silas malafaia - como deus trata os nossos problemas
TRANSCRIPT
S I L A S M A L A F A I A
Como Deus trata os
nossos problemas
GERENCIA EDITORIAL E
DE PRODUÇÃO
Gilmar Chaves
COORDENAÇÃO
EDITORIAL
Patrícia Nunan
COORDENAÇÃO DE
DESIGN
Marcos Henrique Barboza
PESQUISA E
ESTRUTURAÇÃO
Friedrich Gustav Schmid Jr.
COPIDESQUE
Patrícia Nunan
1a REVISÃO
Juliana Ramos Patrícia
Nunan
REVISÃO FINAL
Patrícia Calhau
DIAGRAMAÇÃO
Marcello Antunes
CAPA
Eduardo Souza
IMPRESSÃO E
ACABAMENTO
Esdeva
Copyright 2012 por Editora Central Gospel
Dados Internacionais de Catalogação na
Publicação (CIP)
MALAFAIA, Silas
Como Deus trata os nossos problemas Rio de
Janeiro: 2012 64 páginas
ISBN: 978.85.7689.264-9 1. Bíblia - Vida cristã
I. Título II.
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas da
Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), salvo indicação
específica, e visam incentivar a leitura das Sagradas
Escrituras.
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total
ou parcial do texto deste livro por quaisquer meios
(mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos etc), a
não ser em citações breves, com indicação da fonte
bibliográfica.
Este livro está de acordo com as mudanças propostas pelo
novo Acordo Ortográfico, em vigor desde janeiro de 2009.
1a edição: maio/2012
Editora Central Gospel Ltda
Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara Cep:
22.713-001 Rio de Janeiro - RJ TEL: (21)2187-
7000 www.editoracentralgospel.com
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................... 5
CAPÍTULO 1 - Deus nos confronta com os nossos
problemas ..................................................................... 9
A história de Esaú e Jacó................................................10
Um pouco mais da história de Esaú e Jacó .....................11
Como Jacó encarou seu problema?..................................14
A reconciliação como resultado........................................17
CAPÍTULO 2 – Quando Deus não Interfere
diretamente para que nosso problema
seja resolvido...............................................................19
Deus corrige quem Ele ama...........................................21
Deus nos ensina a fazer Sua vontade............................22
Deus promove o nosso aperfeiçoamento
Espiritual........................................................................24
Quando nosso sofrimento glorifica a Deus.....................26
Quando nosso sofrimento reforça a
mensagem do evangelho................................................27
CAPÍTULO 3 - Quando Deus nos dá a direção certa para
resolvermos nossos problemas .................................... 31
Investigando as causas de nossos problemas ................ 32
O perigo de buscar Deus apenas diante de situações-
limite .............................................................................. 36
CAPÍTULO 4 - Os níveis de intercessão e a intervenção
de Deus a nosso favor .................................................. 40
A intercessão de Cristo .................................................. 43
A intercessão do Espírito Santo ..................................... 45
A intercessão feita por nós
mesmos em nosso favor ................................................. 46
A intercessão feita por nós mesmos
a favor de outros ............................................................ 48
A intercessão feita pela Igreja,
o Corpo de Cristo ........................................................... 49
Deus, um Pai amoroso e benigno ................................... 50
CAPÍTULO 5 - Armas espirituais que nos ajudam a
resolver nossos problemas........................................... 52
A eficácia da oração....................................................... 52
O poder da fé ................................................................. 54
O poderoso nome de Jesus ............................................ 57
O amor e a obediência a Cristo ...................................... 58
A autoridade espiritual ................................................... 59
APRESENTAÇAO
Todos nós, independente de situação financeira,
classe social, formação académica, etnia ou crença,
enfrentamos problemas. E Deus pode usá-los para
lratar-nos e revelar a nós Sua graça e vontade. Assim,
diante de certos problemas, o Senhor pode agir de
quatro maneiras bem distintas: confrontando-nos com
eles; impedindo que sejam logo resolvidos; dando-nos
instruções sobre como resolvê-los; ou agindo
diretamente para solucioná-los.
Por exemplo, no caso de Esaú e Jacó, que não so
viam nem se falavam há anos, Deus preferiu confrontá-
los com o problema de relacionamento entre eles. Por
quê? Porque Jacó, temendo a ira do irmão, viveu a
distância, sem resolver a questão entre os dois, e isso
prejudicava não somente ele, como também o restante
de sua família.
Na maioria das vezes, fugir não resolve o
problema. Então, Deus fez com que Jacó usasse sua
inteligência para elaborar uma estratégia a fim
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
de quebrantar o coração de Esaú e evitar, assim, a
vingança deste. Esse foi o meio usado pelo Senhor para
confrontar o medo de Jacó e tratar seu remorso por ele
ter se apropriado indevidamente da bênção da
primogenitura do irmão. E esse confronto produziu um
resultado muito positivo naqueles dois, pois eles se
perdoaram e puderam seguir em frente com suas vidas.
A segunda maneira como Deus pode escolher
tratar conosco usando nossos problemas é impedindo
que estes sejam logo resolvidos, com
o objetivo de quebrantar-nos e moldar nosso caráter.
Somos exortados a ser como o Senhor Jesus, a levar
uma vida reta de acordo com a Palavra, e Deus usa
também as adversidades para tratar-nos.
Você conhece a história de Paulo? Ele foi
submetido a todo tipo de sofrimento por pregar o
evangelho e defender a fé cristã. Em sua vida, notamos
a clara intenção do Altíssimo de promover o crescimento
e aperfeiçoamento espiritual do apóstolo. Por isso,
Paulo vivenciou tantos problemas. Mas, finalmente, ele
se tornou um cristão mais forte e maduro; um referencial
de amor e fé.
Outra forma de Deus tratar conosco em relação
aos nossos problemas é ajudando-nos a resolvê-los,
dando-nos orientações práticas e eficazes. Para isso,
precisamos pensar sobre as causas dos
SILAS MALAFAIA
nossos problemas e as melhores soluções para eles,
bem como tomar as decisões e atitudes que nos
conduzirão à saída apontada por Deus.
Mas, em vez de ajudar-nos a resolver nossos
problemas usando nosso potencial, Deus também pode
intervir e solucioná-los. Isso é mais incomum, porém
também é possível pela soberania divina.
0 Senhor pode entrar com Sua providência para curar-
nos do uma enfermidade grave, libertar-
nos de uma opressão maligna, ressuscitar nossos
sonhos e fazer coisas inimagináveis. Devemos, pois,
apresentar-lhe nossos problemas e rogar pela solução
deles.
Veremos que há cinco níveis de intercessão a
Deus, com os quais podemos contar: a intercessão de
Jesus Cristo, a do Espírito Santo, a da Igreja, a feita por
nós mesmos e a feita por outras pessoas em nosso
favor, e descobriremos como elas funcionam.
Além da intercessão, veremos que Deus nos
forneceu armas espirituais para tornar mais eficaz nossa
ação em prol da resolução dos nossos problemas. Cada
arma atua de uma maneira específica. Você verá como
a oração, a fé, o amor, o nome de Jesus, a obediência a
Cristo e a submissão às autoridades espirituais são
importantes para sua vitória.
Boa leitura!
Capítulo 1 Deus nos confronta com os
nossos problemas
Como Deus trata os nossos problemas? Sim-
plesmente os resolvendo? Seria essa a resposta certa?
Se fosse assim, estaríamos falando de uma
Coisa fantástica, fenomenal. Muitas pessoas acham que
basta agradecer a Deus, para que Ele faça com que os
seus problemas desapareçam. Mas nem sempre é
assim.
A fé em Deus, sim, traz alegria ao nosso coração,
paz à nossa vida, e dá-nos um sentido renovado de
esperança para encararmos o dia a dia. E, em relação
aos nossos problemas, tudo fica realmente mais fácil
quando somos abençoados por Deus com Sua
intervenção direta ou indireta na resolução deles.
Infelizmente, no entanto, o modo de operar do
nosso Deus pode não ser de acordo com a nossa
lógica. Para entendermos Sua maneira de trabalhar
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
e cooperar com Ele, precisamos refletir sobre como o
Senhor trata nossos problemas.
Em primeiro lugar, a atitude mais frequente de
Deus em relação a eles é simplesmente não fazer nada.
Isso parece uma contradição, mas é a pura realidade.
