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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Mestrado em Engenharia de Materiais Programa de Pós- Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais Síntese do Poli (ácido láctico) por policondensação direta utilizando um planejamento fatorial Beatriz Simão de Souza Neta Mendes Natal Rio Grande do Norte Novembro de 2013

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Page 1: Síntese do Poli (ácido láctico) por policondensação direta … · rotacional foi possível a otimização da temperatura de cristalização (Tc) e do grau cristalinidade (Xc)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Mestrado em Engenharia de Materiais

Programa de Pós- Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

Síntese do Poli (ácido láctico) por policondensação direta

utilizando um planejamento fatorial

Beatriz Simão de Souza Neta Mendes

Natal – Rio Grande do Norte

Novembro de 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Mestrado em Engenharia de Materiais

Programa de Pós- Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

Síntese do Poli (ácido láctico) por policondensação direta

utilizando um planejamento fatorial

Autora: Beatriz Simão de Souza Neta Mendes

Orientadora: Profa. Dr.a Maria Carolina Burgos da Costa do Nascimento

Co–orientador: Prof. Dr. Mauricio Roberto Bomio Delmonte

Dissertação de mestrado apresentada ao programa de

Pós–Graduação em Ciência e Engenharia de

Materiais como parte dos requisitos exigidos para a

obtenção do título de Mestre em Engenharia de

Materiais.

Natal – Rio Grande do Norte

Novembro de 2013

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Agradecimentos

A Profa Dr.a. Maria Carolina B. Costa do Nascimento pela sua orientação e

paciência.

Aos professores Dr. Mauricio Roberto Bomio Delmonte e Dr. Edson Noriyuki Ito

que forneceram todo o suporte quando necessário, inclusive nas análises de

caracterização do PLA obtido.

A Ana Cláudia Medeiros de Carvalho, colega de trabalho e colaboradora do

projeto.

A Thatiana Macedo, que deu suporte nas análises de MEV.

A Maria Ingrid Rocha Barbosa Schiavon, que deu suporte nas análises de

DSC.

Ao pessoal do Instituto de Macromoléculas Renata Pires e Mônica de Almeida

pela realização das análises de SEC.

Ao CNPQ pelo apoio financeiro.

Aos meus pais Evanildo Nogueira de Souza e Marinalva Agra Nogueira de

Souza e tia Salete Gomes da Silva, que foram a base de tudo para mim,

apoiando-me nos momentos difíceis, ensinando-me a persistir nos meus

sonhos e ajudando-me a alcançá-los, mesmo quando isso significava desistir

dos seus próprios sonhos.

Ao meu esposo Francisco de Assis Lucena Mendes e filha Ana Beatriz de

Souza Mendes, que me apoiaram nesta realização.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse trabalho, o

meu, muito obrigada!

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Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o

propósito debaixo do céu. (Eclesiastes 3:1).

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Resumo

Os impactos ambientais causados pelo descarte de embalagens poliméricas

não biodegradáveis no meio ambiente, assim como o alto preço e escassez do

petróleo, fizeram com que pesquisas crescentes na área de polímeros

biodegradáveis provenientes de fontes renováveis fossem desenvolvidas. O

poli (ácido láctico) (PLA) é um polímero promissor nesse mercado, com uma

grande disponibilidade de matéria-prima para produção do seu monômero,

assim como também boa processabilidade. Dessa forma, este trabalho teve

como objetivo a síntese por policondensação direta do poli (ácido Láctico) a

partir do ácido-L-láctico utilizando a ferramenta de planejamento fatorial, por

meio de um delineamento composto central rotacional (DCCR), visando

otimizar as condições de síntese. O polímero obtido foi caracterizado por

microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia na região do

infravermelho (FTIR), análise viscosimétrica, calorimetria exploratória

diferencial (DSC) e cromatografia por exclusão de tamanho (SEC). Os

resultados obtidos confirmaram a formação do poli (ácido láctico) semicristalino

em todas as sínteses realizadas. Através do delineamento composto central

rotacional foi possível a otimização da temperatura de cristalização (Tc) e do

grau cristalinidade (Xc). A temperatura de cristalização máxima foi obtida para

percentuais de catalisador em torno do ponto central (0,3(W%)) e valores de

tempo variando do ponto central (6h) ao nível superior (+1) (8h). O grau de

cristalinidade (Xc) máximo foi obtido para o tempo total de síntese de 4h (-1) e

percentual de catalisador de 0,1 (W%) (-1). A análise de cromatografia por

exclusão de tamanho (SEC) forneceu resultados de maiores massas molares

dentre todos os polímeros sintetizados, para o percentual de catalisador

(octoato de estanho) de 0,3(W%) e tempo total de síntese de 3,2h.

Palavras-chave: PLA, biodegradação, DCCR, ácido láctico.

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Abstract

The environmental impact caused by the disposal of non-biodegradable

polymer packaging on the environment, as well as the high price and scarcity of

oil, caused increase of searches in the area of biodegradable polymers from

renewable resources were developed. The poly (lactic acid) (PLA) is a

promising polymer in the market, with a large availability of raw material for the

production of its monomer, as well as good processability. The aimed of this

study was synthesis PLA by direct polycondesation of lactic acid, using the tool

of experimental design (DOE) (central composite rotatable design (CCRD)) to

optimize the conditions of synthesis. The polymer obtained was characterized

by scanning electron microscopy (SEM), Fourier transform infrared

spectroscopy (FTIR), viscosimetric analysis, differential scanning calorimeter

(DSC) and size exclusion chromatography (SEC). The results confirmed the

formation of a poly (lactic acid) semicrystalline in the syntheses performed.

Through the central composite rotatable design was possible to optimize the

crystallization temperature (Tc) and crystallinity degree (Xc). The crystallization

temperature maximum was found for percentage of catalyst around the central

point (0,3 (%W)) and values of time ranging from the central point (6h) to the

upper level (+1) (8h). The crystallization temperature maximum was found for

the total synthesis time of 4h (-1) and percentage of catalyst 0,1(W%) (-1). The

results of size exclusion chromatography (SEC) showed higher molecular

weights to 0,3 (W%) percent of catalyst and total time synthesis of 3,2h.

Keywords: PLA, biodegradation, CCRD, lactic acid.

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Sumário

Resumo .............................................................................................................. 6

Abstract .............................................................................................................. 7

Lista de Figuras ................................................................................................ 10

Lista de Tabelas ............................................................................................... 13

Nomenclatura ................................................................................................... 14

1- Introdução .................................................................................................. 16

2- Objetivos ...................................................................................................... 17

3- Fundamentação teórica e revisão da literatura ............................................ 18

3.1.1 - Durabilidade dos plásticos de origem petroquímica ....................... 18

3.1.2 - Durabilidade dos plásticos provenientes de fontes renováveis e

biodegradáveis .......................................................................................... 19

3.2 - Degradação ............................................................................................ 20

3.2.1 - Reações de degradação ................................................................. 20

3.3- Biodegradação ........................................................................................ 21

3.4- Polímeros biodegradáveis e Polímeros compostáveis ............................ 22

3.5- Biopolímeros ........................................................................................... 22

3.5.1 - Mercado dos Biopolímeros ............................................................. 26

3.5.2 - Aplicações na Indústria Alimentícia ................................................ 27

3.5.3 - Permeabilidade ............................................................................... 29

3.5.3.1 - Propriedades de barreira ........................................................ 32

3.5.3.2 - Taxa de permeabilidade ao oxigênio (TPO2) ........................... 32

3.5.3.3 - Taxa de permeabilidade ao vapor de água ............................. 33

3.6 - Ácido Láctico .......................................................................................... 33

3.6.1 - Propriedades Físicas do Ácido Láctico ........................................... 34

3.7 - Poli (ácido láctico) (PLA) ........................................................................ 35

3.7.1 - Degradação do PLA ....................................................................... 35

3.7.2 - Aditivos, blendas, compósitos e nanocompósitos em PLA ............. 37

3.8 - Rotas de Síntese do PLA ....................................................................... 40

3.8.1 - Síntese por Policondensação ......................................................... 40

3.8.2 - Polimerização por abertura de anel (ROP) ..................................... 46

4- Materiais e Métodos ..................................................................................... 49

4.1- Materiais .................................................................................................. 49

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4.2- Métodos .................................................................................................. 50

4.2.1 – Obtenção do PLA ........................................................................... 50

4.2.1.1 - Precipitação do PLA ................................................................ 55

4.2.2 – Caracterizações ............................................................................. 56

4.2.2.1 - Viscosimetria ........................................................................... 56

4.2.2.2 - Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR) .................................................................................................... 58

4.2.2.3 - Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)............................ 58

4.2.2.4 - Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) ............................ 58

4.2.2.5 - Cromatografia por Exclusão de Tamanho (SEC) .................... 59

4.2.2.6 - Prensagem de corpos de prova............................................... 59

4.2.2.7 – Teste Gravimétrico ................................................................. 60

5- Resultados e Discussão ............................................................................... 62

5.1 - Viscosimetria .......................................................................................... 62

5.2 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ......................................... 63

5.3 - Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) . 66

5.4 - Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e Delineamento Composto

Central Rotacional (DCCR) ............................................................................ 68

5.5 - Cromatografia por Exclusão de Tamanho (SEC) ................................... 82

5.6 – Análise do teste gravimétrico ................................................................ 85

6- Conclusões .................................................................................................. 88

7- Referências .................................................................................................. 91

Apêndice A – Gráficos de FTIR ...................................................................... 101

Apêndice B – Gráficos de DSC ...................................................................... 107

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Lista de Figuras

Figura 1: Ciclo de vida de materiais provenientes de fontes renováveis e

biodegradáveis (www.european-bioplastics.org). ............................................. 19

Figura 2: Tipos de biopolímeros (www.european-bioplastics.org). .................. 23

Figura 3: Fluxograma dos polímeros biobaseados (adaptado de CUTTER,

2006). ............................................................................................................... 25

Figura 4: Capacidade global de produção de bioplásticos (PHILP et al., 2012);

European bioplastics, maio de 2012). .............................................................. 26

Figura 5: Exemplos de embalagens alimentícias biodegradáveis de PLA. ..... 28

Figura 6: Mecanismo de permeação de permeantes de maior concentração

(C1) à concentração mais baixa (C2), através de um material polimérico

contínuo de espessura l. Passos: sorção (1), difusão (2), e (3) dessorção

(ALMENAR, 2010). ........................................................................................... 30

Figura 7: Fórmulas estruturais espaciais do ácido láctico (D-láctico e L- láctico)

(COVRE, 2000). ............................................................................................... 34

Figura 8: Hidrólise do PLA (LUNT, 1998). ....................................................... 36

Figura 9: Fragilidade do PLA quando comparado com a maioria dos polímeros

de origem petroquímica (MARKARIAN, 2008). ................................................ 38

Figura 10: Rotas para obtenção do poli (ácido láctico) (LASPRILLA et al.,

2012). ............................................................................................................... 40

Figura 11: Reações de condensação do ácido láctico: troca entre lactídeo,

oligômeros e poli (ácido láctico) (GROOT et al. 2010). .................................... 42

Figura 12: Sistema experimental para polimerização do PLA. (1) Reator de

polimerização, (2) Manta de aquecimento, (3) Gás inerte, (4) Controlador de

temperatura, (5) Agitador, (6) Trap de condensado, (7) condensador, (8) Trap

fria, (9) Bomba a vácuo. ................................................................................... 46

Figura 13: Comportamento de polimerização e despolimerização do PLLA

(MOTOYAMA et al., 2007) ............................................................................... 47

Figura 14: Esquema do processo de obtenção do PLA. ................................. 50

Figura 15: Sistema de bancada para polimerização por condensação do PLA.

(1) Manta de aquecimento, (2) Controlador de temperatura, (3) Reator de

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polimerização, (4) Agitador, (5) Trap do condensado, (6) Condensador, (7) Trap

fria, (8) Trap fria, (9) Bomba a vácuo. .............................................................. 54

Figura 16: Processo de precipitação do PLA. ................................................. 56

Figura 17: Sistema montado para caracterização por viscosimetria: (1)

viscosímetro, (2) multímetro, (3) clorofórmio (solvente), (4) soluções

(clorofórmio+polímero). .................................................................................... 57

Figura 18: Prensa utilizada no processamento dos corpos de prova. ............. 60

Figura 19: MEV/EDS do PLA da síntese 04. É possível observar no gráfico a

presença de traços de estanho (azul) e traços de cobre (vermelho). ............... 63

Figura 20: MEV do PLA 1 e do PLA 4 com aumentos de 500x e 1000x. ........ 65

Figura 21: Estrutura do PLA. Adaptado de (MOTOYAMA et al., 2007). .......... 66

Figura 22: FTIR do experimento 10. ................................................................ 67

Figura 23: FTIR dos experimentos 1, 2 3 e 4. ................................................. 68

Figura 24: a) DSC do 1° aquecimento, resfriamento e 2° aquecimento do PLA

1 ao PLA 6. (b) DSC do 1° aquecimento, resfriamento e 2° aquecimento do

PLA 7 ao PLA11. .............................................................................................. 69

Figura 25: (a) Curvas de DSC referentes ao segundo aquecimento do PLA 1

ao PLA 6. (b) Curvas de DSC referentes ao segundo aquecimento do PLA 7

ao PLA11.......................................................................................................... 70

Figura 26: Gráfico de Pareto dos efeitos padronizados para a temperatura de

transição vítrea (Tg). ........................................................................................ 72

Figura 27: Gráfico de Pareto dos efeitos padronizados para a temperatura de

fusão cristalina (Tm). ........................................................................................ 73

Figura 28: Gráfico de Pareto dos efeitos padronizados para a temperatura de

cristalização (Tc). ............................................................................................. 74

Figura 29: Valores preditos versus valores observados para a Tc. ................. 75

Figura 30: Superfície de resposta para a temperatura de cristalização (Tc), em

função do tempo total de síntese e do percentual de catalisador. .................... 76

Figura 31: Superfície de contorno para a temperatura de cristalização (Tc), em

função do tempo total de síntese e do percentual de catalisador. .................... 76

Figura 32: Gráfico de pareto dos efeitos padronizados para o grau de

cristalinidade (Xc). ............................................................................................ 79

Figura 33: Valores preditos versus valores observados para o percentual de

cristalinidade (Xc). ............................................................................................ 80

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Figura 34: Superfície de resposta para o grau de cristalinidade (Xc), em função

do tempo de síntese e do percentual de catalisador. ....................................... 81

Figura 35: Superfície de contorno para o grau de cristalinidade (Xc), em função

do tempo total de síntese e do percentual de catalisador. ............................... 81

Figura 36: Corpo de prova do PLA 5 produzido para o teste gravimétrico. ..... 85

Figura 37: Aumento percentual de massa para o PLA 5 e o PLA comercial. .. 86

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Rotas para fabricação de biopolímeros (ILES, et. al. 2012). ............ 25

Tabela 2: Ponto de fusão e ângulo de desvio do ácido láctico. Fonte: (COVRE,

2000). ............................................................................................................... 35

Tabela 3: Produtos químicos utilizados para obtenção do PLA. ...................... 49

Tabela 4: Condições para otimização do sistema. .......................................... 52

Tabela 5: Tempos de síntese utilizados no segundo e terceiro estágios. ........ 52

Tabela 6: Planejamento estrela com duas variáveis (tempo e quantidade de

catalisador) e três pontos centrais. ................................................................... 53

Tabela 7: Resultados das massas molares viscosimétricas médias. .............. 62

Tabela 8: Bandas de absorção que caracterizam o PLA. ................................ 67

Tabela 9: Delineamento composto central rotacional (DCCR) para dois fatores.

