sexta-feira, 23 de setembro de 2011 i série — n.º 184...

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DIÁRIO DA REPÚBLICA ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 Preço deste número — Kz: 610,00 ASSINATURAS Toda a correspondência, quer oficial, quer relativa a anúncio e assinaturas do ‹‹Diário da República››, deve ser dirigida à Imprensa Nacional — E. P., em Luanda, Caixa Postal 1306 — End. Teleg.: ‹‹Imprensa›› As três séries .… ……… A 1.ª série ……… A 2.ª série ……… A 3.ª série ……… Kz: 440 375,00 Kz: 260 250,00 Kz: 135 850,00 Kz: 105 700,00 O preço de cada linha publicada nos Diários da República 1.ª e 2.ª séries é de Kz: 75,00 e para a 3.ª série Kz: 95,00, acrescido do respectivo imposto do selo, dependendo a publicação da 3.ª série de depósito prévio a efectuar na Tesouraria da Imprensa Nacional — E. P. Ano IMPRENSA NACIONAL - E. P. Rua Henrique de Carvalho n.º 2 E-mail-imprenac@ hotmail.com Caixa Postal N.º 1306 ——— CIRCULAR Excelentíssimos Senhores: Havendo necessidade de se evitarem os inconvenientes que resultam para os nossos serviços do facto das respectivas assinaturas no Diário da República não serem feitas com a devida oportunidade. Para que não haja interrupção no fornecimento do Diário da República aos estimados clientes, temos a honra de informá-los que estão abertas a partir desta data até 15 de Dezembro de 2011, as respectivas assinaturas para o ano 2012 pelo que deverão providenciar a regularização dos seus pagamentos junto dos nossos serviços. 1. Os preços das assinaturas do Diário da República, no território nacional passam a ser os seguintes: As 3 séries ................................................ Kz: 463 125,00 1.ª série ..................................................... Kz: 273 700,00 2.ª série ..................................................... Kz: 142 870,00 3.ª série ..................................................... Kz: 111 160,00 2. As assinaturas serão feitas apenas no regime anual. 3. Aos preços mencionados no n.º 1 acrescer-se-á um valor adicional para portes de correio por via normal das três séries, para todo o ano, no valor de Kz: 95 975,00 que poderá sofrer eventuais alterações em função da flutuação das taxas a praticar pela Empresa Nacional de Correios de Angola, E.P. no ano de 2012. Os clientes que optarem pela recepção dos Diários da República através do correio deverão indicar o seu endereço completo, incluindo a Caixa Postal, a fim de se evitarem atrasos na sua entrega, devolução ou extravio. Observações: a) estes preços poderão ser alterados se houver uma desvalorização da moeda nacional, numa pro- porção superior à base que determinou o seu cálculo ou outros factores que afectem conside- ravelmente a nossa estrutura de custos; b) as assinaturas que forem feitas depois de 15 de Dezembro de 2011 sofrerão um acréscimo de uma taxa correspondente a 15%; c) aos organismos do Estado que não regularizem os seus pagamentos até 15 de Dezembro do ano em curso não lhes serão concedidas a crédito as assinaturas do Diário da República, para o ano de 2012. SUMÁRIO Assembleia Nacional Lei n.º 31/11: Que aprova o Código Mineiro. — Revoga toda a legislação que contra- rie o disposto no Código Mineiro. ASSEMBLEIA NACIONAL ——— Lei n.º 31/11 de 23 de Setembro Angola possui no seu subsolo, abundantes e variados recursos minerais. A exploração e aproveitamento racionais

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DIÁRIO DA REPÚBLICAÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA

Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184

Preço deste número — Kz: 610,00

ASSINATURASToda a correspondência, quer oficial, quer

relativa a anúncio e assinaturas do ‹‹Diário da

República››, deve ser dirigida à Imprensa

Nacional — E. P., em Luanda, Caixa Postal 1306

— End. Teleg.: ‹‹Imprensa››

As três séries . … … … …

A 1.ª série … … … … …

A 2.ª série … … … … …

A 3.ª série … … … … …

Kz: 440 375,00

Kz: 260 250,00

Kz: 135 850,00

Kz: 105 700,00

O preço de cada linha publicada nos Diários

da República 1.ª e 2.ª séries é de Kz: 75,00 e para a

3.ª série Kz: 95,00, acrescido do respectivo

imposto do selo, dependendo a publicação da

3.ª série de depósito prévio a efectuar na Tesouraria

da Imprensa Nacional — E. P.

Ano

I M P R E N S A N A C I O N A L - E. P.Rua Henrique de Carvalho n.º 2E-mail-imprenac@ hotmail.com

Caixa Postal N.º 1306———

C I R C U L A R

Excelentíssimos Senhores:

Havendo necessidade de se evitarem os inconvenientesque resultam para os nossos serviços do facto das respectivasassinaturas no Diário da República não serem feitas com adevida oportunidade.

Para que não haja interrupção no fornecimento do Diárioda República aos estimados clientes, temos a honra deinformá-los que estão abertas a partir desta data até 15 deDezembro de 2011, as respectivas assinaturas para o ano2012 pelo que deverão providenciar a regularização dos seuspagamentos junto dos nossos serviços.

1. Os preços das assinaturas do Diário da República, noterritório nacional passam a ser os seguintes:

As 3 séries ................................................ Kz: 463 125,001.ª série ..................................................... Kz: 273 700,002.ª série ..................................................... Kz: 142 870,003.ª série ..................................................... Kz: 111 160,00

2. As assinaturas serão feitas apenas no regime anual.

3. Aos preços mencionados no n.º 1 acrescer-se-á umvalor adicional para portes de correio por via normal das trêsséries, para todo o ano, no valor de Kz: 95 975,00 que poderásofrer eventuais alterações em função da flutuação das taxasa praticar pela Empresa Nacional de Correios de Angola, E.P.no ano de 2012. Os clientes que optarem pela recepção dosDiários da República através do correio deverão indicar oseu endereço completo, incluindo a Caixa Postal, a fim de seevitarem atrasos na sua entrega, devolução ou extravio.

Observações:

a) estes preços poderão ser alterados se houver uma

desvalorização da moeda nacional, numa pro-

porção superior à base que determinou o seu

cálculo ou outros factores que afectem conside-

ravelmente a nossa estrutura de custos;

b) as assinaturas que forem feitas depois de 15 de

Dezembro de 2011 sofrerão um acréscimo de

uma taxa correspondente a 15%;

c) aos organismos do Estado que não regularizem os

seus pagamentos até 15 de Dezembro do ano

em curso não lhes serão concedidas a crédito as

assinaturas do Diário da República, para o ano

de 2012.

SUMÁRIOAssembleia Nacional

Lei n.º 31/11:

Que aprova o Código Mineiro. — Revoga toda a legislação que contra-rie o disposto no Código Mineiro.

ASSEMBLEIA NACIONAL

———

Lei n.º 31/11de 23 de Setembro

Angola possui no seu subsolo, abundantes e variadosrecursos minerais. A exploração e aproveitamento racionais

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desses recursos constituem um importante meio de cresci-mento e desenvolvimento económico sustentados, contri-buindo para o bem-estar e a felicidade das gerações actuaise futuras.

Por razões ligadas à nossa história económica e social eà realidade do nosso sistema jurídico, a actividade geológicae mineira não petrolífera tem sido regulada por um conjuntode legislação avulsa, dispersa por várias leis, decretos eoutros actos normativos, maioritariamente aprovados numcontexto económico e social diferente do actual.

A actual realidade económica e social é caracterizada peladinâmica de mercado e por um crescimento económico queclama cada vez mais por investimento privado no sectormineiro não petrolífero.

Torna-se, por isso, necessário criar um sistema normativomoderno e abrangente, que englobe o conjunto das regras edos princípios jurídicos sobre a actividade mineira nummesmo diploma, conferindo-lhe maior facilidade de manu-seamento, de conhecimento e de cumprimento das normasnele consagradas.

Por outro lado, o aumento da competitividade no sectormineiro, tanto ao nível da região austral do continente, quantoa nível internacional, exigem clareza nos mecanismos deacesso e exercício dos direitos mineiros e o estabelecimentode regimes adequados à protecção dos direitos de exploraçãode minerais e da sua disposição, ao mesmo tempo que se deveproteger eficazmente o interesse público inerente à naturezadominial dos recursos naturais por parte do Estado, à neces-sidade de aumentar empregos e de arrecadar receitas fiscaise, dessa forma, contribuir para o combate à pobreza e para amelhoria das condições de vida das populações.

AAssembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nostermos da alínea l) do n.° 1 do artigo 165.° e da alínea c) don.° 2 do artigo 166.°, ambos da Constituição da Repúblicade Angola, a seguinte:

Lei que Aprova o Código Mineiro

ARTIGO 1.°

(Aprovação do Código Mineiro)

É aprovado o Código Mineiro, anexo à presente lei e quedela é parte integrante.

ARTIGO 2.°

(Aplicação)

Em tudo o que não contraria o espírito e letra do CódigoMineiro, continuam a ser aplicáveis os regulamentos de

desenvolvimento e outros diplomas complementares até quesejam aprovados diplomas complementares que os substi-tuam.

ARTIGO 3.°

(Preservação do ambiente)

As disposições do Código Mineiro em matéria deambiente aplicam-se à protecção e conservação da flora e dafauna, sem prejuízo de normas sobre a mesma matéria quesejam mais benéficas à conservação desses bens, com desta-que para a legislação sobre parques nacionais e zonas dereserva natural.

ARTIGO 4.°

(Regulamentação)

O Titular do Poder Executivo é competente para regula-mentar as regras e princípios jurídicos contidos no CódigoMineiro, sempre que tal necessidade se imponha.

ARTIGO 5.°

(Revogação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto noCódigo Mineiro, designadamente:

a) Lei n.° 1/92, de 17 de Janeiro, das Actividades Geo-lógicas e Mineiras;

b) Lei n.° 16/94, de 7 de Outubro, Lei dos Diamantes;c) Lei n.° 17/94, de 7 de Outubro, Lei sobre o Regime

Especial das Zonas de Reserva Diamantífera;d) Decreto n.° 12-B/96, de 24 de Maio, sobre o

Regime Aduaneiro Aplicável ao Sector Mineiro;e) Decreto n.° 4-B/96, de 31 de Maio, sobre o Regu-

lamento Fiscal para a Indústria Mineira;f) Decreto n.° 7-A/00, de 11 de Fevereiro, sobre a

Delimitação das Áreas de Concessão de DireitosMineiros;

g) Decreto n.° 7-B/00, de 11 de Fevereiro, sobre oExercício da Actividade de Comercialização deDiamantes;

h) Decreto n.° 36/03, de 27 de Junho, sobre a Políticade Atribuição de Direitos Mineiros para o Sub--sector Diamantífero;

i) Decreto executivo n.° 156/06, de 22 de Dezembro,sobre a Comercialização de Diamantes;

j) Decreto n.° 33/08, de 7 de Maio, que regula a Atri-buição de Direitos Mineiros sobre alguns Mine-rais Estratégicos;

k) Decreto-Lei n.° 2/08, de 4 de Agosto, que regula osNovos Procedimentos para Isenção na Activi-dade Mineira.

4438 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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ARTIGO 6.°(Processos pendentes)

As regras do Código Mineiro aplicam-se aos casos pen-dentes à altura da sua entrada em vigor, desde que tal apli-cação seja mais favorável à protecção dos interessesparticulares em causa.

ARTIGO 7.°

(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e apli-cação do presente Código Mineiro são resolvidas pelaAssembleia Nacional.

ARTIGO 8.°(Entrada em vigor)

A presente lei entra em vigor noventa dias após a data dasua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,aos 19 de Junho de 2011.

O Presidente da Assembleia Nacional, António PauloKassoma.

Promulgada aos 9 de Setembro de 2011.

Publique-se.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS._____

PARTE IRegime Jurídico Comum

Livro IDos Direitos Mineiros em Geral

CAPÍTULO IDisposições Gerais

SECÇÃO I

Objecto e Âmbito de Aplicação

ARTIGO 1.°

(Objecto)

O presente Código regula toda a actividade geológico--mineira, designadamente, investigação geológica, desco-berta, caracterização, avaliação, exploração, comercialização,uso e aproveitamento dos recursos minerais existentes nosolo, no subsolo, nas águas interiores, no mar territorial, na

plataforma continental, na zona económica exclusiva e nasdemais áreas do domínio territorial e marítimo sob jurisdi-ção da República de Angola, bem como o acesso e exercíciodos direitos e deveres com eles relacionados.

ARTIGO 2.°

(Âmbito de aplicação)

1. A actividade descrita no artigo anterior compreende,designadamente:

a) estudos geológicos e de cartografia geológica;b) reconhecimento, prospecção, pesquisa e avaliação

dos recursos minerais;c) exploração, lapidação e beneficiação dos recursos

minerais;d) comercialização dos recursos minerais ou outras

formas de dispor do produto da mineração;e) restauração ou recuperação das áreas afectadas pela

actividade mineira;f) reconhecimento, prospecção, pesquisa, avaliação,

exploração, tratamento e comercialização deáguas minero-medicinais;

g) reconhecimento, prospecção, pesquisa, avaliação,exploração e comercialização de recursos mine-rais existentes no mar territorial, na plataformacontinental e na zona económica exclusiva.

2. Quaisquer outras actividades geológico-mineiras comotal classificadas pelos órgãos competentes, ficam sujeitas àsregras estabelecidas neste Código e na legislação especialque sobre a mesma venha a ser aprovada.

3. Às actividades geológico-mineiras relativas aos recur-sos existentes nos espaços marinhos sob jurisdição da Repú-blica de Angola aplicam-se, com as devidas adaptações, asdisposições estabelecidas no presente Código, bem como emlegislação complementar sobre a matéria que venha a seraprovada.

ARTIGO 3.°

(Exclusões)

Ficam excluídas do presente Código as actividades rela-tivas ao reconhecimento, prospecção, pesquisa, avaliação eexploração dos hidrocarbonetos, líquidos e gasosos.

ARTIGO 4.°

(Definições)

O significado dos termos e expressões utilizados nesteCódigo constam do glossário que constitui o Anexo I domesmo e que dele é parte integrante.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4439

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ARTIGO 5.°(Classificação dos minerais)

1. Para efeitos do presente Código, os minerais classifi-cam-se de acordo com a tabela que constitui o Anexo II, quedele é parte integrante.

2. A actualização da tabela referida no número anterior éda competência do Poder Executivo, de acordo com os avan-ços científicos e tecnológicos que se registem sobre a maté-ria e da necessidade de harmonização com as tabelassimilares das organizações internacionais de que Angola sejaparte.

SECÇÃO II

Princípios e Objectivos do Sector Mineiro

SUB-SECÇÃO I

Minerais em Geral

ARTIGO 6.°

(Política mineira)

1. Compete ao Poder Executivo aprovar a política mineirae a estratégia para a sua implementação, definindo os meios,as metas e os prazos para a sua aplicação.

2. Ao elaborar a política mineira, o Poder Executivo deverespeitar os princípios e regras fundamentais da Constitui-ção, o regime económico em vigor, as normas deste Código,bem como os princípios jurídicos e os objectivos estratégicosda actividade mineira estabelecidos, nos artigos seguintes.

ARTIGO 7.°(Planeamento da actividade mineira)

1. Compete ao Poder Executivo orientar e planificar odesenvolvimento da actividade mineira nacional, em confor-midade com os princípios e regras estabelecidos nesteCódigo e com a política e estratégia do Executivo para o sec-tor mineiro.

2. Ao planificar a actividade mineira, o Poder Executivodeve prever medidas eficazes de desenvolvimento económicosustentável e de protecção dos direitos e interesses legítimosdas comunidades locais, bem como o desenvolvimento dosrecursos humanos nacionais.

ARTIGO 8.°

(Objectivos estratégicos do sector mineiro)

Constituem objectivos estratégicos do sector mineiro osseguintes:

a) garantir o desenvolvimento económico e social sus-tentado do País;

b) criar emprego e melhorar as condições de vida daspopulações que vivem nas áreas de exploraçãomineira;

c) garantir receitas fiscais para a Administração Cen-tral e Local do Estado;

d) apoiar e proteger o empresariado privado, dandopreferência aos empresários angolanos na con-cessão de direitos mineiros;

e) no âmbito das parcerias público-privadas, estimularcom a participação da Banca Pública e Privada,o surgimento de grupos económicos angolanos,técnica e financeiramente capazes, de competi-rem no mercado mineiro nacional e regional,sobretudo na região da Comunidade de Desen-volvimento da África Austral (SADC);

f) harmonizar na medida do possível a legislaçãomineira nacional com a legislação mineira regio-nal e internacional, tendo em conta as boas prá-ticas em vigor;

g) garantir a integração do género e o combate às prá-ticas discriminatórias na indústria mineira;

h) proteger o ambiente através da redução do impactonegativo que as operações geológico-mineiraspossam causar ao ambiente, bem como a repara-ção dos efeitos nefastos que forem provocados;

i) combater as práticas que atentem contra as regrasambientais;

j) combater o garimpo e outras práticas mineiras ile-gais;

k) estabelecer um regime eficaz, célere e transparentede concessão de direitos mineiros, baseado noprincípio do livre acesso, no cumprimento estritoda lei e no enquadramento na política e estratégiamineira aprovada pelo Executivo;

l) garantir o desenvolvimento sustentável dos quadrose trabalhadores nacionais, particularmente atra-vés de programas de formação e desenvolvi-mento de recursos humanos;

m) usar preferencialmente os recursos minerais para asua transformação e comercialização no País, oucomo matéria prima para a indústria transforma-dora, materiais de construção, aditivos para aagricultura e outras aplicações nacionais;

n) evitar a exportação de recursos minerais que obri-guem o País a importar o mesmo tipo de mineraisa curto ou a médio prazo;

o) incentivar o reinvestimento no País dos rendimen-tos da exploração dos recursos minerais;

p) implementar, antes do encerramento das minas,empreendimentos que proporcionem novosempregos aos trabalhadores e evitem deslocaçõesde habitantes e recessões económicas nas regiõesmineiras abandonadas.

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ARTIGO 9.°(Exploração sustentável de recursos minerais)

A exploração dos recursos minerais deve ser realizada demaneira sustentável e em benefício da economia nacional,com rigorosa observância das regras sobre a segurança, o usoeconómico do solo, os direitos das comunidades locais e aprotecção e defesa do ambiente.

ARTIGO 10.°(Intervenção do Estado no sector mineiro)

1. O Estado pode intervir economicamente no sectormineiro, quer através de entidades reguladoras e concessio-nárias nacionais, quer através de empresas operadoras,ficando todos esses entes sujeitos aos princípios e regrasestabelecidos neste Código e na legislação sobre investi-mento público e sobre empresas públicas ou de capitaispúblicos.

2. O Executivo pode criar instituições públicas regulado-ras das actividades mineiras sempre que haja necessidade deregular de modo específico o exercício da actividade mineirarespectiva, ou o mercado, ou os preços, ou as exportações,ou a saúde pública, ou outros factores específicos relevantes.

ARTIGO 11.°

(Participação do Estado nas produções mineiras)

1. O Estado participa na apropriação do produto damineração como contrapartida pela concessão dos direitosmineiros de exploração e comercialização, podendo usar umadas seguintes formas ou ambas conjugadas:

a) participação, através de uma empresa do Estado, nocapital social das sociedades comerciais a criar,não podendo essa participação ser inferior a 10%;

b) participação em espécie no produto mineral produ-zido em proporções a definir ao longo dos ciclosde produção, subindo a participação do Estado àmedida que a Taxa Interna de Rentabilidade(TIR) for aumentando.

2. Compete ao Titular do Poder Executivo aprovar os cri-térios de participação social das empresas do Estado nassociedades comerciais e da comparticipação em espécie nasproduções de minerais produzidos face à TIR, podendodelegar essa competência no titular do órgão de tutela.

ARTIGO 12.°

(Direito de requisição de produções mineiras)

1. Sempre que os interesses comerciais do País o exijam,relativamente ao tratamento, enriquecimento, ou acréscimono mercado local de valor aos minerais produzidos, o Estado

pode requisitar a compra das produções, ou parte delas, eadquirí-las a preços do mercado, destinando-as à indústrialocal.

2. O direito de requisção do Estado definido neste artigoaplica-se independentemente do uso, ou não, das produçõesna indústria local de minerais, sempre que estes tenhaminteresse estratégico para a segurança nacional.

ARTIGO 13.°(Áreas disponíveis para a actividade mineira)

1. As áreas do domínio territorial e marítimo sob jurisdi-ção da República de Angola que não tenham sido atribuídaspara efeitos do exercício de outras actividades, ou a elas nãoestejam afectadas, são consideradas disponíveis para efeitosde concessão de direitos mineiros.

2. O Executivo pode, nos termos do artigo 204.° declararzonas de reserva mineira as partes do território nacional queapresentem potencial mineiro considerável e que, em funçãodisso, exijam a observância de restrições quanto à circulaçãode pessoas e bens nessas áreas.

3. A declaração e criação de zonas de reserva mineiradeve ter em conta a necessidade de garantir ou perturbar omenos possível o desenvolvimento económico e social inte-grado das regiões, a estabilidade social e cultural das popu-lações locais e a segurança dos direitos e dos bens patrimoniaispúblicos e privados.

ARTIGO 14.°(Áreas excluídas da actividade mineira)

1. Tendo em vista assegurar o desenvolvimento harmo-nioso da economia nacional, proteger os interesses relacio-nados com a defesa nacional, a fauna, a flora e o ambiente, oPoder Executivo pode, nos termos da lei, estabelecer áreasexcluídas ou condicionadas para a actividade geológico--mineira.

2. São considerados indisponíveis para a actividademineira, sem prejuízo de outros casos de indisponibilidadeque venham a ser definidos por lei, os terrenos que fazemparte do domínio público, para uso comum ou privativo doEstado, enquanto dele não forem desafectados, e as áreas que,para efeitos do disposto no número anterior, estejam excluí-das da actividade geológica e mineira.

ARTIGO 15.°

(Configuração das áreas)

A configuração das áreas geográficas objecto dos títulosde concessão de direitos mineiros têm forma poligonal, tãoregular e simples quanto possível, e é identificada através de

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4441

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pontos fixos definidos por coordenadas geográficas ou geo-désicas ou por acidentes naturais, em conformidade com oque vier a ser estabelecido pelo órgão de tutela.

ARTIGO 16.°(Direitos das comunidades)

1. A política mineira deve sempre ter em conta os costu-mes das comunidades das áreas em que é desenvolvida aactividade de mineração e contribuir para o seu desenvolvi-mento económico e social sustentável.

2. O órgão de tutela, em coordenação com os órgãoslocais do Estado e os titulares dos direitos mineiros, devecriar mecanismos de consulta que permitam às comunidadeslocais afectadas pelos projectos mineiros participar activa-mente nas decisões relativas à protecção dos seus direitos,dentro dos limites constitucionais.

3. O mecanismo de consulta referido no número anteriordeve integrar pessoas de reconhecida idoneidade e reputaçãojunto das comunidades, escolhidas de acordo com os usos ecostumes locais, desde que não contrariem a Constituição.

4. A consulta é obrigatória em todos os casos em que daimplementação dos projectos mineiros possa resultar a des-truição ou danificação de bens materiais, culturais ou histó-ricos pertencentes à comunidade local como um todo.

ARTIGO 17.°(Direitos de realojamento)

1. As populações locais que sofram prejuízos habitacio-nais que impliquem a sua deslocação ou a perturbação dassuas condições normais de alojamento por causa das activi-dades mineira têm direito a ser realojadas pelo titular da con-cessão respectiva.

2. O processo de realojamento deve respeitar os hábitos,costumes, tradições e outros aspectos culturais inerentes àsreferidas comunidades, desde que não contrariem a Consti-tuição.

ARTIGO 18.°(Força de trabalho local)

Os titulares de direitos mineiros devem assegurar oemprego e a formação de técnicos e trabalhadores angola-nos, preferencialmente dos que residirem nas áreas da con-cessão mineira, de acordo com o que estiver estabelecidolegalmente.

ARTIGO 19.°(Protecção do mercado nacional)

1. Em condições de preços que não excedam 10% e deprazos de entrega que não ultrapassem oito dias úteis, os

titulares dos direitos mineiros devem dar preferência à utili-zação de materiais, serviços e produtos nacionais, cujaqualidade seja compatível com a economia, segurança e efi-ciência das operações mineiras.

2. As entidades que se sentirem prejudicadas no direitode protecção legal definido no n.° 1 deste artigo podemrequerer das autoridades, administrativas ou judiciais com-petentes, a protecção ou o restabelecimento do mesmo, nostermos gerais do direito.

SUB-SECÇÃO II

Minerais Estratégicos

ARTIGO 20.°

(Classificação legal)

1. Sempre que a sua importância económica ou as espe-cificidades técnicas da sua exploração o justifiquem, algunsminerais podem ser classificados como estratégicos.

2. Os elementos para se classificar um mineral estraté-gico são:

a) raridade;b) dimensão da procura no mercado internacional;c) impacto relevante no crescimento da economia;d) criação de um número elevado de empregos;e) influência positiva relevante na balança de paga-

mentos;f) importância para a indústria militar;g) importância relevante para as tecnologias de ponta.

3. Os elementos referidos no número anterior podem serconsiderados isolados ou cumulativamente.

ARTIGO 21.°

(Competência para classificar)

1. Compete ao Titular do Poder Executivo conceder adevida anuência para que os minerais sejam classificadoscomo estratégicos.

2. São desde já entre outros considerados minerais estra-tégicos, os diamantes, o ouro e os minerais radioactivos.

ARTIGO 22.°

(Regime aplicável)

1. O reconhecimento, prospecção, pesquisa e avaliação,exploração, tratamento e comercialização de minerais legal-mente considerados estratégicos está sujeita aos princípios eregras da política e estratégia para os minerais em geral, com

4442 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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as adaptações que resultarem dos artigos seguintes, das regrasespecíficas estabelecidas neste Código e da legislação com-plementar.

2. Fora dos casos previstos no presente Código e sempreque se justificar, compete ao Poder Executivo aprovar as nor-mas avulsas destinadas a regular os aspectos específicos daexploração de certos minerais estratégicos.

3. As normas referidas no número anterior devem ser cria-das e interpretadas de harmonia com as regras e princípiosconsagrados neste Código.

ARTIGO 23.°(Concessionárias nacionais)

1. Os direitos mineiros de prospecção e de exploração,tratamento e comercialização de minerais estratégicos emtodo o território nacional, incluindo o mar territorial, a pla-taforma continental e zona económica exclusiva, podem seratribuídos em exclusividade a uma entidade pública especí-fica, que assume o papel de concessionária nacional dessesdireitos.

2. As concessionárias nacionais de direitos mineirossobre minerais estratégicos são criadas pelo Poder Executivo,competindo-lhes representar o Estado na regulação e fiscali-zação do exercício dos direitos mineiros do mineral estraté-gico respectivo pelos operadores mineiros.

3. As concessionárias nacionais têm natureza de empresapública, regendo-se pela respectiva legislação.

4. As competências específicas das concessionáriasnacionais não prejudicam os poderes e competências genéri-cas do Poder Executivo, da tutela e de outras instituiçõesdo Estado com competências atribuídas, nos termos desteCódigo e da lei.

5. As concessionárias nacionais não podem exercerdirectamente direitos mineiros de exploração, tratamento ecomercialização de minerais, podendo, no entanto, exerceresses direitos mediante a constituição de empresas por sitotalmente detidas.

SUB-SECÇÃO IIIMineração no Mar

ARTIGO 24.°(Regime legal)

1. O regime legal para o reconhecimento, prospecção,pesquisa e avaliação, exploração, tratamento e comercializa-ção estabelecido neste Código é aplicável aos recursosminerais existentes no mar territorial, na plataforma conti-

nental e na zona económica exclusiva, neste Código tambémdesignados, genericamente, por «Mar» regem-se pelas dis-posições deste Código, com as necessárias adaptações.

2. As regras aplicáveis à atribuição e exercício de direitosmineiros de prospecção, pesquisa, investigação e exploraçãode recursos minerais no mar territorial, na plataforma conti-nental e na zona económica exclusiva são interpretados deharmonia com a Convenção da Organização das Nações Uni-das sobre o Direito do Mar, designadamente a sua Parte XII,sobre Protecção e Preservação do Meio Marinho.

3. A realização de outras actividades mineiras no mar ter-ritorial, na plataforma continental e na zona económicaexclusiva que não possam ser reguladas pelas normas desteCódigo relativas ao reconhecimento, prospecção, pesquisa,avaliação e exploração de recursos minerais no solo e sub--solo, são regulados por normas aprovadas pelo Poder Exe-cutivo.

4. A criação de normas específicas para atribuição e exer-cício de direitos mineiros no mar territorial, na plataformacontinental e na zona económica exclusiva deve ter em contaos seguintes factores:

a) os padrões internacionais para a mineração offshore;

b) a tecnologia utilizada em países com maior tradiçãona recuperação mineral em fundos marinhos;

c) o efeito dessa actividade sobre o ambiente e a suaprevenção eficaz;

d) o efeito sobre as outras formas de aproveitamentodo mar;

e) a forma específica de demarcação das áreas e de fis-calização do acesso às zonas restritas e de segu-rança das mesmas.

ARTIGO 25.°

(Investimento e atribuição de direitos)

1. O regime de investimento e de atribuição de direitosmineiros para a prospecção, pesquisa, investigação e explo-ração de recursos minerais no Mar é o aplicável ao investi-mento na indústria mineira definidos neste Código, consoantese trate de minerais comuns ou estratégicos.

2. Os contratos de concessão de direitos mineiros no Mardevem sempre conter cláusulas específicas sobre esta maté-ria, em função das particularidades da exploração de mineraisno mar, designadamente sobre a demarcação, a preservaçãodo ambiente, as normas de segurança no trabalho e o regimede acesso às plataformas mineiras e de protecção dos traba-lhadores face às condições específicas de trabalho.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4443

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ARTIGO 26.°

(Estudo de viabilidade)

Quando se trate de exploração mineira no Mar, o Estudo

de Viabilidade Técnica Económica e Financeira a que se

refere este Código como condição para a aprovação do res-

pectivo contrato de investimento mineiro e a atribuição dos

títulos de exploração mineira, estão sempre sujeitos a uma

auditoria independente por parte de um auditor escolhido pela

concessionária nacional, quando esta exista, ou pelo minis-

tério de tutela, quando aquela não exista.

ARTIGO 27.°

(Determinação das áreas de concessão)

1. A determinação das áreas de concessão de direitos

mineiros no Mar é feita com recurso aos estudos geológicos

e geográficos existentes, com aprovação de todos os minis-

térios que intervenham no mar.

2. O exercício dos direitos de prospecção, pesquisa,

investigação e exploração de recursos minerais no Mar obe-

dece aos planos de exploração dos recursos minerais aí exis-

tentes.

3. Enquanto não forem realizados estudos geodésicos e

geofísicos dos recursos marinhos para fins minerais, a deter-

minação das áreas e a atribuição de direitos é feita mediante

estudos individualizados a realizar sobre cada área, depois

de aprovados e demarcados pelas autoridades competentes.

ARTIGO 28.°

(Sobreposição de áreas e de actividades)

1. Quando houver sobreposição de áreas para a explora-

ção mineral no Mar de minerais de espécie diferente, a pre-

ferência por um ou por outro, é feita tendo em conta os

interesses públicos relativos às explorações em conflito e à

antiguidade das concessões, nos termos definidos no artigo 41.°

(Sobre sobreposição de áreas registadas).

2. Quando o pedido de concessão para a actividade

mineira no Mar recair sobre uma área que esteja a ser usada

para actividade turística, petrolífera ou de pesca, os agentes

desses ramos de actividade podem reclamar os direitos espe-

ciais de protecção previstos no presente Código para as

comunidades (artigos 16.°, 17.° e 18.°).

CAPÍTULO IIInvestigação, Cadastro e Registo Geológico-Mineiro

SECÇÃO I

Investigação e Informação Geológico-Mineira

ARTIGO 29.°

(Serviços públicos geológico-mineiros)

A investigação geológico-mineira e a produção de infor-

mação geológica competem ao Poder Executivo, através de

serviço público especializado, designado Serviços Públicos

Geológico-Mineiros, podendo em casos devidamente funda-

mentados ser autorizadas pelo órgão de tutela outras entida-

des, públicas ou privadas, a exercer tal actividade em parceria

pública-privada sob dependência metodológica do referido

serviço.

ARTIGO 30.°

(Competências dos serviços públicos geológico-mineiros)

1. No domínio da investigação geológico-mineira consti-

tuem competências dos Serviços Públicos Geológico-Minei-

ros as seguintes:

a) elaboração da cartografia geológica de todo o terri-

tório nacional;

b) tratamento, guarda e controlo da informação geo-

lógica e mineira nacional;

c) compilação, publicação e divulgação da informa-

ção geológico-mineira nacional;

d) realização de estudos geológicos, estratigráficos,

petrográficos, cristalográficos, paleontológicos,

geoquímicos e geofísicos que forem necessários

para a cartografia geológica do território nacional

e a sua caracterização metalogênica.

2. A execução da cartografia e dos estudos geológicos

referidos nas alíneas anteriores pode ser feita por empresas ou

entidades idóneas especializadas, nacionais ou estrangeiras,

mediante contratos ou acordos.

3. As entidades titulares de direitos mineiros podem rea-

lizar estudos geológicos, no âmbito dos seus programas con-

tratuais ou dos respectivos títulos de concessão.

4. As instituições de ensino e de investigação científica

podem realizar estudos geológicos, mediante protocolos de

cooperação com os serviços públicos especializados referidos

no artigo anterior.

4444 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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ARTIGO 31.°(Propriedade da informação geológico-mineira)

1. A informação geológico-mineira sobre os recursosminerais existentes no território nacional é propriedade doEstado, ficando a entidade terceira que for contratada pararealizar os estudos respectivos interdita de dispor delas parafins diferentes daqueles para os quais for autorizada contra-tualmente.

2. As entidades autorizadas a realizar estudos geológicossão obrigadas a prestar ao órgão especializado referido non.° 1 do artigo 30.° (Sobre competências dos serviços públi-cos geológico-mineiros), informações regulares sobre o tra-balho realizado e a fazer entrega de toda a informaçãogeológica recolhida.

3. As entidades que executarem trabalhos de sondagem,escavações e perfurações, bem como de geofísica e geoquí-mica, fora do âmbito de um título mineiro, independente-mente do seu objecto, são obrigadas a comunicar a realizaçãodos mesmos ao órgão de tutela, remetendo posteriormenteàquele órgão as informações e dados obtidos.

ARTIGO 32.°(Acesso à informação geológica)

1. Sempre que devidamente requerido, o órgão públicoespecializado de informação e investigação geológica devefornecer aos interessados em realizar estudos geológicos ainformação geológica pertinente disponível, nos termosdefinidos no artigo 100.° do presente Código.

2. A informação a que se refere o número anterior é for-necida mediante o pagamento de emolumentos e taxas quecubram os serviços prestados e o custo dos trabalhos reali-zados, nos termos gerais da arrecadação de receitas públicas.

