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Instituto de Tecnologia de Pernambuco – ITEP/OSUnidade Gestora de Projetos Barragens da Mata Sul – UGP Barragens

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

R I M ASISTEMA DE CONTROLE DE CHEIAS DA BACIA DO RIO SIRINHAÉM

BARRAGEM BARRA DE GUABIRABA

Recife

Setembro/2011

I59 Instituto de Tecnologia de Pernambuco Relatório de Impacto Ambiental – Rima: Sistema de Controle de Cheias da Bacia do Rio Sirinhaém- Barragem Barra de Guabiraba/ Instituto de Tecnologia de Pernambuco; Unidade Gestora de Projetos Barragens da Mata Sul. – Recife, 2011.

76f. : il. ISBN:

1.Relatório de Impacto Ambiental - RIMA. 2. Impactos Ambientais. 3. Sistema de Controle da Bacia do Rio Sirinhaém-Barragem Barra de Guabiraba. 4. Meio Ambiente. 5. Enchentes. 6. Bacia do Rio Sirinhaém. I. Instituto de Tecnologia de Pernambuco. II. Unidade Gestora de Projetos Barragens da Mata Sul. III. Título. CDU 504

EQUIPE TÉCNICA

Análise do ProjetoAna Paula Batista Lemos Ferreira, Engª. Civil

Análise JurídicaTalden Farias, Advogado

Meio FísicoMargareth M. Alheiros, Drª GeólogaAna Mônica Correia, Msc GeógrafaWeronica Meira, Drª. MeteorologistaRizelda Regadas, Msc GeólogaRoberto Quental Coutinho, Dr. Eng. GeotécnicoSimone Rosa da Silva, Drª. Engª. HidrólogaAntônio Carlos B.Corrêa, Dr. GeógrafoLuciano Cintrão Barros, Dr.GeógrafoAguinaldo Batista de Queiroz, Eng Químico

Meio SocioeconômicoLucia Soares Escorel, Arquiteta e UrbanistaOsmil Torres Galindo Filho, EconomistaLuis Henrique R. Campos, Dr. EconomistaVeleda Lucena, Drª.Arqueóloga

Apoio Administrativo Solange C. da Costa e Silva, AdvogadaMarlúcia Alves Rodrigues, PedagogaViviane Cabral, Administradora

BibliotecáriaSimone Rosa de Oliveira, Ms. Ciência da Informação

Assistente SocialCândida Jucá

Redação e ediçãoRossini Bandeira

ArteRomildo Araújo Lima (Ral)

Revisão e DiagramaçãoEva Luzia Nesso

Meio BióticoMarcondes A. Oliveira, Dr.Biólogo/BotânicoWbaneide Martins de AnDrªde, Msc Bióloga/BotânicaMaristela Casé Costa Cunha, Drª. Bióloga/OceanógrafaCristiane Maria V.A Castro, Drª. Bióloga/OceanógrafaAlfredo Matos Moura Júnior, Dr. Biólogo/BotânicoAurelyanna C. B. Ribeiro, Msc. Bióloga/ZoólogaSilvia Helena L. Schwamborn, Drª. Enga. de Pesca/OceanógrafaMaria Adélia O. M. da Cru, Drª.Bióloga/ZoólogaEdnilza Maranhão dos Santos, Drª.Bióloga/ZoólogaLuiz Augustinho M. da Silva, Dr.Biólogo/ZoólogoYumma Bernardo M. Valle. Msc.Bióloga/ZoólogaRoberta Rodrigues da Costa, Msc.Bióloga/ZoólogaFelipe José Alves, Geógrafo

GeoinformaçãoAramis Leite de Lima, MSc Engº. CartógrafoFlávio Porfírio Alves, MSc Engº. CartógrafoDaniel Quintino Silva, Tecnólogo em Geoprocessamento

Apoio TécnicoGlauber Matias de Souza, GeólogoOtávio Leite Chaves, Geólogo

ESTADO DE PERNAMBUCO

GovernadorEduardo Henrique Accioly Campos

Vice-GovernadorJoão Soares Lyra Neto

Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos - SRHEJoão Bosco de Almeida

Secretário Executivo de Recursos Hídricos - SRHEJosé Almir Cirilo

Secretário Executivo de Energia - SRHEEduardo Azevedo Rodrigues

Gerência Geral de Recursos Hídricos - SRHECarlos Marcelo Sá

Gerência de Infraestrutura Hídrica - SRHEMaria Lorenzza Pinheiro Leite

Presidente da Agência Pernambucana de Àguas e Clima – APACMarcelo Cauás Asfora

Gerente de Revitalização de Bacias - APACTerezinha Matilde Menezes Uchôa

Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP-OS)

Diretor Presidente - DPR Cavalcanti

Diretor Técnico - DTIvan Dornelas Falcone de Melo

Diretoria Administrativa Financeira - DAFFabiana Albuquerque de Freitas

Superintendente de Inovação Tecnológica - SITEPMarcia Maria Lira Pereira

Superintendente de Pesquisa e Pós-graduação - SPPJosé Geraldo Eugênio de França

Superintendente de Relações e Cooperações Internacionais - SRCIJean Paul Raul Marie Gayet

Frederico Montenegro

Diante dos graves desastres por inundações ocorridas em junho de 2010,

atingindo dezenas de municípios da Mata Sul e da Região Metropolitana, o

Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Recursos Hídricos e

Energéticos, SRHE firmou Contrato de Gestão com a Associação Instituto de

Tecnologia de Pernambuco – ITEP/OS. Em decorrência, foi criada a Unidade

Gestora de Projetos Barragens da Mata Sul, UGP-Barragens, com o fim de

acompanhar e coordenar os estudos ambientais e projetos de barragens nos

rios Una, Sirinhaém e Jaboatão, para o controle das enchentes nessas

regiões.

Este Relatório de Impacto Ambiental - RIMA apresenta uma síntese dos

estudos desenvolvidos para obtenção de licenciamento junto à Agencia

Ambiental de Pernambuco – CPRH, do empreendimento denominado

Barragem Barra de Guabiraba, situada no alto curso do rio Sirinhaém, no

município Barra de Guabiraba.

O RIMA apresenta os principais resultados dos estudos realizados para os

meios físico, biótico e socioeconômico, no que se refere ao diagnóstico

ambiental da situação atual da área, dos prováveis impactos e das formas de

mitigação e controle dos mesmos, além dos dados sobre o empreendimento

e dos responsáveis envolvidas no projeto da barragem e nos estudos

ambientais.

APRESENTAÇÃO

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

APRESENTAÇÃO ................................................................................... 04

1. QUEM É RESPONSÁVEL PELO EMPREENDIMENTO E PELOS ESTUDOS?

2. COMO É O EMPREENDIMENTO? ........................................................ 11

3. QUE ÁREAS SERÃO AFETADAS?.......................................................... 13

4. COMO ESSAS ÁREAS SE ENCONTRAM ATUALMENTE? ........................ 15

5. QUAIS OS IMPACTOS ANALISADOS E MEDIDAS MITIGADORAS PREVISTOS? .................................................................. 34

6. QUAIS OS PROGRAMAS AMBIENTAIS RECOMENDADOS? .................. 38

7. AFINAL, COMO FICA A QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA? ................. 39

8. CONCLUSÕES ...................................................................................39

PARTE I – CONHECENDO O EMPRENDIMENTO

PARTE II – CONHECENDO O MEIO AMBIENTE

PARTE III – CONHECENDO OS IMPACTOS RESULTANTES

............................................................................... 07

SUMÁRIO

7

PARTE I – CONHECENDO O EMPRENDIMENTO

1. QUEM É RESPONSÁVEL PELO EMPREENDIMENTO E PELOS ESTUDOS?

1.1. Identificação do Projeto

Empreendimento Barragem de contenção de Barra de Guabiraba

ProjetoSistema de contenção de enchentes da Bacia Hidrográfica do

Rio Sirinhaém

Localização/Municípios

Barra de Guabiraba e Bonito

Razão social: SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E ENERGÉTICOS

CNPJ:08.662.837/0001-08

Endereço:Av. Cruz Cabugá, 1.111 – CEP: 5040-000 – Santo Amaro – Recife/PE

Responsável: João Bosco de Almeida

Telefone:

(081) – 31842518

e-mail:[email protected]

1.2. Identificação do Empreendedor

1.3. Identificação da empresa consultora responsável

Razão Social

ITEP – Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco

CNPJ

05.774.391/0001-15

Endereço

Av. Professor Luiz Freire, 700 – Cidade Universitária – Recife/PE

Responsável Frederico Cavalcanti Montenegro

Telefone (81) 3183-4399

E-mail [email protected]