......................................................................................................................... 71

Tabela 10: ANOVA para análise do modelo da Tc. ......................................... 75

Tabela 11: Valores numéricos da variação de calor específico (ΔCp), entalpia

de fusão (ΔHm), entalpia de cristalização (ΔHC) e grau de cristalinidade (Xc).77

Tabela 12: Matriz planejamento para o grau de cristalinidade (Xc (%)). ......... 78

Tabela 13: ANOVA para análise do modelo do grau de cristalinidade. ........... 79

Tabela 14: Massas molares (Mn, Mw, Mz) dos polímeros sintetizados. .......... 83

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Nomenclatura

AT: a – tocoferol.

BHT: Butil- hidroxitolueno.

DCCR: Planejamento composto central.

DSC: Calorimetria Exploratória Diferencial.

FTIR: Espectroscopia na Região do Infravermelho.

SEC: Cromatografia de exclusão por tamanho.

GPC: Cromatografia de permeação em gel.

Mn: Massa molar numérica média.

Mv: Massa molar viscosimétrica.

Mz: Massa molar Z – média.

Mw: Massa molar ponderal média.

NSA: Ácido 1,5 naftaleno – disulfônico.

OPC: Taxa de permeabilidade ao oxigênio.

OLLA: Oligo (ácido-L-Láctico).

PBAT: Polibutadieno teretftalato co-adipato.

PBS: Poli (butileno sucinato).

PC: Policondensação.

PCL: Policaprolactona.

PI: Índice de resistência á degradação.

PEAD: Polietileno de alta densidade.

PEBD: Polietileno de baixa densidade.

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PVC: Cloreto de polivinila (PVC).

PP: Polipropileno.

PET: Polietileno tereftalato.

PS: Poliestireno.

PSA: Ácido 1,3 – Propanodisulfônico.

PLLA: Poli (ácido L- láctico).

PI: Índice de performance e integridade.

PDO: 1,3- Propanodiol.

PHA: Polihidroxialconoato.

PHB: Polihidroxi-butirato.

PLA: poli (ácido láctico).

ROP: Polimerização por abertura do anel.

TBHQ: Terc – butil – hidroquinoma.

Tg: Temperatura de transição vítrea.

Tm: Temperatura de fusão cristalina.

Xc: Grau de cristalinidade.

WVPC: Taxa de permeabilidade do vapor de água.

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16

1- Introdução

Resíduos de embalagens constituem uma parte significativa dos resíduos

sólidos urbanos, sendo cada vez mais uma preocupação ambiental. Entre

outros materiais, uma enorme gama de polímeros não biodegradáveis,

sintetizados a partir do petróleo, são habitualmente utilizados em embalagens.

Estes materiais são dificilmente reciclados e reutilizados devido aos elevados

níveis de contaminação e presença de compostos complexos em sua

formulação (DAVIS et al., 2006).

A produção de materiais poliméricos de fonte renovável tem crescido

significativamente. Este crescimento é impulsionado por três principais fatores:

(i) preço do petróleo, (ii) legislação favorável e apoio do governo para tornar a

utilização de materiais de fonte renovável uma opção aos polímeros

tradicionais, e (iii) um maior interesse das empresas que ofertam bens e

serviços, em trabalhar com materiais biodegradáveis e provenientes de fontes

renováveis como alternativas reais para adicionar valores em termos de

sustentabilidade (AURAS, 2010).

O poli (lactídio) ou poli (ácido láctico) (PLA) é um polímero pioneiro no

mercado emergente de bioplásticos, com uma maior disponibilidade e custo

mais atraente. Polímeros à base do ácido láctico é uma categoria mais

promissora de materiais provenientes de fontes renováveis, pois não são

apenas compostáveis, biodegradáveis e biocompatíveis, mas também

processáveis pelos equipamentos usuais de processamento de materiais

poliméricos, e podem ser utilizados em algumas aplicações como substitutos

para o polietileno de baixa de densidade (PEBD), polietileno de alta densidade

(PEAD), poliestireno (PS) e politereftalato de etileno (PET), em determinadas

aplicações (PEELMAN et al., 2013).

A obtenção de um PLA de alta massa molar é mais comumente realizada

pela polimerização por abertura de anel (ROP) do lactídio. Esta rota envolve

normalmente etapas de purificação adicionais, o que aumenta os custos desse

tipo de síntese. O PLA preparado a partir da policondensação possui baixa

massa molar e propriedades mecânicas que não são adequadas a algumas

aplicações, assim, o interesse comercial em resolver este problema tem

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17

aumentado, por causa da necessidade de abordagens rentáveis na fabricação

de polímeros à base do ácido láctico com uma elevada massa molar (AURAS,

2010).

Através do estudo realizado neste trabalho, foi possível sintetizar o PLA

pela rota de policondensação direta, utilizando um planejamento composto

central rotacional (DCCR), visando otimizar as condições de síntese, tais como

tempo e concentração de catalisador para obter um PLA com maior massa

molar.

2- Objetivos

Entre os principais desafios encontrados na produção do PLA, está a

análise da influência das variáveis de síntese nas propriedades finais do

polímero produzido. Assim, este trabalho teve como objetivo geral o

desenvolvimento de um delineamento composto central rotacional para análise

do efeito do tempo e da concentração de catalisador nas propriedades do PLA

obtido em laboratório. O PLA utilizado para a fabricação de embalagens

biodegradáveis pode ser sintetizado por meio de diferentes rotas, porém, a que

foi utilizada neste trabalho foi a rota por policondensação direta, por ser mais

econômica, de fácil manuseamento e com menos etapas de fabricação. Entre

os objetivos específicos, tem-se:

Construção do sistema de polimerização do PLA em escala de bancada;

Síntese e caracterização do PLA a partir do ácido láctico pela rota de

policondensação direta;

Obtenção de uma elevada massa molar pela rota de policondensação

direta;

Otimização do sistema de síntese através da utilização da ferramenta de

planejamento fatorial;

Produção de corpos de prova de PLA, com o objetivo de avaliar a sua

utilização em aplicações alimentícias.

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18

3- Fundamentação teórica e revisão da literatura

3.1.1 - Durabilidade dos plásticos de origem petroquímica

Plásticos commodities (termoplásticos convencionais) derivados do

petróleo são tipicamente estáveis em quase todos os ambientes,

permanecendo intactos por muitos anos (STEVENS, 2002). As embalagens

poliméricas derivadas dessa fonte contribuem com um elevado percentual de

resíduos sólidos urbanos, uma vez que tem como uma das aplicações

predominante as embalagens descartáveis, que causam visíveis e perceptíveis

impactos ambientais negativos (HALLEY et al., 2000; BERNARDO, 2001).

A maioria dos materiais plásticos de origem petroquímica é resistente ao

ataque biológico, pois os micro-organismos não possuem enzimas capazes de

induzir sua degradação. Além disso, o caráter hidrofóbico do plástico inibe a

atividade destas enzimas (NAYAK, 1999), assim, os métodos de eliminação

tradicionais destes materiais incluem reciclagem, incineração e aterro, uma vez

que os mesmos não se degradam facilmente nos ambientes naturais (AMMALA

et al., 2011).

Considerando, por exemplo, um copinho descartável para café, que é feito

de poliestireno (fabricado a partir do estireno, obtido do petróleo), que, por sua

vez, levou milhares de anos para se formar. Após seu uso, que em geral dura

algo em torno de um minuto, ele será descartado, permanecendo durante

décadas ou mesmo séculos sem se degradar. Além dos copinhos de café,

muitas outras aplicações dos plásticos não exigem essa durabilidade secular.

Sacolas para compras, sacos de lixo, hastes para cotonetes, toalhas de mesa,

canudinhos para refrigerantes, garrafas descartáveis e tubos para

desodorantes são apenas mais alguns exemplos (CANTO, 1996). Dessa forma,

em aplicações de descarte rápido, há razões para reconsiderar a durabilidade

da maioria dos materiais poliméricos de origem petroquímica.

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19

3.1.2 - Durabilidade dos plásticos provenientes de fontes renováveis e

biodegradáveis

Plásticos facilmente degradáveis, depois do tempo requerido para seu uso

em serviço, durante o qual mantém conservadas todas as suas propriedades,

são assimilados pelos micro-organismos penetrantes encontrados na natureza,

retornando ao meio ambiente de maneira inofensiva (STEVENS, 2002), como

mostra a Figura 1. O desenvolvimento de materiais para utilização em

embalagens biodegradáveis, a partir de recursos naturais renováveis, tem

recebido uma atenção cada vez maior, sobretudo em países europeus (G.

DAVIS et al., 2006).

Figura 1: Ciclo de vida de materiais provenientes de fontes renováveis e biodegradáveis (www.european-bioplastics.org).

A velocidade da biodegradação irá depender da temperatura, umidade,

número e tipo de micróbios. A degradação é rápida se todos os três

mecanismos estão presentes. Geralmente, em casa ou em um supermercado

ocorre uma biodegradação muito baixa em comparação com a compostagem.

Na compostagem industrial, bioplásticos são convertidos em água, biomassa e

CO2 em cerca de 6 a 12 semanas (www.european-bioplastic.org).

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20

A biodegradação é afetada não só pelas condições ambientais as quais os

materiais estão expostos, mas também pela estrutura química e física destes

materiais (KROCHTA et al., 1996). Dessa forma, a primeira exigência para

ocorrer biodegradação é que o polímero contenha ligações químicas que sejam

susceptíveis de hidrolisar enzimaticamente. Os fatores que afetam

negativamente a degradação enzimática são a ramificação, hidrofobicidade,

elevadas massas moleculares e cristalinidade (CASTRO et al., 2002).

Frequentemente encontra-se uma falta de consenso na definição das

palavras degradação e biodegradação. Assim, é necessário fazer uma

distinção entre estes termos.

3.2 - Degradação

A degradação pode ser definida como qualquer fenômeno que provoque

uma mudança química na cadeia polimérica, normalmente com redução da

massa molar e, consequentemente, queda nas propriedades físico-mecânicas.

Ocorre modificação química destrutiva com a quebra de ligações covalentes e

formação de novas ligações (CANEVAROLO, 2002).

3.2.1 - Reações de degradação

As reações de degradação de materiais poliméricos são iniciadas de várias

maneiras, as quais estão relacionadas com as condições em que os mesmos

são expostos. O primeiro passo comum na degradação é a formação de

radicais por cisão da ligação de valência, que pode ser causada pela absorção

de alta energia de radiação ultravioleta ou até mesmo luz visível, como também

por desgaste mecânico (RANBY, 1975).

A fotodegradação envolve uma tendência natural para a maioria dos

polímeros de submetê-los a uma reação gradual com o oxigênio atmosférico na

presença de luz. Tipicamente, um agente de foto sensibilização é utilizado para

acelerar esta singular tendência. O mecanismo de fotodegradação envolve a

absorção de luz UV que conduz então a geração de radicais livres. Um

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21

processo de auto-oxidação ocorre em seguida, o que leva a uma eventual

desintegração do plástico (AMMALA et al., 2011).

A iniciação da degradação de polímeros por esforço mecânico, ou por

aplicação de uma tensão mecânica, é uma questão com um sentido bastante

amplo, pois compreende desde os fenômenos de fratura, o processamento, até

as modificações químicas induzidas pela tensão mecânica (PAOLI, 2009).

A degradação iniciada por agentes químicos aparentemente só poderia

ocorrer em situações muito específicas, onde o polímero estivesse exposto a

um agente químico agressivo específico. No entanto, isso não corresponde à

realidade porque todo e qualquer tipo de polímero produzido em escala

industrial possui algum tipo de contaminante que pode iniciar a degradação por

ataque químico. Estes contaminantes podem ser resíduos de catalisador ou de

iniciador, impurezas do monômero, aditivos, etc. Alguns destes contaminantes

não são reativos em atmosfera inerte e no escuro, mas quando expostos à luz

na presença de oxigênio se tornam eficientes pró-degradantes (PAOLI, 2009).

Polímeros contendo éster, amida e éter em sua cadeia principal degradam

por hidrólise. Esta reação iônica é catalisada por ácido e álcali em presença de

água e ocorre rapidamente em elevadas temperaturas (RANBY, 1975).

Em muitos casos, as reações de degradação podem ser desejáveis, como

é o caso de produtos plásticos biodegradáveis, em que a degradação ocorre

por meio de micro-organismos, podendo ser acelerada por condições

ambientais como a radiação ultravioleta e umidade (RABELLO, 2000).

3.3- Biodegradação

A biodegradação é a degradação que ocorre através da ação de enzimas

associadas a organismos vivos como bactérias e fungos (ALBERTSSON et al.,

1995). O processo de biodegradação inclui dois passos essenciais (KROCHTA

et al. 1996):

a) a despolimerização das cadeias, que normalmente ocorre fora dos micro-

organismos, através de enzimas extracelulares;

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b) e a mineralização, ou seja, a conversão do polímero em biomassa,

minerais, água, dióxido de carbono e metano. Este processo é normalmente

intracelular.

A biodegradação pode ser entendida como um processo de reciclagem,

uma vez que os materiais recicláveis podem ser submetidos a um processo

biológico, mecânico e/ou químico. Desta forma, a biodegradação pode ser uma

oportunidade para reduzir os resíduos através de uma reciclagem biológica

para o biossistema, sendo também vista como uma aproximação para diminuir

a introdução de dióxido de carbono, derivados dos combustíveis fósseis, na

atmosfera. Assim, enquanto o dióxido de carbono obtido no processo de

biodegradação é considerado “reciclado”, o originado pelos polímeros

sintéticos, derivados dos combustíveis fósseis, é considerado “novo” e será

acrescentado ao efeito estufa (KROCHTA et al. 1996).

