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66 boletim setembro/outubro de 2012 A escola do futuro já chegou Como ensinar arte ao aluno do século XXI? Objeto cinético K-06, 1966.

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66boletims e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 2

A escola dofuturo já chegouComo ensinar arte ao alunodo século XXI?

Objeto cinético K-06, 1966.

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Nosso Boletim Arte na Escola nº 66, ilustra-do com obras de ninguém menos que AbrahamPalatnik, põe em palavras o que ele sugeriuatravés de imagens. Não há como separar tec-nologia e vida e, portanto, tecnologia e arte,tecnologia e educação. É preciso adensar o pen-samento sobre esta nova equação e é isto queesta edição se propõe a fazer. Trazendo sur-preendentes relatos de dentro da sala de aula,de professores indicados pelos Polos Arte naEscola em vários pontos do Brasil, o Boletimcorporifica esta discussão evidenciando queestamos falando de um mundo presente, dehoje, de agora. Ao mesmo tempo, o InstitutoArte na Escola está lançando, em 26 de novem-bro, o seu novo portal na internet. No mesmoendereço, mas com novas funcionalidades, maisintegrado e conectado as redes sociais e à vir-tualidade da própria Rede Arte na Escola.Auxiliando o professor a dar sua aula de artes,o nosso site hoje conta com 43.630 professorescadastrados e uma média de 40 mil acessosmensais. E para acompanhar este tempo, lança-mos nosso primeiro material didático inteira-mente online: o ECO ART. Basta entrar naMidiateca do novo portal e navegar entre arte eecologia, conteúdos transdisciplinares variados.Boa navegação!

Evelyn Berg IoschpePresidente do Instituto Arte na [email protected]

Como você utiliza as Tecnologias de Informação eComunicação (TICs) nas suas aulas de Arte?

> A minha experiência está relacionada ao uso da ferramenta quemais incomoda os professores e que esta à disposição dos nossosalunos em tempo integral: o celular. Os alunos registraram um deta-lhe do colega sentado ao lado, em que não fosse possível identifi-cá-lo. Um desenho na roupa, um detalhe do cabelo ou uma unhapintada. A partir disto, fizemos no computador um mosaico de ima-gens como se fosse um enorme painel composto por todos os frag-mentos recolhidos. O resultado foi sensacional. Registrado e expos-to, nosso trabalho tomou outra proporção na criação de propostasde comunicação social desenvolvidas pelos alunos.Vera Vicchiarelli / São José dos Campos – SP

> Penso que o aluno precisa ser desafiado a criar, a aprender aqui-lo que dá sentido à escola e que possa contextualizar com suasvivências. Procuro sempre buscar coisas novas e inserir as “velhas”no novo tempo tecnológico em que vivemos. Minhas aulas têm sidoum laboratório de criação, onde os alunos utilizam internet, hipertex-tos, webquests, blogs, flogs (também chamados fotoblogs), vídeo,mapas conceituais, manipulação de imagem digital e criação comprogramas como Phothoshop, HagáQuê, Movie Maker, Power Point,Word, Corel Draw, entre outros. Busco definir os objetivos atravésdos temas propostos pela escola e sugiro aos alunos vários percur-sos de aprendizagem. O resultado tem sido estimulante.Berenice Bitencourt Serra Pereira / Ijuí - RS

> Trabalhamos o projeto "De onde vem o desenho?" e mostramosque ele pode vir de muitas possibilidades (suportes/riscadores).Utilizamos a lousa digital eBeam, onde projetamos sobre uma mesaas obras "Olhar", de René Magritte, e "Olhos", de Man Ray. Cadacriança desenhou utilizando a "caneta digital". Projetamos seusdesenhos na parede da sala de aula como em um cinema. As esco-las com menos recursos podem adaptar essa ideia utilizando o retro-projetor. São descobertas de um novo olhar.Luciane Comenale e Mônica Araujo / São Paulo

> As novas tecnologias estão presentes com muita frequência nas minhas

aulas de arte. Elas permitem uma riquíssima possibilidade de criação

artística quase inesgotável e muito bem aceita pelos alunos. Trabalho com

as redes sociais, criando páginas no Facebook e blogs, em que os alunos

colaboram nas postagens. Lá constam os projetos e experiências de sala

de aula. Já encaminhei trabalhos com webquest, fóruns de discussões,

redes conceituais, livros virtuais. Estudamos artistas a partir de fotogra-

fia, videoinstalação, videoarte, videoperformance, curtas. Também sou

organizadora de uma Mostra Regional de Arte e Tecnologia, evento que

tem gerado visibilidade e qualidade às propostas dos artistas locais e de

projetos escolares em que são tratadas as TICs na disciplina de arte.

