setúbal - jornal municipal

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SETÚBAL JORNAL MUNICIPAL. março 2015 .ano 15.n.º55 Setúbal na moda Casa do Gaiato ajuda rapazes a crescer com autonomia pág. 17 Jogos do Sado com edição recorde em 2015 Largo renova imagem pág. 11 Arte invade forte Obra reativa edifício com núcleo museológico, polo de atividades culturais e sala de visitas págs. 4 a 7 Melodia familiar págs. 14 e 15 Turismo cresce mais do que em toda a região de Lisboa RUMOS Atriz em nova rubrica do jornal Joana sorri para a vida pág. 23 pág. 6

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Edição de janeiro|fevereiro|março de 2015

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Page 1: Setúbal - Jornal Municipal

SETÚBALJORNAL MUNICIPAL.março 2015.ano 15.n.º55

Setúbalna moda

Casa do Gaiato ajuda rapazes a crescer com autonomia

pág. 17Jogos do Sado com edição recorde em 2015

Largo renova imagem

pág. 11

Arte invadeforte

Obra reativa edifício com núcleo museológico, polo de atividades culturais e sala de visitaspágs. 4 a 7

Melodia familiarpágs. 14 e 15

Turismo cresce mais do que em

toda a região de Lisboa

RUMOSAtriz em

nova rubrica

do jornal

Joana sorri para a vida

pág. 23

pág. 6

Page 2: Setúbal - Jornal Municipal

2SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15

Setúbal - Jornal Municipal

Propriedade:

Câmara Municipal de Setúbal

Diretora: Maria das Dores Meira,

Presidente da CMS

Edição: SMCI/Serviço Municipal

de Comunicação e Imagem

Coordenação Geral: Sérgio Mateus

Coordenação de Redação: João Monteiro

Redação: Hugo Martins, Marco Silva,

Pedro Moreira, Raquel Proença

Fotografia: José Luís Costa, Mário Peneque

Paginação: Humberto Ferreira

Impressão: PROS – Promoções e Serviços

Publicitários, Lda.

Redação: SMCI - Câmara Municipal

de Setúbal, Paços do Concelho,

Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal

Telefone: 265 541 500

E-mail: [email protected]

Tiragem: 8000 exemplares

Distribuição Gratuita

Depósito Legal N.º 183262/02

Sugestões e informações dirigidas a este jornalpodem ser enviadas ao cuidado da redaçãopara o endereço indicado nesta ficha técnica.

informações úteis

sumário

edit

oria

l

CâMARA MUNICIPAL

Paços do ConcelhoPraça de Bocage265 541 500 | 808 200 717 (linha azul)Gabinete da Presidê[email protected] de Administração Geral, Finanças e Recursos [email protected] da Participação Cidadã[email protected]

Edifício do Banco de PortugalRua do Regimento de Infantaria 11, n.º 7265 545 180Departamento de Cultura, Educação,Desporto, Juventude e Inclusão SocialDepartamento de Recursos Humanos

Edifício SadoRua Acácio Barradas, 27-29265 537 000Departamento de Ambiente e Atividades Econó[email protected] de Obras [email protected] de Urbanismo

Gabinete de Apoio ao ConsumidorGabinete de Apoio ao EmpresárioAv. Luísa Todi, 165Mercado do Livramento, 1.º andar265 545 390

SEI – Setúbal, Etnias e ImigraçãoRua Amílcar Cabral, 4-6265 545 177 | Fax: 265 545 [email protected]

Gabinete da JuventudeCasa da CulturaRua Detrás da Guarda, 28265 236 [email protected]

TURISMO

Casa da Baía de SetúbalCentro de Promoção TurísticaAv. Luísa Todi, 468265 545 010 | 915 174 442

Posto Municipal de Turismo - AzeitãoPraça da República, 47212 180 729

Loja municipal “Coisas de Setúbal”Praça de Bocage – Paços do [email protected]

ESPAçOS CULTURAIS

Biblioteca Pública MunicipalServiços CentraisAv. Luísa Todi, 188265 537 240

Polo da Bela VistaRua do Moinho, 5265 751 003

Polo Gâmbia, Pontes e Alto da GuerraEstrada Nacional 10, Pontes265 706 833

Polo de S. JuliãoPct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola)265 552 210

Polo Sebastião da GamaRua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão212 188 398

Fórum Municipal Luísa TodiAv. Luísa Todi, 61-67265 522 127

Casa da CulturaRua Detrás da Guarda, 28265 236 168

Museu de Setúbal/Convento de JesusExposição de longa duraçãoAvenida Luísa Todi, 119265 537 890

Museu do Trabalho Michel GiacomettiLg. Defensores da República265 537 880

Casa BocageArquivo Fotográfico Américo RibeiroRua Edmond Bartissol, 12265 229 255

Museu Sebastião da GamaRua de Lisboa, 11Vila Nogueira de Azeitão212 188 399

Casa do Corpo SantoMuseu do BarrocoRua do Corpo Santo, 7265 534 402

Cinema Charlot – Auditório MunicipalRua Dr. António Manuel Gamito265 522 446

EqUIPAMENTOSDESPORTIVOS

Complexo Piscinas das ManteigadasVia Cabeço da Bolota265 729 600

Piscina Municipal das PalmeirasAv. Independência das Colónias265 542 590

Piscina Municipal de AzeitãoRua Dr. Agostinho Machado Faria212 199 540

Complexo Municipal de AtletismoEstrada Vale da Rosa265 793 980

Pavilhão Municipal das ManteigadasVia Cabeço da Bolota265 739 890

Pavilhão João dos SantosRua Batalha do Viso265 573 212

UTILIDADE PÚBLICA

Loja do CidadãoAv. Bento Gonçalves, 30 – D265 550 200Balcão CMS: 265 550 228/29/30

Piquete de água 265 529 800Piquete de gás 800 273 030Eletricidade 800 505 505

URGêNCIAS

SOS 112Intoxicações217 950 143SOS Criança808 242 400Linha Saúde 24808 242 424Hospital S. Bernardo265 549 000Hospital Ortopédico do Outão265 543 900Companhia Bombeiros Sapadores265 522 122Linha Verde CBSS800 212 216Bombeiros Voluntários de Setúbal265 538 090Proteção Civil265 739 330Proteção à Floresta117Capitania do Porto de Setúbal265 548 270Comissão Proteção Criançase Jovens de Setúbal265 550 600PSP265 522 018GNR265 522 022

SETÚBALJORNAL MUNICIPAL.março 2015.ano 15.n.º55

Setúbalna moda

Casa do Gaiato ajuda rapazes

a crescer com autonomia

pág. 17

Jogos do Sado com edição recorde em 2015

Rotundasrenovam

visual

pág. 7

pág. 11

Arte invadeforte

Obra reativa edifício com núcleo

museológico, polo

de atividades culturais

e sala de visitas

págs. 4 a 7

Melodia familiarpágs. 14 e 15

Turismo cresce

mais do que em toda a região

de Lisboa

RUMOS

Atriz em

nova rubrica

do jornal

Joana sorri para a vida

pág. 23

4 PRIMEIRO PLANO O papel de defesa de Setúbal e os tempos de quartel militar dão lugar a um projeto que tem na cultura o alvo principal. O Forte de Albarquel vai ser reconvertido. 6 LOCAL O Largo da Misericórdia foi modernizado para servir um modelo de requalificação da malha urbana. A cidade também se prepara para embelezar as suas rotundas.10 AMBIENTE A melhoria da imagem é uma preocupação transversal a todas as áreas de intervenção. O ambiente vive dias de atividade intensa, com investimento em contentores higiénicos.11 TURISMO O crescimento exponencial no número de visitantes e de dormidas não deixam dúvidas de que Setúbal está na moda. A estratégia turística passa também pela promoção no estrangeiro.12 FREGUESIA Azeitão recuperou o adro da Igreja de S. Lourenço, enquanto o Sado fez passeios na Estrada da Morgada. A freguesia da Gâmbia previne inundações no Bairro da Bonita, Pontes.13 ECONOMIA Um conjunto de protocolos apoia o desenvolvimento do negócio de pequenas e médias empresas. O Mercado do Livramento ganha outras valências, como polo de debate público.14 PLANO CENTRAL A Casa do Gaiato ajuda a transformar rapazes em homens, com a preocupação do respeito pelo crescimento e a procura da autonomia. Vivem lá 55 crianças, jovens e adultos.16 CIDADANIA Uma caminhada pela igualdade de género foi uma das iniciativas do Dia Internacional da Mulher. Os bairros da zona da Bela Vista aprofundam o espírito comunitário.17 DESPORTO Mais de quarenta eventos compõem esta edição dos Jogos do Sado, a maior de sempre. Uma terra com tanta atividade só podia candidatar-se a Cidade Europeia do Desporto. 18 CULTURA O novo Ensemble Juvenil de Setúbal, assente na união de diferenças, já se apresentou ao público. Este tem aproveitado a oferta de espaços como o Fórum Luísa Todi e a Casa da Cultura. 21 EDUCAÇÃO Os estudantes vestiram a pele de deputados para discutirem propostas e apontarem soluções. Um direito garantido, nalguns casos gratuito, é o transporte escolar.22 ACADEMIA Estudantes de enfermagem testam procedimentos de socorro, com o apoio dos Sapadores. Docentes da Escola Superior de Educação disseminam a programação informática.23 RUMOS Joana Barradas é o primeiro rosto desta nova rubrica que dá a conhecer jovens. A atriz, de 23 anos, representa desde criança, mas ainda se acha em início de carreira. 24 RETRATOS A oficina Azulejos de Azeitão aposta na manutenção das técnicas ancestrais como modelo de sucesso comercial. O resultado pode ser visto em vários cantos do mundo.25 INICIATIVA A pereirapisco.creativity é um dos vários exemplos que brotam do Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal. A inovação é a imagem de marca desta empresa familiar.26 MEMÓRIA A aventura ferroviária de Setúbal remonta a 1854 e o comboio chegou sete anos depois. Dessa altura são 12 fotografias da cidade, descobertas nos escombros de um sótão.28 PLANO SEGUINTE O Mês da Juventude ofereceu um conjunto de eventos, com a música e a fotografia em lugar de destaque. Março também é do teatro, com iniciativas para todos os públicos.

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3SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15

edit

oria

lEstá mesmo.

São mais cada vez os que nos visitam em procura de paisagens fabulosas, saborosa gastronomia, gente

acolhedora, oportunidades de investimento.

Os postos de turismo de Setúbal, como revelamos nesta edição do Jornal Municipal, receberam mais dez

mil visitantes em 2014 do que em 2013, crescimento verificado igualmente nas dormidas, área em que o

concelho registou o maior aumento de toda a região de Lisboa.

Os números indiciam que estamos a dar a volta por cima em matéria de promoção turística. Porém, é

fundamental que se reconheça que sem o trabalho e o empreendedorismo de muitos dos empresários da

restauração, da hotelaria e de outros setores, acompanhados, sempre,

pela Câmara Municipal, teria sido impossível fazer o que nunca foi feito

no nosso concelho: promovê-lo e divulgá-lo com qualidade e eficácia,

num trabalho que leva tempo e do qual é preciso saber esperar os

resultados.

Teria sido impossível dar à cidade e à região a ímpar visibilidade que

tem hoje, visibilidade que, todos o sabemos, é mais do que merecida.

Temos paisagens fabulosas de serra e mar, a mais saborosa gastronomia

feita de produtos de grande qualidade, mas temos, acima de tudo,

enorme vontade de mostrar as nossas maravilhas, o diamante que está ser polido e aproveitado por

milhares e milhares de turistas nacionais e estrangeiros.

Para estes resultados é decisivo o trabalho de renovação urbana e de abertura do rio à cidade que a

autarquia está a desenvolver. Renovação feita nas praças, nas avenidas, nos largos, nos bairros sociais,

na zona ribeirinha, com a bem sucedida obra da Praia da Saúde e do Parque Urbano da Albarquel, mas

também acompanhada de novos e qualificados equipamentos culturais e turísticos, em que se destacam

espaços como a Casa da Baía, a Casa da Cultura, o Fórum Municipal Luísa Todi renovado, as galerias de

arte do Banco de Portugal e do quartel do Onze e, em breve, o renovado Convento de Jesus, melhoria há

muito reclamada pelos setubalenses e azeitonenses e agora concretizada pela Câmara Municipal.

Sempre acreditámos que estes investimentos seriam geradores de mais investimento, de mais

desenvolvimento, de mais procura de turistas e de investidores. Assim como sempre acreditámos que o

investimento que fizemos na realização de uma série televisiva em Setúbal, com exibição diária durante

um ano num dos principais canais generalistas nacionais, seria uma forte aposta capaz de ampliar, ainda

mais, a notoriedade da nossa cidade. Não nos enganámos. Hoje, há mais gente a visitar-nos para ver os

palcos em que é gravada a série que, não por acaso, ocupa, desde o início, o primeiro lugar dos índices de

audiências televisivas.

Os dados que agora divulgamos sobre o nosso crescimento turístico confirmam o acerto da nossa

estratégia de intervenção no concelho que resumimos em três simples ideias: Mais Trabalho, Mais Rio,

Mais Cidade.

Este é o caminho que continuaremos a percorrer. Com a certeza de que estamos a fazer Mais Setúbal!

Setúbal está na moda!

Os dadOs que agOra divulgamOs sObre O nOssO crescimentO

turísticO cOnfirmam O acertO da nOssa estratégia de intervençãO nO

cOncelhO que resumimOs em três simples ideias: mais trabalhO,

mais riO, mais cidade

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal

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4SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15

prim

eiro

plan

o

ida nova para o Forte de Albarquel. Esquecido ao longo de largas déca-das e longe da imponência militar de outros tempos, a antiga insta-lação militar de defesa da barra de Setúbal prepara a requalificação com novas valências ao serviço da cidade, agora com baterias aponta-das à dinamização cultural.A reativação do baluarte é impulsio-nada pela Câmara Municipal, que, após largos anos, conseguiu asse-gurar junto do Estado a cedência da fortificação por um período de 32 anos, um imóvel do século XVII que, no prazo máximo de três anos, renasce com uma nova imagem.A intenção é valorizar a antiga ins-talação militar, localizada junto da Praia de Albarquel, no Parque Na-tural da Arrábida, de forma a pôr o edifício ao serviço dos munícipes e dos visitantes, a que acresce a be-neficiação urbanística dos espaços exteriores envolventes.Uma das componentes do projeto, de índole museológica e expositiva, envolve a instalação de um núcleo museológico permanente e tempo-rário, destinado à fruição cultural e

Em defesa da cultura

Missão cumprida. O tempo de serviço militar acabou para o Forte de Albarquel. Depois da defesa

da povoação marítima de Setúbal, da passagem à reserva e de anos de abandono, a fortificação volta

ao ativo, agora com outras funções. Antes, há que reabilitar o imóvel do século XVII para materializar

um projeto que alia valências culturais, museológicas e de sala de visita da cidade

histórica pelos cidadãos em geral, mas sobretudo pelos alunos dos di-versos níveis de ensino.Uma segunda valência, para ativida-des culturais, prevê manifestações artísticas de caráter mais restrito, incluindo concertos de música de câmara, recitais de poesia, apon-tamentos teatrais, apresentação de obras literárias e mostras de artes plásticas.A terceira componente pretendida, vocacionada para receção e acolhi-mento, visa capitalizar o enquadra-mento natural do Forte de Albar-quel, utilizando o edifício como sala de visitas de Setúbal, para receber,

nomeadamente, corpos diplomáti-cos, delegações estrangeiras, inves-tidores e empresas.Para o cumprimento destes ob-jetivos, a Autarquia conta com o apoio do The Helen Hamlyn Trust, entidade que financia a totalidade do investimento necessário para a obra de intervenção no imóvel his-tórico, com um custo estimado de 1.817.100 euros.O projeto para a reabilitação do Forte de Albarquel, em desenvol-vimento com acompanhamento da Autarquia, é apoiado por um es-tudo técnico em elaboração pelos serviços camarários que analisa a

integridade estrutural do edifício construído à beira-Sado.

Passeio com vista

A recuperação da antiga instalação militar é apenas uma das metas de um objetivo maior preconizado pela Câmara Municipal para aquela área localizada no sopé da Serra da Arrá-bida, que inclui a criação de um am-plo corredor pedonal e a possibili-dade de instalação de uma unidade hoteleira. No âmbito do acordo de cedência do Forte de Albarquel, o Estado por-tuguês entregou ao Município uma

VCEDÊNCIA. O Forte de Albarquel é cedido à Câmara Municipal por um período de 32 anos. A Autarquia assegurou, igualmente, uma parcela de terreno para construir uma passagem pedonal entre o Parque Urbano e a Praia de Albarquel.

RECUPERAÇÃO. O projeto e a análise estrutural do imóvel estão em desenvolvimento. A obra, com conclusão no prazo máximo de três anos, tem o valor previsto de 1.817.100 euros e financiamento garantido pelo The Helen Hamlyn Trust.

REATIVAÇÃO. O Forte de Albarquel renasce com nova missão ao serviço de Setúbal, com valências museológicas e expositivas, componentes para diversas manifestações culturais e artísticas e funções de sala de visitas da cidade.

ENVOLVENTE. A par da requalificação do Forte de Albarquel, a Câmara Municipal prevê a execução de arranjos urbanísticos na zona envolvente ao imóvel. Em aberto está ainda a possibilidade de instalação de uma unidade hoteleira.

OPERAçÃO EM CURSO

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Em defesa da cultura

Bastião marítimoO Forte de Albarquel, edifício de arquitetura militar seiscentista, da época barroca, integrou a linha defen-siva do trecho do litoral que no século XVII se estendia de Setúbal a Sesimbra e funcionava, igualmente, como um importante complemento de proteção da povoa-ção marítima sadina.A fortificação, com construção iniciada em 1643, para reforçar o poder de fogo da Fortaleza de São Filipe, foi projetada no período da Restauração, no reinado de D. João IV (1640-1656), no âmbito da remodelação da estratégia defensiva de Portugal e, em particular, da barra de Setúbal. O equipamento militar, cujas muralhas abaluartadas apresentam um perfil em talude, foi construído em função da topografia do terreno e adaptado aos tempos de conflito da época. Além dos dispositivos de vigilân-cia e ataque, destaque para os pormenores decorati-vos, como frisos, entablamentos e gárgulas.O Forte de Albarquel, cujas obras de construção con-taram com os contributos dos proprietários das mari-nhas de sal e dos navegantes da Casa do Corpo Santo,

só ficou concluído, tal como a ampliação do Forte de Santiago do Outão, no reinado de D. Pedro II (1667-1706).Depois da remoção da artilharia, em 1883, a for-tificação, classificada como Imóvel de Interesse Público, teve várias ocupações. Serviu de moradia ao governador militar do forte, secretaria, quartel e casa de material de guerra, entre outros usos. Foi ainda arrendada a privados. Na primeira metade do século XX, o Forte de Al-barquel passou a integrar o Regimento de Artilha-ria de Costa, já extinto, do Exército, com a cons-trução, em 1939, da 8.ª Bataria, erguida no morro por trás da fortificação seiscentista.A porta de armas da fortificação, que ainda ostenta o brasão da unidade e a arma de artilharia, guarda na memória os tempos de um perímetro inexpug-nável, uma bataria subterrânea com várias depen-dências, artilhada por três canhões Krupp de 150 mm com um alcance de precisão de vinte quiló-metros.

parcela de terreno junto da linha de costa, com cerca de 7800 metros quadrados, para a construção de um passeio pedonal panorâmico com vista para a cordilheira e o Sado.

plantação de cerca de 4500 metros quadrados, num terreno ocupado pela 8.ª Bataria de Albarquel, loca-lizado num morro contíguo à forta-leza, a norte, é outro investimento em análise.O terreno, propriedade do Estado e no qual ainda resistem três peças de artilharia e várias instalações sub-terrâneas, está à venda e a Câmara Municipal procura um investidor para a instalação de um hotel com vista privilegiada sobre uma das mais belas baías do mundo.