3.4- Polímeros biodegradáveis e Polímeros compostáveis

Como dito anteriormente, nos polímeros biodegradáveis a degradação

resulta da ação natural de micro-organismos tais como bactérias, fungos e

algas (STEVENS, 2002). Por outro lado, os polímeros compostáveis sofrem

decomposição biológica em local apropriado de compostagem, de tal forma

que o material não seja visualmente distinguível e se decomponha em dióxido

de carbono (CO2), água, compostos inorgânicos e biomassa, a uma taxa de

biodegradação consistente com a dos materiais compostáveis conhecidos

(celulose, por exemplo), além de não deixarem resíduos tóxicos (ASTM D

6400, 1999).

3.5- Biopolímeros

O termo biopolímero (ou bioplástico) engloba toda uma família de materiais

que diferem dos polímeros convencionais na medida em que eles podem ser

provenientes de fonte renovável, biodegradáveis ou ambos. Há três grupos de

materiais na família dos biopolímeros, cada um com suas características

individuais (www.european-bioplastics.org) assim como mostra a Figura 2.

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23

Polímeros não biodegradáveis e de fonte renovável como o PE, PP, ou

PET;

Polímeros que são biodegradáveis e de fonte renovável tal como PLA,

PHB, ou PBS;

Polímeros de origem petroquímica e biodegradáveis, tais como o PCL e

o PBAT.

Figura 2: Tipos de biopolímeros (www.european-bioplastics.org).

Polímeros biobaseados são materiais obtidos a partir de recursos

renováveis. Os polissacarídeos (amido, alginatos, pectina, quitina), proteínas

de origem animal (caseína, colágeno, gelatina), proteínas de origem vegetal

(milho, soja, trigo, etc.) e lipídios (gorduras, ceras, óleos etc.) são exemplos de

recursos renováveis utilizados na produção destes tipos de polímeros (WEBER

et al., 2002).

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24

Os biopolímeros polissacarídeos, proteínas e lipídios são muito utilizados

em aplicações de filmes e revestimentos comestíveis, ajudando a manter

características desejáveis no alimento como cor, umidade, acidez, doçura,

salinidade, tempero entre outras (KESTER et al., 1986).

O escurecimento de frutas e vegetais cortados pode ser evitado através da

utilização de filmes e revestimentos comestíveis que podem ter a função de

veicular antioxidantes. O ácido ascórbico adicionado em revestimentos à base

de caboximetilcelulose/proteína de soja foi mais eficaz para retardar o

escurecimento em maçãs e batatas cortadas, do que quando aplicado em

solução aquosa no produto. Isso se deve ao fato de que o ácido ascórbico

dentro da matriz do biopolímero é mais estável e menos propenso a apresentar

degradação oxidativa (BALDWIN et al., 1996).

Polímeros biobaseados, como bio-PE e bio-PP, não são diretamente

fermentados, mas produzidos quimicamente a partir de monômeros

produzidos por fermentação (PHILIP et al., 2012). Da mesma forma o polímero

PLA é obtido a partir do ácido láctico, o qual é um monômero que pode ser

obtido por processos fermentativos (SODEGARD et al., 2002), no entanto,

enquanto o PLA é biodegradável, os polímeros bio-PE e bio-PP são duráveis.

Dentre as diversas aplicações destes biopolímeros de origem biotecnológica,

está a utilização dos mesmos no setor de embalagens alimentícias.

A família de polihidroxialcanoatos (PHAs) engloba polímeros termoplásticos

biodegradáveis produzidos principalmente por uma vasta gama de micro-

organismos. Os PHAs podem ser produzidos por células microbianas através

do processo de fermentação e, em seguida, retirados usando solventes tais

como clorofórmio, cloreto de metileno ou cloreto de propileno. Mais de 100

compostos de PHA são conhecidos e o polihidroxibutirato (PHB) é o mais

comum (CYRAS et al., 2009).

Os PHAs têm potêncial como substituto para muitos polímeros

convencionais, uma vez que possuem propriedades físicas e químicas

similares aos mesmos (CYRAS et al., 2009). As aplicações dos PHAs

compreende desde aplicações como biomaterial até aplicações alimentícias

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como caixas de leite e filmes. A Figura 3 mostra o fluxograma dos polímeros

biobaseados e a Tabela 1 mostra alguns dos fabricantes destes biopolímeros.

Figura 3: Fluxograma dos polímeros biobaseados (adaptado de CUTTER, 2006).

Tabela 1: Rotas para fabricação de biopolímeros (ILES, et. al. 2012).

Caminhos para produção de biopolímeros

Biopolímeros Exemplos de biopolímeros

comercializados por empresas

Polímeros naturais modificados a partir de

material vegetal

Amido, derivados do amido; celulose, derivados da

celulose; lignina

A empresa Navamont comercializa o MATER- BI

Polímeros feitos diretamente por

microorganismos ou plantas

Polihidroxi-butirato e copolímeros (PHB/PHA),

àcido poliláctico

A empresa Metabolix comercializa o PHA

Polímeros feitos por monômeros obtidos por

fermentação

Ácido poliláctico (PLA), Bio (PDO), Polietileno e outros

etilenos derivados Alfa

A empresa Nature Works comercializa o PLA; A

empresa DUPONT comercializa fibras

de Sorona; A Braskem comercializa o Polietileno

verde

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26

3.5.1 - Mercado dos Biopolímeros

A Plataforma Tecnológica Européia para a Química Sustentável estima que

até 30% da matéria-prima para a indústria química europeia pode vir de fontes

renováveis até 2025. No entanto, atualmente a produção química de base

biológica ainda é pequena em comparação com os produtos químicos

convencionais provenientes do petróleo (ILES, et al., 2012).

De acordo com a Figura 4, prevê-se que a tendência global na produção

de biopolímeros irá mudar significativamente, a ser dominada pelos plásticos

biobaseados, termoplásticos duráveis, com menor contribuição de plásticos

biodegradáveis (PHILP et al., 2012).

Figura 4: Capacidade global de produção de bioplásticos (PHILP et al., 2012); European bioplastics, maio de 2012).

As maiores contribuições para essa mudança seria em grande parte

resultado da maior capacidade de produção de Bio-PE e Bio-PP com Bio-PET

e Bio-PVC. Para uma bioeconomia futura, uma proporção substancial de

plásticos derivados do petróleo pode ser substituída por bioplástico (PHILP, et

al., 2012).

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27

Estudiosos organizacionais têm reconhecido que a adesão, a

regulamentação e a implementação de programas de prevenção voluntária não

são a única forma de atingir um desempenho ambiental corporativo. As

empresas poderiam alcançar vantagem competitiva analisando questões

ambientais como núcleo de sua estratégia de negócios (PORTER et al., 1995),

e lucrar mais desenvolvendo produtos com superiores resultados ambientais

(ILES et al., 2012). Para isto, as empresas químicas estão adotando modelos

de negócios para enfrentar os desafios de inserir os biopolímeros no mercado,

e vêm enfrentando decisões sobre que medidas devem ser tomadas para

substituir os produtos tradicionais e processos que já são rentáveis pelos

biopolímeros. Confrontados com perspectivas incertas do mercado para

biopolímeros, eles devem imaginar como a utilização de matéria–prima

renovável pode agregar valores à sua empresa, bem como para seus clientes e

fornecedores (ILES et al, 2012).

3.5.2 - Aplicações na Indústria Alimentícia

Uma das principais dificuldades das indústrias de embalagens alimentícias,

no sentido de produzir embalagens biodegradáveis, é atingir a durabilidade da

embalagem com o tempo de prateleira do produto, ou seja, os materiais devem

manter-se estáveis, conservando as propriedades mecânicas e de barreira

durante o armazenamento, enquanto condições ótimas à biodegradação

devem existir após a sua utilização (HAUGAARD et al., 2000).

As aplicações das embalagens biodegradáveis referem-se essencialmente

aos domínios condicionados pelo tempo de vida reduzido, tais como caixa para

ovos, sacos para lixo, recipientes para produtos agrícolas, garrafas, filmes,

talheres descartáveis, copos, pratos e recipientes para alimentos dispensados

em fast–food (CUQ et al., 1997; AURAS et al., 2010). Na Figura 5 são

apresentados alguns exemplos de embalagens alimentícias de PLA.

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(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

Figura 5: Exemplos de embalagens alimentícias biodegradáveis de PLA.

(a), (b) embalagens alimentícias (AURAS et. al., 2010).

(c) Bandeja de PLA (MARKARIAN, 2008).

(d) Garrafa de água Wurld (www.wurld.org.nz, web, 2013).

(e) Embalagem de iogurte (www.packworld.com, web, 2013).

(f) Embalagem de margarina (www.embalagemsustentavel.com.br, web, 2013).

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Conn et al. (1995) avaliaram a aplicabilidade do polilactídio (PLA) em

embalagens alimentícias. Estudos de migração foram realizados em amostras

seguindo as orientações da Food and Drug Administration. Os potenciais de

migrantes do PLA incluem o ácido láctico, lactídio e dímeros. A migração

observada durante os ensaios não representou risco significativo, uma vez que

a migração de espécies é esperada para se converter em ácido láctico, uma

substância alimentar segura. Concluiu-se que o PLA é adequado para

aplicação em embalagens utilizadas em contato com alimentos.

3.5.3 - Permeabilidade

Há fenômenos químicos e físicos envolvidos na embalagem de um material

plástico: processos de difusão e solubilidade que originam a migração e a

permeabilidade. Recorre-se geralmente a teoria da difusão para explicar esses

fenômenos (CASTRO et al., 2002).

A permeabilidade é a transferência de moléculas pequenas chamadas

permeantes ou penetrantes através de uma membrana (VIETH et al. 1972).

Valores altos de permeabilidade são atribuídos às membranas de barreira

pobres, enquanto pequenos valores de permeabilidade são atribuídos às

membranas de barreira ótimas. Os materiais plásticos são relativamente

permeáveis a pequenas moléculas, tais como: gases, vapor de água, vapores

orgânicos (ALMENAR, 2010).

Processos de permeação tem lugar através de uma membrana que separa

duas fases do fluido (gás, vapor ou líquido) com diferentes espécies de

potencial químico. As moléculas do lado com alto potencial químico tendem a

difundir-se através da membrana e equilibrar o potencial químico de ambos os

lados. O processo de permeação em materiais poliméricos contínuos é

realizado por difusão molecular no interior da matriz polimérica. A Figura 6

mostra o esboço do processo de difusão através de uma membrana

(ALMENAR, 2010).

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30

.

Figura 6: Mecanismo de permeação de permeantes de maior concentração (C1) à concentração mais baixa (C2), através de um material polimérico contínuo de

espessura l. Passos: sorção (1), difusão (2), e (3) dessorção (ALMENAR, 2010).

A difusão é um fenômeno controlado pela temperatura, por conseguinte,

acima da temperatura de transição vítrea (Tg) de um polímero, as moléculas da

fase I são primeiro sorvidas neste material e, em seguida, se difundem por

meio do polímero por um processo de movimento aleatório, chamado de

movimento Browniano das cadeias do polímero. Abaixo da Tg o permeante

habita em uma cavidade do polímero por um tempo e, em seguida, efetua um

salto rápido em uma cavidade adjacente (ALMENAR, 2010).

As moléculas se difundem principalmente nas regiões amorfas do

polímero. Após a difusão através da membrana, as moléculas são dessorvidas

a partir da membrana para o lado de baixo potencial químico (Fase II). Para

materiais poliméricos não contínuos, o transporte de agentes infiltrantes

envolve o fluxo através dos poros e, por isso, o fenômeno de solubilidade-

difusão não é o principal mecanismo que lidera o processo de transporte. Adolf

Fick, em 1855, derivou equações gerais do processo de difusão (ALMENAR,

2010).

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31

A transferência de massa que resulta de um movimento molecular natural e

espontâneo, devido a existência de um gradiente de concentração, chama-se

difusão (CASTRO et al., 2002).

Quando o fluxo difusivo não variar ao longo do tempo existe uma condição

de estado estacionário. A matemática da difusão em estado estacionário ao

longo de uma única direção (x) é relativamente simples, pelo fato de o fluxo ser

proporcional ao gradiente de concentração, de acordo com a expressão

(CALLISTER, 2002):

Equação 1: Primeira lei de Fick.

Em que:

J = Fluxo de difusão (kg/m2.s ou átomos/m2.s)

D = Coeficiente de difusão (m2/s)

dC/dx = Gradiente de concentração (kg/m3 ou g/cm3)

A maior parte das situações práticas envolvendo difusão ocorre em

condições de estado não-estacionário, ou seja, o fluxo de difusão e o gradiente

de concentração em um ponto específico no interior de um sólido variam ao

longo do tempo, havendo como resultado um acúmulo ou esgotamento líquido

do componente que se encontra em difusão (CALLISTER, 2002).

Equação 2: Segunda Lei de Fick.

A permeabilidade está ligada à solubilidade do gás na membrana, pressão,

concentração de gás ao longo da membrana, duração do contato, área de

superfície e espessura do material (CASTRO, 2002).

J = -D dC/dX

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3.5.3.1 - Propriedades de barreira

A determinação das propriedades de barreira de um polímero é

fundamental para estimar e prever a vida útil da embalagem e do alimento. O

requisito de barreira específico do sistema embalagem está relacionado com as

características do produto a que se destina e a aplicação final. Geralmente,

plásticos são relativamente permeáveis a moléculas pequenas, tais como

gases, vapor de água, vapores orgânicos e líquidos, contudo, estes materiais

fornecem uma ampla gama de características de transferência de massa

variando de excelente a baixo valor de barreira, o que é importante no caso de

produtos alimentícios. O vapor de água e o oxigênio são dois dos principais

permeantes estudados em aplicações alimentícias, porque eles podem se

transferir a partir de um ambiente externo ou interno, através da parede da

embalagem do polímero, resultando em uma alteração da qualidade do produto

e vida de prateleira (GERMAIN, 1997).

Briasssoulis et al. (2013) utilizaram a técnica equilíbrio de embalagem em

atmosfera modificada (EMAP) em filmes de PLA destinados a embalagens de

tomate, cereja e pêssego. Esta técnica consiste na modificação da película de

embalagem, normalmente através da perfuração, visando regular opticamente

as concentrações de equilíbrio de O2 e CO2. A crescente popularidade do

EMAP para legumes e frutas pode ser explicada pelo comportamento do

consumidor moderno, que exige que estes tipos de produtos alimentícios sejam

frescos, com um longo prazo de validade e sem o uso de conservantes. Os

resultados dos experimentos mostraram uma maior eficiência do sistema

EMAP/PLA no prolongamento do tempo de prateleira de produtos hortalícios

em comparação as matérias-primas não embaladas e mercadorias embaladas

com filme de polipropileno convencional orientado (OPP).

