sistema de automaÇÃo e controle inteligente para …

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL-MECÂNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM MECATRÔNICA ALDIR CARPES MARQUES FILHO SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA CULTIVO PROTEGIDO TECNOLOGIA ACESSÍVEL AO PEQUENO PRODUTOR Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Mecatrônica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Mecatrônica. Orientador: Jean Paulo Rodrigues, Dr. FLORIANÓPOLIS, 2017

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Page 1: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL-MECÂNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM MECATRÔNICA

ALDIR CARPES MARQUES FILHO

SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA CULTIVO PROTEGIDO – TECNOLOGIA ACESSÍVEL AO

PEQUENO PRODUTOR

Dissertação submetida ao Programa de

Pós-Graduação em Mecatrônica do

Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Santa Catarina como parte

dos requisitos para a obtenção do título

de Mestre em Mecatrônica.

Orientador: Jean Paulo Rodrigues, Dr.

FLORIANÓPOLIS, 2017

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CDD 338.454 M 357s Marques Filho, Aldir Carpes Sistema de automação e controle inteligente para cultivo protegido – tecnologia acessível ao pequeno produtor [DIS] / Aldir Carpes Marques Filho; orientação de Jean Paulo Rodrigues – Florianópolis, 2017. 1 v.: il. Dissertação de Mestrado (Mecatrônica) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Inclui referências. 1. Agricultura familiar. 2. Cultivo protegido. 3. Automação rural. I. Rodrigues, Jean Paulo. II. Título. Sistema de Bibliotecas Integradas do IFSC

Biblioteca Dr. Hercílio Luz – Campus Florianópolis

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DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho a minha família, sem ela nada seria possível. À

minha querida mãe Luisa Magna Goya Marques e às minhas irmãs Karen, Karluzi,

Karliane e Alessandra, vocês são o símbolo de fraternidade. À minha querida

esposa Deise Raimundo, grande companheira, e ao meu filho Aldir Neto, presente

de Deus. A todos os bons amigos que acreditam em mim e finalmente ao meu velho

pai Aldir Carpes, meu primeiro professor que, de algum lugar lá no alto, olha por

mim.

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5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida. Agradeço ao Instituto Federal de

Santa Catarina, pela oportunidade de aprendizado, através do ensino de qualidade,

bem como pelo apoio financeiro prestado pelo edital Universal 01/2016 IFSC para

o desenvolvimento deste projeto.

A relação apresentada a seguir não descreve hierarquia ou ordem de

prioridade nos agradecimentos. Todos foram fundamentais!

Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Jean Paulo Rodrigues pelo apoio no

desenvolvimento do projeto e pela atenção constante em todo o período do

mestrado. Agradeço ao graduando em mecatrônica Gabriel Dal Ponte, pela grande

ajuda na programação do sistema e por abrir mão de seu horário extraclasse para

resolver códigos em linguagem C/C++.

Grato aos colegas da Universidade Federal de Santa Catarina, pela amizade

e apoio, em especial ao Elton Pedroso pela revisão final de texto e preciosas

anotações no trabalho, e Anderson Romão pela parceria durante muitos momentos

importantes nessa caminhada.

Agradeço a Prof. Dra. Simone Sartorio pelo apoio na análise estatística e

pelas valiosas e pacientes explanações referentes à experimentação agrícola.

Um agradecimento especial ao Sr. Ricardo Estuque e Karluzi Marques pelo

apoio na montagem da casa de vegetação para testes do controlador. Agradeço

também ao sábio professor David Bordullis, pelo incentivo constante e imenso zelo

com que manejou a produção agrícola durante o período experimental em Biguaçú.

Agradeço aos professores do mestrado pelos valiosos conhecimentos

repassados durante o curso.

Em suma, meus sinceros agradecimentos a toda minha família, pelo apoio e

compreensão pelas horas que dediquei a este, em função daqueles. Um

agradecimento especial a minha esposa Deise Raimundo, pela amizade, pelo

companheirismo, pelo amor e finalmente pelo mais belo guri que o mundo já viu.

Page 6: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

6

“ Nos acontecimentos, sim, é que há destino: Nos homens, não – espuma de um segundo... Se Colombo morresse em pequenino, O Neves descobria o Novo Mundo! Mario Quintana (Do Ovo de Colombo).

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RESUMO

Através do trabalho é apresentado o desenvolvimento de um sistema

automatizado para controle ambiental em casas de vegetação, com possibilidade

de ajuste de programação de acordo com as necessidades das culturas vegetais

em cada fase de seu desenvolvimento, considerando características de amplitude

térmica, índices de radiação e de umidade ótimos para a cultura do tomate, pepino,

pimentão e folhosas, além de possibilitar a programação manual dos parâmetros.

A proposta central do trabalho é que o agricultor possa independentemente

de uma miscelânea de equipamentos comerciais disponíveis, encontrar uma

solução simples e eficaz para o controle ambiental em qualquer cultivo protegido.

Foi utilizada metodologia específica de desenvolvimento de produtos para a

montagem do sistema. O sistema de controle foi realizado com base em

microcontrolador AVR Atmel 2560, e os sensores ambientais foram instalados em

torres no interior do cultivo protegido. A programação do controlador contempla

algoritmos de dados agronômicos referentes ao estádio fenológico das culturas

vegetais.

O sistema de controle e aquisição foi desenvolvido com equipamentos e

componentes disponíveis no mercado, e sua validação foi realizada à campo. O

equipamento projetado incrementou em 25% a produtividade da alface tipo

Americana e 30% a produtividade da alface tipo crespa, além de reduzir a

necessidade de mão de obra para controle do ambiente de cultivo, tornando-se

uma excelente opção para implantação em qualquer tipo de cultivo protegido.

Palavras chave: agricultura familiar, cultivo protegido, automação rural.

Page 8: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

ABSTRACT

The work presents the development of an automated system for

environmental control in greenhouse, with the possibility of adjusting the schedule

according to the needs of the plant cultures in each phase of its development,

considering thermal amplitude characteristics, radiation indices and moisture

content for tomato, cucumber, sweet pepper and hardwood cultivation, as well as

manual parameter programming. The central proposal of the work is that the farmer

can independently from a miscellany of commercial equipment available, find a

simple and effective solution to environmental control in any protected crop.

Specific product development methodology was used to assemble the

system. The control system was based on AVR microcontroller Atmel 2560, and the

environmental sensors were installed in towers inside the protected crop. The

controller programming includes agronomic data algorithms referring to the

phenological stage of plant crops.

The control and acquisition system was developed with equipment and

components available in the market, and its validation was carried out in the field.

The projected equipment increased 25% American lettuce productivity and 30%

crisp lettuce productivity, as well as reducing the need for labor to control the

growing environment, making it an excellent option for implantation in greenhouses.

Keywords: Family Farming, Greenhouse cultivation, automation farm.

Page 9: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Palm House Inglaterra. ......................................................................... 19

Figura 2 - Cultivo de hortaliças em sistema sem estrutura de proteção. .............. 21

Figura 3 - Cultivo protegido de tomate em vasos com solo encoberto. ................ 23

Figura 4 - Fazenda vertical em Singapura. .......................................................... 26

Figura 5 - Fazenda vertical EUA. ......................................................................... 27

Figura 6 - Alface em fase vegetativa em sistema de cultivo protegido. ................ 37

Figura 7 - Espécies de alface cultivadas em sistema protegido. .......................... 38

Figura 8 - Cultivo de rúcula em sistema protegido. .............................................. 39

Figura 9 – Fases de desenvolvimento de produtos e fluxo de caixa. ................... 40

Figura 10 - Psicrômetro com base fixa. ................................................................ 46

Figura 11 - Higrógrafo de cilindro. ........................................................................ 47

Figura 12 - Piranômetro Eplley SPP de termopilha. ............................................. 49

Figura 13 - Sensor LDR detecção de iluminação global. ..................................... 50

Figura 14 - Controlador Hunter Eco.Logic. ........................................................... 52

Figura 15 - Controlador I-CORE. .......................................................................... 52

Figura 16 - Controlador ACC empresa Hunter. .................................................... 53

Figura 17 - Controlador Rain Bird ESP – XLME. .................................................. 54

Figura 18 - Painel de controle para casas de vegetação com CLP montado pela

empresa Zanata Estufas Agrícolas. .............................................................. 55

Figura 19 - Painel de acionamento manual e controle de casas de vegetação. .. 56

Figura 20 - CLP Agrilogic e sistema supervisório, Cansado 2003. ....................... 57

Figura 21 - Protótipo estufa e sistema de monitoramento on-line, Capelli. .......... 58

Figura 22 - Controlador ARM, Friendly ARM tiny 6410 com display touch embutido.

...................................................................................................................... 58

Figura 23 - Protótipo sistema de controle casa de vegetação proposto por

BARRETO e SANTOS 2012. ........................................................................ 59

Figura 24 - HEMKEMAIER (2015). Protótipo de estufa e sistema de controle para

estufas........................................................................................................... 60

Figura 25 - ROMANINI (2010). Protótipo em escala para análise de variáveis em

lógica Fuzzy. ................................................................................................. 61

Figura 26 - Diagrama de funcionalidade principal do sistema: ............................. 68

Page 10: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

9

Figura 27 - Divisão da função global em sub-funções do sistema. ...................... 69

Figura 28 - Diagrama de entradas e saídas do sistema. ...................................... 70

Figura 29 - Concepção escolhida dentre os materiais da planilha comparativa. .. 72

Figura 30 - Concepção inicial (Versão 1.0 do sistema de controle). .................... 74

Figura 31 - Concepção do controlador contendo botões de incremento e

decremento e programação manual. ............................................................ 75

Figura 32 - Concepção inicial de suporte para sensores, modelo “Torre”. ........... 76

Figura 33 - Esquemático de torres e controlador instalados no cultivo protegido. 77

Figura 34 - Sensor de radiação global LDR fixado na tampa da Torre PVC40mm.

...................................................................................................................... 79

Figura 35 - Testes de bancada dos cabos blindados para sensores. .................. 80

Figura 36 - Croqui torre de sensores, concepção final. ........................................ 81

Figura 37 - Concepção do produto – Projeto preliminar. ...................................... 82

Figura 38 - Gabinete Interface do controlador eletrônico. .................................... 84

Figura 39 - Conexões de entradas e saídas na placa Arduíno MEGA 2560. ....... 84

Figura 40 - Torres de PVC, suporte para sensores instaladas em cultivo protegido.

...................................................................................................................... 85

Figura 41 - Programação base de processos iniciais do controlador. .................. 87

Figura 42 – Datalogger para coleta de dados experimentais. ............................. 88

Figura 43- Arquivo .LOG criado pelo Datalogger para armazenamento dos dados.

...................................................................................................................... 89

Figura 44 – Croqui Casas de vegetação A1 e A2 – com e sem automação. Biguaçú-

SC. ................................................................................................................ 93

Figura 45- Casas de vegetação A1 e A2, condição inicial de montagem do

experimento. ................................................................................................. 94

Figura 46 - Abrigo Meteorológico para equipamentos e conexões elétricas. ....... 95

Figura 47 – Distribuição dos tratamentos experimentais em cada casa de

vegetação. ..................................................................................................... 97

Figura 48- Gráfico de Temperaturas máximas e mínimas registradas na região,

durante o experimento à campo e Zona de conforto térmico da cultura ....... 99

Figura 49- Temperaturas registradas no interior do cultivo protegido área

experimental A1, com automação. .............................................................. 100

Page 11: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

10

Figura 50 – Temperaturas registradas no interior do cultivo protegido A2, sem

sistema de automação. ............................................................................... 101

Figura 51- Comportamento da Umidade relativa mínimas e máximas na região e

Zona de conforto térmico da cultura (ZCC). ................................................ 102

Figura 52- Comportamento da Umidade relativa do ar na casa de vegetação A1,

com automação e A2 sem automação. ....................................................... 103

Figura 53 – Variáveis ambientais na casa de vegetação A1 no segundo dia após

transplantio (DAT). ...................................................................................... 104

Figura 54 – Comportamento dos atuadores em função das variáveis ambientais

internas da casa de vegetação A1. ............................................................. 105

Figura 55 – Coleta de dados de crescimento alface aos 25 dias após o transplantio

das mudas. .................................................................................................. 106

Figura 56-Gráfico Boxplot da dispersão dos dados de diâmetro de planta (DP) nos

dois ambientes de cultivo A1 e A2. ............................................................. 107

Figura 57 - Gráfico Boxplot de dados diferenciais das variáveis Diâmetro do colmo

(DC) e altura da planta (AP) nos ambientes A1 e A2. ................................. 108

Figura 58 – Gráfico Boxplot de dados diferenciais da variável massa para os

ambientes .................................................................................................... 109

Page 12: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Panorama do cultivo protegido no mundo. ........................................ 24

Tabela 02 - Ponto de saturação em gramas de água por m³ de ar, relacionado com

a temperatura ambiente. ............................................................................... 32

Tabela 03 - Desenvolvimento das Hortaliças herbáceas em cada estádio vegetativo

versus temperatura. ...................................................................................... 38

Tabela 04 - Principais agentes no processo de desenvolvimento do produto. ..... 64

Tabela 05 - Características que o produto deve ter segundo os clientes. ............ 65

Tabela 06 - Requisitos do projeto segundo necessidades dos clientes ............... 66

Tabela 07 - Diagrama comparativo entre equipamentos disponíveis no mercado e

seleção de concepções para o projeto. ......................................................... 71

Tabela 08 - Custos de materiais e componentes eletrônicos do projeto. ............. 90

Tabela 09 – Teste de Tukey a 5% para os ambientes A1 e A2 e para variedades

V1- Alface Americana e V2 Alface Crespa. ................................................. 107

Tabela 10 – Produtividade de alfaces V1 e V2 nos ambientes A1 e A2. ............ 110

Page 13: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PMP – Ponto de murcha permanente.

CC – Capacidade de Campo.

RL – Radiação Líquida.

PEBD – Polietileno de Baixa densidade.

RFA – Radiação Fotossinteticamente ativa.

DAT – Dias após Transplantio.

DC – Diâmetro do colmo.

AP – Altura da planta.

MFT – Massa Fresca total.

ZCC – Zona de conforto para cultura vegetal.

IHM – Interface Homem máquina.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16

1.1 Justificativa e relevância ......................................................................... 17

1.2 Objetivos geral e específicos .................................................................. 18

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 18

2.1 Cultivo protegido no Brasil e no mundo ...................................................... 23

2.2 Principais Culturas e Ecofisiologia Vegetal. ................................................ 28

2.3 Necessidades ambientais das culturas ....................................................... 28

2.3.1 Influência da Temperatura .................................................................... 29

2.3.2 Influência da Umidade relativa do ar ..................................................... 31

2.3.3 Influência da umidade do solo .............................................................. 35

2.3.4 Influência da radiação solar .................................................................. 35

2.3.5 Influência da presença de CO2 ............................................................. 36

2.4 Especificidades do cultivo de hortaliças herbáceas (Folhosas). ................. 37

3. METODOLOGIA UTILIZADA NO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ........ 39

3.1 Modelos comerciais de equipamentos para o sistema ................................ 41

3.1.1 Transdutores para aferição de Umidade de Solo .................................. 43

3.1.2 Transdutores de temperatura ................................................................ 45

3.1.3 Transdutores de umidade do ar ............................................................ 46

3.1.4 Transdutores de radiação ..................................................................... 48

3.1.5 Soluções para o controle ambiental em cultivo protegido ..................... 51

3.1.6 Modelos comerciais de controladores ambientais ................................ 51

3.1.7 Projetos independentes de controle ambiental para estufas agrícolas. 56

3.1.8 Patentes e Registros de produtos na área de Automação de Cultivo

Protegido. ....................................................................................................... 61

3.2 Projeto informacional .................................................................................. 62

3.2.1 Fatores de influência no projeto do produto .......................................... 63

3.2.2 Definição dos Clientes .......................................................................... 63

3.2.3 Requisitos dos clientes e usuários ........................................................ 64

3.2.4 Requisitos do produto ........................................................................... 65

3.2.5 Especificações meta do produto ........................................................... 67

3.2.6 Projeto Conceitual ................................................................................. 67

3.2.7 Estrutura funcional ................................................................................ 68

3.2.8 Descrição das funcionalidades de entrada e saída do sistema ............ 69

Page 15: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

14

3.2.9 Princípios de solução para o controle ambiental ................................... 70

3.2.10 Geração de alternativas de concepções ............................................. 73

3.2.11 Disposição e posicionamento dos transdutores no cultivo protegido. . 75

3.2.12 Seleção das concepções do produto .................................................. 77

4. PROJETO PRELIMINAR DO SISTEMA........................................................... 82

4.1 Controlador Eletrônico para cultivo Protegido E-Agro ................................. 83

4.2 Torres de aferição ambiental ...................................................................... 85

4.3 Programação e funcionamento do sistema ................................................. 86

4.4 Desenvolvimento de Datalogger para coleta de dados do sistema; ............ 88

4.5 Avaliação preliminar e econômica da concepção do produto ..................... 89

4.6 Viabilidade econômica do sistema de controle para produção de alface .... 91

5.EXPERIMENTO DE CAMPO COM USO DO SISTEMA DE CONTROLE

AMBIENTAL. ........................................................................................................ 92

5.1 Material e métodos ...................................................................................... 92

5.2 Resultados e discussão .............................................................................. 97

5.2.1 Análise ambiental e de funcionamento do sistema de controle ............ 98

5.2.2 Análise da influência da automação em casas de vegetação nas

características biométricas das alfaces variedade Crespa e Americana. .... 106

6. CONCLUSÃO ................................................................................................. 111

6.1 Considerações finais e sugestões para trabalhos futuros ......................... 112

7. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 114

APÊNDICE I – TABELA VALORES META REQUISITOS DO PROJETO ......... 118

APÊNDICE II – PROGRAMAÇÃO SISTEMA CULTURA FOLHOSAS .............. 119

APÊNDICE III – CONSIDERAÇÕES REFERENTES A TRANSDUTORES DE

UMIDADE DE SOLO. ......................................................................................... 120

APÊNDICE IV – CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSDUTORES DE

TEMPERATURA. ............................................................................................... 125

ANEXO I – DADOS DE RADIAÇÃO DA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA INMET

A806, DURANTE O PERÍODO EXPERIMENTAL. ............................................. 128

ANEXO II– DADOS DE TEMPERATURA DA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA

INMET A806, DURANTE O PERÍODO EXPERIMENTAL. ................................. 129

ANEXO III– DADOS DE UMIDADE RELATIVA DO AR DA ESTAÇÃO

METEOROLÓGICA INMET A806, DURANTE O PERÍODO EXPERIMENTAL. 130

ANEXO IV– DADOS DE PRESSÃO ATMOSFÉRICA E PRECIPITAÇÃO DA

ESTAÇÃO METEOROLÓGICA INMET A806, DURANTE O PERÍODO

EXPERIMENTAL. ............................................................................................... 131

Page 16: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

15

ANEXO V – CARACTERÍSTICAS DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDA DE

RADIAÇÃO DE ACORDO COM O DOCUMENTO 8 DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL

DE METEOROLOGIA. ....................................................................................... 132

Page 17: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

16

1. INTRODUÇÃO

Atualmente há muitos modelos de controladores voltados para produção

agrícola, porém são sistemas fechados e pontuais para cada tipo de agricultura. No

geral são equipamentos de alto custo e que não estão acessíveis ao pequeno e

médio agricultor. Com isso foi desenvolvido um sistema automatizado para controle

ambiental em estufas agrícolas, com possibilidade de ajuste de programação, de

acordo com as necessidades das culturas vegetais em cada fase de seu

desenvolvimento, considerando características de amplitude térmica, índices de

radiação e de umidade ótimos para as principais culturas ambientadas em cultivo

protegido no país.

As soluções para controle de fatores ambientais existentes no mercado são

modulares e independentes. Ou seja, são específicos para irrigação, ou controle de

umidade e temperatura, ou acionamento de irrigação, ou controle de ventilação,

dentre outros tipos. Em função disso, para realizar os referidos controles, o

agricultor necessita adquirir sistemas particionados, composto por controladores

lógicos programáveis (CLP) ou controladores comerciais, sensores, placas de

relés, timers, contactoras e outros dispositivos que nem sempre são compatíveis.

A aparente complexidade de especificações e o desconhecimento das

características desses produtos induz os agricultores a procurarem alguma

empresa especializada, que oferece a solução completa de acordo com o perfil do

cultivo, envolvendo várias etapas e requisitando um alto investimento, fato que

exclui parte dos agricultores que não possuem condições financeiras para investir

em automação.

A proposta consistiu em possibilitar que o agricultor possa

independentemente de uma miscelânea de equipamentos comerciais disponíveis,

encontrar uma solução simples e eficaz para o controle ambiental de seu cultivo

protegido. E ainda que o controlador tenha um diferencial agronômico, levando em

consideração o estádio fenológico da cultura, trazendo parâmetros mais acertados

para cada fase de vida da planta em um sistema aberto e dinâmico.

A inovação deste projeto foi fazer “mais com menos”, otimizando os materiais

e recursos disponíveis para oferecer ao agricultor uma alternativa de qualidade,

Page 18: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

17

com uma interface acessível e com valor final de mercado bem abaixo das soluções

já oferecidas atualmente.

O projeto pode ser classificado como de alta complexidade, uma vez que

engloba conhecimentos na área de agronomia, mecânica, informática e eletrônica.

Como também foi direcionado para o aprimoramento das atividades agrícolas,

integrando um sistema de controle dinâmico e de automação à produção vegetal.

1.1 Justificativa e relevância

Atualmente encontram-se no meio rural diversos modelos de casas de

vegetação. O fato é que a construção de uma estufa é mais uma alternativa para

driblar as adversidades climáticas e criar um ambiente propício à agricultura,

mesmo em regiões onde o clima ou o solo são desfavoráveis.

Nesta pesquisa foi desenvolvido um sistema automatizado para controle

ambiental em casas de vegetação. O sistema contém dispositivos que

proporcionam o controle de parâmetros ambientais importantes para as culturas

vegetais, tais como: luminosidade, temperatura, umidades atmosférica e do solo,

além de outros dispositivos de monitoramento que permitem acesso remoto ao

sistema para controle e assistência técnica.

Trata-se de uma proposta simples, prática e viável tanto na produção

estadual como nacional, uma vez que torna a atividade produtiva mais eficiente e,

racional em relação aos recursos energéticos e hídricos.

Na presente dissertação foi trabalhado sobre os parâmetros ideais de

ambiência para as culturas mais produzidas em casas de vegetação no país, em

geral são hortaliças de alto valor de mercado, o que justifica economicamente o

aporte de energia empregado na produção. Para cada cultura ou ciclo produtivo, os

parâmetros ambientais poderão ser alterados facilmente, o que personaliza o

funcionamento da casa de vegetação de acordo com as plantas que estão sendo

cultivadas pelo acionamento de um só botão, facilitando a vida do agricultor.

A olericultura requer alta tecnologia e está em constante mudança, exigindo

do agricultor artifícios tecnológicos refinados, que seriam antieconômicos em

qualquer outra produção agronômica. Em face disso o alto valor agregado dos

vegetais, e sua produtividade por área justificam o uso de sistemas modernos de

Page 19: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

18

irrigação, tecnologias de cobertura e controle ambiental. Porém, há de se

considerar que também devido ao maior investimento, a olericultura protegida é

uma atividade de maior risco ao produtor, não dando a este a margem de errar, sob

pena de diversos prejuízos (FILGUEIRA, 2008).

Um dos grandes problemas no campo é a falta de mão de obra qualificada

para a realização das tarefas da olericultura protegida, o pequeno e o médio

produtor rural, contam geralmente com mão de obra familiar e possuem pouco

acesso às novas tecnologias e quando as possuem, são deficientes em qualificação

técnica para operar os sistemas. A falta de assistência técnica adequada, pode ser

um dos motivos para que este não tenha acesso às tecnologias simples, que

facilitariam muito seu trabalho diário.