Nelcí Andreatta Kunzler / Ijuí-RS

editorial

2expedei nteO Boletim Arte na Escola éuma publicação da redeArte na Escola, produzidocom o patrocínio daFundação Iochpe.Conselho EditorialEvelyn Berg Ioschpe,Helânia Cunha de SousaCardoso, Erinaldo Alves doNascimento, Silvia SellDuarte PillottoEditoraSilvana ClaudioJornalista responsávelFábio Galvão MTB 20.168/SP

RedaçãoFábio Galvão, Cecília Galvãoe Raquel Zardetto (CGCEducação)Projeto Gráfico ZoziISSN 1809-9254Artigos, comentários eopiniões para esteinformativo devem serenviadas para:Instituto Arte na Escola;Alameda Tietê, 618 – casa 3CEP 01417-020, São Paulo,SP Fone (11) [email protected]

FlaPa rofessor

ILUSTRAÇÃOSão de obras de Abraham Palatnik, pionei-ro da arte tecnológica no Brasil, as imagensque ilustram esta edição. Agradecemos à

Galeria Nara Roesler e a Beny Palatnik a ces-são do uso das imagens.

ObjetoCinéticoP-4,

1966

/20

06.

SANCHO, Juana María; HERNÁNDEZ, Fernando et al(Org.). Tecnologias para transformar a educação.Trad. Valério Campos. Porto Alegre: Artmed, 2006.Este livro reúne um conjunto de saberes, ferramentase formas de fazer, que são subsídios valiosos para serepensar e melhorar a educação, prestando atençãoparticular ao papel das Tecnologias da Informação eComunicação (TIC) na educação e sua influência naconfiguração da escola.

Dicad itL ue re a

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NÃO > A discussão sobre o uso de novas tecnologias naaprendizagem tem o risco de esbarrar na armadilha con-ceitual de se discutir quem é contrário e quem é favorá-vel ao invés de focar em resultados.Quando abordamos um novo tema, por exemplo, utilizarlousa eletrônica em sala de aula, o primeiro reflexo égerarmos dois times – um contra e outro a favor. Algunsvão dizer que isso poupa tempo, é muito mais lúdico paraos alunos, facilita a assimilação. Outros vão dizer que issoreduz o papel do professor, que o induz a não se prepa-rar adequadamente e que o aluno fica perdido no meio detanta informação e “fogos de artifício”.No entanto, o avanço da tecnologia é inexorável, assimcomo ocorreu com o carro x carruagens, luz artificial xvelas, etc. Para se ter ideia, tivemos pessoas contrárias aouso da escrita quando ela surgiu na antiguidade, pois iriaacabar com os sábios e a transmissão oral do conheci-mento. Da mesma forma, tivemos resistência ao uso delivros impressos, porque isso poderia popularizar a infor-mação e induzir revoluções (como de fato aconteceu coma Reforma de Lutero). Mas, mesmo com esses oponentes,hoje usamos a escrita impressa. Da mesma forma, o com-putador já foi considerado pelo seu próprio inventor comosendo um instrumento inútil. Hoje, a maioria de nós temdois desses aparelhos.O que se deve discutir não é se somos contrários ou favo-ráveis, mas se o recurso tecnológico é o melhor métodopara o objetivo proposto. Se um professor conseguetransmitir seus objetivos com “giz e saliva”, porque obri-gá-lo a modificar seus métodos?Ao invés de se discutir o método, vamos discutir resulta-dos. Há evidência de que esses novos métodos sejammelhores que os antigos? Temos condições de pagar ocusto dessa tecnologia e de todo o consumo de energia etreinamento requerido? Para algumas coisas sim. Porexemplo, para ensinarmos alunos de medicina a fazeralguns procedimentos, utilizamos bonecos que simulamsinais de doenças para que o médico aprenda antes de terque fazer num paciente de verdade. Nesse sentido, isso éinsubstituível. Mas a maioria das escolas de medicinaainda está migrando para esse novo recurso e nem porisso os médicos formados no sistema antigo deixam deser bons médicos.Tecnologia é método e não religião. Religião pode gerarfanatismo e impedir reflexão. Cuidado!