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

8

1.4. Identificação da equipe multidisciplinar responsável pelo EIA/RIMA

Nome

Função

Registro Profissional

CTF IBAMA

Eng. Cartógrafo

Ivan Dornelas Falcone de Melo

Coordenador Técnico

CREA

PE32724/D

643879

Engenheira Civil

Ana Paula B. L. Ferreira

Analista do Projeto Básico

CREA

PE28680/D

5313522

Bióloga

Wbaneide Martins de Andrade

Supervisão Geral de Estudos Ambientais

CRBio

27620/5D

288034

Geóloga

Margareth Alheiros

Coordenação Técnica

CREA

PE02569/D

572

Biólogo

Marcondes Albuquerque de Oliveira

Supervisão Meio Biótico

CRBio

27377/5D

245968

Arquiteta e Urbanista

Lúcia de Fátima Soares Escorel

Supervisão Meio Antrópico

CREA

PE8843/D

1883652

Meio Físico

Meteorologista

Weronica Meira de Souza

Clima e Condições

Meteorológicas

CREA

PE 11580

5278907

Geógrafo

Antônio Carlos de Barros Corrêa

Geomorfologia

-

Geógrafa

Ana Mônica Correia

Clima e Condições

Meteorológicas

-

4287864

Meteorologista

Romilson Ferreira da Silva

Clima e Condições Meteorológicas

CREA

RPS 3465-10

5348037

Geógrafo

Luciano Cintrão Barros

Pedologia

CREA

PE6649/D

5268899

Engª Civil

Simone Rosa da Silva Recursos Hídricos

Superficiais CREA

RS069372/D

5267121

Geóloga

Rizelda Regadas de Carvalho

Recursos Hídricos

Subterrâneos CREA

PE38410 2527871

Engª Química

Alessandra Maciel de Lima Barros

Qualidade da Água

CREA

034277-D 5076580

Qualidade do Ar Engº Químico

Aguinaldo de Queiroz Batista Ruídos

CRQ

01300698 266370

Meio Biótico

Biólogo Marcondes A. de Oliveira

CRBio 27377/5D

245968

Bióloga Elcida de Lima Araújo

Flora e Vegetação Terrestre CRBio

03684/5D 288090

CRBio Bióloga Elba Maria Nogueira

Ferraz 11077/5D

288133

Bióloga

Wbaneide Martins de Andrade

Flora e Vegetação Terrestre

CRBio

27620/5D

288034

Bióloga Yumma Bernardo

Maranhão Valle

Mastofauna terrestre

CRBio 36839/5D

471506

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

9

Bióloga

Ednilza Maranhão dos Santos

CRBio

19676/5D

310766

Bióloga

Fabiana Oliveira de Amorim

Herpetofauna

CRBio

59256/5D

1832168

Biólogo

Luiz Augustinho Menezes da Silva

CRBio

19949/5D

469144

Biólogo

Patrícia Pilatti Alves

Mastofauna alada

CRBio

/5D

Biólogo

Alfredo Matos Moura Júnior

Macrófitas

Nº CRBio

27115/5D

897964

Bióloga

Maristela Casé Costa Cunha

Fitoplâncton

CRBio

24488/5D

297073

Bióloga

Cristiane Maria Varela de Araújo de Castro

Zooplâncton e Bentos

CRBio

67.486/5D

3054785

Engª de Pesca

Sílvia Helena Lima Schwamborn

Ictiofauna CREA

PE030792/D 270079

Bióloga

Roberta Costa Rodrigues Avifauna CRBio

36720/5P 310766

Bióloga

Aurelyanna Christine Bezerra Ribeiro

Macrozoobentos CREA

PE041391/D 1007341

Engº Florestal Kléber Costa de Lima

CREA PE 39510

5209518

Engº Florestal João Paulo Ferreira da

Silva

Inventário Florestal e Projeto de

Compensação/reposição Ambiental

CREA PE 39099

1510189

Meio Antrópico Economista

Osmil Torres Galindo Filho

CORECON 1821/PE

2215977

Economista

Luís Henrique Romani Campos

Socioeconomia CORECON

4731/PE

5264846

Arquiteta e Urbanista Lúcia de Fátima Soares

Escorel

Uso e Ocupação do Solo

CREA PE8843/D

1883652

Arqueólogo Marcos Antônio Gomes de

Mattos de Albuquerque

SAB 12

516200

Arqueóloga

Veleda Christina Lucena de Albuquerque

Arqueologia e Patrimônio Histórico e Cultural

SAB

237

516194

Legislação

Advogado

Talden de Queiroz Farias

Análise Jurídica /Compensação Ambiental

/Passivo Ambiental

OAB/PB

10.635

329532

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

10

Legislação

Advogado Talden de Queiroz Farias

Análise Jurídica /Compensação Ambiental

/Passivo Ambiental

OAB/PB 10.635

329532

Cartografia Engª Cartógrafa

Ana Carolina Schuler Correia

Cartografia CREA

PE33740D

775184

Engº Cartógrafo Flávio Porfírio Alves

Cartografia

CREA PE033392D

5347904

Engº Cartógrafo Aramis Leite Lima

Cartografia CREA

PE 030760

5266700

Tecnólogo em Geoprocessamento

Daniel Quintino

Tecnologia da Geoinformação

_____

5347907

Geógrafo

Felipe José Alves de Albuquerque

Geografia

CREA

PE044803

5347746

Tecnólogo em

Geoprocessamento

Diego Quintino

Tecnologia da Geoinformação

CREA

PRO 332510

5351237

Equipe de Apoio – Coleta de Dados

Arqueóloga

Rubia Nogueira

SAB

537

2115655

Arqueóloga

Milena Duarte

Arqueologia e Patrimônio Histórico e Cultural

SAB

539

2119448

Geólogo

Glauber Souza da Rocha

Mapeamento Geológico

CREA

PE04508/D

5266714

Geólogo

Otávio Leite Chaves

Mapeamento Geológico

CREA

PE045081/D

5267005

Biólogo

Josinaldo Alves da Silva

Vegetação Terrestre

CRBio

77332/5D

4927740

Bióloga

Cacilda

Michele Cardoso Rocha

Vegetação Aquática

CRBio

77874/5P

5076234

Engº de Pesca

Ericarlos Neiva Lima

Ictiologia

CREA/BA

2011069486

5314146

Engª de Pesca

Jana Ribeiro de Santana

Ictiologia

CREA/BA

2011071993

5314142

Biólogo

Pedro Jorge Brainer de Carvalho

Avifauna

Bióloga

Paloma Joana Albuquerque de Oliveira

Mastofauna Alada

Biólogo

Anthony Epifânio Alves

Ictiofauna/Fitoplâncton

CRBio

85023/05/D

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

11

2. COMO É O EMPREENDIMENTO?

O empreendimento localiza-se no município de Barra de Guabiraba, que possui área de 114,22 2Km e população de 13.900 habitantes (0,16% do total do Estado), com uma densidade

2demográfica de 122 habitantes/km . A sede do município situa-se a uma altitude aproximada de

482 metros, com coordenadas geográficas de 08° 25´ 12“ de latitude sul e 35° 39´ 29” de longitude

oeste, distando 132,6km da capital, com acesso pela BR-232 e PE-103/085.

A análise das alternativas para escolha da solução técnica e economicamente viável para a

construção da barragem Barra de Guabiraba levou em consideração os seguintes fatores: custo,

acumulação, custo/m3 de água acumulada e população a ser atendida. Com base nestes dados,

na presente fase de realização do projeto, a alternativa de barragem que se mostrou mais

indicada, satisfazendo, portanto, os critérios acima citados, é a Alternativa Barragem em CCR,

com coroamento na cota 509,00m, cuja concepção apresentou menor custo executivo,

aproveitando ao máximo a topografia local e atendendo às necessidades primordiais de controle

de cheias.

O estudo hidrológico indicou um volume de acumulação é da ordem de 19.000.000m³,

inundando uma área de 1.324.269,635m², baseado na curva cota x área x volume da bacia

hidrográfica do Rio Sirinhaém.

Características Gerais do Empreendimento

Nome da Barragem: ................................................................Barra de Guabiraba

Município: ..............................................................................Barra de Guabiraba

Estado:....................................................................................Pernambuco

Rio Barrado: ............................................................................Rio Sirinhaém

Área da Bacia Hidrográfica: .......................................................221,96km²

Capacidade de Acumulação (cota 509,00m) .........................19.000.000m³

Características da Barragem

Tipo..................................................Gravidade - Concreto Compactado a Rolo (CCR)

Cota do Coroamento ................................................................509,0m

Largura do Coroamento ............................................................6,50m

Altura Máxima .........................................................................29,0m

Extensão pelo Coroamento .......................................................560,0m

Altura Máxima .........................................................................29,0m

Talude de Montante .................................................................vertical

Talude de Jusante Escalonado ...................................................(geratriz) 0,7(H):1(V)

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

12

Características do Vertedouro

Tipo.................................................................................Concreto (no corpo da barragem)

Largura ...................................................................................150,00 m

Descarga de Projeto (milenar) ...................................................1283,66,00 m³/s

Cota da Soleira .........................................................................504,50 m

Lâmina máxima de Sangria (milenar) ......................................... 2,56 m

Cota do Eixo da Galeria de controle de cheias centenárias: ...........490,50m

Dimensões da galeria de controle de cheia centenária .................2,0 x 3,0 m

Prazo de execução do empreendimento Prazo 12 meses

Previsão de início da obraFevereiro de 2012

Estimativa de custo total para a obraR$ 45.000.000,00

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

13

PARTE II – CONHECENDO O MEIO AMBIENTE

3. QUE ÁREAS SERÃO AFETADAS?

Para os fins do Estudo de Impacto Ambiental - EIA, foram definidas as áreas de influência da barragem quanto às mudanças que poderão ocorrer com a sua construção. A legislação ambiental determina que essas áreas devem ser definidas como: área de influência indireta – AII (aquela onde os impactos poderão repercutir de forma indireta), área de influência direta – AID (quando os impactos são sentidos de forma mais imediata em áreas próximas do empreendimento) e área diretamente afetada – ADA (onde o empreendimento será implantado sendo seus impactos mais fortemente percebidos).