Não significa que Deus nos abandone diante dos nossos
problemas. Afinal de contas, Ele nos deu profetas, a
Sua Palavra, o Seu Filho e realiza milagres em nosso
meio, entre outras coisas. Deus nos fornece exemplos
poderosos sobre como devemos comportar-nos, e eles
são a base que nos sustenta diante das dificuldades que
enfrentamos no dia a dia.
Em resumo, podemos dizer que Deus atua sobre
os nossos problemas usando nosso esforço pessoal. Ele
está trabalhando neste exato momento com o objetivo
de tornar o mundo um lugar melhor. Para isso, o Senhor
nos tira da nossa zona de conforto e leva-nos a
enfrentar os nossos problemas. E Ele age por nosso
intermédio para que sejam resolvidos.
A história de Esaú e Jacó
Isso pode ser comprovado se lermos nas Escri-
turas a história de Jacó, que se apoderou da primo-
genitura de seu irmão Esaú e, usando de artimanhas,
SILAS MALAFAIA
recebeu a bênção patriarcal concedida por seu pai,
Isaque, no lugar de seu irmão.
O problema que essa apropriação causou a Jacó
foi enorme. Durante anos, ele teve de manter- se a
distância do pai e da mãe para fugir da ira de Esaú, que
prometeu matá-lo se o encontrasse novamente. O
tempo passou, mas um dia Deus confrontou Jacó com
seu medo, a fim de que ele parasse de esconder-se e
enfrentasse o problema que criara. O Senhor o mandou
voltar à sua terra e, no caminho, Jacó se reencontrou
com Esaú para resolver a questão.
E disse o SENHOR a Jacó: Torna à terra dos
t e u s p a i s e à tua parentela, e eu serei contigo.
Génesis 31.3
Esse comando de Deus foi uma maneira de per-
mitir que Jacó resolvesse o seu problema com Esaú.
Um pouco mais da história de Esaú e Jacó
Mas quem foram esses dois irmãos e por que se
tornaram inimigos por tantos anos? Os pais de Esaú e
Jacó foram Isaque e Rebeca. Os meninos, gémeos, já
brigavam mesmo antes de nascerem, ainda no ventre
materno:
11
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
E Isaque orou instantemente ao SENHOR
por sua mulher, porquanto era estéril; e o SE-
NHOR ouviu as suas orações, e Rebeca, sua
mulher, concebeu. E os filhos lutavam dentro dela;
então, disse: Se assim é, por que sou eu assim? E
foi-se a perguntar ao SENHOR.
E o SENHOR lhe disse: Duas nações há no teu
ventre, e dois povos se dividirão das tuas
entranhas: um povo será mais forte do que o outro
povo, e o maior servirá ao menor. E, cumprindo-se
os seus dias para dar à luz, eis gémeos no seu
ventre. E saiu o primeiro, ruivo e todo como uma
veste cabeluda; por isso, chamaram o seu nome
Esaú. E, depois, saiu o seu irmão, agarrada sua
mão ao calcanhar de Esaú; por isso, se chamou o
seu nome Jacó. E era Isaque da idade de
sessenta anos quando os gerou.
Génesis 25.21-26
Os dois gémeos cresceram muito diferentes. Jacó
era calmo e preferia a reclusão. Era o favorito de sua
mãe. Por outro lado, Esaú era um hábil caçador, rapaz
de vida ativa, e o preferido de seu pai.
Certo dia, Esaú chegou à casa de sua família e
pediu a Jacó um pouco do guisado que o irmão estava
cozinhando. Jacó propôs que, em troca do
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SILAS MALAFAIA
alimento, Esaú concedesse a ele seu direito à pri-
mogenitura, honra especial que Esaú possuía por ser o
filho mais velho de Isaque e Rebeca. Essa honraria
garantiria a ele uma porção dupla da herança de seu pai.
Esaú, por causa de sua fome, aceitou a troca e
assim preferiu saciar uma necessidade física a honrar a
bênção concedida por Deus. Em outras palavras, Esaú
delegou seu direito de primogenitura a Jacó (Génesis
25.27-34).
Quando chegou o momento de Isaque conceder
sua bênção a seus filhos, Jacó e sua mãe decidiram
enganá-lo, fazendo com que Isaque abençoasse Jacó,
em vez de Esaú. Assim que Esaú descobriu que
bênção havia sido concedida ao irmão, ameaçou matá-
lo. Por isso, Jacó teve de lugir (Génesis 27.1—28.7).
Anos depois, como veiemos mais adiante, Esaú e Jacó
se reencontraram e reconciliaram-se (Génesis 33).
Esaú e Jacó se tornaram, como determinado nas
Escrituras, pais de duas nações. Deus mudou o nome
de Jacó para Israel (Génesis 32.28) e trans- formou-o
no pai das 12 tribos dessa nação. Já os descendentes
de Esaú formaram o povo edomita (Génesis 36). Edom
foi uma nação que maltratou Israel durante anos, sendo
finalmente julgada por Deus (Obadias 1.1-21).
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
Como Jacó encarou seu problema?
O problema entre aqueles irmãos foi resolvido de
uma maneira simples: Deus fez com que Jacó parasse
de fugir de seu irmão e o encarasse. Mas o Senhor não
deu a Jacó todos os detalhes de como ser bem-
sucedido nisso. Jacó precisaria usar sua própria
inteligência para se reaproximar e reparar Esaú pela
perda que lhe causara.
O que Jacó teria de fazer? Haveria solução
possível para uma desavença tão grave? Deus não se
manifestou a esse respeito, não falou a Jacó ab-
solutamente nada sobre como resolver o problema, não
deu sequer um sinal específico. Mas disse a Jacó algo
que valeu muito mais do que qualquer "manual para
resolução de desavenças": Eu serei contigo (Génesis
31.3b).
Deus não mostrou a Jacó como seria seu
reencontro com Esaú, não deu pista alguma, nada. E
esse comportamento de Deus tem uma razão bem
objetiva de ser. E qual seria essa razão? Por que Deus,
muitas vezes, quando estamos diante de problemas
muito sérios, não nos indica a solução? Porque Deus
acredita no potencial e nos talentos que deu ao homem.
O Senhor sabe que somos dotados de inteligência e que
vamos empregá-la para resolver nossos
14
SILAS MALAFAIA
problemas, porque isso é fundamental para o nosso
desenvolvimento.
Ao crescermos, aprendemos a usar nossa inte-
ligência para encontrar saídas para situações adversas,
o que nos faz realmente crescer, uma vez que é vivendo
novas experiências que amadurecemos e preparamo-
nos para atingir patamares mais altos. É por isso que
Deus não nos dá nada de mão beijada. O objetivo do
Senhor é ensinar-nos a usar o nosso potencial de uma
maneira plena o independente. Nosso intelecto nos
permite pensar de modo objetivo e traçar estratégias
para superar as situações adversas.
No caso de Jacó, que se viu diante de uma
situação extrema em que sua vida estava ameaçada
pela iia de seu irmão Esaú, ele percebeu que seria
necessário usar sua inteligência para buscar uma
reaproximação segura de seu irmão.
A primeira coisa que Jacó fez foi enviar mensa-
geiros a Esaú levando-lhe presentes. Mas Jacó fez uma
recomendação expressa a cada um dos mensageiros.
Ele os mandou dizer o seguinte a Esaú: "O seu servo
Jacó saúda o seu senhor, Esaú, com estes presentes".
Não podemos esquecer-nos de que a maneira
como dizemos algo a alguém pode resolver um
problema ou agravá-lo. Foi uma estratégia muito eficaz
esse ato de Jacó de enviar mensageiros com presentes
para seu irmão com uma saudação humil
15
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
de que comunicava a submissão de um irmão mais
novo ao mais velho. Demonstrar arrependimento e
humildade, especialmente após cometermos um ato
condenável, é uma forma poderosa de buscar
reconciliação.
Jacó resolveu, em seguida, dividir sua família (e os
bens que possuía) em dois grupos. A ideia era so-
breviver a um eventual ato de agressão por parte dos
homens de Esaú, caso o irmão não se sensibilizasse e
insistisse na ideia de eliminar Jacó e sua linhagem.
