simulação dinâmica de um edifício de escritórios com os ... · cargas térmicas e definição...
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Simulação dinâmica de um edifício de escritórios com os
programas EnergyPlus e Trace 700
Joana Filipa Das Neves Cartas
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Mecânica
Júri
Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa
Orientador: Prof. João Luís Toste de Azevedo
Vogal: Prof. Miguel Perez Neves Águas
Maio – 2011
II
Agradecimentos
Quero agradecer ao Professor Toste por ter aceite ser meu orientador apesar da minha situação
profissional, que muitas vezes me impediu de ter um ritmo de trabalho mais regular.
Um agradecimento especial a todos os meus colegas e amigos dentro do Grupo LM, nomeadamente
ao João Pedro Santos e ao Rubens Bião por terem sido decisivos no meu desenvolvimento
profissional e pessoal, por me terem sempre incentivado a saber mais e a não desmotivar perante as
adversidades, servindo sempre como um bom exemplo a seguir. Este agradecimento estende-se
também ao Rui e ao Márcio pela ajuda ao longo do processo de elaboração deste trabalho. Agradeço
também à Rita e ao David, cujo trabalho de campo contribuiu directamente para que este projecto
pudesse ser realizado. Agradeço ainda ao departamento de recursos humanos e aos responsáveis
da LMIT e LMGE, que em alturas distintas me permitiram a utilização das instalações fora de horas,
para que pudesse avançar neste trabalho.
Por fim, mas não por último, quero agradecer aos meus amigos, Lúcia, Filipa, Tiago, Margarida e
Clara que sempre me incentivaram a que terminasse o curso. À minha irmã, à Tité e respectiva
família (João, Ana, Rui, Andreia e Rute) pelos bons exemplos que me transmitiram e que sempre me
deram motivação para continuar.
III
Resumo
Este trabalho tem como objectivo efectuar uma análise comparativa dos consumos energéticos,
eléctricos e térmicos, entre dois programas de simulação dinâmica de edifícios: EnergyPlus com o
interface DesignBuilder e Trace700.
Os modelos computacionais desenvolvidos em cada um dos programas foram calibrados através dos
consumos eléctricos e térmicos, obtidos através de contagens (facturas). No final foram comparados
os resultados obtidos e estimadas as densidades de equipamento necessárias para que os consumos
totais simulados estivessem a mais ou menos 10% dos consumos reais, seguindo deste forma a
metodologia corrente no RSECE (Regulamento de Sistemas Energéticos e de Climatização de
Edifícios)
Foi efectuado um levantamento de campo que permitiu definir de modo rigoroso os elementos
construtivos e envidraçados, densidades de iluminação, ocupação, sistema de climatização e
tratamento de ar, bem como todos os horários de funcionamento. A única variável não definida foi a
densidade de equipamento genérico (ex. computadores, máquinas fotocopiadoras, etc.), funcionando
como parâmetro de calibração dos modelos computacionais aos consumos reais.
Ambos os modelos foram parametrizados, dentro do possível e de acordo com as opções
disponibilizadas pelos dois programas, de forma equivalente. Foram avaliadas as principais
diferenças e semelhanças entre os dois programas, tendo sido identificadas uma série de
constrangimentos à criação de modelos complexos equivalentes entre si. Os resultados obtidos foram
comparados entre si, tendo também sido efectuado um conjunto de simulações de modo a avaliar a
influência de determinadas opções dentro de cada programa, nomeadamente métodos de cálculo de
cargas térmicas e definição da temperatura de zonas não úteis, disponíveis no TRACE 700.
Palavras-chave: RSECE, EnergyPlus, DesignBuilder, Trace 700, simulação dinâmica, consumos
energéticos
IV
Abstract
This project has the goal of performing a comparative analysis of the simulated consumptions, electric
and thermal energy, between two dynamic simulation softwares: EnergyPlus with DesignBuilder as an
interface and TRACE 700
The models developed in each software were validated through the comparison between the
simulated results and the measurements done by the electric and thermal energy distribution
company, in which the invoices are based. In the end the results were compared and the electric
equipment ratio was estimated in order for the simulated results to be ± 10% of the real consumption
obtained through the invoices.
The field work allowed the rigorous definition of the constructive elements of the building thermal
envelope, lighting ratios, occupation, HVAC and Air Handling System, as well as all kinds of
schedules. The only variables that were left undefined were the electric equipment ratios (e.g.
computers, copy machines, etc.), working as an adjustment parameter between the simulated results
and the real consumptions.
Both models were, according to the options available in each software, created in an equivalent way.
The main differences and similarities between the two softwares were evaluated, which lead to the
identification of constrains, relating to the options available in both softwares, to the creation of
equivalent complex models of the same building. The results obtained in each software with
equivalent options selected were compared, and more simulations were made in order to determine
the influence of some variants such as load calculation methods.
Keywords: RSECE, EnergyPlus, DesignBuilder, Trace 700, dynamic simulation, energy consumption
V
Índice
1. Introdução ........................................................................................................................................ 1
1.1. Objectivo da Dissertação ......................................................................................................... 1
1.2. Legislação sobre os consumos energéticos dos edifícios ...................................................... 3
1.3. Vertentes do processo de certificação de um edifício de serviços ......................................... 4
1.4. Simulação Dinâmica – Norma ASHRAE 140-2004 ................................................................. 5
1.5. Trabalhos existentes ............................................................................................................... 8
1.6. Impacto do estudo ................................................................................................................. 12
1.7. Estrutura do Documento ........................................................................................................ 13
2. Metodologia ................................................................................................................................... 14
2.1. Evolução dos métodos de cálculo de cargas térmicas ......................................................... 14
2.1.1. Método da diferença de temperatura diferencial (TETD/TA) ........................................ 17
2.1.2. Método das funções de transferência (TFM) ................................................................ 18
2.1.3. Método da diferença de temperatura (CLTD/SCL/CLF)................................................ 19
2.1.4. Método do balanço energético (HBM) ........................................................................... 21
2.1.5. Método das séries temporais radiativas (RTS) ............................................................. 23
2.2. EnergyPlus ............................................................................................................................ 25
2.3. TRACE ................................................................................................................................... 30
2.4. Análise comparativa da utilização de cada programa de simulação .................................... 32
2.4.1. Ficheiros Climáticos ...................................................................................................... 32
2.4.2. Métodos de Sombreamento .......................................................................................... 33
2.4.3. Tratamento de zonas não úteis ..................................................................................... 34
2.4.4. Criação do sistema de AVAC ........................................................................................ 35
3. Edifício em Estudo ......................................................................................................................... 40
3.1. Envolvente ............................................................................................................................. 42
3.2. Iluminação ............................................................................................................................. 43
3.3. Ocupação .............................................................................................................................. 45
3.4. Equipamentos ........................................................................................................................ 46
3.5. Sistemas de climatização e tratamento de ar novo .............................................................. 46
3.6. Horários de funcionamento e ocupação ................................................................................ 47
3.7. Contagens de energia eléctrica e térmica ............................................................................. 47
4. Resultados ..................................................................................................................................... 53
VI
4.1. Simulação Real em EnergyPlus/DesignBuilder .................................................................... 53
4.2. Simulação Real em TRACE 700 ........................................................................................... 58
4.2.1. Impacto das opções de cálculo na simulação real em TRACE 700 ............................. 60
4.3. Comparação dos resultados simulados em cada programa ................................................. 64
5. Conclusões .................................................................................................................................... 66
6. Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 68
A. Esquema dos pisos ....................................................................................................................... 71
B. Envolvente ..................................................................................................................................... 78
C. Horários por perfil de utilização ..................................................................................................... 82
D. AVAC – Espaços ........................................................................................................................... 84
E. Densidades de Equipamento ........................................................................................................ 93
VII
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Programas de simulação dinâmica acreditados pela norma ASHRAE 140-2004 ................ 6
Tabela 2 – Resultados anuais em MWh obtidos através da simulação com diferentes métodos de
cálculo .................................................................................................................................................... 10
Tabela 3 – Valor do IEE consoante o método de cálculo (sem factor de correcção) com o clima de
Faro ....................................................................................................................................................... 10
Tabela 4 – Comparação de algumas características de modelação do EnergyPlus e do TRACE 70011
Tabela 5 - Condutibilidades térmicas das paredes ............................................................................... 42
Tabela 6 – Condutibilidade térmica do pavimento interior e coberturas exteriores.............................. 42
Tabela 7 – Características dos envidraçados ....................................................................................... 42
Tabela 8-Densidade de ocupação por piso .......................................................................................... 45
Tabela 9 – Horários utilizados no modelo computacional .................................................................... 47
Tabela 10 – Consumos anuais simulados no E+ para todas as zonas do piso 03 ao piso 15 ............ 54
Tabela 11 – Comparação dos resultados anuais eléctricos simulados no E+ com os consumos
facturados .............................................................................................................................................. 54
Tabela 12 – Comparação dos consumos térmicos anuais referentes aos serviços comuns simulados
no E+ com os valores facturados .......................................................................................................... 55
Tabela 13 – Comparação dos consumos anuais térmicos do piso 3 a 15 simulados no E+ com os
consumos facturados ............................................................................................................................ 56
Tabela 14 – Comparação dos consumos anuais térmicos do edifício simulados no E+ com os
consumos facturados ............................................................................................................................ 57
Tabela 15 – Consumos anuais eléctricos obtidos através do EnergyPlus para as zonas não
climatizadas ........................................................................................................................................... 57
Tabela 16 – Temperaturas anuais das zonas não úteis obtidas através do EnergyPlus ..................... 58
Tabela 17 – Consumos anuais simulados no TRACE para todas as zonas climatizadas do piso 3 ao
piso 15 ................................................................................................................................................... 59
Tabela 18- Comparação dos resultados eléctricos TRACE 700 mais os consumos de zonas não úteis
face aos valores facturados................................................................................................................... 59
Tabela 19 – Comparação dos consumos térmicos simulados no TRACE 700 com os valores
facturados .............................................................................................................................................. 59
VIII
Índice de Figuras
Figura 1- Aproximações da geometria do edifício ao caso octogonal (A) e quadrangular (B) .............. 8
Figura 2 – Comparação dos resultados obtidos das duas simulações efectuadas ............................... 9
Figura 3 –Organização dos módulos computacionais do E+ ............................................................... 26
Figura 4 – Esquema da solução simultânea de elementos no E+ ....................................................... 27
Figura 5 – Templates de AVAC no EnergyPlus ................................................................................... 36
Figura 6 – Esquema do template Fan Coil Units no DB ....................................................................... 37
Figura 7 – Parcela do código inserido no ficheiro IDF do E+ de modo a criar uma UTAN .................. 38
Figura 8 - Definições do template Fan Coil Units no TRACE............................................................... 38
Figura 9 – Modelo do edifício criado no DesignBuilder (fachada principal) ......................................... 40
Figura 10 – Modelo do edifício criado no DesignBuilder (fachada tardoz) .......................................... 40
Figura 11 - Resumo de densidades de iluminação por grupo de espaços .......................................... 43
Figura 12 – Densidades de Iluminação dos principais grupos de espaços identificados .................... 44
Figura 13 – Densidade de ocupação real vs densidade de ocupação nominal ................................... 45
Figura 14 – Consumos anuais de energia eléctrica por piso ............................................................... 48
Figura 15- Contador de entalpia ........................................................................................................... 49
Figura 16 - Consumos térmicos totais do edifício ................................................................................ 50
Figura 17 - Consumos térmicos dos serviços comuns ......................................................................... 51
Figura 18 – Consumos térmicos do piso 3 a 15 ................................................................................... 51
Figura 19 – Comparação dos diversos métodos de cálculo de cargas térmicas de arrefecimento no
TRACE 700 ........................................................................................................................................... 60
Figura 20 – Desvios dos consumos de avac dos vários métodos de cálculo de cargas térmicas de
arrefecimento em relação ao RTS ........................................................................................................ 61
Figura 21 - Desvios dos consumos de avac dos vários métodos de cálculo de cargas térmicas de
aquecimento em relação ao CLTD ........................................................................................................ 62
Figura 22 – Consumos de avac para cada método de tratamento de zonas não úteis ....................... 63
Figura 23 - Desvios dos consumos de avac dos vários métodos de tratamento de zonas não úteis
face ao original (constant) ..................................................................................................................... 63
Figura 24 – Consumos anuais simulados no E+ e TRACE 700 .......................................................... 64
IX
Abreviaturas
ASHRAE – American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning
AVAC – Aquecimento Ventilação e Ar Condicionado
CE – Certificado Energético
CE´s – Certificados Energéticos
CLTD/SCL/CLF – Cooling Load Temperature Difference / Solar Cooling Load Factor / Cooling Load
Factor
DB – DesignBuilder
DCR – Declaração de Conformidade Regulamentar
E+ – EnergyPlus
EPW – EnergyPlus Weather File
GES – Grandes Edifícios de Serviços
HBM – Heat Balance Method
HcC – Habitação com Climatização
IEE – Índice de Eficiência Energética
OADB – Outside Air Dry Bulb
PEScC – Pequenos Edifícios de Serviços com Climatização
RCCTE – Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios
RSECE – Regulamento de Sistemas Energéticos e Climatização de Edifícios
RTS – Radiant Time Series
SCE – Sistema de Certificação Energética e Qualidade do Ar Interior em Edifícios
TETD/TA – Total Equivalent Temperature Differential / Time Averaging
TDU – Todos os dias úteis
TDS – Todos os dias da semana
TFM – Transfer Function Method
UTAN – Unidade de Tratamento de Ar
X
Nomenclatura
∆T Diferença de temperatura entre o exterior e o interior de uma zona; [∆T] = K
A Àrea da secção; [A] = m2
cp Calor específico a pressão constante; [cp] = J/kg.K
Ct Factor de ponderação da transferência de calor sensível
CLF Factor de correcção da carga térmica face aos ganhos térmicos por radiação solar
CLTD Diferença de temperatura entre o exterior e o interior de uma zona; [CLTD] = K
hi Coeficiente de convecção; [hi] = W/m2.K
ṁi Caudal mássico de ar interior numa zona; [ṁi] = kg/s
ṁinf Caudal mássico do ar resultante de infiltrações; [ṁinf] = kg/s
ṁsys Caudal mássico total do ar interior; [ṁsys] = kg/s
q Quantidade de energia transferida; [q] = W
�� i Cargas internas convectivas; [�� i] = W
�� sys Taxa de troca de calor entre o ar interior da zona e o sistema de climatização; [�� sys] = W
qCE Fracção convectiva das cargas internas do espaço; [qCE] = W
qconv Transferência de calor por convecção das superfícies para o ar; [qconv] = W
�����´´ Fluxo de energia resultante das trocas por convecção entre a superfície e o ar; [�����´´ ] = W/m2
qIV Cargas térmicas sensíveis resultantes da ventilação e das infiltrações de ar; [qIV] = W
�́́ Fluxo de energia resultante da condução através da parede; [�́́] W/m2
���´´ Fluxo de radiação de longo comprimento de onda resultante das trocas entre o ar e a
atmosfera; [���´´ ] = W/m2
�� ´´ Fluxo de energia resultante das trocas de calor de longo comprimento de onda entre os
equipamentos e as superfícies da zona; [�� ´´ ] = W/m2
XI
���´´ Fluxo de energia resultante das trocas de radiação de longo comprimento de onda entre as
superfícies da zona; [���´´ ] = W/m2
� ��´´ Fluxo de energia resultante da absorção de radiação solar pela superfície; [� ��´´ ] = W/m2
� �´´ Fluxo de energia resultante das trocas de calor de pequeno comprimento de onda entre
iluminação e as superfícies da zona; [� �´´ ] = W/m2
qsys Transferência de calor do/e para o sistema de AVAC; [qsys] = W
�����´´ Fluxo de radiação absorvida (directa e difusa); [�����´´ ] = W/m2
Qζ Componente da carga térmica; [Qζ] = W
Qθ Carga térmica a ser adicionada ao espaço no instante analisado; [Qθ] = W
qrθ Ganho térmico por radiação no instante analisado; [qrθ] = W
qrθ-nδ Ganho térmico por radiação no instante anterior; [qrθ-nδ] = W
qθ Ganhos de calor por condução através da superfície; [qθ] = W
qζ Componente de ganho térmico; [qζ] = W
r0 a r23 Factores de resposta
SC Factor solar do vidro
SCL Coeficiente de correcção de carga térmica por transmissão solar
Tsol,ar Temperatura sol-ar média diária; [Tsol,ar] = K
Tsol,δ Temperatura sol-ar no intervalo de tempo δ; [Tsol,δ] = K
Tint Temperatura interior da zona; [Tint] = K
Tsi Temperatura interior de uma superfície da zona; [Tsi] = K
Tsup Temperatura do ar que entra na zona; [Tsup] = K
Tz Temperatura interior das restantes superfícies da zona; [Tz] = K
T∞ Temperatura do ar exterior; [T∞] = k
Te,θ-jδ Temperatura sol-ar à j horas atrás; [Te,θ-jδ] = K
XII
TETD Temperatura total equivalente; [TETD] = K
Trc Temperatura do ar do interior que se assume como constante; [Trc] = K
U Coeficiente global de transferência de calor; [U] = W/m2.K
Ypj Factor de resposta; [Ypj] = W/m2.K
ζ Instante de tempo
λ Factor decremental
ρar Massa volúmica do ar; [ρar] = kg/m3
1. Introdução
1.1. Objectivo da Dissertação
O presente estudo teve como objectivo efectuar a simulação dinâmica em condições reais de um
edifício de serviços com dois programas diferentes, ambos acreditados pela norma ASHRAE 140-
2004.
O estudo aqui apresentado pretende evidenciar uma das problemáticas associadas ao processo de
certificação energética no âmbito do RSECE (Regulamento de Sistemas de Energia e Climatização
em Edifícios), procurando demonstrar que não é indiferente o programa (dentro do conjunto de
programas aceites pelo regulamento) que o projectista ou perito qualificado escolhe para efectuar a
simulação dinâmica do edifício.
Esta conclusão é importante não só do ponto de vista da facilidade de utilização de cada um dos
programas mas também do ponto de vista dos resultados obtidos e consequentemente da precisão
dos mesmos. Em última instância não será errado dizer que a escolha do programa pode influenciar a
classe energética do edifício alvo de certificação.
Importa aqui realçar que o presente estudo pretende evidenciar a problemática da escolha do
programa de simulação, numa situação real, havendo portanto todo um trabalho do ponto de vista da
auditoria energética e levantamento de informação. O levantamento de campo incidiu sobre aspectos
concretos, nomeadamente:
a) Envolvente
b) Iluminação
c) Sistemas de climatização e tratamento de ar novo
d) Ventilação
e) Ocupação
f) Horários
Tendo sido identificados os principais consumidores de energia, restam ainda alguns elementos por
identificar, nomeadamente equipamentos genéricos como computadores, fotocopiadoras etc.
Estes consumidores energéticos, embora importantes, podem representar uma fracção muito
sensível do consumo total, como não existe a quantificação dos mesmos vão entrar como a nossa
variável desconhecida e elemento flexível de modo a garantir a calibração do modelo computacional
em condições reais. Assim sendo, foi feita a simulação dinâmica do edifício em EnergyPlus (E+) e
2
TRACE 700, inserindo-se toda a informação recolhida no levantamento deixando como variável as
densidades de equipamento nos diferentes espaços.
Numa primeira fase o modelo tridimensional foi criado no programa DesignBuilder (DB), que mais não
é do que uma interface amigável para o processador de cálculo de cargas térmicas que é o E+, tendo
o modelo sido parametrizado de acordo com as informações recolhidas nos levantamentos de campo.
Os consumos energéticos obtidos através da simulação em E+ foram então comparados com os
consumos reais que eram conhecidos através de facturas eléctricas e contagens entálpicas.
Uma metodologia semelhante foi aplicada no TRACE 700, existindo no entanto diferenças
importantes nas opções de cada programa, que serão mais tarde descritas, de modo a calcular os
consumos energéticos do edifício.
Foi então feita uma análise das diferenças entre os dois programas, quer do ponto de vista dos
algoritmos e consequentemente dos métodos de cálculo de cargas térmicas, como das opções de
parametrização e foram comparados os resultados obtidos com cada um.
A análise de resultados teve sempre em conta que as diferenças que pudessem ser encontradas
estariam directamente relacionadas com os consumos energéticos de climatização, não sendo
espectável encontrar diferenças em consumos de iluminação ou equipamentos genéricos uma vez
que se trata de um cálculo directo entre a potência instalada e o horário.
Tendo sido mantida a integridade e equivalência da informação que foi inserida em cada programa,
garantiu-se que se parametrizou os mesmos itens do mesmo modo (ex. envolvente, iluminação,
ocupação e horários) em ambos os programas.
A produção de energia térmica do edifício em estudo é assegurada por uma rede urbana de
distribuição, razão pela qual, á excepção da ventilação, não existe consumo eléctrico associado, no
entanto o estudo pretende provar que as diferenças verificadas ao nível das cargas térmicas podem
conduzir a resultados diferentes do ponto de vista quer da calibração do modelo aos consumos reais,
como numa fase posterior a classes energéticas diferentes consoante o programa adoptado.
3
1.2. Legislação sobre os consumos energéticos dos edifícios
O actual Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE) aprovado no
decreto-lei 79/2006 de 4 de Abril surge na sequência da criação do Sistema de Certificação de
Edifícios (SCE) que inclui ainda o Regulamento das Características do Comportamento Térmico em
Edifícios (RCCTE), com origem na tomada de consciência do impacto energético e
consequentemente económico dos edifícios, nomeadamente de serviços.
A legislação sobre o consumo energético de edifícios tornou-se numa realidade numa época em que
havia já, na sociedade nacional e internacional, uma consciência profunda do impacto energético dos
mesmos, isto associado à crescente instabilidade de preços dos combustíveis fósseis e a
necessidade de reduzir os poluentes com efeito de estufa. Neste sentido tornou-se fundamental
renovar uma base legislativa que obrigasse a cumprir certos critérios, de modo a implementar nos
edifícios medidas de racionalização de energia, incentivando a poupança dos proprietários e
ocupantes e dotando o edifício, sempre que possível, de métodos de produção descentralizada da
sua própria energia. Surge assim o processo de certificação energética, para grandes edifícios de
serviços (RSECE), no qual se insere o edifício alvo deste estudo.
A certificação energética tem portanto como principais objectivos melhorar a eficiência energética dos
edifícios, definir requisitos de conforto térmico e de higiene dos espaços interiores de acordo com a
sua utilização e garantir uma boa qualidade do ar interior, salvaguardando os ocupantes.
De acordo com o nº 1 do Artigo 2º do RSECE, este regulamento aplica-se a:
a) Grandes edifícios ou fracções autónomas de serviços, existentes1 e novos 2com área útil
superior a 1.000 m2, ou no caso de edifícios do tipo centros comerciais, supermercados,
hipermercados e piscinas aquecidas cobertas, com área superior a 500 m2 (GES);
b) Novos e existentes pequenos edifícios ou fracções autónomas de serviços com sistemas de
climatização com potência instalada superior a 25 kW (PEScC);
c) Novos edifícios de habitação ou cada uma das suas fracções autónomas com sistemas de
climatização com potência instalada superior a 25 kW (HcC);
d) Novos sistemas de climatização a instalar em edifícios ou fracções autónomas existentes, de
serviços ou de habitação, com potência instalada igual ou superior a 25 kW em qualquer
tipologia de edifícios;
e) Grandes intervenções3 de reabilitações relacionadas com a envolvente, as instalações
mecânicas de climatização ou os demais sistemas energéticos dos edifícios de serviços;
f) Ampliação dos edifícios existentes em que a intervenção não atinja o limiar definido para ser
considerada uma grande intervenção de reabilitação.
