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14 princípios modelo toyotaTRANSCRIPT
III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ
O MODELO TOYOTA: A METODOLOGIA PARA CONSTRUIR UMA ORGANIZAÇÃO COMPETITIVA E DE APRENDIZAGEM
Silvio Freitas da Silva
Mestre e Doutorando pela Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP – Área de Gestão Estratégica e Planejamento da Manufatura Professor do Centro Universitário da FEI
e-mail- [email protected] Dr. Oswaldo Luiz Agostinho
Professor da Faculdade de Engenharia Mecânica – UNICAMP- DEF e-mail- [email protected]
Resumo
O Modelo Toyota, juntamente com o Sistema Toyota de Produção, formam a base dos dois
pilares que sustentam o (STP): “Melhoria Contínua”, freqüentemente chamada de kaizen e “Respeito
pelas Pessoas”, dando origem ao “DNA” da empresa que nasceu com os fundadores da família Toyoda
“Sakichi Toyoda”, e continua a ser desenvolvido e nutrido pelos líderes atuais e futuros. O Modelo Toyota
e o STP são de fundamental importância porque eles definem os estilos de administração, de produção e
maneira como a Toyota vê o mundo e faz negócios. O Modelo Toyota pode ser considerado como uma
metodologia que transforma organizações técnicas e serviços a longo prazo. O sucesso desse modelo,
essencialmente, fundamenta-se no desenvolvimento contínuo de pessoas, na valorização da melhoria
contínua, na maneira pela qual se aborda o trabalho e na sua habilidade de cultivar liderança entre o
trabalho em equipe. São esses os fatores que sustentam a competitividade da Toyota ao longo do tempo.
A pesquisa apresenta também uma revisão do Modelo Toyota e discute os 14 princípios administrativos
adotados e praticados nas suas plantas em todo mundo para construir o modelo de organização de
excelência operacional e que aprende continuamente. Com base nas discussões desta pesquisa, pode-
se afirmar que o Modelo Toyota apresenta relevante contribuição para uma empresa que deseje construir
o seu próprio modelo de aprendizagem e de excelência operacional. Pode também proporcionar um
diferencial de vantagem competitiva, desde que a empresa saiba utilizá-lo de forma estruturada na
melhoria de qualquer processo empresarial, como: vendas, desenvolvimento de produtos, marketing,
logístico e administração.
Palavras Chave
- Modelo Toyota, Sistema Toyota de Produção (STP), Aprendizagem Contínua e
Vantagem Competitiva.
Apresentação Oral
Seção 4
2
1. INTRODUÇÃO
O propósito principal desta pesquisa é discutir os dois pilares do Modelo Toyota e os 14
princípios administrativos que a Toyota adota para modelar a sua estrutura organizacional e promover
a aprendizagem contínua de seus funcionários em resposta à dinâmica da industrialização a
mudanças no mercado. Para manter-se competitiva e na tentativa de compreender holisticamente o
mecanismo de negócios e do mercado globalizado, a Toyota induz transformações na sua estrutura
organizacional, nos seus produtos e nos processos como meio de adaptar-se aos estímulos contínuos
e descontínuos gerados externamente pelo mercado, ciência, tecnologia e sociedade.
Diante deste contexto, a Toyota verifica que a sua continuidade está vinculada a atender da
forma mais eficiente possível os desejos mais diversos e mutáveis estabelecidos pelos clientes como:
menores preços, agilidade de entrega, confiabilidade, qualidade dos serviços e possibilidade de
escolha. Todavia, para continuar competitiva a empresa procura nortear o seu crescimento em
atributos como: inovações tecnológicas, flexibilidade, capacidade de resposta e agilidade,
posicionando a Toyota à frente da concorrência. Esses atributos podem ser considerados como
alavancas do Modelo Toyota calcados na melhoria contínua e respeito às pessoas, os quais se
apóiam em um conjunto harmônico sinérgico de fatores organizacionais qualitativos como kaizen e
genchi gembutsu, conforme sumariados na figura 1 e em seguida serão apresentadas às
características de cada um destes fundamentos estratégicos.
1. Desafio: significa construir uma visão de longo prazo, conectando os desafios com
coragem e criatividade com propósito de realizar os sonhos dos clientes, criando valores através
da fabricação e entrega de produtos e serviços calcados e gerenciados por meticulosa
consideração na tomada de decisão.
2. Kaizen: Significa melhorar todos os dias um pouco e “continuamente” as operações de
negócio, construindo sistemas e estruturas enxutas sempre em direção da inovação e da evolução,
promovendo a aprendizagem organizacional.
3. Genchi Genbutsu: É uma forma de ver por si mesmo para compreender completamente
a situação; ir até a fonte e descobrir os fatos para tomar decisões corretas; construir um consenso
para atingir os objetivos o mais rápido possível, gerando comprometimento com a realização.
Figura 1. Fundamentos do Modelo Toyota
Fonte: Própria adaptada do STP Modelo Toyota (2006).
MODELO TOYOTA
MELHORIA
CONTÍNUA
GENCHI
GENBUTSU
KAIZEN
DESAFIO
RESPEITO AS PESSOAS
TRABALHO EM
EQUIPE
RESPEITO PELAS
PESSOAS
3
4. Respeito pelas pessoas: Significa respeitar os outros, fazendo esforço para
compreender cada um, tendo responsabilidade e fazendo o melhor para construir confiança mútua
e uma comunicação sincera, inclusive com os acionistas.
5. Trabalho em equipe: Significa estimular o crescimento pessoal e profissional, dividindo
as oportunidades de desenvolvimento, maximizando o desempenho individual e estimulando a
equipe em pensar como um time. Dentro desta visão, a Toyota espera que as pessoas dêem o
máximo de suas responsabilidades básicas, previstas na descrição de suas atividades como:
membro de equipe, líder de equipe e líder de grupo. Para tal, a Toyota procura construir um
modelo de organização que inove continuamente. É importante dizer que essa visão de inovação e
aprendizado sutil, porém contínua, sistemática e otimizada há meio século pelo Japão do pós-
guerra, hoje comprova sua força e resultados econômicos. Kim (2005) afirma que a vantagem
competitiva das empresas de países como o Japão e Coréia do Sul advêm do padrão de
desenvolvimento tecnológico em “aprender pesquisando”, por meio de articulações entre
organizações, universidades e institutos de pesquisa, e “aprender fazendo”, ou seja, praticar a
engenharia reversa (desmontar o equipamento adquirido para aprender a construí-lo agregando
inovações).
2. OBJETIVO DA PESQUISA
O objetivo principal desta pesquisa é apresentar uma revisão do Modelo Toyota e, em
seguida, discutir sobre os 14 princípios administrativos adotados e praticados nas suas plantas em
todo mundo para construir o modelo de organização de excelência operacional e que aprende
continuamente.
3. RELEVÂNCIA DA PESQUISA
O Modelo Toyota apóia à base da cultura do Sistema Toyota de Produção (STP) praticados
nas suas plantas em todo mundo, o qual deu a ela origens a valores, crenças, métodos empresariais e
fonte de vantagem competitiva. É um tema em evidência no cenário atual, inserindo-se no domínio mais
amplo do estudo da inovação gerencial. Pode-se afirmar que O STP é a segunda maior evolução em
processos administrativos eficientes depois do sistema de produção em massa inventado por Henry Ford
e já foi documentado, analisado e exportado para empresas de diferentes indústrias de todo mundo.
