simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em...

108
i SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM TERMINAL OCEÂNICO Mauro Pinheiro Conde Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Júnior Rio de Janeiro Dezembro de 2011

Upload: tranlien

Post on 14-Dec-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

i

SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM TERMINAL

OCEÂNICO

Mauro Pinheiro Conde

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia

Oceânica, COPPE, da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do

título de Mestre em Engenharia

Oceânica.

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires

Júnior

Rio de Janeiro

Dezembro de 2011

Page 2: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

ii

SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM TERMINAL

OCEÂNICO

Mauro Pinheiro Conde

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO LUIZ

ALBERTO COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRÁU DE MESTRE EM CIÊNCIA

EM ENGENHARIA OCEÂNICA.

Examinada por:

_______________________________________

Prof. Floriano Carlos Martins Pires Junior, D.Sc.

_______________________________________

Prof. Claudio Luiz Barauna Vieira, Ph.D.

_______________________________________

Prof. Marcio de Almeida D'Agosto, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

DEZEMBRO DE 2011

Page 3: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

iii

Conde, Mauro Pinheiro

Simulação de Operações com Navios Tanques em

Terminal Oceânico/ Mauro Pinheiro Conde – Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPE(2011).

XVI, 92.:il; 29,7cm.

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Júnior.

Dissertação (mestrado) – UFRJ/COPPE/Programa de

Engenharia Oceânica, 2011:

Referências Bibliográficas: p. 89-92.

1. Cadeia de suprimento de petróleo. 2. Modelagem e

simulação. 3. Transporte Marítimo. 5. Descrição dos Campos de

Petróleo da Bacia de Campos. I. Pires Júnior, Floriano Carlos

Martins. II Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,

Programa de Engenharia Oceânica. III. Título

Page 4: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

iv

AGRADECIMENTOS

Gostaria de começar a agradecer a minha família, pela paciência e pelo

incentivo, em especial a minha esposa (Sandra) e as minhas filhas (Marcella e Luiza),

depois outro agradecimento muito especial aos meus pais (Aloysio e Luzia) pelo

apoio e por confiarem em mim.

Agradeço também aos professores Luiz Felipe e Floriano por acreditar que

seria possível, às vezes mais do que eu mesmo e um agradecimento especial pelo

carinho como me tratou a secretária Maria Elsa.

Agradeço a banca pelo pronto atendimento em participar dessa avaliação e a

instituição UFRJ/COPPE pela estrutura concedida e ótimo corpo docente.

Por último quero agradecer a Petrobras por me proporcionar essa

oportunidade e aos colegas com quem divido o convívio de trabalho pelo apoio

incondicional e pela ajuda nos momentos de dúvida.

Page 5: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

v

Resumo da Dissertação apresentada a COPPE/UFRJ como parte do requisito

necessário para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM TERMINAL

OCEÂNICO

Mauro Pinheiro Conde

Dezembro/2011

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Júnior

Programa: Engenharia Oceânica

O trabalho tem o objetivo de analisar a operação no terminal oceânico PRA-1

com o desenvolvimento de um modelo de simulação com a utilização do software

ARENA, permitindo o planejamento a curto e longo prazo além de indicar os

investimentos necessários para garantir a operacionalidade das unidades produtoras.

Para o melhor entendimento o trabalho começa com a contextualização do problema.

Nessa fase é feito uma reflexão do motivo e da história do desenvolvimento da

indústria de extração de petróleo no Brasil. A contextualização termina com uma

análise dos motivos que levaram a decisão da Petrobras em instalar um terminal

oceânico na Bacia de Campos. Depois o trabalho apresenta a revisão bibliográfica

onde foi feito um amplo levantamento sobre trabalhos de logística, distribuição e

também as técnicas de simulação. A seguir o trabalho apresenta a descrição do

problema e a metodologia utilizada. Nesse momento o trabalho apresenta a estrutura

da Petrobras, os agentes que atuam no PDET avançando sobre o estudo dos

campos de petróleo que utilizam o terminal oceânico PRA-1 para o escoamento da

produção. Depois o estudo constrói um modelo de simulação para o FSO-CIMA e

para a P-38. Por fim o trabalho apresenta os resultados e a sua utilização

determinando o melhor momento para o início operacional das monobóias, que são

partes importantes do terminal.

Page 6: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

vi

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the requirements for the degree of Marter of Science (M.Sc.).

SIMULATION OF OPERATIONS WITH VESSEL TANKS IN OCEAN TERMINAL

Mauro Pinheiro Conde

December/2011

Advisors: Floriano Carlos Martins Pires Júnior

Department: Ocean Engineering

The aim of this assignment is to analyze the oceanic terminal PRA-1 operation

with the development of a simulation model using the ARENA software. Allowing the

planning, in a short and long time, and investments to ensure the operation in

production areas. For a better comprehension, the assignment starts with the problem

contextualization. In this phase is made a reflection about the reason and the

development story of the petroleum extraction industry in Brazil. This contextualization

ends with an analysis of the reasons why Petrobras decided to install an oceanic

terminal at Bacia de Campos. After that, the assignment presents the bibliographic

revision that was made a broad survey about logistics works, distribution and

simulation techniques. Next, the assignment presents the problem description of used

methodology and advanced on petroleum field studies which use the oceanic terminal

PRA-1 for production flow. In this moment the assignment presents the Petrobras

structure and the agents that participate on PDET. After that, the assignment presents

the developed of the simulation model for FSO-CIMA operaction. In the end the

assignment presents the results and their utility, determining the best moment for the

beginning of the monobuoy operational, which is an important part of the terminal.

Page 7: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

vii

SUMARIO

RESUMO………………………………………………....……v

ABSTRACT………………………...............................……vi

Lista de Figuras................................... .............................x

Lista de Tabelas................................... ..........................xiii

Lista de Abreviaturas e Siglas ..................... ..................xv

1. Capítulo I – Introdução ............................ ....................1

1.1. Motivação e Objetivo .......................... ............................................................ 1

1.2. A Questão da Logística na Bacia de Campos ..... .......................................... 2

1.3. Descrição Geral do Problema ................... ..................................................... 7

1.4. Estrutura da Dissertação...................... ........................................................ 10

2. Capítulo II – Revisão Bibliográfica ................ ...........12

2.1. O Desenvolvimento da Exploração e Produção Pet róleo no

Brasil............................................. ................................................................13

2.2. Cadeia de Suprimento de Petróleo .............. ................................................ 19

2.3. Modelagem e Simulação......................... ...................................................... 20

2.3.1. Simulação Computacional ..................... ........................................... 21

2.3.2. Tipos de Sistema de Simulação ............... ........................................ 22

2.4. Definição dos Agentes Envolvidos.............. ................................................ 25

2.4.1. Unidade Estacionária de Produção (UEP) ...... ................................. 26

Page 8: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

viii

2.4.2. Plataforma de Rebombeio Autônomo -1 (PRA-1) . ........................... 30

2.4.3. FSO-Cidade de Macaé (FSO-CIMA) .............. .................................... 31

2.4.4. Monobóias. .................................. ...................................................... 32

2.4.5. O Navio Tanque .............................. ................................................... 32

3. Capítulo III – Apresentação do Problema ............ ....37

3.1. Metodologia Utilizada ......................... .......................................................... 37

3.2. Descrição dos Campos.......................... ....................................................... 40

3.2.1. Campo de Roncador........................... ............................................... 40

3.2.2. Campo de Marlim Sul ......................... ............................................... 43

3.2.3. Campo de Marlim Leste ....................... ............................................. 44

3.3. O Sistema Petrobras, o E&P e o ABASTECIMENTO.. ................................. 46

4. Capítulo IV – Modelagem do Problema Utilizando

Simulação.......................................... ...............................48

4.1. Premissas ..................................... ................................................................. 49

4.2. Modelagem do Sistema Alívio................... ................................................... 50

4.2.1. Subsistema Chegada dos Navios............... ...................................... 51

4.2.2. Subsistema Operação em Tandem ............... ................................... 58

4.2.3. Subsistemas Operação na MB 1 e Operação na M B 2.................... 64

4.3. Análise do Sistema Produção ................... ................................................... 67

4.4. Construção e Funcionalidade do Simulador........... .................................... 71

4.5. Verificação do Modelo de Simulação ............ .............................................. 75

5. Capítulo V – Análise dos Cenários e Resultados ...76

Page 9: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

ix

5.1. Considerações iniciais ........................ ......................................................... 76

5.2. Apresentação e Análise dos Resultados......... ............................................ 76

6. Capítulo VI – Conclusão e Aplicação ................ .......85

6.1. Sugestão de Novos Trabalhos e Oportunidades. .. ..................................... 88

Referências Bibliográficas ......................... ....................89

Page 10: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

x

Lista de Figuras

Figura 1: Operação Ship to Ship na Bacia da Ilha Grande em Angra dos Reis. ......... 6

Figura 2: Comparativo, Fontes Renováveis e Fontes não Renováveis de Energia. ... 7

Figura 3: Preço do Petróleo Cru desde 1861 (dólares por barril). .............................. 8

Figura 4: Mapa de Escoamento do PDET.................................................................. 9

Figura 5: Fluxograma do Escoamento das Correntes. ............................................. 10

Figura 6: Movimentação de Petróleo no Brasil entre 1995 e 1985. .......................... 13

Figura 7: Evolução da Movimentação do Petróleo no Brasil entre 2000 e 2010....... 14

Figura 8: Reservas Provadas de Petróleo (bilhões de barris) em 31 de Dezembro de

2010.......................................................................................................................... 15

Figura 9: Mapa das Reservas Provadas de Petróleo por Região. ............................ 16

Figura 10: Arranjo do PDET..................................................................................... 26

Figura 11: Plataforma Tipo FPSO Monocasco. ........................................................ 27

Figura 12: FSO Turret. ............................................................................................. 28

Figura 13: P-50 (SMS) ............................................................................................. 29

Figura 14: PRA-1. .................................................................................................... 31

Figura 15: FSO-CIMA. ............................................................................................. 32

Figura 16: Navio DP Operando em um FPSO-SMS................................................. 36

Figura 17: Diagrama de Blocos da Divisão dos Sistemas. ....................................... 38

Figura 18: Mapa do Campo de Roncador. ............................................................... 41

Figura 19: Mapa do Campo de Marlim Sul. .............................................................. 43

Figura 20: Mapa do Campo de Marlim Leste. .......................................................... 45

Page 11: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

xi

Figura 21: Fluxograma da Programação de Navios. ................................................ 47

Figura 22: Macrofluxo do Desenvolvimento do Modelo de Simulação...................... 48

Figura 23: Fluxograma do Sistema Alívio................................................................. 51

Figura 24: Fluxograma do Subsistema Chegada de Navios..................................... 52

Figura 25: Previsão de Recebimento de Óleo no FSO-CIMA................................... 54

Figura 26: Diagrama de Blocos da Chegada dos Navios. ........................................ 54

Figura 27: Fluxograma da Chegada de Navio da Classe Aframax. .......................... 55

Figura 28: Fluxograma da Chegada de Navio da Classe Suezmax DP.................... 56

Figura 29: Fluxograma da Chegada de Navio da Classe Suezmax Convencional. .. 56

Figura 30: Fluxograma da Chegada de Navio da Classe VLCC............................... 57

Figura 31: Diagrama de Blocos do Subsistema Chegada de Navios........................ 57

Figura 32: Diagrama de Blocos do Subsistema Operação em Tandem. .................. 59

Figura 33: Fluxograma do Subsistema Operação em Tandem. ............................... 59

Figura 34: Tabela dos Tempos de Atracação em Tandem....................................... 62

Figura 35: Diagrama de Blocos do Modelo de Teste de Consistência do Subsistema

Operação em Tandem. ............................................................................................. 64

Figura 36: Diagrama de Blocos do Subsistema Operação nas MBs. ....................... 65

Figura 37: Fluxograma do Subsistema Operação em Tandem. ............................... 66

Figura 38: Fluxograma Sistema de Produção. ......................................................... 68

Figura 39: Diagrama de Blocos Sistema de Produção. ............................................ 68

Figura 40: Curva de Produção de uma UEP Constante na Bacia de Campos. ........ 69

Figura 41: Curva de Produção de uma UEP em Início de Produção na Bacia de

Campos. ................................................................................................................... 69

Page 12: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

xii

Figura 42: Macrofluxo do Simulador......................................................................... 73

Figura 43: Diagrama de Blocos do Modelo Completo de Simulação. ....................... 74

Figura 44: Quadro Comparativo dos Valores Previstos ou Realizados com os

Simulados. ................................................................................................................ 75

Figura 45: Limite Operacional da P-38..................................................................... 78

Figura 46: Limite Operacional do FSO-CIMA Sem as Monobóias. ........................... 78

Figura 47: Comparativa de Indisponibilidade nas Operações do FSO-CIMA com uma

Monobóia. ................................................................................................................. 80

Figura 48: Planilha Desenvolvida para Auxiliar na Determinação do Volume Escoado

por Ponto. ................................................................................................................. 81

Figura 49: Cenário 1. ............................................................................................... 82

Figura 50: Cenário 2. ............................................................................................... 83

Figura 51: Cenário 3. ............................................................................................... 83

Page 13: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

xiii

Lista de Tabelas

Tabela 1: Lista dos Navios DP Dedicados as Operações de Offloading na Costa

Brasileira..................................................................................................................... 2

Tabela 2: Pontos de Escoamento Operacionais da Petrobras na Costa Brasileira...... 2

Tabela 3: Tipos de UEPs sendo a Petrobras o Operador (Setembro de 2011). ........ 30

Tabela 4: Perfil da Frota Administrada pela Petrobras em Setembro de 2011. ......... 33

Tabela 5: Classificação dos Navios de Óleo Cru Quanto ao Porte............................ 33

Tabela 6: Ponto de Operação Segundo as Classes dos Navios. .............................. 34

Tabela 7: Perfil da Frota Mundial de Navios DP........................................................ 35

Tabela 8: Teste de Limite Operacional com uma Monobóia...................................... 39

Tabela 9: Características das Correntes do Campo de Roncador (Grau API)........... 41

Tabela 10: Características das Correntes do Campo de Marlim Sul (Grau API)........ 44

Tabela 11: Escoamento e Destino dos Óleos. .......................................................... 45

Tabela 12: Operações por Classe de Navios no FSO-CIMA em 2009. ..................... 53

Tabela 13: Previsão de Produção por UEP em Barris por Dia. ................................. 53

Tabela 14: Distribuição da Chegada dos Navios....................................................... 54

Tabela 15: Teste de Validação do Subsistema Chegada de Navios. ........................ 58

Tabela 16: Análise dos Tempos de Atracação no Subsistema Chegada dos Navios.61

Tabela 17: Teste de Consistência dos Tempos de Atracação no Subsistema Chegada

dos Navios (em horas).............................................................................................. 62

Tabela 18: Estatística Descritiva do Tempo de Bombeio em Horas. ......................... 63

Tabela 19: Teste de Consistência dos Tempos de Bombeio no Subsistema Chegada

dos Navios (em horas).............................................................................................. 64

Page 14: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

xiv

Tabela 20: Análises dos Volumes de Offloading no FSO-CIMA em 2008 e 2009...... 64

Tabela 21: Média do Volume Escoado na P-54 nos Anos de 2009 e 2010 ............... 67

Tabela 22: Estatística Descritiva da Curva da Figura 4.4 (m³)................................... 69

Tabela 23: Estatística Descritiva da Curva da Figura 4.5 (m³)................................... 70

Tabela 24: Resumo dos Testes Realizados. ............................................................. 87

Page 15: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

xv

Lista de Abreviaturas e Siglas

ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás e Bicombustíveis.

API – Unidade de medida de densidade do petróleo.

BLS - Sistema de Carregamento (Bow Loading System).

CCO - Centro de Controle Operacional da Bacia de Campos.

COMPERJ – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.

DP – Navios constituído de sistema de Posicionamento Dinâmico (Dynamic

Positioning).

DWT- Deadweight – Deslocamento do navio sem carga.

ES - Espírito Santo.

EVTE - Estudo de Viabilidade Técnico-Econômica.

FPSO - Plataforma tipo Unidade Flutuante de Produção, Estocagem e Alívio

(Floating, Prodution, Storage and Offloading).

FPSO-CNIT - FPSO Cidade de Niterói

FPSO – MLL – FPSO Marlim Leste.

FPSO – MLS – FPSO Marlim Sul.

FPSO – BR – FPSO Brasil.

FPU - Plataforma tipo Unidade Flutuante de Produção (Floating, Prodution Unity).

FSO – Plataforma tipo Unidade Flutuante de Estocagem e Alívio (Floating, Storage

and Offloading).

FSO-CIMA – FSO – Cidade de Macaé.

GPS – Sistema de Posicionamento Global (Global Position System).

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

Page 16: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

xvi

MB-1 e MB-2 – Monobóia 1 e Monobóia 2.

MG – Minas Gerais.

NOR- Notice of Readiness – Pronto para Operar.

NT – Navio Aliviador, Petroleiro, Shuttle Tanker.

PDET – Plano Diretor de Escoamento e Tratamento.

PLEM - Pipeline End Manifold – Estrutura submarina equipada com válvulas, que

permite a interligação de um conjunto de linhas na extremidade de um duto.

PRA-1 – Plataforma de Rebombeio Autônomo.

PROCAP – Programa de Capitação Tecnológica em Águas Profundas.

RJ – Rio de Janeiro.

SMS – Plataforma tipo Spread Mooring System (Múltiplos Pontos de Ancoragem).

SS – Plataforma tipo Semisubmersível.

ULCC – Navio na classe Ultra Large Crude Carriers.

UEP – Unidade Estacionária de Produção de Petróleo e Gás, plataforma de produção

de petróleo.

UO-BA – Unidade Operacional de Exploração e Produção de Petróleo da Bahia

VLCC – Navio na classe Very Large Crude Carriers.

Z – Zulu (horário de Greenwich ou GMT).

Page 17: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

1

1. Capítulo I – Introdução

1.1. Motivação e Objetivo

O presente trabalho tem o objetivo de analisar as operações no terminal

oceânico PRA-1, localizado na Bacia de Campos e utilizado para o escoamento de

parte da produção dos campos de Roncador, Marlim Sul e Marlim Leste. A análise

foi desenvolvida com base em um modelo de simulação empregando o software

ARENA. Tendo em vista as características da operação.

O modelo faz uma análise dos sistemas que já estão funcionando, as

operações no FSO-CIMA em tandem, e faz uma previsão dos sistemas que estão

em instalação, as monobóias MB-1 e MB-2. Permitindo o planejamento das

operações de curto e longo prazo, inclusive no que se refere aos investimentos

necessários.

No momento do desenvolvimento do modelo estavam em funcionamento os

seguintes sistemas: FSO-CIMA, PRA-1 e as UEPs P-51, P52, P52 e P-56. e

encontrava-se em implantação: as duas monobóias e a P-55.

Nesse sentido o objetivo do estudo é prover o operador de logística de um

modelo de simulação computacional, que pode ser utilizada em um computador

portátil e que servirá de apoio nas decisões de planejamento de longo e curto prazo

da Petrobras. O modelo permite determinar a capacidade operacional de alívio do

FSO-CIMA indicando os gargalos e orientando na tomada de decisões. Também

permite verificar o impacto do volume de óleo que uma unidade irá receber,

indicando quais os recursos que serão utilizados. O estudo se limita a analisar os

gargalos operacionais, como volume máximo que a unidade pode receber de óleo

sem colocar em risco a sua continuidade operacional e o porte dos navios para

operar na unidade além do tamanho de frota.

O PDET apresenta uma vasta gama de opções de escoamento, tornando o

grande motivador do estudo. Como equacionar e escolher a melhor opção sem levar

o sistema a perdas de produção? Algumas plataformas possuem mais de uma opção

de escoamento como a P-51, que pode escoar tanto por PRA-1 como pelo

FPSO-MLS, pela P-40 e pela P-54, simultaneamente ou não. Essa escolha além de

levar em consideração as limitações dos dutos e das bombas, precisa analisar a

capacidade de armazenamento e escoamento (bombeio) dos FSOs e FPSOs.

Page 18: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

2

Através do processo de simulação é possível verificar o comportamento do

sistema e se antecipar aos problemas com soluções mais eficazes, o modelo de

simulação proporciona ao operador uma visão antecipada do fato. Tornando possível

determinar o tamanho ideal da frota que irá atender o sistema, além do tipo e

tamanho de equipamento mais adequado, estimando os custos, levando a uma

operação maximizada.

1.2. A Questão da Logística na Bacia de Campos

A logística vem enfrentando um grande desafio que é programar os navios

nos mais variados pontos de escoamento no momento certo, a fim de atender as

demandas da refinarias e evitar o TOP-OFF nas UEPs. Para um entendimento do

problema, a tabela 1 apresenta a lista dos navios DP dedicados as operações de

offloading na costa brasileira em 29/08/2011 e a tabela 2 apresenta os pontos de

escoamento operacionais em 29/08/2011.

Tabela 1: Lista dos Navios DP Dedicados as Operações de Offloading na Costa Brasileira.

