sexto termo jornalismo a Única - unoeste.br · destemor de iniciar uma conversa que pode ou não...

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Ú nica Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Unoeste Presidente Prudente, 2º semestre de 2010 Sexto termo jornalismo A As mulheres mudaram. Esta é uma realidade que pode ser vista diariamente e por todos os lados. Hoje elas estão inseridas nos mais diversos ramos do mercado de trabalho. Decidem quando e se vão se casar. Com a ajuda de remédios, podem escolher qual o melhor momento para se ter um filho. Enfim, são independentes e não levam desaforo para casa. Destinada a este púbico tão rico e exigente, esta edição do jornal Única foi às ruas para ouvir a voz delas. Aqui você conhece uma parcela deste universo e descobre detalhes sobre assuntos como: a liberdade da pílula anticoncepcional, dietas em busca do corpo perfeito, profissões antes só masculinas, como o mercado se adéqua às particularidades da mulher e muito mais. Está esperando o quê pra começar a leitura? Mulheres modernas, relacionamentos também. Casamentos ainda acontecem, mas com planejamento familiar. Os filhos têm que esperar Elas adiam trocar alianças página 4 página 3 Consumo de álcool é maior entre mulheres Mais independentes, elas decidem que podem ter os mesmos hábitos dos homens, inclusive com a bebida Layrton Gomes Simone Cereja Simone Cereja

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ÚnicaJornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Unoeste

Presidente Prudente, 2º semestre de 2010

Sexto termo jornalismo A

As mulheres mudaram. Esta é uma realidade que pode ser vista diariamente e por todos os lados. Hoje elas estão inseridas nos mais diversos ramos do mercado de trabalho. Decidem quando e se vão se casar. Com a ajuda de remédios, podem escolher qual o melhor momento para se ter um filho. Enfim, são independentes e não levam desaforo para casa. Destinada a este púbico tão rico e exigente, esta edição do jornal Única foi às ruas para ouvir a voz delas. Aqui você conhece uma parcela deste universo e descobre detalhes sobre assuntos como: a liberdade da pílula anticoncepcional, dietas em busca do corpo perfeito, profissões antes só masculinas, como o mercado se adéqua às particularidades da mulher e muito mais. Está esperando o quê pra começar a leitura?

Mulheres modernas, relacionamentos também. Casamentos ainda acontecem, mas com planejamento familiar. Os filhos têm que esperar

Elas adiam trocar alianças

página 4página 3

Consumo de álcool é maior entre mulheres

Mais independentes, elas decidem que podem ter os mesmos hábitos dos homens, inclusive com a bebida

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Expediente:

Coordenação Geral: Profº. Munir Jorge Felício Coordenação do Jornal Laboratório: Profº. Roberto Mancuzo e Profª. Carolina Costa Mancuzo Coordenação de Jornalismo: Profº. Carolina Costa Mancuzo Edição: Profº. Roberto Mancuzo e Profª. Carolina Costa Mancuzo

O Jornal Laboratório Ligação é um trabalho experimental dos alunos do sexto termo de Jornalismo da Facopp

Coordenação de Fotografia: Profº Paulo MiguelProjeto gráfico: Profº. Marcelo MotaDiagramação: Alunos do 6º termo A de jornalismo Realização: FACOPP - Faculdade de Comunicação Social “Jornalista Roberto Marinho” de Presidente Prudente

Editorial Artigo

CrônicaJosé Thiago Zago

Simone Cereja

Está claro para qualquer um que a presença feminina tem se tornado constante em diversos seguimentos da sociedade. Por isso é necessário que se tenha um olhar incisivo para compreender as mudanças que ocorreram e que a elevaram. Elas, que antes eram chamadas de “sexo frágil”, tornaram-se cidadãs determinantes para as questões mais diversas presentes na contemporaneidade.

A mulher, desde sua libertação sexual, se livrou de certos preconceitos que a cercavam, oprimiam e que a tornavam uma espécie de ser humano submisso aos caprichos e vontades do marido ou, melhor dizendo, “dono”. Esta transformação é vista atualmente com total clareza ao se observar o comportamento mais liberal e empreendedor que se percebe nas atitudes e no modo de vida das mulheres, principalmente, as mais jovens.

O poder de decidir engravidar ou não, a possibilidade de escolher se vai ou não casar, a coragem de se apossar de colocações e lugares que antigamente eram estritamente masculinos, o destemor de iniciar uma conversa que pode ou não resultar em um relacionamento sério, a liberdade de poder ter um cuidado estético mais apurado com seu corpo, o crescente uso de tecnologias exclusivamente desenvolvidas para o seu bemestar, são apenas alguns dos exemplos de como as mulheres se consolidaram como indivíduos pensantes e agentes, e não mais como um ser menor, castrado por uma sociedade machista.

Portanto, é tempo de igualdade. A mulher se equiparou ao homem em quase todos os ângulos e nuances de um mundo que antes a olhava com um ar de inferioridade e, hoje, a reconhece como mantenedora de saberes e capacidades. É essencial que o governo respeite a cada dia mais a mulher contemporânea com todos os seus aspectos e particularidades, bem como a sociedade deve, também, incorporar a importância feminina no dia a dia.

Mulher passa a decidir sobre si mesma e transforma sua realidade social

Chanel: a moda que transformou as mulheres de sua época

A covardia de Julieta

Única

Sempre fiquei admirada com o bom gosto de Gabrielle Coco Chanel. Em meio a livros, revistas e sites de moda, ela me chamou a atenção por conseguir produzir uma moda simples, sem “frufrus”, com cortes extremamente elegantes e composições que se tornaram clássicas até os dias de hoje.