Durante a pesquisa bibliográfica sobre o Modelo Toyota junto à mídia de negócios e a publicações
acadêmicas nacionais e estrangeiras como: Academy of Management Review, ou publicações mais
orientadas para o público executivo, como Harvard Business Review, verificou-se que um volume
representativo de trabalhos tem tratado do tema, porém, pode-se dizer que o Modelo Toyota é um
produto especial das pessoas que criaram a Toyota e sua história única. O Modelo Toyota apresenta
relevante contribuição para uma empresa que deseje construir a sua própria cultura, o seu próprio
modelo de aprendizagem e excelência operacional. Pode também, proporcionar um diferencial de
vantagem competitiva, desde que a empresa saiba utilizá-lo de forma estruturada na melhoria de
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qualquer processo empresarial, como: vendas, desenvolvimento de produtos, marketing, logístico e
administração. Segundo Liker (2005), é possível aplicá-lo de forma factível em qualquer organização para
melhorar qualquer processo empresarial. Para isso é necessário que a organização estruture um modelo
de gestão que possibilite motivar a troca do conhecimento tácito e do conhecimento explícito entre as
pessoas, cultivados pela liderança e pelo o trabalho em equipes. Segundo Senge (2000), para uma
organização motivar a troca do conhecimento tácito e do conhecimento explícito entre as pessoas, é
necessário que ela respeite e valorize todos os seus colaboradores, pois isto facilita o aprimoramento
contínuo das capacidades mentais entre as pessoas. Ter domínio mental significa estruturar idéias ou
aprender a expandir suas próprias capacidades e as da organização. Segundo Shingo (1996), as
empresas de manufatura do mundo todo têm aplicado o STP em suas fábricas em diferentes graus e o
interesse no STP e continua a crescer. Como as empresas experimentam melhorias significativas nas
fábricas é importante que se queira saber como isso pode ser aplicado em operações técnicas e de
serviços. Logo a contribuição desta pesquisa é apresentar uma revisão do Modelo Toyota e discutir sobre
os 14 princípios administrativos adotados e praticados nas suas plantas em todo mundo para construir o
modelo de organização de excelência operacional e que aprende continuamente.
4. METODOLOGIA DA PESQUISA
O método utilizado foi de pesquisa exploratória sobre o Modelo Toyota e os 14 princípios
administrativos, procurando mapear e resumir em duas partes. Na primeira fase, a pesquisa
bibliográfica e na segunda fase, a análise e conclusão conforme descritos a seguir:
4.1 - Pesquisa bibliográfica
Compreende o levantamento de referências bibliográficas sobre do Modelo Toyota e os 14
princípios administrativos, junto às publicações acadêmicas existentes como: livros, teses, revistas,
nacionais e estrangeiras, recursos de multimídia, participações em palestras, seminários e visitas a
empresas.
4.2 - Análise e conclusão
A análise e conclusão - compreenderam a compilação de todos os dados levantados nas
referências bibliográficas sobre o Modelo Toyota e os 14 princípios administrativos, junto às
publicações acadêmicas existentes como: livros, teses, revistas e artigos nacionais e estrangeiros,
participações em palestras, seminários e visitas a empresas que estivessem em fase de
implantação ou implantado como: “Alcoa, Motorola, Visteon e Volvo” e a elaboração do relatório
final.
5. COMO A TOYOTA TORNOU-SE UMA DAS MAIS COMPETITIVAS
A Toyota teve início com os valores e ideais da família Toyoda. Para compreendermos a
história da organização e do Modelo Toyota, devemos começar com Sakichi Toyoda, funileiro, inventor
e pragmático, como Henry Ford nos anos 20, quando a flexibilidade e a oferta de opções ao cliente
não eram importantes. O foco da produção em massa na eficiência de processos individuais remonta a
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Frederick Taylor e sua “administração científica” do início do século XX. Sakichi Toyoda cresceu no
final do século XIX em uma remota comunidade agrícola afastada de Nagoya. Naquela época, a
tecelagem era uma indústria importante e o governo japonês, querendo promover o desenvolvimento
de pequena empresa, estimulou a criação de indústrias de algodão em todo o Japão. Pequenas
oficinas e fábricas com uma pequena quantidade de trabalhadores eram as regras. Donas de casa
ganhavam algum dinheiro trabalhando nesses estabelecimentos ou no próprio lar. Quando o menino,
Toyoda aprendeu carpintaria com o seu pai e finalmente aplicou sua habilidade na criação e
construção de máquinas de fiar de madeira. Em 1984, começou a produzir teares mais baratos, mas
que funcionavam melhor do que os existentes na época. Toyoda estava satisfeito com seus teares,
mas inquietava-se vendo que sua mãe, sua avó e suas amigas, ainda tivessem que trabalhar tanto na
fiação e na tecelagem. Ele desejava encontrar um modo de aliviá-las desse trabalho desgastante,
então começou a desenvolver teares de madeira movidos a energia elétrica. Essa era uma época em
que os inventores tinham que fazer tudo sozinho. Não havia grandes departamentos de pesquisa e
desenvolvimento aos quais delegarem tarefas. Quando Toyoda desenvolveu o primeiro tear elétrico,
não havia energia elétrica para fazê-lo funcionar, de forma que acabou por dirigir sua atenção para o
problema de geração de energia. Como os motores a vapor eram a fonte mais comum de energia, ele
comprou um motor usado e experimentou sua utilização nos teares. Veio a compreender como
conseguir isso através de tentativas e erros e sujando as mãos, uma abordagem que se tornaria parte
da fundação do Modelo Toyota: “ver por si mesmo para compreender completamente a situação”
(genchi genbutsu). Em 1926, inaugurou a Toyoda Automatic Loom Works, empresa-mãe do Grupo
Toyota e ainda hoje um participante importante no conglomerado Toyota ou (Keiretsu). O trabalho de
Toyoda como funileiro e inventor finalmente resultou em sofisticados teares automáticos que ficaram
“famosos como as pérolas Mikimoto e os violinos Suziki” (Toyoda,1987). Entre suas invenções, havia
um mecanismo especial para interromper o funcionamento de um tear toda vez que um fio se partisse,
invenção que evoluiu para um sistema mais amplo que se tornou um dos dispositivos dos pilares do
STP, chamado automação (automação com um toque humano). Essencialmente, automação significa
acréscimo de qualidade enquanto se produz o material ou “constatação de erro”. Refere-se também à
criação de operações e de equipamento para que os funcionários não fiquem amarrados às máquinas,
e sim livres para desempenhar tarefas que agregam valor ao produto. Por toda a sua vida, Sakichi
Toyoda foi um grande engenheiro e mais tarde conhecido como o “Rei dos Inventores” no Japão.
Entretanto, sua maior contribuição para o desenvolvimento da Toyota foi a sua filosofia e abordagem
de trabalho, baseadas no zelo pela melhoria contínua. O seu tear “à prova de erros” tornou-se o mais
popular modelo de Toyoda que, em 1929, enviou seu filho Kiichiro, para a Inglaterra negociar a venda
dos direitos de patente com a Platt Brothers, o grande fabricante de equipamentos para fiação e
tecelagem. Seu filho negociou um preço de 100,000 libras e, em 1930, usou esse capital para iniciar a
construção da Toyota Motor Corporation (Fujimoto, 1999).