NAVIO ARMADOR PORTE NAVIO ARMADOR PORTENavion Bergen Transpetro AFRAMAX Ataulfo Alves Transpetro SUEZMAXFortaleza Knutsen Transpetro AFRAMAX Cartola Transpetro SUEZMAXRecife Knutsen Transpetro AFRAMAX Nordic Spirit Transpetro SUEZMAXNavion Savonita Teekay AFRAMAX Stena Spirit Transpetro SUEZMAXNavion Marita Teekay AFRAMAX Nordic Rio Transpetro SUEZMAXNavion Svenita Teekay AFRAMAX Nordic Brasilia Transpetro SUEZMAXNavion Clipper Teekay AFRAMAX Navion Stavanger Transpetro SUEZMAXNavion Torinita Teekay AFRAMAX Navion Gothenburg Transpetro SUEZMAXNavion Anglia Teekay AFRAMAX Gerd Knutsen Knutsen SUEZMAXVinland Penney Ugland AFRAMAX Tordis Knutsen Knutsen SUEZMAXDan Eagle Lauritzen MR Windsor Knutsen BG Group SUEZMAX Fonte: Petrobras em 29/08/2011

Tabela 2: Pontos de Escoamento Operacionais da Petrob ras na Costa Brasileira.

FP(S)O Campo Região FP(S)O Campo RegiãoP-34 Jubarte Bacia de Campos CRJ Espadarte Bacia de CamposP-54 Roncador Bacia de Campos BRASIL Roncador Bacia de CamposP-38 Marilm Sul Bacia de Campos P-47 Marlim Bacia de CamposCIMA Marlim Leste Bacia de Campos CNIT Marlim Leste Bacia de CamposP-37 Marlim Bacia de Campos AVARÉ Tiro Bacia de Santos

FPRO Aruanã Bacia de Campos FPCAR Lula Bacia de SantosMLS Marilm Sul Bacia de Campos CID. SVIC Lula Bacia de SantosP-50 Albacora Leste Bacia de Campos CST Uruguá Tambaú Bacia de SantosP-31 Albacora Leste Bacia de Campos FP-DYPR Guará Bacia de SantosP-33 Marlim Bacia de Campos CPX Jubarte Bacia do Espirito SantoP-35 Marlim Bacia de Campos P-57 Jubarte Bacia do Espirito SantoP-48 Caratinga Bacia de Campos CVIT Golfinho Bacia do Espirito SantoP-43 Barracuda Bacia de Campos PIRANEMA Piranema Bacia Sergipe-AlagoasP-32 Marlim Bacia de Campos

OBS O ponto CIMA corresponde a três pontos distinto s de escoamanto

Fonte: Petrobras em 29/08/2011

Page 19: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

3

Com o descobrimento de novos campos de petróleo, principalmente em

águas profundas e ultraprofundas, o planejamento passou a ser de vital importância.

Os novos campos se encontram a uma distancia superior a 200 km da costa

brasileira, o que requer uma nova logística para o transporte desse petróleo, com o

desenvolvimento de terminais e navios. O trabalho analisa as regras de atracação e

de transferência de óleo nesses novos terminais, determinando o tipo de navio e o

volume ideal.

A programação de alívios em uma plataforma é um dos itens do

planejamento do abastecimento e é dotada de grande importância e complexidade.

A programação é feita através de um modelo de otimização por programação linear

com a utilização de um supercomputador que analisa mais de 7.000 restrições e

25.000 variáveis. O planejamento começa analisando a previsão de derivados em

cada região do país, depois verifica qual a refinaria que melhor atende a demanda e

por último o petróleo que será utilizado. Por último é feito um balanço com as

necessidades de importação e exportação de petróleo. Assim para o planejamento

da programação é importante conhecer a curva de produção e as limitações

operacionais de cada UEP (Unidade Estacionária de Produção), garantindo da

retirada de petróleo e a continuidade operacional das unidades. A garantia da

continuidade operacional vem sendo o grande desafio das equipes de planejamento

das operações de offloading1 nas UEPs. A análise desenvolvida no trabalho

representa uma pequena parte no planejamento e tem como resultado a

disponibilidade das restrições operacionais como variáveis, que serão utilizados no

planejamento do abastecimento.

A principal variável fornecida pelo estudo para a logística é determinar o

melhor momento para o offloading, a carga e o navio ideal.

Neste foi desenvolvido uma ferramenta de simulação baseado no software

ARENA para análise das operações no terminal marítimo PRA-12, operado pela

Modec para a Petrobras. Com o modelo de simulação é possível fazer um grande

número de análises das operações de offloading, em um curto espaço de tempo e

1 Operação de transferência de óleo dos F(P)SOs para um navio navios tanque (aliviador). 2 Para maiores detalhes ver item 2.3.2 do capítulo II.

Page 20: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

4

determinar o tipo de navio e o volume ótimo, diminuindo os riscos de TOP-OFF3 nas

UEPs.

A operação de offloading consiste na transferência de óleo de uma

plataforma de produção de petróleo para um navio tanque, operação que apresenta

grande complexidade, pois é realizada em alto mar sob condições meteorológicas

adversas.

Em 2006 o Brasil alterou a sua posição de consumidor médio para exportador

de petróleo transformando-se em um dos países com as maiores reservas mundiais

de petróleo. Nesse novo contexto, a logística deixou de ser coadjuvante para se

tornar essencial na distribuição e nas estratégicas de abastecimento, principalmente

nas novas fronteiras de águas ultraprofundas. Assim sendo, a logística passou por

mudanças relevantes a partir da década de 90, aprimorando-se não apenas em

termos de práticas empresariais, mas também em eficiência.

A maior parte da produção de petróleo no Brasil acontece nas Bacias de

Campos, Espírito Santo e Santos, sendo que produção da Bacia de Santos se

destinará ao mercado externo e haverá a necessidade de transbordo do óleo de

navios DP4 para navios convencionais. Para viabilizar essas operações, estudos vêm

sendo feito no intuito de se construir novos terminais oceânicos. Para o melhor

dimensionamento dessas unidades a Petrobras vem utilizando o modelo de

simulação desenvolvido nesse trabalho.

Atualmente são escoados na costa brasileira aproximadamente 2 milhões de

barris por dia em 27 pontos diferentes. Na primeira fase de desenvolvimento dos

novos campos da Bacia de Santos, está previsto a construção de mais 10 pontos de

escoamento. Assim em dez anos o Brasil estará escoando aproximadamente 3

milhões de barris por dia em 30 pontos distintos.

A descoberta de petróleo em águas profundas e ultraprofundas levaram a um

novo desafio. Como fazer o escoamento da produção. No começo, quando as

plataformas eram fixas, o duto foi utilizado, porém agora as plataformas se

encontram longe da costa (distâncias maiores que 200 km) e os dutos precisam

suportar grandes pressões, o que na maioria dos casos representava um custo

3 TOP-OFF momento em que a produção é interrompida devido a falta de espaço para armazenar o óleo. 4 Navios constituídos de sistema de Posicionamento Dinâmico (Dynamic Positioning).

Page 21: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

5

maior que a própria plataforma. A escolha de navios acabou prevalecendo e levou

ao desenvolvimento de novas tecnologias de logística. Os novos navios apresentam

equipamentos de navegação mais complexos e possuem dispositivos de

posicionamento dinâmico. Já as plataformas possuem sistema BLS (Bow Loading

System) o que permite que a aproximação a atracação e a conexão aconteçam com

pouca interferência humana, tornando a operação mais segura.

Para a programação dos alívios é importante conhecer as limitações

operacionais de cada ponto, como capacidade de escoamento, velocidade de

escoamento e capacidade de armazenamento. O trabalho desenvolveu um modelo

de simulação que analisa cada uma dessas variáveis assim como tem condições de

criar cenários diferentes.

Existem as seguintes alternativas para essas novas unidades:

•••• Construção de um terminal marítimo na costa brasileira e a utilização

dos já existentes. As duas opções serão utilizadas. Porém os

terminais já existentes apresentam uma taxa de ocupação elevada

com grandes filas. Assim a Petrobras vem estudando a construção de

novos terminais ou a utilização de terminais de outras empresas;

•••• Realização de operações ship-to-ship5 (figura 1), onde o óleo sofre

transbordo direto do navio DP para o convencional. Essa operação

necessita de autorização especial e de local abrigado;

•••• Construção de novos terminais oceânicos semelhante ao terminal do

estudo.

As três opções estão em estudos e devem ser utilizadas em conjunto.

5 Operação de transferência de petróleo de um navio para outro diretamente no mar, sem a utilização de um terminal.

Page 22: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

6

Figura 1: Operação Ship to Ship na Bacia da Ilha Grande em Angra dos Reis.

Fonte: PEIXOTO (2011)

Conforme apresentado pelo Presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli (2011)

em palestra na Firjan em fevereiro de 2011. As projeções da Petrobrás indicam que

a matriz energética mundial não sofrerá grandes mudanças até 2030, com

predominância do petróleo, do carvão e do gás natural. Hoje existem grandes

empresas estudando e desenvolvendo novas fontes de energia, motivados pelas

questões relacionadas à própria existência da vida na terra, e também por questões

econômicas como a substituição das fontes não renováveis. A demanda por energia

proveniente de fontes alternativas tende a aumentar em países como os Estados

Unidos, Japão e a Europa. No entanto a demanda de energia oriunda do petróleo,

carvão e gás natural tende a aumentar nos países emergentes como o Brasil, China,

Índia e o Oriente Médio. Assim não haverá uma mudança muito significativa na

demanda mundial por energia proveniente de fontes não renováveis. A figura 2

mostra como a Petrobras avalia a alteração das fontes energéticas entre 2008 e

2030.

Page 23: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

7

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Não renovável Renovável Não renovável Renovável

2008 2030

0%

30%

60%

90%

Hid

ro

Bio

com

bu

stív

el

Ou

tras

ren

ová

veis

Bio

mas

sa

Hid

ro

Bio

com

bu

stív

el

Ou

tras

ren

ová

veis

Bio

mas

sa

2008 2030

Figura 2: Comparativo, Fontes Renováveis e Fontes não Renováveis de Energia.

Fonte: AZEVEDO, (2011)

1.3. Descrição Geral do Problema

O presente trabalho analisa a operação de alívio no FSO-CIMA6 utilizando

técnica de simulação. Foi desenvolvido de um modelo de simulação computacional

que permite: planejar a configuração do sistema e simular alternativas de operação

em curto prazo, sendo uma ferramenta de fácil manuseio para análise do

escoamento de parte da produção de petróleo dos novos Campos em água profunda

de Roncador, Marlim Sul e Marlim Leste. O trabalho se limita a discutir as

alternativas de escoamento do projeto não abrangendo o destino dos

carregamentos, assim como as características dos petróleos produzidos pelas

unidades de produção.

O programa utilizado para a simulação foi o Arena, com o apoio do Excel e

do BestFit, que foram escolhidos em função da disponibilidade e do conhecimento

do autor. 6 Para maiores detalhes vide item 2.3.3 do Capítulo II.

Page 24: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

8

No início do projeto do PDET (Plano Diretor de Escoamento e Tratamento), o

preço do barril (2001) havia sofrido um revés, como mostra a figura 3, depois de um

período de alta provocado pela Guerra do Golfo com a invasão do Kuwait pelo

Iraque. Nessa época a Petrobras precisava produzir petróleo com um custo que

viabilizasse a operação. Assim a Petrobras desenvolveu a tecnologia de produzir em

unidades do tipo: Floating, Prodution, Storage and Offloading (FPSO) (NETO, 2006),

essas unidades podendo ser do tipo Spread Mooring System (SMS) ou dotada de

Turret e as Semisubmersível7. Esses sistemas apresentam a característica de alta

capacidade de produção, porém representavam um desafio com relação ao

escoamento da produção.

Figura 3: Preço do Petróleo Cru desde 1861 (dólares por barril).

Fonte: Wikipédia.

A decisão sobre o modelo de escoamento da produção aconteceu em

fevereiro de 2002 quando foi concebido um modelo misto com Unidades do tipo

FPSO, SS, FPU (Floating, Prodution Unity) e FSO. A primeira é um sistema

autônomo, pois são unidades flutuantes de produção, armazenamento e

transferência de petróleo, do tipo SMS. A FPU é uma unidade muito parecida com os

7 Para maiores detalhes vide Item 2.3 do Capítulo II.

Page 25: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

9

FPSOs, porém não tem armazenamento, ambas tendo como base casco de antigos

navios. As SS são sistemas que não possuem armazenamento. Nesse contexto foi

criado o Plano Diretor de Escoamento e Tratamento de Óleo, constituído por uma

Plataforma de Rebombeio Autônomo (PRA-1) e um sistema flutuante de

armazenamento e transferência (Floating, Storage and Offloading - FSO). No projeto

original as unidades P-52, P-55 e P-62 (Campo de Roncador), P-40 e P-51 (Campo

de Marlim Sul) e P-53 (Campo de Marlim Leste) são interligadas a PRA-1 que por

sua vez é interligada a um FSO e ao Terminal de Cabiúnas em Macaé, todas as

interligações sendo feitas por dutos. O projeto previa, ainda, uma interligação das

malhas de duto do Rio de Janeiro e São Paulo o que garantia ao sistema abastecer

as refinarias do Rio de Janeiro/Minas Gerais e São Paulo por dutos. Através do FSO

seria possível escoar para as outras unidades, incluindo as exportações.

Em 2004 ocorreu uma alteração no projeto, pois o Governo do Estado do Rio

de Janeiro não autorizou a construção do duto de interligação da PRA-1 com a

malha do sudeste.

Como os projetos das unidades já estavam prontos e voltar para a prancheta

levaria a um atraso no início da produção dos Campos. Em abril de 2004 o projeto

sofreu uma alteração e o duto foi abandonado, tomando a forma apresentada na

figura 4.

Figura 4: Mapa de Escoamento do PDET.

Fonte: Petrobras

Page 26: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

10

O FSO foi substituído por um de maior capacidade denominado FSO-CIMA

(Cidade de Macaé), sendo anexado ao mesmo duas monobóias com capacidade

para operar navios do porte Suezmax e VLCC. O FSO que seria utilizado foi

instalado próximo a P-40 e interligado a P-40 e a P-56. Ao sistema foi interligado

também o FPSO MLS (Marlim Sul) e o FPSO P-54. O sistema ficou então com a

seguinte configuração: P-52 e P-53 escoando exclusivamente para o FSO-CIMA

através da PRA-1. P-55 escoando para o FSO-CIMA e para a P-54. P-51 para o

FSO-CIMA, para o FPSO-MLS e para P-40. Por último a P-56 escoando para P-40.

P-62 que estava em fase de projeto básico foi transformada em FPSO. Durante a

instalação da primeira monobóia ocorreu um problema técnico e a mesma veio a

afundar. Do projeto faltam serem instaladas as duas monobóias, a P-55 e a P-62. A

figura 5 apresenta o fluxograma com a distribuição das correntes.

Figura 5: Fluxograma do Escoamento das Correntes.

Com essas alterações aumentou as possibilidades de escoamento e criou-se

um problema de logística, com a necessidade de sistemas de decisão que possam

levar as escolhas acertadas e rápidas. É nesse contexto que foi desenvolvido o

modelo de simulação que está sendo apresentado nesse estudo.

1.4. Estrutura da Dissertação

O trabalho foi estruturado de modo a permitir que pessoas de níveis

diferentes de conhecimento consigam acompanhar o desenvolvimento. Assim tanto

profissionais experientes, como acadêmico e estudantes podem ter acesso ao

conhecimento adquirido no desenvolvimento do estudo.

Page 27: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

11

Assim o estudo foi dividido em 5 capítulos:

No capítulo I – O capítulo começa apresentando a motivação e o objetivo, do

estudo, depois foi analisado a questão da logística com as dificuldades e a sua

evolução e por último é feito uma descrição geral do problema. Nesses contextos

foram apresentadas as variáveis e as restrições mais importantes da logística de

abastecimento e da programação de navios. Para que a análise fosse completa, foi

apresentado as fases de implantação do projeto do PDET pela Petrobras.

No capítulo II - A Revisão Bibliográfica é dividida em três partes: a primeira

apresenta uma pesquisa histórica que ajuda situar o estudo no tempo e no espaço e

mostrar a sua relevância e importância, colocando o estudo como parte de um

processo na indústria do petróleo; a segunda com destaque para a base teórica, os

conceitos de cadeia de suprimento, modelagem e simulação; na terceira parte são

estudados os equipamentos que formam e os que usam o PDET.

No capítulo III – É feita a apresentação do problema com a metodologia

utilizada, a integração dos sistemas e a análise das interfaces. Depois é apresentado

um estudo dos campos que são escoados pelo PDET.

No capítulo IV - Modelagem do Problema Utilizando a Simulação é

apresentada as fases do desenvolvimento do simulador até o modelo definitivo.

Nesse momento o estudo avança no software Arena que foi utilizado para o

desenvolvimento do simulador.

No capítulo V – Nesse capítulo é apresentado o resultado da modelagem e a

sua aplicação prática. O estudo avançou no desenvolvimento de um simulador para

outras UEPs. O estudo indica onde deverão ser feitos os investimentos e em que

época a fim de garantir a continuidade operacional das UEPs.

No capítulo VI – Nesse capítulo é apresentada a conclusão e termina com

sugestões de novos estudos.

Page 28: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

12

2. Capítulo II – Revisão Bibliográfica

As operações de offloading se concentram no Mar do Norte e na costa

brasileira não existindo muitos trabalhos envolvendo pesquisa e estudo desses tipos

de operações, os trabalhos se concentram na movimentação de contêiner e em

terminais terrestres.

Assim o estudo vem completando essa lacuna, possibilitando a sua utilização

para o desenvolvimento de futuros modelos de simulação em terminais oceânicos de

qualquer natureza. Os estudos relacionados a operações em terminais marítimos

são poucos. Porém, cada vez mais, surgem descobertas de riquezas naturais no

mar. Não é difícil de prever, que no futuro, outras riquezas serão exploradas no mar

e novos terminais marítimos surgirão e estes poderão utilizar o estudo como base

para novos empreendimentos.

O planejamento das operações de offloading é importante não só para

garantir a continuidade operacional das UEPs, mas principalmente, são

fundamentais para garantir o fornecimento de petróleo para as refinarias nacionais.

Garantido o suprimento de derivados em todo o país. Além de que as últimas

descobertas de petróleo vêm indicando que o mar é o caminho. Deslumbrando o

aumento das operações de offloading em todo o mundo. Assim, o trabalho fez um

amplo levantamento sobre trabalhos de logística envolvendo operações com navios,

distribuição e também de técnicas de simulação. A revisão bibliográfica inicia

apresentando um histórico do desenvolvimento da indústria do petróleo no Brasil,

depois um estudo sobre o tema relacionado, a cadeia de suprimento, e a análise de

sistemas de simulação e modelagens, por último apresenta os equipamentos,

unidades de produção envolvidas no trabalho.

A pesquisa bibliográfica do estudo da cadeia de suprimento engloba as

técnicas teóricas que ajudam no desenvolvimento da metodologia utilizada no

trabalho. Neste caso a pesquisa se restringiu a estudos que envolvam a produção ou

a logística do petróleo ou o transporte marítimo.

Depois o trabalho apresenta os principais agentes que compõe e utilizam o

PDET.

O processo de planejamento das operações é uma tarefa complexa e crítica

que envolve muitas variáveis. SOUZA (2010) apresenta os detalhes da operação de

Page 29: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

13

atracação e transferência de óleo entre as UEPs e os navios DP. O estudo é

importante para o entendimento das fases na operação e na determinação dos

tempos para análise. Com o estudo foi possível um entendimento maior das fases da

operação de offloading.

2.1. O Desenvolvimento da Exploração e Produção de Petróleo no Brasil

Em 1969 começa no Brasil o período que ficou conhecido como o “Milagre

Econômico”, quando o país alcançou um notável desenvolvimento e crescimento

econômico. O Brasil passou a ser um grande consumidor de petróleo e a produção

não acompanhou o consumo. Esse quadro começa a ser alterado com a Crise do

Petróleo de 1973, em que o Brasil inicia uma série de programas para a substituição

da matriz energética que aliada a uma crise de crescimento faz com que o consumo

de petróleo regrida. Em 1979 começa outra grande Crise de Petróleo. Nessa época,

o Brasil já havia iniciado a produção de petróleo na Bacia de Campos, e começa a

substituir as importações pelo óleo produzido no país. A figura 6 demonstra esses

movimentos.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

1955

1957

1959

1961

1963

1965

1967

1969

1971

1973

1975

1977

1979

1981

1983

1985

MIL

ES

DE

BA

RR

IS P

OR

AN

O

Produção Importação Consumo

Figura 6: Movimentação de Petróleo no Brasil entre 1995 e 1985.

Fonte: Gráfico montado a partir de dados de Aragão (2005)

No período entre 1991 e 2000 a produção de petróleo teve uma trajetória

crescente e a importação decrescente e em 1985 a produção se iguala à importação.

Novas fronteiras de exploração de petróleo são descobertas e a produção offshore8

8 Produção de petróleo no mar.

Page 30: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

14

no Brasil aumenta. O país começa a processar parcelas maiores da produção

nacional. Porém a partir de 2000 o cenário da indústria de petróleo no Brasil sofre

uma grande modificação, resultado do avanço da produção nacional: o Brasil inicia a

fase de exportador de petróleo, mas a produção não é suficiente para garantir a

auto-suficiência. Porém com o início das exportações a Petrobras passa a atuar em

outros países, passando a adquirir e operar refinarias em países da América do Sul,

Estados Unidos e Japão. A figura 7 apresenta as movimentações de petróleo no

Brasil entre 2000 e 2010, indicando um crescimento modesto do consumo, um

declínio da importação e um aumento das exportações. Vale ressaltar que devido às

características do Petróleo, o Brasil deverá continuando a importar alguns tipos

específicos de petróleo para garantir a margem de refino e atender as demandas

internas de derivados.