3.5.3.2 - Taxa de permeabilidade ao oxigênio (TPO2)

A propriedade de barreira ao oxigênio, de uma embalagem alimentícia para

produtos frescos, desempenha um papel importante na sua preservação. A

barreira ao oxigênio é quantificada por coeficientes de permeabilidade ao

oxigênio (PO2), que indica a quantidade de oxigênio que permeia por unidade

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de área e hora em um material de embalagem [kg mm-2 s

-1 Pa-1] (SIRACUSA et

al., 2008).

3.5.3.3 - Taxa de permeabilidade ao vapor de água

Propriedades de barreira ao vapor de água para embalagens, cuja

degradação física ou química está relacionada ao seu teor de umidade de

equilíbrio, são de grande importância para manter ou alargar o seu prazo de

validade. A barreira ao vapor de água é quantificada pelo coeficiente de

permeabilidade ao vapor de água (PVA), que indica a quantidade de vapor de

água que permeia por unidade de área e tempo em uma embalagem. Para

produtos alimentícios frescos é importante evitar a desidratação, enquanto que,

para padaria ou delicatessen é importante evitar a penetração de água

(SIRACUSA et al., 2008).

3.6 - Ácido Láctico

O ácido láctico ocorre naturalmente em animais e em micro-organismos,

sendo também encontrado em alimentos naturais e fermentado, tais como

iogurte, soro do leite coalhado, entre outros. É amplamente utilizado em

aplicações alimentícias e como agente emulsificante em produtos de

panificação (STEVENS, 2002).

A descoberta do ácido láctico foi em 1780 pelo químico Carl Wilhelm

Scheele, que isolou o ácido do leite a partir do soro do mesmo (SCHEELE,

1780; DOBBIN, 1931). Uma descrição mais detalhada da história do ácido

láctico feita por Holten e Benninga mostra que a produção industrial deste

polímero teve início nos Estados Unidos em 1880 (HOLTEN et al., 1971;

BENNINGA, 1990). Avery patenteou e aplicou o processo de fermentação de

açúcares vegetais (AVERY, 1881). Em 1950, começou a primeira produção

comercial do ácido láctico no Japão (BENNINGA,1990).

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O ácido láctico pode ser produzido comercialmente por síntese química ou

por fermentação, porém a rota por fermentação é a mais utilizada. Neste

método as matérias–primas do açúcar, tais como dextrose (glicose) são obtidas

a partir de fontes tais como beterraba (sacarina) ou da cana de açúcar ou por

meio da conversão do amido. O ácido láctico é recuperado a partir do caldo da

fermentação e purificado por um processo de múltiplos passos, que

representam uma parte importante dos custos de produção (STEVENS, 2002).

3.6.1 - Propriedades Físicas do Ácido Láctico

O ácido 2- hidroxipropanóico apresenta a fórmula estrutural plana H3C-CH-

(OH)-COOH e a fórmula molecular C3H6O3. No entanto, existem duas

substâncias distintas que têm essa fórmula estrutural plana, as quais possuem

um desvio da luz polarizada – uma é a dextrógira e outra é a levógira. Para

diferenciá-las, devemos recorrer às fórmulas estruturais espaciais (COVRE,

2000).

Figura 7: Fórmulas estruturais espaciais do ácido láctico (D-láctico e L- láctico) (COVRE, 2000).

Estes dois isômeros ópticos são denominados enantiômeros,

enantiomorfos ou antípodas ópticos (opostos opticamente). A mistura

equimolar dos enantiômeros (50% do dextrógiro + 50% do levógiro) é

denominada mistura racêmica, a qual não desvia o plano de luz polarizada,

pois metade desvia para a direita, metade desvia para esquerda e a soma dos

dois é nula. No caso do ácidos 2-hidroxipropanóico, denominado ácido láctico,

têm-se os valores da Tabela 2 (COVRE, 2000).

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Tabela 2: Ponto de fusão e ângulo de desvio do ácido láctico. Fonte: (COVRE, 2000).

Ácido PF/°C Ângulo de desvio/°

d- láctico 52,8 + 3,8

l - láctico 52,8 - 3,8

Láctico

racêmico

16,8 0

3.7 - Poli (ácido láctico) (PLA)

Polímeros baseados no ácido láctico se enquadram na categoria de

polímeros mais promissora dentre os polímeros feitos a partir de fontes

renováveis (SODEGARD et al., 2002). O PLA é um polímero versátil,

compostável, com transparência elevada e boa processabilidade. A

biodegradação e as propriedades mecânicas e térmicas do PLA são

largamente dependentes da distribuição dos dois estereoisômeros no interior

da cadeia polimérica. Polímeros com alto teor de L-isômeros apresentam alta

cristalinidade, enquanto um maior nível do isômero D (> 15%) resulta em

polímeros amorfos. Assim, produtos de PLA comercial são semicristalinos com

alta temperatura de fusão cristalina (180°C) e temperatura de transição vítrea

em torno de 55 e 60 °C (MAHARANA et al., 2009). Compreender o

comportamento de cristalização é particularmente importante para controlar a

taxa de degradação do PLA, resistência térmica, bem como as propriedades

óticas mecânicas e de barreira (SAJJAD et al., 2012).

3.7.1 - Degradação do PLA

O mecanismo principal de degradação do PLA inclui a hidrólise química e a

biodegradação (PITT et al., 1982; FUKUSAKI et al., 1989). O PLA de alta

massa molar é um polímero hidrofóbico e sua hidrofilicidade aumenta com a

diminuição da massa molar devido à hidrólise química (OSEKI et al., 1990). Os

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fatores que afetam a hidrólise química do PLA são a temperatura, autocatálise,

causada por grupos carboxílicos finais na cadeia polimérica, e difusão de água

na matriz polimérica (TORRES et al., 1996).

A hidrólise química procede em três etapas importantes: 1° difusão da água

no interior do material (inicialmente nas regiões amorfas); 2° fragmentação do

material para PLLA; 3° hidrólise mais extensiva acompanhada de difusão e

metabolismo (MAHARANA et al., 2009). A Figura 8 mostra o esquema de

hidrólise do PLA.

Figura 8: Hidrólise do PLA (LUNT, 1998).

Em geral, a cisão da cadeia principal do PLA ocorre na região em que se

encontram as ligações éster, levando a formação de oligômeros. Assim, o

número de oligômeros após a cisão da cadeia irá depender do número de

ligações éster presentes na cadeia principal do PLA. Normalmente a

biodegradação também ocorre em três etapas: na 1° etapa ocorre

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despolimerização; na 2° etapa o PLA produz o ácido láctico; e na 3° etapa o

ácido láctico se decompõe em CO2 e H2O na presença de uma enzima

produzida pelos micro-organismos (MAHARANA et al., 2009).

Jamshidi et al., (1988) utilizaram várias técnicas de caracterização, tais

como calorimetria exploratória diferencial (DSC), análise por infravermelho

(FTIR) e termogravimétrica (TGA) para estudar o comportamento de

degradação de polilactídios sob diferentes condições. Os polilactídios foram

considerados altamente sensíveis ao calor, especialmente em temperaturas

superiores a 190°C e a maioria das reações de degradação envolveram as

ligações éster concentradas na cadeia principal. Estas reações incluíram

termohidrólise, despolimerização e transesterificações intramoleculares e

intermoleculares. Os compostos de baixa massa molar associados com o

polímero, tais como água, monômeros, oligômeros e catalisadores, assim como

o grupo terminal hidroxila, desempenharam um papel importante na redução da

massa molar a altas temperaturas. A remoção dos conteúdos não poliméricos e

o bloqueio do grupo hidroxila terminal aumentaram a estabilidade térmica do

PLA. O aumento da quantidade de catalisador no produto final contribuiu para a

ocorrência das reações de degradação.

3.7.2 - Aditivos, blendas, compósitos e nanocompósitos em PLA

O PLA e outros biopolímeros apresentam uma fraca resistência ao impacto

e ao rasgo, como mostra a Figura 9. A fragilidade do PLA pode ser reduzida

através da sua combinação com plastificantes tais como glicerol, sorbitol ou

outros poliésteres degradáveis. Por exemplo, resinas Ecovio da BASF são uma

combinação de PLA com Ecoflex, um copoliéster alifático e aromático derivado

do petróleo (MARKARIAN, 2008).

Os plastificantes são miscíveis com PLA a 25% em peso. Um aspecto

negativo da utilização dos plastificantes é a diminuição das propriedades de

barreira do PLA (ALMENAR et al., 2010).

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Figura 9: Fragilidade do PLA quando comparado com a maioria dos polímeros de

origem petroquímica (MARKARIAN, 2008).

O PLA tem sido cada vez mais utilizado em aplicações que não requerem

altas temperaturas de uso, tais como embalagens refrigeradas de alimentos,

porém, os pesquisadores estão procurando maneiras de melhorar a resistência

à temperatura deste polímero. A Nature Works relata que as fibras de celulose

podem aumentar a resistência ao calor do PLA. Aditivos, tais como agentes de

nucleação, podem ocasionar ligeiro aumento na resistência ao calor. A

indústria de biopolímeros tem uma contínua necessidade de fornecer uma

gama completa de produtos que atendam diferentes desempenhos. Há muito

espaço para o crescimento de polímeros e aditivos de diferentes tipos

(MARKARIAN, 2008).

O uso de aditivos na produção de um polímero com propriedades ótimas

para determinadas aplicações específicas é limitado pela exigência das

características de uso necessárias. Em embalagens alimentícias, somente

substâncias não tóxicas aprovadas para o contato com alimentos podem ser

usadas, neste contexto, embalagens com antioxidantes é uma abordagem

promissora para prolongar a vida útil, melhorar a segurança e propriedades

sensoriais, mantendo a qualidade dos alimentos (GONÇALVES et al., 2013).

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39

A incorporação de antioxidantes como AT (a–tocoferol), BHT (Butil-

hidroxitolueno) e TBHQ (Terc–butil–hidroquinona) com concentrações de 2, 4 e

10 wt % em filmes de PLA, melhorou as propriedades de barreira em relação a

filmes de PLA puro, no entanto, na maioria dos estudos nesta área, pequenas

quantidades de antioxidantes são adicionadas, uma vez que as propriedades

de permeação a gases desses filmes são fortemente dependentes da

compatibilidade entre a matriz do polímero e dos antioxidantes adicionados

(GONÇALVES et al., 2013).

Uma abordagem para aumentar a capacidade de utilização do PLA é

adicionar fibras como reforço na matriz polimérica, a fim de reduzir custos e

melhorar propriedades. Fibras naturais têm sido muito utilizadas em

compósitos com PLA, as quais podem ser divididas em vegetais (algodão,

linho, sisal, etc.), animal (lã, seda, etc.) e fibras minerais. Dessas fibras, as

mais utilizadas são as vegetais (ISLAM, 2008).

Nanocompósitos de polímeros são uma classe de polímeros reforçados

produzidos pela incorporação de materiais em escala nanométrica (<100 nm),

tais como nanotubos de carbono, nanofibras e silicatos em camadas

(principalmente a montimorilonita). De acordo com a literatura, as limitações do

uso do PLA em embalagens para alimentos, tais como fracas propriedades de

barreira, podem ser superadas pela mistura do polímero com enchimentos em

nanoescala (SINHA, 2005).

RHIM et al. (2008), relataram um aumento do vapor de água do PLA

misturado com nanoargilas. Nesse trabalho foi sugerido que há um grande

potencial para filmes de nanocompósitos de PLA em aplicações de

embalagens de alimentos e bebidas. A natureza do efeito positivo dos

nanocompósitos sobre a permeabilidade do polímero está na capacidade das

partículas de argila agir como elementos de barreira (GIANNELIS, 1999; YANO

et al., 1997).

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A copolimerização em blocos do PLLA com outros poliéteres ou blendas

com outros polímeros pode ser feita para controlar a degradação através da

variação da taxa de cristalinidade (MARTIN et al., 2001; TSUJI et al., 1998).

Blendas de PLA com amido são frequentemente utilizadas para aumentar a

biodegradabilidade e reduzir custos. A concentração do amido na blenda PLA-

amido é um parâmetro determinante nas propriedades mecânicas da mesma. A

resistência à tração e o alongamento diminuem à medida que se aumenta a

concentração de amido. A fragilidade da blenda PLA/amido é uma grande

desvantagem em muitas aplicações e, para solucionar este problema, uma

série de plastificantes de baixa massa molar são utilizados (NAMPOOTHIRI et

al., 2010).

3.8 - Rotas de Síntese do PLA

O PLA pode ser produzido por diferentes rotas, como mostra a Figura 10.

Comercialmente, o PLA é sintetizado por meio da polimerização por abertura

do anel (ROP) do monômero lactídeo (MAHARANA et al., 2009).

Figura 10: Rotas para obtenção do poli (ácido láctico) (LASPRILLA et al., 2012).

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3.8.1 - Síntese por Policondensação

O PLA preparado por meio da policondensação possui uma baixa massa

molar e propriedades mecânicas que não são adequadas para determinadas i

aplicações. O interesse comercial para resolver este problema tem aumentado

por causa das abordagens custo-benefício nas indústrias de polímero, à base

do ácido láctico, com alta massa molar (SODEGARD, 2002).

A polimerização por condensação consiste na condensação sucessiva de

grupos funcionais reativos existentes nos materiais iniciais, aumentando o

tamanho das moléculas até estas atingirem o tamanho de uma cadeia

polimérica. A massa molar aumenta com o tempo de reação e os grupos

funcionais são reativos entre si. Não há necessidade da adição de iniciadores

para começar a reação (CANEVAROLLO, 2002).

A presença de um catalisador normalmente reduz as barreiras de energia

de ativação, facilitando a reação e, portanto, obtendo-se uma molécula de

maior massa molar do que a formada pela reação não catalisada

(CANEVAROLLO, 2002).

De um ponto de vista químico, o ácido láctico pode formar o PLA através de

uma reação entre os seus grupos ácido carboxílico e hidroxila (SODEGARD et

al., 2002). O primeiro passo é a formação de um dímero linear. A reação de

policondensação prossegue com a formação de mais oligômeros e a remoção

da água. Dímeros cíclicos (lactídeo) são formados em pequenas quantidades

por esterificação intramolecular do ácido láctico ou por decomposição de

oligômeros superiores (GROOT et al., 2010). As reações são mostradas na

Figura 11.

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Figura 11: Reações de condensação do ácido láctico: troca entre lactídeo,

oligômeros e poli (ácido láctico) (GROOT et al., 2010).

A remoção de água torna-se mais difícil e pode ser determinante na

produção de um PLA de alta massa molar, devido ao aumento da viscosidade

na mistura reacional. Por meio da aplicação do vácuo, a remoção da água

pode ser melhorada, no entanto, durante a policondensação do ácido láctico,

outras reações laterais também podem ocorrer, tais como transesterificação,

resultando em estruturas em anel de diferentes tamanhos (KEKI et al., 2001).