Segundo Liker (2005), o produto mais visível da busca por excelência na Toyota é a sua
abordagem de produção, chamada de Sistema Toyota de Produção (STP). Fora da Toyota, o STP é
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muito conhecido como “enxuto” ou “produção enxuta”. Já esses foram os termos que se popularizaram
em dois best-sellers, The Machine That Changed the World (Womack, Jones, Roos, 1991) e Lean
Thinking (Womack, Jones, 1996). Embora a Toyota atualmente possua mais de 240.000 funcionários
em todo o mundo, em vários aspectos continua a ser um “negócio familiar”, ainda com considerável
influência sendo exercida pela família Toyoda, que a fundou.
6. O MODELO TOYOTA: USO DA EXCELÊNCIA OPERACIONAL COMO DIFERENCIAL
COMPETITIVO
A Toyota despertou a atenção mundial pela primeira vez na década de 1980, por sempre
estar um passo à frente das tendências do mercado. Neste mesmo ano, ficou evidente que havia algo
especial na qualidade e na eficiência em relação à Toyota. Os veículos japoneses duravam mais do
que os automóveis americanos e exigiam muito menos manutenção. Quando comparada com outras
indústrias automobilísticas do Japão (Womack, Jones e Ross, 1991), a Toyota não só surpreendia os
seus concorrentes pelo design ou desempenho, mas sim pelo modo como concebia e fabricava os
veículos que levava a uma consistência nos processos e produtos. Outro fator de diferenciação era de
projetar carros mais velozes, confiáveis, econômicos e com baixo custo de produção, mesmo pagando
salários relativamente altos aos funcionários japoneses. E, nesse seguimento, a empresa japonesa
tem sólida reputação com seus modelos Prius - um carro híbrido, que funciona a gasolina e
eletricidade - Corolla e Camry - este, o mais vendido nos Estados Unidos em oito dos últimos nove
anos. Nota-se que o importante disso tudo era o fato de que, toda vez que demonstrava uma fraqueza
aparente e parecia vulnerável para a concorrência, a empresa inexplicavelmente resolvia o problema e
ressurgia ainda mais sólida. A Toyota é a segunda maior fabricante de automóveis do mundo, atrás da
General Motors, com vendas globais de mais de seis milhões de veículos por ano em 170 países,
Watanabe (2006). Em 2003 a Toyota já havia tomado da Ford o posto de segunda maior montadora
do mundo em vendas anuais. Em 2006, continua mantendo o ranking em vendas e produção. E os
últimos planos da Toyota são no sentido de ultrapassar agora a General Motors, atual número um, que
no ano de 2005 vendeu 9,2 milhões de veículos, o segundo maior volume de vendas anuais da história
da companhia. A Toyota espera em 2008 elevar suas vendas globais a 9,8 milhões de veículos através
de um crescimento sólido por meio do fortalecimento de todas as operações e para isso, a empresa
vai se esforçar para aumentar o controle de qualidade, expandir a produção em vários países e cortar
custos. No seu primeiro trimestre fiscal, terminado em junho, a Toyota alcançou um lucro de US$ 3,1
bilhões, 39% mais que no mesmo período do ano anterior. Em comparação, a GM registrou no período
abril-junho um prejuízo de US$ 3,4 bilhões. Se a previsão de Watanabe concretizar-se, finalmente a
Toyota superará a GM para tornar-se a maior fabricante de automóveis do mundo.
Para explicar melhor de onde se deriva o sucesso da excelência operacional e da liderança
mundial em qualidade da Toyota, faz-se necessário citar os “4Ps” apresentados na figura 1. Para
facilidade e compreensão do leitor, a figura 1 está dividida em princípios e em quatro categorias:
Philosophy, Process, People/Partners e Problem Solving, todas começando com a letra “P” – Filosofia,
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Processo, Pessoal/Parceiros e Solução de Problemas. Essas são as quatro ferramentas-chave
adotadas pela Toyota para funcionamento de operações eficientes.
Figura 1. “4Ps” do Modelo Toyota.
Fonte: Própria adaptada STP Modelo Toyota (2006).
Filosofia de longo prazo. A Toyota leva a sério o pensar em longo prazo. O foco desde o
mais alto nível da empresa consiste em fornecer valor aos clientes e à sociedade. Isso impulsiona
a abordagem de longo prazo para a construção de uma organização de aprendizagem capaz de
adaptar-se às mudanças do ambiente externo e sobreviver como organização produtiva. Sem essa
fundamentação, nenhum dos investimentos da Toyota na melhoria e na aprendizagem contínua
seria possível.
O processo certo produzirá os resultados certos. A Toyota é uma empresa orientada
pelo processo. Aprendeu pela experiência quais processos funcionam, iniciando com a situação
ideal do fluxo de peças unitárias. O Fluxo é a chave para obtenção da melhor qualidade ao menor
custo com alta segurança e disposição. Na Toyota, o foco no processo faz parte do DNA da
empresa e os administradores acreditam totalmente que o uso do processo certo levará aos
resultados que desejam.
Acrescentar valor à organização, desenvolvendo seu pessoal e parceiros. O Modelo
Toyota inclui um conjunto de ferramentas sofisticadas criadas para apoiar a melhoria e o
desenvolvimento contínuo das pessoas. Por exemplo, o fluxo unitário de peças é um processo
muito exigente que traz a tona com rapidez problemas que requerem soluções rápidas, do
contrário, a produção é interrompida. Isso está perfeitamente de acordo com as metas de
desenvolvimento dos funcionários da Toyota, pois para as pessoas o senso de urgência é
necessário para confrontar os problemas administrativos. A visão da administração na Toyota é de
que não se constroem apenas automóveis, mas também pessoas.
A solução contínua de problemas básicos impulsiona a aprendizagem
organizacional. O mais alto nível do Modelo Toyota é a aprendizagem organizacional, porque
procura identificar as causas dos problemas e impedir que eles ocorram. Segundo a Toyota ele é o
“core” do sistema de aprendizagem contínua, freqüentemente chamada de kaizen, pois a análise
detalhada, a reflexão e comunicação das lições aprendidas são fundamentais para o
aperfeiçoamento, assim como a disciplina para padronização das práticas mais conhecidas. O
O ALICERCE
DO STP
+ +
CONHECIMENTO LIDERANÇA =
FUNCIONÁRIOS E PARCEIROS
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
PROCESSO
PRINCÍPIOS
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valor da melhoria contínua está em cultivar uma atmosfera de aprendizagem contínua, favorável a
mudanças dentro da organização. Para a Toyota um ambiente de aprendizagem só pode ser
cultivado desde que exista respeito pelas pessoas ou provendo a segurança no emprego e
procurando engajar os membros de sua equipe através da participação ativa no aperfeiçoamento
de seu trabalho. Para Liker, o papel mais relevante do administrador é motivar e engajar todos os
membros da equipe para trabalharem juntos e que contribuam com idéias por uma meta em
comum.
7. OS 14 PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS DO MODELO TOYOTA
Esta seção discute os 14 princípios do Modelo Toyota que são à base da cultura por trás do
(STP) praticado nas plantas da Toyota em todo mundo e os quais deram origens a valores,
crenças e métodos empresariais que, ao longo dos anos, se tornaram uma fonte de vantagem
competitiva.