O Petróleo é na verdade uma composição de derivados. Assim para manter

um preço competitivo dos derivados, é necessária a formação de blends com

petróleos variados. A utilização de um óleo pesado para o processo de derivados

leves não se justifica economicamente, assim como o contrário. Um exemplo disso é

que os países exportadores de óleo leve (Ex. Líbia e Arábia Saudita) são

compradores de óleos pesados para a produção de asfaltos, pois a utilização dos

óleos leve tornaria o asfalto caro em relação ao que se pode conseguir com a venda

do petróleo leve.

Média diária (mil bpd)

0

500

1000

1500

2000

2500

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Importação Exportação Consumo Produção

Figura 7: Evolução da Movimentação do Petróleo no Br asil entre 2000 e 2010.

Fonte: Gráfico montado a partir de dados da, ANP (2011).

Page 31: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

15

No contexto mundial os combustíveis fósseis vêm se mantendo como a

principal alternativa na matriz energética no mundo na forma de petróleo ou gás

natural, o que vem mantendo as nações detentoras dessas fontes de energia à

frente do cenário político e econômico mundial.

A evolução da produção de petróleo no Brasil é marcada por desafios e

conquistas e tudo começou em 1930 quando alguns poços foram perfurados em

vários estados brasileiros, sobretudo no Nordeste. Em 1968 é descoberto o campo

de Guaricema no Sergipe e em 1974 o campo de Garoupa na Bacia de Campo. A

partir daí ocorreram grandes descobertas, baseadas sempre no desenvolvimento e

na pesquisa.

Em 2006 o Brasil alcança a auto-suficiência sustentável na produção de

petróleo. E em 2009 inicia a produção em águas ultraprofundas no Campo de Tupi

perfurando a 2.000m da linha d’água. Essa conquista mudou a posição do Brasil no

cenário mundial, como mostram as figuras 8 e 9, passando a ser um dos países

detentores de uma das maiores reservas de petróleo no mundo. O Campo de Tupi

se tornou a maior descoberta nos últimos anos na indústria do Petróleo.

Reservas Provadas de Petróleo (bilhões de barris) e m 31 de Dezembro de 2009

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

Ará

bia

Sau

dita

Ven

ezue

la Irã

Iraq

ue

Kuw

ait

Em

irado

rabe

sR

ússi

a

Líbi

a

Caz

aqui

stão

Nig

éria

Can

adá

Est

ados

Uni

dos

Cat

ar

Chi

na

Bra

sil

Ang

ola

Arg

élia

Méx

ico

Arz

ebai

jão

Nor

uega

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 20 19

Figura 8: Reservas Provadas de Petróleo (bilhões de barris) em 31 de Dezembro de 2010.

Fonte: Gráfico montado a partir de dados da, ANP (2011).

Page 32: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

16

Figura 9: Mapa das Reservas Provadas de Petróleo por Região.

Fonte: ANP (2011), Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natura e Biocombustível - 2011.

Segundo a ANP as reservas provadas de petróleo no Brasil em 31/12/2010

são de 14.246 milhões de barris. Com um aumento de 10,65% em relação ao ano

anterior. O que coloca o país entre os principais detentores de reservas de petróleo e

gás natural do mundo.

O primeiro poço brasileiro a produzir no mar localiza-se no Campo de

Guaricema em 1968. Na profundidade de 15 metros, constituindo um desafio para a

época, quando a produção no mar se restringia a poços em áreas muito rasas no

Golfo do México. Conseguir equipamentos como uma sonda era quase impossível.

Aliado ao fato de que não havia tecnologia para construir uma unidade tão pequena

como aquela.

Em novembro de 1974 foi descoberto o campo de Garoupa no norte

fluminense a 110 metros de profundidade dando início a uma sequência de

descobertas. Em 1978 as maiores reservas provadas de petróleo no Brasil já se

encontravam no mar e a Bacia de Campos já despontava como uma região de

grande potencial de produção de petróleo.

Page 33: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

17

No início dos anos de 1980, a Petrobras passou a instalar plataformas fixas,

cuja última unidade foi instalada em 1989. Nas plataformas fixas o escoamento de

óleo é feito por dutos até o ponto “A” que fica no litoral de Campos e depois segue

para o terminal de Cabiúnas em Macaé, sendo bombeados para o Terminal de

Campos Elíseos em Duque de Caxias, RJ, de onde o óleo pode ser bombeado para

as Refinarias Duque de Caxias em Caxias, RJ, ou para a Refinaria Gabriel Passos

em Betim, MG.

Em 1984 uma nova era de descoberta começa com as descobertas dos

campos gigantes de Marimba e Albacora com lâminas d’água superior a 300 metros.

Em 1985 a Petrobras atinge a marca histórica de produção de 500 mil barris por dia,

sendo que 55% do total provenientes da Bacia de Campos. Em 1986 a Petrobras

cria a Programa de Capacitação em Águas Profundas - PROCAP. Nesse mesmo

ano é ultrapassada a marca de mil metros de lâmina d’água na perfuração e

produção de petróleo.

Em 1989 é descoberto o Campo de Barracuda e em 1994 o campo de

Caratinga, esses em águas profundas. Um novo marco na exploração de petróleo é

alcançado em junho de 2000 com a produção diária de um milhão de barris por dia.

A produção em águas profundas leva a projetos mais ousados e as plataformas

passam de fixas a unidades flutuantes e o escoamento da produção a ser por

navios. Em 21 de abril de 2006, inicia a produção do Campo de Albacora Leste com

a Plataforma P-50. A produção da P-50 é um marco, pois garante ao Brasil a auto-

suficiência sustentável de petróleo.

Em 2006 a Petrobras confirma a existência de petróleo na área hoje

conhecida como pré-sal, com a perfuração do poço BMS-11 na Bacia de Santos. O

Bloco está situado a 300 km da costa do Rio de Janeiro e de São Paulo e a lâmina

d’água de aproximadamente 2.000 metros sendo denominado provisoriamente como

Campo de Tupi, posteriormente o campo recebeu o nome definitivo de Campo de

Lula. Essa foi a primeira descoberta de óleo economicamente viável da Petrobras no

pré-sal na Bacia de Santos. Os volumes estimados de óleo recuperável são entre 5 e

8 bilhões de barris. Os poços do pré-sal da Bacia de Santos estão uma

profundidades que varia entre 5 e 7 mil metros da lamina d’água. A exploração dos

campos com essas características estabelece um novo marco em exploração e

produção no Brasil e na indústria mundial de petróleo.

Page 34: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

18

Segundo BACOCCOLI (2008), a origem dos reservatórios do pré-sal remota

a 160 milhões de anos atrás no período jurássico quando uma grande transformação

na terra se iniciou. Primeiro foi a separação dos continentes da África e da América

do Sul. Na separação dos continentes grandes lagos foram formados e nesses lagos

foram depositadas grandes quantidades de matéria orgânica que gerou, se não todo,

quase todo o petróleo das Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo. Além dos

lagos surgiram também cadeias de montanhas e vulcões que compunham o cenário

onde foram depositados as rochas geradoras de petróleo e os reservatórios

carbonáticos, onde hoje estão acumuladas as riquezas do pré-sal. A 113 milhões de

anos a separação dos continentes foi concluída. Num ambiente de águas rasas

desenvolveram carbonatos de origem microbial, que constituem hoje os

reservatórios de petróleo do pré-sal. Com o afundamento gradual dos carbonatos os

mesmos foram sendo recoberto com o sal proveniente da evaporação da água do

mar e posteriormente por sedimentos, formando assim os campos de petróleo.

Na realidade a produção de petróleo na camada do pré-sal começou muito

antes. Por exemplo, o Campo de Carmópolis em Sergipe descoberto em 1962 é um

campo do pré-sal. Vários campos próximos a cidade de São Mateus também são do

pré-sal. O que os difere das descobertas recentes é a quantidade de óleo, a altura

da camada de sal, que é plástica, e por ser em águas ultra profundas, entre 2 e 7 mil

metros de profundidade.

As descobertas do pré-sal se estendem da Bacia de Santos, passam pela

Bacia de Campos e chegam a Bacia do Espírito Santo, são bacias bastante

semelhantes já que o petróleo teve a mesma origem. A soma das reservas no pré-

sal, caso se confirme, deixa o país em uma posição bem confortável e entre os

países detentores das maiores reservas mundial, próximo da Venezuela e da

Rússia. Hoje é prematuro estimar as reservas. Mesmo que o volume de produção de

alguns dos novos campos não se confirme como aconteceu no Campo de Golfinho

na Bacia do Espírito Santo, na média as reservas de petróleo no Brasil darão um

salto, visto que alguns podem estar sendo subestimados e outros superestimados.

A exploração dos campos do pré-sal na Bacia de Santos representa um novo

desafio. Além da profundidade existe a questão da localização, onde as unidades de

produção se encontraram afastada da costa em mais de 200 km. Nesse contexto um

modelo de simulação ajudará nas análises dos riscos de perda de produção por

TOP-OFF nas UEPs.

Page 35: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

19

2.2. Cadeia de Suprimento de Petróleo

O estudo da cadeia de suprimento, normalmente, apresenta uma visão global

do sistema. De acordo com BALLOU (2006), a cadeia de suprimento começa com as

atividades básicas de gerenciamento denominadas planejamento, organização e

controle. Formando um triângulo inter-relacionado das estratégias de transporte,

estocagem e localização que formam o núcleo do bom planejamento para a tomada

de decisão logística. O estudo tem como objetivo conhecer dois dos elementos para

a tomada de decisão por parte dos operadores de logística, o transporte e a

estocagem.

O planejamento completo para uma tomada de decisão é, segundo COOPER

(1992), “O Processo de planejamento integrado, unificado e completo para adquirir

vantagem competitiva através de valor agregado e serviço ao cliente, que resulta em

maior satisfação ao cliente, através de antecipação de demanda futura para serviços

logísticos e gerenciamento de recursos de toda a cadeia de suprimentos. Este plano

está relacionado aos objetivos e planos da corporação." É nesse sentido que o

estudo se apresenta. Um modelo capaz de levar a um planejamento integrado,

unificado e completo. Antecipando os recursos que serão utilizados, maximizando as

compras de equipamentos e o resultado final das operações. Essa é uma vantagem

competitiva importante na indústria petrolífera que se apresenta de forma competitiva

na necessidade dos recursos críticos. Lembramos que os recursos na produção no

mar são escassos e caros.

O pensamento acima é completado por CURRAN (2000) “A gestão da cadeia

de suprimentos envolve o planejamento e controle de todas as atividades ao longo

da cadeia de valor de um negócio, do planejamento de produção à gestão de ativos.

O objetivo do SCM é reduzir os níveis de inventários, diminuírem os custos, encurtar

o time to market e, por último, prover melhores níveis de serviço e satisfação para os

clientes”. Aqui o estudo se encaixa na melhoria dos níveis de serviço, que é

fundamental na indústria petrolífera, saber quanto será produzido, com que nível de

qualidade e quando o produto será entregue. O estudo se limita a ajudar ao operador

de logística em dois pontos: quando o produto será entregue e em quais

quantidades.

E por SIMECHI-LEVI (2003) “A cadeia de suprimento é um conjunto de

abordagens utilizado para integrar de modo eficiente fornecedores, fabricantes,

Page 36: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

20

entrepostos/depósitos, de tal forma que os produtos sejam fabricados e distribuídos

nas quantidades certas, para as locações adequadas e no tempo certo, de forma a

minimizar os custos globais do sistema e satisfazer os requerimentos relativos aos

níveis de serviços”. Com relação à produção de petróleo a questão da previsibilidade

é muito importante e difícil, pois depende fortemente de fatores que não estão

completamente ao nosso controle, como as condições climáticas.

2.3. Modelagem e Simulação

Os trabalhos com modelagens e simulação de operações com navios se

concentram em operações com navios porta contêiner e em portos específicos,

sendo poucos os estudos com navios tanques e mais raros ainda os trabalhos com

operações de navios tanques em terminais oceânicos e em plataformas de

produção. Isso torna o estudo único no meio acadêmico, pois envolve operações

com navios tanques e com navios DP em plataformas de produção com o estudo de

caso do terminal oceânico PRA-1.

A modelagem pode ser executada a partir de ferramentas como papel e lápis

conforme apresentado por NOVAC (1988) com ênfase na questão estática ou

podemos utilizar tecnologias interativas como foi apresentado por OGBORN (1990)

utilizando o computador como ferramenta, onde a modelagem se torna dinâmica, já

que o modelo pode ser aplicado em diversos cenários. O modelo desenvolvido no

estudo apresenta a possibilidade de ensaiar diversos cenários.

A modelagem trata da aplicação de modelos matemáticos na análise,

compreensão e estudos de problemas complexos, como os de logística. Sendo a

modelagem computacional à área que trata da simulação para problemas

específicos como o estudo de EYSENCK (1990).

FAGERHOLT (2000) desenvolveu um modelo que apresenta um problema de

fila de navios onde a janela de tempo representa uma enorme restrição. No estudo

em desenvolvimento, a janela de tempo é fundamental para a continuidade

operacional das unidades de produção. O atraso na chegada dos navios pode levar

a parada de produção com custos enormes para a empresa, no entanto a chegada

antecipada representa, não apenas, os custo do navio ficar esperando, sobre-

estadia, mais principalmente, a falta do navio que poderia estar operando em outra

unidade. No caso do estudo, a interrupção da produção tem custos elevadíssimos,

Page 37: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

21

não se limitando a falta do produto, mais principalmente na dificuldade em se

restabelecer a produção.

No estudo de SAMPAIO (2009) o modelo é capaz de representar fatos,

eventos, objetos e processos que acontecem ou que podem acontecer, no mundo

real ou mesmo na nossa imaginação. O modelo desenvolvido apresenta a mesma

característica de representar fatos que podem acontecer, fornecendo informações

importantes para os planejamentos a curtos e longo prazo. O processo de criação

começa com a nossa imaginação e a modelagem nos mostra como vai se comportar

o que iremos criar e se o que será construído representa o que foi imaginado.

Tornando se uma ferramenta importante na tomada de decisões e eliminando o tenta

e tenta novamente.

2.3.1. Simulação Computacional

Dentre as técnicas disponíveis para a modelagem, a simulação está entre as

mais importantes. A operação de offloading é uma operação complexa e com risco

de acidente envolvendo uma gama grande de variáveis, que vão alem da nossa

vontade, como as condições meteorológicas. As variáveis envolvidas na operação

de offloading acabam gerando incertezas. Porém o processo de simulação nos ajuda

a entender como essas variações impactam na operação. O processo de simulação,

utilizado no trabalho, utiliza uma base de dados observados de unidades que

realizam operações de offloading em situações semelhantes com as que serão

enfrentadas nas monobóias, além de utilizar dados de observações das operações

no FSO-CIMA que já se encontra em operação. O trabalho tem elementos

suficientes que permite fazer a modelagem do sistema a sua calibração. Em uma

análise de comparação por projeto, por exemplo, a avaliação não leva em conta os

contratempos da operação, as falhas humanas, as falhas nos equipamentos e

principalmente as falhas decorrentes de condições meteorológicas. O fator humano

na operação de offloading é de grande importância e precisa ser levado em

consideração. A simulação não prever todas as situações, porém permite avaliar o

comportamento com base na análise estatística de fatos observados, sobretudo

permitido acompanhar o sistema como um todo. Para facilitar a análise, o trabalho foi

dividido em sistemas e subsistemas. Toda a operação é descrita no simulador.

Segundo BALADEZ (2009) a simulação tem evoluído desde as suas

primeiras aplicações. A técnica de simulação é utilizada nas mais diversas áreas e

Page 38: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

22

com os mais diversos objetivos. Podemos dizer que a simulação como conhecemos

hoje teve início na Segunda Grande Guerra Mundial. O desenvolvimento dos

simuladores era feito por grandes e lentas máquinas em linguagem Fortran IV.

Até a década de 1970, construir computadores era algo muito caro. Apenas

grandes corporações, universidades e governos tinham condições de possuírem

máquinas capazes de fazer simulações. Atrelado a esse fato existia a limitação

técnica. No final da década de 1970 a indústria automotiva já utilizava simuladores

em escala para resolver problemas de segurança e aperfeiçoar a produção. No início

da década de 1990, com o barateamento dos computadores e o surgimento do

computador pessoal, a simulação se difundiu tornando-se um eficiente meio para a

elaboração de projetos, animações, pesquisa e etc.

Conforme PRADO (2004), o surgimento do computador, na década de 50,

permitiu analisar as filas pelo ângulo da simulação, em que não mais se usam

métodos analíticos e sim modelos que permitem imitar o comportamento do sistema

real conforme o interesse, os modelos de simulação podem ser divididos em dois

grandes grupos segundo a sua existência: Aqueles que visam alterar o sistema atual

e aqueles que visam um novo sistema. Para ambos os casos devemos, primeiro,

conhecer um que esteja funcionando para realizar o processo de validação. O

modelo desenvolvido no trabalho apresenta os dois grupos. As simulações nas

operações em tandem foram desenvolvidas em bases de um sistema que já existe e

estamos apenas analisando as operações; Já as operações executadas pelas

monobóias, são operações que não existem similares no mundo, assim o modelo

cria um novo sistema. Depois o modelo computacional junta às duas operações em

um grande e único modelo de simulação.

2.3.2. Tipos de Sistema de Simulação

A escolha do simulador é uma questão fundamental no trabalho. O estudo

procura trazer a vida real para o papel conforme lembra SHYSHOU (2010). A

literatura se concentra na simulação sendo utilizada, principalmente, para o

dimensionamento da frota. O estudo não apresenta esse foco.

CHRISTIANSEN (2007) desenvolveu ferramentas para diversos modelos de

simulação e concluiu ser difícil desenvolver um modelo único para serem utilizadas

em várias situações devido às particularidades de cada região aliada as

características dos navios em suas diversas funções. O trabalho desenvolveu um

Page 39: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

23

simulador que se adapta a diversos tipos de sistema que executam operações de

offloading. Porém o modelo não é único, precisando ser adaptado e calibrado para a

realidade a ser analisada. Alem da questão da diferença das cargas, notamos que os

navios operam em regiões geográficas distintas com características distintas e leis

distintas. CHRISTIANSEN (2007) desenvolveu uma coletânea de modelos que

podem ajudar a desenvolver um modelo específico para uma determinada operação.

O estudo aproveita principalmente os modelos que envolvem o transporte de

petróleo e derivados. Para o nosso trabalho o estudo de Christiansen esclarece que

as diferenças entre as operações com navios DP e com navios convencionais

necessitam de calibração diferente.

ONO (2007) desenvolveu um simulador para a programação de alívios

envolvendo das operações de offloading nas UEPs e a entrega do óleo nas

refinarias. O principal motivo do simulador era garantir a continuidade operacional

das plataformas e abastecer as refinarias. Junto ao simulador foi desenvolvido um

modelo de otimização para ratificar e aprimorar o resultado apresentado pelo modelo

de simulação, completando assim, a ferramenta de apoio à decisão possibilitando

analisar cada cenário da cadeia de suprimento de petróleo. O trabalho foi divido em

subsistemas e utilizou a metodologia do enfoque sistêmico com uma abordagem

diferenciada para cada subsistema. O trabalho aqui desenvolvido utilizou a mesma

técnica de ONO. Permitindo explorar os processos em um grau maior de detalhes,

sem se preocupar com a relevância no sistema global. O trabalho desenvolvido

apresenta a mesma base lógica e se encontra na mesma área geográfica, Bacia de

Campos. Porém o estudo se restringiu as operações de offloading, fornecendo uma

ferramenta para a programação.

SHYSHOU (2010) desenvolveu um simulador com o objetivo de dimensionar

a frota de rebocadores para a movimentação de unidades móveis para operações

offshore. A utilização dos rebocadores é desigual ao longo do ano. A operação é

realizada por rebocadores dedicados e pode ser por tempo determinado ou no

mercado spot, por operação. O preço no mercado spot apresenta variações, sendo

necessário fazer avaliações para verificar qual a melhor opção. Essa é uma decisão

que tem forte impacto econômico nas operações de empresas de produção de

petróleo no mar. O trabalho de Shyshou foi feito para uma empresa da Noruega, no

entanto vem apresentando grande aplicação por outras empresas petrolíferas

Page 40: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

24

DARZENTAS e SPYROU (1996) desenvolveram um simulador para ser

utilizado na Ilha Aegean, na Grécia. Com o simulador os autores conseguiram definir

a melhor combinação de tipos de navios alem de prever a fila dos navios no porto e

o tempo de espera das pessoas e dos veículos. O estudo aproveito as questões

relativas a formação das filas e a programação de navios.

SILVA (2010) apresenta um simulador como ferramenta de apoio à gestão de

estaleiros com o estudo de casos. Assim como o simulador desenvolvido no

trabalho, Silva dividiu o simulador em grupos e depois juntou os grupos. O estudo de

casos ajuda ao entendimento das operações e apresenta sugestões de melhorias

nos processos.