Os servos de Jacó foram instruídos a espalhar
crias de seus rebanhos no caminho dos soldados de
Esaú, caso este resolvesse comandar uma perseguição
ao irmão por vingança. Ao encontrar cada uma delas,
seria dito aos seus perseguidores que se tratava de
uma oferta do servo Jacó ao senhor Esaú.
Enquanto isso, Jacó definiu a estratégia de
colocar-se na retaguarda, mantendo atrás de si somente
suas esposas, para que o coração de Esaú fosse sendo
abrandado com as ofertas antes de chegar
propriamente a ficar cara a cara com o irmão. Só assim,
imaginava o futuro patriarca, seria possível obter a
misericórdia de Esaú.
Por isso, não foi necessário que Deus interviesse
diretamente na situação para resolver o problema entre
aqueles dois irmãos. Uma vez que Jacó acreditou em
seu potencial e desenvolveu a estratégia correta
SILAS MALAFAIA
de reaproximação com Esaú, acabou por sanar um
problema grave e aparentemente sem solução.
A reconciliação como resultado
Porque fomos feitos à imagem e semelhança de
Deus, nosso criador, não devemos, pois, menosprezar-
nos achando que não temos capacidade para solucionar
problemas. Ele não deu a nenhum outro ser, além do
homem, essa capacidade. Nem anjos, querubins ou
arcanjos possuem o nosso potencial, pois não foram
criados à imagem e semelhança do Altíssimo.
O potencial de que dispomos pode ser suficiente
para resolver os nossos problemas, caso usemos a
nossa inteligência e estratégias certas, escolhamos bem
a maneira de dizer as coisas e cultivemos o
quebrantamento e a humildade. Esse conjunto de coisas
poderá conduzir-nos à vitória e à solução dos nossos
problemas.
Foi assim que aconteceu na história de Esaú e
Jacó. Para afastar a ira do irmão, que vinha ao seu
encontro com 400 homens, talvez disposto a vingar- -se,
Jacó lançou mão de diversas estratégias a fim de
apaziguar a situação. Quando Esaú finalmente o
encontrou, deu-lhe um longo abraço, beijou-o com
carinho, e os dois choraram copiosamente.
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
Esaú não aceitou os presentes oferecidos por
Jacó, porque os bens que possuía já bastavam. Então,
Jacó insistiu que, pelo menos, Esaú aceitasse receber a
sua bênção. Esaú concordou. Por fim, restabeleceu-se a
paz entre os irmãos. Os problemas entre eles foram
resolvidos.
Da mesma forma que Deus se manifestou àqueles
irmãos, Ele pode manifestar-se a nós. O Senhor está
sempre conosco, e pode mostrar-nos a solução para os
nossos problemas e orientar-nos a usar o nosso
potencial para resolvê-los.
Além disso, se prestarmos atenção aos nossos
próprios atos, talvez consigamos perceber que estamos
causando muitos dos nossos problemas — ao faltar com
respeito para com o nosso cônjuge, por exemplo; tratar
os nossos filhos de maneira injusta; trabalhar pouco em
troca do salário que o nosso patrão nos paga, tratar mal
nossos subordinados ou desrespeitar nosso chefe; não
aceitar as decisões de um juiz ou as determinações de
um promotor público — e evitá-los, mudando de
comportamento.
Deus nos lembra de que dispomos de inteligência,
que fomos capacitados por Ele para escolher o melhor e
que temos a habilidade para resolver problemas. Não
deixe que a falta de iniciativa ou de coragem o impeça
de alcançar seu potencial.
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Capítulo 2 Quando Deus não interfere diretamente
para que nosso problema seja resolvido
A segunda maneira pela qual Deus pode tratar-nos
é simplesmente não interferindo durante algum tempo
para que nossos problemas sejam resolvidos.
Devemos sempre nos lembrar de que um problema
é uma oportunidade de crescimento. Um problema pode
levar a uma ruptura com algo que está errado, que nos
consome. Assim, um problema deve ser encarado como
uma oportunidade de mudarmos, de sairmos de uma
rotina viciada por hábitos negativos e passarmos a uma
situação melhor.
Mas por que Deus não interferiria para trazer
solução aos nossos problemas? Qual seria Sua intenção
ao não intervir em nosso favor? Os insondáveis
propósitos de Deus normalmente envolvem razões
19
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
que podemos vislumbrar com base em determinadas
passagens bíblicas. Não temos condições de enumerar
todas essas razões, mas podemos inferir algumas
delas, para esclarecer o motivo de Deus fazer com que
alguns problemas persistam em nossa vida: assumirmos
uma atitude positiva de fé diante dos problemas que
surgirem no nosso caminho; tornarmo-nos pessoas mais
confiantes em Deus e capazes de entender por que
estamos sob Seu controle.
Os exemplos que essas passagens nos mostram
ajudam a responder a esses problemas com entusiasmo
e vontade de superá-los, cientes de que nossa fé em
Deus nos fará vencer qualquer dificuldade,e ficaremos
surpresos com o resultado.
O resultado que devemos desejar é sempre um
futuro melhor, ao qual chegaremos reconhecendo as
imperfeições do presente e crendo em quem Deus é e
naquilo de melhor que Ele pode proporcionar-nos.
A esperança por um futuro melhor é justamente
aquilo que joga luz sobre os nossos problemas atuais e
motiva-nos a superar quaisquer dificuldades. Por isso,
deixemos que nossas esperanças nos desafiem a mudar
nossa vida, superando todos os problemas que
aparecerem no caminho.
20
SILAS MALAFAIA
Deus corrige quem Ele ama
A primeira razão por que Deus, muitas vezes,
permite que alguns problemas persistam em nossa vida
é o fato de Ele corrigir Seus filhos amados. Na
passagem a seguir vemos a atitude de Pai discipli-
nador que Deus assume ao lidar conosco.
Porque o Senhor corrige o que ama e açoita
a qualquer que recebe por filho. Hebreus 12.6
Temos as opções de obedecer a Deus por meio
da fé perseverante em Cristo ou de ignorar os Seus
mandamentos, adotando as práticas do mundo. Preci-
samos entender que, mesmo que sejamos mais
propensos ao pecado, devemos viver pelo
I spírito e de acordo com os padrões elevados que
Deus estabeleceu para nós, para corresponder ao
chamado do Senhor. E, se fraquejarmos, devemos
arrepender-nos e pedir-lhe perdão, lembrando que
Jesus sofreu por nós para nos redimir do jugo do
pecado e do diabo, justificar-nos diante do Pai e, assim,
salvar-nos da condenação eterna.
Como Pai, Deus corrige Seus filhos. Seu propósito
não é satisfazer nossas paixões, e sim transformar
nosso caráter e nossos hábitos. Nosso Pai nos ama e
está no controle de tudo. Suportemos as
21
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
provações com fé e paciência, sabendo que o sofri -
mento — seja ele imposto por inimigos e perseguidores
ou adversidades — pode ser usado por Deus para nos
corrigir e amoldar-nos à imagem de Cristo.
Tudo o que Deus permite a nós é para o nosso
bem. Então, submetamo-nos à Sua disciplina. Agindo
dessa forma, conseguiremos aproximar-nos cada vez
mais dele, reconciliando-nos com o nosso Pai celestial e
entendendo por que passamos por provações tantas
vezes.
Somos seres limitados e imperfeitos; dependemos
de Deus. Assim,em meio às lutas e tribulações, o mais
importante é perceber que a correção dele não é uma
condenação, e sim um ato de amor. Dessa forma, ela
pode ser suportada com paciência e promover a nossa
santificação.
Veja as aflições por que passamos como opor-
tunidades enviadas pelo nosso Pai, sábio e gracioso,
visando ao crescimento e à saúde espiritual.
Deus nos ensina a fazer Sua vontade
A segunda razão para Deus permitir que nossos
problemas não sejam resolvidos logo pode ser
vislumbrada ao lermos o Salmo 119.71: Foi-me bom ter
sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos. Em
outras palavras, Deus permite que
SILAS MALAFAIA
experimentemos aflições para aprendermos a resolver
os problemas de acordo com os Seus princípios. E não
é nada demais passarmos por tribulações, já que muitas
pessoas consagradas ao Senhor, verdadeiros heróis da
fé, também passaram.
A aflição traz consigo uma sensação de estresse
desagradável. Esse estresse a que somos submetidos
em determinadas épocas de nossa vida é realmente
uma oportunidade de desprendermo- nos de visões
particulares e atitudes erróneas que lemos, as quais nos
impedem de ver a verdade, relacionar-nos da maneira
correta com Deus e com nossos semelhantes, bem
como de viver o melhor que o Senhor tem para nós.