ARTIGO 33.°

(Confidencialidade da informação geológica)

O acesso à informação geológica prestada pelas entidadesreferidas neste Código está sujeita a classificação, nos ter-mos da lei, sendo obrigatório garantir o nível de confiden-cialidade das mesmas, sob pena de responsabilidade penal ecivil dos responsáveis pela falta cometida, nos termos da lei.

SECÇÃO II

Cadastro e Registo Geológico-Mineiro

ARTIGO 34.°

(Cadastro mineiro)

O cadastro mineiro é o conjunto de actos de registo e ges-tão do processo de licenciamento da actividade mineira a

nível nacional, com base em informação electrónica, digital,gráfica ou textual, realizada pelos serviços de cadastromineiro, nos termos estabelecidos neste Código.

ARTIGO 35.°(Organização e subordinação do cadastro mineiro)

1. Os serviços de cadastro mineiro organizam-se segundoos níveis nacional, local e junto das concessionárias nacio-nais.

2. O serviços de cadastro mineiro a nível nacional fun-cionam subordinados ao ministério da tutela responsável pelolicenciamento da actividade mineira.

3. O ministério da tutela pode autorizar que sejam criadasestruturas cadastrais nas direcções provinciais do órgão detutela, que funcionam subordinadas e em coordenação com ocadastro nacional.

4. As concessionárias nacionais possuem estruturascadastrais vocacionadas para o tipo de mineral sob sua con-cessão exclusiva, funcionando como extensões especiali-zadas do cadastro mineiro nacional.

ARTIGO 36.°

(Registo mineiro)

1. Os processos de atribuição, modificação, transmissãoe de extinção de direitos mineiros são registadas no ServiçoPúblico Geológico-Mineiro.

2. Compete ao Poder Executivo aprovar as normas defuncionamento do registo mineiro e os respectivos trâmites.

ARTIGO 37.°

(Troca de informação entre instituições)

1. O Serviço Público Geológico-Mineiro presta regular-mente aos órgãos do Executivo responsáveis pelo registo ecadastro fundiário, petrolífero e agrícola, informação relativaàs áreas mineiras outorgadas, devendo aqueles reciproca-mente fornecer informações relevantes sobre o uso e apro-veitamento da terra para fins fundiários, petrolíferos ouagrícolas ao Serviço Público Geológico-Mineiro.

2. O modo como a informação é trocada e a sua periodi-cidade é objecto de protocolo estabelecido entre as institui-ções competentes.

ARTIGO 38.°

(Armazenamento e registo de informação)

O Serviço Público Geológico-Mineiro deve armazenar eregistar, dentre outras, a seguinte informação mineira:

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4445

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a) áreas vedadas à actividade mineira;b) áreas requeridas para o exercício de direito minei-

ros e identificação dos seus requerentes;c) áreas outorgadas e dados sobre o título de outorga

respectivo;d) áreas livres;e) áreas declaradas legalmente reserva pública;f) áreas para exploração mineira artesanal;g) outras áreas que exijam autorização especial.

ARTIGO 39.°(Acesso à informação registada)

É permitido o acesso do público interessado à informaçãoregistada no cadastro mineiro, competindo ao órgão respon-sável pelo licenciamento e cadastro definir as normas res-pectivas de requisição, autorização e acesso.

ARTIGO 40.°

(Publicidade dos actos de registo)

1. Os resultados dos processos de atribuição, modifica-ção, transmissão, extinção de direitos mineiros e as decisõesem que se consubstanciam os respectivos actos devem serpublicados.

2. Todas as decisões sobre actos que resultem da inter-venção e aprovação do Executivo ou do ministério da tutelasão publicadas no Diário da República.

3. As demais decisões sobre actos que careçam de publi-cação exigida pelo presente Código ou pela legislaçãoconexa, são publicados no Diário da República, ou num dosjornais de maior circulação no País, ou em editais a afixarnos locais apropriados, conforme o que se mostrar mais ade-quado para a sua eficaz publicidade.

ARTIGO 41.°(Sobreposição de áreas registadas)

1. Há sobreposição de áreas mineiras registadas quandouma mesma área geográfica é concedida, total ou parcial-mente, a requerentes diferentes.

2. A sobreposição é de boa-fé quando ocorre sem inten-ção de prejudicar e tenha ocorrido observando-se os pressu-postos legais, e de má fé ou com dolo quando é feita comintenção de prejudicar e conseguida com uso de meios ilíci-tos.

3. Havendo sobreposição de áreas mineiras registadasocorridas de boa-fé, a competência para decidir é do PoderExecutivo, quando se trate de minerais estratégicos ou deinvestimentos de valor da alçada do Poder Executivo, e dotitular do órgão de tutela, nos outros casos.

4. A decisão sobre disputas resultantes de sobreposiçãode áreas mineiras registadas assenta no critério da antigui-dade das concessões, prevalecendo os direitos atribuídos emprimeiro lugar.

5. Havendo sobreposição de áreas mineiras registadas demá fé ou com dolo, é competente para dirimir o conflito otribunal da comarca onde se situam as áreas sobrepostas,cabendo a iniciativa judicial à parte que se sentir prejudicada,depois de obtidos os indícios ou a prova da má fé ou do dolo,sem prejuízo das competentes sanções disciplinares se a elashouver lugar.

CAPÍTULO IIIDos Direitos Mineiros

SECÇÃO I

Disposições Gerais

ARTIGO 42.°

(Propriedade dos recursos minerais)

Os recursos minerais existentes no solo, no subsolo, nomar territorial, na plataforma continental, na zona económicaexclusiva e nas demais áreas do domínio territorial ou marí-timo sob jurisdição da República de Angola, são propriedadeoriginária do Estado e fazem parte do seu domínio privado.

ARTIGO 43.°

(Propriedade dos produtos da mineração)

Os minerais e os produtos da mineração explorados eextraídos de acordo com as regras deste Código e da legisla-ção complementar são propriedade das entidades titulares dosrespectivos títulos de prospecção e exploração atribuídos nostermos que forem estabelecidos nos respectivos contratos deconcessão.

ARTIGO 44.°

(Concurso de outros minerais)

1. Quando, em virtude de operações mineiras, ocorrer adescoberta de outros minerais não incluídos no respectivotítulo de concessão, pode o seu titular requerer que os direi-tos mineiros sobre esses outros minerais lhe sejam atribuí-dos, nos termos deste Código, gozando do direito depreferência face a outros pretendentes, em igualdade de con-dições.

2. A descoberta de minerais que concorram com osminerais titulados deve ser notificada ao órgão de tutela ou àconcessionária nacional, num prazo não superior a trinta diasapós a sua ocorrência.

4446 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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3. Caso se trate de minerais estratégicos ou sujeitos aregime especial, os minerais encontrados são sujeitos aoregime legal aplicável a esses minerais.

ARTIGO 45.°

(Regime jurídico dos minerais acessórios)

Os direitos sobre os minerais acessórios, como tal defini-dos neste Código, são cobertos pelos títulos atribuídos parao mineral requerido, excepto quando se tratar de mineraisestratégicos ou em regime especial, casos em que são apli-cados os termos definidos neste Código e na legislaçãoespecífica.

ARTIGO 46.°

(Descoberta casual de minerais)

Qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, que, por sim-ples inspecção do terreno, fora das áreas já concedidas, des-cubra recursos minerais que o órgão competente da tutelacomprove terem interesse económico, deve declará-lo e temo prazo de cento e oitenta dias para, individualmente ou emassociação, solicitar os direitos de prospecção e exploraçãoda área respectiva.

SECÇÃO II

Natureza Jurídica dos Direitos Mineiros

ARTIGO 47.°

(Autonomia jurídica dos direitos mineiros)

Os direitos mineiros são autónomos, devendo ser trata-dos juridicamente como distintos de outros direitos, desig-nadamente dos direitos de propriedade do solo onde osmesmos são explorados e dos bens sobre ele existentes.

ARTIGO 48.°

(Transmissibilidade dos direitos mineiros)

1. Os direitos mineiros são transmissíveis em vida ou pormorte do seu titular, podem ser dados em garantia de créditoe são susceptíveis de execução judicial, nos termos da lei.

2. A transmissibilidade dos direitos mineiros da produçãoartesanal é aceite se respeitados os requisitos e restrições pre-ceituados nos artigos 177.° e 178.° do presente Código.

ARTIGO 49.°

(Falência e dissolução de titulares de direitos mineiros)

1. A falência e a dissolução de sociedades comerciais ououtras entidades empresariais titulares de direitos mineirossão reguladas pela Lei n.° 1/07, de 14 de Maio — Lei dasSociedades Comerciais, em vigor.

2. Pela falência ou dissolução a entidade titular dosdireitos mineiros não perde a sua titularidade, podendo taisdireitos serem adjudicados aos credores concorrentes que,reunindo os requisitos legais e regulamentares exigidos, apre-sentarem a proposta de preço mais elevada.

3. Em igualdade de preços e condições de aquisição, oEstado tem direito de preferência relativamente a direitos detitulares falidos ou de sociedades dissolvidas, quando emconcurso com credores da entidade falida ou da sociedadedissolvida, sendo esta preferência absoluta, quando não hajacredores com quem concorrer.

ARTIGO 50.°

(Penhor de direitos mineiros)

1. Os direitos mineiros só podem ser dados em penhor

para efeito de garantia dos créditos contraídos pelo conces-

sionário para financiar as actividades geológico-mineiras

objecto do título de concessão.

2. Os documentos a que se refere o artigo 682.° do

Código Civil são substituídos pela entrega ao credor pigno-

ratício da pública-forma do título e do contrato de concessão

de direitos mineiros respectivos.

3. O concessionário não perde, pela constituição do

penhor, a posse nem o exercício dos direitos mineiros empe-

nhados, ficando, do mesmo modo, adstrito ao cumprimento

de todas as obrigações legais e contratuais.

4. Os direitos mineiros oferecidos em penhor não podem

ser transmitidos pelo respectivo titular, nem por ele onerados

de novo, sem a prévia autorização expressa do credor pigno-

ratício.

5. Vencida e não paga a dívida e requerido o penhor pelo

credor pignoratício, nos termos deste Código, a venda do

penhor, aplica-se a esta o disposto nos artigos 47.° e 48.° do

presente Código.

ARTIGO 51.°

(Efeitos da penhora)

1. Em caso de penhora, a titularidade dos direitos minei-ros concedidos cessa com a adjudicação ou venda dessesdireitos, nos termos da lei processual.

2. Os direitos mineiros e os bens do concessionário afec-tos à actividade mineira exercida ao abrigo daquela conces-são cujos direitos tenham sido executados, servem paragarantir o pagamento das dívidas com ela relacionadas, nostermos da lei.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4447

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3. Sem prejuízo para os direitos dos credores preferen-ciais, os direitos mineiros executados são adjudicados pelomelhor preço, em concurso organizado pelo órgão da tutela,com a consequente concessão dos direitos penhorados, nostermos do presente Código.

ARTIGO 52.°

(Proibição de arresto)

Não é permitido o arresto de direitos mineiros.SECÇÃO III

Suspensão e Extinção de Direitos Mineiros

ARTIGO 53.°

(Suspensão das actividades mineiras)

1. O órgão de tutela pode ordenar a suspensão das opera-ções mineiras em caso de risco grave para a vida e para asaúde das populações, para a segurança das minas, a salubri-dade dos locais de trabalho, o ambiente, a fauna, a flora oucomo sanção prevista no presente Código ou na legislaçãocomplementar.

2. Antes de ordenar a suspensão, nos termos do númeroanterior deste artigo, o órgão de tutela deve notificar os inte-ressados para que possam solucionar as causas que funda-mentaram a suspensão no prazo de trinta dias.

3. Em casos de risco grave para a vida e a saúde daspopulações e dos trabalhadores, ou para a segurança da mina,a obrigação de suspender impende sobre o concessionário,que deve informar ao órgão de tutela as medidas a tomar paraultrapassar a situação, no prazo de até oito dias.

4. O órgão de tutela pode, a pedido do concessionário epor razões de natureza técnica e económica devidamente jus-tificadas pelo requerente, autorizar a suspensão ou reduçãodas actividades geológico-mineiras por um período que nãocomprometa a revitalização das operações.

5. A suspensão ou redução das actividades mineirasabaixo do nível estabelecido nos planos de trabalho, que nãoforem determinados por razões de força maior ou quaisqueroutras razões atendíveis ,nos termos do diploma de conces-são, do presente código ou da legislação complementar, sãoconsideradas como incumprimento do contrato de concessãoe susceptíveis de penalidades, nos termos da lei.

ARTIGO 54.°

(Causas de extinção de direitos mineiros)

Os direitos mineiros extinguem-se por qualquer dasseguintes causas:

a) caducidade;b) rescisão do contrato ou revogação do título de con-

cessão;c) resgate;d) acordo entre as partes contratuais;e) suspensão das actividades mineiras por um período

de seis meses, sem justificação;f) abandono da actividade mineira.

ARTIGO 55.°

(Caducidade)

Os direitos mineiros caducam nos seguintes casos:a) pelo decurso do prazo de vigência do título de con-

cessão e respectivas prorrogações, feitas nos ter-mos dos artigos 125.° e 134.° deste Código;

b) por se terem concluído antes do prazo as operaçõesmineiras ou esgotados os recursos mineraisobjecto da concessão, devidamente comprovadopelo órgão de tutela;

c) pelo abandono da área de concessão.

ARTIGO 56.°

(Rescisão e revogação)

1. Constituem fundamento de rescisão do contrato de con-cessão ou de revogação do título de concessão os seguintes:

a) cláusulas contratuais específicas que a ela dão lugar;b) inviabilidade técnico-económica superveniente do

projecto;c) incumprimento das obrigações legais ou das resul-

tantes do contrato ou do título de concessão;d) abandono, suspensão ou redução das actividades

mineiras, fora das condições estabelecidas nestecódigo, ou no título, ou nos contratos;

e) suspensão das operações mineiras por motivo deforça maior, definidos no contrato ou título deconcessão;

f) condenação do titular da concessão pelo crime dedesobediência qualificada, por factos resultantesde incumprimento de actos previstos nesteCódigo mandados executar pela autoridade com-petente, nos termos do artigo 213.°;

g) reconhecimento, prospecção, pesquisa e avaliaçãoou exploração de recursos minerais não incluí-dos no contrato ou título de concessão;

h) impossibilidade absoluta de cumprimento das obri-gações contratuais.

2. O incumprimento pelos concessionários das obrigaçõeslegais ou resultantes do contrato ou do título de concessão,punível com qualquer das sanções administrativas previstas

4448 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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no presente Código e na legislação complementar, só podeser invocado como fundamento de rescisão em caso de rei-teração.

3. A rescisão por iniciativa do Estado é precedida de umanotificação do concessionário indicando os motivos legais darescisão, bem como os fundamentos de facto e as provas daexistência dos mesmos, estabelecendo-se um prazo de ses-senta dias a partir da data da notificação para responder eexercer o direito de defesa.

4. O órgão de tutela aprecia os argumentos de defesa edecide no prazo de sesssenta dias, cabendo recurso destadecisão, nos termos gerais do direito administrativo. A faltade decisão ou resposta neste prazo tem os efeitos do indefe-rimento.

5. A rescisão por parte do concessionário de direitosmineiros é feita com observância dos procedimentos pres-critos no n.° 3 deste artigo, com as necessárias adaptações,sendo competente para dirimir eventuais conflitos o forojudicial da província onde se situa o órgão de tutela.

ARTIGO 57.°

(Resgate)

1. A área de concessão pode ser resgatada por razões deutilidade pública, mediante justa indemnização ao conces-sionário quando tiverem sido descobertos recursos mineraisestratégicos ou sujeitos a regime especial, cuja exploração serevista de maior interesse para a economia nacional.

2. O resgate pode ser total ou parcial, e implica a substi-tuição do concessionário pelo Estado, com transmissão paraeste da posse e da propriedade da parte dos bens resgatados,incluindo os imóveis adquiridos para o exercício de direitosmineiros, a assunção pelo Estado das dívidas do concessio-nário resultantes das actividades geológicas e mineiras e asub-rogação nos respectivos créditos.

3. Sempre que possível, a seu pedido e em condiçõescomerciais negociadas e acordadas, o concessionário que viro seu direito resgatado, nos termos do n.° 1 do presenteartigo, tem o direito de participar da nova concessão.

4. Para calcular a indemnização devida em caso de res-gate da concessão, deve atender-se aos factores seguintes:

a) valores dos investimentos realizados na fase deprospecção, pesquisa, reconhecimento e avaliação;

b) na fase de exploração, o valor do investimento rea-lizado na fase de prospecção, pesquisa, reconhe-cimento e avaliação, não recuperado;

c) valor dos bens referidos no n.° 2 deste artigo, olucro médio estimado para os dez anos seguintesde exploração e as dívidas que houver a pagar.

5. O resgate da concessão é da competência exclusiva doTitular do Poder Executivo, por proposta do titular do órgãode tutela.

ARTIGO 58.°(Extinção por acordo entre as partes)

1. Quando a extinção dos direitos mineiros resultar deacordo entre as partes, os termos do respectivo acordo deveser reduzido a escrito e assinados pelas entidades com a qua-lidade das que intervieram na assinatura no contrato de con-cessão, definindo-se as condições da extinção.

2. Salvo se de outro modo for convencionado entre as par-tes, extinta a concessão, revertem a favor do Estado todas asconstruções edificadas e outras benfeitorias realizadas pelosconcessionários, nos terrenos abrangidos pela concessão oua ela afectos.

CAPÍTULO IVResponsabilidades dos Titulares de Direitos Mineiros

SECÇÃO I

Higiene, Saúde, Segurança e Formação

ARTIGO 59.°

(Higiene, saúde e segurança)

Os titulares de direitos mineiros devem adoptar as medi-das para assegurar a higiene, a saúde e a segurança no traba-lho, bem como a prevenção dos riscos profissionais eacidentes nos locais de trabalho, nos termos regulamentadospelos órgãos competentes a aprovar pelos ministérios datutela da Geologia e Minas, da Administração Pública,Emprego e Segurança Social e da Saúde, sem prejuízo do dis-posto no presente código e na demais legislação aplicável.

ARTIGO 60.°

(Formação)

1. Os titulares de direitos mineiros devem promover asacções de formação necessárias em matéria de higiene, saúdee segurança no trabalho, bem como a observância de umacorrecta utilização das máquinas, dos materiais e dos utensí-lios de trabalho.

2. Os casos de acidentes de trabalho e de doenças profis-sionais ocorridos no exercício das actividades geológicas emineiras devem ser informados às autoridades competentes,nos termos legalmente estabelecidos.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4449

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SECÇÃO II

Responsabilidades Financeiras

ARTIGO 61.°

(Taxas e emolumentos)

1. Os serviços prestados a entidades terceiras pelas insti-

tuições públicas na realização dos actos e procedimentos

formais previstos no presente Código e na legislação com-

plementar estão sujeitos a emolumentos e taxas.

2. Compete ao Ministro das Finanças e ao titular do órgão

de tutela da Geologia e Minas aprovar o valor das taxas e dos

emolumentos a que se refere o número anterior, bem como o

seu destino.

3. As despesas decorrentes da publicação dos actos são

custeadas pelos interessados.

4. Para garantia do pagamento de taxas, emolumentos e

de outras despesas é, nos termos a determinar pelo órgão da

tutela, exigido aos requerentes o adiantamento de preparos.

ARTIGO 62.°

(Caução)

1. Às empresas privadas titulares ou co-titulares de direi-tos mineiros de prospecção ou exploração de recursos mine-rais à escala industrial é exigida a prestação de uma cauçãopara garantia do cumprimento das obrigações contratuais.

2. A garantia bancária é prestada a favor do Estado naConta Única do Tesouro e a sua gestão é efectuada, nos ter-mos que o Ministério das Finanças definir.

3. A caução é prestada por garantia bancária, ou por qual-quer outra forma de garantia admitida por lei.

4. A caução deve ser reposta pelo concessionário, no valorprimitivo e no prazo de trinta dias, sempre que, por conta damesma, for efectuado algum pagamento devido por obriga-ção contratual ou legal.

5. O valor da caução na fase de reconhecimento, pros-pecção, pesquisa e avaliação é de até 2% do valor do inves-timento e na fase de exploração este valor é de até 4%.

6. A caução deve ser realizada antes da assinatura do con-trato, constituindo o documento de prova da sua realizaçãocondição legal para a assinatura do contrato pelo órgão com-petente, sem o qual qualquer assinatura eventualmente feitase considera inexistente.

7. O valor da caução é restituído assim que seja concluídaa fase do reconhecimento, prospecção, pesquisa e avaliação,ou quando estiver realizada pelo menos 35% do investimentona fase da exploração.

SECÇÃO IIIPreservação do Ambiente

ARTIGO 63.°(Legislação aplicável)

1. Sem prejuízo do disposto no presente código, os titu-lares dos direitos mineiros devem observar as normas sobrepreservação do ambiente na actividade mineira, a ser apro-vado conjuntamente pelos órgãos que tutelam o ambiente e ageologia e minas.

2. Na aprovação de normas complementares à regulaçãoda protecção ambiental na actividade mineira deve-se tersempre em consideração a relação entre os riscos para oambiente e as vantagens que a actividade mineira pode trazerpara as comunidades, procurando-se equilibrar os dois inte-resses.

3. São aplicáveis à actividade mineira a estratégia e pro-gramas sectoriais nacionais e regionais em matéria deambiente e desenvolvimento sustentável, bem como os ins-trumentos internacionais que tenham sido subscritos porAngola, designadamente, a Convenção da Biodiversidade, oProtocolo de Cartagena, a Agenda 21 e a Convenção Inter-nacional sobre os Resíduos.

ARTIGO 64.°

(Outras regras sobre protecção do ambiente)

1. Os titulares de direitos mineiros devem zelar pela con-servação e protecção da natureza e do ambiente, cumprindoas respectivas normas legais.

2. Sem prejuízo do estabelecimento de normas ambientaisespecíficas para a actividade mineira, o aproveitamento dosminerais deve ser feito com observância das leis de base doambiente, dos recursos biológicos e aquáticos, de águas e dasnormas sobre a avaliação de impacte ambiental.

3. Os titulares de direitos mineiros estão especialmenteobrigados a observar os seguintes preceitos:

a) cumprir as obrigações decorrentes do estudo deimpacte ambiental e do plano de gestão ambien-tal, nos termos neles estabelecidos;

b) tomar as medidas necessárias para reduzir a forma-ção e propagação de poeiras, resíduos e radiaçõesnas áreas de exploração e nas zonas circundan-tes;

4450 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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c) prevenir ou eliminar a contaminação das águas e

dos solos, utilizando os meios adequados a esse

fim;

d) não reduzir nem, de qualquer outro modo, prejudi-

car o abastecimento normal de água às popula-

ções;

e) executar as operações mineiras de forma a minimi-

zar os danos aos solos;

f) reduzir o impacto do ruído e das vibrações a níveis

aceitáveis, determinados pelas autoridades com-

petentes, quando usar explosivos na proximidade

das povoações;

g) não lançar ao mar, correntes de água e lagoas, resí-

duos contaminantes nocivos à saúde humana, à

fauna e à flora;

h) informar as autoridades sobre qualquer ocorrência

que tenha provocado ou seja susceptível de pro-

vocar danos ambientais.

ARTIGO 65.°

(Avaliação do impacte ambiental)

1. A aprovação pelo órgão competente do Poder Exe-

cutivo da Avaliação do Impacte Ambiental (AIA) elaborada

pelo operador mineiro é condição prévia para a obtenção dos

direitos mineiros na fase da exploração.

2. Não se aplica à indústria mineira o princípio da apro-

vação tácita da Avaliação do Impacte Ambiental.

ARTIGO 66.°

(Cláusulas obrigatórias)

Para efeito de desenvolvimento de projectos mineiros a

Avaliação do Impacte Ambiental deve considerar os seguin-

tes aspectos:

a) avaliação dos efeitos do projecto sobre o ambiente;

b) impacto social dos projectos;

c) plano de gestão ambiental;

d) programa de acompanhamento ambiental;

e) auditorias ambientais, bem como os respectivos

relatórios ambientais;

f) programas de reabilitação ambiental;

g) plano de abandono de sítio;

h) encargos financeiros ambientais;

i) garantia financeira dos encargos ambientais;

j) planos de uso de águas;

k) planos de gestão de resíduos;

l) controlo de substâncias perigosas.

ARTIGO 67.°

(Auto-regulação e responsabilidade dos operadores)

1. Os operadores mineiros devem adoptar regras internas

de conduta em matéria ambiental que estejam de acordo com

a legislação em vigor.

2. Os operadores mineiros devem criar condições para

que os trabalhadores, a todos os níveis, reconheçam a sua res-

ponsabilidade na gestão ambiental, bem como assegurar que

sejam disponibilizados recursos, pessoal e formação ade-

quados para implementar os planos ambientais.

3. Cabe aos operadores mineiros, em colaboração com os

organismos competentes do Estado, reforçar as infra-estru-

turas, serviços e sistemas de informação, formação e qualifi-

cação dos trabalhadores em matéria de gestão ambiental nas

operações mineiras.

4. Em função dos resultados das auditorias, o órgão de

tutela pode decidir que o sistema de gestão ambiental

implantado nas empresas seja revisto, tendo como finalidade

a correcção de medidas que não assegurem eficazmente a

implementação das regras e princípios jurídicos ambientais

estabelecidos neste Código, na legislação específica, na

legislação internacional aplicável e na política ambiental do

Executivo.

ARTIGO 68.°

(Participação das comunidades na preservação do ambiente)

1. Às comunidades locais das áreas de implantação de

projectos mineiros é assegurado o direito de ser informada

sobre a Avaliação do Impacte Ambiental, sempre que este

revele poder vir a afectar o ambiente da zona em que habi-

tam, devendo serem informadas das medidas que o titular dos

direitos mineiros vai tomar para evitar ou mitigar eventuais

prejuízos decorrentes da exploração de minerais.

2. A informação às comunidades locais referida no

número anterior deste artigo é feita aos habitantes da área da

concessão através das autoridades tradicionais locais e de

outras entidades representativas, devendo realizar-se prefe-

rencialmente antes da execução do projecto.

ARTIGO 69.°

(Protecção da flora e da fauna)

Sempre que seja desenvolvida actividade mineira numa

área de comprovado potencial vegetal ou animal, os opera-

dores mineiros devem realizar estudos que prevejam a pre-

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4451

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servação desse potencial e desenvolver uma base de dados

com informação organizada e de fácil consulta sobre a bio-

diversidade local, podendo obter o concurso e a parceria de

instituições especializadas públicas ou privadas.

ARTIGO 70.°

(Protecção dos recursos hídricos)

Durante o processo de exploração mineira, os operado-

res mineiros devem tomar as seguintes medidas de protecção

dos recursos hídricos:

a) criar as bacias de decantação para sedimentos reti-

rados durante a fase de tratamento do minério,

evitando deste modo a poluição e/ou assorea-

mento dos rios e lagoas;

b) criar circuitos de reciclagem de água, de modo a

permitir o reaproveitamento da mesma nas várias

fases da produção mineira;

c) analisar regularmente a água em diversos pontos

dos rios dentro da concessão, de modo a permi-

tir o controlo da qualidade da mesma;

d) manter registos actualizados com informação rela-

tiva às alíneas a), b) e c) deste artigo.

ARTIGO 71.°

(Regras sobre o ordenamento urbano e territorial)

1. A libertação das zonas onde a actividades geológico-

-mineira não tiver resultados positivos deve ser feita com a

recuperação ou reposição da cobertura vegetal e aproveita-

mento das infra-estruturas, estradas e terrenos para o cultivo

em benefício das comunidades, sendo obrigatório informar

do facto o órgão competente da tutela.

2. Os titulares dos direitos mineiros devem proteger as

vias de acesso, estradas, pontes e outros meios de comunica-

ção viária por si construídas que deixem de ser necessárias

para o projecto, para que sejam aproveitadas para o assenta-

mento populacional ou para outros fins públicos, devendo

informar sobre a sua existência o órgão do Estado responsá-

vel pelas obras públicas e o órgão de tutela da geologia e

minas, mediante meios de identificação cartográfica.

3. Ao construir os estaleiros e outras instalações minei-

ras, os titulares de direitos mineiros devem prever dimensões

e ordenamento dos mesmos que evitem ou reduzam ao

mínimo um impacto e uma estética negativos na paisagem.

SECÇÃO IV

Responsabilidades sobre o Uso e Aproveitamento do Solo

ARTIGO 72.°

(Utilização dos solos)

1. A concessão de direitos mineiros não implica a trans-ferência da propriedade sobre as áreas atribuídas para inves-tigação geológico-mineira ou sobre os terrenos onde selocalizam as jazidas minerais, mas confere aos titulares dosdireitos mineiros respectivos, sempre que tais terrenos per-tençam ao domínio público do Estado e não estejam afectosa fins determinados, o direito de os utilizar e aproveitar nostermos e para os fins constantes das alíneas c), e) e f) doartigo 92.°, contra o pagamento das taxas de superfície esta-belecidas.

2. Sendo os terrenos pertença de particulares ou dodomínio privado do Estado ou de pessoas colectivas dedireito público, os titulares de direitos mineiros só podem uti-lizá-los ou aproveitá-los com o consentimento dos respecti-vos donos ou possuidores e nos termos autorizados ouconvencionados entre eles.

3. Só depois de suprido o consentimento referido nonúmero anterior o titular dos direitos mineiros em causa poderealizar os trabalhos de investigação geológico-mineira queimpliquem a utilização dos terrenos.

4. Para além do acordo expresso, referido no n.° 2 desteartigo, considera-se suprido o consentimento com o depósitoda renda anual e da caução provisória, fixadas nos termos don.° 1 do artigo 77.°

5. Na fase de exploração, não chegando o concessionárioa acordo com os donos ou possuidores dos terrenos situadosdentro da área demarcada, as operações não podem iniciar-sesem o concessionário os adquirir ou o Estado obter a suaexpropriação por utilidade pública, nos termos da lei.

ARTIGO 73.°

(Servidões)

1. Os titulares de direitos mineiros têm o direito de exigirservidões necessárias ao pleno exercício dos seus direitos,abrangendo não só as servidões de passagem, como tambémas demais previstas na lei que se considerem necessárias aoexercício da respectiva actividade mineira.

2. As servidões são constituídas, nos termos da lei geral,sem prejuízo da possibilidade de o ministério da tutela orde-nar a sua constituição precária.

4452 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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3. As servidões, constituídas nos termos do presentecódigo, cessam com a extinção dos direitos mineiros para oexercício dos quais foram constituídas.

Artigo 74.°(Protecção dos solos e da paisagem)

1. Os trabalhos de prospecção e pesquisa devem ser exe-cutados por forma a perturbar o menos possível o uso nor-mal dos solos pelos seus donos ou possuidores e, concluídosos trabalhos, devem os titulares dos direitos de prospecçãotratar ou remover os entulhos e tapar as sanjas e trincheiras,procurando devolver aos terrenos a sua antiga configuração.

2. As operações de extracção dos recursos minerais e de

tratamento dos minerais extraídos devem efectuar-se de

forma a não comprometer a reintegração paisagística, a

recuperação dos solos e o seu futuro aproveitamento.

ARTIGO 75.°

(Restauração e recuperação de solos)

1. As actividades geológicas e mineiras devem processar-se

de acordo com as normas técnicas e regulamentares de

racionalidade mineira, porforma a permitir, na medida do

possível, a restauração dos solos para os fins a que se desti-

navam antes de iniciadas as actividades mineiras, ou a sua

recuperação para usos alternativos, sem prejuízo do

ambiente.

2. Os titulares de direitos mineiros devem, depois de ter-

minados os trabalhos, proceder à restauração dos terrenos e

à recuperação paisagística, conforme previsto pelo Estudo de

Avaliação do Impacte Ambiental.

3. Antes de abandonar definitivamente a área da conces-

são, os titulares de direitos mineiros devem solicitar ao

ministério da tutela a vistoria da respectiva área de operações

mineiras, a qual se faz nos termos do plano de encerramento

e abandono das operações mineiras aprovado pelo órgão de

tutela nos termos deste Código.

ARTIGO 76.°

(Deveres e direitos dos possuidores de solos)

Os possuidores ou proprietários de solos têm direito a

uma renda pelo tempo que durarem as actividades corres-

pondentes de prospecção e pesquisa, e a serem indemniza-

dos pelos prejuízos que lhes causarem, mas devem ter na

devida consideração o interesse relativo da produção mineira

para a economia nacional, abstendo-se de criar entraves

injustificados aos trabalhos de investigação geológico-mineira.

ARTIGO 77.°

(Fixação de renda anual e de caução por ocupação de terrenos)

1. Na falta de acordo com os donos ou possuidores dos

terrenos a que se refere o artigo anterior, pode o titular de

direitos mineiros de prospecção e/ou de exploração requerer

aos ministros que tutelam a actividade mineira e as activida-

des exercidas pelo dono ou possuidor da terra que, de acordo

com o seu prudente arbítrio, procedam, por despacho con-

junto, à fixação da renda anual, correspondente à respectiva

utilização durante as operações de prospecção e/ou de

exploração e de uma caução que garanta o pagamento dos

prejuízos que aquelas operações possam vir a causar.

2. Na fixação da renda referida no número anterior deve

ter-se em consideração o rendimento líquido estimado da

terra cuja utilização possa vir a ser perturbada, ou deixada de

ser utilizada, ou prejudicada para a actividade a que se

encontrar afecta.

3. O valor da caução a ser fixado deve ter em conta a

renda estabelecida nos termos do número anterior, bem como

as infra-estruturas que previsivelmente venham a ser danifi-

cadas ou destruídas.

4. Se o titular dos direitos sobre o terreno não concordar

com os valores fixados, pode, no prazo de quinze dias a con-

tar da data de notificação do despacho conjunto dos minis-

tros, referido no n.° 1 deste artigo, recorrer ao tribunal

territorialmente competente, que decide de harmonia com os

preceitos do artigo 1425.° do Código do Processo Civil, com

as adaptações necessárias à natureza do pedido.

5. Da decisão do tribunal territorialmente competente

cabe recurso, com efeito meramente devolutivo.

SECÇÃO V

Responsabilidades Sobre o Uso de Explosivos

ARTIGO 78.°

(Regime aplicável)

1. A aquisição, transporte, armazenamento e uso de subs-tâncias explosivas para uso na actividade mineira são regu-lados pelas leis e regulamentos actualmente em vigor eaplicadas pela Polícia Nacional, ou por diploma específicoque as substitua, o qual deve ser aprovado pelo Titular doPoder Executivo mediante proposta do Ministério do Interiore do órgão de tutela da geologia e minas.

2. Em cada mina devem ser adoptadas técnicas e medidasde segurança sobre o planeamento, a execução e o monitora-

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4453

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mento do uso de explosivos, que devem constar do Plano deExploração da Mina.

ARTIGO 79.°

(Explosivos permitidos na actividade mineira)

As substâncias explosivas permitidas na actividade

mineira são as pólvoras e os explosivos, podendo apresen-

tar-se a granel ou encartuchadas.

ARTIGO 80.°

(Aquisição, transporte e uso de explosivos)

A aquisição, transporte e uso de produtos explosivos, pól-

voras e artifícios de iniciação deve ser feito por pessoal

devidamente habilitado e carece de autorização da Polícia

Nacional.