1Edifício Existentes – projecto de licenciamento das instalações mecânicas de climatização anterior a 04/06/2006 2Edifício Novos – projecto de licenciamento das instalações mecânicas de climatização posterior a 04/06/2006 3Considera-se uma grande intervenção quando o custo seja superior a 25% do valor do edifício
4
1.3. Vertentes do processo de certificação de um edifício de serviços
De forma genérica e considerando um edifício de serviços genérico é necessário avaliar previamente
alguns tópicos chave, nomeadamente a propriedade horizontal, o sistema de climatização
(centralizado ou não), área do edifício e a data do pedido de licenciamento. Todas estas informações
cruzadas vão permitir identificar se estamos perante uma avaliação no âmbito do RCCTE (mais
vocacionado para os edifícios de habitação) ou RSECE, um certificado energético (CE) ou uma
declaração de conformidade regulamentar (DCR), bem como definir o nº de certificados a serem
emitidos. Esta informação pode ser consultada mais detalhadamente nas Perguntas e Respostas
sobre o RSECE – Energia.
Num processo de emissão de um certificado energético de um edifício ao abrigo do RSECE,
podemos identificar três grupos fundamentais de análise, a saber:
� Energia
� Manutenção
� Qualidade do Ar Interior
Cada um destes grupos vai obrigar ao cumprimento de determinados requisitos impostos pelo
regulamento (RSECE), todos eles contemplados no certificado energético, de modo a dar informação
aos ocupantes e potenciais compradores do edifício das características do mesmo e da sua situação
regulamentar ou não.
5
1.4. Simulação Dinâmica – Norma ASHRAE 140-2004
Este trabalho incidirá especificamente sobre parte do procedimento associado à vertente da energia,
correspondente à simulação dinâmica do edifício, mais especificamente à simulação em condições
reais.
A simulação dinâmica é um método de análise computacional do perfil e consumos energéticos do
edifício. O anexo VIII do RSECE define os aspectos que este tipo o modelo computacional deve
incluir, nomeadamente as características da envolvente do edifício, o ficheiro climático de acordo com
a zona, sistemas de climatização, ventilação iluminação etc.
Esta fase do processo de certificação energética pressupõe a existência prévia de um levantamento
de campo exaustivo do ponto de vista da envolvente, iluminação, equipamentos, sistemas de
climatização e tratamento de ar, ocupação, horários de funcionamento bem como de algumas
medições nomeadamente de ar novo e eficiências de equipamentos de climatização entre outros.
A simulação dinâmica do edifício pode ser de modo sucinto decomposta em duas partes: simulação
real e simulação nominal. A simulação em condições reais tem como objectivo a calibração do
modelo computacional através da comparação entre os consumos energéticos reais, discriminados
em facturas ou obtidos através de contagens no local, com os consumos obtidos numericamente,
validando o modelo sempre que a diferença entre eles seja inferior a mais ou menos 10%. Isto implica
que haja uma parametrização do modelo computacional do edifício com todas as informações obtidas
nos levantamentos, devendo o levantamento ser o mais exaustivo possível de modo a que se consiga
obter um modelo realista.
Após garantida a validade do modelo computacional, procede-se à simulação em condições
nominais, em que se mantém parte das características reais do edifício, nomeadamente: envolvente,
iluminação e sistemas de climatização, substituindo todos os horários, ocupação, densidades de
equipamento, temperaturas de conforto e caudais de ar novo pelos impostos pelo regulamento para
cada tipologia de espaço.
Nesta fase é necessário proceder à escolha do programa que de acordo com a legislação tem de
estar acreditado pela norma ASHRAE 140-2004.
A ASHRAE implementou um programa rigoroso de testes e validação de resultados obtidos através
dos diversos programas, de modo a avaliar a precisão de cada um, identificando diferenças nos
resultados obtidos resultantes dos diferentes algoritmos envolvidos, limitações e erros de código. Na
sequência deste programa de testes e validação de resultados, surgiu a lista de programas
acreditados que se apresenta na Tabela 1.
6
Programas Organizações Responsáveis
Blast CERL- U.S.Army Construction Engineering Research Laboratories, USA
DOE-2
LANL- Los Alamos National Laboratory, USA
LBNL- Lawrence Berkeley National Laboratory, USA
James J. Hirsch & Associates, USA
ESP Strathclyde University, GB
SRES/SUN NREL- National Renewable Energy Laboratory, USA
Ecotope, USA
SRES/BRE NREL- National Renewable Energy Laboratory, USA
BRE - Building Research Establishment, GB
S3PAS Universidade de Sevilha, Espanha
TASE Tampere University, Finlândia
TRNSYS Universityof Wisconsin, USA
TRNSYS/TUD University of Wisconsin, USA
Technishe Universität Dresden, Alemanha
CA-SIS Electricité de France, França
CLIM2000 Electricité de France, França
ENERGYPLUS
LBNL - Lawrence Berkeley National Laboratory, USA
UIUC - University of Illinois Urbana/ Champaign, USA
CERL- U.S.Army Construction Engineering Research Laboratories, USA
OSU-Oklahoma State University, USA
GARD Analytics, USA
FSEC - Universityof Central Florida, Florida Solar EnergyCenter, USA
DOE-OBT Department of Energy, Office of Building Technology, USA
Tabela 1 - Programas de simulação dinâmica acreditados pela norma ASHRAE 140-2004
A norma ASHRAE 140-2004 teve como antecessora a ANSI/ASHRAE 140-2001 que utiliza a
metodologia BESTEST. Esta metodologia resultou de um projecto desenvolvido pela International
Energy Agency (IEA) cujo objectivo era desenvolver um procedimento de verificação analítica,
empírica e de comparação entre programas de simulação dinâmica. (Judkoff & Neymark, 1995)
Os primeiros testes pretendiam analisar o impacto da inércia térmica4 de um edifício e contemplavam
casos simples e mais complexos. Dentro dos casos simples encontramos a série de base (600),
séries 610 a 650 (inércia fraca), séries 900 a 960 (inércia forte) e séries 600/650/900/950 FF cujo
objectivo é analisar a evolução livre da temperatura dentro de uma zona. Os testes mais complexos
incluem as séries 195 a 320, 395 a 440 e 800 a 810, e pretendem servir como diagnóstico de 4 A inércia térmica de um edifício é a sua capacidade de contrariar as variações de temperatura no seu interior, ou seja, de reduzir a transmissão de calor. Para efeitos do regulamento foram definidas três classes de inércia térmica: forte, média e fraca. A classe da inércia térmica resulta do cálculo da massa superficial útil por metro quadrado de área de pavimento cuja definição, cálculo e terminologia empregue vêm descritos no n.º 2 do anexo VII do RCCTE.
7
diferenças mais específicas nos algoritmos dentro de cada programa. (Henninger & Witte, EnergyPlus
Testing with ANSI/ASHRAE Standard 140-2001 (BESTEST), 2004)
Não só o EnergyPlus mas também o DesignBuilder foi sujeito a esta metodologia, tendo os resultados
sido registados em ASHRAE 140 Validation Results for DesignBuilder v2.1.
A metodologia BESTEST teve ainda uma revisão, HVAC BESTEST, cujo objectivo era analisar o
tratamento dado pelos programas de simulação dinâmica de edifícios às cargas térmicas das zonas
tendo em conta sistemas de climatização e de ventilação mecânica, bem como a sensibilidade a
temperaturas interiores e exteriores. As séries de testes aqui incluídas são E100 a E200 e utilizam um
sistema de climatização de expansão directa do tipo “split”. (Neymark, et al., 2001)
Os resultados obtidos através do EnergyPlus segundo esta nova metodologia são apresentados em
(Henninger & Witte, EnergyPlus Testing with HVAC Equipment Performance Tests CE100 to CE200
from ANSI/ASHRAE Standard 140-2007, 2010).
Isto significa que esta metodologia verificou o comportamento dos programas para uma série de
situações concretas em que o sistema de climatização e tratamento de ar era relativamente simples
bem como fácil de parametrizar. Numa situação real em que estejamos a lidar com um sistema de
climatização e tratamento de ar mais complexo e difícil de parametrizar computacionalmente dadas
as opções de cada programa, não existe a garantia de se conseguir chegar a resultados
semelhantes.
Após a elaboração da lista inicial também os programas TRACE 700, HAP 4.31 e o VisualDOE 4.1
foram acreditados no âmbito da norma referida, à semelhança destes, outros poderão futuramente a
vir a ser reconhecidos. (TRANE, 2006)
8
1.5. Trabalhos existentes
Na sequência do estudo que se pretendia efectuar, foi feita uma pesquisa sobre estudos já existentes
sobre a problemática da escolha do programa no processo de certificação energética de edifícios ao
abrigo do RSECE e dois assumiram particular relevância (Roriz & Gonçalves, 2003) e (Roriz & Silva,
2008) ambos da co-autoria do Professor Luís Roriz.
No artigo (Roriz & Gonçalves, 2003) são abordados os problemas resultantes da utilização de
métodos de simulação de cargas térmicas na verificação dos requisitos energéticos dos edifícios.
Neste estudo aborda-se a dificuldade em reproduzir de forma fiel a geometria e os sistemas
energéticos reais do edifício, no modelo computacional. Tornando-se facilmente evidente que as
aproximações efectuadas pelo utilizador, afectarão os resultados finais.
O caso de estudo foi um edifício de doze pisos com geometria circular, tendo sido utilizado o
programa de simulação DOE-2.1e. Dadas as limitações do programa para reproduzir a geometria real
do edifício, foram feitas duas aproximações, geometria em planta octogonal e quadrangular,
apresentadas na Figura 1.
Figura 1- Aproximações da geometria do edifício ao caso octogonal (A) e quadrangular (B)
O programa DOE-2.1e possui ainda limitações ao nível da envolvente interior, não permitindo definir
espaços adjacentes a superfícies exclusivamente interiores. Esta situação impede que sejam criadas
zonas como poços de elevadores, que embora não sejam climatizadas, influenciam a temperatura
dos espaços adjacentes. Os resultados obtidos através das simulações para cada um dos casos (A e
B), são apresentados na Figura 2.
9
Figura 2 – Comparação dos resultados obtidos das duas simulações efectuadas
Os resultados permitiram verificar que as cargas térmicas máximas de arrefecimento e respectiva
potência obtidas através de simulação foram superiores para o caso B, ou seja para a aproximação
de geometria quadrangular. Isto permitiu concluir que dependendo da aproximação feita, as potências
térmicas a instalar, seriam diferentes.
No artigo (Roriz & Silva, 2008) é exposto o impacto da escolha da metodologia de cálculo de cargas
térmicas dentro de um mesmo programa de simulação. Os métodos de cálculo de cargas térmicas
têm vindo a evoluir ao longo das últimas décadas, em grande parte devido ao desenvolvimento de
processadores cada vez melhores.
Os métodos iniciais baseavam o seu cálculo em valores tabelados pela ASHRAE, Handbook
Fundamentals 1967, de diversos parâmetros, nomeadamente diferenças de temperatura
equivalentes. A pouca flexibilidade do cálculo e a não inclusão de determinados factores como a
orientação dos elementos estruturais originava erros nos resultados obtidos. Os métodos de cálculo
actualmente propostos pela ASHRAE desde a década de 90, possuem uma complexidade que não
permite a sua resolução através de cálculos manuais ou folhas de cálculo.
Dos diferentes métodos de cálculos de cargas térmicas, que serão apresentados em detalhe mais à
frente neste documento, o mais completo é o método do balanço energético, sendo também o que
requer informação mais completa. Os restantes métodos, nomeadamente o método da diferença de
temperatura (CLTD/SCL/CLF – Cooling Load Temperature Difference / Solar Cooling Load Factor /
Cooling Load Factor), o método da diferença de temperatura diferencial (TETD/TA – Total Equivalent
Temperature Differential / Time Averaging), não são mais do que versões iniciais mais simples que
permitiram chegar ao método do balanço energético.
O caso de estudo foi um edifício de serviços de 8 pisos e o programa utilizado para as simulações foi
o TRACE 700. Foram feitas simulações, mantendo a parametrização do modelo com três
metodologias de cálculo distintas, usando o método TETD/TA, o CLTD e o RTS, apresentando-se na
Tabela 2 os resultados obtidos.
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Método Arrefecimento Aquecimento Ventilação Iluminação Outros
TETD/TA 246,93 72,40 181,76 214,59 388,78
CLTD 227,70 72,00 141,27 214,59 388,78
RTS 255,16 72,15 174,13 214,59 388,78
Tabela 2 – Resultados anuais em MWh obtidos através da simulação com diferentes métodos de cálculo
Foi desde logo possível verificar diferenças significativas nos consumos térmicos e de ventilação. Em
seguida calculou-se o valor do índice de eficiência energética (IEE) obtido através dos valores
simulados com cada um dos métodos de cálculo de cargas térmicas, os resultados são apresentados
na Tabela 3.
Método IEE inverno
(kgep/m2.ano)
IEE verão
(kgep/m2.ano)
IEE global
(kgep/m2.ano)
TETD/TA 2,5 21,6 53,0
CLTD 2,2 18,8 50,0
RTS 2,4 22,0 53,4
Tabela 3 – Valor do IEE consoante o método de cálculo (sem factor de correcção) com o clima de Faro
A conclusão do estudo é de que a indefinição regulamentar sobre a metodologia de cálculo a ser
seguida numa simulação energética de um edifício pode levar a situações de cumprimento ou
incumprimento regulamentar consoante o método de cálculo do programa utilizado.
No que diz respeito à temática da obrigatoriedade de utilização de um programa de simulação de
modo a verificar os requisitos energéticos de um edifício, e consequente selecção do mesmo, existe
ainda um estudo que constitui uma referência importante (Crawley, Hand, Kummert, & Griffith, 2005).
Este estudo faz uma comparação entre as características e funcionalidades de vinte dos principais
programas de simulação energética de edifícios, entre os quais se encontram o EnergyPlus e TRACE
700. Por simplificação apenas serão aqui apresentadas as informações referentes a estes dois
programas, uma vez que apenas estes serão abordados neste trabalho.
11
A análise comparativa incidiu sobre parâmetros específicos, nomeadamente características gerais de
modelação, métodos de cálculo de cargas térmicas nas zonas, sistemas de AVAC e exportação de
resultados entre outros.
Na Tabela 4 apresenta-se um resumo com algumas das evidências.
Características gerais de modelação EnergyPlus TRACE 700
Cálculo simultâneo de cargas, sistema de
tratamento de ar e central de produção térmica Disponível Não Disponível
Temperatura das zonas obtida com base no
cálculo da interacção entre as cargas térmicas e o
sistema de tratamento de ar
Disponível Disponível
Definição do intervalo de tempo de processamento
para contabilizar a interacção entre o ar da zona e
o sistema de AVAC
Disponível Não Disponível
Cálculo simultâneo do processo radiativo e
convectivo Disponível Disponível
Massas térmicas internas Disponível Disponível
Circuitos de ar (liga baterias, ventiladores, caixas
de mistura e as zonas) Disponível Disponível
Circuitos de fluido (água quente, água fria,
condensação e respectivos equipamentos) Disponível Disponível
Mais do que um pleno de insuflação Disponível Não Disponível
Tabela 4 – Comparação de algumas características de modelação do EnergyPlus e do TRACE 700
Este estudo é essencialmente qualitativo não apresentando valores produzidos pelos programas de
simulação, ficando no entanto claro que existem uma série de diferenças nas opções disponibilizadas
por cada um.
De acordo com a informação que o utilizador pretende inserir no modelo, terá de procurar o programa
que melhor se adapte aos seus requisitos, não sendo garantido que obtenha resultados iguais
consoante a sua escolha.
12
1.6. Impacto do estudo
O estudo aqui apresentado pretende evidenciar uma das problemáticas associadas ao processo de
certificação energética, procurando demonstrar que não é indiferente o programa e metodologia de
cálculo que o projectista ou perito qualificado escolhe para efectuar a simulação dinâmica do edifício.
De acordo com estudos já existentes sobre a matéria, em que se prova que dependendo do
programa de simulação utilizado será necessário efectuar uma série de aproximações de modo a
conseguir um modelo próximo da realidade e tendo em conta que a norma da ASHRAE 140-2004
assegura que tanto o EnergyPlus como o TRACE passaram o conjunto de testes computacionais a
que foram sujeitos, produzindo resultados semelhantes, importa levar esta temática ao passo
seguinte. Sabendo que os testes realizados ao abrigo da norma ASHRAE140-2004, se referem a
uma geometria e sistema de climatização e tratamento de ar relativamente simples, é fundamental
comparar ambos os programas numa situação real, num edifício de vários pisos e de geometria mais
complexa, bem como um sistema de climatização e tratamento de ar completo.
As conclusões a que se pretende chegar são importantes não só do ponto de vista da facilidade de
utilização de cada um dos programas mas também do ponto de vista dos resultados obtidos e
consequentemente da precisão dos mesmos. Em última instância não será errado dizer que a
escolha do programa pode influenciar a classe energética e o cumprimento ou incumprimento dos
requisitos energéticos do edifício alvo de certificação.
Importa referir que a criação de um modelo computacional realista está em grande parte dependente
das opções disponíveis no programa seleccionado, quer do ponto de vista da envolvente, dos
métodos de sombreamento, de tratamento das zonas não úteis e dos sistemas de AVAC. Associadas
a cada programa de simulação estão diferentes metodologias de cálculo de cargas térmicas, cuja
selecção influencia de forma importante os resultados obtidos.
Quando combinamos as diferentes aproximações de cada programa de simulação necessárias à
criação de um modelo de um edifício, nomeadamente em termos de geometria, e os diferentes
métodos de cálculo de cargas térmicas, podemos chegar a resultados distintos para um caso de
estudo semelhante.
13
1.7. Estrutura do Documento
Este documento foi organizado do seguinte modo:
Capítulo 1 – Este capítulo introduz de forma resumida o contexto em que se insere o trabalho,
relacionando a criação de legislação sobre o consumo energético dos edifícios, com a crescente
preocupação com a temática energética e emissão de poluentes. É feita uma pequena descrição das
etapas envolvidas no processo de certificação energética, e o conceito de simulação dinâmica
detalhada, bem como dos programas permitidos pelo regulamento.
Capítulo 2 – É descrita a metodologia aplicada em cada um dos programas, descrevendo o método
de cálculo de cargas térmicas de cada um e principais diferenças de cálculo.
Capítulo 3 – É feita uma descrição do edifício em estudo e das principais características do ponto de
vista da envolvente, iluminação, ocupação, sistemas de produção de energia térmica e tratamento de
ar novo, ventilação e todo o tipo de horários de funcionamento.
Capítulo 4 – Análise dos resultados obtidos nos dois programas.
Capítulo 5 – São apresentadas as conclusões retiradas da análise de resultados e da
parametrização das zonas em ambos os programas, sendo também efectuada uma reflexão face a
possíveis trabalhos futuros que possam complementar as conclusões aqui expostas.
14
2. Metodologia
2.1. Evolução dos métodos de cálculo de cargas térmicas
O processo de climatização pode ser definido como um conjunto de meios que permitem manter um
espaço com uma determinada temperatura e humidade, bem como providenciar uma renovação de ar
adequada ao tipo de actividade aí realizada. O conceito de climatização remonta à Roma antiga onde
a água dos aquedutos era forçada a circular através das paredes de certas casas de modo a
arrefecê-las. Ao longo da história foram desenvolvidos equipamentos e processos gradualmente mais
sofisticados no sentido de conseguir controlar as temperaturas no interior de espaços fechados,
desde a antiguidade até ao século XX.
O desenvolvimento das técnicas modernas de AVAC (aquecimento, ventilação e ar-condicionado)
deve-se entre outros a Willis Carrier, Reuben Trane, James Joule, e Sadi Carnot. Em 1894 é fundada
a associação que veio sistematizar o conhecimento e desenvolvimento tecnológico nesta área no
século XX. A ASHRAE é uma organização internacional cujo objectivo fundamental é promover o
desenvolvimento científico na área do aquecimento, refrigeração, ventilação e ar condicionado.
Com o desenvolvimento da indústria do ar condicionado ao longo do século XX, cresce também a
necessidade de estimar correctamente as cargas térmicas aquando do projecto do sistema de
climatização e tratamento de ar de um edifício, de modo a evitar dimensionamentos incorrectos das
instalações e equipamentos. O sobredimensionamento de um sistema de climatização acarreta desde
logo um factor de encarecimento com toda a instalação bem como consumos energéticos superiores
ao longo da vida útil mesmo, o subdimensionamento por outro lado conduz a problemas com o
conforto dos ocupantes, qualidade do ar interior, etc.
De acordo com ASHRAE Handbook - Fundamentals - SI Units, as cargas térmicas de arrefecimento e
aquecimento resultam de diversos processos de transferência de calor por condução, convecção e
radiação através da envolvente do edifício, bem como geração interna de ganhos térmicos nas zonas
a climatizar. Alguns dos parâmetros que podem afectar as cargas térmicas são:
� Externos: paredes, coberturas, pavimentos, vãos envidraçados e clarabóias;
� Internos: iluminação, ocupação e equipamentos;
� Infiltrações: fugas de ar e migração de humidade de umas zonas para outras;
� Sistema de climatização: ar exterior, possíveis fugas nas condutas, recuperação de energia,
ventilação e bombagem.
A maioria dos métodos existentes calculam a carga térmica em duas etapas, na primeira consideram-
se os ganhos de calor (envolvente, envidraçados e infiltrações) e a geração interna na zona
15
(ocupação, iluminação e equipamentos) e na segunda considera-se a extracção desta carga térmica
através do sistema de climatização. O grande desafio dos métodos de cálculo de cargas térmicas é
quantificar os efeitos transientes de inércia que afectam a diferença de tempo entre os ganhos de
energia radiativa e a transformação dos mesmos em carga térmica a ser removida.
Um sistema de climatização que sirva várias zonas independentes, cada uma com um controlo de
temperatura próprio, precisa de garantir o tratamento da carga térmica máxima verificada num dia de
projecto (dia do ano com as condições climáticas mais extremas o que resulta na solicitação máxima
ao sistema de climatização), calculada através da soma horária das cargas térmicas de todas as
zonas. O sistema tem ainda que assegurar os picos de carga individuais de cada zona
individualmente.
No sentido de desenvolver métodos de cálculo rigorosos e realistas, a ASHRAE desenvolveu uma
série de projectos de investigação que se dedicaram ao estudo de diversos métodos de cálculo de
cargas térmicas de aquecimento e arrefecimento.
Os cálculos de cargas térmicas iniciais baseavam-se na equação elementar de transferência de calor
em regime estacionário
� = �� × ∆� (1)
onde
q = quantidade de energia transferida (W)
U = coeficiente global de transferência de calor (W/m2.K)
A = área da secção (m2)
∆T = diferença de temperatura entre o exterior e o interior da zona (K)
Sendo que obviamente os resultados obtidos eram pouco realistas, uma vez que os cálculos
negligenciavam uma série de factores, nomeadamente as componentes radiativas.
Em 1967 surge pela primeira vez o método da diferença de temperatura diferencial (TETD/TA) no
ASHRAE Handbook Fundamentals do mesmo ano. Este método não só permitia calcular as cargas
térmicas tendo em conta o processo condutivo, como também procurava avaliar os ganhos térmicos
por radiação usando uma média temporal destes ganhos. Esse procedimento naturalmente não
tratava de forma muito rigorosa o fenómeno de inércia térmica e o consequente efeito transiente do
mesmo, exigindo ainda uma atenção redobrada do utilizador para a definição das características
térmicas do edifício.
Continuaram a ser aplicados esforços no sentido de conseguir chegar a um método de cálculo que
integrasse o fenómeno de inércia térmica, ou seja, o intervalo de tempo entre um ganho radiativo e a
sua transformação em carga térmica a ser removida.