NASCIMENTO (2010) apresenta um simulador para a aplicação em

reservatório carbonáticos em sub-sal. No desenvolvimento do trabalho foram

apresentadas técnicas que ajudam no entendimento do simulador e na

administração do trabalho. A mesma técnica foi utilizada para o desenvolvimento do

trabalho apresentado aqui.

PATRÍCIO (2005) desenvolveu um simulador utilizando o programa ARENA

com interface feita em EXCEL para analisar as regras de atracação em terminais de

contêineres específica para o para o terminal do porto de Santos. Ele também dividiu

o trabalho em subsistemas. O trabalho de PATRÍCIO buscou determinar qual a

melhor janela de atracação a ser oferecida pelo terminal, minimizando os custos de

estadia dos navios. Segundo PATRÍCIO, a atividade mais importante de

planejamento é o acompanhamento das chegadas e atracações de navios. Nesse

contexto que se baseio o trabalho aqui apresentado, que foca na análise das

operações de atracação e transferência do petróleo que faz parte de um

planejamento dentro da cadeia de suprimento.

O desenvolvimento de modelos de simulação de operação de navios se

concentra nas operações com navios de contêiner, principalmente pela sua

aplicação, como o modelo apresentado por Patrício. No entanto as operações

offshore9 de produção de petróleo vêm aumentando em vários pontos, como o litoral

Brasileiro, o Golfo do México, o Mar do Norte e o Oceano Índico, entre outros, o que

garante a aplicabilidade do simulador desenvolvido no trabalho.

9 Offshore – Operação de produção de petróleo no mar.

Page 41: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

25

2.4. Definição dos Agentes Envolvidos

A figura 10 mostra como ficarão dispostos os principais agentes que

compõem o PDET, que tem capacidade de escoar tanto pelo FSO-CIMA, em

operação em tandem, como pelas monobóias (MB-1 e MB-2). As operações em

tandem se fazem por navios DP e têm a limitação técnica de operar com navios das

classes Panamax, Aframax e Suezmax. Já as monobóias operam com navios

convencionais das classes Suezmax e VLCC.

As UEPs produzem o petróleo e bombeiam para PRA-1, onde as diversas

correntes se transformam em duas novas correntes. PRA-1 rebombeia o óleo para o

FSO-CIMA que armazena o petróleo e o transfere para os navios aliviadores. Em

caso de contingência, o óleo pode ser bombeado direto de PRA-1 para um aliviador

amarrado em uma das monobóias.

O PDET pode operar ao mesmo tempo em uma monobóia e em tandem, no

entanto não podem ocorrer duas operações simultâneas nas monobóias, ou seja, se

tivermos um alívio em uma monobóia a outra não pode ter navio operando. No

entanto podemos ter um navio atracado.

Pelas monobóias as operações são exclusivas de alívio de petróleo

(offloading), já as operações em tandem podem ser de alívio ou de recebimento de

petróleo (offloading ou in-loading).

Page 42: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

26

Figura 10: Arranjo do PDET.

2.4.1. Unidade Estacionária de Produção (UEP)

As UEP são grandes estruturas utilizadas para a extração e/ou

armazenamento de petróleo e/ou gás natural, com sistema de processamento de

petróleo. O escoamento é feito ou por navios ou por dutos até os terminais

terrestres. Existem vários tipos de UEPs que são escolhidos conforme a

necessidade e a disponibilidades de mercado.

A Petrobras utiliza, principalmente, os seguintes modelos de UEPs na Bacia

de Campos:

1. Plataforma Fixa: São unidades fixas de produção de petróleo e foram instaladas

na Bacia de Campos na década de 1980. A plataforma é constituída por

estruturas modulares e instalada sobre uma estrutura de aço chamada de

jaqueta. As plataformas fixas são consideradas como ilhas artificiais pela

legislação internacional. As unidades instaladas na Bacia de Campos,

normalmente, apresentam dois sistemas distintos: uma sonda de perfuração e

uma planta de produção. Não apresentam sistemas de estocagem de óleo e o

escoamento da produção é efeito por dutos. Essas unidades só podem ser

instaladas em águas rasas, com lâminas d’ água até 200 metros. O PDET

apresenta uma única unidade com essa característica a PRA-1.

Equipamentos em InstalaçãoEquipamentos em InstalaçãoEquipamentos em Instalação

Page 43: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

27

2. Semisubmersível (SS): São compostas por um ou mais convés e apoiadas

sobre flutuadores submersos. O posicionamento é feito por dois sistemas

independentes: Um formado por ancoras e outro por um sistema de

posicionamento dinâmico que é controlado por computadores.

As SSs podem ser constituídas por propulsores próprios o que garante

grande mobilidade e não apresentam sistema de estocagem de óleo sendo o

escoamento feito por dutos. As SSs, normalmente, são utilizadas em campos com

grande capacidade de produção já que permitem a interligação de uma grande

quantidade de poços e outros tipos de linhas.

O PDET utiliza esse sistema nas seguintes unidades: P-52, P-51 e na P-55. a

P-40 e a P-56 que estão interligadas ao FSO-P-38 também são do tipo SS.

3. FPSO: Os FPSO podem ser montados a partir de casco um navio de grande

porte desativado, ou é uma unidade flutuante do tipo monocasco (figura 11),

dotados de uma planta de processamento de óleo. O PFSO tem capacidade de

produzir, processar e estocar o óleo e normalmente apresentam grande

capacidade de estocagem. Depois de processado, o óleo é armazenado nos

tanques do FPSO e escoado para um navio aliviador. A Petrobras utiliza dois

tipos básicos de FPSO:

Figura 11: Plataforma Tipo FPSO Monocasco. Fonte: Petrobras

3.1. FPSO Turret: São unidades dotadas de Turret (figura 12), que é uma

estrutura constituída por mancais de rolamento que confere ao FPSO a

Page 44: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

28

propriedade de manter-se ancorado e de se alinhar conforme a condição

ambiental. A maior vantagem dos FPSO com Turret, é que são unidades em

que o alívio pode ser feito tanto por navios DP como por navios

convencionais. As operações com navios convencionais necessitam de

apoio de rebocador. Já para as operações com navios DP, dependendo das

condições do mar, não é necessário a utilização de rebocares, 60% das

operações, segundo dados históricos de 2010.

Figura 12: FSO Turret.

Fonte: Manutenção & Suprimento. (2011)

3.2. FPSO-SMS: Os FPSO Spread Mooring System - Múltiplos Pontos de

Ancoragem (Figura 13). Apresentam múltiplos pontos de ancoragem com

duas estações de offloading, uma na POPA e outra na PROA. Com isso não

se alinham conforme as condições climáticas o que exige dos navios

aliviadores, para se manterem amarrados, potência lateral, ou seja, só pode

operar em um FPSO-SMS, navio DP10. Os FPSO-SMS no litoral brasileiro

estão aproados entre 210º e 215º. A grande vantagem das unidades SMS é

que apresentam uma maior capacidade de receber linha, que podem ser de

produção ou de injeção de água.

10 Para maiores detalhes ver item 2.3.5 – O Navio Tanque

Page 45: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

29

Figura 13: P-50 (SMS) Fonte: TN Petróleo. (2011)

4. FPU: As FPU são parecidas com os FPSO, pois também são montadas sobre

cascos de navios e podem ser tanto dotadas de Turret ou ser do tipo SMS.

Porém não armazenam a produção. A Petrobras só utiliza um modelo de FPU a

P-53. Na FPU o óleo é bombeado para outra unidade através de dutos, no caso

da P-53 para a PRA-1.

5. FSO: Outra unidade parecida a um FPSO, diferentes das FPU, os FSOs não

apresentam planta de processo ou de produção, sendo utilizadas exclusivamente

para o armazenamento da produção que é feita em outra unidade. O PDET

utiliza o FSO-CIMA.

A tabela 3 apresenta o perfil das UEPs operadas pela Petrobras em setembro

de 2011.

Page 46: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

30

Tabela 3: Tipos de UEPs sendo a Petrobras o Operador ( Setembro de 2011).

2.4.2. Plataforma de Rebombeio Autônomo -1 (PRA-1)

A plataforma PRA-1 (figura 14) foi concebida para receber óleo das unidades

produtoras e enviá-lo, via dutos, para o terminal de Cabiúnas, em Macaé, e para o

FSO-CIMA. No entanto, devido a problemas políticos, o projeto foi alterado e o duto

para o terminal de Cabiúnas foi cancelado. Assim a PRA-1 envia o óleo apenas para

o FSO-CIMA. PRA-1 recebe em linhas segregadas, mistura as correntes recebidas

em duas correntes e bombeia através de dois dutos de 20 polegadas cada.

A PRA-1 é também o fornecedor de energia e facilidades para as monobóias

e funciona como fonte complementar de energia para o FSO-CIMA. A capacidade

total de escoamento da PRA-1 é de 260.000 m³ por dia, sendo 130.000 m³ por cada

um dos oleodutos.

Page 47: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

31

Figura 14: PRA-1. Fonte: Petrobras

2.4.3. FSO-Cidade de Macaé (FSO-CIMA)

O FSO-CIMA MV15 (figura 15) é operado pela MODEC e foi convertido de

um navio da classe ULCC. O FSO-CIMA tem capacidade de estocagem nominal de

até 400.000 m³ de petróleo, mas por contrato a Petrobras utiliza apenas 340.000 m³.

O FSO-CIMA recebe óleo através de dois dutos independentes oriundos de PRA-1 e

apresenta dois sistemas de offloading independentes: um principal onde a operação

é feita em tandem, com capacidade de aliviar até 150.000m³ por dia e outro por

dutos através das monobóias MB-1 e MB-2 com capacidade de escoar 200.000m³ e

250.000m³ por dia, respectivamente. As operações pelas monobóias estão limitadas

a uma por vez e as operações em tandem a navios do tipo DP nas classes

Suezmax, Aframax ou Panamax.

Page 48: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

32

Figura 15: FSO-CIMA.

Fonte: MODEC, (2011)

2.4.4. Monobóias.

As monobóias são equipamentos utilizados para fazer a conexão dos navios

aos terminais, permitindo a transferência de produtos. No PDET estão prevista a

instalação de duas monobóias que permitirão a transferência de óleo do FSO-CIMA

para os navios tanques. As duas as monobóias do PDET, denominadas MB-1 e

MB-2, têm capacidade para amarrar navios nas classes até VLCC. Porém devido ao

peso dos mangotes, não é possível operar navios de com DWT menor que 150.000,

alem da necessidade de possuir um guindaste de capacidade superior a 15

toneladas. As vazões máximas de bombeio pelas monobóias são 250.000 m³ e

200.000 m³ por dia, respectivamente.

2.4.5. O Navio Tanque

De acordo com SARACENI (2006), a importância do transporte marítimo

transcende sua capacidade de movimentar pesos e volumes. A evolução do

transporte marítimo aconteceu em duas frentes que evoluíram de forma integrada: a

evolução da capacidade e a evolução da tração utilizada.

Pela tração a evolução se deu desde a humana, passando pela tração

animal, eólica, pela mecânica a vapor e a óleo e chegando, hoje, a utilizar

dispositivos eletrônicos e propulsão com a energia nuclear.

Pela capacidade transportada, o aperfeiçoamento do modal terrestre,

ferroviário, rodoviário, aéreo e marítimo permitiu o crescimento do transporte de

Page 49: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

33

carga por um único meio. Na tabela 4 é apresentado o perfil da frota de navios

administrada pela Petrobras em setembro de 2001.

Tabela 4: Perfil da Frota Administrada pela Petrobras em Setembro de 2011.

O desenvolvimento dos diversos tipos de modal leva o homem a escolher

qual o melhor a utilizar, aprimorando o trinômio, custo, qualidade e tempo. O

transporte marítimo tem sido o principal meio para a movimentação de grandes

volumes. Na tabela 5 encontramos a classificação mais conhecida dos Navios

Tanques.

Tabela 5: Classificação dos Navios de Óleo Cru Quan to ao Porte.

ULCC – Ultra Large Crude Carriers TPB > 320.000

VLCC – Very Large Crude Carriers TPB entre 200.000 e 319.999

SUEZMAX TPB entre 120.000 e 119.999

AFRAMAX TPB entre 80.000 e 119.999

POST PANAMAX TPB entre 60.000 e 79.999 e Boca > 32,2 metros

PANAMAX TPB entre 60.000 e 79.999 e Boca < 32,2 metros

HANDYSIZE TPB < 59.999

Fonte: Saraceni (2006).

Na tabela 6 são apresentadas as limitações de operação nas unidades que

compõem o PDET.

Page 50: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

34

Tabela 6: Ponto de Operação Segundo as Classes dos Na vios.

Classe de Navios Ponto Operacional

ULCC Não opera no PDET

VLCC MB1 e MB2

SUEZMAX CONV MB1, MB2 e P-38

SUEZMAX DP Em todas as unidades

AFRAMAX P-38

AFRAMAX DP FSO-CIMA, FPSO-MLS e P-38

PANAMAX P-38

PANAMAX DP FSO-CIMA, FPSO-MLS e P-38

O navio tanque apresenta como principal característica a possibilidade de

transportar grandes quantidades de petróleo por longas distâncias. A evolução da

tração nos navios petroleiros, principalmente em decorrência da evolução da

eletrônica, trouxe uma grade modificação na arte da navegação. Além do

desenvolvimento da navegação propriamente dita, como os GPS, a eletrônica

chegou aos motores e duas categorias de navios surgiram: os convencionais, que

tem como característica transportar cargas por longas distâncias com um custo

menor, e os navios com sistemas de posicionamento dinâmico (DP), que são os

navios que apresentam grandes possibilidades de manobrabilidade.

Os navios DP surgiram da necessidade em o navio manter posição em

relação a plataforma durante a operação de offloading além de permitir a atracação

e a desatracação com no máximo um rebocador. Os navios DP são empregados em

condições meteorológicas mais adversas. Devido ao custo mais elevado os navios

DP são utilizados, principalmente, em distâncias mais curtas. A tabela 7 apresenta o

perfil da frota mundial de navios DP.

Page 51: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

35

Tabela 7: Perfil da Frota Mundial de Navios DP.

Fonte: Tabela construída com dados obtidos junto a Engenharia Naval da Petrobras.

Os navios DP são largamente utilizados na Bacia de Campos se tornando

segundo LEITE (2008) principal meio de transporte de petróleo das unidades

produtoras aos terminais terrestres. O sistema de posicionamento dinâmico nasceu

na década de 1960 e surgiu com a finalidade de manter navios ou plataformas em

uma determinada coordenada com um determinado aproamento.

Os navios DP realizam a aproximação de forma automática, com a menor

interferência humana possível e com o menor risco possível. Souza (2010) define

posicionamento dinâmico como um sistema que controla automaticamente a posição

e o aproamento de uma embarcação por meio de propulsão ativa. Em linhas gerais,

corresponde a um complexo sistema de controle, composto por sensores (GPS,

sonar, anemômetros, giroscópios e etc.), atuadores (propulsores e lemes) e um

processador central responsável pela execução do algoritmo de controle e pela

interface com o operador. A figura 16 mostra uma operação com navio DP em um

FPSO-SMS.

Page 52: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

36

Figura 16: Navio DP Operando em um FPSO-SMS.

Fonte: Petrobras

Page 53: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

37

3. Capítulo III – Apresentação do Problema

3.1. Metodologia Utilizada

A metodologia utilizada foi baseada no estudo isolado de cada subsistema

estabelecendo premissas e entendendo como cada subsistema se integra ao modelo

completo. Essa linha segue a colocação de SHAPIRO (2001). Depois o estudo

analisa a interface integrando os subsistemas.

A fase inicial do trabalho envolveu uma avaliação das operações no

FSO-CIMA. Nessa etapa foi executada a coleta e análise dos dados dos sistemas

que já se encontram em operação. Para os sistemas que ainda não se encontra em

operação, foram analisadas as operações de sistema equivalentes.

Essa análise envolveu a determinação do comportamento de processos

nos diversos sistemas com base em funções estatísticas. Para a seleção das

distribuições mais adequadas, em cada caso, empregou-se o software BesFit. O

software realiza teste de aderência das amostras com uma série de funções

estatísticas pré definidas. A seleção considerou o nível de significância de 95%

Para a verificação dos resultados obtidos com o modelo de simulação nas

operações com as monobóias, como não existe um banco de dados, foi feito uma

comparação dos valores apresentados no estudo com modelos matemáticos. Para

as operações em tandem, foi comparado com os valores das operações já

realizadas.

Para a verificação das curvas de produção foram considerados os valores

dos modelos matemáticos usados pela Petrobras, já que as informações utilizadas

representam tempos futuros.

A análise individual de cada subsistema pode levar a erros devido a

dificuldade de se identificar onde começa e onde termina cada etapa do processo.

Isso torna a interação entre os sistemas uma atividade bem complexa. O estudo

apresenta dois sistemas bem distintos denominados: Sistema Produção e Sistema

Alívio. O Sistema Produção é composto de um único sistema, não contendo

subsistemas. Já o Sistema Alívio foi dividido em quatro subsistemas: Chegada dos

Navios, Operação em Tandem, Operação na MB-1 e Operação na MB-2 e que são

representados conforme a figura 17.

Page 54: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

38

Figura 17: Diagrama de Blocos da Divisão dos Sistem as.

Conhecer a produção ajuda a entender como evitar os TOPs e quando os

navios devem operar no F(P)SO. Já a operação de alívio ajuda a entender como se

comporta o processo de manobras executado pelos navios, assim como a operação

de transferência de óleo do F(P)SO para o navio aliviador.

A pesquisa dos campos de petróleo envolvida visa conhecer o produto e suas

especificações, assim como a curva de produção, de forma a permitir um

entendimento dos meios necessários para o escoamento da produção. No caso a

pesquisa se restringiu aos produtos a serem movimentados no modelo estudado.

Para o estudo do Sistema Produção foram analisadas as curvas de

produção de diversas Unidades de Produção da Petrobras e determinadas quais

apresentam curvas de produção semelhantes aos campos analisados no trabalho. O

BestFit foi utilizado para o teste de verificação e consistência dos dados das curvas

de produção, assim como na determinação função probabilística. O trabalho fez

diversas simulações com as curvas analisadas, determinando o limite de operação

do FSO-CIMA em três cenários diferentes: sem as monobóias, com uma monobóia

operacional e com as duas monobóias operacionais. Depois foram repetidos os três

cenários com três níveis diferentes de disponibilidade das monobóias: 60%, 70% e

90%. Além de outro nível, com a simulação de um aumento da capacidade

operacional da monobóia em mais 20%.

O cenário com 60% de disponibilidade representa o modelo físico como foi

projetado. O cenário com 70% de disponibilidade representa a necessidade de

alteração nos procedimento de lavagem de mangote e necessitam de anuência do

Page 55: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

39

IBAMA. O cenário com 90% de disponibilidade representa investimento em infra-

estrutura e de informática com alteração no monitoramento e em ajustes das

bombas de transferência, além de investimento em barco de apoio para possibilitar

amarrar a noite nas monobóias. O cenário mais 20% de capacidade representa uma

grande alteração no projeto inicial com alteração na filosofia da empresa, estamos

falando de um novo projeto, possível em função do afundamento de uma das

monobóias e a necessidade de se construir uma nova, essa já com novas

especificações.

Para cada um dos cenários acima foi criado um novo cenário com a

variação do volume recebido de óleo entre 50.000 m³ e 63.000 m³, variando com

intervalo de 1.000m³. Nesse contexto foi possível simular diversos níveis de

produção, conforme exemplo da tabela 8.

Tabela 8: Teste de Limite Operacional com uma Monob óia.

60% 70% 90% (+) 20%TOP

(m³/ano)TOP

(m³/ano)TOP

(m³/ano)TOP

(m³/ano)50 58,30 28,59 31,40 9,5551 55,05 43,92 24,74 11,1152 51,90 43,80 37,5053 44,80 49,13 48,0054 43,90 61,07 34,4055 54,40 43,87 64,3256 55,90 78,90 45.06 33,6057 73,14 78,37 67,6058 67,90 78,47 70,9159 91,59 73,51 83,90 43,6660 116,72 103,00 67,7061 114,83 143,19 80,1062 137,30 124,50 96,1263 170,15 122,74 109,00 60,00

PRODUÇÃO(mil m³/dia)

Para a análise do Sistema de Alívio foram utilizadas três abordagens

diferentes, uma para o subsistema “Chegada dos Navios”, outra para o subsistema

“Operação em Tandem” e outra para os subsistemas “Operação na MB-1” e

“Operação na MB-2”. Na análise do subsistema Chegada de Navios, foi analisado o

percentual de navios conforme a classe dos navios segundo uma distribuição

estatística, depois foi analisado os contratos futuros de fornecimento das correntes

de petróleo. Assim foi possível estimar qual a frequência de navios conforme a

classe dos navios irá operar no FSO-CIMA. Para essa análise foi utilizado o Excel.