1.2 Objetivos geral e específicos

O objetivo geral do trabalho foi desenvolver um sistema para controle dos

fatores ambientais internos em casas de vegetação para produção de hortaliças,

relacionando o sistema eletrônico à fenologia dos vegetais, com custo acessível

para o pequeno e médio produtor rural e especificamente:

1) Redução do consumo de água para Irrigação, comparando com sistema

não automatizado;

2) Redução de custos com mão de obra e energia elétrica, comparado com

sistema de manejo tradicional;

3) Aumento da produtividade das culturas com programação que leva em

consideração o estágio de desenvolvimento da planta;

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O cultivo em ambiente protegido surgiu em meados do século XVII, com

as conhecidas “orangeries”, construídas por membros da monarquia e do clero com

o objetivo de ter, no clima frio da Europa, disponibilidade de frutas cítricas e

tropicais, como as laranjas, que deram origem ao nome das antigas estruturas.

No passado essas estruturas eram feitas invariavelmente de vidro, pois na

época não era conhecido outro material transparente para cobertura, além de que

Page 20: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

19

o objetivo principal dessas construções era manter a temperatura interna mais alta

que a externa. Uma das obras mais importantes desta época, que persiste até hoje

é o palácio “Palm House”, construído em Londres no ano de 1840. O local recebe

atualmente visitação de turistas do mundo todo, que são atraídos pela bela

arquitetura e pela diversidade de espécies tropicais que o palácio abriga em seu

interior.

Figura 1- Palm House Inglaterra.

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Palm_house

O vidro é um excelente isolante térmico, e na estrutura fechada captura a

radiação infravermelha em seu interior, criando o chamado “efeito estufa”,

permitindo assim a obtenção de temperatura ideal para o desenvolvimento das

culturas, mesmo em regiões de clima temperado. Acredita-se que por esse motivo,

em muitos lugares do mundo as casas de vegetação são também popularmente

chamadas de estufas agrícolas, embora nem sempre seja esse o efeito desejado

na proteção do cultivo.

A popularização da indústria dos polímeros plásticos, principalmente após a

segunda guerra mundial, possibilitou que outras regiões e outros climas

experimentassem a produção vegetal em sistema protegido. No Brasil o sistema

chegou por volta dos anos 60, com a cobertura de canteiros de morango e logo se

estendeu para outros cultivos como o tomate e o pepino.

Segundo Andriolo (1999), as culturas em sistema protegido tornaram-se

comuns dentro do ramo da horticultura, devido à necessidade de fornecimento de

produtos in natura e de boa qualidade ao longo de todos os períodos do ano. Por

Page 21: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

20

sua vez os consumidores ao obterem uma consciência sobre a qualidade alimentar

e os benefícios do consumo de hortaliças frescas, passaram a buscar alternativas

para satisfazer esta necessidade independentemente da localização e clima do

local de cultivo.

Andriolo (1999), também pontua que necessidade de fazer agricultura em

regiões com clima desfavorável às culturas vegetais, deu origem a questões

complexas no que se refere ao “manejo do ambiente físico”. Questões

aparentemente simples como manejo da ventilação, elevação da temperatura e

momento certo de irrigação, passaram a tornar-se decisivas no processo produtivo.

Sabe-se que processos físicos como o clima podem afetar o aparecimento de

doenças e pragas, fatores bióticos que por sua vez interferem também na

produtividade. Para a tomada de decisão sobre a atuação ambiental é preciso levar

em conta alguns processos fisiológicos das plantas, como a fotossíntese. O fluxo

de carbono, água e nutrientes atua de modo diverso de acordo com as

características do meio ambiente onde está inserido o vegetal, por isso cada cultura

possui necessidades ótimas de desenvolvimento.

Purquerio & Tivelli (2010), consideram o cultivo protegido como sendo de

vários tipos: Túnel Alto: formado por arcos com altura de até 3 metros,

possibilitando a entrada de pessoas em seu interior para tratos culturais. Túnel

baixo, quando se trata de pequena estrutura com cobertura somente dos canteiros

com altura próxima de 0,8 a 1,0m. E ainda estruturas equipadas ou não com pilares,

cobertas com polietileno de baixa densidade (PEBD) e com baixo nível de controle

ambiental. Os mesmos autores fazem ainda uma distinção entre os termos: “cultivo

protegido” e “casas de vegetação”, sendo o primeiro com poucos ou mesmo sem

nenhum mecanismo de controle ambiental, e o segundo com rigoroso sistema

tecnológico, objetivando alterar o microambiente interno da edificação.

O avanço do cultivo protegido em escala comercial no mundo, ocorreu

devido a alguns fatores importantes, o primeiro deles foi a necessidade de produzir

alimentos em regiões distantes dos centros de origem dos vegetais e com clima

desfavorável. O segundo foi a melhor compreensão da nutrição química sintética e

rotas metabólicas das plantas, mas sem dúvida o principal fator de disseminação

dos cultivos protegidos, foi impulsionado pelo desenvolvimento da indústria de

“polímeros plásticos”, essa última tornou a tecnologia mais acessível

Page 22: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

21

economicamente, possibilitando a construção de estruturas de cultivo em regiões

mais pobres do globo.

Os filmes plásticos em substituição ao vidro foram usados pela primeira vez

na década de 40 nos estados unidos. O advento do polietileno de baixa densidade

(PEBD) substituindo o vidro possibilitou, por sua vez, o surgimento e a adoção

crescente da agricultura em ambiente protegido nos trópicos. O plástico ainda que

permita a criação do efeito estufa, apresenta este com menor intensidade do que o

vidro, o que é desejável em climas tropicais. Nas regiões mais quentes e úmidas

do mundo, a agricultura protegida é realizada por outras razões que simplesmente

a proteção contra o frio, o objetivo é proteger as culturas, principalmente hortaliças

e ornamentais, da chuva, do vento, da luminosidade excessiva, das pragas e

doenças.

Em grande parte do Brasil, um dos limitantes à produção é a chuva em

excesso e o granizo em algumas regiões, fatores que podem prejudicar muito as

hortaliças, além de propiciar a disseminação de doenças fúngicas e bacterianas. É

importante salientar que na produção de hortaliças, tão importante quanto os

fatores quantitativos de produção é o fator qualitativo. O cultivo protegido inibe a

ação de alguns insetos, doenças e intempéries, atua dificultando a presença de

plantas espontâneas, e confere uma melhor qualidade de mercado às hortaliças

como característica visual atraente e maior aceitação pelos consumidores. A figura

02, mostra um cultivo em sistema aberto, sem estrutura de proteção. Percebe-se

que neste modelo de produção as culturas vegetais estão susceptíveis à uma

diversidade de agentes bióticos e abióticos, sendo eles os fatores climáticos como

temperatura, umidade radiação, presença de gases, entre outros, além de plantas

espontâneas, pragas e doenças.

Figura 2 - Cultivo de hortaliças em sistema sem estrutura de proteção.

Page 23: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

22

A utilização de polímeros plásticos tem aumentado muito na agricultura, com

o intuito principal de proteger a cultura de interesse, seja para evitar plantas

espontâneas e economizar mão de obra de manutenção, seja para facilitar a

colheita e evitar doenças. Com a intensa urbanização da população brasileira, falta

mão de obra qualificada para trabalhar no campo e soluções que atendam essa

lacuna têm ganhado popularidade.

A cobertura plástica aplicada sobre o solo impede o crescimento das

espécies invasoras ao impedirem que a luz do sol chegue às mesmas e ao mesmo

tempo em que diminui a necessidade de mão de obra, previnem o uso de

herbicidas. Vale ressaltar ainda que essas coberturas podem auxiliar na economia

de água, diminuir as variações de temperatura e até mesmo ajudar a controlar

insetos praga, visto que plásticos de cor branca parecem confundir os insetos e

impedir que cheguem às plantas cultivadas.

A produção de hortaliças é uma alternativa atraente para o produtor rural em

termos de geração de renda, embora seja reconhecidamente uma atividade de

maior risco do que outros tipos de cultivos, principalmente pela maior

vulnerabilidade a problemas de fitossanidade, desordens fisiológicas e condições

climáticas. Além dos efeitos deletérios sobre a produção, a qualidade do produto

pode também ser comprometida, por isso se faz interessante utilizar mecanismos

que propiciem maior segurança ao agricultor no controle do desenvolvimento das

culturas.

Uma das principais finalidades do cultivo protegido moderno é o plantio das

culturas, normalmente hortaliças, em períodos ou locais em que as condições

climáticas não são adequadas ao cultivo à campo aberto. Nestes períodos, a oferta

dos produtos no mercado é mais baixa e sua cotação mais elevada.

Segundo Cermeño (1990), a produtividade dos vegetais em sistema

protegido é de no mínimo três vezes maior em relação ao cultivo em campo aberto

e ainda as características qualitativas do produto obtido são superiores no primeiro

em relação ao segundo. A figura 03 mostra o interior de um cultivo protegido, com

sistema de vasos e cobertura total do solo, demonstrando a importância do plástico

na agricultura moderna.

Page 24: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

23

Figura 3 - Cultivo protegido de tomate em vasos com solo encoberto.

Fonte:http://www.yarabrasil.com.br/nutricao-plantas/culturas/tomate/fatores-chaves/estufa-

tomates/

Ferreira et al (1993), destacam que a produtividade das culturas em cultivo

protegido pode ser de até 4 vezes maior do que em campo aberto se bem

manejadas, e que a tendência futura na produção agrícola de hortaliças está no

crescimento da área de cultivo protegido, devido maior eficiência produtiva.

2.1 Cultivo protegido no Brasil e no mundo

Há vários países em que a agricultura sob plástico atingiu níveis avançados

de desenvolvimento tecnológico e altas produtividades. Estados Unidos, Reino

Unido, Espanha, Holanda e Israel vêm automaticamente à memória quando se fala

sobre produção de hortaliças protegidas. Em termos de crescimento de áreas com

cultivo protegido e de avanço tecnológico, é possível que nenhum desses citados

se iguale à Coreia do Sul.

Embora não seja o país com maior área em cultivo mundial, a Coréia do sul

possui crescimento relevante nos últimos anos. Em 1970 a área sob cultivo

protegido nesse país era de 762 hectares, mas a associação entre governo,

pesquisa e produtores incentivou um processo de desenvolvimento da agricultura

protegida coreana, tratando o assunto como questão de segurança alimentar

nacional. Conhecida como “White Revolution”, a revolução do plástico na

agricultura, o país deu um salto na produção e hoje há mais de 50 mil hectares de

Page 25: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

24

cultivo protegido na Coreia do Sul, com um forte setor hortícola gerando mais de 5

bilhões de dólares por ano (EMBRAPA, 2014).

Tabela 01 - Panorama do cultivo protegido no mundo.

Crescimento do Cultivo protegido em duas décadas

Estimativa área cultivo protegido mundo em hectares

Posição País 1990 2010

1 China 600.000 3.350.000

2 Espanha 18.500 70.400

3 Coréia do Sul 3.800 47.000

4 Japão 24.000 36.000

5 Turquia 9.800 33.500

Outros 84 Países 60.000 134.000

Total 716.000 3.700.000

Fonte: adaptado de: Revista Horti-Brasil - Cultivo protegido em busca da eficiência produtiva.2014.

O Brasil é o maior país tropical do mundo em extensão territorial e, como

tal apresenta uma grande variabilidade de climas e solos em seu território. Embora

a produção de hortaliças sob ambiente protegido seja praticada desde o Sul

subtropical até a região Amazônica quente e úmida, as razões por que se adotam

práticas de agricultura protegida diferem de acordo com cada região.

Segundo Ferreira et. al (1993), no Brasil há cerca de 30.000ha em cultivo

protegido. O crescente interesse na produção de hortaliças sob ambiente protegido

está associado ao aumento de renda dos consumidores, à urbanização da

população brasileira e gradualmente à intensificação da preocupação com o

alimento “seguro”, com o decréscimo no uso de pesticidas químicos e com o

aumento na eficiência no uso de água.

Impulsionado por uma legislação trabalhista rigorosa, e pela falta de

infraestrutura básica de lazer e qualidade de vida no meio rural, têm tornado a mão-

de-obra para a agricultura escassa e cara, o que tem criado novos desafios para a

produção agrícola. A própria pesquisa científica voltada ao setor tem sido

pressionada a prover soluções inovadoras em termos de automação de práticas

agrícolas, mecanização para pequenas áreas e principalmente a expansão da área

de cultivo protegido de hortaliças.

Page 26: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

25

A concentração da produção de hortaliças sob ambiente protegido ao redor

de áreas metropolitanas, as quais são as maiores consumidoras deste tipo de

produto, torna possível a redução da distância entre áreas produtoras e regiões

consumidoras, favorecendo a redução de perdas ocasionadas por transporte

inadequado e longas distâncias.

Alguns fatores têm impedido a adoção mais ampla da produção de hortaliças

em cultivo protegido no Brasil, como as altas temperaturas internas, sentidas

principalmente em empreendimentos no Centro-Oeste, no Nordeste e no Norte do

Brasil, mas também presentes eventualmente no Sudeste e mesmo no Sul. A

adoção de técnicas de controle da temperatura geralmente utilizadas em outras

regiões do mundo, como a utilização de ar-condicionado, esbarra no alto preço da

energia elétrica que inevitavelmente levaria ao aumento no custo de produção e no

preço das hortaliças.

Tendo em vista que o consumo doméstico médio de hortaliças pelo brasileiro

gira em torno de 27 quilogramas por ano, enquanto que na Coreia do Sul o consumo

médio é de 170 quilogramas por habitante/ano, fica claro que o produtor brasileiro

precisa produzir com melhor aproveitamento energético e oferecer o produto a

menores valores para estimular o consumo.

Existem diversas soluções técnicas para o cultivo protegido envolvendo

inúmeros materiais e aplicações. Atualmente o novo conceito de fazendas verticais

tem impulsionado a agricultura em meio urbano em países desenvolvidos, trata-se

de um sistema que apresenta completo controle dos parâmetros ambientais,

altamente modernos e confiáveis. Estas técnicas ainda são pouco conhecidas e

ainda menos utilizadas no Brasil, principalmente pela ausência de pesquisa e

validação científica em nosso país.

Singapura possui a primeira fazenda vertical comercial do mundo,

produzindo uma tonelada de vegetais por dia. Essa alternativa está sendo

fomentada pois o país atualmente produz apenas 7% de sua demanda interna de

vegetais. Com mais unidades verticais de produção a autossuficiência pode ser

alcançada em pouco tempo.

Page 27: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

26

Figura 4 - Fazenda vertical em Singapura.

Fonte: http://ecoeficientes.com

A figura 4 mostra uma das 120 torres de cultivo de Singapura. As torres

possuem 9 metros de altura e 3 andares de cultivo. Estão em vias de projeto mais

300 torres, com capacidade para 2 toneladas por dia de hortaliças, o que atenderia

toda a demanda interna do local.

Outras edificações e projetos se estendem pelo mundo, com o mesmo

objetivo: cultivar em ambiente controlado e espaço reduzido com controle total

sobre os fatores ambientais obtendo produtos alimentares frescos e de alta

qualidade, em qualquer local, independente da condição climática.

A figura 5, mostra um sistema em carrossel para produção de hortaliças na

cidade de Jackson Hole, estado do Wyoming, nos Estados Unidos. O cultivo

protegido de 500m², contruído em um antigo estacionamento da cidade, produz

com 10% da quantidade de água de um cultivo normal, e apresenta produtos livres

de pesticidas. Percebe-se nesse sistema uma praticidade muito grande no manejo

das plantas nas bancadas, que se movimentam sobre um trilho de alumínio de

forma automatizada através de roletes, possibilitando a colheita em linha de forma

ergonômica e uma melhor eficiência no manejo das culturas.

Page 28: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

27

Figura 5 - Fazenda vertical EUA.

Fonte:http://revistagloborural.globo.com/Noticias/noticia/2015/02/fazenda-vertical-no-estados-

unidos-produz-ate-20-toneladas-de-tomates.html.

Está em fase de finalização uma das maiores fazendas verticais conhecida,

em Scranton, Nova Iorque. A fazenda é idealizada pela mesma empresa Green

Spirit Farms, que construiu as torres em Singapura e utiliza pouco mais de 3

hectares de área. A fazenda utilizará estantes com sistema hidropônico, com

iluminação artificial em sistema LED que simulam a iluminação solar e aceleram os

processos fotossintéticos. A fazenda está programada para fornecer até 14

colheitas por ano: espinafre, couve, tomate, pimenta, manjericão e morango. O

projeto é cerca de 10 vezes maior que a primeira fazenda construída pela Green

Spirit Farms em Singapura.

Os projetos de fazendas verticais buscam solucionar vários problemas de

uma vez, possibilitando o acesso ao alimento fresco e acabando com a

problemática do transporte por longas distâncias, o que representa um circuito curto

de produção/comercialização. Esse tipo de empreendimento dribla o problema do

alto custo da terra, com mais produtividade por área, extinguindo praticamente toda

a necessidade de uso de agrotóxicos.

Muitas dessas tecnologias ainda estão longe de nossa realidade brasileira,

porém nosso país é historicamente um adotador de tecnologias estrangeiras, e é

provável que em alguns anos, experiências como as descritas acima façam parte

do nosso cotidiano tupiniquim. Porém, mesmo após a tecnologia desembarcar em

nossas terras, fica evidente uma característica em comum para essas soluções: o

alto custo de implantação, composto por diversos controladores lógico

Page 29: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

28

programáveis, equipados com sensores, transdutores e atuadores sofisticados e

de alta demanda financeira, o que impede o acesso do pequeno agricultor à

tecnologia.

2.2 Principais Culturas e Ecofisiologia Vegetal.

As principais culturas produzidas em ambiente protegido, possuem uma

característica em comum: são de alto valor agregado, a exemplo do tomate, pepino,

pimentão, folhosas e temperos condimentares.

O clima é um fator que influencia a produção de hortaliças. No verão, as

chuvas demasiadas danificam as hortaliças e criam condições favoráveis para o

aparecimento de doenças, por outro lado o frio e os ventos do inverno acabam

prolongando o ciclo dessas culturas. Para auxiliar na resolução desse entrave é

que se faz uso do sistema de proteção, que se caracteriza pela construção de uma

estrutura, para a proteção das plantas contra os agentes meteorológicos.

2.3 Necessidades ambientais das culturas

A compreensão de alguns conceitos sobre a influência do ambiente sobre as

plantas, como estas respondem aos estímulos ambientais e seus fatores de

atuação são fundamentais para a correta compreensão dos sistemas de atuação

climática no interior do cultivo protegido.

Para Filgueira (2008), o conceito de “ambiente” é o conjunto de fatores

agroecológicos e agrotecnológicos externos à planta, que influenciam diretamente

o seu desenvolvimento e produção, como o clima, tipo de solo, adubação, irrigação.

Também fazem parte desse contexto o “genótipo”, que são as características

genéticas internas da planta. Quando o “genótipo” entra em contato com o ambiente

ele expressa o que é conhecido pelos cientistas como “fenótipo”, o fenótipo é a

parte visível da resposta da planta ao ambiente. Se o ambiente é hostil, a planta

apresenta um tipo de desenvolvimento, se o ambiente é amigável apresenta outra

forma. Assim a forma apresentada pela planta, ou a fisionomia da mesma, pode

indicar como estava o ambiente ao longo de seu desenvolvimento.

Page 30: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

29

Segundo Filgueira (2008), existem duas formas de se avançar na tecnologia

voltada ao aprimoramento da olericultura, a primeira é trabalhar os vegetais e torna-

los aptos aos mais variados ambientes, como é o caso de variedades de alface,

resistentes ao calor excessivo, ou variedades de inverno que produzem

normalmente no verão. A segunda forma seria investir em estruturas de proteção,

tornando o ambiente propício para cada cultura, fornecendo um microclima ideal ao

seu desenvolvimento, para que nessas condições possa expressar todo seu

potencial genético.

Com isso a presente pesquisa atuou sob a luz da segunda ótica de solução

do problema, atuando sobre o ambiente para favorecer a expressão da planta.

Levando em consideração que algumas plantas são de difícil melhoramento e não

possuem variedades disponíveis ao cultivo protegido, a possibilidade de controlar

o ambiente, e torna-lo amigável às culturas possibilita que o olericultor tenha mais

liberdade produtiva e melhores rendimentos.

2.3.1 Influência da Temperatura

Por serem cultivadas por anos nas mais diversas condições, as culturas

oleráceas apresentam grande adaptação climática, as de ciclo curto sempre

encontram alguns meses com condições propícias mesmo em regiões fora de seu

habitat de origem. Cabe então ao agricultor, conhecer essas necessidades e ajustar

seu plantio em condições mínimas pareadas em sua região de cultivo. Para

Filgueira (2008), indubitavelmente a temperatura é o fator que mais influencia as

culturas vegetais, sendo também o principal fator limitante da produção.

Cada cultura possui uma faixa termoclimática ideal para desenvolvimento,

sendo que temperaturas abaixo desta podem alongar seu ciclo vegetativo, ou

provocar florescimento prematuro. Já temperaturas acima do ideal podem afetar a

qualidade final do produto (FILGUEIRA, 2008).

Para Cermeño (1977), para cada função vital da planta existem temperaturas

ótimas, sendo que abaixo ou acima destas o desenvolvimento produtivo está

prejudicado. A temperatura exerce influência sobre funções vitais da planta como,

respiração, fotossíntese, transpiração, germinação, crescimento, floração e

frutificação.

Page 31: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

30

Segundo Purquerio&Tivelli (2010), a temperatura é um fator relacionado ao

clima, que age sobre diversas funções nas plantas, como: fotossíntese,

germinação, evapotranspiração, floração e frutificação. Nos países de clima

temperado, como os da Europa, com invernos muito rigorosos o ambiente protegido

possui a finalidade de aquecimento, tornando-se uma verdadeira “estufa” para

viabilizar a produção. Porém, nas condições climáticas brasileiras, consideradas

tropicais e subtropicais, a realidade é diferente, os cultivos de hortaliças podem ser

realizados o ano todo e o aquecimento natural demasiado do ambiente pode causar

problemas no cultivo das plantas.

Segundo Cermeño (1977), com temperaturas baixas a constituição das

células vegetais sofre precipitação em seu sistema celular, sendo que estas

desidratam-se e morrem. A maioria das plantas suportam temperaturas na faixa de

0° a 70°C, fora dessa faixa grande parte morre ou permanece em estado vegetativo.

O manejo da temperatura do ambiente protegido começa pela escolha do

material a ser utilizado, que está diretamente relacionado ao tipo de hortaliça que

vai se cultivar, ao tipo de solo e ao clima da região de produção. Sabe-se que cada

grupo de hortaliças possui uma necessidade fisiológica ótima de temperatura, a

qual pode não ser atingida em função do tipo de ambiente utilizado. Deve-se então,

prestar atenção em relação à altura do pé direito do ambiente quando se pensa em

cultivar plantas com porte mais alto como o tomateiro, ou plantas de pequeno porte

como as folhosas.

Segundo Andriolo (1999), durante os meses quentes do ano a radiação solar

pode facilmente atingir níveis acima do tolerado pelas plantas, essa radiação afeta

diretamente a temperatura no interior do cultivo protegido. A temperatura do ar e

do solo no interior de um cultivo protegido dependem em grande parte da energia

solar incidente.

Purquerio&Tivelli (2010), pontuam que hortaliças de porte herbáceo podem

ser cultivadas em ambientes com pé direito menor, ou mesmo com a ausência

desse, como é o caso dos túneis baixos ou túneis de cultivo forçado, porém sempre

se deve respeitar as necessidades térmicas da cultura. Quando a temperatura é

muito alta, é necessário usar recursos para a redução da mesma, nesse caso pode-

se realizar a abertura de janelas laterais, acionar um sistema de ventilação, ou até

mesmo fazer uso de nebulizadores. Uma fase de projeto inicial adequado e o

Page 32: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

31

posicionamento da estrutura pode favorecer a ventilação natural dentro do

ambiente, e assim reduzir a temperatura.