Área de Influência Indireta (AII)

A AII corresponde à bacia hidrográfica do Rio Sirinhaém, em cujo alto curso será implantada a barragem Barra de Guabiraba, no município de mesmo nome. Tendo em vista a continuidade do rio desde a área da barragem até a foz, como um meio contínuo onde se desenvolvem a fauna e a flora aquáticas, estima-se a possibilidade de impactos da barragem em todo o curso do rio, especialmente sobre as comunidades de peixes. A Figura 1 mostra essa área.

Figura 1

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

14

Área de Influência Direta (AID) A AID foi definida como sendo o município de Barra de Guabiraba e em alguns casos incluindo o

município de Bonito, tangencialmente tocado pelas águas do lago formado pela barragem. É nessa área onde os impactos se darão de forma mais efetiva, razão pela qual serão indicadas várias medidas mitigadoras e maximizadoras. A Figura 2 apresenta a AID.

Figura 2

Área Diretamente Afetada (ADA)

A Área Diretamente Afetada (ADA) compreende o lago formado pela barragem, acrescida de uma faixa de 100m em todo o seu entorno e de um trecho de 200m para jusante. É nessa área que ocorrerão as principais modificações ambientais, com a total supressão da cobertura vegetal e afugentamento da flora. Para os estudos socioeconômicos, essa área compreende os municípios de Barra de Guabiraba e Bonito. A Figura 3 apresenta a ADA.

Figura 3

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

15

4. COMO ESSAS ÁREAS SE ENCONTRAM ATUALMENTE?

As áreas foram analisadas para compor um Diagnóstico Ambiental, enfocando o meio físico

(clima, geologia, geotecnia, geomorfologia, pedologia, hidrologia e hidrogeologia, qualidade do

ar e ruídos); o meio biótico (flora terrestre e aquática e as diversas temáticas da fauna, como

mamíferos, répteis, aves e peixes, entre outros); e o meio socioeconômico (socioeconomia, uso

do solo e patrimônio cultural).

Os aspectos mais relevantes do diagnóstico são mostrados a seguir.

O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A bacia hidrográfica do rio Sirinhaém é composta por dezessete municípios, distribuídos em

três regiões de desenvolvimento - RD: Agreste Central, Mata Sul e Metropolitana. A Área de

Influência Indireta – AII, que inclui como subconjunto a Área de Influência Direta – AID e a Área

Diretamente Afetada - ADA, esta definida como a área que compreende a cota máxima da

barragem, mais uma faixa de 100 metros em seu entorno, que corresponde a Área de Preservação

Permanente – APP (Lei Federal nº 4.771/65) e de 500 metros no trecho a jusante da mesma.

As áreas de influência ocupam, juntas, um território urbano de 518.056km² e um território

rural de 167.882 totalizando uma área de 5.679,40km².

O uso e ocupação do solo desenvolvidos no território dos municípios encontram-se

diretamente relacionados com as atividades econômicas locais e regionais. Na AII apresentam-se

atividades predominantemente rurais, caracterizadas pela pecuária e lavoura de produtos de

subsistência, principalmente, a mandioca, a fruticultura (com destaque para a banana) e a

atividade sucroalcooleira.

Apenas três dos 17 municípios componentes da AII – Camocim de São Félix, São Joaquim do

Monte e Sairé – não desenvolvem atividade agrícola da cana-de-açúcar. Desses, apenas o

município de São Joaquim do Monte não integra a AID.

A maior parte da economia local e regional está baseada no cultivo da cana-de-açúcar. Na

bacia, ocupa uma área 29,3% de seu território com plantio, respondendo por 28,3% do total da

produção do Estado de Pernambuco, associadas a atividades industriais a ela integradas e

desenvolvidas por usinas e destilarias localizadas, sobretudo na RD Zona da Mata.

As categorias de uso do solo encontradas na região de estudo foram as seguintes:

- Cobertura vegetal natural;

- Áreas de lavouras temporárias;

- Áreas de lavouras permanentes;

- Áreas de horticultura e floricultura;

- Área para a produção de sementes, mudas e outras formas de propagação vegetal;

- Áreas com predomínio de pastagens (pecuária e criação de outros animais);

- Áreas Urbanas e Sistema rodo-ferroviário;

- Áreas de Produção florestal - florestas plantadas;

- Áreas de Produção florestal - florestas nativas;

- Áreas de pesca e aqüicultura;

- Área de atividade mineraria de argila e areia.

A SOCIOECONOMIA

O quadro histórico elaborado para o estudo de impactos socioambientais das barragens da

Zona da Mata de Pernambuco pode ser sumarizada nos seguintes tópicos:

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

16

>

>

População da região com problemas de baixa escolaridade e capacitação para o trabalho, onde parcela significativa da mão-de-obra conhece apenas parte do processo produtivo da cana-de-açúcar ou da criação de gado bovino. Isto dificulta ações de remoção de pessoas, pois esta população tem dificuldades de adaptação em novas realidades produtivas;

Ocupação de áreas de risco nas cidades e no campo. Conflitos agrários são responsáveis pela expulsão de trabalhadores de áreas cobiçadas pela produção agrícola. Estes, então, passam a ocupar áreas onde o conflito é menor, expondo-se ao risco, pois muitas vezes isto ocorre às margens dos rios ou em encostas no entorno das cidades;

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

17

>

>

>

>

>

>

Altos índices de desemprego nas cidades nos períodos de entressafra. O contingente de trabalhadores que atua no corte da cana-de-açúcar e que fica desempregado na época da entressafra é superior a 45%. Tal desemprego provoca problemas sociais, como o alcoolismo e a violência, por exemplo;

Alta concentração fundiária. A forma de ocupação descrita levou a alta concentração fundiária, situação que é mantida até os dias de hoje;

Problemas de posse das terras. As sucessivas crises da produção da cana-de-açúcar e a estrutura fundiária geraram uma situação onde os engenhos, fazendas e usinas acumularam dívidas junto a bancos e passivos trabalhistas. Este endividamento gerou entraves legais à transferência da posse da terra, dificultando ações de desapropriação para retirada e realocação da população nas áreas que serão inundadas.

Os aspectos demográficos permitem destacar alguns pontos relevantes para a análise dos

impactos da barragem na população, entre os quais se destacam:

As taxas de crescimento populacional indicam que alguns municípios estão perdendo

população para os vizinhos, principalmente aqueles que pertencem à AID;

A conversão dos municípios de rurais para urbanos já se completou em boa parte da área em

questão, mas o processo ainda indica que haverá movimentos migratórios em direção às

cidades, com consequente pressão por aumento da infraestrutura urbana;

A população tem envelhecido pela diminuição da taxa de natalidade, o que reduz a

necessidade de crescimento da infraestrutura para atendimento da primeira infância, mas

aumenta a necessidade de crescer a oferta de infraestrutura para atendimento aos idosos.

O crescimento econômico dos municípios da bacia hidrográfica do rio Sirinhaém apresenta-se

bastante superior ao de Pernambuco devido à presença de Ipojuca. Se for feita a análise da AII sem

este município, a conclusão se reverte, ou seja, existe bastante heterogeneidade na economia da

região de influência da barragem.

Os efeitos do desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário de Suape para os

municípios vizinhos dependem de alguns fatores, mas com a centralidade na questão logística.

Seja a abertura de uma média empresa fornecedora de alguma empresa instalada no âmbito do

complexo, ou a geração de um cinturão verde que supra as necessidades de alimentos para os

moradores da parte sul da RMR, que está com sua população crescendo fortemente. Para que

estas cadeias de suprimentos desloquem-se para os demais municípios da bacia é preciso que

haja facilidade de escoamento da produção destes para Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho.

Fazendo-se o controle das enchentes na região é mais fácil manter uma infraestrutura viária

com qualidade. Um impacto positivo bastante relevante da barragem é a melhoria das condições

logísticas tirando um entrave para que o desenvolvimento que está se verificando no Complexo de

Suape possa ser aproveitado pelos municípios da AII.

Excetuando-se Ipojuca, a economia da AII é basicamente rural. Essa característica deixa as

condições de vida nos municípios muito dependentes da flutuação dos preços dos produtos

agrícolas, principalmente da cana-de-açúcar e dos seus principais derivados. A vulnerabilidade é

mais acentuada no âmbito dos pequenos produtores familiares, que representam parcela

substancial da população local, devido à sua menor produtividade, acesso mais precário a

informações estratégicas sobre as condições do mercado e condições menos vantajosas de

comercialização tanto dos insumos utilizados quanto da produção gerada.

A estrutura fundiária da área analisada mostra-se uma das mais desigualmente distribuídas do

Nordeste, onde a posse da terra é extremamente concentrada em razão da ocupação histórica das

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

18

terras para a produção de açúcar. Deve-se ressaltar que a cana-de-açúcar é o principal produto

agrícola cultivado em 12 dos 17 municípios da área em questão, e sua cultura é normalmente

intensiva no uso da terra tendo em vista as grandes dimensões das unidades de produção que dão

suporte à produção do açúcar. Naqueles municípios onde se localizam unidades industriais que

transformam a cana-de-açúcar, o tamanho médio da unidade de produção agropecuária chega a

ser superior a 200 hectares, com a posse da terra sendo geralmente mais concentrada do que

naqueles onde dominam ainda outras culturas alternativas à produção de cana. Nos municípios

onde predominam pequenos fornecedores de cana ou existe uma produção mais diversificada, o

tamanho médio baixa para menos de 50 hectares.

A indústria está concentrada nos segmentos de alimentação e bebidas, construção civil,

material de transporte, químico e metalúrgico. A maior parte do emprego industrial da AII está

localizada em Ipojuca. O impacto dos investimentos estruturadores de Suape faz com que Ipojuca

responda por 71,9% da massa salarial da região.

