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41 SESSÃO PLENÁRIA DA ACADEMIA DE MEDICINA DE BRASÍLIA – AMeB PALESTRA: MEDICINA CONTEMPORÂNEA E AS POLÍTICAS DE SAÚDE 4 PALESTRANTE: Acadêmico Carlos Vital Tavares Correia Lima (Academia de Me- dicina de Pernambuco): Vice-Presidente do Conselho Federal de Medicina – CFM. O Professor Carlos Vital, após agradecer o convite e a oportunidade de estar presente à sessão, deu inicio à sua palestra fazendo um breve retrospecto histórico a partir da Antiguidade, mostrando como no século XX a arte médica deixou de se conciliar com a espiritualidade dos enfermos, pas- sando a privilegiar a técnica à medida que incorporava novos paradigmas à sua prática. Demonstrou como o Código de Moral Médica de 1929 era paternalista e como se fazia de forma desigual a transferência de tecnologia entre o Norte e o Sul de nosso planeta. Lamen- tou a mecanização da vida nas unidades de terapia intensiva, a invasão da privacidade, a transformação dos médicos em pres- tadores de serviço e os pacientes em usuários, valores introdu- 4 Palestra realizada em 12/4/2011 no Auditório Tito Figuerôa – SindMédico, situado no SGAS 607, Edifício Metrópolis, Cobertura 1, Brasília-DF, sede da AMeB.

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PAlesTrAnTe: Acadêmico Carlos Vital Tavares Correia Lima (Academia de Me- dicina de Pernambuco): Vice-Presidente do Conselho Federal de Medicina – CFM. sessÃO PlenÁriA dA AcAdemiA de medicinA de BrAsíliA – AmeB 41 Palestra realizada em 12/4/2011 no Auditório Tito Figuerôa – SindMédico, situado no SGAS 607, Edifício Metrópolis, Cobertura 1, Brasília-DF, sede da AMeB. 4 42 ACADEMIA DE MEDICINA DE BRASÍLIA

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sessÃO PlenÁriA dA AcAdemiA de medicinA de BrAsíliA – AmeB

PAlesTrA: MEDICINA CONTEMPORÂNEA E AS POLÍTICAS DE SAÚDE4

PAlesTrAnTe: Acadêmico Carlos Vital Tavares Correia Lima (Academia de Me-dicina de Pernambuco): Vice-Presidente do Conselho Federal de Medicina – CFM.

O Professor Carlos Vital, após agradecer o convite e a oportunidade de estar presente à sessão, deu inicio

à sua palestra fazendo um breve retrospecto histórico a partir da Antiguidade, mostrando como no século XX a arte médica deixou de se conciliar com a espiritualidade dos enfermos, pas-sando a privilegiar a técnica à medida que incorporava novos paradigmas à sua prática.

Demonstrou como o Código de Moral Médica de 1929 era paternalista e como se fazia de forma desigual a transferência de tecnologia entre o Norte e o Sul de nosso planeta. Lamen-tou a mecanização da vida nas unidades de terapia intensiva, a invasão da privacidade, a transformação dos médicos em pres-tadores de serviço e os pacientes em usuários, valores introdu-

4 Palestra realizada em 12/4/2011 no Auditório Tito Figuerôa – SindMédico, situado no SGAS 607, Edifício Metrópolis, Cobertura 1, Brasília-DF, sede da AMeB.

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zidos na prática médica principalmente em função da interme-diação mercantilista praticada pelos planos de saúde.

Referiu-se à maneira que o novo Código de Ética Médica, aprovado em 2009, procurou aplicar um paradigma benigno hu-manitário à saúde e explicou porque o modelo do SUS, efetivado a partir de1988, está fadado ao fracasso, por falta de vontade política. Afirmou que a grande maioria dos médicos é contrária ao paradigma empresarial, comercial e técnico científico atual, preferindo o humanista e social e a agir com prudência, compai-xão, justiça e humildade.

A palavra foi franqueada aos presentes, que concordaram em linhas gerais com as posições assumidas pelo palestrante. Após ser salientada a necessidade de “uma participação mais ativa do médico nos diversos foros nacionais” (Acadêmico La-ércio Valença), “a presença mais firme do Estado na defesa do usuário final dos progressos tecnológicos” (Acadêmico Francisco Floripe Ginani) e a “necessidade de se formar melhor o médico” (Acadêmico Antonio Márcio Lisboa), o Acadêmico Carlos Vital retomou a palavra para finalizar sua exposição, concluindo que o estudante é mal formado, há escolas médicas em excesso, o trabalho do residente é, na maioria das vezes, brutal, o médico muitas vezes se especializa precocemente, o generalista não é devidamente prestigiado e que não basta ao governo gastar em saúde, mas que essa verba precisa ser bem gasta, uma vez que o médico não tem culpa de o Estado ser anárquico.