Prof. Dr. Antonio Pazin Filho, Professor Associado Departamento

de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP

O uso de tecnologiasé indispensável na aprendizagem?

Cleie rode Ideias

SIM > Se a presença da tecnologia digital no cotidianojá a faz parte dos processos de aprendizagem inerentes aodesenvolvimento do homem contemporâneo, a escola éque deve ser a responsável em ensinar como usar esta tec-nologia? Sim, na opinião dos pais participantes de outrapesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet, intitula-da TIC KIDS 2012, que entrevistou em todo Brasil 1580pais/responsáveis e 1580 filhos sobre usos da internet.Esta pesquisa, recentemente divulgada e disponível nainternet, mostra que 61% dos pais atribuem à escola a fun-ção de ensinar a seus filhos como usarem bem a internet.Ainda conforme a pesquisa, podemos constatar a fortepresença da internet no cotidiano infanto-juvenil. Naamostra de sujeitos de 9 a 16 anos, em 111 cidades detodas as regiões do Brasil, nota-se que 51% acessam ainternet de forma individual, isolada, sendo significativa apresença do celular como meio de acesso. Isto reforça apotencialidade, para o bem e para os riscos, que a crian-ça vivencia como usuária desta tecnologia, já que não háum tipo de mediação imediata de um adulto, ainda maisquando observamos o crescente número de celulares ati-vos no país com acesso à internet.Neste cenário tão contraditório entre escola e a realidadecotidiana de seus alunos, vemos que usar as tecnologiasna aprendizagem é apenas a ponta do iceberg do proble-ma em que vive a educação institucionalizada em nossopaís. Neste imbróglio todo, não há somente culpados ouprejudicados! Há tempos e modelos diferentes de educa-ção em convívio, às vezes intrincados, às vezes distancia-dos um do outro, com os quais os atores deles participan-tes, o aluno e o professor no microcosmo, e a sociedadee seus organismos no macrocosmo, constroem, comosujeitos que são, a sua história contemporânea.

Acesse aqui o artigo completo

Claudemir Edson Viana, Bacharel e Licenciado em História

(USP). Mestre e Doutor em Comunicação (ECA/USP). Atua desde

2003 no CENPEC como gestor de redes sociais educativas. É profes-

sor convidado nos cursos de Educomunicação da ECA/USP.CAEd/UFJF.

Contatos: [email protected] / facebook: claudemirviana

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Esta história, contada pela professora Simone Fogazzi,coordenadora do Polo Arte na Escola na UFRGS, reve-la um novo patamar no debate sobre o uso das tecno-logias de informação e comunicação na sala de aula.Ninguém discute mais se as chamadas TICs devem serincorporadas à rotina escolar. A questão central agoraé pensar como e quando utilizá-las para assegurar umaprendizado efetivo. Será que os alunos, mesmo sendonativos digitais, não precisam tocar algo a mais, alémde uma tela de vidro? Outra questão crucial nesta dis-cussão: como preparar as professoras e os professorespara esta verdadeira revolução no ensino?Simone Fogazzi relata que trabalha desde 2005 com asnovas tecnologias, mas as atividades experimentaramum impulso há dois anos, quando os alunos ganharamcada um o "uquinha", como é chamado o computadordo Projeto UCA (Um Computador por Aluno), doGoverno Federal. "No começo foi uma grande novida-de trabalhar o computador como ferramenta. Depoisde um tempo, eles ficaram um pouco cansados e per-guntaram sobre as aulas de cerâmica", relata a coor-denadora do Polo Arte na Escola na UFRGS.Na opinião de Paulo Blikstein, professor da Escola deEducação e do Departamento de Ciências daComputação da Universidade de Stanford e diretor doTransformative Learning Technologies Lab, no caso doensino de Artes o mais significativo é a criação e aqualidade do produto artístico. "O aluno não precisainteragir apenas com uma tela de vidro. É preciso valo-rizar os conceitos", ressalta. Blikstein sugere aos pro-fessores que proponham aos alunos elaborar produtos