Muitas pessoas preferem viver na aflição e até
desenvolvem métodos para se adaptar a essa rotina de
infelicidade. Essas pessoas costumam frequentar
ambientes de pompa e orgulho, mas estão muito
distantes de Deus. Na maioria das vezes, acham que
estão bem próximas dele, porém depois percebem que,
na realidade, haviam se afastado do Senhor pouco a
pouco, sem notar.
"Mas como cheguei a este ponto?" Essa é a
pergunta que muitos se fazem. Eles erguem barreiras
entre si e Deus, as quais só fazem com que o Senhor
pareça mais e mais distante, mesmo quando tais
pessoas não vivem em pecado. Para
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
elas, Deus está longe demais justamente quando elas
mais precisam dele — quando estão em circunstâncias
difíceis ou quando a própria situação parece
irremediável.
Ocorreu exatamente o contrário com o rei Davi.
Ele se manteve perto de Deus, mas ainda assim sofreu
grande aflição. Para ele, contudo, foi muito proveitoso
passar por todo o sofrimento relatado nas Escrituras.
A lição que Davi aprendeu com sua aflição elevou-
o a um patamar que ele jamais atingiria seguindo sua
conduta anterior. O Senhor se manifestou a Davi em
meio ao sofrimento, para que ele pudesse aprender
Suas leis. E a resposta de Davi a Deus foi exemplar: a
aflição pela qual passou contribuiu para aprimorar o seu
conhecimento sobre o Senhor e Sua graça. Davi
percebeu que a vara e a repreensão lhe trouxeram a
sabedoria.
Deus promove o nosso aperfeiçoamento
espiritual
A terceira razão pela qual Deus permite que
soframos é a necessidade que nós temos de aper-
feiçoamento espiritual.
Não é fácil tornar-se um cristão. E preciso eliminar
velhos hábitos e cultivar novos. Nosso
24
SILAS MALAFAIA
aperfeiçoamento espiritual depende de uma conduta
fundamentada nos princípios revelados na Bíblia e em
uma vida de fé, amor, perdão, renúncia à carne e
paciência.
Enfrentamos muitas dificuldades para mudar
nossos hábitos. Nossa natureza nos impele a continuar
sempre a fazer aquilo a que já nos acomodamos.
Contudo, se deixarmos os maus hábitos se cristalizarem
na nossa vida, estaremos perdidos.
Paulo enfatiza em Efésios 4.22-24 que grandes
mudanças devem ocorrer quando nos convertemos a
Deus. Precisamos abandonar o pecado e dar lugar à
santidade.
Que, quanto ao trato passado, vos despojeis
do velho homem, que se corrompe pelas
concupiscências do engano, e vos renoveis no
espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo
homem, que, segundo Deus, é criado em
verdadeira justiça e santidade.
Nosso aperfeiçoamento espiritual nos aproxima de
Deus, permitindo que Ele nos revele coisas que só
podemos entender se estivermos em um nível profundo
de comunhão com o Senhor. Por isso, às vezes, somos
submetidos a situações adversas.
25
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
Deus é suficientemente poderoso para guar- dar-
nos do mal, iluminar-nos, fortalecer-nos, sustentar
nossa alma e alegrar nosso espírito em meio aos
momentos de aflição e angústia, fazendo-nos triunfar
sobre a adversidade, inspirar outros a confiar nele e a
glorificá-lo.
Quando nosso sofrimento glorifica a Deus
Se Deus nos ama tanto, por que Ele permite
obstáculos em nosso caminho? Porque, embora o
sofrimento seja algo que nos machuca ou irrita, dentro
do projeto de Deus, ele é algo destinado a fazer com
que nós e as pessoas que nos veem sofrer reflitamos
sobre nossa condição e, assim, acatemos a mensagem
do evangelho.
Em Filipenses 1.12, lemos o seguinte:
E quero, irmãos, que saibais que as coisas
que me aconteceram contribuíram para maior
proveito do evangelho.
Você sabia que a prisão de Paulo foi de muito
valor para o evangelho? Isso porque, muitas vezes, o
nosso sofrimento serve a vários propósitos de Deus.
Assim, o Senhor permite que soframos para que Ele
seja glorificado em nossa triunfante vida.
SILAS MALAFAIA
De alguma maneira, essa experiência com Ele é
necessária para o conhecermos melhor e as pessoas
atestarem que o Senhor é conosco.
Mas como evitar que as pessoas, ao verem al-
guém fiel a Deus sofrendo (como Paulo, preso por amor
a Cristo), entendam que o sofrimento não é uma
punição pela sua fé? A maioria acha que Deus não
permitiria que aqueles a quem ama sofressem. No
entanto, não é bem assim. O sofrimento tem o seu papel
na vida do cristão. Por isso, Paulo preferiu expor tudo o
que enfrentou para seguir Cristo, com a função didática
de mostrar que o fim de seu sofrimento foi expandir o
Reino de Deus e glorificar o Senhor.
O propósito principal de Deus para nossa vida é
que sejamos conformados à imagem de Cristo. O
sofrimento nos quebranta, permite que nos voltemos
para nosso mundo interior e reflitamos a respeito das
causas do que nos aflige, bem como que nos abramos
para o Senhor e Sua vontade para nossa vida.
Quando nosso sofrimento reforça a
mensagem do evangelho
Por fim, a quinta razão para Deus permitir um problema
em nossa vida sem solucioná-lo de pronto
é o fortalecimento da nossa fé e da dos outros.
27
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
Quando as pessoas vivenciam lutas, elas oram e
vão mais à igreja, para buscar ao Senhor. Têm novas
experiências com Deus, e isso amplia a sua fé e atrai o
olhar de outras pessoas. Por isso, devemos dar glória a
Deus inclusive por nossos problemas, ao vê-los como
oportunidades de o Senhor se manifestar, revelando-
nos Sua misericórdia, graça, fidelidade e poder.
Mais uma vez, Paulo é um exemplo significativo
disso:
E muitos dos irmãos no Senhor, tomando
ânimo com as minhas prisões, ousam falar a
palavra mais confiadamente, sem temor. Filipenses 1.14
Note que, ao verem Paulo preso por divulgar as
boas-novas de Jesus Cristo, os cristãos poderiam ter se
sentido desanimados e desencorajados. Mas, pelo
contrário, foram animados a crer na providência divina e
a louvar a Deus pelo testemunho do apóstolo.
O fato de estarem com Cristo e testemunharem a
fé de Paulo fez com que outros cristãos preferissem
enfrentar a perseguição, a fome, a prisão e até a morte
a ter uma vida longe de Deus, pois verem Paulo ser
assistido e consolado por Jesus
SILAS MALAFAIA
encheu-os de força e coragem para aguentar firme e não
apostatar de sua crença no Senhor.
Tudo o que Paulo vivenciou serviu para mostrar
que, mesmo sofrendo angústias, perseguições e
privações, todos que aceitam Jesus como seu Mestre e
Senhor obtêm a força necessária para superar
quaisquer tribulações desagradáveis, porque Deus é
todo-poderoso e gracioso.
O poder da graça divina fez com que o que fora
planejado pelo inimigo para desencorajar os cristãos se
transformasse em um incentivo a eles. E assim eles
tiveram coragem de permanecer em Cristo até o fim e
divulgar a mensagem de Jesus, porque, depois de
serem expostos ao sofrimento, eles cresceram em graça
e conhecimento do Senhor.
A confiança de Paulo em Deus estimulou a lé de
outros cristãos. Sua coragem os encorajou a enfrentar
as dificuldades e a superar os obstáculos para dar
testemunho de Cristo. Eles entenderam que somos
instrumentos de Deus e que por meio da nossa vida e
até de nossos problemas o Senhor pode abençoar
outras pessoas. Então, não reclame das dificuldades e
lutas; antes, confie em Deus e glorifique-o por tudo o
que Ele já fez, está fazendo e fará em você e por seu
intermédio.
29
Capítulo 3 Quando Deus nos dá a direção certa para
resolvermos nossos problemas
Muitas vezes, Deus revela a direção que devemos
tomar para resolvermos nossos problemas. Seu Espírito
fala ao nosso espírito, orienta-nos, e o nosso desafio é
entender, discernir, a Sua voz em nosso coração e ser
capazes de obedecer-lhe.