16
Ainda durante o ano de 1967 (Mitalas & Stephenson, 1967), é proposto o método do factor de
resposta térmica para o cálculo de cargas térmicas e é a partir deste método que surge o método das
funções de transferência, como uma extensão do primeiro. O método das funções de transferência
consegue incorporar o efeito da inércia térmica e assim atrasar as cargas térmicas, aparecendo pela
primeira vez no manual da ASHRAE em 1972.
Ainda na década de 70 surge o projecto de investigação 138 (Rudoy & Duran, 1975) do qual emergiu
o método da diferença de temperatura (CLTD/SCL/CLF) (Rudoy & Duran, 1979). O método da
diferença de temperatura é semelhante ao TETD/TA, mas com mais informação recorrendo ao
método das funções de transferência (TFM). Sendo usado para cálculos manuais, uma vez que por
esta altura os computadores não estavam ainda ao acesso da maioria dos projectistas de AVAC.
Posteriormente foram efectuados mais projectos de investigação determinantes para o
desenvolvimento dos métodos de cálculos de cargas térmicas como hoje os conhecemos,
nomeadamente os projectos 359 (Sowell & D.C.Chiles, 1985) e 472 (Sowell, Harris, & McQuiston,
1988).
Em 1992 a publicação da 2ª edição do ASHRAE – Cooling and Heating Load Calculation Manual
(Spliter & McQuiston, 1992) apresenta 3 metodologias revistas para o cálculo de cargas térmicas:
� TFM, também conhecido por método das funções de transferência
� CLTD/SCL/CLF
� TETD/TA
Após a publicação desta última publicação restava ainda alguma insatisfação face aos métodos
existentes, uma vez que o método TFM era demasiado complexo do ponto de vista da compreensão
bem como da aplicação e os métodos CLTD/SCL/CLF e TETD/TA produziam resultados limitados e
que requeriam uma boa dose de bom senso por parte do utilizador.
Em 1996 a ASHRAE lança o projecto de investigação 875 (Pedersen, Fisher, & Richard J. Liesen,
1997) cujo objectivo é substituir os 3 métodos de cálculo acima descritos por:
� HBM, Método do balanço energético (o mais fundamental de todos);
� RTS, Método das séries radiativas que deriva do HBM mas pretende ser uma simplificação
de uso mais simples através de uma folha de cálculo.
Os dois últimos métodos cálculo constam actualmente de ASHRAE Handbook - Fundamentals - SI
Units de 2009 embora os restantes sejam ainda aplicados regularmente. Em seguida serão descritos
em maior detalhe.
17
2.1.1. Método da diferença de temperatura diferencial (TETD/TA)
Neste método, TETD/TA - Total Equivalent Temperature Differential / Time Averaging, os ganhos
internos através da envolvente são calculados com recurso à seguinte expressão
� = �� × ���� (2)
onde
q = quantidade de energia transferida (W)
U = coeficiente global de transferência de calor (W/m2.K)
A = área da secção (m2)
O coeficiente TETD pode ser obtido através da seguinte expressão
���� = ����,� − �"�# + %&����,' − ����,� ( (3)
onde
����,� = Temperatura sol-ar média diária (K) �"�#= Temperatura interior da zona (K) ����,' = Temperatura sol-ar no intervalo de tempo δ (K)
λ = Factor decremental
O conceito de temperatura sol-ar surge como meio de incluir na temperatura exterior o efeito da
radiação solar incidente, nomeadamente o processo de absorção de radiação pela superfície e as
trocas de energia no domínio da radiação infravermelha devido às diferenças de temperatura entre o
ar exterior e a temperatura aparente do céu.
A parcela radiativa de cada um dos ganhos internos por calor sensível é alocada num período que
inclua as horas posteriores, num total de uma a três horas para construções com inércia média e seis
a oito horas para inércias fortes.
O intervalo de tempo δ, que pretende representar o efeito da inércia térmica, bem como o factor
decremental λ, encontram-se tabelados para vários tipos de materiais construtivos no manual da
ASHRAE de 1967. O método da diferença de temperatura diferencial pode ser considerado um dos
antecessores do método das funções de transferência, sendo no entanto, e ao contrário do TFM,
destinado a cálculos manuais. O TETD pretende ser um método relativamente simples de conversão
de ganhos internos em cargas térmicas, no entanto o processo de cálculo através da média temporal
pode tornar-se pouco rigoroso e muito sujeito a erros.
18
2.1.2. Método das funções de transferência (TFM)
Este método deve o seu nome ao facto de utilizar o conceito de funções de transferência de modo a
relacionar as cargas térmicas dentro de um espaço com os ganhos térmicos. Uma função de
transferência é uma representação matemática da relação entre a entrada e a saída de um
determinado sistema. Isto verifica-se do seguinte modo, num dado instante ζ, um componente da
carga térmica no instante ζ, �), pode ser relacionado com o correspondente componente de ganho
térmico, �), através de uma expressão com a seguinte forma
�* = +,�-,* + +.�-,*/∆ + +0�-,*/0∆ + … + 2.�*/∆ − 20�*/0∆− 23�*/3∆ − … (4)
Os valores de +,, +., 2., etc, são coeficientes que dependem da capacidade de armazenamento da
envolvente opaca do edifício e do tipo de componente responsável pelo ganho térmico. Estes
coeficientes encontram-se tabelados de acordo com vários tipos de contribuição para os ganhos
internos e para os vários tipos de inércia, fraca, média e forte. (Mitalas, 1973)
Este método pretende ser usado com recurso a computadores, utilizando no entanto algumas das
premissas dos seus antecessores, nomeadamente no cálculo dos ganhos internos através da
iluminação, que assume serem iguais ao consumo eléctrico das mesmas. Existem no entanto
diferenças no que diz respeito ao cálculo de ganhos internos através da envolvente opaca, onde já
não é feito o cálculo através do método da diferença de temperatura diferencial (TETD/TA), usando
ao invés disso a temperatura sol-ar apropriada (∆����,� ), combinando isso com o uso de funções de
transferência associadas a cada um dos elementos construtivos de modo a representar o intervalo de
tempo entre um ganho interno e a conversão em carga térmica a ser removida.
O princípio matemático envolvido no método das funções de transferência para converter um
determinado ganho interno na corresponde carga térmica associada à zona é semelhante ao
TETD/TA, a grande diferença está nos factores de peso (coeficientes) aplicados a cada tipo de ganho
interno. Ao contrário do TETD/TA, o TFM aplica coeficientes diferentes consoante o tipo de ganho
interno, radiação solar incidente sem sombreamento interior, condução através da envolvente opaca,
iluminação, ocupação, etc. Em resultado as cargas térmicas calculadas por este método são mais
realistas.
19
2.1.3. Método da diferença de temperatura (CLTD/SCL/CLF)
O método da diferença de temperatura (CLTD/SCL/CLF - Cooling Load Temperature Difference /
Solar Cooling Load Factor / Cooling Load Factor) contempla o lapso de tempo associado aos ganhos
internos por condução através de superfícies exteriores opacas, bem como o atraso de tempo na
conversão de ganhos térmicos por radiação em cargas térmicas do espaço.
Esta metodologia possibilita o cálculo manual das cargas térmicas de um espaço, através do uso de
coeficientes multiplicativos.
� CLTD – diferença de temperatura teórica que representa o efeito combinado da diferença de
temperatura entre o ar interior e o ar exterior à zona, variação de temperatura ao longo de um
dia, radiação solar e fenómeno de inércia térmica. Os factores CLTD pretendem servir como
ajuste aos ganhos internos por condução através da envolvente opaca e envidraçada;
� CLF – representa o facto de que um ganho interno radiativo não se transforma
automaticamente em carga térmica num espaço. Os factores CLF pretendem servir como
ajuste aos ganhos internos através de cargas internas no espaço, nomeadamente iluminação,
ocupação, etc.
� SCL – os factores SCL pretendem representar os ganhos internos por transmissão através
envolvente envidraçada.
Os ganhos internos por condução são convertidos em carga térmica para o espaço através da
seguinte expressão
� = �� × 45�� (5)
onde
q = quantidade de energia transferida por condução (W)
U = coeficiente global de transferência de calor (W/m2.K)
A = área da secção (m2)
CLTD – diferença de temperatura (K), estes valores encontram-se tabelados no manual da ASHRAE
Esta equação permite calcular as cargas térmicas do espaço associadas ao contributo de toda a
envolvente opaca, paredes, pavimentos, coberturas e ainda envidraçados.
No que diz respeito aos envidraçados o contributo energético para o espaço divide-se em duas
componentes condutiva e radiativa. A parcela condutiva resulta da absorção de radiação pelo vidro e
consequente ganho condutivo, sendo esta componente tratada da mesma forma que a envolvente
20
opaca, com recurso aos coeficientes CLTD. Para a componente radiativa transmitida através do vidro,
a carga térmica é calculada de acordo com a seguinte expressão
� = � × 64 × 645 (6)
onde
q = quantidade de energia solar transmitida (W)
A = área da secção (m2)
SC = factor solar do vidro
SCL = coeficiente de correcção de carga térmica por transmissão solar, estando estes valores
também tabelados.
As cargas térmicas de uma zona são também geradas por ganhos internos no espaço,
nomeadamente iluminação, ocupação, etc., tendo a carga de iluminação apenas componente
sensível. A conversão destas cargas sensíveis em carga térmica no espaço é também influenciada
pela capacidade de armazenamento térmico do espaço (inércia) e portanto sujeita à aplicação dos
factores de correcção CLF.
457 = ��� 8� #é :"�� �8��;� "�#< ��⁄ (7)
Assim sendo cada um dos componentes geradores de cargas internas no espaço, será dividido na
sua parcela sensível e latente, sendo que a parcela latente é considerada instantânea. Os
coeficientes CLF estão tabelados e são aplicadas apenas às parcelas sensíveis.
21
2.1.4. Método do balanço energético (HBM)
O método do balanço energético (HBM – Heat Balance Method) tem como base um balanço
energético aplicado às superfícies interiores e exteriores da envolvente opaca e envidraçada e ao ar
interior da zona. (ASHRAE, 2009)
O HBM pressupõe algumas aproximações, nomeadamente:
� Temperaturas interiores uniformes nas zonas;
� Superfícies radiativas difusas;
� Condução unidimensional através das superfícies.
Este método pode ser decomposto em quatro processos distintos, a saber:
� Balanço energético às superfícies exteriores;
� Condução de energia através das paredes;
� Balanço energético às superfícies interiores;
� Balanço energético ao ar.
O balanço energético às superfícies exteriores pode ser traduzido pela seguinte equação
�>���´´ + ���´´ + �����´´ − �,´´ = 0 (8)
onde
�>���´´ = Fluxo de radiação absorvida (directa e difusa) (q/A), W/m2
���´´ = Fluxo de radiação de longo comprimento de onda resultante das trocas entre a superfície
exterior e a atmosfera, W/m2
�����´´ = Fluxo de energia resultante das trocas por convecção entre a superfície e o ar, W/m2
�,´´ = Fluxo de energia resultante da condução através da parede, W/m2
O cálculo da parcela de condução de calor através das paredes apresenta mais tipos de formulações
do que qualquer outra das parcelas. Algumas das técnicas aplicadas são o método das diferenças
finitas e o método dos elementos finitos.
O balanço energético às superfícies interiores pode ser traduzido pela seguinte equação
���´´ + � �´´ + �� ´´ + �"´´ + ����´´ + �����´´ = 0 (9)
onde
22
���´´ = Fluxo de energia resultante das trocas de radiação de longo comprimento de onda entre as
superfícies da zona, W/m2
� �´´ = Fluxo de energia resultante das trocas de calor de pequeno comprimento de onda entre a
iluminação e as superfícies da zona, W/m2
�� ´´ = Fluxo de energia resultante das trocas de calor de longo comprimento de onda entre os
equipamentos e as superfícies da zona, W/m2
�"´´ = Fluxo de energia resultante da condução através da parede, W/m2
����´´ = Fluxo de energia resultante da absorção de radiação solar pela superfície, W/m2
�����´´ = Fluxo de energia transmitido por convecção ao ar interior da zona, W/m2
No que diz respeito ao balanço energético referente ao ar interior da zona, apresenta-se em seguida
a equação representativa do processo
����� + �@A + �BC + ��D� = 0 (10)
onde
����� = Transferência de calor por convecção das superfícies para o ar, W
�@A = Fracção convectiva das cargas internas do espaço, W
�BC = Cargas térmicas sensíveis resultantes da ventilação e das infiltrações de ar, W
��D� = Transferência de calor do e para o sistema de AVAC, W
O HBM pressupõem a definição de pelo menos uma zona térmica, isto é uma zona com uma
determinada temperatura de conforto definida. Esta zona térmica consiste em quatro paredes, uma
cobertura e um pavimento que podem ser interiores ou exterior, incluindo o efeito de inércia térmica
dos componentes construtivos. O processo de balanço energético para esta zona genérica envolve
análises de 24 horas por dia às temperaturas interiores e exteriores às superfícies da zona, bem
como ao sistema de AVAC. Dentro das cargas internas da zona é necessário discriminar as parcelas
sensíveis e latentes, de acordo com o tipo de geração (ocupação, etc.).
23
2.1.5. Método das séries temporais radiativas (RTS)
O método das séries temporais radiativas (RTS- Radiant Time Series) é uma simplificação que não
envolve a resolução do balanço de calor mas que deriva do HBM. O RTS substitui de modo eficaz
tanto o TFM como o CLTD/SCL/CLF e o TETD/TA.
Os ganhos de calor por condução são calculados para cada tipo de parede e cobertura com recurso a
24 factores de resposta. A formulação dos factores de resposta resulta numa solução transiente para
o fluxo de calor por condução uni-dimensional. Para qualquer instante θ, o ganho de calor por
condução da superfície, q0, é dado pela soma dos factores de resposta multiplicados pela diferença
de temperatura ao longo da superfície, como se mostra na seguinte equação.
�- = � ∑ FGH03HI, &J<,-/H' − J �( (11)
onde
qθ = ganhos de calor por condução da superfície,
A = área da superfície,
Ypj = factor de resposta,
te,θ-jδ = temperatura sol-ar à j horas atrás,
trc = a temperatura do ar do espaço que se assume como constante.
O cálculo das trocas de calor no interior das divisões é efectuado considerando as trocas de calor por
convecção entre as superfícies e o ar e posteriormente as trocas de calor por radiação entre as
diferentes superfícies. Este cálculo é bastante complexo uma vez que envolve calcular a distribuição
de temperatura nas paredes e em objectos, que por sua vez depende das trocas de calor nas
superfícies e da quantidade de material sólido associado. No método RTS os cálculos referentes às
cargas internas (iluminação, ocupantes e equipamentos) são efectuados separando as trocas por
convecção, que são imediatas, das trocas por radiação, que introduzem um atraso no tempo, uma
vez que o seu efeito não se faz sentir de imediato no ar, devido às transferências através de outras
superfícies.
O RTS converte a porção radiativa dos ganhos térmicos em carga térmica a ser tratada através de
factores ponderativos, que funcionam como factores de resposta que calculam a carga térmica a ser
introduzida no espaço com base no ganho térmico do instante analisado e nos anteriores.
A série resultante representa a porção de energia radiativa convertida em carga térmica a ser
transmitida ao espaço por convecção em cada instante.
�- = K,� - + K.� -/' + K0� -/0' + K3� -/3' + … . + K03� -/03' (12)
24
onde Qθ representa a carga térmica a ser adicionada ao espaço no instante analisado, qrθ o ganho
térmico por radiação no instante analisado, qrθ-nδ o ganho térmico por radiação no instante anterior e
r0 a r23 os factores de resposta.
São utilizados dois tipos de factores de resposta, ou factores temporais radiativos, um para ganhos
internos através de transmissão de radiação solar e outro para todos os outros tipos de ganhos
internos. A metodologia detalhada e o cálculo dos factores de resposta pode ser encontrada em
(Spitler, Fisher, & Pederson, 1997).
25
2.2. EnergyPlus
O EnergyPlus (E+) é um programa de simulação energética de edifícios que combina as
funcionalidades dos seus antecessores Blast (Building Loads Analysis and System Thermodynamics)
e DOE-2, concebidos pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos no fim da década de 70. É
um programa que fundamentalmente serve como motor de simulação em que os ficheiros de entrada
e de saída são simples ficheiros de texto. O E+ desenvolveu-se à medida que crescia a percepção da
necessidade de ter um programa que assegurasse soluções integradas que incluíssem não só o
cálculo de cargas térmicas mas também um estudo mais detalhado do impacto dos sistemas de
climatização e ventilação nos consumos energéticos totais de um edifício.
Sendo o E+ um motor de simulação de aspecto pouco interactivo ele pode ser usado em conjunto
com uma interface gráfica que facilite a parametrização do modelo (ex. geometria, envolvente,
ocupação, iluminação, etc.). Um dos exemplos de um programa para visualizar/parametrizar os dados
de entrada do E+ é o DesignBuilder. O DesignBuilder facilita ao utilizador a criação e parametrização
do modelo 3D, embora apresente limitações muito significativas do ponto de vista da parametrização
do sistema de AVAC, disponibilizando poucas soluções para sistemas de produção térmica e
ventilação e que muitas vezes se tornam pouco realistas. Neste sentido caso o utilizador pretenda
parametrizar o seu sistema de AVAC de forma rigorosa, impõem-se que o faça ao nível do próprio E+
e não no DB.
Toda a informação criada através do DesignBuilder é compilada num ficheiro IDF, de extensão “idf”
(Input Data File) reconhecido pelo E+ e passível de ser editado. Assim sendo os dados para
simulação são inseridos através de dois ficheiros editados pelo utilizador, o já mencionado IDF, que
pode ser criado integralmente no E+ ou com ajuda da interface gráfica do DB, e o arquivo de dados
climáticos de extensão “.epw” (Energy Plus Weather File).
O EnergyPlus foi escrito originalmente em linguagem FORTRAN 90, o que torna o código de
programação mais objectivo e fácil de interpretar. Um dos pontos fortes do E+ é a integração de todos
os aspectos relacionados com uma simulação energética de um edifício: cargas térmicas, centrais de
produção de energia térmica e sistemas de ventilação e ar novo. O cálculo é feito de modo a que seja
tido em conta o impacto dos sistemas na resposta térmica do edifício em vez de calcular primeiro as
cargas térmicas e depois aplicar as soluções de climatização ao processo.
Na Figura 3 apresenta-se um esquema do modo como se interligam os diversos elementos numa
simulação do E+.
26
Figura 3 –Organização dos módulos computacionais do E+
Aqui podem ser identificados os cinco “gestores” que organizam todo o funcionamento de uma
simulação no E+: gestor da simulação, gestor da solução integrada, gestor do balanço de energia da
superfície, gestor do balanço de energia ao ar e gestor de simulação dos sistemas do edifício.
O EnergyPlus realiza simulações integradas, o que significa que ao contrário dos programas que o
precederam, Blast e DOE-2, o cálculo de cargas térmicas nas zonas bem como os sistemas de
tratamento de ar e ventilação e as centrais de produção de energia térmica são calculados
simultaneamente e a sua interacção é tida em conta. O método de cálculo fundamental do E+ baseia-
se no balanço de energia no qual a temperatura do ar contido dentro dos espaços é considerada
uniforme.
O gestor do balanço de energia das superfícies é o responsável pelo balanço de energia e massa em
cada superfície considerando os efeitos de condução, convecção e radiação e transferência de
massa. O gestor do balanço de energia ao ar lida com todas as correntes de ar envolvidas, tais como
ventilação, ar de exaustão e infiltrações, este módulo tem em conta a carga térmica do ar em cada
espaço e avalia os ganhos térmicos por convecção (ex. um ventilador representa um aumento de
temperatura para o fluxo de ar que está a movimentar, devido ao motor e às perdas mecânicas).
Após o balanço de energia estar concluído para um intervalo de tempo entre uma hora e 15 minutos a
informação recolhida é transmitida ao gestor de simulação dos sistemas do edifício que controla a
simulação do sistema de AVAC e sistemas eléctricos.
De modo a obter uma solução fisicamente realista os elementos têm de estar interligados pelos
circuitos de fluidos (loops) num esquema de solução simultânea, como se apresenta na Figura 4.
Figura 4 – Esquema da solução simultânea de elementos no E+
No E+ todos os elementos são integrados e controlados pelo gestor da solução integrada, estando os
circuitos de fluidos diferenciados entre o lado
O esquema de solução simultânea recorre ao cálculo iterativo de modo a fazer coincidir a procura em
termos de cargas térmicas nas zonas a serem tratadas, com o fornecimento por parte das centrais de
produção térmica e tratamento de ar novo.
Do ponto de vista do cálculo propriamente dito, o E+ utiliza uma equação de balanço de
dentro da zona. Esta equação inclui a variação da energia armazenada pelo ar da zona e o calor
específico do mesmo. (US Department of Energy, 2010)
4M NOPN# = ∑ �� "QRS"I. + ∑QRTUVWXYR�I.Onde:
4M = Z� [G4#; 4# é o factor de ponderação da transferência de calor sensível;
4M NOPN# é a energia armazenada no ar interior da zona;
∑ ��"QRS"I. é o somatório das cargas internas convectivas;
∑ \"�"QRTUVWXYR�I. ]��" − �M^ é a transferência de calor por convecção originária das superfícies existentes
na zona;
∑ _� "QP`aYR"I. [G]�M" − �M^ é a transferência de calor devido à mistura de ar de diferentes zonas;
_� "�b[G]�c − �M^ é a transferência de calor devido à infiltração de ar exterior;
���D� é a taxa de troca de calor entre o ar interior da zona e
Se desprezarmos o calor específico do ar, a equação em regime permanente resultante será:
−���D� = ∑ �� "QRS"I. ∑QRTUVWXYR�I.
27
Esquema da solução simultânea de elementos no E+
E+ todos os elementos são integrados e controlados pelo gestor da solução integrada, estando os
circuitos de fluidos diferenciados entre o lado do fornecimento (supply) e o lado da procura
de solução simultânea recorre ao cálculo iterativo de modo a fazer coincidir a procura em
termos de cargas térmicas nas zonas a serem tratadas, com o fornecimento por parte das centrais de
rodução térmica e tratamento de ar novo.
Do ponto de vista do cálculo propriamente dito, o E+ utiliza uma equação de balanço de
dentro da zona. Esta equação inclui a variação da energia armazenada pelo ar da zona e o calor
(US Department of Energy, 2010).
\"�"RTUVWXYR ]��" − �M^ + ∑ _� "QP`aYR"I. [G]�M" − �M^ + _� "�b[G]
é o factor de ponderação da transferência de calor sensível;
é a energia armazenada no ar interior da zona;
é o somatório das cargas internas convectivas;
é a transferência de calor por convecção originária das superfícies existentes
é a transferência de calor devido à mistura de ar de diferentes zonas;
é a transferência de calor devido à infiltração de ar exterior;
entre o ar interior da zona e o sistema de climatização.
Se desprezarmos o calor específico do ar, a equação em regime permanente resultante será:
\"�"RTUVWXYR ]��" − �M^ + ∑ _� "QP`aYR"I. [G]�M" − �M^ + _� "�b[G
E+ todos os elementos são integrados e controlados pelo gestor da solução integrada, estando os
e o lado da procura (demand).
de solução simultânea recorre ao cálculo iterativo de modo a fazer coincidir a procura em
termos de cargas térmicas nas zonas a serem tratadas, com o fornecimento por parte das centrais de
Do ponto de vista do cálculo propriamente dito, o E+ utiliza uma equação de balanço de energia
dentro da zona. Esta equação inclui a variação da energia armazenada pelo ar da zona e o calor
]�c − �M^ + ���D� (13)
é a transferência de calor por convecção originária das superfícies existentes
é a transferência de calor devido à mistura de ar de diferentes zonas;
o sistema de climatização.