Essas reações secundárias têm uma influência negativa sobre as propriedades

do polímero, uma vez que diminuem a massa molar média do mesmo

(SODEGARD et al., 2002).

A formação do lactídeo não pode ser excluída, mas para suprimir sua

formação e aumentar o rendimento da reação, o lactídeo pode ser devolvido à

mistura reacional. Um condensador parcial (condensador de refluxo) pode ser

utilizado para reciclar o lactídeo de volta à mistura reacional (SODEGARD et

al., 2002).

A formação do lactídeo se torna substancial quando a reação está

submetida a elevadas temperaturas (>200°C). Porém, conduzir a

policondensação a baixas temperaturas tem um efeito negativo sobre a

remoção da água, que deve ser tão elevada quanto possível, sem permitir que

ocorram reações de transesterificação (SODEGARD et al., 2002).

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A policondensação direta é realizada em três estágios: 1) remoção da água

livre; 2) policondensação do oligômero e 3) policondensação em estado fundido

do PLA. Na primeira e na terceira etapa, a remoção de água é um passo

determinante na velocidade da reação. Para a segunda etapa é importante o

catalisador utilizado (AURAS et al., 2010). A policondensação direta do ácido

láctico em massa não é aplicada em grande escala, devido à competitiva

reação de formação do lactídeo e à simultânea ocorrência do processo de

degradação (DUTKIEWICZ et al., 2003).

Alguns progressos foram realizados e polímeros com alta massa molar têm

sido obtidos por uma sequencial policondensação em estado sólido (4° estágio)

após a policondensação no estado fundido (MOON et al., 2000). No quarto

estágio, o PLA é resfriado a partir de sua temperatura de fusão, muitas vezes

seguida da formação de partículas e, em seguida, é submetido a um processo

de cristalização (LASPRILLA et al., 2012).

Visando superar os problemas da policondensação direta através da

manipulação do equilíbrio entre ácido láctico, água e poli (ácido láctico), um

solvente orgânico ou agente de ramificação multifuncional (dipentaerythritol) foi

usado, resultando em um polímero em forma de estrela (KIM, 1999). O ácido

láctico pode ser policondensado na presença de monômeros difuncionais (dióis

ou diácidos) e o pré-polímero resultante têm os mesmos grupos terminais no

final da cadeia, sendo chamado de pré-polímero telequélico (HILTUNEN,

1996).

Extensores de cadeia são muito eficazes para atingir uma elevada massa

molar em polímeros à base de ácido láctico na policondensação (GU et al.,

2008). Este método consiste em tratar polímeros de baixa massa molar com

extensores de cadeia, que ligam o pré-polímero de baixa massa molar com o

polímero de elevada massa molar. Gu et al. (2008), obtiveram um polímero

com massa molar de 27500 gmol-1, após 40 min da utilização do extensor de

cadeia a 180 °C, quando 1-6-hexametileno diisocianato foi utilizado como

extensor de cadeia (LASPRILLA et al., 2012).

A desidratação azeotrópica é um método direto para síntese do PLA de alta

massa molar (GARLOTTA, 2001). Nesta rota, a remoção da água formada na

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reação é relativamente fácil e um PLA de maior massa molar é obtido (AURAS

et al., 2010). Kim e Woo (2002) obtiveram um PLA de Mv igual a 33000 através

da desidratação azeotrópica a 138 °C durante 48-72 h, usando o m-xileno

como solvente.

A polimerização enzimática surge como uma das alternativas mais viáveis

para a produção de poliésteres livres de metais (KOBAYASHI et al., 2001;

VARMA et al., 2000). Esta metodologia pode fornecer um controle adequado

do processo de polimerização (CHENG et al., 2009), mas há poucas

informações na literatura sobre a polimerização enzimática. Chanfreau et al.

2010, relatou a síntese enzimática do poli-L-lactídio utilizando um líquido iônico

(1-hexil-3-etilimidazoliumhexafluorfosfato [HMIM] [PF6]) mediada pela enzima

lipase B a partir da Candida antarctica. O maior rendimento de PLLA (63%) foi

obtido a 90°C com uma massa molar de (Mn) igual a 37,89103 g/mol

(CHANFREAU et al., 2010).

Moon et al. (2000) estudaram vários catalisadores metálicos á base de Ge,

Sb, Zn, Fe, Al, Ti, e Sn na reação de policodensação do PLA. Em relação a

massa molar, o catalisador mais eficiente foi SnO, porém, o rendimento obtido

foi inferior a 40% na temperatura de 180°C (20h). Quando o ácido p-

toluenosulfônico foi utilizado como co-catalisador com o SnCl2 a eficiência foi

melhorada e massas molares acima de 100.000g/mol (obtidas por GPC e

padrões de poliestireno em clorofórmio a 35°C) foram atingidas em 15h de

policondensação.

Kim et al. (2001) relataram que a policondensação do ácido láctico ocorre

de maneira similar à esterificação de um diácido com um diol. A massa molar

do polímero aumentou proporcionalmente com o tempo de reação. Durante a

policondensação, a água foi produzida como subproduto, sendo importante a

escolha de uma melhor técnica para remover a água de maneira eficiente, do

meio reacional. Apesar da existência de várias técnicas de desidratação, tais

como, aumento da velocidade de agitação durante a reação, redução da

pressão e introdução de atmosfera inerte em gás nitrogênio, tais técnicas

possuem limitações para remoção de água, uma vez que a viscosidade da

mistura reacional aumenta com o aumento da massa molar.

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Chen et al. (2006) tentaram controlar melhor as condições operacionais do

processo de policondensação para sintetizar um PLA de alta massa molar por

meio do controle dos seguintes parâmetros, com auxilio do software MINITAB:

tempo de esterificação (ET), tempo de descompressão (DCT) e tempo de

polimerização (PT). O efeito de interação entre os parâmetros não pôde ser

analisado por insuficiência de dados. A seguinte equação, em função de (ET),

(DCT) e (PT), foi obtida para a massa molar Mw:

Mw = -141, 964 + 23, 304 (ET) + 25, 804 (DCT) +536 (PT), Equação 3.

Maharana et al. (2009) sugeriram a realização de um planejamento

composto central para analisar o efeito de parâmetros, tais como: quantidade

de catalisador, tempo da policondensação no estado fundido, quantidade de

LLA, entre outros, dentro de um intervalo especificado na síntese do PLLA.

Lasprilla (2011) utilizou a técnica de policondensação direta para sintetizar

o PLA e obteve um poliéster termoplástico semicristalino com Tg e Tm de

aproximadamente 48°C e 142°C, respectivamente. A temperatura utilizada foi

de 200°C durante 4horas na segunda etapa da reação, seguido de 160 °C e

tempos maiores (6, 8, 12 e 24h) na terceira etapa.

O sistema de polimerização montado está representado na Figura 12. As

análises foram realizadas com o polímero em seu estado bruto, ou seja, sem

ter passado pelo processo de precipitação.

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Figura 12: Sistema experimental para polimerização do PLA. (1) Reator de

polimerização, (2) Manta de aquecimento, (3) Gás inerte, (4) Controlador de

temperatura, (5) Agitador, (6) Trap de condensado, (7) condensador, (8) Trap fria, (9)

Bomba a vácuo.

3.8.2 - Polimerização por abertura de anel (ROP)

Para obter uma alta massa molar, a polimerização por abertura de anel é a

rota mais comumente utilizada (AURAS, 2010). Neste tipo de rota de

polimerização parte-se de um dímero cíclico na forma de um anel que funciona

como unidade monomérica. Através da abertura desse anel tem-se a geração

da bifuncionalidade, que possibilita a formação da cadeia polimérica por meio

da reação com outras unidades monoméricas (CANEVAROLLO, 2002).

A polimerização por abertura de anel inclui a policondensação do ácido

láctico, seguido de uma despolimerização para o dímero cíclico desidratado, o

lactídeo, o qual pode ser polimerizado por abertura de anel em polímeros de

alta massa molar (KLEINE et al., 1959). A Figura 13 mostra o processo de

polimerização e despolimerização do PLLA.

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Figura 13: Comportamento de polimerização e despolimerização do PLLA (MOTOYAMA et al., 2007).

A despolimerização ocorre com o aumento da temperatura de

policondensação, redução da pressão e destilação do lactídeo produzido

(SODEGARD, 2002). Alguns principais produtores de PLA, como a Cargill Dow

(Nature Works LLC) e a Shimadzu, produzem PLA com massa molar variada

por ROP. A polimerização por abertura do anel com o catalisador Sn(Oct)2, com

concentração de 100 – 1000 ppm, fornece um PLA com massa molar até 106

Da, na faixa de temperatura de 140 °C - 180 °C, de 2 a 5 horas (DRUMRIGHT

et al., 2000).

A ROP pode ser conduzida por polimerização em solução, polimerização

em massa, polimerização no estado fundido e polimerização em suspensão

(NIEUWENHUIS, 1992). O mecanismo de polimerização envolvido na abertura

de anel pode ser iônico, por coordenação ou por radicais livres, dependendo do

catalisador utilizado (PENCZEC, 2000; SPASSKY, 1995).

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Peng et al. (2013) estudaram o efeito da utilização de catalisadores não

metálicos, à base de ácido sulfônico, na policondensação no estado fundido

seguida da policondensação no estado sólido (MP/SSP). Verificou-se que o poli

(ácido-L-láctico) (PLLA), obtido pela (MP/SSP), possui uma estabilidade

térmica inferior ao obtido pela polimerização por abertura do anel (ROP),

devido à presença de Sn (II) residual que fica no PLLA. A utilização do ácido

sulfônico não mostra diminuição da estabilidade térmica e para a síntese do

PLLA pela (MP/SSP), uma variedade de catalisadores a base de ácido

sulfônico podem ser utilizados. Entre esses catalisadores não metálicos o ácido

1,3-propanodisulfônico (PSA) e o ácido 1,5-naftaleno-dissulfônico (NSA)

exibiram uma satisfatória reatividade catalítica e resultaram em PLLAs com

excelente estabilidade térmica além de alta massa molar. A temperatura de

decomposição foi aumentada em comparação à obtida pelo PLLA catalisado

por SnCl2. A estabilidade térmica foi comparável à do PLLA obtido por ROP.

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4- Materiais e Métodos

4.1- Materiais

Os produtos químicos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho

estão listados na Tabela 3.

Tabela 3: Produtos químicos utilizados para obtenção do PLA.

Produto Fornecedor MM (g/mol) Características

Ácido L-

Láctico

Synth

90,08

85%

Octoato de

estanho

Sigma - Aldrich

-

95%

Álcool etílico

absoluto

Synth

46,07

P.A.

Classe 3

Clorofórmio

PA

Cromato

Produtos

Químicos LTDA

119,38

ONU: 1888

Hidróxido de

sódio

Pro-químios

40,9

Lentilhas

PLA comercial Pellets

Para a montagem do sistema experimental de bancada para polimerização

do PLA utilizou-se os seguintes equipamentos:

Manta aquecedora e agitador, ambos da marca Fisatom;

Controlador de temperatura do tipo PID conectado ao termopar;

Bomba de vácuo Prismatec com vazão de 53 a 58L/min e potência de

200W;

Vidraria: Balão de três bocas, balão de duas bocas, condensador de

bolas, Kitassatos e conectores.

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4.2- Métodos

4.2.1 – Obtenção do PLA

O esquema do processo de obtenção do Poli (ácido láctico) (PLA) está

descrito na Figura 14. Para a polimerização do PLA utilizou-se a

policondensação direta que é dividida em três estágios: 1° estágio (retirada da

água), 2° estágio (policondensação do oligômero) e 3° estágio (polimerização

em estado fundido do PLA). Ao final do terceiro estágio obteve-se o PLA em

seu estado bruto, o qual continha muitas impurezas, sendo necessário

submetê-lo a um processo de precipitação para obtenção do polímero na forma

de pó. Com o PLA na forma de pó realizou-se algumas análises para

caracterizá-lo, tais como microscopia eletrônica de varredura, espectroscopia

na região do infravermelho, calorimetria exploratória diferencial e cromatografia

por exclusão de tamanho. Corpos de prova foram fabricados visando avaliar a

utilização do polímero sintetizado na área de embalagens alimentícias.

Figura 14: Esquema do processo de obtenção do PLA.

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Para otimização do sistema de polimerização do PLA, um delineamento

composto central rotacional (DCCR) foi desenvolvido. Este tipo de

planejamento consiste de:

⟡ uma parte do planejamento referente ao planejamento fatorial 2n;

⟡ ensaios axiais ou estrela 2n (onde n é o número de fatores ou variáveis);

⟡ ensaios no ponto central.

O tempo de desidratação, a temperatura de desidratação, o tempo de

esterificação e a temperatura da policondensação no estado fundido estão

entre as variáveis possíveis de serem estudadas no processo (MAHARANA et

al., 2009; LASPRILLA, 2011). O tempo total de síntese e a quantidade de

catalisador foram as variáveis escolhidas, visando alcançar um maior controle

durante os experimentos realizados e diante das condições disponíveis do

sistema (equipamentos e tempo de permanência no laboratório).

O tempo total de síntese corresponde à soma do tempo em que a mistura

reacional passou no segundo e terceiro estágios da policondensação direta.

Diferentes percentuais de catalisador (octoato de estanho) foram adicionados

apenas no segundo estágio da síntese dentro dos limites aceitáveis pela FDA

(Food and Drug Administration) um órgão governamental dos Estados Unidos

da América responsável pelo controle de alimentos, suplementos alimentares,

medicamentos, cosméticos, equipamentos médicos, materiais biológicos e

produtos derivados. O percentual máximo de octoato de estanho que a FDA

aceita em aplicações alimentícias é o de 1%, no entanto, trabalhou-se com

percentuais de catalisador inferior a este limite, tendo em vista que trabalhos

anteriores relatam que em elevadas concentrações o octoato de estanho, pode

iniciar alguns mecanismos de degradação.

Dessa forma, como foram estudados dois fatores (tempo total de síntese e

percentual de catalisador) realizou-se 11 experimentos (2(2) + 2(2) + 3 = 11). A

distância entre os pontos centrais e os demais pontos do planejamento foi

calculada através da Equação 4:

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(2)n/4 (em que = 1,41), Equação 4.

Estabeleceram-se os tempos máximo e mínimo de síntese (8h e 4h), assim

como também os percentuais máximo e mínimo (0,1% e 0,5%) de catalisador a

serem variados no processo, visando obter os dados da Tabela 4. A Tabela 5

mostra o tempo total de síntese utilizado no segundo e terceiro estágios.

Tabela 4: Condições para otimização do sistema.