Chanel costumava dizer que os homens não sabiam costurar para as mulheres porque não vestiam suas roupas. Está aí um dos grandes motivos que contribuíram para que ela tivesse muito sucesso desde a época em que começou a atuar no mundo fashion. Vivia e entendia o universo feminino numa intensidade esplêndida.

Seu estilo subversivo trouxe para o final do século 19 e início do século 20, peças minimalistas com um ar masculino refinado, sem deixar de lado a essência feminina. A partir daí, os sensuais e sufocantes espartilhos foram substituídos pelo conforto dos tailleurs, das calças e das camisas. Ela foi original, transgrediu os valores impostos naquela sociedade.

Outro fator marcante, que não posso deixar de citar, são os tecidos que ela utilizava em suas criações. Eles proporcionavam mobilidade para as mulheres, que até então eram praticamente impossibilitadas de se movimentar com agilidade pelos tecidos pesados que compunham os vestidos. A verdade é que antes de Chanel as mulheres pareciam verdadeiros “bolos de noiva” amarrados.

A mudança que a estilista proporcionou através da moda também se refletia na sociedade daquela época. Cansadas de serem vistas e tratadas como frágeis, física e intelectualmente, essas mulheres pediam mais, queriam ir mais longe. O incômodo que a moda proporcionava não só as atrapalhava de se deslocarem com facilidade, mas também as impediam de pensar com mais clareza devido ao desconforto das “amarrações”. Podemos dizer que o vestuário feminino era uma metáfora da mulher daquele período, as que não fossem “bibelôs” de luxo eram marginalizadas.

Chanel começou a carreira na França, sua terra natal, e foi por isso que no início suas peças eram somente procuradas pela alta sociedade parisiense. Mas como o período foi marcado pela Primeira Guerra Mundial, a imagem elegante das mulheres parisienses foi propagada em vários países. Assim, no mundo a fora, as “madames” clamavam pelas peças da estilista. Paris estava na moda, não só o vestuário como a arquitetura e o modo de viver. Coco Chanel representou melhor do que ninguém a sofisticação francesa neste universo.

O estilo simples e fino, a elegância de decotes quadrados, o corte das saias na altura dos joelhos e, é claro, as calças, tornaram as mulheres mais livres, autênticas. Em suas próprias palavras, ela pregava que daria as mulheres "a possibilidade de rir e comer, sem necessariamente desmaiar" e cumpriu honrosamente o que disse.

Nascida ao fim da primavera de um ano em que o Brasil passava por uma das piores crises financeiras. Congelamento de preços, bloqueio das poupanças e inflação galopante. Ainda assim, caçula e única filha entre três irmãos, Bárbara teve uma infância completa. Seu quarto, todo rosa, com estantes abarrotadas de bonecas e brinquedos. Talvez as únicas peças que não seguiam esse tom eram mesmo seus uniformes, exigidos pela escola particular.

A juventude chegou, o cenário político e familiar mudaram. Com pais recém separados e, convencida de que a separação lhe traria o dobro de presentes, escondia a vergonha de sua nova condição social. Porém, o sentimento cresceu e deu espaço a outro, que mais tarde saberia se tratar de angústia.

A jovem floresceu e logo começou a ser cobiçada pelo sexo oposto. Selecionava, analisava e escolhia. E assim, decidiu namorar um rapaz de sua sala. Se entregou ao primeiro homem de sua vida enquanto ainda freqüentava o terceiro colegial.

O namoro não sobreviveu a sua aprovação na faculdade de Engenharia em uma cidade fora. Bárbara maravilhou-se com a independência, apaixonou-se pelo suco de cevada e tornou-se uma garota inteligente e que prezava sua liberdade acima de tudo. Erros, cometeu aos montes, mas sempre se permitiu errar. Fumou, bebeu e teve “ficantes” às pencas. Aliás, só deixou de praticar a última modalidade quando encontrou Paulo, no fim de seu último ano universitário, por quem se apaixonou profundamente.

Formada e com emprego estável, Bárbara decidiu se casar. Um casamento sólido, uma filha saudável, um ótimo emprego, uma vida apesar de rotineira feliz. Mas sentia que algo lhe faltava. Um dia em casa sozinha abriu velhos álbuns. Notou que nunca esteve só. Amanda, sua fiel escudeira sempre aparecia ao seu lado. E hoje, mesmo sendo vizinhas nunca havia notado o quão presente uma era na vida da outra.

Bárbara pegou-se mais vezes pensando na amiga. Como se um vento frio tivesse lhe percorrido as costas, arrepiou-se com um pensamento: “Estou apaixonada”. Correu para o banheiro, chorou, negou, vomitou. Tentou abandonar os pensamentos, mas a palpitação não lhe deixava.

O suplício durou meses. O marido já em desespero não sabia o que fazer. Sufocada, tentava evitar Amanda, que também sofria com a distância criada entre as duas. A raiva deu lugar à amargura. No trabalho, em casa, na cama, não era mais a mesma.

A cada dia algo lhe era tirado, primeiro o marido, depois a filha, o emprego e por fim sua dignidade. Agonizante, escreveu uma carta que deixou sobre a cama. Dirigiu-se ao seu refúgio, o fundo de uma garrafa de vodka. O gosto do diabo lhe era saboroso, apesar de gostar muito mais do rosa, sempre foi simpática ao verde e se embebedou e deleitou-se saboreando cada gota como se fosse o mais puro e refinado dos absintos.

