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1 SIMBOLISMOS DO RITO ADONHIRAMITA IrMarcos José Santos da Silva Orde Niterói -RJ INTRODUÇÃO Na ritualística Adonhiramita encontramos vários simbolismos que, aparentemente, têm pouco significado para alguns Obreiros do Rito, ou mesmo nenhum significado para os Maçons praticantes de outros Ritos, devido ao escasso conhecimento destes, dos grandes ensinamentos contidos nos mesmos, mas que são de muita importância a sua compreensão, por se destinarem a aprimorar o nosso interior e nos levar a um real entendimento dos objetivos dos trabalhos maçônicos. Analisaremos alguns destes simbolismos, no que se refere à apresentação exterior, sempre preservando ou salvaguardando os mistérios contidos em nossas Iniciações Simbólicas, as quais estamos impedidos de comentar por estarem sob juramentos. Iniciaremos traçando alguns comentários sobre o simbolismo do traje Adonhiramita. O traje do Rito, como o de todos os Maçons, é o terno preto liso, cinto, sapato e meia pretos e camisa, gravata e luva brancas. Os itens que destacam os Maçons Adonhiramitas são as luvas e as gravatas brancas, sendo estas do tipo corrida nas Sessões Ordinárias, e tipo borboleta nas Sessões Magnas, obrigatórias para todos os Obreiros, os Aventais, o Chapéu e a Faixa com a sua respectiva Jóia designativa da sua qualidade, usadas pelos Mestres Maçons, quando sem cargo em Loja ou em visita a outras Lojas. Os Mestres com Cargo em Loja, devem substituir a Faixa pelo Colar Azul-Celeste trazendo a Jóia designativa do seu cargo, conforme o estabelecido no Ritual do Grau 1-Adonhiramita, que também relembra que o Balandrau só é permitido ser usado ritualisticamente, pelo Irmão encarregado da recepção dos Candidatos nas Sessões Magnas de Iniciação, não devendo ser usado nas demais reuniões. AS LUVAS BRANCAS A representação simbólica do uso das Luvas Brancas está contida nas palavras do Mestre-de-Cerimônias ao fazer o convite para os Obreiros ingressarem no Templo para o início dos trabalhos, quando diz: "Se desde a Meia-Noite, quando se encerraram nossos últimos

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SIMBOLISMOS DO RITO ADONHIRAMITA

Ir∴Marcos José Santos da Silva Or∴ de Niterói -RJ

INTRODUÇÃO

Na ritualística Adonhiramita encontramos vários simbolismos que, aparentemente, têm pouco significado para alguns Obreiros do Rito, ou mesmo nenhum significado para os Maçons praticantes de outros Ritos, devido ao escasso conhecimento destes, dos grandes ensinamentos contidos nos mesmos, mas que são de muita importância a sua compreensão, por se destinarem a aprimorar o nosso interior e nos levar a um real entendimento dos objetivos dos trabalhos maçônicos. Analisaremos alguns destes simbolismos, no que se refere à apresentação exterior, sempre preservando ou salvaguardando os mistérios contidos em nossas Iniciações Simbólicas, as quais estamos impedidos de comentar por estarem sob juramentos. Iniciaremos traçando alguns comentários sobre o simbolismo do traje Adonhiramita. O traje do Rito, como o de todos os Maçons, é o terno preto liso, cinto, sapato e meia pretos e camisa, gravata e luva brancas. Os itens que destacam os Maçons Adonhiramitas são as luvas e as gravatas brancas, sendo estas do tipo corrida nas Sessões Ordinárias, e tipo borboleta nas Sessões Magnas, obrigatórias para todos os Obreiros, os Aventais, o Chapéu e a Faixa com a sua respectiva Jóia designativa da sua qualidade, usadas pelos Mestres Maçons, quando sem cargo em Loja ou em visita a outras Lojas. Os Mestres com Cargo em Loja, devem substituir a Faixa pelo Colar Azul-Celeste trazendo a Jóia designativa do seu cargo, conforme o estabelecido no Ritual do Grau 1-Adonhiramita, que também relembra que o Balandrau só é permitido ser usado ritualisticamente, pelo Irmão encarregado da recepção dos Candidatos nas Sessões Magnas de Iniciação, não devendo ser usado nas demais reuniões.

AS LUVAS BRANCAS

A representação simbólica do uso das Luvas Brancas está contida nas palavras do Mestre-de-Cerimônias ao fazer o convite para os Obreiros ingressarem no Templo para o início dos trabalhos, quando diz: "Se desde a Meia-Noite, quando se encerraram nossos últimos

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trabalhos, conservastes as mãos limpas, calçai as vossas luvas". Esta sentença nos remete ao ato praticado pelos Mestres Eleitos na lenda da construção do Templo de Salomão, quando os mesmos calçaram luvas de pele brancas, para demonstrar que suas mãos estavam limpas e puras, ou que eram inocentes do fato ocor- rido na lenda. Esta simbologia também é apresentada nas Cerimônias de Iniciação, quando é feita a entrega das Luvas Brancas aos novos Neófitos, e Ihes é dito para nun- ca manchar a sua brilhante alvura nas águas lodosas do vício, por elas representarem a candura que deve reinar na alma do homem de bem e a pureza de nossas ações.

AS GRAVATAS BRANCAS

A representação simbólica, do uso das gravatas brancas, também nos reporta à lenda da construção do Templo de Salomão, quando do súbito desaparecimento do Mestre Arquiteto, quando o Adonhiramita não apresenta o sentimento exterior de luto, mas sim a nossa alegria e júbilo ao recebermos o novo Mestre Maçom, quando este se levanta do túmulo simbólico e aclamamos Vivat, Vivat, Vivat, (pronuncia-se vivá) acreditando-se que este novo Mestre Simbólico recebe verdadeiramente o Espírito Maçônico, espírito de tolerância e amor fraterno, tornando aquela situação triste em situação festiva, estan- do, portanto, o uso da gravata branca, simbolicamente, associado a um ato de alegria pela presença da Luz na vida maçônica do novo Mestre Iniciado.

OS AVENTAIS

Os Aventais Adonhiramitas usados nos Graus Simbólicos são, como os de todos os Maçons, as peças essenciais da vestimenta maçônica, porque só com eles o Maçom estará convenientemente vestido para participar das Sessões Ritualísticas. Os nossos Aventais modernos originaram-se dos Aventais usados nos Rituais do antigo Egito e foram se modificando ao longo dos anos, até chegarem à forma atual. Todos os Aventais Adonhiramitas são, simbolicamente, de pele branca, como símbolo de pureza. O Avental do Aprendiz todo branco, simbolizando a sua inocência, é usado com a abeta levantada, de maneira que forme uma figura de cinco pontas, ou seja, um triângulo sobre um quadrado, significando que nesta etapa a matéria deve ser trabalhada ou lapidada. O Companheiro Adonhiramita usa um Avental Branco debruado de azul-celeste, que indica que nesta etapa o azul do céu começa a tingir a brancura do mesmo para que a sua inocência comece a ser substituída, até certo ponto, pelo conhecimento. A abeta é rebaixada, simbolizando que o espírito está atuando na matéria, e apresenta a estrela rutilante, símbolo do homem quíntuplo, também na cor azul-celeste bordada na mesma. O Companheiro Adonhiramita usa também nos trabalhos, um Colar estreito branco, com contorno externo debruado de azul-celeste, portando uma estrela rutilante prateada como Jóia. O Avental do Mestre Maçom Adonhiramita também é branco orlado com debrum azul, apresenta um olho cercado de resplendor bordado na abeta dentro de um triângulo eqüilátero e no corpo do Avental apresenta um Compasso sobreposto a um

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Esquadro com·a letra "G" no centro, e ramos de Acácia servindo de or- nato, tudo isto simbolizando a imortalidade da alma do Mestre e que o espírito está predominando sobre a matéria.

O CHAPÉU

O uso do Chapéu na Maçonaria é bem antigo; estes, conforme nos narra a história, surgiram para substituir as antigas carapuças usadas na Idade Média. Os Chapéus foram primeiro usados pelos egípcios na Antigüidade e posteriormente pelos gregos que usavam um chapéu de palha de fundo pontudo que era denominado de "THOLIA", e só se tem conhecimento do seu uso na Europa após o século XVII. Na Maçonaria, o Chapéu passou a ser usado a partir do século XVIII como símbolo hierárquico e esotérico. Naquela época, em Lojas de Aprendiz e Companheiro, só o Venerável tinha o privilégio de usar o Chapéu dentro da Oficina. Este procedimento até hoje é observado pelo R∴E∴A∴A∴, praticado pelas Grandes Lojas. Esta prática era realizada como Símbolo de superioridade do Venerável sobre os demais Obreiros, porém, em Sessão de Câmara do Meio, todos os Mestres permaneciam com o Chapéu na cabeça como Sinal de Igualdade. O costume de somente o Venerável usar o Chapéu em Loja nos Graus inferiores, deve ter tido origem no Cerimonial das Cortes daquela época, onde estando o rei presente, somente ele tinha o direito de estar coberto, pois o Chapéu era o emblema de soberania. Como o Venerável representa o rei Salomão, só ele tinha o direito de usar o Chapéu nos Graus inferiores. Na Câmara do Meio, porém, o Venerável é apenas o presidente de uma assembléia de pares, igualando-se a todos os presentes. Esotericamente, o Chapéu destina-se a cobrir os cabelos dos Obreiros em Loja, por estes serem receptores de vibrações sutis; e, cobrindo a cabeça, o Mestre se protege e demonstra que nada mais tem a receber, isto é, que chegou à plenitude maçônica ou à verdadeira iniciação simbólica. Esta prática é observada nas mais diversas filosofias religiosas ou não, quando seus líderes usam uma cobertura sobre a cabeça ou até mesmo raspam a cabeça para não sofrerem influências externas, fato este que observamos nas filosofias orientais, no judaísmo, no islamismo e nas igrejas católicas e ortodoxas, nos cultos afro-brasileiros e em diversas seitas, onde são usados turbantes, solidéus, tiaras, mitras, etc. Atualmente, os Mestres só se cobrem nas Sessões de Câmara do Meio, exceto no Rito Schröder em que todos os Obreiros se cobrem desde Aprendiz. E no Rito Adonhiramita, onde todos os Mestres usam o Chapéu em todas as Sessões de Graus Simbólicos, afirmando assim que são ca pazes de segurar o primeiro Malhete da Loja e de comportarem-se, quando for o caso, como dignos soberanos Iniciados. É importante relembrar que devemos nos descobrir toda vez que seja feita menção ao G∴A∴ D∴ U∴ em Loja, na abertura e fechamento do Livro da Lei e em sinal cívi- co e de respeito nas execuções do hino nacional e da bandeira.

CERIMÔNIA DE INCENSAÇÃO

O procedimento para a realização da Cerimônia de Incensação encontra- se minuciosamente detalhado no Ritual do Aprendiz Maçom Adonhiramita, e tem por objetivo preparar os Obreiros para a obra que vão efetuar. O incenso usado na Cerimônia tende a purificar aquela parte da natureza do homem chamada Corpo Astral ou Emocional, devido irradiar vibrações intensamente purificadoras.

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O uso de incenso é inteiramente científico, pois sabemos que não há matéria morta porque todos os seres e todas as coisas da natureza possuem e irradiam suas vibrações e combinações de vibrações. O Cerimonial visa então tornar o ambiente em Loja calmo e sossegado, estabilizando as nossas emoções, para nos capacitar a responder as influências Superiores, dissipando nossas ansiedades, preocupações e desejos oriundos do mundo profano.

Há aqueles que demonstram preconceito contra o uso do incenso, por o suporem exclusivos das cerimônias religiosas, porque unicamente nelas o tem visto ser usado. Mas aqueles que estudam ou freqüentam outras entidades ou ordens de cunho filosófico e esotérico, sabem que todas elas usam o incenso, numa ou noutra forma, por conhecerem os seus efeitos benéficos. Por que nós não o haveríamos de usar, se os trabalhos em Loja visam expandir e elevar a nossa consciência? Devemos pois nos esforçar para colocar-nos em boas condições mentais e emocionais, e o incenso oferece uma fortalecedora corrente vibratória que nos ajudará a manter o equilíbrio e alcançar a calma e a estabilidade que necessitamos para realizar os nossos trabalhos. Recomendamos que todo Irmão incline respeitosamente a cabeça ao receber a incensação, principalmente os Irmãos situados nas colunas, como prova de que dedica toda a sua força e vigor ao Grande Arquiteto do Universo e a sua obra.

CERIMONIAL DO FOGO

Este Cerimonial na realidade tem seu início antes da abertura da Loja, quando a Chama Sagrada que irá presidir os trabalhos é reanimada pelos quatro Irmãos, que simbolicamente representam os quatro pontos cardeais, que adentram o Templo antecipadamente para este fim.

A Chama Sagrada é o emblema do Sol que é o símbolo visível ou do mundo físico da divindade que nos emite continuamente sua energia como luz e calor, sem os quais não haveria vida no planeta.

O Cerimonial do Fogo tem, portanto, o propósito de se levar simbolicamente estas energias, luz e calor, para as regiões do orbe terrestre que o Templo representa, indo do Oriente para o Ocidente no seu acendimento, e realizado no sentido oposto no seu adormecimento porque o Sol tem no Ocidente o seu ocaso.

Compreende-se muito pouco o significado do fogo nas Cerimônias Maçônicas, mas sabemos que uma vela acesa com intento religioso equivale a uma oração, e sempre atrai do alto um fluxo de energia positiva. Entendemos que as frases pronunciadas pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes por ocasião do acendimento das chamas, têm o objetivo de atrair estes fluxos de energias, por eles representarem simbolicamente cada qual um aspecto do Logos. Quando o Venerável Mestre diz: "Que a luz da sua Sabedoria ilumine os nossos trabalhos" é importante que todos os Irmãos o auxiliem nesta invocação ou esforço para atrair o Aspecto Divino do Amor-Sabedoria para derramar-se sobre todos em Loja. Da mesma maneira quando o Primeiro Vigilante diz: "Que a luz de sua Força nos assista em nossa obra",

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todos devem pensar intensamente no Aspecto Força-Vontade Divina, desejando que esta energia flua por seu intermédio; e, por último, quando o Segundo Vigilante diz: " Que a luz da sua Beleza se manifeste em nossa obra", devemos pensar no Aspecto Beleza-Inteligência Divina fluindo para todos através dele. Isto deve ser consolidado ao invocarmos "Que assim seja" após o pronunciamento das referidas frases. O mesmo procedimento deve ser observado por ocasião do adormecimento do fogo quando é invocado "Que a luz da sua beleza continue flamejante em nossos corações", pelo Segundo Vigilante, "Que a luz da sua força permaneça atuante em nossos corações", pelo Primeiro Vigilante, e "Que a luz da sua sabedoria habite em nossos corações" pelo Venerável Mestre, sendo o Cerimonial totalmente concluído ao ser adormecida a Chama Sagrada, após a saída de todos os Irmãos do Templo, pelos mesmos Irmãos que realizaram o seu avivamento no início dos trabalhos.

Sabemos que igualmente ao Sol que derrama incessantemente sua luz e calor indistintamente sobre toda a humanidade, o Grande Arquiteto do Universo emite continuamente suas energias, e a nós compete abrir o canal para es- tas energias e a realização do seu serviço. Observamos que estas Cerimônias são executadas exatas e de maneira brilhante, mas vários Irmãos não percebem a importância do pensamento nele con- centrado e a compreensão de todo o seu alcance e significado. Devemos pois trabalhar com amor e abnegação, rogan- do as bênçãos do Grande Arquiteto do Universo para que alcancemos a verdadeira iluminação.

CARACTERÍSTICAS DOS TEMPLOS ADONHIRAMITAS

Como sabemos, todos os Templos Maçônicos são representações simbólicas do templo mandado construir pelo Rei Salomão, conforme o relato contido nas Escrituras Sagradas nos livros de Reis I e Crônicas 11, e que representam também, simbolicamente, o macro e o microcosmo, com o seu plano representando a superfície da terra com o universo a sua volta simbolizando o macrocosmo, e tendo deitado sobre esta mesma superfície a figura de um homem simbólico a ser desenvolvi- do, simbolizando o microcosmo.

No Templo Adonhiramita a figura deste homem simbólico e apresentado contemplando o universo, ou seja, em decúbito dorsal, com as pernas no ocidente levantadas a 90 graus, que são representadas pelas colunas do Templo, onde à direita, que deve ser o primeiro lado do corpo a ser desenvolvido, nós chamamos de coluna "J" e a da esquerda de coluna "B", ficando geograficamente a coluna "J" ao Norte e a coluna "B" ao Sul, sendo por este motivo que o Adonhiramita adentra o Templo com o pé direito e da troca das posições das colunas do Templo em relação aos outros Ritos.

A cabeça deste homem simbólico representado está posicionada no Oriente, sendo a sua consciência simbolizada pelo Livro da Lei depositado sobre o Altar dos Juramentos, ali situado, juntamente com o Esquadro e o Compasso, que regulam o nosso modo de agir, estando iluminado pela Chama Sagrada de onde simbolicamente emana toda a Luz.

DISPOSIÇÃO DOS LUGARES EM LOJA

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Observando-se a marcha do sol, e considerando-se o Templo Maçônico como o macrocosmo, em relação à terra, vemos que este nasce no Oriente, o Leste terrestre, onde está colocado o Venerável Mestre, passa pelo Sul, ao meio-dia, onde estão colocados os Companheiros Maçons, e se põe no Ocidente mais ao Norte, no Setentrião ou pólo norte, que é o local menos iluminado da terra e, conseqüentemente, do Templo, e é o local onde são colocados os Aprendizes, considerando que estes receberam uma luz muito fraca não estando em condições de receber maior claridade. Nesta coluna está colocado o Segundo Vigilante, responsável de transmitir as instruções aos Irmãos Aprendizes. Na coluna do Sul está colocado o Primeiro Vigilante, responsável pelas instruções dos Irmãos Companheiros.

Os Mestres Maçons ocupam a Câmara do Meio, que é permanentemente ilumina- da, ficando em plenitude com o universo, e expandindo as suas consciências de acordo com seus livres-arbítrios ou vontade, uma vez que as suas personalidades é que vão arbitrar os rumos que devem seguir, estando as suas disposições todos os recursos que a Maçonaria oferece como a mais perfeita Escola de Filosofia e de Doutrina Moral que existe, que visa ao aprimoramento do ser humano para que seja alcançada a Fraternidade Universal ou as corretas relações humanas.

O local dos Altares do Venerável Mestre e dos Vigilantes forma um triângulo isósceles, com o vértice principal para cima, que simbolicamente representa os três atributos da Divindade ou Tríade Superior que são a Sabedoria, a Força e a Beleza. Outro triângulo isósceles com o vértice principal para baixo, também é formado pela disposição dos Altares do Orador e do Secretário e o local do Cobridor Interno, que deve se situar na linha imaginária que divide o Norte e o Sul ficando em frente ao Venerável Mestre no eixo Oriente/Ocidente, este triângulo representa a Personalidade ou a Tríade Inferior, que são o corpo mental inferior, o corpo astral ou emocional e o corpo físico, que são representados pelos ocupantes dos cargos acima citados.

Estes dois triângulos entrelaçados dentro de um círculo que no Templo é representado pela expansão da luz da lâmpada mística que fica suspensa no centro do Templo, formam a representação do que chamamos Selo de David, que é o Símbolo do Iniciado. Este ponto central do Templo, onde se situa a lâmpada mística, juntamente com os pontos dos vértices dos triângulos superior e inferior, representam os sete centros de força do Homem Simbólico ou microcosmo e, como preconiza a Lei Hermética de que o que está em cima é semelhante ao que está embaixo, concluímos afirmando que o Templo Maçônico Adonhiramita é a mais perfeita representação do Homem Iniciado em união com o Grande Arquiteto do Universo.

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O RITO BRASILEIRO (*)

O Rito Brasileiro está fincado nos pressupostos da Ordem, referente à regularidade, à legalidade e à legitimidade. Acata os landmarques e demais postulados tradicionais da Maçonaria, com os usos e costumes antigos. Proclama a glória do Deus Criador e a Fraternidade dos homens. Estabelece a presença, nas suas sessões, das Três Grandes Luzes: o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso e emprega os símbolos da construção universal. Pode, dessa forma, ser praticado em qualquer país.

Tem, como base ritualística, a da Maçonaria Simbólica (graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre) sobre a qual se eleva a hierarquia filosófica de 30 altos graus (graus 4 a 33).

O Rito Brasileiro é evolução, é futuro, é canção do futuro. No preâmbulo da Constituição de 24 de junho de 2000, além da característica dos elementos inspiradores, há normas precisas, na seguinte redação:

- Nós, os Membros Efetivos do Supremo Conclave do Brasil, reunidos em função Constituinte para instituir uma Potência Maçônica soberana, legítima e legal - destinada a cumprir as exigências de Regularidade internacional; permitir às

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suas Oficinas o exercício pleno da defesa dos direitos da pessoa humana, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação; condenar a exploração do homem, a ignorância, a superstição e a tirania; proclamar que o direito ao trabalho, à tolerância, à livre manifestação do pensamento e de expressão constituem apanágios da Franco-Maçonaria, cujo fim é a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, tendo a Justiça como valor inexcedível da sociedade humana fundada na harmonia social e comprometida com a solução pacífica das controvérsias promulgamos, sob o império da Razão e a proteção do Supremo Arquiteto do Universo, a seguinte CONSTITUIÇÃO DO RITO BRASILEIRO DE MAÇONS ANTIGOS, LIVRES E ACEITOS.

Efetivamente, a partir do preâmbulo da Carta vigente, o Rito Brasileiro orienta suas Oficinas e seu contingente maçônico no

exercício pleno da defesa dos direitos da pessoa humana, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação; combate à exploração do homem, à ignorância, à superstição e à tirania; valor inexcedível da sociedade humana fundada na harmonia social e comprometida com a solução pacífica das controvérsias. Isso implica justiça social e, antes de tudo, solução de problemas como fome, subnutrição, doença e desabrigo; império da Razão que, no contexto do mercado livre, pode ser ferramenta para a divisão harmoniosa dos recursos e das riquezas. Isso realizaria a justiça social perpétua e dissiparia os temores de catastrófico neo-maltusianismo.

O Rito Brasileiro é produto da doutrina, da inteligência e da sabedoria de todos os Ritos que se acomodam sob o Pálio do GOB, isto é, dos Ritos Escocês, de York, Schröeder, Adonhiramita e Moderno.

Prova disso é que o Rito foi fundado, reconhecido, consagrado e autorizado pelo GOB, por Decreto do Grão-Mestrado, Resoluções da Soberana Assembléia Federal Legislativa e decisões do Conselho Geral da Ordem (atual Suprema Congregação).

Mediante Decreto, o GOB determinou que o Rito Brasileiro acompanhe a evolução humana. Assim, Álvaro

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Palmeira, na condição de Grão-Mestre Geral do GOB deixou, nas consideranda, do Decreto nº 2.080, de 19.03.1968, expressões assim:

“12. Considerando que a Maçonaria, sem perder esse caráter principal, intrínseco e característico de Instituição Iniciática de formação moral e filosófica, deve, entretanto, está presente ao estudo dos problemas da civilização contemporânea e neles intervir superlativamente, para que a Humanidade possa encaminhar-se, sobre o suporte da Fraternidade, a um mundo de Justiça, Liberdade e Paz, porque não há antagonismo entre a Verdade e a Vida”.

E, como assinala ANTÔNIO CARLOS SIMÕES, em livro inédito:

- Já em fins dos anos 60, quando começavam os estudos para implantar a Nova Ordem Mundial, o neoliberalismo, o Supremo Conclave estava consciente de que se esgotara o período iniciado em 1717; era preciso dar início ao quarto período da Maçonaria. Muitas barreiras foram ultrapassadas.

O QUE É O RITO BRASILEIRO

• É um Rito Regular, Legal e Legítimo, porque acata os Landmarques e demais Princípios tradicionais da Maçonaria, os Usos e Costumes antigos; proclama a glória do Deus Criador e a fraternidade dos homens; estabelece a presença nas Sessões das Três Grandes Luzes: o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso; e emprega os símbolos da construção universal, podendo assim ser praticado em qualquer País.

• Sua base é a Maçonaria Simbólica universal de São João (graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre). Sobre ela se eleva a Hierarquia de 30 Altos Graus (do grau 4 ao 33).

• O Rito Brasileiro concilia a Tradição com a Evolução, para que, assim, a Maçonaria não se torne uma força esgotada.

Especializa-se no cultivo da Filosofia, Liturgia, Simbologia, História e Legislação maçônicas e estuda todos os grandes problemas nacionais e universais com implicações

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ou conseqüências no futuro da Pátria e da Humanidade. Realiza a indispensável cultura doutrinário-maçônica e também a cultura político-social dos Obreiros.

• Impõe a prática do Civismo em cada Pátria, porque a Maçonaria é supranacional, mas não pode ser desnacionalizante.

• O Rito Brasileiro conviverá fraternalmente com todos os Ritos Regulares, através da inter-visitação e da inter-filiação. O Rito exige dos Obreiros a Vida Reta e o Espírito Fraterno e suas legendas são: - URBI ET ORBI e HOMO HOMINI FRATER.

HISTÓRIA DO RITO BRASILEIRO

Fala-se que o Rito Brasileiro teria tido uma origem aparentemente romântica em Pernambuco, quando o comerciante e maçom José Firmo Xavier pertencente à Grande Loja Provincial de Pernambuco, provavelmente pertencente ao Grande Oriente do Passeio, no século XVIII, segundo alguns autores em 1878 e segundo outros em data muito anterior ou seja mais ou menos em 1848, o qual com um contingente além dele e mais 837 maçons, elaboraram uma Constituição Especial do Rito Brasileiro, colocando o mesmo sob a tutela de D. Pedro II e do Papa. Existem depositados na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, dois documentos que pertenceram à D. Pedro II que nos dão informações sobre esta entidade e que tem o seguinte enunciado:

“Const∴Maç∴ do Esp∴ Rit∴ Braz∴de Nob∴ e Aug∴ Caz∴ Cor∴ Liv∴ sob os

Ausp∴ de S∴M∴I∴S∴D∴P∴S∴I∴B∴ meu

Alt∴ e Pod∴Gr∴da Ord∴Braz∴ em todo o Circulo do Império Brazileiro, offerecido à S∴M∴I∴D∴P∴S∴I∴ do

Braz∴Alt∴ e Pod∴Sen∴Gr∴Mest∴ da Ordem Brazileira”.

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Entretanto, a D.Pedro II que nunca foi maçom, José Firmo Xavier lhe outorgou o grau 23º, e o considerava o Grande Chefe Protetor, quanto a si, auto-intitulou-se Grande Chefe Propagador “ad vitam” sendo que, no caso de seu falecimento seria substituído por um Grande Chefe Conservador. Senão estranho, todavia, muito curioso e interessante.

Tratam-se tais documentos de manuscritos que foram oferecidos ao Imperador, pensando que o mesmo aceitasse ser Grão-Mestre, ou, no mínimo, ser o Protetor deste movimento que pretendiam fundar. Entretanto, D.Pedro II, muito embora nunca tenha sido inimigo da Maçonaria jamais pensou em ser maçom. Guardou os documentos e posteriormente os entregou à Imperatriz Dona Thereza Cristina Maria de Bourbon. Daí a explicação porque estes documentos estão no Museu Nacional, felizmente até certo ponto, porque se estivesse em algum arquivo ou biblioteca de algum particular temos a certeza de que dificilmente teríamos notícia desta preciosidade.

Aquele Rito, naquela ocasião não vingou, porque, entre outras contradições, não aceitava que fossem iniciadas pessoas que não fossem nascidas no Brasil, mostrando um nacionalismo inconseqüente e além do mais, D. Pedro II não estava muito interessado em Maçonaria, apesar de seu pai ter sido maçom. Assim como, não teria lógica um rito maçônico se colocar sob a tutela do Imperador e do Papa.

Estamos mencionando este fato mais como uma citação, diga-se de passagem, porém sem considerá-lo como um movimento maçônico propriamente dito, e sim como uma sociedade secreta nos moldes da Maçonaria para se colocar a serviço do Imperador e da religião Católica, talvez até com fins políticos, ou ainda para obter as benesses do governo imperial.

Esta história caiu no esquecimento e este “Rito” que pretendiam fundar não deu certo. Mas, após iniciada a Primeira Grande Guerra Mundial em 1914, o Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, o Soberano Irmão Lauro Sodré (Lauro Nina Sodré e Silva, nascido em 17.10.1858 em Belém

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do Pará e falecido no Rio de Janeiro em 16.06.1944 – Iniciado na Loja “Harmonia” de Belém PA em 01.08.1888), através do Decreto n.º 500 datado de 23.12.1914, determina, e, em reunião de 21.12.1914, o Ilustre Conselho Geral da Ordem aprovou o reconhecimento e incorporação do Rito Brasileiro entre os que compõem o Grande Oriente do Brasil, com os mesmos ônus e direitos, regido liturgicamente pela sua Constituição particular.

Existem autores que ligam este fato à militares nacionalistas. Não nos parece provável. Poderia até existirem militares ligados à fundação do Rito, como sempre eles estiveram presentes no GOB em toda a sua existência, não tanto por sua posição de militar, mas como verdadeiros maçons e idealistas da Ordem. Este é um fato inconteste que não se pode negar. Entretanto, o Rito não progrediu naquela época, mesmo seguindo-se mais dois Decretos complementares impondo e confirmando a legalidade do Rito, assinados pelo Grão-Mestre Geral Adjunto o Almirante Veríssimo José da Costa, que substituiu o Irmão Sodré após a sua renúncia para exercer o cargo de Governador do Pará, ou seja, o Decreto n.º 536, de 17.10.1916 em que ratificava o Decreto de Sodré afirmando em seu artigo 1.º que: “Fica reconhecido, consagrado e autorizado o Rito Brasileiro criado e incorporado ao Grande Oriente do Brasil pelo Decreto n.º 500, de 23.12.1914”, e o Decreto n.º 554, de 13.06.1917, em seu artigo único assim se referiu: “ Fica adotada e incorporada ao patrimônio da legislação do Grande Oriente do Brasil a Constituição do Rito Brasileiro contendo sua Declaração de princípios, Estatutos, Regulamentos, Rituais e Institutos”.

Percebe-se, assim, que este Irmão estava muito empenhado na fundação do Rito e que talvez possa ter sido o principal incentivador da fundação do mesmo. Deu-se, em seguida, um adormecimento temporário, já que tudo o que havia sido resolvido apenas se restringia à sua idealização, sem, contudo, lojas fundadas, rituais, constituição etc.. Era, assim, mais um movimento, de um grupo de Irmãos tentando fundar um novo Rito.

Fala-se que em 1919 o então Grão-Mestre Geral, o Irmão Nilo Peçanha (Iniciado na Loja “Ganganelli do Rio” em 11.10.1901, tomou posse em 21.07.1917,como Grão-Mestre Geral do GOB. Havia sido Vice-Presidente da República

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gestão 1906/1910, quando substituiu o Presidente da República Afonso Pena, por falecimento deste, no período de 14.06.1909 a 25.11.1910. Depois Senador em 1912 e Governador do Estado do Rio de Janeiro) teria assinado a 1ª Constituição do Rito Brasileiro, definida como tendo o Rito 33 graus. Entretanto, não se confirma esta informação, pois lendo-se todos os Boletins do Grande Oriente do Brasil daquele ano, não existem quaisquer referências ou publicações a respeito. Imaginamos que uma decisão como esta teria que constar no Boletim Oficial daquela Potência quer como Ato ou Decreto.

Entretanto, o que se conseguiu constatar nos Boletins do GOB e em especial o de 11/1919 à página 12, foi que, em reunião do Conselho Geral da Ordem, de 07.11 uma Loja do Rito Brasileiro de Recife comunicava a sua instalação em 26.10, tendo inclusive enviado, para fins de registro, uma nominata de sua administração. Ainda no Expediente da reunião de 24.11 foi lida uma Prancha da Loja Provincial do Rito Brasileiro de Recife. Falaram a respeito vários Irmãos, entre eles o Irmão Octaviano Bastos , que segundo consta, fazia parte do grupo interessado em solidificar o Rito Brasileiro. Entretanto, esta Loja acabou sendo regularizada no Rito Adonhiramita, pois não haviam rituais, cobridor do grau, constituição etc..

Em 1921, a Loja “Campos Salles” de São Paulo, fundada em 12.01.1921 hoje uma Loja pertencente ao Rito de Emulação, naquela época dissidente do GOB, mandou imprimir um Ritual que nada mais era que um plágio do Ritual de Emulação (chamado impropriamente de “Rito de York Inglês”) com algumas adaptações, com o nome de Rito Brasileiro.

Neste período esta Loja não pertencia ao GOB, porque, segundo consta, teria havido fraude eleitoral no Poder Central, e o Grande Oriente Estadual de São Paulo sentindo-se lesado, em vista de tal problema, tornou-se dissidente, desligando-se do GOB e, uma vez independente, levou 62 (sessenta e duas) Lojas consigo nessa dissidência.

Em verdade, até 1921, não existiam Rituais do Rito Brasileiro, sendo que, para se compilar os três primeiros graus usou-se como base o Ritual de Emulação traduzido do inglês por J.T. Sadler, em 1920 e impresso pelo Grande Oriente do Brasil. Estes Rituais foram adotados e aprovados

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com algumas modificações, pelo Grande Oriente Independente de São Paulo em 26.08.1921, como sendo do Rito Brasileiro. Não se cogitou, nesta ocasião, dos graus superiores.

A Loja “Campos Salles” após serenados os ânimos voltou ao seio do GOB, porém, trocando de Rito, primeiro para o REAA, logo depois para o de Emulação (“York Inglês”). Depois de iniciada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) voltou-se novamente a falar em Rito Brasileiro.

Em Sessão do Grande Conselho Geral do Grande Oriente do Brasil de 22.07.1940 (página 109 do Boletim n° 7 e 8 de Julho e Agosto) na Ordem do Dia, usa da palavra o Capitão Octaviano Bastos e “procede a leitura da Constituição do Rito Brasileiro, a qual é aprovada por unanimidade. O Projeto de Lei obtivera parecer favorável da Comissão de Legislação dispondo: “O Grão Mestre fica autorizado:

1. A ativar o funcionamento do Rito Brasileiro, de conformidade com sua Constituição, e a iniciar a formação de seu ‘Conclave’, nomeando os seus primeiros fundadores. 2. A estimular a instalação da primeira Oficina do Rito, dispensando todas as taxas a que estiver sujeita e, bem assim os emolumentos dos três primeiros profanos que nela se iniciarem. 3. Conceder favores idênticos às Oficinas que passarem a funcionar segundo o Rito Brasileiro, dentro do prazo de 180 dias renunciando o regime capitular. 4. Providenciar, junto ao ‘Conclave’, para que aos Maçons Capitulares dessas Oficinas, sejam concedidos títulos do Rito Brasileiro, correspondentes aos altos graus possuídos, com o fim de constituírem os respectivos corpos”.

O Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Soberano Irmão Joaquim Rodrigues Neves, através do Ato nº 1.617, de 03.08.1940, autoriza a organização do Rito. Os mentores principais deste movimento foram o Irmão Álvaro Palmeira, que viria posteriormente ser Grão-Mestre Geral do GOB e Octaviano Bastos, além de outros. Realizaram três reuniões em 1940, quatorze em 1941, fundaram um Conclave em 17.02.1941, segundo Octaviano Bastos, constando da ata onze assinaturas como sendo os organizadores do Conclave e Fundadores do Rito.

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Foram fundadas algumas Lojas, além de outras que passaram a adotar o Rito, estabeleceram insígnias, colares dos cargos, criaram os aventais, medalhas e usaram aquele já citado Ritual de 1921. Era o novo Rito apesar das dificuldades, se impondo aos poucos, tal qual uma criança que está crescendo.

• Ainda em 1941 foi publicada uma Constituição contendo 19 artigos. O Ritual era uma cópia do Rito de York, acrescentando a Palavra de Passe para “Cruzeiro do Sul” e o Rito era então composto de três graus: Aprendiz Companheiro e Mestre e mais quatro títulos de Honra: 4º) Cavaleiro do Rito; 5º) Paladino do Dever; 6º) Apóstolo do Bem Público; 7º) Servidor da Ordem, da Pátria e da Humanidade

Foi determinado que estes títulos seriam equivalentes para os visitantes a saber; Cavaleiro do Rito - 4º - seria equivalente ao grau 18; Paladino do Dever - 5º - seria equivalente ao grau 30; Apóstolo do Bem Público - 6º - seria equivalente ao grau 31; Servidor da Ordem da Pátria, e da Humanidade - 7º - seria equivalente ao grau 33. Em Sessão de Emergência, havida no Rio de Janeiro, dia 18.09.1942, na Loja “Brasil”, Rito Brasileiro, foi iniciado sendo imediatamente elevado ao grau 03, por motivos políticos evidentemente, o Coronel Manoel Viriato Dornelles Vargas, irmão carnal do ditador Getúlio Vargas, o qual tinha um outro Irmão também maçom o Cel. Protásio Vargas.

Acresça-se que o pai de Getúlio Vargas, o General Manoel Nascimento Vargas, herói da Guerra do Paraguai, e combatente da Revolução Federalista ao lado das forças legalistas, foi iniciado em São Borja no dia 24.08.1876, na Loja “Vigilância e Fé”.

Entretanto, o Grão-Mestre Geral Joaquim Rodrigues Neves, posteriormente, por problemas havidos com os mais importantes membros do Rito Brasileiro através dos Decretos 1843,1844 e 1845 datados de março de 1944 suspende os direitos maçônicos de vários “Servidores da Ordem e da Pátria” e entre eles os do Irmão Álvaro Palmeira, seu Grão-Mestre Geral Adjunto, do Irmão Capitão Octaviano Menezes Bastos, Alexandre Brasil de Araújo, Carlos Castrioto e do Coronel Dilermando de Assis, todos considerados como organizadores e fundadores do Rito em 1940. Estava

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acontecendo mais uma briga interna no GOB, com situações complexas que não vem ao caso comentá-las. Álvaro Palmeira e seu grupo funda, então, a Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro, quando, em 1948, ele passa a fazer parte do Grande Oriente Unido, outra Potência dissidente a qual foi finalmente incorporada ao Grande Oriente do Brasil em 22.12.1956. Tudo voltou ao “normal”, quando, algum tempo após, o Irmão Álvaro Palmeira e seus seguidores voltaram ao GOB, desta feita, politicamente fortes.

Somente em 13.03.1968, o Irmão Álvaro Palmeira, então Grão-Mestre do Geral do GOB, que sempre batalhou pelo Rito, baixou o Ato nº 2.080, renovando alí os objetivos do Ato n° 1617, de 1940. Com o apoio, agora firme, do Grão-Mestre Palmeira foi mais fácil o Rito tornar-se uma realidade, começando, assim, a crescer. Foi talvez o renascimento do Rito, quiçá considerado por alguns autores como o ano de sua verdadeira fundação. Podemos dizer que, a partir daí, realmente o Rito começou a se encontrar. Álvaro Palmeira fez as alterações que deveriam ser feitas, deu nova feição aos Rituais com emendas na Constituição e outras providências, nomeou uma comissão de 15 Irmãos com amplos poderes para revisar e reestruturar todo o Rito, para colocá-lo dentro das exigências internacionais para se tornar um Rito regular, dando-lhe uma abrangência universal, separando os graus simbólicos dos filosóficos.

Decorre, então, que em 10.06.1968 foi firmado um “Tratado de Amizade e Aliança” entre o GOB e o Supremo Conclave do Brasil do Rito Brasileiro e ratificado pela Soberana Assembléia Federal Legislativa em 27.07.1968. Em 1973, infelizmente, ocorreu mais uma grave cisão na Maçonaria Brasileira.

Após desentendimentos entre a cúpula do GOB e alguns Grão-Mestres Estaduais, cerca de dez Grandes Orientes se desligaram do GOB, constituindo a hoje chamada COMAB (Confederação da Maçonaria Brasileira).

Convém frisar que o Rito Brasileiro é patriótico sem, contudo, ser nacionalista. Tanto é verdade que ele prega que “Constitui um dos altos objetivos do Rito o incentivo e a prática do Civismo em cada Pátria”. Desde que adaptado, poderá ser praticado como sendo o Rito de qualquer país que o recepcione. Os graus superiores do Rito são

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transparentes, modernos, objetivos, fluentes e de belíssima liturgia. Além de seu desenrolar ser escrito em linguagem moderna e bastante compreensível.

É um Rito Teísta e a sua concepção de Deus é que ele seja o Supremo Arquiteto do Universo, e não Grande Arquiteto do Universo, pois “grande” não define bem e com profundidade a idéia de Deus, uma vez que “grande” é um epíteto muito usado freqüentemente para definir coisas imensas. Porém, se respeita as concepções de outros Ritos sem quaisquer restrições. O Rito Brasileiro é hoje uma realidade, e, apesar de todos os seus percalços, ele está aí, ele existe e sempre existirá, e vai continuar crescendo dentro de seu espaço, sem molestar ou interferir na prática dos outros Ritos, os quais respeita, sem contestá-los.

Atualmente o Rito possui trinta e três graus, a saber:

GRAUS SIMBÓLICOS

1. Aprendiz

2. Companheiro

3. Mestre

• GRAUS FILOSÓFICOS

4. Mestre da Discrição

5. Mestre da Lealdade

6. Mestre da Franqueza

7. Mestre da Verdade

8. Mestre da Coragem

9. Mestre da Justiça

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10. Mestre da Tolerância

11. Mestre da Prudência

12. Mestre da Temperança

13. Mestre da Probidade

14. Mestre da Perseverança

15. Cavaleiro da Liberdade

16. Cavaleiro da Igualdade

17. Cavaleiro da Fraternidade

18. Cavaleiro Rosa-Cruz ou da Perfeição

19. Missionário da Agricultura e da Pecuária

20. Missionário da Indústria e Comércio

21. Missionário do Trabalho

22. Missionário da Economia

23. Missionário da Educação

24. Missionário da Organização Social

25. Missionário da Justiça Social

26. Missionário da Paz

27. Missionário da Arte

28. Missionário da Ciência

29. Missionário da Religião

30. Missionário da Filosofia. Kadosh Filosófico

31. Guardião do Bem Público

32. Guardião do Civismo

33. Servidor da Ordem da Pátria e da Humanidade

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Distribuição de Graus

Estes graus se distribuem através da várias Oficinas litúrgicas da seguinte maneira:

• 1. Sublimes Capítulos (Graus 4 ao 18) dedicados à Cultura Moral

• 2. Grandes Conselhos Filosóficos (Câmaras dos graus 19 a 30 –Kadosh) dedicados à cultura artística, científica, tecnológica, e filosófica.

• 1. Altos Colégios (graus 31 e 32) dedicados à cultura cívica

• 2. Supremo Conclave dedicado à síntese humanística.

O RITO BRASILEIRO E SUA RITUALÍSTICA

II - 1 - TRAJE

O traje do Maçom, no Rito Brasileiro, é composto de terno, sapatos e meias pretas; camisa branca; gravata de padrão adotado pelo Rito (bordô, lisa, sem ornamentos), (o terno azul marinho é admitido). Os demais esclarecimentos

estão no RGF e na Legislação Maçônica vigente. Admite-se o uso do balandrau – art. 110, § 1º - RGF (veste talar, longo, de mangas compridas, na cor preta, sem insígnia ou símbolo

estampados), desde que usado com calça preta ou azul marinho, sapato e meias pretas. Deve-se ressaltar que,

originalmente, o verdadeiro traje maçônico é o Avental, símbolo do trabalho, sem o qual o Maçom é considerado desnudo.

Exclusivamente o V∴ M∴ usará em todas as sessões dos Graus Simbólicos o Avental de sua dignidade e uma Estola (padrão do Rito).

O Venerável e os Vigilantes usarão nas sessões magnas os punhos (padrão do Rito).

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OBS.: Os Ex-Veneráveis usarão nas sessões apenas o Avental de M∴I∴, com a respectiva jóia.

II - 2 - CIRCULACÃO EM LOJA E SAUDACÃO

A circulação em Loja aberta é feita com passos natura e sem os Sinais de Ordem e de Obediência (muitos maçons de nosso rito acham que têm de andar com o Sinal de Obediência, o que não procede). Trata-se de uma prática que impõem ordem e disciplina aos trabalhos.

Para circular em Loja há regras básicas essenciais que devem ser adotadas em todos os graus simbólicos, ressalvados os procedimentos próprios dos mesmos.

No Ocidente, caminha-se sempre virando à direita (dextrógiro), contornando-se a Loja. Um giro completo seria: passar ao lado do 1° Vigilante, ir até as escadas do Oriente, passar em frente ao 2° Vigilante, passar ao lado do 1° Vigilante, sem formar esquadrias nas conversões. No Oriente, se mantém o dextrógiro, contornando o Altar dos juramentos, salvo expressa cominação do ritual.

Saudar o Venerável Mestre antes de subir os degraus para entrar e antes de sair do Oriente e ao cruzar do Norte para o Sul, junto à balaustrada. de frente para o Venerável Mestre.

Quando o Irmão entrar ou sair do Oriente faz a saudação (para entrar faz-se o sinal em baixo antes de começar a subir os degraus e para sair no alinhamento da balaustrada, de frente para o Venerável) quando não estiver com nenhum instrumento de trabalho nas mãos; se estiver carregando algum objeto saúda o Venerável com uma respeitosa inflexão da cabeça.

Falarão assentados: o Venerável, 1 ° e 2° Vigilantes, Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler.

Antes das sessões, todas as luzes do Templo devem ser acesas, permanecendo apagadas somente por expressam disposição em contrário, no Ritual.

Exceções: os deslocamentos em cerimoniais próprios (recepção de autoridades, incluindo a Bandeira Nacional;

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Iniciação, Elevação, Exaltação, Filiação, Regularização, recepção de Membro Honorário, sessões públicas em geral), quando as saudações são especialmente previstas.

O Mestre de Cerimônias, portando bastão, sempre acompanha, à direita e um pouco à frente, os Irmãos que fora de funções específicas previstas nos rituais, eventualmente se deslocam em Loja..

OBS.: O M∴ de CCer∴ portará bastão: 1) durante os Cortejos de entrada e saída do Templo; 2) quando acompanhar Ir∴, no decorrer da sessão; 3) no Pálios de abertura e de

fechamento do Livro da Lei. Os DDiác∴ portam bastão na formação dos Pálios quando da abertura e fechamento do Livro da Lei. Não há deslocamento com Sinal de Ordem ou Sinal de Obediência, salvo se expressamente previsto no ritual; não há sinal com as mãos ocupadas, ou sentado, ou andando (para um sinal, salvo disposições expressas dos rituais, exigem-se mãos livres, Obreiro em pé e parado, as três condições reunidas).

Abertura da sessão, cerimônia de transmissão da Palavra: o 2° Vigilante, após receber a Palavra do 2°

Diácono, deve bater, imediatamente; e, tanto na abertura como no fechamento, um diácono inicia seu deslocamento logo que o outro recebe ou transmite a Palavra ao 1° Vigilante, não havendo necessidade de esperar a conclusão total da circulação. O Rito se caracteriza por atos rápidos e enérgicos sincronizados. O tempo não deve ser alongado, inutilmente. Os Oficiais devem se deslocar com passos vivos, decididos, demonstrando que conhecem o trabalho, as Luzes também devem demonstrar que sabem a seqüência da cerimônia, não perdendo um longo tempo, sem dar logo a batida ou bateria na hora necessária.

Iniciados os trabalhos, nenhum Irmão pode se retirar do Templo sem que o Venerável dê permissão. Autorizado, deixará o seu óbolo no Tronco de Beneficência, se ainda não o tiver feito.

O Irmão que ingressar no Templo, após a circulação do Tronco de Beneficência, está isento de nele concorrer.

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OBS.: Todo Ir∴ que estiver circulando carregando algum objeto ou instrumento, fará saudação, com respeitosa inflexão de cabeça.

No Rito Brasileiro não existe a circulação do Sac∴ de PProp∴ e IInfor∴. O mesmo deverá ficar no sala dos passos perdido da Loja em lugar visível, os IIr∴ deverão colocar ali suas correspondências antes de adentrarem ao Templo,

devendo o Ir. ∴ Mestre de Cerimônias, ao entrar para o Templo, levá-lo consigo para, no momento apropriado, conforme determina o ritual, abri-lo.

Também não existe no Rito a circulação do Livro de Presença dentro de Loja. Todos os IIr∴ deverão assiná-lo na sala dos Passos Perdidos. Faltando algum Ir∴ que, porventura, chegue após a abertura dos trabalhos, deve, nesse caso, ser encaminhado pelo Mestre de Cerimônias ao altar do Chanceler para assinar o livro e após tomar seu lugar em Loja.

O Venerável Mestre deverá assinar quando do término da sessão, encerrando-a.

A Circulação do Tronco de Beneficência (a sistemática é a mesma para o Escrutínio Secreto) que é feito pelo Irmão Hospitaleiro. Quando houver necessidade, pode ser auxiliado

pelo Ir∴ Experto.

É feita com toda a formalidade que exige a ritualística. Começa pelo Oriente: primeiro, o Venerável ou autoridade que presida a sessão; depois, as autoridades que estão com o Venerável no Altar; a seguir faz o giro dextrógiro (pela direita) completo no Oriente, sem a preocupação de hierarquia. Concluída a coleta no Oriente, o Hospitaleiro desce ao Ocidente (ao descer saúda o Venerável, com respeitosa inflexão de cabeça). Dirige-se ao 1º Vigilante; deste prossegue coletando toda a Coluna do

Norte, lembrando que o Ir∴ Cobridor Int∴ faz parte da Coluna do Norte e deve se recolher o seu óbolo, pois no final ele só segura para que o Hospitaleiro contribua com a Beneficência, sem a preocupação de hierarquia ou Grau, cumprido o trajeto normal. Concluída a Coluna do Norte, vai ao 2º Vigilante, e faz a coleta da Coluna do Sul, também

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sem a preocupação de hierarquia, ou grau, embora seja obrigado a fazer dois giros nesta Coluna devido à posição do Segundo Vigilante, na parte média da Coluna, e a obrigatoriedade da circulação dextrógiro. Para concluir, o Hospitaleiro faz seu próprio depósito com o auxílio do Irmão Cobridor. Concluído o trabalho, encaminha-se diretamente ao tesoureiro.

A Palavra é concedida a Bem Geral da Ordem e do Quadro. Simultaneamente é feita a conferência da coleta pelo Tesoureiro e pelo Hospitaleiro. No momento oportuno, ainda no tempo da Palavra a Bem Geral, o Tesoureiro anuncia o resultado da coleta em moeda corrente do País.

Toda saudação, no Grau de Aprendiz, é feita pelo

Sinal Gutural, exceto quando o Ir∴ estiver portando algum instrumento ou objeto de trabalho, nesse caso fará uma respeitosa inflexão de cabeça ao Venerável Mestre.

Nas sessões do Rito Brasileiro, após o anúncio: "Em Loja meus Irmãos!", até a declaração: "Está encerrada a Sessão. Retiremo-nos em paz!", toda movimentação será feita obedecendo-se o sentido dextrógiro e todos os Irmãos, sem exceção, ao entrar ou sair do Oriente, ou ao transpor o eixo norte-sul do Templo, junto a Balaustrada de frente para o Venerável Mestre, fará a saudação.

A postura correta que os Irmãos deverão adotar durante as sessões, quando estiverem assentados, é a de manter as pernas dobradas em paralelo. Em nenhuma hipótese deverão cruzar as pernas ou s braços ou assumirem outra posição menos formal.

II - 3 - SINAIS MAÇÔNICOS E USO DA PALAVRA

II – 3.1 - SINAL DE ORDEM:

É o sinal executado de acordo com o grau e da maneira prescrita no referido ritual, quando:

• Estiver de pé e parado, pois não se anda em Loja com o sinal bem como não se faz sinal estando sentado;

• Ao se levantar para fazer uso da palavra durante as sessões ritualísticas (fazendo a saudação falada), passando logo após o Sinal de Obediência;

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• Durante a marcha ritualística;

• Quando assim determinar o Ritual.

II – 3.2 - SINAL DE OBEDIÊNCIA:

É usado na Abertura dos Trabalhos antes da Transmissão da Palavra Sagrada, no encerramento dos Trabalhos após o fechamento do Livro da Lei e toda vez que

o Ir∴ estiver de pé e parado para fazer uso da palavra (levanta-se em Sinal de Ordem, saúda o Venerável e Vigilantes e passa ao Sinal de Obediência automaticamente). Faz-se colocando a mão direita aberta por cima da esquerda sobre o Avental.

II – 3.3 - SINAL DO RITO:

É feito quando do encerramento da sessão, conforme previsto no Ritual. Faz-se da seguinte forma: levantar naturalmente a mão direita ao ombro esquerdo, depois ao ombro direito e estender o braço à frente, formando esquadria, com a palma da mão para cima.

II – 3.4 - SINAL DE APROVAÇÃO:

Empregado nos processos de votação. É feito, estendendo-se o braço direito para frente, em linha reta, com a mão aberta, os dedos unidos e a palma da mão voltada para baixo.

II – 3.5 - USO DA PALAVRA:

O Maçom, em Loja aberta, se manifesta através da palavra, solicitada no momento adequado, conforme previsto no Ritual, diretamente aos Vigilantes, quando tiver assento nas Colunas, e ao Venerável, quando no Oriente.

Quando concedida, ficará o Irmão em pé e com o Sinal de Ordem, saudando (saudação falada),hierarquicamente as Dignidades, Autoridades e os Irmãos presentes, passando em seguida ao Sinal de Obediência.

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Não há necessidade de o irmão ir à coluna ou oriente para falar, pois o venerável ao conceder a palavra, esta volta na coluna do irmão que a solicitou.

Ao fazer uso da palavra, o Maçom deve ser objetivo, falar alto e claro, pouco e corretamente, contando e medindo suas palavras, empregando sempre expressões comedidas, evitando discursos intermináveis, prolixos e repletos de lirismo.

II – 3.6 - ENTRADA APÓS O INÍCIO DOS TRABALHOS:

Independente do Grau em que a Loja estiver

trabalhando o Ir∴ que chegar após o início dos trabalhos,

deverá dar somente três batidas na porta. Se não for possível seu ingresso no momento solicitado, o Cobridor

Interno responderá pelo lado interno da porta com uma batida, para que o Ir∴ aguarde. Caso a Loja esteja trabalhando nos grau de Aprendiz, Companheiro ou de Mestre, o Cobridor Interno deverá se dirigir à sala dos assas

perdidos e verificar se o Ir∴ possui qualidade para participar da sessão: através do telhamento relativo ao grau. É incorreto o hábito que se usa hoje de que, quando

um Ir∴ bate, o Cobridor ficar fazendo aumento do número de batidas para atingir o grau acima subseqüente.

Concedida à autorização para adentrar ao Templo, o

Ir∴ procederá com toda formalidade, realizando a marcha do grau e saudando as Luzes (Venerável e Vigilantes).

II – 4 - ORDEM DOS TRABALHOS A SESSÃO ORDINÁRIA

1. PREPARAÇÃO

Apenas os Irmãos encarregados de tarefas preparatórias poderão permanecer no Átrio, antes da chamada

do M∴ de CCer: .. Os demais permanecem na Sala dos PP∴ PP∴ aonde, imediatamente ao chegar, devem assinar o Livro de Presença (que se encontra na Sala dos PP∴ PP∴, devidamente preparado e posicionado pelo Chanceler). Não se

permitirá a circulação de qualquer Ir∴, durante a sessão, para coleta de assinaturas. Se houver matéria destinada à proposta ou informações, o depósito da mensagem será feito

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(também antes da sessão) no respectivo Saco de coletas. Este, devidamente preparado e localizado pelo Mestre de

Cerimônias na sala dos PP∴ PP∴ se encontrará em lugar discreto ao- alcance de todos. Antes do início da Sessão, o Mestre de Cerimônias colocará o Saco de Coleta na Balaustrada ao seu lado e o Chanceler levará o Livro de Presenças para sua própria mesa.

INGRESSO NO TEMPLO

À hora fixada, estando o Templo preparado, totalmente

iluminado, inclusive o Altar do Vem∴, os Pedestais dos Vigilantes e as mesas dos Oficiais, e todos revestidos de

suas insígnias e convenientemente trajados, o M∴ de CCer∴ convocará os IIr∴ a ingressarem no Templo (menos o Ven∴ M∴, o Ex-Ven∴ imediato, os VVig∴, Orad∴, Secr∴, Tes∴, Chanceler e as Autoridades com direito a recepção

regulamentar). Os Ilr∴ ingressam silenciosamente, a porta totalmente aberta, os Cobridores postados em pé nas suas respectivas posições, espada na vertical, cotovelo colado ao corpo, braço em esquadria com o antebraço. Ingressando, sem formalidades, cada Irmão ocupará o respectivo lugar, permanecendo em pé. Parados, assumem o Sinal de Obediência; ao caminhar, não há qualquer Sinal, nem mesmo o Sinal de Obediência. Esse ingresso prévio dos Irmãos não existe ordem hierárquica, ou seja, entram Aprendizes, Companheiros e Mestres sem cargos, nessa ordem.

OBS: Antes de retomar a S∴ dos PP∴ PP∴, convém ao Mestre

de CCer∴ solicitar que os IIr∴ do Oriente se voltem para o Altar e os do Ocidente para o Oriente para dar entrada ao cortejo das Dignidades.

O Mestre de CCer∴ retoma à sala dos PP∴ PP∴, convidando as Dignidades e as Autoridades presentes a ingressarem no Templo. Organiza-se o cortejo em fila dupla. À frente, do lado direito, isolado, adiantado de todos, o

M∴ de CCer∴, a seguir, sempre dois a dois: o Tes∴ (à

esquerda), o Chanceler (à direita). O Orad∴ (à esquerda),

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o Secretário à direita), o 1° Vig∴ (à esquerda), o 2° Vig∴ (à direita), A seguir, o ex-Venerável imediato (à direita) e o Venerável Mestre, à esquerda um pouco atrás, encerrando o cortejo.

As autoridades maçônicas serão recebidas conforme o Regulamento Geral da Federação, ou, caso dispensem as formalidades, integraram o cortejo das Dignidades, tomando posição designada pelo é um tipo Venerável Mestre. O cortejo caminha em linha paralela, cada um tomando o

respectivo lugar em Loja, sem circular. Os VVig∴ contudo, antecedendo ao Ven∴ M∴, o acompanham até à Balaustrada. O M∴ de CCer∴ acompanha o Ven∴ até o Trono, antecedendo-o. Após a chegada do Venerável ao Trono, VVig∴ e M∴ de CCer∴ regressam, tomando os respectivos lugares.

Durante o ingresso do cortejo das Dignidades, os Irmãos cantarão o Hino de Abertura (ou mediante gravação), iniciado sob o comando do Mestre de Harmonia que também deverá selecionar as músicas adequadas para serem

executadas durante a sessão, (concluído o cântico, os IIr∴ ainda permanecem em pé voltados para o Oriente e em S∴ de Obediência. Os IIr∴ do Oriente voltam-se para o Trono e só o Venerável está voltado para o Ocidente, observando toda a Loja).

Após o ingresso no Templo os Irmãos informalmente, e as Dignidades em cortejo por filas paralelas qualquer outra movimentação será feita obedecendo-se o sentido dextrógiro, isto é, sempre virando à direita, nunca à esquerda. A ordem é: Ocidente-Norte-Oriente-Sul-Ocidente.

ABERTURA DOS TRABALHOS

Verificações Iniciais

O Ven∴ Mestre manda certificar se o Templo está

Coberto. Caso o Ir∴ Cob∴ Ext∴esteja em posição, o Cob∴ Int∴ bate regularmente na porta pelo lado de dentro e,

estando a Loja coberta, o Cob∴ Ext∴ responde pela mesma

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bateria regular. Se o Cob∴ Ext∴ não estiver em posição, o próprio Cob∴Int∴ (sem bateria) vai à S∴ dos PP∴ PP∴ deixando a porta encostada, faz a inspeção e retoma ao Templo, fechando a porta.

OBS.: Não é necessária a bateria regular quando não se usa o Cob∴ Ext∴, pois a idéia da mesma é que o Cob∴ Ext∴ responda ao Cob∴ Int∴ que está tudo bem sem a necessidade de se abrir à porta do Templo.

Em seu trabalho, quando cumprem as suas funções relativas à segurança do Templo, os CCob∴ portam Espadas na mão direita, verticalmente, com o punho à altura da

cintura. Nas demais situações, a Espada permanece na bainha.

No diálogo inicial de abertura dos trabalhos, além da

fala do Ven∴, dos VVig∴, e do Orad∴, ocorre a participação do Chanceler ficando os mesmos sentados quando interrogados.

CERIMÔNIA DAS LUZES

(No Altar do JJur∴, que tem forma triangular, devem estar preparados três círios: um branco, no ângulo oriental do Altar, suscitando Sabedoria; outro Vermelho, no ângulo Norte, promovendo Força; e o terceiro Azul, no ângulo Sul

do altar, projetando Beleza. O Ven∴ e os VVig∴ devem estar preparados para, cada um em sua vez, acender o círio correspondente e depois pronunciar a invocação).

Estando todos de pé e em S∴ de Ob∴, os VVig∴, sem malhetes, dirigem-se ao Or∴ (saudando o Venerável antes de subirem os degraus do Oriente); à frente o 2º Vig∴, indo postar-se, respectivamente, diante dos castiçais da Beleza

e da Força. O Ven∴, após os VVig∴ tomarem posição, desce,

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trazendo do Altar a Tocha acesa, para acender em seguida a vela de cor branca do Castiçal da Sabedoria. Faz a citação,

passa a Tocha ao 1º Vig∴ que acende a vela de cor vermelha do Castiçal da Força; faz a citação, após o que o 1º Vig∴ passa a Tocha ao 2º Vig∴ que acende a vela de cor azul do Castiçal da Beleza, faz a citação e entrega a tocha ao

Ven∴ M∴ que a apaga e retorna a seu lugar dietamente, sem dar a volta em torno do Altar. Os VVig∴ também retornam a seus lugares após o Ven∴ ter regressado ao Altar, o 2º Vig∴, à frente (fazem a saudação para saírem do Oriente junto a balaustrada e de frente para o Venerável).

TRANSMISSÃO DA PALAVRA SAGRADA

Atenção: Ao comando do Venerável todos ficam à Ordem.

O 1º Diác∴ sobe os degraus do Trono e se coloca ante o Ven∴,em posição cômoda que permita a recepção da

Palavra. Ao chegar, saúda o Ven∴ com respeitosa inflexão de cabeça. É correspondido. A seguir, procede-se a

transmissão da Pal∴ Sagr∴ ao ouvido direito, letra a

letra; o Ven∴ dá a primeira letra, o 1º Diác∴, a segunda e seguem assim, alternativamente, sem pronunciar a palavra ou

suas sílabas. O 1° Diác∴, então saúda o Ven∴, é

correspondido e se desloca ao Pedestal do 1 ° Vig∴, onde com as mesmas formalidades, transmite a Palavra recebida.

Prossegue seu giro, indo colocar-se ao Altar dos JJur∴, junto à Luz da Força (vermelha). O 2° Diác∴ Desloca-se com formalidades iguais, transmitindo a Pai∴ Sagr∴ do 1° ao 2° Vig∴ e posiciona-se, a seguir, ao Altar dos JJur∴, junto à Luz da Beleza (azul). A marcha dos DDiác∴ deve ser enérgica, decidida, sem vacilações.

3 - ABERTURA DO LIVRO DA LEI

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Após a transmissão da Palavra Sagrada o Orador, sem

convite do Ven∴ e sem a escolta do M∴ de CCer∴, dirige-se ao Altar dos Juramentos passando entre o Altar do Venerável e o Altar dos Juramentos, sem fazer saudação ao Venerável.

O M∴ de CCer∴ e os dois DDiác∴ cruzam seus bastões por sobre o Altar dos JJur∴, formando o pálio. O M∴ de CCer∴ ergue seu bastão, sobre o qual os DDiac∴ apóiam os seus. Depois de saudar o Ven∴, o Orador, em pé, abre o Livro da

Lei (sem retiráIo de cima do Altar) na parte apropriada, lê o primeiro versículo do Salmo 133, (OH! COMO E BOM E AGRADÁVEL É QUE OS IRMÃOS VIVAM EM UNIÃO!) com voz firme, e

coloca sobre o Livro aberto o E∴ sobre o C∴, na posição do Grau (E∴ sobre o C∴ ,este com as pontas para o Ocidente) e saúda novamente o Ven: .. Desfaz-se o pálio. Regressam aos

seus lugares. O 2° Diác∴, de passagem para o seu lugar, abre o Painel do Grau.

4 - LEITURA E APROVAÇÃO DE BALAÚSTRE

O Ven∴ determina que o Ir∴ Secretário dê conta do Balaústre da última sessão, o mesmo será lido discutido e

aprovado pelos presentes. Após sua aprovação o 1º Diac∴ apresenta o Livro já assinado pelo Secretário ao Orador e

ao Ven∴ e, estando o Balaustre por eles assinado, entrega-o ao Secr∴

Se houver discussão (a ordem de falar obedecerá à

tradição: primeiro os da Col∴ do Sul, mediante autorização do 2° Vig∴, depois os da Col∴ do norte, quando autorizados pelo 1° Vig∴, a seguir os do Oriente com autorização do Venerável Mestre), e dela resultarem emendas ou explicações, estas serão submetidas a voto (o Orador deverá verificar a legalidade do ato e autorizar a votação, caso contrário deverá orientar sobre o procedimento a adotar).

A forma de aprovação da votação é pelo sinal

(estendendo a m∴ d∴ p∴ p∴ b∴). O M∴ de CCer∴ verifica a votação, anunciando a contagem ao Ven∴ M∴

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5 – EXPEDIENTE

O Secretário deve ter preparado antes da sessão a exposição do expediente. Criteriosamente, não lerá os documentos por extenso (salvo em casos especiais), mas, sim apresentará o conteúdo sinteticamente, economizando tempo. O Venerável Mestre vai declarando o destino do expediente.

Leis e decretos assinados pelo Sob∴ Grão-Mestre do GOB ou Pelo Eminente Grão-Mestre Estadual, devem ser lidos pelo Orador, estando todos os Irmãos sentados.

