sinais da graça

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Page 1: Sinais da graça
Page 2: Sinais da graça

P H I L I P Y A N C E Y

Sinais da graça

Traduzido por Almiro Pisetta

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Page 3: Sinais da graça

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pp Janeiro1. A Pedra de Roseta

2. A lupa da fé3. Deus se aproximou

4. O Jesus Prozac5. O mundo de cabeça para baixo

6. Gourmets sem dinheiro7. Mais vida

8. A profissão mais difícil do mundo9. Mentor oculto

10. A teologia das piadas sujas11. O problema do prazer12. Momentos de enlevo13. A visita ao Messias

14. Os indesejáveis15. A derrota em guerras culturais

16. Sem atalhos17. Orientação noturna18. Olhando para trás

19. Comparecer20. Orar direito

21. Jesus e o tempestuoso Norman22. Bem-aventuranças às avessas

23. Recompensas futuras24. Um Deus finalmente justo

25. A aposta de Deus26. A igreja da meia-noite27. Professores alcoólicos

28. Cuidando de zés-ninguém 29. A verdadeira humildade

30. Mãos que não queriam calar31. Bondade inebriante

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R1º de janeiro

A Pedra de Roseta

Recue por um momento e contemple o ponto de vista de Deus. Espírito sem limites de tempo e espaço, Deus se havia servido às vezes de objetos materiais — uma sarça ardente, uma coluna de fogo — para provar alguma coisa óbvia sobre o planeta Terra. Cada vez, Deus adotou o objeto escolhido para transmitir uma mensagem e depois seguiu em frente. Em Jesus, algo novo aconteceu: Deus tornou-se uma das criaturas do planeta, acontecimento sem par, inaudito, único no sentido mais pleno da palavra.

O Deus que enche o Universo implodiu para se tornar um bebê humilde que, como qualquer outra criancinha deste mundo, teve de aprender a caminhar, e a falar, e a vestir-se. Na encarnação, o Filho de Deus assumiu deliberadamente uma postura de desvantagem, trocando a onisciência por um cérebro que aprendeu aramaico fonema por fonema, a onipresença por duas pernas e ocasionalmente um jumento, a onipotência por braços fortes o suficiente para serrar uma tábua, mas fracos demais para a autodefesa. Em vez de controlar cem bilhões de galáxias ao mesmo tempo, ele só via um caminho estreito de Nazaré, um monte de pedras num deserto da Judeia ou uma rua apinhada de Jerusalém.

Por causa de Jesus nós nunca precisamos questionar o desejo de intimidade de Deus. Deus realmente quer um contato íntimo conosco? Jesus renunciou ao céu para isso. Ele pessoalmente restabeleceu a ligação original entre Deus e os seres humanos, entre o mundo visível e o invisível.

Numa bela analogia, H. Richard Niebuhr comparou a revelação de Deus em Cristo com a Pedra de Roseta. Antes de sua descoberta, os estudiosos só podiam supor o significado dos hieróglifos egípcios. Num dia memorável eles descobri-ram uma pedra escura que apresentava o mesmo texto em três línguas diferentes. Cotejando as traduções, eles dominaram os hieróglifos e puderam penetrar clara-mente num mundo que só haviam conhecido de modo confuso.

Niebuhr prossegue dizendo que Jesus nos permite “reconstruir nossa fé”. Pode-mos confiar em Deus porque confiamos em Jesus. Se duvidarmos de Deus, ou se o julgarmos incompreensível, incognoscível, o melhor remédio é olhar fixamente para Jesus, a Pedra de Roseta da fé.

O Deus (in)visível

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E2 de janeiro

A lupa da fé

Eu também enxergo Jesus como a “lupa” de minha fé, frase que merece uma expli-cação. Sou o orgulhoso proprietário do The Oxford English Dictionary, que contém todas as palavras da língua inglesa. Aderindo a um clube do livro, adquiri uma edi-ção especial num só volume por apenas US$ 39,95. Ele contém o texto integral do dicionário, com uma desvantagem: as letras são tão minúsculas que ninguém deste mundo consegue lê-las a olho nu. Depois, comprei uma lupa maravilhosa — des-sas que os joalheiros usam, do tamanho de um prato raso, montada num braço articulado. Com isso, e a assistência ocasional de outra lupa, esta portátil, posso debruçar-me sobre minúcias de significados de qualquer palavra do inglês.