O setor de serviços envolve bens públicos, tais como educação, saúde, saneamento, segurança

pública, entre outros. Como principais conclusões da análise dos diversos segmentos de

serviços da AII e da AID salientam-se:

Existe pouca oferta de serviços de telefonia fixa, com consequente baixa taxa de conexão à

internet;

A malha ferroviária está desativada, mas com projeto de revitalização em curso;

A falta de acessibilidade da rede de transportes tem influência negativa na economia local,

uma vez que as principais rodovias apresentam tráfego intenso, gerando sérios problemas de

desgaste.

Apesar do quadro favorável da infraestrutura energética da região, observam-se algumas

vezes a interrupção do fornecimento de energia tanto nas sedes municipais quanto nas áreas

rurais. Segundo a Celpe, as quedas no fornecimento de energia na área decorrem de queimadas

ilegais da cana-de-açúcar ou de roubo de fios para a venda do cobre.

No que diz respeito ao Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, os municípios apresentam

significativo índice de pobreza, que não se limita à renda, incluindo dificuldades de acesso ao

serviço público. O IDH é um indicador síntese que utiliza como referência a renda, a expectativa de

vida e a escolaridade. Os municípios apresentam um baixo índice de desenvolvimento, mostrando

números abaixo da média de Pernambuco no censo de 2000. Os números sugerem que para os

cálculos do IDH de 2010 esses municípios deverão apontar melhora considerável nos indicadores

por conta da proximidade do Complexo Industrial e Portuário de Suape, onde ocorreram, nos

últimos cinco anos, investimentos econômicos consideráveis, mas é de se esperar que essa

posição relativa ainda seja desfavorável em relação à média estadual por conta dos níveis de

pobreza que são bastante elevados.

Dos 17 municípios que compõem a AII, apenas cinco apresentaram em 2000 índices inferiores

ao da média estadual (Barra de Guabiraba, Bonito, Cortês, Gameleira e São Joaquim do Monte – os

três primeiros também fazendo parte da AID); fato que deve ser ressaltado porque, em 1991,

apenas Ribeirão achava-se no patamar superior ao da média estadual.

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1 Cumpre destacar que retirar um entrave não é garantir que o desenvolvimento de Suape chegue aos demais municípios da AII, uma vez que existem outros entraves como a oferta de mão-de-obra qualificada e com boa escolaridade.

2 Na AII localizam-se 10 empresas agroindustriais, a saber: Destilaria Campo Belo, em Amaraji; Usina Pedrosa, em Cortês; Usina

Pumaty, em Joaquim Nabuco; Usina União e Indústria, entre Primavera e Escada; Usina Interiorana, em Ribeirão; Usina Cucaú, em Rio

Formoso; Usina Trapiche, em Sirinhaém; e Usinas Ipojuca e Salgado, em Ipojuca.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

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O setor de serviços envolve bens públicos, tais como educação, saúde, saneamento, segurança

pública, entre outros. Como principais conclusões da análise dos diversos segmentos de

serviços da AII e da AID salientam-se:

Existe pouca oferta de serviços de telefonia fixa, com consequente baixa taxa de conexão à

internet;

A malha ferroviária está desativada, mas com projeto de revitalização em curso;

A falta de acessibilidade da rede de transportes tem influência negativa na economia local,

uma vez que as principais dovias apresentam tráfego intenso, gerando sérios problemas de

desgaste.

Apesar do quadro favorável da infraestrutura energética da região, observam-se algumas

vezes a interrupção do fornecimento de energia tanto nas sedes municipais quanto nas áreas

rurais. Segundo a Celpe, as quedas no fornecimento de energia na área decorrem de

queimadas ilegais da cana-de-açúcar ou de roubo de fios para a venda do cobre.No que diz respeito ao Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, os municípios apresentam

significativo índice de pobreza, que não se limita à renda, incluindo dificuldades de acesso ao serviço público. O IDH é um indicador síntese que utiliza como referência a renda, a expectativa de vida e a escolaridade. Os municípios apresentam um baixo índice de desenvolvimento, mostrando números abaixo da média de Pernambuco no censo de 2000. Os números sugerem que para os cálculos do IDH de 2010 esses municípios deverão apontar melhora considerável nos indicadores por conta da proximidade do Complexo Industrial e Portuário de Suape, onde ocorreram, nos últimos cinco anos, investimentos econômicos consideráveis, mas é de se esperar que essa posição relativa ainda seja desfavorável em relação à média estadual por conta dos níveis de pobreza que são bastante elevados.

Dos 17 municípios que compõem a AII, apenas cinco apresentaram em 2000 índices inferiores

ao da média estadual (Barra de Guabiraba, Bonito, Cortês, Gameleira e São Joaquim do Monte – os

três primeiros também fazendo parte da AID); fato que deve ser ressaltado porque, em 1991,

apenas Ribeirão achava-se no patamar superior ao da média estadual.

Em relação à Saúde, a maior parte dos problemas que afligem a população resulta das

condições de subdesenvolvimento em que elas estão mergulhadas, e à qual se conjuga a extrema

pobreza das famílias que vivem em meio à precariedade da infraestrutura social e urbana básica,

que inclui água, esgotamento sanitário e coleta de lixo, asim como a deficiência dos serviços

públicos de saúde. Devem ainda ser destacadas determinadas deficiências e inadequações no

sistema de atendimento à saúde, entre as quais: a insuficiência de medicamentos, equipamentos

e de instrumental nas unidades de saúde em relação à demanda; a infraestrutura precária e

deficiente dos hospitais; o tratamento dispensado ao lixo hospitalar; a quantidade reduzida de

leitos hospitalares; e o desconhecimento da população sobre o funcionamento do Programa de

Saúde da Família - PSF.

A distribuição dos recursos de saúde na região tem sua eficiência reduzida pela desproporção

existente no número de médicos por habitantes. A carência de profissionais de saúde de nível

superior (médico, dentista, enfermeiro e nutricionista, entre outros) é reconhecidamente um dos

gargalos do setor de saúde em quase todas as regiões do País. Em onze municípios da AII houve

aumento no número de leitos, em cinco ocorreram diminuição, entre os quais quatro fazem parte

da AID, e em apenas um o número permaneceu o mesmo. Na AID a média de leitos por cada 10 mil

habitantes é de 8,6, em 2009, quase 3 vezes abaixo da média estadual e aproximadamente 1,7

vezes menor do que a da AII; proporção inclusive bem abaixo da que essa área detinha em 2007

que correspondia a 10,5 leitos por 10 mil habitantes.

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Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

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Quanto à Educação, os dados apresentados enfatizam as deficiências no sistema educacional

tanto local quanto estadual. Em relação aos problemas, o mais apontado pelas estatísticas, e

confirmado pelos especialistas em educação no país, é o analfabetismo, principalmente no grupo

de idade de 15 anos e mais. Essa questão é ressaltada devido a esse grupo representar parcela

significativa de pessoas em idade produtiva e, se não for atenuada, poderá impedir a busca de

oportunidades e uma melhor colocação no mercado de trabalho.

Embora se tenha observado nos últimos dez anos um avanço na formação dos professores,

através de programas de capacitação, essa formação não é, ainda, a ideal, e não contribui

significativamente para a elevação do rendimento escolar, o que reforça a tese da baixa qualidade

do ensino.

Em relação ao número de estabelecimentos de ensino nota-se que o nível fundamental é o que

oferece maior quantidade de instituições na AII (819 instituições em 2006), com as escolas

municipais representando 77,3% desse total, quantidade que apresentou pequena mudança em

relação a 2001 (814 unidades escolares).

Um fato representativo na educação é o incremento do ensino médio na região, apesar do

ainda restrito número de instituições em 2006 (60 unidades), mas comparando-se esse número

com o de 2001 observa-se que o mesmo cresceu seis vezes mais no período. No que diz respeito ao Saneamento, apesar da melhora verificada, os dados permitem

concluir que alguns municípios continuam apresentando condições precárias nesse conjunto de serviços básicos de infraestrutura. Sobre o fornecimento de água encanada os dados mostram que menos da metade dos domicílios da AII (49,8%) contam com esse serviço em 2000 (em 1991, essa parcela equivalia a 42,2%). Na maioria dos municípios estudados, a água disponibilizada na rede, em geral, é proveniente de poços, nascentes, cisternas ou de reservatórios abastecidos pelas chuvas. O abastecimento d'água ligado à rede geral na AII é ainda precário, atendendo em poucos casos a mais da metade dos indivíduos em 2000, como é o caso de sete dos 17 municípios da área.

O PATRIMONIO CULTURALA legislação federal aplicável ao patrimônio histórico-cultural protege os conjuntos urbanos, e

sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

O estudo do Patrimônio Cultural na Barragem Barra de Guabiraba foi realizado através de levantamento de dados secundários e primários dos municípios de Barra de Guabiraba e Bonito. Durante o Diagnóstico foram levantados os aspectos culturais dos municípios estudados, incluindo o levantamento do patrimônio material (arqueológico e histórico), do patrimônio imaterial (festas, danças, comidas típicas, lendas, artesanato), do patrimônio espeleológico (cavernas e furnas) e do patrimônio paisagístico.

Quanto ao patrimônio imaterial dos referidos municípios, merecem destaque as festas populares como o Carnaval, São João e festas religiosas. Nessas festas ocorrem manifestações culturais típicas como o frevo, o boi lavrado, apresentações de grupos de bacamarteiros, as quadrilhas juninas; as comidas típicas como a macaxeira, o cuscuz, a carne-de-sol, comidas a base de milho, doces com frutas regionais, entre outras.