6 - SACO DE PROPOSTAS E INFORMAÇÕES

O M∴ de CCer∴, que recolhera a sacola antes da abertura da sessão, cumpre o determinado e só se retira depois que for anunciado o resultado da coleta. (não há circulação do saco de proposta e informações).

7 . ORDEM DO DIA

A pauta da Ordem do Dia é organizada pelo Secretário. Constitui-se, fundamentalmente, e assuntos que exijam

debate e votação da Loja. Tais assuntos devem estar contidos em Propostas Escritas, apresentadas no Saco de Proposta e Informações, levados pelo Ven∴ M∴ à discussão da Loja, ou devem estar contidos em Pareceres de comissões. O Secretário expõe cada assunto, lendo a proposta ou parecer, um assunto de cada vez; só passando a outro após a conclusão do anterior, depois da votação e da proclamação do resultado. Se o Orador tiver parecer quanto à legalidade do ato, deverá usar da palavra.

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8. ENTRADA DOS VISITANTES

Qualquer Maçom, membro de Loja regular do País ou

estrangeiro, goza do direito de visitação. É um LANDMARK da Ordem, é facultado ao Ven∴ permitir que o Ir∴ visitante, pessoa conhecida da Oficina, ingresse no Templo em família, participando do cortejo da abertura. Qualquer outro visitante será submetido ao procedimento discriminado

no RGF (quando o Ir∴ for do GOB, não deixar de solicitar a "Palavra Semestral"; se o visitante não for conhecido, antes do início da Sessão,. deve ser verificada sua dignidade maçônica pelo 1° Experto e gravar seu nome no Livro próprio. Seus documentos serão examinados pelo Orador e será recebido sem levantar a Loja.

As Autoridades Maçônicas, bem como portadores de Títulos e Recompensas serão recebidos de acordo com o Protocolo do RGF, podendo o homenageado dispensar esse privilégio.

9 - ESCRUTÍNIO SECRETO

Nos procedimentos para o escrutínio secreto é exigido que c Venerável, antes de correr a urna, leia a proposta de admissão na integre (omitindo o nome do apresentante), as três sindicâncias (omitindo o nome dos sindicantes) e o parecer da Comissão de Admissão e Graus. Se c candidato for aprovado, então deve ser informado o nome do apresentante e sindicantes.

Seu giro é idêntico ao do Tronco de Beneficência, o

Ir∴ 1º Exp∴deverá munir-se de uma urna (estojo) coletora e o Ir∴M∴ de CCer∴de uma urna (estojo) com esferas brancas e pretas. Os dois Ilr:, ficam entre Colunas, o 1°

Exp∴ ao Norte e o M∴ de CCer∴ ao Sul, Saúdam o Ven∴ M∴ e partem a cumprir a ordem. Cada Ir∴ tira do estojo do M∴ de CCer∴ a esfera com que vai votar (as brancas aprovam e as

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negras reprovam, é sempre bom lembrar isto aos IIr∴ antes

do giro), Após, o 1º Exp∴ recolhe a votação e fica entre Colunas. O M∴ de CCer∴ volta a seu lugar.

O 1° Exp∴, apresenta a urna ao Ven∴ M∴, destampando-a, e o número de esferas é conferido com o dos

OObr∴ presentes. Se todas as esferas_forem brancas, o Ven∴ anunciará que o candidato foi aprovado limpo e puro, se houver votação desfavorável, procederá de conformidade com o RGF.

Após o anúncio do resultado, o 1º Exp∴ apresentará a urna ao Orador e aos Vigilantes, para conferência. A seguir

o Ven∴ anuncia o nome do apresentante e dos sindicantes.

10 . TEMPO DE INSTRUÇÃO

É o tempo destinado à apresentação de trabalhos por

Ir∴ previamente inscrito, se não houver, o 2° Vig∴ dará instrução aos IIr∴ sobre filosofia, simbolismo, liturgia, história ou legislação maçônica, ou versará sobre qualquer assunto da cultura humana.

OBS.: o tempo de instrução poderá ser usado pelo Ven∴ M∴ ou por outro Ir∴ designado.

11 . TRONCO DE SOLIDARIEDADE

O Hospitaleiro coloca-se entre Colunas; saúda o Ven∴ M∴ e inicia a circulação. A sacola de coleta deve ser conduzida lateralmente, colocada à cintura, lado esquerdo, segura pelas duas mãos. Começa pelo Oriente: primeiro o

Ven∴ ou autoridade que presida a sessão, depois as

autoridades que estão com o Ven∴ no Altar. A seguir, faz o giro completo pelo Oriente sem preocupação de hierarquia. O

Hosp∴ desce ao Oc∴ (ao descer saúda o Ven∴ com respeitosa

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inflexão de cabeça). Dirige-se ao 1° Vig∴ , deste coleta toda a Coluna do Norte, sem preocupação de hierarquia ou

grau, concluída a coluna do norte, vai ao 2° Vig∴, e conclui a coleta da Coluna do Sul, também sem preocupação de hierarquia ou grau; embora seja obrigado a fazer dois

giros nesta Coluna, devido à posição de 2° Vig∴, na parte média da Coluna, e a obrigatoriedade da circulação

dextrógira. Para concluir o Hosp∴ faz seu próprio depósito com o auxílio do Cob: .. Concluída a coleta, encaminha-se diretamente ao Tesoureiro, entregando-lhe a sacola e retornando ao seu lugar. O Tesoureiro, depois de conferir,

comunica o resultado ao Ven∴.

12. PALAVRA A BEM GERAL DA ORDEM E DO QUADRO

Mediante autorização dos Vigilantes a palavra é concedida a quem dela queira fazer uso em suas Colunas, de

acordo com a tradição, (em cada Coluna e no Oriente, o Ir∴ se levantará após autorização do Venerável, tomará o Sinal de Ordem, dirá as palavras de saudação às Luzes e Autoridades, descarrega o Sinal e falará em sinal de Obediência). OBS: A palavra pode voltar às Colunas desde

que solicitada e autorizada pelo Ven∴ M∴, conforme a

tradição, o Ven∴ M∴ pode cassar a palavra do Ir∴, se entender que o assunto é inoportuno para o momento ou se está sendo colocado de forma inadequada.

Reinando silêncio nas CCol∴ e não havendo, também no Or∴, quem mais peça a palavra, o Ven∴ passa a palavra ao Orad∴para as conclusões finais e saudação aos visitantes. A seguir o Ven∴ M∴ tece suas próprias palavras finais. Após o Ven∴ M∴, falam apenas os Grão-Mestres.

Falarão assentados: o Venerável,1° e 2º Vigilantes, Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler.

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13. RETIRADA DAS AUTORIDADES

Neste período retiram-se as autoridades que ingressaram com formalidades (de acordo com o RGF, se as mesmas abrirem mão das formalidades poderão sair em família, no cortejo de retirada das Dignidades ).

14. ENCERRAMENTO

Após determinação do Ven∴, o M∴ de CCer∴ Coloca-se entre CCol∴, faz o Sinal do Rito, voltando depois ao seu lugar.

PROCEDIMENTOS PREPARATÓRIOS

Após as leituras previstas no Ritual, o Venerável

Mestre dá a Bateria do Grau, os Ilr∴ do Oriente se

levantam à Ordem. Bate o 1° Vig∴ e os IIr∴ da Coluna do Norte se levantam à Ordem. Bate o 2° Vig∴ e os IIr∴ da Coluna do Sul se levantam à Ordem. Em seguida a P∴ S∴ retorna ao Venerável Mestre. O 2° Diác∴ vai ao Pedestal do 2° Vig∴ e recebe a P∴ S∴ do mesmo modo por que a

transmitiu no início dos trabalhos. Dirige-se ao 1° Vig∴ e a transmite da mesma forma que a recebeu, indo colocar-se à

direita do Altar dos Juramentos. O 1° Diác∴ vai ao

Pedestal do 1 ° Vigilante, recebe a P∴ S∴ com as

formalidades já descritas e a transmite ao Ven∴, indo colocar-se à esquerda do Altar dos juramentos.

FECHAMENTO DO LIVRO DA LEI

Procede-se como na Abertura; o Orad∴ fecha o Livro da Lei, (sem retirá-lo de cima do Altar) colocando o E∴ e o C∴ na posição do Grau (pontas voltadas para o Oriente) e retoma ao seu lugar, bem como os DDiác∴ e o M∴ de CCer: .. O 2° Diác∴ retornando ao seu lugar, de passagem, fecha o Painel do Grau.

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AMORTIZACAO DAS LUZES

Os VVig∴ Dirigem-se ao A∴ dos JJur∴ (sem malhetes); à frente, o 2° Vig∴; seguido pelo 1 ° Vig∴, colocando-se diante dos respectivos castiçais. A seguir, o Ven∴ Dirige-se ao A∴ dos· ∴JJur∴

O 2º Vig∴ amortiza a vela de seu castiçal, utilizando um abafador e faz seu pronunciamento.

O 1º Vig∴ recebe o abafador do 2° Vig∴ é amortiza a vela de seucastiçal e faz seu pronunciamento.

O Ven∴ recebe o abafador do 1° Vig∴ e amortiza a vela de seu castiçal, faz seu pronunciamento e retoma ao Altar, diretamente, sem dar volta em torno do Altar do Juramentos.

Após o Ven∴ ter chegado no seu lugar, os VVig∴ retomam a seus Pedestais; o 2° Vig∴ à frente.

CONCLUSÃO

PROCEDE-SE DE ACORDO COM O RITUAL.

O M∴ de CCer∴, a seguir, promove o cortejo de

retirada das DDig∴, na ordem inversa ao do cortejo de

entrada. O Ven∴ Dirige-se ao A∴ dos JJur∴, os dois VVig∴ Encaminham-se, paralelamente, até a balaustrada. Os IIr∴, sob a direção do M∴ de Harm∴, iniciam o cântico (ou mediante gravação) do Hino de Encerramento.

Durante o cântico saem; à frente o Ven∴ M∴ e as

Autoridades, a seguir os dois VVig∴, cada um de um lado de sua própria Col∴seguidos pelas demais DDig∴e IIr∴ do

Oriente. Os IIr∴ permanecem cantando e após o cortejo,

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retiram-se em ordem, cada um do lado de sua Col∴ Os dois CCob∴ permanecem à porta, postados como na entrada do

cortejo. Ao transpor-se a porta do Templo, o Cob∴ Int∴ apaga as luzes e fecha a porta.

OBS.: No Rito Brasileiro existe uma "Adenda" para Suspensão e Reabertura dos Trabalhos após Sessão Aberta, caso os trabalhos hajam sido interrompidos e depois reencetados.

Quando determinar o Ven∴, após as leituras de praxe (conforme o Ritual) estando todos em pé e à Ordem, o

Orad∴, imediatamente, sem necessidade. de comando, fecha o L∴ da L∴, sem o pálio. Todos baixam ao Sinal de

Obediência. O Orad∴ coloca sobre o L∴ da L∴ o C∴ e o E∴, na mesma posição que guardavam entre si. O 2° Diác∴ fecha o Painel do Grau. Os IIr∴ saem do Templo.

Ao reabrir todos ocupam seus lugares no Templo, em pé

e com o Sinal de Obediência. O Ven∴ M∴ dá um golpe de malhete, repetido pelos VVig∴.

Fazem as leituras de praxe (conforme o Ritual); o

Orad∴, imediatamente sem necessidade de comando, reabre o L∴ da L∴ no mesmo lugar, sem o pálio, recolocando ó C∴ e o E∴ na posição do Grau.- . O 2° Diác∴ reabre o Painel do Grau.Os trabalhos recomeçam do ponto em que foram suspensos.Esta Adenda é usada normalmente em dia de Sessão Magna de Iniciação.

CADEIA DE UNIÃO

A Cadeia de União somente se realiza quando houver necessidade, de transmitir a Palavra Semestral. Deve ser formada. Após o encerramento da sessão. Na transmissão da palavra:Semestral não se permitirá à presença de visitantes.

PROCEDIMENTO BÁSICO:

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1. Os Irmãos formam lado a lado. O Ven∴ (de costas para o Oriente) terá, à direita, sucessivamente, o 1° Vigilante e o Orador, e, à esquerda, sucessivamente, o 2° Vigilante e o Secretário, seguindo-se os demais- Irmãos, de cada lado, em uma ordem formal. O Mestre de Cerimônias se postará em posição diametral a do Venerável.

2. Postados os Irmãos, lado a lado, antes de entrelaçar os braços, o Venerável abre o envelope, lê a Palavra

Semestral, memoriza e de mãos dadas, BBr∴ ccr∴, o d∴ S∴ o e∴, a palavra é transmitida sigilosamente, a partir do Venerável Mestre, ao Irmão à direita e assim sucessivamente, circula até regressar ao Venerável que, recebendo-a na volta, dirá de sua correção. Repetirá o procedimento até que a Palavra regresse certa.

3. A Cadeia é desfeita. O Venerável deve dizer palavras apropriadas.

Exemplo: "Possa esta Loja, formada com tanta união e concórdia, durar por muito tempo".

4. O Venerável Mestre com o auxílio do Mestre de Cerimônias, na forma tradicional (o papel na ponta de uma espada), procede à incineração da Palavra Semestral gravada. Em seguida diz: sob a proteção do Supremo Arquiteto do Universo, retiremo-nos em paz!

(*) Apresentação: Ser∴ Ir∴ JOSÉ ROBSON GOUVEIA FREIRE - M∴I∴, Gr∴ 33, Grande Secretário da Magna Reitoria do Supremo Conclave do Brasil.

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

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IIr∴ AILTON PINTO DE TRINDADE BRANCO JOSÉ INÁCIO DA SILVA FILHO NÊODO AMBRÓSIO DE CASTRO

O Rito Escocês Antigo e Aceito, nasceu na Franca, como "o rito dos Stuart, da Inglaterra e da Escócia" tendo sido a primeira manifestação maçônica em território francês (1649), antes mesmo da fundação da Grande Loja de Londres (1717).

Desde a criação da Grande Loja de Londres em 1717, apareceram na França dois ramos distintos da Maçonaria. Um dependente da Grande Loja de Londres e outro (escocês) autônomo que não estava ligado a nenhum sistema obediencial.Viviam sob o antigo preceito maçônico de que os maçons tinham o direito de constituir lojas sem prestar contas de seus atos a uma autoridade ou poder supremo ("O Maçom Livre na Loja Livre").

As Lojas Escocesas eram maioria, na França. Até 1766, somente três Lojas, entre as 487 Lojas existentes, tinham patente da Grande Loja de Londres.

Em 1758 criou-se, no escocesismo, os altos graus (25 graus do chamado rito de Héredom) que no entanto só foi plenamente estabelecido 1801 com a fundação em Charleston (Estados Unidos), do primeiro Supremo Conselho do Mundo do chamado Rito Esconcês Antigo e Aceito.

A DOUTRINA INICIÁTICA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

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Os principais pontos da Doutrina do Rito Escocês Antigo e Aceito estão contidos nas instruções dos três Graus Simbólicos.

Embora existam variações de Obediência para Obediência e de país para país, as linhas mestras de doutrina estão sempre presentes e podem servir para os ensinamentos em qualquer parte do mundo. São elas:

A maçonaria é uma associação íntima de homens e mulheres escolhidos, cuja doutrina tem por base o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus; como regra: a lei Natural;por causa: a Verdade, a Liberdade, a Fraternidade e a Caridade; por frutos: a Virtude, a Sociabilidade e o Progresso; por finalidade: a felicidade de todos os povos, que ela procura, incessantemente, reunir sob sua bandeira de Paz. Assim, nunca deixará, a Maçonaria, de existir no gênero humano. 2. Os deveres de um Maçom são:

· Honrar e venerar o Grande Arquiteto do Universo, a quem agradece, todos os dias,pelas boas ações que pratica, em relação ao próximo, e os bens que lhe couberem em partilha.

· Tratar todos os seres humanos como seus iguais irmãos, sem distinção de sexo, raça, nacionalidade e classe social.

· Combater a ambição, o orgulho, o erro e os preconceitos. · Lutar, sempre, contra a ignorância, a mentira, o fanatismo e a superstição, que são flagelos provocadores de todos os males que afligem a humanidade e impedem o progresso.

· Praticar a justiça recíproca, como verdadeira salvaguarda dos direitos e dos interesses de todos, e a tolerância, que dá, a cada um, o direito de escolher suas opiniões e seus credos religiosos.

· Deplorar os que erram, esforçando-se, todavia, para reconduzi-los ao caminho da Verdade.

· Socorrer os infortunados e os aflitos.

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Esses deveres são cumpridos, porque o Maçom deve ter fé, que lhe dá a Coragem, a Perseverança, que vence os obstáculos, e o Devotamento , que o leva a praticar o Bem, mesmo com o risco de sua vida e sem esperar nenhuma outra recompensa além da tranqüilidade de consciência.

3. O Sinal do Primeiro Grau significa a honra de saber guardar o segredo preferindo ter a Garg.'. cort.'. a revelar os Mistérios da Ordem;significa também, que o braço direito, símbolo da Força, está concentrado e imóvel para defender a Maçonaria, com suas Doutrinas e seu Princípios.

4. Os passos em esquadria, representam o cruzamento de duas linhas perpendiculares, único caso em que formam quatro ângulos retos iguais, simbolizando a Retidão do caminho seguido e a Igualdade, um dos princípios basilares da Instituição.

5. O candidato à iniciação consegue penetrar no Templo por três pancadas, cujo significado é: "Batei e sereis atendido; pedi e recebereis; procurai e encontrareis".

6. O candidato deve ser recebido numa Loja justa, perfeita e regular. Para que uma Loja seja Justa e Perfeita, é preciso que três a governem, cinco a componham e sete a completem. Existe outro conceito: Uma Loja é justa quando estão presentes, no mínimo, sete Obreiros, e é perfeita quando o Livro da Lei está aberto sobre o Altar dos Juramentos. Loja regular é aquela que pertence a uma Obediência Maçônica regular e reconhecida.

7. A venda nos olhos do candidato simboliza as trevas e os preconceitos do mundo profano, mostrando, também, a necessidade que tem, o ser humano, de procurar a luz entre os iniciados. O pé descalço, além de demonstração de respeito ao adentrar o Templo, provocará uma marcha claudicante, que simboliza o árduo caminho do candidato, em direção a luz. O braço e o peito desnudos significam que o candidato dará o seu braço em defesa da Ordem e o seu coração a todos os seus Irmãos. As pontas do Compasso, sobre o peito,

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mostram, ao candidato, que, se em sua vida profana, os seus sentimentos e as suas ações não foram reguladas por esse instrumento da exatidão, isso deverá acontecer a partir de sua Iniciação.

8. A Pedra Bruta é o emblema do Aprendiz, com representação de tudo aquilo que se deve ser aperfeiçoado. O trabalho de desbastamento, esquadrejamento e polimento da Pedra Bruta simboliza o próprio aperfeiçoamento moral e espiritual do Neófito.

9. As Colunas Vestibulares do Templo possuem, simbolicamente, as dimensões das colunas do Templo de Jerusalém: 12 de circunferência, 12 de base e 5 nos capitéis. Essas dimensões, para colunas não destinadas à sustentação, vão contra as regras da Arquitetura, no sentido de mostrar que a Ciência e o Poder do Grande Arquiteto do Universo estão além das dimensões e dos julgamentos humanos. As romãs, que as adornam, com milhares de sementes contidas no mesmo fruto, embora em diversos compartimentos, simbolizam o próprio povo maçônico universal, que, por mais multiplicado que seja, constitui uma só família.

10. O Pavimento de Mosaico,formado por elementos brancos e negros, e o emblema da irregularidade do solo e das dificuldades da caminhada iniciática; simboliza, também, os opostos; a Virtude e o vício, a Boa e a má sorte, a Sabedoria e a ignorância, o Bem e o mal. Com os quadrados brancos e negros, unidos pelo mesmo cimento, ele é o símbolo, também, da união entre os Maçons do planeta, independentemente de raças, cores e credos políticos e religiosos.

11. A Espada Flamejante é o símbolo da Justiça, que deve punir todos os que se afastarem do caminho do Bem; mostra, também, com sua forma estilizada de um raio, que a justiça deve ser pronta e rápida, como um raio. 12. O Esquadro,como jóia do Venerável Mestre, mostra que o dirigente de uma Oficina deve, sempre, pautar os seus atos pela mais absoluta retidão de caráter. O Nível, jóia do Primeiro Vigilante, simboliza a igualdade social, que é a base do direito natural. O Prumo, jóia do Segundo Vigilante, mostra que o Maçom deve ser reto em seus julgamentos, sem ser

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influenciado por interesses pessoais, ou pelos seus próprios sentimentos. O Nível e o Prumo, separados, nada valem numa construção; ambos, todavia, completam-se, mostrando-se, que o Maçom deve cultuar a Igualdade, nivelando todos os seres humanos, e a Retidão, que não o deixará pender, para qualquer dos lados, pela amizade, ou pelo interesse.

13. A Loja, simbolicamente, apoia-se em três colunas (ou pilares); Sabedoria, Força e Beleza. O Venerável representa a coluna da Sabedoria porque dirige os Obreiros; o 1º Vigilante representa a coluna da Força porque paga, aos Obreiros, o salário, que é a força e a manutenção da vida; o 2º Vigilante representa a coluna da Beleza, porque faz repousar os Obreiros, fiscalizando o seu trabalho. A Sabedoria, a Força e a Beleza são complementos de todas as obras humanas; sem elas nada é perfeito e durável, pois a Sabedoria cria, a Força sustenta e a Beleza adorna.

14. A Maçonaria combate a ignorância, em todas as suas formas, porque a ignorância é a mãe de todos os vícios e o seu princípio é nada saber, saber mal o que se sabe e saber coisas outras além do que deveria saber. Não pode, o ignorante, medir-se com o sábio, cujos princípios são a tolerância, o amor e o respeito a si próprio. É por isso que os ignorantes são irascíveis, grosseiros e perigosos; perturbando e desmoralizando a sociedade, evita que os seres humanos conheçam os seus direitos e saibam, no cumprimento dos seus deveres, que, mesmo com constituições liberais, um povo ignorante é escravo.Inimigos do progresso, afugentam as luzes, aumentam as trevas e permanecem em eterno combate contra a Verdade, a Perfeição e o Bem.

15. A Maçonaria combate o fanatismo, porque a exaltação religiosa perverte a razão e leva os insensatos à prática da ações condenáveis, em nome de Deus e sob o pretexto de honrá-lo. O fanatismo é uma doença mental, desgraçadamente contagiosa, que, estabelecida num país, toma foros de lei, como nos execráveis autos da fé, que fizeram perecer milhares de homens e mulheres úteis a sociedade. A superstição é um falso culto mal compreendido, pleno de mentiras, contrário a razão e as idéias sãs, que se devem fazer de Deus; é a religião dos ignorantes, dos timoratos. O

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fanatismo e a superstição são os maiores inimigos da religião e da felicidade das nações.

16. A Solidariedade, que deve existir entre os Maçons, é a mais pura e fraternal, mas deve ser restrita aos que praticam o bem e sofrem os espinhos da vida; aos que, nos trabalhos lícitos e honrados, são infelizes; aos que embora com fortuna, sentem, na alma, o amargor das desgraças. Onde houver uma causa justa,aí deverá se fazer sentir a solidariedade maçônica. Quando, entretanto, um Maçom , olvidando os princípios da Ordem, desvia-se da moral, tornando-se um mau cidadão, um mau pai, uma má mãe, um mau filho, uma má filha, um mau marido, uma má esposa, um mau irmão, uma má irmã, um mau amigo e uma má amiga; quando, cego pelo ódio ou pela ambição, pratica atos considerados indignos de um Maçom, ele rompe o compromisso de solidariedade que não mais poderá existir, pois, se ela fosse mantida, haveria a conivência com atos degradantes. Assim, o Maçom que procede mal, perde todo o direito ao auxílio material e, principalmente, ao amparo moral de seus Irmãos.

17. A Maçonaria combate a escravidão, porque todo o ser humano é livre, podendo, porém, estar sujeito a entraves sociais, que o privem, momentaneamente, de uma parte de sua liberdade e - o que é pior - o tornem escravo de suas próprias paixões e de seus preconceitos. É desse jugo, exatamente que se deve libertar o candidato à Luz Maçônica, já que o ser humano que abdica, voluntariamente, de sua liberdade, não pode contrair nenhum compromisso sério.

18. Os instrumentos necessários à transformação da Pedra Bruta em Pedra Cúbica são: a princípio, o Maço e o Cinzel, em seguida a Régua e o Compasso, depois a Alavanca e, finalmente, o Esquadro. O Maço e o Cinzel, como instrumentos destinados e desbastar a Pedra Bruta, mostram, ao Maçom, como devem ser corrigidos os seus defeitos, tomando sábias resoluções (simbolizadas pelo Cinzel), que uma enérgica determinação (simbolizada pelo Maço) coloca em execução. A Régua, permitindo o traçado de linhas retas, que se podem prolongar ao infinito, simboliza o direito inflexível, a lei moral, no que ela tem de mais rigorosa e imutável. A esse absoluto, opõe-se o círculo da relatividade, cujo raio é medido pelo afastamento das

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hastes do Compasso; como são limitados os meios de realização humana, o plano de trabalho deve ser traçado, levando em conta não só a idéia do abstrato, que deve ser seguida (Símbolo= Régua), como a realidade concreta (Símbolo=Compasso), com as quais o ser humano está acostumado. A Alavanca simboliza o poder irresistível de uma inarredável vontade, quando sabiamente aplicada; a Régua, todavia, é aplicada junto com a alavanca, para mostrar os limites do poder e por que a vontade só é invencível quando colocada a serviço do direito absoluto. O Esquadro, permitindo controlar o corte das pedras,que devem ser regulares, para que se ajustem umas as outras, com exatidão, determina, ao Maçom, que a perfeição consiste, para o ser humano, na justeza com que se coloca na sociedade.

19. O sábio humilha-se, sempre, quando em presença de uma verdade que ele reconhece superior à sua compreensão, esquiva-se, assim, de ser o instrutor das multidões, porque, conscientemente, jamais poderia satisfazer-lhes a justa curiosidade e, na impossibilidade de fazê-las compreender o erro e de conduzi-las ao real caminho da Verdade, abandona-as às suas grosseiras fantasias. O verdadeiro Iniciado, todavia, tem o dever de acudir em auxílio a todos os que ele julgar iniciáveis, daquele que, independentes, revoltam-se contra as tiranias e as arbitrariedades, pois estes merecem ser ensinados a procurar os níveis, daquele que, independentes, revoltam-se contra as tiranias e as arbitrariedades, pois estes merecem ser ensinados a procurar o Real, o Verdadeiro, sem a preocupação, nem a esperança de triunfo, que só é alcançado pelo repouso de uma inteligência satisfeita. Embora, na realidade o ser humano nunca possa chegar a saber, ele procura saber, buscando, avidamente, adivinhar o Eterno Enigma, o enigma da vida, crente de que este é o seu mais nobre e mais elevado destino. A Verdade, esse mistério inacessível, que atrai o ser humano com uma força irresistível, é muito vasta, muito viva, muito livre e bastante sutil, para se deixar prender, imobilizar, estereotipar e petrificar na rigidez de um sistema qualquer que ele seja. Os artifícios e as roupagens com as quais a Verdade é revelada, para ser dada ao conhecimento público, só servem para deturpá-la, tornando-a, geralmente, irreconhecível, já que tudo o que se procura objetivar com o auxílio de subterfúgios, será sempre um reflexo ilusório, uma imagem apagada da grande Verdade, que o Iniciado busca, em vão, contemplar e encarar. Para

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isso, ele recebe a iniciação, que ensina, principalmente co Companheiro e, em primeiro lugar, a esquecer tudo aquilo que lhe é próprio, para, em seguida, concentrar-se, descendo ao âmago dos próprios pensamentos, com o intuito de se aproximar da fonte da pura Verdade, instruindo-se, assim, não pelas sábias lições dos Mestres, mas pelo exercício constante de Meditação. Assim procedendo, ele não conseguirá, naturalmente, aprender tudo quanto encerram os livros e ensinam as escolas. Mas, para que sobrecarregar a memória,se,muitas vezes o ser humano engana-se com o caráter ilusório do que lhe parece verdadeiro? o simplesmente ignorante está mais próximo da verdade do que do fátuo e arrogante, que se jacta de uma ciência enciclopédica, apoiada, unicamente, em falsas noções. Em matéria de saber, a qualidade supera a quantidade; é preferível saber pouco, mas este pouco saber bem. Deve, o Iniciado, saber distinguir o real do aparente, não se apegando, apenas, às palavras, às expressões, por mais belas que elas pareçam; deve se esforçar para discernir aquilo que é inexplicável, intraduzível, a Idéia-Princípio, o âmago, o espírito, sempre mal e imperfeitamente interpretado nas mais bem construídas frases. Só dessa maneira é que ele afastará as trevas do mundo profano e atingirá a clarividência dos Iniciados verdadeiros. Estes se distinguem pela penetração de espírito e pela capacidade de compreensão que possuem. Grandes sábios e célebres filósofos tem permanecido profanos, por não terem compreendido o que obscuros pensadores conseguiram discernir por si mesmos, à força de refletirem e meditarem, no silêncio e no recolhimento. Para ser um verdadeiro Iniciado, pode-se ler pouco, mas pensar muito, meditar sempre e, principalmente,não ter receio de sonhar.

20. Tudo, no mundo, parece, com exceção do sol, da inteligência e do amor, de que o Grande Arquiteto do Universo se fez o santuário, onde desmoronam os lances infernais do gênio do mal, que tende a secar as fontes da felicidade humana. A Maçonaria nasceu e fortificou-se para enfrentar, destemidamente a todos os males que enfraquecem o ser humano. Ao ser recebido no Grau de Mestre, o Iniciado terá a plena certeza de que é digno de partilhar dos trabalhos constantes dos Maçons, na guerra, em que, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, empenham todos os seus esforços e todo o seu amor em prol da humanidade. Sua responsabilidade estará aumentada; se a Ordem lhe assegura, por toda

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parte passagem e proteção, ela espera, também, o seu esforço contínuo, o seu trabalho ininterrupto, em favor da libertação das inteligências oprimidas, e a sua coragem, a toda prova, quando precisar se arriscar para salvar os seus Irmãos. O Mestre deve irradiar, por toda a parte a luz que recebeu; deve procurar, na sociedade profana, os corações bem formados, as inteligências livres, os espíritos elevados, que fugindo dos preconceitos e da vida fácil, buscam uma vida nova e podem se tornar elementos úteis e poderosos para a difusão dos princípios maçônicos; deve aprender a dominar-se e fugir de todo sectarismo. Sendo amigo sa Sabedoria, deve guardar sempre, o equilíbrio mental, que caracteriza o ser são de espírito. Não se constrói um edifício, apoiando-o sobre uma única coluna; assim, o Mestre deve saber, no seu trabalho de construção moral e intelectual, equilibrar, sempre, os ensinamentos da razão com os sentimentos do coração. Deve recordar que a Maçonaria vai sempre, em auxílio dos desgraçados, quaisquer que sejam suas opiniões; que, em sua ação social, ela liberta as consciências e reaviva a coragem daqueles que nada mais esperam. Deve saber, enfim, o Mestre, que, se como um novo Hiram Abi, ele estiver a ponto de receber um golpe fatal, vibrado por inconscientes e revoltados, todos os seus Irmãos saberão defendê-lo e que, se sucumbir gloriosamente, no cumprimento do dever, todos os Mestres dedicados procurarão, mais tarde, os vestígios de suas obras, porquanto o ramo de acácia servirá para que reconheçam os esforços que ele fez, em benefício do desenvolvimento da Sublime Ordem.

21. Os instrumentos necessários à complementação do trabalho simbólico dos Maçons são: o Cordel, o Lápis e o Compasso. Nas construções, o cordel serve para marcar todos os ângulos do edifício, fazendo-os iguais e retos, para que os alicerces possam suportar a estrutura; com lápis, o arquiteto traça os diversos planos para a construção e orienta os operários; o compasso serve para determinar, com precisão, os limites e as proporções das diversas partes da construção. Já na Maçonaria, que é simbólica e não mais de ofício (ou operativa), esses utensílios são aplicados por analogia, aos preceitos da moral difundida pela Ordem. Dessa maneira, o cordel indica a linha de conduta do Mestre, sem falhas e baseada nas verdades contidas no Livro da Lei; o lápis adverte-o que seus atos, palavras e pensamentos são observados pelo Grande Arquiteto do Universo, a quem ele deve

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prestar contas de seu procedimento na vida; o compasso, por fim, lembra a justiça de Deus, imparcial e infalível, mostrando que é necessário distinguir o Bem do mal, a justiça da iniqüidade, para que o Mestre fique em condições de apreciar e medir, com justo valor, todos os atos que tiver que praticar.

22. A união do Esquadro e do Compasso forma a insígnia do Mestre. O Esquadro regula o trabalho do Maçom, que deve agir com retidão, inspirado na eqüidade; o compasso dirige essa atividade esclarecendo-a, para que produza a mais judiciosa e fecunda aplicação. O compasso, todavia, é que é o utensílio dos Mestres, pois só eles sabem manejá-lo com precisão, medindo todas as coisas, levando, porém, em consideração a sua relatividade. A razão do Mestre, fixa como a cabeça do compasso, julga os acontecimentos de acordo com as causas ocasionais; o seu julgamento inspira-se não nas rígidas graduações da Régua, mas num discernimento, baseado na adaptação rigorosa da lógica à realidade.

Por que 1804?

O nome Rito Escocês Antigo e Aceito foi anunciado para o mundo maçônico após a criação do primeiro Supremo Conselho em Charleston, Estados Unidos, em 31 de maio de 1801.

Em 4 de dezembro de 1802, uma circular levou ao conhecimento dos maçons, principalmente europeus, a criação do Conselho-Mãe em Charleston, na Carolina do Sul, denominado Supremo Conselho dos Soberanos Grandes Inspetores Gerais, 33º e último Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Antes de 1801, fora fundado pelo Conde de Grasse-Tilly, um Supremo Conselho nas Índias Ocidentais Francesas, com 33 graus. Entretanto, esse Supremo Conselho foi ignorado e abafado pelo Supremo Conselho norte-americano, que conseguiu fazer-se constar como o Supremo Conselho-Mãe do Mundo.

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Nos três primeiros anos de vida do Supremo Conselho norte americano, o Rito Escocês Antigo e Aceito permaneceu sem ritual próprio. Os Altos Graus funcionaram com os Graus de Perfeição do Rito de Heredom, acrescentados dos oito novos graus que totalizavam os 33. Os novos graus não eram Iniciáticos e ganharam conteúdo mais administrativo que litúrgico. Os Graus Simbólicos, na época conhecidos como Maçonaria Azul, foram os da ritualística norte americana.

O segundo Supremo Conselho criado foi o de France, em 1804, quando também foi confeccionado o primeiro ritual dos graus simbólicos do Rito, o “Guide des Maçons Écossais”. Foi idealizado pelos maçons franceses, apelidados de “escoceses”, que fundaram nesse mesmo ano, 1804, uma nova Obediência Maçônica em Paris: a “Grande Loja Geral Escocesa”, mais uma Loja-Mãe do Rito Antigo Aceito, um modelo ritualístico recebido dos maçons integrantes da Grande Loja dos “Antigos” de Londres. A Grande Loja Geral Escocesa de Paris uniu particularidades do Rito Antigo Aceito, de origem operativa, praticado na Escócia, com a natureza hebraica do Rito de Perfeição e organizou um ritual para os graus ditos simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Lojas-Mãe Escocesas na França

Assim como no presente se associa naturalmente Supremo Conselho com Rito Escocês Antigo e Aceito, pode-se considerar a mesma associação no passado entre maçonaria azul e as Lojas-Mãe Escocesas. Na França, a primeira Loja-Mãe Escocesa foi a de Marselha, criada em 1751, coincidindo com a fundação da segunda Grande Loja em Londres, que se declarou dos “Antigos Maçons”. A segunda Loja-Mãe na França foi a de Avinhão e a terceira, a Grande Loja Geral Escocesa, já referida, criada em Paris, em 1804, para organizar o ritual que serviu para os três graus básicos dos 33 da vertente latina do Rito Escocês Antigo e Aceito. O Rito Escocês Antigo e Aceito nasceu sem graus simbólicos próprios.

O Supremo Conselho fundado em 1801, nos Estados Unidos, veio para organizar a maçonaria praticada nos chamados

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Altos Graus, entre os quais estavam os do Rito de Heredom, criado a partir de 1758 e usado como referência para a criação do Rito Escocês Antigo e Aceito. O novo Rito se constituiu literalmente de 33 graus. Na prática, dos 33 graus, o Supremo Conselho de Charleston interessou-se em comandar do 4 ao 33, não se envolvendo com os três primeiros para evitar conflito com a maçonaria norte americana das Lojas Azuis. Desistiu de qualquer tipo de ingerência nos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre do Rito Escocês Antigo e Aceito. E com essa mesma concepção, o Rito chegou na França, em 1804, através do Supremo Conselho fundado em Paris, dentro do Grande Oriente de France, que tinha o Rito Moderno, ou Francês, como oficial. Inicialmente, o Supremo Conselho de France manteve o mesmo modelo de seu precursor americano: deixou os graus simbólicos para a Grande Loja Geral Escocesa, criada também em 1804, para organizar os graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito, que funcionou, ao exemplo do Supremo Conselho, dentro do Grande Oriente de France. A partir de 1816, com o desaparecimento da Grande Loja Geral Escocesa, o Grande Oriente assumiu as atribuições do simbolismo escocês antigo na França e, ao faze-lo, diminuiu a autoridade do Supremo Conselho sobre o número de graus, criando, sob sua jurisdição, as Lojas Capitulares, que trabalham dos graus 1º ao 18º do Rito Escocês Antigo e Aceito. Nessa ocasião, lançou um novo ritual para as Lojas Capitulares, em 1820, implantando diversas alterações no ritual de 1804.

O ritual de 1804, em linhas gerais, reproduz os procedimentos praticados pelos maçons da Grande Loja dos “antigos” de Londres. Algumas diferenças foram inevitáveis para conciliarem a ritualística da maçonaria azul dos “antigos” com o simbolismo fundamental dos Altos Graus. Por isso, o Primeiro Vigilante foi deslocado do centro do Ocidente, em frente ao Venerável Mestre, para junto da Coluna do Norte e o Segundo Vigilante trazido do meio da Coluna do Sul para a ponta da mesma Coluna, ambos lado a lado no Ocidente. A nova distribuição das Luzes no Templo compatibilizou-as com a encontrada nos graus acima do 3, os Graus de Perfeição recolhidos do Rito de Heredom.

As duas vertentes de influência no Rito.

A idéia de um rito maçônico originário do movimento de criação dos Supremos Conselhos a partir dos Estados Unidos da América, que ganhou o nome de Rito Escocês Antigo e Aceito, se apoiou na certeza de que o importante no

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arcabouço do Rito seriam os Altos Graus. A maçonaria azul teria o papel apenas de base do edifício, servindo de arregimentadora de pretendentes. O primeiro Supremo Conselho concebeu o Rito com 33 graus, mas deu aos três primeiros importância mínima, não lhes revestindo da roupagem própria do escocesismo. Aproveitou o que já existia no país e sobre eles montou a estrutura principal do 4º ao 33º. Presentemente, considera-se que essa foi a vertente anglo-saxã do Rito Escocês Antigo e Aceito, que permanece sem rituais próprios para Aprendiz, Companheiro e Mestre. Nos Estados Unidos o Rito existe do grau 4º para cima. Não há Loja especializada em trabalhos simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito.

A existência de duas influências ritualístico-institucionais foi materializada após a chegada do Rito na França. Até 1813, as Lojas-Mãe Escocesas lideraram a maçonaria azul na França e mantiveram a ritualística sem alterações. A fusão das duas Grandes Lojas inglesas, a dos “modernos” e a dos “antigos”, na atual Grande Loja Unida da Inglaterra, enfraqueceu a posição das Obediências que preservavam a ritualística dos “antigos”, como foi o caso das Lojas-Mãe Escocesas, que desapareceram nos anos seguintes. Quando o Grande Oriente de France assumiu os Graus Simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito e criou as Lojas Capitulares, estabeleceu um segundo modelo de funcionamento e jurisdição para o Rito. Os Altos Graus se constituíram do 19º ao 33º sob a hegemonia do Supremo Conselho e os graus abaixo desses ficaram sob a autoridade do Grande Oriente. As divergências entre o Supremo Conselho de France, de um lado, e os Supremos Conselhos dos Estados Unidos e da Inglaterra, de outro, dividiram o Rito Escocês Antigo e Aceito em duas vertentes; uma ortodoxa, a anglo-saxônica, e uma heterodoxa, latina ou francesa. Foram alterados alguns procedimentos ritualísticos, símbolos e até a concepção interna do Templo. Uma das principais modificações foi a implantação de um desnível que passou a caracterizar o Oriente como uma região geográfica delimitada e não mais constituída apenas pelo Venerável Mestre. A cor igualmente foi trocada. O azul da maçonaria azul cedeu lugar para o vermelho do Grau Rosa-Cruz, o mais elevado da Loja Capitular, e os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre passaram a fazer parte de uma denominação nova; o simbolismo, que recebeu o vermelho. O simbolismo substituiu a maçonaria azul. Assim se formou a vertente latina do Rito Escocês Antigo e Aceito. Mais tarde, os Supremos Conselhos do mundo inteiro reivindicaram o retorno para o sistema inicial, ou seja, com poderes sobre o conjunto de graus a partir do 4º e se estendendo

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até o 33º, ocasionando o desmantelamento das Lojas Capitulares. No entanto, as cores permaneceram as duas, dependendo da vertente e a ritualística também, pois o simbolismo da vertente latina é diferente da vertente anglo-saxã.

AILTON PINTO DE TRINDADE BRANCO Presidente da Oficina de Restauração do REAA

O TEMPLO MAÇÔNICO DO R∴E∴A∴A∴

Estudo sobre o Templo Maçônico do Rito Escocês Antigo e Aceito, fundado nos textos de vários rituais editados no Brasil desde 1898 e nas pesquisas e obras dos IIrm∴ Theobaldo Varoli Filho e José Castellani.

As dimensões do Templo Maçônico

O Templo tem, internamente, a forma de um quadrilongo de comprimento igual ao triplo de sua largura, sendo dividido, no sentido longitudinal, ou do seu maior eixo, em três partes: a primeira compreende o Oriente, a segunda engloba o Ocidente, o Norte e o Sul, e a terceira corresponde ao Átrio.

O Oriente, com sua largura igual ao seu comprimento, tem a forma de um quadrado perfeito; o Ocidente tem o seu comprimento uma vez e meia maior que a sua largura; enquanto que o Átrio tem o seu comprimento igual à metade de sua largura.

Sendo possível, a largura do Templo deve ser igual à sua altura e a parede de fundo semicircular.

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Essas são as verdadeiras dimensões de um Templo Maçônico do Rito Escocês Antigo e Aceito. Definir as suas dimensões como tendo a forma de um "retângulo no Ocidente e de um quadrado do Oriente", como o faz o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 11), é desconhecer que o Átrio é parte integrante do Templo.

O Pavimento Mosaico

O soalho do Ocidente é representado pelo Pavimento Mosaico, constituído de ladrilhos quadrados brancos e pretos, dispostos, alternadamente, em diagonal, e não em formato de tabuleiro de xadrez, como se vê em muitas Lojas.

A propósito desta disposição, veja-se a correspondência do que se afirma com o plano do Templo figurado no Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 15), onde o pavimento de mosaico recobre apenas o soalho do Ocidente, com os ladrilhos pretos e brancos dispostos alternadamente e em digonal.

O soalho do Ocidente não deve ser composto por "losangos alternadamente brancos e pretos", como preceituava o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 11). Como se sabe, o losango é um quadrilátero plano que tem os lados iguais, e dois ângulos agudos e dois obtusos, enquanto que o quadrado é um quadrilátero cujos lados são iguais entre si e cujos ângulos são retos.

Os ladrilhos devem ser de tamanho que proporcione a medida dos passos regulares da Maçonaria que, no Rito Escocês Antigo e Aceito, são seguidos com os pés em esquadria, abertos para frente.

No Rito Moderno é que o Pavimento Mosaico pode configurar um tabuleiro de xadrez, pois nesse rito os passos regulares e a esquadria pedestal acompanham os lados do quadrado.

O Pavimento Mosaico extensivo ao soalho do Ocidente foi a norma nas Grandes Lojas do Brasil até 1942, quando, a

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partir de então, por iniciativa do Irmão General Joaquim Moreira Sampaio, sucessor do Irmão Mário Behring, ficou restrito ao centro do Templo, com o formato de um tabuleiro de xadrez circundado por uma orla dentada, sobre o qual era proibido pisar, salvo nas passagens ritualísticas previstas.

Alguns ritualistas defendem a tese de que o Pavimento Mosaico deve revestir todo o soalho do Templo, inclusive o Átrio. Esses mesmos ritualistas, no entanto, incluem em suas obras planos de Templos Maçônicos com o Pavimento Mosaico revestindo apenas o Ocidente.

Daí porque o Projeto de Ritual do 1o Grau que integra esta proposta de revisão ritual acolhe a recomendação de que o Pavimento Mosaico deva revestir apenas o Ocidente.

A Orla Denteada

Contornando todo o Pavimento Mosaico coloca-se, de modo contínuo, a Orla Dentada, formada por ladrilhos triangulares brancos e pretos, estes últimos, com suas bases voltadas para as paredes do Templo.

Quando não for possível tal disposição, a Orla Dentada deve figurar no alto das paredes, à altura da Corda de 81 Nós.

A decoração do Templo

As paredes e o teto do Templo são decoradas em azul-celeste, restringindo-se o carmim aos cortinados, à tapeçaria em geral, às almofadas, aos estofamentos e a certos ornamentos.

Conquanto o vermelho seja a cor do Rito Escocês Antigo e Aceito, como já reconhecia o Ritual de 1928 (1o Grau, pág.

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8), o mais comumente encontrado é a recomendação para que as paredes e o teto do Templo sejam pintados em azul-celeste.

A Corda de 81 Nós

No alto das paredes do Templo, entre as Colunas Zodiacais e a Abóbada Celeste, coloca-se a Corda de 81 Nós.

O nó central desta corda emblemática encontra-se sobre o Trono, acima do dossel, tendo de cada lado, quarenta nós eqüidistantes entre si, que se estendem pelo Norte e pelo Sul e cujas extremidades terminam, de cada lado da porta de entrada, pendentes, em forma de borlas que simbolizam Justiça e Prudência.

Esta proposta corrige o equívoco do Ritual de 1928 (1o Grau, págs. 11 e 13) ao determinar que se colocasse uma corda de 81 nós no soalho do Ocidente, cercando o pavimento mosaico, juntamente com a orla dentada, e, logo mais adiante (pág. 13), que fosse colocada uma outra corda de 81 nós em volta das paredes do Templo, "cujas pontas penderão aos lados da entrada principal". Com isso, teríamos, na decoração da Loja duas cordas de 81 nós, o que é inadmissível.

O Portal

A comunicação com o exterior é feita por uma única porta, de duas folhas, situada no Ocidente, a meio da parede que faz frente com o Oriente, e de amplitude proporcional à largura do Templo. É necessário que a porta do Templo seja de duas folhas que se abrem para o Átrio.

Nos Templos Maçônicos, a função da porta de entrada é permitir a cobertura dos trabalhos, sem maiores significados.

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Alguns ritualistas preconizam que a porta do Templo deva ter um postigo que permitiria ao Guarda do Templo (Cobridor Interno) verificar quem bate pedindo ingresso.

Na realidade a porta do Templo deveria ser construída em estilo Salomônico, ou seja, com quatro folhas. Mais correto, ainda, seria a porta de entrada ocupar toda a extensão da parede ocidental, como era no Templo de Jerusalém.

O Templo não deve ter janelas ou outras aberturas a não ser que por elas nada se posa ver do exterior. Esta regra deve ser observada para que não tenhamos, mais e mais, Lojas que enfileiram janelas nas paredes Norte e Sul dos seus Templos. Nesses casos a cobertura dos trabalhos é mera filigrana. Em lugar de abrir janelas, as Lojas deveriam dotar seus Templos de bons sistemas de circulação de ar.

O Oriente e a Grade do Oriente

Ao fundo, fronteiro à porta de entrada, situa-se o Oriente, em nível superior ao do Ocidente e ao qual se sobe por um ou quatro degraus baixos. O Oriente é separado do Ocidente por uma balaustrada – a Grade do Oriente, emblema da Razão – composta por pequenas colunas, com altura de 1 metro a 1 metro e 30 centímetros, encimadas por uma barra horizontal, tendo ao centro um passadouro de amplitude proporcional à largura do Templo.

Não há obrigatoriedade que o acesso ao Oriente seja feito por quatro degraus, como é construída a maioria dos nossos Templos. Exige-se, apenas, que o Oriente esteja em um plano mais elevado que o Ocidente. Isso pode ser feito por apenas um degrau.

A propósito, veja-se o que determina o Ritual de 1898 (1o Grau, pág. 3), no que se refere aos degraus de acesso ao Oriente: "A parte do fundo, para a qual se sobre por um degrau (ou por três pequenos degraus, si a altura da sala o permitir), chama-se Oriente; é separado, à direita e à esquerda, por uma balaustrada".

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A adoção de quatro degraus na escada de acesso ao Oriente se deu com a edição do Ritual do Grau de Aprendiz editado em 1928 para uso das primeiras Grandes Lojas do Brasil, em nota de rodapé lançada à página 12, onde é ensinado ser necessário subir sete degraus para se chegar ao Trono, por quatro, de acesso ao Oriente, e mais três, de acesso ao Trono, ao tempo em que se lhes dá os nomes de Força, Trabalho, Ciência e Virtude.

Nesta mesma nota de rodapé, o Ritual supracitado ao afirmar que para "chegar ao solio, onde fica o Throno do Ven.: M.: é necessário subir Sete (7) degráos, por Quatro (4) e Tres (3)", comete os seguintes equívocos: a) o Trono do Venerável Mestre não fica no sólio, pois o trono é o próprio sólio, uma vez que sinônimos; são a mesma coisa, portanto; b) confunde o Altar com o Trono do Venerável Mestre, ao mandar que sobre este repousem "uma espada desembainhada, um malhete, objectos de ecripta e um candelabro de tres luzes"; e c) os degraus pelos quais se chega ao Trono, se corretamente interpretados, são: 1 (um) do estrado do Altar do 1o Vigilante, mais 2 (dois) do estrado do Altar do 2o Vigilante, mais 1 (um) de acesso ao Oriente e mais 3 (três) do estrado do Trono, perfazendo, assim, um total de 7 (sete) degraus (1+2+1+3=7).

A subida e descida desses quatro degraus, quando existentes, não devem ser feitos um a um, formando esquadria a cada passo. Esta prática é inexistente no verdadeiro Rito Escocês Antigo e Aceito e, de resto, nos demais ritos maçônicos. Esses degraus devem ser ascendidos e descendidos, um a um, por passos normais, alternando-se os pés em cada degrau.

Entende-se, no entanto, que um degrau é suficiente para atender à tradição do Rito Escocês Antigo e Aceito e conferir maior beleza aos seus Templos.

As Colunas do Pórtico

Junto à parede ocidental e ladeando o portal elevam-se as duas Colunas do Pórtico, de ordem egípcia, ocas, bronzeadas

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e de altura proporcional ao teto do Templo. As bases dessas colunas, arredondadas e sobre as quais se esculpem ou são pintadas folhas de papiro e lótus, devem ser largas até certo ponto do fuste o qual, por sua vez, vai se estreitando um pouco até o capitel, que termina em forma de açucena, dentro e em torno da qual se colocam o rendilhado de bronze e as romãs, estas em número de três.

A coluna colocada ao Norte, à esquerda de quem entra no Templo, tem insculpida no fuste a letra B, enquanto que a coluna colocada ao Sul, à direita de quem entra no Templo, tem insculpida no seu fuste a letra J, ambas em posição de leitura para o Venerável Mestre.

Essas colunas podem, ainda, ser encimadas, cada uma, por uma esfera representando o Globo Terrestre (Coluna B) e o Globo Celeste (Coluna J).

Conquanto a maioria das Lojas tenham as Colunas do Pórtico interiorizadas, o correto seria colocá-las no Átrio, a exemplo do Templo de Salomão.

Admite-se, no entanto, que estejam no interior do Templo, desde que junto à parede do Ocidente, ladeando a porta de entrada; o portal. Neste caso, o Guarda do Templo (Cobridor Interno) sentaria à esquerda da Coluna J e o Cobridor Externo à direita da Coluna B.

No caso em que as Colunas do Pórtico sejam interiorizadas, entre elas e a parede ocidental do Templo não deve haver espaço para circulação, uma vez que circular por trás das mesmas, como se vê em grande parte das Lojas, eqüivale a estar no Átrio.

As Colunas Zodiacais

No Ocidente, ao longo das paredes Norte e Sul, pintadas ou em relevo, erguem-se as doze Colunas Zodiacais – eqüidistantes entre si e dispostas seis ao Norte e seis ao Sul –, figuradas por meias-colunas caneladas de ordem jônica, secionadas no sentido vertical, ou seja, só a metade anterior delas emerge das paredes, num alto relevo, tendo, no seu capitel, os pentaclos. Começando por Áries, a noroeste, e terminando com Peixes, a sudoeste, a seqüência

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completa das Colunas Zodiacais é a seguinte: Äries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem, ao Norte, no sentido Ocidente-Grade do Oriente; e, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes, ao Sul, no sentido Grade do Oriente-Ocidente.

Observe-se, por fim, que as Colunas Zodiacais devem estar dispostas tão somente nas paredes Norte e Sul do Ocidente. No Oriente, nem, também, na parede do Ocidente, não deve ser colocada nenhuma Coluna Zodiacal.

O Trono e os Altares das Luzes da Loja

No eixo longitudinal do Templo, próximo ao fundo do Oriente, sobre um estrado de três degraus semicirculares, que significam Pureza, Luz e Verdade, e sob um Dossel, confeccionado em damasco carmim com franjas douradas e sustentado por duas colunas compósitas ligadas por um arco que parte da parede de fundo, eleva-se o Trono do Venerável Mestre, ladeado por, apenas, duas outras cátedras de espaldar um pouco mais baixo.

Entre o Trono e a parede de fundo não deve haver espaço livre para circulação, pois não é permitido passar por trás do Trono e à frente do Delta Sagrado. Defendem os melhores ritualistas que que a passagem por trás do Trono implica passar na frente do Delta Sagrado, por cima do estrado, o que, além de ser um erro é uma prática proibida, pois o Delta Sagrado tem que ser, sempre, visível a todos aqueles que estão no Templo, não podendo, a sua visão, ser obstruída por pessoas, ou por objetos (bastão), porque nos ritos teístas, como o Rito Escocês Antigo e Aceito, ele representa a presença de Deus, devendo, sempre estar à vista de todos.

O Dossel deve ser confeccionado em tecido carmim (cor vermelha muito viva), pois o vermelho é a cor do Rito Escocês Antigo e Aceito, como já reconhecia o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 8).

Alguns rituais editados no Brasil mandam que se coloque, pendente do centro da face anterior do Dossel, um triângulo

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eqüilátero tendo ao centro, suspensa por elemento invisível, a letra hebraica IÔD. Outros, mandam que na parte frontal do Dossel devem figurar o Compasso e o Esquadro cruzados em torno da letra G. Outros, ainda, que o Compasso e o Esquadro cruzados sejam substituídos pela Estrela Flamejante, quando não for possível a sua colocação no alto e no meio do Templo, entre o Sol do Oriente e a Lua do Ocidente. E, por fim, outros rituais nada mandam colocar na face anterior do Dossel.

Entendemos que mandar colocar "um triângulo eqüilátero tendo ao centro a letra IÔD" é repetir um símbolo já inserido no Painel do Oriente, ou seja, o Delta Sagrado.

Por outro lado, a Estrela Flamejante deve figurar no teto do Templo, por sobre o Altar do 2o Vigilante, e nada há que justifique a sua ausência nessa posição. Por outro lado, o Esquadro e o Compasso já figuram, juntamente com o Livro da Lei sobre o Altar dos Juramentos, como Paramentos da Loja.

Entendemos, ainda, que, se algo tivesse que ser colocado à frente do Dossel seria a Estrela Hexagonal, também conhecido como Estrela de Davi ou Signo de Salomão, ou, ainda, Selo de Salomão. Veja-se, ainda, por necessário, que o Compasso e o Esquadro cruzados compõem uma estrela de cinco pontas.

Restaram-nos, pois, três opções:

1. Nada ostentar no alto do Dossel; 2. Ostentar o Compasso e o Esquadro cruzados em torno da

letra G; 3. Ostentar o Selo de Salomão.

O Projeto de Ritual do 1o Grau que integra esta proposta de revisão ritual contempla a Estrela Hexagonal como símbolo ostentado na face anterior do Dossel, em correspondência ao Trono de Salomão, conquanto se saiba que este, na verdade, somente existe na cerimônia de Instalação do Venerável Mestre.

À frente do Trono, sobressaindo-se sobre os demais em dimensão, fica o Altar do Venerável Mestre, com a face frontal voltada para o Oriente e sobre o qual estarão um

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malhete, um candelabro de três braços, uma coluneta jônica, a Espada Flamejante em seu escrínio, a Constituição e o Regulamento Geral da Federação, o Estatuto da Loja, um exemplar do Ritual do Grau e objetos de escrita.

Diante da face frontal do terço lateral esquerdo do Altar do Venerável, em correlação com o Secretário, fixado num pequeno cavalete posto no último degrau do estrado, coloca-se o quadro que contém a Carta Constitutiva da Loja e, em frente ao seu terço direito, em correlação com o Orador, igualmente disposta em um pequeno cavalete, coloca-se a Prancheta da Loja, gravada, no ângulo superior esquerdo, com a Cruz Quádrupla – formada por duas paralelas horizontais, cruzadas com outras duas verticais e símbolo da capacidade do homem, do que é limitado – e, no ângulo inferior direito, a Cruz de Santo André – uma cruz em forma de "xis", com quatro ângulos opostos pelo vértice e símbolo do infinito –, que são a chave do alfabeto maçônico, através do qual os Grão-Mestres deveriam comunicar a Palavra Semestral e ordens sigilosas. Sua colocação no Templo é, inexplicável e lamentavelmente, ignorada pelo Ritual de 1928 (1o Grau).

Convém não confundir a Prancheta da Loja com a Prancheta utilizada por engenheiros, arquitetos e desenhistas, vista em algumas Lojas e sobre a qual comumente são dispostos os utensílios maçônicos exigidos pelos Rituais de Iniciação, Elevação e Regularização, tais como o maço, cinzel, alavanca, esquadro, compasso, régua, cordel, lápis, etc.

Registre-se, para que não se repita o erro, o fato de que a maioria dos rituais estudados confunde, absurdamente, Trono com Altar, chegando o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 12) ao cúmulo de recomendar que o Trono deve ser de forma triangular e sobre o qual devem estar "uma espada desembainhada, um malhete, objetos de escripta e um candelabro de três luzes".

Entende-se quão imaginoso seria uma cadeira de formato triangular; uma cadeira de três pernas. Mais difícil, ainda, é imaginar o Venerável Mestre sentado sobre uma espada e um candelabro, pois, como se sabe, trono é assento e não mesa, e colocar espada e candelabro sobre este é querer trespassar o Venerável Mestre com arma branca ou queimá-lo vivo.

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Imagine-se, também, como seria dificultoso montar um Dossel (e não Docel, como grafado em muitos rituais) de formato triangular sobre uma armação em forma de arco, como recomenda o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 12).

À esquerda e um pouco à frente da Coluna B, elevados sobre um estrado de dois degraus, que significam Justiça e Fortaleza, ficam a Cátedra e o Altar do 1o Vigilante, aquela de espaldar inferior ao do Trono e este com a face frontal voltada para o Oriente e sobre o qual repousam um malhete, um candelabro de três braços, uma coluneta dórica e um exemplar do Ritual do Grau. À direita do Altar do 1o Vigilante, sobre o estrado, estará uma pedra de superfície lisa e polida, perfeitamente esquadriada e de faces iguais, denominada Pedra Cúbica.

O correto é Pedra Cúbica e não Pedra Polida como dito no Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 14), pois, como se sabe o trabalho do Aprendiz consiste em desbastar a Pedra Bruta, transformando-a num cubo que é um sólido geométrico perfeito, que se encaixa perfeitamente nas edificações, sem deixar espaços vazios. Assim a pedra pode ser polida, sem ter o formato cúbico exigido para o uso nas construções, uma vez que pode ter outros formatos geométricos.

O Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 14) é, também, impreciso no que se refere ao lugar do 1o Vigilante, ao determinar seu assento à esquerda da Coluna do Norte, quando este, na realidade, tem assento no Ocidente.

A meia distância entre a Coluna J e a Grade do Oriente, elevados sobre um estrado de um degrau, que significa Prudência, ficam a Cátedra e o Altar do 2o Vigilante, aquela de espaldar inferior ao do Trono e este com a face frontal voltada para o eixo longitudinal do Templo e sobre o qual descansam um malhete, um candelabro de três braços, uma coluneta coríntia e um exemplar do Ritual do Grau. À direita do Altar do 2o Vigilante, sobre o estrado, estará uma pedra áspera, de forma e contornos irregulares, denominada Pedra Bruta.

Os degraus de acesso aos Altares dos Vigilantes devem ser, igualmente, semicirculares, e os estrados que os suportam

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convenientemente dispostos, de modo a permitir livre circulação.

Os Altares das Luzes da Loja, todos de formato retangular, terão as faces frontal e laterais fechadas por painéis de madeira e serão revestidos de cortinado carmim orlado com franjas douradas, devendo o Altar do Venerável Mestre se sobressair em majestade sobre os demais e ter o seu terço médio construído em plano mais elevado que os seus terços laterais.

No centro das faces frontais de cada Altar deverá figurar a jóia representativa do respectivo cargo.

Em correspondência com que é adotado por boa parte das Grandes Lojas do Brasil, esta proposta de revisão ritual acolhe o formato retangular para os altares das Luzes, uma vez que no verdadeiro Rito Escocês Antigo e Aceito não existem altares ou mesas triangulares, pois, na verdade, o único triângulo que existe em Loja é o Delta Sagrado. E, ademais, há que se convir que os altares e mesas em forma de triângulo são até desconfortáveis, pois são incômodos, para se colocar objetos sobre elas. No Rito Moderno é que as mesas das Luzes e Oficiais são chamadas de triângulos, por terem, obviamente, este formato.

À esquerda desses Altares, conquanto não seja de uso obrigatório, costuma-se colocar, sobre pequenos pedestais, as estátuas de Júpiter ou Minerva (Venerável Mestre), Marte ou Hércules (1o Vigilante) e Afrodite ou Vênus (2o Vigilante). Sobre os Altares das Luzes da Loja pode haver uma base percussora sobre a qual serão dados os golpes de malhete.

As Jóias Fixas da Loja

As jóias fixas de uma Loja são: a Prancheta da Loja, a Pedra Cúbica e a Pedra Bruta que correspondem, respectivamente, ao Mestre, ao Companheiro e ao Aprendiz.

O Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 14) manda que sobre o Altar do 1o Vigilante seja colocada uma Pedra Bruta, e sobre o

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Altar do 2o Vigilante uma Pedra Polida, para, em seguida, contradizer-se, ao indicar que essas pedras devem ser colocadas junto às Colunas B (Pedra Bruta) e J (Pedra Polida), conforme se prova do Plano do Templo (pág. 15), posição esta que pode ser considerada correta pela correspondência simbólica das colunas. Com isto, comete os seguintes equívocos:

1. Estabelece duas normas distintas para um mesmo procedimento;

2. Confunde Pedra Polida com Pedra Cúbica; 3. Manda que as pedras sejam colocadas sobre os Altares dos

Vigilantes; 4. Faz a Pedra Bruta corresponder ao 1o Vigilante e a Pedra

Polida ao 2o Vigilante.

Como se sabe, o trabalho do Aprendiz consiste em desbastar a Pedra Bruta, transformando-a num cubo que é um sólido geométrico perfeito, pois se encaixa nas construções perfeitamente, sem deixar espaços vazios. Assim a pedra pode ser polida, sem ter o formato cúbico exigido para o uso nas construções. Portanto, a terminologia correta é Pedra Cúbica e não Pedra Polida.

Sabendo-se que, tradicionalmente, compete ao 2o Vigilante, e não ao 1o Vigilante, instruir os Aprendizes e ao 1o Vigilante instruir os Companheiros, ao contrário do que tem sido apregoado ao longo de todos esses anos, entende-se que a Pedra Bruta deve ser colocada junto ao Altar do 2o Vigilante e a Pedra Cúbica junto ao Altar do 1o Vigilante.

Embora tenham, os Aprendizes, assento na Coluna do Norte, dirigida pelo 1o Vigilante, compete ao 2o Vigilante – que fica de frente para os Aprendizes – a sua instrução e orientação. E, como o trabalho deles é na Pedra Bruta, devem, para isso, ser orientados e ensinados pelo 2o Vigilante, o que torna óbvio que esta Jóia Fixa deverá estar junto a ele.

O fato dos Aprendizes estarem na Coluna do Norte, portanto, não impede que seja obedecida a norma tradicional segundo a qual o 2o Vigilante é o instrutor e mentor deles. Considera-se, pois, inaceitável o argumento de que a Pedra Cúbica deve ser colocada junto ao Altar do 2o Vigilante

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porque este dá as ordens na Coluna do Sul, onde têm assento os Companheiros, e que a Pedra Bruta deve ser colocada junto ao Altar do 1o Vigilante porque este dá as ordens na Coluna do Norte, onde têm assento os Aprendizes. Na verdade, o 1o Vigilante não tem assento na Coluna do Norte, mas sim no Ocidente, e, na qualidade de segunda Luz da Loja cabe-lhe instruir os Companheiros Se aceito fosse esse argumento, os Mestres deveriam, então, ter assento no Oriente, já que instruídos pelo Venerável Mestre que tem a Prancheta da Loja exposta junto ao seu Altar. Em decorrência desse argumento vesgo e por mais incrível que possa parecer, há Irmãos que chegam, inclusive, a cometer o absurdo de afirmar, com "alardeada sabedoria e experiência", que os Aprendizes têm assento na Coluna do Norte, os Companheiros na Coluna do Sul e os Mestres na Câmara do Meio. Estes, com certeza, ignoram que Câmara do Meio é o nome que se dá à Loja do terceiro grau do simbolismo maçônico.