Princípio 1. Basear as decisões administrativas em uma filosofia de longo prazo, mesmo em
detrimento de metas financeiras de curto prazo. Significa compreender o seu lugar na história e
ter um senso filosófico de propósito, que sobreponha a qualquer decisão de curto prazo. Trabalhar
para crescer e alinhar toda a organização rumo a um objetivo em comum mais importante do que
ganhar dinheiro. A missão filosófica da Toyota pode ser considerada como a base para todos os
outros 13 princípios que serão abordados nesta pesquisa. Uma empresa moderna pode prosperar
em um mundo capitalista e ser lucrativa fazendo o que é certo, mesmo quando isso significa que
os lucros de curto prazo nem sempre serão a primeira meta. Dentro desta abordagem, pode-se
afirmar que o forte senso de missão da Toyota é poder gerar valor para os clientes, funcionários,
sociedade e a economia, crescendo e reinvestindo no futuro e contribuindo para a prosperidade
dessa comunidade na qual ela tem a felicidade de negociar.
Princípio 2. Criar um fluxo de processo contínuo para trazer os problemas à tona. Os líderes
da Toyota acreditam que, se criarem o processo certo, os resultados serão conseqüências disso.
Dentro desses princípios, encontram-se a maioria dos instrumentos do STP para melhorias dos
processos organizacionais como: de produção, de desenvolvimento de produtos e organização de
serviços, o que muitas empresas erroneamente acreditam ser “pensamento enxuto”. Criar um fluxo
contínuo para trazer os problemas à tona significa reunir operações que de outro modo estariam
separadas. Quando as operações são conectadas, há mais trabalho de equipe, rápido feedback,
do que quando há problemas de qualidade precedentes. Outro benefício do fluxo contínuo é
controle sobre o processo e o monitoramento direto das pessoas, estimulando-as a solucionar
problemas, a pensar e desenvolver-se. Devido ao foco no pensar, O STP atualmente está sendo
chamado pela Toyota de Thinking Production (Sistema de Pensamento de Produção). Essa é o
“core” do Modelo Toyota: tornar o fluxo aparente em toda a cultura organizacional para ver um
verdadeiro processo de melhoria contínua e para aperfeiçoar pessoas.
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Princípio 3. Usar Sistemas “Puxados” para Evitar a Superprodução “Máxima” e “Mínima”.
Muitas empresas e organizações de serviços dentro de empresas trabalham de acordo com seu
próprio cronograma interno. Assim, produzem peças, produtos e serviços de acordo com sua
programação ou plano e empurram produtos para seus clientes, os quais têm que empilhá-los em
estoque. O Modelo Toyota não tem a ver com administração de estoque; ele se concentra em
eliminá-lo. Já bem no início, a Toyota começou a pensar em termos de estoque puxado com base
na demanda imediata do cliente. No Modelo Toyota, puxar significa o estado ideal da fabricação
jus-in-time: dar ao cliente (o que ele quer, quando o quer e na quantidade que deseja). A forma
mais pura de sistema puxado é fluxo unitário de peças porque ele evita a superprodução,
estocando pequenas quantidades de cada produto e freqüentemente reabastecendo com base no
que o cliente realmente utiliza.
Princípio 4. Nivelar a Carga de Trabalho (Heijunka). O ideal para as empresa seria ter um
modelo de produção de fabricação por pedido, ou seja, produzir apenas o que e quando os clientes
desejam a essência da solução enxuta. Infelizmente, os clientes não são previsíveis e os pedidos
reais variam significativamente de semana para semana, de mês para mês. A Toyota descobriu
que para nivelar a carga de trabalho (Heijunka), é necessário conhecer a cadência, e algumas
exigências básicas e princípios dos processos como: fluxo, sistema de puxar, padronização e até
mesmo a administração visual para controlar os tempos de produção, bem como conhecer e
eliminar os 3 mudas. Os Mudas, no Modelo Toyota, significa desperdícios - é qualquer coisa que
não lhe ajuda a atingir seu objetivo, que é satisfazer as necessidades do cliente. O segundo é o
Mura-inconsistência - significa falta de uniformidade e se refere a uma situação que esconde o
desperdício e a insuficiência, isto é, está cada hora de um jeito. O terceiro é Muri-insuficiência - é
oposto do desperdício, ou seja, procurar atingir uma meta com recursos inadequados. A
eliminação dos mudas nivela o volume e as combinações do produto e nivela a demanda dos
funcionários, equipamentos e fornecedores. Para Sharma (2003), a empresa consegue enxergar
mais fácil as perdas, defeitos e faltas de peças e fica mais ágil para administrar o trabalho
padronizado. Sem o nivelamento e eliminação dos mudas, as perdas naturalmente aumentam à
medida que as pessoas e equipamentos são levados a trabalhar no ritmo de alta velocidade ou de
repente, reduzir a velocidade para esperar o trabalho.
Princípio 5. Construir uma Cultura de Parar e Resolver Problemas, para obter a Qualidade
Desejada Logo na Primeira Tentativa. Significa que a excelência operacional de uma empresa
advém da maneira como as pessoas são ensinadas a produzir a qualidade desejada na estação de
trabalho logo na primeira tentativa. Para isso, a empresa deve embutir em sua cultura a filosofia de
parar ou desacelerar para obter qualidade já na primeira tentativa. Isso tem como objetivo de
aumentar a produtividade a longo prazo. Segundo Liker (2005), produzir a qualidade na estação de
trabalho é o que impede que os problemas passem adiante, ou seja, é muito mais eficaz,
economiza tempo e dinheiro e onera menos do que a inspeção e o conserto posteriores dos
problemas de qualidade.
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Princípio 6. Tarefas Padronizadas são a Base da Melhoria Contínua e da Capacitação dos
Funcionários. Significa captar a aprendizagem acumulada sobre um processo até certo momento,
padronizando as melhores práticas atuais. Permite a expressão criativa individual para melhorar o
padrão e incorporá-la ao novo padrão, de modo que, quando uma pessoa se afastar, você possa
transmitir a aprendizagem para a pessoa substituta. O Modelo Toyota transformou a prática do
trabalho padronizado em seu ponto mais elevado, ou seja: capacita os que desempenham o
trabalho a inovar e a acrescentar qualidade redigindo eles próprios os procedimentos de tarefa
padronizada. Todos os procedimentos de qualidade devem ser simples e práticos o suficiente para
serem usados todos os dias pelas as pessoas que realizam o trabalho. O trabalho padronizado é
considerado um importante facilitador do acréscimo de qualidade e o core para melhoria contínua,
inovação e crescimento dos funcionários, ou seja, é a base necessária sobre a qual a melhoria de
amanhã será fundamentada.
Princípio 7. Usar o Controle Visual para que Nenhum Problema Fique Oculto. Significa
desenvolver e usar sistemas visuais simples no local onde o trabalho é executado para ajudar as
pessoas a identificarem imediatamente se estão diante de uma situação padrão ou do problema.
Na Toyota o controle visual é qualquer dispositivo de comunicação usado no ambiente de trabalho
que possibilite mostrar como o trabalho deve ser executado e se há algum desvio de padrão. A
Toyota utiliza um conjunto de sistemas de controles visuais para desenvolver um ambiente
transparente e sem perda. Isto significa a possibilidade de ver um processo de trabalho com
agregação de valor, ver também um equipamento, um estoque, uma informação ou mesmo um
funcionário desempenhando seu trabalho, bem como identificar qual é o padrão que está sendo
usado para aquela tarefa e se há desvio desse padrão.