mistos, digitais e analógicos, com várias texturas econexões com outras disciplinas.Ele revela que a nova geração da tecnologia educacio-nal permite aos alunos terem a dimensão do contatofísico. "Já é possível ter máquinas que imprimem em3D e em breve teremos tesouras digitais que permiti-rão cortar em qualquer forma e direção", afirma.Na visão do professor de comunicação visual da Escolade Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo(ECA/USP), Luli Radfaher, é importante o professor des-cobrir onde os alunos estão tecnologicamente e mos-trar a eles que há vida além do mundo virtual. "Estealuno que pediu a cerâmica mostra que a interfacedigital não é maleável quanto é o barro", afirma.Ele sustenta que o professor precisa ser parceiro doaluno. "Se ele não conhecer todas as ferramentas,deve debater a novidade com os alunos. Compartilharé extremamente visual", diz.A coordenadora do Polo Arte na Escola na UFRGS cons-tata que os "professores perderam o medo" da tecno-logia e que nos Grupos de Estudo do Polo dominam ainternet e as técnicas de vídeos, fotografias e anima-ções. "O professor não precisa saber tudo de tecnolo-gia. O importante é pesquisar bastante. A internet tem-vários cursos e tutoriais que ajudam muito os profes-sores", afirma Simone Fogazzi.Hoje, um dos principais projetos de capacitação doprofessor nesta área é o Proinfo - Programa Nacionalde Tecnologia Educacional, cujo objetivo é promover ouso pedagógico da informática na rede pública.Também estão disponíveis na internet vários sites com

Caminhos para ensinar Arte:

do barro aoteclado

LINKS

Blog do Arte na

Escola UFRGS

Arte na Escola

Polo UENF

Arte na nossa vida

!!! Blog da professora

Adriana Raach

Curso Técnico de

Informática aplicada

às artes

Projeto UCA -

Experiência

educacional em Artes

com o laptop

Guia de Tecnologias

Educacionais

Outro dia, durante as aulas de artes no Colégio de Aplicação da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os alunos

praticavam uma atividade no computador e um deles levantou a mão

e perguntou: professora, quando vamos voltar a fazer cerâmica?

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orientações para os docentes, como o Portal doProfessor, Domínio Público, TV Escola e BancoInternacional de Objetos Educacionais. Todos são gra-tuitos e têm acesso livre. Alguns Estados, como SãoPaulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, já estão compran-do tablets e computadores para os professores e ofe-recendo cursos de capacitação.A professora Adriana Beatriz Raach, de Porto Alegre,fez sua segunda especialização, Mídias na Educação,pela Universidade Aberta do Brasil, sistema integradopor instituições públicas no modelo a distância. "Foium excelente curso, praticamente todas as aulas nósusamos o Proinfo", afirma.Segundo ela, que leciona em duas escolas e partici-pa do Grupo de Estudos no Polo Arte na EscolaUFRGS, os professores precisam planejar bem o usodas TICs nas aulas de Artes. "Para ser uma açãopedagógica e assim garantir a aprendizagem, o pro-fessor tem que ter um bom planejamento e clarezado que quer realizar", sugere.Na Universidade Regional de Blumenau (Furb), o inte-resse dos professores pelas TICs vem crescendo, cons-tata a professora de Artes, Lindamir Jungue. Segundoela, só no primeiro semestre de 2012, o Polo Furbemprestou materiais ligados às TICs para mais de 320professores da rede municipal de Blumenau e dosmunicípios vizinhos de Indaial, Gaspar e Schroeder. Dedocumentários da DVDteca Arte na Escola a materiaiscriados pelos alunos na disciplina de Arte e Tecnologia.Em um curso de formação para uso de TICs realizadoeste ano em Blumenau, 163 professores compareceram.

Na opinião dela, as TIcs são "instrumentos ou ferra-mentas para que o professor faça algo novo, criativo,com outras possibilidades de aprendizagem". Lindamirfrisa que as novas tecnologias podem ser adotadas emtodas as etapas do ensino e servem para qualquer lin-guagem da arte. "O que diferencia é a quantidade, oque e como usar essa tecnologia", diz.A coordenadora do Polo Arte na Escola na UniversidadeEstadual do Norte Fluminense (UENF), Danuza da CunhaRangel, é favorável ao uso da TCIs desde a EducaçãoInfantil. "Os bebês do passado brincavam com choca-lhos; os de hoje brincam com chocalhos e controlesremotos. Sem as TICs, os processos educacionais ten-dem a perpetuar o anacronismo existente entre a esco-la e o mundo do lado de fora", alerta.Na visão dela, "todo professor precisa saber que a tec-nologia é indispensável à vida humana e que o avan-ço tecnológico está profundamente ligado à produçãoe à aquisição de conhecimentos, bem como ao desen-volvimento de lógicas e sensibilidades".Danuza Rangel ressalta que o fato de muitos estudan-tes enxergarem a tecnologia como diversão e lazer éuma vantagem. "É um fator extremamente positivo efacilitador do processo de introdução dessas novastecnologias nas práticas pedagógicas. Com essa ten-dência, normalmente se consegue uma adesão instan-tânea a qualquer proposta de ensino-aprendizagemque envolva o uso de TICs, sobretudo no ensino daarte", diz a coordenadora do Polo UENF.