Aprendi sobre lupas usando meu dicionário. Quando passo a lupa sobre uma palavra, os minúsculos caracteres aparecem nítidos e claros no centro, isto é, no ponto focal, enquanto nas bordas eles se tornam progressivamente distorcidos. Num paralelismo exato, Jesus se tornou o ponto focal de minha fé, e cada vez mais estou aprendendo a manter essa lupa focada em Jesus. Em minha jornada espiritual, bem como em minha carreira de escritor, eu me detive muito tempo nas margens, ponderando questões insolúveis sobre o problema da dor, os enigmas da oração, a providência versus o livre-arbítrio e outras questões semelhantes. Quando faço isso, tudo se torna indistinto. Quando, porém, olho para Jesus, a clareza se restaura.

Admito que muitas doutrinas cristãs típicas me incomodam. Que dizer do in-ferno? Que dizer daqueles que morrem sem ouvir falar de Jesus? Recorro à res-posta do bispo Ambrósio, mentor de Agostinho, que em seu leito de morte foi indagado se temia enfrentar o julgamento de Deus. “Nós temos um bom Patrão”, respondeu Ambrósio com um sorriso. Aprendo a confiar em Deus com minhas dúvidas e lutas mediante um conhecimento maior de Jesus. Se isso parece evasi-vo, sugiro que reflete com precisão a centralidade de Jesus no Novo Testamento. Começamos com ele como o ponto focal e deixamos que nossos olhos vagueiem com cuidado pelas margens.

Observando Jesus, acabo percebendo como Deus se sente em relação ao que acontece aqui embaixo. Jesus expressa a essência de Deus de um jeito que não podemos interpretar mal.

O Deus (in)visível

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Q3 de janeiro

Deus se aproximou

Que diferença fez Jesus? Tanto para Deus quanto para nós, ele possibilitou uma intimidade que jamais existira. No Antigo Testamento, os israelitas que tocassem a sagrada arca da aliança caíam por terra fulminados; mas as pessoas que tocavam Jesus, o Filho de Deus encarnado, ficavam curadas. Aos judeus que não pronun-ciavam nem sequer soletravam o nome divino, Jesus ensinou uma nova maneira de dirigir-se a Deus: Aba, ou “Papai”. Em Jesus, Deus se aproximou. As Confissões de Agostinho descrevem como essa proximidade o afetou. Da fi-losofia grega ele aprendera sobre um Deus perfeito, atemporal, incorruptível, mas ele não poderia sondar de que modo alguém indisciplinado e superinteressado em sexo como ele pudesse relacionar-se com um Deus assim. Tentou várias heresias de sua época e julgou-as todas insatisfatórias, até finalmente conhecer o Jesus dos evangelhos, uma ponte entre os seres humanos e um Deus perfeito. O livro de Hebreus explora esse surpreendente novo avanço da intimidade. Primeiro, o autor elabora o que se exigia simplesmente para aproximar-se de Deus nos tempos do Antigo Testamento. Apenas uma vez por ano, no Dia da Expiação — Yom Kippur — uma pessoa, o sumo sacerdote, podia entrar no Lugar Santo. A cerimônia previa banhos rituais, vestes especiais e cinco diferentes sacrifícios de animais; e mesmo assim o sacerdote entrava no Lugar Santo tomado de medo. Ele usava campainhas presas às vestes e uma corda atada ao tornozelo, de modo que, se viesse a morrer e as campainhas parassem de soar, outros sacerdotes pudessem puxar seu corpo para fora. Hebreus apresenta um vívido contraste: nós agora podemos nos aproximar “do trono da graça com toda a confiança”, sem medo. Invadir com ousadia o Lugar Santo — nenhuma imagem poderia ser mais chocante para leitores judeus. No entanto, no momento da morte de Jesus, uma grossa cortina no interior do tem-plo literalmente rasgou-se ao meio de alto a baixo, escancarando o Lugar Santo. Portanto, conclui Hebreus: “Aproximemo-nos de Deus”. Jesus contribui no mínimo com isso para resolver o problema da decepção com Deus: graças a ele, podemos chegar diretamente a Deus. Não precisamos de um mediador humano, pois o próprio ser divino de Deus tornou-se o mediador.

Decepcionado com Deus

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Q4 de janeiro

O Jesus Prozac

Qual seria a classificação de Jesus num teste de perfil de personalidade?A personalidade que emerge dos evangelhos difere radicalmente da imagem

do Jesus com a qual me criei, imagem que agora reconheço em alguns dos filmes mais antigos de Hollywood sobre Jesus. Nesse filmes, Jesus recita suas falas cal-mamente e sem emoção. Ele avança pela vida a passos largos como um persona-gem calmo em meio a um elenco de coadjuvantes nervosos e assustados. Nada o abala. Ele distribui sabedoria num tom cadenciado e inalterável. Resumindo, ele é o Jesus Prozac.