Se desprezarmos o calor específico do ar, a equação em regime permanente resultante será:
]�c − �M^ (14)
28
O sistema de tratamento de ar fornece ar quente ou frio às zonas de modo a remover as cargas
térmicas das mesmas. A energia trocada com o sistema de climatização, ���D�, é dada pela diferença
entre a entalpia do ar insuflado na zona e o ar extraído, de acordo com a seguinte equação.
���D� = _� �D�[G]��dG − �M^ (15)
Esta equação assume que o caudal de ar insuflado é exactamente igual ao caudal de ar removido
pelo sistema de extracção. A combinação da equação 13 com a equação 15 resulta na seguinte
expressão:
34M f�MfJ = g �� "QRS
"I. + g \"�"QRTUVWXYR
�I. ]��" − �M^ + g _� "QP`aYR
"I. [G]�M" − �M^ +_� "�b4G]�c − �M^ + _� �D�4G&��dG − �M( (16)
O somatório das cargas térmicas das zonas e a energia trocada com o sistema de climatização
igualam-se à variação de energia no ar da zona. Para determinar o termo diferencial relativo à
temperatura da zona, substituindo assim o termo transiente, pode ser usada uma aproximação por
diferenças finitas como se apresenta na seguinte expressão:
NON# = ]hJ^/.&�M# − �M#/'#( + i]hJ^ (17)
O recurso a métodos de integração numérica numa simulação de longa duração implica um cuidado
extra com a possibilidade de erros de aproximação ao longo dos diversos incrementos de tempo. No
entanto a natureza cíclica da simulação energética de um edifício deverá fazer com que estes erros
se anulem ao longo de cada ciclo diário, não havendo acumulação dos mesmos no fim da simulação.
Todos os termos contendo a temperatura média do ar na zona, Tz, foram agrupados do lado
esquerdo da equação, uma vez que os restantes termos não são ainda conhecidos, eles foram
afectados por um desfasamento temporal de (t-δt) e agrupados no lado direito da equação. Esta
manipulação resulta na equação seguinte:
4M �M# − �M#/'#fJ + �M# j g \"QRTUVWXYR
"I. �" + g _� "[G + _� "�b[GQP`aYR
"I. + _� �D�[Gk =
∑ ��"#QRS"I. + _� �D�[G��dGG�D# + l∑ \"�"��"QRTUVWXYR"I. + ∑ _� "[GQP`aYR"I. �M" + _� "�b[G�cm#/'# (18)
Uma manipulação final consiste em passar o termo da temperatura afectado pelo desfasamento
temporal, �M#/'#, para o lado direito da equação. Agrupando os termos que multiplicam por �M e
isolando esta variável do lado esquerdo, obtém-se uma equação para a temperatura da zona da
seguinte forma
29
�M# = ∑ n�opqRSors t:� RuR�vORTvvSup tw@PxPypt∑ ;ozoORot∑ :� o�vqP`aYRors OPo t:� oaV�vO{qRTUVWXYRors |p}yp~Pyptw∑ ;ozot∑ :� o�vqP`aYRors t:� oaV�vt:� RuR�vqRTUVWXYRors | (19)
Esta equação permite estimar a temperatura do ar das zonas, no entanto percebeu-se que podia
limitar de forma significativa o intervalo de tempo (time-step) da simulação em determinadas
condições. Neste sentido e de modo a eliminar este problema foram desenvolvidas expressões de
ordem superior, com o objectivo de permitir ao utilizador definir intervalos de tempo maiores do que
com a solução anterior. Chegou-se à conclusão que aproximação de diferenças finitas de terceira
ordem, apresentada em seguida, era a que apresentava melhores resultados:
NOPN# ≈ hJ/. l..� �M# − 3�M#/'# + 30 �M#/0'# − .3 �M#/3'#m + �]hJ3^ (20)
Quando esta formulação do termo derivativo é utilizada, a equação 18 transforma-se em:
4MhJ/. w116 �M# − 3�M#/'# + 32 �M#/0'# − 13 �M#/3'#| = g �� "QRS
"I. + g \"QRTUVWXYR
"I. �"]��" − �M^ +
∑ _� "[GQP`aYR"I. ]�M" − �M^ + _� "�b[G]�c − �M^ + _� �D�[G&��dG − �M( (21)
E a equação que representa a temperatura da zona, transforma-se em:
�M# = ∑ n�opqRSors t∑ ;oqRTUVWXYRors zoORot∑ :� oqP`aYRors �vOPot:� oaV�vO{t:� RuR�vORTvvSup /l~Pypml/3OPp}ypt��OPp}�yp/s�OPp}�ypmss� ~Pyptw∑ ;ozot∑ :� o�vqP`aYRors t:� oaV�vt:� RuR�vqRTUVWXYRors |
(22)
Esta é a forma de cálculo utilizada pelo EnergyPlus, sendo a carga térmica da zona o comando de
todo o processo, ela é utilizada como ponto de partida para accionar o sistema. Posteriormente a
simulação do sistema fornece o valor real da capacidade do mesmo e se necessário, a temperatura é
ajustada. Este processo é conhecido como procedimento de previsão/correcção. A ordem seguida
pelo procedimento de previsão/correcção pode ser resumida da seguinte forma:
� Recorrendo à equação (14), é efectuada uma estimativa da energia requerida ao sistema de
ar de modo a equilibrar a equação de acordo com a temperatura do ar definida pelo
termóstato;
� Considerando esta estimativa como a procura (demand) o sistema de ar é simulado para
determinar a sua capacidade de fornecimento (supply) efectivo no instante analisado,
podendo isto incluir uma simulação da central térmica se necessário;
� A capacidade real do sistema é usada na equação (22) para calcular a temperatura resultante
de zona.
30
2.3. TRACE
O Trane Air Conditioning Economics, TRACE, é um programa de cálculo de cargas térmicas que
permite ao utilizador optimizar um sistema de climatização e ar novo de um edifício com base na
análise económica do ciclo de vida da instalação.
Apresentado pela primeira vez em 1972, o TRACE teve como principais objectivos permitir aos
projectistas de AVAC estimar as cargas máximas de um edifício e as zonas onde ocorriam dentro do
mesmo em fase de projecto. Outra das suas ferramentas veio permitir efectuar análises económicas
aos custos envolvidos com a instalação ao longo da sua vida útil de operação.
Ao contrário do EnergyPlus, é um programa de interface intuitiva e de fácil interacção com o
utilizador.
O TRACE é constituído por cinco fases fundamentais, cada uma com funções específicas que devem
ser realizadas em conjunto de modo a fornecer ao utilizador uma análise energética e económica
completa.
Na fase inicial (Load Phase) os cálculos das cargas térmicas de aquecimento e arrefecimento são
efectuados tendo em conta a envolvente opaca e vãos envidraçados definidos pelo utilizador,
horários de funcionamento, densidades de iluminação e equipamento bem como a orientação das
zonas e a zona climática em que se encontra o edifício. Para além disto, os cálculos efectuados para
simular a operação real do sistema de climatização e ar novo ao longo de um ano de funcionamento,
permitem ao utilizador avaliar a eficácia do sistema projectado e os custos anuais associados. O
programa tem já incluída muita informação técnica de fabricantes (TRANE) relativa aos sistemas de
climatização.
Na fase seguinte (Design Phase) é feito o cálculo de cargas para as condições de projecto, sendo
necessários os dados referentes ao sistema de climatização que se pretende utilizar e os dados já
anteriormente mencionados para a fase inicial. O programa determina então as cargas térmicas de
aquecimento e arrefecimento nas condições de projecto e a quantidade de ar exterior necessária.
A próxima fase do programa (Air Side System Simulation Phase) tem como função traduzir os ganhos
térmicos do edifício e as perdas por atrito dos equipamentos de AVAC envolvidos para os fluxos de
ar, no funcionamento geral do sistema de climatização e tratamento de ar. O resultado final da fase
de simulação do sistema é a carga horária dos equipamentos por cada sistema de tratamento de ar.
As cargas horárias resultantes dos equipamentos associados a cada sistema de tratamento de ar são
então cedidas ao módulo de simulação do equipamento (Equipment Simulation Phase); nesta fase
são traduzidas as cargas dos equipamentos em consumo energético por fonte. Os dados de entrada
necessários referem-se ao tipo de centrais de produção de energia térmica, bombas etc.
31
Por fim existe a análise económica, esta fase implica a introdução de dados como custos de
instalação, manutenção, períodos de amortização, entre outros, permitindo ao utilizador comparar
diversas alternativas e optimizar o sistema a ser instalado.
Existem sete metodologias de cálculo de cargas térmicas de arrefecimento possíveis, resumidas em
seguida:
� No método TETD-TA1 faz-se inicialmente o cálculo dos ganhos térmicos com base nas
funções de transferência sendo depois a carga térmica do espaço calculada utilizando o
método da média temporal (TA – Time Averaging).
� No método CLTD/CLF ao contrário do que normalmente acontece em cálculos manuais, é
usado o método das funções de transferência para gerar os dados habitualmente tabelados e
depois aplicada a respectiva metodologia, ver capítulo 2.1.3.
� No método TETD-TA2 os ganhos térmicos são baseados no método aproximado de TETD/TA
que utiliza factores de ponderação para descrever a inércia térmica da envolvente, sendo o
cálculo da carga térmica final realizado com a técnica da média temporal. Esta opção é
menos rigorosa do que a TETD-TA1, embora tenha a vantagem de apresentar tempos de
simulação mais curtos.
� A quarta alternativa de cálculo é o método TETD-PO, que calcula os ganhos térmicos através
do método aproximado de TETD/TA mas para finalizar utiliza os factores ponderados Post
Office RMRG, usados nas versões originais do TRACE. Estes factores são independentes
dos elementos construtivos do edifício, variando apenas de acordo com o tipo de ganho
interno.
� O método das séries radiativas temporais pode ser utilizado de duas formas, usando os
coeficientes tabelados no manual da ASHRAE e disponíveis na biblioteca do programa ou
obtendo estes coeficientes através de um balanço de energia
� A opção RP359 tem por base o projecto de pesquisa 359 da ASHRAE (Sowell & D.C.Chiles,
1985), em que os ganhos térmicos são calculados com base no método das funções de
transferência, enquanto a carga térmica é calculada com base nos coeficientes de
transferência para cada recinto gerados para combinações específicas de componentes de
edifícios. Este método utiliza o mesmo algoritmo do método CLTD-CLF.
� A última opção é o método CEC-DOE2 que duplica os factores ponderados pré calculados
(PWF - Precalculated Weighting Factors) do programa de análise energética DOE 2.1.
Para o cálculo das cargas térmicas de aquecimento existem seis metodologias, cinco das quais
também disponíveis para o cálculo das cargas térmicas de arrefecimento. As seis opções são o
método TETD-TA1 e TETD-TA2, CLTD-CLF, CEC-DOE2, TETD-PO e a versão simplificada UATD.
32
2.4. Análise comparativa da utilização de cada programa de simulação
Ao contrário do DesignBuilder o TRACE não permite a visualização 3D do modelo criado, sendo toda
a geometria criada com base na definição do valor das áreas e orientação das mesmas.
Os dois programas permitem ao utilizador parametrizar facilmente e de forma equivalente
determinados parâmetros, ainda que em ambientes gráficos distintos, nomeadamente:
� Geometria (áreas de zonas úteis)
� Envolvente (elementos construtivos)
� Ocupação (densidade)
� Iluminação (potências instaladas)
� Equipamento (potências instaladas)
� Horários (iluminação, equipamento, ocupação, AVAC, ar novo)
No que diz respeito aos parâmetros acima identificados, a grande diferença na utilização dos
programas é de facto o interface gráfico, sendo o EnergyPlus pouco intuitivo nestes campos, a
interface disponibilizada através do DesignBuilder torna esta fase de parametrização relativamente
simples.
As grandes diferenças entre os dois programas, ao nível da utilização, podem ser resumidas a quatro
factores:
� Ficheiros Climáticos
� Métodos de Sombreamento
� Tratamento das zonas não úteis
� Criação do sistema de AVAC
Estas diferenças são explicadas nos próximos sub-capítulos.
Existe ainda uma pequena diferença na definição de horários em cada programa, sendo o E+ mais
flexível neste aspecto, pois permite ao utilizador definir praticamente todo o tipo de combinações
possíveis dentro dos horários de funcionamento. No TRACE existem mais restrições, nomeadamente
na definição de horários com variações diárias.
2.4.1. Ficheiros Climáticos
Os indicadores de eficiência energética de referência impostos pelo RSECE foram obtidos utilizando
a base de dados climática do programa Solterm (versão 5). Isto significa que estes dados climáticos
são a referência e devem ser utilizados nos programas de simulação dinâmica, de forma a garantir
33
que são utilizados os mesmos pressupostos em todos os edifícios neste âmbito, tanto para efeitos de
verificação regulamentar, como de certificação.
O EnergyPlus permite, após conversão para um formato de extensão EPW, a utilização directa dos
dados climáticos obtidos através do Solterm, para o concelho em que o edifício se insere. Esta
conversão é feita através do programa auxiliar Weather Converter. Estes dados incluem entre outros,
a temperatura de bolbo seco e húmido, humidade relativa, pressão atmosférica e velocidade do
vento, para todas as horas do ano de referência (2002).
No TRACE é necessário ter especial atenção a este tópico uma vez que para efeitos de cálculo de
cargas os ficheiros climáticos apenas contêm dados para 24 h de um dia típico por mês, o que resulta
na perda de rigor dos valores calculados ao longo do ano. Existe no entanto a possibilidade de
importar um ficheiro climático com dados para as 8760 horas do ano, estes ficheiros têm a extensão
TMY.
Os ficheiros climáticos de extensão TMY consistem em valores anuais obtidos através da conjugação
de informação obtida ao longo de vários anos. Este tipo de ficheiro representa a evolução dos
parâmetros climáticos durante longos períodos de tempo, cerca de 30 anos.
Sendo um dos factores fundamentais nos resultados obtidos através das simulações nos dois
programas, a solução encontrada foi a conversão do ficheiro climático do EnergyPlus (EPW) com os
dados de referência do Solterm, num ficheiro do tipo TMY que pudesse ser lido pelo TRACE.
Esta operação foi conseguida através de um conversor de ficheiros EPW para TMY incluído no
programa eQUEST, também uma ferramenta de simulação dinâmica de edifícios. Mais informação
sobre este procedimento pode ser encontrada em (http://doe2.com/index_wth.html).
2.4.2. Métodos de Sombreamento
Do ponto de vista do sombreamento podemos identificar três categorias distintas:
� Sombreamento das janelas (cortinas, estores venezianos, etc.)
� Sombreamento local (palas, lâminas, etc.)
� Edifícios adjacentes
Também neste tópico existem diferenças importantes no modo como se insere a informação nos dois
programas.
Começando a análise pelo DesignBuilder, uma vez que não é necessário efectuar esta tarefa
directamente ao nível do EnergyPlus, o programa incorpora já uma biblioteca com diversos tipos de
sombreamentos interiores. Esta biblioteca contempla elementos como cortinas, estores venezianos,
34
entre outros, sendo possível escolher o grau de opacidade, bem como definir um horário de operação
para a solução adoptada.
Estes elementos permitem ainda a definição de todas as dimensões em termos de largura, distância
ao parapeito, etc., sendo a sua criação muito simples e intuitiva.
O DesignBuilder possui ainda um tipo de elemento de construtivo, os Component Blocks - Standard
que introduzem uma grande flexibilidade na criação de elementos de sombreamento diferentes dos
existentes na biblioteca, bem como a criação de edifícios adjacentes. Estes elementos possuem
como característica a cor rosa, quando criados num modelo DB.
No TRACE é também possível definir elementos de sombreamento com os acima descritos, mas tudo
através das dimensões dos mesmos, não havendo a possibilidade de criar horários associados aos
sombreamentos interiores, nem de atribuir as características dos materiais envolvidos, ao contrário do
DesignBuilder. A desvantagem no caso do TRACE é que para cada parede definida numa
determinada zona é apenas possível definir um tipo de sombreamento exterior.
2.4.3. Tratamento de zonas não úteis
O tratamento dado às zonas não úteis (não climatizadas) em cada programa é significativamente
diferente. Através da interface DesignBuilder é possível criar toda a geometria do edifício através de
plantas de arquitectura, definindo as partições de acordo com critérios que podem ir desde separar
zonas climatizadas de zonas não climatizadas até à separação de zonas com perfis de utilização
distintos e consequentemente horários diferentes.
Neste sentido o DesignBuilder/EnergyPlus permite definir de forma rigorosa as condições de
adjacência entre zonas climatizadas e zonas não climatizadas, o que permite simular a influência de
um espaço não útil quando adjacente a um espaço útil e assim contabilizar efeitos de diferenças de
temperaturas entre ambos. As zonas não úteis são simuladas de modo exactamente igual às úteis,
com a definição de iluminação e equipamentos, apenas com a diferença de não serem climatizadas.
Assim sendo, na versão 6.1 do TRACE o utilizador apenas tem a possibilidade de ao criar uma zona
útil, definir a área da envolvente (paredes, pavimentos e coberturas) em contacto com uma zona não
útil. Não sendo possível definir nenhum tipo de geração de carga interna ao nível da zona não útil
(iluminação, equipamentos, etc.).
As opções disponíveis na versão 6.1 referentes à evolução da temperatura das zonas adjacentes não
úteis são:
� Constant
� Sinefit
35
� Prorated
� Hourly OADB
� Ground
� Interior Mass
A explicação detalhada de cada uma destas opções pode ser encontrada no TRACE 600 Users
Manual, disponível na pasta de documentação gerada aquando da instalação do programa.
De forma resumida podemos no entanto dizer que a opção constant define a temperatura da zona
adjacente não climatizada como igual à temperatura de arrefecimento definida pelo utilizador no
período definido para tal, fazendo exactamente o mesmo para o período de aquecimento. Na opção
sinefit é feito um ajuste através de uma curva sinusoidal cujos máximos e mínimos correspondem às
temperaturas definidas pelo utilizador com intervalos de tempo de 6 meses entre cada pico. A opção
prorated ajusta a temperatura da zona adjacente não climatizada aos valores da temperatura de
bolbo seco e bolbo húmido através de uma relação directamente proporcional. Se o utilizador optar
pela opção Hourly OADB, a temperatura da zona adjacente será igual à temperatura exterior de bolbo
seco em cada instante, de acordo com a informação do ficheiro climático. As restantes soluções
podem ser encontradas no manual do programa.
2.4.4. Criação do sistema de AVAC
A criação de um modelo computacional para simulação dos consumos energéticos de um edifício
envolve a definição de vários parâmetros como já foi visto anteriormente, nomeadamente geometria,
envolvente, iluminação etc. Mas é a definição do sistema de AVAC que traz ao utilizador mais
dificuldades bem como potenciais erros. No que diz respeito a este tópico é importante não só fazer a
distinção entre o EnergyPlus e o TRACE, mas também e não menos importante, a diferença entre
EnergyPlus e o seu interface DesignBuilder.
A energia térmica do edifício é obtida através de uma rede urbana de distribuição de energia térmica,
através de permutadores de placas, sendo este o sistema centralizado do edifício, estando as
fracções equipadas com ventiloconvectores de 4 tubos no tecto falso. Pontualmente existem ainda
alguns espaços equipados unidades autónomas de climatização de expansão directa do tipo split. O
ar novo fornecido aos diversos pisos é garantido a nível central por uma unidade de tratamento de ar
novo (UTAN) com um sistema de recuperação de calor do tipo run-around-coil (fora de operação por
opção do proprietário do edifício.
Começando por analisar o DesignBuilder, o utilizador está limitado à criação de um sistema de AVAC
dentro dos 5 templates disponíveis:
� Unitary Single Zone (sistemas simples de expansão directa)
� Fan Coil Units (ventiloconvectores)
36
� Unitary Multizone (sistemas de expansão directa com várias opções de aquecimento)
� VAV (sistemas de volume de ar variável)
� CAV (sistemas de volume de ar constante)
Para uma leitura mais aprofundada acerca das definições de cada sistema aconselha-se a consulta
(DesignBuilder, 2005), sendo importante referir que existem sérias limitações aos sistemas
centralizados que o DesignBuilder permite definir.
Paralelamente aos templates disponíveis no DesignBuilder, o utilizador pode também optar por fazer
a parametrização do sistema de AVAC directamente e de raiz no EnergyPlus através do IDF editor,
ganhando imediatamente mais flexibilidade na definição dos parâmetros do sistema. A Figura 5
apresenta a interface para a criação de sistemas de AVAC ao nível do EnergyPlus, com recurso a
templates já pré-definidos.
Figura 5 – Templates de AVAC no EnergyPlus
Para uma explicação mais detalhada de como usar os templates de AVAC no EnergyPlus aconselha-
se a consulta do manual Input-Output Reference disponibilizado com o programa. A título de
exemplo, a utilização dos templates de AVAC ao nível do EnergyPlus permite por exemplo definir
várias unidades de tratamento de ar (UTAN) centralizadas com diferentes características num
sistema VAV ou CAV, que o DesignBuilder não permite, estando este limitado a um único tipo de
UTAN por sistema.
Não entrando aqui numa análise aprofundada das limitações dos templates de AVAC no
DesignBuilder será apenas analisado o sistema de Fan Coil Units, uma vez que corresponde ao caso
de estudo. O esquema deste tipo de sistema é apresentado na Figura 6.
37
Figura 6 – Esquema do template Fan Coil Units no DB
Neste caso, a parametrização do sistema de AVAC foi também feita no DesignBuilder, os templates
do tipo Fan Coil Units, foram criados e atribuídos antes da exportação do ficheiro de extensão IDF de
modo a facilitar a introdução de dados, que ao nível do EnergyPlus seria mais complicada, embora
também exequível através do campo HVAC Templates, Figura 5.
A primeira constatação ao exportar o ficheiro IDF, confirmada pelo manual do EnergyPlus, foi a de
que o sistema de Fan Coil Units não cria uma unidade centralizada de tratamento de ar novo (UTAN),
ver The Encyclopedic Reference to EnergyPlus Input, mantendo-se este problema quer se usem os
templates de AVAC do DesignBuilder ou do EnergyPlus. Esta situação comprometia desde logo a
comparação de resultados entre o EnergyPlus/DB e o TRACE, que como será abordado mais à frente
permite ao utilizador definir as características da UTAN.
A resolução desta questão teve necessariamente de passar por editar o ficheiro IDF que resultou da
exportação do modelo criado no DesignBuilder. Este ficheiro permite ao utilizador definir um sistema
de AVAC tão complexo quanto queira exigindo no entanto um conhecimento aprofundado do método
de funcionamento do EnergyPlus e do modo de criação dos elementos computacionais que
constituem cada sistema. Neste caso foi necessário criar manualmente os elementos computacionais
requeridos pelo programa para gerar uma UTAN que insuflasse ar pré-tratado para os
ventiloconvectores e assim ser o mais fiel possível em relação ao sistema real existente no edifício. É
importante referir que esta fase da parametrização do sistema de AVAC, não é particularmente
simples e pode por si só induzir não só em erros na simulação, mas também em diferenças
substanciais face aos resultados obtidos pelo TRACE.
Na Figura 7 é apresentado parte do código necessário à criação de uma unidade de tratamento de ar
centralizada ao nível do E+.
38
Figura 7 – Parcela do código inserido no ficheiro IDF do E+ de modo a criar uma UTAN
No que diz respeito ao TRACE, a criação e parametrização do sistema de AVAC é mais simples, não
só porque existem mais templates disponíveis mas também porque a introdução de dados é sempre
feita na interface principal do programa de forma relativamente intuitiva. Na Figura 8 apresenta-se o
interface de criação do sistema de AVAC no TRACE 700.