ARTIGO 81.°

(Operador de explosivos)

1. As operações de manuseamento de substâncias explo-

sivas e acessórios de fogo na indústria mineira só podem ser

executadas por operador de explosivos que cumpra os requi-

sitos estabelecidos neste capítulo.

2. O emprego de produtos explosivos na actividade

mineira só pode ser efectuado por operador de explosivos

habilitado com a Cédula de Operador de Explosivos, emitida

pela Polícia Nacional.

3. Sem prejuízo do procedimento criminal ou civil a que

haja lugar, a Cédula de Operador de Explosivos pode ser

retirada pela entidade emissora quando o operador revele

incúria, incompetência evidente ou desrespeite as regras

estabelecidas sobre o uso de explosivos na actividade

mineira.

ARTIGO 82.°

(Requisitos do operador de fogo mineiro)

1. O operador de explosivos mineiros deve satisfazer asseguintes condições:

a) ser angolano com mais de vinte e cinco anos;b) possuir formação específica em matéria de explo-

sivos;c) oferecer boas garantias de ordem pública e morali-

dade;d) possuir como habilitação mínima o terceiro nível;e) ser para este fim designado pelo director técnico da

mina.

2. Excepcionalmente, quando não haja técnicos nacionais

com habilitação para o efeito, o pessoal de fogo pode ser de

nacionalidade estrangeira, mediante autorização prévia da

Polícia Nacional, sob parecer do ministério da tutela. Neste

caso, é obrigatória a execução, pela empresa concessionária

respectiva, de um programa de formação de operadores de

fogo angolanos que substituam o operador estrangeiro, num

prazo que não exceda cinco anos.

ARTIGO 83.°

(Operador de fogo mineiro)

1. Para efeito do presente código, integram a categoria de

operador de fogo mineiro:

a) os paioneíros;

b) os encarregados e sub-encarregados de escavações;

c) os capatazes;

d) os picadores e carregadores de fogo e seus ajudan-

tes;

e) os electricistas das linhas de tiro e seus ajudantes.

2. Cada picador ou carregador de fogo não pode ser

auxiliado por mais de um ajudante.

3. Aos fiscais oficiais determinados pela Polícia Nacional

é fornecida a relação nominal do pessoal a que se refere o

n.° 1 deste artigo, a qual deve estar sempre actualizada,

havendo em cada frente e em cada turno até quatro picado-

res e quatro ajudantes. Em caso de grandes frentes de traba-

lho, a Polícia Nacional pode autorizar um maior número de

picadores e ajudantes.

ARTIGO 84.°

(Segurança dos operadores de fogo)

1. Durante o manuseamento das substâncias explosivas eacessórios de fogo, os operadores de fogo devem tomar asseguintes medidas de protecção mínimas:

a) usar equipamento de protecção individual e uni-forme, capacete e vestuário apropriados, que nãodificultem os movimentos no acendimento dorastilho e retirada para os abrigos;

b) não usar calçado com cordas ou com biqueirasmetálicas;

c) dispor de sacola de couro ou de lona para transportede explosivos;

d) outros meios legalmente exigidos.

2. Os capacetes do pessoal de fogo, bem como as caixasou bolsas para transporte de explosivos ou acessórios de fogo

4454 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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devem ser listados com tinta fluorescente vermelha, capaz deproporcionar boa visibilidade de dia e de noite.

ARTIGO 85.°

(Requisitos para o disparo)

1. Em cada mina onde seja necessário o uso de explosi-vos deve ser elaborado previamente o respectivo plano defogo, de acordo com as regras e princípios específicos sobrea matéria.

2. O plano de fogo referido no número anterior desteartigo deve ser previamente submetido à aprovação da Polí-cia Nacional.

3. Nenhuma explosão pode ser provocada sem que o ope-rador de fogo responsável verifique que todos os trabalhado-res estejam convenientemente protegidos, que os acessosestão devidamente vigiados e que não haja o risco de pessoasou bens a serem atingidos.

ARTIGO 86.°

(Armazenamento)

Os explosivos e os detonadores são obrigatoriamentearmazenados separadamente em paióis e paiolins, respecti-vamente, previamente licenciados e fiscalizados pela PolíciaNacional.

ARTIGO 87.°

(Classificação e licenciamento dos paióis e paiolins)

1. A construção dos paióis e paiolins obedece aos critériosde construção, duração, instalação e lotação definidos pelaPolícia Nacional, de acordo com a legislação em vigor.

2. O licenciamento para a construção de paióis e paiolinsé emitido pela Polícia Nacional, mediante requerimento doconcessionário de direitos mineiros respectivo, observadasas regras para a sua construção, referidas no número anterior.

ARTIGO 88.°

(Condições de armazenamento)

Todas as estruturas utilizadas para o armazenamento desubstâncias explosivas devem obedecer aos seguintes requi-sitos mínimos obrigatórios:

a) ser uma construção em betão e/ou alvenaria, comcondições adequadas de segurança e resistênciapara o tipo de explosivos a armazenar:

b) as portas devem possuir sistema de fecho com con-dições técnicas que garantam a seguranças das

instalações e impeçam o acesso às substânciasexplosivas de pessoal não autorizado;

c) possuir um sistema eficaz de protecção contra des-cargas atmosféricas por meio de pára-raios;

d) estar protegido com maciços de terra ou traveses dealtura igual à do burel da cobertura do paiol;

e) não possuir rede eléctrica de iluminação no interior.

LIVRO IIDo Exercício de Direitos Mineiros

CAPÍTULO VTitularidade de Direitos Mineiros

ARTIGO 89.°

(Títulos de direitos mineiros)

1. Os direitos mineiros são conferidos pela emissão deum dos seguintes títulos:

a) título de prospecção, para o reconhecimento, pros-pecção, pesquisa e avaliação de recursos mine-rais;

b) título de exploração, para a exploração de recursosminerais;

c) alvará mineiro, para a prospecção ou exploração derecursos minerais aplicáveis na construção civil;

d) senha mineira, para a exploração artesanal.

2. Os títulos mineiros são emitidos pelo titular do órgãoda tutela, após concluídos e aprovados os respectivos pro-cessos de obtenção das concessões de direitos mineiros, naforma prevista neste Código, e depois do pagamento dastaxas e emolumentos a que houver lugar.

3. Os títulos mineiros são numerados, datados e referen-ciados com a indicação codificada do processo de registocadastral respectivo, devendo conter os seguintes dados, entreoutros:

a) identificação do titular;b) autoridade que autorizou a concessão do direito;c) o número do Diário da República ou de outro meio

de publicação que publicou a decisão que apro-vou a concessão do direito concedido;

d) identificação do mineral a que se refere o títuloobtido;

e) área das operações mineiras e sua localização geo-gráfica;

f) duração do direito de concessão e data de expira-ção;

g) condições de prorrogação do período de validadedo título;

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4455

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h) espaços para a inscrição de averbamentos resultan-tes de eventuais transmissão de direitos ou outraseventualidades legais;

i) assinatura da autoridade emissora do título, data daassinatura e autenticação da assinatura.

ARTIGO 90.°

(Capacidade para o exercício de direitos mineiros)

Só é permitido o exercício de actividade mineira a pes-soas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, comcapacidade técnica e financeira adequada ao exercício daactividade mineira a que se proponham.

ARTIGO 91.°

(Garantias jurídicas)

Aos titulares de direitos mineiros são reconhecidas asseguintes garantias jurídicas:

a) os pedidos de acesso aos direitos mineiros sãoregistados e decididos de acordo com a ordem deentrada, dentro dos prazos legalmente estabele-cidos;

b) aos pedidos de concessão de direitos mineiros éprestada a devida publicidade;

c) a exploração dos recursos minerais reveladosdurante a prospecção, sem quaisquer restrições, anão ser as que resultem expressamente das nor-mas deste Código ou de legislação complemen-tar;

d) os títulos para a exploração dos recursos mineraissão atribuídos em regime de exclusividade,podendo ser transmitidos nos termos desteCódigo;

e) o apoio do Estado necessário para a realização dasactividades mineiras e o respeito pelos direitos aelas inerentes;

f) o direito de dispor e comercializar livremente o pro-duto da mineração, observadas as regras e pro-cedimentos estabelecidos neste Código e emlegislação complementar sobre a matéria.

ARTIGO 92.°

(Direitos dos titulares)

Os titulares de direitos mineiros concedidos para o reco-nhecimento, prospecção, pesquisa, avaliação ou exploraçãode recursos minerais gozam, entre outros, dos seguintesdireitos:

a) obter ou consultar junto das estruturas competen-tes do órgão de tutela as informações geológico-

-mineiras disponíveis sobre a área abrangida pelaconcessão;

b) obter a colaboração das autoridades administrativaspara a realização dos trabalhos de campo e paraconstituição de servidões de passagem, nos ter-mos da lei;

c) utilizar as águas superficiais e subterrâneas exis-tentes nas proximidades da área de concessão quenão se encontrem aproveitadas ou cobertas poroutro título de exploração específica, sem pre-juízo dos direitos de terceiros e observando-sesempre a legislação mineira;

d) construir e implantar as infra-estruturas e as insta-lações necessárias à execução das actividadesgeológico-mineiras;

e) utilizar, nas condições legais e regulamentares per-tinentes, os terrenos demarcados para a implan-tação das instalações mineiras, dos edifícios e dosequipamentos;

f) alterar, nos termos dos planos e programas de tra-balho aprovados, e na medida necessária para aexecução das operações mineiras, a configuraçãonatural das áreas objecto da concessão;

g) realizar as actividades geológico-mineiras necessá-rias à execução dos planos de trabalho aprova-dos, sem outras limitações que não sejam asdecorrentes das normas legais, do contrato deconcessão ou do despacho do órgão de tutela;

h) extrair, transportar e beneficiar dos recursos mine-rais objecto do contrato, nos termos da lei;

i) dispor dos recursos minerais extraídos e comercia-lizá-los, nos termos da lei;

j) recuperar, através dos resultados da exploração, asdespesas de investimento efectuadas na fase dereconhecimento, prospecção, pesquisa e avalia-ção;

k) ser indemnizado pelos prejuízos que possamdecorrer de quaisquer acções limitativas do exer-cício dos direitos mineiros, nos termos da lei oudo contrato de concessão.

ARTIGO 93.°

(Obrigações dos titulares)

Os titulares de direitos mineiros têm, entre outras, asseguintes obrigações:

a) não dar início ao exercício das actividades geoló-gico-mineiras, sem estar munido do competentetítulo;

b) iniciar os trabalhos de reconhecimento, prospecção,pesquisa e avaliação no prazo de cento e oitentadias contados da data da aprovação do contrato

4456 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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pelo órgão competente, salvo impossibilidaderesultante de força maior demonstrada e comu-nicada ao órgão de tutela à concessionária nacio-nal;

c) assegurar o emprego de técnicos e trabalhadoresangolanos, bem como providenciar acções deformação e capacitação técnico-profissional dosmesmos, nos termos da lei;

d) aplicar os métodos mais aptos para a obtenção demaior rendimento, compatíveis com as condiçõeseconómicas do mercado, com a protecção doambiente e com o aproveitamento racional dosrecursos minerais, não realizando a exploraçãoambiciosa dos mesmos;

e) proceder ao registo de todas as actividades deinvestigação geológico-mineira que efectuem;

f) comunicar, periodicamente, ao órgão de tutela e àconcessionária nacional, nos termos estabeleci-dos pelo órgão de tutela, o registo de dadostécnicos resultantes das actividades geológico--mineiras efectuadas;

g) registar e contabilizar todas as despesas efectuadas,decorrentes da execução do plano de reconheci-mento, prospecção, pesquisa e avaliação e doplano de investimentos;

h) permitir o controlo e a fiscalização da sua activi-dade por parte das competentes autoridades doórgão de tutela ou a concessionária nacional,incluindo o acesso ao registo de dados de natu-reza técnica, económica e financeira relacionadocom as operações mineiras, bem como permitir avisita dos seus agentes à área de concessão;

i) libertar progressivamente a área inicial abrangidapela atribuição dos direitos mineiros de prospec-ção, nos termos e condições deste código e dorespectivo contrato de concessão;

j) cumprir o plano de exploração aprovado, respei-tando as disposições legais e regulamentares e amelhor metodologia das operações mineiras;

k) cumprir os prazos de execução das operaçõesmineiras e de programa de produção estabeleci-dos, mantendo a exploração em actividade, salvonos casos de suspensão autorizada ou impostaoficialmente, ou ainda quando determinada porrazões de força maior;

l) garantir e promover o cumprimento das normas desegurança e higiene no trabalho;

m) cumprir as imposições do Estudo de Avaliação doImpacte Ambiental;

n) desenvolver acções de protecção à natureza e aoambiente, de acordo com o Estudo de Avaliaçãodo Impacte Ambiental aprovado pelas autorida-des competentes;

o) promover a segurança, saúde, higiene e salubridade

pública, em conformidade com a regulamentação

nacional e internacional aplicável na República

de Angola;

p) informar de imediato as entidades competentes

sobre todas as ocorrências de acidentes de traba-

lho e doenças profissionais;

q) dar a conhecer ao órgão de tutela as estatísticas do

pessoal que possua, as realizações de carácter

social e, na fase de exploração, os dados relativos

ao exercício anual, contendo elementos técnicos,

sociais e de vendas;

r) informar as incidências da actividade mineira sobre

a ocupação do solo e as características do

ambiente;

s) reparar nos termos das disposições sobre responsa-

bilidade do Código Civil os danos provocados a

terceiros pelo exercício das actividades geoló-

gico-mineiras.

ARTIGO 94.°

(Transmissão de títulos mineiros)

1. Sem prejuízo do referido nos artigos 48.° e seguintes

deste Código, é permitida a transmissão de títulos mineiros a

terceiros, desde que seja autorizada pelo órgão de tutela.

2. Nos casos em que a atribuição de direitos mineiros é da

competência do Titular do Poder Executivo, a autorização

para a transmissão do respectivo título mineiro depende de

aprovação prévia deste órgão.

3. A transmissão de títulos mineiros só pode ser autori-

zada se a entidade a favor de quem se pretender transmitir

reunir os requisitos exigidos aos concessionários originários

de direitos estabelecidos pelo presente Código e demais

legislação aplicável.

4. A transmissão de títulos mineiro é averbada no título

transmitido e no registo cadastral respectivo com os dados

do novo titular e os relativos à autorização de transmissão,

devendo a alteração de titulares ser publicada nos mesmos

termos da publicação da concessão originária do título.

5. A autorização para a transmissão de direitos mineiros

referida no presente artigo está sujeita ao pagamento de taxas

e emolumentos e o respectivo pedido fica sem efeito se nos

trinta dias de calendário após a notificação do interessado

não for efectuado o pagamento.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4457

Page 22: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

CAPÍTULO VIAcesso aos Direitos Mineiros

SECÇÃO I

Pedidos de Concessão de Direitos Mineiros

ARTIGO 95.°

(Formas de produção mineira)

1. A produção de mineirais realiza-se nas formas de pro-dução industrial, produção semi-industrial e produção arte-sanal.

2. O regime de produção artesanal é o estabelecido noCapítulo XI deste Código.

3. O regime de produção industrial e semi-industrial cons-titui o regime regra, o qual se aplica a generalidade da pro-dução mineira.

4. Compete ao Titular do Poder Executivo aprovar asregras especiais que a produção semi-industrial forem apli-cáveis especificamente.

ARTIGO 96.°

(Condições de acesso aos direitos mineiros)

1. O acesso aos direitos mineiros estabelecidos nesteCódigo e na legislação complementar é permitido às pessoassingulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, que, pre-tendendo exercer actividades mineiras no território nacionalou em quaisquer áreas que se encontrem sob jurisdição daRepública de Angola, requeiram a respectiva concessão dedireitos nos termos e condições previstas neste Código e nalegislação complementar.

2. Não é permitido o acesso a direitos mineiros nos casosem que se verifique uma das seguintes condições oucircunstâncias:

a) pessoas com menos de dezoito anos;b) pessoas condenadas pela prática de crimes contra a

propriedade e contra a economia, como tal tipifi-cados na lei, puníveis com pena de prisão maior;

c) pessoas consideradas por entidade competente, comdecisão definitiva, como responsáveis por gravesdanos ambientais definidos como tal nos termosda lei;

d) devedores em mora por obrigações tributárias oucontribuições para a segurança social;

e) pessoas colectivas em processo de liquidação, fusãoou cisão;

f) pessoas com processo de declaração de falência ouinsolvência;

g) pessoas colectivas cujos representantes ou manda-tários estejam abrangidos pelos impedimentosestabelecidos nas alíneas b), e c) deste número.

ARTIGO 97.°

(Regras sobre a atribuição de direitos mineiros)

1. A atribuição de direitos mineiros é feita mediante umdos seguintes meios:

a) concurso público realizado por iniciativa do órgãode tutela;

b) pedido do interessado dirigido ao órgão de tutela,nos termos deste Código.

2. A atribuição de direitos mineiros à escala industrial ousemi-industrial é sempre precedida de informação geológicafavorável do órgão competente e de negociação no âmbitode um processo de investimento e de atribuição de títulosmineiros, nos termos estabelecidos neste Código.

3. A atribuição de direitos mineiros à escala artesanal éprecedida de informação geológica favorável do órgão com-petente, na base da qual é exarado o despacho de concessãode direitos e do respectivo título ou credenciamento peloministro da tutela, nos termos estabelecidos neste Código.

4. Sempre que não haja lugar a concurso público, osdireitos mineiros de reconhecimento, prospecção, pesquisa,avaliação e exploração são atribuídos ao primeiro solicitante,desde que possua as capacidades técnicas e financeirasnecessárias para desenvolver a actividade mineira requerida,cumpra as exigências formais e de procedimento previstasnesta secção e se comprometa a observar as exigências emmatéria ambiental constantes da legislação em vigor.

5. Não é permitida a atribuição de direitos mineiros paraa mesma área de concessão a entidades diferentes.

ARTIGO 98.°

(Concurso público)

1. O órgão de tutela realiza obrigatoriamente concursopúblico para atribuição de direitos mineiros nos seguintescasos:

a) quando, em razão de estudos realizados ou aprova-dos pelo órgão responsável pela geologia, a áreaseja considerada de elevado potencial geológico;

b) quando se trate de um mineral considerado estraté-gico nos termos deste Código.

2. O órgão de tutela deve publicar, pelo menos uma vezpor ano, no decurso dos primeiros três meses de cada ano, a

4458 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Page 23: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

relação das áreas e recursos minerais cuja concessão pode seratribuída por concurso público.

ARTIGO 99.°

(Regulamento do concurso público)

1. As regras e procedimentos do concurso público são,

com as devidas adaptações, as aplicáveis aos concursos para

empreitadas de obras públicas, devendo ser elaborada pelo

órgão da tutela e aprovada pelo Titular do Poder Executivo

regulamentação específica para o concurso público à con-

cessão de direitos mineiros.

2. Os termos de referência do concurso público são sem-

pre divulgados em aviso mandado publicar pelo órgão de

tutela no Diário da República ou num dos jornais diários de

maior circulação nacional.

ARTIGO 100.°

(Pedidos de informação sobre áreas para concessão)

1. Os pedidos de informação sobre áreas para a concessão

de direitos mineiros são feitos junto dos serviços de infor-

mação geológica, devendo ser formulados em requerimento

dirigido ao ministro da tutela, contendo os seguintes dados:

a) identificação do requerente e a indicação do repre-

sentante legal, caso se trate de pessoa colectiva;

b) indicação do mineral para cujos direitos mineiros

de prospecção e/ou exploração solicita informa-

ção;

c) indicação, sob juramento de honra, de que não está

abrangido por nenhum dos impedimentos refe-

ridos no artigo 96.° para ser titular dos direitos

mineiros cuja informação se solicita;

d) mapa geodésico com a indicação exacta da área

requerida.

2. O requerimento referido no número anrerior dá entrada

nos serviços de informação geológica, passando a ter um

número de entrada.

3. A informação deve ser prestada no espaço de trinta dias

após a entrada do requerimento e está sujeita ao pagamento

de taxas e emolumentos.

4. A informação prestada em resposta ao pedido de

informação não confere ao requerente qualquer direito

mineiro sobre a área em causa, podendo, contudo, servir de

base para o pedido de concessão de direitos mineiros.

ARTIGO 101.°

(Pedido de concessão de direitos mineiros)

1. O pedido para a concessão de direitos mineiros dá

entrada no gabinete do ministro que tutela a geologia e minas

e deve ser formulado através de requerimento dirigido ao

ministro, contendo os dados referidos no n.° 1 do artigo 100.°

2. O requerimento a que se refere o n.° 1 deste artigo é

instruído com os documentos comprovativos da idoneidade

e capacidades técnica e financeira do requerente, bem como

da capacidade de satisfação das exigências em matéria

ambiental previstos nas leis e regulamentos e nos tratados e

convenções internacionais de que a República de Angola seja

parte.

3. O pedido para a concessão de direitos mineiros para a

exploração artesanal, de minerais destinados à construção

civil e para a exploração de águas minerais dá entrada nos

serviços competentes do cadastro mineiro, mas as condições

de acesso e o processo de outorga de direitos estão sujeitos ao

regime especial estabelecido neste Código e na legislação

complementar para cada um desses minerais.

4. Para efeitos de investimento estrangeiro, constitui com-

provativo das capacidades técnicas e financeiras a apresen-

tação pelo requerente de um dossier contendo a seguinte

informação:

a) experiência do ente jurídico na área mineira;

b) descrição dos meios técnicas e programa de traba-

lhos;

c) descrição das despesas mínimas;

d) cópia do balanço e contas dos últimos três anos.

5. Do pedido para a concessão de direitos mineiros devem

ainda constar informações credíveis sobre os objectivos eco-

nómicos a alcançar, a área pretendida, o compromisso de res-

peitar as exigências em matéria ambiental, os meios técnicos

e financeiros e o orçamento previsional.

6. Os pedidos que não preencherem os requisitos refe-

ridos nos n.os 1 e 2 deste artigo não são atendidos, notificando-

se do facto o requerente, com indicação exacta das causas do

não atendimento do pedido.

7. Da decisão de não atendimento cabe reclamação e

recurso, nos termos do procedimento e contencioso adminis-

trativos.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4459

Page 24: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

ARTIGO 102.°

(Registo dos pedidos)

1. Da recepção do requerimento entregue nos termos doartigo anterior é emitido um recibo passado em formuláriocontendo os dados do requerente e da área requerida, bemcomo o número do requerimento, a hora e o dia da entrada,devendo ser assinado pelo funcionário competente e carim-bado.

2. O original desse formulário é entregue ao requerente ea cópia é anexada ao respectivo processo.

ARTIGO 103.°

(Resposta aos pedidos)

1. Os requerimentos são apreciados por ordem de entrada,devendo ser atendido o que tenha dado entrada do pedido emprimeiro lugar. Os eventuais vícios de forma quanto aosrequisitos e formalidades do pedido de concessão, de acordocom as regras estabelecidas neste Código, não anulam a pri-mazia da entrada, sendo arbitrado um prazo de oito dias paraserem corrigidos.

2. No prazo máximo de trinta dias úteis, os requerentesdevem ser informados sobre a disponibilidade ou não da árearequerida, com indicação das taxas e emolumentos a pagar,ou das causas da indisponibilidade, caso seja esta a informa-ção a prestar.

3. Da decisão de não atendimento do pedido cabe recla-mação e recurso, nos termos do procedimento e contenciosoadministrativos.

4. Em caso de disponibilidade da área requerida, orequerente tem o prazo de quinze dias de calendário, a con-tar da data da notificação, para proceder ao pagamento dastaxas e emolumentos exigíveis, findo o qual, sem que hajaprocedido ao pagamento, o pedido considera-se deserto e semnenhum efeito.

ARTIGO 104.°

(Publicação de editais sobre pedidos)

1. Após o pagamento das taxas e emolumentos exigíveis,o Cadastro deve manda publicar por éditos, em duas publi-cações separadas com intervalos de dois dias entre cadapublicação, em pelo menos dois dos jornais de maior cir-culação, e na página da Web do órgão de tutela ou doCadastro, a informação sobre o pedido de concessão com osdados resumidos referidos no artigo 101.°, devendo serarquivados no processo as cópias das respectivas publicaçõescom as datas de publicação visíveis.

2. Decorridos quinze dias após a 2.ª e última publicação

escrita dos éditos, sem que haja qualquer reclamação ou

impugnação do pedido, continuar-se-á com o processo de

atribuição do respectivo título mineiro, de acordo com o

estipulado neste Código.

ARTIGO 105.°

(Reclamações e impugnações de pedidos)

1. As reclamações e requerimentos de impugnação são

dirigidos ao ministro da tutela e dão entrada no órgão com-

petente do cadastro mineiro.

2. Só podem reclamar ou impugnar os pedidos de direi-

tos mineiros as pessoas com legitimidade e capacidade legal

para a reclamação ou impugnação e com interesse directo no

caso.

3. Têm interesse directo no caso para reclamar ou

impugnar todos aqueles que sobre as áreas em causa possuam

direitos de propriedade, ou direitos pignoratícios, ou direitos

da mesma natureza dos pedidos, ou direitos de superfície, ou

quaisquer direitos reais.

4. As pessoas que reclamarem ou impugnarem o pedido

de concessão de direitos mineiros devem juntar cópias dos

documentos comprovativos dos seus direitos e de outras

informações relevantes para a correcta e eficaz apreciação do

caso e dos direitos reclamados ou impugnados.

5. A falta de documentos comprovativos torna os reque-

rimentos de reclamação ou de impugnação ineptos, dando

origem ao seu indeferimento liminar e à continuação do pro-

cesso de atribuição de direitos mineiros em curso.

6. Havendo reclamação ou impugnação do pedido devi-

damente formulado, o responsável máximo dos recursos geo-

lógicos manda abrir um processo de averiguações para apurar

a veracidade da reclamação ou da impugnação, podendo

recorrer a outras instituições do Estado para proceder à sua

verificação e autenticidade.

7. As partes interessadas na reclamação ou impugnação

devem ser notificadas do resultado final do processo de ave-

riguação e da decisão, no prazo de quinze dias.

8. Da decisão sobre o inquérito cabe reclamação e recurso

nos termos do procedimento e contencioso administrativos.

4460 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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ARTIGO 106.°

(Certificado de pedido de concessão mineira)

1. Depois de apreciados e confirmada a viabilidade pro-cessual dos pedidos, nos termos dos artigos anteriores destasecção, os serviços geológico-mineiro emitem o Certificadode Registo de Pedido de Concessão Mineira (RPCM).

2. O original do RPCM é entregue ao requerente e umacópia do mesmo é encaminhado para o órgão com compe-tência para negociar os contratos, ou para autorizar a atribui-ção dos respectivos títulos, consoante os casos.

CAPÍTULO VIIDo Investimento no Sector Mineiro

ARTIGO 107.°

(Investimento público)

O investimento público em actividades mineiras é condi-cionado à necessidade objectiva de o Estado intervir empre-sarialmente no sector mineiro, demonstrada através deestudos fundamentados, aprovados pelo Titular do PoderExecutivo.

ARTIGO 108.°

(Investimento privado)

1. O investimento em actividades mineiras realizado porentidades privadas, nacionais ou estrangeiras, como tal defi-nidas na lei, está sujeito a autorização específica, nos termosdefinidos neste Código.

2. As regras sobre investimento privado na actividademineira são as estabelecidas no presente capítulo.

3. Aplicam-se subsidiariamente ao investimento privadona actividade mineira as disposições da Lei n.° 20/11, de 20de Maio - Lei do Investimento Privado e da legislação cam-bial.

ARTIGO 109.°

(Parcerias comerciais)

1. Os direitos mineiros de prospecção e exploraçãopodem ser atribuídos a entidades reunidas comercial ouempresarialmente através de instrumentos de parceria per-mitidos por lei, desde que se mostrem reunidos os seguintesrequisitos:

a) os associados satisfaçam as condições estabele-cidas neste Código para ter acesso aos direitosmineiros;

b) os associados consagrem no instrumento de parce-ria a sua responsabilidade solidária pelo cumpri-mento das obrigações contraídas por qualquerum deles perante o Estado e perante terceiros,decorrentes do exercício dos respectivos direitosmineiros.

2. No estabelecimento de parcerias comerciais deve serdada preferência a parceiros ou empresas nacionais, nos ter-mos da legislação em vigor.

ARTIGO 110.°

(Regimes de investimento privado)

1. O investimento privado subdivide-se, segundo o tipode actividade mineira ou a categoria dos minerais em causa,nos seguintes regimes processuais:

a) regime geral de investimento mineiro;b) regime de investimento em minerais estratégicos,

como tal definidos na lei, explorados de formaindustrial;

c) regime de investimento artesanal, para os mineraiscuja exploração seja realizada de forma nãoindustrial, nos termos definidos neste Código eregulamentação complementar.

CAPÍTULO VIIIRegime Geral de Investimento Mineiro

SECÇÃO I

Disposições Gerais

ARTIGO 111.°

(Contrato de investimento mineiro)

1. O investimento para a prospecção, estudo, avaliação eexploração mineira industrial realiza-se mediante contrato deinvestimento, de natureza administrativa, aprovado peloministro da tutela.

2. Quando o valor do investimento for superior ao equi-valente em Kwanzas a USD 25 000 000,00 (vinte e cincomilhões de dólares) é competente para aprovar o contrato deinvestimento mineiro o Titular do Poder Executivo.

3. Independentemente do valor do contrato, o titular doórgão de tutela é o interlocutor por parte do Estado em tudoo que diga respeito à negociação e às disposições do contrato.

4. Quando os direitos mineiros forem exercidos exclusi-vamente por uma empresa detida integralmente pela Con-cessionária Nacional compete ao Titular do Poder Executivo

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4461

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aprovar o respectivo projecto de execução das operaçõesmineiras para cada fase do processo de mineração, nãohavendo necessariamente lugar a celebração de contrato.

ARTIGO 112.°

(Comissão de negociação dos contratos)

1. Os contratos de concessão de direitos mineiros para a

exploração industrial de minerais são negociados por uma

Comissão de Negociações criada por despacho do ministro

da tutela.

2. Quando houver negociação de facilidades ou isenções

fiscais e aduaneiras, a Comissão de Negociações deve ser

integrada por um membro do Ministério das Finanças.

3. Quando os minerais a explorar estiverem afectos a uma

concessionária nacional, esta participa das negociações con-

ducentes ao contrato de investimento mineiro.

4. A Comissão de Negociações conduz, em nome do titu-

lar do órgão de tutela, as negociações com o investidor e lavra

as actas de cada sessão das negociações.

5. No final das negociações a Comissão elabora uma

informação, onde relata os nomes dos participantes da nego-

ciação e a qualidade em que intervieram, os elementos rele-

vantes da negociação, a sua opinião e propostas sobre

pedidos de isenções fiscais e/ou aduaneiras, e a informação

sobre a data do fim das negociações e o seu resultado,

devendo os seus membros rubricar as folhas do contrato

negociado.

6. Findas as negociações, o coordenador da comissão de

negociações remete a informação e o contrato rubricado ao

ministro da tutela para os devidos efeitos.

ARTIGO 113.°

(Fases do contrato)

1. Quando houver lugar a prospecção prévia, o contratode investimento mineiro contém regras repartidas entre asseguintes três fases do processo de mineração:

a) reconhecimento e prospecção, abreviadamente Fasede Prospecção, a exercer no prazo previsto nosartigos 125.º e 261.º e seguintes;

b) estudo e avaliação, abreviadamente Fase de Ava-liação, a exercer no prazo máximo de doze mesesapós a fase de prospecção;

c) exploração, abreviadamente Fase de Exploração, aexercer no prazo previsto no artigo 133.°

2. As regras, os direitos e as obrigações sobre as três fasesdo processo de mineração são previstas num único contratode investimento.

3. A cada fase de prospecção e de exploração do processode mineração corresponde um título mineiro, cuja autoriza-ção depende do cumprimento das obrigações referidas nesteCódigo para cada uma dessas fases.

ARTIGO 114.°

(Garantia de acesso aos direitos de comercialização)

À entidade investidora com a qual for celebrado um con-trato de investimento mineiro são garantidos os direitosmineiros de comercialização, devendo as condições decomercialização constar do contrato de investimento mineirorespectivo.

ARTIGO 115.°

(Declaração de intenção de investimento)

Para a fase da prospecção, o investidor apresenta ao órgãocompetente uma cópia do Certificado de Registo do Pedidode Concessão Mineira (CPCM) emitido nos termos doartigo 106.°, acompanhado de uma declaração de intençãode investimento, preenchida em modelo próprio, contendo aseguinte informação:

a) a área e o programa de trabalhos, com as suas eta-pas sucessivas;

b) os custos previstos e as fontes de financiamento res-pectivas;

c) os elementos de identificação do investidor e dosseus representantes.

ARTIGO 116.°

(Estudos de viabilidade e de impacte ambiental)

1. Antes de iniciar a fase de exploração, o investidor deveapresentar um Estudo de Viabilidade Técnica Económica eFinanceira (EVTEF) e um estudo de impacte ambiental e dereposição do ambiente após as actividades mineiras, os quais,uma vez negociado e aprovado o contrato de investimentomineiro, fazem parte integrante do mesmo.

2. O contrato de investimento mineiro deve incluir cláu-sulas sobre a necessidade de juntar posteriormente os estudosreferidos no número anterior deste artigo, contando a suavalidade contratual a partir da data da sua aprovação peloórgão competente.

3. A autoridade com competência para aprovar o contratode investimento mineiro pode submeter o EVTEF e o Estudo

4462 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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de Impacte Ambiental a uma auditoria independente,devendo os custos dessa auditoria ser suportados pelo inves-tidor como custos de negociação, a ser recuperados com oproduto da exploração caso a negociação tenha êxito.

ARTIGO 117.°

(Subcontratação de serviços para operações mineiras)

1. Aos titulares de direitos mineiros é permitida a sub-

contratação de serviços de terceiros para a execução de acti-

vidades mineiras restritas ou de especialidade, desde que não

envolva a transferência dos seus direitos para as empresas

subcontratadas e desde que seja autorizado pelo órgão de

tutela ou pela concessionária nacional, consoante os casos.

2. As empresas concessionárias de direitos mineiros não

podem realizar os seus direitos através de um operador que

as substitua na gestão e operação dos jazigos.

3. A subcontratação de empresas afiliadas do titular do

direito mineiro é livre, mas fica o titular de direito obrigado

a prestar previamente informação da subcontratação ao órgão

da tutela e à concessionária nacional, se houver intervenção

desta.

SECÇÃO II

Direitos Mineiros de Prospecção

SUB-SECÇÃO I

Acesso aos Direitos Mineiros de Prospecção

ARTIGO 118.°

(Regime contratual)

1. O acesso a direitos mineiros de reconhecimento, pros-

pecção, pesquisa e avaliação obedece às regras deste Código

e realiza-se mediante o contrato de investimento mineiro

definido na secção anterior deste capítulo.

2. As regras, direitos e obrigações sobre o exercício dos

direitos mineiros de prospecção, pesquisa e avaliação resul-

tam dos termos e condições que tenham sido acordadas nas

negociações do contrato de investimento aprovado pela enti-

dade competente.