Além disso, como já se viu, a cada uma das três Jóias Fixas, inerentes, cada uma delas, a um dos três Graus Simbólicos, corresponde uma das Luzes: Pedra Bruta, ao 2o Vigilante, Pedra Cúbica, ao 1o Vigilante, e Prancheta, ou Tábua de Delinear, ao Venerável Mestre. Como esta última fica no Oriente, à frente do Altar da Sabedoria, as outras duas, logicamente, deverão estar junto à Dignidade a que correspondem.

Não é lógico nem racional entender-se que o 1o Vigilante comande os Aprendizes, enquanto o 2o Vigilante comanda os Companheiros, que, na escala evolutiva maçônica, estão acima daqueles. Seria uma incoerência a Dignidade mais graduada (1o Vigilante) instruir Obreiros menos evoluídos (Aprendizes), enquanto à Dignidade menos graduada (2o Vigilante) competiria instruir os Obreiros mais aperfeiçoados (Companheiros). Seria o mesmo que um tenente comandar soldados enquanto um sargento comandaria os cabos.

Levemos, ainda, em conta o seguinte:

1. O dirigente de toda Loja é o Venerável Mestre, que dirige as Colunas através dos Vigilantes;

2. O 1o Vigilante é o dirigente de ambas as Colunas, do Ocidente, mas a Coluna do Sul ele dirige através do 2o Vigilante;

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3. O 2o Vigilante dirige a Coluna do Sul, prestando contas ao 1o Vigilante, que as presta ao Venerável Mestre, instruindo os Aprendizes, por delegação de ambos.

Observe-se, ainda, que, no Painel Alegórico da Loja de Aprendiz (Painel de Harris), a Pedra Cúbica está ao lado da coluna dórica, correspondente ao 1o Vigilante.

Note-se, por fim, que tanto no Painel Simbólico da Loja de Aprendiz quanto no Painel Simbólico da Loja de Companheiro a Pedra Bruta está em correspondência com o Prumo (Jóia do 2o Vigilante) e a Pedra Cúbica em correspondência com o Nível (Jóia do 1o Vigilante).

Portanto, entende-se que a Pedra Cúbica deva ser colocada ao lado do Altar do 1o Vigilante e a Pedra Bruta junto ao Altar do 2o Vigilante. Este equívoco quer vem de muito longe decorre da confusão que se faz, até hoje, das diversas aplicações da expressão "colunas" em maçonaria. Assim, dentre estas, teríamos:

1. A coluna do Aprendiz, que é a Coluna B, colocada à esquerda da entrada do Templo;

2. A coluna do Companheiro, que é a Coluna J, colocada à direita da entrada do Templo;

3. A Coluna do Sul, onde têm assento os Mestres e, na última fileira de assentos, junto à parede, os Companheiros;

4. A Coluna do Norte, onde têm assento os Mestres e, na última fileira de assentos, junto à parede, os Aprendizes.

As Mesas das Dignidades e Oficiais

No Oriente, de cada lado da entrada e próximos às paredes laterais e à Grade do Oriente, ficam, frente a frente, uma mesa e um assento destinados, à direita do Trono, ao Orador, e, à esquerda do Trono, ao Secretário. Sobre a mesa do Orador estarão a Constituição e o Regulamento Geral da Federação, o Estatuto da Loja, um exemplar do Ritual do Grau e material de escrita, enquanto que sobre a mesa do

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Secretário, além do material de escrita, estarão, também, os Livros de Balaústres.

No Ocidente, próximos às paredes laterais e à Grande do Oriente, ficam, frente a frente, uma mesa e um assento destinados, à direita do Orador, ao Tesoureiro, e, à esquerda do Secretário, ao Chanceler. Sobre a mesa do Chanceler estarão as Tábuas da Loja destinadas ao registro de presença dos Obreiros do quadro e visitantes.

As mesas e assentos do Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler ficam postos diretamente sobre o piso, aquelas com as faces frontais voltadas para o eixo longitudinal do Templo e estes de espaldar inferior às Cátedras dos Vigilantes. As mesas das Dignidades e Oficiais têm o formato retangular, com as faces laterais e frontal fechadas por painéis de madeira e revestidos de cortinado carmim orlado com franjas douradas. No centro das faces frontais de cada mesa deverá figurar a jóia representativa do respectivo cargo.

Nota-se, por necessário, que a determinação para que as mesas das Dignidades e Oficiais tenham a forma retangular não se trata de nenhuma invenção ou inovação pretendida por esta proposta de revisão ritual, é correção, uma vez que tal determinação já estava contida no Ritual de 1928 (1o Grau, págs. 12 e 13).

Observa-se, também, que esta proposta de revisão ritual não se refere às mesas do Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler como Altares, pois, a rigor, dentre as mesas das Luzes, Dignidades e Oficiais, a do Venerável Mestre é a única que deveria ser, assim, denominada, reconhecendo-se, portanto, condescendência em se manter esta denominação para as mesas dos Vigilantes.

Em relação à iluminação das mesas das Dignidades e Oficiais, não há obrigatoriedade de sobre elas serem colocados castiçais, de um ou dois focos. O que pode haver sobre essas mesas é um pequeno abajur de luz baixa com a finalidade de facilitar a leitura e a escrita. Mandar colocar, pois, duas luzes sobre as mesas do Tesoureiro e do Secretário, como faz o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 13), é determinação descabida uma vez que, à exceção dos Altares

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das Luzes, as mesas das Dignidades e Oficiais não ostentam nenhuma iluminação litúrgica.

Em relação ao Ritual de 1928 (1o Grau), observa-se, ainda, que:

1. A bolsa coletora do Tronco de Solidariedade deve ficar à mão do Hospitaleiro, p. ex., suspenso ao seu assento, e não sobre o Altar do Tesoureiro (pág. 13);

2. A bolsa coletora de Propostas e Informações deve ficar à mão do Mestre de Cerimônias, p. ex., suspenso ao seu assento, e não sobre o Altar do Secretário;

3. Ao invés de registro de presença, seria mais correto dizer "Tábuas da Loja destinadas ao registro de presença de Obreiros do quadro e de Visitantes";

4. A caixa dos escrutínios deve ficar à mão do Mestre de Cerimônias e não sobre a mesa do Chanceler.

Os Lugares dos Oficiais e Obreiros

A colocação dos demais Oficiais da Loja obedecerá ao traçado do Plano do Templo, assentando-se os correspondentes Adjuntos à direita ou à esquerda dos correspondentes titulares, conforme as conveniências de espaço.

À direita dos assentos do Mestre de Cerimônias e dos Diáconos deve haver um suporte para os respectivos bastões.

As bolsas destinadas à coleta de Propostas e Informações e do Tronco de Solidariedade devem ficar à mão do Mestre de Cerimônias e do Hospitaleiro, respectivamente.

No Ocidente, distribuídos de um e outro lado do eixo longitudinal do Templo, estendem-se fileiras de assentos, denominadas de Coluna do Norte e Coluna do Sul. A primeira fileira de assentos, junto às paredes laterais, destina-se, no Norte, aos Aprendizes e, no Sul, aos Companheiros. À frente dessas fileiras, em ambas as Colunas, colocam-se os assentos destinados aos Mestres.

No Oriente, junto às paredes laterais e de fundo e diretamente sobre o piso, são colocados os assentos

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reservados, à esquerda do Trono, para os Mestres Instalados e, à direita do Trono, para as autoridades do Simbolismo Maçônico.

O Retábulo ou Painel do Oriente

Ressalta-se, em princípio, o fato de que o Ritual de 1928 (1o Grau) é omisso quanto ao Painel do Oriente, o que é inadmissível.

Como se sabe, o Retábulo, ou Painel do Oriente, de base azul-celeste, emoldurado de vermelho e dourado e ladeado por duas meias-colunas de ordem jônica, fica colocado atrás do Trono, junto à parede de fundo do Templo, iluminado, ao centro, pelo Delta Sagrado, com raios partidos de seus lados e ostentando no seu interior o Olho Onividente, ou o nome hebraico de Deus – formado pelas letras hebraicas IÔD-HÉ-VAV-HÉ –, ou, ainda, pelo menos, a primeira letra deste nome – IÔD –, tendo à sua direita o Sol, em todo o seu esplendor radiante, e, à sua esquerda a Lua, em quarto crescente.

É conveniente observar que o Delta Sagrado deve ficar a uma altura tal que jamais seja encoberto pelo Venerável Mestre quando de pé e que, entre o Retábulo e a parede de fundo do Oriente, não deve existir espaço para circulação, como se vê em alguns Templos, inclusive de Grandes Lojas.

É importante observar, ainda, que o Sol deve estar, sempre, no lado em que se encontra o Orador, pois este, na correspondência cósmica e mitológica simboliza o Sol, ou o deus grego Apolo, enquanto que a Lua estará no lado em que se encontra o Secretário, que, na correspondência cósmica e mitológica, representa a Lua, ou a deusa grega Ártemis (Diana, dos romanos), deusa da Lua, da caça e das flores.

Essa posição do Sol e da Lua nada tem a ver com o fato de que no hemisfério Norte, berço da Maçonaria, o Sul é mais iluminado do que o Norte, o que faz com que algumas Lojas invertam as posições do Sol e da Lua, colocando o primeiro

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em correspondência com o Secretário e esta última em correspondência com o Orador, o que é errado. Por uma questão de padronização ritual mundial, deve-se admitir, também, aqui no hemisfério Sul, o Norte como a região menos iluminada. A posição do Sol e da Lua no Retábulo, portanto, não tem a ver com o lugar onde têm assento os Aprendizes e Companheiros, como apregoado por alguns.

Convém, também, lembrar que, ao contrário do que querem alguns, não existe o Norte do Oriente nem o Sul do Oriente; Oriente é Oriente e ponto final.

O Altar dos Juramentos

No Ocidente, no centro geométrico do Templo, coloca-se o Altar dos Juramentos, em forma de prisma quadrangular, com ângulos retos e lados iguais, e medindo cerca de 1 metro de altura, sobre o qual repousam o Livro da Lei, um Esquadro, com os ramos iguais, e um Compasso, aberto num ângulo de 45º, que juntos, representam as TRÊS GRANDES LUZES EMBLEMÁTICAS DA MAÇONARIA.

Em defesa da forma do Altar dos Juramentos, invoca-se a passagem bíblica que relata a feitura do altar do holocausto, determinada por Deus a Moisés: "Fez também o altar do holocausto de madeira de acácia; de cinco côvados era o seu comprimento e de cinco côvados a sua largura, quadrado, e de três côvados a sua altura" (Êxodo, 38:1).

Em Loja aberta o Compasso terá, sempre, as hastes voltadas para o Ocidente, enquanto que o Esquadro terá seus ramos voltados para o Oriente.

É importante observar que, ao contrário do que manda o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 13), nos Graus Simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito o Compasso deve ter uma abertura de 45º e não de 60º. No Rito Escocês Antigo e Aceito, o Compasso tem uma abertura de 60º na jóia do 5º Grau e uma abertura de 90º nas jóias dos Graus 14º e 18º.

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O Altar dos Juramentos terá gravado, em sua face oriental, um círculo com um ponto no centro, limitado, ao Norte e ao Sul, por duas linhas paralelas. Próximos a este Altar poderão ser colocados três castiçais, medindo 1 metro e 12 centímetros de altura e encimados por uma vela de cera amarela, dispostos no centro das faces oriental, norte e sul, formando um triângulo entre si.

Segundo o entendimento dos melhores ritualistas, constitui erro crasso ornar o Altar dos Juramentos com chifres ou chamas, sendo este apenas uma peça do mobiliário do Templo e, na verdade, um complemento do Altar do Venerável Mestre. Entendem, também, esses ritualistas que o Altar dos Juramentos deve ser colocado no Oriente e não no Ocidente.

O Painel Simbólico do Grau e o Painel Alegórico da Loja

No eixo longitudinal do Templo, entre a Grande do Oriente e o Altar dos Juramentos, estende-se, sobre um cavalete, voltado para o Ocidente, o Painel Simbólico do Grau, de modo a permitir a livre circulação entre o Norte e o Sul. Entre o Painel Simbólico do Grau e o Altar dos Juramentos deve haver espaço suficiente para a passagem de uma pessoa.

A questão dos painéis da Loja de Aprendiz-Maçom é uma das mais controvertidas da ritualística maçônica.

Comumente, os nossos Rituais apresentam, em suas ilustrações, um quadro a que dão o nome de LOJA DE APRENDIZ e outro a que denominam PAINEL DA LOJA DE APRENDIZ.

O primeiro – Loja de Aprendiz – é, na realidade, o PAINEL SIMBÓLICO DO GRAU DE APRENDIZ-MAÇOM, faltando-lhe acrescentar, apenas, a Orla Dentada, com os símbolos dos quatro pontos cardeais. Esse Painel é que deve ser exposto em Loja aberta.

O segundo – Painel da Loja de Aprendiz – corresponde ao PAINEL ALEGÓRICO DA LOJA DE APRENDIZ-MAÇOM. Esse é o Painel que, correntemente, se vê exposto em Loja aberta, mas que

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deveria ficar exposto no Oriente, à esquerda e à frente do Trono, entre o Altar do Venerável e a mesa do Secretário.

O mesmo princípio é aplicado ao Ritual do Grau de Companheiro-Maçom, enquanto que em Loja de Mestre-Maçom não existe o Painel Alegórico.

O Altar dos Perfumes

O Altar dos Perfumes – denominado, também, em determinadas cerimônias maçônicas, de Altar da Consagração –, é um pequeno móvel em forma de prisma quadrangular, com ângulos e lados iguais. Sobre este Altar estarão um incensório e um vasilhame contendo os perfumes (incensos) a serem queimados.

O Altar dos Perfumes deve ser colocado próximo ao centro da Grande do Oriente, de modo a permitir espaço suficiente para que em caso de acesso ao Oriente ou saída deste se possa parar e fazer a saudação ao Delta Sagrado.

A propósito, é difícil compreender como colocar uma trípode (peça de três pés) sobre o Altar dos Perfumes, como manda o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 13). Na verdade, como já se disse, o Altar dos Perfumes tem por base uma coluna torsa (torcida) apoiada sobre uma trípode e não uma trípode colocada sobre ele.

Conquanto alguns ritualistas afirmem que esse Altar não existe no original Rito Escocês Antigo e Aceito, outros admitem sua existência. A respeito, assim se pronuncia o Irmão Boanerges Barbosa de Castro: "O Altar dos Juramentos, que antes era fora do pórtico, absorveu o Altar dos Perfumers ou afastou este último para o Oriente ocupando o seu lugar no centro da Loja, sobre o Pavimento de Mosaicos".

Em defesa da existência e forma do Altar dos Perfumes, invoca-se a passagem bíblica que relata a feitura do altar do incenso, determinada por Deus a Moisés: "De madeira de acácia fez o altar do incenso; de um côvado era o seu

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comprimento, e de um côvado a sua largura, quadrado, e de dois côvados a sua altura; as suas pontas formavam uma só peça com ele" (Êxodo, 37:25).

O Mar de Bronze

A expressão Altar das Oblações, como consta do Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 12)), é imprópria, uma vez que oblação – do latim oblatione – significa "ação pela qual se oferece qualquer coisa a Deus ou aos santos; oferenda feita a Deus ou aos santos; oblata; oferecimento a Deus do pão e do vinho, feito pelo sacerdote; qualquer oferta ou oferecimento". O termo oblação, como se pode ver, em nada espelha a utilidade de tal utensílio na liturgia maçônica.

A expressão correta é Altar das Abluções, pois, como se sabe ablução – do latim ablutione – significa lavagem ou Ritual de Purificação por meio da água, praticado em várias religiões. Aí, sim, com significado correspondente à terceira prova e segunda viagem do Ritual de Iniciação.

Segundo o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 12), o Altar das Abluções, sobre o qual descansa o Mar de Bronze, deve estar colocado entre a porta de entrada e o Sul, ou seja, junto à parede ocidental, a meio caminho entre a Coluna J e a Coluna de Harmonia. Outros Rituais mandam que o Mar de Bronze seja colocado na região sudoeste do Templo. Outros, ainda, são incisivos: o Mar de Bronze deve ser colocado no ângulo sudoeste do Templo.

Na verdade, os textos rituais e os ritualistas são contraditórios ao determinarem a correta localização do Mar de Bronze. Uns, inclusive, determinam um mesmo lugar para o Mar de Bronze e a Coluna da Harmonia, o que contraria a lei da física segundo a qual dois corpos não podem ocupar, ao mesmo tempo, o mesmo lugar no espaço.

No que diz respeito à colocação do mar de bronze, deve-se, por necessário, dedicar especial atenção aos textos bíblicos concernentes à construção do Templo de Salomão. Em Reis I, 7:39, vamos encontrar a seguinte disposição: "E, das dez bases, pôs cinco na parte direita do templo, e

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cinco na esquerda; e pôs o mar na parte direita do templo, entre o oriente e o meio-dia". Já em Crônicas II, 4:10, temos: "E colocou o mar ao lado direito contra o oriente, ao meio-dia". Portanto, segundo o 1o Livro dos Reis I (Reis III, na bíblia católica) o mar de bronze seria colocado a SUDESTE, enquanto que segundo o 2o Livro das Crônicas (Paralipômenos II, na bíblia católica) sua colocação pode ser interpretada como sendo a SUDOESTE, uma vez que a expressão "contra o oriente" pode ser entendida como "em direção oposta ao oriente", ou seja "na direção do ocidente". Com efeito, sabendo-se que a expressão meio-dia corresponde ao ponto cardeal sul e que o ocidente corresponde ao ponto cardeal oeste, a porção do hemisfério terrestre compreendido entre o sul e o leste é o sudoeste.

Levando-se em conta, ainda, a correspondência com o Templo de Salomão e sabendo-se que a orientação deste era do Oriente para o Ocidente, onde estavam o Santo dos Santos e o Santo, cuja localização no Templo Maçônico corresponde ao Oriente, o Mar de Bronze deve ser colocado a SUDOESTE – no canto formado pelas paredes sul e ocidental. O que não se pode admitir, sob hipótese alguma, é que se mande colocar o Mar de Bronze "entre a entrada principal e o Norte" ou a "Noroeste", pois isso é aberração litúrgica.

Esta proposta de revisão ritual coloca, pois, o ALTAR DAS ABLUÇÕES no ângulo sudoeste do Templo, o qual pode ter a superfície triangular, embasada sobre uma coluna torsa apoiada sobre uma trípode.

A Inexistente Pira do Fogo Sagrado

Alguns Rituais mandam que entre a entrada principal e o Norte seja colocado o Altar das Abluções, sobre o qual descansa o Mar de Bronze, e ao Sul a PIRA DO FOGO SAGRADO.

Esses mesmos Rituais não dão qualquer pista sobre o que seria essa tal PIRA DO FOGO SAGRADO. E, assim fazem, porque a tal pira é ornamento estranho ao Rito Escocês Antigo e Aceito.

Se a explicação fosse que a tal pira representaria a presença de Deus, a exemplo do que acontece nos templos

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católicos, lembra-se que tal simbolismo, no Rito Escocês Antigo e Aceito, é próprio e particular do Delta Sagrado.

Face a este argumento é, também, ornamento estranho ao Rito Escocês Antigo e Aceito a lâmpada acesa no interior de um recipiente de cristal de cor rubi que se vê pendente do teto sobre o centro do Oriente em alguns Templos. Tal ornamento é próprio dos templos católicos, onde arde perpetuamente como simbolizo do reflexo da Divindade.

Convém ilustrar que no Rito Adoniramita existe, junto ao Altar, a Chama Eterna, usada para acender as chamas dos Altares do Venerável Mestre e dos Vigilantes, concretizando o simbolismo da iluminação do Templo, não tendo, no entanto, nada a ver com a tal "Pira do Fogo Sagrado".

Já no Rito de Schroeder existe algo parecido com o preconizado na proposição: uma vela fixa, chamada "A Luz do Mestre", colocada sobre o Altar do Venerável Mestre, a partir da qual são acesas as velas dos Altares ou mesas dos Vigilantes e as velas das colunas dos ângulos nordeste, noroeste e sudoeste do Tapete.

O que se encontra em alguns Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito é o ALTAR DO FOGO DA PURIFICAÇÃO, o qual, colocado a noroeste do Templo, em posição oposta ao Altar das Abluções, é, por ocasião das iniciações, levado ao eixo longitudinal no momento oportuno. Este altares pode ter o mesmo formato que o Altar das Abluções.

O Pavilhão Nacional

Entende-se que o Pavilhão Nacional deverá ser exposto em suporte próprio para tal fim e colocado no Oriente, sobre o estrado, à direita do assento que ladeia o Trono.

O uso do Pavilhão Nacional nos Templos Maçônicos deve ater-se ao disposto na legislação civil pertinente quando ao seu uso em salas e salões, o qual é regulamentado pela Lei No 5.700, de 1o de setembro de 1971, com as alterações do Decreto-Lei No 5.812, de 13 de outubro de 1972, da Lei No

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6.013, de 27 de maio de 1981 e da Lei No 8.421, de 11 de maio de 1992.

Assim, nos Templos Maçônicos do Rito Escocês Antigo e Aceito a Bandeira Nacional deverá ficar hasteada em suporte próprio posto sobre o estrado, à direita do Trono, imediatamente após os assentos que o ladeiam, como já se disse.

Conquanto seja essa regulamentação já bastante antiga, muitas Potências Maçônicas inserem em seus regulamentos e rituais práticas contrárias à legislação federal pertinente. Hastear o Pavilhão Nacional no extremo interno Norte da Grade do Oriente, como determinam alguns rituais, é desrespeitar a lei nacional, além de impedir a visão do Venerável Mestre de todos os Irmãos.

Considera-se, no entanto, que o hasteamento da Bandeira Nacional é matéria regulamentar e não ritual. Quanto ao Culto ao Pavilhão Nacional, entende-se deva ser tratado em Ritual Especial, abrangendo sua entrada, hasteamento, saudação e retirada.

O Estandarte da Loja

O Estandarte da Loja, em Loja Aberta, deverá ser exposto em suporte próprio colocado nas proximidades do extremo Sul da passagem da Grade do Oriente, à frente e à esquerda do assento do Porta-Estandarte.

Estando a Loja fechada, o Estandarte deve ser recolhido e guardado em lugar apropriado.

É absolutamente inadmissível dispor nas paredes do Oriente suportes para arvorar os estandartes das Lojas visitantes.

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O Átrio

O Átrio, compartimento vestibular do Templo, é uma antecâmara que precede o Pórtico e faz comunicação com a Sala dos Passos Perdidos e a Câmara de Reflexão, tidos, então, como anexos do Templo. No Átrio é que devem ficar o assento do Cobridor Externo e as estrelas para a recepção dos visitantes.

O Teto do Templo

A decoração estelar dos tetos dos Templos Maçônicos, conquanto não seja obrigatória, é habitual no Rito Escocês Antigo e Aceito, dentre aqueles reconhecidos pelas Grandes Lojas do Brasil.

O teto do Templo representa, pois, a Abóbada Celeste com as nuanças de cor (do vermelho ao alaranjado, ao amarelo, ao azul e ao negro), mostrando a transição do dia, ou da Luz (Oriente), para a noite, ou para as trevas (Ocidente).

No Oriente, um pouco à frente do dossel, o Sol, com raios dourados; sobre o Altar do 1o Vigilante, a Lua, e, sobre o Altar do 2o Vigilante, uma estrela, prateada, de cinco pontas, cercada por flamas ígneas – a Estrela Flamejante – ostentando ao centro a letra G.

À direita e um pouco à frente do Sol, Mercúrio, sob a forma de um disco vermelho-escuro, e, à esquerda e um pouco mais à frente do Sol, Júpiter, que tem a forma de um disco alaranjado com estrias amarelas. Estes emblemas, pintados ou em relevo, poderão ficar pendentes do teto.

No Ocidente, ao centro, três estrelas da constelação de Órion, alinhadas de Norte a Sul; entre estas e o nordeste, Aldebaran, as sete Plêiades e as cinco Híades, dispostas em

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esquadria; a meio caminho entre Órion e o noroeste, Régulus, da constelação do Leão; ao Norte, sete estrelas da constelação da Ursa Maior; a nordeste, Arturus, da constelação do Cocheiro; a leste, Spica, da constelação da Virgem; a oeste, Antares, da constelação do Escorpião; ao Sul, Fomalhaut, da constelação do peixe Austral; e entre a Lua e Antares, Vênus, em forma de pequena lua prateada, e, entre Órion e Antares, Saturno, sob a forma de um disco amarelo-limão com seus anéis concêntricos e seus dez satélites.

As estrelas são amarelas, exceto Arturus, que é vermelha. As estrelas principais são as de Órion, as Híades, as da Ursa Maior e as Plêiades. Aldebaran, Arturus, Régulus, Antares e Fomalhaut são maiores que as demais por serem consideradas estrelas reais.

A Sala dos Passos Perdidos

Contígua ao Átrio deve existir uma ante-sala tão confortável quanto possível, para a recepção dos visitantes e permanência dos Obreiros antes do início dos trabalhos, a qual recebe a denominação de Sala dos Passos Perdidos, cujo mobiliário será adequado às posses da Loja, devendo apresentar quadros alegóricos, estátuas, quadro de avisos, retratos de personalidades maçônicas ou históricas, poltronas e uma pequena mesa com cadeira, sobre a qual descansam os Livros de Presenças onde todo Obreiro, do Quadro ou visitante, deve lançar o seu ne varietur.

Conquanto alguns ritualistas digam que o Templo Maçônico guarda relação direta com o Templo de Salomão e que o Parlamento Inglês copiou a disposição dos altares e lugares que os Irmãos ocupam em Loja, considera-se que tal afirmação carece de fundamento histórico.

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Como se sabe, o Parlamento Inglês foi criado no século XIII, no ano de 1297, durante o reinado de Eduardo I, filho de Henrique III, Por outro lado, somente no dia 1o de maio de 1775 é que a Grande Loja de Londres fez lançamento da pedra fundamental daquele que seria o primeiro Templo Maçônico, inaugurado e consagrado a 23 de maio de 1776.

Portanto, sendo o Parlamento Inglês muito mais antigo do que a Maçonaria Especulativa, foi o Templo Maçônico que copiou aquele no que concerne à disposição dos altares e Irmãos, inclusive a própria Sala dos Passos Perdidos.

Assim, a Sala dos Passos Perdidos não é uma invenção da Maçonaria, mas uma cópia do Parlamento Inglês.

A Câmara de Reflexão

A Câmara de Reflexão é um pequeno recinto onde se recolhe o Iniciando antes de ser introduzido no Templo para, aí, firmar o seu Testamento Moral e Filosófico.

Suas paredes devem ser de pedra ou, pelo menos, imitação de pedra, não podendo receber qualquer luz do exterior.

Sua localização é variável, dependendo das dimensões do Templo e da disposição deste em relação às demais dependências do edifício da Loja, e o seu mobiliário, tosco, é composto por um banco e uma pequena mesa, sobre a qual, além do material de escrita, impressos do testamento e uma campainha, estarão, também, um foco de luz fosca e tênue – fornecido por uma lâmpada a querosene ou por uma vela num castiçal –, uma ampulheta, um crânio humano com duas tíbias cruzadas, um pedaço de pão de trigo, uma jarra com água e três recipientes com sal, enxofre e mercúrio, com as respectivas identificações.

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Em suas paredes, de cor negra, figuram emblemas fúnebres e inscrições admonitórias gravadas em tinta branca, conforme indicado no Projeto de Ritual do 3o Grau que integra esta proposta ritual.

Sabe-se hoje, que ser de todo preferível a expressão Câmara de Reflexão em lugar de Câmara das Reflexões, termo mais apropriado, considerando-se reflexão no sentido de meditação, recolhimento.

Câmara de Reflexões, termo usado no Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 17) e, também, nos seus sucedâneos, é mais compatível com uma "câmara onde sejam estudados fenômenos físicos de reflexão (do som, da luz, etc.)". Além disso, é desnecessário, no caso, o plural para as palavras meditação e recolhimento.

É inaceitável que a Câmara de Reflexão tenha comunicação direta com o Templo, como determina o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 17). Nada há no desenvolvimento do Ritual de Iniciação que autorize tal disposição. A comunicação da Câmara de Reflexão deve ser, única e exclusivamente, com o Átrio.

Que o G∴A∴D∴U∴nos proteja, ilumine e guie para todo o sempre.

Bibliografia:

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HORNE, Alex. O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica. Pensamento, São Paulo, 1999.

LANTOINE, Albert. Histoire de la Franc-Maçonnerie Française. Slatkine Reprints, Genéve-Paris, 1981.

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O RITO MODERNO

O Rito Moderno ou Francês, segundo rito a ser praticado no Brasil (a partir de 1821),foi criado em 1761, segundo consta, com a finalidade de se libertar das influências da Maçonaria Inglêsa que predominava na França, naquela época. Foi reconhecido e adotado pelo Grande Oriente da França em 24 de dezembro de 1761, mas sua implantação definitiva só se deu em 09 de março de 1773, pelo então Grão-Mestre Duque de Cartres, Felipe de Orleans.

Com a aprovação da proposição do Rev.Desmons que estabelecia a retirada da Biblia do Altar dos Juramentos e substituida pelo livro da Lei Maçônica, suprimindo a expressão "Grande Arquiteto do Universo" dos cabeçalhos de todos os documentos e Atas do Grande Oriente, a Grande Loja Unida da Inglaterra excomungou o Rito Moderno contando relações com o Grande Oriente da França.O principal argumento era de que o Rito Moderno era um rito ateu. Embora a inteção fosse deixar que os problemas de ordem metafísica continuasse sendo de foro íntimo de cada um.

Trabalha, atualmente em sete graus:

Aprendiz;

Companheiro;

Mestre;

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1ª Ordem - os Eleitos;

2ª Ordem - Escocês;

3ª Ordem - Cavaleiros do Oriente;

4ª Ordem - Rosa-Cruz.

ORIGENS DO RITO MODERNO

Ir∴ Renato Rodrigues da Silva

Para se falar das origens do Rito Moderno, deve-se começar pelas origens da Maçonaria na França.

Em 1517, foi fundado em Paris o “Colégio Francês”. Os membros originais deste colégio vinham da Península Itálica onde faziam parte de instituições conhecidas como “academias”, que tinhan pessoas do porte de Leonardo da Vinci, entre outros, como seus membros. As características destes membros era serem contra os dogmas do papado e contra a interferência da Igreja no Estado. Este colégio floresceu na França com o reinado de Francisco I, e pode ser considerado o primeiro agrupamento maçônico especulativo no mundo. Porém, com a morte de Francisco I, houve um acirramento religioso na França, principalmente em reação à Reforma de Martinho Lutero. A nascente maçonaria especulativa passou a ser perseguida justamente por ser movida pela razão, e não por dogmas, e teve de se refugiar na Inglaterra, onde havia mais tolerância religiosa. A história da Maçonaria, na França, entra então num hiato, pois o centro dos acontecimentos maçônicos se transfere para a Inglaterra.

Em 1649 houve uma guerra civil na Inglaterra, que culminou com a decapitação do Rei Carlos I, da dinastia Stuart, e a adoção temporária de um modelo republicano por parte da Inglaterra. Exilados políticos que eram partidários dos Stuarts se refugiaram na França e abriram lojas maçônicas.

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Estas lojas passaram a ser chamadas de lojas “escocesas”, porque os partidários dos Stuarts eram escoceses.

A república inglesa, se podemos chamar assim, dura até 1660, quando a monarquia é restaurada e os partidários desta efêmera república são obrigados a se exilar na Holanda. Levavam consigo a experiência inédita de poderem ter julgado e sentenciado um rei que julgaram desleal ao país e aos seus súditos, e de terem abolido o poder da Igreja, confiscando seus bens – ou seja, conseguiram contestar o absoluto poder vigente, dando um exemplo de liberdade. Na Holanda, gravitando em torno das lojas maçônicas de lá, lançam as sementes do que depois foi conhecido como Iluminismo. Este movimento passa, por volta de 1715, também para a França, através das idéias de John Toland.

Em 1717 houve a criação da Grande Loja de Londres – ou seja a criação da Maçonaria conhecida hoje como “Maçonaria Moderna”. E em 1726 começam a chegar à França lojas maçônicas também vindas da Inglaterra, já filiadas a esta Grande Loja. Passou a haver então, na França, dois tipos de lojas: as “escocesas”, fundadas pelos partidários dos Stuarts, e as “inglesas” (ou “modernas”), filiadas à Grande Loja de Londres, além da influência ideológica daquilo que viria a se chamar futuramente de Iluminismo. Temos aqui as 3 grandes influências na Maçonaria Francesa do século XVIII: A maçonaria dita “stuartista”, mais tradicional e teísta; a maçonaria dita “moderna”, deísta e com tendências racionalistas, bem como as influências iluministas.

Em 1738, é fundada a Grande Loja da França, fazendo com que a Maçonaria francesa passasse para a mão dos próprios franceses, já que até então eram os escoceses e ingleses que a dominavam. Os grãos-mestres passam a ser franceses e esta Grande Loja da França sofre grande resistência da Grande Loja de Londres, que queria manter a maçonaria francesa sob sua tutela.

Em 1772, a Grande Loja da França foi extinta, e no seu lugar foi criado o Grande Oriente da França, o primeiro Grande Oriente do mundo. Foi este Grande Oriente que criou o que é chamado de “democracia maçônica”, onde há um poder central assessorado e vigiado por um corpo legislativo formado por deputados de todas as lojas (deputados

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estaduais, para os Grandes Orientes estaduais, e federais para os Grandes Orientes nacionais).

Antes disso, em 1761, o Rito Moderno, ou Francês, já havia sido criado. O motivo da sua criação foi colocar ordem na anarquia então reinante, onde havia diversos ritos com inúmeros graus, criados muitas vezes com o objetivo de vender paramentos, jóias e títulos. O Rito foi criado originalmente com apenas os 3 graus simbólicos – aprendiz, companheiro e mestre – o que causou reclamação, pois havia maçons que queriam enveredar pelo filosofismo. Então, em 1782, o Grande Oriente da França criou uma Comissão, chamada de Câmara dos Ritos, para dotar o Rito com a essência dos graus filosóficos o que culminou, após acalorados debates, em 1786, com a adoção de mais 4 graus filosóficos – Eleito, Eleito Escocês, Cavaleiro do Oriente ou da Espada e Cavaleiro Rosa Cruz. Uma das características deste novo rito foi se manter fiel às Constituições de Anderson, de 1723, e de ter retirado de seus ensinamentos coisas que não eram originais da Maçonaria. Os escocesistas, descendentes da maçonaria trazida pelos Stuarts, reagiram à esta redução dos altos graus, pois queriam ir justamente em sentido contrário, aumentando o número de graus, e criaram o que hoje conhecemos como R.E.A.A que, portanto, não é escocês quanto à origem, mas também francês e com posteriores influências norte-americanas.

Há uma certa controvérsia quanto à origem do termo “Moderno”. Alguns autores afirmam que este termo vem da criação, em 1751, de uma loja na Inglaterra chamada de Grande Loja dos “Antigos”. Se auto-intitulavam assim porque se julgavam em oposição aos maçons de 1717, que foram os fundadores do que é chamado de Maçonaria Moderna. Ou seja, o Rito Francês-Moderno teria sido criado com o objetivo de se manter fiel à maçonaria moderna criada pelo movimento de 1717, que estava sendo desfigurada pela criação desordenada de graus, e não por ter sido um rito que tenha criado alguma “modernidade” por si só. De fato, no que diz respeito aos graus simbólicos, o Rito Moderno é o mesmo rito que a Grande Loja da Inglaterra praticava em 1717. Já outros autores afirmam que não o termo não tem relação com os “modernos” de 1717.

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De resto, as características principais do Rito Moderno são a defesa intransigente da liberdade de consciência, a condenação de qualquer tipo de tirania e absolutismo , o laicismo, o agnosticismo, a tendência filosófica humanista e padrões de pensamento racionais e científicos.

O Rito Moderno continuou conforme foi criado até 1877, quando o Grande Oriente da França lhe fez uma reforma, que aboliu a exigência da crença em Deus e na imortalidade da alma. Isto gerou forte reação por parte da Grande Loja da Inglaterra, que decretou o Grande Oriente da França como irregular, acusando-o de ateísmo e materialismo. Essa acusação acabou caindo, por extensão, ao Rito Moderno, que é muitas vezes julgado como um rito ateu e materialista por quem não o conhece com a mínima profundidade. Basta, paraisso, verificarmos que o 18º grau do R.E.A.A, que é considerado o grau mais espiritualista do escocesismo, nada mais é do que o 7º grau do Rito Moderno. Desta forma, como chamar o Rito Moderno de materialista ?

No caso do Grande Oriente do Brasil, que é reconhecido como regular e legítimo pela Grande Loja da Inglaterra de acordo com os termos de um tratado de 1935, a exigência da crença em Deus continua, apesar de, fiel ao laicismo, não existir invocação ao Grande Arquiteto do Universo nas sessões do Rito Moderno feitas nas lojas do GOB. Apesar de ser, atualmente, minoritário no Brasil, o Rito Moderno é o 2ª Rito mais praticado no mundo; e é também, ou deveria ser, o Rito oficial de todos os Grandes Orientes do mundo, inclusive o do Brasil – ou seja, as cerimônias e sessões oficiais dos Grandes Orientes devem ser todas realizadas no Rito Moderno.

Quanto ao Brasil, não se sabe exatamente quando este Rito chegou aqui, e ainda há controvérsias se realmente teria sido o primeiro rito a chegar, pois há quem afirme ter sido o Rito Adonhiramita. De qualquer maneira, os dois ritos existiam em Portugal e na França, e como era para um destes dois países que os jovens das classes mais abastadas iam estudar, lá acabavam sendo iniciados na Maçonaria e, ao retornarem ao Brasil, abriam ou se filiavam a lojas de um dos dois ritos.

Quando da Independência do Brasil, todas as lojas do então Grande Oriente Brasílico eram do Rito Moderno. D. Pedro I,

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apesar de ser maçom, tinha medo que a Maçonaria lhe afrontasse o poder, de forma que fechou o Grande Oriente Brasílico em 22 de Outrubro de 1822, ou seja, logo após a Independência. Quando o Grande Oriente foi refundado, já com o nome de Grande Oriente do Brasil, após ter ficado fechado por quase 10 anos, todas as lojas que constituíram sua re-fundação também eram do Rito Moderno. E este Rito ficou sendo o Rito majoritário do Brasil por muito tempo, sendo um Rito importante na formação de diversas lideranças brasileiras do Século XIX, tendo tido destacada atuação na Independência do Brasil, nas leis que culminaram na libertação dos escravos (Lei Euzébio de Queiroz; Lei do Ventre Livre e a própria Abolição da Escravatura) e na campanha republicana.

Segundo o Ir.’. Alexandre Magno Carvalho, autor do livro “O Aprendiz no Rito Moderno”, ultimamente tem havido um ressurgimento do Rito Moderno no Brasil, com a abertura de novas lojas ou com a vinda de Irs.’. de outros ritos, já que por ser um rito laico, não gera constrangimentos de ordem religiosa.

Bibliografia:

- Manual do Rito Moderno – José Castellani e Frederico Guilherme Costa - Editora A Gazeta Maçônica

- A Maçonaria Moderna – José Castellani - Editora A Gazeta Maçônica

- O Aprendiz no Rito Moderno – Melkisedek (Alexandre Magno Camargo) - Editora A Gazeta Maçônica

- Fundamentos do Rito Moderno – José Francisco Simas –

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COMENTÁRIOS AO RITO MODERNO

(Análise dos Rituais)

Ir∴ Joaquim da Silva Pires

CAPÍTULO I

O Rito Moderno é possuidor de ardorosos panegiristas e de cáusticos detratores, sendo que estes últimos avultam nas Grandes Lojas Estaduais, onde o citado Rito não é praticado. Entretanto, louvara-o e a ele pertencera o

idealizador daquelas Grandes Lojas, o Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring, que, em 1903/1904, chegara a ser Venerável Mestre da Loja "Ganganelli", do Rio de Janeiro, então trabalhando naquele Rito, de cujo Grande Capítulo o referido líder maçônico fez parte, ao ter seu nome aprovado por 16 votos a 2, em eleição realizada em 7 de outubro de 1903. Porém, mais tarde, ao romper com o Grande Oriente do Brasil (17 de junho de 1927), ele viria a mudar de idéia, ao qualificar o Rito Moderno de "arremedo bufo de Maçonaria". Mudar de idéia nem sempre é um ato censurável. Se houver coerência na mudança, ela estará acima de um direito, para ser uma obrigação.

A primacial controvérsia que atinge o citado Rito é devida à inexistência, nas sucessivas edições de seus Rituais, do Juramento e de quaisquer outras menções ao Grande Arquiteto do Universo, depois da reforma feita pelo referido Grande Capítulo, na histórica Sessão de 23 de junho de 1892, noticiada pelo Grande Oriente do Brasil, conforme o surpreendente Decreto nº 109, de 30 de julho daquele ano,

assinado pelo então Grão-Mestre Geral Ir∴ Antônio Joaquim de Macedo Soares, imitando a reforma ocorrida no Grand Orient de France, em 10 de setembro de 1877. Desde aquele tempo, o Rito Moderno passou a ser elogiado por uns, que o qualificam, orgulhosamente, de adogmático e de agnóstico, mas tisnado por outros, que o acoimam de ateísmo! Essas

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duas antagônicas posições (nunca vistas nas análises feitas em outros Ritos) estão muito mal construídas sobre os frágeis alicerces de equívocos, e estes precisam ser desfeitos.

Definir é quase sempre muito difícil, mesmo que esteja em foco uma simples régua escolar de uso infantil. A dificuldade aumenta, quando buscamos definições pertinentes aos esfíngicos domínios das chamadas ciências especulativas, suscitadoras de infindáveis controvérsias. Todavia, este articulista, não podendo ficar silente, ousa enfrentar o desafio, afirmando que Dogma é uma proposição doutrinária, que seus seguidores consideram fundamental, imutável e indiscutível. Agnosticismo é uma corrente filosófica, dentro da qual só é aceito o que tiver evidência, de tal modo que, automaticamente, fica rejeitada toda a metafísica. O vocábulo foi criado, com indisfarçável ironia, pelo evolucionista inglês Thomaz Henry Huxley (1825/1895), contrapondo-se, assim, aos antigos gnósticos, místicos persas, que se consideravam conhecedores de uma sabedoria espiritual, só a eles revelada por uma Força Superior.

Ora, dizer que o Rito Moderno é adogmático configura um enorme truísmo, pois todos os Ritos do Grande Oriente do Brasil são adogmáticos, e não só o Rito Moderno, conforme preceitua, de modo límpido, a Constituição do referido Grande Oriente, elucidando, nos termos da cabeça de seu artigo 10, que a Maçonaria (e não exclusivamente o Rito Moderno, insista-se!) é progressista e evolucionista. Não se trata, portanto, de uma unilateral e inócua exegese elaborada por este articulista, pois os dois elogiáveis conceitos dimanam de um mandamento escrito naquela Carta Magna.

Quanto ao Agnosticismo, a referida Lei Maior do Grande Oriente do Brasil, no inciso I de seu artigo 2º, proclama a existência de um Princípio Criador, o Grande Arquiteto do Universo. Logo, em todos os Ritos da citada Potência Maçônica, entre os quais o Rito Moderno, não pode ser excluído o Grande Arquiteto do Universo, sob pena de inegável afronta ao referido e inequívoco preceito constitucional.

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Não merecem aplausos os Irmãos do Rito Moderno (portanto, Obreiros do Grande Oriente do Brasil, pois já vimos que as Grandes Lojas Estaduais não adotam o citado Rito), quando, mediante vezo paradoxal, elevam comentários laudatórios ao Grand Orient de France. Ora, este último, apesar de muito antigo (aquela sua denominação passou a ser usada entre fins de 1772 e princípios de 1773) é irregular diante da tradicional Potência Maçônica brasileira, tanto quanto são irregulares a Loge Nationale Française, fundada em 1968 (que não possui o adjetivo Grande e que não pode ser con- fundida com a Grande Loge Nationale Française, fundada em 1913, a única Potência Maçônica francesa, que possui regularidade); a Grande Loge Traditionnelle et Symbolique-Opéra, fundada em 1958; a Grande Loge Mixte Universelle, fundada em 1973; a Grande Loge Féminine de Memphis-Misraim, fundada em 1965; a Grande Loge Mixte de France, fundada em 1982; a Grande Loge Féminine de France, fundada em 1945; a Grande Loge de France (outra que não pode ser confundida com a Grande Loge Nationale Française), fundada em 1894 e a Federation Française du Droit Humain, fundada em 1893.

Todavia, o próprio Grand Orient de France havia estatuído, em 5 de junho de 1865, que a Maçonaria, e não só a referida Potência Maçônica francesa, tem por princípio básico a crença em Deus. Mas, sobreveio a já focalizada reforma de 10 de setembro de 1877, que derrogou aquele entendimento, projetando consectários no Rito Moderno do Grande Oriente do Brasil, a partir da já mencionada histórica Sessão do respectivo Grande Capítulo, realizada em 23 de junho de 1892.

O primeiro Ritual usado pelo Grande Oriente do Brasil, logo no ano de sua fundação (1822), quando ainda era Grande Oriente Brasiliano (primeira Ata), Grande Oriente Brasileiro (segunda Ata, mas não façamos confusão com o homônimo, que seria mais conhecido por "Grande Oriente do Passeio" e Grande Oriente Brasílico (quinta Ata), e que só viria a ter sua denominação atual ao ser reinstalado (1831), era do Rito Moderno. Cedera-o a Loja "Commércio & Artes", do Rio de Janeiro, que o recebera do Grande Oriente Lusitano. Foi impresso em Lisboa, em tipografia e data ignoradas, especialmente para aquela Potência Maçônica portuguesa. Lá está escrito que o Candidato jurava perante o Grande Arquiteto do Universo (página 18).

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Igualmente, o primeiro Ritual próprio (isto é, não cedido, ou seja, o primeiro Ritual feito especialmente para a referida Potência Maçônica brasileira) era do Rito Moderno. Foi impresso na "Typographia Austral", do Beco dos Quartéis, nº 21, Rio de Janeiro, onde está escrito, em considerações introdutórias, que o Grande Arquiteto do Universo é Deus (página 7). Outrossim, constava Seu nome em outros quatro momentos, a saber: quando o Candidato prestava a imprescindível Obrigação (página 24); quando o Candidato era recebido Aprendiz Maçom (página 25); quando o Filiando ratificava o Compromisso (página 40), e, finalmente, quando era prestada a "Sétima Saúde", na parte denominada "Mesa de Banquete" (página 38). Ao comentar o Ritual ora em foco, no livro "Rituais Maçônicos Brasileiros", da Editora Maçônica "A TROLHA" Ltda., Londrina, Paraná, ano de 1996, página 31, este articulista acentuou: "O mencionado Ritual é o mais completo de todos os que, até hoje, foram impressos no Brasil. Não existe um, que se lhe possa comparar". Diante de tal relevância, é evidente que ele será analisado ao longo desta série, mediante o indispensável método comparativo.

O Ritual imediatamente posterior, do Rito Moderno, foi impresso em 1869, na "Typographia Universal de Laemmert", da Rua dos Inválidos, nº 63 B, Rio de Janeiro. O Candidato jurava ao Grande Arquiteto do Universo (página 31). Não se alegue que tenha havido um Ritual intermediário, impresso em 1857, na "Typ. do Commércio de Brito & Braga", da Travessa do Ouvidor, nº 14, Rio de Janeiro. Não! Esse, de 1857, não era Ritual. Era "Instrucção do Gráo de Aprendiz do Rito Moderno”. Em 1892, em face do já apontado Decreto nº 109, de 30 de julho daquele ano, o Grande Oriente do Brasil mandou imprimir o seu primeiro Ritual, sem o Grande Arquiteto do Universo (e sem outros pontos que até então constavam dos Rituais do Rito Moderno). Está escrito que ele, o citado Ritual de 1892, foi composto na "Imprensa Nacional", no Rio de Janeiro.

Mesmo sem ser movido pelo mesmo talento dos eruditos, este articulista assinala, respeitosamente, que tentará clarificar os mais contraditórios aspectos do assunto a ser tratado pela série que agora tem início.

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CAPÍTULO II

No anterior Capítulo, vimos que, no Grande Oriente do Brasil, por força do límpido preceito contido na cabeça do artigo 1°, de sua Constituição, todos os Ritos são adogmáticos, e não só o Rito Moderno. Vimos, também, que, em consonância com o inciso I do artigo 2°, daquela referida Carta Magna, o Grande Arquiteto do Universo é o primeiro dos postulados universais da Instituição Maçônica, onde, indubitavelmente, está incluído o mencionado Rito. Infere-se, pois, que, para a citada Potência Maçônica, em consonância com o seu expresso mandamento constitucional, uma instituição que não tenha aquele primeiro postulado não será maçônica, tanto quanto não serão maçônicos os Ritos que ela abrigar. Sob a luz dessa lógica irrefragável, quem brandir evasivas em sentido contrário cairá pelo resvaladouro dos mais flagrantes sofismas.

É bem verdade que, atingidos pelo amargor das decepções, Obreiros do Rito Moderno, Rito que, sem a mínima dúvida, congrega expressivos intelectuais, não se conformam, quando visitam algumas (ou serão muitas?) Lojas do Rito Escocês Antigo e Aceito e presenciam cerimônias e pronunciamentos aberratórios, que mais se assemelham à apologia da superstição. Todavia, aquelas cerimônias e aqueles pronunciamentos, que baixam às obscuras crenças jacentes em remotíssimos tempos, não constam dos Rituais do segundo mencionado Rito. São extravagâncias debitadas à conta dos que, deploravelmente, ousam praticá-Las dentro de Templos Maçônicos!

No livro "Rituais Maçônicos Brasileiros", uma publicação da Editora Maçônica "A TROLHA" Ltda., Londrina, Paraná, edição de 1996, página 166, discorrendo sobre os propagadores das citadas extravagâncias, este articulista condenou:

Delirando, julgam-se ungidos por forças sobrenaturais, à semelhança dos mendazes sacerdotes de antanho, que, em seus propositados arquejamentos, afirmavam aos espavoridos e fiéis seguidores uma ligação íntima com a própria divindade.

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Ainda estão lendo almanaques garatujados por leigos, onde a lógica não encontra guarida.

Podemos testificar a existência desses anacronismos no Rito Escocês Antigo e Aceito, do Grande Oriente do Brasil, sim, mas o seu maior número está no Rito Escocês Antigo e Aceito praticado alhures, porém dentro do nosso País, infelizmente, onde chega a existir (pelo menos em uma Loja) tentativa de imitação do primitivismo de práticas ritualísticas celtas. Entretanto, os Templos Maçônicos não podem ser confundidos com a Floresta dos Carnutos.

Quando, no citado livro, foram dirigidas acusações aos ocultistas, um Respeitável Irmão Leitor, que é um verdadeiro estudioso da Arte Real, manifestou, pela via epistolar, de maneira discreta e elevada, sua divergência, não quanto ao conteúdo da crítica, e sim quanto à forma agressiva de apresentá-la, argumentando que este articulista sempre mantivera uma linha de equilíbrio, então quebrada pela veemência dos vocábulos usados. A manifestação mereceu uma resposta, remetida também pela via epistolar, e, igualmente, de maneira discreta e elevada, tão elevada, que os justificativos pontos culminantes foram as oportunas transcrições de três irretocáveis ensinamentos ministrados por Ruy Barbosa, que, na condição de Paraninfo, apresentou notável pronunciamento (lido pelo Professor Reynaldo Porchat, porque o renomado Autor não pôde comparecer, por estar com problemas de saúde) aos Acadêmicos de Direito do Largo de São Francisco, Turma de 1920, pronunciamento esse que, depois, viria a receber o significativo título de "Oração aos Moços":

1º) "Vede Jesus despejando os vendilhões do templo, ou Jesus provando a esponja amarga no Gólgota. Não são o mesmo Cristo, esse ensangüentado Jesus do Calvário e aqueloutro, o Jesus iroso, armado, o Jesus do látego inexorável? Não serão um só Jesus o que morre pelos bons, e o que açoita os maus?"

2°) "Nem toda a ira, pois, é maldade, se, as mais das vezes, rebenta agressiva e daninha, muitas outras, oportuna e necessária, constitui o específico da cura."

3°) "Quando um braveja contra o bem que não entende, ou que o contraria, é ódio iroso, ou ira odienta. Quando verbera o

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escândalo, a brutalidade ou o orgulho, não é agrestia rude, mas exaltação virtuosa, não é soberba que explode, mas indignação que ilumina: não é raiva desaçaimada, mas correção fraterna. Então não somente não peca o que se irar, mas pecara não se irando."

Em síntese, à vista do exposto, segundo a lição de Ruy Barbosa, este articulista não peca, ao se irar ante as extravagâncias dos ocultistas, mas pe- caria não se irando.

Ainda com referência ao Rito Escocês Antigo e Aceito, é indispensável que sejam apresentadas mais algumas observações. Por um lado (negativo) clama por condenação o uso das crendices que não estão escritas no Ritual, e, por outro lado (positivo) merecem louvores os sábios textos nele contidos. Especificamente dentro do Grande Oriente do Brasil, no mencionado Rito, em seu Ritual de Aprendiz, está escrito que o Segundo Vigilante fala ao Candidato sobre a libertação referente à ignorância, à superstição e ao erro, antes de o Primeiro Vigilante mencionar a repulsa a todo o despotismo e o mais fervoroso amor às instituições livres, cabendo ao Venerável Mestre finalizar as explicações, afirmando que não somos contra os governos ou autoridades, se justos, deixando implícito que somos contra os governos e contra as autoridades, quando injustos. Será que algum Obreiro, de quaisquer outros Ritos, conseguiria negar essas três enormes provas de adogmatismo, apresentadas pelo Rito Escocês Antigo e Aceito, do Grande Oriente do Brasil?

A digressão, agora concluída, é apenas aparente. Ela possui pertinência, pois comprovou que não é correto atribuir só ao Rito Moderno, unicamente ao Rito Moderno, a adoção de louváveis normas da grandiosidade do pensamento.

O anterior Capítulo e o presente, conjugados, tiveram obrigatórios desvios do roteiro basilar, com o entendível desiderato de mostrar que o Rito Moderno não é praticado nas Grandes Lojas Estaduais, que no Grande Oriente do Brasil a Constituição proclama (atingindo todos os Ritos, entre os quais o Moderno) ser o Grande Arquiteto do Universo o primeiro dos postulados da Instituição Maçônica, e que todos os Ritos praticados pela citada Potência são adogmáticos (e não só o Moderno.

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A partir do próximo Capítulo, os comentários ficarão, exclusivamente, jungidos às comparações entre Rituais do Rito Moderno, só do Rito Moderno.

CAPÍTULO III

No Capítulo I da presente série, houve referência ao primeiro Ritual usado pelo Grande Oriente do Brasil (que só passou a usar essa atual denominação a partir de 23 de novembro de 1831). Ficou esclarecido, também, que o mencionado Ritual era do Rito Moderno, e que pertencia ao Grande Oriente Lusitano.

Trata-se, hoje, de uma peça raríssima, uma verdadeira preciosidade, em consonância com asserções exaradas por este articulista em seu livro "Rituais Maçônicos Brasileiros", da Editora Maçônica "A TROLHA" Ltda., Londrina, Paraná, edição de 1996, páginas 25/27.

Aquele citado Ritual preceituava que as paredes tinham a cor azul. A mesa do Venerável Mestre estava em cima de três degraus. Era triangular. Sobre ela, havia um Esquadro, um Compasso, um Malhete, uma Bíblia (Bíblia mesmo, sem as expressões Livro Sagrado ou Livro da Lei) e uma luz. Não há qualquer esclarecimento sobre essa luz. É possível que fosse um candeeiro (lembremo-nos de que a luz elétrica só foi concretizada, comercialmente, em 1879, graças à lâmpada com filamento incandescente, inventada por Thomaz Alva Edson, e a iluminação elétrica nas artérias públicas é posterior, pois adveio dos testes com a corrente alternada, feitos em 1888 pelo cientista austríaco Nicolau Testa). Por cima do Trono (a Cadeira) do Venerável Mestre, sob o Dossel, estavam as duas luminárias, com o Sol à esquerda, e a Lua à direita, considerando-se a posição de quem entra no Templo e olha para o Oriente. Entre ambas as referidas luminárias, estava o Delta Místico (triângulo com o olho de Hórus).

Também no Oriente, o Orador e o Tesoureiro ficavam do lado em que estava o Sol Uá vimos onde). O Secretário e o

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Chanceler ficavam do lado em que estava a Lua (também já vimos onde).

Tanto quanto ocorre hoje, os Vigilantes, os Expertos, o Mestre-de-Cerimônias e o Guarda Interno (que, agora, recebe, simplesmente, o nome de Cobridor) ficavam no Ocidente.

O Primeiro Vigilante ficava junto à Coluna "B", à direita de quem entra no Templo. O Segundo Vigilante ficava junto à Coluna “J". Essas posições estavam invertidas (contrariando os textos bíblicos atinentes ao Templo de Salomão, ou seja, o Templo de Jerusalém em sua primeira fase) e invertidas permanecem (estamos focalizando o Rito Moderno).

Aos Respeitáveis Irmãos Leitores que não tenham maiores informações sobre as referidas Colunas, sob o ângulo histórico, não maçônico, este articulista recomenda, com a devida vênia, dois magistrais livros pertinentes ao assunto:

"Old Testament Commentary", de William Foxwell Albright (estudiosos consideram-no o maior biblista de todos os tempos) e "A History of Israel", de Theodore Robinson. Há elucidativas reconstituições feitas por Howland-Garber, Chipiez, De Vogue, Stevens-Wright e o surpreendente Watzinger (o único pesquisador a afirmar que as Colunas Gêmeas estavam dentro do Templo de Salomão!).

O Primeiro e o Segundo Expertos ficavam um pouco à frente das mesas triangulares do Primeiro e do Segundo Vigilantes, respectivamente. Aquelas po- sições dos Expertos não foram alteradas. As mesas dos Vigilantes continuam a ser triangulares. Porém, existe, atualmente, um Terceiro Experto, localizado perto do Primeiro Vigilante, à sua esquerda.

O Mestre-de-Cerimônias ficava sobre a imaginária linha do equador (sim, apenas imaginária, mas aqui citada para fins de localização), isto é, na mesma linha em que ficava o Venerável Mestre, porém do lado oposto (é claro). Essa posição foi bastante modificada, conforme veremos, oportunamente, quando comentarmos o vigente Ritual.

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Dois eram os Cobridores, que, todavia, não tinham essa denominação, e sim as denominações de Guarda Interno e de Guarda Externo. O primeiro ficava junto à porta. O segundo ficava na en- tão denominada "Câmara dos Passos Perdidos", à semelhança de sentinela, rigorosamente sem assistir aos Trabalhos.

Os Aprendizes, os Companheiros e os Mestres (presume-se que a referência seja aos Mestres desprovidos de cargos) tinham a cabeça descoberta. Está escrito, no Ritual ora em exame, que "todos os demais usavam chapéu" (presume-se que a referência seja aos Mestres provi- dos de cargos).

A Cerimônia de Abertura dos Trabalhos era relativamente simples. O Primeiro Experto verificava a existência de ambas as coberturas, a externa e a interna. Depois disso, o Primeiro Vigilante verificava se todos os Irmãos estavam em ordem e à ordem. Em seguida, respondendo a uma pergunta do Venerável Mestre, o citado Vigilante afirmava que a reunião tinha o propósito de elevar Templos à Virtude e cavar masmorras ao vício. Respondia-lhe, também, qual era a sua idade e qual era o horário em que começavam os Trabalhos (idade e horário que todos os Maçons conhecem). Imediatamente após, o Venerável Mestre convidava todos os Irmãos à ajuda na mencionada Abertura, e, fazendo o sinal de Aprendiz, aplaudindo pela bate- ria do Grau e dando uma batida no Altar, com o Malhete, declarava que estavam abertos os Trabalhos. Simultaneamente, os demais Irmãos faziam o mesmo referido sinal e os mesmos referidos aplausos. Depois que ambos os Vigilantes, repetindo as palavras do Venerável Mestre, faziam a mesma declaração que este último fizera, os demais Irmãos sentavam-se.

O ato imediatamente posterior consistia na leitura da Ata, sobre cuja redação era concedida a palavra, para as eventuais correções. Quem as quisesse fazer, pedia permissão e, ao obtê-la, do Venerável Mestre, falaria de pé e à ordem. Havendo ou não havendo correção a ser feita, e desde que não existissem dúvidas ou desde que as eventuais dúvidas existentes fossem resolvidas, não se verificava, nunca, um procedimento informal. Ao contrário disso, os Irmãos ficavam de pé e à ordem, unidos ao Venerável Mestre, mediante aplausos, comprobatórios de aprovação.

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CAPÍTULO IV

No final do anterior Capítulo, vimos que, no primitivo Ritual usado pelo Grande Oriente do Brasil, ou seja, o Ritual português, do Rito Moderno, do Grande Oriente Lusitano (hoje uma peça verdadeiramente raríssima!), havia formalidade na aprovação da Ata. Só após a referida aprovação, entravam, com ortodoxia, os Visitantes (o focalizado Ritual usa o vocábulo Visitadores, que é tão correto quanto Visitantes).

Os andamentos relativos às Sessões Ordinárias (Expediente, Ordem do Dia, Tronco de Solidariedade e Palavra a Bem da Ordem) não existiam. Aplicavam-se os Usos e os Costumes. Aquele Ritual era destinado, unicamente, às Sessões Magnas de Iniciação (há, ainda, Rituais europeus que seguem essa mesma norma de exclusividade, omitindo, pois, o trans- correr das Sessões outras).

Depois de encerradas as formalidades pertinentes aos Visitantes, o Venerável Mestre acentuava que o Candidato (declarando, qual o seu nome) havia sido aprovado, por unanimidade (infere-se, portanto, que não eram feitas Iniciações, onde a aprovação fosse por maioria, diversamente do que ocorre hoje, em todos os Ritos do Grande Oriente do Brasil, consoante preceitua o artigo 22, do RGF, permitindo até duas esferas negras, se ocorrer a possibilidade prevista no "caput" do mencionado artigo).

Apesar de já existir aprovação, por unanimidade (repita-se), o Venerável Mestre concedia a palavra, para que houvesse eventual pronunciamento sobre algum motivo impeditivo da efetiva admissão do Candidato. Está escrito que, se houvesse alguma oposição, ela seria objeto de discussões. Havendo ou não havendo qualquer pronunciamento, era indispensável que existisse votação, e se ela fosse positiva, o Candidato receberia um papel, para que escrevesse o seu nome, a sua idade, o seu estado civil, a sua profissão, a sua religião e os deveres do homem perante Deus (lembremo-nos de que estamos focalizando um Ritual do Rito Moderno) e os deveres do homem perante a Pátria e perante si mesmo.

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Dadas as respostas, o Candidato entregava os metais, que eram recebidos pelo Mestre-de-Cerimônias e entregues ao Venerável Mestre. Depois, ele era vendado. O braço esquerdo, o peito esquerdo e o joelho direito ficavam descobertos. No pé esquerdo levava chinelo. Após as batidas irregulares, a identificação e as tradicionais perguntas e respostas, eram abertas as portas, e o Primeiro Vigilante fazia ao Venerável Mestre a apresentação daquele que pedia para ser recebido Maçom.

Após lhe fazer perguntas e apresentar objeções às suas respostas (se fosse o caso, é óbvio), o Venerável Mestre explicava ao Candidato que este passaria por "experiências indispensáveis", que necessitavam de coragem, e se lhe viesse a faltar aquele atributo, ele poderia retirar-se. Na hipótese de haver o prosseguimento da Cerimônia, se o então ouvinte estivesse mesmo atento às palavras a ele dirigidas, não deixaria que ficasse em branco a expressão "estas provas são todas mysteriosas e emblemáticas ("mysteriosas", com "y", conforme a grafia original).

Na Primeira Viagem, o Primeiro Experto (andando para trás) pegava nas duas mãos do Candidato, fazendo-o caminhar (a partir do Ocidente, pela Coluna do Norte) ao Oriente, retomando, pela Coluna do Sul, ao ponto inicial. Durante o percurso, o Ar era agitado com um leque ou objeto outro, para que produzisse vento. Ao ouvir do Segundo Vigilante (só do Segundo Vigilante) que estava terminada aquela Viagem, o Venerável Mestre pedia ao Candidato que apresentasse considerações sobre o que havia notado. Quaisquer que fossem as considerações, o Venerável Mestre dizia que aquela Viagem (muita atenção, meus Respeitáveis Irmãos Leitores, porque vereis que, sem o conhecimento do ora focalizado Ritual, do Rito Moderno, não conseguiríamos saber qual a verdadeira origem de várias passagens, que vemos no Rito Escocês Antigo e Aceito, seja o do Grande Oriente do Brasil, seja o das Grandes Lojas Estaduais(!), no Rito Adonhiramita e no Rito Brasileiro) era o "emblema da vida humana: o tumulto das paixões, o choque dos diversos interesses, a dificuldade das empresas, os obstáculos que multiplicam sobre vossos passos concorrentes empenhados em vosso desgostar, tudo isto é figurado pelo ruído e fragor que ferirão vossos ouvidos, pela desigualdade da estrada que passaste". ("difficuldade", com

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"fI", "emprezas", com "z", e "multiplicão", em lugar de "multiplicam", tudo segundo a grafia original)

A Segunda Viagem era percorrida menos lentamente. Ouviam-se tinidos de espadas. Quando retomava ao Ocidente, ao ter feito o mesmo trajeto anterior, tinha o Candidato o braço nu mergulhado em um vaso cheio de Água, depois de os Vigilantes

(agora, ambos os Vigilantes) anunciarem que aquela Viagem havia sido feita. O Venerável Mestre repetia a pergunta da Primeira Viagem, e, novamente, qualquer que fosse a resposta dada, afirmava (muita atenção, mais uma vez, meus Respeitáveis Irmãos Leitores, pelo mesmo apontado motivo):

"Estes tinnidos d’armas que vós ouvistes no curso desta viagem, figurão os combates que o homem virtuoso deve estar de contínuo obrigado a sustentar para triunfar dos ataques do vício". (novamente, conforme a grafia original)

Este articulista abrirá o próximo Capítulo descrevendo a Terceira e última Viagem. Sim, a última Viagem, porém do ora descrito Ritual, pois a série prosseguirá, mediante comentários sobre outros Rituais, sempre do Rito Moderno (o de 1837, o de 1892 e o vigente) com algumas surpresas, exigindo a constante atenção dos Respeitáveis Irmãos Leitores.