Contrastando com isso, os evangelhos apresentam um homem com tal carisma que levava as pessoas a ficar sentadas por três dias seguidos, de estômago vazio, simplesmente para ouvir suas cativantes palavras. Ele parece emotivo, impulsiva-mente “movido de compaixão” ou “tomado de misericórdia”. Os evangelhos re-velam a extensão das reações emocionais de Jesus: súbita compaixão pelo leproso, exuberância ante o sucesso de seus discípulos, uma explosão contra os insensíveis legalistas, aflição diante de uma cidade hostil e depois aqueles terríveis gritos de angústia no Getsêmani e sobre a cruz.

Certa vez participei de um retiro para homens concebido para ajudar os parti-cipantes a “conectar-se com suas emoções” e livrar-se dos restritivos estereótipos de masculinidade. Enquanto ouvia outros homens contando sobre suas lutas para se expressarem e experimentarem uma intimidade sincera, percebi que Jesus pôs em prática um ideal de realização masculina que dezenove séculos depois ainda escapa à maioria dos homens. Três vezes, pelo menos, ele chorou diante dos dis-cípulos. Não escondeu seus medos, nem hesitou em pedir ajuda: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal”, disse ele a seus discípulos no Getsêmani; “Fiquem aqui e vigiem comigo”. Quantos poderosos líderes de hoje se mostrariam tão vulneráveis?

Jesus rapidamente se tornava íntimo das pessoas que conhecia. Conversando com uma mulher junto a um poço, um líder religioso num jardim, ou um pescador junto ao lago, ele ia diretamente ao ponto central da questão, e logo essas pessoas lhe revelavam seus mais íntimos segredos. Jesus provocava um anseio tão profun-do que as pessoas se amontoavam a seu redor só para tocar-lhe as vestes.

O Jesus que eu nunca conheci

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L5 de janeiro

O mundo de cabeça para baixo

Levar a missão de Deus a sério significa que preciso aprender a ver o mundo de cabeça para baixo, como fez Jesus. Em vez de procurar quem massageie meu ego, procuro aqueles cujos egos precisam de massagem; em vez de gente importante com recursos para me fazer favores, procuro gente com poucos recursos; em vez dos fortes, procuro os fracos; em vez dos sadios, os enfermos. Não é desse modo que Deus se reconcilia com o mundo? Jesus não insistiu que veio para os pecado-res, e não para os justos; para os enfermos, e não para os sadios?

O fundador dos asilos L’Arche para deficientes mentais, Jean Vanier, diz que muitas vezes as pessoas o veem como louco. Esse filho de um governador-geral do Canadá, com uma formação brilhante, recruta trabalhadores habilitados (Henri Nouwen foi um deles) para servir pessoas prejudicadas e morar com elas. Ignoran-do os que o criticam, Vanier diz que prefere ser louco seguindo a loucura do evan-gelho a seguir os valores absurdos deste nosso mundo. Além disso, ele insiste que quem serve gente deformada e prejudicada lucra tanto quanto aqueles a quem estão servindo. Até os indivíduos mais deficientes respondem instintivamente ao amor e, agindo assim, despertam o que há de mais importante num ser humano: a compaixão, a generosidade, a humildade, o amor. Paradoxalmente, eles conferem plenitude à vida dos próprios ajudantes que os servem.

Na Índia, participei de cerimônias religiosas com pacientes leprosos. A maioria dos avanços da medicina no tratamento da lepra foi resultado do trabalho de mé-dicos missionários, os únicos dispostos a conviver com esses pacientes e a expor-se ao risco do contágio para estudar essa temida doença. Em consequência disso, as igrejas cristãs prosperam nos principais centros para leprosos.

Em Mianmar, visitei asilos para órfãos de aidéticos, onde voluntários cristãos tentam substituir o afeto dos pais roubado pela doença. No centro Jean Vanier em Toronto, vi um douto sacerdote cuidando diariamente de um homem de meia-idade tão prejudicado mentalmente que não conseguia proferir uma palavra. Os serviços religiosos mais estimulantes de que participei aconteceram no Chile e no Peru, nas entranhas de uma prisão federal. Entre os humildes, os miseráveis, os oprimidos e os rejeitados o reino de Deus cria raízes.

Rumores de outro mundo

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A6 de janeiro

Gourmets sem dinheiro

Acabrunhado por ver quanta gente a igreja nunca afetou, Marcel Roussel come-çou a trabalhar em 1949 em meio à pobreza e ao desespero da França do pós-guerra. Ele concluiu que a igreja não podia simplesmente esperar; antes, tinha de procurar as pessoas necessitadas, especialmente em seus locais de trabalho. Jesus não servira como carpinteiro e Paulo como um fabricante de tendas? “Em todas as partes”, concluiu Roussel, “em prisões, hotéis e locais de trabalho, nós podemos ajudar a restabelecer um diálogo com Deus”. Ele recrutou um grupo de jovens mulheres, hoje conhecidas como Trabalhadoras Missionárias, com esse único propósito.