Para Cermeño (1977), é necessário que ocorram diferenças de temperaturas

entre o dia e a noite para que o crescimento vegetal se processe de forma mais

adequada. Sabe-se que para frutíferas essa amplitude é fundamental na formação

dos açúcares e no amadurecimento dos frutos. O controlador desenvolvido no

presente trabalho levou em consideração essa informação e procedeu em

condições diferenciadas para o dia e para a noite.

Segundo Filgueira (2008), a temperatura oscila ao longo de 24 horas de um

dia completo, sendo na maioria das vezes a temperatura noturna menor do que a

diurna, fato este que é favorável às plantas, algumas espécies necessitam dessa

diferença entre 5° e 10°C para seu desenvolvimento completo. Como é o caso do

tomate que necessita de uma amplitude mínima de 6°C entre o dia e a noite para

se desenvolver adequadamente. Estudos indicam que a temperatura noturna

possui maior efeito sobre a planta do que a diurna. Em altas temperaturas noturnas,

o crescimento vegetativo é acelerado, porém são prejudicadas a floração e a

frutificação.

O uso de telas sintéticas de sombreamento é uma alternativa que vem sendo

largamente utilizada para amenizar a temperatura interna dos cultivos protegidos,

porém dependendo da intensidade de sombreamento, essas telas trazem um efeito

colateral sobre a luminosidade, diminuindo a radiação interna e causando

estiolamento nas plantas.

2.3.2 Influência da Umidade relativa do ar

A umidade relativa do ar no interior de uma estufa agrícola é afetada

diretamente pela temperatura, numa relação inversamente proporcional. Ela varia

ao longo do dia de acordo com a presença de radiação em amplitudes que podem

oscilar entre 30 a 100%. Ela está vinculada ao equilíbrio hídrico das plantas, onde

um déficit pode alterar a evapotranspiração, alterando assim a capacidade do

sistema radicular de absorver o soluto nutricional. Dessa forma, o manejo da

umidade do ar, também dependerá da cultura visando-se atender sua fisiologia de

crescimento e desenvolvimento.

Page 33: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

32

Cermeño (1990), destaca que cada cultura exige uma umidade do ar

específica ideal para seu desenvolvimento, quando este valor de umidade aumenta

ou decresce em valores relevantes, os vegetais sofrem sérios desequilíbrios

fisiológicos, que afetam seu crescimento e produtividade.

Um efeito do excesso de umidade do ar no interior dos ambientes protegidos

é a condensação na face interna do filme plástico de cobertura e consequente

redução na transmitância da radiação solar. Para algumas culturas mais sensíveis,

a queda dessas gotas promove o aparecimento de manchas nas plantas. Para

melhor compreensão dos efeitos da umidade nas plantas e no ambiente protegido

é necessário que alguns conceitos de climatologia sejam explicitados como:

umidade absoluta, umidade relativa, ponto de saturação e ponto de orvalho.

Sabe-se que a definição de umidade é a concentração de vapor de água na

atmosfera num determinado momento, essa concentração se altera

constantemente de acordo com a temperatura do ar. A umidade absoluta é a

quantidade de vapor de água que existe em um volume de ar específico, e dentro

da estufa varia muito pouco ao longo de um dia quando a atmosfera está estável.

A unidade de medida para essa umidade é gramas por centímetro cúbico (g/cm³),

e essa quantidade máxima de umidade que o ar pode suportar, depende de sua

temperatura, numa relação diretamente proporcional, ou seja, quanto maior for a

temperatura, maior será a capacidade do ar conter água em um mesmo volume.

Isso ocorre até a umidade atingir um valor máximo, que é chamado de ponto de

saturação (CERMEÑO, 1990).

O ponto de saturação varia de acordo com a temperatura ambiente como é

mostrado na tabela 02:

Tabela 02 - Ponto de saturação em gramas de água por m³ de ar,

relacionado com a temperatura ambiente.

Temperaturas -10°C -5°C 10°C 25°C 30°C

Gramas de

água por m³

ar saturado

2,4 4,9 9,3 17,2 30

Fonte: - Adaptação de Cermeño 1990. Pg271.

Page 34: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

33

A umidade relativa é a proporção entre a umidade absoluta e a umidade de

saturação, ou seja, o quanto de vapor de água existe em um volume em relação ao

valor máximo de água que este volume poderia conter a esta temperatura. Assim

estabeleceu-se que a umidade de saturação seja correspondente a 100%, e a

relativa o percentual de vapor absoluto relacionado ao valor de saturação. Assim

para uma mesma quantidade de vapor de água num volume igual de ar, o ambiente

estará mais ou menos úmido de acordo com a temperatura. De acordo com

Cermeño (1990), para um mesmo valor de umidade absoluta, as oscilações de

umidade são grandes dentro de um cultivo protegido ao longo de um dia, ficando

diretamente relacionado com as oscilações de temperatura atmosférica.

Diversas funções vitais das plantas são afetadas pela umidade relativa,

como: transpiração, fecundação, polinização, crescimento, susceptibilidade a

doenças entre outros. Tanto o excesso como a baixa umidade possuem efeitos

negativos. A alta umidade, diminui a transpiração e retarda o crescimento

vegetativo, e também propicia a infecção por patógenos como fungos e bactérias.

Outro efeito desagradável da elevada umidade do ar, ocorre quando a umidade

alcança o ponto de saturação, propiciando a condensação no interior do cultivo,

fato este que dependendo do tipo de filme plástico em uso, pode afetar a radiação

que penetra no ambiente interno da estufa. Atualmente existem no mercado filmes

plásticos “anti-gotejo”, que auxiliam as gotas formadas a escorrer pelo lado interno

do plástico para as laterais da estrutura, o tipo de cobertura influencia esse

processo.

Para a ocorrência da maioria das doenças a umidade do ar é um fator

essencial, sendo que, para possibilitar que estas apresentem um ótimo

desenvolvimento, a umidade do ar deve estar acima de 80%, principalmente no

caso de doenças fúngicas. Portanto, através do manejo correto da umidade

também se pode diminuir a incidência de doenças e consequentemente gerar

redução no uso de defensivos agrícolas, diminuindo o custo de produção.

(PURQUERIO & TIVELLI, 2009).

Cermeño (1990), afirma que no processo de transpiração a planta perde

água em forma de vapor pelos estômatos e pelas cutículas celulares. A

transpiração ajuda na ascensão da seiva bruta oriunda das raízes às partes aéreas

das plantas, e permite também que o dióxido de carbono absorvido pela planta seja

Page 35: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

34

convertido em energia. Ao aumentar a temperatura e a transpiração a planta

necessita de maior quantidade de calorias e de água. Quando a umidade é muito

alta a transpiração é dificultada, mas a captação de água continua normalmente,

isso faz com que algumas espécies de plantas eliminem água pelos estômatos

aquíferos sob a forma líquida.

No período noturno, a umidade não afeta tanto a fisiologia da planta, pois a

fotossíntese cai a taxas praticamente nulas, cessando assim a transpiração, em

temperaturas normais. Quando as temperaturas noturnas são elevadas a

respiração continua ocorrendo, e assim a planta entra em déficit energético, já que

gasta calorias que armazenou durante o dia, para manter a estabilidade térmica

durante a noite, através da transpiração.

Um dos tratos culturais que influencia diretamente a umidade relativa do ar

no cultivo protegido é a irrigação, sendo que esta deve ser realizada corretamente,

através de monitoramento por tensiometria ou por sensores específicos. No manejo

da umidade do ar, a ventilação do ambiente pode auxiliar tanto para aumentar como

para diminuir a mesma. Outras medidas de manejo podem ser adotadas para se

elevar a umidade, como a pulverização das plantas com água. Nesse caso a água

pulverizada ao evaporar das plantas irá elevar a umidade e diminuir a temperatura.

(PURQUERIO & TIVELLI, 2009).

As plantas possuem uma fase de crescimento vegetativo e outra de

crescimento reprodutivo. No crescimento vegetativo a planta investe carboidratos

na formação da sua estrutura de sustentação e sistema de captação de energia, ou

seja ramos, folhas e raízes. Após a formação inicial e construção de seu corpo, a

planta inicia uma fase reprodutiva, onde forma estruturas especializadas para

perpetuação da espécie. Na fecundação das flores, os grãos de pólen amadurecem

nas anteras dos estames e em seguida dispersam-se de alguma forma, seja pelo

vento ou carregado por insetos, até encontrar uma outra flor feminina e germinar.

Segundo Cermeño (1990), a umidade do ambiente afeta a fecundação das

flores de duas formas principais, a primeira quando a umidade é alta, dificultando o

desprendimento do grão de pólen da antera de sua flor de origem, e quando este

se desprende leva junto consigo outros grãos de pólen, formando um conglomerado

na entrada do estigma e impedindo a chegada até os óvulos. Quando a umidade é

Page 36: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

35

baixa, o ambiente muito seco absorve umidade do pólen e do estigma, impedindo

também a fecundação.

2.3.3 Influência da umidade do solo

A umidade do solo interfere diretamente no comportamento nutricional da

planta já que é através da água que os vegetais realizam sua nutrição. Um sistema

de irrigação bem dimensionado, pode suprir as necessidades de forma perfeita para

as plantas. Porém a demanda hídrica varia de acordo com o ciclo fenológico das

culturas e deve ser ajustado periodicamente, um sistema de controle automatizado

através de sensores permite que a água chegue na planta no momento exato em

que ela necessita, o que representa melhor crescimento e produtividade e maior

economia de água.

O solo é formado por partículas de diferentes tamanhos e formatos

irregulares que se agrupam de maneira aleatória deixando entre si espaços vazios

que contém ar e quando na presença de chuvas ou irrigação, preenchem-se

temporariamente com água. Cada tipo de solo possui uma capacidade de reter

água, de acordo com sua característica edafo-morfogenética..

2.3.4 Influência da radiação solar

Cassilhas (2000), afirma que a fotossíntese é um processo que consiste

basicamente em sintetizar mediante o emprego de energia luminosa e clorofila,

substâncias orgânicas, principalmente açúcares. No processo a planta captura o

gás carbônico presente na atmosfera, a água no solo, e os transforma em

carboidratos através de estruturas especializadas em suas células. Fato este, que

demonstra o quão importante é a energia luminosa para os vegetais, sendo esta a

mola propulsora da fotossíntese, o principal processo metabólico das plantas.

Para Cermeño (1990), a luminosidade possui grande importância nos

processos vitais das plantas, sendo que em seu desenvolvimento as principais

funções metabólicas estão relacionadas à energia luminosa. Assim a luz afeta

diretamente a fotossíntese, o fototropismo, o crescimento dos tecidos, a floração e

o amadurecimento dos frutos entre outras funções.

Page 37: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

36

Segundo Paiva (1998), a radiação solar é o principal fator que limita o

rendimento das espécies tanto no campo, como em ambientes protegidos,

especialmente nos meses de inverno e em altas latitudes.

As distintas regiões do Brasil, em geral, mostram uma redução da radiação

solar incidente no interior do ambiente protegido com relação ao meio externo de 5

a 35%. Estes valores variam com o tipo de plástico (composição química e

espessura), com o ângulo de elevação do sol (estação do ano e hora do dia) e

também dependem da reflexão e absorção pelo material. No ambiente protegido a

fração difusa da radiação solar é maior que no meio externo, evidenciando o efeito

dispersante do plástico, que possibilita que essa radiação chegue com maior

eficiência às folhas das hortaliças no seu interior, principalmente as conduzidas na

vertical, ou cultivadas em densidade elevada onde uma folha tende a sombrear a

outra.

2.3.5 Influência da presença de CO2

A presença de gás carbônico em quantidade suficiente no interior do cultivo

protegido é fundamental para o processo de fotossíntese e influencia diretamente

o desenvolvimento dos vegetais. Em estufas muito longas, com comprimentos

maiores que cinquenta metros, ou estufas geminadas, pode ocorrer um déficit de

gás carbônico na área central das mesmas, onde a demanda interna é maior do

que a capacidade de renovação proporcionada pelo meio externo.

Segundo Cermeño (1990), o gás carbônico é imprescindível para a vida das

plantas, e na atmosfera destas, este composto decresce à medida que a

fotossíntese é realizada. A quantidade de gás carbônico no ar varia ao longo do

dia, atingindo maiores valores no período noturno e início da manhã e menores

valores próximo do meio dia e início da tarde.

O gás carbônico pode ser incrementado artificialmente no cultivo protegido,

e atualmente existem diversos sensores para seu monitoramento, porém o foco

deste trabalho foi desenvolver um controlador para pequenos e médios produtores

rurais, onde são presentes na maioria dos casos, estufas com dimensões de

quarenta a cinquenta metros de comprimento sem geminação, o que indica que o

Page 38: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

37

monitoramento de CO2 no interior das estruturas é de desprezível influência na

produtividade das culturas.

2.4 Especificidades do cultivo de hortaliças herbáceas (Folhosas).

Devido ao ciclo rápido de produção e boa aceitação de mercado as folhosas

são amplamente cultivadas em sistema protegido. Com novas técnicas de plantio

e variedades melhoradas geneticamente, ocorreu nos últimos anos um crescente

processo de produção de hortaliças folhosas. Dentre as espécies mais cultivadas

a principal é a alface em todas as suas variantes: Americana, crespa, lisa, roxa

mimosa, frise entre outras. Rúcula, chicória, almeirão e agrião também possuem

importância nessa categoria de cultivo.

As folhosas não estão agrupadas em uma só família botânica, e sim

dispersas em diversas espécies em que a parte de interesse agronômico é a

folhagem ou a parte herbácea da planta. Segundo Filgueira (2008), as “asteraceas”

(compositae) abrangem as hortaliças folhosas mais consumidas em saladas e com

boa aceitação popular, nessa família botânica está a alface (Lactuca sativa), a

Chicória (Cichorium endívia) e o Almeirão (Cichorium inibitus). Essas espécies

segundo pesquisas, originaram-se de plantas silvestres ainda encontradas em

regiões de clima temperado no sul da Europa.

Figura 6 - Alface em fase vegetativa em sistema de cultivo protegido.

Fonte: https://pt.123rf.com/photo_24585151_cultivo-de-alface-em-estufa.html

Page 39: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

38

As necessidades ambientais para a produção de folhosas são semelhantes,

por isso na programação do sistema eletrônico de controle para cultivo protegido,

essas culturas podem integrar um grande grupo homogêneo de produção. Somente

a alface possui diversas variantes, conforme figura 8.

Figura 7 - Espécies de alface cultivadas em sistema protegido.

Fonte: https://www.comoplantar.net/como-plantar-alface/variedade-alface/

Tabela 03 - Desenvolvimento das Hortaliças herbáceas em cada estádio

vegetativo versus temperatura.

Temperaturas Críticas para Folhosas

Congelamento das folhas -2°C a -4°C

Cessa Desenvolvimento 0 a 5°C

Minima 5°C

Germinação Ótima 18°C

Máxima 30°C

Desenvolvimento vegetativo Dia 20,7 a 25,3°C

Noite 13 a 17°C

Floração / Maturação Dia Não Aplic.*

*Somente na produção sementes Noite Não Aplic.*

A necessidade de umidade do ar para as hortaliças herbáceas assemelha-

se em todas as variantes, e possui importância secundária já que neste tipo de

Page 40: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

39

cultivo não há entrada em fase reprodutiva, onde ocorreria maior sensibilidade à

umidade do ar devido às atividades de fecundação. Portanto um valor entre 80 a

85% de umidade relativa seria considerado ótimo em todo o curto ciclo das plantas.

Figura 8 - Cultivo de rúcula em sistema protegido.

Fonte:http://www.revistahidroponia.com.br/por-dentro-da-estufa/noticia.php?noticia=28518

3. METODOLOGIA UTILIZADA NO DESENVOLVIMENTO DO

PROJETO

Foi utilizada como base metodológica a proposta de Rozenfeld et al. (2015),

em que o desenvolvimento de produtos é tratado como um conjunto ordenado de

atividades, por meio das quais uma necessidade de mercado é avaliada e através

de uma série de processos, atendida. O desenvolvimento de produto leva em conta

as atividades iniciais de planejamento, até o acompanhamento final após o

lançamento do produto no mercado.

O projeto desenvolvido levou em consideração algumas soluções já

oferecidas para a automação de cultivo protegido, avaliando de forma coordenada

todas as variáveis envolvidas nos sistemas, desde sua apresentação e interface

com usuário, até capacidade de coleta de dados e precisão. Foi aproveitado o que

está disponível na literatura e ainda incorporado inovações ao sistema eletrônico,

como a orientação agronômica relacionada à fenologia das culturas, o que até

então não existia no mercado de controladores.

Page 41: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

40

O processo de desenvolvimento de produtos envolve diversas fases, e conta

com um ciclo de vida do produto, que segue as seguintes fases: Planejamento do

produto; Projeto do produto; Planejamento do processo; Produção; Lançamento;

Uso; Retirada do mercado; Reciclagem e reuso.

O processo de desenvolvimento de produtos pode ser relacionado de acordo

com as fases do projeto, os custos envolvidos em seu desenvolvimento. Ao

analisarmos a figura 9, relacionada ao ciclo de vida de um produto, percebe-se a

necessidade de um bom planejamento inicial do processo, pois os custos de

investimento em todas as fases são elevados, principalmente na fase de

desenvolvimento, quando não há retorno financeiro. Portanto erros de projeto,

dimensionamentos incorretos e outras incertezas devem ser sanadas nessa fase

para evitar correções futuras e custos associados.

Figura 9 – Fases de desenvolvimento de produtos e fluxo de caixa.

Fonte: Rozenfeld, et al. 2015.

Nas fases de lançamento e crescimento, ainda os custos com pesquisa e

desenvolvimento fazem com que o retorno financeiro seja baixo, ou até mesmo

negativo. Essas fases iniciais são caracterizadas por alto investimento e alto risco.

O presente projeto de mestrado ficará na fase de desenvolvimento, até a produção

de um protótipo final, pois o lançamento e maturidade futura do projeto dependerá

de investimento e incentivo de outras entidades para prosseguir e alcançar uma

escala de produção comercial, se for o caso. Esse projeto é voltado a agricultores

Page 42: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

41

familiares como uma solução prática e de baixo custo para melhoria de seu

processo produtivo diário.

Tendo em vista a metodologia acima citada e os passos a serem seguidos,

partiu-se como ponto inicial do projeto, uma extensa pesquisa de mercado, com o

intuito de coletar informações via internet e em lojas especializadas, visando

identificar produtos com finalidades semelhantes e que atenderiam a necessidade

de automação de casas de vegetação e que serão apresentados a seguir.

3.1 Modelos comerciais de equipamentos para o sistema

Para o sistema de monitoramento ambiental em casas de vegetação, são

ofertados no mercado uma ampla gama de modelos de sensores e sistemas de

controle.

Os sensores são os componentes eletrônicos mais utilizados no mundo da

eletroeletrônica, e estão presentes nas mais variadas situações do dia a dia,

constituindo a base da automação industrial, doméstica ou comercial (CAPELLI,

2013). Segundo o vocabulário internacional de metrologia (INMETRO, 2012), o

sensor é o elemento de um sistema de medição que é diretamente afetado por um

fenômeno, corpo físico ou substância que contém a grandeza a ser medida.

Para Rosário (2005), todos os elementos sensores são denominados

transdutores, pois tratam-se de dispositivos que recebem sinais externos e

apresentam uma resposta de saída da mesma grandeza ou diferente, a partir de

uma relação definida e em certa proporcionalidade.

Segundo Sinclair (1995), o sensor é o dispositivo que detecta e realiza a

mensuração de uma grandeza física, enquanto que o transdutor converte o sinal

captado pelo sensor em outra grandeza física. Para o vocabulário internacional de

metrologia, os transdutores de medição são dispositivos que fornecem uma

grandeza de saída com relação direta à grandeza de entrada (INMETRO, 2012).

De acordo com Rosário (2005), um sensor pode ser definido como um

transdutor que tem suas características alteradas por um fenômeno físico externo

ou mensurando externo, tais como: luminosidade, temperatura, campo magnético

entre outros. Assim um sensor muda seu comportamento sob a presença de uma

Page 43: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

42

grandeza física, indicando direta ou indiretamente um sinal que corresponde à

variação da mesma com certa proporcionalmente.

Os sensores podem apresentar sinais de saída diferenciados dependendo

de seu aspecto construtivo e características. Um sinal pode ser classificado em

analógico, digital ou binário. O sinal analógico é aquele que assume diversos

valores em uma escala ampla, assumindo valores em toda escala. Um exemplo de

sinal analógico é o termômetro ou o voltímetro. Já o sinal digital é aquele que

assume valores finitos em uma escala. O sinal binário, só pode assumir dois valores

possíveis em uma escala, 0 ou 1 (ROSÁRIO, 2005).

Para Sinclair (1995), o sensor é parte do sistema de medida que responde à

variação da grandeza física, enquanto que o transdutor é responsável por transferir

a informação de uma forma de energia de um local do sistema até outro, inclusive

alterando a forma de energia no caminho em alguns casos.

Em função da utilização de energia os sensores podem ser diretos ou

passivos, quando não necessitam de outra fonte de energia diferente daquela em

que a variável está sendo mensurada, a exemplo de fotodiodos e termopares, ou

indiretos e ativos quando é necessário o fornecimento de energia adicional ao

sistema como: células de carga Strain Gauge e sensores com alimentação elétrica

em geral.

As principais características de um sensor são: linearidade e faixa de

atuação. A linearidade corresponde ao grau de proporcionalidade entre o sinal

gerado pelo sensor com a grandeza física, assim sendo, quanto maior a linearidade

mais confiável é a resposta do sensor ao estímulo externo. A faixa de atuação

corresponde ao intervalo de valores da grandeza que pode ser submetido o sensor,

sem que este perca precisão de funcionamento e linearidade (ROSÁRIO, 2005).

Rosário (2005), pontua que a acurácia de um sensor corresponde à razão

entre o valor real e o valor medido pelo sensor, e a resolução está diretamente

relacionada à precisão do mesmo. A repetibilidade de um sensor, corresponde à

variação dos valores lidos, quando uma mesma quantidade de coleta de

informações é repetida várias vezes. Um bom sensor possui alta repetibilidade, o

que proporciona a facilidade em realizar ajustes e correções de tendência na coleta

de informações e troca de sinais.

Page 44: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

43

Nos modelos comerciais de sensores, ocorre uma grande variação de

informações técnicas disponíveis, sendo que a precisão e confiabilidade dos

mesmos, são na maioria dos casos diretamente proporcionais ao valor de mercado.

Existem soluções sofisticadas e de alto custo e soluções muito simples que beiram

o amadorismo. Na seleção dos sensores e dispositivos de controle para presente

projeto de automação, o objetivo fundamental se baseou em identificar uma solução

confiável e de baixo custo, com boa repetibilidade nos dados e possibilidade de

fácil aquisição no mercado para casos de reposição.

3.1.1 Transdutores para aferição de Umidade de Solo

O solo é uma mistura trifásica de materiais, constituído pela fase sólida,

líquida e gasosa. A água e o ar preenchem os espaços entre as partículas sólidas,

sendo que duas forças principais contribuem para a retenção de água no solo: a

coesão, que representa o nível de interação entre as moléculas de água, e a adesão

que está relacionada ao nível de atração exercido pelas partículas sólidas sobre a

água do solo (MARENCO & LOPES, 2013).