Se pudesse ver, se pudesse sentir, se pudesse dizer e se pudesse ouvir. Agora não mais. Sua carta terminava com uma frase que nunca soube muito bem de onde surgiu, mas que naquele dia lhe fazia todo o sentido do mundo: “Conhece-te a ti mesmo”.

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BebidaÚnicaElas bebem sim! E estão vivendo…Pesquisa mostra que mulher instruída consome mais bebida alcoólicaLayrton Gomes

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“Bebedores pesados”, esta foi a conclusão de uma pesquisa que comprovou que 15,4% dos homens e 7,2% das mulheres fazem uso excessivo de álcool. A análise foi realizada pelo Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e finalizada no primeiro semestre de 2010. Os homens que consomem cinco doses ou mais e mulheres que bebem quatro doses ou mais em uma única ocasião estão acima da média de consumo, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS). O que chama a atenção no estudo, porém, é que esse padrão elevado de consumo de álcool foi mais comum, no caso das mulheres, entre aquelas de 18 e 44 anos, solteiras, separadas ou viúvas e com mais de 12 anos de escolaridade. E não é preciso ir tão longe para notar que o comportamento delas mudou. Se antes os bares eram ambientes com público masculino predominantemente, hoje a presença feminina dá um toque de beleza a Presidente Prudente e região.

Tatiana Camargo, 20, é estudante de medicina e tem a percepção de que as mulheres estão bebendo mais e cada vez mais cedo. Quando sai e conversa com suas amigas, vê que um dos motivos é

a busca da igualdade pelo sexo masculino. O que segundo ela é desnecessário, pois homens e mulheres são diferentes biologicamente e cada um tem uma função social. Ela ainda brinca que se pudessem voltar no tempo algumas mulheres não teriam lutado por tantas igualdades. “Agora, além de fazermos tudo o que o homem faz, ainda temos as responsabilidades domésticas”.

A psicóloga prudentina Milena Campos, 38, que trabalhou por dois anos na Aprev (Associação Prudente Recuperando Vidas) com dependentes químicos, atribui o aumento deste consumo às permissões que o sexo feminino obteve nos últimos tempos. Elas atuam decisivamente no mercado de trabalho e essa sensação de poder faz com que o preconceito e a eterna visão de que “lugar de mulher é na cozinha” sejam quebrados. “O problema é que muitas ainda não aprenderam a lidar com a independência conquistada, e confundem a aceitação de beber com a da promiscuidade”, diz Milena.

Para a psicóloga, os efeitos da bebida alcoólica no público feminino estão ligados principalmente ao humor, libido

e sexualidade. Q u a n d o

ingerem álcool além da quantidade recomendada, as consequências chegam a curto prazo, pois mudam a personalidade. “Algumas até se tornam vulneráveis à promiscuidade. Muitas só conseguem fazer o jogo da sedução nessas condições, e se arrependem assim que chegam em casa ou acordam no outro dia”, explica Milena.

A estudante de engenharia ambiental Renata Nogueira, 25, concorda com a pesquisa de que as mulheres estão mais propensas ao uso do álcool e acha que a falta de um parceiro é o principal responsável pela conduta. Renata diz que a OMS é rígida ao classificar grupo que bebe quatro doses ou mais como “bebedoras pesadas”. “Quem senta em um bar ou vai para uma festa e se dispõe a beber, sem dúvidas vai ingerir esta quantidade”.

A mistura “álcool e mulher” é perigosa porque elas são mais emocionais

que o homem. A psicóloga conta que há pouco

tempo uma paciente a procurou para

superar o vício do cigarro. No decorrer do t r a t a m e n t o

n o t a r a m que havia

t a m b é m abuso

de bebida, que gerava a promiscuidade e resultou no fim do casamento. “Um estudo mais detalhado revelou até violência doméstica. Ou seja, todos esses entraves emocionais levaram ao álcool. E o tratamento é ainda mais difícil nas mulheres por conta do fator emocional”.

De fato, tratar a dependência nos homens parece mais fácil, segundo Milena, pois o foco é apenas no vício. Nas mulheres existem vários fatores a serem estudados com muita calma, entre eles o de ser mãe, a violência doméstica, preconceitos e a pressão social para a constituição de família.

Além dos problemas emocionais, existem os físicos e psíquicos. O neurologista e neurocirurgião Carlos Scardovelli diz que além de estarem ingerindo mais álcool, muitas vezes as mulheres deixam de se alimentar. “O álcool libera energia e isso faz com que o corpo se sinta saciado. Quando bebem muito e não se alimentam, o organismo entra em fase de catabolismo [desgaste de massa muscular] o que pode gerar alterações até no ciclo menstrual”.

Segundo Scardovelli, naturalmente, o metabolismo das mulheres é diferente dos homens. “Se servirmos para pessoas dos dois sexos a mesma dose de acordo com o peso corpóreo, a mulher apresentará níveis alcoólicos mais elevados no sangue”. E isso, de acordo com ele, se explica devido à maior quantidade de tecido gorduroso no corpo feminino.

A situação piora em fases da vida da mulher como a gravidez. “Se a mulher bebe durante a gestação ela tem três vezes mais chances de dar origem a fetos deficientes mentais, pois o álcool tem poder para destruir as células embrionárias quando ainda estão em formação”. Scardovelli alerta para outra prática perigosa. “Elas deixaram as bebidas doces de lado porque são mais fracas, demoram para fazer efeito e são mais calóricas. Destilados têm menos calorias, engordam menos e tem um resultado mais rápido na desinibição”, diz.