Variáveis - 1,41 -1 0 1 + 1,41

Tempo (h) 3,2 4 6 8 8,8

Catalisador (%) 0 0,1 0,3 0,5 0,6

Tabela 5: Tempos de síntese utilizados no segundo e terceiro estágios.

Experimentos 2° estágio tempo

em (h)

3°estágio tempo

em (h)

Tempo total de

síntese (h)

1 2 2 4

2 4 4 8

3 2 2 4

4 4 4 8

5 1,6 1,6 3,2

6 4,4 4,4 8,8

7 3 3 6

8 3 3 6

9 3 3 6

10 3 3 6

11 3 3 6

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Os níveis utilizados para as variáveis estudadas, e seus respectivos valores

reais, como também o planejamento composto central desenvolvido estão

mostrados na Tabela 6.

Tabela 6: Planejamento estrela com duas variáveis (tempo e quantidade de catalisador) e três pontos centrais.

Experimentos

Variáveis Codificadas Variáveis Reais

Tempo

(h)

Catalisador Tempo

(h)

Catalisador

(%) (%)

1 -1 -1 4 0,1

2 +1 -1 8 0,1

3 -1 +1 4 0,5

4 + + 8 0,5

5 -1,41 0 3,2 0,3

6 +1,41 0 8,8 0,3

7 0 -1,41 6 0

8 0 +1,41 6 0,6

9 0 0 6 0,3

10 0 0 6 0,3

11 0 0 6 0,3

A Tabela 6 mostra as variáveis independentes utilizadas no planejamento

fatorial, o tempo total de síntese e o percentual de catalisador. As variáveis

dependentes, também chamadas de variáveis resposta, foram as temperaturas

de transição térmica e o percentual de cristalinidade dos polímeros

sintetizados. Os valores obtidos para as variáveis resposta assim como a

matriz completa do planejamento constam no item de resultados e discussão.

O sistema experimental de bancada utilizado para polimerização do PLA foi

montado no Laboratório de Síntese Química de Materiais do Departamento de

Engenharia de Materiais da UFRN. A Figura 15 mostra o sistema.

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54

Figura 15: Sistema de bancada para polimerização por condensação do PLA. (1)

Manta de aquecimento, (2) Controlador de temperatura, (3) Reator de polimerização,

(4) Agitador, (5) Trap do condensado, (6) Condensador, (7) Trap fria, (8) Trap fria, (9)

Bomba a vácuo.

A preparação do PLA a partir do ácido láctico por condensação direta foi

dividida em três estágios de acordo com Auras et al., (2010): a) remoção do

teor de água livre, b) policondensação do oligômero e c) polimerização no

estado fundido do PLA.

Para o primeiro estágio (retirada de água) utilizou-se a pressão da bomba

de vácuo de 100 mmHg, à temperatura de 140°C por 1h. Para converter o

ácido láctico em PLA, inicialmente é necessária a remoção de água livre, cuja

evaporação requer um sistema com boa transferência de calor (AURAS et al.,

2010).

No segundo estágio o ácido láctico é convertido em PLA de baixa massa

molar. Esta fase é afetada pelo catalisador utilizado e a remoção de água não é

crítica devido à baixa viscosidade da mistura reacional (YOO et al., 2005).

Nesta etapa, a pressão da bomba de vácuo foi reduzida para 30 mmHg e a

temperatura foi elevada para 185°C. O catalisador octoato de estanho foi

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55

adicionado neste estágio. O tempo, assim como o percentual de catalisador

adicionado, foram variados como mostra as Tabelas 5 e 6 respectivamente.

No terceiro estágio, a remoção de água torna-se crítica em virtude do

aumento da viscosidade da massa da reação (AURAS et al., 2010). A pressão

da bomba de vácuo foi mantida em 30 mmHg e a temperatura foi reduzida para

160°C. O tempo de policondensação variou de acordo com a Tabela 5.

4.2.1.1 - Precipitação do PLA

O polímero bruto obtido da síntese por policondensação direta foi quebrado

(20g) e dissolvido em 60 mL de clorofórmio. Em seguida, a solução polimérica

foi precipitada com álcool etílico até a solução ficar turva. Esperou-se 24h para

a completa precipitação do polímero e, após este período, a amostra foi filtrada

utilizando-se um erlenmeyer, funil e papel de filtro. O material remanescente no

papel de filtro foi colocado ainda úmido em um recipiente de vidro e posto para

secar na capela. A Figura 16 mostra o processo de precipitação.

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56

Figura 16: Processo de precipitação do PLA.

4.2.2 – Caracterizações

4.2.2.1 - Viscosimetria

A norma ASTM D4603 – 03 foi utilizada para determinação da viscosidade

inerente por meio de um viscosímetro capilar de vidro. Esta propriedade é

determinada pela medida do tempo de escoamento da solução polimérica, com

concentração conhecida e pelo tempo de escoamento do solvente puro em um

viscosímetro capilar, a uma temperatura fixa de 30°C. O viscosímetro utilizado

foi o Ubbelohde 1B e o sistema montado para caracterização está

representado na Figura 17.

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57

Figura 17: Sistema montado para caracterização por viscosimetria: (1) viscosímetro,

(2) multímetro, (3) clorofórmio (solvente), (4) soluções (clorofórmio+polímero).

A viscosidade específica foi calculada pela equação abaixo:

ηSP = (t-t0)/t0, Equação 5.

Em que t é o tempo de escoamento da solução polimérica e t0 o tempo de

escoamento do solvente. A partir da razão entre a viscosidade específica e a

concentração da solução (ηSP/c), traçou-se um gráfico em função da

concentração da solução.

Extrapolando-se as duas retas para concentração zero, obteve-se a

viscosidade intrínseca [η]. Finalmente, determina-se a Mv, aplicando-se a

Equação 6 de Mark-Houwink – Sakurada (Canevarollo Jr., 2002):

[η] = K * (Mv) a, Equação 6.

Em que K e a são constantes com valores respectivamente de 0,0131 e

0,777, para o clorofórmio a 30°C.

3 1

4

2

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58

4.2.2.2 - Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR)

A análise por espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier

foi realizada com espectrômetro tipo Bomem-Michelson, no modo

transmitância, modelo MB-102, com pellets de KBr, operando na faixa do

infravermelho médio (4000 cm-1 a 200 cm-1), pois nesta região as bandas de

absorção são características de movimentos localizados de pequenos grupos

de átomos (GUILLIOD, 2005).

4.2.2.3 - Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A análise por microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi realizada no

equipamento tipo TM3000/Espectrômetro de energia dispersiva de raios-x

SwiftED – 3000, operando com uma voltagem de 15 kV. Para amostras que

não são condutoras é necessário torná-las condutoras, através de vários

processos físicos, como evaporação ou deposição de íons. No porta amostra

do MEV utilizado neste trabalho foi colocado uma fita de carbono sobre o

mesmo e, por este motivo, não foi necessário o recobrimento das amostras.

4.2.2.4 - Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

A análise pela técnica de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) foi

realizada em um equipamento Mettler Toledo modelo 823e. Realizaram-se,

para cada amostra, dois aquecimentos no intervalo de varredura de 20 a

200°C, com uma taxa de aquecimento de 10°C/min e um resfriamento até

20°C, com taxa de 10 °C/min, sob atmosfera de nitrogênio. A partir da

varredura do segundo aquecimento, avaliaram-se os valores da temperatura de

transição vítrea (Tg), temperatura de cristalização (Tc) e temperatura de fusão

cristalina (Tm) dos polímeros sintetizados. A partir da área de cada pico

calculou-se a entalpia de fusão (ΔHm) e a entalpia de cristalização (ΔHC). Para

o cálculo do grau de cristalinidade (Xc) das amostras considerou-se a relação

descrita pela Equação 7 (LASPRILLA, 2011).

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Xc = (ΔHm - Hc /ΔH100%)x 100%, Equação 7.

Em que : ΔH100% = 93,7 J/g (*)

(*) Entalpia de fusão supondo que o PLA é 100% cristalino.

4.2.2.5 - Cromatografia por Exclusão de Tamanho (SEC)

A análise de cromatografia por exclusão de tamanho (SEC) foi realizada

com colunas do tipo KF 806M Shodex (3), um detector de índice de refração e

viscosimétrico. O solvente utilizado foi o THF a 40°C e a concentração da

amostra foi de 10 mg/mL.

4.2.2.6 - Prensagem de corpos de prova

A prensagem dos corpos de prova foi realizada através da moldagem por

compressão, em uma prensa da marca Emic, em que a pressão pode variar de

0 – 24000 Kgf. Neste processamento, o polímero em pó (0,5 g) foi depositado

na cavidade inferior do molde aberto. Após a etapa de alimentação, acionou-

se a prensa, de maneira que o molde foi fechado, juntamente com o material a

uma temperatura pré-estabelecida, de acordo com a temperatura de fusão

cristalina (Tm) do polímero. A pressão utilizada foi de 10500 Kgf durante 2

minutos. Para polímeros termoplásticos, o molde deve permanecer fechado até

que todo o material esteja totalmente amolecido (para polímeros amorfos) ou

fundido (para polímeros semicristalinos). Passado um tempo de permanência

do polímero, o molde é então aberto e o corpo de prova retirado. A Figura 18

mostra a prensa utilizada para obtenção dos corpos de prova.

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60

Figura 18: Prensa utilizada no processamento dos corpos de prova.

4.2.2.7 – Teste Gravimétrico

Um teste gravimétrico foi aplicado para analisar a absorção de água nos

corpos de prova produzidos, através de um acompanhamento das evoluções

das massas das amostras imersas em água. No decorrer da realização do

teste, o aumento da massa de cada corpo de prova foi calculado a partir da sua

massa inicial (minicial), com relação à massa do corpo de prova imerso após 24

horas (mt) como mostrado na Equação 8.

Aumento de massa (%) = (mt – minicial) / ( minicial)x 100, Equação 8.

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61

O teste foi realizado a uma temperatura de 21°C, utilizando corpos de prova

do polímero sintetizado e do poli (ácido-láctico) comercial, com medidas de

área aproximadamente de 10,93 cm2 e 11,40 cm2, respectivamente e

espessuras de aproximadamente 0,215 mm e 0,124 mm, respectivamente. Os

corpos de prova foram imersos em 400 mL de água destilada dentro de um

béquer com capacidade para 1000 mL durante 24 h.

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5- Resultados e Discussão

5.1 - Viscosimetria

A caracterização por viscosimetria foi realizada com o polímero em seu

estado bruto, sendo utilizada para servir como base na seleção da coluna da

análise de cromatografia por exclusão de tamanho (SEC), uma vez que através

dessa análise obteve-se a massa molar viscosimétrica média de alguns

polímeros sintetizados. A partir da viscosidade intrínseca obtida por

extrapolação das retas para concentração zero, obteve-se a massa molar

viscosimétrica média (Mv), utilizando a Equação 6: [η] = K * (Mv) a. Os valores

de Mv obtidos estão listados na Tabela 7.

Tabela 7: Resultados das massas molares viscosimétricas médias.

PLA

Tempo (h)

Catalisador (%)

Massa molar

viscosimétrica média (Mv)

em g/mol

1 4 0,1 912,36

2 8 0,1 1889,92

4 8 0,5 2178,73

8 6 0,6 1169,65

9 6 0,3 1720,38

Analisando-se os dados da Tabela 7, foi possível obter algumas

informações preliminares sobre os polímeros sintetizados. Em geral, à medida

que o tempo total de síntese aumenta, há também o aumento da massa molar

viscosimétrica dos polímeros. Comparando-se as sínteses 1 e 2 foi possível

observar que para uma mesma quantidade de catalisador (0,1%), o aumento

no tempo de síntese favoreceu um aumento na massa molar viscosimétrica

média, que dobrou de valor (912,36 g/mol) passou para (1889,92 g/mol).

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63

Comparando-se os experimentos 8 e 9, que possuem o mesmo tempo de

síntese, porém diferentes quantidades de catalisador foi possível observar uma

redução na Mv quando uma maior quantidade de catalisador (0,6%) foi

utilizada. Isto pode ter sido devido ao fato de que apesar de uma maior

quantidade de catalisador acelerar a polimerização, a mesma também pode

ocasionar hidrólise, oxidação ou outros mecanismos de degradação (WITZKE,

1997).

A síntese 4 foi a que forneceu um melhor resultado de massa molar

viscosimétrica, cujo valor foi de 2178,73 g/mol. Por esta razão, decidiu-se fazer

uma análise por microscopia eletrônica de varredura (MEV) para verificar a

morfologia do PLA obtido nesta situação. A análise por MEV foi realizada com

polímero na forma de pó.

5.2 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A Figura 19 mostra os resultados da análise de MEV/EDS do PLA obtido na

síntese 04.

Figura 19: MEV/EDS do PLA da síntese 04. É possível observar no gráfico a presença de traços de estanho (azul) e traços de cobre (vermelho).

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A partir das análises de MEV/EDS (Figura 19), pôde-se observar que

existem traços de cobre e estanho no PLA da síntese 4. A contaminação por

cobre foi provavelmente proveniente do termopar utilizado na síntese de

polimerização. Essa contaminação pode ser resolvida através da utilização de

um termopar de aço inoxidável. O estanho encontrado foi possivelmente

proveniente do catalisador, com fórmula química Sn(Oct)2. A quantidade de

catalisador utilizada deve ser avaliada dependendo da aplicação do polímero.

Para a utilização de PLA em embalagens, a Food and Drug

Administration (FDA) admite até 1% em peso de Sn(Oct)2.

A Figura 20 mostra as micrografias dos PLAs obtidos nos ensaios 1 e 4,

respectivamente. Comparando-se o resultado de MEV obtido para PLA 1, que

apresentou uma menor massa molar viscosimétrica média, com o resultado

obtido para o PLA 4, que apresentou uma maior massa molar viscosimétrica

média, pode-se verificar que as morfologias foram semelhantes, apesar de

ambos os polímeros sintetizados apresentarem massas molares

viscosimétricas médias diferentes. A presença de polímeros aglomerados pode

ser observada nas duas micrografias, sendo em maior quantidade na

micrografia do PLA 1.

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Figura 20: MEV do PLA 1 e do PLA 4 com aumentos de 500x e 1000x.

No geral, as massas viscosimétricas encontradas apresentam valores muito

baixos, uma vez que o PLA comercial apresenta massa molar em torno de

120.000 g/mol. No entanto, esses valores podem ser justificados devido à

utilização dos polímeros brutos para realização das análises de viscosimetria.

Os polímeros brutos apresentam resíduos de monômeros e de subprodutos

que influenciam nos valores reais de massa molar média dos polímeros. Além

disso, as condições de síntese utilizadas em laboratório neste estudo, apenas

tiveram como objetivo avaliar a existência de efeitos de interação entre as

variáveis manipuladas na síntese, quantidade de catalisador e tempo de

reação.