O patrimônio material identificado, do ponto de vista arqueológico e histórico, corresponde a ocorrências de material lítico e cerâmico relacionado a grupos indígenas que outrora habitaram a região (referente ao período pré-histórico) e remanescentes de estruturas históricas (Engenhos) referentes ao ciclo da cana-de-açúcar em Pernambuco.

Na área que será diretamente afetada pela construção da Barragem foi realizado um levantamento detalhado para identificação do patrimônio cultural presente na área. As

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

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informações foram obtidas através de entrevistas com a população e através de prospecção visual, enfocando a identificação de eventuais vestígios arqueológicos e históricos. O estudo realizado revelou o potencial arqueológico pré-histórico e histórico da área, com base tanto nas informações de habitantes das cercanias, quanto da identificação direta de um sítio arqueológico pré-histórico, de grupo ceramista da Tradição Tupi-Guarani.

Foram identificadas 14 ocorrências históricas de interesse arqueológico. As referências históricas correspondem ao período entre os séculos XIX e XX, época que predominava na região a economia açucareira. No que tange ao patrimônio imaterial identificou-se a existência de lendas relacionadas à Cachoeira do Galo. O estudo realizado revelou o potencial e diversidade cultural desta região.

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Figura 1 - Casa-grande do Engenho Guabiraba, atual câmara de vereadores do município de Barra de Guabiraba. Fotografia fornecida por Gilberto Leopoldino Cavalcanti. Sem data.

Figura 2 - Fragmentos de cerâmica pré-histórica da Tradição ceramista Tupi-Guarani.

Figura 3 - Engenho Burarema em Barra de Guabiraba-PE. Figura 4 - Sobrado localizado na Praça da Igreja de São Sebastião.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

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Figura 5 - Ruínas do Engenho Cana Verde em Barra de Guabiraba-PE.

Figura 6 - Cachoeira do Galo, cenário de lendas do município de Barra de Guabiraba-PE.

Figura 7 - Pilão localizado na casa do Sr. Arlindo, residente na área urbana de Barra de Guabiraba, próximo onde será edificado o eixo da barragem.

Figura 8 - Conjuntos de louça inglesa da Fazenda Água Fria, Bonito-PE.

Figura 9 - Alfenins produzidos em Bonito a várias gerações.

Figura 10 - Desenho com referência à fundação da Associação dos Bacamarteiros de Bonito, em 1903. Data: 20/07/2011.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

O CLIMA

A bacia do Rio Sirinhaém localizada nas mesorregiões do Litoral/Zona da Mata e Agreste

apresenta grande irregularidade na precipitação anual, com valores climatológicos de

precipitação total anual oscilando, em média, entre 550 mm no setor oeste da bacia até 2.300mm

no setor leste. Os menores valores são observados em Sairé (680mm) e em Bonito (806mm) e os

maiores nas localidades de Sirinhaém (2.307 mm) e Rio Formoso (2.200 mm).

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Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

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A GEOLOGIA

A Bacia do Rio Sirinhaém, situada no Agreste do Estado de Pernambuco pertence a um

domínio de rochas cristalinas, bastante fraturadas, as quais controlam o curso do rio, fazendo-o

correr encaixado nessas fendas.

O município Barra de Guabiraba apresenta rochas graníticas e gnáissicas, que mostram diferentes resistências aos agentes erosivos, apresentando-se na forma de colinas e morros. Além dessas unidades ocorre de forma localizada na região, ao longo do traçado dos rios e riachos, os depósitos de sedimentos recentes representados pelos aluviões do rio Sirinhaém e seus afluentes. Em vários trechos, o vale do rio é formado por rochas expostas, algumas em destaque, como é o caso da Cachoeira do Galo (foto a seguir).

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

25

Conforme o Mapa de Recursos Minerais de Pernambuco (CPRM/2001), o município de Barra

de Guabiraba não apresenta potencial mineral que possa atender à demanda para o seu

desenvolvimento. Não foi identificada ocorrência de nenhuma substância mineral

economicamente aproveitável, embora a presença de rochas expostas permita seu uso para

produção de brita e blocos.

Do ponto de vista das águas subterrâneas, existem dois tipos de aquífero: o aquífero fissural,

representado por rochas cristalinas, e o denominado aquífero poroso ou intersticial, que

representa os solos e os sedimentos recentes. O aquífero poroso, livre e raso, é representado

pelos aluviões limitados às margens do rio Sirinhaém.

Em sua maior parte, as águas subterrâneas encontram-se nos aquíferos fissurais, dentro das

fendas e fraturas das rochas cristalinas, onde se acumulam as águas das chuvas. É o único

manancial disponível para explotação de poços do tipo tubular. No geral, esses poços apresentam

uma profundidade de 42m, com vazões médias de 2.766l/h. Dos nove poços cadastrados, dois

deles apresentaram vazões elevadas, não típicas para rochas cristalinas (8.000 l/h). A média dos

poços em geral para o do cristalino é em torno de 1.000l/h e sua água é considerada de boa

qualidade e para o consumo humano.

Os principais tributários do rio Sirinhaém a oeste do município de Barra de Guabiraba são o

riacho do Renon, na margem esquerda, e o riacho Seco, na margem direita. Todos esses cursos

d'água têm regime de escoamento intermitente e o padrão de drenagem é o dendrítico. O

aquífero fissural, bem como os aluviões, apresentam forte interrelação com as águas superficiais,

ora recarregando-as, ora sendo por elas abastecidos. Por isso, a influência da água superficial

também deve ser considerada. Quando a água superficial é de boa qualidade (baixos índices de

salinidade), a sua influência é positiva, ou seja, benéfica para o aquífero, pois a sua infiltração

promoverá a circulação e renovação da água subterrânea.

OS RECURSOS HÍDRICOS DE SUPERFÍCIE

A bacia hidrográfica do rio Sirinhaém possui apenas quatro estações fluviométricas, sendo o

posto Eng. Mato Grosso o que apresenta maior disponibilidade de registros fluviométricos,

embora situado bastante a montante da futura barragem Barra de Guabiraba. O regime sazonal

das vazões observada no rio Sirinhaém no posto Eng. Mato Grosso indica a ocorrência de um

período úmido, compreendido entre maio a outubro, sendo julho, com vazão média de 59m³/s, o

mês onde geralmente ocorrem os maiores deflúvios com vazões máximas de até 122m³/s. O

período de estiagem vai de novembro e abril, com valores mínimos observados no mês de

dezembro, onde são registrados valores médios da ordem de 14 m³/s e mínimos da ordem de

4,7m³/s.

As vazões mensais disponíveis próximas à futura Barragem Barra de Guabiraba foram obtidas

por modelo chuva-vazão, observando-se que, em geral, as vazões máximas ocorrem nos meses de 3junho e julho, com valores médios, respectivamente, de 3,83 e 5,04m /s. Em alguns anos, também

ocorrem valores de vazões expressivos nos meses de maio e abril. Quanto às vazões mínimas, para

todo o período simulado, o modelo gerou vazões nulas em alguns meses dos anos 1982, 1983 e

1984, embora as informações coletadas em campo indiquem que o rio Sirinhaém nunca secou nas

proximidades da sede do município de Barra de Guabiraba. Estas discrepâncias devem-se às

limitações do modelo. Porém, verifica-se que os resultados médios encontrados neste trabalho

são compatíveis com os valores encontrados em estudos anteriores desenvolvidos para esta

bacia.

Em relação aos usos da água, na AID da Barragem Barra de Guabiraba, verifica-se que o

principal uso das águas superficiais é para a agropecuária, tanto para dessedentação de animais

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

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quanto para irrigação. O cultivo predominante é o da cana-de-açúcar, mas também foram

identificadas fruticulturas, principalmente a bananeira, e também o cultivo de inhame e milho.

Em muitos casos, a irrigação é realizada a partir de pequenos barreiros que acumulam água da

chuva ou localizam-se próximos às nascentes, ou por poços. Também foram identificadas

captações de água para o abastecimento público, realizadas pela COMPESA, à montante e a

jusante da futura barragem, além de usos não consuntivos menos expressivos, tais como: pesca,

lavagem de roupa e banho. A partir dos levantamentos realizados em campo e consulta aos

usuários, não foram identificados conflitos pelo uso da água atualmente na AID da Barragem Barra

de Guabiraba.

Constatou-se também que o rio Sirinhaém, por apresentar um trecho encachoeirado a

montante da futura Barragem Barra de Guabiraba, possui um potencial para o turismo e lazer. Este

aspecto é explorado, principalmente, no local denominado Cachoeira do Galo, aonde existem

alguns bares que atendem os visitantes de municípios vizinhos que frequentam o local,

especialmente nos meses de verão.

No trecho do rio Sirinhaém que atravessa a área urbana de Barra de Guabiraba, a jusante da

futura barragem, há lançamento de efluentes domésticos das residências situadas nas margens

do rio, diretamente no rio Sirinhaém. Inclusive, a drenagem pluvial da cidade de Barra de

Guabiraba, é lançada no rio Sirinhaém. Como haverá redução da vazão natural do rio Sirinhaém

em alguns meses do ano, após a construção da Barragem Barra de Guabiraba, é necessário

assegurar que a vazão remanescente garanta a qualidade da água necessária à manutenção do

ecossistema à jusante.

Atualmente, não foram identificados usos para geração de energia hidrelétrica na AID da

Barragem Barra de Guabiraba, mas existe a expectativa de construção de aproveitamentos

hidrelétricos em alguns trechos encachoeirados do rio Sirinhaém à jusante da Barragem Barra de

Guabiraba, sendo o mais próximo a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Cachoeira da Prata.