ARTIGO 119.°

(Elementos contratuais da prospecção)

O Contrato de investimento mineiro deve conter, sem pre-juízo de outros que decorram de legislação aplicável e dasnegociações respectivas, os seguintes elementos, relativos àfase de prospecção:

a) identificação comercial, fiscal e domicílio do títu-

lar e do seu representante legal;

b) indicação e delimitação da área;

c) tipo de recurso mineral incluído na concessão

requerida;

d) período inicial de prospecção e condições para pror-

rogação;

e) condições de abandono progressivo da área;

f) plano de prospecção;

g) plano de investimento;

h) periodicidade de apresentação de relatórios;

i) valor e tipos das cauções a prestar;

j) contribuição para o Fundo de Desenvolvimento

Mineiro ou outro fundo, caso existam legal-

mente;

k) fundamentos para a rescisão do contrato na fase da

prospecção;

l) formas de resolução de litígios.

ARTIGO 120.°

(Dimensão e demarcação da área de prospecção)

1. O contrato de investimento mineiro deve definir a

dimensão das áreas de concessão de direitos mineiros de

prospecção, expressa em quilómetros quadrados ou hectares.

2. A dimensão da área de cada concessão de prospecção

e pesquisa pode estender-se até ao máximo de 10.000 Km2,

consoante o tipo de mineral.

3. Na negociação das áreas de cada concessão ter-se-á em

conta a existência ou não de estudos geológicos sobre as mes-

mas, os investimentos a realizar e os interesses públicos a

salvaguardar.

4. Cada investidor apenas pode obter direitos mineiros de

prospecção do mesmo mineral para um máximo de até três

áreas de concessão ao mesmo tempo.

5. A marcação e demarcação das áreas concedidas para

prospecção mineira, bem como os prazos e os moldes, são

estabelecidos pelo órgão de tutela.

ARTIGO 121.°

(Execução do plano de prospecção)

Os titulares de direitos de prospecção de recursos mine-

rais devem executar pontualmente o plano de prospecção

anexo ao contrato de investimento mineiro, sob pena de

incumprimento do contrato.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4463

Page 28: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

ARTIGO 122.°

(Alterações do plano de prospecção)

1. O ministro da tutela, com base em parecer do orga-nismo ou da concessionária que supervisiona a execução dostrabalhos mineiros, pode, excepcionalmente, autorizar alte-rações ao plano de prospecção inicialmente aprovado, desdeque sejam requeridas e devidamente fundamentadas pelointeressado.

2. Não são autorizadas alterações ao plano de prospecçãoque impliquem o alargamento da área inicial, salvo se, nãocontrariando os princípios e regras deste Código, esse alar-gamento for requerido e autorizado pelo órgão competente.

3. O órgão de tutela deve pronunciar-se sobre o pedidode alteração do plano de prospecção até quarenta e cinco diascontados a partir da data da sua recepção.

4. Para efeitos de contencioso e procedimento adminis-trativos a alteração solicitada considera-se indeferida se oórgão de tutela não se pronunciar dentro do prazo fixado nonúmero anterior deste artigo.

ARTIGO 123.°

(Alargamento da área de prospecção)

1. O titular dos direitos mineiros de prospecção poderequerer junto do ministro da tutela o alargamento da área,indicando os motivos.

2. O ministro da tutela pode autorizar o alargamento,fixando os termos e condições que se mostrem apropriadospara cada caso.

3. O indeferimento do pedido de alargamento da áreapode ocorrer nos seguintes casos:

a) o alargamento da área não assegure o aproveita-mento eficaz dos recursos minerais e benefíciospara a economia nacional;

b) a área requerida não esteja disponível;c) o requerente se encontre em situação de incumpri-

mento das suas obrigações tributárias e de segu-rança social;

d) o requerente tenha sido punido ou esteja sob inves-tigação por infracções das regras e princípiosestabelecidos neste Código.

4. A decisão sobre o pedido de alargamento é notificadaao interessado no prazo máximo de quinze dias após a deci-são, especificando-se as razões e os fundamentos no caso deindeferimento.

5. Em caso de deferimento do pedido, efectua-se o aver-

bamento do alargamento no respectivo título mineiro,

devendo ser feito o pagamento das respectivas taxas depois

de apresentada a prova de pagamento da publicação do des-

pacho que autoriza o alargamento da área, caso haja lugar a

tal pagamento.

6. Se, após a comunicação da decisão de alargamento da

área, o interessado não cumprir, no prazo de trinta dias, com

o estabelecido no número anterior, a referida decisão consi-

dera-se cancelada.

7. O titular cujo alargamento tenha sido autorizado nos

termos do presente artigo não pode iniciar nenhum trabalho

de desenvolvimento ou operações de mineração na área para

a qual o alargamento foi autorizado, até à notificação da

autorização pelo órgão de tutela.

ARTIGO 124.°

(Avaliação das reservas minerais)

1. A avaliação e classificação das reservas minerais iden-tificadas na fase da prospecção, assim como as alterações queelas vierem a sofrer, compete aos titulares dos direitosmineiros respectivos e deve ser feita de acordo com métodosinternacionalmente aceites, estando sujeitas à aprovação doórgão de tutela.

2. A regra contida no número anterior aplica-se às amos-tras extraídas durante as operações geológico-mineiras quetenham de ser analisadas no exterior do país, desde que nãoexistam iguais condições de análise em Angola.

3. É permitida a exportação temporária das amostrasextraídas durante as operações mineiras de prospecção quetenham de ser analisadas no exterior do país, desde que nãoexistam iguais condições de análise em Angola.

ARTIGO 125.°

(Duração e prorrogação dos direitos de prospecção)

1. Os direitos mineiros de prospecção são atribuídos porum período inicial de até cinco anos, o qual pode ser prorro-gado por períodos sucessivos de um ano, até ao máximo desete anos, sem prejuízo do disposto nos n.os 5 e 6 deste artigo.

2. As prorrogações referidas no número anterior sãorequeridas pelo titular dos direitos mineiros de prospecçãoaté noventa dias antes do termo do período a que disser res-peito, e são deferidas se o requerente não se encontrar emfalta no cumprimento das suas obrigações legais e contra-tuais.

4464 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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3. No fim do período inicial de cinco anos, o titular dos

direitos mineiros de prospecção deve libertar 50% da área da

concessão e, no fim de cada prorrogação, deve libertar a área

que, depois de apreciados os resultados obtidos durante esse

período, for decidido pelo órgão da tutela.

4. O titular dos direitos mineiros de prospecção pode

reduzir a área de concessão antes do termo do período inicial

do contrato.

5. No fim do mesmo período inicial de cinco anos, caso

o titular dos direitos mineiros queira reter a totalidade da área

de concessão, sujeita-se a uma taxa de superfície suplemen-

tar, nos termos do regime fiscal para o sector mineiro pre-

visto neste Código e na legislação complementar, nos termos

do artigo 261.° e seguintes.

6. Quando o período total de sete anos se revelar insufi-

ciente para a elaboração ou conclusão do Estudo de Viabili-

dade Técnico-Económica, o concessionário pode requerer

uma prorrogação excepcional dos direitos mineiros, por um

período máximo de um ano, nas condições definidas no

número anterior deste artigo.

7. Findos os prazos definidos nos termos deste artigo e

das prorrogações concedidas, caducam os respectivos direi-

tos, nos termos da alínea a) do artigo 55.°

SUB-SECÇÃO II

Título de Prospecção

ARTIGO 126.°

(Emissão do título de prospecção)

1. Aprovado o contrato de investimento mineiro pelaentidade competente, o titular do órgão de tutela emite otítulo mineiro de prospecção, nos termos do artigo 89.° dopresente Código e procede à sua entrega ao titular depois deeste pagar as taxas e emolumentos a que houver lugar.

2. Emitido o título mineiro, o titular do órgão de tutelaenvia cópia do mesmo ao Executivo da província onde se rea-liza o investimento, para conhecimento, com cópia ao inves-tidor.

3. Quando o investimento implicar a importação de capi-tais externos e/ou a concessão de facilidades e isenções par-ciais, o titular do órgão de tutela envia cópia do título e docontrato aprovado ao Ministério das Finanças e à AgênciaNacional do Investimento Privado, devendo esta emitir ocompetente Certificado de Registo de Investimento Privadopara certificar o investimento externo e obter junto do BancoNacional de Angola a Licença de Importação de Capitais.

4. Obtido o título mineiro, o respectivo titular fica habi-

litado a realizar as operações mineiras a que houver lugar,

nos termos estabelecidos neste Código e na legislação com-

plementar.

ARTIGO 127.°

(Conteúdo do título de prospecção)

O título de prospecção, aprovado nos termos do artigo

anterior, deve conter os seguinte dados:

a) data de emissão e número do título;

b) identidade do titular;

c) minerais abrangidos;

d) período de validade;

e) identificação da área correspondente ao título de

concessão, através da descrição das respectivas

coordenadas geográficas;

f) mapa topográfico da área abrangida pelo título de

concessão, com a indicação das coordenadas

geográficas;

g) termos e condições a que o titular fica sujeito, rela-

tivos, nomeadamente, ao prazo de prospecção e

pesquisa, à libertação da área, às taxas e multas,

aos cuidados ambientais e outra informação

relevante, consoante o mineral.

SECÇÃO III

Direitos Mineiros de Exploração

SUB-SECÇÃO I

Acesso aos Direito Mineiros de Exploração

ARTIGO 128.°

(Acesso aos direitos mineiros de exploração)

1. Os direitos de exploração de recursos minerais desco-

bertos e avaliados na sequência das fases de prospecção e

avaliação de um contrato de investimento mineiro são, cum-

pridos os requisitos estabelecidos na secção anterior, atribuí-

dos às entidades que tenham exercido os direitos mineiros

dessas fases no âmbito do contrato.

2. Os direitos de exploração de recursos minerais já

conhecidos e avaliados, mas não descobertos na sequência

de um contrato de investimento mineiro, são concedidos a

quem, reunindo os requisitos legais, apresentar a melhor pro-

posta de exploração, em concurso público aberto pelo órgão

de tutela para o efeito.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4465

Page 30: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

ARTIGO 129.°

(Base de avaliação da viabilidade da exploração)

1. A concessão de direitos de exploração tem por basefundamental de avaliação e decisão o Estudo de ViabilidadeTécnica, Económica e Financeira (EVTEF), o Estudo deImpacte Ambiental (EIA), nos termos do artigo 116.° e oPlano de Exploração, entre outros elementos exigidos pelopresente Código e legislação complementar.

2. Sempre que a grandeza do investimento e a complexi-dade técnica do mesmo assim o aconselhem, a autoridadecompetente para negociar o contrato pode exigir do investi-dor a apresentação de uma auditoria independente do EVTEFe EIA apresentados, podendo indicar ou concordar com oinvestidor sobre o auditor a contratar.

3. Os EVTEF devem prever obrigatoriamente que os cus-tos de exploração mineira, incluindo os custos operacionais,custos de investimento e os custos incorridos na prospecção,pesquisa e avaliação, não podem, em cada exercício anualcontabilístico e financeiro, são estabelecidos até ao limite de50% das receitas de exploração.

4. O EVTEF deve prever um prazo máximo de reembolsodo capital investido nos projectos mineiros de cinco anos,podendo alargar-se até sete anos. Compete ao titular do órgãode tutela autorizar, mediante pedido fundamento do investi-dor, o alargamento desse prazo até sete anos, casos em que talautorização consta como anexo do EVTEF.

5. O investimento de capital na fase de exploração podebeneficiar de um prémio de investimento de capital de até50% do capital investido, a aprovar pelo titular do órgão detutela, sob proposta da Comissão de Negociações a que serefere o artigo 112.° deste Código. Nestes casos, a aprova-ção deve constar como anexo do EVTEF.

ARTIGO 130.°

(Concessão de direitos de exploração mineira)

1. A concessão de direitos mineiros para a fase de explo-ração realiza-se mediante o contrato de investimento mineirodefinido na Secção I deste capítulo.

2. O exercício dos direitos mineiros de exploração obe-dece aos termos e condições que tenham resultado das nego-ciações a que se refere o regime de investimento privadorespectivo, estabelecido neste Código, sem prejuízo do esta-belecido no n.° 3 deste artigo.

3. A concessão de direitos mineiros de exploração para amineração artesanal é feita de forma simplificada, mediante

simples despacho ou credencial Mineira emitidos pelo órgãoda tutela.

ARTIGO 131.°

(Elementos contratuais da exploração)

O contrato de investimento mineiro deve conter, além dosdireitos e obrigações recíprocas do concessionário e doEstado, os seguintes elementos, relativos à fase de explora-ção:

a) identificação comercial fiscal e domicílio do titulare do seu representante legal;

b) área necessária para levar a efeito o plano de explo-ração aprovado e para as instalações mineiras, detratamento, industriais e auxiliares;

c) tipo de recursos minerais a explorar;d) estudo de viabilidade técnico-económico;e) valor e tipo das cauções prestadas;f) condições de reembolso dos investimentos efec-

tuados na fase de reconhecimento, prospecção,pesquisa e avaliação;

g) prazo de vigência do contrato e as respectivas pror-rogações, estabelecido nos termos do artigo 133.°;

h) formas de comercialização dos minerais estraídos;i) demais condições acordadas pelas partes ou exigidas

pelo presente Código.

ARTIGO 132.°

(Recusa de concessão)

1. A recusa de concessão de direitos mineiros de explo-ração só pode ocorrer quando não se tenha dado início à faseda prospecção e por supervenientes e relevantes razões deinteresse público que objectivamente conflituem e sejamincompatíveis com o interesse privado da exploração reque-rida.

2. As razões de interesse público invocadas para recusara concessão têm de ser devidamente fundamentadas, mesmoquando estiverem relacionadas com a segurança ou a defesado Estado.

3. A recusa de concessão de direitos de exploração pelosmotivos indicados no n.° 1 deste artigo obriga o Estado aindemnizar o respectivo titular do investimento, entretanto,realizado, acrescido dos juros à taxa comercialmente emvigor em Angola, quando o pedido tiver como fundamentoum contrato de prospecção.

4. Nos casos de concurso público, a indemnização tempor limite as despesas efectuadas pelo concorrente que tiverapresentado a melhor proposta e ganho o concurso.

4466 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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ARTIGO 133.°

(Duração dos direitos de exploração)

1. Os direitos mineiros de exploração são atribuídos porum período de até trinta e cinco anos, incluindo o período deprospecção e avaliação, fim dos quais caducam e a minareverte a favor do Estado.

2. Por decisão do titular do órgão de tutela, mediantepedido fundamentado do titular do direito mineiro de explo-ração caducado, dirgido àquela entidade, podem os direitosmineiros de exploração ser prorrogados por um ou maisperíodos de dez anos cada.

3. As empresas mineiras são obrigadas a constituir umareserva legal de 5% do capital investido, para além das esta-belecidas na legislação comercial, destinada ao encerramentoda mina e à reposição ambiental.

4. Caducados os direitos mineiros de exploração, osdireitos e obrigações relativos à mina são assumidos peloEstado, para quem transita 50% da reserva legal referida nonúmero anterior.

5. Não se inclui nas obrigações do Estado a reposiçãoambiental, a qual deve ser assumida pelo titular do direitocaducado, mediante uso da reserva legal referida no n.° 3deste artigo.

SUB-SECÇÃO II

Título de Exploração Mineira

ARTIGO 134.°

(Emissão do título de exploração)

1. Aprovado o contrato de exploração pelo órgão compe-tente, o órgão de tutela emite o título de exploração mineira,de acordo com as regras estabelecidas neste Código.

2. O título de exploração mineira emitido é entregue aointeressado após o pagamento das taxas e emolumentosdevidos.

3. Se, após a comunicação da decisão de atribuição dotítulo de exploração, o interessado não proceder ao paga-mento das taxas e emolumentos devidos, no prazo de trintadias, o mesmo considera-se cancelado.

ARTIGO 135.°

(Conteúdo do título de exploração)

O título de exploração mineira contém os seguintesdados:

a) data de emissão e número do título de exploração;b) identidade do titular;c) minerais abrangidos;d) período de validade estabelecido nos termos do

artigo 133.°;e) identificação da área do título de exploração através

de coordenadas geográficas;f) mapa topográfico da área abrangida pelo título de

exploração, com a indicação das coordenadasgeográficas;

g) termos e condições a que o titular fica sujeito, rela-tivos, à exploração, processamento e/ou comer-cialização dos produtos minerais.

ARTIGO 136.°

(Tramitação do título de exploração)

1. Emitido o título de exploração mineira e entregue o ori-ginal ao respectivo titular ou seu representante legal, o órgãode tutela remete cópias do mesmo ao Governo da provínciaonde se realiza o investimento, para conhecimento.

2. Quando o investimento implicar a importação de capi-tal externo ou a concessão de facilidades e isenções parciais,o órgão de tutela envia cópia do título e do contrato aprovadoao Ministério das Finanças e à Agência Nacional do Investi-mento Privado, devendo esta emitir o competente Certificadode Registo do Investimento Privado para certificar o inves-timento externo e obter junto do Banco Nacional de Angolaa Licença de Importação de Capitais.

ARTIGO 137.°

(Autonomia e transmissibilidade do título de exploração)

O direito mineiro de exploração constante do título deexploração é distinto dos direitos de propriedade fundiáriaou urbana nele existentes e é susceptível de transmissão nostermos definidos pelo artigo 94.°

ARTIGO 138.°

(Deveres do titular do título de exploração)

Além dos deveres estabelecidos neste Código, e dos ter-mos e condições estabelecidos no contrato de exploração, otitular de direitos mineiros de exploração tem os seguintesdeveres específicos:

a) demarcar a área por meio de marcos de betãofacilmente identificáveis, no prazo máximo denoventa dias a partir da data de emissão do títulomineiro ou de alteração da área;

b) em caso de exploração mineira no Mar, a demarca-ção deve ser feita de acordo com as regras sobre

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4467

Page 32: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

demarcação marítima, nos termos da legislaçãopertinente;

c) realizar as actividades de exploração mineira emconformidade com o plano de exploração sub-metido e aprovado;

d) apresentar às autoridades competentes os relatóriosde trabalho e demais informação exigível nos ter-mos do presente Código;

e) efectuar o pagamento dos impostos devidos.

ARTIGO 139.°

(Validade do título de exploração)

1. O título de exploração é válido durante o prazo fixadono mesmo, contado a partir da data da sua emissão, e duranteos prazos de prorrogação concedidos, em conformidade comas regras estabelecidas no artigo 89.°

2. No caso de o prazo do título de exploração expirar napendência de um pedido de prorrogação, o mesmo continuaválido até que haja uma decisão sobre o referido pedido.

ARTIGO 140.°

(Condições de prorrogação do título de exploração)

1. O titular de um título de exploração mineira pode soli-citar a sua prorrogação, devendo o respectivo pedido ser sub-metido com a antecedência mínima de seis meses em relaçãoao seu termo.

2. O pedido de prorrogação deve conter os seguintesdados:

a) indicação do prazo de prorrogação pretendido efundamentação da necessidade da prorrogação;

b) área que se pretende manter, delineada no mapatopográfico actualizado;

c) proposta de programa de operações a serem desen-volvidas durante o período de prorrogação.

3. O pedido de prorrogação deve ser acompanhado de umrelatório detalhado contendo, nomeadamente:

a) balanço de reservas;b) vida económica estimada da mina;c) outros aspectos que o requerente considere rele-

vantes.

ARTIGO 141.°(Decisão sobre o pedido de prorrogação)

1. Compete ao titular do órgão de tutela decidir sobre opedido de prorrogação submetido nos termos do artigo ante-rior.

2. O titular do órgão de tutela concede a prorrogação noprazo de seis meses a partir da data de submissão do pedido,mediante verificação das seguintes condições:

a) apresentação do pedido com antecedência mínimade seis meses em relação ao prazo de caducidadedo título de exploração;

b) cumprimento das condições de exploração durantea vigência do título de exploração;

c) cumprimento dos contratos;d) cumprimento das condições tributárias e da segu-

rança social.

3. A decisão sobre o pedido de prorrogação é definitiva,não cabendo recurso dela.

SUB-SECÇÃO III

Plano e Programa de Exploração Mineira

ARTIGO 142.°

(Plano de exploração)

1. As actividades de exploração são realizadas de acordocom um plano de exploração, que faz parte do Estudo de Via-bilidade Técnico-Económica e que deve conter os elementosreferidos no artigo 143.° (sobre Conteúdo do Plano deExploração).

2. A cada plano de exploração corresponde uma conces-são, sem prejuízo do disposto no artigo 148.°

3. O órgão da tutela pode autorizar alterações às previ-sões iniciais do plano de exploração aprovado, quandorequeridas e devidamente fundamentadas pelo concessio-nário.

ARTIGO 143.°

(Conteúdo do plano de exploração)

O plano de exploração deve conter os seguintes elementos:a) a descrição do esquema de mineração, incluindo

detalhes sobre a escala das operações, a provávellocalização das principais operações de minera-ção, furos, poços, aterros e represas;

b) descrição detalhada dos métodos de mineração;c) data prevista de início de produção comercial;d) perfil de produção e capacidade;e) características e natureza dos produtos finais;f) data prevista de início do desenvolvimento mineiro;g) em caso de mineração subterrânea, descrição das

rochas de cobertura do depósito, declives fixos etemporários das paredes da mina e terra superfi-cial;

4468 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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h) em caso de mineração a céu aberto, indicação dalocalização da represa para decantação de resí-duos;

i) em caso de mineração submarina, indicação dosdados técnicos e geológicos que permitam iden-tificar a localização, a camada superior de águaaté à superfície, o sistema de exploração usado eos meios de defesa e preservação do ambientemarinho;

j) descrição dos sistemas de transporte, ventilação,iluminação, drenagem e segurança;

k) descrição dos sistemas de abastecimento de água,energia e materiais locais;

l) descrição dos procedimentos de beneficiação e,onde for adequado, a tecnologia de processa-mento de minerais;

m) descrição das infra-estruturas necessárias para aexploração mineira e as propostas do requerentea este respeito;

n) propostas de medidas anti-poluição, protecção domeio ambiente, restauração e reabilitação do ter-reno, incluindo a vegetação e propostas para aminimização dos efeitos da exploração mineirano terreno e nas águas superficiais localizadas naárea mineira e adjacente;

o) identificação de quaisquer riscos de segurança esaúde para o pessoal envolvido na exploraçãomineira e o público em geral e propostas para ocontrolo, mitigação, monitoria e eliminação dequaisquer desses riscos;

p) necessidades de mão-de-obra qualificada e não qua-lificada;

q) outros dados que o requerente considere relevan-tes, ou solicitados pela entidade competente.

ARTIGO 144.°

(Direcção técnica da exploração)

1. Para cada concessão mineira deve existir um directortécnico a quem cabe a responsabilidade técnica da segurançada mina de que seja responsável, das condições técnicas daexploração da mesma e da boa execução do plano de explo-ração, podendo o mesmo director prestar serviço em mais doque uma concessão do mesmo titular.

2. O órgão de tutela define os padrões para o quadro téc-nico, de acordo com a especificidade da exploração de cadamineral.

3. As concessões mineiras para exploração de materiaisde construção em pequena escala e para a exploração mineiraartesanal estão isentas da obrigação referida no n.° 1 desteartigo.

4. Compete ao titular do órgão de tutela definir a neces-sidade, ou não, de um director técnico para minerais desti-nados à construção civil, em função da maior ou menordimensão da exploração mineira respectiva.

ARTIGO 145.°

(Responsabilidade civil e criminal da direcção técnica)

1. Os directores técnicos das unidades de exploraçãomineira respondem civil e criminalmente para com o Estado,o titular da concessão e para com terceiros pelos actos quelhes sejam imputáveis enquanto responsáveis técnicos daexploração.

2. Aos directores técnicos é legítimo eximir-se das res-ponsabilidades civis e criminais sobre aspectos concretos daexploração, desde que provem perante as autoridades com-petentes que, por escrito e junto do titular do direito deexploração, indicarem em tempo oportuno as razões da nãoassunção de tais responsabilidades para cada caso em con-creto e que as medidas por si sugeridas para superar as insu-ficiências não foram atendidas.

3. Nos casos referidos no número anterior deste artigo enos restantes casos, as responsabilidades a que houver lugarrecaem sobre o titular do direito de exploração, nos termosgerais do direito.

ARTIGO 146.°

(Programa de trabalho)

1. O titular dos direitos de exploração deve submeter aoórgão de tutela, até 31 de Outubro de cada ano, um programade trabalho actualizado e uma previsão das despesas míni-mas a realizar no ano seguinte.

2. O titular do título de exploração pode, com motivosjustificados, rever quaisquer pormenores do programa de tra-balhos submetido e da previsão de despesas mínimas.

3. As revisões referidas no número anterior devem serdadas a conhecer ao órgão de tutela.

ARTIGO 147.°

(Demarcação)

Cada direito de exploração respeita a uma demarcaçãomineira, cujos limites devem ser rigorosamente definidos eestabelecidos no espaço físico de exploração, devendo cor-responder à área julgada necessária para levar a cabo o planode exploração aprovado, incluindo as instalações do com-plexo mineiro e respeitar as áreas de segurança previstas nosartigos 200.° e 202.° deste Código.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4469

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ARTIGO 148.°

(Integração de minas)

1. O órgão competente para aprovar o contrato de atri-buição de direitos mineiros de exploração pode autorizar aintegração de minas contíguas ou vizinhas e as respectivasdemarcações numa única, quando pertencerem ao mesmotitular e da integração resultar aproveitamento mais racionale com maior economia de meios.

2. O disposto no número anterior é igualmente aplicávelquando as minas e respectivas demarcações pertencerem avários titulares, mas, em tal caso, deve ser apresentado novoplano de exploração e celebrado novo contrato de atribuiçãode direitos mineiros de exploração, adaptado à circunstânciade terem sido já atribuídos direitos mineiros.

ARTIGO 149.°

(Início dos trabalhos de mineração)

O titular de direitos de exploração mineira à escalaindustrial deve, até trinta dias antes de iniciar as actividadesde exploração mineira, apresentar ao órgão de tutela, comconhecimento à concessionária nacional, se existir, informa-ção escrita sobre o início dos trabalhos, bem como o pro-grama ambiental e a eventual autorização de uso eaproveitamento da terra a que houver lugar.

ARTIGO 150.°

(Alterações na capacidade de produção mineira)

1. Sempre que haja mudança na capacidade instalada, otitular deve apresentar informação por escrito ao órgão com-petente do ministério de tutela sobre as alterações ocorridasna capacidade instalada da mina ou, tratando-se de proces-samento mineiro, na planta de procedimento.

2. Se, durante cinco anos consecutivos, a produção per-manecer igual ou inferior a 20% do potencial referido nosestudos e planos de viabilidade aprovados, a concessão dotítulo de exploração pode ser revogada pelo órgão de tutela,nos termos da alínea d) do artigo 56.°

ARTIGO 151.°

(Relatório de exploração mineira)

1. Para o acompanhamento e fiscalização da actividademineira pelo órgão de tutela, o titular dos direitos de explo-ração deve prestar ao órgão de tutela a seguinte informação:

a) até ao dia cinco de cada mês, informação mensalda produção e comercialização de substânciasminerais, realizadas no mês anterior;

b) no prazo de quinze dias após o termo de cada tri-

mestre, o relatório das actividades realizadas no

trimestre anterior;

c) até trinta e um de Janeiro de cada ano, o relatório

anual das actividades desenvolvidas durante o

ano anterior.

2. A informação e relatórios referidos no número anterior

são entregues na Direcção Provincial respectiva e no órgão

competente da tutela.

3. O relatório de exploração mineira obedece, na sua

forma e conteúdo, ao estabelecido no normativo aprovado

pelo órgão de tutela.

ARTIGO 152.°

(Abandono da área de exploração)

1. Durante a vigência do contrato de exploração,

mediante aviso prévio não inferior a cento e oitenta dias

dirigido ao titular do órgão de tutela, e sem prejuízo dos ter-

mos e condições previstos no contrato de investimento res-

pectivo, o titular dos direitos de exploração pode abandonar

parte ou toda a área mineira.

2. O abandono só produz efeitos a partir da data aprovada

pelo órgão de tutela, não devendo ser inferior a três meses,

nem superior ao prazo de aviso prévio feito pelo titular.

3. Em caso de abandono total da área mineira, o título de

exploração caduca nos termos do artigo 54.° deste Código.

4. Em caso de abandono parcial da área mineira, o titular

obriga-se a actualizar os limites da área remanescente,

devendo proceder ao averbamento, no título de exploração,

do registo da área actualizada.

5. O abandono de qualquer área nos termos dos números

anteriores não exonera o titular de:

a) pagar os impostos, taxas, multas ou quaisquer com-

pensações devidas até à data do abandono for-

malmente reconhecido pelo órgão competente do

ministério da tutela;

b) cumprir todas as obrigações relativas às questões

ambientais;

c) cumprir quaisquer obrigações exigidas por lei ou

pelo contrato de investimento até à data em que

o abandono começa a produzir efeitos.

4470 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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ARTIGO 153.°

(Seguros)

1. O titular de direitos mineiros para exploração à escala

industrial deve constituir seguro contra todos os riscos.

2. O seguro referido no número anterior deve cobrir,

designadamente, os seguintes riscos:

a) danos às instalações mineiras;

b) responsabilidade perante terceiros;

c) acidentes de trabalho do pessoal envolvido nas ope-

rações mineiras.

ARTIGO 154.°

(Reembolso dos investimentos)

1. O reembolso dos investimentos realizados na fase de

reconhecimento, prospecção, pesquisa e avaliação pelos

titulares de direitos de exploração efectua-se através dos

resultados da exploração dos recursos minerais descobertos

ao abrigo dos respectivos contratos de concessão.

2. O reembolso abrange todos os custos capitalizados e

deve efectuar-se nos termos acordados contratualmente.

SUB-SECÇÃO IV

Facilidades Fiscais e Investimento Externo

ARTIGO 155.°

(Obtenção de facilidades fiscais e aduaneiras)

Depois de aprovado o contrato e emitido o título mineiro,

o titular do órgão de tutela envia cópias dos mesmos ao

Ministério das Finanças para concessão das isenções fiscais

e/ou aduaneiras, no caso de estas terem sido negociadas pela

Comissão de Negociações e aprovadas pelo titular do órgão

de tutela.

ARTIGO 156.°

(Procedimentos específicos para investimento externo)

Tratando-se de investidores externos, como tal definidos

na lei, depois de aprovado o contrato, emitido o título mineiro

e remetida cópia ao Ministério das Finanças, o órgão de tutela

envia cópia do contrato à Agência Nacional do Investimento

Privado que, por sua vez, emite o competente Certificado de

Registo de Investimento Privado e solicita ao Banco Nacio-

nal de Angola o licenciamento da importação de capitais a

que houver lugar.

CAPÍTULO IXTramitação do Processo de Investimento Mineiro

ARTIGO 157.°

(Prazos para a realização do investimento)

1. Sempre que tal não seja estabelecido pelas regras desteCódigo, da legislação específica ou dos contratos de investi-mento respectivos, os prazos para a realização do investi-mento por parte do investidor são os estabelecidos no regimegeral de investimento privado aprovado pela Lei do Investi-mento Privado e seus regulamentos e pela legislação fiscal ecambial, sujeitando-se os infractores às sanções previstasnessa legislação em caso de não cumprimento dos prazospara realizar o investimento.

2. Compete ao órgão de tutela fiscalizar os prazos para arealização do investimento pelo investidor, nos termos exac-tos das obrigações legais e contratuais assumidas por este.

ARTIGO 158.°

(Prazos da tramitação do processo de investimento)

Os prazos a observar na tramitação dos processos deinvestimento privado mineiro são os seguintes:

a) resposta ao Pedido de Concessão Mineira — atétrinta dias depois da entrada do requerimento noserviço competente dos serviços geológico--mineiros;

b) emissão do Certificado de Registo do Pedido deConcessão Mineira (CRPCM) — até quinze diasapós a comprovação de que o Pedido de Conces-são Mineira é viável, designadamente por não tersido impugnado, ou a impugnação ter sido resol-vida a favor do peticionário;

c) criação da Comissão de Negociações, ou envio doprocesso ao órgão específico caso exista, paraconduzir as negociações — até trinta dias após aapresentação da Declaração de Intenção deInvestimento, acompanhada do CRPCM ou doEVTEF e do Estudo de Impacte Ambiental, seexigíveis, pelo investidor;

d) negociação dos contratos de concessão — até centoe oitenta dias após a criação da Comissão deNegociações a definir no diploma que cria emComissão de Negociação;

e) formulação da Acta das Negociações e remessa àentidade competente para aprovação do contrato— até oito dias depois de findas as negociações;

f) aprovação do contrato pelo ministro da tutela — atéoito dias depois de recebida a Acta das Negocia-ções;

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4471

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g) emissão do Título Mineiro — até oito dias depois

da aprovação do contrato pelo órgão competente;

h) remessa de cópias do contrato ao Ministério das

Finanças, ao Executivo da Província e à ANIP —

até oito dias depois de emitido o título mineiro

pela entidade competente;

i) emissão do Certificado de Registo de Investimento

Privado (CRIP) pela ANIP e remessa de cópia do

mesmo ao Banco Nacional — até oito dias

depois de recebida a cópia do contrato aprovado

e do título mineiro;

j) emissão do Título de Importação de Capitais — até

quinze dias após a recepção pelo Banco Nacional

de Angola da cópia do CRIP enviada pela ANIP.

ARTIGO 159.°

(Prazos para o concurso público)

Nos procedimentos de concursos públicos aplicam-se as

regras e os prazos previstos na legislação sobre concursos de

obras públicas, com as devidas adaptações. O Poder Exe-

cutivo é competente para aprovar regras específicas sobre

procedimentos e prazos para concursos públicos na activi-

dade mineira.

ARTIGO 160.°

(Efeitos do não cumprimento dos prazos)

O não cumprimento dos prazos por parte dos órgãos com-

petentes para decidir significa recusa do pedido, com os efei-

tos legais do procedimento e do contencioso administrativos.

ARTIGO 161.°

(Controlo dos prazos)

O controlo dos prazos do procedimento para o investi-

mento privado no sector mineiro faz-se através de documen-

tos protocolados de todos os passos da tramitação processual

do investimento privado, com os nomes da instituição e do

funcionário que recebe ou envia os documentos, as datas, as

horas, as assinaturas e, se for o caso, os carimbos em uso nas

instituições intervenientes.

ARTIGO 162.°

(Penalizações por não cumprimento de prazos)

O não cumprimento dos prazos é passível de procedi-mento contencioso administrativo nos termos da legislaçãovigente, submetendo-se as concessionárias nacionais e osseus representantes legais a este regime por força do poderadministrativo público que lhes for atribuído na relaçãoadministrativa com os titulares de direitos mineiros.

ARTIGO 163.°

(Reclamação e recurso)

1. Das decisões e práticas dos órgãos competentes cabe

reclamação e recurso, nos termos do procedimento e conten-

cioso administrativos.

2. O não exercício dos direitos de reclamação ou de

recurso nos prazos estabelecidos na legislação sobre proce-

dimento e contencioso administrativos tem como efeito a

entrada em vigor das decisões e das práticas relativas aos

actos que lhes dão origem, nos termos da lei.