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66

5.3 - Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR)

A caracterização pela técnica de FTIR teve como objetivo confirmar se

houve a formação do polímero. A partir da estrutura do PLA (um poliéster

alifático, como mostra a Figura 21), procurou-se identificar nesta análise a

presença de grupos funcionais característicos do PLA.

Figura 21:

Figura 21: Estrutura do PLA. Adaptado de (MOTOYAMA et al., 2007).

Analisando-se os resultados de FTIR dos 11 experimentos realizados, cujos

gráficos estão no Apêndice A, verificou-se que os polímeros sintetizados

apresentaram as mesmas bandas de absorção, ou seja, vibração de

estiramento de ésteres em 1750cm-1(C=O do COO), em 1450cm-1, 1360 cm-1,

deformação em CH3 e em 1130cm-1, 1090cm-1 estiramento C-O do COO

(éster), confirmando desta maneira a formação do PLA, uma vez, que essas

atribuições são análogas ao que está descrito na literatura (MOTTA, 2006;

NIKOLIC et al., 2010; JANHO et al., 2006; LASPRILLA et al., 2012). A Figura

21 mostra o FTIR do experimento 10 e a Tabela 8 apresenta mais

detalhadamente as bandas de absorção que caracterizam o PLA 10.

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67

Figura 22: FTIR do experimento 10.

Nos casos em que as amostras não estão bem protegidas da umidade,

pode ser observada no espectro uma banda em 3650 cm-1, referente ao

estiramento do OH.

Tabela 8: Bandas de absorção que caracterizam o PLA.

Bandas de absorção dos grupos

funcionais

N° de onda do PLA 10 em

cm-1

Vibrações de valência do C-H do

CH3

(simétrica; assimétrica)

2990,21;

2948,72

Vibrações de valência do C=O do

COO

1756,25

Vibrações de flexão C-H do CH3

(simétrica; assimétrica)

1464,94;

1364,11

Vibração de alongamento do COO 864

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A Figura 23 mostra os resultados de FTIR para os polímeros obtidos nos

experimentos 1, 2, 3 e 4.

Figura 23: FTIR dos experimentos 1, 2 3 e 4.

Analisando a Figura 23, pode-se observar que os quatro polímeros obtidos

a partir dos experimentos do planejamento fatorial apresentam a principal

vibração referente à formação de poliéster (estiramento do éster em 1750 cm-1

/ C=O do COO).

5.4 - Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e Delineamento

Composto Central Rotacional (DCCR)

A partir das análises de DSC foi possível obter as temperaturas de

transição térmica dos PLAs sintetizados. A Figura 24 mostra as curvas obtidas

a partir do 1°aquecimento, do resfriamento e do 2° aquecimento de cada PLA

sintetizado.

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Figura 24: a) DSC do 1° aquecimento, resfriamento e 2° aquecimento do PLA 1 ao

PLA 6. (b) DSC do 1° aquecimento, resfriamento e 2° aquecimento do PLA 7 ao

PLA11.

O 1° aquecimento e o resfriamento foram realizados para apagar todo o

histórico térmico dos polímeros sintetizados. Observou-se picos endotémicos

no 1° aquecimento de todos os PLAs, que podem ser devido à impurezas tanto

do processo de síntese como do processo de precipitação. Os picos

endotérmicos e exotérmicos do segundo aquecimento foram separados da

Figura 24 e estão mais detalhados na Figura 25.

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Figura 25: (a) Curvas de DSC referentes ao segundo aquecimento do PLA 1 ao PLA 6. (b) Curvas de DSC referentes ao segundo aquecimento do PLA 7 ao PLA11.

Os valores de temperatura de transição vítrea (Tg), Temperatura de fusão

cristalina (Tm) e temperatura de cristalização (Tc) foram obtidos a partir da

Figura 25. A Tabela 9 mostra os valores numéricos destas transições. Em

geral, as temperaturas de transição térmica características dos PLAs

sintetizados apresentaram valores semelhantes aos encontrados na literatura.

A Tg corresponde à faixa de temperatura acima da qual as regiões amorfas

do polímero readquirem mobilidade progressivamente (MANO et al., 1999). A

Tm é uma transição que só ocorre na fase cristalina e, por isso, só deve ser

aplicada a polímeros semicristalinos (CANEVAROLLO, 2002). O polímero

sintetizado na síntese 3 forneceu um maior valor de Tg e Tc, o que pode ter

sido ocasionado pela presença de cristais de diferentes tamanhos (cristais

maiores e menores).

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Tabela 9: Delineamento composto central rotacional (DCCR) para dois fatores.

PLA Tempo(h) Catalisador

(%)

Tg (°C) Tm (°C) Tc (°C)

1 4 (-1) 0,1 (-1) 37,17 120,00 91,26

2 8 (+1) 0,1 (-1) 42,64 123,90 103,31

3 4 (-1) 0,5 (+1) 43,61 132,82 103,31

4 8 (+1) 0,5 (+1) 37,34 125,05 102,16

5 3,2 (-1,41) 0,3 (0) 32,75 120,00 92,63

6 8,8 (+1,41) 0,3 (0) 38,95 125,05 102,71

7 6 (0) 0,0 (-1,41) 42,74 127,35 97,56

8 6 (0) 0,6 (+1,41) 36,26 125,05 99,31

9 6 (0) 0,3 (0) 39,48 125,65 105,01

10 6 (0) 0,3 (0) 32,09 122,75 106,16

11 6 (0) 0,3 (0) 38,79 124,50 106,75

As sínteses em que se utilizou o percentual de 0,1(w%) de catalisador (PLA

1 e PLA 2) foram as que forneceram valores menores de Tm quando

comparadas às sínteses em que se utilizou 0,3(w%), 0,5(w%) e até mesmo a

síntese em que não se utilizou catalisador.

Em geral, para um tempo total de síntese constante como, por exemplo, 6h,

a diminuição do percentual de catalisador (0,6 (w%), 0,3 (w%) e 0,0 (w%)),

resultou em maiores valores de temperatura de transição vítrea (Tg) e

temperatura de fusão cristalina (Tm).

Para obter informações mais precisas sobre a influência do tempo total de

síntese e percentual de catalisador nas temperaturas de transições

características (Tg, Tm e Tc) dos polímeros sintetizados, utilizou-se o programa

Statistica para analisar os resultados da matriz do planejamento completo da

Tabela 9. A análise estatística dos resultados experimentais foi realizada

utilizando-se a soma quadrática residual, considerando um nível de confiança

de 95%.

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As variáveis independentes utilizadas foram o tempo total de síntese e o

percentual de catalisador. As variáveis dependentes foram a temperatura de

transição vítrea (Tg), temperatura de fusão cristalina (Tm) e a temperatura de

cristalização (Tc) . A Figura 26 apresenta o gráfico de Pareto para a Tg.

Figura 26: Gráfico de Pareto dos efeitos padronizados para a temperatura de transição vítrea (Tg).

O gráfico de Pareto fornece informações sobre o efeito dos fatores (tempo

total de síntese e quantidade de catalisador) na Tg. Utilizando um nível de

confiança de 95%, as variáveis manipuladas não exercem efeito significativo

sobre a Tg dos polímeros. Porém, a utilização da ferramenta de planejamento

fatorial fornece informações interessantes acerca dos efeitos de interação

existente entre os fatores sobre a resposta analisada. Neste caso, existe um

efeito de interação antagônico na Tg entre o tempo total de síntese e a

quantidade de catalisador (%).

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A Figura 27 mostra o gráfico de Pareto para a Tm. Pode-se verificar que, a

95% de confiança, assim como ocorreu com a Tg, há um efeito de interação

antagônico entre o tempo total de síntese e o percentual de catalisador.

Figura 27: Gráfico de Pareto dos efeitos padronizados para a temperatura de fusão cristalina (Tm).

Canevarollo (2001) relata que tanto a Tg como a Tm representam

temperaturas de transição nas quais os átomos e moléculas possuem energia

suficiente para vencer forças secundárias e dar mobilidade á cadeia polimérica.

Dessa forma, todo e qualquer fator que resulte em um aumento nas forças

intermoleculares secundárias e na rigidez da cadeia polimérica aumentará

ambos, Tg e Tm.

A Figura 28 mostra o gráfico de Pareto para a Tc. Pode-se verificar que, a

95% de confiança, todos os parâmetros, com exceção do termo linear da

quantidade de catalisador (significativo no nível de confiança em torno de

94,5%), foram significativos para a temperatura de cristalização.

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Figura 28: Gráfico de Pareto dos efeitos padronizados para a temperatura de cristalização (Tc).

Considerando que todos os parâmetros exercem efeito significativo sobre a

Tc, o seguinte modelo de segunda ordem foi obtido para esta propriedade:

Tc = 3,14*t +1,67C - 3,66*t2 - 3,28*C2 – 3,30*t*C + 105,97, Equação 9

A análise de variância (ANOVA) do modelo foi calculada considerando-se

todos os parâmetros como sendo significativos, assim como mostra a Tabela

10. A porcentagem de variação explicada pelo modelo foi de 92,78%. O valor

do F tabelado, a um nível de confiança de 95% é 5,05. Já para um nível de

confiança de 90%, o valor do F tabelado cai para 3,45. Dessa forma, o F

calculado, a um nível de confiança de 90%, é cerca de quatro vezes superior

ao F tabelado, tornando o modelo válido neste nível de confiança.

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Tabela 10: ANOVA para análise do modelo da Tc.

SQ GL MQ FCalc R2(%)

Regressão 250,75 5 50,15 12,85 92,78

Resíduo 19,51 5 3,90

Total 270,26 10

A Figura 29 mostra o gráfico dos valores preditos versus valores

observados para a Tc, confirmando o bom ajuste obtido pelo modelo.

Tc

88 90 92 94 96 98 100 102 104 106 108 110

Valores observados

88

90

92

94

96

98

100

102

104

106

108

Va

lore

s p

red

ito

s

Figura 29: Valores preditos versus valores observados para a Tc.

As Figuras 30 e 31 mostram, respectivamente, a superfície de resposta e a

superfície de contorno para a Tc, em função do tempo de síntese e da

quantidade de catalisador.

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Figura 30: Superfície de resposta para a temperatura de cristalização (Tc), em função do tempo total de síntese e do percentual de catalisador.

Figura 31: Superfície de contorno para a temperatura de cristalização (Tc), em função do tempo total de síntese e do percentual de catalisador.

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77

A análise das superfícies de resposta e de contorno mostra que há uma

região onde a Tc é máxima, dentro da faixa de valores utilizada para os fatores.

Para percentuais de catalisador em torno do ponto central (0,3(W%)) e valores

de tempo que variam do ponto central (6h) ao nível superior (+1) (8h), pode-se

observar maiores temperaturas de cristalização.

Na faixa de valores utilizada para os fatores em que a temperatura de

cristalização (Tc) é máxima, o polímero apresentará uma maior tendência de

ser mais cristalino, no entanto, para confirmar se isto ocorre de fato, torna-se

necessário calcular o seu percentual de cristalinidade. A variação de calor

específico (Cp) foi calculada a partir da faixa de temperatura de transição

vítrea (Tg), pela diferença entre a Tg final e a inicial. Através da área dos picos

da Figura 25 de cada um dos polímeros sintetizados, calculou-se a entalpia de

fusão (ΔHm) e a entalpia de cristalização (ΔHC). Para o cálculo do grau de

cristalinidade (Xc) das amostras considerou-se a relação descrita pela Equação

7, que consta no item de métodos.

Tabela 11: Valores numéricos da variação de calor específico (ΔCp), entalpia de fusão (ΔHm), entalpia de cristalização (ΔHC) e grau de cristalinidade (Xc).

PLA Cp [J/ (g(K)]

Hc (J/g)

Hm (J/g)

Xc (%)

1 4,65 - 51,15 131,54 85,79

2 4,04 - 131,21 123,32 8,43

3 10,99 - 85,60 112,30 28,49

4 11,58 - 57,24 86,58 31,31

5 10,04 - 30,24 97,51 71,62

6 16,05 - 83,16 116,35 35,42

7 11,22 -19,00 190,44 81,34

8 5,15 - 137,79 179,04 44,02

9 11,5 - 136,33 91,16 48,20

10 12,14 -108,11 63,64 47,45

11 13,75 - 74,83 39,57 37,63

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Um planejamento composto central foi montado tendo como variáveis

independentes o tempo total de síntese e o percentual de catalisador, e como

variável dependente (reposta), o percentual de cristalinidade, com o objetivo de

avaliar a influência das variáveis independentes no grau de cristalinidade. A

Tabela 12 mostra a matriz de planejamento utilizada.

Tabela 12: Matriz planejamento para o grau de cristalinidade (Xc (%)).

PLA Tempo(h) Catalisador

(%)

Xc (%)

1 4 (-1) 0,1 (-1) 85,79

2 8 (+1) 0,1 (-1) 8,43

3 4 (-1) 0,5 (+1) 28,49

4 8 (+1) 0,5 (+1) 31,31

5 3,2 (-1,41) 0,3 (0) 71,62

6 8,8 (+1,41) 0,3 (0) 35,42

7 6 (0) 0,0 (-1,41) 81,34

8 6 (0) 0,6 (+1,41) 44,02

9 6 (0) 0,3 (0) 48,20

10 6 (0) 0,3 (0) 47,45

11 6 (0) 0,3 (0) 37,63

A análise estatística dos resultados foi realizada a 90% de confiança,

considerando o erro residual. A Figura 32 mostra o gráfico de Pareto obtido

para o grau de cristalinidade (Xc). Analisando esta Figura pode-se observar

que apenas o percentual de catalisador quadrático e o tempo total de síntese

quadrático não exerceram um efeito significativo no percentual de cristalinidade

(Xc), dessa forma, excluindo essas variáveis, obteve-se o seguinte modelo

para o grau de cristalinidade:

Xc = -15,72*t – 10,90C + 20,04*t*C+ 47,25, Equação 10.

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Figura 32: Gráfico de Pareto dos efeitos padronizados para o grau de cristalinidade (Xc).

Após a eliminação das variáveis que não exerceram efeito significativo

no modelo do grau de cristalinidade, a análise de variância (ANOVA) foi

calculada (Tabela 13). A porcentagem de variação explicada pelo modelo (R2)

foi de 81% o que torna o modelo válido. A 90% de confiança, o valor do F

tabelado foi 3,07 e do F calculado foi de 9,94.

Tabela 13: ANOVA para análise do modelo do grau de cristalinidade.

SQ GL MQ FCalc R2(%)

Regressão 4533,80 3 1511,27 9,94 81

Resíduo 1064,44 7 152,06

Total 5598,24 10

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80

Analisando a Figura 33, que mostra o gráfico dos valores preditos versus

valores observados para o grau de cristalinidade, pode-se confirmar o bom

ajuste do modelo.