Momento histórico

“Estamos perante um momento his-tórico para a cidade”, salientou a presidente da Câmara Municipal na cerimónia do auto de cedência e de aceitação do Forte de Albarquel e da parcela de terreno destinada ao corredor pedonal, assinado a 29 de janeiro com o Estado, através dos ministérios da Defesa e das Fi-nanças, em cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho.A cedência do equipamento, refor-

çou Maria das Dores Meira, “fica registada na história da cidade e des-te monumento seiscentista, fechado, degradado e abandonado há largas décadas”, porque assinala “o início de uma transformação que era exigida pelos setubalenses”.A secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, Berta Cabral, destacou que a transferência do imóvel para a autarquia setubalen-se permite “dar uma nova vida a um património que é da cidade e da popu-lação, instalado numa zona privile-giada de Setúbal e da região”.A governante sublinhou que é agora possível reativar a antiga instalação militar com novas funções, sobre-tudo “nas vertentes de turismo e eco-nomia” e materializa “um sentimento de realização, sobretudo para os res-ponsáveis diretos do Município”.Já a secretária de Estado do Tesou-ro, Isabel Castelo Branco, explicou que a cedência cumpre um duplo objetivo: “Rentabiliza um património de elevado valor histórico e confere ao equipamento um uso de excelência ao serviço da população.”

O objetivo é criar um corredor de ligação entre a plataforma superior do Parque Urbano de Albarquel e a praia, voltado para o lazer, que visa facilitar o acesso da população ao

futuro equipamento cultural, à zona balnear e aos estabelecimentos co-merciais existentes.A construção de uma unidade hote-leira, com uma área máxima de im-

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6SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15

loca

l

Um novo desenho urbanístico, mais contemporâneo, renovou as valências de fruição e atratividade do Largo da Misericórdia. A operação revitalizou o espaço público daquela área do centro histórico e, ao mesmo tempo, apoia e dinamiza o comércio local

O Largo da Misericórdia foi requalificado com novas condições de atratividade e usufruto, intervenção liderada pela Câmara Municipal, que incluiu a introdução de equipamentos de conceção contemporânea no espaço público.A operação urbanística, realizada durante um mês, concluída no final de março, permi-tiu dotar aquele espaço de uso coletivo, que acolhe, regularmente, iniciativas culturais e comerciais, de novas valências de fruição e socialização para lojistas e, sobretudo, visi-tantes da Baixa comercial.A obra do Largo da Misericórdia, uma emprei-tada que materializa um investimento muni-cipal da ordem dos 110 mil euros, foi impul-sionada com o objetivo de revitalizar aquela área do centro histórico da cidade e, ao mesmo tempo, apoiar e dinamizar o comércio local.

O local onde estava plantada a outra árvore, removida por motivos de salubridade públi-ca, recebeu uma fonte ornamental. O equi-pamento, dotado de seis plataformas com bi-cos pulverizadores, é outra das novidades no novo desenho urbanístico do largo.A Baixa comercial, no qual se insere o Largo da Misericórdia, reúne um conjunto de ca-racterísticas de grande interesse patrimonial, cultural e paisagístico.Utilizada ao longo de todo o ano por muníci-pes e turistas, é palco de variadas manifesta-ções culturais e já recebeu diversas interven-ções de embelezamento, como são exemplo recente as sombrinhas coloridas que enfei-tam as ruas (ver pág. 13) e, nas fachadas dos edifícios, elementos decorativos com flores e apontamentos de artes plásticas.

A instalação de cinco bancos modelares, um dos quais dotado de iluminação LED em tons de branco, que no seu conjunto formam uma peça escultórica contemporânea, é uma das alterações de maior impacte visual no largo.Nessa zona será colocada uma escultura em bronze que retrata as formas femininas, da autoria de João Duarte.As obras, numa área com um total de 128 me-tros quadrados, incluíram a repavimentação do Largo da Misericórdia em lajeado de gra-nito, com acabamento antiderrapante.O conjunto de árvores do local também foi in-tervencionado, com a manutenção de três dos quatro espécimes existentes. Estes recebe-ram novas caleiras em aço galvanizado, versá-teis e com apontamentos artísticos que criam uma simbiose harmoniosa com as árvores.

O sistema público de saneamento e de abaste-cimento de água é melhorado em várias zonas de Setúbal e Azeitão com um conjunto de em-preitadas lideradas pela Câmara Municipal que materializam um investimento global de cerca de 120 mil euros destinado ao aumento da qualidade de vida das populações.No território azeitonense avançou a segunda fase da reabilitação integrada da rede de Bre-jos de Azeitão, operação que visa assegurar um adequado serviço de abastecimento de água àquela zona habitacional.A intervenção, no valor de 48.475,81 euros, com conclusão prevista para maio, incide sobretudo na substituição de vários troços daquela rede com o objetivo de resolver pro-blemas de ruturas recorrentes.Em curso, igualmente em Azeitão, está o pro-longamento da rede de saneamento em Casal de Bolinhos, com a construção de mais 715 metros de coletores que permitem a ligação de uma parte daquela zona habitacional ao sistema de esgotos.Esta operação, com trabalhos centrados nas ruas Casal de Bolinhos e do Caldeirão, a par da Praceta Francisco Perdigão, uma emprei-tada no valor de 43.157,87 euros, deverá estar concluída até ao final de maio.Na cidade de Setúbal, a Rua dos Romanos, na zona do Viso, foi apetrechada com uma rede de drenagem de águas residuais domésticas, intervenção de 11.544,46 euros que ligou ha-bitações à rede pública de saneamento.

Investimentonas redes

Um conjunto de intervenções promovidas pela Câmara Municipal melhorou as aces-sibilidades em duas áreas do Bairro Afonso Costa, num investimento global da ordem dos 20 mil euros que permitiu a criação de novas condições de conforto e segurança ur-bana.Uma das empreitadas, no valor de 9211,46 euros, incidiu na criação de um nova área de acesso pedonal ao bairro, com cerca de cin-quenta metros, no entroncamento da Prace-ta Manuel Rodrigues Coelho com a Avenida Infante D. Henrique, área beneficiada com vários arranjos.A intervenção, concluída em fevereiro, in-cluiu a definição de uma área de circulação pedonal, com a construção de passeios e lan-cis, assim como a pintura de passagens de

Acessibilidades crescemno Bairro Afonso Costa

superfície para peões e a colocação de sina-lização rodoviária.Mais recentemente, a Autarquia assegurou a requalificação de um espaço descaraterizado na Rua Dr. José Leite de Vasconcelos, opera-ção concretizada em março, uma empreitada no montante de 10.144,27 euros.Neste caso, os trabalhos realizados ao longo de dois meses incluíram a criação de uma área de circulação pedonal e a definição de passadeiras, além de uma bolsa de estacio-namento, medida que permitiu eliminar si-tuações de parqueamento abusivo.Estas obras constituem uma resposta direta do Município a duas necessidades identi-ficadas no âmbito do “Ouvir a População, Construir o Futuro”, projeto municipal que aproxima a população da gestão camarária.

Largo requalificado ganha dinâmicas

Page 7: Setúbal - Jornal Municipal

7SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15

A Câmara Municipal lidera uma operação urbanística que está a transformar a imagem da Praça Vitória Futebol Clube e das ave-nidas Alexandre Herculano, República da Guiné-Bissau e da Europa. O objetivo é tornar o espaço público mais apelativo e criar novos esquemas de circulação viária.Na Praça Vitória Futebol Clube, o redimen-sionamento do nó giratório que distribui o trânsito nas avenidas Alexandre Hercula-no, República da Guiné-Bissau, Dr. António Rodrigues Manito e 22 de Dezembro é uma

Rotundas renovam imagemA imagem de Setúbal sai

reforçada com um conjunto de apontamentos urbanísticos

que embelezam novas infraestruturas rodoviárias.

As beneficiações são impulsionadas por profundas

ações de reperfilamento urbano em avenidas e numa praça, que

conferem renovada prioridade ao usufruto público

das alterações mais visíveis no investimento global da Autarquia, da ordem dos 300 mil euros.A nova rotunda é embelezada com um arran-jo urbanístico que traz para a zona central da praça um dos ícones da história do Vitória, o futebolista Jacinto João, ou JJ, imortalizado numa escultura que transita do Estádio do Bonfim para a infraestrutura rodoviária, en-volta num relvado sintético.Na mesma praça, a zona de confluência das avenidas Dr. António Rodrigues Manito e 22 de Dezembro recebeu uma nova rotunda, que será ornamentada com elementos em pedra circulares e uma área ajardinada que inclui a plantação de várias árvores ciprestes.Na Avenida da Europa, a nova rotunda de li-gação à Avenida Independência das Colónias e parte integrante de um eixo de distribuição do trânsito automóvel será embelezada com um arranjo inspirado na União Europeia, com estrelas preenchidas com flores de vá-rias cores.A redistribuição de trânsito da Avenida da Europa é otimizada com a construção de ou-tra rotunda, já em curso, na interseção com a Rua Manuel Joaquim Santana Reimão, que dá acesso à zona habitacional do Bairro do Liceu.As obras globais em curso, com conclusão

prevista para meados de abril, envolvem ain-da as avenidas Alexandre Herculano e Repú-blica da Guiné-Bissau, requalificadas numa profunda operação urbanística que incluiu a renovação da rede de saneamento pública.Na Avenida Alexandre Herculano, com tra-balhos praticamente concluídos, foi criado um amplo corredor pedonal, dotado de uma ciclovia, que ganha novas valências com a re-moção da vedação do Parque do Bonfim, me-dida facilitadora da instalação de pequenos quiosques.O estacionamento automóvel ficou ordenado em bolsas com mais de uma centena de lu-

Beneficiações nas AmoreirasAs condições de usufruto da área envolven-te a um equipamento desportivo existente na Praceta das Amoreiras são melhoradas numa obra a realizar pela Autarquia, orça-da em cerca de 7 mil euros, com conclusão prevista para maio. A intervenção, uma necessidade identificada no projeto muni-cipal “Ouvir a População, Construir o Futu-ro”, centra os trabalhos na pavimentação do espaço com recurso a lajetas e pavet.

20 de Julho melhora esgotosA construção de novos ramais de ligação predial dos esgotos domésticos em alguns edifícios do Bairro 20 de Julho é uma das empreitadas que a Autarquia tem em curso na cidade. O investimento, de mais de 15 mil euros, com conclusão prevista para maio, inclui a construção de novas caixas de reco-lha de águas residuais, no âmbito da reabili-tação de um conjunto de infraestruturas que se encontravam degradadas e obsoletas.

Intervenção na CHE SetúbalA Praceta Dr. Miguel Torres, no bairro da CHE Setúbal localizado perto da Praça de Portugal, foi requalificada pela Autarquia, que investiu perto de 20 mil euros para melhorar as con-dições de atratividade e usufruto. A interven-ção, concluída em fevereiro, incluiu benefi-ciações nas acessibilidades, com a criação de passeios e bolsas de estacionamento, a par de pequenas áreas com árvores, e a instalação de mobiliário urbano diverso.

Pinheirinhos mais condignoA Câmara Municipal beneficiou a zona en-volvente a um parque infantil no Bairro dos Pinheirinhos, obra de cerca de 10 mil euros com melhorias ao nível das acessibilidades e do espaço urbano. A requalificação, concluída no final de janeiro, teve como principal fina-lidade a pavimentação da zona envolvente ao parque infantil, o ordenamento e a criação de estacionamento e a definição de uma área ajardinada e de passadeiras para peões.

gares, enquanto o trânsito passou a ser feito, definitivamente, numa faixa de rodagem com uma via em cada sentido de circulação.Os trabalhos estão agora centrados na Ave-nida República da Guiné-Bissau, que passa a integrar um corredor pedonal e ciclável, no lado sul, de ligação entre a Avenida Alexandre Herculano e a Estrada dos Ciprestes.A reformulação da faixa de rodagem, agora com sete metros e uma via em cada sentido, permite dar mais primazia pedonal e criar uma bolsa de estacionamento que serve os vários estabelecimentos comerciais existen-tes.

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Sapadores mais fortesAos 229 anos, os Sapadores mostram vitalidade. Um conjunto de mais-valias operacionais acrescenta meios de proteção e socorro ao serviço da população. Em dia de aniversário, foi reforçado o empenho na procura de mais condições laborais para os bombeiros

Um protocolo de colaboração com as superfícies comerciais instaladas no concelho foi apro-vado pela Câmara Municipal em reunião pública, a 4 de março, com o intuito de aprofundar e estender o mecanismo a novos parceiros estratégicos, de forma a prevenir e antecipar situações caóticas.O objetivo é agilizar, em situa-ções de catástrofe, a obtenção de alimentos, alojamento, roupas e outros elementos básicos de pri-meira necessidade para vítimas ou desalojados e providenciar alojamento e alimentação para todo o pessoal envolvido nas ações de resposta e de recupera-ção enquanto o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil se mantiver ativado.As superfícies comerciais que adiram ao protocolo devem comprometer-se com uma ges-tão de preços que compreende-rá um período de acomodação mínimo de seis meses após os pedidos de auxílio, realizan-do-se atualizações para valores correntes de mercado a cada período trimestral subsequente enquanto decorrer a vigência da situação de exceção.Depois de assinado, o proto-colo a celebrar, ao abrigo do Plano Municipal de Emergên-cia de Proteção Civil, entre a Autarquia e as superfícies co-merciais é válido por um ano, com renovação automática por períodos de igual duração.

O contrato de planeamento para a elaboração do Plano de Pormenor da Salmoura, assinado a 20 de feverei-ro, cria condições para a expansão de empresas e a instalação de novos equipamentos de usufruto social e urbano naquela área em Azeitão.O instrumento urbanístico permite a reestruturação do tecido urbano do território ocupado por diversas tipologias de terrenos, nomeada-mente habitacionais, industriais e terciários e por equipamentos de utilização coletiva, com uma área to-tal de 147,5 hectares.A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, indicou “a urgência” em “estruturar e qualificar um território marcado pela disper-são da ocupação urbana e pela falta de infraestruturas básicas de suporte à vivência urbana”, nomeadamente uma estrutura viária que assegure

Plano prepara requalificação da Salmoura

Protocoloasseguraproteçãocomercial

talação de novos portões no parque de viaturas, mais funcionais, e com novos balneários”, que totalizam “um inves-timento estimado de 70 mil euros”.No contexto dos investimentos,

O reforço dos recursos operacio-nais, com novos veículos e equipa-mentos de proteção e socorro, e a ampliação e melhoria das instala-ções da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS) mar-caram, a 21 de fevereiro, a cerimónia do 229.º aniversário da instituição. Com a chegada de uma viatura de combate a incêndios florestais fi-cou concluído o apetrechamento ao abrigo do “Resiliência Setúbal +”, um investimento global de 2 mi-lhões e 758 mil euros com financia-mento europeu e comparticipado pelo Município em 15 por cento.A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, salientou que, a par dos novos equipamentos, o quartel foi requalificado com “a ins-

referiu, têm sido adotadas “novas soluções para valorizar os bombeiros”, com a preocupação “de respeitar os direitos destes trabalhadores munici-pais, compatibilizando esta visão com

a articulação com a envolvente, a criação de estacionamento, o esta-belecimento de circuitos pedonais, a criação de espaços públicos de re-creio e lazer e a ampliação da rede de equipamentos de utilização coletiva.

A intenção é criar condições que assegurem a sustentabilidade eco-nómica das unidades empresariais locais e enquadrem os equipamen-tos sociais, de forma a garantir os parâmetros necessários à realidade

de Alhos Vedros e Externato Rumo ao Sucesso, as quais celebraram o contrato de planeamento com a Au-tarquia.Mais recentemente, a 4 de março, a Câmara Municipal aprovou em reunião pública propostas relativas à elaboração do Plano de Pormenor da Salmoura, já com objetivos pro-gramáticos devidamente definidos, entre os quais a promoção de in-fraestruturas básicas, a criação de oferta de estacionamento ajustado às necessidades identificadas e a implantação de espaços públicos e de lazer.Na mesma reunião foi aprovada a es-trutura multidisciplinar responsável pela produção do documento urba-nístico, a qual reúne diversos espe-cialistas em diversas áreas técnicas. O plano tem conclusão prevista para setembro.

a absoluta necessidade de racionalizar o investimento da Autarquia no setor”.A autarca, acompanhada do verea-dor da Proteção Civil, Carlos Raba-çal, assegurou o empenho, junta-mente com a Associação Nacional de Municípios Portugueses, “na procura de soluções” que permitam melhorar as condições laborais dos sapadores. O comandante da CBSS, Paulo La-mego, agradeceu o empenho de to-dos os operacionais.No final, foi descerrada uma placa relativa à recuperação da primeira autoescada da Companhia de Bom-beiros Sapadores de Setúbal. No veículo, de 1927, foi incorporada uma escada magirus, toda construí-da em madeira.

existente e à qualificação da oferta atual e futura.Os custos relativos à elaboração deste instrumento urbanístico são suportados integralmente pelas em-presas Refrige, Metalúrgica Central

VOLUNTáRIOS MUDAM COMANDOJoão Francisco Ferreira, major do Exército português, tomou posse, a 5 de fevereiro, como novo coman-dante dos Bombeiros Voluntários de Setúbal para o próximo triénio.O novo responsável afirmou que tem como objetivo “estabelecer uma cadeia hierárquica assente no méri-to” e aumentar o recrutamento, já que entende que esta será a melhor forma de “cumprir com mais quali-

dade as funções” do corpo de bom-beiros. Na cerimónia, na qual tomaram igualmente posse os novos órgãos sociais da Associação Humanitá-ria dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, o vereador da Proteção Civil da Autarquia, Carlos Rabaçal, destacou o papel “relevante” dos Voluntários no sistema municipal de proteção e socorro.