Segundo Larcher (2000), a capacidade de campo (CC) é o conteúdo hídrico

de um solo saturado com água, após toda a água gravitacional percolar

naturalmente. Solos com texturas finas e com grande presença de colóides

possuem a capacidade de armazenar maior quantidade de água do que solos de

textura grossa. A capacidade de campo aumenta em ordem crescente segundo

partículas de areia, silte, argila e solo orgânico, sendo este último o que apresenta

a maior capacidade de retenção de água.

Para Marenco e Lopes (2013), o solo exerce força sobre a água,

proporcionando uma adesão às partículas que o compõem. Quando a umidade do

solo cai a níveis muito baixos, não mais permite que este libere água para o sistema

radicular, ocasionando assim o murchamento das culturas vegetais ali presentes.

Esse ponto é conhecido como: ponto de murchamento permanente (PMP),

indicando que se esta condição permanecer ao longo do tempo, ocasiona a morte

da planta. Um solo com a umidade próxima do PMP, já afeta drasticamente a

produtividade e o desempenho das culturas.

Page 45: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

44

A determinação da umidade do solo pode ser obtida direta ou indiretamente,

os métodos diretos são executados em laboratórios onde uma amostra de solo

passa por processos de secagem e averiguação de massa úmida e seca, tornando

assim possível quantificar com exatidão a quantidade percentual de água presente

na amostra. O inconveniente destes métodos é o tempo necessário para realiza-

los, pois levam em média 24 horas para apresentarem resultados.

Portanto os métodos indiretos, que são obtidos por meio de sensores e

transdutores de umidade de solo, são adequados para tomada de decisão quanto

ao momento certo da irrigação e aplicabilidade prática na automação, já que

apresentam estimativas em tempo real.

Para um correto manejo da irrigação é necessário que se utilizem sistemas

de aquisição de dados de umidade do solo confiáveis, a fim de manter sempre a

umidade do solo acima do ponto de murchamento permanente e abaixo da

capacidade de campo. Como os métodos para determinação desses valores

críticos de umidade do solo, demandam tempo e em alguns casos exigem

condições de laboratório, faz-se necessário dispor de equipamentos que realizem

esta mensuração em sistema indireto e em tempo real, é nesse caso que optamos

por sensores eletrônicos de umidade de solo.

Existem diversas tecnologias eletrônicas aplicadas na aquisição de dados

de umidade do solo. A tecnologia resistiva e capacitiva é bastante comum em

transdutores comerciais de umidade de solo. Outros sistemas como indutivo e de

condutividade elétrica também estão presentes, porém em menor disponibilidade.

Os transdutores de solo com princípio resistivo, realizam a aquisição de

dados de resistência elétrica do solo e correlacionam os valores com a umidade do

mesmo. São compostos de dois eletrodos imersos no solo e o princípio de

funcionamento leva em consideração que quanto maior for a umidade do solo,

menor a resistência elétrica apresentada. Os transdutores com tecnologia

capacitiva possuem como princípio fundamental a leitura da capacitância entre dois

eletrodos, levando em conta o solo como elemento dielétrico.

Transdutores capacitivos e resistivos possuem limitações e incertezas nas

aquisições devido à temperatura do solo, salinidade, presença de gases entre

outros, porém a necessidade de precisão na determinação de umidade do solo não

é fator fundamental na produtividade, o erro nas medidas pode perfeitamente ser

Page 46: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

45

contrabalanceado com o uso de algoritmos de média e considerações sobre valores

mínimos e máximos de aquisições, realizado por controladores especializados,

bem como as culturas vegetais possuem uma margem grande de tolerância em

níveis de umidade ótima de solo.

Outra forma de se mensurar a umidade do solo é através de tensiômetros,

que são dispositivos que mensuram o potencial matricial do solo, utilizando sistema

de cerâmica em cápsula blindada. Quando em contato com o solo seco, ocorre uma

sucção no interior da ampola blindada, aumentando a pressão interna. Essa

variação de pressão é mensurada e correlacionada com a quantidade de água

presente no solo. Tensiômetros são mais precisos que sensores eletrônicos, mas

apresentam problemas de operação em condições de solo encharcado ou

demasiadamente seco, além de necessitarem um tempo de resposta maior para

determinação da leitura.

Transdutores eletrônicos de umidade de solo são amplamente disponíveis

no mercado, o que os diferencia, a exemplo de outros componentes eletrônicos é

a funcionalidade disponível, precisão e confiabilidade. Temos sensores de baixo

custo e precisão mediana até sensores sofisticados e alta precisão, no APÊNDICE

III estão descritos os principais sensores pesquisados para compor o projeto e suas

características técnicas.

3.1.2 Transdutores de temperatura

A temperatura é a medida numérica do nível de energia térmica de um corpo,

portanto diversos componentes estão disponíveis para execução desta tarefa. A

tecnologia mais comum para aferição da temperatura em casas de vegetação é

através de variação de resistência de alguns materiais com a temperatura do meio.

O aumento da temperatura de um corpo, aumenta também a resistência

elétrica do mesmo. Também temos transdutores eletrônicos baseados em circuitos

integrados e semicondutores, bem como termistores que alteram sua corrente de

saída de acordo com a temperatura do meio em que se encontram.

Comercialmente temos uma diversidade grande de possibilidades para

mensurar a temperatura do ambiente e listamos no APÊNDICE IV os principais

componentes e elementos estudados na montagem do projeto.

Page 47: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

46

3.1.3 Transdutores de umidade do ar

A umidade do ar pode ser expressa através do conteúdo volumétrico de água

em uma massa conhecida de ar a certa temperatura. Uma das formas de expressar

a umidade é apresentando a umidade relativa do ar em percentual, indicando a

quantidade de vapor de água no ar (%), em relação à quantidade de água no ar

saturado à mesma temperatura e pressão (CASTILLA, 2005).

A umidade relativa do ar pode ser medida através de Psicrômetros, que

levam em conta a velocidade de evaporação da água no ar. Para isso são utilizados

dois termômetros idênticos, um com bulbo seco e outro com bulbo úmido. A

diferença entre as temperaturas é colocada em uma escala que fornece a umidade

relativa. Quanto menor for a umidade do ar, mais arrefecido fica o termômetro de

bulbo úmido, devido à maior velocidade de evaporação da água, ocasionando

assim uma maior diferença entre as temperaturas (Figura 10).

Figura 10 - Psicrômetro com base fixa.

Fonte: http://www.gisiberica.com/Psicometros/psicrometro.htm

Segundo Vianello & Alves (1991), a medição da umidade do ar pode ser

realizada por higrômetros de cabelo, que são dispositivos que aproveitam a

variação de comprimento de tecidos de origem animal, no caso cabelos humanos

ou crinas de cavalos, em resposta à variação da umidade relativa do ar. Este

Page 48: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

47

dispositivo utiliza fios de cabelo interligados a um sistema de mola ou potenciômetro

que relaciona a dilatação ou contração do fio à uma escala calibrada de umidade.

Trata-se de um sistema com alta precisão, mais utilizado em estações

meteorológicas analógicas, porém com baixa funcionalidade e aplicação na

automação, pela dificuldade em interligar o sistema a um sistema de controle e

aquisição. Um Higrógrafo (figura 11), é um higrômetro de cabelo associado a um

cilindro de aquisição com escala numérica, é um dispositivo bastante conhecido por

meteorologistas para registro da umidade relativa atmosférica.

Figura 11 - Higrógrafo de cilindro.

Fonte: http://www.jgarraio.pt

Uma outra forma de aferir a umidade do ar é realizada com a utilização de

transdutores capacitivos. A tecnologia capacitiva utiliza o ar ou meio atmosférico

como dielétrico de um capacitor, variando assim sua capacitância de acordo com a

umidade relativa. Esse princípio é amplamente utilizado em transdutores

eletrônicos, e possibilita que as leituras sejam facilmente convertidas em sinais de

tensão, o que propicia sua leitura por diversos controladores comerciais. Os

sensores DHT11 e DHT 22 apresentados no APÊNDICE XIX, fazem uso do

princípio capacitivo para leitura da umidade do ar, e combinado com termistores

para aferição da temperatura compondo termo higrômetros de baixo custo e com

alta aplicabilidade na automação.

Page 49: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

48

3.1.4 Transdutores de radiação

O sol emite diariamente radiação ao sistema solar em forma de ondas

eletromagnéticas, as ondas emitidas pelo sol são em sua maioria ondas curtas e

interceptam os planetas e principalmente a terra proporcionando a formação de

calor e luminosidade. Esta energia que entra diariamente em nosso sistema, é que

permite a ocorrência de diversos processos biológicos importantíssimos, sendo o

principal deles a fotossíntese.

Segundo o documento número 8, da Organização Mundial de Meteorologia,

que trata da certificação e confiabilidade de estações meteorológicas, bem como

dos instrumentos e medições de variáveis climáticas, a radiação é um parâmetro

de fundamental importância para os estudos climáticos globais, afetando

diretamente aspectos qualitativos e quantitativos dos processos bioclimatológicos

terrestres (WMO, 2014).

Ao longo de um dia a luminosidade do sol irá atingir a superfície de uma certa

localidade no planeta, em intensidades diferentes, tendo o seu ápice de radiação

próximo ao horário de meio dia. A terra ao receber as ondas curtas provenientes

do sol, aquece-se e emite também ondas eletromagnéticas de formato longo. No

interior de um cultivo protegido, a cobertura impede que parte dessa radiação de

longo comprimento saia para o exterior, proporcionando o aumento da temperatura

interna em relação à externa, o que causa o chamado efeito estufa.

Dependendo de que material um corpo físico é formado, e de suas

propriedades de textura e coloração, esse corpo é capaz de reter ou emitir certa

quantidade de radiação. Um corpo absolutamente negro, recebe e absorve toda a

radiação que incide sobre si, e a emissividade de radiação deste corpo irá depender

da temperatura em que se encontra.

Ao atingir um corpo a radiação poderá sofrer reflexão, absorção ou

transmissão. Ao sofrer reflexão parte dessa radiação será refletida para outro meio.

Ao sofrer absorção essa radiação penetra a matéria do corpo e aumenta a

temperatura do mesmo, e a parte da radiação que atravessa o corpo e é levemente

alterada em sua saída, é a parte da radiação transmitida pelo mesmo.

Page 50: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

49

Chama-se balanço de radiação a contabilidade de entradas e saídas de

radiação de um sistema. A radiação líquida (RL), é a soma dos balanços de ondas

curtas e ondas longas, emitidas pelo sol e pela terra respectivamente. Cada

constituinte da atmosfera e do meio possui um comportamento em relação à

radiação. As nuvens, os gases e os materiais translúcidos possuem certa

capacidade de transmitir ou reter parte da radiação, é o que ocorre nos sistemas

de cultivo protegido onde alguns polímeros como o polietileno de baixa densidade

(PEBD), possuem capacidades de alterar o curso da radiação incidente.

Em estações meteorológicas o equipamento mais comum para aferição da

radiação é o piranômetro (Figura 12), que pode operar através de termopilhas que

convertem a energia solar em corrente elétrica, ou mesmo com fotodiodos que

operam em corrente na presença de luminosidade. Os piranômetros apresentam a

radiação solar em Watts por metro quadrado (W/m²).

Os piranômetros podem ser construtivamente de diversos modelos e sua

precisão varia de acordo com a tecnologia de cada equipamento. No documento

de número 8 da Organização Mundial de Meteorologia, estão descritas as

características necessárias para cada equipamento, a fim de que suas medidas

tenham validade internacional no que concerne à confiabilidade dos dados.

O ANEXO IV, demonstra as tabelas com os parâmetros desejáveis para

transdutores de radiação segundo normas internacionais de metrologia. O presente

trabalho, por se tratar de um sistema simplificado e de baixo custo não direcionou

a aquisição de dados ambientais com equipamentos de alta precisão, porém a

pesquisa e conhecimento de tais equipamentos permite que outros transdutores e

sensores sejam comparados e avaliados a posteriori.

Figura 12 - Piranômetro Eplley SPP de termopilha.

Fonte: http://recursosolar.geodesign.com.br/Pages/Pyranometer_RS.html

Page 51: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

50

Para aferição da radiação no interior do cultivo protegido, pode-se lançar

mão de algumas tecnologias simplificadas como transdutores de luminosidade

eletrônicos e sensores de radiação global resistivos. Os sensores comerciais que

utilizam o princípio da variação de resistência de alguns materiais à luz, conhecidos

como resistores de luminosidade ou simplesmente LDR do inglês “light dependent

resistor” são bastante comuns em aplicações onde não se exige grande precisão

de controle da luminosidade ou seleção de faixas de radiação (figura 13).

Figura 13 - Sensor LDR detecção de iluminação global.

Fonte: http://projectshopbd.com/product/ldr-big-l12/

No mercado de sensores existem ainda soluções diversas para aferição da

radiação, luminosidade, luminância, radiação fotossinteticamente ativa (PAR) ou

(RFA), não mencionadas no presente trabalho, mas que podem ser aplicadas de

acordo com as especificidades de cada projeto.

Para o presente trabalho a necessidade de aferição da radiação, se dá

principalmente para verificar a ocorrência do período diurno e noturno, pois a

programação prevê condições diferenciadas em cada caso, bem como para acionar

o sistema de sombreamento em caso de excesso de luminosidade no interior do

ambiente protegido. Para atender as necessidades deste projeto um sensor LDR

simples, interligado a um resistor formando um divisor de tensão seria suficiente

para alimentar o sistema com as características de luminosidade do meio.

Para cultivos onde existe a necessidade de uma maior precisão, ou

condições onde é necessário um estímulo à fotossíntese, pode-se lançar mão de

outras tecnologias, como: iluminação especial, controle do espectro interno ao

ambiente protegido e sistemas de visão para interpretação do cultivo, entre outros.

Page 52: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

51

3.1.5 Soluções para o controle ambiental em cultivo protegido

O controle ambiental em cultivo protegido pode ser realizado de diversas

formas de acordo com grande variedade de produtos disponíveis e capacidade de

investimento do olericultor. Para aplicações mais sofisticadas e sensíveis, recorre-

se a sistemas industriais de monitoramento, com sensores de alto custo, precisão

apurada e controladores lógico programáveis (CLP).

A pesquisa de produtos com funcionalidades semelhantes, relacionada ao

monitoramento e controle ambiental, foi realizada via internet, em sites de

fabricantes dos produtos mecatrônicos voltados para a área agrícola,

principalmente no manejo de irrigação. Também foram pesquisados catálogos de

fabricantes e informativos técnicos de sistemas eletrônicos acessórios, como

sensores e atuadores de modo geral.

3.1.6 Modelos comerciais de controladores ambientais

A empresa Hunter, uma das mais tradicionais empresas de irrigação de

nosso país possui um controlador comercial chamado: ”Eco-Logic” (Figura 14), que

possui funcionalidades de programação simples e interface amigável,

compatibilidade com sensores meteorológicos externos e sistema de memória para

aquisição de dados climáticos e de acionamento de atuadores. É um dos mais

simples controladores da empresa, e seu valor de mercado é modesto, porém os

equipamentos acessórios de monitoramento ambiental devem ser adquiridos

separadamente. Um dos pontos que chamou a atenção neste controlador é a

interface simples e os poucos botões de operação e programação - apenas seis

botões. Essa característica foi levada em consideração como “ponto forte” deste

controlador, já que simplifica muito a operação do mesmo.

Page 53: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

52

Figura 14 - Controlador Hunter Eco.Logic.

Fonte:https://www.hunterindustries.com/es/support/eco-logic-instalacion

Outro importante controlador da empresa Hunter é o “I-Core”, que se trata

de um controlador para aplicações comerciais e residenciais mais complexas

(Figura 15). O sistema inclui monitoramento de fluxo de água, acesso rápido ao

controlador por porta especial de acesso remoto e possibilidade para seleção de

seis idiomas. É um controlador mais abrangente tanto na quantidade de atuadores

como nas funcionalidades de programação, essas características refletem também

em seu custo, que é maior que o controlador Eco-logic, apresentado anteriormente.

Além dos sete botões de seleção de programação, chama atenção a chave seletora

central, que ao ser posicionada na seleção da programação de irrigação também

permite que a funcionalidade de programas seja multiplicada por doze, ampliando

a aplicabilidade deste equipamento nas mais diversas situações.

Fonte: http://www.hunterindustries.com/pt/product/controladores/icore

Figura 15 - Controlador I-CORE.

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53

O controlador ACC (Figura 16) é um dos primeiros em qualidade da linha

Hunter, possui todas as funcionalidades presentes nos controladores já

apresentados e ainda apresenta modularidade, uma função bastante desejável pois

possibilita instalar quantas unidades de irrigação forem necessárias em um projeto,

permitindo que o sistema seja de grande porte com uma quantidade elevada de

sensores e atuadores.

É o mais avançado controlador da empresa: monitoramento de vazão,

execução de vários programas ao mesmo tempo, em sistema localizado e

diferenciado em áreas distintas, acesso remoto e interligação com sistema de

coleta de dados meteorológicos são algumas das funcionalidades deste modelo.

Um gabinete com proteção contra intempéries também é característica interessante

deste modelo. O sistema possui nove botões de programação e doze posições na

chave seletora, exigindo do operador um certo nível de conhecimento para

operação.

A caixa de proteção com sistema de fechamento e borracha de vedação são

características que foram aproveitadas na conceituação do presente projeto de

mestrado, já que esta proteção se configura de grande importância para o sistema

operar em ambientes críticos como os da agricultura.

Fonte: http://www.hunterindustries.com/pt/product/controladores/acc

Outra tradicional empresa do ramo de irrigação, a Rain Bird, possui algumas

soluções para o controle ambiental e monitoramento da irrigação. O controlador

comercial ESP – XLME (Figura 17), voltado para aplicações em irrigação de porte

médio a grande, possui um display LCD, e promete interface de fácil navegação.

Figura 16 - Controlador ACC empresa Hunter.

Page 55: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

54

Módulos de expansão de encaixe rápido, apresentando modularidade facilita a

manutenção e a possibilidade de personificação para diversos perfis de clientes.

Possui entrada para estação meteorológica externa opcional. Possibilidade de

opção por seis idiomas diferentes de interface, e ainda alimentação extra através

de no-break interno com bateria de backup.

Figura 17 - Controlador Rain Bird ESP – XLME.

Fonte: www.sprinklerwarehouse.com/Rain-Bird-Sprinkler-Irrigation-Controller

Percebe-se nos controladores apresentados uma preocupação com a

funcionalidade do sistema e simplicidade de operação. Caixas de proteção em

sistema injetado e de alta resistência, poucos botões e chaves de seleção rápida

são características marcantes que foram levadas em conta na tomada de decisão

na concepção do sistema de controle ambiental de baixo custo para estufas

agrícolas.

Diversos outros controladores são disponibilizados no mercado, e exigem

uma extensa pesquisa, porém para o presente projeto foi determinado um foco nas

principais soluções disponíveis no meio rural e urbano, que seriam de fácil acesso

e aquisição por consumidores e agricultores.

Outras soluções de mercado oferecidas por empresas especializadas,

incluem o monitoramento das variáveis climáticas, sem atuação ambiental ou saída

para acionar mecanismos, o que configura apenas uma estação meteorológica, e

sendo assim não inclusa na pesquisa, por não realizar o controle de atuadores

externos.

Page 56: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

55

Foi direcionada a pesquisa para alguns controladores comerciais e realizada

comparação entre equipamentos. Existem no mercado diversas soluções para o

controle somente da irrigação, porém sistemas “completos” para o controle

ambiental com monitoramento de temperatura, umidade e radiação são mais

escassos de se encontrar no mercado nacional. Na maioria dos casos ocorre que,

para realizar a tarefa de monitoramento e controle ambiental é necessário por parte

do agricultor, a aquisição de módulos de estação climatológica em separado do

sistema de controle geral.

Uma alternativa utilizada por empresas especializadas é a utilização de um

Controlador Lógico Programável, associado com sensores diversos e programação

individualizada. A empresa Zanatta estufas agrícolas, uma das principais empresas

do ramo de cultivo protegido possui algumas soluções de automação para o cultivo

protegido e publica em seu site fotos dos dispositivos. A figura 18 representa um

quadro de comando com chaves e contactoras disponibilizado e montado pela

empresa para controle de casas de vegetação.

Fonte: Zanatta estufas agrícolas. www.zanattaestufas.com.br

Soluções como a da figura 18 são bastante comuns no meio rural para

automação de casas de vegetação que passam por acompanhamento técnico de

grandes empresas. Para a pequena propriedade rural soluções como esta ficam

mais distantes, devido à complexidade de componentes e integração de peças que

estão fora do alcance do agricultor familiar.

Figura 18 - Painel de controle para casas de vegetação com CLP montado pela empresa Zanata Estufas Agrícolas.

Page 57: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

56

Figura 19 - Painel de acionamento manual e controle de casas de vegetação.

Fonte: Zanatta estufas agrícolas. www.zanattaestufas.com.br

A figura 19 demonstra mais um quadro de comando com leds indicativos de

estado, e chaves para acionamento manual de dispositivos. O quadro apresenta

uma grande dimensão e aparentemente o acionamento é realizado manualmente.

Possivelmente esse sistema conta com sistema de sensores e alarme de estado

crítico. Quando algum parâmetro na produção não está dentro do nível aceitável o

sistema aciona uma sirene, e um operador dirige-se ao quadro e aciona o atuador

correspondente para atenuação ambiental. Sistemas semelhantes a este são

utilizados em criação animal, montados em aviários e galpões de suínos em

sistema intensivo.

3.1.7 Projetos independentes de controle ambiental para estufas agrícolas.

Existe atualmente na literatura uma diversificada gama de projetos

relacionados à automação de cultivos protegidos. Alguns projetos de controle muito

simplificados, são realizados por estudantes de cursos técnicos e de graduação

nas áreas de tecnologia, outros por profissionais e desenvolvedores independentes

que buscam atender uma demanda de mercado. Uma característica importante

nestes projetos é a falta de conexão agronômica com o sistema de controle. Pouco

ou nenhuma informação relacionada às culturas vegetais estão presentes nestes

projetos, já que são desenvolvidos por profissionais da área eletrônica e

tecnológica, tornando o sistema pouco aplicável na prática.

Page 58: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

57

Cansado (2003), apresentou um controlador para casas de vegetação com

o uso de um CLP e sensores de precisão em seu trabalho de desenvolvimento. Sob

a denominação de Agrilogic (Figura 20), seu controlador realizou atuação

satisfatória em casas de vegetação, contando com software supervisório de

monitoramento e área experimental instalada no instituto de biociências da

Universidade de São Paulo. O controlador conta com sistema sofisticado de

algoritmos e desenvolvimento de software específico para controle de atuadores,

porém como recomendação de melhorias futuras do trabalho, aponta para a

necessidade de maiores informações sobre as culturas vegetais para incremento

do sistema.

Figura 20 - CLP Agrilogic e sistema supervisório, Cansado 2003.

Fonte: CANSADO, 2003.

Capelli, (2013) em trabalho realizado no departamento de engenharia

elétrica da Universidade de São Paulo, campus São Carlos, propôs a construção

de uma estufa agrícola com as variáveis controladas remotamente via internet,

utilizando a plataforma ubuntu/Linux e sistema Arduino. O trabalho foca

principalmente no acesso remoto do sistema e utiliza projeto precário de

prototipagem, impossibilitando assim uma real aplicação prática da tecnologia

(Figura 21). O sistema de monitoramento remoto das variáveis apresenta-se com

pouca funcionalidade e aplicabilidade prática, além de não trazer informações e

parâmetros relacionados às culturas vegetais.

Page 59: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

58

Figura 21 - Protótipo estufa e sistema de monitoramento on-line, Capelli.

Fonte: Capelli, (2013).