Essa voz profunda, perene, duradoura em nosso
íntimo é a do Espírito Santo falando conosco. Por meio
desse diálogo interior, o Senhor nos dá uma r direção. O
Senhor também pode comunicar-se conosco de outros
modos. Ele pode usar uma pessoa para liberar uma
palavra profética, de sabedoria ou de ciência, ou
orientar-nos por Sua Palavra escrita, ao lermos a Bíblia.
O Senhor faz isso para que possamos resolver os
nossos problemas, e isso representa novas experiências
com Ele e em glória ao Seu santo nome.
Contudo, para sermos direcionados por Deus,
precisamos clamar por Sua orientação e pedir ao
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
Espírito Santo que nos explique, revele, mostre o
caminho a seguir, bem como que possamos entender os
sinais divinos.
Em nossas orações, podemos e devemos
apresentar ao Senhor as dúvidas que nos assolam.
Feito isso, devemos assumir a posição que Deus espera
de nós, a posição de alguém que aguarda Sua resposta
e Seu direcionamento, antes de tomar decisões difíceis
e partir para uma ação eficaz que as respalde.
Clame a Deus e confie na direção apontada por
Ele, e você será vitorioso sobre os problemas.
Investigando as causas de nossos problemas
Com a ajuda de Deus, fica muito mais fácil
identificar as causas dos nossos problemas. Assim, as
decisões a serem tomadas para resolvê-los tornam-se
mais claras. Deus nos faz vencer o desânimo, dando-
nos uma força capaz de transformar- -nos em pessoas
proativas, que confiam no Senhor para superar as crises
e oposições.
Quando respondemos com honestidade às
perguntas quem?, o que?, onde?, por que?, quando? e
como?, podemos identificar as causas do problema e o
que está envolvido nele, bem como reconhecer as
soluções aceitáveis. Normalmente,
SILAS MALAFAIA
há sempre muitas causas interligadas, e é difícil definir
com clareza a principal, mas, mesmo assim, podemos
entender a dinâmica do problema e posicionar-nos a
respeito.
Por exemplo, em uma família com muitas dívidas,
a causa principal pode ser um dos cônjuges gastar
muito, extrapolando o orçamento. Mas, em paralelo,
outros fatores — como crises pessoais e profissionais,
elevado custo de vida, despesas emergenciais —
podem contribuir para que a situação seja agravada.
Isso faz com que a solução do problema seja um
processo mais trabalhoso.
Também é importante entender que não há
apenas uma solução para cada problema. Mas existem
as soluções mais eficazes e as menos eficazes.
Você conhece a história de Neemias? Ele poderia
ter tomado outras atitudes para reconstruir Jerusalém.
Ele poderia ter-se omitido quanto à edificação dos
muros, reunido os judeus que viviam na cidade e
organizado uma rebelião, ou mesmo chegado a um
acordo com Sambalate e Tobias, os líderes locais que
se opunham aos judeus. Mas a solução que Neemias
preferiu foi aquela apontada por Deus, ou seja,
restaurar os muros, a lei e a ordem entre o povo judeu
que vivia em Jerusalém.
33
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
Para resolvermos nossos problemas, precisamos
considerar todos os ângulos da situação e todas as
opções de ação válidas de que dispomos para
solucionar os problemas. Mas é fundamental atentarmos
para os princípios e instruções revelados na Palavra de
Deus. As melhores soluções serão sempre aquelas que,
direcionadas pelo Senhor, levarem em consideração
todos os interesses envolvidos, desde que sejam
legítimos. Dessa maneira, poderemos criar um plano de
ação de modo a todas as partes envolvidas serem
beneficiadas.
A melhor solução, como dissemos, é sempre
aquela indicada por Deus. Mas a questão não se limita a
simplesmente esperarmos que Ele nos diga como
resolver os nossos problemas. Precisamos utilizar nosso
intelecto para considerar as vantagens e desvantagens
de cada situação, combinando as melhores
características de cada solução para chegar à melhor
forma de resolver o problema.
Antes de definirmos qual solução preferimos
adotar, devemos perguntar-nos: "Se eu optar por essa
solução, conseguirei arcar com os resultados que ela
provocará?" Isso porque nem sempre todas as partes
envolvidas saem satisfeitas, ainda mais quando os seus
interesses legítimos são desconsiderados.
Depois, tendo tomado uma decisão, é preciso
planejar sua execução com cuidado. O ideal é ter
SILAS MALAFAIA
uma meta definida e montar uma estratégia com todos
os passos para alcançar o resultado pretendido.
Devemos estabelecer as ações e planejar os momentos
em que devem ocorrer. Também é preciso definir quem
vai participar e os recursos necessários para tornar
realidade esse plano.
Provérbios 21.5 confirma a importância de
chegarmos a uma solução almejada: Os pensamentos
do diligente tendem à abundância, mas os de todo
apressado, tão-somente à pobreza.
Ao lermos o capítulo 2 do livro de Neemias,
podemos vislumbrar como montar um plano eficiente
para superar os desafios, implementar as mudanças
necessárias e atingir o objetivo proposto. Devemos
espelhar-nos em Neemias para elaborar nosso
planejamento estratégico, porque ele é um exemplo de
homem bem-sucedido.
Por fim, é necessário avaliar se a solução que
escolhemos foi a melhor. Isso é muito importante! Como
saberemos se um problema foi resolvido, se não
avaliarmos se o efeito da solução foi positivo?
E não basta constatarmos o êxito temporário na
solução do problema; precisamos verificar se foi algo
duradouro. Fazendo isso, conseguiremos não só saber
se os nossos esforços valeram, como também
determinar se o plano que sanou a situação pode ser
implementado e/ou melhorado da
35
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
próxima vez que precisarmos de uma solução
semelhante.
O ensino da Bíblia sobre a resolução de problemas
pode ser muito útil para que possamos entender melhor
e superar os desafios da vida, que são vários. Mas uma
coisa é certa: não busque a ajuda de Deus apenas
diante de situações-limite. Conte com a orientação dele
sempre, em todo o tempo; nos dias bons e nos maus
também!
O perigo de buscar Deus apenas diante de
situações-limite
O que normalmente chamamos de situações- -
limite são aqueles momentos em que nos deparamos
com problemas que estão além da nossa capacidade de
resolução e não podem ser sanados somente por
nossos esforços. São exemplos de situações-limite as
doenças, as perdas, a morte e o medo que sentimos
dessas situações.
A morte é a mais impactante de todas as
situações-limite. Ela é o único momento em que nos
vemos definitivamente separados daqueles que
amamos e que são importantes para nós. Por isso,
diante dela, entramos em pânico. Mas essa situação
também nos proporciona a oportunidade
36
SILAS MALAFAÍA
de refletir e de conjecturar sobre a nossa condição
diante da vontade de Deus.
A questão é que muitas vezes só procuramos
Deus em situações-limite (diante de perdas, enfer-
midades terrninais), porque, tendo tentado de tudo e
não obtendo um bom resultado, consumimos nossas
forças e recursos; então, nossa autoconfiança
desaparece, e reconhecemos que precisamos ouvir o
que o Senhor tem a dizer-nos e receber Sua ajuda.
Diante de perdas, percebemos que não devemos
apegar-nos tanto a coisas terrenas e secundárias;
diante de enfermidades, constatamos que somos
absolutamente vulneráveis, que a nossa vida é muito
frágil e que alguém a quem estamos conectados pode
simplesmente desaparecer de uma hora pata outra.
Ante essas duras realidades, é quando maiscontamos
com os sinais e a orientação de Deus, pois são
essenciais à nossa superação e vitória.
Em situações-limite somos desafiados a refletir
sobre a complexidade da vida e nossa vulnerabilidade.
Isso nos leva as ser mais humildes e dependentes de
Deus, bem como a uma maturidade intelectual e
espiritual. Entendemos que, sem Deus, não somos nada
e que seguir em frente sem Sua orientação pode ser
solitário e perigoso. Por outro
37
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
lado, com Deus, se nos desapegarmos do medo e
removermos o véu do sofrimento para orarmos,
conversarmos com Ele, veremos que, mesmo que não
haja solução aparente, o Senhor será conosco e
proverá o necessário para superarmos as crises e todo
e qualquer sofrimento.