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Aparelho cinecromático, 1964. Aparelho Cinecromático SF4, 1955/2004.

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No meu caso, a formação em Artes Visuais com ênfa-se em Multimídia ainda me permite criar novas ferra-mentas e mídias a fim de abordar com os alunosassuntos pertinentes à disciplina. Um bom exemplosão os vídeos, que sempre são de grande valia. Alémde trazerem informação sobre a teoria, ilustram comriqueza as aulas de Artes. Por isso, sempre procuro emacervos como o da DVDteca Arte na Escola, títulos quese relacionem aos temas tratados por mim em sala deaula. Também tenho como grande aliado o site youtu-be, que reúne muitos documentários e vídeos didáti-cos. Fazendo uma seleção, é possível encontrar umagrande variedade para se trabalhar os conteúdos dearte. Para baixar esses vídeos, utilizo um software livrechamado Any Video Converte que, além de propiciar odownload dos vídeos, ainda me permite convertê-losem vários formatos que podem ser gravados e trans-mitidos na TV utilizando um pen drive.

Nadando a favor da corrente

Outro recurso que acredito deva ser explorado e apro-veitado em sala de aula são os telefones celulares.Cada vez mais modernos, eles estão presentes nasescolas, já que nem sempre é possível proibi-los comorecomendado. Diante do inevitável, acho interessantesaber utilizá-los de forma produtiva no processo deaprendizagem. A grande maioria desses aparelhos hojepermite o acesso à internet e podem ser utilizadospara realizar pesquisas, por exemplo. Mas é importan-te que o professor oriente seus alunos a buscarem emsites confiáveis e informações relacionadas aos con-teúdos que estão sendo estudados.Também é muito interessante sempre relacionar o coti-diano das salas de aulas aos conteúdos já previstospela Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB) epelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) no quese refere às novas tecnologias. Pois não se trata deinseri-las ao cotidiano escolar como modelos prontose sim permitir que o aluno possa exercer o seu poten-cial de criação para produzir também novas mídias,como a criação de um blog, ou mesmo interagir comas tecnologias de informações já existentes, como osvídeos. Ao organizar pesquisas e propostas em um blog,sempre orientados pelo professor, os alunos podemexplorar as possibilidades de elaboração do layout, aescolha das cores, linhas, formas, podendo até mesmointroduzir um artista como referência para a criação daidentidade visual. Assim, é possível explorar junto aosalunos não só os conteúdos específicos da disciplina,mas também a ideia de criação, de como fazer.

A escola Estadual Paulo Freire, na cidade de Londrina(PR), onde eu trabalho, disponibiliza uma sala deinformática com computadores conectados à internet,onde foi possível realizar uma série de atividades vol-tadas à webcom jovens de 17 a 19 anos, do EnsinoMédio. A ideia apresentada a seguir trata da criação deblogs de pesquisas com enfoque nas Artes. Para pôrem prática uma ideia como esta existem tecnologiasgratuitas e acessíveis a todos.

Interagindo com Blogs

1º passo: Criar grupos de alunos para que possam dis-cutir a proposta de trabalho de acordo com o movi-mento artístico ou com o artista definidos como temacentral do projeto. Eles deverão fazer pesquisas e ela-borar um primeiro esboço do que será o blog, tendocomo contexto imagens ou releituras de obras empauta. O movimento artístico a ser trabalhado em salaserá proposto pelo professor, um diferente para cadagrupo. Além disso, os alunos também poderão esco-lher outros artistas que se encaixem no tema.

2º passo: Cada grupo de alunos terá que criar um bloge dar nome a ele, sempre dentro do contexto do temaque está sendo estudado. Utilizando uma das ferra-mentas gratuitas disponíveis para este fim, será possí-vel criar o layout do blog, definindo suas cores e for-mas. Embora existam algumas plataformas que já ofe-reçam layouts pré-definidos, a ideia aqui é que os alu-nos façam as suas próprias escolhas, procurando sem-pre exaltar o que mais se adequa ao artista ou movi-mento artístico definidos como referência no início doprojeto.