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As potencialidades de crescimento e a estratégia de desenvolvimento para Setúbal foram destacadas pela presidente da Câmara Municipal, a 23 de fevereiro, num jantar-confe-rência com a participação do em-baixador de Angola, de governantes portugueses e de empresários da região.“Setúbal tem condições para crescer”, afirmou Maria das Dores Meira no encontro promovido no âmbito do “Embaixadorias”, programa do Mi-nistério dos Negócios Estrangeiros que leva embaixadores acreditados em Portugal a conhecer várias re-giões do País.A autarca destacou algumas das mais-valias que fazem de Setúbal

Concelhomostra-se

a AngolaSetúbal tem potencial e está sempre recetivo à

realização de bons investimentos. A estratégia de desenvolvimento foi apresentada pela

presidente da Autarquia ao embaixador de Angola, em visita ao concelho. O diploma

ficou a conhecer os novos projetos locais catalisadores da qualidade de vida urbana

um território com potencial nas mais variadas áreas, desde logo por “ser uma cidade charneira na articu-lação da Área Metropolitana de Lisboa com o Litoral Alentejano”.O potencial ambiental e paisagísti-co da Serra da Arrábida e do Estuá-rio do Sado, as riquezas naturais, culturais e gastronómicas, a par da crescente importância do Porto de Setúbal no contexto nacional e in-ternacional foram outros atrativos salientados pela presidente da Au-tarquia.Maria das Dores Meira frisou, igualmente, “um conjunto importan-te de atividades económicas instala-das na península da Mitrena”, em-presas responsáveis “por uma boa

parte” do Produto Interno Bruto. “E há espaço, dotado de boas acessibili-dades, disponível para a instalação de mais atividades.”Na intervenção, a presidente da Câ-mara Municipal de Setúbal deu nota de alguns dos projetos em curso e das áreas de atuação estratégicas no concelho e no desenvolvimento da região, desde logo com a revita-lização da frente ribeirinha, numa aposta que assenta no reforço da ligação entre a cidade e o rio.A instalação de uma plataforma in-termodal, de articulação ferroviá-ria, rodoviária e fluvial entre a Área Metropolitana de Lisboa e o Litoral Alentejano, e a criação de uma ma-rina, para o desenvolvimento de

Setúbal homenageou a cantora lírica Luísa Todi, 262 anos após o seu nascimento, com um progra-ma cultural que recordou a im-portância da diva setubalense na memória e identidade da cidade.As comemorações incluíram uma cerimónia evocativa, a 9 de janeiro, com a deposição de flo-res na glorieta erguida à cantora, momento a que se seguiu um apontamento musical por alunos da Academia Luísa Todi.Do programa comemorativo fi-zeram ainda parte dois concer-tos pelo Coral Luísa Todi, um espetáculo de homenagem a Ruy de Carvalho e a exibição do filme “Todi – A segunda morte de Luí-sa Aguiar”.

Cidade recordaa diva

atividades náuticas desportivas, de turismo e de lazer, foram projetos enunciados.O embaixador de Angola, José Mar-cos Barrica, que realçou “as poten-cialidades da região e o fulgor do teci-do empresarial da região”, respondeu positivamente ao repto lançado pela autarca de voltar a Setúbal para uma visita mais alongada e para “conviver com as comunidades angolanas”.Já o secretário de Estado dos Negó-cios Estrangeiros e da Cooperação, Luís Campos Ferreira, teceu rasga-dos elogios ao concelho. “A gastro-nomia, os vinhos, as potencialidades naturais e turísticas e o tecido empre-sarial. Aqui há uma grande margem de progressão.”

A importância do trabalho desen-volvido pelas instituições no acolhi-mento de crianças e jovens em risco, em face da falta de respostas do Es-tado, foi destacada num seminário realizado a 3 de março, no auditório da Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico de Setúbal.“Este é um trabalho que todos pre-feríamos que não fosse necessário, mas que, infelizmente, continuará a ocupar muitas das nossas preocupa-ções”, referiu, no encerramento do encontro, o vereador com o pelouro da Inclusão Social na Autarquia, Pe-dro Pina, ao referir-se ao período atual, “em que se enfraquece o estado social, em que se reduzem e anulam prestações sociais, tudo em nome de rácios financeiros, de juros da dívida, do equilíbrio do défice”.No encontro “Laços que quebram ou nós que se desatam?”, organi-zado pela Cáritas Diocesana de Se-túbal, o autarca referiu, com base nos dados oficiais, que, além dos 19,5 por cento de portugueses em risco de pobreza, os números re-fletem que são as crianças as mais afetadas, com a taxa a situar-se em 25,6 por cento nos cidadãos meno-res de 18 anos.

Acolhimento defende criançasNo fecho do seminário marcaram também presença a diretora do Centro Distrital da Segurança Social, Ana Clara Birrento, em representa-ção do ministro da Solidariedade, do Trabalho e da Segurança Social, e o bispo de Setúbal, D. Gilberto Reis.Ao longo do encontro foram dis-cutidas questões relacionadas com a legislação e o acolhimento de crianças e jovens em risco e, ainda, com os melhores procedimentos no apoio às famílias.No ano em que se comemora o 25.º

aniversário do Centro de Acolhi-mento Temporário Nossa Senho-ra do Amparo, foi inaugurada, no mesmo dia, à margem do semi-nário, a exposição “Um olhar para dentro: 25 anos depois”, no átrio do Hospital de São Bernardo.quatro painéis mostram notícias da abertura deste equipamento da Cáritas, bem como fotografias, grá-ficos estatísticos e o relato de Sérgio Canas, uma das primeiras crianças a viver no equipamento de apoio social.

CARNAVAL. A folia carnavalesca saiu às ruas da cidade de Setúbal e de Azeitão, com perto de duas mil crianças dos jardins de infância e escolas do 1.º ciclo do concelho a desfilar, a 13 de fevereiro, com máscaras e fantasias inspiradas em temáticas diversas. Além dos desfiles, a iniciativa contou com animação e concursos associados.

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O sistema de deposição e recolha de resíduos sólidos urbanos em Setúbal sai melhorado com a instalação de 15 contentores subter-râneos, beneficiação da Câmara Municipal, executada em janeiro e fevereiro, que dá con-tinuidade ao objetivo de favorecer a imagem urbana da cidade.Estes equipamentos, mais funcionais e com maior capacidade de integração na malha ur-bana, instalados em várias zonas, possibilitam a melhoria das condições de higiene urbana ao permitir retirar da via pública um total de 64 contentores convencionais de superfície.A expansão do sistema de deposição e recolha de resíduos sólidos urbanos em contentores subterrâneos, equipamentos com um volume unitário de 5 mil litros, incidiu na Avenida

Perto de 5 mil litros de óleos alimentares usa-dos foram reciclados em 2014 no concelho, no âmbito do RecOil, projeto ambiental coor-denado pela ENA – Agência de Energia e Am-biente da Arrábida, com o apoio da Autarquia e financiamento europeu, que fomenta a se-paração e recolha seletiva deste tipo de resí-duos para posterior conversão em biodiesel. Na Rede Municipal de Recolha Seletiva de Óleo Alimentar Usado de Setúbal, com 41 pontos de deposição instalados no espaço público, edifícios municipais e escolas, foram recolhidos, só no ano passado, 4845 litros de óleos usados, reciclagem que permitiu a pro-dução estimada de 3755 litros de biodiesel e evitou a emissão de 5730 quilogramas de ga-ses com efeito de estufa.O sucesso da reciclagem de óleos alimentares usados depositados na rede do concelho, cuja recolha é efetuada regularmente pela empre-sa Biocanter, só não tem maior expressão de-vido ao elevado número de furtos verificados nos oleões, problema que tem vindo a ser mi-tigado com a implementação de medidas de segurança adicionais nos equipamentos.A Rede Municipal de Recolha Seletiva de Óleo Alimentar Usado é reforçada pela Autarquia, durante o primeiro trimestre de 2015, com a instalação de mais 15 Ecobox no espaço público de Setúbal e Azeitão. O circuito fica completo com a colocação, até ao final do ano, de mais 14 pontos de recolha de 360 litros.

Populaçãocontribuipara óleosreciclados

Arrábida avalia proteçãoA importância de conciliar diversas ativida-des num espaço protegido como é a Arrábida foi destacada num seminário sobre os valo-res naturais da área realizado a 26 de janeiro, na Casa da Baía, que centrou atenções na re-visão em curso do POPNA – Plano de Orde-namento do Parque Natural da Arrábida.A avaliação e revisão do POPNA dá a “opor-tunidade de encetar uma reflexão mais intensa sobre a Arrábida para encontrar soluções mais adequadas e equilibradas que garantam a pro-

teção do património natural”, sublinhou o vice-presidente da Autarquia, André Mar-tins. O seminário, uma organização da Câmara Municipal e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o qual con-tou com a participação de investigadores e professores da Universidade Nova de Lisboa, incluiu uma exposição de posters científicos com trabalhos de investigação realizados recentemente na Arrábida.

Novos contentoresbeneficiam higieneA capacidade de recolha de resíduos é reforçada com a instalação de novos contentores subterrâneos em vários locais de Setúbal. Ganha a imagem urbana da cidade, mais apelativa e com melhores condições de higiene, e a população, com mais pontos de deposição de resíduos sólidos urbanos

Alexandre Herculano, com a instalação de dois “moloks” naquela via em reabilitação.Um novo contentor foi instalado na Avenida da Bela Vista, enquanto no bairro da Nova Azeda foram colocados quatro equipamen-tos nas avenidas Mestre Lima de Freitas e Coração de Maria e nas ruas Lázaro Losano e do Xarafe, o que conclui o circuito de recolha naquela zona.A operação englobou ainda a instalação de seis “moloks” na zona da quinta do Freixo e outros dois na Avenida 5 de Outubro, neste caso de substituição da bateria de oito con-tentores de superfície que existia na Rua Joa-quim Brandão.Os 15 novos contentores instalados permi-tem o aumento da capacidade de deposição

de 51.200 para 75 mil litros. Este acréscimo, da ordem dos 46 por cento, permite, simul-taneamente, a otimização da utilização dos recursos municipais na recolha dos resíduos sólidos urbanos no concelho.A Autarquia tem ainda prevista a instala-ção de mais cinco “moloks”, dois na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra e três na Avenida República da Guiné-Bissau, estes últimos durante a requalificação urbanística em curso.Por se tratar de equipamentos no subsolo, onde a temperatura é inferior à da superfície, a deterioração dos lixos e consequente emis-são de cheiros é retardada, traduzindo-se numa melhor qualidade de vida para as po-pulações.

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Setúbal atrativaO concelho está mais apelativo para quem o visita e os turistas parecem saber disso. O número de visitas em 2014 disparou, tal como o de dormidas. Não houve melhor registo em toda a região de Lisboa

Os postos de turismo de Setúbal receberam mais 10 mil visitantes em 2014 do que em 2013, crescimento verificado igualmente nas dormidas, área em que o concelho registou o maior aumento de toda a região de Lisboa.Entre janeiro e novembro de 2014 os pontos de informação turística do concelho recebe-ram 26.719 visitantes, o que representa um aumento de 58,7 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, que teve a passagem de 16.836 turistas.No Moinho de Maré da Mourisca verificou-se que os atendimentos em 2014 ascende-ram a um total de 8167, com o espaço a ser procurado para turismo de natureza.

A Casa da Baía, na Avenida Luísa Todi, regis-tou 6695 visitantes. Os Paços do Concelho, com 4709, o posto junto da doca dos cata-marãs para Troia, com 4191, e Azeitão, com 2957, completam as estatísticas que fazem de Setúbal uma referência turística a nível nacional.Segundo a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, entre 2013 e 2014, Setúbal registou um aumento nas dormidas de 20,1 por cento, mais do que o total da região, que verificou um acréscimo de 15 por cento, e do que o do País, que teve mais 11 por cento.Nos postos turísticos do concelho sadino aumentou a procura de informações pelo

turismo de natureza, sendo a gastronomia e restauração outro setor catalisador do inte-resse dos visitantes do município.Do total de turistas que procuraram os ser-viços dos postos de atendimento de Setúbal em 2014, 39,49 por cento eram portugueses, 14,35 por cento, espanhóis, e 10,72 por cen-to, franceses.Embora com um impacte global menos sig-nificativo, destaca-se ainda o aumento do número de visitantes provenientes da Ale-manha, com 6,74 por cento, e de Inglaterra, 5,69 por cento, países que, em 2013, ficaram abaixo dos 5 por cento do total de turistas em Setúbal.

TURQUIA. A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, esteve em Istambul, Turquia, para uma reunião do conselho de direção do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, a que também preside. A jornada de trabalho, entre 21 e 25 de janeiro, incluiu uma passagem pela EMITT – Exposição Internacional de Turismo e Viagem do Mediterrâneo Este.

A Câmara Municipal aprovou no dia 18 de fe-vereiro, em reunião pública, um acordo de colaboração com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para implementação da marca Natural.PT.A parceria destina-se a áreas integradas e classificadas no território do concelho sadino, como o Parque Natural da Arrábida e a Reserva Natural do Estuário do Sado.A Natural.PT, da responsabilidade do Instituto

Concelho ao natural

Os recursos naturais e os produtos regionais foram bandeiras hasteadas por Setúbal na FITUR 2015 – Feira Internacional de Turis-mo, que decorreu entre 28 de janeiro e 1 de fevereiro em Madrid, Espanha.Num pavilhão próprio, o concelho promo-veu a marca turística “Setúbal é um mundo – Visit Setúbal”, assente nas linhas de força Arrábida e Sado, Gastronomia e Vinhos, e Birdwatching.Acresce que o pavilhão de Portugal dedicou um dia ao concelho, com a apresentação de um novo filme turístico e a realização de pro-vas e degustações de Moscatel de Setúbal.A Autarquia aproveitou o certame para esta-belecer contactos com jornalistas, bloggers, agências e operadores na área do turismo e agendar reuniões para a criação de parcerias de divulgação do concelho na imprensa es-panhola como destino turístico.“Este foi mais um passo na projeção turística e na promoção de Setúbal como uma grande ca-pital de distrito e um destino de excelência”, aponta a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, sobre a aposta do investimento municipal na FITUR, a qual contou com 200 mil visitantes e a re-presentação de 165 países.

Municípioultrapassa fronteiras

A principal revista de informação belga fran-cófona recomenda Setúbal para férias por considerar que a cidade é um dos dez destinos turísticos mais seguros do mundo.Um artigo da “Le Vif/L’Express”, semanário com uma tiragem média próxima dos 100 mil exemplares, integra Setúbal na seleção das “Dez cidades mais seguras para viajar sozi-nho”.“A maioria dos belgas gosta de viajar sozinho. Se quiser visitar uma cidade sozinho mas não sabe muito bem aonde ir, selecionámos dez cidades

Segurança atrai visitantesseguras onde corre menos riscos de ter encontros desagradáveis”, refere a revista, associada do “L’Express”, um dos jornais generalistas com maior destaque em França.O texto é acompanhado de fotografias do “top 10” dos locais turísticos mais seguros do mundo, que inclui ainda Copenhaga, na Dinamarca, Otava, no Canadá, Auckland, na Nova Zelândia, Helsínquia, na Finlândia, Hilo, no Havai, Estados Unidos, Perth, na Austrália, Oslo, na Noruega, Malmo, na Sué-cia, e Marselha, em França.

da Conservação da Natureza e das Florestas, é uma marca nacional de divulgação de produtos e serviços de excelência das áreas protegidas de Portugal continental.Estrategicamente ligada a um património na-tural nacional de exceção, reconhece a conser-vação dos valores naturais e socioculturais das áreas protegidas e a preservação das atividades e saberes tradicionais de Portugal, projetando essas áreas nacional e internacionalmente.

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A Estrada da Morgada, no Faralhão, fre-guesia do Sado, beneficiou de uma ação de requalificação no final de dezembro, através da qual se construíram cerca de trezentos me-tros de passeio, numa intervenção que contou com a participação da população.O projeto, desenvolvido por administração direta pela Junta de Freguesia do Sado, com o apoio da Câmara Municipal, beneficiou um troço localizado sensivelmente a meio da Es-trada da Morgada, via desprovida de passeios na maior parte do trajeto.O presidente da junta de freguesia, Manuel Véstias, aponta que “uma das preocupações é a segurança dos peões” e salienta que a medida resultou, ainda, “numa melhoria da própria se-gurança rodoviária, com o alargamento da faixa de rodagem”.A instalação de vias pedonais daquele troço re-

A Rua Francisco Serranito, no Bairro da Bo-nita, na localidade das Pontes, foi alvo de trabalhos ao nível da drenagem de águas plu-viais, intervenção realizada durante o mês de fevereiro.A obra teve como principal objetivo terminar com o fenómeno de inundações que repeti-damente se verificava naquela via durante a ocorrência de chuvas.A intervenção, desenvolvida através de ad-ministração direta pela Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, tem um orçamento estimado de cerca de 5 mil euros.A execução dos trabalhos contou ainda com a colaboração da Câmara Municipal de Setúbal, responsável pela cedência de materiais de construção. O projeto consistiu na construção de uma vala, devidamente impermeabilizada, onde

O adro da Igreja de S. Lourenço, em Vila No-gueira, foi integralmente requalificado no início do ano, depois de uma intervenção da Junta de Freguesia de Azeitão recuperar o pavimento e assegurar trabalhos de arranjos urbanísticos.

Trabalhos dão fim a cheias

Passeios de todos

se aplicaram manilhas de esgoto. À superfície foram instalados sumidouros para a correta captação das águas pluviais.As obras decorreram ao longo de 15 dias e as chuvas que entretanto caíram já puseram à prova o novo sistema de drenagem de águas pluviais, que “funcionou como esperado e evitou a ocorrência de cheias na zona e os consequentes transtornos para o comércio e moradores”, su-blinha o presidente da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, José Bel-chior.Com a conclusão dos trabalhos na Rua Fran-cisco Serranito, a junta de freguesia conta dar início, o mais brevemente possível, a uma intervenção semelhante na Rua 9 de Outu-bro, localizada na Gâmbia, onde também será instalado um sistema de drenagem de águas pluviais.

presentou um investimento de cerca de 9 mil euros, com sensivelmente 4 mil a serem cana-lizados para a aquisição de material.O projeto, que incidiu em cem metros de um lado da via e noutros duzentos do lado oposto, teve a participação direta de moradores, que assumiram os encargos inerentes à aquisição de materiais para a construção dos passeios, nomeadamente pavet e lancis.A Câmara Municipal, que contribuiu com o fornecimento de materiais, vai executar no local, em breve, um sistema de drenagem de águas pluviais.Em paralelo, a Junta de Freguesia do Sado pro-cedeu à colocação ou, consoante os casos, à requalificação de passeios nas Praias do Sado, mais concretamente nas ruas Engenheiro Ri-beiro da Silva, Ferreira Castro e parte da Go-mes Leal.