Embora, bastante à jusante da futura Barragem Barra de Guabiraba, já existem aproveitamentos

hidrelétricos em operação no rio Sirinhaém - PCH Gindaí e PCH Pau Sangue – e em construção –

PCH Pedra Furada –, além de vários outros empreendimentos previstos, sendo três deles no

município de Cortês, inclusive já detentores de concessão pela ANEEL. É importante que a regra de

operação da futura Barragem Barra de Guabiraba leve em consideração os futuros usos para

aproveitamentos hidrelétricos, especialmente a PCH Cachoeira da Prata.

OS SOLOS

Os solos do município de Barra de Guabiraba têm estreita relação com o relevo local, que é

muito movimentado, com morros e serras no entorno da área escolhida para a barragem.

Ocorrem Latossolos Amarelos nos topos aplainados dos relevos em forma de colinas e morros ou

mesmo as encostas acidentadas de relevo forte ondulado e montanhoso, sendo mais presentes

ao longo da margem direita do rio Sirinhaém. São solos profundos a muito profundos, bem

drenados, com predominância de textura argilosa. A vegetação natural primitiva na maior parte

das áreas já se encontra substituída pela cultura da cana-de-açúcar e, em menor, proporção com

hortifruticultura, como inhame e mandioca, dentre outras.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

27

Os Argissolos Amarelos ocorrem nas vertentes íngremes, sendo pouco profundos e bem

drenados, encontrando-se ocupados pela cultura da cana-de-açúcar, fruticultura e com culturas

de subsistência, tais como mandioca e inhame.

Os Gleissolos são solos de áreas baixas, mal drenados, com excesso de umidade permanente

ou temporário. Ocorrem nos ambientes de várzeas, planícies fluviais, locais de terras baixas,

vinculadas a excesso d'água e estão ocupados, principalmente, com pastagens.

O RELEVO E SUA RELAÇÃO COM OS PROCESSOS DESTRUTIVOS

A Bacia Hidrográfica do Rio Sirinhaém está associada a seis unidades geomorfológicas de

dimensões regionais, cada uma possuindo diferentes funcionalidades e vulnerabilidades

ambientais em função da relação topografia-formações superficiais, a saber: Cimeira Estrutural

Conservada, com baixa vulnerabilidade à inundação, sendo mais afetada durante chuvas mais

intensas; Cimeira Estrutural Dissecada, onde declives acentuados são comuns, viabilizando

movimentos de massa rápidos e inundações, em função dos canais estreitos e confinados;

Escarpa do Planalto da Borborema, onde declives acentuados são comuns, viabilizando

movimentos de massa rápidos e inundações, em função dos canais estreitos e confinados em

bolsões; Colinas Amplas, onde processos erosivos lineares são comuns e geralmente associados à

ação antrópica.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

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O perigo de inundação também é comum, sobretudo em função da rede de drenagem com a

confluência de canais confinados que vertem para amplas planícies e terraços fluviais; Colinas

Estreitas, onde os processos erosivos lineares são comuns e também associados à ação antrópica.

O perigo de inundação é comum em eventos de grande magnitude, sobretudo em função dos

vales estreitos forçarem a acumulação do fluxo. Todavia, a baixa magnitude da rede de drenagem

contribui para diminuição atenuação do problema; Colinas Estreitas Litorâneas, onde processos

erosivos lineares também são comuns e também associados à ação antrópica. O perigo de

deslizamentos é mais comum que o de inundação; Planícies Costeiras Pernambucanas, incluindo

as planícies marinhas e de maré, sujeitas à inundação periódica.

A COBERTURA VEGETAL

Na área Diretamente Afetada (ADA e Área Indiretamente Afetada da Barragem Barra de

Guabiraba), ocorrem basicamente duas tipologias vegetacionais: Mata atlântica, com diferentes

status de conservação (vegetação secundária em estágio de regeneração variando de pioneiro a

médio), e áreas antrópicas, com cultivo e pastagem (Figura 1).

FIGURA 1 Vista do fragmento de mata atlântica, evidenciando a matriz de entorno de pastagem e sua localização em relação ao relevo. Coordenadas: 0205421/ 9070298. Barra de Guabiraba, PE. Data: 18.07.2011

FIGURA 1 Vista da área antrópica, evidenciando ocupação pelo canavial, em primeiro plano, e pelo reflorestamento de eucalipto, em segundo plano, observada das coordenadas: 0205008/9070410. Barra de Guabiraba, PE. Data: 18.07.2011.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

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A flora da barragem Barra de Guabiraba foi representada por 98 famílias e 412 espécies. A

maioria das espécies são nativas e bem distribuídas na floresta atlântica, como por exemplo:

Albizia polycephala (Camundrongo), Brosimum guianensis (quiri), Casearia sylvestris, Cecropia

pachystachia (imbaúba), Cupania racemosa (Cambotã), Cupania revoluta (Cambotã). Entre as

espécies registradas apenas Swartzia pickelli (Jacarandá) está na lista de espécies ameaçadas do

IBAMA. Contudo, na área da barragem Barra de Guabiraba essa espécie ocorre com elevada

freqüência e está bem distribuída. A grande maioria das espécies é polinizada por insetos.

Em toda a área da barragem foi observada a ocorrência de espécies exóticas, sobretudo,

espécies de fruteiras de valor alimentício que foram cultivadas pela comunidade local, como

laranjeira (Citrus sinensis), bananeira (Musa paradisiaca), jaqueira (Artocarpus integrifolia),

goiabeira (Psidium guajava), etc. Essas espécies exóticas chegavam a ocorrer dentro dos

remanescentes de vegetação, devido a isto nas imagens satélites dos fragmentos davam a

impressão que o fragmento apresentasse alta densidade de vegetação nativa.

As espécies registradas na Barragem de Guabiraba apresentam usos diversificados, sendo o

uso madeireiro o mais freqüente. Nesta categoria de uso, as plantas são utilizadas como madeira

de lei ou então para lenha, carvão, estacas para cerca entre outros. O uso alimentício das plantas é

também elevado, e além das fruteiras exóticas já comentadas, destaca-se o uso das fruteiras

nativas como os ingás (Inga spp.).

Apesar da importância social da construção da barragem, deve-se registrar que a mesma

ocasionará impactos biológicos para as espécies vegetais, como por exemplo, perda de

biodiversidade, aumento da fragmentação e efeito de borda, mas estes podem ser mitigados ou

controlados através de medidas e programas que deverão ser realizados durante o

empreendimento, como resgaste de germoplasma, plantio de mudas nos fragmentos

remanescentes, implantação de corredores ecológicos, controle de plantas invasoras,

programas de monitoramento da flora, etc.

OS MAMÍFEROS TERRESTRES

Como resultado das pesquisas de campo para produção do diagnóstico da fauna de mamíferos

terrestres referente ao Estudo de Impacto Ambiental da Barragem Barra de Guabiraba, utilizando-

se os métodos de captura (armadilhas Sherman e Pitfall), busca ativa e entrevistas com a

comunidade local, foi possível identificadas 25 espécies de mamíferos terrestres para a área de

influencia da Barragem, distribuídos em seis ordens e 13 famílias.

Esse conjunto de 25 espécies de mamíferos foi composto por espécies generalistas, que se

adaptam mais facilmente às alterações do meio e, podem ser observadas tanto em áreas de mata,

quanto em ambientes abertos, plantações, próximos a residências e sítios, pois algumas espécies

podem se beneficiar do convívio com o ser humano, sendo atraídas por fruteiras, roçados de

milho, mandioca, feijão e criações de galinhas, como é o caso de: Raposa (Cerdocyon thous), sagui

(Callithrix jacchus), tatu-peba (Euprhactus sexcinctus), cassaco (Didelphis albiventris), coelho

tapiti (Sylvilagus brasiliensis), guaxinim (Procyon cancrivorus), ticaca (Conepatus semistriatus) e

preá (Cavia apereia). Como também, estiveram presentes animais mais dependentes das matas,

como: papa-mel (Eira barbara), furão (Galictis sp.), raposa-de-gato (Puma yagouaroundi), gato-

maracajá (Leopardus wiedii), lontra (Lontra longicaudis), paca (Cuniculus paca), capivara

( Coendou prehensilis), pequenos

roedores (Akodon sp., Necromys lasiurus, Oligorizomys sp.) e marsupiais (Metachirus

nudicaudatus, Micoureus demerarae, Monodelphis domestica e Gracilinanus agilis).

Hydrochoerus hydrochaeris), cutia (Dasyprocta sp.), coendu (

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

30

Destacaram-se ainda duas espécies ameaçadas de extinção, lontra (Lontra longicaudis) e gato-maracajá (Leopardus wiedii). Apenas uma espécie endêmica da região Nordeste do Brasil – sagui-do-Nordeste (Callithrix jacchus) foi registrada. Como o nome exalta este primata é típico e, de ocorrência original restrita ao Nordeste brasileiro, todavia, devido ao comércio ilegal da fauna silvestre, este animal foi levado para o Sudeste do país, onde atualmente recebe o título de espécie exótica invasora, o que envolve severas implicações ecológicas.