Barreto e Santos (2012), realizaram um projeto de estufa automatizada para

plantas pela Universidade Tecnológica do Paraná, para tanto utilizaram a

tecnologia ARM 11 e Interface Home máquina (IHM) com sistema de display

sensível ao toque (Figura 22). Os autores apresentam em seu trabalho alguns

parâmetros ideais de temperatura e umidade para as culturas vegetais, o que

representa um avanço em relação a outros trabalhos desenvolvidos e

apresentados, porém os valores ótimos utilizados como set points de programação

não levam em consideração a idade fisiológica das plantas o que os torna mais

ineficazes no atendimento das necessidades climáticas dos vegetais.

Figura 22 - Controlador ARM, Friendly ARM tiny 6410 com display touch embutido.

Fonte: BARRETO & SANTOS 2012.

Page 60: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

59

A escolha do controlador ARM foi realizada pelo critério de ter um display

touch embutido, o que na visão dos autores seria um diferencial no projeto (Figura

23) pela facilidade de acesso, pode ter sido uma escolha equivocada, já que o

ambiente agrícola é bastante hostil e o operador destes sistemas nem sempre

possui intimidade com tecnologias touch. Possivelmente um sistema destes ao

entrar em operação no meio rural, teria sua vida útil prejudicada pelo desgaste ou

pelo mau uso por parte dos operadores.

Figura 23 - Protótipo sistema de controle casa de vegetação proposto por BARRETO e SANTOS 2012.

Fonte: BARRETO & SANTOS, (2012).

Hemkemaier (2015), em seu trabalho de mestrado pelo Instituto Federal de

Educação Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, propôs o desenvolvimento de

uma plataforma de hardware para automação de cultivo protegido. Percebe-se

neste projeto uma aplicação da tecnologia de forma integrada com parcerias entre

a instituição de pesquisa e tecnologia com a instituição de extensão rural, no caso

IFSC e Epagri. Porém algumas metodologias experimentais aplicadas e o protótipo

desenvolvido foram insuficientes para chegar a um resultado definitivo sobre a

automação de cultivos protegidos. A pesquisa de desenvolvimento de produtos e a

insuficiência de resultados estatísticos metodológicos podem ter impossibilitado o

avanço do projeto para a real aplicabilidade prática do sistema.

Page 61: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

60

Figura 24 - HEMKEMAIER (2015). Protótipo de estufa e sistema de controle para estufas.

Fonte: Hemkemaier (2015).

O trabalho de Hemkemaier (2015), apresenta uma perspectiva de

controlador de estufas com custo acessível ao pequeno produtor rural (Figura 24),

e apesar das deficiências na metodologia experimental, traz uma IHM interessante,

com poucos botões de programação. A falta de controle da luminosidade e de

informações sobre as culturas foram pontos que poderiam ser melhor explorados

por serem fundamentais no cultivo protegido.

Romanini et al. (2010), implementou em um sistema de controle para cultivo

protegido a lógica Fuzzy, em experimento realizado no laboratório de automação e

controle (LIC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Neste trabalho

foram apresentados resultados de desempenho de controle simultâneo de

temperatura e umidade relativa, e interferência em lógica específica. O trabalho traz

como base a análise matemática das variáveis que são interdependentes como o

caso da umidade e temperatura, porém o mesmo não tem o objetivo de desenvolver

ou oferecer um sistema de controle das variáveis climáticas, ao contrário do que

seu título propõe (Figura 25).

Page 62: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

61

Figura 25 - ROMANINI (2010). Protótipo em escala para análise de variáveis em lógica Fuzzy.

Fonte: Romanini et al (2010).

Ainda neste capítulo, poderíamos citar uma diversidade de trabalhos

relacionados à automação de cultivos protegidos, eles são fartamente disponíveis

na internet e bibliografias. Há desde projetos amadores, até sistemas ricamente

elaborados. Porém não foram encontrados controladores com parâmetros

assertivos relacionados às culturas vegetais, que salvo melhor juízo, deveriam

orientar o processo de controle ambiental.

Percebe-se que muito esforço foi dedicado à programação e funcionamento,

de sistemas eletrônicos e supervisórios complexos - que são a área de domínio dos

profissionais da eletrônica, elétrica e informática - e pouco se tem de avanço no

tangente aos caracteres agronômicos das culturas, motivo este que inviabiliza a

aplicação prática da maioria dos projetos já existentes.

3.1.8 Patentes e Registros de produtos na área de Automação de Cultivo

Protegido.

Avaliar o registro de marcas e patentes no âmbito da agricultura de precisão,

voltadas ao desenvolvimento de produtos destinados à automação de cultivo

protegido, que possam ter funções semelhantes ao produto objetivo deste trabalho

é uma recomendação da metodologia de desenvolvimento de produtos, e trata de

uma etapa inicial necessária ao projeto. Uma pesquisa elaborada de forma correta,

pode evitar problemas futuros no que concerne ao registro de ideias e possíveis

conflitos com outros desenvolvedores.

Na pesquisa de patentes e mercadológica foram encontrados produtos com

funcionalidades semelhantes às constantes neste trabalho, bem como uma série

Page 63: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

62

de registros de subsistemas, ou seja, desenvolvimento de técnicas de ventilação,

fechamento, tomada de dados, irrigação, entre outros. Existem soluções pontuais

para cada fator ambiental, em sistemas de irrigação, temperatura e umidade, de

forma isolada como complementação de um sistema em forma modular. A

programação de sistemas de acordo com a fisiologia vegetal é algo que não existe

em patentes, e representa a parte inovadora do processo. Uma análise

aprofundada seria necessária para esmiuçar as diversas funcionalidades dos

controladores comerciais, e assim poderia se optar por um registro da programação

do sistema.

As patentes de equipamentos que realizam funções semelhantes foram

analisadas buscando-se vislumbrar quais “soluções” estão disponíveis aos

agricultores, e quais as “características desejáveis” nos produtos que foram

exploradas pelas empresas desenvolvedoras. Percebe-se com esse enfoque, que

a “funcionalidade e simplicidade de operação” está presente em praticamente todos

os registros, o que corresponde a uma importante característica que o produto deve

possuir. Os produtos e soluções foram analisados, com o intuito de observar os

pontos fortes e fracos, que podem ser aproveitados para a realização do projeto

atual, mesmo que não é de interesse dos autores a solicitação de patente da

tecnologia, e sim o objetivo é que ela se dissemine livremente aos agricultores

interessados.

3.2 Projeto informacional

A fase de projeto informacional consistiu inicialmente na atualização do

escopo do projeto, portanto, definiu-se que o foco do mesmo consistiria no

“desenvolvimento de um produto mecatrônico, composto de software, hardware e

sistema de sensoriamento, capaz de efetuar supervisão e controle de umidade do

solo e do ar, temperatura e luminosidade em um cultivo protegido, levando em

conta as necessidades ambientais ótimas de cada cultura em cada fase de seu

desenvolvimento vegetativo e reprodutivo”.

O sistema de “atuação ambiental” como: ventiladores, nebulizadores,

bombas e motores não fez parte do desenvolvimento do projeto, pois atualmente

são oferecidas diversas soluções no mercado que são perfeitamente compatíveis

Page 64: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

63

com o sistema projetado. Estes atuadores serão analisados através de pesquisa,

onde serão coletados dados de diversos sistemas de uso comum no meio rural,

como forma complementar ao produto em desenvolvimento, sendo que este tem a

capacidade de integrar-se com qualquer mecanismo de atuação. Assim, o produto

final deste projeto possui saídas universais de aplicação, podendo ajustar-se com

a realidade do agricultor no que concerne aos equipamentos já disponíveis na

propriedade.

3.2.1 Fatores de influência no projeto do produto

Para o presente projeto de produto, levou-se em consideração as principais

necessidades levantadas junto aos produtores que fazem uso de sistema protegido

na agricultura, bem como a experiência do próprio autor do trabalho em cultivo de

hortaliças e assistência técnica aos produtores rurais. Foi realizado um trabalho de

pesquisa em metodologia citada por Rozenfeld et al. (2015), para definição dos

principais agentes envolvidos, organizados em clientes internos, intermediários e

externos.

Para melhor identificação dos clientes envolvidos no processo foi feita uma

análise do ciclo de vida do produto, com base na “espiral do desenvolvimento”, que

engloba todas as fases do produto desde o projeto inicial até o descarte do mesmo.

3.2.2 Definição dos Clientes

A definição dos clientes para o produto em desenvolvimento foi fundamental

para a organização do processo de desenvolvimento do projeto e seu êxito final.

Os clientes foram divididos em internos, quando responderem pela agregação de

valor ao produto em sua fase associada ao setor produtivo. Os clientes

intermediários foram aqueles relacionados à fase de comercialização e distribuição

do produto, e por fim os clientes externos foram os responsáveis pelo consumo ou

uso da tecnologia. A tabela 04 resume para o presente projeto a definição dos tipos

de clientes envolvidos no processo:

Page 65: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

64

Tabela 04 - Principais agentes envolvidos no processo de

desenvolvimento do produto.

Clientes Internos Equipe de desenvolvimento, planejamento e marketing.

Empresas de montagem de sistemas eletrônicos.

Fornecedores de componentes Eletrônicos.

Equipe de manutenção e pós venda.

Clientes

Intermediários Empresas de pesquisa e Extensão Rural

Lojas Agropecuárias

Empresas de Montagem de Casas de vegetação

Distribuidores de produtos agrícolas

Clientes

Externos

Pequenos e médios agricultores, produtores de

hortaliças ou flores.

O sistema de controle ambiental possui uma flexibilidade muito grande de

aplicações, podendo se ajustar às características de produção e culturas

diversificadas. Pode-se também aplicar o sistema de controle ambiental em galpões

para produção animal, ou de culturas específicas como cogumelos, bastando

apenas ajustar os parâmetros ambientais desejados para cada situação.

Englobando esse novo público alvo, a quantidade de clientes externos seria

ampliada, os requisitos embora semelhantes poderiam sofrer algumas alterações,

e o processo ganharia uma complexidade maior, portanto foi mantido como foco os

requisitos do cliente final: médio e pequeno agricultor de hortaliças e flores.

3.2.3 Requisitos dos clientes e usuários

O produto desenvolvido foi direcionado a um público bastante diversificado,

com perfis marcadamente heterogêneos. Dentre os usuários do sistema, foi levado

em consideração desde o agricultor sem nenhum conhecimento em informática e

precariamente alfabetizado, até o mais atualizado em tecnologia, que possui

acesso diário à internet e possui intimidade com sistemas mais sofisticados.

Page 66: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

65

Para detecção das necessidades dos clientes foi utilizado o método da

observação direta, e coleta de dados obtidos através de conversas e visitas de

campo, em propriedades rurais da região da grande Florianópolis, que possuem

alguma instalação voltada ao abrigo de plantas. Também foi levada em

consideração as necessidades dos desenvolvedores, como clientes internos, que

atuam na área de produção de hortaliças em sistema protegido na região citada.

Como finalidade principal e requisitos dos clientes, foi observado que

algumas características são fundamentais ao sistema como descritas na tabela 08:

Tabela 05 - Características que o produto deve ter segundo os clientes.

Requisitos dos clientes – Externos

O equipamento deve ser robusto;

O equipamento deve ser confiável, e não falhar.

O equipamento deve ser barato;

O equipamento deve ser fácil de operar;

O equipamento deve ser de manutenção simples, e possuir peças de reposição;

O equipamento deve ser de fácil instalação na estufa;

O equipamento deve ser resistente à chuva e sol;

O equipamento deve controlar bem a irrigação;

O equipamento deve controlar bem a umidade do ar;

O equipamento deve controlar bem a temperatura;

Requisitos dos clientes – Internos

O equipamento deve ser fácil de montar

O equipamento deve ser de fácil fabricação

O equipamento deve utilizar peças padronizadas e de baixo custo.

Requisitos dos clientes – Intermediários

O equipamento deve ser de baixo custo.

3.2.4 Requisitos do produto

No geral as necessidades dos clientes elencadas na tabela 06 são

representações dos desejos dos clientes, de caráter qualitativo, e não podem ser

mensuradas, para isso é necessário que sejam traduzidas para uma linguagem de

Page 67: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

66

engenharia e que possam ser traduzidas numericamente. Para isso de acordo com

Rosenfeld et al. (2015), construímos o “diagrama de Mudge”. Esse método traduz

as necessidades dos clientes que são vagas, e na maioria das vezes abstratas em

números, e ainda indica a ordem de importância das características do produto, o

que é de grande valia para o direcionamento do projeto, no próximo passo que é a

criação da casa da qualidade ou matriz QFD.

Um dos grandes desafios da formulação de um produto ou sistema para

agricultura consiste em torna-lo acessível ao público heterogêneo que compõe o

meio rural, principalmente no que concerne à operacionalidade. Tem-se no cenário

rural desde agricultores capacitados com qualificação profissional e facilidade em

operar e absorver novas tecnologias, até produtores com baixo nível de

escolaridade e profunda dificuldade em relacionar-se com inovações tecnológicas

e meios informatizados.

Analisando corretamente as necessidades dos clientes foram definidos os

requisitos do produto. Seguindo Rozenfeld et al. (2015), os requisitos do produto

são ordenadamente convertidos em requisitos do projeto, (tabela 09) para facilitar

a organização de etapas no desenvolvimento da solução e para possibilitar que

cada requisito possibilite seja convertido posteriormente em um valor meta

quantitativo.

Tabela 06 - Requisitos do projeto segundo necessidades dos clientes

REQUISITOS / ORDEM DE IMPORTÂNCIA

Ordem Necessidades dos clientes

1 Resistência mecânica na construção

2 Taxa de falhas no Software

3 Custo do material

4 IHM Intuitiva

5 Taxa de falhas no Hardware

6 Custo de manutenção

7 Resistência à corrosão

8 Sistema de potência

9 Custo de operação

10 Custo de Produção

11 Preço de Venda

12 Interface Simples

Page 68: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

67

3.2.5 Especificações meta do produto

Cada requisito de projeto que foi apresentado precisa ser valorado, portanto

procede-se com uma descrição detalhada da análise quantitativa e valores meta

para cada requisito. Com os valores meta em mãos, fica mais simples controlar o

processo de desenvolvimento e monitorar o andamento do trabalho. Alguns valores

escolhidos são arbitrados, e possivelmente em outras fases do processo podem

ser revistos e alterados se necessário.

O referencial que os dados fornecem, após a apresentação da casa da

qualidade, e do diagrama de Mudge nos permite proceder com posteriores

desdobramentos em subsistemas componentes e alcançar um nível de

detalhamento aprofundado do projeto, especificando valores meta para cada

requisito conforme o APÊNDICE I.

3.2.6 Projeto Conceitual

No projeto conceitual buscou-se identificar os problemas essenciais

relacionados ao modelo e a ideia-problema, a fim de evitar que uma solução

previamente encontrada, possa interferir no trabalho de desenvolvimento do

produto. É natural que ao possuir uma ideia de desenvolvimento, automaticamente

tenha-se também uma possível solução para o problema, porém é válido testar de

todas as formas e métodos o problema em questão. Uma boa análise da situação

pode evitar trabalhos futuros e tentativas frustradas na superação de desafios.

O projeto baseou-se em um controlador ambiental para estufas agrícolas,

com baixo custo e confiabilidade. Para início do desenvolvimento do projeto

conceitual, foi definido uma função global para o produto, que foi: o controle

ambiental do cultivo protegido. Além da função global foi necessário identificar as

entradas e saídas do sistema, que em nosso caso é representado pelos sensores,

transdutores, trocas de energia entre outros.

Page 69: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

68

3.2.7 Estrutura funcional

O projeto de um controlador eletrônico para monitorar variáveis ambientais

de um cultivo protegido, possui diversas funcionalidades, dentre as quais

funcionalidades globais, e funcionalidades secundárias. É importante que se realize

um desmembramento detalhado de cada função, a fim de facilitar a identificação

de componentes físicos para atender as funcionalidades.

Figura 26 - Diagrama de funcionalidade principal do sistema:

Cada sistema apresentado pode ser gradativamente decomposto, o que se

torna necessário à medida que o processo vai tornando-se mais complexo.

O fluxo de energia do sistema foi tratado de forma geral pois o objetivo do

trabalho foi a funcionalidade do controlador e o fluxo energético do sistema como

de importância secundária. O propósito fundamental do produto é monitorar o

ambiente através de sensores, realizar a leitura dos sinais de valores de cada

grandeza encontrada, relacionados à temperatura, umidade do ar e do solo e

radiação. Caso algum parâmetro encontre-se fora do padrão ideal para a cultura,

que está programado na memória interna do programa, este aciona atuadores para

atenuação do desequilíbrio ambiental levando em consideração uma programação

específica de acordo com a fase de desenvolvimento de cada cultura.

O sistema global ainda pode ser dividido em sub-funções como descrito na

figura 27.

Page 70: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

69

Figura 27 - Divisão da função global em sub-funções do sistema.

3.2.8 Descrição das funcionalidades de entrada e saída do sistema

Para as entradas e saídas do sistema temos uma série de componentes com

funcionalidades específicas. Para melhor identificação de cada componente e sua

função foi elaborada uma tabela contendo a descrição de cada processo, função e

equipamento necessário:

Tabela 07 - Funções de entradas e saídas e equipamentos utilizados.

Descrição das funções parciais e definição de entradas e saídas da estrutura

funcional.

Função Descrição Entradas Saídas

Controlar a

temperatura

Sistema de coleta de dados

em tensão para temperatura Termômetro

Chave para

acionamento de

ventilação e

Sistema fechamento

baixa temperatura;

Controlar a

umidade

Sistema de coleta de dados

em tensão para Umidade Higrômetro

Chave para

acionamento de

aspersores e

ventilação

Controlar a

Irrigação

Sistema de coleta de dados

no solo.

Higrômetro

de solo

Chave para o

acionamento de

sistema de irrigação.

Controlar a

radiação

Sistema de coleta de dados

de iluminação ambiente LDR.

Chave para abrir ou

fechar tela

Page 71: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

70

O esboço do sistema final com suas funcionalidades de entrada e saída foi

descrito na figura 28, onde são mapeados os atributos do projeto em diagrama de

blocos com funções de aquisição de dados ambientais e sistema de acionamento

de atuadores.

Figura 28 - Diagrama de entradas e saídas do sistema.

3.2.9 Princípios de solução para o controle ambiental

Inicialmente para atender os requisitos de entradas e saídas bem como

função global do produto, foi realizado um sistema comparativo entre produtos

disponíveis no mercado e que podem atender as solicitações do sistema. A tabela

07, descreve alguns dos possíveis materiais que foram utilizados no projeto. A

escolha de cada equipamento ocorreu de acordo com as características do produto

e as necessidades do projeto.

Page 72: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

71

Tabela 07 - Diagrama comparativo entre equipamentos disponíveis no

mercado e seleção de concepções para o projeto.

A figura 29 representa a concepção de sensores e controlador escolhida

para o projeto, levando em consideração as necessidades dos clientes e requisitos

do projeto. Dentro das opções disponíveis para controle do sistema, optou-se pela

plataforma Arduino MEGA, equipada com microcontrolador ATMEL 2560, devido

FUNÇÃO ALTERNATIVA 1 ALTERNATIVA 2 ALTERNATIVA 3 ALTERNATIVA 4

CONTROLAR O

AMBIENTE

CLP Microcontroladores Arduino Raspberry PI

Características Principais: Alto custo; Maior

confiabilidade e

funcionalidade;

Exige dispositivos

acessórios,

compatibilidade com

sensores.

Baixo custo; Exige

eletrônica acessória;

Baixo custo;

Eletronica acessória;

Disponibilidade grande

de sensores.

Médio custo;

Eletronica acessória;

Memória e alto

processamento

VERIFICAR UMIDADE

DO SOLO

EC-5 - Decagon 10-HS- Decagon FC-28 SMRT-Y

Características Principais:

Alto custo; Precisão

de 3 a 5%. Garantia

de 1 ano.

Alto custo; Precisão

de 3%. Garantia de 1

ano.

Baixo custo; Precisão

de 5 a 10 %. Garantia

de 0,25 ano.

Alto custo; Precisão

N.I. Garantia de 1

ano. Compatib. baixa

microcontroladors

VERIFICAR UMIDADE

DO ARDHT-11 DHT-22 PSICR.100 HIGROG.

Características Principais:Baixo custo. Baixa

precisão. Controle

de umidade e

temperatura.

Baixo custo. Média

precisão. Controle de

umidade e

temperatura.

Baixo custo. Alta

precisão. Controla

somente Umidade do

ar. Não comunica

microcontrolador

Alto custo. Alta

precisão. Controla

somente Umidade do

ar. Estação

Meteor.Analogico.

VERIFICAR

TEMPERATURADHT-11 DHT-22 LM-35 PT-100

Características Principais:

Baixo custo. Baixa

precisão. Controle

de umidade e

temperatura.

Baixo custo. Média

precisão. Controle de

umidade e

temperatura.

Baixo custo. Baixa

precisão.Exige circuito

isolado.

Médio custo. Alta

precisão e

resistência. Alto

Range. Ambiente

hostil.

VERIFICAR RADIAÇÃO LDR Lux-800 Pir.SPP

Características Principais:Baixo custo. Baixa

precisão. Exige

circuito divisor de

tensão.

Alto custo, controle

de luminosidade em

LUX.

Alto custo. Alta

precisão.

Compatibilidade com

controladores.

Page 73: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

72

sua maior disponibilidade de portas para interligação de sensores e atuadores,

além de possibilitar a expansão futura do sistema. O baixo custo e confiabilidade

do controlador também influenciaram na decisão. Caso optássemos por CLP ou

Raspberry-Pi perderíamos no quesito “custo” e disponibilidade de portas

respectivamente.

Figura 29 - Concepção escolhida dentre os materiais da planilha comparativa.

Para o controle da umidade relativa do ar e temperatura, optou-se pelo

termohigrômetro modelo DHT 22, pela sua precisão na coleta de dados, baixo custo

Page 74: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

73

e por possuir dimensões adequadas para instalação nas torres de sensores,

necessitando apenas de três vias de cabo para funcionamento. O sensor de

luminosidade escolhido foi o fotoresistor LDR, que além do baixo custo atende

perfeitamente as necessidades do projeto.

Segundo as necessidades dos clientes, levantadas na fase informacional,

uma das características mais importantes do sistema seria a fácil operação, para

isso foi projetada uma interface simples e direta, contendo a parametrização padrão

para as principais culturas vegetais cultivadas em ambiente protegido, sendo: 1 -

Folhosas (Alface, Rúcula, Chicória, Agrião, Almeirão), 2 - Tomate (Tomate salada,

Tomate cereja), 3 - Pimentão (Pimentas em geral), 4 – Pepino (cucurbitáceas em

geral).

Cada cultura possui um botão individual no controlador, esse botão direciona

a uma programação específica onde contém os dados ótimos de umidade,

temperatura e radiação, bem como o regime hídrico de irrigação de acordo com a

fenologia da cultura. A programação também foi diferenciada para o dia e noite,

possibilitando em culturas que entram em reprodução, a termoperiodicidade, ou

amplitude térmica necessária para a correta maturação dos frutos.

3.2.10 Geração de alternativas de concepções

Como concepção inicial do produto, foram elaboradas algumas

características que levam em consideração as necessidades dos clientes e os

valores meta obtidos na fase informacional do projeto. Características como

simplicidade de acesso, robustez e confiabilidade foram levadas em consideração

no desenho piloto do projeto.

Chegou-se à concepção da “versão 1.0” do sistema de controle eletrônico,

abrigado inicialmente em uma caixa de proteção, com 5 botões de acesso, sendo

apenas um botão liga e desliga e quatro botões para programação direta. Assim o

sistema teria poucos botões de acesso geral, o que tornaria bastante simplificada

a interface homem máquina (IHM), além de tornar mais fácil a compreensão por

parte de agricultores menos adaptados à tecnologias. O desenho inicial do sistema

nessa concepção está representado na figura 30.

Page 75: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

74

Figura 30 - Concepção inicial (Versão 1.0 do sistema de controle).