Adro recupera encanto

A entrada de Vila Nogueira de Azeitão está cada vez mais bonita. Depois da recuperação dos antigos lavadouros, foi agora requalificado o adro da Igreja de S. Lourenço

A junta de freguesia investiu cerca de 15 mil euros no projeto, que consistiu na recupera-ção do espaço localizado numa das principais entradas e cartões de visita da vila azeitonen-se, próximo da Praça da República, mais co-nhecida como Rossio, da Fonte dos Pasma-

dos e da Casa-Museu José Maria da Fonseca.“De certa forma, esta intervenção dá seguimen-to às obras de requalificação dos lavadouros de Azeitão, que se encontram ao lado da igreja e que reabriram ao público com a cerimónia realiza-da durante as últimas comemorações do 25 de

Abril”, sublinha a presidente da Junta de Fre-guesia de Azeitão, Celestina Neves.As obras, feitas por empreitada, decorreram durante sensivelmente um mês, ao longo de janeiro.Os trabalhos incidiram na substituição das árvores que ali se encontravam, por se apre-sentarem totalmente secas, e na remoção das pedras do pavimento, o que resultou no nivelamento do solo do adro da Igreja de S. Lourenço.O projeto incluiu igualmente uma interven-ção profunda de melhoria e modernização do sistema de drenagem de águas pluviais, etapa após a qual foram novamente colocadas as pedras originais do pavimento, agora sem desnivelamentos.quanto a arranjos urbanísticos foram insta-ladas novas floreiras em ferro, pintados os bancos do adro e executados pequenas be-neficiações no mobiliário e nas estruturas ali existentes.A iluminação pública foi reforçada, não ape-nas na área correspondente ao adro, onde foram instalados novos focos de luz no chão, mas também ao redor de toda a igreja.O cruzeiro em pedra existente no adro da Igreja de S. Lourenço beneficiou igualmente de trabalhos de lavagem.Na Rua José Augusto Coelho, na área adjacen-te ao adro, foram pintadas novas passadeiras para reforçar a segurança rodoviária na zona.

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Um conjunto de protocolos de colaboração com o objetivo de apoiar e incentivar o de-senvolvimento de pequenas e médias empre-sas no concelho foram celebrados pela Câma-ra Municipal, a 26 de fevereiro, no Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal.Na cerimónia, a vereadora das Atividades Económicas, Carla Guerreiro, sublinhou a aposta forte na melhoria dos serviços de apoio ao empreendedorismo, até porque “muitas pessoas procuram a Autarquia todos os dias porque têm uma ideia, um projeto, e preci-sam de orientação para os implementar”.Os protocolos, celebrados com cerca de uma dezena de entidades, permitem desenvolver ou reforçar parcerias entre a Câmara Munici-pal e associações que, direta ou indiretamen-te, apoiam o empreendedorismo e o cresci-mento de empresas.

DECORAÇÃO. As ruas da Baixa ganharam novos tons, com cerca de seis centenas de sombrinhas coloridas penduradas entre os edifícios a embelezar o espaço público ocupado pelo comércio tradicional. Brancos, amarelos, vermelhos, verdes, azuis. Há chapéus de chuva de todas as cores pendurados nas ruas Dr. Paula Borba e álvaro Castelões e transversais, com a maioria a fazer referência a lojas locais aderentes ao projeto. A iniciativa dos lojistas com o apoio da Autarquia capta a atenção das pessoas, sendo frequente ver telemóveis, tablets ou máquinas fotográficas apontadas ao céu para registar o novo visual. Até maio, não há chuva que molhe o chão da Baixa de Setúbal.

A inovação e o empreendedorismo e, principal-mente, estratégias e ferramentas para os gerir foram o ponto de partida do primeiro encontro Rotas da Inovação Empresarial, a 28 de janeiro, no Fórum Municipal Luísa Todi, promovido pela empresa Gastão Cunha Ferreira.A iniciativa, com o apoio da Autarquia, reuniu num único local responsáveis de empresas e ins-tituições que representam diferentes caminhos possíveis para assegurar que novos empreende-dores garantam o êxito de investimentos inova-dores.A vereadora das Atividades Económicas, Carla Guerreiro, assinalou a pertinência do início do ciclo de seminários em Setúbal, concelho com um grande polo industrial e empresarial e no qual a atividade turística teve um aumento de 17 por cento em 2014. A autarca referiu que a Autarquia tem ao serviço o Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Se-túbal, “importante ponto de apoio para quem deseja iniciar ou dar um seguimento sólido a um projeto”.ec

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Parcerias incentivam negóciosSinergias para o sucesso. A Câmara Municipal firmou um conjunto

de parcerias que procuram estimular o empreendedorismo e o investimento em Setúbal. O objetivo é apoiar novas oportunidades

de negócio, capazes de catalisar mais riqueza para o concelhoA presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, destacou que as parcerias representam um passo para Setúbal “aprofundar a estratégia de desenvolvimento regional, com a participação ativa dos diversos agentes económicos e sociais”.A autarca acentuou que a estratégia de desen-volvimento é canalizada através dos serviços municipais, nos quais se verifica “a maior ce-leridade praticada na análise das intenções de investimento, o acompanhamento especializado e a permanente disponibilidade para procurar soluções”.Maria das Dores Meira assinalou, igualmen-te, que o concelho “tem enormes capacidades de gerar riqueza”, em função de várias caracte-rísticas que o distinguem, como o facto de ser o “polo urbano mais autónomo e menos depen-dente das relações pendulares com Lisboa”.As parcerias foram firmadas com a ANECRA

– Associação Nacional das Empresas do Co-mércio e Reparação Automóvel, a ANPME – Associação Nacional das Pequenas e Médias Empresas, a ANDC – Associação Nacional de Direito ao Crédito, a Agrobio, a APERSA – Associação de Pequenos Empresários da Re-

gião de Setúbal e Alentejo, a CPPME – Con-federação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas, a EDINSTVO – Associação de Imigrantes dos Países de Leste e a IDSET – Associação Portuguesa para a Inovação e De-senvolvimento.

Tertúlias contribuempara debate de ideias

O impacte económico no comércio tradicional com a abertura do Alegro Setúbal foi debatido a 25 de fevereiro, no Mercado do Livramento, na segunda sessão do ciclo “Tertúlias no Mer-cado”, organizado pela Autarquia em parceria com a pereirapisco.creativity e a WinWin-Talents.A forma como o comércio local se adaptou à chegada da nova superfície comercial centrou atenções no segundo encontro do novo evento municipal, que procura promover a reflexão sobre temáticas económicas diversas e com particular interesse para a região.No encontro, em que participaram represen-tantes do comércio local, da Associação de Comerciantes do Mercado do Livramento e do Alegro Setúbal, além de diversos munícipes, a maioria dos intervenientes apontou como positiva a chegada do novo centro comercial.

Clementina Vira, que falou em nome de al-guns comerciantes da Baixa, considerou que “foi bom o Alegro ter vindo para a cidade” e que os problemas existentes no comércio tradicional vêm de trás e resultam da “falta de dinheiro das pessoas”.A diretora do Alegro Setúbal, Ana Santos, refutou a ideia da existência de uma divisão entre o Alegro e a Baixa comercial. “Temos clientes que vêm do Alentejo e que me dizem que, depois das compras, vão à cidade comer um pei-xinho.”Os mecanismos de revitalização do centro histórico da cidade também foram abordados no encontro realizado no auditório do Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal. A próxima sessão das “Tertúlias no Mercado”, a realizar a 29 de abril, é dedicada ao tema “A Marca Setúbal”.

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NUma história

de rapazes

O trabalho, o contacto com a natureza, a formação musical, a responsabilidade e a união ganham peso na vida dos 55 rapazes que vivem na Casa do Gaiato de Setúbal.

São conhecidos no exterior pela mala de ganga a tiracolo, onde guardam o jornal que vendem, mas pouca gente lhes conhece verdadeiramente os sonhos e a obra que os acolhe

inguém é criado de ninguém.” O quadro com uma das regras de ouro está numa parede exterior da Casa do Gaiato de Setúbal. Todos sabem o seu dever.Mamadu, João, Sidney e Florenti-no cumprem a obrigação de tratar do espaço onde vivem. Apanham as folhas secas que o inverno deixa no jardim, cortam a relva, cultivam a terra e apanham laranjas. Cada um tem uma tarefa, como é normal numa família numerosa. Conhecer o campo e a vida animal é um dos hábitos que os quatro rapa-zes partilham. O cheiro a natureza e o chilrear dos pássaros caracteri-zam o ambiente que os rodeia.“Temos vacas, vitelos, patos, porcos, jardins, flores, laranjas, hortaliças, batatas, tomate, feijão, milho… som-bras. Há todo um conjunto de riquezas que a mãe terra nos dá. Tudo isto en-tra na vida dos rapazes sem eles darem por isso”, explica o padre Acílio Fer-nandes, responsável pela Casa do Gaiato de Setúbal.Jedi Nelson, 10 anos, junta-se aos amigos. Fanático sportinguista, visível na camisola que veste, tem o sonho de ser futebolista. Vive na Casa do Gaiato de Setúbal, em Al-geruz, desde os 6 anos e acabou por entrar na grande família dos “rapa-zes sem família”.Alguns deles querem, como Jedi, ser futebolistas. Por agora, no cam-po, entusiasmam-se a colher, chei-rar e aproveitar para comer uma laranja ou outra.Os cinco rapazes frequentam a EB Luísa Todi e sabem que têm de estudar, estudar muito, estudar

sempre. A escolaridade é a grande prioridade na Casa do Gaiato. Todos os dias têm explicações dadas por voluntários. É o caso de João Ba-nha, engenheiro aeroespacial, que se desloca à casa todos os domingos à tarde para explicar matemática e físico-química a quatro alunos do 7.º ao 9.º ano.

Olhar para a música

“Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.” É dia de ensaios para os vinte e três jovens da Banda Filarmónica da Casa do Gaiato, formada no âmbito do pro-jeto “Humanitária Solidária”.O projeto, uma parceria entre a Volkswagen Autoeuropa e a Socie-dade Filarmónica Humanitária, de Palmela, criou uma bolsa de estudo – Bolsa Tarquínio da Silva Reis –, com o objetivo de formar musical-mente os rapazes.Além da iniciação musical, apren-dem a tocar vários instrumentos

– saxofone, bombardino, tuba, trompete, trompa, clarinete, flauta e percussão.“É uma porta aberta em termos pro-fissionais para construir um futuro”, explica o professor, João Cipriano, que ensina um dos alunos enquanto dá umas dicas. “Tenta estar mais re-laxado no músculo dos lábios. Imagi-na uma linha na sala e toca.”Além de João, à frente do projeto estão Pedro Cordeiro, Tânia Men-des, Sandra Teixeira e Fábio Olivei-ra, professores da Sociedade Filar-mónica Humanitária.Um som muito grave proveniente do pátio irrompe no silêncio indo-lente do início da manhã. Camam, 17 anos, agarrado a uma tuba, pra-tica cada nota a partir da músi-ca “Aura Lee”. Parece um teste de respiração debaixo de água. “Sou bom aluno, mas muito conversador”, confessa.Apesar de gostar de música, prin-cipalmente das “mais calmas”, Ca-

A finalidade da Casa do Gaiato é acolher, educar e inte-grar na sociedade crianças e jovens que, por qualquer motivo, se viram privados de meio familiar adequado.Dentro da Casa do Gaiato de Setúbal, em Algeruz, já existiu uma telescola e uma escola primária, entretan-to encerrada devido à redução do número de alunos. Hoje, apenas restam as oficinas – uma carpintaria, uma serralharia e uma tipografia –, noutras instala-ções, na Rua Camilo Castelo Branco, para formar os gaiatos num ofício e criar hábitos de trabalho.Em termos financeiros, sobrevive com a contribuição de donativos de entidades particulares e da comuni-

Caminho de autonomiadade em geral. A grande maioria é formada por ali-mentos, calçado, vestuário, brinquedos. A Casa do Gaiato de Setúbal abriu portas em 1955. Atualmente, acolhe 55 rapazes, com idades compreen-didas entre os 9 e os 35 anos.O objetivo, explica o padre Acílio Fernandes, é que constituam projetos de vida que passem pela autono-mia, a qual se traduz “numa aquisição de regras e com-petências organizativas, na maturação da personalidade, na entrada no mercado de trabalho, na obtenção de uma habitação”, ou seja, que se tornem “indivíduos social-mente autónomos”.

mam não sonha fazer da atividade uma profissão. Um tumor na cabe-ça virou-lhe a vida do avesso, mas fez com que ganhasse uma certeza: “Quero ser médico para tratar das ou-tras pessoas como trataram de mim.”Sonho, apenas, ou talvez realidade. Por enquanto, Camam frequenta o 9.º ano e continua a tocar tuba no átrio de casa.

De portas abertas

São onze da manhã. Na cozinha, o ambiente é bastante descontraído e de alegria genuína. Tiago Encar-nação, 28 anos, trabalhador da Sa-

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queria ser jogador de basquetebol, mas foi a dança que o apaixonou. Ivanoel Monteiro Tavares, 21 anos, nasceu na Baixa da Banheira, Moita. “A minha mãe não tinha condições para estar comigo e pôs-me na Casa do Gaiato quando eu tinha 10 anos.”Antes de entrar, andava por maus caminhos. “Roubava, fazia mui-

tas coisas que não se deve fazer”, reconhece. “A minha mãe tomou a melhor decisão.” Foi através da Casa do Gaiato que “Belas”,

como é conhecido en-tre os amigos,

se formou na Acade-

mia de Dança Contemporânea de

Setúbal. “Ele é um bom rapaz, muito dedicado”, sublinha o padre

Acílio.Mais tarde, estagiou na Companhia Portuguesa de

Bailado Contemporâneo e no quorum Ballet e trabalhou dois anos com a Dançarte, em Palmela,

mas “não é fácil, um mês com trabalho, outro, sem”.Acorda todos os dias às sete, treina

trinta horas por semana, mas asse-gura várias tarefas na casa. “Faço leitura

na missa, estou na vacaria a trabalhar, na cozi-nha, entre muitas outras coisas.”

quando começou a dançar, Ivanoel gostava da liber-dade que sentia a cada pirueta. “É um refúgio em que posso esquecer tudo o que aconteceu, em que posso pensar que consegui superar isso.”Chegou ao top 20 do programa televisivo “Achas que sabes dançar?”, da SIC. “Foi o momento mais feliz da minha vida.”Vê o padre Acílio como um pai. “Foi ele que me ajudou a definir o que eu queria de profissão. Fez com que conse-

guisse realizar muitos sonhos. Tirei o 12.º ano, a carta de condução e entrei para a academia.”

Os comentários que ouviu entre os amigos, a ideia de que os rapazes calçam chuteiras e não sabrinas, tudo o

que de bom e de mau viveu só fizeram com que uma certeza crescesse dentro dele. É a dançar que Ivanoel é feliz.

Sonhos realizadospec, confeciona o almoço. O cheiro a feijoada, cozinhada numa panela enorme, toma conta do espaço.Numa mesa a um canto da sala, o padre Acílio, ao serviço na obra há quase sessenta anos, come uma sandes e bebe um copo de leite.Ele é o encarregado de educação de todos os gaiatos, desde que entram até ao dia em que saem, já adultos. Acompanha-os de perto, orien-ta-os, percebe as dificuldades e capacidades de cada um e garante a saúde, a alimentação, os estudos, as férias, os tempos livres e a cultura de cada um.“Não somos um reformatório, um refúgio, um asilo, um colégio ou um orfanato. Somos uma grande famí-lia”, costuma dizer.O mote da Casa do Gaiato é fazer de cada rapaz um homem. “Utilizamos todos os meios ao nosso alcance, sem-pre com amor e devoção, explorando as capacidades intelectuais, morais, sensitivas de cada rapaz, de forma a serem homens”, explica.A instituição, fundada pelo padre Américo há sessenta anos, é hoje a estrutura familiar de 55 rapazes. Os mais novos saem todos os dias de manhã para a escola. Os mais velhos vão para o trabalho e os que estão desempregados trabalham

na casa. Também há quem ande na universidade, a sonhar com um ca-nudo. Enquanto, na cozinha, Tiago faz o almoço para todos, na sala de refei-ções, espaço com muita luz natural e guardada pelos 10 Mandamentos de Deus, afixados num quadro, uma das 14 mesas é preenchida por es-tudantes.“Tenho muitas dúvidas nas contas de dividir, Vasco.” A matemática não é a disciplina preferida de Sydney, alu-no do 5.º ano, mas parece ser mais fácil com a ajuda do amigo.Vasco, 21 anos, estudante do 2.º ano do curso de Tecnologias de Energia no Instituto Politécnico de Setúbal, é um dos sete gaiatos a frequentar um curso superior. “Quero seguir as energias renováveis”, diz, sem tirar os olhos das contas de dividir de Sydney.Terminada a refeição e até às cinco da tarde, hora a que se inicia o pe-ríodo dedicado ao estudo, jogam à bola no campo de futebol e ma-traquilhos, andam de bicicleta ou brincam despreocupados, alguns perto do laranjal. Não falta espaço para serem livres, espontâneos e fazerem as suas traquinices. Não é por acaso que um dos princípios do padre Américo, figura omnipre-

sente na casa, é “ninguém espere fa-zer homens de rapazes domados”.

Forte união

Alguém bate à porta do escritório do padre Acílio. “Senhor padre, posso levar alguns miúdos a Lisboa para irmos ver o Ivanoel?” (ver texto ao lado).É David, 25 anos, acompanhado de dois gaiatos. Apro-veitando o dia de folga, veio visitar os amigos. “Esta é a minha segunda casa”, comenta o trabalhador da Secil, que saiu da casa há cinco anos. Depois de um ralhete, por-que “deviam ter dito mais cedo”, um leve aceno com a cabeça basta para que os rapa-zes saiam com um sorriso nos lá-bios de uma ponta à outra, felizes da vida.Apesar de já não viver na Casa do Gaiato, David sabe que leva consigo muitos hábitos para o resto da vida. “Não consigo ver ninguém a deixar co-mida no prato, por exemplo.”