Lontra (Foto ilustrativa) http://www.portaisgoverno.pe.gov.br/web/parque-dois-irmaos/exibiranimais?groupId=221638&articleId=236032&templateId=227911

A p o p u l a ç ã o l o c a l apresentou diversas formas de interação com os mamíferos presentes na área, afora a i n v a s ã o d e r o ç a d o s d e mandioca e milho por tatus-pebas e coelhos, foi observada a domesticação de animais (sagui) e a utilização da mastofauna como fonte de alimento, aonde os animais são caçados para tal. Entre as caças mais apreciadas estiveram: paca, peba e lontra.

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OS ANFÍBIOS E RÉPTEIS

A herpetofauna, constituida de anfíbios e répteis, representa atualmente para o Brasil uma

das maiores diversidades mundiais, com destaque para a mata Atlântica. Na região do

Nordeste brasileiro esse grupo ainda necessita ser melhor inventariado, principalmente para o

estado de Pernambuco, que inclui um dos centros mais importantes de endemismo, o

complexo de serras do Urubu, localizado na Zona da Mata Sul, áreas prioritárias para a

conservação biológica.

Para o Diagnóstico Ambiental foi realizada uma pesquisa bibliográfica e o estudo direto no

campo através de um levantamento rápido, realizado no período entre 27/06/2011 e 07/07/2011,

onde foram empregados diversos métodos de procura visual ou sonora e armadilhas de

interceptação e queda, além de entrevistas abertas com a comunidade local. A amostragem foi

direcionada para dois fragmentos de Mata Atlântica, um na área de influência direta (ADA),

localizado na margem do rio Sirinhaém, e outro na área de influência direta (AID), sendo

considerados ainda outros fragmentos próximos.

Os estudos bibliográficos mostraram 27 espécies de anfíbios e 45 de répteis, enquanto os

dados obtidos no campo registraram 45 espécies, sendo 27 anfíbios anuros (11 gêneros e seis

famílias) e 18 répteis (16 gêneros e 12 famílias). Das 45 espécies registradas, apenas uma delas, o

que representa 2,2% do total, foi registrada pela primeira vez no estado. Dentre os anfíbios, a

família Hylidae (pererecas) apresentou o maior número de espécies, representando 44,4%,

seguida pela família Leptodactylidae (rãs), com 25,9% do total de espécies. Dentre os répteis, a

família Colubridae (serpentes) se destacou no que diz respeito à riqueza de espécies (três

espécies), representando 16,6% das espécies registradas. A maioria dos répteis registrados

(88,8%) pertence à ordem Squamata, representada pelas famílias de lagartos e serpentes. Foram

registradas apenas duas espécies que não pertencem a esta ordem: Caiman latirostris – jacaré-

do-papo-amarelo (ordem Crocodylia, família Alligatoridae) e Phrynops geoffroanus – cágado-de-

barbicha (ordem Testudines, família Chelidae).

De uma maneira geral, as espécies registradas na ADA e AID da Barragem de Barra de

Guabiraba não constam nas listas oficiais do IBAMA e IUCN, sendo a maioria de espécies que se

adaptam facilmente a diferentes ambientes desde os mais conservados até aqueles mais

modificados, como as áreas abertas, plantações e até residências humanas. Grande parte das

espécies de anfíbios e répteis registrados apresenta ampla distribuição no bioma Mata Atlântica,

porém o registro de uma espécie de serpente (Liotyphlops sp.) da família Anomalepedidae

(primeiro para Pernambuco), ressalta a importância dos inventários em diferentes áreas do

estado, para o melhor conhecimento da herpetofauna.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

32

O MEIO BIÓTICO AQUÁTICOOs rios fornecem habitats que estão sujeitos a constantes mudanças e, nestes ambientes, a

manutenção e o desenvolvimento do meio biótico ocorre, porém raramente é mantido por um longo período, pois são transportados continuamente para a foz. A flora aquática (fitoplâncton e macrófitas) no rio Sirinhaém foi caracterizada por um baixo número de espécies e pouca biomassa. Isso se deve ao fato de ter ocorrido apenas uma coleta e nesse período as chuvas terem sido extremas, carregando parte da flora aquática (Figura 1). Do ponto de vista das cianobactérias, a água foi considerada de boa qualidade no momento da amostragem. De uma maneira geral, a macroflora aquática da área de estudo ainda não encontra-se bem estudada e conhecida. A diversidade deve aumentar consideravelmente com mais estudos assim como a biomassa deve variar em períodos climáticos distintos.

Figura 1: Rio Sirinhaém

(PE) na Área

Diretamente Afetada

(ADA) durante o

período de 11 a 15 de

julho de 2011. (A)

Cachoeira do Galo; (B)

Leito do rio.

Com relação ao zooplâncton (animais microscópicos), apenas representantes do grupo dos insetos foi observado. Assim como para a flora, esses resultados também são conseqüência das fortes chuvas registradas na região poucos dias antes e durante o período de coleta. No caso do macrozoobentos, observou-se que não houve nenhuma ocorrência de representantes na ADA e da AID. Este fato pode estar relacionado com a elevada correnteza do rio, que fez com que o sedimento fosse lavado e/ou substituído por outros que estavam sendo carreados.

As coletas realizadas neste período demonstram que a comunidade macrozoobentônica das áreas estudadas, tanto ADA quanto AID, se extinguem com a elevada quantidade de chuvas.

De forma geral, a baixa riqueza de espécies, tanto para vegetais como para os animais aquáticos, refletem a necessidade de um monitoramento contemplando os períodos de seca e chuva, com estações a montante do reservatório, na ADA e a jusante, e em corpos hídricos adjacentes, que atuarão como entradas de nutrientes e organismos.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

33

OS PEIXES

Foi feito um levantamento bibliográfico para montar uma lista provável dos peixes existentes

na ADA, AID e AII e obtidos dados primários diretos no campo, através de levantamento rápido,

onde a pesca foi realizada em várias estações da ADA e AID. Foram coletados 830 espécimes de

peixes no total nas ADA e AID, sendo estes representados por seis ordens, 11 famílias, 16 gêneros e

17 espécies.

A consulta aos entrevistados da ADA e AID sobre conhecimento dos peixes e da pesca, mostrou

que a pesca ocorre como atividade secundária, recreacional em sua maioria, gerando pescado

para consumo próprio. Os aparelhos de pesca citados pelos entrevistados na ADA e AID foram

picaré, puçá, armadilha, linha de mão, rede, tarrafa e vara de pesca, sendo esta última o principal

equipamento de pesca utilizado. As técnicas associadas são a pesca de tapagem (também

nomeada de cuia, balde e balaio) e a pesca de “loca”. Foram mencionadas 41 espécies de peixes,

sendo as mais citadas: piaba (Astyanax spp.), traíra (Hoplias malabaricus), carito (Geophagus

brasiliensis), jundiá (Franciscodora marmoratus), gundelo (Crenicichla spp.), piau

(Steindachnerina elegans), acari Hypostomus spp. e angico (Parauchenipterus galeatus).

Entrevistados da ADA e AID foram, também, solicitados a indicar áreas de alimentação e berçário

no rio, sendo a margem, a área mais indicada como local de berçário e alimentação.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

34

PARTE III – CONHECENDO OS IMPACTOS RESULTANTES

5. QUAIS OS IMPACTOS ANALISADOS E MEDIDAS MITIGADORAS PREVISTOS?

A identificação dos impactos previsíveis em decorrência da implantação da barragem, as medidas que deverão ser tomadas para minimizar os efeitos negativos e maximizar os efeitos positivos em todas as etapas da obra são, de fato, as informações e os instrumentos essenciais para a sustentabilidade ambiental da área modificada. Por sua vez, os Programas de Controle e Monitoramento Ambiental propostos para acompanhar possíveis mudanças e adequar seu curso, contribuem para a consolidação de um Sistema de Gestão Ambiental na área da bacia que será afetada.O processo metodológico adotado para a avaliação dos impactos da barragem Barra de Guabiraba é mostrado na Figura abaixo.

Grupo de Discussão Multidisciplinar

MATRIZ DE CORRELAÇÃO

DESCRIÇÃO dos Impactos

AVALIAÇÃO dos Impactos

MEDIDAS de Mitigação e

PROPOSTAS de

PROGNÓSTICO AMBIENTAL

Os quase 60 impactos identificados foram localizados, avaliados e descritos e, para cada um deles, foram sugeridas medidas mitigadoras e de controle ambiental, além de ações de monitoramento.

IMPACTOS SOBRE O MEIO FÍSICO

Quanto ao meio físico, os impactos mais importantes estão relacionados às águas superficiais,

especialmente às mudanças de regime de fluxo, que terão forte rebatimento sobre a flora e fauna

aquáticas. Os solos também foram destacados, tende em vista o grande movimento de terras que

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

35

ocorrerá na área da barragem, para a sua construção e exploração de jazidas (fase de

implantação). A contaminação das águas e dos solos e a retenção de nutrientes também foram

destacados. A redução da carga sólida à jusante com aumento dos processos erosivos das

margens e alteração na morfologia do canal, causará impacto na agricultura ribeirinha. Foi

recomendada a preservação/recuperação da cobertura vegetal nas APP's para redução dos

processos erosivos laminares e lineares. Além disso, destaca-se a retenção dos nutrientes

produzidos à montante da barragem no lago da mesma, reduzindo a fertilidade das águas à

jusante afetando as comunidades da fauna.