A versão 1.0 do sistema de controle, com a limitação de botões visando

principalmente a facilidade de acesso e a IHM intuitiva, implicou em grandes

limitações de aplicabilidade do controlador, pois nesta concepção, embora de fácil

acessibilidade, não haviam botões para o agricultor/operador realizar a

programação manual se necessário fosse. Portanto com o modelo 1.0 foi possível

somente o funcionamento para as principais culturas, excluindo-se qualquer outra

aplicação.

Outra limitação do modelo inicial, foi a falta de LEDs indicativos de

funcionamento dos atuadores, o que prejudicou o monitoramento por parte dos

operadores do funcionamento do sistema. Portanto essa versão foi alterada pela

equipe de desenvolvimento para uma nova alternativa, contendo assim botões de

incremento, decremento e seleção para programação “manual”, mantendo-se os

botões das programações para culturas de acesso rápido, além de um botão on-off

para ligar e desligar o sistema.

Page 76: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

75

A segunda versão do controlador, contendo os leds indicativos de

funcionamento dos atuadores e a possibilidade de programação manual, tornou-o

mais versátil, não o limitando somente às culturas recorrentes no cultivo protegido,

como para qualquer aplicação, desde que os parâmetros ambientais sejam

conhecidos e programados no sistema. Assim o controlador pode ser utilizado em

casas de vegetação ou até mesmo abrigos de produção animal, bastando apenas

a programação dos valores ambientais ótimos para cada situação.

3.2.11 Disposição e posicionamento dos transdutores no cultivo protegido.

Além do layout do controlador, suas funcionalidades e IHM, uma

problemática importante a ser desenvolvida foi relacionada à disposição dos

dispositivos sensores na área interna do cultivo protegido. Os transdutores de

umidade do ar e do solo, temperatura, umidade e radiação são dispositivos

eletrônicos sensíveis e podem ter seu funcionamento comprometido pelo mau uso

ou por adversidades do ambiente.

Alguns projetos de sistemas de controle ambiental em cultivos protegidos

instalam os sensores em locais distantes da cultura vegetal, o que pode

comprometer a confiabilidade das leituras. A premissa do projeto foi de instalar os

equipamentos o mais próximo possível da cultura vegetal, de preferência no mesmo

Figura 31 - Concepção do controlador contendo botões de incremento e decremento e programação manual.

Page 77: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

76

extrato ambiental, com o objetivo de retratar exatamente as características

ambientais no local de cultivo. Portanto estudou-se uma maneira de unir os

sensores e distribuí-los em pontos distantes do cultivo protegido, na altura das

culturas vegetais e com sistema de proteção mecânica, já que o ambiente interno

das estufas é um ambiente crítico no que concerne ao manejo dos vegetais e

preparação de solo para plantio. Pequenos sensores e fios espalhados no interior

das estufas são passíveis de danos e, portanto, o maior risco de danos ao sistema

se dá nesta fase da produção.

Diversas possibilidades de disposição de sensores foram estudadas, bem

como de materiais de fixação dos mesmos. A concepção mais aceita devido à

praticidade de instalação e desinstalação após cada cultivo foi a de “torres de

sensores” (Figura 32). As torres representam um suporte único para todos os

sensores, que possibilitam a fácil instalação e remoção após cada cultivo ou

necessidade de manejo interno ao cultivo protegido. Portanto uma torre seria

composta por um mastro com um sensor de temperatura e umidade do ar DHT 22,

um sensor de umidade do solo FC – 28 e um sensor de radiação LDR.

Figura 32 - Concepção inicial de suporte para sensores, modelo “Torre”.

Page 78: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

77

O sistema de suporte elaborado para a primeira versão do protótipo de “torre

de sensores”, contou com tubulação de PVC de esgoto predial de 40mm de seção

e 80 cm de comprimento, com tampa no topo e corte em 90° na base com haste de

fixação em alumínio. O sensor LDR, foi acoplado à tampa da torre, em perfuração

específica. O sensor DHT 22, acoplado ao corpo de PVC à 60cm da base e o sensor

de umidade de solo ficaria fixado à base do suporte em contato direto com o solo.

Um sistema simplificado de controle poderia apenas ter um kit de sensores

de umidade, temperatura, radiação e umidade do solo. Porém os dados retratariam

apenas a situação ambiental do microclima local de instalação dos sensores, não

condizendo com a realidade total do cultivo protegido. Quanto mais “torres de

sensores” forem instaladas em um cultivo protegido, maior seria a confiabilidade da

aquisição de dados do sistema. Trabalhamos com a possibilidade de instalação de

três “torres” no interior do ambiente e solicitamos, na programação, que o

controlador faça a aquisição dos dados e calcule uma média dos valores obtidos

para a tomada de decisão no acionamento dos atuadores (Figura 33).

Figura 33 - Esquemático de torres e controlador instalados no cultivo protegido.

3.2.12 Seleção das concepções do produto

Para atender às características do produto, de acordo com a pesquisa de

mercado e necessidades dos clientes, foram selecionadas concepções de

Page 79: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

78

sensores de umidade do solo, umidade do ar e temperatura. Outras concepções a

partir do quadro de comparação de equipamentos (figura 29), poderiam ser

elaboradas de acordo com as necessidades de cada projeto de controle ambiental.

Optou-se pela concepção inicial com equipamentos de baixo custo com o intuito de

atender os objetivos do projeto. Nada impede que em concepções específicas

possam ser utilizados equipamentos diferenciados em soluções personalizadas de

automação.

O transdutor de umidade do solo é um componente fundamental no sistema,

pois indica o momento correto de acionamento da irrigação. Para essa tarefa,

devido ao seu baixo custo o projeto conta com o “soil moisture meter” FC-28 que é

um sensor próprio para sistema Arduíno, sendo amplamente utilizado em trabalhos

de pesquisa relacionados à automação em cultivo protegido.

O funcionamento do sensor valia-se de dois eletrodos permitindo a passagem

de uma pequena corrente elétrica pelo solo, comparando a resistência encontrada

com a resistência do solo seco, assim sua interface eletrônica realiza uma leitura

de acordo com a umidade presente nos eletrodos. Quando o solo está úmido a

resistividade é menor e quando seco a resistividade maior, assim de acordo com o

parâmetro da cultura pode-se programar limites de umidade para acionamento dos

atuadores.

A luminosidade foi controlada através de transdutores tipo LDR – Light

Dependent Resistor, que variam sua resistência conforme é alterada a intensidade

luminosa do ambiente. Quando a intensidade luminosa no interior da estufa atingiu

níveis superiores ou inferiores à faixa ideal de cultivo, o sistema recebeu comando

das fotoresistências e acionou motores para fechamento da cobertura,

possibilitando sombreamentos em percentuais distintos ou mesmo lâmpadas

estimulantes de fotossíntese para iluminar o ambiente.

Os Resistores variáveis LDR, foram calibrados e seu valor ajustado em

percentual no controlador. Foi utilizado um resistor de 10KOhm, em série com o

sensor e verificada a tensão do divisor com sol pleno e com período noturno,

portanto ajustou-se em períodos de alta radiação como sendo o limite máximo

(acima de 90%) e noturno como limite mínimo (abaixo de 20%). A figura 34, mostra

o LDR fixado à tampa de PVC de 40mm que serve de tampa para a torre de

sensores.

Page 80: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

79

Figura 34 - Sensor de radiação global LDR fixado na tampa da Torre PVC40mm.

O sensor DHT 22 foi escolhido para concepção do projeto final devido sua

precisão e funcionalidade. Trata-se de um sensor que atende perfeitamente as

condições necessárias de aquisição de temperatura e umidade ambiente,

embutidos em um pequeno encapsulamento, o que facilita a instalação do mesmo

à campo com necessidade de apenas três vias de cabo.

Para montagem dos sensores foram realizados testes de laboratório em

sistemas de conexão e cabeamento. Optou-se por utilizar um cabo manga com

blindagem externa 22 AWG, foi aplicado uma frequência de 10 MHZ no cabo com

50 metros de comprimento (Figura 35), e instalado o mesmo em forma de antena

nas ponteiras de um osciloscópio para análise do formato de onda e interferência

externa ao meio de condução. Não foi observada oscilação significativa na forma

de onda com a aplicação da alta frequência, o que indica que o cabo foi adequado

para o uso em maiores distâncias na instalação dos sensores sem afetar

significativamente a leitura dos mesmos.

Litjens (2009), apresentou um trabalho de automação para cultivo protegido

utilizando sensoriamento remoto e protocolo ZigBee de comunicação sem fio para

sensores e controlador, indicou ainda que os mesmos podem operar por longo

tempo sem a troca de baterias ou intervenção humana.

No presente trabalho, visando a maior confiabilidade na aquisição de dados

e simplicidade de montagem e programação do sistema, optou-se pela

Page 81: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

80

comunicação via cabo, embora como possibilidade de incremento futuro ao

sistema, podem ser realizados estudos com torres de sensores totalmente wireless.

Como concepção final das torres de sensores chegou-se a um modelo

conforme figura 36, onde estão fixados os sensores de umidade de solo, radiação,

umidade e temperatura do ar. O modelo inicial presente na figura anterior foi

alterado nas suas características construtivas, onde as principais alterações foram

no modo de fixação, deixou de ser por haste metálica e passou a ser por sistema

chanfrado no próprio pvc, e o sensor de umidade de solo que anteriormente previa-

se fixado na torre, apresenta-se agora com um laço de cabo manga 22 AWG,

permitindo maior liberdade na fixação no solo, sem influência do material da torre,

que na concepção inicial poderia alterar a leitura de umidade do solo.

Figura 35 - Testes de bancada dos cabos blindados para sensores.

Page 82: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

81

Figura 36 - Croqui torre de sensores, concepção final.

Como concepção final do sistema, o diagrama da figura 37, apresenta as

funcionalidades e equipamentos selecionados para a construção do projeto

preliminar. O diagrama descreve a composição completa do sistema de controle

ambiental, contendo a programação específica do microcontrolador ATMEL 2560,

bem como as conexões de sensores e atuadores. O acionamento das saídas foi

realizado através de placa de relés e pode ser facilmente interconectado a algum

dispositivo de potência, como contactoras, por exemplo, no caso de algum atuador

necessitar de altas correntes para funcionamento. Os relés da placa possuem

corrente limite de 10 A para conexões em rede 220VAC, e operam para

acionamento com 5VDC.

Page 83: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

82

Figura 37 - Concepção do produto – Projeto preliminar.

4. PROJETO PRELIMINAR DO SISTEMA

Como projeto preliminar do sistema, foi desenvolvido protótipo composto

por: Gabinete metálico com tampa, contendo em seu interior: 01 controlador

atmega 2560 (Arduíno); 01 placa RTC (Real Time Clock) com módulo I2C; 09

botões na IHM (01 ON/OFF; 01 Prog.Manual; 01 Folhosas; 01 Tomate; 01 Pepino;

01 Pimentão; 01 Incremento; 01 Decremento; 01 Seleção); 01 display de cristal

líquido 4 linhas 20 caracteres; 03 conectores tipo MIKE macho para conexão das

torres de sensores. O conjunto de controle conta ainda com: 03 torres de sensores

com cabo para conexão ao controlador eletrônico. Cada torre comporta 03

sensores, sendo 01 sensor DHT22 para aferição de umidade relativa e temperatura

do ar, 01 sensor LDR para aferição da radiação e 01 sensor de umidade de solo

FC28.

Page 84: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

83

4.1 Controlador Eletrônico para cultivo Protegido E-Agro

A figura 38 apresenta as características principais do controlador eletrônico

para cultivo protegido. Percebe-se na IHM a principal característica e diferencial

inovativo deste equipamento, em relação a outros existentes no mercado: Botões

que com um simples toque levam à programação completa para as principais

culturas cultivadas em ambiente protegido. Além dos botões principais de

programação direta, o controlador possui um botão de programação manual que

permite ao operador selecionar as características desejadas para qualquer cultivo.

Ou seja, caso deseje por exemplo o cultivo de flores ou outras culturas que não

estão na tela principal, com um botão de acesso específico, o operador pode indicar

manualmente esses parâmetros de set point, e o controlador passa a operar de

acordo com os dados fornecidos manualmente.

Os conectores do tipo MIKE fixados na base do gabinete, além de

representarem um modo robusto de conexão à prova de poeira e respingos de

água, permitem a fácil conexão e desconexão das torres de sensores, o que facilita

a mobilidade do sistema em caso de manejo no cultivo protegido ou mudança de

culturas.

O controlador foi batizado de “e-Agro”, em alusão às palavras Eletrônica, e

Agronomia, mesclando os substantivos em busca de um nome comercial, ou marca

que remeta os possíveis clientes sobre a funcionalidade do produto e os

conhecimentos que o englobam. O produto “controlador eletrônico”, suas “torres de

sensores” e seu “nome fantasia” carecem de aprimoramentos nos campos do

design e marketing, o que certamente será tarefa futura da equipe de

desenvolvimento.

Page 85: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

84

Figura 38 - Gabinete Interface do controlador eletrônico.

O sistema de controle no interior do gabinete foi fixado sobre uma placa de

prototipagem para conexões eletroeletrônicas e as ligações dos transdutores,

atuadores, botões e display estão descritos na figura 39.

Figura 39 - Conexões de entradas e saídas na placa Arduíno MEGA 2560.

Page 86: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

85

4.2 Torres de aferição ambiental

A utilização de torres de transdutores permitiu que a coleta de dados fosse

realizada no mesmo extrato ambiental que a cultura, aumentando a confiabilidade

na coleta de dados dos parâmetros ambientais. A correta aquisição dos dados, e

os dispositivos instalados próximos às plantas conferem maior precisão sobre o

estado do meio em que as plantas se encontram.

A montagem da torre de transdutores foi realizada em sua fase de protótipo

com o auxílio de tubulação de esgoto PVC 40mm (Figura 40). Cada tubo foi cortado

na dimensão de 80cm em um corte de ângulo reto na parte superior e outro corte

em bisel 45° na parte inferior para facilitar a fixação da torre ao solo. Foram

realizadas furações na tubulação com diâmetro de 5mm, para passagem dos cabos

de conexão do controlador e sensores. Dois furos de 5mm opostos feitos à 30cm

da base para entrada do cabo manga 22AWG, e para saída do cabo do sensor de

umidade de solo. Um furo de 5mm feito a 60cm da base, para fixação do transdutor

DHT22 e um furo de 5mm no centro da tampa de PVC, para abrigar o LDR.

Todas as conexões de cabos foram soldadas e isoladas na parte interna da

tubulação de 40mm, o que confere às interconexões abrigo a água e outros fatores,

além de permitir acesso rápido, para testes diretos e medições com a retirada da

tampa da torre, facilitando a manutenção.

Figura 40 - Torres de PVC, suporte para sensores instaladas em cultivo protegido.

Page 87: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

86

4.3 Programação e funcionamento do sistema

O funcionamento do sistema pode ser descrito em uma série de passos que

o controlador seguiu para executar determinadas tarefas. A linguagem de

programação utilizada foi linguagem C++ voltada para plataforma Arduíno. A IDE,

ou interface de desenvolvimento do programa para o controlador, possui recursos

e bibliotecas compatíveis com os sensores utilizados e a versão utilizada para o

presente projeto foi a de número 1.6.7.

Para cada cultura vegetal existem parâmetros ótimos de desenvolvimento

em cada fase de vida, e na programação do sistema foram relacionados estes

valores chave de atuação chamados Set-points.

Ao ser ligado o controlador realizou uma série de atividades pré-

programadas em sua memória interna, realizando leituras de sensores e atuadores

que independem de instruções do operador. Essa programação é conhecida como

programação inicial ou programação de SETUP, que representa no controlador

desenvolvido a inicialização do mesmo, verificação interna do sistema, até entrar

em modo Loop de operação e exibir na tela a seguinte mensagem: “SELECIONE

A CULTURA DESEJADA OU PROG. MANUAL”. A partir dessa mensagem o

controlador fica aguardando do operador-agricultor uma orientação a partir dos

botões de acesso. Caso o operador pressione o botão PROG. MANUAL, o

controlador apresenta uma série de telas para seleção dos set-points e após esta

série de telas inicia a operação.

Page 88: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

87

Figura 41 - Programação base de processos iniciais do controlador.

Após o operador decidir sobre a programação desejada, o controlador

encarregou-se até o final do ciclo da cultura, de oferecer as condições pré-

programadas para o sistema, dentro das necessidades ótimas de ambiente para

cada cultura vegetal, em cada fase de seu desenvolvimento. No APÊNDICE IV, é

possível verificar a programação completa para a cultura de folhosas.

Page 89: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

88

4.4 Desenvolvimento de Datalogger para coleta de dados do sistema;

Para compor o Datalogger (Figura 42) foi necessário a aquisição de uma

placa de shield específica para esta finalidade e compatível com Arduíno. A placa

Datalogger shield possui em seu interior um sistema de RTC (Real Time Clock) e

um soquete com interligações para uso de cartão SD. O sistema foi montado em

um Arduíno UNO separado do controlador, para que a coleta de dados não influísse

no funcionamento do sistema de controle e simplificasse o processo de aquisição

de informações.

Figura 42 – Datalogger para coleta de dados experimentais.

Foram acrescentadas no Datalogger, duas torres de PVC com sensores

idênticos aos do controlador eletrônico, com a finalidade de realizar a aquisição dos

dados ambientais do cultivo protegido. As torres do Datalogger possuem a mesma

dimensão das torres do controlador e foram fixadas no interior do cultivo protegido

junto às culturas.

Para o Datalogger foi desenvolvida uma programação específica de coleta

de dados composta por: dois sensores modelo DHT22 para coleta de umidade

relativa e temperatura, dois sensores LDR para radiação global, dois sensores FC-

28 para aferição de umidade do solo.

A programação do sistema foi simplificada, e a instrução básica consistiu em

inicializar as entradas e saídas do controlador, bem como inicializar o cartão SD e

armazenar em cada intervalo de tempo as informações dos ambientes de cultivo

Page 90: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

89

que estarão chegando através das entradas analógicas do Arduíno UNO. Na

programação básica, as gravações de informações das torres foram ajustadas, em

programação, para ocorrerem a cada intervalo de três minutos, completando 20

coletas por hora de funcionamento.

Além das entradas de dados dos sensores, o Datalogger armazenou na

memória o estado das saídas para os atuadores. Indicando o estado de cada relé

de saída, se ligado ou desligado em cada momento de aquisição de dados.

Toda informação adquirida pelo Datalogger foi direcionada a um arquivo tipo

.LOG (Figura 43) em formato de texto e posteriormente tratadas via software excel.

Figura 43- Arquivo .LOG criado pelo Datalogger para armazenamento dos dados.

Esta placa não faz parte do sistema de controle ambiental desenvolvido no

presente projeto, servindo apenas para realizar ensaios com o produto

desenvolvido.

4.5 Avaliação preliminar e econômica da concepção do produto

O objetivo a ser alcançado com o projeto em termos de custo de produção,

levando-se em conta os valores meta presentes no APÊNDICE I, de no máximo:

um mil e quinhentos reais (R$1500,00) em materiais e montagem foi atingida na

construção do protótipo. Os valores dos equipamentos estão descritos na tabela

08, e correspondem ao valor de aquisição dos equipamentos no primeiro semestre

de 2017. Todos os equipamentos foram adquiridos de lojas especializadas, com

Page 91: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

90

nota fiscal e sede no Brasil. Alguns equipamentos listados, estão disponíveis para

venda em sites da internet, em lojas não oficiais, apresentando valores até 90%

menores que os apresentados na tabela, porém oriundos de comerciantes que não

oferecem garantia nos materiais e não cumprem a obrigação fiscal.

Tabela 08 - Custos de materiais e componentes eletrônicos do projeto.

Material Quantidade unidade Valor Total

Gabinete metalico, 30x30cm 1 pç R$ 34,90 R$ 34,90

Placa Ard.MEGA2560 R3 1 pç R$ 74,90 R$ 74,90

Display LCD 20x4 I2C 1 pç R$ 54,90 R$ 54,90

Botão Push-down VD.VM 8 pç R$ 6,50 R$ 52,00

Cabo Manga 22AWG Bco 80 m R$ 3,90 R$ 312,00

Conector MIKE 5P M+F 3 pç R$ 12,90 R$ 38,70

RTC tiny I2C c/ bateria 1 pç R$ 19,90 R$ 19,90

LED RGB 6V 4 pç R$ 1,50 R$ 6,00

Resistor 10K 18 pç R$ 1,00 R$ 18,00

Placa de Relé 8S Arduino 1 pç R$ 54,90 R$ 54,90

SENSOR Umidade e TEMP DHT22 3 pç R$ 34,90 R$ 104,70

Sensor Umidade de solo 3 pç R$ 12,90 R$ 38,70

Resistor LDR 3 pç R$ 1,80 R$ 5,40

PVC 40mm 3 m R$ 4,50 R$ 13,50

Tampa PVC 40mm 3 pç R$ 1,45 R$ 4,35

Fonte 9V (DC) .1ª 1 pç R$ 19,50 R$ 19,50

Conexões e Montagem 1 vb R$ 500,00 R$ 500,00

Total R$1.452,35 Fonte: Autor

O custo dos equipamentos nesta primeira concepção, levou em

consideração todos os dispositivos que compõem o controlador eletrônico, bem

como as torres de sensores. Constatou-se que 21,48% do custo do equipamento é

direcionado a aquisição de cabo manga para conexão das torres. Em pequenas

estufas, onde a distância entre controlador e sensores são inferiores a 30 metros,

pode-se pensar em alternativas menos onerosas em se tratando de cabos, e pode-

se lançar mão do uso de cabos de rede simples UTP cat5e, com 4 pares trançados.

Caso optássemos pelo uso do cabo UTP para conexão das torres, o valor com

cabeamento cairia de R$312,00 para R$75,00, uma redução de 416%.

Page 92: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

91

O valor para montagem do sistema foi estipulado em R$500,00,

considerando-se a terceirização do serviço, com base nos valores da hora cobrada

por um técnico em eletrônica e informática (R$100,00), para serviços de

manutenção. Considerando-se 5 horas de serviço total para soldar, cortar, perfurar

e realizar a montagem final do sistema. Na tabela de custos do produto, o valor da

montagem foi o valor isolado mais significativo, correspondendo a 34,42% do custo

final. O investimento na produção em série, seguramente, reduziria o custo de

montagem do equipamento, com impacto significativo no valor final do produto.

Os equipamentos eletrônicos e materiais totais do sistema de controle,

considerando desde resistores, sensores e dispositivos, até a plataforma Arduino

MEGA custaram R$640,35, ou seja, 44,09% do custo total, o que leva a crer que

otimizando a produção e buscando novas alternativas de cabeamento ou

transmissão de dados, o produto pode ter um valor final abaixo de R$1000,00 (mil

reais), o que seria muito atrativo tanto para interessados na fabricação como na

venda e utilização do sistema de controle.

4.6 Viabilidade econômica do sistema de controle para produção de alface

Numa avaliação econômica simplista, não envolvendo fluxos de caixa para

a produção e comercialização. Considerando o cultivo de alface, em uma estufa

com 8x50m, temos a possibilidade de cultivar 3600 alfaces (9 unidades por m²) por

ciclo de produção, que dura em média 45 a 50 dias após o transplantio das mudas

ao local definitivo.

Considerando um custo de produção correspondente a 60% da renda bruta

de venda, e o valor unitário de venda de R$1,50 por unidade de alface, teríamos

um líquido de R$2.160,00 por ciclo de produção. Portanto conclui-se que com o

investimento de 30% do lucro líquido de um ciclo de alface, seria suficiente para

adquirir os materiais e componentes do sistema de controle para a estufa. Nas

análises de produtividade presentes no capítulo 5, relacionado aos experimentos

de campo e produtividade, pode-se ter uma melhor noção do incremento do

controlador no processo produtivo e sua viabilidade de implantação.