Princípio 8. Usar Somente Tecnologia Confiável e Plenamente Testada que Atenda aos
Funcionários e Processos. Significa usar tecnologia para auxiliar as pessoas, e não para
substituí-las. Para a Toyota, freqüentemente, é melhor trabalhar manualmente em um processo
antes de utilizar a tecnologia para executá-lo. Segundo o Modelo Toyota, os testes reais devem ser
aplicados antes de se adotar novas tecnologias em processos administrativos, em sistemas de
produção e produtos, pois isto pode evitar conflito com a cultura e rompimento com a estabilidade,
a confiabilidade e a previsibilidade por parte dos funcionários. A Toyota tem demonstrado certa
tendência a ficar atrás de suas concorrentes na aquisição de todos os tipos de tecnologias, ou
seja, na “aquisição” e “não uso”. Segundo Eiji Toyoda (1893), a sociedade chegou a um ponto em
que se pode apertar um botão e ser imediatamente coberto por informações técnicas e
administrativas. Ainda segundo Eiji, isso é muito conveniente, é transparente, mas se a
organização não tiver cautela na adoção de novas tecnologias, ela corre o risco de perder dinheiro,
a capacidade de inovar e pensar. Eiji lembra que, no fim, é o ser humano que resolve os
problemas e faz o trabalho, e os computadores movimentam as informações e servem para apoiar
as pessoas e os processos apropriados. É importante dizer que, a Toyota só introduz uma nova
tecnologia só depois de ser aprovada em experimentos diretos com o envolvimento de uma ampla
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gama de pessoas. Isso não exclui a tecnologia de ponta. Significa que a tecnologia é plenamente
avaliada e testada para assegurar a agregação de valor e o impacto que ela poderá ter sobre a
cultura e os processos existentes antes de adotá-la.
Princípio 9. Desenvolver Líderes que Compreendam Completamente o Trabalho, que Vivam
a Filosofia e Ensinem aos Outros. Significa desenvolver líderes dentro da empresa, ao invés de
buscá-los fora da organização. Os líderes devem ser modelos da filosofia da empresa. Um bom
líder deve entender detalhadamente o trabalho diário, de modo que possa ser o melhor professor
da filosofia de sua empresa. A Toyota considera a liderança como uma bússola, pois são os líderes
que devem compreender, vivenciar e disseminar a filosofia da empresa. São os líderes que fazem
perpetuar e sustentar a cultura ano após ano e desenvolvendo um ambiente de aprendizagem.
Segundo Liker (2005), a cultura de liderança da Toyota foi moldada pelas personalidades, valores
e experiências de seus fundadores da família Toyoda. Há uma trajetória sucessiva de líderes
distintos e notáveis provenientes da família, começando com Sakichi Toyoda, que transformou a
Toyota Automatic Loon em uma das maiores fabricantes de teares do mundo, e seu filho Kiichiro
Toyoda, que fundou a Toyota Motor Company. Outra contribuição relevante de Sakichi e Kiichiro
foi ajudar a moldar o Modelo Toyota e sintetizar o espírito de inovação que impulsiona a Toyota e a
filosofia. Significar que os líderes devem fazer com as próprias mãos o trabalho e ensinar as
pessoas para que elas se desenvolvam, participem, possam pensar e seguir o Modelo Toyota em
todos os níveis na organização. Com base nesta abordagem, pode-se afirmar que o desafio do
líder é ter uma visão de longo prazo, isto é: saber o que fazer, conhecer como fazê-lo e a
habilidade de desenvolver pessoas de forma que possam compreender e executar o trabalho com
excelência. Uma empresa que desenvolve seus próprios líderes e define o papel essencial da
liderança como construtora de uma organização de aprendizagem, lança as bases para o genuíno
sucesso a longo prazo.
Princípio 10. Desenvolver Pessoas e Equipes Excepcionais que Sigam a Filosofia da
Empresa. Significa construir uma cultura consistente e estável em que os valores e crenças da
empresa sejam amplamente compartilhados e vivenciados por um período de vários anos.
Segundo Liker (2005), a Toyota estabeleceu um excelente equilíbrio entre o trabalho individual, o
trabalho em equipe e a excelência individual e eficiência da equipe. As empresas americanas
como, a do “Henry Ford nos anos 20”, pensavam que trabalho em equipe significa gostar uns dos
outros. Pensamento este, influenciado por Frederik Taylor e a sua “administração científica”, onde
o core da eficiência de processos individuais estava em dividir o trabalho em uma seqüência de
tarefas simplificadas e atribuí-las a um especialista. Isso gerava como resultado o aumento da
eficiência, da excelência operacional e a motivação das pessoas. Para Taylor, a base da
motivação estava condicionada a fatores como: de associação, de estima e auto-realização
induzidas por fatores externos como: recompensas, punições e mensuração em relação às metas,
ou seja, as pessoas trabalham para ganhar dinheiro e fim de história. No Modelo Toyota, o core da
eficiência, da excelência operacional e motivação das pessoas estava condicionada as
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características intrínsecas como: fisiológicas e segurança do próprio trabalho. Segundo a Toyota
são essas características que motivam as pessoas a trabalharem com empenho e fazer um
trabalho de qualidade. Outro driver da Toyota ainda com relação à motivação das pessoas e o
trabalho em equipe, foi por ela ter inovado a teoria da administração científica e a teoria das
necessidades psíquicas e humanas do Maslow, agrupadas em cinco categorias: fisiológicos,
segurança, associação, estima e auto-realização. Com base na fundamentação do Modelo Toyota,
pode-se afirmar que implicitamente ela aplica essas duas teorias nas suas plantas em todo mundo
para construir o modelo de organização de excelência operacional e que aprende continuamente.
Ainda dentro desta mesma abordagem pode-se dizer que enquanto o Taylor concentrou-se nos
incentivos individuais para aumento da produtividade, a Toyota interessou-se pelo enriquecimento
de cargos. Planejou as linhas de montagens a fim de enriquecer e capacitar os funcionários,
adotou o controle de padronização e distribuiu o trabalho para as equipes. Segundo a Toyota, não
basta adotar soluções simples ou repensar a aplicação de teorias motivacionais. O sucesso das
equipes excepcionais se deriva do fato de se ter alguma forma de “respeito pelo sistema humano”
como: dando-lhe tarefas desafiadoras, lhes ensinado a maneira mais eficiente de atingir os
padrões e concedendo-lhes gratificações quando superam esses padrões. Os padrões estão
ligados à quantidade, não a qualidade.