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Igualdade entre género. A premissa dá alma a um programa comemorativo que celebra, ao longo de março, o Dia Internacional da Mulher. Pela paz e pelos direitos das mulheres, uma caminhada juntou uma centena nas ruas a dar voz contra as desigualdades de género. No Museu do Trabalho houve uma tarde intercultural no feminino, enquanto nas Manteigadas a gastronomia deu o mote a um convívio de moradores

Uma “Caminhada pela Paz e Direitos das Mu-lheres”, com mais de cem pessoas, que culmi-nou com a plantação de uma oliveira, foi um dos momentos altos do programa que assina-lou em Setúbal, a 8 de março, o Dia Internacio-nal da Mulher.Com pontos de partida na Praia da Saúde e na Junta de Freguesia de S. Sebastião, a marcha de alerta para os problemas e as desigualdades que afetam as mulheres em pleno século XXI juntou homens e mulheres em direção ao Jar-dim de Palhais, para uma ação simbólica.

consecutivo, foi promovida pelo Movimen-to Democrático de Mulheres com o apoio da Autarquia, da União das Freguesias de Se-túbal, da Junta de Freguesia de São Sebas-tião e da Associação de Atletismo Lebres do Sado.O programa que assinala o Dia Internacio-nal da Mulher, este ano com o tema “Igual-dade – Caminhos Partilhados”, inclui um vasto conjunto de atividades dinamizadas ao longo de março, com debates, desporto, exposições, cinema, música e teatro.

A vereadora Carla Guerreiro prestou homena-gem a todas as mulheres que lutaram pela con-sagração dos seus direitos e aludiu a problemas atuais como a discriminação no trabalho, as desigualdades salariais e a violência doméstica.Os participantes, entre os quais um represen-tante da República Árabe Saharaui Democráti-ca, relembraram, numa ação de solidariedade que incluiu a plantação de uma oliveira, as mu-lheres do Sahara Ocidental, muitas a viver em campos de refugiados há quarenta anos.A iniciativa, realizada pelo terceiro ano

Destaque para uma tarde intercultural rea-lizada a 8 março, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, com a exibição de um filme sobre a organização da relação hie-rárquica entre género e uma palestra sobre tradição das mulheres na Roménia. A celebração do Dia Internacional da Mu-lher incluiu ainda um convívio gastronó-mico, com um atelier de culinária, realiza-do nas Manteigadas no âmbito do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade” (ver mais informações em baixo).

Mulher partilha caminhos

Os valores universais da Liberdade e da Paz foram evocados a 9 de fevereiro numa inicia-tiva europeia da Federação Internacional de Resistentes, promovida a nível nacional pela União de Resistentes Antifascistas Portugue-ses, que assinalou o 70.º aniversário do final da II Guerra Mundial.Mais de meia centena de pessoas receberam a Tocha da Liberdade e da Paz na Praça de Boca-ge, defronte dos Paços do Concelho, momento que culminou com a libertação de 14 pombas brancas que voaram pelos céus de Setúbal.

Nas asas da liberdadeA presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, recordou o dia em que o exército so-viético entrou em Auschwitz, na Polónia, e encontrou “o horror de 8 mil prisioneiros, enre-gelados, famintos, moribundos, os últimos de um total de 1 milhão e 300 mil enviados para aquela fábrica da morte do regime nazi”.Setúbal foi um dos pontos passagem do péri-plo europeu da Tocha da Liberdade e da Paz, símbolo do fim do conflito mundial, a qual percorreu, na cidade, vários locais públicos e escolas antes da chegada ao centro histórico.

A participação ativa de moradores da área de intervenção do “Nosso Bairro, Nossa Cida-de” não para de surpreender. Novas iniciati-vas, com destaque para as áreas da formação, mostram dinâmicas renovadas. Mas também há convívios e celebrações, sempre no espíri-to de comunidade.A realização de ações de formação, com as mais variadas temáticas e para todos os públi-cos, tem sido uma das principais apostas nes-te início de ano do programa em desenvolvi-mento desde 2012, com ações impulsionadas por moradores com o apoio da Autarquia.Habitação, associativismo e higiene e limpeza foram algumas das áreas temáticas trabalha-das nas várias sessões formativas abertas a moradores da Bela Vista, Forte da Bela Vista, Alameda das Palmeiras, quinta de Santo An-tónio e Manteigadas, bairros englobados na zona de intervenção do programa.As formações, dinamizadas em instalações municipais, incluíram sessões direcionadas exclusivamente para interlocutores, a par de ações para monitores do projeto “Férias no

Dinâmicaà vista

nos bairros

Bairro”, que aprenderam e praticaram técni-cas de escalada na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal.O “Nosso Bairro, Nossa Cidade” também é feito de festa. Nas Manteigadas, o Carnaval foi celebrado nas ruas, com as crianças a desfilar as mais variadas máscaras e fantasias. Já no Dia Internacional da Mulher, a comunidade juntou-se para um convívio que teve na gas-tronomia o fator de união.

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Os Jogos do Sado estão de volta

e já fazem mexer a cidade. Em terra e na

água, há atividades para todas as idades,

com competições oficiais e provas

abertas à população, sem esquecer

o público escolar. A 13.ª edição bate

o recorde de eventos organizados na

história do programa municipal de

promoção e incentivo da prática desportiva

Atividades abertas à participação popular e provas de competição oficial marcam o ca-lendário desportivo dos “13.os Jogos do Sado”, ecletismo que ficou patente na cerimónia de abertura do programa desportivo, realizada a 22 de fevereiro no Fórum Municipal Luísa Todi.No habitual ambiente de confraternização de atletas, dirigentes, clubes e associações par-ticipantes nos Jogos do Sado, a edição 2015 arrancou com um espetáculo que juntou um conjunto variado de demonstrações despor-tivas e apontamentos culturais.“Voltamos a viver as emoções de mais uma fes-

eventos, dos quais 17 são no rio Sado e oito na Serra da Arrábida, destaque para a rea-lização de uma etapa da Taça do Mundo de Águas Abertas FINA 2015, prova de natação internacional que reúne os melhores atletas do mundo na modalidade.Os Jogos materializam um momento em que Setúbal “recebe alguns dos melhores atletas do mundo em especialidades como a natação em águas abertas ou o biatle” e que mostra a ver-tente integradora “com a organização de um conjunto de atividades de desporto adaptado”, realçou a autarca.No elenco desportivo, a dinamizar até outu-

ta do desporto, evento que afirma a cidade e o concelho como um exemplo de boas práticas desportivas e de promoção de hábitos de vida saudáveis”, salientou a presidente do Muni-cípio, Maria das Dores Meira, na abertura do evento.Os Jogos do Sado, organizados pela Autarquia com o patrocínio da Águas do Sado, propor-cionam atividades de participação popular, provas escolares e competições oficiais, to-das com o envolvimento de “milhares de setu-balenses e azeitonenses em momentos de parti-lha e diversão desportiva”, frisou.No calendário deste ano, com um total de 42

bro, sobressaem ainda outras provas como o Campeonato da Europa de Biatle/Triatle, a Taça de Portugal de Kayak-Mar, o XV Raide Bicasco, o III Aquatlo Cidade de Setúbal, o III Duatlo Jogos do Sado e etapas dos campeo-natos nacionais de Kayak-Polo e de Master Laser.Em clima de convívio que juntou atletas, di-rigentes, clubes e associações participantes nos “13.os Jogos do Sado”, promovidos com o apoio da empresa 100 Entrada, a edição arrancou com um espetáculo que juntou de-monstrações desportivas e apontamentos culturais.

que comecem os Jogos

Perto de 3300 alunos, de 87 escolas do dis-trito, participaram no Corta-Mato Escolar Península de Setúbal 2015, prova desportiva realizada a 11 de fevereiro no Parque Sant’Ia-go, este ano com competição em benjamins, o que permitiu alargar a participação a alunos do 1.º ao 12.º ano de escolaridade.No evento, com organização conjunta do Desporto Escolar da Península de Setúbal e da Câmara Municipal, aberta aos alunos das escolas públicas e privadas, os atletas foram distribuídos por escalões, de acordo com a idade e o género, percorrendo, desse modo,

Corta-mato junta três mildistâncias que variaram entre os 500 e os 3500 metros.Letícia Bragança, em benjamins, Madalena Sardinha e Gabriel Peso, infantis A, Raquel Aleixo e Rui Sousa, infantis B, Joana Branco e João Valido, iniciados, Rita Ribeiro e Da-vid Ferreira, juvenis, e Catarina Anastácio e Cláudio Ribeiro, juniores, foram os vence-dores da prova.Depois da competição setubalense, os me-lhores atletas representaram o distrito no Corta-Mato Escolar Nacional, realizado a 7 de março, na Guarda.

Setúbal é candidata a Cidade Europeia do Desporto em 2016, decisão anunciada a 22 de fevereiro, no Fórum Municipal Luísa Todi, pela representação portuguesa da ACES Europe – Associação das Capitais e Cidades Europeias do Desporto, entidade que atribui o título desportivo.A aceitação da candidatura setubalense, o ficializada na cerimónia de abertura dos 13.os Jogos do Sado, “é o corolário das apostas que o Município tem concretizado ao longo dos últimos anos”, vincou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira.Para a autarca, convicta de que Setúbal será Cidade Europeia do Desporto em 2016, ano de competição olímpica, esta é a prova de que os investimentos feitos no concelho estão a ter retorno.“Seremos vencedores, até porque temos todas as condições reunidas”, afirmou.Momentos antes da entrega de uma placa simbólica pela aceitação da candidatura, o presidente da representação portuguesa da ACES Europe, Nuno Santos, afirmou que “Se-túbal tem cumprido todos os requisitos necessá-

Candidaturaeuropeia

para a cidade

rios”. A decisão final é conhecida até ao final de setembro.O incentivo da vertente competitiva e a pro-moção do desporto informal e de estilos de vida saudáveis são objetivos da iniciativa da-quela entidade, que elege anualmente uma capital europeia do desporto e, no máximo, duas dezenas de cidades europeias do des-porto, sendo que cada país pode ter, no má-ximo, duas cidades a ostentar o título.

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Mickael Salgado brilhou no desfe-cho do 7.º Concurso de Fado Ama-dor de Setúbal ao vencer a gala final, que decorreu, no dia 21 de fevereiro à noite, na sede esgota-da da Sociedade Musical Capricho Setubalense.O jovem de 23 anos, natural de Tentúgal, Montemor-o-Velho, sobressaiu entre os sete finalis-tas que conquistaram um lugar na gala final do concurso promo-vido pela Câmara Municipal de Setúbal e pela Capricho Setuba-lense.Formado no canto lírico, no qual é licenciado e mestre, Mickael Salgado sente uma paixão especial pelo fado desde criança.Com Fernando Farinha como “ídolo de sempre”, o fadista ama-dor, invisual, entende o primeiro lugar no Concurso de Fado Ama-dor de Setúbal como um incentivo

Cerca de uma centena de pessoas homenagearam a autora, atriz e professora Maria Clementina Pe-reira num serão que decorreu, na Casa da Cultura, a 27 de fevereiro, dia em que completou 80 anos.O tributo “Maria Clementina – Uma Mulher da Ribalta”, que resultou da organização, em par-ceria, da Câmara Municipal de Setúbal, da Livraria Culsete, da Uniseti – Universidade Sénior de Setúbal e do atelier DDLX, juntou personalidades de diversas áreas.Algumas, como a presidente do Município, Maria das Dores Mei-ra, a livreira Fátima Medeiros, o ator Carlos Rodrigues e o autor Arlindo Mota, discursaram sobre a homenageada, para destacarem

Simone com força de viverSimone de Oliveira esteve no dia 6 de março no auditório da Biblioteca Públi-ca Municipal de Setúbal para apresentar a obra autobiográfica. Na apresentação de “Simone: Força de Viver”, criado com Patrícia Reis, a cantora e atriz recordou os momentos que a marcaram na vida e que partilha no livro. Simone de Oliveira inte-ragiu com o público presente no encontro, respondendo às perguntas que lhe foram lançadas.

Vitória com almaBoa parte da técnica vem da formação académica, dedicada ao canto lírico. Mas é na alma que nasce a voz genuína com que Mickael Salgado canta o fado. O mais recente vencedor do Concurso de Fado Amador de Setúbal assume o desejo de se tornar profissional

para a profissionalização. “Assumo que é um desejo tornar-me profis-sional e este momento acaba por ser mais uma ajuda nessa direção.”O salão da Capricho Setubalense encheu por completo com pú-blico que fez questão de marcar pre sença para assistir à gala final do 7.º Concurso de Fado Amador, a qual contou ainda com as par-ticipações de Susana Almeida, segunda classificada, Sofia Ra-mos, que ficou em terceiro lugar, Raquel Faria, Valter Palma, Carla Marono e Maria João Rodrigues.Mickael Salgado, também vence-dor do Prémio do Público, recom-pensado com 125 euros, recebeu, pelo primeiro lugar no concurso, um cheque de 500 euros, um fim de semana para duas pessoas no Hotel do Sado e o direito a gravar um CD através da RW Música, pa-trocinadora da prova.

O fadista garantiu também atua-ções no cartaz de 2015 da Feira de Sant’Iago, bem como na iniciativa “Lugar ao Fado”, na Casa da Cultu-ra, e um showcase na Fnac Setúbal, no centro comercial Alegro.No desfecho do concurso, o ve-reador da Cultura da Câmara Mu-nicipal, Pedro Pina, salientou que “os mais de trinta candidatos oriun-dos de vários pontos do País que se apresentaram para a sétima edição do evento são um sinal de que este é um evento que chega longe e de que a cidade de Setúbal recebe bem quem a visita”.Entre os três elementos do júri desta edição do concurso esta-va Toy, que atuou nos intervalos da gala final. “Estou aqui também como fadista amador. A minha pro-fissão não é cantar fado”, advertiu instantes antes de impressionar e emocionar a plateia com a qua-

Aplauso para Maria Clementinaa importância que assume na cultura de Setúbal.“Tem uma marca indelével na vida da cidade, seja no teatro, seja nos

a Maria Clementina, “fundadora de grupos de teatro amador, que passou pelo teatro profissional, que fez dos palcos sua casa”. Ao longo da noite foram propor-cionados vários momentos em que a poesia de Maria Clementi-na Pereira foi lida e interpretada por Odete Santos, Célia David, Isabel Ganilho, Graziela Dias e José Nobre, acompanhados ao piano por António Laertes.No decorrer da sessão foram projetadas imagens que retratam o percurso pessoal e profissional de Maria Clementina Pereira.No final, foi servido um bolo de aniversário, com a inscrição “Maria Clementina | 80 anos de vida. Uma mulher da ribalta”.

Externato entoa tradiçãoAs típicas janeiras foram cantadas no dia 9 de janeiro, na Câmara Municipal, por um grupo de seis dezenas de crianças do Ex-ternato Diocesano Sebastião da Gama. Na escadaria dos Paços do Concelho, peque-nos cantores, com idades entre os 4 e os 10 anos, entoaram para a vereadora da Câma-ra Municipal de Setúbal Carla Guerreiro e funcionários da Autarquia duas canções tradicionais do Dia de Reis, que encerra a quadra do Natal.

Janeiras em tom especialAlunos da Escola de Ensino Especial da APPACDM de Setúbal estiveram na manhã do dia 5 de janeiro nos Paços do Concelho a cantar as janeiras. Mais de duas dezenas de crianças e jovens, com idades entre os 6 e os 18 anos, deslocaram-se à Autarquia para apresentar os tradicionais votos de bom ano à presidente da Autarquia. Maria das Dores Meira foi presenteada com uma música alusiva às janeiras da autoria dos próprios alunos.

Câmara ouve o canteA música coral, com tónica no cante alen-tejano, levou a 6 de janeiro, Dia de Reis, dezenas de setubalenses aos Paços do Concelho da Câmara Municipal, para se ouvir cantar as janeiras. O final de tarde contou com os Toquivozes, de Vila Fresca de Azeitão, e os grupos corais alentejanos “Amigos do Independente” e “Amigos dos Sadinos”, da cidade. No final das atuações, foi servido moscatel de honra e o tradicio-nal bolo-rei.

lidade da interpretação dos fados.A gala final do 7.º Concurso de Fado Amador de Setúbal ficou marcada por um constante am-biente de festa, envolto no registo castiço do fado. Para isso contri-buiu o jantar organizado pela Ca-pricho Setubalense, que encheu o salão logo a partir das oito da noi-te, apesar de os concorrentes só começarem a cantar cerca de duas horas mais tarde.A sala, que entoou juntamente com os participantes os refrões dos fados mais conhecidos, tinha vários núcleos de apoio aos dife-rentes fadistas amadores.A organização do evento con-tou com o apoio da Fundação Büehler -Brockhaus, da União das Freguesias de Setúbal, da Fnac, da RW Música, do Hotel do Sado e da Rádio Amália, media partner do evento.

livros que escreveu, seja pela parti-cipação cívica na direção de várias associações”, salientou a presi-dente da Autarquia, referindo-se

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O Ensemble Juvenil de Setúbal, novo gru-po musical constituído por jovens com di-ferentes níveis de formação e capacidades cognitivas, concretizou no dia 1 de março, perante um Fórum Municipal Luísa Todi praticamente esgotado, a primeira apresen-tação pública.O novo Ensemble Juvenil, impulsionado pela Câmara Municipal e The Helen Hamlyn Trust, parceiras na A7M – Associação Fes-tival de Música de Setúbal, mantém o mes-

Juntos pela músicaO recém-formado Ensemble

Juvenil de Setúbal apresentou-se ao público pela primeira vez com um

amor supremo. A paixão pela música é catalisadora

nesta união de jovens que, à primeira vista, poderiam ter muitos outros motivos para

se manterem separados. Com a música, ganha

o grupo, mas também o público, que pode ouvir de

Coltrane a Vivaldi e do Bangladesh à China

mo espírito inclusivo do certame anual, que promove concertos interpretados por mú-sicos de renome em conjunto com elemen-tos da comunidade local, como estudantes e pessoas com deficiências.O espetáculo de estreia, com a duração apro-ximada de uma hora, consistiu na apresen-tação de um reportório eclético, que per-correu ritmos como o jazz, a world music e a música clássica.“Acknowledgement”, da composição “A Love

Supreme” de John Coltrane, e “Inverno”, das “quatro Estações” de Vivaldi, foram dois te-mas interpretados pelo novo Ensemble Ju-venil, constituído, atualmente, por jovens provenientes dos conservatórios regionais de Setúbal e Palmela, do grupo de percussão BelaBatuke, com atividade na Bela Vista, e, com necessidades especiais, do Externato Rumo ao Sucesso, da APPACDM de Setúbal e da Associação Portuguesa para as Perturba-ções do Desenvolvimento e Autismo.