Figura 8 - Definições do template Fan Coil Units no TRACE
Na Figura 8 é possível identificar vários separadores, existindo 2 particularmente importantes. No
separador Dedicated OA (Outdoor Air) podemos definir o setpoint de insuflação da UTAN, bem como
os horários de ventilação e de climatização (baterias). O separador Fans permite definir as potências
de ventilação quer das unidades terminais (ventiloconvectores) bem como da UTAN.
39
Após esta análise sucinta das diferenças relativas à parametrização dos sistemas de AVAC em
EnergyPlus/DB e TRACE, é fácil constatar que o utilizador rapidamente se depara com diferenças
significativas na introdução dos dados, que podem cumulativamente originar resultados de simulação
distintos. O grande desafio é efectivamente criar um sistema de AVAC equivalente e fiel ao existente
no edifício, em ambos os programas.
40
3. Edifício em Estudo
O edifício em estudo está localizado numa zona urbana do concelho de Lisboa (região climática I1-
V2-Sul, altitude 11 m) e possui inércia térmica forte. Na Figura 9 e 10 apresenta-se o modelo
geométrico construído através do DesignBuilder.
Figura 9 – Modelo do edifício criado no DesignBuilder (fachada principal)
Figura 10 – Modelo do edifício criado no DesignBuilder (fachada tardoz)
41
O edifício é composto por 16 pisos superiores e 4 pisos subterrâneos ocupados com estacionamento.
No piso 0, para além de estacionamento existem ainda duas fracções de comércio exploradas como
restaurantes, no piso 1 existe um pátio exterior onde se encontra a entrada principal do edifício, com
recepção e átrio de acesso ao núcleo de circulações verticais. No piso 2 encontra-se uma plataforma
de embasamento com áreas ajardinadas e passeios pedonais partilhados com os edifícios vizinhos.
Os pisos 3 a 15 estão maioritariamente ocupados por escritórios (gabinetes, salas de reunião e
instalações sanitárias).
O edifício possui a fachada principal orientada a Este, tardoz a Oeste e empenas a Norte e Sul.
Optou-se por estudar os pisos 3 a 15 por terem geometrias e perfis de ocupação semelhantes, bem
como pelo facto de possuírem contagens individuais de energia, piso a piso. O piso 8 encontrava-se
desocupado à data da auditoria. No anexo A apresentam-se os esquemas dos pisos estudados.
42
3.1. Envolvente
O levantamento de campo ao nível da envolvente do edifício permitiu caracterizar do ponto de vista
físico e térmico os elementos construtivos opacos (paredes, pavimentos e coberturas) e não opacos
(envidraçados).
Nas Tabelas 5,6 e 7 apresentam-se as características de todos os elementos construtivos existentes,
ficando remetidas para o anexo B, as plantas de arquitectura com a demarcação e descrição
detalhada dos mesmos.
Paredes Coeficiente de Transmissão (U) Massa Superficial
W05 0,65 W/m2.°C 9 kg/m2
W06 0,58 W/m2.°C 9 kg/m2
W07 1,69 W/m2.°C 100 kg/m2
W08 0,63 W/m2.°C 9 kg/m2
W09 1,33 W/m2.°C 88 kg/m2
W10 1,93 W/m2.°C 150 kg/m2
Tabela 5 - Condutibilidades térmicas das paredes
Pavimentos (F) /Coberturas (R) Coeficiente de Transmissão (U) Massa Superficial
F02 0,51 W/m2.°C 0 kg/m2
R01 0,39 W/m2.°C 5 kg/m2
R03 0,38 W/m2.°C 5 kg/m2
Tabela 6 – Condutibilidade térmica do pavimento interior e coberturas exteriores
Envidraçado Condutibilidade Térmica (U) Factor Solar
V01 1,72 W/m2.°C 0,26
V02 1,68 W/m2.°C 0,19
V03 6,00 W/m2.°C 0,80
V04 5,70 W/m2.°C 0,70
V05 2,71 W/m2.°C 0,39
Tabela 7 – Características dos envidraçados
No caso do edifício em estudo, que se trata de um edifício existente, não existe, no âmbito do
RSECE, qualquer limitação dos coeficientes de condutibilidade térmica dos elementos construtivos, o
mesmo não é verdade para edifícios novos, para os quais o regulamento impõe limites máximos.
3.2. Iluminação
O levantamento consistiu numa visita aos
aparelhos de iluminação existentes, bem como o seu horário típico de funcionamento.
Na Figura 11 apresentam-se as densidades de iluminação detalhadas
da classificação de espaços adoptada.
Figura 11 - Resumo
P03_ArrumosATP03_CircNClimP03_Gabinetes
P03_SalaReuniaoP03_SalaServidor
P04_CircNClimP04_Gabinetes
P04_SalaReuniaoP04_SalaServidor
P05_CircNClimP05_Gabinetes
P05_SalaReuniaoP06_ArrumosATP06_CircNClimP06_Gabinetes
P06_SalaReuniaoP06_SalaServidor
P07_CircClimP07_Gabinetes
P07_SalaReuniaoP07_SalaServidor
P08_GabinetesP09_CircNClimP09_Gabinetes
P09_SalaReuniaoP09_SalaServidor
P10_CircNClimP10_Gabinetes
P10_SalaReuniaoP10_SalaServidor
P11_CircClimP11_Gabinetes
P11_SalaReuniaoP12_Gabinetes
P12_SalaReuniaoP13_CircNClimP13_Gabinetes
P13_SalaReuniaoP14_CircNClimP14_Gabinetes
P14_SalaReuniaoP14_SalaServidores
P15_AuditorioP15_CircNClimP15_Gabinetes
P15_SalaReuniao
43
O levantamento consistiu numa visita aos vários espaços do edifício de modo a levantar todos os
aparelhos de iluminação existentes, bem como o seu horário típico de funcionamento.
as densidades de iluminação detalhadas resultado
da classificação de espaços adoptada.
Resumo de densidades de iluminação por grupo de espaços
17,45 W/m212,12 W/m2
13,53 W/m214,86 W/m2
35,51 W/m28,45 W/m2
14,42 W/m214,89 W/m2
10,01 W/m27,01 W/m2
13,60 W/m215,08 W/m215,96 W/m2
4,63 W/m212,89 W/m2
20,07 W/m216,78 W/m2
13,23 W/m211,95 W/m2
13,42 W/m216,91 W/m2
14,47 W/m27,87 W/m2
12,29 W/m216,35 W/m2
19,77 W/m217,34 W/m2
11,54 W/m211,95 W/m2
8,82 W/m215,29 W/m2
13,34 W/m214,83 W/m2
16,43 W/m214,49 W/m2
7,37 W/m214,87 W/m2
9,93 W/m27,84 W/m2
13,62 W/m211,45 W/m2
15,57 W/m214,30 W/m2
8,99 W/m215,34 W/m214,98 W/m2
vários espaços do edifício de modo a levantar todos os
aparelhos de iluminação existentes, bem como o seu horário típico de funcionamento.
resultado do levantamento e
densidades de iluminação por grupo de espaços
Os grupos de espaços acima apresentados
de utilização em termos de horário de exploração, cargas internas e externas, ocupação, orientação
da fachada e a informação acerca dos consumos energéticos, que nesta situação específica estavam
desagregados por piso, eléctricos e térmicos.
A identificação de grupos de espaços com perfis de ocupação diferentes traduz
certos aspectos como a climatização do espaço, horários e tipo de ocupação bem como soluções de
iluminação distintas. Todos estes factores combinados resultam na classificação de
representada na Figura 12, ficando remetida para anexo a tabela com as áreas dos
como a definição das zonas climatizadas
Esta informação conduziu à criaç
calibrar o modelo computacional de forma mais correcta.
De acordo com a informação acima apresentada foi possível calcular
perfil, as densidades de iluminação d
apresentados na Figura 12.
Figura 12 – Densidades de Iluminação dos principais grupos de espaços identificados
No que diz respeito às densidades de iluminação, o regulamento não impõe qualquer limitação, no
entanto esta variável influencia os consumos energéticos
16,9 W/m2
9,9 W/m2
44
acima apresentados tiveram em conta diversos factores, nomeadamente
zação em termos de horário de exploração, cargas internas e externas, ocupação, orientação
a informação acerca dos consumos energéticos, que nesta situação específica estavam
desagregados por piso, eléctricos e térmicos.
upos de espaços com perfis de ocupação diferentes traduz
certos aspectos como a climatização do espaço, horários e tipo de ocupação bem como soluções de
iluminação distintas. Todos estes factores combinados resultam na classificação de
, ficando remetida para anexo a tabela com as áreas dos
como a definição das zonas climatizadas, Anexo D.
Esta informação conduziu à criação de perfis individualizados por piso de modo a que fosse possível
calibrar o modelo computacional de forma mais correcta.
De acordo com a informação acima apresentada foi possível calcular, com base na área de cada
perfil, as densidades de iluminação dos principais grupos de espaços, os resultados são
Densidades de Iluminação dos principais grupos de espaços identificados
nsidades de iluminação, o regulamento não impõe qualquer limitação, no
esta variável influencia os consumos energéticos de forma directa e indirecta (
9,9 W/m2
13,7 W/m214,9 W/m2
17,3 W/m2
14,3 W/m2
tiveram em conta diversos factores, nomeadamente o tipo
zação em termos de horário de exploração, cargas internas e externas, ocupação, orientação
a informação acerca dos consumos energéticos, que nesta situação específica estavam
-se na verificação de
certos aspectos como a climatização do espaço, horários e tipo de ocupação bem como soluções de
iluminação distintas. Todos estes factores combinados resultam na classificação de espaços
, ficando remetida para anexo a tabela com as áreas dos espaços, bem
ão de perfis individualizados por piso de modo a que fosse possível
com base na área de cada
principais grupos de espaços, os resultados são
Densidades de Iluminação dos principais grupos de espaços identificados
nsidades de iluminação, o regulamento não impõe qualquer limitação, no
de forma directa e indirecta (climatização).
14,3 W/m2
45
3.3. Ocupação
A Tabela 8 apresenta as densidades de ocupação obtidas para cada piso.
Piso Nº de pessoas Área de escritório Densidade de ocupação
Piso 03 10 371 m2 0,027 pess/m2 37 m2/pess
Piso 04 18 311 m2 0,058 pess/m2 17,2 m2/pess
Piso 05 19 371 m2 0,051 pess/m2 19,6 m2/pess
Piso 06 24 324 m2 0,074 pess/,2 13,5 m2/pess
Piso 07 56 382 m2 0,147 pess/m2 6,8 m2/pess
Piso 08 Desocupado
Piso 09 15 400 m2 0,038 pess/m2 26,3 m2/pess
Piso 10 17 368 m2 0,046 pess/m2 21,7 m2/pess
Piso 11 39 336 m2 0,116 pess/m2 8,6 m2/pess
Piso 12 20 434 m2 0,046 pess/m2 21,7 m2/pess
Piso 13 45 354 m2 0,127 pess/m2 7,8 m2/pess
Piso 14 16 350 m2 0,046 pess/m2 21,7 m2/pess
Piso 15 8 150 m2 0,053 pess/m2 18,8 m2/pess
Tabela 8-Densidade de ocupação por piso
As áreas de escritório apresentadas correspondem apenas aos espaços com ocupação permanente,
pelo que se exclui as zonas de arrumos, salas de servidores etc.
Para a tipologia escritórios, o regulamento indica um valor referência de 15 m2/pessoa que equivale a
0.067 pessoas/m2, de acordo com esta definição elaborou-se um gráfico, Figura 13, que reflecte o
desvio da ocupação real face ao valor de referência considerado pela legislação na simulação
nominal.
Figura 13 – Densidade de ocupação real vs densidade de ocupação nominal
37,1 m2/pess
17,2 m2/pess19,5 m2/pess
13,5 m2/pess
6,8 m2/pess
26,6 m2/pess21,6 m2/pess
8,6 m2/pess
21,7 m2/pess
7,8 m2/pess
21,8 m2/pess
18,7 m2/pess
15.0 m2/pess
Piso 03 Piso 04 Piso 05 Piso 06 Piso 07 Piso 09 Piso 10 Piso 11 Piso 12 Piso 13 Piso 14 Piso 15
Densidade de ocupação real Densidade de ocupação nominal
46
3.4. Equipamentos
Tendo em conta que não foi feito um levantamento dos equipamentos genéricos como computadores,
fotocopiadoras, etc., estes consumos serviram como variável desconhecida necessária para a
calibração dos modelos computacionais aos consumos reais. Assim sendo, as densidades de
equipamento foram estimadas com base na ocupação dos espaços e do tipo de perfil de utilização
(escritórios, sala servidores, etc.). As densidades de equipamentos utilizadas em ambos os modelos
computacionais (EnergyPlus e Trace 700) são apresentadas no Anexo E.
Consumos como os elevadores, cujas medições eléctricas foram feitas, não foram inseridos no
modelo computacional uma vez que podem ser adicionados separadamente aos consumos
simulados. Estes consumos não são no entanto apresentados, uma vez que pertencem ao centro de
custo de energia eléctrica dos serviços comuns e neste estudo apenas são analisados os pisos de
escritórios do ponto de vista eléctrico e térmico, apenas analisando os serviços comuns no âmbito
das unidades centralizadas de tratamento de ar.
3.5. Sistemas de climatização e tratamento de ar novo
A energia térmica do edifício é obtida através de uma rede urbana de distribuição de energia térmica,
através de permutadores de placas, sendo este o sistema centralizado do edifício, estando as
fracções equipadas com ventiloconvectores de 4 tubos no tecto falso. Pontualmente existem ainda
alguns espaços equipados unidades autónomas de climatização de expansão directa do tipo split,
nomeadamente salas de servidores, que devido ao seu perfil de funcionamento operam 24 h/dia.
Estas unidades de expansão directa têm uma eficiência em modo de arrefecimento de 3,30
A distribuição de água aquecida e arrefecida é garantida por dois sistemas de bombagem duplos e
independentes, em regime de caudal variável.
O ar novo fornecido aos diversos pisos é garantido a nível central por uma unidade de tratamento de
ar novo (UTAN) que insufla o ar a 18 graus, com um sistema de recuperação de calor do tipo run-a-
round-coil (fora de operação por opção do proprietário do edifício). A distribuição de ar nos espaços
tratados é feita através de grelhas e difusores de baixa indução. Os horários de climatização,
temperaturas e os caudais de ar novo por zona podem ser consultados no Anexo C e D.
O sistema centralizado de climatização do edifício é monitorizado e controlado através de um sistema
de gestão técnica centralizada, responsável pela gestão dos horários e parâmetros de funcionamento
(temperaturas, pressão entre outros). Este sistema de gestão define um horário de disponibilidade de
fornecimento de água quente e fria aos ventiloconvectores, sendo o controlo local de temperatura e
ventilação efectuado manualmente pelos utilizadores.
47
Pelo facto de o sistema centralizado de climatização do edifício corresponder a uma rede urbana de
distribuição de energia térmica não serão calculados consumos eléctricos associados ao AVAC
centralizado, apenas térmicos.
3.6. Horários de funcionamento e ocupação
A Tabela 9 apresenta uma descrição dos horários que resultaram do levantamento e que foram
utilizados nos modelos computacionais.
Horário Período Início Fim N.º Dias/Semana N. Horas Diárias
Func.
1 – Ilum/Equip TDS 00:00 24:00 7 24 h
OFF TDS OFF OFF 0 0 h
2– Ilum/Equip TDU 07:00 22:00 5 15 h
3– Ilum/Equip TDU 06:00 21:00 5 15 h
4– Ilum/Equip TDU 08:00 19:00 5 11 h
5– Ilum/Equip TDU 09:00 10:30 5 1,5 h
6– Ilum/Equip TDU 07:30 20:00 5 12,5 h
7– Ilum/Equip TDU 11:30 18:00 5 6,5 h
8– Ilum/Equip TDU 06:00 24:00 5 18 h
Ar Novo
Escritórios TDU 06:00 24:00 5 18 h
AVAC –
Escritórios TDU 06:00 24:00 5 18 h
Tabela 9 – Horários utilizados no modelo computacional
No anexo C pode ser encontrada a tabela com a especificação dos horários utilizados em cada perfil
de utilização. Os horários referem-se ao funcionamento de iluminação, equipamentos, ocupação,
climatização e ar novo.
3.7. Contagens de energia eléctrica e térmica
Tal como já tinha sido referido anteriormente, o edifício possui contagens de energia eléctrica e
térmica por piso, do piso 3 ao piso 15 bem como contagens térmicas globais para todo o edifício,
estando discriminada a parcela referente aos serviços comuns. Ainda que existissem contagens
térmicas por cada piso, as mesmas não foram disponibilizadas pelos responsáveis do edifício, tendo
apenas sido possível aceder às contagens térmicas totais do edifícios (serviços comuns e pisos de
escritórios) e às contagens térmicas parciais referentes aos serviços comuns.
Fazendo a subtracção entre os consumos térmicos totais e os consumos parciais referentes aos
serviços comuns, foi possível identificar o consumo térm
ainda que não tenha sido possível a diferenciação por piso
Na Figura 14 apresentam-se os consumos eléctricos médios anuais
registos dos contadores associados à empresa fornecedora de energia eléctrica
Figura 14
É possível retirar as seguintes conclusões do gráfico anteriormente apresentado:
� Os consumos energéticos
como maiores consumidores, tal facto está de acordo com o facto de todos estes pisos
possuírem salas de servidores que operam 24 horas por dia
possuem elevadas densidades de ocupação
funcionamento durante o dia (ex.
14 serve não só o piso em questão mas também
ocupados pela mesma empresa;
� Na outra ponta do espectro dos consumos energéticos, encontra
densidade de ocupação reduzida e pontual (de acordo com informação recolhida no
levantamento) e como será visto mais à frente, horários de funcionam
sentido da pouca utilização do espaço.
25 290 kWh
59 996 kWh
42 482 kWh
55 384 kWh
151 898 kWh
Piso 3 Piso 4 Piso 5 Piso 6 Piso 7
48
Fazendo a subtracção entre os consumos térmicos totais e os consumos parciais referentes aos
identificar o consumo térmico total (piso 3 a 15) d
ainda que não tenha sido possível a diferenciação por piso.
se os consumos eléctricos médios anuais por piso
associados à empresa fornecedora de energia eléctrica.
14 – Consumos anuais de energia eléctrica por piso
É possível retirar as seguintes conclusões do gráfico anteriormente apresentado:
Os consumos energéticos desagregados por piso permitem identificar os pisos 7, 9, 11 e 14
como maiores consumidores, tal facto está de acordo com o facto de todos estes pisos
possuírem salas de servidores que operam 24 horas por dia; por outro lado
as densidades de ocupação, o que resulta em mais equipamentos em
funcionamento durante o dia (ex. computadores portáteis etc.). A sala de servidores do piso
o piso em questão mas também os pisos 15, 13 e 12, uma vez que es
mesma empresa;
Na outra ponta do espectro dos consumos energéticos, encontra-se o piso 3, que possui uma
densidade de ocupação reduzida e pontual (de acordo com informação recolhida no
levantamento) e como será visto mais à frente, horários de funcionam
sentido da pouca utilização do espaço.
55 384 kWh
151 898 kWh
0 kWh
84 296 kWh
48 006 kWh
73 336 kWh63 574 kWh
65 756 kWh
Piso 7 Piso 8 -Vago
Piso 9 Piso 10 Piso 11 Piso 12 Piso 13
Energia Elétrica
Fazendo a subtracção entre os consumos térmicos totais e os consumos parciais referentes aos
as zonas em estudo,
por piso obtidos através dos
desagregados por piso permitem identificar os pisos 7, 9, 11 e 14
como maiores consumidores, tal facto está de acordo com o facto de todos estes pisos
; por outro lado os pisos 7 e 11
o que resulta em mais equipamentos em
portáteis etc.). A sala de servidores do piso
15, 13 e 12, uma vez que estão
se o piso 3, que possui uma
densidade de ocupação reduzida e pontual (de acordo com informação recolhida no
levantamento) e como será visto mais à frente, horários de funcionamento variáveis no
65 756 kWh
167 515 kWh
39 194 kWh
Piso 13 Piso 14 Piso 15
Os serviços comuns possuem contadores eléctricos próprios, nos quais estão incluídos consumos
das zonas comuns bem como ventilação das unidades centralizadas de tratamento de ar. Estes
consumos estão no entanto fora do âmbito deste estudo, que se baseia na análise aos pisos de
escritórios (piso 3 a 15).
No que diz respeito a contagens entálpicas,
empresa responsável pela distribuição de fl
são responsáveis pela contagem global de energia térmica consumida pelo edifício, existindo os
contadores parciais de modo a determinar o consumo individual de cada fracção.
apresenta-se o aspecto de um contador de entalpia.
Os contadores de entalpia estão
seccionamento a montante e jusante
nas sondas de temperatura instaladas no circuito de ida e retorno,
circula nas tubagens e sabendo
térmica consumida.
Os consumos entálpicos foram obtidos para a totalidade do edifício, incluindo serviços comuns e
pisos de gabinetes. Existiam ainda contagens individuais relativas aos consumos entálpicos dos
serviços comuns, sabendo que todo
foi possível identificar os consumos necessários para a calibração do modelo.
Estes consumos são apresentados nas
49
Os serviços comuns possuem contadores eléctricos próprios, nos quais estão incluídos consumos
das zonas comuns bem como ventilação das unidades centralizadas de tratamento de ar. Estes
ão no entanto fora do âmbito deste estudo, que se baseia na análise aos pisos de
No que diz respeito a contagens entálpicas, o edifício possui dois tipos de contadores, instalados pela
empresa responsável pela distribuição de fluidos térmicos, gerais e parciais. Os contadores gerais
são responsáveis pela contagem global de energia térmica consumida pelo edifício, existindo os
contadores parciais de modo a determinar o consumo individual de cada fracção.
se o aspecto de um contador de entalpia.
Figura 15- Contador de entalpia
estão instalados no circuito de retorno, possuindo válvulas de
jusante e um filtro (opcional) entre estas válvulas. Através das leituras
nas sondas de temperatura instaladas no circuito de ida e retorno, da medição do caudal de água que
o-se o calor específico da mesma é possível determina
Os consumos entálpicos foram obtidos para a totalidade do edifício, incluindo serviços comuns e
pisos de gabinetes. Existiam ainda contagens individuais relativas aos consumos entálpicos dos
serviços comuns, sabendo que todo o consumo restante correspondia aos pisos 3 a 15,
foi possível identificar os consumos necessários para a calibração do modelo.
Estes consumos são apresentados nas Figura 16, 17 e 18.
Os serviços comuns possuem contadores eléctricos próprios, nos quais estão incluídos consumos
das zonas comuns bem como ventilação das unidades centralizadas de tratamento de ar. Estes
ão no entanto fora do âmbito deste estudo, que se baseia na análise aos pisos de
edifício possui dois tipos de contadores, instalados pela
uidos térmicos, gerais e parciais. Os contadores gerais
são responsáveis pela contagem global de energia térmica consumida pelo edifício, existindo os
contadores parciais de modo a determinar o consumo individual de cada fracção. Na Figura 15
instalados no circuito de retorno, possuindo válvulas de
. Através das leituras
o caudal de água que
calor específico da mesma é possível determinar a energia
Os consumos entálpicos foram obtidos para a totalidade do edifício, incluindo serviços comuns e
pisos de gabinetes. Existiam ainda contagens individuais relativas aos consumos entálpicos dos
o consumo restante correspondia aos pisos 3 a 15, deste modo
Figura
Do ponto de vista dos consumos térmicos globais do edifício é possível desde já identificar uma
situação discrepante no ano de 2008, em que, ao contrário do esperado, o consumo
é superior ao consumo para arrefecimento, o que
responsáveis da manutenção relativamente à avaria de uma das electroválvulas do sistema.
determinação dos consumos térmicos referentes aos pisos
2009.