Page 93: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

92

5.EXPERIMENTO DE CAMPO COM USO DO SISTEMA DE

CONTROLE AMBIENTAL.

Para que o funcionamento do sistema de controle ambiental seja

comprovadamente eficaz, foi implantado um experimento à campo para avaliar o

funcionamento e desempenho do sistema de controle, com intuito de validar o

funcionamento eletrônico do controlador e sensores, bem como sua influência na

redução dos valores de mão de obra e de produtividade das culturas.

A cultura de alface foi amplamente pesquisada e considerada uma cultura

“padrão” para análise de desempenho ambiental, pois manifesta em seu rápido

desenvolvimento vegetativo, características que lhe são passadas pelo ambiente,

como peso de massa verde, volume total da planta e conformação fenotípica geral.

5.1 Material e métodos

O experimento foi conduzido no no período de 01 a 25 de novembro de 2017,

no município de Biguaçu – SC, no sítio Três Riachos (27°46’42”S; 48°72’42”,

altitude: 2m). O clima local pode ser classificado como Cfa, segundo Köeppen, ou

seja, clima subtropical constantemente úmido, sem estação seca, com verão

quente e temperatura média do mês mais quente maior do que 22,0°C. O solo é

classificado como ARGISSOLO VERMELHO AMARELO de textura franco argilosa

(SANTOS et al., 2013).

Para a realização do experimento, foram construídos dois ambientes protegidos

A1 e A2, modelo túnel alto, tipo arco, com pé direito de 2,75m, possuindo área total

de 50m² cada um (5m largura x 10m de comprimento). No abrigo A1 (Automatizado)

foram instaladas três torres de sensores (T1;T2;T3) para aquisição de dados

climáticos internos, bem como atuadores de ventilação (VT), irrigação (RI) e

nebulização(NB). No ambiente A2, não foram instalados equipamentos de atuação

ambiental, somente sistema de irrigação com operação manual através de registro

de gaveta manual (RM), com duas operações diárias, sendo uma no início da

manhã e outra no final da tarde, e quando o agricultor julgava necessária ao longo

do dia. O sistema de controle manual em A2 seguiu um protocolo real de cultivo

levando em conta a observação do agricultor e acionamento da água. (Figura 44).

Page 94: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

93

Figura 44 – Croqui Casas de vegetação A1 e A2 – com e sem automação. Biguaçú-SC.

Para realizar a ventilação ambiente foi utilizado um ventilador modelo

TurboVent.60R Ventisol, com 60W de potência e 60 centímetros de diâmetro de

hélice. Para o acionamento dos sistemas de irrigação e nebulização foram

utilizadas eletroválvulas de ¼”, com vazão máxima de 20l/min e 5w de potência

cada uma.

O modo de irrigação utilizado nas duas casas de vegetação foi o de aspersão

direta, composta por dois ramais em mangueira perfurada tipo SANTENO II, com

10 metros de comprimento cada um, disposto entre os canteiros de cultivo

igualmente nas casas de vegetação A1 e A2. O controle de plantas daninhas foi

realizado empregando-se métodos manuais de controle, capina e retirada manual

aos 10, 15 e 20 dias após o plantio.

Na parte externa frontal aos ambientes protegidos, foi instalado um abrigo

meteorológico (AM), visando abrigar o sistema de controle e aquisição de dados,

bem como as conexões elétricas do sistema automatizado. O abrigo meteorológico

foi construído com madeira de pinus sp., e posteriormente pintado com tinta acrílica

branca, nas dimensões de 1,10m de largura frontal, 0,80m de altura e 0,30m de

profundidade, e coberto com telha de fibrocimento 4mm com inclinação de 50%

(figura 45).

Page 95: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

94

Figura 45- Casas de vegetação A1 e A2, condição inicial de montagem do experimento.

O abrigo meteorológico contém em seu interior 01 controlador eletrônico que

recebe as informações das 3 torres de aquisição de dados climáticos internos da

casa de vegetação A1 e realiza o acionamento dos atuadores ambientais através

de 01 placa de relés externa ao gabinete principal. Também abriga 01 gabinete com

sistema Datalogger, que recebe os dados climáticos das casas de vegetação A1 e

A2 e armazena as informações em cartão SD com 16GB de memória.

Todas as conexões elétricas e de alimentação dos sensores e atuadores

foram inseridas no abrigo meteorológico, e interligadas através de conectores do

tipo SINDAL 5mm. A alimentação elétrica do controlador eletrônico e do Datalogger

foi disponibilizada por No-Break 600VA, que fornece 220V em régua de tomadas

para as fontes específicas de cada aparelho, sendo duas fontes do tipo 220 VAC –

9 VDC (Figura 46).

Page 96: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

95

Figura 46 - Abrigo Meteorológico para equipamentos e conexões elétricas.

O experimento avaliou características biométricas de duas variedades de

alface, uma do tipo Crespa (Cultivar Vanda) e outra do tipo Americana (Cultivar

Lucy Brow), em dois ambientes distintos, com e sem automação. Para a avaliação

da produtividade da cultura da alface, bem como o desenvolvimento em cada

ambiente foram aferidos dados de: diâmetro da planta (DP), altura da planta (AP),

diâmetro do colmo (DC) e massa fresca total (MFT).

As mudas foram adquiridas de viveirista credenciado e produzidas sob

encomenda em bandejas de polietileno expandido com 128 células, utilizando-se

substrato comercial e apresentando apenas uma plântula por célula. As mudas

foram mantidas em cultivo protegido (Viveiro de mudas) por 19 dias. O transplantio

para os canteiros definitivos, no espaçamento de 0,3m x 0,3m foi realizado, quando

as plântulas apresentavam 20 dias desde a semeadura e apresentavam de quatro

a cinco folhas definitivas.

O monitoramento da temperatura, umidade relativa, radiação e umidade do

solo, bem como o estado de funcionamento da ventilação, irrigação e nebulização

em cada ambiente protegido, foi realizado por meio de um Datalogger digital,

Page 97: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

96

desenvolvido em sistema Arduíno e shield datalogger especialmente para esta

finalidade. O datalogger conta com duas torres de sensores TD1 e TD2 para

aquisição dos dados climáticos internos em cada cultivo protegido. Cada torre do

datalogger é composta por: 01 termo higrômetro modelo DHT22, 01 sensor LDR e

01 sensor de umidade de solo FC28. Foi instalada uma torre de sensores em cada

ambiente A1 e A2. O datalogger foi programado para realizar a aquisição de dados

a cada 3 minutos ao longo de 25 dias após o transplantio (DAT). Os dados

adquiridos pelo datalogger foram dispostos em arquivo de extensão .LOG na

seguinte ordem: Data; Hora; Temperatura ambiente A1; Umidade do ar ambiente

A1; Umidade do solo ambiente A1; Radiação ambiente A1; Temperatura ambiente

A2; Umidade do ar ambiente A2, Umidade do solo ambiente A2; Radiação ambiente

A2. Posteriormente foram tabulados em programa excel e submetidos à análise

qualitativa de comportamento ambiental.

No interior de cada casa de vegetação foram construídos 03 canteiros com

1 x 10m de comprimento, e 0,2m de altura. As mudas de alface foram

transplantadas no espaçamento de 0,3 x 0,3m e em cada canteiro foram dispostas

aleatoriamente as parcelas de cada cultivar. Foram instaladas 03 parcelas de cada

variedade de alface (V1 e V2), cada parcela composta por 54 plantas, com área

total de 5m² (1x5m), totalizando 162 plantas.

Em cada coleta de plantas foram retiradas quatro plantas da faixa central

dos canteiros, por parcela experimental, em cada avaliação, desprezando-se as

plantas das extremidades devido efeitos de bordadura.

As variáveis biométricas diâmetro da planta (DP) e altura da planta (AP)

foram mensuradas ainda em campo, com auxílio de uma régua metálica graduada.

Posteriormente, as plantas foram colhidas rentes ao solo com o auxílio de uma faca.

O diâmetro do colmo (DC) foi mensurado com auxílio de um paquímetro inox extra

da marca Somet. A massa fresca total (MFT) foi mensurada com auxílio de balança

digital, com precisão de 0,05 g. Com base nas informações coletadas avaliou-se

também a produtividade total em Kg/ha em cada tratamento.

As culturas foram dispostas nos canteiros de modo aleatório, em sorteio

realizado para cada parcela experimental. A disposição final das variedades em

cada casa de vegetação está descrita na figura 47.

Page 98: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

97

Figura 47 – Distribuição dos tratamentos experimentais em cada casa de vegetação.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado (DIC),

em esquema fatorial de 2 x 2, com 4 tratamentos e três repetições. O primeiro fator

foi constituído de dois ambientes de cultivo (com e sem sistema de controle

ambiental) e o segundo fator por duas cultivares de alface, uma do tipo Crespa

(Variedade - Vanda) e outra do tipo Americana (Variedade - Lucy Brow). As

variáveis resposta foram o diâmetro da planta (DP), altura da planta (AP), diâmetro

do colmo (DC) e massa fresca total (MFT). Os dados foram submetidos ao teste de

normalidade, análise de variância e teste de Tukey à 5% de significância.

5.2 Resultados e discussão

A análise experimental foi dividida em dois tópicos distintos, sendo o primeiro

voltado para o estudo do comportamento ambiental do cultivo protegido, frente aos

fatores climáticos ao longo dos testes de campo do sistema, relacionando as

variáveis climáticas e o funcionamento de sensores e atuadores.

A segunda análise é direcionada para o comportamento das variáveis

biométricas da cultura de alface em cada ambiente, bem como as potencialidades

Page 99: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

98

de aplicação do controlador para o incremento de produtividade e redução nos

custos de mão de obra.

5.2.1 Análise ambiental e de funcionamento do sistema de controle

As temperaturas mínimas e máximas registradas pela estação experimental

local, durante o experimento, apresentou diferenças marcantes ao longo dos 25

dias, registrando temperaturas na faixa de 13,9°C até 31,8°C, o que indica uma

amplitude representativa para o desenvolvimento da cultura da alface.

A temperatura mínima da série de dados foi registrada no segundo dia após

o transplantio (DAT) das mudas de alface, representando 13,9°C às nove horas da

manhã. A temperatura máxima foi registrada no 16 DAT, alcançando 31,8°C, às

16:00hs.

A faixa de tolerância para a cultura da alface no que concerne à temperatura,

fica em torno de 20,7°C a 25,3°C durante o dia e de 13,5 a 16,5°C no período

noturno, para culturas com até 20 DAT. Na fase seguinte, entre 20 a 25 DAT as

necessidades climáticas da cultura apresentam maior elasticidade, ficando entre

20°C a 28°C. O mesmo ocorre com a umidade relativa, que na fase inicial deve

encontrar-se entre 65 e 88%, e na fase final, acima de 20 DAT, pode assumir

valores 60 a 80%. Essa diferença entre necessidades ambientais ocorre devido à

fase de formação acelerada de tecidos como folhas e gemas foliares estar

praticamente finalizada, e o processo de translocação de nutrientes da planta não

mais se dá preferencialmente para a formação de novos tecidos vegetais, mas sim

com a finalidade de desenvolver tecidos já formados.

Page 100: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

99

Figura 48- Gráfico de Temperaturas máximas e mínimas registradas na região, durante o experimento à campo e Zona de conforto térmico da cultura

A figura 48, descreve o comportamento das temperaturas máxima e mínimas

diárias apresentadas no período do experimento, e também demonstra as faixas

térmicas ideais para a cultura em comparação com a situação real do ambiente.

Pode-se verificar que na maioria dos dias as temperaturas permaneceram dentro

da zona de conforto térmico (ZCC) necessário ao bom desenvolvimento da alface,

o que favorece o crescimento da mesma. Outra observação importante a ser feita

é referente ao pico de temperaturas que ocorreu entre os dias 10 DAT e 18 DAT.

O período foi marcado pela entrada de uma massa de ar úmido, que trouxe

temperaturas elevadas e precipitações de até 39mm em 24 horas (ANEXO IV). A

predominância de ar seco após essa massa de origem equatorial, verifica-se na

análise da umidade relativa, que apresenta seu menor valor (21%) no 11° DAT,

após a troca de massas de interferência atmosférica.

Page 101: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

100

Figura 49- Temperaturas registradas no interior do cultivo protegido área experimental A1, com automação.

O gráfico da figura 49, apresenta as temperaturas máxima e mínimas

aferidas no interior do cultivo protegido A1. Verifica-se no ambiente A1 uma

elevação de temperatura em relação ao ambiente externo, o que é esperado devido

ao efeito térmico de retenção de calor proporcionado pela cobertura de Polietileno

de baixa densidade (PEBD).

Em comparação com a ZCC, as temperaturas internas registradas ficaram

na maior parte do período superiores às ideais para a cultura vegetal, o que afeta

negativamente o desenvolvimento da cultura, e indica que o sistema de atuação

ambiental não foi eficiente para atenuação da temperatura em níveis máximos

desejáveis. De fato, o ventilador instalado na casa de vegetação com apenas 60cm

de diâmetro e baixa potência, associado a somente um bico nebulizador, não teria

condições de atenuar um pico de temperatura como o apresentado durante o

período estudado, porém seu funcionamento correto durante a ocorrência de altas

temperaturas demonstra que o controlador e a programação funcionam

perfeitamente no controle do processo.

A casa de vegetação A2 atingiu a maior temperatura entre os dois ambientes

durante o período entre 10 e 18 DAT, o que indica que o sistema de atuação na

casa de vegetação A1, mesmo não tendo alcançado os valores ambientais ótimos

para as culturas, atenuou de certa forma a temperatura.

Page 102: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

101

Figura 50 – Temperaturas registradas no interior do cultivo protegido A2, sem sistema de automação.

A Figura 50 demonstra uma série de temperaturas registradas em A2

similares às registradas em A1, porém com ligeira alta em todos os períodos,

atingindo o pico no 16 DAT, quando a temperatura interna chegou a 40°C. Em A1,

a temperatura não alcançou esse valor devido a presença dos atuadores,

possivelmente sob forte influência do sistema intermitente de irrigação, que ao

aspergir água no ambiente influencia indiretamente a temperatura do ar e umidade

relativa.

A umidade relativa do ar, registrada durante os 25 dias de experimento,

atingiu seu valor máximo no 10° DAT (94%), e mínimo no 11° DAT (21%). A brusca

oscilação de umidade relativa aferida, decorreu da entrada de uma massa de ar

seco, após a precipitação de 39,8mm no 10 DAT.

A presença da massa de ar seco durante o experimento, puxou os valores

de umidade relativa para níveis abaixo do ideal requisitado pela cultura (Figura 51),

o que aumenta as taxas respiratórias e causa estresse às plantas. Percebe-se que

essa influência negativa da massa de ar seco sobre as plantas, vem acompanhada

pelas altas temperaturas, ratificando a inversibilidade proporcional esperada entre

umidade relativa do ar e temperatura do ambiente.

Page 103: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

102

Figura 51- Comportamento da Umidade relativa mínimas e máximas na região e Zona de conforto térmico da cultura (ZCC).

As baixas umidades relativas são atenuadas no interior dos cultivos

protegidos A1 e A2, possivelmente devido a presença de irrigação e formação de

microclima úmido oriundo de atividade respiratória dos vegetais. Fato marcante é

que a umidade relativa no interior de A1 e A2, mantiveram valores dentro da faixa

ideal para as culturas, durante a maior parte do período estudado. A influência

positiva da umidade relativa no interior do cultivo protegido se deve a presença da

cobertura e do efeito climático interno que esta proporciona, sendo afetado pelo

sistema de controle ambiental em níveis aparentemente não significativos. Este fato

pode ser comprovado na figura 52, onde verificam-se as curvas de umidade nos

dois ambientes durante o período experimental.

O atuador de nebulização ao ser responsável pela elevação da umidade

relativa no interior do cultivo protegido automatizado, foi pouco acionado pelo

sistema, devido principalmente ao sistema de irrigação ser realizado por aspersão.

Ao acionar o sistema de irrigação a umidade relativa da casa de vegetação eleva-

se, e ocasiona, quando é alcançado o valor máximo de set point, o acionamento do

sistema de ventilação, com o intuito de atenuar a umidade interna.

Page 104: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

103

Figura 52- Comportamento da Umidade relativa do ar na casa de vegetação A1, com automação e A2 sem automação.

A radiação total registrada para o período sofreu influência devido ao número

de dias nublados ao longo do experimento, foram 12 dias no total com alguma

presença de nuvens, e 8 dias de sol pleno. A radiação ao alcançar níveis acima dos

valores programados, aciona a saída de fechamento do sombrite. Verifica-se na

figura 53, o comportamento das variáveis ambientais ao longo de 24 horas no

segundo dia após o plantio, e os dados podem ser comparados com os disponíveis

nos anexos I a IV, oriundos da estação meteorológica do Instituto Nacional de

Meteorologia (INMET) de número A806, no município de São José, vizinho ao local

do experimento.

As estações meteorológicas convencionais não dispõem de dados

referentes à umidade de solo, porém relacionamos a umidade presente nos solos

da região de acordo com a pluviosidade da mesma. Registrou-se no período do

experimento a precipitação de 28mm de chuva ao longo de 25 dias. O valor da

precipitação nos dá uma noção sobre a necessidade ou não de realizar a irrigação

das culturas em campo aberto. Para o cultivo protegido a chuva influencia pouco,

embora em cultivo direto sobre o solo, como no caso de nosso experimento a água

subterrânea acessa por capilaridade a zona radicular das plantas e acaba

influenciando no sistema de irrigação.

Page 105: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

104

Figura 53 – Variáveis ambientais na casa de vegetação A1 no segundo dia após transplantio (DAT).

A figura 54 apresenta o comportamento dos atuadores ao longo de um dia

de funcionamento do sistema de controle na casa de vegetação A1. Pode-se

verificar a atuação do sistema de irrigação ao longo das 24 horas, sendo acionado

por cinco vezes ao longo do período, e o comportamento umidade de solo

apresentando-se constante e dentro da faixa ideal programada para a cultura, o

que indica o correto dimensionamento do sistema de irrigação, possibilitando que

o acionamento do atuador controle perfeitamente o processo. O mesmo não é

observado para os outros atuadores, já que a ventilação, a nebulização e o

sombreamento ao serem acionados, afetam sutilmente o processo de temperatura,

umidade relativa e radiação, respectivamente.

A ineficiência do sistema de ventilação fica evidente quando se observa o

acionamento do ventilador próximo das 15:00hs da tarde, e seu desligamento

somente após cinco horas de funcionamento. Essa ocorrência se repetiu em todos

os dias em que a temperatura atingiu os valores máximos da programação. O

desligamento do sistema de ventilação somente ocorreu quando, naturalmente pela

chegada do final do dia, as temperaturas atenuavam-se e alcançavam a faixa ideal

de programação para a cultura. O mesmo fato foi observado para o sistema de

nebulização e sombreamento.

Page 106: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

105

Figura 54 – Comportamento dos atuadores em função das variáveis

ambientais internas da casa de vegetação A1.

O sistema de controle ambiental para cultivo protegido desenvolvido neste

trabalho, apresentou funcionamento satisfatório no acionamento dos atuadores de

acordo com a programação implantada para a cultura da alface. Os atuadores de

ventilação, nebulização e sombreamento devem ser melhor dimensionados para

que ocorra a interferência no meio interno da casa de vegetação. Como nosso

trabalho visou prioritariamente analisar o funcionamento do sistema eletrônico de

controle e aquisição dos dados, e não a eficiência dos atuadores, nosso objetivo foi

alcançado com êxito.

Para Cermeño (1977) a disponibilidade de água em quantidade e qualidade

afeta diretamente a produtividade da cultura da alface, já que a mesma apresenta

raiz aprumada e curta, não ultrapassando 25cm de profundidade e possuindo

poucas ramificações. O autor também pontua que a cultura é bastante sensível a

altas temperaturas. O controle da irrigação e da umidade do solo apresentou

funcionamento satisfatório e o atuador de irrigação composto pelas eletroválvulas

atendeu perfeitamente o controle do processo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 2 1 2 2 2 3 2 4

Funcionamento dos atuadores em função da Um.ar (%), Temp. ( °C), umidade do solo (%) e

radiação (%).

Umidade.Solo A1 Radiaçao A1 Irrigação Ventilação

Nebulização umidade ar Sombrite Temperatura

Page 107: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

106

Pode-se inferir que o sistema de irrigação por aspersão, contribuiu devido ao

molhamento foliar para o melhor conforto térmico das plantas, evitando a queda na

absorção de gás carbônico causado pelo fechamento dos estômatos em casos de

estresse por altas temperaturas.

5.2.2 Análise da influência da automação em casas de vegetação nas

características biométricas das alfaces variedade Crespa e Americana.

As coletas dos dados experimentais de alface foram realizadas aos 25 dias

após o transplantio (Figura 55) e passaram por teste de normalidade de dados e

análise de variância. Posteriormente aplicou-se o teste de tukey à 5% de

significância para comparações entre as médias das variáveis: massa fresca total

(MFT), Diâmetro da planta (DP), altura da planta (AP) e diâmetro do colmo (DC).

Figura 55 – Coleta de dados de crescimento alface aos 25 dias após o transplantio das mudas.

O teste de médias das características biométricas Diâmetro do colmo (DC),

Altura da planta (AP), Diâmetro da planta (DP), e Massa Fresca total (MFT) das

duas variedades de alface (V1=Crespa ou V2=Americana) e dos dois ambientes de

cultivo (A1=Com automação e A2=Sem automação) estão apresentados na tabela

Page 108: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

107

09. Verificou-se que aos 25 dias após o transplantio (DAT) as alfaces ainda não

haviam alcançado o tamanho comercial para a colheita, 40cm diâmetro da planta e

maior que 0,4kg (Filgueira, 2009).

Tabela 09 – Teste de Tukey a 5% para os ambientes A1 e A2 e para

variedades V1- Alface Americana e V2 Alface Crespa.

Verificou-se diferença estatística para a variável diâmetro da planta, na

análise de médias entre os ambientes A1 e A2, o mesmo não ocorreu entre

variedades crespa e americana, que ao nível de 5% não apresentaram diferença

estatística. Constatou-se que as plantas do cultivo protegido com automação

apresentaram maiores diâmetros em relação às do cultivo manual, o que indica o

melhor desenvolvimento vegetativo no ambiente controlado (Figura 56).

Figura 56-Gráfico Boxplot da dispersão dos dados de diâmetro de planta (DP) nos dois ambientes de cultivo A1 e A2.

Fonte: Simone Sartorio - Laboratório análise estatística (DTAiSeR-Ar/CCA/UFSCar)

Tratamento

(DP)

Diâmetro

planta (cm)

(AP) Altura

da planta

(cm)

(MFT) Massa

Fresca total

(Kg)

(DC) Diâm.

Colmo (cm)

A1 (Automat.) 35,2a 25,7a 0,180a 1,33a

A2 (Manual) 32,3b 23,9a 0,143b 1,19a

V1 (Americana) 34,2a 24,2a 0,182a 1,28a

V2 (Crespa) 32,9a 25,3a 0,140b 1,24a

CV(%) 4,99 10,35 12,34 7,87

Médias seguidas da mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey

a 5%.

Page 109: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

108

Para a variável biométrica (AP) e (DC) não foi constatada diferença

estatística, entre ambientes e tampouco variedades, o que pode indicar que estas

características são pouco evidentes até o completo desenvolvimento da planta. O

comportamento dos dados de diâmetro do colmo e altura da planta, mesmo não

apresentando diferença estatística ao nível de 5% de significância, apresentaram

uma tendência de superioridade no ambiente A1 em relação a A2, o que colabora

com a correlação positiva entre ambiente automatizado e maior produtividade das

culturas (Figura 57).