CAPÍTULO V

Abrindo este comentário, ainda continuaremos a focalizar o velho Ritual do Grande Oriente Lusitano (do Rito Moderno, não nos esqueçamos), impresso no Século XIX (em ano e tipografia ignorados), cuja descrição iniciamos no Capítulo III desta mesma série (exemplar nº 207 de "A TROLHA", janeiro de 2004). Sua relevância histórica está no fato de ter sido o primeiro Ritual usado pelo Grande Oriente do Brasil. Quanto à sua relevância ritualística, o julgamento fica jungido à apreciação de cada um dos Respeitáveis Irmãos Leitores, que irão vendo a fonte de onde dimanaram

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alguns (ou não serão só alguns?) dos preceitos e das práticas ainda hoje vistos nas Iniciações, em quatro dos seis Ritos usados no Grande Oriente do Brasil, não obstante as modificações ocorridas no final do Século XIX e em todo o Século XX, principalmente no próprio Rito Moderno. No que tange às inegáveis projeções sobre as Grandes Lojas Estaduais, voltaremos ao assunto, oportunamente.

Tanto quanto nas anteriores Viagens, era o Primeiro Experto quem, por ordem do Venerável Mestre, conduzia o Candidato durante a Terceira (e última). Mas, nesta, os passos eram mais livres, à semelhança da marcha de um passeio. Agitavam-se chamas provenientes de uma tacha. Quando o Candidato retomava ao Oriente, os Vigilantes anunciavam o término da citada Viagem. Em seguida, o Venerável Mestre elucidava que as re- feridas chamas representavam o complemento da purificação. Sim, a purificação pelo Fogo.

Acertadamente, concluída cada uma das Viagens, antes de apresentar suas elucidativas palavras, o Venerável Mestre pedia o pronunciamento do Candidato.

Em seguida, com indisfarçável desiderato de natureza psicológica, era mencionada uma prova de sangue, que não se concretizava. Bastava a aquiescência daquele que possuísse, realmente, o firme escopo de ser Maçam. Mantendo tal firmeza, ele era submetido ao Cálice da Amargura, que lhe apresentava o Mestre-de-Cerimônias. Torna-se necessário, agora, que sejam feitas duas observações aos Respeitáveis Irmãos de outros Ritos, mas de outros Ritos que adotem a Cerimônia concernente ao referido Cálice (Cerimônia essa que não é mais adotada pelo Rito Moderno, desde a re- forma determinada pelo Decreto nº 109, de 30 de julho de 1892, do Grande Oriente do Brasil, conforme já vimos no Capítulo I desta mesma série, exemplar nº 205 de "A TROLHA", novembro de 2003).

Primeira observação: aquela Cerimônia ocorria posteriormente às Viagens.

Segunda observação: só havia a bebida amarga, considerada o emblema dos desgostos inseparáveis da vida humana, unicamente adoçados pela resignação aos decretos da Providência, segundo a exegese apresentada pelo Venerável Mestre.

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Encerrada a apresentação da referida exegese, o Primeiro Experto conduzia o Candidato ao Altar do Venerável Mestre. Todos os Obreiros ficavam de pé e à ordem, empunhando suas Espadas. O Candidato ajoelhava-se joelho direito) em um coxim, segurando, com a mão esquerda, um Compasso aberto sobre o peito nu (lado esquerdo) e colocando a mão direita sobre a Espada que estava sobre aquele Altar (e cuja presença o Ritual omitiu, ao fazer a descrição do Templo!). Naquele momento, o Venerável Mestre colocava a mão esquerda, aberta, em cima da mão direita do Candidato, que, então, prestava Juramento perante o Grande Arquiteto do Universo.

Mais tarde, o vocábulo Juramento foi substituído por Obrigação e por Compromisso. Todavia, quaisquer que fossem os vocábulos adotados, nunca deixou de ser uma solene promessa, que, durante vários anos, continuou a ser prestada no Altar (mais tarde, passou a ser denominado Mesa, unicamente Mesa) do Venerável Mestre.

Ao longo de quarenta e quatro anos (especialmente nos últimos trinta e oito), este articulista vem examinando muitos Rituais, sempre com o critério que os estudos exigem. Aqui, só para o caso concreto, foram reexaminados os de 1833 ("Typographia de Seignot-Plancher & Cia", Rua do Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro); 1834 (mesma referida tipografia); 1837 ("Typographia Austral", Beco dos Quartéis, nº 21, Rio de Janeiro); 1869 (Typographia Universal de Laemert", Rua dos Inválidos, nº 63-B, Rio de Janeiro); 1892 ("Imprensa Nacional"; não consta o endereço); 1924 ("Typ. Paulista", Rua da Assembléia, cuja grafia era, então, Assemblea, nºs 56 e 58, São Paulo - SP); 1927 ("Egibsa", Rua Sacadura Cabral, nº 63, Rio de Janei- ro); 1937 ("Typ. da Casa Vallelle", Rua do Carmo, nº 65, Rio de Janeiro); 1949 ("Tipografia e Papelaria Cerbino", Rua Visconde do Uruguai, nº 394, Niterói, Rio de Janeiro); 1952 ("Papelaria e Tipografia Vallelle", Rua do Carmo, nº 63, Rio de Janeiro); 1962 (não há referência à tipografia, pelo menos na edição que este articulista possui); 1967 ("Editora Sousa Marques Ltda." , Rua Nerval de Gouveia, nº 401-409, Rio de Janeiro) e 1970 ("Companhia Editora

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Americana" , Rua Visconde de Maranguape, nº 15, Rio de Janeiro), e em todos eles (os citados) a focalizada promessa continuou a ser prestada no Altar (depois denominado Mesa, unicamente Mesa conforme já foi visto) do Venerável Mestre.

Entretanto, o Ritual de 1983 ("Editora Gráfica Grande Oriente do Brasil" , sem declaração de endereço) deter- minava que a promessa, denominada Obrigação, fosse prestada no Altar dos Compromissos, portanto não mais na Mesa do Venerável Mestre. Altar? No Rito Moderno? Quase cem anos após a reforma de 1892? Sim, Altar! Na parte referente à descrição do Templo, estava escrito que sobre aquele Altar (um móvel que não existia nos outros aqui citados Rituais) estavam as Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Livro da Lei, o Compasso e o Esquadro (na posição do Grau). Em nota de rodapé, proveniente de um asterisco, constava que o Livro da Lei era a Bíblia (afirmação muito estranha, realmente muito estranha, em um Ritual do Rito Moderno, editado em 1983!) e que o mencionado Livro deveria estar sobre o Altar dos Compromissos. Entre parênteses, o texto mostrava que a diretriz era uma exigência feita pelo Capítulo II, inciso III, letra "h", da Constituição do Grande Oriente do Brasil. Todavia, aquela nota de rodapé distorcia a verdade! Estava em vigor, no Grande Oriente do Brasil, a Carta Magna de 1981, que, na parte denominada "Dos Princípios Normativos do Grande Oriente do Brasil", Capítulo II, inciso III, letra "h", não estabelecia que o Livro da Lei fos- se a Bíblia, nem usava da expressão Altar dos Compromissos. É certo que fazia menção ao Livro da Lei, mas sem conceituá-lo. Quanto ao móvel no qual o Candidato apresentava sua promessa, o aludido texto constitucional usava da expressão Altar dos Juramentos, sobre o qual deveriam estar as já referidas Três Grandes Luzes da Maçonaria.

No Ritual de 1999 é usada a expressão Triângulo dos Compromissos. Com referência ao Livro da Lei, o citado Ritual entende (no momento em que o Candidato vai apresentar sua solene promessa) que aquele Livro seja a "regra da moral maçônica". Assim mesmo, aquele entendimento não constitui um conceito objetivo, ou seja, não define qual o Livro que deverá ficar, juntamente com o Esquadro e com o Compasso, sobre o Triângulo dos Compromissos. Quanto

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à Constituição do Grande Oriente do Brasil, de 1991, na parte denominada "Dos Princípios Gerais da Maçonaria e dos postulados universais da Instituição" , Capítulo I, artigo 2°, inciso VIII, ela exige a manutenção das já referidas Três Grandes Luzes da Maçonaria, sem mencionar que elas sejam colocadas em um móvel, bastando que estejam "sempre à vista" , e sem mencionar qualquer definição sobre o Livro da Lei.

CAPÍTULO VI

Continuaremos, durante o presente Capítulo, a descrever o velho e historicamente importante Ritual do Rito Moderno, do Grande Oriente Lusitano.

Prestado o Juramento (descrito com pormenores, no anterior Capítulo), o próprio Candidato pedia que lhe fosse concedida a Luz (mais tarde, a partir da reforma do focalizado Rito, determinada pelo Decreto nº 109, de 30 de julho de 1892, do Grande Oriente do Brasil, o pedido passou a ser feito pelo Primeiro Vigilante, até hoje). Dois Irmãos (o Ritual não exigia que eles tivessem cargos), portando "cachimbos compostos com resina", produziam chamas no momento em que ao Candidato era retirada a tarja de pano sobre os olhos. A existência daquelas peças era devida ao fato de não existir, ainda, luz elétrica, que só foi concretizada comercialmente em 1879, graças à invenção da lâmpada de filamento elétrico (conforme já ressaltamos no Capítulo III).

Recebida a Luz, o Candidato ouvia a interpretação apresentada pelo Venerável Mestre, sobre as Espadas apontadas contra o primeiro, que, em seguida, ia, pela segunda vez, ao Altar do Venerável Mestre, onde era recebido e constituído Aprendiz Maçom, com a fórmula de invocação ao Grande Arquiteto do Universo (os Respeitáveis Irmãos, que não leram anteriores Capítulos, poderão estar em dúvida sobre a referida invocação dentro do Rito Moderno, mas, lendo-os, mesmo que de modo extemporâneo, terão' afastadas as eventuais dúvidas).

Concluído o ato, o novo Maçom, depois de recolocar seu traje completo, recebia do Mestre-de-Cerimônias a lição

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referente aos passos de Aprendiz, com os quais era conduzido, outra vez, ao Oriente, para receber, do Venerável Mestre, o Avental, símbolo do trabalho, e um par de luvas. Tanto quanto continua a ser afirmado hoje, as luvas eram destinadas à mulher que o Neófito mais estimasse. Sempre com o devido respeito às possíveis opiniões divergentes, este articulista entende que o texto não tem a necessária clareza. Se todos os Neófitos sempre fossem solteiros; sempre tivessem mãe viva; nunca tivessem irmãs, a entrega das luvas seria óbvia. Mas, nos casos em que o Neófito for casado; viver em perfeita harmonia com a dedicada esposa; receber o ilimitado amor de sua mãe; tiver o afeto de suas irmãs e de suas filhas, ficaria prejudica- do o uso do vocábulo mais, e seriam necessários vários pares de luvas! Esse texto é bastante antigo. Não há certeza do ano em que ele foi redigido. Sabe- mos, porém, que já existia em 1817, pelo menos. Portanto, no mínimo, ele já completou cento e oitenta e sete anos (estamos em 2004). Não teria chegado o momento de modificá-lo?

Após transmitir o Sinal, o Toque, a Palavra de passe e a Palavra anual (sim, era anual) ao novo Maçom, o Venerável Mestre determinava ao Mestre-de- Cerimônias que conduzisse o primeiro ao Ocidente, para ensiná-lo a trabalhar na pedra bruta. Os ocultistas, com o anacronismo de suas superstições, pretendem tisnar a magnífica Simbologia de nossa Ordem, usando, invariavelmente, o ferrete dos ignaros, em detrimento do hialino cristal das lentes dos autênticos exegetas. Por isso, com os olhos fixos em suas miragens, eles, os ocultistas, nunca dissertam sobre a grandiosidade caracterizadora do trabalho a ser feito naquela pedra. É assunto que lhes não interessa. Jamais o mencionam. Trata-se, porém, de um simbolismo, que, pela sua relevância, exige ininterrupta ênfase. Se o Iniciado for pessoa que não esteja, previamente, agrilhoada pelas crendices do ocultismo, receberá o fulgor da Luz Maçônica e, com esse recebimento, poderá ver, sem qualquer turvação, que a Maçonaria tem uma Simbologia própria. Assim, ele terá condições de entender quão importante é a alegoria contida naquele trabalho, permitindo-lhe desbastar, conscientemente, as saliências da mencionada pedra, para que esta, mais tarde, possua a simetria de um cubo e o brilho de uma jóia lapidada.

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Depois que o Mestre-de-Cerimônias terminava o referido ensinamento, era determinado, pelo Venerável Mestre, aos Vigilantes, que convidassem todos os Irmãos ao reconhecimento do Aprendiz, aplaudindo sua Iniciação. Imediata- mente, o Mestre-de-Cerimônias pedia a palavra e devolvia os aplausos, junta- mente com o Neófito, instruindo-o para isso. Em seguida, os aplausos eram cobertos. Conduzido ao seu lugar (o mesmo de hoje, isto é, na Coluna do Norte), pelo Mestre-de-Cerimônias, o Neófito ouvia um pronunciamento do Orador. Concluído o pronunciamento, o Segundo Vigilante acompanhava (no texto específico, não é usado o verbo conduzir, mas sim acompanhar) o novo Maçom ao Painel (que ficava no chão), e, com a ponta da Espada, ia explican- do os respectivos Símbolos.

Na última parte do Ritual, havia uma instrução, em três páginas, com perguntas e com as respectivas repostas já pron- tas. Não está explicado quem fazia as perguntas nem quem dava as respostas. Só existiam as letras P. (referente à pergunta) e R. (referente à resposta). Era dessa maneira, sem explicações outras, que o Ritual descrevia o encerramento da referida Sessão.

Iniciaremos, no próximo Capítulo, comentários sobre outro Ritual. Pelo título da presente série, não é necessário salientar qual o Rito. Entretanto, convém esclarecer que os mencionados comentários serão sobre o primeiro Ritual, próprio, do Grande Oriente do Brasil. Imprimiu-o, em 1837, a "Typographia Austral", do Beco de Bragança, nº 15, Rio de Janeiro.

CAPÍTULO VII

No anterior Capítulo, encerra- mos os comentários pertinentes ao primeiro dos Rituais usados pelo Grande Oriente do Brasil. Vimos, reiteradamente (a reiteração é um eficiente método didático), que não era um Ritual próprio, mas sim um Ritual pertencente ao Grande Oriente Lusitano. Que era do Rito Moderno, nem seria mais necessário repetir. Trata-se de um simples excesso de zelo. Havia sido impresso

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em Lisboa, em data e em tipografia ignoradas, mas antes de 1814, sem a mais remota dúvida, porque, naquele ano, era já usado pela Loja "Commércio & Artes", do Rio de Janeiro, que viria a cedê-la, em 1822, ao Grande Oriente do Brasil, quando este foi fundado.

No presente Capítulo, iniciaremos a análise do primeiro Ritual, próprio, do Grande Oriente do Brasil. Era do Rito Moderno. Imprimiu-o a "Typographia Austral", situada no Beco de Bragança, nº 15, Rio de Janeiro.

Entretanto, estando aberto o assunto, este articulista pede a devida vênia aos Respeitáveis Irmãos Leitores para fazer "uma digressão, pois crê ser oportuno assinalar que, antes de o Grande Oriente do Brasil possuir aquele mencionado Ritual, já existiam cinco (5) Rituais impressos em nossa Pátria, todos eles pela "Typographia Seignot-Plancher & Cia.", situada na Rua do Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro.

O primeiro daqueles outros Rituais é de 1833 e do Rito

Moderno, um trabalho organizado pelo Ir∴(então Padre e,

depois, Cônego) Januário da Cunha Barbosa e pelo Ir∴ Hypólito José da Costa Furtado de Mendonça.

O segundo é de 1834, igualmente, do Rito Moderno, uma iniciativa particular da mencionada tipografia.

O terceiro é de 1834, do Rito Escocês Antigo e Aceito, outra iniciativa particular da mencionada tipografia.

O quarto também é de 1834 e também do Rito Escocês Antigo e Aceito, talvez por encomenda feita pelo chamado "Supremo Conselho de Montezuma" (que teve muitas denominações oficiais, desde sua fundação oficial até hoje).

O quinto também é do Rito Escocês Antigo e Aceito, por encomenda do Grande Oriente Brasileiro, que era mais conhecido por "Grande Oriente de Santo Antônio", primeiramente, e por "Grande Oriente do Passeio" (não o confundamos com o Grande Oriente do Brasil). Santo Antônio e Passeio eram nomes de artérias públicas onde aquela Potência Maçônica esteve localizada.

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Encerrada a digressão, passemos à específica análise do citado primeiro Ritual, próprio, do Grande Oriente do Brasil. Já vimos que ele era do Rito Moderno e já vimos quando e em que tipografia ele foi impresso.

No livro "Rituais Maçônicos Brasileiros", impresso pela Editora Maçônica A TROLHJ Ltda., de Londrina, Paraná, edição de 1996, exatamente na página 31, ao descrever o mencionado Ritual, teceu-lhe este articulista merecidos e irrestritos elogios. Nele, há um muito interessante Calendário, com as correspondentes explicações. Há um misterioso Alfabeto (sempre um assunto apaixonante, passível de inúmeras inesgotáveis controvérsias). Há ensinamentos sobre: o modo de entrar em Loja, a recepção aos Visitantes, as Estrelas, o modo de bater os Malhetes, os aplausos, os agradecimentos, a Cadeia de União e a magnífica Loja de Banquete, com sete Saúdes.

Existe menção ao Átrio e à Sala dos Passos Perdidos (alguns Respeitáveis Irmãos mais novos imaginam que ambos os locais sejam um mesmo e único).

A Câmara de Reflexão (o singular, desusado, deve ser preferido) é pormenorizadamente descrita. Do que está escrito, com referência à citada Câmara, naquele ora analisado Ritual, só existe hoje, no vigente, o pão, a água, um esqueleto, cadeira, caneta e papel. As inscrições eram seis, o mesmo número atual, porém completamente diferentes das que agora existem.

As paredes do Templo tinham cortinas azuis. Sobre o Altar do Venerável Mestre havia um Compasso, sem referência ao Esquadro, uma Espada, os Estatutos da Ordem (?) e um Maço. Sim, está escrito Altar, e não Mesa, porque a reforma do Rito Moderno só viria a ocorrer em 23 de junho de 1892 e confirmada pelo Decreto nº 109-GOB, de 30 daquele mês. O Altar e o Trono (sabemos que o Trono é só a Cadeira do Venerável Mestre) estavam situados em um estrado, ao qual se subia por três degraus. Existia o Dossel, que era azul, com franjas prateadas. Ao fundo, na parede do Oriente, estava o Sol (à direita de quem olhava, portanto à esquerda do Venerável Mestre) e estava a Lua, em sentido oposto. Essas posições ficavam exatamente ao contrário das existentes no anterior Ritual do Grande Oriente Lusitano. Entre o Sol e a Lua ficava o Delta Radiante.

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As Colunas Gêmeas, da ordem arquitetônica Coríntia (a mais bela de todas, com suas ornamentadoras folhas de acanto, a simbolizar a Beleza) não seguiam as posições vistas no texto bí- blico, pois estavam invertidas, tanto quanto nos Rituais posteriores, até o vigente. Era já assim, erroneamente, no Ritual do Grande Oriente Lusitano. No fuste da Coluna da direita de quem, da Entrada, olhava para o Oriente, estava a letra "B". Ao seu lado havia um cubo de pedra lavrada. No fuste da Coluna da esquerda estava a letra 'T'. Ao seu lado havia uma pedra tosca.

Quanto à designação das Jóias e dos assentos, no Oriente ficava o Venerável Mestre (um Compasso aberto, em noventa graus, entrelaçado com um Esquadro). Também no Oriente, à direita, seguindo-se o já exposto critério visto no parágrafo anterior, ou seja, à esquerda do Venerável Mestre, ficava o Orador (um Círculo). Ainda no Oriente, do lado esquerdo, ou seja, à direita do Venerável Mestre, ficava o Secretário (duas penas em aspas).

No Ocidente, ficavam todos os outros membros da Administração, a seguir enumerados. Comecemos pela Entrada, rumo à direção oriental:

Junto à Coluna "B" ficava o Primeiro Vigilante (um Nível). Ao lado, à sua direita, ficava o Arquiteto (uma colher de pedreiro) e à sua esquerda ficavam o Primeiro Experto (uma Espada) e, um pouco depois, mas, ainda, à esquerda do Primeiro Vigilante, o Mestre-de-Banquetes (um semicírculo).

Junto à Coluna “J” ficava o Segundo Vigilante (um Prumo). Do seu lado direito ficava o Segundo Experto (também uma Espada, o mesmo símbolo do Primeiro Experto) e de seu lado esquerdo ficava o Terceiro Experto (também uma Espada, o mesmo Símbolo dos outros dois Expertos).

CAPÍTULO VIII

Uma exaustiva pesquisa efetuada na preciosíssima Biblioteca do Ir∴ Kurt Prober (o Mestre que não perdeu a surpreendente lucidez, apesar de já haver completado 95, sim 95 anos de idade), aliada às elucubrações exigidas por documentos próprios, colecionados ao longo de muito tempo, alguns doados por aquele Professor de Maçonaria, e as reflexões projetadas pelos corolários de tais estudos, cujo desiderato é o da eventual elaboração de um livro, que, se concretizado, será publicado pela Editora Maçônica "A TROLHA" ltda., fizeram com que este articulista ficasse

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afastado, durante alguns exemplares, das páginas desta expressiva Revista, retardando a organização do presente Capítulo, no qual passa a ser feita a descrição pertinente às Jóias e aos assentos dos Oficiais, de acordo com o Ritual do Rito Moderno de 1837. Já vimos, no anterior capítulo, que esse foi o primeiro Ritual, próprio, do Grande Oriente do Brasil. Imprimiu-o a "Typographia Austral", situada no Beco de Bragança, nº 15, Rio e Janeiro.

Falta mencionar as Jóias e os assentos do Tesoureiro, Hospitaleiro, Chanceler, Mestre-de-Cerimônias, e Cobridor.

Levando em conta a direção Ocidente/Oriente, o Tesoureiro (duas chaves) ficava no final da Coluna do Sul. Possuía mesa. Diante dele ficava o Mestre-de-Cerimônias (um triângulo) e à sua esquerda (isto é, à esquerda do Tesoureiro) ficava o Chanceler (o selo da Loja).

O Hospitaleiro (uma bolsa) ficava no final da Coluna do Norte, levando em conta a mesma direção já citada. O Cobridor (uma Espada, isto é, a mesma Jóia dos três Expertos, que vimos no anterior Capítulo) ficava junto à Porta! dentro ou fora? O Ritual não elucida!). Assinale-se que só havia um Cobridor.

Após o texto concernente à Abertura dos Trabalhos, constava o modo pelo qual era apresentado um Candidato, de cuja proposta deveriam estar seu nome completo, sua residência, seu local de nascimento, sua idade e sua profissão. O Venerável Mestre fazia a leitura da proposta, sem indicar o nome do Candidato. Depois, escolhia três comissários (três sindicantes, diríamos hoje) que não fossem Aprendizes nem Companheiros, para a coleta de informações. Cumprida a missão dos comissários, que não tinham seus nomes revelados.

As informações eram colocadas na correspondente bolsa. Feita a leitura pelo Venerável Mestre, se as informações fossem favoráveis, a proposta era submetida à apreciação da Loja. Após as conclusões do Orador, corria o escrutínio secreto. Na hipótese de que houvesse uma só esfera negra, o Candidato estava aprovado (já vimos, em Capítulo outro, que no Ritual do Grande Oriente Lusitano era exigida unanimidade).

Oportunamente, o Candidato era conduzido à Câmara de Reflexão, onde respondia, por escrito, a três perguntas

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sobre os deveres do homem probo (do homem probo, note-se) diante de si mesmo, diante de seus semelhantes e diante da Pátria. Lembremo-nos de que estamos a descrever um Ritual de 1837, portanto apenas quinze anos após a Proclamação da Independência do Brasil.

No momento de sair da citada Câmara, o Candidato ficava com os olhos cobertos com uma tarja. Ficavam descobertos a cabeça, o peito do lado esquerdo, o braço esquerdo, e o joelho direito. O pé esquerdo ficava sem sapato, substituído por chinelo. Despojavam- no de todas as peças que fossem de metal. Era dessa maneira que ocorriam sua condução à porta do Templo, seu ingresso e o desenvolvimento cênico da Iniciação, até que a Luz lhe fosse concedida. No ínterim, o Venerável Mestre lhe fazia algumas perguntas, ao final das quais o advertia de que seria submetido a provas indispensáveis e o tornava sabedor de que, se lhe faltasse coragem suficiente para suportá-las, lhe seria lícito retirar-se. Em seguida, o Venerável Mestre elucidava que as provas eram misteriosas e emblemáticas, exortando o Candidato a prestar-lhes toda a atenção que lhe fosse possível. Indubitavelmente, aquela exortação será sempre atual, sempre imprescindível e sempre merecedora da nossa infindável análise, por maior que seja o nosso discernimento e por mais alto que seja o estágio maçônico ao qual já tenhamos chegado.

CAPÍTULO IX

Tendo já focalizado as duas primeiras Viagens constantes do Ritual do Rito Moderno de 1837, do Grande Oriente do Brasil, focalizaremos agora, no presente Capítulo, a terceira e última.

A última Viagem, na qual não havia o tinir de Espadas, era feita com passos largos, mas sem precipitação. Uma tocha era agitada diante do Candidato. Vendado como estava, ele não podia vê-la (obviamente!) mas lhe sentia a presença, em face do notório calor que as labaredas produziam. Concluído o percurso, era o Segundo Vigilante quem, com um golpe de Malhete, fazia o respectivo anúncio. O Venerável Mestre elucidava que o fogo, complemento da purificação, deveria acender o amor diante dos semelhantes e que o Candidato nunca se deveria esquecer da moral contida no preceito de que não se deve fazer a outrem o que não

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desejamos que nos seja feito. Considerando que só estavam terminadas as Viagens e que ainda havia muito para terminar a Cerimônia, o pronunciamento que dimanava do Trono da Sabedoria era por este mesmo interrompido, com uma clássica pergunta:

"Persistis, Senhor?" Presume-se que a resposta fosse positiva.

No ato subseqüente, o Venerável Mestre asseverava ao Candidato que uma das virtudes que os Maçons mais prezavam era a beneficência.

Sem dúvida, a caridade, a terceira das denominadas virtudes teologais, é uma evidente prova de sensibilidade. Mas, deixemos o ano de 1837, ainda que seja por um momento, e voltemos ao presente, para que examinemos a atual (estamos em outubro de 2004) Constituição do Grande Oriente do Brasil, cujo artigo 1º, "caput", preceitua que a Maçonaria possui quatro escopos, e um deles é filantrópico. Porém, nas ações caritativas, é imperiosa a existência de cautela, para que solertes aproveitadores não ludibriem aqueles que são movidos pelo nobre sentimento de ajudar o próximo. Existiam e continuam a existir os que colaboram com instituições e os que preferem atos individuais. Há Maçons e Profanos que, isoladamente, prestam inestimáveis auxílios àqueles que são materialmente desfavorecidos. Há Lojas e associações filantrópicas que se dedicam com notável ardor a esse mister. Porém, reconheçamos que ao tempo em que o mencionado Ritual foi impresso, em 1837 (repita-se), era mais fácil (ou menos difícil) realizar caridade. Nos dias atuais, a denominada explosão demográfica gerou múltiplos óbices, fazendo com que o empirismo, outrora aceitável no âmbito da filantropia, hoje esteja a exigir, quando os atos caritativos forem prestados de maneira não individual, técnica administrativa muito bem coordenada, sob pena de protetores e protegidos trilharem as labirínticas veredas do malogro. O assunto é inesgotável e suscetível de infindáveis controvérsias. No entanto, regressemos àquele pretérito Ritual. Quando o Candidato era indagado sobre sua disposição de praticar a caridade, o objetivo da indagação era o de perquirir se ele possuía o alto sentimento da solidariedade humana.

O ora focalizado Ritual do Rito Moderno, de 1837, do Grande Oriente do Brasil, copiou, quase inteiramente, o de 1834, do Grande Oriente Brasileiro (que viria a ser mais conhecido por "Grande Oriente do Passeio", e os Respeitáveis Irmãos Leitores já tomaram conhecimento,

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nesta mesma série, do porquê dessa denominação), também do Rito Moderno, e este, o segundo citado Ritual, ou seja, o do Grande Oriente Brasileiro, de 1834, era uma cópia do Ritual do Grande Oriente Lusitano, igualmente do Rito Moderno, já objeto de explanação nesta mesma série, em consonância com os Capítulos III (janeiro de 2004, páginas 20/21, IV (fevereiro de 2004, páginas 20/21), V (março de 2004, páginas 18/19) e VI (abril de 2004, páginas 17/18). Todavia, propositadamente, este articulista não mencionou, deixando para agora, uma importante observação:

Quem estuda os Rituais, sob o ângulo comparativo-cronológico, pode verificar a existência de supressões e de acréscimos. O fato seria plenamente entendível, se movido fosse por impostergáveis clamores ditados pela evolução nos férteis campos das idéias e dos progressos científicos. Entretanto, nem sempre (ou quase nunca!) são esses clamores que geram a iniciativa de suprimir e de acrescentar.

No caso concreto, o(s) nosso(s) Respeitável(is) Irmão(s) que copiou(aram) o texto escrito no mencionado Ritual do Grande Oriente Lusitano suprimiu(ram) uma lição notável pelo seu realismo. De fato, o citado Ritual português orientava o Candidato, asseverando-lhe que a caridade cessaria de ser uma virtude, quando feita em prejuízo dos mais sagrados deveres para com a própria família, e que, antes de cumprir aqueles primeiros deveres, não mereceria elogios quem se mostrasse caritativo. Essa rude franqueza, digna de admiração, por ser a antítese da hipocrisia no uso de expressões apenas teóricas, é aplicável não só aos ingênuos, mas, também, aos que praticam a caridade por mera ostentação.

Retornemos ao Ritual do Grande Oriente do Brasil, do Rito Moderno, de 1837. Depois das considerações referentes à beneficência, o Venerável Mestre interrogava o Candidato sobre a "prova de sangue". Após dar a resposta, ele ouvia a correspondente interpretação sobre tal prova. Concluída a exegese, o Venerável Mestre determinava ao Mestre-de-Cerimônias que apresentasse ao Candidato o "Cálice da Amargura". Acompanhando a norma ditada pelo Ritual do Grande Oriente Lusitano, a cena ocorria após as Viagens, e não havia o contraste entre o amargor e a doçura. Só havia a bebida amarga. Sobre essa bebida, ainda que cause surpresa, a explicação, vocábulo por vocábulo, era a mesma que viria a ser copiada pelos Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito, neles permanecendo, até hoje, juntamente com muitas e muitas outras explicações, seja no Grande Oriente do Brasil, seja nas Grandes Lojas Estaduais,

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apesar de que estas últimas não adotam o Rito Moderno. Fazendo uma pausa, este articulista elucida que o primeiro Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito do Grande Oriente do Brasil foi impresso em 1857 na "Typographia Delta", da Rua do Cano, nº 165, Rio de Janeiro, e que os três primeiros das Grandes Lojas Estaduais (Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo) foram impressos no mesmo dia, em 1928 (note-se: 1928 e não 1927) na "Typographia Delta", da Rua Dias da Cruz, nº 129, Rio de Janeiro.

Todos os Obreiros ficavam de p. e à o., empunhando suas Espadas, no momento em que o Candidato, conduzido pelo Mestre-de-Cerimônias, ia ao Altar do Venerável Mestre, ajoelhava-se (joelho direito) sobre um coxim, colocava a mão direita sobre a Espada que ficava no citado Altar, e, usando a mão esquerda, encostava um Compasso, com uma ponta romba, sobre o peito. O texto não descreve aquela Espada, de modo que não se sabe se era comum, igual às que os Obreiros portavam, ou se era uma peça com diferentes características, a lembrar o seu próprio escopo ritualístico, bem diferente do representado por aquelas outras Espadas.

O Venerável Mestre, colocando a mão esquerda sobre a mão direita do Candidato, pedia-lhe que este fosse repetindo um Juramento, na presença do Grande Arquiteto do Universo. Sim, é verdade que está em foco um Ritual do Rito Moderno. Porém, não nos esqueçamos de que a reforma do mencionado Rito, no Brasil, só viria a ocorrer cinqüenta e cinco anos depois, por determinação do Decreto-GOB nº 109, de 30 de julho de 1892. É claro que, oportunamente, serão feitas considerações sobre o referido Decreto. Mas, antes é indispensável que sejam concluídas as atinentes ao citado Ritual de 1837.

CAPÍTULO X

Concluído o Juramento, o próprio Candidato, ensinado, em voz baixa, pelo Segundo Vigilante (sim, pelo Segundo Vigilante), respondendo a uma básica pergunta formulada pelo Venerável Mestre, pedia que lhe fosse concedida a Luz (a partir da reforma de 1892, a Luz passou a ser pedida pelo Primeiro Vigilante, até hoje). Imediatamente, retiravam-lhe a tarja de pano, até então a lhe cobrir os olhos, para que visse as chamas provocados por tochas agitadas diante dele. Lembremo-nos de que em 1837 não havia luz elétrica (aliás, sobre essa inexistência, este

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articulista já ressaltou no Capítulo III e repetiu no Capítulo VI, ambos desta mesma série, que a luz elétrica só foi concretizada em 1879, graças ao filamento da lâmpada incandescente, inventada por Thomaz Alva Edson e que a iluminação elétrica nas artérias públicas é posterior, pois adveio dos testes com a corrente alternada, feitos em 1888 pelo cientista austríaco Nicolau Testa). Após o recebimento da Luz, o Candidato ouvia as explicações pertinentes ao sentido das Espadas contra ele então apontadas. Terminadas as explicações (mais ou menos iguais às de hoje, no sentido, mas não nas palavras) ministradas pelo Venerável Mestre, este determinava ao Mestre-de-Cerimônias que conduzisse, novamente, o Candidato ao Altar, no qual repetia o Juramento e era recebido e constituído Aprendiz-Maçom (à glória do Grande Arquiteto do Universo e em nome do Grande Oriente do Brasil), no momento em que sobre sua cabeça o Venerável Mestre colocava a correspondente Espada, após dar três pancadas sobre o Compasso e exortar o Recipiendário a aprender, com a justeza daquele citado instrumento, a dirigir o coração ao Bem. Dando seqüência ao Ato, o Venerável Mestre dava o ósculo fraternal (substituído, em 1892, pelo tríplice abraço, que passou a ser dado pelo Mestre-de-Cerimônias, até hoje) ao Iniciado, que, pela primeira vez, na Maçonaria, era chamado de "Meu Irmão".

Que nos chamemos de Irmãos, é significativo, mas não basta, se assim não nos sentirmos. É deplorável que alguns Maçons (só alguns, a minoria, felizmente!) não consigam entender a grandiosidade caracterizadora do amor fraternal. Indubitavelmente, conquanto devamos repelir subserviências, conservando intacta nossa personalidade (e nossas idéias, salvo se formos convencidos da existência de equívocos nossos, é claro), aquele amor deve ser cultivado e cultuado por todos. Este articulista pode apresentar o seu próprio depoimento, pois já foi agraciado com alentadoras provas de verdadeira fraternidade. Mas, em sentido contrário, ainda que pareça inconcebível, já teve o constrangimento de enfrentar inconformismo e rancor, só pelo fato de ser proprietário de um valiosíssimo documento maçônico (o inconformismo e o rancor seriam decuplicados, se o rancoroso e inconformado conhecesse a extensão do acervo documental maçônico, particular, deste articulista!) Ainda sobre o assunto, exsurge uma pergunta: não será a ausência de amor fraternal a geradora de potências dissidentes?

Porém, deixemos o hibridismo da Psicologia, com seu fascínio e com suas decepções. Voltemos ao nosso tema.

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O Neófito (já Neófito, e não mais Candidato), depois de recolocar o seu traje completo era apresentado, pelo Mestre-de-Cerimônias, por ordem do Venerável Mestre, ao Primeiro Vigilante (agora a referência é mesmo ao Primeiro Vigilante) para que lhe ensinasse os passos de Aprendiz. Em seguida, ia ao Oriente para receber, do Venerável Mestre (na reforma de 1892, a entrega coube ao Mestre-de-Cerimônias, porém, mais tarde e até hoje, passou a ser feita pelo Primeiro Experto) o Avental e dois pares de luvas, sendo um par masculino e um par feminino (a reforma de 1892 suprimiu o par masculino, e sua entrega passou a ser feita pelo Mestre-de-Cerimônias, até hoje), juntamente com as explicações provenientes do Trono da Sabedoria, explicações essas que são as vistas no anterior Ritual do Rito Moderno, do Grande Oriente Lusitano (conforme Capítulo VI desta mesma série) e permanecem as mesmas. Posteriormente àquelas explicações, o Venerável Mestre ensinava o Sinal de Ordem, o Toque, a Palavra Sagrada, a Palavra de Passe (também aqui, não houve alteração no conteúdo, mas o ensinamento passou a ser feito pelo Primeiro Experto, a partir da reforma de 1892, até hoje), prometendo a transmissão da palavra semestral, que lhe seria dada oportunamente (o Neófito ainda não conhecia a Cadeia de União). A Constituição do Grande Oriente do Brasil, então em vigor, era a de 1885, impressa na "Typographia de Pereira Braga & Cia", Rua do Ouvidor, nº 29 e 29-A, Rio de Janeiro. Não consta, do focalizado Ritual de 1873, que ela fosse entregue ao novo Maçom.

Por ordem do Venerável Mestre, o Mestre-de-Cerimônias conduzia o Neófito ao Ocidente, apresentando-o aos Vigilantes (aqui, na descrição apresentada em todo este parágrafo, a reforma de 1892 conservou alguns trechos, porém introduziu várias modificações, que, sem falta, serão vistas oportunamente, pois sua extensão não cabe no presente Capítulo) a fim de que lhes desse o Sinal, o Toque, a Palavra Sagrada e a Palavra de Passe. Cabia ao Segundo Vigilante ministrar a lição pertinente ao trabalho na Pedra Bruta. Cumprida a significativa tarefa, o Neófito ficava de pé e à ordem, entre os Vigilantes, que, ouvindo o Trono da Sabedoria, convidavam todos os Obreiros ao reconhecimento do novo Maçom e aos aplausos à sua Iniciação. O Mestre-de-Cerimônias pedia a palavra em nome do Neófito e, depois de ensiná-lo a agradecer, retribuía, com ele, os aplausos, que eram cobertos por todos os Obreiros

Conduzido ao seu lugar pelo Mestre-de-Cerimônias, o novo Maçom ouvia o pronunciamento especialmente a ele dirigido pelo Orador, sobre assunto de natureza moral e sobre a

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interpretação dos Símbolos. Os Visitantes recebiam agradecimentos. Se tempo houvesse, o Venerável Mestre ministrava uma Instrução ao recente Aprendiz.

Encerrados os trabalhos, o Venerável Mestre formava a Cadeia de União.

Em 1º de setembro de 1868, quando estavam esgotados os exemplares do aludido Ritual (não nos esqueçamos de que a referência é ao Ritual do Rito Moderno, de 1837, do Grande Oriente do Brasil), o Grande Capítulo dos Ritos Azuis (que englobava os Ritos Moderno e Adonhiramita) requereu ao Ir∴ Alexandre José de Mello Moraes, Grande Secretário do Grande Oriente do Brasil, as necessárias providências, a fim de que fosse impressa uma nova edição, feita no ano seguinte, ou seja, em 1869, pela "Typographia Universal de Laemmert", Rua dos Inválidos, nº 63-B, Rio de Janeiro. Foram mantidos o Juramento e as demais menções ao Grande Arquiteto do Universo.

É absolutamente indispensável acrescentar que, igualmente do Rito Moderno, em 1833, havia sido impresso, pela "Typographia de Seignot-Plancher" (Seignot e Plancher eram Maçons), Rua do Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro, um "Cathecismo e Regulamento Geral do Gráo de Aprendiz". Mas, não se tratava de um Ritual, propriamente dito. Não havia apresentação de seqüência ritualística. Tratava-se de um manual de instruções. Pertencia à Loja "Commércio e Artes", que deixara o Grande Oriente do Brasil em 6 de maio daquele mesmo ano de 1833, filiando-se ao Grande Oriente Brasileiro, "do Passeio" (retomando, no entanto, à tradicional Potência Maçônica em 18 de janeiro de 1883, apesar de ser discutível tratar-se verdadeiramente da mesma primitiva Loja). Também não era Ritual, de acordo com o seu próprio título, a "Instrucção do Gráo de Aprendiz do Rito Moderno", impressa em 1857, por iniciativa particular, na "Typographia do Commércio de Brito & Braga", Rua do Ouvidor, nº 14, Rio de Janeiro.

Em 5 de junho de 1865, o "Grand Orient de France" havia estabelecido ser a crença em Deus o princípio básico da Maçonaria. Entretanto, em 10 de setembro de 1877, a aludida Potência Maçônica derrogou aquele entendimento e expungiu o Grande Arquiteto do Universo, recebendo, por isso, da "United Grand Lodge of England", o qualificativo de irregular (qualificativo que é seguido por todas as Potências que possuem o reconhecimento maçônico inglês, entre as quais está o Grande Oriente do Brasil). A este articulista, particularmente, parece que, em nossa Pátria,

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alguns (ou serão muitos?) Obreiros do Rito Moderno ignoram a existência de tal irregularidade.

Em 23 de junho de 1892, sob a iniciativa do influente Ir∴ Henrique Valadares, Grande Secretário do Grande Oriente do Brasil (General, que, em 1893, chegaria a ser Prefeito do Rio de Janeiro, graças à amizade com o Marechal Floriano Vieira Peixoto, Vice-Presidente da República, mas no exercício da Presidência, em face da renúncia do Marechal Manoel Deodoro da Fonseca), o Grande Capítulo do Rito Moderno (o já referido Grande Capítulo dos Ritos Azuis deixara de existir, pois o Rito Adonhiramita passara a ter o seu próprio Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas, fundado em 24 de abril de 1873) aprovou um novo Ritual, adotando a reforma feita pelo Grand Orient de France. Desde então, cessaram, no Rito Moderno, o Juramento e as menções ao Grande Arquiteto do Universo, até hoje.

Vimos, pressurosamente, de modo apenas parentético, só algumas das muitíssimas alterações introduzidas por aquele então novo Ritual, aprovado pelo Decreto nº 109, de 30 de julho de 1892, do Grande Oriente do Brasil. Maiores e imprescindíveis comparações, diante do vigente (este artigo é escrito em novembro de 2003), aprovado pelo Decreto nº 252, de 12 de maio de 1999, da mencionada Potência Maçônica, começarão a ser feitas no próximo Capítulo.

CAPÍTULO XI

Antes do prosseguimento do tema objeto da presente série, é indispensável que sejam feitos uma correção e três esclarecimentos.

A correção é pertinente ao fato de, no anterior Capítulo, constar, erroneamente, por um desacerto de linhas gráficas, que o primeiro Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, do Grande Oriente do Brasil, foi impresso na "Typographia Delta", da Rua do Cano, nº 165, Rio de Janeiro. Porém, a empresa gráfica impressora do Citado Ritual, em 1857, foi a "Typographia Austral", localizada, esta sim, naquele referido endereço. A "Typographia Delta", localizada na Rua Dias da Cruz, nº 129, Rio de Janeiro, imprimiu, em 1928, ou seja, no ano seguinte ao da histórica cisão maçônica brasileira, os três primeiros

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Rituais das modernas Grandes Lojas, a da Bahia, a do Rio de Janeiro (não confundir com a do Estado do Rio de Janeiro, que ainda não existia) e a de São Paulo. Fica, pois, corrigi- do o equívoco.

Os três esclarecimentos referem-se a um trabalho não muito claro, de um Resp∴ Irm∴, publicado recentemente. Quando há falta de clareza, ela pode ser atribuída a eventuais óbices que embaracem um autor, ao exprimir suas idéias. Entretanto, é possível, também, que exista, em alguns casos, o deliberado propósito de confundir, em proveito próprio ou até em proveito de terceiro. Essas duas últimas hipóteses não ocorreram no caso concreto, felizmente!

Para o primeiro esclarecimento, é imperioso asseverar que, naquela publicação, apesar da boa-fé de seu subscritor, ele redigiu com eiva anfibológica, de modo que, enganosamente, pareceram pertencer-lhe pesquisas que, em verdade, foram feitas por este articulista, cujo nome consta, sim, daquele trabalho dúbio, mas de modo sibilino, com uma certa distância do texto específico. Isto posto, com o objetivo de evitar que se cristalizem dúvidas, consigne-se que é deste articulista, unicamente deste articulista, a autoria da elucidação do fato de o Ir∴Barão Théodore Henry de Tschoudy, escritor, em 1766, na França, de "L'Estoile Flamboyante" ("A Estrela Flamejante", diríamos no idioma português) e o Irm:. Louis Guillemain de Saint-Victor, escritor, entre 1781 e 1782, também na França, de "Recuei Precieux de La Maçonnerie Adonhiramite" ("Coleção Preciosa da Maçonaria Adoniramita" ou "Adonhiramita", com "h" intermediário, se aceitarmos o galicismo usado pela Maçonaria em nosso País), serem duas pessoas, de modo que não estará certo quem expuser que se trate de uma só, e que a denominação Barão de Tschoudy, pertencente ao primeiro citado, seria apenas o título nobiliárquico pertencente ao outro.

Para o segundo esclarecimento, é imperioso asseverar que é deste articulista, unicamente deste articulista, a elucidação de que o Cerimonial do Acendimento de Velas é originário do Rito de Schröder, e não do Rito Adonhiramita, que só adotou aquele Cerimonial mais tarde.

Para o terceiro esclarecimento, é imperioso asseverar, ainda, que é deste articulista, unicamente deste articulista, a denúncia do erro de ser chamado de Rito de York, no Brasil, um dos sistemas usados pela Maçonaria

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britânica, e, mais, a elucidação do porquê de tal erro e, finalmente, a elucidação de que "Emulation" é nome de um dos Rituais usados pela citada Maçonaria, e não o nome de um Rito.

Feitas a correção do equívoco e dissipação das obscuridades, podemos iniciar o desenvolvimento do presente Capítulo.

Mesmo que não queiramos o cometimento de rodeios perifrásticos, não podemos deixar de admitir que, na elaboração de um trabalho seriado, a referência a Capítulos anteriores, quando se está iniciando outro, é eficaz método didático, pois conserva intacto o fluxo da exposição dissertativa. De acordo com o próprio título, esta série é dedicada ao Rito Moderno. Já descrevemos o Ritual do Grande Oriente Lusitano, impresso em Lisboa, em tipografia e data ignoradas, e elucidamos que só pode ter sido antes de 1815. Depois, fizemos brevíssima referência ao Ritual de 1834, impresso na "Typographia Seignot e Plancher", da Rua do Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro, por iniciativa particular da referida tipografia. Em seguida, comentamos o Ritual de 1837, do Grande Oriente do Brasil, impresso na "Typographia Austral", do Beco de Bragança, nº 15, Rio de Janeiro, e fizemos rápida alusão ao Ritual de 1869, impresso na "Typographia Universal de Laemert", da Rua dos Inválidos, nº 63-B, do Rio de Janeiro. Também, já salientamos que, mais tarde, por força do Decreto nº 109, de 30 de julho de 1892, o Grande Oriente do Brasil excluiu do Rito Moderno o Grande Arquiteto do Universo e o Altar dos Juramentos, ao aprovar um novo Ritual daquele Rito, editado naquele mesmo ano, ou seja, em 1892, na "Imprensa Oficial", no Rio de Janeiro (não consta o nome da artéria pública), sob a influência da reforma ritualística empreendida pelo "Grand Orient de France" em 10 de setembro de 1877. Porém, não foram essas as únicas modificações.

No presente Capítulo, começaremos a estabelecer algumas comparações entre aqueles Rituais antigos (estamos incluindo o Ritual do Grande Oriente Lusitano, por ter sido o primeiro a ser usado em nosso País, pelo menos de que se tenha notícia) e o Ritual vigente (este Capítulo é escrito no começo de outubro de 2004) do Grande Oriente do Brasil, aprovado pelo Decreto nº 252, de 12 de maio de 1999 (assinado pelo Soberano Grão-Mestre Ir∴ Francisco Murilo Pinto, que, no denominado mundo profano, era

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Desembargador, já sob aposentadoria, do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo).

Os RResp∴ IIrm∴ que estão dando os primeiros passos nos arcanos da Maçonaria, e até mesmo os mais antigos, que não tiveram acesso às respectivas fontes históricas, poderão imaginar que o Rito Moderno possui gênese diversa da constante de outros Ritos, por não acolher o Grande Arquiteto do Universo e demais assuntos a Ele relacionados, direta ou indiretamente. Mas, todos os interessados em Ritualística e que estão acompanhando esta série já viram que o Rito Moderno, proveniente da França, nasceu jungido à espiritualidade (muito cuidado com este discutível vocábulo, que derivou do hebraico (este adjetivo não leva acento) "ruach", originalmente significando "sopro", que deu origem ao grego "pneuma", que deu origem ao latino "spiritus"). Quem está acompanhando esta série já viu que a invocação ao Grande Arquiteto do Universo, depois de haver sido confirmada pelo "Grand Orient de France", em 5 de junho de 1865, recebeu a rejeição determinada por aquela mesma Potência Maçônica, mediante a reforma de 10 de setembro de 1877, e que, em nosso País, tal reforma ocorreu (mas, só ocorreu no Rito Moderno) por força do Decreto nº 109, de 30 de julho de 1892, do Grande Oriente do Brasil (assinado pelo Grão-Mestre e Soberano Grande Comendador, então interino, Ir∴ Antônio Joaquim de Macedo Soares, que viria a ser eleito em 30 de agosto e empossado em 12 de setembro de 1892, e que, no denominado mundo profano, era Ministro do Supremo Tribunal Federal), aprovando o Ritual impresso naquele ano, em trabalho gráfico da "Imprensa Nacional" (sim, "Imprensa Nacional", apesar de ser muito estranho!).

Façamos as prometidas comparações.

No Ritual do Grande Oriente Lusitano, tanto quanto no de 1834 (iniciativa particular da "Typographia Seignot e Plancher") e nos do Grande Oriente do Brasil de 1837, de 1869 e de 1892, as Colunas Gêmeas estavam em posições invertidas (e permanecem até hoje, no Rito em foco e, igualmente, assim estão nos Ritos Adonhiramita e Brasileiro) e seus capitéis eram ornamentados pelo estilo coríntio, dois equívocos já ressaltados muitas vezes em trabalhos da lavra deste articulista, entre os quais, com pormenores, no Capítulo III da série denominada "Introdução ao Rito Adonhiramita", exemplar de julho de 2002 de "A TROLHA", até com esclarecimentos sobre a primitiva tradução da Bíblia para o idioma grego, para o idioma latino e para as duas primeiras traduções no idioma

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português. Indubitavelmente, a Maçonaria faz uso de tais Colunas inspirando-se nas que estavam no Templo de Salomão. Essa assertiva é incontrovertível, em decorrência dos próprios nomes que figuram no denominado Velho Testamento (J... e B...). Mas a prova de que os capitéis das Colunas Gêmeas do Templo de Salomão não possuíam o estilo coríntio é testificada pelo fato de que o referido estilo foi usado pela primeira vez no Monumento de Lisícrates, em Atenas, uns seiscentos anos, aproximadamente após o Templo de Salomão. Aproveitemos esta oportunidade e façamos a afirmação de que, no denominado mundo profano, os mais antigos exemplos de Colunas Gêmeas estão em ruínas egípcias de Tebas e de Heliópolis, de onde esse uso passou para a Assíria, primeiro, e para a Fenícia, depois. De acordo com afirmação feita, por este articulista, escrevendo, há pouco tempo, alhures, sobre tais Colunas, não nos esqueçamos de que foi um bronzista fenício, tírio especificamente, cujo nome é muito familiar aos Mestres Maçons, quem fez as célebres Colunas (e mais peças de bronze) do Templo de Salomão. Ainda há outros notáveis exemplos de ruínas de Colunas Gêmeas na Antigüidade Oriental e até mesmo em terras centro-americanas. Neste segundo exemplo, é surpreendente o que se vê no Templo dos Guerreiros Maias em Chichen-Itzá, descoberto pelo arqueólogo norte-americano Edward Herbert Thompson, na atual Guatemala. No primeiro exemplo, merece destaque o Túmulo de Amintas IV, rei da Macedônia, ao tempo da civilização grega na Turquia.

Quanto à invertida posição das Colunas Gêmeas, já vimos que o erro permanece até hoje, no Rito Moderno (e já vimos que, igualmente, esse erro é adotado pelos Ritos Adonhiramita e Brasileiro). Só houve mudança nos capitéis (do Rito Moderno) que passaram ao estilo egípcio-babilônico. Que estilo egípcio-babilônico? Nas reconstituições do Templo de Salomão, feitas, no denominado mundo profano, por abalizados pesquisadores, tais capitéis possuem o estilo proto-jônico ou fenício-cipriota.

Para que estes Comentários não sejam feitos de maneira pressurosa, é necessário apontar que, no vigente Ritual (ou seja, no Ritual de 1999 do Rito Moderno), antes da parte concernente à descrição do Templo, há algumas considerações sobre as quais não é possível ficar em silêncio, sob pena de censurável omissão. No entanto, este espaço gráfico chegou ao fim, forçando o adiamento da opinião deste articulista, sobre aquelas considerações, para a abertura do próximo Capítulo.

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CAPÍTULO XII

No presente Capítulo, faremos algumas considerações sobre a introdução constante do Ritual de 1999 do Rito Moderno, do Grande Oriente do Brasil.

Ao analisar aquela introdução, verifica-se que é hialino o seu escopo de colocar o Rito Moderno acima dos outros Ri tos, cujos Maçons não teriam o atributo de pensar livremente, e a Maçonaria seria considerada, por aqueles outros Ritos, uma Ordem Mística (segundo o desacertado conceito visto em tal introdução). Depois, está escrito que a Maçonaria Francesa tem padrões racionais e científicos. Diante do exposto, o focalizado texto deixa implícito que as outras Maçonarias não possuiriam os aludidos padrões. Porém, a qual das várias Maçonarias Francesas o texto esta ria fazendo referência? Grand Orient de France? Loge Nationale Française? Gran de Loge Nationale Française? Grande Loge Traditionnelle et Symbolique-Opera? Gran de Loge Mixte Universele? Grande Loge Féminine de Memphis-Misraim? Grande Loie Mixte de France? Grande Loie de France? Federation Française du Droit Humain? ou Grande Loge Nationa/e Française? Saliente-se que esta última é, de todas as Potências Maçônicas france sas, a única que possui os reconhecimentos maçônicos internacionais da ortodoxia estabelecidapela "United Grand Lodge of England".

De modo surpreendente, na mesma introdução em foco, foi transcrita a tradução de resoluções tomadas, no Século XIX, pelo Grand Orient de France (agora a referência deixou de ser à Maçonaria Francesa, genericamente, mas apenas ao Grand Orient de France, de maneira específica), nos termos seguintes:

"O Rito Moderno mantém-se tolerante mente imparcial, ou melhor, respeitosamente neutro, quanto à exigência para os seus

adeptos, da crença específica em um Deus revelado, ou Ente Supremo, bem como da categórica aceitação existencial de uma vida futura; nunca por contestante ateísmo materialístico, mas pelo respeito incondicional ao modo de pensar de cada Irmão, ou postulante." É inacreditável! Essas argüições não configuram paralogismos. Configuram indisfarçáveis sofismas. Demais disso, o transcrito conceito francês tem valor para o Grand Orient de France e para as Potências Maçônicas que lhe seguem as diretrizes,

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mas não é válido no âmbito do Grande Oriente do Brasil. Logo, não se justifica que em um de seus Rituais (o do Rito Moderno, de 1999) tenha sido feita aquela transcrição.

Em verdade, todos os Ritos do Grande Oriente do Brasil (entre os quais está incluído o Rito Moderno) devem respeito à sua Constituição, em cujo artigo 2º, inciso I, está escrito que é postulado universal da Instituição Maçônica (uma evidente referência à Maçonaria Universal, e não só à citada Potência Maçônica brasileira) "a existência de um princípio criador: o Grande Arquiteto do Universo". (E na cabeça do artigo 1º, entre considerações outras, está escrito que a Maçonaria "Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria".)

Ao eventual argumento de quem pretenda fazer a defesa do citado texto, ou seja, do texto transcrito na mencionada introdução, alegando que os Maçons do Rito Moderno (tanto quanto os demais, de todos os Ritos) podem ter e expor suas concepções filosóficas pessoais, livremente, até mesmo defendendo conceitos emitidos pelo Grand Orient de France, ainda que contrariem o referido postulado concernente à "existência de um princípio criador", responda-se que isso é possível, sim, desde que os divergentes defensores não pertençam à mencionada Potência Maçônica brasileira, porque haveria um notório paradoxo, se eles, pertencendo ao Grande Oriente do Brasil, pudessem colocá-lo em um plano secundário, com o visível desrespeito a um dos postulados escritos em sua Carta Magna.

Este articulista (que foi Iniciado em 11 de dezembro de 1959, no Grande Oriente do Brasil, de onde jamais saiu e que lhe concedeu os títulos de Benemérito e de Grande Benemérito e as condecorações Estrela da Distinção Maçônica e Cruz da Perfeição Maçônica) vem asseverando, e agora repete, que não é religioso, sendo pois insuspeito e, assim, está à vontade para tecer estas indispensáveis considerações. Não pretende forjar a apologia da crença no deus de um povo ou no deus de uma religião ou no deus feito à imagem e semelhança do homem ou no deus ao qual a arte das estátuas possa dar uma configuração material. Pretende que seja observado por todos os Rituais de todos os Ritos do Grande Oriente do Brasil (entre os quais está incluído o Rito Moderno) o inescusável respeito ao que estabelece a Constituição da citada Potência Maçônica, através de um de seus mandamentos. Esse mandamento preceitua (já vimos) que a crença na "existência de um princípio criador: o Grande Arquiteto do Universo" é um dos postulados universais da Instituição Maçônica.

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Um Rito que faça a apologia do agnosticismo (quando não do ateísmo velado) não cabe no Grande Oriente do Brasil, e só poderia caber se a referida Potência reformasse a sua Constituição, expungisse as suas louváveis tradições e abrisse as suas rutilantes portas, permitindo que seus Templos fossem tisnados pela nódoa da irregularidade maçônica.

Sem que desbordemos do assunto, há um episódio ilustrativo a ser aqui apresentado. Quando, em 26 de setembro de 1951, o Ir∴ Kurt Prober, hoje próximo dos noventa e seis anos de idade e que, com sua extraordinária lucidez, continua sendo o eficiente Professor deste articulista, no dificílimo campo da História da Maçonaria, recebeu a Luz na Loja "União Escosseza" (segundo grafia original), do Rio de Janeiro - RJ, nº 105 do Grande Oriente do Brasil, Loja essa então do Rito Moderno, que ela havia adotado em 7 de janeiro de 1927 (mas, retornaria ao Rito Escocês Antigo e Aceito em 20 de julho de 1972), ajoelhou-se, colocou a mão direita sobre a Bíblia e fez juramento ao Grande Arquiteto do Universo. Não foi uma exceção. Tratava-se de uma regra seguida pela referida Loja (apesar de esta ser do Rito Moderno, consoante já ficou esclarecido, e, registre-se, apesar de não estar aquela regra escrita no Ritual então em vigor, que era o de 1949, impresso na "Tipografia e Papelaria Cerbino", da Rua Visconde do Uruguai, nº 394, Niterói - RJ). Em 1965, o referido historiador foi à Vereinigte Grossloge von Deutschland (Grande Loja Unida da Alemanha), com o objetivo de conseguir que ela reconhecesse o Grande Oriente do Brasil. O pedido alcançou êxito, pelo fato de o citado peticionário relatar, sem explicações outras, que, em sua Iniciação, prestou o mesmo juramento exigido pela aludida Potência Maçônica germânica, da qual ele passou a ser "Garante de Amizade", a partir de 20 de janeiro de 1966, permanecendo até 31 de dezembro de 1976.

Todavia, voltemos à analisada introdução, constante do Ritual de 1999 do Rito Moderno, do Grande Oriente do Brasil. Além do que já foi acentuado, seriam cabíveis algumas outras considerações, por exemplo, em torno da referência que ela faz sobre "Modernos" e "Antigos" (assunto discutível, que exige sólida cultura histórico-maçônica) e sobre "As inversões das colunas" (contrariando a posição na qual elas estavam no primeiro Templo de Jerusalém, que, nesse e em alguns outros pontos, serviu de inspiração aos Templos da Maçonaria). Não obstante, observemos a última parte daquele texto, segundo o qual "O Rito Moderno não admite a limitação do alcance da razão, pelo que desaprova o dogmatismo e imposições ideológicas e,

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por ser racionalista, e portanto adogmático, propugna pela busca da Verdade, ainda que provisória e em constante mutação". Fica-se com a impressão (ou com a certeza?) de que o citado texto foi lavrado sob o total desconhecimento de que aqueles atributos não configuram um apanágio do Rito Moderno, mas sim de toda a Maçonaria, nos termos da cabeça e dos incisos I até X do artigo 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil, que são perfeitamente claros. Quanto ao vocábulo racionalista, o texto da citada introdução deve ter pretendido fazer referência a um dos modos de pensar, e não a um conjunto de sistemas filosóficos, onde estão incluídos o cartesianismo, o eleatismo, o platonismo e outros. Ou será que, na focalizada introdução, o vocábulo racionalista restringiu-se ao Iluminismo nascido na Inglaterra no Século XVII e desenvolvido na França durante o Século XVIII? Lembremo-nos de que Clemente de Alexandria e Orígenes, filósofos cristãos do Século III são considerados racionalistas, e, na escolástica, durante a segunda fase da Idade Média, houve a tentativa de harmonizar a razão e a fé.

Encerremos este Capítulo, transcrevendo o amplo e oportuno início da cabeça do artigo 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil, válido para todos os Ritos da referida Potência Maçônica: "A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, progressista e evolucionista".

CAPÍTULO XIII

Preliminarmente, este articulista pede, com a devida vênia, que os Respeitáveis Irmãos Leitores vejam, ou revejam, o Capítulo XI (publicado na edição de dezembro de 2004). Assim, melhor será a compreensão deste, no qual não faremos referências aos endereços e aos nomes das tipografias nos quais foram impressos os Rituais que já começamos a examinar e que continuaremos examinando. Deixaremos de fazer referências a esses pormenores (que não possuem relevância ritualística, mas possuem inescusável valor histórico), pelo fato de tê-los apresentado, até exaustivamente, em Capítulos anteriores. Só não nos podemos esquecer de que estão em foco apenas Rituais do Rito Moderno (apesar das raras e breves menções comparativas diante de outros Ritos, quando isso for imprescindível), de modo que, para as correspondentes identificações, bastará que mencionemos só os anos em que eles foram impressos, fazendo exceção ao Ritual português do Grande Oriente Lusitano, pois lhe ignoramos a data certa, apesar de sabermos que ele é anterior a 1815, porque naquele ano era já usado pela Loja "Commércio e Artes", do Rio de Janeiro

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(que viria a ser a nº 1 do Grande Oriente do Brasil). Não se pode ficar sem mencioná-lo, por ter sido, ao que se saiba, o primeiro Ritual usado em nossa Pátria, e, sem dúvida, ele projetou inegáveis influências diretas e indiretas sobre Rituais posteriores, mesmo de outros Ritos.

Na difícil técnica de redigir, principalmente quando são analisados assuntos inesgotáveis, em trabalhos bem resumidos, cada situação pode exigir a seqüência de uma trilha. Até agora, nossas considerações apresentaram uma visão conjunta. Não obstante, de agora em diante, não por uma questão de estilística, mas para que seja alargada a compreensão de cada tópico, com escopo didático, melhor será que a análise dos quatro Rituais escolhidos por este articulista (o do Grande Oriente Lusitano e os do Grande Oriente do Brasil, estes de 1837, 1892 e 1999, todos do Rito Moderno) seja feita isoladamente, isto é, de um por um, mesmo que lhes intercalemos algumas remissões, quando indispensáveis. Primeiramente, só faremos o descrição do Templo. Após, com o mesmo critério, reiniciaremos a análise, examinando os três Viagens pertinentes à Iniciação. Poderíamos dizer que os doze anteriores Capítulos foram uma preparação imprescindível e que a partir do presente e mais os quatro posteriores, isto é, os quatro últimos Capítulos, faremos uma análise direta.

A descrição do Templo, de acordo com o Ritual do Grande Oriente Lusitano:

Não existiam maiores considerações em torno das características das Colunas Gêmeas, salvo quanto às suas letras iniciais, "B" e "J”, e às suas errôneas posições, ao norte e ao sul, respectivamente, contrariando o Templo de Salomão. Infelizmente, essas posições invertidas continuam no Rito Moderno. Cabe salientar, apesar de estar em foco só o sublinhado Rito, que essa é, igualmente, a posição seguida por outros dois Ritos praticados no Grande Oriente do Brasil, o Adonhiramita e o Brasileiro (não adotados pelas Grandes Lojas Estaduais, tanto quanto não é adotado por elas o Rito Moderno). Com relação às citadas Colunas, este articulista reporta-se ao que foi visto na parte final do Capítulo XI, em face do que lá, com destaque, foi apresentado.

Os Vigilantes ficavam lado a lado. O Primeiro ao sul. O Segundo ao norte. Essas posições, tanto quanto já vimos com relação às Colunas, continuam até hoje (também, no Rito Adonhiramita). Sobre a mesa (era esse o vocábulo usado) de cada um dos Vigilantes havia "uma luz" (talvez fosse uma vela, pois luz elétrica só viria a ser concretizada,

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comercialmente, a partir de 1879, conforme este articulista já realçou em vários de seus Trabalhos) e um Malhete. Essas mesas eram triangulares (e assim continuam).

Os Expertos (não há esclarecimento sobre quantos eles eram) ficavam "ao pé dos VVig∴". O Orador, o Tesoureiro, o Secretário e o Chanceler ficavam no Oriente. Os dois primeiros ficavam ao norte. Os dois últimos ao sul. Não há outros esclarecimentos sobre eles. Presume-se, todavia, que cada um possuísse mesa.