Na Figura 17são apresentados os consumos térmicos de arrefecimento e aquecimento para a parcela
dos serviços comuns.
755 MWh
603 MWh
2007
50
Figura 16 - Consumos térmicos totais do edifício
Do ponto de vista dos consumos térmicos globais do edifício é possível desde já identificar uma
situação discrepante no ano de 2008, em que, ao contrário do esperado, o consumo
perior ao consumo para arrefecimento, o que advém de um problema identificado pelos
responsáveis da manutenção relativamente à avaria de uma das electroválvulas do sistema.
térmicos referentes aos pisos 3 a 15, apenas foi c
apresentados os consumos térmicos de arrefecimento e aquecimento para a parcela
722 MWh 725 MWh
603 MWh
924 MWh
480 MWh
2008 2009
Arrefecimento Aquecimento
Do ponto de vista dos consumos térmicos globais do edifício é possível desde já identificar uma
situação discrepante no ano de 2008, em que, ao contrário do esperado, o consumo de aquecimento
problema identificado pelos
responsáveis da manutenção relativamente à avaria de uma das electroválvulas do sistema. Para a
3 a 15, apenas foi considerado o ano de
apresentados os consumos térmicos de arrefecimento e aquecimento para a parcela
480 MWh
2009
Figura 17
Não tendo sido possível obter contagens para os meses de Abril e Maio
de consumo anual de energia térmica dos serviços comuns
MWh para aquecimento. Esta extrapolação teve como base o fa
consumos térmicos referentes ao global do edifício é o ano de 2009 e o problema nas electroválvulas
só se ter verificado em 2008, usando assim os meses de Janeiro e Fevereiro de 2010 para perfazer
um ano de consumos térmicos dos serviços comuns.
Com base no conhecimento da parcela de consumo térmico dos serviços comuns, e sabendo que
tudo o resto se referia aos pisos superiores de escritórios (3 a 15) chegou
apresentados na Figura 18.
Figura
33 MWh
53 MWh
37 MWh
Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun
Energia Térmica de Arrefecimento
409,443 kWh
Arrefecimento
51
17 - Consumos térmicos dos serviços comuns
Não tendo sido possível obter contagens para os meses de Abril e Maio, calculou
de energia térmica dos serviços comuns de 316 MWh para arrefecimento e 370
Esta extrapolação teve como base o facto de que o ano de referência dos
consumos térmicos referentes ao global do edifício é o ano de 2009 e o problema nas electroválvulas
só se ter verificado em 2008, usando assim os meses de Janeiro e Fevereiro de 2010 para perfazer
cos dos serviços comuns.
Com base no conhecimento da parcela de consumo térmico dos serviços comuns, e sabendo que
tudo o resto se referia aos pisos superiores de escritórios (3 a 15) chegou-se aos
Figura 18 – Consumos térmicos do piso 3 a 15
53 MWh 52 MWh
23 MWh
38 MWh
24 MWh
16 MWh
8 MWh4 MWh
7 MWh 6 MWh12 MWh
8 MWh
31 MWh
Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09 Dez
Energia Térmica de Arrefecimento Energia Térmica de Aquecimento
409,443 kWh
109,213 kWh
Arrefecimento Aquecimento
Arrefecimento Aquecimento
calculou-se um valor médio
de 316 MWh para arrefecimento e 370
cto de que o ano de referência dos
consumos térmicos referentes ao global do edifício é o ano de 2009 e o problema nas electroválvulas
só se ter verificado em 2008, usando assim os meses de Janeiro e Fevereiro de 2010 para perfazer
Com base no conhecimento da parcela de consumo térmico dos serviços comuns, e sabendo que
se aos valores anuais
8 MWh 6 MWh 5 MWh
31 MWh33 MWh
94 MWh
70 MWh
Dez-09 Jan-10 Fev-10
52
Analisando a Figura 17, e sabendo que após extrapolar o consumo térmico dos 10 meses conhecidos
(dois dos quais já em 2010 mas que se consideram válidos), se obtém valores de 316 MWh para
arrefecimento e 370 MWh para aquecimento dos serviços comuns, é possível constatar que nos
serviços comuns, ao contrário dos pisos de escritórios, Figura 18, o consumo de aquecimento é
superior ao arrefecimento. Isto pode ser justificado pelo facto de que nos espaços de escritórios os
perfis de utilização resultam na existência de muitas cargas internas e consequentemente em mais
consumo de arrefecimento.
Importa realçar o facto de que os horários de climatização e ar novo utilizados nas simulações
computacionais, terem sido obtidos no levantamento de campo e se por um lado é verdade que a
UTAN obedece a um horário estipulado pela gestão técnica centralizada, os ventiloconvectores
localizados nas zonas são comandados pelos ocupantes.
Este último factor pode significar que os horários utilizados nas simulações computacionais não
sejam semelhantes aos valores observados aquando do levantamento. Sendo que neste estudo
procurou-se não entrar em especulações quanto aos perfis de utilização verdadeiros face aos dados
recolhidos no campo. Assim sendo os horários utilizados foram os recolhidos no campo, não tendo
havido alterações neste sentido com o intuito de garantir acordo com os consumos térmicos reais
obtidos pelas facturas.
53
4. Resultados
Após a criação e parametrização dos modelos computacionais em EnergyPlus e TRACE 700 foram
feitas diversas simulações de modo a comparar os resultados obtidos em cada um com as facturas
de energia eléctrica e térmica. Foi também feita a comparação entre os valores obtidos com cada um
dos programas face aos métodos de cálculo de cargas térmicas disponíveis.
Importa referir que a apresentação de resultados difere em ambos os programas, sendo que o
EnergyPlus permite ao utilizador uma maior flexibilidade na análise zona a zona, tal não sendo
possível no TRACE, que apenas disponibiliza resultados dos consumos de energia de iluminação e
equipamento para o global das zonas, ventilação por tipo de sistema de tratamento de ar, ou seja, por
grupos de zonas, e por último resultados térmicos totais para todas as zonas.
O processo de simulação dinâmica em condições reais foi já anteriormente abordado, ver capítulo
1.4, e tem como objectivo garantir que o modelo computacional criado é realista. Para este efeito são
comparados os consumos energéticos obtidos através da simulação com os consumos obtidos
através das facturas. Esta validação está no entanto dependente, não só do rigor empregue na
criação do modelo, mas também dos valores objectivo, que podem advir de facturas ou medições
(eléctricas e entálpicas). Assim sendo, e caso existam facturas ou medições com erros de leitura, o
processo de calibração fica comprometido. No caso do edifício aqui em estudo, eram conhecidos os
problemas nas electroválvulas do sistema de tratamento de ar ao longo do ano de 2008, não tendo
sido possível assegurar que os consumos entálpicos usados (2009) estavam correctos.
4.1. Simulação Real em EnergyPlus/DesignBuilder
Os resultados apresentados na Tabela 10 reflectem os consumos totais, incluindo zonas climatizadas
e não climatizadas. Os consumos térmicos incluem não só os ventiloconvectores associados ao
sistema centralizado mas também algumas unidades de expansão directa existentes em salas de
servidores.
54
Grupo de
aderência Iluminação Equipamentos
Ventilação
(VC)
Arrefecimento
(térmico)
Aquecimento
(térmico)
Arrefecimento
eléctrico
(splits)
Consumo
total
Eléctrico
Piso 3 11 348 kWh 4 878 kWh 8 506 kWh 11 247 kWht 8 461 kWht 1 193 kWh 25 926 kWh
Piso 4 16 661 kWh 27 775 kWh 9 388 kWh 46 688 kWht 8 147 kWht 7 692 kWh 61 516 kWh
Piso 5 17 778 kWh 17 490 kWh 7 224 kWh 27 631 kWht 14 259 kWht - 42 492 kWh
Piso 6 14 758 kWh 24 252 kWh 7 832 kWh 40 436 kWht 16 410 kWht 6 465 kWh 53 308 kWh
Piso 7 27 633 kWh 87 105 kWh 14 595 kWh 110 625 kWht 2 057 kWht 12 122 kWh 141 456 kWh
Piso 8 - Vago - - - - - - -
Piso 9 16 679 kWh 45 189 kWh 11 744 kWh 60 127 kWht 8 695 kWht 12 798 kWh 86 411 kWh
Piso 10 15 340 kWh 19 608 kWh 8 638 kWh 41 780 kWht 11 757 kWht 4 781 kWh 48 367 kWh
Piso 11 18 783 kWh 44 709 kWh 10 339 kWh 60 427 kWht 10 372 kWht - 73 831 kWh
Piso 12 29 874 kWh 20 908 kWh 8 817 kWh 49 511 kWht 2 223 kWht - 59 599 kWh
Piso 13 23 982 kWh 30 055 kWh 7 886 kWh 48 974 kWht 2 007 kWht - 61 923 kWh
Piso 14 24 021 kWh 102 785 kWh 13 154 kWh 114 376 kWht 3 551 kWht 18 961 kWh 158 920 kWh
Piso 15 13 918 kWh 20 271 kWh 5 848 kWh 25 221 kWht 6 659 kWht - 40 037 kWh
Total 230 775 kWh 445 027 kWh 113 970 kWh 637 044 kWht 94 598 kWht 64 013 kWh 853 785 kWh
Tabela 10 – Consumos anuais simulados no E+ para todas as zonas do piso 03 ao piso 15
Quando comparamos os resultados obtidos através da simulação para a totalidade das zonas com os
consumos anuais obtidos através das facturas, os resultados obtidos são apresentados na Tabela 11.
Grupo de aderência Consumo Eléctrico
(Simulado)
Consumo Observado
(Facturas)
Consumo eléctrico
(simulação) / Consumo
eléctrico (facturas)
Piso 3 25 926 kWh 25 290 kWh 103%
Piso 4 61 516 kWh 59 996 kWh 103%
Piso 5 42 492 kWh 42 482 kWh 100%
Piso 6 53 308 kWh 55 384 kWh 96%
Piso 7 141 456 kWh 151 898 kWh 93%
Piso 8 - Vago - - -
Piso 9 86 411 kWh 84 296 kWh 103%
Piso 10 48 367 kWh 48 006 kWh 101%
Piso 11 73 831 kWh 73 336 kWh 101%
Piso 12 59 599 kWh 63 574 kWh 94%
Piso 13 61 923 kWh 65 756 kWh 94%
Piso 14 158 920 kWh 167 515 kWh 95%
Piso 15 40 037 kWh 39 194 kWh 102%
Total 853 785 kWh 876 727 kWh 97%
Tabela 11 – Comparação dos resultados anuais eléctricos simulados no E+ com os consumos facturados
55
A análise aos consumos eléctricos totais, Tabela 11, permite verificar que os consumos eléctricos
simulados para cada um dos pisos estão coerentes com os valores das facturas, apresentando
desvios entre ± 10% em todos os pisos.
O consumo térmico da UTAN será considerado para a calibração dos consumos térmicos referentes
aos serviços comuns. O consumo térmico dos serviços comuns inclui a UTAN, que serve os pisos de
escritórios e ainda algumas zonas de restaurante localizadas no piso 00, que estão fora do âmbito
deste estudo. Para verificar a validade dos consumos térmicos dos serviços comuns, onde se inclui a
UTAN, estas zonas foram englobadas. Os Resultados obtidos são apresentados na Tabela 12.
Serviços Comuns Arrefecimento (térmico) Aquecimento (térmico)
UTAN 201 927 kWht 70 792 kWht
Zonas do piso 0 47 881 kWht 3 969 kWht
Total 249 808 kWht 74 800 kWht
Consumo Observado (facturas) 315 557 kWht 370 787 kWht
Consumo Simulado / Consumo
Objectivo 80% 20%
Tabela 12 – Comparação dos consumos térmicos anuais referentes aos serviços comuns simulados no E+ com
os valores facturados
A análise aos consumos térmicos simulados referentes aos serviços comuns, Tabela 12, onde se
incluem algumas zonas de restaurantes no piso 00, verifica-se que estão bastante aquém dos
resultados obtidos pelas facturas. Isto pode dever-se a vários factores, nomeadamente a variação de
setpoint ao longo do ano, que na simulação se assume como constante uma vez que não havia
informações que permitissem entrar em maior detalhe. Associado a tudo isto existe ainda o facto de
que o DB não permite a criação directa de um sistema de ventiloconvectores associados a uma
unidade centralizada de ar novo, tendo sido necessária a criação manual dessa unidade ao nível do
E+, o que resulta desde logo numa aproximação ao sistema real.
Assim sendo e ainda que não tenha sido possível validar os resultados térmicos referentes aos
serviços comuns, os mesmos serão considerados para comparação com os resultados obtidos
através do TRACE, no sentido de averiguar se usando parametrizações equivalentes se consegue
chegar a valores semelhantes nos dois programas.
Embora já tenha sido referido anteriormente, importa aqui e face aos valores obtidos realçar mais
uma vez que os horários de climatização e ar novo utilizados nas simulações computacionais, foram
obtidos no levantamento de campo. Tendo sido verificado que a UTAN obedece a um horário
estipulado pela gestão técnica centralizada, é também um facto que os ventiloconvectores localizados
nas zonas são comandados pelos ocupantes. Isto resulta em que parte dos consumos térmicos de
aquecimento possa não corresponder a necessidades efectivas dos espaços, uma vez que as cargas
56
internas podem ser suficientes para assegurar a temperatura teórica de conforto. Ora, naturalmente
basta que os utilizadores do espaço considerem uma temperatura de conforto diferente da proposta
pela legislação, para que os resultados simulados possam não ser validados.
Este último factor pode significar que os horários utilizados nas simulações computacionais não
sejam totalmente realistas e portanto não seja conseguida a aderência térmica. Sendo que neste
estudo procurou-se não entrar em especulações quanto aos perfis de utilização verdadeiros face aos
dados recolhidos no campo. Assim sendo os horários utilizados foram os recolhidos no campo, não
tendo havido alterações neste sentido com o intuito de garantir a aderência térmica.
Na Tabela 13 analisam-se os consumos térmicos por piso associados exclusivamente ao sistema
centralizado de climatização, ou seja, os ventiloconvectores.
Grupo de aderência Arrefecimento (térmico) centralizado Aquecimento (térmico) centralizado
Piso 3 7 309 kWht 8 461 kWht
Piso 4 21 301 kWht 8 147 kWht
Piso 5 27 631 kWht 14 259 kWht
Piso 6 19 098 kWht 16 410 kWht
Piso 7 70 618 kWht 2 057 kWht
Piso 8 - Vago 0 kWht 0 kWht
Piso 9 17 888 kWht 8 695 kWht
Piso 10 26 002 kWht 11 757 kWht
Piso 11 60 427 kWht 10 372 kWht
Piso 12 49 511 kWht 2 223 kWht
Piso 13 48 974 kWht 2 007 kWht
Piso 14 51 800 kWht 3 551 kWht
Piso 15 25 221 kWht 6 659 kWht
Total P03-P15 425 781 kWht 94 598 kWht
Consumo facturado 409 443 kWht 109 213 kWht
Consumo térmico (simulação)/
Consumo térmico (facturas) 104% 87%
Tabela 13 – Comparação dos consumos anuais térmicos do piso 3 a 15 simulados no E+ com os consumos
facturados
No que diz respeito aos consumos térmicos do piso 3 a 15, Tabela 13, verificou-se que os consumos
de arrefecimento simulados apresentam um desvio de + 4% face aos valores das facturas, havendo
um desvio de 13% nos consumos de aquecimento. O desvio nos consumos de aquecimento pode
estar relacionado com utilizações pontuais dos espaços aos fins-de-semana, onde as necessidades
de aquecimento seriam maiores pelo facto de não existirem tantas cargas internas (iluminação,
ocupação, etc.).
57
Tendo em conta que o TRACE 700 não permite, como já referido anteriormente, isolar o consumo
térmico associado aos ventiloconvectores e à UTAN, calculou-se o valor total obtido através do E+
para que mais tarde possa ser comparado (Tabela 14); da mesma forma, como o TRACE 700 não
permite a definição de iluminação e equipamentos para as zonas não úteis (não climatizadas), estes
resultados foram isolados do total simulado em E+ são apresentados na Tabela 15. O consumo
destas zonas podia também naturalmente ser calculado manualmente, uma vez que não são
climatizadas e por isso só possuem consumos de iluminação e equipamentos.
Serviços Comuns Arrefecimento (térmico) Aquecimento (térmico)
UTAN (inclui zonas do P0) 249 808 kWht 74 800 kWht
P3-P15 425 781 kWht 94 598 kWht
Total 675 589 kWht 169 398 kWht
Consumo Objectivo (facturas) 725 000 kWht 480 000 kWht
Consumo Simulado / Consumo
Objectivo 93 % 35%
Tabela 14 – Comparação dos consumos anuais térmicos do edifício simulados no E+ com os consumos
facturados
Zonas Não Climatizadas Iluminação Equipamentos
Piso 03 779 kWh 211 kWh
Piso 04 3 196 kWh 215 kWh
Piso 05 1 448 kWh 646 kWh
Piso 06 1 624 kWh 364 kWh
Piso 07 842 kWh 1 762 kWh
Piso 08 - Vago 0 kWh 0 kWh
Piso 09 1 124 kWh 215 kWh
Piso 10 3 680 kWh 434 kWh
Piso 11 849 kWh 2 546 kWh
Piso 12 965 kWh 705 kWh
Piso 13 3 798 kWh 3 159 kWh
Piso 14 3 154 kWh 3 263 kWh
Piso 15 3 182 kWh 2 929 kWh
Total 24 640 kWh 16 450 kWh
Tabela 15 – Consumos anuais eléctricos obtidos através do EnergyPlus para as zonas não climatizadas
58
Tendo em conta que o E+ permite definir geometricamente as zonas não úteis incluindo a sua
iluminação e possíveis equipamentos, foi feita uma análise das temperaturas calculadas por este
modelo, sendo os resultados apresentados na Tabela 16.
Piso Máxima (°C) Mínima (°C) Média (°C)
Piso 03 26.8 17.6 22.0
Piso 04 27.4 21.0 24.1
Piso 05 27.7 21.8 24.8
Piso 06 27.3 21.5 24.5
Piso 07 28.8 22.9 25.9
Piso 08 29.3 19.4 24.2
Piso 09 28.0 20.9 24.4
Piso 10 27.7 22.7 25.4
Piso 11 28.6 23.9 26.5
Piso 12 27.4 22.5 25.3
Piso 13 29.7 23.7 27.1
Piso 14 30.3 23.4 27.2
Piso 15 30.4 21.0 25.7
Tabela 16 – Temperaturas anuais das zonas não úteis obtidas através do EnergyPlus
Através da Tabela 16 é possível verificar um aumento da temperatura das zonas não úteis à medida que a cota vai aumentando (pisos superiores), devido à ligação vertical da caixa de escadas e elevadores.
Estas temperaturas foram depois utilizadas no modelo criado em TRACE.
4.2. Simulação Real em TRACE 700
Após ter sido concluída a fase de calibração do modelo computacional criado no E+ e analisados os
resultados, criou-se o modelo do mesmo edifício no TRACE 700, procurando garantir uma
parametrização equivalente, dentro das opções disponibilizadas pelo programa. Primeiro foram
analisados individualmente os resultados obtidos através da simulação em TRACE 700 face aos
valores das facturas e posteriormente comparados com os resultados obtidos através do E+.
A acreditação do TRACE 700 no âmbito da norma ASHRAE 140-2004 foi feita utilizando o método de
cálculo de cargas térmicas de arrefecimento das séries radiativas temporais (RTS), em que os
factores de ponderação dos ganhos internos foram obtidos através de um balanço de energia. Assim
sendo, e uma vez que o método de cálculo utilizado pelo EnergyPlus é também um balanço de
energia nas zonas, a opção seleccionada para a primeira simulação foi o RTS no modo de
arrefecimento e o CLTD/CLF para as cargas térmicas de aquecimento, uma vez que como se verá
mais à frente na Figura 21, esta escolha tem pouco impacto.
59
Os resultados obtidos através do TRACE são apresentados na Tabela 17.
Sistemas Ilum. Equip. Ventilação
(VC+UTAN)
Arrefecimento
(térmico)
centralizado
Aquecimento
(térmico)
centralizado
Arrefecimento
eléctrico (splits)
P03-P15 200 720
kWh
421 499
kWh 167 164 kWh 783 149 kWht 92 385 kWht 5 099 kWh
Tabela 17 – Consumos anuais simulados no TRACE para todas as zonas climatizadas do piso 3 ao piso 15
Em seguida somou-se a parcela referente às zonas não climatizadas, calculada através do E+,
Tabela 15, obtendo-se o consumo eléctrico total para as zonas do piso 03 ao piso 15. Os resultados
são apresentados na Tabela 18.
Sistemas Ilum. Equip. Ventilação
(VC+UTAN)
Arrefecimento
eléctrico (splits)
Consumo
eléctrico
Total
Consumo
Objectivo
(Facturas)
Consumo
eléctrico
(simulação) /
Consumo
eléctrico (facturas)
P03-P15 225 360
kWh
437 950
kWh 167 164 kWh 1 061 kWh
831 535
kWh 979 754 kWh
* 85 %
Tabela 18- Comparação dos resultados eléctricos TRACE 700 mais os consumos de zonas não úteis face aos
valores facturados
* Este valor inclui os consumos facturados para os pisos 3 a 15 e também o consumo de ventilação
estimado através do E+ para a UTAN
A análise aos resultados obtidos permite concluir que os consumos eléctricos obtidos com o TRACE
não estão a ±10% dos consumos facturados, usando os mesmos dados de entrada utilizados no E+.
Este facto resulta em que numa situação real de certificação, onde era estritamente necessário que
se verificasse esta condição, tivessem de ser ajustadas as densidades de equipamento no modelo
em TRACE 700.
Em seguida analisaram-se os consumos térmicos simulados face aos valores das facturas. Como já
havia sido referido o TRACE não permite isolar o consumo térmico associado aos ventiloconvectores
das zonas e à UTAN, assim sendo o valor da factura refere-se ao total do edifício. Os resultados são
apresentados na Tabela 19.
Consumo Térmico Arrefecimento Consumo Térmico Aquecimento
Simulado Facturas Simulado Facturas
783 149 kWht 725 000 kWht 92 385 kWht 480 000 kWht
108% 19%
Tabela 19 – Comparação dos consumos térmicos simulados no TRACE 700 com os valores facturados
60
Aqui conclui-se que do ponto de vista do arrefecimento os consumos podem ser considerados válidos
uma vez que estão no intervalo de ±10% dos consumos facturados, mas os consumos de
aquecimento, tal como aconteceu no E+, ficam aquém do esperado, provavelmente pelas mesmas
razões.
4.2.1. Impacto das opções de cálculo na simulação real em TRACE 700
Foram ainda feitos alguns testes dentro do programa TRACE, de modo a aferir o impacto das
possíveis escolhas do utilizador face às opções disponibilizadas pelo programa em termos de cálculo
de cargas térmicas. Serão apresentados os valores globais do piso 3 ao piso 15, não tendo sido feita
qualquer alteração à parametrização do modelo. Nestas simulações foi alterado o método de cálculo
de cargas térmicas de arrefecimento, tendo sido mantido o método de cálculo das cargas de
aquecimento (CLTD/CLF), ver capítulo 2.3, os resultados são apresentados na Figura 19.
