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Museu da Língua Portuguesasetembro de 2009
António Jorge Gonçalves
Nuno Artur Silva
02MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESASETEMBRO 2008
A Língua Portuguesa ............................................3
O Projecto e o Espaço ..........................................4
O Circuito Expositivo .........................................14 A extensão do Museu ........................................25
Índice
03MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESASETEMBRO 2008
A língua é um instrumento de relaciona-
mento e suporte de culturas, sendo um
veículo unificador no universo comunicacional
entre os seres.
A língua influência o pensamento num
instrumento complexo de transmissão,
continuidade e multiplicidade de leituras.
Não dispõe apenas de diferentes
percepções quanto à diversidade linguística,
mas também serve para compararmos a
língua falada de duas regiões (dialectos)
ou grupos sociais (sociolectos),
devolvendo-nos uma sensação de magnitude
quase infinita e até mesmo de fragmentação.
O Português é a língua dos portugueses
mas dispõe de um território contínuo nos
países e continentes onde se reconhece
como património comum nas comunidades
lusofalantes.
Unidade é a palavra chave numa cultura
como a nossa, que ao longo da história,
foi criando um sistema linguístico diverso
a partir da mesma matéria prima, que se foi
moldando mediante as sociedades em que
se insere, adaptando-se assim aos muitos
lusofalantes no decorrer dos tempos e das
gerações.
A Língua Portuguesa
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O Projecto e o Espaço
A proposta de implantação do Museu da Língua
Portuguesa no edifício do antigo Museu de Arte
Popular procura criar um percurso expositivo
fluido e funcional, respeitando as especifici-
dades arquitectónicas e artísticas (pinturas
murais) da construção existente.
As necessidades funcionais decorrentes do
programa museológico foram supridas, pontu-
almente, pela adição de elementos construtivos
que, pela sua materialidade, se distinguem dos
preexistentes, assumindo a contemporaneidade
da intervenção. Neste âmbito enquadram-se a
cobertura da zona de entrada, o fecho do pátio
interior e o bar/restaurante.
A organização interna dos epaços faz-se em
torno de três núcleos principais: o corpo norte
(administração e armazéns), o corpo nascente
(salas de exposição) e o corpo sul (serviços de
apoio). A salvaguarda dos painéis pictóricos
existentes far-se-á mediante a construção de
uma estrutura paralela à do edifício original,
dotada de galerias técnicas que assegurem o
acesso e a manutenção das obras de arte.
A entrada faz-se pela porta norte, permitindo
que o claustro adjacente funcione como uma
primeira mostra dos conteúdos expositivos e
potenciando a torre existente como elemento
de divulgação visual das actividades do museu
(à semelhança do painel proposto para encimar
a área de entrada). O visitante é encaminhado
05MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESASETEMBRO 2008
da zona do balcão para uma antecâmara de
espera, onde lhe é fornecida alguma informação
de carácter geral antes de mergulhar no circuito
expositivo.
Finda a visita, a saída da exposição situa-se nos
serviços de apoio do museu: loja, livraria, bar/
restaurante, galeria de exposições temporárias
e auditório. Estes espaços partilham a nave sul
e propõe-se que se “contaminem” mutuamente,
salvaguardando o necessário isolamento
do auditório mas prevendo a sua possível
expansão para a área de exposições temporárias.
O bar/restaurante assume-se como um novo
corpo que se projecta do museu em direcção
ao rio, criando um pólo de atracção/animação
para além do horário normal do museu. Nesta
nova centralidade poderão enquadrar-se o farol
existente e o pátio interior que, ao ser dotado
de uma bancada extensível, permite a realiza-
ção de eventos no exterior.
Actividades culturais e residências artísticasO projecto deve assumir a sua abertura a mani-
festações artísticas internacionais da lusofonia,
que poderão ter lugar nas várias áreas disponí-
veis (como o Espaço de Exposições e o Auditó-
rio, ou mesmo mediante a ocupação de zonas do
percurso do Museu). Os eventos (exposições de
artes plásticas ou artes digitais, conferências,
dança e teatro, eventos musicais, entre outros)
deverão ter como inspiração a língua portugue-
sa e a sua divulgação e exploração, podendo
ainda estar integrados em festivais ou outros
eventos/programas de maior magnitude.