O Guarda Interior ficava junto à porta do Templo. O Guarda Exterior ficava na "Câmara dos Passos Perdidos". Na opinião deste articulista, por uma questão de lógica, qualquer que seja a denominação que tenha o Guarda Exterior (Cobridor Externo, por exemplo), ele deve ficar, sempre, do lado de fora, não propriamente na Sala dos Passos Perdidos, mas no Átrio (dois locais que são confundidos, com alguma freqüência). Se ele não ficasse do lado de fora, estaria descaracterizada sua própria função.

O Mestre-de-Cerimônias situava-se no Ocidente. Porém, o Ritual é lacônico, ao assinalar: "em frente do Ven∴". Realmente, faltou clareza, porque não ficou estabelecida qual era a distância. Mesmo sendo no Ocidente, seria mais perto do Oriente ou mais perto dos Vigilantes ou no centro do pavimento? Aliás, esta última denominação, isto é, pavimento, nem consta do Ritual ora em pauta, na descrição do Templo (páginas 1 e 2). Mas, na parte atinente à Iniciação, está escrito que, após o recebimento da Luz, o Segundo Vigilante acompanhava o Neófito "ao pé do Painel que estava no chão, e com a ponta da Espada lhe indica as figuras cujo emblema o Ven∴ lhe vai explicar." (página 23). Portanto, ficamos sabendo que, sobre o pavimento, havia o Painel de Aprendiz, porém ignoramos sua configuração, contudo há bastante lógica em nossa conjectura de que poderia ser o Painel estampado posteriormente, em 1834, na página I, volume li, da obra portuguesa "Bibliotheca Maçônica ou Instrucção Completa do Franc-Maçon" (impressa na França, no idioma português, por "J. P. Aillaud", empresa gráfica situada em Quai Voltaire, nº 11, Paris), em quatro volumes, de autoria do Ir∴ Miguel Antônio Dias, e em várias outras publicações, algumas atuais, exemplificativamente em 1986, na página 4 da obra francesa (desconhecida no Brasil) "La Symbolique ou Grade d'Aprenti", volume único, do Ir∴ Raoul Berteaux, impressa em "Éditions Édimaf", em Paris (não consta o endereço).

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Acrescente-se que aquela mesma observação deve ser feita quanto à pedra bruta, que é omitida na descrição do Templo (páginas 1 e 2, conforme já foi esclarecido), mas consta da parte atinente à Iniciação (um pouco antes da mencionada passagem referente ao Painel), no momento em que o Venerável Mestre diz: "Ir∴ Mestr∴ de Cer∴ conduzi o Ir∴ ao Oc∴ para que elle aprenda a trabalhar na pedra bruta ... " (página 22) e quanto ao coxim, que é, igualmente, omitido na descrição do Templo (páginas já referidas), mas consta da parte atinente à Iniciação, no momento em que o Candidato prestava o Juramento: "O Ir∴ Mestr∴ de Cer∴ conduz o Candidato ao altar, faz-lhe pôr o joelho direito sobre um coxim ... " (página 18).

No Oriente, estava o Trono (isto é, a cadeira do Venerável Mestre) e diante dele uma "pequena mesa triangular" (portanto, as mesas do Venerável Mestre e dos Vigilantes eram iguais, diversamente do que vemos hoje, pois a mesa do Venerável Mestre é retangular, pelo menos desde 1892, porque o Ritual de 1837, que começaremos o analisar, em seguida, é omisso, nesse ponto). Sobre a citada mesa estavam "uma luz, um Compasso, um Es- quadro, uma bíblia e um Malhete". Observe-se que, na descrição do Templo, lia-se o vocábulo mesa (do Venerável Mestre), diversamente do que se lia na parte cor- respondente à Iniciação, onde já vimos o vocábulo altar (aí se encontra uma das infindáveis provas de que o pesquisador precisa ser muito cuidadoso). Acima do Trono (a cadeira do Venerável Mestre, reitera-se) estavam a representação do Sol, do lado norte, e a representação da Lua, do lado oposto (não havia explicação se a Lua estava em fase crescente, minguante ou cheia). Entre ambos estava "o Olho Vigilante". Há uma breve referência ao Dossel, que ficava "por cima da Cadeira do Ven∴" e que deveria ser azul, supõe-se (por extensão interpretativa), pois o Templo tinha essa cor.

Eram omitidos a Câmara de Reflexão e o Átrio. Já vimos o nome dado então à Sala dos Passos Perdidos. Outras omissões, relativamente a Rituais posteriores, os próprios Respeitáveis Irmãos Leitores irão notando à medida que (ou na medida em que, pois ambas as construções são vernáculas) forem acompanhando o desenrolar dos comentários.

A descrição do Templo, de acordo com o Ritual de 1837 do Grande Oriente do Brasil:

Sobre a inversão das Colunas, com "B", à direita de quem entra, isto é, no lado sul, e "J" do lado oposto, fica reiterado o que já foi visto no outro Ritual, o do Grande

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Oriente Lusitano. No entanto, no ora em análise, ou seja, no Ritual de 1837, do Grande Oriente do Brasil, está escrito que aquelas Colunas possuíam capitéis da ordem coríntia, sobre os quais estavam três romãs entreabertas. Esses mesmos erros (ordem coríntia e três romãs entreabertas), vêm sendo argüidos em alguns dos Trabalhos deste articulista, elucidando que a ordem coríntia foi usa- da pela primeira vez no Templo de Lisícrates, em Atenas, uns seiscentos anos depois de ser edificado o Templo de Salomão, e que as romãs eram duzentas e não estavam sobre os capitéis, mas sim em cornijas enfileiradas, com enfeites retorcidos em correntes e folhas de lis (ou de anêmona), tudo a simbolizar a força (correntes) e a beleza da união fraternal (romãs com sementes entreabertas). Talvez, segundo ponderam abalizados pesquisadores, o estilo dos capitéis fosse grego-cipriota / proto-jônico.

As posições dos Vigilantes continuaram as mesmas do Ritual do Grande Oriente Lusitano, que já vimos neste Capítulo. Suas mesas continuaram a ter esse nome (a do Venerável Mestre mudou, no ora focalizado Ritual de 1837, conforme veremos no próximo Capítulo, porém, mais tarde, voltou a ser mesa), sem ficar esclarecido quais eram seus formatos. Em cada uma das citadas mesas havia um maço. Nas proximidades do Primeiro Vigilante, isto é, junto à Coluna "J" ficava "huma pedra tosca" e nas proximidades do Segundo Vigilante, isto é, junto à Coluna "B", ficava "hum cubo ou pirâmide de pedra lavrada".

No próximo Capítulo, ainda sobre o Ritual de 1837 do Rito Moderno do Grande Oriente do Brasil, concluiremos a descrição da parte interna do Templo, apresentaremos as jóias das Luzes e dos Oficiais e focalizaremos o Átrio, a Sala dos Passos Perdidos e a Câmara de Reflexão. Desde já, antes de ser concluída a análise do Ritual em exame, os Respeitáveis Irmãos Leitores puderam verificar a evolução dos esclarecimentos que ele apresenta, comparativamente ao Ritual do Grande Oriente Lusitano.

CAPÍTULO XIV

A descrição do Templo, de acordo com o Ritual de 1837 do Grande Oriente do Brasil (continuação):

No Oriente, sob um Dossel azul, com franjas prateadas, ficavam o Trono e o Altar do Venerável Mestre. Note-se, todavia, que, diversamente do Ritual do Grande Oriente

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Lusitano (comentado no Capítulo anterior), o Altar do Venerável Mestre passou a ter essa denominação no ora focalizado Ritual de 1837, deixando, pois, de ser mesa (entretanto, no Ritual de 1892, voltaria a ser mesa, assim permanecendo até hoje), vocábulo que, todavia, continuou a ser aplicado às respectivas peças dos Vigilantes, isto é, mesas (nunca percamos de vista que esta série é pertinente ao Rito Moderno). Em cima do mencionado Altar estavam um Compasso (sem menção ao Esquadro), uma Espada, "os Estatutos da Ordem" e um Maço. Que Estatutos seriam aqueles? Desde 1832, estava em vigor, no Grande Oriente do Brasil, sua primeira Constituição, hoje desaparecida. Frustraram-se os esforços deste articulista para localizá-la (ao contrário do êxito obtido na obtenção de todas as demais Cartas Magnas da referida Potência Maçônica, a partir da segunda, promulgada em 1º de setembro de 1839, impressa na "Typographia Nicteroy de S. M. Rego" da "Praça Municipal, sem número, Nicteroy, Rio de Janeiro").

Subia-se ao mencionado Altar por meio de três degraus, em um dos quais, do lado norte, estava um coxim, contendo "bordada ou traçada uma esquadria". Tanto quanto no Ritual do Grande Oriente Lusitano, era em um coxim que se ajoelhava o Candidato, após as Viagens, ao prestar Juramento "à glória do Gr∴ Arch∴ do Universo" (não nos esqueçamos de que, em nosso País, a reforma do Rito Moderno só viria a ocorrer em 1892). Sob o Dossel e um pouco acima do conjunto Altar/Trono do Venerável Mestre, estavam o Sol e a Lua, sem constar se a fase era crescente ou minguante ou cheia (portanto, com o mesmo laconismo do Ritual português, consoante já vimos no anterior Capítulo). O Sol ficava do lado norte e a Lua, do lado sul (ao contrário do que estava no citado Ritual d'além mar, de acordo com o que também já vimos no anterior Capítulo, e ao contrário do que está no Ritual de 1999). Entre ambos, havia uma figura triangular, que este articulista associa ao denominado Delta Místico ou Delta Rutilante ou Delta Luminoso ou Triângulo Radiante (esta última expressão é a adotada pelo Ritual de 1999) "tudo em campo azul, semeado de estrellas dispostas em triângulos".

Quase no centro do pavimento, havia o "quadro representando o esboço da Loja" (ou seja, o Painel da Loja de Aprendiz, que não era descrito e não constava de qualquer estampa, mas talvez se lhe possa aplicar a mesma presunção que fizemos no anterior Capítulo, com referência aos comentários sobre o Painel do Ritual português).

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As Jóias eram as seguintes:

Venerável Mestre: um Esquadro, aberto em noventa graus, e um Compasso, entrelaçados;

Primeiro Vigilante: um Nível; Segundo Vigilante: um Prumo; Orador: um círculo; Secretório: duas penas em aspas; Tesoureiro: duas chaves em aspas; Hospitaleiro: uma bolsa; Mestre-de-Cerimônias: um triângulo; Primeiro, Segundo e Terceiro Expertos: uma Espada; Chanceler-Guarda dos Selos: o selo da Loja; Arquiteto: uma colher de pedreiro; Mestre-de-Banquetes: um semicírculo; Cobridor: uma Espada (a mesma Jóia dos três Expertos).

O Templo era forrado de azul. Existiam três grandes luzes, uma no Oriente e duas no Ocidente, uma destas duas ficava do lado norte e outra, do lado sul (em alguns casos, quando o texto permite, este articulista, por uma questão de estilo literário, gosta de suprimir o verbo, substituindo-o por vírgula, graças ao oportuno recurso ao zeugma). Aquelas luzes talvez fossem tocheiros, pois luz elétrica, no ano de 1837, em artérias públicas, ainda não existia (de acordo com elucidação alinhada no anterior Capítulo).

De modo muito simples, a definição de Átrio resumia-se à "sala ou repartimento que precede ao Templo. Terá a mobília que o espaço permitir" (Façamos duas oportunas digressões: 1º- Em Roma, nos tempos da Antigüidade Clássica, átrio era o segundo vestíbulo das residências. 2º - O verbo preceder, usado no texto em foco, gera dificuldades aos principiantes e aos menos interessados em assuntos gramaticais, porque ele pode ser transitivo direto e transitivo indireto, conforme o caso).

Tão simples quanto a do Átrio, era a definição da Sala dos Passos Perdidos, "que precede ao Átrio do Templo; nella se detém os IIr∴ Visitantes em quanto lhes não he dado o ingresso no Templo.Convém que seja mobiliada" (aqui, outra vez, encontramos o verbo preceder).

A Câmara de Reflexões, cujas paredes eram negras, possuía uma "alâmpada" (o vocábulo, que, no caso, está grafado com

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surpreendente meta plasmo protético, veio-nos pelo idioma latino, diretamente, mas de origem grega, lampás, lampádos, a significar archote). É curioso que, naquela passagem, o Ritual use o citado vocábulo, e não luz, que usa em outras (já vimos, neste mesmo Capítulo). A aludida Câmara possuía cadeira, mesa, pão, água, vaso com sal, vaso com enxofre, papel, penas e tinta. Sobre a mesa, estavam representados um galo e uma ampulheta. Debaixo destes, encontravam-se as palavras "Vigilância e Perseverança". A cadeira, a mesa, o papel, as penas e a tinta, pela evidência das correspondentes finalidades, não necessitam de explicações. Quase o mesmo pode ser dito sobre o pão e a água, símbolos da sobrevivência. A presença do sal e do enxofre é devida à alquimia (que, em tempos outros, chegou a ser bastante prestigiada). A ampulheta representa o tempo (não o percamos; aproveitemo-lo, preenchendo-o positivamente). Interpenetram-se o galo e os dois mencionados vocábulos que o ilustram. Primitivamente, o galo era a ave sagrada no culto dos persas masdeístas e, mais tarde, sua imagem passou a pontificar nas grimpas das igrejas católicas. Das mencionadas palavras, a Vigilância exorta-nos a que não caiamos em sono modorrento, exatamente quando as obrigações nossas, maçônicas e profanas, exigirem nossa prontidão. A Perseverança é o inarredável atributo daqueles que são constantes. É constrangedor ver alguém que, depois de iniciar promissora caminhada, ao longo de amplo e iluminado caminho, vai diminuindo os passos e, simultaneamente, vai perdendo a altivez até abandonar o percurso. Em uma das paredes, estavam frases imperativas (todas iniciadas com a conjunção subordinativa condicional adverbial "se"), que viriam a sofrer modificações, seja no próprio Rito Moderno, seja em outros Ritos que adotam a referida Câmara, apesar da manutenção de pontos-de-contato. Mesmo levando em conta ser esta Revista restrita a Maçons, é aconselhável que não se faça a reprodução de tais frases (apesar de ser entendimento deste articulista que só não se admite a transcrição dos ss∴, dos tt∴ e das pp∴, tanto quanto não se admitem quaisquer transcrições ritualísticas acima do Grau de Aprendiz).

O Ritual subseqüente (do Rito Moderno, do Grande Oriente do Brasil) foi impresso em 1869. No Capítulo I, vimos que o trabalho gráfico foi elaborado pela "Typographia Universal de Laemmert", Rua dos Inválidos, nº 63-B, Rio de Janeiro. Deixaremos de analisá-lo, pois ele é uma cópia do Ritual de 1837, razão pela qual passaremos ao Ritual de 1891 também do Rito Moderno e do Grande Oriente do Brasil. Descumprindo o compromisso de que não mais mencionaria empresas gráficas e respectivos endereços, este articulista informa, repetindo esclarecimento que fez no Capítulo XI, que o

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Ritual de 1892 foi editado pela "Imprensa Nacional", no Rio de Janeiro (não consta o nome da correspondente artéria pública). No Capítulo anterior, ficou esclarecido que, nesta série, só analisaremos quatro Rituais: o do Grande Oriente Lusitano e três do Grande Oriente do Brasil, estes de 1837, 1892 e 1999, todos do Rito Moderno, fazendo-o sob dois ângulos: o primeiro sobre a descrição do Templo e o segundo sobre as três Viagens pertinentes à Iniciação. Sob o primeiro ângulo (só sob o primeiro ângulo) já analisamos os dois primeiros Rituais em dois Capítulos: no anterior (XIII) foi analisado o Ritual português e foi iniciada a análise do Ritual de 1837, que concluímos no presente Capítulo (XIV). No próximo (XV) analisaremos (ainda só sob o primeiro ângulo) o Ritual de 1892, que, entre modificações outras, foi o primeiro, no Brasil, a suprimir o Grande Arquiteto do Universo.

CAPÍTULO XV

No final do anterior Capítulo e em textos diversos, este articulista já afirmou e o Ritual de 1892 do Grande Oriente do Brasil (Rito Moderno) foi o primeiro, em nosso País, que, entre modificações outras, suprimiu referências ao Grande Arquiteto do Universo.

Feita a indispensável reiteração, passemos a descrever o Templo, de acordo com o citado Ritual. Logo no início da parte que é pertinente à nossa análise, estava escrito: "O local de reunião da Loja chama-se Templo. Tem interiormente a forma de um rectângulo alongado e o fundo, sendo possível, deve ser semi-circular." (as já apresentadas descrições que estão nos outros dois Rituais, o do Grande Oriente Lusitano e o de 1834, eram omissas nesse ponto). Sobre as Colunas Gêmeas, ficam ratificados todos os termos que sobre elas apresentamos no Capítulo XIII, nas considerações atinentes ao Ritual de 1837. O temor ao cometimento de perissologia impede-nos de repetir as considerações lá expostas. De certo modo, a mesma asserção é aplicável aos Vigilantes, cujas mesas continuaram triangulares, com "uma luz e um Malhete", sim, mas passaram a ter "suas faces revestidas por Painéis simples de madeira". A expressão "Painéis simples" significa que eram Painéis lisos, sem a existência de Símbolos sobre eles. Nas proximidades da Coluna "J" ficava a Estrela Flamejante, de cinco raios, com um "G" central. Não havia menção ao Dossel.

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Observações supletórias: 1ª - Quando transcreve um texto, este articulista faz uso de caracteres itálicos e aspas, mantendo o original. Isso explica o porquê de constantes grafias pretéritas. Um expressivo exemplo ocorreu na transcrição da grafia concernente ao adjetivo "semi- circular", que não é correta. Se contarmos uma por uma, são 23 as complicadas regras gramaticais sobre o hífen. Dessas regras há uma a determinar que os prefixos latinos auto, contra, extra, infra, intra, neo, proto, pseudo, ultra e semi ligam-se por hífen, desde que o segundo elemento principie por h, r, s ou qualquer vogal, conforme item XlV, nº 46, caso 5º, letra a, das "Instruções para a Organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", aprovadas por unanimidade pela Academia Brasileira de Letras, na histórica sessão de 12 de agosto de 1943. Portanto, semicircular não possui hífen. Entretanto, o adjetivo extraordinário deveria ser extra-ordinário, com hífen, de acordo com a regra oficial, mas o ininterrupto uso do equívoco fez com que a grafia sem hífen seja uma escorreita exceção (nesta observação supletória, cabe obtemperar que no idioma espanhol o hífen não é usado nem mesmo para que sejam separados o pronome enclítico e o correspondente verbo). 2ª - Vimos, no Capítulo XIII, que o Ritual do Grande Oriente Lusitano previa a existência de "uma luz" sobre as mesas do Venerável Mestre e dos Vigilantes. Essa expressão continuou nos Rituais posteriores, até hoje, nas mesas dos Vigilantes (neste mesmo Capítulo, veremos que na mesa do Venerável Mestre, desde o focalizado Ritual de 1892, passou a existir "um candelabro de três luzes). Sempre com o mais profundo respeito e com a devida vênia, este articulista entende que não se trata de uma justificável sinédoque, de tal maneira que "uma luz", expressão inadequada (relativamente ao caso concreto, ressalte-se e ressalve-se), poderia ser substituída por "uma luminária" ou "um castiçal".

Ainda no Ocidente, perto da balaustrada, à direita de quem olha para o Oriente, ficavam a mesa triangular e a cadeira do Tesoureiro. Do lado oposto ficavam a mesa triangular e a cadeira do chanceler. Sobre aquelas mesas, que não possuíam revestimentos, havia "uma luz".

No Oriente (é óbvio) estavam a cadeira (não aparece o vocábulo trono) e a mesa retangular do Venerável Mestre, fechada na frente e dos lados por Painéis de madeira, em que podiam (era, pois, uma possibilidade, mas não era uma obrigação) existir emblemas do Grau. Sobre a citada mesa estavam um Malhete, uma Espada, um Compasso (sem alusão ao

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Esquadro), um candelabro de três luzes (já vimos), um exemplar da Constituição do Grande Oriente do Brasil e um exemplar do Regulamento Geral. A Constituição era a de 30 de novembro de 1891 e o Regulamento Geral era o de 1º de março de 1892. Atrás da mencionada cadeira estava "um triângulo luminoso com um olho no meio". Não existiam as figuras do Sol e da Lua dos lados do referido triângulo. Ainda no Oriente, em seu lado extremo esquerdo, em relação ao Venerável Mestre, havia cadeira e mesa para o Orador. No extremo oposto estavam cadeira e mesa para o Secretário. Sobre essas mesas ficavam "uma luz" e os mesmos já reeridos exemplares legislativos. À direita do Secretário, na balaustrada, era colocado o estandarte da Loja. Diversamente do critério usado nas outras cinco referidas mesas, nestas duas últimas (do Orador e do Secretário) não ficou esclarecido se elas eram revestidas ou não.

As paredes eram decoradas de azul.

Na frisa havia um cordão com nós de distância em distância. Não havia referência ao número de nós. Esse cordão terminava (ou começava?) nas Colunas, com uma borla em cada extremidade. O teto era azulado. Eram várias as estrelas. O Sol estava no Oriente; a Lua, no Ocidente (já vimos que essas duas figuras não constavam dos lados do "triângulo luminoso", mas estamos vendo, agora, que elas constavam do teto). Não havia referência ao pavimento, ao Painel do Grau, às pedras, ao Átrio e à Sala dos Passos Perdidos. Os ocupantes de cargos que não foram aqui mencionados não estavam previstos na descrição do Templo.

Quanto à Câmara de Reflexões, em comparação com o Ritual de 1837, saliente-se que deixaram de existir a figura do galo e as duas inscrições que o acompanhavam. Continuaram a existir as frases imperativas, que, porém, foram modificadas. Sobre as citadas frases, reportemo-nos ao que comentamos sobre o outro aludido Ritual, no anterior Capítulo (conquanto o autor de uma série, qual quer que ela seja, procure ser o mais claro possível, poderá ser difícil entender seu trabalho, se este não for examinado por inteiro, com o reexame de Capítulos anteriores, sob uma visão geral).

A DESCRIÇÃO DO TEMPLO, DE ACORDO COM A EDIÇÃO DE 1999 DO RITUAL DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL:

Preliminarmente, antecipando-se a eventuais críticos, é indispensável destacar que este articulista não menciona 1998, pois o Decreto nº 252, que aprovou o Ritual em foco,

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foi lavrado em 12 de maio de 1999, e, demais disso, os comentários serão feitos com base na edição de 1999, de acordo com sua própria capa. Fica, pois, lavrada esta prolepse.

O local em que a Loja funciona continua a chamar-se Templo. As Colunas passaram a ter a "ordem egípcio-babilônica". Essa afirmação, que é muito ampla, não merece aplausos. Que ordem egípcio-babilônica? De onde foi tirada essa alegação? Sobre esse mesmo assunto, este articulista, respeitosamente, reitera todos os esclarecimentos apresenta- dos no final do Capítulo XI.

As mesas dos Vigilantes continuam a ser triangulares e revestidas de Painéis de madeira. No Painel da mesa do Primeiro Vigilante, à esquerda, há um Nível, instrumento que ajusta linhas horizontais. No Painel da mesa do Segundo Vigilante, à direita, há um Prumo, instrumento que ajusta linhas perpendiculares. Sobre cada uma das citadas mesas existe "uma luz, um Malhete e o Ritual". Nas imediações do Primeiro Vigilante, um pouco à frente e à sua esquerda, fica o Primeiro Experto e atrás deste fica o Terceiro Experto. Nas imediações do Segundo Vigilante, um pouco à frente e à sua direita, fica o Segundo Experto. Nas imediações do Segundo Experto, à sua esquerda, ficam, no chão, uma Pedra Bruta, um Cinzel e um Maço, que são pertinentes ao Segundo Vigilante. Nota-se que, objetivamente, a localização apresentada por este articulista, quanto àqueles três objetos simbólicos, é fiel à estampa da planta do Templo e à respectiva legenda, que apresentam uma diferença, ainda que minúscula, relativamente ao próprio texto da descrição constante do Ritual. De fato, se nos debruçarmos sobre aquela estampa e fizermos uma comparação com a respectiva legenda, verificaremos que a Pedra Bruta, o Maço e o Cinzel (letra A) estão bem próximos do Segundo Experto, à sua esquerda (nº 10), apesar de o texto da descrição assinalar que as três referidas peças estão "Junto ao 2º Vigilante", mesmo que não estejam assim tão junto, conforme nº 3 das referidas estampa e legenda.

Ainda no Ocidente, junto à balaustrada, lado sul, estão a cadeira e a mesa do Tesoureiro; diante dessa mesa está a cadeira do Hospitaleiro, em cujo lado esquerdo está a cadeira do Mestre-de-Banquetes. Também junto à balaustrada, mas do lado norte, estão a cadeira e a mesa do Chanceler; diante dessa mesa está a cadeira do Mestre-de-Cerimônias,

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em cujo lado direito está a cadeira do Arquiteto. Entre as Colunas Gêmeas fica o Cobridor (há um só Cobridor).

Passemos ao Oriente. Atrás e acima da cadeira do Venerável Mestre, na parede, está o "Triângulo Radiante", que é um triângulo eqüilátero, luminoso, em cujo centro está um olho esquerdo (eqüilátero, com trema, ou equilátero, sem trema, são vocábulos sincréticos). À sua esquerda, ou seja, do lado sul, fica o Sol. Do lado oposto fica a Lua, "refletindo a luz do sol" (a significar, portanto, que a Lua é representada em quarto crescente). Diante da citada cadeira, que fica sobre um estrado alcançado por meio de três degraus, está a correspondente mesa, de formato retangular; fecham-na três painéis de madeira, "estando fixado sobre a vista central um Esquadro, tendo ao lado o Painel do Grau." (de que lado?). Sobre a mesa do Venerável Mestre ficam um candelabro de três luzes, um Malhete, a Constituição do Grande Oriente do Brasil, o Regulamento Geral (RGF), o Regimento Interno da Loja, o Ritual e a Espada atinente ao Venerável Mestre. Talvez esse candelabro não esteja dentro do que definem alguns dicionaristas (e este articulista consultou treze). No entanto, ajusta-se, com simetria, na definição do inesquecível Professor Francisco da Silveira Bueno, conforme "Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa", edição "Saraiva", ano de 1964, 2° volume, página 605. Quanto às três luzes, já comentamos a palavra luz, neste mesmo Capítulo. Diante da citada mesa há o Triângulo dos Compromissos, que é uma pequena mesa, em cima da qual ficam as denominadas Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Livro da Lei, o Compasso e o Esquadro, o primeiro superposto ao segundo, e este, semi-aberto, com as pontas voltadas para o Ocidente, ao contrário daquele.

Mais uma observação supletória:

Conforme determina o artigo 2°, inciso VIII, da Constituição do Grande Oriente do Brasil, é obrigatório que estejam presentes, sempre à vista, o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso, em todas as Sessões das Lojas e Corpos. Que Livro da Lei será esse? Nos estreitos limites desta série, não cabe uma dissertação em torno da citada e importante pergunta, mas deve ser ressaltado que, anteriormente, em um dos Rituais do próprio Rito Moderno, da citada Potência Maçônica, edição de 1983 (não consta o nome da tipografia), exemplar nº 646, página 7, em nota de rodapé, mediante asterisco, está escrito: "Em todas as sessões, o Livro da Lei - a Bíblia - deverá estar sobre o Altar dos Compromissos" (Capítulo II, inciso III, letra "h", da Constituição do Grande Oriente do Brasil)".

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Realmente, o texto está no mencionado Ritual do Rito Moderno, editado em 1983. A referência que ele faz à Constituição do Grande Oriente do Brasil é sobre a Carta Magna de 8 de agosto de 1981, que usava a expressão “Altar dos Juramentos", mas não “Altar dos Compromissos". Ainda mais e sem dúvida, os Respeitáveis Irmãos Leitores já observaram que aquele Ritual, o de 1983, mesmo sem usar o vocábulo Juramentos, escrito na Constituição de 1981, usava a expressão Altar.

No próximo Capítulo concluiremos as considerações sobre a descrição do Templo, segundo o Ritual do Rito Moderno, do Grande Oriente do Brasil, e iniciaremos os comentários sobre as Viagens, segundo o Ritual do Grande Oriente Lusitano, igualmente do mencionado Rito.

CAPÍTULO XVI

No anterior Capítulo, descrevemos o Ocidente e iniciamos a descrição do Oriente, que concluiremos neste. Não nos esqueçamos de que só está em foco o Rito Moderno, apesar de eventuais, mas raríssimas, e fragmentárias comparações com outros Ritos, apresentadas em alguns Capítulos, mediante objetivo ilustrativo.

Levando em consideração o lugar do Venerável Mestre, à esquerda estão a cadeira e a mesa do Orador, sobre a qual ficam a Constituição do Grande Oriente do Brasil, o Regulamento Geral da Federação (RGF), o Estatuto, o Regimento Interno da Loja e o Ritual. Do lado oposto, estão a cadeira e a mesa do Secretário, sem que existam maiores esclarecimentos. Atrás do Orador, senta-se o Porta-Bandeira, em cujo lado direito, na balaustrada, é arvorado o Pavilhão Nacional. Atrás do Secretário, senta-se o Porta-Estandarte, em cujo lado esquerdo, na balaustrada, fica o Estandarte da Loja. Do mesmo lado, mas na parede, é arvorada a Bandeira do Grande Oriente do Brasil.

De acordo com o Ritual ora em exame, não há uma decoração especial para o Teto. Mas, se houver, ele deverá simbolizar uma abóbada azulada, com a tonalidade mais clara no Oriente, onde, um pouco à frente do Triângulo (isto é, a mesa triangular) do Venerável Mestre, está o Sol. A tonalidade irá ficando cada vez mais escura quanto mais se aproximar do Ocidente. Sobre os triângulos (isto é, as

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mesas triangulares) do Primeiro e do Segundo Vigilantes ficam, respectivamente, a Estrela de Cinco Pontas e a Lua.

Observação supletória: Este articulista sublinhou o vocábulo abóbada, pelo seguinte motivo: No Ritual de 1999, página 17, em lugar de abóbada, que é a grafia consagrada, está escrito abóboda. Note-se, apenas para a apresentação de um exemplo, que em um outro Ritual, o de 1983 (também do Rito Moderno, mas não englobado por esta série) vemos a forma de maior aceitação: abóbada. Quase todos os dicionaristas só consignam essa forma, ou seja, abóbada. Todavia, o "Dicionário HOUAISS da língua portuguesa", organizado pelo inesquecível filólogo Professor Antônio Houaiss (1915/ 1999), depois de apresentar oitenta e duas linhas sobre abóbada, incluindo etimologia, também apresenta abóboda, mas com a ressalva de que é forma não preferencial ("s.m. f. menos pref."), edição de 2004, página 21. Portanto, ao usar abóboda, o Ritual de 1999 na citada página 17 usa a forma não preferencial.

Em seguida ao texto denominado "B) Preparação do Candidato admitido às provas" (portanto fora e depois da parte em que o Templo é descrito), está a Câmara de Reflexões, com mesa, cadeira (sobre a qual haverá pão, água, um formulário, uma caneta e uma campainha), esqueleto humano (ou um crânio) e uma ampulheta. Há seis inscrições. Com exceção da primeira, elas são iniciadas pela conjunção subordinativa condicional "Se" (a existência dessa conjunção já vimos no Capítulo XlV, quando foram concluídas a descrição e a análise do Templo, mas segundo o Ritual de 1837). Tal Câmara não deve receber luz exterior. Bastará a de uma interna lâmpada fosca. Existe a louvável recomendação de que a citada Câmara tenha uma decoração "simples e austera, sem afetar aspecto aterrador", exatamente a mesma recomendação, palavra por palavra, do Ritual de 1892. A única diferença, neste ponto específico, está no fato de que o verbo "afetar" era então escrito com “ff“ e com um "c" intermediário: "affectar". Porém, diametralmente oposta era a recomendação no Ritual de 1837, no qual as paredes eram "denegridas e carregadas de emblemas fúnebres, a fim de inspirarem meditação, tristeza e pavor". Outrossim, o galo, a inscrição "Vigilância e Perseverança", o sal, e o enxofre (que foram referidos e analisados no já referido Capítulo XIV) deixaram de existir, desde o Ritual de 1892 (este articulista já elucidou, de modo repetitivo e até exaustivo, contando, sempre, com a tolerância maçônica dos Respeitáveis Irmãos Leitores, que o Ritual de 1892 é aquele que, entre modificações outras, expungiu, do Rito Moderno, todas as referências ao Grande Arquiteto do Universo!).

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No Ritual de 1999, o Primeiro Experto retira a tarja negra dos olhos do Candidato, que preencherá o seu "testamento filosófico e moral", constante de quatro perguntas sobre quatro deveres. São exatamente as mesmas quatro perguntas do Ritual de 1892. Mas, no Ritual de 1837 (o de 1837, note-se), as perguntas eram apenas três. A então primeira era igual à última de 1999. A então segunda era semelhante (quase igual) à primeira de 1999. A então terceira era igual à segunda de 1999.

Juntamente com as mencionadas perguntas sobre os quatro deveres, haverá outras (não nos esqueçamos de que o verbo haver, quando significa existir, é impessoal, não possui sujeito a exigir flexão no plural) referentes ao nome, idade, profissão, residência e (atenção!) as razões que levaram o Candidato a pedir ingresso na Maçonaria. É obrigação do Primeiro Experto explicar (o Ritual usa o verbo advertir) que, respondido e assinado o questionário, seu subscritor deverá tocar a campainha (já vimos que na Câmara de Reflexões existe uma campainha). Em seguida, aquele Experto vendará o Candidato, novamente, e levará o questionário à Loja. Mais tarde, o primeiro levará o segundo à porta do Templo, quando assim for determinado pelo Venerável Mestre.

Esse procedimento era já mais ou menos assim, desde o Ritual de 1892. Uma das diferenças estava no fato de o Experto (podia ser qualquer um dos Expertos, e não necessariamente o Primeiro) portar Espada, quando ia retirar o Candidato, e estar revestido de suas insígnias. No Ritual de 1999, o Primeiro Experto, com capuz e sem insígnias, leva o Candidato à Câmara de Reflexões, e não consta que ele, ao retomar àquela Câmara, para retirar o Candidato, esteja com insígnias, com Espada e sem capuz. Há outra diferença. Está escrito, no Ritual de 1892, que era entregue ao Candidato um impresso no qual estavam os Títulos I e II da então vigente Constituição do Grande Oriente do Brasil (este articulista esclarece que aquela Constituição era a de 28 de janeiro de 1892, impressa na "Typographia da Papelaria Ribeiro", situada na Rua da Quitanda, nº 79-B, Rio de Janeiro, e aqueles Títulos tratavam "Da Maçonaria e seus Princípios". Uma grande diferença estava no Ritual de 1837, porque, antes de levar o Candidato à porta do Templo, o "Irmão Preparador" (é assim que está escrito no citado Ritual) fazia com que o braço esquerdo, o peito, do lado esquerdo, e o joelho

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direito do Candidato ficassem descobertos, que seu sapato esquerdo estivesse achinelado e que ele fosse despojado de todos os metais (no sentido literal, ou seja, no sentido profano do vocábulo).

No final do anterior Capítulo, havíamos prometido que, neste, iniciaríamos a descrição das Viagens, a partir do Ritual do Grande Oriente Lusitano, um dos quatro Rituais englobados por esta série. Porém, sob o aspecto didático, melhor será que, antes, os Respeitáveis Irmãos Leitores analisem o presente Capítulo, em conjunto com os XIV e XV, refletindo sobre a focalizada Câmara, que, fazendo jus ao nome, é mesmo apropriada às reflexões, porém não só dos Candidatos, mas de todos nós, renovadamente, qualquer que seja nossa cultura maçônica e, também, qualquer que seja nossa cultura profana. Assim, presume-se que melhores serão nossas condições, quando estivermos diante do porvindouro Capítulo XVII.

Este articulista não pode ficar indiferente, sem externar os justificáveis agradecimentos pelas constantes manifestações positivas, formuladas pelos Respeitáveis Irmãos Leitores, manifestações essas que configuram incentivadores elogios. De um modo especial, fica aqui lavrado o fraternal reconhecimento, proveniente da estimulante expressão "muito bem!", usada em algumas cartas e telefonemas, para apoiar a crítica feita à introdução existente no Ritual de 1999, conforme Capítulo XII (janeiro de 2005).

CAPÍTULO XVII

Atendendo à determinação do Venerável Mestre, o Primeiro Experto, segurando as mãos do Candidato, fazia com que este praticasse a primeira Viagem, a partir do Ocidente, rumo ao Oriente, passando pela Coluna do Norte, voltando, pela Coluna do Sul, ao ponto de partida. O Primeiro Experto, durante a citada Viagem, andando para trás, conduzia o Candidato às vezes em zigue-zague e fazendo com que ele se abaixasse, para imaginar que estava percorrendo um terreno cheio de obstáculos. Ao retomar ao Oriente, o Candidato sentia uma corrente de ar, provocada por um leque ou por alguma outra peça que produzisse o mesmo efeito. Em seguida, o Segundo Vigilante anunciava o término de tal Viagem ao Primeiro Vigilante, e este fazia a transmissão ao Venerável Mestre, que, depois de perguntar ao Candidato e de lhe ouvir a resposta (fosse qual fosse) sobre o que

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havia notado no percurso, afirmava que a referida Viagem era o emblema da vida humana, o tumulto das paixões, o choque dos diversos interesses, as dificuldades das empresas, os obstáculos que dificultam os passos, tudo figurado pelo ruído que o Candidato ouvira no final daquela Viagem e pela desigualdade do caminho que ele percorrera. No Ritual de 1999, essa interpretação é a mesma que está na última parte da focalizada Viagem. Porém, não tenhamos pressa, porque ainda iremos descrever o citado Ritual, de 1999, tanto quanto os de 1837 e de 1891.

A segunda Viagem era feita com passos menos lentos. Havia o tinir de Espadas (possivelmente, os Respeitáveis Irmãos Leitores, de outros Ritos, que não o Moderno, estarão, desde já, por conta própria, antecipando as mencionadas comparações). Quando o Candidato retomava ao ponto de partida, no Ocidente, seu braço esquerdo (isto é, aquele que estava descoberto) era mergulhado, pelo Mestre-de-Cerimônias, em um vaso cheio de água. O Venerável Mestre não mais perguntava o que o Candidato havia notado, mas perguntava que reflexões lhe suscitara aquela outra Viagem. Depois de ouvir a resposta (fosse qual fosse, conforme já acontecera na anterior indagação), o Venerável Mestre esclarecia que o caminho da virtude torna-se mais suave, quanto mais nele nós avançamos e que o tinido das Espadas representa os combates que o homem virtuoso é obrigado a sustentar, sempre, para triunfar sobre os ataques do vício. O pronunciamento terminava com a afirmação de que o Candidato estava purificado pela água.A terceira Viagem fazia-se com grandes passos. Durante o percurso, era sacudida uma tocha. Quando o Candidato voltava ao ponto de partida, após sentir a presença do fogo produzido pela mencionada tocha, dizia-lhe o Venerável Mestre, sem formular qualquer pergunta, haver ele, o Candidato, passado pelo complemento da purificação, representada pelas chamas, que lhe deveriam acender, no coração, para sempre, o amor aos seus semelhantes. Na Maçonaria (e em instituições outras), de nada valerá conhecer e memorizar as exortações positivas, se não houver a sincera intenção de atendê-las.

Na mitologia da Grécia, Prometeu, depois de formar o homem com o limo da terra, deu-lhe vida, graças ao fogo que ele furtara do Céu. Foi punido por ordem de Júpiter, mas salvo por Hércu1es (a punição e o salvamento, apesar de magnífica lição analógica, não serão aqui comentados, pois refogem ao nosso tema). Para o filósofo Heráclito de Éfeso, no Século VI antes da chamada Era Cristã, o fogo seria um fluxo eviterno. Note- se que aquele conceito apresentava um

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pensamento racional, contrapondo-se à crença mitológica. Com o mesmo racionalismo (cuidado com este vocábulo!), os também filósofos gregos Tales e Anaxímenes, no referido Século, ensinavam, respectivamente, que as substâncias primeiras seriam a água e o ar. Anaximandro (discípulo de Tales) propunha um conceito diferente, mais elevado, segundo o qual existiria o Infinito, uma substância não gerada e sim geradora e imperecível. Todos aqueles filósofos eram da escola jônia ou jônica. Acrescente-se que os jônios eram considera- dos os mais sábios de todos os gregos. Por isso, em nossa Ordem, a coluna jônica simboliza a sabedoria, e é atinente ao Venerável Mestre. Mais ou menos entre os anos 440 e 441 antes da citada Era, outro filósofo grego, Empédodes de Agrigento, defendeu quatro princípios básicos: terra, água, ar e fogo.

Terminada a digressão, voltemos ao velho Ritual do Grande Oriente Lusitano. Concluídas as Viagens, o Venerável Mestre apresentava considerações sobre a caridade, a ser praticada sem ostentação e sem prejuízo dos deveres prioritários referentes à família a sustentar e aos filhos a educar, condenando quem pretendesse aparecer caritativo, antes de satisfazer aquelas obrigações primeiras.

Após uma simbólica prova de sangue, ocorria a Cerimônia do Cálice da Amargura, seguida pelas explicações do Venerável Mestre. Não havia contraste com a doçura da bebida e a citada Cerimônia ocorria após as Viagens.

O Primeiro Experto, inicialmente, e o Mestre-de-Cerimônias, logo depois, conduziam o Candidato ao Altar do Venerável Mestre, por determinação deste, lue perguntava ao Candidato sobre sua disposição em prestar um Juramento. Se ocorresse hipótese negativa, a Iniciação não poderia ter seguimento, obviamente. Com a resposta positiva do Candidato, ele, ajoelhado (joelho direito) sobre um coxim, segurando (com a mão direita) um Compasso aberto e colocando uma das pontas sobre o coração (as pontas eram rombas, por evidente motivo) e pondo a mão direita sobre a Espada que ficava sobre o mencionado Altar, tendo sobre ela a mão esquerda, aberta, do Venerável Mestre, jurava ao Grande Arquiteto do Universo (nunca nos esqueçamos de que está em foco um Ritual do Rito Moderno) guardar todos os segredos que lhe fossem confiados, amar os seus Irmãos, conformar-se com os estatutos e regulamentos da respectiva Loja. No caso de que viesse a perjurar, ele apresentava os mesmos consentimentos (língua, pescoço e corpo) que continuamos vendo nas Iniciações realizadas no Rito Escocês Antigo e Aceito (do Grande Oriente do Brasil e das Grandes Lojas Estaduais) e no Rito Adonhiramita (este último,

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qualificado pelo Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring, em 1927, de "estranho Rito", não era praticado por nenhuma das Grandes Lojas Estaduais, até há pouco tempo), mas não os vemos no Rito Moderno, de onde foram suprimidos por força da reforma determinada pelo Decreto nº 109-GOB, de 30 de julho de 1892.

Prestado o Juramento, o Venerável Mestre perguntava ao Candidato (depois de conduzido entre Colunas) se aquele ato lhe havia causado alguma inquietação, se ele estava disposto a confirmá-lo após o recebimento da Luz e o que ele queria (a terceira pergunta só seria feita se as duas primeiras fossem positivas). Era o próprio Candidato quem respondia: “A Luz". Oportunamente, ao examinarmos as Viagens pertinentes ao Ritual de 1837, impresso na "Typographia Austral", do Beco de Bragança, nº 15, Rio de Janeiro, veremos que a pergunta e as respostas passaram a ser atribuições do Segundo Vigilante. No mesmo sentido, ao examinarmos o Ritual de 1892, impresso na "Imprensa Oficial" (não consta o nome da artéria pública, só constando Rio de Janeiro), ambos do Rito Moderno e do Grande Oriente do Brasil, veremos que a pergunta e a resposta passaram a ser atribuições do Primeiro Vigilante, assim continuando no Ritual de 1999.

No início do próximo Capítulo, ainda apresentaremos algumas considerações sobre o velho Ritual português do Grande Oriente Lusitano e, isso feito, passaremos à análise das Viagens descri- tas pelo Ritual de 1837, do Grande Oriente do Brasil.

CAPÍTULO XVIII

Cncluindo, neste Capítulo, a descrição iniciada no an- terior, cabe elucidar que, após receber a Luz produzida por "cachimbos compostos com resina" (sabemos, de sobejo, que ainda não havia iluminação elétrica), o Candidato ratificava o Juramento. Em seguida, era recebido e constituído Maçam. Naquele momento, o Venerável Mestre dava três pancadas sobre a lâmina da Espada que colocava sobre a cabeça do primeiro, que recebia o beijo fraternal do segundo, "pelo número misterioso de três". Logo depois, aprendia a dar os passos de Aprendiz, recebia o Avental, símbolo do trabalho, e recebia pares de Luvas, um para si mesmo e outro a ser entregue à mulher que desfrutasse de

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sua maior estima (esse procedimento não passava, e continua não passando, de um meio sutil de obter as simpatias femininas, porque as mulheres não faziam parte da Maçonaria regular, e continuam não fazendo). Em nossa Ordem, as Luvas simbolizam pureza (mas, no denominado mundo profano, elas podem ser representativas de fidalguia).

Os Respeitáveis Irmãos Leitores, pelo menos aqueles que estão acompanhando esta série, já sabem que o citado Ritual do Rito Moderno, do Grande Oriente Lusitano, foi o primeiro de todos os usados pelo Grande Oriente do Brasil e sa- bem, igualmente, que ele era já usado (ignora-se desde que ano, mas foi antes de 1822) pela sua Loja nº 1, a "Commércio & Artes", cuja fundação ocorreu em 24 de junho de 1815.

Apesar de esta série ser restrita ao Rito Moderno, e não possuir o escopo de fazer comparações com outros Ritos, salvo em casos excepcionais (como está acontecendo agora), não pode ser omitido o fato de que a passagem ritualística da entrega das Luvas e muitas outras passagens daquele Ritual (do Grande Oriente Lusitano e do citado Rito, não nos esqueçamos) foram copiadas por velhos Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito impressos no Brasil, exemplificativamente o primeiro de todos, denominado "Guia dos Maçons Escoceses ou Reguladores dos Três Gráos Symbólicos do Rito Antigo e Aceito", impresso em 1834 pela "Typ. Imp. e Const. de Seignot-Plancher & Cia.", da Rua do Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro, por iniciativa particular da própria empresa gráfica (que, no mesmo ano, tirou uma cópia para o Grande Oriente Brasileiro, que viria a ser mais conhecido por "Grande Oriente do Passeio", que não pode ser confundido com o Grande Oriente do Brasil) e outra para o Supremo Conselho, ou seja, "Supr∴ Cons∴ para o Império do Brasil". Nove anos depois, isto é, em 1845, o citado "Grande Oriente do Passeio" providenciou outra impressão, sem modificações, com o mesmo título usado em 1834 (que já vimos), incumbindo o trabalho gráfico à "Typographia Bintot", da Rua do Sabão, nº 70, Rio de Janeiro. Só em 1857 o Grande Oriente do Brasil teve o seu primeiro Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, impresso na "Typographia Menezes", da Rua do Cano (antigo nome da Rua Sete de Setembro), nº 165, Rio de Janeiro, também mantendo o mesmo nome dos já mencionados Rituais alheios. Um era cópia do outro, e, posteriormente, ao longo dos anos, muitas passagens usadas nos vigentes Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito, seja o do Grande Oriente do

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Brasil, sejam os usados pelas Grandes Lojas Estaduais (que não praticam o Rito Moderno) foram mantidas, não obstante sejam provenientes de um Ritual do Rito Moderno, ou seja, o Ritual do Grande Oriente Lusitano.

Igualmente, não pode ser omitido o fato de que a seqüência ritualística do genuíno "Scottish Rite" norte-americano ("Scottish Rite of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry, prepared for the Supreme Council for the Southern Jurisdiction of the United States"), edição de 1919, impressa por "L. H. Jenkkins, lnc. ", de Richmond (todos os estudiosos sabem que os dois mais antigos Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceito são dos Estados Unidos da América, o único país que pode ter dois Supremos Conselhos internacionalmente reconhecidos), páginas 1 até 21, dedicadas ao Grau de Aprendiz, é muitíssimo diferente do Rito Escocês Antigo e Aceito praticado em nossa Pátria.

Diante do exposto, fica evidente que de pouco valerá (e, às vezes, de nada mesmo valerá) o eventual discernimento dos exegetas (ou pseudo-exegetas), se não possuírem fontes primárias, porque intuição e pretensões adivinhatórias não têm qualquer valor, quando se ingressa na esfera do passado histórico-ritualístico, sem documentos, à procura dos necessários liames elucidativos.

Terminada a indispensável digressão, voltemos ao tema, propriamente dito. Depois que ao já Neófito eram transmitidos os ss∴ os tt∴ e as pp∴, havia a passagem dos aplausos. Em seguida, o Orador usava da palavra e, finalmente, era lida a Instrução escrita no Ritual (páginas 23, 24 e 25, no tamanho 14,7 x 21 centímetros).

A DESCRIÇÃO DAS VIAGENS, SEGUNDO O RITUAL DE 1837, DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL.

O citado Ritual de 1837 possuía conteúdo bem maior do que o apresentado pelo anterior Ritual do Grande Oriente Lusitano. Aquele, o de 1837, era enriquecido com um Calendário muito interessante, ensinava um misterioso Alfabeto, elucidava o modo de entrar no Templo, descrevia a Recepção aos Visitantes, mos- trava de que modo eram usadas as Estrelas, de que modo eram batidos os Malhetes, de que modo eram feitos os Aplausos e os Agradecimentos, fazia a explicação dos Termos e Significados, de que modo era formada a Cadeia de União, de que modo era instalada a Loja de Banquetes e de que modo eram feitas suas Sete Saúdes.

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Na capa do focalizado Ritual (de 1837, reitera-se) estava escrito: "Regulador Maçônico do Rito Moderno, contendo os Rituais, segundo o Regimento do G∴ O∴ de França, bem como as formalidades e disposições diversas concernentes à Ordem para uso dos Officiais deste Rito ao G∴ O∴ do Brasil." (no passado, umas vezes encontramos Brasil com "s" e outras vezes, com "z").

Mas, na descrição das Viagens o Ritual de 1837 do Grande Oriente do Brasil seguia, quase vocábulo por vocábulo, o Ritual do Grande Oriente Lusitano. Três diferenças, pequenas, estavam na parte final, isto é, após o recebimento da Luz. É evidente que o Venerável Mestre, ao receber o Candidato e constituí-lo Maçom, não o fazia em nome do Grande Oriente Lusitano, e sim em nome do Grande Oriente do Brasil. A expressão "cachimbos compostos com resina" foi substituída por "tochas". O beijo fraternal "pelo número misterioso de três" deixou de existir. É indispensável a observação de que a p∴ s∴ e a p∴ de p∴ eram as mesmas usadas hoje pelo Rito em foco e, também, pelo Rito Adonhiramita.

Abriremos o próximo Capítulo mostrando as grandes modificações das Viagens, segundo o Ritual de 1892 e sua manutenção nos posteriores Rituais do Rito Moderno, até hoje.

CAPÍTULO XIX

Os Respeitáveis Irmãos Leitores que acompanham esta série já sabem que o Ritual do Rito Moderno, de 1892, do Grande Oriente do Brasil (aprovado pelo Decreto nº 109-GOB, de 30 de julho do citado ano), cujo trabalho gráfico foi elaborado na Imprensa Nacional (não consta seu endereço), deixou de incluir menções ao Grande Arquiteto do Universo, sob a indisfarçável influência da reforma efetuada no Grand Orient de France, em 10 de setembro de 1877. Essa abolição foi mantida e prevalece até hoje (este Capítulo começou a ser escrito em maio de 2005), conforme Ritual aprovado pelo Decreto nº 252-GOB, de 12 de maio de 1999. Em nossa Pátria, o mentor intelectual da introdução da citada reforma foi o Ir∴ Henrique Valadares (ele nasceu em 15 de março de 1852 e faleceu em 9 de novembro de 1903; foi, no Grande Oriente do Brasil, Grande Secretário Geral, quando houve tal reforma, apesar de, estando ele viajando, o cargo ser então

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ocupado, interinamente, pelo Ir∴ Olympio de Souza Pitanga; por haver sido o mentor intelectual daquela reforma, reitera-se, o Ir∴ Henrique Valadares recebeu um voto de louvor do Grande Capítulo do Rito Moderno, em Sessão realizada em 23 de junho de 1892; mais tarde, a partir de 21 de junho de 1901 até seu falecimento, ele se tornou Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Brasil e, automaticamente, Lugar-Tenente Grande Comendador do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito; oficial do Exército, atingiu o Generalato e obteve reforma no posto de Marechal; era muito influente, dentro e fora de nossa Ordem; manteve amizade pessoal com o Marechal Floriano Vieira Peixoto).

Sobre a manutenção da ausência do Grande Arquiteto do Universo no Rito Moderno, reportemo-nos à Constituição do Grande Oriente do Brasil, de 24 de junho de 1990 (aprovada pelo Decreto nº 162, daquela mesma data), da tradicional Potência, no artigo 2°, inciso I, que deixa bem claro ser postulado universal da Instituição Maçônica "a existência de um princípio criador: o Grande Arquiteto do Universo". Demais disso, sem excluir as Lojas do Rito Moderno, o artigo 26, inciso I, da mencionada Carta Magna preceitua que "São deveres da Loja: I - observar os princípios tradicionais da Instituição, cumprir e fazer cumprir a Constituição, as leis, os regulamentos e as decisões dos Altos Corpos (o grifo é deste articulista). Essa matéria foi o cerne do Capítulo XII desta série; portanto, não é mais necessário que, agora, nele nos detenhamos, apesar de sua inegável relevância. Assim mesmo, é oportuno asseverar que, à data daquela reforma (30 de julho de 1892, já vimos), estava em vigor, no Grande Oriente do Brasil, a Carta Magna de 30 de novembro de 1891, impressa na "Typ. da Papelaria Ribeiro", da Rua da Quitanda, nº 79-B, Rio de Janeiro - RJ (publicada por força do Decreto nº 99-GOB, de 28 de janeiro de 1892), cujo artigo 108 (sem estabelecer a exclusão do Rito Moderno) exigia que, na regularização de uma Loja houvesse Proclamação (sim, Proclamação, após o Juramento)à Glória do Grande Arquiteto do Universo.

Em decorrência de tal reforma, as três Viagens, que já vimos em anteriores Capítulos (isto é, as três Viagens que já vimos em dois antigos Rituais, primeiramente no Ritual do Grande Oriente Lusitano, impresso em Lisboa, em data ignorada, mas antes de 1815, e, posteriormente, no primeiro Ritual do Grande Oriente do Brasil, este impresso 1837 e que copiou aquele outro), foram inteiramente modificadas. Deixaram de existir as referências em torno do ar, da água e do fogo. Antes de cada Viagem, passou a existir um

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interrogatório (mas, seus termos não eram exatamente os mesmos dos atuais).

Após o término do primeiro interrogatório, o Venerável Mestre dizia ao Candidato que este iria fazer três Viagens, simbolizando três fases da vida, e lhe perguntava se consentia em fazê-las. Em Rituais posteriores, incluindo-se o de 1999, a citada pergunta deixou de existir, permanecendo, no entanto, a afirmação referente à realização de três Viagens e permanecendo a explicação atinente à sua correspondência com as três fases da vida.

Comentário gramatical: Para evitar possíveis dúvidas, é necessário salientar que o pronome lhe foi usado corretamente por este articulista. Mas, às vezes, em alguns programas de televisão, produzidos em nossa Pátria, há diálogos (que causam espécie em Portugal, quando lá esses programas são exibidos) nos quais ouvimos o inadequado uso do sublinhado pronome a substituir, erroneamente, outros pronomes, que são os oblíquos diretos o e a. Exemplos: "Não lhe vi" (errado). "Não o (a) vi" (certo). "Não lhe conheço"(errado). "Não o (a) conheço" (certo). Por outro lado, lembremo-nos de que são corretas as expressões: "Não lhe vi as virtudes" e "Não lhe conheço os métodos".

A primeira Viagem passou a ser, a partir do citado Ritual do Rito Moderno do Grande Oriente do Brasil, de 1892 (e continua sendo) concernente à Infância e à Família. O 1º Experto e outro Irmão seguravam o Candidato, que era impelido (“para a frente", conforme estava escrito naquele Ritual, e assim continuou e continua, até hoje) por aqueles dois Irmãos, que o haviam segurado por um dos braços e posto a outra mão sobre o ombro. Dizia o referido Experto: "Meu filho, vinde comigo". Essa parte não foi modificada. Todavia, o Ritual de 1999 explica que, se forem vários os Candidatos, intervirão o 2° e o 3° Expertos e tantos outros Irmãos. Falando ao Candidato, quando concluída a Viagem, o Venerável Mestre ensinava, em síntese, que ela simbolizava a Infância, porque a criança, ao vir ao mundo, está nua, é fraca e sem condições de prover às suas necessidades, cabendo ao homem e à mulher, que lhe proporcionaram a vida, o "dever de dar satisfação ao seu direito". Continuando, o Venerável Mestre ensinava ao Candidato que este, sem luz, incapaz de, sozinho, dar os primeiros passos, era sustentado pelos dois Maçons que representavam os pais e que os três, juntos, representavam a Família. Durante o percurso não havia qualquer obstáculo.

De um modo geral, aqueles inovadores ensinamentos de 1892, sobre a primeira Viagem, no Rito Moderno, foram

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mantidos até hoje (levando em conta o mês de maio de 2005), apesar da substituição de alguns vocábulos por sinônimos, mas sem alteração do conteúdo simbólico. Sim, aqueles ensinamentos foram mantidos. Entretanto, sucessivos Rituais, incluindo-se o de 1999, ainda que mantendo aqueles ensinamentos, aproveitaram uma parte do que constava do Ritual do Grande Oriente Lusitano (e que, reitere-se, o Ritual do Grande Oriente do Brasil, de 1837, já havia copiado) e alteraram o percurso do Candidato, que, naquela primeira Viagem, passou a ter obstáculos, pelo menos de modo implícito, e acrescentaram (ao texto final dos ensinamentos mantidos) a simbologia da citada Viagem, que passou a ser, também, o emblema da vida humana, o tumulto das paixões, o choque dos diversos interesses, a dificuldade das empresas e os obstáculos que se multiplicam sobre os passos do Aprendiz na desigualdade da estrada pela qual ele caminhou. Talvez alguns Respeitáveis Irmãos Leitores imaginem que, agora, confuso, este articulista já esteja começando a apresentar a simbologia de uma parte da primeira Vi- agem de outro(s) Rito(s). Não! A referência é mesmo ao Rito Moderno.

O próximo Capítulo talvez seja o penúltimo desta série. Dependerá do espaço gráfico dedicado às outras Viagens (faltam duas) dos Rituais de 1892 e de 1999, porque abordagens inevitáveis suscitarão novas digressões, que poderão torná-lo o antepenúltimo. Por exemplo, este articulista não omitirá, no próximo Capítulo, a influência do Ritual do Rito Moderno de 1892 sobre uma parte da simbologia da primeira e da segunda Viagens pratica- das no Rito Escocês Antigo e Aceito das Grandes Lojas Estaduais (assunto inédito!).

CAPÍTULO XX (PENÚLTIMO)

Já foi descrita e analisada a primeira Viagem, representativa do binômio Infância-Família e, também, já foram vistas as pequenas diferenças que aquela Viagem apresenta nos dois ora focalizados Rituais, isto é, de 1892 e de 1999. Entretanto, no presente Capítulo, antes de apresentar a descrição e a análise pertinentes às duas outras Viagens, há um esclarecimento, que, aliás, já deveria ter sido apresentado. Quando menciona o Ritual de 1892 (aprovado pelo Decreto nO 109-GOB, de 30 de julho daquele ano), este articulista faz referência ao fato de que o trabalho gráfico foi elaborado na Imprensa Nacional (Rio de Janeiro - RJ), pois assim está escrito em sua capa. Entretanto, alguns Rituais posteriores, reportando-se ao

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citado Ritual de 1892, informam que ele foi composto e impresso na "Tipographia da Casa Vallelle",(mais tarde a denominação passou a ser "Tipografia e Papelaria Vallelle"), da Rua do Carmo, nº 63 (Rio de Janeiro - RJ), constando suas adoção e aprovação pelo Grande Capítulo do Rito Moderno em 23 de junho de 1892 (portanto, alguns dias antes do Decreto lavrado pelo Grande Oriente do Brasil). Porém, da coleção deste articulista, não consta o Ritual de 1892, da aludida tipografia. Obviamente, isso não significa que aquele Ritual não exista. Com referência ao Ritual do Rito Moderno do ano de 1892, o autor desta série quer consignar que só possui e só conhece o trabalho gráfico da Imprensa Nacional.

No citado Ritual de 1892 (diante do que já ficou bem esclarecido, é claro que estamos tratando daquele elaborado pela Imprensa Nacional), terminado o segundo interrogatório, começava a segunda Viagem, mais lenta do que a primeira. O Candidato era conduzido por um dos Expertos (presume-se que fosse o Primeiro, apesar de não estar escrito na segunda Viagem, mas estava escrito na primeira e na terceira), que lhe dizia: "Meu discípulo, segui-me". Terminado o percurso, o Venerável Mestre perguntava ao Candidato quais as suas impressões sobre o ato. Se fosse preciso (é assim que estava escrito no Ritual), o Venerável Mestre, ajudando, estabelecia um paralelo entre aquela Viagem e o binômio A Juventude - O Mestre, fazendo alusão ao "Mestre ou Professor", em auxílio do pai e da mãe, que nem sempre estariam em condições de conseguir dar ao adolescente e, "mais tarde ao mancebo", o conjunto de ensinamentos concernentes à instrução geral. A intervenção constituiria uma segunda manifestação da solidariedade humana. Concluindo, o Venerável Mestre dizia que o Maçom condutor do Candidato estava representando o Mestre. Se este não interviesse, aquele teria seus passos perdidos sem direção e sem fito.

Esse entendimento é quase igual ao que dimana do Ritual de 1999. Realmente, em relação à parte que foi agora descrita, as diferenças são pequenas, e não alteram o sentido. Exemplificativamente, no Ritual de 1999, não existe a expressão "mais tarde ao mancebo". Também, não existe a conjunção "ou", em "Mestre ou Professor". Só existe "Mestre". Porém, quanto aos ensinamentos, propriamente ditos, vimos, no anterior Capítulo, na análise atinente à primeira Viagem, que, de um modo geral, as inovações constantes dos ensinamentos postos no Ritual de 1892 foram mantidas em sucessivos Rituais posteriores, mas, apesar de tais inovações serem mantidas, houve um acréscimo na parte final do simbolismo daquela Viagem (cuja repetição

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agora é desnecessária), com base no respectivo texto do Ritual do Grande Oriente Lusitano. Pois bem, o mesmo deve ser dito sobre a segunda Viagem, porque, de um modo geral, foram igualmente mantidas, em Rituais posteriores, as inovações trazidas pelo Ritual de 1892. No entanto, apesar dessa manutenção, houve um acréscimo em sua parte final, igualmente com base no respectivo texto do Ritual do Grande Oriente Lusitano, de modo que naquela Viagem, feita com "menos dificuldades e embaraços do que na primeira", passaram a existir, em sucessivos Rituais (todos posteriores a 1892), tinidos de armas (provocados pelo "contínuo tinir de espadas"), simbolizando os combates para vencer a luta contra o vício. Na falível opinião deste articulista, que não é psicólogo, só luta contra o vício quem se vê ameaçado por ele.

Verdadeiramente, é estranho, muito estranho, que o Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring, depois de ter qualificado o Rito Moderno de "arremedo bufo de Maçonaria" (contrariando os anteriores elogios que ele fizera e apesar de ter sido, em 1903/1904, Venerável Mestre da Loja "Ganganelli", do Rio de Janeiro - RJ, então trabalhando no citado Rito, de cujo Grande Capítulo ele participara, ao ter seu nome aprovado por 16 votos contra 2, mediante eleição realizada em 7 de outubro de 1903), tenha copiado uma parte das inovações do referido Ritual do Rito Moderno do Grande Oriente do Brasil, de 1892, quanto à primeira Viagem, referente à Família e à criança, e quanto à segunda, referente ao Discípulo e ao Mestre (mas, nada copiou da terceira Viagem, que ainda não vimos e que veremos no próximo Capítulo, o último desta série) e as tenha colocado naquelas duas Viagens, conforme consta dos três primeiros Rituais das três primeiras Grandes Lojas: da Bahia (fundada em 22 de maio de 1927), do Rio de Janeiro (fundada em 22 de junho de 1927; não confundi-la com a do Estado do Rio de Janeiro, fundada posteriormente, em 21 de setembro de 1927 e Carta Constitutiva em 10 de novembro do citado ano) e de São Paulo (fundada, oficialmente, em 2 de julho de 1927, mas, em verdade, existente desde 18 do mês anterior, com a denominação de "Grande Loja Escosseza de São Paulo”).

Os primeiros Rituais daquelas três primeiras Grandes Lojas, então denominadas "Grandes Lojas Symbólicas", foram impressos no mesmo dia, com o mesmo texto, no ano de 1928, e não 1927, ou seja, no ano seguinte ao daquelas fundações, na "Typographia Delta", Rua Dias da Cruz, nº 129, Rio de Janeiro. Tais Grandes Lojas (e todas as que foram

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posteriormente fundadas) podem ser consideradas no- vas, pois existiram outras, antes, até mesmo no Século XIX, algumas subordinadas ao Grande Oriente do Brasil.