Marta Miranda, João Lima e Pablos, que, em grupo, respondem pelo nome de OqueStrada, deram um concerto no dia 6 de fevereiro, inte-grado na digressão nacional da banda.Com sala esgotada várias semanas antes da data do concerto, 19 de fevereiro, Ana Moura apresentou no Fórum Municipal o novo álbum “Desfado”.Este foi o primeiro de três espetáculos do Ciclo de Concertos Íntimos 2015, que inclui Deolin-da, a 11 de abril, e António Zambujo, 9 de maio.A Grand Union Orchestra atuou no dia 21 de fevereiro, numa noite de “Mil e Uma Marés”, em que apresentou a diversidade da música internacional.Já em março, a 6, a Banda da Armada assinalou o Dia Internacional da Mulher com um espe-táculo original, em que se fez conduzir, pela primeira vez na história da formação, no femi-nino, pela batuta da maestrina Chiara Vidoni.No dia seguinte, a 7, Ana Bola apresentou-se ao público “Sem Filtro”, num monólogo em que refletiu sobre os quarenta anos de carreira e a falta de trabalho.O primeiro trimestre no Fórum Municipal Luísa Todi quase desapareceu diante do pú-blico, com Mário Daniel a dar dois espetáculos de ilusionismo. Nos dias 14 e 15 o mágico en-cantou, quase literalmente, as famílias com o espetáculo “Fora do Baralho”.

Fórum promete ano mágicoO Fórum Municipal Luísa Todi começou 2015 com casa cheia, registo que tem sido imagem de marca da sala de espetáculos onde os even-tos percorrem caminhos como os da música, do teatro e até da magia.Sondeseu – Orquestra Folk da Galicia deu as boas-vindas ao novo ano com um concerto praticamente esgotado no dia 5 de janeiro.Na sequência de homenagens que o Fórum Luísa Todi tem prestado a grandes nomes das artes, coube a vez, no dia 10, do ator Ruy de Carvalho.Seguiu-se “Don Giovanni”, uma das mais fa-mosas óperas de Mozart, apresentada a 17 de janeiro pelo Atelier de Ópera da Metropoli-tana.A atuação teve ainda interpretação musical da Orquestra Metropolitana de Lisboa e do Coro de Câmara Lisboa Cantat.A programação do Fórum Luísa Todi apresen-tou, no dia 30, a comédia “Tiro e queda”, com dois dos nomes mais conhecidos do humor português da atualidade, Eduardo Madeira e Manuel Marques.Num registo para o público infantil, o famo-so Sítio do Picapau Amarelo levou nos dias 1 e 8 de fevereiro ao palco do Fórum Luísa Todi as aventuras de Emília, Narizinho e amigos, numa encenação da Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense.

O reportório reservou também, na área da world music, temas tradicionais africanos, do Bangladesh e da China, com arranjos cria-dos especificamente para o Ensemble Juvenil pelo compositor e maestro Tony Haynes.O novo ensemble atuou sob a regência de Rui Borges Maia, também responsável pela secção clássica. Pedro Condinho dirigiu os músicos com necessidades especiais e Fer-nando Molina orientou a secção de percus-sões tradicionais.

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cult

ura

De portas abertas há pouco mais de dois anos, a Casa da Cultura é uma referência para setu-balenses e visitantes. Polo de concentração das mais diversas formas de arte e residência permanente de instituições do concelho, o espaço dá provas da importância cultural na região. Mais de 70 mil pessoas passaram, em 2014, pelo equipamento gerido pela Câmara Muni-cipal de Setúbal, o que representa um aumen-to de 7,5 por cento em relação ao ano anterior, registo revelador do destaque crescente que o

A preto e branco, cerca de sessenta perso-nalidades ligadas às mais variadas formas de arte e que, ao longo de dois anos, apresen-taram trabalhos, conversaram e partilharam experiências na Casa da Cultura, voltaram a Setúbal, agora numa exposição fotográfica. Escritores, artistas plásticos, atores e músi-cos, a par de outras individualidades e agen-tes culturais, que debateram temas da atuali-dade, foram retratados na iniciativa “Gente Muito Cá de Casa”, organizada pelo atelier DDLX e pela Câmara Municipal, com fotogra-fias tiradas por António Correia.Na exposição foi possível reencontrar An-tónio Mega Ferreira, José Mouga, Francisco Louçã, José Eduardo Agualusa, José Ruy, Luísa Tiago de Oliveira, Ana Sendas, André Carri-

Casa feita de gente

Polo das artes bate recordeSucesso crescente. Ano

após ano, a Casa da Cultura afirma-se como

espaço privilegiado de promoção e divulgação

das mais variadas formas de criação

artística, da música ao teatro, das artes

plásticas à literatura. Os números atestam o

êxito consolidado do equipamento municipal. Mais de 70 mil visitantes

só em 2014

equipamento tem vindo a assumir como polo de atividades artísticas.No total, verificou-se durante o ano passado a entrada de 72.808 utilizadores que recorre-ram às diferentes valências disponibilizadas na Casa da Cultura, equipamento de todos e para todos que conta com áreas dedicadas ao desenvolvimento das artes.O espaço, além de acolher manifestações artísticas como concertos, espetáculos céni-cos e exposições, é utilizado para um leque mais alargado de eventos, como colóquios e

workshops, assim como de residência para diferentes instituições culturais do concelho dinamizarem a sua atividade.A Casa da Cultura, instalada num edifício de elevado valor patrimonial na história da cidade e inaugurada a 5 de outubro de 2012, havia sido visitada em 2013 por cerca de 67 mil pessoas. Em pouco mais de dois anos de funcionamento foi utilizada por perto de 150 mil visitantes.O perfil dos utilizadores, a apurar após a rea-lização de um estudo em curso pela Autar-

lho, Sérgio Godinho, André Gago, Rui Zink, Teolinda Gersão, Fernando Dacosta e Viriato Soromenho-Marques.Entre os retratados, destaque, igualmente, para personalidades setubalenses que contri-buem para a construção da memória e identi-dade sadina, como é o caso de Carlos Rodri-gues, mais conhecido por Manel Bola, Fátima Medeiros, Albérico Afonso, Paulo Curto, Ma-nuel Augusto Araújo e Zé Nova. A mostra, patente entre janeiro e fevereiro na Galeria de Exposições, foi dinamizada no âmbito do ciclo “Muito Cá de Casa”, projeto que, desde 2012, apresenta obras de autor na primeira pessoa, com o aliciante de o público poder participar em conversas informais com as personalidades convidadas.

quia, engloba utentes das mais variadas ori-gens e idades, inclusivamente de diferentes nacionalidades. Sabe-se, por exemplo, que já foi visitada por franceses, espanhóis, ingle-ses, belgas, holandeses, alemães, brasileiros e japoneses.Além dos serviços culturais disponibilizados e de integrar o Gabinete de Juventude da Au-tarquia, a Casa da Cultura conta com o Café da Artes, ponto de encontro para momentos de convívio e pequenos apontamentos cultu-rais.

A Câmara Municipal apresentou um forte re-púdio pelo cancelamento da edição de 2015 do Festroia – Festival Internacional de Cine-ma de Setúbal, motivado pelo corte de apoios financeiros do Estado à organização.Em comunicado, a Autarquia, como princi-pal parceiro e financiador do certame pro-movido anualmente ao longo de três décadas pela Associação Cultural Festroia, dedicado à divulgação e difusão da cultura da sétima arte, lamentou esta interrupção.“Tais cortes representam duro golpe na promo-ção das artes que muito penaliza Setúbal, mas também para todos os apreciadores da sétima arte que, desde 1985, acorrem a esta festa do ci-nema.”O Município sublinha que “foi, desde a pri-meira hora, um dos principais parceiros do certame e nunca regateou apoios à sua reali-zação”. Acrescenta que, “só desde 2002, os apoios financeiros diretos aprovados ascendem a 1.633.400 euros, valor que indica a real di-mensão do empenho municipal” na iniciativa.“A Autarquia, isolada, é incapaz de garantir to-dos os meios financeiros necessários à concreti-zação do festival e, por isso, apela a que os orga-nismos do Estado que gerem os meios financeiros para apoiar o cinema reconsiderem a decisão de reduzir o apoio ao Festroia, no que é um inacei-tável ataque à cultura portuguesa.”

Autarquiaem apoiodo Festroia

O Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico foi uma das nove companhias presentes, em fevereiro e março, no XI Concurso Nacional de Teatro, realizado na Póvoa de Lanhoso, distrito de Braga.Nesta edição, apadrinhada pelo ator Ruy de Carvalho, o Espelho Mágico apresentou-se com a peça infantil “As Aventuras de Rom Rom e Fofoca”, escrita por Fernando Guerreiro.Esta foi a terceira vez que o grupo cénico sadi-no, especialmente orientado para o teatro in-fantil, foi nomeado para o concurso organizado pela autarquia de Póvoa de Lanhoso, pela Fe-deração Portuguesa de Teatro e pela Fundação Inatel.O Espelho Mágico, apoiado pela Câmara Mu-nicipal de Setúbal, atingiu, até agora, a fase fi-nal em todas as participações do concurso e foi premiado nas duas últimas edições.

Aventurascom valornacional

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edu

caçã

o

O insucesso escolar esteve em de-bate no dia 3 de março na Escola Se-cundária Sebastião da Gama numa sessão do Parlamento dos Jovens, pelo círculo de Setúbal, que contou com as participações do vereador da Câmara Municipal Pedro Pina e do deputado Eduardo Cabrita.A sessão distrital de Setúbal do Par-lamento dos Jovens, para o ensino básico, organizada pelo Ministério da Educação, teve a participação de 48 alunos em representação de 12 escolas de todo o distrito.A apresentação e debate de pro-postas de combate ao insucesso escolar deu o mote ao plenário, no qual foi votada a melhor proposta a apresentar, posteriormente, na sessão de âmbito nacional a realizar no início de maio na Assembleia da República com a participação de es-colas de todo o País.O vereador com o pelouro da Edu-cação na Câmara Municipal, Pedro

A quarta edição do programa “He-róis da Fruta – Lanche Escolar Saudável”, iniciada a 10 de março, incentiva as crianças a adotar há-bitos de alimentação mais saudá-vel.O programa, de âmbito nacional, dirigido a escolas do 1º ciclo e jar-dins de infância, pretende estimu-lar as crianças a comer fruta dia-riamente e mostrar os benefícios de uma alimentação equilibrada. A iniciativa inclui um “quadro de

A Câmara Municipal aprovou na reunião pública de 4 de feverei-ro o Plano de Transportes Esco-lar para o Ano Letivo 2014/2015, que beneficia os alunos dos en-sinos básico, secundário e pro-fissional do concelho.O serviço de transporte é gra-tuito para as crianças do ensino básico, na escolaridade obri-gatória, que residam a mais de três quilómetros dos estabele-cimentos de ensino sem refei-tório ou de quatro com refeitó-rio. No caso dos estudantes do secundário, a Autarquia com-participa a deslocação em 50 por cento.O plano de transportes para 2014/2015 estima uma despesa de quase 690 mil euros, abran-gendo 1945 alunos.Está prevista, porém, uma re-ceita de 140 mil e 168 euros, correspondente às compartici-pações dos estudantes do 3.º ci-clo do ensino básico, a cargo da Direção-Geral das Autarquias Locais, e dos municípios com alunos em estabelecimentos de ensino de Setúbal.O plano de transportes prevê dois circuitos especiais, um nas zonas rurais em que foram de-sativadas escolas, o outro por áreas de Azeitão.

Serviçobeneficiaalunos

Heróis comem a fruta toda

Estudantes votam futuroAlunos dos ensinos básico e secundário organizaram-se segundo as regras da Democracia e debateram problemas reais. Como deputados, discutiram propostas e legislaram soluções. Neste Parlamento dos Jovens aprendeu-se a respeitar opiniões e, principalmente, a importância da cidadania ativa

O plenário do Parlamento dos Jovens contou também com os contributos do diretor-geral dos Esta belecimentos Escolares, José Duarte, e da diretora da Escola Se-cundária Sebastião da Gama, Fer-nanda Oliveira.A sessão de 3 de março, destinada ao ensino básico, foi a segunda de duas, tendo-se realizado na véspe-ra, no mesmo estabelecimento de ensino, uma outra de âmbito distri-tal, mas orientada para o secundá-rio, em que participou o deputado Paulo Ribeiro, numa organização do Instituto Português do Desporto e Juventude.“Ensino Público e Privado: que de-safios?” foi o tema do debate entre alunos do ensino secundário, no qual também se votaram propostas a apresentar pelos jovens do círcu-lo eleitoral de Setúbal no encontro nacional a realizar em maio na As-sembleia da República.

Pina, sublinhou na abertura que, “tal como votar, participar é impor-tante”, realçando a pertinência de iniciativas como o Parlamento dos Jovens, ação com a capacidade de transmitir aos mais novos a forma como funciona “a democracia repre-sentativa tal como ela é”.O deputado Eduardo Cabrita, que

participou, ainda, num período de perguntas e respostas com os jo-vens dos 2.º e 3.º ciclos presentes na sessão, recordou que “a Assem-bleia da República é a voz de todos os portugueses” e frisou que o envolvi-mento dos alunos neste encontro constitui “os primeiros passos para uma cidadania ativa”.

Mérito”, no qual as crianças pin-tam uma “Estrela de Mérito” sem-pre que comam fruta ao lanche. Os professores recebem um “Guia Motivacional”, com conteúdos concebidos para o efeito, como fi-chas de trabalho, jogos educativos e sugestões de aula, e até visitas de estudo. A motivação é reforçada com um concurso nacional em que as crianças partilham as informações que aprenderam com as famílias,

convidando os adultos a ver, ouvir e votar no “Hino da Fruta”, a criar pelos alunos para difundir a men-sagem sobre a importância de co-mer fruta todos os dias. A Câmara Municipal associa-se à iniciativa da Associação Portugue-sa contra a Obesidade Infantil em face de estudos que indicam que, no País, 33,3 por cento das crian-ças entre os 2 e os 12 anos têm ex-cesso de peso, 16,8 por cento das quais são obesas.

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Programação sem complexos

acad

emia

A linguagem informática é des-complicada através do projeto “EduScratch”, um ambiente grá-fico de programação inovador que proporciona a oportunidade de a comunidade escolar desenvolver os próprios programas educativos, sobretudo ao nível dos alunos. É a tecnologia ao serviço da aprendi-zagem.À distância de alguns cliques no computador, crianças a partir dos 5 anos já podem ser programado-ras. De simples jogos didáticos a programas educativos, da aplica-ção de formas matemáticas à cons-trução de pequenas narrativas, é possível fazer de tudo um pouco. Basta haver imaginação.Mais do que consumidores de tecnologia, o “EduScratch”, divul-

Treino salva vidas

Estudantes de enfermagem da Escola Superior de Saúde testam no terreno procedimentos de socorro, com o apoio de bombeiros sapadores. Na Escola Superior de Educação, dois docentes impulsionam um projeto que procura disseminar uma linguagem de programação informática acessível a todos

gado nestas páginas há dois anos e agora em pleno desenvolvimento, impulsionado pelo Centro de Com-petências TIC da Escola Superior de

Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, procura estimular os alunos a serem criadores e, ao mes-mo tempo, fomenta a aprendizagem

cooperativa. “Mais importante do que o produto final é o caminho percorrido pelos alunos para a criação”, subli-nha Miguel Figueiredo, docente e coordenador do projeto, difundido a nível nacional, mas, sobretudo, em escolas do concelho, quer em ambiente letivo, quer em formato de clube.O “EduScratch” é simples e aces-sível a todos. É, basicamente, uma ferramenta com uma série de re-cursos que facilitam a programação. “Funciona quase como um lego. Temos as peças e só precisamos de as mon-tar”, acrescenta Miguel Figueiredo. O projeto, dinamizado em cola-boração com vários docentes-for-madores, é baseado no “Scratch” desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology, nos Estados

Estudantes de enfermagem da Es-cola Superior de Saúde de Setúbal e bombeiros sapadores unem for-ças para um conjunto de exercí-cios que testam, em contexto real, procedimentos e formas de atuação de socorro a sinistrados em vários teatros de operações. A atividade é impulsionada pelo “Critical ESS”, entidade formativa em emergência da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal e materializa uma das ações do projeto que, anualmente, procura capacitar os estudantes de mais competências profissionais.Este ano, pela primeira vez, à com-ponente teórica desenvolvida em ambiente curricular foi acrescen-tado um exercício prático de gran-de amplitude, no quartel da Com-panhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, com a simulação de socor-ro a vítimas em diferentes contex-tos de emergência.

Um acidente rodoviário, uma ex-plosão num prédio e uma tentativa de suicídio, todos com vítimas po-litraumatizadas, foram os cenários testados na formação realizada em janeiro e que deverá ser replicada nos próximos anos letivos, sempre em formato de simulação. Bombeiros sapadores apoiados por quatro viaturas chegam ao local dos sinistros. No terreno, estudantes finalistas dos cursos de Enfer-magem e de Mestrado em Enfer-magem Médico-Cirúrgica estão a postos para apoio médico. “É preci-so uma equipa para estabilizar estas vítimas. Rápido, rápido, rápido!”, comanda o chefe de equipa dos Sa-padores a cargo do acidente viário.Enquanto os estudantes se cen-tram, sobretudo, na estabilização cervical dos sinistrados, os sa-padores tratam de desencarcerar uma pessoa presa numa viatura. Em escassos minutos, garantida a

Unidos, que tem como objetivo “reduzir barreiras entre a evolução e a fluência tecnológica”, explica João Torres, outro dos dinamizadores.Os mais de cinco milhões de pro-gramas já criados são difundidos numa comunidade online, para partilha de experiências e até aperfeiçoamentos. O projeto, com o lema “Imaginar, Programar e Partilhar”, pode ser descoberto em http://eduscratch.dge.mec.pt/.O “EduScratch”, pela divulgação de boas práticas no uso crítico da internet e, sobretudo, pelo fo-mento à inclusão e acessibilidades digitais, valeu à equipa o prémio nacional “Inclusão e Literacia Digital”, atribuído recentemente pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

segurança de todos, ouvem-se as ferramentas hidráulicas de corte e perfuração a trucidar o metal.Noutro local, outra pessoa está em perigo. Um jovem grita por auxílio dentro de um poço, depois de uma tentativa de suicídio falhada. Ra-pidamente, a equipa de resgate e salvamento urbano dos Sapadores monta o equipamento para a desci-da até ao fundo do poço. A vítima é alcançada, estabilizada e socorrida. Depois, já na superfície, o jovem sinistrado fica inconscien-te e é necessário iniciar os procedi-mentos de reanimação.Ao mesmo tempo, outros estu-dantes e sapadores trabalham no terceiro cenário preparado, um resgate multivítimas após uma ex-plosão, que deixa quatro feridos no interior de um prédio, o edifício--escola utilizado para treino pelos Sapadores. A simulação termina com os feri-

dos a serem transportados para um hospital de campanha montado no local, para tratamento e análise de cada uma das situações dos feridos.