Figura 57 - Gráfico Boxplot de dados diferenciais das variáveis Diâmetro do colmo (DC) e altura da planta (AP) nos ambientes A1 e A2.

Fonte: Simone Sartorio - Laboratório análise estatística (DTAiSeR-Ar/CCA/UFSCar).

O teste de médias evidenciou para a variável massa fresca total (MFT), a

diferenciação entre variedades e entre ambientes. A diferença entre variedades era

esperada, já que se tratam de cultivares distintas, com conformação vegetativa

diferenciada, sendo a variedade crespa mais aberta e menos densa, enquanto que

a variedade americana, por se tratar de uma variedade que fecha suas folhas

centrais para a formação de uma cabeça, produz maior número de folhas internas,

apresentando maior massa fresca total (MFT).

Para Marenco & Lopes (2013) o estresse por falta de água no solo estimula

o fechamento dos estômatos nas plantas, o que prejudica a absorção de dióxido de

carbono e afeta o crescimento dos tecidos vegetais. Assim plantas com estresse

hídrico em algum momento de seu ciclo, apresentam menores índices de

crescimento em comparação com plantas que possuem disponibilidade de água

adequada em todas as fases de desenvolvimento.

Page 110: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

109

Os dados de massa fresca total (MFT) colaboram para inferirmos que a

produtividade por área é maior no cultivo protegido com automação em

comparação ao cultivo protegido com sistema de operação manual, e que dentre

as variedades estudadas a alface americana apresenta a maior produtividade por

área. As dispersões dos dados de massa ficam evidentes no gráfico Boxplot (Figura

58).

Figura 58 – Gráfico Boxplot de dados diferenciais da variável massa para os ambientes

Fonte: Simone Sartorio - Laboratório análise estatística (DTAiSeR-Ar/CCA/UFSCar)

Em termos percentuais a média da massa fresca total (MFT) da variedade

V1 (Americana), foi 25% superior no ambiente A1 em relação ao ambiente A2. Para

a variedade Crespa, o mesmo dado de MFT foi 30% maior em A1 do que em A2,

ratificando o melhor desenvolvimento da cultura no ambiente automatizado.

Para Filgueira (2008), a cultura da alface é altamente exigente em água,

necessitando irrigações frequentes e abundantes devido sua expressiva área foliar

e evapotranspiração intensa em dias de altas temperaturas. Para o autor a

qualidade das folhas aumenta linearmente com a quantidade de água aplicada

dentro de certos limites, com teor de água útil no solo acima de 80%, e irrigação

por aspersão a produtividade é aumentada significativamente.

Com os dados obtidos no experimento podemos calcular a produtividade por

hectare da variedade V1 (Americana) e da variedade V2 (Crespa). Os resultados

são apresentados na tabela 10.

Page 111: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

110

Tabela 10 – Produtividade de alfaces V1 e V2 nos ambientes A1 e A2.

Tratam. Massa Fresca Total (Kg) Plantas por

hectare Total em Kg

A1V1 0,207 90000 18.660

A1V2 0,153 90000 13.740

A2V1 0,157 90000 14.160

A2V2 0,109 90000 9.810

Constata-se pelo teste de médias e pela análise geral que as produtividades

das duas variedades de alface apresentaram melhores resultados no ambiente A1.

Gonçalves et.al (2017) em experimento de cultivo com diferentes tipos de

alfaces, em ambiente com e sem telas termo refletoras, identificaram

produtividades semelhantes ao do presente experimento, e ainda verificaram um

decréscimo de produtividade com o uso da tela de sombreamento.

A variedade V1, apresentou uma produtividade de 18,6 toneladas por

hectare no ambiente com automação, enquanto que a mesma variedade em A2

produziu 14,1 toneladas. Pode-se inferir que o sistema de automação em

funcionamento incrementou em 4,5 toneladas de alface americana por hectare de

cultivo. A cada ciclo de alface tipo Americana, teríamos um adicional expressivo de

produção, considerando o valor de R$4,67 por kg de alface pago ao produtor

(CONAB - http://www.ceasa.sc.gov.br/index.php/cotacao-de-precos/2017/12-

dezembro-2017 – Ceasa/SC acesso em 07/12/2017), totalizaria um adendo de

R$21.015,00 na receita final de venda.

Para a cultivar de alface crespa o incremento final no ambiente A1 foi de 3,9

toneladas por hectare em comparação a A2, o que aumentaria em R$18.213,00 a

receita por hectare de cultivo dessa variedade.

Em experimento realizado para avaliar a produção de alface em diferentes

épocas de plantio, Ferreira et. al (2014), obtiveram maior produtividade nos meses

de maio e junho, evidenciando o melhor desenvolvimento da cultura da alface

quando em temperaturas amenas. Os mesmos autores inferiram que a

produtividade de alface e seu ciclo é reduzido em função das altas temperaturas

dos meses finais da primavera e verão, o que colabora para suspeitarmos que o

ciclo apresentado pelas culturas do presente experimento, apresentaram-se

reduzidos devido as condições climáticas no período analisado.

Page 112: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

111

6. CONCLUSÃO

O controlador eletrônico para casas de vegetação apresentou-se como uma

excelente ferramenta para a inovação no processo produtivo em casas de

vegetação, aumentando a produtividade da cultura da alface tipo americana em

25% e do tipo crespa em 30%. O controlador possui funcionamento satisfatório e

atendeu os requisitos iniciais do projeto como: baixo custo, facilidade de operação

e redução de custos com mão de obra para controle do ambiente protegido, visto

que este controla os processos de irrigação, ventilação, nebulização e

sombreamento automaticamente, sem a necessidade da interferência humana ao

longo do ciclo produtivo.

O sistema de controle ambiental pode ser aplicado para qualquer cultura

vegetal, desde que sejam definidos parâmetros de set points para a programação

manual do controlador eletrônico. O controlador mantém as características

ambientais internas do cultivo protegido mais próximo da faixa ideal para as culturas

vegetais em cada fase de seu desenvolvimento.

O sistema de controle e aquisição de dados apresentou funcionamento

adequado para a cultura de alface. Os atuadores foram acionados através de placa

de relés em cada período crítico de set point acima ou abaixo da programação. Os

atuadores de ventilação, nebulização e sombreamento utilizados no experimento

não alteraram de forma significativa o ambiente interno da casa de vegetação A1,

porém proporcionaram em certa forma, a maior produtividade naquele ambiente. O

atuador de irrigação presente no experimento apresentou funcionamento dentro do

esperado e controlou satisfatoriamente a umidade do solo durante todo o período

experimental.

O sistema de coleta de dados Datalogger desenvolvido no decorrer deste

trabalho, apresentou-se como uma ferramenta interessante de aquisição de dados

para pesquisa. Para os próximos testes experimentais o sistema será incorporado

ao controlador principal, com a finalidade de otimizar o uso de torres e transdutores

no interior das casas de vegetação.

Page 113: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

112

6.1 Considerações finais e sugestões para trabalhos futuros

Como sugestão de melhorias e incrementos futuros ao sistema de controle

ambiental, citamos a necessidade de se desenvolver melhores transdutores para

aferição da umidade do solo, com menores ocorrências de oxidação e maior

robustez. Os dados adquiridos pelos transdutores, podem ser tratados pelo micro

controlador levando em consideração valores mínimos e máximos de aquisição, o

que proporcionaria melhor confiabilidade ao sistema de coleta. Outro fator de

melhoria nas características dos sensores é que a programação preveja um número

alto de aquisições por intervalo de tempo, e faça um tratamento destes dados antes

do acionamento dos atuadores. Se as aquisições se apresentarem dentro da

normalidade, é indicativo de que os transdutores estão funcionando corretamente,

caso ocorra discrepância entre valores coletados, o sistema pode acionar um alerta

de possível defeito no transdutor ou torre de aquisição.

Outro incremento ao sistema de controle seria a interface de acesso remoto,

uma pequena placa de ethernet shield a ser acrescentada no controlador

possibilitaria ao agricultor acesso remoto ao ambiente protegido e que o mesmo

acessasse remotamente todo o funcionamento e programação.

Estuda-se como possibilidade de avanços no projeto de controle ambiental,

acrescentar ao dispositivo um sistema de análise de imagens em tempo real, com

interpretação de sistemas de visão. Estes dispositivos permitiriam o monitoramento

just in time do estádio fenológico das culturas, bem como de possíveis

anormalidades fisiológica destas. O sistema seria alimentado por coleta de imagens

do dossel de produção e interpretaria as informações com base em um banco de

dados.

Uma melhoria que está sendo estudada para compor o sistema é a

transmissão de dados via sistema de radiofrequência, para comunicação das torres

de aferição ambiental com o controlador eletrônico. Essa alteração traria muitos

benefícios, pois além de evitar interferências e possíveis erros na transmissão via

cabo, eliminaria os inconvenientes fios e cabos no interior das casas de vegetação.

Novas tecnologias de transmissão como a plataforma LORA, permitem a

transmissão de dados a longas distâncias com consumo baixíssimo de energia.

Com forte aplicação para internet das coisas, a rede LORA de rádio frequência tem

Page 114: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

113

possibilidades infinitas de aplicação e contribuirá muito para a automação agrícola

e agricultura de precisão.

Espera-se com a aplicação da tecnologia, contribuir para o aproveitamento

racional da água e energia elétrica, além de gerar benefícios sociais aos produtores

e agroindústrias rurais.

Page 115: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

114

7. REFERÊNCIAS

ANDRIOLO, J.L. Fisiologia das culturas protegidas. Santa Maria, Editora UFSM,

1999. 141p.

BARRETO, R.G. SANTOS, A. B. Projeto e Desenvolvimento de uma Estufa

Automatizada para Plantas. 2012. Trabalho de Conclusão e Curso (Bacharelado

em Engenharia Industrial Elétrica com Ênfase em Eletrônica e Telecomunicações)

- Universidade Tecnológica do Paraná. Curitiba, 2012.

BOLTON, W. Mecatrônica: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre:

Bookman. 2010. 664p.

CANSADO, J.C.A. AGRILOGIC: sistema para experimentação de controle

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Page 119: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

118

APÊNDICE I – TABELA VALORES META REQUISITOS DO

PROJETO

Valor MetaForma de

avaliaçãoAspectos indesejados

1Taxa de falhas no

HardwareMenor que 5%

Ensaios e testes

em protótipo.

afeta a confiabilidade do

sistema

2Taxa de falhas no

SoftwareMenor que 5%

Ensaios e testes

em protótipo

afeta a confiabilidade do

sistema

3Resistência mecânica

na construção

Resistente à

respingos de

água.

Observação à

campo

Sistema de irrigação

pode molhar os

sensores e controlador.

4 Custo do material < R$1000,00Orçamento

materiais

Qualidade material pode

afetar desempenho.

5 IHM Intuitiva< 3 palavras na

tela

Análise de

informações na

IHM

Manuseio por

operadores

incapacitados.

6 Custo de manutenção <10%Ensaios e testes

em protótipo.

Afeta o acesso à

tecnologia e a

confiabilidade.

7 Resistência à corrosão

> 6meses para

sensores e 1

ano

equipamento.

Contagem de

materiais

afetados

custo do material pode

ser elevado.

8 Sistema de potência até 10ASeleção de

componentes

Necessita equipamentos

acessórios para alta

potência.

9 Custo de operação

Abaixo do

custo com mão

de obra e

energia.

testes em

laboratório

Acesso a tecnologia de

energia renovável

10Custo de Produção

(Material+Mão de Obra)<R$1500,00

Análise do custo

de montagem e

ajuste técnico.

Inviabilidade de acesso

ao pequeno agricultor

11 Preço de Venda

< R$2000,00

para exteno e

=R$Produção

para Extensão

rural.

Medição de custo

de produção +

Lucro desejado.

Comprometer a

qualidade e o

desempenho do

sistema.

Requisitos do projeto

Page 120: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

119

APÊNDICE II – PROGRAMAÇÃO SISTEMA CULTURA FOLHOSAS

Page 121: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

120

APÊNDICE III – CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSDUTORES DE

UMIDADE DE SOLO.

Algumas empresas tradicionais no ramo de irrigação e componentes

eletrônicos oferecem tecnologias para coleta de dados de umidade de solo. A

empresa Decagon Devices, oferece alguns modelos comerciais de sensores que

trabalham com tecnologia resistiva e capacitiva e outros com tecnologias indutivas

e de micro-ondas. Para o nosso trabalho listamos os sensores EC-5, 10HS e MAS

1 da empresa acima citada e elencamos as principais características dos mesmos

nos tópicos abaixo.

Fonte: Fabricante Decagon.com

Este sensor mede a umidade volumétrica do solo, é o sensor de mais baixo

custo da empresa. Para aumentar sua precisão este sensor deve ser calibrado de

acordo com o tipo de solo em que é instalado. Sua calibração padrão carrega uma

precisão de 3%, se for ajustado para cada tipo de solo pode chegar até 1% de

incerteza na medição.

As características técnicas fornecidas pelo fabricante para o sensor EC-5

estão descritas na tabela a seguir. Percebe-se que este sensor por trabalhar com

sinal de saída em tensão, possui uma versatilidade muito grande de aplicações,

sendo compatível com diversos CLP´s e controladores do mercado.

Características do Sensor de solo EC-5 Decagon Devices

Características do sensor

Alimentação 2,5 a 3,0 V

Precisão sem calibração solo 3%

Sensor de solo EC-5 Decagon Devices.

Page 122: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

121

Precisão com calibração 1 a 2%

Dimensões 8,9 x 1,8 x 0,7cm

Comprimento do cabo (encomenda) 5m

Tempo de medição 10ms

Sinal de saída Tensão (correção polinomial)

Temperatura -40 a 50°C

Garantia 1 ano peças e serviços

Fonte: Autor, adaptado de decagondevices.com.

O sensor de umidade de solo MODELO 10 HS da empresa Decagon Devices

foi desenvolvido, segundo a empresa para medir de grandes volumes de água

contidos no solo.

Fonte: Fabricante Decagon.com

O sensor 10 HS possui uma tecnologia capacitiva, o que confere uma

aquisição de dados mais precisa para grandes volumes de água em solos

encharcados, ou solos normais em grande profundidade. Trabalha com faixas de

tensão de 3 a 15V e é compatível com muitos controladores comerciais. Possui as

especificações listadas na tabela a seguir:

Dados técnicos sensor de umidade de solo 10HS Decagon Devices

Características do sensor

Alimentação 3,0 a 15,0 VDC

Precisão sem calibração solo 3%

Precisão com calibração 1 a 2%

Dimensões Não informado

Comprimento do cabo (encomenda) 5m

Tempo de medição 10ms

Sinal de saída Capacitivo

Sensor de solo 10HS Decagon Devices.

Page 123: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

122

Temperatura -40 a 50°C

Garantia 1 ano peças e serviços

Fonte: Decagon Devices

O sensor MAS 1 foi desenvolvido pela Decagon para sistemas de alta

precisão. Desenvolvido com tecnologia capacitiva, operando com leitura de

corrente, trabalha com a possibilidade de instalação à grandes distâncias de cabos

sem perder a precisão nos dados de aquisição.

Fonte: Fabricante Decagon.com

Características técnicas do sensor MAS 1 Decagon devices

Características do sensor

Alimentação 12 a 32 VDC

Precisão sem calibração solo 3%

Precisão com calibração 1 a 2%

Dimensões 8,9 x 1,8 x 0,7 cm

Comprimento do cabo (encomenda) 2m e 5m

Tempo de medição 1 segundo

Sinal de saída Corrente 4 a 20 mA

Temperatura -40 a 50°C

Garantia 1 ano peças e serviços

A Decagon Devices ainda possui outros modelos de sensores, que servem

para monitoramento de umidade de solo e condutividade hídrica, além de umidade

e temperatura de solo, para aplicações em que é necessário medir a influência de

outros fatores nos resultados coletados. Um fator inconveniente dos sensores da

Decagon é que os cabos são montados na fábrica, e devem ser encomendados

sob medida. Isso confere maior resistência e qualidade nas medições mas

impossibilita uma alteração no comprimento do cabo em campo, o que seria

interessante para maior mobilidade do sistema. Outras informações de perda de

sinal de aquisição com a distância dos cabos também não são abordadas nos

Sensor de solo MAS1 Decagon Devices

Page 124: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

123

manuais, o que deixa dúvida na correta aquisição e dimensionamento de um

sistema com os sensores.

A empresa Rain Bird, disponibiliza sensor de umidade de solo SMRT-Y com

dispositivo de programação e ajuste da umidade desejada. Este dispositivo pode

ser interligado a um controlador e monitorar a irrigação, ou até mesmo acionar um

sistema de bombeamento ou válvula.

Equipamento de medição umidade do solo Smart-Y Rain Bird

Fonte: Rainbird.com

Este kit trabalha com 24V e segundo seu fabricante possui alta precisão, embora

não seja especificada no manual do usuário. Os dados técnicos do dispositivo

também são deficientes. Percebe-se nesse produto uma preocupação elevada com

a simplicidade de instalação e facilidade de operação, porém dados técnicos mais

precisos não são demonstrados pelo fabricante.

Sensor de umidade de solo FC-28.

Fonte: Autor.

O sensor de umidade de solo FC 28 é um sensor puramente resistivo e com

tecnologia bastante simplificada. Funciona com uma precisão média de +-5%, e

trabalha numa faixa de 2,5 a 12V. Possui a possibilidade de ser acoplado em

diversos sistemas de controle, possui placa com conversor de sinal analógico /

digital e seu custo no mercado é consideravelmente baixo. Para projetos onde o

custo de materiais é relevante, apresenta-se como um equipamento de

instrumentação interessante e por isso colocamos em nosso escopo para

Page 125: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

124

comparação posterior, suas características técnicas são descritas na tabela a

seguir.

Características sensor de umidade de solo FC-28

Características do sensor

Alimentação 2,5 a 12 VDC

Precisão sem calibração solo 5%

Precisão com calibração Não Informado

Dimensões 5,9 x 2,0 x 0,1 cm

Comprimento do cabo Dimensionável

Tempo de medição Variavel

Sinal de saída Resistência

Temperatura 0 a 50°C

Garantia Não Informado

Fonte: Autor.

Como nosso projeto destina-se a um sistema de baixo custo, o valor

comercial é fator primordial na escolha dos equipamentos. Nada impede que em

casos especiais agricultores possam optar por sensores mais sofisticados em seus

projetos. Percebe-se pelas características técnicas que os sensores são de

aplicação universal e trabalham em larga faixa de tensão, o que os torna

compatíveis com a maioria dos sistemas de controle disponíveis no mercado.

Page 126: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

125

APÊNDICE IV – CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSDUTORES DE

TEMPERATURA.

O Transdutor eletrônico DHT 11, é fabricado pela AOSONG Electronics Co.

Ltd. e possui a praticidade de monitorar umidade relativa e temperatura em um

único dispositivo, o que otimiza sua instalação à campo. O ponto negativo deste

modelo é a baixa precisão na aquisição da umidade relativa e a detecção de

temperatura em uma faixa de 0 a 50°C, o que restringe sua aplicabilidade.

Sensor de umidade e temperatura DHT11- AOSONG.

Fonte: Filipiflop.com.br

Características sensor de umidade e temperatura DHT11 AOSONG.

Características do sensor DHT 11

Alimentação 3 a 5 VDC

Precisão aquisição umidade relativa +- 5% UR

Precisão aquisição temperatura +- 2°C

Dimensões 23mm x 12mm x 5mm

Comprimento do cabo Dimensionável

Tempo de resposta 5 s

Faixa de medição de Umidade 20 a 90% UR

Faixa de medição Temperatura 0 a 50°C

Garantia Não Informado

Fonte: Autor, adaptado de filipiflop.com.br.

A termorresistência PT100, também pode ser utilizada para mensurar a

temperatura. O funcionamento deste tipo de sensor se baseia na alteração de sua

Page 127: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

126

resistência em função da temperatura. Os sensores modelo PT100, possuem um

range muito grande de temperaturas, realizando leituras desde -290 °C até 900°C.

Sua aplicação é intensa na indústria em ambientes hostis e de altas temperaturas.

Termoresistências modelo PT100.

Fonte: www.pakari.com.br

Dados técnicos sensor PT100.

Características do sensor

Alimentação Não necessita

Precisão aquisição temperatura +- 1°C

Dimensões 2mm x 5mm x 1,5mm

Comprimento do cabo Dimensionável

Tempo de resposta 0,3 s

Faixa de medição Temperatura -200 a 900°C

Garantia 1 ano

Fonte: Autor adaptado de pakari.com.br

O sensor DHT 22 é um sensor de temperatura e umidade relativa do ar,

possui precisão de funcionamento e um valor comercial atraente para projetos de

baixo custo. É um sensor que aprimorou as características do seu antecessor o

Page 128: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

127

DHT 11, ampliando o range de atuação e melhorando a precisão de aquisição dos

dados.

Sensor de umidade e temperatura DHT 22.

Fonte: Filipiflop.com

Características técnicas sensor umidade e temperatura DHT22.

Características do sensor DHT 22

Alimentação 3 a 5 VDC

Precisão aquisição umidade relativa +- 2% UR

Precisão aquisição temperatura +- 0,5°C

Dimensões 25mm x 15mm x 7mm

Comprimento do cabo Dimensionável

Tempo de resposta 5 s

Faixa de medição de Umidade 0 a 100% UR

Faixa de medição Temperatura -40 a 80°C

Garantia 90 dias Fonte: Autor, adaptado de filipiflop.com.

Page 129: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

128

ANEXO I – DADOS DE RADIAÇÃO DA ESTAÇÃO

METEOROLÓGICA INMET A806, DURANTE O PERÍODO

EXPERIMENTAL.

Variação da radiação em 24 horas no primeiro dia após o plantio (DAT), e na sequência

diária até o 10° DAT aferida por estação experimental do Instituto nacional de meteorologia,

estação automática A806 – Florianópolis São José.

Fonte: Figuras disponibilizadas no site do Instituto nacional de meteorologia (INMET).

www.inpe.gov.br. (Acesso em 25/11/2017).

Page 130: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

129

ANEXO II– DADOS DE TEMPERATURA DA ESTAÇÃO

METEOROLÓGICA INMET A806, DURANTE O PERÍODO

EXPERIMENTAL.

Variação da temperatura ambiente de 0 a 20 dia após o plantio (DAT), aferida por estação

experimental do Instituto nacional de meteorologia, estação automática A806 –

Florianópolis São José.

Fonte: Figuras disponibilizadas no site do Instituto nacional de meteorologia (INMET).

www.inpe.gov.br. (Acesso em 25/11/2017).

Page 131: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

130

ANEXO III– DADOS DE UMIDADE RELATIVA DO AR DA ESTAÇÃO

METEOROLÓGICA INMET A806, DURANTE O PERÍODO

EXPERIMENTAL.

Variação da temperatura ambiente de 0 a 20 dia após o plantio (DAT), aferida por estação

experimental do Instituto nacional de meteorologia, estação automática A806 –

Florianópolis São José.

Fonte: Figuras disponibilizadas no site do Instituto nacional de meteorologia (INMET).

www.inpe.gov.br. (Acesso em 25/11/2017).

Page 132: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

131

ANEXO IV– DADOS DE PRESSÃO ATMOSFÉRICA E

PRECIPITAÇÃO DA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA INMET A806,

DURANTE O PERÍODO EXPERIMENTAL.

Fonte: Figuras disponibilizadas no site do Instituto nacional de meteorologia (INMET).

www.inpe.gov.br. (Acesso em 25/11/2017).

Page 133: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

132

ANEXO V – CARACTERÍSTICAS DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDA

DE RADIAÇÃO DE ACORDO COM O DOCUMENTO 8 DA

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE METEOROLOGIA.

Fonte: (WMO, 2014)

Page 134: SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E CONTROLE INTELIGENTE PARA …

133

Fonte: (WMO, 2014)