Clima e Meteorologia Alteração do clima local

Degradação de áreas de empréstimo

Sismicidade induzida

Instabilidade dos solos no entorno do reservatório

Indução de movimentos de massa

Geologia e Solos

Alteração da qualidade do solo

Mudanças na paisagem regional

Aumento da erosão hídrica na região

Erosão das margens e a jusante da barragem Geomorfologia / Pedologia

Redução do poder fertilizante da água efluente

Alteração do regime hídrico

Interferência com outros usos da água

Potencial assoreamento do futuro reservatório

Controle de inundações

Perdas de água no reservatório por evaporação e infiltração

Contaminação das águas

Recursos Hídricos Superficiais

Eutrofização das águas

Recursos Hídricos Subterrâneos Contaminação e recarga do aquífero fissural

Ruídos Aumento de ruídos gerados por máquinas e trânsito

Qualidade do Ar Aumento de poeira, fumaça e gases na área da obra

IMPACTOS SOBRE O MEIO BIÓTICO

É no meio biótico onde ocorrem os maiores impactos pela supressão da cobertura vegetal para

a implantação da barragem, que tem rebatimento imediato sobre a fauna, tendo em vista a perda

dos habitats terrestres e aquáticos.

Apesar da importância social da construção da barragem, deve-se registrar que a mesma

ocasionará impactos biológicos para as espécies vegetais, como por exemplo, perda de

biodiversidade, aumento da fragmentação e efeito de borda, mas estes podem ser mitigados ou

controlados através de medidas e programas que deverão ser realizados durante o

empreendimento, como resgaste de germoplasma, plantio de mudas nos fragmentos

remanescentes, implantação de corredores ecológicos, controle de plantas invasoras, programas

de monitoramento da flora e da fauna.

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36

Perda de biodiversidade e das características das populações vegetais

Flora terrestre

Fragmentação vegetal e efeito de borda

Perda de biodiversidade

Interrupção no deslocamento da comunidade faunística ao longo da paisagem

Desequilíbrio na comunidade faunística - Redução da capacidade de suporte à vida silvestre

Alteração da composição faunística

Fuga de espécies e invasão de domicílios

Aumento da caça oportunística

Aumento de espécies vetoras de doenças

Aparecimento de espécies exóticas

Aumento de espécies sinantrópicas

Deslocamento de fauna por distúrbios sonoros

Perturbação da fauna por contaminação por poluentes

Fauna:

Vertebrados Terrestres e Alados (Mastofauna terrestre, quiropterofauna, avifauna e herpetofauna)

Aumento na interação entre animais silvestres e humanos

Perda de biodiversidade, interrupção do fluxo gênico, espécies invasoras.

Meio Biótico Aquático:

(Fitoplâncton, Macrófitas

Zooplâncton, Macrozoobentos)

Alteração na dinâmica das populações locais.

Resgate de informações pré-impacto

Perda de biodiversidade aquática

Alteração na dinâmica das populações e estrutura das comunidades de peixes

Interrupção de fluxo gênico e migração reprodutiva entre populações de peixes

Ictiofauna

Desenvolvimento da aquicultura e da pesca

IMPACTOS SOBRE O MEIO SOCIOECONÔMICO

No meio socioeconômico os destaques foram alterações no setor produtivo, a demanda por

mão-de-obra, dinamização econômica no município, aumento de doenças respiratórias e de

veiculação hídrica durante a construção, alem do deslocamento de vestígios arqueológicos e

alterações na paisagem e nos costumes

As obras envolvem prioritariamente riscos com relação ao patrimônio arqueológico e natural

paisagístico. A expectativa de tais riscos converge para as áreas de inundação e aquelas aonde

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

37

serão necessárias ações de movimentação de terra, quando existe a possibilidade de destruição

total ou parcial de sítios arqueológicos ainda não identificados. O risco de destruição dos sítios

arqueológicos, caso ocorra, será de caráter irreversível, mas poderá ser significativamente

reduzido mediante a adoção de medidas apropriadas, que permitam transformar o registro

arqueológico em informações concernentes ao povoamento pré-histórico da área.

Eliminação de áreas com atividades agropecuárias

Diminuição na oferta de alimentos

Redução das perdas na oferta de bens e serviços causados pelas enchentes

Estrutura de oferta produtiva

Redução da capacidade de geração de energia elétrica

Contratação de pessoal para a implantação da barragem

Demanda de mão de obra

Perda de postos de trabalho nas unidades produtivas atingidas pela barragem

Dinamização das economias municipais

Demanda agregada

Aumento das receitas municipais

Aumento da demanda de serviços públicos e elevação do risco de acidentes

Infraestrutura de serviços públicos

Redução das perdas da infraestrutura de serviços públicos

Alteração brusca da localização da demanda por educação

Educação

Melhoria da educação ambiental da população

Aumento de doenças respiratórias

Saúde

Redução na incidência de doenças veiculadas pela água

Patrimônio Econômico

Alteração no valor patrimonial das propriedades do entorno e a jusante da barragem

Estudos preliminares

Deslocamento de vestígios arqueológicos

Patrimônio Cultural

Alterações na paisagem local

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38

6. QUAIS OS PROGRAMAS AMBIENTAIS RECOMENDADOS?

Os Programas de Controle e Monitoramento Ambiental constituem um elenco de ações que estruturam o Plano de Gestão Ambiental a ser aplicado pelo Governo do Estado, sob a coordenação da CPRH. Para tal é necessário investir num arranjo institucional que atenda às diversidades da área ambiental, na três esferas de governo.

Programa de

educação ambiental

Programa de recolocação da

população desapropriada

Programa para diversificação das

atividades econômicas produtivas

Programa de prospecção e de

resgate arqueológico

Programa do inventário de

referências culturais

Programa de monitoramento e de

resgate arqueológico e educação patrimonial

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Barragem Barra de Guabiraba

Plano de GestãoAmbiental

Programasdo Meio Físico

Programasdo Meio Físico

Programasdo Meio Físico

Programasdo Meio Biótico

Programasdo Meio Antrópico

Programa de monitoramento

hidrológico

Programa de monitoramento da qualidade da água

Programa de controle de erosão

Programa ambiental para

conservação de populações

de espécies nativas de peixes

da bacia do rio Sirinhaém

Programa ambiental para monitoramento da pesca

Programa ambiental de resgate da ictiofauna

Programa para resgate de germoplasma vegetal da

barragem Barra de Guabiraba

Programa para recuperação e

enriquecimento da diversidade vegetal em áreas antrópicas na barragem Barra

de Guabiraba

Programa de monitoramento da vegetação de entorno da

barragem Barra de Guabiraba

Programa de monitoramento dos ecossitemas aquáticos do

rio Sirinhaém

39

7. AFINAL, COMO FICA A QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA?

A recorrência de desastres na bacia hidrográfica do rio Sirinhaém tem causado grandes perdas

econômicas e sociais, com óbitos, destruição de moradias, equipamentos públicos,

infraestrutura, áreas agrícolas, afetando fortemente a economia dos municípios atingidos pelas

enchentes.

A análise das condições ambientais atuais e dos possíveis impactos decorrentes da construção

da Barragem Barra de Guabiraba, mostra grandes perdas ambientais na área diretamente afetada

e nas suas imediações. Várias medidas mitigadoras a serem implementadas a partir dos

Programas de Controle e Monitoramento Ambiental podem mitigar e minimizar esses impactos,

sendo a maioria deles reversíveis, após a entrada da barragem em operação.

A partir dessas considerações o estudo indica uma melhora significativa na qualidade de vida

futura da população local e a eliminação ou redução dos desastres causados pelas enchentes,

sendo favorável à construção do empreendimento, com o compromisso público de implantação

das medidas e programas indicados.

8. CONCLUSÕES

A Barragem Barra de Guabiraba é parte de um sistema de contenção de enchentes para a Zona

da Mata Sul de Pernambuco, como resposta aos recorrentes desastres por inundações que

afetaram mais de 30 municípios dessa região.

O clamor social após esses desastres, não só por parte das comunidades diretamente

atingidas, mas por toda a sociedade civil do Estado, tendo como resposta do poder público esse

Plano de Contenção de Enchentes para propiciar mais segurança e melhor qualidade de vida para

a população da zona da mata sul pernambucana.

Os estudos realizados para o Diagnóstico Ambiental permitiram caracterizar de modo

consistente o espaço que poderá vir a ser afetado pela barragem, considerando todos os

elementos ambientais vulneráveis e as ações envolvidas na construção e operação do

empreendimento.

Essa análise identificou as ações potencialmente geradoras de efeitos negativos e positivos

sobre os elementos ambientais, considerando o diagnóstico dos meios físico, biótico e

socioeconômico, nas Áreas de Influência Indireta (AII), Áreas de Influência Direta (AID) e Área

Diretamente Afetada (ADA).

Foram analisados 57 impactos, dos quais aqueles de maior significância estão associados ao

meio biótico e socioeconômico, sendo os primeiros predominantemente negativos e os segundos

em grande parte positivos. Para cada um dos impactos identificados foram indicadas medidas de

mitigação, controle e monitoramento.

O instrumento de Gestão Ambiental para embasar essas ações constitui-se de um conjunto de

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40

16 Programas de Controle Ambiental, que devidamente aplicados e desenvolvidos, propiciarão o

equilíbrio desejado, apesar das alterações promovidas na área.

A viabilidade ambiental do empreendimento se embasa nos argumentos do diagnóstico e no

conjunto de propostas de mitigação, controle e monitoramento. Este empreendimento tem papel

fundamental e estruturante para a região, em virtude da crescente necessidade de

implementação de políticas públicas que realmente aumentem a segurança, o bem estar das

pessoas e a proteção do patrimônio local.

O prognóstico deste estudo é favorável à construção da Barragem Barra de Guabiraba, por

representar uma solução concreta para a redução dos desastres e a melhoria da qualidade de vida

dos habitantes dos municípios atingidos.

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