Na análise do Subsistema Tandem foram utilizados as amostras coletadas nas

operações no FSO-CIMA que já se encontra em operação, foram analisados os

Page 56: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

40

tempos de amarração, espera e bombeio. Para a análise dos dados foi utilizado o

programa Excel e validados e consolidados com a utilização do programa BestFit

que forneceu a função probabilística. Para a análise dos Subsistemas MB-1 e MB-2,

foi feito uma proporção com os dados das operações em tandem considerando

observações feitas nos testes com navios convencionais na MB-1, antes do

afundamento da mesma. A proporção foi necessária em função do número de

operações não ser suficiente para formar uma amostra significativa para as análises.

Foram realizadas seis operações na MB-1 antes do afundamento da mesma.

Por fim o estudo fez uma interligação dos subsistemas e dos sistemas.

A verificação foi feita através de comparação com modelos determinísticos

previamente desenvolvidos pela Petrobras.

Para a validação do modelo de simulação foi feito uma comparação com os

resultados das operações. Em seguida o modelo foi apresentado aos responsáveis

pela operação do PDET e para os operadores de logística que avaliaram o modelo e

os resultados. Esta etapa foi de extrema valia para o trabalho, tendo em vista

sugestões que permitiram o aperfeiçoamento do modelo e sua validação.

Esse processo de validação deu credibilidade ao trabalho o que nos levou a

uma aplicação do modelo em sua plenitude e no caso particular. O modelo

computacional ajuda, aos operadores do PDET, a ter uma visão mais ampla do

processo, já que cada operador tinha uma visão mais limitada da sua atividade e

nem sempre conseguiam entender a sua posição e importância na operação do

PDET.

3.2. Descrição dos Campos

3.2.1. Campo de Roncador

O Campo de Roncador esta situado a 125 km do Cabo de são Tomé, possui

uma área de 111km² e a lamina d’ água varia entre 1.500 e 1.900 m. A exploração

do campo foi divida em módulos que apresentam diferentes densidades. Para cada

módulo foi escolhido um modelo de processo e foi dividido conforme a tabela 9 e a

figura 18.

Page 57: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

41

Tabela 9: Características das Correntes do Campo de Roncador (Grau API).

Figura 18: Mapa do Campo de Roncador.

Fonte: Click Macaé (2011)

O primeiro módulo a entrar em operação foi o módulo 1 com o sistema

provisório de produção utilizando o FPSO-SEILEAN, em março de 2001.

Em maio de 2002 entrou em operação no módulo 1 com a SS P-36 escoando

para o FSO P-47. Porém em março de 2001 um grave acidente ocorreu na P-36 e a

mesma afundou. Em dezembro de 2002 iniciou em produção o FPSO-BR que

substituiu a P-36. O FPSO-BR possui uma capacidade de produção de 100.000 bpd

e uma capacidade de compressão de 5,0 milhões de m/d, podendo estocar até 1,7

milhão de barris. Como esse sistema não utiliza o PDET para escoar a sua

produção, o trabalho não fez um estudo mais detalhado do sistema.

Em novembro de 2007 entrou em operação a P-52. Para a exploração foi

escolhida uma plataforma do tipo SS e o seu escoamento é feito por dutos de 18

polegadas até a plataforma de PRA-1 e depois para o FSO-CIMA. A P-52 se

encontra a 56 km de PRA-1 e o duto tem capacidade máxima de 180.000 bpd, que é

igual a capacidade da planta. a P-52 apresenta as seguintes características:

• Capacidade de processamento de óleo 180.000 bpd

• Capacidade de compressão 9,3 milhões de m³/d

Page 58: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

42

Devido às características do óleo, a produção da P-52 tem como cliente

preferencial exportação, o que nos leva a escoar com navios das classes Suezmax

ou VLCC. Como a plataforma entrou em operação antes das monobóias, o óleo é

armazenado no FSO-CIMA e escoado por navios DP até um porto, Angra dos Reis

ou São Sebastião, e depois é trasbordado para um navio convencional. A curva de

produção da P-52 é utilizada no trabalho para determinar o número de operações

nas monobóias com a utilização de navios da classe VLCC. Como a previsão de

produção da unidade é um dado sigiloso, o trabalho a utilizou, porém não estará

disponível.

O módulo 2 começou a produzir através da P-54 em dezembro de 2007. A

P-54 é uma embarcação do tipo FPSO e tem capacidade para produzir até 180.000

bpd, com uma capacidade de compressão de 6,0 milhões m³/d e capacidade de

armazenar até 1,5 milhões de barris. Como a P-54 não utiliza o PDET para escoar, o

trabalho não fez um estudo detalhado do sistema.

Para o módulo 3 foi escolhido um projeto do tipo SS (P-55) que tem previsão

de começar a produzir em 2012 e o escoamento será por 2 dutos um até PRA-1 e

outro até a P-54, por onde também será escoado o gás. A P-55 se encontra em

construção no estaleiro Rio Grande na cidade do mesmo nome no Rio Grande do

Sul. A P-55 apresentará as seguintes características:

• Capacidade de processamento de óleo 180.000 bpd

• Capacidade de compressão 6 milhões de m³/d

O óleo que será escoado pelo FSO-CIMA será misturado a outro na PRA-1 e

o seu principal destino será a refinaria que se encontra em construção em

Pernambuco, o excedente tem a previsão de abastecer o COMPERJ, no Rio de

Janeiro, e as refinarias de São Paulo. O destino do óleo determina que o

escoamento seja preferencialmente por navios da classe Suezmax com volumes

médios de 120.000m³. Os dados da curva de produção são sigilosos e pertence à

Petrobras, por esse motivo não serão divulgados.

Para o módulo 4 a Petrobras está construindo a P-62 que será uma unidade

do tipo FPSO e se encontra em fase de projeto básico. Sua capacidade será

180.000 bpd como a UEP não utilizará o PDET, a mesma não foi estuda pelo

trabalho.

Page 59: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

43

O trabalho utilizou os dados estatísticos de todas as operações no

FSO-CIMA desde a primeira até a última em dezembro de 2011.

3.2.2. Campo de Marlim Sul

O campo de Marlim Sul foi descoberto em 1987 e se situa a 120 km do litoral

do Rio de Janeiro a uma profundidade que varia entre 850 e 2.400 metros. O campo

foi dividido em quatro módulos, sendo três em desenvolvimento e um em estudo

(Figura 19).

Figura 19: Mapa do Campo de Marlim Sul.

Fonte: Click Macaé (2011)

O módulo 1 começou a operar com o sistema definitivo com o início da

operação da P-40 que é uma plataforma do tipo SS. A P-40 transfere a sua produção

para o FSO-P-38 que por sua vez irá receber parte da produção da P-51 e o total da

produção da P-55. Completando o projeto de produção do módulo 1 foi instalado o

FPSO-MLS que além de armazenar a sua própria produção, recebe parte da

produção da P-51. Assim a P-40, a P-38, o FPSO-MLS e a P-51 integram o PDET. O

trabalho não só, analisou a curva de produção de cada unidade como analisou as

limitações de escoamento de toda a malha, como os limites máximos e mínimos de

bombeio de cada oleoduto.

Para o módulo 2 foi instalada a P-51 que pode escoar por PRA-1, pelo

FPSO-MLS e pelo FSO-P-38. O estudo analisou os possíveis volumes em que P-51

poderá escoar por PRA-1 e por P-38. Essa análise levou a Petrobras a alterar o

tempo máximo de operação do FPSO-MLS no campo de Marlim Sul.

Já o módulo 3 se encontra em fase de implantação com a instalação da P-56

que iniciou a produção no final de 2011. O trabalho fez um estudo completo da

operação da P-56 e os impactos relativos ao escoamento da corrente e os blends

possíveis.

Page 60: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

44

O módulo 4 ainda se encontra em fase de estudo não tendo definido o

modelo de exploração.

Um fator importante é a diferença de densidade dos módulos, inclusive na

mesma UEP, o que tem impacto na vazão de bombeio. O estudo fez uma análise

profunda do impacto da densidade nas unidades, provocando uma reavaliação nos

projetos na Petrobras que tiveram que ser alterados para evitar a perda de produção

devido a dificuldade nas operações de offloading.

O Campo de Marlim Sul tem a sua produção destinada a abastecer as

refinarias da Petrobras no Brasil, porém existe estudo sobre possíveis exportações.

O trabalho considerou que os alívios são feitos por navios das classes Suezmax e

Aframax conforme levantamento estatístico nas unidades. O trabalho utilizou os

dados estatísticos de todas as operações no FSO P-38, no FPSO-MLS e o

FSO-Cidade de Macaé desde a primeira operação até dezembro de 2011.

Tabela 10: Características das Correntes do Campo d e Marlim Sul (Grau API).

UEP API MédioP-40 23,1ºP-51 20,6ºP-56 18ºFPSO-MLS 20,6ºINDEFINIDA 22º

3.2.3. Campo de Marlim Leste

O Campo de Marlim Leste apresenta apenas um módulo e o projeto de

exploração escolhido é composto por uma única unidade a FUP P-53 que é uma

plataforma de produção montada no casco um navio sem manter estoque de óleo.

Assim a P-53 escoa a sua produção de óleo através de duto para PRA-1. Também

faz parte do projeto o FPSO-CNIT. No entanto o FPSO-CNIT produz do campo de

Jabuti que é próximo ao Campo de Marlim Leste, mesma concessão. Como o

FPSO-CNIT não utiliza o PDET o mesmo não sofreu um estudo mais aprofundado.

O estudo fez um levantamento completo da curva de produção da P-53 assim

como analisou todas as operações de alívio que ocorreram no FSO-CIMA com o

óleo da P-53. A P-53 produz óleo com média de 21,5º API que é misturado a outras

correntes em PRA-1 antes de chegar ao FSO-CIMA. O estudo considerou todas as

misturas possíveis com as vazões esperada até, o ano de 2015. Toda a produção da

P-53 se destina a atender o mercado interno e para as operações de alívio são

Page 61: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

45

utilizados preferencialmente navios na classe Suezmax, com algumas exceções,

sempre para evitar TOP de produção, com navios na classe Aframax. O estudo fez

diversas simulações e foi possível determinar qual a frota ideal para operar em cada

fase de produção das unidades.

Figura 20: Mapa do Campo de Marlim Leste.

Fonte: Click Macaé (2011)

A tabela 11 apresenta um resumo das UEPs com os campos, os pontos de

escoamento e o principal destino das carga dos campos de Roncador, Marlim Sul e

Marlim Leste.

Tabela 11: Escoamento e Destino dos Óleos.

UEP Campo Ponto de Escoamento Destino

P-52 Roçador FSO-CIMA Exportação e Mercado Interno

FPSO-BR Roncador FPSO-BR Exportação e Mercado Interno

P-54 Roncador P-54 Exportação e Mercado Interno

P-55 Roncador FSO-CIMA e P-54 Mercado Interno

P-38 Marlim Sul P-40 Mercado Interno

FPSO-MLS Marlim Sul FPSO-MLS Mercado Interno

P-51 Marlim Sul FSO-CIMA, FPSO-MLS e P-40

Mercado Interno

P-56 Marlim Sul P-40 Mercado Interno

P-53 Marlim Leste FSO-CIMA Mercado Interno

FPSO-CNIT Marlim Leste FPSO-CNIT Mercado Interno

Fonte: Petrobras

Page 62: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

46

3.3. O Sistema Petrobras, o E&P e o ABASTECIMENTO

No modelo organizacional adotado pela Petrobras, o responsável pelo

planejamento logístico da Petrobras é a Logística do Abastecimento. Porém o

mesmo não consegue produzir a programação sem a ajuda de outros órgãos, assim

existe uma integração com o E&P através do CCO. A Petrobras construiu o Centro

de Controle Operacional da Bacia de Campos (CCO) que está subordinada a

Diretoria de Exploração & Produção. O CCO tem a finalidade se acompanhar e

apoiar as atividades de produção de óleo e gás e as operações de offloading,

repassando para a Logística a situação operacional das unidades. Em outro nível, a

programação é acompanhada por cada uma das Unidades Operacionais e pelas

Operações. Nesse sentido, o Abastecimento tem uma visão ampla do processo e de

todo o sistema envolvido, inclusive o cliente final, que é quem vai receber o produto.

O CCO tem uma visão das operações de alívio que são executadas nas Bacias de

Campo, Bacia do Espírito Santo, Bacia de Santos e no Pré-sal. Cada Unidade

Operacional acompanha, exclusivamente, as operações nas suas UEPs e a

operação as atividades da sua plataforma de produção. Esse sistema permite que

todas as operações tenham um acompanhamento integrado ao sistema Petrobras. A

figura 21 apresenta o fluxograma do processo.

Page 63: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

47

Figura 21: Fluxograma da Programação de Navios.

Page 64: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

48

4. Capítulo IV – Modelagem do Problema Utilizando

Simulação

O desenvolvimento do modelo foi feito em três etapas: Na primeira etapa,

denominada “Análise das Operações”, foi estudada a operação do projeto do PDET,

com ênfase nas limitações, premissas e movimento dos navios no terminal. Na

segunda etapa, “Coleta e Tratamento dos Dados”, foi feito o levantamento e o

tratamento dos dados como base nas operações já realizadas no PDET e em outras

unidades produção. O levantamento de dados incluiu o estudo das curvas de

produção e das estimativas de produção dos campos futuros. Na terceira etapa,

“Desenvolvimento do Modelo”, foi desenvolvido e testado o modelo de simulação

Figura 22: Macrofluxo do Desenvolvimento do Modelo de Simulação.

Análise das Operações no PDET

Determinação das Premissas Operacionais

Coleta de Dados

Tratamento dos Dados

Análise dos Dados

Desenvolvimento do Modelo de Simulação

Teste do Modelo de Simulação

Validação do Modelo de Simulação

Aplicação do Modelo de Simulação

1º ETAPA – Análise das Operações

2º ETAPA – Coleta e Tratamento dos Dados

3º ETAPA – Desenvolvimento do

Modelo

Page 65: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

49

Para facilitar o desenvolvimento do modelo de simulação, o estudo dividiu a

análise em dois sistemas e quatro subsistemas. Cada uma das modelagens seguiu o

esquema apresentado na figura 22.

O primeiro sistema estudado foi o Sistema Alívio, que abrangeu o subsistema

Chegada de Navios onde é determinada a classe do navio que chega para operar.

Depois foram estudados os três subsistemas que representam a transferência de

óleo: Operação em Tandem; Operação na MB-1 e Operação na MB-2, com a

determinação dos tempos de bombeio e volume transferido. Na terceira parte o

estudo analisou a movimentação do óleo que tem interface com o Sistema Produção

onde analisou a capacidade de escoamento do PDET.

4.1. Premissas

Para o estabelecimento das premissas: primeiro foi feito um estudo detalhado

das operações possíveis no PDET. Depois foram estudadas as movimentações e as

operações dos navios no FSO-CIMA, como a chegada, o carregamento e a saída

dos navios do terminal. Por último a movimentação do óleo no FSO-CIMA,

abrangendo os contratos de venda e de fornecimento do petróleo e as curvas de

produção das unidades que abastecerão o FSO-CIMA. Nesse contexto foram

definidas as seguintes premissas:

•••• Só pode operar em uma única monobóia por vez, quando o bombeio

for pelo FSO-CIMA. Porém o NT pode aguardar amarrado na

monobóia. Essa premissa está ligada à segurança operacional do

PDET e visa diminuir os riscos de poluição;

•••• Pode operar em tandem e em uma das monobóias simultaneamente;

•••• Todas as operações destinadas a exportação serão com navios

convencionais;

•••• A operação destinada ao abastecimento do mercado interno será feita

com navios de qualquer classe;

•••• As operações em tandem serão exclusivamente com navios DP;

•••• As operações nas monobóias serão com navios nas Classes

Suezmax e VLCC;

Page 66: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

50

•••• Em caso de filas em tandem, os navios da classe Aframax/Panamax

irão operar em outra unidade;

•••• Nos casos de fila em todos os pontos operacionais os navios da

classe Suezmax DP irão operar em outra unidade;

•••• No caso de fila para os navios das classes VLCC e Suezmax

convencional, o modelo fará outra avaliação a cada 6 horas até

apresentar uma vaga para operar, seguindo a avaliação das

condições meteorológicas que é feita as 0:00 (Z), as 6:00 (Z); as

12:00 (Z) e as 18:00 (Z);

•••• O FSO-CIMA recebe duas correntes distintas. No entanto foi

observado que a programação de alívio é elaborada em função da

data de TOP-OFF e do volume total, assim sendo, foi considerada

apenas uma corrente que é o somatório das duas;

•••• Nas operações nas monobóias, uma por mês será com navios VLCC,

essa premissa é em função dos contratos;

•••• As vazões de bombeio estão limitadas a capacidade de recebimento

dos NTs. Essa limitação segue convenções internacionais. As

bombas do FSO-CIMA tem capacidade superior à capacidade de

recebimento do maior navio (VLCC) que irá operar no FSO-CIMA;

•••• O modelo utiliza amostras feitas nas operações na bacia de campos,

considerando as condições climáticas e as eventuais falhas

operacionais;

•••• Para as monobóias foram considerados cenários de operacionalidade

de 60, 70, 90 e mais 20%, conforme estudo da engenharia da

Petrobras e solicitação da gerência.

4.2. Modelagem do Sistema Alívio

O Sistema Alívio representa as operações de chegada dos navios, o

carregamento e a saída dos navios e é representado pelo fluxograma da figura 23. O

estudo analisou separadamente cada um dos subsistemas que são apresentados a

seguir:

Page 67: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

51

Chegada dos Navios

Tem fila em Tandem?

Tem vaga na MB1

Não

Tem vaga na MB2

FIM

Opera

SimSim

Retorna para a programação

Navios DP Navios Convencionais

Aframax DP Suezmax DP Suezmax Conv VLCC

Tem fila em Tandem?

Não

Retorna para a programação

Não

Não

Opera

FIM

Tem vaga na MB1

Tem vaga na MB2

FIM

Sim

Sim

Não

Não

Tem vaga na MB1

Tem vaga na MB2

Opera

FIM

Sim

Sim

Avalia a cada 6 horas

Não

NàoFIM

Figura 23: Fluxograma do Sistema Alívio.

4.2.1. Subsistema Chegada dos Navios

Uma das questões mais complexas nas operações com navios tanque nos

terminais é determinar a hora de chegada dos navios no porto, que determina o

início da operação e tem como consequência as obrigações e os deveres das partes.

Como não existe uma barra ou um ponto geográfico no alto mar para determinar a

área do porto. A Petrobras determinou, com base em estudos realizados na

Engenharia Naval da Petrobras que a NOR11 se dá a 10 milhas de distancia da UEP.

Nesse sentido foi montada uma barreira eletrônica com raio de 10 milhas do centro

do FSO-CIMA. Sempre que uma embarcação ultrapassa a barreira, uma mensagem

eletrônica (e-mail ou torpedo) é enviada a todos os órgãos e pessoas que

necessitam dessa informação. Com base no estudo da Engenharia Naval, foi

realizado um padrão que determina todos os passos a serem seguidos pelo navio

aliviador para efetuar a atracação, partindo das dez milhas. Obedecendo a esse

padrão, o navio aliviador demora 6 horas para efetuar os procedimentos de

aproximação e amarração até estar apto a iniciar o offloading.

11 NOR – informação repassada pelo navio de que se encontra pronto para operar, aguardando definição do terminal.

Page 68: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

52

O subsistema Chegada dos Navios representa a efetiva chegada dos navios,

com os seguintes passos: determina a classe do navio que irá operar, verifica se o

navio tem condições de operar ou não e termina determinando o local onde o navio

irá operar. A figura 24 apresenta o macrofluxo do subsistema “Chegada dos Navios”.

Figura 24: Fluxograma do Subsistema Chegada de Nav ios.

O subsistema Chegada dos Navios apresenta como premissas:

•••• A demanda de navios é ilimitada. Hoje os navios ficam aguardando

para operar tornando a oferta de navios maior que a demanda, pois o

custo de perda de produção é maior que o custo da disponibilidade de

navios.

•••• A determinação da classe dos navios segue os contratos;

•••• As operações destinadas as exportações, serão exclusivamente com

navios convencionais das classes Suezmax e VLCC;

•••• Os navios da classe VLCC sempre irão operar.

A determinação da classe dos navios segue uma amostra aleatória. O estudo

começa analisando as operações anteriores no FSO-CIMA. Para a análise foi

utilizado o Excel, que verificou que do total de operações, 82% ocorreram com navio

da classe Suezmax DP e 18% ocorreram com navios da classe Aframax/Panamax

DP (tabela 12). Como as operações nas monobóias serão com navios convencionais

os dados foram excluídos e foi utilizada uma análise com base nos contratos.

Page 69: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

53

Tabela 12: Operações por Classe de Navios no FSO-CIM A em 2009.

Como as operações destinadas à exportação serão todas com navios

convencionais. O estudo desenvolveu a análise das curvas de produção previstas

para as unidades que irão operar no FSO-CIMA. A tabela 13 e a figura 25

apresentam a previsão de volume total no FSO-CIMA com o percentual de

exportação e o percentual destinado ao mercado interno. Observando a tabela

podemos verificar que os navios convencionais operarão em uma faixa entre 30 e

50% do total de operações. Os contratos com navios aliviadores indicam que haverá

uma operação, com navio da classe VLCC, por mês e que as operações com navios

nas classes Aframax DP e Panamax DP serão exceções para evitar TOP-OFF. As

operações destinadas ao mercado interno poderão ser com os navios das classes:

Suezmax DP, Aframax DP, Panamax DP, VLCC e Suezmax Convencional, ou seja,

com navios convencionais ou com navios DP. Uma análise dos dados nas unidades

que operam com navios convencionais e DP teve como resultado que mais de 90%

das operações ocorrem com navios convencionais, porém como as operações nas

monobóias são mais restritivas, foi determinado que a distribuição nessas unidades

não representasse as operações no FSO-CIMA. Com base nas análises acima, foi

determinado que 40% das operações serão com navios Suezmax DP, 40% com

navios Suezmax Convencional, 12% com operações com navios VLCC e 8% com

navios Aframax/Panamax DP. A tabela 14 apresenta a distribuição.