Princípio 11. Respeitar sua Rede de Parceiros e Fornecedores, Desfiando-os e Ajudando-os
a Melhorar. Significa respeitar seus parceiros e fornecedores e tratá-los como uma extensão de
sua empresa. Desafiar seus parceiros externos a crescer e a desenvolver ou encontrar parceiros
fortes e crescer junto com eles para benefício mútuo a longo prazo. A Toyota valoriza e incentiva
os parceiros a estabelecer alvos desafiadores e auxilia-os a atingí-los. Os fornecedores da
indústria automobilística sistematicamente relatam que a Toyota é o melhor cliente e também o
mais metódico. Segundo Liker (2005), a empresa passou décadas construindo um
empreendimento robusto e enxuto no Japão e ao mesmo tempo começou a construir uma cadeia
de suprimentos de classe mundial na América do Norte. Levantamento realizado por John Henke
(2003), da Universidade de Oakland com fornecedores da indústria americana de automóveis,
classificando a Toyota em primeiro em 17 medidas que constam desde a confiança até
oportunidade percebida. Henke também aponta a Toyota como o número um, seguida pela Honda
e a Nissan. A Chrysler, a Ford e a GM ficam em quarto, quinto e sexto lugares, respectivamente,
sendo que os escores da Toyota continuam a crescer, com uma melhoria de 7% ao ano. Outra
pesquisa conduzida pela J. Power com fornecedores automobilísticos identificou que a Nissan, a
Toyota e a BMW são as melhores indústrias automotivas norte-americanas na promoção de
inovações com seus fornecedores (Automotive News, 24 de fevereiro de 2003). A Honda e a
Mercedes também ficaram acima da média em inovação, enquanto a Chrysler, a Ford e a General
Motors foram classificadas abaixo da média. A Toyota tem sido recompensada por seu sério
investimento na construção de uma rede de fornecedores altamente capazes e integrados. Grande
parte dos prêmios de qualidade e excelência em inovação, engenharia e fabricação dela advêm da
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parceria com os seus fornecedores, isto porque eles fazem parte da filosofia just-in-time da Toyota.
A perspectiva da Toyota é que, assim como desafia seu próprio pessoal a melhorar continuamente,
precisa incentivar seus próprios fornecedores através do cumprimento dos padrões de excelência
como: confiabilidade, qualidade, excelência em inovação, engenharia e fabricação. Mesmo com
todos esses requisitos feitos pela a Toyota, todos os fornecedores querem trabalhar para ela,
porque sabem que crescerão e desenvolverão juntos com ela, além do respeito entre seus pares e
outros clientes.
Princípio 12. Ver por si Mesmo para Compreender Completamente a Situação (Genchi
Genbutsu). Significa pensar e falar com base em dados pessoalmente verificados; resolver
problemas e processos indo à sua origem, observando-os pessoalmente e verificando dados, em
vez de teorizar com base no que outras pessoas ou computadores lhe disserem. Os
administradores e executivos de alto nível devem ver as coisas por si mesmo para que tenham
mais do que uma compreensão superficial da situação. Segundo Liker (2005), o que distingue o
Modelo Toyota de outras empresas das abordagens administrativas é genchi genbutsu, seja na
fabricação, no desenvolvimento de produtos, nas vendas, na distribuição ou nos assuntos
externos. Significa que pessoa não consegue entender verdadeiramente nenhuma parte do
problema administrativo sem verificá-lo por si próprio. A abordagem administrativa do Modelo
Toyota traduz que é inaceitável dar algo como certo ou confiar nos relatos de terceiros. Genchi
significa “verdadeira localização” e genbutsu, “verdadeiros materiais ou produtos”. Mas genchi
genbutsu é interpretado na Toyota como “ir ao local para ver a verdadeira situação e compreende-
la”. Gemba é um termo que se tornou mais popular. Refere-se ao “verdadeiro lugar” e significa
quase à mesma coisa que genchi genbutsu. O primeiro passo de qualquer processo de resolução
de problema, desenvolvimento de um novo produto ou avaliação do desempenho de um
funcionário é a compreensão da verdadeira situação, o que exige “ir ao gemba”. A Toyota promove
e espera o pensamento criativo, e a inovação é um dever, mas devem ser baseados na completa
compreensão de todos os aspectos da verdadeira situação. Ela exige que os funcionários e
administradores compreendam “profundamente” os processos de fluxo, o trabalho padronizado e
tenham a habilidade de avaliar e analisar criticamente o que está acontecendo. Isso pode incluir
alguma análise de dados e que todos devem saber como chegar à raiz de qualquer problema
observado e transmiti-lo de forma eficaz para os outros. O genchi genbutsu” aplicado pela Toyota
em outros países fez com que ela aprimorasse ainda mais o seu processo de aprendizagem e
contribuísse para ela ser uma das empresas mais bem-sucedidas do mundo.
Princípio 13. Tomar Decisões Lentamente por Consenso, Considerando Completamente
Todas as Opções; Implementá-las com Rapidez. Significa não tomar única direção e seguir
adiante sem antes ter considerado completamente as alternativas e, quando tiver feito uma opção,
movimentar-se rapidamente, mas com cautela. A Toyota adota o “Nemawashi” como um processo
de discussão de problemas e de soluções potenciais com todos os afetados para coletar suas
idéias e obter o acordo quanto ao caminho a seguir. O nemawashi é um processo de tomar
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decisões lentamente por consenso, considerando completamente todas as opções. Ele é
freqüentemente usado para descrever como os funcionários do nível júnior chegam a um
consenso, desenvolvendo uma proposta e fazendo-a a circular amplamente para aprovação pela
administração. Esse processo de consenso, embora demorado, auxilia a ampliar a busca por
soluções e, uma vez que uma decisão é tomada, tem rápida implementação. Nemawashi contribuiu
para Toyota ser diferente do concorrente, no que diz respeito a desenvolvimento e implementação
de projetos. No caso de um projeto que deve ser tolamente implementado em um ano, parece que
uma típica empresa americana passará cerca de três meses planejando e depois começará a
implementá-lo. Mas empresa encontrará todos os tipos de problemas depois da implementação e
passará o resto do ano corrigindo-os. Entretanto, com o mesmo projeto de um ano, a Toyota
passará 10 meses planejando, depois implementará em pequena escala, com uma produção
piloto, e então implementará completamente no final do ano, virtualmente sem nenhum problema
pendente. Isto faz da Toyota uma analista de estratégias e táticas, isto é, nada é suposto, tudo é
verificado e a meta é fazer as coisas direito. Para a Toyota, como se chega à decisão é tão
importante quanto à qualidade da decisão. Portanto, a excelência da Toyota está no imperativo de
investir tempo e esforço para fazer as coisas direito, ou seja, nos detalhes como:
1. Descobrir o que realmente está acontecendo, incluindo o genchi genbutsu.
2. Compreender as causas subjacentes que explicam as aparências da superfície - perguntar
“Por quê?” cinco vezes.
3. Considera amplamente as alternativas de soluções e desenvolver um raciocínio detalhado
para a solução preferida.
4. Construir o consenso na equipe, incluindo os funcionários da Toyota e parceiros externos.
5. Usar veículos de comunicação muito eficientes e concisos, de preferência em apenas um
lado de uma folha de papel.
Princípio 14. Tornar-se uma Organização de Aprendizagem pela Reflexão Incansável
(Hansei) e pela Melhoria Contínua (Kaizen). Pode-se dizer que esse princípio resume toda a
essência e realização do Modelo Toyota conforme sumariados a seguir:
Assim que um processo estável for estabelecido, usar ferramentas de melhoria contínua
para determinar a causa de uma ineficiência e aplicar soluções eficazes.
Criar processos que quase não exijam estoque. Isso tornará aparentes o tempo e os
recursos desperdiçados. Assim que a perda ficar evidente, fazer com que os funcionários
utilizem um processo de melhoria contínua (Kaizen) para eliminá-la.
Proteger a base de conhecimentos da organização desenvolvendo equipes estáveis, a
promoção lenta e sistemas de sucessão muito cuidadosos.
Usar hansei (reflexão) em atividades-chave e, depois de terminar um projeto, identificar
claramente todas as dificuldades em executá-lo. Desenvolver soluções para evitar que
erros sejam repetidos.