Reforço de competências

O exercício, com o envolvimento de cerca de uma centena de pes-soas, entre sapadores e mais de seis dezenas de alunos, permite que os estudantes testem em contexto real competências essenciais à futura atuação enquanto profissionais de saúde em situações de catástrofe e de emergência. “Pretendemos melhorar a capacidade de intervenção no terreno dos alunos participantes e contribuir para o de-senvolvimento, aprofundamento e atualização de competências especí-ficas do enfermeiro”, explicou Nuno Oliveira, docente da Escola Supe-rior de Saúde e membro do “Cri-tical ESS”, entidade constituída há

cerca de três anos. O exercício, di-namizado no âmbito de atividades curriculares, foi promovido pela primeira vez com este modelo, ou seja, com dois dias de formação, teórica e prática, e com cenários de socorro com complexidade acres-cida. “A aplicação, com maiores dificul-dades, do suporte básico e avançado de vida, a par dos procedimentos de trauma”, adiantou o docente, este-ve na base da participação dos es-tudantes no exercício, “uma ação conjunta” que se deverá manter nos próximos cursos de mestrado.A articulação estabelecida entre o “Critical ESS” e a Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal procura, igualmente, proporcionar aos participantes uma experiência pedagógica profissional diferente e inovadora, com vista a reforçar a proximidade entre a comunidade escolar e os Sapadores.

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rum

os

Começou na televisão, representou no Tea-tro Estúdio Fontenova, esteve no Conser-vatório Nacional para entretanto regressar aos televisores. Como vê o seu trajeto até ao momento?Apesar de querer voltar ao Conservatório, tem aparecido sempre trabalho. Também fiz cinema, ao entrar no filme do António Pe-dro de Vasconcelos [“Os gatos não têm ver-tigens”] e publicidade. Tem sido um trajeto calmo, progressivo. Não quero dar um pulo do oito para o oitenta.

Estudou na Secundária de Bocage, seguiu para a António Arroio, em Lisboa, ainda passou pelo Conservatório Regional de Se-túbal e pelo Coral Infantil de Setúbal. As artes foram sempre um chamamento?Sempre. Comecei novinha na televisão e ganhei uma paixão. Na António Arroio não havia teatro, mas havia cinema. A minha pri-meira experiência foi em “Tudo por Amor”. Uma amiga falou-me de um casting nacional. Falei com o meu pai e consegui convencê-lo... Lembro-me do casting. O Pedro Granger fa-lou comigo um bom tempo, a explicar o que tinha de fazer. Estava super nervosa. Vá lá, correu-me bem. Era muito tímida. Estava cheia de vergonha. Tinha receio das câmaras por todo o lado.

Tem 23 anos e sente que está no início da carrei-ra, embora encante o público desde criança. Joana Barradas faz de Setúbal, a cidade natal de que tanto gosta, um ponto de partida para conquistar o mun-do através dos palcos, dos televisores e das telas de cinema. Assume-se como aventureira, desde que as aventuras se apresentem com poucos riscos, e cos-mopolita, desde que a azáfama urbana refreie a in-sanidade das grandes metrópoles. Na representação tem acumulado experiência em diferentes estilos, embora com mais assiduidade nas telenovelas, de que “Mar Salgado”, em exibição na SIC, é o exemplo mais recente. Porém, é do cinema que retira ple-na satisfação e está na “cara” a explicação do por-quê desse deleite. Ter uma personalidade sensível também ajuda. Em paralelo, gosta de música, para a qual tem inclusivamente muita intuição. O YouTube até já lhe ensinou uns truques. Em conversa des-contraída, com a simpatia de um sorriso na ponta de cada resposta, Joana Barradas conta que caminhos percorreu e quais deseja desbravar. Seja como for, o futuro terá de passar sempre pelas artes. Operar é que não é com ela.

“Sou uma pessoa muito sensível”

Os bastidores surpreenderam-na?Nem por isso. Nunca sentira curiosidade por esse ambiente. quase nem via telenovelas. Até porque quando era pequenina gostava mesmo era de ser veterinária. Um dia a mi-nha mãe disse-me que os veterinários não dão só abracinhos e beijinhos aos animais, mas também fazem operações. Bastou para ver que aquilo não era para mim [risos].

E agora, que rumo dar à carreira?Sinto que estou no início, mas passará sem-pre pelas artes. Sempre tive esse gosto. Nem que seja na música. Aprendi a tocar piano so-zinha, no YouTube. Facilitou saber ler parti-turas e tocar violino, que aprendi no Conser-vatório Regional.

Enquadra-se na geração YouTube, que aprende coisas como tocar piano na inter-net?Sem dúvida. A sério que sim. Facilita imenso [risos].

Televisão, teatro e cinema. Há preferência?Cinema! É um ritmo muito mais lento, mas exigente. Na televisão, com vinte a trinta cenas por dia, acaba por ser um bocadinho a correr. No cinema, como temos duas a três num dia, acabamos por nos aperfeiçoar muito mais.

E em relação ao teatro?É tão diferente... No cinema e na televisão as emoções passam pela cara. Uma pessoa, es-teja triste ou contente, tem tudo a ver com a cara. É como vejo as coisas. No teatro usa-se uma expressão corporal total. Um ator triste, mas a vinte metros do público, tem de revelar esse sentimento de uma forma mais completa além da lágrima.

A sedução está no domínio da expressão facial?É isso. Sou uma pessoa muito sensível e adoro ver filmes. Essa concentração de sentimentos na expressão facial capta mais a minha aten-ção.

Tem referências?O cinema americano, genericamente. quan-do vejo um ator ou realizador de que gosto, tento ver outros trabalhos dele. Mas também trabalhei com pessoas que me ajudaram mui-to e que me marcaram. Um bom exemplo é o Vítor Norte, durante o “Bando dos quatro”. Era muito divertido, brincava imenso e dei-xava-nos à vontade para gozarmos o nosso papel.

Quais os desafios no presente?Estou a apostar na aprendizagem de línguas.

É um aspeto importante na formação de um ator.

Incluindo o japonês...O japonês é uma paixão. Estou a aprender so-zinha. Não posso dizer que falo fluentemente, embora perceba umas coisinhas.

Praticou hipismo e atletismo. Amor ao des-porto, à aventura ou a ambos?Gosto de desporto. E depende da aventura. Muito arriscada, não! [risos] Até no hipismo ganhei algum medo. Curiosamente foi quan-do deixei de cair.

Setúbal é um bom ponto de partida para um ator?Claro que sim! Não vejo como não. Temos aqui boas companhias de teatro, que são ex-celentes começos e bons ‘futuros’.

E o que viu no mundo?Estive por exemplo em Nova Iorque a filmar um anúncio. Foi maravilhoso. Estava uma tempestade! [risos], mas nunca tinha visto neve. A cidade é que já não me convenceu. Achei-a demasiado movimentada. Gosto muito de movimento. Sou citadina. Mas aqui-lo é de mais. Talvez seja contraditória. Gosto de aventura sem riscos e de cidades sem gente.

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retr

ato

s

No coração de Vila Fresca há uma oficina que perpetua a arte azule-jar. O método artesanal mantém vivas técnicas e processos de fa-brico de outros tempos para criar azulejos e reproduzir desenhos de vários recantos do mundo. Tudo como antigamente, numa viagem entre os séculos XV e XIX.A Azulejos de Azeitão existe há quase uma década. Num espaço bem perto do Palácio da Bacalhôa, património com um dos mais im-portantes espólios de azulejaria do País, trabalham nove artesãos, cada um com uma especialidade distinta, do trabalho com o barro à pintura.A exceção é Luís Oliveira, um dos três sócios-proprietários e mestre faz-tudo. Começou na arte azulejar há mais de três décadas. Antes, es-teve ligado à indústria vínica. Por pouco tempo, até porque a paixão pela cerâmica acabou por falar mais alto.A aventura empresarial começou numa garagem na quinta do Anjo, Palmela, um espaço pequeno para as aspirações, que não passavam somente por fabricar azulejos. A pesquisa histórica, a execução de técnicas e processos antigos e as experiências com cores impul-

Azulejo através do tempo

Cerâmica com história. Desenhos, formas

e estilos de várias épocas ganham vida nas peças

criadas na Azulejos de Azeitão. Na oficina, o

barro ainda é trabalhado de forma artesanal,

com técnicas ancestrais de molde e pintura que procuram o máximo de

originalidade. A arte está em Azeitão mas também no mundo,

com a maior parte dos trabalhos a seguir

a via internacional

sionaram o desafio da Azulejos de Azeitão.Corda seca e aresta, técnicas mou-riscas dos séculos XV e XVI, res-petivamente, a par da majólica, de origem italiana, igualmente qui-nhentista, são as mais utilizadas. Menos frequente é a iznik, tam-bém arábica, com grande difusão até ao século XIX.Alguns dos trabalhos artesanais produzidos na oficina, visitada, só em 2014, por cerca de 8 mil pes-soas, na grande maioria turistas estrangeiros, podem ser aprecia-dos e adquiridos numa galeria/loja existente naquele espaço. “O azule-jo passa pelo tempo e está sempre na mesma”, realça Luís Oliveira.Além das peças para venda, com estilos variados para todos os gos-tos e carteiras, há uma área exposi-tiva com azulejos de vários pontos do mundo, a maior parte raros, como é o caso de um arábico do século XVI, com cerca de meio sé-culo.A arte azulejar da oficina embe-leza também o espaço público da região, como são os casos do Fontanário da Aldeia de Oleiros e dos Lavadouros de Vila Nogueira de Azeitão. “É importante deixar a marca na nossa terra”, sublinha

o mestre setubalense, a viver em Azeitão há largos anos.

Método artesanal

Nas paredes da oficina, um puzzle de azulejos que mistura diferentes exemplos de técnicas e processos, de desenhos e de cores, exalta al-guns dos trabalhos artesanais, cuja maior diferença em relação à arte ancestral reside nos fornos elétri-cos que agora cozem a cerâmica. “O barro é o papel onde nós escreve-mos”, sublinha Luís Oliveira, mo-mentos antes de o rolo começar a esticar a pasta cinzenta que espera no tabuleiro polvilhado com grãos de areia. “Assim, não agarra”, ex-plica, antes de recortar a chacota, como é designado o azulejo antes de terminado.O pequeno quadrado de barro ser-ve de base à aplicação de qualquer das técnicas. No caso da aresta é feito um molde negativo que pro-jeta as saliências do desenho, antes da secagem, enquanto na majólica a imagem é decalcada posterior-mente com carvão vegetal. Antes da vidragem e da pintura, a chacota passa por um primei-ro processo de cozedura, durante 18 horas, numa temperatura que

atinge um máximo de 1030 graus. Cada peça é depois raspada e bati-da, para detetar e limpar eventuais imperfeições. “A essência desta arte é fazer tudo como antigamente.”A pintura é uma das etapas de maior complexidade, até porque há que encontrar as tonalidades certas. “É um pouco por tentativa e erro”, refere Jorge Oliveira, res-ponsável pela alquimia de óxidos que, no final, desvenda as cores que cobrem os azulejos. “Houve um trabalho em que fizemos perto de uma centena de experiências para encontrar a tonalidade certa. É uma descoberta e aprendizagem constante”, frisa Jorge Oliveira, depois de passar em revista o por-tfólio com as fórmulas de mais de quatro centenas de cores. Depois de pintadas, tarefa a cargo de quatro artesãos que trabalham na oficina, as peças são submetidas a um último processo de cozedura, etapa que atribui as características finais dos azulejos, cuja história atravessa os tempos e as memórias da sociedade.

Azeitão no mundo

Na oficina são fabricadas, anual-mente, cerca de 25 mil peças, nú-

mero que fica aquém da produção industrial em virtude da utilização de técnicas ancestrais. Se no tem-po quente a chacota demora três semanas a secar, no período frio pode levar até três meses. Acresce a pintura manual, peça a peça, com tempos de execução variados.As obras de arte criadas na oficina de Vila Fresca são muito aprecia-das, sobretudo por clientes inter-nacionais. Não espanta, portanto, que a maior parte da produção vá para o estrangeiro, nomeadamente para os Estados Unidos da Amé-rica, que absorve cerca de 70 por cento das peças.No outro lado do Atlântico, há azulejos portugueses em salas de estar, cozinhas, casas de banho e espaços exteriores de residências dos mais variados clientes, in-cluindo algumas individualidades do mundo da moda, como Gior-gio Armani e, mais recentemente, Christian Louboutin.Contudo, o maior projeto desenvol-vido na Azulejos de Azeitão foi para África. Em Libreville, no Gabão, a fachada da Igreja de Lourdes está forrada com 12 mil azulejos feitos em Azeitão ao longo de cerca de dois anos. “Foi, até hoje, um dos maiores desafios”, revela Luís Oliveira.

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Como projeto empreendedor, a inovação da pereirapisco.creativity reside, precisamente, na própria inovação.Apresentam-se como prestadores de serviços integrados para os clientes que tenham uma ideia de negócio e que precisam de um rumo para levar a teoria à prática.“Fazemos ‘fatos’ à medida dos clientes.” Esta é a forma que Paulo Pisco encontra para um es-quisso de resumo sobre o conceito da empresa que fundou e dirige desde janeiro de 2014.Arquitetura, formação, criação de conceitos de comunicação e imagem e organização de eventos são alguns dos serviços disponíveis na pereirapisco.creativity.Uma oferta tão variada e, aparentemente, tão dispersa tem quatro sólidas bases que susten-tam na empresa uma forte crença no futuro.E esses alicerces até têm nome: Paulo, Fátima, Leonardo e Mariana. Juntos, são o casal e os dois filhos Pereira Pisco que, em família, de-cidiram apostar nas potencialidades de cada um para as colocar ao serviço dos outros.Paulo Pisco e Fátima Pereira são arquitetos com vários anos dedicados ao ensino. Já Ma-riana, a terminar o secundário, sobressai no gosto pela imagem e fotografia, enquanto Leonardo, a estudar arquitetura, destaca-se

Criatividade em família

principalmente na música, vertente, de resto, que é uma paixão comum a toda a família. Outra aposta dos Pereira Pisco foi Setúbal. “Gostamos de viver aqui. Já viajámos um pouco e é aqui que queremos ficar”, defende Paulo Pisco.Por isso não hesitaram em instalar a empresa no Ninho de Novas Iniciativas Empresariais. “É perfeito! Fica no coração da cidade e as condi-ções são boas, mas o que nos arrebatou, o que até nos fez abrir mais cedo, foi quando vimos o gabi-nete onde estamos e esta vista fantástica”, aponta

inic

iati

vaNum abraço coletivo às apetências comuns pela

arte e a criatividade, abriram uma empresa.

A proposta é tornar em realidade as

ideias dos clientes. Os serviços, que se

querem interligados e complementares

entre si, são variados. A originalidade é a

ponta da espada numa família sem medo do risco. O resultado é a

pereirapisco.creativity

rostoNinho de ideias

O Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal (NNIES), criado pela Câmara Muni-cipal, é uma incubadora para projetos como a pereirapisco.crativity e muitos outros.A funcionar no primeiro andar do Mercado do Livramento desde o início de 2014, facul-ta às “startups” os meios necessários, físicos e não só, para que os novos projetos ganhem bases para crescer e se desenvolver.No NNIES estão também instaladas, atual-mente, a WinWinTalents, em franca expan-são na área do recrutamento e coaching, a Delícias da Estrela, que vende online pro-dutos da Serra da Estrela, a Goldindrops, de comercialização de produtos de joalharia, a MediAction, agência de comunicação, a F23 – Publicações, ligada à comunicação social, e a ConsuePortugal, para consultoria em proje-tos de mobilidade internacional.Os serviços de apoio municipais funcionam das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, de

segunda a sexta-feira, mas os empresários têm acesso às respetivas instalações 24 horas por dia.A incubadora, entre outras valências, faculta várias salas de 25 metros quadrados para a instalação das empresas, um auditório, uma sala de reuniões e outra de formação.O NNIES, com taxas muito acessíveis, pode também ser usado como incubadora virtual, funcionando como sede social dos negócios cuja atividade da empresa não exija a utiliza-ção de um espaço físico fixo. Desde que entrou em atividade, já ajudou na realização de mais de duas centenas de ati-vidades desenvolvidas por empresas que re-correram a este serviço municipal.As empresas podem beneficiar dos serviços proporcionados pelo NNIES até um máximo de cinco anos, tempo mais do que suficiente para que ideias de pequenos negócios tenham um grande futuro.

Paulo, com a mão aberta na direção da janela de onde se pode ver a azáfama diária da Ave-nida Luísa Todi, ao nível do primeiro andar do Mercado do Livramento, onde funciona o NNIES (ver texto em baixo).Como empresa a dar os primeiros passos, uma “startup”, na definição dada ao gosto da moda atual, já conta com alguns projetos, como a nova igreja do Faralhão, com a construção a decorrer.Pelo caminho, apresentou-se ao público com

um flashmob no Mercado do Livramento e um pequeno concerto, além de promover tertúlias naquele espaço comercial.E o trabalho com a família, é uma mistura saudável? Fátima garante que sim. “Comple-mentamo-nos. Partilhamos ideias e discutimos. Mas não há fórmulas mágicas. O que retenho é que todos nos compreendemos e as coisas surgem naturalmente.”Com a inovação e a originalidade como uma das principais armas da pereirapisco.crea-tivity, Paulo adianta que projetos futuros po-dem até incluir cheiros personalizados para os projetos dos clientes. “De entre as várias parce-rias que desenvolvemos, uma delas passa por essa adição. A ideia é sermos capazes de dar respostas o mais integradas e completas possível.”Tudo porque, além da materialização e con-ceitos, propõem-se dar vida a espaços, seja a uma loja, uma fábrica, uma sala de espetáculos ou até uma rua ou um bairro.Por isso, Paulo Pisco consegue afirmar com segurança, em nome de toda a equipa, que “um projeto de sonho seria um que fosse do urba-no ao cheiro. E não é só porque um dos desejos da pereirapisco passa pela revitalização dos espaços. Esta empresa propõe-se dar vida às pedras, mas também às pessoas”.