CAPÍTULO XRegime de Investimento em Minerais Estratégicos

ARTIGO 164.°

(Regras e procedimentos especiais)

O investimento privado para a exploração de minerais

considerados estratégicos nos termos deste Código e da

legislação complementar, realiza-se de acordo com as regras

e procedimentos do regime geral estabelecido neste Código,

com as seguintes adaptações:

a) a competência para negociar os contratos é exer-

cida pelo órgão criado pelo Poder Executivo para

regular o exercício de direitos de certos minerais

estratégicos e pela concessionária nacional;

b) a aprovação dos contratos é da competência do

Poder Executivo;

c) a competência para aprovar os contratos de inves-

timento para a fase de investigação geológico-

-mineira e de exploração pode ser delegada pelo

Poder Executivo ao órgão de tutela se, terminada

a fase de prospecção, o investimento a realizar nos

primeiros cinco anos de exploração se revelar igual ou

inferior ao correspondente a USD 25 000 000,00;

d) a elaboração dos termos de referência para o con-

curso público e a composição da Comissão de

Negociações referidos nos artigos 97.° e 111.°

devem ter a participação da concessionária

nacional, ou do órgão que o Executivo vier a criar

para regular o exercício de direitos de certos

minerais, nos termos referidos nessas alíneas;

e) cabe ao Titular do Poder Executivo aprovar a comis-

são ou o órgão competente para negociar os con-

tratos que tenham por objecto os minerais

estratégicos que ainda não estejam sob a tutela

de um determinado órgão público regulador.

4472 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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ARTIGO 165.°

(Tramitação dos contratos depois de aprovados)

Após a aprovação pelo Poder Executivo, os contratos são

devolvidos ao órgão de tutela para emissão do título mineiro,

remessa de cópias do contrato e do título mineiro à conces-

sionária nacional, ao Governo da Província onde se realiza o

investimento, ao Ministério das Finanças, quando houver

lugar a isenções fiscais aprovadas pelo Poder Executivo e à

ANIP, para efeitos de obtenção do CRIP e do Título de

Importação de Capitais, sempre que haja investimento

externo, nos termos estabelecidos no regime de investimento

privado geral, previsto na secção anterior deste Código.

ARTIGO 166.°

(Realização do investimento)

1. Compete ao ministério da tutela fiscalizar o cumpri-

mento do investimento privado em minerais estratégicos que

não estejam sob a alçada legal de uma concessionária nacio-

nal, nos mesmos termos da fiscalização da realização do

investimento privado estabelecido no regime geral da secção

anterior deste Código.

2. Tratando-se de minerais estratégicos sob a alçada legal

de uma concessionária nacional, depois de aprovado o con-

trato respectivo pelo Executivo, e emitido o respectivo título

mineiro pelo órgão de tutela, para além das entidades referi-

das no artigo anterior, o ministro da tutela envia igualmente

cópias dos contratos e dos títulos emitidos à concessionária

nacional, no prazo de cinco dias úteis, competindo a esta fis-

calizar a realização do investimento pelo investidor, após

obtidos o CRIP e o Título de Importação de Capitais, no caso

de investimento externo, nos mesmos termos da fiscalização

estabelecidos no regime de investimento privado geral, pre-

vistos na secção anterior deste Código.

CAPÍTULO XIRegime de Investimento Mineiro Artesanal

SECÇÃO I

Investimento na Mineração Artesanal

ARTIGO 167.°

(Definição)

1. Considera-se mineração artesanal, aquela em que não

é empregue mão-de-obra assalariada e em que são usados

exclusivamente métodos e meios artesanais, sem intervenção

de meios mecânicos auto-propulsores, nem tecnologia

mineira industrial.

2. Os materiais e equipamentos para a mineração artesa-nal são, nomeadamente, enxadas, picaretas, pás, catanas,peneiras ou crivos, bacias, baldes, luvas, pincelas, balanças,capacetes e botas.

ARTIGO 168.°

(Proibição de equipamentos industriais)

1. É proibido o uso de qualquer equipamento ou meios

de características diferentes das especificadas no artigo

anterior, ficando sujeitos a confisco os materiais proibidos

que forem encontrados na posse dos mineradores, sem pre-

juízo de outras medidas determinadas pela lei e por este

Código.

2. Mediante requerimento devidamente fundamentado do

titular do direito mineiro dirigido ao titular do órgão de tutela,

pode este autorizar o uso de equipamento semi-industrial na

produção artesanal do requerente.

ARTIGO 169.°

(Regime legal e enquadramento)

1. A mineração artesanal apenas é admitida, nos termos

do presente Código.

2. O Poder Executivo pode aprovar regras suplementares

para regular a actividade mineira artesanal, de acordo com a

especificidade de cada mineral.

3. O regime de produção artesanal de diamantes é esta-

belecido no Capítulo XIX deste Código.

ARTIGO 170.°

(Integração económica)

O ministério da tutela deve criar condições para a inte-

gração dos mineiros artesanais em cooperativas ou outras for-

mas organizadas de actuação, que resultem num melhor

aproveitamento dos recursos naturais em benefícios das

populações, de harmonia com a política do Poder Executivo

para o sector mineiro.

ARTIGO 171.°

(Regime de investimento artesanal)

1. O investimento em actividades mineiras artesanais rea-

liza-se sob o regime de mineração artesanal, de acordo com

a definição de produção artesanal e das regras estabelecidas

para tal actividade neste Código e respectiva legislação com-

plementar.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4473

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2. Em tudo que não contrarie disposições específicassobre investimento na produção artesanal estabelecidos nesteCódigo e em legislação complementar, aplicam-se no inves-timento em actividades mineiras artesanais, com as necessá-rias adaptações, as regras do regime geral de investimentoprivado e de atribuição de direitos mineiros.

ARTIGO 172.°(Obtenção de direitos para mineração artesanal)

1. O investimento em actividades mineiras artesanais rea-liza-se mediante títulos de concessão de direitos para amineração artesanal, designados senha mineira, atribuídospor despacho do ministro da tutela.

2. O requerimento para a obtenção do título de conces-são de direitos de mineração artesanal é dirigido ao Ministro,contendo os dados que permitam identificar o investidor, opreenchimento das condições e requisitos exigidos por esteCódigo e em legislação complementar para a actividademineira artesanal e o mapa da área requerida.

SECÇÃO II

Concessão de Direitos de Mineração Artesanal

ARTIGO 173.°

(Áreas para a mineração artesanal)

1. O Executivo pode reservar áreas de ocorrências mine-rais para o exercício da mineração artesanal.

2. As áreas consideradas adequadas para a mineraçãoartesanal são apenas aquelas cujas características geológicasnão permitam a realização da actividade mineira em escalaindustrial.

3. Não podem ser reservadas à mineração artesanal aque-las áreas que estejam vedadas à actividade mineira ou quesejam objecto de outros tipos de direitos mineiros.

ARTIGO 174.°

(Licenciamento)

A concessão dos direitos para o exercício da actividade demineração artesanal é atribuída pelo ministro responsávelpelo sector mineiro ou por outra entidade do sector a quemeste delegue essa competência.

ARTIGO 175.°

(Dimensão das áreas)

1. A dimensão das áreas para a mineração artesanal nãopode exceder 5Km2, devendo ser demarcado nos mesmos ter-mos da demarcação das áreas de produção industrial.

2. A dimensão da área para a produção artesanal de dia-mantes é estabelecida no n.° 2 do artigo 283.°

ARTIGO 176.°

(Duração)

Salvo o disposto no regime legal de produção artesanal dediamantes, os direitos mineiros para o exercício da mineraçãoartesanal são atribuídos por um período de até três anos,podendo ser prorrogados por mais três anos, sendo poste-riormente prorrogados por períodos sucessivos de um ano,até ao esgotamento do recurso mineral explorável.

ARTIGO 177.°

(Requisitos de acesso à mineração artesanal)

1. Os direitos mineiros para a produção artesanal apenaspodem ser atribuídos a cidadãos nacionais maiores de dezoitoanos.

2. Quando se trate de minerais estratégicos, os cidadãosreferidos no n.° 1 deste artigo devem residir na área há pelomenos dez anos consecutivos.

3. É competente para emitir documento comprovativo deresidência a autoridade administrativa do local de residência,ouvida a autoridade tradicional respectiva.

4. Os direitos mineiros podem ser atribuídos a pessoassingulares ou colectivamente ao agregado familiar, a asso-ciações ou a cooperativas que reúnam os requisitos estipu-lados neste Código e na regulamentação específica.

ARTIGO 178.°

(Restrições)

1. Não é permitida a detenção pelo mesmo titular de maisde uma concessão para mineração artesanal.

2. Só pode realizar mineração artesanal quem estiverlegalmente autorizado, nos termos deste Código, podendoessa actividade estender-se ao seu agregado familiar até ummáximo de dez pessoas.

3. A inclusão na actividade mineira artesanal de membrosdo agregado familiar do titular passa pela obtenção prévia dodocumento que os identifique como estando afectos àqueletítulo, mediante requerimento do titular do direito junto doórgão provincial competente que inclua a indicação dosnomes, grau de parentesco, cópias de documentos de identi-ficação e comprovativo de residência. Este documento deidentificação obedece a um modelo aprovado pelo órgão detutela e tem a validade de um ano, renovável.

4474 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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ARTIGO 179.°

(Obrigação de identificação)

1. Só podem permanecer na área de exploração mineiraartesanal o titular do direito e aqueles que sejam portadoresdo documento de identificação válido referido no artigoanterior deste artigo.

2. Durante a estadia e laboração nas áreas atribuídas paraeste fim, todos os trabalhadores da mineração artesanal sãoobrigados a usar a identificação legalmente instituída.

ARTIGO 180.°

(Isenção de taxas de superfície)

Os titulares de direitos de mineração artesanal estão isen-tos do pagamento da taxa de superfície.

ARTIGO 181.°

(Cadastro)

Compete ao órgão de tutela do sector o estabelecimentode um cadastro específico para o acompanhamento e con-trolo da actividade mineira artesanal.

ARTIGO 182.°

(Fiscalização)

Sem prejuízo das responsabilidades dos órgãos policiaise de segurança, compete ao órgão de tutela do sector e demaisautoridades sectoriais locais competentes, o acompanha-mento e fiscalização legal e técnica da actividade mineiraartesanal.

ARTIGO 183.°

(Protecção ambiental)

1. Os detentores de direitos mineiros para a mineraçãoartesanal estão obrigados ao cumprimento das normasambientais para este tipo de actividade mineira.

2. O órgão da tutela define as regras a que ficam obriga-dos os titulares de direitos mineiros de mineração artesanalpara que estes possam cumprir o estabelecido neste Códigoe na demais legislação sobre o ambiente.

ARTIGO 184.°

(Suspensão da mineração artesanal)

1. Sempre que se justifique, por motivos de saúde pública,ambiental ou outras razões ponderosas devidamente funda-mentadas e justificadas, podem ser temporariamente sus-pensa realização de qualquer actividade relativa à mineraçãoartesanal numa determinada área.

2. A suspensão temporária apenas pode ser mantida

enquanto perdurarem as circunstâncias que tiverem determi-

nado a sua existência, salvo a ocorrência de novas situações

que reúnam os requisitos exigidos no número anterior para o

prolongamento da suspensão da actividade de mineração.

ARTIGO 185.°

(Extinção de direitos)

À extinção dos direitos mineiros de mineração artesanal

aplicam-se, com as necessárias adaptações, as regras da

extinção dos restantes direitos mineiros.

ARTIGO 186.°

(Direitos do minerador artesanal)

1. Ao titular do direito de mineração artesanal é garan-

tido o direito de realizar as operações mineiras artesanais do

mineral autorizado na área a si concedida, armazenar, trans-

portar e comercializar o produto obtido, de acordo com as

regras estabelecidas no presente Código e nos regulamentos

que incidam sobre a actividade mineira artesanal.

2. O titular do direito de mineração artesanal pode ainda

invocar em seu favor os direitos para titulares de direitos

mineiros em geral, salvo se das suas características decorrer

claramente que os mesmos não podem ser aplicados a este

tipo de actividade.

ARTIGO 187.°

(Deveres do minerador artesanal)

1. O titular do direito de mineração artesanal fica sujeito

aos seguintes deveres:

a) realizar as actividades mineiras de acordo com o

estabelecido neste Código, nos regulamentos

sobre a matéria e nos títulos de concessão;

b) cumprir as normas ambientais ao abrigo da legisla-

ção pertinente;

c) colaborar com as autoridades, sempre que as cir-

cunstâncias o exijam;

d) responder pelas falhas e incumprimentos das

pessoas que consigo trabalham na concessão

mineira, devendo responsabilizar-se solidaria-

mente pelos prejuízos causados por eles ao

Estado ou a terceiros;

e) manter actualizados os títulos de concessão e os

documentos de identificação relativas ao exercí-

cio dos direitos de mineração artesanal conce-

didos.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4475

Page 40: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

2. Os titulares de direitos de mineração artesanal devemcooperar com as autoridades competentes na denúncia depráticas de exploração ilegal, tráfico ilícito de mineraisestratégicos e de todas as actividades que possam configurarcrimes ou infracções administrativas previstas por lei.

CAPÍTULO XIIComercialização de Minerais

SECÇÃO I

Disposições Comuns

ARTIGO 188.°

(Comercialização do produto da mineração)

Os titulares de direitos mineiros têm o direito de comer-cializar o produto da exploração mineira, devendo obedeceràs condições estabelecidas neste Código sobre comercializa-ção de minerais e às disposições dos respectivos contratos decompra e venda.

ARTIGO 189.°

(Exportação de minerais)

1. A exportação dos minerais extraídos em Angola éobjecto de licenciamento pelo órgão competente do Ministé-rio do Comércio e de um despacho aduaneiro do ServiçoNacional das Alfândegas, dando-se conhecimento do factoao órgão de tutela.

2. É proibida a exportação de recursos minerais nacionaisprovenientes de explorações não autorizadas, nos termosdeste Código, sem prejuízo das penalidades previstas nesteCódigo e noutra legislação aplicável.

3. Todos os minerais extraídos e exportados a partir deAngola devem ter classificação de origem a emitir pelaentidade competente.

ARTIGO 190.°

(Importação de minerais)

1. A introdução de qualquer mineral em território nacio-nal carece de parecer prévio do órgão de tutela. Quando per-mitida, é sempre objecto de despacho aduaneiro, nos termosgerais, e de licenciamento pelo Ministério do Comércio.

2. Logo que efectuadas as operações de importação derecursos minerais, devem os respectivos dados técnicos equantitativos ser levados ao conhecimento do órgão de tutelapara efeitos estatísticos e de controlo.

3. Excluem-se do regime estabelecido neste artigo, aimportação de matérias primas de origem mineral para o

fabrico de materiais de construção e as águas minerais, cujoregime é o estabelecido nos capítulos respectivos desteCódigo e em legislação especial.

SECÇÃO II

Comercialização de Minerais Estratégicos

ARTIGO 191.°

(Regime jurídico)

1. A comercialização de minerais estratégicos deve ser

realizada com observância das regras do presente Código,

salvo se de outro modo for definido pela legislação específica

de cada mineral estratégico.

2. A comercialização de minerais estratégicos deve ter em

conta o carácter específico e a especialidade da classificação

e avaliação dos mesmos, bem como as características parti-

culares do mercado internacional, procurando-se valorizar

estes recursos no interesse da economia nacional.

3. Compete ao Titular do Poder Executivo aprovar as

regras sobre o sistema de comercialização, incluindo por par-

tilha de produção, podendo delegar esta competência, ou

parte dela, no titular do órgão de tutela.

4. Sempre que o sistema de comercialização assentar na

partilha de produção, ou noutro qualquer sistema que impli-

que a divisão de produção em espécie, deve ser adoptada

entre as partes um modelo de parceria societária que mante-

nha a personalidade jurídica de cada associada para efeitos

fiscais, comerciais e outras aplicações ao caso.

ARTIGO 192.°

(Órgão público de comercialização)

1. Nos casos em que razões de soberania ou de interessepúblico justifiquem, a comercialização de minerais estraté-gicos pode ser promovida por uma instituição criada peloPoder Executivo com a função específica de servir de órgãopúblico de comercialização, acautelando-se sempre os legí-timos interesses dos produtores.

2. O órgão público de comercialização promove a vendados minerais estratégicos dos produtores, competindo-lhe asseguintes funções:

a) organizar o sistema de vendas, criando as regras deexecução dos sistemas de comercialização emvigor, bem como garantir as condições físicaspara a participação eficiente dos compradores evendedores na comercialização;

4476 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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b) garantir os interesses comerciais dos produtoresmediante um eficiente sistema de marketing e depromoção de vendas;

c) garantir a segurança das transacções mediante aaplicação de regras de conduta, ética comerciale prevenção de fraudes;

d) prevenir, através de medidas comerciais adequadas,a estabilidade dos preços no mercado internacio-nal;

e) emitir os certificados de origem de minerais que sedestinem à exportação;

f) produzir, armazenar e divulgar dados estatísticossobre a comercialização de minerais estratégicos.

3. As receitas do órgão público de comercialização deminerais estratégicos provêm das seguintes fontes:

a) do Orçamento Geral do Estado;b) das Comissões para cobertura dos custos operacio-

nais em que esteja envolvido, cujo valor é apro-vado pelo órgão de tutela e pelo Ministério dasFinanças.

4. Compete ao Titular do Poder Executivo aprovar asregras sobre o sistema de comercialização, incluindo por par-tilha de produção, podendo delegar esta competência, ouparte dela, no titular do órgão de tutela.

5. As empresas titulares de direitos mineiros participampor direito próprio nas negociações e na elaboração dos con-tratos ou acordos de comercialização dos minerais que foremproduzidos nas minas sob sua concessão.

ARTIGO 193.°

(Aquisição pública de minerais estratégicos)

1. O Poder Executivo pode criar uma ou mais empresasde comercialização de minerais estratégicos para adquirirdirectamente do produtor, em regime de mercado aberto,minerais estratégicos, sempre que tal operação resulte denormas deste Código, da lei ou de necessidades objectivasde intervenção pública no mercado.

2. O Poder Executivo pode promover a aquisição de cer-tos tipos de minerais estratégicos pelas empresas de comer-cialização referidas no número anterior, com o fim de formaruma reserva pública, garantir stocks estratégicos, prevenirqueda de preços no mercado ou outros fins de interessepúblico.

3. Compete ao Titular do Poder Executivo aprovar asregras a que fica sujeita a aquisição e venda pública deminerais estratégicos e a aplicação das respectivas receitas.

ARTIGO 194.°

(Exportação de minerais estratégicos)

1. As exportações de minerais estratégicos são objecto delicenciamento pelo organismo competente do Ministério doComércio e do Serviço Nacional das Alfândegas, dando-seconhecimento do facto ao ministério da tutela.

2. A exportação de minerais estratégicos deve ser prece-dida de avaliação e classificação, podendo-se recorrer, sem-pre que as circunstâncias ou a natureza do mineral o exijam,a um avaliador internacionalmente conceituado contratadopara o efeito.

3. Em todas as fases do processo de avaliação o produtortem o direito de utilizar um avaliador por ele escolhido.

ARTIGO 195.°

(Certificação de minerais estratégicos para exportação)

1. É obrigatória a institucionalização, pelo órgão de tutela,

de um sistema para a certificação de origem de minerais

estratégicos que se destinem à exportação.

2. Sempre que, relativamente a um mineral considerado

estratégico, sejam verificados as razões de facto que levaram

à adopção da Certificação do Processo de Kimberly (CPK)

para os diamantes, designadamente as razões invocadas na

Resolução n.° 55/56 da Assembleia Geral das Nações Unidas,

deve ser emitido o competente certificado de origem.

3. As normas nacionais adoptadas no quadro do CPK são

supletivamente aplicáveis a outros minerais estratégicos, res-

peitadas as especificidades de cada mineral.

ARTIGO 196.°

(Extraterritorialidade das regras de certificação)

1. É proibida a importação, trânsito, tratamento, benefi-

ciação, comercialização ou outro tipo de disposição de

minerais estratégicos em território nacional cuja obtenção

tenha implicado a prática de acções contrárias aos fins visa-

dos pelo sistema de certificação vigente em Angola.

2. A proibição referida no número anterior é igualmente

aplicável a casos em que exista receio justificado de que o

aproveitamento dos minerais estratégicos haja sido feito:

a) sem a observância dos requisitos mínimos de pre-

servação ambiental e de respeito às comuni-

dades;b) mediante a utilização de mão-de-obra infantil;

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4477

Page 42: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

c) com recurso a trabalho forçado ou outras formasde prestação laboral proibida pelo ordenamentojurídico angolano.

3. Os minerais estratégicos que se prove terem sido apro-

veitados em desobediência ao disposto nos números anterio-

res são objecto do mesmo tratamento que, em circunstâncias

semelhantes, é aplicado aos diamantes no âmbito do CPK.

ARTIGO 197.°

(Comercialização dos minerais acessórios)

A comercialização de minerais acessórios que ocorrerem

nos jazigos de minerais estratégicos em exploração, realiza-

-se nos termos da secção anterior deste capítulo, salvo tra-

tando-se de outros minerais estratégicos, caso em que toda a

produção é comercializada, nos termos referidos nesta secção

e na legislação especial sobre a matéria.

ARTIGO 198.°

(Comercialização da produção artesanal de minerais estratégicos)

1. Os minerais estratégicos extraídos nas áreas de explo-

ração artesanal são obrigatoriamente vendidos ao órgão

público de comercialização respectivo.

2. Previamente à venda dos minerais estratégicos referi-

dos no número anterior, é feita uma avaliação dos mesmos no

local, para efeitos de determinação do preço de compra.

3. O valor de cada remessa de minerais estratégicos de

origem artesanal adquirido pelo órgão público de comercia-

lização é pago ao minerador licenciado nos locais aprovados

para o efeito, após a avaliação e acerto dos preços.

LIVRO III

Da Circulação de Pessoas e Bens, da Fiscalização e DasPenalizações

CAPÍTULO XIII

Circulação de Pessoas e Bens nas Áreas deActividade Mineira

ARTIGO 199.°

(Limites à circulação de pessoas e bens)

1. O acesso, a circulação de pessoas e bens, a residênciae o exercício de actividades económicas, podem ser contro-lados, limitados ou proibidos nas áreas de actividade mineiraou a ela reservadas, nos termos do que dispõem os artigosseguintes.

2. Para efeitos da presente Código, as áreas de produçãomineira dividem-se em zonas restritas, zonas de protecção ezonas de reserva.

3. As áreas de produção artesanal de minerais para a cons-trução civil e de águas minero-medicinais são consideradasáreas de produção mineira para efeitos deste capítulo, sendoconsideradas zonas restritas.

4. As áreas concedidas para prospecção mineira e demar-cadas nos termos do n.° 5 do artigo 120.° não têm restriçõesà circulação de pessoas e bens, excepto nos pontos ondeestejam instalados equipamentos de sondagem e equivalen-tes, as quais são consideradas zonas restritas para efeitos delimitação a circulação de pessoas e bens.

ARTIGO 200.°

(Zonas restritas)

1. São zonas restritas as áreas de mineração, compreen-dendo os depósitos ou jazigos e as respectivas instalações debeneficiação, até um raio de 1.000 metros, demarcadas aoabrigo do presente Código.

2. As zonas restritas devem ser assinaladas no terreno,através de marcos e tabuletas, bem visíveis e bem legíveis,voltadas para o exterior e situadas nos vértices das figurasgeométricas que as definirem e noutros pontos de referência,assim como nos pontos de cruzamento com as estradas ecaminhos públicos, contendo os dizeres «Zona Restrita.Acesso Proibido» e a indicação clara do título do direitomineiro e do seu respectivo titular.

3. Constitui responsabilidade do titular do direito mineiroem causa construir, à sua custa e segundo o traçado que lhefor indicado pelas autoridades competentes, vias de comuni-cação alternativas às estradas e caminhos públicos que pas-sarem por uma zona restrita.

4. O titular do direito mineiro pode, no seu interesse esem necessidade de autorização, delimitar com vedação con-tínua, no todo ou em parte, as zonas restritas, bem como osdepósitos, minas e as instalações situadas dentro delas.

ARTIGO 201.°

(Circulação de pessoas nas zonas restritas)

1. Ressalvados os casos previstos neste Código, é proi-bido o acesso e circulação nas zonas restritas de pessoasestranhas não afectas directamente à actividade mineira.

2. O acesso de entidades do Estado às zonas restritas, bemcomo de outras entidades ou pessoas convidadas ou espe-

4478 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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cialmente autorizadas pelo titular dos direitos mineiros, é per-mitido, desde que realizado mediante prévia comunicaçãoformal ao titular do direito e às autoridades policiais locais.

3. A circulação de pessoas dentro das zonas restritas é

fiscalizada pelos titulares dos direitos mineiros respectivos,

devendo tomar as medidas adequadas para prevenir os

efeitos nocivos que estas restrições visam prevenir, nos limi-

tes da lei.

ARTIGO 202.°

(Zonas de protecção)

1. São zonas de protecção as seguintes:

a) as áreas correspondentes às faixas de terreno que

envolvem as zonas restritas, num raio de até 5Km,

a estabelecer por prudente critério do órgão

competente, a partir dos limites externos dos

depósitos ou jazigos protegidos por demarcação

mineira;

b) as áreas correspondentes às ocorrências de mine-

rais encontrados ao abrigo de um título de pros-

pecção, acrescidas de uma faixa envolvente num

raio de até 5Km, a estabelecer por prudente cri-

tério do órgão competente, a partir dos limites

externos dos depósitos ou jazigos protegidos,

durante o período entre a descoberta das ocor-

rências e a concessão dos direitos de mineração.

2. As zonas de protecção devem ser assinaladas no ter-

reno através de marcos e tabuletas, bem visíveis e bem legí-

veis, voltadas para o exterior e situadas nos vértices das

figuras geométricas que as definirem, assim como nos pon-

tos de cruzamento com as estradas e caminhos públicos, con-

tendo os dizeres «Zona de Protecção Mineira - Permanência

Proibida» e a indicação clara do título do direito mineiro e

do seu respectivo titular.

3. As zonas de protecção a que se refere a alínea b) do n.° 1

devem manter-se com os mesmos ou outros limites, nos casos

em que, nas ocorrências de minerais protegidos, sejam

demarcadas zonas de produção artesanal.

4. As zonas de protecção são estabelecidas pelo ministé-

rio da tutela, a pedido das concessionárias, e destinam-se a

prevenir a subtracção, extracção e tráfico ilícito de minerais,

devendo a sua dimensão estar de acordo com a necessidade

contextual objectiva, dentro de uma determinada zona, de

prevenir aquelas práticas.

5. O ministério da tutela pode estabelecer uma distância

superior à consagrada neste artigo quando se trate da produ-

ção de minerais estratégicos.

ARTIGO 203.°

(Circulação de pessoas nas zonas de protecção)

1. A circulação de pessoas dentro das zonas de protecção

só pode ser feita por estradas e caminhos públicos, devendo

as pessoas que por eles circularem fazer-se acompanhar dos

seguintes documentos:

a) bilhete de identidade ou outro documento oficial

comprovativo da respectiva identidade, desde

que tenha fotografia;

b) documento emitido pelos serviços a que pertencer,

ou pela autoridade administrativa da área da res-

pectiva residência ou pela concessionária.

2. O trânsito pelas estradas e caminhos públicos existen-

tes nas zonas de protecção está sujeito a fiscalização pelas

autoridades policiais competentes, sendo obrigatória a apre-

sentação dos documentos referidos no número anterior deste

artigo, como condição para continuar o trânsito.

ARTIGO 204.°

(Zonas de reserva mineira)

1. São zonas de reserva mineira as parcelas do território

nacional que, nos termos do artigo 13.°, não tendo ainda sido

objecto de qualquer concessão de direitos mineiros, são con-

tudo reservadas ao desenvolvimento futuro de actividades

mineiras.

2. Compete ao Executivo estabelecer as zonas de reserva

mineira, sempre que haja conhecimento ou fundada previsão

de ocorrências de minerais em qualquer parcela do território

nacional.

ARTIGO 205.°

(Circulação de bens)

1. Nenhuma mercadoria pode entrar ou sair da zona res-

trita sem autorização do titular dos direitos mineiros respec-

tivos.

2. A circulação de mercadorias pela zona de protecção é

permitida desde que se façam acompanhar de guia de expe-

dição emitida pelo Governo Provincial, em que as mesmas

estejam claramente identificadas, com referência do destina-

tário.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4479

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3. A circulação de mercadorias pela zona de protecção éigualmente permitida mediante credencial passada pelo titu-lar dos direitos mineiros respectivos.

ARTIGO 206.°

(Actividades económicas)

1. É vedada a realização de qualquer tipo de actividadeeconómica nas zonas restritas e nas zonas de protecção, sejaqual for a sua natureza, industrial, comercial, agrícola ououtra, alheia à actividade mineira.

2. É responsabilidade dos titulares dos direitos mineirosrespectivos indemnizar os titulares dos estabelecimentoscomerciais, industriais, agrícolas, pecuários ou outros, exis-tentes à data da demarcação no interior das zonas restritas edas zonas de protecção, pelos prejuízos que a interdiçãoreferida no número anterior lhes causar.

3. É permitida a expropriação por utilidade pública debens existentes nas zonas restritas e nas zonas de protecção,sempre que se trate de áreas de exploração de mineraisestratégicos, ou para outros fins públicos relevantes, nos ter-mos da lei.

ARTIGO 207.°

(Residência)

1. É proibida a residência nas zonas restritas. Nas zonas

de protecção só é permitida a residência de pessoas vincula-

das às actividades de produção mineira.

2. Só é permitida a criação e demarcação de zonas restri-

tas ou de zonas de protecção, desde que se garanta o reagru-

pamento residencial das populações aí residentes para fora

dessas zonas, o mais possível próximo delas, constituindo-se,

em tal caso, os titulares dos direitos mineiros respectivos no

dever de observar o seguinte:

a) a construção de habitações condignas, nunca infe-

riores às que possuíam as pessoas deslocadas;

b) a construção de infra-estruturas sociais e comuni-

tárias, designadamente escolas, centros de saúde,

centros de convívio, templos, sistemas de abas-

tecimento de água e outros, em condições

equivalentes, pelo menos, às que existiam nos

aglomerados transferidos.

3. O disposto nas alíneas a) e b) do número anterior não

se aplica aos edifícios e construções situados nas zonas res-

tritas e nas zonas de protecção que forem expropriados por

utilidade pública, nos termos da lei.

4. Compete ao Governador da Província, em colaboração

com os representantes das comunidades locais abrangidas,

aprovar o programa de reagrupamento das populações, pro-

posto pelo titular dos direitos mineiros, tendo em conta o

estabelecido neste artigo.

5. Os titulares de direitos mineiros sob cuja responsabili-

dade esteja o reagrupamento residencial de populações, toma

em consideração os programas de fomento económico e de

promoção social definidos pelo Executivo, competindo ao

Governo da Província zelar pelo seu integral cumprimento.

ARTIGO 208.°

(Restrições nas áreas de mineração artesanal)

O acesso, a circulação e a permanência nas áreas demar-

cadas para a mineração artesanal só são permitidos aos por-

tadores do respectivo título e àqueles que, nos termos deste

Código e do estabelecido em regime especial, aí trabalhem,

sendo nelas rigorosamente proibida qualquer actividade eco-

nómica estranha à produção mineira.

ARTIGO 209.°

(Órgãos de controlo de pessoas e bens)

1. A vigilância e o controlo de pessoas e bens nas zonasrestritas e nas zonas de protecção, assim como a segurançados respectivos jazigos e da actividade de produção mineira,são realizados pelos titulares dos direitos mineiros respec-tivos, com meios próprios e pessoal por elas contratado, emsistema de auto-defesa, ou mediante a contratação deempresas de segurança especializadas, nos termos em que alei o permitir.

2. A vigilância e o controlo de pessoas e bens nas áreasdemarcadas para produção artesanal são realizados peloEstado. Quando as áreas estiverem inseridas nas proximi-dades das zonas de produção industrial, a vigilância será feitaem colaboração com os titulares dos direitos mineiros res-pectivos.

3. Os poderes de vigilância e controlo de pessoas e bensatribuídos às entidades referidas nos números anteriores nãoprejudicam a competência genérica atribuída por lei à Polí-cia Nacional e aos órgãos de segurança.

ARTIGO 210.°

(Atribuições dos titulares de direitos mineiros em matéria de

segurança)

1. No exercício das atribuições de vigilância, segurança econtrolo de circulação de pessoas e bens que este Código lhes

4480 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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confere, incumbe aos titulares de direitos mineiros e àsempresas de segurança:

a) manter em constante vigilância as zonas sob seu

controlo e fiscalizar o trânsito de pessoas e bens;

b) impedir a residência, o trânsito, o exercício de

actividades económicas e o acesso não autori-

zado de pessoas nas áreas de actividade mineira;

c) prevenir a realização de toda e qualquer activi-

dade de prospecção, pesquisa, reconhecimento e

exploração não autorizada de minerais;

d) assegurar a protecção de jazigos e ocorrências,

opondo-se a toda e qualquer actividade que

atente contra a sua segurança;

e) garantir a segurança das pessoas, das instalações,

dos bens e dos serviços afectos ao exercício das

actividades mineiras.

2. No exercício das suas atribuições, podem as entidadese pessoas encarregadas da segurança e do controlo da cir-culação de pessoas e bens realizar os seguintes actos:

a) identificar e proceder a revistas de rotina aos seustrabalhadores e, de modo geral, às pessoas queentrem ou saiam das zonas restritas ou circulemou se encontrem nas demais áreas sob seu con-trolo, assim como aos objectos e mercadorias deque sejam portadoras ou que estejam sob sua res-ponsabilidade;

b) exigir a apresentação de autorizações de acesso,credenciais ou guias de expedição de mercado-rias ou bens, sempre que o acesso à área careçalegalmente dessas autorizações;

c) deter preventivamente os agentes dos crimes pre-vistos no presente Código, quando em flagrantedelito, e entregá-los de imediato às autoridadespoliciais competentes, e apreender os instrumen-tos de crime por eles transportados.

3. Para os efeitos do disposto na alínea c) do númeroanterior, os meios de transporte, as armas e os materiais eapetrechos de acampamento encontrados na posse dos agen-tes da infracção são considerados instrumentos de crime.

4. As pessoas detidas e os bens apreendidos devem ser deimediato entregues ao magistrado do Ministério Público ouno posto da Polícia Nacional que se encontrar mais próximodo local da detenção ou apreensão, nos termos da lei.

5. Compete aos titulares de direitos mineiros publicarregulamentos internos sobre matéria de vigilância, segurançae controlo, aplicáveis nas zonas restritas, destinados aos seus

trabalhadores e às pessoas por lei autorizadas ou convidadasa entrar naquelas zonas.

6. Os regulamentos referidos no número anterior devemser remetidos previamente ao ministério da tutela que, apósparecer favorável, os envia à aprovação da Polícia Nacional.