Tabela 13: Previsão de Produção por UEP em Barris por D ia.

Page 70: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

54

0

50

100

150

200

250

300

350

400

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

(mil

m³)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%P-51 P-53 P-55 P-52 Exportação Mercado Interno

Figura 25: Previsão de Recebimento de Óleo no FSO-CI MA.

Tabela 14: Distribuição da Chegada dos Navios.

A figura 26 representa a estrutura de blocos no Arena para a chegada dos

navios.

Decide 1

404012Else

AFRAMAXDP

SUEZMAXDP

SUEZMAXCONV

VLCC

Figura 26: Diagrama de Blocos da Chegada dos Navio s.

Depois de determinada a classe dos navios é preciso determinar o respectivo

ponto de operação. Neste contexto foram consideradas as premissas apresentadas

e para cada classe de navios e foi preparada uma sequência operacional específica.

Page 71: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

55

Para os navios da classe Aframax, havendo fila para as operações em

tandem, o mesmo retorna para a programação e não operará, essa operação

acontece no módulo Decide AFRAMAX (figura 27).

Figura 27: Fluxograma da Chegada de Navio da Class e Aframax.

Para os navios da classe Suezmax DP a primeira opção é operar em tandem,

no caso de fila o modelo verifica se existe possibilidade de operar em uma das duas

monobóias, caso haja fila nas duas monobóias e em tandem, o navio retorna para

nova programação (figura 28).

Page 72: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

56

Figura 28: Fluxograma da Chegada de Navio da Class e Suezmax DP.

Para os navios da classe Suezmax convencional é verificado em que

monobóia existe vaga, no caso de fila nas duas monobóias o navio é encaminhado

para a programação para operar em outra unidade (figura 29).

Figura 29: Fluxograma da Chegada de Navio da Class e Suezmax Convencional.

Page 73: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

57

No caso dos VLCC é verificado em qual das duas monobóias o navio pode

operar, no caso das duas estarem ocupadas o navio aguarda por 6 horas e depois o

modelo faz outra verificação, até haver vaga em um das monobóias. O intervalo de 6

horas segue a análise que é feita em relação às condições meteorológicas e

oceanográficas (figura 30). O módulo Decide MB verifica e controla a fila.

Figura 30: Fluxograma da Chegada de Navio da Class e VLCC.

A figura 31 representa a estrutura de blocos no Arena para o subsistema

“Chegada dos Navios” com a determinação do ponto de operação.

T ANDE ML e a v e

L e a v e M B1

L e a v e M B2

P ROGRAM ACAOE NT ER

CHEGADA DE NAVIOSDecide AFRAMAX

NQ ( Seiz e TANDEM . Q ueue) . LE. 0. 5

Els e

SUEZMAXDecide DP

NQ ( Seiz e TANDEM . Q ueue) . LE. 0. 5

Els e

Decide MB

NQ ( FI LA ATRACACAO M B 1. Q ueue ) . LE. 0. 5NQ ( FI LA ATRACACAO M B 2. Q ueue ) . LE. 0. 5

Els e

Af ramaxReprograma

SUEZ CONVREPROGRAMA

REPROGRAMADecide

Tr ue

Fals e

De l a y VL CC

SUEZMAXDP

SUEZMAXCONV

VLCC

Decide 1

404012

Els e

AFRAMAX DP

0 0

0 0

0

0

Figura 31: Diagrama de Blocos do Subsistema Chegad a de Navios.

Foi realizada uma verificação na rotina de geração de navios através da

utilização de um modelo simplificado que representa a operação no subsistema

Page 74: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

58

Chegada de Navios. O teste tem por objetivo observar se o percentual de chegada

dos navios corresponde ao desejado. O resultado do teste foi considerado

satisfatório a partir de 25 replicações. A tabela 15 apresenta o resultado do teste, a

primeira coluna contém as classes dos navios e nas colunas dos resultados o

modelo apresenta a quantidade de navios gerados conforme a classe e o percentual

equivalente ao total. Os percentuais esperados para a chegada de navios é

respectivamente 8% para Aframax DP, 40% para Suezmax DP, 40% para Suezmax

CV e 12% para VLCC. Na primeira coluna é apresentado os números de navios que

operaram por classe e na seguinte o percentual. Após 25 replicações o percentual já

representa o esperado

Tabela 15: Teste de Validação do Subsistema Chegada d e Navios.

Núm

ero

de N

avio

s

% Núm

ero

de N

avio

s

% Núm

ero

de N

avio

s

% Núm

ero

de N

avio

s

% Núm

ero

de N

avio

s

% Núm

ero

de N

avio

s% N

úmer

o de

Nav

ios

% Núm

ero

de N

avio

s

% Núm

ero

de N

avio

s

% Núm

ero

de N

avio

s

%Replicações 1 % 2 % 10 % 20 % 25 % 26 % 27 % 28 % 29 % 30 %AFRAMAX DP 14 12% 13 11% 11 9% 11 9% 10 8% 10 8% 10 8% 10 8% 10 8% 10 8%SUEZMAX DP 48 40% 49 41% 48 40% 48 39% 48 40% 48 40% 48 40% 48 40% 48 40% 48 40%SUEZMAX CV 42 35% 42 35% 49 40% 50 41% 49 40% 49 40% 49 40% 49 40% 49 40% 49 40%VLCC 17 14% 15 13% 13 11% 13 11% 14 12% 14 12% 14 12% 14 12% 14 12% 14 12%Total 121 119 121 122 121 121 121 121 121 121

4.2.2. Subsistema Operação em Tandem

O subsistema Operação em Tandem representa a operação de carregamento

dos navios quando operando em tandem. Por questões de segurança operacional,

as operações em tandem acontecem exclusivamente com navios das classes

Panamax DP, Aframax DP e Suezmax DP. As operações em tandem podem ser de

carregamento de óleo no FSO-CIMA (in-loading) ou de carregamento de óleo nos

navios aliviadores (offloading). A figura 32 representa estrutura de blocos no Arena

para o subsistema Operação em Tandem. O modelo de simulação desenvolvido se

limitou a estudar as operações de offloading.

Page 75: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

59

TA NDE M

A tracacao 1ENTER TANDEM

Leave TANDEM 2

O PERA Ç Ã O EM TA NDEM

TA NDE M _ LIGACA RRE GA OLE O

IMITA DOR

_ LIGAOLE O TA NDE M1

CA RRE GA DEIMITA DOR

Seize TANDEM

Release TANDEM

Decide TA NDE M

E S T OQU E > = B A RR IL

E l s e

Delay TANDEMA ssign TA NDE M

00 0

00 0

Figura 32: Diagrama de Blocos do Subsistema Operaç ão em Tandem.

A operação dos navios no subsistema Operação em Tandem apresenta a

seguinte lógica: primeiro o modelo verifica se existe algum navio operando em

tandem, em caso positivo ele organiza a fila antes da atracação, através do módulo

Seize TANDEM; depois o modelo verifica se existe óleo no FSO-CIMA (módulo

Assing TANDEM em conjunto com o módulo Decide TANDEM), se o volume de óleo

for maior que a metade do volume previsto, a operação inicia e o modelo diminui do

estoque a metade do volume previsto, no final da operação o modelo diminui do

estoque a outra metade do volume (módulos Assing IMITADOR CARREGA OLEO

TANDEM_LIGA e IMITADOR CARREGA DE ÓLEO TANDEM). Se não houver óleo

suficiente, o navio aguarda atracado e faz nova avaliação a cada 12 horas. A figura

33 representa o fluxograma de operação em tandem.

Atracação do Navios

Verifica se tem óleo

Não

Opera

Sim

Aguarda por 12 horas e faz

nova avaliação

FIM Figura 33: Fluxograma do Subsistema Operação em Tandem.

O subsistema Operação em Tandem apresenta as seguintes premissas:

•••• As operações em tandem são exclusivas com navios DP;

Page 76: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

60

•••• O modelo verifica se tem metade do volume para iniciar o

carregamento, considerando que o volume será completado durante o

carregamento;

•••• O modelo de simulação considera que a movimentação do estoque

acontece em duas etapas, metade no início e a outra metade no final

do carregamento, simulando o que acontece durante a operação;

•••• O modelo considera as falhas e indisponibilidade dos sistemas, pois a

coleta de dados foi feita sem expurgar essas ocorrências;

As principais causas de falhas são referentes a equipamento, tanto no

FSO-CIMA quanto nos navios, já a indisponibilidade esta relacionada as condições

meteorológicas e oceanográficas, sendo as principais: vento (intensidade e direção),

direção das ondas, swell, corrente (intensidade e direção) e neblina.

O primeiro ponto analisado no estudo do subsistema foi o tempo de

atracação, que é o espaço temporal entre a chegada dos navios e início do bombeio

e que segue uma amostra aleatória que foi analisada com a utilização do software

Excel e para o teste de aderência e determinação da função probabilística foi

utilizado o BestFit.

Como as operações nas monobóias são futuras, a análise do tempo de

atracação dos navios é igual para as operações em tandem e nas duas monobóias.

A tabela 16 apresenta os resultados da estatística descritiva dos valores observados

nas operações em tandem expresso em horas.

Page 77: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

61

Tabela 16: Análise dos Tempos de Atracação no Subsi stema Chegada dos Navios. (Excel - horas).

Para a análise dos dados da operação dos navios na fase de amarração foi

utilizado o BestFit que indicou a distribuição que melhor representa a amostra, no

caso uma Log-normal (LogMean, LogStd) representada pela expressão. O nível de

significância adotado foi de 95%.

ƒ (x; µ,σ)= 1 _ (In(x)-µ)²

xσ√2π 2σ²

exp ( )

Log-normal (23,19; 28,45)

Intervalo: (2,42; 137,02)

Média: µ = exp µ + σ² = 23,19

2

Variância: σ² = exp 2µ + σ² (exp σ²-1) = 574,64

A figura 34 apresenta a análise para a calibração e o teste de consistência

do modelo que foi considerado satisfatório pela média a partir de 110 replicações.

Para os testes foram feitas 200 replicações. A tabela 17 completa a explicação, na

Page 78: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

62

primeira coluna temos os tempos calculados em horas e nas outras os tempos

simulados em horas com os percentuais de semelhança.

22,00

22,50

23,00

23,50

24,00

24,50

25,00

25,50

1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 111 121 131 141 151 161 171 181 191

Número de Replicações

(hor

as)

Figura 34: Tabela dos Tempos de Atracação em Tandem.

Tabela 17: Teste de Consistência dos Tempos de Atra cação no Subsistema Chegada dos Navios (em horas)

Caculado 1 % 5 % 10 % 20 % 25 % 30 % 40 %Tempo médio 23,15 25,03 92% 23,64 98% 23,89 97% 24,08 96% 23,79 97% 23,94 97% 23,70 98%Tempo mínimo 2,42 1,06 228% 1,06 228% 0,99 244% 0,71 341% 0,71 341% 0,71 341% 0,71 341%Tempo máximo 137,02 164,5 83% 389,73 35% 389,73 35% 416,29 33% 416,29 33% 416,29 33% 416,29 33%

Replicações

O segundo ponto analisado foi a transferência do volume para o navio

aliviador que apresenta duas variáveis, o volume carregado e o tempo de bombeio.

Para a análise do tempo de bombeio, que segue uma distribuição aleatória,

foi utilizado o Excel que forneceu a análise descritiva e o BestFit que indicou a

função probabilística que melhor representa a amostra.

O tempo de bombeio é igual para as operações em tandem e pelas

monobóias, pois utilizam as mesmas bombas. Assim como é igual independente da

classe do navio, pois por contrato o navio restringe a vazão quando a pressão

ultrapassa 7 kgf/cm². Na prática isso significa que o navio tem capacidade de

carregar em 24 horas, independente da classe.

O intervalo utilizado para a análise dos tempos no bombeio é o tempo

transcorrido entre o início do bombeio e o término da desamarração. Para a análise

desses tempos foi utilizado o programa BestFit que indicou que a função

probabilística que melhor representa a amostra é uma distribuição normal (média,

Page 79: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

63

desvio padrão) representada pela expressão. O nível de significância adotado foi de

95%.

1 exp- (x-µ)²2σ√2π 2σ²

ƒ(x)=

Normal (21,81; 8,7)

Intervalo: (6,92; 80,17)

Média: 21,81

Variância: 75,68

A tabela 18 apresenta a Estatística Descritiva que representa o tempo de

bombeio dos navios.

Tabela 18: Estatística Descritiva do Tempo de Bombei o em Horas.

A tabela 19 apresenta a análise para a calibração e o teste de consistência

do modelo que foi considerado satisfatório pela média a partir de 20 replicações. Na

primeira coluna temos os tempos calculados em horas e nas outras os tempos

simulados em horas com os percentuais de acerto.

Bombeio Média 21,81 Erro padrão 0,76 Mediana 22,25 Modo 15,00 Desvio padrão 8,70 Variância da amostra 75,68 Curtose 14,85 Assimetria 2,53 Intervalo 73,25 Mínimo 6,92 Máximo 80,17 Soma 2856,67 Contagem 131,00 Maior(1) 80,17 Menor(1) 6,92

Page 80: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

64

Tabela 19: Teste de Consistência dos Tempos de Bomb eio no Subsistema Chegada dos Navios (em horas)

Caculado 1 % 5 % 10 % 20 % 25 % 30 % 40 %Tempo médio 21,81 22,73 96% 22,08 99% 21,94 99% 21,99 99% 22,01 99% 22,03 99% 21,96 99%Tempo máximo 80,17 43,82 183% 51,65 155% 51,65 155% 52,25 153% 52,66 152% 52,66 152% 52,66 152%

Replicações

Para a determinação do volume escoado em tandem, foi utilizado o histórico

das operações no FSO-CIMA. A tabela 20 apresenta o resultado da estatística

descritiva dos volumes das operações de offloading realizadas no FSO-CIMA em

2008 e 2009.

Tabela 20: Análises dos Volumes de Offloading no FSO- CIMA em 2008 e 2009.

Volume em m³Média 110.536 Erro padrão 2.048 Mediana 110.027 Desvio padrão 35.944 Variância da amostra 1.291.947.844 Curtose 1- Assimetria 0- Intervalo 136.279 Mínimo 27.349 Máximo 163.628 Soma 34.045.124 Contagem 308 Maior(1) 163.628 Menor(1) 27.349

Para o teste de consistência foi desenvolvido um modelo reduzido com, a

figura 35 representa estrutura de blocos no Arena para o modelo desenvolvido.

NAVIOSCHEGADA DE ATRACACAO 1 SAIDA DE NAVIOSTANDEM

OPERACAO EM

0

00

0 0 0 0 Figura 35: Diagrama de Blocos do Modelo de Teste d e Consistência do Subsistema Operação

em Tandem.

4.2.3. Subsistemas Operação na MB 1 e Operação na M B 2

Os subsistemas Operação na MB 1 e Operação na MB 2 são semelhantes

entre si e semelhantes com as operações no subsistema Operação em Tandem e

representam as operação de carregamento dos navios quando nas monobóias. As

operações nas monobóias acontecem com a conexão dos mangotes na meia nau

Page 81: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

65

dos navios podendo ser com um ou dois mangotes. Testes realizados em Angra dos

Reis revelaram que devido ao peso dos mangotes, as operações estão limitadas a

navios com DWT maior que 150.000 e testes de empuxo da ancoragem das

monobóias limita as operações a DWT menor que 300.000; assim, as operações nas

monobóias estão limitadas a navios das classes Suezmax e VLCC com guincho a

meia nau com capacidade mínima de 15 toneladas, podendo ser DP ou

convencional. A figura 36 representa a estrutura de blocos no Arena para os

subsistemas Operação nas MBs.

2ATACACAO MB

MB 2FILA OP E RA CA O

MB 2A TRACA CA O

FILA

Release 7

E NTE R MB 2

Decide 18True

False

MB2 SUEZ

MB2 VLCC

LIGAMB 2A VLCC _CARGA OLEO

IMITADOR

LIGAMB 2A SUEZ _CARGA OLEO

IMITADOR

LIGAMB 2B VLCC _CARGA OLEO

IMITADOR

LIGAMB 2B SUEZ _CARGA OLEO

IMITADOR

Decide MB 2

ESTO QUE>=BARRI L

Else

Assign MB 2

Delay MB 2 Leave 13

0

0

0

0

0

0 0

0 0

0 0

Figura 36: Diagrama de Blocos do Subsistema Operaç ão nas MBs.

A operação dos navios no subsistema Operação nas MBs segue a seguinte

lógica: primeiro o modelo verifica se existe algum navio operando na MB em que o

navio esta amarrado, em caso positivo, ele organiza a fila antes da atracação; depois

o modelo verifica se existe algum navio operando na outra MB, em caso positivo, o

navio aguarda o término da operação; depois o modelo verifica se existe óleo no

FSO-CIMA, se o volume de óleo for maior que a metade do volume previsto, a

operação inicia e o modelo diminui do estoque a metade do volume previsto, no final

da operação o modelo diminui do estoque a outra metade do volume. Se não houver

óleo suficiente, o navio aguarda atracado e faz nova avaliação a cada 12 horas. A

figura 37 representa o fluxograma das operações nas MBs.

Page 82: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

66

Chegada dos Navios

Tem Navio operando na outra

MB

Opera na MB

Atracação

Aguarda atracado

Sim

Sim

NãoVerifica se tem óleo

Aguarda por 12 horas e faz nova

avaliação

Figura 37: Fluxograma do Subsistema Operação em Tandem.

Os subsistemas Operação na MB-1 e Operação na MB-2 apresentam as

seguintes premissas:

•••• As operações nas MBs podem ser com navios das classes Suezmax

e VLCC equipado com guindaste de no mínimo 15 toneladas a meia

nau;

•••• Não é possível operar nas duas monobóias simultaneamente;

•••• Alem das falhas e indisponibilidades mencionadas no subsistema

Operação em Tandem, foi acrescida a indisponibilidade das

monobóias que segue uma orientação da engenharia e da gerência

da Petrobras;

•••• O modelo de simulação considera que a movimentação do estoque

acontece em duas etapas, metade no início e a outra metade no final

do carregamento, simulando o que acontece durante a operação.

Como as monobóias ainda não forma instaladas, as análises dos tempos de

atracação e bombeio segue o estudo realizado para o subsistema Operação em

Tandem, por serem semelhantes. Já para a determinação do volume dos navios da

classe Suezmax, foi analisada a operação na P-54 que apresenta 100% do seu

volume produzido para exportação e tem a operação mais próxima do que irá ocorrer

nas monobóias. Para os navios da classe VLCC foi considerado o volume médio de

Page 83: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

67

200.000 m³. A tabela 21 apresenta a estatística descritiva que foi realizada com o

Excel.

Tabela 21: Média do Volume Escoado na P-54 nos Anos de 2009 e 2010 (mil m³ a temperatura ambiente).

Média 125,92Erro padrão 3,16Mediana 147,34Modo #N/DDesvio padrão 37,93Variância da amostra 1438,38Curtose -0,32Assimetria -1,09Intervalo 136,64Mínimo 22,44Máximo 159,09Soma 18132,80Contagem 144,00Maior(1) 159,09Menor(1) 22,44

4.3. Análise do Sistema Produção

O Sistema Produção não apresenta subsistemas e representa a

movimentação do óleo, da chegada ao terminal até a transferência do óleo para o

navio aliviador, informa os TOP-OFF e os volumes de perdas previsto.

O movimento do óleo no modelo acontece em dois momentos:

Primeiro o modelo gera a chegada do óleo, verificando se existe espaço no

FSO-CIMA: no caso afirmativo, o óleo é enviado ao tanque do FSO-CIMA, no caso

negativo, o óleo é descartado e o modelo informa quanto de óleo foi perdido e por

quantas vezes esse evento ocorreu. Essa é uma das informações mais valiosas, que

é o volume da perda e quantos TOPs o modelo estima em um determinado intervalo

de tempo.

Depois o modelo simula o carregamento do óleo que ocorre no bombeio.

Como o carregamento do óleo acontece em um período aproximado de 24 horas, o

navio pode iniciar o bombeio sabendo que completará a carga com o volume que irá

chegar durante a operação. Assim o modelo carrega o navio em dois momentos, o

primeiro carregamento acontece na chegada com metade do volume previsto e

depois o modelo completa a carga no final do bombeio, completando a carga

programada. Caso o modelo verifique que não existe óleo para completar a

Page 84: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

68

avaliação, o modelo aguarda e faz nova avaliação. A figura 38 representa o

fluxograma do Sistema Produção.