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Aprender padronizando as melhores práticas, em vez de reinventar a roda em cada novo
projeto e com cada administrador novo.
Conforme Chiavenato (2004), a aprendizagem individual é um ciclo em que a pessoa
assimila um novo dado, reflete sobre suas experiências anteriores, chega a uma conclusão,
incorpora-a e em seguida age. Assim, a pessoa armazena a nova experiência em seus modelos
mentais.O processo de aprendizagem organizacional é uma continuação do processo individual,
ou a capacidade de criar novas idéias multiplicadas pela capacidade de generalizá-las por toda a
organização. Corresponde à forma pela quais as organizações constroem, integram, mantém,
melhoram e organizam o conhecimento e a rotina em torno de suas atividade e culturas, no sentido
de utilizar as aptidões e suas habilidades de trabalho de maneira cada vez mais eficiente. Neste
ciclo, as ações individuais se convertem em ações organizacionais, produzindo resultados, reações
ambientais que funcionam como retroalimentação do aprendizado individual que influência os
modelos mentais e a cultura organizacional.
Com base nas empresas pesquisadas “Alcoa, Motorola e a Volvo” sobre a importância da
aplicação do Modelo Toyota na gestão dos negócios, pode-se afirmar que a partir deste modelo é
possível construir uma empresa de aprendizagem e enxuta. Para isso é necessário o
comprometimento de todas as pessoas, começando pela alta administração, investimento e o uso
de modernos recursos tecnológicos como: a tecnologia da informação uma vez que eles fornecem
e centralizam dados e permitem mudanças rápidas sempre que necessário. No entanto, para
Chiavenato (2004), os bons sistemas administrativos não têm menor valia sem pessoas habilitadas
a transformar informações em ações, pois, para ele, é igualmente importante à combinação e
conversão do conhecimento explicito e tácito das pessoas conectando-os para que apóiem a
organização e contribuam com idéias atuais focadas nos clientes e na comunidade. O
conhecimento é concebido por meio de interação entre o conhecimento tácito e conhecimento
explícito. Daí decorrem quatro modos de conversão do conhecimento:
1. Socialização: do conhecimento tácito para o conhecimento tácito. Trata-se de um
processo de compartilhamento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas
compartilhadas. Um aprendiz pode adquirir conhecimento tácito diretamente de outros, sem usar a
linguagem, mas pela observação, imitação e prática. O segredo para sua obtenção é a
experiência. A socialização também ocorre quando há interação e diálogo com os clientes.
2. Externalização: do conhecimento tácito para o explícito. É a articulação do conhecimento
tácito em conceitos explícitos, na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos.
A escrita é uma forma de converter o conhecimento tácito em articulável. A externalização é um
processo de criação de conceitos novos e explícitos e é provocada pelo diálogo ou pela reflexão
coletiva.
3. Combinação: do conhecimento explícito para o explícito. Trata-se de um processo de
sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento, envolvendo uma combinação de
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conjuntos diferentes de conhecimento explícito. As pessoas trocam e combinam conhecimentos
por meios como documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação
computadorizadas. A configuração das informações existentes pela classificação, do acréscimo, da
combinação e da categorização do conhecimento explícito (como o realizado em bancos de dados
de computadores) pode conduzir a novos conhecimentos. A educação e o treinamento formal nas
escolas assumem essa forma. O ensino em um curso de pós-graduação em administração é outro
exemplo.
4. Internalização: do conhecimento explícito para o tácito. É o processo de incorporação do
conhecimento explícito no conhecimento tácito. Quando são internalizadas nas bases do
conhecimento tácito das pessoas sob a forma de modelos mentais ou know-how técnico
compartilhado, as experiências pela socialização, a externalização e a combinação tornam-se
ativos valiosos. No entanto, para viabilizar a criação do conhecimento organizacional, o
conhecimento tácito acumulado precisa ser socializado com os outros membros da organização,
iniciando assim uma nova espiral de criação do conhecimento. Resumindo: o conhecimento
explícito, aquele conhecimento que pode ser codificado e disponibilizado fisicamente para as
outras pessoas e conhecimento tácito, aquele que está na cabeça das pessoas, que foi adquirido
por meio de experiências pessoais que tornam sua comunicação mais difícil. O conhecimento
tácito está intimamente associado à ação e ao envolvimento do indivíduo em um contexto
específico, sendo, portanto, sua identificação e transmissão mais difíceis. O conhecimento explícito
é mais fácil de administrá-lo, pois é o tipo de conhecimento que pode ser codificado e facilmente
disponibilizado para a coletividade, por exemplo, através de documentos. Segundo Senge (2000),
as organizações deveriam se concentrar no desenvolvimento de conhecimento explícito, porque
ele é considerado um ativo corporativo e pode inclusive ser protegido por meio de patentes.
Segundo os autores (Adizes, 1998); (Brown e Starkey, 2000) e (Garvin, 2001), para
construir uma organização de aprendizagem pela reflexão incansável (hansei) e pela Melhoria
contínua (kaizen), são exigidos outros atributos essenciais e favoráveis à aprendizagem como:
Promover a análise crítica de seus procedimentos e de seus pressupostos de base. A
organização em aprendizagem assume que todos os processos que regulam o trabalho
podem ser melhorados continuamente, mesmo quando parecem extremamente eficientes.
Além disso, o reexame contínuo dos pressupostos de base do sistema produtivo e da
organização social é encorajado, com vistas à inovação.
Promover a comunicação horizontal e o compartilhamento de conhecimento entre os
diversos grupos sociais. É necessário implantar transparência nos procedimentos,
garantindo acesso às informações. Esta premissa relaciona-se à necessidade de se
garantir que o conhecimento relevante tenha seu lugar na organização, onde os indivíduos
17
mais precisarão dele. Como veremos a seguir, a gestão do conhecimento é um tema
amplamente debatido atualmente e que assimila estes objetivos.
Atribuir um sentido comum à ação (organizational sensemaking). A fim de promover a
aprendizagem, os executivos e a alta gerência devem tomar a iniciativa de romper com os
modelos mentais predominantes, reconstruindo continuamente, junto com os atores
organizacionais, uma visão compartilhada de qual deve ser a nova identidade
organizacional, ou o que a organização deve se tornar em futuro próximo.
Gestão da mudança organizacional. Em um modelo em que a mudança passa a ser
elemento central da identidade organizacional, é necessário lidar com bloqueios afetivos
gerados pelos mecanismos de defesa e pelas contradições que envolvem a mudança.
Integrar os diversos grupos sociais na nova estrutura organizacional. Na organização
em aprendizagem, é necessário assumir que muitas vezes os níveis mais baixos da
estrutura têm mais acesso às informações sobre as atividades, produtos e mercados. É
necessário então, criar condições para que estes grupos evoluam e integrem-se à
estrutura organizacional, a partir do desenvolvimento de suas habilidades e da criação de
mecanismos efetivos de mobilização deste conhecimento.
Segundo Garvin (2001) conceitua a organização em aprendizagem como aquela que
“dispõe de habilidades para criar, adquirir e transferir conhecimentos, e é capaz de modificar seus
comportamentos, de modo a refletir os novos conhecimentos e idéias”. Segundo ainda Garvin, a
aprendizagem organizacional acontece por meio de processos intercambiáveis de ação e reflexão,
que acontecem inicialmente no nível dos indivíduos e depois são estendidos à coletividade. Estes
processos são subsidiados por conhecimento relevante, que pode ser adquirido e disseminado de
várias formas. Dentro da abordagem do autor, pode-se afirmar que o conhecimento relevante é
aquele que, de alguma forma, é transferido na organização e passa a ser subsídio potencial para
as experiências de ação e reflexão dos diversos indivíduos e grupos.