Com a minha voz clamei ao SENHOR; com a
minha voz ao SENHOR supliquei. Derramei a mi-
nha queixa perante a sua face; expus-lhe a minha
angústia. Quando o meu espírito estava angustia-
do em mim, então, conheceste a minha vereda. No
caminho em que eu andava, ocultaram um laço.
Olhei para a minha direita e vi; mas não havia
quem me conhecesse; refugio me faltou; ninguém
cuidou da minha alma. Ati, ó SENHOR, clamei; eu
disse: tu és o meu refugio e a minha porção na
terra dos viventes. Atende ao meu clamor, porque
estou muito abatido; livra-me dos meus
perseguidores, porque são mais fortes do que eu.
Tira a minha alma da prisão, para que louve o teu
nome; os justos me rodearão, pois me fizeste bem. Salmo 142.1-7
Davi, em uma situação-limite, acuado na caverna
de Adulão, nada mais fez do que orar a Deus. Nesse
belíssimo salmo, que representa os 38
SILAS MALAFAIA
problemas de Davi, vemos um exemplo da postura que
devemos assumir quando estamos em perigo.
Davi não recorreu a Deus só porque estava em
perigo, porque não havia como escapar, porque não
tinha amigos a quem buscar, porque tinha abandonado
todos os cuidados com a sua segurança e a sua vida e
a de seus homens. Ele não desistiu jamais de sua fé, de
seus princípios e das promessas que Deus lhe havia
feito. Assim, ele, com sinceridade, suplicou pela
proteção de Deus e assegurou-se de louvar ao Senhor
por sua libertação.
Esse é um exemplo para os cristãos, que devem
aprender a partilhar a alegria e a edificar o altar da
oração e adoração a Deus para agradecer-lhe pelas
bênçãos recebidas e pela misericórdia que Ele lhes
dispensa.
Capítulo 4 Os níveis de intercessão e a
intervenção de Deus a nosso favor
Mas e quando os nossos problemas são tão com-
plicados que se esgota a nossa capacidade de lidar com
eles? E quando o desemprego, as crises existenciais,
conjugais e financeiras, ou a velhice e a doença chegam
de maneira implacável e roubam as nossas forças e
nossa vontade de viver? Nesses momentos, só uma
intervenção direta de Deus para conduzir-nos à vitória,
à solução do problema que nos aflige.
Deus é soberano. Se Ele quiser, poderá resolver
os nossos problemas imediatamente. O Senhor é todo-
poderoso. Sua capacidade é ilimitada. Ninguém pode
resistir-lhe.
Quando Deus intervém, não existe nenhuma força
capaz de detê-lo. Não há demónios nem homens
poderosos que permaneçam de pé diante do poder de
Deus. Assim, uma porta aberta pelo Senhor não pode
ser fechada por mais ninguém.
40
SILAS MALAFAIA
Por isso, Sua intervenção é definitiva, não havendo
como resistirmos a ela.
Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e
ninguém há que possa fazer escapar das minhas
mãos; operando eu, quem impedirá? Isaías 43.13
Você conhece a história do êxodo de Israel. Deus
disse a Moisés que tiraria Seu povo do Egito. O faraó
resistiu o quanto pôde em relação à libertação dos
escravos hebreus. Todavia, a ação direta de Deus sobre
a natureza fez com que pragas recaíssem sobre aquela
nação e a destruíssem. Então, o faraó se deu por
vencido e consentiu na saída dos israelitas.
Então, disse o SENHOR a Moisés: Agora
verás o que hei de fazer a Faraó; porque, por mão
poderosa, os deixará ir; sim, por mão poderosa,
os lançará de sua terra. Êxodo 6.1
Da mesma maneira que Deus interveio naquele
momento, Ele pode fazê-lo hoje e poderá agir amanhã,
usando Seu poder incomensurável sempre que
necessário. Por isso, devemos louvá-lo e glorificá-lo em
todos os momentos.
41
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome;
louvai aquele que vai sobre os céus, pois o seu
nome é JEOVÁ; exultai diante dele.
Salmo 68.4
O louvor e a glória que dedicamos a Deus são um
reconhecimento do Seu poder, capaz de derrubar
nossos inimigos e remover imediatamente todos os
empecilhos que surjam em nosso caminho, se essa for
a vontade dele.
O Senhor pode dar-nos a vitória no momento que
quiser, porque é soberano, de modo que ninguém, ho-
mem ou demónio, tem a capacidade de impedir isso.
Contudo, essa forma de intervenção direta de
Deus para dar solução a nossos problemas, que é o que
sempre esperamos que ocorra, é justamente a forma
menos comum de Ele agir. Mas, vez por outra, o Senhor
intervém, agindo diretamente de modo a resolver um
problema nosso. Isso só acontece quando este está
além da capacidade de resolução do ser humano.
Normalmente, Deus age em parceria conosco. Fazemos
o que nos é possível, Ele faz o impossível. Damos
passos de fé, e Ele reage favoravelmente a ela.
Precisamos cultivar a fé e aprender a apresentar
ao Senhor nossos sentimentos, sonhos, problemas,
necessidades. Paulo recomendou:
42
SILAS MALAFAIA
Não estejais inquietos por coisa alguma;
antes, as vossas petições sejam em tudo conhe-
cidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com
ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo
o entendimento, guardará os vossos corações e os
vossos sentimentos em Cristo Jesus. Filipenses 4.6,7
A intercessão a Deus pela resolução de nossos
problemas pode ocorrer em cinco níveis. Não devemos
desprezar nenhum deles, porque todos atuam em
conjunto para assegurar-nos socorro divino e vitória no
mundo espiritual e humano.
Vejamos agora os tipos de intercessão diante de
Deus com que podemos contar.
A intercessão de Cristo
A primeira intercessão que podemos e devemos
contar é com a de Jesus Cristo em nosso favor. Em
Hebreus 7.23-25, lemos:
Na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes
em grande número, porque, pela morte, foram
impedidos de permanecer; mas este [Jesus],
porque permanece eternamente, tem um sacer-
dócio perpétuo. Portanto, pode também salvar
43
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles.
Jesus está assentado à destra de Deus. Neste
exato momento, Ele pode interceder para que nossos
problemas sejam resolvidos, nossas necessidades
sejam sanadas e para que vençamos as nossas lutas.
Jesus vive para interceder por nós — essa é a Sua
função como Sumo Sacerdote.
Não há ociosidade no céu. Tanto o Filho como o
Pai trabalham incessantemente. Enganam-se aqueles
que acham que no céu não há qualquer atividade. Pelo
contrário, no céu o que não existe é cansaço e fadiga
em virtude do trabalho ou doenças. Lá, de-
sempenharemos alguma função. Na Bíblia, são men-
cionadas pelo menos duas, a de reis e de sacerdotes.
E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu
Pai, a ele, glória e poder para todo o sempre.
Amém! Apocalipse 1.6
Evidentemente, se não quisermos estar com Deus
no céu e não dermos ouvidos à oferta de salvação em
Cristo, o que nos restará será a condenação eterna.
Essa é uma escolha que cabe ao ser humano somente.
O que você prefere: vida,
SILAS MALAFAIA
paz e trabalho no céu, ou pranto, ranger de dentes e
ociosidade no inferno?
A intercessão do Espírito Santo
Também podemos contar com a intercessão do
Espírito Santo por nós junto a Deus. Como lemos nas
Escrituras, Ele intercede por nós com gemidos
inexprimíveis.
E da mesma maneira também o Espírito
ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos
o que havemos de pedir como convém, mas o
mesmo Espírito intercede por nós com gemidos
inexprimíveis. Romanos 8.26
Levando em conta o nosso caso, problema ou luta,
tribulação, adversidade, o Espírito Santo se comunica
com Deus de uma maneira que não temos capacidade
de entender, para nos socorrer em nossas aflições e
nas batalhas espirituais que são travadas contra nós
pelo diabo.
Para você entender como funciona a intercessão
feita pelo Espírito e sua importância, imagine-se diante
de um governador ou presidente da República,
precisando de algo que só ele pode liberar,
45
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMA S
mas não sabendo como lhe pedir algo da maneira
conveniente. No entanto, se você for assessorado por
alguém que conheça muito bem o mundo da política e
entenda os protocolos, será beneficiado pelo
conhecimento dessa pessoa e conseguirá obter aquilo
de que necessita.