3º passo: Os grupos ficarão responsáveis por publica-ções semanais, bem como pela atualização do blogcom os trabalhos e atividades realizados em sala deaula. A intenção é que todo o processo possa servisualizado por outras comunidades, dentro e fora daescola, e que pessoas interessadas no tema e outrosgrupos da mesma sala também possam comentar aprodução uns dos outros.

Vanessa Cerqueira Silva - Formada em Artes Visuais com ênfa-

se em Multimídia pela UOPAR – Especialista em Arte Visual pela UEL e

obteve Licenciatura em Artes Visuais pela UTFPR. Atualmente trabalha

no setor de Produção de Materiais para o EAD na UNOPAR e atua como

Professora do Ensino Básico na rede Estadual. Unesp (SP),

Coordenadora do Núcleo de Formação do Mathema SP.

O uso das novastecnologias na criaçãoA contribuição da cultura digital no ensino e na aprendizagem

é extremamente favorável, tendo em vista que é capaz de tornar

as aulas mais atrativas e dinâmicas.

>>

<<

LINKS

Ferramenta gratuita

e dicas para criação

de blogs:

BLOGGER

DICASBLOGGER

Para saber mais sobre

o Any Video Converte:

Rlate xo de E pe i ar ênci

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Referência Bibliográficas

BARBOSA, Ana Mae(Org.). Inquietações emudanças no ensino daarte. 2. ed. São Paulo:Cortez, 2003.

BEHRENS, MarildaAparecida. A formaçãopedagógica e os desa-fios do mundo moder-no. In: MASETTO,Marcos (Org.). Docênciana universidade.Campinas: Papirus,1998. Disponível em:<http://arquivos.unama.br/nead/baixar/metodolo-gia_ensino_superior/pdf/A%20FORM_PED_DESA-FIOS.pdf>. Acesso em:out. 2012.

______. Tecnologia inte-rativa a serviço daaprendizagem colabora-tiva num paradigmaemergente. In: ALMEIDA,Maria ElizagethBianconcini; MORAN,José Manuel (Org).Integração das tecnolo-gias na educação: saltopara o futuro. Brasília:Ministério da educação,Seed, 2005. Disponívelem:<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/2sf.pdf>. Acesso em: out.2012.

BELLONI, Maria Luiza. Oque é mídia-educação.3. ed. Campinas:Autores Associados,2009.

BRASIL. Ministério daEducação e Cultura.Salto para o futuro: tv einformática na educa-ção. Brasília: MEC, 1998.

BRASIL. Ministério daEducação e doDesporto. Lei nº 9.394,de 20 de dezembro de1996. Estabelece asdiretrizes e bases daeducação nacional.Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: out.2012.

BRASIL. Ministério daEducação e doDesporto. Secretaria deEducação Fundamental.Parâmetros CurricularesNacionais: terceiro equarto ciclos: apresenta-ção dos temas transver-sais, ética. Brasília:MEC/SEF, 1998.

______. ParâmetrosCurriculares Nacionais:terceiro e quarto ciclosdo Ensino Fundamental:arte. Brasília, 1998. 116p. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>. Acesso em: out.2012.

ObjetoCinéticoCK

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05.

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Os endereços e dados para contato com os Polos e parceiros daRede Arte na Escola estão no site www.artenaescola.org.br