Amanda Potenza, 21, bebe em média três vezes por semana. Ela diz que a bebida nunca atrapalhou seus relacionamentos. “Nós bebemos muitas vezes porque gostamos, e isso não quer dizer que quem bebe abre as portas para promiscuidade ou está entrando no alcoolismo”.

O consumo de bebida alcoólica é perigoso em todas as idades, mas quanto mais jovens maiores os riscos, pois o sistema imunológico e alguns órgãos ainda

não estão completamente formados. Amanda Potenza bebe por praz, pelo menos três vezes por semana

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Única

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Mesmo quebrando tabus, mulheres de 30 mantém antigos desejosSimone Cereja

Casar sim, mas agora não

A pílula anticoncepcional foi fundamental para a independência das mulheres, mas isso não inibiu o “Segundo Sexo”, como caracteriza Simone de Beauvoir, de continuar com suas fragilidades. O ideal de felicidade para algumas mulheres continua sendo o de casar, ter filhos, construir uma vida junto com outra pessoa e que dure pela eternidade. Para verificar como pensam e agem essas mulheres, a reportagem do jornal Única foi às ruas.

A vendedora Diana Paula Galiano tem 28 anos e está se aproximando da idade que julga crítica. Ela, que já namorou várias vezes, diz que agora quer curtir um tempo a “solteirice”, mas não deixa de sonhar com o matrimônio. Diana afirma que sempre está à espera de alguém bacana, porém no momento tem suas prioridades, quer se estabelecer profissionalmente e só mais tarde se casar e ter filhos. “O grande problema é o tempo que irá demorar para que tudo o que almejo aconteça. Com o passar do tempo o corpo da mulher só piora e isso pode vir a espantar os homens”, afirma.

O escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850) definiu em sua época o perfil das mulheres de 30, que futuramente até foram apelidadas de “mulheres balzaquianas”. Balzac valorizava a beleza nessa faixa etária e julgava ser esse período da “melhor idade”. Imagine que naquela época a perspectiva de um futuro surpreendente para essas mulheres era rara. Geralmente seus destinos estavam traçados com marido e filhos, é isso mesmo, filhos! Nesta idade já haviam se casado há tempos e provavelmente tinham mais de uma criança. Hoje, as mulheres nessa faixa etária analisam minuciosamente a possibilidade de se casar.

A advogada Alessandra Yumi Watanabe, que já chegou aos 30, diz que está solteira por opção. Yumi só irá se envolver com alguém quando sentir reciprocidade. Ela só vai subir ao altar se tiver certeza de que tarefas domésticas e dedicação ao cônjuge serão igualmente divididas. “Mas, nem de longe me imagino solteira pelo resto da vida”.

Pois é, essa mulher

contemporânea muitas vezes prefere planejar sua carreira profissional antes de realizar o sonho de ser mãe ou de vestir véu e grinalda no altar.

A publicitária de 28 anos, Aline Meireles, está naquela fase da relação onde é o namorado quem cobra a decisão pelo casamento. Foi ele quem propôs trocar as alianças. Aline disse que dá um grande frio na barriga pensar no assunto, já que está no auge de sua carreira e terá que conciliar depois do casamento todas suas funções com harmonia. Uma missão nada fácil.

Atualmente, as mulheres se casam mais tarde. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em 2009, a idade média de mulheres solteiras no estado de São Paulo é de 27 anos. Na Bahia, as mulheres se casam ainda mais tarde, aos 31 anos. Esses dados só vêm a afirmar com propriedade o que muitos já notaram. É comum ver mulheres pós-adolescentes nas mesas dos bares, solteiras e acompanhas de outras amigas, também solteiras.

Ana Boloque é secretária-executiva e tem 30 anos. Está solteira

há pouco tempo, mas não se mostra deprimida com a situação atual. O ideal de felicidade de uma mulher, para ela, depende dela mesma e não de alguém de fora. “Pra ser sincera nunca pensei em me casar, sou independente demais pra isso. Desde criança minhas amigas sonhavam com o vestido de noiva e eu nunca pensei nisso”. Mas ter um filho é um desejo. “Nenhuma mulher merece ser sozinha no mundo”.

Para psicóloga Ieda Benedetti, as mulheres que encontram dificuldade de se envolver em relacionamentos amorosos e que até tornam seus relacionamentos casos de patologia, na verdade, trazem esse problema de outra área. “Algumas mulheres não sabem, mas levam pro campo afetivo problemas emocionais de outros campos psicológicos, o que ocorre muito nos exemplos de dependência emocional em relação ao parceiro. Na verdade, essa mulher não depende do amor e da atenção do companheiro e sim de resolver algo que ficou lá no passado, pode ser até mesmo na infância”.

Segundo Ieda, há uma quebra de paradigma. Ou seja, desde que a mulher adquiriu independência financeira, ela

ficou menos frustrada. “Temos uma boa parcela de mulheres bem resolvidas profissional e pessoalmente. A mulher por volta dos 30 já sabe se está bem resolvida ou não, e se não está, procura saber o por quê”.

“Nem de longe me imagino solteira pro resto da vida”, diz a advogada Alessandra Watanabe

Convivência a dois - Outra pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em 2009, constatou que em 2007, no Brasil 916.006 pessoas se casaram, enquanto em 2008 esse número subiu para 959.901, um aumento de 4,7% entre os dois anos. Com isso é possível perceber que mesmo com mudanças no comportamento social das mulheres, elas ainda procuram firmar uma vida a dois.