O Espírito Santo faz algo semelhante ao in-
terceder por nós diante de Deus. Ele fala do modo
correto ao coração do Pai, traduzindo para Ele nossas
reais necessidades. O que não sabemos dizer a Deus
em palavras, o Espírito comunica com gemidos
inexprimíveis.
Conte com a intercessão do Espírito Santo. Ela é
poderosa!
A intercessão feita por nós mesmos em
nosso favor
A intercessão também pode acontecer por
intermédio de nós mesmos. Essa intercessão ocorre
mediante nossa oração, que é uma das armas espi-
rituais que Deus nos recomenda usar com destreza.
No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no
Senhor e na força do seu poder. Revesti- -vos de
toda a armadura de Deus, para que possais estar
firmes contra as astutas ciladas do diabo. Orando
em todo tempo com
SILAS MALAFAIA
toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso
com toda perseverança e súplica por todos os
santos.
Efésios 6.10,11,18
A sinceridade da oração é que determina a sua
eficácia como ato de intercessão em nosso favor.
Nossas orações não podem ser subjeti- vas ou
confusas. E preciso que sejamos muito específicos ao
orar, e não nos mantenhamos na superficialidade,
fazendo pedidos genéricos. Deus quer saber
exatamente do que precisamos e como estamos
sentindo-nos. Falemos de maneira clara e sem rodeios.
A conversa ideal tem de ser entre cada um de nós
e Deus, em ambiente privado. Quando orarmos,
compartilhemos a nossa intimidade sem nenhum
disfarce. Devemos falar do que nos incomoda, dos
defeitos que não conseguimos corrigir em nós mesmos,
mas sendo sempre muito específicos, porque nada pode
ser escondido de Deus.
Mas tu, quando orares, entra no teu apo-
sento e„ fechando a tua porta, ora a teu Pai, que
vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está
oculto, te recompensará.
Mateus 6.6
47
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
A intercessão feita por nós mesmos a
favor de outros
Você sabia que pode interceder por aqueles com
quem se relaciona e que outras pessoas podem
interceder por você junto a Deus. Em Tiago 5.16, lemos:
Confessai as vossas culpas uns aos outros
e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração
feita por um justo pode muito em seus efeitos.
A oração de alguém temente a Deus em nosso
favor pode tocar o coração do Senhor a agir para livrar-
nos de um laço, impedir a ação de Satanás contra nós.
Por isso, podemos considerar nossos irmãos como
intercessores diante de Deus por nós.
Na Bíblia, encontramos muitos casos de pessoas
que intercederam junto a Deus. Um exemplo bastante
conhecido é o de Abraão. Ele tomou a iniciativa de
rogar a Deus para que poupasse os justos em Sodoma.
Chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás
também o justo com o ímpio? Se, porventura,
48
SILAS MALAFAIA
houver cinquenta justos na cidade, destruí-los-ás
também e não pouparás o lugar por causa dos
cinquenta justos que estão dentro dela? Longe de
ti que faças tal coisa, que mates o justo com o
ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti
seja. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?
Então, disse o SENHOR: Se eu em Sodoma achar
cinquenta justos dentro da cidade, pouparei todo o
lugar por amor deles.
Génesis 18.23-26
Também encontramos, no Novo Testamento,
casos de oração de intercessão. O principal intercessor
foi Jesus. Ele intercedeu em oração rogando a Deus que
perdoasse seus ofensores. Ao ser crucificado, disse as
seguintes palavras:
E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não
sabem o que fazem. Lucas 23.34a
A intercessão feita pela Igreja, o Corpo de Cristo
A Igreja também pode e deve interceder por nós.
Sua autoridade, outorgada por Jesus, é grande, de
modo que nós, como cristãos, devemos ter comunhão
uns com os outros e orar uns pelos
49
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
outros. Somos Corpo de Cristo. Ele é o cabeça. Todos
estamos interligados.
A Igreja é a organização neotestamentária com
autoridade concedida por Jesus para representá-lo no
mundo. Tudo o que ela liga na terra é ligado no céu. Foi
o que Jesus disse em Mateus 18.18:
Em verdade vos digo que tudo o que ligardes
na terra será ligado no céu, e tudo o que
desligardes na terra será desligado no céu.
Deus, um Pai amoroso e benigno
Por que podemos ter a certeza de que Deus é
capaz de agir e resolver os nossos problemas? Em
primeiro lugar, porque Ele é Pai, e como tal sabe cuidar
bem de Seus filhos.
Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas
coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai,
que está nos céus, dará bens aos que lhe
pedirem? Mateus 7.11
Deus é capaz disso porque Ele jamais se esquece
de nós. Normalmente, uma mãe não se esquece do seu
filho, gerado em seu ventre.
SILAS MALAFAIA
Mas, ainda que ela se esquecesse dele, em hipótese
alguma, Deus se esqueceria, porque é o Pai verdadeiro.
Mas por que Deus é capaz de agir em qualquer
área e resolver qualquer tipo de problema? Vejamos a
resposta nas Escrituras:
Eis que os olhos do SENHOR estão sobre os
que o temem, sobre os que esperam na sua
misericórdia, para livrar a sua alma da morte e
para os conservar vivos na fome. Salmo 33.18,19
51
Capítulo 5 Armas espirituais que nos ajudam a
resolver nossos problemas
Apesar de nós mesmos já sermos instrumentos de
Deus, o Senhor nos concedeu algumas armas
espirituais muito relevantes, a fim de fortalecer-nos e
conceder-nos vitórias nas lutas diárias que travamos.
Entre essas armas, destacamos: a oração, a fé, o
poderoso nome de Jesus, o amor e a obediência a
Deus, a autoridade espiritual que Cristo nos concedeu.
Vejamos cada uma dessas armas espirituais.
A eficácia da oração
A primeira arma espiritual que vamos destacar é a
oração, o meio pelo qual podemos comunicar- -nos
efetivamente com Deus.
Contudo, vale lembrar que orar sem o foco
apropriado, de modo mecânico ou por obrigação
religiosa, como alguns fazem antes das refeições e
52
SILAS MALAFAIA
de dormir, pode tornar-se algo vazio e sem efeito
espiritual; afinal, o poder da oração não depende do ato
de orar em si, e sim de Deus e de uma profunda
comunhão que quem ora tem com Ele.
Em 1 João 5.14,15, vemos isso com clareza:
E esta é a confiança que temos nele: que, se
pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade,
ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em
tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as
petições que lhe fizemos.
A fé também é algo que torna nossa oração eficaz.
E tudo o que pedirdes na oração, crendo, o
recebereis. Mateus 21.22
A convicção com a qual oramos está dire- tamente
ligada ao propósito da oração, porque Deus só
responde às orações que são feitas com a motivação
certa e estão de acordo com Sua vontade. Sendo assim,
não adianta apenas sermos bons oradores. Precisamos
ter a motivação correta e ser verdadeiros em nossa
comunicação com Deus.
As respostas dele não são sempre sim, mas estão
de acordo com o que é melhor para nós. Quando aquilo
que desejamos está alinhado com 53
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
a vontade do Senhor, e oramos com fé e propósito,
Deus responde poderosamente! Por isso, não devemos
jamais pronunciar orações impessoais e vazias,
baseadas em fórmulas decoradas, para nos dirigirmos
ao Senhor. É melhor sermos sinceros e específicos
quanto ao que queremos, até porque Ele sabe
exatamente quem somos e o que de fato desejamos,
antes mesmo de abrimos nossa boca.
Ore. Fale com o Senhor. Em resposta à sua
oração, Deus pode abrir os seus olhos espirituais,
perdoá-lo, aquietar o seu coração, curar as feridas em
sua alma, conceder-lhe sabedoria, libertar alguém
cativo, salvar o perdido, trazer restauração à sua vida e
a daqueles que você ama. Humilhe-se diante do Senhor
e peça-lhe o que vcoê precisa!
Não subestime o poder da oração ao Senhor todo-
poderoso!
O poder da fé
A segunda arma espiritual que Deus nos legou foi
a fé. Se não cremos, realmente fica impossível resolver
qualquer problema.