Por cautela, para que não chegue a ser estabelecida a mínima dúvida, é oportuno elucidar que as citadas cópias, provenientes do Ritual de 1892, do Rito Moderno do Grande Oriente do Brasil, usadas em 1928 pelo Ir∴ Mário Marinho de Carvalho Behring, constituíam (e continuam a constituir) apenas uma parte do simbolismo da primeira Viagem e uma parte do simbolismo da segunda Viagem, praticadas pelas Grandes Lojas Estaduais. Porém, na maioria das considerações descritivas e simbólicas (essa maioria abrange as três Viagens), o citado líder maçônico não copiou do Ritual do Rito Moderno de 1892, mas, sim, do Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, do Grande Oriente do Brasil, impresso em 1922 na "Oficina da Escola Profissional Maçônica José Bonifácio", Rua Paraguai, nº 72, Rio de Janeiro. O mencionado Ritual de 1922 era baseado no de 1857, igualmente do Rito Escocês Antigo e Aceito e do Grande Oriente do Brasil, impresso em 1857 na "Tipographia Menezes", Rua do Cano (depois denominada Rua Sete de Setembro), nº 165, Rio de Janeiro (obviamente, os Respeitáveis Irmãos Leitores sabem que, em várias oportunidades, este articulista prefere manter a grafia original, por exemplo: "Typographia", "Symbólica", "Escosseza" e "Ofjicina").

Em princípio, alguém poderá ser contrário às exposições digressivas, de natureza histórica, quando invadem âmbito ritualístico, e poderá, também, ser contrário às comparações com Rituais de Ritos, que não façam parte do foco de um trabalho, se existirem desnecessários truncamentos da leitura, que dificultem o entendimento do próprio texto. Mas, por outro lado, positivamente, quando as digressões apresentam ineditismo e clarificam pontos penumbrosos, verifica-se que elas, de modo justificável, são sempre muito bem acolhidas.

No próximo Capítulo (o último desta série, conforme já foi afirmado), será descrita a terceira Viagem, de acordo com os Rituais do Rito Moderno de 1892 e de 1999, com algumas considerações sobre o recebimento da Luz.

CAPÍTULO XXI (ÚLTIMO)

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Na terceira e última Viagem, conforme o Ritual de 1892, o Primeiro Experto convidava o Candidato a 1evantar-se, dava-lhe o braço e dizia: "Meu amigo, apoiai-vos em mim". Durante o percurso, o Candidato caminhava "com passo firme e normal". Era o referido Experto quem, ao terminar a citada Viagem, fazia o respectivo anúncio ao Venerável Mestre. Tenhamos os olhos fixos nos textos, e comprovaremos o risco existente na elaboração de cópias de um para outro Ritual, sem o imprescindível cuidado.

No Ritual de 1892, com a necessária clareza, está escrito: "Faz então dar três passos para a frente, para o Oriente, depois, voltando à esquerda, seguem pelo Norte, Occidente e Meio-dia, indo até o Oriente, d'onde o candidato volta a seu lugar, dando para isso três passos e senta-se".

Porém, mais tarde, o texto foi modificado, e essa modificação continua no Ritual de 1999: "O (cada) Exp∴faráo candidato dar três passos para a frente, para o Or∴; depois, voltando à esq∴, seguem pelo N∴; regressam ao Ocid∴ e retoma seu lugar". Sim, todos "seguem pelo N:." e todos "regressam ao Ocid∴ ", mas quem "retoma seu lugar" é só o "Candidato". Entre as expressões "regressam ao Ocid∴" e "retoma seu lugar", faltou a expressão "O Candidato", que não aparece na regência do verbo "retomar". Não se diga que estamos diante de "elipse do sujeito".

Diga-se, isto sim, que estamos diante de redação defeituosa.

Terminada a focalizada Viagem, conforme anúncio que, no Ritual de 1892, era feito pelo Primeiro Experto (e que assim continua no Ritual de 1999), o Venerável Mestre determinava (nas Viagens anteriores ele perguntava, sem determinar) ao Candidato que explicasse o simbolismo respectivo. No Ritual de 1999, não há essa determinação. O Candidato permanece em silêncio, pois o Venerável Mestre, diretamente, lhe dá as explicações. Entretanto, no Ritual de 1892, "sendo preciso", o Venerável Mestre apresentava seu auxílio, explicando, em síntese, que aquela Viagem simbolizava a idade madura, na qual, mesmo assim, continuava a ser necessário o socorro dos mais enérgicos, mais sábios e mais instruídos, porque o homem, isolado, não poderia ter êxito em nenhuma empresa importante; se

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oprimido pela injustiça ou vítima de um acidente ou na indigência ou enfermo, necessitaria de socorro, sendo-lhe indispensáveis conselhos e animações. No final das considerações, ficava esclarecido que elas significavam a direção e o apoio proporcionados pelo homem (no caso, o Primeiro Experto) que havia conduzido o Candidato naquela Viagem. Tais conceitos, com algumas indisfarçáveis obviedades e, também, com algumas assertivas discutíveis, continuam quase as mesmas no Ritual de 1999. Uma diferença está no fato (já vimos) de que o Candidato não mais apresenta qualquer interpretação (e isso até já antes de 1999). Outra diferença veremos a seguir:

Comentário gramatical supletório:

Mesmo não sendo esta série destinada à tentativa de solução de questões vernáculas, precisa ser destacado que, no Ritual de 1892, o Venerável Mestre usava da expressão: "É isso o que significam a direcção e o apoio que, nessa viagem,". O verbo "significar" estava no plural ("significam”), concordando com os substantivos "direcção e apoio" ("direcção" estava em consonância com a grafia da época, ou seja, a grafia anterior à reforma ortográfica determinada pela Academia Brasileira de Letras, na histórica sessão de 12 de agosto de 1943); porém, existia o desnecessário pronome indefinido "o", depois de "É isso" e antes de "que": ("É isso o que .... "). Mais tarde, o mencionado pronome indefinido foi tirado, o verbo permaneceu no plural e houve a adoção da grafia moderna: "É isso que significam a direção e o apoio que, nessa viagem". Em nova modificação, o verbo passou para o singular e assim continua no Ritual de 1999: "É isso que significa a direção e o apoio que, nessa viagem...". De fato, o sublinhado verbo está no singular. A nova modificação, com o verbo no singular ("significa", em lugar de "significam”) pode ser atribuída a uma desatenção do copista, ou, talvez, de modo consciente, ele tenha entendido ser possível equiparar, gramaticalmente, aquele texto à última linha da segunda estrofe do Canto I de "Os Lusíadas", onde o imortal Camões escreveu: "Se a tanto me ajudar o engenho e arte", Realmente, o poeta usou "ajudar", e não "ajudarem", porque "engenho e arte" (sujeito composto) possuem significados semelhantes, estão ambos no singular e são pospostos ao verbo, que, por essas razões, permanece no singular (quem sente atração pelos estudos literários, especificamente no campo da arte poética, sabe que, se o incomparável bardo lusitano usasse o verbo "ajudar" no plural, quebraria a métrica e estariam desfigurados os versos decassílabos de sua referida e imorredoura obra).

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Depois de lhe afirmar, no Ritual de 1892, que as provas estavam terminadas, o Venerável Mestre perguntava ao Candidato, lembrando-o da promessa inicialmente feita, se ele estava disposto a confirmá-la. Sendo a resposta afirmativa, o então interrogando ficava sabendo que iria receber a Luz, posteriormente à verificação de sua "solidariedade", perante os necessitados (essa passagem exigiria deste articulista uma dissertação, mas em Loja e fora dos Graus de Aprendiz e de Companheiro). Cabia ao Hospitaleiro conhecer da intenção do Candidato, em segredo, e transmiti-Ia, igualmente em segredo, ao Venerável Mestre, que faz o devido agradecimento. Toda essa parte continua sem modificação no Ritual de 1999.

Feito o citado agradecimento, de acordo com aquele pretérito Ritual, o Venerável Mestre perguntava ao Candidato se estava disposto a ficar ligado aos Maçons por meio de uma "promessa", quando houvesse recebido a Luz. Sempre aguar- dando uma resposta positiva, sob pena de ser encerrada a Sessão (é evidente), o Venerável Mestre perguntava ao Primeiro Vigilante o que ele pedia para ser con- cedido ao Candidato. Recebendo a óbvia resposta, o Venerável Mestre determinava a concessão da Luz, depois do que o Candidato era conduzido, pelo Mestre-de-Cerimônias, ao Oriente, onde, colocando a mão direita sobre o Esquadro e sobre "o livro da lei maçônica", prestava sua "Obrigação", por meio de três "promessas": pela primeira, ele concordava em espalhar a verdade; pela segunda, ele concordava em auxiliar os fracos, fazer justiça a todos e ser fiel à Família e à Pá- tria e a ser fiel consigo mesmo; pela terceira, ele concordava em amar os Irmãos, observar fielmente a Lei Maçônica e nada revelar do que "em segredo" lhe fosse confiado. Este articulista vem afirmando que o segredo maçônico está restrito aos SS∴, aos TT∴ e às PP∴. Aliás, se assim não fosse, este artigo não poderia ser escrito, nem mesmo em uma Revista Maçônica.

Diversamente do que estabeleciam o Ritual do Grande Oriente Lusitano, aquele impresso em data ignorada, mas antes de 1815, e o Ritual do Grande Oriente do Brasil, impresso em 1837 (ambos estudados em anteriores Capítulos desta série), o de 1892 não apresentava Altar dos Juramentos ou qualquer outro móvel equivalente. Ora, considerando que o Candidato prestava sua "Obrigação" após colocar a mão direita sobre o Esquadro e sobre "o livro da lei maçônica" e que sobre a Mesa do Venerável Mestre estavam os citados Esquadro e livro (juntamente com um candelabro de três luzes, um Malhete e uma Espada, conforme Capítulo XV), isso nos leva a inferir que o Candidato prestava a sublinhada Obrigação sobre aquela Mesa.

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Qual seria o citado "livro da lei maçônica"? Na parte referente às “Disposições e decoração do Templo", o Ritual de 1892 estabelecia que o aludido livro era "um exemplar da Constituição". Presume-se que fosse a Constituição do Grande Oriente do Brasil, de 30 de novembro de 1891, impressa na "Typ. da Papelaria Ribeiro", da Rua da Quitanda, nº 79-B, Rio de Janeiro - RJ (e não a Constituição da República, de 24 de fevereiro de 1891). Segundo a "opinião particular" deste articulista, em todas as Potências Maçônicas, em todos os Ritos, independentemente da perquirição sobre a crença religiosa do Candidato, o ato Juramento, Compromisso, Obrigação, Pacto ou denominação outra) de- veria ser prestado, sempre, sobre a respectiva Carta Magna Maçônica, e nunca sobre um livro de conteúdo religioso, qualquer que seja esse livro, pois a nossa Ordem não é uma religião!

Sendo oportuno este momento gráfico, merece um breve destaque o Ritual de 1983, apesar de que ele não está englobado na presente série. Tal destaque é devido ao fato de que, mesmo pertencendo ao Rito Moderno, aquele Ritual, na página 7, em nota de rodapé, com um antecedente asterisco, estabelecia: “Em todas as sessões, o Livro da Lei - a Bíblia - deverá estar sobre o Altar dos Compromissos (Capítulo lI, inciso III, letra 'h', da Constituição do Grande Oriente do Brasil)". Não é surpreendente? No entanto, a Constituição em referência, de 8 de agosto de 1981, não previa “Altar dos Compromissos", mas sim “Altar dos Juramentos". Antes de mencionar o "Capítulo II", o rodapé deveria ter esclarecido tratar-se do "Título I". Note-se, outrossim, que a denominação de "Altar" era dada ao dos Compromissos (já vimos) e à Mesa do Venerável Mestre.

De acordo com o Ritual de 1999, a "promessa solene", com os mesmos termos da "Obrigação", que já vimos no Ritual de 1892, é prestada "ante o Triângulo dos Compromissos" ("uma pequena mesa triangular"), que fica no Oriente, à frente da Mesa do Venerável Mestre e diante do Esquadro, do Compasso e do "Livro da Lei", que recebe a denominação de "regra da Moral Maçônica".

PS: A redação acima acha-se vazada com base em legislação e ortografia vigentes em época pretérita.

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RITO SCHRÖDER

IIr∴Werner Rinkus Ubyrajara de Souza Filho

Os Rituais de Schröder (pronuncia-se "chreder") foram aprovados em 1801 pela Assembléia dos Veneráveis Mestres da Grande Loja de Hamburgo, Alemanha, sendo praticados por alemães e seus descendentes em diversos países. No Brasil, com a colonização germânica no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o Rito estabeleceu-se inicialmente no idioma Alemão. Mais tarde foi traduzido para o Português e hoje é reconhecido pelas Grandes Lojas Estaduais- CMSB, pelo G. O. B. e pelos Grandes Orientes Estaduais Independentes - COMAB.

Os Rituais foram elaborados por uma Comissão presidida pelo Irmão FRIEDRICH LUDWIG SCHRÖDER, nascido em 3 de novembro de 1744 e falecido em 3 de setembro de 1816. Iniciado em 1774 no Rito da Estrita Observância, em 1785 foi eleito V.M. de sua Loja Mãe, a "Emanuel Zur Maienblume", ficando no cargo até 1799. Entre 1794 e 1814 foi Deputado do Grão-Mestre (Grão-Mestre Adjunto) e, de 1814 a 1816, Grão-Mestre da Grande Loja de Hamburgo e da Baixa Saxônia (naquela época a Alemanha ainda não fora unificada).

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O Ir∴ Schröder gozava de grande prestígio como Maçom e como profano (foi considerado na época, "o maior ator que a Alemanha já teve") e era reconhecido como um profundo conhecedor da História e dos Antigos Rituais da Maçonaria. Estudou principalmente os livros "As Três Batidas Diferentes na Porta da Mais Antiga Franco-Maçonaria – The Three Distinct Knocks at the Door of the Most Ancient Free-Masonry", de autor desconhecido, sem dúvida o mais antigo ritual maçônico impresso; e "Maçonaria Dissecada - Massonry Dissected", de Samuel Prichard, que continha as práticas maçônicas utilizadas em Londres em 1730.

Examinou também, os rituais dos diversos sistemas de graus complementares que proliferavam na Europa daqueles tempos. Suas pesquisas o levaram a abolir os chamados "altos graus", bem como todo o ocultismo que dominava a Maçonaria Alemã, restaurando o Antigo Ritual Inglês, adaptando-o para a cultura e para o idioma germânicos seus contemporâneos. É devido a essa origem comum nos antigos rituais ingleses que o Rito Schröder é semelhante ao Rito de York (Emulation Rite) sem, contudo, ser uma cópia do mesmo.

O Ir∴ Schröder entendia a Maçonaria como uma união de virtudes e não, uma sociedade esotérica. Por isso, enfatizou no seu Ritual o ensinamento dos valores morais e a difusão do puro espírito humanístico, dentro do verdadeiro amor fraternal. Preservando a importância dos símbolos e resgatando o princípio que afirma ser "a verdadeira Maçonaria a dos Três Graus de São João".

O famoso historiador e maçom Findel, na sua História Geral da Franco-Maçonaria, dedica grandes elogios ao Ir∴ Schröder, como podemos perceber nessa passagem: "Além

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de maior pureza de objetivos (comparando-se com os do Ir∴ Fessler que atuava em Berlim) em que se inspiraram seus trabalhos e investigações, sua natureza, sua forma e as circunstâncias exteriores o secundaram ainda mais eficazmente. Estava-lhe reservada a glória de fazer penetrar vitoriosamente a luz entre as trevas do erro, de dissipar as espessas nuvens que obscureciam os resplendores da verdade maçônica e de assentar bases sólidas para atividade de seus Irmãos."

Pelo seu trabalho e exemplo, o Ir∴ Schröder é venerado e respeitado hoje, como no passado, sendo homenageado pelas antigas Lojas alemãs e por Lojas e Irmãos de todo o mundo.

Algumas Características do Rito Schröder:

• O Rito Trabalha exclusivamente nos Três Graus Simbólicos ou Azuis;

• Somente os cargos de Ven. Mestre, Vigilantes e Tesoureiro são eletivos;

• O Orador é nomeado pelo V. M. somente para as sessões em que for considerado necessário e não atua como "Guarda da Lei", que é o próprio V.M.;

• Os demais cargos em Loja: Secretário; 1° e 2° Diáconos; Mestre de Harmonia; 2° Diáconos Adjuntos (Guardas do

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Templo interno e externo) e Preparador, são nomeados pelo V. M.;

• O 1° Diácono é também o Mestre de Cerimônias;

• São T. as batidas para todos os Graus, variando apenas na cadência;

• Durante as Sessões ritualísticas a Palavra é concedida pelo V. M. através do 2° Vig.;

• Todos os Irmãos usam chapéu ou cartola ("cilindro alto") e luvas brancas nas Sessões;

• Os aventais: o de Aprendiz é branco e mantém a abeta levantada; o de Companheiro é branco e tem a abeta baixada, circundada por uma borda azul; o de Mestre é branco com uma borda azul que também circula a abeta baixada, sem rosetas ou Taus.

• O avental de Mestre é o mesmo para o V.M. e os Ex-Veneráveis;

• O Rito original não adota a Cerimônia de Instalação de Veneráveis Mestres. É o Reg. Geral da Potência que determina este procedimento adotado pelas Lojas Brasileiras;

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• O V.M., em visita a outras Lojas, usa na lapela esquerda, presa a uma fita azul, uma comenda com um pequeno Esquadro;

• Os Ex-Veneráveis, chamados Past Masters, usam na lapela esquerda, presa a uma fita azul, uma comenda com a representação gráfica do 47° Problema de Euclides pendurada a um pequeno Esquadro;

• Utiliza-se Sessões "a campo" (fora do Templo) para assuntos administrativos e também para apresentação de Trabalhos ou Instrução;

• Todos os Irmãos tem direito a Voz e voto (inclusive Aprendizes e Companheiros). É o Reg. Geral da Potência que determina, por exemplo, que para a Administração votem apenas os Mestres Maçons;

• Todas as Sessões são encerradas com a formação da Cadeia de União em um cerimonial próprio;

• Se necessário passar a "Palavra Semestral", o V.M. formará uma segunda Cadeia de União após encerrada a Sessão;

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• Adota-se a "Noite dos Convidados", que é uma Sessão Branca Especial "a campo" (fora do Templo e sem ritualística) para apresentar candidatos à Loja.

Algumas Características do Templo do Rito Schröder:

• As Colunas J e B - Tais Colunas, no Rito Schröder, fazem parte, apenas, da instrução ministrada pelo Venerável Mestre por ocasião das iniciações e promoções, mas não se constituem em símbolos instalados na Sala da Loja. Integram, portanto, a alegoria para identificar as PPal∴ SSagr∴ dos respectivos graus.

• Piso em um único nível (sem degraus) para Oriente e Ocidente (algumas Lojas – inclusive a ABSALOM - adotam dois degraus para o Oriente e um terceiro degrau para o Altar do V.M.);

• A decoração do Templo pode ser simples, com teto e paredes na cor azul variando apenas na tonalidade (pode-se também utilizar formas artísticas e arquitetônicas para embelezar o Templo);

• O Tapete da Loja, com os símbolos tradicionais da Ordem, é aberto ritualisticamente no centro do piso no Ocidente, substituindo os Painéis dos Três Graus;

• Três Colunas (que podem ser das ordens Jônica, Dórica e Coríntia) encimadas por "Três Grandes Velas" circundam o Tapete (algumas Lojas adotam três grandes castiçais);

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• A iluminação do Templo na Abertura e no Encerramento da sessão segue um cerimonial próprio (do Oriente para o Ocidente);

• Um Triângulo ou um Compasso e um Esquadro com a letra G no centro na parede oriental, sobre a cabeça do V.M.;

• Altar (mesa retangular e cadeira sobre uma plataforma) para o V.M.;

• Mesas simples e retangulares para os Oficiais (1° e 2° Vigilantes, Secretário e Tesoureiro);

• O Livro da Lei sobre o Altar (que é a própria a mesa do V.M.) permanece fechado;

• Na abertura da Loja, Compasso e Esquadro são armados pelo V.M. de acordo com o Grau dos Trabalhos e colocados sobre o Livro da Lei;

• Ao lado e abaixo do Altar fica uma cadeira, a direita do V.M., para o G.M. ou seu Deputado;

• Ao lado e abaixo do Altar fica uma cadeira, a esquerda do V.M. , para o V.M. Adjunto (Ex-V.M. mais moderno);

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• Os Past Masters (Ex-Veneráveis Mestres, pois o Rito não usa a expressão M.I.) sentam-se no fundo do Oriente, de frente para o Ocidente.

• Os Aprendizes sentam-se na primeira fila da Coluna do Norte;

• Os Companheiros sentam-se na primeira fila da Coluna do Sul;

• Os Mestres sentam-se em qualquer das duas Colunas;

• Uma Sala de Preparação e uma Câmara Escura substituem a "Câmara de Reflexão".

Algumas diferenças com o Rito Escocês Antigo e Aceito, pois o Rito Schröder NÃO utiliza:

• Cargos de: Chanceler; Mestre de Cerimônias (é o 1° Diác.); Hospitaleiro; 1° e 2° Expertos; Porta-Estandarte; Porta-Espada; Mestre de Banquetes e Arquiteto;

• Punhos para o V.M. e Vigilantes;

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• Pavimento Mosaico (com o mesmo simbolismo, tijoletas coloridas aparecem na borda do Tapete da Loja);

• Colunas Zodiacais;

• Abóbada Celeste (o céu está representado no centro do Tapete);

• Gradil entre Oriente e Ocidente;

• Altar de Juramentos (é a própria mesa do V.M.);

• Olho que Tudo Vê (substituído por um Triângulo com a letra G no centro, ou pelo Compasso e Esquadro também com a letra G em seu centro);

• Estrela Flamígera;

• Corda de 81 Nós;

• Espadas;

• Espada Flamejante;

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• Prova dos Elementos (substituída pelas 3 Viagens);

• Painéis dos Graus (representados pelo Tapete);

• Mar de Bronze;

• Bolsa de Propostas e Informações (são entregues diretamente ao V.M., antes do início da sessão);

• Giro hierárquico para o Tronco de Solidariedade;

• Turíbulo ou incensório, pois não há queima de incenso nas sessões.

Algumas diferenças com o Rito de York (Emulation Rite), pois o Rito Schröder NÃO utiliza:

• Cargos de: Diretor de Cerimônias; Capelão; Organista; Esmoler; Mordomo; Administrador da Caridade;

• Pavimento Mosaico (substituído pelo Tapete da Loja);

• A letra "G" suspensa no centro da Loja;

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• Os Pedestais do V.M. e dos Vigilantes;

• A Pedra Bruta (representada no Tapete);

• A Pedra Esquadrada (Idem);

• Altar de Juramentos (é a própria mesa do V.M.);

• Espada para o Guarda Externo;

• Painéis dos Graus (representados pelo Tapete);

• O andar "esquadrando" o Templo.

Conclusão: O Rito Schröder apresentou expressivo crescimento a partir de 1995, quando havia cerca de 14 Lojas no Brasil. Atribuímos este crescimento a divulgação, nos Seminários de 95 e 98 (RS) e 99 (CE) e, a Fundação do Colégio de Estudos do Rito Schröder de Florianópolis (SC) em 1997. Este, mantém contato com todas as Lojas Schröder do Brasil, buscando sintonia com os ideais de Schröder e com os Rituais da Loja ABSALOM N.º 1. Visa uniformidade ritualística e de pensamento, em um trabalho de cooperação entre Lojas das diversas Obediências. Estas iniciativas estimulam muitos Irmãos, alguns mesmo sem deixar suas "Lojas Escocesas" outros, transferindo-se para Lojas Schröder para fundar novas Oficinas. Por utilizar um

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Templo simples, com poucos paramentos e cargos, torna-se muito mais fácil "trabalhar" em uma Oficina Schröder. Tudo isso contribui para aumentar o número de Oficinas que adotam o Rito. Atento a este movimento, o G. O. B. criou em 1999 o cargo de Grande Secretário Geral de Orientação Ritualística- Adjunto para o Rito Schröder, não por acaso, ocupado por um dos integrantes do Colégio de Estudos.

Alguns aspectos principais chamam a atenção de todos os Irmãos que entram em contato com o Rito: a simplicidade da Liturgia, que em nada diminui sua beleza e profundidade; as palavras amáveis do V.M. ao iniciando e aos Irmãos; a valorização das qualidades morais do homem; o estímulo ao auto-conhecimento.

Pela objetividade, os trabalhos litúrgicos permitem excelente dinâmica. Uma sessão econômica raramente ultrapassa 1h30, tratando-se os assuntos administrativos (ata e expediente) e com apresentação de trabalhos ou instruções. Já uma Sessão Magna de Iniciação de três profanos, cumprindo-se individualmente toda a ritualística, demora cerca de 2h30.

Por estes motivos, já atingimos o expressivo número de 38 Lojas no Brasil, o que supera as 36 Oficinas da Alemanha e, temos certeza, continuaremos crescendo À Gloria do Grande Arquiteto do Universo.

Os Rituais foram traduzidos dos originais revisados pela Loja ABSALOM DAS TRÊS URTIGAS N.º 1 em 1960. Esta

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Oficina fundada em 1737, uma das mais antigas do mundo, é jurisdicionada a Grande Loja dos Maçons Antigos, Livres e Aceitos da Alemanha.

A ORIGEM E FONTES DO RITUAL SCHRÖDER

Na Grande Loja dos Maçons Antigos Livres e Aceitos (que é uma das mais importantes componentes da Potência Maçônica denominada Grandes Lojas Unidas da Alemanha) estão em uso dois rituais oficiais e o uso de mais dois é permitido. A maioria das Lojas trabalham no Rito Schröder na versão realizada em 1960.

A Grande Loja também publicou um ritual da Arte Real baseado na tradição Francesa, com ambos os vigilantes colocados no Oeste e com a Acácia figurando no grau de Mestre. As Lojas que pertenciam a hoje extinta Grande Loja Royal York, foram autorizadas a trabalhar com seus antigos rituais baseados no texto reformado por Fessler. Algumas Lojas da igualmente extinta Grande Loja "Zur Sonne" (traduzido: "Ao Sol") continuam trabalhando pelos seus velhos rituais.

Como na Inglaterra, não há nenhuma diferença fundamental entre estes trabalhos, porquanto todos eles derivam de Prichard's Masonry Dissected (Maçonaria Dissecada de Prichard) ou do Three Distinct Knocks (Três Batidas distintas) tendo sido introduzidos certos elementos de algumas exposições e ainda adicionados embelezamentos de origem Francesa.

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A cerimonia "Passing the Chair" (Passando pela Cadeira) nunca foi introduzida e nem o "Real Arco" tem-lhe dado apoio. A Grande Loja Nacional dos Maçons da Alemanha (outra componente da Grandes Lojas Unidas da Alemanha) ainda trabalha pelo sistema Sueco, que consiste de 10 (dez) graus com um fundo pronunciadamente Cristão.

O Rito York Americano, trabalhado principalmente pelas Lojas Militares (Na Grandes Lojas Unidas da Alemanha existem ainda uma Grande Loja Américo-Canadense e uma Grande Loja dos Maçons Ingleses, cujos componentes em quase sua totalidade são membros das tropas militares estacionadas na Alemanha) introduziu na Alemanha os graus Crypticos e Templários. O Supremo Conselho do 33º para a Alemanha, trabalha pelo Rito Antigo e Aceito, usualmente conhecido como Rito Escocês, parecido com o Rito Escocês Retificado na França, que está se tornando popular de novo.

O que inspirou o Irmão Friedrich Ludwig Schröder em dar um novo Ritual a Maçonaria Germânica e como ele atacou esta tarefa que impôs a si mesmo? Estas são as questões que serão agora investigadas. Primeiramente algumas palavras sobre o homem, Schröder. Ele foi como seus pais, um ator produtor, que naquele tempo significava que ele era proprietário de teatro em Hamburgo. Ele conhecia na Europa as partes onde dominava a língua alemã muito bem, nunca esteve na Inglaterra, França ou Itália. Suas habilidades lingüisticas eram limitadas embora ele fosse capaz de adaptar peças de teatro dos originais Franceses e Ingleses. Sem conhecer Latim e Grego, ele

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adquiriu entretanto um grande cabedal de conhecimento pelo auto-estudo. Acima de tudo se destacava nele o seu caráter forte e sincero. O estado da Franco-Maçonaria na Alemanha no tempo em que ele foi iniciado com a idade de 29 anos, era caótico. Seu proponente foi Johann J. Christoph Bode, seu amigo, e sem escrutínio foi aceito na Loja "Emanuel". O Rito Estrita Observância era dominante naquela época e o caráter da Franco-Maçonaria Inglesa, como originalmente introduzida em Hamburgo, se tinha perdido. As Lojas foram dominadas pelo misticismo, alquimia, Rosa-Cruzes e Iluminados, sendo que os últimos introduziram formas de cavalheirismo e "Altos Graus" importados da França.

Mesmo os sóbrios e democráticos Irmãos de Hamburgo não se abstiveram de desfilar como "Muito excelente Cavaleiro Templário".

Não é de estranhar que um homem sério e despretensioso como Schröder, Estivesse radicalmente contrário a estas excentricidades; ele esperava da Maçonaria, educação e verdadeira moralidade. Com o declínio do Rito Estrita Observância, depois da Convenção de Wilhelmsbad em 1782, a hora de Schröder tinha chegado. Segundo seus desejos os Irmãos de Hamburgo decidiram:

l.º) Restaurar a verdadeira e antiga Maçonaria, como nos foi trazida pelos nossos antepassados e espalhada daqui por quase toda Alemanha, e que existiu em Hamburgo até a reforma de 1765. Esforçar-se zelosamente para elevar seus propósitos a um nível mais alto e fazer com que cada

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um dos seus ramos sejam mais úteis; isto deverá ser alcançado, com amor pela pesquisa da Verdade, seguindo com a máxima sinceridade os ensinamentos da sagrada religião Cristã e pondo fielmente em prática seus deveres.

2º) Melhorar a harmonia entre os Irmãos, procurando concentrar as quatro Lojas unidas em duas, sendo uma Loja Alemã e outra Francesa, e permitir a seus membros elegerem seus Mestres no Festival de São João.

3º) Trabalhar nos três graus da Arte Real de acordo com o Antigo Ritual Escocês dos nossos antepassados, até que os Rituais organizados na Convenção Geral nos sejam comunicados.

Para se ter uma idéia dos problemas que envolviam uma tal decisão, aqui estão alguns exemplos das dificuldades com o Ritual que existiu em Hamburgo e em outras partes. Estes eram tirados na sua maior parte da primeira edição do livro "Materialien zur Geschichte der Freimaurerei" (Matéria para a Historia da Franco-Maçonaria), um tratado composto do 1.400 páginas. Este trabalho é ainda uma mina de informações para o historiador principalmente por causa dos documentos mencionados e cujos originais agora não são mais acessíveis.

Schröder relata, por exemplo, sobre uma Loja da cidade de Dresden que se compunha de membros da alta aristocracia, mas, entre os oficiais da Loja havia um "cozinheiro-chefe" e um "Porta Caneco" e em 1743 bebidas

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eram servidas enquanto a Loja estava aberta. Em 1744 dois Diáconos foram nomeados pela primeira vez na Loja "Absalom" em Hamburgo, presumivelmente por causa das exposições que haviam aparecido na Inglaterra e na França.

Era naquela época ainda costume de pagar ao Secretário um salário especial pelos seus discursos, que apareciam depois impressos. O oficio de Orador veio para a Alemanha da França. Naquele tempo, o primeiro e o segundo grau não eram mais conferidos juntos em Hamburgo, por causa dos regulamentos que requeriam um período entre eles de nove meses.

O compromisso de Aprendiz incluía a seguinte exigência: "Que ele devia amar seus Irmãos e ainda promover seus melhores interesses por todos os modos". Esta frase podia muito bem ter sido idealizada pela própria Loja; e se acha no Ritual até hoje.

A publicação da exposição "L' Ordre des Franc Maçons Trahi" (1745), fez a Loja "Aos três Globos", trabalhando num Ritual Francês, introduzir uma mudança que não foi entretanto mantida por muito tempo; a palavra "Tecton" e o sinal de "Harpocrates" (dedo indicador sobre os lábios) eram para ser usado como uma palavra e sinal adicional.

Havia uma completa incerteza acerca da colocação da venda nos olhos. O candidato geralmente era trazido para o interior da Loja com os seus olhos não vendados; o procedimento correto aprenderam de Londres somente em 1763. Além do mais, ninguém estava certo se as espadas eram para ser usadas dentro da Loja. (na França elas eram consideradas como um símbolo de igualdade) ou se "fogo"

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deveria ser dado nos banquetes. O processo de escrutínio também não era compreendido. Foi somente em l763 que a Grande Loja Provincial de Hamburgo decidiu que cada Irmão que colocasse uma bola preta na caixa do escrutínio, devia informar o Mestre dos motivos de assim ter procedido, no prazo de 3 (três) dias. Isto é habitual na Alemanha, até hoje se até 3 (três) bolas pretas aparecerem. Painéis da Loja desenhados em oleados somente apareceram no fim do século 18; em 1765 o Cobridor ou um Irmão servente ainda tinha de fazer o desenho com giz no chão. Um Diretor de Cerimônias foi pela primeira vez nomeado em 1774, embora na Alemanha e na França o seu titulo era de "Mestre de Cerimônias. Mais ou menos nesta época os Diáconos foram renomeados de "Stewards".

É bem conhecido pelos balaústres de uma pequena Loja no Castelo Kniphausen na Frisia Oriental, que um soldado da guarda do Conde foi empregado como Cobridor e pago pelos membros da Loja. O trabalho desta Loja era baseado no de Prichard embora o Tapete (Painel) tenha sido copiado de um desenho do livro "L' Ordre des Franc-Maçons Trahi1". É também conhecido pelas muitas averiguações emanando de todas as partes da Alemanha, que as Lojas de Hamburgo e a Loja Provincial Inglesa, eram consideradas autoridades em todos os assuntos ritualísticos. Isto foi provavelmente a razão porque Schröder tinha seu Ritual impresso claramente sem abreviação ou código. Ele sabia que isto não estava de acordo com a pratica Inglesa. Ele também selecionou o tamanho ou formato "quarto" por ser mais prático para o Ritual e este está em uso ainda hoje. Ele achou que era preferível ter um Ritual organizado pelos principais Maçons do seu Tempo e aprovado pela Grande Loja Provincial de

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Hamburgo e que deveriam estar disponíveis para as Lojas, em vez de suas cerimônias serem baseadas em uma dúzia de exposições.

Schröder fez uma observação ao pé da página: isto se refere ao Ritual usado antes de 1765, isto é, antes da introdução da Estrita Observância. Entretanto como não havia então Ritual escrito, tornava-se impossível relembra-lo depois de 17 anos. De qualquer maneira aquele Ritual não seria apropriado para o fim atual. Os balaustres da Loja "Absalom" mostram que o Ritual inglês não era acuradamente conhecido mesmo antes de 1763. Em 14 de março de 1764, uma iniciação e elevação na mesma noite, - como era então praticado na Inglaterra - teve que ser adiada por causa da ausência do Irmão Bode, que era o único capaz de dar uma explanação do Painel da Loja. Esta era a situação, quando Schröder começou sua tarefa. É importante mencionar que o trabalho em certas Lojas, era ainda em língua Francesa.

Mas havia mais um obstáculo no caminho de um começo decidido e enérgico - O Grão-Mestre, von Exter. Embora ele ainda mantivesse uma nomeação Inglesa como Grão-Mestre Provincial para a Baixa Saxônia e Hamburgo, ele estava profundamente envolvido com a Ordem Rosa-Cruz e os graus cavalheirescos e também influenciado com idéias místicas. Desde a introdução do Rito da Estrita Observância em 1765.

A Grande Loja Provincial de Hamburgo há muito havia negligenciado suas obrigações para com a Grande Loja Mãe em Londres. Finalmente, o então Grande Secretario, Irmão

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Heseltine, em uma carta de 30 de maio de 1773 (UGL MS.26/B/B/1) pediu a devolução da Carta Constitutiva do Grão-Mestre Provincial. Não tendo recebido resposta dentro de poucos meses, o Irmão Heseltine enviou uma copia de sua primeira carta acrescentando que a Carta Constitutiva deveria se entregue ao Irmão Sudthausen que por acaso se achava em Hamburgo. A Grande Loja Provincial de Hamburgo reagiu com diversas cartas iradas, mas, mesmo assim não enviou relatórios, nem saldou as devidas contribuições.

Uma vez que Schröder tomou as rédeas em suas mãos esta situação mudou imediatamente. De agosto de 1786 em diante, a Grande Loja Provincial de Hamburgo enviou regularmente os balaústres de suas reuniões para Londres. A intervenção do Irmão, von Gräfe certamente tinha sido de grande ajuda nesta mudança. (UGL Ms.26/B/B/7-27). Ele tinha ditado o Ritual Inglês para o Grande Secretário Provincial, Irmão Beckmann. Em seu comentário, Schröder, faz a seguinte anotação:

....e assim temos agora um antigo Ritual comunicado para nós – exceto por algumas alterações introduzidas pelo tempo e o desejo de melhorar. De acordo com este texto, o 2ª Vigilante tem seu lugar no Sul; não havia nenhuma Estrela Flamígera e nem mais espadas dentro da Loja. O Diretor Regional, von Exter, pois ele ainda detinha este cargo na Estrita Observância, não trabalharia se as duas Colunas (Vigilantes) no Ocidente, sem a Estrela Flamígera, sem o monte de terra e o galho de Acácia, sem as alusões e promessas de uma Luz Superior e sem os vinte e mais itens muito preciosos para ele. Assim veio a Luz um Ritual

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até mesmo mais místico e mais pomposo do que esse da Estrita Observância.

Estas observações contém uma importante indicação. O texto Gräfe não era bem o mesmo, como o bem conhecido texto do Prichard que havia sido publicado em uma edição Alemã em 1736 e que foi largamente utilizado pelas Lojas Alemãs e na França pela versão Francesa. O Irmão N. B. Spencer já apontou isto no volume Ars Quatuor Coronatorum nº 74: "O aparecimento regular de traduções de uma ou de outras exposições bem conhecidas em Alemão ou Francês, encadernadas, com quase todas as cópias dos livros Alemães da Constituição do Século 18, sugere de uma maneira taxativa, que os Alemães estavam usando-os como guia para as suas cerimônias, assim como nos usamos um moderno Ritual ou Monitor".

Schröder escreveu para seu amigo Meyer:

"Eu estou surpreso que você não achou nenhuma Loja em Londres na qual o 2º Vigilante senta-se no Sul ou a tal conhecida Loja dos Antigos. Durante este ano já tivemos quatro Irmãos de tais Lojas como visitantes."

Na verdade os Vigilantes estavam colocados no Noroeste e Sudoeste respetivamente nos trabalhos da maior parte dos Rituais Continentais derivados de Prichard ou das versões Francesas baseado no "Masonry Dissected". Quando Schröder tornou-se membro da comissão para elaborar uma nova Constituição, ele devotou-se a esta

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tarefa de maneira metódica e diligentemente e com uma considerável despesa pessoal. Assim ele imprimiu as suas próprias custas numa tipografia secreta em Rudolstadt, todos os Rituais disponíveis para ele, bem como uma historia da Maçonaria em quatro volumes e uma exata análise da Constituição Inglesa. Este empreendimento é algo fora do comum na historia da Franco-Maçonaria e, lançar-se um pouco de luz sobre isto somente poderá ser de proveito.

Schröder via a necessidade de abraçar a pesquisa maçônica dentro da obrigação de um segredo contido nos Rituais. Investigando entre os seus "Irmãos de confiança" verificou que a Loja Amália, em Weimar, (Goethe e Herder eram ambos membros dela) podia ajudar. Um dos seus membros era o Irmão Wesselhöft que morava em Jena e que tinha o seu negócio de Impressão e Publicações em Rudolstadt, cidades estas próximas a Weimar. O Irmão Wesselhöft fez o juramento, como também todos os membros de suas empresa, para manter o sigilo; sendo que alguns deles foram simplesmente convidados a se unirem a Loja de Rudolstadt. O Irmão Conta, que era alto oficial da Policia Alemã, foi nomeado para exercer a função de supervisor e censor. As detalhadas instruções anotadas pelo Mestre da Loja, provas que Schröder forneceu o necessário material e capital de trabalho, ainda existem. Este estabelecimento começou a trabalhar na ultima década do século 18 e parece ter encerrado suas atividades depois da morte de Schröder. Uma de suas publicações foi a coleção de Rituais em 21 volumes, dos quais, a única cópia conhecida nos dias atuais, encontra-se na Biblioteca da Grande Loja Nacional da Dinamarca. Este trabalho, cerca de trinta Rituais dos então conhecidos e dos "Altos Graus", incluindo um texto do 'Three Distinct Knocks" e que é sem duvida considerado

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como o "mais velho e genuíno Ritual Inglês", sem entretanto mencionar sua origem. O texto de Prichard é identificado, e a razão para o anonimato sobre "Three Distinct Knocks" pode se achar na correspondência de Schröder com Meyer onde escreve:

Pelo amor de Deus, "Three Distinct Knocks (Jachim e Boaz é só uma reimpressão da anterior) não deve se tornar conhecida porque o nosso ritual está baseado nele. Portanto eu removi estes dois livros do catálogo de nossa biblioteca. È muito raro na Alemanha e provavelmente na Inglaterra também.

Mas seu amigo sabia melhor; "Jachim e Boaz" é sempre reimpresso sem alteração, ele tinha uma edição de 1800. No prefacio da edição de 1815 do seu livro "Materialien zur Geschichte der Freimaurerei" (Materiais para a Historia da Franco-Maçonaria), Schröder aponta que "Three Distinct Knocks" é o ritual que é trabalhado até hoje em dia por todas as velhas Lojas Inglesas na Grã Bretanha, Ásia, África e América. Acerca de Prichard ele diz que este foi o primeiro desvio do mais velho, isto é do "Three Distinct Knocks" mas que tinha sido usado pela maioria das Lojas Alemãs. Os Rituais Franceses a maior parte deles baseados em Prichard, foram as fontes dos Rituais de Zinnendorf e Sueco, cujos sistemas haviam aceitado os "Altos Graus" da França, também eram conhecidos por Schröder. Os "Altos Graus" reproduzidos nesta coleção, não são de nenhum interesse aqui, mas deve-se dizer que o trabalho total é até hoje uma rara fonte de pesquisa ritualística. Como este trabalho foi destinado somente aos membros do "Circulo Interno", a edição não podia consistir de mais de cem cópias e por isto é que se trata de uma Obra rara e que não

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foi totalmente registrada por Taute e Wolfstieg que produziram uma Bibliografia Maçônica. Assim há muita razão em ser grato a Grande Loja Nacional da Dinamarca por ter liberado sua cópia para fazer-se uma reprodução fotográfica em 1976, que foi limitada a uma edição de trezentas cópias e não está disponível comercialmente. Com isto chegamos a uma certa conclusão: quando o trabalho começou em Hamburgo em 1790 para um novo Ritual, a Grande Loja Provincial subordinada a Primeira Grande Loja da Inglaterra, não possuía em Ritual escrito em Inglês com um texto autêntico. Schröder estava absolutamente convencido de que "Three Distinct Knocks" não era apenas genuíno, mas era efetivamente o mais velho Ritual existente. Como podemos ver, ele baseou todo o seu trabalho sobre este texto, tanto quanto diz respeito a estrutura ritualística. Nas instruções do Grau de Aprendiz datado de 1801 Schröder diz:

Não pretendemos absolutamente proteger todas as partes do velho catecismo. Embora estejamos inclinados a preferi-lo - no todo – a qualquer coisa nova, entretanto reconhecemos que foi dito uma Fraternidade Inglesa, que consistia principalmente de artesões, não pode ser inteiramente adequado para maçons educados de outro país. Portanto corrigimos ou omitimos o que está fora do espírito ou circunstâncias do nosso tempo.

Ele sentia profundamente que princípios éticos e morais eram a essência da Maçonaria e ele os formulava com grande cuidado e em colaboração com os mais educados Maçons do seu tempo. Isto dá ao seu Ritual um caráter particular próprio, expressando as tendências espirituais da Alemanha por volta do século 18. A tendência para a

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Maçonaria Cavalheiresca ou Templária, com um forte conteúdo Cristão e até mesmo Católico Romano, tinha desaparecido. Fortaleceu-se a tendência de que, moral elevada e princípios éticos, deveriam ser as essenciais caraterísticas da Arte Real.

Schröder, bem conhecido e respeitado como era, tanto profissionalmente como Diretor de um teatro de alta reputação e, também como Maçom, estava em contato com Irmãos proeminentes e os familiarizava com os seus planos. Sua correspondência com seus "Muitos confiantes Irmãos" por todo o norte da Alemanha. era parcialmente escrita em um código que foi tirado da Estrita Observância e usado com sua própria frase chave, a qual foi descoberta recentemente. Os princípios básicos seguidos pelos dois reformadores da Arte Real na Alemanha, por uma iniciativa paralela, foram lançados por Fessler em Berlim e sua linha de ação será mencionada mais tarde - pode melhor ser compreendida estudando-se a introdução do "COMPACT" da Grande Associação Maçônica de 1801 entre a Grande Loja Provincial de Hamburgo e a Grande Loja Royal York de Berlim a qual Fessler pertencia. Embora este texto tenha sido traçado por Fessler e não por Schröder, o conteúdo reflete fielmente as idéias do último:

1º) Franco-Maçonaria e fraternidade maçônica, são dois conceitos bem diferentes, como as palavras "ciência e escola", "religião e igreja". Isto nos leva para:

2º) Franco-Maçonaria, independente de tempo e condições locais, (ouvimos a voz de Lessing) sempre una e a mesma, é sempre aquilo que envolve e coloca firmemente o homem

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interno entre o esquadro e o compasso, seu modo de pensar e agir e que fixa a posição moral do homem na Sociedade, embora a Franco-Maçonaria possa ocasionalmente ter-se desenvolvido em direções diferentes.

3º) As Grandes Lojas Provinciais Unidas não reconhecem na Fraternidade Maçônica o tal chamado propósito ou desígnio secreto que se diz possuir e além dos três graus de São João. Para elas o objetivo da Fraternidade Maçônica é o mesmo: prática, manutenção e crescimento comum da Arte; tudo isto visto pela luz de sua pura tendência moral. Isto os mais esclarecido Irmãos tem em todos os tempos reconhecido.

4º) Como não mais se pode deixar aos caprichos de Maçons isolados ou Lojas em particular, a decisão e definição da natureza e tendência da Maçonaria, as Grandes Lojas Provinciais Unidas estão convencidas de que o mais velho Ritual Inglês dos três graus é o único em que podemos confiar como fonte histórica e para compreensão da natureza e evolução da Franco-Maçonaria.

A razão da curta vivência da Grande Associação Maçônica pode se achar na conturbada situação política existente naqueles dias na Alemanha, entretanto estes princípios ainda são válidos hoje em dia para a Maçonaria Antiga Livre e Aceita na Alemanha.

Pode nesta conjuntura ser de interesse mencionar uma opinião não favorável a Schröder; é a de um Pastor Protestante ortodoxo e ex-membro da Loja de Leipzig. De

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acordo com Taute este ex-Irmão, Professor Lindner deixou a Loja por causa de sua ambição não satisfeita e publicou um trabalho no qual apresentava Maçonaria e Religião num falso relacionamento ainda que um pouco melhor do que fez o Reverendo Walton Hannah em nosso dias. Assim o Professor e ex-Irmão Lindner escreve:

Eu tenho ... impressão que o melhor do "Iluminati" foi aceito em sua (de Schröder) forma de Maçonaria, mas é ainda necessário mostrar-se que a forma de Schröder não se enquadra na dominante cultura do tempo atual, embora seja mais profunda que outras. Ele nos mostra uma espécie de ecletismo enfeitado com alguma filosofia de Kant, mas não há realmente nada de original ou genuíno. Sua secretividade sobre assuntos publicamente conhecidos é bem desorientadora. Tudo isto se pode chamar uma filosofia de rigorismo moral, tendo nela disseminado algumas demonstrações de caridade.

Mais tarde, Lindner arrependido retratou-se. A insinuação sobre "Iluminati" se refere ao "Circulo Interno" de Schröder que era para ser, não uma outra "Ordem", mas somente uma Loja de Instrução Histórica.

Antes de iniciar a elaboração de novos Rituais a Franco-Maçonaria em Hamburgo tinha que se organizar e isto não poderia se realizar sem surgirem animosidades pessoais. Só em 1790 tornou-se possível nomear uma pequena comissão sobre a presidência de Schröder e composta de representantes de todas as Lojas. Antes de tudo ele viajou para consultar seus amigos nas Lojas sobre a jurisdição de Hamburgo, que haviam se espalhado além de Hamburgo e

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até na Alta Saxônia. Seu interesse particular era para consultar com o Irmão Bode, que tinha se mudado de Hamburgo para Weimar de forma a estabelecer contato mais freqüente com o Irmão Herder, um alto Clérigo no Ducado de Weimar. Isto tornou-se somente possível porque Schröder tinha abandonado a direção do seu teatro em Hamburgo e agora estava vivendo como fazendeiro em sua propriedade em Rellingen perto de Hamburgo. Os próximos anos de sua vida foram dedicados integralmente ao trabalho da reforma que deixou uma forte marca na Arte Maçônica da Alemanha até hoje.

Uma importante contribuição para o trabalho de Schröder, veio de seu amigo de longos anos, Professor Friedrich Ludwig Wilhelm Meyer (1759-1840). Ele era um gentil-homem de vida independente tendo muito viajado por toda Europa e Inglaterra. Na Universidade de Göttingen ele foi tutor dos Duques de Sussex, Cumberland e Cambridge. Existem evidências de que seus talentos e habilidades lingüísticas foram usados muitas vezes pelo Rei da Prússia e seus ministros, que o empregaram como agente político secreto. Meyer era Franco-Maçom e foi membro da Loja "Pilgrim" em Londres de 1789 a 1791. Felizmente pode ser consultada sua enorme correspondência, particularmente essa com Schröder. Quando ele não estava viajando vivia numa pequena cidade na então parte dinamarquesa de Holsatia e só recentemente cerca de 700 cartas foram descobertas nos arquivos do Estado de Hamburgo. Destas, agora sabemos que Meyer traduziu a maior parte dos textos Ingleses e Franceses que seu amigo Schröder usou. Schröder aceitava os argumentos e sugestões de Meyer de bom grado.

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Levaria muito tempo para examinar mais de perto o relacionamento entre Schröder e o Irmão Ignaz Aurelius Fessler (1756-1839). Fessler nascera na Hungria. Educado pelos Dominicanos ele tornou-se professor de Historia e Línguas antigas, o que lhe deu grande reputação. Em seguida a uma crise pessoal e espiritual na meia idade, tornou-se Franco-Maçom, converteu-se ao protestantismo e morreu velho como Chefe da Igreja Protestante Russa. Durante sua estada em Berlim, empreendeu a Reforma dos Rituais da Grande Loja Royal York de forma a restabelecer a pura Arte Maçônica ou pelo menos separa-la dos "Altos Graus". Neste contexto deve ser lembrado que os sistemas então existentes eram baseados nos sistemas hierárquicos; as Lojas eram totalmente subservientes a um corpo mais alto e não tinham autonomia, nem ao menos para a eleição de seus oficiais. Fessler estava muito bem informado sobre os diferentes sistemas, porquanto ele tinha, ao contrario de Schröder, sido admitido a maior parte dos "Altos Graus". Numa carta a um amigo ele declara que possuía uma tradução do "Three Distinct Knocks" que ele pensava que era o Ritual de velha Loja Inglesa em York; esta confusão entre os Antigos e a efêmera Grande Loja de York é freqüentemente encontrada na Literatura Maçônica Alemã do período de Fessler. Entretanto, ele não usou este texto para os seus Rituais reformados, mas baseou seu trabalho parcialmente sobre o tal chamado "Ritual de Praga", verificando que sua origem vinha dos textos Franceses baseados em Prichard. Como este Ritual desempenhou um importante papel na reforma da Arte Maçônica Alemã, vale a pena considera-lo rapidamente. Seus integrantes eram membros de uma Loja de Praga chamada "Zur Wahrheit und Einigkeit zu den drei gekrönten Säulen" (A Verdade e União das três Colunas coroadas) fundada ao redor de 1784 da fusão de duas Lojas mais antigas como o nome indica. Em 1794, a Loja publicou um Livro contendo a Constituição

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e os Rituais da Arte um volume de mais de 400 páginas que não faz referencia a Constituição Inglesa, mas a concepção dela, da própria Loja. De início é afirmado que a Loja é uma "Republica Democrática". A conexão com eventos na França é óbvio (1794), mas é surpreendente que este livro foi impresso na Áustria Imperial e não na França. O Ritual introduzido em 1788 está baseado no sistema Zinnendorf (Sueco), mas com mudanças nas explanações morais dos símbolos numa linguagem mais concisa. Não era para haver nenhuma influência, ou seja lá o que for, dos tais chamados "Altos Graus" nas Lojas da Arte e o "Iluminati" é apontado como sendo totalmente uma organização Antí-Maçônica. "De tempo imemorial" é dito que os "não Cristãos" não poderiam ser admitidos, mas uma interessante exceção foi feita no caso de membros da "Seita Sociniana" que foram exilados da Polônia. Esta seita era definitivamente Cristã, mas seguia a doutrina Unitária. Um interessante fato no Ritual é que a velha obrigação não era mais mencionada. Outro texto que Fessler usou foi o chamado "Ritual Essinger". Não foi possível achar uma cópia do mesmo, mas da correspondência Schröder/Meyer e das publicações de Fessler sabemos que um medico chamado Gasser, havia trazido o texto da Inglaterra mais ou menos no ano de 1788. Na verdade este Ritual era uma copia do "Three Distinct Knocks" que passou nas mãos de Fessler, havia sido publicado na Saxônia em 1804. Foi usado na Loja que o Barão Dalberg fundou em sua residência de verão em Essinger perto de Mannheim onde ele era Diretor de um, então, famoso Teatro. Seu irmão mais velho foi o ultimo Eleitor e Arcebispo de Mongúncia e Grande Chanceler do Santo Império Romano, enquanto seu irmão mais novo era um conhecido músico e compositor. Todos os três eram franco-maçons e personalidades de destaque de sua época. Fessler pretendeu que este Ritual era pelo menos o mais velho, porquanto já havia sido

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usado antes de 1717 na Loja de York. Isto aumentou a ira de Schröder e numa carta a Meyer ele escreve:

Não deveria ele (Fessler) e seu tão meticuloso amigo Mossdorf, saber que o lugar Essinger não existe? Somente uma coisa em todo o livro me chamou atenção – The Old Charges da Constituição de York. Seu estilo e conteúdo são obviamente mais novos que o texto de Anderson, que por si é mais novo que aquele publicado por Preston na sua "Ilustrations".

Isto é de grande interesse porque demonstra a extrema confusão causada pela publicação do Irmão Dr. Krause (como hoje sabemos) do texto complemente apócrifo da Constituição de York de 926.

Havia ainda um outro eminente Franco-Maçom com quem Schröder mantinha contato e cujos conselhos freqüentemente seguia. Este era Johann Gottfried Herder (l744-1803) cujas correspondências com Schröder dos anos de 1799 a 1802 estão parcialmente acessíveis em uma publicação do Irmão Wiebe de Hamburgo e em um certo numero de cartas não publicadas existentes nos arquivos do Estado da Prússia em Berlim. Quando o exercito Francês ocupou Hamburgo no ano de 1808, Schröder infelizmente destruiu a maior parte de seus papeis. Sabe-se, por intermedio de outras fontes, que a primeira versão do Ritual de Schröder introduzido em 1801, continha um certo número de canções escritas ou pelo menos trabalhadas por Herder. A maior parte delas não foram incluídas na versão de 1816, pois que a prática de cantar em Loja havia se tornado menos popular. Os textos disponíveis de hoje são

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em prosa somente, mas eles tem o espirito do gênio de Herder.

Schröder e Fessler trocaram cópias de seus Rituais, porém o último comentou, que os Irmãos de Berlim acostumados ao Ritual Francês não apreciariam a simplicidade do texto de Schröder. Ambas as versões foram enviadas por Schröder aos seus outros amigos e conselheiros e os mesmos preferiram o seu (de Schröder). Depois de certas pequenas modificações, Schröder submeteu seu texto aos Mestres de Hamburgo em 29 de junho de 1801 que o adotaram por unanimidade. Depois de mais uma revisão de certas passagens, que não tinham concordância com a cerimonia, foi impressa uma edição limitada para as Lojas de Hamburgo e uma edição, maior foi editada em 1816 para todas as Lojas Alemãs. Desta edição existe somente uma cópia pertencente a uma Loja na cidade de Celle, cujo exemplar felizmente tem sido possível estudar. Este texto não contém nada de místico ou oculto, mas retém a simplicidade do original Inglês. Incluído o pensamento alemão da época expressa um texto de alto fervor moral aliado a um generoso espírito de princípios Humanitários.

Voltando as atividades de Schröder, estas podemos descrever utilizando suas próprias palavras. Em 1792 ele escreve:

Com permissão dos Veneráveis Mestres, Schuch e Schütte e consultando o Irmão Beckmann, eu purguei as escórias do Ritual e nós gradualmente introduzimos estes melhoramentos. Somente o Venerável Mestre Poppe, da Loja "Absalom", permaneceu com a velha versão, a mística

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alusão e promessas da grande Luz. Era irritante que este cérebro acanhado continuasse falando de preservar a Constituição Inglesa, que ele não conhecia e a cuja introdução ele tanto resistiu. ... Embora o nosso Ritual revisado, ainda não bem representando plenamente o texto mais velho, pois nossas mãos ainda estavam amarradas, se comparou favoravelmente com todos os outros textos conforme nos afiançaram Irmãos visitantes freqüentemente.

Do que esta acima escrito, podemos concluir de que o texto revisado do Rito da Estrita Observância - que era ainda o oficial - estava agora em concordância com a usança Inglesa.

A linha de ação de Schröder estava encerrada consigo mesmo. Mas, ele tinha de conseguir a aprovação, primeiro da Comissão de Elaboração e depois das Lojas da Jurisdição de Hamburgo. Isto não foi obtido sem dificuldade. O Irmão Sieveking, um cidadão respeitável e Venerável da Loja "São Jorge" declarou em seu discurso inaugural em 1789, que as usanças, símbolos e obrigações eram uma farsa e que nenhuma pessoa sensata deveria dar qualquer valor a elas. Ele somente seria Venerável da Loja, se tudo isso fosse mudado e o Ritual como conhecemos fosse abandonado. Schröder ficou muito chocado com essa atitude e quatro semanas após, num discurso enérgico aos Irmãos de Hamburgo disse:

Acabar com os símbolos significa acabar com a Maçonaria. ... É legal tirar conclusões adversas dos abusos, contra o todo? Aquele que olha para os hieróglifos como uma farsa,

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tem primeiro que nos convencer, em termos não incertos. Meus Irmãos, considerem antes de tudo, as primeiras lições tiradas das vidas virtuosas de homens sábios, de estabilidade, de prudência e de sigilo e que nos foram ensinados no primeiro grau. Pensem nestes grandes preceitos e nos subsequentes modelos! Tudo isto é baseado na farsa? Mesmos se os velhos costumes não tem mais valor que as práticas das Guildas dos Maçons trabalhadores da Pedra, mesmo se a interpretação delas é inteiramente inútil .... é o bastante, elas são a base material da qual a grande corrente da Fraternidade foi formada e enquanto não permitirmos mudanças maiores, enquanto permanecermos com o sistema Inglês, por todo este tempo, nossas reuniões estarão absolutamente livres da intromissão do misticismo, Iluminati e de outros sonhadores.

Não antes de 1791 foi possível se livrar dos Corpos governantes dos "Altos Graus", introduzidos pelo Rito da Estrita Observância, e do qual os Irmãos estavam ficando cada vez mais cansados. Seu dirigente era o Irmão, von Exter, que ao mesmo tempo era Grão-Mestre Provincial sob a Constituição Inglesa. Havia também problemas financeiros para serem resolvidos porquanto estes Corpos eram responsáveis pela administração das Lojas da Arte. Ao final, aos "Old Scots", aos "velhos Escoceses", como eles se intitulavam, foi pago uma certa soma em dinheiro tirado do Fundo Geral.

Desde o começo, Schröder, não se tinha restringido a organizar um novo Ritual, somente para Hamburgo; ele sempre teve em mente que o mesmo servisse todas as Lojas de língua Alemã. Algo como um vácuo havia surgido

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com o colapso do Rito da Estrita Observância e nesta oportunidade o sistema Sueco do Irmão Zinnendorf, tentou se introduzir. Nesse tempo houve somente uma outra Grande Loja Provincial sob a Constituição Ing1esa, era em Frankfurt, trabalhando do mesmo modo que Schröder; Os Graus simbólicos tinham que concordar com a usança inglesa, mas cada Loja estava livre para trabalhar qualquer dos "Altos Graus" e isto levou naturalmente, exatamente para aquelas dificuldades que Schröder conseguiu evitar em Hamburgo. Tem que se salientar que ele de modo nenhum desejou criar um novo sistema próprio. Assim ele se manifestou em uma carta a Meyer:

Assim como a Franco-Maçonaria se espalhou da Grande Loja de Londres e como nenhuma Grande Loja pode existir na Alemanha, com a presente situação política, a coisa certa é de se permanecer sob os auspícios da Grande Loja de Londres, se é para sermos legalmente reconhecidos em toda parte. Até mesmo as Grandes Lojas França, Holanda e Suécia, concordaram em não constituírem Lojas fora de suas fronteiras políticas, de forma a serem reconhecidas por Londres.

A resposta de Meyer foi a seguinte:

É verdade que eu firmemente acredito que uma Loja de acordo com a antiga usança maçônica não precise de uma Constituição para sua legal existência. Como as coisas estão, entretanto, eu concordo com você de que é aconselhável ter uma Carta Constitutiva de uma fonte de Franco-Maçonaria mais nova, e eu estou convencido que –

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se tal coisa for negligenciada – estaríamos abertos para toda a sorte de tapeações e farsas.

Agora deixemos Schröder com suas viagens, durante as quais ele apresentou seu novo Ritual com sucesso em muitas Lojas sob a Constituição de Hamburgo, ou na sua casa de campo estudando o material que ele tinha colecionado. Em seguida examinaremos as fontes de onde ele tirou o material.

A primeira Grande Loja da Inglaterra nunca tinha publicado um Ritual autorizado, pois era um dos princípios básicos que os trabalhos das cerimonias devem ser apresentados de cor. O rápido crescimento da Maçonaria, no Continente Europeu de 1730 em diante, propiciou inevitavelmente a publicação das tais chamadas "exposições" que alegavam ser textos "autênticos" das cerimonias. Como muitos trabalhos foram publicados sobre este assunto, é desnecessário tratarmos desta matéria. Qual foi o problema que Schröder teve que superar, não tendo a possibilidade de trabalhar com um genuíno e autentico texto?

Uma pergunta imediatamente surge: Porque ele mesmo não foi a Londres? Como homem de trinta ou mais anos de experiência teatral, não deveria haver nenhum problema para ele memorizar todos os textos de que necessitasse. Ele se apresentaria aos "Modernos" de onde Hamburgo tinha uma Carta Constitutiva. Mas é bem possível que ele poderia ter caído nas mãos de Preston ou Dermott. Sabemos que ele havia planejado uma viagem a Londres levando consigo o amigo Meyer, porque ele falava apenas pouco inglês, mas tudo acabou em nada. Uma outra

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pergunta é: porque ele não pediu a para outro Irmão, que iria a Londres a negócios, para obter as informações que ele necessitava? Porque ele também não pediu a um dos Irmãos Ingleses que eram visitantes? Não há resposta, mas é conhecido que ele possuía todas as exposições existentes, tanto Inglesas como Francesas, que ele estava intrigado pelas publicações de Preston e que ele estava ciente da existência de duas Grandes Lojas rivais. Entretanto, ele não sabia, como a maior parte do povo do seu tempo, a real origem dos "Antigos" e ele parece ter acreditado que eles usavam um sistema de trabalho mais antigo que aquele dos "Modernos".

Deve ter sido desconcertante para Schröder, achando seu caminho através dos textos a sua disposição, notar a posição dos Vigilantes, a inversão das Colunas "J" e "B" e, entre muitas outras diferenças entre "Prichard" e "Three Distinct Knocks". É interessante notar que depois da União na Inglaterra, nenhuma mudança foi feita no Ritual de Schröder. Quando seu sucessor como Grão-Mestre Provincial comunicou a Londres a notícia da morte de Schröder, numa carta datada de 08 de outubro 1816, ele fez um certo destaque dizendo:

Ele considerou o livro Inglês da Constituição e o velho Ritual Inglês, como as únicas fontes do fim e da essência da Maçonaria. Ele informou as Lojas sob a nossa jurisdição e muitas outras sobre isto e em 1801, ele as induziu a adotarem o velho Ritual. Este texto entretanto foi modificado de forma a reduzir tanto quanto possível as discrepâncias com aqueles de outras Lojas. Nós, portanto, mantivemos as palavras da Maçonaria mais moderna, por serem de usança comum no Continente e mais alguns

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detalhes. Hoje, trinta Lojas na Alemanha, e seis na Rússia, trabalham com este Ritual, preferindo o velho Ritual a todos os outros. Schröder muito se lastimou, que as palavras que haviam sido mudadas no seu Ritual de forma a concordar com a usança Continental, foram agora restauradas para a velha forma na Inglaterra, conduzindo à situação desafortunada, que outras palavras, a maior parte desconhecidas no Continente, estão agora sendo usadas na Inglaterra.

Incidentalmente, o comentário de Schröder sobre uma publicação do Irmão Bode, que era um membro de destaque da Estrita Observância, bem ilustra a confusão reinante nas mentes dos franco-maçons Alemães. O Ir. Bode estava convencido que os Rituais Ingleses foram inventados pelo Clero Católico Romano bem como da oposição das Colunas "J" e "B". Schröder escreve:

Bem, se em todas as velhas Lojas Inglesas, mesmo naquelas trabalhando como na versão de Prichard, o Aprendiz recebe o seu salário na coluna "J" e o Companheiro na "B", porque Bode não interpreta "J" e "B" como "Ignatius Benedictus" que estaria mais de acordo com sua teoria?