A modelo Renata Novoli, de 28 anos, que o diga. Ela está casada há sete meses, mas namorou oito anos para concretizar sua situação. Fator, que segundo ela, foi fundamental para o sucesso da relação. “Antes de nos casarmos eu já conhecia muito bem a personalidade dele, a família, inclusive qualidades e defeitos. Isso foi ótimo, porque ele também conhecia todos os meus pontos fortes e fracos. Até mesmo minha profissão, que é algo bem delicado, ele apoia”.

Por hora, ela não pensa em ser mãe. Acha importante para o casal curtir um pouco o casamento a sós. “Ficar a dois por um tempo pode ser favorável para fortalecer o nosso vínculo”.

A receita para um casamento feliz? “O ponto forte do casamento, é saber ceder em situações onde o casal pode ter um ponto de vista diferente do outro”. Eis aí um grande segredo que pode fazer a diferença no dia a dia da relação.

A modelo Renata Novoli quer curtir mais um pouco a vida a dois antes de ter filhos

Simone Cereja

Relacionamto

Simone Cereja

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Única

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Pílula deixa mulheres livres para o sexoContraceptivo completa 50 anos e colabora com planejamento familiarGustavo Dalle Vedove

Há 50 anos, as mulheres davam o grito de independência: havia sido criada a pílula anticoncepcional. Gregory Pincus, em 1960, foi o responsável pela invenção. A chegada deste método contraceptivo foi turbulenta, mas de benefício indiscutível, segundo profissionais ouvidos para esta reportagem do jornal Única.

Para a psicóloga e terapeuta sexual, Marilandes Ribeiro, a pílula foi vista como responsável pela revolução sexual, o que não é verdade. “Isso é um mito. Porque, segundo historiadores, a revolução sexual já se delineava nos anos 50”, afirma. Marilandes diz que o lançamento do livro “O Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir, em 1949, é que foi o marco inaugural do debate sobre a situação da mulher frente ao mundo. No livro, eram abordadas as dimensões da condição feminina como vida sexual, social, política e psicológica.

Mas, para a psicóloga, não se pode negar que a descoberta da pílula anticoncepcional foi, realmente, uma revolução em termos de planejamento familiar e comportamento sexual. “Não existia método seguro, antes de 1960, que permitisse à mulher o poder de controlar sua fecundidade sem a colaboração, ou mesmo, o conhecimento do parceiro”, conta. “Desde o advento da pílula, há 50 anos, as mulheres vêm

se ‘desamarrando dos grilhões’ que as mantiveram castradas e comprimidas em seus espartilhos reais e simbólicos, submetidas aos mandos e comandos dos seus parceiros”.

A terapeuta destaca ainda que a utilização da pílula por algumas mulheres é impedida por crenças religiosas, falta de informação e falta de controle sobre os direitos reprodutivos e sexuais. “Estamos em 2010 e, mesmo depois de tanto tempo, ainda existem mulheres que não sabem fazer uso da pílula”, completa.

Maria Oliveira da Silva, 23, deixou de tomar a pílula após tempo contínuo de uso. “Ouvi dizer que a pílula engordava, daí resolvi parar. Mas, confesso que me sentia mais segura quando a usava.” Já Denise Neves, 28, é usuária da pílula anticoncepcional e diz estar muito satisfeita com os resultados. “Não troco a pílula por nenhum outro método, pois com ela tenho uma sensação de liberdade maior. É uma independência conquistada pelas mulheres. É uma liberdade de escolha, sem precisar da ajuda dos homens”, afirma.

A psicóloga Sílvia Nehring, afirma que existe um perfil atual das mulheres que aderiram à pílula logo em seu lançamento e que fizeram um planejamento familiar. “Essa mulher é a que está hoje, profissionalmente, no auge de sua carreira, ocupando lugares de grandes exigências e de

muita responsabilidade. Usa e abusa das experiências de vida acumuladas ao longo dos anos”.

A pílula anticoncepcional mudou a condição social da mulher, colaborando com o rompimento de algumas tradições. “Essa transformação deu poder para que a mulher pudesse deliberar sobre suas escolhas, inclusive para poder relacionar-se sem o perigo de uma gravidez indesejada, o que, historicamente, sempre foi considerado um absurdo”, lembra Sílvia.

Mas a psicóloga pondera que a liberação feminista foi extrema, o que gerou um desequilíbrio, sendo necessária a reconstrução e ressignificação dos sentidos atribuídos à sexualidade, ao pertencimento de gênero e ao contexto social mais amplo.

Lúcia Silveira, 52, diz que vive este desequilíbrio causado pela pílula. “Sempre fui usuária da pílula, mas reconheço que hoje em dia, preciso me policiar para me dedicar mais à minha casa.” Lúcia conta que a pílula trouxe a independência para ela, porém acabou deixando a ideia de construir uma familia para segundo plano. É casada, mas acomodou-se com o contraceptivo e quando teve de repensar a sua estrutura familiar, já era tarde. “Mas mesmo com tudo isso, não deixo de reconhecer a importância que a pílula teve para minha vida e para minhas decisões”, completa.

Mito: O uso da pílula inibe a libido.

Verdade: O desejo sexual depende de vários fatores e o aspecto psicológico é considerado o mais relevante. Protegida contra a gravidez a mulher pode até melhorar seu desempenho sexual.