Chegada do Óleo

Envia o óleo para o

Estoque

Sim

Verifica se tem

Espaço Para

Faz a contagem do Volume de Óleo não foi para o Estoque (Perda)

Fim

Faz a contagem do Número de Tops

Fim

Figura 38: Fluxograma Sistema de Produção.

A figura 39 representa estrutura de blocos no Arena para o Sistema

Produção.

OL EOCHEGADA DO

OLEO L IGADAIM ITA CARGA DO

DA PRODUCAOENCERRAM ENTO

TOP1 De c i d e TOPTr ue

False

TOP 2Del ay TOP

PRODUÇÃO

Seiz e TOP Releas e TOP

De c i d e TOP2Tr ue

False

PERDA DE OL EO

ESTOQUE DE ÓLEO

CONTROLE DE TOP

As s i g n PERDAS

TOP6

TOP5

0 0

0

0

00

00

00 0

0

Figura 39: Diagrama de Blocos Sistema de Produção.

Para o desenvolvimento do modelo é preciso conhecer a curva de produção

das unidades que enviarão óleo para o FSO-CIMA. As figuras 40 e 41 são duas

curvas representativas da produção das unidades da Petrobras, e as tabelas 22 e 23

apresentam as respectivas estatísticas descritivas das curvas de produção das

figuras citadas. O período de tempo das curvas é o mesmo (um ano). Na figura 40 a

produção é constante e na figura 41 a produção esta em crescimento devido ao

início de operação de novos poços.

Page 85: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

69

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

1 17 33 49 65 81 97 113 129 145 161 177 193 209 225 241 257 273 289 305 321 337

Dias

Vol

ume

em m

³

Figura 40: Curva de Produção de uma UEP Constante na Bacia de Campos.

Tabela 22: Estatística Descritiva da Curva da Figura 4.4 (m³).

Curva de Produção (m³) Média 20851 Erro padrão 50 Mediana 20899 Modo 20898 Desvio padrão 934 Variância da amostra 872237 Curtose -1 Assimetria 0 Intervalo 3421 Mínimo 19155 Máximo 22576 Soma 7339721

Contagem 352 Maior(1) 22576 Menor(1) 19155

5000

7000

9000

11000

13000

15000

17000

19000

21000

1 15 29 43 57 71 85 99 113 127 141 155 169 183 197 211 225 239 253 267 281 295 309 323

Dias

Vol

ume

em m

³

Figura 41: Curva de Produção de uma UEP em Início de Produção na Bacia de Campos.

Page 86: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

70

Tabela 23: Estatística Descritiva da Curva da Figura 4.5 (m³).

Curva de Produção (m³) Média 14425 Erro padrão 83 Mediana 14544 Modo 11200 Desvio padrão 1527 Variância da amostra 2331591 Curtose 0 Assimetria -1 Intervalo 8083 Mínimo 10458 Máximo 18541 Soma 4846803 Contagem 336

Para a determinação da função probabilística que representa a distribuição

foi utilizado o BestFit, assim os dados foram analisados e mostraram que a função

que melhor representa a amostra é Uniforme (Mínimo, Máximo). O valor mínimo e

máximo são respectivamente 8% para mais e 8% para menos da média.

As expressões que representam a distribuição nas duas curvas apresentadas

nas figuras 40 e 41 são:

1 for a ≤ c ≤bƒ(x) = b-a

0 caso contrário{

Para a Curva da figura 40 a expressão que representa a distribuição é:

1/3421 para 22576 ≤ x ≤ 191550 caso contrário{ƒ(x)

Intervalo: [22576, 19155]

Média: µ = 20851

Variância: σ² = 872237

Para a Curva da figura 41 a expressão que representa a distribuição é:

1/8083 para 18541 ≤ x ≤ 104580 caso contrário{ƒ(x)

Page 87: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

71

Intervalo: [18541, 10458]

Média: µ = 8083

Variância: σ² =2331591

4.4. Construção e Funcionalidade do Simulador

A construção do modelo aconteceu por sistema, cada sistema foi testado e

analisado separadamente, os sistemas e subsistemas se interligam através de

módulos Leave e Enter, depois foi observado o comportamento do modelo de

simulação desenvolvido no estudo.

Vários modelos foram testados e não foram aproveitados na sua plenitude,

esses teste ajudaram a entender o funcionamento do software e a operação no

FSO-CIMA.

O primeiro sistema desenvolvido foi o subsistema Chegada dos Navios, que

representa a chegada e a programação dos navios. O simulador apresenta diversas

funcionalidades.

O subsistema Chegada de Navios apresenta as seguintes funcionalidades:

Através do módulo Create CHEGADA DE NAVIOS o operador pode alterar a

frequência de chegada dos navios adaptando o simulador a frota disponível no

momento, ou determinando qual a quantidade de navios são necessários para o

FSO-CIMA operar sem risco de TOP;

Com o módulo Decide 1, o operador determina as classes dos navios. Nesse

módulo, o operador pode concentrar os navios nas classes DP e assim o simulador

pode ser utilizado para analisar unidades que não podem operar com navios

convencionais. Esse tem sido a principal utilização do simulador na prática. Esse

módulo é utilizado para o operador verificar qual a classe de navios apresenta o

melhor desempenho nas operações no FSO-CIMA e assim fazer o dimensionamento

da frota;

Os subsistemas Operação em Tandem, Operação na MB-1 e Operação na

MB-2, apresentam as mesmas funções.

Page 88: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

72

Através dos módulos Process Atracação o operador ajusta os valores

observados para o tempo de atracação dos navios no FSO-CIMA ou na UEP em

teste. Nos módulos Assign IMITADOR CARREGA ÓLEO, o operador determina qual

o volume a ser carregado. Nesse sentido o operador pode ajustar os volumes até

conseguir o volume ideal para as operações no FSO-CIMA. É nesse módulo que o

simulador faz a retirada no estoque de óleo;

Através do módulo Process TANDEM, o operador insere os dados de

carregamento, conforme o projeto ou conforme os valores observados. Nos módulos

Process MB1(2) VLCC e Process MB1(2) SUEZ, o operador ajusta a disponibilidade

da monobóia.

Depois foi desenvolvido o sistema produção que apresenta as seguintes

funções:

Através do módulo Assign TOP 1, o operador ajusta a tancagem disponível,

essa é uma função que tem sido muito utilizada na prática, pois o operador verifica o

impacto da redução da praça nos casos de interdição nos tanques, como por

exemplo: para fazer as inspeções;

No módulo Assign IMITA CARGA DE ÓLEO, o operador determina qual o

volume de óleo esta chegando ao FSO-CIMA por hora. Com essa função o operador

pode variar o volume e analisar o impacto do aumento ou da diminuição do volume

recebido pelo FSO-CIMA;

Com as funções descritas acima é possível prever as operações futuras e

assim maximizar os custos operacionais. O operador tem condições de determinar o

limite operacional do FSO-CIMA. Alterando os recursos disponíveis do FSO-CIMA,

como a manutenção ou interdição de um dos pontos de operação. O operador do

simulador tem condições de verificar qual o limite de produção que o FSO-CIMA

pode receber, assim como prever as perdas de produção e prever o número de TOP

em um ano. A simulação com a utilização dessa função ajudou a Petrobras no seu

plano de investimento, determinando qual a melhora data para a entrada de

operação das monobóias. Essa solução permitiu uma melhor utilização dos recursos

financeiros.

Page 89: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

73

Caso a monobóia fosse instalada antes do tempo demandaria manutenção,

assim como o atraso na sua locação compromete a continuidade operacional das

UEPs interligadas ao FSO-CIMA.

O macrofluxo do simulador completo é apresentado na figura 42 e estrutura

de blocos no Arena na figura 43.

SISTEMA ALÍVIO SISTEMA PRODUÇÃO

Determina a Classe do Navio

FIM

Chegada dos Navio Chegada do Óleo

Determina a Tancagem Disponível

Determina se o Navio vai Operar

Determina Onde o Navio vai

Operar

Verifica se Existe Espaço para Estocar o

Óleo no FSO-CIMA

Carrega o FSO-CIMA

Conta a Quantidad de

TOPs

Conta o Volume de Perdas

Atracação do Navio

Carrega o Navio

FIM

Figura 42: Macrofluxo do Simulador.

Page 90: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

74

NAVI O SCHEG ADA DE

TANDEM

NAVI O SSAI DA DE

M B1 SUEZ

M B 1ATRACACAO

2AT ACACAO M B

At r ac ac ao 1

M B1O PERACAO

FI LA

M B2O PERACAO

FI LA

Releas e 4

M B 2ATRACACAO

FI LA

Re lease 7

ENTER TANDEM

Leave TANDEM

ENCERRAM ENTOENTER

Leave TANDEM 2

CHEGAD A DOS N AVI OS

OPERAÇÃO EM TANDEM

Leave M B1

ENTER M B1

Leave M B2

ENTER M B2

OPERAÇÃO MB1

OPERAÇÃO MB2

SAÍ DA D OS N AVI OS

Leave M Bs

O LEOCHEG ADA DO

O LEO L I G ADAI M I TA CARG A DO

DA PRO DUCAOENCERRAM ENTO

TO P1 Dec ide TO PT r u e

F a ls e

TO P 2Delay TO P

PRODUÇÃO

Se ize TO P Re lease TO P

De c ide TO P2T r u e

F a ls e

PERDA DE O LEO

ESTOQUE DE ÓLEO

TANDEM _ L I G ACARREG A O LEO

I M I TADO R

_ L I G AO LEO TANDEM 1

CARREG A DEI M I T ADO R

CONTROLE DE TOP

PRO G RAM ACAOENTER

Leave CHEG ADA

CHEGADA DE N AVI OSDec ide AFRAM AX

N Q ( S e iz e T A N D E M . Q u e u e ) . L E . 0 . 5

E ls e

Dec ide DP SUEZM AX

N Q ( S e iz e T A N D E M . Q u e u e ) . L E . 0 . 5

E ls e

Dec ide M B

N Q ( F I L A A T R A C A C A O M B 1 . Q u e u e ) . L E . 0 . 5N Q ( F I L A A T R A C A C A O M B 2 . Q u e u e ) . L E . 0 . 5

E ls e

Repr og r am a Af r am ax

Seize TANDEM

Releas e TANDEM

Dec ide 17T r u e

F a ls e

M B 1ATRACACAO

FI LA

Releas e 10

M B1 VLCC1A VLCC _ L I G A

CARG A O LEO M BI M I TADO R

1A SUEZ _ L I G ACARG A O LEO M B

I M I TADO R

1B VLCC _ L I G ACARG A O LEO M B

I M I TADO R

1B SUEZ _ L I G ACARG A O LEO M B

I M I TADO R

Dec ide 18T r u e

F a ls e

M B2 SUEZ

M B2 VLCC2A VLCC _ L I G A

CARG A O LEO M BI M I TADO R

2A SUEZ _ L I G ACARG A O LEO M B

I M I TADO R

2B VL CC _ L I G ACARG A O LEO M B

I M I T ADO R

2B SUEZ _ L I G ACARG A O LEO M B

I M I T ADO R

SUEZ CO NVREPRO G RAM A

Dec ide REPRO G RAM AT r u e

F a ls e

Delay VLCC

De c ide M B 2

E S T O Q U E > = B A R R I L

E ls e

As s ign M B 2

De lay M B 2 Leave 13

Dec ide M B 1

E S T O Q U E > = B A R R I L

E ls e

De lay M B 1 Leave 14

Dec ide TANDEM

E S T O Q U E > = B A R R I L

E ls e

Delay TANDEM

As s ign M B 1

As s ign TANDEM

As s ign PERDAS

TO P6

TO P5

SUEZM AXDP

SUEZM AX CO V

VLCC CO NV

De c ide 1

4 04 01 2

E ls e

AFRAM AX DP

0

0

0

0

0

0

0

0

00 0

0 0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

31 December, 2009 00:00:00

0

0

0 0

0

0

00 0

0

0

0

0

0 0

0 0

0 0

0

0

0 0

0 0

0

0

0

Figura 43: Diagrama de Blocos do Modelo Completo d e Simulação .

Page 91: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

75

4.5. Verificação do Modelo de Simulação

No primeiro momento foi feito um teste da operacionalidade com a validação

de cada sistema separadamente. Depois foi feito um teste da operacionalidade e

validação do modelo completo. O modelo foi apresentado aos operadores do

FSO-CIMA e aos especialistas em logística da Petrobras em reuniões específicas,

onde foi feito um backstore do modelo, com a apresentação de sugestões e

melhorias. No final foi feito uma validação do modelo.

Uma parte importante da validação é verificar se as distribuições utilizadas no

simulador representam a realidade. No caso o estudo fez uma análise de cada

distribuição separadamente. Essa metodologia levou a uma validação mais

complexa.

Por último foi feito uma comparação do modelo completo com um modelo

matemático desenvolvidos na Petrobras, que indicavam os limites operacionais do

sistema.

A figura 44 apresenta um resumo dos resultados dos testes de validação do

modelo completo, fazendo uma comparação dos resultados encontrados no modelo

desenvolvido no estudo com os resultados observados na operação do FSO-CIMA.

O quadro “A” apresenta uma comparação do número de navios que operam no

FSO-CIMA em um período de um ano para cada nível de produção, usando a

relação da produção média diária recebida no ano em mil m³, com valores

calculados. O quadro “B” faz uma comparação dos tempos médios de bombeio e

amarração observados com valores previstos nos contratos. Em ambos os casos o

período de análise foi de um ano. Foram feitas 200 replicações do modelo e os

resultados apresentados na figura 44.

Produção Diária

(mil m³/dia) Prevista Simulada Erro Realizado Simulada Erro50 154 151 -1,9% 21,81 21,74 -0,3%52 160 162 1,2%54 166 162 -2,6% Realizado Simulada Erro56 172 175 1,5% 5,71 6 4,8%58 178 179 0,3%60 185 185 0,2%62 191 188 -1,5%

Tempo de Bombeio

Tempo de Amarração

Quadro "A"

Quadro "B"

Quadro Comparativo

Número de Operações

Figura 44: Quadro Comparativo dos Valores Previstos ou Realizados com os Simulados.

Page 92: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

76

5. Capítulo V – Análise dos Cenários e Resultados

5.1. Considerações iniciais

Até a década de 1990, o Brasil importava a tecnologia para a exploração

dessa riqueza. Porém os estudos geológicos indicavam que o petróleo estava mais

distante em profundidades acima de 500 m de lâmina d’água e a Petrobras foi

obrigada a desenvolver novas tecnologias. Depois os estudos geológicos indicaram

que havia mais petróleo, dessa vez a 1.000 m de lâmina d’água. Mais uma vez a

Petrobras desenvolveu novas tecnologias. Por último os estudos indicaram que

havia mais petróleo, agora as lâminas d’água estavam acima de 1.500 m. Dessa vez

a Petrobras resolveu desenvolver tecnologia para lâminas d’águas de até 3.000 m.

O desafio da produção foi superado e a tecnologia para a produção de

petróleo foi desenvolvida. Faltando, agora, garantir que essa produção chegue ao

destino final, às refinarias, para ser processado e transformado nos derivados que

serão utilizados pelo homem. A logística de retirada do petróleo não vem avançando

com a mesma velocidade. A perda de produção de uma das novas UEPs pode

representar o equivalente a toda produção de uma unidade de produção como a

UO-BA.

Assim o estudo tem a finalidade de ajudar na construção da tecnologia que

será utilizada para garantir a continuidade operacional das novas UEPs.

5.2. Apresentação e Análise dos Resultados

Durante o desenvolvimento do estudo aconteceu o afundamento de uma das

monobóias, a MB-1. Esse fato levou a uma série de correções no projeto com

alteração nas análises. O modelo foi de grande ajuda nas tomas de decisões pois

apresenta resultados precisos e rápidos.

O estudo tinha como base a utilização do PDET como ponto de transbordo

de óleo. O petróleo produzido em UEP/SMS e que tem como destino a exportação,

precisam se transbordados de navios DP para navios convencionais. Os pontos de

transbordo em Angra dos Reis e São Sebastião se encontravam saturados e a

produção dos campos que escoam pelo FSO-CIMA indicavam que demorariam a

atingir a capacidade de escoamento do FSO-CIMA.

Page 93: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

77

Com o afundamento da Monobóia MB-1, todo o planejamento teve que ser

refeito. O petróleo que deveria ser exportado passou a ser consumido no país. Foi

desenvolvido o transbordo por operação de ship-to-ship. Os terminais de Angra dos

Reis e de São Sebastião receberam investimentos para melhorar as operações.

Com o novo cenário o estudo passou a ter um novo motivo. Indicar quais os

investimentos necessários para garantir a produção. Os oleodutos que interligam o

FSO-CIMA foram re-arranjados, novas interligações foram feitas e novos cenários

surgiram.

Nesse novo contexto, o modelo de simulação foi fundamental para

determinar o melhor tempo para a implantação dos equipamentos e para o

planejamento do escoamento de todo o PDET.

O estudo teve que passar da barreira do FSO-CIMA e englobar as outras

unidades que integram o PDET.

Utilizando-se de uma versão simplificada do simulador foram feitas

simulações na P-38. Os subsistemas Operação na MB-1 e Operação na MB-2 foram

anulados. O subsistema Chegada de Navios foi programado de modo a representar

as operações na P-38, com a limitação dos navios de classes até Suezmax, DP e

convencionais, respeitando a proporções históricas. O subsistema Operação em

Tandem foi calibrado com as vazões históricas da P-38 e o sistema Produção foi

calibrado com os valores da capacidade de armazenamento da P-38.

Para a determinação da curva que melhor representa os tempos de

atracação e tempo de bombeio foi utilizado o Excel e o BestFit, que analisou as

operações ocorridas na P-38 nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010 e as curvas de

produção da P-40, da P-51 e da P-56 que utilizam a P-38 para armazenar e escoar

as correntes que produzem. Foi considerada a redução de vazão em função da

viscosidade da P-56.

O limite de perdas foi definido pela Petrobras, que estabeleceu como

aceitável perdas de até 2 dias por ano. O limite foi baseado no investimento

necessário para eliminar a perda versus o valor financeiro que a perda representa,

através de um EVTE que não fez parte do escopo de estudo.

Page 94: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

78

Assim, foi determinado que o modelo de simulação analisasse cenários com

a previsão de recebimento da produção das unidades que escoam pela P-38. Como

resultado o modelo indicou que a P-38 tem capacidade de aliviar até 34.000 m³/dia

de produção com pequenas intervenções e ajustes na programação. A figura 45

apresenta um resumo do resultado dos testes.

30 1,80 28,3634 4,64 61,9440 10,00 53,04

TOP (dias)

PERDAS (mil m³)

PRODUÇÃO(mil m³/dia)

Figura 45: Limite Operacional da P-38.

O segundo passo foi determinar qual o limite de operação no FSO-CIMA sem

a instalação das monobóias. Para a realização do estudo foi utilizado o levantamento

das operações no FSO-CIMA entre os anos de 2008 e 2010. Os subsistemas

Operação na MB-1 o Operação na MB-2 foi anulado. O subsistema Chegada de

Navios foi calibrado com os dados históricos das operações no FSO-CIMA. A figura

46 apresenta o resultado das simulações.

40 0,70 6,6843 0,94 11,3044 1,92 30,1645 2,06 31,3846 2,89 40,7247 4,08 62,7248 4,28 51,6050 4,50 56,98

PRODUÇÃO(mil m³)

TOP (nº de

eventos)

PERDAS (mil m³)

Figura 46: Limite Operacional do FSO-CIMA Sem as Mon obóias.

Os testes indicaram que o limite de operação considerada segura no

FSO-CIMA sem a necessidade de utilização das monobóias e com um risco

aceitável de perda de produção é de 44.000 m³/dia. Esse limite foi determinado pela

gerência da Petrobras e faz parte da política interna, não fazendo parte do escopo

do estudo. Neste contexto a Petrobras ajustou as intervenções na monobóia para

que pelo menos uma das monobóias esteja operacional quando o FSO-CIMA

receber uma produção maior que 44.000m³/dia. No entanto foi observado que a

Page 95: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

79

produção atingiria esse nível antes da instalação da primeira monobóia. Essa

informação foi vital para a política de investimentos da empresa.

Assim novas alternativas foram estudadas, entre elas o envio da produção

total da P-51 para o FSO P-38. O modelo de simulação do estudo fez novos testes

para verificar se a P-38 teria condições de absorve a produção total da P-51,

equivalente ao volume recebido pelo FPSO-MLS e que evita o TOP no FSO-CIMA.

Os testes indicaram que a P-38 não teria condições de absorver toda essa produção

que engloba ainda a produção total da P-40 e da P-56, pois esse volume

ultrapassaria o limite de 34.000 m³ por dia, indicado na figura 45.

No planejamento de escoamento, a produção da P-56 tem o seu escoamento

total pela P-38, que já recebe óleo produzido pela P-40. O óleo produzido na P-56 é

mais pesado e mais viscoso esse fato eleva o tempo de bombeio em mais 35 %. O

óleo da P-51 tem a possibilidade de ser escoado pelo FSO-CIMA e pelo FPSO-MLS.

A Petrobras optou, então, por investir no sistema de offloading da P-38 para

absorver a produção da P-51. Porém novamente o estudo indicou que apenas os

investimentos no sistema de offloading não seriam suficientes para garantir a

continuidade operacional da P-38.