Figura 33: Valores preditos versus valores observados para o percentual de cristalinidade (Xc).

Como o modelo para o grau de cristalinidade (Xc) foi válido a 90% de

confiança, as superfícies de resposta e de contorno foram obtidas para esta

variável resposta. As Figuras 34 e 35 mostram respectivamente a superfície de

resposta e a superfície de contorno para Xc.

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Figura 34: Superfície de resposta para o grau de cristalinidade (Xc), em função do

tempo de síntese e do percentual de catalisador.

Figura 35: Superfície de contorno para o grau de cristalinidade (Xc), em função do tempo total de síntese e do percentual de catalisador.

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As superfícies de contorno e de resposta indicam que o grau de

cristalinidade é máximo para menores percentuais de catalisador e tempo total

de síntese, o que pode ser observado no experimento 1, em que se utilizou um

tempo total de síntese de 4h (-1) e um percentual de catalisador de 0,1 (W%) (-

1), resultando em um polímero com grau de cristalinidade de 85,79%.

5.5 - Cromatografia por Exclusão de Tamanho (SEC)

Através da técnica de cromatografia por exclusão de tamanho (SEC),

obteve-se a massa molar numérica média (Mn), a massa molar ponderal média

(Mw), a massa molar Z – média (Mz) e a polidispersão, definida pela relação

Mw/Mn. Os resultados estão mostrados na Tabela 14.

A dispersão de massa molar é dita estreita quando a diferença entre Mw e

Mn é pequena. Caso contrário, a dispersão é dita larga (CANEVAROLLO,

2002). Analisando os dados da Tabela 14, os valores de Mn e Mw dos

polímeros sintetizados ficaram muito próximos, podendo-se dessa maneira

afirmar que os mesmos apresentaram uma distribuição de massa molar

estreita. A maior diferença encontrada foi para o PLA 6. O tempo é uma

variável com influência significativa nas massas molares (Mn, Mw e Mz) dos

polímeros sintetizados. Em geral, em tempos maiores, obteve-se maiores

valores de Mn, Mw e Mz.

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Tabela 14: Massas molares (Mn, Mw, Mz) dos polímeros sintetizados.

Tempo(h) Catalisador

(%)

Mn

(g/mol)

Mw

(g/mol)

Mz

(g/mol)

Mw/Mn

PLA 1 4 (-1) 0,1 (-1) 2658 2817 2982 1060

PLA 2 8 (+1) 0,1 (-1) 3221 3482 3675 1081

PLA 3 4 (-1) 0,5 (+1) 3149 3447 3715 1094

PLA 4 8 (+1) 0,5 (+1) 3707 4129 4541 1114

PLA 5 3,2 (-1,41) 0,3 (0) 7117 7495 7985 1053

PLA 6 8,8 (+1,41) 0,3 (0) 5986 6732 7403 1125

PLA 7 6 (0) 0,0 (-1,41) 5937 6355 6642 1070

PLA 8 6 (0) 0,6 (+1,41) 3571 3967 4329 1111

PLA 9 6 (0) 0,3 (0) 3213 3483 3677 1048

PLA 10 6 (0) 0,3 (0) 3864 4217 4543 1091

PLA 11 6 (0) 0,3 (0) 4028 4498 4914 1117

As sínteses nas quais foram utilizados 0,3% de catalisador forneceram

massas molares maiores quando comparadas às sínteses nas quais foram

utilizados 0,1%, 0,5 % e 0,6% de catalisador. Dessa forma, pode-se concluir

que esse percentual foi o melhor dentre os que foram utilizados.

Em geral, nos experimentos em que se utilizou um maior tempo total de

síntese, obteve-se uma maior massa molar, com exceção do experimento 5, o

qual foi sintetizado utilizando um menor tempo total de síntese (3,2h) e um

percentual de catalisador de 0,3 (W%), e forneceu resultados de massas

molares (Mn, Mw e Mz) mais elevados dentre todos os polímeros sintetizados.

Este resultado não era esperado, uma vez que a literatura relata que uma

maior massa molar é obtida em longos tempos de síntese (KIM et al., 2001;

HUANG et al., 2014; KANNO et al., 2014). As massas molares mais elevadas

foram obtidas para este polímero, uma vez que dentro da faixa de valores

utilizadas para o percentual de catalisador, obteve-se o valor ideal para o

mesmo, por outro lado, em um menor tempo total de síntese, uma menor

quantidade de subprodutos (tal como lactídio) (SODEGARD et al., 2002), que

podem ocasionar uma redução na massa molar é formada.

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84

HUANG et al., 2014 utilizaram como catalisador creatinina na

policondensação direta em estado fundido, conseguindo um PLA com uma

massa molar ponderal média (Mw) de 7000 g/mol em um tempo de 10 h de

polimerização, enquanto que o PLA sintetizado na síntese 5 deste trabalho

forneceu uma massa molar ponderal média (Mw) de 7495 g/mol, em um menor

tempo total de síntese (3,2h) e para um percentual de octoato de estanho de

0,3%.

O PLA obtido na síntese 7, na qual não foi utilizado catalisador, forneceu

massas molares (Mn, Mz e Mw) elevadas, comprovando que, por um lado, a

adição do octoato de estanho deve estar contribuindo na redução da massa

molar, devido à sua capacidade de iniciar processos degradativos quando

adicionado em elevadas concentrações na síntese do PLA (WITZKE, 1997).

A partir da análise conjunta dos resultados da otimização do grau de

cristalinidade e dos resultados de massas molares, escolheu-se o polímero a

ser utilizado para produzir corpos de prova para a análise por meio de teste

gravimétrico, visando aplicação do PLA produzido em laboratório na indústria

de embalagens alimentícias flexíveis.

A otimização do grau de cristalinidade forneceu um modelo linear em que

as sínteses realizadas nos pontos axiais não apresentaram resultados

significativos, não sendo encontrado, portanto, um modelo quadrático válido.

Além disso, pôde-se observar que o grau de cristalinidade é máximo, dentro da

faixa de valores utilizada para os fatores, no tempo de total de síntese de 4h (-

1) e percentual de catalisador de 0,1 (W%) (-1), contudo, nessa região o

polímero é frágil, tornando-se necessário analisar os resultados de massas

molares para uma ecolha adequada do polímero utilizado para produção dos

corpos de prova.

Analisando os resultados de cromatografia por exclusão de tamanho,

escolheu-se o polímero sintetizado a partir da síntese cinco, uma vez que o

mesmo apresentou massas molares mais elevadas dentre todos os polímeros

sintetizados, o que provoca um acréscimo de flexibilidade e

consequentemente, um aumento de tenacidade (CANEVAROLLO, 2002). Além

disso, este polímero apresenta, um grau de cristalinidade relativamente

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elevado (Xc = 71,62), o que pode conferir boas propriedades de barreira ao

poli(ácido-láctico).

5.6 – Análise do teste gravimétrico

O estudo de absorção de água foi realizado por meio do acompanhamento

da evolução de massa dos corpos de prova imergidos Para a realização do

teste gravimétrico cinco corpos de prova do PLA 5 (Figura 36) e do PLA

comercial foram produzidos com áreas de aproximadamente 10,93 cm2 e 11,40

cm2, respectivamente, e imersos em água destilada durante 24 horas. No

decorrer do teste, o aumento da massa de cada corpo de prova foi calculado

de acordo com a Equação 8.

Figura 36: Corpo de prova do PLA 5 produzido para o teste gravimétrico.

A Figura 37 mostra o aumento percentual de massa dos corpos de prova

produzidos. Considerando o mesmo tempo de imersão (24h), para o poli

(ácido-láctico) obtido a partir do experimento 5, a média de aumento de massa

foi igual a 8,13% e para o PLA comercial a média de aumento de massa foi

igual 0,42%.

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Figura 37: Aumento percentual de massa para o PLA 5 e o PLA comercial.

De acordo com a Figura 37, o PLA 5 forneceu um maior aumento de massa

(%) quando comparado ao PLA comercial, o que pode estar relacionado com a

massa molar de cada polímero. O Poli (ácido-láctico) 5 foi obtido a partir da

rota por policondensação direta, e de acordo AURAS et al., (2010), o polímero

obtido por este tipo de síntese possui baixa massa molar, ou seja, um menor

número de moléculas amarrando a estrutura estarão presentes para impedir a

introdução de moléculas de água no polímero. Por outro lado, o PLA comercial

de um modo geral é um copolímero do poli (ácido-L-láctico) e do poli (ácido-DL-

láctico) (AURAS et al., 2004), que possui alta massa molar, sendo produzido

pela polimerização por abertura do anel do lactídio (AURAS et al., 2004;

GARLOTTA, 2001; IKADA et al., 2000), fornecendo uma menor absorção de

água, por possuir um número maior de moléculas em sua estrutura, que

dificulta a difusão das moléculas de água no polímero.

Uma possível aplicação para polímero sintetizado no setor de embalagens

alimentícias é na fabricação de filmes presentes em embalagens multicamadas

para frutas e verduras, esses filmes auxiliam na manutenção do frescor e

preservação desses alimentos. A partir do teste gravimétrico foi possível

verificar que a absorção de água do PLA 5 foi mais elevada do que a absorção

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do PLA comercial, com isso, podemos concluir que o PLA 5 apresenta

potencial uso para está aplicação, ou seja, um filme produzido a partir do PLA

sintetizado, por absorver mais umidade, pode servir como fonte de

fornecimento de água para frutas e verduras, evitando a secagem por

evaporação, que pode fazer com que as mesmas percam o frescor (FUSHIMI,

2001).

Mesmo sendo possível a obtenção de corpos de prova a partir do PLA 5, os

mesmos ainda são frágeis, dessa forma, para que o polímero sintetizado possa

ser utilizado adequadamente em aplicações da indústria de embalagens

flexíveis para alimentos, suas propriedades mecânicas precisam ser

aprimoradas.

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88

6- Conclusões

Para os polímeros produzidos na unidade experimental de polimerização,

em geral, à medida que o tempo total de síntese aumenta, há também o

aumento da massa molar viscosimétrica dos mesmos. As massas

viscosimétricas encontradas apresentaram valores muito baixos, uma vez que

o PLA comercial apresenta massa molar em torno de 120.000 g/mol. Esses

valores podem ser justificados devido à utilização dos polímeros brutos para

realização das análises de viscosimetria, como também pela rota de síntese

utilizada na produção dos polímeros em laboratório.

A análise de MEV/EDS mostrou a presença de traços de cobre e estanho

no polímero obtido, provenientes respectivamente do termopar e catalisador

utilizados. A contaminação por cobre pode ser resolvida pela utilização de um

termopar de aço inoxidável. Para a utilização de PLA em embalagens, a Food

and Drug Administration (FDA) admite até 1% em peso de Sn (Oct)2. Como o

valor máximo de catalisador adicionado às sínteses foi de 0,6%, a sua

presença está dentro dos limites aceitáveis.

Os polímeros sintetizados apresentaram as mesmas bandas de absorção

descritas na literatura para um PLA comercial, confirmando desta maneira a

formação do PLA nas sínteses realizadas.

Em geral, as análises de DSC mostraram que as temperaturas de transição

térmica características dos PLAs sintetizados apresentaram valores

semelhantes aos encontrados na literatura.

O PLA obtido na síntese 7, na qual não foi utilizado catalisador, forneceu

massas molares (Mn, Mz e Mw) elevadas, comprovando que a adição do

octoato de estanho deve estar contribuindo na redução da massa molar, devido

à sua capacidade de iniciar processos degradativos quando adicionado em

elevadas concentrações na síntese do PLA.

A partir da análise estatística dos resultados observou-se que existe um

efeito de interação antagônico entre o tempo total de síntese e a quantidade de

catalisador adicionada, sobre a Tg, a Tm e a Tc dos polímeros obtidos.

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Um modelo linear válido foi encontrado para a temperatura de cristalização

dos polímeros sintetizados em laboratório, a um nível de confiança de 90%. A

análise das superfícies de resposta e de contorno mostra que há uma região

onde a Tc é máxima, dentro da faixa de valores utilizada para os fatores. Para

percentuais de catalisador em torno do ponto central (0,3(W%)) e valores de

tempo que variam do ponto central (6h) ao nível superior (+1) (8h), pode-se

observar maiores temperaturas de cristalização.

Um modelo linear foi encontrado para o grau de cristalinidade, e esta

propriedade é máxima quando o tempo de total de síntese é de 4h (-1) e o

percentual de catalisador é de 0,1 (W%) (-1).

Por meio das análises de SEC, pôde-se observar que as sínteses nas quais

foi utilizado 0,3% de catalisador, forneceram massas molares maiores quando

comparadas às sínteses nas quais foi utilizado 0,1%, 0,5 % e 0,6% de

catalisador. Dessa forma, pôde-se concluir que esse percentual foi o melhor

dentre os que foram utilizados.

O polímero obtido na síntese 5, o qual foi sintetizado utilizando um menor

tempo total de síntese (3,2h) e um percentual de catalisador de 0,3 (W%),

forneceu resultados de massas molares (Mn, Mw e Mz) mais elevados dentre

todos os polímeros sintetizados. As massas molares mais elevadas foram

obtidas para este polímero, porque dentro da faixa de valores utilizadas para o

percentual de catalisador obteve-se o valor ideal para o mesmo, além disso,

em um menor tempo total de síntese, uma menor quantidade de subprodutos

(tal como lactídio) (SODEGARD et al., 2002), que podem ocasionar uma

redução na massa molar é formada.

Corpos de prova foram fabricados a partir do polímero sintetizado, no

entanto, para que o mesmo possa ser utilizado em aplicações alimentícias é

necessário um aprimoramento de algumas de suas propriedades, para atender

com eficiência as necessidades da indústria de embalagens plásticas flexíveis.

A partir do teste gravimétrico foi possível verificar que a absorção de água

do PLA 5 foi mais elevada do que a absorção do PLA comercial, com isso,

podemos concluir que o PLA 5 apresenta potencial uso para fabricação de

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filmes presentes em embalagens multicamadas para frutas e verduras, uma

vez que a água absorvida pelo polímero pode servir como fonte de

fornecimento de água para frutas e verduras, evitando a secagem por

evaporação, que pode fazer com que as mesmas percam o frescor (FUSHIMI,

2001).

Ainda não foi possível obter, por meio da rota de policondensação direta,

uma massa molar tão elevada quanto à do poli (lactídio) sintetizado pela

polimerização por abertura de anel (ROP), contudo, estudos mais avançados

podem ser realizados em torno do polímero obtido na síntese 5, a fim de

alcançar esse objetivo.

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91

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Apêndice A – Gráficos de FTIR

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Apêndice B – Gráficos de DSC

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