Mito: As pílulas são todas iguais.

Verdade: Existe uma enorme variedade de pílulas contraceptivas no mercado e nem todas são iguais.

Mito: Mulheres com mais de 35 anos não podem tomar a pílula.

Verdade: Mulheres saudáveis, na maior parte dos casos, podem tomar a pílula até chegar a menopausa.

Mito: A pílula protege contra doenças sexualmente transmissíveis.

Verdade: A pílula não oferece qualquer proteção contra o HIV/SIDA ou qualquer outra doença sexualmente transmissível (DST). Nestes casos, a única forma de prevenir é utilizar sempre um preservativo.

Mitos e verdades sobre a pílula anticoncepcional

Fonte: Marilandes Ribeiro

Sílvia destaca o poder transformador que a pílula teve na vida das mulheres

A pílula anticoncepcional provocou mudanças sociais e comportamentais

Gustavo Dalle Vedove Gustavo Dalle Vedove

Sexualidade

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ÚnicaHomens e mulheres nivelam comportamentoLiberalismo sexual alavanca mercado de trabalho para “drag queens”José Thiago Sachetti Zago

Anita Garibaldi, Joana D’Arc, Margareth Thatcher, Chiquinha Gonzaga, Frida Kahlo, Evita Perón dentre tantas outras mulheres que influenciaram e conquistaram espaço e relevância em uma sociedade machista e, mudaram estereótipos revolucionando gerações. Não é necessário recorrer às amareladas páginas da história para ver que a mulher já conquistou seu território em meio aos homens. Rodeada por machos que envergam suas vozes graves dominantes, é trabalho fácil não se afetar pela aspereza do mundo masculino, segundo a frentista Marineide Fernandes Meireles. “Não é porque eu trabalho num posto que eu deixo de ser vaidosa e feminina.” A frase é reflexo de uma situação: o universo de trabalho masculino, já não é mais tão exclusivo.

Frentista há cinco anos, Neide como é chamada pelos colegas de trabalho, diz que apesar da função, se preocupa sim em sempre estar com a maquiagem e as unhas bem feitas. Não perde a pompa no momento de abastecer carros e motos e diz gostar do que faz. Sem se preocupar em ser ultrajada por ser uma mulher a trabalhar em um posto de combustíveis, importa-se mesmo em nunca deixar de usar um bom hidratante para as mãos.

Neide é um exemplo entre tantas outras mulheres que se aventuram por terras masculinas e que hoje ganham espaço entre os homens, propiciando a mesma qualidade nos serviços e por muitas vezes sendo mais eficazes, sem deixar de lado a feminilidade.

Sexuliadade - Qualidade, caráter, modo de ser, pensar ou viver próprio da mulher. Quem define a feminilidade desse modo é um homem, Aurélio. Com certeza o autor do dicionário mais famoso do Brasl jamais teria sonhado viver uma época de liberalismo sexual tão grande quanto vivemos hoje. Quem sabe talvez, se vivesse nos dias de hoje essa definição pudesse ter contornos um pouco diferentes.

A visão de uma mulher alta, com roupas suntuosas e paramentada com paetês, plumas, purpurina e muito colorido e brilho não muda a definição que é dada hoje para feminilidade. São

elas, as drag queens quem roubam a cena onde quer que apareçam. Odiadas por uns e cultuadas por outros, o jeito singular de suas apresentações e a “peruisse” de se vestir trazem uma irreverência que ajudou a acentuar a questão do respeito da diversidade social.

“Palhaço de luxo feminino”. É essa a denominação usada para se descreverem, como conta Riciere. Drag queen há 13 anos, conta que esse termo é usado porque representam os exageros do estereótipo feminino. “Nós usamos roupas e acessórios que nenhuma mulher usaria. Chegamos a um nível em que uma mulher muito perua jamais chegaria.” Pelo acaso e por brincadeira entre amigos, Riciere tornou-se uma drag deste segmento e diz que isso acabou aproximando-se mais das pessoas. Diversão a parte, hoje ele encara o ofício como uma profissão. “O campo está muito grande. Vamos a casamentos, aniversários e em bodas em geral, além de divulgações publicitárias.”

Em meio a tantas roupas, perucas e preparo, Riciere estuda a fundo os personagens antes de suas perfomances. “A gente não tem que usar somente a roupa e maquiagem específicos, mas tentar ver qual é o tipo

de comportamento, modo de andar, de falar pra poder ficar parecido.” Segundo ele, a fidelidade e riqueza de detalhes é também um ponto positivo, que acaba aproximando as pessoas e torna a aceitação maior.

Mas no momento de se montar, algo mágico e misterioso ocorre. “É como se fosse uma incorporação” O personagem nasce e suprime todo resquício da personalidade de Riciere, tornando-se realmente outra pessoa. Com postura, trejeitos, voz e semblantes diferentes, as drags tornam-se personagens marcantes. Ele também é cabeleireiro e não tem dúvidas de que até os sentimentos mudam no momento em que se transforma. Uma mudança, que pode levar até duas horas, faz nascer personagens como Hetícera, sua top drag, um gênero mais feminino e sensual, menos extravagante.

Feminino ou não. Atuando ou não. Riciere entende que a feminilidade faz parte da personalidade de cada um. “Como para muitos uma pessoa é bonita, para outros tantos ela é feia. O gostoso de ser drag é justamente esse, eu conseguir ser o Riciere sete dias na semana, trinta dias por mês e quando eu quero ser a Hetícera ou qualquer outro personagem eu sou.”