ARTIGO 211.°

(Trânsito de minerais)

1. O trânsito de minerais está sujeito à observância de

regras específicas que atendam à natureza dos minerais e à

necessidade de garantir a segurança dos mesmos, a protecção

da saúde das pessoas e da salubridade dos locais por onde

transitem, bem como a defesa do ambiente.

2. Sem prejuízo de outras medidas a aprovar pelos órgãos

competentes do Executivo, constituem obrigações dos titu-

lares de direitos mineiros, quanto ao trânsito de minerais os

seguintes:

a) obter dos órgãos competentes as necessárias guias

de trânsito;

b) comunicar às autoridades locais sobre o trânsito de

minerais por onde transitarem os mesmos, sem-

pre que tais minerais sejam susceptíveis de cau-

sar danos à saúde das pessoas ou ao ambiente;

c) cumprir as regras e determinações das autoridades

competentes sobre trânsito de bens sujeitos a cui-

dados especiais;

d) acondicionar ou embalar os minerais a transportar

em embalagens e contentores adequados ao trans-

porte seguro;

e) garantir que o acondicionamento e embalagem dos

minerais tenham as condições de segurança

necessárias para o tipo de mineral a transportar;

f) garantir a segurança das tripulações, prevenindo ris-

cos de contaminação do ar das cabines em que se

encontram, de quedas ou desprendimentos de

carga;

g) prevenir a prática de furtos ou de outros atentados

à propriedade. Tomando as medidas que se mos-

trem adequadas, podendo solicitar apoio às auto-

ridades de segurança pública, sempre que tal

necessidade se imponha.

3. O trânsito de minerais para amostras laboratoriais ou

outros fins transitórios está sujeito ao regime definido neste

artigo, observando-se as obrigações contratuais ou que cons-

tem dos títulos de direitos sobre amostras de cada mineral

em concreto.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4481

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CAPÍTULO XIVFiscalização, Inspecção e Transgressões Administrativas

ARTIGO 212.°

(Fiscalização e inspecção)

1. Compete ao órgão de tutela fiscalizar e inspeccionar o

exercício das actividades geológico-mineiras.

2. A fiscalização da actividade mineira visa assegurar o

desenvolvimento harmonioso da indústria mineira nacional,

com base numa sã e racional exploração e aproveitamento

dos recursos minerais do País, garantir que a mesma se rea-

lize em consonância com os interesses públicos e prevenir

transgressões às disposições deste Código e da legislação

complementar.

3. A inspecção da actividade mineira visa garantir o cum-

primento do presente Código e seus regulamentos, bem como

estabelecer o controlo administrativo e técnico dos trabalhos

de prospecção e exploração dos recursos mineiros, incluindo

os materiais de construção de origem mineira, na base do

estabelecido na lei e nos contratos.

4. As áreas de actividade mineira são consideradas sob

fiscalização e inspecção permanentes do órgão de tutela, nos

termos deste Código, devendo os titulares de direitos minei-

ros colaborar com os agentes de fiscalização e inspecção

quando devidamente credenciados e mandatados para reali-

zar actos de fiscalização e inspecção.

5. A fiscalização e a inspecção mineira tem por finalidade,

entre outras, prevenir e garantir o seguinte:

a) que o exercício dos direitos mineiros concedido,

nos termos deste Código e da legislação comple-

mentar se realize de acordo com as respectivas

regras normativas;

b) que o titular de direitos mineiros exerça as suas

actividades de acordo com as normas técnicas,

económicas, administrativas e sociais em vigor;

c) que as condições de trabalho nas minas e suas

dependências estejam de acordo com as exigên-

cias legais e as recomendações dos órgãos com-

petentes;

d) que a conservação e difusão da documentação de

carácter geral sobre a exploração dos recursos

mineiros se realize de acordo com o que está

estabelecido legalmente.

6. A fiscalização mineira deve ser exercida de forma a não

perturbar o normal funcionamento das actividades mineiras.

7. É proibida a intromissão na gestão das actividades

mineiras a pretexto de fiscalização ou inspecção da activi-

dade mineira.

ARTIGO 213.°

(Penalizações das infracções administrativas)

1. Sem prejuízo das sanções penais previstas neste Código

e na restante legislação penal aplicável, as infracções às dis-

posições do presente Código e à legislação complementar são

punidas como transgressões administrativas, nos termos da

lei, com sanções pecuniárias em moeda nacional, acrescidas

da suspensão das operações geológica e mineiras até noventa

dias sempre que a natureza da infracção o justifique.

2. Compete ao Poder Executivo tipificar e aprovar as

transgressões mineiras administrativas e estabelecer as san-

ções correspondentes, bem como o quantitativo das multas a

aplicar e o destino orçamental das mesmas.

ARTIGO 214.°

(Tramitação processual)

1. O processo de aplicação de sanções administrativastem por base um auto de notícia ou um processo de averi-guação.

2. A iniciativa e a tramitação processual é da competên-cia do órgão de tutela e dos seus agentes, sendo a aplicaçãodas sanções da competência do respectivo ministro, sem pre-juízo da faculdade de delegar esses poderes, quando se tratede transgressão punível exclusivamente com multa.

3. Quando a sanção a aplicar for a de suspensão das ope-rações geológicas e mineiras ou a de multa superior à quan-tia em moeda nacional equivalente a USD 10 000,00 deveser ouvido o titular dos direitos mineiros respectivo, antes dadecisão de aplicar a multa.

ARTIGO 215.°

(Efeitos do não cumprimento de penas administrativas)

O não cumprimento das penas aplicadas nos termos doartigo 213.°, depois da notificação do despacho do Ministroda tutela que a aplicou, por transgressão administrativa oupor motivos que justifiquem a suspensão das operaçõesmineiras, nos termos deste Código e da legislação comple-mentar, é punível como crime de desobediência qualificadae constitui fundamento para rescisão do contrato.

4482 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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ARTIGO 216.°

(Responsabilidades os órgãos de segurança)

O disposto no artigo anterior não prejudica o exercíciodas atribuições que, em matéria de vigilância, segurança, econtrolo de pessoas e bens, são conferidas aos órgãos desegurança pública e às empresas especializadas de segurançaprivada nas zonas restritas, nas zonas de protecção e nas áreasdemarcadas para exploração artesanal, nos termos do pre-sente Código.

ARTIGO 217.°

(Proibição de instrução penal)

É vedada aos titulares de direitos mineiros ou aos agen-tes de segurança privada referidos nos artigos anteriores rea-lizar actividade processuais de instrução criminal.

ARTIGO 218.°

(Dever de colaboração com as autoridades)

O pessoal das empresas concessionárias ou das empresasespecializadas de segurança privada encarregadas do con-trolo de pessoas e bens nas áreas produtoras de mineraisestratégicos deve, na prevenção e combate ao tráfico ilícitode minerais estratégicos e às demais actividades ilícitas pre-vistas no presente Código, agir em estrita colaboração com asautoridades policiais, de instrução criminal e judiciária.

CAPÍTULO XVTransgressões Penais

SECÇÃO I

Prevenção e Repressão

ARTIGO 219.°

(Âmbito material)

1. O regime penal estabelecido neste capítulo aplica-seaos actos envolvendo minerais estratégicos, tipificados nesteCódigo como crime.

2. Aos actos criminosos envolvendo minerais comunsaplica-se o regime penal comum.

3. Aos actos não tipificados como crime pelo presenteCódigo, mas que constituam infracção penal envolvendo aactividade mineira, aplica-se o regime penal comum.

ARTIGO 220.°

(Órgãos competentes)

1. A prevenção e repressão dos crimes envolvendo mine-rais estratégicos compete, em todo o território nacional, aos

órgãos policiais especiais de prevenção e repressão de cri-mes envolvendo minerais estratégicos, nos termos estabele-cidos neste Código e na lei comum.

2. O Executivo pode criar, no interior dos órgãos judiciá-rios de investigação e instrução processual comuns, estru-turas especializadas de prevenção, investigação e instruçãode processos penais de minerais estratégicos, as quais este-jam, em todo o caso, sujeitas a uma mesma direcção orgâ-nica e a uma fiscalização comum do Ministério Público.

3. O Executivo pode criar uma corporação policial espe-cializada para a prevenção e repressão de crimes envolvendominerais estratégicos.

4. A prevenção e repressão dos crimes envolvendo mine-rais comuns compete, em todo o território nacional, aosórgãos comuns de prevenção e repressão criminal do Estado,nos termos estabelecidos pela lei comum.

ARTIGO 221.°

(Regimes especiais de remuneração)

O Titular do Poder Executivo pode estabelecer regimesespeciais de remuneração para a Polícia Nacional, os Magis-trados Judiciais e do Ministério Público, funcionários da jus-tiça e demais trabalhadores dos restantes órgãos de prevençãoe repressão criminal, colocados nas áreas de produção deminerais, sempre que a necessidade de prevenção do tráficoilícito o justifique.

ARTIGO 222.°

(Recompensa por colaboração)

1. As pessoas que, por qualquer forma, determinarem aapreensão de minerais estratégicos, têm direito a um prémiopecuniário equivalente a até 51% do respectivo valor.

2. Compete ao Titular do Poder Executivo aprovar o mon-tante e a forma de atribuição dos prémios referidos nonúmero anterior.

ARTIGO 223.°

(Minerais apreendidos)

1. Os minerais apreendidos no âmbito de acção penaldevem ser submetidos a exame e avaliação por peritos devi-damente credenciados pelo órgão de tutela e entregues a esteou seus representantes locais, que actua como fiel depositá-rio enquanto durar a avaliação.

2. Mediante requisição dos órgãos competentes de inves-tigação e de instrução processual, os minerais apreendidos e

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4483

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avaliados e os instrumentos de crime eventualmente apreen-didos transitam, sob termo de entrega, para a guarda destes.

3. Os minerais apreendidos são, depois do julgamento

condenatório definitivo, entregues às seguintes entidades:

a) às empresas detentoras de títulos de direitos de

prospecção ou de exploração, quando estiver cla-

ramente determinado que foram extraídos ou fur-

tados das jazidas de produção, instalações de

escolha, de tratamento, de guarda ou de segu-

rança dos respectivos titulares;

b) fora dos casos previstos na alínea anterior, aos

órgãos públicos de comercialização de minerais

estratégicos, quando existam;

c) ao Estado, através do ministério da tutela, nos res-

tantes casos.SECÇÃO II

Crimes Mineiros

ARTIGO 224.°

(Entrada não autorizada em zona restrita)

1. O acesso e a permanência de pessoas numa zona res-

trita de produção de minerais estratégicos, fora dos casos em

que a lei permite, é punido com prisão e multa até dois anos.

2. Havendo negligência, a pena é a de prisão até seis

meses ou multa até um ano.

ARTIGO 225.°

(Introdução ilícita em áreas de mineração artesanal)

1. A introdução não autorizada numa área demarcada paraa exploração artesanal de minerais estratégicos é punida comprisão até seis meses ou multa até um ano.

2. A pena é a de prisão e multa até dois anos se o agentenão tiver residência permanente na zona em que cometer ainfracção.

3. Em caso de negligência a pena é a de prisão até trêsmeses ou multa até seis meses.

ARTIGO 226.°

(Prospecção ilícita)

1. A actividade de reconhecimento, prospecção, pesquisae avaliação de minerais estratégicos sem se estar autorizado,nos termos deste Código e da legislação complementar, épunível com a pena de prisão e multa até dois anos para osseus autores materiais.

2. A mesma pena aplica-se aos autores morais.

3. Os agentes ou mandatários dos autores morais ou

materiais são considerados cúmplices.

ARTIGO 227.°

(Exploração ilícita)

A actividade de exploração de minerais estratégicos,

assim como a sua simples extracção, sem o competente e

válido título de concessão de direitos de exploração, é punida

com a pena de dois a oito anos de prisão maior, salvo se,

havendo extracção, outra mais grave lhe couber, em razão do

valor dos minerais extraídos.

ARTIGO 228.°

(Furto de minerais estratégicos)

1. O furto de minerais estratégicos em bruto é punível

com pena de oito a doze anos de prisão maior.

2. O furto de minerais estratégicos transformados, depo-

sitados em locais de guarda e conservação, é punida com as

penas de furto, agravadas.

ARTIGO 229.°

(Posse ilícita de minerais estratégicos)

1. A posse ou a mera detenção, fora dos casos legalmente

autorizados, de minerais estratégicos em bruto, é punível com

a pena de dois a oito anos de prisão maior.

2. A posse ou mera detenção não autorizada de minerais

estratégicos transformados, depositados em locais de guarda

e conservação, sem que haja a intenção de furtar, é punida

com a pena de prisão, podendo a mesma ser substituída por

multa até um ano, em função da pouca gravidade do acto.

ARTIGO 230.°

(Tráfico ilícito de minerais estratégicos)

1. Constitui tráfico ilícito de minerais estratégicos a com-pra, a venda, a dação em pagamento ou outra qualquer formade transmissão, assim como a saída do território nacional,fora dos casos legalmente autorizados, de minerais estraté-gicos em bruto.

2. O tráfico ilícito de minerais estratégicos é punível coma pena de oito a doze anos de prisão maior.

3. A comercialização de minerais estratégicos transfor-mados, sempre que tal comercialização esteja sujeita a auto-

4484 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Page 49: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

rizações expressas ou a medidas de segurança especiais, emrazão da sua perigosidade para a saúde pública, é punida compenas de prisão de dois a oito anos.

ARTIGO 231.°

(Introdução ilícita de minerais estratégicos em território nacional)

1. A introdução não autorizada em território nacional de

minerais estratégicos em bruto é punível com a pena de dois

a oito anos de prisão maior.

2. Tratando-se de minerais estratégicos perigosos para a

saúde pública, em bruto ou transformados, a pena é de oito a

doze anos de prisão maior.

ARTIGO 232.°

(Tráfico de minerais falsos)

O tráfico de minerais falsos, fazendo-os passar por mine-

rais estratégicos, em bruto ou transformados, é punível com

a pena de prisão e multa até dois anos.

ARTIGO 233.°

(Multa acessória)

1. A pena acessória de multa pela condenação por qual-

quer crime mineiro que a preveja não pode ser inferior a 1/3

do valor dos minerais estratégicos objecto do crime come-

tido, nem superior ao seu valor global.

2. Se o crime for cometido por representantes, mandatá-

rios ou empregados de sociedades ou outras pessoas jurí-

dicas, e no seu interesse, estas respondem solidariamente

pelo pagamento da multa.

ARTIGO 234.°

(Medidas de segurança)

1. Os agentes dos crimes previstos no presente capítuloque sejam estrangeiros, nos termos da lei angolana, podemser expulsos do território nacional, depois de terem cumpridoa pena.

2. No caso de haver convenções internacionais ou bilate-rais sobre extradição ou outras medidas semelhantes, de queo Estado Angolano seja parte, são estas aplicadas em conju-gação com as penas previstas neste código.

3. Se os agentes dos mesmos crimes exercerem profissãotitulada ou actividade económica sujeita a licenciamento, ouforem agentes ou administradores de sociedade legalmenteconstituída, pode ser-lhes aplicada a pena acessória de inter-

dição do exercício da profissão, actividade de gerência,administração ou outra responsabilidade, pelo período de seismeses a três anos.

4. Aplica-se à interdição estabelecida no número anterior

o disposto no n.° 5 do artigo 70.° do Código Penal, com as

necessárias adaptações.

ARTIGO 235.°

(Destino dos bens apreendidos)

1. Na punição dos crimes dolosos previstos neste capí-

tulo, os minerais e materiais apreendidos consideram-se con-

fiscados.

2. Havendo órgão público de comercialização do mineral

estratégico confiscado, a ele são entregues tais minerais, para

venda e depósito dos resultados na Conta Única do Tesouro.

3. Incluem-se na medida de confisco os equipamentos de

produção ou de tratamento mineral usado para o crime, as

mercadorias que, fora das condições previstas neste Código,

circulem nas áreas mineiras de acesso restrito, como tal

definidas neste Código, e as viaturas em que essas mercado-

rias e os agentes do crime forem transportados, salvo se

pertencerem, umas e outras, a pessoas sem nenhuma partici-

pação no crime e que estejam de boa-fé.

ARTIGO 236.°

(Atenuação especial de penas)

1. Em caso de confissão voluntária e útil para a desco-

berta de crimes e dos seus agentes, pode o tribunal substituir

qualquer pena de prisão maior por penas de prisão e isentar

os réus do cumprimento das penas de prisão ou da multa

acessória.

2. O tribunal pode igualmente reduzir qualquer pena deprisão maior até ao mínimo de um ano, ou substitui-la porprisão correccional nunca inferior a seis meses, sempre que,provando-se circunstâncias que justifiquem o uso da facul-dade de atenuação especial da pena, o dano ou perigo de danoproduzido sejam de valor reduzido ou insignificante.

ARTIGO 237.°

(Desobediência)

1. Os titulares de direitos mineiros que se recusem a cum-prir as ordens e orientações transmitidas por agentes doEstado com poderes estabelecidos neste Código ou na legis-lação comum, cometem o crime de desobediência, nostermos da lei penal.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4485

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2. O crime de desobediência é agravado nos casos em quedo acto resultem prejuízos para o Estado ou para as pessoas,casos em que o infractor deve responder acessoriamentepelos prejuízos causados.

LIVRO IVDo Regime Tributário e Aduaneiro

CAPÍTULO XVIRegime Tributário

SECÇÃO I

Disposições Gerais

ARTIGO 238.°

(Objecto e âmbito)

As disposições constantes do presente capítulo consti-tuem o regime tributário aplicável a todas as entidadesnacionais ou estrangeiras que exerçam as actividades dereconhecimento, pesquisa, prospecção e de exploração deminerais, nos termos do presente Código, em territórionacional, bem como em outras áreas territoriais ou interna-cionais sobre as quais o direito ou os acordos internacionaisreconheçam poder de jurisdição tributária à República deAngola.

ARTIGO 239.°

(Encargos tributários)

1. As entidades referidas no artigo anterior estão sujeitas,consoante a sua actividade, aos seguintes encargos tributá-rios:

a) imposto de rendimento;b) imposto sobre o valor dos recursos minerais

(royalty);c) taxa de superfície;d) taxa artesanal.

2. Os encargos referidos no n.° 1 do presente artigo nãoexcluem a sujeição das entidades referidas no artigo 238.° aoutros impostos ou taxas, devidos por lei, pela prática deactos complementares ou acessórios das actividades refe-ridas no artigo anterior deste capítulo, excepto quando delesestejam expressamente isentos, assim como dos emolumen-tos previstos neste Código.

ARTIGO 240.°

(Independência dos encargos e das obrigações tributárias)

O cálculo da matéria colectável e a liquidação dos encar-gos tributários das entidades referidas no artigo 238.° faz-se,para cada concessão mineira, de forma autónoma, sendo

independentes entre si as obrigações tributárias relativas auma determinada concessão mineira e a quaisquer outrasdevidas por lei.

ARTIGO 241.°

(Imposto sobre aplicação de capitais)

Os dividendos distribuídos pelas sociedades ou outras

entidades empresariais, resultantes dos rendimentos obtidos

nas operações de exploração mineira, estão sujeitos ao

imposto sobre aplicação de capitais, nos termos da lei.

ARTIGO 242.°

(Imposto sobre o rendimento do trabalho)

Os trabalhadores estrangeiros, residentes ou não, contra-

tados pelos concessionários ou por quem, de forma legal, rea-

liza a actividade de pesquisa, prospecção ou exploração de

recursos minerais, bem como todos aqueles que forem con-

tratados para prestar serviços técnicos, científicos ou artís-

ticos, não tributados por outro imposto, ficam sujeitos ao

imposto sobre o rendimento do trabalho, nos termos e con-

dições previstos na lei.

ARTIGO 243.°

(Legislação subsidiária)

Em tudo o que não estiver previsto no presente Código

sobre a tributação é aplicado, subsidiariamente, o Código

Geral Tributário e demais legislação avulsa de natureza fis-

cal e administrativa.

SECÇÃO II

Encargos Tributários

SUBSECÇÃO I

Imposto de Rendimento

ARTIGO 244.°

(Definição)

O imposto de rendimento sobre a actividade mineira

referido na alínea a) do n.° 1 do artigo 239.°, é o imposto

industrial que se encontra genericamente regulado na legis-

lação comum.

ARTIGO 245.°

(Taxa)

1. A taxa do imposto de rendimento para a indústria

mineira é de 25%, dos quais 5% revertem a favor da autar-

quia sob cuja jurisdição esteja a mina respectiva.

4486 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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2. A percentagem referida no número anterior é repartida,proporcionalmente, quando a área da actividade geológico--mineira abranger mais do que uma autarquia.

ARTIGO 246.°

(Incidência)

1. O imposto de rendimento previsto no presente Códigoincide sobre os lucros imputáveis ao exercício das entidadesnacionais ou estrangeiras que, nos termos do presente Código,tenham adquirido os direitos mineiros.

2. As associações em participação ou outras associaçõessem personalidade jurídica são responsáveis pelo cumpri-mento da obrigação fiscal decorrente da sua actividade, semprejuízo da responsabilidade solidária dos seus associados,na medida das suas participações, em caso de incumpri-mento.

3. Para os efeitos referidos no número anterior, as asso-ciações em participação e outras entidades sem personalidadejurídica devem proceder ao cadastro tributário junto darepartição fiscal respectiva, nos termos estabelecidos peloMinistério das Finanças.

ARTIGO 247.°

(Isenções)

Ficam isentos do pagamento do imposto sobre o rendi-mento as entidades que, nos termos do presente Código,estejam sujeitas ao pagamento da taxa sobre o exercício daactividade mineira.

ARTIGO 248.°

(Custos ou perdas dedutíveis)

1. Para efeitos de determinação do rendimento líquido tri-butável das entidades sujeitas ao imposto sobre o rendimento,nos termos deste Código, consideram-se custos ou perdasimputáveis ao exercício os seguintes:

a) encargos da actividade básica, acessória ou com-plementar, relativos à produção mineira, taiscomo os respeitantes às matérias utilizadas, mão--de-obra, energia e outros gastos gerais de fabri-cação, de conservação e reparação;

b) encargos de distribuição e venda, abrangendo os detransportes, publicidade e colocação dos mine-rais produzidos;

c) encargos de natureza financeira, entre os quais jurosde capitais alheios empenhados na empresa, des-contos, ágios, transferências, oscilações cam-biais, gastos com operações de crédito, cobrança

de dívidas e emissões de acções e obrigações eprémios de reembolso;

d) encargos de natureza administrativa, designada-

mente com remunerações, quotas, subsídios e

comparticipações para associações económicas e

organismos corporativos, abonos de família, aju-

das de custo ou subsídios diários, material de

consumo corrente, transporte e comunicações,

rendas, contencioso, pensão de reforma, previ-

dência social e seguros, com excepção dos de

vida a favor dos sócios;

e) encargos com análises, racionalização, investiga-

ção, consulta e especialização técnica do seu pes-

soal;

f) encargos fiscais e parafiscais a que estiver sujeito o

contribuinte, nos termos da lei;

g) reintegrações e amortizações dos elementos do activo

sujeitos a depreciação, mas com observância do

disposto neste capítulo e dos artigos 30.° a 35.°

do Código do Imposto Industrial;

h) encargos aduaneiros que tenham sido pagos por

incorporação no preço dos bens de equipamento

importados adquiridos internamente a não deten-

tores de direitos mineiros que não beneficiem de

isenções semelhantes aos detentores de direitos

mineiros, nos termos deste Código;

i) provisões, incluindo para recuperação ambiental;

j) indemnizações e prejuízos resultantes de eventos

cujo risco não seja segurável;

k) encargos emergentes da segurança das actividades

mineiras;

l) imposto sobre o valor dos recursos minerais;

m) custos de prospecção e pesquisa;

n) contribuição para o Fundo Ambiental.

2. As ofertas ou donativos feitas ao Estado ou para fins de

natureza educativa, cultural, científica, caridade e benefi-

cência, desde que previamente autorizados pela autoridade

fiscal, também são considerados custos ou perdas imputáveis

ao exercício.

ARTIGO 249.°

(Custos fiscais de amortizações e reintegrações)

Constituem custos ou perdas do exercício, até ao limite

das taxas anuais indicadas, os seguintes encargos de reinte-

gração e amortização do activo imobilizado:

a) equipamentos mineiros fixos: 20%;

b) equipamentos mineiros móveis: 25%;c) ferramentas e utensílios de mineração: 33,3%;

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4487

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d) equipamentos de acampamento: 20%;e) bens incorpóreos, incluindo despesas de prospec-

ção e pesquisa: 25%.

ARTIGO 250.°

(Provisões para recuperação ambiental)

1. Os titulares de direitos de exploração mineira devemconstituir uma provisão destinada a custear a restauração ourecuperação do ambiente, resultante dos danos provocadospelas actividades geológicas e mineiras e a vida útil daexploração.

2. As taxas e o limite da provisão são fixados de acordocom o montante determinado pelo estudo de ImpacteAmbiental que acompanha o Estudo de Viabilidade Técnico--Económica no processo de obtenção dos direitos de explo-ração.

3. As despesas efectuadas com a recuperação ambientalsão primeiramente abatidas ao valor acumulado da provisãoexistente e no limite desta, antes que possam ser deduzidas atítulo de custo de exercício.

4. A provisão existente deve ser utilizada até ao termoda concessão ou do contrato, devendo o titular do direitomineiro respectivo ou a associação, no último ano de explo-ração, prestar uma caução sob a forma de garantia bancária,em valor equivalente ao da provisão ou do seu remanescente.

5. Havendo manifesta incúria do titular do direito mineiroou de quem legalmente proceda à actividade de exploraçãomineira, certificada pelos ministros de tutela da actividademineira e do ambiente, e sem prejuízo da aplicação de outrasmedidas previstas em lei pelos organismos competentes, asdespesas efectuadas para a respectiva recuperação ambientalnão são dedutíveis da matéria colectável do imposto de ren-dimento.

ARTIGO 251.°

(Dedução de prejuízos de exercícios anteriores)

Os prejuízos verificados num determinado exercício eco-nómico são transferidos para os exercícios posteriores, nostermos do disposto no n.° 3 do artigo 129.°

ARTIGO 252.°

(Custos ou perdas não dedutíveis)

1. Não se consideram custos ou perdas do exercício:

a) o imposto de rendimento;

b) as despesas incorridas por falta grave, negligência

grave ou dolo por parte do contribuinte ou quem

actue por conta deste;

c) as comissões pagas aos intermediários;

d) as indemnizações, multas ou penalidades por

incumprimento das obrigações legais ou contra-

tuais e as que resultem da verificação de eventos

cujo risco seja segurável;

e) as despesas incorridas em processos de arbitragem,

salvo quando realizadas para defesa das opera-

ções mineiras;

f) as ofertas ou donativos que não tenham sido feitas

ao Estado ou para fins de natureza educativa, cul-

tural, científica, caridade e beneficência e com a

autorização prévia da autoridade fiscal;

g) os juros intercalares pagos, nos termos do pará-

grafo 2.° do artigo 192.° do Código Comercial;

h) as despesas de formação do pessoal expatriado e

dos programas de formação que não respeitem os

termos exigidos na legislação aplicável;

i) quaisquer impostos e contribuições devidos, seja a

que título for, pelos trabalhadores residentes e

não residentes em Angola, bem como pelos

administradores, directores, gerentes, membros

do Conselho Fiscal e outros que servirem o con-

tribuinte, se este os substituir no pagamento de

tais impostos;

j) as despesas de representação escrituradas a qualquer

título, e ainda que devidamente documentadas,

na parte que exceda 20% da remuneração base;

k) as despesas de carácter pessoal de sócios ou accio-

nistas do contribuinte;

l) as contrapartidas oferecidas ao Estado pela atribui-

ção de concessões mineiras.

2. Não são permitidas deduções que se traduzam em

duplicação.

ARTIGO 253.°

(Incentivos fiscais)

1. A requerimento dos interessados, dirigido ao Ministro

das Finanças, ouvido o parecer do ministro da tutela, os titu-

lares de direitos mineiros sujeitos a imposto industrial podem

obter incentivos fiscais na forma de custos dedutíveis.

2. O requerimento contendo o pedido de isenções fiscais

é discutido e negociado na fase contratual do processo de

investimento e segue em apenso ao contrato, depois de apro-

vado pela Comissão de Negociações e obtido o parecer

favorável do ministro da tutela.

4488 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Page 53: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

3. São passíveis de incentivos, designadamente, osseguintes actos relevantes para a economia do País:

a) o recurso ao mercado local de bens e serviços com-plementares;

b) o desenvolvimento da actividade em zonas remotas;c) a contribuição para a formação e treinamento de

recursos humanos locais;d) a realização de actividades de pesquisa e desenvol-

vimento em cooperação com instituições acadé-micas e científicas angolanas;

e) o tratamento e beneficiação local dos minerais;f) a relevante contribuição para o aumento das expor-

tações.

4. Os titulares de direitos mineiros que o requeiram, nostermos do n.° 1 deste artigo, podem obter a atribuição de pré-mios de investimento (uplift), períodos de graça no paga-mento do imposto de rendimento, sempre que estejamabrangidos por qualquer das alíneas do n.° 32 deste artigo,ou qualquer outra modalidade de incentivo fiscal previsto porlei.

5. O Executivo pode autorizar a concessão de isençõesfiscais e aduaneiras a empresas de direito angolano que sedediquem exclusivamente ao tratamento, beneficiação elapidação de minerais extraídos no País.

SUBSECÇÃO II

Imposto sobre o Valor dos Recursos Minerais (Royalty)

ARTIGO 254.°

(Incidência)

1. O Imposto sobre o valor dos recursos minerais ouroyalty incide sobre o valor dos minerais extraídos à boca damina ou, quando haja lugar a tratamento, sobre o valor dosconcentrados.

2. Tratando-se de mineração artesanal de diamantes, oroyalty incide sobre o valor dos lotes adquiridos pelos órgãospúblicos de comercialização, nos termos deste Código.

3. Tratando-se de mineração artesanal de outros minerais,estratégicos ou não, o royaliy incide sobre o valor dos mine-rais adquiridos pelos órgãos públicos de comercialização eoutros compradores autorizados, nos termos do artigoseguinte.

ARTIGO 255.°

(Valor dos minerais)

1. As entidades sujeitas ao imposto sobre o valor dosrecursos minerais devem, até ao dia quinze de cada mês,

entregar na repartição fiscal competente, uma declaraçãoModelo D, em triplicado, ou outro documento que legal-mente o venha a substituir, contendo as quantidades mensaisproduzidas no mês anterior, o seu valor, as bases utilizadaspara a determinação do seu preço e outros elementos neces-sários ao cálculo do imposto devido.

2. O valor dos minerais produzidos, para efeitos de cál-

culo do royalty, é determinado em função do preço médio

efectivo das vendas feitas no período reportado ou, quando

tal não seja possível, é fixado em relação à média das cota-

ções internacionais.

3. Os exemplares da declaração referida no n.° 1 deste

artigo, depois de visadas pelo Ministério das Finanças e

autenticadas com selo branco, destinam-se um ao declarante,

um para o processo existente no Ministério das Finanças e

outro para o ministério da tutela.

4. As disposições contidas nos números anteriores deste

artigo são aplicáveis às entidades comercializadoras que, nos

termos deste capítulo, devem pagar o imposto sobre o valor

dos recursos minerais dos minerais por si adquiridos às enti-

dades que exercem exploração artesanal.

ARTIGO 256.°

(Isenções)

1. Estão isentos do pagamento do imposto sobre o valor

dos recursos minerais os minerais extraídos pelas entidades

que exerçam apenas actividades de prospecção e pesquisa,

cujo valor comercial seja irrelevante.

2. É competente para dirimir conflitos sobre a relevância

ou irrelevância de minerais extraídos durante a fase de reco-

nhecimento, prospecção, pesquisa e avaliação, o ministro da

tutela.

ARTIGO 257.°

(Taxa)

1. As taxas do royalty a aplicar sobre o valor dos recursos

minerais são as seguintes:

a) minerais estratégicos: 5%;

b) pedras e minerais metálicos preciosos: 5%;

c) pedras semi-preciosas: 4%;

d) minerais metálicos não preciosos: 3%;

e) materiais de construção de origem mineira e outros

minerais: 2%.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4489

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ARTIGO 258.°

(Pagamento)

1. O pagamento do imposto sobre o valor dos recursos

minerais é feito até ao final do mês estabelecido para a

entrada da declaração a que se refere o artigo 255.°

2. Não havendo notificação para pagamento em espécie,

este é sempre efectuado em dinheiro.

3. Quando o Estado optar pelo recebimento do royalty em

espécie, a obrigação da entrada da receita respectiva nos

cofres do Estado transita para o organismo oficial que for

encarregado de receber e administrar os minerais dados em

pagamento pelas empresas exploradoras, devendo as empre-

sas exploradoras entregar mensalmente os minerais corres-

pondentes a tal organismo.

4. O prazo de entrega dos minerais a que se refere o

número anterior é de quinze dias, findo o período a que se

reporta o pagamento do imposto.

5. O organismo oficial de que trata o n.° 3 deste artigo

fica obrigado a entregar nos cofres do tesouro, mediante

documento de arrecadação de receitas, até ao último dia de

cada mês, as receitas realizadas com a venda de minerais no

mês anterior, ou comunicar, dentro do mesmo prazo, a cir-

cunstância de não ter havido vendas, se esse for o caso.

6. No caso de haver pagamento em espécie, declaração

idêntica à referida no artigo 255.°, é prestada em quadrupli-

cado ao organismo oficial de que trata este artigo, que fica

com um exemplar, distribuindo os restantes pelas entidades

mencionadas nesse artigo.

ARTIGO 259.°

(Penalidades)

1. Sempre que, por facto imputável ao contribuinte, forretardado o pagamento do royalty, a este acresce o juro a quese refere o artigo 39.° do Código Geral Tributário, sem pre-juízo da multa aplicada ao infractor.

2. Decorridos trinta dias sobre o prazo referido no artigoanterior, é ainda devida multa de valor igual ao imposto nãopago.

3. Decorridos mais de trinta dias, sem que se achem pagoso imposto e acréscimos legais, é imposta multa agravada, devalor igual ao dobro do imposto não pago, sem prejuízo dosprocedimentos legais para cobrança coerciva das dívidas con-traídas.

SUBSECÇÃO III

Taxa de Superfície

ARTIGO 260.°

(Incidência)

Os titulares de direitos de prospecção mineira concedi-dos, nos termos do presente Código estão obrigados aopagamento anual de uma taxa de superfície que incide sobrea área da concessão.