Figura 19 – Comparação dos diversos métodos de cálculo de cargas térmicas de arrefecimento no TRACE 700
200,720 kWh
200,720 kWh
200,720 kWh
200,720 kWh
200,720 kWh
200,720 kWh
200,720 kWh
421,500 kWh
421,500 kWh
421,500 kWh
421,500 kWh
421,500 kWh
421,500 kWh
421,500 kWh
783,149 kWh
819,713 kWh
773,799 kWh
820,320 kWh
826,927 kWh
742,177 kWh
789,495 kWh
92,385 kWh
92,765 kWh
92,262 kWh
92,823 kWh
92,906 kWh
92,243 kWh
92,471 kWh
167,164 kWh
176,600 kWh
161,649 kWh
176,520 kWh
180,047 kWh
154,106 kWh
171,403 kWh
RTS
TETD-TA1
CLTD-CLF
TETD-TA2
TETD-PO
CEC-DOE2
RP359
Ventilação (VC+UTAN) Aquecimento (térmico) centralizado
Arrefecimento (térmico) centralizado Equipamento
Iluminação
61
É possível desde logo observar que os consumos de iluminação e equipamento são iguais em todas
as simulações como seria de esperar, havendo no entanto desvios significativos nas restantes
variáveis. Comparando com os resultados de Roriz & Gonçalves é possível verificar que o método
CLTD é também o que apresenta menor consumo de arrefecimento quando comparado com o RTS e
o TETD/TA. Ao contrário do exposto no artigo de (Roriz & Gonçalves, 2003), neste caso é o TETD o
que apresenta maior consumo de arrefecimento dos três métodos já mencionados. Do ponto de vista
do aquecimento as diferenças são pouco significativas e em termos de ventilação as conclusões
obtidas neste estudo são consistentes com as que constam do artigo já mencionados, em que o
método TETD/TA é o que apresenta maior consumo.
Sendo a simulação de referência a que faz uso do método RTS, obtiveram-se os desvios
apresentados na Figura 20.
Figura 20 – Desvios dos consumos de avac dos vários métodos de cálculo de cargas térmicas de arrefecimento
em relação ao RTS
Aqui é possível verificar diferenças da ordem dos 1% a 6% nos consumos de arrefecimento e
consequentemente de ventilação, ora esta conclusão vem de encontro às evidências do artigo do
Professor Roriz, (Roriz & Silva, 2008), em que se questiona a falta de uma clarificação regulamentar
face à escolha do método de cálculo de cargas térmicas.
5%
-1%
5%
6%
-5%
1%
0.41%
-0.13%
0.47%
0.56%
-0.15%
0.09%
6%
-3%
6%
8%
-8%
3%
TETD-TA1
CLTD-CLF
TETD-TA2
TETD-PO
CEC-DOE2
RP359
Ventilação (VC+UTAN) Aquecimento (térmico) centralizado
Arrefecimento (térmico) centralizado
62
Em seguida fez-se o mesmo estudo mas desta feita mantendo o método de cálculo de cargas
térmicas de arrefecimento (RTS) e fazendo variar o método de cálculo de cargas de aquecimento,
tendo-se verificado que os resultados não são sensíveis a este parâmetro.
Os desvios das várias opções de cálculo de cargas térmicas de aquecimento face à situação original
(CLTD-CLF) são apresentados na Figura 21.
Figura 21 - Desvios dos consumos de avac dos vários métodos de cálculo de cargas térmicas de aquecimento em relação ao CLTD
Nos consumos de aquecimento as diferenças são bastante residuais, no entanto é também
importante considerar que os consumos de aquecimento são bastante inferiores aos consumos de
arrefecimento e que por isso teriam menor impacto na classificação energética do edifício.
Foi também uma análise ao impacto da escolha do método de tratamento de zonas não úteis, ver
capítulo 2.4.3, nos consumos de avac, cujos resultados são apresentados na Figura 22.
0.074%
0.072%
0.074%
0.074%
0.058%
0.061%
0.052%
0.051%
0.057%
0.025%
0.171%
0.166%
0.171%
0.171%
0.127%
UATD
TETD-TA1
TETD-TA2
TETD-PO
CEC-DOE2
Ventilação (VC+UTAN) Aquecimento (térmico) centralizado
Arrefecimento (térmico) centralizado
63
Figura 22 – Consumos de avac para cada método de tratamento de zonas não úteis
Considerando a simulação original, onde se usou a opção de constant, os desvios associados aos
restantes métodos são apresentados na Figura 23.
Figura 23 - Desvios dos consumos de avac dos vários métodos de tratamento de zonas não úteis face ao
original (constant)
783,149 kWh
773,321 kWh
754,497 kWh
666,074 kWh
701,248 kWh
92,385 kWh
92,585 kWh
96,164 kWh
103,284 kWh
95,046 kWh
167,164 kWh
168,000 kWh
162,155 kWh
156,374 kWh
148,461 kWh
Constant
SineFit
Prorated
Hourly OADB
Interior Mass
Ventilação (VC+UTAN) Aquecimento (térmico) centralizado
Arrefecimento (térmico) centralizado
-1%
-4%
-15%
-10%
0.2%
4%
12%
3%
1%
-3%
-6%
-11%
SineFit
Prorated
Hourly OADB
Interior Mass
Ventilação (VC+UTAN) Aquecimento (térmico) centralizado
Arrefecimento (térmico) centralizado
A análise do impacto da escolha do método de tratamento de zonas não úteis permite também tirar
conclusões interessantes, uma vez que se verificam
arrefecimento e cerca de 12% nos consumos de aquecimento.
Após a análise de todos os resultados obtidos apenas através do programa TRACE 700, torna
claro que a falta de imposição de uma metodologia de cálculo mais rigo
a resultados pouco fiáveis. Dentro do mesmo programa e consoante as opções de cálculo de cargas
térmicas e tratamento de zonas não úteis que o utilizador escolha, pode chegar a resultados
significativamente diferentes.
4.3. Comparação dos resultados simulados em cada programa
A análise comparativa entre os resultados simulados em cada um dos programas incidiu no caso do
TRACE 700, que permite ao utilizador escolher vários métodos de cálculo, na simulação com o
método RTS para o arrefecimento e CLTD/CLF para o aquecimento
tratamento das zonas não úteis.
Figura 24
O consumo de ventilação inclui os ventiloconvectores e a UTAN.
No que diz respeito aos consumos de iluminação e equipamentos e tal como se esperava, as
diferenças encontradas entre os programas são pouco significativas e podem ficar a
facto de os calendários utilizados em cada um dos programas não serem exactamente igual. Ora
231 MWh
445 MWh
225 MWh
Iluminação Equipamento
EnergyPlus Trace
EnergyPlus +2%
EnergyPlus +2%
64
A análise do impacto da escolha do método de tratamento de zonas não úteis permite também tirar
conclusões interessantes, uma vez que se verificam diferenças até 15% nos consumos de
% nos consumos de aquecimento.
Após a análise de todos os resultados obtidos apenas através do programa TRACE 700, torna
claro que a falta de imposição de uma metodologia de cálculo mais rigorosa e explicita pode conduzir
a resultados pouco fiáveis. Dentro do mesmo programa e consoante as opções de cálculo de cargas
térmicas e tratamento de zonas não úteis que o utilizador escolha, pode chegar a resultados
ração dos resultados simulados em cada programa
A análise comparativa entre os resultados simulados em cada um dos programas incidiu no caso do
TRACE 700, que permite ao utilizador escolher vários métodos de cálculo, na simulação com o
rrefecimento e CLTD/CLF para o aquecimento e a opção
Os resultados são apresentados na Figura 24.
– Consumos anuais simulados no E+ e TRACE 700
O consumo de ventilação inclui os ventiloconvectores e a UTAN.
No que diz respeito aos consumos de iluminação e equipamentos e tal como se esperava, as
diferenças encontradas entre os programas são pouco significativas e podem ficar a
facto de os calendários utilizados em cada um dos programas não serem exactamente igual. Ora
445 MWh
676 MWh
169 MWh 202 MWh
438 MWh
783 MWh
92 MWh
Equipamento Arrefecimento
Centralizado
Aquecimento
Centralizado
EnergyPlus +2%
TRACE +14%
EnergyPlus +45%
A análise do impacto da escolha do método de tratamento de zonas não úteis permite também tirar
% nos consumos de
Após a análise de todos os resultados obtidos apenas através do programa TRACE 700, torna-se
rosa e explicita pode conduzir
a resultados pouco fiáveis. Dentro do mesmo programa e consoante as opções de cálculo de cargas
térmicas e tratamento de zonas não úteis que o utilizador escolha, pode chegar a resultados
ração dos resultados simulados em cada programa
A análise comparativa entre os resultados simulados em cada um dos programas incidiu no caso do
TRACE 700, que permite ao utilizador escolher vários métodos de cálculo, na simulação com o
e a opção constant para o
No que diz respeito aos consumos de iluminação e equipamentos e tal como se esperava, as
diferenças encontradas entre os programas são pouco significativas e podem ficar a dever-se ao
facto de os calendários utilizados em cada um dos programas não serem exactamente igual. Ora
202 MWh167 MWh
Ventilação
EnergyPlus +17%
65
tendo em conta que o caso de estudo é um edifício de serviços com perfis de ocupação tipicamente
durante os dias úteis, possíveis diferenças em termos de feriados podem justificar esta situação.
Ao analisar os resultados térmicos e de ventilação, facilmente se constata que numa situação real,
seriam os consumos de AVAC a fazer variar a calibração dos modelos aos consumos reais. Importa
aqui referir que de modo a garantir uma parametrização semelhante, tanto no EnergyPlus como no
TRACE se definiu um setpoint (anual)para a UTAN de 18 graus, com um horário de ar novo todos os
dias úteis (segunda a sexta) das 6h às 24h. Este horário foi também adoptado, como pode ser
verificado após consulta dos ficheiros usados nas simulações, para as baterias e ventiladores dos
ventiloconvectores. As características da UTAN do ponto de vista de potência de ventilação, foram
mantidas em ambos os programas, embora o modo como os valores são introduzidos sejam
substancialmente diferentes.
Uma nota importante acerca da definição do sistema de AVAC em cada programa, é o facto de que
embora o EnergyPlus permita a criação manual de uma unidade de tratamento de ar centralizada, o
método de introdução de ar novo nas zonas é diferente do que se obtém com o TRACE. Este tópico
não é abordado nos manuais disponibilizados com o EnergyPlus, pelo que foi necessária uma
pesquisa exaustiva nos fóruns da especialidade para encontrar uma resposta adequada, isso porque
apenas com o DesignBuilder não é possível criar um sistema de AVAC como o existente neste caso
de estudo. A resposta encontrada para a criação de uma unidade de tratamento de ar que insuflasse
ar novo pré-tratado foi insuflá-lo, não para a parte de trás do ventiloconvector, mas sim directamente
para a zona. Este método é diferente não só da solução real, mas também do TRACE, que insufla o
ar novo da UTAN directamente para o ventiloconvector e o mistura com ar recirculado,
posteriormente insuflado na zona. Foi também necessário, ao nível do EnergyPlus, definir que os
ventiloconvectores apenas fazem tratamento terminal de ar recirculado estabelecendo um ciclo de
prioridades em que primeiro a UTAN insuflava ar pré tratado para a zona ficando os
ventiloconvectores responsáveis pelo resto do tratamento terminal necessário para garantir o setpoint
definido no espaço. Mais informação sobre este procedimento pode ser encontrada em
simulationresearch.lbl.go, no tópico fan coil unit with a fresh air handling unit.
Esta última nota vem como meio de concluir que o facto de não ser explícito que ambos os
programas estão a tratar o sistema de ventiloconvectores e UTAN do mesmo modo e as diferenças
significativas na criação do sistema, resultam em valores diferentes. Ainda que a norma ASHRAE
garanta que ambos os programas deveriam gerar resultados semelhantes, tal preposição pode deixar
de fazer sentido em situações em que o sistema de AVAC adquira uma certa complexidade. Nestas
situações e dependendo do tipo de sistema de climatização, torna-se bastante complicado garantir
que se consegue parametrizar de forma equivalente o sistema de AVAC em ambos os programas.
66
5. Conclusões
O objectivo deste trabalho foi alcançado, na medida em que se pretendia efectuar a simulação
dinâmica de um edifício em dois programas diferentes, acreditados pela norma ASHRAE 140-2004, e
comparar os resultados obtidos e isso foi conseguido.
O modelo do edifício em estudo foi inicialmente criado e parametrizado no DesignBuilder com uma
definição mais detalhada do sistema de AVAC já ao nível do EnergyPlus, tendo os resultados obtidos,
sido comparados com as facturas de energia eléctrica e térmica disponíveis. Posteriormente recriou-
se o modelo no TRACE 700, tendo sido mantida a integridade dos dados de entrada sempre que as
opções do programa o permitiam. Os resultados obtidos através do TRACE 700 foram então
analisados e comparados com os do EnergyPlus.
A primeira análise que deve ser feita é ao próprio processo de simulação dinâmica, inserido no
âmbito da legislação (RSECE), que pressupõe a criação de um modelo computacional do edifício em
estudo. Ora a criação deste modelo e a sua adaptação à situação real pode nem sempre ser bem
conseguida dependendo não só do programa de simulação utilizado e das opções por ele
disponibilizadas bem como da complexidade do caso estudo. Aqui entra a dificuldade na análise ao
impacto das aproximações ao nível da geometria, sistema de AVAC, entre outros parâmetros, que
são efectuadas de modo a conseguir criar o modelo.
A geometria do edifício, a definição dos elementos de sombreamento, bem como o sistema de AVAC
e tratamento de ar representam os grandes desafios na definição de um modelo realista, uma vez
que se afiguram muitas vezes como os mais difíceis de reproduzir nos programas de simulação.
Depois de analisada a dificuldade envolvida na criação de um modelo computacional efectivamente
realista e que espelhe a edifício em estudo, é necessário perceber a interacção entre a simulação real
e nominal, ambas obrigatórias ao abrigo da legislação (RSECE). Com a simulação real pretende-se
garantir a validade do modelo comparando os resultados obtidos, usando os perfis reais de utilização
(iluminação, equipamento, horários, sistema de climatização) com os consumos reais do edifício que
podem advir de facturas ou medições. Estes consumos englobam energia eléctrica e térmica. A
simulação nominal usa o modelo real e aplica-lhe os perfis de utilização definidos pela legislação de
modo a permitir a comparação dos edifícios através de uma escala semelhante para todos.
Sendo a simulação nominal responsável pelos resultados que dão origem à classificação de um
edifício e consequentemente da sua situação regulamentar ou não ao abrigo da legislação, é
necessário que exista uma metodologia explícita que garanta que todos os utilizadores usam os
mesmos pressupostos ao nível do cálculo.
De acordo com o programa, dentro dos vários que estão acreditados pela norma ASHRAE 140-2004,
que o utilizador opte para fazer a sua simulação, será confrontado com várias diferenças nas opções
disponíveis para parametrizar o seu modelo, nomeadamente ao nível do sistema de AVAC, existindo
67
muitas vezes bibliotecas com templates já criados que pretendem representar sistemas típicos. O
DesignBuilder por exemplo apresenta um sistema de ventiloconvectores já definido que o utilizador
pode usar sem entrar em mais detalhes ao nível do E+, no entanto e como se verifica na prática os
edifícios têm normalmente associados a estas unidades terminais, unidades centralizadas de
tratamento de ar que garantem ar pré tratado insuflado a uma determinada temperatura nas zonas.
Ora o sistema que o DB apresenta não contempla essa unidade centralizada, no entanto o utilizador
menos experiente pode usar a opção disponibilizada julgando estar a representar de forma realista o
seu edifício.
Este tipo de erros, resultado de uma utilização menos exaustiva bem como da falta de uma
metodologia mais explícita que não se limite a aprovar a utilização de um determinado programa
pode conduzir a resultados do ponto de vista da simulação real incoerentes, podendo ser garantida a
calibração do modelo aos consumos reais, resultando no entanto num índice de eficiência energética
pouco rigoroso. Isto é facilmente verificado se pensarmos que no cálculo do índice de eficiência
energética separamos a ventilação na parcela corrigida e não corrigida (aplicação do factor de
correcção climática) consoante a ventilação esteja directamente associada ao processo de
climatização (ventiloconvectores) ou a garantir requisitos de ar novo (UTAN) e que no exemplo acima
exposto não era fácil a criação do sistema de tratamento de ar centralizado e portanto a
desagregação dos dois tipos de ventilação.
Outra conclusão importante deste trabalho é de que as opções disponíveis em cada programa de
simulação influenciam bastante o rigor com que o utilizador consegue criar o seu modelo, bem como
o controlo que consegue exercer sobre determinados parâmetros. Aqui o TRACE é claramente um
programa cujo código fechado impede o utilizador exercer um controlo maior, possuindo no entanto
bibliotecas de equipamentos de AVAC muito extensas. O E+ por seu lado dá ao utilizador a
flexibilidade máxima, exigindo no entanto conhecimentos aprofundados, devendo o DB ser encarado
como uma interface com limitações significativas.
A última das conclusões importantes é que mesmo dentro de um programa o utilizador tem de fazer
as suas escolhas de forma consciente, uma vez que o impacto de determinadas opções pode ser
significativo, sendo isto mais evidente ao nível do TRACE, em que os diversos métodos de cálculo de
cargas térmicas e tratamento de zonas não úteis apresentaram resultados com desvios significativos.
68
6. Referências Bibliográficas
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2008. ADENE - AGÊNCIA PARA A ENERGIA.
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78
B. Envolvente
Em seguida apresentam-se as plantas de arquitectura com a demarcação dos elementos
construtivos, em todos os pisos o pavimento é F02 e no piso 15 a cobertura exterior é R01.
Figura B. 1 -Demarcação da envolvente dos pisos 3 a 11
Figura B. 2-Demarcação da envolvente dos pisos 12 a 14
Fachada Oeste
Vidro – V01/3 Pilares e Talões de Viga – W05
Fachada este
Vidro – V01/2 Pilares e Talões de Viga – W08
Fachada Norte
Vidro – V01/1
Pilares e Talões de Viga – W05
Fachada Oeste
Vidro – V02/3 Pilares e Talões de Viga – W05
Fachada Este
Vidro – V01/2 Pilares e Talões de Viga – W08
Fachada Norte
Vidro – V01/1
Pilares e Talões de Viga – W05
79
Figura B. 3 -Demarcação da envolvente do piso 15
As tabelas seguintes apresentam a descrição das soluções construtivas.
Paredes
W05 - Parede composta pelos seguintes elementos: Placas de gesso cartonado (750-1000 kg/m3, e =
0.01 m, R = 0.04 m2ºC/W); Poliestireno expandido extrudido (XPS) (25-40 kg/m3, e = 0.04 m, R =
1.081 m2ºC/W); Argamassas e rebocos não-tradicionais (1450-1600 kg/m3, e = 0.02 m, R = 0.025
m2ºC/W); Betão armado com percentagem de armadura < 1% em volume (2300-2400 kg/m3, e =
0.45 m, R = 0.225 m2ºC/W).
W06 - Parede composta pelos seguintes elementos: Placas de gesso cartonado (750-1000 kg/m3, e =
0.01 m, R = 0.04 m2ºC/W); Poliestireno expandido extrudido (XPS) (25-40 kg/m3, e = 0.04 m, R =
1.081 m2ºC/W); Argamassas e rebocos não-tradicionais (1450-1600 kg/m3, e = 0.02 m, R = 0.025
m2ºC/W); Tijolo cerâmico furado (110 kg/m2, e = 0.15 m, R = 0.52 m2ºC/W); Argamassas e rebocos
tradicionais (1800-2000 kg/m3, e = 0.02 m, R = 0.015 m2ºC/W).
W07 - Parede composta pelos seguintes elementos: Argamassas e rebocos tradicionais (1800-2000
kg/m3, e = 0.02 m, R = 0.015 m2ºC/W); Tijolo cerâmico furado (122 kg/m2, e = 0.15 m, R = 0.39
m2ºC/W); Argamassas e rebocos tradicionais (1800-2000 kg/m3, e = 0.02 m, R = 0.015 m2ºC/W).
W08 - Parede composta pelos seguintes elementos: Placas de gesso cartonado (750-1000 kg/m3, e =
0.01 m, R = 0.04 m2ºC/W); Poliestireno expandido extrudido (XPS) (25-40 kg/m3, e = 0.04 m, R =
1.081 m2ºC/W); Argamassas e rebocos não-tradicionais (1450-1600 kg/m3, e = 0.02 m, R = 0.025
m2ºC/W); Betão armado com percentagem de armadura < 1% em volume (2300-2400 kg/m3, e = 0.2
m, R = 0.1 m2ºC/W); Caixa de ar - construção fabricada insitu (e = 0.2 m, R = 0.18 m2ºC/W); Sódico-
calcário (incluindo vidro float) (2500 kg/m3, e = 0.008 m, R = 0.008 m2ºC/W).
Fachada Oeste
Vidro – V01/5 Pilares e Talões de Viga – W05
Fachada Este
Vidro – V01/2 Pilares e Talões de Viga – W08
Fachada Norte
Pilares e Talões de Viga – W05
80
W09 - Parede composta pelos seguintes elementos: Placas de gesso cartonado (750-1000 kg/m3, e =
0.013 m, R = 0.052 m2ºC/W); Caixa de ar - construção fabricada insitu (e = 0.015 m, R = 0.17
m2ºC/W); Tijolo cerâmico furado (122 kg/m2, e = 0.15 m, R = 0.39 m2ºC/W); Argamassas e rebocos
não-tradicionais (1450-1600 kg/m3, e = 0.02 m, R = 0.025 m2ºC/W); Cerâmica vidrada/grés cerâmico
(2300 kg/m3, e = 0.005 m, R = 0.004 m2ºC/W).
W10 - Parede composta pelos seguintes elementos: Placas de gesso cartonado (750-1000 kg/m3, e =
0.013 m, R = 0.052 m2ºC/W); Caixa de ar - construção fabricada insitu (e = 0.015 m, R = 0.17
m2ºC/W); Betão armado com percentagem de armadura < 1% em volume (2300-2400 kg/m3, e =
0.25 m, R = 0.125 m2ºC/W).
Tabela B. 1 -Descrição das soluções construtivas das paredes
Coberturas e Pavimentos
F02 – Pavimento interior com 0.7666 m de espessura, com a seguinte constituição (de cima para
baixo): Revestimento têxtil (carpete, alcatifa) (200 kg/m3, e = 0.006 m, R = 0.1 m2ºC/W); Painéis de
contraplacado (700 kg/m3, e = 0.04 m, R = 0.235 m2ºC/W); Caixa de ar (e = 0.07 m, R = 0.21
m2ºC/W); Betão armado com percentagem de armadura < 1% em volume (2300-2400 kg/m3, e =
0.18 m, R = 0.09 m2ºC/W); Caixa de ar (e = 0.43 m, R = 0.23 m2ºC/W); Lã de rocha (35-100 kg/m3, e
= 0.04 m, R = 1 m2ºC/W); Aço (7800 kg/m3, e = 0.0006 m, R = 0 m2ºC/W).
R01 – Cobertura exterior com 0.8756 m de espessura, com a seguinte constituição (de cima para
baixo): Betão normal (2300-2600 kg/m3), e = 0.05 m, R = 0.025 m2ºC/W); Membranas flexíveis
impregnadas com betume (1000-1100 kg/m3, e = 0.005 m, R = 0.022 m2ºC/W); Betão isolante
"resistente" com areia leve e areia do rio (< 10%) (1200-1400 kg/m3, e = 0.05 m, R = 0.071 m2ºC/W);
Betão armado com percentagem de armadura < 1% em volume (2300-2400 kg/m3, e = 0.22 m, R =
0.11 m2ºC/W); Espuma rígida de poliuretano ou de poli-isocianurato projectado ou injectado insitu
(20-50 kg/m3, e = 0.04 m, R = 0.952 m2ºC/W); Caixa de ar (e = 0.47 m, R = 0.16 m2ºC/W); Lã de
rocha (35-100 kg/m3, e = 0.04 m, R = 1 m2ºC/W); Aço (7800 kg/m3, e = 0.0006 m, R = 0 m2ºC/W).