De comum acordo, a psicóloga

Roberta d’Arce Rotta Silva diz que a principal característica feminina é a capacidade de “dar a luz” e que outras características, ditas femininas, dependem da cultura predominante. É cada vez mais comum vermos mulheres assumindo papeis de outrora masculinos e homens aceitando funções que eram exclusivas das mulheres. “Em nossa sociedade os papeis masculinos e femininos estão bem misturados”, diz Roberta.

De acordo com ela, a pluralidade comportamental é visível quando se observam as tribos sociais. Certos estereótipos ainda persistem, mas a individualidade e diversidade cultural devem ser respeitadas. Mulheres que se apaixonam por outras mulheres e são masculinas. Outras, que embora homossexuais, preservam seus instintos mais femininos. Homens homossexuais que possuem a mesma diversidade comportamental que as mulheres. “Essa identificação com o sexo masculino ou feminino depende principalmente da ligação afetiva com os pais.” Como explica a psicóloga: “Por diversas razões um menino pode se identificar mais com a mãe que com o pai, ficando com trejeitos femininos e vice-versa.”

Educação - Essa miscelânea comportamental, e porque não dizer, sexual, nem sempre é aceita ou compreendida por todos. Frederico Moreira, professor e coordenador da Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino de Prudente e responsável pela área de Ciências, trabalha na formação continuada dos professores acompanhando algumas escolas. “A questão da hetero-normatização, ou seja, a visão de homem provedor e da mulher submissa como sendo o único casal aceito socialmente, se mantém muito forte em nossa sociedade.”

Sexo somente como função reprodutiva é um estigma muito enraizado e que acaba dificultando a compreensão da diversidade. Para melhor preparar seus professores, Frederico leva discussões e reflexões a respeito do tema fazendo com que assim esses profissionais possam estar melhor preparados para promover a criação de um ambiente saudável, onde alunos de todos os credos, cores, sexo encontrem espaço para desenvolverem suas personalidades.

Rodeada por homens, o respeito impera no posto de combustíveis onde Neide trabalha há cinco anos

José Thiago Zago

Profissões

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Única

Mulher moderna dita mudanças tecnológicasEmpresas desenvolvem estratégias para fisgar público femininoCamila Monteiro

A nova realidade do mercado traz um dado inquestionável: as mulheres consomem muito mais que os homens e ainda influenciam a decisão de compra. Por isto, as empresas e os profissionais de vendas se adaptam a essas poderosas e exigentes consumidoras.

Segundo matéria publicada na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (mês/2009), no Brasil, elas respondem por 94% do mobiliário doméstico, 55% dos carros novos e 92% dos pacotes de viagens. Movimentaram em 2008, em compras no cartão de crédito, R$ 69,9 bilhões.

Em pleno século XXI não são somente produtos estéticos que dominam as prioridades femininas.

Carros - Diversas empresas já perceberam o poder de compra das mulheres e começaram a desenvolver táticas e estratégias de mercado com produtos exclusivos ao público feminino. A Ford do Brasil criou dois

comitês para discutir os gostos e as tendências de cores e acabamentos internos de seus veículos que mais atraem as mulheres. A Renault, em parceria com O Boticário, lançou em 2002 o Clio Sedan O Boticário com detalhes de acabamentos direcionados a elas.

E toda essa revolução começou com um detalhe: o espelho no para-sol. Jaila Michelle Chaves, 20, estudante de medicina, escolheu seu primeiro carro há três meses. “Detalhes como o espelho no para-sol, lugar para colocar celular e brilho, além de um carro compacto, foram muito importantes na minha escolha”. Giovanna Gonçalves Assef, 20, também cursa medicina e, apesar de dividir o carro com os pais, afirma que tanto a sua mãe, Sandra Gonçalves Assef, 40, quanto ela, já tem o hábito de entrar no carro e antes mesmo de colocar o cinto de segurança olhar no espelhinho estratégico.

Beleza - Grande parte do orçamento dessas mulheres consumidoras ainda está voltado para a beleza. A estudante de arquitetura Juliana Domingues Scatolon, 20,

Giovanna Assef diz ser essencial, em qualquer carro, o espelho no para-sol

não tem um salário fixo, mas afirma que com as restaurações que faz, mais da metade de seu dinheiro vai para diferentes tipos de cremes, com diversas funções. O creme hidratante para o rosto tem protetor solar, o batom é hidratante e a tintura tem que ser sem amônia. A futura arquiteta também diz que “como só o meu dinheiro não dá, peço dinheiro a minha mãe, que entende que isso já é uma necessidade”.

Mas a verba destinada a beleza não é deixada somente nas lojas. Academias e salões de beleza têm sua parcela no orçamento. São tantas opções, tantas necessidades, que as mulheres se deixam levar pelo consumo. Giovanna Assef tem a agenda cheia, mas não abre mão das sessões de massagens as segundas e quartas-feiras, hidratação nos cabelos a cada 15 dias e academia pelo menos quatro vezes por semana. “Fazer tudo isso sozinha é chato, pois passo muito tempo em salão, então sempre levo uma amiga comigo”, diz ainda a estudante de medicina.

Mães - Definitivamente, todos os mercados estão se entregando a essa modernidade da mulher. Hoje a babá-eletrônica, que te avisa quando seu neném esta chorando, já está ultrapassada. A grande procura das mães, principalmente as de primeira viagem, é o mesmo produto, mas com uma câmera, que mostra o rosto do neném, afirma a vendedora Mayra de Morais, 21.