O Museu poderá também promover ou organi-
zar programas educativos e residências para
artistas. A existência de uma livraria e de um bar/
restaurante com o rio Tejo como pano de fundo
reforça também a validade do MLP como espaço
de lazer e convívio.
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Loja
Livraria
Área
Administrativ
a
e Logística.
Entrada
Muse
u
Circuito expositivo
Restauração
Auditório
Exposições Temporárias
Espaço polivalente exterior
Área Administrativae de Apoio Logístico
O Pátio da PalavraEspaço permanente com o percurso expositivo sobre a Língua Portuguesa e serviços educativos.
Zona de lazer com equipamento de restauração para apoio ao restante espaço.
Espaço para eventos regulares e de carácter diverso (lançamento de livros, stand-up comedy, concertos de música, conferências,...)
Espaço para albergar exposições de carácter temporário e com temáti-cas complementares às do circuito expositivo permanente.
Espaço reservado a programações e eventos culturais pontuais que podem ser independentes ou extensões ao Auditório ou às Exposições Temporárias.
Zona dedicada à componente Administrativa do Museu e armazenagem e logística de peças e conteúdos.
Integrado com a via pública e a zona circundante de Belém, este antigo pátio interior estará equipado com instalações e painéis interactivos publicitando o conteúdo e objectivos do MLP. As paredes terão portas e aberturas para o exterior e o espaço manter-se-á totalmente acessível aos transeuntes, que serão incitados a visitar o Museu. Várias destas instalações terão ainda como objectivo abordar o público não-lusófono, proporcionando um contacto e se possível uma aprendizagem básica da língua portuguesa. Desta forma poder-se-á abrir o leque de potenciais visitantes do Museu, cumprindo-se também uma função paralela de apoio linguístico aos turistas que visitam Lisboa.Assim, o Pátio da Palavra será a face pública do MLP, possivelmente o primeiro contacto com os potenciais visitantes, bem como uma concretização do conceito de um Museu moderno, aberto e integrado com o espaço público.
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sul
norte
poente
Intervenção exterior
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Intervenção exterior
sul
norte
poente
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Intervenção exterior, ZONA NORTE
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Intervenção exterior, ZONA SUL
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Intervenção exterior, ZONA SUL
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Intervenção exterior, ZONA POENTE
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Intervenção exterior, ZONA POENTE
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O Circuito Expositivo
O MLP tem como objectivo constituir-se em
centro de educação, aprendizagem, criação e
divulgação da língua portuguesa a nível inter-
nacional, apresentando ao público a história e
evolução do Português. No Museu, o visitante
poderá interagir com um espaço que revela
as etapas da viagem da língua desde os seus
primórdios ibéricos à sua expansão na época
dos Descobrimentos e ao desenvolvimento
das suas diversas variantes, culminando no seu
estatuto actual enquanto língua global.
Pretende-se que o espaço não seja exclusiva-
mente expositivo e passivo, mas que envolva
directamente o visitante através da interactivi-
dade com as suas instalações.
O percurso de uma visita tem 4 áreas principais:
1. Sala do DesassossegoIntrodução ao Museu e os seus objectivos
2. Contos do Nascer da TerraA evolução ao longo da História e a sua
realidade enquanto Língua falada e escrita.
3. Tenda dos MilagresUtilizar a Língua Portuguesa.
4. Todos os NomesLigação de toda a Língua Portuguesa.
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Prefácio
Balcão
Entrada
Loja
Livraria
Saída
Muse
u
1. Sala do Desassossego
2. Contos do Nascer da Terra
3. Tenda dos Milagres
4. Todos os Nomes
Neste espaço, pequenos grupos de visitantes serão convidados a entrar separadamente para assistirem a uma curta projecção sobre o museu e os seus objectivos. Uma instalação áudio proporciona um primeiro contacto do público com a variedade sonora da língua portuguesa nos quatro cantos do mundo.
Nesta área, uma estrutura em forma de árvore apresenta-se como metáfora da língua portuguesa enquanto corpo vivo, em crescimento e mutação. Percorrendo às ramificações da árvore e interagindo com as instalações do Museu, o visitante fica a conhecer a evolução da língua ao longo da história e toma contacto com a realidade do português enquanto língua falada e escrita.
Neste espaço de atelier, o visitante poderá, através de diversas instalações, utilizar a língua portuguesa como ferramenta colaborativa de criatividade e lazer.