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Patrocínio

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>> As discussões entre Arte e Ecologia há muito se fazempresentes, especialmente a partir da segunda metadedo século XX, quando artistas e ambientalistas com-partilhavam seus pontos de vista para dar voz aocenário de degradação e destruição a que a Terra esta-ria, há muito, submetida.Movimentos como, Land Art, Arte Ambiental, entreoutros, viriam trazer à luz das discussões, de mododireto ou indireto, aspectos peculiares e essenciais àvida do Planeta. Sob essa perspectiva, a naturezapassa a ser o agente da obra de arte, que por sua vez,submete-se a sua perenidade e fragilidade preexisten-tes em contraponto à sua força exponencial.Os avanços tecnológicos e científicos, o aumento cres-cente do consumo, a exploração desenfreada deriquezas naturais, a supervalorização de produtosindustrializados pelas mídias em consonância com oconstante conflito de interesses nos âmbitos públicoe privado, evidenciam a necessidade da criação emodificação das políticas sociais, culturais e ambien-tais, que acabariam por culminar em conferênciasmundiais, tais como: ECO 92, Protocolo de Kyoto,COP-15, RIO + 20, entre outras.Mobilizados por esse quadro de divergências, aomesmo tempo, acometidos por esse rico campo dialó-gico entre o microcosmo e o macrocosmo, existência einexistência, presente e futuro, ordem e caos, falta eabundância, utilizando as mais diferentes linguagens,artistas criam suas leituras de mundo por meio de suaspoéticas. O artista, ser cultural e social inserido em umMeio Ambiente, transforma o que vê, o que ouve, oque sente em um discurso artístico usando diversasmaterialidades.Por meio dessas materialidades, toda a trama discursi-va presente em determinada poética visual só serárealmente efetivada enquanto obra, mediante um lei-tor. O que aqui se entende como leitor é, senão, osujeito decodificador das informações verbais e nãoverbais presentes na obra de arte. O que se quer dizeré que qualquer que seja a natureza da obra de arte,para mergulhar em seu universo discursivo será neces-sário desenvolver um percurso de leitura de imagem.Sob essa premissa, ler uma imagem implica emapreendê-la, analisá-la, observá-la, interpretá-la, perce-bê-la, relacioná-la objetivamente e subjetivamente, emseus contextos: formais, sociais, políticos, culturais eda natureza do sensível. Sendo assim, uma leitura setorna significativa quando estabelecemos relações

entre as experiências do leitor e o objeto de leitura.Acreditando nas potencialidades dos discursos poéticosadvindos da leitura das imagens, o material educacio-nal ECO ART (ver boxe) tem como um de seus principaisobjetivos estabelecer diálogos com os campos daEcologia e do Meio Ambiente por meio de proposiçõesdidáticas, pautadas em um percurso metodológico quese constitui por intermédio da investigação cultivadados textos visuais apresentados em cada obra.Cuidando para que as imagens presentes não se tor-nassem meras ilustrações para tratarmos de assuntosligados à Ecologia ou que temas ambientais fossemtratados de forma superficial, o material ECO ART seestabelece como um rico instrumento de reflexãotransdisciplinar, possibilitando diferentes leituras, deimagem, do mundo.

Waldirene André - Mestre em Artes Visuais pelaUniversidade Presbiteriana Mackenzie. Especialista emLinguagens da Arte pela USP e em História, Sociedadee Cultura pela PUC-SP.

ECO ART: Leitura de imagem,leitura do mundo

Referenciabibliográfica:

ARCHER, Michael.

Arte contemporâ-nea: uma história

concisa. São Paulo:

Martins Fontes,

2001.

BARBOSA, Ana

Mae. A imagem noensino da arte:anos oitenta e

novos tempos. 6.

ed. São Paulo:

Perspectiva, 2007.

COSTA, Cacilda

Teixeira da. Arte noBrasil 1950-2000:movimentos e

meios. São Paulo:

Alameda, 2004.

IAVELBERG, Rosa.

Para gostar deaprender arte: salade aula e formação

de professores.

Porto Alegre:

Artmed, 2003.

PILLAR, Analice

Dutra (Org.). Aeducação do olharno ensino dasartes. Porto Alegre:

Mediação, 2001.

O material educacional Eco Art reúne proposições

didáticas que, a partir da leitura de imagem, possi-

bilitam o diálogo entre o discurso poético proferi-

do pelas obras da Coleção Eco Art e Ecologia. Ele

foi desenvolvido a partir de 25 telas de uma cole-

ção encomendada pelo Grupo Bozano a artistas

das Américas para uma mostra que ocorreu duran-

te a Eco 92, e que posteriormente foram converti-

das em serigrafias. Essas gravuras foram doadas a

55 Museus e Casas de Cultura em todo o Brasil.

Criado com o objetivo de transpor as fronteiras da

arte e adentrar os campos da Ecologia, das

Ciências Ambientais, sua linha metodológica pro-

põe ao professor que este investigue com seus alu-

nos os vários planos de entendimento que uma

obra de arte pode alcançar, cabendo a ele adaptar

os conteúdos e proposições aos perfis e realidades

com os quais trabalha. O material encontra-se dis-

ponível em: www.artenaescola.org.br/ecoart.

Objeto cinético, 1990/1992 (detalhe)