E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer; tudo é
possível ao que crê. Marcos 9.23
54
■SILAS MALAFAIA
De um modo geral, ter fé implica crer em algo ou
em alguém. A fé faz com que estejamos plenamente
convencidos da veracidade e confia- bilidade das coisas
em que cremos e das pessoas em quem nos
apoiamos/rogamos. Por isso, a fé em Deus e em Jesus
é a nossa maior arma.
Ora, a f é é o firme fundamento das coisas
que se esperam e a prova das coisas que se não
vêem.
Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, por-
que é necessário que aquele que se aproxima de
Deus creia que ele existe e que é galardoador dos
que o buscam. Hebreus 11.1,6
A fé consiste em uma força espiritual que nos
torna capazes transpor os obstáculos em nosso ca-
minho e prosseguir rumo à solução dos problema que
enfrentemos.
Vejamos o que Jesus disse a respeito da fé em
Marcos 11.23:
Porque em verdade vos digo que qualquer
que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no
mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que
se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será
feito.
COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
A fé em Deus deve ser algo prático. Sua natureza
não é simplesmente intelectual, mas, sobretudo,
espiritual, visto que com o coração se crê para a justiça,
e com a boca se faz confissão para a salvação
(Romanos 10.10).
Com fé, obteremos, segundo a vontade de Deus,
respostas às nossas orações e conquistaremos
patamares mais elevados em todas as áreas da vida.
Jesus disse: Por isso, vos digo que tudo o que
pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis
(Marcos 11.24).
É preciso entender também que viver pela fé
significa ter atitudes compatíveis com essa fé, adotar
condutas certas, tendo Cristo como modelo.
Devemos viver de maneira coerente com aquilo
em que acreditamos e que professamos; logo, serão
nossas ações e nossos discursos que demonstrarão
essa coerência. Não basta sermos sinceros, bem-
intencionados ou preparados intelectualmente; temos de
crer na Palavra, sem duvidar, e agir em conformidade
com ela.
Sendo assim, a fé bíblica não implica crer em ✓
qualquer coisa à nossa maneira. E crer no Deus
autorrevelado na Bíblia, considerando os princípios que
Ele mesmo estabeleceu para termos uma vida
abundante.
SILAS MALAFAIA
O poderoso nome de Jesus
Outra importantíssima arma espiritual é o nome de
Jesus.
Quando cremos em Deus e pedimos algo a Ele
usando o nome de Jesus, nossa oração adquire mais
força.
E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o
farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se
pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. João 14.13,14
Contudo, não podemos achar que basta pedirmos,
e nos será concedido tudo o que quisermos. O uso puro
e simples da expressão em nome de Jesus como uma
fórmula mágica é completamente errado. Da mesma
forma, devemos evitar o uso de outras expressões
repetitivas, principalmente no final da oração.
Se tivermos em mente que não são as palavras na
oração que importam, sempre nos lembraremos de que
o importante é o propósito dela.
O verdadeiro objetivo da menção ao nome de
Jesus na oração é evocar a autoridade dele e pedir a
Deus que considere nossa oração relevante, uma vez
que a fazemos em nome de Seu Filho, Jesus, de
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COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
acordo com Sua vontade. Assim, a oração coerente com
a Palavra e em nome de Jesus é sempre válida.
Declarando o nome de Jesus em nossas orações,
demonstramos, portanto, a confiança absoluta que
depositamos em Cristo como nosso Salvador e Senhor.
Quando pedirmos o que quer que seja de acordo com a
Sua vontade, seremos ouvidos. E, se sabemos que nos
ouve em tudo o que pedimos> sabemos que alcançamos
as petições que lhe fizemos (1 João 5.15).
O amor e a obediência a Cristo
Existe uma série de princípios estabelecidos pelo
Senhor em Sua Palavra. Um deles é que, para
conseguirmos o que lhe pedimos, precisamos atender a
uma condição simples: estar em Cristo e Sua Palavra
estar em nós.
Se vós estiverdes em mim, e as minhas
palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que
quiserdes, e vos será feito. João 15.7
Evidentemente, isso não significa que Deus nos
concederá carta branca para que simplesmente
recebamos tudo aquilo que desejarmos somente porque
atendemos a essa condição. Só podemos
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SILAS MALAFAIA
pedir o que o próprio Cristo pediria. Assim, não é
questão de saciarmos a nossa vontade, porque, quando
aceitamos Jesus, é para que seja feita a vontade dele
em nós.
Jesus disse em João 8.29: E aquele que me enviou
está comigo; o Pai não me tem deixado só, porque eu
faço sempre o que lhe agrada.
Dessa maneira, a oração, em hipótese alguma,
deve ser confundida com a livre expressão da nossa
vontade a Deus. Orar é a humilde e sincera
manifestação da nossa atitude de dependência dele e
confiança na Sua ajuda e provisão. Nesse sentido,
aquele que ora é sempre submisso à vontade soberana
do Senhor.
A autoridade espiritual
Outra arma que o Pai nos disponibiliza é a
autoridade espiritual. Ela nos permite superar as
dificuldades que encontrarmos em nossa caminhada
cristã. Usar essa autoridade em nosso favor é uma
maneira de resolver nossos problemas e o de outros.
Eis que vos dou poder para pisar serpentes,
e escorpiões, e toda a força do Inimigo, e nada vos
fará dano algum. Lucas 10.19
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COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
Quando aceitamos Jesus Cristo como nosso
Salvador, Ele também assume a posição de Senhor,
com autoridade sobre tudo em nossa vida. Então,
para termos a autoridade dele, precisamos, antes,
submetermos a Ele, observando o que o Mestre disse
em Lucas 6.46: E por que me chamais Senhor,
Senhor, e não fazeis o que eu digo?
Ter autoridade significa ter o direito de co-
mandar e impor obediência. Deus é a autoridade
máxima a quem devemos obedecer. O Senhor reina
sobre todas as demais autoridades, e Cristo reina
com Ele.
Porque convém que reine até que haja
posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.
Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado
é a morte. Porque todas as coisas sujeitou
debaixo de seus pés. Mas, quando diz que
todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está
que se excetua aquele que sujeitou todas as
coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem
sujeitas, então, também o mesmo Filho se
sujeitará àquele que todas as coisas lhe
sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. 1 Coríntios 15.25-28
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SILAS MALAFAIA
Deus é tanto o Criador como o Sustentador de
todo o universo (Génesis 1.1; Atos 17.24-29). Somente
Ele tem poder de comando e de delegar autoridade a
quem quer que seja. Nenhum ser humano tem direito ou
poder para colocar-se em pé de igualdade com Deus.
Seja bendito o nome de Deus para todo o
sempre, porque dele é a sabedoria e a força; ele
muda os tempos e as horas; ele remove os reis e
estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e
ciência aos inteligentes. Daniel 2.20,21
É o Senhor quem remove os reis e estabelece os
reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos
inteligentes (Daniel 2.21). Ele está acima de tudo e de
todos e pode fazer tudo o que lhe apraz porque é
soberano e todo-poderoso.
Se você é um cristão obediente a Deus e à Sua
Palavra, também tem autoridade. Honre-a, usando-a da
forma certa, como convém a um crente fiel. Se o fizer,
pode esperar que Deus interaja com você e favoreça-o,
porque Ele tem o poder para intervir, ajudar-nos, dirigir-
nos e agir diretamente para solucionar nosso problema,
se Ele assim quiser.
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COMO DEUS TRATA OS NOSSOS PROBLEMAS
Os ouvidos de Deus estão sempre atentos ao
nosso clamor. Ele ouve quando os justos clamam,
livrando-os de todas as suas angústias (Salmo 34.6,
17). O Senhor é capaz de ouvir o seu clamor e de dar
a solução eficaz para os seus problemas.
Creia! Deus poderá ajudá-lo trazendo luz à sua
mente de modo que você use a sua inteligência e
seus talentos para resolver a questão. Ele também
pode, durante um tempo, não permitir que esse
problema seja sanado, para tratar com você. Mas
acredite que Ele o ama, quer o melhor para você e,
no tempo oportuno, vai responder ao seu clamor e
agirá sobre aquilo que não lhe é possível resolver.
Não perca a sua esperança nem a sua fé,
porque Deus é conosco. Ele sempre nos ajudou,
ajuda e ajudará. Ouça a voz dele a falar com você
agora:
Não temas, porque eu sou contigo; não te
assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te
esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra
da minha justiça.
Isaías 41.10
Deus o abençoe!