ARTIGO 261.°

(Taxa)

1. Durante a vigência do título de reconhecimento, pros-pecção, pesquisa e avaliação no período inicial de cinco anos,o seu detentor fica sujeito ao pagamento da taxa de superfí-cie, na unidade monetária com curso legal, por quilómetroquadrado da área correspondente à cada título, nos seguintesvalores:

a) para os diamantes: o equivalente em Kwanzas asete dólares dos Estados Unidos da América, noprimeiro ano; doze dólares, no segundo ano;vinte dólares, no terceiro ano; trinta dólares, noquarto ano e quarenta dólares, no quinto ano;

b) para os restantes minerais estratégicos: o equiva-lente em Kwanzas a cinco dólares dos EstadosUnidos da América, no primeiro ano; dez dólares,no segundo ano; quinze dólares, no terceiro ano;vinte e cinco dólares, no quarto ano e trinta ecinco dólares, no quinto ano;

c) para as pedras e metais preciosos: o equivalenteem Kwanzas a cinco dólares dos Estados Unidosda América, no primeiro ano; dez dólares, nosegundo ano; quinze dólares, no terceiro ano;vinte e cinco dólares, no quarto ano e trinta ecinco dólares, no quinto ano;

d) para pedras semi-preciosas: o equivalente emKwanzas a quatro dólares dos Estados Unidos daAmérica, no primeiro ano; sete dólares, no se-gundo ano; dez dólares, no terceiro ano; quinzedólares, no quarto ano e vinte dólares, no quintoano;

e) para minerais metálicos não preciosos: o equiva-lente em Kwanzas a três dólares dos Estados Uni-dos da América, no primeiro ano; cinco dólares,no segundo ano; sete dólares, no terceiro ano;doze dólares, no quarto ano e dezoito dólares, noquinto ano;

f) para os materiais de construção de origem mineirae outros minerais: o equivalente em Kwanzas adois dólares dos Estados Unidos da América, no

4490 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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primeiro ano; quatro dólares, no segundo ano;seis dólares, no terceiro ano; dez dólares, noquarto ano e quinze dólares, no quinto ano.

2. Para cada período de prorrogação do período inicial de

cinco anos, previsto no presente Código, os valores das taxas

são os correspondentes ao dobro do valor do quinto ano, por

cada ano de prorrogação.

3. Os valores da taxa de superfície estabelecidos no n.° l

deste artigo podem ser alterados mediante decreto do Exe-

cutivo, com fundamento nas alterações cambiais, monetárias,

inflacionistas e outras que tenham ocorrido e que motivem a

necessidade objectiva de tais alterações.

4. Havendo retenção de parte da área de concessão, em

conformidade com as disposições deste capítulo, o titular dos

direitos mineiros respectivo deve pagar o triplo dos valores

estabelecidos para o quinto ano, recaindo sobre a parte da

área de concessão não libertada.

ARTIGO 262.°

(Pagamento)

1. Para obtenção do título de prospecção ou da sua pror-

rogação, os interessados devem proceder ao pagamento da

taxa de superfície junto da repartição fiscal competente, com

base numa guia de pagamento a emitir em triplicado pelo

ministério de tutela, onde conste:

a) o mineral objecto do título de prospecção;

b) área abrangida pelo título de prospecção, em quiló-

metros quadrados ou suas fracções e sua locali-

zação;

c) a fase de reconhecimento, prospecção, pesquisa e

avaliação, distinguindo-se o período inicial ou

prorrogação em que se deve enquadrar;

d) o montante a pagar anualmente, nos termos estabe-

lecidos neste Código.

2. Os pagamentos subsequentes ao primeiro ano devem

ser efectuados até trinta e um de Janeiro do ano a que res-

peita o título, sendo dispensada a apresentação de nova guia,

salvo se verificar qualquer alteração nos seus termos.

3. Os exemplares da guia referida no n.° 1 deste artigo,

depois de averbados pela Repartição Fiscal competente os

elementos que comprovem o seu pagamento, destinam-se um

para apresentação no ministério da tutela, outro para integrar

o processo da Repartição Fiscal e o terceiro para o interes-

sado.

ARTIGO 263.°

(Penalidades)

1. O atraso no pagamento da taxa de superfície, até ses-senta dias, para além do prazo estabelecido no n.° 1 do artigoanterior, é punido com multa igual ao dobro do valor da taxa.

2. Decorridos trinta dias após o prazo referido no númeroanterior, sem que se tenha regularizado o pagamento do valorda taxa devida e as cominações nele previstas, o devedor ficasujeito a uma multa equivalente a cinco vezes o valor da taxa.

3. No caso do prazo mencionado no número anterior serexcedido, ou ainda verificando-se reincidência na mora e semprejuízo para a execução das penalidades anteriores, é anu-lado, na forma jurídica adequada, o título de concessão.

SUBSECÇÃO IV

Taxa Artesanal

ARTIGO 264.°

(Taxa artesanal dos minerais não estratégicos)

As entidades que exerçam actividade de exploraçãomineira artesanal de minerais não estratégicos, nos termosdo presente Código, estão sujeitas ao pagamento da taxasobre o exercício da mineração artesanal, ou taxa artesanal.

ARTIGO 265.°

(Taxa artesanal e pagamento)

1. A taxa artesanal referida no artigo anterior é estabele-cida por decreto do Executivo, por proposta dos Ministrosdas Finanças e da tutela.

2. O valor da taxa artesanal é fixado em salários míni-mos, sendo distinto para cada tipo de mineral explorado.

3. As normas processuais para o pagamento da taxa arte-sanal são aprovadas pelo Poder Executivo, que fixa igual-mente a taxa.

ARTIGO 266.°

(Impostos e taxas artesanal dos minerais estratégicos)

1. O detentor do título de exploração artesanal de mine-rais estratégicos está sujeito ao pagamento de impostos etaxas legais e a um royalty de até 5% do valor dos minerais.

2. O imposto e a taxa descritos no número anterior sãoretidos na fonte pelo órgão público de comercialização dosminerais estratégicos por cada pagamento efectivo, e entre-gue nos cofres do Estado através da Repartição Fiscal da área

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4491

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do exercício da actividade artesanal, devendo para o efeitoentregar ao titular dos direitos mineiros respectivos um reciboprovisório desse valor.

3. A liquidação e entrega dos impostos devidos são da res-ponsabilidade do órgão público de comercialização de mine-rais estratégicos, que responde pela totalidade de cadaimposto e acréscimos no caso de não pagamento.

4. O órgão público de comercialização de minerais estra-tégicos é responsável pela entrega do comprovativo depagamento do royalty ao titular do título.

5. As Repartições Fiscais devem manter organizados osprocessos de cada titular de título de exploração artesanal deminerais estratégicos a quem atribuem o respectivo númerode contribuinte.

SUBSECÇÃO V

Fundo Ambiental

ARTIGO 267.°

(Dever de contribuição)

1. Com excepção da actividade mineira artesanal, asentidades que exerçam a actividade de exploração mineiraestão sujeitas ao pagamento de uma contribuição ao Estadoque se destina à constituição de um Fundo Ambiental.

2. A competência para criação do Fundo Ambiental eaprovação da sua orgânica é competência do Titular do PoderExecutivo, o qual deve regular o montante da contribuiçãoreferida no número anterior, bem como outras regras,incluindo a forma da arrecadação e afectação das receitas res-pectivas.

CAPÍTULO XVIIRegime Aduaneiro

ARTIGO 268.°

(Regime jurídico)

1. Os titulares de direitos mineiros concedidos ao abrigodo presente Código ficam sujeitos ao regime aduaneiro pre-visto neste capítulo.

2. Em tudo quanto não se encontre estabelecido nestecapítulo, é aplicável o regime geral vigente.

ARTIGO 269.°

(Isenção para operações mineiras)

1. A importação de equipamentos destinados exclusiva edirectamente à execução das operações de prospecção, pes-

quisa, reconhecimento, exploração e tratamento de recursosminerais está isenta de direitos e da taxa de serviço relativoaos emolumentos gerais aduaneiros, com excepção doimposto de selo, da taxa estatística de 1/1000 e das restantestaxas de prestação de serviços associados.

2. Os equipamentos referidos no número anterior cons-

tam de uma lista aprovada e actualizada por decreto exe-

cutivo conjunto do Ministério das Finanças e do ministro

titular do órgão de tutela.

3. Por solicitação do titular de direitos mineiros respectivo

e após parecer do Serviço Nacional das Alfândegas, podem

ser acrescentadas às listas anexas, através de decreto exe-

cutivo dos Ministros das Finanças e da tutela, outras merca-

dorias destinadas exclusiva e directamente à execução das

operações mineiras referidas no número anterior.

ARTIGO 270.°

(Protecção da indústria nacional)

A isenção prevista no artigo anterior não é aplicável no

caso de se produzirem em Angola as mercadorias objecto de

isenção, desde que possuam a mesma ou similar qualidade e

que estejam disponíveis para venda e entrega em devido

tempo, desde que o preço não exceda 10% relativamente ao

custo do artigo importado, antes da aplicação dos encargos

aduaneiros, mas após inclusão dos custos de transporte e

seguro com o método de avaliação do valor da Organização

Mundial do Comércio.

ARTIGO 271.°

(Exclusividade)

1. No acto de importação das mercadorias referidas no

artigo 269.°, deve ser presente às autoridades aduaneiras uma

declaração de compromisso, visada pelo órgão de tutela,

referente à sua aplicação exclusiva nas operações mineiras

objecto do presente Código de que seja titular, cabendo àque-

las autoridades a sua fiscalização.

2. O visto a que se refere o número anterior só pode ser

aposto por uma entidade do ministério de tutela cuja assina-

tura esteja reconhecida junto do Serviço Nacional das Alfân-

degas.

3. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, consti-

tui descaminho de direitos, previsto e punível pela legislação

aduaneira em vigor, a utilização dos bens, dos equipamentos

cuja importação é isenta, referidos no artigo 269.°, para fins

diferentes dos previstos e autorizados.

4492 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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4. O desvio da regra da exclusividade de aplicação nasoperações mineiras dos bens importados com isenção adua-neira prevista no presente regime aduaneiro, bem como a suaalienação, devem, nos termos da legislação em vigor, ser pre-viamente requeridos ao Ministro das Finanças, sendo os bens,no caso de o requerimento ser favoravelmente despachado,passíveis do pagamento dos encargos devidos.

ARTIGO 272.°

(Proibição de venda)

Os equipamentos importados no âmbito do regime deisenções previsto no artigo 269.°, não podem ser vendidosno território nacional sem a prévia autorização do ServiçoNacional das Alfândegas ficando sujeitos ao pagamento dosdireitos e demais imposições aduaneiras em caso de vendaautorizada.

ARTIGO 273.°

(Importação temporária)

É permitida a importação temporária, com dispensa decaução, dos bens referidos no artigo 269.°, sendo livre deencargos aduaneiros a consequente reexportação, à excepçãodo imposto de selo de despacho e das taxas normalmentedevidas pela prestação de serviços.

ARTIGO 274.°

(Exportação temporária)

É permitida a exportação temporária, com dispensa decaução, dos bens mencionados no artigo 269.°, que vão parareparação, beneficiação ou conserto, feiras, exposições ououtros fins temporários válidos, sendo livre de encargos adua-neiros a respectiva reimportação, devendo para o efeito apre-sentar-se uma declaração de compromisso de reimportaçãono prazo máximo de um ano.

ARTIGO 275.°

(Responsabilidade fiscal)

As isenções previstas nos artigos anteriores não incluemeventuais multas e custas de processos por infracções às leisaduaneiras, as quais são sempre devidas.

ARTIGO 276.°

(Exportação de minerais)

1. A exportação de recursos minerais legalmente extraídose transformados, efectuada directa ou indirectamente pelotitular de direitos mineiros, desde que devidamente licen-ciada, nos termos da legislação em vigor, não está sujeita aopagamento de direitos e demais imposições aduaneiras,

incluindo taxa de serviço, à excepção do imposto de selo eemolumentos pessoais.

3. O disposto no número anterior não é aplicável aos

recursos minerais exportados sem transformação, sobre os

quais recai um imposto sobre a exportação de mineral em

bruto, incidindo a uma taxa de 5% sobre o valor de mercado

do referido mineral.

ARTIGO 277.°

(Exportação de amostras)

A exportação de amostras minerais destinadas à análises

e ensaios realizadas nos termos do artigo 124.° não está

sujeita ao pagamento de direitos e demais imposições, a

excepção do imposto de selo e taxas pela prestação de servi-

ços.

ARTIGO 278.°

(Desalfandegamento expedito)

1. No caso de mercadorias que, pela sua natureza, exijam

desalfandegamento urgente, as autoridades aduaneiras devem

autorizar a sua saída imediata, mediante medidas cautelares

adequadas, sendo responsabilidade do importador ultimar o

respectivo bilhete de despacho no prazo máximo trinta dias

úteis.

2. Para poderem beneficiar do sistema de desalfandega-

mento expedito referido no número anterior, os titulares de

direitos mineiros podem, caso assim o decida o Serviço

Nacional das Alfândegas, prestar caução que cubra as impo-

sições aduaneiras susceptíveis de pagamento no âmbito deste

regime aduaneiro especial, bem como eventuais multas e cus-

tas de processos resultantes do incumprimento dos prazos

referidos no número anterior e outros procedimentos adua-

neiros.ARTIGO 279.°

(Abertura de posto aduaneiro)

1. Sempre que razões ponderosas o justifiquem, o Minis-

tro das Finanças pode autorizar a abertura de postos adua-

neiros nas áreas onde se localizem projectos mineiros.

2. Através do posto aduaneiro podem ser desalfandegadas

todas as mercadorias de qualquer natureza, que sejam

importadas à luz do presente Código e qualquer que tenha

sido o local de entrada em Angola, desde que o seu acondi-

cionamento obedeça às normas internacionais para circulação

de mercadorias em transportes internacionais.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4493

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ARTIGO 280.°

(Fiscalização aduaneira nas áreas mineiras)

As áreas de concessão mineira ficam sob fiscalização per-

manente da autoridade aduaneira devendo ser permitido o

acesso livre a todos os locais respeitadas as restrições

impostas por lei.

PARTE II

Regimes Jurídicos Especiais

CAPÍTULO XVIII

Produção Artesanal de Diamantes

ARTIGO 281.°

(Regime jurídico)

Ao acesso e exercício de direitos mineiros de exploração

artesanal de diamantes aplica-se as regras definidas neste

capítulo.

ARTIGO 282.°

(Outorga de direitos para exploração artesanal de diamantes)

1. Compete ao ministério da tutela, sob proposta da empresa

concessionária nacional dos direitos mineiros sobre diaman-

tes, a outorga de direitos mineiros para a exploração artesa-

nal de diamantes.

2. A exploração artesanal de diamantes só pode realizar-

-se em jazigos aluvionares, desde que não seja possível eco-

nomicamente a sua exploração à escala industrial ou nos

rejeitados dos jazigos primários depois de explorados e aban-

donados.

ARTIGO 283.°

(Senha mineira)

1. O exercício da actividade de exploração artesanal de

diamantes realiza-se mediante a emissão de um título pelo

ministério da tutela, designada senha mineira.

2. A área autorizada por cada senha mineira para o exer-

cício de exploração artesanal é de até um hectare, devida-

mente delimitada e demarcada.

3. Não é permitida a acumulação de mais de uma senha

mineira por cada indivíduo.

ARTIGO 284°

(Duração do título)

1. A autorização para a exploração artesanal de diaman-

tes é concedida por um ano, contado a partir da data de emis-

são do título, podendo ser prorrogada por iguais períodos,

desde que o titular tenha cumprido cabalmente as suas obri-

gações legais no período anterior.

2. Para o efeito do preceituado no n.° 1 deste artigo, o

requerimento deve ser entregue no órgão da tutela, através

do órgão administrativo local, no prazo máximo de quarenta

e cinco dias, antes da caducidade do anterior título.

3. A falta de resposta ao pedido no prazo de quarenta e

cinco dias significa deferimento, podendo as operações

mineiras continuar nos precisos termos.

ARTIGO 285.°

(Requisitos para a obtenção do título)

1. Para a obtenção de um título para a exploração artesa-nal de diamantes, os requerentes devem preencher osseguintes requisitos:

a) ser cidadão nacional com mais de dezoito anos deidade;

b) residir há mais de cinco anos nas comunas circun-dantes das áreas destinadas à exploração artesa-nal requerida;

c) emitir e assinar junto do órgão da AdministraçãoLocal, uma declaração de honorabilidade e decompromisso de respeitar integralmente a lei eos regulamentos.

2. A qualidade de cidadão nacional e de residente sãoreconhecidas, respectivamente, mediante a apresentação dobilhete de identidade e do atestado de residência emitido pelaAdministração Comunal.

3. Em caso de dúvida sobre a informação prestada acercada residência, esta deve ser comprovada pela autoridade tra-dicional da área respectiva, mediante prova testemunhal feitaperante o órgão da administração local do ministério datutela, da qual se lavra uma acta assinada pelos intervenien-tes.

4. Caso a autoridade tradicional não confirme a residên-cia, o facto deve ser comunicado à Administração Comunalque emitiu o certificado de residência e ao órgão policialcompetente para a sua solução, antes de se prosseguir o pro-cesso de atribuição do título.

4494 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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ARTIGO 286.°

(Direitos do titular)

O detentor do título para a exploração artesanal de dia-

mantes tem, entre outros, os seguintes direitos:

a) acesso às informações geológico-mineiras disponí-

veis, junto do órgão de tutela e da empresa con-

cessionária;

b) comercializar os diamantes extraídos na área con-

cedida, nos termos do regime estabelecido pelo

presente Código.

ARTIGO 287.°

(Obrigações do titular)

O detentor do título tem, entre outras, as seguintes obri-

gações:

a) usar a credencial de identificação para o exercício

da actividade;

b) permitir o controlo e a fiscalização da actividade

por parte do órgão de tutela, das autoridades

competentes, da empresa concessionária e dos

órgãos policiais competentes;

c) informar às autoridades competentes sobre a ocor-

rência de outros minerais que eventualmente

sejam encontrados no decurso da actividade de

exploração artesanal;

d) vender os diamantes resultantes da actividade de

exploração artesanal ao órgão público de comer-

cialização de diamantes, nos termos estabeleci-

dos na presente secção;

e) pagar pontualmente as taxas e impostos devidos;

f) informar às autoridades competentes a ocorrência

de acidente de trabalho ou doenças profissionais;

g) preservar a natureza e reparar os danos causados ao

ambiente;

h) garantir e promover o cumprimento das normas de

segurança e higiene no trabalho;

i) depositar os diamantes extraídos e não vendidos na

caixa forte da concessionária, na presença de um

representante do órgão policial competente.

ARTIGO 288.°

(Competências do órgão de tutela)

Compete ao ministério da tutela as seguintes acções:

a) emitir, suspender e revogar os títulos para o exercí-cio da actividade de exploração artesanal;

b) acompanhar e fiscalizar a actividade de exploraçãoartesanal;

c) controlar e registar a produção e comercializaçãode diamantes produzidos artesanalmente;

d) organizar o cadastro único da actividade de explo-ração artesanal, em conformidade com o estipu-lado na presente secção.

ARTIGO 289.°

(Responsabilidade da concessionária nacional)

1. É da responsabilidade da concessionária nacional dosdireitos mineiros sobre diamantes definir, delimitar e libertaras áreas para a exploração artesanal de diamantes, com fun-damento nos resultados dos trabalhos de prospecção realiza-dos ou de estudos complementares realizados nas áreas deexploração.

2. A concessionária nacional dos direitos mineiros sobrediamantes deve cooperar com o ministério da tutela e com oórgão policial competente no acompanhamento e fiscaliza-ção do exercício da actividade de exploração artesanal.

ARTIGO 290.°

(Atribuições das autoridades locais da Administração do Estado)

Constituem atribuições da Administração Municipal daProvíncia em que o titular do título exerce a sua actividade,as seguintes:

a) emitir o atestado de residência e declaração de hono-rabilidade dos candidatos à obtenção de títulos,com base na certificação testemunhal da autori-dade tradicional;

b) confirmar por declaração escrita que o candidato àobtenção do título reúne os requisitos exigidospor este Código para exercer a actividade de pro-dução artesanal de diamantes;

c) velar pela aplicação das normas referentes à cir-culação de pessoas e bens, bem como de activi-dades comerciais, industriais, agrícolas ou outrasalheias à produção de diamantes, nas áreas deexploração artesanal;

d) garantir a cooperação institucional entre as diversasinstituições públicas sedeadas na província queconcorram para a actividade mineira, as empre-sas concessionárias e as autoridades tradicionais.

ARTIGO 291.°

(Procedimentos para a obtenção do título)

1. A solicitação para a obtenção do título é feita medianterequerimento dirigido ao ministro da tutela, conforme o

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4495

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modelo de título de mineração artesanal pré-estabelecido peloórgão de tutela.

2. O requerimento dá entrada no órgão administrativolocal do ministério da tutela na província em que se situa aárea de exploração requerida, e é registado em livro deentradas próprio, segundo a ordem de recepção, devendo seremitido o respectivo recibo.

3. O requerimento deve ser acompanhado dos seguintesdocumentos do requerente e membros da equipa de trabalho:

a) atestado de residência;b) fotocópia do bilhete de identidade;c) fotocópia do cartão de contribuinte;d) lista nominal dos membros da equipa de trabalho;e) registo criminal ou certificado de honorabilidade

emitido pela Administração Comunal;f) três fotografias tipo passe.

4. Recebido o requerimento, o ministério da tutela noti-fica o órgão policial competente, juntando cópia do processopara análise, a fim de obter deste o respectivo parecer noprazo de quinze dias.

5. Após a emissão favorável do parecer pelo órgão com-petente da polícia, o ministério da tutela tem o prazo de trintadias, a contar da data de entrada no órgão competente doministério de tutela, para decidir sobre o requerimento.

6. Aceite o pedido pelo ministério da tutela, este notificao requerente através dos seus órgãos administrativos locaispara o levantamento do respectivo título e credenciais.

7. A entrega do título e das credenciais é feita pelos órgãosadministrativos locais do ministério da tutela mediantepagamento dos seguintes emolumentos:

a) para o título, o correspondente a dois saláriosmínimos;

b) para a credencial, o correspondente a um saláriomínimo por cada uma.

8. A emissão de segundas vias do título e da credencialestá sujeita ao pagamento de emolumentos correspondentesaos valores referidos no número anterior.

9. Os valores acima referidos devem ser pagos nasRepartições Fiscais do Ministério das Finanças da área ondeo título é entregue, sendo a cópia do Documento de Arreca-dação de Receitas respectivo apresentado aos órgãos locaisdo ministério da tutela e do órgão policial competente no actodo levantamento do título e da credencial.

ARTIGO 292.°

(Proibições específicas)

Sem prejuízo de outras proibições previstas na lei, no

exercício da actividade de exploração artesanal é proibida a

prática dos seguintes actos:

a) produção de diamantes fora da área concedida;

b) inclusão de cidadãos estrangeiros na actividade;

c) prestação de falsas declarações sobre o resultado da

produção;

d) permissão da actividade de garimpo ou de tráfico

ilícito de diamantes nos limites da área de activi-

dade;

e) uso de equipamentos ou de meios não autorizados

para a actividade artesanal;

f) comercialização de diamantes fora do circuito esta-

belecido neste Código e pela autoridade compe-

tente;

g) o exercício da actividade industrial, agrícola ou

outra, na área de exploração artesanal.

ARTIGO 293.°

(Intransmissibilidade do título)

1. É proibida a transmissão do título entre vivos e pormorte do seu titular.

2. Em caso de morte ou incapacidade permanente dotitular da senha mineira, qualquer membro do seu agregadofamiliar goza do direito de preferência sobre a área conce-dida, desde que manifeste o interesse em dar continuidadeaos trabalhos na mesma área, demonstre capacidade, reúna osrequisitos previstos no presente Código e se candidate aoexercício dos respectivos direitos.

3. Para o cumprimento do disposto no número anterior ointeressado deve, por requerimento dirigido ao ministro datutela, manifestar o seu interesse, no prazo de trinta dias apósa morte ou a manifestação de incapacidade do titular dotítulo.

ARTIGO 294.°

(Suspensão do título)

1. O ministro da tutela pode ordenar a suspensão do títulopara o exercício de direitos mineiros de exploração artesanalde diamantes sempre que ocorra uma das seguintes situações:

a) por razões de força maior;b) incapacidade ou interdição declarada do titular da

senha mineira;

4496 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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c) incumprimento das obrigações do titular da senha

mineira;

d) inobservância do dever de cooperação, previsto na

presente secção.

2. A autoridade competente deve manter actualizado o

registo de suspensão de títulos.

3. A suspensão de títulos pelas causas previstas nas alí-

neas a) e b) do n.° 1 deste artigo suspende igualmente a con-

tagem do tempo da sua validade, até que estejam ultrapassadas

as razões da suspensão.

ARTIGO 295.°

(Rescisão do título)

O ministro da tutela pode rescindir o título e as creden-

ciais de mineração artesanal quando ocorrer uma das

seguintes situações:

a) interesse público relevante, incompatível com a

exploração artesanal em causa;

b) falsificação de prova de nacionalidade ou de resi-

dência;

c) prestação de falsas informações sobre o resultado

da actividade de exploração artesanal;

d) falsificação de registo de produção;

e) incumprimento das proibições previstas no artigo 292.°;

f) violação do dever de cooperação;

g) inclusão directa ou indirecta de cidadãos estrangei-

ros na actividade;

h) comercialização de diamantes fora do circuito legal.

ARTIGO 296.°

(Cessação do direito ao título)

Para além das causas previstas na lei, o título e a creden-cial emitidas no âmbito da presente secção, cessam nosseguintes casos:

a) por caducidade;b) por morte do titular;c) por rescisão.

ARTIGO 297.°

(Modelos de título e de credencial)

O modelo de título para o exercício da actividade deexploração artesanal de diamantes e a sua validade é defi-nido pelo ministério da tutela sob proposta do órgão policialcompetente.

ARTIGO 298.°

(Avaliação dos diamantes)

1. A avaliação dos diamantes provenientes da exploração

artesanal é feita no momento da venda.

2. Os diferendos que, eventualmente, surgirem durante o

processo de avaliação dos diamantes de exploração artesa-

nal, devem ser dirimidos pela via negocial.

3. No caso de persistir o diferendo, compete ao ministé-

rio de tutela a mediação e solução definitiva da negociação.

ARTIGO 299.°

(Compra e venda)

1. Os diamantes provenientes da exploração artesanal são

obrigatoriamente vendidos ao órgão público de comerciali-

zação de diamantes, directamente pelo titular do título.

2. O valor de cada lote de diamantes adquirido é pago

pelo órgão público de comercialização de diamantes ao titu-

lar da senha mineira imediatamente após a avaliação dos

mesmos.

3. Com a compra dos diamantes, o órgão público de

comercialização de diamantes emite um recibo do pagamento

com especificação do lote e dos valores praticados para efei-

tos de certificação.

4. Os procedimentos para a compra e venda dos diaman-

tes devem ser realizados na presença de um representante do

órgão policial competente.

5. Os locais de compra e venda de diamantes são estabe-

lecidos pelo órgão público de comercialização de diamantes,

devendo reunir as condições necessárias à segurança das tran-

sacções e de guarda dos diamantes.

ARTIGO 300.°

(Impostos e taxas)

1. O titular do título de exploração artesanal de diaman-tes está sujeito ao pagamento de impostos e taxas legais e aum royalty de 3% do valor dos diamantes.

2. O imposto e a taxa descritos no número anterior sãoretidos na fonte pelo órgão público de comercialização dediamantes por cada pagamento efectivo e entregue nos cofresdo Estado, através da repartição fiscal da área do exercício daactividade artesanal, devendo para o efeito entregar ao titu-lar da senha mineira um recibo provisório desse valor.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4497

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3. A liquidação e entrega dos impostos devidos são da res-

ponsabilidade do órgão público de comercialização de dia-

mantes, que responde pela totalidade de cada imposto e

acréscimos no caso de não pagamento.

4. O órgão público de comercialização de diamantes é

responsável pela entrega do comprovativo de pagamento do

royalty ao titular da senha mineira.

5. As Repartições Fiscais devem manter organizados os

processos de cada titular de títulos de exploração artesanal

de diamantes a quem atribuem o respectivo número de con-

tribuinte.

ARTIGO 301.°

(Emolumentos)

Os actos públicos para a atribuição de direitos mineiros

estão sujeitos ao pagamentos de emolumentos, nos termos

deste Código e da legislação aplicável.

CAPÍTULO XIX

Lapidação de Diamantes

ARTIGO 302.°

(Regime económico)

A lapidação e quaisquer outras formas de tratamento e

beneficiação industrial de diamantes em bruto é, nos termos

da alínea c) do n.° 1 do artigo 2.°, considerada actividade

mineira, sob a tutela do ministério competente.

ARTIGO 303.°

(Investimento na indústria de lapidação)

O regime de investimento na indústria de lapidação de

diamantes é o estabelecido na legislação comum sobre

investimento privado, com as seguintes adaptações:

a) a entrega das intenções de investimento é feita junto

da empresa concessionária de diamantes, que as

encaminha à Agência Nacional de Investimento

Privado (ANIP) com o respectivo parecer téc-

nico, económico e comercial;

b) a negociação dos contratos de investimento deve

sempre contar com a participação da empresa

concessionária dos diamantes e o órgão de

comercialização de diamantes, caso exista.

ARTIGO 304.°

(Regime fiscal e aduaneiro)

O regime fiscal e aduaneiro, incluindo o regime deincentivos fiscais e aduaneiros, são os estabelecidos nesteCódigo para a actividade mineira.

ARTIGO 305.°

(Licenciamento)

O exercício da actividade industrial de lapidação estásujeito à obtenção dos respectivos títulos e alvarás, nos ter-mos comuns da actividade económica e comercial, devendoser observados os seguintes requisitos:

a) ser empresa de direito angolano;b) ter capacidade técnica e financeira adequadas ao

exercício da actividade de lapidação e de inves-timento nessa indústria;

c) apresentar um Estudo de Viabilidade Técnica, Eco-nómica e Financeira, juntamente com a intençãode investir, para aprovação pelo órgão compe-tente pela aprovação do investimento, podendoser submetido a uma auditoria independenteantes da aprovação;

d) indicar o local de instalação, a capacidade de pro-dução anual da fábrica de lapidação, as caracte-rísticas técnicas da mesma e o tamanho mínimoe máximo de diamantes em bruto que está capazde lapidar, bem como o mercado de venda dosdiamantes lapidados;

e) cumprir as exigências de segurança estabelecidasnesta secção.

ARTIGO 306.°

(Aquisição de diamantes em bruto)

A aquisição de diamantes em bruto para lapidação estásujeita aos impostos e taxas estabelecidos por lei para a acti-vidade comercial em geral e ao pagamento das taxas ecomissões a que houver lugar para cobrir gastos públicos noprocesso de comercialização, promoção interna e externa dosdiamantes e estabilidade do mercado.

ARTIGO 307.°

(Canais de aquisição de diamantes em bruto)

1. A aquisição de diamantes em bruto para lapidação faz-sepela via do mercado de produção interna ou pela via daimportação.

2. Qualquer das duas vias de aquisição de diamantes embruto para lapidação, referidas no n.° 1 deste artigo, requer a

4498 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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intervenção do órgão público de comercialização de dia-mantes, quando exista.

3. O órgão público de comercialização de diamantes devegarantir o fornecimento dos diamantes necessários ao fun-cionamento das políticas de lapidação existente no País.

ARTIGO 308.°

(Regime de importação de diamantes em bruto)

1. A importação de diamantes em bruto para lapidaçãosegue os procedimentos comuns de importação, mas estásujeita a autorização prévia do ministro da tutela, medianteparecer favorável do órgão público de comercialização dediamantes, quando exista.

2. O pedido de autorização de importação de diamantespara lapidação em bruto é dirigido ao ministro da tutela,devendo conter a indicação da quantidade e da qualidade dediamantes a importar, a origem, o valor parcial e global e ajustificação da necessidade da sua importação.

3. Só estão autorizados a importar diamantes em brutopara lapidar as empresas possuidoras de fábricas de lapidaçãoestabelecidas no País.

4. A importação de diamantes em bruto para lapidaçãoestá sujeita às formalidades de garantia e certificação de ori-gem do processo de Kimberly (CPK) estabelecidas nesteCódigo e na legislação específica sobre a matéria.

ARTIGO 309.°

(Características e volume das pedras a adquirir)

1. As empresas possuidoras de fábricas de lapidação sópodem adquirir, no mercado nacional ou externo, diamantesem bruto de tamanho compatível com as características e acapacidade técnica da respectiva fábrica.

2. As empresas possuidoras de fábricas de lapidação nãopodem constituir stocks de diamantes em bruto superiores àcapacidade de produção de três meses da respectiva fábrica.

ARTIGO 310.°

(Proibição de comercializar e exportar diamantes em bruto)

1. As empresas possuidoras de fábricas de lapidação nãopodem comercializar nem exportar diamantes em bruto.

2. Os diamantes em bruto que, por qualquer razão, nãopossam ser lapidados na respectiva fábrica, devem serrevendidos ao órgão público de comercialização de diaman-tes.

3. Quando se tratar de diamantes em bruto importados,que não possam ser lapidados na respectiva fábrica, asempresas importadoras devem, até três meses após a suaimportação, vendê-los ao órgão público de comercializaçãode diamantes, ao preço da compra, acrescidos das taxas eimpostos pagos pela importação.

ARTIGO 311.°

(Justificação de posse de diamantes em bruto)

1. As empresas possuidoras de fábricas de lapidação

ficam obrigadas a informar ao órgão público de comerciali-

zação de diamantes, através de um relatório-tipo a aprovar e

a homologar por esta, a existência de diamantes em bruto

ainda não lapidados, relativamente a cada lote de diamantes

brutos adquiridos, até três meses após a sua aquisição.

2. Para efeitos do artigo 229.°, constitui prova de autori-

zação legal de posse de diamantes em bruto o documento que

comprove a sua aquisição e a informação prestada ao órgão

público de comercialização de diamantes sobre a posse de

diamantes em bruto ainda não lapidados, regulada no número

anterior, depois de homologada por aquele órgão.

3. A não apresentação da prova da autorização legal de

posse de diamantes em bruto referida no número anterior

deste artigo faz incorrer o seu responsável no crime de posse

ilícita de minerais estratégicos, previsto no artigo 229.°

ARTIGO 312.°

(Sistema de segurança)

1. As fábricas de lapidação de diamantes em bruto devemestar equipadas com os sistemas de segurança compatíveiscom a necessidade de prevenir adequadamente furtos daspedras de diamantes em bruto e lapidadas em sua posse.

2. O sistema de segurança deve fazer parte das especifi-cações técnicas da fábrica que são apresentadas com o Estudode Viabilidade Técnica, Económica e Financeira, para efeitosde aprovação do investimento.

3. Os sistemas de segurança das fábricas de lapidação dediamantes devem combinar adequadamente os meios devigilância humanos e electrónicos.

4. O furto e eventuais desaparecimentos de pedras de dia-mantes em bruto ou lapidadas devem ser comunicadas deimediato às autoridades competentes, por escrito, indicando--se as circunstâncias do furto ou do desaparecimento, o local,a hora, as pessoas envolvidas e as pessoas suspeitas de terempraticado o furto, o valor da pedra e as suas características.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4499

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CAPÍTULO XXComercialização de Diamantes Lapidados

SECÇÃO I

Disposições Gerais

ARTIGO 313.°

(Liberdade comercial)

A comercialização de diamantes lapidados no mercadonacional é livre, devendo, no entanto, obedecer às condiçõese formalidades definidas nos artigos seguintes, tendentes agarantir a estabilidade do mercado e a segurança das tran-sacções.

ARTIGO 314.°

(Sistemas de comercialização)

A comercialização de diamantes lapidados no mercadonacional realiza-se a grosso e a retalho.

