometemos em continuar a liderança em inovação em profissionais e pessoas

dedicadas a satisfação dos nossos clientes (site da empresa Western Forms).

Os sistemas de formas de alumínios da Western Forms, são desenhados para serem altamente

flexíveis, modulares e adaptáveis a centenas de designs em projetos de baixo, médio e alto

porte. Isso define outro critério competitivo: flexibilidade. Pode-se definir ainda como

flexibilidade dos sistemas de formas de alumínio o baixo nível de qualificação necessário para

a utilização das formas, visto que 80% da mão de obra do mundo provêm de trabalhadores

não qualificados. Esse método ainda elimina a utilização de guindastes, reduzindo riscos e

custos.

Segundo Ward, diretor de crédito da Western Forms, um dos principais critérios de

competitividade dentro da construção civil são os custos envolvidos e o tempo desperdiçado

em fatores que não agregam valor. Podemos então verificar que os sistemas utilizados com

formas de alumínio para a modelagem de construção reduz cerca de 50% o tempo para

execução da obra. Como exemplo, a empresa mostra que em um modelo de construção de

prédios de 400 m² cada andar, foram necessários apenas cinco dias para completar 4 andares

com apenas 40 funcionários colocando as formas de alumínio para a concretagem. Assim:

No processo produtivo tradicional de edifícios (elementos estruturais moldados “in-

loco”), a execução da estrutura sempre faz parte do caminho crítico na composição

do cronograma físico. Desconsiderando-se alguns casos atípicos, a execução da

estrutura consome, aproximadamente, 50 % do prazo total de execução. Por sua

vez, a fôrma é responsável por 60 % deste, concluindo-se que ela consome 30 % do

prazo total do empreendimento (ASSAHI, 2011).

Seguindo a mesma linha de raciocínio, observamos que o custo da construção de 1 m ²

utilizando as formas de alumínio fica em torno de U$200 a U$400. Porém, quando

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observamos esses mesmos dados da construção civil brasileira os custos chegam a U$497,94

(U$ 1,00 = R$ 1,70). Sendo que para a construção brasileira esse custo seria apenas para a

execução de uma residência de padrão normal. Já as formas de alumínio podem ser

reutilizadas mais de 3.000 vezes, baixando o custo do metro quadrado para apenas U$0,04 a

U$0,15, para cada vez utilizada a forma. Sendo esse um dos maiores fatores de

competitividade observada na empresa. (site da empresa Western Forms e do Sindicato da

Construção Civil do Distrito Federal)

Comparando o método tradicional e o método utilizado pela Western Forms se observa uma

diminuição do custo total de cerca de U$1.300,00 por unidade construída. Conforme

informações fornecidas pela empresa, na execução de uma obra de pequeno porte, o número

total de mão de obra reduz cerca de 27% (o equivalente a oito trabalhadores) em comparação

com o modelo tradicional. O tempo total de duração da obra reduz cerca de 28% (o

equivalente a nove dias de trabalho). O custo do retrabalho diminui de U$1.137,50 para cerca

de U$100.00 por unidade construída e o total de tempo de reprocesso diminui seis dias. E o

custo final da estrutura em blocos pela modelo tradicional equivale a U$ 6.492,97, utilizando

o modelo de formas esse valor cairia para cerca de U$ 5.112,20.

5. Conclusão

Entendendo que o modelo de produção predominante no Brasil gera altos desperdícios e

apresenta diversos problemas, viu-se a necessidade de mostrar um modo alternativo de

produção, já aplicado no país e em crescimento no mercado mundial, que gera vantagens

consideráveis em relação a custos, qualidade, flexibilidade, rapidez, inovação, eliminação de

desperdícios, e que conseqüentemente torna esse processo produtivo mais sustentável.

Fica perceptível que a Western Forms prioriza os critérios de competitividade: custos,

velocidade e flexibilidade. Porém, não são os únicos, também existem inovações que

proporcionam a rapidez (no que se diz a respeito ao tempo de construção). Mas ao se analisar

como um todo, a empresa sempre prioriza um ou o outro, dependendo do que o cliente desejar

e nunca tenta fazer todos ao mesmo tempo, pois acaba prejudicando objetivo final.

É importante destacar que uma das limitações dessa pesquisa foi encontrar dados concretos do

modelo de construção tradicional utilizado no Brasil para fins de análise dos custos e todos os

aspectos relacionados. Além disso, os dados não foram acessíveis, pois não haviam pesquisas

recentes divulgadas nessa área, logo a utilização de referências da década de 90.

Diante disso, uma sugestão para pesquisas futuras concerne na realização de investigações

nessa área para a criação de um corpo consistente de dados que possam ser úteis para fins de

comparação, pois assim o modelo aqui estudado poderia ser melhor argüido quanto os seus

benefícios e a possível utilização pelas empresas brasileiras.

6. Referências

ASSAHI, P. Sistema de Fôrma para Estrutura de Concreto. Disponível em: <http://pcc2435.pcc.usp.br/textos%

20t%C3%A9cnicos/estrutura/Texto%20Paulo%20Assahi.PDF>. Acesso em 05 de mar. de 2011.

BERNARDES, S.; MOREIRA, M. Planejamento e Controle da Produção para Empresas de Construção Civil.

São Paulo: LTC, 2003.

FAJERSZTANJN, H. Formas Para Concreto Armado: Aplicação Para o Caso do Edifício. São Paulo: EPUSP,

1992. Disponível em:<http://publicacoes.pcc.usp.br/PDF/BTs_Petreche/BT60-%20Fajersztajn.pdf>.Acesso em

05 de mar. de 2011.

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NAKAGAWA, M. Gestão Estratégica de Custos JIT/TQC. São Paulo: Atlas, 2000.

PAIVA, E. L.; CARVALHO J. M.; FENSTERSEIFER, J. E. Estratégias de Produção e de Operações:

Conceitos, melhores práticas, visão de futuro. 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

PINTO, T. De Volta à Questão do Desperdício. São Paulo: Construção, 1995.

SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção: Do Ponto de Vista da Engenharia da Produção. 2. Ed. Porto

Alegre: Bookman, 2008.

SINDUSCON. Site do SINDUSCON. Disponível em: <http://www.sinduscondf.org.br/cub.php>. Acesso em 5

de mar. de 2011.

WESTEM FORMS. Site da empresa Western Forms. Disponível em: <http://www.pageflipper.com/Catalogue

/834acb7449c447de818a68a3c7cbb029/Index.aspx >. Acesso em 5 de mar. de 2011.