R03 - Elemento com 0.9074 m de espessura, com a seguinte constituição (de cima para baixo):
Madeiras densas (750-870 kg/m3, e = 0.0218 m, R = 0.095 m2ºC/W); Betão normal (2300-2600
kg/m3), e = 0.03 m, R = 0.015 m2ºC/W); Membranas flexíveis impregnadas com betume (1000-1100
kg/m3, e = 0.005 m, R = 0.022 m2ºC/W); Betão isolante "resistente" com areia leve e areia do rio (<
10%) (1200-1400 kg/m3, e = 0.05 m, R = 0.071 m2ºC/W); Betão armado com percentagem de
armadura < 1% em volume (2300-2400 kg/m3, e = 0.25 m, R = 0.125 m2ºC/W); Espuma rígida de
poliuretano ou de poli-isocianurato projectado ou injectado insitu (20-50 kg/m3, e = 0.04 m, R = 0.952
m2ºC/W); Caixa de ar (e = 0.47 m, R = 0.16 m2ºC/W); Lã de rocha (35-100 kg/m3, e = 0.04 m, R = 1
m2ºC/W); Aço (7800 kg/m3, e = 0.0006 m, R = 0 m2ºC/W).
Tabela B. 2 -Descrição das soluções construtivas do pavimento interior e coberturas exteriores
81
Envidraçados
V01 - SGG COOL-LITE SKN 472 8mm + Ar 16mm + SGG PLANILUX 6mm
V02 - SGG COOL-LITE SKN 472 8mm + Ar 16mm + SGG PLANILUX 6mm c/ película de controlo
solar LLUMAR R35 SR HPR pelo interior
V03 - Vão envidraçado simples, fixo, composto por caixilharia metálica sem corte térmico e vidro
simples do tipo SGG PLANILUX 10mm, com coeficiente de transmissão térmica de 6,0 W/m2ºC.
V04 - GUARDIAN CLEAR LAMINATE (8mm + 030''PVB + 8mm)
V05 - SGG CLIMALIT PARSOL VERDE (SGG PARSOL VERDE 8mm + Ar 16mm + SGG PLANILUX
6mm)
Tabela B. 3 -Descrição dos envidraçados
82
C. Horários por perfil de utilização
Perfil Horário
Iluminação
Horário
Equipamento
Horário
Ocupação
Horário
Climatização
Horário Ar
Novo Área (m2)
P03_ArrumosAT OFF OFF OFF OFF OFF 14
P03_CircNClim S20 OFF OFF OFF OFF 45
P03_Gabinetes S29 S29 S18 AVAC –
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 371
P03_SalaReuniao S20 OFF S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 39
P03_SalaServidor S1 S1 OFF S1 OFF 8
P04_CircNClim S18 OFF OFF OFF OFF 108
P04_Gabinetes S18 S18 S18 AVAC –
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 311
P04_SalaReuniao S20 S20 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 45
P04_SalaServidor S1 S1 OFF S1 OFF 13
P05_CircNClim S18 OFF OFF Não
Climatizado Não Ventilado 44
P05_Gabinetes S18 S18 S18 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 371
P05_SalaReuniao S18 S18 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 62
P06_ArrumosAT S20 OFF OFF OFF OFF 9
P06_CircNClim S18 OFF OFF OFF OFF 48
P06_Gabinetes S18 S18 S18 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 324
P06_SalaReuniao S20 S20 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 77
P06_SalaServidor S1 S1 OFF S1 OFF 9
P07_CircClim S30 S30 OFF Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 44
P07_Gabinetes S30 S30 S18 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 382
P07_SalaReuniao S30 S30 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 43
P07_SalaServidor S1 S1 OFF S1 OFF 8
P08_Gabinetes Vago Vago Vago Vago Vago 477
P09_CircNClim S18 OFF OFF OFF OFF 27
P09_Gabinetes S18 S18 S18 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 400
P09_SalaReuniao S20 S20 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 39
P09_SalaServidor S1 S1 OFF S1 OFF 11
P10_CircNClim S18 OFF OFF OFF OFF 55
83
P10_Gabinetes S18 S18 S18 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 368
P10_SalaReuniao S20 S20 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 48
P10_SalaServidor S1 S1 OFF S1 OFF 5
P11_CircClim S21 S21 OFF Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 83
P11_Gabinetes S21 S21 S18 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 336
P11_SalaReuniao S20 S20 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 58
P12_Gabinetes S11 S11 S18 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 434
P12_SalaReuniao S11 S11 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 42
P13_CircNClim S11 S11 OFF OFF OFF 103
P13_Gabinetes S11 S11 AVAC -
Escritórios
Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 354
P13_SalaReuniao S11 S11 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 19
P14_CircNClim S9 S9 OFF OFF OFF 78
P14_Gabinetes S9 S9 S18 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 350
P14_SalaReuniao S9 S9 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 37
P14_SalaServidores S1 S1 OFF S1 OFF 12
P15_Auditorio S20 S20 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 39
P15_CircNClim S9 S9 OFF OFF OFF 61
P15_Gabinetes S9 S9 S9 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 149
P15_SalaReuniao S9 S9 S20 Ar Novo
Escritórios
Ar Novo
Escritórios 45
Tabela C. 1 - Horários por perfil de utilização
84
D. AVAC – Espaços
Espaço Perfil Área Sistema
Prod.Térmica
Sistema de Ar
Novo
Caudal Ar
Novo
Temperatura
Arref/Aquec
(°C)
Piso 03 -
P03_Gabinetes
Showroom64.80
P03_Gabinetes 62 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 321 m3/h 22/23
Piso 03 -
P03_Gabinetes
Showroom57.15
P03_Gabinetes 55 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 286 m3/h 22/23
Piso 03 -
P03_Gabinetes
Openspace1
P03_Gabinetes 84 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 436 m3/h 22/23
Piso 03 -
P03_CircNClim 2 P03_CircNClim 28 m2
Piso 03 -
P03_Gabinetes 1 P03_Gabinetes 20 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 105 m3/h 22/23
Piso 03 -
P03_SalaServidor IT P03_SalaServidor 8 m2 Zonas c/Splits
Splits (Sem Ar
Novo) 0 m3/h 21/21
Piso 03 -
P03_Gabinetes
InstSanit2
P03_Gabinetes 8 m2
Piso 03 -
P03_Gabinetes
Recepção
P03_Gabinetes 41 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 211 m3/h 22/23
Piso 03 -
P03_CircNClim 1 P03_CircNClim 17 m2
Piso 03 -
P03_Gabinetes
Showroom55.50
P03_Gabinetes 53 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 274 m3/h 22/23
Piso 03 -
P03_SalaReuniao 1 P03_SalaReuniao 39 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 201 m3/h 22/23
Piso 03 -
P03_Gabinetes
InstSanit1
P03_Gabinetes 8 m2
Piso 03 -
P03_Gabinetes Copa P03_Gabinetes 10 m2
22/23
Piso 03 -
P03_ArrumosAT
8.00
P03_ArrumosAT 7 m2
Piso 03 -
P03_ArrumosAT
Fotocopias
P03_ArrumosAT 6 m2
Piso 03 -
P03_Gabinetes
Comerciais
P03_Gabinetes 31 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 163 m3/h 22/23
85
Piso 04 -
P04_Gabinetes Copa P04_Gabinetes 16 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 82 m3/h 21/22
Piso 04 -
P04_Gabinetes 5 P04_Gabinetes 34 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 178 m3/h 21/22
Piso 04 -
P04_SalaReuniao 1 P04_SalaReuniao 25 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 129 m3/h 21/22
Piso 04 -
P04_Gabinetes 3 P04_Gabinetes 55 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 284 m3/h 21/22
Piso 04 -
P04_CircNClim 1 P04_CircNClim 108 m2
Piso 04 -
P04_Gabinetes
InstSanit2
P04_Gabinetes 8 m2
Piso 04 -
P04_Gabinetes 2 P04_Gabinetes 57 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 294 m3/h 21/22
Piso 04 -
P04_Gabinetes
InstSanit1
P04_Gabinetes 8 m2
Piso 04 -
P04_SalaServidor IT P04_SalaServidor 13 m2 Zonas c/Splits
Splits (Sem Ar
Novo) 0 m3/h 20/20
Piso 04 -
P04_Gabinetes 4 P04_Gabinetes 48 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 247 m3/h 21/22
Piso 04 -
P04_Gabinetes
Arquivo
P04_Gabinetes 12 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 64 m3/h 21/22
Piso 04 -
P04_SalaReuniao 2 P04_SalaReuniao 20 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 105 m3/h 21/22
Piso 04 -
P04_Gabinetes 1 P04_Gabinetes 74 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 382 m3/h 21/22
Piso 05 -
P05_SalaReuniao 2 P05_SalaReuniao 45 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 235 m3/h 22/23
Piso 05 -
P05_SalaReuniao 1 P05_SalaReuniao 17 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 88 m3/h 22/23
Piso 05 -
P05_Gabinetes 2 P05_Gabinetes 18 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 91 m3/h 22/23
Piso 05 -
P05_Gabinetes 1 P05_Gabinetes 104 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 539 m3/h 22/23
Piso 05 -
P05_Gabinetes 0 P05_Gabinetes 234 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 1,214 m3/h 22/23
Piso 05 -
P05_Gabinetes
InstSanit1
P05_Gabinetes 8 m2
Piso 05 -
P05_CircNClim 1 P05_CircNClim 44 m2
Piso 05 -
P05_Gabinetes
InstSanit2
P05_Gabinetes 8 m2
Piso 06 -
P06_Gabinetes P06_Gabinetes 112 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 583 m3/h 22/23
86
OpenspaceOtker
Piso 06 -
P06_SalaServidor 1 P06_SalaServidor 9 m2 Zonas c/Splits
Splits (Sem Ar
Novo) 0 m3/h 20/20
Piso 06 -
P06_SalaReuniao
Formaçao
P06_SalaReuniao 41 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 214 m3/h 22/23
Piso 06 -
P06_Gabinetes
ISnclim
P06_Gabinetes 11 m2
Piso 06 -
P06_SalaReuniao
Visitas
P06_SalaReuniao 19 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 98 m3/h 22/23
Piso 06 -
P06_Gabinetes
Europeu
P06_Gabinetes 17 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 88 m3/h 22/23
Piso 06 -
P06_Gabinetes
Comercial
P06_Gabinetes 17 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 88 m3/h 22/23
Piso 06 -
P06_ArrumosAT
Fotocopias
P06_ArrumosAT 9 m2
Piso 06 -
P06_Gabinetes
Openspace
P06_Gabinetes 100 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 519 m3/h 22/23
Piso 06 -
P06_Gabinetes
InstSanit2
P06_Gabinetes 8 m2
Piso 06 -
P06_CircNClim 1 P06_CircNClim 48 m2
Piso 06 -
P06_SalaReuniao
otker
P06_SalaReuniao 16 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 85 m3/h 22/23
Piso 06 -
P06_Gabinetes
InstSanit1
P06_Gabinetes 8 m2
Piso 06 -
P06_Gabinetes
ClientCare
P06_Gabinetes 44 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 230 m3/h 22/23
Piso 06 -
P06_Gabinetes
Financeiro
P06_Gabinetes 18 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 91 m3/h 22/23
Piso 07 -
P07_Gabinetes
Financeiro
P07_Gabinetes 15 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 78 m3/h 21/22
Piso 07 -
P07_SalaServidor IT P07_SalaServidor 8 m2 Zonas c/Splits
Splits (Sem Ar
Novo) 0 m3/h 20/20
Piso 07 -
P07_Gabinetes Copa P07_Gabinetes 14 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 71 m3/h 21/22
Piso 07 -
P07_SalaReuniao 1 P07_SalaReuniao 43 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 223 m3/h 21/22
87
Piso 07 -
P07_Gabinetes
Director
P07_Gabinetes 32 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 165 m3/h 21/22
Piso 07 -
P07_Gabinetes
Openspace2
P07_Gabinetes 124 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 642 m3/h 21/22
Piso 07 -
P07_Gabinetes
Openspace1
P07_Gabinetes 108 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 560 m3/h 21/22
Piso 07 -
P07_Gabinetes
InstSanit2
P07_Gabinetes 8 m2
Piso 07 -
P07_Gabinetes
Cofre
P07_Gabinetes 28 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 146 m3/h 21/22
Piso 07 -
P07_CircClim
Recepcao
P07_CircClim 44 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 229 m3/h 21/22
Piso 07 -
P07_Gabinetes
Administrador
P07_Gabinetes 46 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 240 m3/h 21/22
Piso 07 -
P07_Gabinetes
InstSanit1
P07_Gabinetes 8 m2
Piso 09 -
P09_Gabinetes Copa P09_Gabinetes 11 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 57 m3/h 22/23
Piso 09 -
P09_SalaServidor
CPD
P09_SalaServidor 11 m2 Zonas c/Splits Splits (Sem Ar
Novo) 0 m3/h 20/20
Piso 09 -
P09_Gabinetes
Openspace1
P09_Gabinetes 57 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 297 m3/h 22/23
Piso 09 -
P09_Gabinetes 1-4 P09_Gabinetes 69 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 358 m3/h 22/23
Piso 09 -
P09_Gabinetes 5-7 P09_Gabinetes 41 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 214 m3/h 22/23
Piso 09 -
P09_Gabinetes
Openspace2
P09_Gabinetes 108 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 560 m3/h 22/23
Piso 09 -
P09_Gabinetes
Openspace3
P09_Gabinetes 98 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 508 m3/h 22/23
Piso 09 -
P09_Gabinetes
InstSanit2
P09_Gabinetes 8 m2
Piso 09 -
P09_SalaReuniao 2 P09_SalaReuniao 8 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 40 m3/h 22/23
Piso 09 -
P09_Gabinetes
InstSanit1
P09_Gabinetes 8 m2
88
Piso 09 -
P09_CircNClim 1 P09_CircNClim 27 m2
Piso 09 -
P09_SalaReuniao 1 P09_SalaReuniao 31 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 162 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes
CopaArrow
P10_Gabinetes 9 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 47 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes
Arrumos
P10_Gabinetes 24 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 123 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes
Director
P10_Gabinetes 9 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 44 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes
SalaTrabalho
P10_Gabinetes 69 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 356 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes
DirectorGeral
P10_Gabinetes 19 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 98 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes 1-2 P10_Gabinetes 29 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 150 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_CircNClim 1 P10_CircNClim 39 m2
Piso 10 -
P10_Gabinetes 5-6 P10_Gabinetes 35 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 181 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_SalaReuniao 1 P10_SalaReuniao 30 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 153 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes
Openspace1
P10_Gabinetes 66 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 341 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes
InstSanit3
P10_Gabinetes 5 m2
Piso 10 -
P10_Gabinetes
InstSanit1
P10_Gabinetes 8 m2
Piso 10 -
P10_Gabinetes
ArrumosChiquita
P10_Gabinetes 8 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 43 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes 3-4 P10_Gabinetes 33 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 169 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_SalaServidor
CPD
P10_SalaServidor 5 m2 Zonas c/Splits Splits (Sem Ar
Novo) 0 m3/h 20/20
Piso 10 -
P10_CircNClim
Chiquita
P10_CircNClim 16 m2
Piso 10 -
P10_Gabinetes
Economato
P10_Gabinetes 4 m2
89
Piso 10 -
P10_Gabinetes
InstSanit2
P10_Gabinetes 8 m2
Piso 10 -
P10_Gabinetes
SalaEstar
P10_Gabinetes 14 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 72 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_SalaReuniao
Chiquita
P10_SalaReuniao 19 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 97 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes
SalaEspera
P10_Gabinetes 24 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 125 m3/h 22/23
Piso 10 -
P10_Gabinetes
CopaChiquita
P10_Gabinetes 7 m2
Piso 11 -
P11_Gabinetes
Oeste
P11_Gabinetes 66 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 343 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_Gabinetes
Norte
P11_Gabinetes 59 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 305 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_Gabinetes
VanZeller
P11_Gabinetes 32 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 166 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_Gabinetes
OpenspaceSephora
P11_Gabinetes 76 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 393 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_SalaReuniao
Sephora
P11_SalaReuniao 14 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 74 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_CircClim 1 P11_CircClim 83 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 428 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_Gabinetes
Sephora
P11_Gabinetes 51 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 266 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_Gabinetes
InstSanit2
P11_Gabinetes 8 m2
Piso 11 -
P11_Gabinetes Copa P11_Gabinetes 8 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 40 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_SalaReuniao
Boygues1
P11_SalaReuniao 31 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 162 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_Gabinetes
AnaVerdelho
P11_Gabinetes 24 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 126 m3/h 22/23
Piso 11 -
P11_SalaReuniao
Bouygues2
P11_SalaReuniao 13 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 66 m3/h 22/23
90
Piso 11 -
P11_Gabinetes
InstSanit1
P11_Gabinetes 8 m2
Piso 11 -
P11_Gabinetes
CopaSephora
P11_Gabinetes 5 m2
Piso 12 -
P12_Gabinetes
OpenspaceNorte
P12_Gabinetes 100 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 516 m3/h 21/22
Piso 12 -
P12_Gabinetes 7 P12_Gabinetes 19 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 96 m3/h 21/22
Piso 12 -
P12_SalaReuniao 3 P12_SalaReuniao 17 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 86 m3/h 22/23
Piso 12 -
P12_Gabinetes
Openspace
P12_Gabinetes 108 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 559 m3/h 21/22
Piso 12 -
P12_Gabinetes Copa P12_Gabinetes 13 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 68 m3/h 21/22
Piso 12 -
P12_SalaReuniao
Oeste
P12_SalaReuniao 26 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 133 m3/h 22/23
Piso 12 -
P12_Gabinetes
OpenspaceOeste
P12_Gabinetes 55 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 283 m3/h 21/22
Piso 12 -
P12_Gabinetes
InstSanit1
P12_Gabinetes 8 m2
Piso 12 -
P12_Gabinetes 2 P12_Gabinetes 22 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 116 m3/h 21/22
Piso 12 -
P12_Gabinetes
InstSanit2
P12_Gabinetes 8 m2
Piso 12 -
P12_Gabinetes Este P12_Gabinetes 103 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 536 m3/h 21/22
Piso 13 -
P13_Gabinetes
Oeste
P13_Gabinetes 52 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 271 m3/h 22/23
Piso 13 -
P13_Gabinetes
Norte2
P13_Gabinetes 38 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 199 m3/h 22/23
Piso 13 -
P13_Gabinetes
Norte
P13_Gabinetes 19 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 96 m3/h 22/23
Piso 13 -
P13_Gabinetes
Openspace1
P13_Gabinetes 93 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 482 m3/h 22/23
Piso 13 -
P13_CircNClim 1 P13_CircNClim 103 m2
Piso 13 -
P13_Gabinetes Sul P13_Gabinetes 22 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 116 m3/h 22/23
91
Piso 13 -
P13_Gabinetes
InstSanit2
P13_Gabinetes 8 m2
Piso 13 -
P13_Gabinetes
InstSanit1
P13_Gabinetes 8 m2
Piso 13 -
P13_Gabinetes Este P13_Gabinetes 82 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 424 m3/h 22/23
Piso 13 -
P13_Gabinetes Copa P13_Gabinetes 13 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 68 m3/h 22/23
Piso 13 -
P13_Gabinetes
Monitores
P13_Gabinetes 20 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 104 m3/h 22/23
Piso 13 -
P13_SalaReuniao 1 P13_SalaReuniao 19 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 100 m3/h 22/23
Piso 14 -
P14_SalaServidores
IT
P14_SalaServidor
es 12 m2 Zonas c/Splits
Splits (Sem Ar
Novo) 0 m3/h 20/20
Piso 14 -
P14_Gabinetes
OpenspaceNorte
P14_Gabinetes 51 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 265 m3/h 22/23
Piso 14 -
P14_Gabinetes DAF P14_Gabinetes 19 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 96 m3/h 22/23
Piso 14 -
P14_SalaReuniao 4 P14_SalaReuniao 17 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 86 m3/h 22/23
Piso 14 -
P14_Gabinetes
OpenspaceSul
P14_Gabinetes 111 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 574 m3/h 22/23
Piso 14 -
P14_CircNClim 1 P14_CircNClim 78 m2
Piso 14 -
P14_Gabinetes Copa P14_Gabinetes 13 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 68 m3/h 22/23
Piso 14 -
P14_SalaReuniao
4.1
P14_SalaReuniao 20 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 104 m3/h 22/23
Piso 14 -
P14_Gabinetes
OpenspaceOeste
P14_Gabinetes 59 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 307 m3/h 22/23
Piso 14 -
P14_Gabinetes
InstSanit2
P14_Gabinetes 8 m2
Piso 14 -
P14_Gabinetes
InstSanit1
P14_Gabinetes 8 m2
Piso 14 -
P14_Gabinetes
DirQualidade
P14_Gabinetes 18 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 95 m3/h 22/23
Piso 14 -
P14_Gabinetes
Qualidade
P14_Gabinetes 26 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 136 m3/h 22/23
92
Piso 14 -
P14_Gabinetes
Gestao
P14_Gabinetes 37 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 193 m3/h 22/23
Piso 15 -
P15_CircNClim 1 P15_CircNClim 61 m2
Piso 15 -
P15_Gabinetes
DirGeral
P15_Gabinetes 40 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 206 m3/h 22/23
Piso 15 -
P15_Auditorio
Formacao
P15_Auditorio 39 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 201 m3/h 22/23
Piso 15 -
P15_Gabinetes Copa P15_Gabinetes 26 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 135 m3/h 22/23
Piso 15 -
P15_SalaReuniao
Oeste
P15_SalaReuniao 45 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 233 m3/h 22/23
Piso 15 -
P15_Gabinetes
InstSanit1
P15_Gabinetes 8 m2
Piso 15 -
P15_Gabinetes
InstSanit2
P15_Gabinetes 8 m2
Piso 15 -
P15_Gabinetes
OpenspaceEste
P15_Gabinetes 50 m2 Centralizado Ar Novo -
Centralizado 259 m3/h 22/23
Piso 15 -
P15_Gabinetes DRH P15_Gabinetes 18 m2 Centralizado
Ar Novo -
Centralizado 95 m3/h 22/23
Total
7,564 m2
28,172 m3/h
Tabela D. 1 - Horários de climatização e caudais de ar novo por espaço
93
E. Densidades de Equipamento
As densidades de equipamento usadas nos modelos em ambos os programas são apresentadas na
tabela seguinte.
Perfil Densidade de Equipamento
P03_ArrumosAT 0 W/m2
P03_CircNClim 0 W/m2
P03_Gabinetes 5 W/m2
P03_SalaReuniao 0 W/m2
P03_SalaServidor 25 W/m2
P04_CircNClim 0 W/m2
P04_Gabinetes 5 W/m2
P04_SalaReuniao 5 W/m2
P04_SalaServidor 200 W/m2
P05_CircNClim 0 W/m2
P05_Gabinetes 15 W/m2
P05_SalaReuniao 10 W/m2
P06_ArrumosAT 0 W/m2
P06_CircNClim 0 W/m2
P06_Gabinetes 5 W/m2
P06_SalaReuniao 5 W/m2
P06_SalaServidor 250 W/m2
P07_CircClim 10 W/m2
P07_Gabinetes 25 W/m2
P07_SalaReuniao 15 W/m2
P07_SalaServidor 550 W/m2
P08_Gabinetes 5 W/m2
P09_CircNClim 0 W/m2
P09_Gabinetes 5 W/m2
P09_SalaReuniao 5 W/m2
P09_SalaServidor 400 W/m2
P10_CircNClim 0 W/m2
P10_Gabinetes 5 W/m2
P10_SalaReuniao 5 W/m2
P10_SalaServidor 300 W/m2
P11_CircClim 5 W/m2
P11_Gabinetes 40 W/m2
P11_SalaReuniao 10 W/m2
P12_Gabinetes 12 W/m2
P12_SalaReuniao 5 W/m2
P13_CircNClim 5 W/m2