Neste contexto, um breve comentário sobre este problema particular pode ser útil. No tempo de Schröder, depois da dissolução da Sociedade de Jesus em 1773, uma reação muito forte contra este Corpo Religioso tinha se espalhado por todo o Continente Europeu e não somente pelos Países Protestantes. Seus membros foram acusados de tentarem se infiltrar na Franco-Maçonaria, principalmente com o

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graus Cavalheirescos e Templários. Schröder e muitos de seus amigos foram influenciados por esta reação e muitos panfletos foram editados atacando ex-membros da Sociedade com grande violência. Muitos eminentes contemporâneos como Lessing, Barão Knigge, Biester e Nicolai na Alemanha, De Bonneville, Ragon e Rebold na França e Capitão Smith na Inglaterra, tomaram parte nesta campanha anti-Jesuítica. Um dos principais argumentos foi, que a Franco-Maçonaria havia sido organizada na Inglaterra pelos Jesuítas, como um movimento anti-Protestante da Igreja Católica Romana. De Bonnevilie, por exemplo, acreditou que a exposição de Prichard era de origem Jesuítica, assim como também o Irmão Bode, conforme explicou num longo memorando ao Duque de Brunswick, Soberano do Rito da Estrita Observância. Ele, tentou provar que cada simples elemento ritualístico continha uma alusão a Roma, a Becket ou aos Jacobitas. Suas referencias eram dos Rituais baseados em Prichard. Quando Schröder chamou sua atenção ao "Three Distinct Knocks", Bode respondeu:

Eu mesmo tenho "Three Distinct Knocks" mas não o acho muita coisa. Acredite na minha palavra, na realidade os rufiões são nem mais nem menos que os Reformadores do século 16 e que H. A. não é mais que a hierarquia Romana.

Schröder, como um homem equilibrado, não seguia seus amigos até este ponto; ele lembrou a Bode que nas antigas Lojas não havia Altar, mas apenas uma simples mesa para colocar o Livro da S.L. De qualquer maneira Schröder decidiu usar o "Three Distinct Knocks" como material básico do seu trabalho. Ele tinha um grande numero de Rituais e Catecismos impressos de origem Inglesa, Francesa e Alemã

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a sua disposição, pois todas as Lojas Continentais trabalhavam com o texto impresso e ainda hoje assim o fazem. Teria sido interessante se tivesse sido possível apresentar o texto do "Three Distinct Knocks" junto com o texto final de Schröder de 1816 na forma de um resumo. De qualquer modo, como este texto representa, com algumas adaptações de linguagem, o Ritual usado hoje pela maioria das Lojas de língua Alemã, incluindo a Loja "Pilgrim" de Londres, seria impróprio assim fazer. O Irmão Milborne em seu importante trabalho apresentado no Livro "Ars Quatuor Coronatorum" nº 78, publicou um resumo, mas, ambos seus documentos básicos eram exposições, enquanto neste caso, uma exposição havia sido transformado em um autentico Ritual. Contudo esta bem claro nos comentários feitos por Schröder, que ele tinha idéias próprias e uma concepção clara do que ele deveria inserir na estrutura do "Three Distinct Knocks", e portanto, estes comentários serão dentro do possível dados em extenso. Aqueles que gostariam de fazer um estudo mais minucioso devem ter como referencia uma cópia do Ritual de Schröder do ano de 1816. As idéias de Schröder se tornam obvias pela leitura atenta do seu próprio texto. As citações são da edição de 1815 do seu "Materialien zur Geschichte der Freimaurerei (Matéria para a Historia da Franco-Maçonaria), e que daremos a baixo:

Eu espero que o Ritual completo explanará melhor minha própria opinião, do que os fragmentos dos primeiros parágrafos. Não deve ser esquecido que eu de modo algum, considero que este ritual ("Three Distinct Knocks") seja o original. Talvez se tenha desenvolvido gradualmente a uma certa perfeição, pois deve ter sofrido mudanças, pelo menos quando a Igreja Protestante tornou-se dominante. As Lojas Unidas (isto é, aquelas de Hamburgo e Berlim) já

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conhecem este Ritual de uma coleção de textos, mas as observações neles servem somente para mostrar a diferença entre a velha e a nova Franco-Maçonaria e eu não podia levantar todo o véu. Portanto, eu agora apresento para os meus leitores uma tradução consciente, para que se faça um exame conveniente. O pequeno livro abriu os meus olhos e faz as minhas afirmações altamente prováveis é chamado: "Three Distinct Knocks at the Door of the most Ancient Freemasonry" (As Três Batidas Diferentes na Porta da mais Antiga Franco-Maçonaria".

Damos abaixo o prefacio do "Three Distinct Knocks" que é importante porque conclui assim no fim:

Depois eu fui convidado para ir a uma Loja Irlandesa que se denominavam os mais antigos Maçons e que mantém sua Grande Loja na Taverna dos Cinco Sinos no Strand e que é todo o assunto deste livro, e não o outro, porque já há um livro publicado chamado "Masonry Dissected (Maçonaria Dissecada) que foi publicado no ano de 1700 (sic) e eu acredito que era toda Maçonaria que se fazia usar naquele tempo; mas não é nem a metade do que é usado agora, embora seja o melhor que já foi escrito sobre o assunto antes disso.

O comentário de Schröder foi: do precedente, segue sem nenhuma sombra de dúvida que esta Loja, constituída pela Grande Loja de Londres, trabalhava com ura Ritual que simplesmente correspondia com a "Maçonaria Dissecada" de Prichard. Ele também corrige a data da publicação que não foi 1700 e sim 1730. Schröder agora faz algumas observações preliminares sobre o texto de "Three Distinct

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Knocks" que está parcialmente em linha com o original, mas também contém algumas adições, que são reconhecíveis como a que segue: ele dá a Coluna "B" para o 1º Vigilante e a "J" para o 2º Vigilante. Numa nota claramente reconhecida, como sua própria, ele assegura que nenhum alvião (maço) originalmente tinha sido usado, mas que o Venerável e seus Vigilantes usavam um Bastão de sete pés (2,10 m) para abrir e fechar a Loja. Ele acrescenta que aparentemente nada era desenhado no retângulo no centro da Loja. Segue uma tradução de palavra por palavra por Schröder, comparando-o com "J e B" e com Prichard. Isto e também válido para o Catecismo dos Aprendizes que se segue depois. Pode-se notar que em alguns trechos a tradução que ele usou continha incorreções ou que o conhecimento da língua Inglesa de Schröder não era muito grande. Por exemplo, ele parece acreditar que durante a Iniciação, os Irmãos sentavam em volta de uma mesa com uma Poncheira e copos no centro. É difícil imaginar como com tal arranjo, o Mestre ia do Oriente para o Ocidente onde se supunha que era onde o Candidato se ajoelhava. A posição das mãos durante a obrigação do primeiro Grau, como observado na Constituição Escocesa e outras, nunca foi costume no Continente Europeu e Schröder presta especial atenção a esta parte da cerimônia. Lamentando que mais nenhuma explicação é dada, ele sente que esta posição força o candidato, quando lhe e restaurada a Luz, antes de tudo, ver as Três Grandes Luzes ante seus olhos. Quanto a velha obrigação, ele concorda com a sugestão de Herder, que esta não deve ser lida para o candidato, mas deve ser incluída no Catecismo ou comunicada numa Loja de Instrução. Como o Diretor de Cerimonias não é mencionado nas exposições, ele não inclui este Oficial no seu Ritual; suas funções foram distribuídas aos Diáconos. Na verdade, a maioria das Lojas Alemãs hoje em dia tem um Diretor de

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Cerimonias, embora seja ele conhecido como Mestre de Cerimonias. Os comentários de Schröder sobre o método de dar o Sinal, Toque e Palavra são interessantes:

Antes dele dizer alguma coisa, ele tinha de ser instruído. Parece que ele tinha estado ajoelhado até então. Diversas razões me levam a duvidar, que nesse original arranjo, nenhuma palavra foi dita sobre o Templo Salomônico. Como é que neste Ritual e no Catecismo de Prichard, "B" vem antes de "J"? "B" era sênior e "J" júnior e na Bíblia também a ordem é "J" e "B". Dr. Kause corretamente diz que deve ser "J" porque "ele será elevado". Pose-se suspeitar que a mudança na Ordem começou, senão no começo, então depois de 1725, quando o primeiro e o segundo grau eram dados juntos; a verdade pode-se encontrar nos documentos na Primeira Grande Loja da Inglaterra antes de 1725.

Alguns anos antes, quando todos esses problemas já se achavam em sua mente, Schröder havia escrito uma longa carta ao Grande Secretário, Irmão White, em Londres, solicitando detalhes ritualísticos. Esta carta, prova, que embora ele estava ciente sobre a existência das duas Grandes Lojas, ele não sabia as causas do surgimento dos "Antigos". O rascunho foi enviado a Meyer para traduzir; Meyer devolveu com este comentário: "White certamente fará o melhor possível para ser explicito na sua resposta, mas se ele é forçado a ficar calado, isto é, confessar sua ignorância, então sabemos pelo menos que não podemos esperar muito de lá".

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Era somente natural, que nenhuma resposta se recebeu de Londres. A Grande Loja, naturalmente, declinaria de discutir assuntos concernentes ao Corpo rival e de qualquer modo, não estaria de acordo com o hábito inglês de discutir questões do Ritual por escrito e muito menos com um Irmão desconhecido.

Comentando sobre o discurso dirigido ao novo Aprendiz e a "Corda", a opinião de Schröder é bem definida:

Toda esta aparelhagem não é bem adequada para um homem educado. Poderia ter sido inventada somente para as classes baixas e a resposta do Aprendiz confirma isto sem dúvida. Por outro lado, nenhum Construtor ou Mestre de Obras poderiam ter inventado isto, teriam eles tratado ou punido seus vigorosos trabalhadores desse modo.

Aqui vemos a influência de Herder bem clara. Num memorando para o rascunho de Schröder, ele escreveu:

Não pode ser negado, que o todo das cerimônias dos Maçons Operativos, são para nós estranhas e fora de moda e não contém nada de inspirador. Já no fim do século (17) isto foi sentido mesmo na Inglaterra onde as tradições das várias Artes eram tidas em alta estima. Portanto os símbolos mais finos de, por ex. Arquitetura, foram adicionados aos símbolos da pura Arte Operativa. Tomando isto em consideração, devemos evitar qualquer coisa grosseira; mesmo as perambulações não devem ser chamadas de provas perigosas e escabrosas .... Somente

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com muita cautela podemos preservar essas velhas usanças que ficaram para trás.

O nó corrediço e o cabo de reboque nos mostram falta de compreensão nas praticas ritualísticas Continentais. Que o candidato entrava na Loja, com uma corda no seu pescoço, foi dado um significado espiritual e simbólico pelos Franceses, indicando que ele ainda estava preso ao mundo profano fora da Loja. Esta interpretação, embora se ajustasse bem quando as suas idéias, não foi adotada por Schröder. O cabo de reboque na forma tradicional da obrigação, tem pouco significado para os Irmãos do Continente que não viajam. A corda com nós místicos em intervalos, que aparece com certa proeminência nos painéis das Lojas do Continente ou que e vista circundando as paredes do Templo, tem sido assunto para muita especulação. Ritualistas, como Boucher e Plantagenet deram longos comentários sobre ela e no dicionário de Ligou, é afirmado que este elemento decorativo poderia ter sido derivado do Brasão dos Eclesíastas e que um significado simbólico foi adicionado depois, ou seja, que esta corda representa a Fraternidade.

No "Three Distinct Knocks" ao joelho nu e uma explicação que até mesmo o autor anônimo acha uma "tolice". Schröder comenta que a resposta não é uma sensível espiritualização particular".

Durante o tempo em que analisava os textos que tinha em sua frente, Schröder nunca deixou de pedir conselho a Meyer. Por exemplo, quando ele procurou explanações do Compasso sobre o volume da Sagrada Lei. Meyer sentiu

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que a tradução das palavras "para nos conservar", em alemão só podia significar "para todos os homens e especialmente a um Irmão". Em outras palavras as Três Grandes Luzes são símbolos de nosso dever para com Deus, para nós mesmos e para com nosso próximo. O símbolo de união com os nossos Irmãos, e a forma da própria Loja, um retângulo. De acordo com o velho Ritual, o Compasso não e para desenhar, nem para unir, mas, para medir e determinar limites. Para nos conservar sujeitos, nada mais significa que preservarmo-nos dentro de limites. O Esquadro determina a precisão dos nossos passos para com nós mesmos. Assim o Volume da Sagrada Lei, deve simbolizar uma crença num Ser Superior, numa ordem do mundo mais elevada porque seria supérfluo deixá-lo simbolizar moral, porquanto o Esquadro e Compasso estão lá para esse fim.

BIBLIOGRAFIA:

Revista Theorema, Ano 4, N.º 19, da Loja Pitágoras II, Or∴ de Brasília, DF

Rituais do Rito de Sschröeder editados pela Grande Loja do Estado do Espírito Santo

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O Rito Schröder Ir∴ Ari de Sousa Lima (*)

É um Rito originário da Alemanha e segue a corrente dos Modernos. É Moderno porque tem o seu desenvolvimento maçônico nos princípios da Grande Loja de Londres, conhecida como a Grande Loja dos Modernos, a quem esteve filiada desde 1740 até 1811, quando se transformou na Grande Loja de Hamburgo.

“É um rito simplificado próprio para os dias modernos. Ele exige apenas atitudes simples, para que possamos viver em fraternidade. E é a isto que a Maçonaria se propõe. Ela não é um estado social como muitos pensam ser. Ela é um estado de espírito, uma união de pessoas que se consideram irmanadas na busca de um pensamento humanitário para o mundo. Isto está espelhado nos rituais dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. É muito importante a leitura constante destes rituais, pois só assim poderemos entender a mensagem do Irmão Friedrich Ludwig Schröder” - Ir∴ Antônio Gouveia Medeiros – Secretário Geral de Orientação Ritualística do GOB.

O Rito Schröder nasceu no século XVIII o “Século das Luzes”, auge do Iluminismo, quando pensadores como Schröder, Goethe, Herder, Schiller, Voltaire e o Imperador Frederico II, semearam os conceitos de Igualdade e Fraternidade entre todos os homens, independente de nacionalidade, raça, credo ou posição social.

Esta é a Filosofia do Rito: a educação do maçom para a construção de uma verdadeira Fraternidade.

A definição a seguir, traduz com muita propriedade, o ideal de Humanitarismo que buscamos nas Lojas do Rito Schröder: “O verdadeiro humanitarismo se inspira, em última análise, num sentimento de solidariedade humana que é única motivação para todas as filosofias e todos os credos” - Com o CAM do Ir∴ Rui Jung Neto

Algumas particularidades do Ir. Schröder – o criador do Rito:

O Irmão Schröder (Friedrich Ulrich Ludwig Schröder). Um dos reformadores da Maçonaria deste País. Teatrólogo (autor de peças teatrais). A elaboração de textos dramáticos era o seu feitio e profisasão. Ator e Produtor como seus pais e proprietário de teatro em Hamburgo. Embora com habilidades lingüísticas limitadas, era capaz de adaptar peças de teatro dos originais Franceses e Ingleses. Mesmo sem conhecer Latim e Grego, adquiriu grande cabedal de conhecimento pelo auto-estudo. Acima de tudo se destacava pelo seu caráter forte e sincero.

O primeiro a traduzir para o Alemão, dirigir e interpretar as principais obras de Shakespeare. Aos 35 anos, era considerado o maior ator da Alemanha. Respeitado por sua conduta ilibada. Preocupado em proteger os direitos autorais e pela forma como tratava os atores e atrizes de sua companhia.

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Privava desde a mais tenra idade com a nobreza germânica e, depois, com os mais proeminentes homens do seu tempo: Herder, Lessing, Goethe, Fessler, Schiller, e era por todos admirado e respeitado.

Iniciado aos 29 anos na Loja “Emanuel” do Rito Estrita Observância, dominante na época, num período em que o caráter da Franco-Maçonaria Inglesa como originalmente introduzida em Hamburgo tinha se perdido. Lojas dominadas pelo misticismo, alquimia, Rosa-Cruzes e Iluminados e este, introduziu formas de cavalheirismo e "Altos Graus" importados da França. Este, de forma sintética, o quadro caótico da Maçonaria Alemã na época.

Schröder entendia serem seguintes, os objetivos da Franco-Maçonaria:

“Caridade no sentido mais amplo é a característica e o espírito da Franco-Maçonaria. Disto resulta que bondade no coração seja a principal condição exigida por nossa sociedade como nos velhos tempos. Sentimento este que sempre esteve presente em nosso espírito e ações desde tempos imemoriais; até mesmo em seus banquetes fraternais, onde irmãos hesitavam comer em abundancia caso não tivessem contribuído para secar algumas lagrimas produzidas pela pobreza. É verdade que a Franco-Maçonaria colocou na cabeça os objetivos mais excêntricos, dividiu-se em varias seitas, porém nunca cessou de difundir – e sobretudo de praticar – a virtude da caridade. Trata-se de um mandamento fundamental da Fraternidade, cuja implementação cumpre que seja feita com toda a determinação e sabedoria.

O Ir. Schröder acreditava que a Caridade era a manifestação concreta do ideal maçônico. Era humanitário por excelência e para tal, criou um consórcio para o bem geral (modelo de cooperativa), pesquisas maçônicas e administração das Lojas que, entre outras obras, financiou a construção do Hospital Maçônico de Hamburgo e da Fundação Pró-criança (ainda existentes) e de uma caixa de pensão para atores, esta constituída com uma parcela de sua fortuna pessoal.

Cronologia histórica do Rito e de seu criador:

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1744 (03.11) – Nasce

Friederich Ludwig Schröder

• 1774 (08.09)

Loja Emanuel =

Emanuel zur Maienblume (Emanuel a Flor de Maio) Hamburgo – Alemanha; • 1775 Schröder foi elevado ao Grau de Mestre; • 1782, no Congresso de Wilhelmsbad, surgiu na Alemanha a idéia de se elaborar

um novo ritual, procurando eliminar os erros e dúvidas decorrentes do que era então utilizado;

• 1783, constituída uma Comissão para reerguer a Maçonaria de acordo com sua origem Inglesa;

• 1787 (28.06), eleito VM da sua Loja-mãe; • 1788 o Irmão Friedrich Ludwig Schröder como convidado passou a integrar de

fato esta comissão. De imediato começou por reunir as antigas exposições e fazendo anotações gerais. Fez também, contato com o Irmão Fessler, em Berlim, que estava empenhado em tarefa semelhante. Como na Inglaterra não existissem rituais escritos para tomar como base, solicitou ao Irmão von Gräfe para que, de memória, escrevesse os procedimentos adotados pelas Lojas de Londres;

• 1790 (Agosto) uma comissão de doze irmãos, entre os quais figurava Schröder, reuniu os Usos e Costumes em vigor (fazendo novo Ritual). Estudou

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principalmente os livros “As Três Batidas Diferentes na Porta da Mais AntigaFranco-Maçonaria – The Three Distinct Knocks at the Door of the Most Ancient Free-Masonry” (1760), e “Maçonaria Dissecada - Masonry Dissected” (1730), de Samuel Prichard, que continham as práticas maçônicas utilizadas pelas Lojas de Londres entre 1730 e 1760. (o MD é o mais antigo, mas Schröder acreditava que fosse mais novo que o TDK); bem como “Jachin e Boaz” (Jachin and Boaz) uma variação destes dois;

• 1791, o novo ritual foi apresentado ao Grão-Mestre Provincial, Irmão von Exter. Porém, como o texto não correspondeu a sua opinião, o GM não o aceitou;

• 1794, eleito Grão-Mestre Provincial Adjunto da Grande Loja de Hamburgo; • 1799 (a 12.04), com o falecimento do Irmão von Exter, o caminho finalmente

ficou livre para a introdução de um novo ritual, o que aconteceu; • 1801 (29.06), na Assembléia Geral dos Veneráveis Mestres (Mestres de Lojas

das cinco Lojas de Hamburgo) da Grande Loja Provincial da Baixa Saxônia e Hamburgo quando, já sob o malhete do G. M. Friedrich Ludwig Schröder, o texto foi oficialmente aprovado, conquistando numerosas Lojas em toda a Alemanha e em outros países, entre os quais o Brasil, Rito este, passando a ser praticado, principalmente, por maçons de origem alemã e que recebeu o nome de seu fundador;

• 1811 a Grande Loja de Hamburgo, também pelo trabalho de Schröder tornou-se independente da Grande Loja de Londres;

• 1814 – eleito Grão-Mestre da Grande Loja de Hamburgo e da Baixa Saxônia;

• 1816 (03.09)

seu falecimento: aos

72 anos, gozava de grande prestígio no mundo profano, como sempre foi; • 1816 (08.10), através de carta à Grande Loja de Londres, o Grão-Mestre seu

sucessor comunicou o falecimento do seu antecessor e disse: “Schröder considerava a Constituição Inglesa e o velho Ritual Inglês, como as únicas fontes da finalidade e da essência da Maçonaria”. No outono deste ano, após a nova revisão feita por Schröder, foi impresso o manuscrito final.

O TEMPLO

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Templo da Loja Absalom nº 1 (Hamburgo – Alemanha)

Decoração (Loja de Aprendiz)

Templo do Rito Schröder – Palácio Maçônico da GLMERGS

O Altar do Templo é revestido na cor azul-claro.

AVENTAIS E COLAR DO OFICIAL Os Aprendizes usam avental de couro branco com fita preta para fixação. A abeta do avental do Aprendiz é levantada. A abeta do avental do Companheiro fica abaixada e possui um debrum azul-claro com cerca de três centímetros de largura. O avental do Mestre, além disto, é totalmente debruado de azul-claro.

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Todos os Irmãos se apresentam em Loja

em traje social, com luvas brancas e cartola.

Em Loja nenhum Irmão tira a cartola como um sinal de respeito. A espada e o punhal não são usados em Loja. Se alguém comparecer com arma, esta é recolhida e entregue após o trabalho.

Todo o membro da Loja porta o seu distintivo de membro preso a uma fita na cor azul-claro no lado esquerdo do peito.

Os Grandes Oficiais visitantes e Mestres Instalados têm lugares de honra no Oriente, ao lado do Altar.

Os Oficiais da Loja ocupam os seguintes lugares: o Venerável Mestre senta-se no Oriente, atrás do Altar. O Venerável Mestre Adjunto a sua esquerda. O 1o Vigilante tem seu lugar, junto à coluna Noroeste, de frente para o Oriente; o 2o Vigilante, junto à coluna do Sul, de frente para o Norte.

O Tesoureiro senta-se no Nordeste; o 1o Diácono à sua esquerda. O Secretário senta-se no Sudeste, ao seu lado o Orador. O 2o Diácono fica perto do 1o Vigilante.

O Guarda do Templo fica junto à porta interna da Loja;

Nas laterais sentam-se os Irmãos; os Aprendizes sempre ao Norte.

Sobre o Altar, encontra-se a Bíblia fechada, sobre ela o Esquadro com o vértice voltado para o Ocidente, e o Compasso, aberto em ângulo reto, cujas pontas apontam para o Ocidente e ficam encobertas pelo Esquadro; o Ritual, o Malhete e uma vela pequena, com a qual, posteriormente, são acesas as velas sobre as mesas dos Vigilantes. Na Iniciação, é colocado diante do Altar um banquinho para o Compromisso.

TAPETE DE TRABALHO: O Tapete está estendido no centro do Templo, ficando em torno dele, as três colunas, com as velas grandes, sendo uma no Nordeste, uma Coluna no Noroeste e uma Coluna na metade da orla Sul do Tapete.

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Cada um dos Vigilantes senta-se junto

à sua coluna à orla do Tapete, numa mesa, guarnecida com Malhete, ritual e uma vela, onde é acesa a vela grande. O 1o Vigilante, junto à Coluna Noroeste e o

2o Vigilante, junto à Coluna do Sul. Por ocasião de uma Iniciação, é colocado um compasso sobre a mesa do 1o Vigilante.

Sobre a mesa do Tesoureiro ao Nordeste, estão: uma vela e a esmoleira. Nas votações secretas aí fica a caixa do escrutínio que é de responsabilidade do Primeiro Diácono. Na iniciação, aí também fica o avental, o distintivo da Loja para o novo Irmão e as luvas brancas femininas.

Cada Diácono porta um bastão branco de dois metros na condução dos Irmãos.

Sobre a mesa do Secretário, ao Sudeste, estão: uma vela, a Constituição do Grande Oriente do Brasil, o Regulamento Geral, o Regimento da Loja, o Livro de Atas e o Livro de Presenças.

PLANTA DO TEMPLO

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Legenda

1 - Venerável Mestre

2 - 1o Vigilante

3 - 2o Vigilante

4 - 1o Diácono

5 - 2o Diácono

6 - Secretário

7 - Tesoureiro

8 - Orador

9 - Guarda do Templo

10 - Preparador

11 - Grão-Mestre Geral ou Grão-Mestre

Geral adjunto ou Delegado do Grão-Mestre Geral

12 - Grão-Mestre Estadual ou Grão-Mestre Estadual adjunto ou Mestre Instalado anterior mais recente da Loja

A - Altar

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B - Banquinho

C - Coluna do Nordeste

D - Coluna do Sul

E - Coluna do Noroeste

F - Mesa do Tesoureiro

G - Mesa do Secretário

H - Mesa do 1o Vigilante

I - Mesa do 2o Vigilante

J - Grupos de Irmãos

K - Grandes Oficiais e Mestres Instalados

L - Tapete

M - Pavilhão Nacional

N - Bandeira do Grande Oriente do Brasil

Observações:

1. – O Templo é, em princípio, num só plano.

2. – O Púlpito para oratória pode ser colocado no local mais conveniente.

3. – O local do Preparador só é ocupado nas Iniciações.

4. – O Local do Orador será ocupado por designação do Venerável Mestre.

5. – O Mestre de Harmonia fica em local onde possa exercer melhor sua função.

6. – A porta do Templo é no Ocidente.

7. – O Venerável Mestre fica atrás do Altar. O Grão-Mestre ou Grão-Mestre Adjunto fica ao seu lado direito.

8. – Aos lados do Altar, com a frente para o Ocidente, ficam os Grandes Oficiais, Veneráveis Mestres e Mestres Instalados visitantes.

9. – Não havendo lugar no Oriente, a primeira fileira do lado Sul é reservada como lugares de Honra.

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10. – Os Oficiais da Loja ficam fora do Oriente e na frente dos grupos de Irmãos.

11. – Na Loja de Aprendiz, a primeira fileira do Norte, próxima ao Tapete é reservada aos Aprendizes. Na de Companheiro, aos Companheiros. Na de Mestre, aos Mestres novos.

12. – É obrigatória a presença das Bandeiras do Brasil e do Grande Oriente do Brasil em Loja.

A ABERTURA DA LOJA

Entrada dos Oficiais na Loja

O Venerável Mestre deve estar no Templo, em regra, uma hora antes do início do Trabalho para poder despachar com seus Oficiais sobre os assuntos de sua agenda para o Trabalho e para contatar com os Irmãos que desejarem apresentar algum trabalho, pois ninguém pode se manifestar sem o seu conhecimento prévio e autorização.

Os Diáconos, antes da abertura da Loja, devem verificar se ela está preparada. Se não há falta de algum móvel ou instrumento de trabalho, se todos os cargos estão ocupados, se todos os Oficiais estão paramentados etc. O 1º Diácono deve ainda, verificar quais Oficiais estão ausentes, chamando os seus substitutos.

A coisa mais desagradável que existe é constatar, durante a abertura da Loja, a falta de cadeiras para autoridades e convidados, falta de instrumentos de trabalho, Oficiais sem os colares, cargos não preenchidos, entre outros. Aí começa o corre-corre, o improviso, a procura desenfreada por objetos faltantes. Tudo isso, desarmoniza a Loja, prejudica o início dos trabalhos e, além de comprometer o seu desenvolvimento, revela incúria por parte dos responsáveis por estas tarefas.

Na verdade, quem prepara a Loja são os Vigilantes e seus Adjuntos. Aos Diáconos cabe a verificação final se está tudo conforme para que os trabalhos possam ser iniciados assim, com a tranqüilidade necessária e indispensável. Para isso, os Vigilantes devem comparecer com pelo menos trinta minutos de antecedência para as providências preliminares. Cada Vigilante deve ter tantos Adjuntos quantos forem necessários para que as tarefas sejam divididas e não haja sobrecarga sobre um determinado Irmão.

Estando a Loja devidamente preparada, o Venerável Mestre convida para que todos os Oficiais assumam os seus devidos lugares. Em seguida todos ficam de pé e o Venerável Mestre determina a introdução dos Irmãos do quadro e Visitantes por intermédio do 1º Diácono.

Tem início a Abertura da Loja.

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O Mestre de Harmonia executará uma peça musical, preferencialmente do gênero clássico, para manter um ambiente agradável no interior do Templo durante a introdução dos Irmãos do quadro e Visitantes.

O Guarda do Templo permanecerá no seu posto, do lado de fora da porta da Loja, até ele dar as três batidas na porta, respondendo as do 2º Diácono durante os procedimentos de abertura. Então, ele entra no Templo e se coloca junto à porta. Cabe ao Guarda abrir e fechar a porta do Templo.

Cortejo de Entrada

O Cortejo, segundo o ritual de Schröder de 1960, circunda o Tapete, seguindo do Ocidente pelo Norte ao Oriente. Chegados ao Oriente, o 1º Diácono indica os lugares aos Grandes Oficiais e Mestres portadores de Esquadro, enquanto o 2° Diácono faz permanecer no Ocidente o cortejo dos Mestres, Companheiros e Aprendizes, até que os Irmãos no Oriente estejam de pé, em seus lugares. Em seguida, determina que os Mestres ocupem os lugares no Sul, os Companheiros no Sul e Norte, e os Aprendizes ao Norte (1ª fileira)

No ritual original não existia o cortejo os Irmãos adentravam no Templo sem qualquer cerimônia e “quando estiver reunido um número legal de Irmãos, os locais dos Oficiais estiverem ocupados, e tiver passado um quarto de hora depois da hora marcada, o Venerável Mestre dá uma batida, que é repetida pelo segundo e primeiro Vigilantes, após o qual todos os Irmãos seguem aos seus lugares”.

Abertura do Trabalho

A Verificação da cobertura em relação aos Irmãos é feita através 1º Diácono antes da formação do Cortejo. No Rito Schröder cabe ao 1º Diácono esta verificação. Dentro do Templo o Venerável como em qualquer rito pergunta qual a primeira preocupação de um maçom. São dadas a batidas regulamentares na porta do Templo, sendo respondido que a Loja está coberta. A partir deste momento a Loja está a coberto dos olhos profanos, devendo ser cumpridas todas as formalidades exigidas pela ritualística.

A abertura do Tapete é o ato de abrir o painel na ritualística, introduzido em 1960, para que seguisse o mesmo procedimento dos demais ritos. No ritual original ele fazia parte da decoração da Loja. Os Diáconos por determinação do Venerável Mestre estendem o Tapete. O Guarda do Templo tinha responsabilidade de desenhar o painel da Loja no assoalho e após, os Irmãos tomavam suas posições.

O Acendimento das velas auxiliares durante o cerimonial de abertura, também instituído pelo ritual de 1960. O Venerável Mestre acende a vela auxiliar do Altar e a entrega ao 1º Diácono que acende as velas auxiliares das mesas dos Vigilantes, e se coloca junto à coluna do Nordeste.

O Venerável Mestre e os Vigilantes que representam as Colunas da Loja, a Sabedoria, a Força e a Beleza acendem as velas grandes (as Três Pequenas Luzes) nas velas auxiliares com as palavras respectivas. As chamas nos dão uma visão de vibração, por isto elas, simbolizam a produção, assim como está no catecismo: “porque sem elas,

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nada de esmerado poderá ser produzido”. O trabalho é um ato de criação, assim a sessão também é um ato de criação é a continuação do trabalho do nosso Criador.

Catecismo Funcional é realizado para que cada Oficial esteja consciente de suas competências. A cada pergunta do Venerável Mestre, o oficial dá a sua posição e atribuições. Também nós em nosso dia-a-dia, devemos estar conscientes de nossas atribuições no cumprimento de nossas funções para que possamos realizar um trabalho com êxito.

A oração é o momento de reflexão para o Trabalho. Para qualquer Trabalho, mesmo o profano deve ser antecedido por uma reflexão para que o nosso subconsciente passe a participar da atividade que será realizada.

Na Declaração de Abertura dos Trabalhos o VM diz: “A Loja está aberta. Que cada um esteja consciente do seu dever, e que esta hora seja abençoada”. Nós devemos em nossas atividades diárias estar conscientes de nossas obrigações e sentirmos que estamos realizando uma atividade abençoada, e, abençoado será também o produto de nossas atividades.

Com a Saudação estaremos realmente iniciando a nossa atividade. Sempre damos início a qualquer atividade com uma saudação.

A Loja está Aberta. Este é o período que o VM coloca em execução a agenda que ele preparou. Ele pode iniciar com a saudação aos visitantes, a leitura da ata os demais assuntos agendados. Por exemplo: Leitura do expediente do Venerável Mestre, Leitura do expediente da secretária, Leitura de atos oficiais, Escrutínio Secreto, Apresentação de Trabalhos, Palestra, Instrução, Deliberação sobre assuntos pendentes, Filiação, Regularização, Iniciação e outros assuntos. Nada acontecerá sem que ele já tenha conhecimento. O Irmão que desejar fazer qualquer apresentação deverá ter sido autorizado com antecedência pelo VM. Tudo o que for discutido deverá ter o parecer da Comissão respectiva. O Venerável Mestre deve apresentar em cada sessão algo de aproveitamento aos Irmãos (espiritual, moral, ético e etc.). Para isto ele conta com o Irmão Orador. O êxito da Sessão (Trabalho) dependerá da boa preparação do primeiro malhete.

Com a Loja Aberta é recepcionado o Grão-Mestre (Geral ou Distrital).

Visitantes não tomam parte nos debates e votações de assuntos internos da Loja. Assim a introdução dos Irmãos do quadro é feita sem eles. Após a Loja decidir os seus assuntos internos, ocorrerá o ingresso dos visitantes que será do mesmo modo do cortejo: O Venerável Mestre determina que o 1ºDiácono introduza os Irmãos visitantes.

Todos devem estar de pé durante a introdução dos visitantes. Comandar a ordem fica a critério do Venerável Mestre. Atenção: Se os visitantes forem introduzidos e tendo matéria interna a serem resolvidas, eles participarão delas, pois, lhes foi concedida autorização para tal. Não deve ser vedada aos visitantes a participação em assuntos internos da Loja se lhes for permitido o ingresso antecipadamente.

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A INICIAÇÃO

PREPARAÇÃO DO CANDIDATO

Para a preparação, o Garante sem vestimenta maçônica, conduz o Candidato (trajado segundo norma do Grande Oriente do Brasil, com gravata borboleta branca, luvas brancas e cartola) ao recinto para tal reservado, onde o deixa com palavras de recomendação e pede que tenha confiança no Irmão Preparador.

O Garante deve entregar ao Tesoureiro, mediante recibo, as taxas referentes a admissão.

O que o Preparador tem que dizer ao Candidato, nunca deve ser lido, mas dito livremente.

O Preparador, acompanhado por um Irmão mais moderno, geralmente um Companheiro, ambos sem paramentos, cumprimenta com formalidade o Candidato.

Solicita ao Candidato que leia as sentenças e responda as perguntas do Preparador:

1) buscais admissão em nosso meio por vossa livre vontade ou se foi por uma persuasão, que poderia ser considerada como uma interferência em vossas convicções?

2) Quais os motivos foram determinantes na sua decisão de procurar uma Loja Maçônica.

3) Como Maçom devereis ainda assumir obrigações especiais cujo cumprimento prometereis solenemente. Estás decidido a cumprir estas obrigações de modo sincero e consciencioso?

DECLARAÇÃO

Solicita que o Candidato tire as luvas e as coloque no bolso do paletó. Em seguida solicita a ele o preenchimento da Declaração e ainda, datar e assinar a mesma. (formulário próprio)

ENTREGA DA CARTOLA

A primeira demonstração de que estais dispostos em submeter-vos a estas provas será a de nos entregardes a vossa cartola a qual para nós vale como um símbolo da liberdade.

CÂMARA ESCURA

O Candidato é conduzido à Câmara Escura. Tem início o primeiro ato propriamente dito da iniciação, pois ele deverá sempre lembrar que ele veio a este mundo de um lugar escuro.

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O Candidato faz o seu testamento moral ao responder as perguntas apresentadas. (Testamento em formulário próprio).

RELATÓRIO DO PREPARADOR

1) Demonstra tornar-se um legítimo Maçom;

2) Suas noções sobre a Fraternidade são puras e dignas de um homem com discernimento;

3) Na declaração assinada promete subordinar-se aos nossos costumes e guardar sigilo;

4) confiante entrega de sua cartola, simbolicamente se desfez de sua liberdade, para readquiri-la como Maçom.

LEITURA DO TESTAMENTO

O Preparador verifica se o testamento está assinado e manda ao Venerável Mestre que o lê, com apreciação benevolente diante de falhas eventuais.

VESTIMENTA DO INICIANDO

Todos os metais e objetos de valor são colocados numa caixinha, que é fechada pelo Adjunto.

Preparador faz com que o Candidato dispa o paletó, retire a gravata borboleta e abra os botões superiores da camisa, de modo que o peito fique descoberto; levante a perna da calça acima do joelho esquerdo, descalce o sapato direito e calce o chinelo.

Em seguida, solicita permissão para colocar a venda. Após, pergunta se o Candidato vê alguma coisa. Leva-o à porta do Templo. E solicita que bata três vezes pausadamente. Que significam: Procurai e achareis, pedi e vos será dado e, batei e vos será aberto. Que relacionada à maçonaria significa: Meditei sobre minha intenção, confiei-me a um amigo, bati e a porta da Maçonaria me foi aberta.

INICIAÇÃO propriamente dita

Dentro da Loja: Após as três batidas fortes na porta, todos os Irmãos levantam-se de seus acentos, sem se colocarem no Sinal. Os Oficiais colocam suas mesas e cadeiras numa posição que não dificulte a circulação. A movimentação das mesas é necessária porque hoje as viagens são feitas pela frente dos Oficiais.

Perguntas:

1) Quem bate de maneira tão estranha? Um homem livre e de boa reputação.

2) O que ele deseja? Ser admitido como maçom.

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3) Concorda ele em se submeter, incondicional e livremente, às provas e aos costumes? Sim.

4) Quem se responsabiliza por ele? O Ir. ___________ .

5) Ir._________ Confirmais esta Garantia? Sim.

ENTRADA DO CANDIDATO

O Preparador adentra ao Templo e entrega o Candidato ao 1º Vigilante. Este apresenta ao Venerável Mestre como um homem livre e de boa reputação, deseja ser admitido como Maçom.

O Venerável Mestre pergunta se ele deseja se unir a uma Fraternidade que procura, zelosamente, tudo o que é verdadeiro, bom e belo e se está decidido a submeter-se aos antigos costumes dos Maçons quando da Iniciação.

Se a Resposta for um SIM, é colocado o compasso no lado esquerdo do peito. (Não com o desejo atingir tanto o corpo, mas a consciência). São feitas as viagens.

VIAGENS

As viagens são feitas pelo sul para seguir a doutrina de São João. Busca-se a luz caminhando na luz.1

Cada vez que o Candidato passa pela frente do Venerável Mestre todos completam o sinal de ordem, batendo com força no lado da coxa.

Ao chegar ao Ocidente pela 1° vez: o Venerável Mestre diz: – “Ignorante e fraco, o homem inicia o curso da Vida. Somente aos poucos, a luz da razão se expande, vagarosamente a força amadurece”.

Ao chegar ao Ocidente pela 2º vez: – “A vontade própria sincera e o esforço constante na investigação da Verdade nos estimulam mais do que a ajuda alheia, pois assim, é mais honrosa a vitória final sobre os erros e preconceitos!”

Ao chegar ao Ocidente pela 3º vez: – “Quem quiser encontrar a bem-aventurança no caminho da vida, aspire, antes de tudo, o seu próprio enobrecimento moral e promova o verdadeiro bem-estar de seus Irmãos”.

COMPROMISSO

Terminada as Viagens, o VM pergunta: se o Candidato persiste no propósito de se tornar Maçom e se ele prometerá solenemente ao cumprimento das obrigações que a “Palavra de Maçom” impor.

O compromisso se traduz no aperto de mão que o Venerável toma do Candidato.

“Sim, eu o quero, assim como prezo o nome de um homem honesto”.

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“Tomo e aperto a mão de um homem honesto que nunca se mostrará desmerecedor do respeito de seus Irmãos”.

O Candidato é conduzido pelas mãos dos Vigilantes ao Altar, passando sobre o Tapete.

POSIÇÃO ADEQUADA PARA O COMPROMISSO

Colocar o joelho esquerdo sobre um banquinho, a mão direita do Candidato, sobre a Bíblia e o Esquadro e com sua mão esquerda, segurar o Compasso, colocado a ponta no lado esquerdo do peito.

ORAÇÃO

Para que o Candidato se torne um bom maçom.

OBRIGAÇÕES

1ª. Ser obediente e fiel às Leis do País em que vive.

2ª. Considerar sagrado os usos e costumes da Maçonaria como expressão de lições de vida transmitidas através da Iniciação e prestar respeitoso silêncio, perante os não-maçons, acerca de tudo isto.

3ª. Auxiliar os Irmãos, segundo as vossas forças, com conselhos e atitudes, excetuando nos casos que contrariem a honra, os bons costumes, as normas de vossa comunidade e do país.

4ª. Honrar a promessa sob a “Palavra de Maçom” tão conscienciosa, como o mais sagrado juramento.

5ª. Seguir, com rigor, as Leis de vossa Loja, promovendo o seu progresso conforme vossas forças.

6ª. Nunca propor para a Maçonaria alguém que não conhece, com toda consciência, como homem honesto.

7ª. Não requerer filiação em outra Loja, nem romper unilateralmente o relacionamento com a mesma sem antes ter requerido afastamento, tê-lo recebido. Muito menos se desligar da Loja ou da Fraternidade sem um motivo relevante.

8ª. Reconhecer como Potência Maçônica regular, legal e legítima, o Grande Oriente do Brasil, ao qual prestará inteira obediência.

SAGRAÇÃO

O Venerável Mestre admite e recebe o Candidato como Maçom.

A CADEIA DE UNIÃO

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O Candidato é conduzido ao ocidente para formação da Cadeia. O Garante fica do lado direito do Candidato e o 1º Vigilante do lado esquerdo.

O novo Irmão recebe a luz.

Na Cadeia acontece o compromisso dos membros da Loja em relação ao novo Irmão: “Nossos corações batem por vós e o aperto de nossas mãos vos diz que permaneceremos vossos Irmãos, enquanto a Verdade, o Sigilo, a Justiça e o Amor Fraterno forem sagrados para vós”.

O DESCANSO

O Descanso tem como objetivo a recuperação dos Obreiros. O novo Irmão recompõe o seu traje. Normalmente, a Loja oferece um pequeno lanche aos presentes, representando a alimentação que os pedreiros faziam no seu período de descanso, quando o sol alcançava o meridiano.

RETORNO AO TRABALHO

Ao voltar ao Trabalho o novo Irmão agradece aos presentes: “Eu agradeço cordialmente a Loja, que me julgou digno de tornar-me seu membro”. E aproxima-se do Altar pelos três passos maçônicos.

O 1º Vigilante ensina os passos fora do Tapete e o novo Irmão repete sobre o Tapete.

INSTRUÇÃO DO VENERÁVEL MESTRE

O Venerável Mestre ministra as instruções do grau. Versará sobre:

1) As três Grandes Luzes, as Três Pequenas Luzes e o Tapete;

2) Sinal, Palavra e Toque (sem fazer o novo Irmão repetir);

3) avental do Aprendiz;

4) calçar as luvas (que estão no bolso do paletó);

5) luvas para a fiel Companheira da vida.

6) distintivo da Loja

7) Cobrir-se com a Cartola.

IDENTIFICAÇÃO PELOS VIGILANTES

O 1° Diácono conduz o novo Irmão pelo Sul ao lado direito do 2º Vigilante, depois ao lado direito do 1° Vigilante. Os Irmãos Vigilantes se dirigem a ele, de maneira inteligível a todos. Os Vigilantes lhe ensinam a resposta. (aqui o novo Irmão deve repetir o que os vigilantes ensinam)

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SAUDAÇÃO AO NOVO IRMÃO

O novo Irmão é conduzido ao altar e recebe a saudação dos presentes.

O NOVO IRMÃO SENTA NO NORTE

O inicio de toda a senda maçônica é no norte. (a parte escura do Templo)

Em seguida são feitas as leituras:

Explanação da Iniciação

Ela é apresentada pelo Orador ou 2º Vigilante. Se outro Irmão apresentar a explanação, este deve postar-se ao lado do 2º Vigilante no Sul, junto ao Tapete, para poder explicar os seus símbolos.

Deveres e Direitos do Aprendiz

A leitura é feita pelo 1° Vigilante.

Catecismo do Aprendiz

Perguntas ao 2ºDiácono;

Perguntas ao 1º Diácono;

Perguntas ao 2º Vigilante;

Perguntas ao 1º Vigilante;

ENCERRAMENTO DA LOJA

Após a conclusão dos Trabalhos o VM desejando fechar a Loja, dá uma batida com o malhete que será repetido pelos Vigilantes e tem início a Palavra à bem da Loja e da Fraternidade.

Ela é a parte final, onde os Obreiros poderão ainda falar sobre algo de interesse para a Loja e para a Fraternidade, pois o rito Schröder não se considera uma Ordem. É o momento em que devem ser feitas comunicações à Loja que não possam motivar discussões ou de contestações. As propostas e informações que são motivos de discussões devem ser feitas por escrito ao Venerável Mestre e após o parecer da Comissão respectiva que será parte da agenda do Trabalho. As justificativas de faltas também são por escrito, pois depende o parecer da Comissão.

Nesta ocasião, são feitas saudações por aniversários ou outro qualquer acontecimento social de um dos Irmãos presentes. Nas iniciações é o momento em que os visitantes têm para fazer os seus cumprimentos, contudo lembrar aos Irmãos do quadro da Loja

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que esta é uma obrigação do Venerável Mestre ou ao Orador da Loja. Os discursos devem ser curtos e objetivos.

Quem quiser falar, fica de pé e faz-se notar levantando a mão direita; em seguida, o 2º Vigilante dá conhecimento do pedido ao Venerável Mestre. Concedida à palavra a um Irmão, este se coloca no Sinal e diz: “Venerável Mestre e meus Irmãos!” Completa o Sinal antes de iniciar a fala. Ao terminar a fala, senta-se.

A Lembrança dos Pobres é a prática ritualística constitui um dos antigos costumes da maçonaria. Ficou estabelecido que os maçons jamais se reúnem sem pensar nos pobres, nos carentes e nos desamparados da sorte. Assim é apresentada a cada Irmão uma bolsa, que chamamos de esmoleira com o objetivo de criar nos Irmãos a consciência de lembrar dos menos favorecidos pela sorte. O Venerável diz para encerrarmos nosso trabalho com uma ação de amor, que lembremo-nos dos pobres. Então, o 2º Diácono pega a esmoleira na mesa do Tesoureiro e a partir deste, recolhe de Irmão a Irmão, percorrendo o Oriente, o Sul, o Ocidente e o Norte, colocando, no final, a esmoleira sobre a mesa do Tesoureiro. O 2º Diácono coloca o seu óbolo diretamente sem o auxílio de outro Irmão.

Quando o número dos presentes for elevado, o 1ºDiácono ajuda com mais uma esmoleira. No caso de uma reunião muito concorrida a coleta poderá ser feita junto à porta, no momento que os Irmãos saírem do Templo.

Se for necessário, após a coleta, o Venerável Mestre poderá mandar ler a ata do trabalho. Não havendo restrições a ata, esta será assinada pelo Venerável Mestre. Terminada a Ata, o 1º Diácono a leva ao Venerável Mestre e, depois da assinatura devolve ao Secretário.

O Catecismo de Encerramento é o momento que o 1º Vigilante recebe do Venerável Mestre a determinação de cumprir a sua obrigação no final do Trabalho: “fechar a Loja, entregar o salário aos Irmãos e dispensá-los do trabalho”. O VM e os Vigilantes vão para as suas colunas. As velas são apagadas uma a uma com os dizeres respectivos. O 1º Vigilante, após fechar a Loja, determina que seja dobrado o Tapete. Então, os Diáconos dobram o Tapete, do Oriente para o Ocidente, simbolizando os últimos raios do sol incidindo sobre ele.

Em seguida é formada a Cadeia de União por todos os Irmãos. Para formar a Cadeia, cada Irmão segura com a mão direita a mão esquerda do Irmão que está à direita e, com a mão esquerda a mão direita do Irmão que está à sua esquerda. O VM sempre fica no seu lugar atrás do Altar. Durante a Cadeia é feita a Oração (momento espiritual) pelo Venerável Mestre. Ela, sendo uma particularidade do rito, é formada por todos os presentes com as mãos dadas não havendo necessidade de cruzar os braços sobre o peito, que simboliza os nós do amor, uma vez que ele não faz parte do sistema. Ela simboliza a Fraternidade e a união que deve sempre existir entre os Irmãos. Ela deve ser formada em todas a sessões.

Havendo a necessidade de transmitir a palavra semestral deve ser feita outra Cadeia sem a presença dos visitantes. A Cadeia também é formada no momento da Luz na iniciação.

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Para desfazer a Cadeia, basta largar as mãos. Contudo existem Lojas que soltam a mãos após o toque do grau.

A Saudação é momento da despedida. O Venerável Mestre saúda a todos os Irmãos pelo sucesso alcançado, o que é repetido por todos em agradecimento.

A saída do Templo se faz pelo cortejo de saída. O 1º Diácono conduz os Irmãos para fora do Templo, na mesma ordem da entrada. Inicia com a saída do Grão-Mestre, se ele tiver presente. Segue-se a saída dos Grandes Oficiais, dos Veneráveis Mestres, dos Mestres Instalados, dos Mestres, dos Companheiros e dos Aprendizes e, finalmente a saída dos Oficiais da Loja.

É bom costume que os Oficiais, quando todos Irmãos deixaram a sala da Loja, dêem as mãos e agradeçam pelo bom trabalho. Crítica, mesmo que se torne apropriada ou necessária, não deve ser realizada imediatamente após do Trabalho de Templo.

Conclusão

O Ritual trata da criação do ser humano.

Para uma corrente o ser humano tem sua origem apenas no Logos (Sabedoria, Força e Beleza) enquanto que outra corrente afirma que o ser humano foi criado a partir dos elementos (terra, ar, água e fogo).

Enquanto um Rito fala apenas na criação do ser humano e a sua formação, outro Rito além de falar no ser humano trata também da formação da sociedade e de seus governos.

Tudo se cria através da Sabedoria, Força e Beleza, porque a Sabedoria projeta, a Força executa e a Beleza adorna. Assim, nada de proveitoso existe que não tenha passado pela Sabedoria, Força e Beleza. Então, o Ritual afirma na origem do ser humano na vida terrena: “Ignorante e fraco, o homem inicia o curso da Vida. Somente aos poucos, a luz da razão se expande, vagarosamente a força amadurece”.

Sobre a Sociedade diz o Ritual: “Os Maçons formam uma Fraternidade difundida entre todos os povos, países e classes, cujo fim consiste em promover o legítimo humanitarismo no espírito do verdadeiro amor fraterno, isto é, ajudar a implantar o domínio dos puros princípios morais em todos os círculos e empregar suas atividades em boas obras”.

Humanitarismo significa estabelecer condições de manutenção permanente do Ser Humano sobre a face da Terra conforme nos diz a Bíblia, “através do sopro Divino”, isto é, com dignidade.

O Rito Schröder tem apenas cinco Rituais, o da Loja de Aprendiz, da Loja de Companheiro, da Loja de Mestre, da Loja de Mesa e da Loja de Funeral.

Os demais são os Rituais Especiais da Obediência a qual a Loja está vinculada. São Rituais próprios para suas atividades, tais como:

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• Instalação e Posse de Venerável; • Reassunção de Venerável; • Posse dos Oficiais e Comissões Eleitas e Nomeadas; • Adoção de Lowton; • Cerimonial de Consagração Matrimonial; • Cerimonial de Exaltação Matrimonial; • Cerimonial de Regularização de Loja; • Cerimonial de Sagração de Templo; • Cerimonial de Consagração e Entrega de Estandarte; • Cerimonial de Funeral Público; • Cerimonial Fúnebre junto a Sepultura;

• Cerimonial Maçônico Público.

Quem tem autoridade para autorizar estas adaptações é o Grão-Mestre. Assim devem ser obedecidas as suas normas, com as devidas adaptações devido a maior influência de determinados Ritos nos Rituais da Obediência. Estes Rituais serão todos da Obediência onde as Lojas do Rito Schröder estão filiadas. Assim como na Alemanha, no Brasil, devemos usar os Rituais da Obediência a que a Loja estiver vinculada, devidamente adaptados ao Rito Schröder. Importante ressaltar que adaptar não é reduzir ou modificar o que está previsto, mas colocar no ritual apenas o que é exigido pelo rito Schröder.

Concluindo, (..) Apesar de amar o Rito Schröder e trabalhar pela sua consolidação e crescimento em todas as Potências Regulares do Brasil, devo enfatizar minha convicção de que não há e nem poderia haver, supremacia de um Rito sobre os demais. Os Ritos maçônicos Regulares devem ser venerados e estudados por todos os maçons, pois tem suas próprias origens históricas e filosóficas e são métodos de ensino que retratam uma época e uma ideologia. Quem considera seu Rito, sua Grande Loja, Grande Oriente, ou sua Loja superior aos demais, ainda não compreendeu o verdadeiro significado de "ser maçom". Ir. Rui Jung.

(*) SGOR – Adjunto para o Rito Schröder – GOB.

Fontes: Ritual do Grau de Aprendiz, segundo Friedrich Ludwig Schröder; Colégio de Estudos do Rito Schröder; Trabalhos dos Irmãos Antonio Gouveia Medeiros e Rui Jung Neto; Seminários do Rito Schröder (2007/2008, SC e RS); Os primeiros Passos do Aprendiz Maçom – Rito Schröder – Ir. Francisco Bento de Almeida – 1ª edição – 1999.

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HISTÓRIA DO RITO DE YORK

IIr∴ Anatoli Oliynik e Hercule Spoladore

Praticado pelos maçons da cidade inglesa de York, após 1816 passou a chamar-se Rito de Emulação (Emulation Ritual). Por um questão de reformulação os ingleses nunca aceitaram o título “Rito de York” razão pela qual esse nome só prevalece fora da Grã Bretanha. Durante a Maçonaria Operativa não o chamavam de Rito e possuia somente um grau. Após o ingresso dos Maçons Aceitos criaram o segundo grau “Companheiro” e o terceiro grau somente a partir de 1725, mantendo-se esta característica até 1740, quando foram introduzidos os Altos Graus. Após a reforma Ritualística de 1816 ficou apenas com tês graus e um apêndice do 3º Grau, chamado Real Arco Sagrado.

Foi introduzido no Brasil em 1837, pela Loja Orphan Lodge, subordinada à Grande Loja Unida da Inglaterra. A primeira Loja a trabalhar no Rito, ligada à uma Potiência do país foi a Eureka Lodge do Grande Oriente do Brasil que em 1891 adotou o Ritual de Emulação.

Em 1920, um ritual em português impresso em Londres e reconhecido pela Grande Loja Unida da Inglaterra começou a ser usado no Brasil.

RITUALISTICA

Estando os Obreiros reunidos, um hino de abertura pode ser cantado. Iniciando-se a reuinião, o Ven Mestre abre os trabalhos com

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um golpe de malhete seguido pelos Vigilantes. Após a verificação pelo Guarda do Templo, todos ficam de pé e à ordem.

Cumpridas as normas ritualísticas iniciais, o Venerável Mestre declara aberta a Loja, aplicando os golpes de malhete, no grau, repetidos pelos Irmãos Vigilantes. O Segundo Diácono abre o painel da Loja e o Guarda Inteno (Guarda do Templo) dá as batidas na porta que são respondidas pelo Guarda Externo, retornando ao seu lugar, (à esquerda de quem entra). O Capelão ou ex-Venerável abre o Livro das Sagradas Escrituras (Livro da Lei), compondo com o Esquadro e o Compasso (neste Rito as pontas do Compasso ficam viradas para o Venerável Mestre.

Entre a abertura e encerramento dos trabalhos existe uma pausa. O Venerável Mestre ordena ao Segundo Vigilante fazer a chamada aos Obreiros para o descanso e, depois, para retornarem ao trabalho. O encerramento dos trabalhos é feito pelo Primeiro Vigilante (quando o Primeiro Vigilante afirma que seu lugar é no Ocidente para assinalar o ocaso do sol e encerrar a Loja, após verificar se todos os Irmãos estão plenamente satisfeitos, realmente, neste Rito isso acontece).

A localização do Primeiro Vigilante fica na mesma linha do Venerável Mestre, no Ocidente, e não no canto esquerdo da Loja, à Noroeste.

Formando, com o Venerável Mestre e o Segundo Vigilante, um triângulo cuja base está voltada para a coluna do Norte.

Outra particularidade deste Rito é o encerramento dos trabalhos feito pelo Irmão Primeiro Vigilante. É ele quem, realmente, encerra os trabalhos e fecha a Loja e não o Venerável Mestre, como em alguns outros Ritos.

INICIAÇÃO

O Ritual de iniciação do Rito de York (tradução de 1920 pelo Irmão Joseph Thomaz Wilson Sadler - impresso em Londres e reconhecido pela Grande Loja Unida da Inglaterra) traz expressas e detalhadas recomendações sobre os cuidados com as interpretações individuais.

Nesse Ritual, na cerimônia de iniciação não existem as provas referentes aos quatro elementos e nem as três viagens, mas existem as perambulações, durante as quais é o Segundo Diácono quem instrui e conduz o candidato.

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Durante o ato é lida pelo Capelão ou pelo Venerável Mestre uma belíssima Oração ao Supremo Árbitro dos Mundos. As perguntas feitas ao candidato são respondidas, também com o auxilio do Segundo Diácono.

Antes de receber a luz o candidato é consultado, pelo Venerável Mestre, se está decidido a prestar um solene juramento. Sendo a resposta negativa, este é retirado do recinto, sendo positiva, ele presta o juramento. A última pergunta do Venerável Mestre é sobre o desejo predominante no coração do candidato. A resposta é LUZ. Encerrando com esclarecimentos ao candidato, através de três lições denominadas “Alocução”, “Prática” e “Preleção”.

RITO DE YORK

Os procedimentos do Rito de York são os mais antigos e os mais praticados em todo o mundo. Estima-se que cerca de 85% dos maçons os pratiquem.

A Grande Loja de Londres juntamente com as Grandes Lojas da Escócia e Irlanda, fundadas em 1717, 1725 e 1736, respectivamente, constituem as três mais antigas do mundo.

Na Inglaterra não havia denominação para rito tal como é hoje (Escocês, Francês, Adonhiramita etc). Poder-se-ia dizer que, para os ingleses, rito é o maçônico e ritual é um procedimento, uma prática especifica, o que eles chamam de working.

No Brasil costuma-se confundir Rito de York com Emulation Ritual, pensando que o segundo é também um rito. O primeiro é um rito, e o segundo, é um ritual utilizado pelo primeiro, conhecido no Brasil como ritual de Emulação. O Rito de York abriga em torno de sete tipos de rituais que muito se assemelham entre si cujas práticas variam de acordo com as regiões na Inglaterra. São eles: o Emulation, o Logic, o Taylor’s; o Alfaiate; o Bristol, o Stability e o West End.

Até 1717 as lojas maçônicas eram livres, isto é, não havia uma obediência que as aglutinassem. Com a fundação da Grande Loja de Londres algumas lojas inglesas passam a se subordinar a uma obediência central. Na cidade de York as lojas maçônicas continuaram independentes até 1751, quando surge uma Grande Loja rival denominada Grande Loja da Inglaterra ou Grande Loja de York.

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Com a rivalidade entre as duas Grandes Lojas, a denominação Rito de York começa a tomar corpo. Na verdade, ainda não se trata de um rito, mas sim do procedimento adotado pelos maçons de York que divergiam em alguns poucos pontos dos procedimentos adotados pelos maçons de Londres. Com isso a denominação acaba se consagrando.

Na prática, não havia diferenças ritualísticas acentuadas que pudessem ser caracterizadas nos procedimentos ritualísticos da Grande Loja de Londres e Grande Loja de York. Na realidade trata-se de um mesmo procedimento, praticado tanto pelos "Antigos" quanto pelos "Modernos".

Rito de York por meio de seus procedimentos ritualísticos, é o mais próximo da maçonaria operativa, anterior a 1717.

Em 1813 ocorre a união [Act of Union] firmado entre as duas Grandes Lojas rivais inglesas dando origem a Grande Loja Unida da Inglaterra. A partir da união, vários rituais foram autorizados e escritos, dentre eles o ritual de Emulação.

Atualmente, há 157 Grandes Lojas no mundo, das quais a Grande Loja Unida da Inglaterra reconhece 107. Isso não implica dizer que as 50 Grandes Lojas não reconhecidas, sejam consideradas espúrias ou irregulares - simplesmente, não são reconhecidas.

É difícil precisar, exatamente, o número de lojas maçônicas no mundo. Sabe-se que há, aproximadamente, 50 mil lojas em jurisdições reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

A Inglaterra com cerca de 48 milhões de habitantes e perto de 700 mil maçons, é a maior jurisdição, com 8.578 Lojas.

Na Capital - LONDRES -, com 7 milhões de habitantes na área metropolitana, existem cerca de 1.648 lojas maçônicas, com 150 mil maçons, aproximadamente.

Os EUA possuem 50 Grandes Lojas, com aproximadamente, 15 mil lojas maçônicas e 4 milhões de maçons.

Com 50 jurisdições os Estados Unidos contam com cerca de metade de todas as Grandes Lojas reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, Irlanda e Escócia.

Dos 4 milhões de maçons dos Estados Unidos, 3 milhões são do Rito de York, ou seja 75%. Entretanto, é oportuno frisar que o

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Rito de York praticado nos Estados Unidos difere do praticado na Inglaterra.

O Rito de York, na Inglaterra, não possui graus filosóficos. Apenas uma extensão do terceiro grau que não se constitui num grau. Esta extensão do terceiro grau, praticada pelos Capítulos ingleses, denomina-se, Real Arco ou Arco Real. Nos EUA, ele é constituído pelos 3 graus simbólicos e 4 graus filosóficos. Estas não são as únicas diferenças. Existem outras de ordem ritualística. Recomenda-se pois, não fazer comparações entre ambos os países.

No Brasil, as lojas maçônicas federadas ao Grande Oriente do Brasil adotam a linha inglesa ou seja, o Rito de York e o ritual de Emulação [Emulation Ritual]. Entretanto, existem muitas lojas ligadas a outras obediências que praticam o "iorques" ou seja, uma mistura entre o Rito de York e o Escocês que acaba resultando numa verdadeira barbárie ritualística. O total de maçons no mundo, em números exatos, é difícil de ser calculado, porque as informações não são completas. Entretanto, pode-se compor os quadros a seguir:

PAÍS LOJAS MAÇONS Inglaterra 8.578 700.000 Escócia 5.700 400.000 Irlanda 1.100 60.000 Estados Unidos 15.000 4.000.000 Canadá 5.000 250.000 América do Sul 9.000 450.000 Austrália 7.500 375.000 Filipinas 210 10.500 Europa Continental 1.300 65.000 Nova Zelândia, japão, Índia, etc.

5.000 200.000

RITO DE YORK (Emulation Rite)

Por Anatoli Oliynik Gr. Sec. Geral Adj. para o Rito de York do G.O.B.

O Rito de York é o rito mais antigo e o mais praticado em todo o mundo. Estima-se que cerca de 85% dos maçons o praticam. A Grande Loja de Londres juntamente com as Grandes Lojas da Escócia e Irlanda, fundadas em 1717, 1725 e 1736, respectivamente, constituem as três mais antigas do mundo. Na Inglaterra não havia denominação para Rito tal como é hoje (Escocês, Francês, Adonhiramita etc). Poder-se-ia dizer que, para os ingleses, rito é um

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procedimento, uma prática e não uma denominação especifica. Até 1717 as lojas maçônicas eram livres, isto é, não havia uma obediência que as aglutinassem. Com a fundação da Grande Loja de Londres algumas lojas inglesas passam a se subordinar a uma obediência central. Na cidade de York as lojas maçônicas continuaram independentes até 1751, quando surge uma Grande Loja rival denominada Grande Loja da Inglaterra ou Grande Loja de York. Com a rivalidade entre as duas Grandes Lojas, a denominação Rito de York começa a tomar corpo. Na verdade, ainda não se trata de um rito, mas sim do procedimento adotado pelos maçons de York que divergiam em alguns poucos pontos dos procedimentos adotados pelos maçons de Londres. Com isso a denominação acaba se consagrando. Na prática, não havia diferenças ritualísticas acentuadas que pudessem ser caracterizadas nos procedimentos ritualísticos da Grande Loja de Londres e Grande Loja de York. Na realidade trata-se de um mesmo procedimento, praticado tanto pelos "Antigos" quanto pelos "Modernos". Rito de York ou Emulation Rite é o rito mais próximo da maçonaria operativa, anterior a 1717. Em 1813 ocorre a união entre as duas Grandes Lojas rivais inglesas que deu origem a Grande Loja Unida da Inglaterra, cujo procedimento maçônico passa a denominar-se Emulation Rite [Rito Emulação].

Portanto, por força do Act of Union firmado pelas duas Grandes Lojas rivais, a denominação Rito de York deixa de existir, pelo menos formalmente. A nova denominação foi adotada para que não ficasse caracterizado que a Grande Loja de Londres submeteu-se a Grande Loja de York cujo rito, até a época da união, denominava-se "Rito de York". Atualmente, há 157 Grandes Lojas no mundo, das quais a Grande Loja Unida da Inglaterra reconhece 107. Isso não implica dizer que as 50 Grandes Lojas não reconhecidas, sejam consideradas espúrias ou irregulares - simplesmente, não são reconhecidas. É difícil precisar, exatamente, o número de lojas maçônicas no mundo.