No culminar do percurso do museu faz-se o ponto de ligação de toda a língua portuguesa, sendo a área preenchida com instalações ilustrativas da sua riqueza, inlcuindo uma visualização ao vivo de textos e conteúdos em Português à medida que vão surgindo nos media e no ciber-espaço. Pretende-se fechar a visita com um exemplo concreto e vivo da vitalidade e dinamismo da língua.
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. Prefácio
Nesta antecâmara de entrada, os visitantes
são convidados a organizaram-se em grupos
pequenos que entrarão periodicamente na Cú-
pula. Enquanto aguardam pela sua vez, poderão
interagir com diversas instalações multimédia
relativas à temática do Museu e com diversas
pistas sobre o seu conteúdo. Este será o pri-
meiro contacto do público com a componente
interactiva e inovadora do MLP.
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1. Sala do Desassossego
Na cúpula, o visitante é confrontado com
uma introdução ao Português falado em toda
a sua variedade.
Entra num espaço escuro, onde o sentido da
audição será o principal guia - a informação
visual é eliminada, sendo que o essencial
é conhecer o som da língua.
Para o efeito, os visitantes serão imersos
numa instalação de som em surround emitindo
palavras e frases (formais, informais, literárias
ou profanas) pronunciadas em vários dialectos
lusófonos, preparando os visitantes para as
instalações que se seguem no espaço do museu.
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2. Contos do Nascer da Terra
Nesta sala os visitantes irão encontrar uma
estrutura em forma de árvore, ao longo da qual
se encontrarão diversas instalações e conteú-
dos referentes à história e evolução da língua
portuguesa. Pretende-se que a “Árvore da Lín-
gua Portuguesa” seja uma metáfora visual que
permita entender a língua como um corpo vivo
em constante evolução e mutação.
Assim, a zona das raízes da árvore representará
as origens do Português, com base nas línguas
celtas, no latim, no germânico e no árabe, sendo
que o tronco representa a solidificação do
português medieval (ou galaico-português), ou
seja, a constituição de todos estes cruzamentos
numa língua coesa – o Português.
A zona superior – ramificações – coincide com o
período de expansão da língua durante a época
dos Descobrimentos, incluindo a introdução
de enxertos - influências recolhidas em África,
no Brasil e no Oriente (que enriqueceram o
Português com novos sons e vocábulos) - até ao
estado actual: variações, pronúncias regionais e
dialectos dos vários países lusófonos, crioulos,
mestiçagens, variantes desenvolvidas em
comunidades emigrantes e mesmo influências
exercidas sobre outras línguas.
É a partir destas ramificações que se faz a liga-
ção às instalações complementares presentes
na área, explorando a evolução da língua portu-
guesa em vários aspectos ao longo da cronologia.
Partindo da Árvore da Língua Portuguesa e
seguindo os ramos pelas arcadas da área e pelo
tecto, o visitante poderá percorrer o caminho
de uma determinada variante do português,
ao longo do qual toma contacto com exemplos
audiovisuais e com informação sobre
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os principais intervenientes culturais
e respectivas obras.
Uma série de painéis e biombos localizados
debaixo das arcadas formam um labirinto ou
percurso de instalações que permitem aos
visitantes explorar tradições orais e populares,
bem como obras centrais da língua portuguesa
ao longo do tempo e em diferentes locais (com
exemplos provenientes de várias regiões do
mundo, tanto de países lusófonos como de
comunidades emigrantes ou influenciadas pelo
contacto de falantes de Português).
Estas estruturas permitem examinar o Portu-
guês enquanto língua escrita, destacando a
importância da imprensa e da literatura.
Uma instalação de estantes de biblioteca
preencherá as paredes [na zona das arcadas],
equipada com modelos reais de livros que
funcionarão como dispositivos de arranque
de conteúdos interactivos – ao serem manipu-
lados, estes livros proporcionam ao visitante
mais informação com recurso a animações,
imagens e som. Estes conteúdos multimédia
estarão disponíveis numa zona de projecção
localizada imediatamente acima das estantes.
As estantes estarão divididas em diferentes
áreas e dedicadas a diferentes épocas e locais
chave da evolução da língua portuguesa – tal
como na zona dos biombos, o visitante deverá
seguir as ramificações da Árvore para explorar
uma variante específica da lusofonia.