Rampa de banheira com inclinação própria para a criança não se afogar, cadeirinha e andador que ao mesmo tempo dão conforto e segurança, são também mesinhas para o aprendizado dessas crianças. São pequenos detalhes tecnológicos, para as mães e bebês, que fazem toda a diferença. Alda Lucia Silva, 40, acaba de tornar mãe pela terceira vez, mas não dispensou esse novo mimo tecnológico. “A primeira coisa que comprei foram os cremes, para que eu não tivesse estrias, e quando o José Vitor nasceu, a nova babá-eletrônica ajudou, e está ajudando muito minha vida”.

A técnologia dos cremes hidratantes faz com que mulheres comprem diversos deles

Camila Monteiro

Camila Monteiro

Tecnologia

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Dietas pouco convencionais são alvo de mulheres para emagrecimento

Silvana Vioto, 39, supervisora de uma empresa de terceirização, foi do céu ao inferno, mas hoje conseguiu se recuperar. Ela é uma, entre milhares de mulheres que querem conquistar o corpo perfeito e para isso, utilizam as dietas pouco convencionais. Uma experiência que Silvana já passou. “Cortei tudo o que tinha carboidrato e comia bastante carne. Emagreci rápido, mas engordei na mesma velocidade”. Hoje aprendendo a se alimentar melhor, ela já emagreceu 20 quilos. “Estou me reeducando e não quero voltar a ser o que era antes e até estou gostando de comer salada todo dia”.

Dietas malucas, uma saída para quem quer emagrecer rapidamente.Mas será que vale a pena? É seguro? E porque utilizar dessas dietas se não há garantias de sucesso, além de correr riscos para atingir o corpo “ideal”?

Loucuras – Para buscar o corpo tão desejado, elas procuram as famosas dietas “fáceis”, que prometem emagrecimento rápido e sem muito sacrifício. Juliana Fabri, 22, professora, agora procura emagrecer com a ajuda de nutricionista, mas já fez a dieta do carboidrato. “Parei de comer pão, biscoito, tudo que tinha carboidrato e deu certo no começo, mas depois engordei tudo de novo”. Ela ainda conta que é difícil porque era magra e por problema de tireóide engordou. “Eu era magrinha e é chato as pessoas às vezes caçoarem de você”.

Adriana de Almeida, 35, dona de casa, fez a dieta da sopa, do carboidrato e a da água. “Bebia água o dia todo e não comia nada. Emagreci muito, mas com essa dieta tive problemas de saúde e fui parar no hospital”. Com a experiência, Adriana começou a procurar profissionais para poder emagrecer com segurança. “Hoje faço dietas seguras e estou emagrecendo com saúde e praticando atividade física”.

A nutricionista Fernanda Cuminati fala que essas dietas geralmente não dão certo e que o melhor modo de buscar um corpo “perfeito” é a reeducação alimentar. “A mulher quer emagrecer rápido e para um emagrecimento saudável o

O que vem fácil, desconfieBernardo Silva

Bernardo Silva

Bernardo Silva

A supervisora Silvana Vioto já emagreceu 20 quilos com a reeducação alimentar mas passou pela experiência das dietas pouco convencionais

tempo da dieta é maior, cerca de um ano a um ano e meio de tratamento e daí ela recorre às dietas malucas que prometem ser mais rápido. Dietas malucas não dão certo, reeducação alimentar e exercício físico é o que vale para conquistar o corpo desejado”. Fernanda comenta que a maioria de suas pacientes utilizaram esses regimes e não deu certo. “Nenhuma dessas dietas dão resultado e eu não recomendo nenhuma, eu recomendo ir a um nutricionista, tentar a reeducação alimentar e praticar exercício físico”.

Razões – Thiago Tozzoni, psicólogo, conta que a grande culpa dessa paranóia com o corpo da mulher é a mídia. “Com certeza a mídia influencia muito a mulher, principalmente por que elas veem as modelos, atrizes e buscam aquilo pra elas”.

O padrão do corpo magro muitas vezes está vinculado com a imagem de uma mulher bem sucedida, com boa auto-estima, aceitação e conquistas amorosas. É por isso, segundo o psicólogo, que a mulher sente a necessidade de emagrecer. “Olha, a mente afeta o corpo. Uma mulher que tem baixa auto-estima, depressão, não se sente segura, tem problemas com o peso. O segredo é estar bem consigo mesma, não importa se está magra ou não”, diz.

Muitas mulheres deixam se levar pela vaidade. Ter um corpo bonito pode significar estar inserida no mais cobiçado círculo social, além de mexer com a auto-estima. “A vaidade é o grande pecado. A mídia impõe um modelo de corpo e toda mulher pensa que tem que ser daquele jeito. Estar bem consigo mesma é o que importa, todo mundo vai aceitá-la do jeito dela”.

A psicóloga Patrícia Faustino diz que a mulher também sofre com o problema emocional. “Uma mulher com a auto-estima baixa, com problemas de depressão, tem problemas com o peso porque desconta suas mágoas comendo, ou não comendo”. Para essas, ela recomenda buscar profissionais. “A mulher com esse problema de peso tem que buscar ajuda de nutricionistas, médicos e de um psicólogo, porque às vezes o problema não é com a saúde, mas sim com o psicológico”.

Produtos que prometem um emagrecimento rápido não são a melhor forma de conquistar um corpo saudável

Corpo Perefeito