No início, as Trabalhadoras Missionárias se empregavam em fábricas e se reu-niam apenas para orar e estudar. Mas depois de alguns anos o padre Roussel ima-ginou um restaurante onde elas pudessem morar e brilhar como “luz do mundo”.

O primeiro desses restaurantes, L’Eau Vive, foi aberto na Bélgica em 1960. Seu sucesso logo levou a outros estabelecimentos, inclusive o Água Viva de Lima, no Peru, onde jantei numa viagem em 1987.

O Água Viva logo atraiu os ricos e poderosos de Lima. Apenas alguns sinais indicam aos clientes o propósito espiritual do lugar. A contracapa do cardápio proclama “Jesus vive! Por isso somos felizes”. E toda noite, às 10h30, as garçonetes se apresentam juntas para cantar um hino vespertino a seus clientes.

Além dessas sugestões, diz a irmã Marie, o trabalho em si constitui um tes-temunho. “Não nos pergunte como vai nossa vida de oração; observe a comida. Seu prato está limpo e preparado com habilidade? Se for assim, então nós estamos servindo a Deus.”

No espírito do irmão Lawrence, as trabalhadoras cozinham, servem à mesa, esfregam o chão, participam de cultos, tudo para a glória de Deus. Porém, elas introduziram um toque moderno: preparam pratos sofisticados para servir aos po-bres de Lima.

Mais tarde, naquele mesmo dia, mães provenientes de favelas de Lima ocu-parão todo aquele espaço elegante para participar de aulas de higiene, criação de filhos e saúde física e espiritual. Quando não estão trabalhando no restaurante, todas as integrantes da equipe se dedicam aos pobres, desenvolvendo programas sociais financiados pelos lucros do restaurante.

The Penniless Gourmets [Os gourmets sem dinheiro], Christianity Today, 15 de janeiro de 1988, p. 12-13,15.

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A7 de janeiro

Mais vida

“A glória de Deus é uma pessoa repleta de vida”, disse o teólogo do segundo século Ireneu. Infelizmente, essa descrição não reflete a imagem que muitos fazem dos cristãos modernos. Com ou sem razão, muitos tendem a nos ver como travados, nervosos, reprimidos — gente menos inclinada a celebrar a vitalidade do que a apontar um dedo acusador.

Onde foi que os cristãos conseguiram essa fama de sufocadores em vez de in-tensificadores da vida? O próprio Jesus prometeu: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente”. O que nos impede de perceber essa vida abundante?

O autor Frederick Buechner decidiu um dia dirigir suas habilidades literárias à exploração da vida de santos. Os três primeiros escolhidos por ele — Brandão, Godric e o bíblico Jacó — o surpreenderam, pois quanto mais os pesquisava, tanto mais esqueletos no armário descobria. Qual era a santidade desse suspeito trio? — perguntava-se ele. No fim ele se fixou nesta convicção: eles eram “portadores de vida”. Apaixonados, arrojados, corajosos, os três tornavam a vida dos que estavam ao seu redor não menos, mas, sim, mais intensa.

Quando ouvi Buechner dar essa definição de santidade, pensei imediatamente em meu amigo Bob. Seus pais se preocupavam com seu estado espiritual, achando que ele estava passando pouco tempo “na Palavra” e na igreja. Mas eu nunca co-nheci ninguém mais cheio de vida. Ele acolhia animais extraviados, fazia serviços de carpintaria para amigos, escalava montanhas, praticava paraquedismo, apren-deu a cozinhar, construiu sua própria casa. Embora Bob raramente usasse palavras religiosas, eu notava que todos os que o conheciam, eu inclusive, se sentiam mais vivos depois de passar um tempo com ele. Irradiava uma espécie de prazer que Deus deve sentir em relação ao mundo da matéria. Pela definição de Buechner, Bob era um santo.

Conheci outros cristãos portadores de vida. Um devoto presbiteriano chama-do Jack McConnell inventou o teste Tine para detectar a tuberculose, ajudou a desenvolver o Tylenol e o exame por ressonância magnética, e depois dedicou o tempo de sua aposentadoria a recrutar médicos inativos para trabalhar em clíni-cas médicas para gente pobre. No exterior, conheci missionários que consertam veículos, dominam várias línguas, estudam a flora e a fauna local e aplicam inje-ções quando não há um médico disponível. Muitas vezes esses portadores de vida têm dificuldades para se adaptar às sisudas igrejas americanas. Paradoxalmente, os doadores de vida que conheci dão a impressão de eles mesmos terem mais vida.

Coluna Back Page [Última página], Christianity Today,23 de outubro de 2000, p. 128.

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