Sabe-se que há, aproximadamente, 50 mil Lojas em jurisdições reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra. A Inglaterra com cerca de 48 milhões de habitantes e perto de 700 mil maçons, é a maior jurisdição, com 8.578 Lojas. Na Capital - LONDRES - , com 7 milhões de habitantes na área metropolitana, existem cerca de 1.648 lojas maçônicas, com 150 mil maçons, aproximadamente. Os E.U.A. possuem 50 Grandes Lojas, com aproximadamente, 15 mil lojas maçônicas e 4 milhões de maçons. Com 50 jurisdições os Estados Unidos contam com cerca de metade de todas as Grandes Lojas reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, Irlanda e Escócia. Dos 4 milhões de maçons dos Estados Unidos, 3 milhões são do Rito de York, ou seja 75%. Entretanto, é oportuno frisar que o Rito de York praticado nos Estados Unidos difere do Emulation Rite praticado na Inglaterra. O Emulation Rite, na Inglaterra, não possui graus

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filosóficos. Nos E.U.A., o Rito de York é constituído pelos 3 graus simbólicos e 4 graus filosóficos. Estas não são as únicas diferenças. Existem outras de ordem ritualística. Recomenda-se pois, não fazer comparações entre ambos os ritos. No Brasil, as lojas maçônicas federadas ao Grande Oriente do Brasil adotam a linha inglesa ou seja, o Emulation Rite apesar do uso da denominação "Rito de York" que acabou se consagrando. Entretanto, existem muitas lojas ligadas a outras obediências que praticam o "iorques" ou seja, uma mistura entre o Rito de York (linha americana) e o Escocês que acaba resultando numa verdadeira barbárie ritualística. O total de maçons no mundo, em números exatos, é difícil de ser calculado, porque as informações não são completas, mas estima-se que 5.500.000 praticam o RITO DE YORK, ou seja: 85%. Há, naturalmente, erros mas que não afetam o resultado final. ALGUMAS COMPARAÇÕES COM O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO Não tem no Rito de York: A Palavra Semestral; Cadeia de União. (não deve ser formada em hipótese alguma). Sessões Especiais (todas são regulares). Câmara de Reflexões. Espadas dentro da loja (o único que usa a espada é o G.E.). Bolsa de Propostas e Informações. Passos para entrada na loja.

Cartão de visitante (quando o visitante exige, o M.L. solicita que o Ir∴ Sec. encaminhe uma carta diretamente à loja do visitante, informando a visita). Altar dos Juramentos (não há altares na loja, as mesas do M.L., P.V. e S.V., são retangulares e chamadas de Pedestais). Transmissão da Palavra Sagrada. Cálice da Amargura (na iniciação). Consagração pela Espada e o Malhete. Espada Flamejante. Prova dos Elementos. Tríplice abraço. Os três pontinhos; (deve ser abolido, das abreviaturas e também das assinaturas). Diferença de nível entre o Or. e Oc.. Separação física entre o Or. e Oc. (grade). Os cargos de: Orador, Chanceler, Experto, Porta Estandarte e Porta Espada. Corda de 81 nós. Candidatura para o cargo de Mestre da Loja (não há disputa pelo cargo, há uma linha de sucessão). Nenhum assunto administrativo pode ser discutido em loja aberta; Nenhum candidato é reprovado no escrutínio secreto em loja aberta. (os candidatos são avaliados e pré-aprovados em reunião administrativa). Não se usam, no Rito, as palavras: Balaústre ou Peça de Arquitetura. Usa-se: ATA, EXPEDIENTE ou PALESTRA, CONFERÊNCIA. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO RITO DE YORK Há somente um livro de ATAS para todos os graus - todas as ATAS são escritas, lidas e aprovadas no Primeiro Grau. O Ritual não deve ser lido em loja. É todo memorizado. Somente o P.M.I. pode permanecer com o Ritual aberto, pois ele funciona como ponto para ajudar um Ir∴, num esquecimento ocasional. Os cargos eletivos são somente três: o M.L., o Tes. e o Guardião. Na sessão anterior a da eleição, um Ir∴, secundado por outro, (toda proposta feita em Loja Aberta, tem que, necessariamente, ser secundada por outro Ir∴, caso contrário,

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não será considerada). propõe o nome do M.L. e solicita que este indique o nome do Tes. e do Guardião. Estes portanto, serão os nomes que serão eleitos na sessão seguinte. É da tradição do rito, não haver disputa de cargos em hipótese alguma. A linha de sucessão deve ser respeitada, para que a harmonia e a união entre os irmãos seja mantida. Os demais cargos são de livre escolha do M.L.. Todas as reuniões de Loja Aberta são regulares, a saber: (a) Iniciação; (b) Passagem; (c) Elevação; (d) Instalação do Mestre da Loja (e) Dedicação do Templo. Não existe a denominação de sessões magnas, econômicas etc. As perguntas feitas pelo M.L. aos Candidatos à Passagem ou Elevação, são feitas na mesma sessão da respectiva cerimônia, e suas respostas não são apreciadas pela Loja, isto é, são sempre aprovados. Não é permitido o uso do Balandrau para os membros da Loja. O traje é preto ou escuro e gravata preta longa ou combinada com o terno quando escuro. Aos visitantes é permitido o uso do balandrau (desde que não sejam do Rito). O M.L. é o único que pode falar sentado na Loja. Os demais, falam de pé e à ordem e com o passo. As batidas são t., em todos os Graus, a diferença é no ritmo. Não há maçonaria Filosófica no Rito. Haverá, sempre, uma cadeira vaga à esquerda do M.L., (para quem olha para o Pd.) destinada ao Grão-Mestre ou seu Adjunto. Nenhum Oficial tem direito de reclamar promoção quando entra na linha de sucessão. A linha de sucessão: (1) Guarda Interno; (2) Segundo Diácono; (3) Primeiro Diácono; (4) Segundo Vigilante; (5) Primeiro Vigilante; (6) Mestre da Loja. Em nenhuma procissão é permitido que algum Ir∴ ficar entre o M.L. e seus VVig.. Se houver uma ODE de abertura ou música apropriada, deve ser cantada ou executada antes de abrir a Loja - Se houver uma de encerramento, depois da Loja fechada. (não usar música durante os trabalhos em Loja Aberta). No primeiro ou segundo levantamento, se houver alguma mensagem oficial ou Decreto do Grão-Mestre para ser lido, o D.C. pede aos IIr∴ que fiquem de p. e à ordem. O M.L. não se levanta para apresentar os instrumentos de trabalho em qualquer grau - nem na preleção após à iniciação. Numa visita o M.L. só deve oferecer o malhete ao Grão-Mestre, ou Adjunto - a nenhum outro. Na explanação da T.D., no Segundo Grau, todos os Oficiais permanecem em seus lugares. Quando o M.L. está ausente, deve ser substituído pelo P.M.I., se presente. Se o M.L. tiver que se ausentar por uns tempos, deve escolher entre os P.Ms. quem deve substituí-lo. (isso significa que o P.V. só substitui o M.L. em caso de impedimento definitivo e somente nestes casos). Na Procissão de saída, o P.M.I. não deve ir atrás, ou ao lado do M.L.. Não há lugar certo para ele, que é um dos P.Ms., simplesmente. O P.M.I. não é um Oficial da Loja. As comissões que constam dos Estatutos, têm a finalidade de atender aos regulamentos do Grande Oriente do Brasil (são estranhas para o Rito de York). Na verdade, o Rito tem duas comissões - a de Inventário, composta por

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dois membros escolhidos pelo M.L. para verificação e controle dos bens da Loja - a de Auditagem, com dois membros, para darem parecer ao Relatório apresentado pelo Tes., para ser votado no dia da instalação do novo M.L.. (O Tes. deve distribuir aos membros da Loja, cópia do Relatório, antes da reunião, a fim de que todos possam tomar conhecimento do mesmo, antes da votação. Deve ser aprovado por unanimidade. - O Tes. deve merecer o máximo de confiança, como todos os outros membros da Loja). Não há ordem para levantar-se ou sentar-se, nas reuniões. Salvo as exceções que constam do Ritual. Toda vez que o M.L. se levanta, todos se levantam e sentam-se depois que ele se sentar, sem necessidade de ordem. O único que pode falar sentado na Loja é o M.L. - Todos os demais falam de pé, com Pas. e Sn. Para falar não é necessário pedir ao M.L., basta levantar-se com Pas. e Sn. e aguardar a ordem para falar - Não há uma ordem estabelecida para concessão da palavra. Pode falar um Ir∴ do Or. depois outro de qualquer lugar da Loja, isto é, não há precedência - A palavra pode ser concedida a um Aprendiz ou Companheiro, depois que um Mestre ou P.M.I., ou qualquer autoridade tenha feito uso da palavra, salvo do Grão-Mestre Geral, Estadual ou Adjunto que falam por último. A MARCHA A marcha é sempre iniciada com o pé esquerdo. Nas Cerimônias (Iniciação, Passagem e Elevação) é obrigatório o esquadramento da Loja. Fora das Cerimônias não há um sentido obrigatório de caminhar na Loja. O Maçom não pode caminhar sozinho na Loja, terá que ser, sempre, conduzido pelo D.C., nas sessões regulares e pelos Diáconos, nas Cerimônias. SAUDAÇÕES ÀS AUTORIDADES As saudações às autoridades são feitas, logo após a Loja aberta, pelo D.C.. No caso ele vai ao centro da Loja e diz: "Irmãos, acha-se presente em nossa reunião o (cita o cargo do Ir∴ - Soberano, Eminente) Irmão F. ... Peço-vos que fiqueis de pé (inclusive o M.L.) e o saudemos com "n" Sns., guiando-vos por mim - À Ordem IIr∴" Os IIr∴ ficam à Ordem com o Pas. e o D.C. começa a fazer os Sns. (aquele em que a Loja esta aberta - geralmente no Primeiro Grau). O D.C. dá o Pas., coloca o bastão encostado no ombro direito, ele e todos juntos fazem o sinal e cortam batendo com ruído a mão direita na coxa direita, tantas vezes quantas o rank ao homenageado exigir, de acordo com o regulamento.

Autoridade Nº de Vezes

Grão-Mestre Geral (11)

Grão-Mestre Geral Adjunto; - Presidente AFL, STJ e Medalha D. Pedro II (9)

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Grão-Mestre Estadual; - Gr. Sec. Geral; - Garante de Amizade; - Pres. Assembléia Legislativa (7)

Deputado Federal, Grão-Mestre Adjunto Estadual; - Gr. Sec. Estadual (5)

Membros do Conselho Estadual, Deputado Estadual; Past Master e Mestre de Loja (3)

A LOJA

A Loja por ter uma personalidade jurídica, passa a ter, virtualmente, dois Estatutos: Um, como Sociedade Civil para fins administrativos; Outro, da sociedade fraternal, para fins maçônicos baseados nos velhos preceitos. As leis maçônicas são de ordem moral e estão restritas à Instituição. Assim sendo, devem cingir-se, estritamente, à ritualística e à liturgia, sem gerar conflitos - vale dizer - sem colidir com a boa hermenêutica das leis civis. É tradição do Rito de York que os assuntos administrativos não sejam discutidos em Loja Aberta, porque são assuntos atinentes à Sociedade Civil e a Loja não deve ser perturbada com discussões. Na reunião administrativa todos votam, inclusive os aprendizes e companheiros, pois é uma reunião da Sociedade Civil. Em Loja Aberta, votam, somente, os Mestres, de acordo com os regulamentos (a votação é uma exigência do GOB).

No Rito de York há uma forma especial para votação nas eleições. Todos os Irmãos votam, exceto os membros honorários - vide linha de sucessão. Os envelopes utilizados para correspondência de uma Loja do Rito de York não podem conter identificação (timbre da Loja, endereço e outros). Nenhuma correspondência pode ser identificada pelos profanos, como Maçônica.

ADMINISTRAÇÃO DA LOJA

A administração de uma Loja Regular do Rito de York, consiste: Oficiais compulsórios (*) Mestre da Loja ** Primeiro Vigilante Segundo Vigilante Secretário Tesoureiro ** Primeiro Diácono Segundo Diácono Guarda Interno Guarda Externo ** (*) Estes oficiais são indispensáveis para composição e funcionamento de uma loja do Rito de York (Emulation Rite). Destes, apenas 3 (**) são eletivos. Os demais são de livre escolha do M.L. e por ele nomeados. Oficiais auxiliares (**) Capelão Diretor de Cerimônias Organista Esmoler Ass. do Diretor de Cerimônias Assistente do Secretário Mordomo Administrador da Caridade Administradores (**) Estes oficiais são facultativos e complementam a administração de uma loja do Rito de York. Todos eles são de livre escolha do M.L. e por ele nomeados.

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Obs.: Os cargos de Capelão, Diretor de Cerimônias, Secretário e Tesoureiro, devem ser exercidos, preferencialmente, por Past Masters. O Guarda Externo, obrigatoriamente por um Past Master. Cargos Eletivos: - Mestre da Loja; - Tesoureiro e - Guarda Externo. Todos os demais cargos, sem exceção, são de livre escolha do Mestre da Loja e por ele nomeados.

REUNIÕES DA LOJA

A Loja deve ter, no mínimo, três reuniões mensais: 1 (uma) de Loja Aberta - ritualística; 1 (uma) de Administração - para assuntos da Sociedade Civil; 1 (uma) de Instrução*. ( * ) As reuniões de Instrução são reuniões de ensaio dos rituais da Loja (Primeiro Grau, Segundo Grau, Terceiro Grau, Iniciação, Passagem, Elevação, Instalação de Mestre da Loja e Dedicação do Templo). Portanto, não são semelhantes as instruções realizadas pelo R.E.A.A. Estas, no Rito de York, são denominadas: Palestras ou Conferências e só podem ser realizadas no Descanso da Loja. Ordem dos Trabalhos: Abertura e apresentação da Carta-Patente (O M.L. mostra-a ao Tes. sem falar); Leitura e confirmação da ATA da sessão anterior; Recebimento de Cartas e Comunicações. Agenda (assuntos do dia); Levantamentos 1º) Para assuntos do GOB; 2º) Para assuntos do G.O. Estadual e da Loja; 3º) Para assuntos pessoais. 7. Encerramento. Obs.: A Ordem dos Trabalhos, por não fazer parte do ritual, não exige rigor na sua estruturação. Pode apresentar pequenas variações tais como: a Agenda pode ser distribuída nos três levantamentos. Por exemplo: 1º Período: para assuntos da ordem maçônica universal e do Grande Oriente do Brasil; 2º Período: para assuntos do Grande Oriente Estadual e da Loja, além do expediente da secretaria; 3º Período: para assuntos pessoais e da bem-querença entre os irmãos.

A REUNIÃO

A critério da Loja, o início da reunião pode ser precedido de uma procissão, para a entrada do M.L. e seus Vigilantes. Se houver autoridade, G.M.G. ou G.M.E., haverá uma procissão especial e será obrigatória. A entrada de autoridades se dará depois da Loja aberta e após a leitura e confirmação da ATA e a saída, antes do encerramento. Nessa procissão, pode ser cantada uma ODE de abertura ou executada uma peça musical apropriada (gênero clássico). Antes da procissão todos os IIr∴ já estão em Loja, em seus respectivos lugares, inclusive os visitantes não graduados. O D.C. pede a Loja que se levante para a entrada do M.L. (não precisa usar o Sn.). Após o encerramento há uma procissão para a saída do M.L. e seus Vigilantes, os P. Ms., no Or. podem ser convidados pelo D.C. para acompanharem - Pode, também, ser cantada uma ODE de

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encerramento ou executada peça musical apropriada. COMITÊ DE ASSUNTOS GERAIS Ninguém pode lançar-se candidato. No caso do P.V. não poder assumir, o Comitê de Assuntos Gerais composto de todos os P. Ms. da Loja e mais dois Ms. Ms. sob a direção do M.L., indicará o próximo Mestre a ser eleito e os demais Oficiais a serem eleitos ou nomeados pelo próximo Mestre da Loja.

O COMPORTAMENTO EM LOJA

Depende dos IIr∴, da devoção que demonstrem em seus trabalhos, fazer de sua Loja um exemplo, onde transpire um envolvente magnetismo e se pratique um dos mais sublimes ideais maçônicos:

A FRATERNIDADE.

Os IIr∴ devem assistir assídua e pontualmente as reuniões e se considerarem muito honrados por pertencerem ao quadro da Loja. devem manifestar profunda reverência para com a Ordem; devem ter alta consideração para com a Loja; devem saber que depende da sua ajuda, a plena magnetização do templo e a conservação desse magnetismo; devem estar conscientes de que são a própria alma da Maçonaria; E mais, que com o seu trabalho e comportamento, façam com que a loja se torne uma loja modelo, totalmente eficiente em seus trabalhos, de sorte que alguém que a visite possa impressionar-se pelo bom trabalho feito e pela força de sua atmosfera magnética. Curitiba, 16 de Janeiro de 1998.

Anatoli Oliynik Gr. Sec.-Geral Adj. para o Rito de York do G.O.B. E-mail: [email protected] Notas: 1. Este documento contém as principais orientações para Lojas do Rito de York [Emulation Rite] linha inglesa (Grande Loja Unida da Inglaterra). Evitar comparações com o Rito de York norte-americano que difere do rito praticado na Inglaterra. Maiores detalhes podem ser encontrados em: OLIYNIK, Anatoli. O Rito de York (Emulation Rite). Curitiba: Ed. Gráfica Vicentina, 1997. 236 p. Il. Pedidos do livro podem ser encaminhados diretamente para o autor no endereço acima indicado. Solicite a ficha de pedido por E-mail. E-mail: [email protected]

BREVE HISTÓRICO DA FUNDAÇÃO DA GRANDE LOJA UNIDA DA INGLATERRA

Uma vez fundada a Grande Loja de Londres em 24.06 l7l7, como já se sabe da história da Ordem, que ocorreu na Cervejaria do Ganso e

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da Grelha( The Goose and Gridiron), onde se reuniram alem de uma Loja com o mesmo nome, mais três a saber: A Coroa (The Crown); A Macieira( The Apple) e a O Copázio(copo grande, copaço) e as Uvas (The Rummer and Grappes) Elegeram como primeiro Grão-Mestre o Irmão Sir. Antony Sayer. As três primeiras Lojas foram constituídas de maçons operativos e a quarta a do Copázio e das Uvas foi constituída por homens eminentes, nobres e entre eles o Reverendo James Anderson,que escreveria em l723 o famoso Livro das Constituições (Livre des Constituitones), mais conhecido como Constituições de Anderson. Era nessa época uma Maçonaria de apenas dois graus. Não havia o grau de mestre, havia o cargo de Mestre da Loja O grau de Mestre foi introduzido na Maçonaria em l725 e definitivamente incorporado em l738. Em 11.05.l725 teriam sido elevados ao grau de Mestre os dois primeiros maçons na história da Ordem: Papillon Bul e Charles Cotton. Interessante que, os primeiros Grão-Mestres da Maçonaria no mundo eram Companheiros e não Mestres.

Entretanto, apesar desta iniciativa da Maçonaria Inglesa, fundando a que seria a primeira potência maçônica, a Grande Loja de Londres, a sua influência na Inglaterra durante muito tempo, foi relativa pois uma grande parte das lojas inglesas em respeito aos antigos costumes onde os "Maçons livres em Lojas livres" predominavam, não queriam saber de novidades, principalmente em função do já conhecido conservadorismo inglês. O principal foco de resistência foi a velha Loja do condado de York. Os Maçons de muitas lojas teimavam em não seguir não só a uma organização obedencial, bem como eram refratários às inúmeras alterações que foram introduzidas sendo por esta razão chamados de Antigos e evidentemente os Maçons da Grande Loja de Londres eram chamados de Modernos.

Em l725 na cidade de York foi fundada a Grande Loja se autoproclamando Grande Loja da Inglaterra. Cessou suas atividades mais ou menos l740.

Em l75l foi fundada uma Grande Loja dos Antigos, formada de maçons irlandeses que haviam sido impedidos de pertencer às lojas inglesas. O maçom que mais se bateu contra os Modernos foi o irlandês Lawrence Dermott, publicando em l756 as Constituições da Grande Loja dos Antigos sob o título Ahiman Rezzon( Ahim quer dizer Irmãos: manah, escolher e ratzon, lei) Ele afirmava que os Antigos deveriam ser chamados de Maçons de York porque a primeira Grande Loja da Inglaterra havia sido reunida em York em 926 pelo príncipe

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Edwin. Entretanto, sabemos que se trata de uma lenda e não da realidade maçônica inglesa dos séculos XVII e início do XVIII.

Somente em 1761, foi reativada a Grande Loja de York, ligada à cidade do mesmo nome, com a seguinte sigla: Grande Loja de toda a Inglaterra( The Grand Lodge off all England). Os maçons desta Grande Loja criticavam a Grande Loja de Londres por ter esta realizado muitas alterações a saber: mudaram as formas de reconhecimento nos graus na Maçonaria, retiraram as orações dos procedimentos; descristianizaram o ritual, omitiram os Dias Santos, mudaram a forma de preparação do candidato; enxugaram o ritual, deixando de dar as instruções como até então eram ministradas; cortaram a leitura dos Antigos Deveres nas Iniciações; retiraram a Espada durante as Iniciações, mudaram o antigo método de arrumar a loja e também alterações e mudança na função dos diáconos, colocaram o Altar dos Juramentos no centro da loja, alem de outras alterações.

Uma outra Grande Loja, a quarta, apareceu na Inglaterra em l777 por ocasião da cisão havida na Loja Antiquity, quando parte da Loja acompanhou o grande maçom Willian Preston, separando-se da Grande Loja de Londres, porem voltando daí há onze anos em l788 à Potência de origem. Willian Preston, grande palestrante e compilador dos então catecismos maçônicos., ele teria sido o primeiro maçom a dar o significado simbólico às ferramentas de trabalho dos operários da construção.

De fato, a Grande Loja de Londres, imprimiu um tipo de catecismo(não se chamava ritual naquela época), introduzindo uns procedimentos e retirando outros, mais no sentido de atualização e renovação. Criaram um Ritual muito parecido com o atual Rito de York Americano.

Quanto aos maçons do condado de York e os outros que se opunham às modificações implantadas pela Grande Loja de Londres praticavam um ritual parecido ao que Samuel Prichard de maneira perjura, publicou num jornal de Londres em 10 de Janeiro de l730 de dois graus. Eram conservadores e não admitiam modificações em hipótese alguma.

Entretanto, a Maçonaria Inglesa chegou à conclusão que tanta divergência não levaria a Ordem a lugar algum, já em l794 os dois

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Grão-Mestres rivais solicitaram ao Duque de Kent que intermediasse um acordo entre as duas Potências, no sentido de uma unificação. Em l809, a Grande Loja de Londres constituiu uma Loja de Promulgação ou Reconciliação, com a finalidade de estudar a fundo o problema.

Esta Loja chegou a conclusão após estudos que se poderia atender a todos os interessados, principalmente no tocante ao Ritual, isto é cederiam em favor dos Antigos em parte, suas maiores reivindicações.

Em 1813 por coincidência dois nobres, irmãos de sangue eram os Grão-Mestres das duas Potências adversárias, o Duque de Sussex da Grande Loja de Londres e o Duque de Kent, Grão-Mestre da Grande Loja de toda a Inglaterra. Assim, em 27.de Novembro daquele ano, foi assinado um tratado com 3l artigos sacramentando a união de ambas as Obediências. Não foi lavrada ata, para se salvaguardar o segredo maçônico e o Duque de Kent propôs que seu irmão o Duque de Sussex fosse o primeiro Grão Mestre da nova Potência que passou a se chamar Grande Loja Unida da Inglaterra, nome este que permanece até a presente data. A partir daí a Maçonaria Inglesa entrou numa fase de paz e tranqüilidade. Acresça-se que apesar de terem chegado a um acordo acabou prevalecendo em quase 80% das práticas adotadas pelos Antigos. Há na Inglaterra uma certa tolerância, pois existem algumas pequenas diferenças nas práticas ritualísticas perfeitamente aceitas sem que isto venha a ser enxertos, invenções, adendos consistindo apenas em tradições sem constituir problemas entre os maçons ingleses, cuja mentalidade é bastante diferente da nossa, já que temos uma capacidade de inventar muito grande.

ALGUNS ESCLARCIMENTOS QUANTO AO NOME DO RITO (TRABALHO) NO BRASIL E SÍNTESE DA HISTÓRIA DO RITO NO PAÍS

Se vasculharmos detidamente os rituais ingleses notaremos que não existem alguns termos os quais foram traduzidos para o português aqui no Brasil de forma inadequada, e que acabaram sendo usados incorretamente e até se tornarem erradamente tradicionais. Em realidade não existe o Rito de York Inglês. Existe sim, o Rito de York Americano que nada tem a ver com sistema ritualístico inglês. O sistema Inglês de Ritualística tem o nome de Arte Maçônica (Craft Masonry) Não encontramos os termos Rito de York (York Rite), e nem o Rito de Emulação(Emulation Rite).

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Existem os nomes de Ritual de Emulação(Emulation Ritual) e Trabalho de Emulação( Emulation working).

A partir de 1871 foi criado um ritual denominado " The perfect Cerimonies of Craft Masonry" ( Cerimônias Exatas da Arte Maçônica), impresso pela "A Lewis, Publishers" de Londres.

Existe o termo Emulation (Emulação), ligado a uma Loja a "Emulation Lodge of Improvement" (Loja Emulação de Melhoramento)fundada em l823,verdadeira escola de maçonaria onde são dadas instruções por preceptores que ensinam o ritual aos Irmãos, que existe e funciona até a presente data.

Se formos usar o nome do sistema maçônico inglês corretamente deveríamos nos referir a este Rito como Trabalho de Emulação, e Ritual de Emulação aos procedimentos ritualísticos, porque em realidade na Inglaterra, o que nós chamamos de Rito de York, conforme já frisamos lá não existe tal expressão. Lá os maçons se dizem pertencer à Craft Masonry e não a um Rito, como aqui no Brasil. Craft significa oficio ou arte. Costumam dizer que pertencem ao Oficio Maçônico e não a um Rito.

O sistema inglês de Maçonaria entrou no Brasil através da " Orphan Lodge" no Rio de Janeiro em 28.06.l837. Em 21.09.1839 também no Rio de Janeiro, foi fundada a "St.Jonh's Lodge" e a terceira Loja foi a "Southern Cross Lodge" em Recife que recebeu a Carta Constitutiva ou Carta Patente em 25.04.1856. Todas estas Lojas receberam autorização diretamente, isto é, a Carta Patente da Grande Loja Unida da Inglaterra. Não tinham quaisquer vínculos com a Maçonaria Brasileira. Estas lojas tiveram existência efêmera. mas marcaram oficialmente o contato do Brasil com o sistema ritualístico inglês. A última delas a abater colunas foi a"Southern Cross Lodge" em 1872 ou l873.

O Grande Oriente do Brasil ao Vale dos Beneditinos,depois Grande Oriente Unido (dissidente do GOB) fundado em 09.11.1863 por Saldanha Marinho fundou três lojas, pelo sistema americano, onde o Rito usado tem realmente o nome de Rito de York, sem relação com o sistema inglês. Foram elas: a Loja "Vesper" no Rio de Janeiro em 30.11.1872 a "Washington Lodge" em Santa Barbara do Oeste -SP. onde imigraram americanos após a Guerra Civil Americana e a "Lessing" em Santa Cruz do Sul no Rio Grande do Sul em 22.03.l880.

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Entretanto a primeira loja de origem inglesa fundada sob os auspícios de uma Potência no Brasil foi a Loja "Eureka" em 21.10.1891 pelo GOB. Em 21.12.1912 o Grande Oriente do Brasil assinou um tratado com a Grande Loja Unida da Inglaterra, onde houveram dois textos, um em português, onde foi traduzido como "Grande Capítulo do Rito de York" e no inglês como "Grand Conseil of Craft Masonry in Brazil", cuja tradução correta seria " Grande Conselho do Ofício Maçônico no Brasil", evidentemente se referindo à Maçonaria Simbólica. No brasão emblemático, estão inseridas as letras G.C.C.M. na parte superior e Brasil com "z" na parte inferior.

As lojas componentes deste Grande Conselho, ou Grande Capítulo como querem os brasileiros foram:

"Eureka Lodge " nº.440 - Rio de Janeiro Fundada em 22.10.1891

"Duke of Clearence"nº.443- Salvador Bahia Fundada em10.10.1892

"Morro Velho Lodge"nº. 648- Nova Lima-Mg. Fundada em 20.03.1899

"Lodge of Unity" nº.792– São Paulo –Sp Fundada em 22.09.1902

"St. George's Lodge" n.8l7 – Recife – Pe Fundada em30.06.1904

"Lodge of Wanders" nº 856 – Santos – Sp. Fundada em 05.09.1907

"Eduardo VII Lodge" nº903 – Belém – Pa. Fundada em 10.11.1911

A última Loja, a sétima, foi fundada para que se pudesse criar o Grande Capítulo, ou Grande Conselho. Outras Lojas vieram a fazer parte deste Corpo, como a "Campos Salles Lodge";nº966 em São Paulo -Sp.; "Lodge of Friendship" nº.975 em Niterói- RJ; " Centenary Lodge" nº.986 em São Paulo -SP.; "Royal Edward Lodge" nº 1.096 no Rio de Janeiro.

Em 06.05.1935 estas Lojas passaram a fazer parte de uma Grande

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Loja Distrital, já que as Lojas jurisdicionadas à Grande Loja Unida da Inglaterra fora do Reino Unido são agregadas em Distritos. A Grande Loja Distrital no Brasil ( hoje, Grande Loja Distrital para a América do Sul –Divisão-Norte) teve a anuência do Grande Oriente do Brasil para esta situação, já que a maioria dos membros destas Lojas era de origem inglesa. E alem do mais em troca, interessava e muito ao GOB o reconhecimento formal da Grande Loja Unida da Inglaterra. Cessava assim as atividades do Grande Capítulo ou Grande Conselho, como seria o nome correto. Esta Entidade não conferia graus, não se tratava de um Corpo de graus superiores, já que estes não existem neste sistema ritualístico. Foi criada mais para se tratar de assuntos administrativos.

Em 1920, o Irmão Joseph Thomas Wilson Sadler do quadro da Loja "Lodge of Unity" de São Paulo, baseado na Edição de l9l8 do Ritual " The Perfect Cerimonies of Craft Masonry" fez uma tradução do Ritual inglês para o português com a aprovação da Grande Loja Unida da Inglaterra. Ele usou corretamente a expressão " Cerimônias Exatas da Arte Maçônica" e não mencionou a expressão Rito de York. Em l976 foi reimpresso o Ritual de 1920, e aí apareceu a expressão "Rito de York", que aliás já vinha sendo usado há muito tempo, consagrando assim definitivamente no Brasil, um nome que não existe no sistema inglês, quando se sabe que lá na Inglaterra este Trabalho (Rito) não tem esta denominação. Como todos os Rituais usados atualmente pelos brasileiros estão baseados nesta tradução, e como foi inserido em l976 o termo Rito de York, ainda que de forma incorreta, tornar-se-á muito difícil após muitos anos se desfazer deste erro que já se tornou corriqueiro e de uso geral.

A versão feita pelo Irmão Sadler tem incorreções com relação à tradução, se bem que poucas, porem um dos maiores erros deste Ritual foi colocarem o V:.M:.e demais Oficiais com os três pontinhos, quando sabemos que eles não existem no sistema ritualístico inglês.

O correto seria V.M., conforme abreviamos as palavras na língua portuguesa.

Atualmente esta tradução foi copiada pelas demais Potências o seu diálogo usado em todo Brasil, é praticamente o mesmo mas existem dificuldades com relação a liturgia, a qual os ingleses fazem questão, quem sabe, com muita razão de esconde-la. Não ligam muito se outros povos praticam ou não seu sistema, a não ser os do Commonwealth. E os brasileiros, são useiros e vezeiros em "escocesar "qualquer sistema quer inventando quer enxertando

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procedimentos. Há dificuldade aqui no Brasil em se freqüentar as Lojas Distritais inglesas, já que poucos Irmãos entendem a língua inglesa. Aprendemos alguma coisa com Irmãos brasileiros que freqüentam tais lojas, bem como com Irmãos que pertencem à Potências reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra e que freqüentem lojas na Inglaterra quando de passagem por aquele país. COMO É PRATICADA A MAÇONARIA NA INGLATERRA

A Maçonaria Simbólica inglesa é totalmente controlada pela Grande Loja Unida da Inglaterra, sendo que lá como já referimos, não se fala em Ritos e sim de em um conjunto de procedimentos ritualísticos maçônicos; chamados Trabalhos. No caso o Trabalho de Emulação que é o Trabalho predominante, (cerca de 85%) tem um Ritual chamado Ritual de Emulação (Emulation Ritual).

A Grande Loja Unida da Inglaterra no entanto, reconhece outros tipos de Trabalhos a saber:

Taylor Working, Bristol Working, Lewis Working, West End Working, Stability Working, Universal Working, alem de outros tipos de Trabalhos menos divulgados. Todos estes tipos de Trabalhos são muito parecidos com o Emulation Working. Talvez o mais diferenciado seja o Bristol Working, no qual o Venerável usa um tipo de chapéu chamado "cocked hats" muito usado na marinha inglesa. Neste Trabalho as cerimônias também são um pouco diferentes.

O Trabalho de Emulação tem uma extensão do terceiro grau, que não chega a ser um novo grau chamado Santo Arco Real. Não se trata em absoluto de um grau superior, porem tem uma ritualística própria. Ele é freqüentado pelos Past-Masters. Não confundir o Santo Arco Real do sistema inglês com o Corpo de Graus Superiores do sistema americano( Rito de York Americano). conhecido como Real Arco que tem vários graus. Esta história de que o Santo Arco Real inglês não é um grau, se bem pensada, não é bem assim . Não é um grau porque eles não querem que seja, pois se comporta como se fosse um grau, pois tem até um ritual especial. Esta é a verdade.

A Grande Loja Unida da Inglaterra que se julga a Loja-Mãe do mundo e se dá o direito de reconhecer ou não outras Obediências Simbólicas

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ou seja, Grande-Orientes e Grandes Lojas, onde é inflexível em seus critérios de reconhecimentos, no entanto, não cogita, não proíbe, não tem tratados, não interfere com relação aos chamados Graus Superiores. Simplesmente, ignora-os. Seu poder total se refere tão somente aos graus simbólicos.

Qualquer membro de um dos Trabalhos quer seja o de Emulação, Bristol West End e etc., poderá buscar caso queira, graus superiores, em outros Ritos outras Ordens, ou GRAUS PARALELOS como lá são chamados, por exemplo no Rito Escocês Antigo e Aceito ou mesmo no Real Arco do Rito de York Americano ou em qualquer outro sistema de Graus Superiores, desde que não interfira na parte Simbólica. Na Inglaterra e País de Gales existe um Supremo Conselho 33 do Rito Antigo e Aceito( Ancient and Accepetd Rite- Supreme Council 33) fundado em 1845. Não leva o nome de Escocês mas não é outro senão o nosso já por demais conhecido Rito Escocês Antigo e Aceito. Os Irmãos poderão também ingressar na Ordem do Monitor Secreto- Grande Conselho( Order of the Monitor.

Ainda existem outros tipos de Maçonaria de Graus Superiores como por exemplo, a Ordem dos Sacerdotes Cavaleiros Templários do Sagrado Arco Real – Grande Colégio- (Order of Holy Royal Arch Knight Templar Priests) e ainda na Ordem da Cruz Vermelha de Constantino e Ordens Correlatas (Order of Red Cross of Constantine and appendant Orders).

Existem outros GRAUS PARALELOS que merecem ser citados:

- Grande Loja de Mestre da Marca – Mestres de Marca - (Grand Lodge of Mark Masters- Mark Degree).

- Graus de Nauta da Arca Real ( Royal Arch Mariner Degree). - Ordem dos Reais e Seletos Mestres- Grande Conselho-(Order of- Royal and Select Masters).

Ordem dos Graus Maçônicos Aliados- Grande Conselho- (Order of Allied Masonic Degrees) Honorável Sociedade de Maçons Livres, etc. (Worshipful Society of Free Masons etc.)

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PECULIARIDADES DO TRABALHO DE EMULÇÃO NO RITUAL DE EMULAÇÃO

Nomearemos as principais peculiaridades de forma aleatória Uma Loja deste Trabalho (Rito) tem personalidade jurídica. Por esta razão ela tem que ter um Estatuto registrado em cartório como se fora uma sociedade civil e um Regimento Interno para fins eminentemente maçônicos. Os assuntos administrativos jamais poderão ser discutidos em Loja aberta, porque eles fazem parte de uma sociedade civil. Numa reunião administrativa até Aprendizes votam. Porem em Loja aberta só os Mestres poderão votar. Há uma certa tolerância nos procedimentos ritualísticos, sem que isto ocasione invenções , enxertos, ou adendos, pois existe a tradição nas Lojas que não é alterada.

As jóias do Trabalho de Emulação são prateadas e não douradas. O sinal de Ordem é um pouco diferente dos demais Ritos, e no passo o calcanhar do pé direito se encaixa na concha do pé esquerdo. A decoração de uma Loja neste Rito é muito simples. A Loja está situada num plano só. Não existe balaustrada. As colunas "J" e "B" estão situadas fora do Templo. O nome da mesa do Venerável Mestre (Mestre da Loja) e dos Vigilantes é Pedestal e é de forma quadrangular, muito simples e pequena sem aquela série de símbolos e papeis que existem em outros Ritos. Existe três castiçais, também chamados também de tocheiros de mais ou menos 1,20 m de altura, colocados á direita do pedestal do Venerável e dos Vigilantes onde no seu topo é acesa uma vela própria.

A porta do templo é lateral localizada no canto noroeste da Loja. Toda sessão regular é precedida de uma procissão própria do Rito para dar entrada ao Venerável e os Vigilantes. Ídem, para Autoridades.

As Três Grandes Luzes são: O Livro das Sagradas Escrituras, o Esquadro e o Compasso. As Luzes Secundárias são: O Sol (2º Vigilante) governa o Dia, a Lua(1º Vigilante) governa a Noite e o Venerável Mestre (Mestre da Loja) que dirige a Loja.

Existem símbolos tais como a Corda, a Régua de 24 Polegadas, o Esquadro o Maço e o Escopro (cinzel).

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Os símbolos contidos no Tracing Board of First Degree ( Tábua de Delinear do 1º grau) que em outros Ritos chama-se painel Nesta representação em forma de um quadro pintado, encontramos as Colunas Dórica Jônica e Corintia, o Sol, a Lua cheia (não em quarto crescente), o Círculo com um ponto central; a Escada de Jacó com as três virtudes, Fé Esperança e Caridade. E ainda esta Tábua de Delinear nos explica o interior de uma Loja que é composto de Ornamentos que são o Pavimento Mosaico que é em xadrez (e não em diagonal), a Estrela Brilhante de sete pontas (Blazing Star) e a Moldura Denteada ou Marchetada, o Mobiliário da Loja composto do Volume do Livro Sagrado, o Esquadro e o Compasso e as Jóias.

As Jóias Móveis são o Esquadro o Nível e o Prumo e as Jóias Imóveis são a Tábua de Delinear, Pedra Bruta e Pedra Esquadrada. Ainda temos o Lewis( pronuncia-se lu-is ou li-uis) que seria um tipo de luva de ferro em secções com cunhas ajustáveis e expansíveis utilizadas pelos pedreiros para engatar a auxiliar os grandes levantamentos. Seria uma ferramenta que levanta grandes pesos com pouca força.

As colunetas jônica dórica, e coríntia, representação em miniatura das colunas do Tracing Board(Planta de Delinear) estão em cima dos Pedestais Em Loja aberta coluneta dórica em cima do pedestal do 1º Vigilante permanece em pé e a coríntia deitada no pedestal do 2º Vigilante Loja fechada é contrário.

O ritual deverá ser decorado ou memorizado. Não poderá ser lido em Loja. O Paster Master Imediato poderá permanecer com o Ritual aberto para "dar o ponto" e dar uma ajuda para algum esquecimento.

A dinâmica de uma sessão é a seguinte: Abertura da Loja e apresentação da Carta – Patente ao Secretário.

Leitura pelo Secretário e confirmação da Ata da sessão anterior. Ordem do Dia.

Quaisquer assuntos de interesse da Loja.

Levantamentos. Existem três, mas o Mestre da Loja poderá engloba-los num só.

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ENCERRAMENTO RITUALÍSTICO DA LOJA

Com relação aos três levantamentos, estes são os três momentos em que o Venerável põe à disposição dos Irmãos o uso da palavra a saber:

1º Levantamento para assuntos da Ordem Maçônica Universal e Instrução do Grau.

No primeiro levantamento se houver alguma proposta, mensagem ou Decreto do Grão-Mestre para ser lido, o Diretor de Cerimonial pedirá que todos fiquem de pé e á Ordem.

2º Levantamento para assuntos da Obediência, da Loja e Expediente de Secretaria.

3º Levantamento para assuntos pessoais e da bem-querença entre os Irmãos.

Quando o Venerável Mestre(Mestre da Loja) estiver ausente ele será substituído pelo PMI e não pelo Primeiro Vigilante.

A marcha é sempre iniciada rompendo-se com o pé esquerdo. Nas cerimônias em Loja aberta para qualquer Irmão transitar em Loja, será obrigatório o Esquadramento. Nenhum Irmão poderá caminhar sozinho, ele deverá ser acompanhado pelo Diretor de Cerimonial ou 2º Diácono. Este caminhar chama-se perambulação.

ESQUADRAMENTO

Entende-se por esquadramento que quando um canto da Loja seja alcançado pela perambulação, será dado um quarto de volta à direita havendo uma pausa momentânea, prosseguindo-se a seguir,a caminhada em nova direção sempre rompendo com o pé esquerdo do Diretor de Cerimonial e o Irmão que estiver perambulando, ambos de braços dados através do membro superior direito do Irmão com o membro superior esquerdo do Diretor de Cerimonial Quando uma

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Loja está esquadrada, os cantos não são cortados nem contornados. Os avental de Aprendiz é todo branco e deve manter-se de abeta abaixada. O de Companheiro é branco com duas rosetas azuis nos ângulos de baixo. O de Mestre é branco, orlado e na parte inferior com fita azul celeste de no máximo cinco centímetros Os cargos eletivos são: o Venerável Mestre, o Tesoureiro e Guarda Externo. O demais cargos serão nomeados pelo Venerável Mestre (Mestre da Loja).

Nos Rituais ingleses existe o termo W.M. que significa Worshipul Master que é mais um tratamento especial ou seja, Honorável ou Venerável Mestre, porem a sua função em Loja é Mestre da Loja, mas, com o tratamento ritualístico de Venerável Mestre pelo menos é a tradição na Inglaterra.

Não existe disputa para os cargos eletivos. Há uma ordem natural para os cargos exercidos para que um Irmão se torne Venerável Mestre(Mestre da Loja), a saber: Guarda Interno, Segundo Diácono, Primeiro Diácono, Segundo Vigilante e Primeiro Vigilante.

Um Irmão poderá saber cinco anos, que será o Mestre da Loja. Haverá sempre uma cadeira vazia ao lado direito do Venerável Mestre(Mestre da Loja) a qual é do Grão-Mestre. Ninguém mais poderá sentar-se nesta cadeira.

Somente o Grão- Mestre e o Venerável Mestre(Mestre da Loja) poderão falar sentados. Os demais Irmãos deverão falar de pé dando o passo e à Ordem.

Existe somente um Livro de presenças para os Membros da Loja e para os Visitantes, sendo que os Membros da Loja assinarão primeiro e os Visitantes a seguir.

Existe apenas um Livro de Atas. Se uma Loja realizar uma Sessão de Mestre, ela terá que automaticamente ser aberta no grau de Aprendiz, passar para o grau de Companheiro e a seguir para grau de Mestre. Uma vez, havendo o procedimento no grau de Mestre, a sessão voltará para uma sessão de Companheiro e finalmente para Aprendiz. Como a Ata é para Sessão ritualística, não há registro de assuntos secretos.

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O Volume das Sagradas Escrituras na Inglaterra é a Bíblia. Não existem outros livros sagrados no Rito o qual é teísta feito tão somente para a Maçonaria de irmãos cristãos. Entretanto, como a Grã-Bretanha é constituída pelo Commonwealth (Comunidade Britânica) que atualmente congrega cinquenta e oito países, é lógico que por Volume da Lei Sagrada, os ingleses povo muito politizado toleram o livro sagrado da religião de cada país.

A Loja deverá realizar três sessões mensais a saber:

a) Loja Aberta – Ritualística

b) Administrativa somente para assuntos da Sociedade Civil

c) de Instrução.

As sessões ritualísticas em Loja Aberta são: Iniciação, Passagem, Elevação, Instalação do Mestre da Loja e Consagração ou Dedicação do Templo. Não existem Sessões magnas ou especiais. Todas são regulares.

O QUE NÃO EXISTE NO TRABALHO DE EMULAÇÃO

Não existe nada relacionado à Alquimia, Esoterismo, Rosacrucismo, Martinismo Cabala ou qualquer ramo do ocultismo. Não existe Altar dos Juramentos. Os compromissos são tomados no próprio Pedestal do Venerável. Existe um tamborete ou genuflexório para o candidato ajoelhar-se.

O uso do chapéu é desconhecido no Ritual de Emulação. Não existem decorações no teto a não ser a letra "G" suspensa no centro do Templo.

Não existe dossel em cima do pedestal ou cadeira do Venerável. Não existem os Altares das Luzes que neste Rito chamam-se como já dissemos Pedestais.

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Não existe Bateria com as mãos. Existe o bater dos malhetes, cujas batidas serão específicas para cada grau. Chama-se batida de malhetes e não bateria.

Não existe Bolsa de Propostas e Informações.

Não existe o Balandrau. Em todas as sessões, o traje é preto ou escuro com gravata preta.

Não existe a Cadeia de União.

Não existe Câmara das Reflexões.

Não existe consagração do candidato pela Espada e Malhete.

Não existe a Corda de 8l nós.

Não existem Colunas Zodiacais.

Não existe certificado de presença. Se o visitante o exigir, o Secretário da Loja enviará uma carta para a Loja a qual pertence o Irmão informando que ele esteve presente à reunião.

Não existe Culto ao Pavilhão Nacional.

Não existem Espadas, a não ser a Espada do Guarda Externo. Não existe a Espada Flamígera ou Flamejante.

Não existem Graus Superiores. Existe o Santo Arco Real, que é uma espécie de extensão do Terceiro Grau, que não é considerado como um grau, apesar de possuir um ritual especial, cuja ritualística trabalha com os verdadeiros segredos do Terceiro Grau, sendo que no Terceiro Grau comum, estes segredos são substituídos. Não existe o giro da palavra pelas colunas. A palavra é solicitada diretamente ao Venerável Mestre.(Mestre da Loja).

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Não existem os Livros preto e amarelo.

Não existe a prova dos quatro elementos. Terra, Ar, Água e Fogo. Não existe a Sala dos Passos Perdidos. O local que precede a Loja, chama-se ante-sala.

Não existe a Palavra Semestral. Para atender as normas da Potência o Venerável Mestre (Mestre da Loja) a transmitirá discretamente sem ritualística após a sessão, a quem quiser conhecê-la.

Não existe a transmissão da Palavra Sagrada na ritualística de abertura ou fechamento da Loja.

Desde l986 A Grande Loja Unida da Inglaterra aboliu dos Rituais as penalidades mencionadas nos juramentos das Iniciações. Agora são apenas lembradas que antigamente existiam tais penas caso o candidato fosse perjuro.

Não existe a separação física entre o Ocidente e o Oriente. Não existe o gradil ou grade, nem existem desníveis ou degraus, entre estas duas partes da Loja. A Loja é muito simples situada num plano só.

Não existe a Taça Sagrada ou Cálice da Amargura.

Não existe o Tríplice Abraço.

Não existem os três pontinhos nas assinaturas, nas abreviações Os três pontinhos são desconhecidos neste Rito. As abreviações são como na escrita comum, por exemplo: Venerável Mestre V.M. Não existem os termos Prancha de arquitetura, peça de arquitetura, balaustre, Existem no Trabalho de Emulação as palavras Expediente, Palestra ou Conferência, Ata e o termo usado para a redação da Ata é registro

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OFICIAIS DA LOJA

Venerável Mestre(Mestre da Loja) 1º Vigilante 2º Vigilante Tesoureiro Secretário 1º Diácono 2º Diácono Guarda Interno Guarda Externo Capelão Diretor de Cerimonial Esmoler (*) Organista (*) Mordomo (*) Administrador de Caridade(*) Assistente de Secretário(*) Assistente de Diretor de Cerimonial.(*)

(*) São considerados cargos facultativos

Não existem os cargos de Orador, Chanceler, Expertos, Porta- Bandeira, Porta Estandarte e Porta-Espadas.

Para que não se confunda o sistema maçônico americano com o inglês que acabamos de demonstrar em suas principais características enumeraremos os graus do Rito de York americano sendo que, este sim é o Rito de York, o autêntico que, tanta confusão se faz a respeito, quando grande parte dos maçons brasileiros chamam o Trabalho de Emulação de Rito de York, quando na realidade o Rito de York é como dissemos, americano e por sinal é muito deferente do inglês.

Segundo o "Educational Bureau General Grand Chapter" R.A.M. de Lexington- Kentucky –EE.UU. o Rito de York americano está dividido em quatro partes:

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Primeira Parte – Lojas Azuis

1 –Aprendiz ( Entered Apprentice) 2 -Companheiro (Fellowcrfat) 3 – Mestre ( Master Mason)

Segunda Parte – Capítulos do Real Arco

4 –Mestre da Marca (Mark Master) 5 –Mestre Passado (Paster Master) 6 –Mui Excelente Mestre (Most Excellent Master) 7 –Maçom do Real Arco ( Royal Arch Mason)

Terceira Parte – Conselho de Mestres Reais e Escolhidos ( Maçonaria Críptica ou secreta)

8 –Mestre Real ( Royal Master) 9 –Mestre Escolhido (Select Master) 10-Super Excelente Mestre (Super Excellent Master) Quarta Parte – Conselho dos Cavaleiros Templários

11–Ordem da Cruz Vermelha ( Order of Red Cross 12-Ordem de Malta ( Order of Malta_) 13-Ordem do Templo ( Order of the Temple)

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BIBLIOGRAFIA LIVROS O Rito de York ( Emulation Rite) Anatoli Oliynik Curitiba l997. Rito & Rituais (Volume 1) Francisco de Assis Carvalho – Editora " A Trolha" Ltda –Londrina -1993 ARTIGOS EM REVISTAS Joaquim da Silva Pires - "Comentários sobre o suposto "Rito de York" "A Trolha" Publicados em diversos artigos em 1.997-1998 José Castellani "Rito de York" "A Trolha" nº55 Maio 1991 José Castellani "Primórdios do Rito de York no Brasil" "O Prumo" nº 101 de Abril e Maio l995 João Guilherme C.Ribeiro comentando o livro "A Reference Book for Freemason" de Frederick Smith na Revista "Engenho & Arte"

ARTIGOS PUBLICADOS NA "BIGORNA" Kurt Prober " A Bigorna" nº 21 – Junho – l984 Kurt Prober " A Bigorna" n°35 - Maio l985 Kurt Prober " A Bigorna" nº 99 - Junho 1989

RITUAIS

The Perfect Cerimonies of Craft Masonry – as approved,sanctioned and confirmed by THE UNITED GRAND LODGE on 5th June,1816 – And as taught in the Unions Emulation Lodge of Improvement For M.Ms. – Freemason Hall, London – A Rew and Revised Edition Privateley printed for a Lewis- London MDCCCXVIII (1918) (Foi deste Ritual que o Irmão Joseph Sadler fez a tradução em l920 para o português)

Emulation Ritual

As demonstrated in the Emulation Lodge of Improvement – Compiled by and published with the approval of the Committee of the Emulation Lodge os Improvement A Lewis (Masonic Publishers Ltd. – All rights Reserved, 1976 – London -

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Rituais 1º,2º e 3º graus "Cerimônias Exatas da Arte Maçônica" – Tradução da edição inglesa de l918, realizada em l920 pelo Irmão Joseph Thomaz Wilson Sadler da Loja "Lodge of Unity", de São Paulo, impressa em Londres, aprovada pela Grande Loja Unida da Inglaterra e adotado pelo Grande Oriente do Brasil. Rituais do 1º, 2º e 3º graus do Rito de York organizados pelo Irmão ANATOLI OLIYNIK, Grande Secretário Geral de Orientação Ritualística do Grande Oriente do Brasil para Rito de York Ano 2.000

TRABALHO COMPILADO PELO IRMÃO HERCULE SPOLADORE, MEMBRO DA LOJA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS "BRASIL"- TRABALHO DE EMULAÇÃO

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A PLURALIDADE DE RITOS MAÇÔNICOS NO BRASIL E NO GRANDE ORIENTE DO BRASIL, EM PARTICULAR (*).

De fato, é um laurel da Maçonaria Brasileira a Pluralidade de Ritos, porque o exercício de Ritos Regulares faz com que a nossa Obediência abrigue, generosamente, as várias correntes Filosóficas e Doutrinárias do Mundo Maçônico, desde o Agnosticismo até o Teísmo. Seria um atentado à História e à Justiça se, em obediência a imposições ilegítimas e alienígenas, criássemos agora obstáculos aos Ritos" (Álvaro Palmeira, Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil - 1963/1968)

1 - A Gênese dos Ritos

Conceituamos rito como sendo um cerimonial próprio de um culto ou de uma sociedade, determinado pela autoridade competente; é a ordenação de qualquer cerimônia e, por extensão, designa culto, religião ou seita. Maçonicamente é a prática de se conferir a Luz Maçônica a um profano, através de um cerimonial próprio. Em seiscentos anos de Maçonaria documentada, uma imensidade de ritos surgiram. Mas, de 1356 a 1740, existiu um rito apenas, ou melhor um sistema de cerimônias e práticas, ainda sem o título de Rito, que normatizava as reuniões maçônicas. Somente a partir de 1740 é que uma infinidade de ritos varreu o chão maçônico da Europa. Para evitar heresias, um Rito deve ter conteúdo que consagre algumas exigências bem conhecidas: o símbolo do Grande Arquiteto do Universo, o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso sobre o altar dos juramentos, sinais, toques, palavras e a divisão da Maçonaria Simbólica em três graus. Não há nenhum órgão internacional para reconhecer ritos. Acima do 3º Grau, cada Rito estabelece sua própria doutrina, hierarquia e cerimonial.

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Um rito maçônico, usando simbolismo próprio, é um grande edifício. Deve ter projeto integrado, dos alicerces ao topo. Cada rito possui detalhes peculiares. A linha maçônica doutrinária, em cada Rito, deve ser contínua, dos graus simbólicos aos filosóficos. Cada Rito é uma Universidade doutrinária.

2 - Os Ritos praticados no Brasil

Conforme observamos, existem muitos Ritos Maçônicos praticados em todo o mundo. No Brasil, especificamente, são praticados seis, alguns deles reconhecidos e praticados internacionalmente e outros com valor apenas regional. São eles, o Rito Schröeder ou Alemão (pouco praticado no Brasil), o Rito Moderno ou Francês, o Rito de Emulação ou York (o mais praticado no mundo), o Rito Adonhiramita, o Rito Brasileiro e o Rito Escocês Antigo e Aceito (o mais praticado no Brasil).

O RITO SCHRÖEDER foi criado por Friedrich Ludwig Schröeder que, ao lado de Fessler, foi um dos reformadores da Maçonaria alemã. De acordo com o prefácio do ritual editado em 1960 pela Loja "ABSALON ZU DEN DREI NESSELN" (Absalão das Três Urtigas), Schröeder introduziu o rito em sua Loja a 29 de junho de 1801 e esse rito, desde logo, conquistou numerosas Lojas em toda a Alemanha e em outros países onde passou a ser praticado, principalmente por maçons de origem alemã. É um rito muito simples e trabalha, como o de York, apenas na chamada "pura Maçonaria" ou seja, na dos três graus simbólicos, já que não possui Altos Graus. No Rito Schröeder a expressão "Grande Arquiteto do Universo" é usada no plural - "Grande Arquiteto dos Universos (G∴A∴DD∴UU∴).

O RITO MODERNO, criado em 1761, foi reconhecido pelo Grande Oriente da França em 1773. A partir de 1786, quando um

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projeto de reforma estabeleceu os sete graus do rito - em contraposição ao emaranhado dos Altos Graus da época -, ele teve grande impulso espalhando-se por toda a França, pela Bélgica, pelas colônias francesas e pelos países latino-americanos, inclusive pelo Brasil. Já no início do século XIX, o Grande Oriente do Brasil - primeira Obediência brasileira - foi fundada em 1822, adotando o Rito Moderno, antes do Rito Escocês que só seria introduzido em 1832. Em 1817 houve a grande reforma doutrinária que suprimiu a obrigatoriedade da crença em Deus e da imortalidade da alma, não como uma afirmação do ateísmo, mas por respeito à liberdade religiosa e de consciência, já que as concepções religiosas de uma pessoa devem ser de foro íntimo, não devendo ser impostas. O Grande Oriente da França, que acolheu a reforma, queria demonstrar com isso o máximo de escrúpulos para com os seus filiados, rejeitando toda e qualquer afirmação dogmática. Essa atitude provocou uma rápida reação da Grande Loja Unida da Inglaterra que rompeu com o Grande Oriente da França. O caso envolveu não apenas uma questão doutrinária como ainda político-religiosa.

O RITO YORK é considerado bastante antigo. A Grande Loja de Londres, durante muito tempo após a sua fundação, teve uma influência muito limitada, pois a grande maioria das Lojas britânicas continuava a respeitar as antigas obrigações, permanecendo livres sem aderir ao sistema obediencial. O centro de resistência à Grande Loja era a antiga Loja de York, de grande tradição operativa e que dava aos membros da Grande Loja o título de "Modernos", enquanto eles próprios se autodenominavam "Antigos", pelo respeito às antigas leis. O que os Antigos censuravam nos Modernos era a descristianização dos rituais, a omissão das orações e da comemoração dos dias santos, contrariando assim os mandamentos da Santa Igreja (Anglicana). O cisma entre os Antigos e Modernos durou até 1813, quando as duas Grandes Lojas fundiram-se formando a Grande Loja Unida da Inglaterra, que adotava o Rito dos Antigos de York. A Constituição desse Supremo Órgão foi publicada em 1815. O rito não possui Altos Graus, tendo além dos três simbólicos, uma quarta etapa designada de "Real Arco", que é considerada uma extensão do Mestrado. O Rito de York, por ser teísta, está mais ligado aos países onde os cultos evangélicos

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predominam, pois o clero desses cultos tem dado à Maçonaria o apoio e o suporte necessário para a sua evolução e crescimento.

O RITO ADONHIRAMITA nasceu de uma polêmica entre ritualistas em torno de Hiram Abif, chamado de ADON-HIRAM (Senhor Hiram) e ADONHIRAM, o preposto das corvéias, depois da construção do Templo de Jerusalém, de acordo com os textos bíblicos. O rito, depois de uma época de grande difusão, acabou desaparecendo. Todavia, no Brasil (onde foi o primeiro rito praticado), ele permaneceu, fazendo com que o país seja hoje o centro do rito, que teve seus graus aumentados de treze para trinta e três. O Rito Adonhiramita é deísta.

O RITO BRASILEIRO teria sido criado em 1878, em Pernambuco, mas tem sua existência legal a partir de 23 de dezembro de 1914, quando foi publicado o Decreto nº. 500, do então Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, Lauro Sodré, fazendo saber que, em sessão do Conselho Geral da Ordem havia sido aprovado o reconhecimento e incorporação do Rito Brasileiro entre os que compunham o Grande Oriente do Brasil. Depois o Rito desapareceria, para ressurgir em 1940 e novamente em 1962, praticamente desaparecer, até que em 1968, o Decreto nº. 2.080, de 19 de março de 1968, do Grão-Mestre Álvaro Palmeira, renovava os objetivos do Ato nº. 1617 de 3 de agosto de 1940, como o marco inicial da efetiva implantação do Rito Brasileiro. A partir daí, o rito teve grande crescimento no país.

O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO, Começou a nascer na França, quando Henriqueta de França, viúva de Carlos I, decapitado em 1649, por ordem de Cromwell, aceitou do Rei Luís XIV asilo em Saint-Germain-en-Laye, para lá se retirando com seus regimentos escoceses e irlandeses e os demais membros da nobreza, principalmente escocesa, que passaram a trabalhar pela restauração do trono, sob a cobertura das Lojas, das quais eram membros honorários, o que evitava que os espiões de Cromwell pudessem

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tomar conhecimento da conspiração.Consta que Carlos II, ao se preparar para recuperar o trono, criou um regimento chamado de Guardas Irlandeses, em 1661. Esse regimento possuía uma Loja, cuja constituição dataria de 25 de março de 1688 e que foi a única Loja do século XVII cujos vestígios ainda existem, embora os stuartistas católicos devam ter criado outras Lojas. O termo "escocês", já a partir daquela época, não designava mais uma nacionalidade, mas o partido dos seguidores dos Stuarts, escoceses em sua maioria. Assim, após a criação da Grande Loja de Londres, em 1717, existiam na França dois ramos maçônicos: a Maçonaria escocesa e stuartista, ainda com Lojas livres, e a inglesa com Lojas ligadas à Grande Loja. A Maçonaria escocesa, mais pujante, resolveu, em 1735, escolher um Grão-Mestre, adotando o regime obediencial, o que levaria à fundação da Grande Loja da França (Grande Oriente de 1772), embora esta designação só apareça em 1765. O escocesismo, na realidade, só se concretizou com a introdução daquilo que seria a sua característica máxima, os Altos Graus, através de uma entidade denominada "Conselhos dos Imperadores do Oriente e do Ocidente". Este Conselho criou o Rito de Héredom, com 25 graus, o qual, incorporado ao escocesismo, deu origem a uma escala de 33 graus, concretizada do primeiro Supremo Conselho do Rito em todo mundo. O REAA, por ter sido um rito deísta, não foi unanimemente aceito nos países onde predominavam as Igrejas Evangélicas e vicejou mais nos países latinos onde predomina o Catolicismo. É necessário explicar que atualmente o caráter deísta do Rito Escocês Antigo e Aceito misturou-se ao teísmo, sendo que este acabou sendo predominante. O REAA tem o mesmo forte caráter teísta do Rito de York.

3 - Conclusão: A Unidade na Diversidade

A Maçonaria se caracteriza pela diversidade e sempre admitiu a pluralidade de ritos. O Sistema do Rito Único, caso existisse, não seria um bom sistema. A Ordem reuniu sistemas diversos formando uma unidade superior, perfeitamente caracterizada que é a Doutrina Maçônica. A Maçonaria convive com muitos ritos, uns teístas, outros deístas sem esquecer os agnósticos. Afinal, há muitas maneiras de se relacionar com Deus. Mas há um detalhe: o maçom não pode ser ateu. Em decorrência deste ecletismo, as manifestações maçônicas

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disseminadas no mundo ao longo do tempo, apresentam-se com grande diversificação, havendo Unidade na Diversidade. É possível que a máxima "E PLURIBUS UNUM" (A Unidade na Diversidade), inscrita no listel que envolve a parte superior do Selo dos EUA seja de origem maçônica. Afinal, todos os chamados "pais da pátria" daquele país foram maçons, a começar por George Washington.

Referências Bibliográficas:

CASTELLANI, José. Curso Básico de Liturgia e Ritualística. Londrina, Ed. "A TROLHA", 1991;

FARIA, Fernando de. Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e Aceitos. "O SEMEADOR" nº 8 (2ª fase) Jul-Dez 1990;

OLIVEIRA, Arnaldo Assis de. Escocesismo. Trabalho para aumento de salário no Ilustre Conselho de Kadosch nº 22, 1992;

"EGRÉGORA" nº. 1/Jul-Ago 1993; nº. 2/ Set-Nov 1993; nº. 3/Dez 93-Fev 1994; nº. 4/Mar-Mai 1994; nº. 5/Jun-Ago 1994.

(*) Trabalho de autoria do Pod∴ Irmão Lucas Francisco Galdeano – Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Distrito Federal.

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RITOS ADOTADOS PELO G∴O∴B∴ CARACTERÍSTICAS ADONHIRAMITA MODERNO ESCOCÊS SCHRODER YORK BRASILEIRO

País de origem e ano de criação

França - 1787 França – 1761/73

França – 1738/86

Alemanha – 29.06.1801 Irlanda Brasil - 1914

1723/77 Data de implantação (no Brasil)

Novembro de 1832

Junho de 1822 Agosto 1822 1855 1875 Março de 1968

Quantidade de graus

07 (inglês)

33 7 33 3 33

Oficina-Chefe Sup. Cons.

Brasil - - Sob. Supr. Conclave M.E.Conselho M.P.S.G.Cap.

Título do Dirigente (Oficina Chefe)

Grande Patriarca Regente

Sap. Gr. Inspetor

Soberano Gr. Com.

- - Sob. Grande Primaz

Princípio filosófico Teísta Agnóstico Teísta Deísta Teísta Teísta

N° de Oficiais e Dignidades (em Loja)

18 17 20 8 10 19

Bateria do 1° grau e toque

00-0 00-0 0-0-0 00-0 0-0-0 0-00

Rompimento da Marcha

Pé esquerdo

Pé esquerdo

Pé direito Pé direito Pé esquerdo

Pé esquerdo

Posição das Colunas no Templo

J-Norte, B-Sul

B-Norte, J-Sul (*) J-Norte, B-Sul

J-Norte, B-Sul J-Norte, B-Sul

Palavra Sagrada (1° grau) J∴ J∴ B∴ J∴ B∴ B∴

Aclamação

L∴I∴F∴

VIVAT Huzzé Não há Não há Glória

Leitura do Livro Sagrado (1° grau)

Salmo 133 (todo)

S. João V, 6-9 Não há Não há Não há Salmo 133 (v. 1°)

Circulação do Tronco Hosp∴ Hosp∴ Hosp∴

2° Diácono Hosp∴ 2° Diácono

Assento dos Aprendizes

Norte (topo) Norte (frente)

Norte (frente)

Sul (topo) Norte (topo) Norte (topo)

Total de Lojas federadas ao GOB

260 100 1.830 32 99 284 Trabalho elaborado pelo Ser∴Ir∴ JOSÉ ROBSON GOUVEIA FREIRE, M∴I∴, Gr∴ 33, Grande Secretário da Magna Reitoria do Supremo Conclave do Brasil para o Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e Aceitos.

(*)Tais Colunas, no Rito Schröder, fazem parte, apenas, da instrução ministrada pelo Venerável Mestre por ocasião das iniciações e promoções, mas não se constituem em símbolos instalados na Sala da Loja. Integram, portanto, a alegoria para identificar as PPal∴ SSagr∴ dos respectivos graus.

(Última atualização: 31.12.2010)

Fonte de consulta – Boletim Especial – Relatório Anual/2010 – pág. 37 - do Grande Oriente do Brasil