ARTIGO 315.°

(Comercialização a grosso)

1. Apenas as empresas possuidoras de fábricas de lapida-ção estão autorizadas a vender diamantes lapidados a grosso.

2. As empresas possuidoras de fábricas de lapidação quevendam diamantes lapidados a grosso devem obter previa-mente, junto do órgão público de comercialização de dia-mantes, os respectivos certificados de qualidade e de origem,com indicação das quantidades de lotes, sua origem e suacomposição em termos de tamanho e qualidade das pedras.

3. Podem adquirir a grosso, das fábricas de lapidação, dia-mantes lapidados, as seguintes entidades:

a) joalharias e outros estabelecimentos similareslicenciados para operar no mercado nacional;

b) compradores nacionais legalmente autorizados arealizar o comércio internacional de diamanteslapidados;

c) compradores estrangeiros que sejam autorizados aimportar de Angola diamantes lapidados.

4. A autorização para realizar o comércio de diamanteslapidados a grosso e para importar de Angola diamanteslapidados a grosso é conferida pelo ministério da tutela,mediante parecer favorável do órgão público de comerciali-zação de diamantes.

5. As vendas a grosso de diamantes lapidados são efec-tuadas através de leilões a realizar no País, abertas a joalhei-

ros e similares, compradores nacionais e a compradores es-trangeiros autorizados, cujas regras de organização e funcio-namento são aprovadas pelo ministério da tutela, medianteproposta do órgão público de comercialização de diamantes.

ARTIGO 316.°

(Comercialização a retalho)

1. Apenas as joalharias e outros estabelecimentos simila-

res, legalmente licenciados, estão autorizados a realizar a

venda a retalho de diamantes lapidados no mercado nacio-

nal.

2. A venda a retalho de diamantes lapidados obedece às

regras do comércio a retalho em geral, e está sujeita à emis-

são, pelo estabelecimento de venda a retalho respectivo, de

um certificado de qualidade e de garantia, de acordo com o

modelo aprovado pelo órgão público de comercialização de

diamantes.

3. As joalharias e outros estabelecimentos similares,

legalmente licenciados para o comércio a retalho de diaman-

tes lapidados, devem enviar, mensalmente, para o órgão

público de comercialização de diamantes, para efeitos esta-

tísticos, relatórios sobre a quantidade dos diamantes com-

prados e vendidos no mês anterior, medidos em quilates de

cada pedra, tamanhos e pedras especiais.

ARTIGO 317.°

(Investimento no comércio a retalho)

O investimento em joalharias e outros estabelecimentos

para encastrar ou comercializar diamantes lapidados, jóias e

pedras preciosas para o comércio a retalho, obedece às regras

do licenciamento da actividade comercial a retalho, nos ter-

mos gerais, sendo permitida a obtenção de licenças e alvarás

comerciais por estrangeiros.

ARTIGO 318.°

(Segurança das joalharias)

1. As joalharias e outros estabelecimentos autorizados a

encastrar e/ou a comercializar jóias e pedras preciosas devem

tomar as medidas de segurança especiais que previnam ade-

quadamente furtos dos diamantes lapidados em sua posse.

2. Tendo em vista prevenir furtos, as joalharias estão dis-

pensadas da obrigação de indicar os preços das pedras

preciosas e dos diamantes lapidados cujos valores, indivi-

dualmente considerados, sejam, pela sua grandeza, susceptí-

veis de provocar a cobiça de criminosos e malfeitores.

4500 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Page 65: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

3. O furto e eventuais desaparecimentos de pedras de dia-

mantes lapidadas devem ser comunicadas de imediato às

autoridades policiais competentes, por escrito, indicando-se

as circunstâncias do furto ou do desaparecimento, o local, a

hora, as pessoas envolvidas e as pessoas suspeitas de terem

praticado o furto.

ARTIGO 319.°

(Emolumentos)

A emissão, pelo ministério da tutela e pelo órgão público

de comercialização de diamantes, dos certificados de quali-

dade e de origem estabelecidos nesta secção, está sujeita ao

pagamento dos emolumentos respectivos.

ARTIGO 320.°

(Base de dados estatísticos)

1. As empresas possuidoras de fábricas de lapidação, as

joalharias e outros estabelecimentos de comercialização a

retalho de diamantes lapidados, ficam obrigadas a constituir,

para efeitos estatísticos, uma base de dados permanentemente

actualizada com todas as informações técnicas referentes aos

diamantes em bruto e lapidados comprados e vendidos, men-

cionando designadamente a quantidade, o peso, o corte, a cor

e a claridade.

2. É competente para fiscalizar o cumprimento desta

obrigação o ministério da tutela e o órgão policial compe-

tente.

SECÇÃO II

Exportação de Diamantes Lapidados

ARTIGO 321.°

(Regime legal)

A exportação de diamantes lapidados realiza-se nos ter-

mos gerais, com observância da seguinte tramitação:

a) obtenção, junto do órgão público de comercializa-

ção de diamantes, de um certificado de quali-

dade, onde constem a origem dos diamantes, a

quantidade e a qualidade dos diferentes lotes;

b) obtenção, junto do ministério da tutela, do Certifi-

cado de Origem, nos mesmos termos dos exigi-

dos para a exportação de diamantes em bruto;

c) obtenção dos títulos de exportação respectivos, nos

termos gerais.

ARTIGO 322.°

(Entidades autorizadas a exportar)

1. A exportação de diamantes lapidados pode ser reali-

zada pelas empresas possuidoras de fábricas de lapidação e

pelos compradores nacionais e estrangeiros autorizados.

2. A exportação de diamantes lapidados carece de licen-

ciamento do Ministério do Comércio.

ARTIGO 323.°

(Prestação de informação sobre exportação)

1. As empresas possuidoras de fábricas de lapidação

devem enviar, mensalmente, para o órgão público de comer-

cialização de diamantes, para efeitos estatísticos, relatórios

sobre a quantidade dos diamantes exportados no mês ante-

rior, medidos em quilates de cada pedra, agrupadas em lotes

de tamanhos iguais, as pedras especiais e valor dos diaman-

tes exportados, por lotes e por pedras especiais.

2. O órgão público de comercialização de diamantes é

obrigado a manter uma base de dados com informação sobre

a exportação de diamantes lapidados, incluindo os exportados

pelas empresas possuidoras de fábricas de lapidação e os

exportados pelos compradores nacionais e estrangeiros

autorizados, com indicação das datas da exportação, quali-

dades das pedras, por lotes e por unidade, preços de aquisi-

ção a grosso, fábricas de lapidação vendedoras, e outros

dados de interesse estatístico.

SECÇÃO III

Importação de Diamantes Lapidados

ARTIGO 324.°

(Condições de importação)

A importação de diamantes lapidados só é permitida se

no mercado interno não houver diamantes lapidados em

quantidade e qualidade suficientes para os fins comerciais

que cada agente comercial retalhista interno pretenda realizar.

ARTIGO 325.°

(Autorização para importar)

A entrada de diamantes lapidados no País, para efeitos de

comercialização no mercado nacional, está sujeita a autori-

zação específica do Ministério do Comércio, mediante pare-

cer favorável do órgão público de comercialização de

diamantes.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4501

Page 66: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

ARTIGO 326.°(Empresas autorizadas a importar)

Apenas as joalharias e outros estabelecimentos licencia-dos para o encastramento ou a comercialização de jóias epedras preciosas podem importar diamantes lapidados.

ARTIGO 327.°

(Prestação de informação sobre importação)

As empresas autorizadas a importar diamantes lapidadosdevem enviar, mensalmente, para o órgão público de comer-cialização de diamantes, para efeitos estatísticos, relatóriossobre a quantidade dos diamantes importados no mês ante-rior, medidos em quilates de cada pedra, agrupadas em lotesde tamanhos iguais, as pedras especiais e o valor dos dia-mantes importados, por lotes e por pedras especiais.

ARTIGO 328.°

(Disposição final e transitória)

1. O órgão público de comercialização de diamantes éinvestido de poderes públicos para realizar as competênciasde natureza administrativa pública conferidas neste capítuloa esse órgão.

2. Os poderes de natureza administrativa pública atribuí-dos neste capítulo ao órgão público de comercialização dediamantes são transferidos para a instituição reguladora daactividade diamantífera, assim que esta venha a ser criadapelo Titular do Poder Executivo.

CAPÍTULO XXIMinerais para a Construção Civil

ARTIGO 329.°

(Definição)

1. É considerado mineral para a construção civil, toda asubstância de origem mineral usada directamente em obrasde construção civil ou como matéria prima para o fabrico deprodutos destinados à construção civil.

2. O Titular do Poder Executivo publica e actualiza, sem-pre que se torne necessário, a relação de substâncias de ori-gem mineral consideradas, para os efeitos deste Código,como minerais para a construção civil.

ARTIGO 330.°

(Regime jurídico)

O regime jurídico aplicável aos minerais para a constru-ção civil é o estabelecido neste Código para os mineraiscomuns não estratégicos, com as devidas adaptações.

ARTIGO 331.°

(Entidade competente)

É competente para conceder direitos para a prospecção

ou exploração de minerais destinados à construção civil o

ministro que tutela a geologia e minas.

ARTIGO 332.°

(Condições de concessão)

Os direitos mineiros para a prospecção ou exploração de

minerais para a construção civil só podem ser concedidos a

cidadãos angolanos ou a pessoas colectivas de direito ango-

lano detidas exclusivamente por cidadãos angolanos, ou cujo

capital seja detido por cidadãos nacionais em pelo menos 2/3.

ARTIGO 333.°

(Tramitação processual)

1. As entidades que pretendam prospectar ou explorar

recursos minerais considerados por este Código como apli-

cáveis à construção civil, devem requerer ao ministro da

tutela a concessão dos respectivos direitos, instruindo o

requerimento com os dados referidos no artigo 100.°

2. O requerimento a que se refere o n.° 1 deste artigo é

entregue na estrutura competente do cadastro mineiro, a qual

deve emitir e remeter ao ministro da tutela um parecer sobre

o pedido no prazo de 30 dias após a entrada do requerimento.

3. A concessão de direitos mineiros para prospecção ou

exploração de recursos minerais destinados à construção civil

é feita por despacho do ministro da tutela, podendo essa com-

petência ser delegada nos órgãos administrativos locais do

ministério da tutela, no prazo de 15 dias contados desta a

entrada do parecer no gabinete do ministro da tutela.

4. O despacho de concessão de direitos mineiros para

minerais destinados à construção civil é publicado no Diá-

rio da República e dele decorre a emissão do Alvará Mineiro,

nos termos do artigo 89.°

ARTIGO 334.°

(Recusa do pedido de concessão)

A decisão de recusa de pedido de concessão de direitos

mineiros destinados à construção civil só pode fundamentar-

-se na lei e no interesse público, cabendo dela reclamação e

recurso, nos termos do procedimento e do contencioso

administrativos.

4502 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Page 67: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

ARTIGO 335.°

(Direitos dos titulares)

Os titulares de direitos mineiros sobre recursos minerais

para a construção civil gozam dos seguintes direitos especí-

ficos:

a) realizar as operações mineiras decorrentes do plano

de trabalhos aprovado;

b) implantar as instalações e anexos necessários para

a execução dos trabalhos mineiros nas áreas con-

cedidas;

c) dispor dos recursos minerais explorados para a sua

comercialização no território nacional e para

exportação, nos termos legais.

ARTIGO 336.°

(Obrigações dos titulares)

Os titulares de direitos mineiros sobre recursos minerais

para a construção civil têm os seguintes deveres específicos:

a) remeter periodicamente ao ministério da tutela,

através dos seus órgãos administrativos locais, as

informações económicas e dados técnicos rele-

vantes sobre a sua actividade;

b) fazer uso de tecnologia apropriada;

c) reparar os danos ambientais decorrentes da sua

actividade;

d) cumprir as normas legais gerais e específicas sobre

a sua actividade.

ARTIGO 337.°

(Perímetro de protecção)

1. É obrigatória a fixação de um perímetro de protecção

para a garantia da segurança e disponibilidade dos minerais,

efectuado com base no trabalho de reconhecimento, pros-

pecção, pesquisa e avaliação.

2. A demarcação das áreas de prospecção e exploração é

feita nos termos definidos neste Código sobre as zonas res-

tritas de mineração, com as devidas adaptações.

ARTIGO 338.°

(Áreas para prospecção)

A área para a prospecção de recursos minerais destinadosà construção civil é de até 50Km2, devendo a área exacta serdefinida pela entidade concedente, em função do pedido edas circunstâncias locais de uso do solo para outros fins.

ARTIGO 339.°(Áreas para exploração)

Quando se trate de direitos mineiros de exploração, a áreaa conceder deve ser confinada ao depósito e às respectivasinstalações de beneficiação, até um raio de 1Km, a fixar pelaentidade concedente em função das condições concretas daexploração.

ARTIGO 340.°(Demarcação)

A demarcação das áreas concedidas para prospecção ouexploração de recursos minerais para a construção civil deveser efectuada até 90 dias após a emissão do respectivo títulode concessão de direitos, nos termos e condições estabeleci-das neste Código sobre as zonas restritas de mineração.

ARTIGO 341.°(Duração)

1. Os direitos mineiros para a prospecção de recursosminerais para construção civil são concedidos por umperíodo inicial de três anos, podendo ser prorrogados pormais dois períodos de um ano cada.

2. Os direitos de exploração dos recursos minerais, a quese refere o número anterior, têm a duração que se mostrenecessária para o seu integral aproveitamento, mas são atri-buídos por um período inicial de cinco anos, sucessivamenteprorrogáveis por períodos de igual duração.

3. Os títulos de atribuição de direitos mineiros de explo-ração de minerais para a construção civil devem referir ascondições de prorrogação.

CAPÍTULO XXIIÁguas Minero-Medicinais

ARTIGO 342.°

(Definição)

Para efeitos deste Código, são consideradas águasminero-medicinais as provenientes das fontes e reservasnaturais, que possuam elementos físico-químicos distintosdos das águas comuns, com características que lhes confirampropriedades terapêuticas ou efeitos especialmente favorá-veis à saúde humana.

ARTIGO 343.°

(Regime jurídico)

1. Nos termos do n.° 2 do artigo 2.°, as águas minero--medicinais são consideradas minerais, estando sujeitos àtutela do órgão competente do Executivo.

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4503

Page 68: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

2. O reconhecimento, prospecção, pesquisa e avaliaçãodas águas minero-medicinais é feito de acordo com o esta-belecido neste Código para os minerais comuns não estraté-gicos e pela legislação complementar específica que venha aser aprovada pelos órgãos competentes, tendo em conta asregras estabelecidas nos artigos seguintes.

ARTIGO 344.°

(Classificação das águas minero-medicinais)

1. As águas minero-medicinais são classificadas deacordo com os seguintes critérios:

a) composição química;b) composição física;c) gases;d) temperatura.

2. A regulamentação específica a aprovar por decreto exe-cutivo conjunto do ministro da tutela e do ministro da tutelada saúde estabelece o conjunto de características e os parâ-metros para classificação das águas minero-medicinais deacordo com os critérios do número anterior deste artigo.

ARTIGO 345.°

(Reconhecimento, prospecção, pesquisa e avaliação de águas

minero-medicinais)

Os trabalhos de reconhecimento, prospecção, pesquisa eavaliação das águas minero-medicinais devem incluir oestudo geológico e o estudo analítico das águas em causa.

ARTIGO 346.°

(Condições de exploração de águas minero-medicinais)

1. Por exploração de águas minero-medicinais entende-setodo o trabalho ou actividade relacionada com a captação,condução, distribuição e comercialização de águas minero--medicinais.

2. A exploração de águas minero-medicinais é realizadade acordo com o estabelecido neste Código para a exploraçãoindustrial de minerais, com as necessárias adaptações, e nalegislação complementar específica que venha a ser aprovadapelo órgão de tutela e/ou pelos órgãos com competências emrazão das matérias a regular.

3. Quando a exploração de uma fonte de águas minero--medicinais não estiver a ser feita de acordo com as condi-ções legais, ou técnicas, ou higiénicas estabelecidas nopresente Código ou na legislação complementar, ela pode sersuspensa até completa reparação das falhas detectadas,podendo ser interdita se até 60 dias depois da notificação desuspensão não for reparada tal falha.

ARTIGO 347.°

(Concessão de direitos mineiros de exploração)

1. É competente para conceder direitos mineiros paraáguas minero-medicinais o ministro que tutela a geologia eminas.

2. O acesso ao exercício de direitos mineiros de explora-ção de águas minero-medicinais está condicionado aosmesmos requisitos de acesso aos direitos mineiros paraexploração de minerais destinados à construção civil, esta-belecido no artigo 332.°

ARTIGO 348.°

(Tramitação processual dos pedidos e da concessão)

1. O regime da tramitação processual dos pedidos e daconcessão de direitos mineiros para águas minero-medicinaisé o aplicado aos pedidos e à concessão de direitos paraminerais destinados à construção civil.

2. A solicitação para a exploração de uma fonte ou reservade águas minero-medicinais deve ser acompanhada dosseguinte elementos:

a) certificado de análise físico-química e bacterioló-gica da água;

b) projecto de instalação e descrição dos processos uti-lizados para a captação e protecção das fontes,condução e distribuição das águas;

c) dados sobre vazão e temperatura das fontes.

ARTIGO 349.°

(Perímetro de protecção)

1. É obrigatória a fixação de um perímetro de protecçãopara garantia da disponibilidade e características das águas,efectuado com base no trabalho de reconhecimento, pros-pecção, pesquisa e avaliação.

2. A demarcação das áreas de prospecção e exploração éfeita nos termos definidos neste Código sobre as zonas res-tritas de mineração, com as devidas adaptações.

ARTIGO 350.°

(Comercialização de águas minero-medicinais)

1. Para a comercialização de águas minero-medicinais otitular do direito concedido deve fornecer ao órgão compe-tente do ministério da tutela, anualmente, até 30 de Marçodo ano seguinte ao que disser respeito, um número mínimo deseis exames bacteriológicos, com espaços máximos de doismeses entre cada exame, que comprovem e garantam a

4504 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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pureza da fonte e das águas engarrafadas, de acordo com asnormas estabelecidas complementarmente pelos ministériosda tutela da actividade geológica e mineira e da saúde.

2. É obrigatório o uso de um rótulo-padrão nas embala-gens e nas garrafas de águas minero-medicinais engarrafa-das com indicação dos resultados dos exames referidos nonúmero anterior e de outros elementos de validade e depureza das águas, a serem definidos conjuntamente pelosministros da tutela da actividade geológica e mineira e dasaúde.

3. Só é permitida a comercialização de águas minero--medicinais, quando sejam cumpridos os requisitos estabe-lecidos no presente Código e na demais legislação aplicável.

O Presidente da Assembleia Nacional, António PauloKassoma.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

ANEXO I

Glossário

1. Actividade mineira — conjunto de actividades queincluem o reconhecimento, prospecção, pesquisa, avaliação,exploração, beneficiação e comercialização de recursosminerais. Esta actividade é também referida neste Códigocomo mineração.

2. Alvará Mineiro — documento emitido pelo órgão detutela para o reconhecimento, prospecção, pesquisa, avalia-ção e exploração de recursos minerais aplicáveis na constru-ção civil.

3. Área de concessão — demarcação geográfica definidapelo órgão responsável pelo cadastro mineiro e rigorosa-mente estabelecida no local de acordo com o contrato de con-cessão.

4. Avaliação — delimitação pormenorizada e a trêsdimensões de um depósito já conhecido. Os métodos utiliza-dos para o efeito são os seguintes: colheita de amostras emafloramentos, sanjas, sondagens, galerias, poços, etc, e estudopormenorizado das mesmas. A malha da amostragem deveser apertada de maneira a que as dimensões, a configuraçãoe a estrutura do depósito e, bem assim, o teor do minério eeventuais outras características possam ser conhecidos comelevado grau de exactidão. Nesta fase, pode já tornar-senecessário, promover ensaios de tratamento para o que senecessita de colheita de amostras, a granel, de massa com-

patível com o objectivo a alcançar. O conjunto das informa-ções obtidas permite efectuar o dimensionamento e geome-trização do jazigo, o estudo das características demineralização, o cálculo de reservas de minério e decidir daoportunidade de efectuar um estudo de viabilidade. Tambémconhecida como pesquisa pormenorizada.

5. Cálculo de reservas — resultado da avaliação e dosestudos de viabilidade, que indica a reserva mineral de umjazigo. Deve ser efectuada por pessoa competente de acordocom os procedimentos e as normas internacionalmente acei-tes e permitidas pelo órgão de tutela.

6. Certificado mineiro — documento emitido pelo órgãode tutela, com base no contrato ou despacho de concessãodestinado a comprovar a atribuição de direitos mineiros.

7. Classificação de reservas — sistemas metodológicosutilizados para classificar as reservas e recursos minerais combase nos resultados da investigação geológica-mineira efec-tuada.

8. Comercialização de recursos minerais — conjunto deoperações de avaliação, negociação e venda de minerais,rochas ou minérios concentrados. Também se utiliza aexpressão comercialização dos produtos da mineração.

9. Concessionária — titular de direitos mineiros decor-rentes de contrato, despacho de concessão ou decreto de con-cessão, nos termos e condições estabelecidas neste Código edemais legislação aplicável.

10. Demarcação — colocação de marcos no terreno emcada vértice da figura geométrica que define os limites daárea previamente delimitada para exercício dos direitosmineiros.

11. Delimitação — definição dos limites de uma área, emcarta topográfica para realização das acções autorizadas noâmbito dos direitos mineiros outorgados.

12. Direitos Mineiros — autorizações concedidas peloExecutivo, para execução de estudos geológicos, reconheci-mento, prospecção, pesquisa e avaliação ou para a explora-ção, tratamento e/ou beneficiação e comercialização derecursos minerais num horizonte temporal definido e em áreapreviamente delimitada, decorrentes do presente Código eregulamentos complementares.

13. Encerramento da mina — processo através do qualse finalizam as actividades mineiras numa determinada áreaconcedida ao abrigo dos direitos mineiros, mas que não ter-mina com o esgotamento das reservas do jazigo ou término

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4505

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das operações mineiras por outros motivos, mas sim com aconclusão das acções de restauração e ou recuperação dosterrenos como previsto nos estudos de impacte ambientalaprovado.

14. Escombreira — depósito de rochas encaixastes ou decobertura de jazidas, bem como de minério com teores infe-riores ao limite económico de exploração, extraídos de umamina.

15. Estudos Geológicos — estudos no âmbito da geolo-gia, ciência que estuda a história, a estrutura e a composiçãoda terra, destinados a obter o conhecimento sobre as caracte-rísticas das formações geológicas. Na actividade mineira osestudos geológicos constituem a base da investigação geoló-gico-mineira.

16. Estudo de Viabilidade Técnico-Económico — estudoque se realiza com base nos dados colhidos na fase de inves-tigação geológico-mineira, com a finalidade de se avaliar aqualidade técnica e a viabilidade económica de um projectomineiro. Serve para tomar decisões em matéria de investi-mentos e para obtenção de financiamento do projecto. Nostermos do presente Código é um documento obrigatório paraoutorga dos direitos mineiros de exploração. Os dados rela-tivos aos custos devem ser razoavelmente exactos. O con-ceito de exactidão inclui a quantificação das reservas por umaentidade idónea e a partir de uma avaliação metodologica-mente correcta das reservas minerais. Constitui uma audito-ria a todas as informações geológicas, técnicas, do ambiente,jurídicas e sócio-económicas do projecto. Contém os projec-tos de exploração, do tratamento do minério, das instalaçõesmineiras e dos anexos de apoio operacional e habitacional,assim como os cálculos dos respectivos investimentos e ren-tabilidade. Algumas vezes designados apenas por estudos deviabilidade.

17. Estudos cartográficos — conjunto dos estudos e ope-rações científicas, técnicas e artísticas que intervêm na ela-boração dos mapas a partir dos resultados das observaçõesdirectas ou da exploração da documentação, bem como dasua utilização. A cartografia encontra-se no curso de umalonga e profunda revolução, iniciada em meados do séculopassado. A introdução da fotografia aérea e da detecçãoremota, o avanço tecnológico nos métodos de gravação eimpressão e, mais recentemente, o aparecimento e vulgari-zação dos computadores, vieram alterar profundamente aforma como os dados geográficos são adquiridos, processa-dos e representados, bem como o modo como podem serinterpretados e explorados.

18. Exploração — actividade posterior ao reconheci-mento, a prospecção, a pesquisa e a avaliação, abrangendo a

preparação e a extracção, o carregamento e transporte dentroda mina do minério bruto, bem como o seu tratamento ebeneficiação. Neste Código em alguns casos referenciadacomo exploração mineira. Os termos correspondentes na lín-gua inglesa são mining ou exploitation.

19. Exploração ambiciosa — exploração das partes maisricas de uma jazida, abandonando outras que, embora menosricas, poderiam ter sido exploradas economicamente, emconjunto com aquelas.

20. Garimpo — prática de actividade mineira ilegal, quepode ser feita utilizando métodos artesanais ou métodos con-vencionais.

21. Ganga — conjunto de minerais inúteis que fazemparte do minério de uma jazida.

22. Informação geológico-mineira — conjunto dedocumentos e informações resultante de trabalhos de estudosgeológicos e outros no âmbito da investigação geológico--mineira e estudos cartográficos.

23. Investigação geológico-mineira — primeira fase deum projecto mineiro de raiz, compreende os estudos geoló-gicos, o reconhecimento, a prospecção, pesquisa e a avalia-ção, de acordo com os termos deste Código Mineiro.

24. Jazida — designação genérica que engloba a acumu-lação natural de recursos minerais, cuja utilidade e valor eco-nómico ainda está por determinar.

25. Jazigo mineral — a acumulação natural de recursosminerais, de reconhecido valor económico e utilidade, deter-minada através de estudos geológicos, e acções de reconhe-cimento, prospecção, pesquisa e avaliação de jazidasminerais, susceptíveis de serem explorados economicamente.

26. Licença de reconhecimento, prospecção, pesquisa eavaliação — documento emitido com base num contrato quecertifica que o seu titular está autorizado a proceder às ope-rações de reconhecimento, prospecção, pesquisa e avaliaçãonele especificados. Também referido neste Código apenaspor Licença de Prospecção.

27. Licença de Exploração — documento emitido combase na celebração de um contrato de exploração certificandoque o seu titular está autorizado a realizar as operaçõesmineiras de preparação e a extracção, o carregamento e trans-porte dentro da mina do minério bruto, o seu tratamento ebeneficiação, assim como a sua comercialização e efectuaros trabalhos de restauração e/ou recuperação dos terrenoscomo estabelecido no estudo de impacte ambiental.

4506 DIÁRIO DA REPÚBLICA

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28. Mina — área devidamente demarcada para o exercí-

cio do direito mineiro de exploração, incluindo o jazigo

mineral objecto da concessão, todos os meios técnicos e

infra-estruturas necessárias para a realização das operações

mineiras, bem como as benfeitorias de carácter social.

29. Mineral acessório — mineral de importância secun-

dária numa rocha, não sendo necessária a definição desta.

30. Minerador — pessoa que se dedica a actividade

mineira artesanal, nos termos deste Código e da legislação

complementar.

31. Minério — formação geológica contendo um ou mais

minerais úteis, no interior de um jazigo.

32. Mineração — o mesmo que actividade mineira.

33. Minerais estratégicos — recursos minerais declarados

pelo Titular do Poder Executivo como tal, para o desenvol-

vimento económico do País de acordo com o estipulado neste

Código e demais legislação complementar.

34. Minerais para a Construção Civil — é considerado

mineral para a construção civil, toda a substância de origem

mineral usada directamente em obras de construção civil ou

como matéria prima para o fabrico de produtos destinados à

construção civil.

35. Minerais Radioactivos — são os que contém ele-

mentos químicos instáveis ou variedades raras e instáveis de

certos elementos que ocorrem mais comumente em forma

estável. Esses minerais decompõem-se naturalmente e,

quando isso acontece, liberam enormes quantidades de ener-

gia em forma de radiação.

36. Operações mineiras — trabalhos realizados no

âmbito de uma licença de exploração e que consistem na pre-

paração e a extracção, o carregamento e transporte dentro da

mina do minério bruto, bem como o seu tratamento e bene-

ficiação.

37. Órgão de Tutela — o mesmo que ministério de tutela,

ou seja órgão do Executivo que superintende as actividades

geológico-mineiras.

38. Pedreira — conjunto de instalações, incluindo as

escavações necessárias para o desmonte de rochas.

39. Plano de exploração — documento que contempla a

execução das operações mineiras, contendo a descrição dos

métodos, tecnologia e das instalações, a programação das

operações e da produção, as actividades incluídas no estudo

de impacte ambiental, a segurança industrial, assim como o

cálculo dos custos e a previsão dos resultados económicos.

40. Prospecção — processo destinado à procura sistemá-

tica de um jazigo mineral através da delimitação de áreas pro-

missoras, isto é, de forte potencial de mineralização. Os

métodos utilizados para o efeito são os seguintes: identifica-

ção de afloramentos, cartografia geológica e uso de métodos

indirectos, tais como a geofísica e a geoquímica. Podem

ainda utilizar-se, embora limitadamente nesta fase, sanjas,

sondagens e recolha sistemática de amostras.

41. Plano de prospecção — plano de actividades a serem

realizadas pela concessionária no âmbito do direito mineiro

obtido para a realização do reconhecimento, da prospecção,

da pesquisa e da avaliação.

42. Pesquisa — processo inicial de delimitação de um

depósito já identificado. Os métodos utilizados para o efeito

são os seguintes: cartografia de superfície, amostragem em

sanjas e sondagens, em todos os casos ainda bastante espa-

çada, embora tendo em vista a avaliação preliminar da quan-

tidade e da qualidade do minério, incluindo se necessário

estudos laboratoriais, e por fim, interpolações limitadas dos

resultados obtidos com a aplicação de métodos indirectos. O

objectivo a alcançar diz respeito à determinação das princi-

pais características geológicas do depósito, fornecendo indi-

cações adequadas quanto à sua continuidade e uma primeira

determinação das suas dimensões, configuração, estrutura e

do teor do minério. Também conhecida como pesquisa geral.

43. Credor Pignotáricio — o credor que tem o direito de

penhor sobre a coisa depositada.

44. Preparação ou Tratamento de Minério — conjunto

de operações que têm como objectivo tornar os minérios bru-

tos, em produtos utilizáveis ou rendíveis no mercado, utili-

zando as operações de cominuição que visam a libertação das

espécies úteis dos minérios e as operações de separação para

a obtenção dos concentrados. Pode ainda ser definido como

o processo constituído por sucessivas etapas de desagrega-

ção e concentração de minério, terminando com a separação

dos minerais úteis desejados ou de minério suficientemente

concentrado para permitir a extracção económica dos mine-

rais úteis. O processo varia conforme o tipo de minério, desde

a simples beneficiação constituída por extracção da ganga

por meio de simples lavagem, até aos complexos métodos de

flutuação e bacteriológicos. Para efeitos deste Código consi-

I SÉRIE — N.º 184 — DE 23 DE SETEMBRO DE 2011 4507

Page 72: Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I Série — N.º 184 ...extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdfÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011 I

dera-se as operações de lapidação e a industrialização de

rochas ornamentais como parte deste processo. Também se

utiliza a terminologia beneficiação de minérios.

45. Produto mineral — minério extraído com ou sem tra-tamento. Também designado por produto mineiro. NesteCódigo utilizam-se também os termos produtos da mineraçãoe produto da actividade mineira.

46. Rejeitado — depósito resultante do tratamento deminério, abandonado ou armazenado para futuro tratamentopor processo mais eficaz.

47. Reconhecimento — estudo, à escala regional, através

do qual se identificam as áreas de forte potencial de ocor-

rência de mineralização por intermédio dos seguintes meios:

resultados de estudos geológicos regionais, mapas geológicos

regionais, estudo preliminar no terreno, métodos aéreos e

indirectos e extrapolação de dados geológicos. Tem como

objectivo localizar áreas mineralizadas nas quais se justifi-

quem estudos subsequentes mais pormenorizados.

48. Recursos minerais para a construção civil — desig-

nação genérica que engloba os recursos minerais directa-

mente aplicáveis na construção civil. Também se utiliza a

expressão materiais de construção de origem mineira.

49. Reserva Mineral — quantidade de minério economi-

camente explorável existente num jazigo, tal como posto em

evidência pelos estudos de viabilidade efectuados. A classi-

ficação das reservas minerais é feita de acordo com as nor-

mais internacionalmente aceites e por regulamentação do

órgão de tutela.

50. Restauração de áreas afectadas pela actividade

mineira — acções destinadas a devolver ao terreno afectado

pela actividade mineira as condições de uso existentes antes

do início da actividade mineira e a realizar de acordo com o

estudo de impacte ambiental.

51. Recuperação de áreas afectadas pela actividade

mineira — acções destinadas a devolver ao terreno afectado

pela actividade mineira a possibilidade de suportar um ou

mais usos do solo diferentes ao uso anterior ao início das

actividades mineiras, sem prejuízo ao ambiente e tendo em

consideração o estabelecido no estudo de impacte ambiental.

52. Recursos minerais — substâncias minerais que ocor-

rem naturalmente no solo, subsolo, na plataforma continen-

tal e noutros domínios territoriais estabelecidos em conven-

ções ou acordos internacionais sobre os quais seja exercida a

soberania nacional. Também designadas apenas por minerais.

53. Substâncias explosivas — compostos químicos ou

misturas de produtos químicos que podem produzir efeitos

explosivos ou pirotécnicos.

54. Senha Mineira — documento emitido pelo órgão de

tutela ou pela entidade a quem este delegar a devida compe-

tência, que autoriza a realização da actividade mineira arte-

sanal.

55. Teor — quantidade de minério ou de um recurso

mineral existente num metro cúbico ou numa tonelada de

minério de uma jazida.

______

ANEXO II

a) Metais ferrosos — ex.: ferro, manganês, titânio,

crómio;

b) Metais não ferrosos — ex.: cobre, chumbo, zinco,

volfrâmio, estanho, níquel, cobalto, molibdénio,

arsénio;

c) Metais raros e elementos de terras raras —

ex.: berílio, lítio, nióbio, tântalo;

d) Minerais radioactivos — ex.: urânio;

e) Metais nobres — ex.: Ouro, Prata, Platina;

f) Recursos minerais não metálicos — ex.: quartzo,

feldspato, caulino, gesso, barite, diatomito,

wolastonite, moscovite; vermiculite, talco, fluo-

rite, enxofre, cianíte, guano, sais de potássio, sal-

gema, micas, talco, grafite, asbeto, fosforite,

enxofre, bentonite;

g) Matérias de construção — ex.: calcários, dolomi-

tes, asfaltite, areias, argilas;

h) Rochas ornamentais — ex.: Anortositos, granitos,

mármores;

i) Pedras preciosas e semi-preciosas — ex.: diamante,

rubi, safiras, esmeraldas, ametistas, opalas;

j) Combustíveis fósseis sólidos — ex.: turfa, lenhite.

O Presidente da Assembleia Nacional, António Paulo

Kassoma.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

4508 DIÁRIO DA REPÚBLICA

O. E. 559 — 9/184 — 1500 ex. — I. N.-E. P. — 2011