Um fato importante, é que por ser um óleo mais viscoso, o retorno do

bombeio do óleo da P-56 para a P-38, no caso de ser interrompido, é uma operação

difícil e cara. Nesse cenário a Petrobras optou por renovar o contrato de locação do

PFSO-MLS que teria a sua produção transferida para a P-51 e para a P-40. Nesse

cenário a produção da P-51, que passaria a ser pelo FSO-CIMA e pela P-38,

continuou a ser escoado pelo FPSO-MLS, alem da produção própria do FPSO-MLS.

Uma questão importante foi determinar por quanto tempo deveria ser prorrogada a

locação do FPSO-MLS. Nesse sentido o resultado das simulações foi essencial na

determinação do tempo em que o FPSO-MLS poderia ser retirado de operação sem

apresentar riscos a continuidade operacional da P-51, da P-40, da P-52, da P-53 e

da P-56, que estão interligadas ao FSO-CIMA e a P-38.

Assim o estudo se voltou para determinar qual a data para o início da

operação da primeira monobóia.

Foi apresentado, pela engenharia da Petrobras um plano de investimentos e

de instalação da monobóia. Esse plano mostrava que a monobóia poderia ter três

níveis diferentes de disponibilidade e era necessário determinar quais investimentos

Page 96: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

80

a Petrobras deveria executar. Nesse contexto o simulador foi calibrado para gerar os

cenários desejados, com ajustes na indisponibilidade de uma das monobóias e com

os valores de produção. O cenário foi ajustado com a operação de apenas uma

monobóia. O simulador indicou o número de TOPs e as perdas em cada nível de

indisponibilidade em função do volume recebido. A figura 47 apresenta o resultado

das simulações. Na primeira coluna temos o volume de óleo recebido pelo

FSO-CIMA em m³ por dia, ou seja, quanto o FSO-CIMA irá receber de óleo de todas

as correntes em um dia. Nas outras colunas é apresentado, em dias de perda de

produção por ano, o resultado com níveis diferentes de disponibilidade da monobóia.

Com aumento da capacidade me mais 20% de disponibilidade o modelo não indicou

perdas de produção, porém, devido ao tempo necessário para a construção de uma

nova monobóia ser de dois anos, essa opção foi descartada.

60% 70% 90%TOP

(dias/ano)TOP

(dias/ano)TOP

(dias/ano)50 3,60 1,90 1,9051 3,64 2,77 1,8052 3,62 3,02 2,7653 3,50 3,60 3,2054 3,60 4,25 2,7055 4,20 3,35 4,2356 4,60 5,80 3,3557 5,80 5,70 4,8058 5,36 5,90 4,9959 6,99 6,01 6,1160 8,97 7,75 5,4061 9,18 9,98 6,2762 11,00 9,42 7,3363 13,80 9,59 8,45

PRODUÇÃO(mil m³/dia)

Figura 47: Comparativa de Indisponibilidade nas Op erações do FSO-CIMA com uma Monobóia.

Com os resultados apresentados, uma nova questão surgiu. O melhor

investimento é mesmo na instalação da monobóia? Em que momento o FSO-CIMA

irá receber esses volumes?

Para facilitar o estudo desenvolveu uma planilha em Excel (figura 48), para

determinar quanto de óleo será enviado para o FSO-CIMA em cada momento.

Com a planilha o operador informa quanto de óleo deseja enviar para cada

ponto de escoamento possível. Caso ocorra qualquer limitação técnica de volume, o

mesmo indica onde e quanto é a limitação.

Page 97: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

81

Figura 48: Planilha Desenvolvida para Auxiliar na D eterminação do Volume Escoado por Ponto.

Utilizando a planilha apresentada na figura 48, foram criados três diferentes

cenários que apresentam a relação da média de produção (mil m³/dia) X tempo

(ano): No Cenário 1 produção foi direcionada para ser para ser escoada pelo

FSO-CIMA; No Cenário 2 a produção foi divida em função de questões operacionais

afim de se evitar o TOP-OFF na P-38 e no FSO-CIMA e no Cenário 3 a produção foi

direcionado para a P-38.

Nos três cenários a curva azul representa o volume escoado pelo FSO-CIMA,

na curva verde o volume escoado pela P-38. A reta vermelha indica o limite

operacional da P-38, já considerando a viscosidade da P-56. A reta laranja indica o

limite operacional no FSO-CIMA operando sem as monobóias e a reta amarela

indica o limite operacional do FSO-CIMA com uma monobóia.

No cenário 1 (figura 49), que representa a produção direcionada para o

FSO-CIMA, o cenário não prevê perda para a P-38, podendo ser evitada com ajustes

na programação e no dimensionamento da frota de navios. Porém o FSO-CIMA

apresenta perdas se operando sem as monobóias e apresenta mais perda a partir de

março de 2012 quando operando com apenas uma monobóia. Assim com a

utilização desse cenário, a primeira monobóia deve ser instalada imediatamente e a

segunda até março de 2012. Uma questão importante é que a falta da segunda

Page 98: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

82

monobóia somada a parada da outra monobóia apresenta um risco de perdas

elevado, pois será a soma das perdas das duas monobóias.

As figuras 49, 50 e 51 apresentam os resultados dos Cenários.

0

10

20

30

40

50

60

70

*Hoj

e

*A

GO

/201

1

*NO

V/2

011

*MA

R/2

012

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

mil

m³/

dia

PRA-1 P-38

Figura 49: Cenário 1.

Limite operacional da P-38Limite operacional do FSO-CIMA sem monobóiaLimite operacional do FSO-CIMA com uma monobóia

No cenário 2 (figura 50), com a produção dividida entre as duas monobóias, o

modelo de simulação indica que primeira monobóia deve ser instalada até março de

2011 devendo funcionar até 2015. Já a segunda monobóia deve estar operacional

entre maio de 2012 e 2014. A entrada das monobóias deve ser em um intervalo de

tempo curto, de apenas dois meses. Esse fato é importante e de difícil de ser

executado, assim a primeira monobóia deve ser antecipada em seis meses. As

perdas na P-38 só são prevista em 2014 e por alguns meses.

Limite operacional do FSO-CIMA com uma monobóia

Limite operacional do FSO-CIMA sem as duas monobóia

Limite operacional da P-38

Page 99: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

83

0

10

20

30

40

50

60

*Hoj

e

*A

GO

/201

1

*NO

V/2

011

*MA

R/2

012

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

mil

m³/

dia

PRA-1 P-38

Figura 50: Cenário 2.

Limite operacional da P-38Limite operacional do FSO-CIMA sem monobóiaLimite operacional do FSO-CIMA com uma monobóia

No cenário 3 (figura 51), a curva de recebimento de óleo na P-38 fica maior

que no FSO-CIMA. Esse é um fato que não irá acontecer, sendo esse um cenário

impossível. A capacidade de armazenamento e bombeio no FSO-CIMA é maior que

na P-38.

0102030405060

*Hoj

e

*A

GO

/201

1

*NO

V/2

011

*MA

R/2

012

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

PRA-1 P-38

Figura 51: Cenário 3.

Limite operacional do FSO-CIMA com uma monobóia

Limite operacional do FSO-CIMA com uma monobóia

Limite operacional da P-38

Limite operacional da P-38

Limite operacional do FSO-CIMA com as duas monobóia

Limite operacional do FSO-CIMA sem as duas monobóia

Page 100: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

84

Com os resultados acima foi possível determinar onde e em que tempo os

investimentos deverão ser aplicados para garantir a continuidade operacional das

UEPs que compões o PDET.

O Modelo indicou que o cenário dois é aquele que apresenta menor risco de

perda de produção e que a 1º monobóia deverá ser instalada no final de 2011 e a 2º

até maio de 2012. O modelo indicou, também que o fluxo de envio de óleo para o

FSO-CIMA e para a P-38 não será constante e sim variável, em função do momento

e que o equilíbrio irá depender da realização das previsões de produção das

unidades que abastecerão o FSO-CIMA e a P-38.

Page 101: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

85

6. Capítulo VI – Conclusão e Aplicação

O terminal oceânico Cidade de Macaé está instalado na Bacia de Campos e

é composto por uma plataforma fixa, a PRA-1, um FSO, o FSO-CIMA e duas

monobóias. Sendo construído para escoar parte da produção dos Campos de

Roncador, Marlim Sul e Marlim Leste. E em 2010 o terminal escoou uma média de

200.000 barris por dia. Alem de fazer transbordo de óleo de navios DP para navios

convencionais maximizando as operações de exportação.

A plataforma PRA-1 recebe o óleo por dutos e o envia para ser armazenada

no FSO-CIMA. PRA-1 também é utilizada para prover o FSO-CIMA e as monobóias

das facilidades de energia elétrica, telecomunicações, ar industrial e sistema de

controle operacional. PRA-1 foi projetada para disponibilizar acomodações para as

equipes de apoio administrativo e fiscal.

O FSO-CIMA tem a capacidade armazenar 400.000 m³ de óleo, podendo

receber da PRA-1 ou por navios DP em operações de in-loading. O escoamento da

produção pode ser por tandem ou pelas monobóias.

As maiores reservas de petróleo do Brasil se encontram no mar, a distâncias

que variam entre 100 e 300 km da costa o que inviabiliza a construção de dutos e

determinando que o transporte da produção se faça pelo modal marítimo com a

utilização de navios DP. Como o país não apresenta demanda para o total da

produção, grande parte da produção se destinará a mercado externo.

O transporte do petróleo das plataformas de produção para o mercado

externo com navios DP não se justifica pelo custo dos navios, sendo então

necessário transbordar a produção para navios convencionais em terminais

marítimos ou oceânicos. Os terminais marítimos de petróleo são muitos e já tem as

suas operações conhecidas e analisadas, o que não ocorre com os terminais

oceânicos que operam com navios tanques. Assim o estudo desenvolveu um

simulador capaz de analisar as operações em terminais oceânicos para operações

com navios tanques convencionais e DP.

Conhecer a operação em um terminal oceânico é fundamental para o melhor

aproveitamento dos recursos e evitar a parada de produção pelas UEPs e é nesse

contexto que o trabalho apresenta a sua importância, pois o mesmo simula e analisa

todas as operações possíveis em um terminal oceânico que são: operações com

Page 102: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

86

navios convencionais e DP em monobóias e operações com navios DP em tandem

para offloading e de in-loading. Tornando-se uma ferramenta importante no

dimensionamento da frota, no auxilio na programação de navios e nas análises de

investimentos. O modelo de simulação desenvolvido no trabalho representa e

analisa as operações no FSO-CIMA e pode ser utilizado para analisar a

operacionalidade e a capacidade de armazenamento de qualquer unidade de

produção instalada no mar, da Petrobras ou de qualquer outra empresa, assim como

ser utilizado para análise de operações em terminais oceânicos que operam outras

tipos de produto. Determinando o limite de produção da unidade e a sua capacidade

de estocagem, assim como o melhor momento para as intervenções e os

investimentos.

A construção do modelo de simulaçãor exigiu uma análise profunda das

operações com navios em plataforma de produção de petróleo, conhecimento dos

padrões operacionais para analisar as falhas e os tempos de operação no

FSO-CIMA e nas outras plataformas que operam com navios DP e convencionais. A

tabela 24 apresenta os testes realizados com o simulador utilizados pelo Petrobras.

Page 103: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

87

Tabela 24: Resumo dos Testes Realizados.

TESTE OBJETIVO RESULTADO

Teste de capacidade total de recebimento do FSO-CIMA

Verificar se o FSO-CIMA tem condições de receber a produção das UEPs interligadas ao FSO.

O FSO-CIMA tem condições de receber a produção total com risco de perdas considerado aceitável.

Limite operacional do FSO-CIMA sem as monobóias

Determinar o limite de recebimento de óleo pelo FSO-CIMA sem as monobóias.

44.000 m³/dia

Limite operacional do FSO-CIMA com uma monobóia

Determinar o limite de recebimento de óleo pelo FSO-CIMA com uma das monobóias operacional.

55.000 m³/dia

Limite operacional da P-38 Determinar o limite operacional da P-38.

34.000m³/dia

Cenário 1 Determinar a melhor data para a instalação das MBs.

MB-1: Imediatamente

MB-2: Até março de 2012

Cenário 2 Determinar a melhor data para a instalação das MBs.

MB-1: Até março de 2012

MB-2: Até maio de 2012

Cenário 3 Determinar a melhor data para a instalação das MBs.

Esse cenário foi considerado improvável, pois a maior produção iria para a plataforma com menor capacidade (P-38).

A utilização de um modelo de simulação se mostrou eficaz quando é

necessária uma resposta rápida, como no caso do afundamento da monobóia, onde

a Petrobras precisava decidir com rapidez qual o melhor caminho. A utilização de um

simulador com o apoio do Arena permite ao operador ter uma visão completa da

operação podendo criar cenários que representam diversas situações operacionais

reais. O modelo de simulação desenvolvido no estudo tem sido utilizado pelos

técnicos da Petrobras para analisar as operações de diversos sistemas de produção

nas costa brasileira e tem facilitado as decisões de investimento e de intervenções

nas UEPs da Petrobrás.

Assim com base nos estudos apresentados, concluímos que o modelo de

simulação desenvolvido no estudo representa as operações no FSO-CIMA podendo

ser utilizado como base de estudos para a implantação de melhorias operacionais no

FSO-CIMA e com pequenas alterações, para qualquer plataforma que opera na

costa brasileira.

Page 104: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

88

6.1. Sugestão de Novos Trabalhos e Oportunidades.

A fim de aprimorarmos os estudos propõe-se agora:

•••• Acompanhamento das operações futuras, principalmente depois da

instalação das monobóias, verificando se o modelo representa essas

operações;

•••• Criação de modelos de simulação para todas as unidades

operacionais instaladas na bacia de campos, com ênfase na variação

de tancagem, servindo de base para a programação de intervenções

nos tanques;

•••• Integração com outros modelos de simulação, como os modelos

desenvolvido para operações em terminais terrestres e operações de

ship-to ship;

•••• Que o estudo possa ser aproveitado para o desenvolvimento de

novos terminais oceânicos visando outros tipos de carga.

Page 105: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

89

Referências Bibliográficas

ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustível.

Disponível em <http://www.anp.gov.br/>. Acesso em: 09 de março de 2011

Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natura e Bicombustível - 2010. Rio de

Janeiro, ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustível.

ARAGÃO, A. P. Estimativa da Contribuição do Setor Petróleo ao Produto Interno

Bruto Brasileiro: 1955/2004, MSc. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2005.

AZEVEDO, José Sérgio Gabrielli, “Cenário da Economia Brasileira e Mundial em

2011, O Setor de Energia”. In Firjan, Rio de Janeiro, fev 2011,

BACOCCOLI, Giuseppe, Crônica de um Pesquisador Visitante, Consolidação da

indústria do petróleo no Brasil. 1ed. Rio de Janeiro, 2008.

BALADEZ, Fábio, “O passado, o presente e o futuro dos simuladores”, Curso de

Análise de sistemas e Tecnologia da Informação da FATBC- São Caetano do Sul,

2009.

BALLOU, Ronald, Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarias.

5 ed. Porto Alegre, Bookman, 2006.

BANKS, Jerry, Carrson II, John, Nelson, Barry L., Discrete-Event System Simulation,

15 ed. New Jersey, Pertence Hall, 1996.

Click Macaé. Disponível em:

<http://www.clickmacae.com.br/?sec=361&pag=pagina&cod=290 >. Acesso em

28/3/11

CHRISTIANSEN, M., Fagerholt, K., Nygreen,B. “Maritime Trasportation”. In

Handbook in OR & MS, chapter 4, Elsevier B.V., pp. 189-280, 2007.

CURRAN, T. A., Ladd, A. SAP/R3 Business Blueprint: Understanding Enterprise

Supply Chain Management. 2 ed. New Jersey, Pertence Hall, 2000.

DARZENTAS, J. Spyrou, “Ferry traffic in the Aegean Islands: A Simulation Study”. In

Journal of the Operation Research Society, v 47, pp 203-216.

Page 106: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

90

EYSENCK, Michael W.: "Cognitive Psychology: A Student's Handbook". In

Psychology Press, pp. 15-16, 1990.

FAGERHOLT, K., Christiansen, M. A., “Combined ship scheduling and allocation

problem”. In Journal of Operation Research, v.51(7), p 834-842, 2000.

FERNANDES, Alexandre Marcelo, Alocação de Custos de Transporte de Cargas e

Passageiros na Indústria de Exploração e Produção de Petróleo, MSc. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

FREITAS, P. J. F., Introdução a Modelagem e Simulação de Sistema: com aplicação

em Arena, 2ed, Florianópolis: Visual Books LTDA, 2008.

KELTON, W. David, Sadowski, Randal, Sturrock, David, Simulation with Arena, 4 ed.

New York, MC Graw-Hill, 2007.

LEITE, PLC. “Modulo de Controle Automático de Pitch e do Azimuth Thrusters

Utilizados em Sistemas de Posicionamento Dinâmico”. In Petroleum and Chemical

Industry Conference, Rio de Janeiro, 2008.

Manutenção & Suprimento. Disponível em: <

http://www.google.com.br/search?q=fpso&hl=pt-BR&rls=com.microsoft:pt-BR:IE-

EearchBox&rlz=1I7ADRA_en&tbm=isch&prmd=ivns&ei=nqPGTcMXhM3QAc22qbwP

&sa=N&start=20&ndsp=20&biw=1259&bih=63108>. Acesso em 08 de maio de 2011.

COOPER, Martha C. Cooper, Daniel E. Innis, and Peter R. Dickson, “Strategic

Planning for Logistics”. In Council of Logistics Management, pp.4-5, 1992.

Modec. Disponível em <http://www.modec.com/fps/fpso_fso/projects/pra.html>. Acesso em 29/04/2011.

NASCIMENTO, Eduardo D., Estudo Paramétrico para Modelos e Simulação

Computacional de Reservatório Carbonáticos em Sub-Sal, MSc. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, RJ, 2010.

NOVAC, j., Gowin, D. B., “Learning how to Learning”, Cambridge, Ma. In Cambridge

Univesity Press, 1988.

NETO, José Benedito Ortiz, “O Processo de Aprendizado Tecnológico na Trajetória

do Sistema de Produção Flutuante Empreendido pela Petrobras em seu Programa

Page 107: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

91

de Capacitação Tecnológica em Águas Profundas – PROCAP’. In Departamento de

Pós Graduação da Universidade Federal do Paraná, 2006.

OGBORN, J., “Modeling with the computer at all ages”. In Publicação interna do

Institute of Education University of London, 1992.

ONO, Ricardo Terumichi, Modelagem Sistêmica e Planejamento Logístico da Cadeia

de Suprimento de Petróleo. D.sc. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,

São Paulo, SP, Brasil, 2007.

PATRÍCIO, Marcelo, Análise de Regras de Atracação de Navios em Terminais de

Contêineres, MSc. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil, 2005.

PEIXOTO, Domingos, “Contra poluição: Minc diz que transatlânticos serão limitados

na Baía de Ilha Grande”. In Jornal O Globo - Agência O Globo, Rio de Janeiro, 15 de

setembro de 2011, p. 20

PRADO, Darci Santos do, Usando o Arena em Simulações, Belo Horizonte, MG, ED.

Desenvolvimento Gerencial, 2004

SAMPAIO, Fábio Ferretini, “A modelagem dinâmica computacional no processo de

ensino-aprendizagem: algumas questões para reflexão”. In Núcleo de Computação

Eletrônica, NCE/UFRJ, 2009

SARACENI, Pedro Paulo, Transporte Marítimo de Petróleo e Derivados, 1ed, Rio de

Janeiro, Ed. Interciência, 2006.

SHYSHOU Aliaksandr, Gribkovskaia Irina, Barceló Jaume, “A Simulation study of the

fleet sizing problem arising in offshore anchor handling operations”. In European

Journal of Operation Research, n 203, pp 230-240.

SILVA, Clarice Trevisani, Simulação de Processos Industriais como Ferramenta de

Apoio à Gestão de Estaleiros. MSc. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, RJ, 2010.

SIMCHI-LEVI, D., Kaminsky, P. & Simchi-Levi, E., Cadeia de Suprimentos: Projeto e

Gestão. Ed. Bookman, 2003.

Page 108: SIMULAÇÃO DE OPERAÇÕES COM NAVIOS TANQUES EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/MauroPinheiroConde.pdf · ii simulaÇÃo de operaÇÕes com navios tanques em terminal oceÂnico

92

SOUZA, Henderson Lucena, “Escoamento do Petróleo Através de Navios Aliviadores

com Posicionamento Dinâmico no Brasil”. In Centro de Instrução Almirante Braz

Aguiar – Marinha do Brasil”. Belém, PA, 2010.

TN Petróleo. Disponível em:

< http://www.tnpetroleo.com.br/images/fpso_p50_sda.jpg >. Acesso em 08 de maio

de 2011

VELDMAN, Hans E., Largers, George H.G., 50 Years Offshore, Califórnia, Ed

Pennwell Books, 1997.

VIEIRA, Daniel Seda, Estudo Operacional do Terminal de Contêineres de Vila Velha – ES, Utilizando Simulação e Recursos de Otimização. MSc. Universidade Federal do Espírito Santo, Vila Velha, ES, 2005.

Wikipédia. Disponível em:

< http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Historico_petroleo.jpg >. Acesso em 28/02/2011