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26SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15

mem

óri

a

A aventura ferroviária de Setúbal remonta a 1854, quando foi conce-dida pela Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo uma linha férrea de Aldeia Galega, atual Montijo, a Vendas Novas.Segundo uma lei de 7 de agosto des-se ano, seria possivelmente “con-tinuada até Setúbal, até Beja e até Évora, ou até qualquer daqueles três pontos”. Não havia ideias definitivas sobre o assunto. A norma determinava, apenas, que o Governo procedesse “aos estudos para a fixação do ponto de partida e da melhor diretriz”.No mesmo ano, a 26 de agosto, ce-lebrou-se um contrato para ligar o Tejo com o Sado, que tinha o Bar-reiro na origem da linha, no qual a Companhia Nacional declara “que se obriga a continuar até Setúbal”. Abandonou-se a ideia de ser no Montijo pelas dificuldades técni-cas na construção de um cais fluvial nessa cidade.O primeiro ramal de caminho de ferro que serviu Setúbal foi inau-gurado a 21 de fevereiro de 1861, de acordo com a política de fomento ferroviário defendida pelo Duque de Loulé. A ramificação foi construída uti-lizando uma  bitola de via (largura entre carris) de 1,44 metros e a ad-judicação foi feita pela quantia de 7.900$09 por quilómetro.Para fugir aos problemas de cons-truir dentro da cidade, a estação foi instalada na periferia. O transporte de peixe, que tinha de ser feito des-de a margem do rio Sado em car-roças, ficou, no entanto, bastante prejudicado.Em 1864, as linhas passaram para gestão da Companhia do Sueste, de origem inglesa. José Fernando de Sousa, na “Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 1103”, de 1933, menciona que “o Governo contratou a compa-

Pouca terra pouca terra...

Setúbal para, escuta e vê chegar o comboio. Com ele vem a modernidade, a ligação ao Tejo, a Lisboa, ao Mundo. A cidade recebe do rio as suas riquezas e através do novo meio de locomoção consegue fazê-las circular

nhia concessionária com a obrigação do alargamento da via” e a “constru-ção da nova estação de Setúbal”.A Companhia do Sueste foi naciona-lizada em 1869. Trinta anos depois, foi constituído um órgão estatal, os Caminhos de Ferro do Estado.

Linha do Sado

Com a ligação Barreiro-Setúbal em funcionamento, Sousa Brandão, engenheiro e político, vislumbrou, em 1877, a vantagem da continuação da linha até ao Algarve. A favor ti-nha a fácil construção, com exceção da transição do Esteiro da Marateca, com zonas de elevada produção flo-restal, mineira e agrícola.Em “Setúbal – Economia, Socieda-de e Cultura Operária”, de Maria da Conceição quintas, a historiadora escreve que a criação da Linha do Sado – denominação do projeto – foi prevista em leis de 29 de março e 17 de setembro de 1883, que in-dicavam, ainda, a possibilidade de “edificação de uma estação terminal e de uma ponte-cais”.Na “Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 1103”, José Fernando de Sousa

escreve que uma lei de 12 de junho de 1901 “confiava à Câmara de Se-túbal a regularização da margem, a construção de uma doca” e “autoriza-va a emprestar 40 contos para o pro-longamento do ramal”.Conceição quintas dá conta de que, em 1903, se realizou, em Setúbal, uma “reunião para estudar o percurso mais viável e rentável” da linha sa-dina. Nela, estiveram presentes as câmaras de Setúbal, Alcácer, Grân-dola, Santiago e Ferreira, pares do reino, deputados e o Conde de Paçô Vieira, ministro das Obras Públicas. Concluiu-se que Setúbal devia ser a “testa da linha” a construir.Coube a Justino Teixeira a elabora-ção do projeto. O engenheiro fez o ramal sair da estação pelo lado sul, passar pela Praça do quebedo, atra-vessar um túnel e cruzar a Avenida Luísa Todi na zona das Fontainhas, antes de chegar à margem do rio, onde teria uma estação fluvial de acordo com a doca planeada.O projeto, de 30 de abril de 1903, foi aprovado a 6 de julho e constitui o primeiro troço da Linha do Sado.Carlos Manitto Torres, na “Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 1684”,

de 1958, indica que, no mesmo ano, “foram fixados Setúbal e Alvalade [concelho de Santiago do Cacém] como pontos obrigatórios da linha em projeto”. Nova lei de outubro de 1909 mandou que se continuasse até ao Garvão – hoje Funcheira –, onde seria ligada à linha, que já existia, vinda de Beja.

Rota desviada

Em 1910, surgiu uma preocupação entre os setubalenses – a notícia de que ia ser feito o estudo de a Linha do Sado começar no Pinhal Novo, em vez de Setúbal, sem passagem pela cidade.Sobressaltados, os setubalenses viam desaparecer uma regalia a que se consideravam com direito pela lógica da sua concessão.Conceição quintas refere, no seu livro, que, a partir daí, “desenca-deou-se um processo de luta, através de representações, reuniões públicas”. Constituíram-se comissões que se deslocaram aos poderes superiores, “entre outras diligências reconhecidas necessárias”.Os esforços dos munícipes foram coroados de êxito quando Estêvão de Vasconcellos, ministro do Fomento, se deslocou a Setúbal para verificar as vantagens que resultariam para a economia nacional com a passagem da via férrea pela cidade.A questão ficou resolvida com a li-gação entre Setúbal e Alcácer do Sal. A população, que havia investido uma verba bastante volumosa nas obras do seu porto contando com aquele melhoramento, não podia ter ficado mais contente.

De volta aos eixos

A viagem inaugural da Linha do Sado, a 25 de maio de 1920, foi de grande emoção popular. Estiveram

ESTAÇÃO. Aspeto da Estação dos Caminhos de Ferro de Setúbal, em 1896, em reprodução de fotografia de autor desconhecido. Imagem do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

História

presentes dois ministros e não fal-tou música filarmónica a bordo.A cidade transfigurou-se. Ago-ra tudo estava perto. Em “Setúbal – Economia, Sociedade e Cultu-ra Operária”, Maria da Conceição quintas escreve que “os produtos agrícolas, vindos do Alentejo e do Al-garve, o arroz produzido na penínsu-la, especialmente em Alcácer do Sal, os vinhos de Azeitão e Palmela, as laranjas e o sal” eram dificilmente transportados antes da existência dos caminhos de ferro, “que passou a colocá-los perto do porto para serem exportados” para o resto do País, mas especialmente para o estrangeiro.O aglomerado urbano desenvol-veu-se a olhos vistos. Alguma ma-téria-prima necessária às indús-trias que aqui se instalavam fazia-se transportar pelo comboio. Era mais fácil e mais barato.O município tornou-se o centro económico da península e do sul do País. Através do porto, exportavam--se os produtos vindos das terras ao sul do Tejo e da própria cidade. Daqui, importavam-se e distri-buíam-se mercadorias oriundas do estrangeiro.O caminho de ferro e o porto fi-zeram de Setúbal um dos maiores núcleos industriais de Portugal. Até hoje.

Fontes“A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário” in “Gazeta dos Ca-minhos de Ferro, n.º 1684”, Carlos Manitto Torres, 1958“A linha do Sado” in “Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 380”, José Fernando de Sousa, 1903“As linhas férreas e o Porto de Setúbal” in “Gazeta dos Caminhos de Ferro 46, n.º 1103”, José Fernando de Sousa, 1933“Setúbal – Economia, Sociedade e Cultura Operária. 1880 – 1930”, Maria da Conceição quintas, 1998, Livros Horizonte“Caminhos de Ferro Portuguezes”, Conde de Paçô-Vieira, 1905, Lisboa

COMBOIO. Locomotiva a vapor, em 1927. Imagem do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

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27SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15

hojeontem

O instantâneo do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro, de 1981, mostra um Parque das Escolas, como se chamava o Largo José Afonso, a precisar de uma intervenção requalificadora, como reve-la a imagem atual, de Mário Peneque. O terreno

revolto, ainda com a casa de banho pública ao fundo, à esquerda, deu lugar a um espaço que

apela à fruição pública, na sequência de melho-rias feitas nos últimos numa praça com 35 mil metros quadrados, dotada de auditório, e que, em 2014, foi alvo de obras com alargamento da alameda lateral poente em mais de uma dezena

de metros e instalação de uma plataforma técni-ca de apoio à realização de eventos.

PessoaEstóriaAs doze fotografias de Setúbal com mais de 150 anos classificadas re-centemente como Bem de Interes-se Nacional, recebendo a designa-ção de “tesouro nacional”, foram descobertas por acaso no meio do entulho de uma obra, prestes a perderem-se para sempre.O “Álbum Setubalense”, como o conjunto se intitula, foi salvo há vinte anos por Bruno Silva, então trabalhador da construção civil, quando, durante o restauro de um edifício em Lisboa, as encontrou num sótão.“Estavam lá muitos livros antigos”, conta. “Fiquei com aquele álbum porque foi o que achei mais engra-çado.”Por considerar que o álbum de fo-tografias tinha muito valor, guar-dou-o religiosamente no cofre de um amigo da terra, em Salvaterra de Magos, e contactou diversas en-tidades para analisarem a obra.Carla Barros, do Centro Português de Fotografia, foi fundamental no apuramento da importância do ál-bum fotográfico, da autoria de An-thero Seabra, processo que demo-rou dois anos.“A raridade e a qualidade das foto-grafias, a importância do autor na história da fotografia em Portugal e a utilização da albumina como proces-

Virgílio Espada Santiago é o ho-mem que, há 41 anos, abriu o pri-meiro restaurante de choco frito em Setúbal.Natural da Moitinha, na Carras-queira, aldeia piscatória de Alcácer do Sal, onde nasceu a 17 de abril de 1943, numa família humilde, o seu trajeto passou pela agricultura e pela pesca. Comprou a primeira barca a motor com 20 anos e era no rio Sado que apanhava peixe, os-tras, amêijoas.A condição financeira de um agre-gado com três filhos obrigou-o a ir à aventura. Foi em Setúbal que viu a oportunidade de negócio. Um restaurante, que batizou de Casa Santiago, na Avenida Luísa Todi, na zona das Fontainhas.Virgílio começou este império em 1974. Nos dois primeiros anos, a “casa de pasto” – como é identifica-da, ainda hoje, no alvará do estabe-lecimento – servia apenas petiscos, quase todos fritos, e era frequen-tada sobretudo por trabalhadores da Setenave e pescadores da zona que por ali passavam. Bifanas, ca-rapaus, bitoques eram algumas das especialidades que faziam parte do menu.A popularidade de Virgílio Santiago surgiu quando revolucionou a for-ma de confecionar o choco. Lem-brou-se de fritá-lo, à semelhança

Tesouro escondido no entulho do sótão

Pai do choco frito

so fotográfico” foram, segundo Carla Barros, fatores determinantes para a classificação daquele património como Bem de Interesse Nacional.“A albumina é um processo fotográfico raro e antigo, utilizado com clara de ovo, sal e nitrato de prata, que tornam o papel mais sensível ao registo de imagens, através do contacto entre o negativo e o papel”, explica a técnica.

Anteriores a 1860

Nas fotografias estão representadas as igrejas de Nossa Senhora de Saú-de vista do antigo Largo das Almas – Largo dos Combatentes –, de S. Julião e de Santa Maria, panorâmi-cas da cidade vista de nascente, de poente e da quinta de Aranguês, os Paços do Concelho, a Praça de Pa-lhais e o antigo Liceu Municipal, o Gasómetro, o Mosteiro e Cerca de Brancanes, as ruínas do Convento de S. Francisco e os arrabaldes da cidade.A data das fotografias reveste-se de alguma incerteza. “O caminho de ferro foi inaugurado em 1861 e não está representado, por isso acredito que são de data anterior. Talvez de 1860 ou antes”, refere Bruno Silva.De acordo com o que António Sena refere no livro “História da Imagem Fotográfica em Portugal – 1839-

1997”, estas fotografias foram, se-guramente, as primeiras tiradas no País para registo da topografia das cidades.Além de Setúbal, Anthero Sea-bra registou em fotografia Lisboa, Coimbra, Porto, Braga, Guimarães e Viana do Castelo.Anthero Frederico Ferreira de Sea-bra da Mota e Silva, nascido em S. Martinho, Pombal, a 22 de setem-bro de 1821, apaixonou-se pela fotografia no final dos anos 50 do século XIX, altura da sua passagem pela Academia de Belas-Artes do Porto.Participou em diversas exposições, nomeadamente na Exposição In-dustrial do Porto, em 1861, e na Exposição Agrícola de Braga, em 1863. Entre 1857 e 1868, colaborou com o jornal “Archivo Pittoresco”.Pela assinatura no interior do “Álbum Setubalense”, presume-se que este tenha pertencido ao gene-ral Henrique José das Neves. Publi-cista e intelectual, o militar do Exér-cito destacou-se ainda como editor e articulista em jornais açorianos. São conhecidas ligações a Setúbal, por exemplo quando colaborou na divulgação da obra “O Calafate”, do poeta António Maria Eusébio, atra-vés da recolha de donativos para pagar o custo de impressão.

do que se fazia com os calamares em Espanha, como se apercebeu durante uma viagem.Ficou tão popular que depressa se tornou a especialidade da casa. Por ser tão apreciada, hoje é uma igua-ria típica do concelho. O segredo não está só no choco. A qualidade do piripiri apura-lhe o paladar.Apesar de reformado, Virgílio ain-da se passeia pelo restaurante que fundou. À frente do negócio estão dois filhos, Mariana e Júlio San-tiago.Localizada na Avenida Luísa Todi, a Casa Santiago foi instalada na anti-ga Taberna Carlos da Maia. Ali ven-diam-se abafados aos pescadores, jogava-se às cartas.quando Virgílio comprou o esta-belecimento, em 1974, tinha dois trabalhadores. Hoje, são 16.Por dia, a Casa Santiago vende cerca de 150 quilos de choco. Aos sábados, aumenta para os 300. Ao domingo, encerra para descanso do pessoal, como é tradição há lon-gos anos.A paixão da família pela iguaria é de tal forma que, em 1992, Amândio, o filho mais velho, abriu o Cais 56, bem perto da Casa Santiago. Leonel Santiago, irmão de Virgílio, inau-gurou, em 1987, a Adega Leo do Pe-tisco, na outra ponta Avenida Luísa Todi, onde o choco também é rei.

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28SETÚBALjaneiro|fevereiro|março15

plan

o

segu

inte

O concelho esteve em festa em mar-ço, o mês mais jovem do ano, com um programa cultural que aliou desporto, dança, workshops, cine-ma e música, com o 11.º Concurso de Bandas de Garagem e a 12.º Meia Maratona Fotográfica em particular destaque.Da garagem para o palco, novos pro-jetos musicais encontraram prota-gonismo no Concurso de Bandas de Garagem de Setúbal, competição r ea-

Setúbal subiu o pano às artes cénicas em março com um programa come-morativo do Dia Mundial do Teatro que incluiu espetáculos para todos os públicos, a par de uma panóplia de workshops. Numa encenação inédita, o Teatro Estúdio Fontenova apresentou no Fórum Municipal Luísa Todi, ao lon-go de três dias, “O Homúnculo”, um texto de Natália Correia apreendido pela PIDE em 1965.O Luísa Todi foi também o palco es-colhido para o Teatro Animação de Setúbal repor, nos dias 26 e 27, “O Sonho”, peça baseada na obra de Au-gust Strindberg, com uma narrativa que deambula entre a realidade e o imaginário.

Teatro para todosPara o público infantil e escolar, o Grupo de Animação e Teatro Es-pelho Mágico decidiu estrear, a 27, Dia Mundial do Teatro, no Cinema Charlot – Auditório Municipal, “A Feiticeira de Oz outra X”.O programa organizado pela Autar-quia em parceria com companhias profissionais e grupos amadores de teatro incluiu ainda, além de vários workshops, a encenação de “Clari-bombo”, pelo Projeto GoG, com vá-rias sessões no Charlot.“La Familia Romanesku”, da compa-nhia espanhola La Finestra Nou Circ, dia 28, na Praça de Bocage, e “Pinó-quio e a Baleia Branca”, do Teatro do Elefante, a 29, na Casa da Cultura, também constaram do programa.

Hortas alargam cultivoTrinta metros quadrados para ati-vidades agrícolas desenvolvidas de forma biológica e sustentável são disponibilizados a cada participante na segunda fase do projeto Hortas Urbanas de Setúbal, nos viveiros municipais das Amoreiras, que du-plica a área de terreno para o cultivo.Na iniciativa promovida pela Câma-ra Municipal são facultadas mais 74 parcelas, número igual ao da pri-meira fase do programa, algumas delas com características naturais que facilitam a acessibilidade, des-tinadas a munícipes com mobilida-de reduzida. As novas parcelas, para as quais foi agendado um período de inscrições, em março, situam-se num terreno anexo ao local no qual já se encon-tram as primeiras hortas, com plan-

tas hortícolas para autoconsumo ou recreio.Os critérios de seleção e distri-buição dos candidatos obedecem a parâmetros de cariz social, nomea-damente se o proponente se encon-tra em situação de desemprego sem auferir do respetivo subsídio, se é beneficiário de prestações de apoio social e se estas representam a única fonte de rendimento ou se é deten-tor do menor rendimento do agre-gado familiar. O projeto Hortas Urbanas de Setúbal tem como objetivo promover e in-centivar as atividades de horticultu-ra em modo biológico, fomentando as práticas ancestrais de trabalho do solo, o uso e a partilha sustentável da água e o aproveitamento das carac-terísticas naturais das plantas.

Juventude com ritmoMarço é da juventude. Os concursos de bandas e de fotografia foram os principais atrativos do m@rço.28, que proporcionou um vasto leque de atividades para todos os públicos

lizada na Sociedade Musical Capricho Setubalense, parceira da Autarquia nesta iniciativa do m@rço.28.A final, a 28 de março, coroou os Conjunto!Evite como os grandes vencedores. A música inspirada no rock psicadélico dos anos 60 e 70 desta banda de Rio Maior convenceu o júri.Na segunda posição ficaram os ro-queiros Proud Larry, de Leiria, en-quanto o restante lugar do pódio foi

ocupado pelos Alex Page, de Almada, com um som mais alternativo.Referência ainda para os N.O.T.E., de Montemor-o-Novo, no quarto posto, e para os Loosense, de Se-túbal, no quinto e eleitos Melhor Banda do Concelho. O galardão de Banda do Público, atribuído por vo-tação online, coube aos também se-tubalenses Low Budget.O grupo vencedor, além de receber mil euros, é distinguido com uma

atuação na Feira de Sant’Iago e com a gravação de um EP com cinco temas.A prova entrega 700 euros ao segun-do, 500 ao terceiro, 200 ao quarto e 100 ao quinto. Todos os finalistas têm ainda a possibilidade de gravar um tema.A Melhor Banda do Concelho, além de um prémio monetário de 500 eu-ros, conquistou o direito a atuar na Feira de Sant’Iago, o mesmo suce-dendo com a Banda do Público.

Nem só de música se fez o programa comemorativo do Mês da Juventu-de. Através das objetivas e ao longo de 12 horas, mais de duas dezenas de fotógrafos amadores, com pro-fissões e idades distintas, percor-reram o concelho na 12.ª Meia Ma-ratona Fotográfica de Setúbal para captar imagens relacionadas com “Bocage: vida e obra”, naquela que foi mais uma das muitas iniciativas do m@arço.28.