Segundo Senge (2000), organização em aprendizagem adota como valor à ‘mudança’ como
elemento sempre presente na identidade organizacional. As pessoas neste tipo de organização
estão constantemente inseridas em processos de aprendizagem contínua, através dos quais
evoluem os seus conhecimentos e as suas sensibilidades sobre a realidade. Segundo ainda
Senge, para uma organização aprender continuamente é necessário que ela seja alimentada por
modelos mentais ou padrões de pensamento como: domínio pessoal; modelos mentais; visão
compartilhada; aprendizado em equipe e o pensamento sistêmico. Esses padrões ou modelos
mentais quando estimulados coletivamente, induzem as pessoas a criarem o futuro o qual
realmente gostariam de ver surgir. A tabela 1 apresenta um resumo dos 5 modelos mentais
cunhado por Senge como “The Fifth Discipline”
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Tabela 1. As cinco disciplinas de uma organização que aprende.
DISCIPLINAS SIGNIFICADOS
Domínio Pessoal
É uma disciplina de aspiração
Ter domínio pessoal significa aprender a expandir suas próprias capacidades e as da
organização. Esta é uma disciplina de aspiração, que envolve a formulação de uma imagem
coerente dos resultados que uma pessoa mais deseja alcançar como indíviduo (sua visão
pessoal), junto com uma avaliação realista do atual estado de sua vida (sua realidade
naquele momento). Aprendendo-se a cultivar a tensão entre a visão e realidade (apresentada
no ícone, por um elástico) pode-se ampliar a capacidade de escolha e alcançar-se resultados
mais próximos aos escolhidos.
Modelos Mentais
É uma disciplina de reflexão e
questionamento
O modelo mental implica refletir continuamente, melhorar a imagem que cada um tem do
mundo para saber moldar atos e decisões. Esta é uma disciplina de habilidade de reflexão e
indagação, que se concentra em desenvolver consciência das atitudes e percepções que
influenciam o pensamento e as interações. Refletindo continuamente sobre essas imagens
internas do mundo, falando a respeito delas e reconsiderando-as suas ações e decisões. O
ícone representa um dos mais relevantes princípios desta disciplina, “escada de inferência”,
ilustrando como as pessoas saltam instantaneamente para conclusões e pressupostos
contraproducentes.
Visão Compartilhada
É uma disciplina coletiva que
visa a estabelecer objetivos
comuns
Obter uma visão compartilhada que dizer estimular o engajamento de um grupo de pessoas
em relação ao futuro que se pretende criar. Esta disciplina coletiva estabelece um foco no
propósito mútuo. As pessoas aprendem a nutrir um senso de comprometimento com um
grupo ou organização, desenvolvendo e agindo compartilhadas do futuro que buscam criar
(simbolizado pelo olho) e os princípios e práticas orientadoras através dos quais elas
esperam chegar lá.
Aprendizado em Equipe
É uma disciplina de interação
para aprendizagem em grupo
Está em fazer com que um grupo desenvolva inteligência e capacidades maiores do que a
soma dos talentos individuais. Esta é uma disciplina de interação grupal. Através de técnicas
como diálogo e a discussão produtiva, as equipes transformam seus pensamentos coletivos,
aprendendo a mobilizar suas energias e ações para alcançar metas comuns, extraindo uma
inteligência e capacidade maior do que a soma dos talentos individuais.
O ícone simboliza o alinhamento natural de uma equipe orientada para a aprendizagem,
como o vôo de um bando de pássaros.
Pensamento Sistêmico
É uma disciplina de
aprendizagem e busca a visão
da globalidade
Significa encontrar uma linguagem para descrever as forças que agem nos negócios e
descobrir uma forma de analisá-las; o pensamento sistêmico é o que permite mudar os
sistemas com maior eficácia. Nesta disciplina, as pessoas aprendem a compreender melhor
as interdependências e as mudanças e, também, a lidar com maior eficácia com as forças
que moldam as conseqüências de nossas ações. O pensamento sistêmico fundamenta-se em
um conjunto cada vez maior de teorias sobre o comportamento do feedback e da
complexidade – as tendências inerentes a um sistema, que levam ao crescimento ou à
estabilidade ao longo do tempo. Ferramentas e técnicas, como arquétipos de sistemas e
vários tipos de laboratórios de aprendizagem e simulações, ajudam as pessoas a verem
como alterar sistemas mais eficazmente e como agir mais sintonizadamente com os
processos maiores do mundo natural e econômico. O círculo neste ícone representa o
elemento fundamental de todos os sistemas. “loop de feedback” circular subjacente a todos
os processos de crescimento e processos limitadores da natureza.
Fonte: Própria a partir do Senge, Peter...(et al). A dança das mudanças (2000).
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8. CONCLUSÃO
O Modelo Toyota, juntamente com o Sistema Toyota de Produção, formam a base dos dois
pilares que sustentam o (STP): “Melhoria Contínua”, freqüentemente chamada de kaizen e “Respeito
pelas Pessoas”, dando origem ao “DNA” da empresa que nasceu com os fundadores da família Toyoda
“Sakichi Toyoda”, e continua a ser desenvolvido e nutrido pelos líderes atuais e futuros. O Modelo Toyota
e o STP são de fundamental importância porque eles definem os estilos de administração, de produção e
maneira como a Toyota vê o mundo e faz negócios. O Modelo Toyota pode ser considerado como uma
metodologia que transforma organizações técnicas e serviços a longo prazo. O sucesso desse modelo,
essencialmente, fundamenta-se na sua habilidade de cultivar liderança entre as pessoas, na valorização
do trabalho em equipe e na melhoria contínua. O Modelo Toyota apresenta relevante contribuição para
uma empresa que deseje construir o seu próprio modelo de aprendizagem e de excelência operacional.
O Modelo Toyota pode proporcionar um diferencial de vantagem competitiva, desde que a empresa saiba
utilizá-lo de forma estruturada na melhoria de qualquer processo como: vendas, desenvolvimento de
produtos, marketing, logístico e administração. Segundo Watanabe (2006), o controle de custos e o
controle de qualidade, conectado ao seu estilo de administração e a forma como ela aborda o trabalho,
sustentaram a competitividade da Toyota ao longo do tempo. Com base na fundamentação teórica desta
pesquisa, pode-se afirmar que o (STP) não é um kit de ferramentas e nem apenas um conjunto de
ferramentas enxutas como just-in-time, células, 5S* (classificar, organizar, limpar, padronizar e
disciplinar), kanban, etc, que levam a operações eficientes. É um sistema sofisticado de aplicação de
princípios como: heijunka, genchi genbutsu, nemawashi, gemba, e hansei do Modelo Toyota. Esses
princípios quando estruturados e aplicados racionalmente, podem estimular a melhoria contínua das
pessoas e dos os processos com que trabalham.
“A produtividade é antes de tudo um estado de espírito, um desejo de ir melhorando
continuamente aquilo que já se conseguiu. É a convicção de que podemos fazer as coisas melhor hoje do
que podíamos fazer ontem, e de que seremos ainda mais capazes amanhã do que somos hoje”.
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