O conjunto de estruturas associadas à Árvore
inclui também conteúdos relativos ao portu-
guês enquanto língua falada, centrando-se,
de acordo com o momento histórico examinado,
na importância das cantigas populares portu-
guesas da época medieval (escárnio e mal-dizer,
cantigas de amor, etc., que acabariam também
por lançar as bases da literatura em português),
histórias e contos populares de transmitidos
por tradição oral (em Portugal e outros países)
imagem biblioteca virtual da Língua com lombadas mecânicas e interactivas
21MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESASETEMBRO 2008
e, mais recentemente, analisando a rádio e a
própria televisão como meios de difusão da
língua.
Outra proposta relacionada consiste numa
parede de grandes dimensões, ao longo da qual
se encontrarão dispostos vários copos.
Sugere-se aos visitantes que utilizem os copos
para encostar os ouvidos à parede –
- em determinadas zonas, poderão escutar
gravações áudio contendo exemplos
da utilização do português em diversas situa-
ções formais ou informais: conversas familiares
(em casa ou ao telefone), conversas de rua ou de
café entre amigos (abordando a gíria ou calão
próprios), discussões de negócios, debates e dis-
cussões jornalísticos, políticos e/ou intelectuais,
notícias de rádio / TV, leituras de poesia, canções.
A interligação destas três componentes –
- evolução e história da língua, o português
escrito, e o português falado – é sempre feita
a partir da árvore, e estende-se pelas arcadas
e painéis, estando toda a sala equipada com
sinalética interactiva ao redor da estrutura
da árvore que indica o percurso ao visitante,
direccionando-o para os conteúdos e instala-
ções relevantes ao aspecto abordado.
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3. Tenda dos Milagres
Nesta área os visitantes poderão participar na
dinâmica da língua portuguesa através de diver-
sas actividades proporcionadas por instalações
interactivas e equipamentos associados.
Pretende-se que este seja um espaço de refle-
xão, criatividade e colaboração, um atelier em
que os visitantes poderão utilizar o seu conhe-
cimento da língua portuguesa como ferramenta
de expressão e de divertimento.
Como exemplo de alguns dos sistemas interac-
tivos teremos um posto de escrita colabora-
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tiva, em que cada visitante pode acrescentar
um pedaço ou capítulo a um texto (predefinido
pelo MLP ou criado por um visitante ou autor
convidado). O texto poderá ser ficcional, de
cariz artístico, de reflexão, ou com fins educa-
tivos, e o resultado da colaboração poderá ser
acompanhado dentro ou fora do museu.
Outra proposta terá a forma de uma prensa
tipográfica clássica real e de meados do século
passado mas adaptada aos nossos dias. A
prensa estará equipada com ligação à Internet,
que permitirá ao utilizador escrever e enviar
e-mails... utilizando o processo de composição
tipográfica tradicional para o efeito. Pretende-
se que o contraste crie uma divertida sensação
de estranheza ao mesmo tempo que cumpre
uma função didática.
Outro exemplo será um jogo que utilizará a tec-
nologia de Realidade Aumentada e cujo interfa-
ce físico será o alfabeto, sob a forma de enor-
mes modelos de letras com 80cms de altura e
produzidos num material leve para conseguirem
ser deslocados dentro de uma determinada
área da sala. Os visitantes terão que manipular
um limitado número de letras de maneira a
conseguirem articular todas as combinações de
palavras possíveis de obter.
Quando uma palavra é formada o objecto ou
figura correspondente surgirão numa imagem de
grandes dimensões e visível para o resto da sala.
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3. Todos os Nomes
O final do percurso do MLP tem uma dupla
função – por um lado, o visitante conclui a sua
aprendizagem sobre a língua, tomando contac-
to com os seus principais actores actuais. Por
outro, entra-se em contacto com a própria
actualidade da língua portuguesa através de
uma instalação que permite assistir em directo
à criação linguística em português que é carre-
gada para o ciber-espaço: literatura, notícias em
directo de todo o mundo, hiper-texto e blogs
enchem e animam as paredes da sala.
Esta área simboliza o ponto de ligação de toda
a língua portuguesa nas suas diversas cores e
variantes, e constitui-se como uma mostra do
dinamismo do Português no mundo actual.
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A extensão do Museu
- Módulos itinerantes do Museu
- Extensão e criação do Museu na internet
- Criação de pontes deligação a escolas e pro-
gramas educativos